O ARQUIVO DA CAPA ESTÁ EM COREL DRAW Expediente Ministro da Ciência e Tecnologia Sergio Rezende Secretário Executivo Luis Manuel Fernandes Secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social Aniceto Weber Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento Luiz Antonio Barreto de Castro Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação Luiz Antônio Rodrigues Elias Secretário de Política de Informática Augusto Gadelha Publicação do MCT Distribuição gratuita Chefe da Assessoria de Comunicação Vera Canfran Carta do Editor B ase da maior biodiversidade em todo o mundo, a Região Amazônica é um dos destaques dentro dos objetivos estratégicos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Toda a riqueza compreendida nesse ecossistema, que conta com estrutura produtiva e dinâmicas próprias, despertou a necessidade de se criar políticas específicas de ocupação e de desenvolvimento sustentável. Esta visão está presente nos planos nacionais direcionados para a Amazônia e nos programas e projetos do MCT para aquela Região. Exemplos concretos não faltam. Temos o Projeto de Grande Escala para a Pesquisa da Atmosfera e da Biosfera Amazônicas (LBA, sigla em inglês), responsável por importantes investimentos na infra-estrutura científica da Amazônia, com a instalação de novos sítios de pesquisa, e pela formação de centenas de jovens cientistas. Editor Gustavo Sousa Jr MTB 4.079/DF Revisão Robson Leão Foto da Capa Jefferson Rudy/Ascom-MMA Repórteres Andrea Fontenele, Andréa Vilhena, Carlos Freitas, Gustavo Sousa Jr, Helena Beltrão, Lúcia Pinheiro, Rachel Mortari, Renata Dias, Robson Leão Impressão Gráfica Brasil Uberlândia - MG Tiragem 5 mil exemplares Ministério da Ciência e Tecnologia Esplanada dos Ministérios, Bloco E Brasília - DF, CEP.: 70067-900 Tel.: (61) 3317-7515 www.mct.gov.br O Brasil deu o primeiro passo na consolidação do novo Centro de Lançamentos de Alcântara. Foi criada oficialmente a Alcantara Cyclone Space, em parceria com a Ucrânia. Na próxima edição, você confere esta e outras novidades na entrevista com o presidente da Agência Espacial Brasileira, Sergio Gaudenzi. 2 Mas esses são apenas dois dos muitos exemplos que procuramos reunir nesta edição da Revista CT&I. Você verá também que a preocupação com ações voltadas à ciência e tecnologia na Região não é recente. Na matéria sobre o Museu Paranaense Emílio Goeldi, veremos que a instituição, hoje vinculada ao MCT, vem investindo há 140 anos na pesquisa e na promoção da ciência e do desenvolvimento sustentável da Amazônia. Boa Leitura! Assessoria de Comunicação do Ministério da Ciência e Tecnologia No próximo número Projeto Gráfico, diagramação e arte Cláudia Capella Fotografia Pedro Bonatto A Rede Geoma, por sua vez, desenvolve atividades em torno da sistematização de procedimentos e no subsídio à elaboração de políticas públicas voltadas ao ordenamento fundiário e territorial, no âmbito do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia. Cooperação Desenvolvimento: o maior desafio Gustavo Sousa Jr Brasil recebe cientistas e autoridades políticas A ngra dos Reis (RJ) recebeu mais de 400 cientistas de 50 países, de 2 a 6 de setembro deste ano. A cidade, a 170km da capital fluminense, foi palco da 10ª Assembléia Geral da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS, sigla em inglês), encontro que ficou marcado pelo consenso sobre a necessidade de aumentar a cooperação científica entre países em desenvolvimento. Como representante do governo brasileiro, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, leu a mensagem enviada pelo presidente da República, aos participantes, na qual Lula enfatizou a necessidade de união das nações tendo como meta o desenvolvimento. “Os países em desenvolvimento devem se dar as mãos e explorar suas potencialidades e a sinergia que existe entre nossos povos e economias. A ciência e a tecnologia têm um papel importantís- de países em desenvolvimento para discutir ações conjuntas de promoção científica e tecnológica em todo o hemisfério sul O Prêmio Nobel David Gross falou sobre o futuro da Física na palestra de abertura 3 O indiano Chintamani Rao, que encerrou seu mandato de seis anos como presidente da TWAS na Assembléia, fez um veemente pronunciamento, revelando alguns dos bons resultados obtidos na solução de problemas dos países pobres, graças à cooperação científica entre cientistas do mundo em desenvolvimento. Ele exortou as academias de ciências e representantes de governos a investirem mais na troca de informações, experiências e conhecimentos. ELEIÇÃO O matemático Jacob Palis, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, é o segundo brasileiro a ocupar a presidência da TWAS. O primeiro foi o ex-ministro Israel Vargas simo a desempenhar em áreas estratégicas para o hemisfério sul.” Ainda em sua mensagem, o presidente afirmou que “a ciência se constitui em importante ferramenta para forjar um mundo onde as biodiversidades são mais respeitadas e mais consciente em relação à sua unidade fundamental”. Em seu próprio discurso, o ministro disse estar seguro de que o futuro dessas nações depende da forma como são planejadas e implementadas as políticas públicas em educação, ciência e tecnologia. Em relação à cooperação entre países, ele reafirmou a importância de que essa ocorra, sobretudo, no campo das ciências básicas, mas destacou a necessidade de focalizar mais a troca de conhecimento em áreas interdisciplinares que tenham impacto no dia-a-dia das populações, como saúde, agricultura sustentável, fármacos, softwares e tecnologias da informação, biocombustíveis e outras energias renováveis, biotecnologia, nanotecnologia e clima. “Cada país participante tem algo a contribuir e alguma coisa a ganhar em uma ou outra das suas múltiplas necessidades em pesquisa”, assegurou 4 o ministro, para quem uma efetiva cooperação – capaz de promover o avanço do conhecimento e, ao mesmo tempo, contribuir para o crescimento dos países – deve ser organizada em diferentes níveis: bilateral, sub-regional, regional e inter-regional. O ministro enumerou algumas iniciativas de sucesso no Brasil na área de cooperação científica internacional e informou que o Brasil vem aumentando a sua contribuição financeira para a TWAS, que somou nos últimos três anos US$ 1,5 milhão. Moacir Krieger, presidente da Academia Brasileira de Ciências – instituição que promoveu o encontro juntamente com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) –, destacou os avanços da aproximação maior entre cientistas do mundo em desenvolvimento. “Mais e mais cientistas vêm se tornando conscientes de que o seu papel não é apenas promover o desenvolvimento da ciência – que naturalmente é a sua principal meta –, mas também, e ao mesmo tempo, buscar soluções para os problemas sociais, econômicos e ambientais, problemas que afetam a humanidade e se chamam saúde, água, comida, energia e biodiversidade”, afirmou. O encontro de Angra do Reis foi marcado pela eleição da nova diretoria da TWAS. O brasileiro Jacob Palis, pesquisador titular do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa/ MCT), foi eleito como novo presidente da instituição. Nos próximos seis anos, Palis – que já ocupava o cargo de diretor geral – estará à frente TWAS. Esta é a segunda vez que um brasileiro preside a Academia. O cientista e ex-ministro de Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas, ocupou o cargo de 1994 a 2000, sendo substituído pelo indiano C. Rao. “Nós estamos constatando o fortalecimento da nossa atuação através de resultados de nossos programas e a excelência dos pesquisadores que ajudamos a formar. Vamos intensificar as cooperações entre países, entre entidades e pesquisadores e incentivar a cooperação entre nações do sul e do norte”, afirmou Jacob Palis. PREMIAÇÃO O evento contou, ainda, com a distribuição de prêmios e medalhas a cientistas que se destacam por seus trabalhos em diversas áreas da ciência, entre eles os brasileiros Maurício Terrones, engenheiro da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e o próprio Jacob Palis, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa/MCT). O governo brasileiro concedeu sua mais alta condecoração em ciência e tecnologia, a de Comendador da República Classe Grã-Cruz, a Phillip A. Griffiths, diretor emérito do Instituto para Estudos Avançados, dos Estados Unidos. G77 Países criam consórcio na área de Ciência e Tecnologia O Grupo dos 77 (G77), maior rede dos países-membros das Organização das Nações Unidas (ONU) voltados às questões do mundo em desenvolvimento, e a TWNSO, uma associação internacional que reúne instituições científicas focadas no desenvolvimento sustentável, anunciaram a criação do Consórcio de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Sul (COSTIS, sigla em inglês). A notícia foi dada durante o Encontro de Ministros de Ciência e Tecnologia do G77, evento que aconteceu simultaneamente à Conferência da TWAS. “O G77 reconhece a importância crítica da ciência e tecnologia nos esforços para aliviar a pobreza e promover o desenvolvimento econômico”, afirmou o presidente do G77 e representante da África do Sul na ONU, Dumisani Kumalo. “A criação do COSTIS representa o coroamento de um processo iniciado há seis anos, em Cuba, durante a 1ª Conferência dos Países do Sul. Estamos felizes em ver a criação da COSTIS, que irá gerar todo o instrumental necessário para fazer da ciência, tecnologia e inovação parte integral da nossa organização”, concluiu. sórcio irá permitir que o G77 tenha acesso direto a uma rede de instituições que é responsável por algumas das melhores pesquisas científicas no mundo desenvolvido. Ao mesmo tempo, irá permitir que a TWNSO trabalhe diretamente as questões científicas com os mais altos níveis governamentais na solução de problemas sociais e econômicos críticos nos países do hemisfério sul.” Rao disse, ainda, acreditar que “a sinergia criada por essa parceria pode ter impacto significativo na eliminação da pobreza e no desenvolvimento econômico” dos países da região. ABERTURA Na abertura da reunião, o ministro de Ciência e Tecnologia da África do Sul, Mosibudi Mangena, agradeceu ao governo brasileiro, à TWAS e à Academia Brasileira de Ciências por apoiarem o encontro e ressaltou a importância do G77 para os países que integram o grupo. “Acredito que há uma riqueza de conhecimento e informação na cooperação internacional de ciência e tecnologia que compartilhamos. Precisamos traduzir nossas experiências visando fortalecer nossas sociedades”, afirmou. “É fundamental que trabalhemos juntos. Estou confiante de que obteremos bons resultados deste nosso encontro”, reforçou o ministro brasileiro, Sergio Rezende. O G77 é a maior coalizão de países em desenvolvimento dentro da Organização das Nações Unidas. Criado em 1964, fornece os meios para articulação e promoção dos interesses econômicos comuns dessas nações, bem como para a cooperação técnica. O Consórcio tem como objetivo promover a capacitação científica por meio do intercâmbio de conhecimento. Ele irá, ainda, incentivar o compatilhamento de experiências inovadoras no uso da ciência e tecnologia e, mais genericamente, buscar formas de integração entre as comunidades políticas e científicas tanto entre os países do hemisfério sul, quanto no diálogo com aqueles do hemisfério norte. Para o presidente da TWAS e da TWNSO, C. Rao, essa união de forças é uma situação onde todos – G77 e TWNSO – tendem a ganhar. “O Con- O Encontro do G77, maior coalizão de países em desenvolvimento dentro da ONU 5 Tecnologia Projetos promovem o desenvolvimento sustentável da Amazônia com o apoio de Tecno a serviço da conservaç recursos inovadores Carlos Eduardo Freitas O s novos rumos das pesquisas tecnológicas e as experiências que já estão sendo realizadas na Amazônia consolidam, de maneira categórica, a discussão sobre o uso sustentável e o aproveitamento da imensa biodiversidade da região. A produção de novos cosméticos e fármacos é prova das oportunidades que podem ser criadas com os recursos da biotecnologia, nanotecnologia e a utilização consciente da terra e de seus recursos naturais. Novos investimentos por parte de empresas nacionais e internacionais surgem como alternativa ao crescimento da indústria da soja e da pecuária, que desmata enormes áreas de terra, sem preocupar-se com a preservação das características locais. Esses recursos garantem, ainda, a manutenção de projetos que utilizam inovação e tecnologia para o crescimento. Neste contexto, o modelo de desenvolvimento sustentável se encaixa perfeitamente, pois consegue unir a preservação com a atividade econômica, na busca por novas alternativas para a produção. Na opinião da diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/ MCT), Ima Vieira, a saída está na consolidação da infra-estrutura e no amplo suporte tecnológico das áreas já alteradas – aproximadamente 17% –, 6 além do uso sustentável dos 83% restantes de floresta amazônica. Por ser um região muito heterôgenea, não existem modelos fixos para a formulação de projetos. Outros fatores que dificultam o crescimento são a falta de mão-de-obra especializada e as dificuldades logísticas de transporte e venda direta. “Para se produzirem novas estratégias de ciência e tecnologia na região amazônica, deve ser considerada a criação de programas que induzam a produção do conhecimento, com o planejamento de ações integradas entre os diferentes ministérios e a conexão entre C&T e políticas públicas”, afirma a diretora. É importante verificar que a transferência de conhecimento também é um fator de diferenciação, assim como a garantia da propriedade intelectual envolvida em todo o processo. TREINAMENTO Para promover as mudanças necessárias ao crescimento da Amazônia, a formação de pesquisadores é um dos fatores primordiais e mais relevantes. Com um número reduzido de cientistas, a formação de jovens que tenham visão integrada do processo e saibam vencer os desafios de gestão territorial é fundamental para o nologia ação sucesso de iniciativas a médio e longo prazos na região. Para o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ennio Candotti, as universidades locais devem encontrar novos instrumentos para o fomento da pesquisa e formação de recursos humanos, com significativa ampliação do número de bolsas de pesquisas. Analisando a questão de maneira mais ampla, Candotti afirma que as iniciativas obterão sucesso se forem observados aspectos como o modo de fixação dos profissionais, as metas de pesquisa e a infra-estrutura tecnológica para a região. “A questão não é apenas o desenvolvimento sustentável voltado para a floresta. Para as ações serem concretizadas, é necessário realizar investimentos em transportes, telecomunicações e logística”, disse. Na opinião da especialista Berta Becker, a saída para a região está na organização da base produtiva de trabalho. “Acredito que é muito importante se realizarem estudos locais e se produzirem perspectivas do mercado real. Devemos estar integrados a esse processo, delimitando quais as melhores ações em cada localidade.” MAMIRAUÁ Diversos especialistas ouvidos pela revista CT&I afirmaram que a parceria entre governo, iniciativa privada e agentes locais é uma das melhores formas para se conseguir obter sucesso em iniciativas e projetos no setor. Um exemplo desse tipo de projeto está sendo conduzido no Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, instituição vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Resultado da parceria com o Programa Petrobras Ambiental, a instituição realiza junto às comunidades ribeirinhas a análise e o acompanhamento de toda a produção agrícola. O monitoramento visa quantificar o percentual de áreas de matas virgens para uso agrícola e promover, entre as famílias produtoras, a reflexão sobre a sustentabilidade dos processos que estão realizando. “A agricultura ribeirinha fortalece os laços com a terra, gerando emprego e cidadania. Hoje, é nítido o esforço no sentido de que as associações comunitárias passem a influenciar as políticas públicas no País e garantam um rumo diferenciado para a agricultura na Amazônia”, disse a coordenadora do Programa, Bianca Lima. Para realizar o serviço, os agrônomos Márcio Alexandre da Silva e Janaina de Aguiar, que também integram o projeto, coletaram dados pessoais, socioeconômicos e ambientais em dez comunidades, entre outubro de 2005 e junho de 2006. “Nossa proposta é manter as populações ribeirinhas dentro das unidades de conservação, trabalhar com elas a educação ambiental e estimulá-las a fazer o manejo sustentável dos recursos. Então avaliaremos se os impactos dessa atividade estão afetando a reprodução e a manutenção das espécies na região”, explicou Janaina. Com a expansão da fronteira agrícola e o desflorestamento na Amazônia, a emergência de práticas agroecológicas tornou-se condição necessária para evitar o desmatamento e conservar a região. As ações nessa área são feitas normalmente pelas famílias, por isso, a agricultura familiar é importante fator de transformação dos ecossistemas florestais na Amazônia. Visitas comunitárias Reserva Mamirauá: 128 roçados de 81 famílias, que cultivam 107 variedades de diferentes culturas anuais e perenes. Área: 17,5 hectares, n Reserva Amanã: 70 roças de 60 famílias, que correspondem a uma área de 70,62 hectares na região. n Atualmente, 62 comunidades na Reserva Mamirauá e 25 comunidades na Reserva Amanã participam de programas do Instituto Mamirauá, beneficiando aproximadamente 10 mil pessoas. n 7 Memória Goeldi: conhecimento centenário sobre a realidade amazônica Produzindo e disseminando o saber científico sobre a Amazônia, o Goeldi é um órgão estratégico para o desenvolvimento da região Robson Leão A o completar 140 anos (comemorados em 9 de outubro), o Museu Goeldi mantém-se fiel às diretrizes que o nortearam desde as origens, como museu e como instituição de pesquisa: divulgar a ciência para um público o mais amplo e variável possível, e produzir conhecimentos qualificados sobre uma região valiosa e de importância estratégica para o País. Primeira instituição científica da Amazônia, abrigando os mais antigos parque zoobotânico e aquário público do Brasil, a entidade é precursora na pesquisa da realidade amazônica – a terra e o homem –, daí também seu pioneirismo no estudo da Antropologia no País. Esses dados, por si, dão uma dimensão da importância do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) - entidade hoje vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia - para o patrimônio científico nacional. 8 HISTÓRICO Impulsionada pela riqueza do ciclo áureo da borracha, a cidade de Belém do Pará viveu na segunda metade do século XIX um período de efervescência econômica e cultural. Nesse contexto, apoiado pelas autoridades locais, o naturalista mineiro Domingos Soares Ferreira Penna criou, em 1866, a Associação Philomática (aqueles que amam a ciência), com o objetivo de estudar o homem indígena amazônico e, por extensão, a geologia, geografia e outros temas correlatos. “Não existiam universidades por aqui, então a instituição exerceu esse papel precursor e aglutinador de uma ampla agenda científica na Região”, esclarece a atual diretora do MPEG, Ima Vieira, cujo pai também trabalhou no Goeldi, na década de 1950. Em 1870, a Associação mudou seu nome para Museu Paraense de Ethnografia e História Natural, mas depois de um começo promissor, a instituição passou por dificuldades, chegando a ser desativada. Só após a Proclamação da República é que ganhou novo impulso, com a retomada do interesse, pelo novo regime, em desenvolver o estudo científico na região. Corria o ano de 1894 quando assumiu como diretor do museu o naturalista suíço Emílio Goeldi. Ele logo implantou um zoológico e um horto botânico, em que já se destacavam espécies genuinamente nacionais. Precisando de um espaço maior para abrigar o jardim botânico, Goeldi solicitou ao então governador Lauro Sodré uma nova área, no que foi atendido com a aquisição do sítio da Rocinha, no ano seguinte. Com a compra de terrenos adjacentes à Rocinha, a área chega aos 5,4 ha atuais, e começa então a implantação do Parque Zoobotânico. A parte da flora ficou sob a responsabilidade do botânico – e também suiço – Jacques Huber, que adquiriu inúmeras espécies para a coleção do Parque, plantas que até os dias de hoje encantam o público. A adesão do público à instituição sempre foi notória, e já no início do século XX, um grande número de pessoas, de todas as classes sociais, faziam fila à frente do Museu Paraense para admirar a flora e fauna do Parque. Outros espaços foram sendo inaugurados, como o Aquário, o Lago da Vitória Régia e o Viveiro das Aves Brejeiras, aumentando as atrações e o interesse dos belenenses. Em 1900, chegou-se à impressionante marca registrada de 90 mil visitantes, o que equivalia a toda a população da cidade na época. Ainda hoje, o público visitante à instituição está acima dos padrões vigentes, chegando a receber 300 mil pessoas por ano. O Museu Paraense veio a ser a mais produtiva instituição científica nacional de seu tempo, obtendo reconhecimento da comunidade científica internacional e prêmios na Inglaterra, Itália e Estados Unidos. O sucesso de Emílio Goeldi deveu-se, sobretudo, à articulação de uma competente equipe de pesquisadores, ao apoio das autoridades estaduais, à adesão da elite e ao apreço popular pelas atrações diversificadas do Parque Zoobotânico. Foi ainda na gestão de Goeldi que ficaram definidas as quatro áreas de pesquisa do Museu, permanecentes até hoje: Botânica, Zoologia, Ciências Humanas e Ciências da Terra e Ecologia. Por seu trabalho científico - que auxiliou, inclusive, o Brasil na disputa com a França pelo território do atual estado do Amapá -, a instituição passou a chamar-se Museu Goeldi, mas só em 1931 chegouse à atual denominação. O MUSEU HOJE Atualmente, o Museu Goeldi dispõe de três bases físicas: o Parque Zoobotânico, onde ficam o zoológico e o horto botânico, além de setores administrativos, e o Campus de Pesquisa, sede das Coordenações de Pesquisa e das coleções científicas, ambos em Belém. Já a Estação Científica Ferreira Penna, fundada em 1993, está localizada no município de Melgaço, a 400km da capital, e serve como base de apoio para pesquisadores na Floresta Nacional de Caxiuanã. Sempre atento ao ideal de disseminar o saber científico sobre a Amazônia, o MPEG vem realizando diversas atividades culturais e educativas, o que acaba contribuindo para estreitar o elo entre a Instituição, a sociedade e o seu meio ambiente. O Clube do Pesquisador Mirim, por exemplo, busca despertar nas crianças e jovens estudantes o interesse pela pesquisa científica, por meio de oficinas teóricas e práticas sobre o meio ambiente – flora, fauna, recursos naturais –, história e préhistória amazônica. O Projeto AlfaCiência, em parceria com as universidades Federal (UFPA) e Estadual (UEPA), Instituto Evandro Chagas, Secretaria Estadual de Meio Ambiente e outras entidades do estado, capacita professores da rede pública visando inovar o processo de ensino e aprendizagem, tendo como base a linha teórico-metodológica da alfabetização científica. Já o Prêmio José Márcio Ayres contempla jovens das escolas públicas e privadas do Pará, premiando as melhores pesquisas realizadas pelos estudantes sobre a fauna e a flora amazônicas. Biblioteca Clara Galvão, voltada para alunos dos ensinos médio e fundamental Com aproximadamente 4 mil itens, como animais empalhados e artefatos indígenas, a Coleção Didática Emília Snethlage é utilizada por estudantes – do ensino fundamental a universitários – e por instituições como o Corpo de Bombeiros e a Polícia Ambiental. Outra fonte de dados é a Biblioteca Clara Galvão, que conta com cerca de 2 mil livros, além de jogos e kits educativos na área de Comemoração C omo parte das celebrações pelos seus 140 anos, o Museu Paraense Emílio Goeldi montou no prédio da Rocinha, localizado no Parque Zoobotânico, a exposição Reencontros: Emílio Goeldi e o Museu Paraense, onde o público poderá conhecer, entre outras coisas, a trajetória do consolidador da Instituição, Emílio Goeldi, bem como a contribuição de outras personalidades que o auxiliaram, como Jacques Huber e a ornitóloga alemã Emília Snethlage. Além disso, poderá conferir, também, os primeiros espécimes das coleções botânica e zoológica, alguns coletados pelo próprio Goeldi. Há previsão de que a exposição fique aberta ao publico por, pelo menos, dois anos. Conheça mais o MPEG na página http://www.museu-goeldi.br educação ambiental. E com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), a Escola Virtual de Assuntos Amazônicos (EVA) disponibiliza acervos e instrumentos educativos diversos via internet. Seja como museu, onde garante a conservação e exposição de valiosos acervos, ou como instituição científica, realizando pesquisas de ponta e formando recursos humanos em nível de graduação, mestrado e doutorado, o Goeldi vem se mostrando, ao longo de sua trajetória, ser um órgão estratégico para o desenvolvimento da região Norte. “E por meio da interdisciplinaridade, queremos garantir a formação de quadros qualificados que irão resguardar a continuidade das pesquisas e estudos futuros”, atesta a diretora Ima Vieira, de forma a manter, segundo ela, “o MPEG como um referencial em pesquisa, divulgação científica, educação em ciência e ambiental, em informação e documentação científica sobre a Amazônia e sua gente”. 9 Desenvolvimento Jefferson Rudy/Ascom-MMA Amazônia: uma prioridade para a nação Rachel Mortari Institutos ligados à área de ciência e tecnologia reúnem-se em projetos para criar modelos voltados ao desenvolvimento sustentável de toda a Região Amazônica 10 F ormada por sete estados brasileiros e oito países, a Floresta Amazônica conta com fauna e flora exuberantes. Em sua área de 5,5 milhões de km2 - 60% da qual em território nacional - abriga também uma grande sociodiversidade, representada por mais de 200 povos indígenas e comunidades locais. Esse cenário, no entanto, esconde um mosaico de problemas pautados na velha dicotomia do desenvolvimento versus destruição. Uma problemática que inclui grilagem de terra, trabalho escravo, narcotráfico, desmatamento e queimadas. O impacto desse conflito, a médio e longo prazos, é uma das preocupações das pesquisas realizadas pela Rede Temática de Pesquisa em Modelagem da Amazônia (Rede Geoma), formada por sete institutos vinculados ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). "A projeção de cenários com o objetivo de nortear políticas públicas é um dos trabalhos mais interessantes realizados pelo Geoma. Essa projeção permite a elaboração de políticas com perspectiva de futuro, levando-se em consideração a dinâmica dos sistemas ecológicos e socioeconômicos, em diferentes escalas geográficas", esclarece o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), Gilberto Câmara. Uma das primeiras avaliações do Geoma foi em parceria com o Inpe, na identificação das áreas potenciais para o desmatamento. O Geoma iniciou suas atividades em 2003 e fez um levantamento do desflorestamento da área em função da ocupação agrícola no município de São Félix do Xingu (PA), cujo índice de desmantamento continua sendo o mais alto do País, numa região que há poucos anos tinha área de floresta relativamente intacta. A Terra do Meio, onde foi realizada as pesquisas, estende-se por Estudar o desenvolvimento desse processo, que substitui a floresta pela pecuária - e suas conseqüências envolveu geólogos, antropólogos, ecólogos, matemáticos, analistas de sistemas e biológos. Esse debate multidisciplinar visa ajudar o estado a realizar o ordenamento territorial e considerar ações que atenuem o quadro em áreas onde foram eliminadas as reservas legais e as áreas de preservação permanente, além da repressão as atividades irregulares. "Hoje tem mais gado do que gente na Amazônia. O Pará é 3º maior produtor de gado do Brasil e já existem grandes frigoríficos na região. A floresta já foi desmatada e devemos evitar que isso ocorra em outras áreas. Uma alternativa para garantir que os pecuaristas não vão continuar o processo de desmatamento seria criar uma certificação de produtos, além de zonear o território. Os estudos do Geoma podem contribuir para isso", explica a diretora do Museu Emílio Goeldi, Ima Vieira. Pesquisas Físicas (CBPF), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. FISCALIZAÇÃO O levantamento da área desmatada da floresta é realizado desde 1977, com o auxílio de imagens de satélite, pelo Projeto de Estimativa de Desflorestamento da Amazônia (Prodes), do Inpe. A estimativa da taxa do desmatamento é anual. Inicialmente, as imagens eram feitas em preto em branco. Após um período sem funcionar, retornou em 1988, já com nova tecnologia e imagens coloridas. A partir de 2003, as informações, que eram restritas apenas à pesquisa, passam a ser disponibilizadas na internet. "Os resultados cartográficos e os mapas do desmatamento estão disponíveis na rede, o que per- mite, além da definição de políticas públicas, o efetivo acompanhamento da sociedade sobre as áreas desmatadas", comenta o coordenador de sensoriamento remoto do Inpe, Dalton Valeriano. O fato do Prodes só apresentar seus resultados do ano em março do ano seguinte - tendo como base 1º de agosto de cada ano - levou a equipe do Inpe a desenvolver o Projeto de Detecção de Áreas Desflorestadas em Tempo Real (DETER), em funcionamento desde 2004. O projeto está inserido no contexto do monitoramento da floresta Amazônica brasileira por satélite e é parte das atividades do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Brasileira, do governo federal. É um projeto do Inpe com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/MMA). MMA/Ibama cerca de 8 milhões de hectares, entre os rios Xingu e Tapajós, no Pará. Faz fronteira com as terras indígenas Arara, Kararaô e Cachoeira, Serra do Iriri ao norte, com a estrada Cuiabá/ Santarém a oeste, com o Xingu a leste, com as terras indígenas Kaiapó ao sul, e abrange os municípios de São Félix do Xingu e Altamira. Segundo ela, os pesquisadores do Geoma foram os primeiros a alertar para problemas como escravidão, grilagem e narcotráficos, questões diretamente ligadas à ocupação da terra. "Não foi o Geoma que criou as unidades de conservação, mas nosso estudo orientou o Ministério do Meio Ambiente e atua em parceria com a fiscalização do Ibama." A Rede Geoma é coordenada pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Peter Toledo, e é integrada, também, pelas unidades vinculadas ao MCT. São elas: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Centro Brasileiro de Os estudos envolvem análises sobre os impactos do desenvolvimento na biodiversidade 11 Marcello Casal Jr/ABr de Infra-Estrutura fossem aplicados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A segunda fase prevê a formação de redes temáticas de pesquisas, com o objetivo de responder adequadamente às grandes questões que afetam a Região Amazônica. Essa fase corresponde ao período de 2005 a 2008 e receberá US$ 6,5 milhões, sendo US$ 5,1 milhões da Agência Norte-americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), US$ 700 mil do Banco Mundial e US$ 753 mil do governo brasileiro. Queimadas irregulares eliminam reservas legais e áreas de preservação permanente O sistema permite fazer o monitoramento de forma mais eficiente. "Com a implantação do Deter tivemos capacidade de planejar as operações de fiscalização de maneira mais realista. Tem sido uma ferramenta eficaz para planejar e redirecionar as nossas ações", esclarece o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel. As informações são passadas para o Centro de Monitoramento do Ibama e distribuído para as bases operacionais na Amazônia. INSTITUIÇÕES A consolidação dos institutos de pesquisa amazônicos é uma das prioridades do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Esse foi um dos pontos ressaltados na primeira fase do Subprograma de Ciência e Tecnologia do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (SPC&T/ PPG7), criado para fortalecer e maximizar os benefícios ambientais das florestas tropicais brasileiras, de maneira compatível com o desenvolvimento do País. Fruto da cooperação entre o governo brasileiro, a sociedade civil e a comunidade internacional, coube ao MCT o Subprograma de Ciência e Tecnologia, que teve como objetivo principal promover e disseminar 12 conhecimentos científicos e tecnológicos relevantes à conservação e ao desenvolvimento sustentável da Região Amazônica. A primeira fase do Subprograma de C&T foi estruturada em dois componentes: o Projeto de Pesquisa Dirigida (PPD), que apoiou 53 projetos de pesquisa orientados para os ecossistemas amazônicos, tecnologias para o desenvolvimento sustentável da Amazônia e melhoria da qualidade de vida na Região Amazônica. O outro componente são os Centros de Ciência (CC), que consolidaram o fortalecimento de duas tradicionais instituições de pesquisa da região, o Museu Paraense Emílio Goeldi e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Os CC contribuíram para o aprimoramento da capacidade de pesquisa, difusão e educação em ciências dessas instituições. Elas passaram a atuar como centros de excelência no desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas. As atividades foram focadas no fortalecimento e desenvolvimento institucional; na recuperação e melhoria da infra-estrutura e de equipamentos; na capacitação da base de recursos humanos e, ainda, na disseminação de informação científica. Essa experiência levou o MCT a determinar que 40% dos recursos do Fundo Setorial Outra instituição de pesquisa apoiada pelo MCT na região é o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, que tem a responsabilidade sobre a gestão de duas reservas estaduais de desenvolvimento sustentável: a Mamirauá e a Amanã. Ambas são vizinhas e, junto com o Parque Nacional do Jaú, formam a maior área de floresta tropical protegida no mundo. Esta nova categoria de área protegida atua em conjunto com a população local, que participa nas atividades de manejo dos recursos naturais e na vigilância da reserva. Para o Mamiruá, a estratégia de conservação da biodiversidade considera que as populações tradicionais devem ser as principais beneficiárias dos recursos naturais, com o poder de decisão pelo manejo. "É a sociedade, baseada em suas raízes estruturais e históricas, que deve assumir o traçado de seu projeto de desenvolvimento", observa o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ennio Candotti. O peixe-boi é uma das espécies ameaçadas pela má utilização dos recursos naturais Ciência SBPC em tempo real Tecnologia amplia participação no maior encontro científico latino-americano Cláudia Soares O que poderia unir os quase seis milhões de habitantes de Boston, na Costa Leste dos Estados Unidos, e os nove mil catarinenses da pequena cidade de Turvo? Em julho, durante a 58ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), as duas cidades puderam acompanhar o maior congresso científico da América Latina. Essa foi a primeira edição do evento com transmissão em tempo real. "Uma aluna que estava em Boston me avisou que tinha visto a palestra da filósofa Marilena Chauí. No dia seguinte, ela juntou um grupo de 20 amigos para assistir ao jornalista Paulo Henrique Amorim", contou o presidente da SBPC, Ennio Candotti. Experiência semelhante aconteceu no interior de Santa Catarina, onde um grupo de mulheres reuniu-se para ouvir a secretária Especial de Política para as Mu- A reunião anual promovida pela SBPC contribui para despertar novas vocações para a ciência, atraindo estudantes de diversos níveis e idades em todo o Brasil lheres, Nilcéa Freire. Foram 22,5 mil acessos nos cinco canais disponíveis de transmissão, incluindo Argentina, Canadá, China, Estados Unidos, França, Japão, Malta, Portugal e Reino Unido. A reunião, realizada na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), teve 65 atividades transmitidas em tempo real pela internet. “É simplesmente fantástico saber que públicos em lugares tão diferentes tiveram acesso aos debates ocorridos na SBPC", revela o reitor da UFSC, Lúcio Botelho. NOVIDADES A inclusão da Tecnologia como tema nos debates e a criação de grupos de trabalhos com encontros no próprio evento foram outras inovações. "Foi a primeira vez que tivemos jovens empresários participando das discussões. Abrimos espaço para um novo público, que será incorporado às reuniões da SBPC", explica Candotti. A próxima reunião, em 2007, acontecerá em Belém (PA) com o tema Amazônia: desafio nacional. 58ª SBPC em números n Inscrições SBPC Sênior: 8 mil n Inscrições SBPC Jovem: 2.070 n Enapet (reunião anual dos gru- n Imprensa: 230 credenciados pos do Programa de Educação Tutorial): 1.200 nos cinco canais de transmissão on-line de 54 veículos n Acessos pela internet: 22,5 mil 13 INCENTIVO Duas ações importantes de incentivo à pesquisa foram efetivadas durante a 58ª edição da SBPC, em Florianópolis. Uma delas diz respeito à confirmação do reajuste em 10% nos valores das bolsas de pesquisa concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), inclusive, de mestrado e doutorado. Os novos valores começaram a valer desde de julho. abertura do encontro. Segundo Rezende, no caso das bolsas de pósgraduação, o reajuste total chega a 30% no atual governo. "Sabemos que esse é o resultado de um esforço conjunto, envolvendo, principalmente, a comunidade científica e tecnológica, que colaborou para que garantíssemos a ampliação do orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em R$ 1,26 bilhão", ressaltou o ministro. PRÊMIO A confirmação do reajuste foi feita pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, na Como tradição da reunião da SBPC, o CNPq lançou, durante o en- contro, a 22ª edição do Prêmio Jovem Cientista, a mais importante premiação científica da América Latina voltada para graduados e estudantes dos ensinos superior e médio. O tema deste ano foi Gestão Sustentável da Biodiversidade – Desafio do Milênio. Iniciativa conjunta do CNPq, Grupo Gerdau, Eletrobrás e Fundação Roberto Marinho, o Prêmio receberá inscrições até 30 de novembro, em cinco categorias: Graduado, Estudante do Ensino Superior, Estudante do Ensino Médio, Mérito Institucional e Menção Honrosa. Santos-Dumont atrai crianças e adultos para ExpoT&C buscaram informações sobre o cientista. “Adorei aprender mais sobre Santos-Dumont. É uma forma de homenagear esse gênio brasileiro”, disse a estudante do Colégio Tradição, de Florianópolis, Vitória Subtil Eula, 12 anos, vencedora do concurso de redação. G rande parte da área de 1.100 m² destinados à ExpoT&C - estande do MCT na SBPC - apresentou experimentos, objetos e dados sobre a vida de Santos-Dumont. Neste ano comemora-se o Centenário do Vôo do 14-bis. No estande Missão Centenário, a exposição Alberto Santos-Dumont e o mais pesado que o ar descreveu a construção do 14-bis em 20 painéis, com imagens inéditas. Os visitantes puderam ver réplicas do primeiro avião, do Demoiselle, do Aeroplano 15 e do Hidroplanador, além de assistir a documentários que narram a trajetória do cientista. Os adultos participaram de bate-papo com especialistas convidados, como o pesquisador Henrique Lins de Barros (CBPF), um dos grandes estudiosos da vida de Santos-Dumont, que falou sobre o centenário do 14-bis. Para encerrar as atividades da exposição, foi distribuída uma edição especial da revista Caros Amigos, exclusiva sobre o inventor brasileiro. O Centenário foi, ainda, o tema central da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que aconteceu de 16 a 23 de outubro, em todo o Brasil. “Queremos envolver toda a sociedade”, comenta o diretor do Departamento de Popularização e Difusão de C&T do MCT e organizador da Semana, Ildeu Castro. Participaram da mostra várias instituições vinculadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), como o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Agência Espacial Brasileira (AEB). Motivadas por um concurso de desenho e redação, crianças de escolas locais e visitantes de outros estados 14 O Demoiselle foi o precursor do ultraleve Serviços Inovação ao alcance de todos Renata Dias Serviço oferecido no Brasil ajuda empreendedores a solucionarem problemas técnicos O que há em comum entre um processo de fabricação de massa com farinha de trigo e corante, produtos emborrachados, métodos de colheita e plantação, e dicas para abrir sua própria confecção de roupas? Todos esses assuntos podem ser encontrados em um mesmo lugar. Trata-se do Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT), que, com muita seriedade e bastante variedade, traz respostas para qualquer tipo de negócio. O Serviço foi instituído pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), no âmbito do Programa de Tecnologia Industrial Básica e Serviços Tecnológicos para a Inovação e Competitividade (Programa TIB), com recursos do Fundo Verde-Amarelo. O desenvolvimento de um serviço especializado em informação tecnológica industrial começou a ser estruturado no período de 1985 a 1996, quando foram colocados em operação 20 Núcleos de Informação Tecnológica, de caráter setorial e regional. com simplicidade e criatividade 15 Casos de Sucesso PORTOFLEX Sob medida para os clientes ANJINHO Enfrentando a concorrência A empresa Portoflex, fundada há 9 anos, atua no desenvolvimento de artefatos de borracha, policloroprene e termoplásticos. Tratam-se de produtos de grande utilidade nos segmentos da indústria alimentícia, extrativa, frigorífica, que atendem também mercados como construção civil, eletroeletrônica, mecânica, petroquímica, rodoviária, siderúrgica, entre outros. A empresa trabalha com demandas específicas, fornecendo a pequenos clientes que estão atrás de uma determinada peça, e empresas de grande porte que trazem demandas para confecções. Carlos Barbosa possui um trailer no Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), há 16 anos. O Anjinho Lanches oferece sanduíches, sucos, saladas e outros lanches. Há cinco anos, Carlos começou a oferecer sorvetes soft, semelhantes àquelas casquinhas de grandes redes de lanchonetes, pelo preço de R$1,30. Até que seu concorrente, localizado a apenas 40 metros de distância, começou a vender o sorvete do mesmo tipo por R$ 1. Em uma busca na internet por receitas diferentes para esse tipo de sorvete, Carlos conheceu o SBRT. A empresa conheceu o Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT) por indicação do Senai. Andreas Knorr, consultor da Portoflex, revela que acreditou no programa por estar ligado ao MCT e instituições nacionais de reconhecida competência. O consultor aponta como resultado não apenas as respostas em si, mas uma maior facilidade em desenvolver novos produtos com maior segurança, o que acaba se refletindo na imagem da empresa. “O SBRT auxilia na minimização dos riscos da empresa. A qualidade do serviço é muito boa, e o retorno, excelente. O bom do programa é que combate a cultura do improviso na empresa, além de ser ágil e gratuito”, avaliou Andreas. A Portoflex já realizou várias consultas ao sistema, que vão de técnicas para coifa auto motiva, vulcanizador em borracha, migração em peças de borracha para evitar o esbran quecimento, até normas para capa ou manga de borracha. 16 O sorvete soft tem como base uma mistura específica que precisa de um liquidificador industrial para ser preparada. Carlos queria uma receita diferente para esta mistura, que não levasse gordura hidrogenada. Com a receita gerada pela inovação sugerida pelo Serviço, Carlos conseguiu triplicar sua produção e abaixou o preço da casquinha para R$ 1. “Conseguimos um produto mais barato e com a mesma qualidade de antes, os clientes ficaram surpresos e satisfeitos”, avaliou Carlos Barbosa. Depois dessas mudanças, o concorrente está vendendo a máquina de fazer esse sorvete. O Anjinho Lanches continua com a sua clientela garantida e com planos para investir em outros produtos, como atum light e hambúrguer de picanha. Lanchonete contou com auxílio do SBRT para reduzir custo do sorvete Ficou comprovado, então, que a atividade de informação tecnológica contribui, significativamente, para o aumento da competitividade das empresas brasileiras. Assim, o governo federal começou a desenvolver um trabalho em rede, que oferecia informações de fácil acesso aos pequenos e médios empresários, contemplando a geração de metodologias, ferramentas para acesso e oferta das informações, construção de bases de dados e capacitação de pessoal para a operacionalização do projeto. Assim, em novembro de 2004, o Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas começou a prestar atendimento. “O serviço traz uma contribuição muito importante à competitividade dos pequenos e médios empreendimentos no Brasil. Estamos trabalhando para a sustentação e ampliação desta ferramenta”, declarou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCT, Luiz Antônio Elias. O SBRT proporciona uma solução customizada a uma demanda específica: o empresário identifica determinada situação no seu processo produtivo que pode ser melhorada - e ele não sabe como fazer essa melhoria - e busca, então, uma solução procurando o Serviço. Por meio de carta, telefone, fax ou pela internet (http://sbrt. ibict.br), de forma gratuita, o empresário manda a sua demanda e o SBRT a direciona a alguma das instituições provedoras de informação da rede, que fornece a resposta em uma linguagem simples e acessível ao empreendedor. As instituições participantes do SBRT são o Centro de Tecnologia da Universidade de Brasília (CDT/ UnB), Disque Tecnologia do Distrito Federal, Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais da Universidade de São Paulo (Cecae/USP), o Centro de Tecnologia de Minas Gerais (Cetec), a Rede de Tecnologia do Instituto Euvaldo Lodi da Bahia, a Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro, e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Somam-se a estas o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCT) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-Nacional). O Serviço contempla cerca de 27 temas que variam desde agricultura e pecuária, meio ambiente, alimentos e bebidas, até mineração, produtos químicos, combustível, couro, vestuário e acessórios, passando por equipamentos hospitalares e instrumentos musicais. A resposta técnica é apresentada primeiro pelo assunto, depois por palavra-chave e um resumo com a identificação da demanda solicitada. Em seguida começa o desenvolvimento da resposta, com a solução apresentada sobre o produto ou processo trazendo recomendações e conclusões. As respostas trazem ainda referências, sites e legislações que subsidiaram ou podem contribuir O SBRT iniciou o atendimento em novembro de 2004. Desde então efetuou 7.500 atendimentos e registrou cerca de 2.900 respostas técnicas diferentes em seu banco de conhecimento, e conta com 20 dossiês técnicos prontos. n 33% das demandas geram novas Respostas Técnicas. Em 25% delas indi- ca-se respostas técnicas já existentes e 42% têm atendimento não publicado (fornecedores de equipamentos e matérias-primas 31%, alta complexidade 15%, abertura de negócios/legislação 3%, trabalho acadêmico 18%, plano de negócios/pesquisa de mercado – SEBRAE 8%, outros 12%). n 24% das demandas é na área de agricultura e pecuária, 21% é por alimen- tos e bebidas, 14% por serviços industriais e 10% para produtos químicos. n Por região: Sudeste 50%, Nordeste 13%, Centro-Oeste 10% e Sul 23%. com informações complementares ao assunto. Todas as respostas trazem o nome do técnico responsável, da instituição respondente, sempre disponibilizando algum contato, como e-mail ou telefone. Além de ficarem disponíveis no banco de conhecimento do site do SBRT, o serviço ainda disponibiliza as respostas na coluna “Tecnologia e Seu Negócio”, publicada semanalmente em mais de 40 jornais no Brasil. Livros Vozes indígenas preservadas comunidade para a valorização da cultura e língua do grupo, que estavam ameaçadas de desaparecer. Até as crianças colaboraram, criando as belas ilustrações presentes na obra. O livro traz histórias sobre as crenças e concepção de mundo dos Sakurabiat, além de dados lingüísticos e etnográficos sobre o grupo. O CD-ROM traz a narração oral e escrita das histórias do livro, tanto em português quanto em sakurabiat. Narrativas Tradicionais Sakurabiat Mayãp Ebõ é uma obra fascinante e acessível, tanto para pesquisadores quanto para o público em geral interessado em conhecer um pouco mais sobre a rica tradição cultural indígena do País. Pedro Bonatto P arte das histórias e da cultura do povo indígena Sakurabiat, que habita a reserva Rio Mequéns, em Rondônia, está preservada na obra Narrativas Tradicionais Sakurabiat Mayãp Ebõ. Lançada em livro e CD-ROM pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT), Narrativas traz 25 histórias baseadas em lendas mitológicas desse grupo. A obra foi cuidadosamente organizada pela pesquisadora Ana Vilacy, do Museu Goeldi, que trabalha há 12 anos no estudo e preservação da linguagem Sakurabiat, que pertence à família lingüística Tupari, do Tronco Tupi. De acordo com Vilacy, o interesse pela documentação das narrativas tradicionais partiu dos próprios Sakurabiat. O trabalho motivou toda a Como adquirir: Narrativas Tradicionais Sakurabiat Mayãp Ebõ Organização: Ana Vilacy - 276 páginas + CD-ROM - Museu Goeldi/MCT A obra custa R$ 40. Os recursos oriundos da comercialização do kit serão revertidos para os Sakurabiat. Para adquirir esta e outras publicações do Museu Goeldi, entre em contato com o Departamento de Documentação e Informação: http://www.museu-goeldi.br/publicacao.htm Fone: 91 274.1811 E-mail: [email protected] 17 Fundos Setoriais Plantas que curam Lúcia Pinheiro A biodiversidade amazônica é contada sempre em termos superlativos quanto ao número de plantas, peixes, aves, mamíferos, insetos e microorganismos. Essa megabiodiversidade tem muito a oferecer do ponto de vista químico e farmacológico N a zona rural de Ipixuna do Pará, município localizado a cerca de 300 km de Belém, a agricultora Núbia Borges planta ervas medicinais e produz remédios naturais há mais de 12 anos. Ela atende a mais de cem pessoas por semana, entre crianças e adultos, que buscam soluções para diversos tipos de males. De xarope em xarope, de pomada em pomada, a fama de Bia – como é conhecida – foi crescendo e ultrapassou as fronteiras daquele município. Hoje, com o apoio da prefeitura local, ela enfrenta horas de barco e estrada para atender pessoas de outras cidades da região. Os remédios são fornecidos gratuitamente. Além dos medicamentos e das consultas, ela também dá cursos nas comunidades sobre como cultivar hortas medicinais. Histórias assim são comuns na maior reserva de biodiversidade 18 do Planeta, a região amazônica. São pessoas que habitam os ecossis temas da floresta e que podem promover seu desenvolvimento sustentado, a partir dos recursos naturais e de sua conservação. Para tanto, avalia o doutor em Farmácia pela Universidade de São Paulo, Emerson Silva Lima, esse conhecimento popular precisa aliar-se ao conhecimento científico, para que os medicamentos de origem natural desenvolvam-se dentro de tecnologias aceitáveis e competitivas no mercado. Ele coordena um projeto de identificacação de espécies botânicas da Amazônia com potenciais fitoterápicos, integrando estudos etnobotânicos, fitoquímicos, farmacológicos e toxicológicos, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O pesquisador explica que a introdução de um novo produto fitoterápico, baseado no uso tradicional de uma planta, pode ser abreviada a partir da sua validação científica, o que lhe confere a autenticidade requerida para o suporte ético do medicamento planejado. “Este processo é realizado a partir da comprovação da atividade farmacológica da espécie, associada ao controle de sua composição botânica e química, e de seu caráter de toxicidade estipulado dentro dos patamares aceitáveis”, ressalta. Ele e sua equipe trabalham na coleta de plantas em duas comunidades ribeirinhas nas proximidades de Manaus – a do Castanho, localizada no município de Careiro Castanho; e a de Canoas, no município de Presidente Figueiredo. As amostras coletadas são classificadas com o auxílio dos herbários do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e da Ufam. Além da coleta e identificação das plantas selecionadas, os pesquisadores obtêm os extratos, realizam ensaios in vitro e in vivo para identificação de diversas atividades farmacológicas, entre outros processos. Na comunidade de Careiro Castanho, a horta botânica conta com cerca de 175 variedades de plantas medicinais da Amazônia, e outras estão sendo catalogadas com a ajuda da equipe do projeto. “Agentes de saúde”, como são chamados os habitantes locais que “medicam” a população ribeirinha com os remédios da horta, percorrem de barco 114 comunidades em locais quase inacessíveis na imensidão amazônica. O acesso é garantido por 150 canoas doadas pela igreja católica local. A informação é de Antonio Carlos dos Santos Cordeiro, coordenador da Associação dos Agentes de Saúde de Careiro Ribeirinho. “A gente faz tudo. Trabalhamos como médico, enfermeiro, tratamos de malária, mordida de cobra, enfim, tudo com nossos remédios. E agora o projeto está nos ajudando a retomar nossa cultura com as plantas. É para evitar que esse conhecimento fique perdido”, declara. Um dos diferenciais nesse tipo de pesquisa está nas ações integradas entre os diversos subgrupos participantes – botânica, fitoquímica, farmacologia, toxicologia e controle de qualidade –, que resultam em informações adicionais sobre as espécies botânicas da região, principalmente, em relação ao uso indiscriminado de plantas medicinais. O projeto é fundamental para a formação de recursos humanos numa área imprescindível para o desenvolvimento regional, avalia Emerson. Ele acredita que, com os esclarecimentos adicionais, as comunidades parceiras podem vir a se beneficiar com a comercialização de materiais biológicos de alto valor agregado. MERCADO Medicamentos à base de plantas medicinais têm sido cada vez mais utilizados. Dados do setor mostram que os fitoterápicos já representam 7% do segmento farmacêutico no Brasil, movimentando cerca de US$ 400 milhões por ano. A crescente expansão é atribuída ao potencial que esses produtos têm de prevenir e tratar doenças, de forma mais acessível e com menos efeitos colaterais que os remédios convencionais. Os produtos oriundos da Amazônia, em especial os fitoterápicos, apresentam um potencial de abastecimento do mercado de exportação, bem como de originar um segmento de mercado gerador de emprego e renda para a população local. Algumas plantas estudadas no projeto Andiroba: Carapa guianensis Aublet (Meliaceae). Nomes Populares: andirobaaruba, andiroba-saruba, carapá (Guiana Francesa), Crabwood (Inglaterra). Habitat: Amazônia. Indicações: antiinflamatório, vermífugo, febrífugo, cicatrizante, repelente, analgésico, anti-séptico e balsâmico. Açaí: Euterpe precatoria Martius (Arecaceae). Nomes Populares: asaí (Bolívia), assai, açaí, palmiteiro, Jussara (Brasil), naidi (Colômbia), bambil, palmiche (Equador), cogollo comestible (Peru). Habitat: Amazônial – várzeas e margens dos rios. Indicações: frutos novos: utilizados no combate aos distúrbios intestinais; raízes: empregadas como vermífugo, para o controle de febre da malária, dores musculares, hemorragias; palmito: na forma de pasta é anti-hemorrágico. Copaíba: Copaifera multijuga Hayne (Fabaceae). Nomes Populares: jabotá-mirim, copiúba, cabimo, copal, bálsamo-dos-jesuítas. Habitat: Amazônia. Indicações: antiinflamatória, contra disenterias, bronquite, sinusite, inflamações da garganta, rins e bexiga (cistite) e para todas as dermatoses. Poderoso anti-séptico das vias respiratórias. Japecanga: Smilax japecanga (Lilaceae). Nomes Populares: japecanga-verdadeira. Habitat: às margens dos rios e nos lugares úmidos. Indicações: depurativo, usado na sífilis, gota, reumatismo e moléstias da pele. Jucá: Caesalpinia férrea Mart. (Cesalpinaceae). Nomes Populares: jucá, jucaína, pau-ferro-verdadeiro, muirá-obi, ibirá-itá, ibirá-obi, muiré-itá. Habitat: Norte e Nordeste brasileiro. Indicações: antimicótico, antianêmico, anti-hemorrágico, cicatrizante, antidiarréico. Indicado também para bronquites, asma, tuberculose e problemas hepáticos. Saratudo: Byrsonima intermedia L. (Malpighiaceae). Nome Popular: murici. Habitat: Amazônia, regiões serranas do Sudeste, nos cerrados do Mato Grosso e Goiás e no litoral do Norte e do Nordeste do Brasil. Indicações: adstringente, diurético, colite, atonia, resfriado comum, diarréia, febre, fungos, gastrite, piorréia, picada de cobra, feridas e intestino. Unha de gato: Bignonia unguis-cati (Bignoniaceae). Nomes Populares: cipó-de-gato, cipóde-morcego, hera-de-são-domingos. Habitat: Mato Grosso e Amazonas). Indicações: diurética, anti-reumática, anti-sifilítica. 19