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Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 2 • Número 1 • julho 2012
COMPORTAMENTO DE VARIÁVEIS SOCIAIS NO USO DA
LATERAL PALATAL /λ/: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO EM
DOIS CORPORA
Josenildo Barbosa Freire(SEEC – RN)
[email protected]
RESUMO: Este artigo é o estudo variacionista da realização do fonema lateral /λ/ em dois dialetos de
divisas de Estado: Nova Cruz (RN), localizada na microrregião Agreste Potiguar, e Jacaraú (PB),
localizada na microrregião da Mata Paraibana, Litoral Norte do Estado da Paraíba e que são cidades
vizinhas limítrofes. Neste sentido, busca-se realizar estudo examinando como três variáveis
sociolinguísticas podem exercer influência na realização da variável [λ], em particular sexo, faixa etária e
anos de escolarização. Diversas pesquisas sociolinguísticas têm apontado que essas três variáveis
influenciam a aplicação de uma regra variável (LABOV, 1966; FREIRE, 2011). Para análise tomam-se os
pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação (LABOV, 1963). Ao se estudar a realização do
segmento /λ/ em dois corpora, acredita-se que os padrões de comportamento das variáveis sociais aqui
consideradas podem exibir comportamentos diferentes, uma vez que as relações sociais mantidas pelos
falantes envolvidos no estudo podem ser dinâmicas e gerar dependência entre elas. A hipótese central que
guia o estudo é a de que as variáveis extralinguísticas adotadas nesse estudo exercem influência durante a
realização da variante [λ] nos dialetos estudados
Palavras-chave: variação; lateral palatal; variáveis sociais.
1. Introdução
Este artigo é o estudo variacionista da realização do fonema lateral /λ/ em dois
dialetos de divisas de Estado: Nova Cruz (RN), localizada na microrregião Agreste
Potiguar, e Jacaraú (PB), localizada na microrregião da Mata Paraibana, Litoral Norte
do Estado da Paraíba e que são cidades vizinhas limítrofes.
Neste sentido, busca-se realizar estudo comparativo examinando como três
variáveis sociolinguísticas podem exercer influência na realização da variável [λ], em
particular
sexo,
faixa
etária
e
anos
de
escolarização.
Diversas
pesquisas
sociolinguísticas têm apontado que essas três variáveis influenciam a aplicação de uma
regra variável (LABOV, 1966; FREIRE, 2011).
Ao se comparar a realização do segmento /λ/ em dois corpora, acredita-se que os
padrões de comportamento das variáveis sociais aqui consideradas podem exibir
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comportamentos diferentes, uma vez que as relações sociais mantidas pelos falantes
envolvidos no estudo podem ser dinâmicas e gerar dependência entre elas.
A hipótese central que guia o estudo é a de que as variáveis extralinguísticas
adotadas nesse estudo exercem influência durante a realização da variante [λ] nos
dialetos estudados.
Ressalta-se que em virtude da amplitude da análise, limita-se a examinar os
fatores extralinguísticos relacionados ao processo em questão, ficando os elementos
linguísticos ou estruturais para análises posteriores. A abordagem nessa perspectiva
visa, também, descrever de forma detalhada o comportamento dessas variáveis no
fenômeno em discussão.
Para devida análise, o estudo está assim organizado: em 2, descreve-se o objeto
de estudo e suas variantes linguísticas; em 3, apresenta-se a fundamentação teórica
adotada; em 4, detalha-se a influência das variáveis sociais na aplicação de regras
sociolinguísticas; em 5, descrevem-se a metodologia e os corpora; em 6, provê-se os
resultados de nossa pesquisa e, discute-se as implicações desses resultados para a
análise linguística; e, finalmente, em 7, as conclusões do artigo.
2. Objeto de Estudo
A lateral palatal está incluída em um grupo de segmentos (as líquidas)1 que
aparece tardiamente no sistema fonológico dos falantes devido ao seu caráter bastante
complexo, tanto do ponto de vista articulatório quanto fonológico (MEZZOMO e
RIBAS, 2004).
Para que haja a produção das líquidas é necessária uma oclusão da corrente de ar
na cavidade oral, causada pela língua. Esse fechamento é parcial e possibilita que o ar
saia pelos lados da boca, produzindo, assim, o segmento lateral palatal (MEZZOMO e
RIBAS, op. cit.). Já segundo Silva (2005, p. 34), para que as laterais sejam produzidas,
é necessário que o articulador ativo (parte média da língua) toque o articulador passivo
(parte média do palato duro) e a corrente de ar seja obstruída na linha central do trato
1
Segundo Dickey (1997, p. 1), “quase todas as línguas do mundo têm uma líquida”.
2
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vocal. O ar é expelido, então, pelos lados desta obstrução, gerando os segmentos
laterais.
O segmento lateral palatal é considerado geminado fonologicamente
(WETZELS, 2000), constituído de dois tempos para ser produzido. Além disso,
apresenta um traço que expressa articulação maior [Nó Ponto de Articulação de
Consoante] e uma articulação menor [Nó Vocálico]. Por ser um segmento geminado
fonologicamente, o /λ/ apresenta as seguintes características:
1) É limitado à posição intervocálica2 das palavras:
a) Bauni/λ/a
b) Te/λ/a
2) Não pode ser precedido por uma rima ramificada, nem por vogais nasais:
a) Faú/λ/a
3) A vogal que imediatamente o precede é sempre acentuada3:
a) Té/λ/a
b) Má/λ/a
Diferentes estudos (ARAGÃO, 1999; CASTRO, 2006; BRANDÃO, 2007) têm
revelado que o segmento /λ/ apresenta a realização de quatro variantes concorrendo
entre si, respectivamente [λ], [l], [j] e [Ø].
A lateral alveolar é outra variante do segmento /λ/ aqui controlado. De acordo
com Silva (2005, p. 65), a realização de [λ ~ l] constitui-se a segunda alternativa4
articulatória daquele segmento, e para que ocorra tal processo é necessário que o falante
levante a ponta da língua em direção aos alvéolos ou aos dentes incisivos superiores,
para a corrente de ar escapar lateralmente5. Cagliari (1974, p. 80) também afirma que
2
Esta visão também é compartilhada por Cagliari (1974, p. 112) ao afirmar que a lateral palatal sempre
começa sílaba e só se realiza nessa posição. Exceto para alguns clíticos como lhe(s),lhas, lho e de lhama,
empréstimo do espanhol llama.
3
Exceto para os vocábulos classificados como verbos, uma vez que o acento desses vocábulos é
condicionado pela morfologia.
4
A primeira alternativa articulatória, segundo a autora, é a realizada como consoante lateral palatal.
5
Câmara Jr (1988, apud ESPIGA, op. cit., p. 122) descreve a articulação do /l/ semelhante à descrição
feita por Silva (2005).
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em português o segmento /λ/ tende a ser realizado com /l/6 e se localiza sempre na parte
pré-palatal.
A semivocalização do /λ/7 também será controlada neste trabalho, como no
exemplo [mu/λ/er ~ mu/j/er]. De acordo com Cagliari (op. cit., p. 93-94), esse processo
de variação, de ordem sociolinguística, é corrente entre falantes de classe social baixa e
de pouca escolaridade, e até atestado em diferentes dialetos. Ainda segundo Cagliari
(op. cit., p. 117), outra causa das mudanças das palatais, como [λ ~ j8], está no
enfraquecimento articulatório pelo qual passa esse segmento ao ser produzido. Cruz
(2009, p. 53) compreende esse processo de variação como um fato puramente fonético,
e Coutinho (1976, apud CRUZ, 2009, p. 53) o entende como sendo um fenômeno de
metaplasmo por permuta.
Cardoso (2010, p. 59-60), ao apresentar dados do Atlas Diatópico e Diastrático
do Uruguai, aponta a existência da iotização da lateral palatal no espanhol uruguaio de
informantes da classe baixa e pertencentes à segunda faixa etária, em três tipos de
situação: leitura de texto, resposta ao questionário e conversação espontânea.
A última variante linguística da lateral palatal a ser examinada nesta pesquisa é
sua realização como zero fonético, como nos exemplos [mu/λ/er ~ mué; fi/λ/o ~ fio].
Essa variação, já atestada em Silva (1997), evidencia que a lateral palatal pode sofrer
apagamento total, desaparecendo-se dos níveis métricos e melódicos do segmento.
3. Fundamentação Teórica
Foi a partir dos trabalhos de William Labov (1963, 1966) sobre o inglês falado
na ilha de Martha’s Vineyard, no Estado de Massachusetts (Estados Unidos) e sobre o
estudo do inglês vernacular falado em Nova Iorque que os estudos variacionistas
ganharam impulso. Em 1968, Weinreich et al. lançam a proposta de fundamentação
6
Segundo Cagliari (op. cit., p. 144), esse processo ocorre mais quando se tem a vogal palatal /i/ tônica
precedendo a lateral palatal, como no exemplo: mi/λ/a ~ mi/l/a. Cagliari também observa que o pronome
lhe realiza-se mais frequentemente como /l/e. (op. cit., p. 144).
7
Segundo Cagliari (op. cit., p.118) esse processo costuma também ser chamado de ieismo ou tendência
ieisante.
8
Cagliari (op. cit., p. 73) apresenta o segmento /j/ classificado como sendo segmento pré-palatal.
4
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teórica de uma nova perspectiva, que ficou conhecida como Sociolinguística
Variacionista ou a Teoria da Variação9, que visa descrever a língua
e seus
determinantes sociais e linguísticos, ao mesmo tempo em que rejeita a concepção
homogênea de língua e incorpora a relação língua/sociedade, considerando que a
variação linguística está associada ao sistema. A Sociolinguística Variacionista surge
no cenário linguístico como reação ao modelo gerativista (CHOMSKY, 1950).
De acordo com Chambers (2003, apud TAGLIAMONTE, 2006, p. 3), a
Sociolinguística Variacionista é: “the correlation of dependent linguistic variables with
independent social variables10.” Neste sentido, este modelo de estudo linguístico busca
incorporar à sua análise restrições de natureza extralinguística, apontando para o
condicionamento linguístico de fatores sociais, visto que podem desempenhar papel
decisivo na explicação da variação linguística de uma determinada comunidade de fala.
A Sociolinguística Variacionista toma como objeto de estudo a língua falada por
uma determinada comunidade de fala. Essa língua corresponde às produções
linguísticas feitas em diferentes situações reais de uso. Desse modo, a análise
variacionista tomará a linguagem enquanto fenômeno social. Bright (1966, apud
ALKMIM, 2001, p. 28) afirma que o objeto da Sociolinguística é a diversidade
linguística. O modelo variacionista introduz a perspectiva da heterogeneidade
linguística em detrimento do axioma da homogeneidade linguística, pois de acordo com
Weinreich et al. (1968, p. 100-1):
The key to a rational conception of language change – indeed, of language
itself – is the possibility of describing orderly differentiation in a language
serving a community…It is absence of structural heterogeneity that would be
dysfunctional.11
9
Ressalta-se que, neste trabalho, tomam-se os termos Sociolinguística Variacionista e Teoria da Variação
como sinônimos.
10
“A correlação de variáveis linguísticas dependentes com variáveis sociais independentes.” (todas as
traduções que figuram nesta pesquisa são de nossa responsabilidade).
11
“A chave para uma concepção racional da mudança linguística – na verdade, da língua em si mesmo –
é a possibilidade de descrever diferenciação ordenadamente em uma língua que serve a uma comunidade.
É a ausência da heterogeneidade estrutural que seria disfuncional.”
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Neste sentido, a variação linguística ordenada é uma característica inerente a
qualquer língua natural. De fato, a língua é um sistema que evolui permanentemente e
buscar organizar as mutações desencadeadas por diferentes fenômenos linguísticos e por
diversos parâmetros (MARQUILHAS, 1996).
Ainda de acordo com Bright (1966, apud ALKMIM, 2001, p. 28), o objetivo da
Sociolinguística Variacionista consiste em: “demonstrar a covariação sistemática das
variações linguísticas e social.” Percebe-se, portanto, que a Teoria da Variação, ao
tomar a produção de fala espontânea como objeto de estudo, possibilita encontrar
padrões em meio à fala natural, evidenciando a importância de se descrever
sociolinguisticamente as comunidades de fala, ao mesmo tempo em que aponta para a
heterogeneidade sistemática, regular e previsível, controlada por variáveis estruturais e
sociais.
A Teoria Variacionista introduz nos estudos linguísticos o conceito de regra
variável, em oposição ao conceito de regra categórica, defendida pelo paradigma
gerativista. A concepção de regra variável opõe-se ao longo caminho central percorrido
pela teoria linguística. Com os neogramáticos (PAUL, 1966), a mudança fonética era
concebida como fato categórico. Foi a primeira perspectiva linguística a observar a
regularidade na mudança do som. Para esses estudiosos, a mudança linguística se dava
de forma regular, ou seja, quando ocorria em determinado contexto, afetaria todos os
outros contextos semelhantes.
Para os estudos variacionistas, a relação entre língua e sociedade é indispensável
e não mero recurso interdisciplinar de análise. Língua e sociedade constituem também
instâncias inseparáveis. É por meio da língua, que os falantes realizam situações
comunicativas concretas na vida social. Além disso, a língua possibilita ao indivíduo se
situar na sociedade e realizar diferentes processos comunicativos com outros falantes.
Essa relação também fica evidente quando se observa aspectos relacionados, por
exemplo, às exigências atuais do mercado de trabalho, quando se percebe que a mulher,
geralmente por questões culturais, exerce o papel de principal educadora do lar ou
quando se associa língua com fatos ligados a idade, jargões de classes específicas ou a
um determinado tipo de discurso político.
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Neste sentido, percebe-se que a Teoria Variacionista adota em suas análises o
componente social como elemento de condicionamento linguístico, dando conta de
vários fenômenos linguísticos que se realizam nas comunidades de fala, diferentemente
dos enfoques estruturalista e gerativista. O contexto social é capaz de fornecer
elementos que possibilitam compreender e explicar como ocorre a variação linguística
em uma determinada comunidade. De acordo com Hora (2004, p. 18), a Teoria da
Variação:
Situa-se em relação ao conjunto língua e sociedade, considerando a variedade
das formas em uso como objeto complexo, decorrente dos fatores internos,
próprios do sistema linguístico, e dos fatores sociais que interagem no ato da
comunicação. A variação da língua constitui, portanto, um dado relevante da
teoria e da descrição sociolinguística.
A Sociolinguística Variacionista tem demonstrado que a língua de uma
comunidade de fala apresenta marcas que identificam os seus falantes. Essas marcas,
sejam elas de sexo, nível de escolaridade, classe social, etnia, evidenciam que o falante
utiliza formas diferentes de falar porque o sistema linguístico o possibilita realizar
escolhas. Desse modo, de acordo com Weinreich et al. (1968), o conceito de regra
variável contradiz o paradigma de categoricidade.
Os postulados da Teoria da Variação concebem a língua como sistema
heterogêneo e variável.
A língua, desse modo, oferece ao falante diferentes
possibilidades de se expressar e de fazer referência a um dado objeto, fenômeno ou fato
da situação social em que esteja inserido. E cada uma dessas possibilidades é portadora
de um valor e desempenha alguma função durante a realização do processo
comunicativo na interação social. De acordo com Tagliamonte (op. cit., p.5-6):
The essence of variationist Sociolinguistics depends on three facts about
language that are often ignored in the field of Linguistics. First, the notion of
„orderly‟ heterogeneity (LABOV et al, 1968, p. 100), as Labov (1982, p. 17)
refers to as „normal‟ heterogeneity; second, the fact that language changes
perpetually; and third, that language conveys more than simply the meaning
of its words.12
12
“A essência da sociolinguística variacionista depende de três fatos sobre a língua que são ignorados
frequentemente no campo da Linguística. O primeiro, a noção de „heterogeneidade ordenada‟ (LABOV
et. al., 1968, p. 100), à qual Labov (1982, p. 17) se refere como heterogeneidade „normal‟; o segundo, o
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Para a Sociolinguística Variacionista, é durante a produção da fala do tipo
espontânea, sem monitoramento, diária, informal que ocorrem diferentes fenômenos de
variação linguística. É o tipo de fala que a literatura denomina vernáculo
(TAGLIAMONTE, op. cit.), que se distancia da norma idealizada e permite a realização
de processos de escolhas, de opções. Para Labov (1969), a escolha é um processo
sistemático dentro da heterogeneidade linguística, evidenciando-se, assim, a natureza
variável do sistema linguístico. Corrobora as ideias ventiladas até aqui, a afirmação de
Tarallo (2004 [1985], p.19): “a língua falada é o vernáculo: a enunciação e expressão
dos fatos, proposições, ideias (o que) sem a preocupação de como enunciá-los. Trata-se,
portanto, dos momentos em que o mínimo de atenção é prestado à língua, ao como da
enunciação”.
De acordo com Weinreich et al. (1968), dois são os princípios básicos para o
estudo da língua no campo da Sociolinguística Variacionista: (i) deixar de identificar
estrutura linguística como homogeneidade e conceber como opção racional a
possibilidade de descrever ordenadamente a diferenciação numa língua que serve à
comunidade; (ii) entender que as gramáticas nas quais uma mudança linguística ocorre
representam gramáticas de comunidade de fala.
Desse modo, esse modelo teórico-metodológico tem possibilitado uma maior
compreensão dos fenômenos linguísticos, visto que elimina os falantes ideais e,
consequentemente, a comunidade linguística homogênea. Percebe-se, assim, que a regra
variável é sensível ao contexto de sua realização, condicionado linguística e
extralinguisticamente. Além disso, tem-se evidenciado que a variação linguística pode
ocorrer em diferentes níveis da gramática, tais como o lexical, o fonológico, o
morfológico, o sintático, o discursivo/pragmático (TAGLIAMONTE, op. cit.).
A Sociolinguística Variacionista tem fornecido todo um suporte teóricometodológico com aparato estatístico como ferramenta de análise e quantificação dos
dados linguísticos, sobretudo ao fazer a análise multivariada e a quantificação de opções
do sistema linguístico pelo programa computacional Goldvarb X.
fato de que a língua muda continuadamente; e o terceiro, que a língua transmite mais do que
simplesmente o significado de suas palavras.”
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A partir do que propõe a Sociolinguística Variacionista, aceita-se que a
realidade linguística é variável: há variação dialetal e social dentro do indivíduo. A
gramática do falante de uma língua natural apresenta processos opcionais por
condicionamentos. Além disso, a análise sociolinguística tem considerado não apenas o
dado linguístico, mas tem incorporado dados à sua análise, como a identidade social do
emissor (falante) e a do receptor (ouvinte), o contexto social.
Neste sentido, constata-se que os parâmetros da variação linguística são diversos
e que só a análise dos dados linguísticos pode revelar as motivações linguísticas e nãolinguísticas que condicionam os fenômenos linguísticos existentes em uma determinada
comunidade de fala. Este trabalho de pesquisa também entende que a descrição de uso
de formas da língua pode ser comprovada a partir da competência do falante, daí a
necessidade de se adotar uma teoria de origem gerativista para auxiliar na explicação do
fenômeno ora analisado.
Em 1974, Cedergren & Sankoff apresentam e descrevem um modelo teóricometodológico baseado em dados estatísticos e probabilísticos para dá suporte ao
conceito de regra variável. Segundo eles: “[...] the option is of covariation with elements
of the linguistic environment and non-language factors such as age, class and social
context.” (CEDERGREN & SANKOFF, 1974, p. 333).
Entende-se que o conceito de opcionalidade é capaz de capturar a natureza da
variação regular que existe na gramática de um falante, uma vez que revela a língua
enquanto sistema de possibilidades, de escolhas. A noção de regra variável evidencia
que a variação linguística é parte integrante da descrição estrutural de uma língua. Daí
constitui-se um conceito essencial aos estudos variacionistas.
Ainda segundo os autores, o conceito de variabilidade além de conter a presença
ou a ausência de elementos linguísticos também incorpora a noção de condicionamento
por fatores extralinguísticos (op. cit., p. 334).
Compreende-se que a Teoria da Variação tem explicado a sistematicidade
existente na variação que ocorre em uma língua natural, e ao mesmo tempo, pode
demonstrar a importância qualitativa das relações linguísticas. Neste sentido, apropriase de modelo matemático formulado para explicar a o efeito de frequência de uma
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determinada regra variável utilizada por uma comunidade de fala, demonstrando que os
aspectos probabilísticos da gramática podem descrever a realização de um fenômeno
linguístico.
Desse modo, a formulação e a introdução da noção de regra variável na Teoria
da Variação possibilitaram a compreensão e reconhecimento de fenômenos variáveis
existentes em uma língua e assegurar a base teórica e funcional de seu emprego.
Neste sentido, entende-se que por meio da observação de frequências e
probabilidades pode entender o comportamento linguístico dos falantes e, assim,
reconhecer as propriedades da sua competência.
4. Detalhamento das Variáveis Sociais
Sistemáticos estudos sociolinguísticos acerca do português falado no Brasil têm
demonstrado o efeito de diversos fatores sociais sobre o uso da língua, consolidando a
tese de que o emprego linguístico está condicionado por elementos sociais, sobretudo,
sexo, faixa etária e o nível de escolaridade dos informantes.
As três variáveis independentes relevantes para a análise aqui realizada são sexo,
faixa etária e anos de escolarização dos informantes. A continuação desta seção,
detalha-se as três hipóteses associadas a cada fator.
4.1 Primeira hipótese: sexo
A variável sexo tem sido estudada como elemento extralinguístico fonte de
variação sociolinguística para diferentes fenômenos ocorridos nas línguas (FISCHER,
1958; LABOV, 1966).
Por exemplo, Mollica, Paiva e Pinto (1989), analisando o uso da supressão
variável
da
vibrante
nos
grupos
consonantais
(problema/pobrema;
proprietário/propietário) na variedade carioca apresenta padrões de preferências
diferentes entre os informantes masculinos e femininos. A tabela 1 mostra que mulheres
e homens têm diferentes preferências. As mulheres utilizam mais a forma padrão (sem a
supressão da vibrante) do que os homens.
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Tabela 1: Influência da variável sexo sobre a supressão
da vibrante nos grupos consonantais
Sexo
Frequência
Peso Relativo
Feminino
280/1137 = 25%
0,45
Masculino
468/1411 = 33%
0,57
(PAIVA, 2004, p. 34)
De acordo com as diferenças de sexo apontadas pela literatura, nossa primeira
hipótese é a de que o sexo influencie a realização do segmento /λ/. Considerando esta
hipótese, acredita-se que os resultados mostrarão que mulheres e homens apresentam
uma distribuição de uso diferente. Sexo é uma variável dicotômica com dois valores: (I)
masculino e (II) feminino.
4.2 Segunda hipótese: faixa etária
Sistemáticos estudos dialetais têm mostrado salientes diferenças quanto ao uso
de uma regra variável quando os fatores relacionados à idade dos informantes são
considerados na análise, evidenciando comportamentos linguísticos diferentes de acordo
com a faixa etária (GAL, 1979; POPLACK & SANKOFF, 1984).
A tabela 2 apresenta resultados de pesquisa feita por Poplack e Sankoff (1984)
acerca do empréstimo de palavras do Espanhol por falantes do Harlem Oriental (New
York). A análise evidencia que o uso linguístico feito por adultos e crianças pode
demonstrar tendências diferentes. Note que pelas três primeiras medidas as crianças
falam diferentes dos adultos, há apenas na quarta medida a ocorrência de uma inversão.
No global, a tabela 2 mostra que a fala varia de acordo com a idade dos informantes.
Tabela 2: Índices do empréstimo de palavras do Inglês no espanhol do Harlen
Crianças
Adultos
Proporção do Inglês
62.6
51.2
Somente Inglês
56.4
44.4
11
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Primeira língua (Inglês)
64.2
52.6
Nativos
107.2
115.6
(Adaptação de CHAMBERS, op. cit., p. 166)
A variável faixa etária será considerada com três fatores: (I) informantes de 15 a
25 anos; (II) informantes de 26 a 49 anos; e (III) informantes de mais de 49 anos.
Considerando esses fatores, a faixa etária inicial, de falantes mais jovens, pode
evidenciar eventuais inovações linguísticas. A faixa etária intermediária, revela, em
tese, aqueles usos linguísticos que geralmente já estão estabelecidos nas comunidades
pesquisadas. E finalmente, na terceira faixa etária podem identificar-se as formas
linguísticas que poderiam estar em desuso.
Nesta visão de diferenças entre o uso da fala, de acordo com a faixa etária, a
segunda hipótese prediz que os informantes mais novos são os que mais realizam o
fonema lateral palatal /λ/.
4.3 Terceira hipótese: anos de escolaridade
Os princípios da organização da Sociolinguística Variacionista têm adotado a
variável escolaridade como sendo fonte de variação nas comunidades de fala,
configurando-se papel crítico no domínio da língua padrão pelos informantes.
A tabela 3 exibe resultados alcançados com falantes da variedade paraibana
(LUCENA, 2004) acerca do comportamento sociolinguístico da preposição para nesse
dialeto. Note que os informantes sem nenhum nível de escolarização são os que mais
aplicam a variação em estudo, diferentemente dos escolarizados que exibem índice de
(0,91) que constitui-se um número relevante para realização da regra. Neste sentido, a
variável escolaridade pode evidenciar relevantes diferenças quanto aos usos linguísticos.
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Tabela 3: distribuição de para no discurso
Fatores
Aplicação
Total
%
Peso Relativo
Universitários
85
642
13
0,91
Analfabetos
2
803
0
0,14
(LUCENA, 2004, p. 94)
Considerando que as diferenças entre os anos de escolarização podem ser
relevantes para os estudos sociolinguísticos, a nossa terceira hipótese estabelece que a
escolaridade será influente para realização do /λ/. De acordo com essa hipótese, os
informantes analfabetos tendem a realizar menos o /λ/ do que os informantes
escolarizados.
5. Metodologia e Corpora
Para realização desta pesquisa foi utilizado um corpora constituído por 24 (vinte
e quatro) informantes, sendo 12 (doze) pertencentes ao dialeto paraibano (Jacaraú), e os
outros doze falantes do dialeto norte-riograndense (Nova Cruz), e está socialmente
estratificado igualmente por sexo, faixa etária e anos de escolarização.
A coleta de dados seguiu o modelo teórico-metodológico da Teoria da Variação
(Sociolinguística
Quantitativa),
utilizando
o
Goldvarb
X
(SANKOFF;
TAGLIAMONTE; SMITH, 2005) para obtenção dos índices estatísticos que explicará
os efeitos de frequência da regra variável em estudo (CEDERGREN & SANKOFF,
1974).
Utilizou-se a entrevista pessoal de base sociolinguística como instrumento de
coleta de dados e a técnica de amostra aleatória, selecionando os informantes que
comporão os corpora de acordo com os critérios:
a) Ser natural de uma das comunidades investigadas ou morar nelas desde os cinco
anos; e
b) Nunca ter ausentado dessas comunidades por mais que dois anos consecutivos.
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6. Resultados e implicações para a pesquisa linguística
Nesta seção, objetiva-se apresentar os resultados obtidos em nossa análise por meio do
Goldvarb X, indicando o efeito que cada variável tem sobre a aplicação da regra em
estudo.
6.1 Resultados: Sexo
A tabela 4 mostra que sexo é estatisticamente significante (P= 0.024), mas
apenas para a variedade paraibana. As mulheres realizam mais a variante [λ], enquanto
os homens preferem a realização das outras variantes [l,j,Ø].
Tabela 4: Efeito da variável sexo sobre a variação da lateral
palatal /λ/na variedade paraibana
Fatores
Aplicação/Total = Frequência
Peso Relativo
Masculino
80/114 = 70%
0,39
Feminino
81/90 = 90%
0,63
Total
161/204 = 78%
Input 0.86
Significância: 0.024
6.2 Resultados: Faixa Etária
Esta variável independente mostrou-se ser significante para aplicação da regra (P
= 0.009) apenas para variedade norte-riograndense. A tabela 5 evidencia que os
informantes da faixa etária intermediária são os que mais aplicam a regra em análise,
com índice de (0,73) de favorecimento; seguidos dos falantes mais idosos, (0,55), que
exibe uma ligeira vantagem, enquanto os informantes mais novos são os tendem a não
aplicar a regra.
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Tabela 5: Efeito da variável faixa etária sobre a variação da
lateral palatal /λ/ na variedade norte-riograndense
Fatores
Aplicação/Total = Frequência
Peso Relativo
15 a 25 anos
63/66 = 82%
0,21
26 a 49 anos
48/49 = 98%
0,73
+ de 49 anos
41/50 = 95%
0,55
Total
152/165 = 92%
Input 0.94
Significância: 0.009
6.3 Resultados: Anos de escolarização
Os resultados na tabela 6 indicam que esse fator é estatisticamente significante
(P= 0.024) para realização do fenômeno variável em estudo apenas na variedade
paraibana. Os falantes jacarauenses com maior o nível e grau de escolarização são os
que mais tendem à aplicação da regra (0,88), enquanto os menos escolarizados e
analfabetos não exibem índices favorecedores, respectivamente, (0,47) e (0,18), que
constituem índices matematicamente inibidores da realização do fenômeno em
discussão.
Tabela 6: Efeito da variável anos de escolarização sobre o uso
variável da lateral palatal /λ/ na variedade paraibana
Fatores
Aplicação/Total = Frequência
Peso Relativo
Analfabetos
30/57 = 52%
0,18
1 a 8 anos de escolaridade
85/100 = 85%
0,47
+ de 8 anos de escolaridade
46/47 = 97%
0,88
Total
161/204 = 78%
Input 0.86
Significância: 0.024
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7. Considerações Finais
Até o momento, os resultados deste estudo indicam uma forte tendência das
variáveis sociais exercerem influência na realização do fonema lateral palatal /λ/,
mesmo que a distribuição da estratificação social tenha sido diferente nas duas
variedades estudadas; os índices matemáticos alcançados oferecem impressão que
confirmam a nossa hipótese central de que o uso linguístico está condicionado por
restrições sociolinguísticas.
A análise atual provou que as variáveis sociais podem exibir comportamento
diferente, dependendo da variedade considerada. Para a variedade paraibana, duas
variáveis independentes mostram-se relevantes para aplicação da regra, exibindo
significância estatística e índice de peso relativo favorecedores, respectivamente, sexo e
anos de escolarização; enquanto a variável faixa etária não foi selecionada como fonte
condicionadora de variação do /λ/. Acredita-se que os falantes de qualquer idade do
dialeto paraibano parecem não demonstrar receio e/ou estigma entre a realização do [λ ~
l], [λ ~ j] e [λ ~ Ø], e, assim, não evidenciam preferências. Já na variedade norteriograndense, apenas a variável faixa etária mostrou-se relevante para realização do
fenômeno em estudo, demonstrando que os informantes adultos são os que mais tendem
a produzir o segmento /λ/. Entende-se que esse comportamento pode está vinculado a
duas situações: a primeira, a de que, naturalmente, esse período da vida está associado a
fixação de diferentes comportamentos sociais (casamento, trabalho, constituição de
família, aquisição de casa própria, de carro, etc.); a segunda, que esses informantes
podem estar sujeitos às pressões atuais do mercado de trabalho, Nova Cruz (RN) tem
um diversificado e exigente mercado de trabalho, constituindo-se um espaço de maior
dinamicidade que reflete centralidade regional em relação à outras cidades
(COUTINHO, 2010).
Neste sentido, a realização das variantes [l,j,Ø] pode apresentar claramente
traços de estigmatização social e linguística nessa comunidade de fala, daí serem
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variantes que tendem a não ser produzidas pelos adultos que buscam sua inserção no
mercado de trabalho, confirmando o que aponta Chambers (op. cit., p.183) que os
adultos tendem a estandardizar sua fala mais do que os informantes jovens.
Há evidências encontradas para se afirmar que a realização do /λ/ constitui um
fenômeno variável social (variação diastrática) na variedade paraibana, uma vez que se
constatou que a variação desse segmento está vinculada ao nível e ao grau de
escolaridade dos informantes pesquisados.
Estudos que revelam a relevância de variáveis extralinguísticas contribuem
significativamente para a literatura sociolinguística, ao evidenciar que a configuração
Detalhada do processo de variação compreende-se em função das forças sociais
que afeta esse fenômeno.
As variáveis sociais associadas aos estudos dialetais podem evidenciar que no
uso da língua há forças sociais exercendo influência sobre ela, validando diversas
hipóteses particulares que são levantadas para a pesquisa linguística.
Sistemáticos estudos variacionistas têm, ao tomarem as variáveis sociais durante
à análise, apontado diversas implicações para os trabalhos em Linguística (seja na
perspectiva teórica ou aplicada), especificando o efeito que uma variável independente
pode manter sobre o fenômeno em discussão, e ao mesmo tempo, pode estabelecer o
significado social da variação linguística.
Questões como as que levantamos aqui são essenciais para a Sociolinguística,
evidenciando que implicações há para os estudos dialetais ao se perceber que nos usos
linguísticos refletem distinções sociais em que os falantes dessas comunidades estão
inseridos.
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Recebido Para Publicação em 30 de março de 2012.
Aprovado Para Publicação em 12 de maio de 2012.
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