Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 4 – Ciclos de refrigeração Ciclos de Refrigeração Refrigeração Térmica Tipos de Refrigeração 82 Refrigeração magnética é uma tecnologia de refrigeramento, sendo desenvolvida atualmente pela parceria do Ames Laboratory do Departamento de Energia dos Estados Unidos com a Corporação astronáutica da América. Um modelo protótipo foi criado com sucesso em 1996. Essa tecnologia utiliza um efeito magnetocalorífico, que é uma tendência de determinados materiais, tais como o elemento metálico gálio, os quais se aquecem muito quando inseridos em um campo magnético e se refrigeram rápido até temperaturas muito baixas quando retirados desse campo. Esta técnica foi usada por muitos anos em sistemas criogênicos e também no controle de temperatura dos sistemas de refrigeração, para estes atingirem temperaturas de 4 kelvins ou mais baixas. Refrigeração termoacústica ou sônica é uma tecnologia que utiliza ondas sonoras de alta amplitude na pressurização de gases, com o objetivo de bombear o calor de um lugar a outro. Os dispositivos termoacústicos são os mais eficientes construídos até o momento, pois têm uma eficiência relativa próxima de 40% (relativa à máquina de Carnot), tornando-os comparáveis aos sistemas domésticos de compressão de vapor e, na maioria dos casos, superiores aos motores de combustão interna. Refrigeração termoacústica ou sônica é uma tecnologia que utiliza ondas sonoras de alta amplitude na pressurização de gases, com o objetivo de bombear o calor de um lugar a outro. Os dispositivos termoacústicos são os mais eficientes construídos até o momento, pois têm uma eficiência relativa próxima de 40% (relativa à máquina de Carnot), tornando-os comparáveis aos sistemas domésticos de compressão de vapor e, na maioria dos casos, superiores aos motores de combustão interna. Fluidos Refrigerantes O Freon pode ser definido como diversos tipos de gases a base clorofluorcarbonos. Estes são conhecidos como CFCs. É marca registrada da empresa norte americana Du Pont, apontada por muitos como a principal causadora de danos atmosféricos, danos à saúde da humanidade e danos contra os seres vivos e portanto contra o Planeta Terra nas últimas décadas. O Freon ainda é utilizado comercialmente pela indústria de refrigeradores, eletrônica, mecânica entre outras. Histórico do Freon Entre os anos 1800 até 1929 os gases utilizados para fins de refrigeração eram tóxicos. Estes eram: a amônia (NH3), cloreto de metil (CH3Cl), e dióxido de enxofre (SO2). No século XX, na década de 1920, ocorreram muitos acidentes fatais em função de vazamento de cloreto de metil em refrigeradores industriais e até mesmo residenciais. Muitas empresas e proprietários de equipamentos de refrigeração começaram a deixar seus refrigeradores ao ar livre para prevenir possíveis vazamentos. Devido aos grandes prejuízos e processos judiciais contra as indústrias de refrigeração, estas iniciaram um esforço conjunto para resolver o problema. Os descobridores Em 1926, Thomas Midgley, Jr. E Charles Franklin Kettering inventaram uma combinação de gases que foi chamada de Freon. Os CFCs são um grupo de alifático de combinações orgânicas que contêm o carbono, flúor, e, em muitos casos, outros halógenos (especialmente cloro) e hidrogênio. São incolores, inodoros, não inflamáveis, não são corrosivos ou líquidos. Thomas Midgley foi escolhido por Charles Franklin Kettering para dirigir a pesquisa dos CFCs. A empresa Frigidaire obteve a primeira patente para a fórmula para gases de refrigeração no dia 31 de dezembro de 1928. A união das empresas Em 1930 a General Motors e a DuPont formaram a Kinetic Chemical Company para produzir o Freon. Em 1935 a Frigidaire e seus concorrentes já tinham comercializado em torno de 8 milhões de refrigeradores novos nos Estados Unidos. Em 1932, a Carrier Engineering Corporation usou o Freon na primeira unidade de ar condicionado. Fabricado pela empresa DuPont durante anos os CFCs foram usados e liberados livremente na atmosfera sem conhecimento dos danos que estavam causando para a humanidade e para o Planeta Terra, pois eram gases considerados seguros e estáveis. O clorofluorcarbonetos ou Clorofluorcarbono(CFC) são um grupo de hidrocarbonetos halogenados usados em aerosóis, gases para refrigeradores, solventes e extintores de incêndio. São derivados dos hidrocarbonetos saturados obtidos mediante a substituicão de átomos de hidrogênio por átomos de cloro e flúor. Exemplos de CFC são: 82 Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 4 – Ciclos de refrigeração CFCl3 (CFC-11) CF2Cl2 (CFC-12) C2F3Cl3 (CFC-113) C2F4Cl2(CFC-114) C2F5Cl (CFC-115) 83 Camada de ozônio Quando começou a ser ultilizado, o freon, o mais conhecido CFC, parecia a solução perfeita aos problemas da refrigeração, por não se dividir e não causar danos ao seres vivos, muito melhor que o produto anteriormente ultilizado, a amônia. Porém, atualmente descobriu-se que os CFCs sofrem fotólise quando submetidos à radiação UV, ultravioleta, dividindo-se na altura da camada de ozônio onde a presença desse raios são constantes: F Cl | Luz U.V. | Cl - C - Cl ---------> Cl - C. .Cl | | Cl Cl O Radical Livre Cloro que se forma, logo reage com o Ozônio, o decompondo em O2 (Oxigênio Gasoso) e OCl (Monóxido de Cloro): Cl + O3 -> O2 + OCl O OCl então pode reagir com outra molécula de O3, formando duas moléculas de O2 e deixando o Radical Livre Cl pronto para repetir o ciclo reacional: OCl + O3 -> 2 O2 + Cl Em Resumo: Cl + Luz 2 O3 ----------> 3 O2 O Ciclo prossegue até que o cloro se ligue a uma substância diferente de O3 que forme uma substância resistente à fotólise ou uma substância mais densa (que leve o Cl da camada de ozônio para uma mais baixa): (O2). Esse fenômeno causa a destruição na camada de ozônio, o que aumenta a entrada de raios UV na atmosfera causando grandes problemas como o câncer de pele, catarata, diminuição do fitoplâncton e redução das colheitas. refrigeração. Uma das alternativas tem sido os Hidroclorofluorcarbonetos (HCFC), haloalcanos em que nem todos os hidrogênios foram substituidos por cloro ou fluor. Seu impacto ambiental tem sido avaliado como sendo de apenas 10% do dos CFC. Outra alternativa são os Hidrofluorcarbonetos (HFC) que não contém cloro e são ainda menos prejudiciais ao meio ambiente. Ciclo de Refrigeração Conceitos: Ciclo realizado no sentido oposto ao de um motor.(Absorção de calor a uma temperatura baixa), rejeição de uma quantidade de calor maior a uma temperatura mais elevada e por fim realização de uma quantidade líquida de trabalho sobre o sistema. Esse dispositivo que executa esse ciclo recebe o nome de refrigerador e o sistema que está sendo submetido ao ciclo chama-se refrigerante. A figura 1 ilustra o ciclo de refrigeração básico e as figuras 2 (a) e (b) o esquema de um refrigerador. Figura refrigeração: 1 - Ciclo de Protocolo de Montreal A restauração da camada de ozônio ocorre naturalmente, porém de forma lenta, e o ritmo da destruição atual não permite a plena restauração. O Protocolo de Montreal foi firmado pela maioria dos países do mundo com o objetivo de, aos poucos, extinguir a produção destas substâncias, através da substituição por outras menos nocivas. Alternativas Existem atualmente vários projetos para diminuir a ultilização dos CFCs, mas eles têm sido dificultados pelo seu uso principalmente na 83 Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 4 – Ciclos de refrigeração Figura 2 – (a) 84 fluido atravessa adiabaticamente uma abertura estreita, (válvula agulha), desde uma região de pressão alta constante a uma região de pressão baixa, ele experimenta um processo de estrangulação, ou expansão Joule-Thomson, ou Joule-Kelvin, produzindo sempre esfriamento e vaporização parcial. No evaporador, o fluido vaporiza-se completamente o calor de vaporização é fornecido pelos materiais a serem refrigerados. O vapor é então comprimido adiabaticamente, aumentando com isso sua temperatura. No condensador, o vapor é resfriado até que se condense e fique completamente liquefeito. O ciclo de refrigeração básico: Consiste de 2 adiabáticas e 2 isobáricas. Figura 3 – Diagrama PV de um ciclo básico de refrigeração. QH TH (b) QC TC Processo / Estado (PiViTi) b c Processo de estrangulação (queda de temperatura e pressão) c d Vaporização isobárica e isotérmica, na qual é absorvido pelo refrigerante o calor QC à temperatura TC, refrigerando com isso as substâncias do reservatório frio. d a Compressão adiabática do vapor até uma temperatura superior à temperatura TH do condensador. a Várias empresas usam na construção de frigoríficos práticos desde 900 C até 12 K. A companhia Philips da Holanda tem ocupado o primeiro lugar no projeto de instalações industriais. Outras na área: North American Philips, Hughes Aircraft e Malaker Laboratories. Gases utilizados: CCl2F2 (vaporiza-se –6,70C, 2.46 Kpa) (Cloro flúor Carbono) (Freon 12). Amônia e dióxido de enxofre (NH4) No condensador, a substância refrigerante se encontra a uma pressão elevada e a uma temperatura tão baixa quanto seja possível obter com ar ou com água de resfriamento. Quando um b Esfriamento isobárico e condensação a TH Etapa b c c d d a a b W CV (TC U TH ) CV (TC TH ) Pc(Vd – Vc) CV (TC TH ) CV (TH TC ) Pa(Vb – Va) 84 Q 0 QC 0 QH Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 4 – Ciclos de refrigeração Figura 4 – Planta básica de refrigeração Processo / Estado (PiViTi) 1 2 O pistão direito estacionário esquerdo sobe e comprime o gás isotermicamente à temperatura TH e rejeita o calor QH ao reservatório quente. 85 2 3 Ambos os pistões deslocam-se a mesma quantidade, obrigando o gás a atravessar o regenerador, cedendo calor QR a ele e emergindo frio no espaço do lado direito. 3 4 Pistão da esquerda permanece fixo, o da direita desce numa expansão isotérmica à temperatura inferior TC durante o qual o gás absorve o calor QC do reservatório frio. 4 1 Ambos os pistões se movem obrigando o gás a passar, a um volume constante, através do regenerador da extremidade fria para a extremidade quente, absorvendo aproximadamente o mesmo calor QR que forneceu ao regenerador no processo 2 3. Ciclo de refrigeração de Stirling O ciclo de refrigeração de Stirling é discutido abaixo. Figura 4 – Diagrama esquemático das etapas na operação de um refrigerador de Stirling. 1 Etapas W nR ln 1 2 V2 V1 0 3 4 4 1 1 .. 1 U 0 Q nR ln CV (TC TH ) 2 3 nR ln 1 V1 V2 0 CV (TC TH ) nR ln CV (T3 T4 ) CV (T4 T3 ) 0 A 0 A Etapas de funcionamento de um refrigerador Figura 6 – (a) Líquido refrigerante. 2 isotérmicas e 2 isocóricas. Figura 5 – 85 V2 V1 V1 V2 Termodinâmica – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori Capítulo 4 – Ciclos de refrigeração (b) Passagem pelo evaporador. (e) retorno ao ciclo novamente. 86 (c) Evaporador. Figura 6 – Funcionamento de um ar condicionado. (d) Gás entra no compressor. 86