O Tigre e o Palhaço… Tá certo ou não tá?´ PAG N 3 A Voz de São Gonçalo Voltou !!! Agosto/2015 I Para o Alto... E avante!!! Plano diretor de São Gonçalo. O quê? É?! PAG. N 5 A Cidade que não é levada à sério PAG. N 5 PAG. N 4 Onde estão os negros? PAG. N 5 BREVE! MAPA TURÍSTICO DE SÃO GONÇALO R$ 0,50 Visite nosso site nossojornal.org Gonçaly Hills de Talentos – Maria Domícia PAG. N 5 Partidos: ideal ou torcida? PAG. N 5 N2 nossojornal.org O que é o Rotary? HELTER BARCELLOS O Rotary é uma Associação de líderes, profissionais de diversas áreas unidos no mundo inteiro, que prestam serviço humanitário, fomentam um elevado padrão de ética em todas as profissões e ajudam a estabelecer a paz e a boa vontade no mundo. Rotary trabalha em associação com organizações nacionais e internacionais de saúde pública para alcance do objetivo de erradicação da poliomielite, subsidiando as vacinas através do programa Pólio Plus. A Fundação Rotária proporciona bolsas educacionais internacionais, intercâmbios culturais e projetos humanitários e relacionados ao meio ambiente que melhoram a qualidade de vida de milhões de pessoas. O que é o Rotary e-club? São Rotary Clubs que se reunem eletronicamente, seguem as mesmas normas dos Rotary Clubs, a principal diferença é que um e-club conduz sua reunião semanal no website do clube. Assim você pode participar das atividades do Rotary e da Fundação Rotária, dentro das suas possibilidades de tempo, pois poderá acessar as reuniões a qualquer hora e dia da semana. O Cientista e a Criança... DARC FREITAS Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de melhorá-los. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas. Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou que o filho fosse brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção. De repente deparou-se com o mapa do mundo, o que procurava! Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo: — Você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho. Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas depois, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente: — Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho! A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz? Então ele perguntou: — Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu? — Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo. Uma publicação da AGACIL – Associação Gonçalense de Apoio à Cultura , Informação e Literatura. Rua Doutor Alfredo Backer, 579 – bloco 02 B – sala 1.502 – Mutondo – São Gonçalo – RJ. CEP.24452001 telefone 9 7575-0194 Editor Chefe: José Carlos Rocha Conselho Gestor: Frederico Carvalho, Darc Freitas, Agliberto Mendes, Wilson Vasconcelos, Luciano Tardock , Matheus Graciano e Alex Woelbert N3 nossojornal.org Incendio do Circo ASSUERES BARBOSA O dia 17 de dezembro de 1961 era um dia muito quente. A temperatura rondava os 40 graus. Eu, curtia o domingo assistindo uma partida de futebol no campo do Fonseca Atlético Clube, quando fui alertado por uma emissora de rádio, que o Grand Circus Norte Americano instalado na Praça do Expedicionário, em Niterói - Rua Desidério de Oliveira - onde hoje funciona o Centro de Clínicas do Exército - estava pegando fogo. Ele, que havia sido inaugurado dois dias antes (15/12/1961). O incêndio começou no momento em que os trapezistas iriam iniciar o perigoso salto triplo. Ao grito de "incêndio", todos começaram a correr em diversas direções. Ainda cheguei a tempo de ver as labaredas, a fumaça, a correria e o desespero das pessoas, a maior parte com queimaduras, que saiam aos gritos, por um buraco aberto por um elefante, que salvou muita gente, mas que também matou, pisoteando-as. Também vi corpos e mais corpos estendidos no interior do circo e, até mesmo sentados nas cadeiras, envoltos no plástico da tenda. Todos que haviam ido se divertir com os palhaços, os trapezistas e os animais, na base da pipoca e do sorvete. Foi iniciado o rescaldo pelo Corpo de Bombeiros, e o atendimento aos sobreviventes que eram conduzidos aos Hospitais Antônio Pedro, Santa Cruz, Azevedo Lima, Maritimos, Luiz Palmier, Hospital Infantil Getúlio Vargas, e para a Santa Casa de Misericórdia, enquanto os corpos dos que morreram eram levados em caminhões para o Ginásio Caio Martins e para o IML a fim de serem reconhecidos e depois sepultados. Muitos foram colocados nos frigoríficos da Indústria Maveroy (que produzia a geladeira Kelvinator), para serem conservados até o sepultamento. Ás lágrimas escorriam por todos os rostos. Os cirurgiões plásticos Ivo Pitangui e Carlos Caldas (que havia se formado naquela semana), diversos médicos, enfermeiros e voluntários desdobravam-se nos atendimentos. Fui voluntário durante 15 dias no Azevedo Lima, cujo diretor era o saudoso médico Carlos Guida Risso. A solidariedade do nosso povo foi enorme. A todo instante chegavam medicamentos, ataduras, alimentos, água. As pessoas corriam de um lado para o outro tentando ajudar de alguma forma. O governador Celso Peçanha determinou providências imediatas. No Cemitério do Maruí foram abertas às pressas, covas para os sepultamentos. O Papa rezou por mortos e feridos e diversos países, bem como a Cruz Vermelha, enviaram medicamentos e donativos. Decorridos tantos anos, ainda não se chegou ao número exato dos que perderam as suas vidas. Dizem que "na maior tragédia em circuito fechado" o número estimado de mortos oscila entre 350 e 400, dos quais 70% eram crianças. Os culpados foram descobertos: Adilson Marcelino Alves, o Dequinha - condenado a 16 anos e mais seis em manicômio judiciário, que terminou assassinado mais tarde quando fugiu da cadeia em 1973 - o mentor do crime, porque havia sido despedido do circo; José dos Santos, o Pardal -16 anos e mais um ano em colônia agrícola - e Walter Rosa dos Santos, o Bigode -14 anos e mais um ano em colônia agrícola -. Bigode comprou a gasolina e a jogou sob a lona e Dequinha ateou fogo. Em São Gonçalo, o então prefeito Geremias de Mattos Fontes desapropriou parte das terras de propriedade da Indústria Metal Forty, no bairro Estrela do Norte - segundo informação que me foi prestada pelo então secretário da Prefeitura de São Gonçalo, Osmar Leitão Rosa, que mais tarde seria prefeito da cidade e deputado federal por diversas legislaturas - e mandou construir o Cemitério de São Miguel, onde foram sepultadas vitimas do incêndio. Uma tragédia que nunca será esquecida! Durante muitos anos o trauma impediu que crianças e adultos assistissem qualquer espetáculo circense em Niterói e São Gonçalo. Decorridos 50 anos, minha memória ainda está bem nítida em relação à tragédia. Ainda recordo dos caminhões que recolhiam e transportavam os mortos e do corpo de uma criancinha, de aproximadamente, dois ou três anos de idade, estendida para reconhecimento no chão frio de mármore do IML, que morreu pisoteada por um elefante. GENTILEZA Foi no Incêndio do Circo que surgiu a figura do poeta Gentileza, nascido em Cafelândia, interior de São Paulo, no dia 11 de abril de 1917, que se tornou lendária. No local da tragédia, plantou mudas de plantas e começou a ser chamado de Profeta Gentileza. Embora tivesse sido divulgado que ele perdera familiares no incêndio, ele mesmo disse que não era verdade. A partir daí tornou-se andarilho, e por onde passava, entre o Rio, Niterói e São Gonçalo, em sua bata branca, repleta de desenhos coloridos, pintava suas frases de amor e de bondade, como "Gentileza Gera Gentileza", existentes até hoje nas 56 pilastras do Viaduto do Caju, Rodoviária Novo Rio. Foi tema de livro (Brasil: Tempo de Gentileza, do professor da UFF, Leonardo Guelman), de samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, de músicas compostas pelo compositor Gonzaguinha e pela cantora Marisa Monte. Faleceu em 28 de maio de 1996, aos 79 anos e foi sepultado em Mirandópolis, interior de São Paulo. N4 nossojornal.org Plano diretor de São Gonçalo. O quê? É?! WILSON VASCONCELOS São Gonçalo tem caminhada turística ELAINE TRINDADE Plano diretor, em tese, seria uma proposta de lei que o prefeito apresenta com ampla discussão com a população no que tange aos mais diversos questionamentos sobre o território. Como se dá a criação do Plano Diretor? A prefeitura elabora um Plano Diretor depois a câmara de vereadores precisa aprovar a lei para que ela entre em vigor. Tudo isso atrelado aos recursos do município. É o plano diretor que define o que pode e o que não pode ser feito em cada parte da cidade, cada bairro. Tanto pelo poder público quanto pela iniciativa privada. O intuito é estabelecer metas para que a cidade se desenvolva de forma integrada, ampla e para além dos quatro anos dos mandatos políticos. No próximo domingo (16/08) o projeto “Visitas e Caminhadas Turísticas”, promovido pela secretaria municipal de Turismo e Cultura vai levar visitantes ao Alto do Gaia, um dos pontos turístico mais encantadores de São Gonçalo. O lugar é visitado por brasileiros e estrangeiros que gostam de aventura, já que é ideal para a prática de asa-delta e parapente. O Alto do Gaia é considerado o ponto mais alto de São Gonçalo, com 534 metros de altitude. O local faz parte da Serra de Itaitindiba, em Santa Isabel, Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim. O ponto de encontro para a caminhada turística será na praça de Santa Isabel, às 7h30. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone: 2199-6521 ou através da fanpage da secretaria: Secretaria de Turismo e Cultura de São Gonçalo. Estudante de geografia, Karla Amaral, de 23 anos, moradora do Mutondo, não vê a hora de conhecer o Alto do Gaia. Esta é a primeira vez que ela participa do projeto “Visitas e Caminhadas Turísticas”. “Eu acho que esta vai ser uma grande oportunidade para conhecer melhor a cidade onde eu moro. São Gonçalo tem muitas belezas como o Alto do Gaia e as Grutas de Caulim. Essa é a primeira vez que estou participando do projeto e estou ansiosa por conhecer o Alto do Gaia. Pena que não vai dar para saltar de asa-delta, que também é um sonho que eu tenho”, afirmou a estudante. Para o secretário de Turismo e Cultura , Michel Portugal, este é um programa que agrada a todos. “ As caminhadas turísticas são boas oportunidades para estudantes de história, turismo, guias. Mas, também é um programa muito agradável para as famílias gonçalenses que passam a conhecer melhor a cidade em que vivem e acabam por descobrir as belas paisagens que a cidade oferece”, reiterou o secretário. A saída para a caminhada acontecerá às 7:30h e os participantes deverão se reunir na Praça de Santa Isabel. A organização do evento orienta que as pessoas vistam roupas leves, tênis e levem protetor solar, água e lanche leve. A caminhada é considerada de moderada a forte já que boa parte da caminhada é de subida íngreme. Elaine Trindade Analista em Comunicação Social Secretaria de Turismo e Cultura Prefeitura Municipal de São Gonçalo Contato: (21) 97162-9554 O plano diretor cria as diretrizes e os instrumentos para o planejamento da cidade no transporte, na habitação, saúde, patrimônio público, proteção ambiental e tantas outras. Quantas pessoas residem na cidade? Qual a expectativa de crescimento? A cidade possui áreas destinadas à política habitacional? Quais são as zonas especiais de interesse social? A receita da cidade precisa aumentar? Como fazer isso? Quais são as características da cidade e como detalhar? Para onde a cidade deve crescer? Creches, escolas, unidades de saúde? Onde e como? Como atrair novas empresas e investimentos governamentais? Em São Gonçalo, o atual Plano Diretor foi aprovado em 2008 e revisto em 2009, na gestão da prefeita Panisset. O plano diretor de São Gonçalo tende a servir apenas como diria o urbanista Flávio Villaça “uma cortina de fumaça tecnicista para escamotear as práticas arcaicas de não planejamento que servem, com ou sem plano diretor, exclusivamente aos interesses dos grupos dominantes”. Os "processos participativos" são muitas vezes jogo de cena, e muito pouco do que os planos estabelecem se aplica. A população pode e deve participar em todas as etapas do processo de elaboração e definir com o prefeito da cidade vai gerir os recursos para o desenvolvimento urbano. E assim, permitir que a cidade cresça de uma forma ordenada e que garanta os direitos e a qualidade de vida para todos. N5 nossojornal.org A Luta de Cada Um - Projeto de Inclusão SILVIA QUINTAN Muitas vezes, diante de alguém com necessidades especiais, ficamos sem saber o que fazer e como lidar. E na maioria das vezes, por constrangimento, optamos por nos desviar de situações que nos exponham a esse contato, ignorando-a. O objetivo é proporcionar instrumentos para que possamos olhar, falar e conduzir as situações de forma natural, minimizando o preconceito. Afinal, há muito mais de potencialidade, capacidade neste indivíduo, do que a imagem tende a nos mostrar. O que o projeto almeja Partindo do princípio que somos todos educadores, o projeto visa estar em qualquer lugar que tenham pessoas e levar informação e conscientização a todos, para que possamos naturalizar as diferenças. Justificativa Penso que precisamos informar, conscientizar e capacitar os indivíduos para agirem frente às diferenças. Somente assim, teremos um país que inclua de fato. Apenas informações, sem prática, gera indivíduos paralisados, despreparados para promover a inclusão naturalmente. A Luta de Cada Um - Projeto de Inclusão Muitas vezes, diante de alguém com necessidades especiais, ficamos sem saber o que fazer e como lidar. E na maioria das vezes, por constrangimento, optamos por nos desviar de situações que nos exponham a esse contato, ignorando-a. Em busca de Solidariedade ANALICE NUNES Com quase oito anos de existência, a Escola de Música Nova Sinfonia, no Jardim Catarina, mantém com recursos próprios seus quase 100 alunos especiais. Esse número já foi maior quando o projeto recebia verbas pela Lei Rouanet. Já tivemos mais de 210 alunos com algumas necessidades especiais, mas não temos recebido apoio financeiro e precisamos bancar com recursos próprios a manutenção da escola e a maioria dos alunos A Escola de Música Nova Sinfonia e o CIAN-Centro de Integração Analice Nunes, tem como missão promover a inclusão social e a cidadania através do desenvolvimento de ações e programas nas áreas de cultura, arte, meio ambiente, esporte, educação, lazer e saúde com o objetivo de criar ações voltadas para a pessoa com deficiência. Conta ainda com a preciosa colaboração do Doutor Isaias F. F. da Silva (Neurologia/Neuropsiquiatria adulto e infantil) para uma melhor assistência aos alunos. Também fazemos parte do Projeto de Inclusão, coordenado por Silvia Quintan, que aos poucos vem conscientizando a população através de suas palestras, da importância de se valorizar o combate às desigualdades em relação aos deficientes em vários níveis. Mais uma vez convocamos a sociedade Gonçalense a apoiar mais essa iniciativa. N6 nossojornal.org Tomando Conta das Ruas J SOBRINHO Sei, de antemão, que não é prioridade do município de São Gonçalo; sei também que cada cidade tem lá os seus problemas e precisam de soluções. De modo que, exatamente por isso, é que existem os respectivos governos municipais – que precisam e devem buscar os recursos necessários para gerir bem a sua cidade. Dito isso, preocupa-me a proliferação de flanelinhas pelas ruas do nosso município. É claro que temos também que levar em conta o aspecto social da coisa, não temos que fingir que está tudo bem e tapar os olhos. O mais interessante é que, em São Gonçalo, ruas onde existem estacionamentos autorizados pela Prefeitura, flanelinhas atuam de modo paralelo e sem o menor constrangimento pois, a bem da verdade, fiscalização não existe. Em Niterói e em algumas outras cidades, as Prefeituras tem sabido como tirar proveito da situação: criaram projetos, planejaram, demarcaram ruas e estão faturando boa grana, ao mesmo tempo em que criaram condições de trabalho para muita gente. Se há terceirização ou não é o que menos importa. Importante é tirar pessoas da clandestinidade e criar alternativas de subsistência. Basta cadastrar e criar critérios que os casos acabam sendo solucionados. Vieira Brum’s Piper MATHEUS GRACIANO O Vieira Brum’s Piper é um projeto feito para jovens e adolescentes de comunidade gonçalenses, especialmente para aqueles em situação de risco, sediado no Centro Educacional Vieira Brum, bairro Antonina. Ativo desde 2004, acredita que através do aprendizado com as Gaitas de Fole Escocesas é possível levar aos alunos noções de civismo, companheirismo, somado aos conhecimentos musicais através do instrumento europeu. O projeto é aberto a todo público, e os alunos têm a possibilidade viver novos contextos socioculturais. Em 2012, inovou com apresentações inusitadas, tocando a gaita de fole fazendo embaixadinhas, em cima da corda bamba, de cabeça para baixo ou até mesmo tocando duas ao mesmo tempo. A arte totalmente brasileira de tocar o instrumento, chamando a atenção dos jovens para algo diferente é algo diferente, que atrai e gera interesse na sociedade. N4 nossojornal.org Metodologia de projetos nas escolas, é possível? A visão da concepção pedagógica tradicional, ainda dominante, busca pela imposição da disciplina como parte fundamental para o sucesso educacional, na memorização dos conteúdos como forma de apropriação dos conhecimentos tidos como essenciais. Adotar um enfoque transdisciplinar permite conceber a aprendizagem como um processo de indagação, no qual se relacionam diferentes campos de conhecimento e de saberes. A transdisciplinaridade como conhecimento de si e do mundo. A abordagem baseada em projetos busca “abrir os olhos dos alunos para o mundo que os aguarda”, uma vez que ela leva à colaboração tão necessária em todos os ramos de atuação profissional para dentro da sala de aula. Pesquisar é o ato de procurar respostas a perguntas ou informações. A pesquisa contribui para a construção do conhecimento. Na Educação, a pesquisa deve ser uma atividade capaz de produzir um conhecimento “novo” a respeito de um determinado assunto, relacionando as informações obtidas ao conhecimento de mundo. Dois fatores são essenciais para que isso ocorra: o aluno deve ser sujeito da educação e o professor, o mediador desse processo. Alguns imaginam que esse desafio começa apenas na fase acadêmica, quando o estudante é levado a produzir textos próprios, sobretudo uma monografia ou tese. No entanto, essa prática deveria começar desde cedo. Grande parte da defasagem do ensino se dá pelo fato de que os alunos são forçados a repetir o que está nos livros, sem muitas vezes encontrar significado para isso. Consequentemente, outro fator que traz grandes dificuldades no momento de redigir textos acadêmicos é falta do hábito da escrita. Escrever é um hábito que vai sendo aprimorado no seu exercício contínuo. Existem coisas que, quando são aprendidas desde cedo, fazem enorme diferença por não deixar lacunas na formação do indivíduo. A partir de qual idade professor pode começar a adotar projetos? Não existe idade certa. No caso de alunos mais novos, deve haver um maior direcionamento por parte do professor, porque as crianças não são tão independentes. No ensino médio, eles já têm mais condições de desenvolver um trabalho em que podem traçar seu próprio caminho. O que os professores devem fazer antes de começar? Primeiro é preciso pensar pequeno e não começar com trabalhos que durem o semestre todo, porque vai ser desafiador demais para administrar. Um bom começo é adotar um tema já ensinado no passado, que se domina bem, mas que não trouxe satisfação com o jeito com que os alunos se envolveram. É a oportunidade de contornar esse problema e despertar o interesse das crianças desde o inicio, de um jeito em que não fiquem só memorizando, mas pensem antes de fazer algo. Três perguntas são essenciais para se iniciar: O quê? Por quê? Para quê? Que dicas pode-se dar para um professor que queira iniciar o trabalho com projetos neste ano letivo? Em primeiro lugar não se começa um projeto esperando coisas maravilhosas no final sem que seja estabelecido um acompanhamento contínuo. Estar ao lado de todo o processo é a principal medida que se deve tomar. Todos os momentos é preciso ir atrás do que os alunos estão fazendo, o que entenderam e como estão preparados para enfrentar o que vem pela frente. Além disso, o professor deve fazer verificações constantes para ajudar no plano de aula e, assim, saberá quais pontos são mais desafiadores, em quais os alunos estão com dificuldade e se isso é um problema com o grupo ou restrito a um único aluno. Essa avaliação, chamada de formativa, deve acontecer ao longo do projeto e não precisa de mais tempo e nem de muitos recursos. No fim, o professor também não ficará surpreso com o que foi apresentado, porque o bom trabalho final é resultado de toda a avaliação contínua que ele desenvolveu junto aos alunos. Educação, um direito de quase todos! Conservadores, Liberais e Socialistas, um show de teorias e ineficiências práticasPor André Correia Desde o ano de 2010 que vivo a experiência de lecionar na escola pública. Iniciei minha experiência com o ensino médio, mas por encontrar adversários em demasia escolhi mudar de faixa etária e hoje leciono para o ensino fundamental. Não me arrependo da decisão, são mais receptivos, embora agressivos e temperamentais. Tudo começa no 6° ano, os fracos são perseguidos e os amigos se fazem e desfazem com a fofocada do dia a dia. A estranha transição que se estende do (6°) ao (9°)ano, com o maldito horário do recreio e o cruel espaço do refeitório. Nos sobra ainda como ponto negativo, o estatuto da criança e do adolescente, a delinquência juvenil e a super população de alunos. Meninos de barbas junto com alunos que usam talco e acessórios. E este dilema não é apenas brasileiro, seja no mundo privado, seja em instâncias públicas. Educar é o grande desafio da humanidade. Filmes, seriados e documentários retratam o estrangulamento da mini-sociedade. A escola avança dentro de um retrocesso imensurável. É perceptível que os pais também precisam de formação, pois foram moldados dentro da escola de massa e sofrem com o conceito de educação do século passado, assim como os professores e gestores educacionais. N5 nossojornal.org Silvia Quintan será uma das colunistas do "Nosso". Ela é Psicóloga, Palestrante e Escritora. Leia o que diz a Silvia Quintan sobre a sua trajetória de vida profissional. A gestalt-terapia é mais do que uma linha de trabalho, ela se tornou uma filosofia da minha própria vida. Digo sempre e muito que a ética se afina entre o dizer e o fazer. Não posso fazer na minha vida diferente do que eu faço no meu Consultorio. Acredito no ser humano acima de qualquer coisa. O amor é uma atitude para com alguém e para com o mundo. Entendo que lamentações e revoltas nos levam a perder tempo. É preciso lançar mão desta energia e iniciar um movimento de luta por aquilo que acredita. E assim tem sido os meus dias desde sempre! Desde o início da minha graduação onde passei pelas ruas de Niterói, instituição de crianças em condição de abandono em São Gonçalo e na Comunidade do Rio de Janeiro, buscando corroborar a hipótese de que uma situação pontual ou trajetória não determina a vida do indivíduo. E consegui mostrar que através do trabalho com um Psicólogo, é possível que a vida de um ser humano, independente dos atravessamentos, seja de dignidade, caráter, pessoa de bem. Dei sequência a minha profissão até que engravido. Com 30 semanas de gestação, dou à luz os trigêmeos Kayque, Eduarda e Beatriz. O parto prematuro, em 25 de janeiro de 2011, seria o início de uma jornada que, dia após dia, mostra que perder as esperanças não é uma opção. Depois de enfrentar vários problemas — de cirurgias a cegueira, passando pelo câncer — e serem desacreditadas pelos médicos, as crianças vêm crescendo e provando que a crença na vida não é em vão. Nos primeiros dias de vida, os bebês precisaram ser submetidos a uma cirurgia no coração. As meninas sofreram uma hemorragia cerebral durante a operação, o que comprometeu, em Eduarda, a área motora, e em Beatriz, a área da visão. Foram quase três meses de internação na UTI neonatal. Depois da alta, ainda vieram as notícias de que Bia não poderia enxergar, ouvir nem andar devido às complicações do procedimento, e de que Duda, com paralisia cerebral, não conseguiria se locomover, falar nem comer alimentos sólidos. Três dias depois desta notícia da Duda soubemos que a estava com Câncer na supra-renal. Kayque, por sua vez, teve hérnia inguinal. Por muitas vezes, ouvi de médicos que as crianças não fariam progressos. Mesmo assim, não desanimei: por conta própria, buscou tratamentos que, pouco a pouco, deram frutos. Eu sempre acreditei que existe vida além de um “não”, então quis tentar fazer algo. No hospital de reabilitação, vi muitas mães vivendo a mesma história que eu e desistindo. Mas não deixei meu sonho morrer e fui em frente - neste momento nasceu o sonho de escrever um livro para que estas mães pudessem perceber a força que existe dentro delas. E este livro foi lançado em 01 de dezembro de 2014 na Livraria Nobel do Shopping Boulevard São Gonçalo, onde você ainda pode adquirir o seu!! Penso que deixar-se abater, perder as esperanças e apenas lamentar é inútil: Não vale a pena ficar se questionando, mas sim pensar no que dá para fazer e ver o que a vida apresenta de possibilidades para que se consiga lidar com os problemas. N6 nossojornal.org Da sociedade frente à morosidade da Justiça Como queremos a justiça? A resposta não pode ser outra a não ser justa e célere, pois a demora na entrega da prestação jurisdicional, traz ao cidadão, uma sensação de desamparo do Estado para resolver determinados conflitos. Pois bem, o Estado têm a obrigação de garantir a segurança jurídica, pois não existe uma sociedade equilibrada e justa, se não houver um judiciário eficiente e eficaz, e cumprindo com tais requisitos, consegue alcançar o papel social. Ninguém quer uma justiça amanhã, o cidadão lesado ou na iminência de lesão de seu direito, quer resposta imediata do Estado, que esta inserida no próprio conceito do direito-garantia que a justiça representa, pois na maioria das vezes, a justiça que tarda, falha. Nesses casos, é preciso respeitar o artigo 5º da Constituição Federal, inciso LXXVIII que trata da duração razoável do processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação. Já no que tange ao Advogado, importante destacar a sua função social e a importância e a indispensabilidade desse profissional na sociedade, tendo em vista que, em nosso ordenamento jurídico, esta constitucionalmente garantido, e no seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce, sem sombra de dúvidas, função social. Com isso, ao deparamos com os desafios da justiça, temos a nobre e árdua missão de defender a Constituição, a ordem jurídica, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da Justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. Por tais razões, o problema da morosidade da Justiça não está no número excessivo de recursos, mas na falta de investimentos nas estruturas do próprio Judiciário, na diminuta contratação de juízes, e na inexistência de aparelhamento e estrutura tecnológica, que hoje caminha a passos de tartaruga, que são fatores fundamentais que ajudariam a agilizar e muito o andamento dos processos. Assim, colocar nas costas da advocacia toda a culpa pelo problema da morosidade do Poder Judiciário é uma deslealdade institucional, que a Ordem dos Advogados do Brasil não poderá permitir, e deverá, sem dúvidas, se posicionar a respeito, colocando um basta nessa campanha difamatória na tentativa de desmoralização da advocacia. Adriana Brandão é Advogada NEACA Núcleo Especial de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência Doméstica e Sexual em São Gonçalo Projeto se propõe a oferecer acompanhamento continuado, numa perspectiva interdisciplinar, nas áreas de Serviço Social, Psicologia, Pedagogia, Jurídico, Educação e Saúde às crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica e sexual residentes no Município de São Gonçalo.A implantação do NEACA-SG é uma reivindicação antiga dos movimentos sociais que realizam prevenção e assistência às crianças e adolescentes para ampliar a oferta local de acompanhamento especializado e fortalecimento da rede de proteção social destinada às crianças e adolescentes que se encontram vulneráveis à violência doméstica sexual. Objetivos: · Garantir atendimento nas áreas social, psicológica, jurídica e pedagógica às crianças, adolescentes e familiares encaminhandos pelas instituições que integram a rede de proteção social de São Gonçalo, que tenham sofrido violência doméstica e sexual. · Buscar estratégias e alternativas que favoreçam a redução dos agravos psíquicos e físicos decorrentes da violência sofrida. · Promover e realizar palestras, seminários e cursos relacionados à política de atenção à criança e ao adolescente para divulgar e debater a legislação Federal, Estadual e Municipal de proteção e garantia dos direitos da criança e do adolescentes. ·Contribuir para a interação e articulação de atendimento à criança e ao adolescente em São Gonçalo a fim de analisar, definir e instituir rotinas e fluxos de atendimento. Horário de Atendimento: De 2ª a 6ª feira Das 9:00 às 17:00 h. Contato: [email protected] N7 nossojornal.org Guia N8 nossojornal.org Elite gonçalense, ela existe? Por Matheus Graciano O Brasil é e sempre foi um país desigual. Apesar dos últimos governos repetirem exaustivamente que a desigualdade financeira diminuiu entre as pessoas, o desnível absurdo ainda prevalece. É verdade que a renda caminha rumo à igualdade, mas o abismo educacional não mudou. Em São Gonçalo, por exemplo, com muitas pessoas nas chamadas “classes C e D”, camadas que mais ascenderam economicamente, a falsa sensação de “poder comprar” mascara uma pergunta bem pertinente em tempos de ostentação: ainda existe elite goncalense? Antes de escrever o post, pedi algumas contribuições nas redes do SIM São Gonçalo. Esse comentário resume um pouco do que se acredita ser “elite”: “Sobre a ‘elite gonçalense’, conheço uma família que tinha uma situação financeira bem bacana. Moravam no Galo Branco, numa ‘puta’ casa. A mulher andava de ‘Audi’, o homem de ‘Hilux’, o filho de ‘New Beetle’ e filha de ‘Honda Bis’, porque era bem novinha. Só que os negócios cresceram de uma maneira que se viram obrigados a mudar. Ficaram muito ‘visados’, como eles próprios relataram. Hoje, vivem em uma cobertura em Charitas, onde eles são apenas mais uma família rica e não A Família Rica.” Olhando a palavra “elite” em alguns dicionários, cheguei a definições como “o que há de melhor na sociedade” ou “que detém alguma influência e prestígio”. Observando isso, é importante ressaltar que as “elites” são representadas em diversos segmentos. Nas artes, letras, atividades médicas, economia, entre outros campos, todos têm algum tipo de parcela considerada elite. Mas, por que o quesito dinheiro é tão relacionado à palavra? “Ficaram muito ‘visados’, como eles próprios relataram. Hoje, vivem em uma cobertura em Charitas, onde eles são apenas mais uma família rica e não A Família Rica.” Comentários abertos feitos na página do facebook refletem um pouco do que se sente nas ruas. Frases como “as elites estão na Barra da Tijuca ou Niterói” são frequentes. Muito disso é explicado se voltarmos um pouco no tempo. Anos atrás, o acesso ao conhecimento e a informação eram restritos a poucos que tinham algum mínimo poder econômico. Sabemos que muita coisa mudou, mas a ideia de que o “dinheiro” te introduz na “elite” continua a mesma. Para muitos, ainda bem, a deficiência financeira já não é mais a vilã. O problema faz parte do modelo mental que temos. Esse “modelo” pode ser traduzido como “jeito de pensar”. Muitos ainda tem uma mente modelada por crenças que hoje já não fazem tanto sentido como antigamente. Ter muito dinheiro, por exemplo, já não te faz tão “especial” assim. Em São Gonçalo ou em qualquer outra cidade brasileira, ainda percebemos que “mostrar que é rico” virou um pequeno show, que pode ser “assistido” nos instagrams, youtubes e nas ruas, nos roncos das motos barulhentas ou cantando pneu por aí. Mas com tanto dinheiro no mercado, até quem tem muito já não consegue ser visto com tanto destaque, uma vez a mágica do “12x sem juros” fez com que muitos tivessem acesso a quase tudo, mesmo que parceladamente. Hoje, com uma realidade “um pouquinho menos desigual”, a percepção de que a “elite gonçalense” deixou de existir está mais nítida. A verdadeira elite se dá por um fato: acesso à educação. Entretanto, até mesmo as escolas que antes eram referência na cidade, perderam o posto para outras instituições de ensino que se parecem mais com “máquinas de treinamento para o vestibular”. Nessa peneira, passam os mais aptos, salvam-se os que tem uma índole curiosa e se libertam aqueles cujas famílias são suficientemente instruídas para guiá-los. Por outro lado, as gerações mais antigas ainda acreditam em símbolos que já não fazem mais sentido quando o intuito é ser visto como elite, até mesmo intelectual. Para reforçar essa posição, os mais jovens também já não veem sentido algum em ser como eles, algo que no passado ainda era uma aspiração. Mais uma vez, o modelo mental aprisiona os mais velhos e força os mais jovens a construir novos moldes que ainda nem foram testados. O que se vê é o retrato da situação atual, onde “nunca antes na história o futuro foi tão incerto.” Talvez a resposta para a pergunta título não exista. Talvez essa “nova elite” esteja em construção. Talvez ela nunca mais exista como se conheceu no passado. De qualquer forma, os membros das futuras elites, de quaisquer segmentos, estão por aí. Dispersos, desorganizados, mas agindo e implantando formas livres de pensar. Seja em São Gonçalo, Rio de Janeiro, Brasil ou no mundo. N9 nossojornal.org O abandono do patrimônio gonçalense Por Luciano Tardock -Há algum tempo, mais especificamente no final de 2012, fiz uma série de textos pro site Tafulhar SG, sobre a questão do patrimônio cultural gonçalense. Basicamente, falava sobre o abandono do mesmo. Como este vinha sendo maltratado e deixado de lado porque, simplesmente, não é do interesse dos governantes. Para além disso, servem como uma crítica para a sociedade, já que uma cidade sem memória se torna um repositório do pior tipo de agente social: o politiqueiro. O politiqueiro é aquele indivíduo que só aparece em vésperas das eleições, pede voto, abraça, bota criancinha no colo, beija mãe, tia, avó, gato, cachorro e galinha. Até aí, nenhum problema. O grande problema é pensar como esses indivíduos vencem eleições. Será que o povo faz a sua parte? Por que diabos eu falo que o povo sem memória é presa fácil para esse tipo de “agente social”? É uma equação simples, até. Basta seguir a seguinte linha: se o povo não tem referências históricas da região onde mora, se não conhece seu entorno, nem as características do passado da localidade, ele não tem apego. Se o apego ao local de convívio não existe, o povo não tem por que exercer papel de cidadão (que difere totalmente do de povo) e aí, acaba escolhendo qualquer candidato, inclusive os piores tipos possíveis. E são esses que constroem, ou destroem, o processo de valorização dos bens culturais das localidades que devem ser preservados. Tudo isso por considerarem que tudo aquilo que é “velho” deve dar espaço ao “novo”, sem possibilidade de coexistirem. De fato, não existe nenhum crime em construir espaços para o novo. O problema é destruir o que é anterior, tirando a possibilidade da população participar desse processo de identificação com seu lugar de origem ou o local que escolheu para viver. A pesquisadora Maria Célia Paoli afirma que “o reconhecimento do direito ao passado está ligado ao significado presente da generalização da cidadania por uma sociedade”. Mas o que dizer quando o poder público se movimenta pouco sobre essa causa? Ano passado, tive o prazer de ajudar no processo de desenvolvimento do projeto de lei que aborda a questão do patrimônio artístico, cultural e histórico de São Gonçalo. Projeto esse que foi votado pelo legislativo mas que o Prefeito optou por vetar. Enquanto isso o patrimônio Gonçalense definha. O 3° Batalhão de Infantaria foi destruído, numa parceria esquizofrênica entre os governos municipais e estaduais. A Fazenda Colubandê permanece por sua própria conta e sorte, a Capela de Nossa Senhora da Luz, em Itaoca, teve sua obra de escultura sacra roubada no último dia 3 de junho – e recuperada pela Polícia Civil de Maricá três dias depois. Em 2012, a situação era ruim para o patrimônio cultural de São Gonçalo. Praticamente 3 anos depois, a situação conseguiu piorar drasticamente. Com o avançado processo de deterioração desses e de outros bens, parte da memória, da história, do apego que o gonçalense poderia ter para com sua cidade, desaparece mais um pouco. E é assim dentro desse projeto que os politiqueiros atuam. Ganhando votos daqueles que não tem esperanças na mudança e na melhoria da cidade. Nunca se tratou de santificar ou de sacralizar os espaços reconhecidamente históricos, ou os fazendo permanecer inacessíveis ao público. A Fazenda Colubandê teve escravo e açoite, a Capela da Luz foi também erguida por escravos, o 3° Batalhão de Infantaria foi local de treinamento dos pracinhas que foram para a Itália na 2° Guerra Mundial, mas também foi cenário de torturas durante a Ditadura Militar. Então por que manter esses lugares e por consequência, essas memórias? A resposta é simples: para que esses crimes, escravidão e tortura nunca mais se repitam, e para que as resistências e ocupação da cidade realmente aconteçam! N10 Guia N11 nossojornal.org Uma História Gonçalense de Amor e Fé Por Alex Wölbert Histórias de amor acontecem em todos os lugares do mundo. Mas posso garantir que as que acontecem na nossa cidade são as mais belas. Quando a linda jovem Mathilde Ferreira cruzou os olhos para o jovem imigrante português Francisco Rodrigues, desabrochou como um botão de rosa o maior de todos os sentimentos. E nada nesse mundo, nada mesmo, mudaria o rumo dessa história de amor. Nem mesmo o pior dos desastres separaria o casal. Por pior que fosse, era como uma cabeça de alfinete perto da fé que Mathilde tinha no coração. Era do pescado que Francisco tirava seu sustento. Quando estava em alto-mar, Mathilde fazia companhia em seus pensamentos. Estava na hora de concretizar a união. Marcaram o casamento para o primeiro dia de junho de 1900. Francisco e Mathilde RodriguesE assim foi feito, naquela primeira sexta-feira do mês de junho. Todavia, por conta do compromisso com seu trabalho, Francisco nem teve tempo de curtir seu primeiro dia de casado ao lado da sua esposa Mathilde. Logo cedo, saiu com a embarcação do cais de Neves e varou mar à dentro com mais 29 tripulantes a bordo. Ele esperava que o bonito dia de sol e o frescor da brisa do mar fossem abençoar o seu dia. Tão logo a embarcação estivesse lotada de pescado, estaria em casa nos braços da sua amada. No entanto, Francisco estava enganado. Eis que de repente, mais rápido que um piscar de olhos, o céu se cobrira com um véu negro. O vento começou a assobiar desesperadamente entre as cordas de sustentação da rede. Raios brilhantes como flash varavam o céu. As ondas de 3 metros de altura que batiam violentamente na embarcação, a balançavam como um pêndulo desritmado no meio do oceano. A violência do sacolejo era tamanha que Francisco foi jogado de um lado para outro até bater com a cabeça no mastro e apagar. Acorda com a água gelada e salgada alisando seu rosto. Olha para um lado e para o outro à procura da embarcação e de seus companheiros, mas não vê nada, nem ninguém além de um tronco boiando próximo ao seu corpo. Mesmo cansado, lutando pela sua sobrevivência, Francisco agarra aquele tronco com todas as forças que lhe restavam. Sabia que aquele tronco era único caminho para manter-se vivo. Enquanto isso Mathilde via o tempo passar olhando para frente da casa na esperança de que seu marido chegasse com o mesmo sorriso que a fez se apaixonar. No íntimo, Mathilde pressentia que ele não voltaria com aquele temporal. Mas, em nenhum momento, perdera a fé, pois desde criança sempre foi católica e muito devota de São Pedro. Então, se ajoelhou e orou com a maior de sua fé, fazendo uma promessa ao santo protetor dos pescadores. Se São Pedro trouxesse seu esposo, Francisco, são e salvo, como prova de sua fé construiria uma capelinha para o santo de devoção, dentro do terreno de sua casa. Mathilde orou, ininterruptamente, durante 3 dias e 3 noites que perduraram a tempestade. Passados 14 dias, os corpos dos 29 pescadores que estavam na embarcação apareciam um a um, sem vida. Todos, exceto Mathilde, perdiam a esperança de encontrar Francisco vivo. Eis que, naquele mesmo dia, ela teve a certeza de que os anjos existem. e foi através de um deles que recebeu a notícia de que Francisco estava vivo e que teria sido resgatado, em estado gravíssimo, a quilômetros de distância de onde ocorreu o acidente e havia sido levado imediatamente ao Hospital Municipal São João Batista, em Niterói. Mathilde não se conteve e de joelhos levantou as mãos para o céu agradecendo de todo o coração ao santo que confiou a vida de seu amado. Quadro de São PedroNo hospital, ainda em estado delicado, Francisco não pôde estar ao lado de Mathilde no dia 29 de junho, quando cumprira a primeira parte da sua promessa, mandando rezar a primeira ladainha para o santo diante de um quadro de São Pedro. A partir desse dia, a história do casal Ferreira Rodrigues não foi diferente de todas as outras histórias que possuem finais felizes. A recuperação de Francisco foi bem rápida e logo ele estava ao lado da mulher que amou para toda vida. Mathilde e Francisco tiveram 10 filhos. A nenhum deles foi dado o nome de Pedro. Mas, como forma de agradecimento ao santo e a fé de sua esposa, ele fez um pedido à família para que o primeiro neto fosse batizado como Pedro. E assim foi feito. Hoje, são aproximadamente 20 descendentes em quatro gerações com o nome de Pedro na família. Nada melhor do que terminar uma feliz história de amor com o famoso bordão “E foram felizes para sempre”. Sim, foi assim com Mathilde e Francisco que, até o final de suas vidas, contagiavam a todos com seu amor, cativando a devoção pelo santo que os uniu para eternidade. Prestes há completar 114 anos, no dia 29 de junho de 2014, a Capelinha de São Pedro é prova viva desse amor e fé. Ela fica na Rua Nova de Azevedo, 421, Neves, São Gonçalo. Atualmente, é mantida pela neta do casal, a senhora Mathildes. É ela quem cuida dessa relíquia junto à família, compartilhando essa linda história por gerações. Eis aqui a minha verídica história gonçalense de amor e fé. Onde em nenhum lugar deste mundo, nem sobre uma gôndola no cenário de Veneza, bateria o esplendor da nossa história ocorrida no bairro de Neves, em São Gonçalo. Interior da Capela Curiosidades: O primeiro quadro de São Pedro exposto na primeira ladainha realizada em 29 de junho de 1900 encontra-se em exposição na capela. A Capelinha não é aberta ao público e quem quiser visita-la deverá solicitar a família Ferreira Rodrigues. N11 nossojornal.org Sessão Solene da Câmara dá início ao Centenário de Carequinha Por Frederico CarvalhoAo contrário do que muitos pensam, Carequinha, o ícone de nossos Picadeiros, do Rádio, da TV e dos inúmeros shows pelo país afora, não é gonçalense por adoção, como dizem alguns. Sua família morava em Neves e o Circo da família estava em Rio Bonito. Assim, bem que poderíamos inverter, dizendo que George Savalla Gomes nascera em Rio Bonito por um “acidente” de trabalho. Historicamente isso conta. Mas Carequinha está muito acima de discussões meramente bairristas. Carequinha era, e é, de todos! Todos temos o direito de homenageá-lo pelo seu centésimo aniversário, mesmo que já tenha partido daqui há quase dez anos. E é isso o que faz uma Comissão autoconstituída e reconhecida pelo poder municipal de São Gonçalo, que compreende entre os dias 18 de julho de 2015 e de 2016 como o “Ano do Centenário de George Savalla Gomes, o Palhaço Carequinha”. Tal comissão, presidida pelo professor e comunicador Frederico Carvalho, não se resume aos nomes publicados no decreto. Há muitas outras pessoas e entidades de envergadura, trabalhando com a própria família, para que nossos jovens e crianças conheçam melhor a importância de Carequinha nas Artes, na Cultura e, até na Educação do Brasil. Em homenagem aos 100 anos desse grande artista, a Câmara Municipal de São Gonçalo realizará Sessão Solene, sob a presidência do Vereador Diego São Paio, na sede da OAB-São Gonçalo, no dia 17 de julho, às 19h, com a presença de autoridades, familiares, personalidades e público que deseje homenagear Carequinha. Será apenas o primeiro evento, de muitos já programados, entre exposições, shows, lançamentos de livros, cartilhas e muito mais. Quem tiver qualquer souvenir de Carequinha, como uma foto, um brinquedo, uma revista, reportagem, etc, pode se comunicar com a Comissão pelo Facebook (https://www.facebook.com/carequinha100anos), pelo [email protected] ou pelo telefone (21) 96429-2677. Professor JORGE CARLOS DA SILVA comemora 50 anos de Ordem Rosacruz. Fundador da Loja Rosacruz Amorc de São Gonçalo, o Professor Jorge Carlos da Silva comemora 50 anos de Afiliação à Ordem, no dia 10 de julho. Com 83 anos de idade e um raciocínio excepcional, inspira gerações com sua presença, luz interior e dinamismo. Natural do Estado do Rio de Janeiro, iniciou no serviço militar em 1952, no 3º RI, como recruta, até alçar o posto de capitão. Em meados da década de 50, integrou a Força de Emergência das Nações Unidas, Batalhão Suez, permanecendo no Egito por 1 ano e 4 meses, tendo conhecido vários países. Quando retorna ao Brasil, casa-se com Geanete, sua colega de ginásio. Desse casamento, nasceram seus três filhos, além de seis netos. Em 1965 afiliou-se à Antiga e Mística Ordem Rosacruz - AMORC e passou a frequentar o Pronaos Rosacruz de Niterói. Em 1971 foi empossado Mestre do Capítulo Rosacruz de Niterói, por maioria absoluta dos votos, iniciando o trabalho de elevação do Capítulo à Loja, que ocorreu em julho do mesmo ano. Um grande legado, pois naquela época só existia a Loja Rio, na região. Foi Mestre da Loja por três vezes, Grande Conselheiro Regional e ocupou vários outros cargos de relevância. Contador, Professor de Geografia pela Faculdade Federal de Geografia (membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Gonçalo), Pedagogo, quando se aposentou do serviço militar, iniciou Pós-Graduação, especializando-se em Estudo de Problemas Brasileiros. Em 2000, fez Psicologia e Pós-Graduação em Relacionamento Amoroso e Sexualidade Humana. No campo de Terapias Holísticas, fundou, juntamente com Ana Gomes, o Instituto Espaço Cultural Espaço da Vida, do qual é diretor. Possui conhecimento em Terapia Ortomolecular, Fitoterapia, Bioquímica, Parapsicologia, Cinesiologia. É autor do livro “Energia Total À Luz da Cinesiologia Mental” e coautor do livro “Magia das Estrelas”. N13 Guia N14 nossojornal.org Uma Visão Psicológica do Trânsito Gonçalense Por José Eduardo Testahy Trânsito Gonçalense Foto: Matheus Vieira A educação de uma sociedade é refletida em seu sistema viário. Infelizmente não é difícil constatar que a situação do trânsito gonçalense não é das melhores. O mais curioso é que o governo municipal parece não ter o conhecimento disso ou faz questão de ser omisso. Essa omissão resulta em inúmeros acidentes de trânsito, aumento na demanda por leitos hospitalares e cirurgias pelas vítimas do trânsito, além dos prejuízos materiais para os motoristas envolvidos em colisão. Se o comportamento no trânsito é reflexo da educação, qual trânsito devemos esperar para São Gonçalo? Não é de hoje que falta interesse, por parte da prefeitura, em investir na sinalização e nos equipamentos de trânsito. São Gonçalo, com seu território abrangendo cidade e zona rural, cresceu de forma desordenada, sem infraestrutura e sem planejamento. O seu trânsito é apenas um contraste dessa desordem associada com a omissão de grande parte de seus políticos. Falta educação, saúde, saneamento, cultura, lazer e principalmente respeito. O que podemos esperar do futuro de uma cidade se ela não for respeitada pelos seus próprios governantes? A Psicologia do Trânsito tem sido uma forte aliada aos governos sérios, comprometidos com o planejamento dos seus sistemas viários. Esse tipo de Psicologia estuda o comportamento de pedestres – em todas as faixas etárias -, do motorista amador e profissional, do motoqueiro, do ciclista, dos passageiros e dos motoristas de coletivos. Ao realizar a previsão de situações em curvas, cruzamentos e lombadas, juntamente com uma série de atitudes em relação aos demais usuários, normas de segurança e ao limite de segurança, promove a redução do índice de acidentes e também do nível de estresse entre os condutores. Se o comportamento no trânsito é reflexo da educação, qual trânsito devemos esperar para São Gonçalo? Empreendedor ou Empresário, qual o seu perfil? Por Davi AndradeNo último artigo eu disse que para ser um empreendedor de sucesso, era necessário, também, ser um excelente empresário. É muito comum pessoas acharem que as duas palavras têm o mesmo significado, contudo, há bastante diferença entre elas, pois, o termo “empreendedor” está mais ligado à forma como uma pessoa vê o mundo, como ela age diante dos desafios e de como encara os riscos. Já o termo “empresário” define quem cuida dos negócios, quem administra, cuida da gestão e avalia riscos de um ponto de vista bem diferente do empreendedor. Na verdade os dois conceitos se complementam e precisam andar de mãos dadas para que haja sucesso nos empreendimentos, daí a minha afirmação. Mas é importante salientar que nem todas as pessoas, muito poucas na verdade, conseguem reunir as duas qualidades em quantidade que as tornem autossuficientes nos dois perfis. O normal é que pessoas com o espírito empreendedor se associem, seja por meio de sociedade ou parceria, a pessoas com um perfil de empresário. Isso fica muito claro quando vemos alguns casos de sucesso, onde há a mente criativa e uma outra voltada a viabilizar o negócio. O importante é que saibamos identificar qual é o nosso perfil e se, e onde, será necessário contar com o apoio de outra figura. Muitos pequenos negócios ficam estagnados ou mesmo regridem, pelo fato de seu criador querer manter total controle sem ter conhecimento suficiente ou, simplesmente, não conseguir acompanhar de perto tudo o que sua empresa precisa para crescer. A todo instante são lançadas novas ferramentas de gestão, marketing, processo, estudos são realizados apontando como melhorar a produtividade, seja na indústria ou na prestação de serviços, enfim, existe muita coisa acontecendo a todo instante e quando queremos fazer tudo sozinhos, deixamos passar algo importante. Hoje em dia, mesmo os mais preparados empresários têm um batalhão de assessores para ajudá-los a acompanhar, de perto, as mudanças. Portanto, se aceita uma dica que lhe dou, associe-se a pessoas – sim podem ser várias – que o complementem, pois isso irá tornar sua empresa mais preparada para enfrentar o mercado. Para ilustrar o que digo, vamos olhar para o exemplo a seguir: imagine um cozinheiro, especializado em comida nordestina, que quer montar um restaurante e chama para sócio um amigo, também cozinheiro, mas especialista em comida típica do sul do Brasil. Nenhum dos dois possui formação ou experiência empresarial, então, apesar de ser excelente o fato de os sócios contarem com experiência em diferentes tipos de cardápios, lhes falta alguém que possa guiá-los na direção certa quando o assunto for “a empresa” e isso pode fazer com que muitas decisões erradas sejam tomadas, consumindo tempo e dinheiro preciosos. O que estou querendo dizer com tudo isso é que não é mandatório você ter um sócio “empresário”, mas essa área do negócio é tão importante quanto a sua operação, por isso, você precisa avaliar com cuidado sobre quem estará responsável por isso, até mesmo se for você, e deve se fazer a pergunta: “eu estou realmente preparado para isso?” Se a resposta for um sonoro “não”, não perca tempo e procure ajuda, não desista da sua ideia, mas saiba que o sucesso também depende de uma boa gestão, como vimos. Caso você não deseje compartilhar o comando da sua empresa, sempre é possível contratar pessoas capacitadas para isso, seja como funcionários, seja através de outras empresas prestadoras desse tipo de serviço, todavia, caso você escolha esse caminho, lembre que você é o principal gestor e que aquelas pessoas ou empresas estão ali para lhe ajudar, contudo, a responsabilidade sobre as principais decisões continua sendo sua. N15 nossojornal.org ENTREVISTA COM ÉRICA VIEIRA Érica Vieira é comunicadora independente. Mãe de três filhos, trabalha de 13h30 as 22h00 como Caixa num supermercado de Niterói. Em 2012 criou A Voz do Mundel, uma página no Facebook, destinada a mostrar o que acontece em seu Bairro. Édipo Ferreira: O que te motivou a criar a Voz do Mundel? Érica Vieira: Estava cansada de sermos ignorados há anos. Eu via os moradores reclamando demais dos problemas daqui: violência, ruas esburacadas, a demora na espera do ônibus... Foi aí que tive a ideia de criar a Página, um lugar para eles falarem dos descasos aqui do Bairro Édipo Ferreira: Quais são seus objetivos com a Página? Minha intenção é chamar a atenção das Autoridades. Fazer com que eles escutem a voz dos moradores daqui. Édipo Ferreira: Você deixa os moradores daqui e a quem visualizar a Página informados. Você se considera uma jornalista? Não. Talvez por preconceito contra mim mesma, pelo fato de não ter estudado pra isso e por respeitar muito a profissão. Mas me sinto à vontade para escrever sobre o meu dia-a-dia, minha realidade, o que vivencio aqui. Édipo Ferreira: Após você ter criado a Página, sua popularidade no bairro aumentou. Perceberam o peso da sua representação e te convidaram para se filiar a um partido, porque você recusou o convite? Por vários motivos: medo,... Édipo Ferreira: Medo de que? Temor pela minha vida e a dos meus filhos. Também não entendo muito das coisas relacionadas à política e sou muito tímida, não sei se conseguiria falar em público. Édipo Ferreira: A mídia oficial é ausente no seu Bairro? Mais ou menos. Ela só aparece aqui para relatar tragédias e coisas relacionadas ao Condomínio do Minha Casa Minha Vida*. (*Condomínio Vila 1 e Vila 2, construído pelo Programa Minha Casa, Minha Vida) Édipo Ferreira: Que análise você faz do seu Bairro? De quando eu era criança pra cá, o Mundel não mudou muito. O último grande acontecimento aqui foi a vinda do Condomínio, o que, de maneira geral, só serviu para aumentar o número de famílias e da violência. Édipo Ferreira: Você me disse que sofreu ameaças por denunciar os descasos de seu Bairro. O que foi que te disseram? Uma pessoa anônima entrou na Página e me "orientou" a não falar mais do Prefeito e dos Vereadores em meus comentários. Falou que, se eu continuasse, as coisas poderiam ser piores, no sentido de melhorias e que era para eu tomar cuidado com minhas postagens. Édipo Ferreira: Quais são as maiores dificuldades de produzir comunicação de maneira independente? Se a Voz tivesse uma versão impressa, o acesso às informações aqui do bairro chegaria a uma quantidade maior de pessoas, pois nem todos que moram aqui têm condições de ter uma internet de boa qualidade, nem mesmo eu. Neste momento estou sem computador, minhas publicações são feitas pelo celular. Por conta das dificuldades, já pensei em parar de postar na Página. Mas pessoas que moraram aqui e que hoje residem no Rio, pedem para eu continuar, a Voz é a única fonte que eles têm para saber o que acontece no Mundel. Édipo Ferreira: Você é mãe, cuida da casa e está em período de experiência no trabalho. Como consegue tempo para trabalhar na Voz? Quando eu estava desempregada, podia me dedicar às publicações. As pessoas entravam em contato e relatavam o problema, eu ia lá e fotografava, escrevia... Agora, com menos tempo, conto com a colaboração de outros moradores, que fazem a postagem na Página, sem que eu interfira. Édipo Ferreira: Como é seu processo de produzir os conteúdos, você sai às ruas, como um super-herói a procura de problemas? (Risos) Na maioria das vezes, eu vejo os problemas e faço a publicação. Outras pessoas também mandam conteúdo. O ponto negativo é que alguns postam coisas que fogem do objetivo principal da Voz, que é mostrar nosso Bairro. Édipo Ferreira: Existe alguma publicação que tenha um grau de importância maior que as outras? Todas são especiais, pois tratam dos assuntos do meu Bairro. Eu sou apaixonada pelo lugar onde moro, apesar de todos os problemas. Quando publico a foto de uma rua esburacada e cheia de lama, é para que aquela rua seja pavimentada. Sempre que mostro alguma coisa daqui, por pior que ela seja, é para que o Mundel melhore. Édipo Ferreira: Você criou a Página com a intenção de mostrar os problemas do seu Bairro e através dela conseguir melhorias. Que melhorias são essas? Que Mundel você quer ver? Gostaria que aqui tivesse mais escolas, creches, a quantidade de creches é muito pequena. Não temos posto de saúde. Também não temos uma área de lazer, só temos igrejas e um campo de futebol. As crianças precisam de um lugar onde possam se divertir. Também acho fundamental a vinda de um curso profissionalizante, algo que ocupe os jovens e garanta um futuro mais digno para eles. Édipo Ferreira é cronista e ator. Atualmente integra o Coletivo Mundé e é colaborador do Nosso Jornal. N16 nossojornal.org Admitindo que vivemos na lama Por Mário Lima Jr De acordo com o IBGE, em 2010, 38% dos domicílios gonçalenses estavam em ruas não pavimentadas e 65% em ruas sem bueiros. Indicadores que colocam a cidade de São Gonçalo entre as piores do país em urbanização. Conhecendo esses números alarmantes, a ineficiência histórica do poder público e o efeito da chuva sobre a má qualidade do asfalto municipal, devemos admitir que a população gonçalense vive na lama. Por que é importante reconhecer este fato? Muitos gonçalenses que estudam, têm bom emprego e poderiam contribuir para o desenvolvimento da cidade negam sua realidade caótica. Limitam-se a pensar que “mais de 50% das ruas são asfaltadas”, como se fosse suficiente para o bem-estar geral. São pessoas que frequentam sempre os mesmos lugares e circulam apenas no mesmo trecho, ou seja, conhecem somente uma pequena parte deste município enorme e não encaram o descaso que assola distritos inteiros, como Ipiíba e Monjolos. Gonçalenses que passam diariamente pelas ruas menos esburacadas, como Cel. Moreira César, Feliciano Sodré e Dr. Nilo Peçanha, mas jamais pisaram no Engenho do Roçado e desconhecem a gravidade do seu atraso. Se quisessem, poderiam influenciar politicamente o governo, pressioná-lo por melhorias para seus vizinhos. Não, almoçar no início da rua Salvatori e curtir o happy hour com amigos no Baixo Alcântara deturpam sua capacidade de percepção da realidade até que se ofendem quando incluídos entre a população que vive na lama. Veem a si mesmos como cidadãos de uma São Gonçalo desenvolvida que não existe. Nenhum habitante está livre do lixo, do esgoto ou da lama após a chuva, ainda que more no Centro. Se o IBGE avaliasse a qualidade do asfalto e do funcionamento dos poucos bueiros, teríamos um retrato mais exato sobre o município. Há ruas “asfaltadas” com tantos buracos que parecem a superfície lunar, como no Vila Três. Há ruas asfaltadas que alagam com frequência, onde inundam casas e estabelecimentos comerciais, como no Porto da Pedra. Há bairros como o Alcântara onde as ruas, asfaltadas, têm verdadeiras piscinas de lama e esgoto repletas de lixo o ano inteiro, não precisa chover. Buscaremos soluções para os problemas que comprometem nossa qualidade de vida assim que admitirmos que vivemos na lama. Os gonçalenses trancados em casa 24h por dia, devido a dificuldades de locomoção entre tantos buracos e pela falta de rampas, aguardam ansiosamente este momento. A ajuda nascerá entre nós e não depende de qualquer governo. Se o Brasil passa por uma crise interminável, o país inteiro pode afundar, menos a cidade que moramos O fumo e suas consequências – por dentro dos fatos Por J Sobrinho Tenho a impressão que as mulheres estão fumando bem mais do que os homens. Em São Gonçalo, Rio de Janeiro, por exemplo, é raro a gente não ver uma mulher portando um cigarro entre os dedos. Evidente que os homens não estão excluídos da relação, mas ainda acho que as mulheres estão se sobressaindo e de forma negativa no que diz respeito a saúde. É importante saber que o cigarro pode causar uma série de doenças diferentes, principalmente problemas ligados ao coração e à circulação. Além, é claro, do próprio câncer e de enorme quantidade de doenças respiratórias. “A fumaça do cigarro é absorvida por combustão, o que aumenta ainda mais os males da sua composição”, e quem diz isso é Valéria Cunha de Oliveira, técnica da divisão de tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca) – Rio de Janeiro. Segundo ela, pode até parecer papo de ex-fumante, mas é a mais pura verdade: em cada tragada são inaladas 4.700 substâncias tóxicas. Entre elas, três são consideradas as piores: a nicotina, que provoca dependência e chega ao cérebro mais rápido que a temida cocaína; o monóxido de carbono (CO) e a substância tida como a grande vilã, que é o alcatrão, que reúne vários produtos cancerígenos, como polônio, chumbo e arsênio. Todo câncer relacionado ao fumo – como na boca, laringe ou estômago – tem alguma ligação com o alcatrão. A união desse poderoso trio de substâncias na composição do cigarro só poderá tornar o produto extremamente nocivo à saúde. Para se ter uma ideia, 90% dos casos do câncer do pulmão – a principal causa de morte por câncer entre os homens brasileiros – estão ligados ao fumo. O coração e o pulmão estão entre as principais partes do organismo atingidas. O difícil é convencer a essa legião de fumantes o quanto estão indo para o buraco bem mais cedo do que imaginam. A verdade é que o fumante não aceita, mas já está mais do que caracterizado – inclusive através de pesquisas – que a dependência do fumo nada mais é do que uma doença e não basta querer parar, tem que cuidar. . . N17 nossojornal.org Galhos de uma árvore que não para de crescer Por Ricardo Marques GarciaNo último dia 30 de março, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) aprovou a PEC 171/93 que reduz a maior idade penal para 16 anos. A aprovação da PEC dividiu opiniões e iniciou um longo debate na sociedade. De acordo com o deputado Marcos Rogério (PDT-RO), a redução da maioridade penal “tem como objetivo evitar que jovens cometam crimes na certeza da impunidade”. Será que reduzir a idade penal garante o fim da impunidade? Muito me chama a atenção o julgamento de que a motivação do “menor” seja a certeza da impunidade. Essa certeza parte dos aliciadores, na maioria maiores de 18 anos. Reduzir a idade penal em 1940 não diminuiu os índices de violência, muito pelo contrário, a violência só cresceu e o crime começou a recrutar jovens ainda mais novos. Volto na questão de que nossa política de segurança pública é falida e que a maioria das ações são paliativas. A imagem que me vem à cabeça é a que só cortamos galhos de uma árvore que não para de crescer. No penúltimo parágrafo da PEC elevam Rui Barbosa como fonte de inspiração enquanto ele dizia que deveríamos educar as crianças para não precisar punir os adultos. Me espanta achar que prendê-los junto com os criminosos que os aliciam seja educar.Não temos um sistema prisional que reabilita, mas que capacita o preso em crimes mais sérios. O que estamos fazendo é assegurar que jovens acima de 16 anos sejam colocados juntos com os mais antigos, os mais capacitados, e os aliciadores. Precisamos fazer o Estatuto da Criança e do Adolescente funcionar, precisamos fazer nossos presídios funcionarem. Precisamos de saúde, educação e moradia de qualidade. Precisamos de líderes políticos que mostrem o caminho certo. Hoje, a maior certeza de impunidade vem da corrupção na política. Temos que ir na raiz da questão. Trabalhar segurança pública com seriedade, com inteligência, com maturidade. O que esperamos do Governo é postura de exemplo, de heróis. Reduzir a maior idade penal pode ser um grande estopim e torço pra que esse tiro não saia pela culatra. Uma bagagem de conhecimentos Por Alex Wolbert Num sábado desses que fui convidado pelo jornalista e comunicador Frederico Carvalho para participar do programa semanal “Bom Dia São Gonçalo” na TV Ponto de Vista tive a honra de ser apresentando ao jornalista Rujany Martins. O programa é um debate de feras que discutem sobre tudo que foi relevante na semana do município de São Gonçalo. Meus amigos, quando aquele homem pegou o microfone e começo a falar! Ele conhecia todos os assuntos possíveis e imaginários. Política, saúde, educação, cultura e assim vai. Fiquei ali boquiaberto com seus conhecimentos. Com aquela bagagem toda jornalística facilmente pagaria uma fortuna de excesso de bagagem em um desses guichês em um aeroporto qualquer. Com o passar dos dias tive o prazer de bater papo também longe dos microfones da TV e pude entender o motivo de toda aquela bagagem. Desde garoto, Rujany, sonhou em ser jornalista e então pintou uma oportunidade em São Gonçalo num serviço de alto-falantes (rádio comunitária) chamado Araribóia. A força que faltava para a conquista de seu sonho veio através de sua mãe que um dia quando trabalhava em uma fabrica e veio almoçar em casa, ela disse ter ouvido que a Rádio Continental estava dando espaço para gente nova e encorajou-o. Lembrou que na esquina de casa havia uma gráfica no qual o dono havia lhe dito que a filha namorava Teixeira Heizen, na época locutor da Rádio Continental. Não deu outra, apresentado ao homem, dois meses depois, Rujany começava sua carreira como jornalista esportivo. Após 4 anos na Rádio Continental, foi trabalhar na Radio Tupi com Oduvaldo Cozzi e Afonso Soares e lá foi um dos responsáveis pela criação do programa Patrulha da Cidade, até hoje no ar. Ainda ficou 3 anos como contratado pela Rádio Guanabara e lá conheceu Washington Rodrigues, o Apolinho. Alem de rádio, passou também pela mídia televisiva e impressa. E foi na mídia impressa que Rujany deu um presente para todos nós gonçalense quando em julho de 1992 lançou o Nosso Jornal de Notícias. Prezando pela qualidade de suas publicações, o jornal contava com a contribuição de nomes como Salvador da Mata, Aida Faria e Geraldo Lemos. Até que em exatos 15 anos, em julho de 2007, o jornal encerrava suas atividades. Um grande pensador já dizia que quando se quer uma coisa, todo universo conspira que possa consegui-la. E ele quis. Quis ser jornalista, quis trabalhar com esporte, quis dar voz ao povo de São Gonçalo através do Nosso Jornal de Notícias. Então não é coincidência que o jornal que informou o povo gonçalense por tantos anos esteja de volta no mesmo mês em que começou lá em 1992 e principalmente com a mesma qualidade. Eu me sinto honrado de fazer parte desse time podendo contribuir, não com uma bagagem extragrande de experiência jornalística, como a de Rujany Martins, mas posso garantir ao amigo leitor pelo menos uma pochetezinha. N18 nossojornal.org O Santo, O Bule e o Cristo: a história de seu Manel do Bule AGLIBERTO MENDES E ANDRÉ CORREIA O Santo, um Bule, um Cristo. O personagem amante desta tríade chegou na Terra de Santa Cruz lá pras bandas 1955, no Brasil democrático de Jucelino kubitschek. As manchetes dos jornais se alternavam entre a tumultuada eleição de JK e a censura ao filme “Rio, 40 graus”, pelo chefe da polícia da então capital brasileira, motivada pela relação do seu diretor, Nelson Pereira dos Santos, com o comunismo. Nesse mesmo ano, Flamengo e América terminaram empatados na decisão do campeonato carioca, prorrogando a decisão para abril do ano seguinte, quando, com quatro gols do lendário Dida, o time rubro-negro conquistou, pela segunda vez em sua história, o tricampeonato local. E este era o afã de muitos corações apaixonado pelo futebol arte. Em São Gonçalo, Joaquim de Almeida Lavoura era o novo Prefeito, após uma vitoriosa campanha, realizada, sem dinheiro, em cima de um trator, com um alto falante emprestado. Em meio a todos esses eventos, Manoel Loureiro, português, ainda muito longe de ser o lendário “Manel do Bule”, chegava ao Rio de Janeiro e ia trabalhar na Praça Mauá. Mas com um sonho à conquistar. Veio pra cá em uma época em que São Gonçalo importava sonhadores em busca da terra prometida. Manoel veio de Portugal para montar seu próprio negócio , trazido pelo seu sogro que lhe via como um homem de valor. Após alguns anos de trabalho o sonho foi realizado e Manoel agora era investidor , dono de comércio no Centro de São Gonçalo. Foi na década de 60 que montou o seu “Café e Bar São Jorge”. Na parede, uma imagem do Cristo talhado em madeira e uma imagem de São Jorge, o santo guerreio. Não era um daqueles lugares como a Panificação Colombo, mas era a novidade em boteco gonçalense. Café, pingado, ovo frito ou cozido, tiro gosto, pão na chapa, torresmo e cachaça. E foi justamente por causa desta aguardente que o Bule de louça em detalhes floridos entrou para a história. Acontece, que no início da Ditadura Militar, houve a criação da Lei Seca, e a fiscalização era dura. E como todo “cospe grosso” de elite Sr. Manoel teve a brilhante ideia de servir a pinga no Bule, e sem deixar as xícaras de lado, é claro. O apelido “Manel do Bule” não tardou. Em seu comércio, na Rua Carlos Gianelli, mais conhecida como “entrada do Boassu”, quase em frente ao shopping Corcovado era endereço bem falado aos quatro cantos de São Gonçalo. Fosse pela proeza inusitada de servir pinga no bule, ou fosse pela coragem de desobedecer a ordem do regime militar. Ao longo de sua trajetória construiu família e riqueza nas bandas de além mar. Apaixonou–se por São Gonçalo e foi ícone de uma geração que construiu a cidade a partir do trabalho e da mão obra. Hoje o bar não é no mesmo lugar e a herança foi transformada em uma lanchonete com a administração do Filho Paulo. Mesmo aposentado, não é difícil ver o Sr. Manoel passando um troco na lanchonete, ou admirando a rua enquanto passa o café. No balcão interno fica o Bule que lhe deu a fama, no alto São Jorge em defesa das gerações vindouras, e a frente, a imagem Cristo talhado em madeira. Manel do Bule é lenda viva pra conta a própria história. Barracas: Caldo, Cachorro-Quente, Salsichão, Pipoca, Milho e Doces Brincadeiras: Pescaria, Argola e Latas Diversão: Pula-Pula e Cama Elástica