Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 PERUÍBE RELATÓRIO Nº 6 BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 1 – INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 7 2 - OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO ................................................................................................................................ 8 3 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO .............................................................................................................. 9 3.1 - Inserção Regional .................................................................................................................... 9 3.2 – Dinâmica Populacional ......................................................................................................... 14 3.2.1 - Crescimento populacional ...................................................................................................................... 14 3.2.2 - Caracterização Etária e Étnica da População ......................................................................................... 16 3.3 – Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsáveis pelos Domicílios.................................. 22 3.4 – Domicílios de Uso Ocasional................................................................................................. 29 3.5 – Caracterização da População Flutuante. .............................................................................. 35 4 – INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SÓCIO POLÍTICA .......................................................................................... 40 4.1. Relações sociopolíticas em Peruíbe ....................................................................................... 40 4.1.1. A organização e articulação da Sociedade Civil ....................................................................................... 40 4.2. Os Espaços de Gestão Participativa ....................................................................................... 43 4.2.1 Legislação Municipal ................................................................................................................................ 43 4.2.2 Espaços de Gestão Participativa e seus Desafios ..................................................................................... 47 4.3. Leitura Comunitária: Visão do Município e os Desafios para o Desenvolvimento Sustentável50 4.3.1. Peruíbe e a Gestão Pública ...................................................................................................................... 50 4.3.2. Políticas Públicas ..................................................................................................................................... 52 4.3.3. Questão Ambiental - O Dilema de Peruíbe entre crescer e preservar o meio ambiente e qualidade de vida .................................................................................................................................................................... 57 4.3.4. Potencialidades e Perspectivas para o Desenvolvimento Sustentável ................................................... 62 4.4 Conclusões e Aspectos Relevantes .......................................................................................... 73 5. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ........................................................................................................................ 77 5.1. Introdução .............................................................................................................................. 77 5.2. Mercado Produtivo (Produção de Bens e Serviços) ............................................................... 78 5.2.1. Informações Gerais ................................................................................................................................. 78 5.2.2. A estrutura produtiva da economia local ................................................................................................ 82 5.2.3. Algumas decisões cruciais que podem atingir a economia local ............................................................ 85 5.2.4. Rede Petro Bacia de Santos (BS) ............................................................................................................. 96 5.3. Mercado de Trabalho ............................................................................................................. 97 5.3.1. A especialização produtiva do trabalho no Município ............................................................................ 98 5.3.2 A Capacitação do Mercado Local de Trabalho ....................................................................................... 102 5.4 Finanças Públicas e Desenvolvimento Socioeconômico municipal....................................... 106 5.5. Conclusões ............................................................................................................................ 107 6 - ORDENAMENTO TERRITORIAL ........................................................................................................................... 108 6.1. Evolução da Mancha Urbana entre 1970 e 2010 ................................................................. 108 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 6.2. Regulação dos princípios e diretrizes de política urbana e ordenamento territorial .......... 112 6.2.1. Regulação do ordenamento territorial.................................................................................................. 114 6.2.2. Peruíbe e o Zoneamento Econômico Ecológico da Baixada Santista .................................................... 116 6.3. Regulação das Áreas de Expansão Urbana ........................................................................... 117 6.4. Áreas de monitoramento territorial ..................................................................................... 118 6.4.1 Procedimentos técnicos adotados para definição de áreas de monitoramento territorial - Litoral Paulista ............................................................................................................................................................ 123 6.5. Dinâmica Imobiliária ............................................................................................................. 132 6.5.1. Empreendimentos Imobiliários Verticais .............................................................................................. 132 6.5.2. Regulação dos empreendimentos imobiliários verticais....................................................................... 142 6.5.3. Loteamentos e condomínios horizontais .............................................................................................. 144 6.5.4 - Regulação dos Loteamentos e Condomínios horizontais .................................................................... 158 6.6 – Bens da União no Município............................................................................................... 161 6.7. Regulação dos Bens da União nas Legislações Municipais e Federais ................................. 162 6.7.1. Regime Jurídico dos Bens Públicos Municipais ..................................................................................... 162 6.7.2 Uso Privativo dos Bens Municipais ......................................................................................................... 163 6.7.3 Alienação ou Aquisição de Bens Públicos .............................................................................................. 164 6.7.4. Bens Públicos Municipais e os Loteamentos e Condomínios................................................................ 165 6.7.5. Bens federais no Município .................................................................................................................. 165 7 – MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO ........................................................................................................................ 166 7.1. Unidades de conservação instituídas no Município de Peruíbe .......................................... 166 7.2. Parque Estadual da Serra do Mar ......................................................................................... 169 7.3. O Núcleo Itarirú do PESM no contexto do Município de Peruíbe ........................................ 171 7.4. Estação Ecológica de Juréia-Itatins (ESEC-JI) ........................................................................ 207 7.5. APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe (APA-CIP) ........................................................................ 220 7.6. Área de Relevante Interesse Ecológico Ilha do Ameixal ...................................................... 231 7.7. APA Marinha Litoral Centro (APAMLC) ................................................................................ 236 7.8. Estação Ecológica de Tupiniquins (ESEC de Tupiniquins) ..................................................... 261 7.9. Ocupação urbana em Áreas de Preservação Permanente .................................................. 292 7.9.1. Aspectos conceituais ............................................................................................................................. 292 7.9.2. Características, condições e pontos críticos das áreas de preservação permanente ........................... 297 7.10. Áreas naturais tombadas.................................................................................................... 301 7.10.1. Aspectos conceituais ........................................................................................................................... 301 7.10.2. ANT das Serras do Mar e Paranapiacaba ............................................................................................ 301 7.10.3. ANT Ilhas do Litoral Paulista ................................................................................................................ 303 7.11. Meio Ambiente e Território na legislação municipal ......................................................... 306 8 - GRANDES EQUIPAMENTOS DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA ........................................................................ 308 8.1. Introdução ............................................................................................................................ 308 8.2. Legislação municipal de avaliação de impacto ..................................................................... 308 9 - MOBILIDADE URBANA E REGIONAL ................................................................................................................... 309 9.1. Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana da Baixada Santista ............................ 309 9.2. Evolução da frota municipal ................................................................................................. 331 9.3. Sistema de transportes coletivos municipal e intermunicipal ............................................. 332 9.4. Sistema Viário e Cicloviário .................................................................................................. 344 9.5. A Legislação Municipal e a Mobilidade Urbana e Regional.................................................. 345 10. HABITAÇÃO E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA ..................................................................................................... 349 10.1. Assentamentos precários e informais ................................................................................ 349 10.1.1. Favelas ................................................................................................................................................. 351 10.1.2. Loteamentos Clandestinos ou Irregulares........................................................................................... 353 10.2. Necessidades habitacionais................................................................................................ 358 10.2.1 - Dimensionamento da Demanda Prioritária por Novas Moradias no Município de Peruíbe ............. 359 10.2.2 - Dimensionamento das Moradias Precárias Existentes no Município de Peruíbe.... Erro! Indicador não definido. 10.2.3 - Dimensionamento das Demandas Futuras por Novas Moradias no Município de Peruíbe .............. 364 10.3. Promoção pública de habitação de interesse social .......................................................... 364 10.3.1. Promoção pública na produção de novas unidades ........................................................................... 364 10.3.2. Promoção pública na regularização fundiária, urbanização e melhoria habitacional ........................ 367 10.4. Pontos críticos no antendimento habitacional .................................................................. 368 10.5. A legislação Municipal e a Questão Habitacional............................................................... 369 11 - SANEAMENTO AMBIENTAL .............................................................................................................................. 372 11.1 Sistema de Abastecimento de Água Potável ....................................................................... 372 11.1.1 Cobertura do sistema públicos de abastecimento de água ................................................................. 373 11.1.2 Caracterização do Sistema de Abastecimento de Água de Peruíbe .................................................... 374 11.1.3 Caracterização do Sistema Guaraú....................................................................................................... 378 11.1.4 Caracterização do Sistema Guarauzinho .............................................................................................. 383 11.1.5 Avaliação Geral do Sistema e ações propostas para o Sistema Guaraú .............................................. 384 11.1.6 Avaliação Geral do Sistema e ações propostas para o Sistema Guarauzinho ...................................... 391 11.2. O Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos .................................................................. 399 11.2.1 – Demandas por Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgoto ............................................................ 399 11.2.2 Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos........................................................................................ 400 11.2.3 Cobertura do sistema de coleta e tratamento de esgoto .................................................................... 400 11.2.4. Caracterização dos Sistemas de Esgoto .............................................................................................. 403 11.2.5 Ampliação e melhoria do Sistema de Esgotos ..................................................................................... 406 11.2.6 Avaliação da qualidade dos serviços .................................................................................................... 408 11.3. Macro e Microdrenagem.................................................................................................... 415 11.3.1. Caracterização dos principais componentes do sistema de drenagem urbana de Peruíbe. .............. 422 11.3.2. Projetos e obras em andamento ......................................................................................................... 425 11.3.3. Gestão do Sistema de Drenagem Urbana de Peruíbe ......................................................................... 426 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 11.3.4. Avaliação da prestação dos serviços de drenagem urbana ................................................................ 431 11.4. Resíduos Sólidos ................................................................................................................. 433 11.4.1. Situação da geração, coleta, tratamento, destinação ......................................................................... 433 11.4.2 Análise das diretrizes da PNRS cotejando com as ações em andamento ............................................ 441 11.5. Saneamento, resíduos sólidos e a legislação municipal ..................................................... 442 12. SAÚDE E SEGURANÇA ALIMETAR ...................................................................................................................... 443 12.1.Segurança Alimentar e Nutricional - Introdução ................................................................ 443 12.1.1. Rede Operacional de Programas ......................................................................................................... 443 12.1.2. Sistema de ação política – conselhos, conferências e orgãointersetoria ........................................... 456 12.1.3. Considerações Finais ........................................................................................................................... 460 12.2. Saúde .................................................................................................................................. 461 12.2.1. Situação de Saúde ............................................................................................................................... 463 12.2.2. Diagnóstico dos Serviços de Saúde e dos atendimentos .................................................................... 464 12.2.3. Princípios e Diretrizes Políticas do SUS em Peruíbe ............................................................................ 466 12.2.4. O desempenho do SUS de Peruíbe: o IDSUS ....................................................................................... 468 12.2.5. Os gastos e investimentos em saúde .................................................................................................. 469 12.2.6. Considerações e aspectos relevantes: os desafios da saúde em Peruíbe ........................................... 470 13. CULTURA............................................................................................................................................................ 471 13.1. Breve histórico.................................................................................................................... 471 13.2. Caracterização cultural do município ................................................................................. 472 13.3. Comunidades e culturas tradicionais ................................................................................. 475 13.4. Gestão e políticas de cultura .............................................................................................. 478 13.5 Regulação, Preservação e Uso dos Imóveis de Interesse Histórico e Cultural do Município.479 13.6. Principais desafios para o desenvolvimento cultural e sustentável .................................. 480 14 - SEGURANÇA PÚBLICA....................................................................................................................................... 481 14.1. Segurança Pública – um tema para o Brasil ....................................................................... 481 14.1.1. O papel da União – marco legal, políticas e programas ...................................................................... 482 14.1.2. A política no âmbito Estadual – marco legal e forças policiais ........................................................... 484 14.1.3. O papel do município - marco legal, políticas e programas ................................................................ 485 14.2. Introdução .......................................................................................................................... 487 14.2.1. Peruíbe e um quadro geral da criminalidade ...................................................................................... 488 14.2.2. Percepção de outros atores do cenário da Segurança Pública no município ..................................... 499 14.3. Considerações finais ........................................................................................................... 500 15. FINANÇAS PÚBLICAS .......................................................................................................................................... 501 15.1 O Orçamento de Peruíbe - 2010.......................................................................................... 502 15.2 Receita Orçamentária .......................................................................................................... 502 15.2.1 Receitas Correntes ............................................................................................................................... 504 15.2.2 Receitas de Capital ............................................................................................................................... 506 15.2.3 Receitas Intra Orçamentárias ............................................................................................................... 506 15.2.4 Dedução da Receita Corrente .............................................................................................................. 507 15.3 Transferências de Convênios............................................................................................... 507 15.3.1 Convênios com o governo Federal ....................................................................................................... 507 15.3.2 Convênios por indicação parlamentar - Estado de São Paulo – 2010 .................................................. 508 15.3.3 Operações de Crédito – Caixa Econômica Federal – CEF ..................................................................... 508 15.4. Despesa Orçamentária ....................................................................................................... 510 15.4.1 Estrutura da Despesa Orçamentária .................................................................................................... 510 ANEXO: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................. 520 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 1 – INTRODUÇÃO O presente relatório apresenta um conjunto de leituras técnicas sobre as condições e tendências urbanas e socioambientais do Município de PERUÍBE. As leituras sobre as condições urbanísticas e socioambientais apresentadas neste relatório estão articuladas com análises sobre diferentes aspectos como, por exemplo, o desenvolvimento econômico, a cultura, a segurança alimentar e nutricional, a saúde, a segurança pública, as finanças publicas entre outros. Tais leituras estão articuladas também com um exame detido sobre marcos jurídicos relativos às políticas públicas que incidem nos espaços territoriais daquele Município, bem como com a visão de moradores e representantes de entidades sobre o município. Os marcos regulatórios e conceituais a nível federal e estadual foram tratados no volume 1 do relatório, e os temas e questões no âmbito regional, serão tratados em relatório especifico. Este relatório faz parte de um conjunto de estudos que abrangem as realidades de 13 municípios do litoral paulista que estão sendo analisados no âmbito do convênio entre a Petrobras e o Instituto Pólis. Esses relatórios municipais deverão servir como base para a consolidação de um estudo regional. Como posto adiante, todos esses estudos tem como objetivo principal formular programas de desenvolvimento local e regional considerando as transformações que poderão ocorrer no litoral paulista em função de diversos projetos e obras de impacto tais como as explorações de petróleo e gás nas camadas do Pré-sal, a ampliação dos portos, duplicação de rodovias, entre outros. A organização dos conteúdos do presente relatório segue uma estrutura básica, constituída pelos seguintes componentes: - caracterização geral do município a partir dos seguintes aspectos: (i) inserção regional; (ii) dinâmicas populacionais, inclusive da população flutuante; (iii) domicílios de uso ocasional; - análises do ordenamento territorial a partir dos seguintes aspectos: (i) crescimento da mancha urbana no período entre 1970 e 2010; (ii) dinâmica imobiliária, especialmente da implantação de empreendimentos verticais, loteamentos e condomínios horizontais; (iii) áreas potenciais para ocupações urbanas futuras; (iv) imóveis públicos; (v) imóveis de interesse histórico e cultural e (vi) áreas com restrição à ocupação urbana; - análises sobre os diferentes tipos de necessidades habitacionais, especialmente aquelas existentes em assentamentos precários e irregulares, e sobre a provisão habitacional recente promovida pelo poder público; - análises sobre as demandas e desempenhos relativos ao sistema de saneamento básico constituído pelos sistemas de abastecimento de água, de coleta e tratamento de esgoto, de drenagem urbana e de gestão de resíduos sólidos; - análises sobre as condições de mobilidade local e regional, especialmente aquelas relacionadas aos problemas relativos aos sistemas viários e às diferentes modalidades de transportes coletivos municipais e intermunicipais; - análises sobre as características e implicações dos grandes equipamentos e infraestruturas de logística existentes e previstos, principalmente as ferrovias, rodovias, armazéns, indústrias, portos e aeroportos; - análises sobre os espaços territoriais especialmente protegidos, em especial as diferentes modalidades de unidades de conservação instituídas pelos governos federal, estadual e municipal e as áreas de interesse ambiental definidas no zoneamento ecológico-econômico e em zoneamentos municipais; - análises sobre as questões relativas ao desenvolvimento econômico local, à cultura, à segurança pública, à segurança alimentar e nutricional e à saúde; - análises sobre aspectos da gestão pública e democrática considerando especialmente as finanças municipais. - analises a partir de escutas da sociedade, sobre suas organizações, a participação em espaços de gestão democrática e suas visões sobre o município e seu desenvolvimento; Vale dizer que todas essas análises se referenciam em políticas e programas públicos nacionais e estaduais que envolvem atuações dos governos municipais e incidem nos territórios locais. Nesse sentido, leva-se em conta, entre outras, as seguintes políticas nacionais: - política nacional e estadual de desenvolvimento urbano, compostas pelas políticas de ordenamento territorial, de habitação, de regularização fundiária, de mobilidade urbana e de saneamento ambiental; - política nacional e estadual de resíduos sólidos; - política nacional e estadual de segurança alimentar e nutricional. - politica nacional e estadual de segurança publica - politica nacional e estadual de saúde; - política nacional e estadual de cultura; Ademais, aquelas análises procuram traçar um quadro geral das ofertas e demandas relativas a serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas em âmbitos municipais e regionais a fim de identificar déficits, gargalos e pontos críticos que necessitam ser superados na busca por um desenvolvimento que promova o dinamismo econômico, mas também melhore as condições de vida das pessoas e não provoque perdas e desequilíbrios ambientais. 2 - OBJETIVOS DO DIAGNÓSTICO Os principais objetivos do presente diagnóstico é subsidiar a formulação de uma agenda de desenvolvimento local, regional e no litoral paulista baseados no envolvimento dos diversos agentes governamentais e da sociedade civil. Tal agenda deverá se referenciar na articulação entre políticas públicas nacionais já instituídas no país. Deverão se referenciar também em políticas, programas e ações realizadas pelo Governo do Estado de São Paulo inscritas em diferentes setores. As análises que compõem esse diagnóstico não se encerram em si mesmas. Pretendem se constituir em instrumentos que orientem ações estruturantes direcionadas ao ordenamento territorial e ao atendimento de diferentes tipos de necessidades sociais. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 3 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO Histórico 3.1 - Inserção Regional O Município de Peruíbe possui fortes articulações com toda a Baixada Santista, que por sua vez, articula-se intensamente com outras regiões do Estado de São Paulo, com outras partes do país e até com países da América Latina e de outros continentes. Tais articulações não são recentes e possuem determinantes históricos, econômicos, políticos, culturais e ambientais. No século XVI, a colonização portuguesa do Brasil começou com a ocupação da costa marítima onde portos foram construídos para permitir a atracagem das embarcações oriundas de outras partes do mundo e também de pontos distintos do extenso litoral brasileiro. Nessa costa, os colonizadores construíram sólidos fortes militares utilizados na defesa do Brasil Colônia. Algumas das primeiras cidades brasileiras se formaram nas proximidades desses fortes militares. Outras, como Santos e Rio de Janeiro, se estruturaram nos arredores daqueles portos marítimos. Essas cidades serviram como pontos de articulação entre a economia colonial das regiões litorâneas e os mercados europeus. Com os avanços da colonização em direção ao interior do Brasil Colônia, outros núcleos urbanos surgiram em pontos mais distantes da orla marítima. O litoral paulista foi um dos locais onde houve os primeiros núcleos de ocupação que logo foram acompanhados por outros que se implantaram nas terras altas do planalto após vencer os obstáculos impostos pelas encostas da atual Serra do Mar. Com o passar do tempo, algumas dessas cidades se tornaram importantes polos regionais, capitais estaduais e sedes de grandes regiões metropolitanas. As atividades portuárias realizadas no período colonial influenciaram diretamente a formação dos núcleos que deram origem à ocupação urbana na Baixada Santista. No território do atual Município de Santos foram instalados os primeiros trapiches do Porto que passou a ter o mesmo nome. No último quarto do século XIX o Porto de Santos ganha importância econômica com o desenvolvimento da produção do café nas fazendas do interior da então Província de São Paulo direcionada para exportação. Essa produção cafeeira oriunda das fazendas do interior paulista chegava ao Porto de Santos por meio da antiga ferrovia São Paulo Railway, inaugurada em 1867. Na cidade de São Paulo, essa ferrovia atravessava as várzeas dos Rios Tietê e Tamanduateí que, nas décadas seguintes, passaram a receber importantes plantas industriais que buscavam se instalar nos terrenos mais planos. No final do século XIX, o aumento da importância econômica do Porto de Santos colocou a necessidade de expansão física e de melhoramentos nas infraestruturas e nas condições de funcionamento. Em 1892, marco oficial da inauguração desse Porto, a Companhia Docas de Santos entregou os primeiros 260 metros de cais na área que até hoje é denominada como Valongo, localizado no centro histórico de Santos. Nesse período, “os velhos trapiches e pontes fincados em terrenos lodosos foram sendo substituídos por aterros e muralhas de pedra” (Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos - PDZPS, 2012: p. 13). Já no século XX, o Porto de Santos ganha novo impulso com a abertura da Rodovia Anchieta (SP-150) realizada na década de 1940, com o desenvolvimento industrial da atual Região Metropolitana de São Paulo, especialmente na Região do Grande ABCD (com os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema) e com o processo de industrialização de Cubatão. Esse processo de industrialização representa um ponto de inflexão na economia paulista iniciado a partir da década de 1950. Trata-se de uma inflexão marcada pela instalação de grandes empresas multinacionais em cidades que passaram a receber grandes contingentes migratórios e iniciaram acelerado processo de urbanização periférica baseada na produção de assentamentos precários, muitas vezes irregulares do ponto de vista fundiário, ocupados pelas moradias das populações de baixa renda. Essa imbricação entre crescimento da base econômica e urbanização precária estruturou grande parte dos territórios das grandes cidades brasileiras, inclusive da metrópole paulista e das cidades da Baixada Santista. As características desse processo de urbanização são examinadas adiante. O fortalecimento e a estruturação do trinômio porto-indústria automobilística-indústria de base no sistema econômico regional formado por Santos, São Paulo e Cubatão é baseado na conexão do Porto de Santos com os parques industriais do Município de São Paulo e da atual Região do Grande ABC, onde se instalaram indústrias da cadeia de produção de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis, e de Cubatão onde se instalou um polo industrial de base formado pela Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), hoje parte do grupo USIMINAS, e pela Refinaria de Petróleo Presidente Bernardes da Petrobras. A Rodovia Anchieta (SP-150), importante eixo articulador desse trinômio, amplia a ligação entre o Porto de Santos e aqueles parques industriais formando um complexo sistema econômico e logístico de importância nacional e internacional. Na década de 1970 essa ligação se fortalece com a abertura da Rodovia Imigrantes (SP-160). Apesar de o Porto de Santos ter forte articulação com os polos industriais mais próximos, é necessário levar em conta a sua influência macrorregional. De acordo com o PDZPS (2012) a vocação natural desse Porto é “atender às necessidades de movimentação de cargas dos estados do Sudeste e de grande parte do Centro-Oeste do país” (PDZPS, 2012: p. 44). O PDZPS define o chamado “vetor Logístico Centro-Sudeste” como a área de influência primária do Porto de Santos. Segundo esse documento, a “área de influência secundária compreende todo o restante do Brasil e alcança também parte de outros países sul-americanos, como Paraguai e Uruguai e parte da Argentina, Bolívia e Chile” (PDZPS, 2012: p. 45). Os municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista, instituída pela Lei Complementar Estadual nº 815 de 30 de julho de 1996, conectam-se com as áreas de influência primária do Porto de Santos a partir de vias de acessos rodoviários, ferroviários e dutoviários existentes. O “modal rodoviário é responsável por aproximadamente 73% da carga movimentada, o ferroviário por aproximadamente 20% e o dutoviário por aproximadamente 7%” (PDZPS, 2012: p. 74). Os dutos são basicamente utilizados para a movimentação de derivados de petróleo e produtos petroquímicos transportados de/para as refinarias de Cubatão (principalmente) e o terminal da Transpetro, na Alemoa. Os acessos rodoviários que chegam ao Porto de Santos também promovem fortes ligações da Baixada Santista com diferentes regiões do planalto e do litoral paulistas. As já mencionadas Rodovias Anchieta (SP-150) e Imigrantes (SP-160) ligam o Planalto Paulista com a Baixada Santista. Esse complexo rodoviário AnchietaImigrantes estreita as relações entre as atuais Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista. Milhares de moradores dessa parte do litoral paulista se dirigem para aquela Região Metropolitana para trabalhar e estudar todos os dias. A Rodovia Manoel Hyppolito Rego (SP-055) faz a conexão entre Santos e o Litoral Norte. Nos meses de verão, muitos turistas vindos de outras metrópoles paulista ou dos municípios do interior usam essa Rodovia para chegar ao Litoral Norte passando pela Baixada Santista. A Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), mais conhecida como Piaçaguera-Guarujá, interliga o Sistema Anchieta-Imigrantes, que chega a Santos e Cubatão vindos do Planalto Paulista, com o Município de Guarujá. Muitos empregados das indústrias de Cubatão usam essa Rodovia. A Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-055) liga Santos e os municípios vizinhos com os municípios na porção Sul da Região Metropolitana da Baixada Santista (Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe) e, a partir daí, com os municípios do Litoral Sul (Iguape, Cananéia e Ilha Comprida). Moradores dos municípios localizados nas porções Sul da Baixada Santista usam essa Rodovia para ir a Santos, São Vicente e Cubatão para trabalhar e estudar. Isso provoca congestionamentos como se verá adiante. Ademais, o PDZPS descreve rotas que ligam regiões produtoras do país com Santos e seu importante Porto. Trata-se das rotas Rondonópolis-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas e derivados como soja, farelo milho, entre outros, produzidos no Centro Oeste do país); Dourados-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas produzidos no Mato Grosso do Sul) e Brasília-Triângulo Mineiro-Santos (utilizada no escoamento de granéis agrícolas produzidas em regiões de Goiás). Além dessas rotas mais longas, há rotas curtas que servem para o escoamento da “produção de açúcar e etanol do interior do Estado de São Paulo e a produção e importação de bens manufaturados acondicionados em contêineres na Grande São Paulo e no Vale do Paraíba” (PDZPS, 2012: p. 64). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. PERUÍBE. Inserção Regional Fonte: Ministério dos transportes (2009 - 2010), IBGE, 2011 e. ESRI (Ocean BaseMap). As ferrovias operadas pelas empresas MRS Logística, ALL Logística e FCA se somam àqueles acessos terrestres regionais e macro regionais ao Porto de Santos. A ferrovia da MRS faz a ligação do Porto de Santos com regiões dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais enquanto as da ALL conecta aquele Porto com os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, demais regiões do Estado de São Paulo e com estados do Sul do Brasil. As ferrovias da FCA (Ferrovia Centro Atlântica) acessam o Porto de Santos a partir de uma malha que se espalha por 7 estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Goiás, Bahia, São Paulo e Distrito Federal. Vale citar, com base no PDZPS (2012) que a “MRS utiliza os trilhos da antiga Santos-Jundiaí, enquanto a ALL utiliza os trilhos da antiga FERROBAN; as duas se encontram em Cubatão no pátio de intercâmbio de Perequê. Do pátio as composições são conduzidas até as duas margens do Estuário, onde a PORTOFER (que realiza as operações somente no interior das dependências do Porto de Santos) assume as composições” (PDZPS, 2012: p. 69). O acesso aquaviário é o que interliga os diferentes terminais portuários e berços de atracação do Porto de Santos. Esse tipo de acesso é de abrangência local e consiste no Canal da Barra com extensão de aproximadamente 25 km dos quais 13 km com instalações de acostagem, largura de 150 m até a Barra do Saboó e de 110 m desse ponto em diante e profundidade variável entre 12 me e 14 m (PDZPS, 2012: p. 50-51). Nas margens direita (Santos) e esquerda (Guarujá) desse Canal distribuem-se aqueles berços de atracação e terminais portuários utilizados na movimentação de cargas e descargas. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 O Porto de Santos não é beneficiado por acessos hidroviários importantes devido às condições geográficas existentes. Segundo o PDZPS (2012), a “hidrovia Tietê-Paraná movimenta cargas (principalmente grão, farelo e açúcar) do sudeste e centro-oeste, tendo como destino final o Porto de Santos. A maior parcela é transbordada para a ferrovia ALL (malha da antiga Ferroban), em Pederneiras, ou para caminhões em Anhembi, no interior do Estado, antes de acessar o porto” (PDZPS, 2012: p. 56). Além das bases econômicas e logísticas descritas anteriormente, outros fatores promovem as articulações regionais que inserem a Baixada Santista em outras dinâmicas urbanas e demográficas. Trata-se dos fatores relacionados com as características de balneário existentes em municípios de todo o litoral paulista. Em meados do século XX, o Município de Santos era um importante destino turístico para os moradores dos municípios localizados no planalto, especialmente da capital paulista e dos seus municípios vizinhos. Nas décadas de 1950 e 1960 o Município de Santos recebeu vários empreendimentos imobiliários constituídos pelas chamadas “segundas residências” destinadas ao veraneio. Tais empreendimentos se implantaram principalmente nas orlas marítimas, junto às praias de maior interesse dos investidores e dos consumidores de renda média e alta. Esse segmento imobiliário se expandiu a partir de Santos avançando sobre as áreas junto às praias do Guarujá, São Vicente, Praia Grande e demais municípios da Baixada Santista. A influência dessas atividades de veraneio no processo de uso e ocupação do espaço urbano de Monguagá será analisada mais detalhadamente adiante. Do ponto de vista da inserção regional, vale dizer que, até hoje, muitas famílias que vivem nos municípios do planalto e do interior paulista, e em outras partes do país, se dirigem para os municípios da Baixada Santista durante os feriados e os períodos de férias. A maior parte desses visitantes se instalam nas “segundas residências” que permanecem ociosas parte do ano. Com o fortalecimento e crescimento das atividades portuárias, industriais, comerciais e de serviços, houve certa retração no turismo de veraneio em no núcleo central da baixada santista, principalmente nas décadas de 1970 e 1980 quando as condições de balneabilidade das praias estavam muito ruins por causa da poluição provocada por esgotos domésticos e efluentes líquidos oriundos do porto e até das indústrias. Porém, isso não significa que essas atividades de veraneio deixaram de existir. Tais atividades sempre existiram na Baixada Santista, principalmente nos município localizados a Sul de Santos e São Vicente (Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe). Nas últimas décadas houve melhorias nas condições de saneamento básico e no controle de emissão de poluentes com reflexos positivos nas praias. Ademais, foram realizados investimentos em melhorias urbanas e paisagísticas nessas praias. Isso tem provocado valorização nos imóveis mais próximos ao mar e atraído grande quantidade veranistas e visitantes de veraneio e de fins de semana. Vale dizer que as rodovias mencionadas anteriormente facilitam o acesso de centenas de milhares de turistas que se dirigem para suas casas de veraneio, hotéis e pousadas na Baixada Santista. Como dito anteriormente, a Região Metropolitana da Baixada Santista, instituída pela Lei Complementar Estadual nº 815 de 30 de julho de 1996. O Município de Santos polariza essa Região Metropolitana junto com São Vicente, Guarujá e Cubatão. A Sul desses municípios, a Região Metropolitana da Baixada Santista contem Praia Grande, Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe e a Norte Bertioga. Essa Lei autoriza o Poder Executivo a instituir o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista - Condesb, uma autarquia responsável pela gestão metropolitana e o Fundo de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada Santista (FUNDESB). Em 23 de dezembro de 1998, a Lei Complementar Estadual nº 853 cria a Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM) entidade autárquica vinculada à Secretaria dos Transportes Metropolitanos, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução das funções públicas de interesse comum nesta região. Em 2004, Lei Complementar nº 956 transfere a AGEM para a Secretaria de Economia e Planejamento. 3.2 – Dinâmica Populacional 3.2.1 - Crescimento populacional O município de Peruíbe apresentou diminuição em seu ritmo de crescimento populacional na última década. Entre 1991 e 2000 o município teve uma altíssima taxa geométrica de crescimento anual (TGCA), atingindo 5,14%a.a., acompanhando a maior parte dos municípios do litoral paulista que, durante o mesmo período, apresentaram altas taxas. Na década de 2000 a 2010 houve uma grande queda na intensidade do crescimento populacional, que passou para 1,52%a.a. Nesse período Peruíbe saltou de 51.451 para 59.773 habitantes, conforme tabela ___ abaixo. Tabela. Municípios do Litoral Paulista - População Residente e Taxa Geométrica de Crescimento Anual - TGCA 2000-2010 Ano TGCA 1991 2000 TGCA 2000-2010 Município 1991 2000 2010 Bertioga - SP 11.426 30.039 47.645 11,34 4,42 Cubatão - SP 91.136 108.309 118.720 1,94 0,96 Guarujá - SP 210.207 264.812 290.752 2,60 0,93 Itanhaém - SP 46.074 71.995 87.057 5,08 1,92 Mongaguá - SP 19.026 35.098 46.293 7,04 2,80 Peruíbe - SP 32.773 51.451 59.773 5,14 1,52 Praia Grande - SP 123.492 193.582 262.051 5,12 3,17 Santos - SP 417.100 417.983 419.400 0,02 0,04 São Vicente - SP 268.618 303.551 332.445 1,37 0,94 São Sebastião - SP 33.890 58.038 73.942 6,16 2,48 Ilhabela - SP 13.538 20.836 28.196 4,91 3,12 Caraguatatuba - SP 52.878 78.921 100.840 4,55 2,49 Ubatuba - SP 47.398 66.861 78.801 3,90 1,72 Fonte: Censos Demográficos IBGE, 1991, 2000 e 2010. Os mapas seguintes permitem visualizar as diferenças nessas taxas geométricas de crescimento anual dos municípios litorâneos que estão sendo analisados. Mapa. Municípios do Litoral Paulista – Taxa Geométrica de Crescimento Anual - TGCA 1991–2000 e 2000-2010 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Censos Demográficos IBGE, 1991 e 2000 e Censos Demográficos IBGE, 2000 e 2010. O município de Peruíbe possui uma área total de 31 mil hectares, sendo que a maior parte de seu território, inserida em unidades de conservação, permanece não ocupada resultando em uma densidade populacional total do município bastante baixa, de apenas 1,9hab/ha. A área efetivamente urbanizada ocupa aproximadamente 11% do território, resultando em uma densidade populacional da área urbanizada de 17,3hab/ha. Tabela. Municípios do Litoral Paulista - Área do Município e Densidade demográfica – 2010 Município Área total do População município 2010 (hectare) Densidade demográfica do município (Habitante por hectare) Área urbanizada (hectare) Densidade demográfica da área urbanizada (Habitante por hectare) Bertioga 47.645 49.000 1,0 2.723 17,5 Caraguatatuba 100.840 48.540 2,1 3.368 29,9 Cubatão 118.720 14.240 8,3 2.411 49,2 Guarujá 290.752 14.290 20,3 3.804 76,4 Ilhabela 28.196 34.750 0,8 831 33,9 Itanhaém 87.057 59.960 1,5 4.948 17,6 Mongaguá 46.293 14.210 3,3 1.531 30,2 Peruíbe 59.773 31.140 1,9 3.447 17,3 Praia Grande 262.051 14.750 17,8 3.927 66,7 Santos 419.400 28.110 14,9 3.507 119,6 São Sebastião 73.942 40.040 1,8 2.508 29,5 São Vicente 332.445 14.890 22,3 2.462 135,0 Ubatuba 78.801 71.080 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 1,1 2.456 32,1 No município de Peruíbe, a maior parte de sua área urbanizada possui densidade populacional de até 50hab/ha. De forma geral, o município apresenta uma densidade populacional bastante baixa, os setores com mais alta densidades chegam a no máximo 250hab/ha, em áreas próximas à área central. Mapa. Peruíbe - Densidade Demográfica de População Residente Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 3.2.2 - Caracterização Etária e Étnica da População O município de Peruíbe modificou bastante seu perfil etário apresentando um envelhecimento considerável de sua população. A população jovem de até 29 anos passou de 56% em 2000 para 47% da população total em 2010, enquanto a população de 30 até 59 anos aumentou de 33% para 37% da população total. Já a população com mais de 60 anos apresentou um crescimento significativo, passando 10 % para 15% sobre a população total, conforme a próxima figura____. Figura. Peruíbe - Pirâmides Etárias – 2000 e 2010 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Pirâmide Etária - Peruíbe 2010 80 anos ou mais 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos -3.000 Faixas Etárias faixas etárias Pirâmide Etária - Peruíbe 2000 -2.000 -1.000 0 1.000 2.000 80 anos ou mais 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos 3.000 -3.000 -2.000 -1.000 População 0 1.000 2.000 3.000 População Fonte: Censos Demográficos IBGE, 2000 e 2010. Em relação à classificação da população de acordo com as categorias de cor e raça utilizadas pelo IBGE, a população residente de Peruíbe acompanha parte dos municípios litorâneos paulistas onde o percentual da população parda e negra sobre a população total está acima do percentual verificado para o Estado de São Paulo. Tabela. Estado de São Paulo e Municípios do Litoral Paulista - População Residente Segundo Cor ou Raça - 2010 Unidade da Federação e Municípios Cor ou raça Estado de São Paulo Total 41.262.199 Branca 63,9% Preta 5,5% Amarela 1,4% Parda 29,1% Indígena 0,1% Bertioga - SP Cubatão - SP Guarujá - SP 47.645 118.720 290.752 47,0% 42,6% 47,0% 7,6% 7,7% 6,7% 1,1% 0,7% 0,6% 43,8% 48,8% 45,5% 0,5% 0,2% 0,2% Itanhaém - SP Mongaguá – SP 87.057 46.293 58,4% 58,2% 5,0% 6,3% 0,7% 0,6% 35,5% 34,2% 0,4% 0,7% Peruíbe - SP Praia Grande – SP Santos - SP 59.773 262.051 419.400 57,8% 57,1% 72,2% 6,0% 5,9% 4,7% 1,3% 0,8% 1,0% 34,1% 36,1% 22,0% 0,7% 0,1% 0,1% São Vicente – SP São Sebastião – SP 332.445 73.942 53,5% 53,9% 7,1% 6,4% 0,6% 0,7% 38,7% 38,5% 0,1% 0,4% Ilhabela - SP Caraguatatuba – SP Ubatuba - SP 28.196 100.840 78.801 52,2% 66,2% 59,2% 5,1% 4,4% 5,9% 0,7% 0,9% 1,0% 41,8% 28,3% 33,5% 0,2% 0,1% 0,4% Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Gráfico Peruíbe– Distribuição Percentual da População Segundo Cor ou Raça - 2010 Cor ou raça da população residente Peruíbe Indígena; 0,7% Parda; 34,1% Branca; 57,8% Amarela; 1,3% Preta; 6,0% Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. A distribuição da população de Peruíbe segundo raça ou cor mostra maior presença da população branca nos setores censitários mais próximos às faixas litorâneas, beneficiada pela proximidade com a praia, enquanto as populações pardas e negras estão mais distantes da orla marítima e mais próximas ao centro, conforme mapas a seguir. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. Peruíbe. Distribuição dos Percentuais da População Branca Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Mapa. Peruíbe – Distribuição dos Percentuais da População Parda Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. Peruíbe – Distribuição dos Percentuais da População Preta Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. De acordo com dados do censo, a população indígena do município corresponde a 0,7% da população total. Esta população está concentrada em setores censitários vizinhos ao município de Itanhaém. Estes setores estão inseridos em duas Terras Indígenas existentes no município: a Terra Indígena Peruíbe, homologada com 480ha e; a Terra Indígena Piaçaguera, declarada com área de 2.795ha. Mapa. Peruíbe – Distribuição dos Percentuais da População Indígena Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 3.3 – Perfis das Rendas Domiciliares e dos Responsáveis pelos Domicílios Para analisarmos os perfis de renda no município de Peruíbe utilizaremos dois tipos de variáveis: a renda mensal do responsável pelo domicílio; e a renda mensal domiciliar, composta de todos os rendimentos dos moradores. Estes são importantes indicadores da capacidade de consumo das famílias. A pessoa responsável pelo domicílio é identificada pelo IBGE como homem ou mulher, de 10 anos ou mais de idade, reconhecida pelos moradores como responsável pela unidade domiciliar. No Município de Peruíbe, 66% das pessoas responsáveis por domicílios com rendimento mensal de 0 a 3 salários mínimos, apresentando perfil bastante similar a maior parte dos municípios do litoral paulista analisados no presente trabalho. Gráfico. Peruíbe – Distribuição Percentual das Pessoas Responsáveis Segundo Faixas de Renda Mensal – 2010 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Rendimento nominal mensal das Pessoas responsáveis por domicílios - Peruíbe 2% 6% 0% 15% 11% Sem rendimento Até 3 S.M. Acima de 3 até 5 S.M. Acima de 5 até 10 S.M. Acima de 10 até 20 S.M. 66% Acima de 20 S.M. Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Pólis. Dentre esses municípios, Santos se distingue por ter maiores percentuais de responsáveis por domicílios que possuem níveis mais altos de renda, conforme gráfico___ a seguir. Gráfico. Municípios do Litoral Paulista – Distribuição Percentual das Pessoas Responsáveis Segundo Faixas de Renda Mensal – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Elaboração: Instituto Pólis. Com o objetivo de observar a distribuição espacial dos domicílios e dos responsáveis domiciliares segundo os níveis de renda, somamos o valor do rendimento nominal mensal de todos os responsáveis pelos domicílios em cada setor censitário. O resultado foi dividido pelo número total de responsáveis pelo domicílio do próprio setor. Com isso se obteve o rendimento médio dos responsáveis pelos domicílios segundo os setores censitários. A espacialização desse indicador segundo diferentes faixas de renda (conforme mapa abaixo) permite visualizar as desigualdades socioespaciais existentes em Peruíbe. Verificamos maior presença de responsáveis domiciliares com os maiores níveis de rendimento na orla marítima e próximos à região central onde parte dos setores censitários possui renda entre R$ 1.866,00 e R$ 6.220,00. Já a população de média renda se concentra espalhada em vários pontos do território, em setores censitários onde a renda média dos responsáveis domiciliares fica entre R$ 622,00 e R$ 1.866,00. Interessante observar que os setores onde esse indicador fica abaixo de R$ 622,00 estão ao interior da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-055). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. Peruíbe– Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários – R$ - 2010 Conforme mapa ___ abaixo, na orla marítima há poucos setores censitários onde o percentual de responsáveis domiciliares com renda maior do que 10 salários mínimos ficam entre 15 e 30%, os maiores do município. Mapa. Peruíbe – Percentuais de Responsáveis por Domicílios com Rendimento Nominal Mensal Acima de 10 Salários Mínimos Segundo Setores Censitários – 2010 Já os responsáveis por domicílios sem rendimento estão em setores espalhados pelo município com maiores concentrações ao interior da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-055), conforme pode ser visto no mapa ___ abaixo. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa. Peruíbe – Percentuais de Responsáveis por Domicílios Sem Rendimentos Segundo Setores Censitários – 2010 Como visto anteriormente, 66% dos responsáveis por domicílios de Peruíbe possuem renda até 3 s.m. Este grupo social se distribui em praticamente todo o território municipal, mas apresentam maiores concentrações ao interior da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-055). Mapa. Peruíbe – Distribuição, Segundo Setores Censitários, do percentual de concentração da pessoa responsável com rendimento nominal mensal de até 3 Salários Mínimos – 2010 Outra importante variável de rendimento observada é a renda domiciliar que corresponde à somatória da renda individual dos moradores de um mesmo domicílio. Como dito antes, este indicador tem relação com a capacidade de consumo da família e deve ser considerado para a definição de critérios para a formulação e implementação de diversas políticas públicas, especialmente no setor habitacional. Foram adotadas as faixas de renda utilizadas pelo IBGE nas tabulações realizadas. Desse modo, foram consideradas as seguintes faixas: sem rendimentos, de 0 a 2s.m.; mais de 2 a 5 s.m.; mais de 5 a 10 s. m. e mais de 10 s.m. O município de Peruíbe possui 40% dos domicílios com renda até 2 salários mínimos, 37% dos domicílios com renda entre 2 e 5 salários mínimos e 13% com renda domiciliar entre 5 e 10 salários mínimos. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Gráfico. Peruíbe – Distribuição Percentual dos Domicílios Segundo Faixas de Renda Domiciliar Mensal – 2010 Rendimento mensal domiciliar Peruíbe 5% 5% % sem rendimento 13% % até 2SM 40% 37% % mais de 2 a 5 SM % mais de 5 a 10 % mais de 10 SM Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010.Elaboração: Instituto Pólis 3.4 – Domicílios de Uso Ocasional Segundo dados censitários do IBGE , o Município de Peruíbe passou de 32.095 domicílios em 2000 para 40.166 domicílios em 2010, acompanhando o crescimento populacional ocorrido neste mesmo período. De acordo com dados do Censo 2010, 44% dos domicílios recenseados de Peruíbe são de uso ocasional. Estes dados são condizentes com sua condição enquanto município com grande atividade turística e de veraneio. Domicílio de uso ocasional é o domicílio particular permanente que serve ocasionalmente de moradia, geralmente usado para descanso nos fins de semana, férias, entre outras finalidades. Tabela. Peruíbe - Domicílios Recenseados Segundo Condição de Ocupação – 2010 Domicílios recenseados- dados 2010 Total recenseados Particular - ocupado Particular - não Particular - não ocupado ocupado - uso ocasional - vago % do total de Município Nº Nº domicílios Nº Peruíbe SP 40.166 19.297 48,04% 17.736 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Coletivos % do total de domicílios Nº % do total de domicílios Nº % do total de domicílios 44,16% 7,52% 112 0,28% 3.021 Gráfico. Peruíbe – Distribuição Percentual dos Domicílios Recenseados Segundo Condição de Ocupação – 2010 Domicílios recenseados Peruíbe vago; 7,52% ocasional; 44,16% coletivo ; 0,28% ocupado; 48,04% Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Entre 2000 e 2010, o crescimento dos domicílios permanente ocupados, ou seja, destinados à população residente em Peruíbe, cresceu 11,92%, enquanto os domicílios de uso ocasional cresceram numa proporção bem menor, de 6,69%, indicando um aumento da fixação de moradores no município. Tabela. Municípios do Litoral Paulista – Variação no Percentual de Domicílios Particulares Permanentes Ocupados, de Uso Ocasional e Vagos – 2000-2010 Municípios Crescimento (%) entre os anos de 2000 e 2010 Domicílios ocupados permanentes Domicílios de uso ocasional Domicílios não ocupados vagos Bertioga - SP 13,05% 27,18% 1,72% Caraguatatuba - SP 15,00% 4,80% -0,23% Cubatão - SP 16,76% -0,24% -2,15% Guarujá - SP 9,15% 0,99% -1,52% Ilhabela - SP 22,32% 6,72% 4,15% Itanhaém - SP 11,44% 12,07% 0,63% Mongaguá - SP 11,32% 9,91% -0,47% Peruíbe - SP 11,92% 6,69% 1,49% Praia Grande - SP 14,29% 5,82% -0,10% Santos - SP 7,54% -0,42% -2,76% São Sebastião - SP 16,99% 6,69% 0,17% São Vicente - SP 14,76% -2,31% -2,39% 10,07% 1,62% Ubatuba - SP 11,25% Fonte: Censos Demográficos IBGE, 2000 e 2010. No município de Peruíbe é possível verificar uma clara distinção na distribuição no território dos domicílios de uso ocasionais e dos domicílios de ocupados. Os domicílios de uso ocasional se concentram nos setores censitários ao longo da faixa litorânea, enquanto os domicílios ocupados, que servem de moradia para a [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 população residente, estão concentrados do outro lado da linha férrea, nos bairros mais afastados da orla marítima e próximos à área central, conforme se observa nos mapas a seguir. Mapa. Peruíbe – Distribuição dos Percentuais dos Domicílios Particulares Permanentes Ocupados Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Mapa. Peruíbe – Distribuição Percentual dos Domicílios de Uso Ocasional Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Em relação ao tipo de domicílio, ou seja, se são casas ou apartamentos, o Censo 2010 classifica somente os domicílios particulares permanentes ocupados. Vale dizer que os domicílios particulares permanentes de uso ocasional, correspondentes a 44% do total de domicílios de Peruíbe não são computados nessa classificação, causando distorção nos resultados. Dentre os domicílios permanentes ocupados, o município apresenta residências predominantemente horizontais, com cerca de 93% dos domicílios ocupados classificados como casa e 6% classificados como apartamentos. Os apartamentos estão predominantemente concentrados nos setores censitários próximos as faixas litorâneas e à região central. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Gráfico. Peruíbe– Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes Ocupados Segundo Tipo (Casa, Casa de Vila ou de Condomínio, Apartamento) – 2010 Peruíbe tipo de domicílio 1% 0% Casa 6% Casa de vila ou em condomínio Apartamento 93% Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Figura. Peruíbe – Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes com Residentes Fixos do Tipo Apartamento Segundo Setores Censitários – 2010 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. Figura. Peruíbe – Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes com Residentes Fixos do Tipo Casa Segundo Setores Censitários – 2010 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Censo Demográfico IBGE, 2010. 3.5 – Caracterização da População Flutuante. População flutuante Dentre as diversas formas de turismo, a modalidade balneária é um dos segmentos mais significativos da economia regional, contribuindo efetivamente para o crescimento do setor terciário. No entanto, há um grave desequilíbrio provocado pela adoção, ao longo do século XX, de um modelo de turismo baseado na sazonalidade, e na criação de um significativo parque de residências de veraneio, em diversas cidades litorâneas de São Paulo. No município de Peruíbe como nos demais municípios do litoral paulista, o turismo balneário é um importante segmento da economia local e regional, contribuindo efetivamente para a constituição do setor terciário. Nesses municípios, há um grave desequilíbrio provocado pela adoção de um modelo de turismo baseado na sazonalidade associado com a criação de um significativo parque de residências de veraneio. A modalidade de turismo denominada de “segunda residência” traz enormes inconvenientes e desafios. Na região da Baixada Santista, a modalidade turística baseada em meios de hospedagem é menos importante do que o turismo baseado na comercialização de unidades habitacionais. Este segundo tipo de turismo demanda a implantação de infraestrutura urbana para atender os picos das temporadas de veraneio, deixando-a ociosa grande parte do ano. Assim, os sistemas de saneamento básico, de fornecimento de energia elétrica, de transportes e trânsito, além de serviços de saúde e do terciário, devem estar dimensionados de forma a atender população muito superior à residente. Esta dinâmica, historicamente, sempre implicou em investimentos estatais necessários ao atendimento desta demanda, os quais sempre foram realizados em nível insuficiente, produzindo significativo passivo socioambiental. Os dados do Censo 2010 apontam que cerca de 44% dos domicílios existentes no município de Peruíbe são de uso ocasional, ou seja, são os domicílios que abrigam grande parte da população flutuante que frequenta a cidade. Para calcular a estimativa da população flutuante em Peruíbe e nos demais municípios litorâneos podemse utilizar dados de consumo de água e de energia elétrica, além da quantidade de lixo coletado. Enquanto, na Ilha de São Vicente, a população flutuante vem reduzindo seus impactos há várias décadas, como demonstra o gráfico ___ e o mapa ___ abaixo, no município de Peruíbe, ela continua a ser bastante expressiva, atingindo mais de 50% da população total. Gráfico ___. Municípios do litoral paulista: Aumento populacional baseado nas contagens populacionais oficiais de 2002 e 2011. Fonte: IBGE apud Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.18). Mapa ___. Municípios do litoral paulista: População fixa e flutuante para o ano de 2011. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.21). A população total (população residente + população flutuante no verão) de Peruíbe é estipulada em 123.269 pessoas. A população residente corresponde a aproximadamente 49% e a população flutuante corresponde a aproximadamente 51% da população total do município, numa proporção um pouco maior em relação aos domicílios de uso ocasional que correspondem a 45,7% do total de domicílios estimados. Quadro - Resumo do Número de habitantes e de Domicílios da Região Sul da RMBS (2010) POPULAÇÃO (hab) LOCALIDADE NÚMERO DE DOMICÍLIOS FLUTUANTE RESI-DENTE (INCREMENTAL) VERÃO PICO PERMANENTES USO OCASIONAL FECHADOS VAGOS TOTAL Peruíbe 60.759 62.510 77.448 19.841 19.841 14 3.675 43.371 Itanhaém 86.897 107.511 136.461 27.766 34.125 798 6.647 69.336 Mongaguá 44.681 83.734 103.647 12.839 26.578 793 2.109 42.319 Praia Grande 293.889 363.457 470.682 90.127 115.363 340 19.245 225.075 S. Vicente Continental 101.138 321 461 29.824 102 414 4.270 SABESP. Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA – Região Sul. São Paulo: SABESP, 2011, 162 p. O estudo da evolução populacional realizada para Peruíbe, no âmbito dos estudos do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de peruíbe (DAEE, 2010), apresenta projeções da população fixa e flutuante para este município. Esta projeção foi realizada em conjunto com a dos outros municípios da Baixada Santista através de diferentes técnicas, antes da elaboração do Censo Demográfico 2010. O referido estudo estipulou três cenários de evolução para o crescimento populacional: o cenário 1 – inercial onde a evolução acompanha os dados do Censo; o cenário 2 – dinâmico - considera a atratividade populacional em função dos investimentos previstos na região e; cenário 3 – que considera o cenário 2 incluindo a implementação do porto Brasil em Peruíbe. Na projeção denominada “Inercial”, os saldos migratórios aumentavam ligeiramente entre 2005 e 2010. Conforme o estudo, esta seria a projeção recomendada para a avaliação dos investimentos em melhorias e ampliação dos sistemas de saneamento básico, “caso não estivesse a região sujeita a uma série de investimentos que atraem população, além de sua vocação turística por excelência devido à proximidade da RMSP e de pertencer ao Estado de São Paulo, que tem grande contingente populacional com renda crescente”. Na projeção denominada “Dinâmica”, considerada a mais provável pelo referido trabalho, os saldos migratórios no município são mais elevados. Segundo o mesmo estudo, a ênfase nessa análise recaiu sobre as variáveis e fatores que afetam os movimentos migratórios, pois esse é o componente mais importante para entender a dinâmica demográfica brasileira. A razão principal reside no fato de que as taxas de fecundidade e de mortalidade baixaram significativamente nos últimos anos e apresentam tendência nítida à estabilização e à homogeneização. Assim, restaria à migração a explicação das maiores mudanças na dinâmica populacional futura dos municípios do país e, especificamente, da Baixada Santista. O referido trabalho, baseado nos estudos acima mencionados, apresenta o gráfico ___ abaixo, que mostra a projeção para o município de Peruíbe em diferentes cenários. Gráfico ___. Peruíbe segundo diferentes projeções de 1980 a 2030. Fonte: SABESP (2011) apud RELATÓRIO R4 -PROPOSTA DO PLANO MUNICIPAL INTEGRADO DE SANEAMENTO BÁSICO – Peruíbe (DAEE, 2010, p.40). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Optou-se por adotar a projeção dinâmica (Cenário 2) por ser considerada como mais representativa da provável evolução populacional da RMBS. Considerando que as projeções foram realizadas até o ano de 2030, as mesmas foram avaliadas para o ano de 2039 de forma a alcançar o período de planejamento de 30 anos do Plano Integrado de Saneamento, conforme apresentado na tabela ___ a seguir, para o caso de Peruíbe. Tabela Peruíbe: Projeção populacional completa. População Domicílios Ano residente flutuante total ocupados ocasionais total 2010 60.759 62.510 123.269 19.841 19.841 39.682 2011 61.463 63.110 124.573 20.261 20.261 40.521 2012 62.167 63.709 125.876 20.680 20.680 41.360 2013 62.872 64.308 127.180 21.100 21.100 42.199 2014 63.576 64.908 128.484 21.519 21.519 43.038 2015 64.281 65.507 129.787 21.939 21.939 43.878 2016 64.784 65.847 130.631 22.263 22.263 44.527 2017 65.288 66.186 131.474 22.588 22.588 45.176 2018 65.791 66.526 132.317 22.913 22.913 45.826 2019 66.295 66.866 133.161 23.237 23.237 46.475 2020 66.799 67.205 134.004 23.562 23.562 47.124 2021 67.259 67.482 134.741 23.857 23.857 47.714 2022 67.719 67.759 135.478 24.152 24.152 48.303 2023 68.179 68.036 136.215 24.446 24.446 48.893 2024 68.639 68.313 136.952 24.741 24.741 49.482 2025 69.099 68.590 137.689 25.036 25.036 50.072 2026 69.461 68.605 138.065 25.270 25.270 50.540 2027 69.823 68.619 138.442 25.505 25.505 51.009 2028 70.185 68.634 138.819 25.739 25.739 51.478 2029 70.547 68.649 139.196 25.973 25.973 51.947 2030 70.909 68.664 139.573 26.208 26.208 52.415 2031 71.093 68.671 139.765 26.329 26.329 52.658 2032 71.278 68.679 139.957 26.450 26.450 52.900 2033 71.462 68.686 140.149 26.571 26.571 53.143 2034 71.647 68.694 140.341 26.693 26.693 53.385 2035 71.831 68.701 140.533 26.814 26.814 53.628 2036 71.925 68.705 140.630 26.876 26.876 53.751 2037 72.018 68.709 140.726 26.937 26.937 53.875 2038 72.111 68.712 140.823 26.999 26.999 53.998 2039 72.204 68.716 140.920 27.061 27.061 54.121 Fonte: Concremat Engenharia e Tecnologia S/A. RELATÓRIO R4 - PROPOSTA DO PLANO MUNICIPAL INTEGRADO DE SANEAMENTO BÁSICO – Peruíbe Observa-se que a projeção acima apresentada superestimou ligeiramente a população residente, que segundo o Censo Demográfico de 2010 era de 59.773 habitantes, enquanto o estudo apresentou população de 60.759 habitantes. Segundo esta projeção, a população residente cresceria em 28,8% até 2039, enquanto a população flutuante cresceria num ritmo menor atingindo 10% no mesmo período, resultando num acréscimo populacional total de 14% até 2039. 4 – INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SÓCIO POLÍTICA 4.1. Relações sociopolíticas em Peruíbe O mapeamento das organizações da sociedade civil de Peruíbe identificou 31 organizações civis, das quais 08 foram entrevistadas (entre junho e julho de 2012), além da presença na oficina (realizada no dia 18 de julho de 2012) de 27 pessoas pertencentes a 16 diferentes entidades. Dentre elas, encontram-se associações de moradores de bairro, organizações representativas de categorias profissionais, colônia de pescadores, associação de pesca artesanal, redes sócioassistenciais. É com base nas conversas, entrevistas, informações públicas disponíveis e debates estabelecidos junto a essa gama de atores que fazemos as ponderações e análises a respeito da sociedade civil organizada de Peruíbe. 4.1.1. A organização e articulação da Sociedade Civil A população de Peruíbe tem uma grande autoestima e um sentido de pertencimento em relação ao município, mesmo entre os migrantes que lá aportaram em busca de tranquilidade, sossego e de uma melhor qualidade de vida. Esse sentimento foi amplamente manifestado pelos participantes da pesquisa qualitativa e pelos entrevistados das organizações da sociedade civil. Nos debates e discussões nos espaços do processo de escuta, entre os moradores e lideranças das organizações, mesmo em meio às manifestações e avaliações mais críticas, sempre preponderou um senso de comprometimento e cuidado com o município e as suas perspectivas de futuro. Essa seja talvez também uma das características das organizações da sociedade civil de Peruíbe. Apesar da grande maioria dos moradores concentrarem-se na zona urbana, há um número significativo de comunidades rurais, localizados dentro ou no entorno das Unidades de Conservação referentes ao Parque Estadual da Serra do Mar, Estação Ecológica Juréia-Itatins e Área de Proteção Ambiental Federal Cananéia, Iguape e Peruíbe. Tanto na área urbana como na área rural encontram-se comunidades em condições de alta vulnerabilidade social. As comunidades que vivem dentro ou no entorno da Estação Ecológica Juréia-Itatins possuem identidade tradicional e seus moradores são, em sua maioria, caiçaras ou se identificam como tais. Ainda conservam os seus costumes, tradições e vivem da pesca, agricultura e do turismo. Já nas comunidades inseridas ou em áreas próximas ao Parque Estadual da Serra do Mar, encontram-se famílias que se autodenominam caiçaras, mas não formam a maioria. Aqui, vivem da agricultura familiar e parece que a [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 pesca não assume centralidade de suas práticas. Também sobrevivem do trabalho realizado na construção civil, como complemento da renda familiar. As comunidades de baixa renda que vivem em áreas urbanas de Peruíbe formaram-se, em sua grande maioria, em um processo de ocupações (chamadas também de invasões). Seus moradores vivem fundamentalmente da prestação de serviços e da construção civil, como faxineiras, pedreiros, pintores, etc. Outra atividade significativa nesses bairros é o pequeno comércio. (Fonte: Petrobras / Elaboração: Walm) Articulação e a questão ambiental Não constatamos, nas entrevistas e espaços de discussão com organizações da sociedade civil, a existência de espaços de articulação estruturados em Peruíbe. Parece-nos que as organizações estabelecem relações informais. O tamanho do município proporciona oportunidades para que as lideranças se conheçam e interajam cotidianamente. Ao que tudo indica a sua ação tem como foco as ações próprias de cada organização, e, os espaços participativos, em especial os conselhos de políticas públicas, constituem-se em espaços onde os representantes das organizações se encontram e interagem. Chama atenção porém como a temática ambiental mobiliza fortemente o debate e as discussões das organizações da sociedade civil, ainda que não seja objeto específico da sua atuação. Provavelmente porque impacta a vida das pessoas, das comunidades e do município, colocando limites e possibilidades ao desenvolvimento. As falas e debates revelam que a questão ambiental suscita diferentes interesses, disputas e concepções no seio da sociedade: “Em alguns lugares da Juréia nem fazer melhorias nas casas eles autorizam, mas, por outro lado, flexibilizam as regras para os grandes empreendimentos. Esta situação está prejudicando, inclusive, a área de construção civil a equalizar com a questão sustentável. Não é fácil, mas é urgente”. “As ONGs da vida bloqueiam os nosso trabalho aqui. Eles barram o nosso trabalho aqui. O problema tá nas pessoas pela sua falta de entendimentos. A gente tem boa vontade, ideias, mas patina quando se tenta propor. Não há interesse dos membros do conselho e também falta de entendimento e conservadorismo” (refere-se à questões ambientais que interferem em determinadas atividades na cidade Se não é possível identificar processos estruturados de articulação entre as organizações da sociedade civil no espaço urbano, é perceptível que entre as organizações das comunidades rurais existe uma articulação maior, especialmente nas comunidades que se encontram em áreas de proteção ambiental. Constatamos uma intensa organização e articulação das comunidades que se encontram no interior da Estação Ecológica da Juréia, impulsionados pela ameaça permanente de expulsão, remoção e precarização das condições de sobrevivência dos seus moradores, impostas pela restrita legislação ambiental. A abordagem e a condução no trato com as comunidades residentes em áreas de reserva, tem deflagrado uma cadeia de problemáticas relacionadas à moradia, infraestrutura e políticas públicas. A proibição da presença humana nas áreas delimitadas da reserva, prevista na lei da Estação Ecológica da Jureia-Itatins, tem provocado uma serie de conflitos decorrentes de diversos processos de remoção em curso. Este cenário impulsionou a criação da Associação União dos Moradores da Jureia, fundada em 1990, três anos após a criação da unidade de conservação. A Associação representa praticamente todos os grupos da Jureia, totalizando 13 comunidades, das quais cinco são localizadas no território de Peruíbe, ainda que, de acordo com a Associação da União dos Movimentos da Jureia, uma das comunidades da Barra do Una não se reconheça plenamente representada pela associação, em decorrência de intrigas provocadas possivelmente pela atuação do Governo do Estado na comunidade1, conforme observado nas falas a seguir: “Em Barra do Una o Governo fez tanta sacanagem, que ele dividiu para governar e acabou tendo alguns conflitos lá, onde os representantes entenderam que não queriam mais ser representados pela União dos Moradores e a gente respeitou e a partir de então, a gente não falou mais em nome da Barra do Una. Isso foi em 2009. Não é toda a comunidade que entende desta forma, em vários momentos a gente está junto, principalmente com os pescadores, mas tem algumas lideranças ligadas a associação da barra do Una que não se ligam a União.” Desde sua fundação, a Associação mantém um histórico de lutas pela permanência nas áreas, visando também garantir os direitos básicos e a identidade cultural dos habitantes da Jureia. Ao longo da sua trajetória de 22 anos, a Associação mantém um diálogo de avanços e retrocessos na interlocução com o Governo do Estado de São Paulo e indiretamente com a prefeitura da Peruíbe. Os intensos conflitos vividos pelas comunidades, levou a Associação ampliar o seu leque de articulação, com outras instituições como a Defensoria Pública e a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Desde 2009, a Defensoria tem apoiado estas comunidades em diversas demandas reprimidas ao longo do tempo: reformas de cômodos, colocação de telhas, instalação de luz elétrica, entre outros. Apesar do apoio da Defensoria Pública, os integrantes da União dos Moradores da Jureia compreenderam que a garantia plena de seus direitos à permanência e ao usufruto produtivo da terra só ocorreria pela mudança na Lei que institui a Estação Ecológica da Jureia. Desde então (2003/2004), a luta pela mudança na lei tem sido empreendida pelas lideranças com apoio de deputados estaduais, conforme verificado nas falas abaixo: “A gente não tem dinheiro para bancar advogado e conseguimos apoio da Defensoria representada por uma defensora muito legal, jovem...o que ela escreve, ela escreve com legitimidade e fundamentação. Desde que teve as primeiras discussões do Projeto de Lei (de mudança da lei que institui a Estação Ecológica), ela vem acompanhar...são poucas as comunidades que ela não conhece. “ “Aí, de 2003 para 2004 conhecemos dois deputados do estado de SP que se mostraram interessados e aí eles foram para as comunidades conhecer, ouvir os moradores e a partir daí houve uma intenção de apresentar um projeto de lei para mudar a lei em vigor. Isso deu legitimidade a um processo de diálogo entre a Associação dos Moradores e a Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado, porque até então, sem a presença dos deputados, isso nunca tinha acontecido.” Chama a atenção as poucas referências nas entrevistas em relação à situação das comunidades que se encontram nas áreas protegidas, o que pode significar um certo distanciamento entre as organizações urbanas e as comunidades tradicionais rurais. É necessário porém observar que, no âmbito da oficina com as organizações da sociedade civil, a questão das comunidades tradicionais que se encontram em situação dramática nas áreas protegidas, foram objeto de debate. Relação com o poder público Municipal e Estadual Em sua maioria as organizações parecem ter uma relação autônoma ou crítica em relação ao poder público municipal. No entanto determinadas entidades demonstram ter diálogo e parcerias com o governo local, executando serviços como o atendimento de famílias e crianças em condições de pobreza e encaminhando-as à rede dos serviços públicos locais (comunidades, escolas e hospitais). 1 Nas próximas etapas do projeto será importante ouvir a associação citada e que não se sente representada pela associação entrevistada. Isso enriquecerá o processo e nos dará elementos para entender o conjunto de conflitos dessa região. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “A gente pede ajuda para a prefeitura e um joga para o outro: ‘Ah, não posso fazer nada porque o Meio Ambiente (Sec.Estadual) não deixa....’” “Atendemos às demandas de mães por conta de lacunas em creches, berçários, as mães precisam trabalhar e não têm com quem deixar as crianças”. O governo do Estado é um ator determinante no municipio, tendo em vista a responsabilidade estadual na gestão ambiental em áreas protegidas por legislação estadual, motivo de grandes conflitos identificados junto à comunidades tradicionais. Considerando as limitações às suas condições de vida e a ameaça constante de expulsão da unidade de conservação, tem gerado uma postura crítica em relação às instâncias estaduais. A proximidade dos gestores da unidade de conservação parece ser proporcional à relação de maior ou menor diálogo estabelecida pelos gestores com a comunidade. Apesar de não identificarmos um espaço próprio e autônomo de organização e articulação da sociedade civil, constatamos a realização de um de encontro, em 2008, que buscou articular a sociedade civil, a iniciativa privada e o poder público, para criar um Pró-Fórum de Agenda 21 em Peruíbe. Em novembro de 2012, a Prefeitura de Peruíbe informou que não houve continuidade no processo, o qual ocorreu em função de período eleitoral. Ainda, segundo a Prefeitura, a demanda de participação na Agenda 21 não foi imposta pela sociedade, mas foi, sim, uma iniciativa do poder público. 4.2. Os Espaços de Gestão Participativa 4.2.1 Legislação Municipal Inicialmente, vale trazer os dispositivos legais relacionados ao processo legislativo de maneira geral no Município de Peruíbe. As leis ordinárias exigem, para sua aprovação, o voto favorável da maioria simples dos membros da Câmara (Artigo 33), enquanto as leis complementares devem ser aprovadas por maioria absoluta, podendo ser concernentes às seguintes matérias: I - Código Tributário do Município; II - Código de Obras e Edificações; III - Estatuto dos Servidores Municipais; IV - criação de cargos, empregos ou funções na Administração Direta ou Indireta; V - Plano Diretor do Município; VI - Zoneamento Urbano de uso e ocupação do solo; VII - concessão de serviço público; VIII - concessão de direito real de uso; IX - alienação de bens imóveis; X - aquisição de bens imóveis por doação com encargo; XI - autorização para obtenção de empréstimo pelo Município, observados os requisitos legais, em especial quanto ao atendimento ao que dispõe a Lei Complementar Federal 101, de 04 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal. (Artigo 32 –A, parágrafo único). A emenda à lei orgânica também pode ser requerida por um terço dos membros da Câmara e do prefeito. Em todo caso, deverá ser votada em dois turnos, com aprovação de dois terços dos membros da Câmara em ambos (Artigo 31, caput e incisos, e parágrafo primeiro). Observe-se que as sessões da Câmara e o voto em suas deliberações serão sempre públicos (Artigo 23-B e 25 da Lei Orgânica). Às comissões temporárias e permanentes, que forem constituídas pela Câmara, em razão da matéria de sua competência, cabe realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil ou pessoas de notória especialização, bem como receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas (Artigo 28, caput e parágrafo segundo, incisos I e IV da Lei Orgânica). Quanto à fiscalização sobre os aspectos contábil, financeiro, orçamentário, operacional e patrimonial que envolvem a atuação do Poder Público municipal, está assegurado o exame e apreciação das contas do Município por qualquer contribuinte, durante 60 dias, anualmente, sendo permitido o questionamento acerca de sua legitimidade (Artigo 48, parágrafo segundo da LOM), e qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar irregularidade perante a Câmara (Artigo 50, parágrafo segundo). Também está previsto pela Lei Orgânica que caso o município venha a realizar obras ou serviços de interesse comum através de convênio com o Estado, a União, entidades particulares, ou outros Municípios, deverá ser mantido um Conselho Fiscal, do qual participem munícipes não pertencentes ao serviço público, e um Conselho Consultivos integrado pelos municípios participantes e uma autoridade executiva (Artigo 88, caput e parágrafo segundo). A organização da administração do Governo Municipal de Peruíbe prevê que o exercício de suas atividades e a promoção de sua política de desenvolvimento urbano deve contar com a participação da coletividade (Artigo 77, caput, da Lei Orgânica). A gestão democrática da cidade é apontada expressamente como princípio fundamental pela legislação de Peruíbe e é regulado de maneira bastante detalhada pelo plano diretor que lhe dedica um Título próprio (art. 56 e seguintes, Lei complementar municipal nº 100/07). Por gestão pública ética e participativa compreende-se uma Administração Pública democrática, transparente, obedecendo aos princípios da primazia do interesse público, da legalidade, da impessoalidade da publicidade e da eficiência (art. 8º. Inciso IV c/c art. 12, plano diretor). É objetivo geral do plano diretor a promoção de processos participativos de controle social do planejamento e gestão social (art. 16, inciso XI, plano diretor). É, ainda, considerado como estratégia da Política Municipal de Qualificação da Gestão Municipal, o controle social sobre o monitoramento da aplicação, revisão e proposituras de alterações de normas e regras de uso, ocupação e urbanização do solo (art. 55, inciso IV, plano diretor). Tal como previsto nas diretrizes gerais do Estatuto da Cidade, o plano diretor consagra expressamente o princípio da gestão democrática por meio da participação da população e das associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano, bem como a cooperação entre os governos, iniciativa privada e demais setores da sociedade no processo de urbanização em atendimento ao interesse social (art. 7º, inciso II e III, plano diretor). Foi criado um Sistema Municipal de Planejamento e Gestão do Plano Diretor, que estabelece estruturas e processos de gestão democrática da cidade de forma sistêmica, transparente e permanente para que o planejamento e a gestão do município possam se dar de acordo com os princípios, políticas, estratégias e programas contidos ou decorrentes do Plano Diretor (art. 56). Esse sistema atua em diversos níveis - de formulação de princípios, objetivos e diretrizes da gestão municipal; de gerenciamento do Plano Diretor, de formulação e coordenação dos programas e projetos para a sua execução; de [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 monitoramento e controle da aplicação dos instrumentos urbanísticos e dos programas e projetos aprovados (art. 57, plano diretor)- e é composto por (art. 58): - Conferência da Cidade; - Conselho da Cidade; - Sistema de Informações Municipais; - Fundo de Desenvolvimento da Cidade; - Instrumentos de Participação Direta; - Conselhos Setoriais Os instrumentos de democratização da gestão urbana são (art. 180, plano diretor): - Conselhos municipais; - Fundos municipais; - Gestão orçamentária participativa; - Audiências e consultas públicas; - Conferências municipais; - Iniciativa popular de projetos de lei; - Referendo Popular e Plebiscito . A Lei Orgânica de Peruíbe determina que cabe à Câmara de Vereadores convocar o plebiscito e o referendo (art. 9º, XI). O projeto de lei de iniciativa popular deve ser apresentado à Câmara e subscrito por, no mínimo 5% do eleitorado municipal (Art. 39, LOM). Tais projetos de lei podem ter por objeto lei ordinária, complementar e emenda à lei orgânica, e deverão seguir a forma de tramitação determinada pelas normas de processo legislativo previstos na Lei Orgânica (arts. 35 e 39, LOM). Os conselhos, fundos e conferências, por sua vez, são regulados em diversos âmbitos das políticas públicas pela legislação municipal de Peruíbe. O Conselho da Cidade é vinculado à Secretaria Municipal de Planejamento, como órgão permanente e consultivo, nas questões de política pública, e deliberativo quanto ao Fundo de Desenvolvimento da Cidade (art. 63, plano diretor c/c Lei nº 2.643 de 2005) . O Conselho da Cidade é composto por 27 membros, sendo 11 representantes do Poder Público e 16 da sociedade civil (art. 64, plano diretor). A Conferência da Cidade é regulada de maneira bastante detalhada pelo plano diretor. Deve ocorrer ordinariamente no primeiro semestre de cada nova gestão municipal, ou extraordinariamente quando convocada pelo Conselho da Cidade, mas obrigatoriamente a cada dois anos e abertas à participação de todos os interessados (art. 77, plano diretor). Como atribuição da Conferência, vale destacar o processo de revisão do plano diretor (art. 78, plano diretor). As deliberações da Conferência, por sua vez, devem fundamentar a definição das diretrizes orçamentárias expressas no plano plurianual a ser elaborado no primeiro ano de cada mandato (art. 79, plano diretor). Para que seja convocada a Conferência, é necessário que o Poder Público em parceria com entidades da sociedade civil organize as Assembleias Municipais preparatórias, e abertas à participação de todos os cidadãos e cidadãs, sendo exigido pelo Plano Diretor que sejam realizadas em diferentes unidades de planejamento e que tenham sua pauta definida pelo Conselho da Cidade. Seu objetivo é informar, colher subsídios, debater, rever e analisar o conteúdo do Plano Diretor e deverão ocorrer nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades, públicos ou privados, com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população (arts. 80 a 83). Todas as intervenções nelas realizadas serão registradas por escrito e gravadas para acesso e divulgação públicos, e deverão constar nos processos referentes a licenciamento e/ou processos legislativos que lhe dão causa (art. 86). No âmbito da saúde, a Lei Orgânica prevê a conferência e o conselho municipal de saúde (art. 130, LOM). O conselho municipal de saúde foi criado pela Lei nº 1.396 de 1991 e tem como objetivo atuar na elaboração e controle das políticas de Saúde e na formulação, fiscalização e acompanhamento do Sistema Único de Saúde no Município. Esse Conselho é composto por 16 conselheiros, sendo 5 representantes do Governo, 2 representantes dos funcionários da rede pública, 1 representante dos prestadores de serviço e 8 representantes dos usuários. No que tange à política de Meio Ambiente, a preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente será feita pelo município com a participação da comunidade – sempre que isso for possível (Artigo 151 da Lei Orgânica), especialmente por meio da manutenção do Conselho Comunitário de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA), cujas atividades e funcionamento foram regulados pela Lei nº 1.238 de 1989 e especificadas pelo Decreto nº 1.244 de 1989. Há também um Fundo Municipal de Conservação, Proteção e defesa do Meio Ambiente de Peruíbe, cujas verbas deverão ser administradas pelo CONDEMA (Lei nº 1.686 de 1996). Importante destacar a previsão de elaboração e implementação da Agenda 21 no município, enquanto objetivo geral do Plano Diretor e da Política Municipal de Conservação, Preservação e Manutenção do Ambiente Natural e dos Bens Históricos Culturais (Artigo 16, inciso XVIII e 44, inciso III, do Plano Diretor), fruto do planejamento participativo para o estabelecimento de um pacto entre Poder Público e a sociedade, em prol do desenvolvimento sustentável. O prazo para que isso fosse feito foi até o final de 2008 (Artigo 244 do Plano Diretor), contudo, conforme pesquisa realizada pela equipe de comunicação institucional e comunitária, a Agenda 21 não se encontra em funcionamento no município. A política municipal de habitação também prevê um conselho municipal de habitação e um fundo de habitação de interesse social (art. 146, §4º, LOM; art. 53, plano diretor e Lei municipal nº 2.477 de 2003) O Conselho Gestor do Fundo de Habitação de Interesse Social – FHIS é composto por 18 membros, sendo 9 representantes da prefeitura, e 9 representantes da sociedade civil (Artigos 1º, 3º e 6º da referida Lei). A legislação de Peruíbe prevê ainda uma série de outros conselhos e fundos: Conselho e Fundo Conselho e Fundo Municipal de Esportes (art. 27, inciso VI, plano diretor; Lei municipal nº 2.673 de 2005); Conselho e Fundo Municipal de Turismo (art. 43, plano diretor; Lei nº 1.750 de 1997; Lei nº 1.395 de 1991) Conselho de Administração e Alimentação Escolar (Lei nº 2.077 de 2000), Conselho Antidrogas (Lei nº 2.210 de 2001 com alterações), Conselho de Assistência Social (Lei nº 1.667 de 1996), Fundo de Assistência Social (Lei nº 1.666 de 1996), Conselho das Associações Comunitárias (Lei nº 2.870 de 2007), Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (Lei nº 2.357 de 2002), Conselho Municipal de Contribuintes (Lei Complementar nº 078 de 2005), Conselho Municipal de Controle Social do Bolsa Família (Lei nº 2.665 de 2005), Conselho da Criança e do Adolescente (regulamentado pela Lei nº 1.418 de 1991, com alterações), Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Lei nº 1.658 de 1995; Decreto nº 2.638 de 2005), Fundo de Assistência à Cultura (Lei nº 1.855 de 1998), Conselho de Desenvolvimento Rural e Pesqueiro (Lei nº 3.033 de 2009; Decreto nº 3.375 de 2010), Fundo de Desenvolvimento Agropecuário (Lei nº 2.234/2001), Conselho de Expansão e Desenvolvimento Econômico (Lei Complementar nº 157 de 2010), Fundo de Desenvolvimento Metropolitano (Lei nº 1.812 de 1998), Conselho dos Direitos da Mulher (Lei nº 2.531 de 2004), Conselho de Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST/HIV/AIDS – COMAIDS (Lei nº 2.268 de 2002, com alterações), Conselho de Educação (Lei nº 1.771 de 1997, com alterações), Conselho Florestal (Lei nº 37 de 1961), Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação-Conselho do FUNDEB (Lei nº 2.844 de 2007 e regulamentado pelo Decreto nº 2.446 de 2004), Conselho do Idoso (Lei nº 1.775 de 1997, com alterações), Conselho da Juventude (Lei nº 3.067 de 2010), Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural (Lei nº [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 2.517 de 2004), Conselho para Assuntos das Pessoas Portadoras de Deficiência (Lei nº 2.081 de 2000), Fundo de Trânsito (Lei nº 2.120 de 2001; Decreto nº 2.665 de 2006). Todos os Conselhos têm na Casa dos Conselhos de Peruíbe João Evangelista Caldeira da Silva (Lei nº 2.802 de 2006), seu espaço de integração que será garantida à medida que formem uma "rede de trabalho" identificando tarefas em comum, auxiliando uns aos outros e mantendo o equilíbrio nos consensos dos diversos Conselhos (Artigo 4º, parágrafo único, Decreto municipal nº 2.905 de 2007). 4.2.2 Espaços de Gestão Participativa e seus Desafios A política de gestão participativa, no município de Peruíbe, parece se concentrar em torno dos Conselhos Municipais de Políticas Públicas. A cidade possui um número considerável desses espaços, abrangendo as mais diversas temáticas e totalizando 25 Conselhos municipais, número que parece superior à média de Conselhos existentes em outros municípios do litoral paulista. Entretanto, quando se procura maiores informações sobre esses espaços, no site da Prefeitura, chama atenção a ausência de dados importantes: se, por um lado, é possível consultar as legislações que instituíram os respectivos Conselhos, por outro, as suas funções e atribuições específicas, a composição de cada um desses espaços (com as organizações que os compõem), suas agendas de reuniões e a documentação de suas últimas resoluções e atividades não estão disponíveis ao público por essa ferramenta. O que existe é um link chamado ‘Casa dos Conselhos’, mas que não apresenta dados para contato, nem a lista dos Conselhos existentes e nem as informações importantes mencionadas acima. Atualmente, esse espaço virtual abriga somente algumas informações sobre o processo de eleição dos candidatos ao Conselho Tutelar da cidade. O site da Prefeitura de Peruíbe, de modo geral, é bem estruturado, claro e fornece informações úteis aos munícipes, assim como aos turistas (como links para os diversos roteiros e atrações turísticas e culturais de Peruíbe). Foi encontrado um serviço online para contato direto com a Ouvidoria Pública municipal, contendo as principais funções desse departamento (http:// www.peruibe2.sp.gov.br/municipe/index.html). O site fornece informações sobre os Secretários municipais, sobre as funções de suas respectivas Secretarias, bem como dados para contato. Existe um link específico para o Portal da Transparência do município (http:// www.peruibe2.sp.gov.br/servonline/cns_gerenciador_portal_transparencia/cns_gerenciador_portal_transparenc ia.php), obedecendo à Lei Complementar nº 131 de 2009, que acrescentou novos dispositivos à Lei de Responsabilidade Fiscal, para a qual Peruíbe seria legalmente obrigada a ter esse Portal instituído, uma vez que possui mais de 50 mil habitantes. O site também conta com um serviço de postagem de notícias sobre o município em sua página de abertura, bem como um link para a pesquisa de notícias postadas anteriormente (http://www.peruibe2.sp.gov.br/consulta_busca/index.php). Outro serviço importante e disponível online é o Boletim Oficial de Peruíbe (http://www.peruibe2.sp.gov.br/servonline/ cns_gerenciador_boletim_oficial/cns_gerenciador_boletim_oficial.php), que possui uma periodicidade relativamente regular, sendo possível encontrar edições anteriores. Por fim, existe também espaço específico para a consulta de legislações do município no site da Prefeitura (http://www.peruibe2.sp.gov.br/servonline/ cns_gerenciador_legislacao/cns_ gerenciador_legislacao.php). Seria apenas interessante instituir um mecanismo mais refinado de busca e de pesquisa dos conteúdos disponíveis no site (como um browser). O site da Câmara Municipal, por sua vez, é bem-estruturado e conta com seu próprio Portal da Transparência (http://www.camaraperuibe.sp.gov.br/portal_da_transparencia.php), bem como links para histórico de Legislaturas, consulta de legislações, apresentação dos Vereadores, vídeos das Sessões Ordinárias realizadas etc. Ainda que o site conte com uma ferramenta de busca, não foi encontrada uma página específica para postagem de notícias e para divulgação da agenda de atividades da Câmara. No tocante à disponibilização das legislações que instituíram os Conselhos, caberia um trabalho conjunto com o Executivo municipal, para sistematizar e disponibilizar, em uma única página (como a de “Casa dos Conselhos” no site da Prefeitura), as legislações de todos os Conselhos existentes. Tratando de espaços de gestão participativa e de mecanismos de transparência da gestão pública, é importante mencionar que Peruíbe parece não ter realizado a Conferência Municipal sobre Transparência e Controle Social (Consocial) no início de 2012, diferente da maioria dos municípios paulistas, mas à semelhança de alguns municípios do litoral sul da Baixada Santista (como Itanhaém e Praia Grande). A realização da Conferência teria sido de grande importância para o aprofundamento da temática no município. O conjunto das resoluções tiradas costuma lançar luz sobre os principais problemas locais relativos aos espaços de gestão participativa (por exemplo, os Conselhos municipais de Políticas Públicas) e à transparência no trato da gestão pública, possibilitando novas medidas formuladas democraticamente. Os assuntos debatidos, na Consocial, têm sido divididos em quatro eixos temáticos centrais, sendo eles: Promoção de Transparência Pública e Acesso à Informação e Dados Públicos (Eixo 1), Mecanismo de Controle social, Engajamento e Capacitação da Sociedade para o Controle da Gestão Pública (Eixo 2), Atuação dos Conselhos de Políticas Públicas como Instância de Controle (Eixo 3) e Diretrizes para Prevenção e Combate à Corrupção (Eixo 4). Dentro de cada eixo, são então aprovadas algumas propostas, encaminhadas depois às etapas estadual e federal. O Eixo 3, referente à atuação dos Conselhos municipais, seria especialmente ilustrativo das principais dificuldades encontradas hoje por esses espaços de gestão participativa no município, fornecendo um instrumental a mais para a análise desses problemas pela presente pesquisa. Tendo em vista a centralidade dos Conselhos de Políticas Publicas para a política de gestão participativa de Peruíbe, foi realizado um mapeamento desses espaços a partir dos dados oficiais disponíveis nos sites da Prefeitura e da Câmara e dos dados fornecidos pela gestão municipal. O resultado é esboçado, de forma sintética, no quadro anexo a este Relatório. Além das informações disponíveis nos sites, as informações disponibilizadas pelas organizações da sociedade civil, por meio das entrevistas, serviram para guiar a avaliação dos Conselhos. O quadro acima permite apontar e destacar algumas características, previstas nas legislações que os instituíram e no funcionamento que foi possível aferir, portanto, também através dos entrevistados. Parece que a totalidade dos Conselhos tem prevista uma composição paritária ou tripartite, o que sinaliza a intencionalidade de garantir uma representação equilibrada entre o Poder Público e a sociedade civil. É evidente que a previsão legal não é, por si só, garantidora da representatividade do conjunto da sociedade civil e do equilíbrio na participação entre sociedade civil e Estado. Entretanto, pode-se afirmar que a maior parte dos Conselhos municipais de Peruíbe possui uma composição numericamente igualitária entre Poder Público e sociedade civil ou tende a reservar mais assentos aos representantes da sociedade civil. Exceção deve ser feita apenas ao Conselho de Contribuintes, cuja lei estabelece quatro assentos ao Poder Público contra somente três da sociedade civil. É importante destacar que as legislações de alguns Conselhos importantes (como o de Defesa do Meio Ambiente, o da Cidade e o de Expansão e Desenvolvimento Industrial e Comercial) não explicitam qual deve ser a sua composição interna. O caráter de boa parte dos Conselhos parece ser deliberativo. Formalmente, portanto, a maioria dos Conselhos teria o poder de propor e deliberar sobre as políticas públicas a serem implementadas nas respectivas temáticas. Entretanto, alguns Conselhos importantes para o município são, por lei, consultivos. É o caso dos Conselhos: de Defesa do Meio Ambiente, da Cidade, das Associações Comunitárias, de Expansão e Desenvolvimento Industrial e Comercial e de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural. Para alguns interlocutores da sociedade civil seria importante garantir a natureza deliberativa desses Conselhos por lei, para que a população possa participar, de fato, da formulação de suas respectivas políticas públicas e suscitou certa insatisfação: “Tem Conselho de Educação, Saúde, Segurança Alimentar, Cultura, Turismo... Conselho aqui é que não falta, mas é tudo à moda da casa: se interessar ao comandante geral...”. Está prevista uma periodicidade mensal para as reuniões ordinárias de quase todos os Conselhos, por lei, além de possíveis reuniões extraordinárias. Todavia, o tema do funcionamento interno das reuniões também levantou [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 certo incômodo por parte de alguns dos entrevistados da sociedade civil. Houve quem se queixasse do baixo grau de resultado alcançado pelas discussões dos conselheiros: ”São muitas cabeças, muitas ideias, é muito difícil colocá-las em prática. Cada um quer ir para um lado e acaba não saindo nada”. No que diz respeito ainda ao funcionamento dos Conselhos, vale ressaltar que pouquíssimos desses espaços devem ser, por lei, presididos pelo Poder Público (fato que parece se diferenciar bastante das legislações de outros municípios do litoral paulista). Esse tipo de previsão legal (que designa a presidência ao Poder Público de antemão) costuma ser apontado como um impeditivo à plena autonomia dos Conselhos municipais, influindo sobre o seu real poder deliberativo. Além disso, costuma sinalizar a importância estratégica assumida por certos Conselhos municipais. No caso de Peruíbe, são ilustrativos dessa característica legal apenas o Conselho de Defesa do Meio Ambiente ("O CONDEMA terá um presidente que será o responsável pela área de Meio Ambiente no Município”) e o Conselho de Contribuintes ("O Presidente, o Vice-Presidente e o Secretário do Conselho Municipal de Contribuintes serão escolhidos pelo Prefeito Municipal dentre os representantes do Poder Executivo"). No que tange a representação da sociedade civil, a insuficiência de informações oficiais disponíveis não tornou possível um mapeamento mais aprofundado da composição da sociedade civil de cada Conselho. Esse ponto seria importante para constatar a existência, ou não, de alguns problemas representativos importantes, tais como: a ausência de organizações oriundas de comunidades do meio popular, a concentração da representação da sociedade civil em poucas organizações ou a participação de organizações que só existam formalmente, girando em torno de indivíduos, além de outros desvios de representação. Cabe fazer uma menção positiva, entretanto, às legislações que instituíram o Conselho da Juventude e o Conselho para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência, ao preverem assentos específicos para o segmento da população que pretendem defender (nesse caso, para as pessoas portadoras de alguma deficiência e para os jovens), e não apenas para as entidades que prestam algum serviço voltado a esse segmento. A infraestrutura necessária à realização das atividades dos Conselhos não foi apontada como um ponto crítico ao funcionamento dos Conselhos de Peruíbe durante as entrevistas realizadas. Em outros municípios do litoral paulista, esse ponto foi mais explorado nas Conferências Municipais sobre Transparência e Controle Social. À primeira vista, partindo das legislações que os instituíram, pelo menos, quase a metade dos Conselhos (doze, precisamente) dependeria do apoio administrativo e material das Secretarias às quais são vinculados, não prevendo nenhuma dotação orçamentária própria por lei. Tal dependência também costuma estar associada ao baixo grau de autonomia desse tipo de espaço participativo, sendo desejável uma maior autonomia financeira por parte dos Conselhos, para que possam realizar seus objetivos. Os outros treze Conselhos não têm prevista expressamente, em suas legislações, a origem da infraestrutura necessária ao seu funcionamento. Contudo, foi identificada a existência de uma Casa dos Conselhos em Peruíbe, instituída em 25 de agosto de 2006. Segundo o seu regimento interno, a Casa dos Conselhos pretende ser um espaço aberto à sociedade civil, que sirva à integração entre os Conselhos, além de lhes fornecer o necessário apoio às suas atividades: “(...) sala administrativa com um funcionário para atendimento aos demais conselhos e respectivas comissões, sendo o mesmo responsável pelos problemas que ocorrerão e passando os mesmos ao Gabinete do Prefeito; sala de plantões; sala de reuniões; sala de arquivos organizados para a acomodação dos diversos documentos dos conselhos”. O regimento também prevê que a “Casa dos Conselhos manterá um link na página da Prefeitura que deverá estar atualizada com informações dos vários Conselhos que a compõem”. No entanto, como foi visto acima, esse link com informações atualizadas sobre os Conselhos não estaria em pleno funcionamento, prejudicando a divulgação das atividades desses espaços de gestão participativa e o consequente controle social por parte da população local. É importante destacar que vários Conselhos de Peruíbe (pelo menos, nove) têm previsto como atribuição específica, nas legislações que os instituíram, a convocação e proposição de Conferências públicas municipais, instrumentos importantes para a definição democrática das grandes diretrizes de suas respectivas políticas públicas, que serão implementadas no município, através da participação de todos os segmentos relacionados com a temática. Seria importante, nesse sentido, explicitar essa atribuição nas legislações que instituíram os demais Conselhos, garantindo-lhes essa autonomia. Não foi possível aferir o grau de incidência dos Conselhos no Orçamento Público, devido à insuficiência de dados oficiais disponíveis ou de dados aos quais foi possível ter acesso. Pôde ser identificado apenas que cerca de nove dos 25 Conselhos possuem um Fundo próprio. O Conselho para Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência e o Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, por sua vez, são os únicos a estabelecerem legalmente, enquanto uma de suas atribuições (respectivamente): "acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária do município, sugerindo as modificações necessárias à consecução da política municipal para inclusão da pessoa com deficiência" e "sugerir sobre o orçamento municipal destinado à assistência social, saúde e educação, bem como ao funcionamento dos Conselhos Tutelares, indicando as modificações necessárias à consecução da política formulada". Entretanto, pode-se afirmar que a capacidade e a possibilidade dos Conselhos de intervirem, no Orçamento Público, perpassa também a criação de espaços públicos específicos para esse fim, que possibilitem a participação e a intervenção da sociedade na definição e na priorização de políticas, no âmbito do processo orçamentário (através, por exemplo, do “Orçamento Participativo”, instrumento amplamente conhecido no país). Por fim, não foi possível atestar a existência, ou não, de atividades formativas regulares e sistemáticas para os conselheiros, nem de iniciativa da sociedade civil, nem do Poder Público. Esse ponto deverá ser objeto de posterior averiguação por parte da presente pesquisa. Contudo, vale ressaltar que a capacidade de discutir e de interferir nas políticas públicas, o conhecimento sobre o processo orçamentário, o conhecimento da temática tratada pelo respectivo Conselho, bem como da questão da autonomia, da representação e da representatividade, se apresentam como temáticas importantes para os processos formativos a serem desencadeados, fortalecendo a atuação dos conselheiros nos seus espaços e o funcionamento dos Conselhos consequentemente. 4.3. Leitura Comunitária: Visão do Município e os Desafios para o Desenvolvimento Sustentável O olhar da sociedade civil organizada e dos moradores pela Pesquisa de Opinião As considerações, abaixo, resultam do processo de escuta realizado com grupos organizados da sociedade civil e moradores da população não organizada do município. Foram realizadas entrevistas e uma Oficina Pública. Além disso, foi realizada uma pesquisa qualitativa junto a dois grupos de moradores de Peruíbe dos segmentos C e D. As reflexões a seguir foram extraídas do material recolhido, compilado e sistematizado ao longo deste processo de escuta. Tais reflexões apresentam um esboço das principais questões e visões existentes sobre o município, a gestão pública, as políticas públicas, as perspectivas de desenvolvimento, a atuação da Petrobras e os possíveis impactos dos grandes projetos previstos para a região. Procuramos explicitar no texto os diferentes pontos de vista dos mais variados segmentos entrevistados e os interesses diversos evidenciados pelos mesmos, sempre a partir de uma perspectiva democrática e inclusiva, no sentido de considerar legítimas todas as opiniões colocadas, ainda que contraditórias. 4.3.1. Peruíbe e a Gestão Pública De acordo com os participantes dos grupos de pesquisa e interlocutores da sociedade civil organizada, o município de Peruíbe valoriza-se pela alta concentração de atributos naturais: belas praias, montanhas, cachoeiras, rios e uma ótima qualidade do ar. Este conjunto de recursos tem atraído um número considerável de [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 migrantes ao município em busca de uma melhor qualidade de vida. Além disso, o baixo custo de vida e do preço da terra também constituem fatores atraentes ao alto fluxo migratório de Peruíbe, como se verifica nas falas coletadas abaixo: “Para mim, é a cidade mais tranquila do litoral todo (...) é a que tem menos ocorrência policial (...) menos poluição (...) tem, natureza, sossego.” “Aqui se vive bem também porque a cidade é muito gostosa, a gente tem ar puro, pelo que eu ouvi dizer, o ar dessa cidade é o terceiro melhor do mundo. Você vai indo daqui e quando chega em Mongaguá parece que o ar já vai sufocando. Praia Grande é pior ainda.” “Peruíbe é um lugar bom para morar (...) para criar aqui teus filhos é bom (...) o bom é que aqui é muito sossegado, deu 7 horas da noite você não vê mais ninguém na rua, eu durmo com a janela aberta...” “É sossegado, eu não saio muito, mas tem cinema, tem a pracinha, cachoeira, tem a praia (...) é o conjunto: junta a parte da natureza com a parte da tranquilidade e com as atrações. Você pega um Perequê, pega uns pontos da cidade que muitos lugares não têm, como uma orla de praia, um ponto turístico igual o Guaraú com ruínas, então tem uns pontos que realmente são bonitos (...) tem a lama negra (...) eu gosto daqui, toda vez que saí de Peruíbe, voltei, toda vez que eu tentei ir pra fora, eu voltei.” “E o custo de vida aqui é muito mais baixo que Santos que São Vicente, Praia Grande. Um apartamento aqui hoje está valendo na faixa de 120 mil perto da praia. Se você for em Santos está valendo 300 mil. Naquele prédio grande ali, você paga 90 mil. Nas outras cidades, por esse valor você não acha.” Ao lado da visão positiva do município e da preocupação permanente com o seu futuro, os moradores e interlocutores entrevistados apontam limites na gestão e na implementação das políticas públicas. Na percepção dos interlocutores da sociedade civil organizada, a gestão pública é marcada pela falta de planejamento, especialmente para o desenvolvimento do turismo, sua principal fonte renda. A infraestrutura insuficiente e os problemas na implementação das políticas públicas, também são associados à falta de planejamento e capacidade de gestão, como se verifica nas falas a seguir: “O turismo não é planejado. Não existem políticas para o desenvolvimento do turismo.” “Faltam profissionais neste setor, que não tem... [na área de planejamento]” “Vários diagnósticos sobre o turismo já foram feitos e engavetados pelo poder público”. “A gente tá vendo que a cidade está fugindo pelo meio dos dedos. É preciso olhar para a cidade”. “É preciso fazer um mapeamento para identificar os problemas da cidade. Os cargos públicos para pensar as políticas públicas locais não tem bagagem técnica”. “A nossa região com este crescimento todo tem que se preparar o turismo, a parte de infraestrutura. Não há desenvolvimento aqui”. Os interlocutores também apontam deficiência no diálogo com as demais esferas do poder público (governo federal e estadual) para gerir de forma mais adequada a questão ambiental, considerada uma temática importante a ser equacionada para o desenvolvimento sustentável de Peruíbe, por ser restritiva demais em determinadas situações e permissiva em outras, autorizando por exemplo grandes empreendimentos ou atividades que não deveriam ser permitidas. A camada mais pobre da população seria a mais penalizada pela condução inadequada da gestão ambiental por parte dos órgãos governamentais. Nos conflitos que envolvem há anos as comunidades e o Governo do Estado, com a criação da estação ecológica da Juréia, tem reclamações que se voltam para a gestão pública municipal. As comunidades demandam da gestão municipal uma postura mais contundente de defesa das comunidades que lá residem há muito tempo e que vêm sofrendo a precarização da sua condição de vida e a permanente ameaça de expulsão, como fica claro nas falas a seguir: “Falta diálogo entre as gestões locais com as outras esferas do poder público (estadual e federal) para exploração do território”. “A gente pede ajuda para a prefeitura e um joga para o outro: ‘Ah, não posso fazer nada porque o Meio Ambiente (Sec.Estadual) não deixa....’” “Essa é uma discussão complexa por causa dos grandes empreendimentos, que trazem enormes prejuízos tanto quanto os de baixa renda. No Guaraú, que fica dentro da Estação Ecológica da Juréia, por deficiência do poder público, hora tudo pode, hora nada pode”. “A prefeitura nunca assumiu esta briga (conflitos entre moradores da Jureia e Governo do Estado) como deveria, já que se tratam de munícipes. Eles sempre ficaram mais alheios. Apoiam, mas apoiam de um jeito assistencialista. De partir para o embate, isso nunca fizeram e por conhecer a realidade muito bem , poderiam ajudar neste sentido político.” 4.3.2. Políticas Públicas Para os entrevistados, as políticas públicas são deficientes, frente às necessidades colocadas com o crescimento da população e pela demandas de um município turístico. A estrutura municipal para a prestação dos serviços permanece a mesma a muitos anos, sem investimentos necessários e com uma prática administrativa defasada, conforme fica claro nas falas abaixo: “Serviços públicos são deficientes. A população cresceu, mas a estrutura continua a mesma de 30 anos atrás. Não dá conta”. “A gente tem impactos já, tem coisas que estão incomodando a gente, que são coisas de cidade grande e o município continua com aquela mentalidade da década de 80. Parece que tá sofrendo um retrocesso.” “O turismo precisa ser implementado com investimentos do poder público, senão o turista vai embora e o que fica para nós é somente a ‘lixarada’ que deixam.” A saúde é um grave problema em Peruíbe, destacado tanto pela sociedade civil organizada como pela pesquisa qualitativa. Além da precariedade na infraestrutura e a baixa qualidade do atendimento e da resolutividade do serviço, há ainda escassez de especialidades clínicas que provoca o deslocamento de pacientes às cidades vizinhas em busca de atendimento mais adequado, principalmente para problemas complexos não ofertados pelo de serviço de saúde de Peruíbe. As críticas não se restringem ao SUS, mas incluem igualmente os convênios. São muitos os relatos sobre problemas existentes, sinalizando o quanto as deficiências do serviço afligem os moradores e destoam do perfil de uma cidade que se destaca pela sua qualidade de vida. A ausência de atendimento emergencial e a demora no atendimento de ambulância engrossam as reclamações, como se verifica nas falas a seguir: “O que temos aqui é um PS, porque eu passei na Praia Grande e aquilo sim é um hospital. Aqui é um PS, chama AMA, mas não é não, é um PS. O que tem dentro da AMA foi doado por um empresário, não foi a Prefeitura não.” “Se você mora em Caraguava, onde eu moro, você tem que passar no postinho para ele encaminhar você para ir no Pronto Socorro (...) mas se você tiver uma emergência nem te atende lá. Quebrou a perna vai para o Pronto Socorro, mas ali eles te mandam para fora. Por isso que eu falo que não é um hospital, é só um Pronto Socorro (...) se tiver uma encrenca feia tem que ir para fora, é transferido. Aí, vai para onde tiver vaga. Em Itanhaém tem o hospital regional, em Praia Grande tem o hospital lá que aquela irmã Dulce parece que fez, depois vem Santos que é a Santa Casa.” [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “A saúde dessa cidade é uma vergonha. Ontem mesmo eu passei mal e quando a médica foi me atender, ela estava no telefone falando sobre a cortina da casa dela e eu na cadeira passando mal, esperando ela terminar de conversar no telefone para ela me atender (...) se você ficar doente, pode ter o dinheiro que for, você não é atendido. Aqui no prédio eu socorro muita gente, eles pagam mil reais de convênio, um convênio caro e chega onde atende convênio e está escrito: ‘não atendemos emergência’ (...) minha filha com 7 aninhos teve um inchaço no rosto, com febre de 40 graus e o médico disse que eram gases.” “Quando eu tenho que ir para lá no médico eu tenho até medo. Você nunca sabe o que vão fazer (...) você não pode ficar doente aqui.” “A saúde é precária tanto na zona rural, quanto na zona central. A saúde é um lixo. Nos últimos anos a saúde não teve melhora nenhuma. Teve uma promessa de melhoria com a inauguração de uma UPA – não tinha nenhuma – vai ter uma AME – nós chamamos até de Amem! Nós tivemos umas ambulâncias. Quando veio o SAMU, as ambulâncias do município desapareceram; não sabemos nem onde está guardada. Então, a saúde aqui é um fracasso.” “Só tem uma neuro que atende crianças no município e a demanda é muito volumosa.” “Não tem psicólogo infantil no município. A demanda é muito grande. Existe um convenio com a APAE em São Paulo que oferece atendimento às crianças desde que estejam devidamente matriculadas na escola.” “Saúde aqui em problema. Aqui não tem ambulância. O SAMU demora cerca de 40 a 50 minutos para atender.” “Infraestrutura de atendimento infantil é precária e contribui para alta mortalidade infantil.” “O que mais precisa aqui em termos de saúde são as especialidades que não tem. Uma parte fica em Santos, outra na Praia Grande e a outra em São Paulo.” A situação da saúde nas áreas rurais mais afastadas, apontada como precária tanto quanto na área urbana, é agravada pelas dificuldades de acesso, a indisponibilidade de profissionais da saúde que atendam regularmente e de medicamentos nos postos de saúde, como verificado nas falas seguintes: “Outro dia, um compadre foi mordido por uma jararaca e não tinha soro aqui no posto da comunidade. Ele levou mais de seis horas para conseguir subir a estrada para o centro da cidade. Não sei como ele não morreu! Aqui a gente não pode nem ser mordido por bicho, senão morre!” “O médico é toda quarta-feira, mas é um fracasso na verdade...não tem remédio neste posto. É só dipirona e diclofenaco. O médico chega, não fica 40 minutos e já tem que sair.” Alguns apontam a existência de investimentos em saúde no município, porém ressaltam a dependência de recursos federais. “A saúde está sendo investida, mas os investimentos não são da cidade, são do governo federal. Você vê novos postos sendo construídos, como o UPA”. “Claro que há fragilidade, como em todo o país, a saúde é um problema nacional, mas, aqui, estão investindo, visivelmente”. De uma maneira geral a educação, de responsabilidade municipal é considerada satisfatória, tanto pelos grupos da pesquisa de opinião como pelos interlocutores da sociedade civil organizada. Apesar disso, alguns interlocutores frisam a necessidade do aumento de vagas em creches e se queixam da queda da qualidade de ensino ocorrida a partir da 5ª série, faixa de ensino sob responsabilidade do Governo do Estado. O fato de haver uma Universidade, ainda que particular, no município, é visto com bons olhos pelos cidadãos de Peruíbe. “O básico tem, não tem problema de vaga, tem material escolar, uniforme (...) aqui não é uma Brastemp, mas em vista das outras cidades... Praia Grande, São Vicente, eu tenho muito parente que mora lá, eu vejo os meninos que estudam lá, eles não ganham uniforme.” “Acho que escola tem bastante para estudar (...) até a 4ª série, eu acho que é legal. A partir da 5ª série em diante, aí começa a ser falho.” “A educação até que é boa, a questão eu pega mesmo aqui é saúde”. “De um tempo para cá tem até faculdade. Aumentaram até um curso esse ano. Agora vai ter direito.” Apesar do preço da terra e dos imóveis em Peruíbe ser considerado baixo, quando comparado aos preços praticados em outros municípios da região, a moradia constitui-se em preocupação recorrente entre os entrevistados. Um dos problemas apontados pelos representantes de organizações da sociedade civil, é a precariedade das habitações nas regiões periféricas, “depois da linha do trem”, que se encontram em áreas de risco, sujeitos à enchentes e outros problemas. Comenta-se da existência de um conjunto habitacional financiado pelo CDHU, construído em área de mangue, o que gera alagamentos constantes, ilustrando o cenário de descaso na questão habitacional para a população de baixa renda. “Eu nunca vi assentar casas em áreas de mangue! Inunda sempre!” “Habitação é um problema. Tem muita gente morando em situações desfavoráveis, em bairros periféricos, em situação de risco.” “Depois da linha do trem é que se concentra a força trabalhadora, morando, muitas vezes, em locais e casas inadequadas”. Quando o assunto são as ocupações irregulares os interlocutores das organizações apontam que este é um problema que não se restringe às moradias da população de baixa renda, mas também à empreendimentos imobiliários de alta renda. Comentam que a legislação e a fiscalização inflexível para moradias da população de baixa renda, que se encontram em áreas de preservação, é mais flexível e permissiva quando se trata de condomínios de alto padrão, ainda que estes também se encontrem em áreas de preservação, conforme as falas a seguir: “O problema é que existem ‘ocupações regulares’, com alvará e tudo, que estão em áreas de preservação, aí o dinheiro falou mais alto. Temos a mania de nos referir aos problemas referentes à moradia somente em relação à população de baixa renda e isso é injusto”. “Em alguns lugares da Juréia nem fazer melhorias nas casas eles autorizam, mas, por outro lado, flexibilizam as regras para os grandes empreendimentos. Esta situação está prejudicando, inclusive, a área de construção civil a equalizar com a questão sustentável. Não é fácil, mas é urgente”. Associado a esta temática aparece a discussão sobre o modelo de construção habitacional no município. O processo de desenvolvimento no litoral e a busca pela tranqüilidade e qualidade de vida oferecida pelo município, estaria atraindo, de forma crescente, o interesse imobiliário, voltado para segmentos mais ricos que estariam procurando a cidade. Segundo interlocutores da sociedade civil organizada, o aumento de condomínios fechados e a pressão por empreendimentos verticalizados na orla, atualmente proibidos por lei, está cada vez mais forte no município. Consideram que este modelo não é bom e adequado para Peruíbe. “Há um modelo de habitação de grande porte que são os condomínios. Existem muitos condomínios fechados e isso não é um bom modelo”. “O interesse imobiliário é muito grande e teremos dificuldade em brecar esses empreendimentos. Até quando a população terá forças para brecar tais empreendimentos? Há uma lei que protege a orla no que se refere às construções, mas até quando a população conseguirá segurar quando chegar um grande empreendimento?” [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 O padrão de distribuição das habitações nas faixas de renda mais alta, majoritariamente de veraneio, se concentram mais na orla da praia, enquanto que as habitações da faixa de renda mais baixa, se encontram nas regiões mais periféricas, “depois da linha do trem”, mais desprovidas de serviços e infraestrutura. Esta situação de distribuição das moradias pelas diferentes faixas de renda, foi apontada pelos interlocutores como característica predominante na cidade. “Aqui (centro) deve ter meia dúzia de moradores, o resto é tudo casa de veraneio, segunda residência.” “Os tipos de habitação são bem diferentes. Na faixa da orla, como em todas as cidades de praia, concentram-se casas de luxo, na faixa intermediária, mora a classe média, vamos dizer os pequenos comerciantes, etc. Também tem os condomínios luxuosos, mas, as casas dos trabalhadores, ficam, majoritariamente, depois da linha do trem”. Outra dificuldade freqüente, citada pelos entrevistados da pesquisa e pelas entidades, como um problema da cidade e mais incidente em bairros periféricos, são as enchentes, no geral relacionadas às chuvas de verão e ao fenômeno das marés e da cheia do Rio Preto. As enchentes interferem fortemente na vida da cidade, inclusive na normalidade da atividade escolar, o que fica claro nas próximas falas destacadas: “Enchente é um problema sério em épocas de chuva. Em bairros mais periféricos, os alagamentos impedem a circulação da população.” “Os materiais para os alunos são entregues depois de março pra causa das chuvas e das enchentes.” “Quando chove forte, ao invés da mãe vir buscar o filho pra levar pra casa, ela liga pra escola pro filho ficar na escola mais um pouco para depois buscá-lo. As enchentes impossibilitam a circulação da gente!” “Enchente e saneamento básico é problema. De uns 2, 3 anos para cá, sempre do dia 1º de janeiro até o dia 15 acontece alguma coisa com a chuva, todo ano tem enchente.” “Aqui tem enchente. Sobe a maré, sei lá, enche uma parte de Caraguava, não é todo, onde eu moro não enche (...) é porque estamos ao redor do rio, de praia. O Rio Preto desagua aqui no porto. Esse rio corta todos os bairros, vem lá de Vila Erminda, vai até Caraguava, entra pela Veneza, Jardim Brasil. Jardim Brasil e Veneza enche mais porque o rio passa muito próximo.” A questão do saneamento básico também se destaca nas falas. Comenta-se que está em curso a ampliação da rede, mas a situação em alguns bairros segue precária. “Saneamento básico está começando a ter. Faz pouco tempo, pelo que eu vejo de alguns bairros, faz pouco tempo que começou. Onde a minha mãe mora, isso é novo.” “Esgoto estão fazendo, agora que eles estão fazendo (...) tem lugares que ainda não tem (...) mas é novo, recente, ainda não pode usar. Não pode nem ligar, está sendo feito mesmo (...) mas você passa ali na avenida da Erminda, até esgoto de fossa tem na avenida ali, porque não tem saneamento básico ainda. Tudo bem, mas aí eles estão jogando a fossa já na rua, você passa ali é insuportável quando o sol esquenta.” A Segurança Pública também é alvo de muitas críticas e parece estar associada ao consumo e tráfico de drogas que envolvem os jovens de Peruíbe. Alguns interlocutores chegaram a mencionar que a violência aumentou na região da Baixada devido ao deslocamento de traficantes, decorrente da pacificação das favelas do Rio de Janeiro. “Tem acontecido muita onda de assalto. São adolescentes assaltando. Dependendo do horário é meio complicado chegar em casa sem solicitar o guarda da rua.” “Uma das coisas que enfraqueceram o turismo foi a questão da violência.” “O consumo e o tráfico de droga aumentou. Depois que pacificaram as favelas do rio o fluxo de tráfico tem vindo para esta região.” A questão da mobilidade urbana é outra temática recorrente na fala dos interlocutores das organizações da sociedade civil. A bicicleta é apontada como um meio de transporte bastante utilizado na cidade, principalmente pelos trabalhadores que vivem nas regiões periféricas da cidade. A falta de cobertura do transporte público nos bairros periféricos seria um dos motivos para o amplo uso das bicicletas. As ciclovias são consideradas satisfatórias, pelo menos na orla e nas principais avenidas. “As linhas de ônibus não suprem toda a malha de região, onde os trabalhadores moram, por isso usam a bicicleta como principal transporte”. “A cidade tem uma cobertura satisfatória de ciclovias (praia e principais avenidas). As bicicletas são muito utilizadas pelos trabalhadores do município, por ser tudo plano e porque eles preferem a bicicleta a terem o desconto, no salário, do vale transporte”. “Você vê muitos ônibus passando vazios por aqui. Não sei como a empresa de ônibus, ganha dinheiro com isso”. Há comentários de que Peruíbe já vive problemas relacionados ao congestionamento de suas principais vias. Atribui-se isso a falta de planejamento do trânsito no que se refere ao número excessivo de faróis e ao fluxo intenso provocado pelo movimento das grandes redes varejistas instaladas no município. “As lojas de departamento invadiram a cidade. É uma questão também, dificulta mobilidade.” “Nosso município é um município pequeno, mas eu percebo as dificuldades de circulação . A gente tem vários faróis que causam pequenas paralisações.” É das comunidades rurais, principalmente daquelas situadas nas unidades de conservação, a reclamação mais contundente no que se refere à dificuldades de mobilidade dentro do município. Além da circulação limitada de ônibus nestas regiões (três vezes ao dia), as precárias condições de acesso, principalmente pela não preservação das estradas, são o principal motivo pelas grandes dificuldades de locomoção destas comunidades. A comunidade de pescadores em Barra do Una vive esta dificuldade diariamente. O rigoroso controle ambiental e desresponsabilização dos gestores do parque e do município com a manutenção da estrada , gera, na avaliação destas comunidades, grandes dificuldades para a sobrevivência, a comunicação e o acesso aos serviços de saúde e educação, como se verifica nas próximas falas: “A estrada é básica. Toda sobrevivência passa por lá.” “Sem esta estrada, não temos médico, não temos professores que vêm lecionar para os alunos, não tem como...” “A educação é boa no município. O problema é chegar até a escola.” “São 23 km de estrada e a prefeitura arrumou quatro caminhões de cascalho para atender a demanda da população local. Isso não dá conta de arrumar a estrada!” “A cada manutenção que a prefeitura faz da estrada, promove-se a retirada de camada terra o que faz com que a terra afunde, provocando alagamentos na estrada porque fica abaixo do nível normal de terra.” Em uma cidade qualificada pela boa qualidade de vida, não houve menções enfáticas no que diz respeito aos aspectos de lazer e cultura. Apesar de o município dispor de equipamentos e projetos culturais aparentemente satisfatórios (biblioteca, cinema, locadoras de vídeo, teatro etc), o aspecto cultural mais destacado pelos interlocutores está na forte presença de caiçaras no município. É interessante notar que esta identidade é reconhecida pela própria população que, à exceção da parcela de migrantes, se denomina caiçara. A autodenominação preserva e perpetua práticas tradicionais desta cultura. No estudo elaborado pela Petrobras, através da empresa Walm, nota-se que todas as comunidades e bairros visitados conservam uma ou mais atividades típicas da cultura caiçara, como a agricultura de subsistência e a pesca. Além das atividades regulares desta cultura, algumas comunidades ainda mantêm as práticas artesanais das confecções de redes de pesca, canoas, remos; além das atividades festivas, como o Reisado, Folias de Reis, Fandango e Quadrilha. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “A cultura caiçara é uma cultura muito rica porque ela vem de três culturas diferentes (africana, indígena e europeia)”. As poucas oportunidades de emprego, não chegam a contaminar a imagem positiva da cidade, mas despontam como uma de suas fragilidades. Nem todos, nos grupos de pesquisa, se queixam quanto a isso, mas apontam para a pouca oferta de empregos permanentes e/ou mais qualificados, haja visto o êxodo de jovens, citado por vários participantes como um forte traço da cidade. Segundo eles, os jovens saem em busca de trabalho e de estudo. É na baixa temporada turística que se vive na cidade de Peruíbe momentos de maior tranquilidade e paz, características tão exaltadas e valorizadas pelo os interlocutores. No entanto, na avaliação de entrevistados da entidades, é também o momento da baixa oferta de empregos. A sazonalidade de trabalho associada à atividade turística indica uma preocupação por parte dos entrevistados “Aqui moram muitos aposentados. Eles estão aqui só para descansar no finzinho da vida, ter uma qualidade de vida melhor. Os jovens vem porque o lugar é muito gostoso, aqui é um clima muito bacana. Só que não tem mais jovens aqui porque as pessoas que nascem aqui vão embora por causa do emprego” “É bom para se viver aqui, para se morar, mas para se manter... (...) são poucos lugares que registram o pessoal aqui. No caso da marmoraria onde eu trabalho, se tiver três ou quatro é muito (...) tem as empreiteiras da SABESP que estão trabalhando aqui, mas é serviço temporário. Acabou aqui, eles vão para outra cidade.” “Aqui se ganha menos, mas se tem uma vida melhor (...) aqui você vive com pouco” . “Quem segura Peruíbe são os turistas (...) o ruim é só na temporada, a cidade enche bastante, aí ninguém conhece ninguém. Acabou a temporada, os turistas vão embora e a cidade fica tranquila (...) mas acabou a temporada, o serviço também fica precário. Por exemplo, eu faço pinturas residenciais e agora estou cheio de serviço, estou até dispensando serviço que não tem como fazer porque sou um só. Mas aí, passou o carnaval, você fica terminando aquele serviço que já pegou. Depois disso, tu fica aí, não tem nada e você tem que ir para São Paulo trabalhar fora e depois voltar.” Ao abordar o tema do emprego, os olhares não caminham numa mesma e única direção. As distintas visões expressam a tensão entre crescimento e qualidade de vida, aspecto que, como já citado acima, permeou boa parte das discussões em ambos os grupos de pesquisa e é retomada com força na discussão sobre o Porto, como veremos mais adiante. 4.3.3. Questão Ambiental - O Dilema de Peruíbe entre crescer e preservar o meio ambiente e qualidade de vida O município de Peruíbe dispõe de cerca de 75% do seu território em áreas de proteção ambiental divididas em três unidades de conservação: Parque Estadual da Serra do Mar, Estação Ecológica da Jureia-Itatins e Área de Proteção Ambiental Federal Cananéia, Iguape Peruíbe (APA-CIP). Desta característica do município decorre a percepção amplamente majoritária de que Peruíbe é um local bom e tranquilo para se viver, com muitas belezas naturais e por isso muito valorizada pelos seus habitantes. A preservação da natureza é vista como importante para preservar a qualidade de vida, o ar puro, citados pelos entrevistados como importantes atributos. Nesta percepção é valorizada e apoiada a atuação de fiscalização do IBAMA, para garantir a preservação da natureza. Porém ao mesmo tempo e as vezes na mesma fala, a rigidez da legislação ambiental é percebida como algo que penaliza a população local e como um impeditivo ao desenvolvimento do município. Nesta percepção a atuação dos órgãos ambientais é tida como muito forte e exagerada. Por isso a questão ambiental se constitui em uma contradição na vida do município. Ora é percebido como um dos seus grandes atributos, ora é percebido como a vilã que impede o crescimento. Em algumas falas a rigidez da legislação, que impede a expansão urbana, é apontada como responsável pelo processo de verticalização da cidade, possibilidade não bem vista por vários interlocutores, especialmente na orla da praia. A preservação da mata atlântica aparece como uma missão onde Peruíbe tem a contribuir, para que não aconteça a destruição que ocorreu em outros lugares no país, como se verifica a seguir: “Para mim, é a cidade mais tranquila do litoral todo (...) é a que tem menos ocorrência policial (...) menos poluição (...) tem, natureza, sossego”. “Eu acho que aqui o IBAMA pega pesado, ele não deixa entrar com coisas no meio da cidade se tiver que mexer com árvore. Tem uma preservação das árvores, não é igual nas outras cidades que você vê que eles vão desmatando tudo (...) uma única árvore tem proteção, tem que pedir para tirar. Eu acho isso muito bacana (...) eu também acho que é muito bom! (...) é bom e não é. É bom para a natureza, mas é ruim para a gente. Por exemplo, se você compra e vai pagando o seu terreninho e na hora que você vai meter a faca no negócio aparece a Florestal e o cara passou 4, 5 anos pagando aquilo lá, aí é ruim, não é?”. “Mas para a cidade é bom. Porque ainda que tenha que desmatar uma área para fazer uma empresa, uma indústria, eu acho que ainda é bom ter as árvores, é melhor para nós que moramos aqui. E daqui a pouco não vai ter verde mais e tem áreas muito lindas aqui (...) tanto que na praia não pode fazer prédio (...) agora que foi liberado fazer prédio com mais de 14 andares, mas na avenida da praia não pode ter”. “O problema do nosso município hoje pra ele andar é em relação a meio ambiente. Precisa fazer um planejamento ambiental. Estamos com vários lotes amarrados.” “A questão ambiental vai segurando a expansão territorial da cidade e isso acaba influenciando na verticalização, porque a cidade está crescendo. A verticalização aqui é um tema muito delicado, muito polêmico. A nossa cidade é muito horizontalizada e isso é muito valorizado numa cidade. O problema é que temos áreas de preservação muito grandes.” “Mas tem outro lado que a gente tem que observar também. A mata atlântica foi dizimada em quase todo o Brasil. As áreas de mangue foram ocupadas também. O que houve foi um erro de ocupação e temos passado por isso. Quanto a Guaraú, acho sim que tem de haver um certo controle, se não vai ter uma expansão desregulada que nem aconteceu nos morros de Santos”. Na esteira da discussão ambiental nos grupos de pesquisa qualitativa, a proposta de construção de um Porto no Município de Peruíbe, pelo grupo empresarial de Eike Batista, exemplifica bem o dilema que se coloca para o município e a sua população, entre a preservação ambiental e desenvolvimento local. Comenta-se que tal Porto gerou fortes expectativas na população, mas foi embargado pelo IBAMA e pela luta dos indígenas que se posicionaram fortemente contra, em razão do projeto prever a ocupação de parte de seu território. Interessante notar que embora esse empreendimento seja visto como um forte gerador de empregos, em ambos os grupos da pesquisa de opinião a tendência foi apoiar o embargo, em nome da preservação do meio ambiente e às vezes em nome da causa indígena. 12 121. Na percepção da população que participou da pesquisa qualitativa, a paralisação do processo de construção do Porto Brasil se deu a partir de um embargo. Porém, segundo pesquisa realizada e informações do Município de Peruíbe, tal embargo não teria ocrrido. Segundo o Município, “certa vez uma audiência pública organizada pela SMA, com o objetivo de listar o que deveria constar no Termo de Referência do EIA-RIMA, foi suspensa judicialmente, assim que foi iniciada (havia público superior a 1000 pessoas formalmente presentes, provalvemente o maior número reunido em um evento deste tipo na cidade), por conta da área a ser objeto de demarcação de terra indígena em andamento (promovida pela FUNAI junto ao MPF). Também não houve avanços na expectativa do empreendedor emr evertar a situação da demarcação junto à FUNAI (pelo contrário, o empreendimento foi fato acelerador do processo). O motivo formal da desistência do empreendedor em outubro de 2008 (ou suspensão temporária, como sustentam algumas pessoas, motivo pelo qual o assunto ainda continua na pauta de algumas discussões) foi a quebra das bolsas que aconteceu no mês anterior, o que provocou o início da [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “O que eu estou sabendo é que tinha a construção de um porto no início da cidade, porém dizem que o maior empecilho foi o IBAMA junto com índios e outras coisas mais. Mas o maior foi o IBAMA que barrou a construção porque ia destruir uma boa parte da natureza. Dizem que o IBAMA caiu matando e foi bloqueada a construção que o Eike Batista iria financiar (...) Já no meu caso, eu sabia que o IBAMA barrou porque o porto ia ser construído nas terras indígenas que tem aqui. Então fizeram um acordo para colocar em outra terra, só que os índios novos aceitaram, mas os índios velhos não aceitaram (...) os velhos sabem qual o valor da cultura das gerações deles” “Na minha opinião, eu acho que o IBAMA está certo porque os índios velhos não quiseram sair, eles sabem da cultura deles, a gente tem que preservar a natureza e a cultura deles tem que ser preservada. Não pode passar por cima dos índios” “Foi o meio ambiente que impediu (...) e os índios, que aí entraram na historia porque ia atravessar a aldeia (...) teve bomba, os índios brigaram, pegaram gente como refém, deu briga feia aqui.” “Porto: primeiramente foi especulação. Segundo, ia degradar e impactar demais a área. Eram 55 milhões de metros quadrados, o impacto era muito grande.” Na oficina realizada com as organizações da sociedade civil a discussão ambiental focou na necessidade de superar e equacionar a ambigüidade da questão ambiental no município, do “ser bom” e “ruim” ao mesmo tempo. A pergunta esboçada no debate é se de fato o problema reside na questão ambiental em si e nas restrições de sua legislação ou se o problema reside na forma e na capacidade de lidar adequadamente com a questão. Levanta-se a suspeita de que a contradição reside mais na forma como se lida com a gestão ambiental. “Concordo certamente que as restrições têm essa questão ambígua: vilã e salvadora. Mas aí eu pergunto, será que é realmente esse o problema na nossa sustentabilidade? Moro em Peruíbe há 30 anos e tem muitas áreas que já eram abertas e não são bem utilizadas, trabalhadas, até hoje. Será que é realmente um entrave a legislação ou é a falta de pessoas instrumentalizadas, com conhecimento técnico pra lidar com a gestão dessa legislação?” “Vamos pensar uma coisa: risca essa restrição ambiental. A gente vai ter todos os problemas resolvidos?” Efetivamente várias entrevistas com lideranças de organizações e entidades, assim como nos trabalhos da própria oficina apontaram contradições e paradoxos na gestão ambiental realizada no âmbito do município. Os entrevistados apontaram fragilidades e contradições na gestão ambiental que revelam conflitos de interesses na interpretação das leis e na execução dos pareceres técnicos em relação à exploração dos loteamentos de regiões próximas às faixas protegidas e de flexibilização da legislação para permitir grandes empreendimentos. Além disso, questiona-se a qualificação dos técnicos que apresentam os laudos que estabelecem as restrições e o alto valor cobrado para emissão destes pareceres, estimulando a ocupação irregular. Nas comunidades em áreas de preservação, a interpretação restritiva da legislação tem gerado um processo profundo de degradação das condições de vida e de subsistência, mesmo para moradores cujas famílias lá residem a centenas de anos, como demonstram as falas seguintes: crise financeira munidla, a fuga de capitais para investimento das bolsas e valores e a consequente inviabilização do projeto, que dependia em parte destes recursos voláteis”. “Da linha prá cá tá praticamente desmatado, mas da linha prá lá estão todos [os loteamentos] praticamente cobertos de mata. São loteamentos licenciados pela Cetesb e autorizados pelo município...” “Há falta de vontade política. Existe uma lei que diz que Peruíbe não pode ter empresa poluente. Mas existe uma empresa altamente poluente aqui e ninguém fala disso: a Termac, que produz asfalto, o que é altamente tóxico. Tem várias pessoas que moram próximas, idosos. Tem uma escola de primeira à quarta série. Tem dias que a gente não consegue respirar. Tem dia que a gente acorda de madrugada com aquele cheiro. Já busquei ajuda do departamento do meio ambiente e eles dizem que tem autorização pra trabalhar lá. Enquanto isso a população continua sendo castigada. Então, eu não entendo essa lei de meio ambiente, que quer tirar o pessoal lá da Barra do Una e não tira a empresa que está poluindo a cidade”. “Se pegarem a gente com saco de cimento na guarita do Parque, não passa. É proibido. Você não pode remendar nada. A minha casa tá com lona cobrindo o teto porque a gente não pode passar com telha.” “O gestor do parque (Governo do Estado) diz que autoriza as melhorias na estrada, mas a Prefeitura alega que o meio ambiente (Secretaria Estadual) não permite.” A situação vivida pelas comunidades residentes dentro da Estação Ecológica da Jureia-Itatins, exemplifica de forma contundente as contradições da legislação ambiental e da condução da gestão ambiental no âmbito do município. O difícil acesso comunidade do Barra do Una revela o alto grau de isolamento e as condições precárias de vida de seus moradores, que lá vivem há pelo menos 400 anos, sempre cultivando o modo de vida típico caiçara, através da pesca e a agricultura de subsistência. No entanto, desde 1987, ano da instituição da Estação Ecológica da Jureia-Itatins, pelo Governo do Estado de São Paulo, uma série de restrições foram impostas ao modo de vida daquela comunidade. Segundo a União dos Moradores da Jureia-Itatins, a estação ecológica é uma forma de unidade de conservação das mais restritivas, que pela legislação, além de não consentir moradores em sua área, não permite quaisquer atividades de exploração, como pesca, agricultura, caça ou extrativismo, assim como a prática do turismo. Desde então, as restrições têm impactado as dinâmicas destas comunidades, precarizando suas vidas. “Os ambientalistas, junto com o Governo do Estado, uma liderança dentro da secretaria, vieram pra cá e começaram a vender uma imagem de Santuário Ecológico e que todo mundo ia ficar bem, que ia ter trabalho para todo mundo, que os filhos não precisariam ir embora para as cidades grandes, venderam a maior mentira do mundo, e implantaram a Estação Ecológica de cima para baixo, inicialmente numa área bem menor, mais próxima da área da Usina Nuclear que ia ser construída na época e que onde constrói a usina, tem que ter uma estação ecológica para ser mais restrito, né? Para não ter população...Uma política de exclusão, de ficar com estas áreas mais privilegiadas, porque o litoral é uma área privilegiada.” Atualmente os moradores de Barra do Una sobrevivem da pesca, permitida em áreas delimitadas no rio local pelo gestor da unidade de conservação. De acordo com os interlocutores da comunidade, o diálogo com o atual diretor da Estação Ecológica da Jureia se faz com mais frequência e abertura no âmbito do conselho gestor do Parque, critério obrigatório pela Lei do SNUC, instituída em 2002. Contudo, esta relação nem sempre se deu desta forma. De acordo com os relatos, as gestões anteriores foram marcadas por um forte perfil opressor. Conta-se que durante algumas gestões, os próprios diretores e técnicos faziam o monitoramento do parque com práticas repressivas pautadas em invasões domiciliares, apreensão de apetrechos de pesca etc. Comenta-se a respeito de uma das estratégias do governo em dissolver os moradores da comunidade provocada por intrigas entre os próprios habitantes. “Antigamente tinha gestores absolutamente repressivos, que juntavam os seus funcionários e invadiam as casas das pessoas, abriam panela para ver se não tinha carne de caça...” “Teve uma época que o Governo do Estado conseguiu recurso de uma empresa da Alemanha para contratar lideranças para desmobilizar, em um momento em que a comunidade estava se mobilizando, lutando para poder [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 fazer roça, lutando para poder levar energia para Barra do Una, e eles foram cooptando as lideranças, iludindo-as com promessas de trabalho para família e aí vestiram a comunidade de guarda-parque, deram arma, coturno...e aí, eu que era sua vizinha, passei a ser seu capataz. E depois, quando acabaram os contratos, estas pessoas não tinham mais trabalho e perderam credibilidade junto à comunidade e também não tinha mais as suas atividades culturais porque deixaram de plantar, de caçar, pescar etc. Isso em toda Jureia. Em algumas comunidades mais forte, outras, nem tanto...” A permanente luta pelo direito de permanecer no parque, passou a ter o apoio decisivo da defensoria pública e de parlamentares da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Passaram então a lutar, a partir de 2003/2004, pela mudança da lei que rege a Estação Ecológica. A primeira sugestão de lei apresentada não foi aceita. Depois, montou-se um grupo de trabalho para discutir a proposta. Até que em 2006, chegou-se em uma proposição cujo desenho não atendia todas as comunidades, mas contemplava as duas maiores da Barra do Una e o Despraiado. O projeto previa uma mudança na lei que instituía um tipo de reserva que permitisse a presença humana e os modos de vida praticados por aquela cultura caiçara. À época, as lideranças acreditavam que aquela determinação poderia oferecer um tempo de tranquilidade para desenvolver a experiência das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), praticadas na Amazônia e até então, não desenvolvidas na Mata Atlântica. Trata-se de áreas naturais que abrigam populações tradicionais, cujas existências baseiam-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. “Então a gente foi incorporando o que já tem de positivo e foi trazendo para cá. Com esta perspectiva de trazer a mudança da lei para as duas comunidades e continuar lutando pelas outras, a gente aceitou em 2006. Sempre com o foco de lutar pelo coletivo todo da Jureia. E fomos para a votação e foi aprovada a Lei criando o mosaico de unidade de conservação da jureia. E aí mudaram todo o contexto, criaram duas RDSs, dois parques e a maior área ficou para a Estação Ecológica ainda. Mas tudo isso tudo só mudou bastante no papel.” A mudança na lei institui conselhos e diretores para cada reserva do mosaico. Promoveu-se também a contratação de universidades e institutos de pesquisa para a elaboração do plano de manejo voltado às RDSs. Entretanto, em 2009, o Ministério Público Estadual entrou com uma ação de inconstitucionalidade da lei, argumentando fundamentação insuficiente e que sua apresentação deveria ter sido enviada pelo Executivo. A lei durou de 2006 a 2009, derrubando o mosaico de reservas e reestabelecendo o território original da Estação Ecológica da Jureia. A comunidade, no entanto, insistiu junto às autoridades do Governo buscando justificar os recursos destinados à elaboração dos estudos do plano de manejo que ficaram inconclusos. Diante disso, em 2010, o Governo decidiu apresentar uma nova proposta de lei discutida junto ao CONSEMA- Conselho de Meio Ambiente Estadual em duas audiências, nas quais um novo projeto foi apresentado pelo Executivo. Segundo a Associação, o projeto tinha o mesmo desenho da proposta anterior, porém com a redução de área destinada à comunidade de Barra do Una e a exclusão do rio local onde os habitantes pescam e tiram o seu principal sustento. Esta proposta foi contestada pelas lideranças e a partir de então, a União dos Moradores vislumbraram a possibilidade de contemplar todas as comunidades neste novo projeto de lei discutido no âmbito do CONSEMA. Porém, logo depois, em período eleitoral, todo o processo foi abandonado, sem alguma devolutiva às comunidades. Neste período de paralisação, o Ministério Público Estadual, através do GAEMA –Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente, entra com uma ação contra a Secretaria do Meio Ambiente/ Instituto Florestal, para a remoção dos moradores de Jureia em até 120 dias, endossada pelo juiz de Peruíbe. Nesta época, as comunidades já recebiam o apoio da Defensoria Pública que emitiu um mandato de segurança coletivo, caçando a liminar. “Num primeiro momento deu uma tranquilizada e num segundo momento, a gente perdeu esta tranquilidade porque este juiz não entende nada de comunidades tradicionais, porque para ele estas comunidades não têm direito líquido e certo.” O Estado então recorreu pedindo o agravo e conseguiu o prazo de um ano para a remoção. À época em que a entrevista foi realizada, o prazo do agravo tinha vencido recentemente, o que gerou um sentimento de angústia, mas também uma rápida mobilização entre as lideranças. “O prazo do agravo venceu agora dia 07 de julho e a gente ficou apavorado com esta história do Pinheirinho. A gente achou que fosse acontecer uma desgraça. E aí a gente começou a denunciar, a chamar a mídia. E por outro lado, na Barra do Una tem uma outra ação que é específica da Barra do Una que é esta que estão demolindo casas, uma ação individualizada que estão citando nominalmente. Então tudo isso deu uma caldo para a gente denunciar na mídia (impressa de santos, da Baixada, de Peruíbe). E aí repercutiu um pouco pra gente uma forma de se defender, de chamar a atenção.” Além dos recursos midiáticos, diante dos processos nominais em curso, os moradores têm se munido de instrumentos jurídicos e argumentos pautados nos estudos antropológicos que buscam reconhecer os povos da Jureia em comunidades tradicionais, o que garante a legitimidade de permanência. Contudo, neste intervalo entre a paralisação da discussão de 2010 para um novo projeto de lei e os processos que correm atualmente, o atual Secretário do Meio Ambiente, no inicio deste ano, apresentou à Assembleia o mesmo projeto de lei (de 2006) e pediu votação em regime de urgência, sem a convocação das lideranças da Jureia. Os mesmos deputados envolvidos com as comunidades a chamaram e exigiram audiências públicas que aconteceram em três edições, realizadas nos municípios de Iguape, Peruíbe e São Paulo, no primeiro semestre de 2012. Este processo gerou uma nova proposta que retoma o texto do projeto original, ampliando a área para as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), além de propor uma emenda prevê que o PL 60/2012 se adeque à legislação federal que trata da política sustentável das comunidades tradicionais. No final de junho deste ano, houve uma conversa entre as lideranças da União dos Moradores da Juréia e o Secretário Estadual do Meio Ambiente que convocou técnicos para a análise de pareceres que resultaram em uma nova proposta de RDS, agrupando praticamente todas as comunidades da Jureia. A previsão para votação deste projeto de lei foi colocada para inicio de agosto. Vale destacar que apesar de toda a luta empreendida e a perspectiva da eminente conquista dos direitos à moradia e à identidade cultural da população da Jureia, ainda sim, todo este processo de precariedade gerou a expulsão de muitos moradores para áreas periféricas de Peruíbe e municípios vizinhos. “Por conta da precariedade das moradias na Jureia e a impossibilidade de conserto, muitas pessoas estão tendo que morar na cidade em barraquinhos da periferia de Peruíbe. Você sai com a mão na frente e outra atrás. O governo está sendo o maior especulador imobiliário. Você não consegue ter as necessidades básicas como saúde e educação e aí você vai abandonando, né?” 4.3.4. Potencialidades e Perspectivas para o Desenvolvimento Sustentável Assim como em outras questões discutidas nos grupos de pesquisa e pelos interlocutores da sociedade civil organizada de Peruíbe, a fala sobre o desenvolvimento também é permeado pelo dilema crescimento versus preservação. O desenvolvimento sempre está intimamente associado e condicionado a preservação da qualidade vida, atribuída aos bons ares da cidade, ao cotidiano tranqüilo e a sua bela natureza. As informações levantadas nos grupos de pesquisa e interlocutores da sociedade civil, revelam que, à diferença dos demais municípios integrantes do projeto, em Peruíbe a discussão sobre crescer e/ou preservar parece se mostrar mais forte e explícita. Ela permeou boa parte do discurso dos entrevistados. A hipótese explicativa mais plausível é que somente agora, num período mais recente, é que a cidade se deparou com projetos de magnitude e com forte potencial de impacto na dinâmica e no imaginário da cidade e as discussões em torno da temática seguem vivas na agenda dos moradores. Talvez isso explique a centralidade desse tema junto aos entrevistados e [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 a contundência dos argumentos acionados para se posicionar frente à questão. É interessante registrar que a temática e a discussão em torno aos grandes projetos – Porto Brasil e Pré-sal – foram mais intensos nos grupos de pesquisa do que nas entrevistas e discussões realizadas com os interlocutores das organizações da sociedade civil, onde a temática ambiental foi objeto de debate mais intenso. Este dilema é recorrente entre a parcela da população que migrou para Peruíbe, majoritária nos grupos de pesquisa, em busca destas qualidades. Quando colocada frente ao dilema de crescer, comprometendo a qualidade de vida, e não crescer, porém mantendo a qualidade de vida, a tendência geral é optar pela segunda alternativa. O receio de afetar a qualidade de vida atual, prepondera. Entre as organizações da sociedade civil o dilema crescimento versus qualidade de vida também está presente. Porém percebe-se uma ênfase maior na necessidade de alavancar o desenvolvimento no município, sempre majoritariamente numa perspectiva sustentável e inclusiva de desenvolvimento, e não num desenvolvimento a qualquer custo, como fica demonstrado nas falas a seguir: “Peruíbe não é a cidade de uma boa renda, mas é de uma boa qualidade de vida. Seu eu não quisesse ter uma boa qualidade de vida, eu já estaria em Santa Catarina ou em São Paulo exercendo a minha função, ganhando R$ 2500 por mês. Hoje eu estou ganhando abaixo disso, mas com qualidade de vida. Se for para prejudicar, é melhor a gente ficar como está.” “E as pessoas que gostam de trabalhar em empresas grandes, essas coisas aí, fiquem à vontade para sair, para se retirar.” “Eu não aguentava mais São Paulo. Estava doente, estressado e o trânsito era insuportável! Eu estou aqui há dez anos e não saio nunca mais. Vou à capital somente quando é extremamente necessário. A qualidade de vida aqui é única!” “Aqui é o interiorzinho do litoral. É muito tranquilo!” “Tem muita gente que se aposenta e vem para cá. É uma cidade tranquila com perfil para acolher idosos!” “Eu sinceramente não acho que vai ser bom (o desenvolvimento impulsionado pelo Pré-sal), vai ser ótimo para a cidade economicamente falando. Lógico que a gente precisa pensar na economia da cidade, porque a gente vive nela, mas eu particularmente prefiro a cidade do jeito que ela está. Se todo mundo tivesse emprego, poderia continuar assim, porque a cidade está quietinha, deixa aqui com clima de interior porque estamos vivendo bem.”) “Aumentou a população e deveria haver incentivo do poder público para trazer empresas que não poluem o meio ambiente como forma de desenvolvimento, como, por exemplo, empresas de confecção, de produção de alimento, de beneficiamento do pescado, etc.”. “Se o poder público proporcionar a construção de um polo industrial, com empresas não poluentes, o comércio, por exemplo, seria incrementado. Hoje, muitos fecharam as portas por não conseguirem concorrer com os grandes comerciantes. Não vamos voltar o tempo atrás, então, temos que fazer de forma sustentável”. É unânime entre os entrevistados da sociedade civil organizada que o atual estágio de desenvolvimento de Peruíbe está muito aquém das suas potencialidades. Para enfrentar isso propõe a diversificação das atividades como uma estratégia importante para incrementar o desenvolvimento do município, articulando as diversas modalidades de turismo, fortalecendo o comércio, atraindo empresas compatíveis com um desenvolvimento sustentável, atraindo universidades que invistam na pesquisa, resgatando e fortalecendo a cultura caiçara, fortalecendo a atividade da pesca artesanal e exploração sustentável das áreas de preservação ambiental. “Diversificar as atividades, é uma saída. Turismo, pesca, construção civil etc.”. ”Sempre que se fala em desenvolvimento, fala-se do turismo e não é só isso. Nossa principal vocação deve ser pensada de forma sustentável. A perspectiva de desenvolvimento fica centrada nessa questão [turismo], mas tem que discuti-lo, de forma abrangente”. “Não sei identificar, qual é exatamente, o potencial de desenvolvimento da cidade mas, tenho certeza que a diversificação das atividades deve ser adotada, por todos.” “O interesse de todos (Contur) é aumentar o fluxo de atividades econômicas da cidade, só que são muitas cabeças, muitas idéias, é muito difícil coloca-las em prática. Cada um quer ir para um lado e acaba não saindo nada”. “Potencializar as várias vocações que o município tem é uma boa estratégia, até porque temos muita gente boa em várias áreas de atividades. Só não podemos variar muito, porque a cada administração o gestor elege uma atividade predominante. Uma hora é cidade das flores aí muda o prefeito e vira a cidade da música, da cultura caiçara e por aí vai...”. “Para que haja a sustentabilidade do comercio e da cidade, é preciso diversificar os negócios. É preciso ter mente aberta para diversificar, criar novas possibilidades”. Isso é desenvolvimento” “Universidades na cidade devem ser consideradas como possibilidade de desenvolvimento, já que fomenta a pesquisa e evitaria que as pessoas tivessem que sair do município para estudar em outra cidade e acabar levando a sabedoria para esses lugares”. “O fortalecimento de nossa cultura pode ser olhado como potencial, mas não há política pública que pensa em cultura, educação, etc. Tem gente que tá indo embora porque a cidade não oferece nada para a comunidade”. “Se a vocação é o turismo, a pesca, como poderemos incluir no currículo escolar esses temas para que a população se aproprie dessa cultura e fortaleça a sua identidade?” A visão sobre o que venha a ser um desenvolvimento sustentável foi objeto de debate no âmbito das organizações da sociedade civil. Indicam que o conceito de sustentabilidade muitas vezes pode ser apropriado de forma inadequada, por empresas e instituições que justamente agridem o meio ambiente. No contexto de Peruíbe, onde existem aplicações contraditórias da legislação ambiental, o termo pode ser compreendido de forma muito reducionista, restringindo-se a idéia de conservação ambiental. Porém os próprios interlocutores indicaram que o desenvolvimento para ser sustentável deve ser construído em múltiplos pilares, onde as dimensões econômicas, sociais, culturais e ambientais devem se articular de forma equilibrada. Idéias como desenvolvimento “inclusivo”, “valorização da cultura local”, “garantia dos direitos”, “qualidade de vida”, entre outros, presente em entrevistas e em debates ratificam esta perspectiva. “Pessoas que pesquisam acham que o termo ‘desenvolvimento’ junto com a palavra sustentável é, no mínimo, dúbio. Uma cidade como a nossa, tão carente de desenvolvimento, arvora-se a discuti-la como sustentável”. “Essa palavra sustentável e um incógnita, o que de fato ela significa?” “Você vê as empresas que mais agridem o meio ambiente usarem a palavra sustentável como slogan”. “O presidente da Ong SOS Mata Atlântica é o maior plantadora de eucalipto no Paraná e usa a questão sustentável como slogan e mote da entidade”. “A população tem uma visão de desenvolvimento inclusivo, menos impactante para a cidade”. “O fortalecimento da educação e da cultura para garantir a valorização de seus modelos e não de valores de fora e, sobretudo, dos direitos básicos garantidos se não, estaremos discutindo o ‘sexo dos anjos’, ao invés de desenvolvimento sustentável”. “Agregar valor a atividades sustentáveis é outra coisa que deve ser levada em conta, como possibilidade de desenvolvimento”. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A perspectiva de enveredar por um caminho de desenvolvimento sustentável demanda, de acordo com os interlocutores da sociedade civil organizada, o enfrentamento e a superação de fragilidades no âmbito do município. Entre elas destacam-se: a) Falta de planejamento da gestão municipal e falta de infraestrutura, principalmente no que diz respeito ao turismo; b) Incoerências e contradições na gestão ambiental no âmbito do município e diálogo insuficiente sobre a questão ambiental entre as esferas municipal, estadual e federal; c) Falta de empregos qualificados e empregos muito sazonais, dependentes do veraneio; d) Serviços públicos deficientes para o atendimento à população, que vem crescendo na cidade; As principais potencialidades e perspectivas de desenvolvimento sustentável de Peruíbe, apontado pelos interlocutores das organizações da sociedade civil e participantes dos grupos de pesquisa foram o turismo, o comércio e construção civil, as oportunidades abertas pelos grandes projetos (Pré-sal, Porto), a valorização da cultura das comunidades tradicionais, a pesca artesanal e agricultura. O Turismo - Vocação a ser diversificada A vocação turística de Peruíbe é apontada como a característica mais importante do município entre todos os segmentos entrevistados, tanto pela sociedade civil organizada, como pelos grupos de pesquisa de opinião. Suas belas praias, cachoeiras, rios, parques, reservas, montanhas e a presença de comunidades tradicionais constituem um conjunto de atrativos que a tornam a sua principal potencialidade para alavancar o seu desenvolvimento e fazem de Peruíbe uma Estância Turística, título concedido pelo Governo do Estado de São Paulo a municípios que apresentam características turísticas e determinados requisitos. Apesar desta titulação, a “importância” desta vocação é evidenciada, na percepção dos interlocutores, destacando a insuficiência no desenvolvimento desta atividade no município, tendo em vista a multiplicidade de potencialidades que o município oferece. É consensual de que ao turismo não é dada a devida atenção que deveria receber por parte da gestão municipal em termos de planejamento, investimento, infraestrutura e divulgação. A dependência quase que exclusiva do veraneio, sazonal e restrito à temporada, que limita e precariza o trabalho da população, é apontado como uma das suas fragilidades, como verificado nas falas seguintes: “Fico feliz de escutar que o potencial de desenvolvimento da cidade não é a construção de prédios e sim, o turismo. Ainda encontramos esse discurso, mas graças a Deus está mudando.” “É uma cidade, que vive do turismo, mas a receita destinada a ele é muito baixa, é insignificante. A prefeitura não consegue apoiar os projetos que são elaborados no âmbito do conselho, por falta de verba.” “Sentimos que Peruíbe quer ser uma cidade turística, mas não tem estrutura para isso”. “O fato é que Peruíbe é mal divulgada. Eu investiria na cidade, colocando outdoors em locais de passagem. Assim o turista, de tanto ver a propaganda, acabaria querendo ver como é, de verdade, mas a ideia é inviabilizada pelo envolvimento de muitas pessoas nas tomadas de decisões”. “Quinze dias de temporada não são suficientes para viver do turismo de praia”. “Turismo de praia, depende muito do clima. A cidade agora está vazia. Você fica muito limitado ao clima, a eventos, a datas etc. “O litoral sul tem muita coisa que aprender em relação ao litoral norte. Fiquei impressionado com os atrativos do litoral norte.” Interlocutores apontam a necessidade da cidade planejar os impactos do turismo, principalmente para a alta temporada, tendo em vista que além de benesses o turismo traz consigo impactos negativos para a população local. “O Turismo traz impactos positivos e negativos e precisamos nos preparar para isso. Em alta temporada, nossa rotina muda e a vulnerabilidade da população aumenta muito, então precisamos pensar sobre isso”. As restrições ambientais impostas no município são apontadas como um elemento de fragilização da atividade turística, tendo em vista as limitações que ela impõe na exploração de inúmeros atrativos. A restritiva legislação ambiental em determinadas unidades de conservação limita a presença humana à pesquisa científica e à educação ambiental conservacionista. Estas restrições limitam atividades turísticas que poderiam ser exploradas de forma sustentável com ecoturismo, turismo cultural e de base comunitária, envolvendo as comunidades tradicionais que habitam estas áreas de preservação ambiental. Os interlocutores referem-se à outros municípios brasileiros, com características semelhantes do ponto de vista ambiental, onde há a exploração sustentável de áreas preservadas para o turismo. Demandam empenho político para viabilizá-lo e lembram que as comunidades caiçaras inseridas nestas unidades de conservação há muito tempo lá vivem e não destruíram a natureza, inclusive realizando atividade turística antes das restrições atuais da lei. “Nasci em Peruíbe e sempre vem gente conhecer a Juréia, que é o ‘carro chefe’ do turismo, mas não tem estrutura para o turista ter acesso a essa beleza natural. Não tem estrada, nem acesso para fazer o turismo na Juréia. A própria população que lá vive, está ilhada pela falta de conservação da estrada”. “Antes do meio ambiente vir pra cá, isto aqui era um movimento! O que tinha de turista, o que tinha de morador...! Num dia como hoje aqui, isso aqui estaria tudo lotado!” “Eles (o poder público) olham primeiro para o centro de Peruíbe, mas aqui também faz parte da cidade. É o último bairro de Peruíbe. Os turistas não vêm pra cá (município) para ficar vendo prédios altos. Os turistas vêm para conhecer os rios, uma praia bela como esta! Eles (poder público) têm que saber que Barra do Una é o postal de Peruíbe. É o que chama atenção da cidade e não tem investimento nenhum.” “A cidade tem que ter a parceria com os órgãos do meio ambiente. Porque os outros municípios podem explorar as praias, serras. Aqui em Peruíbe é tudo proibido. As praias de Guaraú até o Una são áreas de reserva e não podem ser exploradas para turismo. Mas em lugares como Aracaju também tem isso e são exploradas para o turismo, com responsabilidade, preservação”. “É comprovadamente possível viver, produzir e praticar o turismo sustentável em áreas de proteção ambiental. A gente já viu experiências no país que mostram isso. É preciso boa vontade política para implantar estes modelos aqui em Peruíbe.” “Os caiçaras sempre viveram nestas áreas e a natureza nunca foi prejudicada. É possível manter este modo de vida atualmente!” Para superar a dependência do veranismo, limitado a curtos períodos no ano, os interlocutores apontam para a necessidade da diversificação das atividades voltadas para o turismo, a partir das múltiplas possibilidades que o território de Peruíbe oferece. Esta ampliação das possibilidades turísticas, atrairia mais turistas ao longo do ano. Entre as modalidades de turismo apontadas encontram-se o turismo náutico, ecoturismo, o turismo rural e o turismo de base comunitária. “O turismo náutico é um grande potencial, mas precisamos que seja feito o entroncamento do canal, para aumentar a largura e profundidade, porque do jeito que está qualquer barquinho fica atolado. Precisa de investimento, nesse sentido”. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “Turismo ecológico sendo explorado de forma organizada e sustentável”. “Resumindo: Turismo de base comunitária, turismo náutico, turismo ecológico, turismo rural e de praia...”. O turismo de base comunitária, que consiste em iniciativas e atividades protagonizadas pelas comunidades locais, que ordenadas e bem estruturadas, representam importantes experiências turísticas, agregando valor aos roteiros e gerando emprego e renda. Dentre as ações desenvolvidas nesta modalidade de turismo estão as experiências de hospedagem solidária e serviços de alimentação oferecidos por famílias locais. Em relação ao turismo rural comenta-se que falta estrutura para desenvolvê-lo adequadamente. Um dos elementos apontado é a péssima conservação de estradas. “Hoje existe uma classificação de turismo que se chama ‘turismo de base comunitária’, que consiste, em linhas gerais, em aproveitar tudo o que a comunidade tem de melhor para oferecer ao turismo. Formar uma rede de serviços a partir do que a comunidade disponibiliza”. “O instituto florestal prega turismo rural. Não temos estruturas na área rural pra comportar turismo. Não temos pousada, atrativos, acesso. As estradas são todas de terra, mal conservadas... Eles ficam olhando a previsão do tempo: vai chover amanhã, eles passam a máquina [pra arrumar a estrada] hoje”. Somando-se à estratégia da diversificação, os entrevistados indicaram a necessidade do planejamento de um calendário turístico que reúna atividades temáticas, atraindo fluxo de turistas ao longo de todo o ano. “É preciso criar um calendário fixo para estimular o turismo e resolver o problema da sazonalidade do turismo de praia. Tem que diversificar a atividade para garantir o sustento”. O comércio e a construção civil como potencial de desenvolvimento O comércio e a construção civil, constituem-se, na percepção dos participantes da pesquisa e de entrevistados de entidades da sociedade, em elementos considerados importantes na atividade econômica da cidade. Peruíbe vive do turismo e do comércio, atividade que, segundo os entrevistados na pesquisa, está associada ao perfil turístico da cidade e, portanto, sujeita às mesmas oscilações. A sazonalidade dos empregos ligados a esses setores é motivo de inquietações entre alguns. “A realidade é assim: Peruíbe é uma cidade de comércio. Não tem fábrica, não tem indústria, então o turista vem e é mercado, é padaria, é comércio (...) fora a parte da construção civil que aí gira mesmo. Construção civil é morada, vender, construir, isso não tem época, mas o restante é comércio” Comenta-se que Peruíbe vem crescendo nos últimos tempos. Se para alguns entrevistados da pesquisa esse crescimento se dá a passos lentos - percepção que não necessariamente assume uma conotação negativa -, para outros, a chegada de algumas redes varejistas na cidade é um sinalizador das mudanças ocorridas nos últimos tempos e responde pela ampliação da oferta de empregos para a população local. “E a cidade está se desenvolvendo mais. Há 12 anos atrás não tinha nada, não tinha nenhum mercado. Hoje a gente tem três Extra, tem um Peralta (...) hoje tem banco, tem Bradesco. Hoje está vindo tudo para cá. Está vindo muitas lojas, está dando uma melhorada para a gente aqui (...) é visível o crescimento da cidade”. “A chegada dessas lojas dá emprego, oportunidades para gente trabalhar (...) quando ficaram sabendo das Americanas aqui, foi uma correria total para trabalhar na loja (...) e quando inaugurou as Americanas, tinha fila, não dava para você entrar lá”. Ao comparar Peruíbe com os municípios do entorno, o foco das atenções recai sobre Mongaguá e Itanhaém, tidas como cidades pares na região. No geral, os entrevistados pouco se referem a Santos, São Vicente e Praia Grande, cuja dinâmica socioeconômica parece demasiadamente distante da realidade local. Não obstante Peruíbe ser considerada uma cidade menor e às vezes com crescimento aquém das vizinhas, isso não parece comprometer a boa imagem da cidade junto a seus moradores. Ou seja, não obstante comentários de que as cidades vizinhas cresceram mais e têm mais opções de lazer, o tom das falas em nenhum momento assume um viés muito crítico em relação à Peruíbe. “As três cidades são parecidas, mas o movimento comercial, eu acho que ainda não é igual (...) Itanhaém cresceu primeiro. O primeiro Mc Donald’s é lá e o Habbibs também. Isso faz diferença, tanto que a gente sai daqui para ir comer lá”. “Praia Grande, São Vicente, Santos, é outra coisa. É um mini São Paulo”. “Itanhaém e Mongaguá, eu acho que é um pouco mais chamativo porque acho que tem mais investimento. Por exemplo, o fast food abriu lá agora recentemente, Mc Donald´s, Girafas, Habbibs (...) de acordo com as outras cidades que a gente vê, aqui não teve aquela melhora, mas melhorou”. A construção civil é citada, tanto pelos participantes da pesquisa como pelos interlocutores das entidades, como outra área importante na dinâmica econômica local e que, junto com o poder público, parece responder pela geração de empregos permanentes na cidade. O baixo custo da terra, programas de financiamento à moradia como o programa “Minha Casa Minha Vida”, a construção de condomínios turísticos de luxo para segunda residência , respondem pela importância que a construção civil adquiriu aos olhos dos interlocutores e, fazem do setor um elemento potencial ao desenvolvimento da cidade, ao lado do comércio e do turismo. A dinâmica aquecida do mercado imobiliário no restante do litoral paulista - também sentido em Peruíbe -, e especificamente o Programa “Minha Casa Minha Vida”, contribuiu com o aumento do custo da terra e da moradia na cidade. “Uma das grandes fontes de recurso, a grande fonte de salário é a própria máquina, é a própria prefeitura que emprega muito através dos concursos públicos” . “A tendência é vir mais condomínio. O público aqui mudou. Clientes tem aparecido por aqui, como banqueiros etc que vêm em busca de sossego.” “Construção civil aqui emprega a classe C. O pessoal que estuda não tem condição de viver a cidade. Não temos um mercado que absorva os profissionais qualificados.” “Este é momento áureo da construção civil em Peruíbe.” “O nosso município é dependente da construção civil, mais do que o turismo. O turismo não é planejado. Não existem políticas para o desenvolvimento do turismo.” “O giro econômico no verão é alto, aquecimento de vendas. Mas nos últimos três anos por conta do Programa Minha Casa Minha Vida, o mercado imobiliário aqueceu. O pedaço de terra aqui inflacionou muito. Qualquer pessoa de posse de terra se torna um construtor em Peruíbe.” Os Grandes Projetos como Perspectiva de Desenvolvimento: Petrobras/Pré-sal e o Porto Brasil A discussão em torno dos grandes projetos - Pré-sal/Petrobras e Porto Brasil – e do seu significado para Peruíbe, também foram permeados, nos grupos de pesquisa e em algumas organizações da sociedade civil, pela discussão do crescer e/ou preservar – o meio ambiente e a qualidade de vida. Numa perspectiva futura, ambos os empreendimento são vistos como uma oportunidade de alavancar os empregos almejados e para potencializar o [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 desenvolvimento do município, e também percebidos como empreendimentos “de risco” para a natureza e a tranquilidade do dia a dia da cidade. Como já colocado acima, os debates em torno à estes temas foram mais intensos nos grupos de pesquisa. Entre as organizações da sociedade civil não foram objeto de muita conversa. A questão do Pré-sal é vista, pelos participantes dos grupos de pesquisa, como uma oportunidade de alavancar os empregos ambicionados, mas também é avaliada como um empreendimento com possibilidades de riscos à natureza e à tranquilidade local, como pode ser verificado nas falas a seguir: “Tem uma promessa aí, o pré-sal. O pessoal está fazendo curso para se preparar para isso.” “Se a Petrobras resolver vir para Peruíbe com um bom investimento, com bom planejamento para o meio ambiente, para que se desenvolva sem acabar com nossa qualidade de vida, quem é que não quer um bom desenvolvimento?” “Eu soube que ia ter instalação do pré-sal aqui. Para a cidade é bom, não é todo mundo que vai concordar. (...) tem as partes boas e partes ruins...” “Eu sinceramente não acho que vai ser bom, vai ser ótimo para a cidade economicamente falando. Lógico que a gente precisa pensar na economia da cidade, porque a gente vive nela, mas eu particularmente prefiro a cidade do jeito que ela está. Se todo mundo tivesse emprego, poderia continuar assim, porque a cidade está quietinha, deixa aqui com clima de interior porque estamos vivendo bem”. “Nessa cidade é isso que acontece, o pessoal cresce e vai embora. Os mais velhos chegam e os mais novos saem. O meu filho fala: ’quando eu tiver 16 anos eu quero ir morar a casa da tia, quero trabalhar em Santos’. Ele já pensa assim na cabeça dele e eu não sei se vou aguentar segurar ele”. A Petrobras suscita ainda expectativas para o setor comercial da cidade que veem a Petrobras como impulsionadora do desenvolvimento e do comércio local, capaz de atrair outros investidores. Avaliam que a cidade está preparada para investimentos de grande porte. Acreditam inclusive que a força da Petrobras lhe confere o poder em ultrapassar eventuais barreiras do rigoroso controle ambiental, se assim o desejar. “Existe uma expectativa e cobrança em relação à Petrobras, principalmente no âmbito da Associação Comercial, que acredita que com sua vinda, muita coisa pode melhorar”. “Acho que o Pré-sal pode até afastar o turista, mas pode atrair investidores. Isso pode movimentar a área de comércio local”. “Acho que a cidade está preparada para receber o pré-sal, ou outro empreendimento desse porte. “Tenta-se (a prefeitura) estabelecer muitas parcerias com a Petrobras, mas o problema é que esbarra na questão ambiental Mas, acho que se a Petrobras batesse o pé, as coisas sairiam, porque Petrobras é Petrobras!” Para os grupos residentes nas áreas rurais mais afastadas as expectativas voltadas a Petrobras parecem ter uma relevância mínima, provavelmente porque a sobrevivência destes grupos está atrelada a uma dinâmica de vida muito peculiar, voltada principalmente à pesca e agricultura de subsistência. Na mesma direção do debate sobre o Pré-sal/Petrobras, a temática do Porto Brasil – projeto do grupo de Eike Batista - divide opiniões entre os participantes da pesquisa qualitativa e alguns entrevistados das entidades, sobre sua instalação no município. Diferente do debate sobre o Pré-sal, que ainda se encontra numa perspectiva futura e distante, a discussão sobre o Porto é mais intensa, tendo em vista se tratar uma questão já bastante debatida por ocasião da sua proposta de implantação. Em 2008 o projeto foi embargado pelo IBAMA, após intensos conflitos envolvendo especialmente os indígenas que residem em parte da área prevista para sua instalação. O posicionamento majoritário entre os entrevistados foi de apoio ao embargo, apesar de ser considerado um grande gerador de empregos. A intensidade dos posicionamentos sinalizam que o assunto continua em pauta para parcela da população local. “Em termos de emprego seria bom! Mas têm os dois lados da moeda. Pelo lado da natureza, Peruíbe tem uma qualidade de ar que muitos lugares você não tem. Só que se você não tiver um certo desmatamento, eu digo ‘certo desmatamento’ porque não pode também chegar e falar: ‘vamos acabar com tudo’. Tem que vir o desenvolvimento, mas isso não quer dizer que o desenvolvimento tem que chegar aqui e acabar com toda cultura da cidade, porque aí Peruíbe vai deixar de ser Peruíbe, vai sair do mapa. O que é Peruíbe? É cultura e natureza. Se o desenvolvimento chegar e acabar com tudo, acabou Peruíbe” “Teve esse negócio do porto do Eike Batista e eu só sei que teve a maior correria da população por causa do emprego (...) tinha curso de petróleo e gás, todo mundo queria fazer.” “Esse porto tem a parte boa e a parte ruim. Para nossos filhos vai ser bom. Meu filho está com 12 anos, ele vai estudar, fazer uma faculdade e vai trabalhar aonde? Numa loja, num prédio? Se tiver esse porto, para ele vai ser melhor.” “Aqui está muito dividido. Tem uns que torcem para não ter, no geral os mais velhos, e outros torcem para ter.” “Eu não me considero velha, eu tenho 31 anos ainda, mas eu não gostaria que tivesse o porto, porque eu sei que vai virar um lixão, eu tiro por Santos, que é sujeira, poluição.” Segundo entrevistados de organizações da sociedade civil, o “alvoroço” provocado pela notícia da construção foi imensa e atraiu muita gente para a cidade, na perspectiva de aproveitar as oportunidades que a sua instalação iria propiciar. Houve na época uma intensa especulação imobiliária, fazendo o preço dos imóveis subir, considerado um efeito indesejado. O efeito esperado é a instalação de indústrias e empregos. “O comentário sobre a construção do Porto (Eike Baptsita) provocou um alvoroço tão grande na cidade que atraiu até gente de longe. Só se via gente querendo comprar imóveis para montagem de algum negócio, mas, depois baixou a poeira. Os imóveis subiram de preço por causa de tanta especulação, depois voltou ao normal. As coisas vão oscilando de acordo com os boatos”. “Quando surgiu, o pré sal e o porto do Eike batista, a invasão de investidores foi muito grande. Tem quadras inteiras aí que, naquela época, veio gente de fora que comprou, estruturou e pagou. Ninguém sabe daonde veio, mas muitas áreas aqui foram vendidas, em local valorizado, inclusive nossas propriedades – quem tem uma estrutura melhor – valorizou muito. Isso aí interfiriu muito. Mas a interferência que queremos em peruíbe não é essa aí. É trazer mas indústrias, trazer mais geração de emprego”. Os comentários sobre os empregos que seriam gerados por esse empreendimento se fazem acompanhar pela cobrança de que os moradores locais sejam beneficiados pelas vagas oferecidas por projetos como esse. As comunidades tradicionais e a sua cultura como elementos de desenvolvimento sustentável Diversos entrevistados mencionam as comunidades tradicionais, mais especificamente, os caiçaras, como um importante potencial de Peruíbe, tendo em vista a riqueza de sua cultura, que se baseia na diversidade de práticas, o que a torna inclusive em uma referência de aprendizado para a diversificação das possibilidades de desenvolvimento no município. Contudo, reitera-se que a gestão pública estadual e municipal está longe destas comunidades, não apoia o seu fortalecimento e investe pouco em políticas públicas voltadas para o seu desenvolvimento. Muitas vezes ainda são criminalizadas como abordado em itens anteriores. “A cultura Caiçara tem um tradição de não ficar em uma única atividade. Tivemos que reinventar várias coisas e ser muito criativos para sobreviver. Peruíbe precisa aprender com essa cultura e colocar em prática as várias possibilidades.” “Aqui está largado pelo Governo do Estado, pela prefeitura municipal, pelos vereadores...” [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 “A cultura é uma cultura caiçara é uma cultura muito rica porque ela vem de três culturas diferentes (forte influência indígena, negra e europeia)”. De acordo com os entrevistados, os aspectos que se constituem em elementos importantes a serem resgatados, apoiados ou fortalecidos nas culturas caiçaras, na perspectiva de torná-las instrumentos de desenvolvimento para as próprias comunidades e para o município são a pesca, o extrativismo, o turismo e sua produção agrícola de subsistência. Além disso, vislumbra-se como possibilidade de fomento, as práticas culturais de suas tradições, como artesanato, folguedos, danças e festas. Tudo isso constituiria um conjunto de fatores atraentes aos segmentos turísticos de base comunitária e rural. “A cultura caiçara é simples, mas é muito rica. Aqui a gente produzia artesanato (utensílio) com estes recursos naturais: pilão, rede de pesca, remo, canoa, cacheta...e e havia muito escambo destes objetos produzidos. E todo mundo vivia assim e bem. Hoje, devido a Estação Ecológica, a gente não pode mais.” Apoio aos Pescadores Artesanais e à Agricultura Assim como as comunidades tradicionais, a atividade pesqueira e agricultura são vistas, pelas organizações da sociedade civil, como potencialidades a serem valorizadas e apoiadas, pois se constituem atividades de sobrevivência para muitas comunidades que tem na pesca e agricultura a sua fonte de subsistência, além de contribuir com o desenvolvimento do município. No entanto, a atividade pesqueira local tem enfrentado problemas resultantes da pesca predatória na região, que afeta diretamente a produção artesanal de pescados. De acordo com os interlocutores, as grandes embarcações que vêm da região sul interferem diretamente sobre a produção da pesca artesanal. Segundo os pescadores locais, a pesca predatória é praticada em época de defeso, ou seja, período em que determinadas espécies de peixes estão em processo de ovação. De acordo com as normas, a produção deve ser executada após a desova, o que não é feito pela pesca das grandes embarcações. “Eles (grandes embarcações) trabalham com 20 km de rede, é um absurdo! Chega no verão, quando vai tirar o peixe da água, ele já tá estragado! Fica 10 horas com a rede, e como a água está quente, o peixe estraga... Eles matam e jogam fora! Compromete a qualidade do pescado naquela região!” “Matam os pescados antes de eles fazerem a primeira desova. Quando eles decretam defeso, é em cima da desova. O defeso tem que entrar assim que o peixe está ovando, e só retornar depois que ele desovar. Eles abatem um bom percentual com ova. Aí não adianta.” “Hoje há uma pesca predatória. Os grandes pescadores, da pesca industrial pescam o peixe antes mesmo de ele crescer e o descartam no mar”. O mesmo ocorre com os camarões, principal fonte de alimentação dos pescados da região. De acordo com os pescadores, esta prática afeta a cadeia alimentar marítima e reduz sensivelmente a produção artesanal. Esta situação tem mobilizado a classe em busca do respaldo técnico que justifique uma fiscalização rigorosa sobre território marítimo local. “Eu tenho barco pequeno e estou há 32 anos pescando camarão. Entendo e conheço e sei muito bem que estamos matando as matrizes. A base da alimentação dos peixes é o camarão. É o princípio da cadeia.” As condições climáticas atuais também têm impactado de forma negativa a pesca artesanal. “Hoje em dia tá cada vez mais difícil, a pesca, por causa das mudanças climáticas. Isso mudou tudo. No começo, a pesca era feita em arrastões. O pessoal entrava no mar a remo. Rudimentar mesmo! Aí meu pai falava assim no final da tarde, olhando pro tempo ‘vai dar pescaria’. O pessoal buscava gelo de Santos, traziam de trem, buscavam a noite, e no dia seguinte, dava pescaria. O tempo era definido. Hoje em dia não. Tenho um amigo que vê meia noite na internet: não tinha vento, não tinha nada. Daqui a pouco: ó o vento, ó a chuva na cara! Mudou tudo! Isso dificulta a pesca artesanal, que perde muito por causa disso. Pescamos 12 dias por mês por causa dessas mudanças. Às vezes ficamos o mês inteiro sem pescar! As ondas se formam no oceano; quando chega na costa, ela levanta e agente não consegue sair.” Buscando driblar estes fatores, a pesca artesanal organizada de Peruíbe conseguiu incluir a produção de pescados na parceria com o PAA-Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário que visa o enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil e, ao mesmo tempo, o fortalecimento da agricultura familiar. Para isso, o programa utiliza mecanismos de comercialização que favorecem a aquisição direta de produtos de agricultores familiares ou de suas organizações. O programa favoreceu principalmente a produção pesqueira advinda das comunidades da Jureia. Atualmente esta parceria encontra-se paralisada devido ao encerramento de prazos de contratos, mas segundo os entrevistados, há uma articulação em vigência para se estabelecer um novo contrato. “Estamos parados agora, porque terminou um projeto, fizemos outro depois – porque entrou uma diferença em outro projeto aí, sabe? Uns projetos meio duvidosos...- Cada projeto que fazíamos, a procura aumentava, então ficou o custo do projeto muito alto. Fica difícil a liberação de verba. Ficamos ano passado sem projeto, fizemos um plano agrícola 2010-2011 e agora 2011-2012. Aí fiquei sem projeto, mandei dois projetos pra lá, o projeto era muito alto, perguntaram da sistemática...Fiz um outro pequeno, reduzi praticamente 70% e agora tá lá..” Na expectativa de um novo contrato com o PAA, as demandas dos pescadores organizados em Peruíbe, traduzem-se atualmente na demanda pelo ordenamento da pesca que estabeleça e fiscalize os territórios marítimos da região. Para os entrevistados, este plano é condição sine qua non para se estabelecer uma produção pesqueira sustentável no município. “O pescador só tira do mar seu sustento e se ele não tiver um ordenamento da pesca, vai chegar uma hora que não terá mais peixe”. “Estamos muito preocupados de no futuro não termos alimentos saudáveis, porque o pescado ainda é muito saudável e se não houver um ordenamento das atividades pesqueiras isso poderá acontecer”. “Ordenamento do trabalho e investimento em estrutura para a pesca artesanal”. “Pesca visando uma perspectiva de futuro: fazer um ordenamento total do mar”. “Cada um no seu quadrado. Os grandes barcos nós estamos colocando pra fora, no alto mar. A hora que tiver ordenamento eu tenho certeza que o mar vai ter mais peixe. Pra ter uma área específica para o peixe desovar e ter um desenvolvimento tranquilo do trabalho”. A agricultura em Peruíbe, segundo interlocutores, encontra-se bastante fragilizada pelas condições geográficas, pelas questões ambientais e por um certo acomodamento, que foi gerado pela perda da cultura do plantar. Porém continua sendo vista como uma atividade a ser fortalecida, inclusive na perspectiva do turismo rural. “Fazer um estudo sobre a real vocação da cidade e investir nisso. Identificar quais são as verdadeiras potencialidades do nosso município e aí sim, investir nisso. Podemos plantar, por exemplo, outros produtos para conseguir entregar às instituições cadastradas, no PAA (Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar)”. “Talvez a agricultura não seja uma vocação, embora tenhamos uma boa área rural, porque fica difícil desenvolver coisas que sejam feitas, somente com as mãos. A topografia do terreno não permite o trabalho com máquinas, além de estar dentro de terreno de reserva, que impede isso”. “Hoje eles falam que não podem fazer nada (produzir) por causa do parque. A área que você tem descoberta, você pode manter. Não pode deixar o mato tomar conta. Sei disso porquê sou do conselho do parque. Acomodaram. O pessoal da zona rural vem ao mercado comprar alface no supermercado”. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 4.4 Conclusões e Aspectos Relevantes A população de Peruíbe tem uma grande autoestima e um sentido de pertencimento em relação ao município, mesmo entre os migrantes que lá aportaram em busca de tranquilidade, sossego e de uma melhor qualidade de vida. Esse sentimento foi amplamente manifestado pelos participantes da pesquisa qualitativa e pelos entrevistados das organizações da sociedade civil. Peruíbe é valorizada por seus moradores pela boa qualidade de vida e por seus atributos naturais (praias, rios, cachoeiras, parques, qualidade do ar). Entre as organizações da sociedade civil organizada parece preponderar um senso de comprometimento e cuidado com o município e as suas perspectivas de futuro. Sua articulação parece acontecer mais pontualmente e nos espaços de gestão participativa. Parece haver uma articulação maior entre as comunidades inseridas na Estação Ecológica da Juréia, impulsionada pela ameaça de remoção e precarização da condição de vida dos seus moradores, impostas pela restrita legislação ambiental. A temática ambiental mobiliza fortemente as discussões da sociedade civil organizada. A grande questão colocada pelas discussões e entrevistas é o dilema entre o crescimento/desenvolvimento e a preservação da qualidade de vida, mantendo o meio ambiente e a vida tranqüila no município. Na percepção dos interlocutores da sociedade civil organizada, a gestão pública é marcada pela falta de planejamento, especialmente para o desenvolvimento do turismo, sua principal fonte renda, aliado à infraestrutura insuficiente e problemas na implementação das políticas públicas. Os interlocutores apontam deficiência no diálogo do município com Estado e a União, para uma gestão mais adequada da questão ambiental no município, para resolver vários conflitos e contradições que envolvem esta questão no uso das áreas preservadas. Para os interlocutores as políticas públicas são deficientes, frente às necessidades colocadas com o crescimento da população e pela demandas de um município turístico. A estrutura municipal para a prestação dos serviços permanece a mesma há muitos anos, com uma prática administrativa defasada. A saúde é apontada com um grave problema em Peruíbe. As principais questões dizem respeito a falta de estrutura, baixa qualidade no atendimento e resolutividade do serviço, escassez de especialidades clínicas que provoca o deslocamento de pacientes às cidades vizinhas e a dificuldade do acesso e falta de profissionais e remédios na zona rual. As críticas não se restringem ao SUS, mas incluem igualmente os convênios. De uma maneira geral a educação, de responsabilidade municipal é considerada satisfatória. Indicam a necessidade de mais vagas em creches e da queda da qualidade de ensino a partir da 5ª série, sob responsabilidade Estadual. Na temática da moradia a preocupação reside na precariedade das habitações da população de baixa renda nas regiões periféricas, “depois da linha do trem”, que se encontram em áreas de risco, sujeitos a enchentes. Comentam que a fiscalização é inflexível para ocupações irregulares de baixa renda e flexível e permissiva para ocupações irregulares de empreendimentos imobiliários de alta renda. O aumento de condomínios fechados e a pressão por empreendimentos verticalizados na orla – impulsionados pela dinâmica do crescimento no litoral e o crescente interesse pela cidade por setores de alta renda – estes últimos atualmente proibidos por lei, está cada vez mais forte no município. Diversos interlocutores não consideram este modelo bom e adequado para Peruíbe. Na questão da mobilidade urbana a bicicleta é apontada como um meio de transporte bastante utilizado na cidade, principalmente pelos trabalhadores das regiões periféricas. As ciclovias são consideradas satisfatórias na orla e nas principais avenidas. Indicam a cobertura insuficiente do transporte público nos bairros periféricos e comunidades rurais. Problemas de congestionamento das principais vias surgem como um problema relacionado à falta de planejamento do trânsito e à instalação de grandes redes varejistas. As poucas oportunidades de emprego despontam como uma das fragilidades de Peruíbe , mas não chegam a contaminar a imagem positiva da cidade. A sazonalidade dos empregos vinculados ao turismo preocupa. Ao abordar o tema do emprego, os olhares não caminham numa mesma e única direção. As distintas visões expressam a tensão entre crescimento e qualidade de vida. A questão do saneamento básico também se destaca nas falas. Comenta-se que está em curso a ampliação da rede, mas a situação em alguns bairros segue precária. A Segurança Pública também é alvo de muitas críticas e parece estar associada ao consumo e tráfico de drogas. A questão ambiental se constitui no grande dilema de Peruíbe entre crescer e preservar o meio ambiente e qualidade de vida. O município de Peruíbe dispõe de cerca de 75% do seu território em áreas de proteção ambiental divididas em três unidades de conservação: Parque Estadual da Serra do Mar, Estação Ecológica da Jureia-Itatins e Área de Proteção Ambiental Federal Cananéia, Iguape Peruíbe (APA-CIP). A preservação da natureza é vista como importante para preservar a qualidade de vida e o ar puro. Porém ao mesmo tempo a rigidez da legislação ambiental é percebida como algo que penaliza a população local e como um impeditivo ao desenvolvimento do município, como por exemplo no uso mais racional dos lotes urbanos, na exploração sustentável dos parques. Nesta percepção a atuação dos órgãos ambientais é tida como muito forte e exagerada. Por isso a questão ambiental se constitui em uma contradição na vida do município. Ora é percebido como um grande atributo, ora é percebido como a vilã que impede o crescimento. A proposta de construção de um Porto no Município de Peruíbe, pelo grupo empresarial de Eike Batista, exemplifica bem o dilema que se coloca para o município e a sua população, entre a preservação ambiental e desenvolvimento local. O Porto gerou expectativas na população, mas foi embargado pelo IBAMA e pela luta dos indígenas que se posicionaram fortemente contra, pois previa a ocupação de parte de seu território. Embora esse empreendimento seja visto como um forte gerador de empregos, a tendência foi apoiar o embargo, em nome da preservação do meio ambiente e às vezes em nome da causa indígena. Outra questão que é exemplo das contradições da legislação ambiental e a condução da gestão ambiental no âmbito do município é situação vivida pelas comunidades residentes dentro da Estação Ecológica da JureiaItatins – criada em 1987. As comunidades caiçaras, que lá vivem há pelo menos 400 anos, foram restringidos no seu modo de vida e subsistência – na pesca, no roçado, na caça e estrativismo -, e desde então vivem em situação precária e em permanente risco de expulsão. A luta pelo direito de permanecer no parque, com apoio decisivo da defensoria pública e de parlamentares da Assembléia Legislativa, a partir de 2003 se traduziu na luta pela mudança da lei que rege a Estação Ecológica. Em 2006 houve mudança na lei, que porém só durou até 2009, quando o Ministério Público com uma ação de inconstitucionalidade a derrubou. A experiência de RDSs - Reservas de Desenvolvimento Sustentável -, foi inviabilizada. Diante da pressão da comunidade, o Governo Estadual apresentou nova proposta de lei que se encontra em tramitação. Neste intervalo a comunidade foi ameaçada com ordem de despejo, caçado por liminar impetrado pela Defensoria Pública. Apesar de toda a luta empreendida e a perspectiva da eminente conquista do direito de permanecer na área, muitos moradores acabaram sendo expulsos para as periferias de Peruíbe e municípios vizinhos. A questão do desenvolvimento sustentável também é permeada pelo dilema crescimento versus preservação. O desenvolvimento sempre está intimamente associado e condicionado a preservação da qualidade vida. A discussão sobre crescer e/ou preservar permeou boa parte do discurso dos entrevistados. A centralidade do tema talvez se explique pelo fato de que somente num período mais recente a cidade se deparou com projetos de magnitude e com forte potencial de impacto na dinâmica e no imaginário da cidade, com as discussões do [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Porto Brasil e mais recentemente com o Pré-sal. É interessante perceber que a temática e a discussão em torno aos grandes projetos – Porto Brasil e Pré-sal – foram mais intensos nos grupos de pesquisa do que nas entrevistas e discussões realizadas com os interlocutores das organizações da sociedade civil, onde a temática ambiental e o desenvolvimento foi objeto de debate mais intenso. Os participantes dos grupos de pesquisa quando colocada frente ao dilema de crescer, comprometendo a qualidade de vida, e não crescer, porém mantendo a qualidade de vida, a tendência geral é optar pela segunda alternativa. O receio de afetar a qualidade de vida atual, prepondera. Entre as organizações da sociedade civil o dilema crescimento versus qualidade de vida também está presente. Porém percebe-se uma ênfase maior na necessidade de alavancar o desenvolvimento no município, sempre majoritariamente numa perspectiva sustentável e inclusiva de desenvolvimento, e não num desenvolvimento a qualquer custo. É unânime entre os entrevistados da sociedade civil organizada que o atual estágio de desenvolvimento de Peruíbe está muito aquém das suas potencialidades. Para enfrentar isso propõe a diversificação das atividades como uma estratégia importante para incrementar o desenvolvimento do município, articulando as diversas modalidades de turismo, fortalecendo o comércio, atraindo empresas compatíveis com um desenvolvimento sustentável, atraindo universidades que invistam na pesquisa, resgatando e fortalecendo a cultura caiçara, fortalecendo a atividade da pesca artesanal e a exploração sustentável das áreas de preservação ambiental. A perspectiva de enveredar por um caminho de desenvolvimento sustentável demanda, de acordo com os interlocutores da sociedade civil organizada, o enfrentamento e a superação de fragilidades no âmbito do município. Entre elas destacam-se: a) Falta de planejamento da gestão municipal e falta de infraestrutura, principalmente no que diz respeito ao turismo; b) Incoerências e contradições na gestão ambiental no âmbito do município e diálogo insuficiente sobre a questão ambiental entre as esferas municipal, estadual e federal; c) Falta de empregos qualificados e empregos muito sazonais, dependentes do veraneio; d) Serviços públicos deficientes para o atendimento à população, que vem crescendo na cidade; As principais potencialidades e perspectivas de desenvolvimento sustentável de Peruíbe, apontado pelos interlocutores das organizações da sociedade civil e participantes dos grupos de pesquisa foram o turismo, o comércio e construção civil, as oportunidades abertas pelos grandes projetos (Pré-sal, Porto), a valorização da cultura das comunidades tradicionais, a pesca artesanal e agricultura. A vocação turística é apontada como a característica mais importante do município. As belas praias, cachoeiras, rios, parques, reservas, montanhas e a presença de comunidades tradicionais constituem um conjunto de atrativos que a tornam a sua principal potencialidade para alavancar o seu desenvolvimento. Muitas vezes a ‘importância’ desta vocação é evidenciada pela insuficiência no desenvolvimento do turismo no município. É consensual de que ao turismo não é dada a devida atenção que deveria receber por parte da gestão municipal em termos de planejamento, investimento, infraestrutura e divulgação. A dependência quase que exclusiva do veraneio, sazonal e restrito à temporada, que limita e precariza o trabalho da população, é apontado como uma das suas fragilidades. As restrições ambientais impostas no município são apontadas como um elemento de fragilização da atividade turística, tendo em vista as limitações que ela impõe na exploração, de forma sustentável, com ecoturismo, turismo cultural e de base comunitária, envolvendo as comunidades tradicionais que habitam estas áreas de preservação ambiental. O Turismo é uma vocação a ser diversificada, para superar a dependência do veranismo, limitado a curtos períodos no ano, com o turismo náutico, ecoturismo, turismo rural e o turismo de base comunitária. O desenvolvimento pelo turismo deve ser sustentável e inclusivo, preservando o meio ambiente e a qualidade de vida da população. O comércio e a construção civil constituem-se, ao olhar dos interlocutores, em elementos importantes na atividade econômica da cidade. O comércio é uma atividade vinculada ao turismo e sujeita à sazonalidade dos empregos que oferece. Comentase que Peruíbe vem crescendo nos últimos tempos, ainda que a passos mais lentos que os seus vizinhos, o que não parece comprometer a boa imagem da cidade junto a seus moradores. A chegada de algumas redes varejistas na cidade é um sinalizador das mudanças ocorridas nos últimos tempos e responde pela ampliação da oferta de empregos para a população local. A construção civil é citada como outra área importante na dinâmica econômica local e que, junto com o poder público, também parece responder pela geração de empregos permanentes na cidade. O baixo custo da terra, programas de financiamento à moradia como o programa “Minha Casa Minha Vida”, a construção de condomínios de luxo para segunda residência , respondem pela importância que a construção civil adquiriu aos olhos dos interlocutores e fazem do setor um elemento potencial ao desenvolvimento da cidade, ao lado do comércio e do turismo. Os grandes projetos - Pré-sal/Petrobras e Porto Brasil - também foram permeados, pela discussão e o dilema do crescer e/ou preservar, o meio ambiente e a qualidade de vida. Numa perspectiva futura, ambos os empreendimento são vistos como uma oportunidade de alavancar os empregos almejados e para potencializar o desenvolvimento do município, e também percebidos como empreendimentos “de risco” para a natureza e a tranquilidade do dia a dia da cidade. Os debates em torno à estes temas foram mais intensos nos grupos de pesquisa. Entre as organizações da sociedade civil não foram objeto de muita conversa. A Petrobras suscita ainda expectativas para o setor comercial da cidade que vêem a Petrobras como impulsionadora do desenvolvimento e do comércio local, capaz de atrair outros investidores. Avaliam que a cidade está preparada para investimentos de grande porte. O Porto Brasil – projeto do grupo de Eike Batista - divide opiniões sobre sua instalação no município. A discussão sobre o Porto é mais intensa do que o Pré-sal, especialmente nos grupos de pesquisa. Embargado pelo IBAMA em 2008, após intensos conflitos envolvendo especialmente os indígenas que residem em parte da área prevista para sua instalação. O posicionamento majoritário entre os entrevistados foi de apoio ao embargo, apesar de ser considerado um grande gerador de empregos. A intensidade dos posicionamentos sinaliza que o assunto continua em pauta para parcela da população local. As comunidades tradicionais e a sua cultura, especialmente as comunidades caiçaras, também são vistos como elementos potenciais de desenvolvimento sustentável, tendo em vista a riqueza de sua cultura, que se baseia na diversidade de práticas, o que a torna inclusive em uma referência de aprendizado para a diversificação das possibilidades de desenvolvimento no município. Considera-se contudo, que a gestão pública estadual e municipal está longe destas comunidades, não apoia o seu fortalecimento e investe pouco em políticas públicas voltadas para o seu desenvolvimento. Os aspectos que se constituem em elementos importantes a serem resgatados, apoiados ou fortalecidos na cultura caiçara, na perspectiva de torná-las instrumentos de desenvolvimento para as próprias comunidades e para o município, são a pesca, o extrativismo, o turismo e sua produção agrícola de subsistência, as práticas culturais de suas tradições, como artesanato, folguedos, danças e festas. Tudo isso constituiria um conjunto de fatores atraentes aos segmentos turísticos de base comunitária e rural. Assim como as comunidades tradicionais, a atividade pesqueira e agricultura são vistas como potencialidades a serem valorizadas e apoiadas, por se constituírem em atividades de sobrevivência para muitas comunidades [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 que tem na pesca e agricultura a sua fonte de subsistência, além de contribuir com o desenvolvimento do município. A atividade pesqueira local tem enfrentado problemas resultantes da pesca predatória realizada por grandes embarcações na época de defeso - quando os peixes estão em processo de ovação -, afetando diretamente a produção artesanal de pescados. Esta situação tem mobilizado os pescadores em busca do respaldo técnico que justifique uma fiscalização rigorosa sobre território marítimo local. A pesca artesanal organizada de Peruíbe conseguiu incluir a produção de pescados na parceria com o PAAPrograma de Aquisição de Alimentos -, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O programa favoreceu principalmente a produção pesqueira advinda das comunidades da Jureia. Na expectativa de um novo contrato com o PAA, os pescadores demandam o ordenamento da pesca que estabeleça e fiscalize os territórios marítimos da região, condição para uma produção pesqueira sustentável no município. A agricultura em Peruíbe encontra-se bastante fragilizada pelas condições geográficas, pelas questões ambientais e por um certo acomodamento, que foi gerado pela perda da cultura do plantar. Porém continua sendo vista como uma atividade a ser fortalecida, inclusive na perspectiva do turismo rural. 5. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 5.1. Introdução O projeto “Diagnóstico Urbano Socioambiental e Planejamento de Políticas Públicas”, a ser realizado nos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte do estado de São Paulo, tem por objetivo contribuir com a sociedade civil e o setor público, em seus diversos níveis governamentais, por meio de subsídio a programas de desenvolvimento, articulação de esforços de políticas públicas e pela proposição de instrumentos de ações estruturantes. Dentro desse objetivo, insere-se o presente diagnóstico de desenvolvimento econômico de Peruíbe, pela consideração das condições socioambientais e dos empreendimentos econômicos, bem como, da gestão de políticas públicas, que permitam pensar a inclusão de toda a população num processo de desenvolvimento sustentável no território. O grande desafio ao desenvolvimento que se coloca nesse horizonte regional está na capacidade de especialização da economia, que possibilite o aumento da produtividade e da agregação local de valor. Esses fatores são fundamentais para a melhoria das condições de vida em geral da população, mas em especial tendo em vista, as comunidades tradicionais, locais e de migrantes, e a preservação dos sistemas ambientais. O processo de ocupação do território, os ciclos econômicos e os ativos locais, seja em valores monetários, culturais e ambientais, constituem traços marcantes da sociedade e da economia local. Frente a isso, também importa considerar os potenciais impactos urbanos e socioambientais decorrentes da exploração da camada do pré-sal, da expansão da infraestrutura e produção imobiliária nessa região. A ocupação do território que viria a ser o Brasil deu seu primeiro passo na fundação da vila portuguesa de São Vicente, por Martim Afonso de Souza em 1532. A organização política do Estado colonial, com eleições dos homens bons da Câmara, Pelourinho, Cadeia e Igreja, legou a São Vicente o título de primeira cidade brasileira. Ao sul dessa cidade, o trabalho missionário de destacados jesuítas, como Leonardo Nunes 3, fundou a Vila da Conceição de Nossa Senhora, na atual Ruína do Abarebebê. Até 1555, existia no local apenas algumas Aldeias. Em meados do século XVII, quando os Jesuítas foram expulsos, por protegerem demais os indígenas, a aldeia perdeu o Foro de Vila, cedendo-o aos Portugueses que residiam em Itanhaém. Itanhaém passou a cabeça de Capitania por quase 150 anos, devido ao progresso de Piratininga (São Paulo), despovoando quase totalmente o litoral inclusive a velha capitania de São Vicente e, em estado de abandono. A Aldeia foi se, por insistência dos moradores, um povoado de pescadores. No ano de 1914, a instalação do ramal da Estrada de Ferro, traz novos imigrantes e dinamismo à economia local. Na década de 50, o povoado vê aumentar a atividade imobiliária, passando a receber novos incentivos aos serviços e a infraestrutura local. Nesse período ocorre um plebiscito, para se definir sobre o processo de emancipação de Peruíbe do território de Itanhaém. A Lei Estadual de 1974, que reconhece o município de Peruíbe como Estância Balneária, acompanha-se de investimentos públicos para a complementação de sua infraestrutura pública, especializando a atividade economia local em construção e serviços em geral. De forma a apresentar a estrutura e a conjuntura que se abre ao município, considera-se os aspectos históricos do capitalismo brasileiro e estruturais, como a divisão social e territorial do trabalho no litoral de São Paulo. A análise das condições sociais do processo de integração e segregação socioeconômica, nos respectivos mercados formais e informais, é tratada em dois tópicos dedicados ao estudo de estruturas fundamentais da economia, contidos nos mercados produtivo de bens e serviços e de trabalho. Como resultado dessa abordagem, é possível indicar ao final, alguns obstáculos e potenciais caminhos para o desenvolvimento local e regional. 5.2. Mercado Produtivo (Produção de Bens e Serviços) A elaboração deste tópico se pautará, fundamentalmente, na utilização de dados secundários, embora em determinados momentos, informações primárias colhidas em viagens de campo pela Equipe Pólis serão mencionadas para complementar a análise. A utilização dos dados secundários tem como intuito levantar e sistematizar alguns dados oficiais que nos permite realizar uma caracterização preliminar do contexto econômico do município. Optou-se pela utilização de dados e de informações sempre atualizadas, levando em conta as restrições de tempo inerentes às bases estatísticas nacionais4. 5.2.1. Informações Gerais A população local de mais de 59 mil pessoas habitava em 2010 19 mil domicílios, distribuídos em três partes, conforme as suas condições de renda. A população mais rica, com renda de mais de 5 Salários Mínimos (SMs de cerca R$ 510,00 à época do Censo), mora em pouco mais de 5% dos domicílios. Em cerca de 44,5% das residências, a renda total recebida, era de 2 a 5 SMs. No caso de metade da população residente, cerca de 49,97%, afirmavam renda de até 2 SMs. Em quase 5,2% do total dos domicílios as pessoas não tinham renda. O conjunto de 44,8% dos domicílios, com renda de até 2 SMs, destaca-se pela concentração de 95% das ocupações 3 O missionário Leonardo Nunes, conhecido como pelos índios como Abarebebê (em tupi padre voador), por sua capacidade de percorrer as vias indígenas e se relacionar com diferentes tribos, converter índio e colonos escravistas, em missionário da Ordem de Jesus, como Pedro Corrêa (nobre português) dono da região que se instala a Vila da Conceição (sede de Peruibe), ambos também fundadores do Colégio de Campos de Piratininga (São Paulo). Disponível em http://www.cidadedeperuibe.com.br/historia/ . 4 Os dados e informações levantados buscam uma compreensão do município, que permitirão, posteriormente, ao cruzar com os diagnósticos de outras áreas, realizar uma análise integrada e multidimensional. Especificamente ao tema desenvolvimento econômico, para cada município, inicialmente, caberá conhecer alguns dados, visando iniciar o processo de elaboração de diagnóstico econômico dos municípios, cujo quadro geral – para os 13 municípios – nos permitirão traçar o diagnóstico regional. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 subnormais 5 - com base no percentual do conjunto nacional de domicílios distribuídos segundo o seu nível de renda - que se projetado para o município, representaria mais de 8 mil assentamentos irregulares. A estimativa da proporção de pessoas que estão abaixo da linha da pobreza ou da indigência, considera a soma da renda de todas as pessoas do domicílio, dividida pelo número de moradores. Indica a pobreza, dos que possuem rendimento per capita menor que ½ SM, e o estado de indigência, quando o valor é inferior a ¼ de SM. A proporção de pessoas pobres com renda domiciliar per capita de ½ a ¼ de SM era maior no Estado (18,3%) do que no município (17,7%) em 2010 6. Enquanto cerca de 72,7% de toda a população estava acima da linha da pobreza, o número de moradores abaixo da linha da indigência, com renda per capita de menos de ¼ do SM, representava cerca de 9,6%. Figura. Proporção de moradores Acima da linha da pobreza, entre a linha de Indigência e de Pobreza e Abaixo da linha de Indigência em 2010 Fonte: www.portalodm.com.br, Censo Demográfico do IBGE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). Como se vê no quadro a seguir, que desagrega os componentes da dimensão da riqueza do Índice Paulista de Responsabilidade Social, a riqueza municipal (IPRS de 53) gerada pelo valor localmente adicionado (IPRS de 29), em relação aos outros conjuntos territoriais da região de governo de Santos (IPRS de 52) e do estado (IPRS de 53), encontra-se numa condição de pobreza relativa. Essa condição pode ser explicada em parte pelo menor rendimento do emprego formal (IPRS de Rendimento Médio 49), completada pela economia informal, como se verá, apresentando rendimentos do emprego abaixo da média da RA de Santos (IPRS de 65) e de São Paulo (IPRS de 70). O indicador de consumo de energia do município, no que tange a finalidade econômica (IPRS de 43), mostrou uma menor intensidade das atividades locais, enquanto no uso residencial (IPRS de 68), que reflete a riqueza material das famílias, situou-se acima da média do estado de São Paulo e abaixo da RA de Santos. 5 O IBGE adotou inovações em 2010 para atualizar e aprimorar a identificação dos aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, entre outros). 6 Informações retiradas do Portal ODM do Sistema “S”, para o acompanhamento municipal dos objetivos do milênio. Quadro. Dimensão da Riqueza Municipal, da Região Administrativa (RA) de Santos e Estado de São Paulo, referente ao Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), por componentes, Consumo de Energia para a atividade econômica e residencial, Rendimento Médio e Valor Adicionado Fiscal Per Capita em 2008. Regiões de Governo Riqueza municipal Consumo anual de energia elétrica no Consumo anual de energia Rendimento médio comércio, agricultura e nos serviços por elétrica residencial por ligação do emprego formal ligação Valor adicionado fiscal per capita Peruíbe 53 43 68 49 29 RA de Santos 68 65 75 65 52 Estado de São Paulo 58 61 52 70 53 Fonte: Fundação Seade (Elaboração Instituto Pólis). A pobreza relativa do município pode ser representada pelo Produto Interno Bruto, por pessoa, dos conjuntos econômicos do município (R$ 10,6 mil), estado (R$ 26,2) e nacional (R$ 15,9). O PIB ao incorporar os impostos, ajuda a diminuir a pobreza do município, pelo efeito redistributivo da renda. Figura. Níveis de Produto Interno Bruto, por pessoa, nos conjuntos do Município, Estado e País em 2009 30.000 26.202 25.000 20.000 15.900 15.000 10.653 10.000 5.000 0 Peruíbe Estado de São Paulo Brasil Fonte: Fundação Seade (Elaboração Instituto Pólis). A riqueza produzida no município, de cerca de R$ 572 milhões, em termos de Valor Adicionado (VA) total em 2009, mantinha-se abaixo do VA médio dos municípios do litoral considerado 7 de R$ 2,3 bilhões, se bem que 7 O valor adicionado da produção é distribuído, por meio dos salários, lucros, juros e renda fundiária, aos trabalhadores, empresários, proprietários do capital e da terra. O valor adicionado, como Proxy da renda distribuída no município, deve considerar o fato de que muita renda é apropriada fora do local, onde se localizam os proprietários, das organizações empresariais, do patrimônio imobiliário e do capital [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 com uma taxa de crescimento superior, de cerca de 172,4% no período de 1999 à 2009. A pobreza relativa expressa-se pelo VA per capita de R$ 9,5 mil, bem abaixo da média da região, próxima de R$ 16 mil, em que se soma a população do conjunto municipal, abaixo da média dos demais municípios. Quadro. Valor Adicionado (VA) 8, em milhões de reais, no município e média do litoral (2000- 2009), Percentual de Crescimento do VA, a População em 2010 e o VA por Pessoa Região Valor Adicionado (VA) Taxa de Crescimento VA por Pessoa em 2009 1999 2009 Peruíbe 210 572 172,4% 9.564 Média da Baixada Santista 1.198 2.940 145,4% 15.902 Estado de São Paulo 324.730 911.386 180,7% 22.088 Fonte: Informações dos Municípios Paulistas (IMP) - F. SEADE, Censo Demográfico – IBGE (Elaboração Instituto Pólis). Do ponto de vista da participação dos setores da atividade econômica na adição de valor, nota-se no Quadro 3, que do total de riquezas produzidas no município, o setor da agropecuária representa 2,3% do total, segundo o crescimento verificado em 2009, em termos absoluto e percentual. Enquanto os setores de serviços e indústria, representaram respectivamente 83,3% e 14,4% do VA do município em 2009. Nota-se que, na década analisada, a indústria decresceu na sua participação relativa no VA do conjunto econômico do município. A administração pública foi o sub-setor de maior expansão no VA, de R$ 36 milhões (17,2% do total)para R$ 132 milhões (23,1%). O setor de serviços representa a grande parte do valor adicionado da economia local, que perdeu um espaço relativo, para a economia do setor público, antes mencionada, mas mantém-se com quase 83,3% de todo o VA, cerca R$ 572 milhões em 2009. O Sub-setor de comércio e outros serviços, apresentou um declínio relativo de 64,4% para 60,2%, cerca de R$ 344 milhões em 2009. Quadro. Valor Adicionado (VA) dos Setores Econômicos, em milhões de R$ e percentual do conjunto dos setores econômicos, entre 1999 e 2009 VA em 1999 Setores Econômicos Agropecuá ri a 2,15 1,0% Indús tri a 36,56 17,4% Servi ços 171,14 81,6% Admi ni s tra çã o Públ i ca 35,95 (17,2%) Comérci o e Outros Servi ços 135,19 (64,4%) VA Total 209,85 100% Fonte: Fundação SEADE (Elaboração Instituto Pólis). VA em 2009 13,32 2,3% 82,19 14,4% 476,18 83,3% 131,86 (23,1%) 344,32 (60,2%) 571,69 100% A capacidade de adição local de valor, cuja taxa de crescimento seguia a frente da média do litoral considerado, indica alguma autonomia local na dinamização da economia. Mas com uma condição de consumo de energia, financeiro. Mais do que os proprietários locais recebem de rendas realizadas em outros territórios, ou seja, o valor adicionado provavelmente seja substancialmente menor do que a renda distribuída localmente. 8 Valor adicionado (VA) é o valor que a atividade agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo, obtido pela diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário, segundo a definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. adição de valor e de geração de renda (salário médio do emprego), per capita, abaixo da média do litoral. O aumento do VA da administração pública deve-se ao aquecimento da economia no período, pelo aumento da renda real e do consumo, e das dotações de recursos do setor público, notadamente, pelo crescimento dos investimentos públicos estadual e federal. Apesar da expansão do vigor do setor público local, ainda é elevada a precariedade da moradia, da infraestrutura pública, e a condição de indigência e pobreza. 5.2.2. A estrutura produtiva da economia local A observação da atividade econômica, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas, (CNAE versão 2.0), através dos dados do banco estatísticos do Cadastro Central de Empresas (CCE) do IBGE, possibilita aferir a escala e a especialização da estrutura produtiva, existente no município em 2010. Para isso as atividades foram agrupadas em alguns conjuntos, a saber: serviços em geral e comércio; serviços públicos e sociais; indústria e serviços da produção; e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. Esses conjuntos de atividades orientam-se a detalhar os setores econômicos antes apresentados (serviços, administração pública e a indústria), em termos de VA, e verificar a composição e escala9 das empresas estabelecidas na produção. Quadro. Número de empresas e outras organizações, por conjuntos de atividades econômicas, total e por faixa de pessoal ocupado, em 2010 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Serviços em geral e comércio Serviços Públicos e Sociais Total 0a4 5a9 10 a 19 20 a 29 30 a 49 50 a 99 Mais de 100 1.272 971 196 69 24 7 4 1 188 146 16 14 7 3 1 1 88 18 10 4 2 1 1 2 Indústria e Serviços da Produção 122 Agricultura, pecuária, produção florestal, 4 pesca e aquicultura Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). - - - - - - O conjunto de serviços em geral e comércio, forma-se pelas atividades de comércio, reparação, alojamento e alimentação, administrativas e complementares, transporte e armazenagem, informação e comunicação e de finanças, e conta com o maior número de empresas, cerca de 80%. Esses empreendimentos locais, são 1.272 unidades, das quais a maior parcela é de pequena escala, com até 20 funcionários, algumas de média escala com mais de 20 e menos de 50, e 5 empresas, com mais de 50 e uma única empresa com mais de 100 pessoas ocupadas. O conjunto de serviços públicos e sociais, chega a cerca 12% dos empreendimentos locais, que se destaca pelo poder público municipal que ocupa mais de 500 pessoas, junto a poucos empreendimentos de média escala de 20 a menos de 50 pessoas ocupadas, e do grande número de unidades de pequena escala. A indústria de transformação apresentou unidades de média escala, ainda em pequena quantidade, e um grupo expressivo de pequenas indústrias. As atividades de agricultura, pecuária e extração, restringiu-se a pequena escala. 9 Para fim de mensuração da escala econômica das empresas estabelecidas, define-se como parâmetros, mesmo que arbitrariamente: pequena empresa, unidades com menos de 20 pessoas ocupadas; empresa de média escala, as organizações com 20 ou menos de 50 pessoas ocupadas. e as empresas de grande escala, os empreendimentos com mais de 50 pessoas ocupadas. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Dentro do conjunto de empreendimentos de comércio e serviços gerais, destacam-se em número e escala de pessoas ocupadas, as atividades de comércio, reparação de veículos, administrativas e serviços complementares, alojamento e alimentação. O grupo de atividades de transporte, armazenamento e correio, profissionais, científicas e técnicas, financeiras e de seguros, apresentaram destaque secundário, em se tratando de escala e representatividade dos empreendimentos. Quadro. Distribuição das empresas por atividades econômicas de serviços gerais e comércio, total e por faixa de pessoal ocupado, em 2010 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Comércio; reparação de veículo automotores e motocicletas Atividades administrativas e serviços complementares Alojamento e alimentação Total 0a4 5a9 10 a 19 20 a 29 30 a 49 50 a 99 100 a 249 843 637 134 50 14 4 3 1 104 80 11 4 7 1 1 - 249 194 37 14 3 1 - - Transporte, armazenagem e correio 20 17 2 - - 1 - - Atividades profissionais, científicas e técnicas 26 21 4 1 - - - - Informação e comunicação 24 19 Atividades financeiras, de seguros e 6 3 serviços relacionados Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). 5 - - - - - 3 - - - - - As atividades de administração pública, defesa e seguridade social, destacaram-se por algumas poucas unidades, mas com um grande número de pessoas ocupadas, em especial o poder público municipal. As atividades de educação e outras, eram responsáveis por poucos estabelecimentos de médio porte, com ocupação de mais de 50 pessoas, e um conjunto maior de unidades de pequena escala. Chama a atenção da maior participação, mesmo que em unidades de pequena escala, das atividades de artes, cultura, esporte e recreação, em relação às outras atividades, especialmente, as de saúde humana e serviços sociais. Outras atividades de serviços, capta as organizações sociais, como sindicatos e associações em geral, constituindo um grupo importante. Quadro. Distribuição das empresas por atividades econômicas de administração pública e serviços sociais, total e por faixa de pessoal ocupado, em 2010 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Administração pública, defesa e seguridade social Educação Total 0a4 5a9 10 a 19 20 a 29 30 a 49 50 a 99 500 e mais 3 - 1 - - - 1 1 26 13 3 6 3 1 - - Saúde humana e serviços sociais 19 13 4 1 1 - - - Artes, cultura, esporte e recreação 29 23 4 1 1 - - - 97 4 6 2 2 - - Outras atividades de serviços 111 Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). As unidades empresariais ativas no ramo da construção, de médio porte, eram apenas 3 construtoras, com mais de 20 pessoas ocupadas, e outras 62 de pequena escala. As atividades de serviços industriais de utilidade pública, tais como água, esgoto, gestão de resíduos sólidos e descontaminação, do ponto de vista do número de pessoas ocupadas, observa a existência de pouquíssimos empreendimentos e de pequenas empresas. Os empreendimentos imobiliários, associados ao conjunto dos produtos resultantes das atividades anteriores, representam uma reduzida estrutura empresarial, com um 1 empresa mediana com mais de 20 pessoas ocupadas e 11 de pequena escala. A indústria de transformação e extrativa concentrava-se em unidades de pequena escala, menos de 20 pessoas ocupadas. Na primeira indústria, havia somente duas plantas industriais de média escala, entre 20 e 50 pessoas ocupadas. Quadro. Distribuição das empresas por atividades econômicas produtivas e de serviços da produção, total e por faixa de pessoal ocupado, em 2010 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Total 0a4 5a9 10 a 19 20 a 29 30 a 49 Construção 65 45 9 8 1 2 Atividades imobiliárias Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação Indústrias de transformação 12 9 2 - 1 - 2 2 - - - - 41 30 7 2 2 - 2 2 - - - - Indústrias extrativas Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). As atividades agrícolas, pecuárias e extrativas, estabelecidas em unidades empresarias formais, constituíam 4 empreendimentos de pequena escala de pessoas ocupadas. Quadro. Distribuição das empresas por atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, total e por faixa de pessoal ocupado, em 2010 Atividades Econômicas (CNAE 2.0) Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). Total 0a4 4 5a9 1 10 a 19 1 2 A atividade pesqueira no município pode ser mais bem compreendida por conta das informações disponibilizadas pelo Instituto de Pesca de São Paulo, que mostra por tipo de aparelho de pesca, o número, variedade estratégias, alvos e a produção de pescado. Destes dados infere-se a produtividade média por mês no ano de 2010. A partir dessas informações é possível perceber a importância das estações, mais ou menos intensivas na mobilização das embarcações, no resultado da produção e da produtividade média ao mês. Aprofundando as informações, verifica-se que a diversidade dos aparelhos mais comuns na pesca local, tais como: arrasto de mão, duplo pequeno e simples pequeno, emalhe, linha, multi-artes, puçá, tarrafa e extrativismo, entre outras. Isso também indica, por conta da riqueza das estratégias de pesca, a permanência de traços artesanais da atividade, que também pode representar a pobreza das condições materiais do pescador. A produção em 2010 foi 7.940 quilogramas, dos quais 47% eram crustáceos, 44% peixes ósseos, 8% moluscos e 1% peixes cartilaginosos. Quadro 9. Conjunto de Unidades Pesqueiras, Produção de Pescado (Kg) e Produtividade (Unidade/Pescado), em 2010 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mês Aparelhos de Pesca Produção (Kg) Produtividade Média dos Aparelhos janeiro 63 10.436 166 fevereiro 60 7.186 120 março 48 3.874 81 abril 55 4.035 73 maio 35 1.536 44 junho 52 10.207 196 julho 59 16.156 274 agosto 66 11.768 178 setembro 42 4.472 106 outubro 60 8.298 138 novembro 61 10.142 166 dezembro 46 7.174 156 174 95.286 548 54 7.940 147 Totais Médias Fonte: Instituto da Pesca de SP/Estatística da Pesca (Elaboração Instituto Pólis). Entretanto, esta economia formal apresentada, à exceção dos pescadores, constituída por empresas e outros tipos de organizações de iniciativas (fundações, autarquias, Ong´s e Oscips e etcs), de diversas escalas de produção e ação, com trabalho assalariado, mais ou menos especializado, forma a estrutura produtiva de bens e serviços, estabelecida até recentemente no município. Com a qual se vê a pequena importância das atividades produtivas, rurais e urbanas, menos desenvolvidas, do que os serviços em geral, comércio, e especialmente os públicos e sociais. Com esse quadro geral de informações, apresenta-se um componente importante da estrutura produtiva local, para a reflexão a cerca das condições de desenvolvimento econômico. 5.2.3. Algumas decisões cruciais que podem atingir a economia local De acordo com o Relatório da Cespeg (2011), os investimentos previstos no setor de petróleo e gás são, em média, de US$ 5 bilhões/ano (US$ 3,7 bilhões relacionados à exploração, produção e refino) e devem produzir impactos altamente significativos na economia brasileira. Os impactos diretos, indiretos e de efeito-renda são potencialmente de US$ 12 bilhões por ano – relação de 1:2,5 com o investimento. A realização total desse potencial depende da parcela de fornecimento local de insumos e serviços. Atualmente, cada R$ 1 investido na cadeia do pré-sal e atividades correlatas, gera benefícios diretos e indiretos de R$ 1,26, além de R$ 1,9 em termos de efeito-renda (Cespeg, 2011). O efeito potencial em termos de crescimento do PIB anual brasileiro é da ordem de 0,6%, com uma geração adicional de 234.000 empregos. Os setores mais impactados pelos investimentos no setor de petróleo são o de prestação de serviços a empresas (que inclui consultorias, serviços jurídicos, informática, segurança, entre outros), siderurgia, metalurgia, máquinas e tratores, o próprio setor de petróleo e gás, construção civil, comércio e agropecuário. Os maiores beneficiados em termos de valor da produção são: serviços prestados a empresas (15,6%), siderurgia (11,3%), petróleo e gás (9,1%), máquinas e tratores (8,8%), peças e outros veículos (principalmente indústria naval, 7,4%) e construção civil (6,4%). Segundo levantamentos realizados com base em leitura de documentos, relatórios e estudos específicos sobre os impactos dos investimentos do pré-sal e de seus desdobramentos (porto, rodovia etc.), bem como com base em conversas e entrevistas com especialistas e gestores, aparecem alguns setores potenciais que serão impactados. Entre eles, os setores que potencialmente sofrerão impactos em toda a região são Indústria de Transformação; Construção Civil; Infraestrutura; Turismo; Resíduos Sólidos, Agricultura, Pesca e Extração. O conjunto total de empresas e outras organizações localizadas em no município, contava com 1.586 unidades de produção de bens e serviços, que era 11% maior em 2010 em relação a 2006, ou seja, no período posterior ao anúncio da descoberta do Pré-sal e depois do lançamento do PAC. Além disso, as maiores taxas de crescimento de unidades, deram-se no caso de empresas de faixa mediana de ocupação, entre 20 e 50 pessoas. Apesar do incremento de unidades acima de 50 pessoas ocupadas no município, houve o desaparecimento da importância de 2 unidades, uma com mais de 100 e outra que ocupava mais de 250 pessoas. Quadro. Número Total de Empresas e Organizações, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 1.127 1.206 7% 5a9 202 231 14% 10 a 19 67 95 42% 20 a 29 19 35 84% 30 a 49 7 12 71% 50 a 99 3 5 67% 100 a 249 2 1 -50% 250 a 499 1 - - 500 e mais 1 1 0% 1.429 1.586 11% Total Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). Com o conjunto total de empresas como referência passa-se a análise do desempenho das respectivas atividades econômicas (CNAE 2.0), agrupadas agora segundo a produção de habitação de infraestrutura urbana e produtiva, serviços de logística, turismo, lazer, públicos e sociais. A entrada ou saída de empresas, nos diversos segmentos de atividades, assim como a ocupação de maiores ou menores contingentes de trabalhadores, repercute no aumento da produção e da renda. 5.2.3.a. Habitação e Infraestrutura Urbana As atividades de construção civil, obras públicas, abastecimento de água, tratamento de esgoto, gestão de resíduos, descontaminação e de serviços imobiliários, têm entre si um relação especial de interdependência, que se deve observar no conjunto da gestão da política urbana. A produção de lançamentos imobiliários e investimentos na construção de obras e serviços de infraestrutura pública, concorrem na determinação dos preços dos estoques de imóveis. Na década passada entre os Censos, o estoque residencial do município cresceu ¼, superando 40 mil unidades em 2010. Nota-se que o número de domicílios permanentemente ocupados aumentou, chegando a 48%. Os imóveis de uso ocasional (veraneio ou 2ª residência) reduziram-se de proporção chegando a 44,2%. A parcela dos domicílios não ocupados por estarem vagos também reduziu de importância. Quadro. Domicílios recenseados, por espécie e situação do domicílio, total e percentual, Ocupados ou Não (Uso Ocasional ou Vago), em 2000 e 2010 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Espécie Ocupado Uso ocasional Vago Total 2000 14.509 15.049 2.424 32.095 2010 45,2% 46,9% 7,6% 100% 19.297 17.736 3.021 40.166 48% 44,2% 7,5% 100% Fonte: IBGE-Censo Demográfico -Sinopse 2000 e 2010 (Elaboração Instituto Pólis). O mercado local da construção civil era formado por 64 empresas em 2010. Esse conjunto era 44% maior do que o de 2006, mesmo com o desaparecimento de uma grande construtora. O crescimento da atividade tem se dado por pequenas empresas e especialmente mais próximas a uma escala mediana. Uma grande construtora, que ocupava mais de 250 pessoas, perdeu essa importância no período analisado. Quadro. Número de Construtoras, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 35 45 29% 5a9 5 9 80% 10 a 19 3 8 167% 20 a 29 - 1 - 30 a 49 1 2 100% 250 a 499 1 - - 45 65 44% Total Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). Dos recursos repassados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2010 10), segundo as funções de governo de urbanismo, habitação e infraestrutura, ligada a promoção do turismo, o município acessou mais de R$ 16 milhões, que representaram mais de 1,3% do total dos repasses da Caixa, destinados ao litoral considerado. Enquanto na função de governo de saneamento, o recurso foi de quase R$ 6 milhões, representando também pouco mais de 1,3 % do conjunto. O detalhe dos programas de origem dos repasses, disponíveis no sítio da Caixa, mostra que os recursos foram e estão sendo realizados em projetos de planejamento, regularização e construção de infraestrutura para moradia. A expansão das empresas da construção, recebeu dessa maneira algum estímulo, orientando-se para a produção de produtos e serviços, para as faixas de renda mais baixas e para a melhoria da infraestrutura urbana destinada tanto aos munícipes como aos serviços turísticos. O crescimento das empresas no mercado imobiliário deu-se mais pelo leve crescimento da escala, com o surgimento de uma imobiliária com ocupação de mais de 20 pessoas, do que pelo número de unidades, já que houve a redução de uma empresa. A dinâmica das atividades de construção e imobiliárias se relaciona seja por 10 Conforme o Balanço o 4 anos do PAC I – 2007 – 2010. meio da produção de imóveis residenciais, de diversos usos (permanente, especulação, veraneio e hospedagem) como pela produção de “obras” pesadas da infraestrutura (viária, saneamento ambiental (água e esgoto), equipamentos públicos e etc.), que valoriza os estoques de moradia produzida. Quadro. Número de Imobiliárias, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 11 9 -18% 5a9 1 2 100% 10 a 19 1 - - 20 a 29 - 1 - 13 12 -8% Total Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). A atividade de saneamento teve o surgimento de uma única empresa, contando com 2 empresas responsáveis pela ocupação de mais de 4 pessoas. Os empreendimentos de abastecimento de água, tratamento do esgoto, gestão de resíduos e descontaminação, são poucos e de pequena escala, o que representa os limites de oferta de produtos e serviços locais. Por outro lado, a atividade é uma importante oportunidade para expansão da política pública, como para a articulação do capital e trabalho local, inclusive a partir da demanda por serviços públicos. A organização dos coletores de materiais recicláveis é uma forma de gestão de serviços públicos, que pode combinar participação, regularização do trabalho, geração de renda e inclusão social. Quadro. Número de Empresas de Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 1 2 100% Total 1 2 100% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). Entre 2006 e 2010, as empresas de produção habitacional, infraestrutura e imobiliárias tiveram um crescimento na entrada de novas empresas no mercado e um menor aumento da escala de ocupação de pessoal, em ambas as atividades, que corresponde ao crescimento a expansão do estoque de moradia. As empresas locais ligadas à atividade de saneamento (ambiental, resíduos e descontaminação) apresentaram o surgimento de 1, contando agora com 2 pequenas empresas. Com isso, destaca-se um arranjo setorial da construção local, ainda apequenado se comparado a outros conjuntos de construtoras do litoral, mas que tem se expandido com algum dinamismo, estimulados pela demanda pública de obras de infraestrutura e serviços de saneamento. 5.2.3.b. Infraestrutura Produtiva e Logística A infraestrutura produtiva e logística do conjunto municipal insere-se na divisão social do trabalho e espacial da produção, no âmbito da região metropolitana Baixada de Santista, como local de suporte habitacional para trabalhadores da metrópole e centro de consumo de serviços de turismo. Para isso, conta com um amplo número de serviços em diversas atividades estabelecidas no município. As atividades de Comércio e Reparação de Automotores, dá suporte ao fluxo intra-metropolitano, em sua interconexão pelo transporte rodoviário, na exigência não só de novos equipamentos, mas da manutenção e [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 conservação. O crescimento das atividades apresentou um desempenho total positivo em seu número de empreendimentos, mas havendo a redução de unidades de grande escala, com mais de 100 pessoas ocupadas. As unidades de pequena escala, com menos de 20 funcionários, apresentaram crescimento menor do que as empresas de média escala, entre 20 e 50 pessoas ocupadas. Quadro. Número de Empresas de Comércio e Reparação de Automóveis, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 591 637 8% 5a9 115 134 17% 10 a 19 35 50 43% 20 a 29 7 14 100% 30 a 49 3 4 33% 50 a 99 2 3 50% 100 a 249 2 1 -50% 755 843 12% Total Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). As empresas de transporte, armazenagem e correio, relacionadas principalmente à logística do fluxo de mercadorias e pessoas, apresentou um crescimento relevante do número de empreendimentos, especialmente de menor escala, até 20 funcionários. Houve o surgimento de uma empresa de pequena média escala. Quadro. Número de Empresas de Transporte, Armazenamento e Correio, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 8 17 113% 5a9 - 2 - 30 a 49 - 1 - Total 8 20 150% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). As empresas de transformação apresentaram um crescimento no total do número de empreendimentos de 21%. A atividade teve uma expansão das unidades instaladas, especialmente, nas unidades de pequena escala, com menos de 4 pessoas ocupadas e redução do número de empresas com mais de 30 pessoas. As empresas de maior escala local, restringiram-se a 20 ou menos de 30 pessoas ocupadas. Quadro. Número de Empresas Industriais de Transformação, por Faixa de Pessoal Ocupado, em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 24 30 5a9 7 7 0% 10 a 19 1 2 100% 20 a 29 1 2 100% 30 a 49 1 - - 34 41 21% Total 25% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). O que se percebe nos números analisados, referentes às empresas de segmentos associados à infraestrutura produtiva e logística, e a sua escala, é que o crescimento do mercado local no período estudado, beneficiou mais as unidades menores e de médias escala, especialmente dos serviços de armazenagem, transporte e correio e da indústria de transformação. Na atividade de comércio e reparos de automóveis, as unidades mais próximas à média da escala apresentaram um desempenho importante, com o crescimento das empresas desse nível ocupação de trabalhadores. Enquanto as unidades de pequena escala e de grande reduziam-se em sua representação em número de empreendimento, ou cresciam menos nestas faixas de pessoal ocupado, abaixo da taxa dos segmentos mais densos em ocupação por unidade. 5.2.3.c. Turismo e Lazer O turismo abrange um grande número de atividades de serviços (CNAE), desde as atividades administrativas, complementares, alojamento, alimentação, artes, cultura, esporte e recreação 11. Esses serviços, direta ou 11 A “cadeia de produção turística” pode ser definida como o conjunto das empresas e dos “elementos materiais e imateriais” que realizam atividades ligadas ao turismo, com procedimentos, ideias, doutrinas e princípios ordenados. Enumeradas, de acordo com estudos desenvolvidos pelo SEBRAE (2011) , elas seriam divididas nas seguintes áreas: 1) Agência de viagens: a primeira porta de entrada ao turista, responsável pela emissão de passagens, pacotes, hotéis, e informações e assessoria sobre os destinos turísticos e a devida organização de itens de viagem; 2) Transporte: pode ser rodoviário, aéreo, ferroviário e aquaviário. As atividades envolvidas incluem assessoria a novas rotas, aluguel de veículos, fretamento e pacotes promocionais; 3) Alojamento: são os diversos meios de hospedagem, como hotéis, resorts, cama e café e pousadas. Serviços demandados neste setor são os mais variados, como a manutenção e segurança, serviços de reserva e telecomunicações, gerenciamento e suporte para negócios e convenções, além da construção e infraestrutura; 4) Alimentação: inclui desde estabelecimentos de bares e restaurantes, a empreendimentos de alimentação fora do lar, como quiosques e ambulantes. Os serviços relacionados vão do abastecimento aos meios de hospedagem às atividades de valor agregado como rede de distribuição, agricultura, logística e consultoria. 5) Atividades recreativas e desportivas: refere-se ao uso e benefício de equipamentos turísticos ou de uso da comunidade, como parques temáticos, unidades de conservação ambiental, eventos culturais e desportivos. 6) Outras atividades recreativas: em geral, relacionado ao comércio local com compras, artesanato, shopping e a inclusão da cadeia de produção regional. A devida identificação de cada ator, dentro da realidade local de um município ou Estado, é um desafio para gestores e empreendedores. Depois do devido diagnóstico da cadeia produtiva, os governos locais terão os meios para incentivar a criação e o fortalecimento de novas micros e pequenas empresas voltadas ao turismo, gerando mais emprego e sustentabilidade. Além das áreas citadas acima, o leque de beneficiados na cadeia produtiva inclui artesãos, agricultores, transportadores, pecuaristas, artistas, comerciantes, industriais e até empresários da saúde que conseguem ver no setor uma alternativa de desenvolvimento econômico. Do ponto de vista dos segmentos turísticos , estes podem se dividir em: a) Ecoturismo: segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações. Considerando os aspectos peculiares que o caracterizam e lhe conferem identidade – os recursos naturais –, o Ecoturismo exige referenciais teóricos e práticos e suporte legal que orientem processos e ações para seu desenvolvimento, sob os princípios da sustentabilidade; b) Turismo Cultural: o patrimônio cultural, mais do que atrativo turístico, é fator de identidade cultural e de memória das comunidades, fonte que as remete a uma cultura partilhada, a experiências vividas, a sua identidade cultural e, como tal, deve ter seu sentido respeitado. O uso turístico deve sempre atuar no sentido do [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 indiretamente, exploram as riquezas locais, que passam pela beleza da paisagem, cultura e história da gente local. Dentre algumas atrações, podemos citar atividades e lugares, tais como roteiros turísticos: Ecológico (Praia, Costão, Serra, trilhas, rios, pontes e cachoeira – aventura: arvorismo, tirolesa, water treking e Jeep tour), Turístico (Boulevard - calçadão no centro comercial – Aquário Municipal, Colônia Veneza, Complexo Termal, Mirante e Museu Histórico e Arqueológico, Orla e Praças), Cultural (Ruínas do Aberebebê, Capela de Mosaico da Colônia e Lamário Municipal) e Ufológico (a história da vida extraterrestre, descende da cosmologia indígena, dá nome a lugares como a Pedra da Serpente, Guaraú e Ilha Queimada, que é contada por relatos atualizados no sítio da Prefeitura). A atividade de turismo formada em parte por serviços administrativos e complementares 12, apresentou um crescimento médio importante de entrada de empresas, de cerca de 27%, especialmente nas faixas de menor ocupação de pessoas em empresas com menos de 20 pessoas, e de média escala, com menos de 30. Além da entrada de 1 empresa de mais de 30 e outra de mais de 50 pessoas ocupadas. Quadro. Número de Empresas de Administração e Serviços Complementares, por Faixa de Pessoal Ocupado, 2006, 2010 e Taxa de crescimento fortalecimento das culturas. Assim, a atividade turística é incentivada como estratégia de preservação do patrimônio, em função da promoção de seu valor econômico. Assim, a definição dada pelo Ministério do Turismo para o “Turismo Cultural” compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura; c) Turismo de Aventura: o “Turismo de Aventura” compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo. Consideram-se atividades de aventura as experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvem desafio, riscos avaliados, controláveis e assumidos que podem proporcionar sensações diversas como liberdade, prazer, superação, a depender da expectativa e experiência de cada pessoa e do nível de dificuldade de cada atividade. Devido à dimensão econômica, às especificidades desse segmento turístico e às inter-relações com outros tipos de turismo, principalmente, quanto à segurança, o Ministério do Turismo delimitou em “Turismo Aventura: orientações básicas” a abrangência conceitual dessa atividade e de definiu suas características, aspectos e atributos peculiares que lhe conferem identidade; d) Turismo de Sol e Praia: esta modalidade, mais conhecida e divulgada, praticada em cidades com praia, envolvendo uma gama de serviços de apoio, tais como serviços de hotelaria, alimentação, além de passeios diversos, comércio local etc; e) Turismo de Pesca: compreende as atividades turísticas decorrentes da prática da pesca amadora, ou seja, atividade praticada com a finalidade de lazer, turismo ou desporto, sem finalidade comercial. O Brasil dispõe de recursos com potencial para atrair pescadores do mundo todo, representados pela diversidade de seus peixes, suas vastas bacias hidrográficas e seus oito mil quilômetros de costa, aproximadamente. f) Outros segmentos de Turismo: o Ministério do Turismo publicou um documento, parte do Programa “Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil”, onde se analisam 12 categorias do Turismo nacional, incluindo, além dos anteriormente supracitados, os de: Turismo Social, Turismo Cultural, Turismo de Estudos e Intercâmbio, Turismo de Esporte, Turismo Náutico, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo Rural e Turismo de Saúde. 12 Entre as atividades administrativas e serviços complementares, destacadas para esta análise, são as de aluguéis não imobiliários, gestão de ativos intangíveis (meio de transporte, máquinas e equipamentos, objetos domésticos e pessoais), agências de viagens, operadores de turismo e serviços de reserva, além de serviços paisagísticos e para edifícios ou condomínios, segundo a CNAE 2.0. Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 69 80 16% 5a9 6 11 83% 10 a 19 4 4 0% 20 a 29 3 7 133% 30 a 49 - 1 - 50 a 99 - 1 82 104 Total 27% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). As atividades de alojamento e alimentação, que representam respectivamente, os hotéis, campings, pousadas e etc. e os restaurantes, tiveram crescimento positivo (11%), restrito às pequenas empresas, especialmente, com crescimento mais pronunciado nas de 10 e menos de 20 pessoas ocupadas. As unidades de médio porte, entre 20 e 50, mantiveram a sua importância, segundo as faixas apuradas de pessoal ocupado. Quadro. Número de Empresas de Alojamento e Alimentação, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 171 194 13% 5a9 38 37 -3% 10 a 19 11 14 27% 20 a 29 3 3 0% 30 a 49 Total 1 1 224 249 0% 11% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). A expansão das empresas ligadas ao lazer, no período considerado, foi inexistente, no número de empreendimentos, constituindo um conjunto de 29 empreendimentos nessa finalidade, fundamental para o desenvolvimento da atividade de turismo, especialmente, pelo estímulo a permanência dos visitantes. Os empreendimentos relacionados a artes, cultura, esporte e recreação, de pequena escala de ocupação, de até 9 pessoas, apresentaram um maior crescimento. No caso das unidades de mais de 20 pessoas ocupadas, ocorreu a queda na ocupação de pessoas, provavelmente, em atividades do setor público e organizações da sociedade civil sem fins lucrativos. Quadro. Número de Empresas de Artes, Cultura, Esporte e Recreação, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 23 23 0% 5a9 3 4 33% 10 a 19 1 1 0% 20 a 29 2 1 -50% 29 29 0% Total Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). O crescimento das atividades interconectadas de turismo, como se procurou mostrar, com os números referentes à escala das empresas administrativas, complementares, alojamento e alimentação, com taxa respectivamente de 27% e 11%, foi simultâneo a estagnação e pequeno retrocesso da escala dos empreendimentos no campo das artes, cultura, esporte e recreação. O estímulo à diversificação das atividades mencionadas, em parte para o consumo da população local, mas também visando o atendimento de veranistas e turistas, passa pela especialização e aumento da produtividade do trabalho. A identidade histórica e cultural que singulariza o turismo de local é compartilhada pelo poder público e empreendedores, como se vê em sítios oficiais e comerciais13. 5.2.3.d. Serviços Públicos e Sociais A importância da população municipal constitui-se numa riqueza relativa, que contribui ao desenvolvimento local na medida, em que estimula a diversidade e a especialização dos serviços públicos e sociais na economia local. Nesse sentido o município, possui a terceira menor população do litoral considerado, com menos de 60 mil, como já apresentado, constituindo uma menor demanda local. As atividades de educação, saúde humana e serviços sociais, profissionais, técnicas e cientificas, informação e comunicação, finanças e seguros e outras atividades, apresentaram distintos resultados em seu desempenho, em relação ao número de empreendimentos e a capacidade da sua escala de ocupação de pessoas. Um bom indicador da especialização dos serviços, de um determinado conjunto econômico é a condição das atividades profissionais, técnicas e científicas, que possibilitam a transformação qualitativa das relações econômicas. A existência de 26 unidades em 2010, com a expansão no intervalo analisado de 63%, reflete um diversificação importante para a estrutura da economia local, mesmo que concentrada em unidades de pequena escala. 13 Essa identidade está presente em diversos sítios, como: http://www.cidadedeperuibe.com.br, http://www.peruibe.com.br/, http://www.explorevale.com.br/baixadasantista/peruibe/, http://www.jornaldeperuibe.com.br/conheca.html e http://www.peruibe2.sp.gov.br/turismo/. Quadro. Número de Empresas de atividades profissionais, científicas e técnicas, por Faixa de Pessoal Ocupado, 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 10 21 110% 5a9 5 4 -20% 10 a 19 1 1 0% 16 26 63% Total Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). No campo da saúde e serviços sociais, tem havido a expansão da rede de atendimento do município, por unidades de pequena escala, com menos de 10 pessoas ocupadas. A atividade conta com 19 unidades, era 27% maior em 2010. Quadro. Número de Empresas de saúde humana e serviços sociais, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 10 13 30% 5a9 3 4 33% 10 a 19 1 1 0% 20 a 29 Total 1 1 0% 15 19 27% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). Tratando-se da atividade de educação, observa-se o crescimento das unidades de pequena e média escala, com menos de 30 pessoas ocupadas. A qual conta com 26 empreendimentos e organizações, 13% maior em 2010. Quadro. Número de Empreendimentos de Educação, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 11 13 18% 5a9 4 3 -25% 10 a 19 6 6 0% 20 a 29 1 3 200% 30 a 49 Total 1 1 0% 23 26 13% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). As atividades relacionadas à informação e comunicação, apresentaram um pequeno crescimento (9%), em unidades de pequena escala de ocupação, de até 9 pessoas. A entrada de novas empresas, mesmo que pequeno, é um bom indicador da percepção dos empresários e organizações civis de necessidades e oportunidades locais. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Quadro. Número de Empresas de informação e comunicação, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 18 19 6% 5a9 4 5 25% Total 22 24 9% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). Por outro lado, as atividades financeiras e de seguros, apresentaram uma importante redução no número de unidades ativas (-14%), reduzindo-se a 6 estabelecimentos. As unidades que ocupavam até 4 pessoas foram reduzidas, se bem que simultaneamente, houve o aumento escala de ocupação de pessoas das unidades de 5 a 9 pessoas ocupadas. O que denota a concentração da atividade no município. Quadro. Número de atividades financeiras e de seguros, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 6 3 -50% 5a9 1 3 200% Total 7 6 -14% Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). As atividades de outras atividades, representa as unidades de organizações associativas (patronais, empresariais e profissionais, sindicais), de defesa de direitos sociais e outras atividades de serviços pessoais. A redução dessas organizações pode indicar o enfraquecimento de algumas atividades ou mesmo a fusão de ações de associações local e regional. De outra maneira o aumento da escala de ocupação, nas maiores faixas, da pequena escala, como de 10 a 19 pessoas ocupadas, e principalmente de média escala, com a ocupação de 20 à menos de 50 pessoas representa a concentração do segmento. Quadro. Número de Organizações de outras atividades de serviços, por Faixa de Pessoal Ocupado em 2006, 2010 e Taxa de crescimento Faixa de Pessoal Ocupado 2006 Taxa de Crescimento 2010 0a4 135 97 -28% 5a9 10 4 -60% 10 a 19 2 6 200% 20 a 29 1 2 100% 30 a 49 - 2 - 148 111 Total Fonte: IBGE-SIDRA-CCE 2010 (Elaboração Instituto Pólis). -25% Com essa panorâmica da estrutura de empreendimentos dos distintos serviços da economia local, é possível verificar o avanço do processo do desenvolvimento das atividades profissionais, científicas e técnicas, saúde humana e serviços sociais, educação, informação e comunicação que são estratégicas tanto para o desenvolvimento econômico como social. As atividades financeiras, de seguros e outras atividades, em substancial retrocesso, sob o aspecto quantitativo de empresas ativas, em relação à ocupação de pessoas, que possibilita uma maior especialização do trabalho, apresentou algum incremento no mesmo período verificado. Os serviços locais em geral, representado pelas diversas atividades analisadas, têm aumentado em número e/ou em escala de ocupação de pessoas e provavelmente aumentado a sua diversificação. 5.2.4. Rede Petro Bacia de Santos (BS) Uma importante iniciativa é a “Rede Petro”, parceria entre o SEBRAE e a Petrobras, cujo objetivo é promover a inserção competitiva e sustentável dos micro e pequenos negócios, fornecedores efetivos e potenciais, na cadeia. Segundo informações do SEBRAE, até 2014, deverão ser investidos R$ 41 bilhões em todo esse segmento14. Vale lembrar que a primeira Rede Petro foi criada no Rio Grande do Sul, em 1999, num cenário onde o setor agrícola enfrentava grave crise no Estado e em todo o país. Diante da situação, alguns empresários e empreendedores começaram a pesquisar onde poderiam encontrar novas oportunidades para negócios. De forma geral, os objetivos específicos deste Convênio entre a Petrobras e o SEBRAE, também chamados de “Temas Estratégicos” são15: 1) Desenvolvimento de diagnóstico e de mapeamento de oportunidades de negócios para as micro e pequenas empresas (MPEs); 2) Formação, consolidação das Redes PETRO e promoção da interação entre elas; 3) Sensibilização e mobilização de grandes empresas para apoiar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas (MPEs); 4) Capacitação e qualificação de micro e pequenas empresas (MPEs); 5) Promoção de Rodadas de Negócios entre grandes empresas e micro e pequenas empresas fornecedoras (MPEs). Quadro. Empresas Cadastradas, por Origem do Fornecedor, na Rede Petros da Bacia Santos em 2012 14 Informação acessada em: http://www.busca.sebrae.com.br 15 De acordo com informações do próprio site, a primeira fase do Convênio, finalizada em 2007, contou com investimentos de R$ 32 milhões – R$ 12 milhões aportados pela Petrobras e Sebrae e R$ 20 milhões pelas empresas parceiras, envolvendo 12 estados do Brasil: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Em 2008, o Convênio Petrobras-Sebrae foi renovado por mais três anos, com aporte inicial de recursos de R$ 32 milhões (R$ 16 milhões de cada parte), a contrapartida mínima das empresas de R$ 8 milhões e a inclusão de mais dois estados: Pernambuco e Santa Catarina, totalizando 14 estados envolvidos. No período de 2004 a 2010, cerca de 3.400 empresas foram capacitadas para se tornarem fornecedoras da cadeia produtiva de petróleo e gás. Além disso, foram realizadas 65 Rodadas de Negócios, que geraram expectativas para fornecimento de bens e serviços em torno de R$ 2,6 bilhões. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Origem da Empresa Unidades Exterior 5 Nacional 8 Interior de SP 13 Litoral de SP 115 RMSP 43 Total 184 Fonte: Rede Petros Baixa Santista (Elaboração Instituto Pólis). Com respeito às potencialidades dos investimentos da Petrobras, referente aos cerca de mais de R$123 bilhões do PAC, realizados na instalação de capacidade de produção de petróleo e gás na Baía de Santos (PAC 2010), o banco de dados das empresas cadastradas pela Rede Petro, mostra uma única imobiliária (Micro Empresa), interessadas em prestar serviços a Petrobras. Destaca-se a concentração de grande parte dos interessados, empresas de grande porte e tecnologia, localizadas no núcleo Metropolitano mais denso da Baixada Santista, notadamente em Santos, na Região Metropolitana de São Paulo e outras centralidades econômicas nacionais e estrangeiras. 5.3. Mercado de Trabalho Com base nos dados do IBGE, de 2010, sabe-se que o município possuía 59.773 habitantes e sua População em Idade Ativa (PIA) era de 50.845, ou seja, 85% de sua população total. Vale lembrar que a PIA refere-se ao segmento da população total com idade entre 15 e 65 anos, ou seja, parcela disponível na sociedade para a realização de sua produção nacional. No entanto, no Brasil, onde as políticas públicas tiveram alcance limitado, considera-se como integrante da PIA as pessoas com 10 anos ou mais, sem critérios de estabelecimento de idade limite16. Mas nem todas as pessoas com 10 anos ou mais estão “disponíveis” para a vida produtiva, pois parcela desta encontra-se estudando, doente, como donas de casa e aposentados. Assim, apenas uma parcela da PIA realiza alguma atividade produtiva. Esta parcela chama-se População Economicamente Ativa (PEA). A PEA (28.752) era de 56,5% da PIA em 2010. Do total da PEA, há um segmento que se encontra efetivamente trabalhando (ocupados) e outro que está fora do mercado de trabalho em busca de ocupação (desocupado). A taxa de ocupação local (população ocupada dividida pela PEA) era de 89,7%, visto que havia 25.794 pessoas ocupadas. Isto demonstra que a taxa de desocupação de 10,3%, era maior que as verificadas na Região Metropolitana da Baixada Santista, no Estado de São Paulo e na média nacional. Por efeito de comparação ao longo do tempo, é imprescindível destacar que, em 2000, seguindo a mesma metodologia, a taxa de desocupação no município era de 26,5%, mais que o dobro recentemente da verificada. Quadro. População em Idade Ativa (PIA), Economicamente Ativa (PEA), Taxas de Desocupação e de Informalidade em 2010 Local Peruíbe Estado de SP Brasil 16 PEA 28.752 21.639.776 93.504.659 PIA 50.845 35.723.254 161.981.299 Tx Desocupação* (Em %) 10,3 8,1 7,6 Tx Informalidade** (Em %) 55 33 41 Conforme nos atenta Dedecca (1998:96): “Os limites de idade da PIA variam de acordo com o nível de desenvolvimento de cada país”. Fonte: IBGE, SIDRA – Censo Demográfico 2010 (Elaboração Instituto Pólis). * População Desocupada/PEA ** Proxy considerando os empregados sem carteira e os por conta própria/total de ocupados Outro indicador é a informalidade do mercado de trabalho no município. Sabe-se que não há consenso teóricoconceitual em torno da informalidade, sendo necessária a elaboração de proxys para a sua análise. Neste trabalho, com o intuito de analisar o peso das ocupações em situação de informalidade (sem carteira de trabalho assinada), optou-se por somar os empregados sem carteira e os por conta própria e dividi-los pelo total de empregados. Entende-se que este exercício nos permite ter uma ideia de quanto “pesa” o mercado de trabalho informal no município. Com base nesta construção, nota-se que a taxa de informalidade do mercado de trabalho era de 55% no município, superior às taxas registradas no Estado de São Paulo e inferior à média nacional. Em relação à taxa registrada em 2000 (61,9%), houve uma redução importante do peso das ocupações informais no mercado de trabalho local, o que suscita pensar quais foram as atividades formais ocupadoras dessas pessoas. Mesmo que a taxa de desocupação e de informalidade tenham caído em 2010, em relação à 2000, os seus números totais, explicam muito da precariedade dos assentamentos urbanos e das relações econômicas locais, por conta da condição de inserção do trabalhador no mercado. O desafio para a inclusão social no município, é melhorar a condição de vida de quase 8 mil moradores em assentamentos precários, 11 mil trabalhadores na economia informal, quase 3 mil desocupados e um percentual relevante de trabalhadores de mais de 10 anos, com rendimentos e não alfabetizados (6%, quase 2 mil), acima da taxa estadual (de 4,1%), um contingente substancial de moradores em estado de indigência (9,6%) e de pobreza (17,7%). 5.3.1. A especialização produtiva do trabalho no Município O mercado formal de produção permite melhores condições de aumento da renda e da especialização do trabalho pela verticalização do investimento em meios de produção, respectivo aumento da escala, da produtividade do trabalho e da diferenciação de produtos e serviços. Por isso, busca-se descobrir algumas tendências do mercado de trabalho, a partir das informações da distribuição dos estabelecimentos, emprego formal, as suas respectivas remunerações médias do emprego e a especialização regional das diversas atividades locais, comparadas à economia do estado de São Paulo (através do Quociente Locacional). O destaque do número de estabelecimentos das atividades de comércio (53,3%) e serviços (36,9%), era em muito superior ao das outras atividades juntas, a saber: Indústria da construção (4,3%), indústria extrativa e transformação (4,1%) e a agropecuária (1,5%). Figura. Distribuição (%) dos estabelecimentos, por setores da atividade econômica, em 201017 17 De forma a detalhar e articular as informações de diferentes fontes de informações como, de valor adicionado da F. Seade, empresas e ocupação de pessoas da RAIS (MTE) e das atividades econômicas (CNAE), buscou-se detalhar quando possível as atividades da indústria, a saber: extrativa, transformação e construção. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Indústria Extrativa e Transformação ; 4,1% Agropecuária; 1,5% Indústria da Construção; 4,3% Serviço; 36,9% Comércio; 53,3% Fonte: MTE, RAIS (Elaboração Instituto Pólis). Em relação aos trabalhadores empregados formalmente no município em 2010 (há contabilizado neste ano 7.857), distribuíam nas seguintes atividades: 38,7% no comércio; 29,2% em serviços; 22,7% na administração pública; 6,1% na indústria da construção; 1,7% na indústria de transformação; nas demais atividades, como a agropecuária, indústria extrativa e serviços industriais de utilidade pública, a participação, não chegou a 1% dos empregos. É válido mencionar que o emprego formal captado pelos dados do RAIS/MTE refere-se aos vínculos empregatícios regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e estatutários (regidos pelo Estatuto do Servidor Público), marcos institucionais formais do mercado de trabalho nacional. A partir destes dados, percebe-se que os empregadores no município estavam nas atividades de serviços, comércio e administração pública. A indústria da construção, indústria de transformação e de serviços industriais de utilidade pública, somaram juntas apenas 14% do emprego formal. A capacidade de ocupação do mercado local eleva-se, por conta da informalidade inerente aos trabalhos precários, relacionados à sobrevivência, especialmente em atividadees como, agricultura, pesca, construção, comércio e serviços com baixo nível de especialização. Figura. Distribuição (%) dos empregos formais, por setores da atividade econômica, em 2010 Agropecuária; 0,8% Indústria de Indústria Extrativa; transformação; 1,7% 0,04% Indústria da Construção; 6,1% Servicos industriais de utilidade pública; 0,7% Administração Pública; 22,7% Comércio; 38,7% Serviço; 29,2% Fonte: MTE, RAIS (Elaboração Instituto Pólis). De maneira geral, a renda média do salário, para as diferentes atividades locais, foi inferior à paga para o mesmo trabalhado no estado e no país. Os salários mais elevados foram pagos nas atividades de serviços industriais de utilidade pública (R$ 2.555), administração pública (R$ 1.727) e indústria da construção (R$ 1.245). Os salários mais comuns foram menores, como no comércio (R$ 894) e serviços (R$ 1.074). A atividade Agropecuária (R$ 573) apresentava o menor salário. Figura. Remuneração média em reais por setores da atividade econômica em 2010 Peruíbe São Paulo Brasil 6.000 4.000 2.000 2.555 573 902 914 1.245 894 1.074 1.727 Agropecuária Ind ústria Extrativa Ind ústria da Transformação Ind ústria da Construção Serviços Ind ustriais de Utilidade Pública Comércio Serviço Administração Pública Fonte: MTE, RAIS (Elaboração Instituto Pólis). Um indicador interessante para caracterização da especialização do trabalho, segundo a atividade econômica é o Quociente Locacional (QL). Conforme Silva et al. (2008), para a identificação de aglomerações produtivas locais, “é desejável elaborar um indicador que seja capaz de captar pelo menos três características de uma aglomeração produtiva local: a) a especificidade de um setor dentro de uma região (município); b) o seu peso em relação à estrutura empresarial da região (município) e c) a importância do setor para a economia do Estado” (p.6). Para isso, foram coletados dados da RAIS18 para o cálculo do QL 19 das atividades econômicas no município. 18 Em relação aos dados da RAIS, cabe mencionar que sua utilização para este exercício justifica-se pela possibilidade de desagregação setorial e geográfica dos dados, o que permite desagregá-los até o nível municipal e, em termos setoriais, até o nível de subsetores da atividade econômica seguindo a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE). Por outro lado, é sabido que esta base de dados traz consigo a restrição de somente contemplar o emprego formal, não permitindo, portanto, medir a “força” da [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Quadro 29. Quociente Locacional (QL) para o município, entre 2000 e 2010 2000 2010 13-Alimentos e Bebidas 0,4 0,1 01-Extrativa Mineral Peruíbe 0,4 0,3 14-Serviço Utilidade Pública 1,0 0,9 02-Prod. Mineral não Metálico 0,4 0,1 15-Construção Civil 1,2 1,2 03-Indústria Metalúrgica 0,1 0,1 16-Comércio Varejista 2,4 2,3 04-Indústria Mecânica 0,0 0,0 17-Comércio Atacadista 0,1 0,8 05-Eletrico e Comunicações 0,1 0,3 18-Instituição Financeira 0,7 0,7 06-Material de Transporte 0,0 0,0 19-Adm Técnica Profissional 0,7 0,4 07-Madeira e Mobiliário 0,4 0,0 20-Transporte e Comunicações 0,9 0,5 08-Papel e Gráf 0,1 0,1 21-Aloj Comunic 1,7 1,7 09-Borracha, Fumo, Couros 0,0 0,0 22-Médicos Odontológicos Vet 0,4 0,2 10-Indústria Química 0,0 0,1 23-Ensino 1,0 0,9 11- Indústria Têxtil 0,1 0,2 24-Administração Pública 1,3 1,8 12- Indústria de Calçados 0,1 0,1 25-Agricultura 0,5 0,3 Fonte: MTE, RAIS (Elaboração Instituto Pólis). Os dados para o município (Quadro 29), referentes à concentração de pessoas empregadas na comparação com a ocupação do estado, apresenta no ano de 2010, as seguintes atividades, com maior potencial: comércio varejista (QL de 2,3), administração pública (QL 1,8) alojamento e comunicação (QL 1,7) e construção (QL de 1,2). Olhando os dados com relação à mudança de potencial ao longo da década verificada, entre 2000 e 2010, serviços de utilidade pública (QL cai de 1,0 para 0,9), transporte e comunicação (QL cai de 0,9 para 0,5) e ensino (QL cai de 1,0 para 0,9). As tendências do mercado de trabalho, captadas nas informações da distribuição do emprego, pode ser apresentada da seguinte maneira, a população está ocupada em grande parte no comércio, seguido pela ocupação nas atividades de serviços e tem destaque a ocupação na administração pública. Os salários dos serviços industriais de utilidade pública e da administração pública tem o nível médio mais elevado de remuneração do município. Na agricultura está a pior média de nível salarial. O salário da construção está num nível superior ao da média dos serviços, que por sua vez, está acima do salário da indústria de transformação. A concentração de profissionais acima da média do estado (QL), mostrou-se representativa nas atividades de economia/empreendimentos informais, constituída de pequenas empresas familiares e outras atividades de pequena escala; empreendimentos estes de importância nesta pesquisa. Por estas limitações, este exercício nos serviu apenas como ponto de partida para aplicação dos questionários e mapeamento de setores estratégicos e potenciais do município, e outros perfis de estabelecimentos (inúmeros informais, por exemplo) foram sido visitados e analisados a partir dos questionários e entrevistas realizadas. 19 Este exercício realizou-se com base no cálculo do QL. O QL refere-se a um indicador típico na literatura de economia regional, de comparação de duas estruturas setorial-espaciais, a partir da razão entre as duas estruturas econômicas, sendo considerada, no numerador, a “economia em estudo” (município) e, no denominador, a “economia de referência” (estado). Desta forma, o cálculo leva em conta, no numerador, a relação entre o emprego do setor ou atividade “x” no município “j” em estudo e, no denominador, a relação entre o emprego do setor “x” no Estado em que está este município “j” pelo emprego total no Estado deste município. Após os cálculos, considera-se como potenciais Arranjos Produtivos Locais (APLs) aqueles setores com QL superior a 1. Vale lembrar que há estudos que adotam como critério o QL maior ou igual a dois ou três. Em quaisquer das situações (QL superior a 1, 2 ou 3), o resultado indica que a especialização do município “j” na atividade ou setor “x” é superior à specialização do conjunto do Estado nessa atividade ou setor (Silva et al., 2008). Nossa opção por analisar os QLs superior a 1 deve-se ao fato dos municípios em análise serem pequenos, de baixa renda e/ou estagnados. comércio varejista, administração pública, alojamento e comunicação e construção, relacionadas ao veranismo e turismo. 5.3.2 A Capacitação do Mercado Local de Trabalho O desafio para a integração das pessoas nas atividades econômicas, especialmente, nas relações formais de emprego, requer o ajuste da pretensão das pessoas (oferta de trabalho) às oportunidades oferecidas por empreendimentos e famílias (demanda por trabalho). Por isso é fundamental, confrontar alguns grandes grupos de pretensões profissionais dos trabalhadores, com a requisição por trabalho e especialidades. Para por fim, considerar a capacidade de preparação local da população, para alguns grandes segmentos ou mercados de trabalho, estratégicos e importantes. A oferta de trabalho considera as melhores inserções profissionais, do ponto de vista de 3 escolhas do candidato, registrado pela Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho (SERT). Com essas informações, verificam-se diversas ocupações pretendidas, com destaque para faxineiro, manutenção de edificações, comércio varejista, recepcionista, atendedor de lanchonete, operador de caixa, cozinhador, auxiliar de escritório, repositor de mercadorias, garçom entre outras. As mulheres ofereciam mais do que os homens, o trabalho como faxineira, no comércio varejista, recepcionista, atendente em lanchonete, operadora de caixa, cozinhador, auxiliar de escritório, garçonete, empregada doméstica (faxineira, arrumadora e diarista), cozinheira, babá e cuidados de idosos. Esses 20 tipos de ocupações, concentravam mais de 56,6% da demanda por trabalho das mulheres. Os homens ofertavam mais do que as mulheres, o trabalho na manutenção de edificações, repositor de mercadorias, servente de obras, pintor, vigilante e motorista. Os mesmos 20 tipos de ocupações representam uma proporção menor do conjunto masculino, cerca de 32,1%. O que indica que os homens dispersam-se numa maior gama de ocupações. Embora em todos haja representação feminina, mesmo que em menor proporção. Quadro. Oferta de Trabalho, segundo a especialidade pretendida, por sexo, percentual e total, em 2010 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Ocupação Pretendida (Oferta de Trabalho) Mulheres Nº Abs. Homens % Nº Abs. Total % Nº Abs. % Faxineiro 586 11,2 40 1,1 626 10,9 Trabalhador da manutenção de edificações 260 5,0 358 10,2 618 10,7 Vendedor de comércio varejista 357 6,8 114 3,2 471 8,2 Recepcionista, em geral 258 4,9 44 1,2 302 5,2 Atendente de lanchonete 242 4,6 43 1,2 285 4,9 Operador de caixa 179 3,4 27 0,8 206 3,6 Cozinhador (conservação de alimentos) 169 3,2 15 0,4 184 3,2 Auxiliar de escritório, em geral 127 2,4 53 1,5 180 3,1 Repositor de mercadorias 71 1,4 89 2,5 160 2,8 Garçom 89 1,7 66 1,9 155 2,7 Empregado doméstico faxineiro 133 2,5 1 0,0 134 2,3 Cozinheiro geral 121 2,3 5 0,1 126 2,2 3 0,1 123 3,5 126 2,2 Babá 123 2,3 2 0,1 125 2,2 Empregado doméstico arrumador 102 1,9 - 102 1,8 Empregado doméstico diarista 75 1,4 1 0,0 76 1,3 Cuidador de idosos 65 1,2 4 0,1 69 1,2 Pintor de obras 2 0,0 51 1,4 53 0,9 Vigilante 5 0,1 48 1,4 53 0,9 Motorista de furgão ou veículo similar 2 0,0 49 1,4 51 0,9 2.969 56,6 1.133 32,1 4.102 71,1 5.767 100 Servente de obras 20 Especialidades Mais Ofertadas Oferta Total de 405 Especialidades 3.670 2.097 Fonte: Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho – Sert. Emprega São Paulo; Fundação Seade. (1) Os candidatos podem indicar até três ocupações pretendidas, nesta tabela foram computadas todas as ocupações indicadas. (2) Incluem candidatos disponíveis, em seleção, admitidos, suspensos e desativados. (3) Em razão da transição do Sistema de Intermediação de mão-de-obra do Governo do Estado de São Paulo (Emprega São Paulo) para o sistema operado pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Governo Federal (MTE Mais Emprego) a série de dados foi, momentaneamente, interrompida em julho de 2011 (Elaboração Instituto Pólis). Se dividirmos toda a ocupação requisitada (Quadro 30), pelo número de escolhas do candidato (3X), chega-se a uma estimativa da oferta total de trabalho de 1.922 profissionais, entre janeiro e dezembro de 2010. A requisição de trabalho (Quadro 31), no mesmo período registrado pela Sert, foi de 269 postos de trabalho. A demanda por trabalho, por parte das empresas e famílias, estabelece-se abaixo da necessidade dos trabalhadores (a demanda por trabalhadores representa 13,9% da oferta). Além disso, a oferta total distribuída por gêneros de 1.223 mulheres e 699 homens, do ponto de vista da demanda por trabalho, foi pior para as mulheres, que tiveram a oportunidade de apenas 22 postos de trabalho, exclusivos para o seu sexo, 27 oportunidades restritas aos homens e 220 com a sexualidade indiferente. Quadro. Demanda por Trabalho, segundo especialidade, por sexo, percentual e total em 2010 Ocupação Requisitada (Demanda por Trabalho) Feminino Masculino Nº Abs. % Indiferente Nº Abs. % Nº Abs. Total % Nº Abs. % Repositor de mercadorias - - 94 42,0 94 32,9 Operador de caixa 2 6,9 - 46 20,5 48 16,8 Vendedor de comércio varejista 2 6,9 - 41 18,3 43 15,0 Operador de telemarketing ativo - - 11 4,9 11 3,8 Auxiliar de lavanderia - - 8 3,6 8 2,8 Faxineiro 6 20,7 2 6,1 - 8 2,8 Vigia - 8 24,2 - 8 2,8 Ciclista mensageiro - - 6 6 2,1 Porteiro de edifícios - 6 18,2 - 6 2,1 Trabalhador da manutenção de edificações - 6 18,2 - 6 2,1 Garçom - 1 4 1,8 5 1,7 Operador de telemarketing ativo e receptivo - - 5 2,2 5 1,7 Cozinhador (conservação de alimentos) 4 13,8 - - 4 1,4 Cuidador de idosos 3 10,3 - 1 4 1,4 Guincheiro (construção civil) - 4 12,1 - 4 1,4 Atendente de lanchonete 2 6,9 - 1 3 1,0 Auxiliar de escritório, em geral 3 10,3 - - 3 1,0 Encanador - - 3 3 1,0 18 Especialidades Mais Demandadas 22 75,9 2.097 Demanda Total por 32 Especialidades 27 3,0 81,8 3.670 220 2,7 0,4 0,4 1,3 98,2 5.767 269 94,1 286 100 Fonte: Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho; Fundação Seade (Elaboração Instituto Pólis). Grande parte das vagas disponibilizadas, entre janeiro e dezembro de 2010, mais de 278 (39%) delas exigia certificação de experiências anteriores. A exigência de experiência era maior para homens (75% das vagas) do que para as mulheres (74%), e no caso da indiferença sexual, a exigência de experiência era menor (39%). A diferença entre a demanda por trabalho (Quadro 31) efetivamente contratado, das vagas oferecidas (Quadro 32), mostra um potencial de empregabilidade local não realizado. Quadro. Número de Vagas, segundo o Requisitos de Experiência de Trabalho, por Sexo, em 2010 Experiencia Anterior Com Experiência Sem Experiência Total Masculino Nº Abs. % 59 74,7 20 25,3 79 Feminino Nº Abs. % 122 73,5 44 26,5 166 Indiferente Nº Abs. % 97 20,5 376 79,5 473 Total Nº Abs. 278 440 718 % 38,7 61,3 100 Fonte: Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho – Sert; Fundação Seade (Elaboração Instituto Pólis). Os impactos dos investimentos na cadeia de petróleo e gás natural, em infraestrutura (portos, rodovias etc.) indubitavelmente trarão oportunidades e desafios para os trabalhadores da região metropolitana da Baixada Santista. Um recente estudo (ONIP, 2011), aponta para a possibilidade de geração de mais de 2 milhões de postos de trabalho no país, como desdobramento dos investimentos que já vem se efetivando e que se manterá até 2020 nesta cadeia. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A magnitude e a abrangência da cadeia de petróleo e gás natural fazem com que o setor apresente necessidades diversificadas de trabalhadores. Estudos realizados pelo SEBRAE Nacional20 identificam os perfis de recursos humanos, de nível médio e superior, que serão demandados como corolário destes investimentos. São eles: Engenheiros: Químico; Civil; de Inspeção de Equipamentos; de Instalações Marítimas; de Manutenção; de Materiais; de Perfuração; de Processamento de Petróleo; de Produção; de Reservatório; de Telecomunicações; Eletricista; Eletrônico; Metalurgista; Naval; Submarino. Além de Geofísico; Geólogo; Paleontólogo; Químico de Lama e de Petróleo, Analistas; Eletricistas; Inspetor de Ensaios não Destrutivos; de Equipamentos; Instrumentistas; Mecânicos; Operadores de Processo; de transferência e Estocagem; de VCR; Soldadores; Sondadores; Técnicos de Laboratório; de Produção; de Perfuração; de Suprimentos; de Instrumentação; de Manutenção; de Processamento. Para suprir as necessidades da indústria petrolífera nacional, foi criado em 2006, o Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNQP) do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural Prominp, cujo objetivo é o treinamento e capacitação (com o oferecimento de bolsas de estudo para os participantes) demandada pelos empreendimentos do setor de petróleo, principalmente para as empresas fornecedoras de bens e serviços nos 17 estados do País onde foram previstos investimentos por parte da Petrobras. A estruturação de cursos do PNQP é baseada na previsão de demanda, calculada com base no portfólio e projetos da Petrobras. O foco do PNQP é a qualificação profissional por meio de cursos de curta duração (semestrais), destinados ao ensino básico, médio e superior, além de cursos de formação gerencial. A Escola Técnica de Peruíbe oferece cursos de Contabilidade, Logística, Modelagem do Vestuário (Vespertino e Noturno). A Uninter Peruíbe disponibiliza nove cursos de tecnologia em: Comércio Exterior, Gestão Comercial, Gestão da Produção Industrial, Gestão Financeira, Logística, Marketing, Processos Gerenciais, Gestão Pública Autorização e em Secretariado. A Faculdade Peruíbe (FPBE), mantida pela União das Instituições de Serviços, Ensino e Pesquisa Ltda (UNISEPE), fornece ensino de nível técnico (Enfermagem, Informática, Logística e Segurança do Trabalho) e superior (Administração de Empresas, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Ciências Contábeis, Direito, Gestão Ambiental, Pedagogia e Processos Gerenciais). As oficinas de qualificação profissional da Sert do Estado de São Paulo, disponibilizou em 2010, cerca de 240 vagas 3,5% das vagas totais da região de governo de Santos, nas modalidades de pedreiro, ladrilheiro, pintor de obras, encanador e eletricista. Quadro. Cursos Ofertados de Qualificação Profissional, pela Sert, no Município em 2010 20 Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/8760602B214695CA 832573BE004E6135/$File/Ind %C3%BAstria_do_Petr%C3%B3leo.pdf Cursos de Qualificação Profissional Vagas Ofertadas Pedreiro 48 Ladrilheiro 48 Pintor de obras 48 Encanador 48 Eletricista de manutenção eletroeletrônica 48 Total 240 Fonte: Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho – Sert; Fundação Seade (Elaboração Instituto Pólis). Um desafio à sociedade local é estimular os trabalhadores tanto a formação profissional como a organização empresarial, seja tradicional, associativa ou cooperativa. Nesse sentido, o crescimento das operações de crédito do banco do Povo Paulista, em número (767 operações) e valor (R$ 2,6 milhões), no período considerado desde os anos 2000 à 2011, mostra o interesse local de empreender (média do empréstimo de R$ 3.411) e tomar recurso com finalidade produtiva. O estímulo fiscal, à formalização e fortalecimento produtivo, de pequenos grupos de trabalhadores, no acesso a espaços físicos, máquinas e equipamentos e crédito, como do Banco do Povo e outros, constitui-se num importante projeto de largo horizonte. Quadro. Operação do Banco do Povo Paulista, em R$ correntes, entre 2000 e 2011 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Total Número de Operações 44 36 14 70 64 31 54 60 42 91 113 106 767 Valores emprestados Total R$ Média R$ 102.538 2.330 98.703 2.742 37.207 2.658 232.833 3.326 174.486 2.726 79.056 2.550 191.253 3.542 198.671 3.311 173.648 4.134 268.843 2.954 386.116 3.417 445.445 4.202 2.616.190 3.411 Fonte http://bi.seade.gov.br/SimTrabalho (Elaboração Instituto Pólis). A diferença entre a demanda e a oferta de trabalho, resulta na expansão do mercado informal de trabalho. Essa lacuna só pode ser mitigada com a preparação dos trabalhadores não só pela formação técnica para o mercado trabalho como para o empreedorismo em geral, especialmente com gestão social e coletiva. A formação, organização e capitalização (acesso a microcrédito) do trabalhador, são estratégias importantes, que tem sido realizado pelo poder público local, com o apoio dos demais níveis de governo. Nesse sentido, os níveis de governo, do Estado, junto à sociedade civil, têm no município mais um desafio para com o desenvolvimento local, pela fixação de centros de formação técnica local, diversificação da oferta de cursos técnicos, superiores e de formação, e mesmo para formalização das atividades. 5.4. Finanças Públicas e Desenvolvimento Socioeconômico municipal Para melhor situarmos as pertinentes conexões entre as finanças públicas municipais e o desenvolvimento socioeconômico, é relevante algumas observações a respeito deste tema, muito embora, exista neste Relatório uma parte específica concernente às finanças públicas. O Estado brasileiro, principalmente a partir implementação do Modelo de Substituição de Importações, através de seus investimentos diretos, das [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 companhias estatais e do planejamento executado, teve um papel fundamental no desenvolvimento econômico de nosso país. Mesmo com o processo de privatização, desenvolvido a partir dos anos de 1990 a importância do Estado continua expressiva na área econômica e social. Neste contexto é importante salientar que cerca de 34% do PIB, passa pelo setor público pela cobrança de tributos federais, estaduais e municipais. Em relação aos municípios essa presença do Estado, através das ações da prefeitura bem como das esferas estadual e federal, mesmo que em muitos casos ainda insuficiente, é fundamental para o desenvolvimento local. Na área da educação, por exemplo, é do conhecimento de todos que a grande maioria dos estudantes de nosso país, com exceção do ensino universitário, depende fundamentalmente do ensino público gratuito. Nessa área, as prefeituras são as principais responsáveis pela manutenção de creches e de escolas do ensino fundamental. O mesmo podemos dizer sobre a área da saúde pública onde a maioria da população depende dos serviços de atendimento em postos de saúde mantidos em grande parte pelas prefeituras. O município arrecadou em 2010 R$ 140.658.502 (Receitas Correntes + Receitas de Capital + Receitas IntraOrçamentárias – Dedução da Receita Corrente). O orçamento per capita correspondia a R$ 2.353, segundo Censo do IBG, naquele ano. Abordando a Natureza das Despesas verifica-se que a conta Corrente que atingiu 84,3% do total de empenho do exercício, com R$ 114,9 milhões, enquanto as despesas de capital alcançaram R$ 21,4 milhões do total, 15,7%. Em relação às despesas por Função os três principais gastos estavam nas áreas da Saúde, Educação, Urbanismo, com R$ 24,1 milhões; R$ 29,5 milhões e 19 R$ milhões respectivamente, valores que representam 24,2%; 29,5% e 19% do total empenhado em 2010. Os gastos na função Administração representaram R$ 13,3 milhões – 13,3% do orçamento. As quatro primeiras funções somadas representaram 85,9% do total empenhado. A despesa com Pessoal e Encargos Sociais R$ cerca de 60 milhões consumiu 44% da despesa empenhada do município em 2010, sendo a prefeitura, um dos principais polos de contratação de mão de obra local. Não há dúvida que a renda proveniente desses salários é gasta no comércio e nos mais variados serviços oferecidos no município desencadeando todo um efeito multiplicador de emprego, renda e arrecadação de tributos. Em relação aos Investimentos, os empenhos foram de R$ 20,1 milhões 14,8% do total. Para o item Transferências a Instituições Privadas sem fins Lucrativos e que não tenham vinculo com a administração pública foi empenhado R$ 0,9 milhão – 0,7% do total. Para o item Outros Serviços de Terceiros – empresas ou pessoas contratadas para executarem serviços para a prefeitura - representou R$ 35,3 milhões dos gastos, 26% do total. Em relação à receita destaca-se que a Receita Corrente representou R$ 137 milhões, 98% do total da arrecadação. Em 2010 a Receita Tributária representou a segunda maior fonte de recursos do município com 31,7% do total da arrecadação, com o destaque do IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana 17,4%. As Transferências Correntes foram a maior fonte de arrecadação, cerca 49,2% da arrecadação total, com a transferência da União de 20,2% especialmente, pela pelo recurso originado no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que representou 11,8%, e do Estado de cerca 13,3% do total da receita, em grande parte pela transferências do ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que representou 9,5% do total. As Receitas de Capital, contribuíram com 4,1% da receita total. Os convênios e operações de créditos, em vigência, firmados pelo município junto à CEF, entre 2007 a 2012, representam R$ 26,9 milhões, com o repasse pelo banco de R$ 20,3 milhões desse total. Por esses dados da receita, é possível concluir que a melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento local estão ligados ao desenvolvimento econômico do país. 5.5. Conclusões O crescimento da economia local à frente da média do litoral considerado, ocorre simultâneo à sua menor condição de consumo de energia, produção de valor adicionado e de salário médio, per capita, abaixo da média do litoral. Esse crescimento estimulado pela expansão do setor público, tem enfrentado a considerável precariedade da moradia, infraestrutura pública e a condição de indigência e pobreza. A dinâmica empresarial e das organizações no município caracterizou-se pelo aumento da representatividade das unidades de média escala, entre 20 e menos de 50 pessoas ocupadas, e uma redução importante de unidades de mais de 50 pessoas ocupadas. As empresas de construção, transporte, armazenagem e correio, transformação, administração, atividades complementares, atividades profissionais, científicas e técnicas, comércio e reparação de automóveis e alojamento e alimentação, destacaram-se pelo crescimento do número de unidades e escala de ocupação de pessoas. A queda da taxa de desocupação e de informalidade, ainda se constitui em um desafio para a inclusão social, representado por quase 8 mil moradores em assentamentos precários, 11 mil trabalhadores na economia informal, quase 3 mil desocupados e um percentual relevante de trabalhadores de mais de 10 anos, com rendimentos e não alfabetizados (6%, quase 2 mil), acima da taxa estadual (de 4,1%), um contingente substancial de moradores em estado de indigência (9,6%) e pobreza (17,7%). A população ocupava-se em grande parte no comércio, seguido das atividades de serviços e também na de administração pública. Os salários dos serviços industriais de utilidade pública e da administração pública pagavam o nível médio mais elevado de remuneração do município. Na agricultura estava a pior média de nível salarial. O salário da construção estava num nível superior ao da média dos serviços, que por sua vez, está acima do salário da indústria de transformação. A concentração da ocupação de pessoas, acima da média do estado (QL), mostrou-se representativa nas atividades de comércio varejista, administração pública, alojamento e comunicação e construção, relacionadas ao veranismo e turismo. A formação, organização e capitalização (acesso a microcrédito) do trabalhador, são estratégias importantes, que tem sido realizado pelo poder público local, com o apoio dos demais níveis de governo. O desafio colocado pela taxa de informalidade e desocupação das pessoas na economia do município, coloca um sério e urgente desafio à formação técnica, extensão de condições mínimas de produção e geração de renda, para que esses problemas não se transforme de econômico para o de ação social. 6 - ORDENAMENTO TERRITORIAL 6.1. Evolução da Mancha Urbana entre 1970 e 2010 Até o inicio do Sec. XX, Peruíbe caracterizava-se como uma pequena vila, fundada no séc. XVI pelo Jesuítas. A partir de meados da década de 1910 com a inauguração do ramal ferroviário Santos – Juquiá da estrada de ferro Sorocabana começam a chegar os primeiros imigrantes no munícipio. Os trens que saiam de Santos faziam longas paradas na estação de Peruíbe para o abastecimento de lenha das fornalhas das locomotivas e, no entorno da estação, foi se formando o embrião da Peruíbe atual. Nessa mesma época foi, também, inaugurada a ponte pênsil em São Vicente, facilitando ainda mais o acesso ao litoral sul e tornando as terras mais valorizadas. Até década de 1920 a população da vila era de apenas 4.227 habitantes, a maior parte residindo da estação de Peruíbe para o sul. Nesta década, mais precisamente em 1927, começaram a chegar os pioneiros do cultivo da banana que se instalaram no trecho da baixada inferior, permanecendo a orla ainda parcialmente ocupada. A partir da década de 1950 inicia-se a ocupação turística em Peruíbe, facilitada pela abertura da primeira pista da Anchieta em 1947 e motivada pela saturação e deterioração das praias santistas. Em decorrência destes fatores, crescem as atividades imobiliárias e comerciais. Com a inauguração da rodovia padre Manoel da Nóbrega na década de 1960, acentua-se a ocupação turística, ao mesmo tempo em que cresce também a população fixa. Este movimento de crescimento concomitante da população fixa e da população flutuante leva à expulsão da população fixa para zonas mais distantes da orla [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 marítima. Até o início desta década a nucleação urbana de Peruíbe se localizava apenas no entorno da estação da ferroviária e no bairro do Costão às margens Rio Preto, a partir de então, a urbanização começa a se espraiar rapidamente. Só na década de 1960 foram aprovados 17 loteamentos, sendo a metade mais distantes da orla, entretanto, vários deles ainda hoje estão em processo de ocupação. Na década de 1970, Peruíbe foi reconhecida como Estância Balneária e o fluxo de turistas permanece crescente. Nesta década foram aprovados outros 22 loteamentos, sendo grande parte deles destinados à segunda residência. Nesta época, a ocupação entre a praia e a Av. Padre Anchieta estava se completando e seguia se expandindo entre esta avenida e a linha férrea, começando a surgir núcleos além-rodovia. No começo da década de 1980, como se pode observar na figura abaixo, quase toda extensão da orla estava ocupada, restando pequenas manchas de vazios urbanos entre as ocupações. Neste momento, vê-se claramente que a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega e a Av. Luciano de Bona são as barreiras que delimitam os limites da ocupação do território. Figura. PERUÍBE – Mancha Urbana – 1979/1980 Fonte: Imagens Landsat 1979, 1980. A década de 1980 foi um momento de ocupação intensa do território, tendo sido aprovados 25 novos loteamentos. Neste período, os terrenos vazios no trecho da orla se esgotaram, restando vazia apenas a área da terra indígena de Piaçaguera ao norte do município. Segundo Ribeiro (2006), no período entre 1980 e 1991 o município apresentou um crescimento da área urbana de 95%. Neste momento, como se pode observar na figura abaixo, a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega e a Av. Luciano de Bona deixam de ser barreiras que delimitam os limites da ocupação do território, aparecendo vários núcleos urbanos que ultrapassam tais barreiras e se estendem em direção ao interior no município mais próximos à Serra do Mar. Figura. PERUÍBE – Mancha Urbana – 1991/1992 Fonte: Imagens Landsat 1991, 1992. Na década de 1990 o processo de urbanização se intensifica ainda mais, sendo o período mais marcante de ocupação do território de Peruíbe com a incorporação de novas áreas periféricas, enquanto que a orla, desde o Rio Preto até bem próximo da divisa com Itanhaém, se apresentava como uma área de ocupação contínua e consolidada. Figura. PERUÍBE – Mancha Urbana – 2000 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Imagens Landsat 2000 No período entre 2000 e 2011, a expansão urbana toma a faixa entre a linha férrea e a rodovia e transborda para além desta. Neste processo, intensifica-se a ocupação da margem direita linha férrea. Nota-se, também neste período a densificação de alguns loteamentos já ocupados. Figura. PERUÍBE – Mancha Urbana – 2011 Fonte: Imagens Landsat 2011 6.2. Regulação dos princípios e diretrizes de política urbana e ordenamento territorial A Lei Orgânica de Peruíbe (1990)21 já elenca uma série de princípios e diretrizes da política urbana e do ordenamento territorial. Algumas leis municipais relacionadas à política urbana devem ser complementares e, como tal, aprovadas pela maioria absoluta dos membros da Câmara. É o caso do plano diretor, zoneamento urbano de uso e ocupação do solo e do Código de Obras e Edificações (art. 32- A, LOM). Vale notar, que o plano diretor será revisto, pelo menos, a cada 10 (dez) anos (art. 5º, inciso VII c/c art. 8º, inciso XIII c/c art. 77, §4º, art. 78, parágrafo único, LOM). O plano diretor de Peruíbe (Lei complementar municipal nº 100/2007) estabelece ainda as matérias de ordenamento territorial que devem ser consideradas como iniciativa do Poder Executivo (art. 251): - alteração na concepção do Sistema Municipal de Planejamento e Gestão do Plano Diretor e da Gestão Democrática; - criação, modificação ou extinção de macrozonas; - alteração e definição do regime urbanístico; - alteração nos tamanhos de lotes, quarteirões e percentual de áreas de destinação pública em parcelamento do solo; - parâmetro para cobrança de vagas para guarda de veículos em prédios não residenciais. Como atribuições do Município vale destacar a promoção do adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo (VIII) ;a concessão e renovação de licença de instalação, localização e funcionamento para estabelecimentos industriais, comerciais e similares (XXIV) (art. 5º, LOM); a criação, organização e supressão de distritos e administrações regionais nos bairros (art. 82, LOM). Saliente-se que o Município deve envidar esforços para participar das gestões que envolvam interesses indígenas em locais geograficamente localizados em seus limites territoriais (art. 163). Cabe à Câmara dos Vereadores com a sanção do Prefeito delimitar o perímetro urbano, aprovar o plano diretor, entre outras matérias da política urbana municipal (art. 8º, LOM). A delimitação do perímetro urbano só poderá ser promovida uma vez por ano e definida por lei (art. 78, LOM). Os princípios da política urbana estão previstos à luz do art. 149 da LOM: I – a criação e manutenção de áreas de especial interesse histórico, urbanístico, ambiental, turístico e de utilização pública; II - a observância das normas urbanísticas, de higiene e qualidade de vida; III - a restrição à utilização de áreas de riscos geológicos; IV - a urbanização, regularização de áreas ocupadas pela população de baixa renda. Há um capítulo da Lei Orgânica destinado especialmente ao planejamento municipal. O plano diretor é reconhecido enquanto principal instrumento de ordenamento territorial e deve observar o disposto pelo Estatuto da Cidade e pelo plano estadual de gerenciamento costeiro (art. 77, §2º, LOM). As obras públicas municipais devem estar adequadas ao plano diretor (art. 84, LOM). 21 Foi utilizada a versão disponível no site da Prefeitura de Peruíbe atualizada até a Emenda º 24/2009 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 A progressividade do IPTU a fim de dar cumprimento à função social da propriedade está prevista na Lei Orgânica da cidade (art. 117, inciso I, §1º) assim como a contribuição de melhoria decorrente de obra pública (art. 117, VI). A Lei Orgânica de Peruíbe regulamenta as políticas públicas de maneira ampla, estabelecendo regras e princípios relacionados à saúde (art. 128 e ss.), à promoção social (art. 132), à educação, cultura, esportes e lazer (arts. 133 e ss.), ciência e tecnologia (art. 143), comunicação social (art. 144), defesa do consumidor (art. 145), política urbana (art. 146 e ss.), meio ambiente e recursos naturais (art. 151 e ss.), saneamento (art. 156) e turismo (art. 157). As políticas setoriais são objeto de regulação também pelo plano diretor que define políticas gerais de desenvolvimento e suas estratégias (Título II, art. 17 e ss.). Há um capítulo próprio para tratar (i) do acesso universal às políticas sociais, tais como saúde, esporte e lazer, educação, cultura, assistência social e segurança (arts. 20 e ss.); (ii) do desenvolvimento sócio-econômico sustentável (arts. 37 e ss.); (iii) do desenvolvimento territorial, que trata da política municipal de infra-estrutura e habitação (arts. 46 e ss.); e da (iv) qualificação da gestão municipal (arts. 54 e ss.). O plano diretor de Peruíbe consagra também diversos princípios fundamentais (art. 8º e ss.), dentre os quais vale citar: - direito universal à moradia digna; - acesso universal à infra-estrutura e serviços públicos; - universalização de políticas públicas sociais; - gestão pública ética e participativa; - direito ao trabalho; - desenvolvimento sócio econômico sustentável; - conservação, preservação e manutenção do ambiente natural e dos bens históricos culturais. Sobre o princípio da função social da propriedade, estabelece a Lei Orgânica de Peruíbe que o direito à propriedade é inerente à natureza do homem, dependendo seu uso da conveniência social (art. 147). O descumprimento da função social da propriedade pode gerar aplicação dos instrumentos previstos pela Constituição de 1988 e pelo Estatuto da Cidade e repetidos na Lei Orgânica Municipal (art. 147, parágrafo único) Há um capítulo específico definido pelo plano diretor para tratar das funções sociais da cidade e da propriedade rural e urbana (art. 7º e ss., plano diretor). As funções sociais da cidade e da propriedade em Peruíbe fundamentam-se nas diretrizes gerais do Estatuto da Cidade e nos objetivos das Macrozonas estabelecidos pelo plano. Esses importantes princípios constitucionais são considerados como objetivos gerais do plano diretor (art. 16, plano diretor). E para garantir o seu cumprimento, o plano diretor prevê as regras de aplicação dos instrumentos do parcelamento, edificação e utilização compulsórios de maneira bastante detalhada (art. 182 e seguintes do plano diretor). Esses instrumentos, seguidos do IPTU progressivo no tempo e da desapropriação por títulos da dívida pública - todos previstos na Constituição Federal e Estatuto da Cidade - visam induzir a ocupação das áreas vazias ou subutilizadas em Peruíbe e só podem ser aplicados na Macrozona de Qualificação Urbana e na Macrozona Turística de Sol e Praia. O plano diretor define o imóvel urbano não edificado como aquele cujo coeficiente de aproveitamento seja igual a zero. O imóvel urbano não utilizado é aquele considerado como abandonado há mais de 3 (três) anos independente da área construída. Por fim, o imóvel subutilizado é aquele que não cumpre o coeficiente de aproveitamento mínimo estabelecido pelo plano diretor. O plano diretor determina, porém, a necessidade de aprovação de lei municipal específica para aplicação dos instrumentos (art. 188, §9º c/c art. 189, parágrafo único, plano diretor). 6.2.1. Regulação do ordenamento territorial O ordenamento territorial do Município de Peruíbe é regulado por diversas leis aprovadas após a promulgação do Estatuto da Cidade, principalmente: pelo plano diretor (Lei complementar municipal nº 100/2007), a Lei de Uso (Lei complementar nº 121/2008), o Código de Obras e Edificações (Lei complementar nº 123/2008) e a Lei que regulamenta os instrumentos de outorga onerosa do direito de construir e transferência do direito de construir (Lei municipal nº 3.054/2010). O território de Peruíbe subdivide-se em (art. 91, plano diretor): I. Macrozona de Proteção Ambiental; II. Macrozona Rural de Desenvolvimento Agro-Ambiental; III. Macrozona de Amortecimento da Juréia; IV. Macrozona de Recuperação Urbana; V. Macrozona de Qualificação Urbana; VI. Macrozona de Expansão Urbana Ordenada; VII. Macrozona Turística de Sol e Praia; VIII. Macrozona de Adequação Urbano-Ambiental IX. Zona Especial de Reserva Florestal Biológica; X. Zona Especial de Interesse Turístico da Estância Santa Cruz; XI. Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS); XII. Zona Especial da Lama Negra; XIII. Setor Especial de Recuperação Ambiental XIV. Setor Especial de Parques; XV. Setor de Amortecimento do Parque Estadual Serra do Mar; XVI. Setor de Interesse Turístico; XVII. Setor de Interesse de Preservação da Paisagem Urbana; XVIII. Setor de Interesse Arqueológico XIX. Corredor de Indústria e Serviços; XX. Corredor Marginal da Ferrovia As macrozonas, zonas especiais, setores e corredores estão espacializados no mapa do Anexo 1 do plano diretor. O uso do solo em Peruíbe é classificado em habitacional, não habitacional e misto, os quais podem instalar-se em todo território municipal, desde que obedecidos os objetivos das Macrozonas e o nível de incomodidade (art. 150 e ss., plano diretor). Os níveis de incomodidade e regras específicas de uso do solo são reguladas de maneira detalhada pela Lei de uso do solo do Município de Peruíbe (Lei complementar municipal nº 121/2008). Os parâmetros de ocupação do solo são previstos no plano diretor (art. 172, plano diretor): [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 - coeficiente de aproveitamento; - taxa de ocupação; - taxa de permeabilidade do solo; - fração média; - recuo; - altura máxima de edificação; - lote mínimo. Tais parâmetros de ocupação são detalhados pelo Código de Posturas e Edificações (Lei complementar municipal nº 123/2008). O parcelamento do solo em Peruíbe será regulamentado por lei específica (art. 236, plano diretor). Todavia, tendo em vista que a lei mencionada ainda não foi aprovada, ficam mantidas as disposições previstas na Lei nº 733/79 (art. 248, plano diretor). Vale notar que tal determinação pode gerar dúvidas relacionadas à interpretação da legislação urbanística em Peruíbe já que não fica claro quais dispositivos da lei anterior que podem ser ainda considerados aplicáveis. Há um título próprio no plano diretor destinado aos instrumentos de desenvolvimento municipal, com destaque para os instrumentos relacionados ao desenvolvimento territorial tais como o parcelamento, edificação e utilização compulsórios; o IPTU progressivo no tempo; desapropriação com títulos da dívida pública; transferência do direito de construir; consórcio imobiliário; direito de preferência; operações urbanas consorciadas; outorga onerosa do direito de construir; direito de superfície; estudo de impacto de vizinhança (art. 180 e seguintes.). Vale ressaltar que em Peruíbe os instrumentos urbanísticos são tratados de maneira detalhada pelo plano diretor. Nesse sentido, tal como previsto pelo Estatuto da Cidade, o plano diretor define as áreas de aplicação do parcelamento, da edificação e da utilização compulsórios (arts. 182 e seguintes); IPTU progressivo no tempo (arts. 188 e ss.); transferência do direito de construir (arts. 192 e ss.); direito de preferência (art. 205 e ss.); outorga onerosa do direito de construir (arts. 212 e ss.); operações urbanas consorciadas (arts. 219 e ss.). Estabelece, porém, a necessidade de regulamentação de muitos dos instrumentos por lei municipal específica, como no caso do parcelamento, edificação e utilização compulsórios (art. 186, §9º); IPTU progressivo no tempo (art. 189, parágrafo único), transferência do direito de construir (art. 196); consórcio imobiliário (art. 201); direito de preferência (art. 207); outorga onerosa do direito de construir (art. 212, §1º); operações urbanas (art. 221); direito de superfície (art. 228); Estudo de Impacto de Vizinhança (art. 171). Vale notar, que já foi aprovada a lei específica que regulamenta a aplicação da outorga onerosa do direito de construir, da transferência do direito de construir (Lei municipal nº 3.054/10), bem como a Lei de Uso do Solo que regulamentou o Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV (Lei municipal complementar nº 121/2008). A lei específica que detalha as condições de aplicação da outorga onerosa do direito de construir e a transferência do direito de construir define a fórmula de cálculo para cobrança, os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga e a contrapartida do beneficiário tal como previsto pelo art. 30 do Estatuto da Cidade. Em Peruíbe não há previsão de outorga de alteração de uso mas tão somente do direito de construir. A outorga onerosa do direito de construir aplica-se às novas contruções, às ampliações, às substituições de projeto que possuam acréscimo de área construída e regularização de edificações e obedecerá o coeficiente máximo estabelecido (art. 3º, Lei municipal nº 3.054/10). Os casos de isenção da cobrança de outorga são: as residências unifamiliares com até 250 (duzentos e cinqüenta) metros quadrados de área construída; os equipamentos públicos; os edifícios de entidades sem fins lucrativos e de utilidade pública quando destinados às atividades fins; os empreendimentos destinados à habitação de interesse social caracterizada pelo Plano Diretor (art. 4º). A contrapartida será paga em moeda corrente diretamente na conta do Fundo de Desenvolvimento da Cidade (art. 13), conforme cálculo específico (art. 7º e seguintes). Há uma certa confusão entre os instrumentos da outorga do direito de construir e da transferência do direito de construir já que esta é considerada como forma de pagamento de outorga (art. 13, incisos II e III) e está “[...] vinculada à concessão de outorga na aprovação de projeto em outro terreno.” Em tese, os dois instrumentos possuem natureza distinta e finalidades diversas. Podem, portanto, ser aplicados separadamente. Não obstante, é necessário reconhecer que Peruíbe avança na implementação de instrumentos da política urbana já que regulamenta as suas condições de aplicação de maneira detalhada por lei específica. 6.2.2. Peruíbe e o Zoneamento Econômico Ecológico da Baixada Santista A política nacional e estadual de gerenciamento costeiro também estabelece regras de uso e ocupação do solo para a Zona Costeira no Estado de São Paulo. Os desafios do ordenamento territorial no litoral relacionam-se diretamente à tentativa de compatibilizar as regras dos diversos entes federativos na gestão urbana e ambiental do território da cidade. Com efeito, Peruíbe integra a Região Metropolitana da Baixada Santista (Lei complementar estadual nº 815/96) bem como o setor da Baixada Santista da Zona Costeira conforme definição do art. 3º, inciso II da Lei estadual nº 10.1019/98. O Zoneamento Ecológico- Econômico da Baixada Santista ainda não foi instituído tendo em vista que o Decreto Estadual regulamentador do Plano estadual do gerenciamento costeiro ainda não foi promulgado tal como previsto pelo art. 13, §1º da Lei estadual nº 10.019/98. Não obstante, vale notar que no dia 13 de dezembro de 2011, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) aprovou uma minuta de decreto que dispõe sobre o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) da Baixada Santista22. Embora ainda não tenha sido promulgado o Decreto do Governador – o que de fato lhe daria validade jurídica há que se considerar que o Zoneamento Econômico Ecológico é instrumento da política nacional e estadual de gerenciamento costeiro, regulado pela Lei federal nº 7.661/88, Decreto federal nº 5.300/04 e na Lei estadual 10.019/98. Como tal, poderá estabelecer importantes diretrizes de uso e ocupação do solo aos Municípios integrantes da Zona Costeira. A minuta de Decreto23 disponível no site da Secretaria Estadual de Meio Ambiente reconhece as peculiaridades, diversidade e complexidade dos processo econômicos e sociais da Baixada Santista e não foi feito necessariamente conforme suas características atuais, mas respeitando a dinâmica de ocupação do território e metas de desenvolvimento econômico e ambiental (art. 8º da Minuta de Decreto). 22 Deliberação CONSEMA 34/2011, 290ª Reunião ordinária do Plenário do Consema em 13/12/2012, disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.ambiente.sp.gov.br/uploads/arquivos/deliberacoes/2011/DEL34.pdf (consultado em 02/04/2012, 18h19). 23 Disponível no seguinte endereço eletrônico http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/files/2011/05/ZEE-BaixadaSantista_Encaminhado-SMA.pdf . Consulta em 16/07/2012. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Destaque-se também a necessidade de compatibilização das metas previstas e as previsões dos planos diretores regionais, municipais e demais instrumentos da política urbana (art. 8º, parágrafo único, minuta de Decreto). Como efeito, é importante que a eventual instituição do ZEE Baixada Santista leve em consideração as regras de uso e ocupação do solo estabelecidas pela legislação municipal de Peruíbe. A legislação municipal de Peruíbe reconhece a necessidade de articulação dos instrumentos de gestão territorial no litoral. Nesse sentido, estabelece que o plano de gerenciamento costeiro estadual deve orientar a elaboração do plano diretor do Município de Peruíbe (art. 77, §2º, LOM). Com efeito, o ordenamento do uso e ocupação do solo em Peruíbe fundamenta-se no plano estadual de gerenciamento costeiro (art. 89, inciso III, plano diretor). Por fim, vale notar que não foi elaborado o Projeto Orla em Peruíbe. 6.3. Regulação das Áreas de Expansão Urbana A delimitação do perímetro urbano só poderá ser promovida uma vez por ano e definida por lei (art. 78, LOM). O plano diretor de Peruíbe define e espacializa o perímetro urbano da cidade no seu Anexo 2. Com efeito, é considerado como perímetro urbano a Macrozona de Recuperação Urbana; a Macrozona de Qualificação Urbana; a Macrozona de Expansão Urbana Ordenada; a Macrozona Turística de Sol e Praia; a Macrozona de Adequação Urbano-Ambiental; a Zona Especial de Interesse Turístico da Estância Santa Cruz;a Zona Especial da Lama Negra (art. 92, plano diretor). Além disso, o plano diretor prevê uma Macrozona de Expansão Urbana Ordenada como características (art. 106), objetivos (art. 107) e instrumentos urbanísticos próprios (art. 108). Como características da Macrozona de Expansão Urbana Ordenada pode-se apontar: o predomínio do uso habitacional; a existência de população fixa de baixa renda; a presença de loteamentos residenciais de alto padrão, sendo estes com perímetro aberto ou fechado; pela infra-estrutura básica precária nos loteamentos aprovados antes da Lei nº6.766 de 19 de dezembro de 1979 e inexistente em áreas não loteadas; pela ocupação dispersa e fragmentada;pela existência de lotes e glebas vazias; pela presença de vegetação significativa, pela existência de áreas com ocupação irregular. São objetivos mínimos dessa macrozona: - manter os níveis de baixa densidade populacional; - promover a manutenção da qualidade ambiental; - assegurar a proteção da paisagem e conservação do meio natural; - controlar a fragmentação do território; - garantir a mobilidade e a integração do território. Nessa Macrozona são aplicáveis as operações urbanas, a outorga onerosa do direito de construir (área receptora de potencial construtivo) e o EIV. A exata definição de áreas urbanas e expansão urbana de Peruíbe relaciona-se diretamente com as modificações trazidas pela Lei Federal 12.608/12, que alterou o art. 42 do Estatuto da Cidade. Com efeito, a partir da publicação da nova lei, os Municípios que pretendam ampliar seu perímetro urbano deverão elaborar projeto específico que contenha no mínimo (art. 42 – B, Estatuto da Cidade): I - demarcação do novo perímetro urbano; II - delimitação dos trechos com restrições à urbanização e dos trechos sujeitos a controle especial em função de ameaça de desastres naturais; III - definição de diretrizes específicas e de áreas que serão utilizadas para infraestrutura, sistema viário, equipamentos e instalações públicas, urbanas e sociais; IV - definição de parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a diversidade de usos e contribuir para a geração de emprego e renda; V - a previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política urbana, quando o uso habitacional for permitido; VI - definição de diretrizes e instrumentos específicos para proteção ambiental e do patrimônio histórico e cultural; e VII - definição de mecanismos para garantir a justa distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do processo de urbanização do território de expansão urbana e a recuperação para a coletividade da valorização imobiliária resultante da ação do poder público. Com efeito, esse projeto específico deverá ser instituído por lei municipal e atender à diretrizes do plano diretor (art. 42-A, §1º, Estatuto da Cidade). Além disso, é considerado como condição para a aprovação de projetos de parcelamento do solo no novo perímetro (art. 42-B, §2º, Estatuto da Cidade). 6.4. Áreas de monitoramento territorial No Município de Peruíbe, como já apresentado anteriormente, o ritmo de crescimento populacional desacelerou fortemente na última década, passando de uma taxa de Crescimento Anual (TGCA) de 5,14% na década de 1990, para 1,52% ao ano em 2010, contudo o município ainda apresenta uma taxa de crescimento elevada. Diante das novas dinâmicas metropolitanas da Baixada Santista impulsionadas pelos grandes projetos inseridos na região em decorrência do Pré-sal e outras dinâmicas econômicas, como a ampliação do Porto de Santos, é necessário verificar os potencias de crescimento da mancha urbana do município de Peruíbe, prevendo novos cenários de acréscimo da demanda demográfica no município. Essa tendência leva a um processo de expansão urbana que aumenta as demandas por serviços, equipamentos e infraestruturas os quais já apresentam quadros deficitários e de saturação em regiões do município. Se esse crescimento urbano não for ordenado e ocorrer de modo inadequado junto aos cursos d’água, nos locais com topografia acidentada e em áreas com cobertura vegetal significativa, haverá problemas na ordem urbanística local. No contexto do litoral paulista como um todo, processos desordenados de urbanização também poderão pressionar o meio ambiente de modo negativo. Peruíbe possui uma riqueza ambiental e paisagística única, em seu território ainda subsistem importantes remanescentes de mata atlântica e ecossistemas associados, incluindo vegetação de restinga e manguezais que são parcialmente protegidos pelo Parque Estadual da Serra do Mar e pela Estação Ecológica Juréia-Itatins. Entretanto, muitas destas áreas ambientalmente representativas são também consideradas áreas preferenciais para a urbanização e agricultura, configurando uma disputa pela apropriação do espaço que tem de por um lado a imperativa obrigatoriedade de se preservar o ambiente natural para as presentes e futuras gerações e por outro lado a necessidade de se garantir estoques de terra para o desenvolvimento econômico e social do município. Para verificar as áreas que apresentam potencial para ocupação urbana, e que desta forma necessitam de um monitoramento mais atento, primeiramente foram identificadas as áreas que são resguardadas por espaços [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 territoriais especialmente protegidos24 e que não permitem a ocupação urbana. Para tanto, realizou-se uma justaposição dos seguintes elementos: Unidades de Conservação de proteção integral ou de uso sustentável que vedam expressamente a possibilidade de urbanização; Terras Indígenas; e algumas tipologias de áreas de preservação permanente previstas no Novo Código Florestal, incluindo áreas com declividade superior a 45 graus, localizadas junto aos cursos d’água e manguezais. Ver Mapa___. Mapa. Peruíbe – Áreas Protegidas e de ocupação urbana Os espaços territoriais especialmente protegidos expressos no Art. 225, § 1º, inc. III da Constituição Federal são gênero de áreas protegidas que engloba como espécies uma série de tipologias legais, incluídas aí as Unidades de Conservação (Parques Estaduais, Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental, etc.), Áreas de Preservação Permanente, Terras Indígenas, entre outras. Estas tipologias legais fornecem tratamento especial a porções do território nacional no sentido de sujeitar estes locais a um regime de interesse público com o intuito de proteger os seus atributos ambientais e as suas potencialidades socioculturais. (Fonte: Secretaria do Meio Ambiente, SP, 2010/IBAMA, 2011/Prefeitura municipal de Peruíbe) Trata-se de uma primeira tentativa para a identificação de áreas que não são abrangidas por áreas protegidas e que devem, portanto, ser monitoradas para que tenham uma destinação adequada, sejam elas para expansão urbana futura ou para preservação ambiental. No Mapa as áreas em branco remanescentes, não protegidas de acordo com os critérios descritos acima, correspondem a cerca de 23% do território de Peruíbe, e que chamamos de áreas de monitoramento territorial. Não se trata de uma identificação definitiva uma vez que há leis municipais que regulam e protegem essas áreas, bem como legislação específica voltada para a proteção da vegetação natural em âmbito estadual e federal que limitam ou vedam supressão da vegetação natural, como é o caso da Lei da Mata Atlântica . Além disso, análises complementares na escala local deverão ser realizadas a fim de que se tenha uma leitura mais precisa da situação do território, uma vez que não foram incorporados a este estudo mapeamentos referentes aos estágios sucessionais da vegetação devido à ausência de material cartográfico de âmbito regional em escalada adequada e disponível. Ademais, cumpre mencionar que algumas bases de dados utilizadas apresentam uma leitura bastante simplificada da realidade, incluindo aí a hidrografia utilizada para a delimitação das APPs que foi digitalizada a partir da base cartográfica do IBGE na escala 1:50.000, as imagens TOPODATA existentes no banco de dados geomorfométricos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) utilizadas para delimitar as áreas com declividade superior a 45° e a delimitação dos manguezais extraídas do banco de dados da S.O.S Mata Atlântica. As áreas de monitoramento identificadas em Peruíbe concentram-se principalmente ao norte do município, próximas ao município de Itanhaém. Pode-se dividir as áreas com potencial de ocupação exististes em Peruíbe em duas grande porções: uma que se concentra na região central do município entre a área já urbanizada junto à orla e as escarpas da Serra do Mar e; outra porção de área delimitada pela Serra do Mar, pela área de proteção [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 da terra indígena de Piaçaguera e pelo munícipio de Itanhaém, prolongando-se em uma extensão de planície por todo este município vizinho, chegando até o município de Mongaguá. Esta segunda porção de região com potencial de ocupação tem grande potencialidade do ponto de vista regional, já que atravessa 3 municípios que estão estrategicamente posicionados entre a Baixada Santista e o litoral Sul do estado. Buscando contribuir para o monitoramento deste território e sua adequada destinação, realizou-se também um mapeamento das características geotécnicas do solo, o qual se cruzou com as áreas de monitoramento detectadas no mapa_____ Mapa. Peruíbe – Áreas de Monitoramento Territorial e Características Geotécnicas25 25 A carta geotécnica utilizada foi incorporada ao presente estudo a partir da digitalização da cartografia geológica geotécnica do litoral paulista produzida originariamente na escala 1:50.000 pelo IPT e disponibilizada pela base dados da AAE PINO (Fonte: Secretaria do Meio Ambiente, SP, 2010/IBAMA, 2011/Prefeitura municipal de Peruíbe) Apesar de Peruíbe apresentar ainda um percentual relativamente alto de áreas com potencial para ocupação, em relação aos fatores geotécnicos, como se pode observar no mapa abaixo, todas estas áreas de monitoramento apresentam algum grau de fragilidade geotécnica, apresentando desde alta suscetibilidade à erosão por sulcos, ravinas e boçorocas; alta suscetibilidade à inundações, recalques, assoreamento, solapamentos das margens dos rios, até alta suscetibilidade à escorregamentos naturais ou induzidos. Estes fatores trazem a necessidade de um rígido controle sobre a ocupação urbana deste município, com o estabelecimento de regras de ordenamento urbano e de construção que garantam uma ocupação adequada às restrições geológicas. A suscetibilidade apontada no mapa geotécnico é entendida como decorrente de um fenômeno natural relacionada a características intrínsecas ao meio físico, sendo assim determinante em sua capacidade de sofrer alterações e de resistência (resiliência). Trata-se de uma medida probabilística, e não impeditiva de ocupação, que devem estar associadas também a outros conceitos como o risco e a vulnerabilidade, incorporando dimensões humanas mais explícitas. Além disso, é importante mencionar que esta base cartográfica, apesar de (Avaliação Ambiental Estratégica do Litoral Paulista das atividades Portuárias, Industriais, Navais e Offshore). Ver metodologia no anexo___. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 trazer informações importantes para se pensar o planejamento do uso e ocupação do solo deste Município, não permite uma leitura com grande precisão dos riscos geotécnicos ali presentes e, portanto, não elimina a necessidade de estudos com melhor nível de detalhamento (ver próximo item sobre metodologia para monitoramento territorial) 6.4.1 Procedimentos técnicos adotados para definição de áreas de monitoramento territorial - Litoral Paulista Introdução Este texto traz os procedimentos utilizados para a identificação de áreas de monitoramento territorial em municípios do litoral paulista, através do uso de procedimentos de análises espaciais realizado em ambiente Arcgis. O procedimento foi realizado visando uma leitura regional integrada para os treze municípios que configuram a área de estudo, sendo: Bertioga, Caraguatatuba, Cubatão, Guarujá, Santos, São Sebastião, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Ilhabela e Ubatuba. . O principal instrumento de análise foi um sistema de Informações Geográficas, o qual pode ser definido como da seguinte forma: “ Um SIG é sem dúvida nenhuma o “método” para desenhar, editar, e modificar um mapa urbano e para inserir, de um modo interativo, qualquer tipo de dados associados a objetos específicos representados nele. SIG é um sistema que combina computador, software, informação geográfica e operadores que podem receber, manusear, analisar e visualizar de um modo eficiente qualquer tipo de dado espacial que possui uma referência geográfica. O dado é representado em um mapa e qualquer objeto representado deve conter informação que pode ser analisada, a partir das quais modelos podem ser construídos , visualizados e, ao final, se necessário reproduzidos numa cópia impressa” (SARTORI, NEMBRINI e STAUFFER, 2001). Tais características presentes em um SIG direcionam o fluxo de trabalho do exercício apresentado neste texto. Objetivos e metodologia O objetivo do estudo é identificar áreas para monitoramento de possíveis ocupações futuras em função de restrições físicas e legais através de uma leitura regional integrada do território, visando auxiliar na construção de políticas públicas tecnicamente apoiadas que possam subsidiar as políticas de zoneamento e de uso e ocupação do solo. Vale ressaltar que sobre as áreas identificadas ainda cabem uma série de análises e sobreposições, especialmente em nível local, sobre áreas contaminadas, áreas com importância ou interesse histórico cultural ou arqueológico, legislação municipal de uso e ocupação do solo, e verificação das áreas de risco e características geotécnicas do terreno, dentre outras variáveis locais. Procedimentos técnicos Para a identificação das áreas de monitoramento territorial, foram primeiramente levantadas as áreas que não podem ser ocupadas em função de restrições de ocupação do solo, principalmente de natureza ambiental, e relacionados a riscos de deslizamentos, quais sejam: o os limites de ocupação da faixa de 300 m ao longo da costa (preamar), considerada a partir da linha da maré, excluindo-se os costões rochosos; o o o o o as áreas de mangues, bem como de rios e córregos e respeitados os limites das APPs hídricas, Áreas de Preservação Permanente ao longo de nascentes e cursos d’água previstas na legislação vigente; os limites das Unidades de Conservação – UCs existentes, incluindo as RPPN – Reserva Particular do Patrimônio natural; os limites das terras de ocupação indígenas; as áreas de encostas de morros com declividade superior a 45º devido ao risco de deslizamentos. as áreas já ocupadas que configuram a mancha urbana. A partir das restrições legais e ambientais apontadas acima, foram levantados dados em diversas fontes para montagem de banco de dados geográfico georreferenciado, representando as principais restrições à ocupação urbana. Coleta de dados A base de dados utilizada é composta por um basemap formado por um mosaico de imagens de satélite armazenadas em nuvem (cloud GIS), e que pode ser acessado via ArcGIS online (sistema de compartilhamento de dados geográficos) ou via outras bibliotecas como o open layers. Esse mosaico é popularmente conhecido como BING MAPS, e é hoje muito popular assim como outras bases utilizadas como o Google Earth e outros derivados como os street maps de forma geral. Estes dados funcionam através do armazenamento de tiles na máquina local de acesso, e por trabalhar em diversas escalas esse mosaico é composto por imagens com resolução espacial diversas, datas de aquisição diversas, as quais se alteram em função da escala associada ao nível de zoom empregado pelo operador e uma relativa heterogeneidade, em função de cobrir a maior parte da superfície terrestre, o que a torna uma espécie de colcha de retalhos. Essa é uma das principais restrições que se deve atentar no uso desses dados, ressaltando também sua baixa qualidade geométrica em escalas cadastrais, a qual deve ser levada em consideração em determinados usos. Não obstante, ainda que a aquisição de imagens de satélite tenha passado por um grande processo de barateamento, em alguns casos, o uso deste tipo de basemap é uma boa opção em função do custo benefício, além de abrir possibilidades de compartilhamento de dados espaciais sobre base única. Este basemap foi utilizado no ajuste dos dados restritivos a ocupação supra mencionados, o qual proporcionou a validação visual das áreas apontadas além de enquadrar o layout de apresentação dos resultados. Em resumo, os dados utilizados são os que se apresentam na tabela 1: Tabela 1: dados utilizados Dado Mapa base Descrição Fonte Bing maps e Bing http://www.esri.com/software/arcgis/explorer-online street maps linkados diretamento ao ArcGIS 10 Unidades de APA, ARIE, ESEC, http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/downlo conservação Parques Estaduais ads.html e Parque Nacionais (SP) em formato shapefile [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Áreas mangue de Delimitação das áreas de mangue no litoral paulista em formato shapefile Terras Delimitação dos indígenas do polígonos de terras litoral paulista indígenas no litoral paulista Reservas Delimitação dos particulares polígonos de RPPN do patrimônio no litoral paulista natural - RPPN Declividades Polígono superiores a delimitando o 45º cálculo efetuado para todo o litoral paulista Faixa de APP Buffer de 300 de Preamar metros ao longo das faixas de preamar Faixas de APP Buffers de 10, 30, hídrica 50 e 200 metros a partir da linha de margem dos cursos hídricos, de acordo com a largura do curso definida em legislação específica Limites Poligono municipais delimitando o município de Bertioga Mancha Poligono Urbana delimitando a existente - mancha urbana 2011 existente em 2011 http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/downlo ads.html http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/downlo ads.html http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/downlo ads.html e complementação de Instituto Polis, 2012. TOPODATA – BD Geomorfométricos SRTM, INPE, 2008 Linha delimitada visualmente sobre o mapa base (satélite), sobre a qual foi gerado o buffer correspondente Prefeitura Municipal de Bertioga; Dados complementados por Instituto Polis, 2012; Medição e inserção dos valores de largura de rio coletados em imagem de satélite e inseridos no banco de dados das linhas dos cursos hídricos. IBGE, 2010. http://www.ibge.gov.br Imagem Landsat 2011 Elaborado por Instituto Polis, 2012 Software utilizado Para preparação, cruzamento e análise dos dados foi utilizado o software ArcGIS 10. Tal software possui atualmente uma grande inserção no mercado de geotecnologias e é um SIG no estado da arte, possuindo todas as funções a algoritmos necessários para o exercício proposto. Sua escolha se deu em função do atendimento aos requisitos do trabalho e do domínio já estabelecido sobre seu uso. Operações com mapas vetoriais A lógica para indicação das áreas de monitoramento é relativamente simples, e seus resultados dependem dos dados de origem utilizados. O principio básico do procedimento metodológico proposto é o de que excluindo-se as áreas restritivas e a mancha urbana, dentro do nível de informações coletadas e adotadas, identificamos, nos espaços do território não preenchidos ou inseridos nestas restrições, áreas de monitoramento territorial. Isto significa que é preciso um olhar atento sobre estas áreas, identificando suas características e potencialidades, seja para ocupação urbana futura, seja para preservação e proteção do meio ambiente. . Para tal, o geoprocessamento é ferramenta eficiente. Inicialmente o que procedeu foi a coleta, ajuste e inserção dos dados em ambiente SIG, conforme ilustra a figura 1: Figura 1: dados inseridos no SIG Como primeiro procedimento, foram gerados os buffers sobre os cursos hídricos e a faixa de Preamar. O buffer ou banda, cria polígonos ao redor de feições, sejam elas pontos, linhas ou polígonos, numa ou várias distâncias especificadas pelo usuário, gerados conforme a figura 2: Figura 2: Faixas de APP ao longo dos cursos hídricos com tamanho variável e faixa de preamar de 300 m (restinga), conforme resolução Conama 303 de 2002. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Com estes buffers gerados, todos os polígonos restritivos considerados neste exercício já estão consolidados e prontos para os próximos procedimentos. Na sequência efetuamos o recorte dos polígonos em função dos limites municipais, visando obter resultados apenas na área específica de estudo e minimizando o tempo de processamento necessário. Tal processo se deu através do comando CLIP no ArcGIS, o qual recorta as feições de entrada em função da feição de CLIP, conforme ilustra a figura 3: Figura 3: Exemplo do comando CLIP aplicado sobre as declividades superiores a 45º, onde se ver o resultado em vermelho comparado com o anterior em rosa. Como Imput feature foi utilizado o limite municipal. Para todos os outros polígonos de restrição foi utilizado o mesmo procedimento, utilizando como dado de CLIP o limite municipal. Com todos os polígonos restritivos já ajustados ao limite municipal procedemos a união de todos estes polígonos numa única feição, visando a construção de uma máscara única de restrição para todo o município e região. No ArcGIS este processo se dá através do comando UNION, cujo resultado pode ser visto na figura 4: Figura 4: União de todas as áreas com restrição a ocupação consideradas, recortadas por seu polígono de origem e sobreposição O comando UNION possibilita que os dados originais do banco de dados do polígono sejam preservados, e nas áreas onde houve sobreposição de polígonos os dados de ambos os polígonos em situação de overlay são carregados. Contudo, para o interesse deste exercício, optamos por criar um único polígono se divisões internas e dados associados advindos dos polígonos de origem, visando a criação de uma máscara uniforme para análise visual das áreas não restritas e continuidade das análises. O comando que possibilitou tal processo no ArcGIS foi o chamado [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 MERGE. Este comando faz com que os polígonos selecionados para tal tornem-se uma única linha no banco de dados associado, ou seja, ainda que descontínuos, eles serão uma única feição para o SIG, além disso, polígonos adjacentes unem-se espacialmente, cirando uma única feição com a eliminação dos lados adjacentes. O Resultado é um polígono continuo em suas áreas adjacentes, conforme podemos ver na figura 5: Figura 5: máscara formada por todas as áreas restritivas em Bertioga, através do comando MERGE Tendo a máscara de restrições pronta e o limite municipal, o próximo passo foi o cálculo do inverso da máscara gerada, através da diferença simétrica entre as áreas restritivas e o limite municipal. No ArcGIS este procedimento é possível através do comando Symmetrical Difference (semelhante ao comando diferença no gvSIG). Este procedimento computa em um novo polígono a diferença entre os polígonos de entrada, gerando uma máscara oposta. Feito isso com a mascara de restrições e o limite municipal, o resultado é mostrado a seguir na figura 6: Figura 6: Resultado do Symmetrical Difference entre as áreas restritivas e o limite municipal O polígono resultante, no exemplo acima, corresponde ás áreas dentro do município de Bertioga que, replicado para todos os municípios da área de estudo, possibilita uma leitura regional. Com os dados de restrição à ocupação espacializados, chegou-se ao mapa Áreas Protegidas e de ocupação urbana, conforme exemplo abaixo. Mapa. Áreas Protegidas e de ocupação urbana As áreas deixadas em branco, ou seja, onde não incidem as restrições identificadas, são as chamadas áreas de monitoramento territorial. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Buscando contribuir para uma destinação adequada destas áreas de monitoramento, agregamos informações do perfil geológico do terreno. A carta de risco geotécnico utilizada no projeto Litoral Sustentável é uma carta do tipo “carta de suscetibilidade”, indicada para uso regional (escalas menores que 1:100.000) e foi produzida pelo IPT seguindo sua própria metodologia. De acordo com Zuquette & Nakazawa (1998), a metodologia do IPT tenta buscar uma otimização entre processos de investigação e utilidade da informação obtida, e para tanto é baseada em alguns fundamentos básicos: Identificar no território os problemas mais significativos do ambiente físico inicialmente e buscar as condicionantes passíveis de mapeamento, as quais são: Geologia do terreno; Declividade do terreno e Tipos de solo presentes, em função da associação aos processos físicos relacionados. (escorregamento de encostas e matacões, deslocamentos de massa, processos erosivos, declividades acentuadas, enchentes, assoreamentos, etc); Fazer a integração dos problemas do ambiente físico levantados aos processos de uso e ocupação; Coleta direcionada de dados para estabelecer para estabelecimento das unidades geológico-geotécnicas de igual comportamento; Buscar a superação de conceitos de "aptidão", visando maximizar as opções plausíveis de uso do solo; Confeccionar cartas geotécnicas dinâmicas, as quais permitam a incorporação de novas análises e conhecimentos sobre uso e ocupação do solo. Nesse sentido, podem ser definidos 4 tipos distintos de Cartas Geológico-Geotécnicas (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999): - CARTAS GEOTÉCNICAS (PROPRIAMENTE DITAS): expõem as limitações e potencialidades dos terrenos, estabelecendo as diretrizes de ocupação, frente às formas de uso do solo. - CARTAS DE ATRIBUTOS ou PARÂMETROS: apresentam a distribuição geográfica de características de interesse (atributos, parâmetros geotécnicos) a uma ou mais formas de uso e ocupação do solo. - CARTAS DE RISCOS GEOLÓGICOS: prepondera a avaliação de dano potencial à ocupação, frente a uma ou mais características ou fenômenos naturais ou induzidos pelo uso do solo. - CARTAS DE SUSCETIBILIDADE26: informam sobre a possibilidade de ocorrência de um ou mais fenômenos geológicos e de comportamentos indesejáveis, pressupondo uma dada forma de uso do solo. Em função da disponibilidade de dados e da possibilidade de análise regional, a carta utilizada no projeto foi a carta de suscetibilidade. A suscetibilidade é entendida como decorrente de um fenômeno natural relacionada a características intrínsecas ao meio físico, sendo assim determinante em sua capacidade de sofrer alterações e de resistência (resiliência). Geralmente, em cartas de suscetibilidade é graduada em baixa, média e alta, sendo associada ao potencial probabilístico de ocorrência de fenômenos naturais em função da composição estrutural e funcional do meio, portanto, uma medida probabilística, e não impeditiva de ocupação, que devem estar associadas também a outros conceitos como o risco e a vulnerabilidade, incorporando dimensões humanas mais explícitas. Mapa. Áreas de Monitoramento Territorial e risco geológico 6.5. Dinâmica Imobiliária 6.5.1. Empreendimentos Imobiliários Verticais A crescente presença de empreendimentos verticais nos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte é reflexo do crescimento dos setores imobiliários e da indústria da construção civil. Esse crescimento é percebido em todo o Brasil, e está relacionado ao aumento da economia brasileira, ampliação do crédito e das linhas de financiamento do Governo Federal. A presença desses setores estimula o fenômeno da valorização do solo urbano e trazem aos municípios uma nova paisagem urbana. A ocupação urbana de Peruíbe é antiga e ao longo dos anos foi se consolidando um padrão construtivo predominantemente horizontal com a forte incidência da ocupação turística de imóveis de segunda residência, incentivada pela facilidade de acessos que proporcionaram a abertura da Avenida Anchieta na década de 1950, Rodovia Imigrantes na década de 1970 e Rodovia Padre Manoel da Nóbrega na década de 1960, esta última que faz a ligação entre Peruíbe e os municípios centrais da Baixada Santista (Praia Grande, São Vicente, Santos, Cubatão e Guarujá). A partir disso, houve o aumento da atividade turística balneária, acarretando em uma série de transformações no território do município, a partir do aumento da população residente e da demanda por residências de veraneio. No entanto, essa crescente demanda das atividades imobiliárias se concentrou em um padrão [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 predominantemente horizontal com a implantação de residências, loteamentos e condomínios horizontais fechados. Apesar da crescente presença do processo de verticalização nos municípios da Baixada Santista, em Peruíbe os empreendimentos imobiliários verticais foram pouco implantados e aparecem de forma pontual e dispersa nas faixas de terra próximas a orla em áreas valorizadas e servidas de infraestrutura urbana e próximas a Av. Padre Anchieta, que se constitui de um dos principais eixos de ligação entre os bairros da cidade. Figura__ – Vista a partir do mirante de Peruíbe, retratando a cidade ainda com padrão horizontal. Fonte: Prefeitura Municipal de Peruíbe, 2004. Os edifícios verticais aparecem nos bairros do Centro, Cidade Balneária de Peruíbe, Balneário Stela Maris, Barra de Jangadas, Balneário Flórida, Samburá. Três Marias, Estância Balneária Belmira Novaes e Estância Balneária Convento Velho. Podemos observar, no mapa a seguir, a localização dos empreendimentos verticais e sua proximidade com a orla. Mapa__– Distribuição dos Empreendimentos Imobiliários Verticais, 2012. Fonte: Instituto Polis, 2012. Os empreendimentos verticais existentes no município estão localizados, em relação ao Mapa de Macrozoneamento do Plano Diretor Municipal27 nas áreas definidas como Macrozona de Qualificação Urbana28, na Macrozona Turística de Sol e Praia29 e no Setor de Interesse Turístico30, que sobrepõe as duas macrozonas citadas. 27 Lei Complementar n°100 de 29 de março de 2007. Macrozona de Qualificação Urbana – caracterizada ela predominância de usos mistos, diversidade de classes de renda, disponibilidade de infraestrutura e serviços urbanos, ocupação de média e alta densidade, presença de lotes e edificações vazias e presença de conflitos de trânsito; 29 Macrozona Turística e Sol e Praia e Setor e Interesse Turístico – caracterizada pela alta densidade populacional durante temporada e baixa densidade fora de temporada, pela presença de lotes vazios isolados e dispersos, disponibilidade de infraestrutura instalada, com exceção de rede de esgoto, pouca disponibilidade de equipamentos comunitários de educação e saúde, uso predominantemente habitacional, predominância de ocupação de baixos gabaritos construtivos e predominância de atividades relacionadas ao turismo e lazer de sol e praia, em especial habitação de caráter transitório. 28 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa__– Empreendimentos Imobiliários Verticais e Macrozoneamento Elaboração: Instituto Polis, 2012. Os objetivos das Macrozonas de Qualificação Urbana, Macrozona Turística de Sol e Praia e o Setor de Interesse Turístico são: Macrozona de Qualificação Urbana – Valorizar o patrimônio arquitetônico, melhorar a sinalização urbanística, ampliar e recuperar os espaços públicos de lazer, eventos e áreas verdes, estruturar o sistema viário, e permitir o adensamento populacional onde este ainda for possível, como forma de otimizar a infraestrutura disponível. Macrozona Turística de Sol e Praia – preservar a paisagem da orla da praia, qualificar paisagística e urbanisticamente a orla da praia garantir a permeabilidade do solo, diversificar o uso incentivando atividades de comércio e serviços, melhorar a sinalização turística, democratizar o acesso à praia e sua paisagem, apoiar e fomentar as atividades de diversificação, especialização e qualificação das atividades de turismo e lazer e implementar sinalização educativa para preservar a qualidade ambiental e paisagística da praia. Conforme pode ser observado no Mapa de distribuição, os empreendimentos verticais estão localizados em sua grande maioria nas faixas de terras próximas a orla. Essas áreas são áreas valorizadas não só pela proximidade à orla, mas também pela disponibilidade de infraestrutura e equipamentos públicos, e por estarem próximos aos principais eixos da cidade. Parte considerável dos empreendimentos imobiliários verticais construídos no município está na Macrozona Turística de Sol e Praia, e inseridos também no Setor de Interesse Turístico, caracterizado pela alta densidade populacional durante temporada e baixa densidade fora de temporada e, portanto, em área da cidade utilizada por população flutuante durante as férias e feriados. Essa característica urbana e imobiliária não é especifica da dinâmica urbana de Peruíbe, mas das cidades que compõe a Baixada Santista e o Litoral Norte. Segundo dados do Censo 2010, 44,16% do total de domicílios particulares de Peruíbe são de uso ocasional, ou seja, quase metade dos domicílios são ocupados somente durante certos períodos do ano, ocasionando um desequilíbrio das demandas por infraestrutura. Podemos verificar que a maior parte dos imóveis de veraneio da cidade se concentra nas áreas próximas à orla que são ocupadas pontualmente pelos empreendimentos verticais, com setores que variam de 50-75% e 75100%, conforme pode ser observado no Mapa a seguir. Os setores com a maior presença de domicílios de uso ocasional estão localizados nas faixas entre a Av. Luciano de Bona e a orla. Mapa__– Empreendimentos Imobiliários Verticais e Domicílios de Uso Ocasional por Setor Censitário – 2010 Elaboração: Instituto Polis, 2012. Os bairros Convento Velho e Belmira Novaes registram a presença de apenas dois empreendimentos residenciais verticais que se destacam entre as residências térreas e assobradadas, ambos localizados a 150 metros da praia. São construções de 05 e 04 pavimentos, que possuem 03 dormitórios, 02 vagas de automóveis por unidade, além de salão de festas, churrasqueira e quadra poliesportiva. Esses empreendimentos possuem tamanhos de [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 aproximadamente 130,00m², voltados para as camadas sociais médias, com valores que variam de R$240.000,00 a R$350.000,00.31 Figura __ – Empreendimentos verticais nos Bairros Convento Velho e Belmira Novaes Fonte: Google Earth, 2012. Os bairros Balneário Oásis, Três Marias, Nova Balneária Peruíbe, Samburá, Ribamar, Jangada e Centro concentram empreendimentos próximos a Av. Padre Anchieta, sendo este um dos principais eixos de acessos da cidade e que também concentram atividades de comércio e serviço. A característica dos empreendimentos se diferencia pouco entre os bairros, que mantém um padrão de gabarito variando entre 03 a 08 pavimentos, um número de dormitórios de varia entre 02 a 03 e metragens que variam entre 80m² e 477m² de área útil. Os valores pesquisados se diferenciam em alguns bairros, sendo o Bairro Samburá o que apresenta empreendimentos com valores mais altos. Os bairros Três Marias e Centro são os que apresentam o maior número de construções verticais dispersos próximos a Av. Padre Anchieta. No bairro Três Marias, as construções são mais antigas, variando entre 15 e 32 anos, somente uma delas foi erguida no ano de 2006. Os valores pesquisados variam de R$170.000,00 a R$200.000,00 para venda. Tabela __ - Empreendimentos Verticais no Bairro Três Marias. Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área útil (m²) Ano Valor (R$) Três Marias 4 2 2 88,0 2006 170.000,00 Três Marias 3 2 1 116,0 1980 170.000,00 Três Marias 4 3 1 90,0 1996 185.000,00 Três Marias 4 3 1 110,0 1979 200.000,00 Fonte: Centro Imobiliária, 2012. 31 32 Pesquisa realizada na Imobiliária Centro Imobiliário - www.centroimobiliario.com.br. Acesso em Junho/2012. Figura __ – Empreendimentos verticais no Bairro Três Marias. Fonte: Centro Imobiliária, 2012. O Centro é o bairro que concentra o maior número de construções verticais da cidade, sendo a maioria delas, assim como no bairro Três Marias, empreendimentos mais antigos construídos desde a década de 1970. Os empreendimentos mais antigos do centro possuem metragens menores, estão localizados geralmente sobre estabelecimentos comerciais na Av. Padre Anchieta e são comercializados por valores mais acessíveis que variam de R$130.000,00 a R$200.000,00. Já os novos empreendimentos são comercializados por valores maiores que variam de R$295.000,00 a 450.000,00. A principal diferença entre eles é a de que os empreendimentos mais novos possuem metragens um pouco maiores e registram a presença de varandas. É importante observar também que os poucos empreendimentos que possuem gabaritos maiores, de 7 e 8 pavimentos são construções mais antigas. As novas construções possuem um padrão que variam de 4 a 5 pavimentos. Tabela __ - Empreendimentos Verticais no Bairro Três Marias. Bairro Nº Pavimentos Nº Dormitórios Vagas por UH Área útil (m²) Ano Valor (R$) Centro 4 2 1 85 1970 130.000,00 Centro 3 2 - 90 1977 170.000,00 Centro 3 2 - 60 1980 160.000,00 Centro 7 2 - - 1982 165.000,00 Centro 4 2 1 120 1987 210.000,00 Centro 4 2 1 80 1994 200.000,00 Centro 4 2 1 90 2009 295.000,00 Centro 4 3 2 157 2009 450.000,00 Centro 5 4 2 127 2012 400.000,00 Fonte: Centro Imobiliária, 2012. 32 Centro Imobiliário - www.centroimobiliario.com.br. Acesso em Junho/2012. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura __ – Construções verticais mais antigas no Bairro do Centro. Fonte: Centro Imobiliária, 2012. Figura __ – Construções verticais novas no Bairro do Centro. Fonte: Centro Imobiliária, 2012. É também no bairro do Centro que está localizado o empreendimento vertical com o maior gabarito da cidade, possuindo 15 pavimentos e localizado em frente à praia. Este empreendimento, denominado Edifício Itatins, comercializa unidades de 72m² de área útil, com 02 dormitórios, 02 vagas de automóveis por unidade, por valores que variam de R$180.000,00 a R$380.000,00 dependendo do pavimento e da sua localização em relação à vista para o mar. Os apartamentos que possuem as aberturas com vista para mar são comercializados por valores bem maiores do que aqueles que não possuem. A construção possui 38 anos e foi erguida em 1974, sendo também uma das mais antigas da cidade, construída anteriormente a atual legislação. Figura __ – Empreendimento vertical como maior gabarito da cidade, localizado no Bairro do Centro. Fonte: Centro Imobiliária, 2012. Vale destacar ainda os empreendimentos que ocupam dispersamente o bairro Samburá, que são construções mais novas e voltadas às classes de maior poder aquisitivo. Variam de R$250.000,00 a R$500.000,00 e possuem até 04 dormitórios. Possuem salão de festas, salão de jogos, piscina, academia e salas de cinema, constituindo-se de empreendimentos mais elitizados. Figura __ – Construções verticais novas no Bairro Samburá. Fonte: Google Earth, 2012. Alguns empreendimentos que atualmente estão em construção também comercializam unidades com valores mais altos, variando de R$350.000,00 a R$500.000,00 nos bairros próximos ao centro, com metragem de 120,0m² de área útil e gabaritos de 09 e 11 pavimentos. É importante salientar, que essa valorização e oferta de imóveis novos que se direciona, em alguns bairros, a um público de média e alta renda, contribui com o aumento da segregação socioespacial no município, onde a população sem acesso a essa oferta de imóveis, acaba por ocupar irregularmente e precariamente áreas urbanas mais afastadas. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Essa característica e tendência da verticalização em Peruíbe, apesar de ainda tímida, não difere dos outros municípios litorâneos, e mostra uma tendência de produção do mercado imobiliário direcionado para uma demanda de média e alta renda formada, principalmente, por famílias interessadas em imóveis de veraneio. Observa-se no Mapa a seguir de a clara distribuição espacial da renda segundo dados dos rendimentos nominais médios dos responsáveis pelos domicílios por setor censitário do IBGE 2010, que a porção de terra localizada entre a Av. Luciano de Bona e a orla é ocupada pela população de média, média/alta e alta renda com predominância em vários bairros da cidade, enquanto que as áreas afastadas são ocupadas pelas classes de baixa renda com rendimentos de 0 a 1 e 1 a 3 salários mínimos. Mapa __ – Empreendimentos Imobiliários Verticais e Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários – IBGE 2010. Fonte: IBGE 2010. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Podemos dizer que os empreendimentos verticais estão em consonância com as Macrozonas municipais, no que tange o adensamento populacional como forma de otimizar a infraestrutura disponível, oque favorece também o processo de valorização do turismo de veraneio, voltados para oferta de residências de média e alta renda e para prestação de serviços e comércio principalmente voltadas para o turismo. Cabe aqui ressaltar cabe ao Poder Público a regulação do uso e da ocupação do solo de maneira a garantir que os preceitos urbanísticos que visam consolidar essas macrozonas como áreas com altos padrões de qualidade de vida, possam ser acessadas principalmente por população fixa, independente da classe social, sob risco de consolidação da segregação espacial pela valorização imobiliária. Na Macrozona Turística de Sol e Praia onde há a preocupação expressa no Plano Diretor de ser preservar a paisagem da orla da praia, qualificar paisagística e urbanisticamente a orla da praia, garantir a permeabilidade do solo, o poder público deve criar mecanismos que impeçam a ocupação exclusiva de construções voltadas para população de alta e média renda. Isso pode ser realizado através de índices urbanísticos limitados, que impeçam verticalização em excesso, favorecendo construções mais baratas, e que viabilizem a utilização de instrumentos do Estatuto da Cidade, como a Outorga Onerosa do Direito de Construir, e o Direito de Preferência, gerando recursos principalmente para a compra de áreas urbanizadas e providas de infraestrutura, voltadas à produção de habitação de interesse social. As medidas sugeridas acima visam alterar modelo de ocupação do solo, que limita e concentra a maioria da população fixa do município nas áreas onde há maior carência de infraestrutura urbana. Isso nos mostra uma tendência de investimentos públicos em áreas valorizadas pelo mercado imobiliário e voltadas ao atendimento de população externa ao município. Apesar da atenção em investimentos nas áreas próximas à orla, basicamente por se tratar de uma cidade que tem no turismo uma de suas principais fontes de recursos – senão a maior existe a necessidade de maior aporte de recursos públicos em áreas onde reside a população fixa do município. Essas ações de regulação do uso e ocupação do solo, como a implantação dos instrumentos urbanísticos, jurídicos e tributários contemplados no Estatuto da Cidade e no Plano Diretor33 evitarão que, enquanto as áreas providas de infraestrutura urbana – sistemas de abastecimento de água e energia elétrica, pavimentação e drenagem urbana - sejam utilizadas por população de alta renda apenas em determinadas épocas do ano, tornando-as subutilizadas e farão com que famílias de média e baixa renda também possam se fixar. 6.5.2. Regulação dos empreendimentos imobiliários verticais O Plano Diretor de Peruíbe, Lei complementar nº 100/2007, prescreve uma política municipal específica para provisão de infraestrutura e serviços. Dentro dessa orientação, são estabelecidas algumas estratégias, das quais se destaca a potencialização do adensamento de áreas providas de infraestrutura (art. 48, inciso I). Referida potencialização do adensamento é expressamente reconhecida como objetivo de desenvolvimento urbano na Macrozona de Qualificação Urbana, nos termos do art. 104, inciso V. Para tanto, o art. 106 define tal macrozoneamento como passível de incidência de instrumentos urbanísticos definidos pelo Estatuto da Cidade, entre os quais, a outorga onerosa do direito de construir; parcelamento, edificação ou utilização compulsória; IPTU progressivo no tempo; desapropriação com pagamentos em títulos; consórcio imobiliário; e operações urbanas consorciadas. Situação parecida é da Macrozona de Expansão Ordenada e Turística de Sol e Praia. Nelas não são estabelecidos propriamente objetivos de adensamento populacional, mas, respectivamente, há uma preocupação manifestada pelo Plano Diretor de contenção de um crescimento fragmentado da cidade (art. 107, inciso IV) e incentivo à ampliação da presença de hotéis e centros de convenção por meio de outorga onerosa (art. 110, inciso IX). A formula de cálculo e detalhamento sobre a aplicação da outorga onerosa no Município foram regulamentados pela Lei nº 3.054/2010, mas o Plano Diretor de 2007 foi bastante avançado na definição de parâmetros para aplicação de distintos instrumentos do Estatuto da Cidade. Assim, a identificação de coeficientes mínimos, básicos e máximos para aproveitamento dos terrenos com construções são disciplinados em seu art. 176 nas macrozonas definidas pelo art. 177, parágrafo único (as mesmas três sobre as quais se discorreu acima, nesta análise de verticalização de empreendimentos imobiliários). 33 Os instrumentos previstos no PD são : Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórias, IPTU Progressivo no Tempo, Transferência do Direito de Construir, Direito de Preferência, Outorga Onerosa do Direito de Construir e Direito de Superfície. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Conforme visto, os coeficientes de aproveitamento mínimo, básico e máximo correspondem a 0,15, 1 e 3, respectivamente, remetendo o parágrafo 1º do art. 176 à diferenciação do máximo, por macrozona, por lei específica. Isso ocorreu com a promulgação da Lei complementar nº 123/2008 (Código de Obras do Município), cujo Anexo VI estabelece os parâmetros máximos de construção de acordo com a área do terreno de implantação. Referido anexo VI da LC nº 123/2008 foi revisto por força da Lei complementar nº 148/2010, para distinguir as possibilidades de ocupação máxima nas macrozonas onde se admite a outorga onerosa do direto de construir: •Macrozona de Qualificação Urbana: 3; •Macrozona de Expansão Urbana Ordenada: 1,5; •Macrozona Turística de Sol e Praia: 2. Os demais coeficientes (mínimo e básico) seguem as regras do art. 176 do Plano Diretor, sendo reduzido apenas o coeficiente de aproveitamento mínimo nos locais onde se incentivam usos menos antropizados. De forma mais sintética, a verticalização também é limitada por gabaritos máximos. No Plano Diretor, são definidas algumas hipóteses: •Nos setores de interesse turístico, o gabarito é limitado a 15m, podendo ser majorado no caso implementação de outorga onerosa do direito de construir (art. 138, inciso I, parágrafo 1º, e art. 138, inciso II, parágrafo único); •Áreas envoltórias de bens representativos de patrimônio histórico e cultural limitam-se a 7m de altura na “Área Envoltória Imediata” e 15m na “Área Envoltória Secundária” (art. 141, parágrafo único). Na realidade é o Código de Obras que é mais explícito na definição das alturas máximas das edificações, atendendo também ao Anexo VI da Lei, conforme disposto pelo art. 135. Em nenhuma macrozona o gabarito máximo permitido é inferior a 10m de altura. Nas Macrozonas de Recuperação Urbana e Turística de Sol e Praia esse parâmetro chega a 15m. Nas Macrozonas de Qualificação Urbana e de Expansão Urbana Ordenada, 45m. Com relação às zonas especiais, duas categorias seguem a regra geral dos 10m (Zonas Especiais da Reserva Florestal Biológica e da Lama Negra), enquanto a Zona Especial de Interesse Turístico da Estância Santa Cruz permite edificações de até 20m (sem qualquer potencial construtivo adicional permitido para essa zona) e as ZEIS obedecem a regulamentação específica. Ainda no Código de Edificações do Município, destaca a disciplina dos condomínios edilícios, objeto dos arts. 185 a 187. Além das exigências edilícias estabelecidas nesses dispositivos, ressalta-se o disposto no art. 186, que determina áreas mínimas privativas por unidade autônoma (o apartamento ou conjunto comercial). São exigências restritivas estabelecidas para as áreas que especifica. Podem, em alguns casos, como por exemplo, no Setor de Interesse Turístico, ensejar a implantação de empreendimentos imobiliários de padrão construtivo relativamente alto. São elas as seguintes dimensões mínimas de unidades: •70m2 para a Macrozona Turística de Sol e Praia; •60 m2 para as Macrozonas de Qualificação Urbana, de Recuperação Urbana, de Adequação Urbano-Ambiental e Zona Especial de Interesse da Estância Santa Cruz; •100m2 para o Setor de Interesse Turístico. De maneira geral, o Município destaca-se positivamente na tutela de seu adensamento construtivo, com claros incentivos à habitação de interesse social e ao desenvolvimento de empreendimentos voltados ao turismo (que possuem facilidades de obtenção de potencial construtivo adicional). São previstos procedimentos para o recolhimento de contrapartidas para fazer frente à pretendida otimização do tecido urbano dotado de infraestrutura, com clara priorização dessa área para incremento populacional. De outro lado, a discriminação legal dos parâmetros por meio de seu macrozoneamento, zoneamento especial e setores especiais representam uma lógica coerente de contenção do espraiamento urbano em áreas ambientalmente mais sensíveis e menos antropizadas. Por fim, há determinadas regiões da cidade34 nas quais a autorização legislativa sobre a construção de edifícios de mais de 2 andares está condicionada à realização de plebiscito popular (art. 77, §2º, LOM). De acordo com o plano diretor a obrigatoriedade de consulta à população através de plebiscito está prevista para os casos de alteração do gabarito no Setor de Interesse Turístico. Além disso, vale notar que qualquer alteração do macrozoneamento previsto pelo plano diretor deve ser precedido de consulta à população através da realização de assembleias municipais e de audiência pública(art. 76, § 3º, plano diretor). 6.5.3. Loteamentos e condomínios horizontais Em Peruíbe, assim com outras cidades litorâneas, a ocupação e urbanização deu-se a partir da orla da praia em direção à Serra do Mar, seguindo a tendente preferência do setor imobiliário em ocupar áreas próximas à orla, sendo estas as primeiras áreas sujeitas à urbanização. Em sentido longitudinal, a mancha urbana se consolida de oeste para leste, a partir dos bairros Centro, Estela Mares, em direção à divisa com o município de Itanhaém. A cidade possui como vias principais a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55), que corta a porção norte do território e dá acesso à cidade, ligando o Vale do Ribeira à Baixada Santista, a Av. Luciano de Bona, que separa os bairros mais consolidados do município localizados junto à orla, dos bairros mais afastados, com carências de infraestrutura e onde estão localizadas as populações de menor renda, a Av. Padre Anchieta que limita e define o Setor de Interesse Turístico, zoneamento municipal que se estende até a Av.Gov. Mario Covas Jr, na orla. Essas avenidas, que estruturam o traçado viário do município são as vias que condicionam a definem a localização dos loteamentos horizontais e condomínios fechados de média e alta renda do município, modelos de ocupação do solo presentes de forma considerável na malha urbana da cidade de Peruíbe. 34 Dispõe a Lei Orgânica de Peruíbe à luz de seu art. 77, § 2°: “[...] Alterações ao Plano Diretor no que concerne à Legislação sobre construção de edifícios com mais de 2 (dois) andares (térreo mais um), nas áreas compreendidas entre a Avenida Padre Anchieta e seu prolongamento até a Estância Santa Cruz, na divisa com o Município de Itanhaém, e a orla marítima, desde o Rio Preto até a divisa com Itanhaém, e nos bairros do Guaraú, Prainha e Jardim Guaraú (Costão), só poderão ser efetuadas após consulta à população através de plebiscito, marcado com trinta dias de antecedência, amplamente divulgado e coordenado pelo Legislativo”. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa __ – Loteamentos e Condomínios horizontais de alta renda. Elaboração: Instituto Polis, 2012. A implantação dos loteamentos e condomínios está diretamente relacionada à expansão da mancha urbana na cidade. Os grandes condomínios fechados foram implantados na década de 198035, segundo análises de fotos aéreas mapeadas, cujas implantações ocorreram de forma dispersa e descontínua ao longo do município conforme observado no mapa abaixo: 35 PLHIS Peruíbe, 2009. Mapa __ – Loteamentos e Condomínios horizontais de alta renda e Manchas de evolução urbana do PLHIS. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Podemos definir dois tipos de implantação de loteamentos e/ou condomínios fechados: Implantados na faixa do território localizado entre a Av. Mario Covas Junior, e a Av. Luciano de Bona, onde a malha urbana é consolidada e servida de infraestrutura. São os casos do Villaggio Terrazza, Portal da Juréia, Aldeia da Juréia, e os condomínios Bougainvillee II, III e III. Esses condomínios são fechados por guarita, e isolados da malha viária por muros, com sistema viário interno próprio; Figura __ – Condomínios Bougainvillee e Aldeia da Juréia. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Google Earth, 2012. Implantados na faixa do território entre a Av. Luciano de Bona e a SP-55, e entre esta rodovia e a Serra do Mar. São grandes condomínios fechados implantados na década de 1980, em áreas de expansão da cidade, com grandes vazios urbanos ao redor. São os casos dos Condomínios São Luiz, São Marcos e Jardim Três Marias, além da continuação dos condomínios Bougainvillee, denominados IV e V. Esses loteamentos e condomínios estão espacializados de forma dispersa, resultado da exploração das áreas ocupáveis pelo mercado imobiliário. Esse modelo de ocupação pode ser resultado da ausência de diretrizes de crescimento urbano para o município, e tende a continuar nas áreas onde a ocupação urbana ainda se dá de maneira dispersa,mais precisamente na região entre a Av. Luciano de Bona e a SP55. Figura __ – Tecido urbano disperso e fragmentado formado pelos condomínios e loteamentos no município de Peruíbe. Fonte: Google Earth, 2012. A abertura da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega propiciou e direcionou o crescimento urbano de Peruíbe em direção a Serra do Mar. A partir da década de 1980, o crescimento da mancha urbana se expande no sentido leste para áreas mais afastadas do centro, a partir da implantação dos extensos loteamentos e condomínios fechados acima da Av. Luciano de Bona, voltados, sobretudo, às classes de média e alta renda. Grande parte desses condomínios adotou características de veraneio, na intenção de atender a população flutuante, impulsionada pelo aumento do turismo balneário. A construção desses loteamentos e condomínios, portanto, constituiu-se de indutores a expansão da mancha urbana do município, influenciada pela facilidade de acesso com a abertura da rodovia, e o crescente aquecimento do setor imobiliário. A maioria desses loteamentos e condomínios horizontais fechados apresentam baixa densidade urbana, geralmente, com residências assobradadas possuindo de 3 a 6 dormitórios e chegando a possuir até 5 vagas de garagem. A grande maioria desses condomínios possuem residências de frente para a orla marítima e tem grandes dimensões, ocupando grande parte das faixas de orla. O Condomínio Aldeia da Juréia comercializa residências com valores que variam de R$400.000,00 a R$1.100.000,00, sendo claramente direcionado às classes de alta renda. São residências assobradadas que possuem de 3 a 5 dormitórios e até 4 vagas de automóveis, com metragens que variam de 130,0 a 400,0m² de área construída. O condomínio é totalmente murado com portaria de controle de acesso, constituindo um espaço isolado e elitizado na cidade e que se localiza na faixa de terra entre a Av. Luciano de Bona e a orla da praia. Tabela __ - Condomínio Aldeia da Juréia. Loteamento/ Condomínio Nº Dormitórios Vagas na garagem Área construída (m²) Valor (R$) Condomínio Aldeia da Juréia 3 - 130,0 400.000,00 Condomínio Aldeia da Juréia 4 4 207,0 630.000,00 Condomínio Aldeia da Juréia 3 - 260,0 650.000,00 Condomínio Aldeia da Juréia 4 4 300,0 750.000,00 Condomínio Aldeia da Juréia 5 4 400,00 1.100.000,00 Fonte: Imobiliária Fábio Imóveis, Paulinho Empreendimentos Imobiliários, Toninho Goes Imóveis e Imóveis Praia Mar, 2012. Figura __ – Condomínio Aldeia da Juréia. 36 http://www.fabioimoveis.com.br – Acesso em Julho/2012 http://www.imoveisemperuibe.com.br – Acesso em Julho/2012 http://www.imobiliariatoninhogoes.com.br – Acesso em Julho/2012 http://www.imoveispraiamar.net – Acesso em Julho/2012 [Digite texto] 36 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Google Earth, 2012 / Imobiliária Fábio Imóveis. Os condomínios Portal da Juréia e Villaggio Terrazza constituem-se de espaço menores mais que também se apresentam murados ocupando áreas próximas à orla. São condomínios que comercializam residências com valores que variam de R$300.000,00 a R$560.000,00, com metragens de 100,0 a 160,0m², apresentando de 3 a 4 dormitórios com até 2 vagas de automóveis na garagem. O condomínio Portal da Juréia possui 44 imóveis e o Villagio Terrazza possui 22 imóveis e localiza-se de frente para o mar. Figura. Peruíbe – Condomínio Villaggio Terrazza. Fonte: Google Earth, 2012 / Imobiliária Fábio Imóveis. Já os condomínios São Marcos, São Luís e Três Marias se localizam nas faixas de terra entre a Av. Luciano de Bona e a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, com localizações um pouco mais afastadas da orla. No condomínio Três Marias encontramos imóveis todos assobradados com metragens de 220,0 a 350,0m², com 3 a 5 dormitórios e até 3 vagas na garagens. São imóveis direcionados às classes de alta renda, sendo comercializados por valores que variam de R$550.000,00 a R$800.000,00. Tabela __ - Condomínio Três Marias. Loteamento/ Condomínio Nº Dormitórios Vagas na garagem Área construída (m²) Valor (R$) Três Marias 3 4 224,0 550.000,00 Três Marias 4 4 252,0 600.000,00 Três Marias 4 4 240,0 650.000,00 Três Marias 5 4 250,0 750.000,00 Três Marias 4 4 353,0 800.000,00 Fonte: Imobiliária Fábio Imóveis, Paulinho Empreendimentos Imobiliários, Toninho Goes Imóveis e Imóveis Praia Mar, 2012 Figura __ – Condomínio Três Marias. Fonte: Google Earth, 2012 / Imobiliária Toninho Goes. Os condomínios São Marcos e São Luís também ofertam imóveis com altos valores, que variam de R$390.000,00 a 1.100.000,00. Tratam-se de imóveis com 3 a 5 dormitórios e metragens de 250,0 a 450,0m² de área construída. São todos condomínios murados que ocupam extensas áreas de terra. Figura. Peruíbe – Condomínio São Marcos. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Google Earth, 2012 / http://peruibe.olx.com.br – Acesso em Julho/2012. Um dos condomínios mais elitizados do município são os Bougainvillees I, II, III, IV e V, que se estendem por extensas faixas de terra desde a orla da praia até áreas próximas a Serra do Mar. Os Bougainvillees I, II e III localizam-se na faixa entre a Av. Luciano de Bona e a orla, sendo estes os que apresentam residências com valores mais altos, por estarem próximos a orla. O Bougainvillee IV está entre a Av. Luciano de Bona e a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega e o Bougainvillee V localiza-se acima da rodovia. Nesses condomínios encontramos imóveis de luxo comercializados com valores entre R$350.000,00 a R$2.200.000,00. São residências que possuem de 3 a 6 dormitórios, de 3 a 5 vagas de automóveis e metragens de 180,0 a 700,0m² de área construída. Esses condomínios configuram espaços totalmente isolados, que interrompem a malha viária local e impactam na paisagem urbana. Constituem-se de extensas áreas ocupadas pela população de alta renda veranista que usufruem dos privilégios de sua localização em áreas valorizadas e providas de infraestrutura, enquanto a população fixa de média e baixa renda está localizada em áreas afastadas, impróprias a ocupação com carência de infraestrutura. Tabela __ - Condomínio Bougainvillee. Loteamento/ Condomínio Nº Dormitórios Vagas na garagem Área construída (m²) Valor (R$) Bougainvillee III 3 - 180,0 350.000,00 Bougainvillee III 3 4 250,0 680.000,00 Bougainvillee I 4 3 270,0 800.000,00 Bougainvillee II 4 - 350,0 900.000,00 Bougainvillee II 4 5 196,0 1.000.000,00 Bougainvillee I 6 - 502,0 1.880.000,00 Bougainvillee II 5 - 700,0 2.200.000,00 Fonte: Imobiliária Fábio Imóveis, Paulinho Empreendimentos Imobiliários, Toninho Goes Imóveis e Imóveis Praia Mar, 2012. Figura __– Condomínios Bougainvillee I, II, III, IV e V. Fonte: Google Earth, 2012 / Imobiliária Fábio Imóveis. Figura __ – Rua interrompida pelo Bougainville I e Rua localizada entre o Bougainville II e III que configuram espaços totalmente isolados. Fonte: Google Earth, 2012. Verificamos, portanto, que os loteamentos e condomínios fechados de Peruíbe, assim como a grande maioria dos municípios da Baixada Santista e Litoral Norte, são caracterizados por apresentarem habitações de alto padrão claramente direcionadas às classes de maior poder aquisitivo. São essas áreas, que concentram a grande porção de residências de luxo da cidade, e que também representam, consequentemente a concentração das classes de alta renda da cidade. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Podemos visualizar a clara divisão socioespacial que se apresenta no município, se analisarmos a espacialização dos rendimentos nominais médios dos responsáveis pelos domicílios por setor censitário segundo IBGE 2010. É possível verificar que a população de média e baixa renda é predominante em vários pontos do território próximos à Serra do Mar, e que se inserem em setores censitários com faixas de renda de 0 a 1 e de 1 a 3 salários mínimos. Já os responsáveis domiciliares com maiores rendimentos se concentram em faixas de terra próximas à orla, se sobrepondo às áreas de loteamentos e condomínios fechados. Mapa __ – Loteamentos e Condomínios Horizontais Fechados e Rendimentos Nominais Médios dos Responsáveis pelos Domicílios Segundo Setores Censitários – IBGE 2010. Fonte: IBGE 2012 Elaboração: Instituto Polis, 2012. Verifica-se, portanto, a clara divisão da cidade por faixas de renda, com as classes de maior renda usufruindo de áreas valorizadas, servidas de infraestrutura e próximas à orla, enquanto a população de baixa renda aparece habitando áreas periféricas, impróprias à ocupação em mangues e áreas de risco. Observa-se no mapa a seguir a relação entre as áreas de loteamentos e condomínios de alto padrão e a distribuição das ocupações precárias e irregulares do município. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa __ – Loteamento e Condomínios Horizontais Fechados e Assentamentos Precários e Irregulares. Elaboração: Instituto Polis, 2012. Com relação à presença de infraestrutura nesses loteamentos e condomínios, é importante salientar, no entanto, que se alisarmos dados de domicílios ligados à rede coletora de esgoto segundo setores censitários do IBGE 2010, podemos verificar que os condomínios localizados na faixa de terra entre Av. Luciano de Bona e a rodovia Padre Manoel da Nóbrega estão se sobrepondo a setores que apresentam baixas porcentagens (0-25%), sendo esta uma das maiores demandas a serem atendidas no município. Mapa __ – Loteamentos e Condomínios Horizontais Fechados e Domicílios ligados a rede coletora de esgoto segundo Setores Censitários – IBGE 2010. Fonte: IBGE 2012 Elaboração: Instituto Polis, 2012. Podemos verificar ainda, conforme citado anteriormente, que a maior parte dos imóveis de veraneio da cidade se concentra nesses loteamentos e condomínios horizontais próximos à orla, com setores que variam de 50-75% e 75-100%, conforme pode ser observado no mapa ___ a seguir. Os setores com a maior presença de domicílios de uso ocasional estão localizados nas faixas entre a Av. Luciano de Bona e a orla. Observa-se por outro lado que a população fixa do município se concentra nas áreas afastadas da orla, em bairros como Caraguava, Ribamar, Santa Isabel, Vila Erminda, Vila Peruíbe e Vatrapuã. Essa característica está muito presente nos municípios da Baixada Santista e Litoral Norte. Segundo dados do IBGE 2010, Peruíbe possui 17.736 de domicílios de uso ocasional, representando 44,16% do total, confirmando a cidade como destino turístico que se consolida ano após ano, através da construção dos condomínios fechados de alto padrão. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Mapa __ – Loteamentos e Condomínios Horizontais Fechados e Domicílios de Uso Ocasional Segundo Setores Censitários – IBGE 2010. Fonte: IBGE 2012 Elaboração: Instituto Polis, 2012. Os condomínios estão localizados nas Macrozonas onde as diretrizes são: Macrozona Turística de Sol e Praia – preservar a paisagem da orla da praia, qualificar paisagística e urbanisticamente a orla da praia garantir a permeabilidade do solo, diversificar o uso incentivando atividades de comércio e serviços, melhorar a sinalização turística, democratizar o acesso à praia e sua paisagem, apoiar e fomentar as atividades de diversificação, especialização e qualificação das atividades de turismo e lazer e implementar sinalização educativa para preservar a qualidade ambiental e paisagística da praia. Macrozona de Expansão Urbana Ordenada – manter os níveis de baixa densidade populacional, promover a manutenção da qualidade ambiental, assegurar a proteção da paisagem e conservação do meio natural, controlar a fragmentação e garantir mobilidade e integração do território. Essas macrozonas possuem características diferentes, mas são complementares no processo de ocupação do território, pois enquanto a primeira encontra-se completamente consolidada e com a presença de um perfil populacional de alta e média renda, a segunda possui condições de receber novos contingentes populacionais, e é nessa macrozona onde o modelo de ocupação do território vai depender dos processos de regulação do solo geridos pelo Poder Público. Atualmente, percebe-se uma ocupação descontínua nas áreas de expansão urbana e a existência de grandes vazios urbanos passíveis de ocupação junto aos grandes condomínios horizontais fechados, áreas tradicionalmente valorizadas e utilizadas como fonte de especulação imobiliária pelo mercado de terras. Esta configuração do tecido urbano fragmentado é observada, como já citada anteriormente, entre as vias Av. Luciano de Bona e a SP-55. Esse tipo de ocupação urbana dificulta as dinâmicas sociais e urbanas entre os condomínios fechados, o restante dos loteamentos localizados ao longo das mesmas vias, e as demais áreas da cidade. Por se tratarem de espaços isolados e em alguns casos, murados possuindo uma única entrada, a integração entre essas áreas é quase inexistente, dificultando as relações sociais e coletivas no espaço urbano. Pode-se observar que esses espaços isolados implicam também em impactos na paisagem urbana e no sistema viário local, pela descontinuidade nas vias públicas locais, como é o caso dos condomínios Portal de Juréia e Aldeia da Juréia, no bairro Jardim Arpoador. Esses condomínios interrompem o traçado viário da de todas as vias locais entre a Av. Luciano de Bona e a Av. Padre Anchieta ocasionando pequenos conflitos na malha viária local. Vale ressaltar também que essa característica de ocupação que interrompe vias importantes que permeiam a cidade, atrelada a pouca presença de centros comerciais nos bairros e a insuficiência de estabelecimentos de serviços locais, é considerado um ponto crítico relevante, pois gera a necessidade de viagens a outros bairros através da utilização da rodovia, intensificando o tráfego, que serve de ligação entre o Vale do Ribeira e as demais cidades da Baixada Santista. Assim como nas demais cidades do litoral paulista, os condomínios fechados ocupam grandes áreas do território dos municípios e caracterizam-se por estarem implantados junto aos eixos viários de acesso ao município, premissa fundamental para sua ocupação por famílias de outros municípios que os utilizam como segunda residência e adotam em sua maioria, tipologias horizontais e traçados urbanos variados. Os loteamentos interferem na configuração urbana de Peruíbe de diversas formas. Na Macrozona Turística de Sol e Praia, representam enorme prejuízo ao sistema viário pois permitem apenas o cruzamento de avenidas como a Padre Anchieta, mas impedindo a continuidade do traçado de vias locais, impedindo o transito em vias locais como alternativa de se acessar áreas mais distantes da cidade, sobrecarregando as vias principais. NA Macrozona de Expansão Urbana Ordenada, o prejuízo para o município é ainda maior,pois a localização dispersa e fragmentada dos condomínios fechados resultam em bolsões de áreas vazias que geram especulação imobiliária. Resultam também em maiores gastos a serem empreendidos pelo poder Público local, à medida em que melhorias de infraestrutura urbana e equipamentos públicos se fazem necessárias e que não atendem quem mais precisa desses serviços, ou seja, a população fixa e de menor renda do municípios. Além disso, os objetivos dessa macrozona em se manter os níveis de baixa densidade populacional, dificultam a implantação de empreendimentos populares, que requerem a possibilidade de maior aproveitamento das áreas para a fixação de uma maior numero de família de baixa renda. Por outro lado, a implantação desses condomínios fechados impede outros objetivos da macrozona previsto no Plano Diretor, que é o controle da fragmentação e garantia da mobilidade e integração do território, pois como vimos, esses condomínios são barreiras físicas que impedem justamente a realização dos preceitos acima escritos Finalizando, temos em Peruíbe o mesmo modelo de desenvolvimento desigual predominante nas cidades brasileiras e principalmente nas litorâneas. O capital imobiliário se apropria das terras mais valorizadas da cidade que somente as são pelos investimentos despendidos pelo estado, e, portanto, por todos os cidadãos. 6.5.4 - Regulação dos Loteamentos e Condomínios horizontais O Plano Diretor de Peruíbe não pormenorizou regras para o parcelamento do solo no Município, remetendo o assunto para disciplina por lei específica (art. 236 da LC º 100/2007). No entanto foram estabelecidas diretrizes gerais a serem seguidas pela legislação municipal (art. 237). Além da orientação de atendimento à legislação federal e estadual, as diretrizes fixam a necessidade de controlar a fragmentação do território, respeitar as [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 peculiares de cada macrozona, diversificar as formas de parcelamento do solo e garantir a criação de áreas públicas. O termo “fragmentação”, aliás, frequentemente mencionado e combatido pela lei, é definido em glossário (anexo integrante da lei) da seguinte forma: “divisão física do território definida por obstáculos construídos resultantes da implantação de empreendimentos de uso habitacional ou não habitacional que causam dificuldades de mobilidade urbana e a descontinuidade das vias de circulação”. A implantação de parcelamento do solo parece seguir parcela significativa das disposições da Lei nº 733/1979, antigo Plano Diretor do Município, por força do art. 248 do atual Plano (Lei complementar nº 100/2007). Em que pesem as dimensões mínimas dos lotes serem objeto de regulamentação pelo Anexo VII do Código de Obras (Lei complementar nº 123/2008, alterada pela Lei complementar nº 148/2010), as disposições contidas nessa norma municipal direcionam a tutela jurídica para a disciplina dos condomínios (horizontais e verticais). Portanto, o tratamento do parcelamento do solo pela lei de 2008 é apenas incidental, detendo-se o diploma legal com o enfrentamento de tipologias mais novas (condominiais). A tutela do parcelamento por uma lei de 1979 não pareceria configurar prejuízo ao Município, a princípio, pela leitura das disposições nela contidas. Mas existem dispositivos que mereceriam imediata revisão. Inicialmente, configura-se o parcelamento nas modalidades de arruamento, loteamento, desmembramento e desdobro (art. 4º da Lei nº 733/1979). Logo, as disposições urbanísticas ali previstas (tais como dimensões mínimas de lotes de quadras, atendimento por infraestrutura etc.) aplicam-se a todas as modalidades. Exceção expressa nessa lei é a exigência de doação de áreas públicas, as quais se aplicam somente aos loteamentos e arruamentos, conforme art. 6º: •20% da área da gleba para vias de circulação; •10% da área da gleba para sistema de lazer; •5% da área da gleba para área institucional. Registra-se a maneira como o Município disciplinou os excedentes de áreas (em relação aos percentuais fixados na lei) estabelecidos em diretrizes para implantação de loteamentos ou arruamentos. De acordo com o parágrafo 1º do mesmo artigo, tais áreas excedentes devem ser declaradas de utilidade pública para fins de desapropriação. Tal disciplina jurídica parece inadequada. Ilustre-se isso com a hipótese de imóveis com severas restrições ambientais a demandarem reservas superiores aos 10% de sistema de lazer e onde o proprietário não queira assumir o ônus de sua manutenção. O dispositivo impede a aquisição de áreas ambientalmente sensíveis para o uso público em caráter adicional aos percentuais estabelecidos pelo art. 6º. Por outro lado, caso o Município optasse pela desapropriação, o ente federativo não poderia se furtar à disponibilidade orçamentária, conforme prescrito na lei de responsabilidade civil. Tudo isso ilustra uma situação onde o poder público poderia, por força de lei, estabelecer exigências complementares do empreendedor, constituindo patrimônio para uso público e sem custos aos cofres públicos. A lei de 1979 não estabelece exigências específicas de doação de áreas ao Poder Público para o desmembramento de glebas. Ao disciplinar condomínios, o Município de Peruíbe adotou o Código de Obras como norma específica do tema. Dessa forma, a LC nº 123/2008 regulamenta os condomínios nos arts. 182 a 187. Os condomínios horizontas, no entanto, não precisam obedecer às disposições contidas nos arts. 185 e 186, que disciplinam somente condomínios edilícios (de apartamentos), analisados anteriormente. A tais dispositivos, soma-se a tutela jurídica de duas tipologias construtivas bastante específicas. A primeira, objeto de regulação pelo art. 176, corresponde às casas “geminadas, renqueadas, acopladas e sobrepostas”. Todas as unidades nesse caso devem possuir acesso a via pública oficial para serem posteriormente objeto de desdobros em lotes individualizados. Apesar de configurar parcelamento do solo, não exige doação de áreas ao Poder Público nem se confunde com a modalidade de desmembramento. Isso em virtude dessa tipologia ser implantada em lotes resultantes de prévio parcelamento do solo (e não em glebas). A outra tipologia é uma forma de implantação de condomínios. Trata-se da “vila”, regulamentada pelos arts. 177 a 181. Distingue-se do condomínio propriamente dito e regulamentado nos artigos seguintes pelo fato de ser implantada também em lotes, decorrentes de prévio parcelamento do solo (caput do art. 177). Enquanto isso, os condomínios horizontais definidos pelo art. 182, inciso I são necessariamente aqueles implantados sobre glebas. Somente aos condomínios definidos pelo art. 182 (incluindo-se também os verticais), implantados em glebas não parceladas previamente, aplicam-se as disposições legais a exigirem a reserva de doação de “áreas verdes e institucionais e outras previstas em lei de parcelamento” (parágrafo 1º). Pela leitura, vislumbra-se insegurança jurídica acerca da aplicabilidade da exigência de doação de sistema de circulação. Apesar de prevista expressamente na lei de parcelamento (atendendo ao disposto no art. 182, parágrafo 1º), a tipologia condominial por definição legal não cria logradouros. Se passar a criar um sistema viário, configuraria loteamento, conforme definido pela Lei federal nº 6.766/1979, art. 2º, parágrafo 1º. O Código de Obras disciplina exigências relativas às áreas comuns e parâmetros urbanísticos edilícios para as unidades autônomas e lotes, nos casos de condomínios horizontais, vilas e casas geminadas, renqueadas, acopladas e sobrepostas, (arts. 176 a 187). Delas se destacam as dimensões remetidas ao quadro apresentado no Anexo VII (Parâmetros Urbanísticos para Parcelamento do Solo) da Lei, responsável inclusive para derrogação da Lei nº 733/1979 acerca de tais aspectos. O mesmo quadro estabelece lotes mínimos para os parcelamentos do solo e unidades autônomas de terrenos para os condomínios, sintetizados da seguinte forma: •Macrozona Rural de Desenvolvimento Agro-Ambiental: lote mínimo de 1.000m2 e área mínima da unidade autônoma de 800m2; •Macrozona de Amortecimento da Juréia: lote mínimo de 8.000m2 e área mínima da unidade autônoma de 3.000m2; •Macrozona de Adequação Urbano-Ambiental: lote mínimo de 500m2 e área mínima da unidade autônoma de 200m2; •Macrozona de Recuperação Urbana: lote mínimo de 125m2 e área mínima da unidade autônoma de 80m2; •Macrozona de Qualificação Urbana: lote mínimo de 125m2 e área mínima da unidade autônoma de 80m2; •Macrozona de Expansão Urbana Ordenada: lote mínimo de 125m2 (em algumas situações) e área mínima da unidade autônoma de 100m2; •Macrozona Turística de Sol e Praia: lote mínimo de 250m2 e área mínima da unidade autônoma de 120m2; •Zona Especial de Reserva Florestal Biológica: lote mínimo de 15.000m2 e área mínima da unidade autônoma de 10.000m2; •Zona Especial de Interesse Turístico da Estância Santa Cruz: lote mínimo de 250m2 e área mínima da unidade autônoma de 150m2; •Setor de Interesse Turístico: lote mínimo de 250m2 e área mínima da unidade autônoma de 120m2; •Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS): a ser definida por lei específica; e •Macrozona de Proteção Ambiental: não admite parcelamento do solo. Além das disposições contidas na Lei nº 733/1979 e no Código de Obras (Lei complementar nº 123/2008), registra-se ainda a existência de disposição específica atinente ao recebimento de loteamentos implantados no Município, por parte do Poder Público, nos termos do art. 148 da LOM. Com efeito, a exigência ali apresentada condiciona a liberação dos lotes que caucionam a execução de obras de infraestrutura pelo loteador à efetiva [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 instalação de rede de energia elétrica e iluminação das vias públicas, rede de água, sistema de drenagem necessário ao loteamento, guias, sarjetas e calçamento em pelo menos 60% do loteamento. Constitui-se disposição bastante incomum ao conteúdo habitual de leis orgânicas municipais por referir-se a aspecto de aprovação de empreendimentos, tradicionalmente remetido à legislação de parcelamento do solo. A exigência encontra-se estabelecida conforme Emenda à Lei Orgânica nº 02/1998. 6.6 – Bens da União no Município O conhecimento da estrutura fundiária urbana identificando os imóveis de propriedade pública, especialmente imóveis vazios e ociosos, são uma importante variável de análise e proposição de ocupação do território. O reconhecimento e disponibilização dos imóveis sem uso no cumprimento da função social, sejam eles públicos ou privados, contribuem para a execução de projetos propostos nos municípios, de forma a constituir um banco de terras para a implantação de equipamentos, infraestrutura ou outros usos de seu interesse, como a moradia de interesse social ou uso institucional. No caso dos imóveis públicos, ocupados por entidades ou empresas através de concessão ou outro instrumento (municipal, estadual ou federal) é fundamental identificar aqueles que muitas vezes não atendem ao interesse público. Nestes casos, a revisão das concessões pode contribuir para que o poder público destine estes imóveis para finalidades articuladas aos objetivos de planos e projetos existentes. No caso do litoral paulista, as praias e seus acrescidos estão entre os bens públicos de uso comum do povo sob o domínio da União (art. 20, IV e VII, da CF/88). Além da questão da titularidade, estas áreas são recursos naturais integrantes da Zona Costeira. Nesse sentido, qualquer intervenção em área de praia deve ser precedida de autorização da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), órgão da União responsável pela gestão dos bens públicos nacionais. A Secretaria do Patrimônio da União (SPU) estabeleceu procedimentos específicos de acordo com o tipo de imóvel e destinação. O município de Peruíbe possui 5 imóveis da União de Uso Especial, ou seja, destinados a uso de interesse público, sendo um deles a Terra Indígena Peruíbe, ver tabela ___. Tabela. Imóveis da União de Uso Especial – Peruíbe Logradouro SPIUnet Número do RESPONSÁVEL PELO IMÓVEL Endereço SPIUnet TERRA INDIGENA PERUIBE S/N QUEIMADA GRANDE S/N GUARAU S/N LAJE DA CONCEICAO S/N ILHA DE PERUIBE S/N FUNAI-COORDENACAO REGIONAL DO LITORAL SUDOESTE/SP Data da Validade da Avaliação da Utilização Área do Terreno Utilizado (m²) 30/11/2012 4.804.737,00 28/12/2011 759.000,00 28/12/2011 96.900,00 CAPITANIA DOS PORTOS DE SAO PAULO 28/12/2011 5.900,00 IBAMA - GERENCIA EXECUTIVA DO IBAMA/SP 29/04/2013 22.500,00 CAPITANIA DOS PORTOS DE SAO PAULO CAPITANIA DOS PORTOS DE SAO PAULO Fonte: SPU/SP – ofício GP-SPU/SP 462/12 Elaboração Instituto Pólis Além disso, a SPU vem realizando procedimento de atualização de seu cadastro e regularização das concessões das áreas de marinha. As áreas de marinha consistem na faixa de terra existente entre a preamar-média de 1.831 e uma extensão de 33 metros medidos a partir desse alinhamento inicial, nas áreas sujeitas a maré. O cadastro e controle destas áreas é um importante instrumento de gestão do território. O Governo Federal vem incentivando um processo de construção de gestão articuladas das áreas costeiras através da construção de um plano para a orla marítima, o Projeto Orla. O projeto visa também estabelecer critérios para destinação de usos de bens da União, visando o uso adequado de áreas públicas e de recursos naturais protegidos compatibilizando as políticas ambiental e patrimonial. Embora a competência legal para o gerenciamento destas áreas encontre-se majoritariamente na órbita do Governo Federal, o Projeto Orla concebe o nível municipal, apoiado pelo estado, como agente executivo da gestão compartilhada da orla. Embora seja uma iniciativa interessante de gestão articulada destas áreas o projeto orla não é lei e nem condiciona o recebimento de recursos. Desta forma o projeto ainda foi pouco desenvolvido no litoral de São Paulo. No caso do município de Peruíbe, o plano para a orla marítima ainda não foi desenvolvido. Além disso, o processo de cadastro e regularização das áreas de marinha ainda está em andamento. De acordo com cadastro da SPU/SP, somente foram identificados 20 imóveis em Peruíbe, que no entanto, somam uma área expressiva de 27.247.677m². Tabela. Imóveis de domínio da união – terrenos de marinha MUNICÍPIOS BERTIOGA Imóveis da União 18 Soma de Área do Terreno da União (m²) 342.790 CARAGUATATUBA CUBATAO GUARUJA 914 344 5.072 3.482.349 11.915.747 16.774.400 ILHABELA ITANHAEM 147 223 1.222.982 159.485 MONGAGUA PERUIBE PRAIA GRANDE 109 20 1.929 107.229 27.247.677 3.349.671 SANTOS SAO SEBASTIAO SAO VICENTE 16.664 847 8.783 79.740.469 3.979.057 15.706.910 UBATUBA Total Geral 889 35.959 3.037.654 167.066.420 Fonte: SPU/SP – ofício GP-SPU/SP 462/12 Elaboração Instituto Pólis 6.7. Regulação dos Bens da União nas Legislações Municipais e Federais 6.7.1. Regime Jurídico dos Bens Públicos Municipais Os bens públicos do Município de Peruíbe são regulamentados pela Lei Orgânica do Município (LOM), no Capítulo IV, intitulado “Dos Bens Municipais”. Neste capítulo encontram-se os principais dispositivos relativos à regulamentação do uso e gestão de bens públicos, seus desdobramentos de competências e hipóteses de exceções às regras dispostas. A Lei Complementar n° 100 de 2007, que institui o Plano Diretor da Estância Balneária Peruíbe e a Lei Complementar n° 121 de 2008, institui a Lei de Uso do Solo do Município, também tratam dos próprios municipais, mesmo que de forma esparsa e, por esta razão, também serão alvo de análise. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Define a LOM que os bens do município são “todas as coisas móveis e imóveis, direitos e ações que, a qualquer título, pertençam ao Município” (artigo 89). No que tange à competência, a administração dos bens municipais é do Prefeito, com exceção para competência da Câmara naqueles que forem utilizados em seus serviços (artigo 90). À Câmara Municipal cabe autorizar o uso de bens imóveis, mediante concessão administrativa ou de direito real, sua alienação e aquisição, salvo quando se tratar de doação sem encargos (artigo 8°, incisos VII, VIII, IX e X da LOM). 6.7.2 Uso Privativo dos Bens Municipais No caso de Peruíbe, as regras para outorga de uso privativo dos seus bens por meio dos instrumentos da concessão, servidão, permissão e autorização de uso estão previstos nos artigos 91 e seguintes da LOM. A concessão administrativa de bens de tipo especial e dominicais deverá ser objeto de contrato administrativo e licitação prévia (concorrência), esta quando o uso se destinar à concessionária de serviço público, a entidade assistencial ou quando houver interesse público relevante, devidamente justificado (artigo 93, § 1º). Já a concessão de bens de uso comum somente poderá ser outorgada mediante autorização legislativa e prévia desafetação, quando esta não for vedada (artigo 93, § 2º). A Concessão de Direito Real de Uso - CDRU poderá ser outorgada mediante prévia autorização legislativa e concorrência pública, na modalidade concorrência (artigo 91, § 1º). Verifica-se, portanto, que a legislação municipal observa os princípios dispostos na legislação federal atinente ao tema (Lei n°. 8.987/9537 ), que buscam conferir ao instrumento da concessão maior estabilidade do que os demais instrumentos de outorga de uso privativo de bem público (permissão, autorização e cessão) sem chegar a aliená-los ao particular. É notório que as concessões deverão ser, em regra, precedidas de licitação em razão da regra geral constitucional do art. 37, XXI. Há que se ponderar, contudo, que pode haver situações em que a concessão ocorra sem prévia licitação, desde que caibam nas hipóteses de dispensa expressamente previstas em lei ou quando se verifique situação de inexigibilidade. Uma dessas hipóteses, a qual o Plano Diretor faz referência específica (artigo 180 inciso III, alínea “b”), é a dispensa de licitação quando da outorga de Concessão de Direito Real de Uso - CDRU para fins específicos de regularização fundiária prevista na legislação federal (artigo 7° do Decreto-Lei n° 271/67 e artigo 17, inciso I, alínea “f” da Lei 8.666 de 1993, ambas com redação dada pela Lei n°. 11.481/07). Apesar da mera previsão contida no Plano Diretor, a utilização da CDRU para fins de moradia não é comprometida, já que sua regulamentação se dá em lei própria de âmbito federal. Da mesma forma, o Plano Diretor elenca a Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia-CUEM, entre os instrumentos de ordenação do desenvolvimento do território (artigo 102, inciso II). Trata-se de modalidade outorga de uso gratuita de bem público, prevista no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) e disciplinada pela 37 Apesar desta norma ser voltada a reger a concessão de serviço público, nas palavras de Floriano de Azevedo Marques Neto, “ela contem linhas gerais relativas ao instituto da concessão, aplicando-se subsidiariamente aos contratos de concessão de uso” (2009, p. 351). Medida Provisória n° 2.220/01, que dispensa a realização de procedimento licitatório, tendo em vista o interesse social na realização de regularização urbanística e fundiária Logo, instrumentos como a outorga de CDRU para fins específicos de regularização fundiária, que pode ser onerosa ou gratuita, conforme previsão legal (artigo 7° do Decreto-Lei n° 271/67 e artigo 17, inciso I, alínea “f” da Lei 8.666 de 1993, ambas com redação dada pela Lei n°. 11.481/07), a inscrição da ocupação e aforamento (regulamentados pela Lei Federal 9.636 de 2007, com redação dada pela Lei 11.481 de 2007), estão compreendidos por este dispositivo. Com relação à competência, como já foi observado, a LOM determina a necessidade de autorização da Câmara Municipal, via lei específica, para a outorga da concessão de uso (artigo 93 parágrafos primeiro e segundo da LOM). Tal exigência é corroborada pela maior parte da doutrina pátria. Não é de se estranhar, portanto, ser alta a incidência de tal dispositivo em Constituições Estaduais e Leis Orgânicas de Municípios. No entanto, cumpre indicar que parte da doutrina tem entendimento distinto deste. A tese se apoia no fato da Constituição somente indicar a necessidade de prévia autorização legislativa para a outorga de concessão de uso de bem público na hipótese de concessão ou alienação de terras públicas em área superior a dois mil e quinhentos hectares (cf. Artigo 188 § 1º e artigo 49, XVII, CF). Por ser taxativo, o constituinte teria limitado a ingerência do Legislativo na gestão dos bens públicos somente a esta hipótese, não se estendendo a qualquer outro tipo de bens (MARQUES NETO, 2009, p. 357). Outros dois instrumentos que conferem uso privativo aos bens públicos são a autorização e a permissão de uso de bem público. A permissão de uso de bem público em Peruíbe é regulamentada pelo artigo 93, no §3º, da LOM. Nele é ressaltado o caráter precário do instituto e que deverá ser outorgado por decreto. Sem necessidade, portanto, de prévia autorização legislativa, salvo quando o uso se der por período superior a 360 dias. Para além do exposto, não há mais nenhum dispositivo na LOM que trate da permissão, logo, supõem-se que desdobramentos como prazo, condições de uso, fatos que ensejem penalidades, dentre outros, estarão presentes no decreto específico que autorizará o ato administrativo. O último instrumento de outorga a ser analisado é o da autorização de uso de bem público. Regulamentado pelo artigo 93, §4º, a autorização deverá ser concedida via portaria, para atividades ou usos específicos e transitórios, pelo prazo máximo de 30 dias. A restrição de prazo máximo para a autorização de uso de bem público deve ser relativizada tendo em vista outras espécies deste instrumento. Um bom exemplo é a previsão da Medida Provisória n° 2.220/01, que dispõe sobre a CUEM. A MP prevê que caberá autorização de uso gratuita de bem público “àquele que, até 30 de junho de 2001, possui como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para fins comerciais” (art. 9°). Trata-se de uma derivação, para fins comerciais, da CUEM tratada pela referida MP e que busca regularizar a situação de precariedade fundiária existente no território brasileiro. Logo, não caberia neste tipo de autorização prazo tão exíguo como o determinado na LOM de Peruíbe. 6.7.3 Alienação ou Aquisição de Bens Públicos A Lei de Licitações estabelece que os imóveis públicos somente podem ser alienados com autorização legislativa e, como regra geral, por meio de licitação, na modalidade concorrência, que poderá ser dispensada no caso de incorrer nas hipóteses especificadas na referida norma (art. 17, I, Lei nº 8.666/93). A alienação e aquisição dos bens públicos do Município de Peruíbe estão subordinados à existência de interesse público devidamente justificado e a regras específicas de acordo com o tipo de bem (móvel e imóveis) e modalidade de alienação (alienação simples, doação, permuta), em consonância com a legislação federal (art. 23, § 3°, da Lei 8.666/93). Quando imóveis, prevê a LOM a necessidade de autorização legislativa, via lei complementar (artigo 32-A, inciso IX e X) e, no caso da alienação, de concorrência pública e emissão de parecer favorável da Procuradoria Jurídica [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 do Município (art. 91, inciso I), conforme determina a Lei de Licitações (Lei 8.666/93). A licitação é dispensada apenas para os casos de permuta (art. 91, inciso I). Quando móveis também dependerá de licitação prévia, sem qualquer previsão de exceção, como comumente encontrado nas leis orgânicas dos municípios brasileiros, e com a possibilidade de leilão quando se tratar de artigos danificados, obsoletos ou de qualquer forma inservíveis à Administração, mediante justificativa técnica e econômica (artigo 91, inciso II da LOM). Não se verifica na LOM, portanto, a hipótese da dispensa de licitação, prevista na Lei de Licitações, para alienação de imóveis públicos quantos estes estiverem ocupados por pessoas carentes, desde que vinculada a políticas públicas consistentes, sob autorização legislativa, avaliação prévia e indiscutível demonstração de interesse social (art. 17, I, f, da Lei Federal n. 8.666/93, com redação dada pela Lei n° 11.481 de 2007), Já a aquisição de bens imóveis compra ou permuta, está sujeita à prévia avaliação, e autorização legislativa (artigo 92 da LOM). Cumpre indicar que a Lei de Licitações (Lei 8.666/93) estabelece que as permutas de bens móveis públicos só serão permitidas quando se derem a favor de outro órgão ou entidade da administração pública de qualquer grau federativo (inciso II, alínea “b” do artigo 17) e a de bens imóveis somente quando este for destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia (artigo 17, inciso I, alínea “c”). Sendo assim, de maneira geral, no que diz respeito à alienação e concessões de uso privativo de bens públicos que integram seu patrimônio, verifica-se consonância entre o disposto na legislação municipal de Peruíbe com a legislação federal que trata do tema. 6.7.4. Bens Públicos Municipais e os Loteamentos e Condomínios Não foi identificada em Peruíbe qualquer regulamentação mais específica que trate do parcelamento do solo de loteamentos e condomínios. As únicas diretrizes identificadas estão presentes no Plano Diretor, na Seção X – Do Parcelamento do Solo, do Capítulo I, do Título V, que estabelece diretrizes gerais para o parcelamento do solo (artigo 236 e seguintes), dentre elas a de garantir a existência de áreas públicas quando dos parcelamentos do solo (artigo 237, inciso V), mas sem qualquer definição das que deverão ser doadas à Administração Municipal para usufruto comum. 6.7.5. Bens federais no Município Do ponto de vista jurídico, a localização do município em área de Zona Costeira eleva seu território ao status de “patrimônio nacional”, previsto § 4° do artigo 225 da Constituição Federal. Na prática determina um território com significativa concentração de bens públicos sob domínio da União (praias, mar territorial, terrenos de marinha e acrescidos, etc.), e que possuem um regime jurídico diverso das espécies de bens públicos sob domínio exclusivo do município (praças, sistema viário, edifícios públicos, etc.). Ainda em seu território, Peruíbe possui extensas áreas de Mata Atlântica e da Serra do Mar. Sendo assim, não é de se surpreender a existência de conflitos na regulação, gestão e uso destes bens entre os entes federados. Daí decorre a necessidade de cooperação entre entes a fim de realizar a gestão compartilhada destes bens. Evitando assim a invasão de competência, o uso ou não uso com consequências danosas para um dos entes ou mesmo as intervenções judiciais, que acabam por dificultar ou mesmo impedir a gestão e o uso desses bens que ocupam extenso território dos municípios litorâneos e por isso tem papel fundamental no seu desenvolvimento. Sob esta perspectiva é que devemos analisar a legislação de Peruíbe que disciplina o uso e ocupação de bens de domínio de outros entes federados, a fim de ponderar sobre sua legalidade e consonância diante da esparsa legislação federal e estadual que trata do tema. As praias, terrenos de marinha e seus acrescidos estão entre os bens públicos de uso comum do povo sob o domínio da União (artigo 20, IV e VII da CF). Além da questão da titularidade, tais biomas são recursos naturais integrantes da Zona Costeira (artigo 225, § 4º da CF) tratado acima. Nesse sentido, qualquer intervenção em área de praia deve ser precedida de autorização da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), órgão da União responsável pela gestão dos bens públicos nacionais. Logo, não cabe exclusivamente ao município dispor sobre a gestão e o uso deste bem. A Lei Orgânica de Peruíbe também indica o caráter de usufruto comum das praias e de seu dever em garantir, com a colaboração do Estado, seus acessos públicos, evitando assim sua privatização (artigo 161 da LOM). Já a gestão compartilhada deste tipo de bens é referida de forma genérica ao indicar a competência da Câmara para tratar da cooperação com a União e o Estado, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar, atendidas as normas fixadas em lei complementar federal (artigo 15). Apesar de não fazer referência a qualquer ação da Prefeitura no sentido de destinar o uso ou ocupação do território compreendido pelas praias, terrenos de marinha e seus acrescidos, cumpre indicar que a gestão do uso e ocupação do território da orla deve necessariamente ser objeto de apreciação por parte da SPU, sob pena de incorrer em grave ilegalidade, podendo causar prejuízos ao erário e à particulares. Daí advém a importância do Projeto Orla. Este instrumento materializado “Plano de Ação”, “Plano de Gestão Integrada” e, por meio de um Comitê Gestor, estabelece os critérios para o uso e ocupação dos bens da União em território Municipal. E que, mesmo não tendo força de lei, constitui-se num importante instrumento para a consecução da gestão compartilhada dos bens que integram o território da orla. No entanto, segundo informações da Prefeitura, o Projeto Orla não foi realizado em Peruibe. 7 – MEIO AMBIENTE E TERRITÓRIO 7.1. Unidades de conservação instituídas no Município de Peruíbe O Município de Peruíbe está inserido em uma região de domínio da Mata Atlântica, sendo que 72,67% de sua área são recobertos por vegetação natural, incluindo floresta ombrófila densa (Montana, Submontana e de Terras Baixas), manguezais e extensos ecossistemas associados de restinga que se estendem desde a faixa de areia até a Serra do Mar (SMA/IF, 2007). A tabela 7.1.1 apresenta a8s categorias de vegetação de Mata Atlântica existentes no Município de Peruíbe e suas respectivas áreas para o biênio 2004-2005. Tabela 7.1.1 - Categorias de vegetação no período 2004-2005 Categorias de Vegetação Hectares Floresta Ombrófila Densa Montana 1.046,9 (locais entre 500 e 1.000 metros de altitude) Floresta Ombrófila Densa Submontana [Digite texto] 8.522,8 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 (em encostas das serras entre 50 e 500 metros de altitude) Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 1.211,8 (altitudes inferiores a 50 metros) Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea de Terrenos Marinhos Lodosos 828,0 (mangue) Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea sobre Sedimentos Marinhos Recentes (restinga) 8.385,4 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Montana 1,4 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Submontana 2.302,6 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 1.249,9 TOTAL 23.548,7 Fonte: Instituto Florestal (Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo), 2007. Os atributos anteriormente descritos somados a existência de importantes ambientes para a reprodução e preservação da biota marinha e insular acabaram por justificar a criação de duas unidades de conservação no Município de Peruíbe que são expostas na tabela 7.1.2 e figura 7.1.2. 38 Tabela 7.1.2 - Unidades de conservação existentes no Município de Peruíbe UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ANO ATO DE CRIAÇÃO RESPONSÁVEL Parque Estadual da Serra do Mar 1977 Decreto Estadual nº 10251 de 31/08/1977 Fundação Florestal Estação Ecológica de JuréiaItatins 1986 Decreto Estadual nº 24.646 de 20 de janeiro de 1986 Fundação Florestal Decreto Federal nº 90.347 de 23 de outubro de 1984 APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe 1984 -------------------Decreto Federal nº 91.982 de 06 de novembro de 1985 38 ÁREA (ha) 6.697 (em Peruíbe) 17.497 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (em Peruíbe) 10.800 (em Peruíbe) Importante observar que as unidades de conservação compreendem 56,26 % da área continental do Município de Peruíbe. Área de Relevante Interesse Ecológico Ilha do Ameixal 1985 Decreto Federal nº 91.889 de 05 de novembro de 1985 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) APA Marinha Litoral Centro 2008 Decreto Estadual 53.526 de 08/10/2008 Fundação Florestal 358,88 Setor Carijó 55.896,546 1 729,15 ha Estação Ecológica de Tupiniquins 1986 Decreto Federal nº 92.964 de 21 de julho de 1986 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ----------------49,13 ha insulares ---------------1 680,02 ha marinhos Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011 Adicionalmente, cumpre mencionar que o Município de Peruíbe abarca as terras indígenas Guarani Peruíbe (480,47 ha) e Piaçaguera (2795 ha). A seguir, são descritas as principais condições, demandas e pontos críticos que afetam direta e indiretamente os atributos das Unidades de Conservação existentes no Município de Peruíbe. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura 7.1.2 – Unidades de conservação existentes no Município de Peruíbe Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 2011; Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011; FUNAI, 2011. 7.2. Parque Estadual da Serra do Mar O Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) foi criado pelo Decreto nº 10.251, de 31 de agosto de 1977, e é administrado pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal). Ele é o maior parque do Estado de São Paulo e, também, a maior unidade de conservação de proteção integral de toda a Mata Atlântica. A área total do PESM abrange 315.390 hectares e engloba 23 municípios, desde Ubatuba, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, até Pedro de Toledo no litoral sul, incluindo Caraguatatuba, São Sebastião, Bertioga, Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Cunha, São Luiz do Paraitinga, Natividade da Serra, Paraibuna, Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Santo André, São Bernardo do Campo, São Paulo e Juquitiba (IF, 2011). Esta Unidade de Conservação é demasiadamente importante porque se configura como um corredor ecológico que possibilita conectar os mais importantes remanescentes de Mata Atlântica do Brasil. O PESM contribui para a conservação de 19% do total de espécies de vertebrados do Brasil e 46% da Mata Atlântica. Garante também a proteção de 53% das espécies de aves, 39% dos anfíbios, 40% dos mamíferos e 23% dos répteis registrados em todo o bioma (SMA, 2007) (Tabela 7.2.1). Com relação às espécies vegetais, foram catalogadas 1265 espécies de plantas vasculares, sendo 61 ameaçadas de extinção (EKOSBRASIL, 2011). Das espécies vegetais, a palmeira juçara (Euterpe Edulis Martius) é a mais ameaçada em razão de seu alto valor de mercado. Esta vem sendo suprimida de forma clandestina e criminosa pela ação dos chamados “palmiteiros”. O problema é demasiadamente sério em virtude das sementes do palmito juçara servirem de alimento para diversas espécies de aves, roedores e primatas ameaçados de extinção (SMA, 2007). Tabela 7.2.1 – Números de espécies da fauna catalogadas no PESM FAUNA Espécies Risco de extinção Principais espécies ameaçadas de extinção MAMÍFEROS 111 21 Sagüi-da-serra-escuro, sauá, bugio e muriqui ou mono-carvoeiro. Onça pintada, anta, cateto e queixada. Paca, cotia, tatu-galinha e tamanduá-mirim AVES 373 42 Macuco, jacutinga, papagaio-da-cara-roxa, papagaio-chauá, sabiá-cica, pararu, pichochó, cigarra-verdadeira, gavião-pombogrande e gavião-pomba ANFÍBIOS 144 4 - RÉPTEIS 46 3 - TOTAL 704 70 - Fonte: Pacheco & Bauer, 2000; Miretzki, 2005; Haddad & Prado, 2005; Zaher et al., 2007; SMA, 2007. O PESM possui um Plano de Manejo aprovado pela Deliberação 34/2006 do CONSEMA. Os resultados dos levantamentos realizados no Plano de Manejo foram apresentados como Temas de Concentração Estratégica, onde foram definidas as linhas de ação para a pesquisa, conservação do patrimônio natural e cultural, a proteção, o uso público e a interação socioambiental. Foram definidas 11 áreas prioritárias de manejo (principalmente para regularização fundiária e ecoturismo) (SMA/FF, 2006). Tal documento também definiu e regulamentou o seu zoneamento, com destaque para a Zona de Ocupação Temporária (áreas ocupada por terceiros), Zona Histórico-Cultural Antropológica (comunidades caiçaras e quilombolas), Zona de Uso Conflitante / Infra Estrutura de Base (rodovias, ferrovias, dutos, linhas de transmissão, estações de captação e tratamento de água, barragens, antenas de radio, TV e celulares). Além disso, foram delimitadas a zona de amortecimento, as áreas sobrepostas com terras indígenas demarcadas e as áreas intangíveis ou primitivas (áreas onde qualquer atividade humana é proibida). Em face de sua grande extensão, o PESM é gerenciado por meio de uma divisão regional em núcleos administrativos no sentido de facilitar o seu processo de gestão. São três sedes no planalto (Cunha, Santa Virgínia e Curucutu) e cinco na região litorânea (Picinguaba, Caraguatatuba, São Sebastião, Itutinga Pilões e Pedro de Toledo), sendo que para cada núcleo há um conselho gestor consultivo. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 7.3. O Núcleo Itarirú do PESM no contexto do Município de Peruíbe O Núcleo Itarirú, com cerca de 55.000 ha, é um dos oito núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar e abrange os municípios de Peruíbe, Pedro de Toledo, Itariri e Juquitiba. Quanto aos aspectos geológicos, este Núcleo abrange o Complexo Costeiro que, no Estado de São Paulo, tem o seu limite exterior marcado pelos sedimentos costeiros e o Oceano Atlântico, enquanto o limite interior se dá por meio da Falha de Cubatão, com os metassedimentos do Grupo Açungui (CARDOSO et al., 2009, p. 253). Especificamente no que tange ao Município de Peruíbe, o Núcleo Itarirú tem seus limites delineados pelas escarpas da Serra do Mar, que correspondem a uma faixa de encostas com vertentes abruptas que margeiam o Planalto Atlântico. As declividades predominantes são superiores a 40%, chegando a 60% em setores localizados das vertentes. A litologia dessa unidade de conservação é basicamente constituída por gnaisses, migmatitos, micaxistos e granitos e os solos são do tipo cambissolos, litossolos e afloramentos rochosos. Ademais, cumpre mencionar a existência de dissecações intensas, com vales de grande entalhamento, com alta densidade de drenagem e vertentes muito inclinadas. Desta forma, esta área apresenta um nível de fragilidade potencial muito alto, estando sujeita a processos erosivos pluvio-fluviais agressivos e movimentos de massas expontâneos e induzidos (ROSS & MOROZ, 1997 apud. RIBEIRO, 2006, p.36). No Núcleo Itarirú predomina a Floresta Ombófila Densa Submontana com alguns trechos de Floresta Montana (também conhecidas como Floresta da Encosta da Serra do Mar). Trata-se do Núcleo com a maior extensão de áreas bem conservadas e com o menor grau de conhecimento da vegetação, principalmente em virtude da dificuldade de acesso às trilhas. Ademais, cabe destacar a importância de espécies da família Lauraceae entre as categorias ameaçadas de extinção. Cite-se, por exemplo, as espécies Ocotea beyrichii e Ocotea catharinensis, presente na trilha do Rio do Ouro (SMA/FF, anexo 1, p. 11, 2006). 39 Quanto a fauna, neste núcleo foram registradas 13 espécies de mamíferos (incluindo onça pintada, onça parda, bicho preguiça, coati, bugio, jaguatirica, anta e serelepe), 13 espécies de anfíbios e 2 de répteis (SMA/FF, 2006), além de aves como pica-pau, gavião de penacho, gralha-azul e o tucano de bico preto. Importante observar que os resultados extremamente baixos de riqueza da fauna devem-se ao fato da criação deste núcleo ser relativamente recente e, também, por este não apresentar infraestrutura para pesquisa. Em relação às espécies ameaçadas de extinção ou vulneráveis, poucas delas já foram registradas no interior deste núcleo, como é o caso da onça parda ou suçuarana (SMA/FF, anexo 1, p. 11, 2006). Dentre as atividades conflitantes ali existentes, cumpre mencionar a caça e a extração de recursos naturais, incluindo palmito e bromélias. Ademais, também há problemas com a ocupação de áreas julgadas devolutas (municipais/estaduais) e a expansão de atividades agrícolas em seu entorno (SMA/FF, anexo 1, p. 11, 2006). Outro problema bastante grave neste núcleo é a existência de espécies exóticas e invasoras. 39 A Floresta Ombrófila Densa (FOD) é uma mata perenifólia (sempre verde) com dossel (estrato superior das florestas) de até 50 m. Ela possui também densa vegetação arbustiva, composta por samambaias, arborescentes, bromélias, orquídeas, samambaias e palmeiras. A FOD Montana ocorre em locais entre 500 e 1.000 metros de altitude e apresenta dossel uniforme de cerca de 20 metros. A FOD submontana ocorre em locais entre 50 e 500 metros de altitude, em solo mais seco e apresenta dossel de até 30 metros (IBGE, 1992). A ocorrência de espécies vegetais exóticas é mais acentuada quando associada a antigas roças ou povoamentos, como em trechos das trilhas do Rio do Ouro, incluindo roças domésticas de chuchu, goiaba, limão, jaca e lavoura de banana. Como as espécies frutíferas são apreciadas pela fauna, é possível que alguma acabe por invadir e se propagar em áreas de vegetação nativa. É importante destacar o potencial invasor da jaqueira, amplamente apreciada pela avifauna (SMA/FF, 2006, p. 70). Já, no que tange as espécies animais exóticas de anfíbios e répteis, cumpre mencionar a existência da rã-touro (Rana catesbeiana), que é nativa do leste da América do Norte (do Canadá à Flórida). Esta espécie, que foi encontrada no interior do Núcleo Itarirú, na trilha do Rio do Ouro, pode ser uma séria ameaça às comunidades nativas de anuros, apesar dos efeitos de sua introdução no Brasil serem ainda praticamente desconhecidos. Também é encontrada no interior do Núcleo Itarirú a lagartixa de parede (Hemidactylus mabuya), espécie africana comumente encontrada nas habitações humanas que, aparentemente, não causa qualquer efeito negativo sobre a herpetofauna local (SMA/FF, 2006, p. 78). Ademais, cumpre mencionar a existência de cachorros e gatos domésticos que constantemente predam pequenos mamíferos terrestres e eventualmente espécies de médio porte, além de ensejarem o afugentamento de espécies da fauna nativa, interferindo nas suas áreas de vida. Estes também podem transmitir doenças para a fauna silvestre, causando a morte de indivíduos e até mesmo de populações inteiras (SMA/FF, 2006, p. 90). Especificamente no que tange ao Município de Peruíbe, o Núcleo Itarirú do Parque Estadual da Serra do Mar abrange 20,6% de sua área total, englobando áreas de alta importância para a conservação da biodiversidade nas áreas de maior altitude. Além disso, esta Unidade de Conservação também é demasiadamente importante para a proteção dos recursos hídricos, uma vez que abrange importantes mananciais de água (SMA/FF, 2006) (foto 7.3.1). Foto 7.3.1 – Parque Estadual da Serra do Mar no Município de Peruíbe Pedro de Toledo Parque Estadual da Serra do Mar Terra Indígena Peruíbe Itariri APA Cananéia Iguape Peruíbe Peruíbe Itanhaém Terra Indígena Piaçaguera Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2009. a. Conselho gestor Conforme Resolução SMA 20/2008, o Conselho Gestor Consultivo do Núcleo Itarirú é formado por 22 membros titulares e 22 membros suplentes. Sendo 22 membros representantes da sociedade civil (incluindo comunidade [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 científica, organizações não governamentais, população residente e do entorno, proprietários de imóveis no interior da unidade e setor privado atuantes na região) e 22 representantes de órgãos governamentais (quadros 7.3.1 e 7.3.2). A gestão deste Núcleo e a presidência do Conselho Gestor estão sob a responsabilidade do engenheiro florestal Joaquim do Marco Neto. Quadro 7.3.1 - Relação dos representantes governamentais do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM Entidades Tipo Titular Prefeitura Municipal de Itariri – Meio Ambiente e Agricultura Suplente Titular Prefeitura Municipal de Pedro de Toledo - Meio Ambiente e Agricultura Suplente Titular Prefeitura Municipal de Peruíbe Suplente Titular Prefeitura Municipal de Pedro de Toledo – Educação Suplente Titular Prefeitura Municipal de Peruíbe – Educação Suplente Titular Prefeitura Municipal de Itariri – Educação Suplente Titular Escolas Estaduais Suplente Titular Câmara Municipal de Pedro de Toledo Suplente Titular Câmara Municipal de Peruíbe Suplente PESM - Núcleo Itariru Titular Instituto Florestal Suplente Titular Policia Ambiental Suplente Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, 2008. Quadro 7.3.2 - Relação dos representantes da sociedade civil do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM Entidades Tipo Eco Guanhanhã Titular Mongue Suplente APENMA - Assoc. de Preservação de Espécies Nativas da. Mata Atlântica Titular Instituto de Estudos de Conservação da Mata Atlântica Suplente AMAP Titular GREG Suplente Titular Conselho Desenvolvimento Agrícola Suplente Titular Núcleo Rural Suplente Titular Representantes Comunidade Interior Suplente Titular Representantes Comunidade Interior Suplente Titular Representantes Comunidades do Entorno Suplente Titular Representantes Comunidades do Entorno Suplente Titular CONTUR Suplente Titular Agência Turismo Suplente Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, 2008. Importante observar que existe uma grande demanda para se promover a capacitação e qualificação dos gestores e dos conselhos gestores dos núcleos do PESM em vários aspectos, incluindo questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, instrumentos de cogestão, concessão e gestão do uso público que não vem sendo atendida (existem 250 demandas técnico-jurídicas anuais relacionadas com licenciamento ambiental, Ministério Público e delegacia de polícia no Núcleo Itutinga – Pilões). Outra demanda é a capacitação para programas de proteção (DRUMOND, 2009). A última oficina de capacitação para conselheiros ocorreu no ano de 2007. O curso foi ministrado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças (ABDL), dentro do Programa de Apoio à Gestão Colegiada do PESM. Presentemente, convém mencionar que foi realizada, em agosto de 2012, a sessão pública nº. 01/2012 referente a um edital de tomada de preços (processo 2196/2011) que objetiva a contratação de uma empresa técnica especializada para capacitação dos Gestores dos Parques Estaduais: Serra do Mar, Ilha do Cardoso, Xixová-Japuí, Laje de Santos, Ilhabela, Ilha Anchieta; Estação Ecológica de Juréia-Itatins, APAs Marinhas do Litoral Sul, Centro e [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Norte, Ilha Comprida, totalizando 19 gestores, no âmbito do Programa “Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica”. 40 O prazo de execução contratual previsto é de 270 (duzentos e setenta) dias após a assinatura do contrato e a proposta do curso de capacitação envolve uma carga horária de 112 horas que inclui temas que são considerados pontos críticos onde os gestores poderão fortalecer seu desempenho (vide quadro 7.3.3). 40 O Programa “Recuperação da Serra do Mar e Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica” é uma ação do Governo do Estado de São Paulo por intermédio das Secretarias da Habitação e do Meio Ambiente. O programa tem por objetivo promover a conservação, o uso sustentável e a recuperação socioambiental da Serra do Mar, do conjunto de unidades de conservação que formam o proposto Mosaico de JuréiaItatins e do Mosaico de Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas do litoral paulista. Pretende-se com isso gerar benefícios sociais e ecológicos, promovendo a efetiva proteção da biodiversidade dos ambientes terrestres e marinhos, e dos mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo, Baixada Santista e Litoral Norte. Alem deste objetivo geral, o programa dispõe de três objetivos específicos: (i) melhorar a proteção das Unidades de Conservação (UCs) beneficiárias, recuperando áreas degradadas pela ocupação ilegal e outros fatores associados, (ii) consolidar institucionalmente e melhorar a capacidade de gestão dessas unidades, (iii) reduzir o impacto das populações localizadas no interior e no entorno do Parque Estadual Serra do Mar (PESM), (iv) readequar seus limites do PESM em áreas críticas e, (v) fomentar a implantação de seu Plano de Manejo; e (vi) melhorar o sistema de monitoramento e fiscalização das Ucs (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). Quadro 7.3.3 – Programa preliminar do curso de capacitação Carga horária 28 horas - Módulo I - Aula Introdutória e Procedimentos Internos 1-Informações gerais sobre o curso e metodologia a ser utilizada 2- Missão e competências do Gestor 3-Introdução à gestão publica/ políticas públicas: Estrutura SMA e instituições relacionadas 4- Programa de Gestão/Administração: Recursos financeiros –elaboração de orçamento –tipologia –investimento, custeio, obras, equipamentos, etc. POA anual, adiantamentos, processos para aquisição de bens e serviços; Gestão de frota e manutenção de veículos; Gestão de equipamentos; Instrução de processos –mecanismos de controle e acompanhamento-SIGAM; Elaboração e envio de documentos oficiais –quem, qual, modelos de referencia (manual de redação da FF); Patrimônio: controle, manutenção, descarte e responsabilidades do gestor; Legislação básica de administração publica e RH; Procedimentos e gestão de RH –FF e IF; Manutenção de edificações –saneamento, limpeza e obras; Gestão de contratos. Carga horária 16 horas - Módulo II - Planejamento e Organização Profissional 1-Instrumentos que facilitam gestão (plano de metas,manual de procedimentos e rotinas, planilha de acompanhamento administrativo financeiro) 2- Princípios dos processos de monitoramento e avaliação da gestão (Tipos de avaliação; Critérios utilizados; Metodologias propostas; Indicadores de efetividade; Resultados da avaliação; Monitoramento da gestão; Acompanhamento de projetos; Organização e métodos). 3-Informática –Acess/Banco, Excell, Power Point 4 - Geoprocessamento/GPS Carga horária 24 horas - Módulo III - Gestão de Conflitos 1 - Relações interinstitucionais e interação socioambiental 2 - Regularização Fundiária 3 - Mediação de conflitos 4 - Moderação de reuniões Carga horária 16 horas - Módulo IV - Gestão Compartilhada [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 1 - Modos de convênio, parcerias, contratos, trabalho em rede 2 - Estratégias e técnicas de comunicação e marketing 4 - Elaboração de projetos para captação de recursos Carga horária 28 horas - Módulo V - Ferramentas de Negócios 1 -Protagonismo na valoração e valorização econômica da UC, captação de recursos, comercialização de produtos, geração de emprego e renda, sustentabilidade para as comunidades do entorno 2-Ferramentas econômicas para a conservação: PSA - pagamento de serviços ambientais e concessões em áreas protegidas 3 - Conceitos e elaboração de Planos de Negócios 4 -Estratégias para o encaminhamento de Parcerias Público-Privadas -PPP 5-Veiculações de informes, comunicação ambiental e ferramentas apropriadas para o marketing organizacional 6- Relações Públicas e Publicidade Total carga horária 112 horas Fonte: Fundação para conservação e a produção Florestal do Estado de São Paulo, 2012. b. Infraestrutura O Núcleo Itarirú possui uma sede administrativa de 280 m² instalada na Estrada do Caracol em Pedro de Toledo. Esta sede não possui em suas dependências área para hospedagem, sala de conferência, centro de visitantes, refeitório, havendo apenas no local um auditório com capacidade para 30 pessoas (SMA/FF, 2006). Especificamente no que tange ao Município de Peruíbe, não há nenhuma infraestrutura instalada como base de proteção, fiscalização ou de apoio e controle do uso público na área do PESM, o que prejudica sobremaneira os trabalhos voltados para pesquisa científica, educação ambiental, turismo ecológico, fiscalização e vigilância. c. Recursos humanos A equipe do Núcleo Itarirú é bastante diminuta em face dos desafios relacionados ao uso público, fiscalização e gestão ali existentes, uma vez que existem apenas 9 pessoas dedicadas a estas atividades. Assim, há a necessidade de se ampliar o quadro de funcionários para o atendimento das áreas extremas do Núcleo e para as ações de proteção e de uso público (SMA/FF, 2006) (tabela 7.3.1). Tabela 7.3.1 – Caracterização do quadro de funcionários do Núcleo Curucutu Função Principal Gestão e Suporte Técnico: 1 Fiscalização: 5 Apoio administrativo: 3 Vinculo Empregatício Instituto Florestal: 4 Fundação Florestal: 2 Prefeitura Municipal: 2 Estagiário: 1 Nível de Escolaridade (funcionários da FF e IF) Superior: 1 Médio: 6 Básico: 1 Total 09 funcionários Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente; Instituto Florestal, 2006. Ademais, a demanda para capacitação dos recursos humanos do PESM também é relevante. Em 2008 ocorreu um curso de capacitação em Arcgis. Também têm sido realizadas capacitações periódicas para vigilantes ministradas nos Núcleos Picinguaba, Santa Virgínia e Cunha e estão previstas capacitações em manutenção de trilhas para todos os núcleos. Entretanto, é importante observar que a demanda é muito maior do que os eventos de capacitação já desenvolvidos, especialmente a capacitação para a implementação do Programa de Proteção da Serra do Mar (DRUMOND, 2009). d. Zoneamento e uso e ocupação do solo O Parque Estadual da Serra do Mar, no Município de Peruíbe, possui um bom nível de preservação da vegetação natural nos setores mais escarpados do Município, em terrenos limítrofes ao Município de Pedro de Toledo. Devido ao bom nível de preservação desta vegetação, a maior parte destes terrenos é classificada pelo zoneamento do Plano de Manejo do Plano de Manejo como Zona Primitiva – ZP (vegetação em estágios sucessionais médio ou avançado que circunda e protege a Zona Intangível). A ZP representa um importante banco genético para viabilização de projetos de recuperação dos processos ecológicos em outras zonas. Entretanto, cumpre mencionar que nestas localidades também existem áreas compostas por ecossistemas parcialmente [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 degradados que são classificadas como Zona de Recuperação - ZR pelo mesmo zoneamento (figura 7.3.2) (SMA/IF, 2006). A ZR é constituída por áreas onde devem ser recuperados os ecossistemas de forma a atingir um melhor estado de conservação e, portanto, áreas onde há uma grande demanda para o desenvolvimento de projetos voltados para o plantio de espécies nativas e para o enriquecimento de biodiversidade (SMA/IF, 2006). Entretanto, a maior parte do PESM em Peruíbe é classificada pelo zoneamento do PESM como zona de ocupação temporária – ZOT. As ZOT são as áreas ocupadas por posseiros ou titulares de registro imobiliário que ainda não foram indenizados e que se encontram, portanto, em processo de regularização fundiária. O objetivo principal da ZOT é minimizar o impacto das atividades humanas pré-existentes a criação do PESM de forma a compatibiliza-las com a preservação dos atributos naturais que ensejaram a criação desta unidade de conservação. Incluem-se na ZOT os bairros Bananal, Guanhanhã, Rio do Ouro, Cossoca e Ribeirão das Panelas (SMA/FF, 2006) (figura 7.3.2). Dentre estas atividades estão incluídas a pecuária com controle sanitário; a criação de animais domésticos e a agricultura, desde que orientadas pela Secretaria da Agricultura e da Coordenadoria de Defesa Agropecuária e adotadas técnicas de preservação do solo; a manutenção de estradas para viabilizar o acesso às moradias; além do ecoturismo, camping e hospedagem em áreas pré-ocupadas. Ademais, permite-se também o plantio de Palmeira Juçara, mediante autorização, cadastro e plano de manejo com o objetivo de produção de sementes, mudas e polpa de sementes (SMA/IF, 2006). A questão das ocupações temporárias no interior do PESM, em Peruíbe, é um dos mais graves problemas de todo o Parque Estadual da Serra do Mar. Embora a área do PESM nesse município seja considerada devoluta, existe o registro de mais de 600 edificações no interior desta área protegida. São ocupações de caráter rural, ligadas ao cultivo da banana, algumas localizadas na floresta primitiva, muitas delas já configurando sítios de lazer (SMA/IF, 2006, pp. 130 e 131). Além disso, ocorrem também no interior do PESM nesta localidade estabelecimentos comerciais, tais como bares, pesque-pagues e mercearias, além de casas voltadas para a moradia e para o veraneio, havendo inclusive um número significativo de caseiros no Bairro Bananal que trabalham e moram em chácaras, imóveis de veraneio no interior e no entorno do núcleo (SOUSA et al., 2006) (figura 7.3.1; fotos 7.3.2 e 7.3.3). Figura 7.3.1 - Ocupações existentes na área do Núcleo Itarirú Fonte: SOUSA et al., 2006. Foto 7.3.2 – Chácara localizada na região do Piraquara Fonte: Augusto Hilsdorf, n.d. Foto 7.3.3 – Bar localizado no Bairro Piraquara [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Fonte: Augusto Hilsdorf, n.d. Apesar de a agricultura ser predominante na região, sendo praticada pela maioria dos habitantes que ali vivem, cumpre mencionar que estes cultivos geralmente servem à subsistência, pois as restrições impostas pelas regras estabelecidas pela ZOT do PESM preveem muitas restrições aos moradores. Os principais itens cultivados são hortaliças e frutas, destacando-se mandioca, quiabo, jiló, milho, café, feijão, batata, goiaba, maracujá e banana. Além disso, há também criações de galinhas, perus, gansos, patos e peixes (foto 7.3.4) (SOUSA et al., 2006). Foto 7.3.4 – Criação de galinhas de angola (Estrada Kosoka) Fonte: Augusto Hilsdorf, n.d. Dentre os produtos cultivados, deve-se destacar o plantio da banana e de mandioca. O cultivo da banana (Musa paradisíaca), praticado por alguns moradores, é preocupante, pois ocupa grandes extensões do núcleo Pedro de Toledo, causando a supressão de vegetação. Além disso, os pés de banana plantados tendem a se expandir para outras áreas, por meio de propagação vegetativa, ocupando topos de morro, encostas e margens de rio, causando assim a erosão e desgaste do solo, além de ensejar o soterramento dos cursos d’água, a perda da biodiversidade, o surgimento de novas pragas no ecossistema e a extinção de espécies nativas. Outros efeitos negativos são a poluição do solo e da água pelo uso de herbicidas e agrotóxicos. Quanto ao cultivo intenso da mandioca, este pode acarretar o desgaste do solo devido a retirada de nutrientes da terra (SOUSA et al., 2006). Ademais, importa mencionar que este tipo de ocupação é favorecida por estradas bem delimitadas e de fácil acesso que funcionam como fatores de pressão a ocupação, sendo que existem moradias construídas em situações de risco geológico no interior do Núcleo Itarirú em Peruíbe (foto 7.3.5) (SMA/IF, 2006). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Foto 7.3.5 – Moradia em situação de risco (Bairro Piraquara) Fonte: Augusto Hilsdorf, n.d. A maioria dos moradores locais são migrantes provenientes, principalmente, do Estado da Bahia, e vivem no local há mais de dez anos, sendo poucos os que ocupam este setor do PESM há mais de 30 anos. A grande maioria veio para a região a fim de encontrar parentes e em busca de melhores condições de vida (SOUSA et al., 2006). Contudo, cumpre mencionar que uma ocupação mais intensiva desta localidade remonta o ano de 1945, quando foi assinado o Decreto Estadual 15.227/1945, autorizando a venda de terras não exploradas que, posteriormente, foram utilizadas como instrumento de especulação imobiliária, o que permitiu a instalação de posseiros que passaram a explorar o local, apesar de posteriormente os proprietários que detinham os direitos legais sobre a terra voltarem a reivindicá-los, ocasionando os primeiros conflitos pela posse da terra na região (SANTOS, 2008). Ademais, é importante ressaltar que, posteriormente, as diversas gestões do Governo do Estado de São Paulo incentivaram a ocupação deste setor do PESM em Peruíbe. Entre 1970 a 1982, por exemplo, a criação da SUDELPA (Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista) permitiu a instalação de infraestrutura para os posseiros que ali vivam e, também, incentivou a criação da Associação de Posseiros que organizou e mobilizou os moradores locais na luta pela melhoria da qualidade de vida. Já, no período de 1983 a 1987, que compreendeu o Governo Montoro, foram estimuladas a organização e mobilização destes moradores que desencadearam a criação de associações de bairro (Bananal, Guanhanhã, Rio do Ouro, Cossoca e Bambu). Além disso, investiu-se em infraestrutura com a construção de um posto de saúde e a implantação de atividades econômicas alternativas à bananicultura, como a criação da Piscigranja comunitária que disseminou a piscicultura como fonte alternativa de proteína animal no território através de um programa estadual de implementação de piscigranjas municipais e comunitárias. Além disso, a ATER prestada pelo governo estadual por meio da CATI, também esteve presente apoiando a formação dos produtores na área de piscicultura com a realização de palestras, excursões, cursos e mesmo auxiliando nas operações técnicas do cultivo. Entretanto, após este período, foram abertos tanques de piscicultura sem planejamento, o que comprometeu a preservação ambiental do PESM que até este período este período era considerado um “Parque de Papel” no Município (SANTOS, 2008). Dessa forma, foi somente com a implantação da sede do Núcleo Itarirú (antigo Núcleo Pedro de Toledo) no ano de 2001 e com a edição do Plano de Manejo do PESM no ano de 2006 que se estabeleceu uma política mais restritiva ao uso e ocupação do solo deste setor do Parque, ensejando uma intensificação das ações de fiscalização ambiental com o intuito de se inserir este território no contexto de uma unidade de conservação de proteção integral do Estado de São Paulo (SANTOS, 2008). No entanto, a criação da ZOT pelo Plano de Manejo e a ameaça de desocupação e reassentamento dos moradores que ali vivem gerou uma forte mobilização social das comunidades locais. Tal mobilização forçou a abertura de canais de diálogo que culminaram na criação de uma Câmara Temática no Conselho Consultivo do Núcleo Itarirú para tratar especificamente desta temática (SANTOS, 2008). Esta Câmara Temática ajudou a aprofundar o conhecimento sobre o processo de ocupação e consolidação dos bairros rurais no interior do PESM no Município de Peruíbe e acabou por concluir que a solução socialmente mais justa e ambientalmente viável seria a desafetação do Parque nesta localidade com subsequente criação de uma APA (Área de Proteção Ambiental) que teria objetivo de compatibilizar as necessidades de preservação integral dos remanescentes de mata atlântica na serra do mar com o desenvolvimento socioeconômico e fortalecimento cultural dos pequenos produtores rurais que ali vivem. Todavia, apesar das recomendações desta Câmara Temática, o Governo do Estado de São Paulo, através do Programa Serra do Mar, manteve os objetivos de desocupação e regularização fundiária por meio de reassentamento ou indenização de benfeitorias para esta localidade, sendo que estão previstas a remoção de 530 moradias nos bairros Bananal e Guanhanhã. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Figura 7.3.2 – Zoneamento do PESM no Município de Peruíbe Fonte: Adaptado de Instituto Florestal e Instituto Ekosbrasil, 2006. e. Situação fundiária A questão da regularização fundiária é um problema crítico em todo o Parque Estadual da Serra do Mar. Dos 315.390 ha do Parque, 235.595 ha (67%) são áreas pendentes de regularização fundiária (HONORA et al., 2009). Para a solução desta e de outras demandas de regularização fundiária nas unidades de conservação do Estado de São Paulo foi criado, dentro estrutura da Fundação Florestal, em setembro de 2007, um Núcleo de Regularização Fundiária - NRF. O NRF se dedica a três linhas gerais de ação objetivando estabelecer Programas de Regularização Fundiária: Apoio Jurídico e Fundiário à gestão; Apoio Jurídico e Fundiário à elaboração dos Planos de Manejo e Compensação Ambiental. Para dar maior otimização aos procedimentos previstos nestas três linhas de ação e conjugar esforços e cooperação técnica, foi assinado, em dezembro de 2008, um convênio entre a Fundação Florestal e a Procuradoria Geral do Estado (HONORA et al., 2009) (quadro 7.3.4). Um resultado concreto da ação do Núcleo de Regularização Fundiária – NRF, especificamente para o Parque Estadual da Serra do Mar, foi a elaboração de um Cadastro de Ocupantes e de Ações de Desapropriação Indireta existentes nesta unidade de conservação. Quanto aos recursos financeiros para regularização fundiária, estes são oriundos principalmente de compensação ambiental e são utilizados para: levantamento fundiário (elaboração de cadastros de ocupantes, levantamentos de ações de desapropriação e atualização dos andamentos, dentre outros); análise dominial de propriedades; avaliação de propriedades e benfeitorias; aquisição de propriedades e benfeitorias; assistência técnica em ações judiciais; demarcação, sinalização e georreferenciamento; projetos de reassentamento da população residente no interior de unidade de conservação (HONORA et al., 2009). 41 No que tange a área do Núcleo Itarirú do PESM em Peruíbe, a quase totalidade de suas terras não estão regularizadas do ponto de vista fundiário, sendo em sua grande maioria remanescentes devolutos. Ademais, como já visto anteriormente, existem mais de 600 ocupações das mais diversas origens nesta localidade que demandam medidas judiciais ou administrativas para retomada e, especialmente, vigilância dos respectivos espaços (SMA/FF, 2006). 41 Lei Federal 9985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). “Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei”. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Quadro 7.3.4 – Linhas de ação no âmbito do Núcleo de Regularização Fundiária - NRF LINHA DE AÇÃO 1 Apoio Jurídico e Fundiário à gestão LINHA DE AÇÃO 2 Apoio Jurídico e Fundiário à elaboração dos Planos de Manejo LINHA DE AÇÃO 3 Compensação Ambiental Esta linha de ação está vinculada às atividades de rotina do NRF e da gestão das UC’s, que podem ser exemplificadas pelas seguintes demandas: • Instrução e manifestação em processos administrativos; • Elaboração de respostas de demandas do Ministério Público, Poder Judiciário e Procuradoria Geral do Estado; • Recebimento de demandas da PGE e encaminhamentos junto aos gestores das UC’s (cumprimento de decisões judiciais de desocupação, congelamento, demolição, imissões na posse, dentre outros); • Apoio às Diretorias Adjuntas, respectivas Gerências e gestores na solução de conflitos fundiários (ocupações, sobreposições com Terras Indígenas e Territórios Quilombolas) e nos processos de redefinição de limites de UC’s. Esta linha de ação está vinculada às atividades de elaboração do capítulo de Caracterização Fundiária (síntese do levantamento fundiário) e do respectivo Programa de Regularização Fundiária que compõem os Planos de Manejo das UC’s estaduais, consistindo, basicamente, em: • Sistematizar e consolidar as informações existentes sobre a situação fundiária da UC; • Providenciar levantamentos complementares, quando necessário, bem como sistematizar os resultados destes; • Definir, em conjunto com os demais Programas de Gestão (proteção, uso público, dentre outros), as prioridades para regularização fundiária; • De acordo com as prioridades, estabelecer as diretrizes e linhas de ação para elaboração do respectivo Programa de Regularização Fundiária. Esta linha de ação está vinculada à solicitação de recursos a Câmara de Compensação Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente e atividades necessárias para a execução dos mesmos, a saber: • Elaborar Planos de Trabalho para solicitar recursos à Câmara de Compensação Ambiental; • Elaborar Termos de Referência para contratação de serviços; • Solicitação de orçamentos e acompanhamento dos processos de contratação; • Acompanhar a execução dos recursos; • Prestar contas dos recursos utilizados. Uma definição institucional importante refere-se ao fato de priorizar a destinação de recursos de compensação ambiental (artigo 36 do SNUC) para a elaboração dos Planos de Manejo das UC’s. Desta forma, foi definido que o Plano de Manejo de cada UC será composto por um capítulo de Caracterização Fundiária (síntese do levantamento fundiário) e pelo respectivo Programa de Regularização Fundiária. Esta definição é muito importante para delinear um Programa de Regularização Fundiária discutido em conjunto com os demais Programas de Gestão. Fonte: Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011 f. Exploração predatória da biota (caça, pesca e corte seletivo de vegetação), monitoramento e fiscalização Na área do Núcleo Itarirú, em Peruíbe, ocorrem ações ilegais de caçadores e extratores de recursos naturais, incluindo palmito e bromélias, sendo que a extração de palmito Juçara (Euterpe edulis) é bastante intensa na Trilha do Rio do Ouro (SMA/FF, 2006). 42 Importante observar que, no que tange a caça, essa é bastante comum no período noturno, quando a fiscalização é quase inexistente, sendo comum a ocorrência de disparos de tiros de acordo com relatos de moradores locais e informações cedidas pelo gestor do Núcleo. Entre os animais caçados estão gambás e bichos-preguiça. A caça nesta localidade é uma atividade preocupante para o ecossistema do Núcleo Itarirú, pois causa rapidamente o desequilíbrio ecológico (SOUSA et al., 2006). Ademais, também há problemas com a crescente ocupação irregular de áreas julgadas devolutas (municipais / estaduais), construções de veraneio de grande porte, expansão de atividades agrícolas em seu entorno e, também, com o uso de agrotóxicos por agricultores na área do Parque (SMA/FF, 2006; SOUSA et al., 2006). Ademais, deve-se mencionar que as ações supracitadas são facilitadas pela fiscalização deficiente e pela infinidade de acessos proporcionada por trilhas e estradas rurais e que, também, a alta densidade populacional na área do Parque e em seu entorno é um importante facilitador para o desenvolvimento de ações ilegais mais intensivas. O Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar definiu como prioridade para combater este tipo de problema a implementação de ações de fiscalização integrada com órgãos do SISNAMA (planejamento integrado e operações conjuntas); a ampliação do nível de participação da comunidade por meio de denúncias contra agressões; a criação de uma equipe técnica de capacitação, integrada por técnicos da instituição para treinamento e aprimoramento contínuo dos agentes de fiscalização; o estabelecimento de uma rotina de fiscalização em áreas críticas; a fiscalização das fontes de consumo de recursos naturais com periodicidade para inibir a aquisição dos produtos clandestinos pelo comerciante e o monitoramento contínuo dos vetores de pressão e das ações de fiscalização (SMA/FF, 2006). Para implementar, com maior eficiência, estas e outras ações, o Governo do Estado de São Paulo criou o Plano de Policiamento Ambiental para Proteção das Unidades de Conservação (PROPARQUE). O PROPARQUE estabelece as bases doutrinárias, administrativas e operacionais para se buscar um esforço conjunto de conservação ambiental da Serra do Mar. Para tanto, traz como prioridades o planejamento conjunto de ações (gerência operacional e coordenação regional); o patrulhamento integrado; a intensificação da presença nas UCs; a identificação de áreas críticas e vulneráveis; a educação ambiental e o monitoramento do entorno (CESAR, 2010). 42 O corte seletivo do palmito é um problema que atinge toda a cadeia alimentar, pois se a planta é cortada antes de produzir frutos, fato que acontece com maior freqüência, um recurso muito importante deixa de ser disponibilizado para os animais que dele se alimentam, cerca de 71 espécies, criando assim uma lacuna na cadeia alimentar. Os frutos do palmito são uma fonte alimentar bastante importante para as aves, e a diminuição significativa deste recurso alimentar nas florestas, causa grande impacto para várias espécies frugívoras florestais, entre elas o tucano-de-bico-verde Ramphastos dicolorus ... , a jacutinga Pipile jacutinga, o jacu Penelope obscura e o pavó Pyroderus scutatus. A jacutinga é uma espécie considerada ameaçada de extinção mundialmente e, no Estado de São Paulo, incluída na categoria Criticamente em Perigo. Sabe-se que uma das principais fontes alimentares da espécie é o fruto do palmito. Essas aves são bastante fiéis às suas fontes alimentares e são capazes de conhecer, no tempo e no espaço, a época e os locais de maturação dos frutos que consomem. Como decorrência são relatados para a espécie deslocamentos altitudinais em função da época de maturação dos frutos. Porém não são comuns registros da espécie para as florestas da planície litorânea. Há indícios de que a espécie venha escasseando ao longo de toda sua área de distribuição, tanto em razão de caça predatória, quanto devido à descaracterização de seus ambientes de ocorrência e diminuição de suas fontes alimentares. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Plano de Monitoramento da Qualidade Ambiental (PMQA) do PESM A proposta de elaboração do Plano de Monitoramento da Qualidade Ambiental do Parque Estadual da Serra do Mar está inserida no contexto do Programa da Recuperação Sociambental da Serra do Mar e do Sistema de Mosaicos da Mata Atlântica do Governo do Estado de São Paulo e conta, portanto, com financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) (PMQA, 2011). O PMQA vem sendo elaborado pela empresa Tamoios Inteligência Geográfica e tem o objetivo de fornecer dados e informações para adoção de medidas preventivas e corretivas em relação à proteção ambiental do PESM. Este também permitirá mensurar o trabalho que está sendo realizado, indicando pontos a serem melhorados. A partir desses dados, será desenvolvido um sistema de monitoramento que terá como base as informações geográficas, sistemas de mapas, GPS e tecnologia da informação (REZENDE, 2011). Com sua construção iniciada em maio de 2011, o PMQA “objetiva estruturar o conceito e a arquitetura de um sistema de monitoramento da qualidade ambiental do parque baseado em um SIG (sistema de informações geográficas), incluindo uma aplicação teste em um dos núcleos do parque de modo a verificar melhorias e possíveis ajustes a serem realizados quando da contratação futura da implantação do sistema” (PMQA, 2011). O termo de referência do PMQA define que este se faz necessário para efetivar ações de manejo, identificando metodologias, indicadores e fontes de verificação mais precisas para o acompanhamento e o monitoramento das unidades de conservação e, também, para a estruturação de uma base de dados e informações. As delimitações inerentes ao desenvolvimento deste plano foram demarcadas em uma série de reuniões realizadas no ano de 2011 e que envolveram os gestores dos núcleos do PESM, a Polícia Ambiental e as equipes técnicas da FF e do IF (PMQA, 2011). A partir das discussões realizadas com os gestores dos núcleos do PESM definiu-se que o PMQA deve ser um instrumento capaz de (PMQA, 2011): Subsidiar estratégias de ação para o cumprimento dos objetivos do Plano de Manejo; Unificar as informações sobre o PESM, padronizando o registro das ações empreendidas pela FF e outras instituições, tornando-as comuns para o acompanhamento da evolução das ações por todo o “colegiado PESM”, assim como o registro histórico destas; Possibilitar uma melhor comunicação institucional, facilitando a interação entre dirigentes da Fundação Florestal/SMA e gestores dos núcleos para orientar a tomada de decisão; Possibilitar a valorização do patrimônio natural e histórico-cultural perante a sociedade; Possibilitar a avaliação e a valorização das ações empreendidas para a conservação; Estimular a participação social na gestão da UC; Possibilitar a projeção de cenários para o planejamento preventivo das ações; Possibilitar a mensuração e divulgação dos serviços ambientais proporcionados pela UC; Identificar pontos críticos de pressão e monitorar os processos de licenciamento de empreendimentos e o cumprimento das respectivas condicionantes ambientais. Ademais, também definiu-se que os principais benefícios esperados com a implementação do PMQA são os seguintes (PMQA, 2011): Compilação de dados que já são gerados por diversos atores no parque (fortalecendo o sistema jurídico, inclusive). Valorizar a UC perante a sociedade. Melhor conhecimento da riqueza da biodiversidade. Tornar as respostas mais ágeis. Melhoria na gestão do território com a integração com prefeituras. Melhor qualidade de informação. Possibilidade de alimentar informações para pesquisa. Possibilidade de participação da comunidade a partir da validação dos gestores. Subsídio da possibilidade de planejamento e ordenamento territorial. Maior controle da recuperação ambiental. Padronização das informações que são geradas. Possibilidade de criação da inteligência de gestão para proteção e fiscalização. Gestão de riscos e catástrofes. Integração de gestão entre os núcleos. Valorizar a atividade do Gestor. Colocar no mesmo espaço “virtual” todas as qualidades / ameaças / pressões / condicionantes. Trazer uma melhor dimensão sobre o potencial de gestão ao Dirigente de alto escalão. Pode ajudar na gestão em função das mudanças climáticas. Possibilidade de gerar dados espacializados para definição de parâmetros de gastos por ha. Já os fatores críticos, ou seja, as questões cruciais a serem consideradas no desenvolvimento do PMQA são (PMQA, 2011): Dificuldade do convencimento das instituições para interação no sistema. Duplicação de bancos / Atores demais gerando dados. Sobrecarga de trabalho / Aumento da responsabilidade dos gestores. Dificuldade de captação de dados no licenciamento. Dificuldade para convencimento do alto escalão da SMA para integração dos dados. Inexistência de técnicos capacitados para produzir dados internamente. O SIGAM já é uma plataforma de integração de dados que não são aproveitados. Dificuldade de validação dos dados. Problemas de capacitação/Carência de recursos humanos. Inexistência de equipamentos adequados. Processo que precisa ser contínuo. É algo que demanda o sentimento de “pertencimento” do gestor para uso cotidiano. Inexistência de cultura de compartilhamento. Os acordos entre os parceiros precisam ser garantidos e redondos. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Inexistência de um “SISBIO” em nível estadual. As etapas para a realização dos trabalhos inerentes à construção do PMQA estão detalhadas no quadro 7.3.5. Quadro 7.3.5 – Etapas para a realização dos trabalhos inerentes à construção do PMQA Fonte: Fundação Florestal, 2011. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 g. Uso público 43, 44 As atividades de uso público ligadas ao PESM em Peruíbe são pouco comuns uma vez que a área do Núcleo Itarirú, em Peruíbe, não é considerada uma área prioritária para o uso público pelo Plano de Manejo do PESM. Portanto, não há ali nenhuma infraestrutura de apoio à visitação nem recursos humanos dedicados ao acompanhamento desta atividade. Entretanto, deve-se salientar que as trilhas ao longo de estradas rurais internas ao PESM apresentam algumas cachoeiras, que podem ser atingidas por trilhas de tamanho variável, de 50 a 1.500m (não percorridas). Especificamente no caso da Cachoeira do Rio do Ouro, esta é a mais a acessível e, portanto, a mais visitada, ocorrendo nesta localidade a pratica esporádica do rappel. Importante mencionar que durante os trabalhos de campo para a elaboração do Plano de Manejo do PESM, a Cachoeira do Rio do Ouro apresentou odor característico de águas cinza, o que pode caracterizar contaminação devido ao despejo de esgoto de chácaras à montante (foto 7.3.6) (SMA/FF, 2006). Ademais, cumpre mencionar que apesar de ser obrigatório o agendamento prévio e a contratação de monitor credenciado para a realização da visitação dos atrativos do PESM, a quase totalidade das visitas a esta Unidade de Conservação, no Município de Peruíbe, são realizadas de forma clandestina, sem qualquer tipo de controle por parte da administração do Núcleo Itarirú. Junto com as trilhas e cachoeiras, deve-se mencionar que os setores antropizados da Zona de Ocupação Temporária também são intensamente visitados nos finais de semana e feriados devido à existência de muitas chácaras de recreio nestas localidades. 43 Vide Resolução SMA nº 61/2008 que cria o Conselho Consultivo de Ecoturismo, com o objetivo de auxiliar a implantação das ações para o desenvolvimento do ecoturismo no Est. de São Paulo. 44 Vide Resolução SMA nº 59/2008 que estabelece a normatização de procedimentos administrativos de gestão e fiscalização do uso público nas unidades de conservação de proteção integral do Estado de São Paulo. Foto 7.3.6 – Cachoeira do Rio do Ouro - Município de Peruíbe Fonte: Giuliano Novais, n.d. h. Pesquisa científica O Planejo de Manejo do PESM considera ser de importância estratégica incentivar a produção do conhecimento científico sobre os aspectos biofísicos e sociais do Parque no sentido de utilizar as pesquisas desenvolvidas como suporte a melhoria da gestão e a tomada de decisão (SMA/FF, 2006). Na área do Núcleo Itarirú o conhecimento científico é considerado nulo para todos os grupos, incluindo vegetação, mamíferos, anfíbios, répteis e aves. Desta forma, cumpre enfatizar que é de fundamental importância diminuir estas lacunas de conhecimento. Para tanto, deve-se (SMA/FF, 2006): Celebrar parcerias com diferentes instituições; Estimular o desenvolvimento de atividades de campo de cursos de graduação, mestrado e doutorado; Articular fontes de captação de recursos financeiros voltados para pesquisa em áreas geográficas prioritárias; [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Articular fontes de captação de recursos financeiros voltados para pesquisa em áreas geográficas prioritárias; Criar grupo de apoio à pesquisa composto pelas principais instituições que já realizam ou pretendem realizar pesquisa no PESM. No que tange ao meio biótico, pode-se elencar as seguintes diretrizes para pesquisa (SMA, 1998, pp 122 - 123): Realizar o levantamento da fauna e flora nos diversos setores do Núcleo Curucutu com o objetivo de espacializar de forma representativa as suas diferentes condições ecológicas e antrópicas; Avaliar o impacto da extração do palmito sobre a fauna (especialmente primatas, aves, roedores e marsupiais) e demais espécies dependentes de dispersores especializados; Pesquisar a dinâmica de regeneração natural ou induzida dos diferentes biomas após distúrbio natural e/ou antrópico; Devido ao grande endemismo e a necessidade de controle da qualidade das águas através de espécies indicadoras devem-se levantar as espécies de peixes para os riachos de cabeceira bem como caracterizar a ictiofauna da região; Realizar uma análise das comunidades de anfíbios da região no sentido de detectar alterações na densidade de várias espécies e comparar os resultados com registros obtidos anteriormente; Realizar o levantamento das espécies de cobras e lagartos da região para quantificar a biodiversidade e viabilizar o posterior estudo de comunidades; Levantar as espécies de aves, principalmente nas regiões florestadas das encostas. Este procedimento visa o estudo da biodiversidade da avifauna, o registro de possíveis extinções locais e o estudo da densidade dos grupos, principalmente aqueles mais susceptíveis (espécies indicadoras); Levantamento das espécies de mamíferos e posteriores estudos de comunidade entre as espécies com o objetivo de detectar alterações na densidade das espécies em qualquer nível; Levantamento e estudo de comunidade dos outros grupos animais não mencionados anteriormente e que não possuem registro amplo para a região, principalmente aquelas susceptíveis às alterações de hábitat a médio e curto prazo; Comparar os estudos de comunidade e inventários faunísticos com dados de literatura para outras áreas de mata atlântica do Estado de São Paulo, considerando aspectos como grau de perturbação antrópica, zoogeografia e endemismo. Outra questão importante é a inclusão da área do entorno do Núcleo Itariru na definição das linhas e áreas de pesquisa. Devem-se pesquisar os elementos naturais existentes no entorno de forma a subsidiar políticas de proteção ambiental da zona de amortecimento do PESM, bem como identificar e pesquisar as diversas pressões sobre o meio ambiente existentes (SMA/FF, 2006). Importa também salientar que há grande demanda de pesquisas científicas voltadas para o fomento de atividades rurais sustentáveis como, por exemplo, aquelas voltadas para o plantio de palmeira para a produção de pupunha ou de mudas de palmeira juçara. No que tange a infraestrutura de pesquisa, há demandas para a construção de um alojamento para no mínimo 8 pesquisadores na sede do Núcleo como, também, de um pequeno laboratório contendo pias e bancadas de trabalho (SMA/FF, 2006). i. Uso e ocupação do solo na zona de amortecimento A Zona de Amortecimento (ZA) do PESM em Peruíbe é delimitada por um raio de 10 km que envolve o entorno desta Unidade de Conservação e que abrange, especificamente, a maior parte da área deste Município localizada entre a área urbanizada e o Parque (SMA/FF, 2006) (vide figura 7.3.2). O objetivo geral da Zona de Amortecimento é proteger e recuperar os mananciais, os remanescentes florestais e a integridade da paisagem na região de entorno do PE Serra do Mar, para garantir a manutenção e recuperação da biodiversidade e dos seus recursos hídricos (SMA/FF, 2006, p. 296). Urbanização A urbanização na zona de amortecimento do PESM em Peruíbe não se apresenta como uma ameaça imediata ao PESM devido à existência de uma grande área de planície entre a fronteira urbana e a zona núcleo do Parque. Entretanto, é preocupante a expansão fragmentada das áreas urbanas sobre os ambientes de restinga que se acentuou a partir da década de 1980. Isso se deve tanto à dinâmica que envolve a relação simbiótica entre turismo de segunda residência e ocupações irregulares neste Município, quanto ao fluxo migratório regional propiciado pela grande elevação no preço dos imóveis nos municípios centrais da Baixada Santista, nomeadamente Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande.45 Ademais, as áreas mais interiores do setor urbano do Município de Peruíbe apresentam uma mancha urbana bastante rarefeita que inclui loteamentos abandonados e não consolidados contento muitas glebas e terrenos baldios dedicados à especulação imobiliária, o que ajuda a reforçar esta problemática (fotos 7.3.7 e 7.3.8). Cumpre salientar que o número de vazios urbanos presentes em loteamentos implantados no Município de Peruíbe compreende 1.462 ha do espaço produzido para ocupação (lotes/terrenos urbanos). Estes vazios urbanos concentram-se predominantemente, mas não exclusivamente, no setor localizado a oeste da Av. Luciano de Bona. Destaca-se nesta mesma região a presença, além de lotes/terrenos vagos, de glebas não parceladas que no valor anteriormente citado não foram consideradas, mas que, entretanto se configuram como vazios urbanos. Assim sendo, há um grande número de terrenos vazios disponíveis a ocupação ao mesmo tempo em que a ocupação efetiva do território vem ocorrendo de maneira irregular em áreas não parceladas e na maioria dos casos em regiões ambientalmente frágeis, como por exemplo, os fundos de vale, áreas alagadiças e mangues. Para se ter uma ideia da gravidade da problemática aqui mencionada, vale mencionar que o Município de Peruíbe apresenta 69.419 imóveis cadastros na Prefeitura, destes, 42.021 imóveis (60,53%) estão vagos, não ocupados (foto 7.3.7) (AMBIENS COOPERATIVA, 2006, p. 31). 45 Sakamoto (2008, p.29) avalia que a ocupação espacial propiciada pelo turismo de segunda residência implica em “perdas consideráveis de caráter ambiental e paisagístico devido à erradicação de importantes estruturas ecológicas e sua substituição por estruturas urbanas ociosas e em geral de baixa qualidade ambiental e paisagística”. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Foto 7.3.7 – Ocupação rarefeita do tecido urbano no Município de Peruíbe Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2002. Assim, analisar a possibilidade de verticalização planejada de parte do Município de forma a aproveitar melhor a área já urbanizada e a infraestrutura existente, bem como procurar induzir a ocupação de glebas e lotes baldios antes de se promover a ocupação de novas áreas com vegetação de restinga são ações que devem ser empreendidas no sentido de se evitar novos desmatamentos. Um importante ponto de atenção atende para o fato de que esta problemática tende a sofrer um incremento exponencial nos próximos anos, uma vez que o Município de Peruíbe deve receber muitos investimentos em empreendimentos imobiliários e um fluxo migratório bastante intenso em função dos novos projetos de infraestrutura que estão por vir na baixada santista. Tal situação exige, desde já, a implementação de políticas urbanas e ambientais que visem patrocinar mudanças no padrão de uso e ocupação do solo atual de Peruíbe, baseado em pouco planejamento e excessivo foco na especulação imobiliária e no turismo de segunda residência. Para tanto, a sujeição de terrenos e glebas ao IPTU progressivo pode se um instrumento de política urbana bastante útil e eficaz no sentido de desestimular ações especulativas com a terra e a expansão de novas áreas de solo urbano próximas ao PESM. Vegetação No Município de Peruíbe a vegetação da zona de amortecimento do PESM é formada por floresta ombrófila densa nas áreas compreendidas pelos diversos morros isolados existentes neste Município. Já, na planície costeira, ocorrem remanescentes de vegetação restinga que se desenvolvem entre a área urbanizada e o Parque. Entretanto, estes remanescentes, que são de fundamental importância para o fluxo gênico e para a manutenção do equilíbrio ecológico do PESM, estão sendo progressivamente degradados pelo avanço da urbanização e, também, pelo avanço acelerado de chácaras de recreio e de posses e atividades rurais ao longo da Estrada Municipal Armando Cunha, que é a principal via de ligação entre o núcleo urbano e a área rural (com cerca de 28 Km a partir do trevo principal de Peruíbe, a Estrada Municipal Armando Cunha atravessa a área rural fortemente antropizada de Peruíbe, chegando aos limites do Parque Estadual da Serra do Mar (foto 7.3.8). Foto 7.3.8 – Expansão de chácaras de recreio e de posses e atividades rurais ao longo da Estrada Municipal Armando Cunha Parque Estadual da Serra do Mar Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2002. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Ademais, cumpre mencionar que as terras indígenas Peruíbe e Piaçaguera, em conjunto com o PESM, formam um importante corredor ecológico que compreende diversas fitofisionomias de floresta ombrófila densa e de ecossistemas associados de restinga, formando assim um contínuo vegetacional que vai da faixa de areia até as áreas de maior altitude do Município de Peruíbe (foto 7.3.9). Foto 7.3.9 – Contínuo vegetacional de Peruíbe Parque Estadual da Serra do Mar Terra Indígena Peruíbe Itanhaém Terra Indígena Piaçaguera Peruíbe Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2002. Atividades agropecuárias O Município Peruíbe possui uma zona rural com atividades rurais bastante ativas e diversificadas. Ali são desenvolvidas atividades de bananicultura bem como plantações de palmito pupunha e gêneros hortifrutigranjeiros. Além disso, também há criações de ovinos, caprinos, bovinos e bubalinos que não são significativas em comparação com outros municípios do Estado de São Paulo. A maior extensão territorial é ocupada pelo cultivo de banana (incluindo as variedades terra e anã) que se desenvolve principalmente ao longo dos limites do Parque Estadual da Serra do Mar. Entretanto, apesar de ser esta a principal cultura do Município desde o início do século, a mesma encontra-se em franco declínio devido à forte concorrência de produtores de outras regiões do Estado (fotos 7.3.10).46 Foto 7.3.10 – Cultura de banana no Município de Peruíbe Fonte: Leandro Alves, 2010. No caso do palmito pupunha, este tem se apresentado como uma excelente alternativa à plantação de banana, devido a maior rentabilidade, bem como a extração do palmito juçara, devido ao menor preço e tempo reduzido de colheita. 47 46 A área plantada de culturas de banana na região da baixada santista decresceu 27% entre 1995/96 e 2007/08 (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2011). 47 O palmito pupunha começou a ser estudado como alternativa ao cultivo tradicional pelos pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas nos anos 1970. Na década seguinte, constatou-se a eficácia do plantio. A partir de 1985, a cultura do palmito-pupunha foi introduzida no Litoral Sul pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). ... Nativa da América Latina, a pupunheira é cultivada principalmente em São Paulo. O Vale do Ribeira é o maior produtor desse tipo de palmeira no Estado de São Paulo e um dos maiores do Brasil. Outro grande produtor é a Bahia. Espírito Santo, Rondônia e Pará são outras regiões em que há safra significativa. O palmitopupunha paulista abastece o consumo do Estado (principalmente a capital) e ainda é exportado para o Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Hoje, são 4 mil hectares cultivados. Cajati, Juquiá e Registro concentram as maiores plantações. ... A palmeira-pupunha é considerada alternativa sustentável de cultivo para a produção de palmito. Tem características de sabor e textura semelhantes ao juçara. Traz vantagens adicionais como o crescimento acelerado e precocidade para o corte (dois anos) e farto perfilhamento (rebrota). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Entretanto, cumpre mencionar que o cultivo local de pupunha demanda uma série de ações e investimentos para se tornar maior e mais regular. Nesse sentido, a carta do II Seminário sobre Cultivo de Palmito Pupunha no Litoral, que ocorreu nos dias 03 e 04 de abril de 2007 no Município de Itanhaém e que foi organizado pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Prefeitura Municipal de Itanhaém e pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Itanhaém definiu uma série de propostas a serem implementadas pelo Poder Público no sentido de auxiliar na organização da cadeia produtiva da pupunha e de outras palmáceas, sendo estas (CATI et al., 2007): Criação da Câmara Setorial de Palmáceas pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento; Criação do selo de certificação do produto, com a normatização dos processos agroindustriais e financiamento da certificação; Permissão para o cultivo do palmito pupunha por produtores estabelecidos no Parque Estadual da Serra do Mar, em áreas que são utilizadas para agropecuária; Criação de linhas de crédito (especificas para o setor);48 Combate à exploração predatória do palmito nativo e a ilegalidade no processamento e comercialização de palmitos; Fortalecimento das entidades de representação dos produtores de palmito do Litoral Paulista, Vale do Ribeira e demais regiões do Estado de São Paulo; Estruturação da pesquisa cientifica e extensão rural para atendimento das demandas do setor; Preparação e direcionamento da equipe do SAI, convênio SEBRAE/CATI/FAESP, para elaboração de pesquisas de mercado e estratégias de comercialização; Criação de um serviço de informação e orientação ao consumidor sobre os cuidados inerentes a segurança alimentar do produto final desse segmento. Ademais, cumpre mencionar que o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) tem sido de fundamental importância para o fomento não só da produção de palmito pupunha como de toda a produção de hortifrutigranjeiros no Município de Peruíbe. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Peruíbe e o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome que realiza a aquisição de parte da produção agrícola familiar local pelo Poder Público, sendo que estes alimentos são utilizados na merenda escolar e distribuídos para famílias que estão em situação de insegurança alimentar e para entidades assistenciais. Diferentemente do tradicional não escurece, viabilizando outras formas de consumo – in natura, couvert. Natural da Mata Atlântica, o palmito-juçara é obtido predatória e indiscriminadamente a partir da exploração de palmeiras das matas nativas. A maioria da extração é ilegal, pois a exploração legal requer manejo. A palmeira leva de sete a oito anos para atingir o ponto de corte. Depois do corte, ela morre. Por isso, corre risco de extinção. Outra desvantagem é a oxidação. O palmito fica escuro após o corte (as partes escurecidas são desprezadas) e precisa passar pelo processo de salmoura acidificada para ser consumido (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). 48 Importante observar que a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento criou, em 2008, uma linha de financiamento para cultivo de palmito pupunha para agricultores da região litorânea e do Vale do Ribeira através de recursos provenientes do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap). Tal financiamento foi criado com o objetivo de se ampliar a produção de palmito pupunha e, consequentemente, reduzir exploração ilegal do palmito juçara. O financiamento é de até R$ 85 mil por produtor, com juros anuais de 3% e pagamento em até sete anos (incluída a carência de três anos) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). Outras ações empreendidas pela Prefeitura Municipal de Peruíbe (Departamento de Meio Ambiente e Agricultura) no fomento as atividades rurais na zona de amortecimento do PESM são (PREFEITURA DE PERUÍBE, 2012): A distribuição de mudas e o apoio técnico a produção e comercialização do Palmito Pupunha; O programa de venda de sementes, que comercializa a preço simbólico sementes de arroz, feijão e milho para agricultores familiares; O desenvolvimento de cursos de capacitação para Produtores Rurais (incluindo cursos voltados para manejo e fertilidade do solo, frutas e hortaliças, piscicultura, agricultura orgânica, hidroponia, palmito pupunha, agrotóxicos e embutidos e defumados); O fornecimento de assistência técnica e integral de extensão rural ininterrupta, através dos técnicos do departamento agrícola do município em conjunto com a Casa da Agricultura de Peruíbe e a CATI; O “Programa Piscicultura”, que visa desenvolvimento sustentável da Agricultura Familiar. Envolve a reprodução de alevinos das espécies de melhor aceitação no mercado, outra ação é a distribuição dos mesmos a preços simbólicos, baixando o custo de produção dos criadores. Além disso, este projeto visa melhorar o nível tecnológico dos piscicultores e dos produtores rurais que demonstrarem interesse, promovendo seminários, cursos e palestras sobre o tema através da execução do projeto. No que tange ao fomento da piscicultura, cumpre mencionar que o Município de Peruíbe possui o melhor centro de pesquisa e reprodução de peixes nativos do Estado de São Paulo e denominado Centro de Pesquisa e Reprodução de Peixes Nativos da Região Sul Litoral Paulista e Vale do Ribeira (antigamente denominado Piscigranja Ganhanhã) que foi reinaugurado em 2011 após uma série de investimentos e melhorias realizados com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Secretaria Estadual de Agricultura. Com os investimentos realizados tem sido possível realizar a reprodução em laboratório de alevinos do lambari, peixe nativo do bioma mata atlântica e que possui elevado potencial de mercado. Estes alevinos são entregues de forma subsidiada pela Prefeitura aos produtores rurais de Peruíbe com um desconto de cinquenta por cento no valor do milheiro que gira em torno de R$ 100,00 (cem reais). Nas propriedades, após atingirem 30 gramas (aproximadamente três meses), estes estão prontos para serem comercializados. Este projeto, que está inserido no Parque Estadual da Serra do Mar, permite gerar uma fonte de renda permanente aos produtores rurais (PREFEITURA DE PERUÍBE, 2012) (foto 7.3.11). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013 Foto 7.3.11 – Processo de reprodução de alevinos no Centro de Pesquisa e Reprodução de Peixes Nativos da Região Sul Litoral Paulista e Vale do Ribeira Fonte: Prefeitura Municipal de Peruíbe, 2011. Apoio ao desenvolvimento de atividades produtivas nas terras indígenas do Município de Peruíbe Interessante observar que vem sendo desenvolvidas atividades de produção de mudas de palmeira juçara nas terras indígenas de Peruíbe e Itanhaém com o apoio da coordenação técnica da FUNAI. Os objetivos desta produção são reflorestar áreas das TIs com essa espécie vegetal que é demasiadamente importante para a preservação da avifauna local e, também, comercializar o excedente produzido para geração de renda para as comunidades indígenas envolvidas, uma vez que as mudas desta espécie possuem grande valor econômico. No âmbito deste projeto foram produzidas 6.000 mudas de Palmeira Juçara, sendo 4.000 na aldeia Bananal de Peruíbe e 2.000 na aldeia Rio Branco de Itanhaém. No presente ano, o trabalho de produção de mudas foi ampliado, incluindo as aldeias Guarani e Tupi Guarani de Itaóca e Piaçaguera, localizadas em Mongaguá e Peruíbe. A produção de 2012 deve alcançar nos três municípios 20.000 mudas de palmeira juçara, contribuindo para recuperação ambiental e para geração de renda para as comunidades indígenas participantes. Turismo rural Outra atividade econômica que vem ganhando importância na zona rural de Peruíbe é o turismo rural. Dentre as inúmeras possibilidades de turismo existentes nas propriedades rurais estão restaurantes, trilhas, cachoeiras, piscinas naturais, passeio de cavalos e pescarias nos inúmeros pesqueiros ali existentes. Um importante empreendimento voltado para o turismo rural em Peruíbe é a Estação Ecológica Guanhanhã, que é administrada pela ONG ECO Guanhanhã em parceria com o Instituto HSBC de Solidariedade. Uma das principais ações desenvolvidas pela Estação Ecológica Guanhanhã é a preservação do palmito Juçara, uma vez que este empreendimento já plantou mais de um milhão de sementes e mais de 200 mil mudas do palmito. A Estação Ecológica Guanhanhã está localizada a apenas 15 km do trevo principal de Peruíbe e recebe turistas gratuitamente com horários marcados. Entretanto, grandes grupos e escolas pagam uma taxa auxílio voltada a manutenção do empreendimento. Os visitantes, além de conhecer os projetos de proteção ambiental ali desenvolvidos podem, ainda, andar por trilhas e praticar o rapel. A seguir apresenta-se um quadro síntese da situação atual, demandas, pontos críticos e oportunidades existentes no PESM em Itanhaém conforme as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP (quadro 7.3.6). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 k. Quadro 7.3.6 – Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP EIXOS SITUAÇÃO ATUAL E PONTOS CRÍTICOS Conselho gestor paritário, criado e em funcionamento; Planejamento, fortalecimento e gestão As ações visando o fortalecimento do papel do PESM como vetor de desenvolvimento regional e local são bastante reduzidas; A quase totalidade das terras do Núcleo Itarirú no Município de Peruíbe não estão regularizadas do ponto de vista fundiário; Potencial para atividades de uso público a ser desenvolvido. Eixo governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios As políticas públicas específicas para o Município de Peruíbe que visam empreender e apoiar alternativas econômicas de uso sustentável da zona de entorno do PESM apresentam grande potencial de desenvolvimento. Entretanto, os trabalhos de inclusão social com o objetivo de contribuir com a redução da pobreza das comunidades locais são de pequena magnitude. DEMANDAS E OPORTUNIDADES mês 2012 Empreender o processo de regularização fundiária ou regularizar os assentamentos rurais existentes com a desafetação da Zona de Ocupação Temporária e posterior criação de uma unidade de conservação de uso sustentável que objetive compatibilizar programas de desenvolvimento rural sustentável e de preservação dos recursos naturais; Melhorar instrumentos de gestão e infraestrutura básica de funcionamento e vigilância; Melhorar a infraestrutura disponível para atividades de uso público (instalação de equipamentos e adequação das trilhas existentes); Produção de materiais educativos e informativos sobre o Parque; Articulação de ações de gestão das áreas protegidas com as políticas públicas das três esferas de governo e com os segmentos da sociedade; Criar e implementar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (Lei da Mata Atlântica) com o objetivo de angariar recursos do Fundo de Restauração da Mata Atlântica para financiar pesquisa científica e projetos de conservação e restauração do meio ambiente. Fomentar e incentivar as práticas de manejo sustentável dos recursos naturais e de ecoturismo existentes na zona de amortecimento do PESM fazendo com que estas contribuam com a inclusão social das comunidades locais (incluindo a população indígena) e com a redução da pobreza. Inclui-se nesta diretiva: Criar um programa de turismo de base comunitária como alternativa para inclusão social; Capacitar moradores locais em situação de vulnerabilidade a atuar como monitores em ecoturismo; Ampliar os programas de manejo de espécies nativas e de palmito pupunha com o intuito de auxiliar na diminuição da demanda pela extração destas espécies nativas no interior do PESM. 205 Capacidade institucional Existem lacunas a serem preenchidas no que tange a capacitação dos gestores e técnicos. Estas lacunas incluem questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção, instrumentos de cogestão, concessão e gestão do uso público. Ademais, o número de funcionários existente para o atendimento destas demandas é insuficiente. Ações de fiscalização baseadas em patrulhamento integrado, demandando participação da Guarda Civil Municipal neste processo. Nível de conhecimento científico do ecossistema local bastante incipiente, sendo este um fator que dificulta a tomada de decisão. Avaliação e monitoramento [Digite texto] Não há um instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Plano de Manejo. Promoção de cursos de capacitação de gestores e técnicos voltados para questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção, gestão do uso público e instrumentos de cogestão e concessão com fundamento no Decreto Estadual nº 57.401/2011 que Institui o Programa de Parcerias para as Unidades de Conservação instituídas pelo Estado de São Paulo; Intensificar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização do PESM e de sua zona de amortecimento; Estimular pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à proteção, reabilitação e restauração de habitats; Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando a interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Empreender trabalhos voltados para de eliminação de espécies exóticas; Estimular o uso de novas tecnologias nos estudos de taxonomia, sistemática, genética, paisagens e relações ecossistêmicas em unidades de conservação. Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão do PESM; Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para o PESM; Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos objetivos do PESM. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 7.4. Estação Ecológica de Juréia-Itatins (ESEC-JI) A Estação Ecológica de Juréia-Itatins (ESEC-JI) foi criada pelo Decreto Estadual nº 24.646 de 21 de janeiro de 1986 e, presentemente, é administrada pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal), tendo como gestor Manuel Messias dos Santos. mês 2012 Esta Unidade de Conservação possui 79.230 ha e ocupa áreas nos municípios de Iguape, Miracatu, Itariri, Pedro de Toledo e Peruíbe, sendo que neste último compreende cerca de 24 % de seu território (foto 7.4.1). Foto 7.4.1 – Espacialização da ESEC-JI no Município de Peruíbe ITARIRI PERUÍBE Serra dos Itatins Estação Ecológica Juréia - Itatins Pereque Guaraú Cachoeira do Paraiso Praia de Parnapuã Trilha do Guaraúna Praia do Juqiazinho Ilha do Ameixal IGUAPE Barra do Una Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2009. 207 Sua importância reside no fato de se estabelecer uma proteção legal bastante rígida sobre um dos últimos locais do Estado de São Paulo que abriga praias arenosas, costões rochosos, manguezais, matas de restinga e florestas de baixada, de encosta e de altitude em excelente estado de conservação; além de ser também uma das poucas áreas remanescentes a abrigar uma rica e diversificada fauna, com presença de algumas espécies endêmicas e migratórias. Essas últimas utilizam as áreas protegidas por esta unidade de conservação para descansar e se reproduzir longe da ação predatória humana (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012) (foto 7.4.2). 49 Foto 7.4.2 – Aspecto das fisionomias vegetais da ESEC-JI (foz do Rio Una) Fonte: Imagens Aéreas, n.d. Além disso, a região da ESEC-JI é conhecida como um território de vivência de inúmeras comunidades tradicionais caiçaras que vivem da combinação de atividades de pesca, extrativismo e roça, apresentando uma cultura e um modo de vida muito peculiar e de grande relevância cultural. Incluem-se ai as comunidades caiçaras dos núcleos Barra do Una, Grajaúna, Guilherme e Rio Verde, além de comunidades indígenas Guarani Ñandeva (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). 49 Principais espécies de fauna e flora: Fauna: teiú (Tupinambis merianae), jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), gavião-pombo (Accipiter poliogaster), tucano-de-bico-preto (Ramphastus vitellinus), papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), queixada (Tayassu pecari), gato-mourisco (Herpailurus yaguarondi), jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-maracajá (Leopardus wiedii), onça-pintada (Panthera onca), onça-parda (Puma concolor), anta (Tapirus terrestris), bugio (Alouatta fusca), mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides), tamanduá-mirim (Tamanduá tetradactyla), preguiça (Bradypus variegatus). Flora: Euterpe edulis (palmito), Tabebuia cassinoides (caxeta), Anthurium jureianum, Begonia jureiensis (begônia), Eugenia peruibensis, Plantago catharinea, Quesnelia arvensis (bromélia-caraguatá), Houlletia brocklehurstiana (orquídea) (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 a. Conselho gestor Apesar de não regulamentado, a ESEC-JI possui um Conselho Gestor Consultivo desde 2002 que deverá ser reformulado em breve com a aprovação do Projeto de Lei Estadual 60/2012 que pretende alterar os limites desta Unidade de Conservação e instituir o Mosaico de Unidades de Conservação da mêsJureia-Itatins, 2012 b. Plano de Manejo Os trabalhos para elaboração do Plano de Manejo foram iniciados em 2008 junto com os estudos voltados para implantação do Mosaico de Unidades de Conservação Juréia-Itatins através da formalização de uma parceria entre Fundação Florestal, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Instituto Socioambiental (ISA). Entretanto, as atividades de pesquisa e levantamento para este fim foram suspensas em junho de 2009 em razão de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) proposta contra a criação do mosaico. Presentemente, o Plano de Manejo encontra-se estacionado em fases conclusivas, sendo que a última atividade realizada foi a Oficina de Programas ocorrida no mês de maio de 2009 (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). c. Infraestrutura A ESEC-JI possui uma sede administrativa localizada na Estrada do Guaraú em Peruíbe, além de bases integradas (fiscalização e educação ambiental) localizadas nos Núcleos Itinguçu e Arpoador, sendo que todas estas infraestruturas de apoio à gestão possuem auditórios com capacidade para receber entre 20 e 50 pessoas. Além disso, o Núcleo Arpoador possui área de hospedagem para pesquisadores com 10 quartos banheiros (feminino e masculino) e cozinha, podendo abrigar de uma só vez 40 pessoas. Já as bases operacionais do Perequê, Rio Verde e Grajaúna possuem uma casa completa com capacidade para receber de 6 a 8 pessoas. Ademais, existe centro de visitantes para atividades de Educação Ambiental localizados na sede administrativa, no Núcleo Itinguçu e no Núcleo Arpoador. Já, na região do despraiado, há uma base de apoio que foi recentemente reformada (foto 7.4.3). Foto 7.4.3 – Base integrada no Núcleo Itinguçú 209 Fonte: Fundação Florestal, 2009. d. Recursos humanos Em seu quadro de pessoal a ESEC-JI possui cerca de 100 pessoas, um número bastante significativo se comparado com os recursos humanos disponíveis em outras unidades de conservação do Estado de São Paulo. São 39 pessoas dedicadas a atividades administrativas e operacionais, 3 estagiários além de 55 terceirizados, incluindo monitores ambientais (7), pessoal de limpeza (4) e vigilantes patrimoniais (44). Cumpre mencionar que exigiu-se da empresa de segurança vencedora do certame licitatório a contratação de pessoas provenientes das próprias comunidades da Juréia com o objetivo de gerar renda e inclusão social. Quanto a capacitação da mão de obra terceirizada, foi realizado em 2008 um curso de capacitação focando conceitos de unidades de conservação, ecossistemas, cartografia, georreferenciamento e GPS, procedimentos e fluxos de informação, assim como promovida a integração entre as equipes de vigilância e fiscalização ambiental (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009). e. Situação fundiária O Núcleo de Regularização Fundiária (NRF) da Fundação Florestal possui uma base de dados georreferenciada bastante completa com informações consolidadas e sistematizadas sobre questões jurídicas e fundiárias inerentes a área da ESEC Juréia- Itatins. Ademais, também foi elaborado um diagnóstico fundiário contemplando a realização de atualização de cadastro das ocupações e análise da situação atual dos processos de desapropriação (foram cadastradas aproximadamente 800 ocupações, entre ocupantes residentes, veranistas, tradicionais, dentre outros) (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009). Entretanto, deve-se mencionar que a situação fundiária da ESEC Juréia-Itatins é bastante complexa, havendo apenas um perímetro discriminado no território abrangido por esta unidade de conservação com terras devolutas já arrecadadas como próprio estadual (9° de Iguape). Os perímetros restantes são áreas sem ação discriminatória ou com ação discriminatória em andamento (figura 7.4.1). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 mês 2012 Figura 7.4.1 - Perímetros que abrangem a ESEC Juréia-Itatins Fonte: Fundação Florestal, 2009. Outra questão importante e que tem atrasado o processo de regularização fundiária é a morosidade processual, uma vez que, a partir de 1988, foram distribuídas aproximadamente 160 ações de desapropriação direta, sendo a maior parte delas distribuídas em 1992. Estas ações, presentemente, possuem andamentos diversos, sendo que algumas delas não possuem ainda uma sentença judicial em primeira instância; outras estão aguardando o 211 julgamento de recursos (no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal) e algumas aguardando o início da execução e outras em fase de pagamento de precatórios (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010). Além das ações supracitadas, foram desenvolvidas as seguintes atividades de regularização fundiária no território (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009, p.17): Imissão na posse da Fazenda Rio Branca, bem como acompanhamento da desocupação e recuperação da mesma pelo antigo proprietário, conforme acordo judicial firmado; Elaboração de 120 laudos de danos ambientais para subsidiar a propositura de ações civis públicas por dano ambiental em face dos ocupantes não-tradicionais da Barra do Una; Distribuição, pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) e com base nos laudos de danos ambientais elaborados pela Fundação Florestal, de 48 ações civis públicas em face dos ocupantes não-tradicionais da Barra do Una. f. Pressões sobre o território As principais pressões sobre esta UC decorrem do adensamento populacional do entorno e do turismo irregular sobre as áreas internas, bem como do extrativismo de recursos florestais (principalmente do palmito juçara e de plantas ornamentais) e da caça que ainda promovem importantes impactos ambientais (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010). A seguir, apresentam-se as principais pressões ambientais incidentes sobre algumas áreas da ESEC-JI no Município de Peruíbe (quadro 7.4.1) bem como um mapa geral com os vetores de pressão existentes sobre esta área protegida (figura 7.4.2). Quadro 7.4.1 - Pressões ambientais incidentes sobre algumas áreas da ESEC-JI no Município de Peruíbe LOCALIDADES VETORES DE PRESSÃO Barra do Una A falta de controle e monitoramento dos acessos tem provocado ações desencadeadoras de impacto, tais como a fragmentação de habitats, a perda da biodiversidade, erosão e assoreamentos, compactação do solo, contaminação de águas e solos. Já, no trecho da praia do Una-norte (em frente ao núcleo populacional de Barra do Una) este é todo ocupado por casas e campings que descaracterizam o ambiente praial pela retirada de vegetação para a construção de estacionamentos e de acessos para os turistas. Região do Itinguçu Possui uma intricada rede de trilhas e caminhos em seu interior, usadas para diversas finalidades: circulação interna, fiscalização, visitação, monitoramento, serviços e outros. Essa rede tem sido intensamente usada em decorrência da pressão de ocupação e de visitação. Seu uso descontrolado e sem monitoramento favorece a existência de ações desencadeadoras de impactos, constituindo-se assim, um importante vetor de pressão para a região. Os principais impactos decorrentes dessas ações são: a fragmentação de habtats, a perda da biodiversidade, erosão e assoreamentos, compactação do solo, contaminação de águas e solos. O costão não apresentou impactos significativos. O impacto mais encontrado em todas as praias da região do Itinguçu foi o encontrado nas praias e a [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 ocupação das praias por moradias. Praia Guarauzinho e Parnapoã/Brava Praia Juquiá (Juquiazinho) Na sequencia as praias do Guarauzinho e do Parnapoã aparecem com 5 mês 2012 pontos de impactos em cada uma. O impacto mais freqüente nas duas foi o lixo e as atividades de pesca e turismo. Foi o acesso à praia que apresentou a maior quantidade de impactos (8 pontos), sendo os principais impactos encontrados o lixo, presença de turistas e pescadores nos costões, e moradias próximas à praia. Fonte: FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010. 213 Figura 7.4.2 – Vetores de pressão exercidos sobre a ESEC-JI Fonte: FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 g. Fiscalização Os trabalhos de fiscalização da ESEC-JI são realizados de forma integrada por guarda parques e policiais ambientais a partir de um planejamento mensal realizado entre os chefes de fiscalização, gestores das unidades e comandantes da Polícia Ambiental, além do atendimento a denúncias e sobrevôos mês 2012regulares. São realizadas, por ano, uma média de 100 incursões de fiscalização nas mais diversas áreas desta unidade de conservação, além do controle diário no Portal. Ademais, a contratação de vigilância patrimonial para os núcleos Barra Funda, Rio Branco, Divisor, Arpoador, Itingucú e Portal na Base Operacional do Perequê (principal entrada para a EEJI). A vigilância nestes núcleos é feita 24 horas e conta com equipes móveis para apoio a outras áreas desta unidade de conservação (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009). h. Uso público Apesar de a visitação somente poder ocorrer na área da ESEC-JI para fins de Educação Ambiental e mediante agendamento, ocorrem visitações não autorizadas, incluindo a prática de camping, em várias áreas desta unidade de conservação. Ademais, é importante mencionar que um dos principais atrativos da ESEC-JI, a Cachoeira do Paraíso, tem seu uso limitado para visitação pela Fundação Florestal em, no máximo, 270 pessoas / dia, tanto para o desenvolvimento de atividades de educação ambiental no Centro de Visitantes quanto na área para banho que é restrita às piscinas naturais, não sendo permitido o acesso às áreas superiores da cachoeira (foto 7.4.4). Foto 7.4.4 – Cachoeira do Paraíso Fonte: André Pimentel, n.d. 215 i. Pesquisa científica A Estação Ecológica da Juréia-Itatins se destaca entre as unidades mais pesquisadas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Desde sua criação foram realizados mais de 160 projetos, sendo 85 finalizados. Em 2008 e 2009, esforços foram realizados junto às universidades visando à retomada do Programa de Pesquisa e incentivo à elaboração de projetos que atendam as lacunas de conhecimento (com foco na gestão e estímulo ao envolvimento das comunidades, tanto no desenvolvimento dos projetos como na troca de saberes) (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2009, p. 19). Entretanto, no que diz respeito à cobertura vegetal, até hoje não se conhece de forma adequada a sua distribuição florística nem a distribuição geográfica original de suas espécies. Esses dados podem fornecer orientações para estratégias de conservação dessas áreas, assim como o manejo de seus recursos. Outras demandas de pesquisa se referem a estudos ecológicos relacionados a fauna, espécies endêmicas e ameaçadas de extinção (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012). j. Proposta de recategorização e alteração dos limites geográficos O Projeto de Lei Estadual (PL) n.° 60/2012, de autoria do governador do Estado de São Paulo, pretende alterar os limites da Estação Ecológica da Juréia-Itatins, de forma a atribuir novas denominações por subdivisão, reclassificar, excluir e incluir áreas específicas, instituir o Mosaico de Unidades de Conservação da Juréia – Itatins e, também, alterar os limites da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Sul.50 Este PL, que foi elaborado pela Fundação Florestal, já está em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e vem sendo extensamente discutido em audiências públicas. A criação deste Mosaico de Unidades de Conservação objetiva a modernização da gestão ambiental para um melhor controle na conservação da biodiversidade, com a criação de parques estaduais abertos à visitação pública de maneira controlada. Além disso, pretende-se criar Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), possibilitando às populações tradicionais locais a prática de atividades compatíveis com a preservação da biodiversidade e de suas culturas. As reclassificações propostas no PL são as seguintes (ALESP, 2012) : Área conhecida como Itinguçu, localizada nos municípios de Peruíbe e Iguape, com área de 5.040 hectares, comporá o Parque Estadual do Itinguçu; Área conhecida como Prelado, localizada no município de Iguape, com área de 1.828 hectares, comporá o Parque Estadual do Prelado; Barra do Una, localizada no município de Peruíbe, com área de 1.487 hectares, que passa a compor a Reserva de Desenvolvimento Sustentável - RDS da Barra do Uma; Região do Despraiado, no município de Iguape, com área de 3.953 hectares, que passará a compor a Reserva de Desenvolvimento Sustentável -RDS do Despraiado; 50 A primeira tentativa de criação do Mosaico de Unidades de Conservação da Juréia – Itatins se deu com a Lei Estadual n° 12.406/2006. Entretanto, em setembro de 2007, o Ministério Público Estadual propôs Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) em face da Lei Estadual n° 12.406/2006. A referida ADIN, que tramitou perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo sob o n° 153.336-0, tinha como principais fundamentos a questão de vício de iniciativa – uma vez que a lei foi proposta pelo Poder Legislativo – e estudos técnicos insuficientes. A ADIN foi julgada procedente em junho de 2010, restando pendente ainda o julgamento de embargos de declaração, ressaltando que este tipo de recurso não reforma a decisão e visa sanar dúvida, obscuridade ou omissão do acórdão(FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2010, p. 12). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 As áreas localizadas nos municípios de Iguape, Peruíbe, Miracatu e Itariri, com área de 83.683 hectares e 742 hectares, respectivamente, totalizando 84.425 hectares, passam a compor a Estação Ecológica da Jureia-Itatins. Ademais, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una, mêsem 2012Peruíbe, será destinada uma área de 1.487 hectares à comunidade caiçara ali residente, assim como também aos residentes na RDS do Despraiado, em Iguape, que contarão com 1.487 hectares. O Mosaico de Unidades de Conservação da JureiaItatins, com as especificações deste projeto passam a contar com uma área de 97.213 hectares (ALESP, 2012). Figura 7.4.3 – Espacialização das alterações propostas Fonte: Fundação Florestal, 2012. 217 k. Quadro 7.4.1 – Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP EIXOS SITUAÇÃO ATUAL E PONTOS CRÍTICOS DEMANDAS E OPORTUNIDADES Editar o Plano de manejo e regulamentar o Conselho Gestor; Planejamento, fortalecimento e gestão Conselho gestor criado e não regulamentado (deverá ser reformulado); Empreender o processo de regularização fundiária; Não há Plano de Manejo; Melhorar instrumentos de gestão e infraestrutura básica de funcionamento e vigilância; As ações visando o fortalecimento do papel da ESECJI como vetor de desenvolvimento regional e local poderão ser melhor empreendidas coma a criação do Mosaico Juréia-Itatins; [Digite texto] Produção de materiais educativos e informativos sobre o Parque; Existem poucas áreas regularizadas do ponto de vista fundiário; Empreender melhoria nas ações de fiscalização e vigilância do uso público não autorizado; Potencial para atividades de uso público a ser desenvolvido com a criação do Mosaico de Unidades de Conservação Juréia-Itatins; Articulação de ações de gestão das áreas protegidas com as políticas públicas das três esferas de governo e com os segmentos da sociedade; Instrumentos de gestão e infraestrutura básica de funcionamento e vigilância bastante adequados; Eixo governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios Melhorar a infraestrutura disponível para atividades de uso público (instalação de equipamentos e adequação das trilhas existentes); As políticas públicas específicas para o Município de Peruíbe que visam empreender e apoiar alternativas econômicas de uso sustentável da zona de entorno da ESEC-JI apresentam grande potencial de desenvolvimento com a criação do Mosaico Jureia. Entretanto, os trabalhos de inclusão social com o objetivo de contribuir com a redução da pobreza das comunidades locais ainda são de pequena magnitude, sendo necessário criar mais canais de inclusão social; Criar e implementar o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (Lei da Mata Atlântica) com o objetivo de angariar recursos do Fundo de Restauração da Mata Atlântica para financiar pesquisa científica e projetos de conservação e restauração do meio ambiente. Fomentar e incentivar as práticas de manejo sustentável dos recursos naturais e de ecoturismo existentes na zona de amortecimento da ESEC-JI fazendo com que estas contribuam com a inclusão social das comunidades ló e com a redução da pobreza. Inclui-se nesta diretiva: Criar um programa de turismo de base comunitária como alternativa para inclusão social; Capacitar moradores locais em situação de vulnerabilidade a atuar como monitores em ecoturismo; Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 mês 2012 Promoção de cursos de capacitação de gestores e técnicos voltados para gestão do uso público e instrumentos de cogestão e concessão com fundamento no Decreto Estadual nº 57.401/2011 que Institui o Programa de Parcerias para as Unidades de Conservação instituídas pelo Estado de São Paulo; Intensificar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Capacidade institucional Nível de conhecimento científico do ecossistema local bastante incipiente, sendo este um fator que dificulta a tomada de decisão. Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização da ESEC-JI e de sua zona de amortecimento; Estimular pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à proteção, reabilitação e restauração de habitats; Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando a interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Estimular o uso de novas tecnologias nos estudos de taxonomia, sistemática, genética, paisagens e relações ecossistêmicas em unidades de conservação. Avaliação e monitoramento Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão da ESECJI; Não há um instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo Plano de Manejo. Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para a ESEC-JI; Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos objetivos da ESEC-JI. 219 7.5. APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe (APA-CIP) A APA-CIP foi criada pelo Decreto Federal nº 90.347/1984 e posteriormente ampliada pelo Decreto Federal nº 91.982/1985. Presentemente é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Está Unidade de Conservação possui 234.000 ha e abrange grande parte do litoral Sul do Estado de São Paulo incluindo parte de seis municípios (Cananéia, Iguape, Ilha Comprida, Itariri, Miracatu e Peruíbe) e as ilhas oceânicas de Queimada Grande, Queimada Pequena, Bom Abrigo, Ilhote, Cambriú, Castilho e Figueiras. Figura 7.5.1 - APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe (APA-CIP) Fonte: SANTOS & MARTINS, 2008. Devido a sua grande extensão e localização, na área da APA-CIP ou em seu entorno coexistem diversas outras Unidades de Conservação como Parques (Campina do Encantado, Ilha do Cardoso, Intervales, Carlos Botelho, Jacupiranga, Superagui), Estações Ecológicas (Juréia-Itatins, Chauás e Tupiniquins), APAs (Ilha Comprida, Serra do Mar e Guaraqueçaba), Reserva Extrativista do Mandira e Áreas de Relevante Interesse Ecológico (Ilhas oceânicas da Queimada Grande e Queimada Pequena, e Ilha fluvial do Ameixal), constituindo, assim, um mosaico de Unidades de Conservação (ICMBIO, 2012). 51 Os limites desta área protegida abrigam a maior porção contínua e também a mais preservada de Mata Atlântica do Brasil. Nos limites da APA-CIP estão situados um dos maiores e mais significativos ecossistemas de Florestas de Restinga do litoral brasileiro e uma das maiores extensões de manguezais da costa sudeste brasileira. Ademais, na área da APA-CIP insere-se o complexo estuarino-lagunar de Iguape-Paranaguá, que tem como eixo as cidades históricas de Iguape e Cananéia, no Estado de São Paulo, e Guaraqueçaba, no Estado do Paraná (SANTOS & MARTINS, 2008). 52 51 A APA-CIP compõe e participa do Conselho Gestor do Mosaico de Unidades de Conservação do Litoral Sul de São Paulo e Litoral do Paraná (MOSAICO LAGAMAR), do Mosaico de Áreas Protegidas na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e do Mosaico das Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas do Litoral Paulista. 52 Devido a importância e significado em escala mundial destes ecossistemas, os mesmos foram reconhecidos pela Unesco (Órgão da ONU para a Educação, Ciência e Cultura) como parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Além disso, desde O ANO 2000 a região [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Foto 7.5.1 – Aspecto do complexo estuarino - lagunar de Iguape - Paranaguá em Cananéia (SP) mês 2012 Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2009. Quanto à fauna, já foram levantadas, em um gradiente altitudinal que varia do nível do mar até 1350 m, cerca de 550 espécies de aves e 89 espécies de mamíferos na área da APA-CIP. No que se refere às aves, a APA-CIP representa o sítio com a maior diversidade de espécies dentro do domínio atlântico brasileiro, sendo reconhecida neste sentido como uma das regiões de maior biodiversidade de aves do planeta. Além disso, desempenha um papel fundamental na manutenção de inúmeras espécies migratórias (quadro 7.5.1) (ICMBIO, 2012). Quadro 7.5.1 – Principais espécies da fauna levantadas para a área da APA-CIP AVIFAUNA Garça-branca (Egretta alba), harpia (Harpia harpyja), jacutinga (Pipile jacutinga), tucano-de-bicoverde (Ramphastus dicolorus), martim-pescador (Chloroceryle inda), agachadeira (Arenaria interprens), gaivota-grande (Larus marinus), trinta-réis-branco (Thalasseus maximus), andorinhado-mar (Phaetusa simplex). Entre as espécies de aves migratórias encontram-se: colhereiro (Ajaia ajaja, proveniente do sul do Brasil), mariquita-de-perna-clara (Dendroica striata, América do Norte), maçarico-de-peito-tijolo (Charidrius modestus, Ilhas Malvinas e Patagônia), bonito-do-piri (Tachuris rubigastra, sul do Brasil, Uruguai e Argentina), maçarico-pintado (Actitis macularia, Alasca, Canadá, Estados Unidos e Groenlândia). da APA-CIP integra a lista mundial de Sítios do Patrimônio Natural da Humanidade. Mais recentemente vem se discutindo também a sua inserção na Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional (Convenção de Ramsar). 221 RÉPTEIS E MAMÍFEROS Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris), caninana (Spilotes pullatus), jacaraca (Bothrops jararaca), macaco-prego (Cebus apella), quati (Nasua nasua), cateto (Tayassu tajacu), queixada (T. pecari), paca (Cuniculus paca), mão-pelada (Procyon concrivorus), capivara (Hidrochoerus hidrochaeris), anta (Tapirus terrestris), gambá (Didelphis albiventris), cotia (Dasyprocta sp.). Entre as espécies de mamíferos marinhos migratórios encontram-se: lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus tropicalis), leão-marinho (Otária flavecens), lobo-marinho (Arctocephalus australis), foca-caranguejeira (Lobodon carcinophagus). ICTIOFAUNA Pescada-foguete (Macrodon ancylodon), corvina (Micropogonias furnieri), betara (Menticirrhus americanus), salteira (Oligoplites saliens), parati (Mugil curema), tainha (Mugil platanus). Espécies raras e ameaçadas de extinção Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), jaracaca-ilhoa (Bothrops insularis), bugio (Alouatta fusca), mono-carvoeiro (maior primata das Américas, Brachyteles arachnoides), onça-pintada (Panthera onca), guará (Eudocinus ruber), mero (Epinephelus itajara), saracura-do-mangue (Aramides mangle), tartaruga-marinha-verde (Caretta caretta). Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2012. Outra questão importante a se ressaltar é que a região da APA-CIP é conhecida como um território de vivência de inúmeras comunidades tradicionais, incluindo comunidades caiçaras, quilombolas e indígenas. Com relação às comunidades caiçaras, estas vivem da combinação de atividades de pesca, extrativismo e roça, apresentando uma cultura e um modo de vida muito peculiar, além de festas e tradições bem típicas como a reiada, o baile de fandango, o mutirão solidário e a pesca da tainha. Além disso, o artesanato, confeccionado a partir de madeiras e cipós (como a caxeta, a taboa, a juçara e o tipiti), guarda muito da influência indígena. Já, no que tange as comunidades quilombolas, cumpre mencionar a do bairro rural Mandira, em Cananéia, cujo moradores exploram há décadas uma área de mangue contígua ao sítio, de onde extraem a ostra (Crassostrea brasiliana), sua principal fonte de renda. Presentemente, está extração ocorre sob o regime de manejo sustentável devido à criação, em dezembro de 2002, da Reserva Extrativista do Mandira por Decreto Federal. Também cumpre citar que na área de influência da APA-CIP existem várias aldeias guarani, na Ilha do Cardoso (Cananéia), bairro Rio Branco (Cananéia), bairro Prelado (Iguape), Serra do Itatins (Itariri) e Núcleo Piaçagüera (Peruíbe), formadas por descendentes de antepassados imigrantes do sul do Mato Grosso, do leste paraguaio e do nordeste da Argentina (ICMBIO, 2012). Ademais, também são relevantes para a administração da APA-CIP as questões relativas à preservação do patrimônio histórico e arqueológico, uma vez que Cananéia, Iguape e Peruíbe estão entre as povoações mais antigas do Brasil, guardando um pouco dessa história no casario colonial, museus e igrejas, inúmeros sítios arqueológicos (sambaquis) (ICMBIO, 2012). Devido a estas características bastante peculiares, a APA-CIP apresenta os seguintes objetivos principais:53 53 Possibilitar às comunidades caiçaras o exercício de suas atividades, dentro dos padrões estabelecidos historicamente; Conforme Decreto Federal nº 90.347/1984. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Proteger e conservar: Os ecossistemas, desde os manguezais das faixas litorâneas, até as regiões de campo, nos trechos de maiores altitudes; As espécies ameaçadas de extinção; As áreas de nidificação de aves marinhas e de arribação; Os sítios arqueológicos; Os remanescentes da floresta atlântica; A qualidade dos recursos hídricos. mês 2012 a. Conselho gestor A APA-CIP possui um Conselho Consultivo que se reúne mensalmente, o CONAPA-CIP, sendo este a principal instância de gestão participativa desta área protegida. Os objetivos deste Conselho são: Diminuir os conflitos com a população residente através do manejo participativo da área, melhorando a sustentabilidade e aproveitamento dos recursos disponíveis; Promover o diálogo e a cooperação entre setores interessados no ordenamento do uso naturais da área (órgãos públicos, proprietários de empresas, pescadores, manejadores, entre outros). A Presidência CONAPA-CIP é exercida pelo analista ambiental Márcio Luiz Barragana Fernandes, chefe da Unidade. Já o Plenário do Conselho Consultivo é constituído por representantes do poder público federal, estadual e municipal, de entidades do setor produtivo, e das associações civis sem fins lucrativos. Estes representantes são denominados Conselheiros e seus mandatos são de 2 anos, não remunerados e considerados atividade de relevante interesse público. A cada 2 anos são realizadas novas eleições (quadro 7.5.2).54 consideração também a atuação prática frente às questões da APA-CIP, durante todo último período, que vai da elaboração do ZEE e Plano de Gestão até o momento. Este Conselho Consultivo possui uma Secretaria Executiva e Câmaras Técnicas (CT Pesquisa, CT Pesca e Aquicultura, CT Agricultura e Manejo Florestal e CT Turismo) que auxiliam na articulação regional dos atores envolvidos e na conservação e uso sustentável dos recursos naturais na área desta unidade de conservação. Dentre os principais trabalhos desenvolvidos pelas câmaras técnicas estão: Normativas em desenvolvimento e publicadas (incluindo manjuba; arrasto de praia; Iriko; cerco fixo; camarão; gestão pesqueira - Sistema de Cadastramento e Licenciamento pesqueiro; Normatização dos SAFs); Encaminhamento de moções (Valo Grande, Introdução de espécies exóticas, composição do Conselho gestor da APA de Ilha Comprida, entre outras); 54 A composição do Conselho Gestor da APA-CIP foi realizada de forma a equilibrar os setores governamentais, não governamentais e comunidades locais. Houve também a preocupação de se distribuir a representação tanto por setor de atividade como, também, por localização geográfica. 223 Apresentação de projetos realizados na região; Elaboração e encaminhamento de recomendações para alteração de portarias (Portaria nº 08/03 e Portaria nº 147-n/98). Promoção de eventos (Semana do Meio Ambiente; Conferência Regional do Meio Ambiente do Vale do Ribeira de 2003; Seminário Gestão Pesqueira 2004 e Seminário de Pesquisa do Vale do Ribeira 2004 e 2005). Quadro 7.5.2 - Relação dos representantes governamentais do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM Entidades Tipo Chefe da Área de Proteção Ambiental Cananéia-Iguape-Peruíbe Titular Chefe da ESEC Tupiniquins Suplente Instituto Florestal – SMA/SP Titular Fundação Florestal – SMA/SP Suplente Instituto de Pesca – SAA/SP Titular CATI – SAA/SP Suplente Polícia Ambiental/SP Titular Instituto de Terras/SP Suplente Secretaria de Planejamento/SP Titular ETE “Narciso de Medeiros”/SP Suplente Titular Prefeitura Municipal de Iguape Suplente Prefeitura Municipal de Peruíbe Titular Prefeitura Municipal de Cananéia Suplente Prefeitura Municipal de Itariri Titular Câmara Municipal de Cananéia Suplente Prefeitura Municipal de Ilha Comprida Titular Câmara Municipal de Miracatu Suplente Fonte: APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe (APA-CIP) Quadro 7.5.3 - Relação dos representantes da sociedade civil do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM Entidades Colônia de Pescadores de Peruíbe ATTBP Colônia de Pescadores de Iguape Pastoral da Pesca de Iguape/Ilha Comprida Colônia de Pescadores de Cananéia Pastoral da Pesca de Cananéia SINTRAVALE Sindicato Rural de Iguape [Digite texto] Tipo Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Centro de Estudos Ecológicos Gaia Ambiental Titular IPeC Suplente Fundação SOS Mata Atlântica APENMA Titular mês 2012 Suplente União dos Moradores da Juréia Titular Associação Jovens da Juréia Suplente Rede de Monitores Ambientais do Vale do Ribeira Titular AMAI Suplente Fonte: APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe (APA-CIP) b. Infraestrutura A infraestrutura da APACIP é bastante adequada e inclui uma sede com área de 1,30 ha localizada no Município de Iguape e que conta com (ICMBIO, 2012): Centro de Visitantes e Escritórios: área 246,07 m2, com auditório equipado para 40 pessoas, 4 salas de escritórios, grande salão para exposições e eventos, copa e banheiros públicos; Alojamento Técnico: área de 168,0 m2, com quatro quartos com respectivos banheiros, sala de estar e refeições, cozinha e área de serviço externa. Está destinado a pesquisadores, técnicos e estudantes e comporta até 28 pessoas; Almoxarifado, Arquivos: área de 80,0 m2; Garagem de carros e barcos: área 96,36 m2; Salas de Projetos, Biblioteca: área de 90,0 m2; 1 residência funcional (90 m2). Minicentro de triagem para animais silvestres, viveiro de mudas de espécies florestais nativas e bromeliário; Casa típica caiçara, museu ao ar livre de peças históricas de Iguape, quiosque, trilhas ecológicas, área jardinada com espécies da flora da região. Ademais, cumpre mencionar que os funcionários da APACIP possuem a sua disposição cinco veículos e duas embarcações. c. Recursos humanos A APACIP possui apenas cinco funcionários, sendo este contingente de pessoal insuficiente para enfrentar os desafios de planejamento, gestão e fiscalização de problemas inerentes a esta unidade de conservação como a retirada de madeira, a caça e a extração de palmito. d. Atividades proibidas ou restringidas 225 NA APA CANANÉIA-IGUAPE-PERUÍBE são proibidas ou restringidas: 55 A implantação de atividades industriais potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água; A realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais, principalmente na Zona de Vida Silvestre, onde a biota será protegida com maior rigor; O exercício de atividades capazes de provocar acelerada erosão das terras ou acentuado assoreamento das coleções hídricas; O exercício de atividades que ameacem extinguir as espécies raras da biota regional, principalmente o Papagaio de Rabo Vermelho Amazona Brasiliensis, o Mono - Brachyteles arachnoides , a Onça Pintada - Panthera onça , o Jaó do Litoral - Krip turellus noctivagus , o Jacaré de Papo Amarelo - Caiman latirostris , os peixes - Megalopes atlanticus , Manta ehrenbergu , Adenops dissimilis , Carcharhinus leucas , Xenomelaniris Brasiliensis , Doaterus rhombeus , Mugil cephalus , Sardinella aurita e o Boto Solalia brasiliensis; O uso de biocidas, quando indiscriminado, ou em desacordo com as normas ou recomendações técnicas oficiais. e. Zonas de Vida Silvestre (ZVS) A Zonas de Vida Silvestre (ZVS) da APA de Cananéia, Iguape e Peruíbe, criada pelo art. 12 do Decreto Federal nº 90.347/1984, destina-se, prioritariamente, à salva guarda da biota, compreendendo as seguintes áreas (figura 7.5.2): 56 ZVS Serras dos Itatins e do Peruíbe; Zona de Vida Silvestre a Noroeste do Rio Canela ou Cacunduva; ZVS localizada a Noroeste do Rio Canela ou Cacunduva afluente do Rio Una do Prelado ou Comprido; Zona de Vida Silvestre das Serras do Cordeiro, Paratiú, Itapuã e Itinga; ZVS das Serras do Arrepiado e do Tombador; ZVS dos manguezais (abrange todos os mangues situados dentro da delimitação da APA); ZVS Serra do Itapitangui, a partir da curva de nível de cota altimétrica 40 metros; ZVS ilhas oceânicas - Ilhas do Bom Abrigo e Ilhote; ilha do Castilho; ilha Figueiras; ilha cambriu; ilha Queimada Pequena; ilha Queimada Grande; Nas ZVS não são permitidas: 57 A construção de edificações, exceto as destinadas à realização de pesquisa e ao controle ambiental; Atividades degradadoras ou potencialmente causadora de degradação ambiental, inclusive o porte de armas de fogo e de artefatos ou instrumentos de destruição da biota, ressalvados os casos objeto de prévia autorização. 55 Art. 5º e incisos do Decreto Federal nº 90.347/1984. Art. 13 e incisos do Decreto Federal nº 90.347/1984. 57 Artigos 14 e 15 do Decreto Federal nº 90.347/1984. 56 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Figura 7.5.2 – Zona de Vida Silvestre (APA-CIP) mês 2012 Fonte: SANTOS & MARTINS, 2008 f. Mineração Nos terrenos de marinha e acrescidos são vedadas a retirada de areia ou de material rochoso e as construções de qualquer natureza, com exceção de embarcadouros. 58 g. Urbanização Para melhor controlar seus efluentes e reduzir o potencial poluidor das construções destinadas ao uso humano, não são permitidas na área da APA-CIP: 59 58 59 A construção de edificações, em terrenos que por suas características, não comportarem a existência simultânea de poços, para receber o despejo de fossas sépticas, e de poços de abastecimento d'água, que fiquem a salvo de contaminação, quando não houver rede de coleta e estação de tratamento de esgoto, em funcionamento; Artigo 9° do Decreto Federal nº 90.347/1984. Artigos 7° e 8° do Decreto Federal nº 90.347/1984. 227 A execução de projetos de urbanização, sem as devidas autorizações, alvarás e licenças federais, estaduais ou municipais exigíveis; Os projetos de urbanização que, por suas características, possam provocar deslizamento do solo e outros processos erosivos. h. Medidas prioritárias São medidas prioritárias para a implantação e funcionamento da APA-CIP: 60 Zoneamento a ser efetivado indicando-se as atividades a serem incentivadas, em cada zona, bem como as que deverão ser restringidas ou proibidas, de acordo com a legislação aplicável; Utilização dos instrumentos legais e dos incentivos financeiros governamentais, para assegurar a proteção de Zona de Vida Silvestre, o uso racional do solo, e a aplicação de outras medidas referentes à salvaguarda dos recursos ambientais, sempre que consideradas necessárias; Aplicação, quando cabíveis, de medidas legais, destinadas a impedir ou evitar a exercício de atividades causadoras de sensível degradação da qualidade ambiental. i. Plano de Manejo Apesar de ter sido constituída na década de 1980, a APA-CIP ainda não possui um Plano de Manejo. Tal fato é bastante preocupante uma vez que este é um documento básico, baseado em estudos técnicos aprofundados, que traz normas gerais e o zoneamento de uma área protegida com o objetivo de se orientar o uso, a conservação e o manejo dos recursos naturais. Visando preencher esta lacuna, o ICMBIO, no âmbito do Projeto Para Conservação e Uso Sustentável Efetivos de Ecossistemas Manguezais no Brasil, que conta com financiamento do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), contratou, no ano de 2012, consultoria técnica especializada para elaborar estudos e diagnósticos para subsidiar a gestão espacial e setorial da APA-CIP articulada com o Plano de Gestão Integrada do Mosaico do LAGAMAR. O objetivo do Projeto Para Conservação e Uso Sustentável Efetivos de Ecossistemas Manguezais no Brasil (BRA/07/G32) é o de “fortalecer o quadro político e institucional relacionado a Unidades de Conservação (UCs), em especial definido pelo SNUC, para a conservação e manejo sustentável de ecossistemas de manguezais do Brasil. Pretende-se alcançar o objetivo do Projeto por meio da implementação de atividades em um conjunto de áreas-piloto a nível estadual, em mosaicos de Unidades de Conservação e por meio de ações de capacitação multisetoriais visando incrementar a replicação de resultados para uma rede planejada de UCs costeiras que abriguem manguezais”.61 Para tanto, este projeto tem objetivado dois resultados na área piloto da APA-CIP: 62 60 61 62 Apoiar a identificação e implementação de estratégias financeiras para manejo de áreas protegidas com manguezais; Desenvolver um plano de gestão integrada com o objetivo de melhorar a relação custoeficiência por meio do compartilhamento de custos operacionais entre UCs vizinhas com manguezais. Artigo 4° do Decreto Federal nº 90.347/1984. Vide termo de referência do PROJETO PNUD BRA/07/G32Nº 001/2012 Vide termo de referência do PROJETO PNUD BRA/07/G32Nº 001/2012 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Além disso, procurar-se-á contribuir para a construção do plano de manejo da APA-CIP com a realização de um diagnóstico ambiental dos meios físico, biótico e socioeconômico articulados com os serviços ecossistêmicos identificados na área desta Unidade de Conservação. j. Zoneamento mês 2012 O processo de regulamentação das diretrizes estabelecidas pelo art. 4° do Decreto Federal nº 90.347/1984 da APA-CIP tiveram início no final de 1995, através de um Convênio firmado entre o IBAMA e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e que contou com a participação da sociedade civil, Poder Público Federal, Estadual e Municipal, e ONGs. Fundamentalmente, através de reuniões e oficinas participativas, análise dos trabalhos e pesquisas publicadas sobre a região e projetos como o Macrozonemanto Costeiro do Litoral Sul do Estado de São Paulo (SMA/SP), chegou-se a elaboração, em 1996, de um Plano de Gestão da APA-CIP contendo uma proposta inicial de Zoneamento Ecológico-Econômico, servindo assim de diretriz para as ações relacionadas a esta Unidade de Conservação. Já, no ano de 1998, foram retomadas as ações visando finalizar o processo de elaboração da proposta de regulamentação da APA-CIP. Para tanto, foi empreendida uma Oficina de Planejamento com o objetivo de se revisar e adequar o Zoneamento da APA CI. Entretanto, apesar de ter sido formatada uma proposta de Zoneamento, esta ainda não foi oficializada. l. Reflexos da ausência do Plano de Manejo da APA-CIP e de seu respectivo zoneamento para o Município de Peruíbe A falta de um Plano de Manejo e de seu respectivo zoneamento para a APA-CIP enseja uma série de limitações à urbanização do Bairro do Guaraú, que engloba os loteamentos da Prainha do Guaraú, Quinta do Guaraú e Estância Balneária Garça Vermelha no Município de Peruíbe (figura 7.5.3). Figura 7.5.3 – Espacialização da APA-CIP e localização do Bairro do Guaraú no Município de Peruíbe 229 Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2009. Fundamentalmente, tal fato configura uma barreira legal à implementação de novas residências e de melhorias urbanas nesta localidade uma vez que, sem estes documentos, não se tem as regras disciplinadoras do uso e ocupação do solo e os critérios básicos de licenciamento ambiental para empreendimentos e atividades no sentido de se atender os objetivos estabelecidos para esta unidade de conservação. 63 63 A Resolução CONAMA n.º 10/88 define em seu art. 8º que nenhum projeto de urbanização poderá ser implantando numa APA, sem a prévia autorização de sua entidade administradora, que exigirá a adequação com o Zoneamento Econômico-Ecológico da área e a implantação de: sistema de coleta e tratamento de esgotos; sistema de vias públicas sempre que possível e curvas de nível e rampas suaves com galerias de águas pluviais; de tamanho mínimo suficiente para o plantio de árvores em pelo menos 20% da área do terreno; programação de plantio de áreas verdes com o uso de espécies nativas; traçado de ruas e lotes comercializáveis com respeito à topografia com inclinação inferior a 10%. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 No município de Peruíbe/SP, para a área do Bairro do Guaraú, que abarca uma série de loteamentos já implantados, aprovados e registrados em cartório, todos anteriores a criação da APA-CIP, há aproximadamente 6.000 proprietários de imóveis que não podem ter sua propriedade licenciada e construções regularizadas por falta de legislação específica há mais de 25 anos. 64 mês 2012 7.6. Área de Relevante Interesse Ecológico Ilha do Ameixal A Área de Relevante Interesse Ecológico Ilha do Ameixal foi criada pelo Decreto Federal nº 91.889, de 05 de novembro de 1985. Ela é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e possui sede própria localizada no bairro Canto do Morro em Iguape (SP) sendo a analista ambiental Mariana Alves Onça de Souza a chefe designada para a gestão desta Unidade de Conservação. A Ilha do Ameixal é uma ilha fluvial (volta morta) de 358,88 ha localizada na foz do Rio Una do Prelado, nas proximidades do vilarejo da Barra do Una e, presentemente, também faz parte da ESEC Juréia – Itatins (fotos 7.6.1 a 7.6.3).65 Foto 7.6.1 – Ilha do Ameixal Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2012. 64 Vide ofício do Deputado Estadual Luciano Batista encaminhado ao Governador do Estado de São Paulo no ano de 2010 solicitando que o mesmo determine aos órgãos competentes a adoção das providências necessárias à regularização do Bairro Guaraú, no Município de Peruíbe < www.al.sp.gov.br/spl/2010 /03/.../18426154_930570_download.doc>. 65 O Rio Una do Prelado corresponde à maior rede de drenagem da região da Juréia e é a mais importante bacia de captação dos diversos rios que descem a vertente atlântica da Serra do Itatins. Percorre aproximadamente 4,4 km, desde a restinga situada na porção interna da praia da Juréia, circundando o Maciço da Juréia e, seguindo pela planície, até a sua foz na praia da Barra do Una. Suas margens são majoritariamente dominadas por mangues. Sua profundidade média é em torno de 3 metros (TESSLER et al., 2004, p. 322). 231 Foto 7.6.2 – Aspecto da Ilha do Ameixal Fonte: Giobbi, n.d. Foto 7.6.3 – Placa indicativa da ESEC Juréia – Itatins (proximidades da Ilha do Ameixal) Fonte: André Pimentel, n.d. No que tange aos aspectos geológicos, a Ilha do Ameixal é formada sobre depósitos sedimentares litorâneos indiferenciados do fanerozóico constituídos por sedimentos inconsolidados formados, principalmente, por depósitos de areia e argila. Quanto a vegetação, esta é Ilha coberta por densa vegetação de mangue em excelente estado de preservação e é, portanto, de fundamental importância para a reprodução da vida marinha e estuarina. Além disso, também ocorre nesta área protegida remanescentes de vegetação de restinga (foto 7.6.4). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Foto 7.6.4 – Aspecto dos manguezais da Ilha do Ameixal mês 2012 Fonte: André Pimentel, n.d. Vale mencionar que existe fácil acesso ao entorno desta área protegida, uma vez que a mesma dista pouco mais de 20 quilômetros da cidade de Peruíbe através da Estrada do Guaraúna. Como consequência, o local é muito visitado por turistas que se hospedam em campings e pousadas rústicas na Vila da Barra do Una. Ademais, existe uma empresa de Ecoturismo, sediada no Município de Peruíbe, que vende pacotes de ecoturismo que inclui passeios de jipe pela região da Ilha do Ameixal (fotos 7.6.5 a 7.6.7). 233 Foto 7.6.5 – Estrada do Guaraúna (proximidades da Ilha do Ameixal) Fonte: Roney Marques, n.d. Foto 7.6.6 – Vila da Barra do Una Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2012. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Foto 7.6.7 – Camping Raio de Sol (Vila da Barra do Uma) mês 2012 Fonte: Richar Dyw, n.d. Dentre os principais impactos sobre a biodiversidade ali existentes, cumpre mencionar o intenso tráfego de embarcações no período de temporada e a pesca esportiva ilegal, uma vez que a Ilha do Ameixal é muito frequentada por pescadores amadores devido à fartura de robalos. Além disso, a população tradicional caiçara da Barra do Una faz uso deste espaço para a pesca (fotos 7.6.9). 7.6.9 - Prática da pesca amadora no Rio Uma do Prelado Fonte: André Pimentel, n.d. Uma questão importante a se ressaltar é que a Volta Morta (antigo curso do rio) e a Ilha do Ameixal foram criadas após a abertura de um canal originalmente de 50 metros de largura. Esta intervenção antrópica tem causado ao longo dos últimos anos uma série de impactos ambientais que inclui assoreamento de áreas de mangue e da barra do rio conforme descrito por Tessler et al. (2004, p. 322-323): 235 Por volta de 1958, houve a abertura de um canal no baixo curso do rio, (sendo o velho percurso denominado Volta Morta), com a finalidade de encurtar um per curso de cerca de 10 km na navegação. Este canal, que possuía cerca de 50 metros de largura, cortou um cordão praial, criando uma ilha denominada Ilha do Ameixal. A abertura deste canal (atualmente com 400 metros de largura) trouxe modificações para o Rio Una. O novo canal passou a ser o leito preferencial do rio, fazendo com que houvesse assoreamento de áreas de mangue e da própria barra do rio, modificando a morfologia do estuário na foz. Por ocasião da maré vazante, o rio torna-se extremamente raso, impossibilitando a navegação até de pequenos botes. Menezes (1994) estudou características sedimentológicas e hidrológicas do Rio Una e afirmou que, na Volta Morta, está havendo a deposição predominante de silte (ao contrário do restante do leito do rio cujo sedimento predominante é areia com moda fina a muito fina). Os teores de CaCO3 (de até 17%) e matéria orgânica (10 a 12%) na Volta Morta são mais altos que no restante do curso do rio, que apresenta valores de 4% em média para os dois parâmetros. A matéria orgânica encontrada na Volta Morta é, em geral, depositada “in situ”. Os minerais pesados encontrados por todo o leito do rio são oriundos da Serra da Juréia, onde nascem alguns dos afluentes da margem direita do Rio Una. Menezes (1994) chamou a atenção, ainda, quanto a pouca atuação das correntes de fundo na remoção dos sedimentos finos, sobretudo na foz do rio. A maré é bastante atuante no leito do rio por pelo menos 5 km, a partir da foz. 7.7. APA Marinha Litoral Centro (APAMLC) A APA Marinha do Litoral Centro (APAMLC) foi criada pelo Decreto Estadual nº 53.526, de 8 de outubro de 2008, e é administrada pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal). Ela possui 449.259,70 hectares e é a maior unidade de conservação marinha do País. Em sua área de abrangência estão os municípios de Bertioga, Guarujá, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe (FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2012).66 Para efeito de gestão, a APAMLC é subdividida em três setores: Setor Guaíbe - Municípios de Bertioga e Guarujá, englobando as ilhas do Arvoredo, das Cabras e da Moela (Área: 123.123,170 ha); Setor Itaguaçu - Parque Estadual Marinho da Laje de Santos e entorno (Área: 55.896,546 ha); Setor Carijó - planície sedimentar de Praia Grande até Peruíbe, englobando ilhas próximas à costa, como a Laje da Conceição, ou distantes como a Ilha da Queimada Grande (Área: 270.239,988 ha). 67, 68 66 A APAMLC faz parte do Mosaico das Ilhas e Áreas Marinhas Protegidas do Litoral Paulista que engloba as APAS estaduais marinhas dos litorais: Norte, Centro e Sul, a APA Estadual da Ilha Comprida e a APA Municipal de Alcatrazes (São Sebastião); os parques estaduais da Ilha Anchieta, Ilhabela, Laje de Santos, Xixová-Japuí e Ilha do Cardoso; as áreas de relevante interesse ecológico estaduais de São Sebastião e do Guará; as Unidades de Conservação costeiras integrantes do Mosaico Estadual de Unidades de Conservação da Juréia-Itatins e Jacupiranga; as Unidades de Conservação costeiras do Estado São Paulo integrantes do Mosaico Federal da Bocaina e as Unidades de Conservação costeiras do Estado de São Paulo integrantes do Mosaico Federal do Litoral Sul do Estado de São Paulo e Litoral Norte do Estado do Paraná (Artigo 1° e incisos do Decreto Estadual nº 53.528, de 8 de outubro de 2008). 67 Artigo 2º e incisos do Decreto Estadual nº 53.526/2008. 68 Foram excluídas dos perímetros da APA Marinha Litoral Centro as áreas de fundeadouro e de fundeio de carga e descarga; as áreas de inspeção sanitária e de policiamento marítimo; as áreas de despejo, tais como emissários de efluentes sanitários; os canais de acesso e bacias de manobra dos portos e travessias de balsas; as áreas destinadas a plataformas e a navios especiais, a navios de [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Adicionalmente, devido à importância dos manguezais como berçário de espécies e para cadeia alimentar marinha, foram incorporados aos limites da APA Marinha do Litoral Centro os manguezais adjacentes aos rios Itaguaré, Guaratuba, Itapanhaú e Canal de Bertioga, no Município de Bertioga, mêsbem 2012 como os manguezais localizados junto ao rio Itanhaém (Município de Itanhaém) e aos rios Preto e Branco (Município de Peruíbe). 69 A criação da APAMLC se produziu pela necessidade de se proteger, ordenar, garantir e disciplinar o uso racional dos recursos ambientais em um setor do litoral paulista composto por ecossistemas litorâneos de altíssima relevância relacionada tanto à sua rica biodiversidade quanto à sua importância socioeconômica (potencial pesqueiro, turístico, esportivo, científico, mineral e energético). Nas últimas décadas, uma série de práticas têm ameaçado estes ecossistemas marinhos, reduzindo os estoques comerciais e colocando muitas espécies da fauna e flora marinha em risco de extinção. Dentre estas práticas, cumpre destacar (SMA, 2008): A perda e comprometimento de habitats devido a aterros, poluição, contaminação e construção de portos, marinas, indústrias e residências em manguezais, praias lodosas, planícies de marés, marismas e restingas; A pesca ilegal com explosivos ou aparelhos de ar comprimido, a sobrepesca, a pesca de cardumes sem o tamanho adequado e o corte indiscriminado de aletas de cações e tubarões; A contaminação do mar e a desertificação do fundo marinho devido ao uso de parelhas de arrasto; A destruição de bancos de algas calcárias e a degradação de ambientes estuarinos e costeiros; A caça submarina e a captura irregular para aquariofilia. Na sequencia, a figura 7.7.1 traz o Mapa da APA Marinha Litoral Centro e a tabela 7.7.1 apresenta informações sobre espécies da biota marinha existentes no litoral paulista, incluindo o número de espécies em risco de extinção e observações sobre questões inerentes a estas. guerra e submarinos, a navios de reparo, a navios em aguardo de atracação e a navios com cargas inflamáveis ou explosivas; as áreas destinadas ao serviço portuário, seus terminais e instalações de apoio e as áreas destinadas à passagem de dutos e outras obras de infraestrutura de interesse nacional (art. 4° e incisos do Decreto Estadual nº 53.526/2008). 69 § 2º do artigo 2º do Decreto Estadual nº 53.526/2008. 237 Figura 7.7.1 – Mapa da APA Marinha Litoral Centro Fonte: Secretaria do Meio Ambiente, 2008. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Tabela 7.7.1 – Espécies da biota marinha do litoral paulista BIOTA Espécies Identificadas Risco de extinção Observações mês 2012 PEIXES MARINHOS 500 17 Existem 150 espécies de peixes recifais que são pertencentes à 44 famílias. Cerca de 20% das espécies são endêmicas ao Brasil. ALGAS BENTÔNICAS INVERTEBRADOS 300 - - São muito importantes porque fornecem alimento e refúgio a diversos organismos marinhos e compõem, juntamente com protistas e invertebrados marinhos formadores do plâncton, a base da cadeia alimentar, desde os corais até as baleias. - Dentre os invertebrados marinhos ameaçados de extinção estão: Caranguejo-uçá e espécies de anêmona-do-mar, ceriantos, gorgônia, coral-de-fogo, estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, pepino-do-mar, esponja, molusco e poliquetas, entre eles o verme-de-fogo. CETÁCEOS 24 3 Destes, os com avistagens ou encalhes mais frequentes são baleia-de-bryde, baleia-franca, boto-cinza, bototoninha, golfinho-pintado, golfinho nariz-de-garrafa e golfinho-de-dentes-rugosos, todos muitas vezes observados acompanhados de filhotes e jovens, portanto, espécies residentes que utilizam áreas interiores fluviais e lacunares, ou marinhas e o Mar Territorial. A orca é visitante sazonal e muito regular, que se aproxima da costa para se alimentar (fotos 7.7.1 e 7.7.2). TARTARUGAS 5 5 Tartaruga-verde, a tartaruga-de-pente, a tartarugacabeçuda, a tartaruga-de-couro e a tartaruga oliva, sendo que todas estão criticamente ameaçadas. AVES COSTEIRAS E MARINHAS > 200 - Há uma enorme gama de aves migrantes de longo percurso e visitantes sazonais que dependem dos ambientes litorâneos para a alimentação e forrageamento. Nas áreas úmidas costeiras, como manguezais e brejos, podem-se encontrar aves aquáticas costeiras que são extremamente adaptadas e que utilizam estes ambientes para se reproduzir e alimentar. Dentre as aves existentes na APAMLC estão diversas espécies de albatroz e gaivotinha, a fragata, o atobá e o gaivotão (fotos 7.7.3 e 7.7.4). Dentre as espécies de aves ameaçadas de extinção podese citar algumas espécies de albatroz, a gaivotinha trintaréis-real, o papagaio da cara roxa e o guará-vermelho. Fonte: SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008; C AMPOS, F. P.; PALUDO, D.; FARIA, P. J.; MARTUSCELLI, P. 2004; Instrução Normativa MMA nº 03, de 27 de maio de 2003 - Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção; Espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de água doce ameaçados de extinção no Estado de São Paulo, 2008. 239 Foto 7.7.1 – Baleia Orca avistada nas proximidades da costa de Bertioga Fonte: Simone RH, n.d. Foto 7.7.2 – Golfinhos nas proximidades da costa de Bertioga Fonte: Simone RH, n.d. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Foto 7.7.3 – Atobás no Município de Bertioga mês 2012 Fonte: Nilson Kabuki, 2009 Foto 7.7.4 – Atobá em voo na costa de Bertioga Fonte: Simone RH, n.d. 241 a. Conselho Gestor Conforme Resolução SMA 90/2008, o Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro é formado por 24 membros titulares e 24 membros suplentes. Sendo 24 membros representantes da sociedade civil (incluindo organizações ambientalistas e organizações dos setores de turismo, esporte náutico, pesca e educação) e 24 representantes de órgãos governamentais (quadros 7.7.1 e 7.7.2). A gestão deste Núcleo está sob a responsabilidade do oceanógrafo com especialização em Pesca e Aquicultura Marcos Buher Campolim (foto 7.7.5). Foto 7.7.5 – Reunião do Conselho Gestor da APAMLC em 14/04/2009 Fonte: Guilherme Kodja, 2009 Quadro 7.7.1 - Relação dos representantes governamentais do Conselho Consultivo da APA Marinha Litoral Centro Entidades Tipo Prefeitura Municipal de Santos Titular Prefeitura da Estância Balneária de Mongaguá Suplente Prefeitura Municipal de São Vicente Titular Prefeitura Municipal da Praia Grande Suplente Prefeitura Municipal de Guarujá Titular Prefeitura do Município de Bertioga Suplente Prefeitura Municipal de Itanhaém Titular Prefeitura da Estância Balneária de Peruíbe Suplente Fundação Florestal Titular / Suplente [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Instituto de Pesca da Secretaria da Agricultura e Abastecimento / Agência Ambiental Secretaria do Meio Ambiente / Coordenadoria de Planejamento Ambiental CPLA Titular / Suplente Titular / Suplente Polícia Militar Ambiental / 17º GP Bombeiros 2012 Titular /mês Suplente Sabesp / Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais – CBRN Titular / Suplente IBAMA Titular ICMBio - Instituto Chico Mendes de Biodiversidade Suplente MARINHA DO BRASIL Titular / Suplente Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA Suplente Fonte: RESOLUÇÃO SMA nº 090, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2008. Quadro 7.7.2 - Relação dos representantes da sociedade civil do Conselho Consultivo da APA Marinha Litoral Centro Entidades - Setor Pesca (6 cadeiras) Tipo Sociedade Amigos do Perequê – SAPE – Guarujá Titular Sociedade Amigos da Prainha Branca – SAPB – Guarujá Suplente Colônia de Pescadores André Rebouças Z- 4, São Vicente Titular Colônia de Pescadores José de Anchieta Z-13, Itanhaém Suplente Colônia de Pescadores Floriano Peixoto Z-3, Guarujá Titular Colônia de Pescadores Z-5 Júlio Conceição, Peruíbe Suplente Colônia de Pescadores José Bonifácio Z-1, Santos Titular Sindicato dos Pescadores e Trabalhadores Assemelhados do Estado de São Paulo Suplente Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo – SPESP Titular Central de Orientação, Desenvolvimento e Apoio da Pesca Responsável – COPERE Suplente Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo – SAPESP Titular ALPESC - Associação Litorânea da Pesca Extrativista Classista do Estado de S. Paulo Suplente Entidades - Setor Turismo e Esporte Náutico (2 cadeiras) Tipo Associação Vivamar Titular Iate Clube de Santos Suplente Associação Oceano Brasil Titular AOM Suplente Setor Ambientalista (2 cadeiras) Tipo Instituto Laje Viva Titular 243 ------ Suplente Instituto Maramar Titular Associação Tuim – Proteção e Educação Ambiental Suplente Setor Educação (2 cadeiras) Tipo Universidade Católica de Santos – UNISANTOS Titular --- Suplente Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC Titular --Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, 2011. Suplente Com o início das atividades do Conselho Gestor da APAMLC, foram levantadas as prioridades para elaboração do termo de referência do Plano de Manejo e para gestão desta UC através de Grupos de Trabalho (GTs). Posteriormente, alguns destes GTs foram transformados em Câmaras Técnicas (CT): CT de Pesca – assuntos prioritários para o ordenamento pesqueiro (Composição: Entidades Governamentais - Prefeitura Municipal do Guarujá, IBAMA, Polícia Ambiental, Marinha do Brasil, Instituto de Pesca, Fundação Florestal, CPLA; Entidades da Sociedade Civil – SAPESP, Copere, colônias de pecadores Z1, zZ e Z13, SIPESP, SAPE, UNISANTA, Associação Vivamar); CT de Educação e Comunicação (Composição: Entidades Governamentais - IBAMA, SABESP, Prefeitura Municipal de São Vicente, Polícia Ambiental, Prefeitura Municipal de Guarujá, Fundação Florestal, SMA / CPLA; Entidades da Sociedade Civil – Associação Vivama, Colônia de Pescadores Z-5 “Júlio Conceição” de Peruíbe, SAPESP, UNISANTOS, Tuim Ambiental, Instituto Albatroz, ALPESC); CT de Planejamento e Pesquisa (Composição: Entidades Governamentais - Instituto de Pesca, Prefeitura Municipal de Santos, Marinha, Prefeitura Municipal de São Vicente, Prefeitura Municipal de Guarujá, SMA / CPLA, Fundação Florestal; Entidades da Sociedade Civil – UNISANTA, SAPESP, UNISANTOS, Colônia de Pescadores Z-4 “André Rebouças” de São Vicente, Instituto Albatroz, Instituto Maramar, SEAP, SIPESP, Associação Vivamar). Além disso, foram criadas as comissões de Proteção e do Canal de Bertioga (vinculada ao CT de Planejamento e Pesquisa). Atualmente, apesar de já ter sido elaborado o termo de referência (TdR) para contratação da elaboração do Plano de Manejo com a participação dos conselheiros, os trabalhos referentes à elaboração do mesmo ainda não foram contratados e estão, portanto, atrasados, conforme o art. 10 do Decreto nº 53.526/2008 que criou a APAMLC. 70 b. Infraestrutura A APA Marinha Litoral Centro possui uma única sede física localizada no Museu da Pesca em Santos. c. Recursos humanos Apesar de contar com o apoio do quadro de funcionários do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo e da Fundação Florestal, bem como com o suporte técnico das CTs, pode-se afirmar que a equipe de trabalho da 70 Decreto nº 53.526/2008: “Artigo 10 - O Plano de Manejo da APA Marinha do Litoral Centro deverá ser elaborado e aprovado no prazo de 2 (dois) anos”. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 APAMLC é bastante reduzida em face da ampla extensão desta Unidade de Conservação e de sua grande complexidade socioambiental, que exige um conhecimento multidisciplinar bastante diversificado. d. Pesca mês 2012 em face da alta produção A questão da pesca é um tema primordial a ser regulamentado na área da APAMLC pesqueira e da grande densidade de barcos de pesca artesanais e industriais existentes nos municípios da baixada santista. Entre Bertioga e Peruíbe existem 43 pontos de desembarque de pescado, sendo que a sardinha, a corvina e o camarão-sete-barbas são os recursos mais pescados (BASTOS, 2011) (tabela 7.7.2 e foto 7.7.6). Tabela 7.7.2 – Estatística pesqueira dos municípios abrangidos pela APAMLC - 2011 GRUPOS (kg) MUNICÍPIO Crustáceos Equinodermas Moluscos Peixe cartilaginoso Peixe ósseo Total SANTOS / GUARUJÁ 1.890.328 - 469.639 316.511 9.583.058 12.259.536 BERTIOGA 196.043 - 244 4.460 28.902 229.649 PERUÍBE 40.938 4 29.158 2.772 71.487 144.358 SÃO VICENTE 3.400 - 229 377 97.896 101.903 CUBATÃO 68.768 - - - 31.611 100.379 PRAIA GRANDE 296 - - 2.996 80.886 84.176 MONGAGUÁ 1.634 - 3 2.230 48.854 52.721 ITANHAÉM 33.804 - 470 470 12.478 47.222 TOTAL 2.235.211 4 499.743 329.816 9.955.172 13.019.944 Fonte: Estatística Pesqueira - Instituto de Pesca do Estado de São Paulo. 245 Foto 7.7.6 - Barcos de pesca e turismo no Bairro Santa Cruz dos Navegantes –Município do Guarujá Fonte: Pablto, 2008. Pesca artesanal Pode-se afirmar que um problema bastante evidente na área da APAMLC é a deterioração das condições de vida dos pescadores artesanais e de suas famílias nas últimas décadas devido tanto à poluição das águas estuarinas e marinhas como à forte concorrência da pesca industrial. Este problema deve ser tratado com questão prioritária no que tange ao planejamento e a implementação de planos de desenvolvimento sustentável para área da APAMLC, uma vez que se estima que há um universo de 10.000 pessoas que vivem direta ou indiretamente da pesca artesanal na região da baixada santista. 71 Em pesquisa desenvolvida por Gefe et. al (2004), onde foram cadastrados 2731 pescadores distribuídos em 17 comunidades (76% situados nos trechos de São Vicente, Bertioga e Rio do Meio / Santa Cruz dos Navegantes e aproximadamente 22% distribuídos na área interna do estuário de Santos/Cubatão/São Vicente / Guarujá), concluiu-se que a situação dos pescadores artesanais na região da baixada santista é de altíssima miserabilidade em face das seguintes condições: 71 Renda insubsistente (69,7% receberam mensalmente menos de R$ 100,00); Estimativa feita por Gefe et al. (2004) em pesquisa sobre aspectos socioeconômicos da pesca artesanal na região da Baixada Santista [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Baixa instrução no ensino (87,2% tem somente o curso fundamental - incompleto ou completo e 3,3% são analfabetos); Estrutura econômica familiar, tradicional, de subsistência, e informal, voltada para a atividade primária da pesca, com instrumentos e embarcações rudimentares, pescando peixes, crustáceos e moluscos; mês 2012 Escassez de pescado devido à poluição das águas estuarinas e marinhas; Somente 58% possuem o Registro Geral de Pesca (RGP); 93,8% não recebem ou receberam o salário desemprego na parada do defeso devido à desinformação e ausência de cadastro; 52,2% são obrigados a ter outra profissão para sobreviver; 95% deles nunca haviam realizado nenhum curso na área de pesca; 56,3% vendem direto ao consumidor e 43,7% para intermediários; As moradias verificadas, em sua grande maioria, não recebem água tratada, e, portanto, os moradores são obrigados a consumir a água disponível no entorno; A pesca de subsistência se dá através do consumo de pescado contaminado; Falta de investimento e situação de abandono pelas instituições públicas; Em pior situação estão os pescadores que vivem no interior do estuário. Estes estão sem pescado, totalmente desarticulados e em situação de miséria absoluta. Outra questão bastante relevante e que deve ser considerada quando do planejamento e implementação de políticas públicas é o número não desprezível de mulheres que se dedicam às atividades correlacionadas à pesca artesanal, principalmente ao descasque do camarão. Estas representam 14% da força de trabalho e vivem, em sua grande maioria, no Rio do Meio e em Santa Cruz dos Navegantes - Guarujá (GEFE, et. al, 2004). Pesca de arrasto e pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação artificial O artigo 6º do Decreto nº 53.526/2008 determinou a proibição da pesca de arrasto com a utilização de sistema de parelha de barcos de grande porte e a pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação artificial, em qualquer modalidade, devido a pressão que estas atividades exercem sobre o estoque pesqueiro. 72 72 “O arrasto de parelha consiste no emprego de uma grande rede de formato cônico arrastada por duas embarcações geralmente idênticas. A boca da rede é mantida aberta pela distância entre as duas embarcações, com o recolhimento e lançamento da rede sendo realizados por uma embarcação. Esta modalidade de arrasto se caracteriza pela maior eficiência em profundidades de até 60 m, além da grande dimensão das redes empregadas. No Sudeste e Sul do Brasil, as redes de parelha chegam atingir 80 metros de tralha superior, resultando em uma abertura horizontal da boca da rede da ordem de 55 metros, enquanto que a abertura vertical chega a 6 metros” (UNIVALI, 2012). 247 Os parâmetros técnicos que estabelecem estas proibições supracitadas, segundo o parágrafo único do art. 6° do mesmo Decreto, são de competência da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA), devendo ser ouvido o Conselho Gestor da APAMLC. Assim, tal questão foi levada ao GT Pesca da APAMLC que realizou uma série análises e discussões. Como resultado, após deliberação do Conselho Gestor, foram encaminhadas as seguintes recomendações à SMA: 73 Definição de embarcação de grande porte em sistema de parelhas como acima de 100 AB; Proibição da pesca de arrasto com a utilização de parelhas em profundidades inferiores a isóbata de 23,6 m; Todas as parelhas para atuarem no interior da APAMLC obrigatoriamente devem integrar o programa PREPS (Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações por Satélites). O equipamento deve ser instalado no prazo de 60 dias a partir da publicação da resolução de regulamentação; Orienta-se à FF/SMA que efetive o controle das áreas de operação das parelhas via rastreamento por satélite (PREPS); Orienta-se o embarque de observadores científicos a bordo para o acompanhamento da atividade, ficando a cargo do Instituto de Pesca especificar a metodologia e as embarcações que serão monitoradas e consolidar os relatórios para apresentação e acompanhamento junto do Conselho Gestor da APAMLC; Orienta-se a realização de um estudo conjunto do Instituto de Pesca com o setor produtivo para determinação de dimensões de redes apropriadas ao objetivo de sustentabilidade ambiental e econômica; Orienta-se que a FF encaminhe para conhecimento do Ministério da Pesca e Ministério do Meio Ambiente o processo de regulamentação da pesca com parelhas nas APAs Marinhas do Estado de São Paulo; Orienta-se que as propostas de recomendações da APAMLC sejam consideradas para análise junto aos Conselhos Gestores das APAMLS e APAMLN. Munida destas recomendações e de recomendações formuladas pelos conselhos gestores das APAS marinhas dos litorais norte e sul, a SMA editou a Resolução SMA - 69, de 28 de setembro de 2009. Tal Resolução estabeleceu em seu art. 1° que nas Áreas de Proteção Ambiental Marinhas dos litorais Norte, Centro e Sul, a atividade de pesca com compressor de ar ou outro equipamento de sustentação, em qualquer modalidade, independentemente da Arqueação Bruta (AB), está proibida. Já, a atividade de pesca de arrasto com a utilização de sistema de parelhas de embarcações na APAMLC ficou proibida em profundidades inferiores à isóbata de 23,6 m, independentemente das suas Arqueações Brutas (art. 1°, § 2º da Resolução SMA -69/2009) (vide figura 7.6). Além disso, a mesma Resolução obrigou todas as embarcações que praticam o sistema de pesca de arrasto por parelhas no interior da APAMLC, independentemente de sua Arqueação Bruta (AB), a integrar o Programa Nacional de Rastreamento de Embarcações por Satélite – PREPS. No caso das embarcações que não dispunham do equipamento necessário para integrar o PREPS, deu-se aos seus proprietários o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação da Resolução SMA 69/2009, para que a instalação do equipamento fosse realizada (art. 1°, §§ 3º e 3º da Resolução SMA -69/2009). 73 ATA da 5ª reunião do Conselho Gestor da APAMLC. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Regulamentação da pesca do camarão A questão da regulamentação da pesca do camarão é outro tema que vem sendo discutido arduamente pelo mês 2012 Conselho Gestor da APAMLC. Essencialmente, entende-se que há a necessidade de se realizar um ordenamento desta atividade na área da APAMLC com o objetivo de se evitar a sobrepesca (que vem diminuindo sensivelmente os estoques nos últimas décadas) e regulamentar, de forma clara, as modalidades de pesca que serão permitidas com o intuito de se evitar impactos ambientais significativos. Uma preocupação, por exemplo, é a pesca de camarão pela modalidade de arrasto (sistema de porta) que funciona como arado, fazendo sulcos que degradam o fundo marinho. Estima-se que um bote de pesca de camarão-sete-barbas arrastando durante uma hora varre aproximadamente a área correspondente a três campos de futebol, ou seja, 30 mil m2, obtendo em média menos de 10 kg de produção (CASARINI, 2010). Assim, entre os anos de 2010 e 2011, foram realizadas várias reuniões (envolvendo análise e discussão das informações coletadas) no âmbito da Câmara Temática de Pesca da APA Marinha Litoral Centro (APAMLC). Pesquisadores com expertise na pesca do camarão-sete-barbas apresentaram trabalhos sobre a caracterização da frota pesqueira dirigida a esta modalidade existente na região e as modalidades de pesca adotadas. Adicionalmente, foram realizadas reuniões com pescadores de camarão-sete-barbas em todos os Municípios integrantes da APAMLC. Estas reuniões tiveram o apoio das prefeituras e das colônias dos municípios e foram coordenadas pelo gestor da APAMLC. Regulamentação da pesca de redes de praia e rede de espera (emalhe) A regulamentação destes dois tipos de pesca começou a ser discutida 24ª reunião da Câmara Temática de Pesca do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro (APAMLC), realizada no dia 12 de setembro de 2011, a partir de um parecer apresentado pelo Instituto Oceanográfico sobre a regulamentação desta atividade, em especial sobre rede estaqueada. Esta é uma discussão de suma importância em virtude da pesca de redes ser o principal fator de sobrepesca que resultou na diminuição dos estoques de peixes do litoral paulista. Por esta razão, a organização não governamental ambientalista VIVAMAR, que faz parte do Conselho Gestor, defendia, dentro das discussões sobre esta regulamentação, a proibição total, ou a criação de zona de exclusão de pesca de qualquer tipo de redes no limite mínimo de distância de 1,5 milhas da costa e da desembocaduras de rios e canais, 1 milha no entorno de ilhas e parcéis e dentro de baías e estuários. Sendo que a partir do limite mínimo de 1,5 milhas ocorreria a liberação da prática dessa modalidade de pesca de forma gradativa em função da distância da costa porte de embarcação e tamanho de rede e malha (VIVAMAR, 2011). A proposta supracitada se justifica em função da prática dessas modalidades de pesca, quando efetuadas abaixo do limite inferior a 1,5 milhas de distância da costa, barra de rios/canais estuários e no entorno de ilhas e parceis (áreas com maior incidência de acúmulo de cardumes de várias espécies), resultar na captura de milhares de peixes na desova e na grande mortandade de peixes ainda jovens (VIVAMAR, 2011). Entretanto, a proposta defendida por pescadores se contrapunha a proposta dos ambientalistas ao prever a liberação de redes de lance de praia e a liberação total de colocação de redes de espera (emalhe) sem limite de distância da praia para pescadores artesanais com embarcações de pequeno porte (pesca de micro-escala). 249 Como resultado destas discussões e no intuito de compatibilizar os interesses divergentes supracitados, foi editada a Resolução da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) nº 51, de 28 de junho de 2012, que, presentemente, regula o exercício de atividades pesqueiras profissionais realizadas com o uso de redes nas praias inseridas nos limites da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro. São abrangidas por esta resolução as praias voltadas para o mar, desde o município de Peruíbe até Bertioga, com exceção da Baía de Santos/São Vicente, uma vez que esta não é abarcada pela APAMLC. A seguir a tabela 7.7.3 traz uma síntese da regulamentação estabelecida pela Resolução SMA nº 51/2012. Tabela 7.7.3 - Síntese da Resolução SMA nº 51/2012 Especificações dos petrechos de pesca Arrasto de praia • Comprimento máximo: 500 m; (lanço de praia ou arrastão de praia) • Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); • Utilização de tração humana exclusivamente. • Comprimento máximo: 50 m; • Altura máxima: 3,5 m; Picaré para caceio de praia • Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); • Panagem simples; Rede Singela (pano simples) para caceio de praia • Comprimento máximo: 50 m; • Altura máxima: 3,0 m; • Tamanho mínimo de malha: 70 mm (nós opostos); • Panagem simples; • Comprimento máximo: 60 m; Rede feiticeira ou tresmalho • Altura máxima: 5,0 m; para caceio de praia • Tamanho mínimo de malha interna: 70 mm (nós opostos); • Tamanho mínimo de malha externa: 140 mm (nós opostos); • Utilização de tração humana exclusivamente. • Tamanho mínimo de malha para peixes: 70 mm (nós opostos); Tarrafa • Tamanho mínimo de malha para camarões: 26 mm (nós opostos). Observações gerais Pescadores profissionais • Todas as pessoas envolvidas na atividade de pesca e que utilizam os petrechos previstos na Resolução SMA nº 51/2012 devem ser, obrigatoriamente, pescadores profissionais. • Não poderão ser utilizados nas desembocaduras de rios com áreas distantes até 500 m em direção ao mar e nas áreas adjacentes; Locais e horários de utilização dos petrechos de pesca • Não deverão ser utilizados entre 9h00 e 19h00 em praias urbanizadas ou com frequência de banhistas, em qualquer período do ano. • De março a novembro, com exceção dos finais de semana e feriados, a pesca com esses petrechos é permitida em qualquer horário, somente nas seguintes praias: • Ruínas (Peruíbe); • Gaivota, Jamaica, Bopiranga, Jardim Suarão, Campos Elíseos e Marrocos [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 (Itanhaém); • Flórida Mirim, Jussara, Itaóca, Jardim Praia Grande, Vila Atlântica e Vera Cruz (Mongaguá); • Perequê e Praia Branca (Guarujá); mês 2012 • Indaiá, Itaguaré, Guaratuba e Boracéia (Bertioga). e. Educação e comunicação O principal programa de educação e comunicação incidente nas APAS marinhas do litoral do Estado de São Paulo é o programa Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas. Este programa foi elaborado pela Coordenadoria de Educação Ambiental da SMA e contou com a contribuição do Instituto Chico Mendes, IBAMA, Instituto de Pesca, Fundação Florestal, Polícia Ambiental e colônias de pescadores. Os trabalhos de implementação deste projeto ocorreram no ano de 2009 e envolveram: Oficinas de informação para pescadores; Trabalhos de educação ambiental (atividades culturais para crianças); Edição do livro Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas. Oficina de informação para pescadores Evento realizado em conjunto com as prefeituras municipais abrangidas pelas APAS marinhas dos litorais norte, centro e sul e direcionado à comunidade pesqueira. Foram realizados seis cursos para pescadores que abrangeram os municípios de Cananéia, Iguape, Peruíbe, Guarujá, São Sebastião e Caraguatatuba. No total, as oficinas envolveram 212 participantes entre palestrantes, convidados e pescadores (CEA/SMA, 2012). Nestas oficinas de informação foram abordados os seguintes temas: Pesca sustentável, legislação, fiscalização e unidades de conservação; Discussões práticas para os pescadores, enfatizando aspectos ambientais marinhos importantes. Trabalhos de educação ambiental (atividades culturais para crianças) Projeto realizado com a colaboração de diretorias de ensino de escolas dos municípios de Iguape, Cananéia, Iguape, São Sebastião, Ilhabela, Peruíbe e Guarujá. Foram realizadas atividades culturais abordando temas referentes ao meio ambiente marinho e seus problemas ambientais com um total de 348 alunos (CEA/SMA, 2012). Cartilha sobre Pesca Sustentável em Áreas Marinhas Protegidas É uma publicação de 58 páginas editada em 2009 pela Coordenadoria de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo. 251 Esta publicação visa disseminar boas práticas pesqueiras em áreas marinhas protegidas do litoral paulista, tendo como objetivo a divulgação de informações sobre (CEA/SMA, 2012): Ecologia marinha; Pesca sustentável e legislação ambiental; A importância das APAS (Áreas de Proteção Ambiental) para a proteção do meio ambiente marinho e a melhoria da qualidade de vida local. Foram impressas e distribuídas 500 cartilhas aos pescadores. Além disso, o material está disponível para download em formato PDF no site da SMA. f. Planejamento e pesquisa Os trabalhos da Câmara Técnica de planejamento e pesquisa têm priorizado as pesquisas em áreas de manguezais em virtude de uma demanda do Ministério Público (GT Canal de Bertioga – Análise do processo erosivo que está afetando os manguezais) e da necessidade de se caracterizar os manguezais inseridos na APAMLC (tal questão é explicitada no item i desta seção). A Secretaria de Estado do Meio Ambiente tem um Programa de Pesquisa Ambiental que conta com a participação de várias instituições do Estado de São Paulo e que possui vários resultados já obtidos no que tange ao ambiente marinho. Neste caso, faz-se necessário sistematizar os resultados já produzidos de forma a gerar subsídios para a gestão das APAS marinhas, bem como direcionar os novos trabalhos científicos e projetos no sentido de atender as demandas voltadas para um bom manejo destas unidades de conservação. Além disso, é cogente integrar as ações, os projetos e as pesquisas já realizadas por instituições federais e por organizações não governamentais que atuam na região, como é o caso dos institutos Laje Viva e Albatroz, assim como o Projeto Tamar. Priorizar pesquisas voltadas para o conhecimento da fauna de invertebrados marinhos é outra ação importante. Segundo Migotto & Tiago (1999, p. 303) “em termos percentuais, a fauna de invertebrados marinhos do estado de São Paulo ainda é pouco conhecida, pois os números de espécies citadas oscilam, no geral, entre 1 e 2% do total de espécies conhecidas para o grupo, sendo comum na literatura a menção ao parco conhecimento acumulado sobre a fauna marinha do Atlântico Sul-Ocidental” . Ainda, devem-se aprofundar as pesquisas de espécies da ictiofauna marinha que vivem em fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares. Segundo Castro & Menezes (1998, p. 8) “a ictiofauna marinha do estado tem sido estudada principalmente através de amostragens obtidas por meio de redes de arrasto de fundo rebocadas por embarcações motorizadas. Este tipo de amostragem só é aplicável eficientemente em fundos planos de substratos não consolidados, o que privilegia a coleta de espécies demersais de plataforma, em detrimento de espécies vivendo em ambientes de fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares (v. Vazzoler, 1993; para sinopse do estudo da ecologia de peixes marinhos no Brasil). Assim, visando a desfazer este desequilíbrio na forma de amostragem, é prioritária a aplicação em maior escala de métodos mais variados, seletivos e capazes de amostrar eficientemente os microambientes de costões e fundos rochosos e praias em geral, tais como, espinhéis com iscas variadas, ictiotóxicos, coletas durante mergulho livre ou autônomo etc”. Uma outra questão relevante para o planejamento da atividade pesqueira refere-se à falta de informações estatístico-pesqueiras fidedignas relativas à frota de pesca artesanal de pequena escala. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Para Alves et. al (2009), tal fato contribui negativamente para a elaboração de um adequado ordenamento pesqueiro que é de importância capital face ao elevado contingente de embarcações e de pessoal envolvido nesta atividade e dada à importância ecológica das áreas de atuação dessa frota no Estado de São Paulo. Assim, o desenvolvimento de metodologias para o levantamento de dados estatístico-pesqueiros mais fidedignos mês 2012 deve ser incentivado. Adicionalmente, desenvolver pesquisas sobre a viabilidade e delimitação de locais adequados para a instalação de estruturas de anti-arrasto e atratores (recifes artificiais), como foi proposto pelo Dr. Frederico Brandini da UNESP durante a 4a reunião do Conselho Gestor, são possibilidades interessantes para auxiliar tanto na fiscalização quanto na recuperação da biota marinha. Finalizando, devem-se definir as diretrizes gerais de pesquisa para a APAMLC através do apontamento de temas prioritários no sentido de preencher lacunas cientificas necessárias à elaboração do Plano de Manejo e a boa gestão desta Unidade de Conservação. Para tanto, seria interessante reunir um grupo de pesquisadores de diversas universidades que pudessem colaborar com sugestões para programas, prioridades e estruturas de pesquisa. g. Proteção e fiscalização A fiscalização da APAMLC, que está sob a responsabilidade da Polícia Ambiental e da Fundação Florestal, é realizada de forma integrada com os parques estaduais Xixová-Japuí e Laje de Santos através do Plano de Policiamento Ambiental Marítimo – PROMAR. No âmbito do PROMAR existe uma unidade especial de policiamento ambiental marítimo que é formada por 90 policiais treinados e por seis lanchas destinadas ao patrulhamento das três APAS marinhas do Estado de São Paulo, sendo que esta frota é reforçada por uma embarcação da Secretaria do Meio Ambiente. As ações de fiscalização e monitoramento das APAS marinhas paulistas se concentram no combate à pesca irregular através de uma rotina semanal de fiscalização que conta com o apoio esporádico da Polícia Federal, da Marinha e do Ibama. Entretanto, o Tenente Elton Paz da Polícia Ambiental, na quinta reunião do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro, informou que, mesmo com a estrutura atual, não tem sido possível atender a todas as demandas apresentadas na APAMLC devido à falta de efetivo e condições de trabalho. Diante desta informação, os conselheiros debateram, primeiramente, a necessidade de uma melhor integração entre as diversas instituições estaduais e federais de forma a aperfeiçoar as suas ações de fiscalização através de um planejamento integrado. Indicou-se, ainda, a necessidade de se criar uma base de dados georreferenciada compartilhada a partir da base de dados do PROMAR, indicando os setores mais ameaçados, número de infrações, etc. Sugeriu-se também que os municípios criassem guardas ambientais marinhas municipais de forma a ajudar na fiscalização. h. Ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo A temática do turismo marítimo não vem sendo abordada de forma compatível com a sua amplitude no Conselho Gestor da APAMLC. 253 As atividades de turismo marítimo são muito intensas em toda área da APAMLC, fazendo-se necessária uma regulamentação para este de forma a compatibilizá-las com os objetivos de manejo desta Unidade de Conservação. Outra questão fundamental é a geração de emprego e renda neste setor que deve ser mais bem trabalhada de modo a se tornar um instrumento de inclusão social e de melhoria da renda de pescadores e moradores locais em situação de vulnerabilidade Para tanto, seria interessante criar programas de turismo de base comunitária e cursos de capacitação para moradores locais com o intuito de que estes possam trabalhar com o turismo marítimo. A criação de uma câmara técnica de ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo seria uma alternativa interessante no sentido de auxiliar na definição de diretrizes gerais e temas prioritários para uma boa gestão do setor. i. Melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes 74 Um dos principais fatores que vem prejudicando o desenvolvimento da fauna e flora marinha na Baixada Santista e, por conseguinte, a atividade de pesca, é piora sensível da qualidade das águas estuarinas e marinhas nas últimas décadas. Este problema tem diminuído sensivelmente a quantidade de peixes, sendo que os poucos cardumes que permanecem estão se tornando impróprios para o consumo (GEFE et al., 2004). No que tange a temática da melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes, o principal programa desenvolvido na região é o Projeto Onda Limpa para a Baixada Santista do Governo do Estado de São Paulo. Projeto Onda Limpa Essencialmente, o projeto Onda Limpa tem como meta elevar o índice de coleta de esgoto nos nove municípios da Baixada Santista de 53% para 95% até o ano de 2019. Dentro deste programa já foram construídas sete estações de tratamento de esgoto (a oitava será construída no Município de São Vicente), duas estações de précondicionamento e dois emissários submarinos. Ainda, 80% das obras lineares (redes coletoras) já estão concluídas. Entretanto, um problema que vem sendo enfrentado é a baixa adesão dos moradores em se articular com a rede instalada de esgoto devido aos custos de instalação e de pagamento pelo esgoto gerado. Além disso, cumpre ressaltar que ainda não há estações de tratamento de esgoto operando na Baixada Santista e sim estações de pré-condicionamento, com gradeamento, peneiramento e decantação, sendo que o tratamento secundário para os emissários deve ocorrer ainda em 2012. 75 O projeto Onda Limpa e as demais questões inerentes ao tratamento de efluentes domésticos estão detalhadas no capítulo sobre saneamento ambiental do presente relatório. Projeto Marinas na Baixada Santista 74 O artigo 7º do Decreto nº 53.526/2008 que criou a Apa Marinha Litoral Centro determina que “serão adotadas pelo Estado de São Paulo as medidas competentes para recuperação de áreas degradadas e para a melhoria das condições de disposição e tratamento de efluentes”. 75 a Vide ATA da 21 reunião do conselho gestor da APA Marinha Litoral Centro (Informações prestadas pelo engenheiro Luiz Alberto Neves Alário da Sabesp). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Recentemente, em janeiro de 2012, após solicitação do Conselho Gestor da APAMLC, foi implantado o Projeto Marinas na Baixada Santista. Este projeto foi iniciado no ano de 2005 nos municípios do litoral norte e tem o objetivo principal de controlar as fontes potenciais de poluição causadas pelo segmento náutico através da gestão integrada e participativa entre mês 2012 Estado, municípios e atores envolvidos na atividade náutica (GESP, 2012). 76 São componentes deste projeto (GESP, 2012): Oficinas de educação ambiental e conscientização dos setores de turismo e pesca; Adoção de medidas ecologicamente adequadas de controle as fontes potenciais de poluição causadas pelo segmento náutico (marinas, garagens náuticas, iate clubes e outras instalações de apoio náutico); Sistema de certificação ambiental das empresas que atenderem aos padrões oferecidos pela Secretaria do Meio Ambiente. Como o projeto é recente na Baixada Santista, ainda não foram divulgados o cronograma de ação e resultados preliminares. j. Comissão de Proteção do Canal de Bertioga 77 Esta comissão foi criada pelo Conselho Gestor da APAMLC no sentido de contribuir com o Grupo de Trabalho “Marolas no Mangue – Canal de Bertioga”, criado pelo Ministério Público de Santos e que envolveu as prefeituras de Santos, Guarujá e Bertioga, Marinha do Brasil, Iate Clube de Santos, Marinas Nacionais, Instituo Maramar, Instituto Vivamar e APAMLC (foto 7.7.7). São objetivos deste grupo: Analisar os processos erosivos que estão ocorrendo no Canal de Bertioga em decorrência das marolas provocadas pelo trânsito de embarcações; Avaliar como esta questão está afetando negativamente os manguezais que, devido à baixa declividade, estão sendo inundados pelas marolas (alteração da composição físico-química); Estabelecimento de normas ambientais visando regular o trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; Monitoramento e fiscalização de embarcações que circulam no Canal de Bertioga. Os resultados dos trabalhos demonstraram que: A velocidade, características de peso e forma dos cascos das embarcações associadas ao calado do canal e ao trânsito de embarcações próximas as margens são um dos fatores que influenciam nos processo erosivos e nas marolas que invadem os manguezais; 76 O Projeto Marinas capacitou mais de 600 pessoas no litoral norte, com diversos cursos sobre biologia e ecologia marinha, poluição marinha, para pescadores, segmentos náuticos, ONGs e sociedade organizada (GESP, 2012). 77 a Vide ATA da 3 reunião (05/06/2009) do conselho gestor da APA Marinha Litoral Centro (Informações prestadas pelo biólogo Mário Wolff Bandeira da Associação Viva Mar). 255 Não é possível afirmar que apenas as embarcações estejam impactando os manguezais, uma vez que existem outros fatores que devem ser considerados como a ocupação urbana e a ausência de saneamento básico; Causam marolas menores e, portanto, menor impacto ambiental, os deslocamentos nas velocidades entre 6 a 10 nós em média, levando em consideração diferentes embarcações, além da navegação em distâncias afastadas das margens dos rios. Foto 7.7.7 – Canal de Bertioga Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011. k. Zona de exclusão de pesca no Setor Itaguaçu A proibição da pesca no Setor Itaguaçu começou a ser discutida no ano de 2009, na Câmara Temática de Pesca. Posteriormente, esta proposta foi encaminhada ao Conselho Gestor da APAMLC, onde foi aprovada por unanimidade. Após o crivo do CONSEMA, no ano de 2012, esta proibição foi convertida na Resolução SMA nº 21, de 16 de abril de 2012, que estabeleceu uma zona de restrição máxima à atividade pesqueira, onde não é permitida nenhuma modalidade de pesca, no Setor Itaguaçu da Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro. Assim, a área de exclusão total de pesca na região passou dos 5.000 hectares que integram o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos para 55.896,546. Segundo Kodja (2012), com a edição da Resolução SMA nº 21/2012 o Setor Itaguaçu da APAMLC passou a ter uma função prática, uma vez que este se transformou em uma zona de amortecimento para o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. Tal disposição encontra grande relevância ao se considerar dois importantes aspectos: A drástica redução dos estoques pesqueiros locais devido à intensa pesca esportiva, artesanal e industrial; [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 A grande relevância do Setor Itaguaçu para a preservação da biota marinha, uma vez que esta localidade se configura como uma área de procriação e desova de animais marinhos, além de ser um local de passagem para espécies em rota migratória. A seguir apresenta-se um quadro síntese da situação atual, demandas, pontos e oportunidades existentes mêscríticos 2012 na APALC conforme as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP (quadro 7.7.3). 257 l. Quadro 7.7.3 – Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP SITUAÇÃO ATUAL Eixo Planejamento, fortalecimento e gestão Eixo Governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios [Digite texto] Conselho gestor paritário, criado e em funcionamento; O planejamento de ações visando o fortalecimento do papel da APAMLC como vetor de desenvolvimento regional e local é de pequena amplitude; Não há projetos relevantes que visem contribuir com a redução da pobreza das comunidades e pescadores artesanais locais, bem como um apoio substancial ao desenvolvimento de práticas de manejo sustentável para comunidades que, de alguma forma, utilizam a APAMLC para o seu sustento; Não há políticas públicas substanciais que visem empreender e apoiar alternativas econômicas de uso sustentável da APAMLC de modo a torná-la polo de desenvolvimento sustentável. Capacitação dos técnicos e comunidades locais (questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos e programas de proteção); As atividades de turismo marítimo são muito intensas em toda área da APAMLC e há problemas ambientais derivados do trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; A sobrepesca, a pesca ilegal e a poluição estão diminuindo os estoques pesqueiros; Número considerável de mulheres ligadas às atividades de pesca artesanal; DEMANDAS E PONTOS CRÍTICOS Elaboração do plano de manejo; Definir as áreas onde devem ser desenvolvidos trabalhos voltados para a recuperação de área degradada, incluídos aí a instalação de recifes artificiais e o enriquecimento de biodiversidade local; Realizar gestões junto à Marinha do Brasil para inserção, na Carta Náutica 1711, do devido alerta sobre a proibição de pesca e de desembarque no setor Itaguaçu da APAMLC. Articulação das ações das três esferas de governo e segmentos da sociedade; Apoiar à implementação de um sistema de fiscalização e controle efetivo. Implementar práticas de manejo sustentável dos recursos naturais e de ecoturismo que contribuam com a inclusão social das comunidades locais e com a redução da pobreza; Inclusão dos coletores de ostras, mariscos e caranguejos em programas de desenvolvimento sustentável; Criar um programa de turismo de base comunitária como alternativa para inclusão social (apoio técnico e financeiro); Investir na melhoria das condições de trabalho e na educação formal dos pescadores artesanais; Capacitar pescadores artesanais e moradores locais em situação de vulnerabilidade a atuar como monitores em ecoturismo; Capacitação dos membros da comunidade de pescadores artesanais para o exercício de tarefas profissionais assemelhadas e que garantam a subsistência (GEFE, et al., 2004); Trabalhos de educação e capacitação específicos para mulheres ligadas às atividades de pesca artesanal e que visem o seu empoderamento; Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 População de pescadores tradicionais vivendo em situação de miserabilidade e vulnerabilidade socioambiental. Capacidade institucional Ações de fiscalização baseadas em patrulhamento integrado e em uma rotina semanal de fiscalização; Melhorar o nível de conhecimento científico sobre o ecossistema da APAMLC como suporte a tomada de decisão; Implantar e fortalecer sistema de indicadores para monitoramento permanente da biodiversidade, especialmente de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção; Criar cursos permanentes de formação e discussão de práticas e atualidades para os pescadores; Incluir a temática da APAMLC nos trabalhos de educação ambiental das escolas; 2012 Ampliar omês número de materiais didáticos sobre a problemática que envolve a APAMLC; Regulamentar o turismo náutico de forma a compatibilizá-lo com os objetivos de manejo desta Unidade de Conservação; Criação de uma câmara técnica de ecoturismo, mergulho e demais formas de turismo marítimo; Regular o trânsito de embarcações no Canal de Bertioga; Regulamentar os diversos tipos de pesca de modo que barra de rios/canais, estuários e o entorno de ilhas e parceis sejam preservados (evitar a captura de peixes na desova e ainda jovens). Ampliar o efetivo da Polícia Ambiental e o apoio da Polícia Federal, da Marinha e do Ibama (articular ações); Apoiar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Criar uma base de dados georreferenciada compartilhada a partir da base de dados do PROMAR e demais base de dados de instituições de fiscalização, indicando os setores mais ameaçados, número de infrações, etc. Promover cursos de capacitação de gestores, técnicos e comunidades locais voltados para questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, programas de proteção e gestão do uso; Dotar a APAMLC de estrutura técnica e administrativa compatível com as suas necessidades; Adotar a APAMLC como instrumento nas políticas de gestão dos recursos pesqueiros; Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização, garantindo a capacitação para seu uso; Definir as diretrizes gerais de pesquisa para a APAMLC através do apontamento de temas prioritários no sentido de preencher lacunas cientificas necessárias à elaboração do Plano de Manejo e a boa gestão desta Unidade de Conservação; Estimular pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à proteção, reabilitação e restauração de habitats; Estimular pesquisas e desenvolvimento de tecnologias voltadas para o mapeamento de recursos naturais e o levantamento de possibilidades para o seu uso sustentável; 259 Estimular estudos científicos e desenvolvimento de tecnologias, visando à interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Sistematizar as pesquisas já produzidas de forma a gerar subsídios para a gestão das APAS marinhas, bem como direcionar os novos trabalhos científicos e projetos no sentido de atender as demandas voltadas para um bom manejo desta unidade de conservação; Priorizar pesquisas voltadas para o conhecimento da fauna de invertebrados marinhos e de espécies da ictiofauna marinha que vivem em fundos consolidados irregulares, como costões rochosos continentais ou insulares; Produzir informações estatístico-pesqueiras fidedignas relativas à frota de pesca artesanal de pequena escala; Desenvolver pesquisas sobre a viabilidade e delimitação de locais adequados para a instalação de estruturas de anti-arrasto e atratores (recifes artificiais); Monitoramento e fiscalização de embarcações que circulam no Canal de Bertioga; Avaliação e monitoramento [Digite texto] Criar instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o cumprimento dos objetivos a serem estabelecidos no Plano de Manejo. Recrutar uma equipe multidisciplinar permanente que se dedique de forma exclusiva a realizar estudos relativos ao ambiente e a administração do espaço, no tocante ao planejamento, ao desenvolvimento socioeconômico e turístico, atividade cultural e valorização do patrimônio natural. Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão da APAMLC; Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para a APAMLC; Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos objetivos da APAMLC. Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 7.8. Estação Ecológica de Tupiniquins (ESEC de Tupiniquins) A Estação Ecológica dos Tupiniquins foi criada pelo Decreto Federal nº 92.964 de 21 de julho de 1986 com o objetivo de conservar ecossistemas insulares e marinhos no litoral Sul do Estado de São Paulo e é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO). Elamês compreende a Ilha de Peruíbe, a 2012 Ilha Queimada Pequena, a Ilhota das Gaivotas e o Parcel da Noite Escura, todos localizados no Município de Peruíbe, bem como a Ilha do Cambriú e a Ilha do Castilho, localizadas no Município de Cananéia. Além disso, também abrange o entorno marinho destas mesmas ilhas num raio de 1 km a partir da rebentação das águas nos rochedos e nas praias. Conforme disposto no Plano de Manejo, a ESEC Tupiniquins possui 1729,15 ha, sendo 49,13 ha insulares e 1.680,02 ha marinhos. Portanto, 97,2% desta área protegida correspondem às áreas submersas do entorno das ilhas (ICMBIO, 2008). Especificamente no que tange ao Município de Peruíbe, cumpre mencionar que a ESEC Tupiniquins compreende 855,88 ha, sendo 22,39 ha insulares e 833,41 ha marinhos. A Ilha de Peruíbe (também conhecida como Ilha Redondinha) dista 2,1 da costa e possui 2,26 ha. Já a Ilha Queimada Pequena (também conhecida como Ilha Redonda e Ilha da Queimadinha) e a Ilhota das Gaivotas distam 17 km da costa e possuem respectivamente 18,07 ha e 2,06 ha. Quanto ao Parcel Noite Escura, esta é uma área submersa a sul-sudeste da Ilha Queimada Pequena que precisa ser melhor delimitada por estudos técnicos de forma a incorporar esta delimitação ao Decreto Federal nº 92.964/1986 (ICMBIO, 2008) (fotos 7.8.1 a 7.8.3). 78, 79 Estes ambientes insulares supracitados são compostos por ilhas oceânicas rochosas de baixa altitude e com declividade variada que foram formadas durante período geológico Quaternário, caracterizado nos últimos 12.000 anos por um aquecimento do planeta e elevação do nível médio do mar. Sua gênese e evolução estão associadas à formação de margens continentais passivas condicionadas por dois conjuntos de eventos: reativações tectônicas (que ocorreram no final do Mesozóico e início do Cenozóico), responsáveis pelo soerguimento da Serra do Mar e pela subsidência da Bacia de Santos; e sedimentação decorrente de sucessivas transgressões e regressões marinhas quaternárias que modelaram a área (ICMBIO, 2012). Ademais, cumpre mencionar que esta área protegida contempla ecossistemas emersos, com fauna e flora típicas de mata atlântica da região sudeste brasileira e ecossistemas de costão rochoso e submersos, com fauna e flora marinhas, sendo que a condição de isolamento e de tamanho limitado dos ambientes insulares protegidos tornaos extremamente frágeis frente a desmatamentos, queimadas e introdução de espécies exóticas. Já a proteção dos ambientes marinhos contíguos, além da preservação das espécies residentes, contribui para a manutenção dos estoques dos recursos pesqueiros das áreas adjacentes (ICMBIO, 2008, p. 42 e 43). 78 O Decreto Federal nº 92.964 de 21 de julho de 1986 apresenta valores diferentes dos apresentados pelo Plano de Manejo no que tange às áreas emersas conforme segue: área total aproximada de 43,25 há, sendo 2,25ha para a Ilha de Peruíbe, 23ha para a Ilha de Cambriú, 6ha para Ilha do Castilho e 12ha para o conjunto Ilha Queimada Pequena/Ilhota das Gaivotas (ICMBIO, 2008). 79 Importante mencionar que a Ilha Queimada Pequena também está inserida na ARIE das Ilhas Queimada Grande e Queimada Pequena (informações detalhadas sobre esta unidade de conservação podem ser encontradas no relatório municipal de Itanhaém) e, ainda, é abrangida pela Área de Proteção Ambiental Cananéia-Iguape-Peruibe. Ademais, A Ilha Queimada Pequena e a Ilha de Peruíbe são abarcadas pela APA Estadual Marinha do Litoral Centro e, ainda, são tombadas como Patrimônio Natural pelo Condephaat (Resoluções SC n° 40/85 e 08/1994). 261 Foto 7.8.1 – Estação Ecológica de Tupiniquins no Município de Peruíbe Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2011. Foto 7.8.2 – Ilha Queimada Pequena e Ilhota das Gaivotas Fonte: ICMBIO, 2008. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Foto 7.8.3 – Ilha de Peruíbe mês 2012 Fonte: ICMBIO, 2008. a. Fauna e flora insular A Ilha Queimada Pequena apresenta vegetação arbustiva-arbórea de Floresta Ombrófila Densa secundária e vegetação pioneira com influência marinha (costão rochoso) e campo antrópico. A sua vegetação apresenta-se bastante alterada em virtude de esta ter sofrido alterações no passado devido a três fatores que incluem o uso de fogo por pescadores, o cultivo de mandioca Manihot esculenta e, também, a invasão da trepadeira Cissampelos andromorpha. Assim, cerca de metade deste ambiente insular encontra-se bastante degradado no que tange as suas características originais (CAMPOS et alii., 2004 apud. ICMBIO, 2008).80 Quanto à ilha de Peruíbe, esta apresenta vegetação de Floresta Ombrófila Densa secundária com baixa riqueza de espécies arbóreas (14 espécies) e formação de vegetação pioneira de influência marinha. A área com fisionomia florestal apresenta-se muito degradada, com indícios de corte de árvores para acampamento e trilhas de acesso, fogo recente, e grandes clareiras naturais. O dossel é aberto, com indivíduos emergentes de pau-d'álho, embaúbas e jerivás, algumas trepadeiras como Pereskia aculeata (ora-pro-nobis, Cactaceae), e herbáceas como 80 As espécies arbustivo-arbóreas encontradas nesse ambiente foram a palmeira Jerivá Syagrus romanzoffiana (Arecaceae), aroeiravermelha Schinus terebinthifolius (Anacardiaceae), figueira Ficus luschnathiana (Moraceae), capororoca-branca Rapanea guianensis (Myrsinaceae), quixabeira Sideroxylon obtusifolium (Sapotaceae) e jasmim Rudgea jasminoides (Rubiaceae). As espécies presentes na vegetação de costão rochoso foram o gravatá Bromelia antiacantha, feijão-da-praia Canavalia rosea, Capparis declinata, erva-baleeira Cordia curassavica entre outras (ICMBIO, 2008. P. 128). 263 Plumbago scandens (Plumbaginaceae), Bomarea edulis (Alstroemeriaceae) e Maranta divaricata (Marantaceae) (ICMBIO, 2008). No que tange a avifauna, tanto a Ilha Queimada Pequena como a Ilha de Peruíbe são áreas de repouso e migração de aves e abrigam colônias reprodutivas de aves marinhas. Na Ilha Queimada Pequena foram registrados cerca de 30 passeriformes diferentes, e a espécie falcão peregrino. Ademais, também é área de nidificação de Larus e do gênero Sterna (ICMBIO, 2008). Provavelmente devido a maior proximidade com o continente e da área de mata ali existente, a Ilha de Peruíbe apresenta grande variedade de passeriformes. Ademais, no costão rochoso da Ilha de Peruíbe, com aproximadamente 1,27 ha, ocorre pouso de aves migratórias, incluindo trinta-réis-real (Thalasseus maximus), falcão-peregrino (Falco peregrinus) e piru-piru (Haematophus palliatus). Esta Ilha também é área de nidificação da espécie gaivotão Larus dominicanus (ICMBIO, 2008). b. Fauna e flora marinha A fauna e flora marinha existente no entorno das ilhas pertencentes a esta unidade de conservação possuem grande diversidade e incluem diversas espécies de algas marinhas, bem como peixes recifais e invertebrados, podendo ser encontrados cetáceos e tartarugas marinhas. Na Ilha Queimada Pequena, além de diversas espécies de peixes, pertencentes a diversas famílias, já foram registradas ocorrências de tartaruga-verde (Chelonia mydas Linnaeus) e de tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata Linnaeus). Além disso, também ocorrem muitas algas de importância econômica e ecológica, podendose destacar as algas produtoras de importantes produtos naturais como as dos gêneros Sargassum e Hypnea. As algas pardas Dictyota e Dictyopteris também são conhecidas por apresentarem defesa química contra a herbivoria, demonstrando importante função ecológica no ecossistema. O gênero Sargassum, além de produtor de alginato, pode formar densos bancos no infralitoral de costões rochosos, podendo representar a alga mais importante em termos de abundância no ecossistema, além de representar abrigo, local de desova e substrato para o desenvolvimento de diversas espécies de algas e outros organismos (SZÉCHY & PAULA, 2000 apud. ICMBIO, 2008, p. 137). Além da expressiva cobertura de algas, o substrato desta Ilha também é recoberto por uma grande diversidade de animais, incluindo esponjas, zoantídeos, corais (incluindo Coral-cérebro), octocorais, lírios-do-mar, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar e pepinos-do-mar. Também cumpre mencionar a existência de grupos importantes no ambiente recifal como anêmonas, moluscos, poliquetos e crustáceos (ICMBIO, 2008). Já, no caso da Ilha de Peruíbe, a baixa visibilidade da água (em média 5 m) devido a grande carga de sedimentos provenientes da barra do Rio Guaraú não torna a Ilha atrativa para a realização de pesquisas científicas e, portanto, o conhecimento sobre a fauna e flora marinha local pode ser considerado nulo. c. Impactos sobre a biodiversidade No que tange aos impactos sobre a biodiversidade cumpre mencionar que há pressão de pesca no entorno das ilhas nas modalidades amadora (pesca de linha), profissional (pesca de linha, corrico e espinhel) e caça submarina por operadoras e embarcações de Peruíbe, Itanhaém e Santos. Importante observar que a pesca na área da Estação Ecológica é proibida (ICMBIO, 2008). Ademais, cumpre salientar que há registros de desembarque, que são proibidos, e acampamentos de pescadores no Ilhote das Gaivotas (adjacente à Ilha Queimada Pequena e pertencente a esta ARIE), bem como na Ilha de [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Peruíbe. Apesar de não haver registro recente (últimos dez anos) de incêndio na Ilha Queimada Pequena, foram encontrados restos de fogueiras de pescadores na ilha Queimada Pequena (ICMBIO, 2008). 81, 82 Quanto às espécies animais exóticas cumpre registrar a necessária adoção de medidas de forma a erradicar presença maciça e crescente do caramujo terrestre Achatina fullica introduzido mês na 2012Ilha de Peruíbe (ICMBIO, 2008). d. Plano de Manejo A ESEC de Tupiniquins possui um Plano de Manejo elaborado pelo ICMBIO em 2008. Este documento técnico, além de realizar um diagnóstico dos meios físico biótico e socioeconômico inerentes a esta unidade de conservação, também estabeleceu o seu zoneamento (incluindo a zona de amortecimento), as normas gerais a serem obedecidas, um planejamento por área de atuação, as ações gerenciais gerais necessárias, bem como a identificação das deficiências existentes e das ações necessárias para a plena implementação desta área protegida. Ademais, também foram estabelecidas as estratégias internas e externas por programas temáticos e um cronograma de implantação do Plano de Manejo com estimativa de custos. Normas gerais da ESEC de Tupiniquins A seguir apresentam-se as normas gerais da Estação Ecológica de Tupiniquins estabelecidas pelo Plano de Manejo de forma a estabelecer procedimentos gerais a serem adotados visando cumprir com os objetivos de proteção ambiental que ensejaram a sua criação (ICMBIO, 2008): Nenhuma atividade humana poderá comprometer a integridade da Estação Ecológica e da biodiversidade dos ecossistemas nela inseridos. São proibidas na Estação quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com seus objetivos, deste Plano de Manejo e seus regulamentos. Qualquer tipo de acesso e utilização das áreas da Estação será obrigatoriamente agendado com a administração. É proibida a vinculação da imagem da Estação Ecológica a qualquer manifestação de caráter políticopartidário ou manifestações religiosas. Todas as intervenções antrópicas devem levar em conta a adoção de alternativas de baixo impacto ambiental. 81 Por terem função como abrigo para embarcações e atracadouros em dias de mar agitado, as ilhas são importantes para apoio aos pescadores e navegadores em passagem pelo mar no litoral sul do Estado de São Paulo (ICMBIO, 2008, p.117). 82 O fogo é uma das maiores ameaças à biota das ilhas, e as fogueiras representam um grande risco, uma vez que a vegetação das áreas mais planas caracteriza-se como rasteira e com grande potencial combustível. Os incêndios eram comuns nas ilhas no passado para limpar a área para roçados e eliminar possíveis animais peçonhentos, fato que atribuiu o nome de Queimada Pequena e Queimada Grande as duas ilhas em frente à Itanhaém. Na Queimada Pequena fogo para roça foi feito até a década de 1970 por um morador de Peruíbe que plantava mandioca ali. (ICMBIO, 2008, p.180). 265 O mergulho submarino só será permitido para fins de pesquisa, inclusive na Zona Primitiva, mediante autorização da administração da UC. É proibida a construção de quaisquer edificações, facilitadores de acessos e outras infraestruturas não previstas neste plano de manejo, exceto aquelas emergenciais com a finalidade de proteção da UC. As infraestruturas a serem instaladas nas ilhas que compõem a Estação Ecológica limitar-se-ão àquelas necessárias para o seu manejo e proteção em conformidade com este plano de manejo. Não será permitido o tráfego de embarcações não autorizadas, com exceção daquelas necessárias para rotinas de patrulhamento, salvamento e/ou emergência. O fundeio de embarcações, além daquelas previamente autorizadas, só será permitido em situações de mau tempo, avarias na embarcação e outras situações de emergência, nos locais preestabelecidos pelo zoneamento. É proibido o tráfego de embarcações em condições precárias de conservação e com motores abertos e mal regulados (produzindo excesso de fumaça, derramando excessiva quantidade de óleo na água, com excesso de ruído). Buzinas e outros sinais sonoros de advertência só serão permitidos em situações de emergência. As trilhas e vias de acesso terrestre e marinho, identificadas neste plano de manejo, não poderão ser alteradas, salvo em casos excepcionais quando de interesse da unidade de conservação, após estudos específicos e justificativa técnica. Além das Zonas de Uso Especial, quando necessário, o desembarque e o deslocamento poderão ser realizados pelo costão rochoso, mesmo aquele localizado em Zona Primitiva. São proibidas todas as atividades pesqueiras, pesca subaquática a coleta e a apanha de espécimes da fauna e da flora, em todas as zonas de manejo, ressalvadas aquelas que objetivem o manejo de espécies exóticas e aquelas com finalidades científicas devidamente autorizadas. O horário de atendimento ao público, na sede da Estação Ecológica será de 08:00 às 17:00h, com horário de almoço das 12:00 às 13:00h. Em caso de emergências ambientais (resgate e salvamento, combate a incêndios, derramamento de poluentes e casos similares) os servidores e prestadores de serviço poderão ser convocados em caráter extraordinário para auxiliarem no trabalho. Os funcionários de empresas prestadoras dos serviços de terceirização e aqueles contratados temporariamente pelo ICMBio para prestação de serviços na Estação Ecológica estarão sujeitas as normas da UC. Zoneamento da ESEC de Tupiniquins O zoneamento da Estação Ecológica dos Tupiniquins foi realizado considerando descontinuidade da unidade de conservação e as especificidades das ilhas. Para cada ilha, foi definido o zoneamento, seus objetivos gerais e específicos e as normas. De modo geral, foram identificadas três categorias de zoneamento comuns para todas as ilhas, sendo estas a Zona Primitiva, de Recuperação e de Uso Especial, e apenas para as Ilhas do Cambriú e Peruíbe foram identificadas Zona de Uso Conflitante. Para a Ilha do Castilho, foi identificada uma Zona de Uso Extensivo (ICMBIO, 2008, p 199). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Quadro 7.8.1 – Zonas definidas para o zoneamento da ESEC de Tupiniquins Zona de Interferência Experimental Tem por objetivo o desenvolvimento de pesquisas comparativas em áreas preservadas nas estações ecológicas, correspondendo ao máximo de três por cento da área total da unidade, estando limitada até um mil e quinhentos hectares. Nesse plano de manejo, essamês zona não foi identificada, pois não 2012 se tem conhecimentos suficientes que embasassem com segurança a identificação desta zona na ESEC dos Tupiniquins. Zona Primitiva Caracteriza-se pela baixa intervenção humana, contendo espécies da flora e da fauna ou fenômenos naturais de grande valor científico, na qual o objetivo geral do manejo é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar as atividades de pesquisa científica e educação ambiental. Zona de Recuperação é aquela que contêm áreas consideravelmente antropizadas ou onde se caracterizem populações significativas de espécies exóticas invasoras e que necessitem de ações específicas de erradicação ou manejo do ambiente ou das espécies. É uma zona provisória, que, uma vez restaurada, será incorporada novamente a uma das zonas permanentes. Zona de Uso Especial É aquela que contêm as áreas necessárias à proteção e manejo da Unidade de Conservação. No caso da Estação Ecológica dos Tupiniquins considerou-se, entre outras atividades, à manutenção de áreas de fundeio das embarcações da unidade ou a serviço dela, desembarques e manutenção da sinalização. Zona de Uso Extensivo É aquela constituída em sua maior parte por áreas naturais, podendo apresentar algumas alterações humanas, permitindo-se atividades de manejo e manutenção com mínimo impacto ambiental, além do acesso ao público com fins educativos e recreativos. Especificamente para a ESEC dos Tupiniquins, esta zona ficou restrita a observação contemplativa de aves insulares através da realização de eventos esporádicos à Ilha do Castilho organizados pela própria unidade. Zona de Uso Conflitante Constituem-se em espaços localizados no interior da unidade de conservação, cujos usos e finalidades, estabelecidos antes da criação da mesma, conflitam com os objetivos de conservação da área protegida. No caso da ESEC dos Tupiniquins, foram enquadradas nesta zona as áreas de navegação e fundeio de embarcações. A Zona de Amortecimento deverá ser efetivada por meio de um instrumento legal, posteriormente. Objetivo Geral: Reduzir o impacto das atividades antrópicas sobre a ESEC. Objetivos Específicos: Zona de Amortecimento Orientar o uso da área próxima a ESEC, objetivando minimizar o impacto das atividades potencialmente impactantes que ameaçam a integridade da unidade de conservação. Assegurar a manutenção dos corredores naturais entre a ESEC e outras áreas marinhas. Disciplinar as atividades produtivas, evitando práticas predatórias e estimulando o uso de técnicas sustentáveis. Participar dos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto na Zona de Amortecimento. Fonte: ICMBIO, 2008. A seguir os quadros 7.8.2 a 7.8.6 e as figuras 7.8.1 a 7.8.3 trazem uma síntese do zoneamento da ESEC de Tupiniquins e os mapas com a especialização das respectivas zonas. 267 Quadro 7.8.2 – Síntese do Zoneamento da porção insular da Ilha Queimada Pequena, Ilhota das Gaivotas e Parcel Noite Escura Fonte: ICMBIO, 2008. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Quadro 7.8.3 – Síntese do Zoneamento da porção marinha da Ilha Queimada Pequena, Ilhota das Gaivotas e Parcel Noite Escura mês 2012 Fonte: ICMBIO, 2008. 269 Figura 7.8.1 - Mapa de zoneamento da Ilha Queimada Pequena, Ilhota das Gaivotas e Parcel Noite Escura Fonte: ICMBIO, 2008. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Quadro 7.8.4 – Síntese do Zoneamento da porção insular da Ilha de Peruíbe mês 2012 Fonte: ICMBIO, 2008. 271 Quadro 7.8.5 – Síntese do Zoneamento da porção marinha da Ilha de Peruíbe Fonte: ICMBIO, 2008. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Figura 7.8.2 - Mapa de Zoneamento da Ilha de Peruíbe mês 2012 Fonte: ICMBIO, 2008. 273 Quadro 7.8.6 – Critérios adotados para delimitação e regras propostas para a zona de amortecimento da ESEC Tupiniquins Proximidade das ilhas do entorno, considerando o conceito de continuum ecológico, especialmente relacionado às aves marinhas insulares, peixes recifais e elasmobrânquios, invertebrados associados a costões rochosos. Área de pesca dos municípios de Peruíbe e Itanhaém. Critérios Ocorrência do manguezal do Rio Itanhaém. adotados Ocorrência do último remanescente de restinga do Estado de São Paulo, com presença de espécies raras e ameaçadas. (Peruíbe) Ocorrência de área de pouso e forrageamento de aves migratórias (praia de Piaçaguera). Influência do aporte de água doce do Rio Guaraú sobre a Ilha de Peruíbe. Unidades de Conservação próximas, nos ambientes costeiro e marinho. Promover o cumprimento das legislações ambientais vigentes para a zona de amortecimento. O licenciamento de atividades potencialmente impactantes ao meio ambiente ou poluidoras deverá ser precedido de anuência prévia do órgão gestor da Estação Ecológica, ouvida a administração da unidade de conservação. Na anuência para o licenciamento de novos empreendimentos na ZA deverá ser considerado o grau de comprometimento da conectividade dos fragmentos de vegetação nativa. Os empreendimentos já existentes deverão buscar a regularização de suas atividades junto ao órgão licenciador. O estabelecimento de novos loteamentos e regularização daqueles já existentes e não regularizados, deverão ser precedidos de estudos sobre ocorrência de sítios reprodutivos e áreas de forrageamento de espécies raras, endêmicas e ameaçadas. Normas Os projetos de loteamentos deverão contemplar soluções que assegurem a manutenção e preservação das espécies e dos ecossistemas frágeis identificados em estudos prévios. A averbação das áreas de reserva legal e o estabelecimento de áreas verdes deverá ocorrer preferencialmente em áreas adjacentes a fragmentos florestais, Unidades de Conservação e Áreas de Preservação Permanente orientadas para a formação de corredores ecológicos. Na anuência para empreendimentos de significativo impacto na ZA, deve-se exigir adequados sistemas de tratamento e disposição dos efluentes líquidos e dos resíduos sólidos e o não comprometimento dos cursos d água. As mesmas exigências devem ser feitas para os empreendimentos desta natureza já instalados na área. A introdução de espécies exóticas e alóctones para fins de cultivo e comercialização, reconhecidas cientificamente como contaminantes biológicos, dependerá de análise e autorização específica do ICMBio, ouvida a ESEC dos Tupiniquins, devendo ser considerada a lista destas espécies divulgada periodicamente pelos órgãos competentes. A piscicultura será permitida em uma distância além de 2,5 milhas náuticas das unidades insulares que compõem a Estação Ecológica mediante [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 licenciamento e anuência da unidade de conservação e do seu órgão gestor. A maricultura de pequeno e médio porte será assegurada como alternativa sustentável de geração de renda para pescadores tradicionais. Fica proibida a pesca de arrasto com a utilização de sistema de parelha de barcos, em qualquer modalidade, e a pesca com compressor de ar ou mês 2012 outro equipamento de sustentação artificial. É proibida a captura de sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) para pesca de atuns e afins. Fica proibida a disposição final de lixo e resíduos químicos de qualquer natureza na Zona de Amortecimento, inclusive a deposição de bota-fora de dragagem. Fonte: ICMBIO, 2008. 275 Figura 7.8.3 - Proposta de Zona de Amortecimento do Setor Nordeste da Estação Ecológica dos Tupiniquins Fonte: ICMBIO, 2008. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 e. Conselho gestor Conforme a Portaria ICMBIO N° 59, de 15 de maio de 2012, o Conselho Gestor Consultivo da ESEC de Tupiniquins é formado por dois representantes (titular e suplente) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e por dois representantes, sendo um titular e um suplente, mês 2012 dos seguintes órgãos, entidades e organizações não governamentais: Superintendência Estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA no estado de São Paulo; Fundação Nacional do Índio – FUNAI/Coordenação Regional do Litoral Sudeste; Marinha do Brasil/Capitania dos Portos de São Paulo; Estação Ecológica Tupinambás; Universidade Estadual Paulista - UNESP/Campus Experimental do Litoral Paulista; Polícia Militar do Estado de São Paulo - Batalhão de Polícia Ambiental; Centro Paula Souza/ETEC Itanhaém/SP; Parque Estadual Serra do Mar - PESM/Núcleo Curucutu; APA Marinha Litoral Centro – APAMLC / Fundação Florestal; Instituto Vital Brazil; Instituto Ernesto Zwarg - IEZ; Câmara dos Vereadores de Itanhaém/SP; Prefeitura Municipal de Itanhaém/SP; Prefeitura Municipal de Cananéia/SP; Entidade Ecológica dos Surfistas - Ecosurfi; Colônia de Pescadores Z-13 - José de Anchieta de Itanhaém/SP (titular); Marina De-Paula LTDA - Marina Maitá (suplente); Colônia de Pescadores Z-9 – Cananéia / Apolinário de Araújo; Colônia de Pescadores Z – 5 / Júlio Conceição; Paróquia São João Batista - Diocese de Registro/SP; Projeto Boto-Cinza - Instituto de Pesquisa de Cananéia – IpeC (titular); Associação Bicho da Mata (suplente); Casa de Vital Brazil; ONG VIVAMAR (titular) e Empresa Barracuda Turismo (suplente); Associação dos Produtores Rurais da Microbacia Hidrográfica do Rio Branco, Pescadores Artesanais, Aquicultores e Indígenas de Itanhaém e Região - AMIBRA; Agência Nitro Imagens LTDA; 277 Terras Indígenas Piaçaguera/YWY PYAÙA – Aldeia Piaçaguera; Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado de São Paulo - SAPESP; Associação Comercial Itanhaém - ACAI; Estação Ambiental São Camilo - EASC; Aquário de Peruíbe/SP. O Conselho Consultivo é presidido pela bióloga Lúcia Guaraldo, chefe responsável institucional pela ESEC de Tupiniquins. f. Infraestrutura A ESEC de Tupiniquins possui uma sede localizada no Município de Itanhaém, onde ocupa um espaço cedido, formalizado em termo de compromisso, pela Fundação para Conservação e Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal) na sede do Núcleo Curucutu do Parque Estadual Serra do Mar (PESM). No mesmo local está lotada a sede da ARIE Queimada Pequena e Queimada Grande como forma de articular a maximização dos recursos, gestão administrativa e gestão das duas unidades de conservação. Entretanto, há a demanda de se instalar a sede definitiva da ESEC dos Tupiniquins em imóvel do ICMBio no município de Itanhaém. Existe também a necessidade de se construir um centro de visitantes, bem como de se instalar uma sede administrativa da ESEC no município de Cananéia. Já, nas ilhas, não há infraestrutura, havendo demandas para a instalação de placas indicativas e informativas, bem como de se implantar estruturas para fundeio das embarcações da ESEC ou a seu serviço, nas ilhas da Queimada Pequena, de Peruíbe e do Castilho (ICMBIO, 2008). g. Recursos humanos Atualmente, esta unidade de conservação conta com um analista ambiental chefe que orienta as atividades de vigilância, fiscalização e gestão. Para o desenvolvimento destas atividades, o mesmo conta com o apoio de dois analistas ambientais, sendo um dos servidores habilitado como fiscal, bem como com um terceirizado administrativo. Há demandas para a contratação de serviços de tripulantes para as embarcações, de três funcionários para atuar na parte administrativa e de serviço de vigilância patrimonial. h. Fiscalização O acesso às ilhas que compõe a ESEC de Tupiniquins é restrito ao ICMBio e à Marinha do Brasil, sendo o desembarque vedado. Ademais, a visitação turística e a pesca são atividades proibidas no setor marinho desta unidade de conservação. A fiscalização das ilhas que compõem a ESEC de Tupiniquins em Peruíbe é realizada de forma integrada com a ARIE das Ilhas Queima Grande e Queimada Pequena. Este tipo de ação normalmente inclui um agente da ESEC de Tupiniquin /ICMBio e dois agentes da Polícia Ambiental/SP, sendo necessário um apoio operacional de tripulação para a embarcação. Durante as ações de fiscalização são realizadas autuações a pescadores amadores e profissionais que pescam em áreas proibidas ou em períodos proibidos (defesos). Estas saídas para fiscalização são custeadas com recursos da ESEC dos Tupiniquins e de projetos patrocinados (ex. FNMA e PETROBRAS). Entretanto, há grande escontinuidade nos trabalhos de fiscalização integrados com outras instituições (Marinha do Brasil, Polícia Ambiental) por falta de instrumentos formais (ICMBIO, 2008). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Importa observar que existem deficiências estruturais e financeiras para o bom andamento do programa de fiscalização. Faz-se necessário uma maior disponibilização de recursos financeiros e humanos e existe uma grande demanda, não atendida, para a fiscalização da área marinha na região (defesos, arrasteiros, parelhas, caça submarina, Ilha da Queimada Grande, e mesmo ações complementares em UC marinhas vizinhas). Há também mêsvez 2012 uma grande dificuldade para manter a embarcação operante e tripulada, uma que o escritório do ICMBIO em Itanhaém não possui tripulação fixa para a embarcação, o que torna a equipe de fiscalização dependente de parceria com organizações não governamentais (ICMBIO, 2008). Ademais, também são realizadas saídas com sobrevoo de helicóptero para fiscalização da pesca de arrasto com parelhas custeadas pela Diretoria de Proteção Ambiental/IBAMA e APA/CIP, contando com pessoal do IBAMA/NOA, ESEC dos Tupiniquins e Policia Ambiental/SP. Entretanto, apesar de este tipo de fiscalização ser mais eficiente no registro e flagrante de embarcações arrasteiras pescando em áreas proibidas, estas são realizadas em pequeno número devido ao elevado custo (ICMBIO, 2008). Para fiscalização destas diretivas, a ESEC de Tupiniquins conta com o apoio de uma embarcação lancha cabinada CARBRASMAR 32 pés adquirida com recursos de patrocínio da PETROBRAS. Esta lancha conta com os equipamentos necessários para georreferenciamento, equipamentos de salvatagem, além de embarcação inflável e de apoio. Cumpre citar que uma única embarcação é inadequada para ações de fiscalização e insuficiente para atuar na fiscalização nos dois setores desta unidade de conservação. Ainda, não há automóvel adequado para apoio ao translado dos equipamentos necessários para a fiscalização no mar e, também não há equipamentos adequados de comunicação. Assim, são demandas importantes a serem atendidas a aquisição de uma embarcação para fiscalização e apoio à pesquisa equipada com radar, rádio comunicação, farol localizador, estroboscópio, carregador de bateria, aparelho celular, reservatório de água e geladeira, bem como a aquisição de um bote inflável de apoio com motor de popa de 15 HP. Outras demandas são a necessária aquisição de equipamentos de medição dos parâmetros físico-químicos da água do mar (termômetros, salinômetos, disco de Secchi, oxímetro) e de dois veículos para atender as demandas atuais da unidade (ICMBIO, 2008). Concluindo, cumpre mencionar que há um baixo conhecimento sobre a existência da ESEC por parte da população do entorno que contribui para a ocorrência de ilegalidades. i. Pesquisa científica As ilhas da ESEC de Tupiniquins são um importante laboratório natural para estudos evolutivos e ecológicos. Apesar disso, não há um bom nível de conhecimento científico sobre meio biótico das mesmas. Assim, são poucas as pesquisas científicas desenvolvidas na área de influência da ESEC Tupiniquins e, mesmo considerando o fato de que esta unidade de conservação esta localizada em uma região que conta importantes universidades e instituições de pesquisa, não há vínculos formais com universidades para o desenvolvimento de programas de pesquisas dentro de seus domínios (ICMBIO, 2008). 279 As principais questões que contribuem para um baixo número de pesquisas científicas na área da ESEC Tupiniquis são: 83 Dificuldade de deslocamento dos pesquisadores as ilhas; Embarcação inadequada para apoio as atividades de pesquisa; Equipamentos insuficientes para apoio a realização de pesquisa no meio marinho; Pouco interesse das instituições de pesquisa em ecossistemas costeiros e marinhos; Custo elevado para a realização de pesquisas em ambientes marinhos; Desta forma, para o adequado desenvolvimento das linhas de pesquisa estabelecidas pelo Plano de Manejo e a consequente ampliação do conhecimento científico na região, entede-se ser necessário articular parcerias com as instituições de pesquisas locais, nacionais e internacionais e, também, elaborar projetos em parceria para levantar recursos financeiros, junto a instituições fomentadoras e financiadoras de pesquisas nacionais e internacionais. Além disso, devem-se adquirir equipamentos apropriados para apoio a realização de pesquisa no meio marinho (ICMBIO, 2008). Importante mencionar que o Plano de Manejo da ESEC Tupiniquins considera ser necessário incentivar o desenvolvimento das seguintes linhas de pesquisas (ICMBIO, 2008): Distribuição e ocorrência de mamíferos aquáticos; Deslocamento e bioecologia de tartarugas e aves marinhas; Bioecologia de elasmobrânquios e peixes recifais, com ênfase em serranídeos; Bioecologia de invertebrados marinhos; Estudo de biologia pesqueira; Estudos oceanográficos, abordando os aspectos geológicos, biológicos, físicos, geomorfológicos e químicos; Identificação de alternativas de renda para pescadores da região da UC. Incentivar e apoiar a realização de pesquisas em áreas prioritárias. j. PAN Insulares 83 Considerando o horizonte temporal de 1999 a 2007, foram autorizados e desenvolvidos na área de abrangência da ESEC Tupiniquins 10 projetos de pesquisas, sendo três direcionados às aves marinhas, dois relativos à peixes e somente um para as áreas de moluscos, bentos, flora, anfíbios e arqueologia (ICMBIO, 2008, p. 182). A ESEC dos Tupiniquins possui no seu quadro funcional um pesquisador atuante, com projetos de pesquisas licenciados (ICMBIO, 2008, p. 182). Cumpre mencionar que devido à continuidade das pesquisas desenvolvidas pelo Projeto Aves Marinhas Insulares de São Paulo as informações científicas sobre aves marinhas prevalecem sobre as demais áreas do conhecimento referentes à ESEC dos Tupiniquins, incluída ai a Ilha Queimada Pequena (ICMBIO, 2008). O Instituto Butantã realiza pesquisa com serpentes na Ilha Queimada Grande desde 1911. No ano de 2003 foi celebrada uma parceria informal com o Instituto Butantã e o Instituto de Biologia da Universidade de São Paulo para a realização de 10 expedições para o levantamento de informações para a realização do Seminário para Discussão da Recategorização da ARIE da Ilha da Queimada Grande e Queimada Pequena (ICMBIO, 2008). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Considerando a importância biológica da herpetofauna insular brasileira, o ICMBIO (Instituto Chico Mendes), tendo como suporte legal a portaria conjunta 316/2009 MMA/ICMBio, pactuou o PAN Insulares (Plano de Ação Nacional para a Conservação da Herpetofauna Insular Ameaçada de Extinção). Este Plano tem como objetivo estabelecer medidas para a proteção e a recuperação do ambiente e das espécies de répteis e anfíbios mês 2012 ameaçados de extinção, com ênfase nas espécies endêmicas das ilhas marinhas do Arquipélago dos Alcatrazes e da Ilha de Queimada Grande. O PAN Insulares é composto por objetivo e 11 metas, cuja previsão de implementação está estabelecida em um prazo de cinco anos, com validade até dezembro de 2015, com supervisão e monitoria anual do processo de implementação (ICMBIO, 2011). A seguir, o quadro 7.10 apresenta os principais problemas identificados pelo plano, bem como as principais metas e ações a serem implementadas até o ano de 2015. 281 Quadro 7.10 – Quadro síntese: Principais problemas, metas e ações identificados pelo PAN Insulares PROBLEMAS METAS AÇÕES Custo (R$) Quantificar, por meio de entrevistas com pescadores locais, o número de desembarques ilegais nas ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes (3.000,00); Instalar sistema remoto de vigilância nas ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes (400.000,00); Instalar sistema de vigilância por meio de armadilhas fotográficas na ilha de Queimada Grande (10.000,00); Efetuar gestão para que o “PREPS” (Sistema de rastreamento de embarcações pesqueiras por satélite) incorpore embarcações de menor calado no seu sistema de controle, na região do arquipélago dos Alcatrazes e da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (Não significante); Remoção ilegal de espécimes de anfíbios e répteis nas ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes, pelo tráfico e/ou biopirataria Redução significativa em cinco anos da remoção ilegal de espécimes de anfíbios e répteis nas ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes Implantar sistema de rádio VHF nas unidades de conservação: ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás, para uma melhor comunicação sobre ocorrência de ilícitos (4.000,00); 1.027.000,00 Fazer gestão para que o serviço de inteligência da Polícia Federal atue em questões de tráfico e biopirataria na região do arquipélago dos Alcatrazes e da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (Não significante); Elaborar e executar planos anuais de fiscalização na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (300.000,00); Elaborar e executar planos anuais de fiscalização na ESEC Tupinambás e no arquipélago dos Alcatrazes (300.000,00); Promover a integração permanente entre os órgãos fiscalizadores e a ESEC Tupinambás. Inadequação da categoria e dos limites das unidades ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande e ESEC Tupinambás [Digite texto] Recategorização da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Pequena para unidade de conservação de proteção integral e ampliação dos seus limites, com decreto publicado em dois anos Fazer gestão sobre processo de recategorização e ampliação da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (Não significante); Efetuar estudos complementares para subsidiar a redefinição da categoria da unidade ARIE Ilhas da Queimada 50.000,00 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Grande e Queimada Pequena e seus limites (50.000,00); Fazer gestão sobre processo de Criação do Parque Nacional Marinho do Arquipélago dos Alcatrazes. Não significante Inadequação da categoria e dos limites das unidades ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande e ESEC Tupinambás mês 2012 Criação do Parque Nacional Marinho do Arquipélago dos Alcatrazes, incluindo parte terrestre da Ilha dos Alcatrazes, com decreto publicado em dois anos Instituir o grupo de trabalho (GT), para recategorização da ESEC Tupinambás, acordado no Termo de Compromisso firmado entre o Ministério da Defesa e Ministério do Meio Ambiente, conforme disposto na alínea “g” da cláusula 5 do referido Termo (Não significante); 50.000,00 Efetuar estudos complementares para subsidiar a criação do Parque Nacional Marinho do Arquipélago dos Alcatrazes (50.000,00). Elaborar o plano de manejo da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (200.000,00); Elaborar o plano de manejo da ESEC Tupinambás (400.000,00); Falha na implementação das unidades de conservação ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande e ESEC Tupinambás Elaboração de protocolo específico de coleta, acondicionamento, conservação, transporte e destinação de material biológico (exemplares da herpetofauna ameaçada de extinção encontrados mortos, ou partes) endêmicos dos arquipélagos dos Alcatrazes e Queimada Grande (3.000,00); Unidades ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás, implementadas em cinco anos Prover a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e a ESEC Tupinambás de estrutura, material e meios para o acondicionamento e encaminhamento do material biológico (exemplares da herpetofauna ameaçada de extinção encontrados mortos, ou partes) (5.000,00); 3.708.000,00 Dotar as unidades ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás de recurso náutico e pessoal, para inspeções de rotina planejadas (3.000.000,00); Ação 3.1.6. Implantar uma base para pesquisadores (alojamento e laboratório) próxima às “ruínas dos Faroleiros”, na Ilha dos Alcatrazes (100.000,00). 283 Introdução de doenças nas unidades ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes Risco de introdução de doenças nas unidades de conservação ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e na Ilha dos Alcatrazes, minimizados em um ano Elaborar o protocolo sanitário de visitas na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes; Incorporar o protocolo sanitário de acesso as Ilhas, às normas da Marinha do Brasil (Ilha dos Alcatrazes), ao SISBIO e nos planos de manejo das unidades ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás (Não significante). 3.000,00 Realizar projetos para estimar a estrutura, dinâmica e tamanho da população de anfíbios, na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (250.000,00); Insuficiência de informações científicas sobre a ecologia, estrutura genética e populacional de répteis e anfíbios, e sobre o uso direto e indireto dos recursos naturais nas ilhas e do entorno Estudos detalhados sobre ecologia de populações de anfíbios, répteis e suas presas, realizados em cinco anos Realizar projetos para estimar a estrutura, dinâmica e tamanho da população de répteis, na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (250.000,00); 600.000,00 Estudar a genética das populações de anfíbios e répteis ameaçados na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (100.000,00). Delinear e implantar as trilhas de pesquisa na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (20.000,00); Definir o sistema amostral para monitoramento na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (10.000,00); Insuficiência de informações científicas sobre a ecologia, estrutura genética e populacional de répteis e anfíbios, e sobre o uso direto e indireto dos recursos naturais nas ilhas e do entorno Monitoramento das populações de anfíbios, répteis, recursos naturais associados e climáticos, realizados em cinco anos Executar estudos de monitoramento das espécies de répteis na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (250.000,00); Executar estudos de monitoramento das espécies de anfíbios na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena, ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (250.000,00); Executar estudos de monitoramento das espécies de tartarugas marinhas na região dos arquipélagos dos Alcatrazes e da Queimada Grande (100.000,00); Efetuar estudo de monitoramento de passeriformes na Ilha de Queimada Grande e Queimada Pequena (item alimentar [Digite texto] 1.110.000,00 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 da jararaca ilhoa) (50.000,00); Efetuar estudo de reprodução das espécies de aves marinhas no arquipélago dos Alcatrazes, com ênfase nas ameaçadas de extinção (200.000,00); mês 2012 Efetuar estudos de caracterização, classificação e mapeamento da vegetação em bases georreferenciadas do arquipélago dos Alcatrazes (50.000,00); Efetuar estudo de distribuição, densidade e mapeamento de Bromélias nas Ilhas dos Alcatrazes e Queimada Grande, (nicho da perereca de alcatrazes) (20.000,00); Levantamento do estado sanitário de anfíbios, répteis e aves na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (passeriformes), ESEC Tupinambás e Ilha dos Alcatrazes (aves marinhas) (50.000,00); Implantar estações meteorológicas remotas nas Ilhas Queimada Grande e dos Alcatrazes (100.000,00); Caracterizar as pescarias na região da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (10.000,00); Fazer gestão para a inserção na NORDINAVSAO no. 30-03ª, de 24/08/09, no item 4, da necessidade de autorização do ICMBio, para pesquisas na área Delta, mesmo que não vislumbrem acesso terrestre (Não significante); Fazer gestão sobre instituições de fomento, públicas e privadas, para financiar ações indicadas nesse PAN Não significante. Inexistência de populações ex situ geneticamente viáveis e saudáveis, das espécies de répteis e anfíbios endêmicos e ameaçados de extinção das ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes População ex situ geneticamente viável e saudável, das espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção de répteis das ilhas Queimada Grande e dos Alcatrazes, estabelecida em cinco anos Estabelecer criações ex situ piloto de Bothrops insularis e B. alcatraz (10.000,00); Estabelecer protocolos de manejo ex situ para Bothrops insularis e B. alcatraz (5.000,00); 265.000,00 Estabelecer populações ex situ viáveis de Bothrops insularis e B. alcatraz em criadouros legalizados na região sudeste do 285 Brasil 250.000,00. Estabelecer criação piloto das espécies de anfíbios aparentadas das ameaçadas de extinção e/ou endêmicos das Ilhas dos Alcatrazes e Queimada Grande (20.000,00); Inexistência de populações ex situ geneticamente viáveis e saudáveis, das espécies de répteis e anfíbios endêmicos e ameaçados de extinção das ilhas da Queimada Grande e dos Alcatrazes População ex situ geneticamente viável e saudável, das espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção de anfíbios dos arquipélagos de Queimada Grande e dos Alcatrazes, estabelecida em cinco anos Estabelecer protocolos de manejo ex situ para anfíbios ameaçados de extinção e/ou endêmicos dos Arquipélagos dos Alcatrazes e da Ilha de Queimada Grande, utilizando-se primeiramente de espécies aparentadas (5.000,00); Estabelecer criações ex situ piloto das espécies de anfíbios ameaçados de extinção e/ou endêmicos dos arquipélagos dos Alcatrazes e Queimada Grande (20.000,00); 85.000,00 Estabelecer populações ex situ viáveis de anfíbios endêmicos e/ou ameaçados de extinção dos Arquipélagos dos Alcatrazes e da Queimada Grande, em criadouros legalizados na região sudeste do Brasil (40.000,00). Perda e alteração de hábitats nativos no Arquipélago dos Alcatrazes e na ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Levantar e mapear as espécies vegetais exóticas invasoras na região do Arquipélago dos Alcatrazes e da Ilha da Queimada Grande (100.000,00); Projetos de recuperação de áreas degradadas, implantados em cinco anos Queimada Grande Elaborar e implantar o Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD no Arquipélago dos Alcatrazes e na ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena (Não estimado). 100.000,00 Criar um programa de Educação Ambiental que integre as diversas ações educativas, focando na preservação das espécies insulares ameaçadas de extinção e endêmicas (Não significante); Desinformação das comunidades e turistas a respeito da importância das unidades de conservação marinhas (ARIE Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande e ESEC Tupinambás) e das suas espécies endêmicas ameaçadas de extinção Programa de informação e educação ambiental elaborado e implantado em cinco anos Capacitar professores, guias turísticos e lideranças comunitárias da região em educação ambiental para a conservação do ambiente, tendo como norteadores os répteis e anfíbios (40.000,00); Incorporar na certificação ambiental das marinas dos municípios costeiros, o respeito às normas de acesso a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás (2.000,00); Construir um sítio eletrônico oficial específico para a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e outro [Digite texto] 142.000,00 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 para a ESEC Tupinambás (10.000,00); mês 2012 Elaborar e confeccionar material educacional para divulgação da ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás, e da fauna associada (40.000,00); Confeccionar e instalar placas informativas no litoral (locais estratégicos) sobre a ARIE Ilhas da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás e suas espécies ameaçadas (30.000,00); Instalar placas informativas sobre as normas das unidades de conservação, nos locais de acesso e de potencial desembarque nas ilhas da ARIE da Queimada Grande e Queimada Pequena e ESEC Tupinambás (20.000,00); Implementar o grupo de trabalho (GT) para acompanhar a execução do termo de compromisso (alínea “f” da cláusula quinta) (15.000,00); Elaborar e executar projetos de monitoramento das populações de espécies e dos hábitats nas áreas de tiro e no entorno, antes e após os exercícios de tiro (160.000,00); Degradação ambiental devido ao exercício de tiros executado pela Marinha do Brasil no Arquipélago dos Alcatrazes Termo de compromisso (711000/2008001/00) entre MMA e Ministério da Defesa, com interveniência do IBAMA, ICMBio e Comando da Marinha do Brasil, implementado em 5 anos Realizar estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental visando alternativas de raias de tiro (Não estimado); Adotar e avaliar as medidas de prevenção (aceiros) e combate a incêndio antes, durante e após cada exercício de tiro na enseada do Saco do Funil (alínea “c” da cláusula sétima) (Não estimado); 175.000,00 Remover os projéteis e fragmentos de material bélico encontrados em terra após o exercício de tiro (alínea “d” da cláusula sétima) (Não estimado); Reestudar a possibilidade de substituição dos atuais alvos, empregados para aferimento inicial dos armamentos, por alvos artificiais (alínea “b” da cláusula sétima) (Não 287 estimado); Fazer gestão para normatização do período dos exercícios de tiro, dentro da estação de menor nidificação das aves marinhas e quando a vegetação rasteira está verde (novembro a abril) (Não significante). Total Geral [Digite texto] 7.315.000,00 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 k. Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar (PP-APD) Os PP-APD (Petrechos de Pesca Perdidos, Abandonados ou Descartados) são objetos de pesca perdidos, abandonados ou descartados pelas embarcações e que são responsáveis por graves impactos ambientais negativos para a fauna marinha (SMA, 2012). São exemplos de PP-APD fragmentos mês 2012de redes, cabos, anzóis, chumbadas e armadilhas que capturam espécies da fauna marinha causando a morte das mesas (CASARINI, 2011). Em função dos malefícios causados por estes objetos foi desenvolvido o Projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, que é uma parceria do Instituto de Pesca com a Fundação Florestal. Este Projeto envolve a adoção do método Blue Line System, que inclui campanhas denominadas Dive Clean, que ocorrem principalmente nas áreas do Parque Estadual Marinho Laje de Santos e do Parque Estadual Xixová Japuí e, também, tem por objetivo avaliar, através de pesquisa científica, a magnitude dos impactos gerados pelo PPAPD ao ambiente marinho e as prováveis origens destes objetos. Segundo Casarini (2011, p. 12), o método Blue Line System possui uma fase preventiva e outra mitigadora. A primeira fase incentiva a responsabilidade socioambiental, desde os setores de fabricação e comercialização até os pescadores (consumidores), para se evitar a perda de petrechos de pesca no mar. A segunda fase é mitigadora e percorre o caminho inverso da anterior, ou seja, com o PP-APD no oceano, através do recolhimento, pesquisa científica (para se conhecer as modalidades de pesca empreendidas ilegalmente, os petrechos utilizados pelos pescadores e, também, para ajudar a planejar medidas de mitigação e prevenção) e destinação adequada. Quanto às campanhas denominadas Dive Clean, estas são eventos pontuais onde parceiros e colaboradores se mobilizam com as embarcações em algumas datas do ano para recolher os PP-APD em determinadas áreas submersas das Unidades de Conservação. Esses materiais também são mapeados e coletados durante as atividades de rotina pelos monitores ambientais que acompanham as operadoras de mergulho no PEMLS. Todo material recolhido recebe um lacre e fica depositado temporariamente no local denominado Ecoponto para análise, descaracterização e a seguir destinado à reciclagem, isso garante que os PP-APD recolhidos do ambiente marinho não retornem novamente ao mar (CASARINI, 2011, p. 12). Dentre os participantes e colaboradores da campanha Dive Clean estão: Fundação Florestal; Instituto de Pesca; 7º Grupamento de Bombeiros do Guarujá; AOM (Associação das Operadores de Mergulho); Instituto Laje Viva – ILV; Diver’s University; Operadoras de Mergulho: Pé de Pato, Orion Dive, Cachalote, Nautilus e Anekim; Nutecmar; Monitores Ambientais do PEMLS; Oceano Brasil; Revista Mergulho; 289 Estaleiro Arthmarine; Estaleiro Force One; GREMAR; Iate Clube de Santos. Segundo Casarini (2011, p. 12), até o ano de 2011 já foram removidos aproximadamente uma tonelada de PPAPD em 4 campanhas Dive Clean dentro das Unidades de Conservação (UC) de proteção integral, onde a pesca é proibida, sendo duas no Parque Estadual Marinho Laje de Santos (PEMLS), uma no Parque Estadual Xixová-Japuí (PEXJ) e uma na Estação Ecológica Tupinambás (ESEC Tupinambás). A primeira campanha no PEMLS retirou cerca de 350 kg de petrechos de pesca em área que corresponde apenas 0,36% da área do Parque (5.000 ha). Em operações de rotina no PEMLS, onde os monitores ambientais recolhem PP-APD durante as operações de mergulho aos finais de semanas, foram retirados até agora cerca de 200 kg de materiais. Importante observar que a campanha Dive Clean foi empreendida pela primeira vez na Ilha Queimada Pequena entre os dias 2 e 4 de abril de 2012. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Quadro 7.11 – Quadro síntese: situação atual, demandas e pontos críticos em conformidade com as diretrizes estabelecidas pela PNB e pelo PNAP Eixo Planejamento, fortalecimento e gestão Eixo Governança, participação, equidade e repartição de custos e benefícios Capacidade institucional Avaliação e monitoramento SITUAÇÃO ATUAL DEMANDAS E PONTOS CRÍTICOS Conselho gestor paritário, criado e em funcionamento; Elaboração do plano de manejo; mês 2012 Articulação das ações das três esferas de governo e segmentos da sociedade; Criar um programa específico para o monitoramento e controle de espécies exóticas; Apoiar à implementação de um sistema de fiscalização e controle efetivo; Dotar a ESEC de um número adequado de funcionários e de embarcações, automóveis e equipamentos adequados para atuar e apoiar na fiscalização. Capacitação dos técnicos e comunidades locais (gestão de conflitos e programas de proteção); A pesca ilegal está diminuindo os estoques pesqueiros. Ações de fiscalização baseadas em patrulhamento integrado e em uma rotina de fiscalização que tem se provado insuficiente para lidar com o problema da pesca ilegal e da biopirataria; Melhorar o nível de conhecimento científico sobre o ecossistema da ARIE como suporte a tomada de decisão. Criar instrumento de avaliação da eficácia e eficiência das ações voltadas para o cumprimento dos objetivos a serem estabelecidos no Plano de Manejo. Implantar e fortalecer sistema de indicadores para monitoramento permanente da biodiversidade, especialmente de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção; Incluir a temática da ESEC Tupiniquins nos trabalhos de educação ambiental das escolas; Ampliar o número de materiais didáticos sobre a problemática que envolve a ESEC Tupiniquins. Ampliar as ações e o efetivo de fiscalização e articular as ações dos diversos órgãos fiscalizadores; Apoiar a estruturação e atuação integrada dos órgãos fiscalizadores; Promover cursos de capacitação de gestores, técnicos e comunidades locais voltados para questões administrativas, apoio a pesquisa, gestão de conflitos e futuros programas de proteção; Estimular o desenvolvimento e utilização de tecnologias para a gestão, monitoramento e fiscalização, garantindo a capacitação para seu uso; Apoiar as diretrizes gerais de pesquisa prioritárias de pesquisa estabelecidas no Plano de Manejo no sentido de preencher lacunas cientificas necessárias à boa gestão desta Unidade de Conservação; Estimular estudos científicos e o desenvolvimento de tecnologias, visando à interação de estratégias de conservação in situ e ex situ, para a proteção e reabilitação de espécies ameaçadas de extinção; Sistematizar as pesquisas já produzidas de forma a gerar subsídios para a gestão da ESEC Tupiniquins, bem como direcionar os novos trabalhos científicos e projetos no sentido de atender as demandas voltadas para um bom manejo desta unidade de conservação; Implementar avaliações da efetividade, eficácia e eficiência da gestão da ESEC Tupiniquins; Estabelecer e implementar procedimentos de avaliação contínua das tendências para a ESEC Tupiniquins; Identificar indicadores e estabelecer os protocolos para monitoramento do cumprimento dos objetivos da ESEC Tupiniquins. 291 7.9. Ocupação urbana em Áreas de Preservação Permanente 84 Esta seção tem por finalidade apresentar uma estimativa da ocupação urbana das áreas de preservação permanente definidas nos incisos I, V e VI do artigo 4° do Novo Código Florestal para o Município de Itanhaém. Esta avaliação foi realizada tendo como plataforma de trabalho o software de geoprocessamento Arcgis 10. Foram importados para esta plataforma de trabalho: 85 Mosaico de imagens TOPODATA / SRTM para delimitação das áreas de preservação permanente com declividade superior a 45°; 86 Hidrografia digitalizada a partir de imagens de alta resolução do satélite GEOYE reamostradas para resolução espacial de 15 metros, as quais se aplicaram polígonos com a delimitação das áreas de preservação permanente de margem de rio; Mancha urbana do Município de Itanhaém para o ano de 2011 (delimitada a partir de imagens TM do satélite Landsat 5). Após, através de técnicas de geoprocessamento, promoveu-se o cruzamento destes polígonos (margem de rio e declividade) definidos como áreas de preservação permanente pelo art. 4° do Novo Código Florestal (Lei Federal de 12.651/2012) com o polígono da mancha urbana. O cruzamento destas informações espaciais forneceu um mapeamento estimativo da ocupação urbana das áreas de preservação permanente e uma posterior quantificação dos resultados obtidos por tipo de APP, fornecendo subsídios para uma avaliação desta problemática no Município de Peruíbe. 7.9.1. Aspectos conceituais As Áreas de Preservação Permanente (APP) são conceituadas pelo Novo Código Florestal (Lei Federal 12.651/2012) como área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Art. 3º, inc. II). Para Milaré (2000), a Área de Preservação Permanente consiste em uma faixa de vegetação estabelecida em razão da topografia ou do relevo, geralmente ao longo dos cursos d’água, nascentes, reservatórios e em topos e encostas de morros, destinadas à manutenção da qualidade do solo, das águas e também para funcionar como corredores de fauna. Existem duas espécies de APP definidas pelo Código Florestal: as pré-constituídas (art. 4°) e as declaradas por ato do Chefe do Poder Executivo (art. 6°). São consideradas Áreas de Preservação Permanente do art. 4º do Novo Código Florestal as florestas e demais formas de vegetação delimitadas dentro dos seguintes aspectos geomorfológicos: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: 84 A metodologia utilizada para estimar a ocupação urbana de áreas de preservação permanente em Peruíbe é descrita de forma detalhada no anexo metodológico deste relatório. 85 Excetuou-se desta análise as áreas de preservação permanente referentes aos topos de morro e nascentes devido a ausência de ocupações urbanas significativas para esta feições topográficas no Município de Peruíbe. 86 http://www.dsr.inpe.br/topodata/documentos.php [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham demês 502012 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento, observado o disposto nos §§ 1° e 2°; IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água, qualquer que seja a sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado. § 1o Não se aplica o previsto no inciso III nos casos em que os reservatórios artificiais de água não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água. § 2o No entorno dos reservatórios artificiais situados em áreas rurais com até 20 (vinte) hectares de superfície, a área de preservação permanente terá, no mínimo, 15 (quinze) metros. 293 É importante salientar que o Chefe do Poder Executivo pode, através de um ato declaratório de interesse social, qualificar uma área não prevista no rol do art. 4º do Novo Código Florestal como de preservação permanente quando esta área for importante para (art. 6° do Novo Código Florestal): I - Proteger as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - Proteger as restingas ou veredas; III - Proteger várzeas; IV - Abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - Proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - Formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - Assegurar condições de bem-estar público; VIII - Auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares; IX - Proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. 87 Contudo, para os casos previstos no art. 6°, o Poder Público deve indenizar o proprietário que esteja desenvolvendo atividades econômicas na área objeto do ato de criação da APP (indenização sobre o investimento realizado e o lucro cessante). Em regra, não é permitido qualquer tipo de supressão de vegetação ou utilização econômica direta das Áreas de Preservação Permanente. Todavia, o art. 8º do Novo Código Florestal permite a supressão de vegetação ou a intervenção em Áreas de Preservação Permanente nos casos de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental. O quadro 7.9.1.1 traz as atividades consideradas de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental segundo o Novo Código Florestal. 87 A Constituição do Estado de São Paulo considera de proteção permanente os manguezais; as nascentes, os mananciais e matas ciliares; as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e da flora, bem como aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de migratórios; as áreas estuarinas; as paisagens notáveis; as cavidades naturais subterrâneas (art. 197 e incisos). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Quadro 7.9.1.1 – Possibilidades de intervenção em Áreas de Preservação Permanente nos casos de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental ATIVIDADES Atividades de segurança nacional e proteção sanitária; UTILIDADE PÚBLICA Art. 3º, inciso VIII mês 2012 Obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; Atividades e obras de defesa civil; Atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais das áreas de preservação permanente. Atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas; A exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área; INTERESSE SOCIAL Art. 3º, inciso IX Implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei; a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009; Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade; Atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; Outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal. Atividades eventuais ou Abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável; Implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da 295 de baixo impacto ambiental Art. 3º, inciso X água, quando couber; Implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; Construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; Construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores; Construção e manutenção de cercas na propriedade; Pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislação aplicável; Coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; Plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; Exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; Outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente. A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública (art. 8°, § 1°). RESSALVAS A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI (restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues) e VII (os manguezais, em toda a sua extensão) do caput do art. 4° poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda (art. 8°, § 2º); É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas (art. 8°, § 3º). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 7.9.2. Características, condições e pontos críticos das áreas de preservação permanente Os resultados da análise demonstraram que existem 98,32 km2 de áreas de preservação permanente referentes às tipologias avaliadas em Peruíbe (o equivalente a 30,34% da área total do Município). 2012 As áreas com declividade superior a 45° e de manguezais, que representam, mês respectivamente, 60,27% e 10,82% das tipologias de APP analisadas, não apresentaram ocupações urbanas detectáveis pela escala de análise adotada. Quanto às ocupações de margem de rio, estas representam 27,7% do total das tipologias de APP analisadas e possuem 1,53 km2 ocupados pela urbanização. Isto representa 100 % do total geral das áreas urbanizadas em APP. Este tipo de ocupação ocorre de forma intensiva por toda a mancha urbana de Peruíbe dentro de um modelo de urbanização que induz o aproveitamento máximo das margens de córregos, canais e rios por avenidas e moradias. A seguir, a tabela 7.9.2.1 e as figuras 7.9.2.1 e 7.9.2.2 trazem, respectivamente, uma síntese da urbanização das APP analisadas, a espacialização das mesmas e um mapa indicador da densidade da ocupação urbana em APP no Município de Peruíbe. Tabela 7.9.2.1 – Síntese das áreas de preservação analisadas ÁREA TOTAL DA TIPOLOGIA URBANIZAÇÃO DE APP Km2 APP URBANIZAD A (Km2) TIPOLOGIA GERAL % (%) (%) Margem de rio 27,23 27,7 1,53 5,61 100 Mangue 10,82 11 0 0 0 Declividade 45° 60,27 61,3 0 0 0 TOTAL 98,32 100 1,53 - 100 TIPO DE APP 297 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Figura 7.9.2.1 – Espacialização das áreas de preservação permanente no Município de Peruíbe mês 2012 Fonte: Declividade – TOPODATA/SRTM; Mancha Urbana – I POLIS; APP margem de rio – I POLIS; Manguezais FUNDAÇÃO SOS Mata Atlântica 299 Figura 7.9.2.2 – Ocupação urbana em áreas de preservação permanente no Município de Peruíbe Obs: Os valores de densidade de APP foram extrapolados em 8x para efeito de visualização. (Fonte: TOPODATA/SRTM / Fundação SOS Mata Atlântica) [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 7.10. Áreas naturais tombadas 7.10.1. Aspectos conceituais Para Meirelles (1997, p. 492), o tombamento é “a declaração pelo Poder Público do valor histórico, artístico, mês 2012devam ser preservados, de paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas ou locais que, por essa razão, acordo com a inscrição em livro próprio". Já Di Pietro (2001, p. 131) conceitua tombamento como uma “modalidade de intervenção do Estado na propriedade privada, que tem por objetivo a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, assim considerado, pela legislação ordinária", neste caso o Decreto-Lei nº 25/1937. O tombamento é um instituto que busca, através de uma intervenção restritiva do uso de uma propriedade, garantir a proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural. Por meio do tombamento o Poder Público vislumbra a possibilidade de fazer com que um bem privado, sob determinadas limitações de uso, se submeta ao interesse público. A Constituição Federal de 1988 incorporou os sítios de valor paisagístico e ecológico no rol do patrimônio cultural brasileiro, e, assim, abriu a possibilidade de acautelamento destes bens através do instituto jurídico do tombamento, conforme segue in verbis: Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: ... V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. ... § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. Desta forma, por atribuição constitucional, o tombamento também é uma importante ferramenta de proteção do meio ambiente, pois possibilita impor limitações ao uso da propriedade em áreas de grande importância ecológica e/ou paisagística (áreas naturais tombadas). A partir da publicação do tombamento, a implementação de qualquer obra ou atividade na área natural tombada está sujeita a uma autorização específica do órgão de tutela e administração do patrimônio cultural competente que irá avaliar, em procedimento administrativo próprio, se tal obra ou atividade não irá degradar os atributos ambientais que ensejaram a proteção desta área. 7.10.2. ANT das Serras do Mar e Paranapiacaba A Área Natural Tombada (ANT) das Serras do Mar e Paranapiacaba foi efetivada pela Resolução da Secretaria da Cultura n° 40, de 06 de junho de 1985, e está sob a tutela e a administração do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT) (figura 7.10.2.1). O Tombamento das Serras do Mar e Paranapiacaba foi criado de forma a funcionar como uma zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar e compreende cerca de 1,3 milhão de hectares, abrangendo 44 municípios paulistas até os limites com os estados do Rio de Janeiro e Paraná (WWF/IEB, 2008). 301 A sua área é delimitada, em vários trechos, pela cota 40 metros, estabelecendo assim uma zona de proteção para o Parque Estadual da Serra do Mar, que tem seu início, grosso modo, a partir da cota 100 metros. Entretanto, é importante ressaltar que este tombamento também abrange, além das encostas da Serra, trechos de planície litorânea, esporões, ilhas e morros isolados (SCIFONI, 2006). Para Scifoni (2006), o Tombamento da Serra do Mar abrange o maior e o mais complexo patrimônio natural do Estado de São Paulo. Ele foi concebido para proteger um meio físico-biótico de altíssima fragilidade ambiental e, também, para auxiliar no controle do crescimento urbano desordenado devido à expansão do turismo de segunda residência. Para tanto, as normas e diretrizes de tombamento colocaram novas exigências para a aprovação de novos projetos de loteamento, tais como a restrição de gabarito na planície e nas encostas, a necessidade de reserva de vegetação conforme a declividade dos terrenos, o estabelecimento de áreas de preservação permanente, além das definidas pelo Código Florestal e até mesmo o próprio cumprimento desta legislação pouco respeitada até então, que impediu, por exemplo, a continuidade da retificação dos rios existentes. Dentre o conjunto de diretrizes estabelecidas pela Resolução SC n° 40/1985 que são consideradas indispensáveis para garantir um caráter flexível para a preservação múltipla do tombado da Serra do Mar e Paranapiacaba, pode-se citar (Art. 9°): 1 – As instalações e propriedades particulares preexistentes na área, consentidas por comodato ou legalizadas de qualquer forma, serão mantidas na íntegra com suas funções originais, desde que não ampliem seus espaços usuais atuais e nem comprometam a cobertura vegetal remanescente. Os projetos de reforma, demolição, construção e mudança de usos, bem como futuras cessões de áreas em comodato, deverão ser previamente submetidos à aprovação do Condephaat. 2 – As instalações públicas preexistentes na área, como torres de alta tensão, atalhos, estradas, reservatórios, equipamentos, edificações, etc, serão mantidas na íntegra com suas funções originais, sendo que as futuras instalações ou ampliação das existentes na área serão motivo de considerações e apreciações entre o Condephaat e os demais órgãos envolvidos, com o parecer terminal deste Conselho, tendo em vista a necessidade de garantir a preservação dos patrimônios ambientais, bióticos e paisagísticos. 3 – Por este instrumento fica proibida a retirada não autorizada previamente de terra ou rocha, assim como a predação da fauna e flora e a introdução de espécies exóticas, a fim de não modificar o “status” natural do conjunto de seres vivos que se inter-relacionam. 4 – Os projetos especiais de lazer e pesquisa, elaborados com todas as precauções inerentes ao equilíbrio ecológico, compatíveis com padrões corretos de preservação no que diz respeito às propostas de edificações, acessos não lesionantes, reimplantação de massas florestais, etc, poderão ser estudados no interior da área tombada após exame e anuência do Condephaat. As áreas preexistentes destinadas ao sistema de lazer, educação ambiental e pesquisas, estabelecidas no plano de manejo do Instituto Florestal da Coordenadoria de Pesquisas de Recursos Naturais, terão continuidade assegurada em suas funções originais, assim como os programados pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente – Consema e Secretaria Especial do Meio Ambiente – Sema. 5 – O Condephaat celebrará convênios e protocolos de intenções com as entidades competentes e as Prefeituras Municipais objetivando aperfeiçoar os critérios de utilização de uso de espaço, que servirão de base para o acompanhamento da área tombada, e manterá um arquivo atualizado contendo todos os Projetos, Programas, Planos de Manejo, Planos Diretores Municipais, Leis de Zoneamento, elaborados pelos órgãos envolvidos, tais como Instituto Florestal da CPRN da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Consema, Sema, Dersa, Fumest, Sudelpa, Cetesb, SPU, Cirm, Prefeituras Municipais, etc. 6 – As áreas em disputa judicial ou objeto de processos de usucapião, porventura existentes na área, ficarão sob a responsabilidade da Procuradoria do Patrimônio Imobiliário da Procuradoria Geral do Estado, reservando-se ao Condephaat o direito de orientar o processo eventual de reciclagem de tais espaços. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 7 – As áreas devolutas, porventura existentes no interior do espaço de tombamento, serão motivo de considerações especiais entre o Condephaat, a Procuradoria do Patrimônio Imobiliário da Procuradoria Geral do Estado e Prefeituras envolvidas. 8 – Não serão toleradas novas instalações de indústrias, mineração ou mêsoutras 2012 atividades potencialmente poluidoras sem a prévia consulta ao Condephaat, nesta área. 9 – O Condephaat organizará junto ao Serviço Técnico de Conservação e Restauro uma equipe técnica habilitada e em número adequado para atuar na proteção da Serra do Mar e demais trechos incorporados ao seu tombamento. 10 – As áreas e trilhos de perambulação indígenas abrangidas por este tombamento serão oportunamente demarcadas e receberão uma regulamentação especial visando garantir a sua permanência, em consonância com os demais órgãos envolvidos. 11 – As áreas hoje ocupadas por atividades de agricultura de subsistência deverão ser objeto de cuidados especiais no sentido de garantir o exercício dessas atividades dentro dos padrões culturais estabelecidos historicamente. 12 – Os sítios arqueológicos existentes na serra serão cadastrados e deverão ser protegidos por medidas específicas. A pesquisa arqueológica somente poderá ser executada com projeto aprovado pelo CONDEPHAAT. No caso do Município de Peruíbe, os limites principais da ANT da Serra do Mar compreendem exatamente a área do PESM. Assim, as condições e pontos críticos desta área são essencialmente os mesmos já explicitados para o Parque Estadual da Serra do Mar e sua zona de amortecimento (figura 7. 7.10.2.1). Adicionalmente, a ANT da Serra do Mar também abrange as ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande, bem como alguns morros isolados localizados na Planície Costeira. 7.10.3. ANT Ilhas do Litoral Paulista A ANT Ilhas do Litoral Paulista foi criada pela Resolução nº 08/1994 da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e abrange ilhas dos municípios de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Santos, Guarujá, Itanhaém e Peruíbe, englobando ecossistemas insulares que incluem floresta atlântica de encosta, vegetação de costão rochoso e formação rupestre. Em Peruíbe, integram este Tombamento as ilhas da Ponta da Aldeia e de Peruíbe, a Ilha e a Ilhota do Boquete e as lajes Noite Escura e Paranapuã (figura 7. 7.10.3.1). As diretrizes de uso e ocupação do solo para as ilhas, ilhotas e lajes referidas nesta Resolução estão contidas em seu artigo 2°. Fundamentalmente, este considera que são atividades compatíveis com os ecossistemas insulares, a pesquisa científica, a educação ambiental e o lazer, desde que não interfiram no ecossistema, modificando a cobertura vegetal ou a morfologia do terreno. Além disso, estabelece que a ocupação e a atividade caiçara tradicional são permitidas em todos os tipos de Ilhas, apenas nas áreas e na forma em que historicamente ocorrem, bem como proíbe toda e qualquer introdução de espécies animais e vegetais exóticos nas Ilhas. A instalação de equipamentos e edificações de apoio à navegação marítima pela Marinha do Brasil, desde que ouvido o Condephaat, também é permitida. Ademais, o artigo 2° considera como áreas de preservação permanente: As Ilhas, Ilhotas e Lajes de 0,01 e 50 ha de área na projeção horizontal, sendo permitidas somente as atividades descritas anteriormente; Todas as áreas com declividade superior a 20% em Ilhas de 50 a 500 ha; 303 Quanto aos aspectos edilícios, o mesmo artigo define que: Só será permitida a alteração da permeabilidade do solo de 0,2% da área total da Ilha; A soma das áreas construídas não poderá ultrapassar 0,1% da área total da Ilha; A altura das edificações não poderá ultrapassar 5 metros da topografia original do terreno e não poderá exceder 7 metros no total; Não é permitido arruamento quando isto implica a impermeabilização do terreno; A comunicação entre as várias partes da Ilha deverá ser feita através de trilhas conforme as recomendações para abertura de trilhas nos Parques Estaduais. Quanto às condições e pontos críticos das ilhas abrangidas por esta ANT, cumpre mencionar o desembarque irregular de turistas e pescadores que, muitas vezes, causam decarte irregular de resíduos sólidos, incêndios, supressão de vegetação e introdução de espécies exóticas. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Figura 7.10.3.1 – Áreas naturais tombadas existentes no Município de Peruíbe mês 2012 Fonte: Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, 2011-2012; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2011; Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011. 305 7.11. Meio Ambiente e Território na legislação municipal Na tutela de espaços especialmente protegidos, o Município de Peruíbe possui competência pelo art. 6º da Lei Orgânica do Município para, em cooperação com outros entes federativos a preservação de florestas, fauna e flora (inciso VII), a promoção de desassoreamento e canalização de rios, córregos e canais (inciso XII), bem como proteção de paisagens notáveis (III). Além disso, dedica capítulo específico de sua Lei Orgânica ao Meio Ambiente e Recursos Naturais garantindo o acompanhamento e participação da sociedade em suas ações (art. 151); recursos suficientes para ações de arborização (art. 152); definir áreas de proteção permanente (art. 153); condicionamento de projetos de desenvolvimento sustentado em reservas ecológicas e áreas de preservação ambiental à aprovação da Câmara e do Executivo municipais (art. 154); e, por fim, manutenção das comunidades tradicionais(ribeirinhas e caiçaras) e de seus meios de subsistência pouco impactantes nas reservas ecológicas (art. 155). As ações definidas pelo art. 151 podem ser reduzidas a medidas destinadas à proteção da fauna e flora, bem como o reflorestamento e incentivo à conservação por proprietários particulares; educação ambiental; auxílio técnica a entidades civis; e manutenção de um Conselho de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA). Da leitura da LOM, destacam-se também as áreas definidas como de preservação permanente (art. 153): •os manguezais; •as áreas estuarinas; •as nascentes, os mananciais e as matas ciliares; •as restingas; •as áreas que abriguem exemplares raros da fauna e flora, bem como aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de espécies migratórias; •as árvores significativas existentes na área urbana; •as áreas verdes e os parques públicos necessários ao lazer e à qualidade de vida da população; •as paisagens notáveis definidas em Lei; •a área da Estação Ecológica da Juréia-Itatins. Passando-se à análise do Plano Diretor (Lei complementar nº 100/2007), denota-se o objetivo pleno exercício das funções sociais da cidade e propriedade dentro da política de desenvolvimento municipal. Para tanto, o art. 7º, parágrafo 2º, incisos I e XII, define como diretriz da função social da cidade o direito a uma cidade sustentável e proteção e recuperação do ambiente natural, entre outras. Além disso, o art. 8º, incisos VI e VII prescrevem os princípios fundamentais de desenvolvimento econômico sustentável e de conservação e preservação do ambiente natural. Os princípios retratados no art. 8º são repetidos como objetivos gerais do Plano Diretor pelo art. 16. O princípio citado de conservação e preservação do ambiente natural, por sua vez, é reconhecido como “o desenvolvimento sustentável com preservação do ambiente natural e dos bens histórico-culturais”, nos termos do art. 15. Portanto, há plena compatibilização, pelo Plano Diretor, entre as orientações concomitantes de preservação e uso do meio ambiente, o que parece configurar destaque positivo à disposição normativa sobre o tema. Esse aspecto é ressaltado pelo art. 37, que trata da política de promoção do desenvolvimento econômico no Município, articulando-se necessariamente (inciso I) “ao desenvolvimento social e à proteção do meio ambiente”. A proteção ao meio ambiente é frequentemente realizada conjuntamente àquela destinada ao patrimônio histórico-cultural, de acordo com o Plano Diretor. Isso ocorre a ponto da política municipal de conservação, preservação e manutenção”, disciplinada pelos arts. 44 e 45, contemplar o ambiente natural e bens culturais. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Nessa política setorial, são abarcados objetivos de conscientização da população, fiscalização de usos e ocupações e elaboração e implementação da Agenda 21 (art. 44). Dentre as estratégias estabelecidas pelo art. 45, destacam-se aquelas orientadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável: •fiscalização e monitoramento das áreas municipais de preservação ambiental; mês 2012 •controle de atividades potencialmente poluidoras; •articulação com as políticas ambientais do Estado e da União; •recuperação as áreas ambientais degradadas; •preservação e recuperação o patrimônio histórico-cultural do Município; Naquilo que concerne ao zoneamento estabelecido no Plano Diretor, dá-se relevo às macrozonas diretamente relacionadas à preservação ambiental e ao uso sustentável dos recursos naturais para atividades produtivas, quais sejam, as Macrozonas de Proteção Ambiental, Rural de Desenvolvimento Agro-Ambiental e de Amortecimento da Juréia. Além dessas, a Macrozona de Recuperação Urbana também trabalha diretamente com aspectos ambientais, mas objetiva recuperação de áreas degradadas. A caracterização e objetivos das macrozonas são apresentadas nos arts. 94 a 101. A meta de conservação da Macrozona de Proteção Ambiental é bastante clara ao serem arroladas as unidades de conservação (conforme classificação da Lei federal nº 9.985/2000) compreendidas a seguir: •estação Ecológica Juréia-Itatins; •estação Ecológica Tupiniquins; •parque Estadual da Serra do Mar; •área de Relevante Interesse Ecológico Ilha do Ameixal; •área de Relevante Interesse Ecológico Ilha Queimada Grande e Ilha Queimada Pequena; •área de Proteção Ambiental Cananéia-Iguape-Peruíbe; O art. 97 estabelece objetivos de uso racional dos recursos naturais para realização de atividades econômicas como mineração ou agropecuária. Já o art. 98, cuida da Macrozona de Amortecimento da Juréia, visa conter o avanço da antropização sobre a unidade de conservação (Jureia) e melhoria das condições ambientais dos moradores ali residentes. Destaca-se ainda a existência de disciplina própria pelo Município de um sistema local de gestão ambiental, integrado ao Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), os termos da Lei federal nº 6.938/1981, art. 4º, parágrafo 2º. Referido sistema local foi criado pela Lei municipal nº 2.521/2004 e expressou, além da integração à política nacional do meio ambiente, a integração da política nacional de gerenciamento costeiro. Pelo art. 2º da norma, compete ao Departamento do Meio Ambiente, integrante do Executivo municipal, o processamento de questões ambientais de peculiar interesse do Município, cabendo ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA) a aprovação de quais licenças ambientais. Os procedimentos do licenciamento municipal a serem adotados, contudo, são remetidos à disciplina por portaria específica, nos termos do art. 6º, inciso I. Além disso, a arborização do Município mereceu especial atenção, manifestada pela Lei nº 2.987/2009, a qual reconheceu às árvores existentes no território municipal a natureza de bens de interesse comum da população (art. 1º), sujeitando-se às hipóteses de corte e poda à atuação exclusiva pelo Município (art. 8º), mediante medidas compensatórias e replantio. 307 8 - GRANDES EQUIPAMENTOS DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA 8.1. Introdução O Município de Peruíbe está inserido em uma área que abrigará uma série de grandes equipamentos de infraestrutura e logística por conta das necessidades do pré-sal e das demandas advindas dessa atividade na Bacia de Santos. Todas as intervenções previstas estão sendo tratadas nos relatórios diagnósticos de cada município especificamente. Este município, em particular, não tem previsto nenhum grande projeto específico, contudo, o conjunto de intervenções propostas nos municípios desta região exercerá impactos positivos e negativos no meio ambiente, nos espaços urbanos e nas dinâmicas socioeconômicas não apenas nos contextos municipais, mas, em todo contexto regional. Essas grandes obras de logística formam um conjunto infraestrutural de forte impacto socioeconômico e urbanístico no Litoral Norte e na Baixada Santista. Certamente, a grande dimensão das obras influencia as dinâmicas populacionais e econômicas nos municípios inseridos nestes contextos, além que modificar o espaço físico local e regional. Neste sentido, apesar de Mongaguá não ter nenhum novo grande equipamento de infraestrutura e logística, em um contexto regional, é fundamental frisar que as intervenções nos municípios poderão influenciar também as dinâmicas socioterritoriais neste município. Quanto aos pontos críticos do sistema viário, em geral, além das questões levantadas anteriormente, em função da ausência de informações por parte da Prefeitura, fica prejudicada uma análise aprofundada. 8.2. Legislação municipal de avaliação de impacto O Plano Diretor de Peruíbe (Lei complementar nº 100/2007) prevê a implantação de grandes empreendimentos de infraestrutura e logística de maneira bastante sucinta, remetendo à legislação específica de uso e ocupação do solo a definição das hipóteses capazes de consubstanciarem referido impacto (art.171). No entanto, ressaltam-se algumas de suas disposições, orientadoras da instalação de tais usos mais impactantes. Inicia-se pela própria definição contida no art. 170 da LC nº 100/2007 do uso gerador de impacto à vizinhança: todos aqueles que possam vir a causar alteração significativa no ambiente natural ou construído, ou sobrecarga na capacidade de atendimento da infraestrutura básica, quer se instalem em empreendimentos públicos ou privados, os quais serão designados Empreendimentos de Impacto. Em seu parágrafo único, a instalação de tais empreendimentos é submetida à prévia aprovação do Conselho da Cidade. Adotando-se a legislação de uso e ocupação do solo (Lei complementar nº 121/2008), o art. 5º, inciso VII estabelece como um dos objetivos da regulação do território a exigência de “medidas compensatórias e mitigadoras para empreendimentos e atividades geradores de impactos socioambientais e incômodos à vida urbana”. No capítulo dedicado à matéria, o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) aproxima-se do objetivo disposto no art. 5º e é definido como o instrumento urbanístico que permite ao Município compreender “qual impacto determinado empreendimento ou atividade poderá causar no ambiente socioeconômico, natural ou construído, bem como dimensionar a sobrecarga na capacidade de atendimento de infraestrutura básica, quer sejam empreendimentos públicos ou privados, habitacionais ou nãohabitacionais” O art. 52 determina os aspectos abordados quando da análise do EIV: •área de influência do empreendimento ou atividade (o que é melhor definido pelo art. 53); •a quantificação de parâmetros relacionados aos padrões de qualidade urbana e ambiental fixados nos planos governamentais e normas técnicas; •programas e projetos governamentais propostos e em implantação na área de influência do empreendimento, atividade ou obra. O art. 55, por sua vez, enumera os empreendimentos caracterizados como de impacto, conforme apresentados na sequência: [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 •estações de tratamento de efluentes; •cemitérios e crematórios; •presídios; •subestações de energia elétrica; mês 2012 •atividades de extração mineral; •empreendimentos de usos não-habitacionais, com mais que 200 vagas de estacionamento a ser instalada em local de baixa incomodidade definida pela LC nº 121/2008; •empreendimentos, com área de implantação do empreendimento superior a 20.000m2 (na realidade, a redação desse dispositivo, inciso VII do art. 55 parece dúbia quando comparada à de seu inciso anterior). Acrescentam-se a essas situações os parágrafos 1º e 2º do art. 52, que de um lado desobrigam do EIV os empreendimentos de habitação de interesse social (HIS), enquanto por outro o exigem nas operações urbanas consorciadas. 9 - MOBILIDADE URBANA E REGIONAL A configuração espacial do município de Peruíbe, assim como seu processo de urbanização, resultam em um quadro de mobilidade urbana semelhante aos demais municípios do Litoral Sul da Região Metropolitana da Baixada Santista, com a particularidade que este município pode ser considerado a entrada da região, através do Vale do Ribeira, pela . A área urbanizada mais consolidada, onde se situa a maior parte das atividades econômicas é a área central de Itanhaém, localizada junto à foz do Rio Preto, e que exerce efeito polarizador, com relação ao setor terciário, que implica na realização de viagens pendulares diárias entre os bairros do município. No tocante à pendularidade com relação ao centro da Baixada Santista, em função da maior distância entre Peruíbe e a área central da região, esta pendularidade é limitada, embora os municípios centrais apresentem a maior oferta de ocupações no mercado de trabalho. Neste aspecto, como será abordado, é importante destacar que não existe um meio de transporte regional rápido e de baixo custo ligando Peruíbe aos municípios desta área. Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana da Baixada Santista, em especial no que respeita a este município. 9.1. Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana da Baixada Santista Para uma análise mais completa da situação da mobilidade urbana na região, em especial no município de Peruíbe, é fundamental avaliar os resultados da primeira e única Pesquisa Origem-Destino da Região Metropolitana da Baixada Santista (Pesquisa OD-BS)88, , realizada entre agosto de 2007 a abril de 2008. Esta pesquisa objetivou conhecer o padrão de deslocamentos, em razão das características socioeconômicas da população, assim como a localização dos polos de produção e atração de viagens segundo os motivos trabalho, estudos, compras, lazer e outros, e fornecer insumos para formulação de políticas públicas, nas áreas de planejamento urbano, transporte e de outras infraestruturas. 88 Pesquisa realizada pela Vetec Engenharia, para a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, com apoio da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM). 309 Para atingir estes objetivos, realizou-se pesquisa domiciliar com amostra estratificada em 188 zonas de tráfego internas, consideradas urbanisticamente homogêneas, conforme mapa apresentado a seguir. No município de Peruíbe foram identificadas 15 destas zonas, conforme mapa. Além destas, foram identificadas mais 26 zonas externas à linha de contorno (cordon line) estabelecida para a pesquisa. Mapa ___. Zoneamento de Tráfego da Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.5. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Mapa ___. Zoneamento do Município de Peruíbe para a aplicação da Pesquisa OD-BS. mês 2012 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.16). O método empregado para a elaboração da Pesquisa OD-BS, compreendeu o levantamento das viagens internas da região, por meio da realização de 26.156 entrevistas válidas realizadas em 8.300 domicílios, no período mencionado acima. Para esta finalidade foi feita uma pesquisa de Linha de Contorno89, conforme mapa apresentado a seguir, segundo levantamento em 2006 e aferição em 2007, realizado em cinco locais nas rodovias de acesso à RMBS. Foi estabelecida, também, uma Linha de Travessia90, por meio do levantamento das viagens internas, realizada em 50 locais distribuídos na região. 89 A Linha de Contorno é um perímetro utilizado para identificar as viagens que interferem na região, mesmo sendo a origem e/ou destino exteriores a ela. 90 Para a definição da Linha de Travessia busca-se identificar vias importantes do sistema viário regional, para que seja realizada a contagem de veículos. 311 Linha de Contorno da Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.6). A pesquisa da Linha de Contorno resultou na apuração dos percentuais de viagens, segundo a natureza, conforme apresentado no gráfico abaixo. Neste gráfico, viagem interna-interna é o deslocamento realizado com origem e destino dentro da região, viagem externa-externa é realizada com origem e destino fora da região, interna-externa possui origem interna à região e destino externo, e externa-interna é o inverso. Percentual de viagens, segundo a natureza, apurado na pesquisa de Linha de Contorno, da Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.7. Assim, foram contadas 69.494 viagens diárias entre as regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista. No sentido inverso, foram contadas 64.055 viagens. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Apresenta-se na tabela a seguir, o número de viagens diárias, nos municípios pesquisados. Observa-se que apenas os municípios de Santos e São Vicente eram responsáveis por cerca de 50% das viagens regionais, o que se deve à já mencionada concentração dos empregos e atividades atratoras de viagens localizadas na ilha de São Vicente. Esta concentração, que também ocorre em Cubatão, em função do parque industrial, pode 2012 ser observada no mapa apresentado abaixo, com base em levantamento do mês início da década passada. Peruíbe era responsável por apenas 2,6% das viagens da região. Viagens diárias nos municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.15. Estoque de emprego formal na Baixada Santista em dezembro de 2003. Fonte: Núcleo de Pesquisa e Estudos Socioeconômicos da Universidade Santa Cecília (NESE/UNISANTA). Elaborado a partir de dados do MTE/CAGED. 313 Ainda conforme a mencionada tabela, a maior proporção de viagens pendulares diárias, na região, realizavase entre estes municípios, os mais populosos da Baixada Santista. Conforme Cunha, Jakob e Young (2008, p.414), apoiados em dados do Censo Demográfico 2000, das mais de 134.000 pessoas que se deslocavam para outro município para desenvolver suas atividades, quase 90% residiam em São Vicente, Santos, Cubatão, e Praia Grande, por ordem de importância. Segundo a mesma fonte, 51,9% da mobilidade pendular da População Econômica Ativa, na região, dirigia-se a Santos. A tabela apresentada abaixo contém o detalhamento do número de viagens municipais, conforme o município de destino. Os dados apresentados reforçam a questão abordada acima, acerca do imenso percentual de atração dos municípios situados na ilha de São Vicente, sobretudo de Santos, onde se concentrava a maior parte dos empregos e maior número de instituições e que atraía 38,12% das viagens. No período avaliado, Peruíbe e Bertioga, municípios menos populosos da região, possuíam o menor percentual de atração, correspondendo, respectivamente, a 0,34% e 0,88% das viagens. Este fato certamente se relaciona com a baixa oferta de oportunidades de empregos e de estudos nesses municípios. Portanto, a Pesquisa OD-BS revela o marcante processo de concentração de viagens no congestionado centro regional. Número de viagens intermunicipais, segundo município de destino apuradas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.25. No tocante às viagens com origem e destino fora da Linha de Contorno, os dados do gráfico ___ abaixo permitem observar que são os municípios do centro da região, exceto Cubatão, que atraem e produzem o maior número de viagens, com destaque para Santos, seguido de Praia Grande. A proporção de viagens não guarda uma relação direta com o número de habitantes, pois São Vicente é mais populoso que Praia Grande e é superado por este, em número de viagens externas. Isto pode indicar que há maior vínculo de trabalho fora da região para a população economicamente ativa de Santos. Contudo, no caso de Peruíbe, há mais viagens atraídas externamente, do que produzidas, o que certamente tem relação com o perfil marcadamente turístico do município. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Municípios da RMBS: viagens com origem e destino fora da Linha de Contorno da Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. mês 2012 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.16). No tocante ao grau de motorização, segundo a OD-BS, o gráfico ___ abaixo apresenta uma visão geral. No período da realização da pesquisa, 1.115.192 viagens diárias realizadas eram motorizadas, correspondendo a 54% das viagens, contra 964.265 viagens não-motorizadas, correspondendo a 46%. Percentual de viagens, segundo a natureza, apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.16. Os gráficos abaixo apresentam a Divisão Modal das viagens diárias, na RMBS, conforme apurado pela Pesquisa OD-BS. Os números obtidos demonstram a prevalência dos deslocamentos a pé, 661.030 diariamente, seguidos pelos 339.767 deslocamentos com ônibus municipais, 330.413 com automóveis particulares e 303.295 com bicicletas, que correspondem, respectivamente a 32,0%, 16,0%, 16,0% e 15,0% do total. Se por um lado estes números revelam um menor impacto em termos de emissão de gases estufa, pois 47,0% das viagens não são poluentes, por outro, indicam menor mobilidade, se compararmos à RMSP, onde, no 315 mesmo período, apenas 36,0% das viagens eram realizadas a pé ou de bicicleta, segundo a mesma fonte, o que pode ter relação com condicionantes climáticas, topográficas, de renda e oferta de transporte motorizado. Se for considerada a soma das viagens em ônibus municipais e intermunicipais, o percentual de uso de transporte coletivo com ônibus representa apenas 24,0% das viagens, na RMBS. Adicionando-se 8,0% de viagens com outros modais coletivos, dentre os quais, certamente, há prevalência de transporte hidroviário, este percentual atinge 32,0%. Ressalta-se que, no computo das viagens com ônibus intermunicipais, não tenha havido distinção entre ônibus que realizam viagens intrametropolitanas, por meio das linhas regulares e as demais. Esta limitação impede uma análise adequada do grau de integração metropolitana do transporte público coletivo. Comparando-se o percentual de 32,0% das viagens em transporte coletivo, na RMBS, com as 37,0% realizadas, na RMSP, na mesma modalidade, confirma-se a menor mobilidade na primeira, em comparação com a segunda, o que pode ser explicado palas razões já mencionadas. Divisão modal das viagens apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.22). Divisão modal das viagens diárias da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.19. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Segundo dados da Pesquisa OD 2007 (VETEC, 2008, p.53), o número de automóveis particulares era de 198.904 na RMBS e de 7.281 em Peruíbe, correspondendo a 3,6% do total, sendo a taxa de motorização de 124 automóveis por grupo de mil habitantes, a terceira maior da Baixada Santista. mês 2012Este fator não está vinculado à renda familiar da população deste município, que era a menor da região. Na tabela apresentada a seguir, é detalhada a composição das viagens não-motorizadas, segundo a modalidade, a pé ou de bicicleta, assim como as motorizadas, de acordo com o município. No que se refere ao grau de motorização em Peruíbe, 34,9% das viagens diárias eram motorizadas, correspondendo a 19.220 viagens, contra 35.818 viagens não motorizadas, Observa-se que o maior número de viagens motorizadas corresponde aos municípios mais populosos da região, embora Cubatão lidere proporcionalmente, mesmo possuindo a menor taxa de motorização da região, provavelmente em razão do maior uso de transporte coletivo. No que concerne ao número de viagens realizadas a pé, naturalmente, a liderança também cabia aos municípios mais populosos, embora os percentuais deste tipo de viagem, com referência ao total de viagens não motorizadas, variassem de acordo com as peculiaridades de cada município. No caso de Santos e São Vicente, os municípios mais populosos, este percentual era de 82,6% e 74,7%, respectivamente. No caso de Peruíbe, as viagens a pé representavam 36,8% do total de viagens e 56,7% das viagens não-motorizadas. No que respeita às viagens com bicicletas, conforme a mesma fonte, a liderança era destacadamente de Guarujá, com 80.022 viagens, equivalentes a 21,0% das viagens diárias neste município, em que tradicionalmente se utiliza deste modal, seguido dos demais municípios do centro regional, exceto Cubatão, que possui alta taxa de motorização, pela razão acima exposta. Contudo, em termos percentuais, com referência aos totais de viagens diárias de cada município, a liderança era dos municípios situados ao sul da Baixada Santista, Peruíbe e Itanhaém, com 28,0% e 23,0%, respectivamente. Este percentual de Peruíbe representava 43,3% das viagens não-motorizadas. Viagens diárias motorizadas e não-motorizadas nos municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.22). Segundo os dados apresentados na tabela e no gráfico abaixo, neste município, dentre as viagens motorizadas, cerca de 10,0% eram realizadas com automóvel, 16,0% com ônibus91 ou lotação e 3,0% com uso de motocicleta. A média regional era, respectivamente, de 14,2%, 25,1% e 3,7%. Portanto, embora a taxa de 91 Exceto ônibus fretado. 317 motorização do município fosse alta, o uso de automóvel era inferior à média, assim como o de ônibus e lotações. Quanto aos deslocamentos a pé ou de bicicleta, Peruíbe apresentou os maiores percentuais da região, com relação ao total de viagens, em ambos os modos. Neste caso pode haver uma ligação com a renda per capita, com deficiências do transporte coletivo e com a topografia do município que facilita estes modos de viagem. Peruíbe: Divisão modal das viagens diárias, conforme apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.103). Peruíbe: Proporção de viagens diárias por modal principal apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.103). A tabela a seguir apresenta a frota de bicicletas de cada município, a proporção destes veículos por grupo de mil habitantes e a razão entre habitantes e bicicletas, na época da realização da pesquisa. Os destaques eram Guarujá e Mongaguá, respectivamente, os municípios com maior número de bicicletas. Por outro lado, conforme estes dados, observa-se que Peruíbe, embora fosse o líder em viagens com bicicletas, com 352 destes veículos para cada grupo de mil habitantes, possuía a sexta maior proporção de bicicletas por habitantes. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Frota de bicicletas e número de bicicletas por grupo de mil habitantes (2007). mês 2012 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.53). No que concerne aos motivos de viagens, conforme se observa pela tabela ___ e pelo gráfico ___ apresentados abaixo, a maior parte dos deslocamentos regionais realizava-se em decorrência de trabalho e estudo, representando, respectivamente, 49,0% e 40,0%. Contudo, esta proporção variava de acordo com o município. Neste aspecto, observa-se que, nos municípios localizados nos extremos da região, Peruíbe e Bertioga, ocorriam mais deslocamentos motivados por estudo, do que em razão de trabalho, como se poderá verificar detalhadamente mais adiante. Portanto, nestes municípios os deslocamentos diários não obedeciam a mesma lógica que nos demais. No caso de Peruíbe, ao contrário dos municípios centrais, as viagens por motivo de trabalho eram em menor número, do que as realizadas por motivo de estudo. Principais Motivos de Viagens diárias nos municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.26). Percentual dos motivos de viagens, segundo apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Apresentação. São Paulo, 2008, p.22. 319 Os gráficos apresentados a seguir, permitem uma leitura da proporção dos motivos de viagens Trabalho e Estudo, de acordo com os municípios da RMBS. Observa-se que nos municípios centrais, o motivo Trabalho é o mais importante, com um pouco menos de intensidade em Cubatão, enquanto Santos, Praia Grande, São Vicente e Guarujá possuíam proporções muito semelhantes, e Peruíbe, com pouco mais de 40,0%, a menor proporção da região. Este resultado pode ser explicado pela distância e consequentemente maior custo dos deslocamentos em direção à área central da região, que possui maior oferta de trabalho, em um contexto de ampliação da base econômica destes municípios. Por outro lado, no tocante ao motivo Estudo, a maior proporção de deslocamento ocorre nos municípios mais distantes do centro da região. Neste quesito, Santos era o segundo município com menor percentual de viagens para estudo, com cerca de 37,0% das viagens relacionadas a este motivo, superior apenas a Guarujá. Por outro lado, Peruíbe apresentou mais do que 56,0% das viagens com motivo de estudo, o maior percentual da Baixada Santista. Deve-se ressaltar que as viagens para estudo normalmente se referem ao ensino superior, o qual possui marcada concentração na área central da região, sobretudo em Santos, que polariza este tipo de instituição. Proporção do motivo de viagem Trabalho apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista, para os municípios da RMBS. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.27). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Proporção do motivo de viagem Estudo apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista, para os municípios da RMBS. mês 2012 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.28). O gráfico apresentado abaixo permite observar que dentre os motivos de viagens mais importantes de Peruíbe, estudo e trabalho, havia grande superioridade do primeiro: 56,0% contra 41,0%. Esta proporção entre um e outro motivo de viagem é inversa à média regional, apresentada no gráfico acima, em que 49,0% das viagens tinham como motivo trabalho e 40,0% eram realizadas para estudo. Gráfico ___. Peruíbe: Proporção de motivos de viagens diárias apuradas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.102). 321 No tocante ao uso de bicicletas, segundo a Pesquisa OD-BS, 54,0% das viagens eram realizadas por motivo de trabalho, enquanto 42,0% eram realizadas por estudo e 4,0% por lazer e outros motivos. Portanto, a bicicleta era, e certamente ainda é, um dos principais meios de transporte da RMBS. O gráfico ___ apresentado a seguir permite verificar que, em Peruíbe, a bicicleta era utilizada muito mais para motivo de trabalho do que para estudo, 55,0% contra 44,0%, acima da média regional em ambos os motivos, enquanto as viagens por lazer e outros motivos, com apenas 1,0%, eram bem inferiores à média regional. Estes resultados parecem indicar que as viagens por motivos de estudo eram realizadas por modo motorizado, provavelmente em direção a outros municípios. Gráfico ___. Peruíbe: Proporção de motivos de viagens diárias apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista para deslocamentos com bicicletas. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.102). A tabela apesentada a seguir, com base na razão de número de viagens diárias, por pessoa, aponta o Índice de Mobilidade dos municípios da RMBS, no total e em modais motorizados. Observa-se que Santos, Cubatão, São Vicente e Mongaguá possuíam índice total acima da média regional, enquanto, no tocante ao índice de motorização, Santos, Cubatão e São Vicente se encontram acima da média. O município de Peruíbe possui índice de 0,94, o pior da região e bem abaixo da média, que era 1,27. Observa-se, ainda, que nos municípios onde a renda per capita é maior, o índice de mobilidade por modo motorizado é superior, como nos casos dos municípios do centro da região, sobretudo Santos e Cubatão, o que indica maior utilização de transporte motorizado individual, maior número de viagens de veículos de carga, em função da maior atividade econômica, assim como maior oferta de transporte coletivo. O oposto ocorre no caso do uso de bicicletas para deslocamentos. O índice de Santos por modo motorizado era 0,79, o maior da região e bem superior à média, o que se explica em função da renda média familiar, como já mencionado anteriormente. No tocante ao balanço entre mobilidade por modo coletivo e individual, verifica-se que Cubatão era destacadamente o município com o maior índice regional por modo coletivo e o terceiro menor no modo individual, com 0,70 e 0,08, respectivamente. Por sua vez, Peruíbe encontrava-se ligeiramente acima da média regional, no modo coletivo, com 0,44, e era disparadamente o maior no modo individual, com 0,35. No [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 caso deste município, a supremacia do modo individual sobre o coletivo também pode ser explicada pela renda da população e as deficiências no sistema de transporte coletivo, questão que será abordada adiante. No que concerne ao índice de mobilidade a pé, Peruíbe possui índice de 0,34, abaixo da média regional. No modo bicicleta, o índice apurado, 0,26, era superior à média regional. Portanto, verifica-se que a mobilidade mês 2012 urbana em Peruíbe era muito dependente do uso de bicicletas e, em menor proporção, dos deslocamentos a pé. Tabela ___. Índice de Mobilidade (viagens dia/pessoa) segundo o modo de deslocamento, conforme apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.42). O gráfico ___ apresentado a seguir, permite uma análise mais clara desta questão. Em Peruíbe, no período de realização da pesquisa, 62,0% das viagens motorizadas eram realizadas pelo transporte coletivo, contra 38,0% pelo modo individual. Portanto, a despeito da taxa de motorização apresentada, o uso de ônibus ou lotação era mais significativo neste município. Gráfico ___. Peruíbe: Proporção de viagens diárias por modos motorizados apurada pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.104). 323 Segundo os dados apresentados nos gráficos abaixo, no que concerne ao tempo médio de viagem, que é um indicador de qualidade da mobilidade, conforme a Pesquisa OD-BS, em Peruíbe, o tempo médio de deslocamento no modo coletivo era sensivelmente superior ao dos demais modos, superando os 33 minutos, porém abaixo da média da Baixada Santista, que era de 42 minutos. Conforme a mesma fonte, o tempo de deslocamento no modo individual, na média regional, era em torno de 30 minutos, enquanto, em Peruíbe, era de aproximadamente 18 minutos. Assim, observa-se que embora o tempo de deslocamento no transporte coletivo não seja tão crítico, neste município, a diferença com o modo individual deve influenciar as opções de viagem a favor deste último. Verifica-se, ainda, que tanto no modo a pé, como no modo bicicleta, os deslocamentos também são menos demorados do que na média regional, o que favorece ambos os modais, em detrimento ao coletivo motorizado. Gráfico ___.Peruíbe: Tempo médio de viagens diárias dos modos motorizados e não motorizados, conforme apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.105). Gráfico ___. RMBS: Tempo médio de viagens diárias dos modos motorizados e não motorizados, conforme apurado pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.37). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 No que concerne ao zoneamento dos deslocamentos, as trinta principais zonas produtoras e atratoras de viagens, identificadas pelos nomes dos respectivos bairros, conforme a metodologia da pesquisa são apresentadas na tabela ___ abaixo, que relaciona estas zonas aos números de viagens diárias. Observa-se que mês 2012 todas as zonas, que mais atraem viagens estão situadas na área central da região. Verifica-se, ainda, que nenhuma zona de tráfego de Peruíbe figura dentre estas. Tabela ___. Principais Zonas Produtoras e Atratoras de Viagens Diárias apuradas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.23-24). Nos mapas apresentados em seguida, estas zonas estão identificadas, conforme legenda, de acordo com a faixa de número de viagens nas quais estão inseridas, permitindo uma leitura clara da concentração de viagens no centro da região, fato que tem estreita relação com a já mencionada maior oferta de empregos e de serviços dos municípios centrais da RMBS. 325 Mapa ___. Principais Zonas Produtoras de viagens diárias identificadas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.xx). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Mapa ___. Principais Zonas Atratoras de viagens diárias identificadas pela Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. mês 2012 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.25). No caso específico de Peruíbe, a tabela a seguir apresenta as cinco zonas com maior produção e atração de viagens. E os mapas abaixo, que contêm o detalhamento da classificação das zonas conforme a faixa de produção e atração de viagens. Verifica-se que todas as áreas estão situadas entre a área central, onde se concentram o maior número de atividades econômicas, e os bairros situados no vetor nordeste do município, em que a densidade demográfica é maior, indicando a prevalência dos deslocamentos realizados pela população residente. Tabela ___. Peruíbe: Principais zonas produtoras e atratoras de viagens, segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.100). 327 Mapa ___. Peruíbe: Áreas Produtoras de viagens segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.101). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Mapa. Peruíbe: Áreas Atratoras de viagens segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. mês 2012 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.101). Considerando-se estas informações acerca das zonas com maior grau de produção e atração de viagens, pode-se reafirmar o claro vínculo entre estas e a densidade demográfica por zona de tráfego, como se observa no mapa abaixo, com exceção de Vila Erminda e Vatrapuã, na zona denominada Jardim Somar. 329 Mapa ___. Peruíbe: Densidade Demográfica das zonas de Tráfego segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.106). No que diz respeito à densidade de viagens, em Peruíbe, ocorriam 1,677 viagens diárias por hectare, número inferior à média regional, que era de 8,763 viagens/ha e superior apenas a Itanhaém e Bertioga. Segundo a mesma fonte, o mapa abaixo revela que, havia grande concentração de viagens na orla, entre o Centro e Ruínas, e no interior entre Veneza e Vila Erminda e Vatrapuã. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Mapa ___. Peruíbe: Densidade de Viagens das zonas de Tráfego segundo a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista. mês 2012 Fonte: Pesquisa Origem-Destino 2007 – Região Metropolitana da Baixada Santista: Sumário de Dados. Vetec (2008, p.106). 9.2. Evolução da frota municipal De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), a frota total de veículos de Peruíbe cresceu 278,9%, entre 2002 e 2012, passando de 8.880 para 24.770 veículos, que pode ser considerado um crescimento elevado, mas não foi um dos maiores registrados na Baixada Santista. Para detalhar a análise da mobilidade urbana deste município, são relevantes as informações contidas na tabela abaixo, segundo a Fundação SEADE, que apresenta a evolução da frota municipal entre 2002 e 2010, quando a proporção entre o número de habitantes e o número total de veículos caiu de 5,99, no início deste período, para 2,92, correspondendo a uma redução de 51,2%. Neste período a frota de ônibus92 subiu expressivamente para 234,2%, diante do crescimento da população, cuja TGCA foi de 1,52% na década, conforme o Censo Demográfico 2010, do IBGE. No que concerne ao crescimento da frota de automóveis, foi de 205,9%, e o número de habitantes por automóvel passou de 9,46 para 5,15, seguindo uma tendência nacional. Contudo, a frota de motocicletas e 92 Deve-se observar que a frota de ônibus considerada abrange todos os veículos deste tipo, inclusive os de empresas privadas que não fazem parte do sistema público de transportes coletivos. 331 assemelhados aumentou 359,2% no mesmo intervalo de tempo. Portanto, o aumento das frotas de veículos destinados ao transporte individual também foi expressivo, especialmente no que respeita às motocicletas. No caso de Peruíbe, o maior aumento do número de motocicletas pode ter relação com a renda per capita deste município, que é muito inferior a média regional. De qualquer forma, este fenômeno, decorrente da ampliação da renda e da maior oferta de crédito para o setor, contribui decisivamente para a redução da mobilidade urbana. Tabela ___. Peruíbe: Informações municipais sobre transporte. 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Frota Total de Veículos 8.880 9.612 10.489 11.353 12.505 14.046 15.801 17.954 20.423 Número de Habitantes por Total de Veículos Frota de Automóveis 5,99 5,62 5,23 4,91 4,53 4,08 3,68 3,28 2,92 5.624 6.023 6.436 6.820 7.392 8.188 9.009 10.165 11.583 Número de Habitantes por Automóvel 9,46 8,97 8,53 8,18 7,66 7,01 6,45 5,79 5,15 Frota de Ônibus 38 38 38 62 67 67 69 80 89 Frota de Caminhões 435 428 439 446 467 480 525 553 600 3.779 4.533 5.252 5.992 1.295 1.413 1.631 1.856 Frota de Motocicletas e 1.668 1.955 2.367 2.744 3.169 Assemelhados Frota de Microônibus e 945 989 1.025 1.075 1.195 Camionetas Fonte: Informações dos Municípios Paulistas (IMP), Fundação Seade (2011). De modo geral, os números apresentados por Peruíbe acompanham a tendência de municípios com crescimento demográfico, que é de elevação do índice de automóveis por habitante em todo Brasil, principalmente em cidades mais afastadas dos grandes centros urbanos. Para uma análise mais aprofundada da mobilidade urbana neste município, a seguir serão analisados os sistemas de transportes coletivos por ônibus. 9.3. Sistema de transportes coletivos municipal e intermunicipal Os sistemas de transporte coletivo municipal e intermunicipal de Peruíbe baseiam-se exclusivamente no modo motorizado rodoviário. De acordo com a Divisão de Trânsito e Segurança da Prefeitura de Peruíbe93, o sistema municipal é constituído por linhas de ônibus, operados desde 2006, pela empresa Intersul, que também opera linhas do transporte metropolitano. Segundo a mesma fonte, a tarifa das linhas municipais era de R$ 2,20, e os serviços prestados pela empresa concessionária vêm sendo questionados pela Prefeitura, que move ação judicial contra a mesma94. A Prefeitura de Peruíbe não forneceu maiores informações acerca das linhas convencionais de ônibus municipais de Peruíbe, mas conforme o site Peruibest95, as 11 linhas municipais são as seguintes, sendo que as duas últimas são linhas noturnas, conhecidas como “Corujão”: 93 Entrevista realizada em 14 de setembro de 2012. Não foram prestados mais esclarecimentos acerca da referida ação, mas apenas menção ao fato de que contratualmente a Intersul era obrigada a implantar terminais de ônibus, mas não o fez. 95 Disponível em: http://www.peruibest.com.br/guia-da-cidade/horario-de-onibus-municipais.htm. Acesso em: 03 nov. 2012. 94 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 928 - Barra do Una/Estação/Barra do Uma; 929 - Guaraú/Estação/Guaraú; 930 - Caraguava/Ruinas (via Ribamar)/Caraguava; mês 2012 931 - Veneza/S. Francisco (via fundação casa)/Veneza; 932 - Vila Erminda/Caraguava/Vila Erminda; 933 - Estação/Bananal/Estação; 934 - Veneza/Bairro dos Prados/Veneza; 936 - Caraguava/Vatrapuã (Vila Erminda ); 937 - Veneza/S. Francisco ( via São José)/Veneza; Caraguava/Bairro dos Prados (via Vila Erminda) Bairro dos Prados/Caraguava. Embora não se tenha obtido a espacialização destas linhas, em função dos itinerários, pode-se afirmar que estes cobrem as principais áreas urbanizadas do município e ainda algumas áreas mais distantes, com características rurais ou de baixa densidade. Mas segundo informação da Divisão de Trânsito e Segurança o bairro Santa Cruz, área com poucas ocupações e situada na divisa com Itanhaém, não é servido por linha do sistema municipal, pois o acesso exige passagem por aquele município. E também o bairro São João Batista, situado junto a Caraguava, não é atendido pelo sistema, por se tratar de uma área com urbanização mais recente, conforme a mesma fonte. De acordo com esta unidade municipal, no que diz respeito aos bairros Vila Erminda e Caraguava, situados em lados opostos da SP-55,e que receberam obras de infraestrutura, ainda é necessário ampliar a oferta de ônibus. E ainda, segundo a mesma fonte, na área rural o atendimento é precário, embora a Prefeitura tenha pavimentado as vias por onde circulam os ônibus deste sistema. Contudo, sem a obtenção de dados mais detalhados, como número de passageiros transportados por linha, frequência de itinerários, número de veículos disponíveis, número de veículos adaptados para portadores de deficiência, índice de passageiros transportados por quilômetro e outros, fica prejudicada uma análise aprofundada deste sistema. No que concerne à oferta de transporte coletivo entre Peruíbe e o restante da RMBS consiste na operação de cinco linhas de ônibus movidos a diesel, operados pelas empresas: Breda Serviços, Piracicabana e Intersul, sob fiscalização da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), controlada pelo Governo do Estado de São Paulo e vinculada à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM). A empresa que opera a maior parte das linhas é a Breda Serviços. A tabela ___ abaixo apresenta os itinerários dos ônibus metropolitanos que partem de Peruíbe e as respectivas empresas que as operam e as tarifas praticadas, no início de 2012. Se for considerada a questão da pendularidade intrametropolitana, que implica o pagamento de passagem na ida e na volta e às vezes exige do passageiro a transferência para outro sistema, no mesmo percurso, a soma das tarifas, que isoladamente é muito elevada, torna os deslocamentos metropolitanos com uso de ônibus pouco atrativos. Contudo, o sistema apresenta integração em Praia Grande, o que de certa forma reduz os impactos dos deslocamentos neste município, no tocante a esta linha (905EX1). 333 Outro aspecto importante a observar é o papel que este sistema desempenha no tocante aos municípios do Litoral Sul, pois a maior parte das linhas que se dirigem ao centro regional partem de Peruíbe, e estão submetidas aos pontos críticos do sistema viário de Praia Grande, para acesso à Ilha de São Vicente ou ao parque industrial de Cubatão. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Tabela ___. Itinerários dos ônibus metropolitanos (EMTU) que partem de Peruíbe (janeiro de 2012). Município origem Município destino Número e nome da Linha Descrição da linha Empresa Tarifa R$ Peruíbe Cubatão 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 Itanhaém 905 PERUIBE mês 2012SAO VICENTE (ITARARE) (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/ PIRACICABANA 8,60 905EX1 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/PRAIA GRANDE (TERMINAL RODOVIARIO E URBANO TATICO FRANCISCO GOMES DA SILVA) PIRACICABANA 6,50 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 905 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/ SAO VICENTE (ITARARE) PIRACICABANA 8,60 905EX1 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/PRAIA GRANDE (TERMINAL RODOVIARIO E URBANO TATICO FRANCISCO GOMES DA SILVA) PIRACICABANA 6,50 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 905 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/ SAO VICENTE (ITARARE) PIRACICABANA 8,60 905EX1 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/PRAIA GRANDE (TERMINAL RODOVIARIO E URBANO TATICO FRANCISCO GOMES DA SILVA) PIRACICABANA 6,50 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 905 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/ SAO VICENTE (ITARARE) PIRACICABANA 8,60 910 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (TERMINAL RODOVIARIO DE SANTOS) BREDA SERVIÇOS 18,10 922 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/CUBATAO (TERMINAL RODOVIARIO DE CUBATAO) BREDA SERVIÇOS 18,40 926 PERUIBE (TERMINAL RODOVIARIO DE PERUIBE)/SANTOS (CENTRO) INTERSUL 8,60 Mongaguá Praia Grande Santos São Vicente Fonte: EMTU (2012). Disponível em: http://www.emtu.sp.gov.br/emtu/itinerarios-e-tarifas/consulte-origem-e-destino/por-regiao-metropolitana.fss. Acesso em: 8 jan. 2012. 335 A maior parte das linhas deste sistema liga Peruíbe e os demais municípios do litoral sul da Baixada Santista aos municípios centrais da região, exceto Guarujá. Conforme se observa pelas informações apresentadas na tabela abaixo, a sazonalidade, no caso de Peruíbe, implica em maior número de passageiros e de viagens entre março e novembro, evidenciando o uso predominante deste modal por motivo de trabalho e estudo. Considerando-se o número total de passageiros, as linhas mais carregadas são as que operam entre Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá e Praia Grande, com médias mensais de todas as linhas em cada um destes municípios de 2.339.658 passageiros, nos meses de março a novembro de 2011. Com relação a São Vicente, este total foi de 2.122.538 passageiros. Portanto, observa-se que as viagens de Itanhaém para os municípios vizinhos são mais carregadas, embora as linhas para São Vicente transportem número pouco menor de passageiros no período analisado, apresentando, também, alto Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK) em todos os municípios, exceto em Cubatão. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Tabela ___. Linhas de ônibus metropolitanos fiscalizadas pela EMTU com origem em Peruíbe (janeiro 2011 a janeiro 2012). Município origem Município destino Número e nome da Linha Período Passageiros Passageiros Gratuitos mês 2012 Pagantes Peruíbe Cubatão 922 PERUIBE Mar a Nov 2 905 PERUIBE Jan/Fev/Dez Mar a Nov Jan/Fev/Dez 265.447 104.464 905EX1 PERUIBE Mar a Nov Jan/Fev/Dez 910 PERUIBE Itanhaém Passageiros Total Mês Viagens Total Mês Km Total Mês 23.930 Gratuitos x Pagantes (%) 100% IPK 103.902 Passageiros Média 12 Meses 21.531 23.932 969 8.506 728.952 276.652 0% 72% 28% 8.506 994.399 381.116 320 17.351 5.541 34.209 1.608.143 513.557 6.767 1.121.949 375.555 0,74 5,56 2,24 53.329 17.830 163.791 59.359 74% 26% 217.120 77.189 5.385 1.947 356.847 129.022 190.443 66.159 5,40 1,75 Mar a Nov Jan/Fev/Dez Mar a Nov 9 5 2 576.916 187.646 23.930 75% 25% 100% 576.925 187.651 23.932 21.320 6.470 969 1.967.091 594.916 103.902 528.619 167.997 21.531 2,65 0,94 2,08 Jan/Fev/Dez Mar a Nov Jan/Fev/Dez 141.878 32.943 8.506 385.404 102.358 0% 80% 20% 8.506 527.282 135.301 320 13.193 3.020 34.209 1.210.736 277.143 6.767 452.179 147.696 0,74 3,94 1,46 905 PERUIBE Mar a Nov Jan/Fev/Dez 265.447 104.464 728.952 276.652 72% 28% 994.399 381.116 17.351 5.541 1.608.143 513.557 1.121.949 375.555 5,56 2,24 905EX1 PERUIBE 910 PERUIBE Mar a Nov Jan/Fev/Dez Mar a Nov 53.329 17.830 9 163.791 59.359 576.916 74% 26% 75% 217.120 77.189 576.925 5.385 1.947 21.320 356.847 129.022 1.967.091 190.443 66.159 528.619 5,40 1,75 2,65 Jan/Fev/Dez Mar a Nov 5 2 187.646 23.930 25% 100% 187.651 23.932 6.470 969 594.916 103.902 167.997 21.531 0,94 2,08 922 PERUIBE Jan/Fev/Dez Mar a Nov Jan/Fev/Dez 141.878 32.943 8.506 385.404 102.358 0% 80% 20% 8.506 527.282 135.301 320 13.193 3.020 34.209 1.210.736 277.143 6.767 452.179 147.696 0,74 3,94 1,46 905EX1 PERUIBE Mar a Nov Jan/Fev/Dez Mar a Nov 265.447 104.464 53.329 728.952 276.652 163.791 72% 28% 74% 994.399 381.116 217.120 17.351 5.541 5.385 1.608.143 513.557 356.847 1.121.949 375.555 190.443 5,56 2,24 5,40 910 PERUIBE Jan/Fev/Dez Mar a Nov 17.830 9 59.359 576.916 26% 75% 77.189 576.925 1.947 21.320 129.022 1.967.091 66.159 528.619 1,75 2,65 Jan/Fev/Dez 5 187.646 25% 187.651 6.470 594.916 167.997 0,94 922 PERUIBE 926 PERUIBE Mongaguá 926 PERUIBE Praia Grande 905 PERUIBE 2,08 337 Santos São Vicente 922 PERUIBE Mar a Nov 2 23.930 100% 23.932 969 103.902 21.531 2,08 926 PERUIBE Jan/Fev/Dez Mar a Nov Jan/Fev/Dez 141.878 32.943 8.506 385.404 102.358 0% 80% 20% 8.506 527.282 135.301 320 13.193 3.020 34.209 1.210.736 277.143 6.767 452.179 147.696 0,74 3,94 1,46 922 PERUIBE Mar a Nov Jan/Fev/Dez Mar a Nov 9 5 2 576.916 187.646 23.930 75% 25% 100% 576.925 187.651 23.932 21.320 6.470 969 1.967.091 594.916 103.902 528.619 167.997 21.531 2,65 0,94 2,08 926 PERUIBE Jan/Fev/Dez Mar a Nov 141.878 8.506 385.404 0% 80% 8.506 527.282 320 13.193 34.209 1.210.736 6.767 452.179 0,74 3,94 Jan/Fev/Dez Mar a Nov Jan/Fev/Dez 32.943 265.447 104.464 102.358 728.952 276.652 20% 72% 28% 135.301 994.399 381.116 3.020 17.351 5.541 277.143 1.608.143 513.557 147.696 1.121.949 375.555 1,46 5,56 2,24 910 PERUIBE Mar a Nov Jan/Fev/Dez 9 5 576.916 187.646 75% 25% 576.925 187.651 21.320 6.470 1.967.091 594.916 528.619 167.997 2,65 0,94 922 PERUIBE Mar a Nov Jan/Fev/Dez Mar a Nov 2 141.878 23.930 8.506 385.404 100% 0% 80% 23.932 8.506 527.282 969 320 13.193 103.902 34.209 1.210.736 21.531 6.767 452.179 2,08 0,74 3,94 Jan/Fev/Dez 32.943 102.358 20% 135.301 3.020 277.143 147.696 1,46 910 PERUIBE 905 PERUIBE 926 PERUIBE Fonte: EMTU (2012). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 É importante observar, que a ligação do sistema de ônibus metropolitanos entre Peruíbe e os municípios vizinhos, em períodos de férias, fins de semana e feriados está sujeita aos frequentes congestionamentos, sobretudo nas voltas do trânsito proveniente do Planalto. Assim, os tempos de percurso dos deslocamentos metropolitanos têm aumentado consideravelmente nestas épocas, colocando em xeque a mobilidade mês 2012 metropolitana. Outro aspecto a ser considerado, é a utilização do eixo da SP-55 como ponto de ligação da Baixada Santista com o Vale do Ribeira e sul do país, o que faz com que este sistema se sobreponha e este tipo da viagem. Contudo a inexistência de integração tarifária entre este sistema e os modais existentes na área central da região onera o passageiro com destino a áreas não servidas diretamente pelo sistema metropolitano, obrigando-o a caminhar longos percursos ou ter que arcar com o custo de outros deslocamentos, nos sistemas municipais de ônibus ou de lotações dos municípios centrais. Como verificado na apresentação da pesquisa OD-BS, a maior oferta de trabalho na região se encontra na Ilha de São Vicente, sobretudo em Santos, e no parque industrial de Cubatão. Portanto, a ausência de integração completa entre os sistemas de transporte municipal e metropolitano provavelmente tem um efeito de seleção da população economicamente ativa que se dirige a estas áreas, no sentido de limitar sua participação no mercado de trabalho nas áreas mais centrais, apesar da distância de Itanhaém a estes municípios, apesar da distância de Peruíbe para o centro da região já ser um limitador importante. Em alguns casos, um trabalhador que reside em Itanhaém e trabalha em Santos, é obrigado a tomar dois ou mais ônibus na ida e no retorno, sendo um metropolitano e outro municipal, desembolsando quantias elevadas diariamente. No tocante à aferição da qualidade do transporte metropolitano na Baixada Santista, a EMTU aplica anualmente uma pesquisa, visando obter o Índice de Qualidade da Satisfação do Cliente (IQC), que é parte integrante do Índice de Qualidade do Transporte (IQT). Assim, o IQC é obtido através da avaliação pessoal dos clientes com relação à qualidade percebida dos serviços de transporte metropolitano, sob gerenciamento da empresa, através de aplicação de pesquisas junto a esses serviços. Também está previsto, no cálculo para obtenção do IQC, o Índice de Reclamação da Pesquisa (IRP), obtido através da média das reclamações apuradas nas entrevistas. Desta forma, a seguinte fórmula para obtenção do IQC, na qual NP é a nota média da pesquisa entre 33 atributos avaliados através de escala de zero a dez. IQC = NP – IRP Além da obtenção do IQC, a pesquisa investiga vários aspectos relacionados à qualidade dos serviços, como qualidade da frota, da comunicação social, da tripulação e outros, com vistas a futuros planos de ação localizados. Conforme a última rodada da pesquisa, em 2011 o IQC da Viação Piracicabana (4,30) sofreu queda de 13,1% em relação a 2010 (4,95), segundo o gráfico ___ abaixo. 339 Gráfico ___ Evolução do IQC da Viação Piracicabana (2008-2011). Fonte: Índice de Qualidade da Satisfação do Cliente (EMTU, 2011). As linhas pesquisadas foram: 900 TRO - São Vicente (Jóquei Club) - Santos (Centro) - (31/05/2011); 901 TRO - São Vicente (V. Margarida) - Santos (Centro) - (31/05/2011); 902 TRO - São Vicente (Cj. Tancredo Neves) - Santos (Centro) - (01/06/2011); 904 TRO - Praia Grande (T. Tude Bastos) - Santos (Centro) - (02/06/2011); 906 TRO - Cubatão (Fabril) - Santos (Ponta Praia) - (06/06/2011); 907 TRO - São Vicente (Cj. Tancredo Neves) - Santos (Centro) via Canal 1 -(01/06/2011); 908 TRO - São Vicente (Pq. Bitaru) - Santos (Ponta Praia) - (31/05/2011); 931 TRO - Praia Grande (Jd. Samambaia) - Santos (Paquetá) - (02/06/2011); 934 TRO - Praia Grande (T. R. U. Tatico Francisco G. Silva) - Santos (Paquetá) - (02/06/2011); 934 EX1 - Praia Grande (T. R. U. Tatico Francisco G. Silva) - Santos (Paquetá) via Praia Grande (T. Tude Bastos) Santos (A. C. Nébias) - (02/06/2011); 942 TRO - São Vicente (Humaitá) - Santos (Ponta Praia) - (01/06/2011); 943 TRO - São Vicente (Pq. Bandeirantes Gleba II) - Santos (Ponta Praia) - (01/06/2011). No que concerne à Breda, a linha pesquisada foi a 910TRO - Peruíbe (T. Rod. Peruíbe) – Santos (T. Rod. Santos), entre 26 e 27/05/2011. Segundo a pesquisa, em 2011 o IQC da empresa (6,06) se manteve estável com queda de apenas 0,7% em relação a 2010 (6,10), segundo o gráfico ___ abaixo. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Gráfico ___ Evolução do IQC da Breda (2008-2011). mês 2012 Fonte: Índice de Qualidade da Satisfação do Cliente (EMTU, 2011). Segundo a mesma fonte, essa queda ocorreu em virtude da diminuição de 0,5% na nota média da empresa, que passou de 7,29 (2010) para 7,25 (2011) mantendo também estabilidade. O IRP (Índice de Reclamações por Pesquisa) se manteve no mesmo patamar de 2010 com 1,19 reclamações por pesquisa. No que diz respeito à Intersul Transportes e Turismo S.A., a linha pesquisada foi a 926 TRO - Peruíbe (T. Rod. Peruíbe) - Santos (T. Rod. Santos) (entre 24 e 25/05/2011). Em 2011 o IQC da Intersul (5,00) obteve uma elevação de 0,8% em relação a 2010 (4,96), segundo o gráfico ___ abaixo. Gráfico ___ Evolução do IQC da Intersul Transportes (2008-2011). Fonte: Índice de Qualidade da Satisfação do Cliente (EMTU, 2011). Conforme o relatório da pesquisa, o índice subiu devido a uma diminuição de 5,3% no IRP (índice de reclamação por pesquisa) que passou de 1,51 (2010) para 1,43 (2011). Portanto, a Breda, responsável pela maioria das linhas metropolitanas que atendem Peruíbe, é a que possui a melhor avaliação, o que reforça as decisões dos trabalhadores, no tocante à adoção deste sistema. Neste aspecto, é importante lembrar que a Pesquisa Origem e Destino da Baixada Santista, com referência a 341 Peruíbe, apontou o tempo médio de viagem no modo coletivo bem inferior à média regional, o que também pode ter influência do sistema municipal ou das distâncias dos deslocamentos realizados. No tocante ao transporte intermunicipal em nível estadual, segundo a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP), órgão que regula esta modalidade de transporte, seis linhas intermunicipais estaduais possuem origem ou destino em Peruíbe, ligando este município a São Paulo, São Bernardo do Campo e Vale do Ribeira, revelando a grande dependência com relação a São Paulo, no tocante às viagens para outras áreas do interior ou outras regiões do país. Conforme a tabela ___ a seguir, apresenta-se as referidas linhas intermunicipais de ônibus estaduais, com destino ou origem em Peruíbe, com as respectivas distâncias percorridas e empresas operadoras. Tabela ___. Linhas intermunicipais com destino ou origem em Peruíbe. Nome da Linha Distância total atual Nome da Empresa Itinerário PERUIBE - SAO PAULO 144,0 BREDA TRANSPORTES E SERVICOS S/A Peruíbe/Itanhaém/Mongaguá/Praia Grande/São Paulo SAO PAULO - PERUIBE ITANHAEM 212,0 INTERSUL TRANSPORTES E TURISMO LTDA São Paulo/Osasco/Juquitiba/Miracatu/Pedro de Toledo/Itariri/Peruíbe/Itanhaém SAO PAULO-PERUIBEITANHAEM(P/SAO PAULOPERUIBE) 182,0 INTERSUL TRANSPORTES E TURISMO LTDA São Paulo/Osasco/Juquitiba/Miracatu/Pedro de Toledo/Itariri/Peruíbe PERUIBE - ITANHAEM - SAO PAULO (Via Rodovia Anchieta) 149,7 BREDA TRANSPORTES E SERVICOS S/A Peruíbe/Itanhaém/Mongaguá/Praia Grande/São Bernardo do Campo/São Paulo PEDRO DE TOLEDO-PERUIBEITANHAEM(SUBURBANA) 59,1 INTERSUL TRANSPORTES E TURISMO LTDA Pedro de Toledo/Itariri/Peruíbe/Itanhaém Fonte: ARTESP (2012). Elaboração: Instituto Pólis. A tabela ___ seguinte apresenta, respectivamente, o total anual de passageiros transportados por trecho, nas linhas intermunicipais com origem em Peruíbe, entre 1998 e 2011. Verifica-se que, o número de passageiros entre Peruíbe e São Paulo apresentou redução neste período, embora tenha aumentado no último ano da série. A maior queda, no entanto, ocorreu com relação ao trecho de Santos. Assim, verifica-se que os deslocamentos intermunicipais originados em Peruíbe tendem a se apoiar cada vez mais na Capital do que em Santos, ampliando ainda mais a diferença entre estes pontos de transferência, com relação ao início da série. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Tabela ___. Média mensal de passageiros transportados por trecho nas linhas intermunicipais com origem em Peruíbe (1998 a 2011, dezembro a fevereiro*). mês 2012 Município final Ano 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 PRAIA GRANDE 0 0 0 0 285 549 628 686 295 212 219 315 291 0 SANTOS 16.152 9.375 2.741 2.906 7.544 9.070 9.637 10.557 3.540 3.153 4.778 6.890 5.176 3.425 SAO PAULO 164.371 143.295 131.120 150.192 191.612 150.968 106.034 133.878 130.393 139.368 119.251 118.257 127.845 150.148 SAO VICENTE 0 0 0 0 393 658 721 810 333 279 321 379 286 0 Total 182.521 154.669 135.861 155.099 201.836 163.248 119.024 147.936 136.567 145.019 126.577 127.850 135.608 155.584 Fonte: ARTESP (2012). 343 9.4. Sistema Viário e Cicloviário No tocante a estruturas viárias adaptadas para bicicletas, segundo o Departamento de Coordenadoria e Planejamento da Prefeitura de Peruíbe, a figura abaixo apresenta um esquema geral da malha cicloviária existente, projetada e em estudos no município. De acordo com a mesma fonte, 9% da população de Peruíbe utiliza bicicleta como meio de transporte e sua topografia, com trechos urbanos praticamente planos favorece a utilização deste meio de transporte. Segundo a mesma fonte, o município contava com 6.769,0 m de ciclovias existentes, e possuía 32.648,0 m de ciclovias projetadas e previsão de construção de mais 25.879,0 m de novas ciclovias, em estudo. Segundo esta fonte, as obras das fases 2 e 3 da ciclovia da orla da praia, respectivamente com 1.078,0 m e 1.185,0 m de extensão, estavam em andamento. Conforme esta figura, as principais vias dotadas de ciclovias são as avenidas Governador Mário Covas Júnior, na orla marítima, com cerca de 7,0 km de extensão, e Luciano de Bona, a primeira implantada até o bairro Oásis e a segunda até o bairro São Luiz. Na direção norte-sul, outra ciclovia liga a área central ao bairro Caraguava, habitado por população de renda mais baixa. Contudo, segundo esta fonte, a malha ainda apresenta cobertura limitada, em especial nos bairros com densidade demográfica relevante, ao norte da SP55, onde apenas pequeno trecho foi implantado. Por outro lado, em 2010, o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (CONDESB) aprovou a liberação de R$ 747.241,80 para construção de mais dois trechos de ciclovia em Peruíbe que atenderiam os bairros Jardim Peruíbe e Jardim Veneza, com o objetivo de diminuir a incidência de atropelamento de ciclistas, pois são bairros que margeiam a rodovia SP-55. Peruíbe: ciclovias existentes, projetadas e em estudo. Fonte: Prefeitura Municipal de Peruíbe. Disponível em: http://www.peruibe.sp.gov.br/planejamento/Ciclovia/Ciclovia.htm. Acesso em 04 nov. 2012. Quanto aos pontos críticos do sistema viário, em geral, além das questões levantadas anteriormente, em função da ausência de informações por parte da Prefeitura, fica prejudicada uma análise aprofundada. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 9.5. A Legislação Municipal e a Mobilidade Urbana e Regional Regulação das infraestruturas de mobilidade urbana e regional na legislação municipal de Peruíbe A Constituição Federal estabelece como competência privativa da União legislar sobre trânsito e transporte (artigo 22, XI). A União exerceu sua competência primeiro pela promulgaçãomês do 2012 Código de Trânsito Brasileiro CTB (Lei Federal 9.503 de 1997), o qual define normas gerais de circulação nas vias terrestres, as quais devem ser observadas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios quando da regulamentação dos seus sistemas viários pelos seus respectivos órgãos e entidades executivos de trânsito, sempre de acordo com suas peculiaridades locais e circunstâncias especiais (artigo 2° c/c 8° do CTB).Fazem parte do sistema viário, segundo o CTB, as vias terrestres urbana e rurais, quais sejam, “as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e rodovias”. As praias abertas à circulação pública também fazem parte do sistema viário, assim como as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas (artigo 2° e seu parágrafo único). A Constituição também definiu como competência da União legislar sobre as diretrizes da política nacional de transporte. A União então, após 17 anos de tramitação no Congresso Nacional, promulgou a Lei n° 12.587 de 2012, que estabelece as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. O conceito de mobilidade urbana era inexistente até então na legislação pátria. Até mesmo o Estatuto das Cidades se referia apenas à obrigatoriedade da existência de “plano de transporte urbano integrado” para os municípios com mais de quinhentos mil habitantes (§ 2º do artigo 41 da Lei n° 10.257 de 2001). Sendo assim, tanto o CTB como a Política Nacional de Mobilidade Urbana serão utilizados aqui como parâmetro para a análise da legislação municipal de mobilidade urbana de Peruíbe. A Lei Orgânica de Peruíbe regulamenta a infraestrutura do seu sistema de mobilidade urbana ao definir como sua competência: “X - criar órgão municipal responsável pelo trânsito e tráfego, com as seguintes atribuições, entre outras que a Lei venha a estabelecer: a) prover o transporte coletivo urbano, que poderá ser operado através de concessão, fixando itinerários, pontos de parada, horários e as tarifas respectivas; b) disciplinar o transporte individual de passageiros, fixando os locais de estacionamentos e as tarifas respectivas; c) disciplinar o trânsito de veículos pesados e a atividade de carga e descarga, fixando horários e locais de trânsito de estacionamento; d) planificar e implantar a sinalização de trânsito no Município; e) regulamentar a utilização das vias públicas municipais, locais de estacionamentos de veículos, limites das zonas de silêncio, serviços de carga e descarga, mãos de direção e tonelagem máxima permitida a veículos que circulem nessas vias; XI - sinalizar as vias urbanas e as estradas municipais, bem como regulamentar e fiscalizar a sua utilização; ” (artigo 5° da LOM de Peruíbe) Afora o dispositivo acima, não foi encontrada na Lei Orgânica do Município qualquer regulamentação que trate especificamente da política de mobilidade urbana. É no Plano Diretor (Lei Complementar n° 100 de 2007) e na Lei de Uso do Solo - LUOS (Lei Complementar n° 121 de 2008) onde se encontram os principais dispositivos que regulamentam o sistema viário e a gestão de mobilidade do município. O Plano Diretor elenca a Lei do Sistema Viário, no rol de legislações que integram o processo de planejamento do município (artigo 3°, inciso V). Além disso, estabelece que a oferta de transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais e o planejamento do 345 desenvolvimento da cidade de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente (artigo 7°, incisos IV e V) deve ser observada para garantir a função social da cidade (Lei n° 10.257 de 2001), Ainda na dimensão dos princípios e diretrizes norteadores da política urbana do Município, estabelece o Plano Diretor que a “Política Municipal de Infraestrutura e Serviço” deve observar a garantia do acesso universal a qualquer ponto do território municipal, por intermédio do transporte coletivo (artigo 48, inciso IV). Apesar de não fazer menção especificamente à elaboração de um Plano de Mobilidade, o Plano Diretor Municipal, como já apontado, previu expressamente a necessidade de elaboração da “Lei do Sistema Viário de Peruíbe (artigo 3°, inciso V) e estabelece o prazo de 12 (doze) meses a contar de sua data de publicação, para que o Poder Executivo a encaminhe para apreciação da Câmara Municipal. Tal dispositivo vai ao encontro do previsão legal contida na Política Nacional de Mobilidade, que prevê a obrigatoriedade da elaboração de Plano de Mobilidade para municípios com população acima de 20 mil habitantes e em todos os demais obrigados, na forma da lei, à elaboração de Plano Diretor (§ 1° do artigo 24 da Lei Federal n. 12.587, de 03 de janeiro de 2012). Apesar disso, não foi elaborado até a presente data qualquer plano ou legislação específica que trate da mobilidade urbana do Município de Peruíbe. Importante notar a fragilidade dos dispositivos relativos à mobilidade no ordenamento jurídico municipal. Mesmo na seara dos princípios e diretrizes a legislação municipal pouco se refere à mobilidade urbana, com exceção da garantia do acesso a cidade por meio do transporte público. Nesse sentido, embora as infraestruturas do sistema viário das cidades brasileiras destinadas ao transporte individual de automóveis e o transporte de cargas tenham sido, ao longo da história, tradicionalmente privilegiadas na composição dos orçamentos públicos municipais, as recentes inovações trazidas pela legislação federal reorientam as prioridades dos investimentos públicos em mobilidade no espaço urbano. Uma das diretrizes gerais mais importantes da normativa federal é obrigatoriedade de priorizar o modos nãomotorizados (pedestres e ciclistas) sobre o transporte motorizado, assim como do transporte público coletivo sobre o individual. Felizmente, ambas foram contempladas nas diretrizes para elaboração do Plano de Mobilidade e do Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo de Peruíbe. A Lei da Política Nacional de Mobilidade também traz inúmeros princípios e diretrizes para a questão da mobilidade antes ignorados pela maioria dos municípios brasileiros. Como a redução das desigualdades e promoção da inclusão social via melhoria das condições de mobilidade (artigo 7°, inciso I) e a integração entre os diferente modais, motorizados ou não, a fim de integrar o sistema de transporte público (artigo 6°, inciso III). Outro importante elemento a ser levado em conta é a inserção de Peruíbe na Região Metropolitana da Baixada Santista e do caráter sistêmico da mobilidade urbana, especialmente em áreas conurbadas como essa. Logo, os projetos de Peruíbe devem sempre buscar a integração com os demais municípios que compõe a RMBS, tornando-se fundamental que a diretriz de integração de projetos com as políticas metropolitanas e estaduais seja estabelecida quando da elaboração do Plano de Mobilidade e de fato concretizada nos seus projetos. À Administração Municipal cabe outra importante atividade ordenadora da política de mobilidade municipal, qual seja, “a criação ou autorização da criação da rede viária necessária ao exercício da função e do direito de circulação e na regulamentação do uso da mesma” (SILVA, P. 181)96. Nesse sentido, a Lei de Uso do Solo de Peruíbe - LUOS (Lei Complementar n° 121 de 2008) faz a classificação das vias que compõe a rede viária do Município. O artigo 8° da LUOS as classifica em corredores de alta capacidade de tráfego, que são as avenidas de caráter regional ou municipal mais adequadas a suportar o 96 SILVA, José Afonso da. Direito Urbanístico Brasileiro. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 tráfego de grande porte, mais adequadas, portanto, a suportar o tráfego de grande porte e de atividades mais incômodas; em corredores comerciais, que são as avenidas que formam a base do sistema viário municipal e são as mais adequadas à recepção de atividades de nível de incômodo intermediário; e um terceiro grupo que reúne todas as demais vias, como as coletoras e locais, cuja função básica é residencial e por isso são mês 2012 das vias está indicada no destinadas à recepção das atividades de baixo ou nenhum incômodo. A classificação Anexo I – Incomodidades Admissíveis, da LUOS. Outras especificações técnicas também são indicadas na Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo, como a largura mínima das vias, das calçadas e a presença ou não de separadores de pista. Além disso, quanto trata do parcelamento do solo no município, a LUOS remete as definições do “Quadro 2”, que devem ser observadas pelo empreendedor, bem como a categoria das vias constantes da Carta “Sistema Viário e Drenagem”, que integra a LUOS e já define dimensões mínimas acima das elencadas genericamente no Quadro 2 para determinadas Zonas de Uso. Importante notar que a LUOS faz a correlação direta entre a infraestrutura viária e os parâmetros urbanísticos os usos e atividades permitidos, como pode ser observado nos Anexos I e II da Lei. O Plano Diretor também regulamenta o Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (artigo 229 e seguintes),e embora o condicione a aprovação de lei específica (art. 171). A LUOS trata também do EIV (artigos 51 e seguintes) e do Relatório de Impacto de Vizinhança - RIV (artigos 57 e seguintes). Logo, as normas municipais preveem os casos em que deve ser exigido (artigo 230 do PD e artigo 55 da LUOS), conteúdo do EIV (artigo 232 do PD e artigo 51 da LUOS) e medidas mitigadoras dos impactos negativos gerados pelos empreendimentos (artigo 233 do PD e artigo 58 da LUOS), dentre outros, podendo indicar a possibilidade de aplicabilidade do instrumento. Com efeito, o EIV é um dos instrumentos urbanísticos elencados no Estatuto da Cidade (artigo 4°, inciso VI da Lei Federal 10.257 de 2001), cujo objetivo é tornar claro quais serão os “efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades” (artigo 37 da Lei Federal 10.257 de 2001), permitindo à municipalidade definir as medidas compensatórias necessárias em razão dos impactos. Sendo assim, é premente a elaboração de um Plano de Mobilidade a fim de dotar Peruíbe de todos os instrumentos de gestão e planejamento necessários para lidar com este complexo elemento estruturador do espaço urbano. Já o transporte não-motorizado praticamente não é tratado na legislação municipal analisada, mesmo que sejam fundamentais na composição das viagens do município, como aponta o item “Mobilidade Urbana e Regional”, deste relatório. Cumpre, no entanto, apontar a existência do Plano Cicloviário Metropolitano – PCM, elaborado pela Agência Metropolitana da Baixada Santista – AGEM, tendo em vista a utilização em larga escala pela população e o impacto inexistente da bicicleta como meio de transporte no meio ambiente. Outro importante elemento que compõe o sistema de mobilidade é a sinalização viária. Especialmente os municípios que compõe uma região metropolitana, como a Baixada Santista, e que tem o turismo como um importante componente de sua economia local, tem na sinalização viária comum um importante fator para oferecer qualidade e segurança nos deslocamentos da população, além de valorizar seu patrimônio natural e histórico. Tal importância é revelada pela existência do manual de Sinalização Viária de Interesse Metropolitano – SINALVIM, de 2002, e do Projeto Funcional de Sinalização Turística – SINALTUR97 , de 2008. Ambos 97 O SINALTUR de Peruíbe está disponível no sítio da AGEM no seguinte endereço: http://www.agem.sp.gov.br/pdf/SINALTUR%20%20Relatorio%20Final%20-%20Peruibe.pdf 347 elaborados pela Agência Metropolitana da Baixada Santista – AGEM, tendo como objetivo possibilitar uma padronização de toda sinalização de caráter metropolitano da Região Metropolitana da Baixada Santista. Sistema municipal de transporte e mobilidade A LOM determina que compete ao Município de Peruíbe organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, o serviço de transporte coletivo, nos termos do artigo 30, inciso V, da Constituição Federal (artigo 5°, inciso X, alínea “a” da LOM). O sistema do transporte público é feito atualmente, por meio de concessão, pela empresa permissionária Intersul Transporte e Turismo Ltda., que opera o sistema desde 2005. A Administração Pública possui uma Diretoria de Trânsito - DITRAN, que é o órgão executor da política de mobilidade do Município. A existência de uma diretoria dedicada única e exclusivamente à mobilidade indica uma especialização favorável para gestão deste complexo elemento estruturador da cidade. Ainda com relação ao transporte público coletivo, cumpre indicar que o novo marco legal federal traz a possibilidade de os municípios subsidiarem as tarifas do transporte coletivo, como medida de ampliação e melhoria das condições de mobilidade urbana e de redução dos custos que incidem sobre o usuário. Além de incentivar a criação de outros mecanismos institucionais (planos, fundos e conselhos) de custeio e fiscalização dos serviços de transporte coletivo. No formato atual, o pagamento das tarifas pelos usuários são os únicos financiadores diretos da operação das empresas concessionárias e dos das isenções oferecidas a determinadas camadas da população, como idosos e estudantes, Outro elemento que compõe o sistema viário é o da gestão das vagas de estacionamento públicos e privados pelo Município. É comum na legislação urbanística brasileira dispositivos que obrigam a existência de vagas de nas edificações. É no Código de Obras do Município (Lei Complementar n° 123 de 2008) que está regulamentado o cálculo de vagas de estacionamento de acordo com o tipo de edificação, conforme determina o Anexo IV – Cálculo de Lotação, Sanitários e Vagas para Estacionamento ou Garagem. Sendo que até mesmo as residências unifamiliares obrigatoriamente deverão reservar área para estacionamento de pelo menos um veículo. É interessante notar o legislador supõe que todas as pessoas do município tem, desejam ou deveriam desejar ter um automóvel, já exige que qualquer edificação reserva quase 1/3 de sua área para guarda deste bem. Importante notar que este tipo de obrigatoriedade acaba por impactar negativamente o ambiente urbano. Primeiramente, ao exigir vagas de estacionamento, a municipalidade atua diretamente no aumento dos preços dos imóveis, tornando ainda mais inacessível a moradia regular para famílias de baixa renda. O segundo impacto é no trânsito. Estudos comprovam que a facilidade para estacionar os veículos é um forte fator indutor para o uso de automóveis. Este uso implica na saturação do sistema viário, que, por ser uma infraestrutura consolidada, sua ampliação é muito mais cara e árdua do que o número de vagas e automóveis nas ruas. Logo, a política de gestão das vagas é um importante elemento ruma a um padrão de mobilidade mais sustentável, juntamente com uma política de prioridade ao transporte público. Por essa razão é o incentivo a construção de edifícios garagens como o concedido pelo artigo 140 da LOM, que isenta por 20 anos dos impostos municipais todos os edifícios garagens de mais de 7 pavimentos, provido de elevadores para transporte de veículos, podem colaborar para a saturação do sistema viário e piora no trânsito local. Outra medida de incentivo a criação de estacionamentos, agora no Plano Diretor, está contido no parágrafo terceiro do artigo 97, que aponta para a criação de incentivos para abertura de praças de estacionamento em lotes baldios e para a construção de garagens. Por fim, cumpre indicar que o item “Mobilidade Urbana e Regional”, faz a análise da situação atual da mobilidade no município e é fundamental para a compreensão da dinâmica urbana de mobilidade de Peruíbe. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 10. HABITAÇÃO E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA A questão habitacional é um dos temas estratégicos na construção do diagnóstico sócio ambiental e deve ser pensada em articulação com as demais políticas urbanas. É fundamental dar atenção especial à questão do mês 2012 acesso à terra urbanizada e à dinâmica urbana como um eixo estratégico para a implementação das propostas de política habitacional. A questão da habitação é, fundamentalmente, um problema urbano. Além de não ser possível produzir moradias sem uma base fundiária, o uso residencial ocupa a maior parte das cidades, com fortes relações com as políticas de ordenamento territorial, mobilidade e saneamento. Neste sentido, a descrição e análise das problemáticas habitacionais buscam compreender as características da precariedade habitacional, os impactos urbanos e ambientais da sua localização e associá-las às outras problemáticas urbanas e sociais de forma a construir uma leitura conjunta e intersetorial que contribua para a construção de um programa de ações que efetivamente contribuam para a melhoria da qualidade urbana e habitacional na região. Para tanto, abordaremos em um primeiro momento, as diretrizes norteadoras da política nacional de habitação, a partir da qual serão direcionadas nossas análises. Em seguida apresentamos uma caracterização dos assentamentos precários no município de Peruíbe, a partir do Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) desenvolvido ao longo de 2009, qualificando esses espaços precários no município. No item sobre necessidades habitacionais, apresentamos os números que resumem as carências municipais, que associadas à descrição e análise da atuação do poder público frente à problemática habitacional, resulta no item pontos críticos no atendimento habitacional. Por fim realizamos uma avaliação do arcabouço legal vigente, suas potencialidades e limitações frente às problemáticas apontadas. 10.1. Assentamentos precários e informais A precariedade habitacional nas cidades brasileiras está diretamente associada ao modelo de produção e ocupação desigual dos espaços urbanos. Os assentamentos precários, que incluem favelas, loteamentos irregulares ou outras formas de ocupação do território de forma precária e irregular são expressão espacial destes processos. De modo geral, o município de Peruíbe, assim como os outros que compõem a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), apresenta um desequilíbrio social na distribuição da população em seu território, apontando a classe social de média e alta renda habitando áreas valorizadas, privilegiada pela presença satisfatória de infraestrutura urbana, enquanto a classe de baixa renda distribui-se em áreas periféricas, onde a presença de infraestrutura é precária e muitas vezes inexistente. Os assentamentos precários identificados concentram-se em áreas bem demarcadas no município, com ocorrências entre a Av. Luciano de Bona e a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, ao longo do Rio Preto, e principalmente entre a referida rodovia e a Serra do Mar, com ocorrências isoladas em outras áreas da cidade, conforme pode ser observado no mapa a seguir. 349 Mapa – Distribuição dos Assentamentos Precários, 2009. Fonte: PLHIS, Prefeitura Municipal de Peruíbe, 2009. O PLHIS identificou em 2009, 33 assentamentos precários que apresentam, por peculiaridades do município, especificidades que os diferenciam dos demais setores subnormais ou assentamentos precários da RMBS, geralmente caracterizados como favelas, loteamentos clandestinos ou irregulares. As especificidades estão no fato de que os assentamentos precários em Peruíbe podem ser considerados expressões embrionárias ou formas primitivas dessas formas de ocupação e que poderão apresentar uma evolução nos moldes como conhecemos em outras cidades da região se políticas públicas não forem suficientemente eficazes para reverter o processo de degradação da vida urbana e do ambiente natural do município98. Porém, mesmo que considerados formas embrionárias destes tipos de ocupação, esses assentamentos estão divididos neste relatório, para fins de análise, em dois grupos: Favelas; Loteamentos clandestinos ou irregulares. Adotando a metodologia do PLHIS, subdividimos o grupo de Loteamentos Clandestinos ou Irregulares em: Invasão de lotes em loteamentos aprovados; Ocupação de áreas públicas de loteamentos aprovados; Implantação desconforme de loteamentos aprovados; Parcelamentos Clandestinos de baixa renda e Invasão de Glebas. 98 PLHIS Peruíbe. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Foram identificadas 3.172 moradias em assentamentos precários, representando respectivamente 16,45% dos domicílios ocupados. mêsem 2012áreas periféricas do Como observado no Mapa de distribuição, os assentamentos estão localizados município, próximas a serra do mar. Esse padrão de ocupação, decorrente nas cidades brasileiras, é resultado do modelo de produção desigual dos espaços urbanos, onde a população de baixa renda, sem acesso a terra urbana em grande parte das áreas urbanizadas da cidade, acabam por ocupar as setores periféricos, áreas de risco e de proteção ambiental. A ocupação territorial do município de Peruíbe seguiu a lógica de ocupação pautada no mercado imobiliário, tendo suas faixas de terra próximas à orla ocupadas por loteamentos turísticos voltados as classes de média e alta renda. Essa lógica de ocupação somada às condições geográficas do município influenciou o processo de segregação socioespacial, pressionando as ocupações precárias e irregulares às áreas mais afastadas. A seguir, caracterizamos sumariamente os assentamentos precários identificados pelo PLHIS de Peruíbe, utilizando a classificação favelas e loteamentos clandestinos e irregulares. 10.1.1. Favelas Esse tipo de ocupação99, mesmo que em padrões superiores aqueles encontrados em outros municípios do RMBS, apresenta formas de ocupação precária e ausência de infraestrutura urbana, e foram levantadas pelo PLHIS como núcleos que se inserem em APP ou APA. Assentamentos irregulares e precários em APP ou APA: Áreas localizadas ao longo do curso do Rio Preto, e das áreas de mangue que o ladeiam e em menor intensidade ao longo do curso do Rio Branco, espalhandose tanto por áreas centrais como em regiões mais periféricas do município. Inserem-se no Setor Especial de Recuperação Ambiental definido pelo Plano Diretor municipal, caracterizada pela existência de áreas de preservação permanente degradadas, áreas de mangues, várzeas e restinga fragilizadas. As ocupações se deram a partir do aterramento das áreas de mangue e margem dos rios. Palafita é uma exceção. O principal problema desses assentamentos é o risco de inundações periódicas. Figura. Peruíbe – Exemplo de Favela: Núcleo Jardim Veneza, 2009. Fonte: PLHIS, 2009/AGEM, 2005. 99 Para fins de análise neste relatório, foram consideradas definições para caracterização de favelas, adotada por Laura Bueno, que classifica favela como “Aglomerados urbanos em áreas públicas ou privadas, ocupadas por não-proprietários, sobre as quais os moradores edificam casas à margem dos códigos legais de parcelamento e edificação”. 351 Do total de assentamentos precários identificados, 17 núcleos se enquadram nesta tipologia de ocupação. Ao todo são 964 domicílios localizados em áreas com alguma carência de infraestrutura urbana, ocupando predominantemente áreas públicas. A tabela abaixo apresenta a relação dessas favelas. Tabela __ - Assentamentos irregulares precários em APP ou APA. Assentamentos Precários - Favelas Década de Ocupação Número de Propriedade da terra Domicílios Padrão Construtivo das Habitações 1 2 3 Jardim Veneza São João de Peruibe Centro 80 50 50 120 40 80 Pública Pública Pública Precária Precária Precária 4 5 Novo Horizonte Jardim Itatins 80 80 10 161 Pública e Particular Pública Precária Precária 6 7 8 Jardim Los Angeles Jardim Valeriano Jardim Brasil 80 80 80 80 10 5 Pública Pública Pública Precária Precária Precária 9 10 80 80 20 5 Pública Pública Baixo Padrão Baixo Padrão 80 180 Pública Baixo Padrão 12 Jardim Caraminguava Residencial Park D'Aville Cidade Balnearia Nova Peruibe/área da Ilha Grande SR Balneario Caraguava 80 10 Pública Precária 13 14 SR Jardim Peruibe SR Vila Romar 80 80 40 5 Pública Pública Precária Precária 15 16 17 SR Vila Peruibe SR Balneario Santana Favela Santa Isabel 80 80 80 55 26 117 Pública Pública Particular Baixo Padrão Baixo Padrão Precária 11 TOTAL Fonte: PLHIS, 2009. 964 Observa-se também que a grande maioria dos núcleos teve sua origem na década de 1980, com exceção dos núcleos São João de Peruíbe e Centro que se originaram na década de 1950. Percebe-se ainda que o padrão construtivo das habitações se resume a moradias precárias e de baixo padrão, construídas em alvenaria ou madeira. Tabela __ – Infraestrutura dos núcleos de favelas, 2009. 1 2 Jardim Veneza São João de Peruíbe Abastecimento de água NÃO NÃO 3 4 Centro Novo Horizonte SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM 5 6 7 Jardim Itatins Jardim Los Angeles Jardim Valeriano SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM SIM 8 9 Jardim Brasil Jardim Caraminguava SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM 10 Residencial Park D'Aville Cidade Balnearia Nova Peruibe/área da Ilha Grande SIM NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO SIM 12 13 SR Balneario Caraguava SR Jardim Peruíbe NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO 14 15 16 SR Vila Romar SR Vila Peruibe SR Balneario Santana NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM Assentamentos Precários - Favelas 11 [Digite texto] Rede de Esgoto NÃO NÃO Drenagem Pavimentação Energia elétrica NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 17 Favela Santa Isabel Fonte: PLHIS, 2009. SIM NÃO NÃO NÃO SIM Com relação à presença de infraestrutura, percebe-se na tabela acima que amês grande maioria dos núcleos 2012 carece de quase todos os serviços de infraestrutura, como rede coletora de esgoto, drenagem e pavimentação, o que demonstra as péssimas condições de vida da população que habita nesses núcleos. Figura __ – Núcleos que carecem de infraestrutura: São João de Peruíbe e Jardim Caraminguava. Fonte: PLHIS, 2009 10.1.2. Loteamentos Clandestinos ou Irregulares. Os loteamentos clandestinos e irregulares constituem todos os assentamentos precários identificados que não são caracterizadas como favelas, mas que pelo modelo de ocupação estão em desacordo com os parâmetros para ocupação de loteamentos definidos pela prefeitura de Peruíbe, ou ainda foram promovidos clandestinamente. Para fins de caracterização das diferentes formas de irregularidade dos loteamentos, o PLHIS definiu 04 grupos de assentamentos: Invasão de lotes em loteamentos aprovados: Significativa porção de terra urbanizada e vazia encontrada na maioria dos loteamentos implantados fora da faixa compreendida entre a orla marítima e a via férrea, objeto de ocupação por população de baixa renda, assumindo duas formas: a) dispersa e que não descaracteriza a estrutura do loteamento, ou seja, sem desconfiguração das quadras e da malha das vias, e sem fracionamento de lotes; b) concentrada, originando um assentamento irregular sobreposto ao regular, com divisão interna dos lotes, mas ainda com patamares de adensamento considerados baixos e médios. Foram identificados 04 núcleos se enquadram neste categoria, abrigando 503 domicílios. 353 Tabela __ – Loteamentos clandestinos ou irregulares: invasão de loteas aprovados. Número de Domicílios Propriedade terra 80 370 Particular Jardim Márcia 90 48 Particular Balneário Josedy 70 35 Particular Estância Balneária Leão Novaes 2000 50 Particular Invasão de Lotes em Loteamentos aprovados Década Balneário Caraguava de Ocupação TOTAL da 503 Fonte: PLHIS, 2009. Figura– Exemplo de Invasão de lotes em loteamentos aprovados: Núcleo Jardim Márcia. Fonte: PLHIS, 2009. Ocupação de áreas públicas de loteamentos aprovados: Ocorre em loteamentos aprovados em área da cidade entre a via férrea e a SP-55, onde a expansão da cidade é bastante fragmentada. Esses espaços apresentam características de ocupação distintas do loteamento onde estão inseridas, e com habitações rústicas com infraestrutura que se resumem ao abastecimento de água e energia elétrica. Foram identificados 04 núcleos se enquadram neste categoria, abrigando 127 domicílios. Tabela – Loteamentos clandestinos ou irregulares: ocupação de áreas públicas de loteamentos aprovados. Ocupações em área públicas de loteamentos aprovados Década Número de Domicílios Propriedade terra SR Balneário Arpoador 90 12 Pública SR São Jose 80 12 Pública SR Balneário Josedy 70 85 Pública SR Maria Helena Novaes 80 18 Pública TOTAL Fonte: PLHIS, 2009. [Digite texto] de Ocupação 127 da Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Figura __ – Exemplo de Ocupação de áreas públicas de loteamentos aprovados: Núcleo SR Balneário Arpoador. mês 2012 Fonte: PLHIS, 2009. Implantação desconforme de loteamentos aprovados: Loteamentos implantados em desconformidade com o projeto aprovado caracterizando irregularidade jurídico-urbanística. Para esses casos, cabe análise e avaliação da natureza da irregularidade e suas implicações, visando a regularização jurídica desses assentamentos. Foram identificados 02 núcleos se enquadram neste categoria, abrigando 375 domicílios. Tabela __ – Loteamentos clandestinos ou irregulares: implantação desconforme de loteamentos aprovados. Número de Domicílios Propriedade terra 80 200 Particular 80 175 Pública Implantação desconforme de loteamentos aprovados Década Cidade Balneária Nova Peruíbe Vila Peruíbe TOTAL de Ocupação da 375 Fonte: PLHIS, 2009. Figura– Exemplo de Implantação desconforme de loteamentos aprovados: Núcleo Vila Peruíbe. Fonte: PLHIS, 2009 / AGEM, 2005. Parcelamentos Clandestinos de baixa renda e Invasão de Glebas: Esses assentamentos concentram-se em porção de terra de forma triangular cuja base é a SP-55, situada na porção centro-norte do município. Essa porção do território municipal é caracterizada pela predominância de população de baixa renda com alta 355 vulnerabilidade social, concentração de ocupações irregulares, predomínio do uso habitacional, ausência e/ou carência de infraestrutura básica, pela degradação de áreas ambientalmente frágeis e rápido crescimento populacional. Foram identificados 06 núcleos se enquadram neste categoria, abrigando 1.203 domicílios. Tabela __ – Loteamentos clandestinos ou irregulares: implantação desconforme de loteamentos aprovados. Parcelamentos Clandestinos de baixa renda e Invasão de Glebas Década de Ocupação Número de Domicílios Propriedade terra Área lindeira ao Boungainville V 80 32 Particular Fundos do Balneario Josedy 80 81 Particular Área da Mineração (entre PMN e Armando Cunha) 90 160 Particular Área da Mineração ( Armando Cunha e Rio Preto) 90 30 Particular Vatrapuâ 90 400 Particular Recreio Santista 90 500 Particular TOTAL da 1203 Fonte: PLHIS, 2009. Figura __ – Exemplo de Parcelamentos Clandestinos de baixa renda e Invasão de Glebas: Núcleo Vatrapuã. Fonte: PLHIS, 2009. Temos, portanto, um total de 16 núcleos considerados irregulares ou clandestinos que abrigam um total de 2.208 domicílios. Com relação aos serviços de infraestrutura, observa-se na tabela abaixo que a maioria dos núcleos irregulares e clandestinos também apresenta carência dos serviços de rede de esgoto, drenagem e pavimentação, o que agrava as condições de acesso às moradias, principalmente em dias chuvosos. Tabela– Infraestrutura nos núcleos Irregulares ou Clandestinos. Núcleos Balneário Caraguava Invasão de Lotes em Jardim Márcia Loteamentos Balneário Josedy aprovados Estância Balneária Leão Novaes Ocupações em área públicas de [Digite texto] SR Balneário Arpoador SR São Jose Abastecimento de água Rede de Esgoto Drenagem Pavimentação Energia elétrica SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 loteamentos aprovados SR Balneário Josedy SR Maria Helena Novaes SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM Implantação desconforme de loteamentos aprovados Cidade Balneária Nova Peruíbe SIM NÃO NÃO NÃO SIM Vila Peruíbe SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM Parcelamentos Clandestinos de baixa renda e Invasão de Glebas Área lindeira ao Boungainville V Fundos do Balneário Josedy Área da Mineração (entre PMN e Armando Cunha) Área da Mineração (Armando Cunha e Rio Preto) Vatrapuã Recreio Santista mês 2012 NÃO SIM NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO SIM SIM Fonte: PLHIS, 2009. Figura __– Núcleos Irregulares e Clandestinos que carecem que serviços de infraestrutura: Recreio Santista e Cidade Balneária Nova Peruíbe. Fonte: PLHIS, 2009. O Plano Diretor de Peruíbe100 instituiu o instrumento das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), destinadas prioritariamente à regularização fundiária sustentãvel dos assentamentos habitacionais de baixa renda existentes e à produção de Habitação de Interesse Social – HIS ou de Mercado Popular- HMP, nas áreas vazias, não utilizadas ou subutilizadas101. Assim o Plano Diretor, define as habitações de HIS como sendo as moradias destinadas a atender famílias com renda mensal de até 03 (três) salários mínimos, advindas de promoção pública ou a ela vinculada, e 100 101 Lei Complementar n° 100 de 2007. Art. 119. 357 habitações de HMP aquelas destinadas a atender famílias com renda igual ou superior a 06 (seis) salários mínimos, de promoção privada. O Plano Diretor, que define 03 categorias de ZEIS: a) ZEIS 1 - áreas ambientalmente frágeis ocupadas, sem infraestrutura básica, públicas ou privadas; b) ZEIS 2 - áreas vazias providas de infraestrutura ou com previsão de implantação, públicas ou privadas e; c) ZEIS 3 - áreas mistas privadas ou públicas, com presença de habitações de baixa renda e sem infraestrutura, ou com infraestrutura precária. Segundo o artigo 120 do Plano Diretor: “São objetivos das Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS: I. efetivar o cumprimento das funções sociais da cidade e da propriedade assegurando a preservação, conservação e recuperação ambiental; II. induzir os proprietários de terrenos vazios a investir em programas habitacionais de interesse social de modo a ampliar a oferta de terra para a produção de moradia digna para a população de baixa renda; III. promover a regularização fundiária sustentável dos assentamentos ocupados pela população de baixa renda, em conformidade com a Lei Federal nº 10.257 de 10 de julho de 2.001 e demais instrumentos jurídicos em vigor; IV. eliminar os riscos decorrentes de ocupações em áreas inadequadas ou, quando não for possível, reassentar seus ocupantes; V. ampliar a oferta de equipamentos urbanos e comunitários; VI. assegurar a segurança da posse e integração sócio-espacial dos assentamentos habitacionais de baixa renda ao conjunto da cidade; VII. promover o desenvolvimento humano dos seus ocupantes. Parágrafo único - O reassentamento de que trata o inciso IV deste artigo deverá, necessariamente, se dar para local mais próximo possível de suas moradias de acordo com os princípios estabelecidos no Estatuto da Cidade. No entanto, segundo informações de técnicos que elaboraram o PLHIS, não houve consenso sobre a definição de áreas de ZEIS durante a elaboração do Plano de Habitação, pois havia o temor por parte da administração municipal que o simples fato da demarcação de ZEIS, poderia gerar pressão de ocupação sobre as áreas, visto a falta de critérios e de capacidade de congelamento dos assentamentos precários. 10.2. Necessidades habitacionais No presente trabalho, optou-se por um método de cálculo das demandas prioritárias por novas moradias, com base na somatória dos domicílios improvisados, rústicos e em cômodos (próprios, cedidos, alugados) levantados pelo Censo Demográfico 2010 do IBGE. O atendimento a essas demandas prioritárias implica em reposição de estoque habitacional, no caso dos domicílios rústicos, e de incremento no caso dos domicílios improvisados e em cômodos. É importante ressaltar que essas demandas prioritárias por novas moradias não representam a totalidade desse tipo de necessidade habitacional e não coincide com o cálculo do déficit habitacional básico realizado pela Fundação João Pinheiro com base nos dados dos Censos Demográficos de 2000 e 1991 para os municípios brasileiros. Além das variáveis incluídas no calculo das demandas prioritárias por novas moradias (domicílios improvisados, rústicos e em cômodos próprios, cedidos e alugados), esse déficit habitacional básico da Fundação João Pinheiro inclui ainda as famílias conviventes secundárias e com ônus excessivo com aluguel (mais de 30% da renda comprometida com o pagamento de aluguéis). No quadro ___ abaixo apresentam-se tais variáveis de modo mais claro. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Quadro __ - Necessidades habitacionais. Demanda por novas moradias Demanda Prioritária por Novas Moradias Déficit Habitacional Básico (Fundação João Pinheiro) Domicílios Rústicos Domicílios Rústicos Domicílios Improvisados Domicílios Improvisados Cômodos (Próprios, Cedidos e Alugados) Cômodos (Próprios, Cedidos e Alugados) - Famílias conviventes secundárias - Domicílios com Ônus Excessivo com Aluguel mês 2012 Vale dizer que o cálculo da demanda prioritária por novas moradias deverá incluir parte das famílias conviventes secundárias caso seja possível extrair esse dado, mesmo que de modo indireto, do Censo Demográfico 2010. Ao contrário dos censos anteriores, este último censo não classificou, num mesmo domicílio, as famílias principais e secundárias. O último Censo identificou um ou mais responsáveis pelo domicílio e suas relações de parentesco e aliança com os demais moradores. É importante lembrar que nos cálculos da Fundação João Pinheiro, as famílias conviventes secundárias constituem a maior parte do déficit habitacional quantitativo. Quanto à não inclusão dos domicílios com ônus excessivo com aluguel no cálculo da demanda prioritária por novas moradias, acredita-se que isso não é muito grave já que soluções para esse problema não exige, necessariamente, a produção de novas moradias. Ademais, no presente trabalho, o cálculo das moradias precárias considerou, também com base nos dados do Censo Demográfico de 2010 do IBGE, os domicílios com adensamento excessivo (3 ou mais pessoas dormindo em cômodo usado regularmente como dormitório), domicílios sem banheiro de uso exclusivo, sem ligação com a rede de abastecimento de água, sem o fornecimento de energia elétrica, e sem a coleta de esgoto e de lixo. No presente trabalho adotou-se o mesmo critério da Fundação João Pinheiro para identificar os domicílios com adensamento excessivo. Para quantificar os domicílios inadequados existente nos municípios brasileiros, aquela instituição considera, além das variáveis mencionadas anteriormente, a inadequação fundiária. Vale dizer esses domicílios não podem ser somados para evitar contagens múltiplas, pois um mesmo domicílio pode ter adensamento excessivo e não contar com os serviços e infraestruturas urbanas consideradas no cálculo. Quadro __. Necessidades habitacionais. Moradias Precárias Moradias Precárias Inadequações Habitacionais (Fundação João Pinheiro) Domicílios com Adensamento Excessivo Domicílios com Adensamento Excessivo Domicílios com Carência de Serviços e Infraestruturas Urbanas (Abastecimento de Água, Fornecimento de Energia Elétrica, Coleta de Esgoto e Lixo) Domicílios com Carência de Serviços e Infraestruturas Urbanas (Abastecimento de Água, Fornecimento de Energia Elétrica, Coleta de Esgoto e Lixo) Domicílios sem Banheiro de Uso Exclusivo Domicílios sem Banheiro de Uso Exclusivo Domicílios com Inadequação Fundiária 10.2.1 - Dimensionamento da Demanda Prioritária por Novas Moradias no Município de Peruíbe Conforme dito acima, a metodologia utilizada para o cálculo da demanda prioritária por novas moradias utiliza a base de dados do IBGE referentes ao Censo de 2010. Esse cálculo engloba domicílios sem condições mínimas de habitabilidade que necessitam de reposição e de acréscimo no estoque. Os componentes considerados nesse cálculo são definidos pelo IBGE nos seguintes termos: Domicílios Rústicos – domicílios cujas paredes não são de alvenaria ou de madeira aparelhada. Essas moradias são consideradas habitações precárias. Foram classificados como rústicos, os domicílios com material de revestimento: taipa revestida, taipa não revestida, madeira aproveitada, palha ou outro material. 359 Domicílios Improvisados – domicílios em locais destinados a fins não-residenciais que sirvam de moradia, o que indica claramente a carência de novas unidades domiciliares. De acordo com o IBGE, domicílio particular improvisado ocupado é “... aquele localizado em uma edificação que não tenha dependências destinadas exclusivamente à moradia (por exemplo, dentro de um bar), como também os locais inadequados para habitação e que, na data de referência, estavam ocupados por moradores”102. Famílias em cômodos cedidos ou alugados – famílias residentes em cômodos cedidos ou alugados. Essas famílias foram incluídas no déficit habitacional porque esse tipo de moradia mascara a situação real de coabitação em domicílios formalmente distintos. Segundo a definição do IBGE, os cômodos são “domicílios particulares compostos por um ou mais aposentos localizados em casa de cômodo, cortiço, cabeça-de-porco, etc.”. Famílias conviventes secundárias - Foram considerados como famílias conviventes os núcleos familiares em uma mesma unidade doméstica.103 A família da pessoa responsável pela unidade doméstica (que é também a pessoa responsável pelo domicílio) foi definida como a família convivente principal. As demais conviventes foram constituídas por: casal (duas pessoas que viviam em união conjugal); casal com filho(s); ou mulher sem cônjuge e com filho(s), sendo denominadas famílias segundas, terceiras etc. Assim, no conjunto de famílias conviventes, foram denominadas principais as famílias dos responsáveis pelas unidades domésticas, sendo os demais núcleos familiares considerados secundários, identificados através da metodologia de derivação da família. Nos Censos Demográficos anteriores, o número de famílias conviventes principais e segundas era equivalente, porque se considerava também como “família” o conjunto de pessoas sem laços de parentesco. Como, neste Censo demográfico de 2010, se considerou como “família” somente o conjunto de pessoas em unidades domésticas com parentesco, os totais de famílias conviventes principais e segundas não são equivalentes. Isso ocorre nos casos em que a pessoa responsável reside unicamente com núcleos familiares formados por agregados, pensionistas, empregado(a) doméstico(a) ou parente do(a) empregado(a) doméstico(a). Cabe destacar que tais casos são residuais. Os cálculos aqui apresentados contabilizaram todas as famílias secundárias conviventes como demanda habitacional por novas moradias. Entretanto, vale notar, que a inclusão de 100% das famílias conviventes secundárias nos cálculos demanda habitacional tem sido questionada por especialistas nos últimos anos. A partir de 2007, a metodologia da FJP para o cálculo do déficit habitacional foi modificada na intenção de ajustar o modelo referente à fórmula de apreensão justamente desse componente. Este ajuste foi possível a partir da incorporação pelo IBGE de duas questões específicas sobre o assunto no questionário básico da Pnad 2007, permitindo aferir, entre o total das famílias conviventes, aquelas que afirmam desejar constituir domicílio exclusivo, consideradas então déficit habitacional. Desta maneira, no cálculo do déficit habitacional (FJP) para estados e regiões metropolitanas, foi possível retirar um percentual significativo de famílias conviventes secundárias que afirmam desejar esta situação de convivência. Para o cálculo das demandas habitacionais no âmbito municipal, entretanto, não existem fontes de dados oficiais que permitam caracterizar melhor essas famílias convivente, impedindo-nos, de identificar a parcela destas famílias que realmente deveria ser considerada como demandante de novas moradias. Por este motivo, optou-se por incluir no cálculo das demandas habitacionais prioritárias a totalidade das famílias secundárias, com a consideração de que uma parcela destas famílias pode não necessitar uma nova moradia. 102 Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. “Base de informações do Censo Demográfico 2010: resultados da Sinopse por setor censitário”. Documentação do Arquivo Rio de Janeiro, 2011, p.11. 103 O IBGE considerou como unidade doméstica no domicílio particular a pessoa que morava sozinha; ou o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência. Não foram consideradas as unidades domésticas residentes em terras indígenas. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Assim, a demanda prioritária por novas moradias no Município de Peruíbe, calculado através das variáveis descritas acima com dados do IBGE 2010, foi estimada em 1.750 domicílios, o que equivale a 9,1% dos domicílios do município, conforme tabela___ a seguir. mês 2012 Tabela. Demanda Prioritária por Novas Moradias – Peruíbe DOMICÍLIOS IMPROVISADOS (1) MUNICÍPIO PERUÍBE total de domicílios 19.297 CÔMODOS (2) DOMICÍLIOS RÚSTICOS (3) FAMÍLIAS CONVIVENTES SECUNDÁRIAS (4) TOTAL absoluto % dos domicilios absoluto % dos domicilios absoluto % dos domicilios absoluto % dos domicilios absoluto % dos domicilios 24 0,12% 56 0,3% 216 1,1% 1.454 7,5% 1.750 9,1% (1) Domicílios particulares Improvisados Ocupados: dados da sinopse, censo 2010, IBGE. (2) Domicílios particulares permanentes - tipo de domicílios Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco: dados do universo, censo 2010, IBGE. (3) Domicílios Rústicos: Domicílios particulares permanentes com material de parede em taipa revestida, taipa não revestida, madeira aproveitada, palha ou outro. Dados da Amostra, censo 2010, IBGE. (4) Famílias conviventes residentes em domicílios particulares: dados da amostra, censo 2010, IBGE. 10.2.2 - Dimensionamento das Moradias Precárias Existentes no Município de Peruíbe De acordo com as explicações metodológicas acima, foram consideradas como moradias precárias no presente trabalho aquelas que necessitam de ações de melhorias do ponto de vista urbanístico, sem a necessidade de produção de unidades novas. O dimensionamento dessas moradias precárias também se baseou em dados do Censo Demográfico 2010 do IBGE. As variáveis consideradas são definidas nos seguintes termos por aquela instituição produtora de dados quantitativos: - domicílios com adensamento excessivo - ocorre quando o domicílio apresenta um número médio de moradores superior a três por dormitório. O número de dormitórios corresponde ao total de cômodos que, em caráter permanente, serviam de dormitório para os moradores do domicílio. Incluem-se aí os que assim são utilizados em função de inexistir acomodação adequada a essa finalidade. - domicílios sem banheiro - domicílios sem unidade sanitária domiciliar exclusiva. - domicílios desprovidos de infraestrutura - aqueles que não dispunham de ao menos um dos seguintes serviços básicos: iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água com canalização interna, rede geral de esgotamento sanitário ou fossa séptica e coleta de lixo; Vale lembrar que essas variáveis não podem ser simplesmente somadas, um mesmo domicílio pode ser precário segundo critérios múltiplos, ou seja, pode ser carente de serviços e infraestruturas urbanas e ter adensamento excessivo. Nem mesmo as precariedades por carência de diferentes tipos de serviços e infraestruturas podem ser somadas, pois um mesmo domicílios pode sofrer com a falta de banheiro exclusivo, de abastecimento de água e de coleta de esgoto e lixo. Sendo assim, deve-se considerar o dimensionamento de cada componente separadamente, como apresentamos nas tabelas___ e ___ a seguir. 361 Tabela. Peruíbe - Moradias com Adensamento Excessivo e Sem Banheiro de Uso Exclusivo ADENSAMENTO EXCESSIVO (1) MUNICÍPIO domicílios urbanos absoluto PERUÍBE DOMICÍLIO SEM BANHEIRO (2) % dos domic. Urbanos 19.051 absoluto % dos domic. urbanos 51 0,27% (1) Adensamento excessivo: Dados da Amostra. A variável calculada pelo IBGE através do cruzamento do número de residentes por domicílio com o número de cômodos daquele domicílio a partir dos dados da Amostra. Entretanto esta tabulação avançada ainda não está disponível. Mas será computada nos cálculos de demandas habitacionais, assim que o IBGE divulgar os dados necessários. (2) Domicílios urbanos tipo casa, casa de vila e apartamento sem banheiro ou sanitário de uso exclusivo. Dados do Universo, censo 2010 (3) Tabela. Peruíbe – Domicílios com Carências de infraestrutura MUNICÍPIO domicílios urbanos iluminação elétrica (1) absoluto PERUÍBE 19.051 148 abastecimento de água (2) esgotamento Sanitário (3) coleta de lixo (4) % dos domic. urbanos % dos absoluto domic. urbanos % dos absoluto domic. urbanos absoluto % dos domic. urbanos 0,78% 1.536 3.367 215 1,13% 8,06% 17,67% (1) - domicílios urbanos de casas, casas de vila e apartamento sem energia elétrica. Censo 2010, dados do Universo, IBGE. (2) - domicílios urbanos de casas, casas de vila e apartamento sem rede de abastecimento de água. Censo 2010, dados do Universo, IBGE. (3) - domicílios urbanos de casas, casas de vila e apartamento sem rede de esgoto ou fossa séptica. Censo 2010, dados do Universo, IBGE. (4) - domicílios urbanos de casas, casas de vila e apartamento sem coleta de lixo por serviço de limpeza ou caçamba por serviço de limpeza . Censo 2010, dados do Universo, IBGE. O Município de Peruíbe no Plano Estadual de Habitação de São Paulo Segundo o Plano Estadual de Habitação de São Paulo104 (PEH), a Região Metropolitana da Baixada Santista, onde se insere o Município de Peruíbe, apresenta um déficit habitacional de 70 mil domicílios e um déficit qualitativo de 95 mil domicílios, representando 14,2% e 19,1% do total de seus domicílios, respectivamente. apresenta déficit habitacional de domicílios, correspondente a 14,2% do total de seus domicílios e déficit qualitativo de moradias correspondente a 19,1% dos domicílios totais105. Os componentes agregados nesses dois conjuntos podem ser vistos no gráfico ___ abaixo. 104 O Plano Estadual de Habitação ainda está em processo de aprovação, para este relatório utilizamos sua versão preliminar. O plano estadual estimou o déficit e a inadequação por metodologias diferentes daquela utilizada pela Fundação João Pinheiro. Estes dados são disponibilizados somente por regiões. 105 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Gráfico. RMBS – Componentes das Necessidades Habitacionais, PEH – 2010 mês 2012 Fonte: Pesquisa de Condições de Vida Fundação SEADE, 2010 - Plano Estadual de Habitação de São Paulo O PEH construiu, ainda, uma tipologia municipal para classificar os municípios do Estado de São Paulo a partir das necessidades habitacionais antes mencionadas e do PIB municipal de 2006. Os municípios foram classificados segundo os tipos A, B, C, D e E, conforme apresentados na tabela ___ abaixo, sendo que os municípios enquadrados como tipologias do tipo A devem receber atenção especial dentro da política habitacional. A tabela a seguir apresenta o número de municípios da Região Metropolitana da Baixa Santista segundo sua classificação dentro de cada um desses tipos. Quadro. Classificação dos Municípios da RMBS Segundo Tipologias Municipais Plano Estadual de Habitação de São Paulo Grupo Descrição Nº de Municípios % da População Da RMBS A.1 precariedade habitacional grave Intensa atividade econômica crescimento populacional 3 precariedade habitacional grave baixa atividade econômica baixo crescimento populacional 2 boas condições relativas de moradia Intensa atividade econômica crescimento populacional 2 pouca precariedade habitacional atividade econômica pouco Intensa 2 C pouca precariedade habitacional Intensa atividade econômica (perfil agropecuário) 0 0,0 D sem precariedade habitacional Intensa atividade econômica (perfil agropecuário) 0 0,0 A.2 A.3 B 44,6 (Guarujá, Cubatão e São Vicente) 5,6 (Bertioga e Mongaguá) 40,9 (Santos e Praia Grande) 8,8 (Peruíbe e Itanhaém) 363 E sem precariedade habitacional atividade econômica pouco Intensa Total 0 0,0 9 100 Fonte: Plano Estadual de Habitação de São Paulo, 2011. O município de Peruíbe encontra-se enquadrado na tipologia B, com pouca precariedade habitacional e atividade econômica pouco Intensa, dividindo a colocação com o município de Itanhaém. Vale destacar que a maior parte dos municípios do litoral norte e Baixada Santista estão dentro do Grupo A, sendo a exceção justamente os municipios de Itanhaém e Peruíbe, que foram enquadrados no Grupo B. 10.2.3 - Dimensionamento das Demandas Futuras por Novas Moradias no Município de Peruíbe A demanda demográfica futura dimensiona o acréscimo de moradias devido ao crescimento populacional projetado em determinado período no futuro. O cálculo dessa demanda vai depender da taxa de crescimento da população e da média de moradores por domicílio, refletindo o tamanho da família e os arranjos familiares existentes no município. De acordo com Fundação Seade, o município de Peruíbe passará de uma população de 59.773 em 2010 para 60.925 em 2023, o que representa um crescimento de 7,65%. A Fundação SEADE projeta também o crescimento de domicílios ocupados com residentes. Entre 2010 e 2023, segundo estas projeções, deverá haver um acréscimo de 1.575 novas habitações em Peruíbe. O desafio é fazer com que essas novas habitações sejam produzidas adequadamente de modo a não engrossar déficits futuros. Nesse período, o total de habitações de Peruíbe deverá avançar de 19.297 domicílios fixos em 2010 para 20.872 em 2023, um crescimento de 14,59% novos domicílios em 13 anos. Tabela __ - Projeção de População Residente e Domicílio Ocupado – 2011 a 2023 (1º de Julho) - Peruíbe 2010 - Censo 2010 População Domicílio Ocupado 59.773 19.297 2011 2015 2020 2023 2011 - 2023 População Domicílio Ocupado População Domicílio Ocupado População Domicílio Ocupado População Domicílio Ocupado Crescisment o População Crescismento Domicílio Ocupado 56.350 18.057 57.695 18.859 59.693 20.063 60.925 20.872 7,65% 14,59% Fonte: Fundação SEADE 10.3. Promoção pública de habitação de interesse social 10.3.1. Promoção pública na produção de novas unidades A produção pública de habitação de interesse social em Peruíbe teve início na década de 1990, através de parceria entre o município e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), que produziu em 1992, 78 unidades habitacionais térreas para a população de baixa renda, denominado Conjunto Estância dos Eucaliptos (Peruíbe A). Em 1997, a CDHU produziu mais 109 unidades térreas denominado Conjunto Dr. Mucio Drumond Murgel (Peruíbe B) e mais recentemente, no ano de 2006, produziu 224 unidades (Peruíbe C), sendo 96 unidades térreas com 55,20m² e 128 apartamentos com 45, 36m². Ao total somam-se 411 unidades habitacionais construídas no município viabilizadas pela CDHU. Através do PAR, o município viabilizou mais 739 unidades habitacionais divididas em 03 conjuntos habitacionais: Jardim das Flores com 353 unidades entregues em 2004, Estância dos Eucaliptos com 195 unidades e Recanto dos Pássaros com 192 unidades. Tabela __ – Conjuntos Habitacionais construídos, 2009. Ano de entrega Identificação Órgão Promotor Número de UH Tipologia 1992 Conjunto Estância dos Eucaliptos (Peruíbe A) CDHU 78 casas 1997 Conjunto Dr. Mucio Drumond Murgel (Peruíbe B) CDHU 109 casas [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 2004 PAR1-Jardim das Flores PAR 352 apartamento 2004 Par2-Estância dos Eucaliptos PAR 195 apartamento 2006 Peruíbe C 224 96 casas e 128 apartamentos 2010 Par3-Recanto dos Pássaros CDHU PAR TOTAL mês 2012 192 apartamento 1150 Fonte: CDHU, 2012. Figura __ – Conjunto Habitacional Jardim das Flores (PAR 01), 2012. Fonte: Google Earth, 2012. Figura __ – Conjunto Habitacional Recanto dos Pássaros viabilizados através do PAR, 2012. Fonte: PLHIS, 2009. Atualmente o município possui apenas um conjunto habitacional em construção. Trata-se de 15 moradias indígenas que estão sendo construídas na Aldeia Bananal. A previsão de entrega é para Junho de 2012. 365 Tabela __– Conjuntos Habitacionais construídos através da CDHU, 2009. Previsão de entrega Identificação Número de UH Tipologia 2012 Aldeia Bananal (Moradias Indígenas) 15 casas TOTAL 411 Fonte: CDHU, 2012. Segundo o PLHIS, no ano de 2009 havia ainda mais 636 unidades em fase de contratação, por meio de cinco contratos habitacionais, dois através de crédito (36 unidades) e três através do programa de Crédito Associativo da Caixa Econômica Federal (600 unidades). Ainda havia 04 novos conjuntos habitacionais em fase de viabilidade pela CDHU: Parque D’Aville, Bougainvilée V, Sant’anna e Caraguava. A distribuição dos conjuntos habitacionais construídos e em construção pode ser observada no mapa adiante. Mapa __– Distribuição dos Conjuntos Habitacionais. Elaboração: Instituto Pólis, 2012. Verificamos, então, que o município viabilizou no período de 1992 a 2010, 1.150 unidade habitacionais, sendo 411 em parceria com a CDHU e 739 em parceria com o Governo Federal, através do PAR. Considerando as unidades em viabilidade, o município apresenta atualmente uma oferta de 636 unidades habitacionais para atender a demanda atual de moradias para a população de baixa renda que necessitarão ser remanejadas. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 10.3.2. Promoção pública na regularização fundiária, urbanização e melhoria habitacional Ações governamentais visando o equacionamento da problemática da irregularidade do solo urbano, através de ações de regularização fundiária, o atendimento de famílias moradoras de áreas ambientalmente frágeis, através da elaboração de programas conjuntos entre esferas de governo, e amês continuidade das parcerias com 2012 órgãos estadual e federal para ampliação da produção de novas moradias teve inicio a partir da criação da Divisão de Habitação, em 2002, sendo os trabalhos voltados à regularização de assentamentos precários e irregulares, prioridade das ações de âmbito exclusivamente municipal. São ações voltadas à regularização fundiária no município: - Criação em 2005, de cadastro das famílias ocupantes de áreas públicas como sistemas de recreio ou áreas verdes, contabilizando 840 habitações irregulares. A previsão de revisão desse cadastro, programada para 2009, não foi confirmada. Os procedimentos para o cadastramentos são: elaboração de levantamento topográfico e relatório ambiental, visando definir a solução jurídica para cada caso (permanência ou remoção das famílias), e o estabelecimento de previsão de recursos para programas de produção de moradias, conforme o caso. - Programa Morar Legal, programa municipal que visa regularização fundiária de assentamentos precários passiveis de consolidação; - Programa de Assistência Jurídica através de parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), visando encaminhamento de ações de usucapião. Além dos programas citados anteriormente, há o Projeto de Recuperação Ambiental do Rio Preto, considerado o programa mais importante desenvolvido pelo poder público municipal, em parceria com o governo estadual e a União, que consiste: - na remoção para áreas próximas à ocupação atual, parte das 840 famílias cadastradas em 2005 (pelo projeto citado acima), situadas em áreas de risco nas margens do Rio Preto; - previsão de construção de 1040 moradias para retirada das famílias que ocupam as áreas entre a Foz do Rio Preto e a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega; - recuperação ambiental das matas ciliares e dos manguezais das APPs, com previsão de sinalização ambiental e legal; - implantação de programa de educação ambiental com implantação de trilhas e “decks” de madeira para observação e garagem de barcos; - implantação de programa de fiscalização ambiental junto às áreas ambientalmente frágeis evitando novas ocupações. Essa ação de recuperação ambiental da bacia do Rio Preto (no qual o Rio Branco também está inserido) foi definida pelo Plano Diretor como uma das ações prioritárias do município, pois visa resolver o problema da rápida ocupação por habitações precárias, às vezes sobre aterro, das margens dos dois rios, que possuem, além da mata ciliar, trechos com influencia de mate, e consequentemente manguezais inseridos na área urbana. Trechos inundáveis dessa bacia em períodos de maré cheia e chuvas fortes também sofrem com o despejo de esgotos e do lixo, proveniente exclusivamente de resíduos domésticos. Esse projeto pretende reverter a ocupação que ainda não está consolidada, buscando beneficiar diretamente não somente o meio ambiente, mas também as famílias da ocupação que poderão ter acesso a moradia digna, e também abrindo perspectivas de desenvolvimento econômico municipal. Os recursos para a execução do Programa de Recuperação Ambiental do Rio Preto provém : - Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) – R$ 10.000.000,00; - Secretaria de Estado da Habitação / CDHU – R$ 4.595.130,33; 367 10.4. Pontos críticos no antendimento habitacional Vimos que a administração municipal possui parcerias importantes nas esferas estadual e federal visando a produção de habitação de interesse social, No entanto, para conseguir contemplar não somente o déficit habitacional existente mas também a demanda futura por HIS, com um cenário de atendimento para até 2023, o município precisa intensificar as parcerias citadas, bem como destinar maior fatia dos recursos municipais para destinação de contrapartidas financeiras para novos projetos. A administração municipal investe muito pouco do orçamento em habitação. Em 2007, ultimo ano analisado pelo PLHIS, foram investidos apenas R$690.000,00 (0,7% do orçamento municipal), porém um avanço se comparados aos anos anteriores. Entre 2004 e 2006 não foram destinados quaisquer recursos municipais para a área. Cabe aos setores da administração municipal ligados à área habitacional, propor alterações à política orçamentária municipal, dentro das possibilidades, visando garantir mais recursos para o setor. Outra medida a ser adotada é a implantação das ZEIS 2 (Zonas Especiais de Interesse Social, voltadas à produção de HIS. O município possui condições, devido a sua baixa densidade de ocupação do território, para criação de um banco de terras a partir do estudo de áreas aptas para HIS, tendo como critérios, por exemplo, a proximidade dessas áreas ao sistema viário, aos equipamentos públicos de atendimento à população, como creches, postos de saúde e os CRAS, a disponibilidade de infraestrutura local, e também, a proximidade com o local de trabalho das famílias a serem atendidas. O PLHIS indica setores passiveis de implantação de HIS, conforme Mapa __ abaixo: Mapa __ - Setores passíveis de implantação de Habitação de Interesse Social. Fonte: PLHIS Peruíbe, 2009. São características de cada Setor: Setor 1 de HIS : Dar prioridade à utilização dos terrenos disponíveis na parte central da Macrozona de Recuperação Urbana8 em função dos seguintes fatores: proximidade do centro da cidade; predomínio do uso habitacional; infraestrutura social já implantada; região incluída no projeto de expansão da rede e tratamento de esgotos; custo da terra acessível; [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Setor 2 de HIS : Fazer uso dos terrenos disponíveis nos loteamentos regulares próximos ao centro secundário de comércio e serviços, localizado na região periférica da Macrozona de Recuperação Urbana, compactando sua ocupação - hoje dispersa e fragmentada -, de forma ordenada e regular; mês 2012 Setor 3 de HIS : Dar utilidade aos lotes livres e regulares dos loteamentos da Macrozona de Expansão Urbana Ordenada, de ocupação dispersa e fragmentada, onde já existe população fixa de baixa renda em regime de ocupação irregular. Como vimos, há um estudo técnico que localiza e caracteriza áreas aptas para implantação de HIS. Esse estudo deve ser a base para a implementação de ZEIS 2, a partir do mapeamento de lotes aptos em cada Setor de HIS em função da demanda projetada para cada um deles, da realização de pesquisa fundiária e dos casos onde é aplicável ações de dação em pagamento; da identificação de próprios municipais estaduais e federais, e da negociação com proprietários visando a articulação de empreendimentos conjuntos. Mas a demarcação das ZEIS não se limita apenas às áreas vazias. Deve-se demarcar como ZEIS os assentamentos precários consolidáveis, visando a regularização e a inclusão dos mesmos ao tecido urbano formal da cidade. Os processos de regularização devem fazer parte de um Plano Municipal de Regularização Fundiária, indicada como uma das metas de ação do PLHIS, e deve ser elaborado : “com participação do governo municipal, governo estadual, moradores, proprietários de terra, representantes do setor legislativo e judiciário, bem como a captação recursos junto aos governos estadual e federal para elaboração do Plano de regularização dos assentamentos precários. Os recursos municipais e outros captados junto a outras esferas de governo devem ser canalizados para promover a regularização de assentamentos precários ocupados pela população de baixa renda (menor que 3 salários mínimos de renda familiar). A regularização dos assentamentos ocupados pela população com renda superior a 3 SM deverá ser custeada com recursos privados e contar com apoio do governo municipal para agilização dos procedimentos administrativos e assessoria técnica. 10.5. A legislação Municipal e a Questão Habitacional A regulamentação da política habitacional do Município de Peruíbe está disposta em seu plano diretor, que estabelece as estratégias a serem adotadas na sua condução, seus componentes, seus instrumentos, institui o fundo e conselho de habitação e disciplina as categorias de ZEIS e na lei que trata especificamente da política habitacional, regulamenta a instituição do fundo e do conselho de habitação do município. O artigo 50 do Plano Diretor determina como sendo ações estratégicas que devem ser adotadas na implementação da política habitacional: •promover a regularização fundiária sustentável das áreas ocupadas por população de baixa renda, em conformidade com a legislação vigente; •criar programas de acesso à moradia digna por intermédio: a) da produção de novas unidades habitacionais; b) da produção de lotes urbanizados; c) da melhoria das unidades existentes; •incentivar a produção, pela iniciativa privada, de unidades habitacionais voltadas para o mercado popular; •simplificar a legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais; 369 •instituir normas e regras de uso, ocupação e urbanização do solo que controlem a fragmentação do Município; •criar mecanismos que viabilizem a descentralização de atividades de comércio e serviço para os bairros mais populosos; •regulamentar os loteamentos ou condomínios fechados implantados ou não em consonância com as Leis Federais e Estaduais. Os componentes principais da política habitacional de Peruíbe expressos pelo artigo 51 do Plano Diretor, abrangem os objetivos principais da política habitacional como a regularização fundiária e integração urbana dos assentamentos precários, a provisão habitacional e ainda tratam de elemento importantíssimo para eficácia da política habitacional que é a integração da política de habitação à política de desenvolvimento urbano. O Plano Diretor, conforme dissemos, cria as categorias de ZEIS no município, porém não as demarca, determinando que as ZEIS 1 e 3 correspondentes ás áreas ocupadas e mistas serão demarcadas no Plano Municipal de Habitação e as ZEIS 2, de áreas vazias ou subutilizadas, em legislação específica. Tal determinação por si só pode significar uma falta de relação entre as ZEIS de área ocupada e de área vazias tão importante para adequada implementação da política habitacional uma vez que na regularização e urbanização de áreas ocupadas em regra é necessário uma desadensamento que prescinde de áreas próximas para construção de habitação de interesse social, para esse indesejado, mas necessário reassentamento. As categorias de ZEIS no município de Peruíbe são: •ZEIS Ocupadas (ZEIS 1): a) Áreas Privadas – áreas privadas ocupadas irregularmente por população de baixa renda caracterizadas pela ilegalidade fundiária e pela precariedade ou inexistência de infraestrutura básica, predominantemente localizadas em áreas ambientalmente frágeis, como margens de rios, com alto risco de inundação. b) Áreas Públicas - áreas de recreio, áreas de proteção ambiental de propriedade pública, ocupadas irregularmente por população de baixa renda, caracterizadas pela ilegalidade fundiária e pela precariedade ou inexistência de infraestrutura básica. •ZEIS Vazias (ZEIS 2) – áreas privadas e públicas com a existência de lotes e terrenos vazios localizadas em setores dotados de infraestrutura básica e atendidos por serviços urbanos, ou que estejam recebendo investimentos desta natureza, com boa acessibilidade viária, permitindo o deslocamento a qualquer região do Município; •ZEIS Mistas (ZEIS 3) – áreas privadas e públicas com a presença de habitações de população de baixa renda caracterizados pela ilegalidade fundiária e pela precariedade ou inexistência de infraestrutura básica. O Plano determina a necessidade de elaboração de plano de urbanização para as ZEIS, que será estabelecido por decreto do executivo municipal; definir a forma de gestão e de participação da população nos processos de delimitação, implementação e manutenção das ZEIS; os padrões de uso, ocupação e parcelamento do solo especiais objetivando a permanência das famílias moradoras em áreas de ZEIS e a melhoria urbanística e ambiental da área. No entanto, apesar da regulamentação do plano de urbanização esse ainda deverá segundo o artigo 122 do Plano Diretor ter seu conteúdo mínimo definido por lei municipal específica, o que impossibilita autoaplicabilidade das normas referentes ao processo de elaboração do plano de urbanização das ZEIS. O Plano Diretor estabelece ainda os critérios e a competência para instituição de novas ZEIS no município. As áreas para poderem ser delimitadas como ZEIS 1 deverão ser necessariamente: •áreas ocupadas por população de baixa renda; •áreas usucapidas coletivamente e ocupadas por moradores de baixa renda; •loteamentos e parcelamentos irregulares e precários, ocupados por famílias de baixa renda. As ZEIS 2 poderão ser delimitadas em áreas de concentração de lotes, terrenos ou glebas vazios localizados em áreas aptas a urbanização e ao adensamento com acessibilidade e mobilidade urbana adequadas. E as [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 ZEIS 3 poderão ser delimitadas em lotes, terrenos ou glebas localizados em regiões com infraestrutura básica, atendidas por serviços públicos, ou com previsão de investimentos desta natureza, com boa acessibilidade viária. Têm competência para solicitar a demarcação como ZEIS, ouvido o Conselhomês Municipal de Habitação: 2012 •a Divisão de Habitação e a Secretaria Municipal de Planejamento; •entidades representativas de moradores de áreas passíveis de delimitação como ZEIS, desde que dotadas de personalidade jurídica; •proprietários de áreas passíveis de delimitação como ZEIS. O plano diretor prevê como sendo instrumentos de regularização fundiária a concessão de direito real de uso, a concessão de uso especial para fins de moradia e a assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos, especialmente na propositura de ações de usucapião, no entanto, não os regulamenta e não prevê a possibilidade de utilização do instrumento da demarcação urbanística previsto na Lei Federal 11977/09. Conforme dissemos, o município de Peruíbe, por meio da Lei Municipal 2477/03, estabeleceu a política municipal de habitação, instituiu o Conselho e Fundo Municipal de Habitação. Essa lei sofreu alterações em 2011 por meio da Lei Municipal 3.141/11 para sua adequação às regras estabelecida pela Lei Federal n. 11.124/05, para adesão ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social. Essa lei estabelece os objetivos e princípios da política habitacional, institui o Conselho Municipal de Habitação, também responsável pela gestão do fundo municipal, também instituído por essa mesma lei, determina as finalidades para aplicação dos recursos do fundo e as diretrizes para essa aplicação. Os princípios e objetivos definidos pela Lei Municipal n. 2477/03 para a política habitacional são: •facilitar e promover o acesso à habitação, com prioridade para a população de baixa renda; •articular, compatibilizar e apoiar a atuação dos órgãos e entidades que desempenhem funções no campo da habitação de interesse social; •priorizar programas e projetos habitacionais que contemplem a melhoria da qualidade de vida da população de menor renda e contribuam para a geração de empregos; •democratizar e tornar transparentes os procedimentos e processos decisórios; •desconcentrar poderes e descentralizar operações; •economizar meios e racionalizar recursos visando a autossustentação econômico-financeiro; •fixar regras estáveis simples e concisas; •adotar mecanismos adequados de acompanhamento e controle do desempenho dos programas habitacionais; •empregar formas alternativas de produção e de acesso à moradia, através do incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, objetivando novas técnicas de produção, construção, comercialização e distribuição de habitações; •integrar os projetos habitacionais com os investimentos em saneamento e demais serviços urbanos; •viabilizar estoque de terras urbano necessário à implementação de programas habitacionais. O Conselho de Habitação instituído, expressamente se confunde com o Conselho Gestor do Fundo Municipal de Habitação, o que facilita, em tese, uma relação orgânica entre a política de habitação e a aplicação dos recursos do fundo. A composição do Conselho formado foi alterado pela lei de 2011 para adequação às regras do SNHIS e conta desde então com 25% dos membros de representantes de movimentos populares. 371 As finalidades para aplicação dos recursos do fundo atingem os principais objetivos da política habitacional, bem como estão de acordo com as finalidades previstas na lei federal. Os recursos do Fundo de Habitação poderão ser aplicados, conforme o artigo 19 em programas de habitação de interesse social que contemplem: •aquisição, construção, conclusão, melhoria, reforma, locação social e arrendamento de unidades habitacionais em áreas urbanas e rurais; •produção de lotes urbanizados para fins habitacionais; •urbanização, produção de equipamentos comunitários, regularização fundiária e urbanística de áreas caracterizadas de interesse social; •implantação de saneamento básico, infraestrutura e equipamentos urbanos, complementares aos programas habitacionais de interesse social; •aquisição de materiais para construção, ampliação e reforma de moradias; •recuperação ou produção de imóveis em áreas encortiçadas ou deterioradas, centrais ou periféricas, para fins habitacionais de interesse social. São diretrizes para aplicação dos recursos do fundo: •concessão de financiamentos para a população de renda de até 10 (dez) salários mínimos, com atendimento prioritário às famílias com renda de até 5 (cinco) salários mínimos; •ação integrada de órgãos e instituições que objetivem o encaminhamento de soluções habitacionais e a melhoria da qualidade de vida das populações de baixa renda; •atendimento à população organizada através de cooperativas habitacionais ou quaisquer formas associativas; •preservação do meio ambiente; •adoção de prazos e carências, limites de financiamento, de juros, encargos diferenciados em função da condição sócio-econômica da população a ser beneficiada; •aplicação dos recursos do Fundo, sob a forma de empréstimo, somente mediante operações com garantia real; •proibição de aplicação de recursos para produção de unidades habitacionais e de lotes urbanizados, exclusivamente a fundo perdido, ressalvadas a hipótese do inciso IV do parágrafo 1º deste artigo. 11 - SANEAMENTO AMBIENTAL 11.1 Sistema de Abastecimento de Água Potável Conforme o Relatório Final do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista (SABESP, 2011b, p.21), o município de Peruíbe é abastecido por meio de dois sistemas independentes entre si: Sistema Cabuçu (DAEE, 2010, p. 50), que é responsável pelo atendimento do núcleo urbano central e sede do município, e o Sistema Guarauzinho, que atende um núcleo urbano isolado. Ambos os sistemas integram o Sistema Sul de Abastecimento de Água da Baixada Santista, que também abrange a porção oeste da área continental de São Vicente, Praia Grande, Mongaguá e Itanhaém, segundo regionalização dos sistemas operados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP). Os demais sistemas desta regionalização são o Sistema Centro, que abastece Santos, São Vicente e Cubatão, e o Sistema Norte, composto por Guarujá, Bertioga e o bairro de Caruara, na Área Continental de Santos. Os sistemas públicos de abastecimento de água do município de Peruíbe são operados pela SABESP, empresa estadual criada em 1973, que sucedeu a Companhia de Saneamento da Baixada Santista (SBS), empresa [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 estadual criada em 1969, pelo encampamento do Serviço de Água de Santos e Cubatão (SASC), unidade do Departamento de Obras Sanitárias da Secretaria de Estado de Serviços e Obras Públicas. A seguir apresenta-se uma visão da cobertura do referido sistema de abastecimento de água, no município de Peruíbe, segundo dados do Censo Demográfico 2010. mês 2012 11.1.1 Cobertura do sistema públicos de abastecimento de água No que diz respeito à cobertura do sistema de abastecimento de água de Peruíbe, segundo dados do Censo Demográfico 2010, o mapa abaixo apresenta o percentual de domicílios ligados à rede de abastecimento de água, em cada setor censitário, os quais foram classificados em cinco faixas de atendimento. Conforme este mapa observa-se que a cobertura do sistema público de abastecimento de água deste município encontra-se na faixa superior, entre 90% e 100%, nas áreas de maior densidade demográfica, com exceção de pequeno setor, onde existe apenas uma propriedade rural, situado ao norte da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, na Estrada Municipal Armando Cunha, na área da confluência com a Estrada Curuá, bem como o grande setor em área não urbanizada ao norte da SP-55, junto à divisa com Itanhaém, nos bairros Mineração e Rosendo, onde praticamente não existe ocupação. Dentre os bairros que possuem cobertura nesta faixa e apresentam maior densidade demográfica, estão todos os situados entre a orla marítima e a Avenida Luciano de Bona, entre a foz do Rio Preto e a Estância Balneária Belmira Novaes, nas Ruínas. Ao norte deste bairro, um setor censitário do bairro Morro dos Prados, que só possui ocupação no sopé desta elevação, também apresenta cobertura na faixa entre 90% e 100%. Ao norte da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55), as áreas dos parcelamentos Jardim dos Prados e Estância Antonio Novaes também se encontram na faixa superior de cobertura, juntamente com um setor no Jardim Somar, no bairro São Marcos. Também na faixa entre 90% e 100% estão situadas as áreas entre a SP-55 e a Avenida Luciano de Bona, na faixa entre os bairros Santa Izabel e São João Batista, no parcelamento Cidade Nova, com exceção do Jardim Caraguava, que se encontra na faixa entre 75% e 90% de cobertura. Nesta última faixa também se encontram alguns setores não urbanizados ou com núcleos de baixa densidade com predominância de residências de veraneio, com ocupações esparsas, em parte dos bairros São Marcos, Vila Peruíbe e Guatiaia, ao norte da rodovia SP-55, em especial os parcelamentos Jardim Somar, Bougainvilée Residencial V, Parque do Trevo e Vila Erminda. Também com cobertura entre 75% e 90% estão setores situados ao sul desta rodovia, nos bairros São Luiz e Morro dos Prados, entre o Jardim Três Marias e a Avenida João Abel, com exceção dos parcelamentos Estância São José e Jardim São Luís, que estão na faixa de cobertura entre 50% e 75%. Nesta faixa de cobertura, ao norte da SP-55, também se encontra o parcelamento Estância São Marcos, no bairro de mesmo nome e um setor com ocupação esparsa ao longo da Estrada dos Índios, no bairro Vatrapuã; além da maior parte do Guaraú e parte do Perequê, em especial a Quinta do Guaraú e parte do Balneário Garça Vermelha, o qual possui, ainda, um setor a sudoeste na faixa de cobertura entre 90% e 100%. A cobertura situa-se na faixa entre 0% e 25% em alguns setores situados em áreas com ocupações esparsas e sem urbanização, na área da orla entre a Rua Piratinins, na Estância Balneária Maria Helena Novaes e a divisa com Itanhaém. Nesta faixa também se encontram setores com baixa densidade, em Guatiaia, ao norte da SP55, junto à divisa com Itariri, e a oeste do Rio Branco, em especial os parcelamentos Jardim Europa e Manacá dos Itatins. Todo o restante do município, constituído pela área inserida no Parque Estadual da Serra do Mar, por áreas rurais, em especial no Caepupu, Guatiaia e São Francisco, além de outras unidades de conservação e a Terra Indígena da Serra dos Itatins, nas áreas de Juréia-Itatins, Itinguçu e Barra, encontram-se na faixa inferior de cobertura, entre 0% e 25%. 373 Portanto, a cobertura do sistema de abastecimento de água de Peruíbe, apresentada acima, pode ser considerada satisfatória, quando considerada a maior parte das áreas em que predominam domicílios de uso permanente, em áreas urbanas. No entanto, em áreas com loteamentos e condomínios em que predominam domicílios de uso ocasional a cobertura ainda não é completa. Contudo, para uma análise ainda mais detalhada, é importante a avaliação do sistema público operado pela SABESP, que será objeto de análise adiante. Todavia, a existência de alguns setores com índice de atendimento inferior à faixa superior, demonstra que ainda está por ocorrer a universalização do atendimento em Peruíbe. Mapa ___. Peruíbe: Domicílios particulares permanentes com rede de abastecimento de água da rede geral Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. Elaborado por: Instituo Pólis. A seguir, será caracterizado o sistema de abastecimento de água de Peruíbe e seus principais componentes, de forma a apontar os déficits em função da demanda atual e futuro, assim como os investimentos previstos para sua ampliação e aperfeiçoamento. 11.1.2 Caracterização do Sistema de Abastecimento de Água de Peruíbe De acordo com o Relatório Final da Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista da Região Sul (SABESP, 2011b, p.21), o sistema público de distribuição de água do município de Peruíbe possuía 451,0 km de tubulações, sendo que 438,0 km integram o Sistema Guaraú, com diâmetros variando de 50 a 600 mm, e 13,0 km são integrantes do Sistema Guarauzinho, com diâmetros variando de 50 a 200 mm, segundo dados de dezembro de 2007. O abastecimento de água em Peruíbe recebe reforço do Sistema Mambu, de Itanhaém, principalmente em períodos de verão e de pico. Na tabela a seguir apresentase o número de ligações e economias, segundo o tipo, do referido sistema. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Tabela ___. Sistema de Abastecimento de Peruíbe: Ligações e Economias (dez. 2007) Situação das lig./econ. Número de economias Número de ligações Res. Com. Ind. Publ. Total Ativa 32.308 2.258 81 137 mês 2012 34.784 32.453 Inativa 1.931 417 11 14 2.373 2.366 TOTAL 34.239 2.675 92 151 37.157 34.819 Fonte: Quadro Informativo C - Nº de Ligações e Economias ativas e inativas cadastradas e faturadas de Água e Esgoto, identificadas por Categoria, nos Municípios da BS, em dezembro/2007, apud Relatório Final – Volume V – Tomo 1, Formulação das Alternativas apud Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.21) A tabela ___ abaixo apresenta os quantitativos dos sistemas Guaraú e Guarauzinho existentes, característicos da setorização considerada pelo Sistema de Informações de Controle de Perdas da SABESP (SISPERDAS), referente a Peruíbe, demonstrando que o setor Quietude possuía apenas 6,0% das economias do sistema e 11,6% da sua extensão total de rede. Tabela ___. Indicadores dos Sistemas de Distribuição de Água de Peruíbe (dez. 2007) Setores SISPERDAS Guaraú Guarauzinho Total Número de economias (ativas) Número de ligações (ativas) Extensão de rede (km) 286 Res. Não res. Total Caraguava 7.718 537 8.255 7.960 Centro 11.403 1.158 12.561 10.791 Prados 10.442 587 11.029 10.790 147 Guarauzinho 914 46 960 949 13 Costão 78 16 94 92 5 Guaraú 1.753 132 1.885 1.871 32.308 2.476 34.784 32.453 Fonte: Quadro Informativo C - Nº de Ligações e Economias ATIVAS e INATIVAS Cadastradas e Faturadas de Água e Esgoto, identificadas por Categoria, nos Municípios da BS, em dezembro/2007, apud Relatório Final – Volume V – Tomo 1, Formulação das Alternativas apud Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.22) A referida setorização, apresentada no mapa abaixo com os principais componentes dos dois sistemas de abastecimento de água de Peruíbe, será detalhada e avaliada adiante. 375 Mapa ___. Setorização existente do Sistema de Abastecimento Guaraú. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.38) O mapa apresentado a seguir detalha a setorização existente do Sistema Guarauzinho. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Setorização existente do Sistema de Abastecimento Guarauzinho. mês 2012 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.25) Ainda segundo a mesma fonte (SABESP, 2011c, p.22), a tabela a seguir apresenta a evolução do Índice de Perdas (IPDt), expresso pelo volume de perdas verificado por ligação a cada dia, entre 2002 e 2007, referente ao sistema de abastecimento de água de Peruíbe. Conforme estes dados observa-se que o índice de Peruíbe é bem inferior ao da região como um todo e apresentou redução mais acentuada que o da Baixada Santista, durante o período estudado. Evolução das Perdas no Sistema de Abastecimento de Água do Município de Peruíbe (2002 a 2007). Localidade Ano/IPDt (l/Lig. dia) 2002 2003 2004 2005 2006 2007 RMBS 733 746 621 629 566 563 Peruíbe 404 226 236 226 242 229 Relação Peruíbe / RMBS 55% 30% 38% 36% 43% 41% Fonte: SISPERDAS – SABESP apud Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.22) 377 Na tabela a seguir, apresenta-se a síntese das principais características do sistema de abastecimento de água de Peruíbe, consolidando-se as informações anteriormente expostas, demonstrando o baixo índice de atendimento do Sistema Guarauzinho, o qual possui apenas 2,7% das ligações ativas do município. Resumo do Sistema de Abastecimento de Água de Peruíbe (dez/2007). Item Peruíbe Sistema Guaraú Sistema Guarauzinho Índice de Atendimento (%) 91 97 69 Índice de Perdas (IPDt) (l/Lig.dia) 229 228 264 Índice de Perdas (%) 32 30 35 Nº Economias ativas (un) 34.784 33.824 960 Nº Ligações ativas (un) 32.453 31.504 949 Extensão de Rede (km) 451 438 13 Fonte: SISPERDAS – SABESP apud Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.23) A seguir, será caracterizado e detalhado o Sistema de Abastecimento de Água Melvi e posteriormente serão apresentadas as intervenções previstas para este sistema, com o objetivo de atender os déficits do balanço apontado, no tocante ao planejamento de intervenções da SABESP. 11.1.3 Caracterização do Sistema Guaraú Segundo o Relatório Final do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, da Região Sul (SABESP, 2011b, p.34), o Sistema Produtor Guaraú é composto por três mananciais de superfície, com captações constituídas por barragens de nível, em concreto. São estas as captações do Ribeirão Cabuçu, localizada no Município de Itariri próximo à divisa com Peruíbe, na Serra do Peruíbe, com distância de 4,3km da captação até a foz do referido corpo d’água; do Ribeirão Quatinga, localizada na mesma divisa entre municípios, com distância de 2,0 km até a sua foz; e do Ribeirão São João, situada no município de Peruíbe, na Serra do Peruíbe, com distância de 1,35 km da captação até a sua foz. Na tabela a seguir são apresentados os valores de captação outorgados e as vazões características das disponibilidades hídricas para cada captação, determinadas nos estudos hidrológicos apresentados no mencionado relatório, para o Sistema Produtor Guaraú. Segundo estes dados, observa-se que as vazões outorgadas apresentam déficit em todas as captações, em face da produção de longo período, tanto ao longo do ano, como no verão. Quanto à vazão crítica (Q7.10) e à vazão firme (Q95), estas apresentam folgas. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Vazões Outorgadas e Vazões Características das Captações do Sistema Produtor Guaraú. CAPTAÇÃO RECURSO HÍDRICO COORDENADA UTM (MC 45) N (km) E (km) ÁREA DE DRENAGEM TOTAL (km²) VAZÃO OUTORGADA Q LONGO PERÍODO (l/s) (L/s) RES T.D O AN O Q 7,10 (l/s) mês 2012 VERÃO REST.D O ANO Q 95 (l/s) VERà O REST.D O ANO VERà O Cabuçu Rib. do Cabuçu 7.308,3 3 288,8 0 7,72 224,11 253 ,37 356,6 3 58,05 71,19 68,84 97,30 Quatinga Cór. do Grilo (nome local: Ribeirã o Quating a) 7.307,2 5 292,7 3 3,87 87,81 149 ,26 222,0 7 34,20 44,33 40,56 60,59 São João Rib. do Quating a (S.João) 7.307,0 0 294,4 1 1,43 31,39 61, 16 82,06 14,01 16,38 16,62 22,39 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.34) De acordo com o relatório (SABESP, 2011b, p.35), a adução de água bruta do Sistema Produtor Guaraú, as águas captadas são aduzidas por gravidade, em conduto forçado, até o Centro de Reservação (CR) Guaraú, situado no Morro do Guaraú, próximo ao núcleo urbano, onde se situa a unidade de tratamento, constituída pelo Posto de Cloração (PC) Guaraú. A distribuição para a rede é realizada a partir do CR Guaraú. A adutora de água bruta (AAB) do Sistema Cabuçu parte da captação e segue com diâmetro de 400 mm, por cerca de 6.559,0 m até o ponto em que é interligada à adutora vinda da captação Quatinga (AAB), também por gravidade em conduto forçado. A partir deste ponto, a referida adutora tem seu diâmetro ampliado para 500 mm e segue por mais 4.828,0 m, até atingir a caixa das peneiras estáticas do PC Guaraú. A AAB do Quatinga, que opera por gravidade em conduto forçado, parte da respectiva captação e segue com diâmetro de 250 mm, por cerca de 2.196,0 m até se interligar a adutora vinda da captação Cabuçu. A AAB do São João, parte da respectiva captação, também em conduto forçado por gravidade, com diâmetro de 300 mm, seguindo por cerca de 1.992,0 m, até atingir o poço de sucção da estação elevatória de água bruta (EEAB)106 existente na área do CR Guaraú. Esta elevatória encaminha, por meio de sua linha de recalque, com diâmetro de 250 mm, as águas captadas no Ribeirão São João até as peneiras estáticas do sistema de tratamento. A EEAB São João consiste em uma elevatória de poço seco, dotada de dois conjuntos moto bomba, em edificação contígua, com capacidade total de 300,0 m3/h. O poço de sucção é constituído por um tanque retangular de concreto com volume de cerca de 50,0 m3. Segundo a mesma fonte, os referidos conjuntos moto bomba foram desativados e a elevatória operava com um único conjunto moto bomba submersível, 106 Estação Elevatória é o conjunto das instalações destinadas a abrigar, proteger, operar, controlar e manter os conjuntos elevatórios (motor-bomba) que promovem o recalque da água. 379 cuja capacidade era de 80,0 l/s. O novo conjunto elevatório, instalado no poço de sucção da unidade, interliga-se ao antigo barrilete de recalque por meio de uma tubulação flexível de 150 mm de diâmetro. De acordo com o citado relatório (SABESP, 2011b, p.36), no que concerne à unidade de tratamento existente do Sistema Guaraú, este é dotado de peneiramento, desinfecção, fluoretação e correção do pH e as unidades componentes do sistema de tratamento localizam-se na área do CR Guaraú. A dosagem de produtos químicos é realizada na AAB Cabuçu/Quatinga, à montante do sistema de peneiramento. Conforme se observa, a água proveniente do sistema São João é encaminhada para o sistema de peneiramento por meio de uma tubulação independente da adutora onde é feita a aplicação dos produtos químicos. Deste modo, o tratamento da mesma é feito pela mistura das suas águas com as provenientes dos sistemas Cabuçu/Quatinga. O estudo ressalta que nos períodos em que o sistema São João está operando, a aplicação de produtos químicos na adutora Cabuçu/Quatinga tem a sua dosagem aumentada de forma a garantir o tratamento das águas do sistema São João, pela mistura das águas que se dá no sistema de peneira e nos reservatórios. O mencionado relatório destaca, também, que a macromedição do Sistema Guaraú é feita na AAB Cabuçu/Quatinga, à montante do sistema de peneiramento. Desta forma, a medição corresponde apenas às vazões captadas nesses dois mananciais e a produção do sistema São João não é medida. Segundo estimativas apresentadas pela mesma fonte, a ordem de grandeza dos valores captados de água bruta em cada uma das captações existentes é de 160,0 l/s, para a Captação Cabuçu; 85,0 l/s, para a Captação Quatinga e 30,0 l/s, para a Captação São João, totalizando 275,0 l/s. Quanto à adução de água tratada do Sistema Guaraú, após passar pelo sistema de tratamento as águas provenientes das mencionadas captações, as águas são encaminhadas aos dois reservatórios circulares do CR Guaraú, localizado na mesma área do sistema de tratamento. Cada linha de alimentação dos referidos reservatórios possui diâmetro de 600 mm. Conforme a mesma fonte (SABESP, 2011b, p.36), a rede de abastecimento desta área é ainda complementa pelo Centro de Reservação Prados, alimentado pelo Sistema Produtor Mambu, com a adução de águas desde o sistema de tratamento de Itanhaém (PC Mambu) até o booster107 Prados localizado próximo ao CR Prados. A subadutora Jardim Itanhaém/Peruíbe, do Sistema Mambu, com diâmetro de 600 mm, após a derivação que abastece o Reservatório Jardim Itanhaém, segue junto à Avenida Sorocabana, por mais 10.040,0 m até seu término no booster Prados. O booster Prados conta com dois conjuntos motor-bomba, com vazão total de 188,0 l/s, controlado diretamente do CCO da SABESP, em Santos. De acordo com o mencionado estudo, esta unidade havia sido reformada recentemente e sua área permite futuras ampliações, havendo espaço físico para mais um conjunto moto-bomba nas dependências da elevatória. No que concerne ao sistema de reservação, o relatório (SABESP, 2011b, p.37) aponta que a rede de distribuição de Peruíbe é abastecida por dois centros de reservação: CR Guaraú e CR Prados. O primeiro, localizado na mesma área do sistema de tratamento, é constituído de dois reservatórios apoiados de 5.000,0 m³ cada e nível d’água máximo de 56,0 m, responsáveis pela alimentação da rede de distribuição do núcleo urbano central de Peruíbe. A rede de abastecimento desta área é ainda complementa pelo CR Prados, constituído por um reservatório de 5.000,0 m3. Quanto ao sistema de distribuição, de acordo com a setorização considerada pelo SISPERDAS, a região é dividida em cinco setores: Costão, Centro, Guaraú, Caraguava e Prados. Segundo o relatório, no setor Caraguava inclui-se, também, o abastecimento da Estância dos Eucaliptos pertencente ao município de Itariri. Teoricamente os setores Costão, Centro, Guaraú, Caraguava seriam abastecidos a partir do Centro de Reservação Guaraú e o setor Prados pelo Reservatório Prados, contudo, na prática esta setorização não 107 Booster é um tipo de bomba que tem por objetivo aumentar a pressão da água para transportá-la para locais mais altos. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 ocorre, sendo as redes dos setores Centro, Guaraú, Caraguava e Prados, interligadas e configurando um único setor, abastecido tanto pelo CR Guaraú quanto pelo reservatório Prados. No mapa a seguir, apresenta-se a setorização operacional atual do sistema Guaraú, conforme descrição acima. mês 2012 Setorização operacional do Sistema de Abastecimento de Água Existente de Peruíbe. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.39) A figura abaixo apresenta o diagrama com o esquema geral existente do Sistema Produtor Guaraú e seus principais componentes. 381 Diagrama do Sistema Guaraú de Abastecimento de Água Existente. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011c, p.40) [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 11.1.4 Caracterização do Sistema Guarauzinho Segundo o Relatório Final do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, da Região Sul (SABESP, 2011b, p.23), o Sistema Produtor Guarauzinho possui uma captação em manancial superficial de serra, com barragem de nível, no Ribeirão Guarauzinho, localizado próximo ao mêsBairro 2012 Guarauzinho, com distância de 2,9 km até a sua foz, sendo a medição da vazão captada realizada na adutora com diâmetro de 200 mm. Na tabela a seguir são apresentados os valores de captação outorgado e as vazões características das disponibilidades hídricas de captação, determinadas nos estudos hidrológicos apresentados no mencionado relatório, para o Sistema Produtor Guarauzinho. Segundo estes dados, observa-se que a vazão outorgada apresenta déficit em face da produção de longo período, tanto ao longo do ano, como no verão. Quanto à vazão crítica (Q7.10) e à vazão firme (Q95), estas apresentam folgas, com exceção da vazão firme de verão108. Vazões Outorgadas e Vazões Características da Captação do Sistema Produtor Guarauzinho. CAPTAÇÃO RECURSO HÍDRICO COORDENADA UTM (MC 45) N (km) ÁREA DE DRENAGEM TOTAL (km²) E (km) VAZÃO OUTORGADA Q LONGO PERÍODO (l/s) Q 7,10 (l/s) (L/s) REST .DO REST.D O VERà O ANO Guarauzinh o Ribeirã o Guaraú 7.304,6 5 294,8 8 1,3 18,33 57, 52 Q 95 (l/s) VERà O ANO 70,44 13,18 REST.D O VERà O ANO 14,06 15,63 19,22 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.23) De acordo com o relatório (SABESP, 2011b, p.23), a adução de água bruta do Sistema Produtor Guarauzinho é realizada por gravidade em conduto forçado, seguindo inicialmente com diâmetro de 100 mm, por cerca de 106,0 m, passando para diâmetro de 200 mm e seguindo paralela ao leito do ribeirão por aproximadamente 40 m até chegar ao PC Guarauzinho. Segundo a mesma fonte (SABESP, 2011b, p.24), no que concerne à unidade de tratamento existente deste sistema Guarauzinho, esta é constituída por um Posto de Cloração dotado de desinfecção e fluoretação. A cloração é realizada diretamente na adutora por meio de duas bombas dosadoras de hipoclorito de sódio, e a fluoretação ocorre no mesmo ponto de aplicação de hipoclorito de sódio, também por meio de duas bombas dosadoras. Conforme o relatório, nas proximidades do PC Guarauzinho, há uma medição de vazão na AAT, que permite computar as vazões fornecidas pelo sistema para abastecimento da rede do bairro. Quanto à adução de água tratada, o estudo observa que o Sistema Guarauzinho não é dotado de reservação. Portanto, a água proveniente do PC Guarauzinho é aduzida por uma AAT com 200 mm de diâmetro, diretamente à rede de distribuição, na área de entorno do sistema de tratamento. 108 No ano de 2007 verificou-se, como esperado, que o dia de maior consumo ocorreu na semana de Réveillon, mais precisamente no dia 31 de dezembro, quando este atingiu uma vazão máxima horária de 15,14 l/s. 383 No que concerne ao sistema de reservação e de distribuição, o relatório revela que, de acordo com a setorização considerada pelo SISPERDAS, este é constituído por um único setor denominado Guarauzinho. A figura a seguir apresenta o esquema geral do Sistema Produtor Guarauzinho, com seus principais componentes. Diagrama do Sistema Guarauzinho de Abastecimento de Água Existente. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011c, p.26) 11.1.5 Avaliação Geral do Sistema e ações propostas para o Sistema Guaraú Para a análise da capacidade de atendimento do sistema Guaraú existente, o relatório do Plano Diretor (SABESP, 2011b, p.41) considerou o balanço entre a produção atual e as demandas, no horizonte de projeto, o qual está sintetizado na tabela a seguir, baseada em valores obtidos no âmbito do referido estudo. Estes dados revelam a situação de déficit do sistema, em termos de capacidade de produção, em todos os períodos do ano, entre 2010 e 2030, com tendência a ampliação, no final do período. Neste aspecto, deve-se destacar o fato de que Peruíbe vem apresentando taxas de crescimento demográfico consideráveis, nas últimas décadas, bem como recebe uma expressiva população flutuante em temporada de verão e no pico de final de ano. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Tabela ___. Sistema Guaraú: Balanço Produção Atual x Demandas. ANO DEMANDAS - Q MÁX. DIÁRIA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO BALANÇO mês 2012 PICO VERÃO REST. DO ANO PICO VERÃO REST. DO ANO PICO VERÃO REST. DO ANO (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) 2010 386 355 211 180 180 126 -206 -175 -85 2015 414 379 224 180 180 126 -234 -199 -98 2020 435 398 234 180 180 126 -255 -218 -108 2025 454 414 242 180 180 126 -274 -234 -116 2030 467 426 248 180 180 126 -287 -246 -122 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.41) O gráfico apresenta uma visão deste balanço, segundo a qual, em qualquer cenário, seja no pico, seja no restante do ano, o sistema já apresentava déficit, no início do período estudado. Contudo, em um cenário inercial, este déficit tenderia a acentuar-se expressivamente. Destaca-se o fato de que os déficits relativos aos períodos com maior afluxo de população flutuante são muito mais expressivos. Sistema Guaraú: Produção Atual x Demandas. 500,00 467,34 450,00 425,56 400,00 359,02 VAZÃO (L/s) 350,00 330,81 300,00 250,00 248,05 197,42 200,00 180,3 150,00 100,00 2008 126,0 2010 2012 2014 Demanda Jan/Fev Produção Jan/Fev / Pico 2016 2018 2020 ANO Demanda Pico Produção Estiagem 2022 2024 2026 2028 2030 Demanda Estiagem Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.41) Desta forma, com base no mencionado balanço, o relatório do Plano Diretor de Abastecimento de Água destacou as considerações apresentadas a seguir, com relação ao Sistema de Abastecimento de Água Guaraú. Da análise do balanço apresentado anteriormente, de acordo com o citado estudo (SABESP, 2011b, p.42), verifica-se que o sistema produtor existente é insuficiente para atendimento das demandas atuais e a 385 produção do Sistema Guaraú era complementada pela transferência de água do sistema produtor Mambu de Itanhaém. Assim, para o atendimento das demandas futuras de Peruíbe, o relatório não propõe qualquer ampliação da produção de água do referido sistema, mas a manutenção de sua capacidade complementada pela transferência de água do sistema produtor de Itanhaém, ampliado pela nova captação do Rio Branco, como já vem sendo feito. O relatório ressalta, também, que esta posição coincide com a adotada pela SABESP acerca desta questão, pois a ampliação do sistema produtor de Itanhaém, com a implantação do sistema Mambu/Branco já contempla a manutenção da integração Peruíbe/Itanhaém. Deve-se observar, ainda, que o Sistema Mambu/Branco, além das transferências para o Sistema Guaraú, contribui para o abastecimento dos municípios de Mongaguá, Praia Grande e a porção oeste de São Vicente Continental. Sendo assim, as ações propostas pelo estudo, para o Sistema Guaraú, referem-se apenas às questões de adução, qualidade e distribuição de água. Além disso, o estudo ressalta o fato de que os mananciais componentes do sistema produtor em questão não apresentam qualquer conflito quanto aos seus aproveitamentos atuais ou futuros, ou seja, não são previstos usos distintos ao abastecimento público. Segundo o mencionado relatório (SABESP, 2011b, p.44), o sistema de adução de água bruta, de maneira geral, é condizente com a disponibilidade hídrica das captações existentes. Contudo, são necessárias algumas adequações. Neste aspecto, o estudo menciona dois grandes desmoronamentos da encosta, ocorridos em dezembro de 2007, que resultaram na ruptura da adutora Quatinga/Cabuçu. Após este evento, o seu restabelecimento foi feito de modo precário, com a tubulação pendurada em árvores através de correntes, cabos de aço e cordas, permanecendo assim até a data da realização do citado trabalho. Desta forma, o mesmo recomenda o remanejamento do referido trecho, com diâmetro de 400 mm e extensão de aproximadamente 50,0 m. O relatório ressalta, ainda, que no âmbito da elaboração dos estudos não foram localizados dados de levantamento cadastral atualizado do sistema adutor de água bruta, sendo, portanto, recomendável a execução de cadastro completo do mesmo. No que concerne ao sistema de tratamento existente, a mesma fonte (SABESP, 2011b, p.44), ressalta que, para atender ao previsto na Portaria nº 518 de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde, este deve ser complementado por um sistema de filtração com capacidade para a vazão máxima horária de produção verificada em 2007, de 270,0 l/s. Desta forma, o estudo propõe a implantação, em 2014, de um sistema de filtração direta constituído de 12 filtros de areia dinâmicos de fluxo ascendente autolaváveis, com capacidade de 22,5 l/s cada um, e um sistema de tratamento de lodo, com decantador lamelar e peneira desaguadora rotativa para a desidratação de lodo. Quanto à adução de água tratada, conforme o referido estudo (SABESP, 2011b, p.45), o Sistema Produtor Guaraú, como já descrito, é complementado pelo Sistema Produtor Mambu e a transferência de vazão do Sistema Mambu para Peruíbe era realizada a partir da EEAT Mambu, pelo prolongamento da adutora com diâmetro de 600 mm, que alimenta o CR Jardim Itanhaém. O prolongamento da adutora existente alimenta o booster Prados e este, por sua vez, alimenta o Reservatório Prados, a partir do qual a água é encaminhada para o sistema de distribuição. Com a implantação do novo sistema produtor Mambu/Branco, prevê-se a manutenção do sistema de transferência já em implantação, com algumas adequações. Assim, conforme simulações hidráulicas desenvolvidas, com a implantação do novo sistema, o booster Cibratel existente tornar-se-á desnecessário, além de não haver condições de veicular as vazões requeridas para Peruíbe. Portanto, o Plano Diretor da SABESP propõe a utilização das instalações do booster Cibratel para reforçar a adução para Peruíbe por meio das seguintes ações: Desvinculação do booster Cibratel da adutora que alimenta o CR de mesmo nome e interligação do mesmo à adutora que alimenta o CR Jardim Itanhaém e o booster Prados. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Substituição das bombas do booster Cibratel, em 2019, mantendo-se os motores, além de algumas adaptações na instrumentação de controle. No entanto, o relatório salienta que o investimento necessário para esta ampliação é computado para o Sistema Mambu, uma vez que além de se localizar dentro dos limites do município de Itanhaém, é uma intervenção proposta para o abastecimento dos CR mês 2012 Prados e Jardim Itanhaém, equacionando a nova configuração de integração do Sistema Mambu/Branco ao Sistema Guaraú. Instalação de mais um conjunto moto-bomba semelhante aos dois existentes, no booster Prados, em 2025. Segundo o relatório, (SABESP, 2011b, p.46) a capacidade total de reservação existente no sistema, de 15.000 m3 é maior do que a mínima requerida para final de plano, de 11.000 m³. Portanto, não haverá necessidade de ampliação do sistema de reservação. Quanto à rede de distribuição da região da sede do município, esta é alimentada por dois centros de reservação, Guaraú e Prados, cujas áreas de influência são variáveis e controladas a distância. Como já apontado, a setorização considerada pelo SISPERDAS para esta região, consiste na subdivisão em cinco setores de abastecimento: Costão, Centro, Guaraú, Caraguava e Prados, mas a setorização considerada pelo SISPERDAS neste município é teórica, pois não corresponde a setores hidraulicamente isolados. Assim, em termos operacionais a região era dividida em dois setores: o primeiro correspondente ao Setor Costão, localizado à margem direita do Rio Preto, abastecido somente pelo CR Guaraú, e o segundo que abrange os demais setores (Guaraú, Caraguava, Centro e Prados) abastecidos tanto pelo CR Prados quanto pelo CR Guaraú. Desta forma, segundo o mencionado relatório, a setorização considerada pelo SISPERDAS carece de adequações para permitir uma maior contribuição à gestão da distribuição de água, ao apoio a operação e manutenção da rede e ao controle de perdas. Portanto, o citado trabalho apresenta as seguintes recomendações: Manutenção do setor de abastecimento Costão em suas condições atuais adotadas pelo SISPERDAS; Manutenção dos setores de abastecimento Centro e Prados nos limites considerados pelo SISPERDAS, porém, adotando as medidas necessárias para garantir o isolamento ou a estanqueidade das redes de distribuição no limite entre setores; Extinção do setor Guaraú, que se encontra inserido no interior do setor Caraguava, fragmentando este último em duas áreas: Caraguava e Jd. Veneza. Desta forma, sua área seria incorporada ao setor Caraguava e a área do Jardim Veneza deverá ser desmembrada do setor Caraguava passando a compor um novo setor de abastecimento; Incorporação do setor Guaraú ao setor Caraguava, a qual não requer qualquer intervenção específica, pois suas redes primárias e secundárias já são interligadas sem qualquer estrutura de medição ou controle da entrada de vazão no Setor Guaraú. Entretanto, devem ser adotadas as medidas necessárias para garantir o isolamento da rede de distribuição no limite entre o Guaraú e o novo setor; Instalação de um macromedidor no novo setor de abastecimento Jardim Veneza, além da adoção de medidas necessárias para garantir sua estanqueidade; garantir que a linha que abastece o setor Caraguava, cujo macromedidor se encontra distante de seu limite, não tenha qualquer derivação entre o macromedidor e o limite do setor. A seguir, apresenta-se, conforme a tabela ___ a setorização proposta acima, para o Sistema de Abastecimento de Água de Peruíbe, relacionando os setores de reservação com os respectivos setores de abastecimento. 387 Tabela ___. Setorização Proposta para o Sistema de Abastecimento de Água de Peruíbe. SETOR DE RESERVAÇÃO SETORES DE ABASTECIMENTO CR Guaraú / CR Prados Costão Jardim Veneza Caraguava Prados Centro Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011c, p.47) O mapa a seguir apresenta a setorização proposta para Peruíbe Setorização proposta para o Sistema de Abastecimento de Água de Peruíbe. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011c, p.50) Por fim, de acordo com o relatório do Plano Diretor de Abastecimento de Água (SABESP, 2011b, p.48) no Sistema Guaraú, ao longo do período de planejamento, estima-se implantar 15.800 unidades de ligação prediais de água e 110,0 km de extensão de rede de distribuição de água. O diagrama da figura abaixo contém o esquema geral de todo o sistema proposto anteriormente descrito. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Diagrama do Sistema de Abastecimento de Água proposto para Peruíbe. mês 2012 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011c, p.51) A tabela apresenta o resumo dos investimentos previstos para as ações propostas do Sistema Guaraú, De acordo com estes dados, observa-se que o maior investimento será realizado no primeiro quinquênio, em função da implantação da ETA Guaraú e da expansão da rede de distribuição. Com relação a este último item, 389 o investimento prosseguirá nos demais quinquênios, de maneira uniforme, mas em patamar inferior ao investimento de curto prazo. Os gastos com ligações domiciliares também serão maiores no início e tendem a estabilizar-se nos demais quinquênios. Sistema Guaraú: Resumo dos Investimentos Previstos para a Solução Recomendada. AÇÕES PROPOSTAS UNIDADES / DESCRIÇÃO CUSTO POR QUINQUÊNIO (R$) LOCAL (MUNICÍP IO) AAB QUAN T. 2010 2014 2015 2019 2020 2024 2025 2030 - - - Peruíbe 15.900 35.298,00 Remanejamento de AAB Cabuçu / Quatinga - diâmetro de 400 mm Peruíbe 50 39.663,00 Subtotal 15.950 74.961,00 Tratamento: (l/s) Peruíbe - - - 35.298,00 - 39.663,00 2012 74.961,00 - 270 2015 6.494.305, 00 Subtotal 270 6.494.305, 00 - - - 6.494.305, 00 EEAT Ampliação Booster Prados - adição de 1 cj. elevatório (de 188 L/s e Hmt=60 mca) ANO DE INÍCIO DE OPERAÇÃO (m) Cadastro das AAB Cabuço, Quatinga e São João Adequação do PC Guaraú para ETA Guaraú (Filtração Direta Ascendente) CUSTO TOTAL (R$) 6.494.305, 00 (l/s) Peruíbe 188 26.850,00 2025 26.850,00 Subtotal 188 - - - 26.850,00 26.850,00 Implantação de Macromedidores Macromedidores de canal aberto captações Cabuçu, Quatinga e São João (un) Peruíbe 3 Subtotal 3 Expansão da Rede Distribuidora (m) Subtotal 110.10 6 Ligações Domiciliares Incrementais (ligaçõ es) Subtotal 15.772 Total [Digite texto] 2011 136.143,03 136.143,03 136.143,0 3 - - - - 5.432.062 ,32 4.900.332 ,28 5.038.046 ,53 23.399.947 ,33 - 975.933,91 666.233,2 4 593.563,0 4 594.280,7 7 2.830.010, 97 15.710.849 ,15 6.098.295 ,56 5.520.745 ,32 5.632.327 ,30 32.962.217 ,33 8.029.506, 20 - Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.52) A guisa de recomendação, o relatório (SABESP, 2011b, p.53) apresenta algumas acerca da mês considerações 2012 qualidade da água fornecida pelo Sistema Guaraú. Segundo esta fonte, as áreas das bacias de drenagem das captações do sistema Guaraú encontram-se totalmente contidas na APA Cananéia-Iguape-Peruíbe (Federal) e na Estação Ecológica Juréia-Itatins (Estadual). Desta forma, o estudo considera que as captações existentes no município apresentam um elevado grau de proteção ambiental do manancial. Conforme a mesma fonte, as captações dos ribeirões Cabuçu, Quatinga e São João encontram-se em áreas relativamente preservadas e de difícil acesso. Embora esta condição de acesso difícil seja prejudicial à manutenção das captações, esta restringe invasões, que não sendo inibidas, promovem a degradação da área e até furto de equipamentos do sistema. Contudo, a área da captação do ribeirão São João, mais próxima da área urbanizada, facilita o acesso de estranhos na área de drenagem da bacia à montante da captação. Assim, o relatório recomenda que seja mantida uma vigilância permanente e efetiva da referida captação para evitar o risco de contaminação de suas águas, além da adoção ações voltadas para a conscientização da importância da manutenção da qualidade da água bruta, por parte da população. De acordo com o mesmo documento, grande parte do percurso das adutoras de água bruta ocorre em áreas de mata não existindo um caminho transitável ao longo das mesmas. Portanto, o citado trabalho também recomenda a abertura e manutenção do acesso às mesmas, mediante processo de licenciamento. O relatório recomendou, ainda, o remanejamento dos tubos revestidos com fibra de vidro, implantados há cerca de 25 anos, no trecho inicial da AAB Cabuçu, em área de forte declividade, em função da dificuldade de manutenção deste material. 11.1.6 Avaliação Geral do Sistema e ações propostas para o Sistema Guarauzinho Para a análise da capacidade de atendimento do sistema Guarauzinho existente, a exemplo do que foi realizado acerca do Sistema Guaraú, o relatório do Plano Diretor (SABESP, 2011b, p.27) considerou o balanço entre a produção atual e as demandas, no horizonte de projeto, o qual está sintetizado na tabela ___ a seguir, também baseada em valores obtidos no âmbito do referido estudo. Estes dados revelam a situação de superávit do sistema, em termos de capacidade de produção, em todos os períodos do ano, entre 2010 e 2030, com tendência a redução, no final do período, em função das taxas previstas de crescimento demográfico, bem como pelo acréscimo de população flutuante em temporada de verão e, sobretudo no pico de final de ano, fazendo com que no final do período estudado o superávit tenha praticamente desaparecido. Sistema Guarauzinho: Balanço Produção Atual x Demandas. ANO DEMANDAS - Q MÁX. DIÁRIA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO BALANÇO PICO VERÃO REST. DO ANO PICO VERÃO REST. DO ANO PICO VERÃO REST. DO ANO (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) (L/s) 391 2010 11 10 3 18 18 16 7 8 13 2015 13 12 4 18 18 16 5 6 12 2020 15 13 5 18 18 16 3 5 11 2025 16 15 7 18 18 16 2 3 9 2030 17 15 7 18 18 16 1 3 9 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.27) O gráfico apresenta uma visão deste balanço, segundo a qual a demanda de verão e de pico tende a igualarse à produção de verão e de pico, superando a produção de estiagem. GRÁFICO PER-1. PRODUÇÃO ATUAL X DEMANDAS (CENÁRIO TENDENCIAL) Sistema Guarauzinho: Produção Atual x Demandas. PERUÍBE - SISTEMA GUARAUZINHO 20,00 18,3 18,00 16,79 15,6 16,00 15,24 VAZÃO (L/s) 14,00 12,00 10,07 10,00 9,19 8,00 6,95 6,00 4,00 2,73 2,00 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 2024 2026 2028 2030 ANO Demanda Jan/Fev Produção Jan/Fev / Pico Demanda Pico Produção Estiagem Demanda Estiagem Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.27) Desta forma, com base no mencionado balanço, o relatório do Plano Diretor de Abastecimento de Água (SABESP, 2011b, p.28) destacou as considerações apresentadas a seguir, com relação ao Sistema de Abastecimento Guarauzinho. Conforme a tabela e gráfico apresentados acima, o sistema produtor existente atende satisfatoriamente as demandas de final de plano. Desta forma, as ações propostas para o Sistema Guarauzinho referem-se apenas às questões de qualidade, reservação e distribuição de água, e não há necessidade de serem planejadas ações em termos de ampliação de oferta de água, nada será requerido. Além desta questão, ressalta-se o fato de que o manancial em questão não apresenta qualquer conflito quanto ao seu aproveitamento futuro, ou seja, não são previstos usos distintos ao abastecimento público. No que concerne ao Sistema de Tratamento, o mencionado relatório (SABESP, 2011b, p.28) ressalta que a adequação do sistema de tratamento Guarauzinho à Portaria nº 518 do ministério da Saúde depende da implantação de um sistema de tratamento com filtração direta ascendente, constituído por um módulo de tratamento para 22,5 l/s, com dois pré-filtros seguidos de misturador rápido estático, um filtro de areia dinâmico de fluxo ascendente autolavável e um sistema de tratamento de lodo com decantador lamelar e bags para desidratação do lodo. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Com referência à adução de água tratada, o citado estudo (SABESP, 2011b, p.28) aponta que, com a implantação da ETA e o reservatório, deverá ocorrer uma quebra na altura piezométrica do sistema de distribuição. Desta forma, o relatório propõe a implantação de uma EEA, com vazão de 25,0 l/s, para pressurizar o sistema adequadamente. mês 2012 No que tange o sistema de reservação e distribuição, segundo a mesma fonte (SABESP, 2011b, p.29), como este não possui reservação, a rede de distribuição é abastecida por gravidade diretamente a partir do sistema de tratamento, sendo que os déficits de reservação poderiam passar de 200,0 m³, no início do período estudado, a 500,0 m³ no final de plano. Assim, o documento propôs a implantação, até 2012, do CR Guarauzinho, composto de reservatório apoiado, com capacidade de 500,0 m³ e um booster para alimentação da rede. Quanto ao sistema de distribuição e abastecimento Guarauzinho, segundo a mesma fonte (SABESP, 2011b, p.29), este coincide com o limite de um único setor de mesmo nome, considerado pelo SISPERDAS, sendo este de fato hidráulica e geograficamente isolado. Assim, a implantação do CR Guarauzinho possibilitará adequar o setor de abastecimento como setor de reservação. O citado estudo informa, também, que se planeja implantar 800 ligações prediais de água e 10,0 km de extensão de rede de distribuição de água no Sistema Guarauzinho, ao longo do período de planejamento. A figura a seguir permite visualizar o diagrama do sistema Guarauzinho previsto, com seus principais componentes. 393 Diagrama do sistema de Abastecimento de Água Guarauzinho Proposto. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.31) No que respeita aos valores orçados pelo estudo da SABESP, para as intervenções acima apresentadas, a tabela abaixo apresenta o resumo dos investimentos previstos para as ações propostas para ampliação e melhoria do Sistema de Abastecimento de Água Guarauzinho. Segundo estes dados, verifica-se que o maior investimento será realizado no primeiro quinquênio, com a implantação da ETA e do CR Guarauzinho, com a respectiva EEAT. Os investimentos com expansão da rede também são significativos, se comparados ao total investidos e devem ser maiores nos três primeiros quinquênios, caindo praticamente pela metade no último. No total, os investimentos com ampliação e melhoria deste sistema representam cerca de 13% do que deverá ser investido no Sistema Guaraú. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Sistema Guarauzinho: Resumo dos Investimentos Previstos para a Solução Recomendada. AÇÕES PROPOSTAS UNIDADES / DESCRIÇÃO LOCAL (MUNICÍPI O) Tratamento: Adequação do PC para ETA Guarauzinh o (Filtração Direta Ascendente) CUSTO POR QUINQUÊNIO (R$) QUANT. 2010 2014 2015 2019 2020 2024 - - 2025 - ANO DE INÍCIO DE OPERAÇÃO mês 2012 2030 (l/s) Peruíbe 22,5 - 1.701.100, 00 Subtotal 22,5 Reservação 2015 1.701.100, 00 - - - - - - 1.701.100, 00 CR Guarauzinh oReservatório circular em concreto CUSTO TOTAL (R$) 1.701.100, 00 - (m³) Peruíbe 500 212.000,0 0 Subtotal 500 2012 212.000,0 0 212.000,0 0 - 25 88.600,00 - - - 88.600,00 2012 Subtotal 25 88.600,00 - - - 88.600,00 25 Expansão da Rede Distribuidor a (m) Subtotal 10.332 623.539,5 5 612.063,3 6 623.539,5 5 336.634,8 5 2.195.777, 30 - Ligações Domiciliares Incrementai s (ligaçõe s) Subtotal 827 39.116,31 38.936,87 25.838,29 148.390,7 6 651.179,6 7 662.476,4 2 362.473,1 4 4.345.868, 06 EEAT EEAT CR Guarauzinh o/ Distribuição - 1+1 cj ; 25 L/s cada ; 25 mca Total - - 212.000,0 0 (l/s) Peruíbe 44.499,28 2.669.738, 83 - - Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, p.32) 395 A guisa de recomendação, o relatório (SABESP, 2011b, p.33) apresenta algumas considerações acerca da qualidade da água fornecida pelo Sistema Guarauzinho. Segundo esta fonte, a bacia de drenagem da captação do sistema Guarauzinho encontra-se em áreas relativamente preservadas e de difícil acesso. Embora esta condição limite invasões que poderiam degradar a área, a área da captação, pela sua proximidade da área urbanizada, possui uma condição de acesso mais facilitada. Desta forma, o estudo recomenda a vigilância permanente e efetiva da referida captação para evitar o risco de contaminação de suas águas, além da adoção de ações voltadas para a conscientização da população, com relação à importância da manutenção da qualidade da água bruta. O estudo ressalta, ainda, que a solução proposta para a adequação do sistema de tratamento existente deverá ser aceita pela SABESP com posterior elaboração de estudo de concepção, projetos básicos e executivos específicos para o referido sistema. No que diz respeito à área onde se encontra o sistema de tratamento Guarauzinho, junto ao qual será instalado o CR de mesmo nome e o novo sistema de filtração, de acordo com o mencionado relatório, esta não é de propriedade da SABESP. Desta forma, recomenda-se a adoção de providências no sentido de regularizar a área atualmente ocupada, bem como realizar a desapropriação necessária para as ampliações previstas. Quanto à adutora de água bruta do sistema Guarauzinho, que se encontrava assentada, no seu trecho inicial, de forma bastante precária, o estudo recomendou a adoção de medidas preventivas de forma a garantir maior segurança estrutural à mesma. Por último, o relatório recomendou a elaboração de cadastro do Sistema Guarauzinho, pois a exemplo do Sistema Guaraú, não existem dados cadastrais confiáveis referentes a este, tanto do sistema adutor quanto da rede de distribuição. A figura abaixo apresenta uma visão geral do Sistema Sul de Abastecimento de Água da Baixada Santista, com os Sistemas Guaraú e Guarauzinho existentes e propostos, situado a sudoeste, na extremidade inferior direita da imagem, além da visão de. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Sistema Sul de Abastecimento de Água da Baixada Santista proposto e existente. mês 2012 Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, Anexo) O mapa abaixo apresenta os componentes existentes e propostos dos sistema Guaraú e Guarauzinho. 397 Sistemas Guaraú e Guarauzinho de Abastecimento de Água da Baixada Santista propostos e existentes. Fonte: Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Baixada Santista, Relatório Final – Vol. VI - Planejamento dos SAA - Região Sul. (SABESP, 2011b, Anexo) No que diz respeito à qualidade da água dos sistemas públicos de Peruíbe, segundo o relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Itanhaém (DAEE, 2010, p.49), a água bruta do manancial não apresenta risco para abastecimento público, com relação à presença de compostos orgânicos e inorgânicos que possam ocasionar problemas à saúde pública, sendo plenamente adequada para o tratamento convencional. Contudo, com relação ao tipo de tratamento de água superficial, esta fonte também considera que o sistema existente baseado apenas na cloração não atendia a mencionada portaria do Ministério da Saúde, devendo, assim, ser instalado o processo de filtração apresentado anteriormente. Quanto aos efluentes das unidades de tratamento, segundo a mesma fonte, estes vêm atendendo as exigências legais, não se havendo conhecimentos de ação da CESTEB questionando os padrões de lançamentos. Além disso, de acordo com a mesma fonte, não foi constatada a não continuidade do serviço de fornecimento de água, sendo a quantidade distribuída também considerada satisfatória, e não existindo áreas com baixa pressão e intermitência. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 11.2. O Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos 11.2.1 – Demandas por Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgoto De acordo com os resultados do Censo Demográfico 2010, o Município de Peruíbe possuía um total de 19.273 2012 domicílios ocupados com residentes fixos109, dentre os quais 37,48% tinham mês banheiros e estavam conectados à rede coletora de esgoto ou de águas pluviais e 44,32% utilizavam fossas sépticas. Tais dados demonstram alto deficit no atendimento municipal de rede de esgoto. Com o número de domicílios que utilizam fossa séptica maior do que o de domicílios ligados à rede (quase metade da população), os índices se mostram preocupantes. Conforme podemos ver no mapa abaixo, a distribuição espacial desses domicílios ocupados ligados às redes coletoras de esgoto demonstra o baixo índice de atendimento do município. Ao mesmo tempo, explicita a forte concentração do acesso ao serviço de coleta de esgoto em Peruíbe. Existe um perímetro no qual estão inceridos os setores censitários com melhores índices de atendimento. Tal perímetro envolve os bairros costeiros desde o Centro, até o fim da área urbanizada, mais à norte (onde se inicia a reserva indígena do Piaçaguera). Nessa área estão presentes os setores censitários de maior ídice de atendimento do município (entre 50 e 100% de atendimento). Tal limite coincide também com a localização dos empreendimentos verticais do município. Fora desse perímetro, onde estão localizados a maior parte dos assentamentos precários, os setores censitários apresentam os menores índices de atendimento (entre 0 e 5% dos domicílios). É o caso dos bairros de Vila Erminda, Vila Peruíbe, ou do Jardim dos Prados. 109 Esse conjunto não inclui os domicílios de uso ocasional, comumente utilizados para veraneio durante fins de semana, feriados e férias. 399 (Fonte: Censo, 2010, IBGE/ Prefeitura Municipal de Peruíbe) 11.2.2. Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos O município de Peruíbe, cujo processo de urbanização acelerou-se a partir da abertura da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, com produção de empreendimentos imobiliários voltados ao turismo balneário, tem os serviços de saneamento operados pela SABESP. Em especial o sistema de coleta e tratamento de esgotos era implantado de forma limitada, concentrado nos bairros da área central, até o início das obras de ampliação e melhoria do sistema de saneamento do município, no âmbito do Programa Onda Limpa, sob responsabilidade da mencionada concessionária. Esta situação prejudicava as condições de balneabilidade, colocando em risco de contaminação a população residente e turistas, resultando, também, em impactos negativos para a economia local. Contudo, a partir da implantação das citadas obras espera-se uma paulatina reversão deste quadro. A seguir apresenta-se uma visão da cobertura dos sistemas de abastecimento de água de Peruíbe, segundo dados do Censo Demográfico 2010, bem como a caracterização do sistema de esgotos existente e implantação, acompanhada da análise dos investimentos programados para melhoria e ampliação deste sistema. 11.2.3 Cobertura do sistema de coleta e tratamento de esgoto No que diz respeito à cobertura do sistema de coleta e tratamento de esgoto, segundo dados do Censo Demográfico 2010, o mapa abaixo apresenta o percentual de domicílios ligados à rede coletora de esgoto ou pluvial, em cada setor censitário, os quais foram classificados em cinco faixas de atendimento. Conforme este mapa observa-se que a cobertura é concentrada nas áreas urbanizadas mais consolidadas, em especial as localizadas entre a praia e a Avenida Padre Anchieta. Nesta área se a maior parte dos bairros se encontra nas faixas superiores de atendimento. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Em especial na faixa superior, entre 90% e 100%, pode-se citar as seguintes áreas: Entre a praia e a Avenida Luciano de Bona, a maior parte do Centro; grande parte do Arpoador, entre aquela via e a Avenida Padre Anchieta; grande parte do Veneza; dois setores no Oásis e um setor nas Ruínas; mês 2012 Entre a Avenida Luciano de Bona e a rodovia Padre Manoel da Nóbrega, um pequeno setor em Santa Isabel, um grande setor no Jardim Brasil e um pequeno setor no Ribamar. Nas demais faixas de atendimento, pode-se citar as seguintes áreas: Pequenos setores nos extremos nordeste e sudoeste do Centro, grande parte do Veneza, parte do Arpoador entre a Avenida Padre Anchieta e a praia, e dois setores no Oásis, situados a noroeste e sudeste da referida via, em que a cobertura encontra-se na faixa entre 75% e 90%. Um pequeno setor no Ribamar, na Avenida Luciano de Bona; dois setores a sudeste do Centro; grande parte do Arpoador; a maior parte do Oásis, entre as avenidas Padre Anchieta e Luciano de Bona; e dois setores nas Ruínas, em que a cobertura encontra-se na faixa entre 50% e 75%; Um pequeno setor no Centro, junto à Avenida Luciano de Bona; um setor no Jardim Brasil; a maior parte do Ribamar; um grande setor no São João Batista; e um setor no Oásis, na divisa com as Ruínas, junto à Avenida Padre Anchieta, em que a faixa encontra-se entre 25% e 50%; A maior parte da área situada entre a rodovia e a Avenida Luciano de Bona, incluindo a área do Santa Cruz, que não possui ocupação; a faixa da orla, entre Oásis e a divisa com Itanhaém, com exceção das Ruínas; toda a área ao norte da rodovia, em que predomina o uso rural e o Parque Estadual da Serra do Mar; as áreas a sudoeste do Centro, onde predominam unidades de conservação, incluindo Costão, Juréia-Itatins, Guararú, Perequê, Itinguçu e Barra, em que a faixa encontra-se entre 0% e 25%. 401 Peruíbe: Percentual de Domicílios ligados à rede coletora de esgoto ou pluvial segundo o setor censitário (2010). Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. Elaborado por: Instituo Pólis. Por outro lado, o mapa abaixo apresenta o percentual de domicílios com banheiros ligados à rede geral de esgoto ou pluvial ou fossa séptica, em cada setor censitário, os quais foram classificados em cinco faixas de atendimento. Comparando-se este mapa com o anterior, observa-se que o uso de fossas é generalizado em Peruíbe, sendo adotado quase todas as áreas situadas nas faixas inferiores de cobertura pelas redes de esgoto, com exceção de áreas que se encontram na faixa entre 0% e 25%, nos bairros Rosendo, Mineração, Vatrapuã, Vila Peruíbe, Santa Isabel e Caraguava, em áreas com ocupação esparsa ou como solução para construções não residenciais em pequena escala. De modo geral, as piores condições de cobertura, em termos de áreas urbanizadas ou com existência de assentamentos, encontram-se na faixa entre a Avenida Luciano de Bona e a rodovia Padre Manoel da Nóbrega, e áreas situadas ao norte desta rodovia. Portanto, a cobertura está mais concentrada em bairros próximos à orla e pode-se afirmar que ainda não existe universalização do atendimento do sistema público de coleta e tratamento de esgotos neste município. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Peruíbe: Percentual de Domicílios com banheiros ligados à rede geral de esgoto ou pluvial ou fossa séptica segundo o setor censitário (2010). mês 2012 Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. Elaborado por: Instituo Pólis. 11.2.4. Caracterização dos Sistemas de Esgoto De acordo com o Relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.53), o sistema de esgotamento sanitário do município de Peruíbe tem abrangência relativamente pequena e constitui-se de rede coletora, elevatórias e uma estação de tratamento de esgotos (ETE). Segundo esta fonte, o atendimento era de 26% dos domicílios totais, na época da realização do estudo, e contava com 352,0 km de rede coletora e 8.645 ligações totais. O esgoto era transportado através de 7.964,0 m de emissários terrestres e duas estações elevatórias de esgotos (EEE). Apoiado em informação da SABESP, o relatório informa, ainda, que 100% dos esgotos coletados eram tratados, na época da realização do estudo. Conforme esta fonte, a referida ETE é constituída por uma lagoa de estabilização anaeróbica, seguida de lagoa facultativa, com vazão de 54,0 l/s e o corpo receptor do efluente tratado é o Rio Preto. Uma segunda ETE encontrava-se em obras na época da elaboração do relatório. Ainda segundo o relatório, não foram identificados sistemas isolados na área urbana do município, mas um conjunto habitacional da CDHU possui sistema de esgotos operado pela SABESP, com 128 ligações e sistema de tratamento por fossa-filtro, com desinfecção por hipoclorito de sódio. A tabela a seguir apresenta as principais características do Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos de Peruíbe, na época de elaboração do Relatório do Plano Integrado de Saneamento do município. 403 Sistema de Esgotos de Peruíbe: quantitativos e indicadores de cobertura. Item Quantidade Economias ativas (faturadas) 8.942 Economias totais (cadastradas) 9.322 População fixa atendida 24.159 Índice de cobertura 21% Ligações ativas (faturadas) 7.221 Ligações totais (cadastradas) 7.597 Extensão de rede (m) 139.912 Indicador - economia/ligação 1,29 Indicador - metro de rede/habitante 5,8 Fonte: Fonte: Relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, Anexo). O mapa abaixo apresenta a divisão de Peruíbe em sub-bacias hidrossanitárias, com as respectivas localizações dos principais componentes do sistema de esgotamento sanitário do município, em especial as estações de tratamento de esgotos, estações elevatórias de esgotos, coletores tronco e linhas de recalque. Conforme este mapa, as sub-bacias delimitadas na cor azul referem-se às áreas atendidas pelo mencionado sistema, na data da elaboração do plano de saneamento. As delimitadas em roxo se referem às áreas com sistema projetado ou em execução naquela data. Conforme este mapa verifica-se que o atendimento era limitado à área central do município e parte do bairro São João Batista. Observa-se, ainda, que várias sub-bacias situadas na área nordeste do município, a noroeste da Avenida Luciano de Bona, em ambas as margens da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, e que abrangem partes dos bairros São Luiz, Morro dos Prados, Vila Erminda, Vatrapuã, São Francisco e São Marcos, ainda não se encontram no rol das áreas com projeto ou com obras em andamento. Neste aspecto e importante observar que, em termos de densidade demográfica, estas áreas só perdem para a área central do município. Também é possível notar que três sub-bacias da área delimitada como em projeto ou execução são compartilhadas com o distrito de Ana Dias, no município de Itariri, e duas delas estão integralmente nesta localidade. Portanto, o sistema futuro deve atender a este distrito também. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos de Peruíbe. mês 2012 Fonte: Relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, Anexo). 405 A seguir, serão apresentadas as obras e melhorias planejadas e em andamento, para o Sistema de Esgotos de Peruíbe. 11.2.5 Ampliação e melhoria do Sistema de Esgotos Conforme o Relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.53), um conjunto de obras se encontrava em andamento, refere à execução de ligações prediais em áreas dotadas de rede coletora. Além dessas intervenções, segundo a mesma fonte, as obras previstas pelo programa Onda Limpa no município referiam-se a: Ligações prediais: 19.320 unidades; Redes coletoras: 272,2 km, com diâmetro entre 150 e 400 mm; Coletor tronco: 10,3 km, com diâmetro entre 200 e 800 mm; Estações elevatórias de esgotos: 18 elevatórias; Linhas de recalque: 15,5 km, com diâmetro entre 100 e 700 mm; ETE: duas unidades, uma de 165,0 l/s e outra de 160,0 l/s, do tipo lodos ativados por batelada, com aeração prolongada e desinfecção do efluente tratado. Assim, era previsto um grande incremento de domicílios atendidos, por meio de estratégias da efetivação de novas ligações em andamento. O mesmo documento revelou que o Programa Onda Limpa tinha como objetivo atingir uma cobertura de 95%, até 2012. Contudo, no mesmo relatório, apresenta-se o índice de cobertura proposto de 90%110, para o mesmo ano (DAEE, 2010, p.58). Considerando a ETE Anchieta, na margem esquerda do Rio Preto, e a ETE em obras na margem direita, a capacidade de tratamento será de 574 l/s. Diante da demanda de final de plano, que está em torno de 620,0 l/s, significa a necessidade de pequena ampliação futura. Conforme a mesma fonte (DAEE, 2010b, p.59), na elaboração das alternativas previstas neste estudo foram analisadas várias propostas. No quadro abaixo é apresentado um resumo das ações propostas para o esgotamento sanitário, classificadas por prazo, conforme exposto a seguir: Emergencial: ações imediatas; Curto prazo: até 4 anos; Médio prazo: de 4 a 8 anos; Longo prazo: de 8 anos até o horizonte do plano. Resumo das propostas de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Prazo Identificação da meta Ação proposta Emergencial (2 meses) Planejamento dos serviços Instituir o sistema municipal de planejamento 110 Esta informação encontra-se no Quadro 4.14 – Índice de Cobertura de Esgotos – atual e futura. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Emergencial (2 meses) Prestação dos serviços de água e esgotos Delegar a prestação dos serviços. Emergencial (2 meses) Regulação dos serviços Delegar a regulação e fiscalização dos serviços para a agência reguladora. Curto (6 meses) Controle social dos serviços mês 2012 Instituir mecanismo participativo da sociedade Fonte: Relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.60). Na tabela abaixo, apresenta-se o resumo dos investimentos previstos ao longo do horizonte do Plano de Saneamento, de acordo com o referido relatório, baseado em valores de 2008. Conforme estes dados, verifica-se que o maior investimento, a implantação do novo sistema de tratamento no âmbito do Programa Onda Limpa, deve realizar-se em curto e médio prazo. O investimento com ampliação e remanejamento de redes de esgoto, cujo prazo deve estender-se até o final do plano, em 2038, também é considerável, correspondendo a cerca de 36% do total investido. Assim, os resultados efetivos dos investimentos, em termos de universalização, devem ocorrer a medida em que a rede e respectivas ligações forem implantadas. Resumo dos Investimentos para ampliação do Sistema de Esgotos de Peruíbe. Período Tipo de Investimento Total (R$) 2014 Estudo e projeto do sistema de ventilação (chaminés e ventos) da linha de recalque EEE-6A até ETE Lagoa. 50.000,00 2014 Projeto de Sistema Completo para as áreas não contempladas no Programa de Recuperação Ambiental da Baixada Santista - Onda Limpa. 200.000,00 Melhorias Total Melhorias Estação Elevatória de Esgoto 2015-2018 Telemetrização de todas as EEE. 250.000,00 2010 Revisão/recuperação de comportas/válvulas de entrada das EEE. Total Estação Elevatória de Esgoto 130.000,00 160.000,00 Tratamento 2015 Recomposição/Nivelamento dos Tabules e complemento da produção de borda interna ETE Lagoa de Peruíbe. 2014-2027 Disposição final dos resíduos sólidos (Proposição do Plano Diretor) Consórcio GBS Aterro exclusivo e leitos de secagem. 2016-2032 Disposição final dos resíduos sólidos (Proposição do Plano Diretor) Consórcio GBS Utilização dos Lodos das ETE como biossólido. 2010-2014 Implantação dos Sistemas de Tratamento e Disposição Final de Esgotos Sanitários - Onda Limpa. 30.000,00 250.000,00 3.943.145,00 468.400,00 164.799.690,00 Total Tratamento Rede e Ligação 169.461.235,00 2010 Obras de ampliação do sistema de esgotos sanitários das sub-bacias 4B, 5B e 6B, 4,7 Km de redes, 1 EEE, 211 m de linha de recalque e 327 um ligações esgotos nos bairros Balneário Sipel, Flórida e Centro. Total Rede e Ligação Ligações de Esgoto 1.327.240,00 2010-2038 Investimentos em ligações novas de esgoto. Total de Ligações de Esgoto 16.059.973,00 16.059.973,00 Redes de Esgoto 2010-2038 Remanejamento de rede. Ampliação de rede. 49.666.702,00 58.223.727,00 1.327.240,00 407 Total Redes de Esgoto 107.890.429,00 TOTAL ESGOTO 295.148.877,00 Fonte: Relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.62-63). 11.2.6 Avaliação da qualidade dos serviços Segundo o Relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.50), o sistema de esgoto que atende ao município de Peruíbe tem uma condição operacional satisfatória. Conforme esta fonte, a SABESP tem entre suas rotinas de gestão a manutenção das unidades, equipamentos e tubulações. O sistema de recalque tem equipamentos reserva e o comando e proteção das instalações elétricas permitem assegurar que o sistema tem bom grau de segurança em seu funcionamento cotidiano, e o controle operacional se faz por mecanismos de automação e controle à distância, através do Centro de Controle Operacional (CCO). Contudo, o referido relatório considerou alguns aspectos preocupantes, em termos de operação do serviço de esgotos, em especial quanto às ações que assegurem a universalização do atendimento, por meio de estratégias visando à adesão em áreas cobertas, mas com dificuldade de conexão; ações de caça-esgoto, referentes a lançamentos indevidos de esgotos na drenagem pluvial em logradouros com a rede à disposição; e ações de detecção de lançamento de água pluvial na rede coletora. Desta forma, deve-se destacar que a universalização do serviço de coleta e tratamento de esgotos, em Peruíbe, ainda está distante e demanda intensificação dos esforços empreendidos pela SABESP, no sentido de ampliar e otimizar o atendimento. Por outro lado, é importante considerar que é essencial a implementação de uma política urbana que restrinja a expansão horizontal periférica do município como um todo, de forma a reduzir as chances de que os investimentos agora planejados, no futuro sejam insuficientes, bem como impedir que o passivo de cobertura se amplie consideravelmente. Qualidade das praias de Peruíbe Outro importante indicador da qualidade do saneamento básico, no caso de municípios litorâneos, como Peruíbe, é a qualidade das praias, aferidas pelos índices de balneabilidade. Em especial para este município, em função de ter sido um dos municípios em que a atividade do turismo balneário se desenvolveu desde meados do século passado, o índice de balneabilidade tem um papel muito importante, não apenas em termos sanitários, mas no que respeita à sua repercussão econômica, ainda que esta atividade não tenha mais o peso que teve outrora, como já apontado anteriormente. Segundo os critérios estabelecidos na Resolução Conama nº 274/00, vigente desde janeiro de 2001, as praias são classificadas em ralação à balneabilidade, em duas categorias: Própria e Imprópria, sendo que a primeira reúne três categorias distintas: Excelente, Muito Boa e Satisfatória. Essa classificação é feita de acordo com as densidades de bactérias fecais resultantes de análises feitas em cinco semanas consecutivas. A Legislação prevê o uso de três indicadores microbiológicos de poluição fecal: coliformes termotolerantes (antigamente denominados Coliformes fecais), E. coli e enterococos. A classificação de uma praia como Imprópria indica um comprometimento na qualidade sanitária das águas, implicando em um aumento no risco de contaminação do banhista e tornando desaconselhável a sua utilização para o banho. Segundo a CETESB, mesmo apresentando baixas densidades de bactérias fecais, uma praia pode ser classificada nesta categoria, quando ocorrerem circunstâncias que desaconselhem a recreação de contato primário, tais como; a presença de óleo, provocada por derramamento acidental de petróleo; ocorrência de maré vermelha; floração de algas potencialmente tóxicas ou surtos de doenças de veiculação hídrica. No caso de Peruíbe, estas circunstâncias podem ocorrer quando galerias, canais de drenagem e outros cursos d’água que desaguam no mar veiculam águas com carga orgânica em concentração acima das densidades definidas pelos indicadores mencionados acima. Com o intuito de mostrar a tendência da qualidade das praias de modo integrado, baseando-se nos resultados do monitoramento semanal, a CESTEB desenvolveu uma Classificação Anual que se constitui na [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 síntese da distribuição das classificações obtidas pelas praias nas quatro categorias durante as 52 semanas do ano. Baseada nesses critérios, a Classificação Anual expressa a qualidade que a praia apresenta com mais constância naquele ano. Os critérios para cada uma das classes estão descritos na tabela abaixo, integrante do mais recente estudo acerca da balneabilidade das praias paulistas, que é o Relatório Qualidade das Praias mês 2012 Litorâneas no Estado de São Paulo - 2011 (CETESB, 2012), que além de apresentar a situação de balneabilidade das praias, trata de aspectos de saneamento. De modo semelhante foi estabelecida uma qualificação anual para as praias com amostragem mensal. Especificações que determinam a Qualidade Anual para as praias com amostragem semanal. Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.30). Segundo CETESB (2012, p.106), no município de Peruíbe a qualidade da água para a balneabilidade é monitorada em três praias com seis pontos de amostragem. Conforme demonstra o gráfico ___ e a tabela ___ apresentados a seguir, em 2011, o município teve uma piora da qualidade das praias, com 83% dos pontos classificados como Regular e 17% como Ruim (Av. São João). No ano anterior o resultado havia sido de 67% das praias classificadas como Regular e 33% como Boas, com duas praias ficando o ano todo na condição de Própria. Gráfico ___. Peruíbe: Classificação anual das praias. Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.106). 409 Tabela ___. Peruíbe: Porcentagem de ocorrência em cada categoria e Qualificação Anual. Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.106). A CETESB também classifica as praias de acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS), que classifica as águas recreacionais em quatro grupos, de acordo com o percentil 95 da concentração de enterococos intestinais. Isto é, se 95% das amostras de um determinado período apresentam concentração de enterococos abaixo desse valor e se isto está associado diretamente com o risco em se contrair gastroenterites e doenças respiratórias febris, baseado em estudos epidemiológicos realizados na Europa. A tabela ___ a seguir apresenta essa classificação. Tabela ___. Critérios de Classificação das praias segundo a OMS e riscos associados. Fonte: Adaptado de WHO (2033) apud Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.31). A OMS considera aceitável um risco inferior a 2% (equivalente a 19 indivíduos contraindo a doença em 1000 banhistas) para doenças respiratórias febris e inferior a 5% (equivalente a 1 indivíduo contraindo a doença em 20 banhistas) para gastroenterites111. A classificação de Peruíbe, no que diz respeito aos critérios da OMS é apresentada no gráfico ___ a seguir, e resultou em 50% B, 33% C e 17% D, desempenho pior que o de 2010, quando 83% foram classificadas como B e 17% como C. 111 A diferença existente entre os critérios utilizados pela OMS e pela CETESB deve-se ao valor considerado para efeito de classificação. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Gráfico ___. Peruíbe: Classificação OMS. mês 2012 Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.107). O quadro ___ apresentado abaixo mostra a classificação semanal de cada praia de Peruíbe, durante todos os meses de 2011, quando, em média, essas praias ficaram Próprias em 87% do tempo. Nos dias 2 de janeiro e 16 de outubro, todas as praias do município ficaram Impróprias, devido a eventos de chuvas fortes na região. Quadro ___. Peruíbe: Classificação semanal das praias (2011). Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.107). O gráfico ___ a seguir apresenta o percentual de classificação própria ou imprópria para cada praia, durante 2011. Este gráfico permite observar que as praias mais centrais apresentaram condições piores de balneabilidade, maior parte do tempo, com relação às demais, conforme se observa pela imagem apresentada na figura ___ seguinte, que mostra a distribuição das categorias Própria e Imprópria nos pontos monitorados, em Peruíbe, no mesmo ano. 411 Gráfico ___. Peruíbe: Porcentagem do tempo Própria o Imprópria por praia (2011). Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.108). Imagem ___. Peruíbe: Distribuição das categorias Própria e Imprópria nos pontos monitorados (2011). Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.109). Conforme CETESB (2011, p.110), o gráfico ___ a seguir apresenta as médias geométricas das concentrações de enterococos nos últimos cinco anos, para o município de Peruíbe. Segundo esta fonte, observa-se que as médias de todas as praias aumentaram de 2010 para 2011, com destaque para o ponto da Av. São João, na área central. Contudo, dos cinco anos mostrados, os piores foram 2008 e 2009. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Gráfico ___. Médias geométricas das concentrações de enterococos para o município de Peruíbe. mês 2012 Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.110). Segundo o documento da CETESB (2011, p. 22), a qualidade das águas costeiras brasileiras é bastante influenciada pelas condições de saneamento básico existentes nas cidades litorâneas. Muitas das capitais brasileiras estão localizadas à beira-mar e na maioria dos casos não possuem infraestrutura de saneamento suficiente para sua população. Dessa forma, o aporte de esgotos domésticos para as praias se torna um fato rotineiro. No caso de Peruíbe, conforme o relatório (CETESB, 2011, p.110) esta consideração é pertinente, pois apenas 59% do esgoto é coletado e tratado no município nas duas estações de tratamento de esgotos em operação. Para se ter uma leitura da intensidade da carga poluidora nas praias de Peruíbe, a tabela ___ abaixo mostra a situação de cada município do litoral paulista, no que se refere a esse aspecto, apresentando as principais informações sobre o saneamento básico destes municípios. Nesta tabela, é possível conferir os percentuais de coleta e tratamento de esgoto para cada município, bem como as cargas orgânicas potencial, removida e remanescente. Outra informação é o Índice de Coleta e Tratabilidade de Esgotos da População Urbana de Municípios – ICTEM, cujo objetivo é obter uma medida entre a efetiva remoção da carga orgânica, em relação àquela, gerada pela população urbana (carga potencial), sem deixar, entretanto, de observar a importância de outros elementos responsáveis pela formação de um sistema de tratamento de esgotos, que leva em consideração, a coleta, o afastamento e o tratamento dos esgotos. O atendimento à legislação quanto à eficiência de remoção (superior a 80% da carga orgânica) e ao respeito aos padrões de qualidade do corpo receptor dos efluentes também são considerados. Segundo esta fonte, Peruíbe possuía um índice de coleta intermediário, ainda muito distante da universalização. Por outro lado, sua carga poluidora é uma das menores dentre todos os municípios, mas possui um ICTEM muito alto, de 5,3, em função do déficit de coleta de esgotos. 413 Tabela ___. Informações sobre saneamento básico nos municípios do litoral paulista. Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.23). De acordo com o relatório (CETESP, 2011, p.110), no tocante a Peruíbe, foram amostrados, além das praias, 28 cursos d’água no primeiro semestre e 22 no segundo. Comparando-se com o ano de 2010, observa-se pequena queda na qualidade dessas águas, com 22% de atendimento à legislação. O gráfico ___ abaixo, que apresenta as faixas de contaminação dos cursos d’água em 2010 e 2011, mostra que houve aumento de resultados somente na faixa de 105 com 48% de resultados. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Gráfico ___. Peruíbe: Faixas de contaminação dos cursos d’água em 2010 e 2011 e atendimento à legislação. mês 2012 Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.110). De acordo com o gráfico apresentado a seguir, o atendimento à legislação nos últimos dez anos variou bastante, com média de atendimento de 22%, sendo que o melhor resultado ocorreu em 2005, com 33% de atendimento legal e o pior em 2007, com 0% de atendimento. Os resultados dos últimos quatro anos mostram alguma melhora na qualidade dessas águas, com relação a 2007, ainda que na série completa, não tenham sido constatados avanços. Peruíbe: Evolução no atendimento à legislação dos cursos d’água. Fonte: Relatório Qualidade das Praias Litorâneas no Estado de São Paulo – 2011 (CETESB, 2012, p.110). 11.3. Macro e Microdrenagem Conforme o Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.94), o sistema de drenagem urbana de Peruíbe configura-se em duas bacias principais. Uma deságua diretamente no oceano e a outra escoa em direção ao Rio Preto. Além dessas, destaca-se, também, uma terceira, na região do Guaraú. O município possui uma área de aproximadamente 328,0 km², com ocupação urbana ao longo da orla, na região central e ao longo da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55), que corresponde a cerca de 15% de sua área total. Parte desta área urbanizada, denominada porção da orla, situada a nordeste do município, 415 drena as águas superficiais diretamente para o oceano, apresentando características de ocupação urbana mais consolidada, com divisão em bacias não explícita, vias pavimentadas com baixa declividade e deficiência do escoamento superficial das ruas. Outra área significativa drena suas águas superficiais para o Rio Preto, que apresenta características de curso d’água de planície, com meandros. Este rio tem seu leito retificado, o que favorece o escoamento, mas não resolve o problema de inundações, uma vez que esta região é a que apresenta os maiores problemas referentes às cheias. A grande contribuição do Rio Preto é proveniente do Rio Branco, o que permite considerar como mais correto, denominar esta bacia como pertencente a ambos os cursos d’água. Por outro lado, a sudoeste do município, a bacia do Guaraú apresenta um sistema desconectado da área central, com as mesmas características da área da orla. Segundo o Relatório Preliminar do “Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau” (PERUÍBE, 2010, p.16), o mapa abaixo apresenta a divisão do município em bacias hidrográficas, destacando-se a bacia dos rios Preto e Branco, em verde, que nesta delimitação abrange, ainda, as bacias dos rios Guaxirú e Acarau, bem como a bacia do Rio Guaraú, delimitada em amarelo. Por sua vez, o mapa ___ apresentado a seguir mostra com maiores detalhes a bacia hidrográfica dos rios Preto e Branco. Em ambos os mapas pode-se observar que a porção mais elevada da bacia do Rio Branco localiza-se em grande parte no município de Itariri. Peruíbe: Bacias Hidrográficas dos rios Preto e Guaraú. Fonte: Relatório Preliminar do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau. (PERUÍBE, 2010, p.16) [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Peruíbe: Visão detalhada da Bacia Hidrográfica do Rio Preto. mês 2012 Fonte: Relatório Preliminar do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau. (PERUÍBE, 2010, p.16) Por outro lado, o Plano Diretor de Macrodrenagem de Peruíbe, elaborado em 2004, dividiu o sistema em bacias de drenagem, partindo da caracterização de duas grandes áreas distintas: Zona rural - localizada nas regiões mais internas do continente, abrangendo bacias que se iniciam no alto da Serra do Mar e descem a vertente da serra através dos grandes cursos d’água que cortam a região; Zona urbana - região mais próxima à orla, de ocupação urbana consolidada e em expansão, na qual o relevo, praticamente plano, pouco influi no escoamento das águas da chuva. Neste aspecto, identifica-se a bacia do Rio Preto como a principal da zona rural, sendo que esta, após a confluência com o Rio Branco, também conduz as águas no oceano. Segundo a mesma fonte (DAEE, 2010, p.95), na zona urbana, a divisão em bacias não é clara e a planície litorânea impede a identificação de divisores de águas naturais. O principal divisor de águas desta área é parte do traçado da rodovia Padre Manuel da Nóbrega e parte do leito da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, os quais cortam a área de forma aproximadamente paralela à costa, até defletir rumo noroeste, no sentido de Itariri. De acordo com o referido documento, as prioridades apontadas pelo Plano Diretor de 2004, com relação à macrodrenagem, ainda eram pertinentes, assim como com relação aos Projetos de Microdrenagem, etapas 1 417 e 2, sendo necessário dar sequência ao planejamento da microdrenagem para abranger a total do município, nos termos das etapas 3 e 4. Com relação à rede de microdrenagem, o relatório informou que esta compreende a maioria das vias públicas da área urbana do município, mas que a Prefeitura não possui um cadastro da rede de microdrenagem, tanto superficial (sistema viário, sarjetas, meio-fios, bocas-de-lobo), quanto subterrânea (poços de visita, redes tubulares e canais e galerias até 1,5 m de altura), portanto não se obteve informação sobre a extensão total e diâmetros. O referido estudo apontou, ainda, que existem alguns pontos de acúmulo de águas superficiais, após a ocorrência de precipitações normais, que precisam de soluções pontuais. Além deste aspecto, o trabalho informou, também, que problemas de escoamento da macrodrenagem e deslizamentos de terra são significativos no município. Conforme a referida fonte, em função da falta de informações sobre cadastro da rede de micro e macrodrenagem do município, não foi possível obter maiores informações sobre os componentes deste sistema. Contudo, para uma observação geral do sistema de drenagem, o mapa ___ abaixo apresenta os pontos críticos de drenagem, erosão e deslizamentos de São Vicente, segundo o Relatório da proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe, destacando-se as áreas impactadas pelas várzeas dos rios Preto, Branco, Guaraú, dos Prados e Guaxirú. Conforme este mapa, verifica-se que as áreas situadas entre a Avenida Luciano de Bona e a SP-55 são as mais impactadas. Além desta área, destaca-se a área central, na confluência dos rios Preto e Branco, e na região ao norte desta rodovia, a várzea do rio Guaxirú, como as mais impactadas. Segundo esta fonte, existe, ainda, uma significativa área impactada na bacia do Rio Guaraú. Pontos críticos de drenagem, erosão e deslizamentos de Peruíbe. Fonte: Relatório da Proposta do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, Anexo). [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Segundo o Relatório Preliminar do “Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau” (PERUÍBE, 2010, p.26), as figuras seguintes apresentam uma mancha azul, semitransparente, que corresponde as áreas de alagamentos frequentes, em Peruíbe, conforme informações fornecidas pela Prefeitura, as quais foram georreferenciadas mês 2012 nas referidas imagens, é para análise de soluções para os problemas em questão. O perímetro em vermelho, uma faixa de 100,0 m para cada lado do Rio Preto, contados a partir de sua margem, delimitada como a faixa de implantação das obras de dragagem e desassoreamento. Estas imagens permitem observar, detalhadamente, os bairros e suas respectivas áreas mais suscetíveis a alagamento, bem como os canais de drenagem existentes nesta bacia. Desta forma, verifica-se que a várzea do Rio Preto é a área mais problemática, em termos de drenagem, no município, em função da sua ocupação urbana inadequada. Figura ___. Peruíbe: Faixa de implantação das obras no Rio Branco. Fonte: Relatório Preliminar do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau. (PERUÍBE, 2010, p.27) 419 Peruíbe: Faixa de implantação das obras no Rio Acaraú. Fonte: Relatório Preliminar do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau. (PERUÍBE, 2010, p.28) Peruíbe: Faixa de implantação das obras no Trecho 1 do Rio Preto. Fonte: Relatório Preliminar do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau. (PERUÍBE, 2010, p.29) [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Peruíbe: Faixa de implantação das obras no Trecho 2 do Rio Preto. mês 2012 Fonte: Relatório Preliminar do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau. (PERUÍBE, 2010, p.30) 421 Peruíbe: Faixa de implantação das obras no Trecho 3 do Rio Preto. Fonte: Relatório Preliminar do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau. (PERUÍBE, 2010, p.31) 11.3.1. Caracterização dos principais componentes do sistema de drenagem urbana de Peruíbe. Como o Plano de Saneamento Básico Integrado de Peruíbe não apresenta um detalhamento dos componentes do sistema de drenagem urbana, abaixo apresenta-se alguns destes elementos, de acordo com o Relatório Preliminar do “Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau” (PERUÍBE, 2010, p.33). Segundo esta fonte, as sub-bacias existentes no sistema de macrodrenagem do município de Peruíbe, que drenam suas águas para o Rio Preto, como se pode observar na figura ___ abaixo, são as seguintes: Canal Ubatuba; Canal Av. São Caetano Do Sul; Jardim Veneza; Estância Dos Eucaliptos; Jardim Caraguava/Cidade Nova Peruíbe/Jardim Caraminguava; Cidade Nova Peruíbe; Balneário Novo Horizonte; Jardim Itatins; Jardim Brasil; Jardim Peruíbe; [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Rua Carlos Gomes; Rua Carlos Raymundo Peppe; Jardim Dos Prados. mês 2012 De acordo com esta imagem, também foram identificados desemboques de galerias e bueiros ao longo do Rio Preto, representados com círculos vermelhos. Figura ___. Peruíbe: Desemboque de galerias pluviais no Rio Preto. Fonte: Relatório Preliminar do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau. (PERUÍBE, 2010, p.34) Conforme esta mesma fonte (PERUÍBE, 2010, p.41-42), além das sub-bacias que drenam suas águas para o Rio Preto, o atual sistema de macrodrenagem de Peruíbe possui sub-bacias independentes, pertencentes à região da orla, que drenam suas águas diretamente para o mar. Entre estas, algumas contam com estruturas de macrodrenagem e outras não. Estas bacias são as seguintes: Galeria Cidade Balneária Peruíbe; Galeria Balneário Stella Maris; Balneário Samburá; Balneário Arpoador; 423 Balneário Continental; Parque Balneário Oásis; Balneário Casa Branca/Cond. Res. Bougainvillé; Jardim Beira Mar; Balneário Pampas; Rio Dos Prados; Estância Maria Helena Novaes. Segundo o referido estudo, dentre as sub-bacias apresentadas anteriormente, que drenam para o Rio Preto, as que contam com estruturas de macrodrenagem, pois apresentam maior grau de ocupação, são as seguintes: Jardim Veneza; Estância Dos Eucaliptos; Jardim Caraguava / Cidade Nova Peruíbe / Jardim Caraminguava; Cidade Nova Peruíbe; Balneário Novo Horizonte; Jardim Itatins; Jardim Brasil; Jardim Peruíbe; Rua Carlos Gomes; Rua Carlos Raymundo Peppe; Jardim Dos Prados; Canal Ubatuba; Canal Av. São Caetano Do Sul. De acordo com a mesma fonte, as sub-bacias que drenam para o Rio Preto e não contam com estruturas de macrodrenagem são: Canal Altamira; Vila Romar; Caraguava II; Jardim Márcia I e II; São Luiz/São Marcos; Bougainvillé IV; [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Rio Branco. O Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau apresenta, ainda, a descrição detalhada e a cartografia de cada mês 2012 um destes componentes mencionados acima. 11.3.2. Projetos e obras em andamento De acordo com a Vigilância Sanitária da Prefeitura de Peruíbe112, o mencionado Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau encontrava-se, há dois anos, na CETESB, para análise e manifestação, sendo que este está em fase final de licenciamento. Segundo o Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.95), é relevante a interface entre os sistemas de drenagem urbana e de esgotamento sanitário. Contudo, espera-se que com a implantação do Programa Onda Limpa deverá haver melhora da qualidade dos recursos hídricos de toda a Baixada Santista, e em especial de Peruíbe. O referido estudo propõe um Plano de Drenagem Urbana para o período entre 2010 e 2039, cuja premissa básica é utilizar as bacias hidrográficas como unidades de planejamento, considerando dependentes entre si todos os agentes públicos e privados, que atuam na área de abrangência de seus limites geográficos. De acordo com a mesma fonte (DAEE, 2010, p.96), no âmbito das bacias hidrográficas e suas subdivisões, são sugeridas ações efetivas nos seguintes aspectos: Garantia de preservação das condições pré-estabelecidas em se tratando de quantidade e valores de vazão de pico ao longo do sentido natural de escoamento do sistema planejado; Preservação da qualidade das águas de escoamento nos canais naturais e construídos; Estabelecimento de valores de vazão de restrição, em pontos estratégicos do sistema como limites municipais e confluências relevantes; Sistema de monitoramento integrado da qualidade e quantidade das águas de escoamento superficial, com base em Sistema de Informações Geográficas; Operação e manutenção conjunta dos sistemas de drenagem integrados Otimização de custos de implantação, operação e manutenção dos sistemas; Ações integradas de gestão sustentável das águas urbanas; Ações de integração inter-municipal de educação ambiental, visando a conscientização das comunidades pertencentes a mesma bacia de contribuição, transcendendo os limites municipais. No âmbito deste plano, realizou-se, ainda, um estudo de demanda, que em termos de drenagem urbana pode ser entendido como uma futura exigência planejada para o sistema, prevendo-se a evolução do 112 Entrevista realizada em 14 de setembro de 2012. 425 processo de urbanização, em direção a um cenário esperado, próximo à saturação prevista pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Peruíbe. Desta forma, no que concerne aos cenários futuros, o plano destacou que a distribuição atual da população no município sofre impacto do caráter sazonal, sendo constituída praticamente em sua metade por domicílios permanentes e outra metade por ocasionais, para fins de veraneio, em função da condição de estância balneária. A projeção populacional, para trinta anos, apresentada neste estudo, estabeleceu um acréscimo de 14,3%, com relação população de 2010, que era de 123.269 habitantes, totalizando 140.920 habitantes, em 2039, já incluída a população flutuante. Ao analisar o zoneamento do município, o estudo não verificou significativa disponibilidade de áreas previstas para urbanização futura. Contudo, este trabalho identificou a possibilidade de adensamento da ocupação na área denominada de Macrozona de Expansão Urbana Ordenada, localizada entre a rodovia SP55 e a Avenida Luciano de Bona. O referido estudo (DAEE, 2010, p.97), estimou que o crescimento populacional do município, em face do cenário de iminente desenvolvimento regional, tende a se concretizar no âmbito residencial, mantendo os atributos de vocação turística da cidade. Assim, o trabalho apontou as seguintes tendências de expansão urbana: Transição de economias se uso ocasional para permanente, uma vez que os valores dos imóveis encontram-se competitivos com relação aos demais municípios da região; Baixa verticalização da área já urbanizada; Aumento da densidade habitacional na área já urbanizada. Desta forma, o relatório considerou um cenário possível em função da exploração da camada Pré-Sal, sugerindo-se o planejamento urbano, associado aos estudos hidrológicos e hidráulicos, contemplando os conceitos de manejo sustentável das águas urbanas apresentados pelo estudo “Critérios e Diretrizes sobre Drenagem Urbana no Estado de São Paulo” (FCTH, 2003). Em termos de alternativas propostas para prestação dos serviços de drenagem urbana de Peruíbe, o Plano Diretor de Macrodrenagem apresentou soluções estruturais e não estruturais para o escoamento superficial das águas do município, bem como os Projetos Executivos de Microdrenagem, etapas 1 e 2, as quais serão destacadas adiante. 11.3.3. Gestão do Sistema de Drenagem Urbana de Peruíbe Em termos de gestão do sistema de drenagem urbana, de acordo com o Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.97), a Prefeitura Municipal desempenha as funções de planejamento, fiscalização, operação e manutenção. Desta forma, a municipalidade deve fazer cumprir os preceitos de sustentabilidade associados à necessidade de desenvolvimento e de expansão urbana, com foco no planejamento e fiscalização da ocupação. Segundo a mesma fonte, o manejo da drenagem é realizado principalmente pela Secretaria Municipal de Obras, Serviços e Infraestrutura Urbana, Agricultura e Meio Ambiente. Esta unidade é responsável inclusive pela manutenção do sistema, desassoreamento e fiscalização dos serviços prestados por empresa terceirizada para realização da limpeza da praia, da rede de microdrenagem e dos canais. Sendo esta mesma empresa a que realiza a coleta de resíduos sólidos urbanos. Contudo, outras secretarias tem influência indireta na gestão da drenagem urbana do município, como: Secretaria Municipal de Defesa Social; Secretaria Municipal de Educação; Secretaria Municipal de Saúde; Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social; Secretaria Municipal de Planejamento. O relatório informou, também, que o apoio do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), com empréstimo de máquinas nem sempre é possível devido a problemas de manutenção e conservação dos equipamentos. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 O mencionado estudo salienta, ainda, a interface com os municípios de Itanhaém, Itariri e Iguape, em função do compartilhamento das mesmas bacias de contribuição. Portanto , o arranjo institucional da gestão da drenagem urbana de Peruíbe passa pelo atendimento destas variáveis. Neste sentido, o estudo sugere a utilização de sistema de informações geográficas, mês 2012 cuja estrutura logística poderá acompanhar em tempo real as condições de operação e funcionamento dos canais, interligando a previsão de ocorrência pluviométrica e Defesa Civil. O citado trabalho aponta, também, a necessidade de monitoramento da qualidade das águas interiores, da bacia do Rio Preto e afluentes, sendo que a CETESB realiza o monitoramento regular de balneabilidade das praias, conforme apresentado na seção 11.2. O relatório indica, ainda, a elaboração do cadastro da rede de micro e macrodrenagem e componentes auxiliares, embora, conforme esta fonte, existam informações não sistematizadas em forma de banco de dados, nem tampouco disponíveis para acesso em tempo adequado. Contudo, seria necessário implantar uma rotina de atualização destes dados, mantendo-se, assim, a confiabilidade em função das alterações estruturais realizadas, bem como das ações não estruturais como manutenção e limpeza dos canais, fiscalização dos usos do solo de forma a compatibilizar o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado e o Plano Diretor de Macrodrenagem. Em termos de planejamento, o relatório sugere, também, a avaliação de algumas proposições do Plano Diretor de Macrodrenagem em termos de controle na fonte, reduzindo-se a velocidade de acumulação a jusante, uma vez que as soluções previstas priorizam as canalizações e o rápido escoamento das águas. Contudo, conforme a mesma fonte (DAEE, 2010, p.99), o município encontraria dificuldades em fiscalizar e controlar o atendimento a um índice urbanístico que estabeleça o percentual máximo de área impermeabilizada, conforme o zoneamento. No entanto, esse controle permitiria a já mencionada redução de vazão na fonte, com a adoção de soluções como reservatórios individuais ou coletivos, para armazenamento da água da chuva. Assim, nas áreas menos adensadas, este controle poderia ser implantado desde a aprovação dos novos projetos, no processo de ocupação de áreas residenciais e industriais, bem como após sua conclusão através do controle e fiscalização da permanência das condições inicialmente aprovadas. Conforme o relatório do Plano de Saneamento Integrado (DAEE, 2010, p.88), entre os principais instrumentos de planejamento do sistema de drenagem de Peruíbe podem ser destacados: Plano Diretor de Macrodrenagem do Município de Peruíbe (FCTH, 2004)113; Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Críticas de Inundações, Erosões e Deslizamentos (PRIMAC), da Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM, 2002); Plano de Bacia Hidrográfica da Baixada Santista - Quadriênio 2008-2011, elaborado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista, AGEM e VM Engenharia de Recursos Hídricos (2008); Projetos Executivos de Microdrenagem de Peruíbe - Etapa 1 e 2, elaborado pela Boreal Engenharia LTDA. (2007) e PEC - Engenharia e Projetos Ltda. (2008), respectivamente. O citado Plano Diretor de Macrodrenagem apresenta ligeira defasagem quanto à atualização das metas e prioridades apontadas pelos Planos de Ação Imediata e Ação Continuada. Entretanto possui conteúdo 113 FCTH. Plano Diretor de Macrodrenagem do Município de Peruíbe. VI Volumes. São Paulo: Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, 2004. 427 coerente com o estado da arte em termos de drenagem urbana, ou seja, contempla ações estruturais e diretrizes para as intervenções não estruturais com peso significativo, sobretudo de caráter preventivo e de manejo sustentável da águas urbanas. De acordo com o relatório (DAEE, 2010, p.98), este Plano Diretor de Macrodrenagem também apresenta contribuições em termos de medidas não estruturais, para as quais se sugere uma ampliação de escopo e a definição de medidas concretas, com respectivos orçamentos, bem como de remuneração e treinamento de pessoal. Em síntese, segundo esta fonte, as proposições de caráter complementar, contemplando soluções estruturais e não estruturais, para as diferentes áreas podem ser resumidas em: Criação de um banco de projetos com base nos instrumentos de planejamento existentes detalhando os projetos concebidos pelo Plano de Macrodrenagem, bem como elaborando as etapas 3 e 4 dos projetos de microdrenagem; Implantação dos projetos existentes para microdrenagem; Implantação das propostas do PRIMAC; Implantação de um programa de identificação de lançamentos irregulares de efluentes domésticos diretamente na rede pluvial; Elaboração de um cadastro topográfico da micro e macrodrenagem, articulado a um sistema de informações geográficas; Implantação de um programa de operação e manutenção preventiva do sistema de drenagem; Implantação de um sistema de monitoramento quali-quantitativo do sistema de drenagem e pluviometria em tempo real, objetivando o funcionamento de um sistema de alerta de cheias; Elaboração de um Programa de Educação Ambiental. As tabelas resumem as alternativas propostas do ponto de vista institucional, que envolvem o planejamento, a regulação, a fiscalização e a prestação dos serviços de drenagem urbana, nos seus aspectos estruturais e não estruturais, ao longo do horizonte do Plano de Saneamento e as respectivas estimativas de investimentos visando sua universalização. Os investimentos apresentados não contemplam os custos de operação, administração e manutenção. Neste aspecto, observa-se que as medidas estruturais de longoprazo são as mais significativas, em termos de custos, em especial quanto às obras de macro e microdrenagem. Quanto às medidas não-estruturais, destaca-se as medidas de gestão do sistema, em especial as de médio-prazo, que devem ser as mais onerosas, embora sejam de grande importância. Tabela ___. Peruíbe: Proposições não estruturais do Plano de Drenagem Urbana [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Diagnóstico Ação Solução proposta para macrodrenagem não prevê controle da drenagem na fonte. Concepção e detalhamento de soluções para a drenagem prevendo medidas de controle na fonte, parques lineares, delimitação de áreas inundáveis com restrição de uso, atendendo aos quesitos de manejo sustentável das águas urbanas. Considerar a possibilidade ocupação urbana das áreas de jusante conforme previsão do Zoneamento. Dependência total de empresa terceirizada para ações de manutenção da rede de drenagem existente. Ampliar a estrutura existente para viabilizar a gestão operacional da coleta, transporte e destinação final dos resíduos coletados. Gestão sobreposta do sistema de drenagem com o sistema de esgoto cloacal. Identificar os lançamentos irregulares, notificação das economias responsáveis, em caso de reincidência aplicação de multas. Alternativa de convênio com a SABESP. Criação de um ente regulador supramunicipal para os serviços, ou viabilização de implementação da ARSESP como responsável pela regulação da drenagem urbana. Elaborar projeto das estruturas e equipamentos, com interligação no SIG para modelagem matemática do sistema, para o sistema de alerta. Concluir a elaboração do Plano Diretor de Drenagem Integrado da micro e macrodrenagem de PERUIBE contemplando abordagem de manejo sustentável das águas urbanas e encaminhamento para aprovação como Lei. Inexistência de um parâmetro de eficiência e eficácia na prestação de serviços de drenagem urbana. Inexistência de um sistema de monitoramento e alerta de cheias com ação da Defesa Civil. Falta de um instrumento de planejamento e regulamentação das normas que possibilitem a gestão da drenagem em forma de Lei. Carência de obtenção de informações atualizadas e em tempo adequado sobre o sistema de drenagem existente. Lançamento de resíduos sólidos diretamente na rede de canais. Informações relativas ao sistema de drenagem e atribuições relevantes desatualizadas. Ações de manutenção e limpeza corretiva dos canais sem uma análise estatística das intervenções. Investimentos Prazo (R$) Emergencial 1.525.000,00 mês 2012 Curto 2.055.000,00 Criação de um Departamento de Drenagem Urbana para gestão integrada do sistema, com base em Sistema de Informações Geográficas onde as ações estruturais e não estruturais, bem como de planejamento estejam registradas em banco de dados georreferenciado. Incrementar o Programa de Educação Ambiental existente. Elaboração de um cadastro informatizado do sistema de micro e macrodrenagem com registro dos dados de manutenção, operação e implantação, com programa de atualização permanente. Planejamento de ações preventivas com base em análise estatística das ações corretivas realizadas sobre cadastro informatizado e banco de dados georreferenciado. 429 Inexistência de um sistema de monitoramento e alerta de cheias com ação da Defesa Civil. Instalar as estruturas e equipamentos, com interligação no SIG, e conexão à previsão de ocorrência de precipitação. Modelagem matemática do sistema, para fins de simulação e definição dos procedimentos emergenciais e sistema de alerta. Problemas estruturais e de revestimento dos canais. Elaborar um programa de cadastro das patologias estruturais e de revestimento dos canais e travessias. Hierarquização de medidas e registro em banco de dados das ações de recuperação e manutenção. Assoreamento dos canais com sedimentos, areia e lodo. Planejamento do desassoreamento e limpeza, com base no banco de dados de manutenção. Carência de obtenção de informações atualizadas e em tempo adequado sobre o sistema de drenagem existente. Implementar o SIG/DRENAGEM contemplando o cadastro da rede, zoneamento e lei de uso do solo e suas restrições,montagem de equipe e treinamento para capacitação técnica. Criação de ferramenta computacional apropriada e montagem de equipe e treinamento para capacitação técnica. Falta de fiscalização das taxas de ocupação dos imóveis em relação ao zoneamento e a lei de uso e ocupação do solo. Falta de interesse da população no cumprimento das proposições restritivas quanto a taxa de ocupação do imóvel. Assoreamento dos canais com sedimentos, areia e lodo. Deficiência de infraestrutura básica e microdrenagem. Deficiência de infraestrutura básica e macrodrenagem. Inserção no Plano Diretor Integrado de PERUIBE de medidas de incentivo às práticas sustentáveis, como redução de impostos, tarifas de limpeza, drenagem, etc. Programa Manutenção Periódica de Limpeza e Desassoreamento dos Canais e de proteção das área propensas a erosão. Programa de prevenção de erosão mediante restrições de manejo do solo em áreas urbanas e agrícolas. Definir solução com base no cadastro da rede e elaboração de projetos de microdrenagem, associado a Programa de Manutenção Periódica da rede e elaborar projetos para as áreas complementares Etapas 3 e 4. Definir solução com base no cadastro da rede e elaboração de projetos de macrodrenagem, associado a Programa de Manutenção Periódica da rede. Falta de planejamento conjunto com os municípios vizinhos. Implementação de um Programa de Planejamento em conjunto com Itariri, Iguape e Itanhaém com compatibilização dos Planos Diretores em 5 anos. Áreas com habitações irregulares e em situação de precariedade. Edificações em situação irregular. Acompanhar a conclusão do Plano Habitacional adequando aos instrumentos de planejamento, como PDDI e Plano Diretor de Drenagem. Elaborar planta de zoneamento de áreas sujeitas a inundação e definir restrições de uso. [Digite texto] Médio 5.200.000,00 Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Fonte: Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, p.100-102). Tabela ___. Peruíbe: Proposições estruturais do Plano de Drenagem Urbana Diagnóstico Ação Áreas com habitações irregulares e em situação de precariedade. Edificações em situação irregular. Acompanhar a conclusão do Plano Habitacional adequando aos instrumentos de planejamento, como PDDI e Plano Diretor de Drenagem. Elaborar planta de zoneamento de áreas sujeitas a inundação e definir restrições de uso. Execução das obras de infraestrutura e de microdrenagem Execução das obras de infraestrutura e de macrodrenagem nos núcleos de expansão urbana e áreas carentes. Execução das obras elencadas pelo programa de cadastro das patologias estruturais e de revestimento dos canais e travessias. Deficiência de infraestrutura básica e microdrenagem. Deficiência de infraestrutura básica e macrodrenagem. Problemas estruturais e de revestimento dos canais ao longo dos 30 anos. mês 2012 Prazo Investimentos (R$) Médio 15.000,00 Longo 120.000.000,00 Fonte: Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, p.103). 11.3.4. Avaliação da prestação dos serviços de drenagem urbana O Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.99), apresenta, ainda, uma avaliação da prestação dos serviços de drenagem urbana. Segundo esta fonte, no que concerne ao mencionado compartilhamento de bacias hidrográficas com municípios vizinhos como Itanhaém, Itariri e Iguape, há necessidade de formalização de um foro supra-municipal, que realize o planejamento, regulação e controle destas interfaces. Neste aspecto, são identificadas as seguintes interfaces: A jusante: com Itanhaém (Rio Preto e Rio do Castro) e com Itariri (Ribeirão da Figueira); De montante: com Itariri (Rio Branco) e Iguape (Córrego Morro Maceno). Assim, o relatório sugere a elaboração de um estudo que uniformize e integre os segmentos e bacias estudadas, de maneira que se tenha um tratamento uniforme em terminologia, com padronização de metodologia e principalmente que possuam cumplicidade em termos de objetivo convergente com os conceitos de manejo sustentável das águas urbanas. Neste aspecto, a atuação do Comitê de Bacia, bem como de uma futura agência reguladora, é de fundamental importância e sugere-se providências imediatas, no que tange a ações de planejamento e execução. O estudo sugere, ainda, a ampliação do escopo das medidas não estruturais e seus respectivos detalhamentos, para a continuidade dos trabalhos, pois os projetos de Microdrenagem Urbana (Etapas 1 e 2), embora abrangentes, não contemplam a totalidade da área urbanizada. Em termos de planejamento, regulação e fiscalização da drenagem urbana de Peruíbe, o relatório (DAEE, 2010, p.89) considerou que há disponibilidade de estudos atualizados com soluções estruturais detalhadas, tanto para a macrodrenagem quanto para boa parte da microdrenagem. 431 Assim, a proposição de medidas não-estruturais demonstra a intenção de implantação de conceitos de manejo sustentável da águas urbanas. Porém, o estudo sugere um detalhamento maior das medidas não estruturais através de ações práticas e dimensionamento dos recursos humanos e de capital necessários. Por outro lado, as soluções estruturais apresentadas contemplam em grande medida, a implantação de canais e estruturas, tendo a visão de escoamento das águas para jusante, e como já mencionado anteriormente, não foram identificadas soluções de controle das vazões na fonte. Desta forma, é necessário introduzir mecanismos de planejamento e gestão, visando garantir este objetivo. Além disso, sugere-se um melhor detalhamento da interface da projeção dos usos futuros, em função da atualização recente do marco regulatório urbanístico. O estudo (DAEE, 2010, p.90) aponta, ainda, que existem algumas áreas a serem planejadas em termos da microdrenagem, nas etapas 3 e 4. Quanto à interface entre drenagem urbana e resíduos sólidos, um problema significativo apontado pelo estudo, é o local de destino final do material retirado dos canais, pois os mesmos apresentam contaminação por esgotos domésticos. Contudo, trata-se de um problema regional, haja vista a carência de local de armazenamento, porque a maioria dos aterros está desativada. Assim, o correto planejamento das ações que envolvem o desassoreamento e a limpeza e coleta de resíduos pode otimizar recursos, sendo que a sistematização dos dados que caracterizam o serviço (freqüência, material coletado e georreferenciamento) deve nortear o programa de educação ambiental, bem como de combate a erosão. Em termos da interface entre o tema drenagem urbana e esgotos sanitários, o relatório aponta que, em Peruíbe não existe um programa formal de identificação de ligações irregulares de esgoto na rede pluvial. Assim, sugere-se intensificar as buscas por ligações irregulares e para as áreas ainda não atendidas pela rede coletora, intensificar a fiscalização, para exigir a implantação de sistemas fossa e filtro, com dimensionamento adequado, embora se saiba que a região apresenta problemas de lençol freático próximo à superfície. O relatório do Plano de Saneamento (DAEE, 2010, p.91) sugere, ainda, que após a concessão da carta de habitação dos imóveis, seja intensificada a fiscalização no sentido de verificar os percentuais de área impermeável do empreendimento, conforme projeto e aprovação, bem como verificação quanto à ligação do efluente à rede de esgotos existente, em áreas atendidas pela rede coletora, ou ainda pela implementação dos sistemas fossa-filtro. O estudo também apontou a importância de se acompanhar a mudanças de uso dos imóveis, ao longo do tempo, em que pode haver incremento do lançamento de efluentes à rede de drenagem, exigindo, assim, redimensionamento dos sistemas fossa-filtro. De acordo com este estudo, para a melhor caracterizar dos eventos de chuvas intensas, também é conveniente a instalação de mais um posto pluviográfico no município, somando-se aos dois existentes, além de um posto fluviográfico, de modo a caracterizar os níveis de marés que regulam o escoamento dos principais rios e canais da região, segundo o Plano Diretor de Macrodrenagem de 2004. Ainda segundo a mesma fonte, deve ser considerado que a implantação de um sistema de supervisão e controle de cheias torna necessária a existência de um banco de dados hidrológicos, para auxiliar na adoção de medidas preventivas e corretivas nos eventos de inundações de áreas, devido principalmente a chuvas intensas que muitas vezes são combinadas com marés altas. No que concerne às atividades da prestação dos serviços, o Relatório do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico de Peruíbe (DAEE, 2010, p.91), considerou que a operação do sistema de drenagem urbana ocorria naturalmente, através da ação gravitacional sobre o escoamento superficial das águas precipitadas. Assim, em termos de operação, as ações se resumiam ao acompanhamento do funcionamento da rede existente, bem como limpeza e desassoreamento, não existindo sistemas de bombeamento, para escoamento das águas pluviais durante precipitações intensas. Assim, segundo a mesma fonte (DAEE, 2010, p.92), a estrutura existente carece de ampliação tanto em termos de equipamento, quanto em capital humano capacitado para pleno atendimento da demanda dos serviços, bem como para o planejamento adequado. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Além deste aspecto, o documento informou que não foram identificados os seguintes serviços, entre os serviços realizados regularmente pela municipalidade: Monitoramento quali-quantitativo parcial dos cursos d’água; Desassoreamento, dragagem e limpeza dos canais e redes de microdrenagem114; Fiscalização para execução de obras localizadas compensatórias às vazões geradas. Fiscalização para manutenção de áreas permeáveis; Manutenção de banco de dados com séries históricas de níveis d’água e operação dos sistemas de comportas; Execução e manutenção do cadastro da rede de drenagem. mês 2012 Como já apontado anteriormente, não existe cadastro do sistema de micro e macrodrenagem e não é realizada análise sistemática do funcionamento das redes de drenagem e dos serviços de manutenção. Portanto, segundo o estudo, é necessária a sistematização dos dados existentes, associada a um levantamento cadastral topográfico, com o objetivo de padronizar e unificar sobre uma mesma base cartográfica, permitindo adequada gestão do sistema, sobretudo nas áreas de interface com outros municípios. O relatório (DAEE, 2010, p.93) destaca, ainda, com muita pertinência, a necessidade de ampliar a abrangência do sistema de forma integrada, de forma que padronização, planejamento, operação, regulação e fiscalização sejam articuladas entre si, junto com os sistemas de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e de gestão dos resíduos sólidos urbanos. 11.4. Resíduos Sólidos Situação e Estrutura da Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos Este diagnóstico está estruturado a partir dos seguintes itens: . Situação da geração, coleta, tratamento, destinação de resíduos sólidos domiciliares, da construção civil e da limpeza urbana; . Análise do município da perspectiva de um sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos com sustentabilidade socioambiental e econômica em diálogo com as exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos. 11.4.1. Situação da geração, coleta, tratamento, destinação Os dados levantados para o relatório da Estância Balneária de Peruíbeforam obtidos por meio de informações levantadas ementrevista realizada (12.07.2012) comgestoresda Saneamento da Secretaria Saúde e da Secretaria de Obras e com associados à Associação Peruibense de Reciclagem – ASPERE, na visita técnica. Dados secundários também foram levantados em relatório elaborado pela empresa de consultoria 114 Esta ação depende do licenciamento ambiental do Projeto Executivo de regularização de vazão, regularização de curso e desassoreamento do Rio Preto e trechos dos afluentes Rios Branco e Acarau, por parte da CETESB. 433 Concremat Engenharia e Tecnologia S/A115, na Pesquisa Ciclosoft 2010 do Cempre116 e em notícias veiculadas virtualmente. O município de Peruíbegerencia os resíduos sólidos domiciliares, da construção civil, dos serviços de saúde.Este relatório refere-se aos resíduos sólidos domiciliares. A gestão dos resíduos de Peruíbe é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras, Planejamento, Serviços e Infraestrutura Urbana, Agricultura e Meio Ambienteque tem como atribuições planejar, executar, gerenciar, administrar e fiscalizar os serviços relacionados ao sistema de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos, assim como os serviços devarrição,capinação e limpeza manual das vias e logradouros públicos; entre outros. O projeto piloto de coleta seletiva também é de sua competência. O Departamento de Meio Ambiente e à Secretaria Municipal de Educação é responsável pelas ações de educação ambiental e a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social tem iniciativas voltadas para a inclusão dos catadores. Os serviços de coleta, destinação de RSU e de limpeza urbana são terceirizados. Geração de resíduos sólidos domiciliares Segundo informações coletadas na entrevista acima mencionada foram coletados 40.410 toneladas no ano de 2011 no município. A geração média de resíduos sólidos por dia gira em torno de 83 toneladas, atingindoaproximadamente2.490toneladas por mês (anobase 2011).Nos meses de baixa temporada (período de 09 meses, compreendidos entre março e novembro) o total gerado é de 22.410 toneladas. Já a geração de resíduos referentes aos meses de alta temporada (janeiro, fevereiro, dezembro) atinge alcança 200 toneladas dia toneladas, ou seja, 6.000 toneladas em média mensalmente, conforme demonstra o gráfico abaixo. A geração por bastante por dia é em torno de 0,9 quilos, muito próximo da média nacional de 1,1kh/hab/dia. ton/mês Geração de Resíduos Sólidos - Peruíbe Média Mensal 2011 Fonte: PMB Esta situação configura-se como desafio na gestão e no manejo adequado de resíduos sólidos em cidades comperfil turístico – o aumento significativo da geração de resíduos nos meses de férias, sobrecarregando o 115 R4 - Revisão 2 - VERSÃO REVISADA COM A INCORPORAÇÃO DOS COMENTÁRIOS DO GEL E DA SSE, setembro de 2010. 116 [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 sistema público de limpeza e manejo de resíduos urbanos (uso de oito caminhões na baixa temporada e de 20 na alta temporada). De maneira geral, o município apresenta tendência de aumento na geração de resíduos, o que pode ser observado no gráfico abaixo. Com exceção do ano de 2007 em que se constata expressiva na geração mês queda 2012 de resíduos de algo em torno de 2000 toneladas em relação ao ano de 2006 e de 2008 (o que requereria um estudo mais aprofundado para se identificar as causas), os demais anos demonstram tendência de alta. Quantidade RSU - Toneladas Total Produzido 2006 - 2011 2006 2007 2008 2009 2010* 2011* Total Produzido 2006 27144 2011 25215 27500 27879 40410 40.410 *Os dados de 2010 e 2011 são similares, segundo a Prefeitura Municipal de Peruíbe. Fonte: PMB Composição dos resíduos Quanto à composição dos resíduos sólidos domiciliares de Peruíbe tem-se que 49% é matéria orgânica (resíduos úmidos) e 34% são resíduos secos. Cabe destacar que participação dos os resíduos úmidos está abaixo da média nacional que é de 60%, já os resíduos secos e o rejeitoestão ligeiramente acima da média nacional, respectivamente 31% e 17% 435 Composição Gravimétrica Resíduos Sólidos Domiciliares Peruíbe Série1; rejeito; 17; 17% Série1; reciclável; 34; 34% Matéria Orgânica Série1; reciclável Matéria rejeito Orgânica; 49; 49% Passivo ambiental Peruíbe teve um lixão ativo até 1991, quando foi construído um aterro sanitário que foi considerado uma obra de engenharia adequada para os parâmetros da época, porque a legislação era outra. Em 1994, com a mudança de legislação as exigências ambientais tornaram-se mais rigorosas. Assim, segundo Inventário de Resíduos Sólidos Domiciliares117, a Prefeitura hoje destina seus resíduos de forma inadequada, ainda que o local seja considerado pelo poder público municipal como aterro controlado. A Cetesbdeu 4,5 como nota de IQR, Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos, em 2011. Este aterro teve licença de instalação (em 1994), mas não de operaçãopor não terem sido concluídas as lagoas de tratamento de chorume. Segundo a Secretaria responsávelpelo setorhavia apenas uma lagoa de estabilização e “dependendo da condição climática, como chuva extrema, o sistema de drenagem não comporta e o lixo espalha-se na região toda. Isso é incontrolado. Para controlar, teríamos que ter um sistema perfeito, como são os dos aterros privados. Quando abriram o processo para fechar o aterro e a gente estava com o processo de licenciamento do novo aterro, acabou que não conseguimos avançar nisso. O aterro seria licenciado por RAP, segundo a própria Cetesb. Fizemos o projeto, mas com a evolução da legalização ambiental começaram (Cetesb) a pedir outras coisas que tínhamos dificuldade de contratar. Chegaram ao ponto de entrar com processo de interdição do aterro. Apesar das deficiências, os relatórios mostraram que não estávamos prejudicando o meio ambiente, conseguimos a liminar e estamos funcionando até hoje. Por causa da mudança na legislação, pediram o Eia/Rima, que custa uns 500 mil reais e estamos fazendo agora.” Desta forma, pode-se dizer que esta situação configura-se como passivo ambiental do município, dado que a Cetesb não deu licença de operação para este aterro. Entretanto,a administração afirma que as águas subterrâneas são monitoradas sistematicamente eque foi realizado um diagnóstico global, com vistas à ampliação do aterro. Além disto, há um projeto para implantação de um novo aterro sanitário municipal, com vida útil prevista para21 anos operacionais, ainda em fase de análise pelo órgão ambiental. Quanto ao problema social o município de Peruíbe teve a presença de catadores de recicláveis buscando sua sobrevivência no aterro de 2000 até 2007 quando foram feitas tentativas pelo poder público municipal de 117 Inventário de Resíduos Sólidos Domiciliares Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Meio Ambiente, Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, 2011. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 erradicar o trabalho destas pessoas dando carrinho para que fossem para a coleta informal já praticada nas ruas da cidade. Entre o ano de 2007 a setembro de 2008 os catadores deixaram de trabalhar no aterro, mas a partir daí a Prefeitura liberou novamente a entrada dos catadores no local, onde ficaram até meados de 2009. A administração foi multada inclusive por esta razão, devendo-se a isso também a interdição do aterro. mês 2012 Neste processo cerca de 80 pessoas chegaram a trabalhar no local.Para enfrentar esta situação a administração públicaestruturou um projeto piloto com vistas a integrar os catadores. Obteve financiamento do FECOP - Fundo Estadual de Prevenção e Controle de Poluição no valor de R$ 156,00 a Prefeitura comprou uma balança eletrônica, cedeu um espaço para triagem e caminhões para a coleta seletivano Jardim Brasil. Mais adiante será retomada este tema. Gestão e prestação de serviços de limpeza pública e manejo de RSU A coleta convencional abrange 100% da população do município e é realizada por sete caminhões compactadores. Os serviços de limpeza (varrição, capina química, roçada e poda) conta com 110 funcionários de empresa terceirizada (Litucera Limpeza Engenharia Ltda). Na região central e comercial da cidade a varrição é realizada diariamente e nos bairros semanalmente. Os demais serviços são realizados conforme a demanda. A coleta é realizada três vezes por semana nos bairros e em núcleos urbanos, estradas vicinais e zona rural a coleta é realizada semanalmente em dias alternados. Na alta temporada os serviços são redimensionados. Em áreas de difícil acesso a coleta ocorre pela disponibilização de contêineres para entrega voluntária.Nas praias do município tem lixeiras para coleta e catadores são orientados para fazer a coleta de forma adequada. Coleta seletiva A coleta seletiva porta a porta foi implantada no município, por meio de projeto piloto118, no bairro Jardim Peruíbe, em 2010. A coleta é realizada três vezes por semana, em dias alternados com os dias da coleta convencional. A população abrangida nessa primeira etapa é de aproximadamente 880 habitantes, de acordo com os setores censitários do IBGE, que geram cerca de 1.000 kg de RSU por dia, destes, 120 kg são recicláveis. A região onde o sistema funciona é a mais densa em população e atende a demandas de associações de bairro, segundo o entrevistado. 118 Fotos extraídas dewww.peruibe2.sp.gov.br/noticias/2010/02/11/noticia2.html 437 A Prefeitura também criou o Projeto “Cidade Limpa” em 2010 por meio da colocação de 1.000 Postos de Entrega Voluntária–PEVs, para descarte seletivo para coleta de pilhas, baterias e celulares, estão colocadas em órgãos públicos, supermercados, escolas. Foram construídos coletores especiais para a coleta destes resíduos. Vale lembrar que a Lei Nº 12.305 instituiu a responsabilidade integral do setor privado pela coleta e destinação adequada de resíduos especiais, tais como pilhas e baterias119. 119 www.peruibe2.sp.gov.br/noticias/2010/02/11/noticia2.html [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 mês 2012 Em junho de2010 foi iniciado um programa de coleta de óleo usado de cozinha em parceria com a SABESP, para transformá-lo em óleo biodiesel que passoua ser utilizado no abastecimento do caminhão da coleta seletiva120, mas depois não teve continuidade e é vendido para empresa de Santos. 120 www.peruibe2.sp.gov.br/noticias/2010/02/11/noticia2.html 439 Havia, em 2010, projeto para criação de uma unidade de compostagem de resíduos de poda prevista para a segunda etapa do Centro de Triagem de Resíduos (CTR), em 2011, mas isso não foi adiante. Histórico, estrutura e funcionamento da Associação Peruibense de Reciclagem - ASPERE Em 2009, havia uma iniciativa de coleta seletiva e triagem de materiais reaproveitáveis, coordenada pelo Centro de Orientação Educacional e Pedagógica - COEP, na Vila Erminda que teve o apoio da Petrobras, o que possibilitou a compra de uma prensa e de um caminhão. E também, como indicado acima o projeto piloto da Prefeitura. Com o término do apoio da Petrobras ao projeto da COEP, o mesmo estacionou e como o da Prefeitura também não conseguia avançar, os dois projetos se uniram e formou-se a ASPERE. No começo eram 19 pessoas, mas dadas as dificuldades de organização e ao baixo valor da renda auferida, ficaram apenas três. Com a junção passaram a coleta seletiva passou a funcionar com um caminhão da Petrobras e um da Prefeitura. Em 2012 estavamapenas seis trabalhadores realizando a classificação dos materiais num galpão que funciona em condições bastante precárias, sendoquatro mulheres e dois homens.O motorista que opera o caminhão é contratado pela Prefeitura, mas funciona na prática como um associado que tria nas horas em que está no local da triagem. Em junho de 2012,foram triadas 10,8 toneladas (em maio foram 3,9 toneladas). A previsão para dezembro 2012 é de que o número de trabalhadores suba para 12, e quantidade triada passe para 30 toneladas ao mês. Estes associados participaram de Curso de Gestão de Cooperativa, promovido pelo Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis- MNCR e também estão envolvidos no processo de dinamização daComitê de Catadores do Litoral Paulista. Este processo de rede implica em recebimento de caminhões para as cooperativas/associações que a integram. E está previstosum caminhão VUC que irá servir para a coleta seletiva de Peruíbe/Itanhaém(01 caminhão para Santos e Guarujá, outro para Mongaguá). Na parceria com Prefeitura a ASPERE também contribuiu para a elaboraçãoMinuta de decreto municipal semelhante ao Decreto Federal Nº 5.940/2006 que instituiu a coleta seletiva e destinação de matérias recicláveis dos órgãos públicos federais para as cooperativas de catadores. A ASPERE tem parceria com o Banco do Brasil, o Departamento de Cultura da prefeitura e com condomínios residenciais. A população ainda não está suficientemente orientada para o que deve separar para a coleta seletiva da fração seca,isso constatado pela presença expressiva de rejeito, ou seja, 10%do que é disponibilizado para a associação coletar e triar ainda vem misturado com lixo, com resíduos que não podem ser reciclados. A remuneração média dos associados gira em torno de R$ 600,00. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Em 2010 havia previsão de ser construídotambém um Centro de Triagem de Materiais Recicláveis em local próximo às instalações da Associação de Materiais Recicláveis de PERUÍBE - ASPERE, localizado no bairroCaraguava, em área da Prefeitura.Foi assinado (30/03/2010) convênio com a CETESB através do FECOP (Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição)para liberação de recursos com contrapartida da mês 2012 121. Na visita técnica foi administração para construção de um galpão de 300 m² e aquisição de equipamentos constatada a construção das novas instalações, que segundo previsão da Prefeitura deveriam estar prontas em dois meses. A expectativa dos associados é de que esta instalação comece a funcionar em dezembro de 2012. Resíduos da construção civil - RCC Os resíduos da construção civil são de responsabilidade dos geradores e cabe a Prefeitura fiscalizar o destino destes resíduos. No caso de Peruíbe foi informado que em geral as empresas que alugam caçambas para particulares após seu recolhimento, faz triagem do material para retirada dos resíduos contaminantes (vernizes, tintas etc) e vende o material semi-moido para uso na construção civil. Há uma lei municipal que exige que a cota de soleira para a edificação seja de 80 cm. O que requer aterramento do terreno. Orçamento O valor das despesas com serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos Peruíbe totaliza em 2011 cerca de R$ 7.000.000 que representa cerca de4,% do total do orçamento de 2011. Os contratos com as empresas são de cinco anos. 11.4.2 Análise das diretrizes da PNRS cotejando com as ações em andamento A Prefeitura de Peruíbe está em processo de revisão e adequação do Plano de Resíduos Sólidos (2004) à luz das duas leis que regem a gestão de RSU, a Lei Nº 11.445/2007 e a Lei Nº 12.305/2010 para compatibilização dos respectivos conteúdos. A Prefeitura elegeu o Conselho da Cidade (36 representantes) para debater o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS. Este Conselho tem uma Câmara Técnica específica para estudar o Plano Municipal de Saneamento (que contempla também a questão dos resíduos sólidos). O fato do município estar fazendo uma revisão do seu plano é bastante positivo, assim como a construção do PMGIRS estar sendo feita de forma participativa, como prevê a Lei 12.305. Cabe salientar que a Lei 11.445 exige a elaboração de Plano Integrado da Região Metropolitano, cuja construção deve ser presidida por órgão metropolitano (quando houver), mas no caso dos municípios da Região Metropolitana da Baixa Santista as Secretaria de Recursos Hídricos, a Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico assumiram esta tarefa, junto com Agen, que assumiram esta tarefa inicialmente. Porém, não houve consenso com os prefeitos da região quanto à proposta de implantar usinas de incineração. O impasse se gerou porque com o debate da Lei Nº 12.305 se inviabilizou momentaneamente esta solução, pela mobilização da sociedade em defesa da recuperação de resíduos secos recicláveis com integração das cooperativas de catadores, bem como o uso de alternativas como a biodigestão e a compostagem. A tecnologia de biodigestão é considerada por um segmento de gestores de Peruíbe como viável, mas não dizem que não se implanta por que há visões conflitantes quanto a melhor forma de gestão de resíduos sólidos no município. De qualquer maneira, cabe valorizar que entre os gestores 121 http://dmaperuibe.blogspot.com.br/2011/09/coleta-seletiva.html 441 existe a clara compreensão de que a biodigestão e a recuperação de recicláveis para reciclagem são alternativas sustentáveis do ponto de vista técnico, ambiental e econômico, portanto plausíveis de serem implantadas desde que haja decisão política e investimentos neste sentido, tanto do poder público para implementar a coleta seletiva dos resíduos úmidos e rejeitos separadamente e dos secos desde que custeados pela setor empresarial. No entendimento dos entrevistados a logística reversa, tomando o pneu como exemplo, exige por um lado que o Ministério de meio Ambiente que coordena o Comitê Orientador da Logística Reversa defina o modelo de logística reversa que será adotado nos municípios e, por outro lado, após esta definição, o poder público municipal terá que estabelecer como será a gestão compartilhada em nível local para que se implante a coleta seletiva e destinação adequada dos resíduos secos, úmidos e do rejeito, segundo às diretrizes da PNRS. Uma questão que desafia o poder público é a questão do licenciamento do novo aterro de Peruíbe que tem vida útil prevista para 20 anos, mas com a presumívelredução de resíduos a serem destinadas para aterro (prevista na Lei 12.305 para 2014, que instituiu que só rejeitos dever ir para aterros sanitários), a vida útil do novo aterro sanitário de Peruíbe aumentaria para 35 a 40 anos, segundo gestores. A relação do poder público com os catadores ainda precisa avançar, ainda que já tenham instituído, em 2005, a Lei Nº 2.676 que introduziu, em âmbito municipal, a campanha permanente de incentivo às cooperativas de catadores de material reciclável122 e que regulamenta o trabalho de coleta seletiva dos catadores avulsos (estão cadastrados 50 catadores no ISS da Prefeitura). Entende-se que o poder público ainda precisa avançar na compreensão do papel que joga este trabalhador no sistema de recuperação de resíduos e de que investir na sua estruturação será um elo muito importante na cadeia para sua integração na cadeia da logística reversa. Quanto maior for a estruturação da ASPERE, melhor será sua integração no modelo de coleta seletiva dos resíduos secos (logística reversa) e mais garantida sua remuneração pelo serviço prestado, o que deverá ser feito pelo setor privado (responsabilidade estendida do produtor). A organização regional desta categoria no Comitêde Catadores do Litoral Paulistapara capacitação, para compra de equipamentos (caminhões) e operação consorciada (uso dos equipamentos de forma compartilhada) indica o grande potencial destes trabalhadores na promoção da gestão sustentável de resíduos sólidos na região. Um desafio a ser enfrentado pelo poder público municipal refere-se a presença de intermediários atuando no município, cerca de 11 empresas estão licenciadas pela Prefeitura, que praticam preços injustos na compra dos materiais das organizações de catadores. 11.5. Saneamento, resíduos sólidos e a legislação municipal O plano diretor de Peruíbe tem como princípio geral o acesso universal à infraestrutura e serviços públicos (art. 10). São considerados como infraestrutura básica (art. 10, §1º c/c art. 16, inciso III): I. os equipamentos de abastecimento de água potável; II. disposição adequada de esgoto sanitário; III. distribuição de energia elétrica e iluminação pública; IV. solução de manejo de águas pluviais; V. vias de circulação pavimentadas. 122 http://dmaperuibe.blogspot.com.br/2011/09/coleta-seletiva.html [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Como serviços públicos básicos incluem-se a limpeza urbana e a coleta de lixo coletiva (art. 10, §2º, plano diretor). A necessidade de cooperação entre os entes federativos na implementação de uma política de saneamento é reconhecida pela legislação municipal de Peruíbe. Está prevista a celebraçãomês de 2012 convênios e consórcios com outros entes federativos através de lei específica (art. 8º, XIV; art. 88, LOM). No caso de realização de obras e serviços cujo valor não atinja o limite exigido para licitação mediante convite, não será necessária a autorização legislativa (art. 88, § 3°, LOM). A disponibilidade de infraestrutura caracteriza o macrozoneamento municipal de acordo com o plano diretor. A Macrozona Turística de Sol e Praia, por exemplo, caracteriza-se pela disponibilidade de infraestrutura instalada, excetuando-se a rede de tratamento e coleta de esgoto (art. 109, plano diretor). O Setor de Interesse Turístico tem como característica também a ausência de tratamento e coleta de esgoto em boa parte das áreas. Os recursos do Fundo de Desenvolvimento da Cidade podem ser aplicados no saneamento ambiental com prioridade para população de baixa renda (art. 72, plano diretor). A Lei Orgânica de Peruíbe prevê que uma lei complementar específica estabelecerá a política das ações e obras de saneamento básico (art. 156, LOM). Por fim, tem-se uma série de regras específicas sobre as redes de esgotos sanitário em Peruíbe, que são detalhadas pelo Código de Obras (Lei complementar nº 123/08). 12. SAÚDE E SEGURANÇA ALIMETAR 12.1.Segurança Alimentar e Nutricional - Introdução O cultivo da banana na região iniciou-se na década de 1920 e nos anos 1950 houve um aumento da atividade imobiliária, passando a receber novos investidores no comércio. De 1960 em diante, a bananicultura passou a ser considerada como a principal linha produtiva, seja em área cultivada, em valor da produção, em consumo de bens capital, seja em mão-de-obra. A área utilizada pela bananicultura ocupa atualmente 1.718 hectares. A ocupação turística no município aumentou em função da procura pelas praias paulistas e com a melhoria nas condições de tráfego da área: conclusão da BR-116 na década de 60, das duas pistas da Via Anchieta, terminadas em 1947 e em 1950, e da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, também na década de 60. Com o desenvolvimento da função turística ocorreu uma valorização das terras da área, resultando na expulsão dos moradores localizados nas proximidades da orla marítima para a região da serra, e, proporcionando também, a instalação de sítios de lazer na região. Trata-se de uma cidade balneária onde grande parte das residências é caracterizada como segunda moradia. 12.1.1. Rede Operacional de Programas Políticas, programas e ações do setor público municipal e sociedade civil segundo os seguintes eixos: acesso à alimentação; produção e abastecimento agroalimentar; educação, formação e pesquisa; povos e comunidades tradicionais; alimentação e nutrição no nível da saúde. De início foi realizada uma busca de informações pela internet para levantamento de programas existentes. Posteriormente, os dados secundários referentes à situação dos programas foram coletados através da realização das entrevistas relacionadas abaixo: 443 ENTREVISTAS REALIZADAS 1 Colônia de Pescadores de Peruíbe: participação dos pescadores artesanais nas políticas de SAN e outras; 2 Associação dos Produtores Rurais, Núcleo Rural de Peruíbe: participação nas políticas de produção agropecuária e comercialização; 3 Secretaria Municipal de Educação, Coordenação de Alimentação Escolar: Levantamento das políticas públicas federais, estaduais e municipais para alimentação escolar; 4 Secretaria de Promoção Social; Coordenação dos Programas de Proteção Básica: Levantamento das políticas públicas de transferência e geração de renda; 5 Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente: levantamento das políticas de apoio à produção agropecuária, pesca e comercialização; 7 Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, Casa da Agricultura de Peruíbe: levantamento das políticas de produção agropecuária, pesca e comercialização; 8 Secretaria da Saúde: levantamento dos dados do Sisvan; 9 Conselho de Alimentação Escolar: sobre a composição e funcionamento do Conselho quanto ao acompanhamento das políticas públicas voltadas para alimentação escolar/SAN; 10 Conselho Municipal de Segurança Alimentar: sobre a composição e funcionamento do Conselho quanto ao acompanhamento das políticas públicas para alimentação escolar/SAN; 11 Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Pesqueiro: sobre a composição e funcionamento do Conselho quanto ao acompanhamento das políticas públicas para agricultura, pesca e comercialização. Cabe lembrar que o marco conceitual definido inicialmente pelo projeto, contempla uma visão de segurança alimentar e nutricional que vai além da dimensão emergencial da assistência alimentar, abarcando os eixos da produção e do abastecimento; da cultura e educação; do consumo e da saúde. Entende como fundamental a integração dos programas, com vistas à construção de uma política municipal de segurança alimentar e nutricional, sob a ótica do Direito Humano à Alimentação. A política municipal, construída por meio de uma melhor articulação da rede operacional dos programas e ações, ao lado do sistema de ação política, composto pelo conselho municipal, pela conferência e pelo órgão inter-secretarias, configuram os componentes do Sistema Municipal de SAN, articulador desta política pública. Os eixos e setores do Quadro I abaixo, que orientaram a localização dos programas, ações e projetos, foram definidos com base nas diretrizes e objetivos do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 2012/2015. São eles: Quadro – Eixos e Setores de Segurança Alimentar e Nutricional 1.1 Transferência de Renda 1. Acesso à alimentação 1.2 Oferta de alimentação escolar adequada e saudável 1.3 Implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos; 2.1 Implantação e qualificação de equipamentos e serviços de apoio à produção e ao abastecimento; 2.2 Estímulo à participação dos agricultores familiares, povos tradicionais e pescadores artesanais no abastecimento da rede sócio assistencial e dos mercados institucionais; 2. Produção e Abastecimento Agroalimentar 2.3Ampliar o acesso e qualificar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural; 2.4 Promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas e quilombolas; 2.5 Promover a autonomia das mulheres por meio da inclusão na produção e gestão; 2.6 Promover a produção, extração e processamento de alimentos agroecológicos; 2.7 Fomentar e estruturar a produção de pescadores artesanais e aquicultores familiares; [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 2.8 Garantir a qualidade higiênico-sanitária dos produtos da agroindústria familiar para possibilitar sua comercialização no mercado formal – Sistemas de Inspeção/SUASA; 3. Educação, Formação e Pesquisa 3.1Processos de Educação e Formação em SAN 3.2 Promover ações de SAN e controle social do PNAE no ambiente escolarmês 2012 3.3 Fomento à sociedade civil organizada e organização de rede social voltada à SAN 4.1 Certificação e Regularização Fundiária de Comunidades Quilombolas e Indígenas 4.SAN dos Povos e 4.2 Desenvolvimento Sustentável, autonomia e SAN dos povos indígenas Comunidades 4.3Etnodesenvolvimento - uso sustentável da biodiversidade e valorização dos produtos da Tradicionais sociobiodiversidade 4.4 Promoção da saúde, alimentação e nutrição dos povos indígenas, quilombolas e demais PCT 5.1 Controle e prevenção de agravos e doenças 5. Alimentação e Nutrição no nível da Saúde 5.2 Promover o Controle e a regulação de Alimentos 5.3 Nutrição na rede de atenção à saúde. 5.4 Vigilância alimentar e nutricional Os programas identificados no município de Peruíbe foram classificados no Quadro II, segundo o eixo de atuação e os setores envolvidos. Mais à frente, os programas serão analisados, separadamente, segundo os critérios de institucionalidade; complementaridade, continuidade, etc. e, ao final serão realizados comentários gerais sobre o quadro dos programas e sobre o sistema de ação política. Quadro – Peruíbe - Programas existentes Programa Proponente Unidade Gestora Eixo de SAN Setor Programa Bolsa Família Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) Secretaria Municipal de Assistência Social 1. Acesso à Alimentação 1.1.Transferência de Renda 2 Renda Cidadã Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social Secretaria Municipal de Assistência Social 1. Acesso à Alimentação 1.1. Transferência de Renda 3 Programa Nacional de Alimentação Escolar Ministério da Educação Secretaria Municipal da Educação 1. Acesso à Alimentação 1.2. Oferta de alimentação escolar adequada e saudável 1 4 Vivaleite Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social 5 Programa de Aquisição de Ministério do Desenvolvimento Secretaria Municipal de Assistência Social 1. Acesso à Alimentação 1.3. Implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos Associações de Produtores e 2. Produção e Abastecimento 2.2. Estímulo à participação dos 445 6 7 Alimentos Social entidades da rede sócio assistencial Assistência Técnica e Extensão Rural Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento e Prefeitura de Peruíbe SAA/CATI/Casa da Agricultura e Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Meio Ambiente Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento/ Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento Programa de Microbacias II Banco Mundial 8 Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional Ministério da Saúde /CATI/Casa da Agricultura Secretaria da Saúde Agroalimentar agricultores familiares, povos tradicionais e pescadores artesanais no abastecimento da rede sócio assistencial e dos mercados institucionais; 2. Produção e Abastecimento Agroalimentar 2.3. Ampliar o acesso e qualificar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural 2. Produção e Abastecimento Agroalimentar 2.4. Promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas e quilombolas; 5. Alimentação e Nutrição no nível da Saúde 5.4. Vigilância alimentar e nutricional (SISVAN) 12.2.1.a. Acesso à alimentação O eixo do acesso à alimentação constitui uma das diretrizes da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN). Na medida em que previne a insegurança alimentar, incluindo a fome, constitui uma das dimensões básicas da SAN. São vários os fatores que comprometem o acesso aos alimentos e nesta medida, os setores contemplados por esse eixo são compostos pelos programas de: transferência de renda; oferta de alimentação escolar adequada e saudável e; implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos. Dentre os programas identificados, quatro são relacionados ao eixo do Acesso à Alimentação, a saber: Programa Bolsa Família, Programa Renda Cidadã, Programa Nacional de Alimentação Escolar e Programa Vivaleite. 12.2.1.a.1 Programas de Transferência de Renda Programa Bolsa Família O Programa Bolsa Família é um programa federal de transferência direta de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. Tem como objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada e possui três eixos principais: transferência de renda, condicionalidades e programas complementares. A execução é municipal, inclusive do acompanhamento das condicionalidades. Em Peruíbe a Secretaria Promoção Social é o órgão gestor do Programa Bolsa Família. As famílias comparecem a reuniões de acolhimento que são realizadas ás segundas feiras nos dois Centros de Referencia de Assistência Social – CRAS, do município. Ali são expostos aos participantes todos os programas sociais existentes, Bolsa Família, Renda Cidadã, Vivaleite. Caso a família queira participar de algum deles é realizada [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 uma visita domiciliar e preenchida a ficha de atendimento individual, se estiver no perfil de vulnerabilidade os dados são inseridos no Cadastro Único – CadÚnico nos próprios CRAS. Em agosto/2012 havia cerca 5.473 famílias cadastradas no CadÚnico e 2.100 famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família. mês 2012 Não existem ações complementares, o trabalho com as famílias é de atendimento nos CRAS, caso haja descumprimento das condicionalidades é realizada visita domiciliar. O cadastro dos beneficiários do Bolsa Família é compartilhado com as Secretarias da Saúde e Educação, que respondem pelo acompanhamento das suas condicionalidades. Na Saúde as condicionalidades referentes à vacinação, o crescimento e desenvolvimento das crianças menores de 7 anos, mulheres gestantes ou nutrizes (lactantes)na faixa de 14 a 44 anos também devem fazer o acompanhamento, o pré-natal e o acompanhamento da sua saúde e do bebê. Na Educação as condicionalidades são referentes à frequência escolar mensal das crianças e adolescentes. O CadÚnico também é referência para outros programas, muitas famílias não se enquadram no Bolsa Família, mas em outros benefícios tais como: carteira do idoso, tarifa social ou taxa do INSS e outros. Programa Renda Cidadã O Programa Renda Cidadã é estadual e, de acordo com o sítio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, é um programa de transferência de renda com condicionalidades e ações complementares. As condicionalidades do Programa Renda Cidadã são as mesmas do Programa Bolsa Família relativas à educação, saúde e participação em programas de geração de renda. O prazo de concessão de beneficio é de dois anos. O sistema de ingresso ao programa é o mesmo do existente no Bolsa Família, mas os dados são inseridos no Pró-Social que é o cadastro do programa estadual, de toda forma o beneficiário tem que estar como cadastrado no CadÚnico do governo federal. São 258 vagas divididas entre os dois CRAS. Pode haver sobreposição de benefícios caso a família possua perfil para os dois programas, mas os técnicos optam por dirigir ao Bolsa Família, pois o prazo de permanência é indefinido. No Renda Cidadã é cobrada a presença em reuniões socioeducativas e a ausência a três reuniões sem justificativa é motivo para desligamento. 12.2.1.a.2. Programas de Oferta de Alimentação Escolar Adequada e Saudável Programa Nacional de Alimentação Escolar O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, do Ministério da Educação, foi criado pelo Decreto 37.106, de 1955. No nível municipal, é a Secretaria da Educação a responsável pela execução do programa, que tem o objetivo de atender as necessidades nutricionais dos alunos da rede pública municipal, contribuindo para o seu desenvolvimento e aprendizagem. O Programa Municipal de Alimentação Escolar de Peruíbe funcionou no sistema de autogestão até 2003 e depois passou a ser integralmente terceirizado, ou seja, a Prefeitura contrata um pacote de serviços, além da oferta regular das refeições, que inclui a contratação de mão de obra, o aparelhamento das cozinhas e até o trabalho de educação alimentar, realizado conforme a demanda das escolas. Na prática, as solicitações são pontuais, envolvendo palestras educativas e eventos em datas comemorativas. A empresa compra os gêneros, entrega em cada ponto e o processamento do alimento in natura é feito nas escolas, nesse aspecto, similar ao processo de autogestão, só mudando o sistema de compras e distribuição. O contrato é de 60 meses, renovável a cada ano. 447 Na equipe da prefeitura só há um nutricionista. Atualmente a empresa que presta serviços ao programa de alimentação escolar do município é a empresa VIVO SABOR ALIMENTOS LTDA, com sede no município de Americana/SP. Com a missão de "atender com excelência empresas privadas, empresas que atuam na cadeia produtiva de petróleo e gás, órgãos públicos, escolas e hospitais em todo o país, com os serviços de refeição transportada, administração de restaurantes corporativos, alimentação escolar e hospitalar", o município de Peruíbe é a primeira experiência da empresa na área de alimentação escolar. Em seu site http://www.vivosabor.com.br/vantagens-de-terceirizacao.html, a empresa coloca que: "A terceirização da merenda escolar é uma grande tendência e seus resultados demonstram ser uma excelente opção para melhorar a qualidade dos serviços, estimular bons hábitos alimentares nas crianças e reduzir custos aos municípios". Como vantagens da terceirização ao município aponta: • Redução de custos no valor unitário da merenda. • Mão-de-obra especializada, uniformização da equipe e supervisão técnica da empresa para acompanhamento dos serviços. • Controle microbiológico da merenda por meio de coleta periódica de amostras. • Utilização de alimentos frescos e com total controle de qualidade. • Educação alimentar para as crianças e jovens. • Cardápio adequado e variado. • Implantação de programa de capacitação, treinamento de reciclagem e palestras à equipe. • Aparelhamento das cozinhas e controle na reposição e manutenção dos utensílios. • Assessoria da empresa no projeto, implantação e operacionalização dos serviços. • Processo flexível às características de cada município. E os seguintes benefícios às crianças • Estímulo aos bons hábitos alimentares. • Preparação de refeições especiais para crianças com problemas de diabetes ou hipoglicemia. • Alimentação balanceada todos os dias. • Cardápio variado e com alto valor nutritivo". O Conselho de Alimentação Escolar participa da definição de critérios para a escolha da empresa. São 8.163 alunos na rede municipal e 7.890 na rede estadual incluindo 66 alunos indígenas, num total de 16.053 alunos atendidos. Esses alunos estão distribuídos por 53 unidades escolares/pontos de confecção de merenda escolar, sendo 40 municipais e 13 estaduais, incluindo aí quatro escolas indígenas. Destaque-se que os gestores locais lidam com a mesma questão do município de Bertioga, da refeição escolar destinada às crianças ser consumida também pelos adultos da aldeia. Ao todo são fornecidas 16 a 17 mil refeições por dia. Os recursos dispendidos com a alimentação escolar estão demonstrados no Quadro III abaixo. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Quadro III - Origem dos recursos para Alimentação Escolar Origem Valor R$ Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação R$ 1.160.000,00 Departamento de Suprimento Escolar/Secretaria da Educação R$ 400.000,00 Município R$ 5.500.000,00 Total R$7.060.000,00 mês 2012 Fonte: Setor de Finanças – Secretaria da Educação do Município de Peruíbe Quanto ao cardápio, sua qualidade, do ponto de vista nutricional vem melhorando gradativamente. O feijão antes oferecido apenas uma vez por semana, agora passou para três dias. Também frutas, verduras e legumes são oferecidos atualmente em três dias da semana. Eliminaram os sucos industrializados, devido ao alto teor de açúcar. As aldeias recebem o mesmo cardápio, mas recentemente solicitaram a inclusão de milho e de mandioca. Como pontos positivos nas escolas EMEF, APAE e Indígenas observamos a oferta de café da manhã, oferta de todos os grupos de alimentos, a oferta de frutas ou hortaliças (atinge a recomendação da lei) todos os dias; nas creches, EMEIs e EMEIFs além dos pontos elencados acima, há oferta de cinco refeições por dia. Como pontos negativos em todas as escolas encontra-se a oferta de doces mais de duas vezes por semana e oferta de enlatados e embutidos. Não há nenhuma diferenciação nas escolas indígenas. A composição dos cardápios nas escolas é a mesma atende as recomendações do FNDE. No passado, não houve uma boa aceitabilidade na introdução do pescado no cardápio. A questão fundamental foi realmente a rejeição e baixo índice de aceitação do produto. A questão de culinária, tempero, apresentação, cheiro e hábitos alimentares dos alunos, também contribuíram para que o produto fosse excluído. Além desses fatores a não aquisição do pescado local tem como motivo a questão de disponibilidade de variedade no mercado, ausência padronização do produto no mercado, baixo rendimento, custo, problema de estocagem, local adequado para pré-preparo. Há necessidade premente de se equipar as cozinhas adaptando-as ao perfil mais natural da refeição escolar. O nutricionista da Secretaria da Educação ressaltou a ausência de uma legislação específica que valorize as cozinheiras e a falta de preparo dos nutricionistas para lidar com essa categoria profissional, tão importante na vida e na saúde das crianças. "É a última categoria a ser lembrada e a primeira a levar pancada". Em relação à nova legislação da alimentação escolar que prevê a compra de 30% dos produtos da agricultura familiar, questiona a falta de amparo a certos aspectos da lei. Uma vez que a alimentação escolar está terceirizada em Peruíbe a Coordenação se depara com a dificuldade de executar a Lei nº 11.947 e considera um limitante o fato da nova lei considerar apenas o sistema de autogestão, sendo que a terceirização é uma realidade em todas as áreas. Como englobar esta alternativa? Como explicar que não é possível transportar os produtos em caixas de madeira? Como fazer, por exemplo, valer a prática da vigilância sanitária entre os produtores tão difícil de ser absorvida? Como lidar com quantidades tão pequenas de produção? Considera que a lei está muito à frente das condições da realidade, mas estão avançando, lentamente. Peruíbe não adquire produtos da agricultura familiar. Alega-se que há produtores cadastrados, mas sem o volume de produção necessária à merenda e que muitos agricultores da região ainda nem sabem o que é Chamada Pública. 449 Por meio da Chamada Pública, as entidades executoras publicam a demanda de aquisição de gêneros alimentícios da Agricultura Familiar para Alimentação Escolar, em jornal de circulação local, estadual ou nacional, quando houver, além de divulgar em seu sítio na internet ou na forma de mural em local público de ampla circulação. É um processo de formalização de dispensa de licitação onde a compra se baseia em preços de referencia obtidos, no mercado varejista ou no mercado atacadista, a depender montante repassado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para o município. Segundo ele a lei é um avanço, mas aponta a complexidade de se respeitar determinados hábitos, como a prática da caça entre os indígenas. De outro grupo indígena ressalta a aculturação e a miscigenação como fatores que os distanciaram dos hábitos tradicionais. O que é então respeitar a cultura alimentar? Segundo ele, há questões antropológicas que deveriam se mais aprofundadas. No processo de descentralização, as atribuições do município aumentaram muito, mas sem a retaguarda necessária dos outros níveis de governo. 12.2.1.a.3 Programas de Implantação e qualificação de equipamentos públicos de alimentação e nutrição e distribuição de alimentos a grupos populacionais específicos Programa Vivaleite O Viva Leite é um programa estadual de distribuição gratuita de leite fluído, pasteurizado e enriquecido, para crianças de 6 meses a 6 anos e 11 meses de idade pertencentes a famílias com renda mensal de até dois salários mínimos. Sua coordenação é de responsabilidade da Secretaria de Estadual de Desenvolvimento Social e a execução do município é da Secretaria da Promoção Social por meio dos CRAS. As famílias participam das reuniões de acolhimento nos CRAS, se for selecionada para participar do programa deve aguardar a vaga, existem 512 crianças atendidas pelo programa. A distribuição do leite é realizada nos sete Postos de Saúde, em um dos CRAS e no Centro Integrado de Cidadania. 12.2.1.b. Produção e Abastecimento Alimentar O eixo da produção e abastecimento alimentar constitui outra diretriz da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN). Ele engloba os setores de: Implantação e qualificação de equipamentos e serviços de apoio à produção e ao abastecimento; Estímulo à participação dos agricultores familiares, povos tradicionais e pescadores artesanais no abastecimento da rede sócio assistencial e dos mercados institucionais; Ampliar o acesso e qualificar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural; Promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas e quilombolas; Promover a autonomia das mulheres por meio da inclusão na produção e gestão; Promover a produção, extração e processamento de alimentos agroecológicos; Fomentar e estruturar a produção de pescadores artesanais e aquicultores familiares; Garantir a qualidade higiênico-sanitária dos produtos da agroindústria familiar para facilitar a comercialização no mercado formal – Sistemas de Inspeção/SUASA. 12.2.1.b.1. Implantação e qualificação de equipamentos e serviços de apoio à produção e ao abastecimento Neste setor pretende-se explorar as condições de organização de circuitos locais e regionais de produção, abastecimento e consumo para a garantia do acesso a alimentos de qualidade, promotores de saúde e referenciados culturalmente. O Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária – LUPA, realizado em 2007 pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo aponta 517 Unidades de Produção Agropecuária – UPA no município de Peruíbe que ocupam 12.851,80 hectares, inseridos nas seguintes Unidades de Conservação: [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 · Estação ecológica Juréia-Itatins; · Estação ecológica Tupiniquins; · Parque estadual da Serra do Mar; mês 2012 · Área de Relevante Interesse Ecológico Ilha do Ameixal; · Área de Relevante Interesse Ecológico Ilha Queimada Grande e Ilha Queimada Pequena; e · Área de proteção Ambiental Cananéia-Iguape-Peruíbe (Federal e uso sustentável); Conforme Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável elaborado pela Prefeitura Municipal de Peruíbe, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, Casa da Agricultura de Peruíbe e Escritório de Desenvolvimento Rural de São Paulo “as áreas supracitadas são unidades de proteção integral, de posse do Estado. Atualmente existe a demanda de retirada de agricultores de algumas áreas, mas concomitantemente existe a elaboração de um Plano de Manejo (normativa) para manter aproximadamente 500 famílias em área de 2000 ha (aproximada) dentro de Unidade de Conservação de Proteção Integral em atividades agrícolas sustentáveis. Uma das principais vertentes de ação seria transformar essa área onde estão inseridos os agricultores em Unidade de Conservação sustentável (APAs ou RDS), pois poderiam dar continuidade às suas atividades produtivas com sustentabilidade”. Não existe ainda posicionamento final da Fundação Florestal sobre essa proposta. Ainda segundo o Plano: “Com a criação das Unidades de Conservação sustentáveis surgem novas oportunidades legais de explorações agrícolas como piscicultura de espécies nativas, criação de espécies animais e vegetais nativas, cultivo da banana ouro e culturas agroecológicas e agroflorestais”. A principal cultura é a banana praticada em 407 UPAs e existem 523.466 m2 de espelho d’água de tanques para piscicultura distribuídos em 168 UPAs. Existe a produção de mandioca, frutas (mexerica e abacate) e hortaliças, mas é pequena. Quadro - Valor Bruto da Produção Anual da Agropecuária Exploração Produção Anual Unidade Valor da produção Banana 33.000 t R$ 15.180.000,00 Pesca e Aquicultura 130 t R$ 600.000,00 Olericultura Vários - R$ 350.000,00 Frutas Vários - R$ 300.000,00 Plantas ornamentais Vários - R$ 200.000,00 TOTAL R$ 16.330.000,00 Fonte: IEA, Instituto de Pesca e prefeitura – Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Possui projeto apoiado pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário para criação do lambari no bairro rural do Guanhanhã. A existência de um Plano Municipal de Desenvolvimento Rural é um indício de que embora sem as melhores condições de trabalho e produção, os participantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural possuem diagnósticos e propostas para superação dos problemas. Nele constam as dificuldades e oportunidades das principais cadeias produtivas, análises, formulação de diretrizes de ação e indicação das iniciativas necessárias para atendimento das diretrizes do plano para os anos de 2010 a 2013. 451 Existem cinco feiras livres em Peruíbe e uma delas, aos sábados, seria a feira do produtor. Devido a pouca participação dos produtores locais em consequência de problemas de logística, foram se aceitando feirantes/comerciantes, agora os produtores locais são minoria e não têm poder de decisão na própria feira deles. Nas outras feiras os produtores participam quando podem. Não há política de abastecimento. As feiras livres acontecem nos bairros e datas descritos no Quadro V abaixo e são fiscalizadas pela Secretaria da Fazenda. Quadro – Feiras existentes Bairro Local aproximado Data Saída da cidade Avenida Marginal terça-feira Caragua Rua Bauru quarta-feira Stela Maris Avenida România quinta-feira Centro Rua Vereador José Bichir domingo 12.2.1.b.2. Estimulo à participação dos agricultores familiares, povos tradicionais e pescadores artesanais no abastecimento dos mercados com ênfase nos mercados institucionais; Entre os mercados institucionais a que se refere o setor 2.2 do eixo de produção e abastecimento existem atualmente, o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, do Ministério de Desenvolvimento Social instituído pelo Artigo 19 da Lei 10.696 de 02/07/2003, e a aquisição de produtos oriundos da agricultura familiar para fornecimento da alimentação escolar prevista no Artigo 14 da Lei 11.947. O PAA “propicia a aquisição de alimentos de agricultores familiares, com isenção de licitação, a preços compatíveis aos praticados nos mercados regionais. Os produtos são destinados a ações de alimentação empreendidas por entidades da rede sócio assistencial; Equipamentos Públicos de Alimentação e Nutrição como Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e Bancos de Alimentos e para famílias em situação de vulnerabilidade social”. O artigo 14 da Lei 11.497 determina que “Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do Programa Nacional da Alimentação Escolar- PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas”. Programa de Aquisição de Alimentos – modalidade Doação Simultânea Em Peruíbe, durante 2010 e 2011 duas associações comercializaram seus produtos pelo PAA, a Associação dos Trabalhadores na Transformação de Banana de Peruíbe – ATTBP e o Núcleo Rural de Peruíbe. Foram três contratos no valor total de aproximadamente 388 mil reais envolvendo os produtos: pescado, banana, mandioca e hortaliças para 19 entidades da rede sócio assistencial. Os primeiros projetos contaram com a articulação da Colônia de Pescadores que chegou a fornecer o pescado. A assistência técnica está atendendo quase uma centena de produtores para integrá-los ao PAA. A prefeitura coloca um caminhão à disposição com motorista para retirar a produção dos sítios, mas vez por outra é preciso tirar com um trator até um local acessível ao caminhão por conta da má conservação das estradas. Na modalidade do PAA “Doação Simultânea” onde a entrega é do sítio direto para a entidade quando quebra um caminhão é um problema, perde-se o produto e a entidade fica sem os gêneros alimentícios adquiridos. Uma pequena central de distribuição seria uma das saídas para que os produtos estivessem mais disponíveis, mais próximos das entidades. A prefeitura poderia contribuir mais, pois o PAA injeta recursos federais para a compra de alimentos pelas entidades do município e a própria prefeitura deixa de gastar com essas entidades. Esse dinheiro poderia ser investido para apoiar os agricultores. [Digite texto] Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6 Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Peruíbe Revisão março 2013 Quanto à aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar para a alimentação escolar a prefeitura já está na terceira chamada pública, mas ainda não comprou efetivamente nada. Segundo agricultores do município a terceirização da alimentação escolar faz com que essa não seja uma prioridade da Coordenação de Merenda Escolar. Não há articulação com os produtores, portanto não foi possível adquirir nenhum mês 2012 produto local. 12.2.1.b.3. Ampliar o acesso e qualificar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER); Peruíbe possui uma Diretoria de Agricultura e Meio Ambiente com um Engenheiro Florestal e uma bióloga do quadro de servidores municipais e haverá a contratação de um engenheiro agrônomo concursado. Para os agricultores seria desejável que fosse criada uma diretoria dedicada só à assistência técnica e extensão rural, pois a demanda ambiental é sempre prioritária e mais urgente do que a atenção à produção agropecuária. Em relação à estrutura estadual de ATER por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, a Casa da Agricultura conta com um Técnico de Apoio Agropecuário II e um Engenheiro Agrônomo. De acordo com o Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável 2010 a 2013 “o município necessita de ações mais efetivas e abrangentes dos órgãos competentes de assistência técnica e, consequentemente, de um quadro técnico maior”, seria necessários no mínimo um Engenheiro Agrônomo, um Médico Veterinário e um Técnico Agropecuário para o trabalho de planejamento das atividades na propriedade, a transferência de tecnologia, acompanhamento técnico durante a produção, colheita, cuidados na pós-colheita e comercialização. 12.2.1.b.4 Promoção da inclusão produtiva de comunidades indígenas e quilombolas; Quanto à presença dos povos indígenas, no município de Peruíbe destacam-se duas aldeias: a Aldeia Bananal com uma área de 480,87 ha, regularizada e homologada, e a Aldeia Piaçagüera, localizada em uma área limítrofe, entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe que conta com 3,5 km de praia, até o Rio Bananal, e 2.795 ha, divididos em duas glebas, ainda em processo de demarcação e reconhecimento. Ambas possuem população Guarani Nhandeva (Tupi-Guarani). A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, por meio do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas trabalha com a população indígena para “reverter os processos de empobrecimento e insegurança alimentar que vivenciam, de gerar alternativas de renda e atividades produtivas viáveis e culturalmente adequadas, para que, assim, aumentem sua competitividade e obtenham melhores condições de vida”. As ações junto às aldeias têm como objetivo a “capacitação e organização dos beneficiários, o fortalecimento de suas entidades representativas, o apoio às atividades de recuperação e preservação dos recursos naturais como condição para o desenvolvimento sustentável, os investimentos socioeconômicos e ambientais e a implantação de um sistema de pagamentos pela prestação de serviços ambientais”. O projeto está em desenvolvimento. 12.2.1.b.5 Promover a autonomia das mulheres por meio da inclusão na produção e gestão; Não existem ações nesse eixo. 12.2.1.b.6 Promover a produção, extração e processamento de alimentos agroecológicos; Não existem ações nesse eixo. 453 12.2.1.b.7. Fomentar e estruturar a produção de pescadores artesanais e aquicultores familiares Conforme “Informe da Produção Pesqueira Marinha e Estuarina do Estado de São Paulo”, elaborado pelo Instituto de Pesca da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, em Peruíbe, de Janeiro a Dezembro de 2011, 195 unidades produtivas realizaram 2.698 descargas, totalizando 151,6 toneladas de capturas descarregadas. Deste total, 28,4 toneladas foram de camarão sete barbas e 94,4 toneladas da categoria “outras”. A Colônia tem registro em 1983, mas a história vem desde 1910 quando foram criadas pela Marinha do Brasil. Atualmente possuem em torno de 600 associados pescadores artesanais em sua grande maioria de pesca marítima. Em Peruíbe não há pesca industrial, pois o canal não permite a entrada de barcos maiores e para entrar aqui, fica-se à mercê da maré. Considera-se que hoje em dia a pesca está cada vez mais difícil por causa das mudanças climáticas. No começo, a pesca era feita em arrastões e era possível prever o tempo hoje em dia não, olha-se a previsão, mas não acontece o previsto e isso dificulta a pesca artesanal. Por isso pescamos 12 dias por mês e às vezes fica o mês inteiro sem pescar. A Colônia faz parte do conselho da APA marinha e estão conseguindo tirar os grandes barcos da pesca na parte mais próxima à praia e dar melhores condições ao pequeno pescador. Querem regionalizar essa faixa de 5 a 15 m pra pesca artesanal e colocar esses barcos no alto mar, a 15m de profundidade. São barcos grandes, que vem do sul, não vindo nessa faixa, ela fica descansada para a criação. Isso está avançando. Saíram duas resoluções, agora estão trabalhando com a pesca de camarão e com os gaioleiros que trabalham com 20 km de rede. Ocorre que quando chega o verão, o peixe que ficou preso na rede está morto e estragado e tem que ser descartado. Conseguiram terminar com a pesca de arrastão. Outro fator de diminuição do pescado é a pesca predatória, muito barco grande pescando os peixes pequenos antes de eles fazerem a primeira desova. O defeso é em cima da desova e devia começar assim que o peixe esta ovando, e só retornar depois que ele desovar. Um bom percentual é abatido com ovas. O mesmo acontece com a pesca do camarão. O camarão sete barba, em outubro, novembro e dezembro, todas as fêmeas estão ovadas e a pesca está liberada, estão pescando as matrizes. “Se você só tira, tira e tira do mar. Uma hora esse pescado vai acabar”. Os pescadores gostariam de ter acesso a um órgão de pesquisa que os acompanhasse investigando essas impressões tiradas da vida prática da pesca, mas mesmo o Instituto de Pesca não consegue fazer esse papel. Estão sendo implantados novos procedimentos para a emissão da carteira de pescador que vão eliminar alguns entraves para o pessoal aposentado e com carteira assinada em outra profissão. Esses poderão ter uma carteira para pescar, mas não para ter benefícios. Só para ter uma rede para pescar como complementação da alimentação ou mesmo de renda. A Colônia foi articuladora do primeiro projeto do Programa de Aquisição de Alimentos, mas depois que passou à condição de representante sindical da categoria não pôde mais realizar a comercialização de produtos. O pescado vinha da Barra do Una, da Juréia, pois eles tinham dificuldade de vender a produção deles, e tinha um grupo do centro também. Era entregue para ser limpo na entidade. A aprovação do projeto do Ministério da Pesca e Aquicultura foi também graças ao PAA existente. O fato de estar participando do PAA lhes deu pontuação para aprovar o projeto do caminhão frigorífico, em seguida entraram no edital para fábrica de gelo que está parada por falta de licença de instalação da CETESB que só será possível com a finalização do processo de cessão do terreno. O conjunto dos equipamentos: caminhão, fabrica de gelo e beneficiamento de camarão ficará disponível como um Centro Integrado da Pesca Artesanal. O crédito para os pescadores está parado. Estão com 16 financiamentos de barcos, mas a inadimplência de 2,5% levou ao travamento novamente. Muita gente pegou o dinheiro e não conseguiu pagar. Segundo a Colônia, se o pescador consegue trabalhar 10 a 15 dias ele consegue pagar, porém, se ele extrapola, compra