EM Brazil Essencial Management Do Brasil Volume 2, Edição 12 20 Dezembro 2012 Editorial: Os Princípios da Liderança - Justiça. Por Wolfgang Battmann e Roland Maass A justiça, provavelmente, não é a primeira associação feita quando se trata dos princípios fundamentais da liderança e das organizações. Os líderes devem chamar atenção ao carisma e à excelência técnica e as organizações devem focar em mercados e na eficiência como os elementos centrais de sua existência. Também na história, os grandes líderes raramente têm" a reputação de serem indivíduos “justos”. Sua fama normalmente se baseava em guerras e conquistas expressando mero poder e os interesses nacionais ou pessoais, certamente não sobressaíam por justiça para com os derrotados. Mesmo líderes que tornaram-se famosos por se parecerem a Salomão ou Napoleão, que ao final de suas campanhas ditadas pelo "Código Napoleônico", a base da lei civil francesa, apontam mais para as dificuldades em estabelecer justiça e suas incertezas do que para seu reino. Além disso, desde o seu princípio histórico, a economia dos negócios é entendida em termos Darwinistas como luta para a sobrevivência em um ambiente caracterizado pela competição implacável. Nem mercados, nem concorrentes ou clientes, são inspirados pela equidade, mas sim seguem regras que permitem apenas a sobrevivência do mais forte ou que servem seus próprios interesses. As organizações econômicas têm que render-se a estas condições e sua estrutura não expressa os princípios éticos e morais de justiça, mas sim suas necessidades econômicas, permitindo que cresçam e prosperem em um ambiente hostil. Finalmente, por muito tempo, a maioria das pessoas na história não tinha esperança alguma de receber justiça em general ou do lado das organizações econômicas em particular. No entanto, no século passado as coisas mudaram rapidamente. Após seu primeiro sucesso eleitoral Barrack Obama tornou-se presidente de um país em que algumas décadas atrás seu pai, por ser um homem negro, ainda tinha que se sentar na parte de trás do ônibus. Hoje, em muitas partes do mundo, a justiça também parece ser um luxo nas vidas Continua na página 11 Gestão de pessoas O papel do processamento de dados e a economia comportamental em campanhas. Não houve apenas vencedores políticos, mas também científicos na campanha presidencial dos EUA. Na "Time Magazine" Michael Grunwald detalhou alguns métodos científicos utilizados na campanha de 2008. Também neste período, pesquisadores divulgaram bases de dados e psicólogos conceberam procedimentos de ativação de eleitores, que desempenharam um papel importante na campanha de Obama. Sean Gallagher da “Ars Technica” conta a história dos heróis e suas ferramentas no lado dos dados em uma perspectiva Continua na página 2 Nesta edição: Diferenças de gênero a bordo. 2 A desonestidade em todos nós. 3 Quão justo é o preço personalizado? 3 A arte de escutar. 4 O fim do “Wonder Bread”. 4 Para um verdadeiro relaxamento, leia um livro. 5 Como selecionar a sua equipe. 5 O crescimento econômico da China superará o Ocidente? 6 Singapura, a cidade fresca. 6 Os novos líderes chineses. 7 O crescimento dos Massive Open Online Courses. 7 Microeconomia e o jogo da vida. 8 Zara, um vislumbre na indústria de moda rápida. 10 Groupon tem que lutar muito para voltar a ser um negócio atrativo. 10 Essencial Management O papel do processamento de dados e a economia comportamental em campanhas. (continuou) mais técnica. Na revista “The Atlantic” Alexis C. Madrigal foca no lado humano. Termina na urna, mas antes disso, a campanha é uma operação virtual complexa, em que os eleitores e os doadores são atingidos com ligações, emails e anúncios. Além disso, o pessoal local e os voluntários têm que estar organizados e equipados com materiais e, finalmente, os efeitos das atividades devem ser rastreados para otimizar a alocação de recursos. Este esforço requeria bases de dados gigantes e incentivou inovação em uma variedade de ferramentas de software. No "New York Times" Benedict Carey descreveu o papel de proeminentes psicólogos cognitivos e economistas comportamentais que formaram um "consórcio de cientistas comportamentais". Esta "equipe dos sonhos" compunha os conselheiros no que diz respeito ao conteúdo do material e aos procedimentos para ativar os eleitores. Os temas centrais foram formação de impressão, estratégias argumentativas e scripts comportamentais para aumentar o comparecimento às urnas. Também, no entanto, mesmo antes da votação, durante a fase de arrecadação de fundos, a interação entre os dados de análise e as estratégias psicológicas podem fazer uma diferença significativa. Uma campanha via e-mail sub-ótima aumenta em somente 20% nos melhores casos. campanhas políticas com o marketing de ideias e de pessoas, mas há coincidências. Para todos os interessados na gestão de relacionamento com o cliente os artigos contêm algumas dicas valiosas. Links e Literatura How Obama Is Using the Science of Change (Michael Grunwald) www.managing-essentials.com/2la A enorme soma de dinheiro gasto nas eleições dos EUA, cerca de 6 bilhões de US$ em 2012, também subsidia algum progresso científico e tecnológico. Muitas das soluções técnicas desenvolvidas para lidar com os "grandes dados" certamente vão encontrar uso em outros campos. As técnicas comportamentais utilizadas não são novas, mas a tentativa de aplicá -las sistematicamente em uma escala mais ampla é. Parece inusual igualar as Built to win: Deep inside Obama's campaign tech (Sean Gallagher) www.managing-essentials.com/2lb When the Nerds Go Marching In (Alexis Madrigal) www.managing-essentials.com/2lc Academic ‘Dream Team’ Helped Obama’s Effort (Benedict Carey) www.managing-essentials.com/2ld Diferenças de gênero a bordo. A percentagem de mulheres em viagens de negócio tem aumentado continuamente na última década, e agora alcançou quase 50%. Contudo, de acordo com Scott McCartney do “The Wall Street Journal”, as mulheres viajam de forma diferente dos homens. Enquanto a maioria das operadoras ainda tem mais homens do que mulheres em seus programas de passageiro frequente , a paridade entre gêneros está próxima e alguns até mesmo relatam que há mais mulheres do que homens em geral ou em grupos etários específicos. Isto implica a necessidade de mudanças de uma indústria tradicionalmente focada em comportamentos e preferências masculinas. Em aviões, as mulheres preferem assentos de janelas, são mais propensas a comer saladas e despachar suas bagagens porque carregam mais líquidos. Nos hotéis, as mulheres preferem ler na cama, enquanto os homens preferem cadeiras. Em termos de comportamento, as mulheres também diferem por se encolhar para evitar contato enquanto os homens procuram contatos e esticam as pernas. A luta pelo apoio é um traço simbólico do que um dia foi dominação masculina. As mulheres muitas vezes se queixam de ter que se envolver nesta luta para ganhar o descanso para braços como se elas ainda se sentissem menos aceitas e respeitadas no mundo dos passageiros frequentes. Pequenas diferenças podem ter grandes efeitos e os prestadores de serviços estão conscientes disso. Se as vantagens competitivas são procuradas, adaptar os serviços para um mundo de dois gêneros torna-se uma necessidade. Hotéis e academias de ginástica com foco em mulheres têm se espalhado em quase toda parte do mundo. Contudo, também aqui a adaptação entre gêneros é um processo de duas vias. É interessante questionar se estas pequenas diferenças ainda serão encontradas daqui a vinte anos ou se viajar se tornará como roupas, mais e mais unissex. Mulheres preferem janelas. Links e Literatura He Carries On, She Likes to Check (Scott McCartney) www.managing-essentials.com/2le EM online: www.essencial-management.com.br Página 2 Essencial Management Assunto cultural O crescimento econômico da China superará o Ocidente? As recentes crises e a “década perdida” no Japão causam muita preocupação dado que a filosofia de crescimento permanente pode não ser tão boa quanto se esperava. Alguns meses atrás, o tema foi tratado no “Economist” e, agora, no “New York Times”, Uwe E. Reinhardt reflete sobre a questão comparando a perspectiva dos Estados Unidos e da China. As taxas de crescimento estão em menos de 3% nos Estados Unidos e na Europa, comparado com os 6% da Índia e do Brasil e 8% da China. O FMI prevê que a China, com o seu PIB, em poucos anos superará os Estados Unidos. Reinhardt ressalta ainda que a comparação com os PIBs pode ser enganosa, uma vez que desconsidera a significante diferença do tamanho populacional. Em um nível per capita, a China e a Índia continuarão a permanecer muito atrás do Ocidente por um longo período; contudo, os tempos de forte crescimento no Ocidente podem ter chegado ao fim. Como Roberto J. Gordon argumenta em uma análise profunda, o Ocidente parece ter explorado plenamente os frutos de três revoluções industriais nos últimos 250 anos. Segundo Gordon, especialmente os problemas demográficos e a dívida acumulada têm o potencial de sufocar o crescimento de forma significativa. As profundas análises de Gordon questionam a hipótese do eterno crescimento econômico. É claro que mais uma revolução pode estar preparando-se, mas a política social não pode se basear em tais especulações. Os países do BRIC e outros em desenvolvimento têm o potencial e a necessidade de crescer dentro dos limites das revoluções passadas ainda por algum tempo. Alguém poderia perguntar se o Ocidente precisa de uma nova revolução para salvá-lo das montanhas de dívidas acumuladas. Links e Literatura China’s Economic Growth and American Fears (Uwe E. Reinhardt) www.managing-essentials.com/2ln Is U.S. Economic Growth Over? Faltering Innovation Confronts Six Headwinds. (Robert J. Gordon) www.managing-essentials.com/2lo Um pouco de Singapura, a cidade fresca. Agora quase todo ano se publicam estudos com o ranking mundial das nações e a felicidade de suas populações. Cingapura destaca com regularidade. De acordo com a análise do website “www.insing.com“, a recente pesquisa do Instituto Gallup sobre a emotividade difere em seu foco, mas adiciona algo de pimenta às descobertas anteriores sobre a felicidade. surpreenderam muitos observadores, pois estas variáveis são em geral bons prognósticos da felicidade. Os dados indicam que a produtividade disciplinada de Singapura não acompanha uma experiência de vida produtiva. Estas correspondem bem a outras descobertas segundo as quais, apesar de bons números empregatícios a satisfação no trabalho permanece baixa. A organização Gallup realizou uma pesquisa mundial perguntando aos entrevistados quais e quantas emoções eles vivenciam durante um dia normal de trabalho, por exemplo, "você sorriu ontem?” As Filipinas, El Salvador, Bahrein, Omã e Colômbia são os cinco primeiros países para ir se você deseja estar rodeado de uma atmosfera emocional. Geórgia, Lituânia, Rússia e Madagáscar devem ser evitados, como os países mais baixos no ranking se não houvesse Singapura, o país menos emotivo do mundo. Aquela Singapura, normalmente favorita quanto ao PIB, à competitividade e às taxas educacionais A longo prazo, esta "medida de emotividade" baixa vai impactaros índices de felicidade, onde a Singapura já se encontra em um lugar baixo no ranking comparado com outros países com uma base econômica semelhante. A sociedade de Singapura deve passar de bons números para uma boa vida se quiser manter sua vantagem competitiva atual. A falta de felicidade é cara à medida que as taxas de doença tendem a subir e a expectativa de vida tende a diminuir. Entretanto, na base de suas realizações nas últimas décadas, os habitantes de Singapura merecem um pouco mais de diversão! diversão, uma qualidade de vida Links e Literatura No time for emotions in Singapore (insing.com) www.managing-essentials.com/2lp Singapore Ranks as Least Emotional Country in the World Residents living in the Philippines are the most emotional (Jon Clifton) www.managing-essentials.com/2lq Página 6 Essencial Management Casos de nagócios Zara, um vislumbre na indústria de moda rápida. A indústria da moda, com seus frequentes altos e baixos das marcas, é um fascinante universo de negócio. No "The New York Times” Suzy Hansen analisa um de seus atores de maior sucesso durante as últimas duas décadas, Inditex, a companhia atrás da marca "Zara". Com uma fortuna de 53 bilhões de US$, o espanhol Amancio Ortega Gaona, fundador da Zara, recentemente ultrapassou Warren Buffet em riqueza pessoal. Comparativamente, sua marca Zara superou a concorrência nas últimas duas décadas vendendo mais de 800 milhões de peças de vestuário por ano em 5.900 lojas no mundo inteiro. As lojas são estreitamente ligadas à sede em La Coruña, uma pequena cidade na parte galega da Espanha. Equipes mistas de desenhistas e gerentes atendem as respostas dos clientes muito rapidamente para identificar tendências globais. Como uma líder na "moda rápida" a Zara projeta e despacha velozmente peças de roupa, encabeçando estas tendências em um sistema íntimamente interligado que conecta as respostas dos clientes com o projeto de design e a produção. Ao contrário de muitos concorrentes que utilizam os fabricantes mundiais, a empresa produz uma parte significativa do seu vestuário localmente, na ou perto da Espanha. Fazendo seu dinheiro no mundo internacional do glamour e da moda, internamente a empresa é caracterizada por uma cultura de modéstia e da funcionalidade. A Zara exemplifica que a eficiência de custo é uma abordagem sistémica e não deve ser igualada com a soma das tentativas de corte de custo isolado. A focalização da qualidade e uma estratégia de desenho rapidamente adaptável são os pilares deste sistema. Na “Bloomberg Businessweek”, Sapna Maheshwari sugere que se os consumidores sofrerem uma fadiga rápida da moda e se voltarem para artigos mais caros e de maior duração, a Zara será uma das principais beneficiárias desta tendência. Links e Literatura How Zara Grew Into the World’s Largest Fashion Retailer (Suzy Hansen) www.managing-essentials.com/2l4 Gap Gains With Zara Responding to Fast-Fashion Fatigue (Sapna Maheshwari) www.managing-essentials.com/2l5 Groupon tem que lutar muito para voltar a ser um negócio atrativo. As altas expectativas levantadas pela varejista da internet Groupon em sua oferta pública inicial (IPO) chocaram, só um ano atrás, com a realidade desencantadora. Panos Mardoukotas explica em uma série de artigos na “Forbes Magazines” por quê a empresa tem tantas dificuldades. Há um ano Groupon foi listada na bolsa de valores, sendo estimada por muitos como a primeira maior empresa da internet, em muitos anos, a entrar no mercado com uma ideia inovadora . Seu nome remete à ideia de um acrônimo (Group, on, coupon) com suas famosas “ofertas diárias”. Groupon tentou juntar grupos de clientes que, se suficiente em tamanho poderiam obter um produto com um desconto significante, para os quais a empresa dava um cupom. Contudo, desde o ano passado, o valor das ações sofreu uma perda de 85 por cento baixando de US$ 20 para cerca de US$ 3 em um mercado agitado durante os últimos dias. Um significativo ganho nas receitas não ajudou a evitar um rebaixamento pelos analistas. Receitas nos Estados Unidos cresceram em cerca de 30%, mas permaneceram abaixo das perspectivas e a entrada em outros mercados revelou dificuldades e alto custo. Agora muitos comentaristas, incluindo Panos Mardoukotas e Julianne Pepitone, questionam o modelo de negócios que tem algumas desvantagens comparada à outros mercados online. Não há continuidade no que diz respeito aos produtos oferecidos, os compradores dependem de um grupo e não podem comprar espontaneamente. Panos Mardoukotas propõe que a Facebook compre a Groupon, o que poderia aproximar os processos de compra sociais dos mídia sociais. Groupon sofre com o fato de que as pessoas amam ofertas de “promoção especial”, mas muitos produtos domésticos não se adequam a tal abordagem e produtos mais sofisticados são vendidos por outros canais. Com produtos em permanente oferta de “always on”, Groupon tenta trazer agora mais estabilidade para sua gama de produtos. Entretanto, ao fazê-lo corre o risco de perder seus compradores focados nas “promoções especiais” e mercados influentes nos quais grandes “players“ como a Amazon marcam o compasso. Links e Literatura What to Do With Groupon's Stock (Panos Mourdoukoutas) www.managing-essentials.com/2l6 Groupon plummets 30%. Can the company survive? (Julianne Pepitone) www.managing-essentials.com/2l7 Página 10 Volume 2, Edição 12 Editorial (Continuação da página 1) das pessoas que têm que lutar diariamente por suas necessidades básicas. Neste contexto também não surpreende que pesquisas sobre a justiça nas organizações só ganharam importância nos anos 1970, e ainda somente se encontram nas nações desenvolvidas, mas, masmo assim, as pesquisas estão se desenvolvendo com uma velocidade enorme. Para as organizações destes países a justiça tornou-se um tema central e aspeto básico da cultura corporativa. Justiça refere-se à questão de como as coisas são, em relação a como elas deveriam ser. Simplificando, o resultado ideal seria que a organização é considerada "justa". Ninguém quer trabalhar em uma organização que não é justa. Em 2001, Jason A. Colquitt e outros integraram mais de 180 estudos de metanálise e demonstraram que a percepção de justiça tem um grande impacto nas atitudes de trabalho, na satisfação no trabalho, no compromisso e na confiança. Se os funcionários escolhem empresas consideradas "injustas", eles não apenas terão que enfrentar uma baixa moral no trabalho e relações interpessoais problemáticas, mas também se encontrem com uma alta rotatividade de funcionários dado que o melhor muitas vezes opta por sair. Issosugere, portanto, que a injustiça pode resultar cara. Em um estudo realizado por Lind e outros sobre downsizing, 66% dos entrevistados acharam a sua demissão injusta e consideraram o litígio. No grupo que se sentiu tratado de maneira justa apenas 15 % tinham essa opinião. Se um corte de salário é bem explicado com argumentos convincentes, a rotatividade se torna significativamente mais baixa do que se esse corte for anunciado sem explicação. Até que ponto a empresa é considerada justa depende de três dimensões centrais de justiça. A justiça processual refere-se aos processos dentro de uma organização que devem ser consistentes, livres de preconceitos e têm que atender a todos. Em segundo lugar, a justiça distributiva deve garantir que todos recebem um quinhão da saída em relação à entrada e, em terceiro lugar, a justiça interpessoal que garante que os indivíduos sejam tratados com respeito e dignidade e bem informados Estas dimensões se sobrepõem e a distinção é de fato acadêmica, mas é também útil ao apontar o papel central da justiça processual. Se os ganhos são distribuídos equitativamente, o modo como os funcionários são tratados depende das regras e dos procedimentos que a organização tenha desenvolvido para si e que são exemplificados por sua liderança. É claro que, em uma organização grande haverá variações no comportamento e existem fatores situacionais a serem considerados, mas os princípios devem ser claros. Tradicionalmente, algumas empresas asiáticas formam a vanguarda da justiça interpessoal no local de trabalho. É parte da cultura confucionista ver o elemento social como ponto crucial e lutar por um equilíbrio que seja considerado justo por todos. O êxito de algumas companhias japonesas nos anos 1970 e de companhias coreanas hoje baseia-se mais na sua mão de obra leal e comprometida e sua organização harmoniosa do que nas inovações do design ou engenharia do produto. A nível mundial, organizações militares como os exércitos que põem seus empregados em risco real, por muitas décadas esforçaram-se para serem uma organização justa e de princípios. É evidente que uma liderança que toma decisões de vida ou morte necessita legitimidade e qualificação especiais. As regras pelas quais as unidades e os indivíduos são colocados em risco não devem ser arbitrárias. Os altos padrões a respeito dos relacionamentos privados dentro dos exércitos não têm muito a ver com puritanismo, mas sim com os perigos do tratamento preferencial e isto é supervisionado com frequência. É natural que se mantenha um ente querido fora de perigo e que se promova o mais querido. No entanto, onde ordens têm que ser obedecidas e é dada Assiette représentant le jugement de Salomon, pintor anônimo* confiança incondicional a alguns, não há lugar para sentimentos pessoais nem dúvidas em termos de qualificação daqueles que dão a órdem. Felizmente as decisões da maioria dos líderes são menos dramáticas e sequenciais, mas também sua posição de liderança se baséia na confiança desde todos os níveis na organização. A confiança é um sentimento, mas também, como indica a metanálise de Dirks & Ferrin de 107 amostras com mais de 20.000 indivíduos, o ingrediente principal é a percepção de que o líder está comprometido com a justiça. O estudo mostra que não há liderança sem visão e direção, mas é a percepção de justiça que vai decidir sobre a qualidade da interação e do desempenho. Como a justiça pode ser alcançada? Existem muitas abordagens de uma variedade de origens filosóficas, mas para as organizações a abordagem pragmática do filósofo do Direito dos EUA, John Rawls, parece ser a mais adequada. Em sua abordagem da justiça social, Rawls argumenta que as desigualdades devem ser minimizadas e as oportunidades maximizadas para todos. Desigualdades são inevitáveis, mas devem ser vantajosas para todos e estar ligadas a posições que estão abertas para todos. Isso soa um pouco complicado, mas apenas significa que todos devem ter uma chance na organização e à medida que as diferenças entre as posições Página 11 existam, estas diferenças devem ser vantajosas para todos. Russell Cropanzano e outros dão uma visão geral, em algumas abordagens recentes, sobre a justiça em problemas clássicos em alocação, pagamento e realização de avaliações. Eles demonstram que a justiça não é um obstáculo à funcionalidade organizacional, mas, pelo contrário, pode ser útil para encontrar uma forma em que todos os membros compreendam seu papel. organizacional requer não apenas que a organização como um todo aspire padrões elevados, mas também que todos os envolvidos nela os aspirem. Só enquanto o individualismo traz vantagem ele é considerado um privilégio valioso, em todos os outros casos os indivíduos preferem ser tratados com justiça, assim como todos em uma situação comparável. A justiça pode ser um tema sóbrio, criar e mantê-la na vida diária de uma organização exige esforços que podem ser difíceis em termos emocionais. É, de qualquer jeito, uma ilusão, mas nós queremos ver as organizações como empresas individualistas. Não é apenas por isso que compramos produtos de massa das organizações industriais para expressarmos nossa individualidade, mas também dentro da organização gostaríamos de ver-nos e sentir-nos como indivíduos, não como agentes intercambiáveis dentro de um grande sistema. A justiça coloca esta perspectiva individualista como pano de fundo e centra-se nas regras e nos procedimentos que devem ser aplicados a todos. O termo central é equitatividade e não individualidade. Não são as deliberações individualistas, mas sim os procedimentos impessoais que devem passar pelas provas de consenso, tempo e diferenciação situacional devem decidir sobre o curso de ação. Justice at the millennium: A meta-analytic review of 25 years of organizational justice research (Jason A. Colquitt, Donald E. Conlon, Michael J. Wesson, Christopher O. L. H. Porter and K. Yee Ng). Os benefícios desta perspectiva só se tornam evidentes à segunda vista. O individualismo é muitas vezes uma fonte de dor e pode levar a um tratamento discriminatório ou inadequado, e à falta de informações e argumentos e decisões fracas ou parciais. O "mau patrão" é um dos problemas mais frequentes em quase todas as empresas. Insistir na justiça Links e Literatura Journal of Applied Psychology ; 86 (2001), 3, pp. 425 – 445. www.managing-essentials.com/2l8 The winding road from employee to complainant: Situational and psychological determinants of wrongful termination claims. (Lind, E. A., Greenberg, J., Scott, K. S., & Welchans, T. D.) Administrative Science Quarterly, 45, 557 –590. www.managing-essentials.com/2l9 Trust in leadership: meta-analytic findings and implications for research and practice. (Dirks K.T. & Ferrin D.L.) Journal of Applied Psychology, 2002, Aug;87(4):611-28. www.managing-essentials.com/2l0 Essencial Management está prestes a se tornar em primeiro boletim informativo para gerentes gerais, especialistas em desenvolvimento organizacional e profissionais na área de recursos humanos. Essencial Management fornece revisões quinzenais e resumos de artigos sobre as novas aproximações e as melhores práticas na área de empreendimento humano focando-se especialmente em desafios encontrados na administração internacional. Nos centramos principalmente em aspectos essenciais de liderança, administração de mudança, aprendizagem e recrutamento organizacional, (mau) comportamento organizacional e meios para melhorar o impacto de políticas de gerenciamento. Para tratar estas temáticas identificamos e definimos as aproximações e resultados que contêm "conhecimento acionável” ou, que tenham se provado na prática. Além disso, Essencial Management tenta identificar novas ideias inspiradoras dentro e fora da academia. Nossos editoriais avaliam e contextualizam assuntos centrais dos quais muitas soluções pragmáticas derivam. John Rawls (1971). A Theory of Justice. New York: Belknap. www.managing-essentials.com/2l1a The Management of Organizational Justice (Russell Cropanzano, David E. Bowen, Stephen W. Gilliland) Academy of Management Perspectives, Vol. November (2007), pp. 34-48 www.managing-essentials.com/2l1b Obtenha uma Versão Premium EM O preço da subscrição individual para a versão Premium é de R$140,00 (80 US$; 60 €uro) por ano. As condições são simples. Subscreva à versão Premium e receberá a fatura depois de quatro semanas. Se não gostar do boletim informativo, ignore a fatura - e seu registro será cancelado. Caso contrário a subscrição continuará durante um ano sem renovação automática. Se quiser distribuir Essencial Management para sua empresa, por favor, solicite nossos planos de assinatura corporativa. http://www.essencial-management.com.br/ Do Essencial Management Ona & Ono Publishing Lhe desejamos feliz Natal e um próspero ano novo!!! Essencial Managment do Brasil Detlev Liepmann Professor of Psychology at Freie Universität Berlin Wolfgang Battmann Associate Professor of Psychology at Freie Universität Berlin Roland Maass German Diplom Engineer E-mail: [email protected] Política de Privacidade/Termos de responsabilidade : www.managing-essentials.com/pr *Source: wikipedia.org