III SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2014
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Percepção Ambiental por meio de Trilha Ecológica no Instituto Federal do Espírito
Santo, Município de Alegre.
Márcio Vieira da Costa Filho1*, Atanásio Alves do Amaral2 & Karla Maria Pedra de
Abreu2
1
Graduando em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo, (Ifes) Campus de Alegre
2
Professor, Doutor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito
Santo, (Ifes) Campus de Alegre
3
Professora, Doutora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito
Santo, (Ifes) Campus de Alegre
*Endereço para correspondência: [email protected]
Introdução
Nos dias atuais o mundo vem sofrendo uma grande crise envolvendo o meio ambiente, no
qual o desenvolvimento econômico cresce a qualquer custo sem levar em consideração os
impactos ambientais e a retirada de recursos naturais que ocorre de qualquer maneira sem
que haja preocupação (Silva et al., 2006). De acordo com a mesma autora, essa situação é
desmotivadora e novas atitudes são necessárias para que haja mudança nesse quadro crítico
de degradação do meio ambiente.
A Educação Ambiental (EA) tem a finalidade de preparar cada indivíduo e a sociedade
para realizarem ações de desenvolvimento sustentável como resposta aos desafios do
crescimento populacional que acarreta uma demanda maior de recursos naturais, acentua a
quantidade de resíduos sólidos e gera a necessidade de um maior crescimento econômico
(Dias, 2004).
As atividades voltadas ao ensino escolar devem ser realizadas de forma concreta, para
proporcionar aos alunos a sensibilização acerca dos problemas ambientais e buscar
soluções diferenciadas,
problematizando
questões do
ambiente urbano,
fatores
psicossociais, históricos, políticos, éticos e estéticos (Dias, 2004). De acordo com o autor,
essa estratégia de ensino pode ajudar o educando na construção de uma mentalidade que os
levem a resolver os problemas ambientais.
Para trabalhar a EA, podem-se utilizar locais naturais que gerem possibilidades educativas,
em que são enfatizados problemas ambientais com os visitantes. Esses espaços podem ser
praças, jardins, Unidades de Conservação (UC), dentre outros (Serpe & Rosso, 2010). As
trilhas ecológicas são capazes de proporcionar aprendizado e sensibilização, pois
estabelece o contato e aproximação com o meio ambiente, onde gera a interpretação da
área visitada (Santos et al., 2012).
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COSTA E FILHO ET AL: PERCEPÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DE TRILHA ECOLÓGICA.
Com o intuito de promover a Educação Ambiental, os alunos da Escola Estadual de Ensino
Médio “Monsenhor Miguel de Sanctis” participaram de uma trilha em um fragmento
florestal de Mata Atlântica do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus de Alegre.
Material e Métodos
O presente trabalho foi desenvolvido no Polo de Educação Ambiental da Mata Atlântica
(PEAMA), localizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito
Santo (Ifes) – Campus de Alegre, no mês de março de 2013. O Campus de alegre possui
um fragmento de Mata Atlântica, classificada como Floresta Estacional Semidecidual
Submontana (FES), com área aproximada de 40 hectares, cuja vegetação característica é a
mata secundária (Abreu et al., 2013).
No primeiro momento da pesquisa os educandos de quatro turmas dos terceiros anos do
Ensino Médio realizaram redações expondo opiniões sobre o que a viagem ao PEAMA
poderia proporciona-los. Essa etapa envolveu coleta de dados, no qual, por meio das
redações realizadas antes da viagem foi possível obter alguns resultados preliminares sobre
o que os estudantes esperavam de uma visita a um fragmento de Mata Atlântica em um
polo de Educação Ambiental.
As quatro turmas dos terceiros anos totalizaram 120
estudantes e o total de vagas disponíveis devido ao transporte foram apenas de 80. Dessa
maneira os discentes foram selecionados para realizarem a visita ao PEAMA. A seleção
dos mesmos levou em consideração os seguintes quesitos: coerência do título, coerência do
tema abordado, boa estrutura do texto e quantidade de linhas (mínimo 7 e máximo 15).
No segundo momento da pesquisa, realizado no Ifes, foi apresentado aos estudantes um
vídeo sobre o tráfico de animais, abordando os problemas ocasionados aos ecossistemas
pela retirada de animais silvestres das florestas nativas.
No terceiro momento, realizado no PEAMA, foram dadas explicações relacionadas à Mata
Atlântica e o condutor ambiental, responsável pela trilha, fez as recomendações
necessárias.
No quarto momento, foi realizada a caminhada na trilha. Em vários pontos, o condutor fez
explanações sobre a história do local e o que estava sendo observado. O método de
Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos (IAPI) (Magro & Freixêdas, 1998)
foi aplicado, em três etapas. Na primeira etapa foi feito o levantamento dos pontos
potenciais para interpretação, por meio da observação e do estudo dos recursos naturais do
local. Na segunda, foram selecionados os indicadores, por meio da observação da
paisagem e recursos naturais nos diferentes pontos potenciais da trilha. Os pontos
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evidenciados foram: uma lagoa artificial, uma nascente, uma barragem para calcular a
quantidade de chuva que desce da mata e a Cachoeira Seca, onde existiam várias espécies
vegetais e uma caixa d’água, que abastecia a comunidade. Na terceira,procedeu-se à
elaboração da ficha de campo, onde se relacionou a ausência ou presença dos indicadores
em cada um dos pontos potenciais de interpretação.
No quinto momento, os discentes escreveram textos sobre o que a visita ao PEAMA lhes
proporcionaram em relação à percpção e ao conhecimento acerca da Mata Atlântica. Os
textos escritos após as atividades seguiram os mesmos critérios dos textos escritos
anteriormente a estas.
Os dados foram analisados qualitativamente, utilizando-se o método fenomenológico, que
busca a compreensão do que é estudado por meio da observação, voltando a atenção para o
que é específico (Martins & Bicudo, 1989).
Resultados e Discussão
Ao realizarem as dissertações, nas quais os alunos tiveram que expor o que esperavam da
visita técnica ao PEAMA, a maioria disse que o principal intuito da viagem seria adquirir
conhecimento. Além destes alguns queriam somente conhecer a instituição e outros apenas
viajar.
As dissertações realizadas após as atividades tiveram efeitos positivos, pois alunos que
queriam somente uma viagem ou conhecer a instituição foram mobilizados e quase todos
demonstraram ter adquirido sensibilização ecológica e gostariam de voltar ao PEAMA
com o intuto de se aproximar da natureza e estabelecer contato com os fatores que este
meio lhes proporcionaram. Alguns discentes enfatizaram que a viagem coloca em prática
os conteúdos trabalhados na sala de aula e que é possível aprender as dinâmicas ecológicas
com maior facilidade.
Os resultados das dissertações foram muito satisfatórios e 100% dos educandos
demonstraram ter se sensibilizado o que pode ser evidenciado nos trechos descritos pelos
estudantes a seguir:
“O professor que nos guiou pela trilha ainda nos deu uma aula de consciência ambiental,
que nos fez entender que não devemos degradar o meio e principalmente não degradar
árvores.”
“Aprendemos como cuidar um pouco mais do lugar onde vivemos, a preservar e
conhecermos novas espécies de plantas, também de nossas plantas nativas e de nosso
bioma.”
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“Na mata foi mostrada a importância do ecossistema e pude aprender mais sobre o meio
biótico e abiótico, aprendi que também devemos respeitar a natureza e o espaço dela.”
O respeito pelo ambiente surge a partir de atividades como as realizadas no PEAMA que
de acordo com Boff (2003) é capaz de possibilitar um caráter voltado para atitudes
ecologicamente corretas e promover o respeito aos ecossistemas baseando-se no respeito à
vida, em que “tudo que existe merece existir; tudo que vive merece viver”.
Os resultados da utilização de trilhas interpretativas no trabalho de Bedim (2004)
corroboram com os obtidos no presente trabalho, no qual as atividades foram capazes de
motivar a capacidade de observação e reflexão, possibilitando a transmissão de
conhecimentos na área de Ciências, sensibilização e conscientização ambiental. Dessa
maneira de acordo com o autor a natureza é um instrumento que torna mais fácil o
aprendizado e a preservação de recursos naturais, sendo positivo viabilizar mais contato e
visita dos indivíduos em Unidades de Conservação.
A aproximação com ambientes naturais pode ocasionar um sentimento de pertencimento
aos ecossistemas como ocorreu com os educandos que visitaram o PEAMA. Segundo
Pinheiro et al. (2010), é fundamental a educação para a conscientização, ou seja,
conscientizar visitantes e todos que mantêm contato com locais de preservação, para
entenderem que o ser humano é a própria natureza.
Conclusão
Através do passeio ecológico ao PEAMA foi possível verificar que o contato com a
natureza é capaz de promover sensibilização e consequentemente aprendizagens voltadas à
disciplina de ecologia. Dessa maneira o contato direto com a natureza demonstrou ser uma
prática metodológica eficaz, pois gerou o sentimento de preservação do meio ambiente, no
qual os educandos entenderam que estão diretamente inseridos na natureza.
Agradecimentos
Ao Programa Institucional de Bolsa e Iniciação à Docência (PIBID), a Escola Monsenhor
Miguel de Sanctis e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CAPES) pelo auxílio e bolsa à pesquisa ao primeiro autor.
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Literatura Citada
Abreu, K. M. P.; Costa Filho, M. V. & Sattler, M. A. 2013. O contato com a Mata
Atlântica através de trilha interpretativa no polo de Educação Ambiental – IFES/
Campus de Alegre. Congresso Nacional de Botânica, 65., Belo Horizonte.
Bedim, B. P. 2004. Trilhas Interpretativas como Instrumento Pedagógico para a Educação
Biológica e Ambiental: Reflexões. Anais... Bio Ed, 2004. Universidade Federal de
Ouro
Preto,
Ouro
Preto.
Disponível
em:
http://www.ldes.
unige.ch/bioEd/2004/pdf/bedim.pdf. (28/04/2014).
Boff, L. 2003. Ecologia e espiritualidade. In: Trigueiro, A. (org.). Meio Ambiente no
século 21. Rio de Janeiro: Sextante.
Dias, G. F. 2004. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia.
Magro, T. C. & Freixêdas, V. M. 1998. Trilhas: como facilitar a seleção de pontos
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Martins, J. & Bicudo, M. A. V. 1989. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e
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Santos, M. C. et. al. 2012. Oficina de interpretação ambiental com alunos do ensino
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Educação, 6(2):271-287.
Serpe, B. M. & Rosso, A. J. 2010. Uma leitura Piagetiana do papel da percepção na
construção do conhecimento socioambiental em trilhas interpretativas. Revista
Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas, 3(5):28-56.
Silva, B. F. et. al. 2006. Educação ambiental: interação no campus universitário através de
trilha ecológica. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, 17:2040.
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