Vasco Jorge Rosa da Silva
Historiador das Ciências
Bolseiro da FCT
[email protected]
Breve História da Cova Alta
1. Investigação e rigor em História
Estudar História de uma forma científica exige, por exemplo, que se delimitem
datas precisas ou, quando é possível, exactas. No que se refere à História da Cova Alta
tal procedimento não é aplicável, uma vez que não se conhecem com exactidão as
origens da localidade. Para períodos inferiores ao século XIX, as fontes são escassas.
Deste modo, o nível de incerteza torna-se maior e a predisposição para a especulação
torna-se inevitável. A História que se quer para a Cova Alta tem de ser rigorosa. Assim,
é fundamental estabelecer uma separação entre a História, ciência, e as estórias, isto é,
os contos, as lendas, crenças e costumes.
Com rigor, só é possível fazer a História da Cova Alta a partir do ano de 1825.
Antes deste ano, tudo se torna mais duvidoso e incerto e, deste modo, falso. Acontece
que uma das mais importantes fontes para o estudo histórico da Freguesia de Santa
Catarina da Serra se encontra interrompida de 1825 para trás. Na realidade, a Guerra
Peninsular, nomeadamente a 1.ª e a 2.ª Invasões Francesas, ocorridas em 1807-08 e
1810-11, respectivamente, foram responsáveis pela destruição, sob diversas formas, dos
Registos Paroquiais da Freguesia. Para o estudo histórico da Cova Alta, esta é uma
fonte fundamental, pois era nela que se registavam baptismos, casamentos e óbitos.
Assim, no Arquivo Distrital de Leiria, ligado ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
em Lisboa, os Registos Paroquiais mais antigos estão datados de 1825. Por este meio, é
o período que medeia o início do segundo quartel do século XIX e os finais do século
passado que irá aqui abordar-se. A abordagem sócio-económica manteve-se, no seu
geral, inalterada com o tempo.
2. Origem da Freguesia de Santa Catarina da Serra
Com um acentuado crescimento populacional, em consequência do
desenvolvimento das actividades económicas, são criadas novas paróquias no recém
fundado Bispado de Leiria, em 1545. O primeiro prelado leiriense, D. Brás de Barros,
assim como os seus sucessores, vão criar, em Quinhentos, as freguesias de Santa
Catarina da Serra (1549), Cortes (1550), Monte Redondo (1589), Arrabal (1592) e
Marinha Grande (1600). As capelas destas aldeias constituem-se, então, em igrejas. Em
Santa Catarina passa, portanto, a existir uma Igreja, enquanto que, nas povoações que
lhe estavam anexas, mantêm-se edifícios religiosos de pequena dimensão, as ermidas
que, futuramente, dariam origem às capelas existentes na Paróquia.
Em termos micro-económicos, Santa Catarina da Serra vivia, desde a Idade
Média, das actividades agro-pastorís, através da plantação e semeadura de plantas de
regadío e de sequeiro, assim como da criação de animais. Saul António Gomes, ilustre
historiador leiriense, refere que esta «caracterização territorial é comum a todo o
concelho de Leiria. Os seus territórios orientais, por norma, são caracterizados pela
predominância do monte, com terrenos relativamente pobres, propícios à silvicultura (v.
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g. pinhal e mata, permitindo pequenas unidades de pastorícia para gado ovino e caprino.
Por norma, os povoados deste território de monte são efectivamente mais pobres do que
aqueles que estão situados junto à bacia do Lis ou do Lena ou até do Sirol». Não
podemos deixar de referir, de igual modo, a importância que a actividade venatória
tinha nos santacatarinenses, nomeadamente, a caça às aves, aos coelhos e aos javalis.
Por outro lado, sendo uma zona parca em recursos hídricos, a moagem dos grãos dos
cereais era efectuada não por moinhos hidráulicos, os mais antigos usados em Portugal,
mas por moinhos eólicos que, aliás, estiveram em uso quase até aos nossos dias. De
facto, a Memória Paroquial de Santa Catarina da Serra, mandada fazer pelo PrimeiroMinistro do Reino, o Marquês de Pombal, em 1758, na sequência do Terramoto de
1755, elucida-nos que a Freguesia se caracterizava pela existência de fortes ventos e,
portanto, com condições adequadas à laboração de moinhos eólicos, como nos
demonstram as evidências arqueológicas ainda patentes em Santa Catarina da Serra.
Assim, entre outras causas, a Freguesia de Santa Catarina da Serra foi criada, em
1549, devido a algum incremento sócio-económico existente na terra, ao crescimento
populacional, verificável no Censo Geral do Reino, de 1527, o que, por sua vez, levou a
uma certa ambição de autonomia face a Leiria, em geral, e à paróquia de São Martinho,
em particular. O distanciamento, nessa época, face à sede de Concelho, também terá
contribuído para isso.
3. Breve História da Cova Alta
Estudar a origem da toponímia dos lugares, por exemplo, é uma das áreas da
História que apresenta maiores controvérsias, pois fica-se sempre com uma certa
incerteza relativamente ao aparecimento do nome. Tal é o caso da Cova Alta, colocada
na vertente de uma serra. O nome surge referido a 25 de Fevereiro de 1738, quando um
documento salienta que o local se encontrava enquadrado no religioso Ramo de Vale do
Sumo. À data da fundação da Freguesia, em 1549, a Cova Alta não deveria ter qualquer
casa, uma vez que a localidade não é referida no Censo Geral, de 1527, mandado
executar por D. João III (1521-57). Ao longo do século XVIII, o nome Cova Alta surge
em diversos documentos históricos. As Memórias Paroquiais, mandadas elaborar pelo
Marquês de Pombal (1699-1782), na sequência do Terramoto de 1755, referem a aldeia
de Cova Alta. Esta aldeia tinha, em 1758, apenas 8 moradores. Por este meio, é a partir
da centúria de Setecentos que começa verdadeiramente a História da Cova Alta. Antes
do século XVIII, o índice de incerteza é muito elevado. No Brasil, o termo Cova Alta é
utilizado para designar pequenas elevações de terra, de forma cónica, para que, em
terrenos argilosos, seja mais fácil a plantação de mandioca. Assim, tanto no caso
português, como no brasileiro, Cova Alta é sinónimo de elevação no terreno.
No século XIX, a localidade de Cova Alta, na Freguesia Santa Catarina da Serra,
continua ainda muito diminuta em termos populacionais. Ao longo de toda a centúria,
apenas algumas famílias habitavam a povoação. Se em 1891 existiam 12 fogos na Cova
Alta, em 1903, porém, eram já 23 famílias, sendo chefes das mesmas António da Costa,
António Dias, Manuel Marques, Constantino Pereira, Manuel de Oliveira, José de
Oliveira, José de Oliveira Novo, Quitéria de Jesus, José Lopes, Joaquim Vieira, José da
Costa Novo, Cristina de Jesus, José Carreira, António de Oliveira Hilário, Faustino
Dias, Abel Alves, Joaquim de Oliveira, António de Oliveira, José Francisco dos Reis,
José Dias, José Henriques Catarino, José Ferreira e Francisco Dias. Por este meio, o
rápido crescimento populacional da Cova Alta, nos finais do século XIX e inícios do
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XX, acompanha a tendência geral da população portuguesa na mesma época. Em 1902,
havia 13 homens com idades compreendidas entre os 23 e os 70 anos, com dois carrosde-bois e três de burros.
Nos anos de 1911, 1940 e 1960, a localidade de Cova Alta tinha,
respectivamente, 20, 24 e 28 fogos. De 89 pessoas, em 1911, decresceu para 80, em
1940, tendo voltado a aumentar em 1960, para 100 moradores. A epidemia de 1918, a
1.ª Guerra Mundial (1914-18) e a crise económica vivida nas primeiras décadas do
século XX, terão sido as principais responsáveis pela diminuição da população. Em
2007, com o crescimento populacional verificado, existem as ruas Central, Arreota,
Vale das Costas, Mateus, Leiria, Convívio, Ucha, Vale da Laje e Travessa do Rebouço.
Se alguns agregados familiares provinham do século XVIII, a questão da
consanguinidade levou a que os jovens procurassem casar-se com pessoas de fora da
localidade, ou se deslocassem eles mesmos para outras freguesias. Dos filhos resultantes
dos matrimónios, os nomes masculinos mais usuais incluíam os de Afonso, António,
Francisco, José, Joaquim e Manuel. Por sua vez, os nomes femininos eram Luísa,
Maria, Joaquina, Inácia, Josefa, Ana, Emília, Catarina, Justa e Rosária. Aqueles que
vieram viver e constituir família na Cova Alta do século XIX, provinham da Pinheiria,
Barreiria, Donairia, Gordaria, Casal das Figueiras, do Pedrome, da Magueigia, do
Ulmeiro e do Sobral, de Siróis, entre outras. Ou seja, das aldeias mais próximas, uma
vez que, à época, homens e mulheres deslocavam-se pouco. Outras freguesias incluíam
a do Arrabal, Caranguejeira, Espite, Cercal e Fátima, entre outras. Para a centúria de
Oitocentos, isto é, do século XIX, nasceram, casaram e faleceram na aldeia de Cova
Alta as seguintes pessoas:
Famílias (1825-1906)
José da Costa, da
Cova Alta, e Maria
Teresa de Jesus
(1799), dos Cardosos,
faleceu às 16h,
24.10.1879.
José Dias (1777), da
Cova Alta, e Josefa
dos Santos, da Cova
Alta. Ele faleceu às
21h, a 16.1.1887.
Justiniano Alves, da
Cova Alta, e Maria
Inácia, da Cova Alta.
Casaram-se a
27.11.1830, sendo ele
viúvo. A primeira
esposa, também Maria
Inácia, falecera a
23.9.1829.
Faustino José Alves,
da Cova Alta, e Ana
Maria, do Casal da
Estortiga.
José Oliveira (1802),
da Cova Alta, e
Joaquina Rosa dos
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Filhos (1825-1906)
Ana (7.3.1825), Camila
(24.11.1830) e Teresa
(29.9.1836).
Avós Paternos
José da Costa, da Cova
Alta, e Maria Josefa, da
Parracheira (Século
XVIII).
Avós Maternos
Luís Marques, do
Formigal, Espite, e
Cecília Maria, dos
Vales (Século XVIII).
Luísa (3.6.1825),
Anónima (27.2.1827),
Faustino (7.8.18297.6.1832), Ana
(23.12.1831-22.9.1837)
e Faustino
(13.10.1833).
José (26.11.1826) e
Luísa (15.9.1829).
José Dias, da Cova
Alta, e Josefa Maria, do
Vale do Sumo (Século
XVIII).
José António, da Cova
Alta, e Rosa Maria, da
Loureira (Século
XVIII).
João Alves, da
Pinheiria, e Catarina
Maria, de Siróis (Século
XVIII).
Manuel Ferreira, da
Cova Alta, e Inácia
Maria, do Cercal
(Século XVIII).
Emília (30.10.1831).
Jose Alves, de Lagoa,
Arrabal, e Maria Josefa,
do Casal da Estortiga
(Século XVIII).
Silvestre Oliveira, do
Arrabal, e Maria
Teresa, da Chancelaria
Manuel Ferreira, da
Cova Alta, Maria
Josefa, do Cercal
(Século XVIII).
José António, da Cova
Alta, e Maria Rosa, da
Loureira (Século
Cristina (18.10.1837),
José (16.11.1839),
António (18.12.1841),
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Santos, da Cova Alta.
Casaram-se a
26.10.1836. Ele
faleceu às 11h, a
22.11.1885.
António Costa (1822),
da Cova Alta, e Josefa
Oliveira (1828), da
Cova Alta. António
faleceu às 8h, a
15.9.1880. Ela faleceu
às 16h, a 10.12.1888.
Manuel Carreira, da
Cova Alta, e Maria
Teresa de Jesus, da
Cova Alta. Casaramse a 5.2.1844.
José da Costa Novo
(1809), da Cova Alta,
e Luísa Maria (1825),
da Cova Alta.
Casaram-se a
19.2.1851. Ela faleceu
às 16h, a 30.8.1863,
com 38 anos. Ele
faleceu às 23h, a
14.12.1881.
José Dias Novo
(1824), trabalhador da
Cova Alta, e Cristina
Maria, da Cova Alta.
Casara-se a 19.1.1853.
Ele faleceu às 3h, a
2.10.1888.
José Alves,
trabalhador da Cova
Alta, e Inácia Maria,
da Cova Alta (1828).
Ela faleceu às 15h, a
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António (29.2.1843) e
Maria (14.12.1844.
Faleceu na Pinheiria a
18.2.1932).
(Século XVIII).
XVIII).
Maria (19.12.1845.
Faleceu na Cova Alta, a
26.4.1932), Ana
(25.7.1847. Faleceu na
Donairia, a 15.6.1934),
Joaquina (20.2.1851),
Teresa (1.11.1855),
Cristina (25.2.1858.
Faleceu a 3.11.944),
Maria (16.10.1859.
Faleceu a 11.9.1940, na
Donairia), Joaquim
(16h, 8.10.1861), Luísa
(4h, 12.1.1864. Faleceu
a 8.3.1946, no Sobral) e
Josué, exposto,
(10.4.1880, data de
baptismo).
Maria (16.5.1847), e
José (27.1.1850.
Faleceu a 26.11. 1937,
na Cova Alta).
José Costa, dos
Cardosos, e Maria de
Jesus, da Cova Alta.
Manuel Marques, do
Freixial, e Maria
Oliveira, da
Parracheira.
Faustino Carreira, da
Cova Alta, e Maria
Teresa, do Cercalinho,
Espite.
António de Oliveira, da
Cova Alta, e Maria
Jorge, do Vale do
Sumo.
Maria (14.12.1851),
Ana (27.12.1854.
Faleceu na Cova Alta, a
18.1.1951), José
(1.5.1857. Faleceu na
Cova Alta, a
27.2.1940), Joaquina
(11.1.1859. Faleceu no
Pedrome, a 12.9.1935),
Teresa (5h, 3.6.1861) e
Constantino (6h,
30.8.1863-14h,
10.10.1863).
José (22.10.1854-10h,
29.5.1881), Manuel
(21.2.1857), Cristina
(9h, 19.8.1860. Faleceu
em Siróis, em 1945),
Teresa (6h, 26.6.186221.11.1863), Francisco
(6h, 29.4.1867. Faleceu
em 1944), Faustina
(11h, 3.9.1870) e Ana
(23h, 18.8.1873-22h,
8.12.1875).
Maria (24.1.1856),
Manuel (12.5.1857),
José (11.1.859), Teresa
(7h, 8.5.1860), Luís
(12h, 27.8.1861) e
José da Costa, dos
Cardosos, e Maria
Cecília de Jesus, da
Cova Alta.
José Dias, do Vale do
Sumo, e Josefa Maria
dos Santos, da Cova
Alta.
José Dias, do Vale do
Sumo, e Josefa dos
Santos, da Cova Alta.
José de Oliveira, da
Donairia, Maria Teresa,
do Ulmeiro.
Justiniano Alves, da
Pinheiria, e Maria
Inácia, dos Canais.
Manuel Marques, da
Parracheira, e Maria
Oliveira, do Freixial.
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13.9.1863, com 35
anos.
Josefa (15h, 24.8.186310.10.1863).
Em segundas núpcias
com Maria de Jesus,
de Vale de Pomares,
São Simão, a
24.11.1866. Tinha ele
40 anos e ela 38.
Manuel Dias Novo
(1822), trabalhador da
Cova Alta, e Quitéria
Maria de Jesus, da
Cova Alta. Ele faleceu
às 18h, a 1.12.1888.
António (23h,
25.3.1869) e Augusto
(22h, 2.9.1870. Faleceu
em 1933).
Constantino Pereira,
do Sobral, trabalhador,
e Joaquina Maria
(1832), da Cova Alta.
Dono do lagar de
azeite (1915).
Casaram-se a
18.2.1865, ele com 25
anos e ela com 33. Ela
faleceu a 20h,
5.7.1868.
Casou segunda vez,
aos 31 anos, com
Maria Teresa (1838),
de 33 anos, do Vale do
Sumo (31.1.1870). Ela
faleceu às 15h,
1.9.1893.
Casou-se tercceira
vez, aos 53 anos, com
Joaquina de Jesus, de
49, solteira e
doméstica
(22.10.1894).
Manuel António
Marques, da Pinheiria,
e Teresa de Jesus, da
Cova Alta. Casaramse a 23.11.1877, ele,
carpinteiro, com 28
anos e ela com 41.
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Maria (27.12.1859.
Faleceu a 30.3.1944),
José (11h, 22.11.18609.2.1864), António (7h,
1.1.1863. Faleceu na
Cova Alta, a 21.1.1931.
Faustina (16h,
27.1.1868-14h,
28.6.1868), Teresa (5h,
24.6.1870), Faustina
(5h, 23.2.1872. Faleceu
na Loureira, a
29.11.1935), Ana (19h,
15.3.1874) e Joaquim
(8h, 27.6.1880. Faleceu
a 1.2.923).
Manuel (5h,
20.11.1865-3h,
14.10.1893), Joaquim
(15h, 4.6.1868).
Joaquim Francisco, de
São Simão, e Maria de
Jesus, de São Simão.
José Dias, do Vale do
Sumo, e Josefa Maria,
da Cova Alta.
Manuel Rodrigues, do
Vale do Sumo, e Simoa
de Jesus, do Casal das
Figueiras.
Bento Pereira, do
Sobral, e Maria
Faustina, do Sobral.
José da Costa, da Cova
Alta, e Maria de Jesus,
da Cova Alta.
Manuel (6h, 9.11.1870),
José (9h, 24.2.1873.
Faleceu às 16h, do dia
29.1.1960) e Maria (7h,
1.5.1874-2.8.1874).
Bonifácio Faria,
trabalhador do Vale do
Sumo, e Teresa de
Jesus, do Vale do
Sumo.
Joaquim Marques, da
Cova Alta, e Teresa de
Jesus, da Cova Alta,
proprietários.
José António Marques,
da Pinheiria, e Maria
Inácia, da Pinheiria.
História da Cova Alta
José da Costa, da Cova
Alta, e Maria de Jesus,
da Cova Alta.
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José da Costa, da
Cova Alta, e Inácia
Maria, da Gordaria.
Casaram-se a
3.10.1883, ele com 27
anos e ela com 28.
José de Oliveira Novo,
trabalhador da Cova
Alta, e Luísa Vitória
de Jesus, sem
profissão, do Vale do
Sumo. Casaram-se a
22.2.1873, ele com 34
anos e ela com 30.
José Carreira, da Cova
Alta, e Maria de Jesus,
da Cova Alta.
Casaram-se a
13.4.1885, ele com 35
e ela com 39 anos.
Joaquim Vieira,
serrador do Vale do
Sumo, e Cristina de
Jesus, doméstica da
Cova Alta.
António Oliveira, da
Cova Alta, e Maria
Inácia, da Cova Alta,
proprietários.
Casaram-se a
4.2.1880, tinha ele 32
anos e ela 24. Ele
faleceu às 11h,
22.8.1890.
Joaquim de Oliveira,
da Cova Alta, e Maria
de Jesus, da Cova
Alta, proprietários.
Casaram-se a
23.9.1882, sendo ele
soldado de reserva, de
31 anos, e ela de 23.
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Afonso (1890-20h,
24.11.1896).
Jose da Costa, lavrador
da Cova Alta, e Luísa
Maria, da Cova Alta.
Jose Gomes, lavrador
da Gordaria, e
Genoveva Maria, da
Gordaria.
José (9h, 15.7.1874),
Maria (13h,
23.10.1876), Maria (6h,
9.1.1879), Ana (3h,
31.3.1881), Constantino
(20h, 11.7.1884) e
Joaquim (15h,
20.9.1887).
Teresa (21h, 14.2.1885.
Faleceu 16.6.1973) e
Anónimo (11h,
8.8.1888).
José de Oliveira, da
Cova Alta, e Joaquina
Maria de Jesus, da
Cova Alta.
Joaquim Francisco do
Vale do Sumo, e Maria
Vitória, do Vale do
Sumo.
Manuel Carreira, da
Cova Alta, e Maria de
Jesus, da Cova Alta.
António Costa, da Cova
Alta, e Josefa de
Oliveira, da
Parracheira, Arrabal.
Anónimo (17h,
30.9.1888. Faleceu em
Lisboa, em 1930),
Maria (14h,
26.10.1889), Faustina
(2h, 2.1.1891), Maria
(17h, 26.8.1899),
Amélia (5h, 18.9.1900)
e António (14h,
16.5.1887).
José (2h, 21.2.1881),
Manuel (18h,
21.5.1883-9h,
22.12.1896), Maria (5h,
4.12.1884), Joaquim
(2h, 9.11.1888), Inácia
(2h, 18.8.1890), Manuel
(7h, 28.8.1892-7h,
14.1.1894), Rosária (1h,
28.7.1894), Emília
(15h, 9.1.1896-6h,
2.8.1896), Emília (19h,
23.6.1897. Faleceu a
1.10.1994, no Brasil),
Conceição (15h,
23.4.1900) e Maria (2h,
14.3.1902).
José (3h, 30.9.1882.
Faleceu no Arrabal a
6.12.1954), Maria (19h,
20.8.1886. Casou a
13.5.1914. Faleceu a
7.12.1954, na Cova
Alta), Francisco (11h,
21.1.1889. Faleceu a
12.51.1939, na
Pinheiria) e Rosária
(1h, 8.6.1900).
António Vieira, do Vale
do Sumo, e Maria
Joaquina, do Vale do
Sumo.
António Costa, da Cova
Alta, e Josefa de
Oliveira, da Cova Alta.
José de Oliveira, de
Lagoa, Arrabal, e
Joaquina Maria de
Jesus, da Cova Alta.
José Alves, da Cova
Alta, e Maria Inácia,
Parracheira, Arrabal.
José de Oliveira, da
Cova Alta, e Joaquina
Maria, da Cova Alta.
Manuel José Dias
Novo, da Cova Alta, e
Cristina Maria, da Cova
Alta.
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José Moreira,
trabalhador da
Caranguejeira, e
Maria José, da Cova
Alta. Casaram-se a
10.1.1883, tendo ele
25 anos e ela 23.
Manuel Alves, da
Cova Alta, e Teresa de
Jesus, da Cova Alta,
proprietários.
Casaram-se a
24.10.1883, ele com
26 anos e ela 22.
Manuel da Silva Cruz,
do Sobral, e Luísa de
Jesus, da Cova Alta,
proprietários.
José Ferreira, do Casal
Vermelho, e Cristina
de Jesus, da Cova
Alta, seareiros.
Casara-se a 14.2.1881,
sendo ele soldado do
Regimento de
Caçadores n.º 6, com
27 anos, e ela de 20
anos.
José Alves (1827), da
Cova Alta, e Maria
dos Santos, do
Pedrome, seareiros.
Casaram-se a
25.6.1884, tendo ele
58 anos e ela 30. Ele
faleceu às 6h, a
13.1.1899.
Manuel de Oliveira,
da Cova Alta, e Josefa
de Jesus, da Cova
Alta. Casaram-se a
19.2.1887, ele com 40
anos e ela com 26.
Manuel da Silva, da
Cova Alta, e Luísa
Oliveira da Cova Alta.
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António Moreira, do
Olho da Fonte,
Caranguejeira, e Maria
Rosa, da Carangujeira.
António da Costa,
lavrador da Cova Alta,
e Josefa de Oliveira, da
Cova Alta.
José (22h, 2.10.188519h, 27.7.1887), José
(7h, 3.9.1887), Joaquim
Alves (4h, 17.10.1889),
Constantino Alves (4h,
19.3.1894), Maria
Alves (4h, 8.1.1896.
Faleceu a 13.2.1975),
Afonso Alves (11h,
28.8.1898, faleceu a
9.8.1977. Casado com
Rosária Dias, 190114.1.1987), António
(4h, 9.7.1901) e
Rosária, (12h,
20.7.1904).
Às 9h, a 26.3.1893,
faleceu Isaura, exposta,
com 3 meses.
Maria (2h, 6.2.1890),
José (19h, 16.2.1892) e
Teresa (8h, 31.7.1895).
José Alves, da Cova
Alta, e Inácia de Jesus,
da Cova Alta.
José da Costa Novo, da
Cova Alta, e Luísa
Maria, da Cova Alta.
Manuel da Silva, do
Sobral, e Luísa Maria,
do Sobral.
António da Costa, da
Cova Alta, e Josefa de
Oliveira, da Cova Alta.
Júlia (20h, 7.12.1891),
Maria (8h, 3.12.1894.
Faleceu em Siróis, a
2.7.1955) e Júlio (16h,
6.8.1897-6h,
30.3.1898).
Joaquim Ferreira, do
Casal Vermelho, e
Maria Joaquina, da
Cova Alta.
José Dias Novo, da
Cova Alta, e Cristina
Maria, da Cova Alta.
Joaquim (18h,
24.5.1885), Francisco
(8h, 22.2.1887),
Júlio (4h, 13.12.1891) e
Bemvindo (1h,
1.5.1896. Casou com
Maria de Jesus. Faleceu
a 2.8.1982).
Justiniano Alves, da
Cova Alta, e Maria
Inácia, da Cova Alta.
Manuel António Novo,
do Pedrome, Ana
Maria, do Pedrome.
José de Oliveira,
lavrador da Cova Alta,
e Joaquina Maria, da
Cova Alta.
José Ferreira,
trabalhador da Cova
Alta, e Maria Cândida,
do Casal Novo, Santa
Catarina da Serra.
Manuel da Silva Cruz,
da Cova Alta, e Luísa
Maria, da Cova Alta.
António Costa, da Cova
Alta, e Josefa Oliveira,
da Cova Alta.
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Casaram-se a
3.1.1889, ele com 28
anos, trabalhador, e
ela com 25, tecedeira.
António Dias, da Cova
Alta, e Emília Pereira,
de Caldelas, seareiros.
Faustino Dias, da
Cova Alta, e Maria de
Jesus, do Vale Feto,
Espite, seareiros.
José da Costa Novo,
serrador, do Vale
Tacão, e Maria Josefa,
doméstica, da Cova
Alta. Casaram-se a
17.2.1900, ele com 25
e ela com 24 anos.
José Henriques
Catarino, do Juncal,
Porto de Mós, e Maria
Faustina, da Cova
Alta, jornaleiros.
Casaram-se a
19.9.1900, ele, então
serrador, de 21 anos, e
ela, doméstica, com
23.
Jose Dias, da Cova
Alta, e Joaquina de
Jesus, de Espite,
seareiros. Casaram-se
a 26.11.1899, ele,
trabalhador, de 39
anos, e ela, doméstica,
de 31.
Francisco Dias,
trabalhador da Cova
Alta, e Maria de Jesus,
doméstica da Cova
Alta. Casaram-se a
17.6.1896, ele com 29
anos e ela com 20.
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Teresa (6h,
11.12.1892), José (3h,
16.8.1894, Ana (18h,
28.12.1896. Faleceu
nos Riachos a
11.12.1974), Maria
(13h, 25.8.1897.
Faleceu na Donairia, a
23.4.1931), Carlos
(20h, 15.10.1899) e
António (21h,
11.6.1901-5h,
30.8.1904).
Maria (16h, 8.10.1894.
Faleceu às 17h do dia
5.5.1963), Manuel (2h,
19.12.1896), Júlia (11h,
23.3.1898), José Maria
(23h, 4.9.1899),
Joaquina (3h,
10.10.1900) e Rosária
(10h, 31.12.1903).
Manuel Dias, da Cova
Alta, e Quitéria de
Jesus, da Cova Alta.
Manuel Pereira, de
Caldelas, e Ana Maria,
de Caldelas.
José Dias, da Cova
Alta, e Cristina Maria,
da Cova Alta.
João da Costa, de
Espite, e Quitéria de
Jesus, de Espite.
José da Costa, da Cova
Alta, e Faustina Maria,
do Vale Tacão.
Manuel Ferreira, do
Vale Tacão, e Maria
Josefa, do Vale Tacão.
Maria (4h, 9.5.1901),
António (1902-3h,
30.1.1903), José (4h,
3.1.1903), Manuel (20h,
21.9.1904) e
Maria José (2h,
12.10.1906).
João Henriques
Catarino, do Juncal, e
Joaquina Rebelo, do
Juncal, Porto de Mós.
José da Costa e
Faustina de Jesus, da
Cova Alta.
Joaquim (17h,
15.10.1900), Manuel
(20.9.1902-23:30h,
27.11.1902) e Maria
(24.8.1904).
Manuel Dias, da Cova
Alta, e Quitéria de
Jesus, da Cova Alta.
Joaquim Baptista, de
Espite, e Joana de
Jesus, de Espite.
José Dias, da Cova
Alta, e Cristina Maria,
da Cova Alta.
Luís Henriques Vieira,
de Fátima, e Maria
Joseja, de Fátima.
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António Pereira, da
Cova Alta, e Faustina
de Jesus, da Cova
Alta. Casaram-se a
14.10.1899, ele,
trabalhador, com 32
anos e ela, doméstica,
com 29.
José Francisco dos
Reis, trabalhador do
Cercal, Espite, e
Maria do Rosário, da
Cova Alta. Casaramse a 30.11.1901, ele
com 30 anos, solteiro,
e ela com 22.
José de Oliveira,
trabalhador da Cova
Alta, e Maria dos
Santos. Casaram-se a
15.6.1903, ele com 29
anos e ela, viúva de
José Alves, com 40
anos, doméstica.
António de Oliveira
Hilário, de Siróis, e
Cristina de Jesus, da
Donairia. Casaram-se
a 17.8.1904, ele,
cultivador, com 36
anos e ela, doméstica,
com 33.
José (23h, 31.1.190316h, 16.12.1903).
Emília (20h, 29.6.19041906?).
Manuel de Oliveira, da
Cova Alta, e Emília de
Jesus, da Cova Alta.
José Dias, da Cova
Alta, e Cristina Maria,
da Cova Alta.
Francisco António, do
Cercal, Espite, e Inácia
dos Reis, de Espite.
José de Oliveira Novo,
da Cova Alta, e Luísa
de Jesus, da Cova Alta.
José de Oliveira Novo,
da Cova Alta, e Luísa
Vitória, da Cova Alta,
seareiros.
Manuel António Novo,
do Pedrome, e Ana de
Jesus, do Pedrome,
jornaleiros.
Manuel de Oliveira, de
Siróis, e Emília de
Jesus, de Siróis.
Constantino Ferreira, da
Donairia, e Maria
Luísa, da Donairia.
Tabela 1 – Agregados familiares da Cova Alta, de 1825 a 1906. Para uma consulta eficaz da grelha, à
esquerda estão os casais em idade fértil, ao centro, os filhos desses casais e, nas últimas duas colunas, os
avós paternos e maternos. Os casais mais recentes são, na sua maior parte, descendentes dos que existiam
por volta de 1825. Neste caso, os avós, nas colunas da direita, nasceram ainda no século XVIII. Como se
compreende, ao longo da centúria de Oitocentos vêm algumas pessoas casar à Cova Alta, levando à
formação de novos agregados familiares. Mais raramente, o casal vem morar, homem e mulher, para a
Aldeia. As pessoas que em 2007 vivem na Cova Alta são descendentes, como se lembram ainda os mais
velhos, desses homens e mulheres do século XIX. Naturalmente, em Oitocentos nasciam, mas também
faleciam, muitas crianças. Outros deslocavam-se para outras localidades, onde, casando ou não, ficavam a
morar. A coluna central é a mais importante, porque entronca nos avós e pais dos actuais habitantes da
Cova Alta. Deste modo, ao nome deve acrescentar-se o apelido do pai, retirado da coluna da esquerda.
Nas décadas de 30 e 40 do século XIX, falecem alguns viúvos nascidos no século XVIII.
A partir da tabela acima colocada, podemos verificar que as famílias dos Costas,
dos Alves, dos Dias e dos Oliveiras são as mais antigas da Cova Alta, remontando ao
século XVIII. Os Pereiras são mais recentes e surgem, aquando da transferência de
Constantino Pereira, por casamento, do Sobral para a Aldeia em estudo. Os Alves vêm
da Pinheiria para a Cova Alta. Os Oliveiras vieram do Arrabal. Os Dias serão, então, os
mais antigos estabelecidos na Cova Alta.
No que se refere às profissões praticadas pelos habitantes da Cova Alta, os
homens eram essencialmente lavradores, cavadores, seareiros (agricultores pobres, de
searas) e serradores. As mulheres também trabalhavam muito no campo. Todavia, a
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profissão de doméstica era uma actividade muito comum. Apesar de proprietários,
ninguém era burguês ou nobre. A maioria dos populares era analfabeta. Porém, as
inscrições epigráficas em alguns edifícios, mostram-nos que algumas pessoas sabiam ler
e escrever, pelo menos os nomes e números (datas).
O casamento era tardio, indo dos 20 aos 30/40 anos. De igual forma, era muito
comum homens e mulheres casarem-se com uma acentuada diferença de idades, entre
os 6 e os 40 anos. Homens havia que eram mais novos que as suas esposas.
Se inúmeras crianças faleciam com poucos dias, meses, ou anos de vida, também
existiam pessoas que faleciam com 50, 59, 62, 70, 78, 80, 87 e até 100 anos de idade.
As sepulturas, anónimas, efectuavam-se no Adro da Igreja Matriz, até à edificação do
cemitério público antigo, em 1869. Recentes escavações em torno da Igreja Paroquial
pôs a descoberto uma quantidade considerável de material osteológico, ossos, pertença
dos antepassados santacarinentes e, deste modo, também dos habitantes da Cova Alta. A
partir de 1870, os defuntos passam a ser enterrados no Cemitério Público. Algumas
pessoas, com um poder económico-financeiro maior, mandavam fazer campas. Estas
sepulturas caracterizavam-se, grosso modo, isto é, de um modo geral, pela existência de
lápides calcárias de forma rectangular, com a respectiva inscrição tumular. Numa das
rochas existentes em Santa Catarina da Serra, no antigo Cemitério Público, 1869, pode
ler-se: “AQUI JAZ / CONSTANTI: / NO PEREIRA. / NASCEU NO SOBRAL NO /
DIA 29 DE A: / BRIL DE / 1840 E EALE / CEU (sic) NA COVA / ALTA NO DIA /
20 DE DEZEM / BRO DE 1918. / P(ai) N(osso). A(ve) M(aria)”.
Fig.: 1 – Lápide de Constantino Pereira, no antigo Cemitério Público (1869).
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Constantino Pereira, nascido em 1840, no Sobral, e morador na Cova Alta, fez
parte da Comissão Fabriqueira da Igreja, onde desempenhou o cargo de tesoureiro. Na
altura da edificação do actual cemitério público, pugnou pela manutenção do de 1869,
junto ao Adro da Igreja Matriz. O seu opositor Luís Marques foi o primeiro a ir
sepultar no cemitério novo. Constantino foi, portanto, a última pessoa a ser enterrado
no cemitério velho, aos 78 anos, no dia 21 de Dezembro do já citado ano de 1918.
Sendo um homem do século XIX, foi vogal nas Juntas de Paróquia de 1882, 1885, 1890,
1891 e, por fim, em 1905.
No que respeita ao número de filhos por casal, este ia dos 2 aos 8 bébés. Os
nomes destes eram Inácia, Manuel, Maria, Luísa, Faustino(a), Josefa, Joaquim, António,
Ana, Cristina, Francisco, Afonso, Carlos, Catarina, Joaquina, José, Rosária, Teresa,
Emília, Quitéria, Catarina, Bento e Júlio(a). Era de 1/2/3 anos o período entre cada
filho. As crianças nasciam em casa, com a ajuda de mulheres que, momentaneamente,
adquiriam o papel de parteiras. Geralmente, era o padre que, no acto do baptismo,
colocava o nome aos bébés.
Fig.: 2 – Secção da lápide de Constantino Pereira, onde
se pode observar o nome “COVA / ALTA” (1918).
A partir de meados do século XIX, passam a existir expostos, engeitados, na
Cova Alta. Todavia, em 1901, havia apenas um engeitado na Aldeia, estando a cargo de
José da Costa Novo e de Inácia de Jesus. Na verdade, os expostos eram entregues às
amas-de-leite, mulheres que, devido aos muitos filhos que tinham, eram férteis na
amamentação. Recebendo um salário, cabia às famílias que aceitavam os engeitados
efectuar a criação dos mesmos. Estes provinham essencialmente de Leiria e de Lisboa,
das Santas Casas da Misericórdia. Contudo, estas crianças eram, por vezes, mal tratadas,
pois as famílias tinham já imensos filhos. Grande parte dos expostos acabava por
falecer. Vindos das cidades, traziam nomes novos para as aldeias.
A economia da povoação, assim como a da restante Freguesia, assentava
fundamentalmente na Agricultura e na Pastorícia. O sector primário, de subsistência, no
qual cada família cultivava o necessário à sua sovrevivência, para além dos cereais
(milho e trigo, principalmente), incidia sobre o cultivo de hortícolas e de árvores de
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fruto. A vinha tinha (e ainda tem) uma importância destacada na aldeia. De facto, em
Oitocentos, o vinho e a água eram as duas únicas bebidas disponíveis. A cultura da
oliveira, para a produção de azeite, era outra componente significativa no tecido
económico da Cova Alta. Só assim se explica a colocação deste tipo de árvores em
locais de forte inclinação.
As actividades agrícolas realizavam-se quer nas encostas da Cova Alta, junto do
casario, quer nos vales, nomeadamente naqueles que, virados a Noroeste, davam acesso
à sede de Freguesia, ou à Pinheiria, como os Vales das Namoradas e das Lajes.
Desde 1825 até aos anos 70-80 do século XX, os instrumentos mais
importantes no mundo agrícola incluíam enxadas (de pontas, rasas), sachos, charruas,
arados e grades, para o cultivo da terra. Devido à natural diferenciação económica, nem
todos estavam munidos de uma junta-de-bois que, antes da introdução do tractor
agrícola, ajudava na lavra da terra, assim como no transporte, através de carros-de-bois,
de mercadorias, tais como mato, feno, cereais e estrume. Em 1902, existiam apenas duas
juntas de bois na Cova Alta. Uma enorme lagoa, no actual Largo da Amizade, na
segunda metade do século XX, apesar dos acidentes que ocorriam com estes depósitos
artificiais, permitia que os animais bebessem água e se refrescassem. Foi assim que
faleceu Dias, afogado, porque empurrado pelos bois para o interior da referida lagoa. A
família Dias é uma das mais antigas da Cova Alta, remontando ao século XVIII.
Fig.: 3 – Carro-de-bois utilizado nos trabalhos do campo e que foi pertença de Francisco Vieira Fétal.
Tem a matrícula de Leiria, n.º 1.956. O veículo apresenta trincos e internos, que permitiam, numa subida,
que os bois parassem, para descansar, sem que a carroça andasse para trás. Tem também travão de calços.
Os modelos mais antigos não tinham este sistema de segurança.
Foices-roçadouras, podoas e podões, utilizados desde o Portugal da Idade
Média, permitiam a limpeza dos campos e das árvores. As serras eram utilizadas no
tratamento das plantas, assim como nos trabalhos de carpintaria. Com machados
traçavam-se os toros para o frio do Inverno. A madeira era o principal material utilizado
na elaboração das mais diversas alfaias. O ferro, Fe, divulga-se mais tarde.
Uma vez que a povoação de Cova Alta fica situada num alto, a rega dos campos
tinha que recorrer a cisternas e a poços, circulares e não-datados, que se (re)abasteciam
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apenas com a água proveniente das chuvas. Contudo, estes reservatórios de água eram
devidamente cuidados. Apesar de serem características das zonas localizadas entre a
Loureira e a Freguesia de Minde, as cisternas de lajes fazem parte do património
histórico da Cova Alta. De facto, aí localiza-se uma datada, de 1910, com a seguinte
inscrição: J. F. D. R. / 25.8.1910. / F. V. F., a qual, desabreviada fica: J(osé) F(rancisco)
D(os) R(eis), no primeiro nome, e F(rancisco) V(ieira) F(étal), da Chainça, no segundo.
Fig.: 4 – Cisterna de José Francisco dos Reis, um dos chefes-de-família da Cova Alta, em 1903.
Junto ao depósito de 1910, encontra-se ainda parte da casa da transição do século XIX para o XX. Este
indivíduo, trabalhador, era natural do Cercal, de Espite. Os seus pais chamavam-se Francisco António e
Inácia dos Reis. Veio para a Cova Alta quando se casou, a 30.11.1901, com Maria do Rosário, filha de
José de Oliveira Novo e de Luísa de Jesus, ambos da Cova Alta. Nasceu em 1871 e a sua esposa em 1879.
José Francisco dos Reis, morador na Cova Alta, participou, a partir de 1906, na
comissão que deveria obter fundos para a construção de uma escola em Santa Catarina
da Serra. Era uma das pessoas mais abastadas da Cova Alta, nos inícios da centúria de
Novencentos, pois só os que tinham capacidade económica é que faziam ou mandavam
fazer cisternas de lajes.
Nas zonas mais baixas, nos vales, os poços respondiam mais facilmente às
necessidades agrícolas da população da Aldeia. Junto aos poços era frequente a
construção de pequenos reservatórios de água, ou seja, tanques. Nestes fazia-se a
mistura química para, em seguida, se pulverizar as vinhas, principalmente. Parte
significativa destes tanques datam de meados do século XX, assim como os poços aos
quais estão anexos. Isto deve-se ao facto de os anos 40-50 de Novecentos terem sido
muito secos.
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Fig.: 5 – Tanque no Vale das Lajes (25.4.1974). Da esquerda para a direita, surge uma inscrição em que é
apresentada a data, 25 de Abril de 1974, seguida do vocábulo “LIBERDADE”. Depois, aparece um sol de
feições humanas, simbolizando a iluminação trazida pela Revolução. Segue-se a epígrafe “VAL-DA
LAGE. 2-1-1975”. Por baixo, sabe-se que a mesma foi elaborada por um Francisco L., da Pinheiria,
testemunhando a relação secular entre a Cova Alta e a Pinheiria, num vale que era comum às duas
aldeias, devido à referida divisão por glebas, em 1922.
A Pastorícia incluía caprinos e ovinos. Como tal, a profissão de pastor, ainda
que sazonal, tinha um certo impacto na comunidade local. Geralmente, era aos mais
novos, às crianças, que cabia a tarefa de levar o gado a apascentar. Não era um trabalho
fácil de realizar, pois, os animais transitavam com frequência para os terrenos dos
outros, destruindo as respectivas culturas.
Em casa, o gado, diverso, mantinha-se fechado em currais apropriados. Os
animais domésticos agrupavam, no seu geral, bovinos (bois, vacas e vitelos), suínos,
caprinos e ovinos (cabras, bodes, ovelhas e carneiros), galináceos (galos, galinhas e
pintos) e coelhos. Daqui, os habitantes da Cova Alta obtinham carne, peles, leite e ovos,
que consumiam.
Na maior partes dos casos, a dieta humana era completada por elementos
provenientes da actividade cinegética. Na realidade, em tempos mais recuados, a caça
era praticada durante todo o ano. Para tal, usavam-se essencialmente armadilhas, tanto
para a captura de aves, como para o aprisionamento de animais terrestres, caso dos
javalis e das raposas. O cepo, usado desde a Idade Média, era uma armadilha muito
comum. Algumas armas de fogo, de cães externos, eram caçadeiras.
Em 1922, durante a 1.ª República Portuguesa (1910-26) os terrenos públicos,
pertença da Junta de Freguesia, foram divididos em parcelas, glebas, e entregues aos
moradores. Deste modo, 24 glebas existentes em Cabeça Gorda, Ladeira do Castelo,
Ladeiras Velhas, Vale da Lage e Valeiras, foram entregues aos habitantes da Cova Alta,
da Donairia e da Pinheiria. O contrato anual, exigia o pagamento de 50 centavos.
Numa Aldeia agreste e rústica, quase selvagem, o espaço habitacional era
simples. Desde o século XIX, as habitações, similares em toda a Freguesia, eram
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constituídas por baixas paredes de alvenaria e com interstícios preenchidos por saibro,
uma pasta de barro e areia. As divisões, em tabique ou em alvenaria, comportavam uma
pequena sala e / ou cozinha, onde se localizavam a lareira e a cantareira, para colocar a
louça. A comida era preparada ao lume, em panelas de ferro, Fe. O chão, os rodapés e o
tabuado do tecto, dos contornos das janelas e das portas, faziam-se em madeira de
pinheiro, Pinus pinaster, muito abundante na região. Os quartos, forrados também em
madeira, podiam ter camas em metal, ou madeira. Uma diminuta mesa de cabeceira, um
nicho na parede, para a colocação de figuras religiosas e de candeias de azeite, uma
cadeira e um cabido, completavam o mobiliário.
Hoje, apenas existem alguns vestígios de casas do século XIX. O falecimento
dos mais idosos vai levando à decadência desse património único e último na Aldeia.
Muitas casas do século XIX ou XX, algumas com rochas trabalhadas, já ruíram ou
foram desmontadas. Por outro lado, é imprescindível ter em consideração que algumas
dessas habitações foram recuperadas. As mais antigas, completas, que se encontram de
pé, são datáveis das décadas de 30, 40 e 50 da centúria de Noventos. Por exemplo, na
casa de António Gonçalves dos Santos e Maria de Jesus Oliveira pode observar-se, na
parade virada a Sul, a data de 16-7-1943.
Fig.: 6 – Halo de entrada da casa de Joaquim Pereira, filho de Constantino Pereira (1840-1918). No
degrau da entrada lê-se, na rocha, “JOAQUIM”. Constantino teve cinco filhos: Manuel, nascido a
20.11.1865, Joaquim, a 4.6.1868, Manuel, a 9.11.1870, José, a 24.2.1873, e Maria, nascida a 1.5.1874.
Pelo menos dois faleceram com pouco tempo de vida. Aos 25 anos, Constantino casou com Joaquina
Maria, 1865. Viúvo, casou aos 31 anos com Maria Teresa, em 1870. E, por fim, novamente viúvo, voltou
a casar com Joaquina de Jesus, no ano de 1894.
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Fig.: 7 – Vestígios da casa oitocentista de José de Oliveira Novo, trabalhador da Cova Alta, e de Luísa
Vitória, do Vale do Sumo, casados em 1873. Teve os seguintes filhos: José (9h, 15.7.1874), Maria (13h,
23.10.1876), Maria (6h, 9.1.1879), Ana (3h, 31.3.1881), Constantino (20h, 11.7.1884) e Joaquim (15h,
20.9.1887). Junto encontrava-se a habitação de um dos filhos, Joaquim de Oliveira Novo (1886-1971),
casado com Inácia de Jesus (1889-18.9.1974). A casa, em alvenaria, apresenta ainda vestígios de telhas de
canudo e reboco de saibro. Rua do Vale das Lajes e Travessa do Rebouço. Próximo ficava ainda a casa –
hoje inexistente –, de Albino Gomes e de Maria de Oliveira.
Fig.: 8 – À esquerda, habitação onde esteve Bemvindo Alves (1896-1982), pai de Maria dos Santos.
Bemvindo Alves era filho de José Alves, da Cova Alta, e de Maria dos Santos, do Pedrome. No lagar de
vinho, a inscrição 5-9 / 1981 / A(lbino) G(omes). Ao fundo, a sua adega. Por trás, pertença de Albino
Gomes, existe uma cisterna com a inscrição A(lbino) G(omes) – M(aria dos) S(antos) / 6-9-1976. À
direita, a habitação do mesmo aldeão. No interior da lareira a data 19-4-1940. No madeiramento da
lareira, a data do seu nascimento, 1911. Na cisterna, à frente da casa, 27/10/73 e, por fim, no patamar que
dá acesso à porta principal: COVA ALTA -2-10-71 / A(lbino) G(omes) – M(aria dos) S(antos). Rua
Central.
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Fig.: 9 – Habitação de António Gonçalves dos Santos (1911-28.3.1991) e Maria Inácia (1919-4.3.1999),
filha de Joaquim de Oliveira Novo e de Inácia de Jesus. Com a data de 16.7.1941, a casa apresenta a
característica chaminé típica de lareira e cisterna circular, com pia. Rua da Ucha. Esta não tem, mas era
comum a colocação de cataventos metálicos nas casas, nomeadamente em forma de galo, como na casa
de Fernando Oliveira, no Largo da Amizade.
Junto às habitações, era comum, outrora, encontrar currais para os animais
domésticos. Um palheiro permitia o armazenamento de comida para o gado. Nos anos
40 e 50 da centúria de Novecentos divulgam-se os lagares de vinho que faziam uso de
uma prensa metálica. Por conseguinte, nas décadas de 30 e 40 do século passado, ainda
se usavam prensas de vara, de origem medieval. Após prensado, o fluido era colocado
em pipas apropriadas. Se, das vinhas para os lagares, as uvas eram transportadas em
dornas, em cima de carros-de-bois, do lagar para as vasilhas, os canecos, primeiro
metálicos e depois em plástico, permitiam levar o líquido, que era vertido para esses
depósitos, através de enormes funis. Os cereais e outras plantas eram transportados por
meio de carros-de-bois, para as eiras. Aqui eram malhados. No caso do milho, procediase, ao som de cantares populares, à descamisada do mesmo. As eiras da Cova Alta,
situadas ao nível do solo, têm uma estrutura circular.
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Fig.: 10 – “Casa da Eira”, pertença de Joaquim de Oliveira Novo e sua esposa, Inácia de Jesus.
A palha era remetida para o palheiro e os cereais para arcas específicas. Todavia,
por vezes era necessário colocar a erva em sistemas adequados à sua secagem, como o
que se pode verificar na Cova Alta.
Fig.: 11 – Sistema para a secagem de palha. Exemplar pertencente a José Pereira, filho de José Pereira e
neto de Constantino Pereira. A ele pertence também uma eira circular e um carro-de-bois, de trincos e
travão de segurança. Matrícula de Leiria, n.º 7.031. Rua do Convívio.
Os cereais eram transformados nos moinhos. Na Cova Alta, em 1900, existia um
único moinho eólico. O interessado levava as sacas com o milho ou o trigo, deixava a
maquia, e trazia a farinha ensacada para casa. Esta destinava-se à cozedura do pão, da
broa e dos tradicionais bolos. Estes eram colocados nas chaminés. No caso da azeitona,
a apanha era feita por mulheres e crianças, cantando. Os homens, munidos de varas,
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andavam em cima das oliveiras. Posteriormente, havia que transportar a azeitona para
um lagar. Ao lagar de varas, ainda usado em Oitocentos, sucedeu o lagar de galgas,
movido por bois. Após serem prensadas e entregue a respectiva maquia, o azeite, assim
como o que sobrava da azeitona, era levado para casa e armazenado em pias, circulares
ou rectangulares. O mosto era dado aos animais que, a juntar aos dejectos e à palha (ou
mato) por eles pisada, acabava por formar o estrume para fertilizar as terras. Por vezes,
o mato era colocado nos caminhos, onde passavam os carros puxados por animais e
pessoas apeadas, e esmagado. As terras ficavam férteis e prontas para as próximas
sementairas e plantações. Os animais bebiam água em pias mais toscas.
Fig.: 12 – Pia circular, junto à casa de Francisco Vieira Fétal, da Chainça.
Na Cova Alta existiu, numa propriedade de Constantino Pereira, falecido em
1918, um lagar de azeite, de galgas. Era a este lagar que os aldeões se dirigiam com a
respectiva azeitona. Mais tarde, o edifício foi transformado em lagar de vinho. Por
serem menos dispendiosos, quase cada família tinha um lagar para a transformação das
uvas em vinho. Existem ainda inúmeras e indênticas prensas circulares.
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Fig.: 13 – Neste edifício, outrora pertença de Constantino Pereira (1840-1918), situava-se o lagar de
azeite, que estava munido de uma caldeira a vapor. A estrututura apresenta várias datas. Na empena
virada a Sul, 1944. À entrada, a inscrição C. P. / 1915 / J. P. 5.11 / 1947. Desabreviada fica: C(onstantino)
P(ereira) / 1915 / J(oaquim) P(ereira) 5.11 / 1947. À entrada, no chão, provavelmente quando no mesmo
foi colocado cimento, 2.4.1955. De facto, é nos anos 50 do século XX que o cimento conhece uma maior
divulgação. Rua do Convívio.
No que diz respeito ao sector industrial, a Cova Alta nunca foi eficaz neste tipo
de exploração económica. A aldeia permeneceu sempre agrícola. A única excepção é a
antiga fábrica familiar “Alves & Vieira”. Francisco Vieira Alves, ou na sigla da casa, F.
V. A., nascido no ano de 1920, na Pinheiria, tendo casado com Maria de Jesus Silva, do
Vale do Sumo, em 1940, veio morar para a Cova Alta. Ficando viúvo, voltou a casar
com outra mulher do Vale do Sumo, Maria de Jesus Rodrigues.
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Fig.: 14 – Empresa “Alves & Vieira”. À esquerda, a serra.
Aqui chegaram a laborar 20 empregados. Rua do Convívio.
Em termos religiosos, apesar de terem pertencido ao Ramo de Vale do Sumo (e
hoje ao da Pinheiria), os moradores da Cova Alta deslocavam-se quase sempre a Santa
Catarina da Serra, para participarem no culto divino, assim como nos baptismos e
enterros de conterrâneos e/ou familiares ou amigos. Desde modo, participaram
activamente na edificação da Igreja Matriz, a qual se começou a construir em 1903. A
erecção da torre iniciou-se em Agosto de 1904 e a empreitada foi entregue, em segunda
arrematação, a António de Oliveira, da Cova Alta. O já citado Constantino Pereira, que
também era da Cova Alta, exercia, à época, o cargo de vogal da Junta de Paróquia.
Somente em 1906, a planta do Arquitecto Ernesto Korrodi, suíço, era defenitivamente
concluída, na prática.
Ao longo do século XIX e parte da centúria seguinte, para além das supracitadas
actividades agro-pastorís, os habitantes da Cova Alta, apesar de analfabetos, estavam
providos dos recomendáveis saberes religiosos. A missa era em Latim. As pessoas
dirigiam-se à Igreja Matriz pelo designado Vale das Namoradas, subindo as Escadas do
Alves, que dava acesso rápido à sede de Freguesia. Mais tarde, já no século XX, era por
aqui que os garotos se dirigiam a Santa Catarina para assistirem às aulas, na escola
(edificada em 1928), antes de serem transferidos para a Escola do Sobral. Também os
defuntos eram transportados por um caminho próximo, às costas. Na realidade, antes da
aquisição da carreta para transportar os mortos, hoje na Capela do Cemitério Público,
1919, os cadáveres, nos respectivos caixões, eram carregados por pessoas apeadas. A
construção da Estrada Nacional n.° 357, que liga a Quinta da Sardinha à Freguesia de
Fátima, em 1950, veio facilitar o transporte dos mortos.
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Fig.: 15 – Escadaria do Alves. Dava acesso à Pinheiria e a Santa Catarina da Serra. Mais uma vez, a
relação entre a Cova Alta e a Pinheiria. O nome Alves, atribuído às escadas tem a ver com a casa
a que ía dar, pertencente a uma família dos Alves, provida já de algum dinheiro.
A somar aos conhecimentos agro-pastorís e religiosos, estavam os saberes
transmitidos de geração para geração, ou entre conterrâneos. Costumes e tradições, hoje
confinados ao Rancho Folclórico de São Guilherme, eram usuais há mais de 100 anos.
É fundamental acrescentar também os medos que essa população da Cova Alta dos
séculos XIX e XX tinha de certos fenómenos naturais, caso dos eclipses solares, dos
sismos, das adversas e diversas condições atmosféricas. Enfim, de tudo aquilo que, por
ser raro, não fazia parte do quotidiano dos moradores da Cova Alta. De uma forma não
clarificada, mezinhas, chás e rezas de todo o tipo, serviam para promover ou acelerar a
cura de certas doenças. Rituais vários permitiam – como se pensava –, aplacar, acalmar
a ira divina e, deste modo, controlar tempestades e ciclones, como se verificou
relativamente ao de 15 de Fevereiro de 1941.
Outros fenómenos, raros, pertencendo à religiosidade popular, incorporam,
ainda, elementos religiosos cristãos enquadrados na natureza.
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Fig.: 16 – Alminha existente no “santuário” da Cova Alta. Feito por Júlio Mateus, morador da Rua
Mateus, tantas vezes ao som da sua flauta. Acesso pela Rua da Arreota.
Hoje a Cova Alta apresenta-se como uma terra em crescimento. A Agricultura, o
motor de outrora, foi praticamente abandonada. Produz-se ainda grande quantidade de
vinho, mas as máquinas substituíram em grande parte o Homem nos afazeres da terra.
Surgem pequenas empresas e os moradores trabalham e estudam fora da sua aldeia.
Casais jovens, naturais ou não, têm-se instalado na povoação, dando origem a novas
famílias. A Cova Alta projecta-se para o Futuro. Por isso, este trabalho fica em aberto.
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