41
$%&' !'+
42
4.1. Influências Culturais Africanas e
Católicas
média de 10 mil escravos/ano
durante os século XVIII e XIX e
um ápice de embarques entre os
O Congado no sudoeste de Minas Gerais é uma festa para a
anos de 1780 e 1790, que
virgem mãe branca dos pretos, Nossa Senhora do Rosário, e para o
alcançaram a média de 35 mil
santo preto, São Benedito. Em homenagem ao rei e rainha Congo
escravos/ano da região Congo e
revivem a cultura africana, berço de seus antepassados. Nesse
Angola (Miller, 1989: 381-419).
sentido, o Congado reúne dois grandes conjuntos de tradições, o
De 1790 a 1850 o
Católico e o Banto (África Central e parte da Austral); católico pelo
comércio negreiro Brasil África
viés da devoção aos Santos; e Africano pelo viés das práticas de
direcionou-se para o oceano
danças e cantos de homenagem aos reis dos reinos da África Central,
Índico, importando mui tos
falantes da mesma raiz lingüista, a banto.
africanos da ilha de Moçambique
e Quiliname. Manolo Florentino
4. 1. 1 . L í n g u a Ban to
explica que, ainda por volta de
1820, Minas Gerais absorvia de
A língua Banto, na verdade, é um tronco lingüístico que em
40% a 60% dos escrav os
extensão territorial, depois de séculos de migrações interna na África,
desembarcados no Rio de Janeiro
ocupa toda a região central do ocidente ao oriente, desce pelo interior
para abastecimento da economia
até a África Austral e Sul. A grande maioria dos africanos que chegaram
interna (Florentino,1993:46).
no Brasil durante seus 4 séculos de tráfico eram oriundos dos portos
Mesmo que os africanos
do litoral ocidental entre Benguela e Ambriz (atualmente Angola e
de Moçambique tenham um
Republica Democrática do Congo) e portanto da região de língua banto.
dialeto bastante diferente do
Nos primeiros séculos os portos do nordeste, como Recife,
Angolano, muitas palavras têm a
eram os principais receptores dessas embarcações. Muitos escravos
mesma raiz, pois ambos são
que vieram de outras regiões da África como Costa da Mina (hoje,
bantos. Isso possibilitou uma
Guine Bissau, Benin) foram para Salvador e São Luiz. Durante, o
adaptação dos dialetos e da
período de fartura do ouro e mesmo um século depois, Minas Gerais
língua portuguesa no sudoeste do
além de receber escravos de outras partes do Brasil importava
Brasil muito forte. Robert Slenes
africanos diretamente do porto do Rio de Janeiro, calcula-se uma
entende que a influência banta
43
começaram a ser utilizadas
lingüística, mas também a outros
pelos governos provínciais de
elementos essenciais de uma
Mbata, Nsundi, Mbamba,
cultura centro africana, que se
Soyo, Mpemba, Mpangu e
refaz no Brasil. No caso essa
pelo rei do Congo como um
influência lingüística é notada na
suporte complementar aos
cantiga dos Moçambiqueiros de
v al ores tradicionais de
Uberlândia: olele, olele, olala,
proteção e ordenação dos
cacunda de nego é mulambo só.
tem pos
Tanto mulambo, como cacunda
principalmente de repressão
são palavras de origens bantas.
e controle da população,
de
guerra
e
estendendo a outros reinos
como de Loango e Ndongo.
4. 1. 2.
Catolicismo
no
Rei n o d o C o n g o
Foi, durante o reinado do mani (título do rei) Congo, Afonso I
(1509 e 1541), que o Congo teve seu primeiro rei católico. As insígnias
católicas começaram a fazer parte do cenário dos símbolos de poder
Em
os
real. Entre os sucessores alguns aproximavam as relações outros
portugueses aportaram na costa
distanciavam. (Gray, 1990 e EKHOLM, 1972). A maioria dos
do Reino do Congo. A partir de
missionários era de italianos, como Cavazzi, no século XVI e Luca
então relações diplomáticas
Caltanisetta no século XVIII, entre outros. As relações entre o governo
f oram estabel ecidas entre
português, missionários católicos e elites das províncias do Reino do
representant es da coroa
Congo e outros reinos foram criando outros acordos. No caso do
portuguesa e o rei do Congo. O
reino Ndongo, o Ngola (título do rei) voltou-se contra a maneira como
contato com os portugueses foi
o mani (título de rei) do Congo estava se relacionando com o
acompanhado pelo espírito e o
catolicismo. De maneira geral, os franciscanos difundiram-se na zona
ideário dos missi onários
litorânea da África Central e leituras e apropriações das características
católicos. Lentamente e de
dos santos católicos, principalmente, de Santo Antônio creolizaram-
maneiras diferentes, as práticas
se como uma espécie de religião, em alguns momentos impostos à
e
população, negando as práticas tradicionais e em outros menos
símbol os
1482
católi cos
história do ritual
não se restringe a uma identidade
44
inquisitivos. Na última década do século XVII e primeiras do
XVIII, Kimpa Vita se dizia renascida pelo espírito de Santo Antônio
e estabeleceu um movimento social que conseguiu juntamente
com os Reis Garcia II e Pedro reunificar o reino do Congo
(SLENES, 2006: 16-19).
As ilhas de São Tomé e Príncipe tornaram-se
entrepostos comerciais de domínio português para as
embarcações com escravos oriundos do Reino do Congo e Ngola
(norte de Angola hoje) que seguiam ao Brasil. Por isso os
escravos que chegavam da região para o Brasil conheciam os
instrumentos católicos de acesso ou suporte ao poder político e
social o menos três séculos de memória. Os escravos oriundos
do litoral ocidental da África Central no Brasil fossem eles reis,
governadores ou população em geral, não precisaram descobrir
os instrumentos católicos de manipulação do poder político, mas
simplesmente manejá-los de outra maneira.
4. 1 . 3. R ei n o d o Co n g o
se encontram em Uberlândia,
mas na região, tais como:
A partir da experi ência do tráf ico as v árias et nias
Caboclinho, Penacho.
africanas que chegam ao Brasil criaram uma identidade comum
O reino do Congo (do
baseada na imagem de um rei africano que tinha a ciência dos
século XIII ao XIX) teve extensões
instrumentos de poder dos colonizadores. A figura do mani
variadas de aproximadamente de
Congo foi mitificada e ganhou a configuração de um reinado do
300.000 km2 a 500.000 km2, uma
Congo brasileiro, com uma identidade própria, uma linguagem
população
própria, composto por di f erentes nações: Moçambiques,
localizada na savana da África,
Congos, Catupés, marinheiros, Marujos entre outras que não
t i po
de
pouco
densa,
v eg et ação
que
45
Mbanza Mbata, Mbamza
dos homens entre uma vila e
Nsundi,... (Ekholm, 1972:
outra. O poder centralizado do
13) Antes do reinado de
mani Congo foi tratado como
Af onso I (c. 1595), a
reino pelos europeus. Após
história da formação do
chegada de Diogo Cão essa
reino é contada através do
região do litoral africano manteve
mito de um homem da
em
família Nzinga, Lukeni,
cont ato
direto,
pri ncipalmente,
com
os
que tomou o poder do seu
portugueses. Mas também os
clã, atravessou o rio e
missionários itali anos, os
construiu uma vila, que
franceses e ingleses fazendo o
veio a ser Mbanza Congo.
comércio de escravos, além de
Depois de um acordo com
tecido, cachaça, tabaco entre
Vunda que tinha o domínio religioso, Lukeni parte para a conquista
out ros
menos
de outros clãs utilizando-se se necessário da violência. Ele é
importantes para o tráfico. No
conhecido como “o gavião que controla o fogo da mata”. Conforme o
século
a
mito, a palavra Kongo significa senhor, mestre, ou nobre, portanto a
documentação sobre o reino do
capital do Reino do Congo pode ser entendida como “cidade do
Congo começa a ser volumosa,
senhor” (Wannyn, 1961: 11-12).
produt os
XVI,
quando
ele compreendia seis províncias,
É o reino desse senhor que se transforma no Brasil em
baseadas em identidades
Reinado do Congo de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.
étnicas:
Soyo,
Faz-se a ressalva de que essa transferência do reino do Congo
Mbamba, Nsundi, Mpangu e
para o Reinado do Congo é dada a partir de uma identidade que
Mbata que lhe deviam impostos.
se transforma, conforme as situações vividas no cotidiano de
A capital era a vila de Mbanza
quatro séculos de tráfico, além de um território diferente, a
Congo (Atual São Salvador)
composição étnica e cultural também são modif icadas e
situada na província de Mpemba.
realimentadas com as novas levas de escravos da região Congo
As
e Angola e de outras que chegavam no Brasil, mas principalmente,
Mpemba,
capit ais
das
out ras
províncias eram chamadas de
quando esse encontro se dava em Minas Gerais.
história do ritual
possibilitava uma boa mobilidade
46
4.2. História do ritual na Região do
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba
A primeira notícia de Rei de Congo no Brasil foi dada em
Recife, no século XVII. Foram enviadas duas embaixadas do Reino
do Congo para pedir apoio ao conde Maurício de Nassau para a
autonomia no comercio Atlântico: uma com próprio Rei de Soyo, e
outra composta por seu aliado, o governador de Mbamba (Souza,
2002:303). Já no século seguinte, na mesma cidade, na Capitania
de Pernambuco, era possível identificar os governadores dos pretos,
negros que recebiam uma patente oficial para governar específicas
nações africanas da qual faziam parte e que se estruturavam em
cantões das vilas.
No século XIX com o cerceamento dessas patentes de
pretos, os governadores de nação africana continuarão a existir,
porém no interior das Irmandades do Rosário. Em todo Brasil as
Irmandades Leigas, como é o caso das do Rosário, sofriam pressões
para se enquadrarem num catolicismo menos heterodoxo (CORD,
2005: 78-85). Nesse momento as Irmandades do Triangulo Mineiro,
ou melhor, dos Sertões sudoeste, havia acabado de se estruturar,
em São Bento 1815, Araxá 1836, Uberlândia 1876. Conforme a
migração do centro de Minas ia para o sudoeste as Irmandades iam
se formando na região. Mesmo que houvesse uma pressão para o
fim das festas profanas nas igrejas Católicas no Brasil, em Minas
essa política não foi cumprida.
Nesse sentido, as festas populares e religiosas não
as dat as mudam , m as os
personagens e, portanto, o
drama dos rei nos dos rei s
africanos. Em Recife as festas
em homenagem aos reis negros
foram transferidas para a zona
rural e hoje são reconhecidas
como Maracatus.
Em 1998, foi feito um
atlas de festas populares do
Estado de Minas Gerais pelo
Instituto de Geociênca aplicadas
da Secretaria de Estado de
Ciência e Tecnologia, contaram
326 festas do Rosário no estado.
Os fundamentos do Congado de
Uberlândi a
podem
ser
observados em outras regiões do
Brasil, mas é muito difícil, no
caso, f azer aproximações e
acabaram, porém assumiram outras roupagens, dependendo da
distanciamentos entre as festas
região. Em cada região a tradição, o mito e a festa se apresentam
de outras localidades e a de
de formas diferentes e até com outras denominações. Não somente
Uberlândia.
47
intervenção dos negros ela se recusa a ficar na igreja rica que eles
e do São Benedito
(os brancos) fizeram para ela. Então, depois dos brancos, os negros
conquistaram a oportunidade de tentar, primeiro vieram os congos
O mito da Nossa Senhora do
para pegá-la, ela gostou, mas não quis ficar, depois vieram os
Rosário na prática dá sentido a
moçambiques, que com a ajuda dos marinheiros e congos,
ordem dos grupos durante a
conseguiram levá-la para uma capela simplória, onde ela ficou.
procissão da festa. Mas como
A narração aponta para uma ordem hierárquica baseada no
todo mito, é uma maneira de
poder maior do moçambique de negociar a saída de N. Senhora do
contar um acontecimento ou uma
Rosário da água, ou do mar, ou ainda de uma loca, gruta. O congo,
seqüência de acontecimentos
por ter feito a Santa aluir fica logo em seguida, na hierarquia, por
através dos tempos de forma oral.
último, vêm os marinheiros. Como conta Sebastiana (entrevista,
O mito da Nossa Senhora do
2003): Ela apareceu numa gruta, nada levava essa santa pra igreja.
Rosário da região do Triângulo
Então, os escravos montaram o terno de moçambique e cantou pra
Mineiro e Alt o Parnaíba é
ela. Então ela acompanhou o moçambique. (...) São Benedito é
entendido como uma relação de
congo e moçambique é N.S. do Rosário. Os Catupés, que
forças entre os grupos que fazem
representam outra tradição do Congado entram na história como o
parte da tradição, incluindo a igreja
povo da terra, uma espécie de primos dos moçambiques e, portanto,
cat ólica, representada nos
podem ficar entre estes e os congos.
brancos e a presença do negro
Muitas são as versões do mito para Sr. Charqueada (Geraldo
como o vencedor. A história
Miguel, entrevista, 2000.) os nego do tempo antigo andava descalça,
sinteticamente é contada pelo
sem camisa, calça de algodão, amarrado com cipó, imbira, não
negro escravo que a descobriu
tinha currião. Aí foi busca lenha, foi bebe água numa gruta. Chego
nas águas; no entanto só os
lá, a Nossa Senhora apareceu pros neguinho lá, ai caindo aguinha
brancos que tinham o privilégio de
lá, eles olhava e ela abria o semblante pra eles. Os neguinho ficou
tentar resgatá-la. Eles tentaram
horas lá e ficando encantando, não soube fala o que era preciso.
e ela se recusou mais de uma
Nóis não vamo leva lenha não. Chego lá, falou: - tem uma mulhé lá
vez a sair do lugar onde estava,
na gruta, ela mexe, ela ri, ela faz semblante alegre. Ah! Menino cê
depois quando saiu através da
tá ficando doido. Não vamo lá pro cê vê. Ai já reuniu aquele povão
história do ritual
4.2.1. Mito do Rosário
48
pra i la vê. Oh, vai lá na casa de fulano pra nóis i lá vê. Mas se cês
devagar até o local onde então
tivé mentindo cês vão cai no rabo de tatu. Rabo de tatu é uma coisinha
constroem uma capela e ali
trançadinha quando bate nas pessoa faz um rasgo. Chego lá, era
Nossa Senhora do Rosário
Nossa Senhora, os velhão tinha que sabê que era uma coisa muito
permanece,
sagrada. Nossa! É a Nossa Senhora do Rosário. Ai já começaram,
Moçambique então se retira sem
como é que nóis faz. Vamo canta pra ela. Vamô rezá primeiro. Pai
lhe dar as costas, lhe fazendo
nosso que estais no Ceu,... E cada vez que falava ela ficava mais
reverência.
bonita. É a Nossa Senhora mãe de
Jesus mesmo. E agora para nóis
tirá ela daí. E aí cantaram: - “Nossa
Senhora vamô si embora, vamo
com Deus e a Nossa Senhora, ora
vamô si embora, vamô si embora,
vamô com Deus e Nossa Senhora.”
(risada) Lá vai, e ela veio saindo,
depois ela voltou pra trás. Ai veio o
o
terno
de
A versão contada por Maria
“...Vamô rezá primeiro.
Pai nosso que estais
no Ceu,... E cada vez
que falava ela ficava
mais bonita. É a Nossa
Sen hora
mãe
de
Jesus mesmo.”
Conceição Cardoso (entrevista,
2001) afirma que ao tentar
capturar escravos fugidos na
serra da Montanhesa, um grupo
de capitães do mato encontra um
grupo de negros, vestidos de
branco, fazendo rosários, com
contas de lágrima em frente a
Marinheiro, é o segundo colocado
uma árvore de umbaúba onde
atrás, Marinheiro é o povo do mar. E agora. Nóis tem que arruma.
Nossa Senhora do Rosário
Como é que nóis inventa um verso pra canta pra ela. Um velhão lá
estava encravada num galho. Os
falou: - “Eu vou bola aqui” e cantou: “Viva os peixinhos do mar, viva
capitães do mato tentam surrar
os peixinho do mar, Nossa Senhora mandou te remar”.
os negros e capturá-los, mas
Cada canto representa um grupo. É sempre o ritmo do
eles permanecem imóveis, como
moçambique que consegue retirá-la da gruta. Outra versão bem
se nada os pudesse atingir.
resumida por Fabíola B. Marra é a da Nossa Senhora do Rosário que
Apavorados com a visão voltam
estava no mar, onde aparecem os brancos. Um garoto a vê submergir,
para a cidade e chamam um
chama os pais para verem, eles não acreditam. Então, a história se
padre para ir até o local verificar
repete, em várias tentativas dos Marinheiros e Congos de pega-la.
o f ato. E como nas outras
Até que um terno de Moçambique, todo vestido de branco e descalço,
versões, brancos e Congos não
canta para ela, que então submerge e lhes acompanha, eles a levam
conseguem levá-la, apenas o
49
branco, de pés descalços e não lhe
dá as costas ao se retirar de sua
presença.
S. Benedito é, junto com N.S.
do Rosário, louvado na festa do
Congado. A narração sobre sua
pessoa
não
explica
uma
organização histórica da festa,
como a lenda sobre N. S. do
Rosário, mas é ele que alimenta a
festa literalmente e espiritualmente.
As narrações mitológicas do Santo
o relacionam com o papel de
cozinheiro, escravo, negro, que
alimenta todos os desamparados.
Seus milagres representam a
multiplicação dos pães. Nas festas
populares de que esse santo é
padroeiro a comida não acaba e a
fartura é visível. A comida de São
Benedito é tão sagrada como ele,
conta o Sr. Charqueada (entrevista,
2002), que o senhor mandou fazer
uma comida para o povo, mas não
lhe dá nenhuma ingrediente.
Através do Espírito Santo, Benedito
recebe a graça de multiplicar o
alimento a partir de um naco da
história do ritual
Moçambique que canta vestido de
50
“...o senhor mandou fazer uma
cabeça aos pés do porco vivo. O banquete é servido aos
comida para o povo, mas não lhe
convidados, mas o senhor desconfiado da morte do porco,
dá nenhuma ingrediente. Através
manda açoitá-lo. Benedito mais uma vez recebe a benção e
do Espírito Santo, Benedito recebe
é elevado aos céus.
a graça de multiplicar o alimento a
A multiplicação dos pães de São Benedito ocorre para
partir de um naco da cabeça aos
que o povo tenha o que comer, o intuito do Santo é a justiça
pés do porco vivo. O banquete é
social. Sr. Bianor (entrevista, 2000) conta: sabe, que ele é
servido aos convidados, mas o
um santo milagroso, milagroso e justiceiro. São Benedito
senhor desconfiado da morte do
era escravo, era cozinheiro dos padres, naquele tempo
porco, manda açoitá-lo. Benedito
roubava dos patrão pra dá pros pobres, ai um dia desses
mais uma vez recebe a benção e
descobriram que ele tava fazendo isso e pegou e sacrificou
é elevado aos céus.”
ele, morreu queimado, mataram ele queimado, porque ele
fazia doação pros pobre.
A maneira como a comida é concebida na festa é parte da
4.2.2. Cânticos
tradição. São Benedito, santo negro, abençoa as cozinheiras para
elas multiplicarem o feijão, o arroz, a cenoura, o jiló, e as carnes
para os dias da festa ser fartos.
É comum a criação de
músicas
nov as
para
Sua hagiografia é contada, como sendo um mouro preto, nascido
apresentarem no dia da festa,
em 1562 e falecido em 1652. Foi canonizado em 24 de maio de
isso por que os cânticos do
1807, por solicitação da cidade de Palermo, pois lá prestava serviços
Congado são feitos com a
tais como faxineiro e cozinheiro. A identidade dos escravos com o
intenção de cantar o cotidiano
Santo, provavelmente, passa entre outros motivos pela própria origem
dentro
africana. Para a população afro-descendente, São Benedito
composição pode ser feita por
representa os pretos velhos, os próprios africanos. São Benedito é
capitães,
um preto, é um santo, mas é um preto. O congo moçambiqueiro
dançadores do terno ou ainda
nasceu de intermédio de São Benedito. Que ele era moçambiqueiro
ser atri buídas a mentores
(Bianor, entrevista, 2000) Ele é o espírito do africano moçambiqueiro
espirituais. Muitas músicas
que encarna nos dançadores da festa. Assim, alimenta o Congado
tocadas durante a campanha
espiritualmente também.
(reza do terço, ensaios do ritmo
da
tradição.
madrinhas
A
ou
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Páginas 41 a 50