________________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção A AVICULTURA DE CORTE NA REGIÃO DE FEIRA DE SANTANA E AS ALTERNATIVAS PARA A ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO1 Dario Mascarenhas de Oliveira Neto Segundo2 João Henrique de Mello Vieira Rocha3 Resumo – Descreve-se as mudanças ocorridas na avicultura baiana nos últimos anos. Apresenta-se dados que demonstram o crescimento desta atividade, considerando-se a adoção dos sistemas de produção integrada e o independente. Define-se e caracteriza-se os dois sistemas. Conclui-se, conforme dados apresentados no decorrer do texto, que o sistema de produção independente é mais rentável financeiramente a partir de uma determinada capacidade de produção. E de outra forma, mostra-se que o sistema integrado apresentou-se com maior eficiência produtiva. Palavras-chave: frango de corte; rentabilidade econômica; sistema de produção; cadeia produtiva. Abstract – The present study describes the changes occurred to the poultry in the state of Bahia over the last years. It presents the date which demonstrates the increasing of this activity, considering the adaptation of the integrated and independent production systems. The study defines and characterizes both systems. The study concludes that the independent production system is more profitable according to a determined capacity of the production, one the other hand the integrated system shows greater production efficiency. Keywords: poultry; production systems; efficiency; productivechain. 1 Introdução A avicultura baiana tem sido redesenhada ao longo desses últimos anos, ensaiando uma transformação mais complexa que tem atraído o avicultor para a Parte do Trabalho de Conclusão de Curso do primeiro autor, apresentado à Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana para obtenção do grau de Bacharel em Administração. 1 Administrador de Empresas e Diretor Administrativo da Gujão Alimentos. E-mail: [email protected] Mestre em Ciências Agrárias. Professor da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Email: [email protected] 2 3 _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 2 complexidade da produção, aproximando-os dos interesses da indústria, mediante uma vinculação traduzida pela forma de uma cadeia produtiva. O quadro determinante dessa mudança repousa sobre uma avicultura desenvolvida por avicultores independentes, aos quais a vulnerabilidade decorrente das oscilações dos preços de mercado e da falta de acompanhamento técnico especializado, contribuiu para que os avanços na produção do frango apresentassem um desempenho inferior ao obtido pela avicultura do Sul e Sudeste do País, embora com números expressivos para o norte e nordeste. Se a análise se aproxima do contexto estadual, segundo a Associação dos Avicultores de Pernambuco – AVIPE, o Estado da Bahia está em terceiro lugar na produção de frangos de corte no Nordeste. De janeiro a novembro de 2001, a Bahia produziu 31.857.000 aves, frente a uma produção de 101.813.000 aves em Pernambuco e 56.310.000 de aves no Ceará. De acordo com a Tabela 1, de 1992 a 2001 a produção de frangos de corte no Estado da Bahia evoluiu em 131,03%. Os maiores crescimentos foram constatados nos anos de 1993, 1994 e 2001, com as respectivas variações de 31,59%, 18,57% e 24,57% ao ano anterior. No ano de 1998 pode-se constatar um decréscimo de 17,9% na produção em relação a 1997, justamente no período em que a produção e o consumo brasileiro cresceram respectivamente 8,79% e 11,28% e as exportações decresceram 5,86%. O crescimento da produção baiana, analisado isoladamente, demonstra um percentual alto. Porém, este não foi suficiente para acompanhar a evolução da produção nacional. Os dados apresentados na Tabela 2 mostram que entre os anos de 1996 e 2001 a produção nacional cresceu 33,96% diante de um crescimento da produção baiana de apenas 23,81%. _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 3 Tabela 1 - Alojamento do Estado da Bahia (em mil cabeças) 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Jan 1.322 1.521 1.950 2.154 2.339 2.762 2.022 2.377 2.512 2.706 Fev 1.184 1.455 1.749 2.028 2.285 2.355 1.915 2.186 2.261 2.525 Mar 674 1.501 1.732 2.335 2.236 2.677 2.159 2.377 2.322 2.688 Abr 1.303 1.563 1.722 2.147 2.200 2.670 2.088 2.234 1.996 2.660 Mai 1.092 1.582 1.921 2.268 2.341 2.631 2.069 2.239 2.408 2.781 Jun 1.258 1.507 2.020 2.178 2.325 2.326 2.224 1.955 2.204 2.729 Jul 1.263 1.671 2.150 2.265 2.420 2.592 2.171 2.289 2.241 3.011 Ago 1.347 1.680 2.110 2.420 2.633 2.589 2.272 2.369 2.671 3.242 Set 1.425 1.978 2.264 2.381 2.371 3.109 2.245 2.210 2.539 3.942 Out 1.539 2.012 2.100 2.590 2.598 3.083 2.458 2.446 2.617 3.246 Nov 1.606 2.178 2.170 2.537 2.732 2.608 2.301 2.609 2.650 3.324 Dez 1.581 1.873 2.445 2.290 2.623 2.467 2.239 2.442 2.502 3.175 15.595 20.521 24.333 27.591 29.101 31.867 26.164 27.734 28.923 36.029 31,59 18,57 13,39 5,47 9,51 -17,90 6,00 4,29 24,57 31,59 56,03 76,92 86,60 104,34 67,77 77,84 85,46 131,03 Total Variação Var.Acum Fonte: Associação Baiana de Avicultura, 2002 Tabela 2 - Evolução do alojamento brasileiro e do alojamento baiano entre 1996 e 2001 (em mil cabeças) Ano Produção brasileira 1996 2.593.094 1997 2.863.797 1998 2.858.645 1999 3.153.451 2000 3.254.123 2001 3.473.645 Fonte: UBA/ABA, 2002 Evolução (%) Produção baiana 29.101 10,44 31.867 -0,18 26.164 10,31 27.734 3,19 28.923 6,75 36.029 Evolução (%) 9,50 -17,90 6,00 4,29 24,57 Até o ano de 2001, a Bahia participou com aproximadamente 1% da produção nacional. Conforme a Tabela 3, em 1996 a produção baiana representava 1,12% da produção nacional. Contudo, até o ano de 1999, a participação do Estado foi diminuindo, até que em 2000 ela praticamente se estabilizou e em 2001 saiu de 0,89% para 1,04%. _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 4 Tabela 3 - Participação da produção baiana no Brasil (em mil cabeças) 1996 Produção 2.593.094 Nacional Produção Baiana 29.101 Participação 1,12% Fonte: UBA/ABA (2002). 1997 1998 1999 2000 2001 2.863.797 2.858.645 3.153.451 3.254.123 3.473.645 31.867 1,11% 26.164 0,92% 27.734 0,88% 28.923 0,89% 36.029 1,04% Mais recentemente, o cenário da produção baiana tem apresentado novas perspectivas de desenvolvimento. Mesmo considerando a alta competitividade do setor, a instalação de dois grandes abatedouros industriais nos últimos 02 anos, AVIGRO e AVIPAL, estão modificando a posição do Estado tanto no volume quanto na eficiência de produção. Além disso, a mudança na legislação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS para tributar produtos derivados do frango oriundos de outros estados, a exuberante expansão da produção de grãos no Oeste baiano e o atrativo mercado consumidor estão chamando a atenção de grandes empresas do setor avícola nacional. De acordo com o Anuário Estatístico da Bahia - 2000, a população baiana está estimada em 13.070.250 pessoas. Considerando que o consumo per capita de carne de frango na capital é de 17,5 kg/ano (IBGE, 1996), calcula-se que no ano de 2001 a Bahia consumiu menos do que 228.730 toneladas de carne de frango, uma vez que o consumo per capita de Salvador é maior do que o dos demais municípios do interior. Diante de uma produção de aproximadamente 80.000 toneladas conclui-se que a Bahia importou de outros estados aproximadamente 65% da carne de frango consumida pelos baianos. A atual cadeia produtiva da avicultura de corte na Bahia está representada pela Figura 1. O processo se inicia fora do Estado, onde empresas especializadas na produção de matrizes, empresas estas denominadas de avozeiros, produzem as aves que são enviadas para as granjas de matrizes instaladas na Bahia. Estas granjas produzem os ovos que são encaminhados para os incubatórios para a produção dos pintinhos que serão utilizados na criação do frango de corte ou adquiridos de outros Estados, tais como Minas Gerais e Espírito Santo. _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 5 A criação de frangos de corte na Bahia desenvolve-se através de dois sistemas de produção: o independente e o integrado. O sistema independente é aquele que o criador adquire os insumos de produção (pintinho, ração, vacinas, medicamentos) e, uma vez concluído o processo produtivo, comercializa o produto (in natura) para atacadistas ou abatedouros. O sistema integrado caracteriza-se pela produção do frango através de parcerias entre empresas e pequenos produtores, onde estes ficam responsáveis pelo fornecimento da infra-estrutura – galpões e equipamentos necessários à criação do frango – e da mão-de-obra. Figura 1 - Cadeia produtiva da avicultura de corte da Bahia Avozeiros Fornecedores diversos Equipamentos Material para cama Medicamentos Vacinas Energia Matéria-prima Granjas de matrizes Milho, soja, sorgo, farinha de carne, sal, calcário, premix, etc Incubatórios (pintinhos de 01 dia) Fábricas de ração (ração para as aves) PRODUÇÃO DE FRANGO INDEPENDENTE PRODUÇÃO DE FRANGO INTEGRADA Mercado Interestadual Abatedouros s/ inspeção Produto (frango vivo) Atacadistas de aves vivas Subproduto (adubo) Abatedouros SIF Abatedouros SIE Graxarias Penas Vísceras Sangue Partes condenadas Mercado Interestadual (frango congelado) Produtos (frango abatido e derivados) Mercado Interno Supermercados Lojas de carne Restaurantes Outros Consumidor Final _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 6 A fabricação da ração para as aves, pode ser produzida pelos avicultores, ou adquirida fora do estado da Bahia, geralmente fornecida pelo Oeste Baiano ou pelos estados do Mato Grosso ou Goiás. Depois de finalizada a etapa de criação, o frango vivo é enviado para atacadistas, abatedouros sem e com inspeção estadual (SIE) ou federal (SIF), ou, até mesmo enviado para outros Estados tais como Sergipe e Pernambuco. Quando enviados para abatedouros inspecionados são transformados em frangos e cortes congelados, resfriados e enviados para o mercado interno e interestadual. Nesta etapa, além dos produtos principais, são gerados outros sub-produtos que geralmente são utilizados para produção de farinha de carne animal. Quando enviados para abatedouros sem inspeção, são abatidos e comercializados imediatamente após o processo. 2 Os Sistemas de Produção Avícola 2.1 O Sistema de Produção Independente No sistema de produção independente o produtor é responsável por todas as etapas de produção e comercialização do produto. Dessa forma, o produtor precisa possuir a estrutura e os equipamentos adequados para a criação das aves, adquirir todos os insumos necessários à produção, contratar e gerenciar a mão-de-obra para criação e comercializar as aves. Para tanto, são necessários investimentos em infra-estrutura e os riscos de produção e comercialização são exclusivos do produtor. A maior parte dos produtores independentes ainda desempenha suas atividades sem o devido acompanhamento técnico, recorrendo a técnicas empíricas, uma vez que não possuem condições de contratar mão-de-obra especializada. Em função do capital de giro para os investimentos e manutenção, o produtor independente de parcos recursos, adquire insumos de baixa qualidade para a composição das rações utilizadas na alimentação das aves, conforme pode ser constatado na região. O atual mercado consumidor do produtor independente é formado basicamente por atravessadores e abatedouros de pequeno porte, já que seu produto é _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 7 negociado ainda vivo e posteriormente comercializado para o consumidor final na forma de frango abatido na hora. O mercado tem sinalizado pelos consumidores que estão optando em adquirir produtos de melhor qualidade e com preços mais atraentes, o que resulta na migração do consumo do frango abatido na hora para o frango congelado ou resfriado, pelo aumento do consumo das partes congeladas e seus derivados. Outrossim, com o objetivo de introduzir novos avanços nos aspectos higiênico-sanitários e tecnológico, o Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento implementou a portaria n° 210, de 10 de novembro de 1998, normatizando o processo de abate de aves. Com esse quadro determinante, provavelmente ocorrerá forte impacto aos produtores independentes, uma vez que grande parte dos clientes que compram o frango vivo não conseguirão enquadrar-se às exigências impostas pela portaria e, possivelmente, não poderão dar continuidade a suas atividades. Além dos aspectos citados, a Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, através do Decreto-Lei 6284-97, alterando o Regulamento do ICMS, prevê a incidência desse imposto sobre a comercialização de aves vivas para abatedouros não inspecionados, fazendo com que o preço do frango vivo se torne mais alto. 2.2 O Sistema de Produção Integrada O sistema de produção integrado, entendido como uma parceria realizada através de contrato entre um produtor rural de pequeno porte – produtor integrado, e uma empresa ou outro produtor de grande porte – empresa integradora. O objetivo desta parceria é a criação do frango de corte para ser industrializado ou comercializado pela empresa integradora. As principais empresas integradoras no Estado da Bahia são a AVIGRO, AVIPAL e GUJÃO. Como o produtor integrado é responsável pela etapa de criação do frango, é mister possuir as instalações e a mão-de-obra para a criação, tendo em vista que o capital de giro não se constitui em recurso relevante. Outrossim, o risco de comercialização é exclusivamente da empresa integradora. _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 8 Por outro lado, a parceria é formalizada através de contratos que regem as obrigações de cada parte envolvida no processo e determinam de que forma é dividido o resultado financeiro da produção. Entre as obrigações do produtor integrado está a disponibilização do imóvel, provimento de mão-de-obra necessária para a criação das aves e fornecimento de água, energia e gás para o aquecimento dos pintinhos. Para a empresa integradora, o fornecimento de pintinhos, fornecimento de ração, medicamentos, vacinas, assistência técnica, além de repassar ao produtor integrado, a compensação financeira pela criação das aves. Comumente, a remuneração do produtor integrado é diretamente proporcional à quantidade de aves produzidas e a eficiência na produção, ou seja, quanto mais eficiente for a produção maior será a remuneração recebida por ave produzida. Com isso, as empresas integradoras conseguem alcançar coeficientes técnicos de produção melhores do que os produtores independentes, diminuindo consideravelmente seus custos de produção. 3 Análise de Viabilidade dos Sistemas de Produção na Avicultura Baiana A análise da viabilidade deu-se em função dos procedimentos de investigação que avaliaram o sistema de produção independente vis-à-vis o sistema de produção integrada. Para o sistema de produção independente aplicou-se um questionário a casos selecionados aleatoriamente através do cadastro de produtores associados à Associação Baiana de Avicultura – ABA. Para o sistema de produção integrada, aplicou-se um questionário aos produtores integrados selecionados aleatoriamente através do cadastro de três empresas integradoras. Os dados trabalhados nesta análise foram fornecidos pelos produtores considerando valores médios obtidos durante o ano de 2001. Foram analisados 11 lotes produzidos por 4 produtores independentes e 11 lotes produzidos por 11 produtores integrados a 3 empresas integradoras diferentes. _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 9 Dentre os produtores integrados selecionados 7 utilizam mão-de-obra familiar e 4 mãode-obra contratada. O sistema de produção independente utiliza o kg do frango produzido para determinar o custo de produção e o preço de venda. Enquanto que o sistema integrado utiliza a unidade (frango) para os mesmos fins, uma vez que as empresas integradoras remuneram o integrado de acordo com a quantidade de frangos produzidos. Inicialmente fez-se uma análise da eficiência produtiva, em seguida realizou-se uma análise financeira. Posteriormente, analisou-se a viabilidade econômica de ambos os sistemas. Na análise de eficiência produtiva, utilizando as informações colhidas junto aos produtores, foram analisados os principais coeficientes técnicos de produção: Índice de Eficiência Produtiva, Viabilidade – IEP, Ganho de peso diário e Conversão Alimentar – GPD. Esta análise se fez necessária uma vez que o custo de produção avícola é fortemente influenciado pelo resultado técnico da produção. Na análise financeira elaborou-se o fluxo de caixa, apurou-se o lucro líquido anual e encontrou-se a margem de lucro bruta da cada produtor. Na análise da viabilidade econômica usou-se o método do valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR). Para tanto, estipulou-se uma taxa mínima de atratividade de retorno (TMAR) de 9% ao ano, uma vez que este foi o rendimento pago pela caderneta de poupança entre os períodos de julho de 2001 e julho de 2002. Para calcular o investimento em estrutura utiliza-se a referência de R$ 3,00 por frango, multiplicados pela capacidade de alojamento do galpão, para galpões com 15 anos de vida útil e para estimar o capital de giro necessário simulou-se o custo de produção de um lote de acordo com o sistema de produção utilizado e a capacidade de alojamento de cada produtor. Com base nas médias dos coeficientes técnicos de produção obtidos, concluise que o sistema de integração foi mais eficiente tecnicamente do que o sistema independente. Como mostra a Tabela 4, o primeiro sistema apresentou melhores resultados em 3 dos 4 coeficientes analisados, (IEP, viabilidade e conversão alimentar). O sistema independente superou o sistema integrado somente no ganho de peso diário, com uma diferença de apenas 0,001. _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 10 Dentre os produtores integrados pesquisados, os melhores resultados foram alcançados pelos produtores que utilizam a mão-de-obra familiar, sendo que os mesmos obtiveram IEP e conversão alimentar superiores às médias encontradas. Verificou-se também que os produtores independentes com maior capacidade total de alojamento foram mais eficientes na produção do que os produtores independentes de menor porte. Tabela 4 – Resultados da análise da eficiência produtiva Coeficientes IEP Viabilidade GPD Conversão Média da produção independente 242 95,4 0,053 2,09 Média da produção integrada 258 95,9 0,052 1,94 Por outro lado, conforme os resultados obtidos através da análise financeira, constatou-se que o sistema independente apresentou melhor desempenho financeiro do que o sistema integrado. Percebeu-se que os melhores resultados foram alcançados novamente por produtores independentes com maior capacidade total de alojamento. Observou-se grande disparidade entre os resultados obtidos pelos produtores independentes, à qual atribui-se, além da capacidade total de alojamento, a capacidade de gerenciamento individual, nível de tecnologia empregada e poder de negociação para aquisição de pintinhos e insumos para a fabricação da ração. Ainda na análise financeira, constatou-se que os produtores integrados que utilizam a mão-de-obra familiar alcançaram resultados superiores aos que utilizam a mãode-obra contratada. Portanto, como apresentado na Tabela 5, percebeu-se que no período analisado, o sistema de produção independente foi mais rentável financeiramente do que o sistema de produção integrada a partir de uma determinada capacidade de alojamento. _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 11 Tabela 5 – Resultados da análise financeira Lucro Líquido por Ave (R$) Margem de Lucro Bruto (%) Média da produção independente 0,35 14,15 Média da produção integrada 0,16 109,93 Na análise de viabilidade econômica, através da utilização do método do valor presente líquido, a produção independente apresentou um resultado negativo e a produção integrada apresentou todos os resultados positivos. Entretanto, na média, o sistema independente apresentou valores superiores aos obtidos pelo sistema integrado. Logo, o sistema integrado que utiliza a mão-de-obra familiar é mais rentável do que o sistema integrado que utiliza a mão-de-obra contratada. Assim, considerando o universo dos produtores pesquisados pode-se afirmar que a produção integrada que utiliza a mão-de-obra familiar foi mais eficiente do que a produção integrada que utiliza a mão-de-obra contratada. Deste modo, a partir das observações apresentadas acima e dos resultados apresentados na Tabela 6, verificou-se que no período analisado os dois sistemas apresentam viabilidades financeira e econômica. Sendo que, apesar do sistema integrado apresentar maior eficiência produtiva, o sistema independente mostrou-se mais rentável a partir de uma determinada capacidade de produção. Tabela 6 – Resultados da análise da viabilidade econômica VPL por ave TIR (%) Média da produção independente 1,90 30,1 Média da produção integrada 0,76 30,2 Considerações Finais O estudo demonstra que o sistema de produção independente apresenta menor rentabilidade, considerando a escolha da produção. Por outro lado, o sistema _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa _____________________ A Avicultura de Corte na Região de Feira de Santana e as Alternativas para a Organização da Produção 12 integrado apresentou a melhor eficiência produtiva sob os parâmetros dos coeficientes técnicos da avicultura de corte. Diante das particularidades de cada produtor e devido à grande volatilidade da atividade avícola e do mercado consumidor, recomenda-se que, antes de optar por um dos dois sistemas de produção, sejam avaliados os seguintes aspectos: disponibilidade financeira para investir na atividade, capacidade de gerenciamento do negócio, grau de dificuldade para aquisição de insumos de qualidade a custos baixos, mercado consumidor, política tributária vigente e tipo da mão-de-obra a ser adotada na produção. Referências ABA. Relatórios estatísticos. Conceição da Feira: ABA, 2002. BAHIA. Anuário estatístico da Bahia 2000: superintendência de estudos econômicos e sociais da Bahia. Salvador. Disponível em: <http://www.sei.ba.gov.br/anuario_2000/sum_1.asp>. Acesso em 16 abr. 2002. FÓRUM EMPRESARIAL AVICULTURA NORDESTE, 18., 2001, Recife: AVIPE, 2002. IBGE. Relatórios estatísticos. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 jun. 2002. UBA. Relatório Anual 2001. Brasília, 2002, 50p. Disponível em: <http://www.uba.org.br>. Acesso em 19 jun. 2002. ______. Relatórios estatísticos. Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.uba.org.br>. Acesso em: 19 abr. 2002. _________________________________________________________________________________________ Diálogos & Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana. Ano I, n. 2, abr. 2003. ISSN 1678-0493 http://www.ftc.br/revistafsa