1 Universidade Federal do Pampa Liana Nolibos Rodrigues Simoní Engler Valéria Osório da Cunha DIFICULDADES PARA IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO MANEJO DA RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA NO PACIENTE ADULTO HOSPITALIZADO Trabalho de Conclusão de Curso URUGUAIANA 2011 2 LIANA NOLIBOS RODRIGUES SIMONÍ ENGLER VALÉRIA OSÓRIO DA CUNHA DIFICULDADES PARA IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO MANEJO DA RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA NO PACIENTE ADULTO HOSPITALIZADO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção de nota parcial da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa. Profª. Orientadora: Enfª. Busanello URUGUAIANA 2011 Dda. Josefine 3 Dedicamos este estudo aos profissionais que buscam qualificar suas práticas com base na pesquisa e na busca de conhecimentos. Esperamos que este trabalho de conclusão de curso possa subsidiar futuros estudos que beneficiem o cenário em questão. 4 AGRADECIMENTOS Queremos lembrar de muitas pessoas impossíveis de ser esquecidas que contribuíram com nosso crescimento pessoal, intelectual e humano, e agradecendo-as por terem sido essenciais na conclusão de mais uma etapa de nossa caminhada. Aos nossos pais, Eulina, Vitor Hugo, Reni, Afonso, Jussara e Paulo, nossos primeiros orientadores na vida, muitas vezes o desânimo nos abateu, mas ao lembrarmos de suas faces preocupadas, de suas renuncias em prol dos nossos sonhos, de seus trabalhos, de suas orações, de seu apoio incondicional para nos dar o melhor, nos animamos para seguir em frente. Obrigada pelo silêncio quando reclamávamos, e obrigada pelas suas palavras de estímulos quando estávamos cansadas. Este trabalho concluído é por vocês! A Deus que permitiu que este trabalho se concretizasse apesar de tantos obstáculos encontrados durante a caminhada e muitos momentos de instabilidade emocional que fez com que a fé nos fizesse levantar e seguir em frente. À Josefine, nossa orientadora, que muitas vezes acolheu nossas angustias, esclarecendo-nos, e conduzindo até o final desta pesquisa. Obrigada por sua atenção, paciência e amizade, e por ter apoiado a nossa trajetória acadêmica, incentivando-nos a reflexão e a busca de crescimento através de novos conhecimentos. Aos nossos irmãos, Aline, Luis Filipe, Junior, Felipe e Lucas, nosso carinho, nosso amor, nosso agradecimento pelo apoio, motivação e compreensão da nossa ausência. Aos nossos amigos, as alegrias de hoje também são suas, pois a sua presença, sua companhia, o seu sorriso, as suas palavras de estimulo e carinho, e mesmo a sua ausência foram expressões de amor. Obrigada por andarem ao nosso lado! Liana, Simoní e Valéria À minha filha, Maria Eduarda, minha razão única de viver e que me dá coragem de lutar por um futuro melhor. Agradeço ao meu fiel escudeiro, Eduardo, que sempre me apoiou e esteve ao meu lado nos momentos em que mais necessitei. Valéria 5 Se as coisas são inatingíveis... ora! não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora a mágica presença das estrelas! Mário Quintana 6 RESUMO INTRODUÇÃO: A assistência aos pacientes em Parada Cardiorrespiratória (PCR) exige efetividade, agilidade e sincronismo no conjunto de intervenções. Neste contexto, os trabalhadores da Enfermagem desempenham um importante papel na implementação dos cuidados referentes à Ressuscitação Cardiorrespiratória (RCR), pois representam a maior parte da equipe de saúde e de presencialidade nos diversos ambientes de saúde e, em geral, implementam os cuidados iniciais e contínuos nessa situação crítica de vida. OBJETIVO: Identificar as dificuldades para implementação da Assistência de Enfermagem (AE) na RCR no paciente adulto hospitalizado, a partir de produções científicas que abordam essa temática. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa, com levantamento bibliográfico realizado no mês de outubro de 2010, em todas as bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde e no Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), utilizando as seguintes palavras chaves: Parada cardiorrespiratória e Enfermagem; Parada cardiorrespiratória e Assistência de Enfermagem; Ressuscitação cardiorrespiratória e Enfermagem; Ressuscitação cardiorrespiratória e Assistência de Enfermagem. De um total de 539 estudos encontrados, foram selecionadas treze produções científicas para compor a presente revisão integrativa, que contemplaram os critérios de inclusão estabelecidos. A partir da leitura do texto completo destes estudos foi avaliado as seguintes questões: identificação numérica; tipo de estudo; tipo de abordagem; citação do artigo; instituição vinculada ao autor principal; objetivo(s); tipo de abordagem; e dificuldades para implementação da AE na RCR no paciente adulto hospitalizado. Os dados foram sintetizados a partir da análise qualitativa. RESULTADOS: A maioria dos estudos analisados teve como objetivo abordar o conhecimento dos profissionais da Enfermagem em relação a PCR e RCR. Doze estudos foram publicados e desenvolvidos nos últimos cinco anos, com destaque para o ano de 2008. De acordo com o tipo de abordagem metodológica, percebe-se que sete estudos possuem abordagem quantitativa, quatro abordagem qualitativa e dois estudos possuem metodologia quantitativa-qualitativa. Umas das evidências mais significativas observadas a partir da análise dos estudos foi quanto ao vínculo institucional dos autores principais, que em sua maioria são Enfermeiros assistenciais. A partir de uma análise global dos dados encontrados, emergiu categorias temáticas que envolvem questões estruturais, organizacionais, e subjetivas deste contexto da AE. Assim, através da compilação 7 dos dados foi possível identificar quatro categorias temáticas: Dificuldades organizacionais das instituições hospitalares; Falta de preparo técnico e de conhecimento científico acerca da RCR; Instabilidade emocional dos trabalhadores de Enfermagem para atuar na RCR; e Dificuldades relacionais entre a equipe de Enfermagem e demais componentes da equipe multiprofissional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir dos dados obtidos evidencia-se como é desafiador atuar frente à situação de RCR. Tais ações necessitam, além de habilidades técnicas, a necessidade de compreender a subjetividade de interações humanas, condição intrínseca a todos os contextos de trabalho. Por fim, considera-se este estudo como um passo importante na busca para identificação das barreiras encontradas pelos profissionais da Enfermagem na implantação de práticas efetivas na AE em RCR. Palavras-chave: Enfermagem; Assistência de Enfermagem; Ressuscitação Cardiorrespiratória. 8 ABSTRACT INTRODUCTION: The care to patients in Cardiopulmonary Arrest (CPA) requires effectiveness, speed and timing in the range of interventions. In this context, nursing plays an important role in the implementation of care relating to Cardiopulmonary Resuscitation (CPR) because they represent most of the healthcare team and presentiality in different environments and health in general, implement the initial and continuing care in this situation critical life. OBJECTIVE: To identify the difficulties in implementation of Nursing Care (NC) in the management of CPR in adult patients hospitalized from scientific studies that address this issue. METHODOLOGY: This is an integrative review, with a literature survey conducted in October 2010 in all databases of the Virtual Health Library of Theses and in Bank of the Coordination of Improvement of Higher Education (CAPES), using the following keywords: Cardiopulmonary arrest and Nursing, Cardiopulmonary resuscitation and Nursing care, Cardiopulmonary resuscitation and Nursing, Cardiopulmonary resuscitation and Nursing care. From a total of 539 studies found, were selected to compose scientific thirteen productions this integrative review, which contemplated the inclusion criteria established. From reading the complete text of these studies have evaluated the following issues: identification number, type of study, type of approach, citation of the article, an institution linked to the main author, the objective (s), type of approach, and difficulties in implementing AE in the management of CPR in hospitalized adult patient. The data were synthesized from the qualitative analysis. RESULTS: The majority of the studies aimed to address the knowledge of nursing professionals in relation to CPA and CPR. Twelve studies were published and developed over the past five years, highlighting the year 2008. According to the type of methodological approach, we find that seven studies have a quantitative approach, qualitative approach and four two studies are quantitative and qualitative methodology. One of the most significant evidence found from the analysis of the studies was on the institutional affiliation of the principal authors, who mostly comprise Nursing care. From an overall analysis of the findings, themes emerged which involved structural, organizational, and subjective context of this NC. Thus, through the compilation of data was possible to identify four themes: organizational difficulties of hospitals, lack of technical skills and scientific knowledge of CPR; emotional instability among nursing workers to work at CPR, and relational difficulties between staff Nursing and health. CONCLUSION: Among the many weaknesses and complexities presented in this work is noted as it is challenging to act 9 opposite to the situation of RCR. Such actions require technical skills beyond the need to understand the subjectivity of human interactions, a condition inherent to all work contexts. Finally, this study is considered as an important step in the quest to identify the barriers encountered by nursing professionals in the implementation of effective practices in the NC in CPR. Keywords: Nursing, Nursing Care, Cardiopulmonary Resuscitation. 10 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadros 1: Distribuição dos estudos de acordo com a citação e o objetivo. Uruguaiana, 2010..................................................................................................................................... 40 Quadro 2: Distribuição dos artigos de acordo com o vínculo institucional do autor principal. Uruguaiana, 2010................................................................................................................ 43 Quadro 3: Distribuição dos artigos de acordo com o tipo de abordagem metodológica. Uruguaiana, 2010................................................................................................................ 44 Quadro 4: Distribuição dos artigos de acordo com as categorias temáticas. Uruguaiana, 2010..................................................................................................................................... 44 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 12 2 CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS ORGÂNICOS ENVOLVIDOS NA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA........................................................................................... 15 3 RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: DIRETRIZES DA AMERICAN HEART ASSOCIATION (2005-2010)........................................................................... 18 3.1 Suporte Básico de Vida................................................................................................ 19 3.2 Suporte Avançado de Vida............................................................................................ 21 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA........................................................................................... 24 4.1 Gerenciamento do ambiente de RCR............................................................................ 24 4.2 A capacitação e o aperfeiçoamento da equipe de Enfermagem e saúde....................... 25 4.3 A produção científica da Enfermagem acerca da PCR e RCR.................................... 25 4.4 Cuidados de Enfermagem na RCR............................................................................... 26 4.4.1Cuidado de Enfermagem e o Suporte Básico de Vida.............................................. 27 4.4.2 Cuidados de Enfermagem e o Suporte Avançado de Vida....................................... 28 4.4.3 Cuidados de Enfermagem Pós Ressuscitação............................................................ 32 5 METODOLOGIA...........................................................................................................38 6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................ 40 6.1 Dificuldades organizacionais das instituições hospitalares...................................... 45 6.2 A falta de preparo técnico e de conhecimento científico acerca da RCR................... 48 6.3 Instabilidade emocional dos trabalhadores de Enfermagem para atuar na RCR.......... 54 6.4 As dificuldades relacionais entre a equipe de Enfermagem e demais componentes da equipe multiprofissional.......................................................................................... ........... 56 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 58 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 61 12 1 INTRODUÇÃO A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é uma condição crítica de vida que, em geral, ocorre de forma súbita, inesperada e absoluta. É caracterizada pela diminuição da oxigenação tissular, causada pela ineficiência cardiocirculatória e por uma cessação da função respiratória. Nesse sentido, o quadro clínico que define a PCR é a tríade progressiva de inconsciência, ausência de respiração e ausência de pulso central (CINTRA; NISCHIDE; NUNES, 2008; SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2009; AEHLERT, 2007; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). Segundo Cintra, Nischide, Nunes (2008), Calil e Paranhos (2007) a PCR é um dos principais episódios emergenciais em adultos, representando uma situação de máximo estresse agudo ao organismo e uma grave ameaça à vida. Diante disso, a rapidez no seu diagnóstico é essencial para o restabelecimento da função cardiocirculatória e respiratória e, consequentemente, das demais funções orgânicas do organismo, o que pode ser realizado por meio da Ressuscitação Cardiorrespiratória (RCR). A RCR consiste em um conjunto de procedimentos realizados para identificar a PCR e fornecer, artificialmente, o fluxo sanguíneo oxigenado para o cérebro e órgãos vitais, até a ocorrência do retorno das funções normais do organismo (ARAÚJO; ARAÚJO; CARIELI, 2001; SMELTZER et al, 2009; GUIMARÃES et al 2008; CINTRA; NISCHIDE; NUNES, 2008). A assistência aos pacientes em PCR exige efetividade, agilidade e sincronismo no conjunto de intervenções. Essa situação gera uma mobilização na equipe de saúde, na medida em que, salvar a vida do outro, é um desafio coletivo. Neste contexto, a Enfermagem desempenha um importante papel na RCR na implementação dos cuidados de enfermagem. Os profissionais da Enfermagem representam a maior parte da equipe de saúde, possuem a maior presencialidade nos diversos ambientes de saúde e, em geral, implementam os cuidados iniciais e contínuos nessa situação crítica de vida (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008; LUZIA; LUCENA, 2009). Assim, o objetivo principal da RCR é prestar, adequadamente, o Suporte Básico de Vida (SBV) e o Suporte Avançado de Vida (SAV) a esses pacientes. Para tanto, nesse contexto de instabilidade que envolve a PCR, exige-se da equipe de Enfermagem organização, equilíbrio emocional, conhecimento teórico e prático, além da correta 13 distribuição das funções entre esses profissionais (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008; LUZIA; LUCENA, 2009). No que se refere à Assistência de Enfermagem (AE) a essa situação crítica de vida, no âmbito hospitalar, está previsto que o Enfermeiro atue no gerenciamento, no cuidado, na pesquisa e no ensino, com a finalidade de implementar uma assistência que garanta a sobrevida dos pacientes. Além disso, este profissional é considerado uma peça chave da equipe de Enfermagem e de saúde, por ser o responsável pela organização de todos os aspectos necessários para a implementação da RCR e pela tomada de decisão frente às condutas de enfermagem (WHEBE; GALVÃO, 2001). Segundo Silva e Padilha (2001), além do conhecimento técnico-científico, o sucesso do atendimento na RCR depende, de igual forma, de uma infra-estrutura adequada, que proporcione uma AE efetiva e com o mínimo de riscos para o paciente e equipe. Para tanto, é preciso identificar e intervir em pontos vulneráveis de qualquer um dos elementos que favoreçam a implementação do cuidado, dentre estes, os recursos humanos, materiais, administrativos e técnicos, objetivando a qualidade do atendimento. Apesar da importância da participação ativa da equipe de Enfermagem na RCR, um estudo conduzido com o objetivo de analisar a produção científica sobre PCR no paciente adulto, evidenciou que pesquisas voltadas para a Enfermagem e essa temática, são numericamente pequenas em relação a outras áreas da saúde (LUZIA; LUCENA, 2009). De igual forma, Zanini, Nascimento e Barra (2006) apontam que, mesmo considerando a Enfermagem como peça essencial no atendimento a PCR, essa categoria profissional tem apresentado pouca produção científica sobre a temática. Nesse sentido, é importante que sejam realizados estudos que contribuam para a qualificação do conhecimento e da AE nessa área, colaborando para atualização contínua e a educação permanente destes profissionais. Diante dessas considerações apontadas na literatura atual sobre essa temática, apresentamos como problema de pesquisa do presente estudo: Quais as dificuldades para implementação da AE no manejo da RCR no paciente adulto, no âmbito hospitalar? Na perspectiva das autoras, a idealização desse estudo, tendo como temática a AE na RCR, está associada às experiências durante as atividades práticas desenvolvidas na disciplina de Enfermagem no Cuidado ao Adulto em Situações Críticas de Vida realizada na Unidade de Pronto Socorro do Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana. Nesta oportunidade visualizamos a importância do papel do Enfermeiro na AE na RCR, pois este profissional possui o conhecimento técnico-científico necessário para tomada de decisão, através da 14 coordenação, distribuição e implementação das tarefas entre a equipe, e organização do ambiente do cuidado. Todavia, evidenciamos que, por vezes, a Enfermagem encontra-se limitada para realizar os cuidados na RCR, pois identificamos a falta de sincronismo entre os integrantes da equipe de saúde, dificuldades técnicas nas condutas e cuidados implementados, a falta de equilíbrio emocional dos trabalhadores para enfrentar a situação, além da deficiência na previsão e provisão de materiais e equipamentos necessários para a AE na RCR. Consideramos que esses problemas, que limitam a atuação da Enfermagem na RCR, podem estar atrelados, principalmente, à falta de capacitação, aperfeiçoamento e motivação dos trabalhadores que compõem a equipe de saúde. Perante essas justificativas, o presente estudo tem como objetivo identificar as dificuldades para implementação da AE na RCR no paciente adulto hospitalizado, a partir das produções científicas que abordam essa temática. Tendo em vista a finalidade deste estudo, no capítulo seguinte serão abordadas três perspectivas teóricas, com o intuito de sustentar e fundamentar aspectos relevantes acerca dessa temática: Caracterização dos sistemas orgânicos envolvidos na Parada Cardiorrespiratório; Ressuscitação Cardiorrespiratória: Diretrizes da American Heart Association (2005-2010); e Assistência de Enfermagem na Ressuscitação Cardiorrespiratória. 15 2 CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS ORGÂNICOS ENVOLVIDOS NA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIO O sistema cardiocirculatório e o sistema respiratório constituem os principais sistemas orgânicos, nos quais é desenvolvida a situação de PCR. O sistema cardiocirculatório, é considerado uma elaborada rede de transportes de materiais no organismo e tem como função controlar, rigorosamente, o ambiente interno do organismo através de um sistema de bombeamento do sangue. Sendo assim, esse sistema tem como principais finalidades: transportar oxigênio e as substâncias absorvidas no trato gastrintestinal aos tecidos; liberar gás carbônico nos pulmões; transportar outros produtos do metabolismo até os rins; atuar na regulação da temperatura corporal; e distribuir hormônios e outros agentes que regulam a função celular (GANONG, 2007). Em uma situação de PCR, o sistema cardiocirculatório entra em disfunção, ocorrendo cessação dos batimentos cardíacos, e/ou inadequação das contrações para manter o débito cardíaco. Nesse sentido, a parada cardíaca pode ser desencadeada por diversos fatores, tais como: infarto do miocárdio, causa mais comum da PCR; insuficiência cardíaca; arritmias cardíacas; doença valvular cardíaca; miocardiopatia; intervalo QT prolongado; doença cardíaca congênita; tumores intracardíacos; síndrome Wolff-parkinson-white; tamponamento pericárdico; embolia pulmonar; acidente vascular cerebral; hipoglicemia; choque hipovolêmico, séptico e anafilático; descargas elétricas; desequilíbrio eletrolítico grave; desequilíbrio ácido básico; afogamento; superdosagem de fármacos e drogas; e parada respiratória (HUDDLESTON; FERGUSON, 2006; AEHLERT, 2007). Na PCR, além da disfunção cardiocirculatória, ocorre alteração grave do padrão respiratório (HUDDLESTON; FERGUSON, 2006; AEHLERT, 2007). Este sistema tem como principal objetivo fornecer energia para as necessidades do organismo humano através da captação de oxigênio e eliminação dos resíduos desse processo de combustão. Assim, o sistema respiratório promove a renovação contínua de oxigênio nos alvéolos, realizada pelos músculos respiratórios. Este trabalho, em condições normais, não é consciente e depende da atividade automática do sistema nervoso central (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008). O sistema respiratório entra em disfunção na PCR, caracterizando uma condição clínica em que ocorre a incapacidade das trocas gasosas, levando à queda na oferta de oxigênio aos órgãos e tecidos. Segundo Huddleston e Ferguson (2006), as principais causas 16 desta situação são obstrução das vias respiratórias, insuficiência respiratória, traumas torácicos, exacerbação aguda de doença crônica das vias respiratórias, mal asmático ou superdosagem de fármacos ou de drogas. Assim, a partir da disfunção cardiocirculatória e/ou respiratória, se instala a situação de PCR, que pode ser compreendida como uma condição súbita, inesperada e absoluta de deficiência de oxigenação tissular. Em qualquer dessas disfunções, ou na presença de ambas, em poucos minutos, poderá ocorrer danos celulares irreparáveis, sendo que as lesões cerebrais graves e irreversíveis ocorrem, em geral, após cinco minutos de PCR (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008; SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2009; AEHLERT, 2007). Abrão e Gonçalves (2008) descrevem a PCR como a interrupção abrupta da circulação sistêmica de atividade ventricular efetiva e ventilatória, em indivíduos com expectativa de retorno da função cardiopulmonar e cerebral. As principais manifestações clínicas da PCR são a perda da consciência, o pulso e a pressão arterial. Além dessas manifestações outros sinais podem estar presentes: apnéia; as pupilas dilatadas, após 45 segundos de PCR; e convulsões. O risco de lesão cerebral irreversível e morte aumentam a cada minuto, desde o momento em que a circulação é interrompida, sendo necessárias medidas imediatas para restaurar a circulação e a oferta de oxigênio (SMELTZER et al, 2009). Nos adultos, a ocorrência da PCR se desenvolve de maneira súbita ou primária e, em geral, decorrente de arritmias cardíacas (SERRANO; SAFI; TINERMAN, 1998). Cintra, Nishide e Nunes (2008) apontam que, geralmente, são observados quatro padrões básicos de alterações do ritmo cardíaco na PCR, sendo eles: a taquicardia ventricular, a fibrilação ventricular, assistolia e a atividade elétrica sem pulso. A taquicardia ventricular sem pulso é caracterizada por batimentos ectópicos ventriculares rápidos e sucessivos e, constantemente, terminam em Fibrilação Ventricular. Essa condição é produzida por múltiplos estímulos em diferentes focos ectópicos ventriculares, resultando em contração desordenada das fibras musculares cardíacas. Sem a ocorrência de contração ventricular coordenada não há débito cardíaco e, consequentemente, ausência de circulação sanguínea cerebral (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008). A assistolia é compreendida pela ausência de estímulos elétricos ventriculares espontâneos, sendo possível a sua ocorrência nos casos em que a vítima é acometida por cardiopatias graves, intoxicações por drogas, distúrbios hidroelétroliticos, entre outros. Em 17 geral, esse distúrbio pode representar o estágio final do processo evolutivo da PCR fibrilatória e da atividade elétrica sem pulso (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008). Na atividade elétrica sem pulso, a resposta mecânica do miocárdio e o pulso estão ausentes. Entretanto, os estímulos elétricos regulares podem ser detectados no eletrocardiograma. Este padrão de alteração de ritmo pode ocorrer em consequência de distúrbios extracardíacos, sendo considerado uma das formas mais grave PCR, que leva a um mal prognóstico. politraumatizados, Alguns assistência estados clínicos, ventilatória tais mecânica como, intoxicações inadequada, exógenas, hipoxemia severa, decorrente de complicações respiratórias, e anestésicos cirúrgicos, compõem as principais causas extracardíacas da atividade elétrica sem pulso (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008). É importante que a equipe de saúde colha informações e dados com familiares e equipe de resgate, quanto às possíveis causas que levaram as alterações orgânicas que originaram a PCR. Além disso, é preciso reconhecer a arritmia presente no paciente, pois é a partir desta informação que será possível estabelecer uma assistência imediata e correta, por meio de uma terapêutica adequada, objetivando a efetivação e o sucesso da RCR (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008). 18 3 RESSUSCITAÇÃO CARDIORREPIRATÓRIA: DIRETRIZES DA AMERICAN HEART ASSOCIATION (2005-2010) Oficialmente, os primeiros protocolos e normas para a realização da RCR foram estabelecidos em 1865, por um jovem médico do exercito dos Estados Unidos, chamado Charles Augustus Leale. Desde então, estudos estão sendo realizados para a melhoria das técnicas de RCR (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005b). A partir de 1948 iniciaram as conferências internacionais sobre a PCR e RCR mediadas pela National Academy of Sciences Research Council-National. Em 1961 a American Heart Association (AHA) criou o Comitê de Ressuscitação Cardiopulmonar, que passou a coordenar programas de investigações, formação e padronização da RCR. Em 1973 a AHA e a National Academy of Sciences Research Council-National realizaram um novo encontro, estabelecendo os primeiros passos para o manejo da RCR (ZAGO et al, 1999). Em 1992 foi criada a Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação (ILCOR) que reúne organizações de RCR e estabelece as diretrizes da PCR. As organizações que compõem a ILCOR são: American Heart Association (AHA); European Resuscitation Council; Heart and Stroke Foundation of Canada; Australian and New Zealand Committee on Resuscitation; Resuscitation Councils of Southern Africa; e Inter American Heart. As diretrizes estabelecidas por estes segmentos internacionais fazem parte das recomendações contidas no Consenso Internacional em RCR e emergência cardiovascular, tendo como base para sua elaboração, estudos científicos desenvolvidos na área (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005b). Atualmente, no Brasil, os protocolos de RCR são, em sua maioria, elaborados a partir das novas diretrizes reformuladas pela AHA e organizadas pela ILCOR em 2005. Dentre as principais preconizações dessas diretrizes, está a identificação precoce dos sinais que caracterizam uma PCR, para que as condutas iniciais ao paciente sejam implementadas, e o aprimoramento dos profissionais de saúde para ao realização efetiva da RCR (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005b). As diretrizes estão voltadas para orientar os leigos e os trabalhadores da saúde, tanto no âmbito pré-hospitalar, quanto no âmbito hospitalar. Especificamente, no âmbito hospitalar, a realização da RCR envolve um conjunto de ações básicas e outro conjunto de ações avançadas, sendo que as mesmas ocorrem, de modo geral, concomitantemente. O Suporte 19 Básico de Vida (SBV) tem como objetivo identificar os sinais de PCR, identificar os sinais de PCR, organizar o ambiente, a equipe de saúde e os materiais e os equipamentos necessário para a RCR, manter vias aéreas pérvias, promover ventilação não invasiva e compressões torácicas. O Suporte Avançado de Vida (SAV) compreende o fornecimento de atendimento especializado com controle invasivo de vias aéreas, estabelecimento de acesso venoso e administração de medicamentos, monitorização cardíaca e identificação da possível causa da PCR (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). Na sequência, serão abordadas as ações correspondentes ao SBV e ao SAV na RCR, e voltadas para o atendimento no ambiente hospitalar. 3.1 Suporte Básico de Vida A conduta inicial da RCR compreende a identificação dos sinais de PCR, a partir da avaliação da responsividade, do pulso central (aferindo as artérias carotídeas e femoral) e da respiração do paciente. Após a identificação da PCR, são implementadas as medidas para a organização do ambiente, da equipe de saúde, dos materiais e dos equipamentos necessário na RCR (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). Inicialmente, para a abertura das vias aéreas, é necessário o posicionamento do paciente em decúbito dorsal horizontal, em superfície rígida. Os procedimentos para a abertura das vias aéreas são: hiperextensão da cabeça e elevação do mento (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). Nos casos de suspeita de lesão cervical, é preconizada a estabilização manual da cabeça e pescoço, evitando dispositivos para imobilização. Nesta situação a abertura das vias aéreas é realizada a partir da elevação da mandíbula, sem extensão do pescoço. No entanto, se esta manobra não surtir efeito, deve-se promover a abertura das vias aéreas com a inclinação da cabeça e do queixo (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). A ventilação não invasiva tem como finalidade suprir a disfunção do sistema respiratório, instalada na situação de PCR. Usualmente, no âmbito hospitalar, o equipamento utilizado para a manutenção da ventilação é o dispositivo de boca máscara válvula, conectado a uma fonte de oxigênio (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). 20 Para o desenvolvimento dessa conduta é preconizada a aplicação de duas ventilações, de um segundo cada, com volume suficiente para produzir a elevação torácica, associado ao controle da permeabilidade das vias aéreas. Se necessário, é indicado a utilização de cânula orofaríngea, antes de iniciar as ventilações (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). As ventilações precisam produzir uma pressão positiva, para favorecer a entrada de oxigênio em nível alveolar. No entanto, é importante evitar a aplicação excessiva de ventilações longas ou forçadas, que podem aumentar, excessivamente, a pressão positiva no tórax e, consequentemente, reduzir o retorno venoso. Essa diminuição do aporte sanguíneo para o coração pode limitar o enchimento das cavidades cardíacas e, assim, reduzir o débito cardíaco, criado pelas compressões torácicas subseqüentes (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). As medidas adotadas em relação à compressão torácica tem como objetivo restabelecer o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais, como o cérebro e o coração. Assim, quanto mais perfeitas forem realizadas as compressões torácicas (com freqüência e profundidade adequada que permitam o retorno do tórax), maior será o fluxo de sangue distribuído (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a). De acordo com as modificações estabelecidas em 2005, a AHA institui que as compressões torácicas devem ser realizadas com qualidade, ou seja, fortes, velozes e com mínimas ininterrupções, de forma que o tórax do adulto seja comprimido 100 vezes por minuto, com uma profundidade de quatro a cinco centímetros, permitindo que o tórax retorne a sua posição normal. É preconizado o mesmo tempo para compressão e relaxamento. Assim, a relação compressão-ventilação deve ser de 30 compressões para 2 ventilações, independente do número de profissionais da saúde que proporcionarem a assistência (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005c). Quanto à posição das mãos, na realização das compressões, deve-se colocar a palma de uma das mãos sobre o esterno, no centro do tórax, entre os mamilos, e a outra mão deve ser posicionada sobre a primeira mão, possibilitando que os braços fiquem hiper-estendido (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005c). 21 3.2 Suporte Avançado de Vida Uma das condutas iniciais do SAV é o estabelecimento de uma via aérea artificial. A partir da intubação oro ou nasotraqueal, ou ainda, da traqueostomia, podem ser estabelecida a oxigenação e/ou ventilação de forma artificial. A AHA institui que devem ser aplicadas de 12 a 15 ventilações por minuto em adultos com via aérea artificial (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005c). Nos casos de parada cardíaca súbita com fibrilação ventricular, é destacado que as ventilações não são tão importantes, quanto às compressões torácicas, que são as responsáveis pelo restabelecimento do fluxo sangüíneo, e consequentemente, do débito cardíaco. Nessa situação, é necessária uma ventilação com menor intensidade que a normal, pois nos primeiros minutos de RCR, o conteúdo de oxigênio no sangue, inicialmente permanece em níveis suficientes, sendo que o seu fornecimento pode ser limitado pela redução do fluxo sanguíneo. Em relação ao acesso para administração de medicamentos, as diretrizes internacionais destacam que a via endovenosa (EV) é preferível, pois favorece a previsibilidade e efeito dos medicamentos. Em relação ao local para o estabelecimento do acesso venoso está indicado os membros superiores (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005c). De um modo geral as medicações devem ser administradas rapidamente, em bolus1, seguidas de um bolus 20 ml de fluido. Imediatamente, após a administração das medicações, o membro deve ser elevado durante 10 a 20 segundos, facilitando a chegada de drogas na circulação central (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005). De acordo com a ILCOR, uma das principais medicações indicadas durante a RCR é a adrenalina/epinefrina, um broncodilatador e vasoconstritor. A dose recomendada de adrenalina é de 1mg EV, em bolus, a cada três a cinco minutos. Além desta medicação, também é preconizada a utilização de atropina, um agente parassimpático, indicado para as situações de bradicardia sinusal. A dose recomendada de atropina é de 1mg EV, em bolus, de três a cinco minutos. A vasopressina, de igual forma, pode ser utilizada na RCR, por se tratar 1 Bolus é o método de infusão de medicamentos por via endovenosa, de forma direta e rapidamente (KIM et al, 2004). 22 de um vasoconstritor não adrenérgico, administrado em dose única (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005e). Após o controle das arritmias, é recomendada a infusão EV de antiarrítmicos, com a finalidade de restaurar e manter o pulso. Amiodarona ou lidocaína são antiarrítmicos indicados para essa situação. A amiodarona é um antiarrítmico de primeira escolha, devendo ser administrado uma dose de 300 mg EV, em bolus, sendo possível ser repetida uma dose de 150 mg. Após o retorno da circulação espontânea, é recomendada a infusão continua de amiodarona, com uma dose de 1 mg/kg/h nas primeiras 6 horas, seguido de 0,5 mg/kg/h, nas próximas 18 horas. A lidocaína deve ser usada na falta de amiodarona, a partir de uma dose de 1,0 a 1,5 mg/Kg via EV, infundida em bolus, podendo ser repetida após 5 a 10 minutos em dose de 0,5-0,75 mg/Kg, com dose máxima de 3mg/Kg. Após o uso de altas doses de lidocaína, deve-se atentar para convulsões, complicações respiratórias e sinais de toxidade. É importante ressaltar que, após a recuperação da circulação espontânea, deve-se infundir continuamente 2 a 4 mg/minuto de lidocaína (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005a; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005c). O sulfato de magnésio deve ser usado em dose de 1 a 2 g diluídos em 10 ml de solução de glicose a 5%, e administrado EV por 5 minutos. Em grandes doses, esta medicação diminui a pressão sangüínea, entretanto, sem comprometer, necessariamente, a pressão de perfusão coronariana, pela sua capcidade de dilatar as artérias coronarianas (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005e). Em casos em que o estabelecimento da via EV não for possível, a administração de medicações, como adrenalina, lidocaína e atropina, podem ser por via endotraqueal. No entanto, a dose compatível com essa via deve ser 2 a 2,5 vezes maior que a dose endovenosa (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005e). A monitorização cardíaca deve ser instalada em todos os pacientes em RCR, tendo como finalidade a captação da atividade elétrica em forma de ondas que mostram a despolarização (contração) e a repolarização (relaxamento) do músculo cardíaco. O controle e o acompanhamento da função cardíaca devem estar associados à avaliação global do paciente, considerando a ventilação, a frequência cardíaca, a pressão arterial e o nível de consciência (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008). A monitorização cardíaca pode ser realizada a partir do registro gráfico ou contínuo da atividade elétrica. No eletrocardiograma (ECG), versão gráfica da monitorizacão cardíaca, as informações são registradas a partir de 12 derivações, ou seja, projeções cardíacas diferentes 23 captadas por eletrodos colocados na superfície da pele dos membros e do tórax. A monitorização cardíaca contínua, de igual forma, capta a atividade elétrica do coração, a partir de derivações-eletrodos, colocados apenas no tórax do paciente (MACHADO, 2008). As seguintes estruturas podem ser identificadas a partir da monitorização cardíaca: onda P, correspondente à despolarização atrial; o intervalo PR, correspondente á despolarização atrial, somada ao atraso do estímulo na junção atrio ventricular (AV); o complexo QRS, despolarização ventricular. A presença de onda Q com duração maior que 0,04 segundos, ou amplitude maior ou igual a um terço da onda R, pode ser considerada patológica. Para a identificação do ritmo cardíaco é fundamental a observação da onda P, pois esta define se o ritmo é sinusal ou ectópico (MACHADO, 2008). Nos casos em que a PCR atrelada a fibrilação ventricular e a taquicardia ventricular sem pulso também é recomendado a desfibrilação cardíaca, que compreende a aplicação de choques, na tentativa de reorganização a função elétrica do coração que coordena a contração miocárdica. Após o choque, devem ser realizados cinco ciclos de compressões e ventilações, que correspondem, em média, dois minutos, antes de nova verificação de ritmo (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005d). Não existem evidências suficientes que estabeleçam níveis de energia específicos no uso da desfibrilação, tanto para os primeiros choques bifásicos, quanto para os posteriores. Entretanto, é recomendado 150 a 200 Joules, para o choque for bifásico, com forma de onda bifásica truncada exponencial, ou 120 Joules para uma onda bifásica retilínea. A carga padrão utilizada para desfibrilação, em especial nos casos em que a onda bifásica não for identificada, é 200 Joules. Se a onda aplicada for monofásica, o choque inicial deve ser de 360 Joules (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005d). As diretrizes da AHA (2005e) destacam a importância do tratamento pós RCR, considerando que esse período, de igual forma, requer uma assistência efetiva para a recuperação total do paciente. Nesse período alguns cuidados precisam ser desenvolvidos, tais como: a avaliação do padrão ventilatório; o controle e manutenção da glicemia; o controle da coagulação sanguínea; e o controle e manutenção a temperatura corporal. A identificação da possível causa da PCR deve ser precoce, com a finalidade de eliminá-la e evitar reincidivas. No próximo capítulo serão abordadas tópicos referentes a AE frente a RCR. 24 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA A Assistência de Enfermagem (AE) na RCR de pacientes adultos no ambiente hospitalar precisa contemplar as quatro funções do Enfermeiro: o cuidado, o gerenciamento, a pesquisa e o ensino. Estas quatro funções possuem uma relação intensa e são dependentes umas das outras. O cuidado de Enfermagem é o foco principal da AE, sendo este sustentado e embasado pelas demais funções: o gerenciamento, que promove a organização de todas as estruturas do ambiente do cuidado; o ensino e extensão, que busca o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos trabalhadores da Enfermagem; e a pesquisa, que oferece suporte científico para o cuidado de Enfermagem. A seguir são apresentadas as quatro funções que contemplam a AE, com enfoque para o manejo da RCR. 4.1 Gerenciamento do ambiente de RCR A ação gerencial é determinada e determinante do processo de organização dos serviços de saúde (CIAMPONE; KURCGANT, 2004). Nesta função o Enfermeiro precisa dominar habilidades para desenvolver uma organização adequada do serviço de Enfermagem e saúde, dentre elas, a comunicação, o relacionamento interpessoal, a liderança, a tomada de decisão e a competência técnica (WEHBE; GALVÃO, 2001). Na perspectiva do gerenciamento do ambiente de cuidado para a implementação da RCR, a função do Enfermeiro é organizar as estruturas físicas e reunir os materiais e equipamentos necessários para o atendimento dessa situação crítica de vida, além da mobilização da equipe de saúde e coordenação da equipe de Enfermagem. Assim, o êxito da assistência dedicada ao paciente em PCR, dependerá além da disponibilidade de recursos técnicos, também das funções assumidas por cada profissional da saúde na RCR e do envolvimento destes nesse processo. O sincronismo da equipe multiprofissional, também influencia no sucesso da RCR, sendo o Enfermeiro, a partir da sua 25 capacidade gerencial, oferecer essa configuração a todos os trabalhadores de saúde (SILVA, 2006). 4.2 A capacitação e o aperfeiçoamento da equipe de Enfermagem e saúde A identificação da PCR e a realização da RCR mesmo no ambiente hospitalar, ainda se constituem em um desafio para a equipe de Enfermagem e saúde. Neste sentido, as ações de educação permanente e continuada, tendo como base as diretrizes internacionais AHA, podem ser uma alternativa para a atualização e treinamento da equipe, com vistas à segurança, ao conhecimento e à habilidade na RCR, proporcionando a elevação da qualidade do atendimento aos pacientes. Assim, a capacitação da equipe de Enfermagem e saúde em relação AE na RCR, deve ter como objetivo primordial reduzir ao mínimo a duração da PCR, com medidas que permitam atuação rápida, eficiente e sistematizada, atingindo automatização total, mas consciente, das diversas etapas do atendimento. Não basta simplesmente uma “orientação” para que se considere que os trabalhadores da Enfermagem estejam aptos a exercer o conjunto de medidas de emergência para o tratamento da PCR. É necessário um contínuo treinamento e atualização dos conhecimentos e técnicas que permeiam toda a assistência desenvolvida nessa situação crítica de vida (SILVA; PADILHA, 2001). 4.3 A produção científica da Enfermagem acerca da PCR e RCR A pesquisa em Enfermagem tem como principal finalidade a produção e atualização do conhecimento específico dessa disciplina, para subsidiar a AE. As produções científicas nessa área podem fornecer subsídios para o planejamento e implementação dos cuidados de Enfermagem, além de contribuir para o acompanhamento da evolução da saúde e da doença de indivíduos e populações (CALLIL; PARANHOS, 2007). Na perspectiva da PCR e RCR as produções científicas de Enfermagem que abordam essa temática, com foco no ambiente hospitalar, ainda são bastante insipientes. De acordo 26 com uma revisão integrativa, realizada por Luzia e Lucena (2009), que buscou analisar a produção científica sobre PCR no paciente adulto em âmbito intra-hospitalar, a produção científica da Enfermagem representa menos de 10% dos estudos desenvolvidos na área (LUZIA; LUCENA, 2009). Nas publicações da Enfermagem voltadas para essa área são abordados aspectos relacionados à capacitação da equipe de saúde para atuar na RCR e sobre a importância dos trabalhadores da Enfermagem frente à identificação sinais que precedem a PCR. Em relação a essa temática, ainda, há necessidade de desenvolver estudos que subsidiem os cuidados de Enfermagem para a prevenção da PCR e para a qualificação das intervenções na AE na RCR (LUZIA; LUCENA, 2009). 4.4 Cuidados de Enfermagem na RCR O ato de cuidar em Enfermagem tem uma proporção significativa se dedicado à preservação do potencial saudável das pessoas, do zelo e da atenção. Assim, o cuidado de Enfermagem tem como finalidade proteger e preservar a humanidade, auxiliando os indivíduos e coletividade a encontrar significados na existência, na saúde, na doença, no sofrimento e na dor (TAYLOR; LILLIS; LEMONE, 2007). A PCR é considerada um evento dramático, responsável por morbimortalidade elevada, muitas vezes, mesmo em situações de atendimento ideal e em ambiente hospitalar. Todavia, a sobrevida pode ser alcançada a partir da implementação de um conjunto de intervenções rápidas e precisas, das quais a participação do Enfermeiro e dos demais trabalhadores de Enfermagem é imprescindível, representando, em geral, a maior parte da equipe de saúde nos atendimentos de RCR (LUZIA; LUCENA, 2009). Na perspectiva dos cuidados de Enfermagem voltados para o AE na RCR, compreende-se que estes envolvem algumas ações que estão presentes nas diretrizes da AHA, e que são de competência do Enfermeiro e demais integrantes da equipe de Enfermagem. Ademais, entende-se que outros cuidados de Enfermagem, que não estão explícitos nas diretrizes da AHA, também são realizados durante o SBV e o SAV, pelos trabalhadores da Enfermagem e, que, de certa forma, complementam todas as recomendações das diretrizes 27 internacionais para a RCR. Nesta perspectiva, a seguir serão abordados esses cuidados de Enfermagem. 4.4.1 Cuidado de Enfermagem e o Suporte Básico de Vida O SBV envolve, geralmente, as primeiras ações de cuidado no atendimento a RCR, dando inicio ao restabelecimento das funções fisiológicas. A Enfermagem é primordial nos cuidados ao SBV, pois os trabalhadores dessa área são responsáveis pela avaliação dos sinais vitais, podendo assim, identificar precocemente os sinais de PCR e iniciar as primeiras intervenções para a recuperação do paciente (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008). Desta forma, a Enfermagem deve possuir habilidades ímpares para avaliar, constantemente, os sinais vitais do paciente e detectar possíveis alterações que possam comprometer as funções do organismo e, consequentemente, originar uma PCR. Assim, a partir do momento que a PCR é constatada, a equipe de Enfermagem é responsável por avaliar o espaço físico, disponibilizar o oxigênio na rede, manter adequado o funcionamento do vácuo, disponibilizar a tábua de massagem e organizar os materiais e equipamentos necessários para a implementação da RCR (SMELTZER et al, 2009). Após a implementação dos cuidados iniciais, a Equipe de Enfermagem deve focar a atenção para a manutenção das vias áreas pérvias. Para a realização efetiva deste cuidado, o paciente precisa ser posicionado, anatomicamente, sobre uma superfície rígida e realizando a hiperestensão da cabeça e elevação do mento do paciente. Outros cuidados de Enfermagem, também importantes na manutenção das vias aeras, é a avaliação da presença de secreções, vômitos ou corpo estranho, realizando, quando necessário a aspiração das vias aéreas superiores (CALIL; PARANHOS, 2007). Na implementação da ventilação artificial a equipe de Enfermagem precisa organizar um balão tipo ambú-máscara, conectado a uma fonte de oxigênio umidificado. No desenvolver das ventilações os principais cuidados de Enfermagem incluem a monitorização da freqüência, o ritmo, e a profundidade das ventilações artificiais aplicadas, além da avaliação da coloração das mucosas e pele, na tentativa de identificar a atenuação da hipóxia tecidual. 28 No que se refere às compressões torácicas, os cuidados de Enfermagem incluem a sincronização dos movimentos compressivos, a avaliação do retorno do tórax, e, a minimização das interrupções entre a compressão e a ventilação. Especificamente, em relação ao posicionamento das mãos no momento das compressões, é importante a focalização na região esternal, pois esse cuidado além de favorecer a efetividade da ação, também pode evitar possíveis fraturas originadas pela pressão exercida no tórax do paciente (CALIL; PARANHOS, 2007). A equipe de Enfermagem deve estar atenta para registrar todas as ações realizadas no SBV, tais como: manobras e intervenções implementadas; hora da identificação da PCR; hora do início do SBV; e intervalo de tempo até o início das manobras do SAV. A partir disso, a Enfermagem poderá realizar uma evolução adequada e completa no prontuário do paciente, sendo possível utilizar estas informações para a elaboração do histórico de Enfermagem e, assim, fundamentar o cuidado pós ressuscitação. 4.4.2 Cuidados de Enfermagem e o Suporte Avançado de Vida No SAV os cuidados de Enfermagem tem como finalidade a continuidade da RCR, a partir da implementação de intervenções especializadas, que demandam a presença de toda equipe, de um ambiente de cuidado organizado, com a disponibilidade de materiais e equipamentos. Assim, de acordo com Hadi (2008), nessa etapa da RCR, de igual forma, é necessário a integração e o sincronismo dos esforços entre toda a equipe de saúde. A Enfermagem no SAV também tem um papel importante, desenvolvendo ações essenciais no contexto da RCR, tais como: auxílio e avaliação na intubação de vias aéreas; monitorização e avaliação do paciente; estabelecimento de acesso venoso; administração de medicamentos; avaliação e registro das intervenções realizadas. O suporte artificial das vias aéreas se constitui em um procedimento terapêutico invasivo que pode promover, temporariamente, a substituição total ou parcial da função respiratória, tendo por objetivos manter as trocas gasosas pulmonares, aumentar o volume pulmonar e reduzir o trabalho muscular respiratório (PALOMO, 2007). Essa intervenção, em geral, pode ser realizada por meio a intubação endotraqueal ou pela traqueostomia. 29 Especificamente, para a implementação da intubação endotraqueal, a Enfermagem deve atuar com agilidade nos procedimentos e precisão na preparação dos materiais a serem utilizados: posicionar o paciente em decúbito dorsal; na presença de próteses dentárias, estas devem ser removidas; na presença de sonda nasogástrica, mantê-la aberta e conectada a um conector de secreções; avaliar a necessidade de aspirar secreções (FEITOSA-FILHO et al, 2006); providenciar o laringoscópio funcionante e de tamanho adequado, para a colocação do tubo; providenciar tubo endotraqueal, sendo o diâmetro deste a ser determinado de acordo com a faixa etária, gênero e condições orgânicas do paciente (PALOMO, 2007); insuflar previamente o balonete do tubo endotraqueal de forma a testar a sua integridade e efetividade (SMELTZER et al, 2009; PALOMO, 2007). Ainda em relação ao estabelecimento de vias aéreas artificiais, é importante que a Enfermagem esteja atenta para o tempo do procedimento de intubação, sendo que o mesmo não poderá ultrapassar 30 segundos e nos intervalos, devendo realizar, constantemente, as ventilações utilizando a máscara externa (FEITOSAFILHO et al, 2006; PALOMO, 2007). Após a intubação endotraqueal, a equipe de Enfermagem deverá atentar para medidas de cuidado como a localização do tubo endotraqueal. A identificação do posicionamento do tubo endotraqueal pode ser realizada através da ausculta dos sons respiratórios nas cinco aéreas sobre o tórax e avaliação da expansão torácica bilateral. Se durante a ausculta do epigástrico, ocorrer borbulhamento gástrico, e não houver expansão torácica deve-se suspeitar de intubação esofágica. As ventilações devem ser interrompidas e uma nova tentativa de intubação inicia-se (SMELTZER et al, 2009). A equipe de Enfermagem também é responsável pela fixação do tubo endotraqueal, garantindo sua estabilidade e prevenindo a extubação não desejada. Assim, na manutenção da segurança da intubação endotraqueal, um dos cuidados de Enfermagem essenciais é a troca do fixador ou cadarço, precedida de aspiração endotraqueal, sempre que necessário. O Enfermeiro também poderá estar atuando na seleção do fixador ou cadarço que será usado (FEITOSA-FILHO, 2006). Assim, equipe de Enfermagem mostra-se como uma peça chave na prevenção e identificação de complicações decorrentes da intubação endotraqueal. Durante a instalação do tubo endotraqueal, os cuidados de Enfermagem também incluem a identificação de traumatismos na arcada dentária, nas mucosas orais e na articulação temporomandibular, de lesão de coluna cervical, de intubação esofagiana e de aspiração pulmonar de conteúdo gástrico (PALOMO, 2007). 30 Caso o suporte das vias aéreas artificiais seja associado à ventilação mecânica, é importante considerar o funcionamento do mesmo. Também é imprescindível confirmar pressão interna do balonete do tubo endotraqueal, devendo esta ser mantida entre 20 a 30 mmHg, ou entre 25 a 30 cmH²O. Este cuidado impede a broncoaspiração de líquidos e secreções, a perda de gás durante a ventilação mecânica e a isquemia da mucosa traqueal (PALOMO, 2007). A equipe de Enfermagem deve estar atenta quanto aos níveis mínimo e máximo da água destilada esterilizada que devem ser colocados nos recipientes umidificadores, componentes integrantes do respirador mecânico. O déficit de umidificação e aquecimento nesse dispositivo pode provocar o ressecamento da mucosa traqueobrônquica, diminuição da atividade ciliar e aumento da viscosidade do muco, com potencial risco de obstrução da via aérea, infecção, aletectasias e necrose do epitélio respiratório (PALOMO, 2007). Outro cuidado necessário, após a conexão do ventilador mecânico, é a confirmação constante do posicionamento do tubo endotraqueal. Para tanto, é preciso anotar no prontuário do paciente o número graduado no tubo endotraqueal na altura da arcada dentária, garantindo o adequado posicionamento do tubo. Dentre os cuidados de Enfermagem relacionados a essa intervenção, destaca-se ainda, a importância de cuidados de Enfermagem básicos, tais como a higiene oral e a hidratação dos lábios, com a finalidade de garantir a integridade da mucosa oral (SMELTZER et al, 2009). Durante o SAV, ainda é importante destacar que a equipe Enfermagem deve estar atuando na vigilância contínua dos sinais vitais, na monitorização cardíaca, na monitorização das trocas gasosas e do padrão respiratório, na observação neurológica, na contínua observação da necessidade de aspiração de secreções pulmonares e na observação de sinais de hiperventilação (KNOBEL, 2006). Outro cuidado necessário durante a RCR é punção de acessos venosos periféricos. Preferencialmente, o estabelecimento dessa via deve ser em uma veia calibrosa, com finalidade de favorecer a administração de todos os medicamentos e líquidos endovenosos necessários para a RCR (HUDDLESTON; FERGUSON, 2006). Smeltzer et al (2009) destacam que os cuidados de Enfermagem acerca do estabelecimento acessos venosos devem englobar a seleção adequada do local e do tipo de dispositivo a ser usado. No contexto da RCR, o acesso intra-ósseo, mesmo em adultos, é recomendável. Não sendo possível a obtenção de acesso venoso periférico ou intra-ósseo, pode-se tentar 31 administrar fármacos por via traqueal ou através da obtenção de acesso venoso central (KNOBEL, 2006). Durante a administração de medicamentos, a Enfermagem deve identificar as seringas e frascos, além de registrar as medicações e doses administradas. Especificamente, acerca da administração dos medicamentos, é essencial a infusão de 10 a 20 mL de soro fisiológico em bolus e, a elevação do membro por alguns segundos, para facilitar a chegada da droga na circulação central (KNOBEL, 2006; FEITOSA-FILHO, 2006). Quanto aos cuidados de Enfermagem frente à monitorização cardíaca do paciente em PCR, ressalta-se que antes da realização desse procedimento, o Enfermeiro deve atentar para a retirada de acessórios como relógios, anéis, correntes, ou qualquer material de metal que esteja em contato com o paciente (PALOMO, 2007; SMELTZER et al, 2009). Além disso, a superfície, na qual serão fixados os eletrodos, deve estar limpa e seca, favorecendo a captação da atividade elétrica cardíaca (PALOMO, 2007). Smeltzer et al(2009) destaca que erros do diagnóstico de possíveis causas da PCR, assim como erros do estado de saúde do paciente, podem ocorrer caso os eletrodos estejam posicionados de maneira incorreta. Assim, realizar a técnica de maneira efetiva e correta compreende um cuidado de Enfermagem importante no contexto da RCR. Após a monitorização da atividade elétrica cardíaca, o Enfermeiro necessita, constantemente, analisar as ondas do ECG e seus formatos, pois as alterações no traçado podem representar as possíveis causas de uma PCR (SMELTZER et al, 2009). Para a identificação das alterações anormais do ECG, o Enfermeiro precisa reconhecer o ritmo sinusal normal, o qual consiste nos seguintes padrões: freqüência cardíaca e atrial de 20 a 100bpm em adultos com ritmos ventriculares e atriais regulares, formato correto do complexo QRS, onda P em formato normal, sempre na frente do complexo QRS (SMELTZER et al, 2009). Na desfibrilação os cuidados de Enfermagem durante esse procedimento são essenciais para garantir a segurança, tanto da equipe de saúde, quanto do paciente, pois a corrente elétrica gerada na desfibrilação pode ser liberada externamente. Assim, a equipe precisa estar atenta para o posicionamento das pás ou almofadas, de modo que estas não toquem as roupas do paciente e as roupas de cama, e não fiquem próximas as placas de medicamentos ou ao fluxo direto de oxigênio (SMELTZER et al, 2009). É necessário garantir que toda a equipe de saúde esteja advertida e avisada da aplicação do choque, evitando contato físico com o paciente, com o leito, com o tubo 32 endotraqueal ou outros equipamentos que possam transferir a corrente elétrica. Smeltzer et al (2009) propõe que antes de pressionar o botão de descarga o profissional que irá aplicar o choque, diga “Afastem-se!” por três vezes. Para a realização da desfibrilação é importante a equipe de Enfermagem forneça a lâmina, gel ou pasta, que servirá como meio condutor da eletricidade. Em seus estudos Pazinfilho et al (2003); Smeltzer et al (2009), destacam que estes produtos minimizam a resistência elétrica e favorecem a proteção cutânea do paciente. Por fim, é importante que a equipe de Enfermagem esteja capacitada e atenta para avaliar o ritmo cardíaco que o paciente manterá após o choque, de forma a garantir o restabelecimento imediato das compressões torácicas (PAZIN-FILHO et al, 2003). 4.4.3 Cuidados de Enfermagem Pós Ressuscitação A apresentação clínica do paciente, no período pós ressuscitação, pode variar de acordo com a etiologia da PCR e a duração e condições de atendimento da RCR (PAZINFILHO, 2003). Neste sentido, os cuidados de Enfermagem tem como finalidade evitar a instauração recorrente da PCR e prevenir a falência dos órgãos e dos sistemas, atuando, essencialmente, na avaliação e monitorização rigorosa dos parâmetros vitais (CINTRA; NISHIDE; NUNES 2008). Uma das metodologias de organização do trabalho da Enfermagem que pode ser adotada na assistência a pacientes pós RCR é o processo de Enfermagem (ASSUNÇÃO, 2005). Esse modelo assistencial é constituído por fases ou etapas que envolvem a identificação de problemas de saúde do paciente, o delineamento do diagnóstico de Enfermagem, a instituição de um plano de cuidados, a implementação das ações planejadas e a avaliação dos cuidados. Estas fases se relacionam e dependem uma da outra, sendo inseparáveis dentro de um contexto de assistência de Enfermagem (BITTAR; PEREIRA; LEMOS, 2006). A etapa inicial consiste no histórico de Enfermagem, um roteiro sistematizado, que abrange a entrevista e o exame físico, com a finalidade de levantar os dados de saúde e doença do paciente (PIVOTO, 2008). Na perspectiva da RCR, além de direcionar o plano de 33 cuidados de Enfermagem, os dados obtidos a partir do histórico de Enfermagem podem auxiliar na determinação da causa da PCR. No contexto da RCR, é imprescindível um histórico de Enfermagem detalhado. Segundo o Conselho Nacional de Enfermagem (COFEN, 358/2009) esta etapa consiste em um processo deliberado, sistemático e contínuo, devendo ser realizado com o subsídio de métodos e técnicas variadas, que tem por objetivo obter informações sobre a pessoa, a família ou a coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo de saúde e de doença, obtidos a partir da anamnese, do exame físico e dados complementares. Assim, após a estabilização do paciente pós RCR, cabe ao Enfermeiro realizar o histórico de Enfermagem, buscando inicialmente, informações acerca da identificação do paciente. Deve ser realizado um exame físico minucioso no paciente, em especial a avaliação de parâmetros relacionados aos sistemas orgânicos envolvidos na PCR (BITTAR; PEREIRA; LEMOS, 2006). Além do exame físico, os dados complementares também podem subsidiar o histórico de Enfermagem. Estas informações podem ser obtidas através de entrevista com familiares do paciente e com outros membros da equipe e a partir do registro de saúde ou prontuário paciente. Todas as fontes disponíveis de informações do paciente devem ser usadas para complementar o histórico de Enfermagem (SMELTZER et al, 2009). Inaba, Silva e Telles (2005) apontam em seu estudo que o Enfermeiro deve manter uma comunicação adequada com a família do paciente crítico, buscando sempre apreender informações necessárias ao cuidado qualificado. Além disso, durante a comunicação com a família do paciente, o Enfermeiro deve dar informações claras e objetivas sobre o estado do paciente ao familiar. Após a coleta de dados, o Enfermeiro deve partir para a segunda fase, ou seja, diagnóstico de Enfermagem. Essa etapa do Processo de Enfermagem compreende a análise dos dados coletados no histórico, com a finalidade de identificar os problemas e as necessidades básicas afetadas, e o grau de dependência, fazendo julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo (COFEN, 358/2009). Para elaborar os diagnósticos de Enfermagem o Enfermeiro necessita compreender as taxonomias dos diagnósticos, suas definições, suas características definidoras, as intervenções para o tratamento e os processos diagnósticos empregados para interpretação dos dados do paciente. Além do conhecimento acerca da formulação dos diagnósticos de Enfermagem, o 34 Enfermeiro precisa ter habilidade para identificar e definir as prioridades (NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION, 2009). A prescrição de Enfermagem é a fase do processo de Enfermagem na qual o Enfermeiro constrói um conjunto de medidas, que direciona e coordena a assistência de Enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, objetivando a prevenção promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde (PIVOTO, 2008). No contexto do paciente pós RCR existem cuidados primordiais, os quais devem estar presentes no plano de cuidado. Deve-se enfatizar a monitorização dos sinais vitais, realização de exame neurológico, manutenção das vias aéreas pérvias, monitorização cardíaca e hemodinâmica, manutenção de acesso venoso periférico ou central instalação e manutenção de sondas nasogástricas e/ou nasoentéricas e monitorização do débito urinário. Luzia e Lucena (2009) enfatizam a necessidade da equipe de Enfermagem melhorar ao máximo a observação e a comunicação das alterações dos sinais vitais dos pacientes vítimas de PCR. Assim, no período pós RCR é importante avaliar a temperatura, a freqüência respiratória, a freqüência cardíaca e a pressão arterial, considerando os benefícios da implementação precoce de certos procedimentos e avaliação de possíveis sinais de intabilidade no paciente pós ressuscitação. Nas primeiras 24 a 72 horas pós RCR é essencial que o Enfermeiro realize o acompanhamento da situação neurológica do paciente, atentando presença de reflexo coroneano, pupilar e ao estímulo doloroso, aspectos que podem indicar o prognóstico do paciente. O nível de consciência também representa uma importante evidencia que deve ser monitorada através da utilização da escala de Glasgow (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008). Os cuidados relacionados à manutenção da via aérea, também são prioridades no período pós RCR, sendo indicada a utilização de capnógragos ou capnômetros para a checagem contínua do padrão ventilatório e respiratório instalado. Para tanto, é imprescindível avaliar e monitorar o posicionamento do tubo endotraqueal, a fixação adequada e permeabilidade do tubo, a adequada sedação do paciente e os parâmetros ventilatórios adotados (PAZIN-FILHO, 2003). A aspiração do tubo endotraqueal ou traqueostomia e da região oral é um cuidado importante para a prevenção de obstrução e interrupção do fluxo ventilatório. Todavia, é preciso considerar que o processo de aspiração pode implicar em aumento da pressão intracraniana e, consequentemente, pode provocar um agravamento da condição clínica do paciente (PAZIN-FILHO, 2003). 35 O oxigênio deve ser fornecido de acordo com as necessidades do paciente, de forma a realizar-se uma monitorização contínua a partir da oximetria de pulso. É importante avaliar a presença de complicações decorrentes da RCR, descartando a ocorrência de pneumotórax ou homotórax por fratura de arcos costais, conseqüentes à compressão torácica externa, barotrauma ou intubação seletiva. De igual forma, deve-se evitar a hiperventilação, pois esta condição pode agravar o estado de hipoperfusão cerebral, sendo recomendada 12 a 15 respirações por minuto (PAZIN-FILHO, 2003). A estabilização da pressão arterial, também precisa ser objetivada no período pós RCR. Assim, a Enfermagem deve monitorar os níveis pressóricos, já que o restabelecimento e a manutenção da pressão arterial são pontos-chaves em se garantir uma perfusão adequada. Nos paciente que apresentarem hipotensão severa, a monitorização deve ser realizada de forma invasiva, pois os equipamentos eletrônicos de medida não invasiva de pressão arterial podem não apresentar a fidedignidade dos valores pressóricos. A correção dos quadros de hipotensão pode envolver reposição hipovolêmica, nestes casos a Enfermagem deve estar atenta quanto à quantidade e tempo que o líquido deve ser infundido (PAZIN-FILHO, 2003). A monitorização hemodinâmica também é essencial em pacientes criticamente doentes, como é caso dos pacientes pós RCR, que apresentam condições clínicas complexas. A Enfermagem precisa estar apta para acompanhar esse processo de monitorização, garantindo que os sistemas e equipamentos hemodinâmicos estejam instalados de maneira apropriada (SMETZER et al, 2009). A eletrocardiografia continua para identificação precoce de arritmias, também deve ser mantida em pacientes pós RCR (PAZIN-FILHO, 2003). Para esse tipo de monitorização os cuidados de Enfermagem incluem a limpeza da pele diante da presença de sudorese e de pêlos nos locais da inserção e posicionamento dos eletrodos (SMELTZER et al, 2009). A habilidade do Enfermeiro para interpretar os registros do eletrocardiograma também é necessária para a identificação tanto dos ritmos cardíacos, quanto dos mecanismos responsáveis pela formação ou condução dos impulsos alterados (ASSUNÇÃO, 2005). Além disso, é importante a manutenção do acesso venoso adequado para atender possíveis necessidades de reposição hipovolêmica e de administração de medicamentos, após a reversão da PCR (PAZIN-FILHO, 2003). Após a reversão da PCR, a colocação de sonda nasogástrica de longa permanência nos pacientes inconscientes também é recomendada (PAZIN-FILHO, 2003). Os cuidados de Enfermagem que englobam essa intervenção incluem a avaliação dos da drenagem espontânea 36 e dos ruídos hidroáereos intestinais, sendo que tão logo haja restabelecimento dos mesmos, seja iniciada a nutrição enteral (SMELTZER et al, 2009). O débito urinário horário deve ser constantemente avaliado pela equipe de Enfermagem, consequente a instalação da sondagem vesical de demora pelo Enfermeiro. Este parâmetro mostra-se essencial na avaliação e monitorização da perfusão e da função renal, atentando para as características da urina. (PAZIN-FILHO, 2003). O posicionamento adequado do paciente também deve ser monitorado pela Enfermagem, devendo o paciente ficar em decúbito dorsal, com cabeceira elevada a 30°, para diminuir a pressão intracraniana. A temperatura também deve ser monitorada e controlada após a reversão da PCR, pois a hipertermia é extremamente deletéria para o sistema nervoso central, já que 1°C de aumento na temperatura implica em um aumento de 0,8% no metabolismo cerebral (PAZIN-FILHO, 2003). A integridade da pele deve ser inspecionada, em especial o tórax, local no qual são aplicados os choques durante a RCR (SMELTZER et al, 2009). Seguindo a seqüência do Processo de Enfermagem, a última etapa consiste na avaliação e reestruturação de todo o plano de cuidado. Assim, a partir da evolução de Enfermagem o Enfermeiro busca identificar as respostas e as alterações orgânicas do paciente frente aos cuidados de Enfermagem implementados, e o reconhecimento de novas necessidades de saúde, permitindo adequar o planejamento da assistência de Enfermagem e estabelecer as modificações necessárias (PIVOTO, 2008). Neste sentido, destaca-se que no período pós RCR a evolução de Enfermagem diária das condições do paciente pode repercutir positivamente na busca pela qualidade da AE. Segundo Carpenito (2008), essa etapa do processo de Enfermagem deve ser realizada a partir da avaliação crítica, criteriosa, deliberada e detalhada dos cuidados de Enfermagem implementados. Além do modelo de assistência proposto pelo processo de Enfermagem, os registros de Enfermagem completos e adequados, também se condicionam como funções do Enfermeiro que podem garantir a qualidade da assistência de Enfermagem. O registro das intercorrências no prontuário do paciente, essencialmente no período pós RCR deve fazer parte das ações desenvolvidas por toda a equipe de Enfermagem, como uma forma de acompanhamento da evolução do paciente e como um meio legal de comprovar a assistência prestada (ASSUNÇÃO, 2005). 37 Sendo assim, após cada RCR é indispensável registrar no prontuário do paciente todos os procedimentos e manobras realizados na RCR, tais como, a hora que foi identificada a PCR, o início das manobras de RCR, a hora que a equipe iniciou o atendimento, o local e o tipo de acesso venoso, as medicações administradas, a via de administração, a voltagem usada na desfibrilação, o horário de restabelecimento dos sinais vitais da vítima ou o horário do óbito, e outras possíveis intercorrências que ocorrem durante a reanimação (ASSUNÇÃO, 2005). Além de todas as intervenções técnicas realizadas na RCR apresentadas até o presente momento, outros aspectos relacionados ao respeito, à privacidade e dignidade do paciente, de igual forma, precisam ser considerados e incluídos entre os cuidados de Enfermagem dedicados a pacientes nessa situação crítica de vida. O paciente crítico, nas circunstâncias que se encontra, fica exposto à perda de identidade e falta de privacidade. Neste sentido, o código de ética dos profissionais de Enfermagem traz como dever da equipe de Enfermagem respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do paciente e de seus familiares, que também vivenciam momentos de angustia frente a situação de um ente querido. Todavia, apesar da equipe de Enfermagem possuir conhecimento a respeito deste cuidado humanizado, o cuidado técnico acaba, muitas vezes, prevalecendo nas intervenções realizadas (VILA; ROSSI, 2002). Assim, todas essas condições que envolvem a garantia dos direitos humanos do paciente, precisam fazer parte das rotinas da equipe de saúde e de Enfermagem. É necessário que a equipe de Enfermagem reflita sobre a realização de um cuidado ancorado na perspectiva da humanização, levando em consideração os direitos do homem e de sua dignidade e deixando de lado a atenção centrada apenas nas tarefas técnicas (VILA; ROSSI, 2002). 38 5 METODOLOGIA Este estudo trata-se de uma revisão integrativa. De acordo Mendes, Silveira e Galvão (2008), este tipo de estudo tem como principal finalidade garantir práticas assistenciais ancoradas em evidências científicas. Nesta perspectiva, a revisão integrativa tem sido apontada como uma ferramenta importante que permite sintetizar os estudos já disponíveis, sobre determinado fenômeno de interesse, e construir conhecimento cientifico para a prática, disponibilizando aos diversos profissionais da área da saúde o acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas que fundamentam as intervenções (WHITTMORE, 2005). O desenvolvimento da revisão integrativa segue as seguintes etapas: identificação da questão de pesquisa; levantamento bibliográfico; seleção dos estudos de acordo com os critérios de inclusão; avaliação dos estudos de acordo com o instrumento de coleta de dados; e análise e discussão dos dados (WHITTMORE, 2005; MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Assim, a presente revisão integrativa, parte da seguinte questão norteadora: Quais as dificuldades para implementar da AE na RCR no paciente adulto hospitalizado? O levantamento bibliográfico foi realizado em todas as bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, no mês de outubro 2010, sem delimitação do período de publicação e utilizando as seguintes combinações de descritores: Parada cardiorrespiratória e Enfermagem; Parada cardiorrespiratória e Assistência de Enfermagem; Ressuscitação cardiorrespiratória e Enfermagem; Ressuscitação cardiorrespiratória e Assistência de Enfermagem. Foram encontrados no total 510 publicações, sendo destas 35 presentes no LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), 460 presentes no MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrievel System Online/Biblioteca Virtual em Saúde) e 15 no IBECS (Índice Bibliográfico Espanhol em Ciências da Saúde). A partir da leitura exploratória dos resumos dessas publicações, foram selecionadas 7 estudos, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: acesso a texto completo; ser proveniente de resultados de pesquisa, apresentado abordagem qualitativa ou quantitativa; e apontar dificuldades para implementação da AE na RCR no paciente adulto hospitalizado. Buscando contemplar todas as esferas científicas da Enfermagem, em âmbito nacional, também foi realizado o levantamento bibliográfico no Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES). Foram utilizadas as seguintes palavras chave: Parada cardiorrespiratória e Enfermagem; Parada cardiorrespiratória e 39 Assistência de Enfermagem; Ressuscitação cardiorrespiratória e Enfermagem; Ressuscitação cardiorrespiratória e Assistência de Enfermagem. Neste banco de dados foram encontradas 29 publicações. A partir da leitura exploratória dos resumos, foram selecionados 6 estudos, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: ser proveniente de resultados de pesquisa, que apresentem abordagem qualitativa ou quantitativa; e apontar dificuldades para implementação da AE no manejo da RCR no paciente adulto hospitalizado. Foram selecionadas no total treze produções científicas para compor a presente revisão integrativa. O texto completo destes estudos foram lidos na íntegra, passando por uma avaliação criteriosa, de modo a compor um fichamento baseado no instrumento de coleta de dados que conteve as seguintes questões: identificação numérica; tipo de estudo; tipo de abordagem; citação do artigo; vinculo institucional do autor principal; objetivo(s); tipo de abordagem; e dificuldades para implementação da AE na RCR no paciente adulto hospitalizado. Salienta-se que os procedimentos de coleta, seleção dos artigos, e de fichamento dos dados, foram realizados por todos os autores e, posteriormente, todos os dados foram comparados, buscando verificar a regularidade. Foi utilizada a análise qualitativa, desenvolvida por meio da leitura analítica, seguindo as etapas de: análise textual, realizada a partir da leitura cuidadosa dos artigos, obtendo-se uma visão mais abrangente dos dados; análise temática, buscando esclarecimentos a respeito do tema abordado; e análise interpretativa, na qual se desenrolou a problematização dos achados (SEVERINO, 2002). 40 6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os achados foram dispostos em quatro quadros. O Quadro 1 apresenta a citação e o objetivo(s) das produções científicas. O Quadro 2 apresenta o vínculo institucional do autor principal. O Quadro 3 apresenta a distribuição das produções científicas de acordo com o tipo de abordagem metodológica. O Quadro 4 apresenta a distribuição das produções científicas de acordo com as categorias temáticas que despontaram a partir da presente revisão integrativa. Na seqüência de cada quadro, os principais aspectos apreendidos são apresentados e discutidos. QUADRO 1 Distribuição dos estudos de acordo com a citação e o objetivo. Uruguaiana, 2010. ESTUDOS ESTUDO 1 ESTUDO 2 ESTUDO 3 ESTUDO 4 ESTUDO 5 ESTUDO 6 CITAÇÃO SARDO PG, DEL SASSO GTM. Aprendizagem baseada em problemas em ressuscitação cardiopulmonar: suporte básico de vida. Rev Esc Enferm USP. 2007; 42(4):784-92. OBJETIVO(S) Desenvolver uma prática educativa de Aprendizagem Baseada em Problemas em Reanimação Cárdio-Pulmonar/Suporte Básico de Vida com os alunos do Curso de Graduação em Enfermagem de uma Universidade da Região Sul do Brasil. LIMA SG, MACEDO LA, VIDA ML, SÁ MPBO. Educação permanente em SBV e SAVC: impacto no conhecimento dos profissionais de Enfermagem. Arq Bras Cardiol. 2009; 93(6) : 630-36. BRIÃO RC. Estudo de coorte para avaliar o desempenho da equipe de Enfermagem em teste teórico, após treinamento em parada cardiorrespiratória. Rev Latino-am Enferm. 2009; 17(1): 40-5. GRAÇA TD, VALADARES GV. O (re)agir da Enfermagem diante da parada cardiopulmonar: um desafio no cotidiano. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2008;12 (3): 411- 16. ZANINI J, NASCIMENTO ERP, BARRA CC. Parada e Reanimação cardiorrespiratória: conhecimentos da equipe de Enfermagem em unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. 2000; 18(2): 143-47. BERTOGLIO VM, AZZOLIN K, SOUZA, EM, RABELO ER. Tempo decorrido do treinamento em parada Avaliar o impacto de um programa permanente de treinamento em SBV e SAV no nível de conhecimento dos profissionais de Enfermagem. Avaliar o conhecimento teórico da equipe de Enfermagem quanto ao atendimento a vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR) antes, imediatamente após e decorridos seis meses de treinamento. Conhecer como os profissionais de Enfermagem (re)agem no atendimento à parada cardiopulmonar do cliente considerando o cuidado de Enfermagem. Avaliar o conhecimento que a equipe de Enfermagem de uma UTI têm acerca do episódio de parada e reanimação cardiorrespiratória para subsidiar um programa de treinamento em serviço. Avaliar o conhecimento de Enfermeiros referente ao atendimento em parada cardiorrespiratória (PCR), relacionando esses 41 ESTUDO 7 ESTUDO 8 ESTUDO 9 ESTUDO 10 ESTUDO 11 ESTUDO 12 ESTUDO 13 cardiorrespiratória e o impacto no conhecimento teórico de Enfermeiros. Rev Gaúcha Enferm. 2005; 29(3):45460. SILVA SC, PADILHA KG. Parada cardiorrespiratória na unidade de terapia intensiva: análise das ocorrências iatrogênicas durante o atendimento. Rev. Esc. Enf. USP. 2000; 34(4): 413-20. ASSUNÇÃO RC. Avaliação dos aspectos éticos e legais dos registros de Enfermagem na parada cardiorrespiratória em hospital escola do Paraná [dissertação]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2005. BELLAN MC. Capacitação do Enfermeiro para o atendimento da parada cardiorrespiratória [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2006. SÁ CMS. Atuação dos trabalhadores de Enfermagem em ressuscitação cardiopulmonar: repercussões psicofísicas na saúde do trabalhador [dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade do estado do Rio de Janeiro; 2009. HADI HAM. Crenças dos Enfermeiros de unidades diagnósticas sobre o atendimento a parada cardiorrespiratória [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2008. SILVA AR. Parada cardiorrespiratória em unidade de internação: vivencias do Enfermeiro [dissertação]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2006. PALHARES VC. Avaliação e capacitação da equipe de Enfermagem para o atendimento da parada cardiorrespiratória em uma unidade de terapia intensiva de um pronto socorro [dissertação]. Botucatu: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho; 2008. resultados com capacitação. o tempo decorrido da Caracterizar as ocorrências iatrogênicas relacionadas aos comportamentos da equipe durante o atendimento do paciente em PCR na UTI. Verificar as conseqüências imediatas do atendimento à PCR em que ocorrências iatrogênicas foram identificadas. Observar os aspectos éticos e legais dos registros de Enfermagem em situações de atendimento à PCR/RCR, nos prontuários de pacientes que foram a óbito, em um hospital escola do interior do estado. Elaborar, implementar e avaliar um programa de capacitação para o Enfermeiro no atendimento da PCR. Identificar os fatores facilitadores e dificultadores enfrentados pelos trabalhadores de Enfermagem na atuação em RCR, discutir os sentimentos que emergem desses trabalhadores nesta atuação, analisar as repercussões psicofísicas na saúde destes trabalhadores decorrentes da atuação em RCR. Verificar as estruturas de atendimento à PCR e identificar crenças pessoais e normativas dos Enfermeiros que atuam em unidades diagnósticas. Estabelecer as exigências críticas no atendimento à PCR em unidades de internação de um hospital universitário do interior de São Paulo. Avaliar o atendimento e a capacitação da equipe de Enfermagem ao paciente em parada cardiorrespiratória na Unidade de Terapia Intensiva de um Pronto Socorro. A partir dos dados dispostos no Quadro 1, evidencia-se que treze estudos compuseram a presente revisão integrativa. Destes, sete estudos analisados são artigos científicos publicados em revistas específicas da Enfermagem e saúde, com destaque para a Revista da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Outros seis estudos são dissertações vinculadas a programas de pós-graduação da região sudeste do país. 42 Apesar de nenhum dos estudos enfocar, diretamente, as dificuldades existentes na implementação dos cuidados de enfermagem na RCR, todos trazem evidências relacionadas a esta perspectiva. Assim, constata-se que esta problemática é vivenciada em diferentes realidades e contextos, já que analisando os estudos evidenciou-se que os aspectos negativos estão presentes constantemente no ambiente da RCR, dificultando uma prática efetiva. A maioria dos estudos analisados teve como do objetivo abordar o conhecimento dos profissionais da Enfermagem em relação a PCR e RCR. Assim, possuem um enfoque ampliado para a implementação de programas de educação permanente e capacitação dos profissionais da Enfermagem. Esses dados remetem a relevância do processo educativo que envolve a RCR. Nesta perspectiva o Enfermeiro tem um papel importante, pois além da necessidade de atualização acerca dessa temática, este profissional precisa estar preparado para capacitar os demais trabalhadores da Enfermagem e saúde para atuarem com embasamento técnico e científico no desenrolar desse contexto crítico de vida. Outros estudos analisados tiveram como finalidade avaliar a subjetividade dos profissionais frente à RCR, e os sentimentos e repercussões destes aspectos frente ao cuidado no contexto da RCR. Nesse sentido, observa-se que a AE na RCR vai além das habilidades técnicas, devendo-se considerar o profissional em sua totalidade, pois as instabilidades e fragilidades vivenciadas pelos profissionais podem repercutir negativamente no processo de trabalho e, consequentemente, na eficácia da assistência oferecida na RCR. Outros estudos abordaram as iatrogenias relacionadas aos comportamentos da equipe de Enfermagem durante a RCR. A partir do objetivo destes estudos, os autores fazem uma relação dessas iatrogenias com os níveis de conhecimento, com as condições de trabalho destes profissionais e com os aspectos psicológicos que podem repercutir durante essa vivência. Observa-se, ainda no Quadro 1, que a maioria dos estudos foram publicados e realizados recentemente. Doze estudos foram publicados e desenvolvidos nos últimos cinco anos, com destaque para o ano de 2008, com maior numero de publicação. Há um intervalo temporal significativo entre a primeira publicação, ocorrida no ano de 2000, e a segunda, que ocorreu em 2005. O aumento do número de estudos nessa área, após esse período, pode estar associado a publicação das últimas diretrizes de reanimação cardiorrespiratórias, em 2005 pela AHA. 43 QUADRO 2 Distribuição dos estudos de acordo com o vínculo institucional do autor principal. Uruguaiana, 2010. ESTUDO Estudo 01 Estudo 02 Estudo 03 Estudo 04 Estudo 05 Estudo 06 Estudo 07 Estudo 08 Estudo 09 Estudo 10 Estudo 11 Estudo 12 Estudo 13 INSTITUIÇÃO VINCULADA AO AUTOR PRINCIPAL Enfermeiro dos Sistemas de Informação em Enfermagem da ALERT (Life Science Computing SA), Portugal. Médico do hospital Real Português - Realcor, Recife, Pernambuco. Enfermeira do Instituto de Cardiologia da Fundação Universitária de Cardiologia, Rio Grande do Sul. Enfermeira. Vinculo institucional não especificado. Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Santa Izabel, Santa Catarina. Enfermeira Assistencial do Hospital Moinhos de Vento, Rio Grande do Sul. Doutoranda pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Paraná. Professora da Universidade Paulista, São Paulo. Enfermeira do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro. Enfermeira do Hospital Paulistano, São Paulo. Enfermeira do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Professora do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulistana. Conforme apresentado no Quadro 2, das treze produções científicas que fizeram parte desta revisão integrativa, apenas um estudo tem como autor principal um profissional da categoria médica, sendo o restante todos Enfermeiros. Neste sentido, destaca-se que a Enfermagem vem buscando aprimorar o conhecimento sobre esta temática através de produções cientificas que buscam subsidiar a AE na RCR. Todavia, essas produções ainda são numericamente pequenas, e em sua maioria abordam aspectos relacionados à capacitação da equipe de saúde para atuar na RCR, não valorando os demais aspectos que envolvem essa temática. De acordo com as informações apresentadas no Quadro 2, acerca do vínculo institucional do autor principal, observa-se que os Enfermeiros assistências são os que mais possuem produção cientifica acerca dessa temática. Esta perspectiva pode ser justificada pelo fato de que estes Enfermeiros vivenciam a realidade e as dificuldades para implementar a AE na RCR, nas instituições hospitalares e no seu cotidiano de trabalho. Não foram identificadas produções científicas interdisciplinares envolvendo essa temática. Assim, considera-se a necessidade da Enfermagem atuar conjuntamente com outros profissionais da área da saúde, que compartilham as mesmas dificuldades nos serviços de 44 saúde pública, buscando uma prática mais condizente com cuidado integral do paciente no contexto da RCR. QUADRO 3 Distribuição dos estudos de acordo com a abordagem metodológica. Uruguaiana, 2010. Tipo de estudo Artigos Teses Total Quantitativo 6 1 7 Qualitativo 1 3 4 Qualitativo-Quantitativo 0 2 2 A partir do Quadro 3, que apresenta a distribuição dos estudos de acordo com o tipo de abordagem metodológica, percebe-se que a maioria dos estudos analisados possuem abordagem quantitativa. Esse dado remete a iniciativa dos Enfermeiros em pesquisas de cunho estatístico, já que o objeto em estudo permite essa quantificação de achados. QUADRO 4 Distribuição dos estudos de acordo com as categorias temáticas. Uruguaiana, 2010. Estudos DOIH FCTT DREECEM IETE ESTUDO 1 ESTUDO 2 ESTUDO 3 ESTUDO 4 ESTUDO 5 ESTUDO 6 ESTUDO 7 ESTUDO 8 ESTUDO 9 ESTUDO 10 ESTUDO 11 ESTUDO 12 ESTUDO 13 Núcleo temático presente Núcleo temático ausente DOIH= Dificuldades Organizacionais e Institucionais Hospitalares; FPCC= Falta de Preparo Técnico e Conhecimento Científico; DREEES= Dificuldades Relacionais entre a Equipe de Enfermagem e demais Componentes da Equipe Multiprofissional; IETE= Instabilidade Emocional dos Trabalhadores de Enfermagem para atuar na RCR. 45 A partir da compilação dos dados obtidos na presente revisão integrativa, com enfoque para as dificuldades para implementação da AE no manejo da RCR no paciente adulto hospitalizado, foram estabelecidas quatro categorias temáticas: Dificuldades organizacionais das instituições hospitalares; Falta de preparo técnico e de conhecimento científico acerca da RCR; Dificuldades relacionais entre a equipe de Enfermagem e demais componentes da equipe multiprofissional; e Instabilidade emocional dos trabalhadores de Enfermagem para atuar na RCR. A seguir, as categorias temáticas que despontaram são apresentadas e discutidas 6.1 Dificuldades organizacionais das instituições hospitalares As principais dificuldades organizacionais das instituições hospitalares para a implementação da AE na RCR estão atreladas à falta de condições de trabalho da equipe de Enfermagem, às falhas da estrutura física, e à falta de materiais e equipamentos. Em relação às condições de trabalho, Lima et al (2009) e Graça e Valadares (2008), destacam que os profissionais de Enfermagem, na maioria das vezes, estão submetidos a cargas horárias extenuantes de trabalho. Este aspecto se deve as particularidades dos serviços de emergência e unidade de terapia intensiva, que possuem uma demanda excessiva de trabalho, as especificidades de atendimento e ao tempo reduzido para a execução das tarefas, além do número insuficiente de funcionários compondo a equipe de Enfermagem (Graça, Valadares, 2008). Corroborando com os estudos analisados, Jodas (2009) ressalta que o excesso de trabalho da equipe de Enfermagem pode produzir, gradualmente, a exaustão emocional, criativa ou física e reduzir a eficiência, saúde e bem-estar desses trabalhadores. No âmbito nacional, a superlotação dos prontos socorros, também leva a sobre carga de trabalho para os profissionais inseridos neste contexto, influenciando na qualidade do serviço prestado. Somado a este aspecto, outros estudos analisados também ressaltam que a má remuneração dos trabalhadores de Enfermagem, faz com que estes se submetam a jornadas duplas de atividades laborais, o que pode interferir negativamente no processo de trabalho (GRAÇA, VALADARES, 2008; SÁ, 2009; HADI, 2008; LIMA et al, 2009). Murofuse (2005) contribui com a discussão, referindo que essa condição de trabalho faz parte da realidade da grande maioria dos trabalhadores da Enfermagem. 46 Outros aspectos que convergem com a qualidade da implementação da AE na RCR e estão relacionadas à condição de trabalho da equipe de Enfermagem, foram identificados a partir da presente revisão. Graça e Valadares (2008) ressaltam que os principais estressores dentro do contexto dos serviços de emergência são a falta de respaldo institucional e profissional dos profissionais da Enfermagem, a falta de autonomia do Enfermeiro, o descontentamento com o trabalho, e a relação distanciada com as chefias, resultante da falta de comunicação. A estrutura física inadequada também é apontada pelos estudos como um aspecto relacionado à organização institucional que dificulta a implementação da assistência de Enfermagem na RCR. De acordo com Graça e Valadares (2008) e Hadi (2008), a demanda de pacientes e o espaço físico reduzido das unidades, em especial daquelas destinadas a assistência de emergência, podem comprometer os cuidados prestados aos pacientes nessa situação crítica de vida. Esse aspecto faz parte de um relato de trabalhadores da saúde atuantes em uma emergência de um hospital do Rio de Janeiro: “A dificuldade é o espaço, que é muito pequeno [...] você perde muito tempo em procurar um espaço, inclusive perto do cardioversor. Deveria ter um local apropriado para receber esse tipo de paciente, infelizmente, dentro da unidade não tem” (GRAÇA; VALADARES, 2008). Outro exemplo da inadequação física dos serviços de saúde é apontado por Hadi (2008), em um estudo que teve como objetivo verificar as estruturas de atendimento a PCR. Nesse estudo foi evidenciado que a sala de ecocardiograma não estava apropriada para esse tipo de atendimento por possuir uma estrutura física limitada. Do mesmo modo Bellan (2006), evidenciou a partir das falas de Enfermeiros que o ambiente das unidades de saúde, em especial o dimensionamento inadequado do espaço físico dos quartos e a iluminação inadequada, como falhas estruturais das instituições hospitalares que dificultam a implementação de uma assistência de Enfermagem de qualidade na AE na RCR. A organização do trabalho no contexto da RCR depende da agilidade, competência e capacidade de resolutividade dos problemas emergentes. Portanto, trata-se de um evento no qual é necessário ações rápidas, com o intuito de preservar o paciente do risco de morte iminente. Desta forma, o espaço físico deve oferecer condições para que a equipe de Enfermagem e demais trabalhadores da saúde possam desenvolver uma assistência com eficiência. Outro aspecto que interfere negativamente na RCR e que as equipes vem enfrentando diariamente, é a falta de materiais e equipamentos. Esta problemática foi evidenciada em um 47 estudo realizado em um hospital estadual do Rio de Janeiro, voltado para atendimento de emergência (GRAÇA; VALADARES, 2008). Em Unidades de Tratamento Intensivo de um hospital do estado de São Paulo, essa dificuldade também foi apontada como um fator negativo na implementação da AE na RCR. Muitas vezes, esta dificuldade não esta diretamente ligada à falta de materiais, e sim ao dano e/ou a falta de organização dos mesmos. A falha na organização do ambiente cuidado, em especial na manutenção dos recursos materiais, de igual forma está associada ao não abastecimento e checagem do carrinho de emergência (SILVA; PADILHA, 2000; SÁ, 2009; HADI, 2008). Este fator também foi apontado por Bellan (2006) em seu estudo sobre a capacitação do Enfermeiro para o atendimento da PCR. A dificuldade mais citada pelos trabalhadores foi à falta de manutenção preventiva dos equipamentos (21,9%), seguida do reabastecimento do carrinho de emergência (19,5%), e falta de manutenção do mesmo (9,7%). Frente às fragilidades das organizações hospitalares, apresentadas pelos estudos científicos da Enfermagem que abordaram a AE na implementação da RCR em pacientes adultos, o Enfermeiro pode se constituir como uma peça-chave dentro deste contexto de instabilidade. Este profissional é capacitado e qualificado para exercer o gerenciamento do ambiente de cuidado para a implementação da RCR, que envolve a organização das estruturas físicas, dos materiais e dos equipamentos necessários para o atendimento dessa situação crítica de vida, além de estar atuando na vigilância e melhoria das condições de trabalhos da equipe de Enfermagem. Neste sentido, a ação gerencial é determinada e determinante do processo de organização dos serviços de saúde (CIAMPONE; KURCGANT, 2004). Nesta função o Enfermeiro precisa dominar habilidades para desenvolver uma organização adequada do serviço de Enfermagem e saúde, dentre elas, a comunicação, o relacionamento interpessoal, a liderança, a tomada de decisão e a competência técnica (WEHBE; GALVÃO, 2001). Assim o Enfermeiro, a partir da sua capacidade gerencial, pode oferecer uma configuração adequada ao ambiente organizacional da RCR, sendo possível realizar uma AE com êxito e qualidade na RCR (SILVA, 2006). 48 6.2 Falta de preparo técnico e de conhecimento científico acerca da RCR Essa categoria temática foi construída a partir dos seguintes aspectos que dificultam a implementação da AE na RCR no âmbito hospitalar: falhas no processo de formação dos trabalhadores de Enfermagem para atuar na RCR; falta de conhecimento acerca das intervenções relacionadas ao SBV e SAV; e falta de programas de educação continuada nas instituições hospitalares. Esses aspectos, somados a complexidade que representa a situação clínica de PCR e as intervenções relacionadas à RCR, podem repercutir negativamente na atuação dos trabalhadores de Enfermagem frente ao paciente que se encontra nesse quadro crítico de vida (GRAÇA; VALADARES, 2008). A falta de conhecimento técnico e teórico acerca da situação clínica que envolve a PCR e a RCR se manifestam como uma falha que perpetua ao longo da trajetória profissional, tendo como origem a falha no processo de formação dos trabalhadores de Enfermagem (SILVA; PADILHA, 2000). Em relação ao processo de ensino e aprendizado dos cursos superiores Enfermagem, Sardo e Sasso (2008), evidenciaram que os acadêmicos podem apresentar fragilidades em relação ao conhecimento técnico e científico que envolve a PCR e a RCR, por ser uma temática abordada pontualmente, sem o desenvolvimento dos aspectos clínicos que acompanham essa situação crítica de vida. Nesse estudo, que teve como objetivo desenvolver uma prática educativa de aprendizagem baseada em problemas em RCR e SBV, os acadêmicos de Enfermagem manifestaram diversas fragilidades, tanto nas ações que envolvem a avaliação dos sinais vitais e identificação da PCR, quanto nas intervenções de SBV, como a abertura das vias aéreas através da hiperextensão da cabeça e elevação do mento. Essa mesma situação também é constatada no âmbito profissional. Vários estudos (GRAÇA; VALADARES, 2008; SÁ, 2009; HADI, 2008; BELLAN, 2006; SILVA, 2006; PALHARES, 2008) que buscaram investigar o conhecimento das equipes de Enfermagem acerca da AE na RCR, evidenciaram que os trabalhadores apresentam muitas fragilidades teóricas e técnicas acerca dessa situação critica e das intervenções necessárias para contornála. Um fato importante apresentado no estudo de Lima et al (2009), está relacionado a temporalidade entre o término da graduação ou curso técnico dos trabalhadores da 49 Enfermagem, e o conhecimento teórico e técnico acerca da RCR. Ao avaliar o conhecimento da equipe de Enfermagem sobre essa temática, esses autores evidenciaram que, quanto maior o tempo de formação, menor a pontuação obtida em um teste para avaliar o conhecimento acerca da PCR e RCR realizado pelos trabalhadores da equipe de Enfermagem. Em relação ao conhecimento da equipe de Enfermagem acerca das intervenções referentes ao SBV, a partir da condensação dos dados analisados, evidencia-se que há um déficit de conhecimento dos trabalhadores sobre a identificação da PCR, da abertura das vias aéreas, das ventilações e das compressões torácicas. O conhecimento teórico e as habilidades práticas, da equipe de Enfermagem, sobre o SBV estão entre os determinantes para a eficácia da assistência à PCR (FERREIRA, 2001). Assim, como conduta inicial na RCR, a AHA (2005) salienta a importância do reconhecimento dos sinais de deteorização das funções fisiológicas do organismo. Contudo, os estudos analisados apontam que a maioria dos profissionais de Enfermagem não conhecia ou não sabia identificar os sinais de PCR, fato este que prejudica a eficiência da AE na RCR, repercutindo em uma porcentagem de sobrevida de 4% comparada a 16%, quando a RCR é resolutiva (LESELVA; MOURA, 2005). Um estudo que teve por objetivo avaliar o conhecimento teórico que a equipe de Enfermagem de uma UTI possuía acerca de RCR, apontou que os participantes possuíam fragilidades na identificação de uma PCR. Mais de 20% dos trabalhadores não mencionaram ausência de pulsos carotídeos, e mais 60% deixaram de citar a inconsciência como sinais clínicos de PCR (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006). Lima et al (2009), ao avaliar o nível de conhecimento dos profissionais de Enfermagem acerca do SBV evidenciaram que, 60% dos participantes sabiam identificar corretamente os sinais clínico de PCR. Silva (2006), com a finalidade de estabelecer as exigências críticas no atendimento à PCR em unidades de internação neste hospital, identificou, de acordo com o relato dos Enfermeiros, a demora da equipe de Enfermagem para o acionamento da equipe de RCR. Corroborando com a discussão, a AHA (2005a) recomenda que os profissionais da saúde, assim que identificarem os sinais de PCR, devem imediatamente acionar a equipe de saúde presente na unidade e/ou instituição. Outra recomendação importante da AHA (2005a), em relação ao SBV, é o posicionamento do paciente em decúbito dorsal horizontal, em superfície rígida para a realização efetiva das manobras de RCR. Todavia, estudos (HADI, 2008; SILVA, 2006) têm demonstrando que a equipe de Enfermagem, muitas vezes, não segue essa recomendação 50 durante o RCR, fato que pode estar relacionado à falta de conhecimento acerca das condições necessárias para a eficácia das manobras, em especial das compressões torácicas. Além da falta de conhecimento acerca dos passos inicias da RCR, Lima et al (2009), também evidenciaram que existem fragilidades no conhecimento da equipe de Enfermagem relacionadas à abordagem inicial das vias áreas. Apenas 5,2% dos profissionais de Enfermagem que participaram do estudo, apresentavam conhecimento acerca do manuseio das vias áreas no SBV. Ademais, Lima et al (2009) ao investigar o nível de conhecimento dos profissionais de Enfermagem de um hospital de nível terciário acerca da SBV e SAV, em relação à técnica de massagem cardíaca externa, constataram que apenas 20% dos trabalhadores tinham conhecimento acerca dessa intervenção. Após a implementação de uma capacitação referente às manobras de RCR, mais de 95% dos trabalhadores demonstraram entendimento dessa prática. Apesar do bom desempenho alcançado, a nota da avaliação inicial chama atenção para o déficit de conhecimento sobre as ações críticas na RCR. Esta perspectiva corrobora com Silva (2006), que a parir de um estudo com a finalidade de investigar as dificuldades técnicas vivenciadas pelos Enfermeiros, evidenciou que a realização das compressões torácicas externas, na maioria das vezes, é realizada em uma região torácica inadequado. Além de não ser efetiva, a falta de cuidado na realização dessa intervenção pode agravar a situação do paciente. No estudo de Bellan (2006), que buscou observar o desempenho dos Enfermeiros de um hospital escola do interior do estado de São Paulo, durante a RCR, identificou a fratura de costela, como uma das principais iatrogenias decorrentes da massagem cardíaca inadequada. O profissional de Enfermagem é vital nas manobras de reanimação do paciente, sendo que é ele, quem avalia o paciente constantemente e identifica os sinais de PCR, além de iniciar as manobras de RCR, acionando a equipe de saúde. Dessa forma, a Enfermagem deve estar preparada para atuar no SBV, pois as manobras iniciais determinam a sobrevida e reduzem as seqüelas da vítima. Hadi (2008) em seu estudo que teve por objetivo identificar os fatores que subsidiam a formação das crenças dos Enfermeiros que atuam em unidade diagnostica, também identificou deficiências técnicas em relação à massagem cardíaca. Segundo relatos dos sujeitos dessa pesquisa, muitas vezes, a equipe de Enfermagem não realiza efetivamente a relação correta de compressão-ventilação, nem um rodízio entre profissionais para a realização da compressão torácica e a checagem do pulso do paciente. 51 Corroborando com a discussão, em 1983, a Associação Americana de Enfermagem (ANA) estabeleceu que é de responsabilidade da Enfermagem preparar instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos. Contudo, um estudo que teve por objetivo elaborar, implementar e avaliar um programa de capacitação para o Enfermeiro no atendimento da PCR, evidenciou a partir das falas desses trabalhadores que, as principais dificuldades encontradas na assistência que envolve o SAV estão relacionadas ao despreparo dos trabalhadores de Enfermagem para atuar no procedimento de intubação e ventilação (BELLAN, 2006). Em relação à administração de medicamentos durante a RCR, Silva (2006) evidenciou que existem dificuldades técnicas frente a esse procedimento: a dificuldade para a obtenção de acesso venoso, pela equipe de Enfermagem; e a dificuldade em prescrever as medicações, pela equipe médica. Outra fragilidade identificada por Lima et al (2009), acerca da terapia medicamentosa, foi que apenas 38,7% dos 213 profissionais de Enfermagem participantes do estudo, possuíam conhecimento da forma de administração das drogas utilizadas durante o a RCR. Em outro estudo que buscou avaliar o conhecimento teórico da equipe de Enfermagem acerca desse procedimento, evidenciou que 34,6% dos trabalhadores da Enfermagem desconhecem a finalidade das medicações utilizadas durante a RCR (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006). Contribuindo com a discussão acerca de fragilidades na administração de medicações expostas pelos estudos dentro no contexto da RCR, Telles-Filho e Cassiani (2004), trazem evidencias de que, atualmente, sabe-se que o processo da administração de medicamentos deve ser multidisciplinar e exige atualização constante. Todavia, os mesmos autores destacam que a escassez de conhecimento, e a falta de capacitações e de educação continuada, voltadas para os trabalhadores da saúde, pode comprometer a RCR. Ainda em relação ao SAV, Silva (2006), apontou que a equipe de Enfermagem demonstra dificuldades a respeito do manuseio do desfibrilador. De acordo com o estudo de Lima et al (2009), apenas 37,3% dos profissionais de Enfermagem souberam identificar os ritmos que indicam a necessidade de desfibrilação. Ainda em relação a essa intervenção, Bellan (2006) evidenciou que há um alto índice de queimaduras da superfície da pele torácica, em função da falta de cuidados de Enfermagem nas precauções referentes a essa iatrogenia. Os achados acima concorrem com as recomendações preconizadas pela AHA, sendo extremamente importante que a equipe de Enfermagem seja apta a identificar os ritmos 52 cardíacos do paciente. A instituição do choque pelo desfibrilador cardíaco é recomendada somente nos casos em que a PCR está atrelada a fibrilação ventricular e a taquicardia ventricular sem pulso (AHA, 2005a). O registro contendo informações acerca das condutas e cuidados prestados durante a RCR, também fazem parte das atribuições dos trabalhadores de Enfermagem. Todavia, de acordo com os estudos desenvolvidos por Assunção (2005) e Ochoa-vigo (2003), muitas vezes, essas informações não constam no prontuário do paciente. A não realização desses registros reflete a falta de conhecimento da equipe de Enfermagem sobre os aspectos legais e éticos que, de igual forma, estão envolvidos nessa situação crítica de vida. Corrobando com os estudos analisados, Matsuda et al (2006) observaram que, em alguns casos, mesmo sendo efetuados, os registros da equipe de Enfermagem não fornecem os dados necessários capazes de subsidiar a AE de maneira integral, individualizada e contínua. Essa dificuldade pode estar atrelada a falta de instrumentos sistematizados para o desenvolvimento da evolução da Enfermagem frente à situação de RCR. Diante dos aspectos relacionados a falhas de conhecimento teóricos e técnicos que despontaram nos estudos científicos da Enfermagem que abordaram a AE na RCR de pacientes adultos em âmbito hospitalar, destaca-se ainda, as fragilidades e necessidades de programas de capacitação e atualização voltados para os trabalhadores de Enfermagem e saúde acerca dessa temática. Lima et al (2009), concordam ao destacarem a ausência de programas de capacitação na maioria das instituições de saúde, em especial no âmbito hospitalar. De acordo com Bertoglio et al (2008), é indispensável que os serviços de saúde disponibilizem programas de educação permanente e continuada, com treinamentos periódicos e regulares acerca das ações que envolvem a RCR, pois treinamentos pontuais não são suficientes para garantir que os trabalhadores estejam preparados para atuar em tal situação. Silva e Padilha (2000) contribuem com a discussão ao relatarem que a falta de preparo dos profissionais envolvidos diretamente com a AE, resulta, na maioria das vezes, no insucesso do atendimento. Desta forma, é essencial que a equipe de saúde e de Enfermagem que atuam no âmbito hospitalar, em especial nas unidades de atenção aos pacientes críticos, sejam preparadas e capacitadas continuamente, para implementar as manobras da RCR de forma segura e com redução de iatrogenias. 53 Esta perspectiva é apontada por Brião et al (2009), em um estudo que teve como objetivo avaliar o conhecimento teórico da equipe de Enfermagem acerca da RCR, em três momentos: anteriormente, imediatamente após e decorridos seis meses de um programa de capacitação sobre a temática. Após três meses dessa capacitação os trabalhadores não conseguiram manter todas as habilidades e conhecimentos apreendidos. Os resultados obtidos por Lima et al (2009) também vão ao encontro dessa perspectiva, destacando que após 10 semanas do término de treinamento em RCR, realizado com uma equipe de Enfermagem, tanto a retenção das habilidades, quanto as atualizações teóricas adquiridas destes profissionais, sofreram redução estatisticamente significativa. Diante do exposto, a necessidade de capacitação da equipe de Enfermagem e saúde em relação a RCR no ambiente hospitalar ainda necessita de um processo de conscientização emergente, tanto para a adesão dos trabalhadores, quanto para a promoção das instituições de saúde. As diretrizes da AHA recomendam que as instituições facilitem o acesso dos trabalhadores da saúde a programas de capacitação acerca da RCR. Essa iniciativa pode influenciar diretamente na eficácia e na eficiência dos atendimentos em RCR, melhorando a retenção das habilidade e reduzir as barreiras à medidas de SBV e SAV (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005b). A função de capacitar à equipe de Enfermagem e saúde, na maioria das instituições de saúde, está atribuída ao Enfermeiro das unidades de saúde. Neste sentido, as ações de educação permanente e continuada, devem ter como base as diretrizes internacionais AHA, as quais compõem o mais rico subsídio existente no âmbito da temática, devendo servir como base para os programas de atualização e treinamento da equipe, com vistas à segurança, ao conhecimento e à habilidade na RCR, proporcionando a elevação da qualidade do atendimento aos pacientes (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2005b). Todavia, é necessário destacar o fato de que não basta simplesmente uma “orientação” para que se considere que os trabalhadores da Enfermagem estejam aptos a exercer o conjunto de medidas de emergência para o tratamento da PCR. O Enfermeiro deve desenvolver capacitações regulares acerca dessa temática, além de acompanhar e avaliar o conhecimento e a atuação da equipe de Enfermagem frente a essa situação crítica de vida (SILVA; PADILHA, 2001). 54 6.3 Instabilidade emocional dos trabalhadores de Enfermagem para atuar na RCR O estado emocional dos trabalhadores de Enfermagem pode se constituir como um aspecto que interfere na implementação da AE na RCR no âmbito hospitalar. Esta perspectiva está associada à imprevisibilidade dessa situação crítica de vida e a instabilidade emocional dos trabalhadores. Graça e Valadares (2008) salientam que durante a RCR as tensões emocionais estão continuamente presentes, exigindo da equipe de Enfermagem e saúde calma e atitude reflexiva no planejamento das ações, buscando identificar as intervenções prioritárias. No entanto, na realidade das unidades de internação hospitalar, nem sempre os trabalhadores conseguem manter esse controle emocional diante dessa situação critica de vida. O estudo de Graça e Valadares (2008), evidenciou os extremos de sentimentos, valores e atitudes manifestados pela equipe de Enfermagem frente à situação de RCR. De modo geral, esses comportamentos variam, desde os mais alegres e tranqüilizadores, nos casos em que a RCR é bem sucedida, até aqueles mais tristes e tumultuados, nos casos em que não são obtidos bons resultados. Esses autores ressaltam a estreita relação dessa situação com o processo de dor, morte, sofrimento, desespero, incompreensão, irritabilidade, e tantos outros sentimentos e reações desencadeadas pelo processo de enfermidade. Hadi (2008) destaca o estresse vivenciado pelos profissionais da Enfermagem frente a uma PCR e, o sofrimento manifestado por estes em relação ao tempo de chegada da equipe responsável pela RCR. Essa situação é característica da maioria das unidades de internação hospitalar, nas quais os trabalhadores efetivos das unidades não são preparados e nem atuam na RCR, sendo essa função desenvolvida por equipes itinerantes das unidades de atendimento intensivo. No estudo de Sá (2009), que objetivou conhecer as repercussões psicofísicas nos trabalhadores de Enfermagem, decorrentes da atuação em RCR, foram evidenciados os sentimentos e os aspectos negativos enfrentados pelos trabalhadores durantes uma RCR. A partir dos relatos dos trabalhadores da Enfermagem, essa autora identificou que além da tensão, da angústia, da irritabilidade, da ansiedade, do sentimento de perda e de impotência frente à situação de PCR, os trabalhadores sofrem com manifestações físicas ocasionadas por essa vivencia, tais como as tensões cervicais, dores musculares, cefaléias e hipertensão. 55 Nesse contexto, as reflexões de Sá (2009), no que diz respeito as dificuldades subjetivas vivenciadas pelos profissionais de Enfermagem frente à PCR, corroboram com as colocações expostas nos estudos de Hadi (2008) e Graça e Valadares (2008). As tensões referidas estão relacionadas ao desempenho prático dos trabalhadores da Enfermagem na RCR, sendo evidente a necessidade de uma melhor compreensão do comportamento humano, uma vez que este aspecto exerce uma influência determinante na qualidade da AE ao paciente. O estudo de Silva (2006), que teve como objetivo identificar as dificuldades vivenciadas pelos Enfermeiros no atendimento à PCR descreve os sentimentos desses profissionais pós RCR. Nessa situação, os sentimentos que despontam entre a equipe de Enfermagem são o sofrimento e a sensação de fracasso, em especial, nos casos em que ocorre óbito ou agravamento clinico do paciente. O sentimento dos trabalhadores de Enfermagem de não atenderem às expectativas de sobrevida do paciente em casos de PCR, também é abordado por Hadi (2008). Esse sentimento é aguçado pelo reconhecimento do próprio despreparo técnico e a falta de sincronismo da equipe no momento da RCR. De acordo com Sá (2009), a maioria dos profissionais da Enfermagem não considera o processo da morte como um fenômeno natural, o que incide como uma fonte de sofrimento psíquico e alterações na dimensão emocional para a equipe que atua na RCR. Bellato (2007) considera que os profissionais da área de saúde estão freqüentemente expostos a situações de enfrentamento da morte, sobretudo aqueles que atuam em serviços hospitalares. Apesar desse confronto cotidiano com a morte, eles encontram dificuldade em encará-la como parte integrante da vida, considerando-a, com frequência, como resultado do fracasso terapêutico da equipe de saúde. Os trabalhadores de Enfermagem, que convivem constante com essa situação, experimentam de maneira potencializada esses sentimentos conflitantes. Nessa perspectiva, há necessidade de contemplar o preparo emocional destes profissionais para o enfrentamento de situações que envolvam o cuidado em situações críticas de vida (BELLATO, 2007). Assim, é importante atentar para a complexidade que envolve a RCR, considerando as implicações científicas e técnicas, e também a subjetividade de cada profissional no momento em que se depara com essa situação. O Enfermeiro tem um papel imprescindível no planejamento da AE, não apenas voltado para os cuidados do paciente, mas, de igual forma, acompanhando o estado emocional de todos os trabalhadores de saúde envolvidos na RCR. 56 Todas estas instabilidades que envolvem o âmbito emocional da equipe de Enfermagem que vivencia no seu contexto de trabalho a RCR, podem se constituírem como aspectos que dificultam a implementação da AE. Nesse sentido, compreende-se como relevante o desenvolvimento de estudos que abordem a instabilidade emocional dos trabalhadores da Enfermagem e saúde frente à necessidade de atuarem em uma RCR, na tentativa de criar subsídios para que essa problemática seja discutida e remediada na realidade das instituições hospitalares e serviços de saúde destinados ao atendimento de pacientes em situações críticas de vida. 6.4 Dificuldades relacionais entre a equipe de Enfermagem e demais componentes da equipe multiprofissional A falta de harmonia e a falta de sincronismo entre os integrantes da equipe de Enfermagem foram apontados pelos estudos analisados, como aspectos que representam as dificuldades relacionais entre os trabalhadores e que, diretamente repercutem na implementação da AE no momento da RCR. No estudo de Lima et al (2009), que teve como objetivo avaliar o impacto de um programa permanente de treinamento em SBV e SAV no conhecimento dos profissionais de Enfermagem, foi evidenciado que a maioria desses trabalhadores não reconhecem a importância da integração de todos os membros da equipe de saúde para investigar a história clínica do paciente, identificar a possível causa da PCR e discutir o tratamento adequado. Com a finalidade de caracterizar as ocorrências iatrogênicas relacionadas aos comportamentos da equipe, durante o atendimento do paciente em PCR na UTI, Silva e Padilha (2000), constaram que a falta de harmonia entre os trabalhadores da Enfermagem e saúde, diminui a eficiência da RCR. Nessa perspectiva, os mesmos autores, destacam a necessidade do preparo dos profissionais da Enfermagem para o trabalho em equipe. Colaborando com essas evidências, Hadi (2008) destaca a falta de sincronismo entre os trabalhadores de Enfermagem e os demais componentes da equipe multiprofissional. Nas situações de RCR, em que um único integrante da equipe não estiver em sintonia com os demais, o atendimento pode se tornar caótico (PADILHA, 2000). 57 Corradi (2008) contribui acerca dessa discussão destacando a complexidade que envolve as relações interpessoais no contexto de trabalho, em especial no âmbito hospitalar. O relacionamento mais ou menos harmonioso no trabalho requer competências para resolver as diferenças e o fortalecimento de fatores que impulsionam a construção coletiva da equipe, característica essencial da equipe de saúde e da equipe de Enfermagem. Da mesma forma, Zanini (2006), identifica, a falta de harmonia entre a equipe de Enfermagem através das falas de 62% dos participantes, que relataram a necessidade de distribuição coordenada das tarefas frente à RCR, com rapidez, calma e efetividade. Os estudos de Graça e Valadares (2008) e Silva (2006), convergem com essas questões de organização do ambiente de cuidado durante o atendimento ao paciente em PCR, pois o mesmo encontra-se muitas vezes desorganizado com relação às condutas. O modelo organizacional da maioria das instituições hospitalares, ainda vigente, se caracteriza pelo trabalho centrado nas tarefas e sem o enfoque para a escassez de recursos, não respondendo satisfatoriamente, às necessidades de qualidade de assistência e das interrelações de equipes de Enfermagem. Assim, nesse contexto é comum as relações conflituosas, exigindo do gestor a capacidade de encontrar alternativas para resolvê-las e/ou negociá-las (CORRADI, 2008). Outro estudo que compõe esta revisão integrativa evidencia problemas de falta de liderança frente á equipe de saúde durante a RCR. Segundo Sá (2009) a relação dos trabalhadores da Enfermagem com outros trabalhadores da equipe de saúde, durante a RCR, acontece, às vezes, de maneira conflituosa, principalmente devido a problemas de liderança na condução das atividades. Nesse sentido, evidenciou-se a importância de Enfermeiros com habilidades para liderar a equipe de saúde, considerando a dupla dimensão do processo de trabalho do Enfermeiro, que contempla ações de cuidado e de gerenciamento, devendo ser entendida como fonte inesgotável de aquisição de habilidades e competências a fim de contemplar as dificuldades encontradas pela equipe de saúde frente ás ações de RCR. Ainda assim, destaca-se também o papel do Enfermeiro na organização do ambiente de cuidado com ênfase na implementação da RCR no atendimento de situações críticas de vida, além da mobilização e incentivo da equipe de saúde, coordenando e assumindo a posição de líder frente a AE. Com isso, acredita-se que as ações de RCR e o sincronismo da equipe sejam mais efetivos e relevantes frente ao cuidado. 58 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo de identificar as dificuldades para implementação da AE na RCR no paciente adulto hospitalizado, a partir das produções científicas que abordam essa temática, foi alcançado, sendo evidenciada uma gama de fatores que interferem, negativamente, na efetividade da AE na RCR. Esses aspectos foram evidenciados, mesmo não havendo produções científicas que tiveram como objetivo especificar as dificuldades vivenciadas nesse contexto de cuidado. Reflete-se assim, a potencialidade e importância do presente estudo, que identificou as fragilidades da AE em situações críticas de vida, como a RCR. Umas das evidências mais significativas encontradas, a partir da presente revisão integrativa, esta relacionada ao vínculo institucional dos autores principais dos estudos analisados. Em maioria, os autores principais são Enfermeiros assistenciais, o que revela o interesse e preocupação dos mesmos em buscar o aprimoramento do conhecimento, possivelmente na sua área de atuação. Outros resultados importantes emergiram da análise global dos dados encontrados. Através da compilação dos dados foi possível identificar quatro categorias temáticas: Dificuldades organizacionais das instituições hospitalares; Falta de preparo técnico e de conhecimento científico acerca da RCR; Instabilidade emocional dos trabalhadores de Enfermagem para atuar na RCR; e Dificuldades relacionais entre a equipe de Enfermagem e de saúde. As principais dificuldades organizacionais das instituições hospitalares para a implementação da AE na RCR estão atreladas à falta de condições de trabalho da equipe de Enfermagem, à cargas horárias extenuantes, à má remuneração, à falta de respaldo institucional e profissional, e ao distanciamento e à falta de comunicação com a chefia. As falhas da estrutura física, também compõem esta categoria temática, e estão relacionadas ao espaço físico reduzido, iluminação inadequada do ambiente. A ausência e a falta manutenção e organização dos materiais e equipamentos, de igual forma constitui uma das dificuldades organizacionais que interferem na AE na RCR. Embora fosse esperado um déficit no conhecimento prático e teórico dos profissionais da Enfermagem quanto às manobras de RCR, esta problemática destacou-se, representando a maior dificuldade encontrada pelos profissionais da Enfermagem para atuarem nessa situação crítica de vida. Em relação a essa categoria temática foi possível identificar fragilidades no 59 conhecimento dos trabalhadores da Enfermagem acerca dos procedimentos e cuidados referentes a todas as etapas do SBV e SAV em RCR. Contudo, este achado representa uma deficiência que deve ser corrigida, dentro das instituições de saúde, a partir de programas de educação continuada. Há também de se observar o processo de formação dos profissionais da Enfermagem e saúde, que de igual forma, pode estar contribuindo para essa situação. Os estudos apontaram que as tensões emocionais dos trabalhadores de Enfermagem estão, constantemente, presentes e interferem na RCR, podendo estes comportamentos variar desde os mais alegres e tranqüilizadores, nos casos em que a RCR é bem sucedida, até aqueles mais tristes e tumultuados, nos casos em que não são obtidos bons resultados. A falta de harmonia e a falta de sincronismo entre os integrantes da equipe de Enfermagem foram apontados pelos estudos analisados, como aspectos que representam as dificuldades relacionais entre os trabalhadores e que, diretamente repercutem na implementação da AE no momento da RCR. Com isso, constata-se que a maioria dos trabalhadores não reconhecem a importância da integração de todos os membros da equipe de saúde, desta forma, pressupõese que este achado condiz com um modelo de assistência centrado somente nas tarefas. A falta de liderança do Enfermeiro, frente à equipe de Enfermagem, também pode favorecer a repercussão de relações conflituosas entre os trabalhadores da Enfermagem e outros trabalhadores da equipe de saúde. A partir da metodologia utilizada foi possível encontrar dados de forma ampla, contemplando todas as fontes que concentram os estudos científicos acerca da temática abordada. Contudo, algumas dificuldades em relação a revisão integrativa precisam ser salientadas, em especial a habilidade para compilação dos dados. No presente estudo, essa dificuldade foi encontrada, tendo em vista a grande quantidade de dados que correspondiam ao objetivo proposto, o que exigiu uma rigorosa análise. Outro aspecto que necessita ser destacado se refere ao grande número de textos incompletos nas bases de dados, não sendo possível a construção de um trabalho com todos os estudos que abordaram essa temática. Ademais, a utilização desta modalidade de revisão de literatura permite constatar as principais evidencias científicas dessa área. Apesar disso, constata-se a necessidade de investimentos em estudos que buscam abordar esses aspectos relacionados a RCR, na tentativa de fomentar mudanças efetivas no contexto da AE. Ressalta-se que a construção do presente estudo surgiu das vivencias práticas das autoras, e teve como principal finalidade contribuir para a atenção a AE durante a RCR. Assim, considera-se que os resultados obtidos a partir dessa revisão integrativa podem 60 fornecer subsídios para novas pesquisas, além de fomentar ações, discussões e reflexões que contribuam para a transformação da realidade das instituições de saúde que tem como responsabilidade atender a demanda de pacientes em situações críticas de vida. Entre tantas fragilidades e complexidades apresentadas neste trabalho nota-se como é desafiador atuar frente à situação de RCR. Tais ações necessitam, além de habilidades técnicas, a necessidade de compreender a subjetividade de interações humanas, condição intrínseca a todos os contextos de trabalho. Para as autoras, o presente estudo, além de representar um passo importante do processo de formação acadêmica, impulsiona um processo de auto-avaliação frente aos aspectos despontados, promovendo reflexões e reavaliações das atitudes profissionais futuras. Por fim, considera-se este estudo como um passo importante na busca para identificação das barreiras encontradas pelos profissionais da Enfermagem na implantação de práticas efetivas na AE em RCR. Nesse sentido, destaca-se o Enfermeiro contemplando a AE na RCR ao gerenciar, cuidar, instituir programas de educação e a busca constante de novos conhecimentos e no desenvolvimento de suas habilidades essenciais para AE. Assim, será possível almejarmos por melhores desempenhos e sucesso da AE na RC 61 REFERÊNCIAS ABRÃO, João; GONÇALVES, José Geraldo Ferreira. Parada Cardiorrespiratória: Aspectos Atuais. Revista Brasileira Anestesiologia, Uberaba v. 50, n. 2, p. 128 – 133. 2000. Disponível em: <http://www.rbaonline.com.br/files/rba/mar00128.pdf>. Acesso em: 15 de maio 2010. AERHLER, Barbara. ACLS: Emergências em cardiologia - suporte avançado de vida em cardiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. AMERICAN HEART ASSOCIATION. International Collaboration in Resuscitation Medicine.Circulation; 112; III-126-III-127, 2005a. Disponível em: < http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/112/22_suppl/III-126>. Acesso em: 04 jun. 2010. ______. Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. International Consensus on Science. Circulation 112: IV-1-IV-211. 2005b. Disponível em: <http://circ.ahajournals.org/cgi/content/full/112/24_suppl/IV-1>. Acesso em: 15 jun. 2010. ______. Manegement of Cardiac Arrest. Circulation; Part 7.2, 112;58-66;, 2005c. Disponível em: <http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/112/24_suppl/IV-58>. Acesso em: 19 jun. 2010. ______. Defibrillation. Circulation;112;III-17-III-24. 2005d. Disponível em: <http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/112/22_suppl/III-17>. Acesso em: 17 jun. 2010. ______. Advanced Life Support. Circulation; 112;III-25-III-54. 2005e. Disponível em:< http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/112/22_suppl/III-25>. Acesso em : 20 jun. 2010. _____. Interdisciplinary Topics. Circulation;112;III-100-III-108. 2005f. Disponível em: <http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/112/22_suppl/III-100>. Acesso em: 22 jun. 2010. ARAÚJO, Sebastian; ARAÚJO, Izilda Esmênia Muglia; CARIELI, Maria do Carmo Monteiro. Ressuscitação Cardiorrespiratória. Medicina, Ribeirão Preto, v. 34, n. 4, p. 3663. 2001. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2001/vol34n1/ressuscitacao_cardiorrespiratoria.pdf >. Acesso em: 25 jun. 2010. 62 ASSUNÇÃO, Claudia Rosana de. Avaliação dos aspectos éticos e legais dos registros de Enfermagem na parada cardiorrespiratória em hospital escola do Paraná. [dissertação]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2005. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&b ase=BDENF&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=16890&indexSearch=ID>. Acesso em: 20 out. 2010. BELLAN, Margarete Consorti. Capacitação do Enfermeiro para o atendimento da parada cardiorrespiratória [dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 2006. Disponível em: < http://www.abennacional.org.br/2SITEn/Arquivos/N.052.pdf>. Acesso em: 20 out. 2010. BERTOGLIO, Morlin Vanderléia; AZZOLIN, Karina; SOUZA, Nogueira Emiliane de; RABELO, Rejane Eneida. Tempo decorrido do treinamento em parada cardiorrespiratória e o impacto no conhecimento teórico de Enfermeiros. Revista Gaúcha Enfermagem, v. 29, n. 3, p. 454-60. 2005. Disponível em: < http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/6774>. Acesso em: 25 out. 2010. BITTAR, Daniela Borges; PEREIRA, Lílian Varanda; LEMOS, Rejane Cussi Assunção. Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente crítico: proposta de instrumento de coleta de dados. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 15, n. 4, p. 617-28. 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/tce/v15n4/v15n4a10.pdf>. Acesso em: 25 out. 2010. BRIÃO, de Costa Renata; SOUZA, de Nogueira Emiliane; CASTRO, de Azevedo Raquel; RABELO, Rejane Eneida. Estudo de coorte para avaliar o desempenho da equipe de Enfermagem em teste teórico, após treinamento em parada cardiorrespiratória. Rev Latino-americana Enfermagem, vol. 17, n. 1. 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411692009000100007&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 27 out. 2010. CALIL, Ana Maria; PARANHOS, Wana Yeda. O Enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: Atheneu, 2007. CARPENITO, Lynda Juall. Manual de Diagnóstico de Enfermagem. 11ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. CIAMPONE, Maria Helena Trench; KURCGANT, Paulina. O ensino da administração em Enfermagem no Brasil: o processo de construção de competências gerenciais. Revista Brasileira Enfermagem, São Paulo, v. 57, n. 4, p. 401-7. 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n4/v57n4a03.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2010. 63 CINTRA, Eliane AraujO; NISHIDE, Vera Medice; NUNES, Wilma Aparecida. Assistência de Enfermagem ao paciente gravemente enfermo. 2. ed. Sao Paulo : Atheneu, 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a06.pdf >. Acesso em: 26 jul. 2010. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Decisão nº 272, de 27 de agosto de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem- SAE- Nas Instituiçoes de Saúde Brasileiras. Rio de Janeiro, 2009. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Decisão nº358, de 27 de agosto de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem- SAE- Nas Instituiçoes de Saúde Brasileiras. Rio de Janeiro, 2009. CORRADI Ezia Maria,ZGODA Lilian Terezinha Rudek Wojtecki,PAUL Marilene de Fátima Benâncio. O gerenciamento de conflitos entre a equipe de Enfermagem Cogitare Enfermagem. vol. 13, n 2. 2008. ISSN 1414-8536. FEITOSA-FILHO, Gilson Soares; FEITOSA, Gustavo Freitas; GUIMARÃES, Hélio Penna; LOPES, Renato Delascio; JÚNIOR, Roberto Moraes; SOUTO, Francisco de Andrade; VASQUES, Ronaldo; TIMERMAN, Sergio. Atualização em Reanimação Cardiopulmonar: O que mudou com as novas diretrizes. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. vol. 18, n 2, p. 177 - 185. 2006. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rbti/v18n2/a11v18n2.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2010. FERREIRA, Adriana Vada Souza; GARCIA, Eliana. Suporte básico de vida. Revista Sociedade Cardiologia Estado de São Paulo. vol 1, n. 2, p. 214-25. 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S008062342009000200012&script=sci_arttext&tlng=en >. Acesso em: 20 dez. 2010. GANONG, William Francis. Fisiologia Médica. 22ª ed. Rio de Janeiro: McGraw- Hill, 2006. GRAÇA, da Duarte Thaís; VALADARES, Valente Glaucia. O (re)agir da Enfermagem diante da parada cardiopulmonar: um desafio no cotidiano. Escola Anna Nery Revista Enfermagem, v.12, n. 3, p. 411- 16. 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141481452008000300003&lng=pt>. Acesso em: 17 set. 2010. GUIMARÃES, Hélio Penna; LOPES, Renato Delascio; FLATO, Uri Adrian Prync; FEITOSA-FILHO, Gilson Soares. Ressuscitação cardiopulmonar: uma abordagem prática. Revista Sociedade Brasileira Clínica Médica, v. 6, n. 3, p. 94-104. 2008. Disponível em: <http://lildbi.bireme.br/lildbi/docsonline/lilacs/20090300/102-LILACS-UPLOAD.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2010. 64 HADI, Hafiza Abdon Musser. Crenças dos Enfermeiros de unidades diagnósticas sobre o atendimento a parada cardiorrespiratória [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2008. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde16042008-144419/pt-br.php>. Acesso em: 19 nov. 2010. HUDDLESTON Sandra Smith; FERGUSON, Sondra G. Emergencias clinicas: abordagens, intervenções e auto - avaliação. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. INABA, Luciana Cintra; SILVA, Maria Júlia Paes da and TELLES, Sandra Cristina Ribeiro. Paciente crítico e comunicação: visão de familiares sobre sua adequação pela equipe de Enfermagem. Rev. esc. Enferm, vol.39, n.4, p. 423-429. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v39n4/07.pdf >. Acesso em: 13 set. 2010. JODAS, Denise Albieri y HADDAD, Maria do Carmo Lourenço. Burnout Syndrome among nursing staff from an emergency department of a hniversity hospital. Acta paul. enferm, vol.22, n.2, p. 192-197. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692003000500002&lng=pt &nrm=iso>. Acesso em: 27 nov. 2010. KIM, Sílvia M; OLIVEIRA, Sílvia D. S.; FONSECA,Ubirajara S; MALBOUISSON, Luiz Marcelo Sá; AULER Júnior, José Otávio Costa; CARMONA, Maria José Carvalho. Comparação entre a medida contínua do débito cardíaco e por termodiluição em bolus durante a revascularização miocárdica sem circulação extracorpórea. Ver. Bras. Anestesiol, vol. 54, n.3. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942004000300005>. Acesso em: 18 maio 2010. KNOBEL, Elias. Condutas no paciente grave. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2006. Laselva, R.G; Moura Junio DF. Parada Cardiorrespiratória e Reanimação, em: Knobel E, Laselva RG; Moura Junio DF – Terapia Intensiva: Enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2005. LIMA, de Gonçalvez Sandro; MACEDO, de Araripe Larissa; VIDA, de Lima Marcela; SÁ, de Oliveira Barros Pompeu Michel. Educação Permanente em SBV e SAVC: Impacto no Conhecimento dos Profissionais de Enfermagem. Arquivo Brasileiro Cardiologia, v. 93, n. 6, p. 630-636. 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2009001200012>. Acesso em: 22 out. 2010. LUZIA Melissa de Freitas; LUCENA Amália de Fátima. Parada cardiorrespiratória do paciente adulto no âmbito intra-hospitalar: subsídios para a Enfermagem. Revista Gaúcha Enfermagem, v. 30, n. 2, p. 328-37. 2008. Disponível em: 65 <http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/5638/6692>. Acesso em: 29 maio 2010. MACHADO, Márcia da Glória Rodrigues. Bases da Fisioterapia Respiratória: terapia intensiva e reabilitação. Única ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogna, 2008. MATSUDA, Laura Misue; SILVA, Doris Marli Petry Paulo; ÉVORA, Yolanda Dora Martinez; COIMBRA, Jorseli Ângela Henriques. Anotações/registros de Enfermagem: instrumento de comunicação para a qualidade do cuidado? Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 08, n. 03, p. 415 - 421, 2006. Disponível em:<http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a12.htm>. Acesso em: 7 nov. 2010. MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na Enfermagem. Revista Texto e Contexto de Enfermagem, Florianópolis, 2008. Out-Dez; 17(4): 758-64. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000400018>. Acesso em: 26 abr. 2010. MUROFUSE, Neide Tiemi; ABRANCHES, Sueli Soldati and NAPOLEAO, Anamaria Alves. Reflexões sobre estresse e burnout e a relação com a Enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, vol.13, n.2, p. 255-261. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010411692005000200019&script=sci_abstract&tlng= pt. Acesso em: 22 nov. 2010>. NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION. Diagnóstico de enfermagem da NANDA: definições e classificações 2009-2011, Porto Alegre: Artmed, 2009. OCHOA-VIGO, Kattia; PACE, Ana Emilia; ROSSI, Lídia Aparecida, HAYASHIDA, Miyeko. Avaliação da qualidade das anotações de Enfermagem embasadas no processo de Enfermagem. Revista Escola Enfermagem USP, vol.35, n.4, p. 390-398. 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342001000400012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 12 dez. 2010. PALHARES, Valéria Castilho. Avaliação e capacitação da equipe de Enfermagem para o atendimento da parada cardiorrespiratória em uma unidade de terapia intensiva de um pronto socorro [dissertação]. Botucatu: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho; 2008. Disponível em: < http://www.pg.fmb.unesp.br/projetos/17032008133.pdf>. Acesso em: 26 out. 2010. 66 PALOMO, Jurema da Silva. Enfermagem em cardiologia: cuidados avançados. Barueri São Paulo: Manole, 2007. PAZIN-FILHO, Antônio; SANTOS, José Carlos dos; CASTRO, Renato Barroso Pereira de; BUENO, Cláudia Dizioli Franco; SCHMIDt, André. Parada cardiorrespiratória. Medicina, Ribeirão Preto: 163-178, abr./dez. 2003. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2003/36n2e4/3_parada_cardiorrespiratoria.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2010. PIVOTO, Flávia Lamberti. Proposta de processo de Enfermagem em unidade de tratamento intensivo pós-operatória cardiológica. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande. Rio Grande: FURG, 2008. Disponível em: <http://bdtd.furg.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=160>. Acesso em: 18 abr. 2010. SÁ, Claudia Maria Silva. Atuação dos trabalhadores de Enfermagem em ressuscitação cardiopulmonar: repercussões psicofísicas na saúde do trabalhador. [dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade do estado do Rio de Janeiro; 2009. Disponível em: < http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1608>. Acesso em: 23 out. 2010. SARDO, Pedro Miguel Garcez; DEL SASSO, Grace Terezinha Marcon Dal Sasso. Aprendizagem baseada em problemas em ressuscitação cardiopulmonar: suporte básico de vida. Rev Esc Enferm USP, v. 42, n. 4, p. 784-92. 2007. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n4/v42n4a22.pdf>. Acesso em: 28 out. 2010. SERRANO, Júnior Carlos Vicente; SAFI, Júnior Jorge; TIMERMANN, Ari. Aspectos éticos e legais da reanimação cardiorrespiratória. Revista Sociedade Cardiologia, São Paulo, v. 8, n. 4, p. 248-51. 1998. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nex tAction=lnk&exprSearch=281881&indexSearch=ID>. Acesso em: 02 jun. 2010. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez; 2002. SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Tratado de Cardiologia SOCESP. 2. ed. Barueri, SP : Manole, 2009. 2 v. SILVA, Ângela Rosa. Parada cardiorrespiratória em unidade de internação: vivencias do Enfermeiro [dissertação]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2006. Disponível em: < 67 http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-18082006-160807/pt-br.php>. Acesso em: 24 out. 2010. SILVA, Sandra Cristine da; PADILHA, Kátia Grillo. Parada cardiorrespiratória na unidade de terapia intensiva: considerações teóricas sobre os fatores relacionados às ocorrências iatrogênicas. Revista Escola Enfermagem USP, São Paulo, vol. 35, n.4, p. 361365. 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v35n4/v35n4a07.pdf >. Acesso em: 22 set. 2010. SMELTZER, C. Suzanne; BARE, G. Brenda; HINKLE, L. Janice; CHEEVER, H. Kerry. Tratado de Enfermagem Médico- Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 10. Ed. 2009. TAYLOR, Carol; LILLIS, Carol; LeMONE, Priscilla; Fundamentos de Enfermagem :a arte e a ciência do cuidado de Enfermagem. 5.ed. Porto Alegre : Artemed, 2007. p. 1592. TELLES, Filho Paulo Celso Prado; CASSIANI, Silvia Helena de Bortoli. Administração de medicamentos: aquisição de conhecimentos e habilidades requeridas por um grupo de Enfermeiros. Rev Latino-am Enfermagem, vol.12, n. 3, p. 533-40. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692004000300012. Acesso em 07 nov. 2010. ZAGO, Alexandre C.; NUNES, Viviane R. da Cunha; MANENTI, Euler; BODANESE, Luís Carlos. Ressuscitação cardiorrespiratória: atualização, controvérsias e novos avanços. Arquivo Brasileiro Cardiologia, vol. 72, n. 3, p.363-373. 1999. Disponível em: <http://publicacoes.cardiol.br/abc/1999/7203/72030009.pdf>. Acesso em: 30 mai 2010 ZANINI, Juliana; NASCIMENTO, Eliane Regina Pereira do; BARRA, Couto Carvalho. Parada e Reanimação Cardiorrespiratória: Conhecimentos da Equipe de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva; v. 18, n. 2, p. 143-47. 2000. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbti/v18n2/a07v18n2.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2010. WEHBE, Grasiela; GALVÃO, Cristina Maria. O Enfermeiro de unidade de emergência de hospital privado: algumas considerações. Revista Latino-Americana. Enfermagem [online]. vol.9, n.2, p. 86-90. 2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n2/11519.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2010. WHITTEMORE, Robin. Combining evidence in nursing research: methods and implications. Nurs Res. Jan-Feb; 54(1):56-62. 2005. 68 VILA, V. da S. C.; ROSSI, L. A. O significado cultural do cuidado humanizado em unidade de terapia intensiva: “muito falado e pouco vivido”. Rev. Latino americana de Enfermagem. v. 10, n.º 02, p. 137 – 144, 2002. 69