ESTUDO QUÍMICO-QUÂNTICO DOS DERIVADOS DA ANATOXINA-A COM AFINIDADE POR RECEPTORES NICOTÍNICOS. Pedro Nicolau Severino Júnior, Felipe de Carlo Stahler, Aline Santos da Silva, Fávero Reisdorfer Paula (ORIENTADOR/UNICENTRO/CNPq). Email: [email protected]. Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências de Ciências da Saúde (SCS), Departamento de Farmácia (DEFAR). Palavras-chave: Anatoxina-a, SAR, Modelagem molecular. Resumo: A anatoxina-a é uma toxina de origem natural que exerce seu efeito a partir de sua interação com receptores colinérgicos no sistema nervoso central. Neste trabalho, foi efetuada a modelagem molecular de uma série de compostos derivados da anatoxina-a, através de metodologia de otimização de geometria, onde verificou-se que as propriedades estereoeletrônicas elencadas não exercem influência sobre a afinidade a receptores nicotínicos. Introdução: A anatoxina-a é uma toxina natural isolada de algas de água doce, e que apresenta ação antagonista em receptores nicotínicos de acetilcolina (nAChR). A anatoxina-a serviu de modelo para o desenvolvimento de vários análogos em diversos estudos, os quais foram focados nas interações da anatoxina-a com receptores nAChR. Os estudos dos sítios de ligação destes receptores, bem como os derivados da anatoxina-a, podem levar ao desenvolvimento de novos agentes terapêuticos, que poderiam ser usados como analgésicos, na prevenção da neurodegeneração causada pelo mau de Alzheimer, doença de Parkinson e depressão. Para se compreender as diferenças das atividades biológicas da anatoxina-a e seus análogos, além de desenvolver novos compostos bioativos, foram estudadas as propriedades físico-químicas de 21 análogos da anatoxina-a. Estes compostos foram escolhidos tendo-se como base a literatura, onde tiveram ação comprovada em sítios de ligação de receptores nAChR em membranas P2 de cérebros de ratos, usando-se um rádioligante, a [H3]nicotina, com afinidade aos receptores nicotínicos. Materiais e Métodos Neste estudo, a modelagem foi feita utilizando-se o programa Spartan 0.4 para Windows. Análises conformacionais sistemáticas foram efetuadas, Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 utilizando-se o método semi-empírico PM3, que foi ajustado para 30º, no alcance de 0-360º. As conformações de menor energia foram submetidas a cálculos single-point, usando-se os métodos PM3 e ab initio Hartree-Fork, com nível teórico de 6.31G*. Foram calculadas também as propriedades estereoeletrônicas, como volume molecular, área molecular, distância intermolecular, energia de formação da fase gasosa, ELUMO, EHOMO, cargas moleculares e momento dipolo. Foram gerados os mapas de potencial eletrostático, de energia de ELUMO e EHOMO. O Clog-P hidrofóbico foi determinado usando-se o programa Clog-P 4.0. Estas propriedades foram aplicadas na análise de Hansh (2D-QSAR), utilizando-se o programa BuildQSAR. Resultados e Discussão: Todos os derivados usados neste estudo foram escolhidos levando-se em conta o mesmo ensaio biológico. A ordem decrescente dos valores de afinidade pelo receptor nAChR é: epibatidina > UB-165 > anatoxina-a >>>> AnTX-Mol. Todas as propriedades físico-químicas foram determinadas por modelagem molecular, e submetidas à análise de Hansch. Não foi obtida nenhuma informação qualitativa sobre a influência das propriedades na afinidade por receptores nAChR. A análise dos mapas dos potenciais eletrostáticos, HOMO e LUMO não mostraram grande diferença entre todos os compostos estudados. Os sítios de ligação HOMO estão localizados nas regiões moleculares bicíclicas em todos os compostos. Já os sítios de ligação LUMO se encontram principalmente na cadeia lateral. Esta análise mostrou que a presença de grandes grupos ligados com a cadeia lateral resulta em baixa afinidade com os nAChR. As estruturas da anatoxina-a (A), e AnTX-Mol (B), são mostradas na figura 1. (A) (B) Figura 1: Estruturas da anatoxina-a (A), e AnTX-Mol (B). Conclusões: Os grupos ligados à cadeia lateral, e os efeitos estéricos são importantes para se modular a afinidade pelos receptores nicotínicos. Novos compostos bioativos podem ser desenvolvidos se a cadeia lateral da anatoxina-a for considerada. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Agradecimentos: Unicentro pelo suporte técnico. Referências: Al-Layl, K. J., Poo, G. K., Codd, G. A., J. Microbiol. Methods, 7, 251–257, 1988. Barreiro, E. J., Rodrigues, C. R., Albuquerque, M. G., Sant’anna, M. R., Alecastro, R. B., Quim. Nova, 20, 300-310, 1997. Cassels, B. 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