64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 O CONTATO COM A MATA ATLÂNTICA ATRAVÉS DE TRILHA INTERPRETATIVA NO PÓLO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL IFES/CAMPUS DE ALEGRE 1 1 Karla Maria Pedra de Abreu *, Marcio Vieira Costa Filho , Marcos Antonio Sattler 1 1 Instituto Federal do Espírito Santo;* [email protected] Introdução A Mata Atlântica abriga uma alta diversidade biológica, com grande número de endemismos [1], sendo apontada como uma das áreas de maior prioridade para a conservação biológica no mundo [2]. Devido ao alto grau de ameaça que vem sofrendo é considerada um hotspot mundial. Partindo-se do pressuposto de que é preciso conhecer para se preservar, este trabalho teve por objetivo promover a utilização de trilhas interpretativas no fragmento florestal que compõe o Pólo de Educação Ambiental (PEAMA) do Ifes/Campus de Alegre, como instrumento de educação ambiental, com enfoque nas espécies arbóreas que nela ocorrem. Metodologia O PEAMA possui uma área de mata de cerca de 40 hectares, composto de Floresta Estacional Semidecidual Submontana (FES) com vegetação característica de mata secundária. Foi implementada uma trilha interpretativa, denominada Trilha da Cachoeira Seca, que tem uma extensão aproximada de 400m. Foram realizadas caminhadas, para identificação de espécies botânicas e posteriormente, alocação de placas identificando-as. Posteriormente, 80 alunos do 3º ano da Escola Estadual de Ensino Médio “Monsenhor Sanctis”, a qual é parceira do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, foram levados à uma caminhada pela trilha, onde o condutor fez explanações sobre a história local, conservação e relevância ecológica das espécies arbóreas observadas. Após essas atividades, os alunos foram questionados sobre o que a visita lhes proporcionou. Resultados e Discussão Ao longo da trilha foram identificadas espécies arbóreas características das FES Submontanas do sul do Espírito Santo [3], tais como: Astronium graveolens (cajá do mato), Tabernaemontana laeta (esperta), Astrocaryum aculeatissimum (brejaúba), Cybistax antisyphilitica (ipê felpudo), Handroanthus serratifolius (ipê amarelo), Terminalia mameluco (pelada), Erythroxylum pulchrum (fruta de papagaio), Cnidoscolus oligandrus (ardiabo), Pachystroma longifolium (folha de espinho), Senefeldera verticillata (sucanga), Apuleia leiocarpa (pau sangue), Anadenanthera peregrina (angico teta de porca), Basiloxylon brasiliensis (farinha seca), Trichilia casaretti (óleo mirim), Ficus sp. (figueira), Ziziphus glaziovii (joá), Neoraputia alba (guarapoca), Cupania oblongifolia (camboatá), Siparuna guianensis (negra nina), Cecropia hololeuca (embaúba prateada). Durante a realização da trilha os alunos demonstraram motivação e interesse ao fazerem perguntas ao condutor. Os mesmos relataram que a trilha foi proveitosa e que gostariam de realizar esse tipo de atividade novamente (100%), sendo mobilizados através da aquisição de uma consciência ecológica (80%). Alguns enfatizaram que vivenciaram na prática conteúdos trabalhados na sala de aula e que dessa maneira, foi possível aprender com maior facilidade, corroborando a afirmativa de que a interpretação da natureza é a arte de explicar o lugar do homem em seu meio, com a finalidade de incrementar a consciência do visitante acerca da importância dessa interação e despertar nele o desejo de contribuir com a conservação do meio ambiente [4]. Conclusões Através da interpretação ambiental realizada na trilha do PEAMA, foi verificada uma aproximação dos visitantes com as questões ambientais, o que favoreceu sua compreensão a respeito da relevância ecológica da área visitada para a conservação da biodiversidade local, através da vivência de aspectos práticos, como a observação da flora arbórea nativa da Mata Atlântica. Agradecimentos Ao IEMA pelo convênio com o PEAMA Ifes/Campus de Alegre e à CAPES pela concessão de bolsas do programa PIBID aos dois primeiros autores. Referências Bibliográficas [1] Galindo-Leal, C.; Câmara, I.G. 2005. Mata Atlântica. Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas. Tabarelli, M. Pinto, L.P., Cardoso Da Silva, J.M., Costa, C. M. R. In: Espécies ameaçadas e planejamento da conservação. Capítulo 8. Fundação SOS Mata Atlântica. Belo Horizonte. p.86-94. [2] Espírito-Santo, F.D.B.; Oliveira-Filho, A.T.; Machado, E.L.M.; Souza, J.S.; Fontes, M.A.L. & Marques, J.J.G.S.M. 2002. Variáveis ambientais e a distribuição de espécies arbóreas em um remanescente de floresta estacional semidecidual montana no campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), MG. Acta Botanica Brasilica 16 (3): 331-356. [3] ARCHANJO, K.M.P.A.; SILVA, G.F.; CHICHORRO, J.F.; SOARES, C.P.B. 2012. Estrutura do componente arbóreo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Cafundó, Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, Brasil. Floresta 42 (1): 145-160. [4] DON ALDRIGE, 1973, apud CARVALHO et. al., Manual de Introdução à Interpretação Ambiental. Belo Horizonte: SEGRAF, 2002. Projeto Doces Matas, 108 p.