informação SUMÁRIO Abril 2011 - Ano XXXVII TEMAS DE CAPA A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE Os Empresários perante o futuro RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE 2010 PORTUGAL EXPORTADOR 2010 NOTA dO EdITOR EXPORTAR MAIS Num momento excepcionalmente crítico que o país atravessa e sabendo-se que a recuperação económica passa, necessariamente, pelo aumento das exportações é-nos grato reproduzir a publicação “A Criação de Riqueza na hora da Verdade – Os empresários perante o futuro”. é, fundamentalmente, um documento de reflexão que propõe uma visão integrada de desenvolvimento do nosso país, um desafio que nos aponta para a urgência em rever as políticas públicas em que assenta a nossa economia dual, em que determinados sectores, considerados “protegidos”, têm enquadramentos mais favoráveis que os sectores de bens transaccionáveis. destacamos também a reportagem sobre o Portugal Exportador, iniciativa da AIP que conta com a colaboração da AICEP e do BES, e que tem por objectivo possibilitar, num só dia e num só local, o acesso das PME que nunca exportaram ou que o fazem pontualmente, a um conjunto diversificado de serviços de apoio à actividade exportadora. Nesta rubrica, publicamos ainda informação sobre 13 mercados com potencial de intensificação das relações económicas e os “10 passos para começar a exportar”. EdITORIAL Por André Magrinho PÁG. 2 A CRIAÇÃO dE RIQUEZA NA hORA dA VERdAdE - Os Empresários perante o futuro. PÁG. 3 PORTUGAL EXPORTAdOR 2010 13 mercados em análise 9 grandes temas em destaque 10 passos para começar a exportar PÁG. PÁG. PÁG. PÁG. RELATÓRIO dA COMPETITIVIdAdE 2010 PÁG. 60 ENSAIO José Veiga Simão PÁG. 100 ESPAÇO INOVAÇÃO E COMPETITIVIdAdE Reportagem sobre o ISQ PÁG. 108 ASSOCIATIVISMO Reportagem sobre a NERPOR A internacionalização de pequenas produções - por João Amaral PÁG. 114 PÁG. 122 OPINIÃO Por Nuno Brito Lopes e Ana Rodrigues Ventura PÁG. 123 ACTUALIdAdE AIP PÁG. 126 PUBLICAÇÕES PÁG. 172 FIChA TéCNICA EDIÇÃO E PROPRIEDADE: Associação Industrial Portuguesa/Câmara de Comércio e Indústria Praça das Indústrias - 1300-307 LISBOA Tel: 21 360 10 00 - Fax: 21 360 10 26 E-mail: [email protected] www.aip.pt PUBLICIDADE: António Monteiro E-mail: [email protected] Tel.: 21 360 16 86 - Fax: 21 360 10 26 ASSINATURA ANUAL: € 25 (IVA incluído) DEPÓSITO LEGAL Nº: 137999/99 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA A ASSOCIADOS DIRECTOR: André Magrinho Nº DE REGISTO ICS: 121228 PAGINAÇÃO: [email protected] EDITOR: João Pedroso - Gab. de Comunicação e Imagem da AIP ISSN: 0870287X IMPRESSÃO: PRINTIPO - Indústrias Gráficas, Lda. PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 5.500 exemplares 22 26 46 53 EDITORIAL “Impõe-se uma nova cultura de responsabilidade e um compromisso ético para unir os portugueses” ANDRÉ MAGRINHO Adjunto do Presidente do Conselho Geral da AIP-CCI 2 • Abril de 2011 ois temas de capa que esta edição da Revista AIP Informação releva, “A Criação de Riqueza na Hora da Verdade – Os empresários perante o futuro” e o “Portugal Exportador” comportam, respectivamente, uma visão crítica sobre o nosso modelo de desenvolvimento, avançando com novas orientações, e apresentam um guia de acção para o acesso aos mercados de exportação, um pilar fundamental para a sustentabilidade da nossa economia. Aliás, é hoje relativamente consensual que tal sustentabilidade só é possível por via de uma reorientação para o campo das actividades transaccionáveis, tanto por parte das políticas públicas atinentes à economia como das estratégias empresariais que estão no cerne da criação de riqueza. Significa que temos forçosamente de passar de um peso das exportações no PIB, dos 30 a 32%, que é o registo dos últimos anos, para outro patamar não inferior a 40% do PIB, num horizonte de médio prazo. Ao criar este foco estaremos também a defender o nosso mercado doméstico que, em economia aberta, se rege pelos mesmos parâmetros de competitividade, obrigando-nos a pensar global e a agir localmente, ou seja, cuidando da cadeia de valor da nossa oferta de bens e serviços, independentemente da geografia dos nossos clientes. Isto é tanto mais importante quanto é sabido que a economia portuguesa atravessa um dos momentos mais críticos das últimas décadas, estando em curso a preparação da intervenção do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), visando o resgate da nossa economia. É certo que a situação a que se chegou tem razões que se prendem com as consequências da crise económica e financeira internacional, com a “guerra económica” contra as economias mais frágeis como a portuguesa, movida pelas agências de rating e pelos mercados financeiros, em que a própria moeda europeia, o Euro, não deixa de estar também na trajectória dos “ataques”. Mas é acima de tudo verdade que os portugueses estão a ser chamados à razão por aquilo que, colectivamente, ao longo dos anos, nos planos político, económico e empresarial, não conseguiram fazer, ou pelo menos não o conseguiram com a amplitude necessária, para enfrentar com êxito os desafios, extremamente exigentes, que se colocam nesta nova era global em que vivemos. A questão decisiva para Portugal, nos próximos anos, vai ser a de encontrar soluções inteligentes que nos permitam conciliar o imperativo de consolidação das contas públicas com a necessidade incontornável de uma agenda de crescimento. Significa que as políticas públicas e os sistemas de incentivos deverão sinalizar devidamente os focos para onde importa transferir recursos, em particular para as actividades transaccionáveis. É tempo de cada um de nós, aos diferentes níveis e qualidades em que participa na vida política, empresarial, económica e cultural, se interrogar sobre aquilo que pode fazer por Portugal. Impõe-se, por isso, uma nova cultura de responsabilidade e um compromisso ético para unir os portugueses como, aliás, a AIP vem persistentemente defendendo. D Abril de 2011 • 3 NOTA DE ABERTURA Carta Magna da Competitividade, elaborada pela AIP-CCI, constitui um marco do maior significado na vida dos empresários. Este documento vem actualizar conceitos fundamentais inerentes às políticas públicas e estratégias empresariais nela expressas. A ROCHA DE MATOS Presidente da AIP-CCI A Criação de Riqueza na Hora da Verdade é uma proposta que traduz o inconformismo e a vontade de vencer por parte dos empresários, num momento particularmente crítico para a economia, para o emprego e para as famílias portuguesas. Aliás, esse inconformismo, a atitude mobilizadora e a vontade de vencer fazem parte da matriz genética da AIP-CCI. É por isso que, ao longo da sua história, sempre demonstrou uma grande capacidade para reflectir uma visão sobre o futuro, associada a um projecto de mudança e de modernidade, afirmando-se como uma organização aberta à sociedade e, como tal, um actor incontornável da evolução sócioeconómica e cultural. Este é, sem dúvida, um daqueles momentos em que unir esforços, congregar vontades e inteligências de modo a ver Portugal pela positiva, constitui um imperativo. A crise também encerra um quadro de oportunidades, sendo, por isso, um desafio à criatividade, à inovação e à capacidade empreendedora dos portugueses. É nos momentos de crise que se tomam decisões e se implementam mudanças com alcance estratégico. A dinâmica evidenciada pelas exportações nos últimos anos é a prova que os empresários estão fazer o seu trabalho e a responder positivamente às expectativas que sobre eles recaem. A Criação de Riqueza na Hora da Verdade tem a particularidade de nos mostrar as várias dimensões daquele que é, sem dúvida, o maior desafio para economia portuguesa "alargar e enriquecer a carteira de actividades transaccionáveis que permitem a Portugal afirmar-se perante a globalização e ao mesmo tempo defender de forma competitiva o seu mercado doméstico". É um desafio que faz apelo a um novo modelo de desenvolvimento, que acentua a dimensão euro-atlântica, procura mobilizar as PME para o terreno da internacionalização, releva a economia do mar, aponta as vantagens de uma política inteligente de clusters, enfatiza a necessidade de valorizar competitivamente o território e atrair IDE, assim como de desenvolver uma rede eficaz de inteligência competitiva visando o acesso aos mercados. Estou certo que a esmagadora maioria dos empresários estará à altura dos desafios que se lhes colocam e o mesmo se espera das autoridades públicas, para que, conjuntamente, se forjem estratégias de afirmação inteligentes, na base de objectivos comuns.Trata-se, afinal, de investir na produtividade, na competitividade e na criação e qualidade do emprego, ou seja, Criar Riqueza na Hora da Verdade. Nesta comemoração dos 174 anos de existência da AIP-CCI duas referências finais: A primeira – a elaboração deste documento - diz respeito à reafirmação da AIP-CCI como entidade pensadora sobre as grandes questões nacionais, fazendo jus à sua matriz genética. A segunda – a sua entrega à CIP - simboliza o novo quadro associativo nacional que emergiu dos acordos estabelecidos entre a AEP, a AIP-CCI e a CIP. A AIP-CCI a partir de agora faz parte de uma cúpula associativa nacional e a entrega desta reflexão ao Senhor Presidente da CIP, que certamente a utilizará no interesse da economia e das empresas, simboliza o nosso espírito de cooperação presente e futura, num quadro de total independência de pensamento. INTRODUÇÃO OS EMPRESÁRIOS NÃO DESISTEM DE SER VOZ DA ESPERANÇA Antero de Quental em “Causas da decadência dos Povos Peninsulares” afirmou: A crise política, económica e social a que os portugueses estão submetidos obriga a comunidade empresarial a reflectir sobre as políticas públicas e as estratégias empresariais a prosseguir no futuro, consciente de que Portugal tem de recuperar décadas perdidas e de que não aceita a decadência O nome da mudança é Revolução; revolução não quer dizer guerra, mas sim paz; não quer dizer licença, mas sim ordem; ordem, verdadeira pela verdadeira liberdade. Longe de apelar para a insurreição, pretende preveni-la torná-la impossível. Assim deverá ser para defesa da Democracia: Para além dos condenáveis "défices orçamentais" e das preocupantes "dívidas públicas e para-públicas", a que se adiciona a excessiva “dívida privada”, incluindo a de algumas grandes empresas, é urgente e necessário adoptar um plano e um programa estratégico, estruturantes, compreensíveis para os cidadãos, que propiciem a criação de riqueza e a sua justa repartição. Os desafios de hoje exigem, no entanto, soluções ambiciosas e programadas, que fortaleçam a qualidade nunca pensaram que passados 36 anos de Abril, 25 anos de integração na Europa e 12 anos de adesão ao euro, o seu "modus vivendi” esteja posto em causa, obrigados a sacrifícios dolorosos, e sem perspectivas de futuro. Impõe-se criar um ambiente político em que a má gestão da res publica não possa existir. Para isso, os empresários - cuja participação na definição e implementação das políticas públicas tem sido diminuta, reflexo de um associativismo sem unidade estratégica - criar riqueza na hora da verdade é a verdadeira mudança. Está em causa a soberania da inteligência, a soberania do conhecimento e da sua oportuna aplicação. E esta tem uma amplitude global: o País não é pobre, não é pequeno, não é exíguo; o País tem a dimensão da criatividade dos seus cidadãos. da Democracia e contribuam para a preservação, em grau respeitável no concerto das nações, da própria independência nacional. Em plena crise, a verdade é que os portugueses, alheios em demasia à discussão e reflexão políticas, não podem permanecer passivos perante indicadores de desenvolvimento e de competitividade globais, que nos colocam ano após ano na cauda da União Europeia. Ontem éramos o décimo quarto entre os quinze da Comunidade Europeia, Abril de 2011 • 5 informação A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE hoje somos o vigésimo primeiro entre os vinte e sete da União Europeia. Na prática esses indicadores são o espelho de uma efectiva diminuição na criação da riqueza industrial e agrícola e de uma concentração inexplicável da nossa actividade económica em prestações de serviços no mercado interno, sujeitas a intermitentes dependências externas. estabilidade das políticas e das leis, sob o signo da simplicidade, da eficiência e da utilidade para o cidadão e para a economia. 3. Reformar o Estado e a Administração Pública, redefinindo a sua missão e funções no quadro de uma sociedade do conhecimento e da informação, de um novo modelo de desenvolvimento e dos da qualidade e excelência. 4. Implementar um novo modelo de desenvolvimento que - em consonância com a Carta Magna da Competitividade, apresentada pela Associação Industrial Portuguesa em 2003 ao poder político e à sociedade civil - integre a estratégia euroatlântica e a economia Apesar destas circunstâncias adversas, os empresários não aceitam as previsões sobre a inevitabilidade de um retrocesso no desenvolvimento do País. Pelo contrário, perante este pano de fundo, consideram ser seu dever contribuir para uma estratégia de desenvolvimento, a qual, no seu entendimento, só é possível se houver plena satisfação de condições eminentemente políticas. Ao enunciar essas condições os empresários assumem uma posição em defesa do interesse nacional e repudiam ataques personalizados, em regra dominados por géneses partidárias, de que os empresários se distanciam com total liberdade de pensamento. Entre essas condições políticas os empresários sublinham as seguintes: 1. Fomentar a ética da responsabilidade, do rigor e da honradez na actividade política e empresarial e privilegiar as boas práticas, traduzidas numa cultura de exigência, de disciplina, de empreendedorismo e de uma avaliação credível do desempenho das instituições do Estado e da sociedade civil. É necessário falar com verdade e com saber respeitado pelos portugueses. 2. Desenvolver capacidades de análise atempada e competente da realidade internacional, europeia e nacional, ou seja, de estudo dos problemas em tempo útil, em particular de capacidades de previsão e de planeamento, com vista a antecipar a inovação e a mudança e a equilibrá-las com a 6 • Abril de 2011 desafios crescentes da globalização, da atractividade e da coesão social. Uma prioridade evidente na Reforma do Estado reside na profissionalização dos quadros dirigentes da Administração directores e subdirectores gerais, presidentes e vice-presidentes de institutos ou equivalentes – no sentido de uma nova configuração da Administração Pública, visando uma redução de pelo menos 50% do número de institutos, de fundações e de empresas de capitais públicos, do poder central e das autarquias e na concepção de uma estrutura do Governo, e dos gabinetes dos seus membros com menor dimensão. Os cortes cegos na Administração Pública e a criação indiscriminada de serviços paralelos, só servem para manter o inútil em prejuízo do mar na opção europeia numa estratégia substanciada pelas dez políticas públicas e dez estratégicas empresariais, explicitadas na Carta Magna da Competitividade e recentemente actualizadas. 5. Orientar o novo modelo de desenvolvimento para um crescimento económico sustentado, caracterizado pela produtividade e competitividade, conducente a conferir prioridade máxima à produção e exportação de bens e serviços de qualidade e valorizáveis nos mercados externos, maximizar as nossas vantagens comparativas, de modo a atingir--se no período de quinze anos o dobro da actual percentagem de 34% do PIB, ou seja, aproximando-nos aceleradamente da percentagem de 60%. Refira-se que esta última percentagem repre- OS EMPRESÁRIOS PERANTE O FUTURO Acima de tudo é necessário cultivar o “etho” de bem servir; nesse aspecto a III República devia seguir o exemplo da I República. senta a atingida em 2008 pelos nossos parceiros da União Europeia com dimensão similar; apostar em simultâneo em bens transaccionáveis de qualidade que substituam em termos competitivos as importações. A produtividade e a competitividade são condições essenciais de uma desejável prosperidade. 6. Eliminar as raízes da economia dual que tem prevalecido no País desde os anos 90 do século passado, as quais contribuíram em grande parte para a crise actual. Como salienta Vítor Bento a alteração dos termos de troca entre o sector dos bens transaccionáveis e o sector dos bens não transaccionáveis constitui o nó cego da nossa economia. Os empresários em 2011 não querem um País de "soberania permanentemente endividada” nem transformá-lo em "região europeia tutelada". A soberania do conhecimento e a herança cultural são pilares que sustentam a relativa independência nacional. Temos de reconhecer que a opinião pública e publicada lança contínuas suspeições sobre osmoses entre intérpretes da Política e dos Negócios. Na verdade sendo a Política e os Negócios actividades respeitáveis, o seu exercício em plenitude exige de todos clareza e transparência, independência de pensamento e de acção. O País anseia que a governação e o desempenho dos cidadãos sejam dominados pela pedagogia do exemplo de homens e mulheres honestos, princípio proclamado pelos empresários fundadores da Associação Industrial Portuguesa nos seus estatutos de 1837 Abril de 2011 • 7 informação A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE FRAGILIDADES A ELIMINAR Antero de Quental alertou-nos para que: Se não reconhecemos os nossos erros passados, como podemos aspirar a uma emenda sincera e definitiva? A adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia foi essencial para a consolidação da democracia em Portugal, ainda que os dossiês relativos às negociações para o processo de integração apresentassem graves lacunas, designadamente no que respeita à defesa do interesse nacional na agricultura, nas pescas e na indústria transformadora portuguesa. A aprovação excepcional no Tratado de Adesão de um programa como o PEdIP revela que os governantes responsáveis tiveram consciência dessas lacunas. A verdade é que os erros se vêm repetindo. Ora, o modelo de desenvolvimento que se foi consolidando no nosso País, ao longo das décadas seguintes a 1986, fundamentado nessa opção europeia, em vez de corrigir essas lacunas, seduziu-se pela subsidiação por fundos comunitários e abriu portas a um consumismo insustentável. Desse modo passou para segundo plano a modernização do Estado e das instituições públicas e privadas, com reflexo negativo em actividades criadoras de riqueza. Ao ostracizarem-se progressivamente as potencialidades atlânticas e ao dar-se prioridade à produção de bens e serviços não transaccionáveis, em prejuízo dos bens transaccionáveis, gerou-se uma situação com efeitos negativos na vida das empresas exportadoras e no emprego, com reflexos na vida das famílias. Após uma década perdida em crescimento económico, recuando-se em 2010 para níveis do ano 2000, constata-se na prática que: 1) A situação criada e as vulnerabilidades permitidas no contexto de uma fortíssima pressão dos mercados financeiros, em simultâneo com a aprovação do Orçamento do Estado para 2011, veio revelar de forma inequívoca as fragilidades da economia portuguesa, com consequências sociais preocupantes. 2) A frustração sentida pelos portugueses, presente na discussão sobre o Orçamento do Estado para 2011, resulta entre outras razões de que não se perspectiva uma melhoria do futuro após os sacrifícios exigidos, não sendo visível qualquer preocupação com a revisão do actual modelo de desenvolvimento, causa primeira da dramática situação que vivemos, nem se vislumbram sinais consistentes sobre a forma como dela possamos sair no médio prazo. Ao mesmo tempo as controvérsias, de cariz exclusivamente político, sobre investimentos infraestruturais de maior escala, não permitem distinguir nem decidir sobre os investimentos que devem ser feitos nesta fase recessiva para tornar a economia portuguesa mais atractiva para o investimento externo, quando a crise for ultrapassada a nível mundial. A questão crucial é a de que esses investimentos têm de ser pensados com urgência no sentido de os integrar num modelo de desenvolvimento criador de riqueza e baseados em estudos credíveis de custo-benefício. Para melhor se compreender a situação em que nos encontramos, os empresários consideram de grande utilidade, para melhor construir o futuro, analisar criticamente e corrigir criativamente as seguintes características do OS EMPRESÁRIOS PERANTE O FUTURO modelo actual: a) Portugal que é pela sua natureza uma pequena economia aberta, tal como a Áustria, a Dinamarca e a Finlândia, todos eles antigos membros da EFTA e, também, como a República Checa, a Eslováquia e a Hungria, agora membros da União Europeia, tem-se comportado, em termos da sua abertura ao exterior, como se fosse uma das médias potências europeias, como o Reino Unido, a França, a Itália ou a Espanha. Isto significa, incompreensivelmente, que não se teve em devida conta que estas economias podem permitir-se ser menos abertas ao exterior, porquanto contam com mercados internos várias vezes maiores do que o de Portugal, isto é, desfrutam de uma economia de proximidade de muito maior dimensão. A agravar esta situação Portugal desprezou os bens transaccionáveis nesta economia, tornando-se mais dependente em bens alimentares e não modernizando sectores da indústria transformadora onde o saber português era reconhecido internacionalmente. Estes factos, inexplicavelmente omitidos nas decisões sobre políticas públicas, explicam em grande parte a razão porque uma pequena economia como a nossa permanece pouco competitiva e incapaz de crescer de forma sustentada. b) Um exame mais pormenorizado dos graus de abertura das economias dos países europeus, mencionados na alínea anterior, segundo dados do Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento relativos ao ano 2007, o último com dados fidedignos, constata-se que o comportamento da nossa economia de 10 milhões de pessoas está próximo do relativo a países com mercados domésticos de maior dimensão, entre 50 e 70 milhões de pessoas. Este comportamento reflecte a que ponto chegou o desequilíbrio existente no nosso País entre empresas de bens não transaccionáveis e empresas de bens transaccionáveis, do qual derivam sérios prejuízos para a criação de riqueza e para a exportação. É urgente romper com esta estrutura desequilibrada de uma economia dual, com a agravante de ela ser o espelho de alianças perniciosas entre governos, alguma banca, empresas públicas e empresas privadas, nem sempre seleccionadas por concursos públicos, ou seja, por uma sadia concorrência. O quadro I (página seguinte) traduz a estrutura da referida economia dual nos países mencionados anteriormente. Esta “viragem para dentro” em plena globalização torna-se ainda mais visível quando se verifica que uma parte significativa dessas exportações é assegurada por empresas multinacionais. É essencial reconhecer que demonstrações iniciais de sucesso empresarial, sem análises prospectivas de crescimento económico, conduziram a que a economia portuguesa encontrasse no mercado interno as áreas mais favoráveis a retornos de investimento elevados, difíceis de obter na competição internacional. Foi o que aconteceu, por exemplo, com os sectores financeiros, os da distribuição, os do imobiliário residencial, comercial e de escritórios, os da construção, obras públicas e concessões, os do sector cimenteiro e, principalmente, os dos sectores que fornecem serviços infra-estruturais: electricidade, gás e petróleo, água, telecomunicações e ambiente. Numa dinâmica de progresso momentâneo, mas hipotecando em demasia a vida de gerações futuras, a situação agravou-se a partir dos anos 90, porquanto se abriram à participação da iniciativa privada, sem uma estratégia de defesa do interesse nacional e de crescimento económico sustentado, alguns sectores tutela- dos pelo Estado, como estradas, pontes, portos, aeroportos e hospitais, designadamente sob a forma de parcerias público-privadas. Tudo isto são exemplos de campos de investimento mais protegidos e mais rentáveis do que os que têm que competir no mercado internacional. Acresce que a maioria dos contratos relativos às parcerias mencionadas são objecto de severas críticas por entidades responsáveis, como o Tribunal de Contas, exigindo uma profunda revisão, dadas as fragilidades detectadas na fase de negociação. Existe a convicção generalizada de que muitas dessas parcerias são desequilibradas em termos de custos/ /benefícios, onerando em demasia o Estado e com efeitos negativos na dívida pública e parapública e no crédito disponível para as empresas dos sectores de bens transaccionáveis. Em paralelo com esta “viragem para dentro”, conferiu-se às grandes empresas dos sectores infra-estruturais o papel de “campeões nacionais”, que deveriam liderar a presença de Portugal no mundo, sob a forma de investimento no exterior financiado em parte nos mercados de capitais e em parte junto do sector bancário nacional, o qual integrou os “núcleos duros” accionistas com que essas empresas foram privatizadas e consolidadas. Uma situação agravada pelo facto de tais investimentos no exterior raramente conduzirem ao crescimento de fluxos comerciais de bens e de serviços para o exterior. Para desempenharem esta função as empresas em causa consideram, naturalmente, o mercado interno como base sólida de retorno empresarial, mesmo que tal implique preços e tarifas menos competitivas para os utilizadores nacionais, com margens de lucro asseguradas ou beneficiando de níveis de subsidiação directa ou indirecta pelo Estado, como garantias de ven- Abril de 2011 • 9 informação A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE QUADRO I GRAU DE ABERTURA DA ECONOMIA EXEMPLOS DE ECONOMIAS EUROPEIAS (2007) FONTE: Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento das e minimização de riscos. É justo nesta análise ter presente que, face à crise internacional, o Estado incentivou o investimento em sectores virados para o mercado interno, os quais substituem importações como acontece no caso da energia, mas é necessário ter presente que os investimentos em energias renováveis são altamente subsidiados pelo Estado. Diferentes são as razões apresentadas para outros investimentos: como a construção de mais auto-estradas, decididas com argumentos que residem na equidade territorial, como é o caso de novas linhas de caminho-de-ferro para passageiros. 10 • A b r i l d e 2 0 1 1 Só que estes projectos de custobenefício duvidoso absor vem meios financeiros internos e externos que seriam muito mais úteis se aplicados no incentivo à atracção e expansão de actividades orientadas para a exportação. O que faz com que a sua reavaliação e nova calendarização para os que se mantiverem seja absolutamente necessária. A tudo isto acresce que a manutenção de um sector de empresas públicas na área da mobilidade se tem revelado um enorme fracasso, gerador permanente de prejuízos e de endividamentos descontrolados. A intervenção do Estado no sector da mobilidade começou por ser feita por razões de ordem social permitindo compatibilizar uma urbanização cada vez mais extensiva com o fraco poder de compra das camadas sociais que habitavam as periferias. A presença do Estado nos sectores da mobilidade surge, hoje, apoiada numa nova argumentação, segundo a qual exigências de sustentabilidade ambiental justificam a preferência por modos de transporte específicos, sem cuidar de avaliar a sua rendibilidade futura e sem cuidar de os colocar no quadro institucional e com os modelos de negócio mais adequados. A contradição entre as políticas prosseguidas criou um enorme sorvedouro de subsidiação pelo OS EMPRESÁRIOS PERANTE O FUTURO Estado ao qual se veio acrescentar - devido aos mesmos argumentos de índole ambiental - uma nova vaga de subsidiação pública, agora dirigida às energias renováveis, como já referimos. c) Os obstáculos criados ao sector exportador teve óbvias implicações no seu investimento e expansão, tanto mais que muitos dos sectores em que Portugal se veio a especializar desde os tempos da EFTA e da adesão à CEE foram sujeitos a uma concorrência desigual sob o ponto de vista de dumping social. Este é o preço da concorrência de economias emergentes e em desenvolvimento, a avisar-nos de que o futuro, no contexto das actuais políticas da OMC e da UE no médio e longo prazo daqueles sectores, não será muito promissor para a maioria das empresas que hoje os integram. A única aposta é a da diferenciação pela qualidade, design e originalidade (marcas e patentes) mesmo de produção exclusiva, como algumas empresas que vêm vencendo na competição internacional. d) A dinâmica da globalização, liderada pelo mundo anglo-saxónico, traduziu-se na reestruturação financeira internacional em torno de sistemas financeiros nacionais assentes nos mercados de capitais, em contraste com a tradição dominante na Europa Continental (e naturalmente em Portugal) de sistemas financeiros baseados na intermediação bancária. Por sua vez o reforço da regulamentação bancária internacional, orientada para a protecção dos depositantes e para a redução das aplicações de risco por parte dos bancos comerciais, transformou os títulos da dívida pública, por um lado, e o investimento com garantias reais nas aplicações (garantias de “terra”, nomeadamente) nas aplicações consideradas de menor risco e, por isso mesmo, menos exigentes em aumentos de capitais próprios por parte dos bancos. O resultado é que em 2007 cerca de 70% do crédito bancário total concedido a empresas e a particulares era destinado ao “Cluster da Construção” (incluindo, construção e serviços complementares, materiais de construção, obras públicas e actividades imobiliárias). O sector bancário viu-se assim orientado para o financiamento do consumo e do investimento residencial das famílias, das operações garantidas “pela terra”, e para o financiamento da expansão das grandes empresas infraestruturais; e, para o co-financiamento de parcerias público-privadas. Por sua vez a fragilidade do sector de investidores institucionais, hoje decisivo na captação de poupanças e no financiamento das economias, limita as possibilidades de inovação no financiamento empresarial, produtivo e exportador, e torna mais difícil a vida das Pequenas e Médias Empresas que constituem 80% do tecido produtivo. e) A necessária cobertura da população por serviços básicos em áreas cruciais como as da educação, da saúde e da protecção de riscos individuais fez-se na base da preferência pela oferta pública dominante, como forma de expressão de direitos constitucionais. Infelizmente o binómio quantidade-qualidade nem sempre cresceu no equilíbrio exigido numa sociedade de conhecimento competitiva, abrindo-se portas no ensino a um certo facilitismo degradante, só explicável por engenharias estatísticas de cariz político. Acentue-se, porém, que existem nichos de excelência, os quais deveriam ser apoiados de forma diferenciada, de modo a atingirem maior dimensão. Assim, sem qualquer estratégia de maximização das potencialidades existentes e sem um modelo de desenvolvimento credível, gerou-se uma cultura baseada na subsidiação por incentivos individuais, desligados entre si e sem adequada avaliação dos resultados. f) A fiscalidade hoje existente tem características que a tornam pouco recomendável para um modelo de desenvolvimento criativo. Assim: I) Penaliza as camadas da sociedade que pela sua qualificação e desempenho obtêm maiores rendimentos do trabalho, quando, numa economia do conhecimento essa “progressividade” não deve antagonizar o mérito, definido por critérios objectivos. II) Penaliza as empresas que obtêm lucros e que os reinvestem, quando são as que mais podem contribuir para o crescimento futuro da economia. III)Favorece de forma injustificável os rendimentos obtidos com a “terra” sejam eles as mais-valias nas transacções, provocadas frequentemente por alterações na sua qualificação, ou a de facilidade à evasão fiscal por parte de vários dos intervenientes na “cadeia de produção” da edificação do território. IV)Utiliza as isenções e benefícios fiscais como instrumentos privilegiados de política pública, quando o que se impõe é uma revisão do sistema fiscal que incentive a empresa, a qualificação e a poupança, ou seja, a criação de riqueza. V) Orienta-se para suprir as necessidades do Estado e não para a criação de riqueza, penalizando as empresas, com custos crescentes para a capacidade de crescimento da economia. A b r i l d e 2 0 1 1 • 11 informação A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE Em síntese as fragilidades expostas prejudiciais à economia e, em particular, à exportação, devem ser eliminadas, o que exige uma rotura com as políticas de protecção e fomento da economia dual que, como referimos, nos domina desde os anos 1990, favorecendo os lucros de empresas viradas para o mercado interno e à custa do resto da economia. Acresce que as empresas favorecidas atraem, naturalmente, para o seu seio, através de salários mais elevados, pessoas altamente qualificadas. Propicia-se assim o fortalecimento de um "universo público-privado" dominado pelo Estado, por alguma Banca, por empresas públicas e por algumas empresas privadas, seleccionadas segundo critérios nem sempre claros. As parcerias público-privadas são uma expressão negativa desse universo, quando os contratos não são claros e transparentes e as consequências futuras não são avaliadas. O Estado não se pode demitir da defesa do interesse público que coincide com o interesse da comunidade empresarial e com o desenvolvimento sustentado da economia portuguesa. 12 • A b r i l d e 2 0 1 1 OS EMPRESÁRIOS PERANTE O FUTURO VIAS DE CONSTRUÇÃO DO FUTURO Antero de Quental sublinhou nas “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares”: Assim enquanto as outras nações subiam, nós baixávamos. A economia portuguesa, com a natureza e grau de abertura descritos anteriormente, tem uma influência reduzida na resolução das grandes contradições que hoje existem na economia mundial entre o modelo social europeu e o modelo liberal das economias abertas, que enfrentam as ameaças da deslocação das suas empresas para a Ásia-Pacífico. Subiam elas por virtudes modernas; nós descíamos pelos vícios antigos, levados ao sumo grau de desenvolvimento e de aplicação. Baixávamos pela indústria, pela política. Na verdade a saúde da nossa Democracia depende da vitalidade de um sector produtivo moderno e de uma política impulsionadora da criatividade. É previsível que essas contradições se agudizem nos próximos anos, como resultado da concorrência crescente da Ásia, em particular da China, na produção e comercialização de produtos e serviços transaccionáveis mesmo da mais alta qualidade. É, ainda, previsível que o custo do trabalho na China se mantenha relativamente estável, devido ao enorme stock de mão-deobra disponível e do controlo político que é exercido sobre os trabalhadores, mantendo por essa via baixo o nível de consumo da população e criando, na economia mundial, uma situação de desequilíbrio estrutural entre a oferta e a procura, sem perspectiva de ajustamento. Ora perante um desafio desta dimensão e na impossibilidade de influenciarmos a evolução das respostas a estas questões nos planos europeu e mundial, devemos adoptar uma visão que permita encontrar respostas condignas e mobilizadoras no plano nacional. A visão estratégica da Carta Magna da Competitividade, de “Fazer de Portugal, nos próximos dez anos um dos dez países mais desenvolvidos e atractivos da União Europeia” permanece válida. Pesadas as circunstâncias não podemos falhar em atingir essa meta em 2026, ou seja em quinze anos. Mas quais são as vias de construção desse futuro? Analisemos algumas delas: 1. Uma via, assaz desafiante, é a de aproveitar a pequena dimensão do nosso País e a sua localização geográfica, no centro das rotas do Atlântico, para desenvolver uma economia, assente na qualidade e no conhecimento, no uso sagaz das vantagens comparativas, da inovação, da diferenciação e da análise criativa das oportunidades dos mercados. Isto significa que a oferta de bens e de serviços deve ser pautada pela rapidez no seu desenvolvimento e na entrega rápida, apostando com inteligência nas pequenas séries, numa óptica de valorizar o factor serviço junto dos clientes. Para isso é essencial que mobilizemos a “inteligência portuguesa” e criemos “Brain Trusts” para avaliar e integrar os conhecimentos disponíveis em Portugal e as necessidades estratégicas de conhecimento das empresas. Em paralelo importa obter e absorver as tecnologias necessárias ao mais baixo custo, nomeadamente nos sectores em que revelámos competências industriais. 2. No comércio externo, o crescimento das exportações e a atracção do investimento estrangeiro são as prioridades no curto prazo. A combinação dos factores propostos e a imprescindível entrada dos grupos económicos por tugueses na exportação deverá permitir que as exportações portuguesas cresçam em dez anos para atingir o dobro da percentagem do PIB existente. É decisivo para o sucesso deste modelo de desenvolvimento que, coerentemente com o que foi dito, os investimentos públicos A b r i l d e 2 0 1 1 • 13 informação A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE privilegiem a criação de uma logística de elevada qualidade, eficiente e racional, que favoreça o acesso dos produtos nacionais aos outros continentes do espaço Atlântico e ao centro da Europa, com o objectivo duplo de alargar o mercado e de atrair o investimento estrangeiro. O objectivo é o de fazer chegar com maior rapidez e a baixo custo os produtos produzidos em Portugal a todo o Mundo. Para isso as prioridades de investimento devem concentrar-se na combinação de aeroportos e portos de águas profundas com funções de transhipment em território nacional, com o transporte ferroviário de mercadorias em direcção ao centro da Europa, implementando para o efeito o conceito do eurofresh train. A acostagem de grandes navios porta-contentores valoriza, sem dúvida, a localização de portos portugueses junto dos investidores, particularmente estrangeiros. 3. O desenvolvimento de serviços portugueses nas áreas das engenharias será uma das vias de desenvolver a indústria e melhorar a competitividade da economia. Assim, é necessário aumentar substancialmente o número de engenheiros (com mestrado integrado) e de doutorados em Portugal, tornando a engenharia de per si ou associada à gestão, numa das principais alavancas para fazer de Portugal um espaço tecnologicamente atractivo e competitivo para os investidores. Encontram-se nesse espaço, nichos seleccionados da engenharia de produto, da prototipagem, das ferramentas e equipamentos industriais e, bem assim, os sistemas de informação, organização industrial, construção e obras públicas, sem esquecer as novas oportunidades de negócios de sectores em crescimento, como a biotecnologia, as tecnologias bio-médicas, as novas tecnologias de materiais e a nanotecnologia. 14 • A b r i l d e 2 0 1 1 O desenvolvimento e modernização das pescas e da agricultura por tuguesas são, igualmente, objectivos estratégicos para o crescimento económico. Deverá existir um programa nacional para diminuir a dependência alimentar, reduzindo as importações e fazer crescer as exportações em ambos os sectores, nomeadamente em áreas em que a qualidade seja factor relevante. Nesse sentido é necessário dotar estes dois sectores da economia portuguesa de recursos qualificados nas áreas da comercialização e do marketing internacional. A escassez crescente de alguns produtos alimentares, em particular o peixe de qualidade, é uma oportunidade para a nossa economia, que deve ser conjugada com o turismo e com a imagem que interessa projectar do País. É determinante para o futuro das pescas que, na União Europeia, Por tugal defenda um novo paradigma, assente na individualização das espécies, o qual contempla períodos de defesa e a utilização de tecnologias não destrutivas. O turismo deverá continuar a ser um sector relevante no panorama da economia portuguesa, mas com a opção clara de privilegiar o turismo da mais alta qualidade, o qual inclui o turismo de eventos integrados e é indissociável de um grande esforço de qualidade do urbanismo nacional e aposta em iniciativas culturais e na formação específica. Existem pois oportunidades únicas para um País com as nossas características climáticas e humanas. Uma particular atenção deve ser dada no sentido de desenvolver o empreendedorismo nacional, em par ticular de licenciados e doutorados em novas áreas do conhecimento. Nesse sentido deverão ser estudadas as iniciativas empresariais com elevado potencial de crescimento, em conjunção com as associações empresariais, as universidades e a AICEP, tendo em vista multiplicar empresas especializadas e bens e serviços de elevado valor acrescentado, competindo em mercados externos exigentes. 4. A interacção entre os empresários e os cientistas e investigadores deve ser uma prioridade nacional, no sentido de desenvolver a cultura da inovação. Com esse objectivo devem ser formalizadas e incentivadas parcerias com as universidades com vista à profissionalização da promoção científica e tecnológica junto das empresas, com o fim de conhecer as necessidades das empresas a transmitir aos laboratórios e fazer a oferta aos empresários do conhecimento e das tecnologias em desenvolvimento nas universidades e noutros centros de investigação. Reconhecendo a vantagem do aproveitamento diversificado da investigação realizada. Neste quadro, é essencial ter consciência da vantagem em complementar as conferências, colóquios e simpósios, amplamente realizados entre nós, por mesas redondas de trabalho que de forma crescente contribuam efectivamente para uma verdadeira interacção entre o conhecimento e a realização prática desenvolvendo e consensualizando visões estratégicas. Há, pois, que conseguir tão rapidamente quanto possível colocar os portugueses a trabalhar com objectivos comuns, o que só será possível num clima de seriedade e de verdade, em que todos possam encontrar um verdadeiro desígnio nacional. 5. A política fiscal, como salientámos no capítulo anterior, deve ser reorientada para favorecer a estratégia do novo modelo de desenvolvimento. Assim, deve ajudar a criação de empresas nos novos sectores económicos e o investimento nacional e internacional para a exportação, ou substituição de importações. Adicio- OS EMPRESÁRIOS PERANTE O FUTURO nalmente, justifica-se a isenção de IRC por cinco a dez anos para as empresas que tenham pelo menos 50% dos seus trabalhadores fixados no interior do País, nos concelhos a determinar por lei. No sentido de dinamizar a economia e acelerar a recuperação dos centros urbanos e do parque habitacional e industrial nacional, justifica-se fixar um imposto bastante mais elevado do que actualmente sobre as propriedades sem utilização económica, detidas por famílias ou empresas, acima de um valor mínimo a determinar. A b r i l d e 2 0 1 1 • 15 informação A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE A VIA REFORMISTA Kant disse que: A liberdade só existe com Lei e Poder. Isso significa que o Poder deve ser exemplar no cumprimento da Lei. Eis uma condição sine qua non para que sejam possíveis reformas, claras e transparentes A mudança de modelo de desenvolvimento nunca será fácil. O desafio da próxima década, quase de identidade nacional, obriga a equacionar um Programa Estratégico, que só terá êxito se os seus objectivos forem compreendidos pelos cidadãos e se assentarem numa ética de responsabilidade individual e institucional, de confiança na isenção e temporalidade da justiça, de combate sem tréguas à corrupção activa e passiva, e num sistema salarial, premiando o trabalho e o mérito. O desafio é ainda maior devido ao facto de Portugal possuir as características de um Estado-Providência europeu, em que coexistem acentuadas convergências institucionais com uma débil convergência económica com os países europeus mais desenvolvidos. nos seus objectivos, que devem ser explicadas aos cidadãos; e cujo sucesso depende da mobilização dos seus actores. . A – Pilares de uma Via Reformista Quais serão então os pilares de uma via reformista? Analisemos alguns: 1. Em primeiro lugar é decisivo equilibrar a economia-dual já atrás referida e questionar a configuração do Estado, o seu papel na criação de riqueza, a sua missão, capacidade e funções, a forma como as exerce e, naturalmente, os quadros de regulação de actividades financeiras e económicas, convergentes para um ambiente de confiança em políticas públicas e em estratégias empresariais. É urgente repensar o Estado, que se não moderniza através de medidas horizontais redutoras, as quais são sinais evidentes da falta de capacidade governativa, porquanto, como referimos, em regra mantêm o inútil e enfraquecem a Administração Pública em áreas essenciais. Essa Reforma não pode deixar de equacionar políticas de fomento da natalidade e migratórias, políticas de diferenciação da função social e valorização individual e políticas de empregabilidade e emprego. Mas, qualquer que seja a definição das funções do Estado temos de ter presente que na economia do conhecimento o predomínio estratégico está na qualidade e na excelência, essenciais a uma articulação saudável do Estado com o cidadão. Como ideia-chave devemos, sem demora, rever os fundamentos da Administração Pública e das Empresas Públicas, incluindo as municipais, e abandonar as nomeações dos principais dirigentes por critérios de partidarismo ideológico. A Administração Pública deve ser símbolo de competência e de modernidade, além de garante de continuidade e estabilidade. E também, por que não dizê-lo, é essencial reflectir sobre a dimensão desproporcionada do Governo, dos ministérios e secretarias de Estado, sobre o número das unidades orgânicas na administração directa, indirecta e autónoma, sobre os universos de OS EMPRESÁRIOS PERANTE O FUTURO membros de gabinetes e de chefias. O que é de mais difícil entendimento, apesar de uma expansão anárquica, é a verificação de que se diminuiu drasticamente a capacidade de estudo e de planeamento do Estado, onde, aliás, existia uma elite, com prestígio internacional. A sua substituição por aquisições de serviço a organizações, só por que se lhes atribui respeitabilidade internacional, é sinal de uma soberania em crise de identidade. Em paralelo, a ética no domínio privado deve traduzir a expressão nobre da civilidade e ser determinante na participação dos cidadãos na construção de um modelo de desenvolvimento que tem por finalidade última a qualidade de vida e a felicidade humana dos trabalhadores e dos cidadãos. Mas, insista-se: a qualidade e a excelência devem ser guias permanentes e obrigatórios nas reformas do Estado, como no caso da educação, da saúde e da justiça. Acontece que, no primeiro caso, assistimos a polémicas na comunicação social com perspectivas antagónicas entre governantes e dirigentes de organismos públicos, por um lado, e personalidades de reconhecido mérito e entidades privadas, por outro, focando os primeiros as estatísticas de pendor quantitativo e os segundos enfatizando indicadores de qualidade. Uma coisa é certa: a sociedade do conhecimento não é compatível com facilitismos degradantes, com a extinção indiscriminada de exames, essenciais a uma verdadeira igualdade de oportu- nidades, com a adopção de metas educativas sem definição de requisitos para as atingir, com a adopção de avaliações baseadas em créditos sem o correspondente ensino tutorial, com a falta de avaliação do desempenho das escolas, das universidades e dos professores. As metodologias, os processos e as medidas de minimização das desigualdades sociais e, em particular, do abandono escolar, devem assumir uma importância decisiva nos projectos educativos e mobilizar os meios necessários para o efeito, quer através da escola pública quer através de contratualização com a escola privada de interesse público. A obrigatoriedade e a plena gratuitidade do ensino pré-escolar entre os três e cinco anos são decisivas para a construção do nosso futuro. 2. As engenharias estatísticas podem ser triunfos passageiros em organizações internacionais mas se forem construídas na base da diminuição de tempos razoáveis de estudo, através de contratos que fazem depender o financiamento público do número de alunos e do número de diplomados a atingir pelas escolas do Ensino Superior, sem barreiras de competência, conduzem inexoravelmente à desvalorização de diplomas, graus e títulos profissionais. Os conflitos existentes entre o Governo e as ordens profissionais são um sinal da gravidade da situação actual e futura. Está em causa o reconhecimento da competência e a capacidade da inovação e empreendedorismo. Saliente-se mais uma vez que, apesar de tudo, existem nichos em todos os graus de ensino, exemplos de excelência, como nunca houve no País. Muito se poderia dizer sobre a saúde e a justiça, sendo que, globalmente, os progressos na primeira são significativos e devem ser aprofundados e racionalizados e os retrocessos na segunda, por falta de meios e de visão políticas, são preocupantes. Neste momento referiremos apenas que as novas tecnologias arrastam consigo novos problemas de higiene e de segurança no trabalho, cabendo à Administração, às associações empresariais e patronais e aos sindicatos reflectir sobre as suas consequências na vida das pessoas, no fortalecimento da família e na alegria de viver para que o objectivo maior da felicidade humana não seja uma palavra vã. A respeito da justiça que organizações internacionais consideram como o maior e mais flagrante desafio para a economia e a sociedade portuguesas, a única referência neste momento é a de que sem uma reforma radical das suas estruturas, salvaguardando sempre a sua independência natural, o novo modelo de desenvolvimento não será possível. Uma justiça lenta é a maior aliada da decadência nacional. E como referiu Kant não há progresso se o Poder não for exemplar no cumprimento da Lei. Um exemplo para toda a sociedade e um incentivo para a comunidade empresarial. A b r i l d e 2 0 1 1 • 17 informação A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE A VIA REFORMISTA (cont.) Antero de Quental em “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares”, deixou-nos a seguinte mensagem: Para construir o novo modelo de desenvolvimento, sugerimos como ponto de partida a “Carta Magna da Competitividade” e as “Cartas Regionais de Competitividade”, que já cobrem todo o território continental. Só o trabalho livre é fecundo; só os resultados do trabalho livre são duradouros. O trabalho desta natureza só é possível com governantes, empresários e trabalhadores qualificados, unidos numa gestão eficiente e tendo como objectivo a produtividade e a competitividade de Portugal entre as Nações. B - Princípios Orientadores do Novo Modelo de Desenvolvimento Em ligação com elas devemos referir os relatórios sobre a competitividade elaborados desde 2004 até hoje e, bem assim, o estudo apresentado em 2008, denominado “Opções Estratégicas e Projectos Estruturantes para um Crescimento Sustentado”. A actualidade desse estudo é manifesta ao defender a urgência no abandono do conceito periférico de Portugal na União Europeia dos 27. É, pois, necessário tirar consequências do conceito de centralismo geográfico e logístico, inerente ao euro-atlantismo. Neste contexto podemos salientar os seguintes princípios: 1. Em termos globais, o conceito euro-atlântico permite salientar as oportunidades de fortalecimento do Atlântico face ao Índico e ao Pacífico; e tem em conta o explosivo desenvolvimento da China, da Índia a que se junta o Japão, a Austrália, a Nova Zelândia e a Indonésia; aponta para o fortalecimento de novos mercados associando economias europeias aos pólos de atracção das economias dos EUA e Canadá e criando laços reforçados com o Atlântico Sul. Em resumo, baseia-se na definição do papel que a União Europeia vai desempenhar num mundo multipolar, na cer teza de que só se pode afirmar como potência económica de primeira grandeza, se não mergulhar em contradições internas que a reduzam a um papel secundário, mas antes procurando estreitar entendimentos com países emergentes e com fornecedores de energia que lhe garantam maior segurança de abastecimento. 2. Jacques Attali no seu livro Breve História do Futuro – A Incrível História dos Próximos Anos, refere que Portugal deveria potenciar a posição privilegiada de se encontrar no cruzamento da América, da África e da Europa. Trata-se de uma posição integrante da comunidade de Nações do Atlântico Norte, com fortes ligações ao Atlântico Sul, beneficiária do privilégio de poder ser um entreposto natural entre as economias emergentes da Ásia e a Europa. Portugal é não só uma via do caminho tradicional Índico-Mediterrâneo, mas também do Pacífico à Europa, mercê da ampliação do canal do Panamá; e goza de uma posição privilegiada para ser promotor de parcerias entre países da CPLP, localizados em posições estratégicas de relevo e OS EMPRESÁRIOS PERANTE O FUTURO detentores de potencialidades significativas na produção de bens transaccionáveis. 3. A análise das potencialidades de Mega-Regiões do Mundo, segundo o conceito de Richard Florida, assume neste contexto uma importância vital, porquanto são regiões seleccionadas em função de indicadores que caracterizam o que designa por Europa na Idade Criativa. Entre as 40 Mega-Regiões existentes no Mundo, Richard Florida inclui a que designa por “Mega-Região de Lisboa” e que se estende de Setúbal à Corunha e que propomos seja referenciada como Mega Região Europeia do Atlântico Norte, abrangendo a fachada atlântica, desde o Algarve à Corunha. As potencialidades da Mega-Região de Lisboa analisadas por Richard Florida colocaram-na em 33º lugar de entre as quarenta mais significativas, à frente da Mega-Região de Madrid e, logo atrás de Barcelona-Lyon. Para melhor compreendermos as oportunidades da Mega-Região Europeia do Atlântico Norte referiremos apenas que na MegaRegião de Lisboa, com uma população de 9,9 milhões de pessoas, são gerados mais de 80 mil milhões de euros de Light-Based Regional Products, integrando factores como a intensidade luminosa associada ao desenvolvimento, medida por instrumentos científicos ao longo de 24 horas, instalados em satélites; e nela sobressai o número de patentes registadas e a concentração de talentos internacionalmente reconhecidos em diversas áreas de conhecimento. Nesta análise estão em causa, acima de tudo, índices de ocupações criativas das pessoas em função do emprego total, do capital humano medido pelas percentagens de qualificação académica e científica, certificadas interna- cionalmente e do número de investigadores e engenheiros por milhar de trabalhadores, o que constitui o chamado euro-talent index, ou seja, o índice do talento europeu de uma região. Estamos, pois, perante a Fachada Atlântica da Europa que associa Portugal e a Galiza - tal como Barcelona e a Catalunha se associam a Lyon e à região de Ródano/Alpes - a qual oferece inegáveis potenciais no domínio marítimo e portuário, na área universitária e em pólos de competitividade em crescimento. Acresce que na faixa portuguesa se salientam núcleos de serviços jurídicos e financeiros, nichos de excelência nalgumas áreas de investigação e de cultura (Lisboa, Coimbra, Aveiro, Porto e Braga); empresas de vanguarda em design, prototipagem e engenharia de produto, moldes e ferramentas (eixo Leiria/Marinha Grande); engenharia de software (Lisboa, Coimbra, Aveiro, Porto e Braga); telecomunicações (Aveiro); saúde, calçado e têxtil técnico (Porto, Coimbra e Braga); biotecnologia (Coimbra, Lisboa e Porto); de nanotecnologia (Braga); lazer e turismo (Douro, Lisboa, Coimbra, Setúbal, Alentejo e Algarve); automóvel (Aveiro, Leiria e Setúbal); de máquinas e equipamentos (Porto e Aveiro), etc. A cultura, e em particular as indústrias criativas e empresas culturais associadas às novas tecnologias, emerge como área de excelência neste modelo de desenvolvimento. A elas adicionam-se actividades incidindo sobre alguns sectores em plena expansão como o espaço e a aeronáutica e outras relacionadas com a economia do mar, como sejam os centros náuticos, as quintas marítimas e o fomento da cadeia de valor nas pescas, a exploração energética, a engenharia oceânica e as tecnologias de exploração submarina, a modernização de estaleiros navais, a valorização da costa e a defesa costeira, a monitorização do litoral, a constituição de uma rede de áreas protegidas, etc. 4. Ao assumir-se esta visão impõe-se implementar, de forma coerente, uma virtuosa estratégia económico-territorial no domínio das acessibilidades e promover parcerias entre centros de I&D nacionais e internacionais perante as múltiplas oportunidades que o hipercluster do mar oferece aos investigadores. No relatório publicado em Fevereiro de 2009 pela SAER/ACL, sobre o Hypercluster da Economia do Mar explicita-se o caso especial da Galiza, onde se concentram empreendimentos importantes em três actividades principais: pesca e agricultura, shipping e construção naval e equipamento. Nesse estudo são postas em evidência novas áreas ligadas à economia do mar como a saúde e novos fármacos. A Resolução do Conselho de Ministros de 10 de Julho de 1998, da iniciativa do Ministro da Defesa Nacional, baseada num estudo prévio realizado por um grupo de cientistas e de militares, conduziu à apresentação às Nações Unidas, de acordo com a Convenção sobre o Direito do Mar, de uma proposta de delimitação da Plataforma Continental de Portugal, fundamentando o alargamento dos seus limites para além das 200 milhas náuticas. Iniciados os trabalhos e garantidos meios físicos e financeiros, eles vêm a ser retomados a partir de 2005, pelo então Ministro da Defesa Nacional, após lamentável interrupção. Portugal, após estudos e investigações de muito mérito, veio a fundamentar com êxito a proposta às Nações Unidas a partir de Maio de 2009. Aguarda-se a decisão final, senA b r i l d e 2 0 1 1 • 19 informação A CRIAÇÃO DE RIQUEZA NA HORA DA VERDADE do certo que o País ficará com uma jurisdição de uma área marítima com fortes indícios da existência de petróleo e gás natural, e onde se escondem metais preciosos, microrganismos e outras riquezas minerais e biológicas do maior valor económico. Estamos perante um desafio nacional que não pode nem deve ser perdido. De qualquer modo, uma condição de sucesso desta estratégia é a de que a organização da faixa litoral deve implicar a dinamização de projectos de desenvolvimento associados ao interior, designadamente através da criação de pólos de competitividade regional. Por outras palavras: é decisiva a assunção de que o desenvolvimento do interior de Portugal será tanto mais intenso quanto melhor e mais equilibrado for a sua ligação ao litoral. O diálogo nestes termos com as regiões limítrofes espanholas será, assim, mais equilibrado e mais frutífero. Ao fortalecermos a ligação entre o litoral e o interior devemos ter sempre presente o papel da agricultura e da pecuária bem como 20 • A b r i l d e 2 0 1 1 das indústrias agro-alimentares, que não devem ser minimizadas como factores importantes de criação de emprego, de ocupação racional do território e de segurança de abastecimento dos portugueses. A crise actual pôs aliás, em maior evidência esta fragilidade nacional. É, assim, necessário lançar um “Programa de Valorização do Mundo Rural”, como sementeira de um futuro de qualidade que atraia a juventude, que simbolize qualidade de vida em ambiente saudável e que nalgumas zonas permita a repartição do trabalho entre a empresa urbana e a microempresa rural. As interfaces entre a agricultura e a comercialização dos produtos agrícolas de que resultem garantias para os agricultores de escoamento dos seus produtos e que permitam fixar previamente preços justos, devem ser incentivadas e apoiadas por políticos públicos específicos. 5. Naturalmente que qualquer visão estratégica exige a sua tradução em programas e projectos concretos, coordenados e devida- mente articulados. De entre eles emerge um programa integrado de redes intermodais para a conectividade de passageiros e de carga, estruturando uma forte e compreensiva interconexão entre transportes marítimos e aéreos, aeroportos e portos. Por outro lado, a conectividade interna do nosso País deveria estar associada à conectividade internacional, integrando o continente e as regiões autónomas, as quais podem desempenhar um papel de enorme relevância. Acresce que as conectividades internacional e interna não podem deixar de desenvolver-se em paralelo com a conectividade digital, através do reforço das ligações em telecomunicações internacionais, quer em redes de fibra óptica ou redes de satélites, permitindo uma comunicação instantânea com os EUA, a Ásia, a América Latina e a África. A generalização da banda larga e a contínua modernização de equipamento nos principais pólos de actividade do País são, pois, essenciais. OS EMPRESÁRIOS PERANTE O FUTURO Em síntese, chegou o momento de se aprofundar uma visão integrada do desenvolvimento do nosso País, que confira sentido económico e coerência às iniciativas do Estado e das empresas, de modo a que o interesse nacional seja compreensível para os cidadãos e não seja subjugado pelos interesses individuais ou de grupos, que só são legítimos se não puserem em causa o interesse nacional. Sem essa visão global, implementada de forma continuada ao longo do tempo, erros irrecuperáveis acumular-se-ão inevitavelmente. Como complemento, os investimentos públicos e privados, as dotações nacionais e comunitárias dos orçamentos e programas devem obedecer, sem desvios, a essa visão global. Este trabalho foi desenvolvido pela Associação Industrial Portuguesa e teve em conta publicações e estudos designadamente: • Carta Magna da Competitividade (2003). • Relatórios Anuais da Competitividade (2004 a 2010). • Construindo o Futuro – Desafios e Perspectivas no Horizonte AIP-CE. (2008) • Cartas Regionais da Competitividade. (2008-2010) - Minho Lima; Ave/Cávado; Tâmega; Grande Porto; Entre Douro e Vouga. - Dão Lafões; Baixo Vouga; Baixo Mondego; Pinhal Litoral/Oeste. - Lezíria do Tejo/Médio Tejo; Grande Lisboa; Península de Setúbal/Alentejo Litoral; Algarve. - Douro/Alto Trás-os-Montes; Beira Interior/Pinhal Anterior; Alentejo Interior. • A Carta Magna da Competitividade e um Novo Modelo de Desenvolvimento (2010) • Opções Estratégicas e Projectos Estruturantes para um Crescimento Sustentado (2008) • Forças Armadas de um Novo Modelo (2010) Este artigo integra reproduções parciais das Pinturas Murais da Escadaria Principal do Edifício do Ministério das Finanças. O conjunto, da autoria do Pintor e Arquitecto REBOCHO, simboliza as actividades nacionais que concorrem para as Finanças Públicas. A b r i l d e 2 0 1 1 • 21 informação PORTUGAL EXPORTADOR 2010 Portugal Exportador 2010 contou com a presença de mais de 1200 empresas “PRECISAMOS DE CRIAR UMA DINÂMICA DE INTERNACIONALIZAÇÃO”, ACONSELHA ROCHA DE MATOS “Temos que ter sempre um objectivo de futuro, de desenvolvimento, que passa pela internacionalização da economia portuguesa”, disse Jorge Rocha de Matos, presidente da AIPCCI, no encerramento da quinta edição do “Portugal Exportador”, que decorreu no dia 28 de Outubro, no CCL, uma iniciativa que contou com a colaboração da AICEP Portugal Global e do Banco Espírito Santo (BES). António Saraiva, presidente da CIP, Vieira da Silva, ministro da Economia, Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, Basílio horta, presidente da AICEP Portugal e António Souto, administrador do BES, à chegada ao fórum Portugal Exportador 2010 onsciente da “crise internacional que vivemos”, Rocha de Matos deixou uma mensagem de alento aos participantes no encerramento do Portugal Exportador 2010: “Portugal tem sido sujeito aos impactos dessa crise, que temos que saber vencer! Só funcionando em conjunto é que o conse- C 22 • A b r i l d e 2 0 1 1 guiremos fazer. Temos que ter sempre um objectivo de futuro, de desenvolvimento, que passa pela internacionalização da economia portuguesa. Precisamos de criar uma dinâmica de internacionalização. Algumas personalidades deste país andam distraídas com “fait divers”, mas as empresas conti- nuam a trabalhar e a contribuir para uma balança comercial que vem enriquecendo. As exportações representam entre 30 a 32% do PIB, o que corresponde a cerca de 25 mil empresas exportadoras, número que queremos aumentar. Este Portugal Exportador, que quer também contribuir para esse crescimento, representa uma parceria de sucesso entre a AIP-CCI, a AICEP e o BES”. Já na sessão de abertura do evento, o líder da AIP-CCI tinha exortado os empresários a “não perderem de vista o caminho”. Tal e qual como o Portugal Exportador, que “tem fundamentalmente um objectivo”, precisou: “Trazer para a fileira da exportação um número significativo de PME que têm condições para se habilitarem nos mercados internacionais”. No púlpito, onde falou de improviso, voltou-se então para o ministro da Economia, Vieira da Silva, para lhe transmitir uma mensagem inequívoca: “Senhor ministro, pode contar com as estruturas empresariais e os parceiros deste Portugal Exporta- Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI dor para ajudar as PME a atingir os objectivos da exportação”. Vieira da Silva: “O esforço feito pelo movimento associativo é de grande importância, verdadeiramente patriótico!” O ministro Vieira da Silva terá percebido na íntegra o significado daquela mensagem ao ponto de afirmar que “iniciativas como esta [o Portugal Exportador] têm a vantagem de estarem muito voltadas para a acção”: “Este é o momento apropriado para colocarmos o Portugal Exportador no centro da nossa atenção. Atravessamos tempos difíceis, mas é nestas alturas que mais podemos, e devemos, valorizar estas dificuldades para ultrapassálas. O défice da nossa balança comercial é um desequilíbrio estrutural, profundo, que não nasceu hoje, já tem anos. O défice das nossas trocas com o exterior cresceu a um ritmo preocupante, e isso tem sido um obstáculo. As últimas décadas foram marcadas com o crescimento da procura muito associado à queda das taxas de juro”. Vieira da Silva observou que “o padrão das nossas exportações é diferente agora”, porque há “uma maior incorporação de serviços e uma modernização acentuada de alguns sectores industriais ditos tradicionais”, conforme explicou: “Muitos dos nossos sectores industriais, aqueles com tendência exportadora, tiveram uma capacidade de resistência ao impacto negativo nos mercados face a outros países. Alguns deles estão já com estratégia de crescimento e alargamento a António Souto, administrador do BES, António Saraiva, Basílio horta e Rocha de Matos, presidentes, respectivamente, da CIP, da AICEP e da AIP-CCI, acompanham a intervenção do ministro da Economia, Vieira da Silva, na abertura do Portugal Exportador 2010 outros mercados”. O ministro acredita que a “capacidade mobilizadora de resposta está neste Portugal Exportador também”. “Produzir resultados no domínio das contas públicas com impactos no sector privado e conseguir dirigir mais recursos para a exportação”, são algumas das alternativas que partilhou com os participantes do evento, destacando que o “esforço feito pelo movimento associativo é de grande importância, verdadeiramente patriótico!”. “Mobilizar agentes e as políticas públicas”, “contrariar as dificuldades em matéria de financiamento”, são outros factores que preocupam o ministro no que diz respeito ao comércio com o exterior. “É uma fragilidade que se reflecte na concorrência internacional”, concluiu. Basílio Horta: “Ter meios financeiros para exportar é também indispensável” O presidente da AICEP Portugal, Basílio Horta, referiu-se ao evento como “um centro onde é possível encontrar respostas para todas as dúvidas que surgem no processo da internacionalização”: “Aqui, os empresários encontram praticamente tudo o que é necessário para o seu processo de exportação. Hoje, Portugal é uma economia aberta e está em relacionamento estreito com diversas economias. Se queremos ser minimamente independentes, temos de ir além fronteiras, pois o nosso mercado de 10 milhões é muito pequeno. A internacionalização é a única via: através da exportação de produtos e serviços, do investimento directo estrangeiro e do investimento de Portugal no estrangeiro”. O presidente da AICEP destacou ainda alguns passos que considera “essenciais” para fazer singrar o processo de internacionalização: “Primeiro, a capacitação do dono A b r i l d e 2 0 1 1 • 23 informação da empresa, a sua própria qualificação e conhecimento dos mercados. Ter meios financeiros para exportar é também indispensável. Não há uma internacionalização capaz se não houver uma boa presença no mercado interno. Lembrem-se que Portugal tem duas fronteiras: Espanha e o Mundo”. António Souto, administrador do BES: “Apoiamos as PME que exportam e querem internacionalizar-se e as PME inovadoras” António Souto, administrador do BES, começou por aludir à tradição do seu banco no processo de internacionalização das empresas portuguesas: “Há muito tempo que o BES tem como objectivo prioritário da sua acção apoiar as PME, nomeadamente, as PME exportadoras. O mundo mudou nos últimos dez anos, e de forma significativa. As exportações são hoje um desiderato nacional. Concorrência e competição estão no mundo todo. As empresas têm de se confrontar com desafios que aparecem por toda a 24 • A b r i l d e 2 0 1 1 Basílio horta, presidente da AICEP Portugal António Souto, administrador do BES parte. Definimos duas alavancas: apoio às PME que exportam e querem internacionalizar-se e apoio às PME inovadoras. As PME que conseguem, de forma sustentada, colocar os produtos no mercado são aquelas que permanentemente inovam”. O BES “é o banco português com maior expressão em todo o mundo, está presente nos quatro continen- tes, com a sua estratégia de expansão internacional”, recordou António Souto, acrescentando no mapa da sua entidade mais alguns pontos: “As nossas novas presenças internacionais têm a ver com o movimento de procura de novas oportunidades para as empresas portuguesas. Brevemente estaremos também em Hong Kong, China e Índia”. PORTUGAL EXPORTADOR 2010 Os presidentes da AIP-CCI, Rocha de Matos, e da CCMP, daniel david, rubricam o protocolo de cooperação AIP-CCI E CÂMARA DE COMÉRCIO MOÇAMBIQUE-PORTUGAL ASSINAM PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO A AIP-CCI e a Câmara de Comércio Moçambique-Portugal (CCMP) assinaram, momentos antes do encerramento da 5.ª edição do Portugal Exportador, um protocolo de cooperação – com uma vigência de três anos –, destinado a “criar um quadro permanente de colaboração institucional, que conduza ao desenvolvimento de actuações dirigidas à expansão das empresas de ambos os âmbitos geográficos, e, além disso, que sirva de veículo impulsionador de ideias e projectos para que os empresários possam desenvolver trabalhos e negócios em comum, quer nos mercados português e moçambicano, quer em terceiros mercados”. O acordo, que foi rubricado pelos presidentes da AIP-CCI, Rocha de Matos, e da CCMP, Daniel David, prevê, entre um vasto conjunto de acções, “promover e divulgar a primeira mostra profissional de produtos portugueses e moçambicanos, a ter lugar em Maputo, em Fevereiro de 2011”. “Estudar formas de promover e divulgar feiras, congressos e eventos sectoriais, a organizar em Moçambique nas áreas da construção, agro-alimentar, segurança, turismo, imobiliário, educação, formação, tecnologia, “conceito casa”, indústria têxtil, indústria extractiva e hidrocarbonetos”, são outras iniciativas previstas no protocolo. O incentivo à “constituição de parcerias empresariais luso-moçambicanas, visando uma maior competitividade no mercado global”, e a realização de “programas dirigidos a melhorar a informação e a qualificação das empresas, bem como a promoção e o desenvolvimento da competitividade empresarial de cada país”, é também outro dos objectivos do acordo de cooperação. A b r i l d e 2 0 1 1 • 25 informação TAL COMO EM EDIÇõES ANTERIORES, PORTUGAL EXPORTADOR VOLTA A DISPONIBILIZAR UM CONJUNTO DE INfORMAÇÃO INDISPENSáVEL SOBRE MERCADOS COM GRANDE POTENCIAL DE INTENSIfICAÇÃO DAS RELAÇõES ECONÓMICAS BILATERAIS, TANTO AO NíVEL DO COMéRCIO COMO DO INVESTIMENTO. 13 MERCADOS EM ANÁLISE Na quinta edição do Portugal Exportador, em 2010, foram alvo de análise e debate treze mercados: África do Sul, Angola, Argélia, Brasil, Cabo Verde, China, Estados Unidos da América, Índia, Líbia, Marrocos, Moçambique, Polónia e Rússia. Esta síntese dos 13 Workshops de Mercado está organizada de forma a englobar as principais características económicas dos países e as eventuais dificuldades e barreiras que cada um deles poderá apresentar às empresas portuguesas. São igualmente destacadas as oportunidades de negócio, abordadas por oradores e empresários, ao nível de sectores e produtos, nas vertentes comércio e investimento. No caso específico da lista de produtos com maior potencial de exportação identificados pelo BES - Espírito Santo Research - com base no cruzamento do perfil importador do país parceiro, do perfil exportador de Portugal e do crescimento recente das exportações para estes mercados, há que ter em conta que a mesma não é exaustiva nem exclusiva, sendo divulgada a título indicativo. Esta lista foi elaborada tendo por base o código numérico a 4 dígitos da nomenclatura europeia do comércio externo, ou seja, a Nomenclatura Combinada (NC). Foram incluídos alguns dados estatísticos de fontes como o Instituto Nacional de Estatística (INE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). A finalizar cada análise de mercado, divulgam-se experiências de empresas com sucesso nos mercados em foco. 26 • A b r i l d e 2 0 1 1 PORTUGAL EXPORTADOR 2010 ÁFRICA DO SUL UM PAíS EM MOVIMENTO! População (2010) - 49,9 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 5 092,4 euros Comércio (Bens) de Portugal com África do Sul: Exportações (2009) – 52.2 milhões de euros Importações (2009) – 182.1 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 42º INFORMAÇÃO DE MERCADO A África do Sul é uma economia emergente, com abundantes recursos naturais, um sistema jurídico e financeiro desenvolvido, uma razoável rede de infra-estruturas e um sistema de comunicações e de transportes que permitem uma eficiente distribuição de bens e serviços. Em termos populacionais, entre 2006 e 2010, registou-se um crescimento médio anual de 10%, sendo cerca de um terço da sua população bastante jovem. Em 2010, em resultado da implementação de um conjunto de medidas governamentais (nomeadamente de estímulo fiscal) e da recuperação da procura interna resultante da realização do Mundial de Futebol verificou-se uma retoma na produção industrial e no crescimento económico do país. A África do Sul pertence ao mercado regional da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), com 247 milhões de consumidores, podendo servir como plataforma para entrar nos países vizinhos. A África do Sul assume um lugar de alguma relevância no comércio mundial, quer enquanto exportador, quer enquanto importador. Os principais parceiros comerciais são a China e os EUA, enquanto clientes, e a China e a Alemanha, enquanto fornecedores. As relações comerciais entre Portugal e a África do Sul caracterizam-se por um reduzido fluxo de investimento e de comércio, apesar da existência de uma enorme comunidade portuguesa neste país. As exportações portuguesas para a África do Sul, no período entre 2004-2009, registaram um crescimento médio anual de 2%, e respeitam essencialmente a: cortiça, produtos agro-alimentares, aparelhos eléctricos, veículos automóveis, máquinas e aparelhos mecânicos e petroquímicos. Em 2009, 448 empresas exportavam mercadorias para a África do Sul, estando presente neste mercado grandes grupos de empresas portuguesas dos sectores bancário e financeiro, distribuição, cortiça e hotelaria. No âmbito dos sistemas de incentivos, o Governo da África do Sul criou um quadro estável e vantajoso, para projectos que se enquadrassem em determinadas zonas de desenvolvimento ou sectores de actividade existindo, agências regionais de promoção de investimento nas diferentes províncias. OpORtuNIDADEs Os sectores com maiores potencialidades de investimento na África do Sul são os das energias renováveis (a produção de energia representa 15% do PIB), moldes e componentes para a indústria automóvel (2ª maior indústria do país), sector farmacêutico, tecnologias da informação e comunicação e a agro-indústria. O estudo do BES - Espírito Santo Research identifica as seguintes oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: NC 8517 Aparelhos eléctricos para telefonia ou telegrafia, por fios. NC 8708 Partes e acessórios para tractores, autocarros, automóveis de passageiros, veículos automóveis para transporte de mercadorias. NC 8443 Máquinas e aparelhos para impressão por meio de caracteres tipográficos. NC 8504 Transformadores eléctricos, conversores eléctricos estáticos. NC 4011 Pneumáticos novos, de borracha. NC 8479 Máquinas e aparelhos, mecânicos, com função própria. NC 2401 Tabaco não manufacturado; desperdícios de tabaco. NC 8537 Quadros, painéis, consolas, cabinas, armários e outros suportes. NC 9403 Móveis e suas partes, não especificadas nem compreendidas noutras posições. NC 8475 Máquinas para montagem de lâmpadas, tubos ou válvulas, eléctricos ou electrónicos. Angus September, Embaixada da África do Sul em Lisboa Rui Santos, CESO-CI; José Vital Morgado, AICEP Moderador: António Alfaiate, AIP-CCI A b r i l d e 2 0 1 1 • 27 informação ANGOLA MUITO PAíS AINDA POR DESCOBRIR! População (2010) - 17,8 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 4 793 euros Comércio (Bens) de Portugal com Angola: Exportações (2009) - 2236 milhões de euros Importações (2009) - 151 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 4º INFORMAÇÃO DE MERCADO Nos últimos anos, em resultado das políticas e reformas levadas a cabo pelo governo angolano, Angola tem alcançado vários progressos, quer em termos económicos (liberalização e diversificação da economia), quer em termos políticos (estabilidade) como em termos sociais (existência de uma classe média emergente). Em 2010, a actividade económica registou uma elevada taxa de crescimento (7.2%) em resultado do bom desempenho do sector petrolífero e do maior dinamismo dos sectores não energéticos (construção, serviços, agricultura). O acordo com o FMI para a concessão de um empréstimo (em Novembro 2009) e a atribuição de rating por parte das principais agências de rating têm permitido a Angola fazer face ao elevado desequilíbrio da balança corrente. As autoridades angolanas decidiram também abandonar o peg que a moeda angolana tinha face ao dólar norte-americano. Angola tem vindo a apostar na diversificação e modernização da economia, nomeadamente nos sectores da construção e obras públicas, imobiliário, banca e distribuição. No sector das obras públicas foi dada prioridade à construção da rede de estradas e da rede ferroviária. É um sector caracterizado por uma forte concorrência da China e no qual as empresas portuguesas representam 30% dos negócios. Ainda neste sector, a falta de indústria transformadora em Angola está na origem da importação de 90% dos materiais de construção. O sector imobiliário tem registado, nos últimos anos, um maior desenvolvimento em Luanda, apesar da falta de oferta estruturada e dos preços especulativos. Em relação à banca, apesar do forte crescimento da actividade bancária, marcada por uma sólida presença da banca portuguesa, ainda existe pouca sofisticação dos produtos financeiros. No sector da distribuição, a existência de escassas redes de distribuição e falta de estabelecimentos comerciais nas províncias angolanas levou o governo a lançar o Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População (PRESILD). As relações comerciais entre Portugal e Angola têm-se vindo a intensificar e caracterizam-se por serem tradicionalmente excedentárias para Portugal. Angola é o principal parceiro comercial de Portugal no continente africano. Entre 2004 e 2009, a taxa de crescimento média anual das exportações foi de 13.3%. Em 2009, as principais exportações de bens respeitam a: construção e suas partes, cervejas de malte, móveis, veículos automóveis para transporte de mercadorias, vinhos, enchidos e produtos semelhantes e bulldozers e similares. Neste ano, 7845 empresas exportavam mercadorias para Angola. Em Angola, existem 18 províncias que se traduzem em 18 realidades distintas, pelo que se exigem políticas diferenciadas. Foram identificados os seguintes tipos de situação: “Luanda e Bengo: a região metropolitana e a inserção nas dinâmicas mundiais; Kwanza-Norte e Kwanza-Sul: passar de uma agricultura camponesa para uma agricultura empresarial, e forte integração com Luanda/Bengo; Huambo, Bié, Benguela e Huíla o forte potencial de desenvolvimento urbano, a agricultura empresarial e desenvolvimento industrial; Uíge, Malange e Moxico: mercantilizar a agricultura, estruturar o povoamento rural, e ganhar dimensão urbana; Namibe, Cunene e Kuando-Kubango: a baixa densidade, agro-pastoris e com relações transfronteiriças, dotadas de enorme potencial turístico; Cabinda, Zaire, Lunda-Norte e Lunda-Sul: a diversificação das actividades e a integração na economia nacional”. OpORtuNIDADEs De acordo com o estudo do BES-Espírito Santo Research, foram identificadas as seguintes oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: NC 7308 Construções e suas partes NC 8502 Grupos electrogéneos e conversores rotativos, eléctricos NC 2523 Cimentos hidráulicos, incluídos cimentos não pulverizados, denominados clinkers, mesmo corados 28 • A b r i l d e 2 0 1 1 PORTUGAL EXPORTADOR 2010 NC 8481 Torneiras e válvulas e dispositivos semelhantes, para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas e outros recipientes NC 8429 Bulldozers, angledozers, niveladoras, raspotransportadoras "scrapers", entre outros NC 8517 Aparelhos eléctricos para telefonia ou telegrafia, por fios NC 7304 Tubos e perfis ocos, sem costura, de ferro ou aço (excepto de ferro fundido) NC 9403 Móveis e suas partes NC 3004 Medicamentos NC 2204 Vinhos de uvas frescas MIssõEs ANgOlA Para 2011, as empresas portuguesas poderão encontrar outras oportunidades de negócio através da participação nas missões empresariais a Angola, de cariz multissectorial, promovidas pela AIP-CCI: Luanda e Benguela (27 Fevereiro - 6 Março); Luanda, Lubango e Benguela (08-17 Maio); Luanda e Cabinda (Outubro). CAsO DE suCEssO O Grupo Ferpinta foi apresentado no Portugal Exportador 2010 como um caso de sucesso no mercado angolano. Esta empresa centra a sua actividade nos produtos siderúrgicos, alfaias agrícolas, turismo e agro-pecuária. Considera que no processo de internacionalização para Angola são aspectos positivos os factores culturais (língua); administrativos (legislação, estrutura organizacional do Estado); geográficos; económicos (crescimento da economia, SADC); presença de instituições portuguesas que favorecem a integração (bancos) e clima de boas relações institucionais. Os factores negativos mencionados referem-se à segurança, o sistema de saúde e o sistema judicial. João Pereira Miguel, BES Miguel Fontoura, AICEP Rui Miguel Santos, CESO Nuno Pires, FERPINTA Moderador: Patrícia Formigo, AIP-CCI ARGÉLIA UMA ECONOMIA EM DESENVOLVIMENTO, UM MERCADO fAVORáVEL População (2010) - 35,5 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 3 211,3 euros Comércio (Bens) de Portugal com a Argélia: Exportações (2009) - 188 milhões de euros Importações (2009) - 275 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 20º INFORMAÇÃO DE MERCADO A Argélia possui as maiores reservas de gás do continente africano, apresentando também uma posição favorável (3º) em termos de reservas de petróleo. A Argélia detém uma economia fortemente assente no sector dos hidrocarbonetos, a principal actividade do país, representando cerca de 1/3 do PIB, 2/3 das receitas governamentais e 98% das exportações argelinas. A dependência da economia da Argélia do sector dos hidrocarbonetos levou a que o Governo argelino estabelecesse como prioridade a “diversificação da economia”, incentivando o investimento em outras actividades, aumentando a oferta interna, diversificando as exportações e reduzindo o desemprego. Dos sectores considerados de maior interesse para a diversificação da economia, destacam-se as indústrias petroquímicas, siderúrgica, farmacêutica, automóvel e agro-alimentar, a produção de alumínio e a construção de obras públicas. No que diz respeito aos parceiros comerciais da Argélia, os principais clientes são os EUA, Itália e Espanha. Portugal, comparativamente a estes mercados ocupou (em 2009) o 11º lugar como importador. Como principais fornecedores encontram-se a França, a Itália e a China. A b r i l d e 2 0 1 1 • 29 informação Neste contexto, a posição de Portugal é mais modesta, ocupando o 41º lugar (2009). As relações comerciais com Portugal têm ganho uma importância crescente. As principais exportações de bens para a Argélia em 2009 respeitam a barras de ferro/aço não ligado, forjadas, laminadas, estiradas a quente; transformadores eléctricos, conversores, bobinas de reactância e auto-indução; fio-máquina de ferro ou aço não ligado; caldeiras a vapor (excluindo caldeiras de aquecimento central) e caldeiras de “água sobreaquecida”. No entanto, é importante referir que do conjunto dos primeiros 20 grupos de produtos portugueses mais exportados para a Argélia apenas 5 se encontravam entre os primeiros 20 grupos de produtos mais importados por aquele país de todo o mundo. Desde 2005 o número de empresas portuguesas a exportar para a Argélia tem vindo a aumentar, tendo-se registado em 2009 um total de 231 empresas. No mesmo período verifica-se uma diminuição de empresas portuguesas a importarem do território argelino. A Argélia assume-se como um mercado com potencial de crescimento. Com efeito, para além da estabilidade política e da sua situação financeira com elevadas reservas em divisas, a implementação de um segundo plano de Investimento Público para o período 20102014 deverá criar novas oportunidades visando a diversificação da economia argelina. A Argélia possui um grande dinamismo e empenho em promover um desenvolvimento sustentável, tem vindo a reduzir os custos de produção (salariais e energéticos) e a incentivar a criação de parcerias no sector privado em diversos ramos de actividade. OpORtuNIDADEs Para além das oportunidades na área das infra-estruturas o BES-Espírito Santo Research identificou um conjunto de oportunidades de exportação de mercadorias para a Argélia: NC 3004 Medicamentos. NC 7214 Barras de ferro/aço não ligado, forjadas, laminadas, estiradas a quente. NC 7308 Construções e suas partes de ferro fundido, ferro/aço. NC 8481 Torneiras, válvulas e dispositivos semelhantes, para canalizações e caldeiras. NC 8429 Bulldozers, angledozers, niveladoras, raspotransportadoras, pás mecânicas. NC 8504 Transformadores eléctricos, conversores eléctricos estáticos e bobinas de reactância e de auto-indução. NC 8419 Aparelhos e dispositivos para tratamento de matérias por meio de operações que impliquem mudança de temperatura. NC 8421 Centrifugadores, incluídos os secadores centrífugos e aparelhos para filtrar ou depurar líquidos ou gases. NC 8537 Quadros, painéis, consolas, e outros suportes, para comando eléctrico ou distribuição de energia eléctrica. NC 8544 Fios e cabos, incluindo os cabos coaxiais, e outros condutores isolados para usos eléctricos. CAsO DE suCEssO No Portugal Exportador deste ano, foi apresentado o caso de sucesso da Consultora de Engenharia e Ambiente, COBA. Como sociedade de direito argelino desde 2008, tendo iniciado a sua actividade na Argélia em 1978, tem desenvolvido estudos e projectos de barragens, sistemas de abastecimento de água e saneamento, infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e aeroportuárias, aproveitamentos hidroagrícolas e estudos ambientais. Patricia Agostinho, BES Carlos Julião, AICEP Victor Manuel Gomes Carneiro, COBA 30 • A b r i l d e 2 0 1 1 Moderador: Fátima Vila Maior, AIP-CCI PORTUGAL EXPORTADOR 2010 BRASIL UM GIGANTE POR EXPLORAR População (2010) - 193,3 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 7 509,2 euros Comércio (Bens) de Portugal com o Brasil: Exportações (2009) - 290 milhões de euros Importações (2009) - 880 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 11º INFORMAÇÃO DE MERCADO O Brasil é considerado, actualmente, a primeira economia da América Latina, ocupando o 7º lugar no ranking das maiores economias mundiais. As reformas económicas desenvolvidas, as condições internacionais favoráveis e o desenvolvimento de políticas sociais permitiram que a economia brasileira registasse elevadas taxas de crescimento nos últimos anos. O Estado brasileiro tem desempenhado um papel fundamental na economia tendo lançado um ambicioso programa de investimentos públicos (Programa de Aceleração do Crescimento – PAC) que contempla, sobretudo, infra-estruturas, meio ambiente e energia. O crescimento do rendimento e do emprego proporciona um aumento significativo da procura interna. A sua moeda deixou de ser um dos pontos fracos da economia, para passar a desempenhar um papel importante na recuperação económica do país. Embora o Brasil tenha sofrido alguns efeitos da crise internacional, a recuperação em curso parece ter ganho um maior ritmo desde 2010. Importa também referir o papel do Brasil enquanto produtor de biocombustível, em que é líder mundial, e como um dos principais fornecedores de etanol. Também de relevar o facto de o gás fruto da decomposição do lixo no maior aterro sanitário da região metropolitana do Rio de Janeiro, passar a ser usado enquanto combustível. Estes casos são exemplos claros da transformação do Brasil num dos países mais desenvolvidos. Assumindo um lugar de relevo no comércio mundial, o Brasil procurou, nos últimos anos, desenvolver uma política activa de diversificação do seu comércio externo. Segundo dados de 2009, a Ásia foi o principal parceiro comercial, representando 26.3% das exportações e 28.3% das importações do Brasil. Em termos de clientes, a América Latina e a UE representaram respectivamente 23.3% e 22.9% das exportações de bens do Brasil. Em termos de países, a China (13.7%), os Estados Unidos (10.3%), a Argentina (8.4%) e a Holanda (4.0%) foram em 2009 os principais clientes. Os EUA (15.7%), a China (12.5%), a Argentina (8.8%) e a Alemanha (7.7%) foram os principais fornecedores. África tem, também, sido alvo de grande interesse por parte do Brasil, sendo a procura dos recursos africanos um exemplo do crescente interesse brasileiro por esta região do globo. Em 2009, as exportações para África representaram cerca de 5.7% do total das exportações brasileiras e as importações de África cerca 6.6% das importações do Brasil. As relações comerciais entre Portugal e o Brasil têm vindo a intensificar-se (o Brasil é o 11º cliente mais importante, 3º no mercado extra-comunitário). As principais exportações de produtos de Portugal para o Brasil são: azeite de oliveira e suas fracções, mesmo refinado mas não quimicamente modificado; minérios de cobre e seus concentrados; peixes secos, salgados ou em salmoura, farinhas, pó e “pellets” de peixe; vinhos de uvas frescas. Todavia, estes fluxos comerciais bilaterais, além de envolverem valores relativamente baixos, são bastante concentrados numa gama reduzida de produtos. Em 2009, exportaram para o Brasil 1069 empresas, número apenas ligeiramente superior ao registado em 2005. O Brasil apresenta-se como um mercado natural para as empresas portuguesas, possuindo um elevado potencial atendendo à crescente dimensão do mercado. Foi considerado importante para as empresas que queiram entrar neste mercado que procedam a uma recolha selectiva de informação (e.g. escolha de parceiros e distribuidores, participação em feiras e outros certames a visitar) bem como ter presente uma política de preços daquilo que se quer comercializar. OpORtuNIDADEs Após o cruzamento dos perfis comerciais entre Portugal e Brasil, a AICEP considera que existem grandes oportunidades no sector petroquímico, das infra-estruturas, nas parcerias com PME e grandes empresas que queiram investir na Europa, em que Portugal deverá, assim, servir de porta de entrada para o continente Europeu. O BES - Espírito Santo Research identificou como principais oportunidades de exportação de mercadorias para o Brasil: NC 8708 Partes e acessórios para tractores, autocarros, automóveis de passageiros e de mercadorias. A b r i l d e 2 0 1 1 • 31 informação NC 3004 Medicamentos constituídos por produtos misturados ou não misturados, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, apresentados em doses. NC 8471 Máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades; leitores magnéticos ou ópticos. NC 8443 Máquinas e aparelhos para impressão por meio de caracteres tipográficos, clichés, blocos, cilindros; máquinas de impressão de jacto de tinta NC 8504 Transformadores eléctricos, conversores eléctricos estáticos e bobinas de reactância e de auto-indução. NC 3901 Polímeros de etileno, em formas primárias. NC 4011 Pneumáticos novos, de borracha. NC 3926 Obras de plástico e obras de outras matérias das posições 3901 a 3914. NC 3920 Chapas, folhas, películas, tiras e lâminas, de plástico não alveolar, não reforçadas nem estratificadas. NC 3923 Artigos de transporte ou de embalagem, de plástico; rolhas, tampas, cápsulas e outros dispositivos. Foi também sugerido o aproveitamento de oportunidades em torno da preparação do Campeonato Mundial de Futebol (2014) e dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro (2016). CAsO DE suCEssO A experiência de um parceiro local, a Spínola Consultoria Jurídica, mostra como o Brasil ainda possui vastas áreas do seu território por explorar. Há uma série de sectores onde investir, desde logo os seus solos, mas também, na exploração de minérios, nas telecomunicações, na energia, na hotelaria e no sector automóvel. Constata-se um forte dinamismo empresarial e um crescimento exponencial da classe média, também ele demonstrativo do enorme vigor e dinamismo da sociedade brasileira. A criação de uma empresa no Brasil é um processo mais demorado que em Portugal (em média 35 a 40 dias), dependendo dos Estados em que se concretiza. Se o investimento se encontrar acima dos 50 000 USD, é atribuído um visto de residência, que será, em muitos casos, uma mais-valia. De uma forma geral, a política brasileira é geralmente favorável à obtenção de vistos de residência. O Brasil pode ser uma plataforma de exportação para outros mercados, contando para tal com diversas vantagens: créditos à exportação, produtos, materiais e equipamentos competitivos, e uma mão-de-obra abundante e barata. Conceição Leitão, BES Clementina Garrido, AICEP José Américo Spínola (Spínola Consultoria Jurídica) Moderador: Jorge Pais, AIP-CCI CABO VERDE O PAíS MAIS EUROPEU DE áfRICA População (2010) - 523 milhares de habitantes PIB per capita (2010) – 1 970,6 euros Comércio (Bens) de Portugal com Cabo Verde: Exportações (2009) - 223 milhões de euros Importações (2009) - 7 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 15º INFORMAÇÃO DE MERCADO Cabo Verde é uma pequena economia, aberta ao exte32 • A b r i l d e 2 0 1 1 rior, que se destaca no quadro africano, com indicadores macroeconómicos, como o crescimento do PIB e o PIB per capita claramente superiores à média registada neste continente. É uma economia onde os serviços representam mais de 70% do PIB, sendo a indústria pouco desenvolvida (essencialmente ligada aos têxteis, calçado e pescas). As condições climáticas adversas e a natureza do solo não têm favorecido o desenvolvimento de uma actividade agrícola que permita satisfazer as necessidades da população. A localização geográfica de Cabo Verde e as extensas águas territoriais têm contribuído para o desenvolvimento da actividade piscatória e a prestação de serviços internacionais nas áreas ligadas aos trans- PORTUGAL EXPORTADOR 2010 portes marítimos e às comunicações inter-atlânticas, bem como do sector turístico. Cabo Verde tornou-se assim um centro de negócios e pólo de actividade atractivo na costa africana. No que respeita ao relacionamento externo da economia cabo-verdiana cumpre referir os elevados saldos da balança comercial com o mundo, que têm vindo a ser compensados pelas receitas do turismo, remessas de emigrantes, ajuda externa e investimento estrangeiro. Portugal é o principal parceiro de Cabo Verde, representando cerca de 50% do total importado por este país. As transacções comerciais entre os dois países são amplamente favoráveis a Portugal, sendo as principais exportações cimentos hidráulicos, móveis e suas partes, cervejas de malte, medicamentos, construções e suas partes, máquinas automáticas para processamento de dados, veículos automóveis e vinhos de uvas frescas. Em 2009, 2773 empresas portuguesas exportaram mercadorias para Cabo Verde. Identificaram-se como vantagens que o mercado caboverdiano oferece a Portugal a língua comum e o forte elo de ligação histórico, o conhecimento e habituação dos consumidores locais aos produtos portugueses, as boas relações bilaterais, de natureza institucional e a disponibilidade de um sistema de transportes marítimos regular. Foi ainda destacada a forte participação de Portugal na FIC - Feira Internacional de Cabo Verde. Ao nível dos entraves e limitações no acesso ao mercado cabo-verdiano, deve ter-se em conta, entre outros aspectos, a reduzida dimensão do mercado, a pouca atractividade, em preço e especialização, da rede de transportes, a escassez de informação qualificada, a emergência de novos países investidores, e ainda, a pouca capacidade financeira dos agentes. OpORtuNIDADEs As principais áreas de negócio identificadas para as empresas portuguesas concentram-se nos produtos alimentares e bebidas, electrodomésticos; mobiliário, produtos farmacêuticos, materiais de construção, materiais para hotelaria e restauração e ainda na fileira casa. Especificamente no que respeita ao investimento, as áreas de aposta mencionadas prendem-se sobretudo com o turismo e hotelaria, pescas e transformação do pescado, transportes, educação e formação profissional e serviços empresariais. De acordo com o BES-Espírito Santo Research, as principais oportunidades de exportação são: NC 8419 Aparelhos e dispositivos para tratamento de matérias por meio de operações que impliquem mudança de temperatura. NC 8544 Fios e cabos, incluindo os cabos coaxiais e outros condutores, isolados para usos eléctricos. NC 0401 Leite e nata. NC 8418 Refrigeradores, congeladores e outro material, máquinas e aparelhos para a produção de frio. NC 2009 Sumos de frutas, incluindo os mostos de uvas, ou produtos hortícolas não fermentados. NC 8429 Bulldozers, angledozers, niveladoras, raspotransportadoras, pás mecânicas. NC 1602 Preparações e conservas de carnes, miudezas, ou sangue. NC 3923 Artigos de transporte ou de embalagem, de plástico. NC 0713 Legumes de viagem, secos, em grão. NC 8705 Veículos automóveis para usos especiais. CAsO DE suCEssO A RESUL, Equipamentos de Energia S.A., empresa portuguesa essencialmente focada nas soluções de fornecimento de equipamentos para redes de distribuição de energia (electricidade e gás), redes de telecomunicações, redes de iluminação pública, redes de distribuição de águas e ainda soluções relativas a fontes de energias renováveis e a sistemas de aquecimento central, está actualmente presente em 26 mercados, sendo 76% do respectivo volume de facturação correspondente a exportações. Desde 1985 que a RESUL exporta para Cabo Verde, contando, actualmente, com uma subsidiária, tendo também um agente. Como pontos fortes do mercado, a empresa destaca, entre outros, a segurança e a abertura do mesmo, a facilidade nas comunicações e a adesão à tecnologia e inovação. Importa ainda destacar a paridade do euro face ao escudo cabo-verdiano. Como pontos fracos, a RESUL destaca a morosidade na decisão nos processos e os fracos recursos financeiros. De acordo com esta empresa, a entrada no mercado cabo-verdiano deve iniciar-se por uma A b r i l d e 2 0 1 1 • 33 informação análise de produtos e de mercado, visitas de prospecção e ainda a participação na Feira Internacional de Cabo Verde. Francisco Mendes Palma, BES Octávio Santos, AICEP Costa Gaspar, RESUL Moderador: Miguel Anjos, AIP-CCI/FIL CHINA UM CHARME A ORIENTE População (2010) - 1341,4 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 3 071,5 euros Comércio (Bens) de Portugal com a China: Exportações (2009) - 207 milhões de euros Importações (2009) - 1107 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 16º INFORMAÇÃO DE MERCADO A China é uma das economias que mais tem crescido desde o início dos anos 80, com taxas médias anuais de crescimento superiores a 10%, afirmando-se como um dos principais protagonistas do comércio mundial. O desenvolvimento do país tem permitido elevar os níveis de vida da população chinesa, perspectivando-se um promissor mercado de consumidores. Aliada à melhoria das condições de vida e de cuidados de saúde, a esperança média de vida chinesa aumentou consideravelmente. Com uma dinâmica assinalável ao nível do comércio externo, a China passou a ser, em 2009, no comércio de mercadorias o primeiro exportador e segundo importador a nível mundial. Hong Kong (que funciona como entreposto comercial), Japão e Coreia do Sul são os mais importantes mercados asiáticos de destino das exportações chinesas. Além destes países, os EUA a e Alemanha ocupam igualmente um lugar de grande relevância. Importa referir que uma parte significativa das importações da China consiste em componentes para produtos que se destinam à exportação. No grupo dos principais fornecedores da China destacam-se o Japão, a Coreia do Sul, Taiwan, os EUA e a Alemanha. De notar que apesar da adesão à Organização Mundial de Comércio (OMC) e da afirmação incontornável da China no comércio internacional o mercado chinês continua a ser pouco aberto. As relações comerciais entre a China e Portugal têm vindo a intensificar-se, sendo tradicionalmente deficitárias para Portugal. Em 2009, a China ocupou o 16º lugar enquanto cliente de Portugal. O número de empresas portuguesas a exportar mercadorias para a China tem vindo a aumentar, atingindo 732 empresas em 2009. Destacam-se, como mais importantes exportações portuguesas para a China, os mármores, travertinos, granitos belgas e outras pedras calcárias de cantaria ou de construção, hidrocarbonetos cíclicos, minérios de cobre e seus concentrados, desperdícios, resíduos e sucata de cobre. Para que as oportunidades se traduzam em negócios, é necessário apostar na qualidade da oferta, na identificação dos decisores (políticos - e.g. centrais e regionais), em visitas locais e presença no mercado (reforço da persistência e perseverança para alcançar algum nível de sucesso nas operações), na escolha, de forma rigorosa, do parceiro local e, finalmente, a manutenção do guanxi (no mercado chinês, o relacionamento pessoal é essencial para se alcançar o sucesso). Hong Kong e Macau continuam a ser locais interessantes para o estabelecimento de negócios com parceiros chineses. OpORtuNIDADEs Durante o Portugal Exportador 2010 foram mencionadas várias oportunidades de negócios que poderão facilitar e aprofundar a presença das empresas portuguesas no mercado chinês. A AICEP considerou como oportunidades as marcas de consumo, moda e lifestyle, tecnologias de informação, entre outras, com o cunho made in Europe bem frisado. Outras áreas foram ainda identificadas, como as infra-estruturas de transporte e saneamento, engenharia civil e construção, máquinas e equipamentos industriais, serviços e, também, o turismo. De acordo com o BES - Espírito Santo Research, foram identificadas as seguintes oportunidades de exportação de mercadorias para as empresas portuguesas: 34 • A b r i l d e 2 0 1 1 PORTUGAL EXPORTADOR 2010 NC 8517 Aparelhos eléctricos para telefonia ou telegrafia, por fios, incluindo os aparelhos telefónicos por fio; videofones. NC 8541 Díodos, transístores e dispositivos semelhantes, semicondutores; dispositivos fotossensíveis semicondutores, incluindo as células fotovoltaicas. NC 8708 Partes e acessórios para tractores, autocarros, automóveis de passageiros, veículos automóveis para transporte de mercadorias. NC 3901 Polímeros de etileno, em formas primárias. NC 8536 Aparelhos para interrupção, seccionamento, derivação, ligação ou conexão de circuitos eléctricos. NC 2603 Minérios de cobre e seus concentrados. NC 8443 Máquinas e aparelhos para impressão por meio de caracteres tipográficos. NC 8507 Acumuladores eléctricos e seus separadores. NC 8525 Aparelhos emissores (transmissores) para radiotelefonia, radiotelegrafia, radiodifusão ou televisão. NC 2204 Vinhos de uvas frescas, incluindo os vinhos enriquecidos com álcool. Para 2011 destaca-se a SIAL China 2011, que irá decorrer em Maio, em Shangai. Esta Feira Internacional é dedicada à alimentação e bebidas e equipamento para hotelaria e restauração. Terá lugar nesse mesmo mês uma missão empresarial (multisectorial) a Macau, organizada pela AIP-CCI. CAsO DE suCEssO A empresa do sector têxtil Somelos é a prova que, de facto, é possível a venda de tecidos na China mas com um modelo de negócio europeu, sendo a venda do made in Europe bem vista no país. A Somelos optou por uma abordagem clássica ao mercado, iniciando em 1995 uma colaboração com um agente em Hong Kong, solidamente implantado na República Popular da China, tendo desde cedo se deparado com barreiras alfandegárias, linguísticas e culturais. Assim, delineou, em 2007, uma nova estratégia a 5 anos, faseada e fragmentada, baseada no reforço da presença directa e na proximidade com o mercado. Foram assinaladas, como ideias-chave a ter em conta numa abordagem de sucesso ao mercado chinês a venda do made in Europe, um conhecimento aprofundado do país, a manutenção do controlo em todos os níveis do negócio (complementado pela presença constante). Susana Barros, BES Miguel Crespo, AICEP Tiago Guimarães, Somelos Moderador: Fátima Vila Maior, AIP-CCI ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA DIVERSOS MERCADOS NO MERCADO MAIS COMPETITIVO População (2010) - 310,3 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 33 798,7 euros Comércio (Bens) de Portugal com os EUA: Exportações (2009) - 957 milhões de euros Importações (2009) - 862 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 8º INFORMAÇÃO DE MERCADO Os Estados Unidos da América constituem um mercado muito heterogéneo, com uma enorme diversidade de gostos, necessidades e costumes. Com mais de 300 milhões de habitantes, com elevado poder de compra, os EUA são a maior economia a nível mundial. O impacto da crise financeira e económica internacional nos EUA tem sido significativo, perspectivando-se um nível de crescimento moderado deste mercado, bem A b r i l d e 2 0 1 1 • 35 informação como da Área Euro e a manutenção de um forte crescimento nos mercados emergentes. Apesar de ter perdido a liderança enquanto principal país exportador mundial de mercadorias, os EUA mantêm um papel fundamental no comércio internacional. É o principal importador de mercadorias a nível mundial e é o primeiro exportador e importador de bens e serviços. Os principais parceiros comerciais dos EUA são: o Canadá, México, China e Japão enquanto clientes e a China, Canadá, México, Japão e Alemanha enquanto fornecedores. No âmbito das relações comerciais com Portugal, a entrada de Portugal na UE marcou uma queda do peso relativo dos EUA como parceiro comercial, que passou, entre 1985 e 2009, de 9% para 3% do total das mercadorias exportadas por Portugal. No entanto, os Estados Unidos são um parceiro comercial importante (8º cliente em termos globais e 2º extra-comunitário, em 2009). De assinalar a importância deste mercado nas importações e exportações de serviços. A balança de bens e serviços é favorável a Portugal, quer nos bens quer nos serviços. Em 2009, o total das exportações portuguesas de bens e serviços situou-se em cerca de 1.8 mil milhões de euros, com os serviços a representarem cerca de 44%. As principais exportações de bens em 2009 respeitaram a: óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (excepto óleos brutos); obras de cortiça natural (excepto em blocos, chapas, etc.); roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha; cortiça aglomerada, com ou sem aglutinadores e suas obras; vinhos de uvas frescas, incluídos os vinhos enriquecidos com álcool. Em 2009, o número de empresas portuguesas a exportar mercadorias para os EUA foi de 1988. Na abordagem ao mercado, as empresas portuguesas devem ter presente que o mercado americano é muito concorrencial, exigente e muito receptivo à originalidade, criatividade e inovação. Por outro lado, a importação produtos e sua comercialização nos EUA estão sujeitos à aplicação de várias normas reguladoras estipuladas por várias agências federais, estatais e locais. No caso de Portugal, não existem quotas - com excepção dos queijos. Existem algumas restrições a nível de importação de carnes e de algumas variedades de frutos e vegetais. OpORtuNIDADEs As principais oportunidades de negócio para as empresas portuguesas encontram-se no sector da energia (energias renováveis, eficiência energética e mobilidade eléctrica), das tecnologias de informação e comunicação (network software, tecnologias sem fios,…), na fileira da saúde (biotecnologia, …), nas infra-estruturas e construção, têxtil-lar, vinhos e cortiça. O BES-Espírito Santo Research identifica como principais oportunidades de exportação as seguintes: NC 3004 Medicamentos, preparados para fins terapêuticos ou profiláticos, apresentados em doses. NC 8525 Aparelhos emissores (transmissores) para radiotelefonia, radiotelegrafia, radiodifusão ou televisão. NC 8517 Aparelhos eléctricos para telefonia ou telegrafia, por fios. NC 8443 Máquinas e aparelhos para impressão e máquinas auxiliares para impressão. NC 8479 Máquinas e aparelhos, mecânicos, não especificados. NC 2204 Vinhos e uvas frescas. NC 6302 Roupas de cama, mesa, toucador ou cozinha, de qualquer matéria têxtil. NC 8419 Aparelhos e dispositivos, para tratamento de matérias por meio de operações que impliquem mudança de temperatura. NC 6104 Fatos de saia-casaco, conjuntos, casacos, vestidos, saias, etc. NC 7308 Construções e suas partes. CAsO DE suCEssO A SISCOG - Sistemas Cognitivos SA, empresa que desenvolve software de apoio à decisão no planeamento e gestão de recursos de empresas de transportes fez uma abordagem selectiva ao mercado americano, contactando empresas relevantes uma a uma e organizações locais, e procedendo a visitas regulares (2006-2010) demonstrando sempre as vantagens dos seus produtos com base em casos de clientes europeus. Foram identificadas algumas dificuldades, nomeadamente a falta de imagem de uma cultura tecnológica portuguesa e o proteccionismo. Luís Ribeiro Rosa, BES Maria João Bonifácio, AICEP João Pavão Martins, SISCOG 36 • A b r i l d e 2 0 1 1 Moderador: Henrique Neto, AIP-CCI PORTUGAL EXPORTADOR 2010 ÍNDIA UMA POTêNCIA ECONÓMICA QUE SE AfIRMA População (2010) – 1215,9 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 843,4 euros Comércio (Bens) de Portugal com a Índia: Exportações (2009) - 41 milhões de euros Importações (2009) - 266 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 47º INFORMAÇÃO DE MERCADO Os elevados níveis de crescimento e desenvolvimento alcançados pela Índia na última década, levaram o país a uma maior participação na economia mundial, sendo uma das mais importantes economias emergentes da Ásia. A crise financeira e económica internacional teve naturalmente repercussões na Índia, perspectivando-se no entanto a manutenção de elevados níveis de crescimento. A Índia passou de uma economia essencialmente agrícola para uma economia de serviços, baseada no conhecimento. A sua população é maioritariamente jovem, e em resultado de uma clara aposta no desenvolvimento do ensino (nomeadamente através da criação de Universidades de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico) com resultados internacionalmente reconhecidos, é um trunfo para a consolidação da economia indiana no mundo. Nos últimos anos, a Índia tem vindo a aumentar a sua participação no comércio internacional, quer como exportador quer sobretudo como país importador. Os Emiratos Árabes Unidos, os EUA, a China e Hong Kong são os principais clientes da Índia e a China, Emiratos Árabes Unidos, EUA e Arábia Saudita os seus principais fornecedores. As relações comerciais entre Portugal e a Índia apresentam uma evolução positiva, registando as exportações de bens e serviços uma taxa média anual de crescimento de 21.6%, no período 2004-2009. Em 2009, 429 empresas portuguesas exportaram mercadorias para o mercado indiano, no montante de 41 milhões de Euros. Do conjunto de mercadorias exportadas de Portugal para a Índia em 2009, destacam-se as seguintes: partes reconhecíveis como exclusiva ou principalmente destinadas aos aparelhos emissores e receptores para radiotelefonia; antibióticos; máquinas e aparelhos de elevação, ou após secagem de descarga ou de movimentação; couros preparados após curtimenta ou após secagem e couros e peles apergaminhados, e papel e cartão “kraft”, não revestidos. No estabelecimento de relações comerciais com a Índia foi mencionada a importância de se estabelecer um acordo com um importador local, já com uma rede de distribuição própria e, uma vez iniciada a comercialização das marcas, de dar apoio à comercialização dos produtos de maior sucesso junto dos clientes indianos. Na proximidade com o mercado, foi realçada também a importância de visitas frequentes e o estabelecimento de relações de proximidade com os empresários indianos. OpORtuNIDADEs Durante a realização do Portugal Exportador 2010 foram referenciadas várias oportunidades de negócio entre Portugal e a Índia, nomeadamente, na construção civil (materiais, acessórios, artigos de decoração e iluminação); construção e manutenção de infra-estruturas (ao abrigo de parcerias público-privadas); venda de produtos e serviços médicos, análises clínicas e material hospitalar; em joint-ventures para projectos de inovação e desenvolvimento; hub para serviços e produtos indianos em países de expressão portuguesa (com enfoque nos “micro-cars”, fármacos, chás, software, etc.); venda de know-how na criação de software, investigação, turismo e hotelaria, entre outros. Apesar das manifestas diferenças entre a Índia rural e a Índia urbana, foi considerado que ambas oferecem oportunidades de negócio, ainda que distintas: energia, construção, e manutenção de infra-estruturas na primeira; engenharia, comunicação e publicidade e arquitectura na segunda. O estudo do BES - Espírito Santo Research identifica as seguintes oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: NC 2603 Minérios de cobre e seus concentrados. NC 8708 Partes e acessórios dos veículos automóveis. NC 3901 Polímeros de etileno, em formas primárias. NC 8504 Transformadores eléctricos, conversores eléctricos estáticos e bobinas de reactância e de auto-indução. A b r i l d e 2 0 1 1 • 37 informação NC 8536 Aparelhos para interrupção, seccionamento, protecção, derivação, ligação ou conexão de circuitos eléctricos. NC 8419 Aparelhos e dispositivos para tratamento de matérias por meio de operações que impliquem mudança de temperatura. NC 3004 Medicamentos, em doses ou acondicionados, para venda a retalho. NC 8481 Torneiras, válvulas e dispositivos semelhantes para canalizações, caldeiras e outros recipientes. NC 8474 Máquinas e aparelhos para seleccionar, peneirar, separar, lavar, esmagar, moer, misturar ou amassar terras, pedras, minérios ou outras substâncias minerais. NC 7308 Construções e suas partes de ferro fundido, ferro/aço. Para 2011, a AIP-CCI irá organizar uma missão empresarial à Índia, agendada para o mês de Outubro. CAsO DE suCEssO O Grupo Petrotec, um dos maiores fornecedores mundiais da indústria petrolífera, tem quatro empresas em Portugal dedicadas ao fabrico de equipamentos para postos de abastecimento de combustíveis (inclusive software para pagamento e respectiva assistência técnica) tendo os primeiros contactos estabelecidos com a Índia ocorrido em 1998. Das dificuldades sentidas na abordagem ao mercado indiano foi realçado o facto de os concursos públicos serem exclusivamente de âmbito nacional e não regional, dificultando a construção de uma rede sustentada da empresa no território, bem como a complexidade da legislação indiana, devendo haver por esse facto o recurso a empresa de advogados ou de consultoria legal local. Eugénio Monteiro, AESE Mário Vila Nova, Petrotec Carolina Rius, InQuve Moderador: Alice Souza Machado, AIP-CCI LÍBIA CRESCENTE ABERTURA, CRESCENTES OPORTUNIDADES População (2010) - 6,5 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 8 650 euros Comércio (Bens) de Portugal com a Líbia: Exportações (2009) - 35 milhões de euros Importações (2009) - 333 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 51º INFORMAÇÃO DE MERCADO A Líbia que possui um dos maiores PIB per capita do continente africano, tem uma economia assente essencialmente no sector dos hidrocarbonetos (petróleo, gás e produtos refinados), o qual é responsável pela quase totalidade das suas exportações e por cerca de 80% das receitas do Estado. A economia líbia tem registado 38 • A b r i l d e 2 0 1 1 nos últimos anos taxas de crescimento significativas. Na sequência da crise internacional, que gerou efeitos negativos no sector petrolífero (via redução da produção e preços) o crescimento económico da Líbia desacelerou em 2008 (+2.3%) e registou uma variação negativa em 2009 (-2.3%). No entanto, uma situação financeira favorável, o aumento de produção do sector petrolífero e o efeito de investimentos realizados noutros sectores permitem retomar um ciclo de elevado ritmo de crescimento económico (10.6% em 2010). A Líbia tem procurado modernizar e liberalizar a sua economia, incentivando a presença de investidores estrangeiros em diferentes áreas de actividade, nomeadamente em projectos de modernização tecnológica, na indústria transformadora e turismo. De destacar como principais parceiros comerciais, de acordo com o International Trade Centre, a Itália e a Alemanha enquanto principais clientes da Líbia (que em conjunto representam cerca de 49% das exportações líbias), e a Itália e a PORTUGAL EXPORTADOR 2010 China, enquanto principais fornecedores. As relações comerciais entre Portugal e a Líbia têm se caracterizado por um forte crescimento ao longo dos anos, com um crescimento médio anual das exportações portuguesas para a Líbia de cerca de 25%, no período 2004 e 2009. Em 2009, 110 empresas portuguesas exportaram para a Líbia cerca de 35 milhões de euros, nomeadamente em resposta ao programa de investimento em infra-estruturas líbio nas áreas de comunicações, habitação, transportes, energia. As principais exportações portuguesas para a Líbia (em 2009) respeitaram a: veículos automóveis para transporte de mercadorias; máquinas para seleccionar terras, pedras e para aglomerar combustíveis minerais sólidos; transformadores eléctricos e conversores; pias, lavatórios, banheiras, sanitários e artefactos semelhantes, de cerâmica; cábreas, guindastes e pontes rolantes. O mercado líbio apresenta, no entanto, algumas dificul- dades. O sector das obras públicas, mais concretamente o acesso às obras públicas, tem apresentado dificuldades para as empresas portuguesas, dada a magnitude e o esforço financeiro e de recursos humanos necessários para estes investimentos. Todavia, tem-se conseguido limitar esta dificuldade através da participação de grandes empresas portuguesas de construção, consultoria e elaboração de projectos e pelo recurso a subcontratação de empresas portuguesas por grandes grupos brasileiros. Na Líbia, o processo de contratação requer alguma burocracia. Recomenda-se às empresas exportadoras que assegurem contactos permanentes com o mercado. A abordagem inicial ao mercado é uma etapa importantíssima, sendo a informação, por vezes, difícil de obter. É ainda de salientar que a perseverança no mercado da Líbia é a raiz para o sucesso, incentivando-se a participação nacional e a visita às feiras locais do país. OpORtuNIDADEs De acordo com o estudo do BES-Espírito Santo Research, foram identificadas as seguintes oportunidades de exportação de mercadorias para as empresas portuguesas: NC 8544 Fios e cabos, incluindo os cabos coaxiais, e outros condutores isolados para usos eléctricos. NC 8504 Transformadores eléctricos, conversores eléctricos estáticos e bobinas. NC 9403 Móveis e suas partes. NC 8474 Máquinas e aparelhos para seleccionar, peneirar, separar terras, pedras; aglomerar combustíveis. NC 3004 Produtos farmacêuticos. NC 8481 Torneiras, válvulas e dispositivos semelhantes, para canalizações e caldeiras. NC 3917 Tubos e seus acessórios, de plástico. NC 1604 Preparações e conservas de peixes. NC 2202 Tomates preparados ou conservados. NC 9404 Aparelhos de iluminação, incluindo projectores e suas partes; anúncios, tabuletas, etc. Para 2011 assinalam-se as seguintes acções promocionais: LipoExpo – 2ª Mostra Portuguesa na Líbia (AIP/FIL – 14 de Fevereiro); e ainda a participação na Feira Internacional de Tripoli. CAsO DE suCEssO Desde 2007 que a Mármores Galrão aposta na Líbia, a partir da participação numa missão empresarial. Após várias missões e visitas, a empresa desenvolveu um projecto duradouro reforçando a necessidade de um contacto permanente com o mercado, estabelecendo uma parceria local. Sugere-se às empresas a presença de um tradutor na altura dos processos negociais facilitando a aproximação à língua, e a obtenção de um conhecimento profundo dos hábitos locais e religiosos da Líbia. Luís Ribeiro Rosa, BES João Rodrigues, AICEP Sónia Pereira, Mármores Galrão Moderador: Jorge Oliveira, AIP-CCI/FIL A b r i l d e 2 0 1 1 • 39 informação MARROCOS CADA VEZ MAIS PRÓXIMO DA EUROPA População (2010) - 32 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 2 056,9 euros Comércio (Bens) de Portugal com Marrocos: Exportações (2009) - 205 milhões de euros Importações (2009) - 58 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 17º INFORMAÇÃO DE MERCADO Marrocos tem vindo a afirmar-se a nível internacional perspectivando-se que continue a crescer a bom ritmo, ao longo dos próximos anos. A política económica prosseguida desde 2003, trouxe ao país estabilidade económica, que se traduziu numa notável evolução do sector financeiro e no grande progresso registado no desenvolvimento do sector dos serviços. Marrocos tem apostado na modernização de infra-estruturas (portos e aeroportos, energias renováveis) bem como no desenvolvimento do seu sector industrial com a criação de 22 plataformas integradas (incluindo sectores especialmente vocacionados para a exportação). A agricultura foi reorganizada em fileiras (sector de grande importância) e o país deu mostras de um estilo de vida moderno e urbano, com o sector do franchising e centros comerciais a registarem grande desenvolvimento. A sua proximidade geográfica à Europa tem constituído também um ponto forte para o crescimento do país. De referir ainda a importância da zona franca de Tânger. A União Europeia (UE) constitui o principal parceiro comercial de Marrocos (maioritariamente enquanto cliente das exportações marroquinas), sendo a França e a Espanha (também com importantes laços históricos e culturais) os seus principais mercados de exportação e importação. O Acordo de Associação de Marrocos com a UE assegura uma posição especial nas relações económicas entre a UE e Marrocos. O estabelecimento de acordos de livre comércio com os EUA e outros Estados (e.g. Egipto e Jordânia) permitem a Marrocos melhorar diversificação de mercados. No que diz respeito às relações comerciais com Portugal, Marrocos é um importante parceiro comercial, sobretudo ao nível das exportações (20º cliente de Portugal, em 2009). Entre os principais produtos exportados para este mercado salientam-se os produtos semimanufacturados de ferro ou aço não ligado; automóveis de passageiros e outros veículos de passageiros; fios e cabos, incluídos os cabos coaxiais, e outros condutores, isolados para usos eléctricos; polímeros de cloreto de vinilo ou de outras olefinas halogenadas, em formas primárias. O número de empresas portuguesas a exportar para Marrocos tem vindo a aumentar, passando de 596 em 2004 para 873 em 2009. O mercado marroquino apresenta, igualmente, algumas dificuldades, entre as quais se destacam: uma forte concorrência de novos players no mercado, nomeadamente, a China, países do Golfo Pérsico e a Turquia; existência de um défice de informação qualificada sobre o mercado e os parceiros comerciais. Recomenda-se às empresas exportadoras um acompanhamento e proximidade constante com parceiros e interlocutores locais. OpORtuNIDADEs O grande objectivo do Governo marroquino é a transformação de Marrocos numa plataforma industrial para a Europa. Neste domínio, a AICEP identifica como áreas de grande oportunidade o sector automóvel (componentes plásticos, mecânicos e electrónicos) e a indústria aeronáutica onde já existe a formação de um cluster composto por 150 empresas, próximo de Casablanca. A construção e modernização de infra-estruturas (água, lixo, ambiente) é, igualmente, outra área de grande relevância bem como a das energias renováveis. Nesta última área Marrocos tem como objectivo a atracção de investimento directo (transferência de tecnologia, criação de clusters locais na área solar e eólica). Outras áreas de expansão identificadas respeitam à agro-indústria, têxteis, calçado, bem como ao sector do turismo ao nível da gestão e formação hoteleira e indústrias conexas, nomeadamente, golf e animação turísticas. De acordo com o estudo do BES-Espírito Santo Research, as principais oportunidades de exportação de mercadorias para Marrocos são: NC 8708 Partes e acessórios para tractores, autocarros, automóveis de passageiros e de mercadorias. NC 1701 Açúcares de cana ou de beterraba e sacarose quimicamente pura, no estado sólido. NC 4011 Pneumáticos novos, de borracha. 40 • A b r i l d e 2 0 1 1 PORTUGAL EXPORTADOR 2010 NC 9403 Móveis e suas partes (excepto assentos e mobiliários para medicina, cirurgia, odontologia ou veterinária). NC 8409 Partes destinadas aos motores de pistão. NC 7308 Construções e suas partes (pontes e elementos de pontes, comportas, torres, pórticos, pilares, colunas, armações, estruturas para telhados, portas e janelas). NC 8419 Aparelhos e dispositivos para tratamento de matérias por meio de operações que impliquem mudança de temperatura, tais como o aquecimento, cozimento e torrefacção. NC 8529 Partes destinadas aos aparelhos emissores e receptores para radiodifusão ou televisão, câmaras de vídeo de imagens fixas e outras câmaras (camcordes). NC 8537 Quadros, painéis, consolas, e outros suportes, para comando eléctrico ou distribuição de energia eléctrica. NC 4819 Caixas, sacos, cartuchos e outras embalagens, de papel, cartão, pasta de celulose ou de fibras de celulose. Para 2011 destacam-se os seguintes eventos: Salon Internacional de L’Agriculture au Maroc (SIAM) - a decorrer em Abril – dedicado, como o nome indica, à agricultura; e o Salon Internacional du Bâtiment (Salão Internacional de Construção) - a decorrer em Novembro - no qual a AIP-CCI irá organizar o pavilhão português. CAsO DE suCEssO A Guigus Solutions, empresa focada no apoio à internacionalização de empresas, com presença em Marrocos, considera que este é um país atractivo para as Pequenas e Médias Empresas, uma vez que o seu sistema financeiro é bem estruturado, devendo aquelas aproveitar a linha de crédito concessional disponibilizada. Considera-se ainda que é essencial a informação de qualidade antes de qualquer tomada de decisão, sendo imprescindível a análise do mercado. Paulo Paulino, BES Eduardo Henriques, AICEP Luís Antunes, Guigus Solutions Moderador: João Dottti, AIP-CCI MOÇAMBIQUE JÓIA DA áfRICA AUSTRAL População (2010) - 21,6 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 339,3 euros Comércio (Bens) de Portugal com Moçambique: Exportações (2009) - 120 milhões de euros Importações (2009) - 43 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 27º INFORMAÇÃO DE MERCADO Com uma localização estratégica na costa oriental da África Austral, Moçambique é um país com estabilidade política e um crescimento sustentado da sua economia. O investimento e comércio externo têm merecido especial enfoque na política governamental, quer através da existência de vários incentivos (a nível fiscal, aduaneiro e comercial), quer pelo estabelecimento de diversos acordos bilaterais de cooperação e investimento. Moçambique faz parte da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), actualmente com 15 membros, e cuja criação de uma zona de livre comércio entre os seus membros, tem permitido intensificar o relacionamento comercial dos países envolvidos. Moçambique, apresenta uma balança comercial deficitária com o mundo. As exportações de bens de Moçambique apresentam um grau de concentração muito elevado, representando o alumínio mais de 50% do total exportado. Outros importantes produtos exportados são a electricidade, gás natural, tabaco, açúcar e camarão. A Holanda, África do Sul, China, Espanha, Portugal e Reino Unido são os principais clientes. Os combustíveis, máquinas, automóveis, cereais e energia eléctrica encontram-se entre os principais bens importados. Regista-se uma evolução favorável no relacionamento comercial de Portugal com Moçambique, apresentando as exportações para este mercado uma taxa média A b r i l d e 2 0 1 1 • 41 informação anual de crescimento de 12.6% no período 2004 e 2009. Entre os principais bens exportados destacam-se os livros, fios e cabos, vinhos, aparelhos eléctricos para telefonia ou telegrafia, móveis, veículos automóveis para transporte de mercadorias e preparações e conservas de peixes. Em 2009, 1362 empresas portuguesas exportavam mercadorias para Moçambique. O investimento privado desempenha um papel crucial no desenvolvimento da economia moçambicana, sendo a entidade competente o Centro de Promoção de Investimentos. Neste domínio, cumpre referir que o quadro jurídico moçambicano relativo ao investimento não se diferencia substancialmente do português. No campo das relações laborais, o processo de contratação de estrangeiros, tende a ser moroso e implica cuidados para os investidores. Actualmente encontram-se a decorrer grandes projectos, como a construção de um novo porto oceânico a sul de Maputo, a revitalização da linha ferroviária e a modernização dos aeroportos. A SOFID, instituição financeira de desenvolvimento, tem vindo a apoiar várias empresas portuguesas e seus parceiros em investimentos em países emergentes ou em desenvolvimento, nomeadamente em Moçambique, através do desenvolvimento de produtos financeiros à medida e serviços financeiros diversos. Em 2010 foi criado o InvestimoZ – Fundo Português para o Apoio ao Investimento em Moçambique, que financia especificamente projectos de investimento de empresas portuguesas e de parcerias luso-moçambicanas em Moçambique, em todos os sectores económicos que sejam estruturantes para a economia e o tecido empresarial moçambicanos. No Portugal Exportador 2010 foram apresentadas de forma detalhada as potencialidades do município Matola, localizado no sul de Moçambique, a 15km de Maputo, que concentra o maior parque industrial do país (com cerca de 500 unidades industriais). Matola apresenta um forte crescimento ao nível demográfico, económico e industrial e beneficia de boas infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e marítimas. Foram consideradas como áreas de investimento de interesse para as empresas portuguesas nesta zona a metalo-mecânica, a construção de habitação de custos reduzidos, a agroindústria, as obras públicas, os transportes e a hotelaria e turismo. OpORtuNIDADEs A economia moçambicana apresenta um conjunto diversificado de oportunidades para os investidores em sectores de actividade estratégicos para a economia, nomeadamente no sector da energia (incluindo os bio-combustíveis), agricultura (agro-negócio), recursos naturais (minerais e flores) e imobiliário. O BES-Espírito Santo Research identifica como principais oportunidades de exportação: NC 2523 Cimentos hidráulicos, incluídos cimentos não pulverizados. NC 8438 Máquinas e aparelhos para preparação ou fabricação industrial de alimentos ou bebidas. NC 8429 Bulldozers, angledozers, niveladoras, raspo-transportadoras "scrapers", entre outros. NC 8716 Reboques e semi-reboques. NC 8705 Veículos Automóveis para usos especiais. NC 8431 Partes destinadas a máquinas e aparelhos de terraplanagem, nivelamento, raspagem, escavação, compactação, extracção ou perfuração da terra. NC 8422 Máquinas de lavar loiça; máquinas e aparelhos para encher, fechar, rolhar ou rotular garrafas. NC 7214 Barras de ferro ou aço não ligado. NC 3917 Tubos e seus acessórios, de plástico. NC 3402 Agentes orgânicos de superfície (excepto sabões); preparações tensoactivas, preparações para lavagem. CAsO DE suCEssO Tropigalia, empresa de distribuição de produtos alimentares e não alimentares no mercado moçambicano, é considerada como “embaixadora dos produtos portugueses em Moçambique”. Desde 2005 que se iniciou na distribuição de produtos portugueses, tendo o seu sucesso resultado, em grande parte, da escolha criteriosa e acertada dos parceiros, bem como da manutenção de um enquadramento estável para os negócios. Nuno Morais Sarmento, PLMJ; Francisco Mendes Palma, BES ; Vital Morgado, AICEP Adolfo Correia, Tropigalia; Arão Nhancale, Conselho Municipal da Cidade de Matola; Salimo Abdula, CTA; Diogo Gomes Araújo, SOFID; Francisco Mantero, CE-CPLP; Jamu Hassan, MOPAC 42 • A b r i l d e 2 0 1 1 Moderadores: Francisco Ferreira da Silva, Diário Económico; Jeremias Langa, O País. PORTUGAL EXPORTADOR 2010 POLÓNIA UM CRESCIMENTO DINâMICO, UM POSICIONAMENTO ESTRATéGICO População (2010) - 38,1 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 8 262,8 euros Comércio (Bens) de Portugal com a Polónia: Exportações (2009) - 255 milhões de euros Importações (2009) - 323 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 13º INFORMAÇÃO DE MERCADO Desde 2004 (ano da adesão da Polónia à União Europeia), a economia polaca tem registado elevados ritmos de crescimento, tornando-se numa das economias mais dinâmicas da UE. As relações comerciais e de investimento da Polónia com o exterior intensificaram-se significativamente desde a adesão à UE. A Polónia tem vindo a atrair grandes projectos de investimento, com uma elevada componente tecnológica, em resultado, entre outros factores, da existência de um enquadramento favorável ao investimento, quer em termos de incentivos (nomeadamente, a existência de 14 Zonas Económicas Especiais), quer pela elevada qualificação da sua população jovem. Ao nível do comércio externo, a UE tornou-se o maior cliente e fornecedor da Polónia sendo a Alemanha o maior parceiro comercial, seguindo-se a China no espa- ço não comunitário. As exportações e importações de bens são maioritariamente de máquinas, aparelhos, automóveis e suas peças e acessórios. As relações comerciais entre Portugal e a Polónia têm vindo a intensificar-se, verificando-se um crescimento significativo das exportações portuguesas de bens e serviços para a Polónia (taxa média anual de crescimento de 18.6% no período 2004-2009). As principais exportações de Portugal para a Polónia respeitam a: máquinas e aparelhos eléctricos e não eléctricos, automóveis, peças e acessórios, móveis, produtos farmacêuticos e lacticínios. No âmbito do investimento estrangeiro na Polónia, Portugal é um importante parceiro, registando-se a presença de mais de 100 empresas portuguesas em território polaco (28 em 2004). As principais áreas de investimento têm sido a distribuição, construção, consultoria, alimentação/bebidas, têxteis e confecções, banca e seguros, químico e farmacêutico, metalúrgico e metalo-mecânico, ambiente e energias renováveis. De referir que cerca de 74% do investimento português na Polónia tem sido feito de raiz. Foram referidos os acordos de cooperação estabelecidos entre Portugal e a Polónia, demonstrativos da sua estreita relação: o Acordo de Apoio e Protecção Mútua dos Investimentos, de 1993; a Convenção para evitar a Dupla Tributação, de 1995; o Acordo de Cooperação no Âmbito do Turismo, de 2003 e, o Acordo de Cooperação Científica e Técnica, de 2005. OpORtuNIDADEs O mercado polaco é bastante concorrencial e apresenta excelentes oportunidades ao nível dos sectores da construção civil e obras públicas, máquinas e equipamentos para a construção civil, materiais de construção, moldes, produtos farmacêuticos e biotecnologia, novas tecnologias, agro-alimentar e energias renováveis. O aproveitamento do programa de privatizações em curso (2011) bem como a realização próxima do Campeonato Europeu de Futebol (2012) foram também indicadas como uma oportunidade a explorar. De acordo com o BES-Espírito Santo Research, as principais oportunidades de exportação para a Polónia são: NC 8708 Partes e veículos automóveis. NC 2710 Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos. NC 8529 Partes destinadas aos aparelhos emissores para telefonia ou telegrafia, por fios videofone. NC 8443 Máquinas e aparelhos para impressão por meio de caracteres tipográficos. NC 4011 Pneumáticos novos, de borracha. NC 9018 Instrumentos e aparelhos para medicina, cirurgia, odontologia e veterinária. NC 8504 Transformadores eléctricos, conversores eléctricos estáticos. NC 6204 Fatos de saia-casaco, conjuntos, casacos, outros de uso feminino. NC 4802 Papel e cartão, não revestidos. A b r i l d e 2 0 1 1 • 43 informação NC 6109 T-shirts e camisolas interiores, de malha. CAsO DE suCEssO Segundo a Garrigues, actualmente o maior escritório de advogados da Península Ibérica, os dispositivos societários da Polónia são semelhantes aos que vigoram em Portugal, no entanto o regime de investimentos e os impostos em geral são mais favoráveis na Polónia. Bogdan Zagrobelny, Embaixada da Polónia em Lisboa Luís Florindo, AICEP Miguel Marques dos Santos e Gonçalo de Almeida e Costa, Garrigues Tiago Costa, Câmara de Comércio Polónia-Portugal Moderador: Caldeira dos Santos, AIP-CCI RÚSSIA O PESO DO SIMBOLISMO População (2010) - 140,4 milhões de habitantes PIB per capita (2010) – 7 545,7 euros Comércio (Bens) de Portugal com a Rússia: Exportações (2009) - 88 milhões de euros Importações (2009) - 529 milhões de euros Ranking 2009 (Cliente) - 32º INFORMAÇÃO DE MERCADO A Rússia pertence ao grupo das economias designado por BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), destacando-se, nos últimos anos, no cenário internacional pelo seu rápido crescimento económico. Apesar de ter sido fortemente atingida pela crise económica internacional as perspectivas de crescimento são favoráveis. O Governo russo tem vindo a reduzir o peso do Estado na economia, tendo aprovado recentemente um ambicioso plano de privatizações, o qual contempla mais de 400 empresas (algumas consideradas de interesse estratégico) em diversas áreas de actividade (construção, seguros, transporte marítimo, gestão portuária e aeroportos, …). A dependência da Rússia dos sectores da energia e metais colocam o país numa situação vulnerável. No entanto, as perspectivas favoráveis de crescimento do mercado interno nos próximos anos poderão estar na origem de uma nova dinâmica, nomeadamente do sector automóvel e dos moldes. A União Europeia é actualmente o principal parceiro comercial da Rússia verificando-se no entanto uma crescente importância da China, enquanto cliente e fornecedor. Em 2009, a Holanda, Itália, Ucrânia, China e Alemanha mantiveram-se como os principais clientes das 44 • A b r i l d e 2 0 1 1 exportações russas. No mesmo ano, a China, a Alemanha, o Japão, a Ucrânia e os EUA foram os principais fornecedores da Rússia. As relações comerciais entre Portugal e a Rússia têm sido tradicionalmente deficitárias. No entanto, entre 2004 e 2009, as exportações portuguesas para a Rússia registaram uma evolução positiva, passando a Rússia a ser o 32º cliente de Portugal. Em 2009, o número de empresas portuguesas a exportar mercadorias para território russo, foi de 369. Entre os produtos exportados para o mercado russo destacam-se as máquinas e aparelhos mecânicos e eléctricos; cortiça aglomerada, com ou sem aglutinantes, e suas obras; tomates preparados ou conservados; calçado com sola exterior de borracha, plástico, couro natural ou reconstruído e parte superior em couro natural; e produtos hortícolas preparados ou conservados. A abordagem ao mercado russo deve ter em consideração que Moscovo e S. Petersburgo são os pólos mais atractivos da actividade económica na Rússia, com Moscovo a concentrar entre 80% a 90% dos importadores nacionais e onde se localiza a sede da maioria das grandes empresas. A escolha de um parceiro local/agente, a visita e a participação em feiras internacionais, em articulação com o parceiro local, a presença assídua no mercado, o trabalho contínuo com consultoria legal russa e a clarificação de todos os termos dos contratos, incluindo condições seguras de pagamento para evitar disputas posteriores são também elementos essenciais a ter em consideração pelas empresas portuguesas na sua abordagem ao mercado russo. O recurso à Entreprise Europe Network (EEN), instrumento criado pela Comissão Europeia em 2008 para apoiar as PME no seu processo de internacionalização e no encontro de parceiros estratégicos para a inovação e desenvolvimento sustentado dos seus negócios, poderá PORTUGAL EXPORTADOR 2010 revestir-se igualmente de interesse para as empresas portuguesas, sendo que na Rússia, a Rede EEN é repre- sentada por três agências e engloba já metade das regiões do país. OpORtuNIDADEs De acordo com o estudo do BES - Espírito Santo Research, foram identificadas as seguintes oportunidades de exportação de mercadorias para as empresas portuguesas: NC 3004 Medicamentos, em doses ou acondicionados para venda a retalho. NC 8525 Aparelhos emissores para radiotelefonia, câmaras de TV; câmaras de vídeo. NC 8471 Máquinas automáticas para processamento de dados / unidades leitores magnéticos. NC 8708 Partes e acessórios de veículos automóveis. NC 8443 Máquinas e aparelhos para impressão por meio de caracteres tipográficos. NC 6403 Calçado com sola exterior de borracha, plástico, couro natural. NC 8481 Torneiras e válvulas e dispositivos semelhantes, para canalizações. NC 8537 Quadros, painéis, consolas, cabinas, armários e outros suportes. NC 4011 Pneumáticos novos, de borracha. NC 4504 Cortiça aglomerada, com ou sem aglutinantes, e suas obras. CAsO DE suCEssO A marca Ana Sousa representa um caso de sucesso no sector têxtil. A existência de um agente foi uma mais-valia para a implementação da empresa em território russo, concordando em abrir lojas da marca não em Moscovo mas, em regiões mais periféricas, em que a concorrência é menor. As dificuldades no mercado russo não são incontornáveis: no caso da língua, dado que o primeiro contacto deverá ser feito com um parceiro local, um intérprete será essencial. A falta de informação qualificada sobre os parceiros locais é outro aspecto de extrema importância. Salvador Leite, BES Pedro Patrício, AICEP Olga Ermakova, Rede EEN Moderador: Henrique Neto, AIP-CCI A b r i l d e 2 0 1 1 • 45 informação 9 GRANDES TEMAS EM DESTAQUE O Portugal Exportador 2010 apresentou ainda workshops dedicados aos temas “Começar a Exportar” e “Inovar para Exportar”, onde se plasmaram diversas ideias-chave ligadas aos processos de exportação e internacionalização das empresas. No Auditório “Começar a Exportar”, dirigido essencialmente às empresas não exportadoras ou em vias de o fazer, o objectivo foi proporcionar aos participantes os princípios e as ferramentas base a ter em conta na primeira fase deste processo, nomeadamente: • Políticas Públicas e os Desafios para as PME • Primeiros Passos para Exportar • Comunicar Global • Projectos Associativos de Apoio à Internacionalização No Auditório “Inovar para Exportar” foram abrangidas questões que os empresários terão de assumir como fulcrais neste procedimento. Os pormenores substanciais expostos que poderão fazer diferença para empresas exportadoras que queiram crescer num mercado externo foram: • Inovar para Competir • Financiamentos e Apoio à Inovação • Instrumentos Europeus de Apoio à I&DT • Gestão da Informação e do Conhecimento • Valorização do Produto: Design, Marcas e Patentes Auditório IV - Começar a Exportar O Portugal Exportador 2010 promoveu um conjunto de sessões especificamente dirigidas a empresas que querem dar os primeiros passos na exportação. Para além da sessão “Políticas Públicas e os Desafios para as PME”, as empresas tiveram oportunidade de se familiarizarem com os “Primeiros Passos Para Exportar”, de aprenderem a importância do “Comunicar Global” na exportação de bens e serviços e de conhecerem os principais “Projectos Associativos de Apoio à Internacionalização”. Das intervenções efectuadas neste Auditório, disponíveis no portal do Portugal Exportador, relevam-se os seguintes aspectos: PolíticaS PúblicaS e DeSafioS Para aS PMe As políticas públicas desempenham um papel fundamental na promoção da internacionalização da economia, nomeadamente nas suas vertentes – exportação e investimento no exterior. Os principais objectivos estabelecidos para as políticas públicas no domínio da internacionalização das empresas portuguesas são o de alargar a base exportadora nacional (aumentando o número das empre46 • A b r i l d e 2 0 1 1 sas que se internacionalizam), o de diversificar os mercados (Magreb, EUA, Canadá e México no Hemisfério Norte; países da CPLP, África do Sul e Venezuela no Hemisfério Sul) e aumentar o valor acrescentado (procurando desenvolver mais produtos/serviços com recurso ao conhecimento). Estes objectivos traduzem-se em três tipos de políticas: políticas de infraestrutura e de contexto (regulamentação e regulação de mercados; transportes e logística; fiscalidade), políticas de suporte (informação, capacitação empresarial, recursos humanos, rede de contactos, …) e políticas de iniciativa pública (orientada a falhas de mercado e/ou representação do Estado). Neste sentido, a AICEP desenhou, recentemente, um programa que visa o apoio a empresas portuguesas no processo de mobilização para a internacionalização, na diversificação de mercados de exportação, na captação de novos investimentos e reforço dos actuais, e ainda, na promoção da imagem de Portugal, denominado Programa “Internacionalizar para Crescer”. O conhecimento das especificidades das empresas perante a internacionalização é importante para o PORTUGAL EXPORTADOR 2010 desenho das políticas públicas. A Comissão Europeia apresentou os resultados de um Inquérito que promoveu sobre a internacionalização as PME Europeias, tendo sido dado a conhecer que 44% das PME da UE desenvolvem actividade internacional, numa ampla variedade de sectores, dos quais se destacam o comércio a retalho, a indústria extractiva e transformadora e investigação. Na UE cerca de 25% das PME desenvolvem actividades exportadoras, sendo os principais mercados de destino para além dos países da própria UE, outros países europeus e a América do Norte. Eurico Dias, AICEP Iñigo Urresti, Comissão Europeia PriMeiroS PaSSoS Para exPortar Para a consultora CESO-CI o auto-diagnóstico é o primeiro passo a considerar pela empresa no seu processo de exportação e desempenha um importante papel. Passa pela análise da situação actual da empresa, por uma avaliação do potencial de internacionalização e pela tomada de decisão. Na análise da situação da empresa, importa ter em conta o capital social e humano (disponibilidade dos gestores, orientação internacional, capacidade negociação internacional, percepção das variáveis ambientais), as suas características internas (número de empregados, volume de vendas, capacidade produtiva, situação financeira), e ainda as características ambientais (ambiente interno e externo). A avaliação do potencial de internacionalização deverá focar-se no produto, na vantagem competitiva internacional e nas possíveis barreiras. Por fim, a tomada de decisão deverá considerar a escolha dos mercados, o timing de entrada nos mesmos e do modelo de internacionalização a adoptar. Outros dos passos a considerar no processo de exportação respeita ao conhecimento dos apoios disponíveis. Nesta sessão foram referidos apoios à internacionalização da AICEP. Esta entidade através do Gestor de Cliente e de uma rede internacional, presta serviços de consultoria especializada, identifica oportunidades de negócios a nível internacional (pesquisa de parceiros de negócio e acções institucionais) e acompanha o desenvolvimento de processos de internacionalização das empresas portuguesas. A AICEP também é parceiro nos programas InovContacto (estágios profissionais), programa InovExport (Programa de Estímulo ao Emprego de Especialistas em Comércio Internacional nas PME Nacionais Exportadoras ou potencialmente exportadoras) e BIU – Business Intelligence Unit (consórcio entre empresas, universidades e Estado, para melhorar o conhecimento sobre o Negócio Internacional). Foram ainda referidos o Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME, a Estratégias de Eficiência Colectiva, o Sistema de Apoio a Acções Colectivas e os Protocolos de Colaboração com as principais instituições bancárias em Portugal. Na escolha dos mercados a abordar importa recolher, tratar e analisar informação social e económica sobre os mesmos, já que o conhecimento da oferta do mercado nacional e da procura dos mercados externos leva ao apuramento de potenciais oportunidades. O Espírito Santo Research apresentou 13 oportunidades de exportação (África do Sul, Angola, Argélia, Brasil, Cabo Verde, China, EUA, Índia, Líbia, Marrocos, Moçambique, Polónia e Rússia). Para a Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Portugal (ADVP) o processo de venda em mercados externos reveste-se também de especial importância, devendo ter presente o tipo de negócio, a importância estratégica do mercado, a experiência em gestão de exportações e o tipo de produto. No âmbito do sector da distribuição, é importante analisar as diferenças entre os países. Foram mencionadas múltiplas modalidades de entrada nos mercados, quer de forma directa (distribuidores ou agentes), quer indirecta (“export buying agent, broker, export management company, trading company, ou piggyback”). São também possíveis outras vias alternativas (“licensing, franchising, joint-venture, aquisição, internet, greenfield”). António Santos, CESO-CI Francisco Mendes Palma, BES Helena Pires, AICEP Peter Higgs, ADVP coMunicar Global A empresa PUBLIVISION acredita que abordar mercados externos exige que as empresas saibam comunicar de forma global, transmitindo uma imagem positiva da sua empresa e dos seus produtos e serviços, através dos canais mais eficazes que permitam chegar mais longe. Actualmente, a informação é um fim em si mesmo, há uma afirmação dos canais interactivos e o aparecimento de novos, e uma diminuição dos custos com a comunicação. Ao nível da comunicação global caminha-se para realidades socioeconómicas que permitirão a descoberta de “novas geografias”, a predominância da comunicação interactiva conduzindo a uma concorrência mais alargada que poderá obrigar à inovação. Para a empresa, comunicar global implica uma comunicação corporativa e uma comunicação de marke- A b r i l d e 2 0 1 1 • 47 informação ting. Neste ambiente, a AICEP afirma que a comunicação corporativa pressupõe transmitir uma imagem positiva da empresa, relativamente à imagem financeira, à imagem de produto, à imagem interna e funcional e à imagem junto da opinião pública. Neste sentido, a imagem torna-se num activo essencial para a sua competitividade e não apenas num encargo para as empresas. A comunicação de marketing envolve a imagem da empresa no âmbito da marca ou do produto. Abrange o branding idea, a identidade, educação e aptidões relacionais. Neste contexto, importa ser único, possuir uma identidade consistente, ter uma educação que torne a empresa socialmente aceite e admirada, ter aptidões relacionais, com um site simples e uma acção que revele interesse pelo cliente. É igualmente importante saber gerir a reputação da marca, desenvolvendo uma identidade forte ao nível do nome, do produto ou serviço, e dos valores. O branding idea da empresa deverá ter um bom logótipo, boas imagens, bons textos e um manual de comunicação. Torna-se imprescindível apostar numa marca forte, com um posicionamento claro, que seja válido em todo o lado, e com uma gestão aprimorada da informação, numa base de partilha, controlo, e gestão. Para a IWAYTRADE uma empresa que se pretenda internacionalizar deve ter em conta que a sua presença na Web será a sua imagem (eventualmente a única) para a maioria dos clientes e parceiros internacionais. O website torna-se assim o espelho da empresa devendo, portanto, cobrir uma pluralidade de objectivos, que irá para além da informação institucional e da vida da organização sendo o mais importante a disponibilização de um catálogo ou portfólio de produtos/serviços. Os sites constituem excelentes ferramentas para potenciar a cadeia de valor da empresa, tornando-se necessário criar mecanismos de análise, através da monitorização quantitativa/qualitativa de acessos, e do nível da interacção com o público. A Web explora a relação que existe entre os seus utilizadores podendo ser potenciada através das redes sociais. Neste sentido, o desenvolvimento estratégico do website, permitirá desenvolver uma reputação positiva. Neste contexto foi desenvolvido o projecto e-PME que resulta de uma parceria entre a AIP-CCI, a PT e a Cisco, e tem como objectivos, potenciar a competitividade das PME portuguesas através de investimentos na infra-estrutura tecnológica, na consultoria e formação em tecnologias de informação e comunicação e marketing. O projecto é dirigido essencialmente às PME que necessitem de renovar a infra-estrutura de comunicações e o respectivo parque informático, às PME cujo incremento da tecnologia possa contribuir 48 • A b r i l d e 2 0 1 1 para a melhoria da eficácia dos seus processos e para o aumento do volume de negócios, às PME que visem a promoção do seu negócio a uma escala global, com uma presença efectiva na economia digital, e às PME com estratégias de crescimento e de expansão do negócio. Este projecto foi criado no sentido de dar resposta às necessidades de desenvolvimento tecnológico das empresas permitindo diminuir custos e tempos associados às vendas, maior rapidez de decisão e o acesso a novos mercados internos e externos. Benvinda Catarino e Rui Silva, Projecto e-PME Carlos Pacheco, AICEP José Duarte, IWAYTRADE José Pinto, Publivision Moderador: Anabela Mendes, IWAYTRADE ProjectoS aSSociativoS De aPoio à internacionalização Na estratégia de apoio à internacionalização é reconhecido o papel das associações empresariais nos projectos desenvolvidos. No Portugal Exportador 2010 foram apresentados vários projectos associativos neste domínio que a seguir se sintetizam. aPiccaPS associação Portuguesa dos industriais de calçado As iniciativas desenvolvidas tiveram por base um Plano de Acção com quatro eixos prioritários, nos quais se encontra a internacionalização. Neste âmbito, a estratégia desenvolvida visou a participação das empresas em feiras e exposições, missões empresariais, acções de promoção e imagem, acções de comunicação, e acções de disseminação de resultados. A estratégia de internacionalização deste sector pressupõe a divulgação da imagem do calçado português. É um investimento crescente, com vista a disseminar a qualidade do calçado nacional ao nível internacional. viniPortuGal associação interprofissional para a promoção dos vinhos portugueses Em 2010, a VINIPORTUGAL levou a marca “Wines of Portugal” a 20 cidades com provas de vinhos, a 8 feiras internacionais para profissionais e a 15 cidades com city-tastings. Em 2011, espera-se um reforço estratégico de posicionamento da marca “Wines of Portugal” nos EUA e Brasil, pretendendo-se dar, igualmente, continuidade ao trabalho desenvolvido nos outros mercados, tendo como objectivo o consumidor final. A aposta é também nas redes sociais e no aproveitamento do potencial turístico para ter um plano PORTUGAL EXPORTADOR 2010 de acção no mercado nacional e internacional. Selectiva MoDa O crescimento das exportações é um imperativo no futuro da economia portuguesa. E neste sentido, as Associações têm uma enorme responsabilidade como catalisadoras das exportações portuguesas. A palavra de ordem será então: Exportar. Exportar significa tentar conhecer os mercados, ir aos mercados e abrir negócios no estrangeiro. Os portugueses têm de fazer mais prospecção, mais negociação, mais venda em mercados internacionais, sempre com continuidade. Neste ambiente, a Selectiva Moda tem como objectivo ajudar as empresas do sector a internacionalizar-se, num contexto em que as exportações do sector têxtil correspondem a 11% das exportações nacionais. riais, organização de encontros bilaterais entre empresas das TICE, portuguesas e estrangeiras, representações nacionais em certames especializados, seminários em mercados prioritários e contactos com associações congéneres. Para 2011, a ANETIE pretende desenvolver as seguintes acções: Plano Marketing Internacional: “Afirmação de Portugal no Mundo“; Colocar Portugal No Radar - Reino Unido; Missões de Prospecção – China/Macau, África do Sul, Uruguai/Paraguai, Qatar, Singapura; Missões Empresariais - Angola, Moçambique, Brasil e Espanha; Missões Institucionais - Venezuela, Moçambique, Turquia; e Estudos de Mercado. aerliS associação empresarial da região de lisboa Os projectos da AERLIS no domínio da internacionalização incluem workshops e informação de mercado, a avaliação do potencial de internacionalização, o agendamento de reuniões/contactos bilaterais, organização de sessões de boas-vindas, visitas institucionais e “get together”, acompanhamento no mercado, deslocações colectivas, entre outros. Em 2011, os principais mercados em que a AERLIS tem previstas acções são: Moçambique, Tunísia, Angola e Marrocos. aiP-cci associação industrial Portuguesa - câmara de comércio e indústria No âmbito da internacionalização, a AIP-CCI tem como objectivo reforçar as relações económicas com países terceiros e prestar serviços de apoio à internacionalização de forma a alargar a base exportadora nacional e a apoiar as empresas na diversificação de mercados. Neste âmbito, estabelece Acordos de Cooperação com países em todo o mundo, desenvolve estudos de mercado, realiza feiras e missões empresariais, promove a recepção de delegações estrangeiras e prepara candidaturas QREN/SIQI. Actualmente, os mercados prioritários da sua actuação são os mercados da CPLP, do MAGREB, Irão, Índia e China. anetie associação nacional das empresas das tecnologias de informação e electrónica No âmbito da sua missão ao nível da internacionalização das empresas do sector das tecnologias de informação e electrónica, promove missões empresa- Alfredo José Moreira, APICCAPS Ana Sofia Oliveira, VINIPORTUGAL António de Souza-Cardoso, Selectiva Moda Carla Sequeira e Jorge Oliveira, AIP-CCI João Martins, AERLIS Tiago Valente, ANETIE A b r i l d e 2 0 1 1 • 49 informação Auditório V – Inovar para Exportar Portugal Exportador 2010, reconhecendo a extraordinária valia da inovação em processos de exportação, decidiu reflectir sobre um conjunto de temas considerados relevantes para o efeito, contando com a participação de especialistas nacionais e internacionais e de empresas nacionais que relevaram a suas experiências. Foram objecto de análise os seguintes temas: • Cooperar para competir; • Financiamento e apoios à inovação; • Instrumentos Europeus de Apoio à IDT; • Gestão da Informação e Conhecimento; • Valorização do Produto: Design, Marcas e Patentes. Com base nas várias intervenções efectuadas que estão disponíveis no portal do Portugal Exportador destacam–se alguns aspectos focados relativamente a estes temas. cooPerar Para coMPetir Numa era de globalização dos mercados, a internacionalização da actividade das empresas não é uma opção. É o caminho para as empresas competitivas. A inovação e a internacionalização suportam-se mutuamente, criando capacidade concorrencial e crescimento dos negócios. A inovação, nas suas várias formas, é essencial para as empresas nos seus processos de internacionalização. As empresas exportadoras inovadoras são mais produtivas e têm uma melhor performance económica do que as não exportadoras. Além disso, as empresas que procuram inovar tendem, ao mesmo tempo, a desempenhar actividades de internacionalização. No processo de internacionalização importa facilitar o acesso aos mecanismos de apoio às empresas criando redes de apoio e de cooperação no sentido de estimular a inovação e a internacionalização tornando as empresas mais competitivas. Nesta sessão do Portugal Exportador 2010 foram apresentados alguns casos de sucesso no âmbito de processos de internacionalização. O primeiro caso apresentado foi o da empresa Móveis Viriato / Hi Global que produz equipamentos para Hotelaria. A empresa desenvolve soluções inovadoras para o mercado hoteleiro ligadas à tecnologia, acabamentos manuais, investigação, novos materiais, modernidade. Encontra-se presente em todos os continentes nas mais prestigiadas cadeias hoteleiras, em resultado da aposta na qualidade dos seus produtos (70% da sua produção destina-se à exportação). 50 • A b r i l d e 2 0 1 1 Outro caso apresentado foi o da Mota-Engil Indústria e Inovação criada no sentido de desenvolver uma nova área de negócio do Grupo Mota-Engil. Esta empresa, através da dinamização e apoio a parceiros de base industrial, funciona como plataforma à estratégia de crescimento em mercados onde o Grupo Mota-Engil exerce as suas actividades. A Jerónimo Martins, empresa do sector da distribuição alimentar, apresentou a sua estratégia de internacionalização para a Polónia. A estratégia passou por apostar na rigorosa selecção dos produtos, nomeadamente os de marca própria e na inovação contínua, antecipando tendências de consumo e criando valor acrescentado. A Megajoule, empresa líder nacional em consultoria em energia eólica, tem experiência internacional em mais de vinte países. A dimensão do mercado nacional, a visibilidade internacional das competências nacionais no sector e as elevadas taxas de crescimento expectáveis em outros mercados foram alguns dos aspectos referidos pela empresa para iniciar o processo de internacionalização. A decisão sobre para onde internacionalizar foi feita através de uma análise de atractividade por regiões (e não países) tendo o processo sido conduzido através da cooperação entre empresas portuguesas (na escolha conjunta de mercados, na partilha de informação/riscos, na recomendação mútua, na transposição para novos mercados das relações cliente/fornecedor, e na junção de esforços para competir globalmente), e da cooperação com um parceiro local, com acesso facilitado a clientes, na procura de complementaridades. António Rocha, Móveis Viriato/Hi Global Iñigo Urresti, Comissão Europeia Luís Parreirão, Mota-Engil Miguel Ferreira, Megajoule Pedro Leandro, Jerónimo Martins (Pingo Doce) financiaMento e aPoioS à inovação Esta sessão pretendeu dar a conhecer os principais apoios de natureza financeira a projectos de investimento que visem a promoção da inovação, tendo sido salientados no âmbito do Programa Operacional -Factores de Competitividade do QREN três sistemas de incentivos: o Sistema de Incentivo à Investigação & Desenvolvimento Tecnológico; o Sistema de Incentivo à Inovação e o Sistema de Incentivo à Qualificação e Internacionalização de PME. No apoio ao financiamento de projectos de inovação PORTUGAL EXPORTADOR 2010 foram referidas outras soluções de mercado com partilha pública de risco, como os seguros de crédito (com linhas de apoio ao crédito comercial em diferentes países), fundos de capital de risco (Compete/SAFPRI, Consolida), linhas de crédito (PME Investe, QREN Investe, linhas especiais FINICIA e linhas protocoladas). O Banco BES salientou que tem procurado reforçar a sua capacidade de apoio às empresas inovadoras, através do estímulo à inovação (lançamento do concurso BES Inovação), do investimento na inovação (Espírito Santo Ventures) e do apoio à inovação (Gestores da Inovação). O Concurso BES Inovação garante a geração de ideias, assegura uma notoriedade e financiamento às ideias de maior sucesso e, ainda reforça a cultura de mercado junto das Universidades. Os fundos da Espírito Santo Ventures investem em três áreas: Clean Tech, Tecnologias de Informação e Comunicação e Saúde e Bem-estar, num padrão fundado na sustentabilidade ambiental, demografia e desenvolvimento global. André Março, IAPMEI Duarte Mineiro, BES Fernando Alfaiate, COMPETE/QREN Francisco Baptista, AICEP GeStão Da inforMação e conheciMento O 7º Programa-Quadro de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (2007-2013) - o maior instrumento europeu de financiamento de I&DT, apoia projectos de investigação fundamental, investigação aplicada e o desenvolvimento tecnológico, prototipagem e demonstração. Foram referidas duas das linhas de acção do 7º Programa-Quadro: o Programa Cooperação que pretende incentivar a cooperação entre empresas, Institutos de I&DT e Universidades com uma abordagem top-down onde as empresas têm uma posição de endusers, e o Programa Capacidades que pretende assegurar aos investigadores instrumentos suficientes no sentido de reforçar a qualidade e a competitividade da investigação, onde as PME são os únicos beneficiários. Os impactos esperados dos projectos são o aparecimento de produtos novos e/ou melhorados, processos e serviços com potencial de mercado, em conformidade com as normas europeias para que as associações e as PME alcancem vantagens competitivas para entrar em novos mercados ou expandir os existentes. As principais vantagens para as empresas são de natureza tecnológica (aumento da capacidade científica e tecnológica), de mercado (antecipar a concorrência nacional e acesso a novos mercados), de desenvolvimento das capacidades de investigação e gestão permitindo diversificar as suas áreas de negócio, bem como o desenvolvimento de competências de gestão. Foi mencionada a importância das redes internacionais de cooperação tecnológica, nomeadamente, as redes EUREKA, IBEROEKA, EUROSTARS e o Entreprise Europe Network. No caso específico das redes EUREKA e IBEROEKA, as vantagens da participação nestas redes prendem-se com o reconhecimento e prestígio no mercado europeu e ibero-americano, o acesso facilitado a financiamento público, a partilha de custos e riscos - maior capacidade de financiamento, maior grau de compromisso, partilha de conhecimentos, tecnologias, experiência e know-how - a facilidade em identificar parceiros, e a entrada em novos mercados na Europa e na América Latina. A empresa YDreams apresentou a sua experiência na participação em projectos de cooperação internacionais. O financiamento destes projectos foi conseguido recorrendo a programas europeus de I&DT, da DG Sociedade de Informação da Comissão Europeia, da Agência Espacial Europeia, do 7º Programa Quadro de I&DT e do Programa Quadro para a Competitividade e Inovação. Estes projectos foram desenvolvidos em consórcio com outras empresas e entidades internacionais. As vantagens desta participação referidas pela empresa são o enriquecimento da capacidade de Investigação e Desenvolvimento, a diversificação do conhecimento, a internacionalização, inovação organizacional, networking, manutenção da liderança tecnológica, a criação de parcerias e a orientação de mercado (fornecimento de produtos e serviços). No que respeita ao 7º Programa Quadro, a YDreams concorre a projectos no âmbito do Programa Cooperação e do Programa Pessoas. A Recipneu é produtora de polímeros reciclados (granulados de borracha) a partir de pneus em fim de vida. É uma referência neste sector de actividade, contribuindo muito significativamente para a exportação de produtos de elevada especificação. Apostando na qualidade de determinados produtos e do investimento em campanhas de comunicação em revistas internacionais, a empresa internacionalizouse, permitindo-lhe ganhar projectos em diversos países, principalmente no sector dos relvados sintéticos. A aposta na internacionalização passou pela candidatura a projectos europeus Craft, projectos Prime – Programa IDEIA e projectos POCI – Programa IDEIA e a projectos europeus Eco-innovation (ainda em curso). Marta Candeias e Alexandre Marques, GPPQ Mónica Pedro, YDreams Rita Silva, ADI Vasco Pampulim, Recipneu A b r i l d e 2 0 1 1 • 51 informação GeStão Da inforMação e conheciMento As empresas devem sistematicamente analisar informações relativas às capacidades, vulnerabilidades e intenções dos concorrentes e fazer uma avaliação do ambiente competitivo em geral (Inteligência Competitiva). As empresas que usam esta “ferramenta” têm melhores resultados, maior lucro, maior quota de mercado e uma melhor performance em todos os indicadores-chave. A AICEP empenhou-se na Inteligência Competitiva como forma de apoiar a internacionalização das empresas. Nesse sentido, foi criado em finais de 2009 o consórcio Business Intelligence Unit – BIU com 16 parceiros (AICEP, Universidades, Associações Empresariais, empresas, bancos, organismos da Administração Pública) que tem como objectivos estratégicos, potenciar o conhecimento sobre relações internacionais e internacionalização, proporcionar a partilha de experiências, a construção de redes empresariais nacionais em mercados externos, e desenvolver análises estratégicas. Ao nível empresarial foi apresentada a experiência da Galp Energia. Esta empresa criou o projecto “Vigilância Tecnológica” tendo como objectivos melhorar a tomada de decisões estratégicas, o desempenho organizacional da empresa e facilitar a comercialização (melhor conhecimento dos clientes e dos concorrentes). A Vigilância Tecnológica na Galp Energia é feita, basicamente, através da monitorização Internet e feeds RSS e da Rede Galp Inovação (portal «Rede Galp Inovação»). A organização inteligente para a internacionalização, no âmbito de uma empresa, terá de ser feita através de uma visão do futuro, potenciando vantagens competitivas existentes. De igual modo, é necessário alcançar uma maior riqueza interna, acompanhada por uma aprendizagem contínua, e que nas empresas as pessoas consigam identificar-se com os clientes. Neste sentido, há que redesenhar o labirinto das decisões e levar a cabo o planeamento e follow-up nas diferentes fases de internacionalização. Alexandre Campos, Competinov Joana Neves, AICEP Ruben Eiras, GALP Energia valorização Do ProDuto: DeSiGn, MarcaS e PatenteS O Centro Português de Design que celebra em 2010 os seus 25 anos, salientou a necessidade de melho- 52 • A b r i l d e 2 0 1 1 rar significativamente a percepção e o reconhecimento externo das marcas portuguesas, cujos níveis ficam muito aquém dos registados, por exemplo pela Itália e Espanha. Com o objectivo de internacionalizar o design, foi criado o programa “Des+gn mais” onde foram seleccionados designers e empresas, com o objectivo de criar um produto que fosse capaz de entrar no mercado estrangeiro. Este projecto teve sucesso, através de vários produtos inovadores, expostos e apresentados em diversas feiras internacionais. Verificou-se ainda que, ao fim de um ano, cerca de 60% dos designers presentes ficaram nessas empresas. Para o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é absolutamente necessário proteger os Direitos de Propriedade Industrial. A inovação deve passar não só no produto, mas também nos processos, na organização, no marketing, e é deste conjunto de estratégias que as empresas ganham capacidade para se posicionar em termos competitivos nos mercados internacionais. A Propriedade Industrial é um factor de competitividade já que cria condições para a diferenciação; facilita às empresas um posicionamento sólido no mercado; possibilita a melhoria o volume de negócios as empresas; permite a formação de uma imagem séria nos mercados; cria condições de investimento para fazer mais I&D, logo, mais inovação; auxilia no desenvolvimento de parcerias internacionais; e faculta protecção legal para garantia dos direitos de Propriedade Industrial. É reconhecida a importância da inovação no processo de exportação através da valorização do produto, e a Renova é exemplo disso. A empresa teve de se adaptar às especificidades do mercado, influenciando a escolha do consumidor. A transmissão de valores e de soluções às necessidades dos consumidores, bem como o desenvolvimento de uma estratégia de diferenciação com base na inovação, foram o motor para criar um vínculo com o consumidor e uma chave para o sucesso. Para a Renova inovar significa funcionalidade/ performance. São preocupações: a ética, a estética e o preço, bem como a aposta no Luxury care, dando notabilidade à marca. Em suma, é necessário saber o que o consumidor valoriza, procurando soluções para o que não é valorizado, assim como é preciso ter capacidade para correr riscos para ter sucesso no mercado. Henrique Cayatte, Centro Português de Design José Maurício, INPI Luís Saramago, Renova Abril de 2011 • 53 informação 1. AUTO-DIAGNÓSTICO a eMPreSa teM ou não caPaciDaDe Para exPortar? A empresa que pretenda iniciar uma actividade normal de exportação deve questionar-se sobre a sua capacidade para exportar, ou seja, se tem produtos adequados a cada mercado se dispõe de recursos humanos e financeiros necessários, se tem conhecimento / experiência da concorrência internacional, se a equipa de gestão tem as necessárias competências, nomeadamente linguísticas. Deve questionar a própria atitude face à inovação (nos produtos, nos processos, na tecnologia, na organização, ...) e à eventual expansão do seu negócio. Entre os vários aspectos a considerar salientam-se os seguintes: • A empresa dispõe de capacidade financeira que permita fazer face ao aumento das necessidades de financiamento, dos custos em marketing, deslocações, acções de prospecção, e eventualmente, investimentos para aumentos de produção, …? • A empresa dispõe dos recursos humanos adequados e com a formação necessária? Estes recursos podem ser afectos a esta actividade? • Os produtos / serviços que se pretende exportar podem ser competitivos em termos de preço, de qualidade? As suas características podem ser adaptadas consoante os mercados de exportação? • Dispõe ou tem condições para criar uma rede de contactos e parceiros internacionais adequada aos seus objectivos de exportação? • Que impacto terá a concretização do processo de exportação nas actividades da empresa? Com produtos adequados a cada mercado não será difícil exportar. No entanto, a actividade exportadora requer preparação e meios, devendo ter-se presente que o posicionamento nos mercados exige tempo. Uma avaliação (p. ex. uma análise Swot) do potencial de exportação e de internacionalização da empresa deve ser equacionada. 2. PROSPECÇÃO DE MERCADO coMo a eMPreSa Se Dá a conhecer? coMo encontra PotenciaiS clienteS? A empresa deve encetar um processo de exploração dos mercados com o objectivo de analisar as características próprias de cada mercado e de despertar o interesse em potenciais clientes de produtos / serviços da sua empresa. Este processo deve ter uma metodologia de trabalho bem definida. Nesta fase reveste-se de particular interesse, a participação em feiras internacionais e missões empresariais. Em que feira(s) participar? Na decisão de participar numa feira, a empresa deverá informar-se sobre os seus expositores, tipo de visitantes, visibilidade e importância da feira, projecção internacional, custos associados. Como participar na(s) feira(s)? Há que apresentar e promover os produtos que se pretendem introduzir no mercado (preparação de catálogos específicos, reformulação do website da empresa que terá de ser multilingue, …), conhecer e/ou contratar agentes e distribuidores, avaliar a possível concorrência, …. Em que missões empresariais? As missões empresariais têm como objectivo central dar a conhecer empresas de referência de um determinado mercado ou sector de actividade, e podem ter uma vertente mais comercial ou mais técnica. Pressupõe sempre a obtenção de informação qualificada, nomeadamente a que é disponibilizada pelas entidades organizadoras (e.g. AICEP, AIP/CCI, AEP/CCI,.. ) Pode ser também equacionada a subscrição de bases de dados e obtenção de estudos de mercado. O volume de informação a obter/obtido é elevado. Deve, por isso, a empresa estabelecer os principais tópicos a explorar: ciclo de vida do produto a exportar, condições em que o produto entrará no mercado internacional, operadores presentes (a nível da concorrência no local e também ao nível dos potenciais clientes), parceiros (tanto possíveis fornecedores como clientes), comportamento e apetências dos consumidores, preços médios praticados, barreiras alfandegárias, comerciais, técnicas, condições logísticas…. 54 • A b r i l d e 2 0 1 1 PORTUGAL EXPORTADOR 2010 3. PRODUTO(S) / SERVIÇO(S) Que ProDutoS/ServiçoS PoDeM Ser exPortaDoS? Que aDaPtaçõeS São neceSSáriaS? Cada mercado tem as suas especificidades que devem ser devidamente conhecidas e consideradas no processo de escolha/adaptação dos produtos/serviços que se pretendem exportar. Em geral, há sempre necessidade de adaptar os produtos/serviços ao mercado de destino, quer por razões de hábitos/necessidades específicas do mercado, quer por razões de natureza legal ou outras. Haverá que ponderar (entre outras) as seguintes questões: • Que diferenças nos produtos/serviços similares: especificações técnicas, design, qualidade, características funcionais, adaptação a necessidades locais, preços? • Que novos desenvolvimentos de produtos são esperados? Que direcções estão os concorrentes a tomar? Quais as tendências dos consumidores? • Que hábitos de consumo? Diferentes dos existentes no mercado nacional? • Que percepção tem o mercado dos produtos/ serviços que se pretende exportar? • Que canais de distribuição? • Quais as restrições legais e especificações técnicas exigidas? • Que certificados (sanitários, de conformidade, … , são necessárias? As adaptações que se concluam necessárias ou obrigatórias efectuar, podem reflectir-se no produto, na sua marca, na embalagem, no material promocional, no nome comercial da empresa. No caso de um produto industrial ou de serviços, haverá que considerar a forma como se fará a manutenção, implementação e assistência pós-venda. As adaptações podem elevar os custos e reflectirem-se na variação do preço de venda do produto. Neste caso, o preço manter-se-á acessível ou competitivo no mercado de destino? Caso contrário, existe uma vantagem comparativa forte que garanta receptividade do produto? 4. PREÇO DE EXPORTAÇÃO Qual o Preço aDeQuaDo Para oS ProDutoS/ServiçoS a exPortar? O preço é um factor fundamental na venda, sendo o seu cálculo um elemento crítico quando se vende a nível internacional. Tanto o preço de exportação como o preço praticado no mercado interno deve ter em conta os objectivos gerais da empresa. O preço de exportação deve calcular-se em função dos critérios e contingências particulares dos mercados a que se destinam e não necessariamente partindo do preço do mercado nacional. Poderão existir factores que favoreçam a existência de diferenças significativas dos preços de um mesmo produto em mercados diferentes. Os custos com as adaptações efectuadas aos produtos / serviços que se pretendem exportar, o investimento em marketing local, os custos de transporte, os custos administrativos, a dimensão da procura, os seguros, o momento das entregas, a forma de pagamento são variáveis que afectam os preços de venda. No caso dos preços na exportação haverá que ter em conta que variam de mercado para mercado e, para exportações não facturadas em Euros, haverá que ter em conta a moeda de pagamento e os eventuais riscos cambiais. Haverá, ainda que ter em consideração eventuais riscos de crédito. Nem todas estas variáveis são controladas pela empresa, estando por isso sujeitas a variações imprevistas, embora possam ser minorados os seus riscos (ex: riscos cambiais, riscos de crédito, ...). No que respeita especificamente à influência no preço de exportação, do percurso do produto entre o ponto de origem e o ponto de destino, deve atender-se à disciplina da Câmara de Comércio Internacional estabelecida nos denominados “incoterms” (International Commercial Terms), conjunto de regras que disciplinam a entrega dos bens, nomeadamente, o ponto de entrega das mercadorias, as obrigações do comprador e do vendedor, a responsabilidade das partes e o lugar em que se transmite a propriedade da mercadoria. Em matéria de estratégia de preços, quando se estabelecem preços baixos, em regra aumenta a procura, a produção, as vendas, reduzindo-se os custos unitários e obtendo-se uma melhor afectação dos factores produtivos. Quando se estabelecem preços mais elevados, geralmente, em novos produtos ou produtos onde a concorrência é limitada, geram-se maiores aumentos por unidade de venda. A ponderação quanto ao preço de exportação a praticar dependerá das condições prevalecentes nos mercados e da estratégia de posicionamento nos respectivos mercados por parte da empresa. Abril de 2011 • 55 informação 5. FORMALIDADES Que DocuMentoS São neceSSárioS Para exPortar? O conhecimento prévio das formalidades a cumprir é vital para o êxito do processo de exportação. A documentação exigida pode ser muito diversa e por vezes complexa. No entanto, estamos a falar de um conjunto de rotinas para as quais se encontra informação detalhada e precisa junto das entidades oficiais envolvidas (Direcção Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais de Consumo, AICEP, Comissão Europeia, Secretaria de Estado das Comunidades, …) ou de associações / câmaras de comércio e indústria. Os documentos essenciais para o exportador, normalmente agrupam-se em três tipos: • Documentos comerciais e certificados: documentos que regulam a relação entre o comprador e o vendedor (factura comercial, factura pró-forma, lista de embalagem, certificado de origem ou outros certificados sanitários, qualidade, análise ou inspecção que o cliente possa solicitar). • Documentos de transporte: documentos em que se especificam as condições de realização do transporte e que servem como prova da existência de um contrato para o transportador. • Documentos Aduaneiros: documentos utilizados para o cumprimento das formalidades aduaneiras na exportação, importação e trânsito de mercadorias, sendo distinto o comércio comunitário (Documento INTRASTAT) do comércio extra-comunitário (Documento Administrativo Único). 6. SUPERAR BARREIRAS Que entraveS PoDeM Ser colocaDoS à eMPreSa no Seu ProceSSo De exPortação? A actuação da empresa no mercado externo está sujeita a barreiras formais e informais que tem de ser conhecidas e minimizadas as suas consequências. Todas as barreiras devem ser listadas numa fase em que o mercado está ainda em estudo e deverá ser desenvolvido um plano de acção para as ultrapassar. As barreiras ao comércio revestem-se de múltiplas formas, sendo utilizadas pelos países para desincentivarem as importações de produtos e serviços. As mais conhecidas respeitam a taxas alfandegárias (espelhadas nas pautas aduaneiras em vigor) e as restrições quantitativas (contingentes ou limites máximos de mercadoria que um país autoriza a importar em determinado período.) Outras formalidades aduaneiras podem constituir-se como verdadeiros obstáculos ao comércio, como por exemplo, licenças exigidas, inspecções, medidas sanitárias. Também ao nível da regulamentação técnica e as normas industriais vigentes em cada país se verificam disciplinas muito distintas que poderão funcionar também como verdadeiras barreiras. Poderão igualmente constituir-se como dificuldades de entrada, as designadas barreiras informais: • As condições de armazenagem e transporte e respectivos custos; • A fixação, pela concorrência, de um preço tão baixo (geralmente correspondente a uma grande capacidade instalada de produção), que a empresa não consegue cobrir os custos de entrada caso não adapte o seu produto; • A inadequada avaliação dos canais de distribuição; • As divergências nos hábitos de consumo; • As diferenças culturais na interpretação das imagens, mensagens ou símbolos utilizados; • O excesso de burocracia ou lentidão dos processos; • As diferenças linguísticas, tanto na fase de negociação como na necessidade de tradução e adaptação de toda a documentação técnica que acompanha o produto, incluindo rotulagem e embalagem do mesmo. 56 • A b r i l d e 2 0 1 1 PORTUGAL EXPORTADOR 2010 7. TRANSPORTE E LOGÍSTICA Qual o Melhor Meio De tranSPorte? Que incoterMS? O transporte das mercadorias, entre a origem e o destino final, reveste-se de particular importância, envolvendo um conjunto de questões que o exportador deve considerar, nomeadamente, o meio de transporte mais adequado ao produto/mercado de destino, o “incoterm” a negociar com o cliente, a documentação de transporte necessária, a segurança física da mercadoria. A decisão do meio de transporte a utilizar depende basicamente da sua fiabilidade (rapidez e segurança), disponibilidade e preço. Nesta escolha, entre outros aspectos, deve ser tido em conta: • As principais linhas de transporte alternativas (rodoviárias, marítimas, ferroviárias, aéreas, …), respectiva frequência e capacidade; • Os meios de transporte disponíveis após desalfandegamento; • As capacidades, facilidades e custos de armazenagem; • Eventuais inspecções pré-embarque obrigatórias. Deverá ser estabelecido um contrato de transporte - acordo entre um operador de transporte e o utilizador do serviço de transporte (o exportador/o importador), através do qual o primeiro se compromete a transportar a carga de determinado ponto de origem até ao destino final indicado, mediante o preço indicado (frete). O frete é cobrado com base numa tarifa previamente estabelecida que envolve peso ou a metragem cúbica do cabaz de bens a ser exportado. A documentação que materializa o contrato de transporte internacional e que acompanha a mercadoria difere consoante o modo de transporte utilizado (rodoviário, ferroviário, marítimo, aéreo, multimodal). O transporte de mercadorias é função das necessidades do cliente em termos de volume e frequência dos envios das mercadorias. É também função dos “incoterms” negociados, que definem distintas responsabilidades entre o exportador e o importador (Em que momento as mercadorias passam a ser da responsabilidade do comprador? Quem suporta os custos do transporte (do frete, do seguro, …)? Quem é responsável pela perda, extravio ou defeito dos bens? …). Entre os “incoterms” mais conhecidos, refiram-se: • EXW (Ex Works) – O fornecedor tem apenas responsabilidade de ter pronta a mercadoria para ser recolhida na sua fábrica ou armazém pelo cliente. • FOB (Free on board) – Ao fornecedor cabe apenas a responsabilidade de entregar a mercadoria a bordo do navio. O cliente é responsável pelas restantes operações. • CIF (Cost, insurance and freigth) - O fornecedor suporta os custos de carregar, transportar e segurar as mercadorias. • DDP (Delivery duty paid) - O fornecedor obriga-se a colocar a mercadoria à porta do cliente. A partir de 1 de Janeiro de 2011 entraram em vigor os “incoterms” 2010 (revisão da versão de 2000). Embora os “incoterms” sejam de aplicação facultativa, a sua utilização deve ser ponderada na medida em que permitem uma definição clara e precisa dos diferentes deveres e obrigações que cabe a cada uma das partes na entrega das mercadorias. Ao se incluírem os “incoterms” nos contratos de compra e venda dever-se-á mencionar a versão dos mesmos, de forma a evitar possíveis litígios entre as partes, no que respeita às várias versões existentes. Há que proteger a mercadoria, quer em termos físicos (acondicionamento e embalagem, manipulação e estiva e armazenamento) quer jurídicos (opcional). A cobertura de seguro de transporte internacional de mercadorias não é obrigatória mas aconselhável sobretudo se estiver em causa um volume ou valor significativo da mercadoria a transportar. Será conveniente fazê-lo, visto que o transporte poderá dar lugar a perdas económicas ou responsabilidades civis, tanto para a transportadora como para o que tem direitos de disposição sobre a mercadoria. Abril de 2011 • 57 informação 8. PAGAMENTOS Que MeioS De PaGaMento utilizar na exPortação? Que Protecção Para riScoS caMbiaiS? O pagamento de transacções comerciais internacionais poderá originar alguns riscos, uns inerentes a qualquer operação comercial, outros decorrentes da legislação, moeda e cultura distintas dos países envolvidos na transacção. Um dos aspectos a considerar na liquidação de uma operação comercial respeita ao meio de pagamento a utilizar. Nas trocas com o exterior, normalmente os meios de pagamento agrupam-se em meios de pagamentos não documentários e meios de pagamento documentários, e a opção por uns ou por outros depende de vários factores, nomeadamente da confiança estabelecida entre comprador e vendedor, da estabilidade político-económica e risco país onde está situado o comprador, …. Os meios de pagamento não documentários são aqueles em que apenas existe movimento de fundos entre comprador e vendedor, sendo que os documentos associados à operação comercial não estão ligados à forma/ meio de liquidação. Consideram-se aqui o cheque da empresa, o cheque bancário internacional, o aceite bancário internacional, bem como a transferência ou uma simples ordem de pagamento. Estas formas de pagamento são consideradas como menos seguras. Os meios de pagamento documentários são aqueles em que o movimento de fundos está ligado à troca de documentos comerciais e/ou financeiros que dão posse da mercadoria e envolvem instituições bancárias. Constituem exemplos o crédito documentário, a remessa simples e a remessa documentaria. O crédito documentário tornouse o meio de pagamento mais utilizado e seguro nas operações de comércio internacional. As divisas em que os bens são transaccionados devem igualmente ser objecto de avaliação. Se os bens ou serviços forem transaccionados noutras moedas que não o euro, podem existir flutuações de câmbio, entre a data da transacção e a data de pagamento. Para obviar este risco (denominado risco de transacção) as empresas poderão recorrer a produtos especificamente desenvolvidos para o efeito e disponibilizados pelas instituições financeiras, destacando-se entre estes os contratos forward que consistem na fixação da taxa de câmbio forward de uma determinada divisa para uma data a acordar, e nos contratos de opção de taxa de câmbio pelo qual o exportador tem a possibilidade de optar, na data do vencimento, pela taxa de câmbio à vista caso esta seja mais favorável do que a previamente negociada. O recurso a seguros de crédito é também uma opção a considerar quando se abordam as questões do pagamento de transacções com o exterior. Os seguros de crédito cobrem vários riscos associados ao atraso ou não pagamento das vendas efectuadas, inclusive o próprio risco de falência do comprador. 9. APOIOS À EXPORTAÇÃO Que aPoioS inStitucionaiS e financeiroS PoDeM Ser DiSPonibilizaDoS Para o Seu ProceSSo De exPortação? Várias entidades estão ao dispor das empresas para proporcionar condições ganhadoras nos seus processos de exportação, quer disponibilizando informação qualificada, quer apresentando um conjunto de soluções financeiras mais vantajosas. A Associação Industrial Portuguesa / Câmara de Comércio e Indústria promove várias acções facilitadoras do processo de internacionalização das empresas, nomeadamente, o estabelecimento de protocolos de cooperação com entidades estrangeiras, realização de missões empresariais a mercados com elevado potencial, o desenvolvimento de actividades integradas de consultoria internacional. De destacar, a iniciativa Portugal Exportador, que pretende reunir, num só dia e num só local, todas as entidades fulcrais nos processos de internacionalização, permitindo conhecer instrumentos de apoio à internacionalização, conhecer novas soluções para este processo, identificar potenciais parceiros e vantagens comparativas, estabelecer e reforçar contactos pessoais. A AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal é um parceiro de referência, tendo como atribuições promover a internacionalização das empresas portuguesas e apoiar a sua actividade exportadora, captar investimento estrangeiro e promover a imagem de Portugal. Destacam-se os estudos de mercados elaborados, informação sobre empresas e oportunidades de negócio, desenvolvimento de instrumentos de apoio financeiro e iniciativas de exposição no estrangeiro que esta agência oferece como seus produtos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros (através da sua Direcção-Geral dos Assuntos Técnicos e Económicos) e as Embaixadas e Consulados são igualmente parceiros de grande valia quando se opta para começar a exportar. Outras 58 • A b r i l d e 2 0 1 1 PORTUGAL EXPORTADOR 2010 entidades nacionais, nomeadamente associações empresariais sectoriais/regionais, podem também ser um ponto de contacto útil para estas matérias. A nível internacional, a Comissão Europeia é um parceiro de extrema valia. De destacar, a rede Enterprise Europe Network e o directório Your Europe. Especificamente no que respeita aos apoios financeiros, estão disponíveis no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013 um conjunto de incentivos, quer ao nível dos sistemas de incentivos ao investimento das empresas, quer, indirectamente, através de estratégias de eficiência colectiva de base territorial ou sectorial ou acções colectivas. Também, a estreita colaboração das empresas com entidades financeiras é um factor decisivo nos processos de exportação. A AICEP desenvolveu diversos protocolos com entidades bancárias de modo a desbloquear o financiamento necessário à operacionalização de projectos de internacionalização (e neste caso, à construção de um projecto sólido de exportações). Estão ainda estabelecidas diversas linhas de crédito concessionais dedicadas a mercados particulares, escolhidos pelo seu potencial no crescimento e diversificação dos destinos das exportações das portuguesas. 10. PLANO DE INTERNACIONALIZAÇÃO após recolha de informação e avaliação (positiva) sobre todos os elementos chave de qualquer processo de exportação (identificados nos passos 1 a 9), a empresa deve gizar um primeiro plano de abordagem ao/s mercado/s seleccionado/s e um plano de entrada. em qualquer das situações, há que definir objectivos precisos e alcançáveis, estabelecer detalhadamente as acções a desencadear e sua calendarização, bem como afectar os meios (internos e externos à própria empresa) necessários para a concretização das mesmas. Abril de 2011 • 59 60 • A b r i l d e 2 0 1 1 RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE informação Presidente da AIP-CCI apresentou Relatório da Competitividade 2010 com líderes da CIP-Confederação Empresarial de Portugal e da Associação Empresarial de Portugal “TEMOS QUE UNIR ESFORÇOS PARA AUMENTAR A COMPETITIVIDADE DA NOSSA ECONOMIA A MÉDIO PRAZO E CRIAR EMPREGOS NOVOS E MAIS QUALIFICADOS” José António Barros (AEP), António Saraiva (CIP) e Jorge Rocha de Matos (AIP-CCI) apresentaram o Relatório da Competitividade 2010 emos que ser capazes de unir esforços, conjugar inteligências e vontades, investindo na qualificação, na tecnologia e no conhecimento, para aumentar o potencial de crescimento da nossa economia para valores não inferiores a 3%, a médio prazo, porque esse é o patamar mínimo que confere sustentabilidade e competitividade à nossa economia, e bem assim capacidade para criar empregos novos e mais qualificados”, disse Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, na apresentação do Relatório da Competitividade 2010 [ver páginas seguintes], no dia 15 de Dezembro, T em Lisboa, uma iniciativa a que se juntaram António Saraiva e José António Barros, líderes da CIP-Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e da Associação Empresarial de Portugal (AEP). Elaborado pela AIP-CCI, o documento, que já vai na oitava edição, analisa a evolução de Portugal em várias áreas comparando-o com os parceiros europeus, com os EUA e com a Coreia do Sul e foi divulgado durante uma conferência de imprensa realizada na sede daquela associação, em Lisboa. Rocha de Matos sublinhou, durante a sua intervenção, que “a AIP-CCI, a AEP e a CIP, não só não desistem de dar seguimento à estratégia da Carta Magna da Competitividade, apresentada publicamente em 2003, como consideram que o tempo lhes deu razão, quando chamaram a atenção para as fragilidades e o esgotamento do modelo de crescimento, dos últimos 20 anos, excessivamente centrado nos bens não transaccionáveis, isto é, protegidos da concorrência, em detrimento do sector transaccionável, aquele perfeitamente capturado por um conjunto de interesses respaldados também a nível do Estado”. Falando em nome das três organizações, o líder da AIP-CCI referiu que “nas circunstâncias actuais, o saneamento das contas públicas, com o cumprimento escrupuloso das metas do OE 2011, aprovado pela Assembleia da República, é uma condição necessária embora não suficiente”. “A condição suficiente prende-se com a importância das políticas transversais e sectoriais visando aumentar o potencial de crescimento da economia, a competitividade e o crescimento do emprego, para o qual é determinante pelos seus efeitos imediatos uma política de regeneração urbana”, observou Rocha de Matos, ao explicar o alcance desta estratégia, aliás, inscrita na Carta Magna da CompetitiA b r i l d e 2 0 1 1 • 61 informação vidade: “Pretende-se assim “o enriquecimento e alargamento da carteira de actividades, bens e serviços transaccionáveis com que Portugal se afirma perante a globalização e os mercados mundiais e lhe permite competir no seu mercado doméstico e defender a economia de proximidade”. Significa também que num horizonte de médio prazo temos que ser capazes de aumentar o peso das nossas exportações no PIB, dos actuais 30% para valores não inferiores a 40%, o patamar mínimo que confere sustentabilidade e competitividade à economia portuguesa”. O Relatório da Competitividade 2010 foi apresentado em conferência de imprensa AIP-CCI, AEP e CIP apostam nos mercados do eixo afro-ibero-americano O novo modelo de crescimento que a AIP-CCI, a AEP e a CIP preconizam releva a “vertente euro-atlântica da nossa acção externa, na convicção de que esse reposicionamento configura uma nova centralidade para Portugal e um espaço de acção mais amplo em relação a novos mercados de diversificação”, referiu Rocha de Matos ao elencar os territórios e as organizações envolvidas na implementação desta megaestratégia: “Estamos a pensar, em primeiro lugar, num importante eixo afro-ibero-americano, no qual sobressai a CPLP, onde não só existe um elevado potencial de crescimento para esses mercados, mediante uma política inteligente de valorização da língua portuguesa como instrumento de negócios, como também deve ser vista como uma porta de entrada nos diferentes espaços de integração e cooperação regional em que todos estes países estão inseridos (CEDEAO, CEAC, MERCOSUL, SADC, ASEAN), perfazendo uma população de consumidores superior a 1 800 milhões”. No quadro deste novo modelo de desenvolvimento destaca-se um conjunto de linhas de acção, entre elas a “mobilização para o terreno da exportação, de uma faixa bastante mais alargada de PME, para além das que já exportam”. Segun62 • A b r i l d e 2 0 1 1 do o presidente da AIP-CCI, “de acordo com alguns estudos, será possível atingir mais 20 a 25 mil PME num horizonte de médio prazo”. Já no período das respostas aos jornalistas, Rocha de Matos comentou alguns dados do Relatório da Competitividade de 2010, congratulando-se com a existência, no país, de “sinais positivos, sobretudo na educação”: “Há, claramente, uma tendência positiva na área da educação. Portugal é o país da UE que mais investe em educação, apesar de se encontrar ainda em patamares inferiores ao nível do abandono escolar e da formação ao longo da vida. Outros dados também se destacam: por exemplo, quando falamos em ‘e-governement’, estamos bem posicionados, e quando falamos em energias alternativas começamos a estar no caminho certo”. António Saraiva: “A regeneração urbana permitirá criar 500 mil novos postos de trabalho nos próximos 20 anos e contribuir com 900 milhões de euros para o PIB” António Saraiva, presidente da CIP, começou por afirmar que as alterações no mercado de trabalho não resolvem os problemas da competitividade, pois são necessárias medidas de estímulo ao crescimento económico: “As mudanças nas leis laborais não são o mais importante. Esta importância que se tem dado às leis laborais tem sido, no meu entender, excessiva, porque assim estamos a focalizar nas leis laborais toda a maldade da actividade económica ou do impedimento da actividade económica. O que não é verdade!” O presidente da CIP preferiu usar o pragmatismo que lhe é reconhecido ao indicar como exemplo o recente projecto de regeneração urbana (plano destinado à reabilitação das cidades), trabalho elaborado pela entidade que lidera: “A regeneração urbana permitirá criar 500 mil novos postos de trabalho nos próximos 20 anos e contribuir com 900 milhões de euros para o PIB”. Outro assunto que mereceu a atenção de António Saraiva prende-se com os preços da electricidade que sofrerão subidas já a partir de 1 de Janeiro do próximo ano, tanto para as famílias como para as empresas: “Na actual conjuntura consideramos esses valores excessivos tal como consideramos os do gás. Os aumentos que estão anunciados representam, por exemplo, para a siderurgia nacional um custo energético de anual de 10 milhões de euros. Para a Solvey, 1,8 milhões, para a Secil, mais de dois milhões e para o Modelo/Sonae, 24 milhões de euros! Temos que encontrar for- RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE mas, não só para não nos prejudicarmos em termos de concorrência e nas exportações, como também no reflexo que isso tem internamente, porque alguém para a factura em último lugar!” José António Barros: “Aposta forte na ferrovia, não no TGV, mas no transporte de mercadorias” O presidente da AEP, José António Barros, pediu, por seu turno, uma “aposta forte na ferrovia, não no TGV, mas no transporte de mercadorias”, sector onde Portugal não tem avançado em comparação com os seus parceiros europeus: “A velocidade média é de 17 quilómetros na Europa. Em Portugal, a velocidade média é de dois quilómetros por hora!”. Quanto à construção de um novo aeroporto, em Alcochete, o presidente da AEP considerou que este “é estratégico”, mas que “não é o momento para avançar por várias razões, sobretudo porque não temos dinheiro para isso”: “Esta crise levou a um abrandamento de crescimento da taxa nos aeroportos, com excepção do Aeroporto Sá Carneiro, que tem tido uma taxa de crescimento notável, facto que tem que ver com o desenvolvimento da Região Norte na área do turismo e com o aparecimento das “low coast”. Portanto, a premência que havia para avançar com Alcochete não existe neste momento. No entanto, consideramos o investimento num novo aeroporto para Lisboa estratégico, mas deve aguardar por melhor oportunidade”. A b r i l d e 2 0 1 1 • 63 CARTA MAGNA DA COMPETITIVIDADE VISÃO ESTRATéGICA Fazer de Portugal, nos próximos dez anos, um dos dez países mais desenvolvidos e atractivos da União Europeia. Em 2008, passados cinco anos sobre a apresentação da Carta Magna da Competitividade, foi necessário proceder-se a uma reflexão de fundo, que designámos por opções estratégicas e projectos estruturantes para um crescimento sustentado. Tornou-se evidente que a visão estratégica contida na Carta Magna só é possível ser atingida se o desígnio europeu for integrado num desígnio maior, o do euro-atlantismo. Os oceanos, o espaço e o centralismo atlântico, geográfico e logístico de Portugal, oferecem novas potencialidades à inteligência e à capacidade empreendedora dos portugueses. A fachada atlântica da Europa, associando Portugal e a Galiza são mais valias de grande relevância nesta estratégia. O novo modelo de desenvolvimento impõe um forte investimento no reforço e enriquecimento da carteira de actividades, produtos e serviços transaccionáveis com os quais Portugal se expõe perante a globalização. Em suma, Exige-se um forte empenho da sociedade portuguesa na economia do conhecimento, baseado num crescimento sustentado, na qualidade e na inovação e orientado para aumentos significativos da produção de bens e serviços transaccionáveis. 64 • A b r i l d e 2 0 1 1 GRANdES OBJECTIVOS E PRINCÍPIOS ORIENTAdORES NOVAS ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS POLÍTICAS PÚBLICAS 1. Melhorar a relação de troca da economia portuguesa com o exterior, através da valorização dos recursos humanos, da pedagogia da responsabilidade, da ambição de excelência nas empresas e do relacionamento com parceiros e mercados exigentes. 2. O acesso à excelência e à competitividade empresariais, compreende não fazer hoje aquilo que as empresas europeias fizeram há vinte ou trinta anos, mas fazer aquilo que as empresas europeias ainda não fizeram. 3. Transformar atrasos e constrangimentos históricos em oportunidades para a competitividade, antecipando as inovações e as mudanças mais rapidamente do que os concorrentes, através da análise das necessidades das pessoas e dos movimentos das sociedades. 4. A internacionalização, como condição para a competitividade das empresas, compreende o crescimento exponencial dos fluxos comerciais entre Portugal e o exterior e depende da capacidade de orquestrar as maiores oportunidades e os melhores recursos, estejam onde estiverem. 5. É determinante subir na cadeia de valor, através da integração de competências, próprias ou alheias, em produtos finais, desejáveis nos mercados externos, com a melhor relação entre o investimento e o valor acrescentado por recurso a empresas, portuguesas e estrangeiras, integradoras das capacidades nacionais. 6. A competitividade das empresas dependerá, cada vez mais, da qualidade dos seus produtos, crescentemente mais individualizados, com forte componente de serviço, entregues em pequenas quantidades, ou até individualmente, com grande rapidez, nos mercados mais exigentes. 7. O sucesso comercial e o reconhecimento internacional das empresas, dos produtos e das marcas, é o resultado natural da forte diferenciação e da elevada percepção do valor dos produtos e do serviço correspondente; o controle de canais de distribuição pode ser uma vantagem importante neste processo de afirmação de marcas e produtos nacionais. 8. Passar da fase de processo/produção para a fase da engenharia do produto/concepção. 9. Focalizar a atracção de IDE em empresas de média dimensão, ainda não presentes na Europa, e em particular, na Península Ibérica, detentoras de novos produtos, tecnologias, serviços ou mercados que, preferencialmente, aproveitem a capacidade nacional instalada. 10. Ultrapassar a fase de “arquipélago” que caracteriza a actuação das empresas no seu relacionamento e desenvolver verdadeiras redes de partilha de informação e de capacidades entre empresas e entre estas e outros parceiros (universidades, centros de investigação e tecnologia, etc.). 1. Adaptar os sistemas de educação e de formação às exigências da sociedade do conhecimento; desenvolver um sistema de formação profissional contínua (life learning) tendente ao reforço da produtividade do trabalho, da competitividade das empresas e da melhoria real das remunerações dos trabalhadores incluindo a partilha dos benefícios alcançados. 2. Consolidar as despesas públicas; reduzir a carga fiscal e para fiscal sobre as empresas, favorecendo a sua capitalização; canalizar o investimento público para projectos com valor acrescentado indiscutível. 3. Apoiar financeiramente projectos que se enquadrem nas novas estratégias empresariais e na produção de bens culturais; minimizar as falhas de mercado no financiamento de "start-ups", de activos intangíveis e de reestruturação de empresas. Majorar os apoios concedidos sempre que os projectos também contribuam para uma distribuição de actividade empresarial regionalmente mais equilibrada. 4. Melhorar o enquadramento legislativo, eliminando a regulamentação desnecessária; simplificar os processos administrativos e generalizar regras de auditoria de boas práticas dos serviços da Administração Central, Regional e Local. 5. Melhorar o funcionamento do sistema da Justiça com o objectivo de assegurar na prática e em tempo útil o cumprimento dos contratos e a segurança da vida económica. 6. Melhorar a flexibilidade do mercado de trabalho, relativamente aos padrões dos nossos principais concorrentes no âmbito comercial e de IDE; promover o espírito empresarial e a promoção da excelência no meio laboral. 7. Implementar uma política de tratamento dos resíduos industriais e, de um modo geral, adoptar uma posição realista (não maximalista) na definição dos objectivos das políticas ambientais, considerando, conjuntamente, os efeitos ambientais, económicos e sociais. 8. Criar condições para o acréscimo do investimento privado no processo de inovação e para o desenvolvimento de projectos originais com parceiros internacionais exigentes; reforçar a cooperação e a coordenação entre empresas e instituições públicas de investigação tecnológica. 9. Assegurar uma concorrência efectiva a nível Nacional e, em particular, nos mercados da energia e das telecomunicações; promover a disponibilidade generalizada do acesso à Internet em banda larga a preços competitivos; dotar o país de infra-estruturas de transportes que contribuam para uma maior centralidade. 10. Garantir a sustentabilidade do sistema de Segurança Social, reduzindo os encargos suportados pelos empregadores; melhorar a eficiência do sistema e erradicar situações de fraude e abuso. A b r i l d e 2 0 1 1 • 65 informação RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE 2010 O Relatório da Competitividade de 2010 actualiza pela sétima vez a “Carteira de Indicadores”, que integra a Carta Magna da Competitividade apresentada publicamente pela Associação Industrial Portuguesa em Julho de 2003. dado que se tem como objectivo monitorizar a evolução, ao longo do tempo e em termos comparativos com outras economias, de um conjunto de indicadores relativos à evolução registada em factores relevantes para a competitividade da economia, tem-se mantido a mesma metodologia. Esta metodologia tem na sua base uma análise do tipo “input – output”. Os indicadores de “input” respeitam a factores de competitividade, que de uma forma mais ou menos directa, podem gerar num dado horizonte temporal contributos significativos para a evolução da competitividade, ou seja, factores que de algum modo possam constituir-se como “policy drivers” no domínio da evolução da competitividade. Os indicadores de output referem-se a “resultados” no domínio da criação de riqueza e do emprego. é objectivo fazer a análise comparativa da evolução dos INdICAdORES dE INPUT Custos Laborais - Os custos unitários nominais do trabalho, ao relacionarem a variação das remunerações e da produ- 66 • A b r i l d e 2 0 1 1 indicadores em Portugal e em outras 15 economias da União Europeia. As economias objecto de comparação são as mesmas desde o início deste exercício: Alemanha, dinamarca Espanha, Grécia, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Países Baixos, Portugal e Reino Unidos e dos mais recentes Estados-membro da UE, Eslováquia, Eslovénia, hungria, Polónia e República da Checa. Quando possível são referenciados dados para os EUA e Coreia. Pelas razões já referidas tem-se tentado manter a “Carteira de Indicadores” o mais constante possível. Este facto não impediu que ao longo destes 7 anos se tenham introduzido alguns indicadores novos, principalmente devido ao seu interesse, ou eventualmente pela impossibilidade de actualização de algum indicador. A análise que se segue baseia-se, essencialmente, na informação que serviu de base à elaboração dos indicadores, salientando-se de forma sintética a evolução verificada em Portugal, enquadrada com a registada nas outras economias consideradas para efeitos de comparação. tividade, são um indicador importante em termos da competitividade / preço dos bens e serviços. Este indicador tem uma importância acrescida em economias integradas numa União Monetária, como é o caso da portuguesa. - Em 2009, segundo o Banco de Portugal, a variação média anual dos custos unitários nominais do trabalho (+3.5%) foi ligeiramente inferior (-0.2 p.p.) à variação média na Área Euro. De notar que neste ano, a variação média das remunerações por trabalhador (3.4%) foi superior à registada na Área Euro (1.4%), enquanto que, no caso da produtividade, a redução registada em Portugal (-0.2%) ficou aquém da verificada na Área Euro (-2.2%). - No período 2006-2009, de acordo com o Eurostat, Portugal registou uma variação média dos seus custos unitários nominais do trabalho ligeiramente superiores (+0.2 p.p.) aos verificados na Área Euro. Dos países da Área Euro considerados, apenas a França, Irlanda e a Alemanha registavam neste período variações dos seus custos unitários inferiores aos de Portugal. Fiscalidade - A globalização dos mercados e a crescente mobilidade de factores de produção conferiram à fiscalidade uma influência importante no que respeita ao seu papel na competitividade das economias. Para além dos seus reflexos no desenvolvimento da actividade económica em geral, a fiscalidade e a sua eficiência económica tornaram-se factores importantes na alocação, captação ou afastamento de recursos. - Em Portugal, a carga fiscal que vinha crescendo desde 2005, manteve-se praticamente inalterada em 2008. Neste ano, o peso das receitas fiscais no PIB, incluindo contribuições para a Segurança Social, foi de 36.7% (36.8% em 2007). Trata-se de um valor ligeiramente inferior à média (aritmética) das cargas fiscais da UE (37.0%) e da Área Euro (37.6%) e próximo dos registados no Reino Unido (37.3%), na Eslovénia (37.3%) e na República Checa (36.1%). - Em 2008, a carga fiscal na maioria das economias da União Europeia reduziu-se, podendo esta redução estar já ligada a efeitos da crise económica e financeira mundial, sentidos na parte final do ano de 2008. A UE continua a apresentar uma carga fiscal elevada comparativamente aos EUA e Japão, e a outros países não europeus da OCDE. Em 2008, a carga fiscal média (ponderada) foi de 39.3% na UE, 28.3% no Japão e de 26.9% nos EUA. As diferenças entre as cargas fiscais dos países da UE são s i g n i f i c a t i va s , variando entre um valor máximo de 48.2% registado na Dinamarca e um valor mínimo de 28.0% na Roménia. A carga fiscal nos novos Estados-membro continua inferior à média da UE, excepto na Hungria (40.4%), Chipre (39.2%) e Eslovénia (37.3%). - No que respeita especificamente à evolução dos impostos sobre o rendimento das empresas, em Portugal não se alterou o peso dos impostos sobre o rendimento das empresas em percentagem do PIB em 2008. Regista um valor igual ao verificado para a média da Área Euro (3.7%) e superior ao da UE em 0.3 p.p.. Se considerarmos o peso destes impostos no total das receitas fiscais verifica-se um ligeiro aumento, de 10.1% para 10.2%. - A União Europeia, em média, apresenta uma ligeira redução do peso destes impostos, quer em percentagem do PIB (de 3.6% para 3.4%) quer em percentagem das receitas totais (9.8% para 9.5%). De notar que 16 economias da União Europeia registam quebras no peso das receitas destes impostos, sendo mais significativas as verificadas em Espanha e na Suécia. A disparidade entre Estados-membro da UE mantém-se significativa, com o peso do rendimento das empresas em percentagem do PIB a representar valores extremos em Chipre (7.1%) e na Estónia (1.7%) e em percentagem das receitas fiscais em Malta (19.6%) e na Estónia (5.1%). - Na União Europeia, a média das taxas nominais de imposto sobre o rendimento das empresas tem vindo a reduzir-se, atingindo 23.2% em 2010 (25.7% na Área Euro). Estes valores comparam favoravelmente com as taxas aplicadas nos EUA (39.0%) e Japão (30.0%). Em 2010, registam-se reduções nas taxas nominais de imposto sobre o rendimento das empresas na Lituânia (-5.0 p.p.), Grécia (-1.0 p.p.), República Checa (-1.0 p.p.) e Eslovénia (-1.0 p.p.). Na Hungria a taxa nominal aumentou em 3 p.p. mas foi abolida uma taxa existente, pelo que a taxa sobre o rendimento das empresas reduziu-se em cerca de -0.7 p.p.. De salientar que foram decididas várias medidas em vários países da União Europeia que, não incidindo na taxa nominal do imposto sobre as empresas, têm incidência quer no sentido da subida quer da descida das taxas efectivas sobre o rendimento das empresas. A disparidade das taxas nominais de imposto sobre o rendimento das empresas entre países da UE A b r i l d e 2 0 1 1 • 67 informação mantém-se elevada, havendo, em 2010, uma diferença de 25 p.p. entre a taxa mais elevada verificada em Malta (35.0%) e a taxa mais reduzida aplicada na Bulgária e Chipre (10.0%). - Portugal mantém uma taxa geral de 25.0% (a que acresce a derrama correspondente até um máximo de 1.5% do lucro tributável) e uma taxa de 12.5% aplicável à matéria colectável até 12 500 euros. Em 2010 introduziu uma derrama estadual que corresponde a uma taxa adicional de 2.5% sobre a parte do lucro tributável superior a dois milhões de euros. Deverá notar-se que a comparação entre as taxas nominais de imposto sobre o rendimento das empresas, aplicadas em cada Estado-membro, deve ser relativizada na medida em que importa atender a outros aspectos, não contemplados nesta análise, que variam de país para país, nomeadamente ao nível dos conceitos de matéria colectável, da existência de taxas mais baixas para determinadas situações específicas, do reporte de prejuízos, do tratamento diferente dos lucros distribuídos e não distribuídos… Educação e Formação - A qualificação dos recursos humanos em termos de educação formal é considerada como um indicador do stock do capital humano das economias, ou seja, das “skills” existentes na população. Actualmente as necessidades das economias desenvolvidas levam a 68 • A b r i l d e 2 0 1 1 considerar o ensino secundário como requisito mínimo de entrada no mercado do emprego. Este nível de qualificação é considerado como fundamental para o acesso a processos de aprendizagem ao longo da vida e de acções de formação profissional. Assim, o ensino secundário, enquanto grau de escolaridade mínima, tem vindo a tornar-se a regra, sobretudo entre as faixas etárias mais jovens. - Portugal tem estruturalmente uma situação muito vulnerável em matéria de qualificações dos seus recursos humanos. Em 2008, apenas 28% da população com idades compreendidas entre os 25 e os 64 anos tinham pelo menos o ensino secundário. Os valores mais próximos reportavam à Espanha (51%) e Itália (53%). A situação portuguesa é menos negativa nos grupos etários mais jovens, com 47% da população do grupo etário 25-34 anos a ter pelo menos o ensino secundário (65% em Espanha; 69% em Itália). - No período 1998-2008 Portugal registou uma evolução positiva, nomeadamente no que respeita ao ensino secundário em que se registou uma taxa de crescimento anual apenas inferior à registada em Espanha, e de forma ainda mais significativa no ensino superior com taxas de crescimento elevadas, próximas das registadas na Espanha e Polónia e abaixo da verificada na Irlanda. - Em Portugal, em 2009, apenas 55.5% dos jovens com idades entre os 20 e 24 anos tinham pelo menos o ensino secundário. Este valor, embora represente uma evolução positiva nos últimos anos (39.3% em 1998), é o mais baixo entre o conjunto dos países em análise. De salientar que 9 destes países registavam valores superiores a 80%. De referir que em Portugal, tal como acontece nas maiores economias europeias, o peso dos jovens no escalão etário é 20-24 anos é superior nas mulheres (+10 p.p.) do que nos homens. No entanto, nos últimos três anos o peso relativo das mulheres com pelo menos o ensino secundário não regista variações significativas. Em 2008, no grupo etário 25-34 anos, 47% da população tinham pelo menos o ensino secundário (+1.5 p.p. que em 2001) e 29% no escalão 35-44 anos (+9 p.p.). - Em termos globais a necessária melhoria dos níveis de qualificação escolar da população portuguesa continua a ser fortemente condicionada pelo facto de um elevado número de jovens entre os 18 e os 24 anos abandonarem o sistema de ensino ou de formação sem terem completado a escolaridade mínima obrigatória (9º ano). Em 2009, quase um terço dos jovens do escalão etário referido estavam nessa situação. Apesar da evolução verificada nos últimos anos (a taxa de abandono escolar era de 45% em 2002) trata-se de um nível de abandono escolar muito elevado. No conjunto dos RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE países considerados só a Espanha tem um valor igual (31.2%). A Itália (19.2%) e o Reino Unido (15.7%) eram os outros dois países que em 2009 registaram taxas de abandono escolar superiores a 15%. De salientar que a taxa de participação no sistema de ensino dos jovens portugueses com 16 anos de idade (95%) é igual à média da UE. No entanto, já é inferior em 4 p.p. aos 17 anos em 9 p.p. aos 18 anos. O abandono escolar precoce pode não ser apenas uma consequência do desempenho individual do estudante. O abandono escolar precoce poderá também ser visto como indicador de eficiência do sistema de ensino, na medida em que os estudantes considerem o ensino pouco adequado às suas expectativas ou menos atractivo do que alternativas do mercado de trabalho. - Na situação portuguesa é da maior importância o papel da aprendizagem ao longo da vida, seja na vertente de melhoria das competências profissionais, seja na melhoria efectiva dos níveis de escolaridade da população activa. Em 2009, cerca de 6.5% da população activa entre os 25 e os 64 anos participaram em acções de formação. Trata-se de um valor que, apesar da melhoria registada nos últimos anos (2.9% em 2002), está aquém da média europeia (9.3% na UE 27; 10.8% na UE 15) e das necessidades, face às lacunas portuguesas em termos de qualificação dos seus recursos humanos. A obtenção e desenvolvimento de elevados níveis de qualificação e de competências profissionais são tanto mais facilitados quanto mais elevada a taxa de participação no ensino superior. Adicionalmente competências específicas em áreas ligadas à ciência e tecnologia assumem especial relevância, na medida em que estas são uma fonte importante para a inovação, instrumento cada vez mais importante para o crescimento económico nas economias crescentemente baseadas no conhecimento. - Em Portugal, em termos comparativos, a situação é relativamente melhor no ensino superior do que ao nível do ensino secundário. Em 2008, cerca de 26.4% da população do escalão etário 20-29 anos frequentava o ensino superior. Este valor (-2.5 p.p. que a média da UE 27) só era superior, no conjunto dos países considerados, aos registados na República Checa (26.0%), Eslováquia (25.5%), Irlanda (23.8%), Alemanha (22.8%). - Relativamente aos novos licenciados em áreas científicas e tecnológicas, Portugal tem registado uma evolução bastante positiva. Em 2008, o número de novos licenciados em ciência e tecnologia por mil habitantes, no escalão etário 2029 anos foi de 20.7, valor superior à média da UE (13.9) e, entre os países considerados, apenas inferior ao registado na Finlândia. Pese embora o facto de aspectos de carácter metodológico levantarem algumas dificuldades em termos comparativos ao longo do tempo, está-se perante uma evolução bastante positiva neste indicador. - As despesas públicas em educação registam nos últimos quatro anos (20042007) valores na ordem dos 5.3% do PIB, ligeiramente superiores (+0.3 p.p.) à média da UE. O peso relativo das despesas públicas em educação no total das despesas públicas situou-se no mesmo período, entre 11.3% e 11.6%, valores também ligeiramente acima do valor médio da UE. Estes valores relativos para as despesas públicas e a sua comparação com outros países levam a considerar que os fracos progressos em matéria de educação terão mais que ver com a qualidade e eficiência global do sistema educativo do que com os recursos financeiros gastos, que se situam ao nível de países com melhorias mais significativas. Ambiente e Energia - No 1º semestre de 2010, o preço do gás (sem impostos) em Portugal para o consumidor industrial era inferior em 2% ao valor mediano da UE e praticamente igual ao preço no mercado espanhol. Notese que esta posição relativa deteriora-se quando se consideram os preços para consumos anuais inferiores a 24 mil m3, em que Portugal passa a ser o 4º país da UE com preços mais elevados. O andamento da evolução dos preços do gás no 1º semestre de 2010 em Portugal (-22% em termos homólogos) foi semelhante ao registado na maioria dos países da UE – uma redução significativa do 1º para o 2ºsemestre de 2009 seguida de um aumento na passagem para o 1ºsemestre de 2010. Em Portugal, estas variações em cadeia foram, respectivamente de -26% e +5%. De referir que, na sequência da extinção das tarifas reguladas para consumos superiores a 10 mil m3, os preços do gás terão registado um aumento considerável no 2º semestre de 2010. Esta evolução não é analisada neste Relatório devido ao facto de não haver dados estatísticos para a análise comparativa no conjunto dos países considerados. - Os preços de electricidade (sem impostos) para consumidores industriais são analisados em duas categorias de consumo disA b r i l d e 2 0 1 1 • 69 informação tintas, diferenciando os casos dos pequenos consumidores (consumo anual entre 20 e 500 MWh) e dos grandes consumidores (consumo anual entre 2 mil e 20 mil MWh). Em ambas as categorias os preços médios em Portugal, no 1º semestre de 2010, são inferiores aos respectivos valores medianos da UE em -13% e -5%, respectivamente, nos casos dos pequenos e grandes consumidores. Os preços em Portugal são também inferiores aos preços registados nos principais parceiros comerciais (excepto o caso de França), observando-se diferenciais mais significativos no caso dos pequenos consumidores. Note-se que no caso dos pequenos consumidores a posição relativa de Portugal deteriora-se quando se considera o preço médio sem IVA da electricidade mas incluindo taxas. Face ao período homólogo, os preços da electricidade reduziram-se em cerca de 7% e 9%, respectivamente nos casos dos pequenos e grandes consumidores, tendo Portugal registado uma melhoria da sua posição relativa no conjunto da UE. - Uma questão incontornável na competitividade das economias respeita à intensidade energética. A redução do consumo energético por unidade produzida permite não só uma efectiva redução de custos, como também é essencial para o cumprimento de objectivos de natureza ambiental, cada vez mais exigentes. A este propósito refira-se as metas recentemente 70 • A b r i l d e 2 0 1 1 estabelecidas na União Europeia para 2020, quer ao nível da redução do consumo de energia primária, quer das emissões de gases com efeitos de estufa. Neste sentido, a intensidade energética na maioria dos países da União Europeia tem vindo a reduzir-se gradualmente, verificandose, em 2008, uma diminuição do nível de consumo bruto de energia por unidade produzida de -1.2% na UE (-1.0% na UE 15). Neste ano, apenas seis países da União Europeia tiveram intensidades energéticas superiores às registadas em 2007 (Irlanda, Eslovénia, Chipre, França, Letónia e Bélgica). Em 2008, Portugal reduziu a sua intensidade energética em -4.0%, relativamente ao ano anterior. Apesar de uma melhoria no consumo de energia por unidade produzida, Portugal continua a apresentar um valor bastante elevado entre os países da UE 15, logo a seguir à Finlândia e Bélgica. No conjunto dos 16 países da União Europeia considerados na análise, Portugal tem mantido a sua posição relativa desde 2002 (10º intensidade mais elevada deste grupo). - A segurança energética, as crescentes exigências de natureza ambiental, entre outros factores, conduziram a um novo olhar sobre o mix energético de cada uma das economias. A União Europeia apresenta uma estrutura de consumo de energia assente sobretudo em petróleo e produtos petrolíferos e gás natural, que em conjunto representa- vam, em 2008, mais de 60% do consumo de energia. O peso das energias renováveis tem vindo a aumentar gradualmente, representando 8.0% neste ano (6.0% em 2003). A estrutura média de consumo de energia por fontes de energia na UE reflecte no entanto realidades muito distintas em cada um dos Estados-membro. Há países sem energia nuclear ou que em que esta fonte de energia predomina como é o caso de França (41%), outros em que os combustíveis sólidos têm um peso significativo como são os casos da Polónia (56%) e a República Checa (43%). Outros há em que a principal fonte é o gás natural, como é o caso dos Países Baixos (42%), Hungria (40%), Reino Unido (39%) e Eslováquia (28%). Portugal continua a ter uma preponderância significativa de petróleo e produtos petrolíferos na sua estrutura de consumo bruto de energia que em 2008 se situou em 54% (+17 p.p. que a média da UE), valor apenas inferior, entre os países considerados, ao da Grécia (57%) e semelhante ao da Irlanda (53%). É no entanto possível registar uma tendência no sentido do reforço do consumo de energia a partir de fontes renováveis com um peso de 18%, bastante acima da média da União Europeia (8%) e igual ao da Dinamarca e apenas inferior ao da Finlândia (26%) entre os países considerados. - No que respeita especificamente ao consumo de electricidade proveniente de fontes renováveis, em RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE 2009 o peso relativo das energias renováveis atingiu 35.1% no total do consumo de electricidade. Em 2008, Portugal foi o 3º país com o valor mais elevado entre os países considerados na análise, com 26.9% do consumo de electricidade de origem renovável. A Áustria (62.0%), Suécia (55.5%) e Letónia (41.2%) ocupam neste domínio uma posição destacada na União Europeia. Na União Europeia, o consumo de electricidade proveniente de fontes renováveis aumentou em 2008 para 16.7% (15.5% em 2007), valor mais próximo da meta de 21.0% que a UE pretende atingir em 2010. Em 2009, de acordo com dados da Direcção Geral da Energia e Geologia, o consumo bruto de energia produzido a partir de fontes de energia renovável, calculado assumindo a mesma hidraulicidade do ano base relativamente à qual foi definida a meta (1997), atingiu em Portugal o valor de 44.7%, valor este superior à meta para 2010 relativa à Directiva 2001/77/CE (39.0%). De referir, que o reforço do consumo de energia renovável tem sido uma das áreas de interesse estratégico da UE, tendo sido em 2009 aprovada a Directiva 2009/28/CE relativa à promoção da utilização de energia proveniente de fontes renováveis que estabelece novas metas, vinculativas, a atingir em 2020 para todos os Estados-membro da União Europeia. - O esforço de redução do nível de emissões de gases com efeito de estufa na UE tem vindo a ser prosseguido. Entre 1990 e 2008, as emissões de GEE reduziram-se em -6.9% na UE 15, valor mais próximo da meta acordada em Quioto (8.0%). A posição de cada Estadomembro relativamente ao cumprimento das metas no quadro de Quioto continua distinta, havendo países cuja distância às metas acordadas é ainda superior a 20 p.p., casos da Espanha, Luxemburgo, Áustria. O crescimento do nível de emissões de GEE em Portugal foi de +30.3% entre 1990 e 2008, valor mais próximo do compromisso assumido para o período 2008-2012 (+27.0%). Investimento - Na sequência da crise económica e financeira mundial a Formação Bruta de Capital Fixo registou em 2009 quebras significativas em todos os países da União Europeia, com valores extremos na Lituânia (-44.8%) e na Bélgica (-6.5%). Em média, a redução foi de -14.5% na UE (-11.9% na Área Euro). Em Portugal, a Formação Bruta de Capital Fixo teve uma diminuição, a preços correntes, de -14.3% em 2009 (+1.4% em 2008). O peso relativo da FBCF do sector privado (empresas e famílias) que se mantinha desde 2004 na casa dos 20%, registou uma diminuição significativa em 2009, para 17.0% (-2.9 p.p.). Esta redução residiu essencialmente no investimento das empresas cujo peso relativo no rácio com o PIB terá diminuído cerca de 2.4 p.p.. Apesar desta redução, Portugal tinha em 2009 um rácio FBCF/PIB superior à média UE 15 (16.1%). - Os fluxos de investimento directo estrangeiro foram fortemente afectados com a crise económica mundial, registando quebras significativas em 2009, quer ao nível do investimento directo do exterior (inflows), quer ao nível do investimento directo no exterior (outflows). Este movimento foi sentido nas economias desenvolvidas e em desenvolvimento, com mais acutilância nas primeiras. Em 2009, o investimento directo do exterior em Portugal reduziu-se 38% e o investimento de Portugal no exterior em 53%. No mesmo ano, a União Europeia em média apresenta quebras de 32% e 46%, respectivamente. Considerando o período temporal 2005-2009, verifica-se que os fluxos de investimento directo estrangeiro em Portugal representaram, em termos médios anuais, 2.3% do PIB, valor inferior em 2.3 p.p. ao registado na UE (4.6% do PIB). Entre os 16 países europeus considerados na análise, destacam-se os Países Baixos (5.4%), o Reino Unido (5.2%), a Hungria (4.6%) e a República Checa (4.3%). Irlanda apresenta um valor negativo, ainda que menos expressivo do que o verificado no período 2004-2008. Os fluxos de investimento directo de Portugal no exterior, no período 2005-2009, representam em termos médios anuais 1.7% do PIB, valor inferior ao verificado nos fluxos de investimento directo do exterior em Portugal (2.3%). Entre os países considerados da UE, Portugal apresenta um valor baixo, entre um máximo de 9.2% registado nos Países Baixos e um mínimo de 0.5% na Eslováquia. Em 2009, regista-se um aumento do stock de investimento directo estrangeiro em Portugal bem como do stock de investimento directo de Portugal no exterior. Em percentagem do PIB, o valor aumentou de 39.5% para 47.5% no caso do stock de IDE em Portugal e de 24.9% para 28.7% no que respeita ao stock de investimento directo de Portugal no exterior. Inovação e I&D; Sociedade da Informação - Na competitividade global de uma A b r i l d e 2 0 1 1 • 71 informação economia são decisivos os activos como o capital humano, a investigação e desenvolvimento, a utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação ou factores imateriais como a marca, qualidade, criatividade, design, ou o “knowhow” específico das empresas. - A avaliação da capacidade de inovação de uma economia é um processo difícil atendendo ao facto de muitos dos seus aspectos relevantes serem eminentemente qualitativos com as inerentes dificuldades em termos da sua quantificação. A Comissão Europeia tem vindo a desenvolver um Índice Sintético de Inovação - European Innovation Scoreboard (EIS), que utiliza desde 2001 para avaliar e comparar o desempenho dos Estados-membro da UE (e de alguns outros países) no domínio da inovação. No EIS de 2009, Portugal continua a fazer parte do grupo de países “moderadamente inovadores”, onde é um dos que apresenta maior crescimento no conjunto dos indicadores analisados. Portugal subiu no ranking dos 27 países 72 • A b r i l d e 2 0 1 1 da 18ª posição em 2008 para a 16ª posição em 2009. - Em Portugal, as despesas totais em investigação e desenvolvimento, medidas em percentagem do PIB, têm evoluído positivamente ao longo dos últimos anos. Em 2008 registou-se o valor de 1.51%. Este valor que é inferior à média da UE (1.9%) é semelhante aos valores dos Países Baixos (1.6%), da República Checa (1.5%), da Irlanda (1.4%) e da Espanha (1.4%). A Suécia (3.8%), a Finlândia (3.7%), a Áustria (2.7%), a Dinamarca (2.7%) e a Alemanha (2.6%) destacam-se em termos de I&D na UE, com valores no rácio Despesas de I&D/PIB superiores ou idênticos ao dos EUA. - Cerca de metade das despesas totais de I&D foram financiadas por empresas residentes em Portugal. Este valor tem vindo a evoluir de forma positiva ao longo dos últimos anos passando de 31.7% em 2003 para 48.0% em 2008. No conjunto dos países considerados na análise destacam-se neste indicador a Finlândia (70.3%), Alemanha (68.0%) e a Eslovénia (63.0%). - Um dos indicadores importantes na avaliação do desempenho de um país em termos de criação de inovação é o registo de patentes. Em 2009, o pedido de registo de patente europeia por parte de entidades residentes em Portugal foi de 10.1 por milhão de habitantes. É um valor baixo no conjunto dos países considerados na análise, sendo apenas superior ao da Grécia (9.1%), Eslováquia (4.6%) e Polónia (4.5%). De salientar, no entanto, que o número de pedidos de patentes no EPO – European Patent Office, tem aumentado nos últimos anos – 51 em 2001; 78 em 2006; 107 em 2009. - Em 2009, o número de marcas comunitárias registadas por entidades residentes em Portugal atingiu o valor de 93.3 por milhão de habitantes. O registo de marcas comunitárias cresceu significativamente em 2008 e 2009, passando de um valor da ordem das 50 marcas por milhão de habitantes, no período 2005- -2007, para 73 em 2008 e 93 em 2009. No entanto, o valor deste indicador, em termos comparativos com os países objecto de análise, continua baixo, não se verificando no período 2002-2009 alteração da posição relativa de Portugal. - É reconhecida a importância das “marcas” em termos de capacidade concorrencial dos bens e do seu registo como meio de reconhecimento e defesa de direitos. O mesmo se poderá referir no que concerne aos “designs”. Em 2009, o número de pedidos de “designs comunitários registados” atingiu o valor de 105.6 por milhão de habitantes (75.3 em 2008). Tal como nas “marcas comunitárias”, também nos pedidos de “designs comunitários RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE registados” se verificou um aumento significativo nos últimos dois anos. Em termos comparativos, a posição relativa de Portugal melhorou nos últimos dois anos, sendo em 2009 o sexto país no conjunto dos 16 países objecto de análise com o valor mais elevado. - A taxa de penetração da Banda Larga, em Portugal, medida em termos de número de linhas de acesso fixo por 100 habitantes é relativamente baixa, registando o valor de 18.6% em Janeiro de 2010. Desde 2006 que a posição relativa de Portugal no conjunto dos 16 países considerados continua a deteriorar-se, tendo passado da 8ª para a 13ª posição. A penetração da Banda Larga por acesso móvel através de cartões de dados e chaves electrónicas tem registado valores crescentes em Portugal e relativamente significativos no contexto comunitário. - O nível de acesso à Internet em Banda Larga medido através de inquéritos aos utilizadores regista o valor de 46% nos agregados familiares. No conjunto da UE, Portugal situa-se na metade inferior dos países com menor nível de acesso, juntamente com a maioria dos novos Estados-membro e também, com a Espanha (51%), Itália (39%) e Grécia (33%). De realçar o facto de o nível de acesso à Internet por parte dos indivíduos se alterar substancialmente consoante o grau de educação considerado. Assim, o nível de acesso – 46% para a totalidade dos indivíduos – torna-se bastante reduzido para o nível de escolaridade até ao 3º ciclo – 30% - passando para 87% e 93%, respectivamente, nos indivíduos com o ensino secundário e superior. Note-se que nestes dois últimos casos, os níveis de acesso são superiores às médias da UE 15, respectivamente, de 79% e 91%. Também de realçar a comparação deste valor para a totalidade dos indivíduos (46%) com o valor para a faixa etária dos 16 aos 24 anos – 88%, sendo Portugal o país onde esta clivagem é mais significativa. - No segmento Empresas, a posição relativa de Portugal na UE, em termos de nível de acesso à Internet, é relativamente mais favorável. Em 2009, o nível de acesso à Internet em Banda Larga das pequenas empresas era de 80% em Portugal (85% na UE 15). A evolução deste indicador desde 2004 é significativa, apesar de não se registar uma aproximação ao valor médio da UE 15. - Em 2009, Portugal era considerado um dos países da UE com melhor oferta de e-government em termos de disponibilização online e também de nível de sofisticação. Esta avaliação do lado da oferta não tem uma correspondência completa com o lado da procura. Cerca de 75% das empresas portuguesas utilizam a Internet para e-government. Este valor, embora superior à média da UE 15 (72%) e da UE (70%) é inferior ao valor da mediana na UE 15 (80%) e na UE (77%). INdICAdORES dE OUTPUT - Portugal registou em 2009 uma variação do PIB em volume, de 2.6% (variação nula em 2008). O PIB per capita diminuiu -2.8% (0.1% em 2008). - A variação média anual do PIB, em volume, no período 20002009 foi de +0.9%, valor que no conjunto dos países considerados apenas foi superior ao registado na Dinamarca, Alemanha e Itália. No período mais recente 20062009, Portugal registou um crescimento médio anual de 0.3%, valor próximo das médias da UE 15 (0.4%), e ligeiramente superior à taxa de crescimento da Irlanda, Reino Unido, Dinamarca, Itália e Hungria, entre os países objecto de análise. Em 2009, o PIB per capita português, medido em prioridades de poder de compra, é o mais baixo da UE 15 e o 3º mais baixo da Área Euro, correspondendo a cerca de 79% do PIB per capita médio da UE. Este valor mantém-se praticamente constante desde 2005. - O volume de emprego (população empregada) em Portugal diminuiu cerca de -2.8% em 2009. (+0.5% em 2008). No período 2000-2009 (base contas nacionais), Portugal registou uma variação média anual do emprego de +0.2%, valor que no conjunto dos países considerados apenas foi superior ao da Hungria, e aquém da média da UE (+0.7%). Entre 2006 e 2009 a variação do volume de emprego em Portugal foi negativa (-0.4%). A b r i l d e 2 0 1 1 • 73 informação Neste período, o emprego cresceu na União Europeia a uma taxa média anual de 0.6%. Entre os países considerados, a Espanha (0.2%), a Irlanda (-0.5%), o Reino Unido (-0.1%) e a Hungria (-0.1%) também registaram variações médias anuais negativas. - A taxa de emprego em Portugal situou-se em 66.3% em 2009 (1.9 p.p. do que em 2008). Na UE (taxa média de emprego de 64.6%), verificou-se uma descida generalizada das taxas de emprego, com excepção do Luxemburgo (+1.8 p.p.), Alemanha (+0.2 p.p.) e Polónia (+0.1 p.p.). Em termos comparativos a taxa de emprego em Portugal era em 2009 a 7ª mais elevada entre os 16 países considerados na análise e a 10ª no conjunto da UE 27. 74 • A b r i l d e 2 0 1 1 - Em 2009, a produtividade por pessoa empregada, medida em paridades de poder de compra correspondia a 74.1% do valor médio da UE. Este valor, entre os países considerados na análise era apenas superior aos registados na República Checa, Hungria e Polónia. Em termos de evolução, este indicador regista uma evolução relativamente positiva nos últimos anos (72.3% em 2005). No período 2000-2009 a produtividade aparente do trabalho registou um crescimento médio anual de +0.7%, próximo da média da UE 15 (+0.8%), mas muito aquém da média da UE 27 (+1.4%). No conjunto dos países considerados na análise, o crescimento da produtividade em Portugal registou um valor baixo, apenas superior aos da França, Dinamarca e Itália. No período mais recente 20062009 o crescimento médio da produtividade em Portugal foi +0.6%, ligeiramente superior ao da UE 27 (+0.5%) e acima da média da UE 15 (+0.1%). - Portugal registou em 2009 uma taxa de desemprego de 9.6% (+1.9 p.p. do que em 2008). Em 2009 as taxas de desemprego aumentaram em todos os países da UE, com variações de diversa amplitude entre 9.6 p.p. na Letónia e 0.2 p.p. na Alemanha. Em termos comparativos, a taxa de desemprego em Portugal em 2009 foi superior à média da UE em +0.7 p.p., diferencial igual ao registado em 2008, e manteve o seu posicionamento relativo registado em 2008. RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE INdICAdORES dE INPUT CUSTOS LABORAIS PREÇOS Indicador: Custos Unitários Nominais do Trabalho - Total da Economia Indicador: Preços de Gás - Indústria Definição: Relação entre a remuneração por trabalhador (inclui encargos sociais do empregador) e a produtividade por trabalhador, a preços correntes. Apresenta-se a taxa de variação média anual para o período 2006-2009. Definição: Preço de gás natural por Gigajoule, em euros, sem impostos, para os consumidores industriais da categoria de consumo I3, a que corresponde um intervalo de consumo anual entre 10 mil e 100 mil GJ (equivalente ao intervalo 240 mil – 2.4 milhões de m3). Enquadramento: Os custos unitários nominais do trabalho cresceram, em média, no período entre 2006 e 2009, cerca de 2.7% em Portugal. Este valor é superior à variação média da Área Euro que, no mesmo período, registou o valor de 2.5%. Os principais parceiros comerciais de Portugal registaram variações superiores – Itália (3.3%), Reino Unido (3.2%) e Espanha (3.0%), excepto no caso da Alemanha onde a variação dos custos unitários nominais do trabalho foi de 1.5%, o valor mais baixo da UE. Enquadramento: Em Portugal, o preço médio dos consumidores industriais para a categoria de consumo considerada (7.6€/GJ) era, no 1º semestre de 2010, inferior em 2% ao valor mediano da UE 27 (-1% em relação a Espanha e -15% em relação à Alemanha e Reino Unido). Para o nível de consumo industrial inferior a 24 mil m3, Portugal é o 4º país da UE com preços mais elevados, registando um diferencial de +7% em relação a Espanha. Comparando com igual período de 2009, o preço do gás em Portugal registou uma redução significativa (-22%), tal como na grande maioria dos Estados-membro da UE, sendo de destacar o facto de entre o 2º semestre de 2009 e o 1º semestre de 2010 o preço já ter registado um aumento de 6%. As variações registadas nos principais parceiros entre períodos homólogos foram de -30% no Reino Unido, -25% na Itália, -17% na Alemanha e -12% em Espanha. Fonte: Comissão Europeia (base dados AMECO) Objectivos: Aumento dos custos unitários do trabalho no total da economia inferior aos verificados nos principais parceiros. O ritmo de crescimento da produtividade deverá ser determinante na evolução salarial. Fonte: Eurostat Objectivos: Assegurar que a liberalização do mercado e o consequente aumento da concorrência ocorra de forma gradual e em tempo oportuno, num enquadramento de mercados estáveis, evitando que o próprio objectivo da liberalização – criar condições competitivas para a produção transaccionável – fique comprometido. A b r i l d e 2 0 1 1 • 75 informação PREÇOS Indicador: Preços de Electricidade - Indústria - Pequenos Consumidores Indicador: Preços de Electricidade - Indústria - Grandes Consumidores Definição: Preço de electricidade por MWh, em euros, sem impostos, para os consumidores industriais da categoria de consumo IB, a que corresponde um intervalo de consumo anual entre 20 e 500 MWh. Definição: Preço de electricidade por MWh, em euros, sem impostos, para os consumidores industriais da categoria de consumo ID, a que corresponde um intervalo de consumo anual entre 2 mil e 20 mil MWh (entre 430 e 4.300 tep). Enquadramento: No 1º semestre de 2010, o preço médio da electricidade para os pequenos consumidores industriais, sem impostos (95 €/MWh) era inferior ao valor mediano da UE, assim como também inferior aos seus principais parceiros comerciais, nomeadamente, em relação a Espanha (-28%), Alemanha (-26%), e Reino Unido (-15%). Em relação a França, o 4º país da UE com preços mais baixos, os preços em Portugal eram 12% mais elevados. Note-se que a posição relativa de Portugal na UE deteriorase quando se considera o preço médio da electricidade incluindo taxas, mas excluindo o IVA. No 1º semestre de 2010, o preço em Portugal era de 118 €/MWh, nível também inferior ao registado em Espanha mas com um menor diferencial (15%). Comparando com igual período de 2009, os preços de electricidade sem impostos registaram uma redução de 7.2%, tendo Portugal melhorado a sua posição em relação aos seus parceiros. De entre os seus parceiros comerciais mais próximos, Portugal foi o que registou a evolução mais favorável, sendo de destacar a que se verificou em Espanha com um aumento de 6%. Enquadramento: O preço médio de electricidade, sem impostos, para os grandes consumidores industriais no 1ºsemestre de 2010 (76 €/MWh) era inferior ao valor mediano da UE, sendo também inferior aos níveis registados nos principais parceiros comerciais de Portugal, nomeadamente, Espanha (-14%), Reino Unido (-10%), Alemanha (-5%). Em relação a França, o 3º país da UE com preços mais baixos, os preços em Portugal eram cerca de 19% mais elevados. Comparando com o semestre homólogo de 2009, os preços registaram uma redução de 8.6%, tendo Portugal melhorado a sua posição relativa na UE. Neste período registaram-se evoluções bastante díspares na UE, sendo de assinalar no conjunto dos países selecionados, os casos da Dinamarca com um aumento de 16% e os casos da Irlanda e da Eslováquia que registaram reduções de, respectivamente, 22% e 17%. As variações ocorridas nos principais parceiros comerciais foram de -15% no Reino Unido, de -5% na Alemanha, de -3% em Espanha e de +3% em França. Fonte: Eurostat Fonte: Eurosta Objectivos: Assegurar que a liberalização do mercado conduza, no contexto do Mibel, a um aumento efectivo da concorrência criando condições para uma posição competitiva das empresas em termos de preços de electricidade. 76 • A b r i l d e 2 0 1 1 Objectivos: Assegurar que a liberalização do mercado conduza, no contexto do Mibel, a um aumento efectivo da concorrência criando condições para uma posição competitiva das empresas em termos de preços de electricidade. Tendo em conta a necessidade de, a prazo, fazer reflectir os custos de produção nos preços ao consumidor, importa assegurar a compensação dos serviços prestados à rede pelos grandes consumidores industriais e, por outro lado, garantir uma progressão ponderada das energias renováveis. RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE PREÇOS Indicador: Preços das Chamadas Telefónicas - Empresas Definição: Despesa mensal média do “cabaz OCDE” em chamadas telefónicas do Serviço Fixo de Telefone (SFT) de uma PME (com 30 utilizadores), em euros. Inclui encargos fixos (assinatura) e de utilização (IVA excluído). Enquadramento: Em 2009, Portugal era, no conjunto dos 16 países considerados, o 6º país com preços mais elevados das chamadas telefónicas para o consumidor padrão PME, posição relativa que se tem mantido nos últimos três anos. No segmento residencial, a posição relativa é mais favorável (entre a 7ª e a 10ª posição consoante as intensidades de utilização). Conhece-se também a posição de Portugal na comparação de preços (em USD) de utilização mensal de ligações de Banda Larga para diferentes velocidades, segundo a OCDE. No conjunto dos países considerados (excepto a Eslovénia), em Outubro de 2009, Portugal ocupava a 6ª e a 7ª posição com preços mais elevados, respectivamente, para ligações de velocidades média e elevada. FISCALIdAdE Indicador: Receitas Fiscais em percentagem do Produto Interno Bruto Definição: Rácio entre o montante de receitas fiscais (incluindo contribuições para a Segurança Social) e o Produto Interno Bruto, com base nos agregados das contas nacionais (ESA 95). Enquadramento: Portugal, a exemplo do registado na maioria das economias da União Europeia, apresenta uma ligeira diminuição da sua carga fiscal em 2008 (de 36.8% para 36.7%). O valor registado é próximo do Reino Unido (37.3%) entre os países da UE 15 considerados na análise e ligeiramente inferior à média da UE (37.0%). As diferenças entre as cargas fiscais dos países da UE embora continuem a diminuir, são ainda significativas. Em 2008, a carga fiscal mais elevada registou-se na Dinamarca (48.2%) e a de menor valor na Roménia (28.0%). As cargas fiscais nos novos Estados-membro continuam inferiores à média da UE, excepto na Hungria (40.4%), Chipre (39.2%) e Eslovénia (37.3%). A carga fiscal na União Europeia que vinha aumentando desde 2004 diminuiu 0.4 p.p. em 2008 situando-se em 37.0% (37.6% na Área Euro). Esta redução poderá estar ligada à crise económica e financeira mundial. Em termos comparativos, a carga fiscal na UE continua a apresentar um valor elevado, quer face aos EUA e Japão, quer face a outros países não europeus da OCDE. Fonte: Comissão Europeia, 15º Relatório de progresso das Comunicações Electrónicas 2009 Objectivos: Criar condições, nomeadamente através do aumento do nível de concorrência no mercado, para uma redução dos preços das telecomunicações, onde nalguns segmentos se constata que os custos constituem uma barreira importante a uma maior utilização destes serviços, como é o caso do acesso à Internet. Tendo como referência este indicador das chamadas telefónicas, os preços em Portugal teriam de registar uma redução aproximada de 14% para atingir a mediana da UE. Fonte: Eurostat - Taxation trends in the European Union, Edition 2010 Objectivos: Portugal deverá ter uma política efectiva de redução da carga fiscal, prosseguindo a reforma do Estado, reduzindo o peso da despesa pública e melhorando o sistema fiscal tendo em conta as realidades actuais em matéria de competitividade da economia portuguesa. A b r i l d e 2 0 1 1 • 77 informação FISCALIdAdE Indicador: Taxa Nominal de Imposto sobre o Rendimento das Empresas Definição: Taxa máxima incidente sobre o rendimento colectável das empresas, estabelecida na legislação nacional respectiva. Inclui, quando aplicável, sobretaxas e taxas locais incidentes sobre o rendimento das empresas. Enquadramento: Em 2010, a média das taxas nominais de imposto sobre o rendimento das empresas reduziu-se para 23.2% na UE e 25.7% na Área Euro. Estes valores, comparam favoravelmente com as taxas aplicadas nos EUA (39%) e Japão (30%) que regista neste ano uma quebra de 10 p.p.. A redução verificada na UE resulta da diminuição das taxas na Lituânia (-5.0 p.p.), Grécia (-1.0 p.p.), República Checa (1.0 p.p.), Eslovénia (-1.0 p.p.) e Hungria (-0.7 p.p.). A disparidade entre países da UE mantem-se elevada, com valores extremos em Malta (35%) e na Bulgária e Chipre (10%). Portugal mantém uma taxa geral de 25% (a que acresce a derrama correspondente até um máximo de 1.5% do lucro tributável) e uma taxa de 12.5% aplicável à matéria colectável até 12 500 euros. Em 2010, introduziu uma derrama estadual que corresponde a uma taxa adicional de 2,5% sobre a parte do lucro tributável superior a dois milhões de euros. A análise comparativa destas taxas deve ser efectuada com cuidado na medida em que reflectem parcialmente a taxa efectiva paga pelas empresas e, em alguns países, existem taxas mais favoráveis para situações específicas. De notar que recentemente foram decididas várias medidas em vários países que não alterando as taxas nominais têm efeitos nas taxas efectivas quer no sentido da subida quer da diminuição destas. Indicador: Receitas de Impostos sobre o Rendimento das Empresas Definição: Receitas dos impostos sobre o rendimento das empresas em percentagem do Produto Interno Bruto e do total das receitas fiscais, com base nos agregados das contas nacionais (ESA 95). Enquadramento: Em Portugal, o peso dos impostos sobre o rendimento das empresas em percentagem do PIB, manteve-se em 2008 em 3.7%, sendo um valor relativamente elevado no quadro comunitário. Se considerarmos o peso destes impostos no total das receitas fiscais verifica-se um ligeiro aumento, de 10.1% para 10.2%. Na União Europeia, o peso relativo dos impostos sobre o rendimento das empresas diminuiu em 2008, quer em percentagem do PIB (de 3.6% para 3.4%), quer em percentagem do total das receitas fiscais (de 9.8% para 9.5%). Os Estadosmembro da União Europeia apresentam pesos relativos distintos, com o peso do rendimento das empresas em percentagem do PIB a representar valores extremos em Chipre (7.1%) e Estónia (1.7%) e em percentagem das receitas fiscais em Malta (19.6%) e na Estónia (5.1%). Fonte: Eurostat, Taxation trends in the European Union – Edition 2010 Objectivos: A tributação fiscal deverá evoluir no sentido da redução da carga fiscal sobre o rendimento das empresas de modo a contribuir para a melhoria da atractividade de Portugal em termos de investimento produtivo. Fonte: Eurostat, Taxation trends in the European Union – Edition 2010 Objectivos: Reduzir a taxa nominal de imposto sobre as empresas e assegurar que, no quadro da concorrência internacional, as regras estabelecidas para o cálculo da matéria colectável, entre outros elementos, onde se registam diferenças significativas entre os vários países, não sejam penalizadoras para as empresas portuguesas. 78 • A b r i l d e 2 0 1 1 RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE FISCALIdAdE Indicador: Taxas Implícitas no Consumo, Trabalho e Capital Definição: Carga fiscal média efectiva sobre diferentes tipos de rendimento (trabalho e capital) ou actividades (consumo). Expressa-se pelo rácio das receitas fiscais sobre as respectivas bases fiscais, com base nos agregados das Contas Nacionais (ESA 95). Enquadramento: Em Portugal, em 2008, verificou-se uma diminuição da taxa de tributação implícita no factor consumo de 20.1% para 19.1% e um aumento da tributação implícita do factor capital de 35.0% para 38.6% (valor acima da média da Área Euro em 10.6 p.p.). No mesmo ano não se registam alterações na tributação implícita do factor trabalho que se manteve em 29.6%. Os Estados-membro da União Europeia apresentam diferenças com significado nas taxas implícitas de tributação sobre o consumo, trabalho e capital. Em 2008, as taxas implícitas sobre o consumo variavam entre 32.4% (Dinamarca) e 14.1% (Espanha), as taxas implícitas sobre o trabalho entre 42.8% (Itália) e 20.2% (Malta) e as taxas implícitas sobre o capital entre 45.9% (Reino Unido) e 10.7% (Estónia). EdUCAÇãO E FORMAÇãO Indicador: População que obteve pelo menos o ensino secundário, por escalões etários Definição: Relação entre a população que obteve pelo menos o ensino secundário, com idades entre os 25 e os 64 anos distribuída por escalões etários decenais, e a população total do mesmo escalão etário. Enquadramento: Em Portugal, o peso relativo da população activa com pelo menos o ensino secundário é o mais baixo da UE em todos os escalões considerados. Em 2008 no escalão etário 25-64 anos apenas 28% da população activa tinha pelo menos o secundário. Os países que tinham valores mais próximos de Portugal eram a Espanha (51%), a Itália (53%) e a Grécia (61%). Nos últimos anos registou-se em Portugal alguma melhoria, principalmente no escalão etário 25-34 anos tendo o referido peso relativo passado de 32% em 2001 para 47% em 2008 (+15 p.p.). No período 2004-2008, neste mesmo grupo etário, Portugal e o Reino Unido foram os países que mais melhoraram (+6.3 p.p. em Portugal e +6.4 p.p. no Reino Unido). No escalão etário 35-44 anos, Portugal registou uma melhoria de +3.0 p.p., idêntico ao valor registado na mediana. De salientar que no contexto dos países considerados, apenas Portugal (47%), Espanha (65%), Itália (69%), Grécia (75%) e Reino Unido (77%) têm menos de 80% da população activa com idades entre os 25 e 34 anos com pelo menos o ensino secundário. Fonte: : Taxation trends in the European Union – Edition 2010 (*) tributação implícita do factor capital relativa Objectivos: Em termos de competitividade num mundo globalizado, a tributação fiscal deverá evoluir no sentido da redução global da carga fiscal sobre os factores de produção capital e trabalho. Fonte: OCDE, Education at a Glance, 2010 Objectivos: Desenvolver programas visando o aumento da percentagem da população com o ensino secundário visando uma aproximação aos países mais desenvolvidos. É fundamental combater de forma eficaz o abandono escolar precoce. Importará também desenvolver acções de formação específicas para os jovens que já estão fora do sistema de ensino e reforçar de forma significativa as acções de formação e de aprendizagem ao longo da vida. A b r i l d e 2 0 1 1 • 79 informação EdUCAÇãO E FORMAÇãO Indicador: Abandono Escolar Precoce Definição: Relação entre a população no escalão etário 18-24 anos com não mais que o 3º ciclo do ensino básico (9ºano) que abandonou o sistema de ensino ou de formação, e a população total do mesmo grupo etário. Enquadramento: Em 2009, Portugal é entre os países considerados, o que regista a mais elevada taxa de abandono escolar precoce (31.2%). Entre os países da UE, a taxa de abandono escolar em geral é mais elevada entre homens do que mulheres, sendo que Portugal regista uma das mais elevadas em termos de diferencial (10 p.p.). Na UE (média de 14.4%) os países que registam as taxas mais elevadas são Malta (36.8%), Portugal e Espanha (31.2%). Em Portugal, trata-se de uma situação grave, pois põe em causa a necessária melhoria dos níveis de qualificação escolar da população adulta e limita as possibilidades de mobilidade para empregos mais qualificados na vida activa. Indicador: Participação no sistema de ensino da população com 16, 17 e 18 anos Definição: Relação entre a população com 16, 17 e 18 anos que participa no sistema de ensino, e a população total com a mesma idade. Enquadramento: Em 2008, Portugal compara bem com os outros países a taxa de participação no sistema de ensino dos jovens com 16 anos (95%). No entanto, enquanto a taxa de participação dos jovens de 17 anos ultrapassa os 90% na maioria dos países da UE, Portugal regista apenas 84%. Na população com 18 anos, a taxa de participação baixa para 68%, -8.9 p.p. em relação à média da UE. No conjunto dos países considerados, a Irlanda, a Finlândia e a Polónia são os países que registam, nas faixas etárias consideradas, taxas de participação no sistema de ensino superiores a 90%. Fonte: : Eurostat, Education Database, Setembro 2010 Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais, Setembro 2010 Objectivos: Implementar medidas no sentido de a taxa de abandono escolar precoce ter uma redução significativa num horizonte de médio prazo. Neste âmbito será importante o desenvolvimento de acções que melhorem a qualidade do ensino, a atractividade da escola e uma adequada articulação entre os sistemas de educação e de formação, nomeadamente da formação profissional para jovens. 80 • A b r i l d e 2 0 1 1 Objectivos: É fundamental combater de forma eficaz o abandono escolar precoce no sentido aumentar a taxa de participação dos jovens a partir dos 17 anos. Neste sentido será importante o desenvolvimento de acções que melhorem a qualidade do ensino, a atractividade da escola, bem como uma adequada articulação entre os sistemas de educação e de formação profissional para jovens. RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE EdUCAÇãO E FORMAÇãO Indicador: Aprendizagem ao Longo da Vida Indicador: Jovens que concluíram pelo menos o ensino secundário Definição: Relação entre a população no escalão etário 25-64 anos que referiu participar em acções de formação ou educação durante as quatro semanas que precederam o inquérito utilizado, em média anual (Inquérito ao Emprego; trimestral), e a população total do mesmo grupo etário. Definição: Relação entre a população com idades entre os 20 e os 24 anos que obteve pelo menos o ensino secundário e a população total do mesmo escalão etário. Enquadramento: Entre 2006 e 2009, em Portugal a percentagem de pessoas entre os 25-64 anos que referiram ter participado em acções de formação ou educação passou de 4.2% para 6.5%. Em 2009, Portugal regista um valor baixo, próximo da mediana (6.8%) mas longe do valor médio registado na UE (9.3%). Os países que apresentaram os melhores resultados, com taxas superiores a 20% foram a Dinamarca (31.6%), Finlândia (22.1%) e o Reino Unido (20.1%). Enquadramento: Em 2009, Portugal continua a ser o país que regista a pior taxa de jovens entre os 20-24 anos que completou o ensino secundário (55.5%), apesar dos progressos registados desde 2000 (43.2%). Um forte contributo para esta situação é a elevada taxa de abandono escolar precoce que se regista em Portugal. De notar que, apesar de no ano em análise, se manterem diferenças significativas entre a população feminina (61.3%) e masculina (50.0%), o número de mulheres que completaram o ensino secundário em Portugal reduziu-se (-0.6 p.p. em relação a 2008) enquanto o número de homens aumentou (+2.9 p.p.). Nos novos Estados-membro, nomeadamente na Eslováquia, na República Checa e na Polónia, mais de 90% dos jovens termina o ensino secundário. Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais, Setembro 2010 (*) valor estimado Objectivos: Melhorar de forma significativa as condições para que as empresas invistam cada vez mais na qualificação dos recursos humanos. Aumentar gradualmente e de forma significativa o número de pessoas envolvidas em processos formais e/ou informais de aprendizagem ao longo da vida. Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais, Setembro 2010 Objectivos: Aumentar signitivamente o número de jovens que concluem o ensino secundário o que passa por medidas que reduzam substancialmente o abandono precoce do sistema de ensino, bem como a conclusão do secundário. A b r i l d e 2 0 1 1 • 81 informação EdUCAÇãO E FORMAÇãO Indicador: Estudantes no Ensino Superior Indicador: Despesas Públicas em Educação Definição: Estudantes que frequentam o ensino superior em percentagem da população com idades entre os 20 e os 29 anos. Definição: Total das despesas públicas em educação, em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) e da despesa pública total. Enquadramento: Em Portugal, a percentagem de estudantes a frequentar o ensino superior em relação à população com idades entre os 20 e os 29 anos era de 26% em 2008, valor próximo da média da UE (29%). A Finlândia (47%), a Grécia (43%) e a Eslovénia (41%) foram os países que registaram os valores mais elevados neste indicador. O crescimento médio anual dos estudantes no ensino superior, entre 1998 e 2008, em Portugal (0.7%) foi apenas superior ao registado em Espanha (0.2%). Os novos Estadosmembro e a Grécia registaram, neste período, crescimentos anuais superiores a 5%. Enquadramento: O peso das despesas públicas em educação em Portugal foi 11.6% em 2007, valor semelhante ao dos anos anteriores (11.4% em 2004; 11.3% em 2005 e 2006). A média da UE situou-se em 11.0% e os valores mais elevados deste indicador foram registados na Dinamarca (15.4%) e na Irlanda (13.5%). Em Portugal, as despesas públicas em educação corresponderam a 5.3% do PIB em 2007, valor idêntico ao do ano anterior, e superior ao registado para a média da UE (5.0%). A Dinamarca (7.8% do PIB), o Chipre (6.9%) e a Suécia (6.7%) são os países em que o rácio despesas públicas em educação e o PIB é mais elevado, pertencendo à Eslováquia (3.6%) e ao Luxemburgo (3.2%) os valores mais baixos neste indicador. Fonte: Eurostat, Education and Training Database; OCDE Database Objectivos: Fomentar o aumento significativo da participação no ensino superior, nomeadamente nas áreas científicas e tecnológicas. Fonte: Eurostat, Education Database, Agosto 2010; OCDE, Education at a Glance (Coreia e EUA) (*) valor estimado Objectivos: Assegurar um nível de despesas públicas em educação que tenha em conta as necessidades em matéria de qualificação dos recursos humanos, num contexto de melhoria de eficiência do sistema de ensino. Estabelecer mecanismos de maior afectação de recursos financeiros a áreas de educação com maiores taxas de retorno em termos de qualidade, nomeadamente no que respeita à formação de base (ao nível do secundário). 82 • A b r i l d e 2 0 1 1 RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE SOCIEdAdE dA INFORMAÇãO Indicador: Despesas em Tecnologias de Informação e Comunicação Indicador: Taxa de Penetração de Banda Larga Definição: Despesas em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em percentagem do PIB no total do mercado (inclui despesas privadas e públicas, realizadas por empresas, famílias e indivíduos). Inclui dois segmentos: o das Telecomunicações (equipamentos e serviços) e Tecnologias de Informação (hardware, software e serviços). Definição: Número de linhas de acesso fixo de Banda Larga por 100 habitantes. Enquadramento: Em 2008, o nível de despesas em TIC, medido em % do PIB, foi de 6.3 % em Portugal e 5.3% na UE. Segmentado pelas suas componentes, este indicador regista o valor de 4.2% nas Telecomunicações (Telecom) (cerca de 3% na UE e na UE 15) e 2.1% nas Tecnologias de Informação (TI), (cerca de 2.5% na UE e na UE 15), evidenciando realidades distintas. Portugal é um dos países da UE 15 que mais dispende em Telecomunicações, situação que se verifica há vários anos. Nas TI, Portugal regista, no conjunto da UE 15, valores superiores apenas em relação a Espanha, Itália e Grécia. Note-se que este indicador, ao agregar informação de produtos e serviços heterogéneos e não distinguir claramente investimento e consumo, revela algumas limitações como medida do grau de difusão das TIC. Enquadramento: A taxa de penetração de Banda Larga (BL) em Portugal era de 18.6% em Janeiro de 2010 (16.5% em igual período de 2008), continuando a verificar-se uma deterioração da posição relativa de Portugal no conjunto dos países considerados (22º posição no ranking da UE 27 e 14º da UE 15). O valor médio comunitário foi neste período de 24.7% (27.1% na UE 15). A penetração de BL por acesso móvel através de cartões de dados e chaves electrónicas tem registado valores crescentes em Portugal e relativamente significativos no contexto comunitário. Fonte: Eurostat; OCDE (EUA e Coreia) Fonte: Eurostat, Observatório Europeu das Tecnologias de Informação (EITO) (*) não inclui Malta e Chipre Objectivos: Promover, junto das empresas, sobretudo das “Pequenas” e “Micro-empresas”, a utilização de TICs, assegurando uma elevada reprodutividade das respectivas despesas em termos de competitividade empresarial. Objectivos: Focar a política de promoção do acesso à Internet em BL no lado da procura incidindo sobre os factores que mais negativamente têm afectado o desempenho deste mercado: nível de preços, qualificações nas TICs, utilização de computador em casa e utilização de serviços avançados. Neste contexto o reforço do nível de concorrência no mercado das telecomunicações constitui uma condição fundamental. A b r i l d e 2 0 1 1 • 83 informação SOCIEdAdE dA INFORMAÇãO Indicador: Nível de Acesso à Internet em Banda Larga – Pequenas Empresas e Famílias Definição: Número de Pequenas Empresas e de Famílias que têm acesso à Internet através de Banda Larga (BL) em percentagem dos respectivos totais. As empresas consideradas têm entre 10 e 49 trabalhadores e pertencem aos sectores da Indústria Transformadora, Construção, Comércio e Serviços, com exclusão do sector Financeiro. Nota: mudança de nomenclatura (NACE Rev 1.1 para Rev 2.) determinou uma quebra de série no segmento Empresas em 2009. Enquadramento: Em 2009, 80% das pequenas empresas portuguesas tinham acesso à Internet em BL, valor inferior à média da UE 15 (85%). No caso das micro empresas (com menos de 10 trabalhadores), esta percentagem é de 41%. No segmento das famílias Portugal apresenta uma posição relativa inferior no contexto comunitário. Estas registam um nível de acesso em BL de 48%, valor inferior à média da UE 15 (59%). É de notar que a percentagem dos indíviduos que acedem à Internet (46%) apresenta valores bem diferentes consoante o grau de educação analisado: 30% no nível mais baixo, 87% nos indivíduos com o ensino secundário, e de 93% com o ensino superior, estes dois últimos com valores superiores às médias da UE 15, respectivamente, de 79% e 91%. Importa registar a baixa taxa de utilização regular (pelo menos, uma vez por semana) da internet por parte dos indivíduos - 42%, que compara com o valor da UE 15 de 64% e, também a elevada proporção da população nacional que nunca utilizou a Internet – 50% que compara com o valor da UE 15 de 27%. Indicador: e-Government – Grau de Disponibilização Definição: Indicador, em valor percentual, que mede o grau de disponibilização online de uma lista pré-definida de 20 serviços públicos básicos destinados a empresas e cidadãos. Enquadramento: Em 2009, Portugal era o país da UE que, juntamente com o Reino Unido, tinha uma melhor oferta de e-government em termos de disponibilização de serviços online. Avaliado em termos de grau de sofisticação, o e-Government em Portugal foi também avaliado em 100% tanto nos serviços destinados a empresas como nos serviços destinados a cidadãos. Do lado da utilizadores, a avaliação é menos positiva, sobretudo no caso dos cidadãos. Em 2009, 75% das empresas em Portugal utilizaram a Internet para interagir com as autoridades públicas, nível superior ao registado na média da UE 15 (72%). No segmento dos indivíduos, o grau de utilização do e-government é de 21%, significativamente inferior à média da UE 15 (33%), e no conjunto dos países considerados, apenas superior aos registados na Polónia, Itália e Grécia. Fonte: Eurostat, “e-Government 8th Benchmark Measurement” 2009 (Capgemini para Comissão Europeia) Fonte: Eurostat, Inquéritos nacionais à utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação Objectivos: Focar a política de promoção do acesso à Internet em BL no segmento das Famílias. Adoptar como referencial as actuais metas da Agenda Digital Europeia: aumentar a percentagem da população que tem um uso regular da Internet do nível base de 60% (42% em Portugal) para 75% em 2015 e, diminuir a que nunca utilizou a Internet do nível base de 30% (50% em Portugal) para 15% também em 2015. 84 • A b r i l d e 2 0 1 1 Objectivos: Prosseguir com a melhoria sistemática da oferta dos serviços públicos por via electrónica visando um cada vez maior nível de satisfação das necessidades dos utilizadores, donde se destaca a minimização dos encargos administrativos. Deverão ser concentrados esforços de melhoria nas áreas do licenciamento industrial e das compras públicas. RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE SOCIEdAdE dA INFORMAÇãO AMBIENTE E ENERGIA Indicador: Infra-estrutura de Banda Larga – Cobertura de redes DSL Indicador: Intensidade Energética da Economia Definição: Percentagem da população que depende de centrais da rede telefónica pública comutada onde estejam instalados equipamento próprio para fornecer Banda Larga através de acessos DSL. A definição de cobertura DSL inclui as residências e as empresas localizadas a distâncias demasiado grandes das centrais para poderem ser servidas, sobrestimando, assim, a cobertura efectiva. Definição: Rácio entre o consumo bruto de energia (carvão, electricidade, petróleo, gás natural e energias renováveis) e o Produto Interno Bruto (a preços constantes de 2000). É expresso em kgep (kilograma equivalente de petróleo) por 1000 euros. É um indicador da medida de eficiência energética na economia. Enquadramento: Portugal tem uma elevada cobertura de redes DSL. Em 2009, este indicador atingia na totalidade do território o nível de 96% que compara com a média da UE de 94%. São os países da UE 15 os que registam, em média, níveis de cobertura mais elevados. A cobertura total é atingida na Bélgica, Dinamarca, França, Luxemburgo e Reino Unido. Nas zonas rurais a cobertura DSL atinge 89% em Portugal sendo de 80% no conjunto da União Europeia. De entre os países seleccionados, a cobertura de redes DSL regista níveis diferenciados: desde a cobertura total de 100% na Dinamarca e em França até ao níveis mais baixos registados na Grécia (60%), Eslováquia (54%) e Polónia (52%). A cobertura de redes DSL como factor condicionante do acesso à Banda Larga é consideravelmente mais importante nas zonas rurais, onde a oferta do cabo é relativamente menos significativa. Enquadramento: A intensidade energética na maioria das economias da União Europeia tem vindo a reduzir-se. No entanto, em 2008, seis países apresentam intensidades energéticas superiores às registadas em 2007 (Irlanda, Eslovénia, Chipre, França, Letónia e Bélgica). No seu conjunto regista-se um decréscimo do grau de intensidade energética, de -1.2% na UE 27 e de -1.0% na UE 15. Em 2008, Portugal reduziu a sua intensidade energética em -4.0%. Apesar de uma melhoria no consumo de energia por unidade produzida, Portugal continua a apresentar um valor bastante elevado entre os países da UE 15, logo a seguir à Finlândia e Bélgica. Em termos de posição relativa no conjunto dos países da União Europeia considerados na análise, Portugal tem mantido a sua posição relativa desde 2002 (10º intensidade mais elevada deste grupo). Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais (base de dados, Agosto 2010) Fonte: CE, Digital Competitiveness Report, Maio 2010 Objectivos: A Agenda Digital da UE define a meta de 100% de cobertura DSL para 2013 e a Agenda Digital nacional tem como objectivo a cobertura de 100% da rede fixa de RNG (Redes de Nova Geração) para 2015. Importa que estes investimentos sejam realizados num enquadramento regulatório eficiente que permita, por um lado, níveis de preços que dinamizem a procura e, por outro lado, uma cobertura efectiva em zonas não urbanas. Objectivos: Intensificação de políticas e medidas visando uma maior racionalidade na utilização da energia pelas empresas e famílias, através da eficiência energética. A b r i l d e 2 0 1 1 • 85 informação AMBIENTE E ENERGIA Indicador: Consumo Bruto de Energia por Fontes de Energia Definição: Consumo bruto de energia ventilado por fontes de energia (combustíveis sólidos, petróleo e produtos petrolíferos, gás natural, energia nuclear, energias renováveis, outras fontes). Enquadramento: Em 2008, Portugal apresenta uma estrutura de consumo de energia idêntica à de anos anteriores. No entanto, vêm-se delineando uma tendência no sentido do reforço do consumo de energia a partir de fontes renováveis e uma redução da importância do petróleo e produtos petrolíferos no consumo de energia, que em 2008 se situou em 54% (+17 p.p. que a média da UE). Portugal apresenta uma posição favorável no que respeita à utilização de energia proveniente de fontes renováveis, com um peso de 18%, bastante acima da média da União Europeia (8%) e apenas inferior ao da Finlândia (26%) entre os países considerados. O mix energético de cada uma das economias da União Europeia apresenta diferenças com significado. Com efeito, há países sem energia nuclear ou que em que esta fonte de energia predomina como é o caso de França (41%), outros em que os combustíveis sólidos representam ainda um peso significativo como são os casos da Polónia (56%) e a República Checa (43%). No seu conjunto, a União Europeia apresenta um estrutura de consumo de energia em que predomina o petróleo e produtos petrolíferos (37%) e o gás natural (25%). Indicador: Electricidade produzida a partir de Fontes de Energia Renováveis Definição: Peso da electricidade produzida a partir de fontes de energia renováveis (FER) no consumo bruto nacional de electricidade. As fontes de energia renováveis consideradas respeitam a energia eólica, solar, geotérmica, hídrica, de biomassa e de gases dos aterros e das instalações de tratamento de lixos. Enquadramento: Em 2008, 26.9% do consumo de electricidade em Portugal teve origem em fontes renováveis. Trata-se de um bom desempenho em termos comunitários, sendo o 3º país com um valor mais elevado entre os países considerados na análise. A Áustria (62.0%), Suécia (55.5%) e Letónia (41.2%) ocupam uma posição destacada no conjunto dos países da União Europeia. No quadro da Directiva 2001/77/CE Portugal deverá apresentar um consumo de electricidade de origem renovável de 39% em 2010. Segundo informação da Direcção Geral de Energia e Geologia o valor deste indicador, calculado assumindo a mesma hidraulicidade do ano base relativamente à qual foi definida a meta (1997), foi de 43.3% em 2008 e 44.7% em 2009. No conjunto da UE o consumo de electricidade proveniente de fontes renováveis aumentou em 2008 para 16.7% (15.5% em 2007), valor mais próximo da meta de 21.0% que a UE pretende atingir em 2010. Fonte: Eurostat, Energy Yearly Statistics 2008 – 2010 Edition Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais Objectivos: Intensificar a implementação de medidas que contribuam para uma efectiva redução da dependência de combustíveis fósseis, com incidência particular nas energias renováveis e na eficiência energética, visando uma maior segurança e diversificação das fontes energéticas e um melhor desempenho ambiental. 86 • A b r i l d e 2 0 1 1 Objectivos: Prosseguir medidas e políticas que continuem a reforçar o peso da electricidade de origem renovável - sem pôr em causa a competitividade dos preços pagos pelas empresas contribuindo quer para uma menor dependência do petróleo, quer para o necessário esforço de redução de gases com efeito de estufa estabelecido no Plano Nacional para as Alterações Climáticas. RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE AMBIENTE E ENERGIA Indicador: Emissões de Gases com Efeito de Estufa Indicador: Resíduos Sólidos Urbanos Definição: Variação do nível de emissões do cabaz de seis gases com efeito de estufa (GEE) expressas em CO2 equivalente, considerado para efeitos de cumprimento do Protocolo de Quioto - emissões de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFC), perfluorcarbonos (PFC) e hexafluoreto de enxofre (SF6). Indicação das metas de Quioto a atingir por cada um dos países e pela UE (variação máxima entre o valor de emissões registado no ano base - em geral o ano de 1990 - e o seu valor, em média, entre 2008 e 2012). Definição: Total de resíduos sólidos urbanos (RSU) recolhidos, medido em kg por pessoa / ano, segundo o destino final: deposição em aterro, incineração, outros destinos. Os resíduos sólidos urbanos respeitam basicamente a resíduos domésticos e resíduos similares provenientes da actividade empresarial. Enquadramento: Entre 1990 e 2008, o crescimento do nível de emissões de GEE em Portugal foi de +30.3%. A evolução verificada relativamente ao ano anterior foi favorável permitindo que a distância face à meta a atingir no período 2008-2012 (+27%) se reduzisse. No mesmo período, o nível de emissões de GEE na UE 15 reduziu-se em -6.9%, valor mais próximo da meta acordada em Quioto (-8.0%). A posição de cada Estado-membro relativamente ao cumprimento das metas no quadro de Quioto continua distinta, havendo países cuja distância às metas acordadas é ainda superior a 20 p.p., casos da Espanha, Luxemburgo, Áustria. Fonte: European Environment Agency, Technical Report nº6/2010 (*) Variação face a 1988; (**) Variação face a 1986; (***) Variação face à média 1985-1987 Objectivos: Implementar medidas e políticas, nomeadamente nos sectores dos transportes, serviços /residencial que permitam o cumprimento das metas estabelecidas em Quioto sem pôr em causa a capacidade concorrencial das empresas e o crescimento da economia. Enquadramento: Em 2008, foram recolhidos em Portugal 477 kg de resíduos sólidos urbanos (RSU) por pessoa (+1.4% do que em 2007). Estes resíduos continuam a ser dirigidos maioritariamente para aterro (64%) embora nos últimos anos se registe uma redução gradual deste tipo de tratamento (75% em 2001). Em contrapartida, os “outros destinos”, onde se inclui a reciclagem, têm vindo a reforçar o seu peso, atingindo 16.6% em 2008 (2.8% em 2001). Na UE, em 2008, recolheram-se, em média, 524 kg de RSU por pessoa (valor idêntico ao de 2007). Este valor difere significativamente entre os Estados-membro da UE, recolhendo-se na Dinamarca 802 kg pessoa/ano e na República Checa 306 kg pessoa/ano. As diferenças são também significativas no que respeita às opções de tratamento seguidas. Por exemplo, enquanto na Alemanha a deposição em aterro é praticamente inexistente (0.5%) na Eslováquia representa 76%. Em média, na UE 20% dos RSU são incinerados, 39% são depositados em aterro e 41% são sujeitos a “outros destinos”. Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais (*) Estimativa Eurostat (**) Valor estimado Objectivos: Prevenção e redução de resíduos. Desenvolvimento de estratégias de gestão de resíduos que permitam dar cumprimento aos objectivos estabelecidos nas directivas comunitárias relativas à deposição em aterro e à incineração bem como às que dizem respeita a fluxos de resíduos específicos (de embalagens, de equipamentos eléctricos e electrónicos, pilhas e acumuladores, etc.). A b r i l d e 2 0 1 1 • 87 informação AMBIENTE E ENERGIA Indicador: Transporte Rodoviário de Mercadorias Definição: Peso do transporte rodoviário de mercadorias, em toneladas-km, no total do transporte de mercadorias por rodovia, ferrovia e vias navegáveis interiores. Enquadramento: Na União Europeia, a importância relativa da rodovia no transporte terrestre de mercadorias continua bastante elevada. Em 2008, este valor situava-se em 76,4% na UE 27 e em 77.9% na UE 15. Os países da União Europeia apresentam diferenças com significado neste domínio. Entre os países considerados na análise, a Irlanda é o país com o peso relativo mais expressivo (99.4%) e os Países Baixos o menos relevante (59.9%). Com um valor elevado em termos europeus, o transporte de mercadorias por via rodoviária em Portugal representa 93.9% do total do transporte terrestre de mercadorias em 2008 (94.7% em 2007). INVESTIMENTO Indicador: Formação Bruta de Capital Fixo do Sector Privado em percentagem do PIB Definição: Valor das aquisições, por entidades privadas residentes, de activos fixos deduzidos das alienações e acrescidos da valorização de activos não produzidos em percentagem do Produto Interno Bruto. Consideram-se como activos fixos: edifícios, estruturas, máquinas e equipamentos, exploração de minerais, software e originais artísticos e literários. A valorização de activos não produzidos, em regra activos naturais, corresponde à valorização de melhorias nesses recursos como sejam o crescimento das florestas ou o envelhecimento do vinho. Este indicador é obtido a partir das Contas Nacionais. Enquadramento: Em Portugal, o peso da FBCF do sector privado no PIB reduziu-se para 17.1% (20.0% em 2008). Trata-se de um valor superior à média da UE 15 (16.1%) e o 7º mais significativo entre os países considerados. Em 2009, regista-se uma quebra acentuada do investimento privado em todos os países da UE. O rácio FBCF do sector privado / PIB, com reduções que chegaram nalguns países a atingir um valor superior a 6 p.p., passou neste ano a variar entre um máximo de 20.3% registado na Roménia e um mínimo de 10.7% verificado na Irlanda. Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais, Agosto 2010 Objectivos: Implementar medidas que assegurem um sistema de transportes integrado e equilibrado, tendo em vista, nomeadamente, a redução gradual do peso da rodovia no transporte de mercadorias, conforme orientações da política de transportes comunitária. Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais, Outubro 2010 Objectivos: As estratégias empresariais e as políticas públicas devem convergir no sentido de melhorar a “qualidade” do investimento, com uma maior concentração deste em projectos com elevado valor acrescentado, por unidade de emprego. Incentivos ao investimento empresarial para a produção de bens e serviços transaccionáveis e estratégias de internacionalização das empresas, nomeadamente, no domínio das exportações. 88 • A b r i l d e 2 0 1 1 RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE INVESTIMENTO Indicador: Fluxos de Investimento Directo Estrangeiro (inflows) Indicador: Fluxos de Investimento Directo Estrangeiro (outflows) Definição: Fluxo de entrada de investimento directo estrangeiro (IDE) em cada país, em percentagem do PIB. Investimento directo estrangeiro é definido como o investimento de uma entidade residente numa economia com o objectivo de obter um interesse duradouro numa empresa residente noutra economia. Por interesse duradouro entende-se a existência de uma relação de longo prazo entre o investidor directo e a empresa e um significativo grau de influência do investidor na gestão da mesma, adoptando-se como critério uma posição não inferior a 10% do capital ou do direito de voto. Definição: Fluxos de investimento directo de cada país no exterior, em percentagem do PIB. Investimento directo estrangeiro é definido como o investimento de uma entidade residente numa economia com o objectivo de obter um interesse duradouro numa empresa residente noutra economia. Por interesse duradouro entende-se a existência de uma relação de longo prazo entre o investidor directo e a empresa e um significativo grau de influência do investidor na gestão da mesma, adoptando-se como critério uma posição não inferior a 10% do capital ou do direito de voto. Enquadramento: No período 2005-2009, os fluxos de investimento directo estrangeiro em Portugal representaram, em termos médios anuais, 2.3% do PIB, valor inferior em 2.3 p.p. ao registado na UE (4.6% do PIB). Entre os países considerados na análise, destacam-se os Países Baixos (5.4%), o Reino Unido (5.2%), a Hungria (4.6%) e a República Checa (4.3%). Irlanda apresenta um valor negativo, ainda que menos expressivo do que o verificado no período 2004-2008. Enquadramento: No período 2005-2009, os fluxos de investimento directo de Portugal no exterior em percentagem do PIB representaram, em termos médios anuais 1.7% do PIB, valor inferior ao verificado nos fluxos de investimento directo do exterior em Portugal (2.3%). Entre os países considerados da UE, Portugal apresenta um valor baixo, entre um máximo de 9.2% registado nos Países Baixos e um mínimo de 0.5% na Eslováquia. Em 2009, volta a regista-se uma quebra significativa de fluxos de saída de IDE na maioria dos países. Neste ano, Portugal reduz para quase metade o volume de investimento realizado no exterior. No seu conjunto, a UE reduz em cerca de 46%, passando estes fluxos a representarem 3.6% do PIB (6.0% em 2008). Fonte: OCDE – Base de Dados Investimento Directo Estrangeiro, Outubro 2010 Eurostat – Base de Dados Contas Nacionais, Outubro 2010 (*) Valores sem investimento conduzido pelas SPE (Special Purpose Entities) Objectivos: Intensificar acções visando a captação de investimento directo estrangeiro, designadamente em actividades com elevados níveis de produtividade ou que contribuam para o desenvolvimento tecnológico e da inovação em Portugal. Fonte: OCDE – Base de Dados Investimento Directo Estrangeiro, Outubro 2010 Eurostat – Base de Dados Contas Nacionais, Outubro 2010 (*) Valores sem investimentos conduzidos pelas SPE (Special Purpose Entities) Objectivos: O investimento directo no exterior é um factor importante na internacionalização das empresas portuguesas. As empresas devem, sempre que possível, desenvolver estratégias articuladas de investimento e de exportação de bens e serviços. A b r i l d e 2 0 1 1 • 89 informação INVESTIMENTO I&d E INOVAÇãO Indicador: Stock de Investimento Directo Estrangeiro Indicador: Licenciados em Ciência e Tecnologia Definição: Stock de investimento directo do estrangeiro em cada país (inward) e de cada país no estrangeiro (outward), em percentagem do PIB. Investimento directo estrangeiro é definido como o investimento de uma entidade residente numa economia com o objectivo de obter um interesse duradouro numa empresa residente noutra economia. Por interesse duradouro entende-se a existência de uma relação de longo prazo entre o investidor directo e a empresa e um significativo grau de influência do investidor na gestão da mesma, adoptando-se como critério uma posição não inferior a 10% do capital ou do direito de voto. Definição: Número de novos graduados em matemática, ciência e tecnologia, por mil habitantes no escalão etário 20-29 anos. Enquadramento: Em 2009, quer o stock de investimento directo estrangeiro em Portugal quer o stock de investimento directo de Portugal no exterior, aumentaram face a 2008. Em percentagem do PIB, o valor aumentou de 39.5% para 47.5% no caso do stock de IDE em Portugal e de 24.9% para 28.7% no que respeita ao o stock de investimento directo de Portugal no exterior. Tratam-se de valores intermédios entre os países considerados na análise, onde se destacam os Países Baixos, Hungria e República Checa em termos de stock de investimento directo do exterior em percentagem do PIB e os Países Baixos no que respeita ao stock de investimento directo no exterior. Enquadramento: Em 2008, Portugal registou 20.7 novos licenciados com idades entre os 20 e os 29 anos, nas áreas científicas e tecnológicas por mil habitantes. No conjunto dos países da União Europeia, Portugal é, a seguir à Finlândia (24.3), o país com melhor desempenho neste indicador em 2008. Considerando homens e mulheres novos licenciados nestas áreas verifica-se que Portugal (14.3) é a seguir à Finlândia (16.5) o país com mais mulheres licenciadas em 2008. O número de homens licenciados por mil habitantes (26.8) embora superior ao das mulheres posiciona Portugal em 4º na UE 27. A comparação entre países e a evolução no tempo dos valores deste indicador devem ser vistos com cuidado, face a alguns problemas de natureza metodológica. Fonte: Eurostat, Indicadores Estruturais, Outubro 2010 Fonte: OCDE – Base de Dados Investimento Directo Estrangeiro, Outubro 2010 Eurostat – Base de Dados Contas Nacionais, Outubro 2010 (*) Valores sem investimentos conduzidos pelas SPE (Special Purpose Entities) (**) 2008 Objectivos: Aumentar significativamente a captação de fluxos de investimento directo estrangeiro, designadamente em actividades com elevados níveis de produtividade ou que contribuam para o desenvolvimento tecnológico e da inovação em Portugal. O investimento directo no exterior é, por seu lado, um factor importante na internacionalização das empresas portuguesas. Devem ser consideradas pelas empresas, sempre que possível, estratégias articuladas de investimento e de exportação de bens e serviços. 90 • A b r i l d e 2 0 1 1 Objectivos: Criar condições em termos de programas e de infra-estruturas para uma maior ênfase no ensino nas áreas científicas e tecnológicas, nomeadamente ao nível do ensino básico e secundário. Incentivar os jovens para a aprendizagem e experimentação. RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE I&d E INOVAÇãO Indicador: Despesas em Investigação e Desenvolvimento Definição: Despesas totais em Investigação e Desenvolvimento (I&D), em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB). Inclui as despesas em I&D das administrações públicas, das empresas, do ensino superior e das instituições privadas sem fins lucrativos. Enquadramento: Nos últimos anos, Portugal tem registado uma evolução positiva em termos de investimento total em I&D, estimando-se que este tenha atingido 1.5% do PIB em 2008 (1.2% em 2007). Este valor para Portugal situa-se na mediana dos valores registados nos países da UE considerados e é inferior -0.4 p.p. aos valores da UE 27. De salientar o peso das despesas em I&D na Finlândia (3.7% do PIB), Dinamarca (2.7%) e Alemanha (2.6%). Indicador: Despesas Privadas em Investigação e Desenvolvimento (empresas) Definição: Despesas em Investigação e Desenvolvimento (I&D) financiadas pelas empresas em percentagem das despesas totais em I&D. Enquadramento: De acordo com os dados disponíveis, o peso das despesas em I&D financiadas pelas empresas terá crescido nos anos mais recentes e atingido 47% em 2007 (48% em 2008 de acordo com fonte nacional). O valor referido para 2008 comparado com o PIB (0.7%) aproxima-se da meta para 2010 do Plano Tecnológico (0.8%). No entanto os valores registados em Portugal são ainda relativamente baixos comparativamente aos registados nos países considerados. De salientar os elevados valores deste indicador na Finlândia (70.3%), Alemanha (67.9%), Eslovénia (62.8%) e Dinamarca (61.1%) e muito superiores à média da UE 27 (55%). Fonte: Eurostat, R&D Database, Agosto 2010 (*) valor estimado (**) valor provisório Objectivos: Para além do aumento significativo do investimento em I&D, em Portugal importará desenvolver uma efectiva articulação entre as instituições de investigação e as empresas e promover medidas de difusão dos seus resultados pela economia contribuindo para o lançamento de novos produtos desejados pelos mercados. Fonte: Eurostat, R&D Database, Setembro 2010 (*) 2007 - Alemanha, Irlanda, Espanha, Itália, Portugal e Coreia (**) valor provisório (***) valor estimado Objectivos: Desenvolver estratégias empresariais com maior incidência na concepção e criação de novos processos e produtos, e medidas de estímulo ao aumento das competências técnicas e científicas dos seus recursos humanos. Deve ainda dar-se forte ênfase à captação de investimento estrangeiro em áreas de actividade com maior incorporação de I&D, bem como à fixação de centros de investigação e desenvolvimento de empresas em Portugal. A b r i l d e 2 0 1 1 • 91 informação I&d E INOVAÇãO Indicador: Investimento em Capital de Risco (Semente e Start-up) Indicador: Investimento em Capital de Risco (Expansão e Substituição) Definição: Participação no capital de empresas como capital de risco, em percentagem do PIB, na óptica de capital de semente e financiamento de start-up’s. O capital de semente visa financiar a pesquisa e o desenvolvimento de uma ideia de negócio antes que esta atinja a fase de start-up. O financiamento de start-up’s visa o lançamento e promoção de novos produtos e serviços e a sua produção e comercialização na fase de arranque. Desde 2003 que este indicador se refere ao investimento em capital de risco efectuado num dado país independentemente da nacionalidade da entidade financiadora. Definição: Participação no capital de empresas como capital de risco, em percentagem do PIB, para financiar o crescimento e expansão da actividade da empresa (aumento da capacidade produtiva, desenvolvimento de novos produtos ou acesso a novos mercados); ou a aquisição de participações sociais que outras entidades detenham na empresa. Estão excluídas as aquisições de capital decorrentes de operações de “management buyout”, “management buyin” e de aquisição de acções cotadas em bolsa. Desde 2003 que este indicador se refere ao investimento em capital de risco efectuado num dado país independentemente da nacionalidade da entidade financiadora. Enquadramento: No período entre 2006 e 2009, o investimento em capital de risco de semente e start-up registou em média cerca de 0.019% do PIB, comparável com o registado nos Países Baixos e França (0.023%). No seu conjunto a UE 15 continua a registar um valor baixo quando comparado com os EUA. De notar que os valores do investimento em capital de risco em períodos curtos podem ser influenciados por operações isoladas de elevado montante. A utilização de valores médios minora este problema mas não elimina totalmente a volatilidade própria destes valores. Enquadramento: Em Portugal, o investimento em capital de risco de expansão e substituição em percentagem do PIB foi em média, entre 2006 e 2009, de 0.06%. De destacar na UE os elevados valores registados no Reino Unido (0.28%) e na Suécia (0.19%). Note-se que os valores do investimento em capital de risco em períodos curtos podem ser influenciados por operações isoladas de elevado montante. A utilização de valores médios minora este problema mas não elimina totalmente a volatilidade própria destes valores. Fonte: Eurostat, R&D Database, Setembro 2010 Objectivos: Desenvolver acções de sensibilização e de incentivo do lado da procura e da oferta de capital de risco, face ao seu importante papel no lançamento de projectos inovadores e que, dada a sua natureza, normalmente sentem dificuldades na obtenção de fundos nas fontes de financiamento clássicas. 92 • A b r i l d e 2 0 1 1 Fonte: Eurostat, R&D Database, Setembro 2010 Objectivos: Incentivar uma maior diversificação da procura e da oferta de capital de risco, ao qual deverá caber um papel mais significativo no redimensionamento e reestruturação empresarial, bem como no financiamento das fases de crescimento de muitas empresas. RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE I&d E INOVAÇãO Indicador: Patentes Europeias Indicador: Marcas Comunitárias Registadas Definição: Número de pedidos de patentes registadas no Instituto Europeu de Patentes por milhão de habitantes. Definição: Número de marcas registadas, por milhão de habitantes, no Instituto de Harmonização do Mercado Interno (IHMI), Agência Comunitária responsável pelo registo de marcas com validade em todos os países da União Europeia. Enquadramento: Em 2009, Portugal duplicou o número de pedidos de patentes registadas por milhão de habitantes (10.1) em relação a 2004 (5.0). Trata-se, no entanto, de um valor baixo no contexto dos países considerados, apenas superior ao registado na Grécia (9.1), Eslováquia (4.6) e Polónia (4.5) quer ao nível da UE 27 (123.2). No conjunto da UE 27, os países com maior número de pedidos de registo de patentes por milhão de habitantes foram o Luxemburgo (583.6), Países Baixos (406.5), Suécia (336.9) e Alemanha (306.9). Enquadramento: O número de marcas comunitárias registadas por entidades residentes em Portugal registou nos últimos três anos um crescimento médio anual de 25%, atingindo o valor de 93.3 por milhão de habitantes em 2009. Apesar desta melhoria, Portugal continua a registar valores baixos entre os países considerados, sendo apenas superior ao da Grécia e ao dos Estados-membro mais recentes. Fonte: Instituto de Harmonização do Mercado Interno (IHMI), Agosto 2010 Fonte: European Patent Organization Statistics, Outubro 2010 Objectivos: O registo de patentes por parte das entidades residentes em Portugal está relacionado com a evolução do investimento em I&D. Deverão ser desenvolvidas acções de sensibilização para a importância dos direitos de propriedade industrial e medidas visando a redução dos custos associados a registo de patentes. Objectivos: Desenvolver acções de sensibilização vincando a grande importância dos direitos de propriedade industrial ao nível das estratégias empresariais. No caso das marcas comunitárias, dada a sua importância em termos comerciais, importará reforçar o ritmo de crescimento significativo registado nos anos mais recentes visando atingir valores próximos da média da UE. A b r i l d e 2 0 1 1 • 93 informação I&d E INOVAÇãO Indicador: Designs Comunitários registados Definição: Número de pedidos de registo de Designs (desenhos ou modelos comunitários) no Instituto de Harmonização do Mercado Interno (IHMI) por milhão de habitantes. Desenho ou modelo é definido com a “aparência da totalidade ou de uma parte de um produto resultante das suas características, nomeadamente, das linhas, contornos, cores, forma, textura e/ou materiais do próprio produto e/ou da sua ornamentação”. Enquadramento: O número de pedidos de registo de designs comunitários solicitados por Portugal tem vindo a aumentar desde 2003, passando de 15.8 designs por milhão de habitantes para 105.6 em 2009. Este último próximo da média da UE (111.8). No contexto dos países considerados, a Dinamarca (226,0) e a Alemanha (215.4) destacam-se pelo elevado número de pedidos de designs comunitários registados. Fonte: Instituto de Harmonização do Mercado Interno, Outubro 2010 Objectivos: Promover acções que relevem a importância do design e da protecção da “estética” industrial dos processos de inovação e no desenvolvimento de novos produtos. 94 • A b r i l d e 2 0 1 1 RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE INdICAdORES dE OUTPUT PIB Indicador: Produto Interno Bruto per capita Definição: Produto Interno Bruto (PIB) por habitante, avaliado em paridades de poder de compra (PPC), relativamente à média da União Europeia (UE 27=100). Enquadramento: Em 2009, o valor do PIB per capita expresso em paridades de poder de compra foi de 79% do valor médio da UE 27. No conjunto dos países considerados, Portugal regista um valor apenas superior ao da Eslováquia, Hungria e Polónia. No contexto da UE 27 Portugal ocupa, actualmente, a 18ª posição, posicionando-se em último no conjunto da UE 15. Fonte: Eurostat EMPREGO Indicador: Taxa de Emprego Definição: Relação, em percentagem, entre o número de pessoas empregadas com idades entre os 15 e os 64 anos e a população total no mesmo escalão etário. Fonte: Eurostat, Outubro 2010 (*) valor provisório Indicador: Produto Interno Bruto, variação em volume Definição: Taxa média anual da variação, em volume, do Produto Interno Bruto (PIB). Enquadramento: Em 2009, Portugal registou uma taxa de emprego de 66.3 %, após um período de cerca de seis anos em que esta taxa se manteve na casa dos 68%. No conjunto da UE 27 a taxa de emprego em 2009 foi de 64.6%, interrompendo uma trajectória crescente nos anos mais recentes, com uma variação negativa de 1.3 p.p. entre 2008 e 2009. Esta realidade foi comum à quase totalidade dos Estados-membro da UE, tendo Portugal registado uma variação de 1.9 p.p., sendo de referir, no conjunto dos países considerados, as variações da Irlanda (-5.9 p.p.) e de Espanha (-4.5 p.p.). As taxas de emprego na UE variam significativamente entre os vários países, registando-se, no conjunto dos países considerados, elevadas taxas de emprego nos Países Baixos (77.0%) e na Dinamarca (75.7%) e taxas de emprego inferiores a 60% na Polónia (59.3%), Itália (57.5%) e Hungria (55.4%). Enquadramento: A variação média do PIB, em termos reais, no período 20002009 foi em Portugal de 0.9%. Nos Estados-membro mais recentes, a trajectória de convergência com a União Europeia é evidenciada pela observação de, em média, níveis de crescimento mais significativos do que os verificados na maioria dos Estados-membro da UE 15 considerados neste Relatório. No período de análise mais recente entre 2006 e 2009, a variação média anual do PIB foi menor em quase todos os países considerados, excepto na Eslováquia e na Polónia. Neste período, Portugal registou um crescimento médio anual de cerca de 0.3%, valor próximo da média da EU 15 (0.4%). Fonte: Eurostat; OCDE (Coreia) A b r i l d e 2 0 1 1 • 95 informação Indicador: Criação de Emprego Definição: Variação média anual da população empregada, em percentagem. Enquadramento: No período 2000-2009, Portugal registou uma variação média anual do Emprego de +0.2%, inferior à média da UE 27 (+0.7%) e uma das mais baixas no conjunto dos países considerados. No período mais recente de 2006 a 2009, a variação do Emprego em Portugal registou, em média anual, um valor negativo (-0.4%), tendo-se afastado ainda mais da média da UE 27 que neste período foi de +0.6%. É de registar o facto de no período 2006-2009 relativamente ao período mais longo analisado, os novos Estados-membro (excepto a Hungria) registarem uma aceleração da criação de Emprego, sendo de salientar a desaceleração significativa verificada na Irlanda e em Espanha. p.p.), a variação registada entre 2008 e 2009 foi desfavorável em todos os países da UE (a taxa média na UE aumentou de 1.9 p.p.). De salientar o aumento da taxa de desemprego registado neste período em Espanha (+6.7 p.p.), Irlanda (+5.6 p.p.), Dinamarca (+2.7 p.p.) e Eslováquia (+2.5 p.p.). Fonte: Eurostat; OCDE (Coreia) PROdUTIVIdAdE Indicador: Produtividade por Pessoa Empregada Definição: Produto Interno Bruto (PIB), em paridades de poder de compra, por pessoa empregada, comparativamente com a média da UE (UE 27=100). Fonte: Eurostat, Contas Nacionais (*) valores provisórios (2004 a 2009) (**) quebra de série (2005) dESEMPREGO Indicador: Taxa de Desemprego Enquadramento: O índice da produtividade por pessoa empregue em Portugal foi, relativamente ao valor base da média da UE 27 (= 100), de 74.1 em 2009. Ordenando os Estados-membro da UE 27 por ordem decrescente do nível de Produtividade, Portugal ocupa a 19ª posição, situando-se na primeira metade do grupo dos novos Estados-membro que ocupam a parte inferior deste ranking, desde Chipre (88.8) até à Bulgária (38.5). Os níveis da produtividade registados nos Estados-membro da UE 15 considerados neste Relatório variam entre 132.1 na Irlanda e 98.0 na Grécia. Definição: Relação entre a população desempregada (com idades entre 15 e 74 anos) e a população activa (população com 15 ou mais anos disponível para trabalhar), em percentagem. Enquadramento: Portugal registou em 2009 uma taxa de desemprego de 9.6% (+1.9 p.p que em 2008), superior à média da UE (8.9%). A evolução da taxa de desemprego em Portugal tem sido negativa em termos absolutos e relativos, com excepção da melhoria verificada em 2008. Após o período 2004-2008 em que se registou na generalidade dos países uma descida da taxa de desemprego (a taxa média na UE reduziu-se em 2.2 96 • A b r i l d e 2 0 1 1 Fonte: Eurostat, Contas Nacionais (*) valor provisório (**) valor estimado RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE Indicador: Variação da Produtividade do Trabalho Definição: Variação do Produto Interno Bruto (PIB) por pessoa empregada, no total da economia, a preços constantes de 2000. Enquadramento: No período 2000-2009, a variação média anual da Produtividade do Trabalho foi, em Portugal, de 0.7%, valor que compara com a média da UE 27 no mesmo período de 1.4%. De notar que as variações médias mais elevadas da UE são, na sua maioria, registadas nos novos Estados-membro. Dos países da UE 15, com crescimentos menos significativos, destacam-se os casos extremos, por um lado, da Grécia (2.4%) e da Irlanda (1.9%) e, por outro lado, da Dinamarca (0.5%) e da Itália (-0.1%). No período mais recente, entre 2006 e 2009, a variação média anual da Produtividade em Portugal foi ligeiramente inferior (0.6%) mas em termos relativos o desempenho de Portugal foi superior, pois agora compara com o valor médio da UE 27 de 0.5%. A posição relativa de Portugal em termos do nível da variação da Produtividade do Trabalho passa de 21ª no período 2000-2009 para 13ª no período mais recente de 2006-2009. Também neste período, as variações mais elevadas continuam a registar-se nos novos Estados-membro. GRAU dE ABERTURA dA ECONOMIA Indicador: Grau de Abertura da Economia Definição: Média simples entre o peso das exportações e o peso das importações de bens e serviços no PIB, a preços correntes. Enquadramento: A abertura comercial da economia portuguesa, medida segundo este indicador, foi de 32%, um valor relativamente baixo em comparação com outras economias da UE de semelhante dimensão, como por exemplo, a Irlanda (84%), os Países Baixos (66%) e a Finlândia (36%). Na generalidade dos Estados-membro da UE este indicador atingiu, nos anos mais recentes, valores mínimos por volta de 2003, tendo progredido até 2008, e regredido em 2009. Entre 2003 e 2008, o grau de abertura em Portugal registou um aumento de 6.4 p.p., o qual compara com os registados noutros países: na Hungria (19 p.p.), Eslovénia (15 p.p.), Países Baixos (13 p.p.), República Checa e Dinamarca (12 p.p.) e Alemanha (11 p.p.) e Finlândia (10 p.p.). Em 2009 (ano anormal em termos de comércio internacional), a variação negativa do grau de abertura em Portugal foi de 5.8 p.p., sendo de destacar as variações extremas ocorridas na Eslováquia (-14 p.p.) e Eslovénia (-12 p.p.) e, por outro lado, no Reino Unido (-2 p.p.) e Irlanda (+5 p.p.). Fonte: Fonte: Comissão Europeia (Base de dados AMECO) Fonte: Eurostat (*) valor provisório Os dados agregados a nível comunitário incluem apenas o comércio extra-comunitário A b r i l d e 2 0 1 1 • 97 informação ANEXO INdICAdORES dE ENQUAdRAMENTO MACROECONÓMICO INFLAÇãO Indicador: Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) Definição: Mede a variação no tempo dos preços de um cabaz de bens e serviços representativo da estrutura de consumo, numa base comparável entre todos os Estados-membro da União Europeia e também com os EUA. Para a Coreia, a fonte OCDE utiliza o Índice de Preços no Consumidor desse país, cujo cabaz de bens e serviços é representativo da respectiva estrutura de consumo. Enquadramento: A variação anual em 2009 do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor foi de -0.9% em Portugal, um dos valores mais baixos dos registados nos países da UE 27, cuja média foi de 1.0%. Os seis países que, em 2009, registaram maiores níveis de variação do IHPC foram novos Estados-membro com níveis desde 5.6% na Roménia até 2.5% na Bulgária. A maior parte dos países da Área euro registaram variações mais reduzidas, desde a Finlândia (1.6%) até à Irlanda (-1.7%). Em 2009, a variação dos preços dos produtos energéticos fez atenuar a taxa de inflação. Em Portugal, a variação do IHPC passa de -0.9% para -0.2% quando se passa do índice global para o índice sem energia e na Área euro passa de 0.3% para 1.2%. Em todos os países da UE verificou-se um maior contributo para a inflação por parte dos serviços, tendo a variação do IHPC nos bens sido bastante inferior à variação do IHPC global. Em Portugal, a variação do IHPC foi de -2.4% nos bens e de 1.3% nos serviços. EVOLUÇãO CAMBIAL Indicador: Taxa de Câmbio Nominal Efectiva / Índice Cambial Ponderado Definição: Para cada país (ou zona económica), a taxa de câmbio nominal efectiva resulta da média ponderada das taxas de câmbio com um grupo de países seus concorrentes, nos mercados doméstico e internacional. Utiliza-se como grupo de países concorrentes 36 países industrializados: os 27 membros da UE, EUA, Canadá, Japão, Suíça, Noruega, Austrália, Nova Zelândia, México e Turquia. Para os países da Área Euro, por não existirem taxas de câmbio entre eles, não se pode falar de taxa de câmbio efectiva, mas apenas de índice cambial ponderado, cujo conceito e fórmula de cálculo se mantêm idênticos a uma taxa de câmbio efectiva. Quando superior a 100, significa uma apreciação da moeda desse país, ou seja, uma deterioração da sua posição competitiva pela via cambial em relação aos 36 países de referência, entre o ano de 1999 (ano de base) e 2008. Enquadramento: Em 2009, Portugal registou um índice cambial de 106.9, isto é, comparando com o ano base de 1999, a posição competitiva da economia portuguesa, em termos de competitividadepreço em relação ao grupo de países concorrentes deteriorouse, pela via cambial, em 6.9%. No seu conjunto, a Área euro registou uma significativa apreciação da sua moeda em cerca de 25.4%, enquanto que os Estados Unidos melhoraram a sua posição competitiva pela via cambial em cerca de 12.4%. Entre 2009 e 2008, a posição competitiva de Portugal deteriorou-se em 0.6%, evolução que terá sido mais marcada nos seus principais parceiros comerciais - Alemanha 1.3%, Espanha 1.2%, França 0.8% - excepto no Reino Unido onde a taxa de câmbio nominal efectiva diminuiu cerca de 11.5%. Fonte: Eurostat; OCDE (Coreia) Fonte: Comissão Europeia, DG Ecofin 98 • A b r i l d e 2 0 1 1 RELATÓRIO DA COMPETITIVIDADE TAxA dE JURO dE LONGO PRAzO SALdO dAS AdMINISTRAÇõES PÚBLICAS Indicador: Taxas de Juro de Longo Prazo Indicador: Saldo das Contas das Administrações Públicas Definição: Taxa de juro média anual dos títulos da dívida pública do Governo Central a 10 anos. Definição: Saldo global das contas das Administrações Públicas em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB). Enquadramento: Em 2009, a taxa de juro de longo prazo em Portugal foi de 4.2%, valor próximo da média da Área Euro (4.0%). Dos dezasseis países membros da Área Euro em 2009, é de assinalar o nível mais elevado registado na Grécia (5.2%) e o mais reduzido na Alemanha (3.2%). Portugal registou de 2008 para 2009 uma ligeira descida da taxa de juro de longo prazo (-0.3 p.p.), sendo de assinalar, no conjunto da Área Euro, as variações registadas, por um lado, na Irlanda (+0.7 p.p.) e Grécia (+0.4 p.p.) e, por outro lado, na Alemanha (-0.8 p.p.) e na Finlândia (-0.6 p.p.). A taxa de juro de longo prazo nos EUA reduziu-se de 3.7% em 2008 para 3.3% em 2009, tendo-se mantido praticamente igual o diferencial destas taxas entre a Área Euro e os EUA +0.7 p.p. para +0.8 p.p.. Enquadramento: Em 2009, o saldo das contas das Administrações Públicas, em Portugal, foi de -9.3 em percentagem do PIB. Neste ano, nenhum Estado-membro da UE 27 registou saldos positivos das contas públicas, sendo de destacar os saldos mais negativos que ocorreram, para além de em Portugal, em Espanha (-11.1%), no Reino Unido (-11.4%), na Irlanda (-14.4%) e na Grécia (-15.4%). Foi nestes países e, também, na Finlândia, Dinamarca e Países Baixos que, na UE 15, se registaram maiores agravamentos, na ordem dos -6 a -7 p.p., em relação ao ano anterior. De notar que, embora com saldos negativos em 2009, houve dois países, Estónia e Malta, que melhoraram os seus saldos (cerca de 1 p.p.) em relação a 2008. Fonte: Banco Central Europeu; OCDE (Coreia) Fonte: Eurostat (Relatórios Procedimentos dos Défices Excessivos da CE de Outubro/Novembro 2010); OCDE A b r i l d e 2 0 1 1 • 99 informação ENSAIO Qualificação dos Militares Soberania do Conhecimento (Parte II)* A UNIVERSIDADE FEDERATIVA DAS FORÇAS ARMADAS JOSÉ VEIGA SIMÃO Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Coimbra e consultor da presidência da AIP-CCI As Forças Armadas, compostas exclusivamente por cidadãos portugueses, garantem a capacidade de acção dos órgãos de soberania nos domínios da defesa e segurança nacional e de protecção dos interesses do País. Compete-lhes, também, participar em operações de apoio à paz e em acções humanitárias, assumidas por organizações europeias e internacionais de que Portugal faz parte. or outro lado, numa perspectiva de herança cultural e de afirmação de interesses legítimos, as Forças Armadas elegem a cooperação técnico-militar, designadamente com os povos de língua portuguesa, como um espaço privilegiado de acção, integrado numa política nacional de cooperação. O honroso passado dessa cooperação técnicomilitar e o sucesso atingido na execução de diversos programas revelam-nos a sua importância no desenvolvimento dos novos países de língua portuguesa. Os cooperantes militares, irmãos de armas, ontem inimigos, têm dado um exemplo magnífico de tolerância, compreensão e camaradagem. Entre 1997 e 1999, os testemunhos escritos, que me chegaram pessoalmente, dos mais altos responsáveis políticos e militares, foram inúmeros e reconfortantes. Essa foi, aliás, uma experiência inolvidável no exercício das funções de ministro da Defesa Nacional. A Constituição Política aponta para que as Forças Armadas sejam P incumbidas de participar em missões de protecção civil e em acções relacionadas com a satisfação de necessidades básicas e com a melhoria da qualidade de vida das populações. O seu emprego em situações de estado de sítio e de estado de emergência é fixado em leis específicas. Os espaços de actuação referentes a estas tarefas ainda hoje não estão completamente definidos, preferindo-se adoptar medidas casuísticas e circunstanciais, sem uma visão estratégica do papel das Forças Armadas na sociedade, o que se tornou mais evidente a partir da publicação da nova Lei do Serviço Militar. Este problema agudizase, porquanto a simbiose da defesa e segurança no mundo em mudança determina a imprescindibilidade de publicação da lei prevista na Constituição, de modo a clarificar a natureza e o grau de participação das Forças Armadas nas tarefas mencionadas. Acresce que decisões adoptadas nos últimos vinte e cinco anos recomendam, por bom *A Parte III, relativa à Ciência e Tecnologia, será publicada na próxima edição senso, que o maior cuidado e sabedoria deve residir na escolha de lideranças de organizações responsáveis pela defesa e segurança, até porque militares de reconhecido prestígio, intelectualmente qualificados, pela sua formação cívica e culto da autoridade responsável, estão em condições excepcionais para exercer a maioria dessas funções. É, pois, importante que o civilismo voluntarista, doutrina de alguns políticos, não subverta a competência e o conhecimento, associado a um anti-militarismo primário, facto que se tem verificado em casos recentes no nosso País, com consequências desastrosas. Numa sociedade que vem sofrendo mutações drásticas, emerge a urgência de compatibilizar as funções das Forças Armadas com as aspirações e preocupações dos cidadãos e não de minimizar o posicionamento social dos militares. Em síntese, a Constituição Política da República Portuguesa reflecte o desígnio nacional, traduzido em obrigação política, económica e social de Portugal dispor de Forças Armadas modernas e qualificadas e, como tal, também, concebidas como parceiras do desenvolvimento sustentável do País. Por tudo isto, foi pena que os estudos e projectos concluídos em 1999, e outros em curso, pelo Ministério da Defesa Nacional, sobre a dimensão política, militar, económica, científica, tecnológica e cultural das Forças Armadas, não tenham tido sequência. Para desempenharem a missão e as funções que lhes são confiadas, as Forças Armadas devem obedecer a uma configuração orgânica que lhes assegure a sua identificação como Instituição da Nação, com capacidade para gerar e sustentar um sistema de forças nacional e de realizar acções de interesse colectivo, de per si ou em cooperação com outras organizações do Estado e, também, com organizações não governamentais. Para tal é determinante a qualificação profissional, científica e social dos militares, segundo modelos orgânicos de elevada qualidade, com nichos de excelência e com incidência no desenvolvimento do País. Neste contexto, impõe-se prosseguir uma programação a curto, médio e longo prazo, compatível com a natureza, a dimensão e a localização de infra-estruturas adequadas, com a disponibilização de armamentos e equipamentos modernos e com uma capacidade interna própria para o seu constante up-grading e para o culto da inovação tecnológica, com incidência no seu desempenho. Em simultâneo, deve reconhecer-se que as Forças Armadas, pela missão constitucional que lhes é conferida, se caracterizam e se diferenciam de outras organizações por adoptarem princípios de comando, de hierarquia e de organização e por códigos de disciplina e de conduta, que são inerentes à sua essência. É o que se designa por condição militar. Aqui, nunca será demais recordar que as Forças Armadas são penhor e cultivam valores e símbolos históricos e culturais de sadia base patriótica e de natureza ética, donde sobressai o carácter unitário e solidário da Nação portuguesa, precioso elemento da soberania nos tempos modernos, perante oportunidades e ameaças naturais, inerentes à integração europeia e à globalização. Neste quadro de pensamento deve sublinhar-se: 1. A qualificação humana nas Forças Armadas é um pilar decisivo da sua modernização, de cuja solidez depende o cumprimento da sua missão e funções e a qualidade e eficácia do desempenho dos militares, em correspondência com a sua organização e património. A qualificação “...o maior cuidado e sabedoria deve residir na escolha de lideranças de organizações responsáveis pela defesa e segurança, até porque militares de reconhecido prestígio, intelectualmente qualificados, pela sua formação cívica e culto da autoridade responsável, estão em condições excepcionais para exercer a maioria dessas funções” “...as Forças Armadas, pela missão constitucional que lhes é conferida, se caracterizam e se diferenciam de outras organizações por adoptarem princípios de comando, de hierarquia e de organização e por códigos de disciplina e de conduta, que são inerentes à sua essência. É o que se designa por condição militar” humana nas Forças Armadas deve ser perspectivada no quadro da primeira prioridade nacional: a qualificação dos portugueses. A visão estratégica que domina essa qualificação é a de que a modernização das Forças Armadas obriga necessariamente a investimentos que devem contribuir, de forma significativa e exemplar, para o desenvolvimento sustentável do nosso País, implícito na economia do conhecimento, e, consequentemente, A b r i l d e 2 0 1 1 • 101 informação “...as Forças Armadas são penhor e cultivam valores e símbolos históricos e culturais de sadia base patriótica e de natureza ética, donde sobressai o carácter unitário e solidário da Nação portuguesa, precioso elemento da soberania nos tempos modernos, perante oportunidades e ameaças naturais, inerentes à integração europeia e à globalização” “...as ideias de uma reestruturação global do ensino e formação nas Forças Armadas e a criação da Universidade das Forças Armadas foram perspectivadas como iniciativas que permitissem aos militares participar mais activamente em fóruns de excelência do desenvolvimento do nosso País e contribuíssem para a formação de elites com saberes estratégicos, científicos, tecnológicos e culturais, com dimensão própria e abertos à sociedade civil.” para o progresso social, cultural e tecnológico. As Forças Armadas, com 0,69% da população activa em 2010, integram excelentes laboratórios para ensaios de qualificação profissional, associados ao desempenho de funções, cada vez mais sofisticadas, nas áreas da defesa e segurança. A sua contribuição para a modernização da sociedade portuguesa deve ser exemplar, maximizando as suas capacidades e ambientes propícios a organiza102 • A b r i l d e 2 0 1 1 ções de qualidade, com particular incidência em áreas cruciais do comando, da estratégia, das tecnologias da informação e comunicação, dos sistemas, do ambiente e da intelligence. Trata-se de uma postura que tem raízes na História do nosso País. É que a instituição militar foi, através dos tempos, parceira da escola portuguesa e do desenvolvimento nacional. São exemplos os militares ilustres que deram contributos inestimáveis para a Cultura, a Ciência e a Tecnologia em diversas áreas do conhecimento, como sejam a Matemática, a História, a Sociologia, as Ciências do Mar, a Medicina, a Engenharia, os Transportes, as Comunicações, o Urbanismo… Contribuíram, ainda, significativamente para minimizar os atrasos nacionais intoleráveis de alfabetização dos jovens do sexo masculino, que, no cumprimento do serviço militar obrigatório, acorreram durante largos anos às suas fileiras. Basta recordar os serviços inestimáveis prestados pelas escolas regimentais. Por tudo isto, as ideias de uma reestruturação global do ensino e formação nas Forças Armadas e a criação da Universidade das Forças Armadas foram perspectivadas como iniciativas que permitissem aos militares participar mais activamente em fóruns de excelência do desenvolvimento do nosso País e contribuíssem para a formação de elites com saberes estratégicos, científicos, tecnológicos e culturais, com dimensão própria e abertos à sociedade civil. Como consequência, a qualificação dos militares deve obedecer a princípios orientadores, relacionados com a evolução dinâmica dos conceitos de defesa e segurança, com a prioridade nacional de educação e formação ao longo da vida, associada a potencialidades de mecanismos de mobilidade profissional; com o acompanhamento do futu- ro dos cidadãos ex-militares na sociedade civil; com a abertura, através de critérios de competência, ao papel das mulheres na organização e na liderança das Forças Armadas; com a intensificação de programas curriculares de referência, valorizando a sua dimensão de serviço em prol da identidade nacional e a sua dimensão cultural respeitando o passado, construindo o presente e como penhor do futuro. Estes princípios desenvolvem-se, naturalmente, em paralelo com a Lei do Serviço Militar em constante aperfeiçoamento, o que obriga a exigências crescentes na qualificação profissional e humana dos seus efectivos permanentes e voluntários e, como consequência, a uma nova visão do ensino e formação nas Forças Armadas. Estão também em causa novos mecanismos de relacionamento das escolas e centros de formação militar com as unidades operacionais e, bem assim, com instituições específicas da sociedade civil, designadamente nos domínios do desenvolvimento científico, tecnológico e cultural. Como consequência de estudos realizados nos anos de 1997 a 1999, nos quais participaram personalidades nacionais, civis, e militares de reconhecido mérito, com o apoio de peritos estrangeiros, designadamente alemães, americanos e franceses e após uma análise cuidada do sistema de ensino e formação em vigor nas Forças Armadas, e, particularmente, das instituições que o compunham, foi elaborado um projecto de decreto-lei que propôs a reorganização do ensino e formação nas Forças Armadas, o qual, depois de discutido em diversas sessões do Conselho Superior Militar e depois de aprovado, em Maio de 1999, no Conselho de Secretários de Estado, foi remetido para aprovação final em Conselho de Ministros, previsto para 1 de Junho de 1999. Este diploma foi, porém, retirado da ENSAIO agenda do Conselho de Ministros após a demissão, a meu pedido, de ministro da Defesa Nacional em 29 de Maio de 1999. A criação da Universidade das Forças Armadas, mantendo os objectivos próprios de natureza militar, surgiu neste quadro como um centro de excelência de ensino e de aprendizagem a nível superior e, igualmente, de investigação e desenvolvimento em áreas seleccionadas de vanguarda do conhecimento. O projecto de decreto-lei seguiu trâmites cuidadosos, desde a criação de uma Comissão – presidida pelo professor Adriano Moreira e constituída pelos directores das Academias Militares, dos Institutos de Altos Estudos Militares e diversas personalidades especialistas no ensino superior – até à discussão do projecto em várias sessões do Conselho Superior Militar, recolhendo inúmeras sugestões de todos os Chefes de Estado-Maior. O Decreto-Lei criando a Universidade, definindo a sua natureza, missão e composição e um modelo de governação, apropriado à natureza militar, foi aprovado, no Conselho de Ministros de 15 de Abril de 1999, depois de ter transitado pelo Conselho de Secretários de Estado. O decreto-lei criava, ainda, o Instituto de Altos Estudos das Forças Armadas, cuja forma de associação à Universidade seria definida nos respectivos estatutos, a aprovar por decreto regulamentar. No entanto, dúvidas subsequentes à sua aprovação, notoriamente artificiais e surgidas à última hora, a propósito da constitucionalidade desse decreto-lei, determinaram que o diploma fosse transformado em proposta de lei e enviado à Assembleia da República, tendo sido registado como Proposta de Lei n.º 281/VII e baixado à 3ª e à 6ª Comissões, em 26 de Maio de 1999. Apesar da promessa de urgência para sua discussão, assumida pelo primeiroministro, a verdade é que a pro- posta se afundou nas gavetas das comissões parlamentares, perante a indiferença do Governo e o triunfo dos que se lhe opunham. Não vou aqui debruçar-me sobre o projecto de decreto-lei relativo ao sistema de ensino e formação nas Forças Armadas nem tão pouco sobre a problemática dos estabelecimentos militares de ensino, em relação aos quais alguns políticos pretendiam a sua extinção com o argumento de os considerarem resquícios de privilégios indevidos dos militares, ignorando a sua génese, os seus programas, o seu desempenho e os altos serviços prestados durante dezenas de anos quer a nível nacional quer dos países independentes de língua portuguesa. 2. Como referimos, a criação da Universidade das Forças Armadas foi aprovada em reunião do Conselho de Ministros, de 15 de Abril de 1999, por um decreto-lei que, à última hora, foi transformado em proposta de Lei. Na exposição de motivos da proposta de lei estão explicitados os seus propósitos, de entre os quais me permito salientar: a) A formação académica, humana e militar dos quadros permanentes das Forças Armadas é uma prioridade subordinada aos valores e objectivos do conceito estratégico de Defesa Nacional, o qual deve acompanhar exigências de carácter humanístico, científico, técnico e cultural, que variam no tempo e que contemplam a acelerada mudança das estruturas de defesa, num quadro renovado das missões a desempenhar. Tudo isto se reflecte, na redefinição do serviço militar, na profissionalização dos quadros, no recurso ao voluntariado e na contratação de efectivos, que tem lugar na generalidade dos países mais desenvolvidos. b) Os estabelecimentos militares onde se ministra ensino superior universitário continuam a ter como objectivo essencial a formação de oficiais das Forças Arma- “A criação da Universidade das Forças Armadas, mantendo os objectivos próprios de natureza militar, surgiu neste quadro como um centro de excelência de ensino e de aprendizagem a nível superior e, igualmente, de investigação e desenvolvimento em áreas seleccionadas de vanguarda do conhecimento” “O Decreto-Lei criando a Universidade, definindo a sua natureza, missão e composição e um modelo de governação, apropriado à natureza militar, foi aprovado, no Conselho de Ministros de 15 de Abril de 1999, depois de ter transitado pelo Conselho de Secretários de Estado” das em áreas do conhecimento, de interesse para o desempenho das missões específicas de cada ramo bem como em áreas de cooperação e investigação interramos e noutras de relevância para a defesa e segurança, subordinando-se o seu funcionamento aos princípios da qualidade e da procura da excelência. c) O ensino superior militar, incidindo na preparação de quadros altamente qualificados, deve ajustar o nível e diversidade das qualificações que confere aos novos perfis de desempenho das Forças Armadas, facilitando a circulação desses diplomados em estruturas do Estado e da sociedade civil. d) A organização da Universidade das Forças Armadas deve salvaguardar os perfis específicos de A b r i l d e 2 0 1 1 • 103 informação “...dúvidas subsequentes à sua aprovação, notoriamente artificiais e surgidas à última hora, a propósito da constitucionalidade desse decreto-lei, determinaram que o diploma fosse transformado em proposta de lei e enviado à Assembleia da República” “A organização da Universidade das Forças Armadas deve salvaguardar os perfis específicos de qualificação requeridos pelos ramos, assumindo por isso carácter federativo, ou seja, coordenando mas mantendo a autonomia das Academias” Maior dos ramos e pelo reitor da Universidade. e) O modelo orgânico da Universidade das Forças Armadas deve institucionalizar, em moldes inovadores, uma cooperação criativa entre os ramos, não só no âmbito das licenciaturas do ensino superior militar (e dos actuais mestrados) mas também no fortalecimento de um ensino militar pós-graduado, com dimensão crítica, o qual abrangeria doutoramentos e títulos profissionais, em áreas específicas. f) Na proposta de lei, o Instituto de Altos Estudos das Forças Armadas resultava da integração do Instituto Superior Naval de Guerra, do Instituto de Altos Estudos Militares e do Instituto de Altos Estudos da Força Aérea, cuja forma de associação à Universidade seria definida nos respectivos estatutos. No Instituto seriam ministrados cursos de pós-graduação em matérias relacionadas com o comando, a estratégia, a gestão de recursos e a cooperação internacional, o que permitiria dar relevância nacional e internacional a enormes potencialidades que residem nos saberes das actuais instituições militares. “O modelo proposto, de inspiração anglo-saxónica, tinha como já referi a chancelaria constituída pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e pelos chefes dos Estados-Maiores dos ramos e pelo reitor, como órgão supremo da Universidade.” Por outro lado o Instituto habilitava técnica e tacticamente os oficiais superiores para o desempenho de funções de um Estado-Maior Conjunto e Combinado e de outros cargos da mais elevada hierarquia militar. qualificação requeridos pelos ramos, assumindo por isso carácter federativo, ou seja, coordenando mas mantendo a autonomia das Academias e sendo superiormente dirigida por uma chancelaria, constituída pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, pelos três chefes de Estado- O Instituto de Altos Estudos das Forças Armadas concederia graus e diplomas em nome da Universidade. Ao contrário de alguns críticos que surgiram na comunicação social, a proposta de lei respeitava a identidade dos ramos, adoptando o modelo de universidade federativa, composta por instituições militares de ensino universitário devidamente articuladas – Escola Naval, Academia Militar e Academia da Força Aérea – as quais se mantinham 104 • A b r i l d e 2 0 1 1 operacionalmente integradas nos respectivos ramos. Por sua vez, as instituições militares de ensino politécnico funcionariam como estabelecimentos anexos, junto das respectivas unidades orgânicas universitárias, sem perda dos seus objectivos e identidade. Por outro lado, o Instituto de Altos Estudos das Forças Armadas era associado à Universidade de acordo com os respectivos estatutos a aprovar por decreto regulamentar. A proposta de lei estabelecia, entretanto, a competência dos órgãos do Instituto. Com a entrada em funcionamento do Instituto de Altos Estudos das Forças Armadas e em consonância com a programação a estabelecer nos seus estatutos, seriam extintos o Instituto Superior Naval de Guerra, o Instituto de Altos Estudos Militares e o Instituto de Altos Estudos da Força Aérea. Para além disso a proposta de lei clarificava a missão da Universidade nos domínios da formação humana, cultural, científica, técnica e militar dos oficiais das Forças Armadas, do culto da I&D em defesa e segurança e da contribuição para a cooperação internacional, com ênfase no desempenho das missões militares resultantes da inserção de Portugal em organizações internacionais. Eram, ainda, especificados os graus, os títulos e os diplomas que poderiam ser conferidos e definidas as competências dos diversos órgãos de governo da Universidade. O modelo proposto, de inspiração anglo-saxónica, tinha como já referi a chancelaria constituída pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e pelos chefes dos Estados-Maiores dos ramos e pelo reitor, como órgão supremo da Universidade. Este órgão dispunha das mais amplas competências organizacionais, programáticas e estratégicas. Ao reitor cabiam funções exclusivamente académicas e científicas, tendo assento no ENSAIO Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas. O Senado, igualmente previsto, era um órgão exclusivamente académico e científico. A proposta de lei definia, ainda, princípios fundamentais a incorporar nos estatutos da Escola Naval, da Academia Militar e da Academia da Força Aérea, assim como as directrizes a cumprir nas áreas da gestão de pessoal, patrimonial e financeira. Por outro lado, salvaguardava os perfis específicos de qualificação requeridos pela instituição militar e pelos respectivos ramos e definia um modelo de governação institucional inerente à especificidade militar, distinguindo as competências dos órgãos de governo a nível global e a nível das entidades federadas. Em síntese, a proposta de lei consagrava: - A Universidade, como pessoa colectiva de direito público, obedecendo a uma organização federativa, constituída por três instituições autónomas, facilitava uma intensa cooperação inter-ramos e com o exterior e possibilitava a maximização de recursos, com vista a atingir em domínios específicos uma dimensão crítica de nível internacional; - A Chancelaria, órgão máximo da Universidade, propunha ao ministro da Defesa Nacional programas estratégicos bienais, projectos de orçamento, propostas de criação, suspensão e extinção de cursos e alterações, ditadas pela experiência, relativas à organização da Universidade; - O reitor seria nomeado por resolução de Conselho de Ministros, ouvida a Chancelaria, de entre os professores catedráticos, vice-almirantes ou generais de elevado prestígio e reconhecido mérito; - A Escola Naval, a Academia Militar e a Academia da Força Aérea continuariam a ser dirigidas por comandantes militares, sendo a Chancelaria, a propor a sua nomeação e exoneração. Os Chefes dos Estados Maiores dos ramos continuariam a exercer a autoridade administrativa e operacional consagrada em leis orgânicas das Forças Armadas. 2.1 O modelo proposto contribuía para vencer barreiras interramos mantidas ao longo dos anos, proporcionando um diálogo institucional e uma gestão mais eficaz de meios humanos, financeiros e de infra-estruturas, ao mesmo tempo que facilitava a criação de centros de investigação, desenvolvimento e demonstração interinstitucionais, com dimensão crítica. O modelo a implementar seria ajustado ao longo do tempo, mercê de experiências frutuosas a levar a cabo pela Chancelaria. Registe-se que experiências anteriores no ensino superior militar português, como a de um primeiro ano comum à formação de militares para os três ramos, tinham redundado em desentendimentos e num fracasso, aliás facilmente previsível. Essa experiência, ao contrário do modelo proposto, violava a identidade dos ramos. No entanto, a universidade federativa permitiria racionalizar alguns recursos, como um melhor aproveitamento de docentes e técnicos qualificados, em áreas básicas da ciência e da tecnologia. Uma questão que teria de ser naturalmente aprofundada era a da selecção e qualificação dos docentes. Desde logo, entendia-se que os graus atribuídos pela Universidade, através das Academias e do Instituto de Altos Estudos das Forças Armadas, correspondiam à qualificação académica universitária, prevendo-se que, à medida que a qualificação dos portugueses aumentasse, seria cada vez maior o número de pós-gradua- dos, o que inexoravelmente aconteceria entre os militares, à semelhança de outras Forças Armadas da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Existiam, aliás, exemplos – que já começavam a surgir em Portugal - de um número cada vez maior de doutores, mestres e especialistas de elevada qualidade e competência, os quais poderiam ser, se dispusessem de condições estruturais e institucionais, um embrião nacional de nichos de excelência. Mas, ao debruçarmo-nos sobre o corpo docente no ensino militar recomendámos que, não podíamos nem devíamos cair no erro de pretender definir carreiras docentes similares às da universidade. É que, se era natural que disciplinas básicas da ciência fossem ministradas, cada vez mais, por doutores, civis ou militares, a verdade é que as disciplinas ou áreas profissionais inerentes às carreiras militares seriam ministradas por oficiais, doutores ou não, de reconhecida competência técnica, ou seja, com um curriculum profissional e operacional de elevado mérito. Em suma, à semelhança do que se passa no universo anglo-saxónico, deveria ser determinante para a obtenção de diplomas diversificados de pós-graduação, a competência conceptual ou operacional militar. Os mestrados tipo sanduíche, com créditos académicos e militares, seriam exemplos inovadores de eficácia e conduziriam à expansão do número de docentes militares altamente qualificados, com espírito competitivo e de risco, como é apanágio da condição militar. Naturalmente que a possibilidade de realização (ou criação) de cursos pós-graduados na Escola Naval e nas Academias Militar e da Força Aérea e, bem assim, no Instituto de Altos Estudos das Forças Armadas, facilitaria uma programação A b r i l d e 2 0 1 1 • 105 informação “...Estes argumentos apresentados para a inconstitucionalidade situavam-se, assim, numa incoerência confessada, pois, a serem verdadeiros, os estatutos em vigor – ainda hoje – da Escola Naval, da Academia Militar e da Academia da Força Aérea seriam inconstitucionais…” adequada e a definição de carreiras docentes militares, de forma inovadora, dado que teriam fortes componentes de conhecimentos práticos. Aliás, essa visão de fácil aplicação na organização militar, deveria servir de exemplo à carreira docente das universidades, o que determinaria ligações naturais ao mundo empresarial. 2.2 O estudo do modelo orgânico da Universidade das Forças Armadas exigiu, como referimos, um intenso diálogo com as entidades militares responsáveis, tendo sido discutido e analisado em quatro reuniões do Conselho Superior Militar. Permitimo-nos aqui salientar que, por solicitação expressa do Chefe do Estado-Maior do Exército, acabámos por propor ao Conselho de Ministros que a forma de associação do Instituto de Altos Estudos das Forças Armadas à Universidade viesse a ser desenvolvida em decreto regulamentar, aquando da aprovação dos respectivos estatutos e não no diploma constituinte da Universidade, conforme tínhamos previsto inicialmente. 2.3 A criação da Universidade das Forças Armadas deparou com obstáculos de diversa natureza. Assim: - Era contrária à minimização que alguns políticos preten106 • A b r i l d e 2 0 1 1 diam impor à instituição militar, não querendo que dispusesse de uma Universidade protagonista em áreas da vanguarda do conhecimento. Para esses políticos era apenas tolerável a colaboração de militares, com a Universidade a título individual; - Proporcionava o fortalecimento institucional da cooperação entre as Forças Armadas e a sociedade civil e, até mesmo, dos ramos com empresas ligadas à defesa e segurança, com as universidades e com os laboratórios do Estado; - Permitiria criar condições para vencer o corporativismo de alguns militares em relação aos ramos das Forças Armadas, enraizado numa cultura dominada, em excesso, por interesses tradicionais; - Diminuiria a preferência por compras de equipamentos com “chave na mão”, sem endogeneização tecnológica, fomentando uma cultura do up-grading tecnológico. Após terem sido vencidos muitos obstáculos relativos à criação da Universidade das Forças Armadas, surgiram, como mencionámos, as dúvidas sobre a constitucionalidade da sua criação por decreto-lei, facto que me deixou perplexo. A situação era tanto mais insólita quanto é certo que, a ser válida essa argumentação de última hora, as leis orgânicas da Academia Militar, da Escola Naval e da Academia da Força Aérea, todas elas objecto de decretolei, seriam igualmente inconstitucionais. Ao tentar aprofundar as razões, solicitei a opinião de um alto responsável político do Partido Socialista, que me remeteu um memorandum verbal no qual para além de defender a inconstitucionalidade opinava: A invocação da “especificidade” do universo dos alunos da universidade a criar é fraco argu- mento para um tão diverso regime de organização, gestão e funcionamento como o que em princípio vem considerado. Isto porque, quer a Constituição quer a Lei da Autonomia da Universidade não abrem a porta a excepções como as que se pretendem criar. E acrescentava: É certo que as três instituições de ensino superior militar que existem já conflituam com a Constituição e a Lei da Autonomia das Universidades mas esse problema não foi colocado. O perigo é lembrar essa desconformidade, mexendo a fundo no que está. Uma nova “guerrilha” deste tipo, neste momento, representaria um “rebuçado” para os partidos da oposição. Assim sendo, não parece aconselhável enfrentar os previsíveis “tornados” que a discussão parlamentar da proposta de lei seguramente desencadearia. Pelo menos sem uma negociação política prévia com os partidos da oposição. E talvez sem previamente expurgar o texto de algumas dispensáveis colisões com a Lei de Autonomia das Universidades. A Universidade a criar pressupõe desvios de gestão democrática, tutela e outros que talvez pudessem ser eliminados ou amenizados, nomeadamente através de uma tutela conjunta dos ministros da Defesa Nacional e da Educação. Estes argumentos apresentados para a inconstitucionalidade situavam-se, assim, numa incoerência confessada, pois, a serem verdadeiros, os estatutos em vigor – ainda hoje – da Escola Naval, da Academia Militar e da Academia da Força Aérea seriam inconstitucionais… Dado, porém, que o primeiroministro nos transmitira que requereria urgência na discussão da proposta de lei na Assembleia da República, decidimos confiar e evitar polémicas estéreis. ENSAIO Na verdade, no outro lado da balança e contrariando o argumento da inconstitucionalidade, emergia a posição assumida pelo Governo em 1986, quando foram aprovados pelo DecretoLei n.º 48/86, os estatutos dos estabelecimentos militares de ensino superior universitário. Nessa altura o Governo tomou a posição clara da não aplicabilidade da Lei da Autonomia das Universidades. Essa posição foi, aliás, reforçada, em 1991, com a aprovação de decretos-lei sobre as academias, tendo o Governo de então aprovado a seguinte orientação, perante dúvidas surgidas: As realidades a que se refere o Decreto-Lei n.º 48/86 são radicalmente diferentes dos estabelecimentos universitários públicos. Trata-se, antes de mais, de estabelecimentos militares, de escolas criadas, administradas e frequentadas por militares, desde sempre compreendidas na orgânica das Forças Armadas. A sua especificidade, dado este enquadramento, reside no facto de desenvolverem actividades de ensino e de investigação, procurando-se, a partir daí, estabelecer normas que definam o tipo de relacionamento a manter com os estabelecimentos de ensino não militares e, bem assim, manter níveis de exigência semelhantes em termos pedagógicos, científicos e de recrutamento de pessoal docente. Nesta medida, a sua estrutura organizacional não é congruente com o modelo pressuposto pela Lei da Autonomia Universitária. Como vimos, este diploma não se limita a desenhar um regime, antes define um regime de certo tipo para o aplicar a realidades com as quais é congruente. As disposições estabelecidas pela Lei da Autonomia Universitária não se limitam a criar um certo paradigma organizativo, antes delimitam igualmente as realidades a que se pretende aplicar um tal modelo. É manifesto que os estabelecimentos de ensino superior militar não correspondem a esta realidade pressuposta pela Lei da Autonomia Universitária. Para além disso, não é possível aplicar o regime estatuído pela Lei da Autonomia Universitária sem tornar inviável o cumprimento pelos estabelecimentos de ensino superior militar dos fins para que foram criados. A situação mostra-se, por fim, bem transparente se considerarmos atentamente o que se dispõe no Decreto-Lei n.º 48/86: o reconhecimento da condição de estabelecimento de ensino universitário é sempre subordinado ao estatuto de instituição militar, excepto em termos de exigência pedagógica e científica. Daí que possamos concluir pela não aplicabilidade aos estabelecimentos de ensino superior militar dos princípios constantes da Lei da Autonomia Universitária em matéria de organização e de gestão. Logo, nada a objectar, deste ponto de vista, ao projecto de diploma que desencadeou a emissão da presente informação. Embora o caminho a seguir fosse difícil o diálogo com os partidos da oposição e com o Partido Socialista iria clarificar a situação e pôr em evidência as personalidades que pretendiam “com a minha demissão de ministro da Defesa Nacional, a Proposta de Lei nº 281/VII sobre a criação da Universidade das Forças Armadas perdeu a urgência prometida… Hoje continuo a pensar que a Universidade das Forças Armadas serve os desígnios da Nação Portuguesa perante o desafio de soberania do conhecimento.” bloquear a criação da Universidade. Porém, com a minha demissão de ministro da Defesa Nacional, a Proposta de Lei nº 281/VII sobre a criação da Universidade das Forças Armadas perdeu a urgência prometida… Hoje continuo a pensar que a Universidade das Forças Armadas serve os desígnios da Nação Portuguesa perante o desafio de soberania do conhecimento. O caminho a prosseguir devia ser completado com a intensificação de projectos de I&DE. E no seio das Forças Armadas quer de per si, quer em ligação com as Universidades e ainda com as indústrias de defesa. No próximo artigo daremos conta das iniciativas lançadas no domínio da Ciência e Tecnologia nos anos de 1997 a 1999. Faremos ainda algumas considerações sobre a aplicação do processo de Bolonha e as especificidades a que deve obedecer o modelo de avaliação dos cursos de ensino superior militar. A b r i l d e 2 0 1 1 • 107 informação ESPAÇO INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade A FORÇA DA TECNOLOGIA PORTUGUESA Para uma empresa que “começou do zero”, em 1965, o ISQ pode hoje congratular-se com os dados que o seu Relatório & Contas de 2010 vai revelar. De acordo com José Maria Dias Miranda, presidente do Conselho de Administração, o grupo fecha o exercício transacto “com um capital próprio de 51 milhões de euros, sem estarem contabilizados os valores das instalações e dos equipamentos”, o que “significa que se afirmou em termos tecnológicos e que consolidou a sua projecção internacional, mas sem nunca ter abdicado de existir de forma privada e independente!”. ISQ tem a sua sede no Taguspark, em Oeiras, a 20 km de Lisboa, ocupando actualmente 26 mil metros quadrados acima do solo, contra os 13.500 m2 que detinham, em 1993, altura em que a empresa trocou a zona de Benfica por aquele Parque de Ciência e Tecnologia. “Inicialmente vocacionado para o sector da construção soldada” – como informa o seu sítio na Internet (www.isq.pt) –, “à época uma tecnologia inovadora e crucial para o desenvolvimento da indústria portuguesa”, o ISQ diversificou a actividade no princípio da década de oitenta para “outros sectores como o ambiente, a segurança, a metrologia, as inspecções de instalações e equipamentos eléctricos e de construção, e os ensaios de segurança de bens e equipamentos”. A diversificação foi orientada no sentido de “responder O 108 • A b r i l d e 2 0 1 1 às necessidades de apoio tecnológico da indústria nacional”, permitindo ao grupo adquirir competências especiais, garantidas por cerca de 1500 colaboradores nas diferentes áreas a que se dedica: cálculo, construção civil, construção mecânica, desenvolvimento sustentável, edificações (inspecções técnicas), formação, indústria (inspecções técnicas), I&D, laboratórios, laboratório de termodinâmica, manutenção e integridade estrutural, técnicas de CNDs e tecnologias de produção. É extenso o âmbito territorial abrangido pelo ISQ: tem delegações e escritórios regionais (Vila Nova de Gaia, Braga, Castelo Branco, Loulé, Sines, Viseu e Ponta Delgada); e, no plano internacional, marca forte presença em Angola, Argélia, Brasil, China, Cuba, Espanha, Guiana Francesa, Irão, México, Moçambique, Noruega e Turquia, facto que lhe facilita o desenvolvimento da activi- dade na União Europeia e em mais de 20 países de diferentes continentes. “Atingimos já uma dimensão significativa”, observa o engenheiro José Dias Miranda, hoje responsável pelos destinos da casa. Segundo os últimos números apurados (relativos a 2010), o grupo ISQ atingiu um volume de negócios de 92,5 milhões de euros em Portugal e a nível internacional. “Cresceu bastante, sobretudo no ano passado, apesar da crise”, sustenta, ao recordar a “safra” do ano anterior: “81 milhões de euros”. “O ISQ teve que lutar pela sua própria sobrevivência” O investimento em novos negócios e empresas, sendo algumas delas “spin-offs” da actividade do ISQ, é explicado por José Dias Miranda: “Formamos estas empresas por várias razões. Por exemplo, o ISQ Engenharia dedica-se ao cálculo do apoio à manutenção, intervindo quando há algum problema numa refinaria, numa petroquímica, etc. Dizem se é possível manter aquele equipamento e em que condições. Eles são altamente especializados. Trabalham para o mundo inteiro!” José Dias Miranda transporta consigo uma longa experiência ao serviço de uma empresa (exerceu funções de carácter técnico na inspecção da refinaria da Petrogal de Sines e inspeccionou equipamentos para o alargamento da capacidade da refinaria do Porto) que é hoje considerada “uma força da natureza tecnológica”: esteve no ISQ durante cinco anos, saiu por dois anos e regressou em 1979. “Estou com funções de gestão desde há 32 anos!”, diz, com orgulho, apontando para uma moldura singular, mas religiosamente posicionada em cima de um dos móveis do seu gabinete acolhedor: “O ISQ nasceu em José Maria dias Miranda, presidente do Conselho de Administração 1965, mas só em 1967 é que começou a sua actividade. Temos ali uma primeira factura, datada de 1 de Abril de 1967, de 1500 escudos. Na altura, não era pouco!” A análise peculiar que faz do “salto gigante” que a empresa deu, leva José Dias Miranda a afirmar que o ISQ, “tal como ‘pomposamente’ a maior parte das entidades de infraestruturas tecnológicas, é feito para investigação e formação”: “É quase sempre esse, o chavão! Mas depois, para viverem, sem terem apoios, as empresas têm de entrar em coisas mais práticas. E foi assim que aconteceu. Em 1972, o ISQ era apoiado pelo ministério da Educação. Pouco depois, deixou de ter esse apoio. Teve de se voltar para as inspecções técnicas, para os ensaios não destrutivos, entre outras iniciativas, para além de ter conseguido fazer sempre formação e desenvolvido também bastante a investigação e a assistência técnica. Portanto, o ISQ bem cedo teve que lutar pela sua própria sobrevivência”. Existe algo que diferencia o ISQ das outras infra-estruturas tecnológi- cas? O líder do grupo elucida as mentes menos esclarecidas: “Este tipo de infra-estruturas ou estão ligadas a associações patronais ou a universidades ou a institutos públicos. O ISQ, pelo contrário, é a única que não se encontra nessas circunstâncias. Porque, a soldadura com que começou o ISQ não é uma área de actividade, é mais uma tecnologia e, como tal, muita gente revê-se na soldadura, mas não completamente. As empresas fazem soldadura para fazer outros produtos. Portanto, teve que “lançar-se ao largo”, teve períodos difíceis e momentos críticos que conseguiu ultrapassar, e tornou-se uma entidade com projecção mundial”. “Resultados extraordinariamente importantes nos mercados do Médio Oriente” e “crescimento espectacular no Brasil” José Dias Miranda garante que não existe uma entidade na Europa com a mesma diversidade de serviços que o ISQ oferece: “Quando uma A b r i l d e 2 0 1 1 • 109 informação área não dá, felizmente temos outras. Portanto, o nosso crescimento tem sido mais ou menos contínuo. Actualmente, o ISQ já não é uma entidade que trabalha só para a metalomecânica, mas também para a indústria em geral e para muitas empresas que nada têm a ver com a área industrial. O ISQ tem repercussão mundial: trabalhamos na Europa, África, Ásia, Médio Oriente, nas Américas, e particularmente no Brasil. O ano passado, constituímos uma empresa nos EUA. Portanto, o ISQ pretende ter uma intervenção a nível global”. No terreno, esta estratégia traduzse na criação de centros de competência noutros países. “Ainda não são muitos, mas já existem nalguns países”, garante o presidente do grupo: “Tentamos ter capacidades locais, formando pessoas inclusive, o que já acontece no Brasil de uma forma avassaladora. Em mais de cem pessoas, só um é português! Em Espanha, por exemplo, temos participação em três pequenas empresas espanholas, mas estamos a constituir o ISQ Espanha que vai agregar estas várias entidades”. Noruega é outro marco na internacionalização do ISQ. Fora da Europa, o principal local de crescimento é Angola, “em termos de dimen110 • A b r i l d e 2 0 1 1 são”, observa José Dias Miranda para depois se referir “à menina dos olhos” do grupo, em terras além-fronteiras: “O que está agora em maior crescimento é o Médio Oriente, onde é extremamente significativa a nossa intervenção na medida em que naquela região e nos países do Golfo, a competitividade é maior para as áreas da nossa especialidade. É aí onde o mercado é mais aberto, mais avançado, mais conhecedor. Estamos a conseguir resultados extraordinariamente importantes nesses mercados. O ISQ, por exemplo, no South Iran, cumpre a área da inspecção baseada no risco. Eles não querem ter mais de seis entidades acreditadas, reconhecidas. Neste momento têm três, das quais uma é o ISQ. Isto é a consequência do crescimento para dentro do ISQ, durante anos, em certas áreas avançadas da vida das instalações industriais. Áreas em que o ISQ se desenvolveu muito através de intenso trabalho de investigação e inovação e que têm neste momento reconhecimento naqueles mercados que são dos mais competitivos do mundo”. A crise económica passa ao lado do ISQ. “A nossa procura nos mercados onde há petróleo e gás não se tem ressentido, aí a crise é ao contrá- rio”, afirma o presidente do grupo, admitindo, no entanto, a eventual existência de algumas vicissitudes: “A não ser que haja crise social. Mas aí há muitos investimentos. Procuramos com todo o empenho a intervenção em países onde o crescimento seja expectável. Por exemplo, no Brasil facturamos 15 milhões de reais o ano passado, e este ano esperamos atingir os 25, o que é um crescimento espectacular. Angola continua ainda a ser o nosso principal mercado e pensamos que pode crescer mais porque o ISQ é muito apreciado naquele país, onde já trabalha há 30 anos! Criou em Angola uma imagem de uma entidade idónea, credível e que ajuda a desenvolver capacidades próprias no país”. “Mais de 20 laboratórios acreditados e extraordinariamente bem equipados” Ideia a destacar na actuação da entidade é o facto de que “o ISQ tem tido sucesso em termos empresariais na sua realização tecnológica e técnica”, conforme explica José Dias Miranda: “É a capacidade de se apoiarem empresas portuguesas, de se expandirem pelo mundo, enfim, de impulsionarem a imagem ESPAÇO INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE mentos, os investimentos, as estratégias. É uma espécie de multinacional ao contrário. Em vez de irmos para esses países só fornecer serviços, pretendemos também que grandes empresas desses Estados se envolvam com a estratégia do próprio ISQ”. “O ISQ devia ser muito mais utilizado pelos Governos” tecnológica do país, que é uma das funções destas entidades”. O ISQ tem mais de 20 laboratórios acreditados “extraordinariamente bem equipados”. “Contrariamente a muitas entidades de inspecções técnicas, que não investiram em laboratórios e, acima de tudo, se dedicam às inspecções, muitas delas obrigatórias, o ISQ tem um suporte enorme de laboratórios”, acrescenta, garantindo que a empresa “está ao nível do que existe de melhor em termos internacionais, porque desenvolve, em muitas áreas, equipamentos e tecnologia própria”. Para comprovar esta atitude estão os mercados do Médio Oriente (Arábia Saudita, Qatar e Abu Dhabi), Norte de África, Brasil, Angola e também a Europa. Espaços conquistáveis “através da afirmação de uma competência e de uma capacidade muito alargada que permita respostas para os problemas que as empresas têm”, refere o líder do grupo ISQ. “Não interessa se é capaz de desenvolver esta ou aquela técnica de ter um equipamento de ponta para analisar os defeitos. Isso é importante, mas o mais importante é conseguir, para os equipamentos e as instalações, que se dê garantias de que se vai trabalhar em segurança, definir o período e as condições em que isso pode acontecer, entre outros aspectos”, sublinha José Dias Miranda, concluindo que “isso é cada vez mais o que as empresas, pelo menos a nível internacional, e as mais importantes em Portugal, querem”. “Fazer uma multinacional ao contrário” “Para jogarmos na primeiríssima liga, a nível internacional, tem que se fazer um investimento imenso e tem que se trabalhar em países cuja estabilidade possa ser posta em causa”, reconhece José Dias Miranda, ao adiantar a “montagem” de uma nova estratégia de gestão: “Estamos a tentar fazer algo muito interessante, uma espécie de multinacional ao contrário. Ou seja, estamos a convidar, para fazerem parte do Conselho Geral do ISQ, empresas de países onde já estamos estabilizados, e para as quais temos uma intervenção importante. A primeira foi a Sonangol, que já é membro do Conselho Geral do ISQ há muitos anos, e a próxima vai ser a Petrobras. Pensamos que no futuro outras poderão surgir, provenientes de outros países onde nos estabeleçamos. E assim, empresas desses países passarão a ter lugar no órgão onde são aprovados os orça- Sendo uma entidade privada, José Dias Miranda considera que o ISQ preenche os objectivos do Governo e da Oposição para o desenvolvimento do país: “Poderei dizer que o ISQ está mais ou menos em todas as iniciativas. Ou seja, tem a ver com a descentralização do país – o ISQ tem centros de investigação importantes no Interior, como são os casos de Castelo Branco e Viseu – tem uma internacionalização extremamente forte, tem constituição de empresas de base tecnológica, através dos fundos de investimento e de capital de risco, é uma entidade de grande importância na formação profissional, tem uma intervenção muito importante em termos de inovação. Portanto, são os eixos em que todos estão de acordo. O ISQ devia, por tudo isto, ser muito mais utilizado pelos Governos. A nossa capacidade podia multiplicar por “n” se os Governos quisessem aproveitar o potencial que temos”. O “reverso da medalha” torna mais complexo atingir este desiderato, conforme explica o presidente do Conselho de Administração do ISQ: “Há muito aquela ideia da livre concorrência e, portanto, o ISQ não pode ser tratado de maneira diferente, mas existem outras empresas e entidades em Portugal que são tratadas de maneira diferente e que não têm de maneira nenhuma o relevo do ISQ. Também não se podem comparar com o ISQ muitas das entidades que trabalham nas inspecções obrigatórias, porque essas, retirando as históricas, as internacionais como a SGS (multinacional suíça), a Bureau Veritas (multinacional francesa), e uma ou A b r i l d e 2 0 1 1 • 111 ESPAÇO INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE outra portuguesa que tem algum relevo, a generalidade são empresas que só se criam porque existe uma oportunidade aberta com todas as facilidades para entrarem em inspecções obrigatórias. Esses “grandes campeões da livre concorrência” não conseguem ter trabalho a não ser na área obrigatória. Portanto, se os organismos públicos tratarem diferentemente o ISQ estão a fazê-lo correctamente, pois o valor acrescentado oferecido pelo ISQ é completamente diferente do dessas entidades. E quando falo nessas empresas estrangeiras, nas maiores do mundo, elas, em Portugal, não têm nada que se compare com o ISQ em termos de meios de laboratórios e capacidade de resposta”. Marcos na internacionalização do ISQ Angola (1983): início das inspecções na refinaria de Luanda-FINA Brasil (1999): criação do ISQ Brasil Suíça (2001/2006): contrato com o CERN Angola (2003): contratos com o INEA Noruega (2003): STATOIL Terminal LNG Melkoya. Início do ISQSPEC Guiana Francesa (2003): ESA-Centro Espacial Europeu Angola (2005/06): criação da empresa ISQAPAVE e aquisição da SMX Argélia (2006): contrato com a SONATRACH e criação do ISQ SARL Espanha (2007): aquisição da ASIGMA Espanha (2008): aquisição da ARGOS Angola (2008): criação do ISQ Reabilitação Noruega (2008): constituição do ISQ SPEC Arábia Saudita (2008): contrato com Refinaria de Rabigh Angola (2009): Angola LNG-Terminal LNG do Soyo Turquia (2009): criação do ISQ T E.A.U. e Omã (2009): contratos de agenciamento Espanha (2010): criação do ISQ SA e aquisição da PROCAL USA (2010): criação do ISQ USA Objectivos Criar valor para o ISQ através do crescimento das filiais/participadas Final de 2014 a actividade do ISQ Internacional representar 70% do volume de negócios global do grupo Em 2012, criar um ISQ Espanha integrando um único mercado doméstico (Península Ibérica) Até 2012 consolidar o ISQ no Golfo Pérsico (ISQ Abu Dhabi, ISQ Qatar, ISQ Oman e ISQ Saudi) Até 2012 constituir o ISQ SE (Sudeste Europa) 2011/2012: iniciar a exploração de mercados no espaço Turquia, Iraque e antigos países da ex-URSS produtores de petróleo Consolidar a presença em todos os países do Norte de África 112 • A b r i l d e 2 0 1 1 informação ASSOCIATIVISMO Associação Empresarial da Região de Portalegre NERPOR CLAMA POR INVESTIDORES QUE CRIEM PME COM CERCA DE UMA CENTENA DE TRABALHADORES Encalhada entre a A6 e a A23, Portalegre é a única capital de distrito que não tem um acesso por auto-estrada, facto que, segundo Jorge Pais, presidente da Associação Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR-AE), contribuiu para o envelhecimento da população e a forte quebra demográfica. Contrariar esta tendência passará, antes de mais, por uma solução de “curto prazo”, sustenta o dirigente: “Precisamos, ‘como pão para a boca’, de ter aqui, sem prejuízo de todo outro investimento que é igualmente bem-vindo, meia dúzia de investidores que criem empresas com 100, 150 trabalhadores. Todas as outras medidas são demasiado lentas para começarem a dar resultados”. desertificação humana e “empresarial” é uma história que se repete também em Portalegre, distrito “a braços” com a missão “quase impossível” do desenvolvimento económico, não fosse a destreza de alguns dirigentes associativos empresariais com espírito persistente e criativo, como revela ser Jorge Pais, presidente da NERPOR, desde há 23 anos. A 114 • A b r i l d e 2 0 1 1 A NERPOR, à semelhança de outras congéneres, vive muito da dedicação à causa do associativismo prestada por homens e mulheres, alguns deles verdadeiras “espécies em vias de extinção”. É o exemplo do presidente da “casa” visitada nesta edição da “AIP Informação” cuja história, inspiradora e exemplar, não poderá ser ignorada. Advogado, gestor e empresário, Jorge Pais é natural de Portalegre, tendo trabalhado também em Lisboa. “Após o 25 de Abril, o grupo Fino, que possuía, em Portalegre, uma fábrica de lanifícios, e tinha também a Finicisa, ligada ao sector químico, contratou-me”, recorda. “Vim para aqui naquele período difícil do PREC, para trabalhar neste grupo de empresas. A partir destas duas áreas, a dos lanifícios e a dos químicos, comecei a integrar-me na estrutura associativa”. O presidente da NERPOR classifica os seus primeiros passos no associativismo sectorial como “uma vivência muito forte a vários níveis”, explicando esta sua avaliação: “Na altura, o associativismo empresarial tinha uma componente muito forte da parte laboral por causa das contratações colectivas, com muitas reuniões e negociações entre os vários agentes envolvidos nestes processos. Foi talvez aí que me inspirei, que fiquei com o “bichinho” do associativismo, porque comecei a perceber que as associações têm realmente um papel fundamental no apoio à actividade empresarial. Fui presidente da Associação Portuguesa de Empresas Químicas. Sucedi ao Eduardo Catroga e antecedi o João Manuel Dotti, que é também actualmente vice-presidente da AIP-CCI. A minha ligação à actividade associativa estende-se aos sectores das empresas químicas e dos lanifícios (têxteis) porque, na minha actividade profissional estive também ligado a empresas dessas áreas. Logo a seguir ao 25 de Abril, fui eu, por exemplo, que redigi os estatutos da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios, a ANIL, que tem a sua sede na Covilhã e delegação em Lisboa. Foi em Viseu que se fez a aprovação da ANIL, ainda nos anos 70. Em 18 de Outubro de 1985, nasce a NERPOR – Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (sigla hoje traduzida como Associação Empresarial da Região de Portalegre), como delegação da AIP, e contando com apenas nove associados, contra os actuais 197, originários de todos os sectores de actividade económica. “Tinha como objectivo fundamental o apoio à actividade empresarial, procurando, através da sua dinamização, contribuir para o desenvolvimento e crescimento do distrito de Portalegre”, lê-se na sua carta de Jorge Pais, presidente da NERPOR intenções. “Desde aí, graças à sua dinâmica, a NERPOR tem vindo a afirmar-se na região, sendo actualmente considerado como órgão de grande importância na defesa, não só dos interesses dos empresários, como também dos interesses regionais, numa perspectiva mais global”, esclarece a organização. Mais tarde, em 1989, a NERPOR constituiu-se como associação empresarial, autonomizando-se assim da AIP (à semelhança do que aconteceu por todo o país), “mantendo todos os laços de cooperação que até então existiam”, e “estendendo todas as suas acções às empresas da região, independentemente de estas serem ou não associadas”. Nos primeiros órgãos sociais, Jorge Pais assumiu o cargo de tesoureiro. O primeiro presidente da Associação foi o engenheiro Casal Ribeiro, na altura ligado à actividade corticeira. “Fui eu quem organizou a lista para os órgãos sociais e não me pareceu bem auto-propor-me para presidente”, lembra, com a elegância protocolar que lhe é reconhecida. Antes, e numa atitude acertada, “envolvi logo Rui Nabeiro, para presidente da assembleia-geral. Para o conselho fiscal, falei na altura com o Guy Fino, da fábrica de lanifícios e tapeçarias, que, entretanto, já faleceu. Tive também o cuidado de integrar empresas dos vários pontos do distrito: Elvas, Campo Maior, Ponte de Sôr, entre outros, precisamente para afirmar esta abrangência territorial da NERPOR enquanto associação empresarial do distrito de Portalegre. Temos, ao longo dos A b r i l d e 2 0 1 1 • 115 informação político inclusivamente, as empresas associadas e os interesses do distrito; apoiar a modificação técnica e tecnológica das empresas bem como a criação de novas unidades; e obter atempadamente as intenções de investimento do distrito e detectar os potenciais criadores de empresas através do estabelecimento de protocolos com entidades adequadas”. LUTAR PARA O INTERIOR TER MAIOR CAPACIDADE REIVINDICATIVA anos, mantido essa preocupação”. Jorge Pais chegou à cadeira de presidente em 1987. “Há 23 anos sou presidente da casa. Penso que sou o presidente mais antigo do associativismo regional, em permanência, isto é, desde o início e sem interrupções. Não sei se isso é bom ou mau…”. OBJECTIVOS MAIS AMBICIOSOS Os objectivos que a NERPOR pretende atingir actualmente “serão muito semelhantes aqueles que orientaram a sua actividade desde o início, embora tenham, neste momento, um alcance bem mais abrangente e ambicioso”, de acordo com o plano traçado e divulgado publicamente: “Recolher, tratar e divulgar informação de interesse para as empresas com o fim de motivar a criação e modernização das mesmas, de fornecer elementos vitais ao seu funcionamento e desenvolvimento e de tentar solucionar os problemas e questões com que se debatem; pro116 • A b r i l d e 2 0 1 1 mover a NERPOR-AE como centro de encontro e articulação privilegiada entre as entidades vocacionadas para o desenvolvimento económico e empresarial; organizar e realizar cursos de formação; desenvolver acções de sensibilização, seminários e encontros visando o reforço do movimento associativo a nível geral e a cooperação quer a nível empresarial quer a nível de associações e de outros organismos; divulgar as potencialidades da região de forma a atrair investimentos para o distrito de Portalegre; organizar feiras, participar em certames nacionais e internacionais e promover a realização de missões empresariais ao estrangeiro e de investidores estrangeiros a Portugal; realizar estudos e prestação de assistência técnica às empresas; articular a actuação da NERPOR-AE com organismos e outras associações nacionais e comunitárias em determinadas acções e estabelecer laços de cooperação; representar, junto das mais diversas entidades e do poder A NERPOR, à semelhança de algumas associações empresariais regionais com ligação à AIP-CCI, não desiste de lutar por melhores condições económico-sociais para a região onde está implantada, segundo atesta Jorge Pais: “Uma das razões que me fez abraçar esta causa do associativismo com muito entusiasmo foi o facto das estruturas associativas darem a estas regiões outro protagonismo, outra capacidade reivindicativa para combater um pouco aquilo que vem sucedendo: dado o nosso pouco peso eleitoral e populacional, invariavelmente os governos sucessivos têm tendência para concentrar, nas grandes urbes, o reforço de infra-estruturas e outro tipo de medidas. Para o Interior, nunca existiram mecanismos actuantes para alterar a base económica produtiva da região. Tem-se vindo a assistir até a um agravamento da nossa realidade – a população diminuiu, o desemprego aumentou, as grandes empresas fecharam…” De acordo com Jorge Pais, “era importante ter uma política de desenvolvimento regional que permitisse combater estas assimetrias regionais, que ajudasse, excepcionalmente, o investimento privado em regiões como estas para que pudesse haver mais emprego e mais riqueza”. “Algumas das medidas não têm sido suficientes”, continua. “Se não forem disponibilizadas para Portalegre mais verbas para ajudar a actividade empresarial, vejo com muito receio, nestes próximos dois, três, quatro anos, que a situação se ASSOCIATIVISMO venha a agravar”. As verbas a que Jorge Pais se refere poderiam contribuir para colmatar algumas fraquezas da região: “A falta de densidade populacional e empresarial e o facto de estarmos numa situação excêntrica em relação às vias de desenvolvimento. Temos aqui a A6, que faz Lisboa, Évora, Elvas, e Badajoz para Madrid, que toca o sul do distrito, mas também faz com que haja uma circulação de pessoas e mercadorias que escapa ao interior do distrito. Temos a A23, que faz Castelo Branco e Guarda, e que também nos passa assim, ao lado. Somos a única capital de distrito que não tem um acesso por autoestrada!” A solução para acudir ao atrofia- mento da região não se compadece com demoras: “Precisamos, ‘como pão para a boca’, de ter aqui meia dúzia de investidores a criarem empresas com 100, 150 trabalhadores. Essa será a única maneira de, num curto prazo, darmos a volta a isto. Todas as outras medidas são demasiado lentas para começarem a dar resultados. Para conseguir inverter este plano inclinado e fazer rejuvenescer a população precisamos de criar emprego, fixando as pessoas com muita rapidez. A única forma é de, num par de anos, virem investidores de uma certa dimensão e se fixarem aqui, beneficiando, inclusive, daquela plataforma logística que já está em construção, entre Elvas e Espanha, com ligação à Europa, usufruindo das linhas viária e ferroviária, com ligações aos portos de Sines e de Lisboa. Para nós, é indiscutível, do ponto de vista do desenvolvimento regional, que seria da maior importância que essa ligação até já estivesse feita”. SER SÓCIO DA NERPOR TRAZ VANTAGENS Gabinete de Apoio ao Investidor. Recolha, tratamento e divulgação de informação de interesse para as empresas Fornecimento de dados estatísticos e outros estudos Realização de seminários, encontros, certames, colóquios e missões empresariais Divulgação das potencialidades da região Apoio à criação e reestruturação de empresas Realização de cursos de formação Elaboração de estudos de viabilidade económica e candidaturas a sistemas de incentivos Acompanhamento e assessoria de gestão Instalações e equipamentos ao serviço da região e das empresas Apoio à internacionalização das empresas Integração na rede associativa com beneficio dos contactos empresariais Enquadramento numa estrutura associativa que defende e dá voz aos interesses dos empresários A b r i l d e 2 0 1 1 • 117 informação Jorge Pais defende modelo mais interventivo para as associações empresariais “AS PME PRECISAM MUITO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA PARA SE INTERNACIONALIZAREM, PORQUE NENHUMA OUTRA ENTIDADE ESTÁ TÃO VOCACIONADA PARA AS APOIAR E ACOMPANHAR” É um defensor da importância da actuação das câmaras de comércio e indústria. Porquê? Tenho vindo a defender a afirmação, em Portugal, da actuação das câmaras de comércio e indústria. A tradição laboral e sócio-económica do associativismo, patente em muitas associações, e também na CIP – com excepção da AIP e da AEP –, deixaram um pouco esquecidas e adormecidas um conjunto de actividades que aquelas podem desempenhar em auxílio das empresas. Pode explicar? Em quase todos os países da Europa e do Mundo, como Espanha, França, ou Colômbia, há um forte movimento de câmaras de comércio. Em Espanha, por exemplo, estas têm tido o apoio estatal. Até há muito pouco tempo o Governo reconheceu a importância destas organizações, onde existia uma situação de filiação obrigatória, que presentemente se encontra a ser reapreciada. No entanto logo que uma empresa era constituída ficava obrigatoriamente inscrita na respectiva câmara de comércio. É um direito que vem por inerência, na própria constituição da empresa. Ou seja: a empresa participa na câmara, vota e desfruta dos serviços que aquela oferece. Em Espanha, há um movimento livre associativo que tem na CEOE [Con118 • A b r i l d e 2 0 1 1 federação Espanhola das Organizações Empresariais], a sua cúpula, esse sim, livre e de inscrição voluntária, que se ocupa das questões e negociações laborais com os parceiros sociais. Além da CEOE existe também o Conselho Superior de Câmaras. As câmaras de comércio têm toda essa actividade de apoio a missões empresariais, participação em feiras, incentivos de vária natureza, informação às empresas para as ajudar a desenvolver algum investimento, estudos de mercado, formação de recursos humanos, entre outros serviços de extrema importância. Estas câmaras têm muito poder e muita actividade. Comparando com Portugal, onde apenas existem a AIP, a AEP e pouco mais. Existe aqui mais um fosso que nos separa em termos do apoio às empresas, entre nós e quase todos os outros parceiros europeus, para não falar dos americanos. É uma desvantagem. Eles têm câmaras de comércio poderosas, com capacidade e recursos financeiros, porque todas as empresas têm que contribuir, através dos impostos que pagam ao Estado. Este entrega às câmaras uma determinada percentagem para o seu funcionamento. No caso espanhol, por exemplo, o Governo propõe o presidente do Conselho Superior de Câmaras, que tem de ser aceite por estas, facto que lhe permite, de alguma forma, supervisionar o que está a ser feito com o dinheiro, pois são muitos milhões de euros que o Estado entrega às câmaras para estas desenvolverem a sua actividade. Câmaras como a de Madrid ou a de Barcelona têm orçamentos de cerca de cem milhões de euros. Todas as empresas da sua circunscrição territorial, através dos impostos que pagam ao Governo, estão a pagar também para o desenvolvimento da actividade da Câmara. Quem elege os órgãos sociais dessas câmaras são os agentes económicos. Há aqui uma solução equilibrada em que os empresários escolhem as direcções e os representantes nas câmaras. Há apenas uma supervisão fiscalizadora da utilização desses dinheiros que está a ser feita a nível de coordenação por parte do presidente do Conselho Superior de Câmaras. É um modelo que vale a pena pensar para Portugal, para que as empresas possam ter apoios que não estão a ter e que os nossos colegas em França e em Espanha têm. Em França, por exemplo, além de haver este modelo de pagamento da inscrição obrigatória, o Governo entrega às câmaras de comércio a exploração das concessões dos aeroportos, à excepção do aeroporto de Paris-Orly. Todos os outros aeroportos são geridos pelas câmaras de comércio das zonas onde estão integradas. O objectivo é gerar também algumas receitas para poderem apoiar as empresas. informação Já apresentou esta ideia numa assembleia-geral anterior, não é verdade? Na altura, algumas pessoas contestaram e rejeitaram a ideia, porque consideraram que isto era um atentado à liberdade associativa. A ideia não é nova, já escrevi publicamente sobre isto. Não tem que ser forçosamente um modelo igual ao espanhol ou ao francês, mas que possa ser inspirado nestes exemplos. Creio que é possível conciliar, existindo sempre a alternativa do movimento associativo como vinha acontecendo em Espanha. Essa parte da total liberdade associativa fica desde logo garantida. E quanto à parte das actividades de apoios camarários aos empresários, esta presença do Estado é muito ligeira e muito pouco interventiva. Limita-se apenas a isto: a indicar um nome para a presidência do Conselho, e sujeito à aprovação das câmaras (pois são elas que vão ter a palavra final). Há aqui, portanto, uma solução de equilíbrio entre o poder do Estado e o poder livremente expresso dos empresários na eleição dos seus representantes. Existe alguém no associativismo empresarial que partilhe esta ideia? “Bem prega Frei Tomás…”. Tenho 120 • A b r i l d e 2 0 1 1 sido incansável na difusão da mensagem. Depois daquela primeira reacção, menos saudável, a realidade tem vindo a mostrar que isto não é algo assim tão contra-natura como possa parecer à primeira vista. As pessoas desconheciam estas experiências que existem noutros países, tão ou mais avançados que nós. Provavelmente, entre muitos factores que podem justificar as diferenças de desenvolvimento económico, esta pode até ser uma delas. Quando vamos a feiras internacionais vê-se a diferença entre a presença das empresas portuguesas e a presença das empresas e regiões espanholas. Temos um conjunto de meia dúzia de empresas que têm outra potencialidade e capacidade e conseguem assegurar, melhor ou pior, uma ou outra presença naqueles eventos, normalmente menos ostensiva do que os espanhóis conseguem porque actuam em termos regionais com o apoio fortíssimo das respectivas câmaras de comércio e que asseguram enormes espaços e stands comparativamente com os nossos. Têm um outro impacto, uma outra atractividade, têm uma presença muito mais prestigiante do que normalmente é a nossa. Este é um dos exemplos que se repetem anos após anos em feiras internacionais, desde a China aos EUA, à Alemanha, e que acabam por ter impactos negativos sobre as nossas empresas e vantagens em relação às empresas espanholas. Facto que significa que as empresas em Espanha têm outra facilidade em começar a exportar e a conquistar mercado, obtendo esse imperativo nacional de que estamos necessitados. Enquanto uns participam nos eventos, isolados, – qual “Dom Quixote” – a lutarem contra “moinhos de vento”, eles, que são espanhóis, vão de forma organizada. Sou defensor de que ninguém conhece melhor os empresários, as suas necessidades, as suas empresas do que aqueles que os próprios elegem e escolhem. Os dirigentes associativos estão diariamente em contacto com o tecido empresarial e conhecem muito melhor a problemática, as dificuldades, os constrangimentos das empresas do que os funcionários públicos que não têm a mesma sensibilidade do terreno. A AIP deixou de ser confederação empresarial para voltar a ser câmara de comércio e indústria. É o momento certo para o fazer? Entendi que esta seria uma grande oportunidade para fazer a separação de águas com a criação de uma cúpula empresarial, esta mais voltada para o assento no conselho económico e social e para a vertente sócio-económica e laboral. A AIP-CCI está vocacionada para assumir o apoio à actividade económica e às empresas nas mais diversas áreas, desde a formação até às feiras, passando pela informação económica, as missões empresariais, a internacionalização, entre outras iniciativas. Apoiar e fomentar a internacionalização apenas com uma actuação governamental directa da AICEP, do IAPMEI ou do que for, é curto. Penso que a experiência internacional e histórica tem demonstrado que por muito competentes que sejam os governos e o Estado, se não há um envolvimento dos interessados de uma forma mais directa e mais espontânea as coisas nunca correm ASSOCIATIVISMO tão bem. Porque, de facto, há outra sensibilidade! Temos em Portalegre uma predominância enorme de PME e micro-empresas. Toda essa “mancha” é muitas vezes esquecida em todas estas acções que são desenvolvidas. São os parentes pobres. Sempre que há uma deslocação do Presidente da República ou do primeiro-ministro, há sempre um conjunto de 20, 30, 40 grandes empresas, que são naturalmente muito importantes, mas toda a outra massa anónima de empresas, que afinal, são tão ou mais indispensáveis para o país do que as outras grandes empresas, fica esquecida! O país não existe, desaparece, se não houver este conjunto dos noventa e tal por cento de PME e micro empre- sas, que são a base de sustentação da economia. Seria um golpe obviamente tremendo, mas o país até pode sobreviver sem a Portugal Telecom ou a EDP, ou, por exemplo, elas até podem mudar de mãos… E o que propõe para que as PME e as micro empresas sejam mais valorizadas? Está na hora de compreendermos a realidade que somos e entendermos que o país é este conjunto de PME e micro empresas que não têm individualmente capacidade para se internacionalizarem! Daí, a importância enorme destas câmaras de comércio. E as PME precisam muito deste tipo de apoio. Nenhuma entidade está mais vocacionada para as apoiar e acompanhar que estas câmaras de comércio e indústria. Muitas vezes, os organismos oficiais têm uma certa tendência para pensarem na nata das empresas e para gostarem da inovação tecnológica, mas há um país real que é o país que produz, sapatos, têxteis, vinhos, chouriço, queijos, etc… Não podemos concentrar apenas esforços naquelas vertentes e esquecer estas que ainda são maioritárias na nossa economia, como é o sector agro-alimentar, por exemplo, e que está esquecido. Em zonas de fronteira já se sentia essa discriminação negativa em relação aos preços finais dos produtos e agora, com este agravamento, ainda mais. CORPOS SOCIAIS QUADRIÉNIO 2010/2013 cargo empresa representante aSSeMbleia Geral Presidente MANUEL RUI AZINHAIS NABEIRO, LDA Comendador Manuel Rui Azinhais Nabeiro Vice-Presidente MARTINS & IRMÃO, LDA Adriano Martins Secretário INCOPIL, SA Raul Martins Lobato Secretário Suplente A.J. FERREIRA, LDA António José Esteves Ferreira Direcçã0 Presidente PUBLIARVIS, LDA Jorge Firmino Rebocho Pais Vice-Presidente NOVA DELTA – COMÉRCIO E INDUSTRIA DE CAFÉS, SA António Miguel Chambel Peralta Ribeirinho Tesoureiro GABIPOR – GABINETE CONTABILISTICO DE PORTALEGRE, LDA Manuel Domingos Mendes Chagas Vogal E. M. EMIVETE, LDA Artur Seabra Vogal FIRSTMEETING, LDA Fernando Pereira Vogal Suplente TRALOPOR – TRANSP. E LOGISTICA DE PORTALEGRE, LDA Manuel Joaquim Leitão Pacheco Vogal Suplente LAZSA PORTUGUESA, LDA Abílio Reis conSelho fiScal Presidente SINGRANOVA – EMPRESA TRANSF. DE GRANITOS, LDA João Nuno de Figueiredo Ferreira Moniz Vice-Presidente TOLDIGRÁFICA – TOLDOS E ARTES GRÁFICAS, LDA José Manuel Caramelo Vogal FARINHAS GUEIFÃO, LDA Victor Gueifão Vogal Suplente ALTAS QUINTAS – EXPLORAçÃO AGRÍCOLA E VINÍCOLA, LDA João Lourenço A b r i l d e 2 0 1 1 • 121 ASSOCIATIVISMO A INTERNACIONALIZAÇÃO DE PEQUENAS PRODUÇÕES Por João Mário Amaral Vice-presidente do Conselho Estratégico do Artesanato da AIP e presidente da Associação dos Artesãos da Serra da Estrela á já alguns anos que a Associação de Artesãos da Serra da Estrela e Região Centro, organiza com êxito, a participação de artesãos, e outros operadores económicos em Feiras Internacionais, fora do território nacional. A importância da presença dos produtos Portugueses nestes eventos de grande visibilidade, coloca Portugal no mapa de países a visitar, pela sua gastronomia, pela sua arte, cultura e sobretudo pela boa imagem que os participantes Portugueses dão dos locais onde produzem os produtos que vendem. Portugal tem cada vez, mais espaço nos mercados internacionais graças à crescente qualidade com que os artesãos se apresentam em feiras como Madrid, Paris, Milão, Luxemburgo, Bari, Lyon, Vallodolide, Zamora, Barcelona, entre outras. Os produtores Portugueses, na sua grande maioria artesãos, tem tido um êxito muito grande graças à originalidade, inovação e sobretudo à qualidade dos nossos produtos, quer na área alimentar, quer na área não alimentar. H 122 • A b r i l d e 2 0 1 1 Somos diferentes, o que nos tem permitido somar pontos no que toca à diferenciação, levando as organizações das feiras e o público a verem Portugal como um pequeno País, com uma cultura muito forte pelo carácter identitário dos produtos que apresentamos. Desde os queijos, enchidos e fumados, aos vinhos e licores, à doçaria e olhando também às cerâmicas, as lãs, a bijutaria e os brinquedos, a área de Portugal constitui um forte atractivo dentro do universo onde estamos inseridos. A estratégia é vender! Vender produtos cujo ciclo de vida no mercado nacional está a chegar ao fim e que nestes mercados reinicia um novo ciclo; vender produtos cuja concepção foi pensada para aquele mercado onde estamos presentes. Vender é o objectivo dos participantes. À Associação cabe o papel de criar condições que facilitem esse querer dos nossos associados. A relação com as organizações das feiras, a caracterização dos espaços, a animação, a divulgação da presença dos expositores, os alojamentos, os transportes de mercadorias e pessoas, são factores logísticos que a Associação desenvolve de forma profissional. Em paralelo com estas tarefas cabe ainda à Associação as relações institucionais com os agentes locais representantes da AICEP, congéneres nossas com vista a futuras parcerias, contactos com entidades organizadoras de feiras, entre outras actividades de carácter oficial. A Associação enquanto promotora da acção tem sabido estar à altura dos desafios a que se propôs cumprir. Considero que temos feito o nosso trabalho de casa a julgar pelos resultados alcançados, que se medem pelo crescente número de participantes nos nossos projectos e pela alegria com que a comunidade Portuguesa no estrangeiro nos recebe. Pelo espaço que a Associação de Artesãos ocupa hoje no cenário Europeu, perante as suas congéneres e instituições ligadas ao artesanato. Pela reacção positiva dos visitantes dos espaços de Portugal e sobretudo, pela manifestação de interesse dos expositores Portugueses quererem voltar aos locais onde estiverem connosco. Exportamos produtos, importamos valor, importamos novas ideias, exportamos velhos saberes, exportamos cultura, e importamos prestígio. São estes movimentos pendulares que animam e fortalecem quem nos confia a tarefa de cooperar com os objectivos de ir mais longe. informação OPINIÃO INCOTERMS® 2010 – COM TRÊS LETRINHAS APENAS… NUNO DE BRITO LOPES Sócio da PLMJ – Sociedade de Advogados, RL área de Prática Comercial e Societária (Corporate) Equipa de Comércio Internacional ANA RODRIGUES VENTURA Associada Sénior da PLMJ – Sociedade de Advogados, RL área de Prática Comercial e Societária (Corporate) Equipa de Comércio Internacional A AIP-CCI em parceria com a PLMJ, tem programado diversas acções a realizar nas regiões sob a temática: Incoterms 2010 – Novas Regras do Comércio Internacional Para mais informações contacte-nos: Tel. 21 360 1675 e-mail: [email protected] Risco! A questão que ensombra qualquer iniciativa de um empresário. E com maior intensidade quando tem de sair do seu “território” conhecido e olhar para outras paragens. Mas esta é uma questão milenar. O comércio entre povos ou nações existe desde que o homem adoptou os primeiros meios de transporte e foi capaz de transportar bens a longas distâncias para os trocar ou vender. om a intensificação do comércio internacional foram sendo criados mecanismos que permitissem aos “mercadores” ter uma maior segurança, fosse nos pagamentos, fosse quanto aos bens transaccionados. No início do Século XX e ao longo deste e, em particular, com o advento das comunicações a longa distância e de meios de transporte mais rápidos, estes mecanismos começaram a ser adoptados a nível internacional multilateral privado em paralelo com os tratados comerciais entre Nações. Entre as várias ferramentas para o comércio internacional assistiu-se em 1936 ao nascimento dos denominados INCOTERMS®. “Mas afinal o que são os INCOTERMS®?”, perguntará o leitor naquela que é a primeira de várias questões que certamente tem sobre a matéria. Algumas dessas questões procurámos antecipar no presente texto, mas antes permitam-nos referir alguns outros aspectos introdutórios que consideramos de grande relevância. Em 2010 foi lançada uma nova versão dos INCOTERMS®, cuja revisão foi ditada por um conjunto de factores: a) A verificação do seu uso ou não uso; C b) A evolução dos meios de comunicações e de transporte; c) Advento dos documentos electrónicos A revisão foi efectuada por uma comissão de juristas internacionais que solicitaram e recolheram o contributo de profissionais do ramo em variados países e que procuraram adaptá-los a uma realidade que tem conhecido uma evolução bastante acentuada. Do que fica dito ressalta já o primeiro ponto a ter em conta: Os INCOTERMS® não foram criados por qualquer lei, são de origem meramente privada e comercial, pelo que só têm validade como compromisso contratual assumido pelas partes. Outro aspecto importante: Apesar da sua divulgação e relevância, os INCOTERMS® aplicam-se apenas e só em contratos de compra e venda internacional. Ou seja, não têm lugar noutro tipo de contratos internacionais como seja o franchising ou a agência (a não ser que estes também incluam disposições relativas a compra e venda internacional). Ainda assim, ao fazer-se um contrato de compra e venda internacional que contenha um INCOTERMS® devemo-nos assegurar que: A b r i l d e 2 0 1 1 • 123 informação - O contrato contém disposições quanto à entrega de mercadorias e a propriedade dos bens (quando é que mudam de mãos? O que diz a lei aplicável ao contrato? Vou coincidir a entrega com o regime do INCOTERM®?); - O INCOTERM® escolhido é compatível com os demais contratos associados à compra e venda – seguro, transporte, transitários, etc – não só porque o INCOTERM® não os substitui, como também para que não haja conflito entre o que está num contrato e noutro; - Lembramo-nos que o INCOTERMS® não regula as relações entre o despachante e o transportador, com a companhia de seguros, com o Banco, as condições e/ou local de pagamento, a transferência da propriedade, as sanções em caso de incumprimento, a Lei aplicável e o tribunal aplicável; Então, afinal para que servem, o que fazem? Os INCOTERMS® têm por objectivo regular as matérias de: - Custos (frete, direitos aduanei- ros, assistência, seguros); - Riscos (transferências); - Tarefas (documentos, formalidades, notificações); - Entrega; - Relação vendedor-comprador; Uma palavra final antes das FAQs: É usual que o uso dos INCONTERMS® seja feito por hábito ou tradição. Esperemos que este artigo o ajude a parar um pouco, a pensar em como o usa e, quiçá, a começar o processo de tomada de uma decisão. INCOTERMS® 2010: FREQUENTLY ASKED QUESTIONS (FAQS) Questão resposta: O que são Incoterms® e o que podem fazer por mim? A palavra Incoterms® é uma abreviatura de “INternational COmmercial TERMS”. Os Incoterms® são regras de comércio internacional elaboradas pela Câmara de Comércio Internacional: a primeira versão data de 1936 e nas últimas décadas têm sido revistos com intervalos de 10 anos (Incoterms 1980, Incoterms 1990, Incoterms 2000 e agora Incoterms® 2010). São regras que as partes escolhem incorporar nos respectivos contratos de compra e venda internacional de mercadoria, e regulam aspectos como as condições de entrega da mercadoria, formalidades de exportação e importação e responsabilidade pelos documentos, bem como a distribuição de custos e riscos entre as partes. O que é que os Incoterms® não regulam? Os Incoterms® não regulam os aspectos substanciais do contrato de compra e venda internacional, tais como quando e como se opera a transferência de propriedade do vendedor para o comprador, forma de pagamento, lei aplicável, incumprimento do contrato. Por exemplo, os Incoterms® pressupõem a entrega de bens conformes ao contrato de compra e venda internacional, mas não lidam com as consequências advenientes da não conformidade dos mesmos. Aconselham-se as partes a ponderar de forma cautelosa o uso dos Incoterms®, e a estabelecer as obrigações das partes, bem como os mencionados aspectos no respectivo contrato de compra e venda internacional. Porquê 11 Incoterms®? O objectivo dos Incoterms® é reflectir a prática comercial actual e oferecer às partes a escolha entre: A obrigação mínima do Vendedor de disponibilizar ao Comprador os bens nas instalações do vendedor (EXW); 124 • A b r i l d e 2 0 1 1 OPINIÃO Questão resposta: A obrigação acrescida do Vendedor de entregar os bens a um transportador designado pelo Comprador (FCA, FAS e FOB), ou a um transportador escolhido e pago pelo Vendedor (CFR e CPT), em conjunto com seguro destinado a cobrir riscos em trânsito (CIF e CIP); A obrigação máxima do Vendedor entregar os bens no destino (DAT, DAP e DDP). Quais os principais aspectos dos Incoterms® 2010? O número de Incoterms® foi reduzido de 13 para 11, e o agrupamento dos mesmos já não se opera mediante a divisão em 4 categorias (Grupos “E”, “F”, “C” e “D”), mas sim mediante uma subdivisão entre: (1) Incoterms® para usar em qualquer meio de transporte (EXW, FCA, CPT, CIP, DAT, DAP e DDP) e os (2) Incoterms® para uso exclusivo no transporte marítimo ou por vias navegáveis internas (FOB, FAS, CFR e CIF). De acordo com as novas regras, a entrega deverá ocorrer num destino designado: em DAT (Entregue no Terminal), à disposição do Comprador, descarregado do meio de transporte de chegada (tal como na anterior regra DEQ), e na regra DAP (Entregue no Local) também à disposição do comprador, mas pronta para descarregamento (conforme as anteriores regras DAF, DES e DDU). De referir que o ponto de passagem do risco nos Incoterms® FOB, CFR e CIF deixou de ser a “passagem da amurada do navio”, para ser a “bordo do navio”, minimizando vários problemas associados à interpretação e verificação prática do ponto anterior. Posso fazer alterações ao Incoterms® escolhido? Não é raro que as partes utilizem um termo normalizado mas façam inserir no contrato cláusulas que modificam completamente o seu significado. Isto tem por consequência que as regras de interpretação e integração elaboradas pela ICC vêm a sua aplicação a este contrato limitada, ou até excluída, com todos os inconvenientes que daí resultam, designadamente a incerteza originada pelas dificuldades de interpretação. As partes devem pois avaliar cuidadosamente se este é a via que mais lhes convém, ou se existe um outro Incoterms mais ajustado ao seu programa contratual. Como escolher a regra Incoterms® mais adequada para o meu contrato internacional de compra e venda de mercadoria? É preciso atentar (i) no tipo de mercadoria, (ii) no meio de transporte a ser utilizado, (iii) na prática comercial, e (iv) na intenção das partes em suportar obrigações acrescidas, como sejam por exemplo o transporte e seguros. Quando é que o risco de perda ou dano à mercadoria se transfere do vendedor para o comprador? A transferência do risco opera-se em momentos diferentes, consoante o Incoterms® escolhido. A regra é que se transfere com a entrega da mercadoria, de acordo com a regra A4 (Entrega) de cada Incoterms®. O que significa a “entrega” dos bens? Este conceito pode assumir vários significados no direito e na prática comercial, mas no âmbito dos Incoterms® a entrega significa o local onde o risco de perda ou dano se transfere do Vendedor para o Comprador. Estou em condições, enquanto Vendedor, de assumir as obrigações acrescidas do Grupo “D”, também conhecido como “contratos de chegada”? Para poder decidir com segurança pelo uso de um Incoterms® do referido Grupo, devo previamente responder às seguintes questões: (i) Estou preparado para suportar todos os custos e riscos até à chegada da mercadoria às instalações do Comprador? (ii) Consigo levar a mercadoria até ao local acordado para entrega (atravessar fronteira)? (iii) Consigo obter as necessárias licenças de importação e encetar as formalidades de importação? (iv) Consigo recuperar o IVA inerente à importação? Apenas mediante respostas afirmativas e uma clara percepção dos riscos envolvidos, deverei assumir as obrigações inerentes à venda ao abrigo das aludidas regras. A b r i l d e 2 0 1 1 • 125 informação ACTUALIDADE AIP Portugal Tecnológico 2010: Internacionalização e Inovação marcaram abertura da mostra na FIL SÓCRATES DIZ QUE ESTE É TAMBÉM “O SÍTIO CERTO” PARA “FALAR DE ECONOMIA E DO FUTURO DE PORTUGAL” Carlos Zorrinho, secretário de Estado da Energia e Inovação, Vieira da Silva, ministro da Economia, José Sócrates, primeiro-ministro, Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, e Fernando Serrasqueiro, secretário de Estado do Comércio, Serviços e defesa do Consumidor enho aqui também para dizer às empresas e aos participantes nesta mostra que continuamos empenhados na mudança do paradigma de fazer negócios, e que o Governo está do vosso lado”, disse o primeiro-ministro José Sócrates na abertura do “Portugal Tecnológico 2010”, a mostra promovida pela AIP-CE na FIL, em Lisboa, entre os dias 22 e 26 de Setembro, e subordinada ao tema “Portugal Tecnológico, a liderar o futuro”. José Sócrates apontou as áreas da inovação, educação e da tecnologia como os sectores onde o país deve investir para ter sucesso: “Como diria um militar, a estratégia é escolher o sítio certo onde devemos lutar para dar boa qualidade de vida V 126 • A b r i l d e 2 0 1 1 e bons vencimentos aos portugueses”. O primeiro-ministro, que antes havia percorrido todo o espaço feiral acompanhado pelo presidente da AIP-CE, Jorge Rocha de Matos, e por diversos membros do Governo, referiu-se a alguns números relacionados com a temática do evento. Frente a uma plateia constituída essencialmente por empresários e especialistas das diversas áreas da tecnologia, Sócrates destacou o crescimento do “investimento na ciência, que em 2008 se situava nos 1,51% do PIB” e o “sétimo lugar que Portugal ocupa no ranking dos países da UE que mais evoluíram em termos de inovação e de I&D nos últimos anos”. O titular da pasta da Economia, Vieira da Silva, destacou a intervenção de Portugal como país exportador de novas tecnologias: “O Portugal Tecnológico 2010” demonstra que tem já raízes profundas na nossa economia. A edição deste ano introduz algumas mudanças notórias em relação ao ano passado, como sejam uma maior duração do tempo da mostra, a participação de mais empresas e de mais entidades, as várias inovações feitas ou em curso nas áreas da energia e da mobilidade, as empresas que exportam a sua tecnologia... Enfim, se depois disto alguém ainda pensa que não estamos aqui a falar de economia e do futuro de Portugal, estamos a falar de quê?”. Rocha de Matos: “AIP, CISCO, PT, IWAYTRADE, com apoio do QREN e do Ministério da Economia estão a implementar parceria para modernizar 1000 PME” O presidente da AIP-CE, Rocha de Matos, foi peremptório ao afirmar que o “Portugal Tecnológico 2010” tem objectivos definidos para o país e as suas empresas, conforme explicou: “O nosso desafio colectivo é seguramente o de replicar estes exemplos e como tal alargar a base exportadora e de internacionalização da economia portuguesa. Exemplo disso, é o facto de estarem aqui presentes um vasto conjunto de empre- sas, nomeadamente nas áreas do ambiente e das energias renováveis, educação, saúde, transportes, telecomunicações, defesa e segurança, inovação industrial, entre outras, envolvendo uma importante participação das PME tecnológicas. Muitas delas, são empresas com um elevado nível de entrosamento nos mercados externos e que já provaram saber lidar com os imperativos da inovação e da tecnologia para acederem aos mercados, demonstrando serem capazes de fornecer clientes dos mais exigentes do mundo. Não poderia igualmente deixar de referir até porque está bem patente nesta feira -, o domínio da energia e da mobilidade sustentável, porque houve aqui um esforço mobilizador, permitindo que num curto espaço de tempo Portugal tenha entrado no top ten das energias renováveis e que seja hoje uma referência internacional, contando já com importantes players à escala global e fazendo emergir um cluster nesta área com elevado potencial”. Consciente de que a ambição da AIPCE é a “de fazer mais e melhor”, o líder da AIP-CE alertou os participantes na abertura desta mostra para o facto de ser necessário “unir esforços e delinear uma estratégia colectiva que nos permita passar dos actuais cerca de 30% que é a participação das exportações no PIB para um valor da ordem dos 40%, condição “sine qua non” para a sustentabilidade da economia e para melhorar a qualidade de vida dos portugueses”. “É tendo em atenção este objectivo que A AIP, a CISCO, a PT e a IWAYTRADE, com o apoio do QREN e de outras instituições ligadas ao Ministério da Economia, estão a implementar uma parceria para modernizar 1000 PME de diversos sectores de actividade, preparando-as para competitivamente ganharem o futuro”, adiantou Rocha de Matos. “Tecnologia, qualificação, informação, redes de conhecimento, uma estratégia colectiva e liderança efectiva são alguns dos ingredientes imprescindíveis para tornar funcional um dispositivo eficaz de inteligência competitiva para dar corpo à ambição de criar emprego qualificado e retomar uma trajectória de crescimento e de convergência com os nossos parceiros da UE, assim como uma maior capacidade de afirmação na economia global”, concluiu o presidente da AIP-CE”. Vieira da Silva, ministro da Economia Chris dedicoat, presidente da Cisco Europa Rocha de Matos, presidente da AIP-CE José Sócrates, primeiro-ministro, Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, e Fernando Serrasqueiro, secretário de Estado do Comércio, Serviços e defesa do Consumidor, e Maria João Rocha de Matos, directora-geral da FIL e do CCL Presidente da Cisco Europa diz que empresa vai continuar a apostar em Portugal Chris Dedicoat, presidente da Cisco Europa, que está de visita a Portugal, A b r i l d e 2 0 1 1 • 127 informação revelou, na sessão de abertura oficial do “Portugal Tecnológico 2010”, que a empresa norte-americana está interessada em Portugal, pois “tem planos para continuar a investir no mercado nacional”: “A Cisco já investiu em quatro centros de competência em Portugal. A visão de liderança na educação e na inovação levounos a investir no país, uma acção que queremos continuar a assumir”. Uma mostra de 40.000 m2 O “Portugal Tecnológico” é considerado o maior evento de tecnologia e inovação, e, nesta sua terceira edição, “volta a dar a conhecer o que de melhor se faz em Portugal”, garantem os seus promotores. Uma mostra de 40.000 m2 de portas abertas ao negócio, à internacionalização, ao desenvolvimento do potencial competitivo das empresas nos vários domínios, desde a saúde à energia, passando pela educação, mobilidade, indústrias criativas e redes de nova geração. Tecnologia, inovação, demonstração e internacionalização são as palavras-chave que caracterizam a edição do Portugal Tecnológico 2010. O Portugal Tecnológico é um evento que “apresenta as soluções que a inovação tecnológica promove no dia-a-dia, destacando os projectos 128 • A b r i l d e 2 0 1 1 José Sócrates e Rocha de Matos assinam o livro de presenças do “Potugal Tecnológico 2010” de índole tecnológica que contribuem para o sucesso do país e das regiões, para o bem-estar das populações e para o aumento da capacidade exportadora da economia portuguesa”. À semelhança das edições anteriores, estiveram presentes todos os grandes intervenientes no mercado, desde start-ups até empresas consolidadas, bem como a Administração Pública, um dos grandes consumidores de tecnologia no nosso mercado. No âmbito da maior mostra nacional de tecnologias de informação, reali- zaram-se um conjunto de conferências que contaram com a presença de reputados oradores nacionais e internacionais nas temáticas do egovernment, energia/mobilidade, competitividade, indústrias criativas, economia digital, educação e saúde. Pela primeira vez, esta edição contou com um “espaço mostra”, uma zona de trabalho para os potenciais investidores, oriundos das delegações de vários países estrangeiros que estarão presentes no evento e com os quais se irá promover a internacionalização de vários projectos. ACTUALIDADE AIP ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2011 POSIÇÃO CONJUNTA DA AEP, AIP-CE E CIP A AEP, a AIP-CE e a CIP consideram que o Orçamento do Estado para 2011 deverá respeitar rigorosamente as metas estabelecidas aquando das medidas adicionais ao PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento 2010-2013 e explicitadas posteriormente no Relatório de Orientação da Política Orçamental. O cumprimento dessas metas, designadamente a redução do défice (para um valor de -4,6% do PIB), das despesas com pessoal, dos consumos intermédios e, consequentemente, da despesa corrente primária, corresponde a um compromisso internacional e dará sinais de responsabilidade e de capacidade de conduzir as finanças públicas no caminho da sua sustentabilidade. A redução prevista para o défice das contas públicas resulta ainda, numa parcela substancial, do aumento da receita (1,5% do PIB). Assim, é da maior importância concretizar a redução nominal da despesa corrente primária prevista pelo PEC, dando, assim o esperamos, os primeiros passos para conciliar o equilíbrio orçamental com a redução da carga fiscal, fundamental para conquistar uma maior competitividade. Foi aliás no pressuposto de que estas medidas adicionais do lado das receitas serão efectivamente temporárias, que a AEP, a AIP-CE e a CIP compreenderam, de forma responsável, a sua necessidade. A situação internacional ainda não está totalmente desanuviada, não estando ainda completamente eliminado o cenário de nova recessão e o desemprego ainda não está estabilizado, o que reduz a confiança dos indivíduos e dos investidores, e condiciona o consumo das famílias e o investimento empresarial. Os riscos inerentes à execução orçamental ao longo de 2011 são pois elevados. Em particular, o maior custo de remuneração da dívida pública poderá fazer aumentar os respectivos juros mais do que o previsto e a persistência de altas taxas de desemprego poderá elevar as prestações sociais, apesar do esforço colocado no sentido de um maior rigor e fiscalização na sua concessão. O elevado grau de incerteza relativamente à evolução da actividade económica e dos preços em vários mercados gera também riscos significativos ao nível das receitas. Assim, a AEP, a AIP-CE e a CIP consideram que para além de um exercício rigoroso e credível na estimativa das receitas, o Orçamento do Estado para 2011 deverá incluir mecanismos no sentido de assegurar que qualquer desvio que se venha a registar na execução do Orçamento terá de ser acomodado do lado da despesa. A AEP, a AIP-CE e a CIP não podem tolerar qualquer medida que venha a agravar directa ou indirectamente a carga fiscal, para além das que foram anunciadas em Maio. O peso da receita pública total no PIB previsto pelo PEC II para 2011 - 42,1% - constitui já um máximo absoluto em Portugal, e isto acontece porque o nível de despesa corrente primária, em percentagem do PIB, 42%, também já atingiu um recorde em Portugal. Perante esta situação, fica claro que todo o esforço adicional que tenha de ser feito deverá vir da redução da despesa pública, não se podendo continuar a pensar corrigir o desequilíbrio orçamental pelo lado das receitas. Pelo contrário, a AEP, a AIP-CE e a CIP consideram que as medidas tomadas para reduzir a despesa pública são ainda claramente insuficientes. Muitas destas medidas assumem um carácter conjuntural, e, podendo ser facilmente reversíveis a prazo, não resolvem de forma estrutural o problema do excessivo peso do sector público na economia. Assim, sem prejuízo de uma total contenção salarial e de uma maior austeridade na componente de aquisi- A b r i l d e 2 0 1 1 • 129 informação (Continuação) ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2011 POSIÇÃO CONJUNTA DA AEP, AIP-CE E CIP ção de bens e serviços, com a introdução de medidas de racionalização e rigor, a AEP, a AIP-CE e a CIP reafirmam que é necessário repensar o papel e as funções do Estado e, em consequência, aprofundar a Reforma das Administrações Públicas, com a consequente extinção de serviços e institutos públicos, redundantes e desnecessários e por isso socialmente inúteis e ponderar o papel e a dimensão do Sector Empresarial do Estado. Para além da redução dos montantes da despesa corrente primária, importa também ponderar a sua composição, de modo a iniciar-se a sua efectiva reafectação para objectivos de competitividade, do crescimento económico e do emprego. O Orçamento do Estado para 2011 deverá também mostrar grande contenção no investimento de iniciativa pública, suspendendo todos os grandes projectos que não contribuam significativamente para a redução do défice externo e procurando alternativas mais ajustadas à sua viabilidade em termos da relação custo/benefício. Despesas em projectos de investimento como a terceira travessia do Tejo e o TGV não deverão ter cabimento neste Orçamento. Por outro lado, o particular esforço de contenção orçamental que a presente conjuntura exige não pode deixar de ser compatibilizado com a necessária atenção às dificuldades financeiras por que passam presentemente as empresas portuguesas, num contexto de elevados níveis de endividamento e de restrições no acesso a financiamento bancário. Este contexto, que coloca em causa a sobrevivência de muitas empresas, continua a penalizar o investimento empresarial, mesmo das empresas que se encontrem numa situação menos grave. Por isso, no Orçamento do Estado para 2011, os apoios ao investimento e às exportações deverão ser mantidos ou mesmo reforçados. Justifica-se em particular a tomada de medidas que estimulem a recapitalização das empresas e o seu financiamento por recurso a capitais próprios, eliminando-se a forte discriminação negativa fiscal no financiamento por parte dos sócios, quer do ponto de vista da própria empresa, quer do ponto de vista dos sócios, em relação a aplicações alternativas das respectivas poupanças. Em suma, a estratégia orçamental deverá compatibilizar o combate ao défice com o incentivo à competitividade e ao crescimento económico, estimulando a poupança privada e tornando-se o mais favorável possível, mesmo do ponto de vista fiscal, às exportações e ao investimento nos sectores produtivos abertos à concorrência internacional. Lisboa, 16 de Setembro de 2010 José António Barros (Presidente da AEP) 130 • A b r i l d e 2 0 1 1 Jorge Rocha de Matos (Presidente da AIP-CE) António Saraiva (Presidente da CIP) ACTUALIDADE AIP Salão Imobiliário de Portugal realiza-se de 21 a 24 de Outubro, na FIL AIP-CE E CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA ASSINAM PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO TENDO EM VISTA OS PAÍSES DA CPLP Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a AIP-CE assinaram, no dia 21 de Setembro, um protocolo de cooperação que tem como objectivo estabelecer a colaboração entre as duas entidades na realização do Salão Imobiliário de Portugal (SIL), nas suas próximas edições, de 2010 a 2013. O acordo foi rubricado pelo presidente da AIP-CE, Jorge Rocha de Matos, e pelo vice-presidente da CML, Manuel Salgado, numa breve cerimónia realizada na sede da Associação, em Lisboa. O protocolo estabelece ainda, entre outros, que a CML, em articulação com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), apoia a organização de um encontro nacional autárquico integrado na Conferência Internacional do SIL, que será uma das principais actividades do “Silcidades – Salão do Desenvolvimento das Cidades e das Regiões”. Com organização da AIP-CE/FIL, a 13ª edição do SIL, tem a cooperação, desde a primeira edição e na qualidade de co-organizadora, da CML. Com a presença de Paulo Sousa, presidente da Comissão Organizadora do SIL e da direcção da AIPCE/FIL, o protocolo tem como linhas gerais a criação de condições de aproximação dos profissionais, instituições e investidores europeus e países da CPLP ao mercado imobiliário português e à cidade de Lisboa, estimulando a promoção de encontros de profissionais com potencial de investimento em Portugal. A Manuel Salgado, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, Paulo Sousa, presidente da Comissão Organizadora do SIL Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Paulo Sousa, presidente da Comissão Organizadora do SIL, Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, e Nuno Aires, presidente do Turismo do Algarve A b r i l d e 2 0 1 1 • 131 informação Secretários de Estado da Igualdade, Elza Pais, e do Emprego e Formação Profissional, Valter Lemos, inauguraram no CCL seminário “Mulheres + Empreendedorismo = Inovação x Crescimento” EMPRESÁRIAS COM ACESSO AO MICRO-CRÉDITO MAIS FACILITADO POR PROTOCOLO ASSINADO ENTRE A COMISSÃO PARA A CIDADANIA E A IGUALDADE DE GÉNERO E A COOPERATIVA ANTÓNIO SÉRGIO PARA A ECONOMIA SOCIAL Abílio Vilaça, presidente do CENA da AIP-CE, Sara Falcão Casaca, presidente da CIG, Elza Pais, secretária de Estado da Igualdade, e Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, momentos antes da abertura do seminário romover estratégias de apoio ao empreendedorismo das mulheres e incentivar o associativismo e a criação de redes, favorecendo o auto-emprego, a independência económica, a capacidade empresarial e a participação na vida activa, foram os temas em debate no seminário “Mulheres + Empreendedorismo = Inovação x Crescimento”, iniciativa promovida pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), no dia 20 de Setembro, no Centro de Congressos de P 132 • A b r i l d e 2 0 1 1 Lisboa, que contou com o apoio da AIP-CE, do programa POPH, QREN e da União Europeia-Fundo Social Europeu. Os secretários de Estado da Igualdade, Elza Pais, e do Emprego e Formação Profissional, Valter Lemos, presidiram à abertura do seminário sobre o empreendedorismo feminino, no qual foi assinado um protocolo de cooperação entre a CIG (entidade que se encontra na dependência da Presidência do Conselho de Ministros) e a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES). Segundo as entidades promotoras, o acordo “visa, através do programa do micro-crédito, apoiar a criação de emprego e promover projectos de empreendedorismo feminino, favorecendo a inclusão e a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho”. O documento foi rubricado pelos presidentes da CIG e da Cooperativa António Sérgio, respectivamente, Sara Falcão Casaca e Eduardo Graça, e homologado por Elza Pais, secretária de Estado da Igualdade. Elza Pais defendeu que é necessário “combater o desemprego com medidas concretas, e daí a parceria com a secretaria de Estado do Emprego”. Mas também “promover as competências das mulheres, as quais têm sido muito depreciadas”, conforme explicou: “É preciso pôr fim ao desperdício das competências das mulheres, para que estas sejam valorizadas e até reformuladas de modo a contribuírem para o desenvolvimento da economia do país”. Acusando o conservadorismo que ainda perdura na sociedade portuguesa, Elza Pais disse “existirem estereótipos que continuam a condicionar práticas empresariais ACTUALIDADE AIP Elza Pais, secretária de Estado da Igualdade, e Valter Lemos, secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, durante o seminário mesmo em países, como o nosso, onde 40 por cento da população trabalhadora é feminina”: “Muitas mulheres estão na base, mas mal chegam ao topo, porque nem sempre é possível conciliar a actividade profissional com as obrigações familiares. Estamos a tentar, através de vários programas, inverter esta situação, apoiando as mulheres e os homens, e também as empresas, a encontrarem esse equilíbrio. Está provado que equipas de liderança mistas funcionam melhor”. O mesmo “toque” acusou Valter Lemos, ao afirmar que “numa sociedade marcada por uma economia que pesa muito na vida das pessoas, mais exigente se torna resolver as questões da igualdade do género”: “A conciliação entre o trabalho e a vida pessoal tem um peso significativo. Essa é uma marca das políticas de trabalho do Governo, que criou medidas que têm produzido resultados como a fiscalização das condições de trabalho”. Quanto ao “pequeno empreendedorismo”, o secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional mostrou-se algo céptico: “Tem havido significativos apoios, mas a nossa eficiência foi baixa. Por isso, desenvolveu-se uma linha de trabalho dedicada ao empreendedorismo, mas só ao feminino. A taxa de sucesso dos projectos é muito positiva no empreededorismo feminino, nomeadamente, em termos de micro-crédito. É mais eficiente do que no masculino. Facto que nos leva a apoiar o desenvolvimento de condições para o crescimento dessas empresas”. O seminário dedicou parte do seu programa à apresentação de “boas práticas” apoiadas pelas diversas linhas de financiamento: Tipologia 7.6 – Apoio ao Empreendorismo Feminino – Eixo 7/POPH (Programa Operacional do Potencial Humano); Empreendorismo Feminino – Sistemas de Incentivo do QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional); e Micro Investe – IEFP (Instituto do Emprego e Formação Profissional). Intervieram também no seminário outros oradores: José António Pereirinha – ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), investigador responsável pelo estudo de avaliação da tipologia 7,6 “Apoio ao Empreendedorismo”; Sara Falcão Casaca, presidente da CIG; Rui Fiolhais, gestor do POPH; Nelson Souza, gestor do COMPETE e Francisco Madelino, presidente do IEFP. Os participantes no seminário tiveram a oportunidade para observar uma “Mostra de Empreendedorismo Feminino”, na qual estiveram representadas cerca de 15 entidades, entre elas empresas de “empreendedorismo feminino” – várias do sector do Artesanato – que foram criadas com o apoio do financiamento público, como o QREN. Nesta pequena mas singular exposição, marcaram presença as seguintes entidades: Associação de Artesãos da Serra da Estrela, Associação O Fiadeiro de Pitões, Associação Portuguesa de Ética Empresarial, Instituto de Fomento para o Desenvolvimento do Empreendedorismo em Portugal. Empresas financiadas no âmbito do INVEST + / IEFP: Marta Joana Cruz Moreira, empresária (assistência de veículos em estrada); ANE – Associação Nacional das Empresárias; AIPCE – Teresa Costa, “EMPREENDER – Plataforma do Empreendedor”. Empresárias associadas à AIP-CE: Camila Silva – Bordados Tradicionais (Lenços de Namorados do Minho certificados e todo o tipo de peças de vestuário e acessórios com os motivos dos lenços); Conceição Sapateiro – Peças em Barro (figurado certrificado de Barcelos); e Alexandra Marcelo – empresa Growtalent (organização de eventos e actividades fotográficas) Artesanato é fonte de empreendedorismo feminino e tem no CENA da AIP-CE um dos seus “guardiões” Abílio Vilaça, presidente do Conselho Estratégico Nacional do Artesanato (CENA) da AIP-CE, referiu-se à importância das micro-empresas deste sector, autênticas células transversais na sociedade em que vivemos. Durante a sua intervenção, subordinada ao tema “Artesanato: Uma cadeia de valores para a economia do futuro”, Abílio Vilaça recordou que o apoio ao sector passa pela certificação e internacionalização e que o empreendedorismo feminino neste sector é maioritário”. O dirigente aproveitou a oportunidade para recordar que é necessário “melhorar a comercialização dos produtos”, iniciativa que pode ser levada a cabo “através da AIP-CE e de outras entidades”, “sem esquecer as chamadas ‘redes’”, aviso que Valter Lemos tinha também deixado durante a sua intervenção. A b r i l d e 2 0 1 1 • 133 informação Abílio Vilaça defende que o artesanato deve ser encarado como uma “cadeia de valor para a economia do futuro” e referiu-se à Feira Internacional do Artesanato, a conhecida “FIA”, como um “marco” do sector em Portugal, “iniciativa promovida pela AIP-CE há 24 anos consecutivos”, na FIL, e na qual “o empreendedorismo feminino é uma referência constante”. O CENA da AIP-CE está empenhado em dinamizar o sector e quer ser um dos “guardiões” do artesanato nacional. Segundo os dados avançados pelo seu presidente, “estima-se que vinte mil pessoas trabalhem já no sector”, número que pode duplicar em cinco anos”: “Existem 1.360 unidades produtoras, que correspondem a 1.488 cartas de artesãos, já emitidas. Mas só 104 artesãos produzem peças certificadas”. Abílio Vilaça divulgou mais indicadores sobre o sector aos participantes que esgotaram o auditório do CCL: “3.651 lenços de namorados do Minho já certificados; 12.156 peças 134 • A b r i l d e 2 0 1 1 Abílio Vilaça, presidente do CENA da AIP-CE, durante a sua intervenção no seminário de figurado de Barcelos certificadas; 3.735 peças de olaria de Barcelos certificadas; 90 artesãs (lenços de namorados, bordados de Guimarães, Figurado de Barcelos); 14 empresas (unidades produtivas, cooperativas, associações); e 25 concelhos já tocados por processos de certificação”. Os números que o dirigente apresentou apoiam a missão que abraçou, no seio da AIP-CE: “Qualificar o artesanato, guardião da cultura popular, como sector económico vital no desenvolvimento das economias locais, fomentador de emprego e de empresas sustentáveis”. O presidente do CENA acredita que “nos períodos de mudança na economia e na política, importa defender causas que melhorem a qualidade de vida dos portugueses”. Abílio Vilaça trouxe alguns exemplos simpáticos como as imagens do ministro Teixeira dos Santos a admirar os lenços dos namorados do Minho, marca registada e certificada, um produto cuja existência “começa já a ser ameaçada por falta de gente”. Ou aquela outra fotografia, que tanto agradou aos participantes no seminário, também com o mesmo ministro, mas desta feita a segurar o popularíssimo “Galo de Barcelos” (figurado certificado de Barcelos), e acompanhado de uma empresária que os fabrica desde há 15 anos... ACTUALIDADE AIP POSIÇÃO CONJUNTA DA AEP, AIP-CE E CIP MEDIDAS DE CONSOLIDAÇÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS A AEP, a AIP-CE e a CIP reconhecem a necessidade de medidas adicionais drásticas de consolidação orçamental como as que foram ontem anunciadas e reafirmam que as metas assumidas pelo Governo para a redução do défice das Administrações Públicas são um compromisso internacional que não poderá deixar de ser respeitado. A necessidade destas novas medidas, pressionada pelos mercados financeiros, decorre de omissões e erros do passado. Lamentavelmente, os fracos progressos alcançados, até agora, na contenção da despesa corrente primária ditaram a necessidade de aumentar, mais uma vez, a carga fiscal sobre a economia. Contudo, o facto de esse aumento se focalizar na tributação indirecta atenuará de algum modo os seus efeitos negativos sobre a competitividade. Consideramos positivo o facto de, pela primeira vez, o esforço para o equilíbrio das finanças públicas e de consolidação orçamental se concentrar em medidas de redução da despesa. Em particular, a intenção de acções de extinção ou fusão de Institutos Públicos e organismos da Administração Pública, bem como de reorganização e racionalização do Sector Empresarial do Estado, apesar do reduzido impacto financeiro que terão em 2011, são um sinal de que, tal como sempre temos defendido, a consolidação orçamental terá que avançar no sentido de uma indispensável reforma do sector público. A AEP, a AIPCE e a CIP consideram que a sustentabilidade das finanças públicas passa fundamentalmente por este caminho, esperando, por isso, a maior determinação do Governo neste domínio. As medidas agora anunciadas terão um efeito recessivo sobre a economia. Importa, por isso, compatibilizar a consolidação orçamental com o estímulo à competitividade, de modo a não penalizar a recuperação económica baseada no aumento das exportações. A AEP, a AIP-CE e a CIP não podem, por isso, concordar com a redução de benefícios fiscais que se justificam enquanto instrumentos de incentivo à competitividade e exigem que a margem de manobra permitida pelas medidas agora tomadas seja utilizada para estimular a recapitalização das empresas, as exportações e o investimento nos sectores produtivos abertos à concorrência internacional. Por último, a AEP, a AIP-CE e a CIP entendem que os grandes projectos em infraestruturas devem ser reequacionados e seleccionados de acordo com uma análise custo/benefício transparente e cuidadosa, baseada em previsões cautelosas da procura. A AEP, a AIP-CE e a CIP apelam à responsabilidade de todos os partidos políticos, de modo a que seja possível aprovar um Orçamento do Estado para 2011 que restaure a confiança dos empresários e dos mercados financeiros na economia portuguesa e a encaminhe para os equilíbrios indispensáveis à sua sustentabilidade e ao seu desenvolvimento duradouro, com criação de emprego e geração de riqueza, no interesse do País, das empresas e da Sociedade em geral. Lisboa, 30 de Setembro de 2010 José António Barros (Presidente da AEP) Jorge Rocha de Matos (Presidente da AIP-CE) António Saraiva (Presidente da CIP) A b r i l d e 2 0 1 1 • 135 informação POSIÇÃO CONJUNTA DA AEP, AIP E CIP SOBRE A PROPOSTA DE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2011 A proposta de Orçamento do Estado para 2011 apresentada pelo Governo reflecte a necessidade de uma forte redução do défice público, a concretizar através da tomada de medidas drásticas, tanto do lado das despesas como no das receitas, que terão, inevitavelmente, um efeito recessivo sobre a economia portuguesa. A necessidade de medidas tão drásticas não se justifica nem pela conjuntura económica nem pela assunção de metas mais ambiciosas, mas sim pela imperiosa necessidade de estabilizar as finanças públicas, sem o que poderíamos ter o corte do financiamento externo à economia portuguesa. Tais medidas têm de ser agora mais pesadas devido a políticas económicas e, em particular, políticas orçamentais erradas, nas últimas décadas, tudo agravado pela derrapagem da execução orçamental de 2010, resultante da incapacidade de contenção da despesa corrente primária, que pôs em causa o cumprimento do objectivo fixado para o défice. A AEP – Associação Empresarial de Portugal, a AIP – Associação Industrial Portuguesa e a CIP – Confederação da Indústria Portuguesa reconhecem, contudo, que é imperativo cumprir rigorosamente as metas de consolidação orçamental a que Portugal se comprometeu, sob pena de, a breve trecho, sofrermos consequências, derivadas do corte de financiamento externo, ainda mais penalizadoras para a economia e, em particular, para o emprego. A AEP, a AIP e a CIP constatam que é proposto um contributo substancial da redução da despesa para o reequilíbrio orçamental. De facto, a redução de mais de 4500 milhões de euros na despesa corrente primária, a concretizar-se, será algo inédito na economia portuguesa. Ainda que grande parte deste esforço assuma um carácter conjuntural, podendo ser facilmente reversível a prazo, estão previstas algumas medidas estruturais. Neste aspecto, consideramos que o anúncio da extinção ou fusão de diversos institutos e outros organismos públicos, se tiver sido resultante da necessária reflexão, é um sinal positivo, ainda que notoriamente insuficiente, a exigir um estudo e soluções que abranjam a organização do Governo e das autarquias. Está em causa redefinir a missão e as funções do Estado. Para já, espera-se que a reorganização prevista, ao incluir a extinção de serviços socialmente inúteis, não afecte o funcionamento das empresas. A AEP, a AIP e a CIP reafirmam assim que a sustentabilidade das finanças públicas passa, fundamentalmente, pela reforma do papel do Estado e, consequentemente, por uma reforma profunda de toda a Administração Pública e do Sector Empresarial do Estado, incluindo empresas públicas, regionais e municipais. Esperam, por isso, a maior determinação do Governo e dos partidos do arco democrático neste domínio, até porque uma Reforma para o Século XXI não se compadece com medidas circunstanciais. A redução prevista para o défice orçamental resulta ainda, em mais de um terço, do aumento da receita corrente, implicando um novo e forte aumento da carga fiscal sobre as famílias e as empresas. Apesar deste aumento se focalizar na tributação indirecta, desejavelmente, com efeitos menos negativos sobre a competitividade, a proposta de aumento da taxa normal do IVA e, sobretudo, as alterações de taxas aplicáveis a muitos produtos do sector da alimentação e bebidas e diversas outras medidas penalizam directamente as empresas. Isto decorre quer do aumento da tributação directa que sobre elas incide, designadamente pelo efeito da limitação da despesa fiscal, quer do acréscimo de custos que acarretam, a que acresce a retracção do mercado doméstico, principalmente o que é servido pelas empresas do sector agro‑alimentar. A AEP, a AIP e a CIP não 136 • A b r i l d e 2 0 1 1 ACTUALIDADE AIP (Continuação) POSIÇÃO CONJUNTA DA AEP, AIP E CIP SOBRE A PROPOSTA DE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2011 podem deixar de deplorar o recurso a este tipo de medidas que, prejudicando a competitividade das empresas, tornarão mais difícil a recuperação das exportações, do investimento e do emprego. Ao contrário, a AEP, a AIP e a CIP consideram positiva a inclusão neste Orçamento de medidas de estímulo à recapitalização das empresas, pondo fim à discriminação negativa do recurso ao financiamento por parte dos sócios. Outras medidas de estímulo às exportações e ao investimento, propostas pela AEP, AIP e CIP em devido tempo, com um impacto diminuto sobre o défice, deveriam ter sido consideradas, como forma de compatibilizar a consolidação orçamental com o incentivo à competitividade das empresas, apoiando a recuperação económica baseada no aumento das exportações. Por outro lado, a assunção de um cenário macroeconómico muito exigente, sobretudo no que se refere à previsão da redução das importações e do crescimento do produto, torna os riscos inerentes à execução orçamental, ao longo de 2011, particularmente elevados, apesar da previsão das receitas se basear em pressupostos credíveis. A AEP, a AIP e a CIP registam o optimismo do Governo no que se refere às exportações, o que consideram positivo pelo reconhecimento que será o sector privado, através das exportações, a ser o real motor do crescimento da economia. Neste quadro julgamos ser decisivo alterar drasticamente as políticas públicas que favorecem a actual economia dual, constituída pelo universo das empresas não transaccionáveis, e pelo universo das empresas de bens transaccionáveis, por quanto na configuração actual se torna mais difícil vencer o desafio da exportação. Por tudo isto, a AEP, a AIP e a CIP consideram imprescindível que se prevejam mecanismos no sentido de assegurar que qualquer desvio que se venha a registar na execução do Orçamento seja acomodado do lado da despesa. É, pois, para nós claro que todo o esforço adicional que eventualmente tenha de ser feito deverá vir da redução da despesa pública, sendo impensável continuar a corrigir o desequilíbrio orçamental pelo lado das receitas. Finalmente, a AEP, a AIP e a CIP não entendem que o Orçamento do Estado para 2011 continue a persistir na prossecução de grandes projectos em infra-estruturas incompatíveis com a grave situação financeira que neste momento o País atravessa. Os recursos disponíveis deverão ser prioritariamente canalizados para o estímulo aos sectores transaccionáveis com o consequente aumento da capacidade exportadora e da redução do peso das importações na economia, bem como para o apoio aos grupos socialmente mais débeis. A AEP, a AIP e a CIP concluem que existe margem de manobra para melhorar a presente proposta de Orçamento do Estado para 2011, corrigindo alguns dos seus aspectos mais negativos, mas entendem ser seu dever para com os portugueses alertar todos os partidos políticos para as graves implicações que a sua não aprovação teria sobre a confiança dos empresários e dos mercados financeiros na economia portuguesa, com consequências imprevisíveis para a economia nacional, para a sustentabilidade social, para a própria República e, acima de tudo, para a soberania nacional. Lisboa, 21 de Outubro de 2010 José António Barros (Presidente da AEP) Jorge Rocha de Matos (Presidente da AIP-CE) António Saraiva (Presidente da CIP) A b r i l d e 2 0 1 1 • 137 informação CECALE, AIP-CE e Associações Empresariais Regionais assinam “Acordo de Cooperação Empresarial entre Castela e Leão e Regiões Transfronteiriças de Portugal” durante um encontro em Valladolid ROCHA DE MATOS PEDE “BOM SENSO” AOS POLÍTICOS PORTUGUESES PARA “ACOMPANHAR ACÇÃO DOS EMPRESÁRIOS NO DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA” Jorge Rocha de Matos e Jesús Terciado Valls ela parte dos políticos vai haver o bom senso suficiente e necessário para acompanhar a nossa acção como empresários no desenvolvimento da economia”, disse o presidente da AIP-CE, Jorge Rocha de Matos, na abertura do “Encontro CECALE-Confederação de Organizações Empresariais de Castela e Leão/AIP-CE”, realizado em Valladolid, no dia 27 de Setembro (ver conclusões). A reunião, que juntou vários dirigentes empresariais ibéricos serviu também para assinar um “Acordo de Cooperação Empresarial entre Castela e Leão e Regiões Transfronteiriças de Portugal”, que contempla diversas entidades: as associações empresariais regionais NERBA, NER- P 138 • A b r i l d e 2 0 1 1 CAB, NERGA e NERVIR e a confederação espanhola CECALE. O documento foi subscrito pelos presidentes Jesus Terciado Valls (CECALE), Rui Vaz (NERBA), Jorge Martins (NERCAB), Pedro Tavares (NERGA) e Manuel Coutinho (NERVIR), e testemunhado por Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, e por Terciado Valls, que é também vice-presidente da CEOE (Confederação Espanhola das Organizações Empresariais). O acordo visa estreitar a cooperação regional entre Castela e Leão, uma das regiões mais industrializadas de Espanha, e os distritos transfronteiriços portugueses de Vila Real, Bragança, Guarda e Castelo Branco. “Pelo facto de Espanha ser um país de regiões autónomas muito dife- rentes, há todo o interesse em aprofundar contactos empresariais e desenvolver em comum conhecimentos para abrir novos mercados e rentabilizar os já existentes”, disse Rocha de Matos. Para o presidente da AIP-CE “os empresários portugueses e espanhóis poderão promover os seus produtos e serviços em feiras conjuntas, concorrerem em conjunto a programas subsidiados pela União Europeia e promoverem parcerias em novos mercados”. Rocha de Matos, que falou de improviso, explicou, de forma breve e clara, o significado do acordo de cooperação: “Foi concebido numa lógica de estimular as regiões a trabalharem em prol do desenvolvimento. A partir das regiões, o objectivo é tentar entrar em mercados terceiros como os da América Latina, Magrebe, África e Ásia/Pacífico”. Através do acordo, as entidades envolvidas pretendem implementar as seguintes linhas estratégicas: “Promover um geoportal de apoio à gestão dos parques industriais nas regiões fronteiriças; promover a criação de uma rede telemática para apoio e assessoria empresarial; e reforçar a cooperação empresarial”. A primeira linha estratégica referida visa alcançar determinados objectivos: “Atrair investimentos empresariais para estas regiões”, “conhecer a situação dos parques das respectivas áreas, como as características, necessidades, limitações e potencialidades”; “promover programas ACTUALIDADE AIP Presidentes Rui Vaz (NERBA), Manuel Coutinho (NERVIR), Jesús Terciado Valls (CECALE), Jorge Rocha de Matos (AIP-CE), Pedro Tavares (NERGA) e Jorge Martins (NERCAB) de formação e emprego de acordo com as necessidades detectadas; estabelecer planos de reabilitação e de modernização das áreas industriais; estabelecer projectos de colaboração tecnológicos, de investigação e de inovação; apoiar o associativismo empresarial nos espaços industriais; identificar as questões ambientais no sentido de estabelecer soluções comuns; fomentar as relações entre empresas que obtenham economias de escala de tipo económico e social; promover um portal informativo sobre operadores logísticos e fluxos de transportes; e delinear projectos de melhoria para as administrações competentes e estabelecer Planos de Solo Industrial no que respeita à criação de novos parques”. Quanto à segunda linha estratégica, os dirigentes empresariais esperam conseguir “estabelecer uma rede virtual de assessoria que actue interactivamente entre as organizações territoriais de ambos os lados da ‘raya’”, conforme explica o acordo: “O objectivo, com uma dupla vertente, seria apoiar as iniciativas provenientes do exterior ou internas (que queiram investir nestas zonas), e angariar investidores extra – regionais, divulgando os apoios à actividade empresarial, incentivando a angariação de sócios, fornecedores ou clientes, e ainda a realização de encontros de agentes económicos locais e regionais. Torna-se igualmente necessário incentivar as pró- Jesús Terciado Valls e Jorge Rocha de Matos "selaram" o acordo rubricado entre o NERBA, NERCAB, NERGA, NERVIR e CECALE prias iniciativas empresariais locais que contribuam para fixar a população em áreas menos favorecidas e outras , fomentando o desenvolvimento de recursos endógenos”. Para fortalecer a cooperação empresarial, a terceira linha estratégica, as associações empresariais regionais “entendem ser necessário reforçar as suas acções, nomeadamente nos seguintes domínios”: “Informação bilateral de interesse empresarial; promoção de acções destinadas ao maior e melhor conhecimento da língua e das culturas portuguesa e espanhola; serviços de apoio técnico à actividade das empresas; organização de encontros empresariais, seminários e conferências; participação em projectos comuns, nomeadamente nas áreas da inovação, ambiente, conservação da energia e da melhoria da eficiência energética, da informação económica e social, da formação profissional e da qualidade. Neste contexto, devem ser promovidos e dinamizados agrupamentos transfronteiriços de associações empresariais como elementos coordenadores para a realização destes projectos conjuntos”. No encontro intervieram ainda os vice-presidentes da AIP-CE, João Dotti e José Eduardo Carvalho, sobre os temas “Internacionalização /Inovação” e Infra-estruturas /Logística”, respectivamente, e também os “vices” da CECALE Santiago Aparicio Jiménez e Pedro Palomo Hernagómez. A b r i l d e 2 0 1 1 • 139 informação Rocha de Matos apresenta projecto e-PME no “Portugal Tecnológico 2010”, na FIL, em Lisboa “O PROJECTO DA AIP-CE PARA APOIAR MIL PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NA MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGICA É UMA EXCELENTE OPORTUNIDADE” Carlos Brazão, director-geral da Cisco Portugal, Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, Carlos Zorrinho, secretário de Estado da Energia e da Inovação, Nélson Souza, do programa COMPETE, e Rui Gonçalves Pereira, administrador da Portugal Telecom ncentivar a modernização tecnológica de cerca de mil pequenas e médias empresas (PME) portuguesas é o objectivo do projecto e-PME, que a AIP-CE, em parceria com a PT Negócios e a Cisco, promoveu num seminário concebido para o efeito, no âmbito “Portugal Tecnológico 2010”. O programa de apoio, cofinanciado pelo COMPETE/QREN, termina a fase de pré-inscrições no final de 2010, e representa uma oportunidade única para as PME nacionais se tornarem mais competitivas na economia digital. “O e-PME, que envolve cerca de 1000 PME durante o período de vigência, é já um importante contributo, pois as empresas que nele participarem vão seguramente ficar I 140 • A b r i l d e 2 0 1 1 melhor apetrechadas”, garantiu o presidente da AIP-CE, Jorge Rocha de Matos, durante a sua intervenção na sessão de abertura do seminário e-PME, realizado no dia 24 de Setembro e incluído na mostra que decorreu na FIL, em Lisboa, entre os dias 22 e 26 daquele mês. Rocha de Matos frisou que “o facto de, nesta fase, já registarmos um envolvimento significativo de empresas é não só estimulante para os promotores do e-PME, como nos permite concluir que uma faixa cada vez maior das PME está motivada e determinada em fazer bem aquilo que tem que ser feito para se afirmarem competitivamente”. Refira-se que o e-PME é um projecto que “desenvolve uma abordagem integrada orientada para os resultados”. Nesta medida, observou, “serve e qualifica as PME”: “Do ponto de vista da organização e tecnologia; do ponto de vista das pessoas, e, do ponto de vista dos mercados”. O e-PME é ainda um projecto que “consubstancia uma parceria entre grandes empresas, como a CISCO e a Portugal Telecom, e as PME, parceria esta que permite estabelecer uma ligação e interacção entre empresas de diferentes dimensões o que nem sempre é fácil na nossa cultura empresarial”. Para Rocha de Matos “igualmente importante é o facto de, nesta parceria alargada, se incluir também a Caixa-Geral de Depósitos, que facili- ACTUALIDADE AIP Carlos Brazão, director-geral da Cisco Portugal ta soluções de financiamento na componente privada”. O QREN e, “particularmente” o programa COMPETE, por sua vez, “têm aqui um papel da maior importância em termos de financiamento do e-PME, sendo o IAPMEI o organismo intermédio com funções de co-gestão em relação ao Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização”. Perante uma plateia constituída, na sua maioria, por empresários, o líder da AIP-CE revelou confiança neste produto, conforme explicou: “Estou seguro que este é não só um bom projecto para as PME como configura um elevado alcance e sentido estratégico, visando prepará-las para o novo ciclo de crescimento pós-crise. É, acima de tudo, uma excelente oportunidade para as empresas montarem um dispositivo de inteligência competitiva que lhes permita explorar a informação, valorizando a cooperação, as redes, a gestão do conhecimento, e, desenvolverem uma capacidade proactiva em relação aos mercados”. Salientando a necessidade de internacionalização da actividade das empresas portuguesas, Rocha de Matos foi peremptório ao afirmar que “não existe outro caminho que não seja o de mobilizar, em termos de exportação, pelo menos 20 a 30 mil PME num horizonte de médio prazo”, recordando o potencial dos mercados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CE Carlos Zorrinho: “O e-PME não pode falhar!” O secretário de Estado da Energia e da Inovação, Carlos Zorrinho considerou o e-PME como uma “medida emblemática da Agenda Digital”. Referindo-se à importância do projecto afirmou que “é a reinvenção do modelo de negócio das empresas que resolve problemas de financiamento e emprego”, e recordou que “os sistemas de informação servem para reconfigurar as empresas”, pelo que “não devem ser encarados como meras ferramentas”. Carlos Zorrinho acrescentou ainda que através da sua própria reconversão, “as empresas vão poder trabalhar a partir de qualquer ponto do país para o mundo, como aquela empresa que ouvimos há pouco, das Terras de Bouro, no Gerês, que aderiu ao projecto”: “Isto é fundamental! No momento de crise, é natural pensar na reinvenção do negócio para ajudar a resolver os problemas. Vamos assinar agora, nesta feira, mais quatro contratos de adesão com empresas, mas muitas outras vão aderir ao projecto! O e-PME já aqueceu os motores. Esta é uma iniciativa que não pode falhar!”. O administrador da PT, Rui Gonçalves Pereira, considerou que o projecto começou a ser pensado há dois anos com o propósito de “dotar as empresas, sobretudo, com infraestrutura de comunicações e pre- sença da Internet”, facto que, acrescentou, “não invalida que as organizações não passem a ser potenciais clientes da plataforma sustentada pela PT e Cisco”. O director-geral da Cisco, em Portugal, Carlos Brazão, destacou, durante a sua breve intervenção, “o comércio electrónico como estratégia e meio de internacionalização do negócio das PME”, assegurando “tratar-se de uma actividade que teve um crescimento mundial de 35% no último ano”. Norma Rodrigues, directora AIP-CE, que desempenhou o papel de moderadora no debate produzido durante o seminário, exortou também as PME a candidatarem-se ao projecto e-PME, cujas inscrições, limitadas a 1.000 empresas, terminam a 31 de Dezembro de 2010. Norma Rodrigues começou por explicar que o e-PME nasceu de uma parceria estabelecida entre a AIP-CE, a PT Negócios e a CISCO, e “visa potenciar a competitividade das empresas portuguesas, através de uma estratégia baseada no incremento do ambiente tecnológico nas PME, melhoria da sua produtividade e do seu acesso aos mercados”. “O e-PME engloba um pacote de comunicações com tarifários exclusivos, o desenvolvimento de um website parametrizado de acordo com a imagem corporativa da empresa, 35 horas de serviços de consultoria para ajudar o cliente a preparar a A b r i l d e 2 0 1 1 • 141 informação Rui Gonçalves Pereira, administrador da Portugal Telecom empresa para explorar novos canais de venda através da definição de um plano de marketing e acções de abordagem ao mercado, além de 35 horas de serviços de consultoria TIC aplicadas à vertente web do projecto”, concretizou aquela responsável. A directora da AIP-CE chamou à aten- Norma Rodrigues, directora da AIP-CE ção para outras características do ePME: “Tem uma vertente fortemente co-financiada pelo QREN, que varia de acordo com a dimensão da empresa, podendo chegar aos 50%. Assim, à excepção das telecomunicações, os restantes eixos do projecto podem contar com este apoio, inclusivamente as soluções opcionais. Existe ainda a possibilidade de financiamento da componente não comparticipada, através de uma taxa de juro competitiva (‘spread’ de 2% para uma taxa Euribor a seis meses) e exclusiva para aquisição desta solução”. CCL acolheu Reunião Anual do Advisory Committee do Centro de Políticas de Segurança Público-Privadas UNICRI PRESIDENTE DA AIP-CE ACREDITA QUE “O SECTOR EMPRESARIAL E OS AGENTES ECONÓMICOS SÃO OS MELHORES ALIADOS NA LUTA CONTRA A INSEGURANÇA E O TERRORISMO” sector empresarial e os agentes económicos em geral são, seguramente, os melhores aliados na luta contra a insegurança e o terrorismo”, afirmou Jorge Rocha de Matos, durante a sua intervenção na sessão de abertura da Reunião Anual do Advisory Committee do Centro de Políticas de Segurança O 142 • A b r i l d e 2 0 1 1 Público-Privadas da UNICRI (United Nations Interregional Crime and Justice Research Institute), realizada no dia 6 de Outubro no CCL. O presidente AIP-CE defende que o “contributo” da comunidade empresarial “para o desenvolvimento sustentado” – “implícito nos objectivos do Millenium” –, “é decisivo para contrariar muitas das vulnerabilidades em que se fundamenta a insegurança”. O líder empresarial acredita que “o Centro de Políticas de Segurança Público-Privadas, em estreita ligação com as várias instâncias das Nações Unidas, saberá encontrar as devidas articulações e os mecanis- ACTUALIDADE AIP Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, Massimiliano Montanari, head do Centro de Políticas de Segurança Público-Privadas da UNICRI e António Vitorino, antigo Comissário Europeu para a Justiça e Assuntos Internos mos de partilha de informação com o sector privado, na base de parcerias público-privadas, e construir as melhores estratégias preventivas face às múltiplas ameaças com que as nossas economias e sociedades se confrontam no contexto da globalização”. A segurança é, segundo Rocha de Matos, “um assunto dos Estados e das suas instituições”, “dos cidadãos e das empresas, devendo cada um assumir a sua quota parte de responsabilidade”. “E, na verdade”, continuou, “a segurança aos diferentes níveis em que se manifesta é, sem dúvida, um dos bens colectivos mais preciosos, que, por isso, impor- ta preservar e reforçar”. “Sendo o terrorismo a maior ameaça com que actualmente nos confrontamos”, observa Rocha de Matos, existem outras realidades com que também nos devemos preocupar, tais como “o ciber crime, o crime organizado e a corrupção, o tráfico de drogas, o tráfico de seres humanos e a contrafacção”, representando todos “uma ameaça à segurança económica dos Estados”. Antero Luís, director-geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS), Massimiliano Montanari, Head do Centro de Políticas de Segurança Público-Privadas da UNICRI e António Vitorino, antigo Comissário Euro- Na Reunião Anual do Advisory Committee do Centro de Políticas de Segurança Público-Privadas UNICRI participaram especialistas provenientes de diversas áreas peu para a Justiça e Assuntos Internos, intervieram também nesta reunião anual. Segundo a informação veiculada pelo seu portal, a UNICRI, com sede em Itália, “ tem estado activa nos domínios da prevenção da criminalidade e da justiça penal há mais de quatro décadas”, tendo-se adaptado à evolução do Mundo, através da sua “abordagem dinâmica e inovadora em pesquisa aplicada”. Its operations have the objective of advancing security, serving justice and building peace, the institute perceives itself as a “first response broker”, finding creative solutions and building strong partnerships.As suas acções têm o objectivo de “promover a segurança, a paz e a justiça”, através de “soluções criativas e construção de parcerias sólidas”. Given crime's increasingly international character and the need to create common plans and strategies to fight it, UNICRI operates in selected niches as a 'laboratory of ideas' and its activities help the integration of national and international efforts to search for good practices and adapt them to different national situations. Dado o crescente carácter internacional e a necessidade de criar planos e estratégias comuns para combater o crime, a UNICRI opera em nichos seleccionados como um “laboratório de ideias”.The Institute provides high-level expertise and training to promote national selfreliance and the development of institutional capabilities to assist in the creation and implementation of sound strategies and concrete intervention programmes. “O Instituto oferece alto nível de perícia e formação para promover a auto-suficiência nacional e o desenvolvimento de capacidades institucionais para ajudar na criação e implementação de boas estratégias e programas de intervenção concreta”, e também apoiandoUNICRI will continue to work to facilitate the identification of common objectives, to boost dialogue and cooperation between different stakeholders, boosting partnership between the private sector and the public sphere. as parcerias A b r i l d e 2 0 1 1 • 143 informação entre o sector privado e a esfera pública”. O Centro de Políticas de Segurança Público-Privadas da UNICRI, tem sede em Lisboa. Este observatório tem como objectivo “melhorar a protecção dos alvos vulneráveis em todo o mundo, através da criação de iniciativas regionais e da identificação, desenvolvimento e teste de modelos de cooperação de seguran- ça inovadoras”. The Centre very actively promotes a public-private partnership (PPP) approach for the protection of different categories of vulnerable targets, including “soft” targets, - such as hotels, tourism and recreational facilities, historical sites, railway and bus stations, business and financial centres - and critical infrastructures, particularly those servicing the non- nuclear energy sector.O Centro promove “activamente parcerias público-privadas para a protecção das diferentes categorias de alvos vulneráveis, como hotéis, equipamentos turísticos e de lazer, locais históricos, estações ferroviárias e rodoviárias, empresas e centros financeiros, e infra-estruturas críticas, especialmente os serviços do sector de energia não-nuclear”. AIP-CE promove primeira Reunião do Conselho de Negócios Portugal-Tunísia em Lisboa TUNISINOS ENCARAM EXPERIÊNCIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE PORTUGAL “MUITO INTERESSANTE” E CONSIDERAM “VANTAJOSAS PARCERIAS ENTRE EMPRESAS” experiência de internacionalização de Portugal é para nós é muito interessante”, “existe entre ambos os países uma cooperação com boas expectativas”, pelo que A “as sinergias entre indústrias serão vantajosas assim como as parcerias entre empresas, nomeadamente nas áreas do têxtil, farmacêutica e construção”, disse Hichem Elloumi, (da dir. para a esq.) Paulo Nunes de Almeida, vice-presidente da AIP-CE, Eurico dias, administrador da AICEP Portugal, João dotti, vice-presidente da AIP-CE e presidente do Conselho de Negócios Portugal-Tunísia, e hichem Elloumi, presidente do Sector Eléctrico e Electrónico da UTICA e presidente do Conselho de Negócios Tunísia-Portugal 144 • A b r i l d e 2 0 1 1 presidente do sector eléctrico e electrónico da UTICA-Union Tunisienne de l’Industrie, du Commerce et de l’Artisanat e presidente do Conselho de Negócios Tunísia-Portugal, durante a abertura da primeira reunião promovida pela AIP-CE, na sua sede, em Lisboa, com a colaboração da AEP, AICEP e UTICA. Perante uma plateia que juntou empresários e dirigentes associativos de ambos os países, Hichem Elloumi recordou a ligação duradoura existente entre as duas organizações, precisamente, a UTICA e a AIPCE, aproveitando a oportunidade para exortar os participantes à criação de riqueza: “Há mais de dez anos que temos relações com a AIPCE, de que resultou a criação do Conselho Bilateral Portugal-Tunísia. A política económica de Portugal estende-se também ao Magrebe, e particularmente à Tunísia e a Marrocos, países com mercados bem posicionados e bem encaminhados ao nível de investimentos. A situação ACTUALIDADE AIP A “Primeira Reunião de Negócios Portugal-Tunísia” confirmou as expectativas dos dirigentes empresariais e dos empresários que se reuniram após o seminário económica tunisina é rica. Têm sido criadas sinergias entre Portugal e a Tunísia. A Tunísia tem um trunfo muito importante que é o seu capital humano, pois investe bastante na formação. É um país extraordinário e competitivo ao nível industrial e nas áreas da inovação e tecnologia. Muitos investidores procuram na Tunísia o sector de “research”. As perspectivas, no que respeita ao partenariado, são numerosas. A Tunísia funciona também como uma plataforma industrial para os países árabes. A indústria tunisina aposta actualmente na transformação de produtos, nomeadamente na área alimentar”. João Dotti: “Conselho vai ajudar empresários a conhecer bem os mercados para tirarem melhor partido das oportunidades de negócios” João Dotti, vice-presidente da AIP-CE e presidente, do lado português, do Conselho de Negócios Portugal-Tunísia, sublinhou, durante a sua intervenção na abertura do encontro, a importância desta primeira reunião de negócios: “Estou certo de que vai ser uma alavanca importante para projectar as relações bilaterais, especialmente no que respeita ao comércio e ao investimento a um nível mais elevado e mais conveniente para tirar melhor partido das opor- tunidades de negócios num mundo cada vez mais globalizado e interdependente”. João Dotti chamou a atenção para o facto de este Conselho “incorporar as associações empresariais mais representativas de Portugal, como a AIP-CE e a AEP, bem como a AICEP Portugal, que, em termos institucionais, dá apoio ao investimento e às exportações”. O dirigente considera que o Conselho “tem a responsabilidade e a obrigação de construir uma rede de inteligência competitiva para nos ajudar a conhecer melhor os mercados tunisino e português, fortalecendo assim uma relação de confiança e parceria entre as duas comunidades empresariais”. João Dotti acrescentou ainda que existem “boas oportunidades em vários sectores como o turismo, a indústria, os serviços avançados às empresas e as tecnologias, nomeadamente as TIC, e aquelas que são desenvolvidas nas áreas do ambiente e da robótica, e que devem ser partilhadas e incrementadas”. O “vice” da AIP-CE referiu também que Portugal e Tunísia poderão retirar “benefícios mútuos” nas áreas dos “têxteis e calçado” onde “são produtores fortes”. Amina Mkada, directora da FIPA-Tunisie para Espanha e Portugal, mencionou os principais incentivos fiscais e financeiros existentes no país consoante as zonas geográficas previamente definidas, bem como os respectivos subsídios que estão subjacentes. A dirigente tunisina afirmou que “existem actualmente 3.069 empresas estrangeiras no seu país, sendo que 45 são portuguesas e destas, 58% dedicam-se aos sectores do têxtil e calçado”. No capítulo das oportunidades destacou as “indústrias da mecânica e metalurgia, da eléctrica e electrotecnia, do têxtil e calçado, da transformação alimentar e as TIC”. Eurico Dias, administrador da AICEP, que destacou o facto de 45 empresas portuguesas investirem directamente na Tunísia, evidenciou a possibilidade do nosso país “permitir o acesso a outros mercados” e a viabilidade de “parcerias” conjuntas: “A localização do nosso país é uma vantagem competitiva para alcançar outros mercados. Podemos ser a ponte para diferentes mercados como a América. E, juntos, podemos entrar noutros com facilidade, como África e Magrebe. Aqui, não temos infra-estruturas viáveis e com ligações várias a diversos pontos do globo. Acredito também que devemos partilhar o nosso conhecimento na tecnologia e na inovação”. Imed Hfaiedh, do CEPEX-Centre de Promotion des Exportations, observou que “o comércio entre a Tunísia e Portugal continuam abaixo do potencial existente entre os dois países”, evidência que, na sua opinião poderá ser contrariada se forem tomadas algumas medidas, conforme explicou: “Reforçar a cooperação institucional entre as organizações profissionais; multiplicar as missões sectoriais de empresários e a informação económica e comercial; concentrarmo-nos na parceria industrial e comercial, que poderia ser uma alavanca para o desenvolvimento do comércio e dos fluxos comerciais; intensificar a promoção, em ambos os países, de feiras e exposições; apostar na promoção das actividades empresariais de índole regional e desenvolver operações triangulares com outros países”. A b r i l d e 2 0 1 1 • 145 informação Paulo Nunes de Almeida: “A recuperação terá de assentar nas exportações” Paulo Nunes de Almeida, vice-presidente da AEP, começou a sua intervenção com uma abordagem sucinta da situação económica tunisina: “Na Tunísia, as políticas e reformas económicas levadas a cabo nos últimos anos – baseadas no reforço da competitividade, na melhoria do enquadramento dos negócios e na crescente abertura comercial – permitiram que os efeitos de crise não fossem tão duramente sentidos e que as perspectivas de recuperação surjam agora mais promissoras. Contudo, sabemos que, também na Tunísia, os feitos da crise não passaram desapercebidos: as exportações de mercadorias reduziram-se em mais de 9%, em termos reais, em 2009 e a produção industrial chegou a cair cerca de 11%, no primeiro trimestre de 2009”. Consciente de que “a procura de novos mercados é uma das respostas com que enfrentam as dificuldades por que estão a passar”, Paulo Nunes de Almeida avaliou esta reunião de negócios – da parte da tarde decorreu uma “Sessão de Contactos Bilaterais” entre empresas portuguesas e empresas tunisinas – como “um sinal extremamente encorajador”: “Embora em menor grau que a Tunísia, Portugal tem uma economia aberta ao exterior. As exportações representam um terço do PIB e as importações mais de 40% (50% e 53% na Tunísia, respectivamente). Temos, além disso, um problema estrutural na nossa economia – um défice externo de mais de 9% do PIB (na Tunísia, prevê-se para 2010 um défice de 4,5% do PIB). Sabemos, por isso, que a recuperação terá de assentar nas expor- 146 • A b r i l d e 2 0 1 1 tações. O mesmo sucederá, certamente, na Tunísia”. O “vice” da AIP-CE recordou ainda importantes acordos firmados no passado: “Sabemos que, apesar da crise, a Tunísia continua empenhada em manter a abertura comercial como um elemento crucial para atingir um elevado e sustentado crescimento económico. O acordo de associação assinado com a União Europeia em 1995 foi, aliás, nos últimos anos, uma peça central nesta política de abertura, que impulsionou as suas exportações e o seu crescimento económico. Como em Portugal, sente-se também a necessidade, agora, de diversificar os seus mercados externos”. Para Paulo Nunes de Almeida, “o relacionamento comercial entre os nossos países é ainda pouco intenso”, situação que poderá ser alterada num futuro próximo conforme explicou: “Os fluxos bilaterais, em ambas as direcções, não vão além de meio por cento do total, tanto do ponto de vista da Tunísia como de Portugal. No entanto, somos povos, geográfica e culturalmente próximos, e beneficiamos do enquadramento facilitador proporcionado pelo já referido Acordo de Associação entre a Tunísia e a União Europeia. Estão reunidos, estou certo, os elementos que nos permitem olhar para a fraca intensidade das trocas comerciais entre a Tunísia e Portugal pela positiva, como sinal da vastidão de oportunidades de negócio que podem ser exploradas. Mais: que não podem permanecer inexploradas. Aliás, duma forma mais geral, as relações euro-mediterrânicas são fundamentais para o futuro comum dos nossos povos. Acredito que é do interesse dos países do sul da Europa reforçar as ligações comerciais com os países da África do Norte, com os quais partilhamos afinidades por vezes mais fortes do que as que nos ligam aos países da Europa do Norte. Por tudo isto, dou a maior importância à criação do Conselho de Negócios Bilateral Portugal – Tunísia, como instrumento ao serviço da aproximação das nossas empresas, e em cujo sucesso a AEP está profundamente empenhada”. Génese do Conselho de Negócios Bilateral No âmbito do reforço das relações económicas entre Portugal e a Tunísia, a AIP-CE, a AEP-Associação Empresarial de Portugal e a AICEP PORTUGAL GLOBAL, do lado português, e a UTICA- Union Tunisienne de l’Industrie, du Commerce et de l’Artisanat, do lado tunisino, acordaram na constituição de um Conselho de Negócios Bilateral, que tem como objectivo o reforço da cooperação entre os dois países em todos os domínios económicos. O Conselho de Negócios Bilateral é formado por dois Comités Nacionais, um tunisino, sob a égide da UTICA, e um português, com a chancela da AIP-CE, AEP e AICEP, formados por homens de negócio e com competências nos diferentes sectores da economia e que actuarão enquanto Comités de ligação e de consulta aos meios económicos portugueses e tunisinos. Os Comités têm como objectivo promover uma cooperação económica mais estreita e de acordo com os interesses mútuos de Portugal e da Tunísia em matéria de trocas, de cooperação financeira, industrial e de investimento, identificando eventuais dificuldades, sugerindo soluções concretas e propondo novas vias de cooperação industrial, comercial e financeira. ACTUALIDADE AIP Seminário promovido pelo Eurodefense e A5E em parceria com a AIP-CE, EMORdEF, dANOTEC, MdN/dGAIEd, no IESM, debateu “Protecção do Ambiente e Segurança: o caso paradigmático das Forças Armadas e Forças de Segurança” DULCE PÁSSARO CONSIDERA QUE A DEFESA TEM SIDO “PROACTIVA NAS QUESTÕES AMBIENTAIS” E GARANTE QUE O SEU MINISTÉRIO TEM UMA “ESTRATÉGIA DE COMBATE ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS” António Jorge Rolo, presidente da EMPORdEF, António Figueiredo Lopes, presidente do Eurodefense-Portugal, general Valença Pinto, chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, dulce Pássaro, ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CE, e Luís Fragoso, presidente do IESM ministério da Defesa revela sensibilidade para as questões ambientais e tem sido muito proactivo neste processo”, afirmou a ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Dulce Pássaro, durante a sua intervenção na sessão de abertura do seminário sobre “Protecção do Ambiente e Segurança: O caso paradigmático das Forças Armadas e Forças de Segurança”, promovido pelo EuroDefense e Associação 5º Elemento em parceria com a AIP-CE, EMPORDEF, DANOTEC e MDN/ DGAIED no dia 28 de Setembro, no O Instituto de Estudos Superiores Militares, em Lisboa. “Temos uma estratégia de combate às alterações climáticas que está a ser montada pelo secretário de Estado Ambiente e que vai permitirnos congregar iniciativas que estão já a ser desenvolvidas”, revelou Dulce Pássaro, ao destacar a importância atribuída pelos organizadores do seminário ao relacionamento dos temas em debate: “Há aqui uma vertente muito importante – o ambiente versus segurança. O mundo foi ficando progressivamente mais des- perto para esta questão. O “Dossier das Alterações Climáticas” foi fundamental para impor aos decisores do mundo a modificação das estratégias e das práticas de vida e das políticas. Por isso, o que é feito erradamente ao nível local e regional tem repercussões à escala global”. Referindo-se à conferência de Copenhaga – “não foi o sucesso que se pretendia”, observou –, a ministra disse ter ainda esperança de que “até ao fim do ano, a Conferência de Cancun”, que se realizará no México, “sejam dados passos significativos em prol do Ambiente”. “Estamos esperançados de que vamos evoluir”, acredita Dulce Pássaro. “Temos um acordo vinculativo assinado em Cancun. A aposta é dar passos em comum para desenvolvimento das várias economias”. Portugal tem tido, segundo a ministra, “uma estratégia bem concertada, está a tentar reduzir as emissões”, e “tem de “aproveitar ao máximo os recursos hidráulicos, que são excelentes para o Ambiente mas também têm impactos ambientais”. “Para que tenhamos globalmente mais vantagens”, continuou, “estamos a implementar o plano nacional de barragens, vamos construir minihídricas e continuar no solar fotovoltaico”. Consciente da complexidade do universo em que se move, a ministra A b r i l d e 2 0 1 1 • 147 informação dulce Pássaro, ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território aproveitou a oportunidade para, perante uma plateia de militares, polícias, especialistas, investigadores e empresários, lançar um apelo: “Precisamos de muito apoio da ciência, da investigação aplicada, para produzir tecnologias para estas áreas como, por exemplo, no aproveitamento dos resíduos, na valorização dos materiais recolhidos e reciclados. O que se faz ao que resulta disto? Incorpora-se na produção de novos bens, mas com forte apoio da investigação. Esse é um dos óbices a que os diversos materiais não tenham sido utilizados”. Rocha de Matos: “Portugal e a Península Ibérica podem ser o centro de uma plataforma giratória de fluxos energéticos, cenário que acarreta responsabilidades acrescidas em matéria ambiental, mas também no que se refere à segurança” Para o presidente da AIP-CE, Jorge Rocha de Matos, “neste novo mundo em mudança, em que se assiste ao surgimento de novos actores como é o caso das grandes economias emergentes, ganha também cada vez maior importância o acesso e o controlo de matérias-primas estratégicas e particularmente dos recursos energéticos e minerais”. O líder da AIP-CE explicou aos participantes no seminário, o cenário 148 • A b r i l d e 2 0 1 1 Rocha de Matos, presidente da AIP-CE previsível: “Neste quadro, a par das energias renováveis, tudo leva a crer que o gás convencional e não-convencional venham, cada vez mais, a ser um sucedâneo do petróleo. Esta reconversão da matriz energética leva a que a grande bacia do Atlântico venha a ter uma importância acrescida, pois é aqui que se encontram, não só as maiores descobertas de petróleo dos últimos anos, mas sobretudo de gás convencional e não convencional, dando corpo àquilo que poderemos designar de uma grande auto-estrada energética do Atlântico”. E é precisamente que “neste quadro, a península ibérica, e particularmente Portugal, podem ser o centro de uma plataforma giratória de fluxos energéticos que interligam nomeadamente a América do Sul, a África, o Mediterrâneo e a Europa, se, para tanto, tiverem a necessária inteligência estratégica para estabelecer o indispensável sistema de alianças entre as partes interessadas, e investir nas capacidades de armazenamento e de distribuição de gás, pois temos imensas condições para o fazer”, acrescentou Rocha de Matos, ao concluindo que, “obviamente, este é um cenário que acarreta responsabilidades acrescidas em matéria ambiental, mas também no que se refere à segurança e defesa para Portugal e para a NATO, num momento em que esta está também a reformular o conceito estratégico de defesa”. Daí existirem “fortes razões para que o binómio protecção do ambiente-segurança tenha hoje, em termos políticos, económicos e ambientais uma relevância estratégica para as nossas sociedades e economias e, naturalmente, para a vida empresarial”, refere Rocha de Matos. “Razões que se prendem com algumas megatendências de fundo que se estão a desenvolver à escala global”, conforme explicou: “Crescimento da população (9,1 mil milhões em 2050, sendo actualmente de cerca de 6,7 mil milhões); crescimento impetuoso da urbanização (70% viverão em cidades em 2050); insegurança alimentar; escassez de água potável; alterações climáticas, entre outras. Tratase, naturalmente, de um conjunto de situações, cujas inter-relações são potencialmente geradoras de situações de conflito e de insegurança, de ameaças na geoeconomia e na política, carecendo assim de soluções de governance simultaneamente à escala global e nacional em torno deste importante eixo do ambiente e da segurança e defesa. No plano da economia assistimos hoje a uma alteração de paradigma com consequências importantes ao nível da segurança. De facto, está a emergir o eixo energia-ambiente como um grande motor da econo- ACTUALIDADE AIP António Figueiredo Lopes, presidente do Eurodefense-Portugal mia internacional das próximas décadas, como fonte de oportunidades com as mais profundas implicações na vida empresarial e no emprego, e bem assim em matéria de segurança económica”. O dirigente destacou o facto de que “alguns dos motores da economia global das últimas décadas estão em perda, muito particularmente nas economias desenvolvidas, como é o caso do imobiliário, lato senso”. “Mas”, continuou, “também é verdade que outros drivers estão a emergir, nomeadamente em torno do eixo energia-ambiente, na senda do desenvolvimento sustentável”. Consciente da dimensão e complexidade destas questões, Rocha de Matos afirmou ainda que “há todo um conjunto de situações para as quais temos que forjar respostas a nível nacional, nomeadamente no que se refere à gestão e eficiência energética, à preservação e valorização dos nossos ecossistemas, ao ordenamento do território, ao desenvolvimento e reabilitação das comunidades, ao tratamento de resíduos, à redução de emissões de CO2, às energias renováveis e à mobilidade sustentável, entre outros”. E, “a propósito das energias renováveis”, observou, “aquilo que tem sido feito em Portugal merece ser evidenciado porque não só fez emer- gir, num espaço de tempo relativamente curto, um cluster com forte potencial, como se afigura uma componente importante da nossa segurança energética”. António Figueiredo Lopes, presidente do EuroDefense: “Capacidades das Forças Armadas e das Forças de Segurança na protecção do ambiente devem ser reforçadas e podem ser disseminadas a outros sectores” O presidente do Centro de Estudos EuroDefense-Portugal, António Figueiredo Lopes, não quis deixar de registar, no início da sua intervenção, o facto de este seminário ser “o resultado de um longo trabalho de organização levado a cabo em parceria com a Associação 5º Elemento e com a colaboração e apoio da AIP-CE, da EMPORDEF, da DANOTEC e da Direcção Geral de Armamento e InfraEstruturas de Defesa, sob a coordenação do vice-presidente do EuroDefense, major-general Melo Correia”. A associação ambiental “5º Elemento” é uma “entidade fundada por jovens cidadãos responsáveis que se atribuíram à nobre missão de “promover o ambiente e o desenvolvimento sustentável através da participação activa do ser humano numa relação de harmonia com a nature- za”, como se refere nos respectivos estatutos”, explicou o antigo ministro. Figueiredo Lopes defendeu a relevância do debate, “num tempo em que a ecologia e a protecção da natureza se colocam no centro das preocupações dos líderes políticos nacionais e internacionais”. “As alterações climáticas e os atentados aos ecossistemas vitais para a humanidade são, em si mesmos, portadores de graves tensões internacionais pelas suas terríveis consequências traduzidas, por exemplo, na menor produtividade da terra, na escassez da água, na fome e nas catástrofes humanitárias, ameaçando a vida de milhões de seres humanos”, acrescentou o presidente do EuroDefense Portugal. Segundo Figueiredo Lopes, “quando cresce a sensação de vulnerabilidade e se agudiza o sentimento de insegurança face a este novo tipo de ameaças, onde se incluem as alterações climáticas e as catástrofes naturais, a opinião pública exige que a prevenção e o combate a tais situações sejam incorporados nas missões normais das Forças Armadas e das Forças de Segurança, de acordo com as suas capacidades e características próprias”. Opinião que exemplificou com algumas situações problemáticas ocorridas também no nosso país: “Quantos de nós não lamentámos, no Verão que agora terminou, a ausência de uma estratégia de prevenção e alerta, que tivesse sido capaz de reduzir ou anular a probabilidade de ocorrência e propagação dos incêndios florestais? Quantos prejuízos poderiam ter sido evitados se um bom sistema de detecção e alerta tivesse sido posto em plena execução em devido tempo?” Figueiredo Lopes considera que “a valiosa presença dos militares e das forças policiais no cumprimento de missões de protecção e socorro, ao lado dos agentes da Protecção Civil, na terrível catástrofe ambiental que ocorreu na Ilha da Madeira, e ao lado dos Bombeiros, nas operações de rescaldo dos fogos florestais do Verão passado foram, aos olhos dos portugueses, uma prova evidente da A b r i l d e 2 0 1 1 • 149 informação sua capacidade e disponibilidade para o cumprimento deste novo tipo de missões mais exigentes”. Por isso, o seminário representou “também uma oportunidade para se demonstrar que a protecção do ambiente e a segurança constituem dois sectores estratégicos intrinsecamente relacionados”, precisou. O evento proporcionou “também uma oportunidade para realçar o papel exemplar das Forças Armadas e das Forças de Segurança na protecção do ambiente, mediante o recurso a práticas ecologicamente sustentáveis e evidenciando capacidades que devem ser reforçadas e que podem ser disseminadas a outros sectores”. Conferência “500 anos de lições aprendidas em gestão de projectos”, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa ANDRÉ MAGRINHO ACONSELHA QUE PORTUGAL SEJA “MAIS PROACTIVO NA DIPLOMACIA ECONÓMICA” André Magrinho, adjunto do presidente da AIP-CE, diz que Portugal tem capacidade para aproveitar melhor as relações criadas ao longo do tempo gilizar os dispositivos de diplomacia económica, ou comercial, tornando-os mais proactivos, com maior interacção entre redutos diplomáticos e meios empresariais” e apostar numa “melhor utilização das instituições internacionais em que Portugal participa favorece a prospecção de mercados e a captação de IDE, e optimiza a negociação internacional”, disse André Magrinho, adjunto do presidente da AIP-CE, durante a sua intervenção sobre a “A Internacionalização dos Serviços”, proferida A 150 • A b r i l d e 2 0 1 1 no dia 29 de Setembro. O evento foi inserido num ciclo de conferências e “workshops” subordinadas ao tema “500 anos de lições aprendidas em gestão de projectos”, que decorreram no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, entre os dias 28 e 30 de Setembro. “País com capacidade de conceber projecto”, portador de “inteligência económica/competitiva”, Portugal pode, segundo André Magrinho, aprender com a história e alterar a sua rota, no futuro, tornado-a mais “amiga” do povo luso: “Fizemos um passado, cometemos muitos erros, mas com o acervo que criamos ao longo do tempo ficamos com um conjunto de relações e ideias que nos permitem aproveitar melhor o nosso potencial, o qual poderá ser aproveitado nos negócios e no empreendedorismo. O mundo em que vivemos não perdoa se não o fizermos. Estaríamos condenados a definhar”. Consciente das dificuldades actuais que o país atravessa – “o portefólio de bens e serviços portugueses é uma fatia muito pequena e é aqui que se esperam maiores resultados nos próximos anos”, observou – aquele responsável da AIP-CE e catedrático acrescentou que será necessário “ter um quadro de inteligência competitiva económica ao serviço da internacionalização e competitividade empresarial e capacidade de funcionar em rede, conjugando boas estratégias empresariais com políticas públicas que permitam expressar este desiderato”. Desiderato que, aliás, a AIP-CE tem vindo a defender, e que, inclusive, estão registadas na sua “Carta Magna da Competitividade”, publicamente divulgada em 2003, conforme recordou André Magrinho: “Alargar e enriquecer a carteira de ACTUALIDADE AIP actividades, bens e serviços transaccionáveis com que Portugal se expõe perante a globalização e, consequentemente, defende o seu mercado interno e a economia de proximidade em sistema aberto”. Para o futuro, recomenda-se, segundo aquele especialista, uma estratégia assente em vários vectores: “Mobilização de uma franja significativa das PME, entre 30 a 40 mil, para o terreno da exportação; reforçar a atractividade em relação ao IDE, como condição de modernização da economia portuguesa, com forte envolvimento das PME; investir na internacionalização empresarial, apostando na diversificação dos mercados de exportação, concentrado em mais de 73% na UE; investir na modernização dos sectores ditos tradicionais, onde há excelentes experiências, e nas novas actividades e sectores de maior procura internacional, como as TIC, novas energias, novos materiais, biotecnologias, ciências da saúde, entre outros; uma política inteligente de clusters, pólos de competitividade e tecnologia, que contribua para uma futura “carteira de actividades exportadoras” e para uma “economia de proximidade mais competitiva”; e, por fim, apostar no investimento na conectividade física e digital para valorizar competitivamente o território”. O crescimento económico já não se tece com as mesmas linhas. O paradigma é outro e precisa de novas acções, ou seja, é necessário dar “um novo impulso à inovação e à capacidade de projecto”, refere André Magrinho ao partilhar com os participantes na conferência aquilo a que chama as “linhas de força do novo ciclo de crescimento”: “O aprofundamento da economia baseada no conhecimento; a reformatação /reconfiguração de sectores empresariais nas economias maduras; o eixo energia – ambiente, através de um desenvolvimento sustentável; a clusterização entre novas tecnologia e tecnologias maduras, com a massificação de bens e serviços pela sociedade da informação; incrementar sectores e actividades com maior dinamismo, como as TIC, energias, ambiente, biotecnologias, novos materiais, nanotecnologias, ciências da saúde, robótica, aeronáutica, espaço e oceanos, entre outros”. Na prática, o que André Magrinho diz é que “se não formos competitivos haverá uma loja chinesa, ou doutro país qualquer, em cada esquina”. O que significa que também devemos “ser competitivos no mercado interno”. “Os espanhóis concorrem em Portugal, por exemplo, na construção civil”, acrescentou. “Fazer valer a nossa capacidade de projecto”, poderá conduzir-nos a “importantes melhorias”, assegura, ao recordar, uma vez mais, a atenção para a “qualidade dos projectos e das capacidades empresariais”. “As taxas de crescimento são muito baixas”, reconhece, “mas a verdade é que a cadeia de valores dos têxteis e do calçado, por exemplo, é muito mais rica do que era a alguns anos atrás!...”. André Magrinho terminou a sua palestra com uma síntese das ideias que foi expondo durante a intervenção que proferiu: “A modernização, a inovação, a internacionalização e a competitividade do tecido empresarial exigem a mobilização das PME, o redimensionamento empresarial, a diversificação de mercados, particularmente na perspectiva euroatlântica, a clusterização, maior atractividade do IDE e o reforço da conectividade do território. Para isso, é necessário uma adequada articulação de estratégias empresariais alicerçadas na informação e no conhecimento e de boas políticas públicas que, conjuntamente, corporizem um sistema de “inteligência competitiva”, traduzidos em projectos de elevado alcance estratégico, para alargar e enriquecer o portefólio de actividades transaccionáveis com que Portugal se expõe perante a globalização”. A b r i l d e 2 0 1 1 • 151 informação No âmbito do 25.º aniversário da Associação Empresarial da Região de Portalegre AIP-CCI HOMENAGEOU NERPOR COM “MEDALHA DE OURO DA ASSOCIAÇÃO” PELA SUA “MISSÃO NO APOIO PRESTADO ÀS EMPRESAS, NO FORTALECIMENTO DO TECIDO EMPRESARIAL E NO CRESCIMENTO SUSTENTADO DA REGIÃO DE PORTALEGRE” Manuel Rui Nabeiro, fundador do Grupo Nabeiro, Luís Mira Amaral, presidente do BIC e ex-ministro da Indústria, Jorge Pais, presidente do NERPOR, e Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI presidente da AIP-CCI, Jorge Rocha de Matos, entregou a “Medalha de Ouro da Associação” ao líder da Nerpor-Associação Empresarial de Portalegre, Jorge Pais, no âmbito do 25º aniversário daquela entidade regional, celebrado no dia 23 de Outubro, na sua sede, na cidade portalegrense. “O desenvolvimento do associativismo empresarial regional e sectorial tem sido, ao longo dos últimos trinta anos, um dos maiores desígnios e, ao mesmo tempo, uma das mais importantes construções da Associação Industrial Portuguesa”, disse Rocha de Matos durante a sua intervenção na cerimónia que assinalou O 152 • A b r i l d e 2 0 1 1 os 25 anos da NERPOR. O presidente da AIP-CCI aproveitou a oportunidade para se pronunciar sobre a importância do associativismo empresarial na sociedade e da sua própria experiência enquanto dirigente neste movimento: “Em todos os programas de acção dos mandatos a que tenho tido a honra de presidir, o associativismo tem funcionado como o grande catalizador do desenvolvimento regional e local, capaz de estimular os agentes económicos, sociais e culturais para a criação de pólos de competência regionais para reter e desenvolver talentos e conhecimentos, com particular realce ao nível da sua expres- são empresarial”. Rocha de Matos recordou também a génese do associativismo empresarial regional baseado na Associação que lidera: “Este é um verdadeiro e natural processo de regionalização em que a AIP foi pioneira ao criar, a partir de 1983, doze “Núcleos Empresariais Regionais”, de início numa dependência directa da AIP, hoje já todos Associações Empresariais Regionais autónomas”. O Núcleo Empresarial da Região de Portalegre, criado em 1985, “foi uma das primeiras e mais bem sucedidas realizações do que constitui hoje uma abrangente e eficaz rede empresarial a servir vastas regiões em torno das principais cidades do país: Portalegre, Faro, Guarda, Bragança, Leiria, Setúbal, Castelo Branco, Évora, Vila Real, Beja e Santarém e Lisboa”, precisou Rocha de Matos. A “Medalha de Ouro da Associação” acaba por ser um reconhecimento simbólico do trabalho efectuado pela recém-homenageada NERPOR no âmbito da grande “família” associativa, conforme explicou Rocha de Matos: “Neste enorme movimento em que a NERPOR tem tido um papel muito mobilizador, a AIP-CCI tem fomentado e concertado entendimentos, em torno de projectos concretos, de iniciativas empresariais ou no plano do debate relativo ACTUALIDADE AIP às políticas públicas de incidência empresarial, com as diversas associações empresariais sectoriais, e mesmo outras regionais que não integram a sua rede associativa”. Ao celebrar, “com entusiasmo e vitalidade”, os seus 25 anos de vida, a NERPOR “vem comprovar, com a maior evidência, o acerto da estratégia de desenvolvimento associativo regional da AIP”, observou Rocha de Matos, para quem “a NERPOR tem desenvolvido uma missão de capital importância no apoio às empresas, no fortalecimento do tecido empresarial e no crescimento sustentado da região de Portalegre”. Rocha de Matos deixou “uma felicitação muito especial” ao presidente da NERPOR, Jorge Pais, pela dedicação à causa do associativismo empresarial, pela defesa acérrima dos interesses das empresas da Região, e pela continuada e muito valiosa cooperação que tem assegurado junto da AIP, não só nas matérias relativas à representação do NERPOR e ao associativismo regional, como ainda pelos contributos como membro da Direcção e interlocutor activo junto das mais importantes instâncias internacionais, nomeadamente no quadro das Câmaras de Comércio e Indústria e das instituições europeias”. Associação Industrial Portuguesa-Câmara de Comércio da Indústria (AIP-CCI) assinou protocolo de cooperação com Ministério do Turismo, Comércio e Indústria de Timor-Leste MINISTRO GIL DA COSTA ALVES QUER QUE AIP-CCI SEJA O “PIVOT” PARA EXPLORAR COM TIMOR OS MERCADOS DA ÁSIA/PACÍFICO Gil da Costa Alves, ministro do Turismo, Comércio e indústria de Timor-Leste, Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, e Natália Carrascalão, embaixadora de Timor-Leste em Lisboa muito acertada a possibilidade de a AIP-CCI poder vir a ser o “pivot” para explorar com Timor os mercados da Ásia/Pacífico, onde a Austrália tem um valor muito importante”, disse Gil da Costa Alves, ministro do Turismo, Comércio e Indústria timorense, durante a cerimónia de assinatura de um protocolo de coopera- É ção com a AIP-CCI, realizada no dia 12 de Novembro, na sede da Associação, em Lisboa. O protocolo tem por objectivo “estabelecer uma cooperação profícua entre o Governo de Timor-Leste, através do Ministério do Turismo, Comércio e Indústria de Timor-Leste, e a Associação Industrial Portugue- sa-Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI), de modo a potenciarem os resultados das suas acções em benefício do tecido empresarial e do desenvolvimento económico e social, designadamente favorecendo a cooperação institucional e empresarial em torno de objectivos comuns”. O acordo foi assinado por Hélio Sinatra Tavares, director executivo da área de comércio internacional timorense, e por António Alfaiate, administrador executivo da AIP-CCI, e homologado pelo ministro timorense Gil da Costa Alves e pelo presidente da entidade portuguesa, Jorge Rocha de Matos. A cerimónia contou ainda com a participação da embaixadora de TimorLeste em Lisboa, Natália Carrascalão, do adido do Comércio, Márcio Rosa Lay, e do director nacional do Turismo, José Quintas. O ministro Gil da Costa Alves disse que “o protocolo com a AIP-CCI vem ao encontro daquilo que foi lançado há 10 anos como estratégia do EstaA b r i l d e 2 0 1 1 • 153 informação intervenção reafirmando que “o acordo vem ao encontro das aspirações de Timor”, país que está a entrar numa “fase de desenvolvimento mais massiva”: “Precisamos de gente com qualidade, pessoas diferentes que nos compreendam enquanto país latinizado, que é como nos sentimos”. Rocha de Matos: “A AIP-CCI quer um desenvolvimento harmonioso de Timor, ligando-o a interesses empresariais nacionais”. António Alfaiate, administrador executivo da AIP-CCI, e hélio Sinatra Tavares, director executivo da área de comércio internacional timorense, assinam protocolo de cooperação António Alfaiate, administrador executivo da AIP-CCI, hélio Sinatra Tavares, director executivo da área de comércio internacional timorense, Gil da Costa Alves, ministro do Turismo, Comércio e indústria de Timor-Leste, Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, e Natália Carrascalão, embaixadora de Timor-Leste em Lisboa do e Governo timorense, ou seja, o facto do presente protocolo de cooperação facilitar a “entrada de Timor no mercado da Ásia/Pacífico e penetrar noutros mercados através da CPLP”. “Este protocolo vai ajudar a potenciar a nossa estratégia económica e comercial”, reconheceu o ministro. “Teremos vantagem em percorrer esse caminho, pois ainda nos sentimos um povo de raiz latino-portuguesa”, observou aquele governante, precisamente no mesmo dia e mês (de 1991) em que ocorreu o massacre de Santa Cruz. Gil da Costa Alves quer partir para 154 • A b r i l d e 2 0 1 1 outro capítulo da vida de Timor “com essa mesma estratégia”: “Teremos que conquistar mercado, tornando o país, ele próprio, um ‘ponta-delança’ capaz de desenvolver a sua economia”. Daí que o ministro tenha compreendido e aceite de imediato a sugestão de Rocha de Matos, quando este afirmou a disponibilidade da AIP-CCI poder vir a “funcionar como um “pivot” entre as estruturas portuguesas e as timorenses”, reservando para mais tarde, numa próxima deslocação a Timor, os passos a dar de forma a garantir o objectivo. Gil da Costa Alves terminou a sua Rocha de Matos, por seu turno, referiu que “a melhoria das histórias sociais dos países passa pelo desenvolvimento destes”, explicando que “é necessário tentar implementar políticas que apostem em três pilares”: “Requalificação dos recursos humanos; desenvolvimento da tecnologia e inovação, com ligação a universidades, e internacionalização, pois o mundo tem um vasto conjunto de mercados agregados em diferentes áreas geográficas que não podemos ignorar”. “Olhamos para Timor, mas também para o seu mapa envolvente”, disse Rocha de Matos acrescentando que a AIP-CCI pretende um “desenvolvimento harmonioso de Timor, ligandoo a interesses empresariais nacionais”. No entanto, há que “olhar em dois sentidos”, avisa o líder da AIP-CCI: “Portugal-Timor e Timor-Portugal. Por isso, é que a Confederação Empresarial da CPLP dá uma grande ênfase a esta relação que só pode funcionar bem em dois sentidos. Podemos tirar partido dos espaços de integração económica dos membros da CPLP, que representam 1800 milhões de pessoas. É um valor muito importante! Assim como também é muito relevante a zona económico-geográfica em que Timor está inserido, a ASEAN, que vale 500 milhões de pessoas”. A AIP-CCI tem prevista, no seu calendário de actividades, a organização de uma missão empresarial multisectorial a Timor – que inclui também Singapura – agendada para o mês de Maio do próximo ano. ACTUALIDADE AIP 4º Fórum da Responsabilidade Social das Organizações e Sustentabilidade da AIP-CCI reuniu mais de mil participantes no CCL HENRIQUE NETO REALÇA QUE “AS PRÁTICAS DE RSO VÊEM GANHANDO ACEITAÇÃO E UMA INCORPORAÇÃO CRESCENTE NA VIDA EMPRESARIAL E DAS ORGANIZAÇÕES EM GERAL” Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos responsabilidade social das organizações, a ética e a cidadania empresarial e o desenvolvimento sustentável vêem ganhando aceitação e uma incorporação crescente na vida empresarial e das organizações em geral”, e “exprimem uma nova atitude que tem em conta não só os aspectos económicos, mas também os aspectos sociais, ambientais e culturais”, afirmou Henrique Neto, vice-presidente da AIP-CCI, na abertura do 4º Fórum da Responsabilidade Social das Organizações e Sustentabilidade, que se realizou no CCL, no dia 19 de Outubro. A edição deste ano do Fórum debateu a problemática específica das Redes de Valor, no âmbito do Ano A Europeu de Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social e do Ano Internacional da Biodiversidade. Especialistas nacionais e internacionais estiveram reunidos para apresentar e discutir soluções para uma economia mais sustentável do ponto de vista social e ambiental. Resumindo, “Act now, be connected” foi a palavra de ordem do dia, e o tema central, as Redes de Valor. Redes de Valor são, de acordo com Helena Caiado, coordenadora na AIP-CCI do projecto, “redes de organizações que, para se tornarem mais competitivas, devem conectarse a parceiros com competências complementares às suas”: “O objectivo é que o cliente final e os membros da rede recebam o valor máxi- mo. Os membros das Redes de Valor sabem que, desta forma, estão a participar na construção de organizações mais competitivas, mais inovadoras, mais justas e mais sustentáveis”. O Fórum RSO da AIP-CCI “tem vindo a ganhar massa crítica, ano após ano, sendo hoje um grande evento de referência a nível nacional, fruto de uma grande parceria que integra uma boa parte dos stakeholders que se debruçam sobre esta importante temática”, reconheceu Henrique Neto. O tema central do Fórum – as Redes de Valor – mereceu, por parte do dirigente da AIP-CCI, uma análise mais detalhada: “Na verdade, neste quadro de complexidade e de incerteza em que vivemos, a vida das empresas e das organizações em geral, é indissociável da constituição de redes, de parcerias de estratégias interempresas. Estas são cada vez mais uma dimensão activa da estratégia. A organização ganha em eficiência global e em reactividade estratégica quando funciona na base de um modelo de rede, designadamente através da multiplicação de canais de comunicação com a clientela, maior abertura ao exterior, aceitação de outras culturas, valorização das redes sociais, desenvolvimento de redes de inteligência competitiva. Deste modo, a acção interna e externa das organizações está associada a uma boa gestão e coerência das suas Redes de Valor, que, em boa verdade, são também redes de confiança que acrescentam valor A b r i l d e 2 0 1 1 • 155 informação Aspecto geral do 4.º Fórum RSO para o cliente/consumidor e, naturalmente, optimizam toda a cadeia de valor”. De acordo com Henrique Neto, “na economia baseada no conhecimento, as Redes de Valor estão associadas à capacidade de inovação e à dinâmica económica e social”. Daí que “merece especial destaque o eixo energia-ambiente, que se perfila como um dos principais drivers da economia actual, na lógica do desenvolvimento sustentável, em que a valorização dos ecossistemas e a criação de novas oportunidades de negócio estão inexoravelmente ligadas”, conclui. O “vice” da AIP-CCI sublinhou, por último, o facto do 4.º Fórum da Responsabilidade Social das Organizações e Sustentabilidade contar com o “Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República” e também com o apoio de diversas entidades: Programa Operacional de Assistência Técnica do Fundo Social Europeu (POAT/FSE); parceiros institucionais ACEGE, ADENE, ACIDI, APAP, APEE, DGAE, EBEN, ENTRAJUDA, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Luso-Americana, GRACE, IAPMEI, ICNB e Plano Tecnológico do Ministério da Economia. 156 • A b r i l d e 2 0 1 1 Valter Lemos, secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional: “À luz dos nossos dias, alguns objectivos da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável parecem cada vez mais distantes” Associada ao desenvolvimento sustentável, “a responsabilidade social remonta aos tempos da revolução industrial”, naquele tempo ainda sem a envolvência das “questões ambientais nem o desenvolvimento das pessoas”, começou por explicar o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Valter Lemos, quando interveio na abertura do Fórum. “A responsabilidade social de então cabia, estritamente, ao Estado, enquanto às empresas cabia perseguir a maximização do lucro, a criação de empregos e o pagamento de impostos”, recordou. Actualmente, o conceito, que assenta no denominado “compromisso dinâmico”, “inclui a ética e a responsabilidade social, pois acredita-se que tal acarreta vantagens competitivas”. O objectivo da responsabilidade social é “contribuir para o desenvolvimento sustentável”, observa Valter Lemos, adiantando qual é a informa- ção legislativa existente sobre a matéria: “É frequente, hoje em dia, depararmo-nos com empresas que colocam na sua missão as suas preocupações com o desenvolvimento sustentável. Ao nível da produção legislativa, temos para breve o lançamento de ISO 26000, que fornece directrizes (não é uma Norma, já que não existe qualquer certificação), ou seja linhas/guias de orientação sobre os princípios subjacentes à responsabilidade social, e sobre as maneiras de integrar o comportamento socialmente responsável nas estratégias, nas práticas e nos processos existentes nas organizações. A ISO 26000 destina-se a todos os tipos de organização, desde o sector privado, público e sem fins lucrativos, como às pequenas, médias ou grandes empresas. Em suma, a ISO 26000, será uma poderosa ferramenta para ajudar as organizações a passarem das boas intenções à prática”. No âmbito da UE, “o Conselho Europeu de Gotemburgo aprovou, pela 1ª vez, em 2001, uma Estratégia Europeia de Desenvolvimento Sustentável”. “A “Estratégia de Desenvolvimento Sustentável” [EDS] define objectivos e metas para colocar ACTUALIDADE AIP Ana Simões, consultora da Sair da Casca, Rui Loureiro, partner da Sair da Casca, helena Caiado, coordenadora na AIP-CE do projecto, Paulo Loureiro, director de sustentabilidade da Corticeira Amorim a UE na senda do desenvolvimento sustentável”, e, continua, “constitui um objectivo fundamental e abrangente que tem por finalidade melhorar de forma contínua a qualidade de vida e o bem-estar das gerações actuais e futuras, conjugando o desenvolvimento económico com a defesa do ambiente e a justiça social”. Compete ao Eurostat a quantificação dos progressos feitos em RSO, que “elabora um relatório de acompanhamento a cada dois anos, com base no conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável da EU”, atesta o secretário de Estado: “Até à data, o Eurostat produziu dois relatórios de acompanhamento, em Dezembro de 2005, e em Outubro de 2007. O terceiro relatório, apresentado em 2009, regista os progressos obtidos no cumprimento dos objectivos e na superação dos principais desafios da estratégia. Considerando esses objectivos e metas, este relatório apresenta uma abordagem essencialmente quantitativa para aferir se a orientação seguida pela UE está no bom caminho”. “Na sequência desta estratégia, diversos países elaboraram as suas Estratégias Nacionais e respectivos Planos de Implementação”, recorda Valter Lemos, ao expor as diferentes etapas do processo: “Portugal, através da resolução de Conselho de Ministros 109/2007, de 20 de Agosto, consigna os aspectos de governação do “Desenvolvimento Sustentável”, na sua vertente nacional e europeia. Esta Resolução do Conselho de Ministros publica a aprovação da ENDS2015 [Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável] no Conselho de Ministros de 28 de Dezembro de 2006, assim como do respectivo Plano de Implementação (PIENDS)”. Valter Lemos afirma que, “com este plano, Portugal pretende prosseguir um “desenvolvimento sustentável que pressupõe a preocupação não só com o presente mas com a qualidade de vida das gerações futuras, protegendo recursos vitais, incrementando factores de coesão social e equidade, garantindo um crescimento económico amigo do ambiente e das pessoas”, segundo veicula o texto do PIENDS, que aquele membro do Governo chamou à ilação: “Esta visão integradora do desenvolvimento, com harmonia entre a economia, a sociedade e a natureza, respeitando a biodiversidade e os recursos naturais, de solidariedade entre gerações e de co-responsabilização e solidariedade entre países, constitui o pano de fundo das políticas internacio- nais e comunitárias de desenvolvimento sustentável que têm vindo a ser prosseguidas”. Coesão social, Desenvolvimento Económico e Protecção do Ambiente são os “vectores essenciais do desenvolvimento sustentável”. E a ENDS2015 (Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável) propõe sete objectivos de acção para os atingir, conforme enumerou Valter Lemos: “Preparar Portugal para a “Sociedade do Conhecimento”, acelerando o desenvolvimento científico e tecnológico como base para a inovação e a qualificação e melhorando as qualificações; crescimento sustentado, competitividade à escala global e eficiência energética; melhor ambiente e valorização do património; mais equidade, igualdade de oportunidades e coesão social; melhor conectividade internacional do país e valorização equilibrada do território; um papel activo de Portugal na construção europeia e na cooperação internacional e uma administração pública mais eficiente e modernizada”. Valter Lemos reconheceu que “à luz dos nossos dias, alguns destes objectivos [da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável] parecem cada vez mais distantes”, mas não se despediu dos participantes na conferência de abertura A b r i l d e 2 0 1 1 • 157 informação do Fórum sem elencar os resultados do “desempenho da responsabilidade social de uma organização”: “Vantagem competitiva; reputação; capacidade de atrair e reter trabalhadores, consumidores e clientes; manutenção da moral, do comprometimento e da produtividade dos empregados; visão dos investidores, dos doadores, dos patrocinadores e da comunidade financeira e o seu relacionamento com companhias, governos, a comunicação social, os fornecedores, os pares, e a comunidade em que opera, em suma, com o meio envolvente”. Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos: “A empresa pode usar o seu poder nas políticas públicas a favor dos mais desprotegidos” “Como levar as empresas e os homens de negócios a uma ética responsável?”, pergunta Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos, o especialista brasileiro convidado para a sessão de abertura do Fórum. A resposta começou a chegar, ponderada e lógica, aos ouvidos dos participantes que esgotaram os lugares sentados na conferência. Oded Grajew confrontou-os, então, com uma previsão arrasadora: “Nos próximos 20 anos, a vida, como a conhecemos, pode tornar-se irreversível. Está em jogo a sobrevivência dos nossos filhos. Nunca antes nos deparamos com esta situação! Impõe-se, pois, a responsabilidade de agir para que a espécie humana continue a existir”. “É muito importante estar atento aos sinais”, alerta o especialista, entre eles, “as ameaças climáticas e a desigualdade humana que é fonte de conflitos”, os quais “são consequência da escolha de um 158 • A b r i l d e 2 0 1 1 modelo de desenvolvimento assente na competição e que atrela o consumo de bens, serviços e produtos à felicidade”. Um modelo que nos diz que “a competição é fundamental e que o motor é o consumo conduziu-nos a défices europeus que se acumularam ao longo dos anos e à crise financeira em que nos encontramos”, observa Oded Grajew, que em tempos chegou a palmilhar estes caminhos na qualidade de empresário e de dirigente associativo empresarial. Conhecedor dos prós e dos contras dos ventos que sopram nas diversas sociedades humanas, o presidente do Instituto Ethos acredita que “temos a responsabilidade ética de alertar para os riscos que todos corremos”: “Alertar é importante. Saber as razões, também. Mas é preciso mostrar caminhos. Os cientistas dizem-nos que já consumimos mais de um terço que era possível consumir! Ainda há tempo para encontrar outro modelo de desenvolvimento sustentável, mais amigo do Homem e do planeta”. “Como conseguir mudar?”, interroga, de novo, Oded Grajew, “judeu de origem polaca”, segundo revelou. “Mudando o comportamento e os valores, desde logo aqueles que norteiam o sector empresarial”, responde, referindo-se ao facto de “as empresas mais filantrópicas do mundo investirem no máximo 1% da sua facturação em acções sociais”: “Uma empresa socialmente responsável tem de investir entre um a cem por cento. A visão de curto prazo para médio e longo prazo é a diferença entre desenvolvimento sustentável e insustentável. A empresa pode usar o seu poder nas políticas públicas a favor dos mais desprotegidos. Na altura em que as pessoas perderem a paciência por causa das desigualdades, as empresas também vão ficar a perder. Tomem nota: é mentira quando nos dizem que não há alternativas!”. Oded Grajew aconselha “coerência nas acções e no discurso”, e evoca as associações empresariais para dizer que estas “devem agir com responsabilidade”, aconselhandoas a operarem “em rede, ao nível nacional e internacional”, pois as outras entidades congéneres no mundo também estão a organizarse em redes muito poderosas”. O especialista aponta o exemplo do Brasil, país onde “os consumidores e os trabalhadores reagem e movimentam-se” na luta pela biodiversidade, contra “os grandes interessados no actual modelo de desenvolvimento económico, como são, por exemplo, o sector da indústria automóvel e do petróleo, que têm dificuldade em aceitar as energias renováveis amigas do ambiente”. Saber que “o que está em jogo é o futuro dos nossos filhos” leva Oded Grajew a exortar todos aqueles que o têm escutado nas suas conferências por esse mundo fora, tornandose incansável a despertar as consciências mais entorpecidas: “Temos capacidade de fazer escolhas, alternativas. O momento é agora! Espero que o movimento empresarial faça as escolhas certas, porque ainda vai a tempo. As empresas que decidiram assumir, verdadeiramente, a responsabilidade social sempre se deram muito bem, pelo menos na sua maioria. Porque, hoje, as empresas dependem muito das pessoas e dos seus trabalhadores. As estatísticas dizem-mos que ser socialmente responsável e ético dá lucro. Por vezes, até um lucro maior. Muitos empresários pensam ainda que se assumirem a responsabilidade social vão à falência. É mentira!”. ACTUALIDADE AIP AIP-CCI e Microsoft promoveram no CCL conferência “Elevar Portugal – Compromisso para a competitividade” ROCHA DE MATOS DEFENDE QUE “UMA ESTRATÉGIA DE FUTURO PASSA POR MOBILIZAR PARA A EXPORTAÇÃO MAIS 20 A 25 MIL EMPRESAS” E JOSÉ SÓCRATES DIZ QUE “O SISTEMA EDUCATIVO DE PORTUGAL ESTÁ À ALTURA DA SUA PRÓPRIA AMBIÇÃO – A AMBIÇÃO DE UMA ECONOMIA DESENVOLVIDA” José Sócrates, primeiro-ministro, durante a sua intervenção ma estratégia de futuro passa, em primeiro lugar, por mobilizar para a exportação mais 20 a 25 mil empresas, principalmente PME, num horizonte de médio prazo”, disse Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, durante a sua intervenção na conferência “Elevar Portugal – Compromisso para a competitividade”, promovida no dia U 7 de Dezembro, no CCL, pela Associação e pela Microsoft, evento que foi encerrado pelo primeiro-ministro José Sócrates. Para o êxito de “um novo e sustentado ciclo de crescimento que valorize a qualificação, a inovação e aumente a produtividade”, Rocha de Matos sustenta que esta estratégia deve assentar em mais quatro pilares: “Diversificar as exportações nos mercados europeus e extra-europeus, com destaque para África, Médio Oriente, América do Sul e América do Norte. Em particular, deve apostar-se na valorização da língua portuguesa, na cooperação com as comunidades empresariais portuguesas no estrangeiro, e, sobretudo, com os países da CPLP, que também são portas de entrada nos seus espaços de integração regional. Devo dizer que, nesta perspectiva, Portugal deixa de ser o país periférico da Europa para adquirir uma centralidade atlântica, orientada para o Mundo”. O terceiro pilar desta estratégia prevê “modernizar e redimensionar o tecido empresarial, através de políticas incentivadoras de fusões, alianças estratégicas e outras formas de cooperação empresarial, para que as PME possam ganhar massa crítica e “músculo” competitivo”, disse o presidente da AIP-CCI dando como exemplo o acordo com a Microsoft: “É nesta acção de modernização empresarial que o memorando de entendimento para a melhoria da competitividade das empresas centrada nas vantagens A b r i l d e 2 0 1 1 • 159 informação Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI da “cloud computing” foi rubricado”. “Atrair investimento directo estrangeiro” [IDE] “e fomentar o empreendedorismo nacional em estreita articulação com uma política inteligente de clusters e de incentivo à economia do mar”, é outro pilar considerado essencial na estratégia de competitividade da AIP-CCI. “O investimento inteligente na valorização competitiva do território, designadamente a nível da conectividade física e digital, permitindo criar plataformas e reforçar serviços e funcionalidades internacionais com elevado valor acrescentado”, é o quinto pilar. De acordo com Rocha de Matos, “trata-se de impulsionar a atractividade do território para novos investimentos e novas actividades que permitam reforçar a competitividade da economia nas próximas décadas, seja em relação ao espaço de proximidade, seja em relação à inserção no mercado ibérico ou no que se refere às rotas mundiais de mercadorias e pessoas”. Acreditando que Portugal tem forças internas suficientes para trilhar uma trajectória de crescimento sustentado, Rocha de Matos alertou para o facto de que esta estratégia “envolve um compromisso claro e focalizado”, conforme explicou: “As estratégias empresariais e as políticas públicas a prosseguir devem centrar-se na produção de bens e de serviços de qualidade em consonân160 • A b r i l d e 2 0 1 1 Jean-Philippe Courtois, presidente da Microsoft Internacional cia com as tendências da procura internacional e as necessidades dos mercados externos mais dinâmicos. Isso exige uma coordenação de esforços a nível da acção externa com um investimento adequado numa rede de inteligência competitiva, envolvendo as partes interessadas. Está em causa, acima de tudo, uma aposta nos bens transaccionáveis, na exportação e internacionalização. Não pode haver estratégias da Administração Pública por um lado, e estratégias empresariais por outro. Tem de haver estratégias nacionais complementares e devidamente coordenadas”. José Sócrates: “O sistema educativo de Portugal está à altura da sua própria ambição – a ambição de uma economia desenvolvida” O primeiro-ministro José Sócrates começou a sua intervenção assinalando o “empenho da AIP-CCI e da Microsoft no desenvolvimento tecnológico das PME”: “Venho aqui sublinhar a importância dos programas que assinaram, pois vão contribuir para a melhoria da informatização das nossas empresas. Em 2005, lançamos o Portugal Tecnológico. É, antes de mais, uma ideia política para mobilizar todos: empresas, sociedade, Estado. Desde essa altura que a Microsoft tem sido um parceiro de Portugal nestas políticas. Agradeço o seu empenho no desenvolvimento das TI”. José Sócrates aproveitou a oportunidade para se referir aos dados divulgados pelo relatório PISA 2009, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), congratulando-se com as classificações obtidas: “Pela primeira vez, Portugal subiu em três áreas: Leitura, Matemática e Ciências. Foram as que mais subiram. Pela primeira vez, Portugal abandonou o grupo dos países da cauda. O sistema educativo de Portugal está à altura da sua própria ambição – a ambição de uma economia desenvolvida. Não há nada melhor para um país do que aumentar o nível de educação dos seus cidadãos. Os heróis são os alunos, os professores e as famílias. Estes resultados encorajam-nos a seguir uma geração que sempre se debateu em ter 1% do nosso PIB em ciência”. Para o chefe do Governo, “o potencial científico português encontra-se hoje em boas condições”, conforme explicou: “As empresas que em 2009 investiram em I&D aumentaram as exportações em 28%. O segredo deste êxito? Está na mobilização de todos, nas parcerias entre o público e o privado, e no facto de estarmos unidos na mesma visão. Só estes esforços podem contribuir para termos um país melhor. Só assim é que actualmente mais de 50% das nossas ACTUALIDADE AIP Cláudia Goya, directora-geral da Microsoft Portugal, José Sócrates, primeiro-ministro, Jean-Philippe Courtois, presidente da Microsoft Internacional, Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, e António Saraiva, presidente da CIP empresas têm programas inovadores. Por isso, venho aqui, a esta conferência da AIP-CCI e da Microsoft, estimular esse movimento à volta do conhecimento e da inovação e a sua disseminação. O que está aqui a ser feito é fundamental para o nosso país”. Jean-Philippe Courtois: “Microsoft vai apoiar centenas de PME e ‘start ups’ O presidente da Microsoft Internacional, Jean-Philippe Courtois, anunciou, durante a sua intervenção, que a empresa “vai investir em Portugal três milhões de euros até 2013 em iniciativas de qualificação e competitividade”, esperando “apoiar centenas de PME e ‘start ups’ e dar formação tecnológica a mais de 10 mil pessoas, desempregadas ou com baixas qualificações”, no âmbito do projecto “Elevar Portugal”. Jean-Philippe Courtois referiu que “o investimento será directo e distribuído em três áreas”, conforme explicou: “Reforço do Programa Mais – Mediação e Apoio a Incentivos e Subsídios com um novo financiamento directo em mais de 600 mil euros para apoiar entre 800 e mil PME nacionais no acesso a fundos europeus para modernização tecnológica até 2013; a expansão da incubadora de start-ups BizSpark até 2013, com financiamento de 1,3 milhões de euros”. Durante a conferência foram apresentados os casos de três empresas que exemplificam a importância das TIC na competitividade: ISA (José Basílio Simões); Aveleda (José Ferreira) e Aníbal H. Abrantes, SA (Rafael Almeida), um painel moderado por Nicolau Santos, director-adjunto do semanário “Expresso”. Antes do encerramento da conferência, a cargo do primeiro-ministro José Sócrates, a AIP-CCI e a Microsoft assinaram um protocolo relativo ao projecto “elevar Portugal” (ver texto nesta edição). A b r i l d e 2 0 1 1 • 161 informação Microsoft Portugal assina Memorando de Entendimento com AIP-CCI e Portugal Telecom para ajudar a “ELEVAR PORTUGAL” ATÉ 2013 Rui Gonçalves Pereira, administrador da PT Prime, Cláudia Goya, directora-geral da Microsoft Portugal, e Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI o decorrer da conferência “Elevar Portugal – Compromisso para a Competitividade”, organizada em parceria com a Associação Industrial Portuguesa - Câmara de Comércio e Indústria e a Portugal Telecom, o presidente da Microsoft Internacional, Jean-Philippe Courtois, anunciou o Programa “Elevar Portugal”, um programa abrangente que agrega parcerias, investimentos e iniciativas da Microsoft de 2011 a 2013 na área da Cidadania e Responsabilidade Social Corporativa. Para concretizar a implementação dos sub-programas e iniciativas que constituem o “Elevar Portugal”, a Microsoft assinou com a AIP-CCI e com a Portugal Telecom um Memorando de Entendimento que concretiza a colaboração em torno da Iniciativa “Elevar Portugal”: eixo Competitividade. Em adenda, a Microsoft Portugal e o N 162 • A b r i l d e 2 0 1 1 Citeve assinaram um Memorando de Entendimento em torno do eixo Qualificação e Emprego. 1) Competitividade Aumentar a competitividade das PME Portuguesas A Microsoft irá colaborar estreitamente com a AIP-CCI e a PT em programas com o objectivo de ajudar as PME portuguesas a aumentarem a sua competitividade tirando partido de serviços “Cloud Computing”. Estes programas actuarão em dois grandes vectores: 1) em conjunto com a PT, criando ofertas diferenciadas e específicas, que endereçem as necessidades e os desafios que as PME hoje enfrentam (com particular ênfase nas start-ups) através da atribuição de condições especiais às empresas aderentes (por exemplo, através de serviços gratuitos na fase de arranque da empresa); A PT disponibilizará e adaptará a sua oferta de serviços “Cloud Computing” às necessidades e desafios das PME Portuguesas, por forma a que a sua utilização seja fácil e de elevado retorno. Serão ainda criadas ofertas especiais para start-ups, como forma de as apoiar na fase crítica de “nascimento”. 2) com a AIP-CCI, em acções de sensibilização e de formação nas vantagens de utilização de tecnologia recorrendo a serviços “Cloud Computing”. Serão disponibilizados documentação, estudos, informação sobre boas práticas a nível da “Cloud Computing” para a produção de conteúdos de apoio às activida- ACTUALIDADE AIP cado, tendo por base três eixos de intervenção para três públicos-alvo: 1) desempregados; 2) PME e 3) recém licenciados no desemprego. Os eixos de intervenção do Programa Desafio Emprego XXI 2.0 a iniciar já em 2011 são: Eixo 1 Competências básicas de Literacia Digital Este eixo dirige-se a desempregados activos com mais de 35 anos e com qualificações abaixo do 9º ano de escolaridade. Os presidentes da CIP, António Saraiva, e da AEP, José António Barros (ambos na 1ª fila), participaram na conferência des a conceber e implementar no âmbito dos referidos Programas. A Microsoft irá assim apoiar a criação de conteúdos de formação de quadros de PME, com particular enfâse nas vantagens de utilização do “Cloud Computing” como forma de incrementar a produtividade e a internacionalização, bem como disponibilizar Plataforma para a realização de formação e consultoria em blended learning (presencial e/ou online). A AIP-CCI irá sensibilizar as PME sobre as vantagens de utilização do modelo “Cloud Computing”, recorrendo a meios presenciais ou on line, recorrendo a ferramentas de apoio à integração na “Cloud Computing”, “jogos”, simulações, case studies , materiais pedagógicos concebidos no âmbito da parceria na realização dos diagnósticos e implementações , e na realização da formação em formato blended (presencial e/ou on line) . 2) Formação para Emprego mais Qualificado A Microsoft e o Citeve vão colaborar para levar o programa “Desafio Emprego XXI” a uma nova fase, a fase 2.0. Caberá ao CITEVE desenvolver o programa Desafio Emprego XXI 2.0, o qual tem como principal objectivo elevar os índices de emprego qualifi- Eixo 2 Melhoria da Produtividade com as Novas Tecnologias Este eixo dirige-se a empregados de PME com escolaridade superior ao 9º ano que querem melhorar as suas competências tecnológicas. Eixo 3 Formação avançada em Novas Tecnologias e Auto-Emprego Este eixo, que constitui uma total novidade na fase 2.0 do Programa Desafio Emprego XXI dirige-se a recém-licenciados inscritos nos centros de emprego e à procura do 1º emprego. Tem como objectivo primordial fornecer competências avançadas de tecnologias (já na nova área “Cloud Computing” e inside com particular relevância em conteúdos de empreendedorismo, criação do próprio emprego e competências comportamentais associadas a vendas. A b r i l d e 2 0 1 1 • 163 informação AIP-CCI e Ministério da Cultura inauguram “Culturália-Mostra de Produtos Portugueses” na Sala do Refeitório do Mosteiro dos Jerónimos ROCHA DE MATOS DIZ QUE “A AIP ESTÁ FORTEMENTE EMPENHADA NA REALIZAÇÃO DE UMA GRANDE ‘FEIRA DA CULTURA PORTUGUESA’ QUE TRADUZA A IMPORTÂNCIA DESTE SECTOR NA ECONOMIA” Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura, e Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, aquando da assinatura do protocolo Associação Industrial Portuguesa está fortemente empenhada na realização de uma grande “Feira da Cultura Portuguesa” abrangente, de modo a dar expressão às actividades culturais nucleares, às indústrias culturais e às actividades criativas, traduzindo assim a real importância deste sector na economia”, disse Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, na inauguração oficial, dia 23 de Novembro, da “Culturália – Mostra de Produtos Portugueses”, uma exposição que esteve patente ao público na Sala do Refeitório do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, de 20 a 28 do corrente. A 164 • A b r i l d e 2 0 1 1 Rocha de Matos reforçou essa ideia afirmando que, “mais do que nunca, impõe-se aprofundar, em ligação e parceria com o Ministério da Cultura, as bases para a sua realização”. A primeira mostra “Culturália”, organizada pela AIP-CCI e pelo Ministério da Cultura, “pode e deve ser encarada como um ‘laboratório’”, conforme explicou: “Para este e outros projectos que a Associação irá desenvolver em consonância e numa estreita articulação com a programação cultural do Ministério da Cultura e orientados no sentido da internacionalização”. Ao entender o “casamento entre a economia e a cultura” como um “factor de projecção e de reforço identitário da sociedade portuguesa”, Rocha de Matos defendeu, durante a sua intervenção, que “ganha expressão o conceito de ‘economia da cultura’”. A “Culturária” “corresponde, sem dúvida, a estes propósitos”, e, “apesar das limitações, a exposição reúne mais de 100 marcas, de 70 empresas, com produtos de criação e produção nacional”, contabilizou o líder da AIP-CCI. Consciente do impacto das actividades criativas e artísticas na economia, Rocha de Matos acredita que “o sector vem assumindo uma crescente importância no contexto da economia nacional”, e que os dados existentes “apontam para a necessidade de se organizar, em Portugal, uma grande feita de promoção das artes criativas, que envolva o design, a moda, as artes performativas, o cinema, a música, a literatura e os serviços associados às diferentes áreas”. Rocha de Matos recordou ainda que “neste campo, a AIP tem já um evento de referência na área das artes plásticas”: “Comemoramos este ano a 10ª edição da Arte Lisboa, que é a segunda melhor feira de arte contemporânea no espaço ibérico”. A mostra está patente ao público entre os dias 24 e 28 de Novembro, no Centro de Congressos de Lisboa. ACTUALIDADE AIP O regozijo com a iniciativa é patente A “Culturália”, que prevê cerca de 10 mil visitantes, destina-se ao público em geral e abrange diferentes áreas temáticas: moda design e indústria; artesanato; identidade portuguesa; marcas tradicionais; gourmet; cultura e a área institucional do sector. Ministério da Cultura e a AIP-CCI assinam protocolos A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, e Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, assinaram um protocolo, no âmbito da exposição “Culturália”, segundo o qual as duas entidades se comprometem a “cooperar em iniciativas de promoção de produtos representativos da criatividade nacional”. “O presente protocolo tem como objecto o estabelecimento de uma cooperação para a organização conjunta (…) de iniciativas, nacionais e internacionais, de promoção e de divulgação de produtos portugueses representativos da criatividade de artistas nacionais, que reflictam a diversidade e a transversalidade da Cultura Portuguesa associadas à sua dimensão económica”, lê-se no documento. Vigente até Dezembro de 2012, este protocolo cria a marca “Culturália – Mostra de Produtos Portugueses”, propriedade das duas entidades. A marca será utilizada nas iniciativas conjuntas relacionadas com a realização de feiras para apresentação de produtos e artistas nacionais, dentro e fora do país, segundo determina o documento. O protocolo obriga o ministério da Cultura a colaborar com a AIP-CCI na promoção e divulgação da marca, e a Associação “a conceber e a desenvolver a definição da identidade do conceito, privilegiando a realização de uma edição anual”. Os responsáveis das duas entidades assinaram ainda um outro protocolo que prevê que o ministério da Cultura conceda um apoio financeiro à AIP-CCI que “visa possibilitar a presença e visita de curadores, especialistas, directores de museus, coleccionadores e galeristas internacionais à Arte Lisboa 2010 – Feira de Arte Contemporânea”, que foi inaugurada no dia 24 de Novembro, no CCL. Segundo este protocolo a Arte Lisboa é “uma feira de elevada qualidade, com a presença das melhores galerias nacionais e internacionais, num país que vive um período de grande fertilidade artística, com o cruzamento de artistas consagrados com uma poderosa actual geração de artistas multidisciplinares e globalizados”. O documento refere ainda que “nas últimas edições, a Arte Lisboa – Feira de Arte Contemporânea explorou com sucesso o seu papel, tornando a Feira um ponto de encontro para organização de ciclos de debates que reuniu críticos de arte, directores de museus, curadores de exposições, artistas e galeristas internacionais, ou programas comissariados com curadores de renome internacional”. A exposição reuniu mais de 100 marcas, de 70 empresas, com produtos de criação e produção nacional A b r i l d e 2 0 1 1 • 165 informação Enaltecido o carácter inovador e competitivo do presidente da AIP-CCI ROCHA DE MATOS ELEITO “PROFISSIONAL DO ANO 2010” PELO ROTARY CLUBE DE LISBOA Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, Pereira Gonçalves, presidente do Rotary Clube de Lisboa e João Meira, sócio honorário do Rotary Clube da Estrela, prestam homenagem às bandeiras presidente da AIP-CCI, Jorge Rocha de Matos, foi homenageado pelo Rotary Clube de Lisboa com o título de “Profissional do Ano 2010”, durante um jantar realizado no dia 23 de Novembro, em Lisboa. Rocha de Matos agradeceu a distinção concedida pelo Rotary Clube de Lisboa, “tanto mais que se trata de uma organização balizada por um referencial de valores éticos, de responsabilidade e de liderança, que merecem ser relembrados e praticados nos tempos que correm”. Na sua intervenção, Rocha de Matos defendeu que “a actual situação económico-financeira do país exige um sólido pacto político e social, envolvendo as forças políticas, os empresários e os trabalhadores, de forma a ser possível tomar as medidas necessárias à competitividade da economia e ao cumprimento dos compromissos assumidos por Portugal”. O presidente da AIP-CCI enquadrou O 166 • A b r i l d e 2 0 1 1 o título recebido no âmbito da associação que lidera há mais de duas décadas, uma instituição, fundada em 1837, “que sempre exerceu e continuará a exercer um papel e um protagonismo da maior valia na economia e na sociedade portuguesa”. “Tem sido relevante o seu papel como agente de cultura industrial e empresarial, de cultura tecnológica, de inovação e de internacionalização, ao mesmo tempo que tem desenvolvido um trabalho militante e congregador em prol do associativismo empresarial”, referiu Rocha de Matos. Marco assinalável na história da Associação é a recém-criada CIPConfederação Empresarial de Portugal, “missão” que contou com o envolvimento incontornável de Rocha de Matos e da instituição que dirige: “É sabido que me envolvi pessoalmente, nos últimos 25 anos, na construção de um associativismo empresarial forte e, sobretudo, empenhei-me na unidade associativa. Esse objectivo foi atingido. A AIPCCI, concertada com Associações Empresariais Regionais e Sectoriais empenhou-se, com a AEP e com a Confederação da Indústria Portuguesa, na criação da CIP-Confederação Empresarial de Portugal, para reforçar a representatividade, a exigência e a iniciativa da comunidade empresarial, perante os poderes e as instituições públicas, nacionais, europeias e internacionais”. Na senda do desenvolvimento do país, “a AIP sempre reflectiu uma visão estratégica sobre o futuro e agiu em conformidade”, assegurou Rocha de Matos, ao explicar “as propostas de futuro” da Associação “para mudar Portugal, face à difícil situação por que passa a economia portuguesa”: “É nos momentos difíceis, como os que actualmente se vivem, que se tomam decisões com alcance estratégico e se forjam os caminhos do futuro. É sabido que por força do severo escrutínio dos mercados financeiros e da União Europeia, no quadro do Programa de Estabilidade e Crescimento, Portugal está a ser chamado à razão por aquilo que não conseguiu fazer nas últimas décadas e por não estar em condições de enfrentar, com êxito, os desafios da competitividade e da globalização. Medidas de grande rigor e austeridade, são o preço que colectivamente vamos ter que pagar por não criarmos a riqueza necessária. Políticas públicas com sinais políticos errados e estratégias empresariais centradas em actividades não transaccionáveis, nas últimas duas décadas, explicam em boa parte a situação a que se chegou”. ACTUALIDADE AIP dos em projectos de elevado alcance estratégico, para alargar e enriquecer o portefólio de actividades transaccionáveis com que Portugal se expõe perante a globalização”. General Mateus da Silva: “Rocha de Matos criou a primeira ‘start up’ tecnológica portuguesa que produziu o sistema integrado de comunicações das fragatas, o “SIC”, que actualmente existe nos navios um pouco por todo o mundo” General Mateus da Silva, do Rotary Clube da Estrela Rocha de Matos acrescentou que “a AIP-CCI vem chamando a atenção para a gravidade desta situação, desde que apresentou publicamente a Carta Magna da Competitividade, em 2003, propondo ao poder político, à comunidade empresarial e à sociedade em geral, uma visão e um programa estratégico para garantir o crescimento, a competitividade e a sustentabilidade da economia, alicerçando-a em novas bases com o foco nas actividades transaccionáveis”. O presidente da AIP-CCI observou que “a modernização, a inovação, a internacionalização e a competitividade do tecido empresarial exigem a mobilização das PME, o redimensionamento empresarial, a diversificação de mercados, particularmente na perspectiva euro-atlântica, a clusterização, maior atractividade do IDE e o reforço da conectividade do território”. “Para isso”, concluiu, “é necessária uma adequada articulação de estratégias empresariais alicerçadas na informação e no conhecimento e de boas políticas públicas que, conjuntamente, corporizem um sistema de “inteligência competitiva”, traduzi- Nesta homenagem a Rocha de Matos pelo Rotary de Lisboa, que é presidido por Pereira Gonçalves, o general na reserva Mateus da Silva, do Rotary Clube da Estrela, “fez as honras da casa” partilhando com os participantes no jantar algumas memórias e palavras sobre o presidente da AIP-CCI: “Sou amigo do comendador Rocha de Matos há muitos anos. Tenho acompanhado a sua carreira profissional e tenho estas palavras para definir a sua pessoa: inovação e competitividade. Já nos anos setenta, Rocha de Matos criou, com outras pessoas, a primeira “start up” tecnológica por- tuguesa que produziu equipamentos e sistemas ao nível internacional, criou também a “EID”, uma empresa de investigação e desenvolvimento de equipamentos de telecomunicações e electrónica. Esta empresa criou o sistema integrado de comunicações das fragatas, o “SIC”, que actualmente existe em todos os navios um pouco por todo o mundo. Posteriormente, quando Rocha de Matos assumiu funções na AIP também inovou, criando o novo Centro de Congressos de Lisboa e a nova Feira Internacional de Lisboa. Esta última tem uma qualidade tal que foi escolhida para a realização da Cimeira da NATO, pois não existia em Portugal mais nenhum outro local que reunisse as condições ideais para um evento desta envergadura. Rocha de Matos lançou ainda, em 2003, a Carta Magna da Competitividade. Recentemente, persistiu e conseguiu a união dos empresários portugueses com a criação de uma cúpula empresarial, a CIP-CEP. E teve a nobreza de carácter de não concorrer à presidência desta nova confederação. Espero que Rocha de Matos continue a inovar e a ser competitivo na sua actividade!” Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, Pereira Gonçalves, presidente do Rotary Clube de Lisboa, e João Meira, sócio honorário do Rotary Clube da Estrela A b r i l d e 2 0 1 1 • 167 informação Especialistas e gestores debateram “O Sistema de Normalização Contabilística em 2010” em conferência promovida pela CNC no CCL ROCHA DE MATOS ALERTA PARA “ESCLARECIMENTO SOBRE OS VÁRIOS PARÂMETROS E AS NOVAS ORIENTAÇÕES QUE VÃO TER IMPLICAÇÕES NA VIDA EMPRESARIAL” Maria Isabel da Silva, vice-presidente da Comissão de Normalização Contabilística, Sérgio Vasques, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, e Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI mporta agora esclarecer os vários parâmetros e as novas orientações que sobre esta matéria vão ter implicações na vida empresarial, financeira e contabilística das empresas”, afirmou o presidente da AIP-CCI, Jorge Rocha de Matos, durante a sua intervenção na abertura da conferência “O Sistema de Normalização Contabilística em 2010” (SNC), promovida pela Comissão de Normalização Contabilística (CNC), no dia 14 de Dezembro, no CCL. Perante especialistas e gestores que participaram na conferência, – que contou também com a intervenção do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Sérgio Vasques, na abertura do evento – o presidente da AIP-CCI enumerou um conjunto de factores I 168 • A b r i l d e 2 0 1 1 sobre os quais as empresas deverão ser esclarecidas, conforme explicou: “Alterações estruturais no ordenamento contabilístico nacional; acolhimento das Normas Internacionais de Contabilidade na Comunidade; simplificação do relato financeiro para as entidades de menor dimensão, como são as PME; coerência entre os normativos destinados a entidades com valores cotados, a entidades do sector não financeiro e a entidades de menor dimensão, particularmente as PME; funcionamento dos mercados, designadamente no que se refere à divulgação da informação financeira entre agentes económicos; convergência das normas europeias com as normas internacionais; custos de contexto que nesta matéria é impor- tante remover; e necessidade de apetrechar as empresas portuguesas com modelos de relato financeiro compatíveis com os actuais processos de internacionalização”. Para Rocha de Matos, este “é um assunto de grande complexidade técnica, em que se relevam a publicação do Plano Oficial de Contabilidade, o ajustamento às directrizes comunitárias sobre a matéria, assim como a aplicação obrigatória das Normas Internacionais de Contabilidade e de Relato Financeiro às contas consolidadas de sociedades com valores mobiliários admitidos à negociação no mercado regulamentado e, bem assim, o novo Sistema de Normalização Contabilística”. O presidente da AIP-CCI está convicto de que “há efectivamente um largo consenso quanto à importância da convergência contabilística para os vários agentes económicos, o que tem motivado amplos debates e diferentes contributos por parte das várias entidades públicas e da sociedade civil, que são partes interessadas nesta problemática”. “A própria AIP-CCI deu também os seus contributos e manifestou a sua posição em devido tempo”, concluiu.ção”. Sérgio Vasques, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: “O SNC 2010 é o ponto de partida para a verdade fiscal e a concorrência leal entre as empresas” O secretário de Estado dos Assuntos ACTUALIDADE AIP Fiscais, Sérgio Vasques, disse aos participantes nesta conferência que “a contabilidade deve constituir o espelho da vida económica das empresas e ser encarada como um instrumento das mesmas”. Sérgio Vasques reforçou o facto de que SNC está ainda em “fase de sedimentação”, tendo em conta as “circunstâncias que o país atravessa”, mas exortou os agentes económicos à sua rigorosa implementação: “É o ponto de partida para a verdade fiscal das empresas. É um instrumento necessário, mais equitativo dos sacrifícios fiscais entre os cidadãos e promove a concorrência leal entre as empresas. É indispensável que o SNC cumpra as funções que estiveram na sua origem – a criação de uma única e mais sã normalização contabilística, para ultrapassar as dificuldades por que passamos”. Presidente da AIP-CCI intervém na XXI Reunião dos Presidentes de Organizações Empresariais Ibero-Americanas, sobre o tema “Fortalecimento da comunicação empresarial na América Latina” “QUEM NÃO COMUNICA NÃO EXISTE” s PME, em muitos casos, experimentam maiores dificuldades em responder às exigências da comunicação empresarial externa”, pelo que “as estruturas associativas empresariais poderão ter aqui um papel importante na superação destas limitações”, disse Jorge Rocha de Matos, presidente da AIP-CCI, durante a sua intervenção na XXI Reunião dos Presidentes de Organizações Empresariais Ibero-Americanas (OIE), sobre o tema “Fortalecimento da comunicação empresarial na América Latina: apresentação do projecto”, no dia 20 de Novembro, em Buenos Aires, na Argentina. Rocha de Matos salientou os principais aspectos a ter em conta neste A indispensável processo de comunicação: “Face às exigências da sociedade da informação e da economia do conhecimento em que vivemos, quem não comunica não existe. Mas, para além de comunicar, é necessário fazê-lo bem, de forma competente, com uma boa estratégia, para atingir certeiramente os alvos escolhidos”. “De mero acessório, a comunicação empresarial passa a assumir, agora, uma função relevante e uma dimensão activa das estratégias empresariais”, observou o líder da AIP-CCI ao explicar que “a percepção deste novo cenário coloca sérios desafios” à actividade das empresas: “Por exemplo, os de centrar a comunica- ção nos objectivos estratégicos da organização; aproximar-se por essa via dos seus clientes internos e externos e das outras partes interessadas; e actuar de forma integrada com as outras funções de gestão. A Internet é efectivamente a infraestrutura de suporte que mais contribuiu para esta mudança de paradigma, sem esquecer outras tecnologias de informação e de comunicação que dão corpo às mais diversas redes sociais que hoje proliferam”. Consciente de que “este novo mundo da informação e da comunicação instantânea condiciona a vida empresarial”, Rocha de Matos pôs o ‘acento tónico’ também noutra perspectiva: “Não é menos verdade que também permite à empresa descobrir que pode aumentar as suas ligações com a comunidade, nomeadamente com as universidades e outros centros de saber, exercer a sua influência, estabelecer um quadro relacional com os poderes públicos e com estes partilhar projectos de interesse comum, assumir um papel activo na formação e educação, assumir-se como parte activa do diálogo social, um agente da cidadania empresarial, e, não menos importante, reforçar a percepção social da empresa e do empresário, valorizando a livre iniciativa”. O presidente da AIP-CCI referiu A b r i l d e 2 0 1 1 • 169 informação ainda que “no contexto da crise económica e financeira que tem fustigado a maior parte das economias em todo o mundo, o papel da empresa e do empresário ganha uma relevância acrescida e torna imperativo uma maior articulação de políticas públicas e de estratégias empresariais”. Daí que “a comunicação empresarial, enquanto instrumento de relação com as partes interessadas, assume aqui um papel da maior importância”. “Esta é hoje uma realidade incontornável para as empresas e para as suas estruturas associativas, onde quer que exerçam a sua actividade”, concluiu Rocha de Matos. école de Guerre économique promoveu conferência sobre “A inteligência económica e a percepção geoeconómica de Portugal” “PORTUGAL DEVE DESENVOLVER UMA REDE DE INTELIGÊNCIA E DE DIPLOMACIA ECONÓMICA PARA SUPORTAR A ACÇÃO EXTERNA DAS EMPRESAS” ndré Magrinho, adjunto do presidente da AIP-CCI, defendeu a necessidade de Portugal “desenvolver uma rede de inteligência e de diplomacia económica para suportar a acção externa das empresas”, uma das ideias que apresentou na conferência sobre o "Estado da Arte da Inteligência Económica e da Percepção Geoeconómica de Portugal", promovida pela École de Guerre Économique, no dia 29 de Novembro, em Paris, na qual também interveio José Mateus Cavaco Silva, da empresa XMP. Referindo-se à oportunidade da diplomacia económica, André Magrinho considerou-a “um vector importante para atrair o investimento estrangeiro em Portugal e para a prospecção de novos mercados”. Conforme explicou, a inteligência económica em Portugal tem surgido muito associada à diplomacia económica: “É uma tendência que começou no fim dos anos 90 e que tem mobilizado um conjunto de instituições públicas e privadas e também algumas universidades. Em geral, quando se reflecte sobre questões como a internacionalização, ou a atracção de IDE, o papel da diplomacia económica é coloca- A 170 • A b r i l d e 2 0 1 1 do em evidência. A mobilização da informação útil e estratégica sobre os mercados, as parcerias e os mecanismos de diplomacia económica, devem, em conjunto, reforçar a internacionalização e permitir ganhar quotas de mercado”. A AIP-CCI, nos seus documentos de estratégia mais importantes, “aconselha o investimento na inteligência económica para responder aos objectivos que reforcem a cadeia de valor das empresas, bem como a inovação, a internacionalização e a competitividade”, observou o também professor universitário em economia e gestão, acrescentando que “nos últimos quatro anos, um pequeno grupo de empresas – algumas delas com um portfólio de negócios internacionais – surgiram no domínio dos serviços de consultadoria, valendo-se da vigilância concorrencial e da inteligência competitiva”. Uma outra área abordada por André Magrinho durante a sua intervenção refere-se ao ensino e à formação avançada, “talvez a mais dinâmica actualmente em Portugal”: “Nos últimos três, quatro anos, temse verificado um aparecimento significativo de pós-graduações e de cursos de formação avançada, especificamente no domínio da inteligência económica e nas áreas relacionadas. Isto passa-se nas universidades de Lisboa, mas também nas do Porto e Minho, e também em Évora”. André Magrinho sublinhou também o facto de que “a cadeia de valor das empresas e da economia portuguesa vai exigir mais e melhor informação accionável, particularmente a que diz respeito ao acesso aos mercados externos”. A inteligência económica “também deve estimular a assumpção de uma atitude mais proactiva na competição internacional”. “Precisamos de um bom dispositivo de inteligência económica para responder ao objectivo estratégico mais importante da economia portuguesa”, observou, retomando uma das linhas de força da “Carta Magna da Competitividade” da AIP-CCI: “Alargar e enriquecer o portfólio das actividades, produtos e serviços transaccionáveis, que permitam a afirmação do país no contexto da globalização”. Na prática, a AIP-CCI tem vindo a apresentar um conjunto de definições que se revêem na inteligência ACTUALIDADE AIP económica que, de acordo com André Magrinho, visam “reforçar a atracção do investimento estrangeiro e diversificar os mercados de exportação”: “As exportações portuguesas estão bastante concentradas na UE, com cerca de 72%, sobretudo em quatro países, o que configura uma situação pouco recomendável. Será necessário mobilizar um sector bastante mais vasto das PME tendo em conta o objectivo da exportação e da internacionalização”. Desenvolver uma política de valorização da língua portuguesa no espaço da CPLP é outra acção a ter em conta, segundo sustentou André Magrinho: “Por exemplo, a AIP propõe uma visão euro-atlântica para reforçar a acção externa, onde rele- vam os países da CPLP, valorizando assim a língua comum subjacente uma população de cerca de 230 milhões. Sublinhamos o triângulo estratégico América do Sul-ÁfricaEuropa. Portugal e Brasil são dois pólos dinâmicos desta política que mobiliza agentes públicos e privados. Aliás, recentemente, foi criada a Confederação Empresarial da CPLP que se propõe contribuir para uma dinâmica mais forte do mundo dos negócios neste espaço. Do ponto de vista geoeconómico, consideramos que, com esta visão, Portugal ganha uma centralidade atlântica”. Incrementar “políticas e estratégias orientadas para atrair investimento directo estrangeiro” é, de acordo com aquele responsável, “muito importante fazê-lo”, sobretudo por se tratar de “uma pequena economia aberta”, como a portuguesa: “Prova-o o facto de que todos os períodos recentes de maior dinâmica exportadora terem sido acompanhados por importantes fluxos de investimento directo estrangeiro”. “Investir na valorização competitiva do território, nomeadamente através do reforço da conectividade física e digital, estimular uma política inteligente de clusters, ou pólos de competitividade e de tecnologia, orientados para o reforço das actividades de exportação”, são outras medidas preconizadas pela AIP-CCI que André Magrinho teve oportunidade de partilhar com os participantes nesta conferência. informação PUBLICAÇÕES dO CONJUNTO dE LIVROS RECEBIdOS RECENTEMENTE NO CENTRO dE dOCUMENTAÇÃO dA AIP dESTACAMOS, A SEGUIR, OS MAIS IMPORTANTES EstAtÍstICA pARA ECONOMIA E gEstÃO – INstRuMENtOs DE ApOIO À tOMADA DE DECIsÃO PINTO, José Castro e CURTO, José Dias Lisboa : Edições Sílabo, 2010, 470 p. , brcd. Se gerir é tomar decisões, gerir bem é tomar boas decisões. Sendo a informação a matéria-prima que os profissionais têm de manusear para tomar decisões, impõe-se que disponham do adequado instrumental teórico-prático. No domínio dos métodos quantitativos, e em especial da estatística, muitas metodologias e técnicas têm sido desenvolvidas para ajudar os profissionais nesta tarefa. Este livro, que corresponde à síntese da experiência académica e profissional dos autores, torna acessível e imediatamente utilizável o acervo de conhecimentos desta área do saber científico com aplicações no quotidiano dos economistas e gestores. A primeira parte é constituída por casos práticos. Dando um sentido de realismo evidente a esta obra, cada caso contanos um problema real e descreve os dados disponíveis para ajudar a resolver a situação. O leitor pode depois acompanhar e analisar, passo a passo, os procedimentos adequados que conduzem à solução. Sempre que o “ software “ Excel forneça funções adequadas, a resolução é apresentada com base na sua utilização. Numa segunda parte, e para aqueles leitores que necessitem recordar ou abordar pela primeira vez os conceitos teóricos, os autores expõem de um modo simples e com um claro sentido pedagógico, a teoria que está subjacente à prática. Numa época em que o fluir da informação tem mais impacto nos lucros que a movimentação dos bens, eis um livro indispensável ao «trabalhador» do conhecimento e da informação. Quer estudantes, quer profissionais, os leitores dispõem agora, em língua portuguesa, de uma obra de consulta obrigatória sempre que pretendam adquirir conhecimentos e instrumentos actualizados da análise estatística, necessários ao dia a dia empresarial. 172 • A b r i l d e 2 0 1 1 AZOREs – guIA DO INVEstIDOR DRAIC Ponta Delgada : DRAIC – Direcção Regional de Apoio ao Investimento e à Competitividade, 2010, 80 p., brcd. Os últimos anos representaram, nos Açores, um período de crescimento económico nunca antes tão acentuado. Esse progresso não se deve, apenas, às realizações e investimentos do Governo regional, mas também ao crescimento da iniciativa privada. A própria estrutura do emprego dá conta disso, já que, há pouco mais de uma década, por cada dois empregos no sector público havia três no sector privado, enquanto que agora a mesma relação é de dois para seis. Numa altura em que a difícil conjuntura financeira internacional tem vindo a penalizar, também nos Açores, a actividade económica e o investimento privado, o desafio é ainda maior, incluindo, necessariamente, uma intensificação e ajustamento dos incentivos disponíveis. Nesse sentido, o Guia do Investidor, agora publicado, disponibiliza um vasto conjunto de informações de interesse para os agentes económicos, versando os aspectos mais relevantes para a vida empresarial e com maior impacto na promoção do investimento. Constitui, igualmente, um meio útil para a captação de investimento nacional e estrangeiro. As potencialidades e as oportunidades nos Açores são multas e os apoios públicos ao investimento privado não têm paralelo, por exemplo, no resto do País. Vale a pena, pois, investir nos Açores. RECRutAMENtO & sElECÇÃO DE pEssOAl CARDOSO, Adelino Alves Lisboa : Lidel - Edições Técnicas, 2010, 168 p. , brcd. Este livro, da colecção “Manual Prático", apresenta cronologicamente todas as operações envolvidas no decurso do recrutamento de pessoal, entre as quais, identificação e caracterização das necessidades, inventariação das fontes de recrutamento, triagem e selecção das candidaturas, decisão final até à integração de um novo colaborador na empresa. Esta nova edição, para além de pequenas precisões relativamente à anterior, acentua o paradigma do recrutamento e selecção por competência, espelha também a evolução que se verificou nos últimos anos ao nível do “e-recruitment “ e os passos que estão a ser dados no sentido da “ e-selection “. Inclui exemplos práticos e demonstrativos dos vários procedimentos a ter em conta num processo desta natureza. Ao longo do livro são abordados, entre outros, os seguintes temas: • Das qualificações às competências; • A preparação do recrutamento e selecção ; • O processo de recrutamento e selecção ; • A integração na empresa ; e, • O contrato de trabalho. As lINHAs DE tORREs VEDRAs. INVAsÃO E REsIstÊNCIA ( 1810 – 1811 ) CLÍMACO, Cristina Lisboa : Edições Colibri e Torres Vedras : Município, 2010 , 210 p. , brcd. Face à iminência de uma 3a invasão pelas tropas de Napoleão, Wellington elaborou em 1810 um plano de defesa de Portugal assente em 3 pontos a edificação de uma linha de fortificações a norte da península de Lisboa – as Linhas de Torres. Vedras -, a retirada da população da Beira e da Estremadura para a retaguarda» das fortificações, e a destruição de todos os meios de subsistência, e de meios de produção que pudessem permitir às tropas francesas subsistirem na região. Wellington contava para o sucesso do seu plano com o nacionalismo do povo português ao qual pediu o sacrifício de se arruinar e de arruinar o País para o salvar das garras da águia francesa. O estado de devastação em que se encontrava Portugal após a retirada dos franceses, em Março de 1811, mostra a violência intrínseca a um tal plano, sem dúvida genial se considerado do ponto de vista da arte das fortificações, mas na concepção do qual a dimensão humana não foi tida em conta. O futuro dará razão aos governadores do Reino que preferiam um plano de defesa centrado na fronteira que pouparia, as duas províncias mais férteis de Portugal, é que por isso oporão, na figura do Principal Sousa, urna resistência a Wellington. Resistência que virá também de certos sectores da população quando os engenheiros ingleses, na ânsia de obter traços para as fortificações, apagam as diferenciações sociais e os privilégios de classe, olhando a apenas como uma massa indiferenciada de trabalhadores manuais. Pretendeu-se nesta obra dar ênfase ao elemento humano, até agora esquecido ou relegado para planos secundários na historiografia das Linhas, quer durante a fase de construção quer posteriormente, quando uma massa de refugiados se encontrará concentrada atrás das Linhas de Torres Vedras, quer ainda no exército de Massena. Também do outro lado das Linhas, no campo francês, se viveu uma situação difícil, de escassez de géneros alimentícios e de insuficiência de todo o género de artigos indispensáveis ao quotidiano do soldado. Sem poder contar com a Intendência para a distribuição regular de rações foi compelido, desde os primeiros dias, a assegurar a sua própria subsistência, instalando-se um modo de vida que pouco se assemelha ao das gloriosas campanhas da Europa Central, e cuja consequência inevitável foi a escalada de violência sobre as populações que preferiram o refúgio nos montes à retirada para a capital. tODOs sOMOs pORtugAl VICENTE, Luiz Moura Lisboa: Companhia das Cores, 2010, 142 p. , brcd. Os portugueses, quase por norma, são pessimistas quanto ao seu País, deixando-se enredar com facilidade no discurso “derrotista" dos numerosos "profetas da desgraça" que abundam no nosso "mercado". Resultando, como a pior das consequências, a frequente tendência dos cidadãos para a desmotivação , a lamúria, o protesto, a reivindicação, o "baixar braços", tudo o que deprime uma sociedade e afecta negativamente a gestão e organização das instituições e das empresas. Esta predisposição assenta, quase sempre, no esquecimento da história dos anos de excelência de Portugal; no desprezo pelos caso de sucesso das suas instituições, empresas e cidadão; na dramatização de notícias, como as comparações internacionais negativas para o país, pondo em relevo casos político ou administrativos, económicos a sociais de fracasso relativo. Gerando-se descontentamentos e passando a actuação preferida a concentrar-se no "queixume paralisante". Como ultrapassar este estado de espírito? Como mudar atitudes e comportamentos, de forma a que os cidadãos sejam mais positivos, confiantes e colaborantes ? Como persuadir todos os portugueses a interrogarem-se sobre o que devem fazer para melhorar o nível global de vida do seu País? Como mobilizar a sociedade para o interesse colectivo e a construção de uma consciência solidária? Como incentivar ao pensamento e à acção visando a participação abrangente na solução dos problemas nacionais, consolidando o País nas rotas da prosperidade, da sustentabilidade, da justiça social e da harmonia entre os cidadãos? Esta obra pretende dar uma resposta a estas interrogações e abrir caminhos para um progresso eficaz do País, através de estratégias de desenvolvimento a consolidar, tais como a intensificação das práticas científicas e tecnológicas e de internacionalização, ou ainda, o reforço da utilização optimizada dos seus recursos naturais, entre outras. A b r i l d e 2 0 1 1 • 173 informação gEstÃO DE suCEssO NuM MuNDO EM MuDANÇA CARDOSO, Eduardo Gomes ; CAMPOS, José Torres ; VICENTE , Luiz Moura Lisboa : IAPMEI e Caixa Geral de Depósitos, 2010, 270 p. , brcd. Convictos da importância e actualidade do tema, os autores conceberam o seu desenvolvimento prático em função da sua experiência profissional, elaborando um livro essencialmente dirigido a empresários e gestores de PME - Pequenas e Médias Empresas confrontadas no seu dia-a-dia com as consequências problemáticas, por vezes críticas, das sucessivas mudanças do referencial em que actuam, PME que, a maioria das vezes, pela pequena dimensão, a escassez de recursos e a fragilidade da organização, são um elo vulnerável na cadeia económica. Embora, muitas delas, mereçam um indiscutível apoio nas áreas mais sensíveis, verificada a sua forte contribuição para o emprego e a produção no nosso País. Razão porque o livro está centrado nas questões humanas, sociais, económicas, financeiras, tecnológicas e comerciais que se levantam a uma empresa portuguesa, especialmente uma PME, num mundo globalizado. Os autores optaram por tecer uma obra positiva, realista e motivadora, contrariando os habituais e exagerados pessimismos, tão comuns em muitos sectores políticos e da comunicação social, ao se inferiorizarem produtos, serviços, estruturas e empresas de origem portuguesa. INCuBADORAs DE EMpREsAs E EMpREENDEDORIsMO. A EXpERIÊNCIA pORtuguEsA MARQUES, João Paulo Coelho Lisboa : IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, 2010, 484 p. , brcd. A criação de novas empresas de base tecnológica é, porventura, uma das tarefas mais complexas em que Portugal está envolvido e que cada vez mais constituirá um desafio que conduzirá o nosso sistema de inovação a uma maior componente de investimento privado. Urge definir e implementar esta estratégia para que Portugal tenha um crescimento muito significativo da sua qualidade de vida. Assim, neste livro, começa-se por apresentar de forma muito clara os conceitos e definições de ciência, tecnologia, inova174 • A b r i l d e 2 0 1 1 ção e claro de incubadora, redes de cooperação, parques de ciência e tecnologia, parques tecnológicos e outras infraestruturas de apoio à transferência de conhecimento e tecnologia entre a universidades as empresas. Nos capítulos seguintes, apresenta-se detalhadamente e de forma muito interessante toda a problemática da cooperação universidade-empresa, um tema sempre apaixonante e para o qual as incubadoras são um veículo fundamental para a promoção do crescimento económico de um país. O autor trata com grande cuidado o tema das incubadoras quer do ponto de vista teórico, quer da metodologia de análise destas infra-estruturas, tendo o cuidado de fazer uma descrição pormenorizada das incubadoras que mais têm contribuído para a afirmação deste movimento em Portugal. O estudo detalhado da problemática da cooperação universidade-empresa é de grande importância, e o autor trata-a de uma forma simples e rigorosa, com muita informação dos casos portugueses, o que torna esta obra indispensável para quem tem de dedicar-se ao estudo científico do tema e, por outro lado, a todos os que estão de uma forma ou de outra interessados nele e que, no actual quadro comunitário volta a ter um relevo enorme com a criação dos pólos de competitividade. OptAR pOR AMBOs SIDHU, Inder Famalicão : Centro Atlântico, 2011, 304 p. , brcd. Nos últimos sete anos, numa economia global fortemente instável, a Cisco duplicou os seus rendimentos, triplicou os lucros e quadruplicou o valor das suas acções. Como? Optando por ambos. Quando as empresas enfrentam decisões estratégicas determinantes, é frequente optarem por um caminho em detrimento do outro. Focalizam-se na inovação e nos novos mercados à custa do “core business “ ou vice-versa. Enfatizam a disciplina e sacrificam a flexibilidade. Focalizam-se nos clientes e ignoram os parceiros. E lutam para sobreviver. A Cisco acredita que existe uma solução melhor: optar por ambos. “Optar por ambos “ significa abordar cada decisão como uma oportunidade de crescimento e não como um sacrifício para sobreviver. Significa evitar falsas escolhas, expectativas reduzidas e compromissos frágeis. Significa descobrir formas de escolher ambos os benefícios e fazer com que estes se reforcem mutuamente. Neste livro, o vice-presidente sénior Inder Sidhu explica porque “ optar por ambos “ é a melhor estratégia actual. Depois, com base nos conhecimentos arduamente adquiridos pela Cisco e nas experiências de empresas como a Procter & Gamble, Whiripool e Harley-Davidson, o autor apresenta um mapa global para "optar por ambos" de forma a poder aplicar esta estratégia à sua empresa. PUBLICAÇÕES pORtugAl : QuE MODElO ECONÓMICO? CORTEZ, José António Lisboa: CCP – Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, 2010, 88 p. , brcd. O modelo económico originário da Revolução Industrial e reconfigurado após a II Guerra Mundial na Europa está esgotado. O chamado mundo ocidental sofre, hoje, a concorrência das novas economias emergentes e não tem forma de ser competitivo produzindo “mais do mesmo”. Ao longo das últimas décadas a economia tem vindo a desmaterializar-se e o consumo de serviços ganha um peso crescente, destruindo, com o desenvolvimento das novas tecnologias comunicacionais e com o aumento da mobilidade das pessoas, um dos paradigmas da sociedade industrial, organizada em torno do fluxo dos bens transaccionáveis. Mas a Europa tarda em encontrar o seu caminho e o objectivo de fazer dela a economia mais competitiva do mundo é, cada vez mais, uma miragem. E Portugal? Estaremos condenados a um futuro titubeante e sem escolhas credíveis, oscilando entre o tudo que desejamos e que alimenta o nossos imaginário e o seu nada que, dia a dia, parece mais real e nos faz perder a autoestima e nos paralisa? Ou é possível, com realismo, mas também com ambição, encontrar um rumo para o país que esteja suportado num novo modelo de desenvolvimento sustentável e competitivo à escala global, verdadeiramente ancorado nas nossas reais competências e em factores de diferenciação, capazes de projectar um conjunto de inegáveis vantagens comparativas face ao exterior? Este trabalho – realizado no contexto da reflexão e do debate que a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal vem promovendo em torno do tema – propõe-se dar um contributo empenhado a favor desta segunda alternativa, cuja concretização depende, sem dúvida, das políticas públicas e de toda uma envolvente económica mais ou menos favorável, mas cujo sucesso só poderá advir da mobilização das muitas milhares de empresas capazes de o corporizar. gÉNERO NOs sINDICAtOs. IguAlDADEs, DEsIguAlDADEs E DIFERENÇAs. SANTANA, Vera Lisboa : Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho, 2009, 324 p. , brcd. O estudo "Género nos Sindicatos. Igualdades. Desigualdades e Diferenças" foi concretizado graças a uma exemplar conjugação de sinergias, no dizer de Juliet Mitchell entre o mundo académico - o Centro de Estudos do Género da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - e o mundo profissional e da formação "em posto de trabalho" de licenciados numa organização laborai, a DGERT. O estudo procura dar conta da importância dos "tectos de vidro", existentes nas organizações sindicais, que impedem a conquista, pelas mulheres, dos "últimos círculos"; dar conta de práticas que produzem e reproduzem as assimetrias de género nos lugares sindicais de poder, sendo significativo o apadrinhamento masculino e emergente o apadrinhamento feminino - facto que se constitui como um princípio de nó estratégico de poder feminino; dar conta de representações que produzem e reproduzem assimetrias de género: se a taxa global de feminização é de 35% verifica-se que 61% da totalidade dos/as dirigentes considera que as mulheres nos sindicatos não têm campo para influenciar e 29% não expressa a sua opinião, confirmando-se o "efeito Salieri". tEMpOs DIFÍCEIs. DECIsõEs uRgENtEs MARQUES, Manuel Pedroso Lisboa: Deplano Network, 2010, 212 p. , brcd. Um livro sobre a actualidade social e política de Portugal, num ambiente de crise. Tem um objectivo: a tomada de decisões. Apresenta duas dificuldades: a análise das situações a resolver e as dificuldades levantadas à resolução. A discussão dos processos decisórios tem subjacente os conflitos de interesses, ditos corporativos, as dificuldades de negociação de reformas e, portanto, de resolução de algumas das situações que nos afectam. As nossas vulnerabilidades sociais e económicas num mundo competitivo mas, também, os esforços que têm sido feitos para alterar a nossa situação histórica de atraso constituem o desafio relatado neste livro. Indaga sobre a responsabilidade da esquerda e da direita no défice e no endivida-mento. Elabora um ensaio sobre o que intitula considerações políticas sobre ideias estratégicas para Portugal. Sobre a crise de 2008, desde a sua originalidade à comparação com as anteriores, aos modos como tem sido combatida e aos efeitos que tem infligido às economias europeias e ao futuro do euro e da União Europeia, este livro focaliza a situação concreta portuguesa com um sentido de futuro. No livro nota-se uma frequente permuta de conhecimentos da estratégia militar para a empresarial e política. Assim como a gestão pública é analisada com incursões da gestão empresarial. Justificar-se-á esta característica do livro pela formação militar do autor, pela sua experiência como gestor, bem como pelo seu interesse pelos problemas sociais e políticos do País. A b r i l d e 2 0 1 1 • 175 PUBLICAÇÕES pRÁtICA CONtABIlÍstICA DE ACORDO COM O sIstEMA DE NORMAlIZAÇÃO CONtABIlÍstICA ( sNC ) NABAIS, Carlos e NABAIS, Francisco Lisboa: Lidel – Edições Técnicas, 2010, 404 p. , brcd. Com a adopção do Sistema de Normalização Contabilístico ( SNC ), as regras contabilísticas portuguesas (NCRF) aproximam-se das Normas Internacionais de Contabilidade que determinam os procedimentos a adoptar em matéria de reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação das contas das empresas. Fruto do sucesso da edição anterior, este livro, agora em volume único, é uma actualização da obra Prática Contabilística I e II às novas taxas de IVA e à entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística (SNC). Com uma linguagem clara e simples, acompanhada de exemplos de aplicação e exercícios resolvidos, esta obra faculta uma visão geral do SNC em Portugal e centra-se, sobretudo, no estudo das contas do SNC e na resolução de vários casos práticos que se distribuem pêlos diversos ciclos de actividade da empresa, nomeadamente, o operacional, o financeiro e o do investimento. Inclui ainda um destacável com o Código das Contas do SNC. Esta obra é dirigida a todos os profissionais que desempenhem funções na área da contabilidade, a estudantes dos diversos graus de ensino, sendo também indicado para cursos de formação. Conteúdos: • Criação de uma empresa ; • A actividade económica e a contabilidade ; • Património, inventário e balanço; dinâmica empresarial ; • Sistema de Normalização Contabilística ; • Trabalho contabilístico ; • A informatização da contabilidade ; • As contas do SNC; trabalho de fim de exercício ; e, • Dissolução de uma empresa Abril de 2011 - Ano XXXVII Assinatura Anual: € 25 (IVA incluído) ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA - CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA DESTAQUES DESTE NÚMERO ENSAIO José Veiga Simão ESPAÇO INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE Reportagem sobre o Instituto de Soldadura e Qualidade ASSOCIATIVISMO Reportagem sobre a NERPOR