UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ANDRÉA CARLA OLIVEIRA BORBA AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INDUSTRIAS BENEFICIADORAS DE CACAU NO SUL DA BAHIA Ilhéus – Bahia 2007 ANDRÉA CARLA OLIVEIRA BORBA AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INDUSTRIAS BENEFICIADORAS DE CACAU NO SUL DA BAHIA Dissertação apresentada, para obtenção do título de mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, à Universidade Estadual de Santa Cruz. Área de concentração: Gestão Ambiental. Orientador: Prof. Dr. Salvador Dal Pozzo Trevizan Co-orientador: Prof. Dr. Fermin Velasco Ilhéus – Bahia 2007 ANDRÉA CARLA OLIVEIRA BORBA AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INDUSTRIAS BENEFICIADORAS DE CACAU NO SUL DA BAHIA Dissertação apresentada, para obtenção do título de mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, à Universidade Estadual de Santa Cruz. Orientador: Prof. Dr. Salvador Dal Pozzo Trevizan Co-orientador: Prof. Dr. Fermin Velasco Ilhéus-BA, ____/ _____/_____ __________________________________________ Salvador Dal Pozzo Trevizan – PhD Orientador ___________________________________________ Fermin Garcia Velasco - PhD Co-Orientador ANDRÉA CARLA OLIVEIRA BORBA AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INDUSTRIAS BENEFICIADORAS DE CACAU NO SUL DA BAHIA Ilhéus-BA, ____/ _____/_____ __________________________________________ André Maia Gomes Lages – Dr. UFAL/AL ___________________________________________ Sócrates J. M. Guzmán - Dr UESC/BA __________________________________________ Salvador Dal Pozzo Trevizan – PhD Orientador DEDICATÓRIA De dedico este trabalho aos meus familiares que sempre torceram e incentivaram em todos os momentos da minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo amor em expansão a nós dado e confiado e a força e vigor concedido para superar e alcançar todos objetivos. Aos meus avós que foram sementes de minha formação. Aos meus pais Eduardo e Valdiner pelo incentivo aos meus irmãos Michelliny pela compreensão dispensada. Ao querido irmão Eduardo Júnior pelo amor, lealdade e disposição para nos ajudar em todos os enfrentamentos. Ao companheirismo de Joniel presente em muitos momentos importantes. Aos grandes incentivadores e verdadeiramente motivadores na busca do saber e pesquisar, Prof. Dra. Agnes e Prof. Dr. Fermin Velasco, que abraça cada aluno como tesouros em busca do conhecimento. Obrigada pelo apoio desde o início desse sonho em 2002. Ao Sr. Paulo Nogueira Torres, pelo apoio para alcance dessa pós-graduação. Ao Prof. Dr. Salvador Trevizan na constante acolhida, torcida e constante orientação. Muito obrigada. Aos colegas da Turma VIII do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela constante cooperação durante todo o período das disciplinas de tronco comum, em especial, Nilmací Santos e Ana Paula Matos, sem a ajuda de vocês essa realização não teria sido possível. Aos colegas que se tornaram amigos durante esse curso Ana Paula Mariano, Iderval Borges, Kaline Benevides, Lilia Marta e Luana Farias. Grande beijo e obrigada a todos. v AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INDUSTRIAS BENEFICIADORAS DE CACAU NO SUL DA BAHIA RESUMO A modificação dos padrões de utilização do meio ambiente tem levado diversos setores da indústria a uma mudança de postura e adoção de meios, por exemplo, os Sistemas de Gestão Ambiental, para a preservação ambiental e disputa de mercados. A evolução quanto ao surgimento de normas voltadas para a preservação do meio ambiente faz com que as empresas tenham que se preocupar com aspectos ambientais relacionados as suas atividades. Com o intuito de avaliar a postura das empresas, esta pesquisa propõe-se a estudar de forma específica o Sistema de Gestão Ambiental nas empresas que realizam o beneficiamento de grãos de cacau localizadas no eixo Ilhéus-Itabuna, Bahia, Brasil. Investiga-se em que medida as empresas se aproximam ou se distanciam de sistemas de gestão ambiental proposto pela ISO 14.000, ou se apresentam outros tipos de Gestão, e os fatores que influenciam no perfil ambiental de cada empresa. Os dados para análise foram obtidos através de questionários, entrevistas e observações in loco realizadas junto à gerencia e as áreas responsáveis. Como principais resultados obtidos foi possível destacar que a responsabilidade empresarial em relação as variáveis ambientais é respondida pelas exigências legais e tendências de mercado. Ao longo dos últimos 15 anos as empresas do ramo de beneficiamento de sementes de cacau mantiveram uma postura direcionada, limitada e reativa ao requerido em lei e pelos seus clientes, mas com conseqüências positivas para o meio ambiente e reflexos vantajosos para a vida humana. A transformação desta postura em atitudes voluntárias ainda não é observada no ramo de moagem de cacau. A compreensão dessa expressão é justificada pela indústria que encontra limitações locais para a execução de suas atividades em conformidade com a lei, embora não deixe de atender todas as demandas de seus clientes, vital para sua competitividade. É visto que o modo de administração das variáveis ambientais frente ao empresariado quanto à adoção de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), Sistema de Gestão Integrados (SGI), responsabilidade social ou suas ferramentas é observado até o ponto que convergem para imposições legais caso não exista a procura do mercado. Com a caracterização do perfil de gestão das industrias é possível oferecer relevantes subsídios para se programar e implementar ações de melhoria de gestão ambiental nas empresas, visando ampliar sua competitividade, garantir a sustentabilidade dos recursos naturais, melhorar as condições de vida das comunidades no entorno e a satisfação dos consumidores. Palavras- Chave: Sistema de Gestão Ambiental, Sistemas de Gestão Integrados, competitividade. vi EVALUATION OF ENVIROMENTAL MANAGEMENT SYSTEMS IN INDUSTRIES OF COCOA GRINDING NO SUL DA BAHIA ABSTRACT The modification in standards of use of the environment has taken overall sectors of the industries to change the position and adopt of ways, for example, the adoption of Environment Management Systems to environment preservation and markets dispute. The evolution relate to the apperance of norms toward environment preservation makes with the companies have got that to be worried about environmental aspects relate to its activities. With intention to evaluate the position of companies this research refers to study the specific form the Environment Management Systems in companies of Cocoa Grinding Companies located in Ilhéus and Itabuna, Bahia, Brazil. Investigate and measure the approach or distance of Environment Management Systems propose by ISO 14000, or if this companies have other types of Management, looking for to find the factors that influence in the environment profile for each company. The data for analysis had been gotten through questionnaires, interviews and observations in each place with the manages and responsible by areas of these companies. The mains results was possible distinguished that business community responsibility in relation the environment variable is answered by the legal requirements and trends of market. In the last 15 years the cocoa grinding companies had kept a directed position, limited and reactive to the required one in law and for its customers, but with positive consequences for the environment with advantageous consequences for the human life. The transformation of this position in voluntary attitudes is still not observed in these companies. The understanding of this expression is justified by the companies that finds local limitations for the execution of its activities in compliance with the law, therefore does not leave to take care of to all the demands of its customers vital for its competitiveness. It concludes that the way of administration about the environment variables front the business community with relate the adoption Environment Management Systems, Integrate Management System or social responsibility and its tools it is observed until the point that converge to laws impositions in case that the search of the market does not exist. With the characterization the management profile in industries is possible offer relevant subsidy to program and implement actions to improvement de management s in the companies system, looking for up the competitiveness and assurance the natural recourses, and improvement life condition of the around communities and the consumer satisfaction. Palavras- Chave: Enviromental Management System, Integated Management System, competitive advantages. vii LISTA DE FIGURAS 1 2 3 Participação das empresas moageiras de cacau no 8 Brasil............................................................................................... Empresas com certificação ISO 14001 instaladas no Estado da 46 Bahia.............................................................................................. Aspectos Ambientais relacionados com a produção em ordem decrescente de prioridade.............................................................. 62 4 Alternativas adotadas visando a melhoria de desempenho ambiental........................................................................................ 65 5 Procedimentos de gestão ambiental utilizados nas empresas........................................................................................ 67 6 Meios de divulgação da política ambiental..................................... 69 7 Base da política ambiental das empresas...................................... 70 8 Áreas de interesse das empresas para capacitação de técnicos.......................................................................................... 71 9 Limitações essa(s) capacitação(ões) resolveria(m)....................... 71 10 Forma que são efetuadas as análises críticas e periódicas do SGA nas empresas........................................................................ 72 11 Metas ambientais definidas............................................................ 73 12 Freqüência de avaliação das metas estabelecidas........................ 74 13 Aspectos que representam risco para as empresas se manterem competitivas no mercado................................................................ 76 14 Operações nas empresas com sistema de gestão integrada........ 77 15 Licenças/autorizações demandadas na atividade produtiva das empresas........................................................................................ 79 16 Dificuldades para realizar o licenciamento ambiental.................... 80 17 Forma que as empresas implementam seus projetos ambientais. 81 18 A empresa acredita na capacidade das instituições atuais em supervisionar e punir o não cumprimento de normas / leis viii ambientais existentes..................................................................... 82 19 Tipos de pressão sofrida para a melhoria do desempenho ambiental........................................................................................ 84 20 Forma que as empresas percebem as pressões........................... 85 21 Mercados para os quais são destinados os produtos ou serviços das empresas................................................................................. 86 22 Investimentos na área ambiental nos últimos três anos................. 87 23 A empresa considera que há risco de sofrer perdas ou danos de qualquer natureza, mantendo o sistema de produção e gestão atual da empresa, sem introduzir novas mudanças nos próximos três anos......................................................................................... 89 ix LISTA DE QUADROS 1 2 Moagem de Cacau no mundo.............................................................. 7 Evolução dos Conceitos relacionado ao meio ambiente frente às 12 industrias................................................................................................. x LISTA DE TABELAS 1 2 Selos ambientais de Produtos........................................................................... 10 Relação entre Municípios e nº de empresas consultadas ............................... 49 xi LISTA DE ABREVIATURAS CO2 monóxido de carbono CFC. cloro flúor carbono etc. e tem continuidade Fem. kw/h m3 M.A. Mas. S.S. Feminino quilo watt hora metros cúbicos meio ambiente Masculino saúde e segurança xii LISTA DE SIGLAS SIGLAS SIGNIFICADO ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química ABNT - BNDES - BS - BSI - CARE - Programa de responsabilidade CARE – Reclamação, auditoria, recursos humanos e meio ambiente - Complaints, Audit, Human Resouses and Environmental. Canadian Chemical Producers Association CCPA CEBDS CEPLAC CONAMA Associação Brasileira de Normas Técnicas Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Bristish Standards Bristish Standards Institution Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável Comissão executiva do plano da lavoura cacaueira. Conselho Nacional do Meio Ambiente CRA - CTGA - EMAS - Norma Européia para Sistemas de Gestão Ambiental - EcoManagement and Audit Scheme Equipamento de proteção individual EPI ETE - Centro de Recursos Ambientais Comissão Técnica de Garantia Ambiental Estação de tratamento de efluentes xiii FIEB - GLP - GN - IAP - IAF - IBAMA - Instituto Brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis - Organização Internacional do cacau - Internacional Cocoa Organization - Organização Internacional de Normalização - International Standard Organization Norma brasileira ICCO ISO NBR OHSAS ONG PDCA PNEA Federação das Indústrias do estado da Bahia Gás liquefeito de petróleo Gás natural Instituto Ambiental do Paraná International Accreditation Forum - Avaliação de saúde e segurança ocupacional - Occupacional Health and Safety Assessment Organização não-governamental - Planejar, Fazer, Checar e Agir, constitui um método para prática de controles de processo - Ciclo PDCA - Plan, Do, Check, Act Programa nacional de educação ambiental RTGA - SA - SAI - Responsabilidade Social Internacional International Sistema Estadual de informações ambientais SEIA SGA - UESC - Relatório Técnico de Garantia Ambiental Responsabilidade Social - Social Accountability Sistema de gestão ambiental Universidade Estadual de Santa Cruz Social Accountability xiv SUMÁRIO RESUMO .................................................................................................................................... V ABSTRACT ............................................................................................................................... VI LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ VII LISTA DE QUADROS ...............................................................................................................IX LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. X LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................................... XI LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................... XII 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1 1.1OBJETIVOS ............................................................................................................................. 4 1.1.1 GERAL ................................................................................................................................ 4 1.1.2 ESPECÍFICOS ....................................................................................................................... 4 1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................................................ 5 2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................................. 10 2.1 EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL .................................................................................... 10 2.2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .......................................................................................... 17 2.3 O MODELO DE GESTÃO AMBIENTAL CONFORME A NBR ISO 14000........................................ 22 2.3.1 POLÍTICA AMBIENTAL.......................................................................................................... 24 2.3.2 PLANEJAMENTO ................................................................................................................. 25 2.3.2.1 Aspectos ambientais..................................................................................................... 26 2.3.2.2 Requisitos legais........................................................................................................... 27 2.3.2.3 Objetivos e metas ......................................................................................................... 28 2.3.2.4 Programas de gestão ambiental................................................................................... 28 2.3.3 IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO ............................................................................................... 29 xv 2.3.3.1 Estrutura e responsabilidade ........................................................................................ 30 2.3.3.2 Treinamento.................................................................................................................. 30 2.3.3.3 Comunicação................................................................................................................ 31 2.3.3.4 Documentos do SGA .................................................................................................... 32 2.3.3.5 Controle operacional..................................................................................................... 33 2.3.3.6 Preparação e atendimento de emergências................................................................. 33 2.3.4 VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA ....................................................................................... 34 2.3.4.1 Monitoramento e medições .......................................................................................... 35 2.3.4.2 Não conformidades e ações corretivas e preventivas .................................................. 35 2.3.4.3 Registros....................................................................................................................... 36 2.3.4.4 Auditorias de SGA ........................................................................................................ 37 2.3.5 ANÁLISE CRÍTICA ............................................................................................................... 40 2.4 OS SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADOS E RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................... 41 2.4.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL: SA 8000................................................................................ 42 2.4.2 SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADOS ................................................................................... 45 2.5 A LEGISLAÇÃO E A GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL ............................................................... 48 2.6 CASOS DE AVALIAÇÃO DO SGA NO BRASIL E NO ESTADO DA BAHIA ...................................... 54 3 METODOLOGIA.................................................................................................................... 59 3.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................................. 59 3.2 MÉTODO DE PESQUISA ADOTADO .......................................................................................... 60 3.2.1 UNIVERSO DA PESQUISA .................................................................................................... 60 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................................................... 61 3.4 A PESQUISA DE CAMPO ......................................................................................................... 62 3.5 FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO ........................................................................................... 63 3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................. 65 4 ANALISE DOS DADOS ........................................................................................................ 66 4.1 AS INDÚSTRIAS E A ISO 14000............................................................................................. 66 4.1.1 ASPECTOS AMBIENTAIS (NBR ISO 14001 4.3.1) E MELHORIA DO DESEMPENHO AMBIENTAL . 67 4.1.2 PROCEDIMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL ........................................................................... 74 4.1.3 POLÍTICA AMBIENTAL DA EMPRESA (NBR ISO 14001 4.2 .................................................... 76 4.1.4 ÁREA DE CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS ....................................................................... 79 4.1.5 ANÁLISE CRÍTICA (NBR ISO 14001 - 4.6) ........................................................................... 81 4.1.6 LEVANTAMENTO SÓCIOAMBIENTAL...................................................................................... 86 4.1.7 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ............................................................................................... 89 4.1.8 INSTITUIÇÕES DE ENSINO E ONG’S..................................................................................... 93 4.1.9 ÓRGÃOS AMBIENTAIS ......................................................................................................... 96 4.1.10 DEMANDA DE CLIENTES E INVESTIMENTOS AMBIENTAIS ................................................... 100 4.2 DISCUSSÕES ...................................................................................................................... 105 5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 110 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 114 xvi 7 APÊNDICE .......................................................................................................................... 121 APÊNDICE A– QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS EMPRESAS AOS SEUS DIRIGENTES ...................... 122 APÊNDICE B– ROTEIRO DE ENTREVISTAS NAS EMPRESAS ...................................................... 131 APÊNDICE C– TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO .................................. 149 1 1 INTRODUÇÃO Uma das transformações mais expressivas, em relação ao meio ambiente, que podemos observar nos últimos trinta anos foi a mudança de postura empresarial frente às pressões de todos os setores da sociedade pelo temor da extinção da vida no planeta fomentando importantes mudanças na situação econômica mundial, na natureza das organizações, no referencial da natureza dos negócios, uma abordagem inovadora à maneira de pensar para poder compreender e tratar as novas realidades voltadas para o impacto de suas operações sobre o meio ambiente e sobre a competitividade dos países e de suas empresas. Em decorrência da degradação ambiental marcada pelos grandes acidentes ambientais o mundo vem despertando para a crise da civilização resultante do modelo de modernidade onde predomina a racionalidade econômica e tecnológica em detrimento da organização sustentável da natureza e assim, absorvendo e envolvendo a atenção de grupos, indivíduos – partes interessadas, quanto à postura e atuação ecologicamente responsável das organizações. 2 Desse modo a problemática ambiental surge nas últimas décadas do século XX como um sinal mais eloqüente da crise da racionalidade econômica que conduziu o processo de modernização (LEFF, 2000). Bogo (1998, apud CAGNIN, 2000) afirma que os temas ambientais transformaram-se em um ponto crítico para as indústrias. Operar em conformidade com os regulamentos ambientais, arcar com a responsabilidade financeira por danos ambientais, melhorar a imagem e ganhar mercados em associação com uma nova ética social exigida pelos consumidores, minimizar barreiras comerciais não-tarifárias no mercado internacional, são algumas das questões ambientais enfrentadas pelas indústrias, com implicações no projeto de produtos, nas tecnologias dos processos e nos procedimentos gerenciais. Nesse contexto globalizado e altamente competitivo da atualidade, torna-se imperativa a necessidade de inovar, levando-se também em consideração os aspectos ambientais envolvidos. Para isso vêm sendo adotados modelos de avaliação de impactos ambientais com a abordagem sistêmica e de melhoria contínua através do sistema de gestão ambiental, deslocando assim as práticas tradicionais de produção. De fato, tais inovações interferem nos objetivos econômicos das organizações, mas se tais expectativas são importantes para a sociedade e para o mundo moderno, as instituições não têm outra escolha senão prover recursos para atender a essas reivindicações. Entretanto, é sabido que a adoção de parâmetros de controle, metas e princípios e práticas ambientais pode implicar na redução de custos, minimização nas gerações de resíduos sólidos e líquidos e maior aceitação da sociedade quanto à utilização aos seus produtos. 3 Nesse caminho de mudanças e inovações voltadas ao crescimento econômico e melhor desempenho ambiental é que surgem, a partir de meados da década de 90, uma proliferação de códigos voluntários de condutas que tratam de temas relacionados de algum modo com o meio ambiente e que se enquadram na categoria de acordos voluntários, como a BS 7750 e a série ISO 14000. De modo a estabelecer uma nova estrutura para gestão ambiental, o British Standards Institution (BSI), em 1992, lança a BS 7750, um ano antes da EcoManagement and Audit Scheme (EMAS). Em 1992 a International Organization for Stardadization (ISO) seguindo recomendações do Grupo Estratégico Consultivo sobre o meio ambiente (Stategic Advisory Grop Environment - Sage) decidiu dar forma a um comitê técnico internacional novo, ISO/TC 207 e, em 1996 é lançada a ISO 14001: 1996 e a ISO 14004: 1996, como um sistema voltado para o gerenciamento e viabilidade de modos sustentáveis de produção, bens e serviços. Assim, o trabalho analisa o sistema de gestão ambiental em empresas beneficiadoras de cacau localizadas no eixo Ilhéus-Itabuna, Bahia, Brasil, tendo como base referencial as normas da série ISO 14000. Parte-se da premissa de que o Sistema de Gestão Ambiental constitui um sistema voluntário, que agrega vantagens competitivas, caracterizando também a ocorrência de ações que mais se aproximem de modos de sistemas de gestão normatizados. 4 1.1 Objetivos Os objetivos desse trabalho estão subdivididos em objetivo geral e objetivos específicos. 1.1.1 Geral Avaliar a implementação, gerenciamento e funcionabilidade do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas unidades industriais de cacau no eixo Ilhéus-Itabuna. 1.1.2 Específicos • Avaliar a implementação e funcionabilidade do SGA nas unidades de moagem de cacau no eixo Ilhéus-Itabuna; 5 • Avaliar as práticas de gestão ambiental nas atividades de moagem de cacau dentro da ótica da NBR ISO 14000; • Identificar o nível de atuação quanto às práticas da gestão ambiental integrada nas empresas moageiras de cacau; • Verificar se há influência mercadológica na adoção de sistemas de gestão ambiental nas indústrias de cacau. 1.2 Justificativa A modificação dos padrões de utilização do meio ambiente tem levado diversos setores da indústria a uma mudança de postura e adoção de meios para preservação ambiental. Além disso, as empresas podem lucrar com a prática da reciclagem, aproveitamento de matérias primas e energia. O meio utilizado por muitas empresas para atingir objetivos como, por exemplo, o melhor relacionamento com o mercado e maior competitividade, são as adesões voluntárias, como em questão, ao pacote ISO 14000. Essas normas, por serem reconhecidas em nível internacional propiciam aos que as aderem um envolvimento num processo contínuo de melhoria das condições operacionais e conscientização ambiental para seus funcionários, declarando e apresentando a importância e respectiva responsabilidade de cada agente da cadeia do processo produtivo. 6 Inúmeras conseqüências decorrem da não adoção de práticas de gestão ou gestão deficiente podem acarretar, como: Redução dos recursos naturais disponíveis (como água, energia); Aumento de incidência de doenças infecto contagiosas e respiratórias tendo como vetor resíduos sólidos (geração de pragas), água contaminada, emissões atmosféricas; Entorno de centros industriais que não possuem gestão ambiental local altamente passível de contaminações causando discriminação/ pobreza. Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, 1998), as punições ocorridas nas empresas se devem em grande parte a denúncias da vizinhança e fiscalização devido aos acidentes ambientais, mais destacados na região Nordeste. A importância desse trabalho está na análise do quadro de implementação do SGA no setor moageiro de cacau, empresas de expressão e representatividade no cenário econômico regional, visto que possuem como principal matéria prima o cultivo que tem sido a sustentação da região, o cacau. Para Gomes, Pires e Freire (2006?) aparentemente, a “essência” do sistema agrário regional pouco se alterou, com “dependência” econômica nesta cultura, mesmo após a crise1 do cacau, estando pautada principalmente na monocultura do cacau, muito embora tenha havido aumento na diversificação produtiva na região como o café connilon, a apicultura, a fruticultura, além da criação de gado bovino. 1 Referência à crise no final da década de 80 no setor da atividade cacaueira baiana em decorrência da incidência da doença vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa) em 90 municípios produtores de cacau na Bahia, a expansão da cultura nos países africanos e asiáticos, somado aos altos estoques em poder dos países consumidores dando o poder de ditar os preços e tendências para o setor. 7 Conforme relatório 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região nordeste contempla 66,6% da produção de amêndoas de cacau do Brasil, sendo toda ela representada pela Bahia (sul da Bahia), seguido da região norte com 28,62 % especificamente nos estados de Rondônia, Amazonas e Pará. As regiões Sudeste (Espírito Santo) e Centro-Oeste (Mato Grosso) contribuem com 4,64% e 0,13%, respectivamente. Os principais países moageiros de cacau, segundo relatório do Internacional Cocoa Organization (ICCO, 2005/2006), são os Países Baixos com 470 mil toneladas, cerca de 14% das moagens mundiais, os Estados Unidos com 426 mil toneladas, Costa do Marfim com 360 mil toneladas, Malásia e Indonésia juntas com 147 mil toneladas, Alemanha com 302 mil toneladas e Brasil com 223 mil toneladas, este ocupando a 8ª posição com 6 % da moagem mundial por ano. Tais dados mostram que a Comunidade Européia participa com 42% das moagens, seguida pela América 25 %, Ásia e Oceania com 19 % e África com 15 %, (Quadro 1). 8 Quadro 1 – Moagem do cacau no mundo Moagem de cacau no mundo PAÍSES 2005/2006 (mil ton/ano) 2005/2006 (%) Europa Alemanha Países Baixos Outros África Costa do Marfim Outros América Brasil Estados Unidos Outros Asia e Oceania Indonésia Malásia Outros Total no mundo 1462 302 470 690 507 360 147 856 223 426 207 651 120 250 281 42% 9% 14% 20% 15% 10% 4% 25% 6% 12% 6% 19% 3% 7% 8% 3476 Fonte: Adaptado - ICCO, 2006 O maior parque moageiro do país encontra-se em funcionamento na Bahia. A Figura 1 apresenta as quatro principais empresas moageiras instaladas no sul da Bahia representando 80 % das empresas alocadas no Brasil, e suas respectivas participações no mercado nacional. São: a Cargill Agrícola S.A. com 33%, a Joanes ou ADM Cocoa com 23%, a Barry Callebaut com 22%, a Delfi Cacau com 13%. No estado de São Paulo, está instalada a Indeca com 9% de participação nacional (RIBEIRO, 2006). 9 INDECA DELFI 9% CARGILL 33% 13% BARRY 22% CARGILL JOANES 23% JOANES BARRY DELFI INDECA Figura 1 - Participação das empresas moageiras de cacau no Brasil Fonte: CEPLAC, 2005. Portanto, avaliar o comprometimento do empresariado, as mudanças comportamentais do setor e as possíveis restrições regionais frente a essas empresas quanto às questões ambientais e sua proximidade às normas ISO 14000 constitui um subsídio para que o poder público, empresas privadas e sociedade civil possam atuar de forma contínua para melhoria e preservação das condições ambientais para o setor produtivo regional. 10 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Evolução da questão ambiental Quando se fala do setor industrial, o crescimento desse ramo nas décadas de 40, 50 e 60 não considerava os aspectos relacionados à degradação do meio ambiente, visto que as questões ambientais não faziam parte da estratégia do negócio. Na década de 60, um grupo de cientistas, reunidos no chamado Clube de Roma, utilizando-se de modelos matemáticos, preveniu o mundo dos riscos de um crescimento econômico contínuo baseado em recursos naturais esgotáveis. Nessa 11 década também ocorre o surgimento dos primeiros movimentos ambientalistas, especialmente pelas questões de poluição do ar e da água. Fatos como o lançamento do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson em 1962, que abordava perigos advindos do mau uso de agrotóxicos e conseqüências na cadeia alimentar e meio ambiente, suas 44 edições sucessivas despertam assim os movimentos internacionais sobre a perda da qualidade de vida presentes nessa década. A década de 70 é marcada pela realização da Conferência sobre Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia, em 1972, que colocou a questão ambiental nas agendas oficiais e nos programas das organizações intragovernamentais. Nessa convenção, a postura do Brasil foi em prol do desenvolvimento, demonstrando ser um país aberto sem restrições a instalação de empresas com potencial poluidor. Com o intuito de rotular produtos ambientalmente corretos surge na Alemanha, em 1978, o I selo ecológico, o Anjo Azul. Na Tabela 1 estão os selos de produtos e seus respectivos ano de surgimento e país de origem. São selos que atestam o consumo de produtos fabricados em condições que não degradam o meio ambiente. 12 Tabela 1 – Selos ambientais de produtos SELOS AMBIENTAIS DE PRODUTOS Pais Nome do Programa Data de criação Alemanha Blue Angel 1978 Canadá Environmental Choice 1988 Japão Eco Mark 1989 Estados Unidos Green Seal 1989 Países Nórdicos White Swan 1989 Suécia Good Environmental Choice 1990 Nova Zelândia Environmental Choice 1990 Áustria Austrian Eco-Label 1991 Austrália Environmental Choice 1991 França NF – Environmental 1992 European Union European Flower (Eco-Label) 1992 Fonte : Promanagement Analysis Assesoria LTDA, São Paulo, 2004. Entre as décadas de 70 e 80, grandes acidentes ambientais marcaram o mundo, levando a constatação do progressivo caminho de destruição que o homem havia trilhado. No Quadro 2, mostra-se a evolução dos conceitos relacionados aos temas ambientais por parte das indústrias no que diz respeito a princípios de controle em uma linha de produção, as preocupações ambientais em foco aliadas aos fatos marcantes como aos grandes acidentes ambientais, os profissionais envolvidos nas questões ambientais levando até a multi-disciplinaridade nas mais diversas áreas de formação, as ferramentas ambientais utilizadas no decorrer das décadas de 70, 80, e 90, até chegarmos ao emprego da filosofia da gestão ambiental e a publicação da ISO 14001. 13 Quadro 2 – Evolução dos conceitos relacionado ao meio ambiente frente às indústrias. EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DOS TEMAS AMBIENTAIS FRENTE AS INDÚSTRIAS Década de 70 Filosofia Controle Fim de Linha Princípios de Controle Preocupações Década de 80 Década de 90 Planejamento Reciclagem– Recuperação– Redução Poluição do ar, águas Recursos não renováveis Contaminação de solos Acidentes Profissionais Envolvidos Ferramentas Fatos Marcantes Técnicos de ciências ambientais (biólogos, Geógrafos, etc) Políticos EIA – RIMA Auditorias Análise de riscos Atuação responsável Conferencia de Estocolmo (72) Bhopal (84) Chernobyl (86) Exxon Valdz (89) petróleo Engenheiros Fonte: Promanagement Analysis Assesoria LTDA, São Paulo, 2004. – Gestão Prevenção da poluição Camada de Ozônio Aquecimento Global Biodiversidade Desenvolvimento Sustentável Produtos Advogados Economistas Administradores SGA Selos Ecológicos Avaliação do Ciclo de Vida Conferência Rio de Janeiro (92) ISO 14001 (96) 14 A publicação da ISO 14000 na década de 90, respondeu a uma seqüência de acontecimentos no decorrer da década de 80. Especificamente em 1984, a pedido do Secretário-geral das Nações Unidas, foi criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento para avaliar os avanços do processo de degradação ambiental e a eficácia de políticas ambientais para enfrentá-los. Depois de três anos de estudos, deliberações e audiências públicas, a Comissão publicou suas conclusões num documento intitulado Nosso Futuro Comum ou Relatório de Bruntland. O relatório trata de preocupações, desafios e esforços comuns como: a busca do desenvolvimento sustentável, o papel da economia internacional, população, segurança alimentar, energia, indústria, desafio urbano e mudança institucional. Assim, começou a figurar-se uma estratégia política para sustentabilidade ecológica do processo de globalização e como condição para sobrevivência do gênero humano, através do esforço compartilhado de todas as nações do orbe. Surge aí o termo “desenvolvimento sustentável” que foi definido como “um desenvolvimento que permite satisfazer as necessidades da população atual sem comprometer a capacidade de atender as gerações futuras” (LEFF, 2001). O Relatório de Bruntland oferecia uma perspectiva renovada à discussão da problemática ambiental e do desenvolvimento. Com base nisso foram convidados todos os chefes de Estado do planeta à Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, celebrada no Rio de Janeiro, em 1992, chamada Rio 92. Nesta Conferência foi elaborado e aprovado um programa global, conhecido 15 como Agenda 21, para regulamentar o processo de desenvolvimento com base nos princípios da sustentabilidade (LEFF, 2001). Ações voltadas para a melhoria do meio ambiente surgiram apenas após décadas de degradação, como enfatizado por Leff (2001), que estratégias de apropriação dos recursos naturais no processo de globalização econômica transferiram assim seus efeitos para o campo teórico ideológico. O ambiente foi caindo nas malhas do poder do discurso do crescimento sustentável. Porém, o conceito de ambiente cobra um sentido estratégico no processo político de supressão das “externalidades do desenvolvimento” – a exploração econômica da natureza, a degradação ambiental, a desigual distribuição social dos custos ecológicos e a marginalização social – que persistem apesar da ecologização dos processos produtivos e da capitalização da natureza) devido a pressões de ambientalistas e, especialmente, após a Rio 92. As áreas da saúde, segurança e meio ambiente, passaram a ser vistas com maior atenção pelas indústrias e também pelos governos, organizações não-governamentais (ONG’s) e organismos internacionais. Chiummo (2004) diz que as pressões quanto a melhoria do meio ambiente por meio de cobranças de diversos países solicitando legislações mais severas, fizeram surgir em 1988, o programa Responsible CARE2 criado pela Canadian Chemical Producers Association (CCPA), no Canadá e adotado pela associação 2 Programa com direcionamento ao gerenciamento sob enfoque amplo, compreende segurança das instalações, processos e produtos, e a preservação da saúde ocupacional dos trabalhadores, além da proteção ao meio ambiente, por parte das empresas e ao longo da cadeia produtiva na qual está inserida. O Programa Integra requisitos das normas internacionais ISO 9001, ISO 14001, ISO 16001, OHSAS 18001, e SA 8000 (ABIQUIM, 2006). 16 Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM) com o nome de Atuação Responsável, que tornou-se uma espécie de tábua de salvação para empresas que estavam dispostas a melhorar o desempenho ambiental e responder de forma mais contundente aos anseios da sociedade. Em face das mudanças e crescentes expectativas dos clientes, de fornecedores, do pessoal interno e de seus gestores, a empresa do futuro tem de agir de forma responsável em seus relacionamentos internos e externos. Tachizawa (2006), explica que agir de forma responsável está vinculada a característica de uma rígida postura pelos clientes voltada à expectativa de interagir com as organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado, e que atuem de forma ecologicamente responsável. Nesse contexto, surgem então os novos conceitos de certificação ambiental, gestão ambiental, responsabilidade social e suas respectivas normas de aceitação mundial e adesão voluntária, com iniciativas coletivas como, por exemplo, ISO 14000 e The Global Environmental Management Initiative (GEMI), em Washington, promovidas por entidades independentes e as promovidas por grupos de empresas ou entidades empresariais como o Programa de Atuação Responsável. 17 2.2 Sistema de gestão ambiental As normas do pacote ISO 14000 são normas de adesão voluntária que contém os requisitos para implantação do SGA em uma empresa, podendo ser aplicada a qualquer atividade econômica, fabril ou prestadora de serviços, independentemente de seu porte. Ela promove uma melhoria contínua do desempenho ambiental, por meio de uma responsabilidade voluntária. A internacionalização dos padrões de qualidade ambiental descritos na série ISO 14000 propõe uma mudança de comportamento e de tomada de decisão pelo empresariado. A visão sobre os conceitos de gestão ambiental é predominante em muitas das decisões internas das organizações, considerando que todas as influências provindas do ambiente externo sejam analisadas e tratadas, e seu contexto inclui aspectos de caráter social e político que se somam às tradicionais considerações econômicas. A ISO 14001:2004 descreve os princípios básicos: 18 i) A organização deve concentrar-se no que necessita ser feito – ela deve garantir o seu comprometimento para com o SGA e definir a sua política ambiental; ii) A organização deverá formular um plano para executar a sua política ambiental; iii) Para implantação efetiva, a organização deverá desenvolver as competências e os mecanismos de apoio necessários para que sua política, objetivos e metas ambientais sejam alcançados; iv) A organização deverá medir, monitorar e avaliar o seu desempenho ambiental; v) A organização deverá rever e continuamente aperfeiçoar o seu SGA, com o objetivo de aprimorar o seu desempenho global. Elkington e Burke (1989, apud DONAIRE, 1999), colocam que os dez passos necessários para a excelência ambiental são os seguintes: 1. Desenvolva e publique uma política ambiental; 2. Estabeleça metas e continue a avaliar ganhos; 3. Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do pessoal administrativo; 4. Divulgue interna e externamente a política, os objetivos, metas e responsabilidades; 5. Obtenha recursos adequados; 6. Eduque e treine seu pessoal e informe os consumidores e a comunidade; 7. Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios; 8. Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental; 19 9. Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em pesquisa e desenvolvimento aplicada à área ambiental; 10. Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc. Diversos conceitos sobre gestão ambiental empresarial são definidos por muitos autores. Para os autores Tinoco e Kraemer (2004), por exemplo, definem gestão ambiental como um conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma organização, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente. Consiste, essencialmente, no planejamento de suas atividades, visando à eliminação ou minimização dos impactos ao meio ambiente, por meio de ações preventivas ou medidas mitigadoras. Segundo Barbieri (2004), SGA é um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar os problemas ambientais atuais ou para evitar o seu surgimento. Maimon (1999) define a gestão ambiental como um conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma organização na sua interface com o meio ambiente. É a forma pela qual a empresa se mobiliza, interna e externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada. O SGA é definido por D´Avignon (1996), como um conjunto de procedimentos para gerir ou administrar uma empresa, de forma a obter um melhor relacionamento com o meio ambiente. Sendo, a alta direção da empresa, responsável por definir o seu compromisso com as questões ambientais. Outro passo importante é a avaliação da empresa com o meio ambiente. 20 Um SGA prevê ordenamento e consistência para que as organizações abordem suas preocupações ambientais, através da alocação de recursos, definição de responsabilidades e avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos (NBR ISO 14004, 1996). Um SGA lineariza e sistematiza caminhos, atividades e responsabilidades e ações para monitoramento de ações e reações dentro de uma empresa norteando para novos rumos e aperfeiçoamento. Com isso segundo North (1997, apud BARBIERI, 2004), a gestão ambiental pode proporcionar os seguintes benefícios estratégicos: a) melhoria da imagem institucional; b) renovação do portifólio de produtos; c) produtividade aumentada; d) maior comprometimento dos funcionários e melhores relações de trabalho; e) criatividade e abertura para novos desafios; f) melhores relações com autoridades públicas, comunidade e grupos ambientalistas ativistas; g) acesso assegurado aos mercados externos; e h) maior facilidade para cumprir os padrões ambientais. A NBR ISO 14004 (1996) aponta que Podem ser obtidos benefícios econômicos com a implementação de um SGA. É recomendado que estes sejam identificados de forma a demonstrar às partes interessadas, sobretudo aos acionistas, o valor de uma boa gestão ambiental para a organização. Isto também concede à organização a oportunidade de ligar objetivos e metas ambientais e resultados financeiros específicos, assegurando, assim, que os recursos estejam disponíveis onde possam oferecer maiores benefícios em termos financeiros e ambientais. 21 Winter (1992, apud DONAIRE, 1999) aponta seis razões principais pelas quais um gerente responsável deveria aplicar o princípio da gestão ambiental em sua empresa: a) sem empresas orientadas para o ambiente, não poderá existir uma economia orientada para o ambiente - e sem esta última não se poderá esperar para a espécie humana uma vida com o mínimo de qualidade; b) sem empresas orientadas para o ambiente, não poderá existir consenso entre o público e a comunidade empresarial – e sem consenso entre ambos não poderá existir livre economia de mercado; c) sem gestão ambiental da empresa, esta perderá oportunidades no mercado em rápido crescimento e aumentara o risco de sua responsabilização por danos ambientais, traduzida em enormes somas de dinheiro, pondo desta forma em perigo seu futuro e os postos de trabalho dela dependentes; d) sem gestão ambiental da empresa, os conselhos de administração, os conselhos executivos, os chefes de departamento e outros membros do pessoal verão aumentada sua responsabilidade em face de danos ambientais, pondo assim em perigo seu emprego e sua carreira profissional; e) sem gestão ambiental da empresa, serão potencialmente não aproveitadas muitas oportunidades de redução de custos; f) sem gestão ambiental da empresa, os homens de negócios estarão em conflito com sua própria consciência – e sem auto-estima não haverá existir verdadeira identificação com o emprego ou a profissão. 22 Assim, com o objetivo de promover uma melhoria contínua no comportamento ambiental, as empresas utilizam o instrumento Sistema de Gestão Ambiental, que pode ser aplicado em qualquer empresa independente do seu porte e setor de produção com objetivos estratégicos relacionados com oportunidades mercadológicas de mercado atual ou futuro, interesse da opinião pública, bem como controles voltados para práticas de controle e prevenção da poluição. 2.3 O modelo de gestão ambiental conforme a serie NBR ISO 14000 Os Sistemas de Gestão Ambiental atuais tiveram suas origens com o desenvolvimento de sistemas de qualidade. Essa ferramenta de gestão possibilita a uma organização de qualquer dimensão ou tipo controlar o impacto das suas atividades no ambiente. Para efeitos de certificação, a NBR ISO 14001 (2004) estabelece requisitos e especificações para o SGA conforme seção quatro da referida Norma, a saber: • Requisitos gerais • Política ambiental • Planejamento - Aspectos ambientais 23 - Requisitos legais e outros - Objetivos e metas - Programa(s) de gestão ambiental • Implantação e operação - Estrutura e responsabilidade - Treinamento, conscientização e competência. - Comunicação - Documentação do SGA - Controle de documentos - Controle operacional - Preparação e atendimento a emergências • Verificação e ação corretiva - Monitoramento e medição - Não conformidade e ações corretivas e preventivas - Registros - Auditorias do SGA • Análise crítica pela alta administração 24 No cumprimento desses requisitos, a aplicação de instrumentos convencionais para fins de qualidade e produtividade do modelo de gestão adotado utiliza-se o ciclo do PDCA (Plan – Planejar a implantação e operação; Do – fazer a verificação e efetuar a ação corretiva; Check – Checar a ação tomada e finalmente análise crítica, ação – action) – na qual também se baseia o modelo de SGA da família ISO 14000, análise de falhas, diagrama de causa e efeito, manutenção preventiva, cartas de controle, listas de verificação, entre outros, como ferramentas para o Sistema de Gestão Ambiental - SGA (BARBIERI, 2004). 2.3.1 Política ambiental A política ambiental estabelece princípios do empresariado às partes interessadas3, é um documento formal que expressa os compromissos da instituição com o meio ambiente. Ela é definida pela alta direção ou norteada em princípios de legislação local. Em muitos casos na política da organização constam as responsabilidades frente às questões ambientais além da visão, missão e valores da empresa, 3 A ISO 14004:1996 define parte interessada como sendo indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma organização. 25 declaração da busca da melhoria contínua, prevenção da poluição princípios norteadores, conformidade com os regulamentos internos e legais pertinentes a organização. A política ambiental das organizações deve ser considerada pelas organizações como uma declaração de seu comprometimento com as questões ambientais, devendo também: • Estar disponível para as partes interessadas, quando requisitado. • Ser comunicada de forma apropriada, internamente para todos os funcionários da empresa e para todos os terceiros que trabalham dentro ou para a empresa (manutenção terceirizadas, jardineiros, seguranças, funcionários em trabalho temporário, etc). • Ser entendido por todos os funcionários e terceiros temporários ou não. • Ser complementada com questões/ aspectos específicos da localidade na qual está instalada. • 2.3.2 Estar assinada pela alta gerência da corporação. Planejamento 26 O planejamento estratégico da organização é de extrema importância para que a empresa possa prever com a planificação de ações o cumprimento de sua política ambiental. Um bom planejamento pode garantir uma implementação de SGA de forma transversal ramificada para todos os setores da organização. Os processos de mudança requerem inicialmente uma sensibilização em todos os níveis tendenciando à cooperação voluntária dos funcionários aos temas ambientais, viabilizando de maneira mais efetiva a execução de todos os passos. Nessa fase o levantamento aproximado das necessidades futuras, minimiza possíveis entraves de mão de obra e/ou recursos. 2.3.2.1 Aspectos ambientais Deve ser realizado o diagnóstico da situação ambiental presente que possibilita estabelecer o registro e a avaliação dos aspectos ambientais da atividade e também definir um gerenciamento para aqueles que forem julgados significativos: Esse gerenciamento inclui: 27 • A definição e implementação de controles operacionais (como por exemplo, novos investimentos, adequações físicas, estabelecimentos de instruções operacionais/ estabelecimento de novas boas práticas). • A indicação dos potenciais de programas ambientais para a empresa. • A indicação da necessidade de treinamentos adequados e suas reciclagens • A indicação de Planos de Emergência Na maioria dos casos quando os aspectos ambientais são levantados é necessário uma análise mitigadora dentro do conceito de impacto ambiental com os respectivos planos de ação. 2.3.2.2 Requisitos legais Compreende o registro e a atualização contínua de requisitos legislativos e regulamentares relevantes à empresa, especialmente os relacionados às licenças (de operação, outorgas, etc), os compromissos assumidos com a comunidade e as diretrizes da empresa para as suas atividades. As atualizações significativas deverão ser comunicadas a todas as partes relevantes, incluindo empregados e contratados que estejam relacionados a essas mudanças. 28 É indicado que exista ferramenta eletrônica para registro das legislações bem como evidência objetiva de seu cumprimento. 2.3.2.3 Objetivos e metas É recomendado que sejam estabelecidos objetivos para manter a política ambiental da organização. Consiste no planejamento do gerenciamento ambiental de forma a estabelecer e manter programas nos departamentos/setores para atingir os objetivos ambientais propostas pela organização, dentro de um tempo definido. 2.3.2.4 Programas de gestão ambiental A ISO recomenda que dentro do planejamento geral das atividades, uma organização estabeleça um programa de gestão ambiental que aborde todos os seus objetivos ambientais. Podendo ser estabelecidos da seguinte forma: • Programas específicos como, por exemplo, os relacionados aos aspectos ambientais e os impactos resultantes da empresa e do local na qual está instalada (relacionados à redução do uso de recursos naturais - energia, água, combustível e matérias primas - e minimização da geração de 29 resíduos líquidos, sólidos e gasosos), baseados nas indicações do levantamento de aspectos ambientais; ou • Objetivos ambientais específicos da empresa. Para esses programas é importante estabelecimento de metodologia para acompanhamento dos indicadores. 2.3.3 Implantação e operação Ë importante o desenvolvimento de capacitação e mecanismos de apoio necessários para implementação do SGA, podendo garantir uma implementação e operação de forma mais ágil. 30 2.3.3.1 Estrutura e responsabilidade A definição da estrutura organizacional que se responsabilize pela implementação e gerenciamento do sistema de gestão ambiental com pessoal qualificado conduzindo a garantia e a sustentabilidade do referido sistema. 2.3.3.2 Treinamento É um processo contínuo e sistemático de fundamental importância que visa capacitar e desenvolver os funcionários para que a Empresa possa atender seus objetivos. Os registros dos treinamentos necessitam ser formalizados e após certificar que os treinandos estão habilitados. A conscientização e sensibilização das questões ambientais em todo o corpo da empresa é uma questão que envolve valores e é ainda um campo de demasiados estudos em prol de uma sensibilização em todos os níveis hierárquicos. 31 2.3.3.3 Comunicação Faz-se necessária à existência de procedimentos operacionais para sistematizar o envio e recebimento de informações interna e externamente, com definição do meio de comunicação a ser utilizado, a quem será direcionada os respectivos avisos, o público alvo a ser atingido, a freqüência de uso da ferramenta, a publicação de avisos internos e externos e as responsabilidades direcionadas com determinado tipo de informação, atendendo o organograma da empresa. A comunicação Interna deve ser sistematizada de modo a atingir todos os níveis da empresa, sua aplicabilidade local e a outras áreas da empresa fazendo também a utilização de ferramentas como, por exemplo: campanhas de conscientização, relatórios ambientais, cadernos e outros documentos impressos, apresentações, intranet. Na comunicação externa é necessário existir uma sistemática de fluxo de informações entre a empresa e as partes interessadas nos assuntos ambientais buscando/coletando informações demandada por eles, em especial sobre a performance da empresa, através de: • Respostas às partes interessadas, o que deve incluir a recepção, documentação, tratamento e resposta às comunicações recebidas; 32 • Apresentações sobre a performance da empresa, entre outros assuntos de interesse; • Relacionamento com o governo local, administrações e instituições selecionadas (inclui-se aqui participação em fóruns, grupos de discussão e etc); • Patrocínio ambiental e programas de conscientização e educação ambiental. É de extrema relevância que os procedimentos e requerimentos aplicáveis a empresa seja comunicado aos fornecedores e contratados, no intuito de informar, e/ou sugerir, e/ou tendenciar o alinhamento de ações entre contratado e contratante no que diz respeito aos conceitos de gestão ambiental. 2.3.3.4 Documentos do SGA De acordo com a NBR ISO 14004: 1996, recomenda-se que os processos e procedimentos operacionais do SGA sejam definidos e adequadamente documentados e, quando necessário, atualizados. E ainda que a existência de uma documentação contribui para conscientizar os empregados sobre o que é necessário para atingir os objetivos ambientais da organização e permitir a avaliação do sistema e do desempenho ambiental. 33 2.3.3.5 Controle operacional O monitoramento da qualidade ambiental através do estabelecimento de pontos de controle são necessários para o acompanhamento de parâmetros relacionados aos aspectos ambientais significativos. Os controles operacionais são atribuídos a atividades de rotina ou de gestão diária acerca de atividades que influem de alguma maneira nas variáveis ambientais, a exemplo: medição de índice de dióxido de carbono em caldeiras ou chaminés, monitoramento de parâmetros diários de efluentes líquidos, inspeções de locais de armazenamento de produtos químicos ou inflamáveis etc. 2.3.3.6 Preparação e atendimento de emergências É importante que a organização defina procedimentos de contingência em casos de acidentes e/ou incidentes que venham a afetar o meio ambiente. Devem 34 englobar os procedimentos eficazes para minimizar os efeitos ambientais quando da ocorrência de uma situação de emergência. A análise deve considerar as seguintes possibilidades: • Incêndio • Vazamentos • Explosão • Enchentes • Acidentes • Danos propositais. Os procedimentos de emergência devem estar disponíveis em locais de fácil acesso e consulta especialmente em áreas com potenciais riscos de ocorrência de situações adversas, além da necessidade de treinamentos teórico e simulações. 2.3.4 Verificação e ação corretiva A empresa nessa fase deverá fazer uma revisão programada dos seus indicadores de performance, observando o atingimento dos objetivos e das metas, e adotando medidas de correção quando aplicáveis. 35 2.3.4.1 Monitoramento e medições O contínuo monitoramento reforça a ação preventiva, diminuindo o número de ações corretivas. Eles devem ser registrados e serem de fácil acesso para rastreabilidade do próprio sistema. 2.3.4.2 Não conformidades e ações corretivas e preventivas Deve ser adotada uma sistemática de acompanhamento, com freqüência mínima estabelecida, das ações corretivas propostas e validadas nas diversas ferramentas do Sistema. Esta sistemática deverá ser documentada. 36 2.3.4.3 Registros Os registros são formulários ou documentos nos quais se registram os dados obtidos, constatações, observações, etc. Os registros deverão contemplar no mínimo: • Relatório ambiental interno periódico incluindo os resultados do monitoramento ambiental e comentários de seu progresso, a situação dos Indicadores Ambientais, resultados das auditorias, comunicação com o externo (partes interessadas), status de conformidade legal, os objetivos propostos e metas alcançadas, prêmios recebidos, entre outros pontos. • Relatório das Auditorias Ambientais; • Soluções de problemas que podem se repetir no futuro. 37 2.3.4.4 Auditorias de SGA Auditoria Ambiental consiste na etapa de auditar o SGA. Nessa fase o compromisso da empresa em formar auditores e preparar auditados para que seja possível descrever de maneira criteriosa a situação do sistema. Embora, essa leitura apresente uma situação pontual, mas que possa levantar pontos passíveis de melhoria e traçar um plano de ação a longo ou curto prazo com a definição de responsabilidades, o que fazer, como fazer e quando fazer, fechando o círculo com a apresentação do relatório de auditoria. E de relevante utilidade quando na auditoria os auditores indicam, sugerem ou recomendam ações a serem seguidas, facilitando assim planos futuros para a alta direção disponibilizar recursos (se cabível), treinar funcionários, modificar operações etc. Nessa etapa a avaliação através de auditoria uma inspeção por meio de auditoria em fornecedores, recicladores e até em parte ou toda a cadeia produtiva oferece um mapeamento da situação do universo que a empresa se encontra propiciando um levantamento prévio do comportamento ambiental direcionando a tomada de ações legalmente corretas ou na busca da melhoria das condições atuais. No Brasil, a busca pela certificação de acordo com a norma NBR ISO 14001, o incremento e rigor da legislação ambiental e a determinação da realização de auditorias ambientais por alguns Estados como Santa Catarina, Paraná, Rio de 38 Janeiro, Espírito Santo, Ceará e Amapá e, para alguns segmentos, em nível federal, como, por exemplo, portos, terminais marítimos e atividades de exploração e produção de petróleo, levaram as auditorias ambientais a fazerem parte do cotidiano das empresas (CANTARINO, 2003). Um exemplo brasileiro acerca de legislação compulsória podemos verificar com a legislação do estado do Paraná, através da Lei Estadual 13.448 de 14 (quatorze) de janeiro de 2002, que criou e disciplinou a realização de Auditoria Ambiental Compulsória pelas empresas com potencial poluidor e degradador do meio ambiente, bem como em razão do Decreto nº. 2.076/2003 que a regulamenta, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), no dia 10 de março de 2005, fez publicar a Portaria nº. 49/2005. Dita a Portaria, em linhas gerais, além de determinar e disciplinar a realização da aludida auditoria, visa, dentre outros aspectos, a criar e garantir medidas de segurança e de proteção do meio ambiente, da saúde humana, de minimização dos impactos negativos e recuperação ambiental, de capacitação dos responsáveis pela operacionalização dos sistemas e demais aparatos necessários a essas finalidades. Em termos de regulamentação específica, a ordenação emanada do IAP estabelece que a Auditoria Ambiental Compulsória deverá ser realizada periodicamente, com intervalo máximo e impreterível, entre a primeira e a próxima, de 4 (quatro) anos. Oliveira et al. (2005) retratam a relevante atenção acerca da legislação em vigor no Estado do Paraná, tendo em vista a severidade das penalidades pelo não atendimento as legislações em vigor. A portaria exige que sejam realizadas auditorias em empresas, inicialmente naquelas que apresentam maior potencial poluidor (refinarias, parques de estocagem de substâncias tóxicas, instalações de 39 tratamento de produtos perigosos, hospitalares, curtumes etc), e numa segunda fase, a partir de 1º de janeiro de 2006, as citadas exigências será ampliado a todas as atividades independentemente do número de funcionários e de qualquer outra condicionante lá prevista. A primeira auditoria deverá ser realizada até dia 30 de junho de 2005 e encaminhamento do relatório ao IAP até 30 de setembro de 2005. Além disso, as empresas tiveram que encaminhar até 30 de dezembro de 2005 um plano de correção das não conformidades levantadas pela auditoria. A referida auditoria deverá ser realizada por equipe qualificada, independente da auditada indicada pelo IAP. Dos exercícios posteriores poderão ser realizados por equipe própria da auditada. O relatório final da auditoria deverá estar disponível às partes interessadas, por meio de publicação em jornal e as partes poderão se manifestar ao IAP no prazo de 15 dias. As penalidades do não cumprimento acarretam penas de impedimento da renovação de licença ambiental de operação junto ao IAP, além de outras medidas punitivas mais sérias, tais como a interdição da atividade e, até mesmo, eventual cassação do citado licenciamento. Um aspecto muito relevante dessa legislação aplicável ao estado do Paraná é a cadeia de ações integradas que amarram o círculo desde a realização das auditorias condicionadas as expedições de licenças ambientais e multas, além de requerer ao auditado apresentação de um plano de ação para o que for detectado. Tal exercício é de relevante importância para que as empresas enquadradas sistematizem suas avaliações com conseqüente planejamento de ações corretivas, trazendo benefícios para todas as partes. 40 2.3.5 Análise crítica A alta administração, tendo como base auditorias ou exames periódicos de índices de desempenho, realiza uma análise crítica para assegurar sua contínua adequação e eficácia quanto ao seu desempenho global ambiental. A NBR ISO 14000 (1996) recomenda que a análise crítica inclua: • Análise de objetivos e metas; • Constatações das auditorias do SGA; • Avaliação da sua eficácia • Avaliação da adequação da política ambiental e da necessidade de alterações à luz da: - mudanças na legislação; - mudanças nas expectativas e requisitos das partes interessadas; - alterações nos produtos ou atividades da organização; - avanços científicos e tecnológicos; - experiências adquiridas de incidentes ambientais; 41 - preferências do mercado; - relatos e comunicações. O sistema de gestão ambiental baseado na ISO 14001, como instrumento voluntário é um sistema linear, ou seja, pontual e direcionado, mas pode apresentar reflexos mais profundos que a sua proposta, como o alinhamento com a inovação tecnológica e o que vai além do ambiente da empresa. Bogo (1998) ainda diz que pode significar uma mudança de comportamento frente ao meio ambiente em termos de responsabilidade de consciência podendo contribuir na formação da “ética ambiental”. 2.4 Os sistemas de gestão integrados e responsabilidade social Observa-se uma mudança significativa que está ocorrendo no ambiente das organizações empresariais, nos mercados, e envolve aspectos relacionados à gestão ambiental é a responsabilidade social e os sistemas de gestão integrados. 42 2.4.1 Responsabilidade social: SA 8000 A SA 8000 é a primeira norma internacional de responsabilidade social auditável e que é credenciada pela Social Accountability International (SAI) com sede em Nova Iorque, publicada pela primeira vez em Outubro de 1997. Trata-se de um padrão normativo com base em desempenho e que foi modelado a partir das consagradas normas ISO 9000 e ISO 14000. A norma concretiza o conceito de que o compromisso com a área social não é apenas um incremento, mas uma característica tão essencial quanto à preservação do meio ambiente ou a prevenção de acidentes internos, no fortalecimento da reputação da empresa (IVO, 2002). Apesar de um número ainda reduzido de certificações de terceira parte em todo o mundo (em torno de 100 empresas certificadas), a responsabilidade social ganha cada vez mais destaque, face à importância do papel que desempenham as variáveis intangíveis de composição do capital das empresas (IVO, 2000). Tal entendimento projeta um novo quadro de reavaliação dos diversos componentes de um sistema de gestão de qualquer negócio que esteja inserido com possibilidades de êxito no mercado globalizado. Ter a possibilidade de demonstrar essa responsabilidade social para todas as partes interessadas, de forma inequívoca e com credenciamento internacional faz da SA 8000:2001 uma ferramenta que agrega valor ao relato do desempenho social das empresas e que possibilita a melhoria contínua das condições de trabalho em nível global (IVO, 2002). 43 Tendo por base várias normas internacionais existentes sobre direitos humanos - Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas e Convenção das Nações Unidas pelos Direitos da Criança e as convenções e recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - a SA 8000 oferece condições padronizadas transparentes, mensuráveis e verificáveis para se certificar o desempenho de empresas em nove áreas essenciais: Trabalho Infantil / Trabalho Forçado / Saúde e Segurança / Liberdade de Associação / Discriminação / Práticas Disciplinares / Horário de Trabalho / Sistemas de Remuneração / Sistemas de Gestão. A SA 8000 baseada em princípios internacionais sobre os direitos humanos adota as seguintes premissas: a) Que o emprego seja por livre escolha; b) Que haja liberdade de associação e o direito à negociação coletiva; c) Que as condições de trabalho sejam seguras e higiênicas; d) Que não se utilize o trabalho infantil; e) Que salários dignos sejam pagos; f) Que as horas de trabalho não sejam excessivas; g) Que não existam discriminações; h) Que o emprego regular seja garantido; i) Que não se permita qualquer tratamento desumano (abuso físico, sexual, mental, assédio ou intimidação) (IVO, 2000). Esses códigos de ética são os resultados de uma abordagem colaborativa e proporciona uma oportunidade de avanços significativos nas empresas que se preocupam em desempenhar seu trabalho respeitando preceitos sociais, ambientais além de econômicos, realizados em consonância com as de normas de trabalho 44 internacionalmente reconhecidas, em particular os direitos humanos fundamentais, através de todas as cadeias globais de fornecimento, enfatizando o impacto das atividades das empresas para os agentes com as quais interagem: empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governo e comunidade fundamentando-se na responsabilidade social. A SA 8000:2001 abrange conceitos de linearidade de ações, no escopo das obrigações e posturas a serem adotadas em uma empresa em relação às terceiras partes com as quais se relacionam, os fornecedores e subcontratados são tratados como equivalentes funcionais, portanto, requerendo o mesmo nível de controle. Também estende a responsabilidade da empresa, quando apropriado, em relação aos sub-fornecedores. Segundo Tinoco e Kraemer (2004) o tema responsabilidade social integra-se ao da governança coorporativa, ou seja, com a administração das relações contratuais e institucionais estabelecidas pelas companhias e as medidas adotadas para o atendimento das demandas e dos interesses dos diversos participantes envolvidos. As organizações têm a prioridade de criar poder aquisitivo, direta e indiretamente, para as comunidades, uma vez que geram empregos, e ainda influenciam na qualidade de vida das pessoas com oferta de produtos e serviços (VASCONCELOS, 2001). Tal conceito está também inserido no contexto de mercado justo, que alia o benefício econômico, os direitos dos trabalhadores e o respeito pelo meio ambiente. 45 Assim, partindo de pesquisas prévias concernentes à indústria regional, instrumentos de pesquisa (listas de verificação e questionários de avaliação) foram adotados os seguintes documentos como referência: NBR ISO 14001 Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e diretrizes para uso; NBR ISO 14004 Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais sobre princípios e técnicas de apoio; NBR ISO 14015 Gestão Ambiental – Avaliação Ambiental de Locais e Organizações (AALO); NBR ISO 14031 Gestão Ambiental – Avaliação de Desempenho Ambiental; SA 8000 – Responsabilidade Social, para execução da referida pesquisa. 2.4.2 Sistemas de gestão integrados A tendência para adoção de sistemas de gestão integrados é fruto de um entendimento e inovação que as questões ambientais em todos os segmentos da indústria não pode apresentar soluções direcionadas, mas envolve todas as áreas do universo empresarial, ou seja, dos agentes que interagem na cadeia de fornecimentos em busca do aperfeiçoamento contínuo. O Sistema de gestão integrada (SIG) apresenta uma versatilidade na apresentação de produtos, serviços e processos voltados à busca da excelência empresarial. Milhares de empreendimentos em todo o mundo, que possuem certificação por meio de normas da série ISO e até mesmo aquelas que não as possuem, estão 46 descobrindo que os seus sistemas de gestão da qualidade também podem ser utilizados como base para o tratamento eficaz das questões relativas ao meio ambiente, à segurança, e à saúde no trabalho (CHIUMMO, 2004). Embora existam semelhanças entre a maioria dos códigos de ética adotados pelas empresas, cumpre destacar a dificuldade por parte das empresas em monitorar de maneira confiável seus próprios códigos. Seja pela inerente complexidade do tema, seja pela hierarquia de prioridades que prevalece nas empresas. Quando uma empresa já possui outros sistemas de gestão (qualidade, meio ambiente, saúde e segurança, etc.) pode haver uma inclinação maior pelo cumprimento dos requisitos previstos nestes outros sistemas, em detrimento da gestão social dentro da empresa. Segundo Tachizawa (2006) a adoção de modelos de gestão ambiental e de responsabilidade social é um reconhecimento formal de que a conservação ambiental é integrante de suas atividades, de forma que as decisões que governam o planejamento, a construção de novos empreendimentos, a operação (sujeita às influências das variáveis ambientais e interagindo com stakeholders que são seus diferentes públicos - clientes, fornecedores, empregados, acionistas e comunidade local), a manutenção das instalações, as estruturas existentes e até mesmo atividades administrativas, ocorram em conformidade com os modernos conceitos de desenvolvimento sustentável e qualidade ambiental. Assim, devido a uma sinergia entre as normas (ISO 14001, 14004, Bristish Standards Institution (BSI) - BS 8800, Occupacional Health and Safety Assessment (OHSAS) 18001, 18002 e a SA 8000) e as questões que nela são tratadas, observase a tendência para tratar em conjunto as questões relativas à saúde, segurança, 47 meio ambiente, qualidade e responsabilidade social, resultando a criação de sistemas integrados que se distinguem quanto no atendimento das questões legais, aspectos, controles operacionais. Mas, mantendo em comum com respectiva correspondência num mesmo nível operacional quando na gestão de documentos, registros, treinamento, análise crítica etc, propiciando assim tomadas de ações com uma visão sistêmica do conjunto. O Programa Responsible Care é um exemplo desse tipo de sistema de gestão integrado, adotado atualmente por 40 países, de caráter voluntário que está baseado em princípios diretivos, códigos e práticas gerenciais, comissões de lideranças empresariais, conselhos comunitários consultivos, avaliação de progresso e difusão na cadeia produtiva. No Brasil, a ABIQUIM é responsável pela sua implementação e recebe o nome de Atuação Responsável. Quando foi implantado no Brasil em 1992, era um programa de adesão voluntária, mas a partir de 1998, ele se tornou obrigatório para todas as empresas associadas à ABIQUIM, como ocorre em todos os outros países que o adotaram (BARBIERI, 2004). A mudança de sistemas de gestão isolados para sistemas de gestão integrados pelo uso da ferramenta tecnologia da informação, tem se dado de maneira pulsante e de importante relevância para o mercado internacional e toda a cadeia produtiva dos setores e devem influenciar a elaboração de leis e regulamentos. 48 2.5 A legislação e a gestão ambiental no Brasil A Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, foi a precursora / geradora da maior parte do que atualmente compõe o sistema brasileiro de gestão ambiental (DIAS, 2004). Senise (2006), explica de forma realista da temática quando sustenta que o processo de preservação do meio ambiente por meios legais que se deu em sentido “contra-corrente” já que a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) foi instituída, por lei, em 1999, ou seja, onze anos depois da Constituição, em 1988 e 10 anos depois da lei de Crimes que deu vida às penalidades ambientais. Mas, deixaram em último plano a capacitação técnica e infra-estrutura necessária para a compreensão da razão dessas penalidades, onde a educação é destinada ao esquecimento. Assim foi com o pau-brasil, cuja proteção foi tentada por meio de Regimento, de 12 de dezembro de 1605 e quatrocentos anos depois a necessidade de estar atento a sustentabilidade já que essa é inviável se o engajamento da sociedade não é alcançado por meio da lei. A fragilidade na aplicabilidade da lei, o insuficiente quadro de agentes fiscalizadores, os favorecimentos e a lassidão na aplicabilidade dos meios legais favorece os níveis de degradação ambiental no Brasil tenderem alcançar altos níveis. 49 No Brasil, a gestão do meio ambiente caracteriza-se pela desarticulação dos diferentes organismos envolvidos, pela falta de coordenação e pela escassez de recursos financeiros e humanos para o gerenciamento das questões relativas ao meio ambiente. Essa situação é o resultado de diferentes estratégias adotadas em relação à questão ambiental no contexto do desenvolvimento econômico do Brasil, como enfatiza Monteiro (1981) ao afirmar que a economia brasileira, desde os tempos coloniais, caracterizou-se historicamente por ciclos que enfatizavam a exploração de determinados recursos naturais. Goldemberg & Barbosa (2004), em seu artigo dizem que um dos desafios atuais do Brasil, no que diz respeito à questão ambiental, consiste na legitimação das Leis, ações e políticas ambientais, junto aos outros países, ao setor produtivo e a sociedade como um todo; e devem ser entendidos como instrumentos institucionais a serviço do bem coletivo, da preservação do meio ambiente e a conseqüente melhoria da qualidade de vida. Segundo Poter e Van der Linde (1999, apud BARBIERI, 2004) regulamentações adequadas podem estimular o surgimento de inovações que reduzem os custos ambientais e permitem o uso mais eficiente dos recursos, contrariando a visão predominante que proclama a existência de um antagonismo irreconciliável entre economia versus ecologia. A expressão gestão ambiental aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relativas a qualquer tipo de problema ambiental. Na sua origem estão as ações governamentais para enfrentar a escassez de recursos. Qualquer proposta de gestão ambiental inclui no mínimo três dimensões: 50 a) A dimensão espacial que concerne à área na qual se esperam ações de gestão que tenham eficácia; b) A dimensão temática que delimita as questões ambientais às ações que se destinam; e c) A dimensão institucional relativa aos agentes que tomaram as iniciativas de gestão (BARBIERI, 2004). Segundo Müller (2000, apud LAGES e LOPES, 2003), a sustentabilidade mostrase como um princípio cuja realização implica na ação coletiva e na organização de conjuntos estabilizadores de expectativas, as instituições, o que pressupõe algum tipo de diretriz, de plano ou planejamento. Tal plano deve envolver a esfera pública (estatal e não-estatal), bem como a esfera privada da sociedade, direta ou indiretamente relacionadas com o objetivo. A primeira empresa brasileira a ser certificada pela ISO 14001 (1996) foi a Bahia Sul Celulose, que, para conseguir a certificação, investiu US$ 950 mil em três anos (treinamento dos funcionários, novos equipamentos de medição e modificações no processo de produção). Um ano após a certificação, a empresa tinha economizado US$ 1milhão com a redução dos gastos com energia, água e matérias primas, além de reduzir gastos com o tratamento de um menor volume de resíduos gerados. A Gessy Lever, em São Paulo, implantou um sistema de gestão ambiental com ênfase na minimização da geração dos efluentes, o resultado foi: em 1995, o volume de efluente tratado despejado no rio Jundiaí, era de 52 litros de efluente por tonelada de detergente produzido. Em 1997 este volume já tinha sido reduzido para 0,7 litros por tonelada e em 2002, conseguiram fechar o ciclo: efluente zero (LEMOS e CASTRO, 2002). Verifica-se, portanto, que os resultados positivos no sentido de 51 atingir redução de custos através de Sistemas de Gestão Ambiental podem ser consideráveis No Brasil são 756 empresas com certificados ISO 14001 válidos por padrão normativo. As certificações são realizadas por organismos de Certificação de Sistemas, ou seja, são instituições acreditadas (credenciadas) pelo Instituto Nacional de Metrologia e Normalização de Qualidade Industrial (Inmetro) (INMETRO, 2006). O Brasil possui trinta e duas unidades de negócios na indústria de transformação no ramo de produtos alimentícios, alimentos, bebidas e fumo que possui certificação ISO 14001: 2004, sendo uma que atua na atividade de produção de chocolate, derivados do beneficiamento de cacau em amêndoas (INMETRO, 2006). O Estado da Bahia possui vinte e quatro empresas com certificação ISO 14001: 2004 com cinqüenta e seis certificados, sendo assim que uma mesma empresa certifica mais de um tipo de atividade. Entretanto, não existe certificação ISO 14001 para empresas no ramo de alimentos e bebidas no Estado da Bahia (INMETRO, 2006). 52 Como mostra a Figura 2, o maior percentual de certificações no Estado da Bahia, está no ramo de indústria de transformação e equipamentos de transporte, ou seja, empresas que atuam na fabricação e manipulação de produtos químicos, empresa de tratamento de água, fertilizantes e petróleo. Com 7% do total de certificações no Estado estão as empresas que realizam perfuração de poços e beneficiamento de celulose; o ramo de construção com duas empresas. O setor de transbordo, transporte e aterro de lixos urbanos e resíduos industriais perfaz 4% do total de empresas certificadas e com 2% na atividade de manipulação de produtos farmacêuticos. 53 7% Atividades de Serv.Sociais Comunitários e Serv. Pessoais - Outras. Atividades Imobiliárias; Locações e Prestação de serviços 4% Agricultura Pecuária , Caça, Silvicultura 7% Comércio; Conc. de veículos auto; bens de pessoais e domésticos 2% 4% Construção 68% Ind. de Transformação Equipamento de transporte 9% Ind. de Transf. - Celulose, Papel, Papelão e Prod.; Edição e Impressão Figura 2 – Empresas com certificação ISO 14001: 2004 instaladas no Estado da Bahia Fonte: Adaptado INMETRO, 2006. 54 Assim, a comunidade industrial tem despertado um interesse para a certificação nas atividades que apresentam um maior potencial poluidor em decorrência das pressões comerciais e das partes interessadas. Despertando em paralelo os legisladores ao surgimento de leis mais restritivas que segundo Porter (1990), uma política ambiental rigorosa estimula as empresas a adotar posturas inovadoras ofensivas. Muito embora, seja necessário a criação em conjunto de instrumentos para colocá-las em prática. 2.6 Casos de avaliação do SGA no Brasil e no estado da Bahia Alguns resultados da pesquisa sobre Competitividade da Indústria Brasileira, realizada por CNI, SEBRAE e BNDES em 2001, com 1.158 empresas em 16 estados apontou que os Investimentos realizados em gestão, controle e melhorias operacionais e tecnológicas otimizaram a utilização de insumos (redução de emissão de poluentes do ar e melhoria do controle de efluentes líquidos) em quase metade das empresas. Cerca de 30% reduziram os resíduos sólidos e 18% não obtiveram benefícios desses investimentos. Nos anos de 1998 e 1999, 63% das empresas realizaram investimentos na redução de perdas e refugos de materiais e produtos acabados. Outras áreas, como tratamento e controle de efluentes líquidos, sólidos e de ruídos, e conservação de energia, obtiveram investimentos em mais de metade das empresas. A principal motivação para realizar investimentos ambientais é o atendimento à legislação – 62,4% das empresas, com percentuais superiores para 55 as grandes (72,2%) e médias empresas (65,3%). A segunda motivação mais importante é a busca de melhoria da imagem da empresa – 61,2% para todas as empresas, sendo esse percentual superior para as grandes (65,6%) e pequenas empresas (62,9%). As outras possíveis respostas – acesso a novos mercados de gestão e melhoria da gestão – obtiveram percentuais entre 20% e 30% (CEBDS, 2002). A pesquisa Gestão Ambiental realizada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) (1998), com 1.451 empresas4 (em micro, pequenas, médias e grandes empresas) apontou que em torno de 85% das empresas adotam algum tipo de procedimento gerencial associado à gestão ambiental dentro da sua atividade, como, por exemplo, redução de gases e emissões atmosféricas, atribuindo razões para adoção destes procedimentos especialmente nas grandes, médias e empresas de grupos internacionais as exigências de licenciamento, e legislação, e estas são mais importantes que a 4 Lei complementar n°. 123 de 14 /12 /2006 “... I - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais)...” (BRASIL, 2006). Decreto nº 5.028, de 31/03/2004 “... Art.1° - Os valores dos limites fixados nos incisos I e II do art. 2º da Lei no 9.841, de 5 de outubro de 1999, passam a ser os seguintes: I-microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos); IIempresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, não enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos) e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e três mil, duzentos e vinte e dois reais)...” (BRASIL, 2000). 56 redução de custos em contra partida nas microempresas a redução de uso de matéria-prima é mais destacado. A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) esteve em campo para radiografar o tratamento dispensado pela indústria Baiana à questão ambiental. Nessa iniciativa pioneira na região Nordeste, a FIEB acatou a sugestão feita pelo Centro de Recursos Ambientais (CRA) do Governo do Estado, para que fossem avaliados o grau de conscientização e as práticas de gestão ambiental (FIEB, 2004). Ao todo foram consultadas 309 empresas de pequeno, médio e grande porte, de 29 segmentos industriais, sendo 61,5 % localizadas na Região Metropolitana de Salvador e 38,5 % no interior do Estado (Tabela 2). As áreas básicas do estudo foram: Gestão Ambiental, licenciamento e responsabilidade sócio-ambiental. A pesquisa foi realizada, no período de 22 de outubro de 2003 a 20 de fevereiro de 2004, mediante a aplicação de questionário estruturado (que será ponto de partida deste estudo) junto a 309 empresas e indústrias do Estado da Bahia (Tabela 2). 57 Tabela 2 - Relação entre Municípios e nº. de empresas consultadas Fonte: Pesquisa sobre Gestão Ambiental – FIEB, 2004 Município Nº de empresas Salvador 75 Camaçari 56 Simões Filho 33 Candeias 14 Dias D Ávila 7 Lauro de Freitas 5 Interior 119 TOTAL 309 . Pesquisa da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB, 2004) mostra que os aspectos ambientais de maior interesse pelas indústrias são: a consumo de energia elétrica (70,9%), em seguida consumo de água (62,1%), resíduos sólidos (56 %), vibração e ruídos (43 %), efluentes líquidos (39,2 %), consumo de outros recursos naturais (30,4 %), emissões atmosféricas (28,2 %), odor (8,7 %), áreas degradadas (7,8 %) e outros (6,8 %). Quanto à melhoria do desempenho ambiental, as empresas lançam mão de boas práticas operacionais em 66,3 %, quer através da 58 mudança de procedimentos e condições operacionais, quer via substituição/ adequação de equipamentos, reciclagem interna (47,9 %) e externa (45 %), isto é, o aproveitamento de resíduos/ subprodutos por parte de outras empresas, ou o uso de resíduos/ subprodutos gerados na própria empresa, estação de tratamento de efluentes (33,3 %), filtros (29,4 %), modificação tecnológica (18,1 %), via extração, filtração, centrifugação. Quanto aos procedimentos de gestão ambiental a pesquisa evidencia que 66,3 % apresentam licenciamento ambiental, 60,2 % redução de água e energia, 55,7 % educação ambiental para funcionários, gerenciamento de resíduos – 54 %; estabelecimento da Comissão Técnica de Garantia Ambiental (CTGA5) 50.5 %, monitoramento de legislação ambiental 46 % e certificação ISO 14001 - 13,3 %. Entretanto, a especificidade da região Sul da Bahia não é retratada. Conhecer a realidade local é o ponto de partida para se iniciar um processo de mudança, levando em consideração as condições locais, os serviços oferecidos e o compromisso do empresariado. 5 CTGA – Comissão Técnica de Garantia Ambiental, comissão obrigatória nos empreendimentos conforme consta no art. 210 do Regulamento da Lei estadual 7.799/01, aprovado pelo Decreto 7.967 de 05 de junho de 2004 do estado da Bahia (BAHIA, 2000). 59 3 METODOLOGIA 3.1 Área de estudo A presente pesquisa tem como foco as unidades industrializadoras de cacau em amêndoas localizadas no sul da Bahia, eixo Ilhéus-Itabuna, onde foram levantados dados através de questionários, visitas e entrevistas buscando informações concernentes à proposta deste estudo. 60 3.2 Método de pesquisa adotado A pesquisa desenvolvida pode ser caracterizada como pesquisa descritiva com estudo de caso aprofundado (em um mesmo segmento industrial), pois, buscou obter informações de uma determinada população, ou seja, das empresas que industrializam cacau no sul da Bahia. A pesquisa descritiva é caracterizada como sendo a que procura primordialmente a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 1991; SANTOS, 2001). Estas características podem ser observadas neste estudo quando da utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como o questionário, entrevista e a observação sistemática de um fenômeno. 3.2.1 Universo da pesquisa Entende-se por universo ou população é um conjunto definido de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum (MARCONI e LAKATOS, 2003). A amostra é uma pequena parte dos elementos que compõem o universo (GIL, 2002). Por se tratar de um universo reduzido, nesta pesquisa trabalha-se com o universo de empresas que industrializam cacau na região Sul do estado da Bahia 61 localizadas no eixo Ilhéus / Itabuna, sendo este universo constituído por 4 (quatro) empresas: Cargill Cacau LTDA, Barry Callebaut Brasil S/A, Joanes Industrial S/A e Delfi Cacau Brasil LTDA, das quais três se localizam em Ilhéus e uma em Itabuna respectivamente. 3.3 Procedimentos de coleta de dados Os dados foram obtidos mediante a aplicação de pesquisa de campo. Em um primeiro momento foi realizado o levantamento das unidades industriais existentes do setor em questão e levantados dados relativos às empresas como telefone, representante legal. Em seguida foi estabelecido contato por telefone com rápida explanação sobre a pesquisa ressaltando o `Termo de consentimento livre e esclarecimento´ (Apêndice C), conforme prevê a Resolução 196/96 para pesquisas com seres humanos. O questionário foi entregue de forma presencial aos responsáveis nas empresas designadas pelo seu representante legal, e estipulado prazo para recolhimento dos mesmos. Fez-se a utilização de questionário, composto por perguntas objetivas e subjetivas, para coleta de dados, sendo aplicado nas empresas objeto da pesquisa. Em um terceiro momento estivemos avaliando os questionários recebidos e formulando demais questionamentos para entrevista (Apêndice B) e observação in loco com intuito de aprofundar os itens especificados no questionário e realizar verificações no local. Tais entrevistas tiveram em média 2,5 a 3,5 horas de duração. 62 Para cada empresa pesquisada foi adaptado um roteiro, devido haver no questionário questões subjetivas. Desta forma, a pesquisa de campo foi realizada por meio de questionários e entrevistas diretamente com representantes legais e os coordenadores ambientais das empresas, respectivamente. O questionário utilizado está apresentado no apêndice A. O período de realização da pesquisa, com aplicação de questionário foi de março a junho de 2006 e as entrevistas ocorreram entre os meses de julho e agosto de 2006. A aplicação das entrevistas teve início em Julho e finalização em Outubro de 2006. O roteiro das entrevistas consta no apêndice B. 3.4 A pesquisa de campo Na seqüência, os dados foram codificados e tabulados em planilha Excell e analisados de forma qualitativa e quantitativa frente aos pontos levantados permitindo uma análise global do universo em estudo. Realizamos análise confrontando os gráficos produzidos a partir de dados do questionário acrescidos dos dados coletados nas entrevistas, com o intuito de aproximarmos para a observância dos pontos que se interligam dentro do sistema em estudo. Os dados colhidos durantes as entrevistas fazem parte da análise de dados e da discussão dos resultados. Que contribuiu de maneira significativa para caracterização do SGA em nas empresas beneficiadoras de cacau. 63 3.5 Ferramenta para avaliação Segundo Barbieri (2004) a adoção de qualquer modelo de gestão requer o uso de instrumentos, aqui entendidos como meios ou ferramentas para alcançar objetivos específicos em matéria ambiental. Auditoria ambiental, avaliação do ciclo de vida, estudo de impactos ambientais, sistemas de gestão ambiental, relatórios ambientais, rotulagem ambiental, gerenciamento de riscos ambientais, educação ambiental empresarial são alguns dos muitos instrumentos de que as empresas podem se valer para alcançar objetivos ambientais. A NBR ISO 14031 (1999) destaca exemplos de indicadores de desempenho operacional passíveis de gerenciamento referente aos lançamentos de poluentes individualizados por fonte do setor automotivo, por exemplo: a) redução de emissão de poluentes (como chumbo, gás carbônico, fumaça preta, material particulado etc) de veículos automotores atribuída ao uso alternativo de combustíveis; b) quantidade de combustíveis consumidos; c) eficiência de combustíveis em veículos automotores; d) freqüência de manutenção dos veículos; e) quantidade de água usada por dia; f) quantidade de água utilizada por unidade de produto. Ainda é destacado pela NBR ISO 14031 (1999) a avaliação dos indicadores através do ciclo do planejar, fazer, checar e agir - PDCA, estimulando 64 um processo interno de gerenciamento ambiental, visando a efetiva mensuração, comparação e análise do desempenho ambiental, com base na utilização de indicadores passados e presentes. A avaliação de desempenho ambiental, quando bem disseminado na empresa, facilita o processo de comunicação nos diversos níveis, na busca da melhoria dos melhores índices. O levantamento e acompanhamento dos índices de desempenho conduzem a informações rastreáveis e eficazes: a) implementação e efetividade dos programas ambientais; b) ações gerenciais que podem refletir no desempenho ambiental das operações da organização e possibilidades de afetar as condições do meio ambiente; c) conformidade com os requisitos legais, e com outros requisitos da organização; d) custos financeiros ou benefícios; e) identificação de causas raízes que possam estar afetando o desempenho ambiental da organização; f) identificar oportunidade de melhoria ou ações preventivas (CHIUMMO, 2004). Utilizando os dados fornecidos pelos questionários a composição do roteiro das entrevistas contou com o suporte das ferramentas de avaliação conforme a ISO 14031. Como algumas empresas demonstraram no questionário atender a integração entre sistemas de gestão, aprofundamos no roteiro das entrevistas (Apêndice B) questões pertinentes às normas SA 8000: 2001, OHSAS 18001:1999. 65 3.6 Limitações do método de pesquisa Informações advindas das empresas pesquisadas consistiram em declarações colhidas no processo de algumas entrevistas e questionários, não sendo possível, evidenciar objetivamente a maioria dos dados, até mesmo pelo receio por questões não declaradas apresentado pela empresa quanto ao fornecimento de tais informações na área ambiental e sócio-ambiental, além de uma das empresas localizadas em Ilhéus, por motivos internos optarem pela não realização da entrevista restringindo a avaliação, e limitando a visão do pesquisador. 66 4 ANALISE DOS DADOS Procurou-se caracterizar as empresas pesquisadas e obter informações sobre suas estratégias, atuais níveis de adequações e tendências de adoção e manutenção frente aos SGA’s e sua proximidade a padrões da ISO 14000, como por exemplo, mecanismo de redução de desperdícios, responsabilidade sócioambiental e referencial necessário para sua competitividade no mercado em que atuam ou a detecção de modos específicos de gestão. 4.1 As Indústrias e a ISO 14000 Na avaliação do cumprimento frente aos princípios e diretrizes da NBR ISO 14001(ABNT, 2004) e NBR ISO 14004 (ABNT, 1996) no Sistema de Gestão Ambiental na qual enfatizam que os resultados de um programa de gerenciamento 67 ambiental devem ser confrontados com a política ambiental da organização, bem como seus objetivos e metas. Quantificou-se nas empresas pesquisadas o atendimento de cada quesito, dentro do conjunto de normas, com o intuito de determinar o nível de atendimento às diretrizes ou ferramentas de avaliação segundo parâmetros das normas ISO 14000. 4.1.1 Aspectos ambientais (NBR ISO 14001 4.3.1) e melhoria do desempenho ambiental Na verificação dos aspectos ambientais em duas (empresa 2 e 3) das quatro empresas analisadas, estabeleceram-se procedimentos sistemáticos para identificação dos aspectos ambientais. Sendo que todos os aspectos presentes no questionário foram pontuados e atribuído maior valor numérico aos mais relevantes, dentro da ótica de cada empresa analisada (Figura 3). Com base nesses aspectos documentaram-se ações para as áreas de influência organizações. As outras duas empresas (empresa 1 e 4) também identificam os aspectos ambientais relacionados à atividade, mas nem todos os quesitos presente no questionário não são pontuados, exceto aqueles nos quais apresentam impacto significativo ao meio ambiente frente as suas atividades, na percepção das respectivas empresas. Os impactos ambientais quando levantados e mitigados conduz ao estabelecimento de metas de redução e consumo. Assim, pode-se verificar que estão presentes em duas das empresas, e são pontuados todos os aspectos relacionados a sua atividade. Há levantamento sistemático levando em consideração entradas e saídas associadas a atividades atuais ou relevantes do passado, produtos e serviços, ou 68 seja, mesmo que a organização não atribua nenhum tipo de impacto frente ao aspecto ambiental, no presente, eles são rastreáveis para possíveis verificações. Esses são programas apresentam periodicidade de revisão, onde os números alcançados são reportados à alta direção. Na empresa 1 esse processo está em fase inicial, com planejamento de implementação para os dois próximos anos. Na Figura 3 (referente à questão n° 1 do questionário – Apêndice A), estão seqüenciados em ordem numérica decrescente de prioridade os aspectos relevantes que as empresas identificam dentro de seus processos produtivos. Consumo de água e energia elétrica são aspectos comuns que em todos os casos recebem maior relevância. Três das empresas atribuem aos efluentes líquidos prioridade relevante, em contra partida a empresa 1 o distingue de maneira mais relevante, isso se deve ao fato dessa empresa estar se adequando a legislação. Em terceiro lugar de maior relevância comum está os resíduos sólidos, demonstrando assim uma sensibilidade empresarial aos impactos causados pelo consumo de recursos naturais e ocupação do solo; exceto em uma empresa, que embora apresente alguns passivos, conforme evidenciado em entrevista e in loco, não o identificam como aspecto relacionado a sua atividade. As emissões atmosféricas, apesar do relevante aspecto que representa, pois afeta substancialmente ao meio ambiente e as pessoas, três empresas pontuam esse aspecto em patamares maiores. Foi possível detectar em duas das três indústrias a necessidade de adequações em seus processos, em consonância com requerimento do órgão ambiental do Estado. Entretanto, a empresa está com projeto de adequação em fase de estudo. Em 1 (uma) outra empresa analisada, perduram as práticas de queima de resíduos em fornos, com possível geração de emissões danosas a saúde humana, sem a devida mensuração de tais emissões. Assim, 69 embora exista a legitimidade do órgão ambiental, há também leis permissivas quanto à postergação de prazos na execução de mudanças e adequações necessárias para minimizar os impactos causados por emissões atmosféricas, fazendo assim, com que haja a potencialização do dano ambiental. Por outro lado, o empresariado vê-se limitado em atuar de maneira eficaz visto que a região é escassa na prestação de serviços dessa natureza agregando assim um maior custo em seu processo de produção. Ressalta-se também a necessidade de uma avaliação sistemática do retorno comercial, que precisa ser planejado para sua devida execução. A comunidade do entorno recebe maior pontuação em duas das empresas pesquisadas. Em uma outra empresa, destaca-se a saúde ocupacional como aspecto de importante relevância, isso devido a saúde e segurança do trabalhador seja um ponto de maior controle. As demais empresas já possuem esse aspecto mitigado e controlado não representando relevante aspecto. Os odores emitidos pela torrefação dos grãos de cacau é um aspecto de observância maior em uma das empresas, visto que existe percepção, relatos/reclamações da comunidade do entorno. Verificamos que em três das indústrias pesquisadas é dado retorno à parte reclamante, conforme declarado, afirmando-se que clientes e comunidade atuam de forma determinante na imagem da empresa. As empresas atribuem em menor relevância frente aos demais aspectos, como: fornecedores, consumo de outros recursos naturais (embora uma das empresas declarou-se nesse aspecto com uma pontuação diferenciada frente às demais, pois utiliza madeira em sua caldeira), áreas degradadas, devido a esses 70 aspectos serem controlados e não apresentarem pontos aparentes de melhoria, segundo as empresas. Na empresa 4 não foi possível realizar observações in loco. 14 Ordem de prioridade 12 10 8 6 4 2 ut ro s O O do Fo r rn ou ec tro ed s re or es cu rs os na Ár tu ea ra is s de gr ad ad as de C on su m o C on C on su su m o m de o de ág en ua er gi a el ét Ef ric lu en a te s líq ui R do es s íd u Em os iss só l id õe os s at m C om os fé un ric id as ad e do en Sa to úd rn e o O cu pa ci Vi on br al aç ão ,R uí do C s on su m id or es 0 Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Figura 3 - Aspectos Ambientais relacionados com a produção em ordem decrescente de prioridade Fonte: dados da pesquisa, 2006. Estão demonstradas na Figura 4 (referente à questão n° 2 do questionário – Apêndice A), as alternativas adotadas pelas empresas para melhoria do desempenho ambiental. Tratamento de efluentes e boas práticas operacionais 71 representam uma atividade comum. A reciclagem interna, externa e utilização de filtros é aplicado em 3 (três) das empresas em seus processos. A prática de adoção de filtros que apresenta influência direta nas emissões atmosféricas e condições de trabalho para os funcionários. Há em duas das empresas pesquisadas a emissão de fumaça ligeiramente escura visível, acima dos padrões da escala Ringelman6 (indicando a presença elevada de materiais particulados). Em uma destas empresas existe a prática de sacos de juta, indicando assim procedimentos de queima em caldeiras industriais e sem a permissão do órgão ambiental e sem medição qualitativa e quantitativa dos poluentes presentes nesta combustão. No que tange ao tratamento de efluentes, foi possível perceber que há um caminho a ser percorrido pelos órgãos ambientais. Especialmente em uma das empresas, o sistema de tratamento de água adotado dispõe parte de seus resíduos em solo, não havendo quantificação e qualificação do potencial poluidor desses resíduos gerados possibilitando, ou não, presentes ou futuras contaminações. Em uma outra empresa, foi possível observar o comprometimento em alinhar as características dos seus efluentes ao que está previsto em legislação. Em três das empresas, a instalação de estação de tratamento de efluentes ocorreu há três anos sendo, anteriormente, os resíduos líquidos dispostos in natura, no corpo hídrico. 6 Essa escala foi estabelecida pelas Normas Brasileiras de regulamentações (Decreto-lei 1.413 de 14/08/75 que dispõe sobre o controle de poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais e a Resolução Conama nº 03, de 28 de junho de 1990 que dispõe sobre a qualidade do ar, definições e padrões) e é usada para medir a opacidade de fumaça preta. É constituída por um disco dividido em cinco partes coloridas em tonalidades entre o cinza e o preto. A parte mais clara é chamada de "20% de opacidade" ou "grau 1" da escala; a segunda, com um cinza um pouco mais escuro é chamada de "40% de opacidade" ou "grau 2" e assim, por diante, até o preto que é chamado "100% de opacidade" ou "grau 5" da escala. Nas grandes cidades, não são toleradas as emissões que ultrapassem o "grau 2" da escala de Ringelman. 72 Ações na adoção de tratamento de efluentes por três das empresas em estudo foram adotadas entre 2002 e 2003. Ou seja, empresas potencialmente poluidoras, multinacionais, não apresentavam soluções ambientalmente coerentes frente aos conceitos de desenvolvimento sustentável já altamente em voga. A ausência de tratamento de efluentes em empresas instaladas e operando há no mínimo, quinze anos na região, contribui de maneira danosa ao meio ambiente e nos evidência uma fiscalização deficiente, concessões e/ou prorrogações de prazos (não excluindo a possibilidade de ter havido autuações, punições etc) do órgão ambiental do Estado a tais práticas. Para esses casos faz-se necessário impedir a degradação ambiental emergente por meio de instrumentos de controle e comando incluindo medidas administrativas e judiciais (BARBIERI, 2004). O uso de aterro industrial apresenta um índice elevado e comum de substancial importância, devido ao fato de que na região somente existem lixões. Em duas das empresas, os responsáveis pela área de meio ambiente não possuem registro dos resíduos que vão aos lixões e não é realizado acompanhamento da veracidade do destino dos resíduos já que são empresas contratadas que realizam tais serviços, ou seja, as ações dos contratados não são supervisionadas. As empresas não têm entendimento ou não visualizam relevância na ação e no que diz respeito a co-responsabilidade, especialmente no caso do lixão vir a contaminar o lençol freático. Daí a importância de uma visão transversal de todas as fases do processo conforme diz Tachiwaza (2006) e até das leis existentes. Avaliação do ciclo de vida é um instrumento que as empresas ainda não vislumbram utilizar em seus processos. 73 Outros 0 Nenhuma 0 2 Benchmarking 0 Utilização da Bolsa de Resíduos Modificação tecnológica (extração, filtração, centrifugação, recirculação de correntes de efluentes) Boas práticas operacionais (mudança de procedimentos e condições operacionais, etc) Mudança no produto principal (para outro ecologicamente mais correto) Mudança de matéria-prima/insumo (para outro ecologicamente mais correto) 2 4 0 2 Reciclagem externa 3 Reciclagem interna 3 Filtros 3 0 Precipitadores eletroestáticos 3 Aterro industrial 0 Análise do ciclo de vida 4 Estação de tratamento de efluentes 0 1 2 3 4 Nº de empresas Figura 4 - Alternativas adotadas visando a melhoria de desempenho ambiental. Fonte: dados da pesquisa, 2006. 5 74 4.1.2 Procedimentos de gestão ambiental Os procedimentos de gestão ambiental adotados pelas empresas constituem como se refere a ISO 14004 uma ferramenta gerencial interna, não sendo previsto seu uso como critério de certificação. A Figura 5 (referente à questão n° 3 do questionário – Apêndice A) apresenta as ferramentas de gestão adotadas pelas empresas. É comum o acompanhamento da legislação (ISO 14001 4.3.2), a declaração de política, o estabelecimento da Comissão Técnica de Garantia Ambiental (CTGA), o licenciamento, o monitoramento ambiental e o gerenciamento de resíduos. Requerimentos esses que são previstos em leis, e que beneficiam todo o meio ambiente. A educação ambiental, condição primordial e de base para qualquer tipo de gestão, e prevista em legislação Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) Lei n° 9.795/99 (BRASIL, 1999), ocorre em três das quatro empresas. A referida lei obriga a educação ambiental, mas não estabelece fiscalizações. Uma das empresas introduziu em 2006 o procedimento de treinamento ambiental para funcionários, para o processo de integração (quando na contratação de um terceiro ou funcionário). Já em uma outra das empresas pesquisadas, é realizado treinamento ambiental para funcionários e terceiros, anualmente em de três temas (sensibilização ambiental, boas práticas ambientais e educação ambiental). E na última empresa entrevistada o procedimento de treinamento em meio ambiente ocorre a cada contratação de funcionário ou funcionário terceirizado e não há posterior reciclagem ou novo treinamento; existe a 75 prática de encontros diários na qual podem surgir situações do cotidiano fabril relacionado aos controles ambientais da empresa e de segurança do trabalho. 2 Outros 2 Plano de Contingência - PC 1 Adesão a Protocolos Ambientais 3 Auditorias Ambientais sistemáticas Balanço de Sustentabilidade Ambiental 0 Certificação Ambiental pela Norma ISO 14001 0 3 Implantação de Sistema de Gestão Ambiental com objetivos e metas 1 Estabelecimento de Termo de Conduta Ambiental – TCA Acompanhamento e monitoramento preventivo de legislação ambiental/outros requisitos legais Declaração de Política Ambiental 4 4 Estabelecimento de Comissão Técnica de Garantia Ambiental- CTGA 4 Licenciamento Ambiental 4 Monitoramento Ambiental 4 3 Educação/Treinamento ambiental para os funcionários 4 Gerenciamento de resíduos 1 Implantação de Programa de produção mais limpa/tecnologias limpas 4 Análise de Riscos Ambientais 4 Redução de Consumo: água e/ou energia elétrica Levantamento dos Aspectos Ambientais relacionados ao processo produtivo 3 0 1 2 3 4 Nº de empresas Figura 5 - Procedimentos de gestão ambiental utilizados nas empresas. Fonte: dados da pesquisa, 2006. Foi possível constatar que duas das empresas avaliadas, não apresentavam planos de auditoria sistematizados, fato que pode levar a ocorrência ou reincidência 5 76 de atitudes ou ações fora de padrões estabelecidos. Além de tornar os instrumentos de gestão sem garantia de funcionamento, acompanhamento e eficácia. 4.1.3 Política ambiental da empresa (NBR ISO 14001 4.2) Quanto à política ambiental verificou-se que em todos os casos existe uma definição clara da política ambiental, a qual está disponível ao público e as partes interessadas, e reflete o compromisso da alta administração. Entretanto, em três das empresas pesquisadas a política não inclui compromisso com a melhoria contínua e prevenção de poluição e o estabelecimento de metas e objetivos ambientais. Mesmo não sendo descritas na política como recomenda a Norma ISO, as ferramentas acima relacionadas e não presentes no documento da política ambiental e são em duas das empresas pesquisadas abordados no sistema de gestão da qualidade, e estendidos para as questões ambientais. Foi possível observar que em duas das empresas a política ambiental é coorporativa e suas atualizações são fruto de requerimentos quando da solicitação de licenciamento ambiental ou por decisão de suas respectivas diretorias. 77 Treinamento aos funcionários 3 Nas visitações de público externo 1 4 Informativo interno Intranet própria da empresa 1 0 Internet Jornal de circulação no estado 3 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 6 - Meios de divulgação da política ambiental Fonte: dados da pesquisa, 2006. Os meios de divulgação da política ambiental (Figura 6 -referente à questão n° 5 do questionário – Apêndice A), em sua maioria são informativos internos e jornal de grande circulação no Estado. Esse último, devido a requerimentos para licenciamento ambiental. 78 A política ambiental das empresas está baseada em direcionamentos internos e requerimentos da lei (Figura 7 - referente à questão n° 6 do questionário – Apêndice A), demonstrando o compromisso do empresariado quanto aos princípios norteadores básicos do SGA. Não possui política ambiental 0 Outros 0 Ambos (em direcionamentos e/ou diretrizes internas da empresa e em requerimentos da lei) 3 1 Em direcionamentos e/ou diretrizes internas da empresa Em requerimentos da lei 0 0 1 2 3 Nº de Empresas Figura 7 - Base da política ambiental das empresas. Fonte: dados da pesquisa, 2006. 4 5 79 4.1.4 Área de capacitação dos profissionais As maiores áreas de interesse em capacitação dos técnicos (Figura 8 referente à questão n° 7 do questionário – Apêndice A) vai ao encontro dos aspectos de mais vulneráveis estabelecidos na Figura 3, e está em consonância com a resolução de problemas que essas capacitações resolveriam (Figura 9). São áreas de interesse que na atualidade as organizações têm entendimento que precisam estar informadas e capacitadas. Podemos verificar que existe uma auto percepção sobre pontos que precisam de melhorias. 80 0 Outros Sistema de Gestão Integrada (SGI) 3 Educação ambiental 3 Gestão, tratamento e disposição de emissões atmosféricas 3 Gestão, tratamento e disposição de resíduos sólidos 3 4 Gestão, tratamento e disposição de efluentes líquidos 1 Análise do Ciclo de Vida 3 Sistema de Gestão Ambiental Tecnologias limpas, Produção mais Limpa, Prevenção da Poluição 2 0 1 2 3 4 Figura 8 - Áreas de interesse das empresas para capacitação de técnicos. Nº de Empresas Fonte: dados da pesquisa, 2006. 5 81 Não há limitações. 0 Outra 0 Atender a política ambiental 4 Programa de melhoria contínua da empresa 4 Atingir a excelência ambiental 3 Atender legislação específica 1 Atender aos requerimentos da licença ambiental 2 Melhor disposição dos resíduos 2 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 9 - Limitações que a(s) capacitação(ões) resolveria(m). Fonte: dados da pesquisa, 2006. 4.1.5 Análise crítica (NBR ISO 14001 - 4.6) Formulou-se a pergunta: A empresa possui objetivos e metas ambientais definidas? Todas as indústrias pesquisadas revelam a existência de metas ambientais. Na Figura 10 (referente à questão n° 8 do questionário – Apêndice A), 82 essas avaliações ocorrem em três indústrias quando a solicitação interna ou do órgão ambiental e são direcionadas a alta gerência, não há sistematização para avaliação das metas. Em duas das empresas a avaliação das metas é realizada por meio de auditorias, sendo esse mais uma ferramenta pró-ativa adotada pelo SGA. Em ambos os casos há o uso de ferramentas, mas o primeiro de maneira reativa. Outros 0 Não há estabelecido avaliações sistemáticas 1 Quando a diretoria solicita 0 Por requerimentos da licença ambiental 3 Reuniões da CTGA 3 Auditorias periódicas 2 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 10 - Forma que são efetuadas as análises críticas e periódicas do SGA nas empresas. Fonte: dados da pesquisa, 2006. Na Figura 11 (referente à questão n° 9 e 10 do questionário – Apêndice A), declara-se existência de metas ambientais com seus respectivos indicadores. Constatou-se que as atuações relacionadas às metas ambientais estabelecidas ficam em um campo abstrato, em uma das empresas quando uma meta estipulada não é alcançada, ocorre a revisão dos valores inicialmente estabelecidos 83 flexibilizando a faixa limite de modo que alcance o objetivo num próximo período de avaliação. Nesse caso deixa de haver a busca da melhoria ambiental e sim a busca em atingir números. Em contra partida, em uma outra empresa pesquisada quando um valor não é atingido anualmente, o mesmo período posterior deverá suprir a diferença de modo a compensar o peródo anterior, sendo que há uma meta global em toda a empresa (em todas as filiais em nível mundo) para que em um período de dez anos um valor “X” seja atingido, quando contabilizado a soma de todos os índices alcançados por todas as unidades da empresa. 84 Outras. 0 Aplicação de tecnologia limpas 1 Redução da geração de resíduos por volume de produção 4 Ampliação do ciclo de vida dos produtos 0 4 Reciclagem ou reaproveitamento de materiais Redução de uso e consumo de CFC´s nas instalações 2 Redução do uso de embalagens 1 Redução do consumo de energia elétrica 4 Redução de consumo de água 4 0 1 2 3 Nº de Empresas Figura 11 - Metas ambientais definidas Fonte: dados da pesquisa, 2006. 4 5 85 Não há 0 Plurianual 0 Semestral 1 Trimestral 2 Mensal 1 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 12 - Freqüência de avaliação das metas estabelecidas. Fonte: dados da pesquisa, 2006. Verificou-se também a existência de periodicidade na avaliação das metas estabelecidas, todas as empresas possuem freqüência na avaliação de suas metas, uma empresa realiza o levantamento a cada seis meses, outra a cada mês e duas empresas pesquisadas, trimestralmente realizam o exercício de rever seus indicadores (Figura 12 - Referente à questão n° 11 do questionário – Apêndice A). 86 4.1.6 Levantamento sócioambiental Os dados revelam (Figura 13 - referente à questão n° 12 do questionário – Apêndice A) que a qualidade do produto ou serviço nas quatro empresas é fator determinante na sua manutenção no mercado. Resíduos decorrentes dos processos e as tecnologias utilizadas na formatação do produto representam risco em três empresas e as questões sociais ocorrem em um dos casos. Assim, é possível observar que o mercado tem incorporado dos princípios da gestão da qualidade e gestão ambiental, e estes estão ditando regras competitivas, evidenciando também que os sistemas de gestão criam uma estreita aderência aos fatores tecnológicos mostrando-se imprescindíveis para mercado, conforme afirma Bogo (1998). As questões sociais com funcionários ou com a comunidade, entretanto, apresentam menor relevância, mas está presente em duas das empresas, embora uma aponte algum risco, e o direciona a imagem da empresa frente à comunidade e ao entorno na qual está inserida, embora não atue em projetos junto a comunidade. Outra empresa realiza trabalhos monitorados de ordem educacional junto à comunidade local, mas não pontua como risco para sua posição de mercado. Podese atribuir a ação efetiva nas questões sociais, ao fato dessa possuir matriz e filiais em países no qual as questões sociais tenham maior relevância mercadológica, mas não o é apontado nos dados por não fazer parte do contexto local por ela vivenciado. 87 0 Não há riscos Questões sociais com funcionários ou com a comunidade 1 Resíduos decorrentes dos produtos ou serviços oferecidos 3 Tecnologia ou processos utilizados na geração ou formatação do produto ou serviço 3 Qualidade do produto ou serviço oferecido 4 0 1 2 3 4 Nº de empresas Figura 13 - Aspectos que representam risco para as empresas se manterem competitivas no mercado, na visão dos empresários. Fonte: dados da pesquisa, 2006. A Figura 14 (referente à questão n° 15 do questionário – Apêndice A), sinaliza a adoção de sistemas integrados, em três das empresas, mas que não correspondem ao que observou-se nas entrevistas e observações in loco. As ferramentas de gestão da qualidade, saúde e segurança meio ambiente existem, mas em dois dos casos pesquisados não se integram. 5 88 Verificou-se também que por requerimento de um dos seus maiores clientes uma das empresas pesquisadas estava em fase de auto-avaliação (fase seguinte do processo de implementação) dos princípios da SA 8000, OHSAS 18001. A empresa já contava com os princípios de gestão da qualidade e gestão ambiental (base implementados com avaliações periódicas. Assim, para atender a necessidade iminente do cliente (e do mercado na qual o cliente inseria-se) a empresa estaria sendo auditada pelo Programa Responsible Care para que fosse possível continuar como fornecedor, ou seja, estar apto de modo a garantir o alinhamento com os sistemas cliente-fornecedor. Evidenciando a disseminação e interação de tais códigos de conduta em todos os agentes da cadeia do negócio. Reafirmando, então, a tendência à adoção de sistemas integrados como variável diferencial para o mercado, convergindo aos dados levantados na figura 22 e 23 na qual apontam os clientes e o mercado nacional com decisivos nas tendências seguidas pelas empresas. Porter (1990, apud BARBIERI, 2004) diz que as empresas adquirem vantagens competitivas internacionais se os seus compradores internos forem mais exigentes e sofisticados do que os demais países e se essas exigências se tornarem precursoras das necessidades destes últimos. 89 0 Outro 1 Não tem SGI Qualidade e Meio Ambiente 0 Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente 3 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 14 – Operações nas empresas com sistema de gestão integrada. Fonte: dados da pesquisa, 2006. 4.1.7 Licenciamento ambiental Um dos benefícios citados pela NBR ISO 14004:96 é a facilidade nos processos de licenciamento ambiental. Seguindo a Figura 15 (referente à questão n° 18 do questionário – Apêndice A), as empresas atendem os requisitos legais, ou seja, instrumentos da política pública ambiental no gênero de comando e controle 90 (padrão de emissão, estudo de impacto ambiental, licenciamento ambiental, etc) aplicáveis a suas unidades de negócio, já que o não atendimento pode resultar em autuações e em processos jurídicos. Barbieri (2004), aponta que os instrumentos econômicos (tributação sobre a poluição, tributação sobre o uso de recursos naturais, incentivos fiscais para reduzir emissões e conservar recursos, criação e sustentação de mercados de produtos ambientalmente saudáveis etc) como mais aptos para induzir um comportamento mais dinâmico por parte dos agentes privados, comparativamente aos de comando e de controle. Todavia, no contexto das políticas públicas regionais e federais os instrumentos econômicos são inexistentes. 91 Desconhece 0 Outras Autorizações Autorização para produção, comercialização e transporte de agrotóxicos Autorização de queima controlada 0 0 0 1 Autorização de supressão da vegetação Autorização para perfuração de poços Autorização para transporte de produtos ou resíduos Outorga para uso de água 0 Alvará de Pesquisa Mineral 0 Guia de utilização do minério 0 Portaria de Lavra 0 4 3 4 Licença Ambiental 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 15 - Licenças/autorizações demandadas na atividade produtiva das empresas. Fonte: dados da pesquisa, 2006. Em contra partida é comum (ver Figura 16 - referente à questão n° 19 do questionário – Apêndice A) o alto grau de insatisfação das empresas quanto ao atraso no deferimento de processos de licenciamento e complexidade nas leis. Segundo Campos (2002) o aspecto mais importante da legislação ambiental 92 brasileira e, por isso, o mais vulnerável, é o relativo ao processo de licenciamento. Requer mais clareza em vários pontos, o que pode ser conseguido com uma boa regulamentação. E isso é urgente para que o processo de desenvolvimento econômico e social do Brasil não esbarre em seu próprio arcabouço legal. A sua aplicação pelos órgãos federais, estaduais e municipais requer que seus técnicos tenham, além da necessária capacitação, o mais amplo conhecimento da realidade, nos aspectos social, ambiental e econômico, de forma que os licenciamentos dos empreendimentos sejam agilizados. 93 Outras 0 Não há dificuldades 0 Custo elevado do licenciamento 0 Demora na análise de pedidos ou ações por parte de órgão ambiental 3 Requisitos exagerados para adequação ambiental 0 Legislação complexa 2 Falta de informações 1 0 1 2 3 Nº de Empresas Figura 16 - Dificuldades para realizar o licenciamento ambiental. Fonte: dados da pesquisa, 2006. 4.1.8 Instituições de ensino e ONG’s 4 5 94 Vê-se na Figura 17(referente à questão n° 21 do questionário – Apêndice A) que em duas das empresas são realizadas parcerias com ONG’s, em uma esta se dá entre a empresa, a ONG e produtores de cacau, no cultivo de cacau orgânico e em paralelo há projeto de educação de jovens em situação de risco. Em outra das empresas pesquisadas há projeto em fase inicial com uma ONG para inicio da coleta seletiva na unidade fabril. Ambos constituindo grande incentivo social, econômico e ambiental na comunidade em que está inserida. 95 Parceria com Órgãos Governamentais 0 Parceria com Universidades 0 Parceria com ONGs Órgãos Não Governamentais 2 Consultoria privada 0 Recursos humanos próprios 2 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 17 - Forma que as empresas implementam seus projetos ambientais. Fonte: dados da pesquisa, 2006. Em entrevista, as empresas explicitam a carência de serviços na região passíveis de serem oferecidos pelas instituições de ensino em especial a Universidade Estadual de Santa Cruz. Sugere-se que a referida instituição ofereça serviço, por exemplo, de análise de água, pois contratam serviços fora do Estado aumentando assim seus custos, assistência jurídica quanto às legislações 96 ambientais, oferecer treinamento na área de educação ambiental e ainda fornecer serviços para realização de auditorias. O empresariado acredita no papel da instituição de ensino de modo a colaborar para seus sistemas de gestão ambiental (Figura 18 - referente à questão n° 30 do questionário – Apêndice A). Acredita bastante 1 Acredita em parte 3 Não acredita ou 0 acredita pouco 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 18 - A empresa acredita na capacidade das instituições atuais em supervisionar e punir o não cumprimento de normas / leis ambientais. Fonte: dados da pesquisa, 2006. 4.1.9 Órgãos ambientais 97 Os órgãos ambientais, segundo as empresas pesquisadas, exercem maior pressão para o desempenho ambiental. A comunidade na maioria das empresas não é atribuída relevância quanto à melhoria do desempenho ambiental. Mas, em contra partida, os clientes exercem relevante percentual de exigências frente à adoção de SGA’s ou outros sistemas (Figura 19 - referente à questão n° 22 do questionário – Apêndice A). A funcionários e governo Estadual é atribuído em duas das empresas pressões sofridas por estes agentes assinala-se a ocorrência pelo fato destas empresas estar em processo de adequação quanto a parâmetros de efluentes conforme solicitado pelo órgão ambiental do Estado e a outra empresa pesquisada por ter ocorrido denúncia ao órgão ambiental por parte do sindicato de classe dos funcionários. O governo Municipal é também agente de pressão em uma das empresas por extensão da denúncia acima citada. A comunidade exerce pressão por existir em uma das empresas reclamação devido a odores do processo produtivo. As seguradoras e bancos, devido a uma das empresas pesquisadas ter sido recentemente comprada e o banco financiador da compra exigiu a realização da Due Diligence7, com acompanhamento sistemático das ações corretivas advindas do relatório da referida auditoria; além de requerer a realização a cada 2 anos da Due 7 A due diligence é um tipo de auditoria de escopo amplo voltada para identificar questões que afetam ou poderão afetar o patrimônio da empresa, tem sido voltada nos processos de avaliação de empresas para efeito de cisão, aquisição e fusão. Ela avalia a responsabilidade da empresa perante acionistas, governos, empregados, clientes, bancos, fornecedores, representantes comerciais e outras partes interessadas com o objetivo de avaliar a situação legal (civil, comercial, trabalhista, ambiental e etc) e conhecer o verdadeiro valor da empresa identificando os passivos ocultos e as contingências não provisionadas no balanço patrimonial. A identificação de passivos ocultos permite que os investidores paguem um preço mais próximo da realidade. Para o comprador, as informações da due diligence permitem conhecer o valor das obrigações futuras (custo para descontaminar uma área, indenizações etc.) para descontar do preço a ser pago pela organização, bem como elaborar medidas para administrar a transição do controle societário (BARBIERI, 2004). 98 Diligence, sem deixar de realizar as auditorias programadas do sistema de gestão ambiental. Outros 0 Não 0 2 Funcionários 0 Governo: Federal 2 Governo: Estadual 1 Governo: Municipal 4 Órgãos ambientais ONGs – Organizações não governamentais 1 Comunidade 1 Seguradoras ou bancos 1 Clientes estrangeiros 3 Clientes nacionais 3 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 19 - Tipos de pressão sofrida para a melhoria do desempenho ambiental. Fonte: dados da pesquisa, 2006. Essas pressões, em três das empresas advêm de inspeções de órgãos ambientais e, em segundo lugar, por parte dos clientes (Figura 20 - referente à questão n° 23 do questionário – Apêndice A). Confirmando que os clientes nacionais e estrangeiros são agentes que determinam o caminho a ser seguido pelas 99 empresas. O item “outros” é proveniente de uma empresa que atribui a conquista de novos mercados como forma de pressão. Nenhuma forma de pressão é percebida pela empresa 0 Outros 1 3 Inspeção do órgão ambiental Redução no consumo dos produtos 0 Ação judicial 0 Manifestação de clientes 2 Manifestações públicas 0 0 1 2 3 Nº de Empresas Figura 20 - Forma que as empresas percebem as pressões. Fonte: dados da pesquisa, 2006. 4 5 100 4.1.10 Demanda de clientes e investimentos ambientais Com o objetivo de identificar a procedência dos clientes em nível nacional e internacional das empresas estudadas e diagnosticar o que o respectivo mercado pede em termos de SGA’s para melhoria do desempenho ambiental, podemos verificar conforme Figura 21(referente à questão n° 27 do questionário – Apêndice A), que os Estados Unidos e o próprio mercado nacional apresenta-se como mercados de maior relevância na aquisição de produtos nas empresas pesquisadas. Mas, em termos gerais, para todos os mercados do mundo, são direcionados produtos das empresas moageiras de cacau. 101 Outras Regiões 0 Ásia 2 União Européia 3 EUA 4 Mercosul 3 Mercado Nacional 4 Mercado Regional 1 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 21 - Mercados para os quais são destinados os produtos ou serviços das empresas. Fonte: dados da pesquisa, 2006. Na Figura 22 (referente à questão n° 28 do questionário – Apêndice A), os investimentos realizados no setor quanto a variável ambiental, em três das empresas se deu pela construção e operação da estação de tratamento de efluentes. O valor aplicado em todas as empresas em tais investimentos não apresenta associação ao seu faturamento. Em três delas correspondem ao cumprimento de item mandatários da legislação e licenciamento ambiental, na construção da planta de tratamento de efluentes líquidos. Apenas uma das empresas revelou seu faturamento (o valor varia entre R$ 12.000.001,00 a 25.000.000,00) e esta realizou investimento na troca de 102 telhas de fibro-amianto devido à recomendação da instituição financiadora que realizou a due diligence. 0 Não Sim, valor não revelado 1 Sim, Investimento até R$ 680.000,00 1 Sim, Investimento até R$ 200.000,00 1 Sim, Investimento até R$ 100.000,00 1 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 22 - Investimentos na área ambiental nos últimos três anos. Fonte: dados da pesquisa, 2006. Em 2 (duas) empresas são admitidos possíveis riscos pela falta de mudança de postura (Figura 23 - referente à questão n° 29 do questionário – Apêndice A) frente às questões ambientais. Assim se é admitida à existência de um risco, podemos falar em mudanças, aperfeiçoamentos dos sistemas existentes e melhores perspectivas para aprimoramento beneficiamento de cacau. da gestão ambiental na indústria de 103 O risco da empresa sofrer perdas ou danos de qualquer natureza caso haja manutenção do sistema de produção ou gestão sem a introdução de mudanças para os próximos três anos é admitido como insignificante por duas das empresas. O empresariado expressa que seus sistemas adotados não afetariam em longo prazo seus negócios. Em uma destas duas empresas pesquisadas observa-se tal insignificância devido ao comprometimento do empresariado frente ao poder público em atender os requisitos legais e com seus clientes frente no que tange à imposições mais restritivas que vão além do previsto em legislação como, por exemplo, eliminação e não aquisição de todos os equipamentos que contenham clorofluorcarbonos8 (CFC’s) e Halons (substâncias prejudiciais com potencial poluidor à camada de ozônio9) até 2010, embora tais processos estejam em fase de planejamento ou implantação ou execução, evidenciando assim a existência de uma visão sistêmica de mercado a longo prazo. Reafirma-se na outra empresa também a postura que seus sistemas são suficientes para o seu negócio, não é atribuída e cogitada as tendências de mercado na busca do aprimoramento da gestão de seus processos produtivos. Essa postura pode ser atribuída ao alto nível de comprometimento que a empresa se encontra. Mas, que nessa empresa em questão não foi possível a verificação in loco (não houve autorização para visita e realização da entrevista) e não se reafirma na análise dos dados, já que a empresa apresenta um perfil voltado a atender prioritariamente (embora utilize ferramentas do sistema 8 Conforme Resolução CONAMA Nº 267, de 14 de setembro de 2000 de CFC-11 (triclorofluormetano), CFC-12 (diclorodifluormetano), Halon 1211 (bromoclorodifluormetano) e Halon 1301 (bromotrifluormetano). 9 Segundo Decreto Federal Nº 99.280, de 6 de junho de 1990. A “camada de ozônio” significa a camada de ozônio atmosférico acima da camada planetária limite. 104 de gestão ambiental) aspectos legais satisfazendo assim seus clientes (ver também Figuras, 19, 20 e 21). 0 O risco é elevado. Existe algum risco. 2 Não, não existe risco; o risco é insignificante. 2 0 1 2 3 4 5 Nº de Empresas Figura 23 - A empresa considera que há risco de sofrer perdas ou danos de qualquer natureza, mantendo o sistema de produção e gestão atual da empresa, sem introduzir novas mudanças nos próximos três anos. Fonte: dados da pesquisa, 2006. 105 4.2 Discussões É possível verificar que existe uma razoável sensibilidade das empresas aos aspectos ambientais e sociais relacionados às atividades da indústria regional local. As certificações dos sistemas de gestão ambiental ou sistemas de gestão integrados e a responsabilidade social não são obrigatórios ou mandatórios no mercado de moagem de cacau. Ou seja, não há restrição comercial que obrigue a organização produtiva do setor a possuir tais certificações. Podemos atribuir a aceitabilidade ao uso de ferramentas do sistema de gestão ambiental não atuando de maneira sistêmica, devido a dois fatos: 1) Da localização do setor de moagem de cacau dentro da cadeia que se encontra o cacau (desde o produtor até o consumidor final) já que o cacau moído é um produto intermediário de produção, ou seja, o líquor, o cacau em pó e a manteiga de cacau passarão por demais unidades fabris até chegar ao consumidor final. 2) Devido ao setor de alimentos no país não possuir um elevado potencial poluidor quando comparado a empresas que operam com produtos 106 químicos, petróleo etc, refletindo então um grau de satisfação na gestão atual de seus processos, na maioria dos casos estudados, quanto ao entendimento dos possíveis problemas ambientais, sociais e econômicos (que estão presentes em qualquer setor produtivo) pelos gestores e acionistas do ramo industrial em questão. Contudo, os clientes do setor de beneficiamento de cacau em nível nacional e internacional, em dois dos casos estudados, vem de maneira sistemática verificando as ações de seus fornecedores no campo da responsabilidade sócioambiental dos direitos humanos e da saúde e segurança do trabalhador e na área ambiental estabelecendo como condição de comercialização de produtos e serviços. O principal limitante observado nas indústrias beneficiadoras de cacau quanto ao cumprimento sistemático da legislação, em alguns casos, dá-se devido a desinformação, a não sistematização em avaliar as legislações em vigor ou a postergação por deferimento do órgão ambiental na postergação de prazos para cumprimento de variáveis legais. Em outros casos há o comprometimento e planejamento estabelecido para o atendimento da exigência. A criação de legislação específica para o tema gestão integrada e quanto à obrigatoriedade da realização de auditorias sistemáticas, e que estas fossem reportadas aos órgãos ambientais, seria de suma importância para o Estado e para conservação do meio ambiente, convergindo para o que teoriza Porter e Linde (1999). As pesquisas descritas de gestão ambiental realizada pelo BNDES em 1998 e a pesquisa sobre Competitividade da Indústria Brasileira, realizada por CNI, SEBRAE e BNDES em 2001, com 1.158 empresas refletem ainda hoje o perfil 107 parcialmente semelhante às empresas pesquisadas, principalmente ao que tange a legislação. Podemos verificar comparativamente com a pesquisa do BNDES em 1998 que após cerca de 10 anos de realização desta pesquisa os aspectos levantados quanto a acidentes ambientais e sua relevância na região Nordeste, atualmente, são aspectos mitigados, caracterizando então uma evolução no comportamento empresarial. Quando se confronta a pesquisa da FIEB em 2004 (ver página 47) e os resultados dessa pesquisa, observa-se que refletem similarmente as empresas estudadas, quanto aos aspectos ambientais (de maior relevância como consumo de água, energia elétrica). No que tange as práticas adotadas para a melhoria do desempenho ambiental o uso das boas práticas operacionais é ação comum, mas divergindo quando apenas 33,33% as empresas pesquisadas pela FIEB adotam estação de tratamento de efluentes, sendo que todas as empresas de beneficiamento de cacau apresentam tratamento de seus efluentes líquidos. Mesmo com a adoção de sistemas de gestão integrados ou não, que a metade das empresas reconhecem seus benefícios, a zona de entrave que o setor empresarial levanta é a falta de recursos regionais disponíveis e a pouca disponibilidade de instituições de educação em fornecer serviços para tratamento de resíduos, análises laboratoriais, auxílio quanto às legislações ambientais e suporte a questões de educação ambiental que na sua essência pouco se tem realizado para aplicá-la. Nesse aspecto é de grande relevância o processo de fornecimento de serviços e consultorias pelas instituições de ensino em parceria com o poder público úteis em prol da comunidade empresarial conforme defende Müller (2002, apud LAGES e LOPES, 2003). 108 Pode-se dizer que na maioria das indústrias moageiras de cacau no eixo Ilhéus e Itabuna, a princípio, que o Sistema de Gestão Ambiental, é um sistema reativo ao surgimento de regulamentações, mas tem a sensibilidade na maioria dos casos quanto a efetiva e sistemática utilização de ferramentas que se aproximam ou não do pacote ISO, ou de qualquer outro tipo de acordo de adesão voluntária presente no mercado, sendo esse um caminho que as empresas pesquisadas estão perseguindo. A adoção de procedimentos sistematizados se tornam mais viáveis, por essas empresas serem multinacionais e já possuir, em duas delas, implementado ferramentas dos sistemas de segurança e saúde ocupacional, gestão ambiental e gestão da qualidade. Sendo detectado este último de maior relevância na atualidade regional na conquista de novos mercados. Uma das empresas pesquisadas o sistema apresenta com um passo a frente, pois já busca integração dos sistemas de qualidade, segurança, meio ambiente e responsabilidade social de forma a atender um ambiente de clientes mais restritivos, ou seja, em busca de um maior espaço no mercado. Nessa pesquisa foi possível verificar que não existe intencionalidade do universo pesquisado em adotar a certificação dos padrões ISO de gestão ambiental, mundialmente conhecido ou qualquer outro tipo de certificação de caráter voluntário. Nesse universo empresarial em estudo, não apresenta um limitante mercadológico. Estar alinhado as ferramentas de gestão solicitadas pelos seus clientes, declarações de comportamentos ambientais dessas empresas para os seus clientes, qualidade de produto e condições econômicas viáveis para compra, são na atualidade das indústrias moageiras de cacau a mola propulsora de seus negócios. Deixando o meio ambiente e as questões sociais, na prática em um plano abstrato e teórico. 109 As ferramentas de gestão adotadas pelas empresas, quando comparado ao pacote ISO 14000, apresenta diretrizes básicas como confecção e declaração de política ambiental, por exemplo, mas na maioria do universo pesquisado está estabelecido de maneira não-sistemática. Entretanto, é claro o posicionamento do empresariado quanto à adoção de sistemas de gestão integrados ou não, se tais sistemas apresentarem-se como exigências na conquista de novos mercados eles estarão sempre prontos para mudar suas posições quando forem consideradas desvantajosas. Enfim, no setor de beneficiamento de cacau as Normas ISO são apenas norteadores, pois o que define certificações ou não é o mercado que na atualidade adota a padrões não compulsórios de SGA´s, restringindo-se na maioria dos casos aos padrões legislados. 110 5 CONCLUSÕES Os temas ligados às questões ambientais têm constantemente tomado dimensões e proporções em nível planetário. A busca de soluções passíveis e viáveis para minimizar os impactos relativos às atividades humanas e especialmente as atividades industriais sem afetar as estruturas e econômicas, ambientais e sociais, tem se tornado objeto de pesquisa da maioria das academias. Na indústria regional local de beneficiamento de cacau, objeto do estudo, apresenta a qualidade de seus produtos e serviços como fator primordial para a competitividade levando os empresários à busca de melhorias contínuas e de inovações tecnológicas em seus processos. O desempenho nas áreas de saúde e segurança, responsabilidade social e ambiental não apresentam a mesma correspondência na filosofia da maioria das empresas avaliadas. A ligação entre a gestão ambiental (NBR ISO 14001) e as indústrias beneficiadoras de cacau, dentro do contexto de estudo, ficou evidente. Verifica-se que as indústrias adotam as ferramentas do sistema de gestão ambiental no 111 gerenciamento de seus processos, entretanto não é percebido uma sistematização, na maioria das empresas estudadas. Não se percebe aderência em algumas empresas quanto à adoção de processos de gestão integrados. A influência dos processos de gestão ambiental e principalmente de gestão integrados dá-se pela competitividade do mercado e depende de fatores pela cadeia de fornecimento, partes interessadas, bancos financiadores - o preço de suas ações em bolsa valores, fornecedores/ clientes na qual está inserida. É possível colocar em uma escala decrescente de adoção de práticas de sistemas de gestão e adoção de códigos voluntários de conduta, a seqüência é estabelecida: sistema da qualidade, sistema ambiental, saúde e segurança do trabalhador, responsabilidade social e a integração dos sistemas. Mostra-se ainda uma passividade por parte de algumas empresas quando no cumprimento de legislações, posicionando-se comodamente frente à possibilidade de melhoria frente os aspectos ambientais de seu processo produtivo. Este comportamento é alterado, ou seja, impulsionado para o campo da ação imediata, quando o mercado ou acionistas o percebam como uma ação que gere uma imagem rentável e/ou uma nova possibilidade comercial para seus negócios. Embora observe-se tal comportamento, as empresas estão propostas a mudanças em qualquer momento, mesmo que estas lhes gerem custos. Ou seja, mesmo que de maneira reativa o meio ambiente é passível de ser beneficiado e os impactos sofridos sejam eliminados ou minimizados. As legislações existentes em nível Federal, Estadual e Municipal não exigem de maneira compulsória que as empresas reavaliem seus processos, através de auditorias ou auto-avaliações sistematizadas. 112 Por meio do estudo visualizou-se a relação não cooperativa entre universidade e empresa. Por sua vez ambas estão dentro de seus contextos de atuação voltada a serviço da comunidade juntamente com o poder público. Este último como agente fiscalizador das empresas quanto aos seus serviços, produtos, ações lesivas ao meio ambiente, ao trabalhador etc e quanto ao cumprimento de normas, sendo que não existem instrumentos públicos e incentivos para a busca de melhorias no desempenho ambiental. Em paralelo o poder público oferece subsídio às universidades para pesquisa em prol da sociedade. Entretanto, tais agentes não se interagem de maneira construtiva em prol do bem comum; resulta-se ai o surgimento de práticas pouco sustentáveis. Conseqüentemente possibilitando as reações restritivas das empresas quanto à aplicação de instrumentos de pesquisa provenientes das instituições de ensino, vislumbrando possíveis restrições futuras ou fiscalizações mais severas. Apesar de algumas resistências e limitações, observa-se que a tendência ao atendimento de sistemas integrados ou sistemas distintos como de gestão ambiental de maneira sistemática (ou de futuros sistemas impostos pelo mercado) acompanhado pelo surgimento de legislações é algo que as empresas estão inexoravelmente fadadas. Assim, esta pesquisa recomenda: • O surgimento de políticas públicas visando cooperação entre as instituições de ensino e empresa e que essas políticas públicas se completem; • Uma legislação ambiental local de modo a sistematizar auditorias nas empresas na qual as instituições de ensino e pesquisa possam contribuir o poder público de modo a auxiliar na instrumentalização e paralelamente agregando incentivos na adoção de tais requerimentos legais; 113 • Avaliação das potencialidades de uso de resíduos graxos do processo de obtenção da manteiga de cacau como biocombustível, aliada a busca de tecnologias inovadoras (através de pesquisa) para os problemas ambientais críticos; • E como proposta para futuros trabalhos avaliar o sistema de gestão adotado em empresas regionais com alto potencial poluidor. 114 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. Relatório Anual 2006. 21 p. Disponível em < http://www.abiquim.org.br/english/content.asp?princ=rec >. 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Institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, dispondo sobre o tratamento 116 jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos arts. 170 e 179 da Constituição Federal. Regulamentado pelo Decreto no 3.474, de 19 de maio de 2000. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 22 de maio de 2000. Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9841.htm >. Acesso em 12 de dez. de 2007. CAGNIN, Cristiano H. Fatores relevantes na implantação de um sistema se gestão ambiental com base na norma ISO 14001. 152 p. Tese (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. CAMPOS, José Armando de F. Relatório de sustentabilidade empresarial. Vol. 1. [S.l.: s.n.], 2002. 47 p. Disponível em <http://www.ana.gov.br/AcoesAdministrativas/RelatorioGestao/Rio10/Riomaisdez/do cumentos/1742-visao-estrategica%20-%20CEBDS.pdf.167.pdf >. Acesso em 13 de julho de 2007. CANTARINO, Anderson A. A. 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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIENCIAS AGRÄRIAS E AMBIENTAIS PESQUISA SOBRE GESTÃO AMBIENTAL NAS INDÚSTRIAS DE CACAU QUESTIONÁRIO Da Empresa e seu Dirigente NOME DA EMPRESA: ________________________________________________________ SETOR PRODUTIVO: _________________________________________________________ ENDEREÇO: ________________________________________________________________ RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES DA PESQUISA: ___________________________ CARGO OCUPADO PELO RESPONSÀVEL PELAS INFORMAÇÕES: __________________ TEL/FAX: _____________________ Dados sociais do Dirigente: Nacionalidade: Idade: Escolaridade: ; Sexo: Masc. Fem.; ; Profissão / área de formação:_________________________________; Pós-graduação, Graduação, Nível médio , Outro nível. Gestão Ambiental 1. Quais os aspectos ambientais mais vulneráveis com a produção de sua empresa? Assinale em ordem de prioridade, sendo a maior prioridade 1, a segunda prioridade 2, etc. Consumo de água Consumo de energia elétrica Consumo de outros recursos naturais (madeira, minerais, etc) Áreas degradadas Resíduos sólidos Efluentes líquidos Emissões atmosféricas Odor Vibração, Ruídos Saúde Ocupacional Comunidade do entorno Aos consumidores e usuários dos produtos/ serviços gerados pela empresa Aos fornecedores de matéria prima Outros: _____________________________________________________________________ 123 2. Que alternativas são adotadas visando à melhoria do desempenho ambiental da empresa? Estação de tratamento de efluentes Análise do ciclo de vida Aterro industrial Precipitadores eletrostáticos Filtros Reciclagem interna (uso dos resíduos/subprodutos gerados na própria empresa) Reciclagem externa (aproveitamento de resíduos/subprodutos gerados/para outro empresas) Mudança de matéria-prima/insumo (para outro ecologicamente mais correto) Mudança no produto principal (para outro ecologicamente mais correto) Boas práticas operacionais (mudança de procedimentos e condições operacionais, substituição / adequação de equipamentos) Modificação tecnológica (extração, filtração, centrifugação, recirculação de correntes de efluentes) Utilização da Bolsa de Resíduos Benchmarking (Troca de informações) Nenhuma Outros: ___________________________________________________________________________ 3. Que procedimentos de gestão ambiental são utilizados por sua empresa? Levantamento dos Aspectos Ambientais relacionados ao processo produtivo Redução de Consumo: água e/ou energia elétrica Análise de Riscos Ambientais Implantação de Programa de produção mais limpa/tecnologias limpas Gerenciamento de resíduos Educação/Treinamento ambiental para os funcionários Monitoramento Ambiental Licenciamento Ambiental Estabelecimento de Comissão Técnica de Garantia Ambiental- CTGA Declaração de Política Ambiental Acompanhamento e monitoramento preventivo de legislação ambiental/outros requisitos legais Estabelecimento de Termo de Conduta Ambiental – TCA Implantação de Sistema de Gestão Ambiental com objetivos e metas Certificação Ambiental pela Norma ISO 14001 Balanço de Sustentabilidade Ambiental Auditorias Ambientais sistemáticas Adesão a Protocolos Ambientais. Quais? ___________________________________________ Plano de Contingência - PC 124 Outros: _____________________________________________________________________ 4. Existe algum documento formal da empresa no qual esteja expressa a sua política ambiental? Sim Não Não sabe 5. 6. Quais são os meios de divulgação da política ambiental? (Se a empresa possuir) Jornal de circulação no estado Internet Intranet própria da empresa Informativo interno Nas visitações de público externo Treinamento aos funcionários Em que se baseia a política ambiental da sua empresa? (Se a empresa possuir) Em requerimentos da lei Em direcionamentos e/ou diretrizes internas da empresa Ambos Outros 7. Em que áreas a empresa teria interesse de capacitar seus técnicos? (Assinale em ordem de prioridade, considerando que maior prioridade recebe 1, a segunda prioridade 2 e assim por diante). Que limitações essa(s) capacitação(ões) resolveria(m)? Tecnologias limpas, Produção mais Limpa, Melhor disposição dos resíduos Prevenção da Poluição Atender aos requerimentos da licença ambiental Sistema de Gestão Ambiental Análise do Ciclo de Vida Atender legislação específica Gestão, tratamento e disposição de Atingir a excelência ambiental efluentes líquidos Programa de melhoria contínua da empresa Gestão, tratamento e disposição de resíduos sólidos Atender a política ambiental Gestão, tratamento e disposição de Outra (qual?) emissões ______________________ atmosféricas Não há limitações. Educação ambiental Sistema de Gestão Integrada (SGI) Outros: ______________________________ 125 8. De que forma são efetuadas as análises críticas e periódicas do SGA na empresa? Auditorias periódicas Reuniões da CTGA Por requerimentos da licença ambiental Quando a diretoria solicita Não há estabelecido avaliações sistemáticas Outros: ________________________________________________________________________ 9. A Empresa possui objetivos e metas ambientais definidas? Sim Não Não Sabe 10. Se a Empresa possui objetivos e metas ambientais definidas. Assinale abaixo. Redução de consumo de água Redução do consumo de energia elétrica Redução do uso de embalagens Redução de uso e consumo de CFC´s nas instalações Reciclagem ou reaproveitamento de materiais Ampliação do ciclo de vida dos produtos Redução da geração de resíduos por volume de produção Aplicação de tecnologia limpas Outras. Quais ? ___________________________________________________ 11. Qual a freqüência de avaliação dessas metas estabelecidas ? Mensal Trimestral Semestral Plurianual Não há 12. Assinale abaixo um valor de 0 a 5 aos aspectos indicados que representam risco (valor maior para o risco maior) para a empresa manter-se competitiva no mercado: Qualidade do produto ou serviço oferecido; Tecnologia ou processos utilizados na geração ou formatação do produto ou serviço; Resíduos decorrentes dos produtos ou serviços oferecidos Questões sociais com funcionários ou com a comunidade Não há riscos 126 13. A empresa utiliza assessoria externa para a solução de problemas ambientais? Sim. Que tipo? _______________________________________________ Não 14. Qual é o nível de escolaridade da equipe de meio ambiente da empresa? Nível Superior c/ pós-graduação. Qual? __________________Quantos? __________ Nível Superior. Qual? ___ ___ Quantos? __________ Nível Médio. Qual? _________ Quantos? __________ Nível Fundamental. Quantos? __________ Outro. Qual? ______________ Quantos? __________ 15. A empresa opera com sistema de gestão integrada? Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente Qualidade e Meio Ambiente Não tem SGI Outro:__________________________________________________- 16. A empresa já participou de algum prêmio empresarial, relacionado com a questão ambiental? Sim. Quais? _________________________________________________ Não, mas tem interesse em participar Não, e não tem interesse em participar Licenciamento Ambiental 17. Quanto ao licenciamento ambiental, a sua empresa: É licenciada Não é licenciada Desconhece o processo 18. Assinale os tipos de licenças/autorizações demandadas na atividade produtiva de sua empresa. Licença Ambiental Portaria de Lavra Guia de utilização do minério Alvará de Pesquisa Mineral Outorga para uso de água Autorização para transporte de produtos ou resíduos Autorização para perfuração de poços Autorização de supressão da vegetação Autorização de queima controlada Autorização para produção, comercialização e transporte de agrotóxicos 127 Outras Autorizações: ______________________________________________________________ Desconhece 19. Que dificuldades tem/teve para realizar o licenciamento ambiental? Falta de informações Legislação complexa Requisitos exagerados para adequação ambiental Demora na análise de pedidos ou ações por parte de órgão ambiental Custo elevado do licenciamento Não há dificuldades Outras: _________________________________________________________________________ Responsabilidade Sócio-Ambiental 20. Que ações a empresa já desenvolveu na área da responsabilidade sócioambiental? Educação Ambiental para comunidade no seu entorno Qual? ____________________________________________________________________ ___ Educação Ambiental para funcionários Qual? ____________________________________________________________________ ___ Investimentos na educação dos empregados Quanto por ano? ______________________________________________________________ Manutenção de reservas ou parques, limpeza pública etc. Que projetos? ________________________________________________________________ Projetos no setor de saúde Que projetos? ________________________________________________________________ Nenhuma ação, mas tem interesse em desenvolver Nenhuma ação e não tem interesse no momento de desenvolver qualquer ação Outras: _________________________________________________________________________ 21. De que forma a empresa implementa os seus projetos ambientais? Recursos humanos próprios Consultoria privada Parceria com ONG´s - Órgãos Não Governamentais Parceria com Universidades Parceria com Órgãos Governamentais Parceria com o SENAI 128 Parceria com o SESI Nenhuma ação Outras: _________________________________________________________________ 22. A empresa já sofreu algum tipo de pressão para a melhoria do desempenho ambiental? (Mais de uma opção podem ser assinadas. Assinale um valores de 0 a 5 – valor maior para quem exerce maior pressão) Clientes nacionais Clientes estrangeiros Seguradoras ou bancos Comunidade ONG´s – Organizações não governamentais Órgãos ambientais Governo: ()Municipal, ( )Estadual, ( )Federal Funcionários Não Outros: _________________________________________________________________ 23. De que forma a empresa percebe as pressões? (Mais de uma opção podem ser assinadas. Assinale um valores de 0 a 5 – valor maior para a forma de maior pressão sobre a empresa) Manifestações públicas Manifestação de clientes Ação judicial Redução no consumo dos produtos Inspeção do órgão ambiental Outros: __________________________________________________ Nenhuma forma de pressão é percebida pela empresa 24. Diante dos possíveis riscos ambientais, a empresa prefere? Expor-se aos riscos Buscar alternativas para redução ou eliminação dos riscos Outra opção: _____________________________________________ Informações Complementares 25. Assinale a faixa de faturamento anual (R$) de sua empresa? Até 120.000,00 120.001,00 a 720.000,00 720.001,00 a 1.500.000,00 1.500.001,00 a 3.000.000,00 3.000.001,00 a 6.000.000,00 6.000.001,00 a 12.000.000,00 12.000.001,00 a 25.000.000,00 26. 25.000.001,00 a 50.000.000,00 50.000.001,00 a 100.000.000,00 100.000.001,00 a 250.000.000,00 250.000.001,00 a 500.000.000,00 500.000.001,00 a 1.000.000.000,00 Acima de 1.000.000.000,00 Quantos empregados diretos a empresa tem? 129 Entre 01 – 19 Entre 20 – 99 Entre 100 – 499 Acima de 500 27. Indique os mercados para os quais são destinados os produtos ou serviços da empresa. Mercado Regional Mercado Nacional Mercosul EUA União Européia Ásia Outras Regiões: _________________________________________________________ 28. Nos últimos 3 anos, a empresa fez algum investimento na área ambiental? Sim. Quanto? ____________________________________________________________ Não 29. Considera que, mantendo o sistema de produção e gestão atual da empresa, sem introduzir novas mudanças nos próximos três anos, ela corre o risco de sofrer perdas ou danos de qualquer natureza? Não, não existe risco; o risco é insignificante; Existe algum risco; O risco é elevado. 30. Você acredita na capacidade das instituições atuais em supervisionar e punir o não cumprimento de normas / leis ambientais existentes? Não acredita ou acredita pouco Acredita em parte Acredita bastante Data do preenchimento do questionário: ___/___/______ _____________________________________________ Assinatura do responsável pelas informações 130 APÊNDICE B 131 APÊNDICE B– Roteiro de entrevistas nas empresas Indústria: _____________________________________________ Visita - _______________________________________________ Referência Questionário sobre Sistema de Gestão Ambiental – respondido em ___/ ____ / _____ Responsável pelas Informações: _____________________________ Cargo: ________________________________________ Questão 1: Aspectos ambientais mais vulneráveis (maior prioridade 1, segunda prioridade 2 etc). 1 – Consumo de energia elétrica 2 – Saúde Ocupacional 3 – Resíduos Sólidos 4 – Efluentes Líquidos 5 – Emissões Atmosféricas 6 – Aos consumidores e usuários de produtos / serviços gerados pela empresa 7 – Consumo de água 8 – Vibração ruídos 9 – Comunidade do entorno 10 – Consumo de outros recursos naturais 11 – Áreas degradadas 12 – Odor 13 – Aos fornecedores de matéria-prima Consumo de energia elétrica: São tomadas ações para minimizar a maior vulnerabilidade – consumo de energia elétrica? Em que bases são traçadas tais ações? (maior custo com energia elétrica, metas da alta direção etc) Há percentuais anuais de redução estimados? Até que nível dentro da empresa tomam conhecimento de tais metas? 132 Há monitoramento freqüente e tais são retornados aos empregados? Saúde Ocupacional: Que tipo de aspecto ambiental levantado na planta representa vulnerabilidade à saúde ocupacional? Há um inventário e sistema de controle escrito e estabelecido para todas as instalações na qual um aspecto ambiental possa influir na saúde ocupacional? Resíduos sólidos: Para todos os resíduos sólidos há manual específico? Eles são caracterizados? A empresa possui algum resíduo que poderia ser re-utilizado ou reciclado mas não o é devido a limitações locais como ausência de empresas licenciadas por exemplo ? Quais? O Plano de gerenciamento de resíduos sólidos é disponibilizado para algum órgão ambiental? Por espontaneidade da empresa ou por solicitação? Todos os locais de acondicionamento de resíduos estão em arranjo conforme NBR 11174/ 1990 – resíduos classe II e NBR 12235 ⇒ Armazenamento de resíduos sólidos perigosos? Há um sistema em ação para manipular, estocar e evacuar ou destruir lixo/resíduo químico? A fábrica possui inventário de todos os resíduos e materiais perigosos? Os resíduos perigosos são registrados a fim de possível rastreamento? A Fábrica possui contabilização de todos os resíduos vendidos? E as respectivas receitas e despesas geradas ? 133 A fábrica mantém registro de todos os resíduos que tenham sido reciclados/ reutilizados ou recuperados? A fábrica possui PCB’s – bifenila policloradas nos transformadores? Caso negativo, é realizada monitoragem de ausência? A unidade fabril possui amianto? Se sim, há tendência a substituição? Efluentes Líquidos A fábrica possui planta hídrica e respectivo balanço hídrico? A fábrica realiza monitoramento de periódico das tubulações que direcionam a água industrial a ETE? Qual a eficiência de tratamento da ETE? Emissões Atmosféricas Há caracterização de todas as emissões atmosféricas? Quanto ao uso de combustíveis fosseis (como GLP, por exemplo) é dimensionada a potencial poluição com liberação de CO2? Há utilização de gases refrigerante CFC’s no processo de refrigeração? Existem metas para substituição dos mesmos? Consumo de água Que tipo de ações a empresa realiza para redução do consumo de água? 134 Qual a média de utilização de água hora, por dia ou mês em m3 ? Quantos m3 há permissão de uso? Qual a fonte da água potável? (sistema de tratamento do município ou estação própria) Vibração de ruídos Ë realizada medição de ruído ambiental e vibração ambiental? Comunidade do entorno A comunidade é atuante? Em caso de reclamação da comunidade como ela é tratada internamente? Qual o maior feed-back10 - retorno que existe da comunidade local? Odor Os odores advindo do processamento de cacau são monitorados? Aos fornecedores de matéria prima Tais fornecedores estão alinhados a política de meio ambiente da sua empresa? Como a empresa observa isso em seus fornecedores? 10 Feed-back – retorno (tradução do autor) 135 A empresa realizam auditorias periódicas em seus fornecedores? Ë observado o possível impacto que os fornecedores de cacau possam carrear ao meio ambiente por utilizarem em suas fazendas produtos químicos sem a disposição adequada das embalagens, por exemplo? Questão 2: Alternativas adotadas visando à melhoria de desempenho ambiental? • • • • • • • • • • • • • • Estação de tratamento de Efluentes Análise do ciclo de vida Aterro Industrial Precipitadores eletrostáticos Filtros Reciclagem interna (uso dos resíduos/ subprodutos gerados na própria empresa) Reciclagem externa (aproveitamento de resíduo/ subproduto gerados para outras empresas) Mudança de matéria-prima/insumo (para outro ecologicamente correto) Mudança no produto principal Boas Práticas Operacionais (mudança de procedimentos e condições operacionais, substituição / adequação de equipamentos) Mudança tecnológica (extração, filtração, centrifugação, recirculação de correntes de efluentes) Utilização de bolsa de resíduos Benchmarking11 (troca de informações) Nenhuma As alternativas indicadas podem ser observadas? (observar e descrever com detalhes como são executadas as alternativas para melhoria do desempenho ambiental) Estação de tratamento de efluentes Os resultados de monitoramento da ETE são passados para o órgão ambiental ou está à disposição do órgão? 11 Benchmarking – troca de informações - tradução própria do autor 136 Qual o tipo de tratamento é realizado com água industrial? Todas as águas industriais são direcionadas a ETE? Água que não passam pela estação de tratamento e são direcionadas para o Rio, são monitoradas (ex.: água de torre de resfriamento, águas pluviais)? Como a ETE foi instalada há cerca de três anos passados, qual o direcionamento anterior dado às águas servidas? Há caracterização de efluentes conforme parâmetros orgânicos e inorgânicos do Conama 375/05? Existe diagrama de tubagem de águas servidas da unidade fabril ? Há permissão para descarte de água tratada na ETE? quantos m3? Filtros Que tipo de disposição final é dado aos filtros? Reciclagem interna Que tipo de produto e/ou subproduto é reciclado internamente? Há gasto de energia para realização dessa reciclagem? Reciclagem externa Que tipo de produto e/ou subproduto é utilizado por outras empresas? 137 Há caracterização segundo NBR 10004 de todos os resíduos gerados pela planta? Aterro Industrial / Lixão Resíduos como papel sanitário, resíduos vindos junto ao cacau em amêndoas são direcionados ao lixão? Existe licenciamento pelo órgão ambiental desse lixão? A prefeitura municipal tem ciência de todos os resíduos que são para lá destinados? Modificação tecnológica Que tipo de modificação tecnológica tem sido utilizada em prol da conservação ambiental? Mudança de matéria prima ou insumo A mudança de matéria-prima ou insumo se deu por pressão de órgão ambiental ou de clientes? Questão 3: Procedimentos de gestão Ambiental utilizados pela empresa Levantamento dos Aspectos Ambientais relacionados ao processo produtivo Redução de Consumo: água e/ou energia elétrica Análise de Riscos Ambientais Implantação de Programa de produção mais limpa/tecnologias limpas Gerenciamento de resíduos Educação/Treinamento ambiental para os funcionários Monitoramento Ambiental Licenciamento Ambiental Estabelecimento de Comissão Técnica de Garantia Ambiental - CTGA Declaração de Política Ambienta Acompanhamento e monitoramento preventivo de legislação ambiental/outros requisitos legais Estabelecimento de Termo de Conduta Ambiental – TCA Implantação de Sistema de Gestão Ambiental com objetivos e metas Certificação Ambiental pela Norma ISO 14001 138 Balanço de Sustentabilidade Ambiental Auditorias Ambientais sistemáticas Adesão a Protocolos Ambientais. CONDEMA, Comitê de Bacias do Leste Plano de Contingência – PC Levantamento dos Aspectos Ambientais relacionados ao processo produtivo Para cada aspecto ambiental levantado existe uma ação mitigadora correspondente? De que forma está disponibilizada para área fabril? Dentre os aspectos ambientais levantados há plano de emergência relacionado? Tais planos de emergência são de conhecimento das autoridades? Quais? Educação e Treinamento Ambiental para funcionários Funcionários novos e transferidos recebem treinamento básico antes de iniciarem uma nova função? Qual a periodicidade de treinamento que funcionários recebem treinamento ambiental ? Há prazo definido? Existe prazo definido para que novos funcionários recebam treinamento? A eficácia dos treinamentos é avaliada? É aplicado treinamento quanto ao uso e descarte de produtos químicos, bem como manipulação armazenamento e transporte? Acompanhamento e monitoramento preventivo de legislação ambiental/outros requisitos legais 139 A unidade tem o registro de regulamentos locais aplicáveis, padrões internacionais e políticas de segurança, saúde e meio ambiente? Como essas informações chegam até a empresa (contratação de terceiro)? Existe um sistema para manter essas informações atualizadas? Existe um sistema para comunicar regulamentos relevantes às partes interessadas (funcionários, por exemplo) O que acha da UESC fornecer esse tipo de acessória? Implantação de Sistema de Gestão Ambiental com objetivos e metas Que tipo de SGA é empregado? (é próprio da empresa ou o pacote ISO 14001 está em implementação?) Os clientes de nível internacional e/ou nacional fazem requerimentos frente as certificações em vigor ? REMETE a Questão 22: Maior pressão para melhor desempenho ambiental (de 0 a 5 maior valor para maior pressão) Órgãos Ambientais Clientes Nacionais Clientes estrangeiros Governo: ( ) Municipal, ( ) Estadual, ( ) Federal Funcionários Seguradoras ou bancos Comunidade ONG’s Em linhas gerais que maior requerimento os clientes nacionais os solicitam? Que tipo de pressão o órgão ambiental os induz? A secretaria de governo do município exerce forte pressão ambiental? Qual o aspecto que há maior enfoque? 140 Nos últimos cinco anos ocorreu alguma multa pelo CRA ? Planos de Contingência Os planos de contingência da unidade fabril é de conhecimento das autoridades? Existem planos de contingência e recuperação para: - incidentes na unidade ? - fora da unidade? - Parada total da unidade? - Perda de fornecimento? Esses Planos contém atualização para elementos mais críticos para o negócio? - plano para minimizar impactos? - Tomadores chaves de decisão com alternativas? - Canal de comunicação (fone, dado, rodovia etc )? - Unidades alternativas de fabricação? - Unidades alternativas como centro de distribuição e estocagem refrigerada? Auditorias Ambientais Sistematizadas Qual a freqüência de realização dessas auditorias? Elas são realizadas por auditores internos ou externos? Existe freqüência estabelecida de reciclagem para auditores internos? Qual a referência utilizada nessas auditorias (sistema de gestão ambiental próprio)? Um plano de ação é produzido mostrando passos a serem seguidos com prazos e definição de responsabilidades? Questão 4: Existência de documento formal da empresa no qual esteja expressa a sua política ambiental. Essa política contém uma declaração razoável de intenção? Há uma seção da política que define organização e responsabilidades? 141 Esse documento é de acesso público? Neste caso, podemos consultá-lo? (analisar e registrar nome do documento na qual esteja expressa a política ambiental da empresa, data que foi elaborado o documento, quem tem acesso ao documento, os objetivos e metas da política ambiental da empresa, caso constem no documento). Questão 5: Quais os meios de divulgação da política Ambiental ? Informativo interno e Jornal de grande circulação no Estado. Onde se pode localizar tais meios? É possível obter um exemplar do meio de divulgação? Questão 6: Em que se baseia a política ambiental? Em direcionamentos e/ou diretrizes internas da empresa. A política da empresa é traduzida em linguagem apropriada à todos os níveis da industria ? Existe treinamento formal sobre política ambiental? Questão 8: As análises críticas e periódicas do SGA são efetuadas nas reuniões de CTGA Os objetivos ambientais também são discutidos e avaliados nessas reuniões? O gerente geral participa dessas reuniões? Os funcionários são representados nesse comitê? A empresa realiza anualmente a entrega do relatório RTGA12 – Relatório Técnico de Garantia Ambiental ao órgão ambiental? 12 DECRETO Nº 7.967, de 05/06/2001 Aprova o Regulamento da Lei nº. 7.799, de 07 de fevereiro de 2001.CAPÍTULO III, DO AUTOCONTROLE AMBIENTAL, Art. 210 XIII - Apresentar ao CRA, anualmente, até o último dia do mês de fevereiro, o Relatório Técnico de Garantia Ambiental - RTGA, 142 Questão 9: A empresa possui objetivos e metas ambientais definidas Onde estão expressos os objetivos e metas da empresa? O documento é de acesso público? A gerência da unidade assegura disponibilidade de recursos? Existe um sistema em atividade para medir e relatar os indicadores de performance? Questão 10: A empresa possui objetivos e metas ambientais definidas de: redução do consumo de água, de energia elétrica, reciclagem ou reaproveitamento de materiais, redução da geração de resíduos por volume de produção. Questão 15: A empresa opera com sistema de gestão integrada ? Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente A empresa tem implementado ou possui metas para implementação da SA 8000 – Norma de gestão da responsabilidade social uniforme e auditável credenciada pela SAI – Social Accoutability Intenacional ? Existe um sistema de feed-back – retorno13 local para realçar o sistema de gerenciamento em Qualidade, Saúde, segurança e meio Ambiente? A unidade possui política de qualidade, saúde, segurança e meio ambiente publicada pelo gerente geral? (ou as políticas são distintas?) contendo: a) resumo das principais ações da CTGA no ano anterior; b) atas das reuniões ocorridas no período anual; c) demonstrativos do desempenho ambiental da atividade, ilustrados com gráficos e planilhas; d) situação dos condicionantes da licença em vigor, dentre outras informações relevantes. 13 Tradução própria do autor 143 O plano a longo prazo da unidade inclui qualidade, saúde e segurança e meio ambiente como prioridades definidas ? As obrigações e responsabilidades de qualidade, saúde, segurança e meio ambiente são metas estabelecidas a todo corpo gerencial e de chefia? Há algum meio para motivar o gerenciamento e a performance dessa integração de sistemas, ou melhor há um meio de comunicação (com identificação ou não) entre funcionários e alta gerencia para denuncias, sugestões etc, com feed-back de ações e/ou investigações realizadas ? Todos os visitantes e/ou contratados recebem informações sobre a política de segurança, saúde e meio ambiente quando na chegada à unidade fabril? Qual o veículo? Há treinamento de saúde, segurança e meio ambiente (S.S. & M.A.) para colaboradores e funcionários temporários? A unidade tem um programa formal de observação que provê sistema de feed back sobre o comportamento de segurança? A gerência expressa visível e regularmente sua visão e objetivos para segurança? O time gerencial são treinados nas técnicas de observação comportamental? A fábrica possui um sistema de informação para coletar, registrar, analisar e acompanhar observações de segurança? Há pano formal de observação de segurança com feed-back local? Há um comitê de crise estabelecido formalmente na indústria? Os funcionários estão representados nele? Existe freqüência estabelecida das reuniões? Existe plano de ação após essas reuniões? O plano de crise/ emergência é estabelecido para as diferentes situações de emergência locais possíveis? O comitê de crise/emergência tem plano de alarme de segurança? Na empresa existem mais de um técnico de segurança? O técnico e/ou engenheiro de segurança participa das sessões gerenciais? 144 O técnico de segurança e meio ambiente reporta-se diretamente ou tem acesso a alta gerência da unidade? Existe um programa para relatar e investigar todos os acidentes de segurança? As estatísticas de acidentes são coletadas por departamento, área, função, causa, tipo? Há ambulatório médico na unidade? Qual o destino dos resíduos? Existe procedimento formal para casos de incidentes ou acidentes ambientais? Eles são reportados ao órgão ambiental? Há uma pessoa formalmente designada para gerenciar a brigada de incêndio? Há um procedimento para garantir a detecção de fogo/fumaça em operação? Existe equipamento e EPI’s tipo roupa de aproximação para possíveis situações de incêndio? Existe claramente definido procedimento de travamento e destravamento? Para espaço confinado há inventário e definição clara onde tais permissões são requeridas? Há estabelecido de forma mandatória as precauções necessárias para trabalho em altura? Há um sistema para assegurar que somente pessoas competentes trabalhem em circuitos elétricos? Todos os empregados tem acesso a água potável? Ë realizada medição de temperatura nos locais de trabalho? 145 A empresa provê exercícios para trabalho repetitivo? A política de SS e Recursos humanos declara: - que o trabalho é de livre escolha ? - que haja liberdade de associação e o direito a livre negociação coletiva ? - que as condições de trabalho sejam seguras e higiênicas ? - que não se utilize trabalho infantil ? - que os salários dignos sejam pagos ? - que as horas extras seja de livre consentimento do empregado ? - que não existam discriminações ? - que não se permita qualquer tratamento desumano (abuso físico, sexual, mental, assédio ou intimidação) Há inventário de substâncias químicas e substâncias perigosas e junto a elas as respectivas tabelas para emergências? São avaliadas as condições de acondicionamento e transporte vindas de fornecedor? como? Existe sistema de controle de pragas? Existe rota de fuga e ela é apresentada a visitantes? Há testes de simulação? Questão 18: Assinalar tipos de licenças/ autorizações demandadas da atividade produtiva Licença Ambiental Outorga para uso de água Autorização para transporte de produtos ou resíduos A fábrica é isenta de certos requerimentos legais? OUTRAS QUESTÕES A empresa possui política ambiental formal de conhecimento de todos os empregados e consta no código de conduta e/ou declarações da empresa? Tem uma pessoa responsável pela área de meio ambiente que participa de decisões estratégicas? 146 A empresa participa de comitês / conselhos locais ou regionais para discutir questão ambiental com o governo e a comunidade? A empresa contribui de alguma forma para preservação da biodiversidade, por meio de políticas especificas e/ou projetos de conservação de áreas protegidas e/ou programas de proteção a animais ameaçados? A empresa tem política explicita de não-utilização de materiais e insumos provenientes de exploração legal de recursos naturais (como madeira, produtos florestais não-madeireiros, animais etc ) A empresa dispõe de processos de mapeamento e analise sistêmica ara melhoria da qualidade ambiental? A empresa desenvolve periodicamente campanhas internas de redução de água e de energia? A empresa desenvolve periodicamente campanhas internas de educação com base nos 3 R’s (reciclar, reutilizar e reduzir)? A empresa desenvolve periodicamente campanhas internas de educação para o consumo consciente? A empresa possui plano de emergência ambiental que relaciona todos os seus processos e produtos ou serviços que envolvam situações de risco, e treina seus empregados em intervalos freqüentes para enfrentar tais situações? A empresa possui sistema de monitoramento visando o aumento da qualidade ambiental da logística e gestão de frota (tanto para veículos da empresa quanto para os seus contratados?) A empresa possui programa de gerenciamento de resíduos com a participação do cliente, como para a coleta de materiais tóxicos ou a reciclagem pós-consumo? A empresa fornece a seus consumidores e clientes informações detalhadas sobre danos ambientais resultantes do uso e da destinação final de seus produtos? A empresa discute com os empregados, consumidores e clientes, fornecedores e a comunidade os impactos ambientais causados por seus produtos e serviços? 147 A empresa prioriza a contratação de fornecedores que comprovadamente tenham uma boa conduta ambiental? (como essa conduta é avaliada?) A empresa possui certificações ambientais como a ISO 14001, etc ? Quantidade media de incidentes ambientais e/ou multas por violação das normas de proteção ambiental? A empresa possui passivo ambiental? A empresa possui iniciativa para o uso de fontes de energia renovável? A empresa mantém ações de controle da poluição causada por veículos próprios e de terceiros a seu serviço? A empresa possui sistema de monitoramento com metas específicas para: - aumento da eficiência energética ? (como?) - a redução do consumo de água ? (como?) - a redução da emissão de CO2 e outros gases do efeito estufa na atmosfera ?(como?) A empresa promoveu investimentos ambientais no ano corrente e passado? Pode citar R$? Consumo anual de energia (em kwh) Consumo anual de combustíveis fósseis: - gasolina / diesel (em litros) - óleo combustível (em toneladas) - gás – GLP / GN (em m3) - consumo anual de água (em m3) - Volume médio anual de CO2 e outros gases do efeito estufa emitidos na atmosfera (em toneladas) - Quantidade anual (em toneladas) de resíduos sólidos gerados (lixo, dejetos, entulho) 148 APÊNDICE C 149 APÊNDICE C– Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE Campus Soane Nazaré de Andrade, 15 de março de 2006 Senhor Proprietário/Gerente TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TÍTULO DA PESQUISA: Gestão ambiental em empresas do setor agrícola, industrial e turístico, e a participação de outros atores sociais interessados nesse processo, no Sul da Bahia PESQUISADOR RESPONSÁVEL - PROFESSOR DR. SALVADOR DAL POZZO TREVIZAN JUSTIFICATIVA, OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA: A adoção de procedimentos de gestão ambiental numa empresa são relevantes, especialmente, pela competitividade que representam e pela visibilidade que dão à empresa no mercado. Devido ao crescente interesse da sociedade por questões ambientais, é de interesse também das empresas serem vistas pelos consumidores como protetoras do ambiente e das formas de vida e da cultura nele existentes. Alguns analistas destacam também a redução de custos de operação e minimização de acidentes que podem advir da inclusão de componentes ambientais na gestão da empresa. Em síntese, a gestão ambiental reflete-se na conservação dos recursos naturais, na melhoria das condições de vida dos clientes assim como no ambiente comunitário onde a empresa se insere, sem se falar, obviamente, nas perspectivas de mercado onde a empresa atua. Com este enfoque e com o propósito de atuar para o desenvolvimento sustentável do Sul da Bahia, a pesquisa tem por objetivo geral estudar e caracterizar as práticas de gestão ambiental nas empresas ligadas à cadeia produtiva do agronegócio cacau-leite-chocolate, restritas ao arranjo produtivo local. 150 Especificamente, neste momento, procura-se: identificar e caracterizar as indústrias de cacau e chocolate, em termos das dificuldades, expectativas, frustrações e sucessos nas tentativas de introduzir práticas de gestão ambiental no seu negócio. Num segundo momento, a partir dos resultados da pesquisa, parcerias entre a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e as indústrias serão propostas, visando incrementar práticas ambientais sustentáveis no setor produtivo local. Para tanto, elaborou-se um questionário a ser preenchido e assinado por representante legal desta unidade industrial. Vale frisar que a resposta apropriada a todos os itens será essencial, especialmente para a formulação de políticas e programas de ação ajustados à realidade encontrada. Destaca-se ainda que todas as informações fornecidas neste questionário ou informações orais adicionais serão de uso exclusivo da pesquisa e produção científica, ficando, por isso, mantidas em caráter confidencial, não podendo, o informante e sua empresa serem identificados e/ou penalizados pelas informações prestadas. Após oito dias, nossos colaboradores, devidamente identificados, retornarão à empresa para recolhimento do questionário preenchido e assinado pelo representante legal da unidade, mediante o livre consentimento em participar desta pesquisa. Neste caso, solicita-se que, juntamente com o questionário, seja também devolvida uma cópia do TERMO DE CONSENTIMENTO (abaixo), preenchido e assinado por representante legal. Um terceiro momento será ainda necessário, em que nossos colaboradores retornarão à empresa para registro complementar de observações em diferentes setores da unidade, mediante o livre consentimento da administração da empresa. Ao mesmo tempo em que se estimula para que sejam fornecidas todas as informações solicitadas, lembramos também que se trata de uma participação voluntária do proprietário/gerente e, em qualquer momento, poderá o participante obter esclarecimentos sobre todos os procedimentos utilizados na pesquisa e nas formas de divulgação dos resultados. Tem também a liberdade e o direito de recusar sua participação ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa. Esclarecemos ainda que esta pesquisa é parte integrante de um projeto registrado na Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UESC, com o número 00200.1000.486. Informações sobre o projeto poderão ser obtidas junto àquela Gerência, através do Tel.: (73)3680-5129, ou junto ao coordenador do projeto, 151 Professor Dr. Salvador Dal Pozzo Trevizan, pelo Tel.: (73)3680-5333 ou por seu email [email protected]. Termo de Consentimento Eu, __________________________________, portador da Carteira de identidade nº (Nome do proprietário ou gerente do imóvel) _____________________ expedida pelo Órgão _____________, por me considerar devidamente informado(a) e esclarecido(a) sobre o conteúdo deste termo e da pesquisa a ser desenvolvida, livremente expresso meu consentimento para inclusão, como sujeito da pesquisa. Assinatura do Proprietário/Gerente Participante Voluntário ______________________________ Professor Dr. Salvador D. P. Trevizan Responsável pela Pesquisa DATA _______________ Data