AVALIAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM AULAS EXPERIMENTAIS NOS CONTEÚDOS GEOCIENTÍFICOS ABORDADOS NO PRÉ-VESTIBULAR SOCIAL DA UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO, ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO-RJ FIRMINO, Andressa Raiane de Souza¹ FERREIRA, Luana Jesus Silva¹ MARQUES, Gustavo Monte¹ MACHADO, Johann Carlos¹ MENEZES, Mayara Barata¹ RODRIGUES, Ana Paula de Castro² CARVALHEIRA, Rodrigo Guerra² BARBOSA, Jane Rangel Alves³ Palavras-chave: Ensino. Geociências. Experimento. Introdução A humanidade está em constante transformação ao longo dos anos, no entanto a educação e suas técnicas de ensino devem acompanhar a constante mudança da humanidade, sendo um mecanismo de levar a informação e a formação de formas distintas de acordo com a realidade existente em cada lugar, sendo o professor o mediador do ensino, no qual cada aluno construirá seu conhecimento de forma particular com base em suas experiências anteriores e o que guardou delas (PRIGOL & GIANNOTTI, 2008). As práticas de ensino abrem um leque de metodologias a ser aplicado de acordo com a necessidade e dificuldade de cada realidade, pois é na prática que o aluno e o professor vivenciarão experiências juntos, como a de relacionar na prática o conhecimento adquirido, trazendo, assim, o conteúdo didático para a realidade em que vivemos, não utilizando apenas métodos tradicionais (FERREIRA et al., 2011). 1 Acadêmicos participantes do projeto PIBIC&T/UCB (Vigência: Out/.2013 a Out./2014). Grupo de Pesquisa Popularização das geociências nas escolas de ensino básico, da Universidade Castelo Branco. Curso de Ciências Biológicas da Universidade Castelo Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 1 Co-Orientador. Grupo de Pesquisa Doutora Ana Paula Rodrigues e Mestre Rodrigo Guerra CarvalheiraCurso de Ciências Biológicas da Universidade Castelo Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 1 Orientador. Grupo de Pesquisa doutora Jane Rangel. Curso de Ciências Biológicas da Universidade Castelo Branco (UCB), Campus Realengo, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Procedimentos Metodológicos A pesquisa foi realizada com alunos do pré-vestibular social do Programa MicroEscola, da Universidade Castelo Branco, Zona Oeste do Rio de Janeiro – RJ. A avaliação da aprendizagem dos alunos em função da realização dos experimentos foi realizada quantitativamente a partir de questionários curtos, relacionados ao tema abordado em cada aula (intervenção). O mesmo questionário foi aplicado antes e após de cada aula/intervenção, para pesquisar o que os alunos saberiam responder mesmo antes dos experimentos realizados. As respostas foram categorizadas em “completas, incompletas e sem resposta”, de acordo com respostas padrão elaboradas pelos pesquisadores envolvidos no projeto. Resultados A primeira intervenção de aulas práticas contou-se com a presença de 15 alunos. A intervenção foi constituída da apresentação de um experimento com diferentes tipos de solo. O fundamento deste experimento era sinalizar o que era solo, seus constituintes e como eles podem ser diferentes, assim como mostrar a capacidade de infiltração da água em cada um, após colocar água sobre cada solo. Outro ponto importante desta aula prática foi demonstrar como a vegetação estabelecia uma relação importante com o solo, sendo demonstrada em duas bandejas, uma com placa de grama e outra com terra sem grama. O último experimento teve como objetivo demonstrar os efeitos da impermeabilização do solo. Para tal, foi utilizado um pouco de terra embalada com papel insulfilme, compactado em uma bandeja, simulando o asfalto sobre o solo impossibilitando a absorção da água da chuva. Para esta primeira intervenção, os resultados obtidos estão apresentados na figura 1. Pode-se observar que para a questão “o que é o solo?”, as respostas consideradas completas antes das práticas foram nulas (0%) e após houve um aumento, tendo 20% de respostas completas. As respostas consideradas incompletas foram a maioria antes da intervenção (87%) e também após intervenção (80%). Para a pergunta “qual a importância da vegetação no solo?” foram obtidos os seguintes resultados: respostas completas – antes 0% e após 20%; incompletas – antes 93% e após 80%; não responderam – antes 7%. E para a terceira questão, “o que é erosão e cite fatores que influenciam neste processo?”, foram obtidas respostas completas – antes 0% e após 25%; incompletas – antes 75% e após 75%; não responderam – antes 25%. Figura 1. Gráfico referente avaliação de ensino-aprendizagem da intervenção 1 antes e depois das aulas experimentais. A segunda intervenção teve como finalidade especificar bacias hidrográficas, fenômenos de assoreamento e alguns dos seus principais motivos de ocorrência. Nesta prática foi utilizado um recipiente transparente contendo 2 cm de terra e 1 cm de lâmina d’água sobre a terra, PVC de 50 cm, cortado de forma longitudinal. Nesta intervenção estavam presentes 12 alunos, sendo apresentados os resultados na figura 2. Para a questão “o que é bacia hidrográfica” foram observados os seguintes percentuais: respostas completas – antes 0% e após 69%, incompletas – antes 42% e após 31%, e não responderam – antes 58% e após 0%. Para a questão “o que é assoreamento?”, os resultados foram: completas – antes 0% e após 69%, incompletas – antes 42% e após 31%, não responderam – antes 58% e após 0%. Para a terceira questão “Cite fatores que influenciam no processo de assoreamento”, observaram-se as seguintes respostas: completas - antes 0% e após 20%, incompletas – antes 50% e após 80%, não responderam – antes 50% e após 0%. E para a última questão “Diga um problema resultante dos assoreamentos de rios” foram consideradas completas – antes 0% e após 15%, incompletas - antes 62% após 85%, não respondeu – antes 38% e após 0%. Figura 2. Gráfico referente avaliação de ensino-aprendizagem da intervenção 2 antes e depois das aulas experimentais. A terceira interveção foi realizada com 13 alunos presentes, quando foi contextualizada a diferença entre poluição e contaminação e sua relação com a bioacumalção e problemas de eutrofização em corpos hídricos. Foram utilizadas quatro garrafas contendo água do Rio Catarino, diluídas em diferentes concetrações de água limpa, onde os alunos puderam observar ao final do experimento a cor, o odor, o ph (com auxílio de fitas de pH) e aspecto da água nas diferentes garrafas, assim como a presença de corpos estranhos observados a olho nú indagando os possíveis acontecimentos. Para exemplicar o fenômeno da bioacumulação, foi utilizada uma mistura de água e anelina preta e uma rosa branca, que ficava imersa apenas pelo pedúnculo no recipiente contendo a mistura por alguns minutos. Para a presente prática, obteve-se os resultados apresentados na figura 3: Figura 3. Gráfico referente avaliação de ensino-aprendizagem da intervenção 3 antes e depois das aulas experimentais. A quarta intervenção teve 18 alunos participantes, e os temas abordados foram os ciclos da água, do oxigênio e do carbono, contextualizando a importância de cada ciclo no meio ambiente e problemas ambientais causados por desequilíbrios nestes ciclos biogeoquímicos. Para ilustrar o ciclo curto da água, o ciclo do oxigênio e do carbono, foi utilizado um terrário fechado. Para exemplificar que o carbono e a água fazem parte da composição orgânica e que na decomposição e combustão estes elementos retornam à atmosfera, foi utilizada uma folha de goiabeira, a qual foi pesada em uma balança de precisão antes e após desidratação com uma prancha de cabelo, verificando a relação da perda de água com seu peso. E após a queima da mesma era possível observar a diminuição considerável de seu peso por perda de água e dióxido de carbono. Para a presente prática obteve-se os resultados apresentados na figura 4. Figura 4. Gráfico referente à avaliação de ensino-aprendizagem da intervenção 4 antes e depois das aulas experimentais. A quinta e última intervenção continha 18 alunos participantes e teve como tema abordado os ciclos do nitrogênio, do enxofre e do fósforo, contextualizando a importância destes ciclos no ambiente, como acontecem e problemas ambientais causados pelos seus desequilíbrios. Para demonstrar a presença destes elementos no ambiente foi utilizado um kit para medição da concentração de amônia para aquário. Para explicar o fenômeno da chuva ácida e sua relação com o ciclo do enxofre, foi utilizado um pote de vidro, água em seu interior, um aparato com enxofre para iniciar a queima, vedando-o com uma tampa contendo uma fita de papel tornassol indicador de ácido. Para explicar e sintetisar uma parte do ciclo do fóforo, foi apresentado um mineral, a Apatita, no qual sua composição apresenta fosfato. Os resultados observados estão descritos na figura 5. Figura 5. Gráfico referente à avaliação de ensino-aprendizagem da intervenção 5 antes e depois das aulas experimentais. A figura 6 apresenta os dados gerais obtidos nas avaliações diagnósticas de ensinoaprendizagem na proporção total de respostas completas, incompletas e sem respostas antes e após os experimentos, tendo antes das aulas práticas o total de 13% de respostas completas e após 48%; para respostas incompletas obteve-se antes das experimentações 48% e 49% após, e o percentual de alunos que não responderam às questões foi 39% antes das práticas para 3% após as exposições. Figura 6. Gráfico referente ao diagnóstico total da avaliação de ensino-aprendizagem em todas as intervenções antes e após as aulas experimentais. Discussão dos resultados A porcentagem de questões incompletas e sem respostas de antes para depois das aulas práticas diminuiu; o número de questões completas é bastante significativo após as aulas práticas em todas as intervenções realizadas. Assim, as observações feitas no presente trabalho corroboram com o trabalho realizado por Prigol e Giannotti (2008), que destaca a importância da utilização de práticas no processo de ensino-aprendizagem de ciências naturais, nas quais se observou a diferença no rendimento de duas turmas distintas com questionários de sondagens, cuja turma que obteve aula prática teve uma média de acertos de 72,0, ao contrário da turma que não obteve aula prática, que teve uma média de 37,3 acertos. Uebel e Konig (2009) fizeram a mesma observação após realizar um estudo com duas turmas de 8° série abordando o tema magnetismo, quando ministraram em uma turma duas aulas predominantemente experimentais, e em outra turma semelhante, duas aulas predominantemente teóricas; após, analisaram os resultado da investigação com questionários e perceberam que os alunos da aula experimental obtiveram melhor desempenho conceitual no segundo questionário. Neves et al (2012) ressaltam em sua pesquisa que as aulas práticas instigam a criticidade dos alunos, um melhor desempenho cognitivo rumo à alfabetização científica, o que justifica o fato de ter aumentado o número de respostas completas e incompletas após as aulas experimentais e ter diminuído o percentual de alunos que deixaram questões sem respostas. De acordo com Fonseca et al (2005), as aulas em que são implementados diferentes trabalhos experimentais potencializam um ensino mais dinâmico, em especial o de matérias afins à Geologia, como trabalhado em seu estudo, no qual se destacou a vontade dos alunos para saber e para saber fazer. Esse fato pode justificar a diferença significativa e positiva dos resultados apresentados nesta intervenção após as aulas práticas, tendo em vista que os alunos estiveram sempre envolvidos nas aulas práticas. Considerações Finais Um fator observado é que nas aulas práticas os alunos estão mais dispostos e curiosos com o manuseio da aula experimental e como associar os elementos utilizados com o tema abordado, que pode ser um diferencial para sua aprendizagem, tendo em vista sua predisposição e ânimo para o assunto, sendo também uma oportunidade dinâmica do professor esclarecer novamente questões que passaram despercebidas por alguns alunos na aula teórica. A inserção de temas geocientíficos nos diferentes segmentos de ensino necessita de iniciativas inovadoras e criativas que permitam disseminação e acesso efetivo para professores e estudante tais como as aulas experimentais usadas como ferramenta deste estudo, que teve um aumento de respostas completas e a diminuição de respostas incompletas e questões sem respostas, alcançando bons resultados nas atividades realizadas. Referências Bibliográficas ALMEIDA, Maria José & FILHO, Benigno Barreto. Um diálogo com trabalhos sobre experimentação nas ciências do Ensino Fundamental. (In: III Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências - RS, Porto Alegre:2001.Atas... Porto Alegre: IF/UFRS, 2001). FERREIRA, Alessandra Aparecida; RODRIGUES, Simone Xavier Camilo; JESUS, José Novais de. A importância da prática de ensino em geografia (In: IV Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino - Goiás,Goiana:2011. Anais... Goiana: CEPED,2011). FONSECA, P.; BARREIRAS, S.; VASCONCELOS, C. Trabalho experimental no ensino da Geologia: Aplicações da investigação na sala de aula. Enseñanza de las ciências. v. 3, n. 3, p.15,2005 NEVES, Jhonatan David Santos das; COSTA, Josefa Betânia Vilela; BARROS, Rubens Pessoa de. O ensino de ciências biológicas através de aulas experimentais: uma ação de prática docente.(In: VI Colóquio Internacional: Educação e Contemporaneidade-SE, São Cristóvão:2012. Anais...São Cristovão: UFU, 2012). PRIGOL, Sintia & GIANNOTTI, Sandra Moraes. A importância da utilização de práticas no processo de ensino-aprendizagem de ciências naturais focando a morfologia da flor (In: I SIMPÓSIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO-PR, Cascavel: 2012. Anais... Cascavel: UNIOESTE, 21 ed., 2008). UEBEL, T. & KÖNIG, R. Aulas experimentais são eficazes?. Revista Destaques Acadêmicos. v.1, n. 4, p.1-10,2009.