UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE
Utilização dos serviços odontológicos públicos e privados na
perspectiva dos adultos: estudo de base populacional na cidade de
Lages, Santa Catarina, Brasil, em 2007
Ada Maria Fornari
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Saúde Coletiva como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Saúde Coletiva.
Área de concentração: Epidemiologia
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Izabella Barison Matos
Lages
2008
Utilização dos serviços odontológicos públicos e privados na
perspectiva dos adultos: estudo de base populacional na cidade de
Lages, Santa Catarina, Brasil, em 2007
Ada Maria Fornari
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Saúde Coletiva como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em
Saúde Coletiva.
Área de concentração: Epidemiologia
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Izabella Barison Matos
Lages
2008
Dedico este trabalho aos meus pais, Ada e
Giovanni, pelo apoio e incentivo e à minha
filha, Ana Letícia, por compreender minha
ausência.
AGRADECIMENTOS
À minha irmã Terezinha, que me auxiliou sempre, em todas as etapas da minha pesquisa.
À minha irmã Carmen Lúcia, que mesmo distante, não mediu esforços em me apoiar,
carinhosamente.
Ao meu irmão Giovani e à minha cunhada Cleusa, sempre presentes, inclusive nos momentos
mais difíceis.
Às minhas sobrinhas Ana Helena e Daniela, que ajudaram a minha filha Ana Letícia a superar
minha ausência.
Ao Dr. Heron Anderson de Souza, ex-Secretário Municipal da Saúde de Lages, pela confiança
em mim depositada.
Ao atual Secretário Municipal da Saúde de Lages, Juliano Polese Branco, pelo apoio
recebido.
A todos os professores do PPGSC, da UNIPLAC, especialmente à profª Drª Izabella Barison
Matos, minha orientadora, pelo valioso incentivo e auxílio imprescindível em todos os
momentos do trabalho; à profª Dra. Maria Conceição de Oliveira pela paciência,
companheirismo e dedicação durante a elaboração das pesquisas e ao prof. Dr Antonio
Fernando Boing pela importante colaboração nessa fase final do trabalho.
À Cristiane do setor de Apoio à Pós-Graduação por sua solicitude e gentileza dispensadas e a
todos que de alguma forma colaboraram para a elaboração desse estudo.
Por fim, agradeço a Deus, por me imbuir de fé e perseverança no enfrentamento de mais esse
desafio em minha vida pessoal e profissional.
RESUMO
Trata-se de um estudo que objetivou conhecer e descrever a prevalência da utilização dos
serviços odontológicos públicos e privados, nos últimos doze meses, entre adultos da cidade
de Lages (SC). Além disso, testou a existência de diferenças da prevalência da utilização dos
serviços citados, entre estratos de renda da população adulta da cidade, segundo sexo, faixa
etária, cor da pele auto-referida, nível socioeconômico, motivo da última consulta
odontológica, avaliação do atendimento e a satisfação com os dentes, fazendo comparações
com outros estudos realizados. Contextualiza, também, a oferta de serviços de saúde bucal na
cidade de Lages, privilegiando o detalhamento da rede pública e destacando alguns
indicadores de saúde bucal da população do município. Em relação aos procedimentos
metodológicos, esta dissertação é parte do estudo transversal intitulado “Auto-avaliação das
condições de saúde e fatores associados: estudo de base populacional em adultos de Lages
(SC), 2007”, que foi realizado entre fevereiro e outubro de 2007, por docentes e mestrandos
do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC), da Universidade do Planalto
Catarinense (UNIPLAC). Os dados e as informações foram coletados por meio da aplicação
de um questionário com 186 questões. Responderam o questionário 2.022 adultos. Desses,
61,5% eram mulheres, 52,9% tinham até 39 anos de idade e 63,2% auto-referiram cor de pele
branca. Quanto à utilização dos serviços odontológicos, 57,0% das pessoas afirmaram ter ido
ao dentista no último ano e 59,2% dos adultos consideraram estar satisfeitos com os seus
dentes. O principal motivo da consulta foi exame de rotina, com percentual de 66,9%. Houve
maior prevalência de utilização dos serviços odontológicos entre os mais ricos, as mulheres,
os mais jovens, os com maior escolaridade e entre as pessoas que vivem em domicílios com
menor aglomeração. Assim, para além de indicar a prevalência, os resultados obtidos parecem
também refletir os determinantes sociais do processo de adoecimento bucal dos usuários dos
serviços odontológicos. Entre eles: a organização e o funcionamento dos serviços. Espera-se
que esse estudo possa instrumentalizar a elaboração do Plano Municipal de Saúde de Lages:
2010-2013, no que diz respeito ao redirecionamento dos programas de saúde bucal existentes.
Descritores: estudos transversais, utilização de serviços odontológicos, epidemiologia.
ABSTRACT
This study aimed the knowing and description of the use prevalence of public and private
dental services in the past twelve months, among adults in Lages (SC). Furthermore, it tested
the existence of differences in the use prevalence of the mentioned services, among excerpts
of the adult population in Lages, according to gender, age range, self-referred skin color,
socio-economical level, last appointment reason, service evaluation and satisfaction with the
teeth, in comparison to other performed studies. It also contextualizes the supply of mouth
health services in Lages, focusing on the public system detailing and pointing out some mouth
health indicators in the city’s population. In relation to methodological procedures, this
dissertation is part of the cross-sectional study titled “Self-evaluation of health conditions and
related factors: population-based study on adults in Lages (SC), 2007”, which was carried out
between February and October of 2007, by graduate and postgraduate students of the
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) (Collective Health Post-Graduation
Program), at UNIPLAC. The data and the information were collected through a 186-question
questionnaire. 2,022 adults answered the questionnaire. Among this number, 61,5% were
women, 52,9% were up to 39 years old and 63,2% referred themselves as white-skinned.
Regarding dental services use, 57,0% of the participants affirmed having gone to the dentist in
the past year and 59,2% of the adults reported being satisfied with their teeth. The principal
reason for an appointment was a routine check-up, 66,9%. There was a bigger prevalence of
dental services use among the wealthier, women, the younger, the ones with higher
educational level and people who lived in homes with smaller agglomerations. This way,
besides indicating prevalence, the obtained results seem to reflect the social determiners of
mouth problems in the users of dental services. Among them: organization and service
functioning. It is hoped that this study may provide tools to the elaboration of the 2010-2013
City Health Plan in Lages, regarding the existent mouth health programs redirecting.
Describers: cross-sectional studies, dental services use, epidemiology.
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................... 5
ABSTRACT .............................................................................................................................. 6
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... 9
LISTA DE QUADROS........................................................................................................... 10
LISTA DE TABELAS............................................................................................................ 11
LISTA DE SIGLAS................................................................................................................ 12
CAPÍTULO 1
DA INTRODUÇÃO E DA JUSTIFICATIVA DO ESTUDO............................................. 15
CAPÍTULO 2
DO REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL.............................................................. 20
2.1 Da utilização e do acesso aos serviços de saúde ............................................................ 20
2.2 Da satisfação como um aspecto da avaliação dos serviços ............................................ 23
2.3 Das políticas públicas de saúde bucal no Brasil ............................................................. 27
CAPÍTULO 3
DOS OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICOS .................................................................. 34
CAPÍTULO 4
DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 36
4.1 Do local de estudo .......................................................................................................... 36
4.2 Da descrição da pesquisa................................................................................................ 38
4.3 Da amostra...................................................................................................................... 39
4.4 Do instrumento de pesquisa............................................................................................ 40
4.5 Da definição das variáveis: dependente e independentes ............................................... 41
4.6 Da análise dos dados ...................................................................................................... 43
4.7 Dos procedimentos éticos na pesquisa ........................................................................... 44
CAPÍTULO 5
DA DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS EM LAGES ......................... 45
5.1 Da contextualização de Lages e de sua população: alguns indicadores ........................ 45
5.2 Da saúde bucal em Lages: breve histórico ..................................................................... 48
5.3 Da descrição dos serviços odontológicos em Lages: público, privado e outros............. 54
5.3.1 Serviço público ............................................................................................................ 55
5.3.2 Serviço privado............................................................................................................ 59
5.3.3 Outros serviços ............................................................................................................ 61
CAPÍTULO 6
DOS RESULTADOS E DA DISCUSSÃO ........................................................................... 65
CAPÍTULO 7
DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 75
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 78
LISTA DE ANEXOS.............................................................................................................. 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa do Estado de Santa Catarina destacando Lages .................................... 36
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Indicadores de saúde bucal em Lages: meta/alcançado e alcançado no
Estado – ano 2007 ................................................................................................................... 50
Quadro 2 – Indicadores de saúde bucal em Lages 2002 – 2007 ......................................... 51
Quadro 3 – Percentuais e média de indicadores de saúde bucal em Lages 2000 – 2007.. 52
Quadro 4 – Total de cirurgiões-dentistas, em Lages, registrados no CRO, com
vinculação à rede pública de serviços, e densidade profissional. ....................................... 54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição da amostra segundo variáveis de estudo (prevalência e erro
padrão). Lages, SC, 2007 ....................................................................................................... 67
Tabela 2 – Distribuição da amostra, segundo utilização dos serviços odontológicos no
último ano (n e %), variáveis do estudo e proporção de pessoas que utilizaram os
serviços odontológicos (IC95%), segundo o primeiro e o último quartis de renda. Lages,
SC, Brasil, 2007....................................................................................................................... 70
Tabela 3 – Proporção de utilização de serviço odontológico e avaliação positiva do
serviço utilizado, segundo tipo de serviço: público (SUS) ou privado. Comparações entre
o primeiro e o último quartis de renda. Lages, 2007. .......................................................... 71
LISTA DE SIGLAS
ABO – Associação Brasileira de Odontologia.
ACD – Auxiliares de consultório dentário.
AFEUP – Associação dos funcionários da UNIPLAC.
AIS – Ações Integradas de Saúde.
AMURES – Associação dos Municípios da Região Serrana de Santa Catarina.
ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar.
CAPs – Caixas de Aposentadorias e Pensões.
CAV – Centro de Ciências Agroveterinárias.
CD – Cirurgiões-dentistas.
CEO – Centro de Especialidades Odontológicas.
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa.
CFO – Conselho Federal de Odontologia.
CNSB – Conferência Nacional de Saúde Bucal.
CPO-D – Média do índice de dentes cariados, perdidos e obturados.
CRENSA – Centro de Recuperação de Nossa Senhora Aparecida.
CRO – Conselho Regional de Odontologia.
CROSC – Conselho Regional de Odontologia de Santa Catarina.
DNSB – Divisão Nacional de Saúde Bucal.
ESB – Equipe de Saúde Bucal.
ESF – Estratégia de Saúde da Família.
EUA – Estados Unidos da América.
13
FacVest – Faculdades Integradas FacVest.
GM/MS – Gabinete do Ministro/Ministério da Saúde.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano.
IES – Instituição de Ensino Superior.
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social.
INSS/PAM – Instituto Nacional de Seguridade Social/Pronto Atendimento Médico.
MS – Ministério da Saúde.
OMS – Organização Mundial da Saúde.
OPAS – Organização Panamericana de Saúde.
PA – Pronto Atendimento Odontológico.
PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde.
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
PPGSC – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.
PSF – Programa de Saúde da Família.
SAMT – Serviço de Atendimento ao Menor Trabalhador.
SB Brasil – Condições de Saúde Bucal na População Brasileira – 2002-2003
SC – Santa Catarina.
SEMASA – Secretaria Municipal de Água e Saneamento.
SENAT – Serviço Nacional de Transporte.
SES – Secretaria de Estado da Saúde.
SESI – Serviço Social da Indústria.
SMS – Secretaria Municipal de Saúde de Lages.
SUS – Sistema Único de Saúde.
14
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
THD – Técnicos de higiene dental.
UBS – Unidades Básicas de Saúde.
UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina.
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina.
UNIPLAC – Universidade do Planalto Catarinense.
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí.
CAPÍTULO 1
DA INTRODUÇÃO E DA JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
Trata-se de um estudo que visa conhecer e descrever a prevalência da utilização
dos serviços odontológicos públicos e privados entre adultos da cidade de Lages (SC). Além
disso, testou a existência de diferenças da prevalência da utilização daqueles serviços, entre
estratos de renda da população adulta de Lages (SC), segundo sexo, faixa etária, cor da pele,
nível socioeconômico, motivo da última consulta, avaliação do atendimento e a satisfação
com os dentes, fazendo comparações com outros estudos realizados. Contextualiza, também,
a oferta de serviços de saúde bucal na cidade de Lages, privilegiando o detalhamento dos
serviços da rede pública.
As motivações que levaram esta pesquisadora a optar pelo tema remetem à
atuação, desde 2004, como cirurgiã-dentista da Equipe de Saúde Bucal (ESB), integrante da
Estratégia de Saúde da Família (ESF), vinculada à Secretaria Municipal de Saúde de Lages
(SMS). Na prática cotidiana, na rede pública de saúde, observam-se as dificuldades que a
população apresenta para obtenção de atendimento odontológico.
Por outro lado, os cirurgiões-dentistas enfrentam vários desafios, tais como atingir
as metas propostas para alcançar a produtividade ideal. Nesse contexto, faltam insumos, há
precariedade na manutenção dos equipamentos odontológicos, há fila de espera para
atendimento dos encaminhamentos para as especialidades, entre outras dificuldades. Mas, a
ESB é responsável pela saúde bucal da população na atenção básica, de modo que precisa
16
encontrar formas de superar tais obstáculos, a fim de proporcionar melhores condições de
acesso e de utilização do serviço odontológico.
É sabido que o Brasil ainda possui expressiva prevalência de doenças bucais,
entre outros agravos, concentrados nas camadas de menor poder aquisitivo da população
(COSTA et al, 2006), onde as desigualdades sociais, a alta concentração de renda e a
ineficiência do Estado em diminuir tais polaridades constituem-se em marca registrada.
De fato, a baixa qualidade da saúde bucal, presente na população brasileira, é um
dos mais significativos sinais de exclusão social e foi objeto de discussão na 3.ª Conferência
Nacional de Saúde Bucal, realizada em Brasília, no ano de 2004 (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2005). Na ocasião, evidenciou-se que além de outros fatores determinantes, as diversas
afecções bucais da grande maioria da população brasileira atestam a precariedade da
utilização dos serviços odontológicos.
Essa utilização, por sua vez, é considerada como variável condicionante para a
análise do perfil de saúde bucal da população. MATOS & LIMA-COSTA (2007), estudando a
tendência da utilização dos serviços odontológicos e os fatores associados entre idosos
brasileiros, referem o modelo proposto por Andersen & Newman, o qual considera três
características para delinear o perfil dos usuários. São elas: a predisposição do indivíduo para
utilizar determinado serviço de saúde, que inclui as variáveis demográficas, estrutura social,
atitudes ou opiniões; a facilitação, que envolve as características familiares e da comunidade;
e a necessidade, que engloba a auto-percepção das condições de saúde.
É sabido que estudos sobre os fatores associados à utilização de serviços
odontológicos têm aumentado em todo o mundo, sobretudo nos Estados Unidos, Canadá e
Inglaterra, mas todos esses fatores são ainda mais desconhecidos no Brasil (ARAÚJO, 2006).
Apesar de existir um número considerável de trabalhos que avaliam e discutem a qualidade e
a satisfação dos usuários de serviços de saúde, de um modo geral, observam-se, na literatura
17
brasileira, poucos estudos sobre, especificamente, a utilização dos serviços odontológicos.
Entre eles destacam-se BARROS & BERTOLDI (2002), o Projeto SB Brasil 2003
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004b), PINHEIRO & TORRES (2006), ARAÚJO (2006),
MATOS & LIMA-COSTA (2007). Um trabalho, também tido como referência, foi o
realizado na cidade mineira de Bambuí, por MATOS et al. (2001).
Devido a essa lacuna na literatura nacional torna-se mais relevante a pesquisa ora
presente, que aborda a utilização de serviços odontológicos públicos e privados no último ano
referente à pesquisa. Isto porque o período permite comparações com outros estudos,
inclusive com os dados da PNAD e, também, por tratar-se de um espaço de tempo no qual
espera-se que a pessoa consulte o dentista.
Estudos sobre as características da utilização desses serviços, em nível local e
regional e a saúde bucal auto-referida implicam na ampliação do conhecimento necessário
para repensar e redirecionar as ações públicas dirigidas à saúde bucal. Além do acesso à
qualidade dos serviços oferecidos, é importante considerar as questões sobre a percepção das
necessidades sob os olhares dos usuários.
Diante disso, a variável de desfecho do presente estudo foi ter utilizado ou não
serviços odontológicos públicos ou privados nos últimos doze meses anteriores à pesquisa. As
variáveis exploratórias foram àquelas relacionadas ao contexto socioeconômico-demográfico.
Adicionalmente, investigou-se o motivo da última consulta, a avaliação em relação ao
atendimento e a satisfação com os dentes. Isso porque este estudo pretende proporcionar
conhecimento acerca do tema e instrumentalizar o planejamento das ações de saúde bucal na
cidade de Lages, a serem elaboradas no Plano Municipal de Saúde 2010-2013, em 2009. Haja
visto que estudos, citados nos capítulos dessa dissertação, mostram que Lages reflete a
situação nacional relativa à saúde bucal. Ou seja, a realidade de utilização de serviços
odontológicos vivenciada pela população brasileira tem sido de grande precariedade. Fato
18
esse comprovado pela diminuta parcela de brasileiros que consultou o dentista no ano de
2006, que é de aproximadamente 35% da população (PINHEIRO & TORRES, 2006).
Neste sentido, o trabalho aqui proposto analisa, através de um inquérito
epidemiológico, os dados produzidos sobre a utilização dos serviços odontológicos, no
Município de Lages (SC). Sendo esta dissertação parte do estudo transversal, intitulado Autoavaliação das condições de saúde e fatores associados: estudo de base populacional em
adultos de Lages (SC), 2007, que foi realizado entre fevereiro e outubro de 2007, por
docentes e mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC), da
Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC), com a participação de alunos-bolsistas e
voluntários de cursos de graduação dessa universidade. Objetivando realizar, portanto, uma
investigação sobre as condições socioeconômicas e os principais problemas de saúde autoreferidos dessa população, o estudo foi considerado prioritário e teve apoio financeiro do
Fundo de Incentivo ao Desenvolvimento da Pesquisa da UNIPLAC.
Assim, esta dissertação1 foi organizada em sete capítulos, acrescidos das
referências e dos anexos. O capítulo I, introdutório, apresenta o tema da pesquisa, as
motivações para sua realização, a justificativa e a relevância para a saúde coletiva; a ele
segue-se o capítulo II, que trata do referencial teórico-conceitual acerca da utilização dos
serviços odontológicos, do acesso, da avaliação do atendimento e da satisfação como um
aspecto da avaliação dos serviços e, das políticas nacionais de saúde bucal.
Em seguida, no capítulo III, foram elencados os objetivos (geral e específicos) que
nortearam esta pesquisa e, no capítulo IV, os procedimentos metodológicos são detalhados. O
capítulo V contempla uma breve contextualização de Lages e a descrição dos serviços
odontológicos públicos, privados e alguns incluídos na categoria outros; o seguinte,
1
Conforme determinação regimental do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC), esta
dissertação deve originar um artigo científico a ser submetido para publicação em periódico, definido pelo
Colegiado do Mestrado em Saúde Coletiva.
19
demonstra os resultados e suas respectivas análises, sendo que o último capítulo é destinado
às considerações finais. Por fim, seguem-se as referências e os anexos.
CAPÍTULO 2
DO REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL
2.1 Da utilização e do acesso aos serviços de saúde
Os conceitos de acesso e de utilização, muitas vezes são empregados de forma
variável (e mesmo como sinônimos) entre os autores, sofrendo mudanças de acordo com o
momento histórico e com o contexto. Salienta-se, portanto, que nem sempre há uma clareza e
precisão na relação entre acesso e uso/utilização dos serviços nessa área (TRAVASSOS &
MARTINS, 2004).
O funcionamento dos sistemas de saúde, para muitos autores, está centrado na
utilização dos seus serviços, sendo que esta resulta, fundamentalmente, da interação médicopaciente, como enfatizado por TRAVASSOS & MARTINS (2004). As autoras apontam que o
primeiro contato do serviço de saúde está diretamente relacionado ao comportamento do
indivíduo, cabendo aos profissionais de saúde, a tarefa de manter o vínculo e de definir os
recursos necessários para a solução dos problemas dos usuários.
Além das necessidades de saúde, das características dos usuários e dos prestadores
de serviços, outros fatores determinantes da utilização dos serviços de saúde referem-se à
organização dos mesmos e às políticas públicas de saúde. No entendimento de ASSIS (2003,
p.332-333).
21
O estabelecimento de canais de recepção das demandas sociais permite estabelecer a
permeabilidade no processo de gestão, com o intuito de identificar as demandas locais e as
necessidades de saúde emergentes, que deverão ser estabelecidas nas pautas de discussões dos
espaços coletivos de gestão.
A noção de acesso universal aos serviços de saúde, nesse caso, enquanto garantia
assegurada pela legislação no Estado brasileiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004b), como
discutido na seqüência, fica atrelada, na prática, a uma série de determinações que vão
permitir ou não que o mesmo torne-se realidade. Algumas questões têm sido apontadas como
essenciais para que se efetivem análises explicativas, como na discussão de GIOVANELLA
& FLEURY (1995), que consideram o acesso a partir de quatro grandes dimensões: a política,
a econômica, a técnica e a simbólica.
Embora o acesso seja um termo muito usado, inexiste um conceito unívoco por
parte dos estudiosos a respeito desse tema, uma vez que não há um consenso se a sua
avaliação deve pautar-se nos resultados ou nos objetivos do sistema de saúde. Ou, ainda, na
interação entre os múltiplos elementos componentes do sistema que visam alcançar esses
objetivos. Por exemplo, DONABEDIAN, citada no estudo de VAITSMAN & ANDRADE
(2005), prefere se valer da terminologia acessibilidade, que significa caráter ou qualidade do
que é acessível. Outros autores empregam o substantivo acesso com o significado de ingresso,
entrada, ou ainda, ambos os termos, enquanto indicativos da maior ou menor facilidade da
obtenção de cuidados de saúde pelas pessoas (TRAVASSOS & MARTINS, 2004).
A questão do acesso aos serviços odontológicos foi tratada por PINHEIRO &
TORRES (2006) a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD –
2003 (IBGE, 2004). As análises, realizadas por esses autores, evidenciaram a existência de
desigualdade na utilização da assistência disponibilizada, tanto entre os indivíduos entre si,
como em relação às unidades federadas. Salientam que, aqueles já tradicionalmente excluídos
de outras políticas públicas, também o são no que tange aos serviços de saúde bucal: os não
22
brancos, mais pobres, de menor escolaridade, sem plano de saúde e, ainda, os que habitam
regiões rurais e/ou menos favorecidas economicamente.
Já foi destacado que o Brasil detém altos índices de prevalência de doenças bucais
(cárie dentária e doença periodontal) e que tal quadro é característico de populações cujos
países apresentam desigualdade social, alta concentração de renda e o Estado é ineficiente na
tarefa de diminuir tais polaridades (COSTA et al., 2006). No entanto, apesar de os diferentes
tipos de demanda por atenção à saúde não serem totalmente sanados, é fato que o acesso aos
serviços odontológicos de qualidade abrandam as condições desfavoráveis de saúde bucal das
populações. Além do acesso à qualidade dos serviços oferecidos, é importante considerar as
questões sobre a percepção da saúde bucal e das necessidades afins sob os olhares dos
indivíduos nessa área (PINHEIRO & TORRES, 2006).
A investigação de BARROS & BERTOLDI (2002), de âmbito nacional, também
identificou a exclusão em grupos similares à análise dos dados da PNAD – 2003, efetuado por
PINHEIRO & TORRES (2006). Ou seja, a desigualdade no acesso penaliza as populações
carentes. Para exemplificar: a utilização dos serviços entre indivíduos de maior escolaridade é
cerca de dez vezes maior do que entre os menos escolarizados. Como ressaltado no Relatório
da 3.ª Conferência Nacional de Saúde Bucal (CNSB), para o enfrentamento saúde-doença é
preciso não perder de vista a interdependência de fatores sociais. Portanto, algumas medidas
devem ser postas em prática, como, por exemplo, a democratização do acesso aos diferentes
serviços e a superação de entraves socioeconômicos e, principalmente, os de cunho político
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004a).
Em relação a isso, a pesquisa de base populacional realizada por ARAÚJO
(2006), analisando a utilização de serviços odontológicos, na cidade gaúcha de Pelotas, junto
a 3.993 indivíduos amostrados, em todos os estratos econômicos, evidenciou que aquelas
23
pessoas que avaliaram a sua saúde bucal como boa, tiveram uma prevalência de utilização de
10% a 40% maiores do que aquelas que avaliaram a saúde bucal própria como ruim.
FLEURY (2007) alerta para o fato de que as políticas públicas mostram baixa
capacidade de promover eqüidade; conclui as análises dizendo que a exclusão restringe novas
formas de socialização dos atores - para utilizar a terminologia da autora. Nessa direção, as
definições estratégicas de lutas, as construções de novos sujeitos e de novas subjetividades
demandam o desenvolvimento de novos saberes e tecnologias disciplinares (FLEURY, 2007).
Nessa perspectiva de análise, o artigo citado recomenda a superação da dicotomia discurso e
prática, uma vez que aborda temas tão complexos, entre eles, o de políticas públicas efetivas
para o enfrentamento da pobreza, em tempos globalizados.
Compartilhando dessa visão, de democratizar o acesso aos serviços públicos e
combater as desigualdades em saúde e sociais, outros autores (MAGALHÃES et al., 2007)
trazem à tona a urgência em superar a exclusão, a pobreza e a iniqüidade em saúde, incluindo
a bucal, por meio de políticas transversais e convergentes. Ou seja, respectivamente, aquelas
que pressupõem acordos entre vários atores, tais como: Estado, segmentos do mercado,
organizações/entidades direcionadas à comunidade e, as convergentes, que são direcionadas à
população-alvo, objetivando o resgate da cidadania. Essas seriam orientadas para a
emancipação social e política, que pode ser traduzida como o resgate da auto-estima e da
dignidade dos usuários/das pessoas, da busca da eqüidade em saúde, incluindo a saúde bucal.
2.2 Da satisfação como um aspecto da avaliação dos serviços
O conceito de satisfação é muito complexo e depende de vários fatores para sua
análise. Quando são consideradas as impressões, percepções ou satisfações dos indivíduos,
24
em relação à qualidade dos serviços de modo geral (acesso, acolhimento, tempo de espera,
atendimento e resolução), tais fatores passam a ser partes importantes na avaliação do sistema
de saúde, além da própria avaliação da gestão e da prestação técnica dos serviços. A noção de
satisfação do indivíduo/cidadão/paciente/usuário tornou-se elemento fundamental para a
avaliação da qualidade em saúde, tanto quanto a do médico e da comunidade
(DONABEDIAN apud VAITSMAN & ANDRADE, 2005).
A discussão sobre a polissemia de conceitos e de abordagens teóricometodológicas acerca da “satisfação de usuários”, foi objeto de estudo de ESPERIDIÃO &
TRAD (2005). As autoras analisaram cinqüenta e quatro artigos sobre o tema, escritos entre
1970 e 2005, publicados em revistas científicas indexadas. Nessa análise, focalizaram
métodos e técnicas das pesquisas e identificaram a variabilidade e ausência de consenso, entre
os estudiosos, com relação à categoria “satisfação do usuário”, concluindo que ainda não há,
para tal avaliação, “estratégias metodológicas válidas e confiáveis” (p. 309).
Dentre os diversos aspectos presentes nesses trabalhos, as autoras evidenciaram
que “de modo geral, destacam-se dois grandes grupos de fatores relacionados com a
satisfação. Um relativo aos serviços e aos seus provedores, e outro inerente aos próprios
usuários” (ESPERIDIÃO & TRAD, 2006, p.1271). Recentemente, importante pesquisa foi
realizada pela Universidade de Brasília, denominada de Pesquisa Nacional de Avaliação da
Satisfação dos Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2006a). Em seu projeto, está apontada a importância de se conhecer a satisfação dos usuários
na sua dimensão subjetiva, apoiada em valores e crenças, para alcançar melhor
relacionamento entre usuários e profissionais. Enfoque esse considerado, no caso, importante
para subsidiar planejamentos no enfrentamento de processos de saúde-doença, maximizando a
utilização dos recursos.
25
Da mesma forma, estudos com tal abordagem podem contribuir para a
continuidade do tratamento e o avanço em direção à políticas preventivas. Uma das
recomendações, a partir dessa pesquisa, é que se dê ênfase aos aspectos coletivos vinculados à
saúde bucal, considerando-se a importância de criar mecanismos de democratização dos
serviços.
Nesse sentido, os conceitos de “satisfação do usuário” e “responsividade” são
discutidos por VAITSMAN & ANDRADE (2005 – grifos dos autores) que os consideram
operacionais para avaliação dos serviços sob o prisma dos que os utilizam, como formas de
mensurar a “qualidade” e a “humanização da assistência à saúde”. Segundo esses autores,
enquanto as pesquisas de satisfação deram destaque ao lugar do paciente nos serviços e
sistemas de saúde, o conceito de responsividade, fortaleceu sua posição, dando-lhe o status de
um indivíduo/cidadão, ou seja, de um sujeito de direitos válidos universalmente (VAITSMAN
& ANDRADE, 2005).
TRAVERSO-YÉPEZ & MORAIS (2004, p.87) problematizaram a subjetividade
que permeia a avaliação de serviços através da satisfação dos usuários, enfatizando que a
consideração deles não é negativa. Inversamente, reivindicam tal subjetividade como
condição para a humanização do atendimento, entendendo que
espaços, como o do próprio processo da pesquisa, nos quais a relação dialógica e a subjetividade
do usuário é valorizada possam ser ampliados, como forma de também gerar possibilidades de
reflexão e construção de novos significados, por parte dos usuários acerca dos seus direitos, seu
papel e participação como agentes de mudanças no sistema de saúde.
A satisfação dos usuários pode ser vista pela reação que têm diante do contexto,
do processo e do resultado global de sua experiência relativa a um serviço. Autores (TRAD et
al., 2002) argumentam que essa avaliação baseia-se em padrões subjetivos, implicando,
26
portanto, atividades psicológicas perceptivas de ordem cognitiva e afetiva. Assim, a técnica
não pode ser priorizada em detrimento das questões subjetivas, pois elas são diversas e não
permitem esse tipo de comparação.
De forma semelhante ao que está enfatizado nos parágrafos anteriores, NOBRE et
al. (2005) consideram que a “qualidade” depende, além dos fatos em si mesmos, da percepção
das pessoas sobre eles. Quando pensa-se na qualidade de serviços odontológicos, tem-se duas
perspectivas. Por um lado, a visão profissional que pauta-se em indicadores para quantificá-la
e, por outro, a percepção, que é uma perspectiva empírica, diretamente relacionada com a
subjetividade, com julgamentos. Ou seja, não ancorada em questões técnicas, mas sim, na
expectativa de um vínculo saudável, de respeito e de confiança interpessoal, que deve ser
estabelecido entre o usuário e o profissional.
Nessa linha de pensamento, salienta-se que muitos estudos foram realizados para
a avaliação da satisfação de usuários de serviços de saúde em geral. Não obstante,
especificamente em relação aos serviços odontológicos, há escassez de pesquisas, destacandose entre as que existem, a do Projeto Bambuí (MATOS et al. 2002). Realizada em um
município de Minas Gerais, entre outubro de 1996 e janeiro de 1997, por meio de um
inquérito populacional, avaliou os serviços odontológicos privados, públicos e de sindicato
(MATOS et al. 2002).
Outra pesquisa, realizada em Fortaleza, avaliou, a partir da visão do usuário, a
qualidade do serviço odontológico prestado por uma universidade privada (NOBRE et al.
2005). De forma análoga, isto é, a partir da visão dos usuários, BOTTAN et al. (2006)
avaliaram a qualidade dos serviços das clínicas odontológicas, do curso de graduação em
odontologia, da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), na cidade catarinense de Itajaí.
27
Uma questão fundamental é que a satisfação pode ser vista como um tema
transversal de pesquisa na área de avaliação, pois, vários outros aspectos referentes aos
serviços e às questões subjetivas dos usuários estão a ela conectados.
2.3 Das políticas públicas de saúde bucal no Brasil
As primeiras atividades odontológicas vinculadas ao poder público brasileiro
surgiram no início do século XX, quando foram criados os primeiros cargos de cirurgiãodentista na administração pública paulista. Deve ser lembrado, que o modelo assistencial da
saúde brasileira, naquele momento, estava marcado por uma política sanitarista-campanhista e
que não havia ainda um projeto de modelo assistencial estruturado no país (NARVAI, 2006).
Até os anos 30 do século XX, as políticas de saúde brasileiras estavam pautadas
em dois grandes eixos: por um lado, o das ações de prevenção e, por outro, o das ações de
controle de problemas de saúde, a assistência individual. A partir da “Era Vargas”, ao fundarse um Estado Nacional, iniciou-se uma política nacional de saúde, com a institucionalização
do Ministério da Educação e Saúde, na esfera federal. À época, vinculado ao Ministério do
Trabalho, outro eixo emergiu no cenário nacional, o da medicina e da saúde previdenciária.
De forma semelhante, ocorreu a unificação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs),
que deram origem ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), consolidando-se o
modelo brasileiro de seguro social e de serviços médicos (GROISMAN et al., 2005).
PAIM (2003) discorre sobre esse modelo assistencial, entendido a partir de um
formato trifurcado composto pela saúde pública, pela medicina previdenciária e pela saúde do
trabalhador. No que tange ao setor privado, abrangia profissionais liberais, hospitais
filantrópicos e empresas lucrativas. É válido lembrar que a Odontologia brasileira,
28
historicamente pautada no modelo norte-americano de ensino médico, é influenciada pelas
recomendações do Relatório Flexner, publicado em 1910 nos Estados Unidos da América
(EUA), cujas recomendações foram acatadas pelos diversos cursos da saúde consolidando, na
Odontologia “o caráter mecanicista, biologicista, tornando-a orientada mais para a cura do
que a prevenção, extremamente individualista e excessivamente técnica” (MATOS, 2005,
p.47).
De fato, percebe-se que o modelo de prática odontológica, cujos reflexos são
apontados exaustivamente pela literatura, uma vez que se refletem na (ausência da) saúde
bucal da população não atende os apelos da sociedade. Modelo esse, denominado de
flexneriano pelas suas características de incorporação de tecnologia, cujos elementos basilares
são: o individualismo, a especialização, a tecnificação e a prática eminentemente curativa
(MATOS, 2005).
Sabe-se que a inserção da odontologia nas políticas de saúde brasileiras, ocorreu
tardiamente e que, nas décadas de 50 a 80 limitava-se à atenção básica, mais especificamente
a escolares, a gestantes e ao trauma. A assistência odontológica era dispensada pelo então
INPS, pelas secretarias de saúde dos estados e, principalmente, por entidades e instituições
filantrópicas e sindicatos, com baixa cobertura e focada em procedimentos curativos
(FEUERWERKER apud MATOS, 2005).
No Brasil, em meados dos anos 50, o sistema público priorizou a atenção em
saúde bucal, com enfoque curativo-reparador, às crianças em idade escolar (6 a 14 anos); já
no final da década de 70, o foco passou a ser a promoção e prevenção com ênfase coletiva e
participação comunitária, denominada de Odontologia Simplificada (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2006b). Cronologicamente, surgiram, então, as Ações Integradas de Saúde (AIS),
política pública dos anos 80, que representou no contexto sanitário brasileiro um passo
decisivo para a descentralização das ações de saúde (LUZ, 1991).
29
Ocorre que, a partir de 1963, uma série de conferências nacionais de saúde
aconteceu no Brasil e, em contraponto ao modelo que dissocia o social da saúde, inúmeras
instituições começam a discutir possibilidades de consolidar o modelo de saúde proposto pela
I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada na cidade de AlmaAta (localizada no atual Cazaquistão), organizada pela OMS, em 1978. Essa conferência
resultou na declaração de Alma Ata, cuja ênfase recai nos aspectos de
promoção de saúde e prevenção, em lugar de serviços clínicos e curativos, apoiando comunidades
locais voltadas para a melhoria de sua saúde, pautadas em avaliações e questionamentos a respeito
da forma como atuava o modelo biomédico, o qual apenas tratava doenças (GROISMAN et al.,
2005, p.3).
Além disso, tal conferência produziu a recomendação “Saúde para todos no ano
2000”, repetida à exaustão pelos sucessivos governos brasileiros, mas não suficientemente
executada. Em 1988, com a homologação da Constituição Federal do Brasil, o Sistema Único
de Saúde (SUS) foi criado e a saúde passou a ser um direito constitucional. Segundo o
Relatório da 3.ª Conferência Nacional de Saúde Bucal realizada em 2004, a primeira
experiência brasileira de grande porte, em levantamento epidemiológico na área de saúde
bucal, foi realizada em 1986 pela Divisão Nacional de Saúde Bucal (DNSB), que havia sido
recém-criada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004a).
Na oportunidade foram levantados dados referentes à cárie dental, doença
periodontal e necessidades de prótese. Em relação aos adultos, o levantamento citado
considerou a faixa etária de 35 a 59 anos, estratificada da seguinte forma: 35-44 anos e 50-59
anos. Os resultados apontaram a média do índice de CPO-D2 de 22,5 e 27, 21,
2
Média do índice de dentes cariados, perdidos e obturados.
30
respectivamente, sendo que na faixa etária de 35-44 anos, somente 5,38 dos indivíduos
apresentavam periodonto saudável (COSTA et al., 2006).
O conjunto de atores brasileiros, que discutiu à época, o modelo assistencial,
propondo que se consolidassem os princípios colocados em Alma-Ata, deu origem ao
Movimento de Reforma Sanitária do Brasil. Esse, fortalecido pelas recomendações da 8.ª
Conferência Nacional de Saúde (1986), ganha um formato jurídico-legal na Constituição da
República Federativa do Brasil (BRASIL, 1996), ao instituir o SUS, em 1988. Assim,
instituído, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, o SUS passou a ser
uma política de Estado e não de governo.
Em relação à saúde bucal, no nível nacional, em 1996, após 10 anos do
levantamento epidemiológico citado, o Ministério da Saúde, por meio da Área Técnica de
Saúde Bucal e em parceria com a Associação Brasileira de Odontologia, o Conselho Federal
de Odontologia e as Secretarias Estaduais de Saúde, realizou o 2.º Levantamento, buscando
verificar as alterações ocorridas no perfil da população brasileira. No entanto, restringiu-se à
faixa etária de 06-12 anos. A partir desses marcos, as pesquisas foram ampliadas e
multiplicadas.
Da mesma forma, novo levantamento (2002-2003) foi realizado, contemplando as
faixas etárias de 18-36 meses, 5 anos, 12 anos, 15-19 anos, 35-44 anos e 65-74 (COSTA et
al., 2006). Nesse último, os resultados relativos à média do índice de CPO-D em adultos, na
única faixa etária (35-44 anos), passível de comparação com o levantamento de 1986,
apontaram 22,5. Ou seja, comparativamente, houve uma discreta redução do índice (0,76 p.p.)
e, em relação às doenças periodontais verificou-se significativo aumento de indivíduos com
periodonto saudável (22%); isto é, também em relação ao de 1986, quando obteve-se 16 %
(COSTA et al., 2006).
31
Entre outras iniciativas governamentais, em 1991 registrou-se a implantação do
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e sua incorporação ao SUS. A criação
desse Programa significou um marco na construção de um modelo assistencial mais
compatível às necessidades de saúde da população, auxiliando ainda, a consolidação de tal
modelo. Dois anos após, o governo federal criou o Programa de Saúde da Família (PSF),
como resposta a uma demanda dos municípios que solicitavam ao Ministério da Saúde apoio
financeiro para mudar a operacionalização da rede básica de saúde (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1997, p.1-33). Tal como é entendido pelo Ministério da Saúde esse Programa é uma
estratégia que pretende reorientar o modelo assistencial de saúde.
Tem o objetivo geral de contribuir para esta reorientação a partir da atenção básica de acordo com
os princípios do SUS, conferindo às Unidades Básicas de Saúde uma nova forma de atuação, com
definição de responsabilidades entre serviço e população.
Não obstante ao fato de o SUS ter sido criado há duas décadas, o cotidiano do
trabalho na área de saúde evidencia que seus princípios (eqüidade, universalidade,
integralidade) estão muito longe de se efetivar. Sob essa perspectiva, a de concretização do
SUS, o PSF, hoje denominado de Estratégia de Saúde da Família (ESF), pauta-se na
promoção da saúde e na busca da melhora da qualidade de vida, valorizando o papel dos
indivíduos no cuidado com sua saúde, de sua família e da comunidade.
Assim, na ESF, a partir de 2001, foram inseridas Equipes de Saúde Bucal3 (ESB),
visando ampliar o relacionamento com os usuários e a participação de cirurgiões-dentistas
(CD), auxiliares de consultório dentário (ACD), técnicos de higiene dental (THD) na gestão
3
A Portaria GM/MS n.º 1.444, de 28 de dezembro de 2000, regulamenta e estabelece auxílio financeiro para a
reorganização da saúde bucal oferecida nos municípios. Já, a Portaria GM/MS n.º 267, de 06 de março de
2001, normatiza e dá as diretrizes para a reorganização da atenção à saúde bucal (COSTA et al., 2006).
32
dos serviços, a fim de dar respostas às demandas de saúde bucal da população. Em outras
palavras, a inserção das ESB objetivou “ampliar o acesso às ações e aos serviços de
promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal utilizando medidas de caráter coletivo e
individual e mediante o estabelecimento de vínculo territorial” (COSTA et al., 2006).
Em 2005, o ESF já cobria 103,5 milhões de pessoas. De 2002 a 2005 foram
implantadas 7.866 novas equipes da ESF, totalizando 24.564, cobrindo 78,6 milhões de
usuários (COSTA et al., 2006). São vários, porém, os desafios a serem superados,
especialmente quando constata-se que, na faixa de idade entre 30 e 44 anos, cerca de 30% dos
brasileiros adultos são desdentados e, desses, 15% precisam de prótese; ou ainda que somente
54% dos adultos têm 20 ou mais dentes (PUCCA JR, 2006). Outro dado preocupante citado
revela que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2003 cerca de
28 milhões de brasileiros nunca tinham ido ao dentista (PUCCA JR, 2006).
Diante de tal quadro, foi realizado Projeto SB Brasil 2003. Condições de saúde
bucal da população brasileira 2002-2003, cujo objetivo era “produzir informações sobre as
condições de saúde bucal da população brasileira e subsidiar o planejamento-avaliação de
ações nessa área nos diferentes níveis de gestão do SUS (...)” (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2004b). Criou-se, na seqüência, o Programa Brasil Sorridente como política nacional de saúde
bucal do SUS e não apenas de governo, cuja orientação era realizar atendimento a partir de
linhas de cuidado: da criança, do adolescente, do adulto e do idoso, criando fluxos que
garantissem ações resolutivas (PUCCA JR, 2006).
Uma das reflexões que contribuiu para a criação do Programa Brasil Sorridente
(MINISTÉRIO DA SAÙDE, 2004b) foi o fato de, por exemplo, a universalização do acesso
aos serviços de saúde ser limitada pela incapacidade da oferta expandir-se na mesma
proporção da demanda. É sabido que, em função da sua baixa resolutividade, o modelo de
atenção em saúde bucal, gerou uma demanda reprimida nos diferentes níveis (PUCCA JR,
33
2006). Isso tem levado a um aumento na demora do atendimento e a uma queda na qualidade
dos serviços.
Em conseqüência, os grupos sociais de maior poder aquisitivo deixam de utilizar
esses serviços e passam de modo crescente para o mercado privado, particularmente, através
de seguros de saúde privados, num processo que foi caracterizado como universalização
excludente (MAGALHÃES et al., 2007; FAVERET & OLIVEIRA, 1990). Enfim, o referido
Programa foi concebido a partir do entendimento de que saúde bucal é inclusão social.
CAPÍTULO 3
DOS OBJETIVOS: GERAL E ESPECÍFICOS
O objetivo geral dessa pesquisa foi:
•
Conhecer a prevalência da utilização dos serviços odontológicos públicos e
privados, nos últimos 12 meses, entre adultos da cidade de Lages (SC).
Como objetivos específicos têm-se:
•
Descrever a prevalência da utilização dos serviços odontológicos entre a
população adulta da cidade de Lages (SC), segundo sexo, faixa etária, cor da
pele, nível socioeconômico, local de serviço odontológico, motivo da última
consulta odontológica, avaliação do atendimento odontológico recebido e
satisfação com os dentes.
•
Testar e existência de diferenças da prevalência da utilização dos serviços
odontológicos entre estratos de renda da população adulta da cidade de Lages
(SC), segundo sexo, faixa etária, cor da pele, escolaridade, aglomeração, local
de serviço odontológico, motivo da última consulta odontológica, avaliação do
atendimento e satisfação com os dentes.
35
•
Fazer comparações com a literatura sobre a utilização dos serviços
odontológicos, a avaliação do atendimento recebido e a satisfação em relação
aos dentes com outros estudos realizados.
•
Contextualizar a oferta dos serviços odontológicos de Lages (SC).
É importante salientar que os objetivos específicos foram redimensionados em
diferentes momentos. Primeiramente, após o Exame de Qualificação, realizado em abril de
2007, cujas recomendações foram contempladas na íntegra. Da mesma forma, durante a
orientação, considerando-se as leituras realizadas, foi acatada a sugestão de privilegiar a
utilização dos serviços odontológicos.
CAPÍTULO 4
DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 Do local de estudo
Lages tem 166.733 habitantes (IBGE, 2006), encontra-se distante cerca de 200 km
de Florianópolis, capital do Estado e é pólo dos 18 municípios que compõem a Associação
dos Municípios da Região Serrana de Santa Catarina (AMURES).
Figura 1 – Mapa do Estado de Santa Catarina destacando Lages
Fonte: <http://www.sesc-sc.com.br/turismo/img/lages/mapa_sc.jpg>.
Acesso em 20 de jun 2008.
Trata-se de uma região que, historicamente, detém os mais altos índices de
analfabetismo, desemprego e déficit habitacional, bem como apresenta o menor Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. A Serra Catarinense, sua denominação mais
recente, é conhecida, também, pela grande concentração populacional na zona urbana e pelo
37
seu baixo índice de investimentos no setor produtivo (PEIXER, 2002). Quanto ao setor
econômico, ele é basicamente sustentado pela pecuária, agricultura, indústria madeireira,
comércio e prestação de serviços.
Ainda, Lages e região apresentam um processo de industrialização recente e
constata-se que a produtividade na indústria não é expressiva, excetuando-se as papeleiras
(PEIXER, 2002). Na última década, o turismo rural vem sendo explorado como alternativa de
geração de riqueza e desenvolvimento do potencial turístico. Antigas propriedades rurais, de
famílias tradicionais de latifundiários lageanos, foram transformadas em hotéis-fazenda, uma
vez que as baixas temperaturas da Serra Catarinense, nos meses de inverno, aliadas à
possibilidade de neve transformaram Lages num dos destinos turísticos mais prestigiados do
sul do país (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2005).
Na área da saúde, Lages é referência para os municípios da região da AMURES
(MUNARIM, 1999). Possui três hospitais, um estadual e dois filantrópicos, sendo os dois
últimos credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diversas clínicas médicas,
odontológicas, de fisioterapia e de diagnóstico por imagem (radiologia) garantem atendimento
a usuários do SUS, de convênios privados e particulares.
Em relação ao número de cirurgiões-dentistas, em julho de 2007, ano de
realização da presente pesquisa, em Lages, havia 266 cirurgiões-dentistas inscritos e 16
estabelecimentos de serviços odontológicos (CROSC, 2008). A respeito do local dos serviços
odontológicos, o Projeto SB Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004b) caracteriza tais
serviços como: público, privado liberal, privado suplementar e filantrópico. No entanto, nos
resultados e na discussão do presente estudo foi utilizada a categorização: serviços
odontológicos públicos (SUS) e privados.
38
No mesmo ano, o número de cirurgiões-dentistas vinculados à rede pública de
serviços era de 65 (entre servidores municipais, estaduais e federais), segundo informações
obtidas junto ao Departamento de Odontologia, da SMS.
4.2 Da descrição da pesquisa
Entre os meses de maio a outubro de 2007 conduziu-se o estudo transversal
intitulado “Auto-avaliação das condições de saúde e fatores associados: estudo de base
populacional em adultos de Lages, SC”. Desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva (PPGSC) – Mestrado acadêmico, da UNIPLAC, o inquérito tinha como
objetivo geral avaliar as condições de saúde auto-referidas de adultos de 20 a 59 anos de idade
da cidade de Lages (SC) e sua associação com variáveis socioeconômicas, demográficas e de
saúde (UNIPLAC, 2006). Como objetivos específicos contemplou o interesse de onze
projetos de pesquisa do curso supra mencionado, entre os quais, o da presente pesquisa; que
originou essa dissertação, cujo foco de interesse investigativo é conhecer a prevalência de
utilização dos serviços odontológicos na população adulta da cidade de Lages.
Além dos docentes e dos alunos do mestrado, participaram, como aplicadores do
questionário, 39 alunos de diferentes cursos de graduação, prioritariamente, da área da saúde.
Todos foram selecionados por meio de edital específico, seguido de capacitações, inclusive
com atividades de calibração de medidas (peso, altura, perímetro da cintura e verificação de
pressão arterial). Do total, 29 alunos dos cursos de graduação receberam bolsa de pesquisa e
10 trabalharam na condição de voluntários.
Assim, entre os meses de fevereiro e agosto de 2007, foram realizadas
capacitações e calibrações com todos os envolvidos, objetivando padronizar o entendimento
39
acerca do projeto de pesquisa e instrumentalizar a equipe de trabalho de campo assegurando
dessa forma, a qualidade dos procedimentos. Foram feitos: pré-teste, estudo-piloto e o
trabalho efetivo de campo, conforme preconizado em pesquisas dessa natureza.
Durante o período de realização da pesquisa, uma aluna do mestrado ficou
responsável pela averiguação da veracidade das informações coletadas, a fim de garantir o
controle de qualidade. Quinzenalmente, a partir de sorteio aleatório de 10% dos questionários
já aplicados, essa aluna entrava em contato, por telefone, com os respondentes e refazia
algumas perguntas, conferindo a resposta registrada no respectivo questionário. Da mesma
forma, perguntava se os procedimentos de tomadas de medidas tinham ocorrido segundo o
preconizado.
O trabalho de campo foi realizado invariavelmente em duplas, devidamente
identificadas com coletes vermelhos contendo a logomarca da UNIPLAC e equipadas com
mochilas, as quais continham: fitas-métricas, balança e esfigmomanômetro, uma vez que fazia
parte do estudo registrar a altura, o peso e o perímetro da cintura, além de se verificar a
pressão arterial de todos os indivíduos participantes.
4.3 Da amostra
Para o cálculo do tamanho da amostra, utilizou-se o programa Epi-Info (DEAN et
al., 1994), considerando-se como parâmetros uma população adulta igual a 86.998 adultos,
aproximadamente, 52% da população total de Lages (IBGE, 2006), prevalência de uso de
serviço odontológico igual a 50%, nível de confiança de 95%, erro amostral de 3,5 pontos
percentuais e um efeito do desenho do estudo estimado de 2 (amostra por conglomerados).
Adicionou-se 10%, a fim de compensar possíveis recusas e perdas, e 20% considerando-se a
40
presença de variáveis de confusão. O tamanho da amostra foi igual a 2.051 indivíduos. Foram
excluídos da pesquisa os indivíduos institucionalizados (prisioneiros, asilados, hospitalizados,
entre outros), gestantes e portadores de deficiência física ou mental. O processo de
amostragem foi realizado por conglomerados em dois estágios (setores censitários e
domicílios).
Assim, a partir dos dados do IBGE (2006), foram selecionados por sorteio casual
simples, sem reposição, sessenta setores censitários (unidades de recenseamento daquele
Instituto) para o estudo propriamente dito. Como setores reserva, dentre os 186 setores
existentes na zona urbana de Lages, foram sorteados três. Em relação aos domicílios, cada
setor apresentou aproximadamente 300 domicílios, com um número médio de moradores em
torno de quatro indivíduos, representando por setor, cerca de 30 na faixa etária do estudo (2059 anos).
Foram considerados como perdas domicílios visitados pelo menos quatro vezes,
incluídas, no mínimo, uma visita em finais de semana e outra noturna, sem que o aplicador
conseguisse localizar a pessoa a ser entrevistada ou caso houvesse recusa em participar. Cada
um destes dois tipos de perdas foi anotado no questionário e no diário de campo do aplicador.
4.4 Do instrumento de pesquisa
Tendo em vista o problema a ser analisado pelo inquérito e as onze pesquisas dos
mestrandos, decidiu-se pela elaboração de um questionário com 186 questões (ANEXO I), o
qual foi dividido em duas partes contemplando os diversos objetivos (do inquérito e das 11
pesquisas já referidas). A primeira foi destinada à obtenção de dados sobre características
sociais e econômicas, e a outra, agrupou as questões relativas aos temas específicos de estudo.
41
Para dirimir possíveis dúvidas, uma vez que havia um grande número de questões com várias
alternativas, foi elaborado um manual contendo orientações detalhadas, a fim de garantir a
padronização dos procedimentos relativos ao preenchimento do instrumento.
Em maio de 2008 também foram realizados alguns contatos junto às ACDs, aos
CDs das UBS de Lages e ao gerente do Departamento de Odontologia da SMS, a fim de saber
sobre o detalhamento do funcionamento do atendimento em saúde bucal, a estrutura existente
em cada um dos bairros da cidade e o número de cirurgiões-dentistas da rede pública.
4.5 Da definição das variáveis: dependente e independentes
A variável de desfecho (dependente) desse estudo foi a utilização de serviço
odontológico, originalmente coletada em quatro categorias (foi ao dentista há menos de 1 ano,
de 1 a 2 anos, 3 anos ou mais e nunca foi ao dentista). No entanto, para a análise conduzida
nesse estudo, a variável foi analisada de maneira dicotômica: pessoas que foram ao dentista
nos doze meses anteriores à pesquisa e pessoas que foram ao dentista num período maior que
esse ou que nunca foram ao dentista. Decidiu-se pela opção de até doze meses pois permite
comparações entre outros estudos; além de ser o período de tempo no qual se espera que as
pessoas consultem o dentista.
Assim, a pergunta para definir o desfecho foi “Quando o (a) senhor(a) foi ao
dentista pela última vez?”, tendo como opções de resposta: “Menos de 1 ano”; “De 1 a 2
anos”; “3 anos ou mais”; “Nunca foi ao dentista” e “Ignorado”. Nessa pergunta, os alunosaplicadores do questionário foram orientados, pelo manual citado, a não lerem as alternativas
de resposta e marcarem o que fosse relatado.
42
Como variáveis exploratórias (independentes) foram eleitas: sexo; faixa etária
estratificada (20-29; 30-39; 40-49 e 50-59 anos); cor da pele (categorizada segundo o IBGE:
branco, pardo, preto, amarelo e indígena); renda mensal em salários mínimos per capita
(estratificada em quatro classes, que foram calculadas da seguinte forma: dividiu-se a renda
familiar em reais, tendo como referência o último mês anterior ao da entrevista, pelo número
de moradores do domicílio. Após isso, essa renda foi categorizada segundo quartis de salários
mínimos: 0,02-0,50; 0,51-0,88; 0,89-1,58 e 1,59-19,74); escolaridade em anos de estudo (0 a
4 anos, 5 a 8 anos, 9 a 11 anos e maior que 11 anos de estudo) e aglomeração (medida pelo
número de indivíduos por cômodo considerado dormitório, categorizada da seguinte forma:
0,20-1,33; 1,34-1,50; 1,51-2,40 e 2,41-11).
Adicionalmente, investigou-se:
O local/tipo de oferta (público, privado e outros) de realização da consulta
odontológica, por meio da questão:
“Onde foi a última consulta ao dentista?”. Como opções de resposta: “Posto de
Saúde”,
“UNIPLAC”,
“Clínica/consultório”,
“Pronto-Socorro”,
“Outro.
Qual?”, “Nenhuma das alternativas” e “Ignorado”.
Nessa pergunta, os alunos-aplicadores do questionário foram orientados a não
lerem as alternativas de resposta e marcarem o que fosse relatado. Posteriormente, essa
variável foi analisada de maneira dicotômica: SUS e Consultório/Clínica privada. As
respostas a essa questão foram agrupadas da seguinte forma: na categoria serviço público
foram incluídos “Posto de Saúde” e “Pronto-Socorro”; a categoria serviço privado
contemplou a opção “Clínica/consultório”. Já para “Outros”, considerou-se a opção de
resposta “UNIPLAC” e demais prestadores de serviços odontológicos apontados.
43
O motivo da última consulta
“Qual foi o motivo da última consulta?”. Como opções: “Consulta de
rotina/reparos/manutenção”,
“Dor”,
“Sangramento
gengival”,
“Cárie”,
“Extração/tirar um dente”, “Outros”, “NA” e “Ignorado”.
Avaliação do atendimento odontológico
“Na última vez que o(a) senhor(a) foi ao dentista, o que achou do atendimento?”,
cujas opções eram: “Muito bom”, “Bom”, “Razoável”, “Ruim”, “Muito ruim”,
“NA” e “Ignorado”. As alternativas eram lidas para os respondentes.
Satisfação com os dentes
“Com relação aos seus dentes, o senhor(a) está?”. Como alternativas de
resposta: “Muito satisfeito”, “Satisfeito”, “Nem satisfeito, nem insatisfeito”,
“Insatisfeito”, “Muito insatisfeito”, “NA” e “Ignorado”.
4.6 Da análise dos dados
Os dados foram digitados duplamente, de maneira independente, por dois alunosbolsistas devidamente capacitados no programa Epi-Info (DEAN et al. 1994) e,
posteriormente, exportados para o Programa Stata 9 (STATA CORP., 2001). As análises dos
dados foram realizadas numa abordagem quantitativa. A variável desfecho foi analisada
comparando-se sua distribuição entre o primeiro e o último quartil da renda per capita. A
análise estatística ocorreu por meio da descrição das variáveis de interesse do estudo,
distribuição das freqüências, do cálculo da prevalência e intervalo de confiança de 95%. As
44
associações de interesse foram testadas utilizando-se o teste do qui-quadrado de Pearson.
Foram verificadas, também, as diferenças entre os estratos de renda, no que tange ao local de
utilização e à avaliação do atendimento.
4.7 Dos procedimentos éticos na pesquisa
O projeto de pesquisa do inquérito foi submetido à avaliação do Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da UNIPLAC, protocolado sob o número 001-07, cujo Termo de
Avaliação e Aprovação foi emitido em 26 de abril de 2007 (ANEXO II). O Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) encontra-se no ANEXO III. Esse documento
expressa a vontade e a concordância em participar da pesquisa, tendo sido assinado em duas
vias, pelos respondentes. Uma via do TCLE permaneceu com o sujeito da pesquisa e a outra
foi arquivada anexa ao questionário respectivo, devidamente numerado.
CAPÍTULO 5
DA DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS EM LAGES
5.1 Da contextualização de Lages e de sua população: alguns indicadores
Lages é um dos 18 municípios da AMURES, totalizando 287.316 habitantes
(IBGE, 2006) na mais extensa área territorial do Estado (16.271 km²), representando cerca de
17% do território. Nessa região encontra-se a menor densidade demográfica: 12,5 habitantes
por km² (IBGE, 2006), cuja herança tem origem na forma de ocupação do território, pelo
latifúndio (LÖCKS, 1998) que, por cerca de 200 anos, predominou na Serra Catarinense.
Em relação às condições econômicas políticas, sociais e educacionais, a
população de Lages e de outros municípios da Serra Catarinense diferenciam-se das demais
regiões do Estado, quer pelos altos índices de analfabetismo e de desemprego, de déficit
habitacional e de êxodo rural ou pela pobreza e atraso (MUNARIM, 2000). Como marcas,
características da Serra, esses aspectos denunciam as precárias condições de vida da sua
população, embora lageanos detenham melhores condições de vida e de trabalho, se
comparadas as dos demais serranos.
No entanto, em se tratando dos indicadores socioeconômicos, do último censo
conduzido no país, Lages apresenta uma renda per capita média, do estrato populacional que
compreende os 20% mais pobres do município, de R$ 41,31; sendo apenas o 172º mais alto
(PNUD, 2003) dentre os 293 municípios do Estado. Dados, referentes ao ano de 2000,
apontam que a expectativa de vida em Lages foi de 71,9 anos. Ou seja, dois anos a menos que
46
a média de Santa Catarina e seis anos a menos que o município com maior longevidade do
estado. Sobre os anos de estudo, sabe-se que, em 2000, 23,5% da população com 25 anos ou
mais de idade tinham menos de quatro anos de estudo (UNIPLAC, 2008a).
Na área da saúde, Lages também apresenta um quadro preocupante, em relação à
média nacional ou estadual. Por exemplo, em 2006, a proporção de crianças com baixo peso
ao nascer foi de 8,8% em Lages, 8,1% no Brasil e 7,8% em Santa Catarina (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2008). Os indicadores de mortalidade infantil e do número de procedimentos
básicos em saúde, por habitante em Lages também foram piores em relação aos estaduais,
equivalendo, em 2006, a 6,0 procedimentos per capita, a 15,9 óbitos por 1.000 nascidos
vivos, respectivamente (UNIPLAC, 2008a).
Diante de tal quadro, diversas iniciativas governamentais, de organizações nãogovernamentais e do setor produtivo, bem como de instituições de ensino superior, com sede
em Lages, têm ocorrido na região. Da mesma forma, também a Serra Catarinense vem
despertando o interesse de pesquisadores (MUNARIM, 1999, 2000; LOCKS, 1998; PEIXER,
2000) e de órgãos estaduais (Secretaria de Estado da Saúde, 1996; GOVERNO DO ESTADO
DE SANTA CATARINA, 2005), citados nesse trabalho. Alguns deles assinalam a busca de
alternativas para alavancagem do desenvolvimento econômico regional, apontando Lages
como um promissor pólo universitário e de turismo rural (MUNARIM, 2000; GOVERNO
DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2005).
Constata-se que há um grande número de estudantes universitários matriculados
nas instituições de ensino superior (IES) sediadas na cidade. O Centro de Ciências
Agroveterinárias (CAV) – campus da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),
criado em 1973; a UNIPLAC, fundada em 1959, que se transformou em universidade em
1999 e, as Faculdades Integradas FacVest, que iniciaram em 1998; entre outras, cuja oferta de
cursos é mais recente.
47
Tais IES apresentam opções de cursos superiores de graduação em diversas áreas
(UNIPLAC, 2004) e concorrem entre si disputando os mesmos alunos, uma vez que as vagas
ofertadas são das mesmas áreas de conhecimento. Registre-se que a IES Faculdades
Integradas FacVest apresenta plano acadêmico orientado para a oferta de cursos na área da
saúde, semelhante ao da UNIPLAC, publicizado no final da década de 90. Segundo jornal de
circulação regional, a FacVest estará oferecendo, em breve, graduação em Odontologia, entre
outros cursos (JORNAL CORREIO LAGEANO, 2008a).
A UNIPLAC, a partir de 1997, diante do quadro epidemiológico regional, vem
privilegiando a criação de cursos de graduação na área da saúde. Assim, para o que interessa
ao presente estudo, assinala-se que o início da primeira turma do curso de Odontologia
ocorreu em 1999. Até junho de 2007, 169 cirurgiões-dentistas colaram grau, sendo que, em
setembro de 2008, mais 19 concluintes, deverão receber o diploma, segundo dados da
Secretaria Acadêmica da UNIPLAC. Registre-se, inclusive, que as clínicas da UNIPLAC
oferecem atendimento odontológico à população, o qual será detalhado nas próximas páginas.
Mais recentemente, com a oferta de cursos de Pós-Graduação em diversas áreas,
Lages vem se consolidando em um centro de qualificação e atualização para profissionais de
saúde. Informações obtidas junto ao setor de pós-graduação da UNIPLAC, sobre a oferta de
cursos voltados aos profissionais da saúde, destacam o Mestrado em Saúde Coletiva (stricto
sensu), em execução, implantado em 2006.
Com previsão de início em agosto de 2008, é apontado o Programa de PósGraduação/Lato sensu/Especialização – Residência Multiprofissional em Saúde da Família e
Comunidade. Esse com seis vagas destinadas a cirurgiões-dentistas, dentre as 16 que serão
distribuídas entre enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. Nesse nível de ensino, ainda,
os específicos à Odontologia, que se encontram em curso, são nas seguintes especialidades:
endodontia, dentística, dores faciais, ortodontia e implantodontia (UNIPLAC, 2008b).
48
Impossível não ressaltar o fato constatado a partir do elenco dos cursos de
especialização citados no parágrafo anterior, o qual reflete o modelo característico da
profissão odontológica, voltado para as especializações, elitista e mercantilista. Em que pesem
esforços para mudança desse modelo, tal especificidade, também se reflete na maioria dos
cursos de graduação em Odontologia no Brasil (MATOS, 2005), situação já apontada no
Relatório da 3.ª Conferência Nacional de Saúde Bucal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004a).
Cabe, pois, salientar que o curso de graduação em Odontologia da UNIPLAC, recentemente,
teve sua estrutura curricular reorientada para a formação de cirurgiões-dentistas com visão de
saúde bucal integral, seguindo as recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais
(UNIPLAC, 2007a).
Registre-se que a expansão do ensino superior no país reflete-se no Estado e na
região de forma que a instalação de novas IES é uma realidade, tanto na oferta de cursos
presenciais como a distância. Nessa modalidade, a Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) também se faz presente. Assim, tais iniciativas têm favorecido um afluxo de
estudantes de diversos estados do Brasil (UNIPLAC, 2004), principalmente para a área da
saúde.
5.2 Da saúde bucal em Lages: breve histórico
Em Lages, os primeiros serviços odontológicos na rede pública foram criados no
início da década de 80. ALVES (1988) em obra cultuada no período caracterizado como de
início da redemocratização brasileira, intitulado “A força do Povo – democracia participativa
em Lages,” faz um relato enaltecedor da gestão da “Equipe Dirceu Carneiro”, que entre 1976
– 1982, despontou no cenário nacional como uma experiência exitosa de planejamento
49
participativo. Para o que interessa a este estudo, sinaliza-se que essa gestão municipal, por
meio da Lei nº 550, de 06 de agosto de 1982, estabeleceu planos de ação para as diversas
secretarias municipais, criou institutos e adotou medidas práticas de participação popular na
administração do município (ALVES, 1988).
Assim, o artigo 5.º da citada Lei, criou os serviços de atendimento médicoambulatorial-odontológico, a partir da instituição do Programa de Saúde Comunitária,
subordinado ao Departamento de Saúde da Secretaria Municipal do Bem-Estar Social.
ALVES (1988) relata que, naquela época, já haviam iniciativas de prevenção em saúde bucal.
Assim, por meio de ações lúdicas, promovidas pelo grupo teatral “Gralha Azul”, a população
era orientada acerca de procedimentos e práticas de higiene bucal, principalmente,
direcionadas às crianças, que não queriam fazer bochecho de flúor, pois alegavam que o
produto tinha gosto ruim. Após a apresentação de uma peça teatral, cujos protagonistas eram
o vilão, boneco cárie e o herói, flúor, esse produto passou a ter melhor aceitação entre as
crianças (ALVES, 1988).
Em Lages, na década de 90, o Relatório da XV Regional de Saúde - AMURES,
que tinha como objetivo subsidiar a realização de diagnóstico da situação de saúde, segundo
as condições de vida na região da AMURES, levantou como um dos principais problemas
relacionados à saúde, a falta de profissionais de nível superior, entre eles: de dentistas. O
mesmo relatório informa que, naquela época, a odontologia fazia parte dos serviços
ambulatoriais desenvolvidos pelo setor público (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE,
1996).
Estudo retrospectivo, relativo ao período de 1997 a 2001, sobre a situação de
saúde bucal, junto aos 18 municípios pertencentes à AMURES, cujos dados foram coletados
em fontes oficiais (MS, SES e SMS), revela uma concentração de procedimentos coletivos
50
odontológicos4 na faixa etária de zero a 14 anos (KUHNEN, 2002). A autora observa que há
uma baixa concentração desses procedimentos (pois o número não ultrapassou a 10), embora
tenha constatado o avanço progressivo da quantidade desses, de 1997 a 2001, que era de 3,2
passando para 4,5. O referido estudo informa que a fluoretação das águas de abastecimento
público5 foi implantada em 1982, na dosagem de 1,0ppm (KUHNEN, 2002).
Com relação à existência de levantamento epidemiológico, o referido estudo
aponta que em Lages há uma prevalência moderada de cárie. A classificação moderada é
verificada pelo índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO-D) que, aos 12 anos,
apresenta um índice entre 2,7 a 4,4; sendo que a meta preconizada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS), para o ano 2000 era de 3,0 (COSTA et al., 2006). Citando documento da
Secretaria de Estado da Saúde (SES), KUHNEN (2002) informa que, em 1989, o CPO-D era
de 6,4 e em 1995 de 3,9. Objetivando então, demonstrar os indicadores de saúde bucal
disponíveis, relativos à Lages, organizou-se uma série de três quadros apresentados a seguir.
Quadro 1 – Indicadores de saúde bucal em Lages: meta/alcançado e alcançado no
Estado – ano 2007
INDICADORES
LAGES
SC
META
ALCANÇADO
ALCANÇADO
% de Cobertura de 1.ª consulta
odontológica programática
46,00
40,5
16,8
% de Cobertura da ação coletiva
“escovação dental supervisionada”
43,00
1,1
3,9
Média dos procedimentos odontológicos
1,0
1,0
0,7
básicos individuais
Fonte:<http://www.saude.sc.gov.br/inf_saude/caderno/pacto_avalia_2007/Lages_avalia_pacto_
2007.xl.>Acesso em 18 de jun 2008.
4
5
Os procedimentos coletivos incluem: exame epidemiológico, educação em saúde, atividades com flúor e
higiene bucal supervisionada, segundo a tabela de procedimentos (Portaria nº 1230, de 14/10/1999, DOU n.º
1999 de 18/10/1999, na seção 1, p. 29).
De um total de 140.434 habitantes, 132.160 recebiam água tratada (KUHNEN, 2002).
51
Como podemos observar, no quadro 1, a meta para cobertura da ação coletiva
“escovação dental supervisionada” é de 43,00%. Todavia em Lages, a referida cobertura é
praticamente nula (1,1%); sendo que no estado, o alcançado está também muito aquém da
meta, ou seja: 3,9%.
Quadro 2 – Indicadores de saúde bucal em Lages 2002 – 2007
ANOS
INDICADORES
2002
2003
2004
2005
2006
2007
% de Cobertura de 1.ª
consulta odontológica
programática
*
*
*
*
32,68
40,5
% de Cobertura da ação
coletiva “escovação dental
supervisionada”
*
*
*
*
*
1,1
Média dos procedimentos
odontológicos básicos
individuais
0,5
0,82
0,97
0,84
0,08
1,0
* Não há dados disponíveis.
Fonte:<http://www.saude.sc.gov.br/inf_saude/caderno/pacto_avalia_2007/Lages_avalia_pacto_
2007.xl>. Acesso em 18 de jun 2008.
Quando comparamos os indicadores de cobertura de primeira consulta
odontológica programática dos quadros 1 e 2, observamos que, embora a meta não tenha sido
atingida em 2006, os resultados estão bem próximos da mesma. E, em 2007, houve uma
melhora, com um acréscimo de quase 10% em relação ao ano anterior. Já, sobre a média dos
procedimentos odontológicos básicos individuais, observa-se que as metas foram atingidas
em 2007.
52
Quadro 3 – Percentuais e média de indicadores de saúde bucal em Lages 2000 – 2007
INDICADORES
Anos
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
*
*
*
*
*
*
32,68
40,5
Média de procedimentos
odontológicos básicos
individuais
0,68
0,68
0,5
0,82
0,97
0,84
0,8
1,04
% de Procedimentos
odontológicos
especializados
6,42
6,78
*
*
% de Cobertura de 1.ª
consulta odontológica
programática
% de Cobertura da ação
coletiva “escovação dental
supervisionada”
10,45 13,88 16,75 20,05 21,07 15,12
*
*
*
*
*
1,14
* Não há dados disponíveis.
Fonte:
<http://www.saude.sc.gov.br/inf_saude/caderno/pacto_avalia_2007/Lages_avalia_pacto_2007
.xl>.
Acesso em 18 de jun 2008.
No quadro 3 observa-se que a porcentagem de procedimentos odontológicos
especializados aumentou no período de 2000 a 2006. Já, em 2007, decresceu em valores
inferiores ao ano de 2004.
Em 2002, a delegacia regional do CRO informava que Lages contava com 172
dentistas registrados e a relação de cirurgiões-dentistas por habitante, registrava uma
proporção de 1 CD para 917 habitantes (1:917). No entanto, há quem considere que a relação
boa é a de um dentista para dois mil habitantes (CHAVES apud KUHNEN, 2002), mas não
há consenso a respeito. No ano de 2002, havia 41 dentistas atuando na rede pública
(KUHNEN, 2002). Adiante, o estudo ressalta que sobre o acesso e utilização dos serviços de
saúde bucal não há dados disponíveis sobre Lages e que, de forma genérica, os municípios
pesquisados não demonstram valer-se do planejamento para organizar a oferta de tais
serviços.
53
Dois anos depois, em estudo descritivo observacional, do tipo transversal
(ARAÚJO & SEBOLD, 2004), alunos concluintes do curso de graduação em Odontologia, da
UNIPLAC, buscaram caracterizar os serviços públicos odontológicos dos municípios
pertencentes à AMURES. Por meio de um questionário estruturado, com perguntas sobre a
organização dos serviços de saúde bucal, o modelo de atenção e os aspectos políticos,
organizacionais e ambientais do trabalho odontológico, os autores traçaram um perfil da
oferta desses serviços.
O estudo concluiu que o atendimento prioritário é realizado em crianças em idade
escolar, ou seja, não há acesso universal aos serviços odontológicos; sobre o planejamento e a
organização dos serviços, as ações de saúde bucal não apresentaram plano da atendimento e
Lages era o único, dos 18 municípios, que oferecia atenção em três níveis hierárquicos
(primária, secundária e terciária). Ainda, quanto à utilização dos serviços, ocorria por meio de
livre demanda (ARAÚJO & SEBOLD, 2004). Embora o estudo fosse extremamente
detalhado, como os resultados foram agrupados sem distinguir o município, não foi possível
obter outros dados referentes somente ao de Lages.
Em relatório (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE LAGES, 2005)
elaborado por técnicos da SMS, que analisou a situação do trabalho das equipes de saúde da
família, no ano de 2005, em relação ao atendimento odontológico ou aos dentistas, há duas
referências. Uma sobre a ausência de infra-estrutura e logística, traduzida no registro das
péssimas condições dos consultórios dentários, sem citar a localização desses; a outra, relativa
ao não-cumprimento do horário dos profissionais de saúde, incluídos os dentistas, além dos
médicos e enfermeiros. O Relatório citado registra que a população sente-se intimidada em
criticar os profissionais de saúde vinculados à ESF/ESB, entre eles o dentista, embora tenhase conhecimento de que alguns deles não cumprem horário.
54
Em 2006, segundo dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO), os 18
municípios que formam a AMURES contavam com 308 cirurgiões-dentistas, sendo 254
registrados em Lages. Se verificada a população lageana, nesse ano, chega-se a uma
densidade profissional de um cirurgião-dentista para cada 656 habitantes. Já no ano de 2007,
o Conselho referido, apontava 266 cirugiões-dentistas, dos quais, 656 atuando na rede pública
de serviços de saúde, segundo informações do Departamento de Odontologia da SMS.
No ano citado, havia 16 estabelecimentos de serviços odontológicos (CROSC,
2008). Atualmente (junho/2008), há 280 registros de dentistas (CROSC, 2008) e 66 deles
atuam na rede de serviços públicos, segundo informações do Departamento de Odontologia
da SMS de Lages. O quadro a seguir demonstra a situação.
Quadro 4 – Total de cirurgiões-dentistas, em Lages, registrados no CRO, com
vinculação à rede pública de serviços, e densidade profissional.
ANO
2002
2006
2007
2008
CDs
REGISTRADOS
NO CRO
172
254
266
280
CDs ATUANDO NA REDE
PÚBLICA DE SERVIÇOS
DE SAÚDE
41
60*
65
66
% CD/HABITANTES
1/917
1/656
1/626
1/595
* Estimativa (SMS – Departamento de Odontologia).
Fontes: KUHNEN, 2002; CRO; SMS - Departamento de Odontologia.
5.3 Da descrição dos serviços odontológicos em Lages: público, privado e outros
Serão descritos brevemente os locais de atendimento odontológico em três
categorias de serviços: público, privado e outros.
6
Dos 65 CDs, 30 são profissionais efetivos/servidores municipais, 7 encontram-se à disposição do município
de Lages, 2 têm vínculo com o nível federal, 2 com o estado de Santa Catarina e 24 contratados para
comporem as ESF. Em 2008 houve o acréscimo de um dentista com atuação no PSF.
55
5.3.1 Serviço público
Em relação à rede pública de serviços de saúde, o Plano Municipal de Saúde de
Lages (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE LAGES, 2005b) apresenta as diretrizes
básicas de atuação municipal em saúde, referentes ao quadriênio 2006-2009. A partir dele são
mapeados os locais que oferecem atendimento odontológico. Antes, porém, salienta-se que
todos os programas da área são vinculados ao Departamento Odontológico, da SMS. A
criação dessa data da década de 90, iniciativa decorrente de debates eleitorais entre candidatos
ao cargo de prefeito de Lages, nos quais foi selado o compromisso de implantar um plano
municipal de saúde bucal. Em 1997, com a participação de dentistas da Associação Brasileira
de Odontologia (ABO), seccional de Lages e região serrana, uma comissão encarregou-se de
planejar o atendimento e, de implantar o departamento, o que ocorreu em março daquele ano
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE LAGES, s.d).
Dados veiculados na imprensa local informam que, nos últimos sete anos (2001 a
abril de 2008), a odontologia já realizou 445.351 atendimentos. E, somente em abril de 2008,
registraram-se 11.550 procedimentos odontológicos, sendo que nos meses de janeiro a abril,
foram realizados 49.803. Na reportagem, a atendente do Departamento de Odontologia
explica que “os números dos procedimentos odontológicos são sempre mais expressivos que
os atendimentos, uma vez que são aplicados diversos procedimentos em um só cliente:
escovação, limpeza, obturação, extração e outros” (JORNAL CORREIO LAGEANO, 2008b,
p.6).
Vale ressaltar que os serviços de saúde bucal da rede pública, oferecidos à
população lageana, fazem parte dos diversos programas do Departamento de Odontologia, da
SMS. Esses programas compreendem o denominado “Sorria Lages”, que contempla seis
diferentes atuações: Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), Estratégia de Saúde da
56
Família (ESF), Programa de Fluoretação nas Escolas “Sorria Lages”, Pronto Atendimento
Odontológico (PA), Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidade Móvel – Odontomóvel. Ao
todo, em 2007, o Departamento contava com 69 cirurgiões-dentistas, sendo 37 efetivos, 8
contratados (vínculo formal) e 24 disponibilizados nas ESB das ESF (cujo pagamento ocorre
por prestação de serviços).
A. Centro de Especialidades Odontológicas (CEO): Esse atendimento é
dispensado desde 2006, no antigo prédio do INPS/PAM7 no qual outros
dentistas (com vínculo estadual ou federal) foram incorporados ao SUS. No
CEO, em 2007, havia quatro especialistas em periodontia, três em
odontopediatria, três em endodontia, três em cirurgia, dois em prótese, dois
em radiologia e doze clínicos gerais. Os usuários dos serviços são atendidos a
partir de encaminhamentos realizados pelos dentistas (clínicos gerais), que
trabalham nas UBS de todo município e demais dentistas estabelecidos no
mesmo prédio. Segundo relatório do Departamento, em 2007, o CEO e os
CDs atenderam cerca de 2.115 pacientes por mês.
B. Estratégia de Saúde da Família (ESF) – Equipes de Saúde Bucal (ESB):
Em 2007, Lages apresentava trinta e oito equipes da ESF e vinte quatro ESB,
distribuídas em duas equipes em cada um dos bairros (UBS): Centenário,
Guarujá, Tributo, Gethal, Penha, Santa Helena, Petrópolis, Santa Mônica; três
equipes no Coral e Santa Catarina; além de uma equipe no bairro São Pedro e
São Carlos. Em relação ao atendimento, não há um padrão único: em sete
7
Esse serviço será transferido para um novo prédio, atualmente em construção, anexo à Secretaria Municipal
de Saúde de Lages. Isso porque relatório do Departamento informa que o prédio encontra-se em precárias
condições e sem a devida manutenção, sendo que desde 1996, ocorre a oferta de serviços de saúde bucal nesse
local (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, de Lages, s.d.).
57
bairros é feito segundo demanda livre. Desses, na UBS Guarujá e na
Petrópolis há agendamento de alguns pacientes, que na primeira é mensal.
Com periodicidade semanal, têm-se: a UBS Santa Catarina; quinzenal, a UBS
Coral; e, semanal a UBS Penha, a UBS Gethal e a Santa Helena. A estrutura
existente (equipamentos e profissionais de saúde) e o funcionamento das ações
de saúde bucal estão detalhadas no ANEXO IV. O Programa das ESB prevê
atendimento de 8 horas por dia, incluindo procedimentos curativorestauradores e
... trabalho preventivo nas escolas, creches, centros comunitários e asilos. Os profissionais [CD e a
ACD] também realizam visitas domiciliares, atendimentos a grupos de gestantes, hipertensos,
diabéticos e escolares. Os resultados têm sido bastante significativos, tanto que existe o projeto
para expansão das EBS para todos os bairros. (...) em média são atendidas 1631 pessoas, por mês”
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE LAGES, sd).
C. Programa
de
Fluoretação
nas
Escolas
“Sorria
Lages”:
Efetua
procedimentos coletivos de prevenção em saúde bucal em 100 escolas e
creches do município. Um cirurgião-dentista e uma auxiliar supervisionam
estagiárias nos trabalhos: bochechos com flúor, controle de placa e orientação
de higiene bucal. Aproximadamente, são atendidos 16.000 escolares, por mês.
Em Lages, 99% da população têm abastecimento de água. Durante os meses
de 2005, estudo empreendido por docentes da UNIPLAC, junto à Secretaria
Municipal de Água e Saneamento (SEMASA), monitorou por meio de
heterocontrole, os teores de flúor na água de abastecimento público de Lages.
Dos 50% de pontos analisados, 78% apresentaram teores excessivos de flúor.
O estudo concluiu que há elevada e contínua variabilidade dos níveis de flúor
58
na água, prejudicando o efeito preventivo da fluoretação no controle da cárie
dentária e aumentando os riscos de fluorose (TOASSI et al., 2007).
D. Pronto Atendimento Odontológico Municipal (PA): realiza atendimento de
emergência à população de Lages e região. Nele trabalham 10 cirurgiõesdentistas com sistema de revezamento para garantir o funcionamento do
serviço de 24 horas, 365 dias no ano. Cerca de 1.000 usuários utilizam esse
serviço, por mês.
E. Unidade Móvel “Odontomóvel”: Iniciado em 1993, presta atendimento em
15 localidades do interior do município e em bairros que não dispõem de
UBS. Mensalmente, em média, são 345 usuários que se valem desse serviço
de saúde bucal.
Além desses, dentistas do SUS atuam em outros locais, como creches: Santa
Mônica e Tiaraju; programas sociais da Prefeitura ou da SMS: Centro de Recuperação de
Nossa Senhora Aparecida (CRENSA), Programa Psicossocial, Serviço de Atendimento ao
Menor Trabalhador (SAMT), escolas municipais; e, ainda, nas estaduais, no 6.º Batalhão da
Polícia Militar de Santa Catarina e no Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do
município de Lages.
59
5.3.2 Serviço privado
Caracterizado pelo atendimento mediante pagamento parcial ou total, resultante
de negociação entre usuário/ órgão/entidade e cirurgiões-dentistas. A relação de
estabelecimentos odontológicos foi retirada do sítio do CROSC8 (ANEXO V) e corresponde a
março de 2008. As informações relativas aos procedimentos realizados, à modalidade
(filantrópica, particular ou conveniada) e ao número de odontólogos foram obtidas com
funcionários ou proprietários das clínicas, pessoalmente ou por telefone e referem-se ao ano
em curso.
A. A.T.M. Clínica Odontológica Especializada LTDA: O atendimento
odontológico é realizado por dois cirurgiões-dentistas (um iniciou em 2002 e o
outro em 2004), que atendem, por convênio ou na modalidade particular, em
período integral, aproximadamente duzentos e quarenta pacientes por mês.
São efetuados procedimentos rotineiros, incluindo tratamento endodôntico.
Não são realizados implantes, cirurgias e a colocação de próteses.
B. Clínica de Radiologia Odontológica Mauro Francisco Vassoler: O
atendimento odontológico é realizado por quatro cirurgiões-dentistas (um
trabalha há 28 anos, outro desde 2002 e os demais, desde 2003). Os
procedimentos incluem os de maior complexidade. A média mensal é de 280
atendimentos, na modalidade particular e por convênio.
8
http://www.crosc.org.br/quem/clinicas.htm, acesso em 26 de junho de 2008.
60
C. Clínica Odontológica Denteplan LTDA: Criada em 2000, o atendimento é
realizado por quatro odontólogos, os quais executam procedimentos que
incluem os de maior complexidade. São atendidos, por meio de convênio ou
na modalidade particular, em torno de trezentos pacientes por mês.
D. Cattoni & Yanai LTDA: O atendimento é realizado por dois odontólogos,
que atuam no mercado há seis anos. Oferecem somente serviços de radiologia,
por convênio e na modalidade particular. São atendidos em torno de quarenta
e quatro pacientes por mês.
E. Oral Esthetic Clínica de Reabilitação Odontológica LTDA: Atuando há
quatro anos, a clínica conta com sete odontólogos, envolvendo todas as
especialidades. Em parceria com a UNIPLAC, oferece cursos de atualização e
especialização (lato sensu). São atendidos em torno de 600 pacientes por mês,
na modalidade particular e por convênio. No seu sítio tem-se a seguinte
informação.
O instituto Oral Esthetic é uma sociedade Científica, Cultural e Assistencial sediada em Lages SC, tendo por objetivos manter um centro permanente de ensino, pesquisa científica e
aperfeiçoamento profissional nas diversas áreas da Odontologia como referência na Améria Latina
(http://oralesthetic.com. Acesso em 26 de junho de 2008).
F. Clínica Odontológica Frei Rogério: há 12 anos oferece serviços
odontológicos, incluindo todos os procedimentos, com exceção de implantes
dentários. Seis dentistas atendem, aproximadamente, 1.500 pessoas por mês,
na modalidade particular e por convênios.
61
G. Odontosul – Cooperativa dos cirugiões-dentistas da região serrana: criada
em 1999 para atender funcionários e dependentes do Grupo Klabin.
Atualmente, com atendimento não restrito àquela empresa. Possui 80 CDs
denominados de cooperados, sendo 40 clínicos gerais e 40 especialistas.
Todos os procedimentos odontológicos, que fazem parte de uma tabela similar
à da ABO, são realizados.
Além desses estabelecimentos descritos anteriormente, nessa categoria (serviço
odontológico privado) a lista do CROSC aponta a existência de estabelecimento de vendas de
equipamentos odontológicos e de outras clínicas. Para essas últimas não foi possível fazer a
descrição de todas, pois algumas não foram localizadas e outras, em que pesem os esforços
para obtenção de informações e dados, não houve recebimento de material no prazo
solicitado.
5.3.3 Outros serviços
Nessa categoria enquadram-se instituições e/ou organizações que oferecem
serviços sem a cobrança de honorários ou de material. Lages apresenta várias instituições
equipadas e com profissionais da odontologia que realizam trabalhos filantrópicos e /ou
voluntários. Entre eles, o Orfanato Nossa Senhora das Graças, os Sindicatos e as Clínicas do
curso de Graduação em Odontologia da UNIPLAC. Para essa última será feita uma descrição
detalhada, inclusive, com os procedimentos e o número equivalente, realizados durante o ano
de 2007.
62
A. Atendimento Odontológico da UNIPLAC: O Plano de Assistência Social da
UNIPLAC apresenta-se como um instrumento de planejamento estratégico
para a consolidação e condução das políticas públicas voltadas à assistência
social.
A Uniplac, por ter o “Certificado Beneficente de Assistência Social – CEBAS” emitido
pelo Conselho Nacional de Assistência Social, aplica 20% da receita institucional em
projetos de Extensão com foco na Assistência Social. Os benefícios de ter este certificado
são muitos: imunidade tributária e isenção de impostos. Isto significa que ao invés da
Instituição pagar impostos ao governo, retém o valor (R$) na instituição e devolve à
comunidade através de bolsas de estudos e projetos de intervenção social. (UNPLAC,
2007b, p.23)
Dados do Plano de Assistência Social citado, informam o volume de atendimentos
realizados em 2007, nos projetos elencados a seguir: Assistência odontológica (14.745
atendimentos nas Clínicas Odontológicas), Odontologia Cidadã (592 pessoas beneficiadas),
Criança Feliz- Sorriso saudável (450 crianças atendidas) (UNIPLAC, 2007b, p. 56).
O Projeto Assistência Odontológica é o mais significativo, portanto, será descrito
de forma mais detalhada; faz parte do Programa de Atendimento à Saúde da UNIPLAC, cujo
objetivo geral é “Promover ações de controle, diagnóstico, tratamento e prevenção de
doenças, no sentido de propiciar às pessoas em situação de risco social melhor qualidade de
vida e saúde” (UNIPLAC, 2007b, p.56). Entre os objetivos específicos, na área da
odontologia, a UNIPLAC, através dos seus docentes e alunos do curso, disponibiliza à
comunidade em situação de vulnerabilidade acesso ao atendimento odontológico sem custos.
É realizado desde 2001, por duplas de alunos do curso de graduação em
Odontologia, com a supervisão de um docente. Ocorre durante os cinco dias da semana,
durante o dia e a noite, exceto durante o período de férias (em dezembro, janeiro e em parte
de fevereiro e julho). O agendamento é prévio para procedimentos nas seguintes áreas:
63
endodontia, dentística, cirurgia, prótese (total, fixa e removível), odontopediatria, radiologia,
anestesiologia, oclusão, pacientes especiais, inclusive odontologia social e preventiva. Os
usuários não pagam os procedimentos, com exceção dos serviços de prótese, para os quais é
cobrado um percentual. O atendimento nas especialidades é precedido de uma triagem
realizada por um CD. Não há convênio com o SUS. São atendidos asssociados da Associação
dos funcionários da UNIPLAC (AFEUP) e há convênio com a Prefeitura de Otacílio Costa.
No primeiro semestre de 2008 havia 40 docentes e alunos de diversos semestres.
Em relação à estrutura, há duas clínicas Odontológicas: uma com 36 boxes com equipamento
odontológico e pias individuais e outra com 18 boxes. Salas de cirurgia, de aparelhos de raiox, de esterilização, de guarda de material, entre outras. O atendimento não é contínuo, pois
depende da formação das turmas, ou seja, em alguns semestres não houve ingresso de alunos.
No ano de 2007, segundo relatório dos procedimentos prestados nas clínicas
odontológicas da UNIPLAC, os numericamente mais expressivos foram: raios x periapical
(3.725), restaurações de resina fotopolimerizável (1.293), tratamento não-cirúrgico de
periodontite (499), exodontias por elemento (464), profilaxias (442), planejamento em prótese
(247) e orientação de higiene bucal (236) (UNIPLAC, 2008c).
B. Sindicato Rural de Lages: Possui convênio com três odontólogos e uma
Clínica Odontológica. São realizados todos os procedimentos odontológicos
considerados necessários pelos associados. São atendidos em torno de cem
pacientes por mês.
C. Serviço Nacional de Transportes (SENAT): Esse atendimento odontológico
foi criado há uma década e é parte do Serviço Social da Indústria (SESI). A
média mensal é de 150 atendidos. O serviço conta com dois odontólogos cujo
64
atendimento é direcionado a caminhoneiros conveniados ao SENAT. A
comunidade também pode ser atendida, desde que pague uma taxa, tendo
como referência a tabela proposta pela Associação Brasileira de Odontologia
(ABO). Os procedimentos realizados incluem restaurações de amálgama,
resina fotopolimerizável, profilaxia,
raspagem,
exodontia,
radiografia,
aplicação tópica de flúor, entre outros. Já os procedimentos de maior
complexidade, tais como: cirurgias, implantes e tratamento ortodôntico não são
realizados.
D. Serviço Social da Indústria (SESI): Iniciado em 1945, portanto, funcionando
há mais de 50 anos, conta com quinze odontólogos, cujo atendimento é em
tempo integral. É direcionado somente aos trabalhadores de indústrias com
convênio. Os procedimentos realizados incluem restaurações de amálgama,
resina fotopolimerizável, profilaxia,
raspagem,
exodontia,
radiografia,
aplicação tópica de flúor, tratamento endodôntico, entre outros. A média
mensal de pacientes atendidos é de 150 usuários.
CAPÍTULO 6
DOS RESULTADOS E DA DISCUSSÃO
Dados da PNAD de 2003, analisados e comparados com os da mesma pesquisa,
em 1998, sobre o perfil dos usuários de serviços odontológicos, pelos diversos Estados
brasileiros, em estudo realizado por PINHEIRO & TORRES (2006), apontam que 15,9% dos
brasileiros amostrados nunca consultaram o dentista. Esse valor, apesar de ter sido menor do
que o percentual observado em 1998 (18,7%), ainda atesta que nunca ter ido ao dentista é um
indicativo bastante negativo, em relação ao acesso aos serviços odontológicos. Segundo
estudo de BARROS & BERTOLDI (2002) na PNAD de 1998 houve ainda, uma prevalência
de utilização de serviços odontológicos, no último ano, de apenas 33,0%.
Observa-se, também, um pequeno aumento da prevalência ao longo dos cinco
anos que separam as duas pesquisas. Para a Região Sul, os valores foram de 46,6%
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004b p. 47) maiores do que os indicadores nacionais.
Importante ressaltar que as prevalências acima apresentadas referem-se a toda faixa etária dos
indivíduos entrevistados.
De acordo com o Projeto SB Brasil (MINISTÉRIO DA SAÙDE, 2004b, p.46),
46% de adultos e idosos relataram a ida ao dentista por experiência de dor, porém com
diferenças marcantes entre as macrorregiões, por exemplo, aproximadamente 56% na Região
Norte e 36% na Região Sul. Para o Brasil, na faixa etária considerada no SB Brasil, cerca de
97% dos indivíduos entrevistados consultaram, pelo menos uma vez, o dentista. Já o tempo
passado, desde a última consulta, equivalente a menos de um ano, foi de 37,84% e de um ano
66
a três anos ou mais, foi de 59,32%. Para a Região Sul, respectivamente, os valores foram
46,59% e 51,92%. Em relação ao local de atendimento, o percentual nacional foi de 48,16%
para o serviço público, maior do que o observado para a Região Sul (45,55%), indicando que
a utilização dos serviços privados, liberal e complementar, nessa Região, foi maior
(MINISTÉRIO DA SAÙDE, 2004, p.47).
A tabela 1 - Distribuição da amostra segundo variáveis de estudo (prevalência e
erro padrão). Lages, SC, 2007, na próxima página, demonstra os resultados obtidos
informando que foram efetivamente entrevistados 2.022 adultos, representando uma taxa de
perda de 1,6%. Desse total, 61,5% eram mulheres, 52,9% tinham até 39 anos de idade e
63,2% auto-referiram ter a cor de pele branca.
Quanto à utilização dos serviços odontológicos, 1.139 pessoas afirmaram ter
utilizado, no último ano, tais serviços. A maior parte dessas referiu consulta de rotina como
motivo de ida ao dentista. Demais características da amostra investigada estão descritas na
referida tabela, a seguir.
67
Tabela 1 – Distribuição da amostra segundo variáveis de estudo (prevalência e erro padrão).
Lages, SC, 2007
Variáveis*
Sexo (n=2.022)
Masculino
Feminino
Faixa etária em anos (n = 2.018)
20 – 29
30 – 39
40 – 49
50 – 59
Cor da Pele (n=1.957)
Branco
Pardo
Preto
Anos de estudo (n = 1.995)
≥12
9 a 11
5a8
≤4
Pessoas por cômodo dormitório (n = 2.016)
0,20 a 1,33
1,34 a 1,50
1,51 a 2,00
2,01 a 11,0
Satisfação com os dentes (n =2.008)
Bom
Regular
Ruim
Utilização de serviço odontológico (n=
1.998)
Sim
Não
Local de serviço odontológico (n = 1.960)
Consultório/clínica privada
SUS
Outros
Motivo da última consulta odontológica (n
= 2.021)
Rotina
Dor
Sangramento gengival
Cárie
Extração
Outros
n
P (EP)
779
1.243
38,5 (1,0)
61,5 (1,0)
623
444
528
423
30,9 (1,0)
22,0 (1,0)
26,2 (1,0)
21,0 (1,0)
1.237
595
125
63,2 (1,0)
30,4 (1,0)
6,3 (0,5)
931
406
502
156
46,7 (1,1)
20,3 (1,0)
25,2 (1,0)
7,9 (0,6)
743
410
574
289
36,8 (1,0)
20,3 (0,9)
28,5 (1,0)
14,3 (0,7)
1.142
452
414
57,0 (1,1)
22,5 (1,0)
21,0 (1,0)
1.132
866
57,0 (1,1)
43,0 (1,1)
1.204
512
244
61,4 (1,1)
26,1 (1,0)
12,4 (0,7)
925
200
22
126
368
380
46,0 (1,1)
9,9 (6,6)
1,1 (0,2)
6,2 (0,5)
18,2 (0,8)
18,9 (0,9)
68
A prevalência de utilização dos serviços odontológicos foi de 57%, sendo mais
elevada entre as mulheres 57,6%, cujos resultados constam da Tabela 2 - Distribuição da
amostra, segundo utilização dos serviços odontológicos no último ano (n e %), variáveis
do estudo e proporção de pessoas que utilizaram os serviços odontológicos (IC95%),
segundo o primeiro e o último quartis de renda. Lages, SC, Brasil, 2007 - na próxima
página. Observou-se que, tanto no sexo feminino quanto no masculino, as pessoas do último
quartil de renda utilizaram mais os serviços odontológicos (p<0,001). Entre os homens de
maior renda, a prevalência foi de 68,6%, contra 43,7% nos de menor renda. Entre as mulheres
as proporções, respectivamente, foram de 65,8% e 49,1%.
Em relação à faixa etária, adultos de 30 a 39 anos utilizaram mais os serviços
odontológicos (63,4%). Não houve diferença significativa nos adultos de 20 aos 29 anos entre
os de menor e os de maior renda. Porém, a partir dos 30 aos 59 anos as prevalências foram
significativas. Dos 30 aos 49 anos os adultos de maior renda utilizaram mais os serviços. No
entanto, houve uma maior utilização dos serviços pelos indivíduos de menor renda na faixa
etária de 50 aos 59 anos, no primeiro quartil 64,8%, e 61,0% no último quartil.
Em relação à escolaridade, observou-se que entre os adultos, que apresentaram
doze ou mais anos de estudo, a prevalência do desfecho foi mais de duas vezes superior à
verificada entre as pessoas com quatro anos de estudo ou menos. As diferenças entre os
quartis de renda, segundo a escolaridade, não foram significativas, exceto no grupo de menor
escolaridade. A prevalência da utilização dos serviços odontológicos também foi menor nos
estratos com maior aglomeração.
Entre as pessoas mais satisfeitas e as com menor satisfação com seus dentes
houve utilização um pouco mais elevada dos serviços odontológicos, no quartil de maior
renda. Nesse quartil de maior renda, o grupo intermediário utilizou mais esses serviços em
69
relação às pessoas mais satisfeitas ou com menor satisfação. Além disso, em todos eles foram
os mais ricos que utilizaram mais.
A utilização do serviço odontológico, no último ano, no primeiro quartil, foi duas
vezes maior entre as pessoas que realizaram a última consulta no dentista por rotina em
relação àquelas que consultaram para realizar uma extração dentária. Usuários do quartil de
menor renda, que utilizaram o serviço por dor, cárie dentária ou sangramento gengival,
apresentaram prevalências de utilização intermediária. Em relação à utilização dos serviços
odontológicos por motivo de dor, sangramento ou cárie, não houve diferença estatística
quanto ao desfecho segundo os quartis de renda.
Importante observar que houve diferença significativa, nos quartis de renda, em
relação ao motivo da consulta classificado como outros, onde houve maior prevalência do
quartil de indivíduos que detêm renda superior. Nessa categoria estão incluídos
procedimentos como: implantes, colocação de próteses (total ou parcial), tratamento
ortodôntico e clareamento.
70
Tabela 2 – Distribuição da amostra, segundo utilização dos serviços odontológicos no
último ano (n e %), variáveis do estudo e proporção de pessoas que utilizaram os
serviços odontológicos (IC95%), segundo o primeiro e o último quartis de renda. Lages,
SC, Brasil, 2007.
Variáveis
Sexo (n=1.998)
Masculino
Feminino
Faixa etária em anos (n = 1.994)
20 – 29
30 – 39
40 – 49
50 – 59
Cor da Pele (n=1.993)
Branco
Pardo
Preto
Anos de estudo (n = 1.972)
≥12
9 – 11
5–8
≤4
Pessoas por cômodo dormitório
(n = 1.993)
0,20-1,33
1,34-1,50
1,51-2,00
2,01-11,0
Satisfação com os dentes
(n =1.986)
Bom
Regular
Ruim
Motivo da última consulta
odontológica (n = 1.998)
Rotina
Dor
Sangramento gengival
Cárie
Extração
Outros
Distribuição da
amostra
n
%
% (IC 95%)
Q1
Q4
P
425
707
55,2
57,6
43,7 (36,6;50,9)
49,1 (44,6;53,6)
68,6 (63,8;73,4)
65,8 (59,9;71,6)
<0,001
<0,001
383
281
286
180
62,9
63,4
54,4
43,3
55,7 (47,2;64,1)
51,2 (41,3;61,1)
42,6 (33,0;52,2)
64,8 (51,9;77,6)
68,2 (61,2;75,1)
74,7 (63,9;85,5)
66,7 (57,7;75,7)
61,0 (51,2;70,8)
0,044
0,001
0,001
<0,001
729
286
71
59,6
48,6
58,2
51,5 (45,2;57,8)
42,2 (35,1;49,3)
45,2 (25,7;63,6)
69,1 (64,2;74,0)
57,8 (49,5;66,2)
62,5 (35,4;89,6)
<0,001
0,02
0,41
633
214
228
49
68,8
53,5
45,7
32,0
70,0 (52,4;87,6)
70,4 (57,6;83,2)
48,7 (41,7;55,8)
31,1 (23,4;38,9)
73,5 (67,5;79,5)
69,5 (62,6;76,4)
53,2 (39,0;67,5)
40,0 (15,5;64,5)
0,085
0,098
0,063
0,045
445
233
310
141
60,8
57,1
54,9
49,0
47,1 (38,8;55,5)
57,4 (44,7; 70,0)
44,9 (34,4;55,5)
45,7 (38,5;52,8)
69,7 (63,4;76,0)
63,8 (52,6;74,9)
64,4 (55,9;73,0)
64,7 (37,3; 92,1)
<0,001
0,48
0,003
0,21
668
219
242
59,2
48,9
59,2
47,9 (41,6;54,0)
44,2 (36,0;52,5)
51,6 (39,0;64,1)
67,3 ( 62,2;72,4)
68,0 (54,4;80,8)
66,7 (56,7;77,0)
<0,001
0,001
0,042
615
111
13
80
117
196
66,9
56,1
59,1
64,0
32,0
53,4
59,1 (51,3;66,9)
52,0 (40,6;63,5)
50,0(22,3;100,0)
58,0 (36,6;79,5)
33,6 (25,4;41,8)
42,1 (30,8;53,4)
69,0 (64,4;73,6)
75,0 (49,4;100,0)
66,7(76,7;100,0)
77,8 (59,0;96,5)
37,5 (24,7;50,3)
70,5 (59,8;81,2)
0,066
0,083
0,576
0,277
0,787
<0,001
Na seqüência, a tabela 3 – Proporção de utilização de serviço odontológico e
avaliação positiva do serviço utilizado, segundo tipo de serviço: público (SUS) ou
privado. Comparações entre o primeiro e o último quartis de renda. Lages, 2007 –
apresenta a visualização de algumas comparações. Entre elas, a comparação entre o grau de
satisfação dos que utilizaram os serviços odontológicos públicos e privados, considerando os
mesmos quartis de renda. Dos serviços privados, 94,5% consideram bom o atendimento,
71
enquanto que nos serviços públicos 86,3% ficaram satisfeitos com esse atendimento, não
existindo diferença significativa na avaliação entre os dois tipos de serviços odontológicos
prestados. Os estratos mais ricos e mais pobres também não diferiram na avaliação dos
serviços.
No entanto, observou-se enorme diferença quanto ao local de atendimento das
pessoas segundo a renda. A utilização do SUS entre os mais pobres foi 6,6 vezes maior do
que entre os mais ricos e a utilização dos serviços privados foi o dobro entre o quartil de
maior renda em comparação com o de menor renda.
Tabela 3 – Proporção de utilização de serviço odontológico e avaliação positiva do
serviço utilizado, segundo tipo de serviço: público (SUS) ou privado. Comparações entre
o primeiro e o último quartis de renda. Lages, 2007.
Variáveis
Utilização de serviço público
Odontológico
Utilização de serviço privado
Odontológico
Avaliação positiva do serviço
público
Odontológico
Avaliação positiva do serviço
privado
Odontológico
Todos
Q1
Q4
23,4
47,9
7,3
65,4
40,5
83,6
Razão de
prevalências
Q1/ Q4
6,6
Q4/ Q1
2,1
p
<0,001
<0,001
Q1/Q4
86,3
86,3
84,4
1,0
<0,786
Q4/Q1
94,5
93,2
95,1
1,0
<0,888
Através de um inquérito de base populacional, realizado em 2006, em Pelotas, no
Rio Grande do Sul, ARAÚJO (2006) encontrou a prevalência de 53,6% de usuários, entre 20
a 59 anos, que consultaram o dentista no último ano. O inquérito, entre a população adulta de
Lages, por sua vez, revelou que, para a mesma faixa etária de adultos, 57% dos entrevistados
utilizaram atendimento odontológico nos últimos doze meses, um pouco acima dos valores
observados em Pelotas. Nessa cidade gaúcha, houve predominância de utilização dos serviços
pelas mulheres, indivíduos de cor de pele branca e aqueles com classificação de
72
satisfação/auto-percepção como boa ou muito boa, em relação à sua saúde bucal (ARAÚJO,
2006). Em Lages houve, também, maior utilização dos serviços odontológicos entre as
mulheres, pessoas de cor de pele auto-referida branca, mas não houve diferença entre as
categorias de satisfação com os dentes.
No presente estudo, em relação à escolaridade, foi no segmento de pessoas com 9
a 11 anos de estudo que os mais pobres utilizaram mais o serviço odontológico. Já entre os
mais ricos, o uso foi maior entre aqueles que apresentavam 12 ou mais anos de estudo. No
município gaúcho mencionado, os indivíduos mais ricos e com a escolaridade mais elevada
utilizaram mais os serviços odontológicos. Esses resultados de Lages são semelhantes aos
encontrados no estudo de Pelotas, e, também, ao que está apontado no Relatório da 3ª CNSB,
o qual informa que “indivíduos com baixa renda possuem mais problemas de saúde bucal e
usam menos os serviços odontológicos, quando comparados a indivíduos com maior renda”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004a).
Em relação ao local de atendimento, o percentual nacional foi de 48,2% para a
utilização do serviço público, maior do que o observado para a Região Sul (45,6%), indicando
que a utilização dos serviços privados nessa Região foi maior. Provavelmente, devido às
melhores condições socioeconômicas da população dos estados do sul, de um modo geral.
Considerando o motivo do atendimento, no Brasil, 26,3% dos usuários fizeram consultas de
rotina/manutenção e 36,2% as fizeram no Sul. Tendo a dor como motivo, no Brasil, 45,6%
dos indivíduos foram ao dentista e, no sul 35,9%. Quanto à avaliação do atendimento, cerca
de 95% dos indivíduos consideram bom o atendimento, em nível nacional, enquanto na
Região Sul o percentual foi de 68,6%. Em relação ao perfil socioeconômico, das pessoas
entrevistadas no país, para a faixa etária de 35 a 44 anos, cerca de 88% não eram estudantes,
79% possuíam casa própria e, aproximadamente, 73% não tinham carro. (PINHEIRO &
TORRES, 2006).
73
Aplicando as três características do modelo de Andersen & Newman (MATOS &
LIMA-COSTA, 2007) como base conceitual para representar o perfil dos usuários em Lages,
tem-se que, em relação à predisposição à utilização dos serviços odontológicos, houve a
predominância das mulheres (57,6%), de adultos na faixa de 30 a 39 anos (63,4%), de brancos
(59,6%) e dos que possuíam 12 ou mais anos de estudo (68,8%).
Quanto ao critério de facilitação da utilização dos serviços, entre os mais ricos, os
homens foram mais ao dentista, enquanto que nos 25% mais pobres foram as mulheres,
ambos da zona urbana conforme caracterizado na pesquisa. No quesito necessidade,
aproximadamente 59,2% dos adultos consideraram estar satisfeitos com os seus dentes, tendo
ido ao dentista para procedimentos de rotina (exames clínicos e profilaxia), cujo percentual
foi de 66,9%. Portanto, em concordância com MATOS & LIMA-COSTA (2007), o modelo
de Andersen & Newman pode ser aplicado como base conceitual para a caracterização dos
fatores associados da utilização de serviços odontológicos, também entre a população adulta,
além de ser útil para caracterizar as questões relativas às desigualdade social como
contribuintes, senão determinantes, da utilização dos serviços. O Relatório da 3.ª Conferência
Nacional de Saúde Bucal aponta que
As desigualdades sociais, independente do indicador socioeconômico usado (renda, classe social,
escolaridade ou ocupação, dentre outros), somadas ao processo de exclusão social exercem efeitos
nefastos observados na saúde em geral (mortalidade, incapacidade, morbidade e/ou utilização de
serviços de saúde) (...) sendo que as melhorias ou benefícios trazidos pelos programas de saúde
bucal são mais eficazes quanto mais desenvolvida é a região (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004a).
Avaliando a questão das desigualdades sociais e de renda, sobre a utilização e o
acesso aos serviços odontológicos no Brasil, tendo interpretado os dados da PNAD- 1998,
BARROS & BERTOLDI (2002) já constatavam que havia discrepância entre os grupos
populacionais mais ricos e mais pobres, sendo que os últimos utilizaram menos os referidos
serviços. Em Lages verificou-se situação semelhante. Naquele estudo, na faixa etária entre 20
74
e 50 anos ou mais, houve prevalência de usuários entre 20 a 49 anos de idade, ou seja, 36,6%
(BARROS & BERTOLDI, 2002). No de Lages, a prevalência foi de 63,4% entre usuários de
30 a 39 anos.
A respeito do local do serviço, os autores citados (BARROS & BERTOLDI,
2002) concluíram que apenas 24,2% daqueles que utilizaram serviços odontológicos o
fizeram pelo SUS. Enfim, comparadas as prevalências entre os níveis nacional e municipal, e
considerando um lapso de tempo de 9 anos, entre as pesquisas, observam-se as semelhanças
nos quadros de desigualdade em saúde bucal.
CAPÍTULO 7
DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados e as informações coletados revelam que dos 2.022 adultos, 61,5% eram
mulheres, 52,9% tinham até 39 anos de idade e 63,2% auto-referiram cor de pele branca.
Quanto à utilização dos serviços odontológicos, 57% das pessoas afirmaram ter ido ao
dentista no último ano e 59,2% dos adultos consideraram estar satisfeitos com os seus dentes.
O principal motivo da consulta foi exame de rotina, com percentual de 66,9%. Houve maior
prevalência de utilização dos serviços odontológicos entre os mais ricos, as mulheres, os mais
jovens, os com maior escolaridade e entre as pessoas que vivem em domicílios com menor
aglomeração.
Em Lages, os 25% mais ricos utilizaram mais os serviços odontológicos do que os
25% mais pobres dentre os grupos de homens, mulheres dentre as faixas etárias 20-49 anos,
dentre os que auto-referiram serem brancos e os com escolaridade maior ou igual a doze anos
de estudo. Não houve diferença significativa na avaliação da qualidade dos serviços privados
ou públicos prestados, quando comparados os usuários mais ricos em relação aos mais pobres.
Assim, para além de indicar a prevalência, os resultados obtidos parecem refletir
os determinantes sociais do processo de adoecimento bucal dos usuários dos serviços
odontológicos. Entre eles: a organização e o funcionamento dos serviços. Espera-se então,
que esse estudo possa instrumentalizar a elaboração do Plano Municipal de Saúde de Lages,
do quadriênio 2010-2013, no que diz respeito ao redirecionamento dos programas existentes.
De fato, o incremento de estudos sobre a utilização dos serviços odontológicos e
acerca da satisfação com os dentes, em nível local e regional, implica ampliar o conhecimento
76
necessário para subsidiar a implementação de ações públicas dirigidas à saúde bucal e, se
necessário, redirecioná-las.
Devido a não existência de estudos essa pesquisa ora presente, que aborda a
utilização de serviços odontológicos públicos e privados no último ano, torna-se relevante
para subsidiar o planejamento de ações em saúde bucal junto à população lageana. Isso
porque, estudos sobre as características da utilização desses serviços, em nível local autoreferidas implicam na ampliação do conhecimento necessário para repensar e redirecionar as
ações públicas dirigidas à saúde bucal.
Espera-se que além do acesso à qualidade dos serviços oferecidos, é importante
considerar as questões sobre a percepção das necessidades sob os olhares dos usuários. No
entanto, o presente estudo não se propôs a analisar a adequação dos serviços, quer na
perspectiva normativa do SUS ou na perspectiva subjetiva, que se refere à percepção dos
usuários. Para avaliar as necessidades normativas faz-se necessário um estudo mais amplo,
abarcando as doenças bucais e agravos presentes, bem como necessidades de tratamento
odontológico, situação que pressupõe exame clínico dos adultos, o que não foi objeto do
presente estudo.
Já para avaliar a percepção dos usuários (perspectiva subjetiva) e adensar as
análises, seriam necessárias questões abertas ao questionário aplicado, que possibilitassem
análises qualitativas e, portanto, compreensivas, a fim instrumentalizar ações concretas que
pudessem levar em conta as crenças, atitudes e hábitos em saúde bucal desses usuários dos
serviços odontológicos, especialmente os da rede pública.
É sabido que a parcela adulta da população brasileira e, no caso deste estudo, a
lageana, foi historicamente relegada a um segundo plano, quando do planejamento dos
serviços em saúde bucal; os quais privilegiaram crianças em idade escolar. Registre-se que
77
também é de conhecimento de todos que as políticas de saúde bucal foram introduzidas
tardiamente nas políticas públicas brasileiras.
As leituras proporcionadas na elaboração desta dissertação apontaram algumas
possibilidades de novos estudos. Entre eles, a realização de uma investigação que objetive,
por exemplo, avaliar a utilização dos serviços dispensados pelos alunos e docentes do curso
de graduação em Odontologia da UNIPLAC, a exemplo de alguns já realizados e citados
nessa.
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LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 – Instrumento de Pesquisa – Questionário............................................................ 84
Anexo 2 – Cópia do Termo de Avaliação e Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da UNIPLAC ............................................................................................................... 95
Anexo 3 – Cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .................... 97
Anexo 4 – Quadro demonstrativo das UBS com ESB, em Lages, SC, junho de 2008...... 99
Anexo 5 – Relação de clínicas odontológicas em Lages, registradas no CROSC –
março 2008 ............................................................................................................................ 101
Anexo 1 – Instrumento de Pesquisa – Questionário
UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE - UNIPLAC
“AUTO-AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE E FATORES ASSOCIADOS:
estudo de base populacional em adultos de Lages (SC), 2007.
QUESTIONÁRIO
Setor censitário __ ___ ___
Número do domicílio: ___ ___ ___ ___
Nome ____________________________________________________________________________________
Nome do entrevistador: ______________________________________________________________________
Data da 1a visita: _____/ _____/ _____
Data da 2a visita: _____/ _____/ _____
Data da 3a visita: _____/ _____/ _____
Data da 4a visita: _____/ _____/ _____
Endereço completo__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Telefones _________________________________________________________________________________
Telefone de um parente/amigo próximo _________________________________________________________
Ponto de referência do domicílio _______________________________________________________________
Meu nome é <…> e estamos trabalhando para a UNIPLAC. Este ano estamos coletando algumas informações
sobre a saúde em geral dos adultos de Lages e precisamos de sua colaboração e compreensão. Sua participação é
muito importante. Podemos conversar? (Se tiverem dúvidas é um bom momento para explicar – Entregar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Agradecer se sim ou não. Se marcou p/outro dia – anotar na planilha de campo Dia e
Hora da entrevista agendada). Caso concordou ou ficou na dúvida continue: gostaríamos de lhe fazer algumas
perguntas sobre a sua saúde e também tomar algumas medidas como, por exemplo, sua altura e peso. Este
questionário não possui respostas certas ou erradas. As informações dadas pelo Sr(a) não serão divulgadas nem as
respostas que o Sr(a) nos der.
1. Sexo do(a) entrevistado(a) (observar e marcar)
(1) masculino
(2) feminino
2. Quantos anos o(a) Sr(a) tem? (marcar os anos completos)
3. Neste momento o(a) Sr(a) está? (ler as alternativas)
idade |__ __|
(1) casado/companheiro
(2) solteiro
(3) divorciado/separado
(4) viúvo
(9) IGN
4. Quantos filhos naturais (biológicos) a Sra tem ou teve? (só para mulheres)
__ __ (88) NA
5. O(a) Sr(a) considera a sua cor da pele, raça ou etnia: (ler as opções, exceto a alternativa 9) (1) branca
(2) parda
(3) negra ou preta
(4) amarela
(5) indígena
(9) IGN
6. Quantas pessoas no total moram nesta casa?
npess |__ __|
(99) IGN
7. No mês passado, quanto receberam EM REAIS, as pessoas
renda 1|__________|
que moram na casa? (lembrar que inclui salários, pensões, mesadas, aluguéis, etc.).
renda 2|__________|
renda 3|__________|
renda 4|__________|
renda 5|__________|
(9) IGN
86
8. O Sr(a) poderia me mostrar a sua última conta de luz? (ver na conta e anotar)
9 .O Sr(a) estudou na escola?
10. Até que ano o(a) Sr(a) completou na escola? (marcar o número de anos de estudo)
AGORA EU VOU PERGUNTAR SOBRE A SUA CASA. O(A) SR(A) TEM?:
11. Rádio
12. Aparelho de som
13. Televisão
14. Carro
15. Aquecedor elétrico
16. Fogão à lenha, carvão , com madeira, esterco, palha, lareira
17. Aspirador de pó
18. Máquina de lavar roupa
19. Vídeo cassete ou DVD
20. Computador
21. Internet
22. Geladeira
23. Freezer separado, geladeira duplex
24. Banheiros na casa
25. Quantos banheiros com chuveiro têm na casa?
26. Água encanada em casa
27. Quantos cômodos são usados para dormir?
28. De que material é feita a sua casa?
kilow |________|
(888) NA (999) IGN
(1) sim
(2) não
(9) IGN
anesc |__ __|
(88) NA (99) IGN
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim
Banheiro|__ __|
(0) não (1) sim
Cômodos |__ __|
(1) tijolo com reboco
(2) tijolo sem reboco
(3) apartamento
(4) madeira/material
(5) madeira regular
(6) madeira irregular
(7) papelão ou lata
(8) barro
AGORA UMA ÚLTIMA PERGUNTA SOBRE A SUA CASA
29.Nesta casa trabalha empregada doméstica mensalista?
(0) não (1) sim (9) IGN
AGORA VAMOS CONVERSAR SOBRE A SUA SAÚDE. EU GOSTARIA DE VERIFICAR ALGUMAS
MEDIDAS DO SR(A) E DEPOIS LHE FAZER ALGUMAS PERGUNTAS.
30. Peso (Kg)
peso |__ __ __, ___|
(999,9) IGN
31. Altura (cm)
alt |__ __ __, __|
(999,9) IGN
32. Perímetro da cintura (cm)
cint |__ __ ___, __|
(999,9) IGN
33. Pressão arterial sistólica (1a medida)
pas1 |__ __ __|
(999) IGN
34. Pressão arterial diastólica (1a medida)
pad1 |__ __ __|
(999) IGN
35. De um modo geral, em comparação com pessoas de sua idade como o(a) Sr(a) considera (1) excelente
seu estado de saúde. (ler as alternativas, exceto a alternativa 9)
(2) muito bom
(3) bom
(4) regular
(5) ruim
(9) IGN
36. O(a) Sr(a) usa remédio para emagrecer? (aguarde a resposta e, em caso positivo,
(1) não uso
pergunte: sempre ou de vez em quando? E em seguida marque a resposta)
(2) sim uso, sempre
(3) sim, uso de vez em
quando
(9) IGN
87
37. O Sr(a) usou algum tipo de remédio nos últimos 15 dias, ou ainda está usando? Caso
positivo pedir para olhar a caixa do medicamento ou, se não tiver mais, perguntar qual era o
medicamento e anotar o nome ao lado.______________________________________
______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
38. O Sr(a) já teve alguma fraqueza ou paralisia em algum lado do rosto/face, um braço ou
uma perna, que durou mais de cinco minutos?
39. O Sr(a) já teve perda marcante da visão em um olho ou forte escurecimento ou
embaralhamento da visão em ambos os olhos, que durou mais de cinco minutos?
40. O Sr(a) já teve um período em que perdeu a fala ou a capacidade de entender o que uma
pessoa estava dizendo?
41. O Sr(a) já teve “derrame”? (se respondeu “não”, marque NA na 42)
42. Procurou atendimento médico por causa destes problemas?
(1) não
(2) sim
(9) IGN
(0) não (1) sim (9) IGN
(0) não (1) sim (9) IGN
(0) não (1) sim (9) IGN
(0) não (1) sim (9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (9) IGN
43. Alguma vez o médico disse que o Sr(a) teve derrame, ou AVC (Acidente Vascular
Cerebral)?
44. O médico ou outro profissional de saúde alguma vez lhe disse que o Sr(a) tinha Diabetes? (0) não (1) sim (9) IGN
45. O(a) Sr(a) toma remédio para controlar a pressão alta?
(0) não (1) sim (9) IGN
VOU LHE FAZER ALGUMAS PERGUNTAS AGORA SOBRE SUA RESPIRAÇÃO E SEUS PULMÕES. RESPONDA SIM
OU NÃO, SE POSSÍVEL. SE TIVER DÚVIDA, RESPONDA NÃO.
46. O(a) Sr(a) costuma ter tosse, sem estar resfriado(a)? (Se “sim”, pergunte Questão 47; se (0) não (1) sim (9) IGN
“não”, vá para a questão 50 e marque NA de 47 a 49)
47. Existem meses em que o(a) Sr(a) tosse na maioria dos dias ou quase todos os dias ? (Se
(0) não (1) sim (8) NA
“sim”, pergunte Questão 48; se “não”, vá para a questão 50 e marque NA de 48 e 49)
(9) IGN
48. O(a) Sr(a) tosse na maioria dos dias, no mínimo por três meses, a cada ano?
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
49. Há quantos anos o(a) sr(a) vem tendo essa tosse ?
(1) <2 anos
(2) entre 2 e 5 anos
(3) mais do que 5 anos
(8) NA
(9) IGN
50. O(a) Sr(a) geralmente tem catarro que vem do seu pulmão, ou catarro difícil de por para (0) não (1) sim (9) IGN
fora, mesmo sem estar resfriado(a)?(Se “não”, vá para a questão 54 e marque NA de 51 a
53)
51. Existem meses em que o(a) sr(a) tem esse catarro na maioria dos dias ou quase todos os
(0) não (1) sim (8) NA
dias ? [se “sim”, continue; se “não”, vá para a questão 54 e marque NA nas 52 e 53)]
(9) IGN
52. O(a) Sr(a) tem esse catarro na maioria dos dias, no mínimo por três meses, a cada ano ?
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
53. Há quantos anos o(a) Sr(a) vem tendo esse catarro ?
(1) <2 anos
(2) entre 2 e 5 anos
(3) mais do que 5 anos
(8) NA
(9) IGN
54. O Sr(a) teve chiado no peito, alguma vez, nos últimos 12 meses? (se “sim”, pergunte as (0) não (1) sim (9) IGN
questões 55 e 56; se “não”, vá para a questão 57 e marque NA nas 55 e 56)
55. O(a) Sr(a) teve esse chiado no peito, nos últimos 12 meses, somente quando esteve
(0) não (1) sim (8) NA
resfriado?
(9) IGN
56. Alguma vez, nos últimos 12 meses, o(a) Sr(a) teve um ataque (crise) de chiado no peito
(0) não (1) sim (8) NA
com falta de ar?
(9) IGN
57. O(a) Sr(a) tem algum problema que não o(a) deixa andar, sem ser problema de pulmão ou (0) não (1) sim (9) IGN
coração ? (se “sim”, por favor, diga qual é esse problema, então vá para a questão 63
Qual?_____________
marcando NA de 58 a 62; se “não”, vá para a questão 58).
58. O(a) Sr(a) sente falta de ar quando anda (caminha) mais rápido no chão reto e/ou quando (0) não (1) sim (8) NA
anda numa pequena subida? (Se respondeu “não”, marque NA até a 62)
(9) IGN
ATENÇÃO! Se responder “sim” para qualquer questão entre 59 até 62, vá para a questão 63 e marque NA nas
restantes; se “não”, pergunte a próxima.
59. O(a) Sr(a) tem que andar (caminhar) mais devagar no chão reto, do que pessoas da sua
(0) não (1) sim (8) NA
idade, por causa da falta de ar ?
(9) IGN
88
60. O(a) Sr(a) já teve que parar de andar (caminhar), no chão reto, para puxar o ar, no seu
passo normal ?
61. O(a) Sr(a) já teve que parar de andar (caminhar) no chão reto para puxar o ar, depois de
andar uns 100 metros ou alguns minutos ?
62. A sua falta de ar é tão forte que não deixa o(a) Sr(a) sair de casa ou não deixa o(a) Sr(a)
trocar de roupa ?
63. O médico alguma vez lhe disse que o(a) Sr(a) tem enfisema nos seus pulmões?
64. O médico alguma vez lhe disse que o(a) Sr(a) tem asma, ou bronquite asmática
ou bronquite alérgica ? (se “sim”, pergunte a questão 65; se “não”, vá para a
questão 66 e marque NA na 65)
65. O(a) Sr(a) ainda tem asma ou bronquite asmática ou bronquite alérgica?
66. O médico alguma vez na vida lhe disse que o(a) Sr(a) tem bronquite crônica? (se “sim”,
pergunte a questão 67; se “não”, vá para a questão 68 e marque NA na 67)
67. O(a) Sr(a) ainda tem bronquite crônica?
68. O médico alguma vez na vida lhe disse que o(a) sr(a) tem doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC)?
69. O(a) Sr(a) alguma vez na vida trabalhou por um ano ou mais em um trabalho com poeira
ou pó? (se “sim”, vá para a questão 70, se “não”, vá para a questão 71 e marque NA na
70)
70. Por quantos anos o(a) Sr(a) trabalhou em lugar assim?
71. Alguma vez o médico lhe disse que o (a) Sr(a) tinha Tuberculose?
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
________ anos (88) NA
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
(0) não (1) sim (8) NA
72. O(a) Sr(a) esteve internado quando criança(≤9 anos) por problemas de pulmão?
(9) IGN
73. O médico ou outro profissional de saúde lhe disse que seu pai, mãe ou irmãos tiveram
(0) não (1) sim (8) NA
Enfisema, ou bronquite crônica ou DPOC?
(9) IGN
74. Na sua casa, por mais de 6 meses em toda a sua vida, usaram fogão com carvão para
(0) não (1) sim (9) IGN
cozinhar? Na média, quantos anos?
_______anos
(0) não (1) sim (8) NA
75. O(a) Sr(a) AGORA fuma cigarro industrializado (pronto) ou feito a mão? (se “sim”,
pergunte a questão 76 e marque NA na 77 e na 79. Se “não”, pule para 77 e marque NA na (9) IGN
76)
76. Quantos cigarros o Sr(a) fuma por dia?
____ cigarros (88) NA
77. Alguma vez na vida o(a) Sr(a) fumou regularmente?(se “não”, pule para 80 e marque
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
NA na 78 e 79)
78. Que idade o(a) Sr(a) tinha quando começou a fumar regularmente?
___________anos (88) NA
79. Que idade o(a) Sr(a) tinha quando parou totalmente de fumar cigarros?
___________anos (88) NA
MAIS ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE SAÚDE
80. O Sr(a) sabe o que é Fisioterapia?
81. O Sr(a) sabe o que um fisioterapeuta faz?
82. O médico ou outro profissional de saúde alguma vez lhe indicou os serviços de
fisioterapia?
83. O Sr(a) já utilizou serviços de fisioterapia? Se sim, para quê?_________________
Caso “sim”, marcar NA na 84, Caso “não”, marcar NA na 85 e na 86
84. Por que não utilizou o serviço de Fisioterapia quando foi necessário? (marque NA para
quem nunca utilizou)
85. O Sr(a) fez uso dos serviços de Fisioterapia através: (ler as opções, ou marcar NA para
quem não usou o serviço)
86. Onde o Sr(a) recebeu este atendimento? (ler as opções, ou marcar NA para quem não
recebeu atendimento)
(0) não (1) sim
(0) não (1) sim (8) NA
(0) não (1) sim (9) IGN
(0) não (1) sim (9) IGN
_________________
(8) NA (9) IGN
(1) convênios/particular
(2) SUS
(8) NA (9) IGN
(1) Posto de Saúde
(2) Hospital
(3) Clínica/ Consultório
(4) Domicílio
(5) Outro.
Qual?_____________
(8) NA
(9) IGN
89
87. Nos últimos 12 meses o Sr (a) consultou com médico? (se “não”, vá para 92 e marque (1) Sim (2) Não (9) IGN
NA na 88 a 91)
88. Qual o motivo da última consulta neste período? (anotar o motivo principal)
_____________________
_____________________
89. O Sr (a) fez esta última consulta através de: (ler as opções, exceto as alternativas 8 e 9)
(1) convênios/particular
(2) SUS
(8) NA
(9) IGN
90. Onde o Sr(a) recebeu esta última consulta? (Espere a resposta e marque o que for
(1) Posto de Saúde
relatado, não leia as alternativas).
(2) Hospital
(3) Clínica/ Consultório
(4) Domicílio
(5) Outro.
Qual?_____________
(8) NA
(9) IGN
91. Na última vez que o(a) senhor(a) foi ao médico, o senhor achou o atendimento?
(1) Muito Bom
(Ler a resposta e marque a opção escolhida)
(2) Bom
(3) Razoável
(4) Ruim
(5) Muito ruim
(8) NA (9) IGN
92. Nos últimos 12 meses o(a) Sr (a) recebeu orientações dos profissionais de saúde sobre
(0) não (1) sim
cuidados com sua saúde, como por exemplo: atividade física, alimentação saudável,
(8) NA (9) IGN
tabagismo, uso de álcool e outros? Aguarde a resposta e, caso positivo, pergunte orientação _________________
sobre o quê e anote ao lado?
93. O seu pai é ou era gordo?
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
94. A sua mãe é ou era gorda?
(0) não (1) sim (8) NA
(9) IGN
95. O Sr(a) costuma tomar bebida de álcool? (Espere a resposta e marque o que for relatado, (0) não (1) sim (8) NA
não leia as alternativas. Se “não”, vá para a 100 e marque NA nas 96 a 99)
(9) IGN
96. Alguma vez o sr(a) sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida alcoólica (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
ou parar de beber?
97. As pessoas o(a) aborrecem porque criticam o seu modo de tomar bebida
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
alcoólica?
98. O Sr (a) se sente chateado(a) consigo mesmo (a) pela maneira como costuma
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
tomar bebida alcoólica?
99. O Sr(a) precisa tomar bebidas alcoólicas pela manhã para diminuir o nervosismo (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
ou ressaca?
AS PRÓXIMAS PERGUNTAS ESTÃO RELACIONADAS AO TEMPO QUE O SR(A) GASTOU FAZENDO
ATIVIDADE FÍSICA NA ÚLTIMA SEMANA.
100. Em quantos dias da última semana o Sr(a) caminhou por pelo menos 10
Dias _________ por semana
minutos contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um ( ) Nenhum (999) IGN
lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?
101. Nos dias em que o Sr(a) caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos
horas: ______ Minutos: _____
quanto tempo no total o Sr(a) gastou caminhando por dia? (marcar o menor
(888) NA (999) IGN
tempo)
102. Em quantos dias da última semana, o Sr(a) realizou atividades
Dias _________ por SEMANA
MODERADAS por pelo menos 10 minutos contínuos, como, por exemplo,
( ) Nenhum
(888) NA
pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei
recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou
(999) IGN
no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez
aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR
FAVOR, NÃO INCLUA CAMINHADA)
103. Nos dias em que o Sr(a) fez essas atividades moderadas por pelo menos 10
Horas: _______ Minutos: ______
minutos contínuos, quanto tempo no total o Sr(a) gastou fazendo essas atividades
(888) NA
por dia?
(999) IGN
90
104. Em quantos dias da última semana, o Sr(a) realizou atividades VIGOROSAS
por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica
aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços
domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos
elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou
batimentos do coração
105. Nos dias em que o Sr(a) fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10
minutos contínuos quanto tempo no total o Sr(a) gastou fazendo essas atividades
por dia?
Dias ________ por SEMANA
( ) Nenhum
(888) NA
(999) IGN
horas: ______ Minutos: _____
(888) NA (999)IGN
AGORA GOSTARIA DE CONVERSAR SOBRE OS SEUS DENTES
106. Alguma vez o(a) Sr(a) precisou ir ao dentista? (se “não”, marque NA na107) (1) Sim (2) Não (9) IGN
107. Quando o(a) Sr(a) precisou ir ao dentista, conseguiu atendimento? (Aguarde a (1) Sim
resposta e, se “não”, pergunte o por quê?)
(2) Não, era longe
(3) Não, não tinha vaga
(4) Não, não tinha dinheiro
(5) Não, o dentista não estava no dia
(6) Não outros motivos:__________
(8) NA (9) IGN
108. Quando Sr(a) foi ao dentista pela última vez? (Espere a resposta e marque o (1) menos de 1 ano
que for relatado, não leia as alternativas. Atenção! Perguntar se foi em razão de (2) De 1 ano a 2 anos
acompanhamento de aparelho ortodôntico e se “sim”, não considerar)
(3) 3 anos ou mais
(4) Nunca foi ao dentista
(9) IGN
109. Onde foi a última consulta no dentista? (Espere a resposta e marque o que for (1) Posto de Saúde
relatado, não leia as alternativas)
(2) UNIPLAC
(3) Clínica/ Consultório
(4) Pronto Socorro
(5) Outro. Qual?_____________
(8) NA (9)IGN
110. Qual foi o motivo da última consulta? (espere a resposta e assinale ao lado) (1) Consulta de
rotina/reparos/manutenção
(2) Dor
(3) Sangramento gengival
(4) Cárie
(5) Extração/tirar um dente
(6) Outros_________________
(8) NA
(9) IGN
111. Na última vez que o(a) senhor(a) foi ao dentista, o que achou do atendimento? (1) Muito Bom
(ler as opções)
(2) Bom
(3) Razoável
(4) Ruim
(5) Muito ruim
(8) NA (9) IGN
112. O(a) Sr(a) considera que o seu problema foi resolvido neste atendimento?
(1) Sim (2) Não (8) NA(9) IGN
113. Com relação aos teus dentes o(a) senhor(a) está (ler as alternativas, exceto as (1) Muito satisfeito
alternativas 8 e 9)
(2) Satisfeito
(3) Nem satisfeito nem insatisfeito
(4) Insatisfeito
(5) Muito insatisfeito
(8) NA (9) IGN
114. O Sr(a) considera que necessita tratamento dentário atualmente?
(1) Sim (2) Não (9) IGN
115. Lembrando dos seus dentes de cima, o Sr(a) tem: (ler as alternativas, exceto (1) 10 dentes naturais ou mais
as alternativas 9. Se a resposta for: tenho todos os dentes naturais, marcar
(2) < 10 dentes naturais
alternativa 1)
(3) nenhum dente natural
(9) IGN
116. Lembrando dos seus dentes de baixo, o Sr(a) tem: (ler as alternativas, exceto (1) 10 dentes naturais ou mais
a alternativa 9. Se a resposta for: tenho todos os dentes naturais, marcar
(2) < 10 dentes naturais
alternativa 1)
(3) nem dente natural
(9) IGN
117. Faz mais de 6 meses que o(a) Sr(a) perdeu todos os dentes? (só para quem (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
não tem TODOS os dentes)
91
118. O Sr(a) usa chapa (dentadura)? (só para quem não tem TODOS os dentes
embaixo ou em cima)
119. O Sr(a) acha que precisa de chapa (dentadura, próteses total)? (só para quem
não tem TODOS os dentes. Se a resposta for sim, pergunte imediatamente se em
cima e/ou embaixo)
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim, embaixo
(2) Sim, em cima;
(3) Em cima e embaixo
(4) Não
(8) NA
(9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(88) NA (99) IGN
120. Nos últimos 6 meses, isto é, desde <MÊS>, o Sr(a) teve dor de dente?
121. Nas últimas 4 semanas o Sr(a) teve dor de dente?
122. O Sr(a) poderia apontar na linha ao lado o quanto esta dor te doeu? 0 (zero)
significa nenhuma dor e 10 (dez) uma dor muito forte (mostrar a escala e anotar o
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
número diretamente na escala)
123. Esta dor que o Sr(a) sentiu impediu de realizar alguma atividade? Se sim,
(0) Não
qual?
(1) Trabalhar
(2) Realizar os trabalhos domésticos
(3) Dormir
(4) Mastigar certos tipos de
alimentos
(5) Conversar com outras pessoas
(6) Estudar
(7) Outros_______________
(8) NA
(9) IGN
PAS 2 |__ __ __|
AGORA EU GOSTARIA DE VERIFICAR NOVAMENTE SUA PRESSÃO
PAD 2 |__ __ __|
AGORA ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE A SUA ALIMENTAÇÃO
124. Quantos dias da semana o (a) sr(a) costuma comer frutas? (Se marcar
(1) todos os dias
alternativa 3 ou 4, pular para a questão 126 e marcar NA na 125)
(2) 5 a 6 dias
(3) 1 a 4 dias
(4) quase nunca ou nunca
125. Nestes dias, quantas vezes o(a) sr(a) come frutas?
(1) 1 vez no dia
(2) 2 vezes no dia
(3) 3 ou mais vezes no dia
(8) NA
126. Quantos dias na semana o(a) sr (a) costuma comer saladas cruas, como
(1) todos os dias
exemplo: alface, tomate, pepino? (Se marcar alternativa 3 ou 4, pular para a
(2) 5 a 6 dias
questão 128 e marcar NA na 127)
(3) 1 a 4 dias
(4) quase nunca ou nunca
127. Nestes dias, o(a) sr(a) come saladas cruas: (ler as alternativas)
(1) no almoço,
(2) no jantar
(3) no almoço e no jantar.
(8) NA
128. Quantos dias na semana o(a) sr (a) costuma comer verduras e legumes
(1) todos os dias
(2) 5 a 6 dias
cozidos, como couve, cenoura, chuchu, berinjela,abobrinha, sem contar batata ou
mandioca? (Se marcar alternativa 3 ou 4, pular para a questão 130 e marcar NA (3) 1 a 4 dias
na 129)
(4) quase nunca ou nunca
129. Nestes dias, o(a) sr(a) come verduras e legumes cozidos: (ler as alternativas)
130. Quantos dias da semana o (a) sr(a) come feijão?
(1) no almoço,
(2) no jantar
(3) no almoço e no jantar
(8) NA
(1) todos os dias (inclusive sábado e
domingo)
(2) 5 a 6 dias por semana
(3) 3 a 4 dias por semana
(4) 1 a 2 dias por semana
(5) quase nunca
(6) nunca
92
131. Em quantos dias da semana o (a) sr(a) toma refrigerante? (Se marcar
alternativa 5 ou 6, pular para a questão 134 e marcar NA na 132 e 133)
(1) todos os dias
(2) 5 a 6 dias por semana
(3) 3 a 4 dias por semana
(4) 1 a 2 dias por semana
(5) quase nunca
(6) nunca
132. Que tipo?
(1) normal (2) diet/light (3) ambos
(8) NA
133. Quantos copos/latinhas costuma tomar por dia? (anotar o número)
_________(88) NA
(99) IGN
134. O sr(a) costuma tomar leite? (não vale soja) (Se “não”, pule para questão 136 e marque NA
(1) sim (2) não
135)
135. Quando o sr(a) toma leite, que tipo de leite costuma tomar?
(1) integral
(2) desnatado ou semi-desnatado
(3) os dois tipos
(4) não sabe
(8) NA
136. O sr(a) costuma comer carne de boi ou porco?(Se “não”, pule para
(1) sim, (2) não
questão 138)
137. Quando o sr(a) come carne de boi ou porco com gordura, o(a) sr(a)
(1) tirar sempre o excesso de gordura
costuma: (ler as alternativas)
(2) comer com a gordura
(3) não come carne vermelha com muita
gordura
138. O sr(a) costuma comer frango? (Se “não”, marcar NA na questão139) (1) sim, (2) não
139. Quando o sr(a) come frango com pele, o(a) sr(a) costuma:
(3) tirar sempre a pele
(4) comer com a pele
(5) não come pedaços de frango com pele
(8) NA
AGORA VAMOS FALAR SOBRE ALGUMAS QUESTÕES RELACIONADAS À SAÚDE DA MULHER (só para
mulheres. Se for homem marcar NA em todas as outras questões seguintes, agradecer e encerrar a entrevista).
140. Nos últimos 12 meses, a Srª. teve marido, noivo, namorado, ou qualquer outro (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
tipo de relacionamento amoroso? (Se a resposta for “não”, pule para a questão
179)
141. Algum destes relacionamentos durou um mês ou mais? (Se a resposta
(1) Sim
for (2) Não (8) NA (9) IGN
“não”, pule para a questão 178)
AS PRÓXIMAS PERGUNTAS SÃO SOBRE A ÚLTIMA PESSOA COM QUEM A SRª. RELACIONOU-SE POR
UM MÊS OU MAIS DESDE <MÊS> DE 2006.
Entrevistador: Antes de começar as perguntas, tente falar com suas palavras a informação do quadro abaixo. Ressalte
a importância das perguntas que se seguem e garanta a confidencialidade.
Agora eu gostaria de conversar um pouquinho sobre como a Sra e o seu companheiro resolvem os
desentendimentos e desavenças do dia-a-dia. Nós sabemos que algumas das próximas perguntas podem ser
delicadas e pessoais e que, as vezes, parece difícil falar sobre elas. Mas é muito importante para nossa pesquisa que
a Srª. faça um esforço para relembrar com a gente como vocês se entenderam no último ano. Eu queria lembrar
que tudo que será dito aqui ficará somente entre nós.
Entrevistador, leia o quadro abaixo:
Não importa como as pessoas se relacionem, tem horas que elas discordam, ficam irritadas ou brigam umas com as
outras só por estarem de mau-humor, cansadas ou por qualquer outra razão. Nesses momentos, as pessoas têm
muitas maneiras de tentar resolver suas diferenças e desavenças.
Agora eu vou ler uma lista de coisas que podem acontecer quando existem diferenças e desavenças entre pessoas
que se relacionam. Para cada uma das coisas que vou dizer a seguir, eu gostaria que a Srª. me dissesse se já
aconteceu em momentos de discussão e brigas entre vocês.
142. Nos últimos 12 meses, quer dizer, desde <mês> de 2006, nos momentos de discussão (1) Sim
(2) Não
e brigas entre vocês, como a Srª reagiu: a Srª discutiu o problema calmamente?
(8) NA
(9) IGN
143. E ele, discutiu o problema calmamente?
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
144. A sra. procurou conhecer melhor o modo dele pensar?
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
145. E ele, procurou conhecer melhor o seu modo de pensar?
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
146. A Srª trouxe, ou tentou trazer alguém para ajudar a acalmar as coisas?
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
147. E ele trouxe, ou tentou trazer alguém para ajudar a acalmar as coisas?
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
148. A Srª xingou ou insultou ele?
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
149. E ele xingou ou insultou a Srª?
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
150. A Srª ficou emburrada ou não falou mais no assunto?
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
93
151. E ele ficou emburrado ou não falou mais no assunto?
152. A Srª retirou-se do quarto, da casa ou do local?
153. E ele retirou-se do quarto, da casa ou do local?
154. A Srª fez ou disse coisas só para irritar ele?
155. E ele fez ou disse coisas só para irritar a Sra?
156. A Srª ameaçou bater ou jogar coisas nele?
157. E ele ameaçou bater ou jogar coisas na Srª?
158. A Srª destruiu, bateu, jogou ou chutou objetos?
159. E ele destruiu, bateu, jogou ou chutou objetos?
160. A Srª jogou coisas sobre ele?
161. E ele jogou coisas sobre a Srª?
162. A Srª empurrou ou agarrou ele?
163. E ele empurrou ou agarrou a Srª?
164. A Sra deu um tapa ou bofetada nele?
165. E ele deu um tapa ou bofetada na Sra?
166. A Srª chutou, mordeu ou deu um murro nele?
167. E ele chutou, mordeu ou deu um murro na Srª?
168. A Srª bateu ou tentou bater nele com objetos?
169. E ele bateu ou tentou bater na Srª com objetos?
170. A Srª espancou ele?
171. E ele espancou a Srª?
172. A Srª estrangulou ou sufocou ele?
173. E ele estrangulou ou sufocou a Sra?
174. A Sra ameaçou ele com faca ou arma?
175. E ele ameaçou a Srª com faca ou arma?
176. A Sra usou faca ou arma contra ele?
177. E ele usou faca ou arma contra a Sra?
Entrevistador: observar se houve respeito à privacidade,
ou seja, a informante foi entrevistada:
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
(1) Sozinha (2) Presença do cônjuge ou companheiro
(3) Na presença de filhos/ou pais
(4) Na presença de outras pessoas Qual?__________
EU GOSTARIA DE FAZER UMAS PERGUNTAS SOBRE AS CRIANÇAS DESTA CASA (só para mulheres)
178. A Sra tem filhos com idade entre 0 e 12 anos? (Se a resposta for (1) Sim (2) Não (8) NA
“não”, marcar 8(NA) nas demais questões e encerre a entrevista.)
179. Quantos?
Filhos____________ (88) NA
EU GOSTARIA DE CONVERSAR UM POUCO SOBRE OS SEUS FILHOS DE 0 A 12 ANOS. PARA FACILITAR
A NOSSA CONVERSA, PODERIA, POR FAVOR , ME DIZER O PRIMEIRO NOME DE CADA UM, COMEÇANDO
PELO MAIS VELHO?
180. Seu(s) filho(s) (entre 0 e 12 anos) usam ou usaram a chupeta? (marcar Filho 1 (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
para cada filho, escrevendo o seu 1º nome e iniciando pelo mais velho)
Filho 2 (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
Filho 3 (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
Filho 4 (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
Filho 5 (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
Filho 6 (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
Filho 7 (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
Filho 8 (1) Sim (2) Não (8) NA (9) IGN
Havendo crianças que usam ou usaram a chupeta aplicar o questionário até o fim, caso contrário, marcar a
alternativa(8) NA nas próximas questões, agradecer e encerrar a entrevista.
181. Com que idade começaram a usar a chupeta? (marcar para cada filho, Filho 1_______________ (8) NA (9) IGN
com idade entre 0 e 12 anos,.. Após a entrevista, transformar cada resposta Filho 2_______________ (8) NA (9) IGN
em dias.
Filho 3_______________ (8) NA (9) IGN
Filho 4_______________ (8) NA (9) IGN
Filho 5_______________ (8) NA (9) IGN
Filho 6_______________ (8) NA (9) IGN
Filho 7_______________ (8) NA (9) IGN
Filho 8_______________ (8) NA (9) IGN
94
182. A chupeta foi levada para a maternidade? (marcar para cada filho)
Filho 1 (1) Sim
Filho 2 (1) Sim
Filho 3 (1) Sim
Filho 4 (1) Sim
Filho 5 (1) Sim
Filho 6 (1) Sim
Filho 7 (1) Sim
Filho 8 (1) Sim
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
183. A chupeta foi usada em conjunto com a amamentação? (marcar para Filho 1 (1) Sim
cada filho)
Filho 2 (1) Sim
Filho 3 (1) Sim
Filho 4 (1) Sim
Filho 5 (1) Sim
Filho 6 (1) Sim
Filho 7 (1) Sim
Filho 8 (1) Sim
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(2) Não
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(8) NA
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
(9) IGN
184. Por que a chupeta foi oferecida? (esperar a resposta e anotar
EXATAMENTE a fala da mãe)
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
185. A Sra. acredita que a chupeta pode: (leia as alternativas e aguarde a
resposta. Se a resposta não corresponder às alternativas, anote abaixo
EXATAMENTE a fala da mãe)
_________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
186. Quem indicou o uso da chupeta? (aguardar a resposta, não ler as
alternativas)
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
AGRADEÇA E ENCERRE A ENTREVISTA
(8) NA
(1) acalmar o bebê
(2) ajudar o bebê a dormir
(3) tranqüilizar a mãe
(4) todas as anteriores
(8) NA
(9) IGN
(1) avó
(2) outros parentes
(3) amigas
(4) pediatra
(5) dentista
(6) ninguém, já tinha comprado ou
ganhou a chupeta
(8) NA
(9) IGN
Anexo 2 – Cópia do Termo de Avaliação e Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
da UNIPLAC
Anexo 3 – Cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE
CEP – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES
HUMANOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa AUTO-AVALIAÇÃO DAS
CONDIÇÕES DE SAÚDE E FATORES ASSOCIADOS: ESTUDO DE BASE
POPULACIONAL EM ADULTOS DE LAGES, SC, 2007, cujo objetivo é avaliar as
condições de saúde de adultos da zona urbana de Lages. Sua colaboração neste estudo é
MUITO IMPORTANTE, mas a decisão de participar é VOLUNTÁRIA, o que significa que
o(a) senhor(a) terá o direito de decidir se quer ou não participar, bem como de desistir de
fazê-lo a qualquer momento.
Garantimos que será mantida a CONFIDENCIALIDADE das informações e o
ANONIMATO. Ou seja, o seu nome não será mencionado em qualquer hipótese ou
circunstância, mesmo em publicações científicas. NÃO HÁ RISCOS quanto à sua
participação e o BENEFÍCIO será conhecer a realidade da saúde dos moradores de Lages, a
qual poderá melhorar os serviços de saúde em sua comunidade.
Será realizada uma entrevista e também verificadas as seguintes medidas: pressão arterial
(duas vezes), peso, altura e diâmetro da cintura, que não causarão prejuízos à sua saúde. Para
isso será necessária uma hora.
Em caso de dúvida o(a) senhor(a) poderá entrar em contato com GIANA ZARBATO
LONGO, coordenadora de campo da pesquisa, no Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva – Mestrado, na UNIPLAC, na Av. Castelo Branco, 170 – Bloco do Centro de
Ciências Jurídicas/CCJ (piso térreo), ou pelo telefone (49) 3251 11 08, ou e-mail
[email protected]
Eu.............................................................................................., declaro estar esclarecido(a)
sobre os termos apresentados e consinto por minha livre e espontânea vontade em participar
desta pesquisa e assino o presente documento em duas vias de igual teor e forma, ficando uma
em minha posse.
Lages, _____ de _________________ de 2007.
_________________________________
( assinatura do participante )
Anexo 4 – Quadro demonstrativo das UBS com ESB, em Lages, SC, junho de 2008
Anexo 4 – Quadro demonstrativo das UBS com ESB, em Lages, SC, junho de 2008
Número de profissionais
Unidades Básicas de
Saúde
Cadeira
odontológica
Periodicidade de ações da
promoção da saúde bucal
Agendamento ou demanda livre
Cirurgiãodentista
Auxiliar de
consultório
dentário
CENTENÁRIO
2
2
1
Diariamente
CORAL
3
2
1
Diariamente
GUARUJÁ
2
2
2
Três vezes por semana
GETHAL
2
2
1
Diariamente
PENHA
2
2
1
Diariamente
X
PETRÓPOLIS
2
2
2
Diariamente
X
SANTA CATARINA
3
2
2
Diariamente
SANTA HELENA
2
2
1
Diariamente
SANTA MÔNICA
2
2
1
Diariamente
X
SÃO CARLOS
1
1
1
Uma vez por semana
X
SÃO PEDRO
1
1
1
Diariamente
X
TRIBUTO
2
2
1
Diariamente
X
Fonte: Contato pessoal ou por telefone com os CDs ou as ACDs das UBS, em maio e junho de 2008.
Mensal
Quinzenal
Semanal
Demanda
livre
X
X
X
X
X
X
X
Anexo 5 – Relação de clínicas odontológicas em Lages, registradas no CROSC –
março 2008
Anexo 5 – Relação de clínicas odontológicas em Lages, registradas no CROSC –
março 2008
SC-EPAO-582A.T.M. CLINICA ODONTOLOGICA ESPECIALIZADA LTDA
LAGES
SC-EPAO-661CATTONI & YANAI LTDA
LAGES
SC-EPAO-431CENTRO ODONTOLOGICO ORALCLIN LTDA
LAGES
SC-EPAO-478CESAR AUGUSTO RODENBUSCH POLETTO
LAGES
SC-EPAO-215CLINICA DE RADIOLOGIA ODONTOLOGICA MAURO FRANCISCO VASSOLER
LAGES
SC-EPAO-385CLINICA ODONTOLOGICA DENTEPLAN LTDA
LAGES
SC-EPAO-227CLINICA ODONTOLOGICA FREI ROGERIO LTDA
LAGES
SC-EPAO-846CLINICA ODONTOLOGICA SANTA RITA DE CASSIA LTDA
LAGES
SC-EPAO-743COREO - CLINICA ODONTOLOGICA DE REABILITACAO E ESTETICA ORAL LTDA
LAGES
SC-EPAO-771FUNDACAO DAS ESCOLAS UNIDAS DO PLANALTO CATARINENSE
LAGES
SC-EPAO-757MJR - COMERCIO DE EQUIPAMENTOS E SERVICOS ODONTOLOGICOS LTDA
LAGES
SC-EPAO-662ODONTO X CLINICA DE RADIOLOGIA ODONTOLOGICA LTDA
LAGES
SC-EPAO-308ODONTOSUL - COOPERATIVA DOS CIRURGIOES-DENTISTAS DA REGIAOSERRANALAGES
SC-EPAO-567ORAL ESTHETIC CLINICA DE REABILITACAO ODONTOLOGICA LTDA
LAGES
Fonte: <http://www.crosc.org.br/quem/clinicas.htm>. Acesso em 26 de junho de 2008.
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Dissertao Ada Maria Fornari