UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO MÉDICA NO BRASIL: DO REGIME BOM SERÁ À RESIDÊNCIA MÉDICA Por: Maria Cristina Pereira de Sá Orientador Profa. Diva Nereida Maranhão Rio de Janeiro 2007 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “ LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO MÉDICA NO BRASIL: DO REGIME BOM SERÁ À RESIDÊNCIA MÉDICA Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior. Por: Maria Cristina Pereira de Sá 3 AGRADECIMENTOS A meus pais, João Walkyrio e Lailda, pela eterna doação 4 DEDICATÓRIA A meus filhos Daniel e Juliana, e a Cleber meu marido pela compreensão por minhas ausências involuntárias. 5 RESUMO Instituído em 1808, o ensino médico no Brasil evoluiu seguindo as transformações da sociedade brasileira. No início para o ingresso, bastava saber ler e escrever com a recomendação que , bom será que também saiba as línguas inglesa, francesa...As reformas se sucederam visando um ensino mais eficiente, inicialmente atrelado ao modelo português e posteriormente à influência francesa. Com a criação da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro , novo passo é dado agora na estruturação das atividades dos profissionais e ensino médico no Brasil. O país passa por várias mudanças políticas e sociais , várias reformas no ensino médico visam a adaptação aos novos conceitos científicos, abandona-se o modelo francês altamente teórico em busca de um modelo cientifico e prático, mais próximo da experiência da reforma de Flexner ( 1910 ) nos Estados Unidos, que modificaram as relações do ensino e de mercado de trabalho com a implantação das especialidades médicas. No Brasil o reflexo das mudanças de paradigmas no ensino é representado principalmente com a criação da Residência médica em 1944 , ensino de pós-graduação, visando a especialização médica, treinamento em serviço. na forma de 6 METODOLOGIA O tema educação médica, foi decidido na ocasião em que cursava a disciplina Políticas Públicas e Educacionais, durante a explanação sobre a educação no período colonial, o papel dos jesuítas e reforma Pombalina , decidi que dissertaria sobre a criação do curso de medicina no Brasil. Parti então para pesquisa inicialmente pela internet , levantei os títulos e onde achá-los , a maior parte estava nas bibliotecas da FIOCRUZ, alguns pude acessar on line . Portanto, o assunto estava decidido, o material já estava catalogado , bastava então juntar as informações e ir adiante e foi o que fiz, após a avaliação do material delimitei o período: colônia com a chegada da família Imperial e a criação das Escolas de Cirurgia e a criação da residência médica em 1944, então surgiu o tema: A educação médica no Brasil: do Regime Bom Será à Residência médica. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I SAÚDE NO BRASIL COLONIAL 09 CAPÍTULO II FUGA PARA COLÕNIA – SAÚDE NO BRASIL IMPERIAL 14 CAPÍTULO III CRIADA A ESCOLA DE MEDICINA : REGIME BOM SERÁ 17 CAPÍTULO IV A MEDICINA É DOS MÉDICOS 20 1.1 MEDICINA POPULAR VERSUS MEDICINA ACADÊMICA 1.2 A MULHER E A MEDICINA 24 CAPITULO V AS REFORMAS DO ENSINO 27 CAPÍTULO VI HOSPITAL DE ENSINO – CRIAÇÃO DA RESIDÊNCIA MÉDICA 37 CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 44 ANEXO 47 8 INTRODUÇÃO A transferência da Família Real para o Brasil, representou o início de uma nova era, por conta das modificações que se fizeram necessárias para tornar a vida da Corte mais suportável. Entre as mudanças “civilizatórias” : a criação das Escolas de Cirúrgica da Bahia e do Rio de Janeiro, com a finalidade de facilitar o acesso daqueles que pretendiam iniciar-se na arte de curar sem precisar ir a Portugal, mesmo assim, durante alguns anos os que aqui concluíam o curso precisavam complementá-lo nas faculdades da Europa, por conta do ensino incipiente , a maioria não retornava , logo por conta do número insuficiente de cirurgiões e médicos e a inexistência de uma estrutura de assistência à saúde, proliferaram práticos, curandeiros e boticários. Esse panorama de “medicina empírica ” começa a mudar no momento em que é fundada a Sociedade Médica do Rio de Janeiro que inicia a estruturação das atividades profissionais e ensino médico no Brasil. As escolas de cirurgia seguiam o modelo francês que era iminentemente teórico foi posteriormente abandonado. A partir da reforma de 1879 mulheres são aceitas nos cursos de medicina e a Reforma Sabóia (1882) de orientação germânica dá inicio a um ensino mais experimental, reformas se seguem por conta dos avanços científicos, na percepção das doenças e na relação com o paciente. O país passa por transformações políticas importantes que por algum tempo retardaram avanços na educação. A partir de 1930 novas instituições são criadas, organizando as relações da sociedade e Estado, o curso de medicina ganha novas disciplinas, estimulo à pesquisa, ampliação de técnicas e práticas baseadas no hospital de ensino, modelo das reformas ocorridas a partir do relatório de Flexner (1910) que modificaram as relações entre ensino e mercado de trabalho a partir da criação das especialidades médicas nos Estados Unidos. O estreitamento científico com aquele país, culminou com a criação dos primeiros programas de residência médica na década de 1940. Passamos então a dissertar sobre a educação médica do período da colônia à criação da Residência médica. 9 CAPÍTULO I SAÚDE NO BRASIL COLONIAL Do descobrimento até a instalação do Império no Brasil, não havia nenhuma preocupação com aqueles que aqui viviam a não ser no que se referia aos tributos recolhidos, portanto, não havia nenhum modelo e nem interesse por parte do governo colonizador em uma atenção à saúde da população, logo, o atendimento às questões da saúde limitavam-se aos próprios recursos da terra (plantas,ervas) e àqueles que por conhecimentos empíricos (curandeiros) desenvolveram habilidades na arte de curar. O primeiro médico a pisar em terras brasileiras, foi o espanhol Mestre João ( João Farás), cirurgião Del Rei e cosmógrafo que acompanhava a frota de Cabral com a função de observador dos astros. Aos portugueses recém chegados à terra de Santa Cruz se impunha o desafio administrativo de assentar colonos, organizar engenhos açucareiros e o enfrentamento de uma geografia, fauna e flora desconhecidos. Com a migração crescente e surgimento de epidemias aumenta a necessidade de internação de pacientes destituídos de recursos ou recém chegados ao Brasil, são então criadas as Santas Casas da Misericórdia nos moldes daquela originada em Lisboa. Formada por uma irmandade leiga, a Santa Casa da Misericórdia teve origem em Portugal no final do século XV, em 15 de agosto de 1498, quando foi fundada a Confraria da Misericórdia , sob a real proteção de Dona Leonor, viúva de Dom João III. A primeira Santa Casa da Misericórdia no Brasil é fundada em 1543 na cidade de Olinda , logo após em 1543 a de santos e em 1549 a da Bahia. Seguiram-se outras, com o as do Rio de Janeiro , do Pará e de São Luís de Maranhão. O Governador-geral do Brasil , Tomé de Souza , em 1549 trouxe um cirurgião-mor , o cristão-novo Jorge de Valadares, o primeiro profissional diplomado a exercer a medicina no Brasil e alguns inacianos, liderados por padre Manoel da Nóbrega, primeiro Provincial na colônia, que tinha como meta a catequese , a organização das aldeias e conversão dos indígenas. Manoel da 10 Nóbrega foi responsável em 1553 pela criação do primeiro estabelecimento de ensino, o Colégio da Bahia, pontuando assim metas de desenvolvimento da missão no Brasil: atividade missionária e educacional. Os jesuítas ,soldados da Companhia de Jesus, que fora fundada em 1540 por Inácio de Loyola, tinham uma natureza desbravadora e muitos desafios neste novo continente: clima instável, animais peçonhentos e ataques de grupos de nativos . Alguns desses missionários tinham formação nas artes médicas, mas, a maioria acabou atuando informalmente e aprendendo na prática o oficio de curar, o exemplo mais conhecido foi José de Anchieta, outros missionários também tiveram fundamental importância ao descreverem propriedades de ervas e plantas curativas, sendo responsáveis pelos primeiros escritos da farmacopéia brasileira. A nova colônia americana assistiu a chegada impiedosa de inúmeras moléstias trazidas pela migração de portugueses e, ainda , pelos escravos vindos da África, precariamente atochados nos tumbeiros desde do século XVI. Assolada então por surtos epidêmicos de doenças como malária, sarampo. Febre amarela , disenteria e varíola , contou com a enorme habilidade dos jesuítas na observação dos sintomas , na evolução destas moléstias e na aplicação da terapêutica possível . Todos os aldeamentos indígenas foram alvo da ação jesuítica na área da saúde. Em 1574, o Provincial Inácio de Tolosa determinou que em todas as aldeias fossem criadas enfermarias e casas isoladas, que funcionassem como hospital (SANTOS FILHO, LYCURGO, HISTORIA GERAL DA MEDICINA BRASILEIRA , p.26) Entre os anos de 1654 e 1681, houveram várias tentativas por parte dos religiosos e das autoridades locais em transformar o Colégio da Bahia em universidade.Embora este propósito tenha sido negado pela Coroa Portuguesa, os jesuítas acabaram por fazer do Colégio dos Jesuítas da Bahia uma casa de estudos gerais comparável à Universidade de Évora em Portugal (LOBO,1964,TORRES, 1946). A escassez de médicos 11 leigos formados por escolas de medicina na Europa ,pelo menos até o século XVIII, fez dos jesuítas os responsáveis quase exclusivos pela assistência médica no primeiro século de colonização do Brasil , era comum a instalação de boticas e hospitais nos colégios da Companhia de Jesus. Com a expulsão dos jesuítas das colônias em 1759 pelo Marques de Pombal (Sebastião José de Carvalho), o aprendizado e obtenção da licença para curar na colônia que geralmente se dava nos hospitais da Misericórdia ou nos hospitais militares, toma outros rumos passando a um treinamento informal, ocorrendo até nas residências dos mestres das principais cidades e vilas. Na Bahia durante o ano de 1799, o Cirurgião–mor do 4°Regimento de Milícias, José Xavier de Oliveira Dantas ministrava um curso de anatomia e cirurgia em sua própria casa e tentou solicitar prerrogativa de “aula régia”, não obtendo êxito.(LOBO,1964). A carência de profissionais de médicos no Brasil Colônia e Império era enorme , para se ter uma idéia, no Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo a profissão (SALLES, 1971). Em outros estados brasileiros era mesmo inexistente. Diante desse quadro anárquico de inexistência médica estruturada, proliferaram pelo país os Boticários (farmacêuticos), a eles cabia a manipulação das fórmulas prescritas pelos poucos médicos existentes, e na verdade na maioria das vezes eles próprios tomavam a iniciativa de indicá-las. O processo de habilitação na função de Boticário consistia tão somente em acompanhar um serviço de uma botica já estabelecida durante um certo tempo, ao final do qual prestavam exame perante a Fisicatura e se aprovado , o candidato recebia a “carta de habilitação” e estava apto a instalar sua própria botica (SALLES, 1971) Pouquíssimos eram os médicos que aqui aportavam e os que vinham eram chamados físicos , em sua maioria cristãos- novos, ou seja , judeus recém convertidos ao catolicismo que viam na jornada à nova colônia a oportunidade de fugir à Inquisição. Em maior numero vieram os cirurgiões, dos quais havia três categorias : os “cirurgiões–barbeiros”, os “cirurgiões aprovados” e os “cirurgiões diplomados”. Predominavam os “cirurgiões – barbeiros “ , que praticamente monopolizaram a prática da medicina nos séculos XVI e XVII. Os assistentes 12 quase sempre mestiços ou mulatos aprenderam o oficio e se tornaram também “cirurgiões –barbeiros. Sem nenhum preparo, , iniciavam-se como aprendizes e após alguma prática eram examinados e recebiam a carta que os habilitava ao exercício da profissão. Praticavam tratamento de fraturas , luxações , curavam feridas , faziam sangria , aplicavam ventosas , sanguessugas e extraiam dentes. Durante os séculos XVII e XVIII a Universidade de Coimbra acolheu 147 brasileiros , a maioria estudantes, que após diplomarem-se em físicos preferiram permanecer na Europa ao invés de enfrentar a realidade colonial no Brasil. Os poucos que retornavam à colônia, concentravam-se na cidade e vilas maiores , ficando o interior totalmente desprovidos desses profissionais . O pequeno número de médicos e a concentração nas cidades, possibilitava àqueles cirurgiões-barbeiros ou mesmo os chamados barbeiros e curandeiros em geral, o exercício de toda medicina. Ao cirurgião-barbeiro era permitido oficialmente a cirurgia, ao barbeiro a aplicação de ventosas , sarjaduras e sanguessugas, corte de cabelo ou barba e extração de dentes ; ao sangrador e algebrista, o tratamento de fraturas, luxações e torceduras; à parteira ou aparadeira, o atendimento aos partos normais; e ao boticários , a preparação e o comércio de medicamentos. Os diplomas eram muitas vezes vendidos aos pretendentes aos cargos citados, sem terem cursado o período de estágio necessário. A licença ou a carta oficializava os práticos em uma única função, indicava o alcance e o limite de sua atividade e os instrumentos que deveriam utilizar, por exemplo, os curandeiros poderiam tratar com plantas medicinais onde não houvesse médicos e caso houvesse algum deveria este opinar primeiro . A imensa maioria desses práticos, também conhecidos pelos nomes de curiosos, anatômicos , algebristas e entendidos( HOLANDA, 1960), tinham pouco interesse em tornar oficial suas atividade , por várias razões de ordem sócio-cultural . As licenças são provisórias , em geral renováveis a cada ano, enquanto as cartas são definitivas, (PIMENTA 1998) As parteiras e os curandeiros freqüentavam ambientes muito distantes da clientela dos boticários , cirurgiões e médicos , que também conservavam entre si uma hierarquia, baseada na proximidade (FIGUEIREDO, 2002). ou distancia do trabalho manual 13 Grande parte do público que se tratava com práticos não oficializados, por conta de sua situação social, não tinha o menor interesse e nem poder para exigir deles reconhecimento oficial. Muitas dessas práticas se confundem com magia e religiosidade, o que impossibilitava o credenciamento. Nas lojas de barbeiros , podiam ser encontrados amuletos fabricados por negras velhas ,com finalidade de proteção ( KARASH, 2000), eram locais onde a profissão podia ser exercida oficialmente , desde que estivesse de acordo com as exigências das autoridades. Através desta atividade, a obtenção de licença, revela uma intenção e uma possibilidade de ascensão social , já que os negros que aí trabalhavam compravam escravos , a quem ensinavam seu oficio, e que , por sua vez acabavam conseguindo comprar a alforria, ao passo quem aos brancos pobres interessava a licença para enquanto cirurgiões, estarem próximos à categoria médica ( FIGUEIREDO, 2002). No ano de 1800, visando diminuir a deficiência de médicos , um édito real de 1º de maio , ordenava que a municipalidade do Rio de Janeiro designasse anualmente dois rapazes para estudarem em Portugal, um na faculdade de Medicina de Coimbra e o outro no Hospital real de São José de Lisboa, sendo que o primeiro voltaria físico e o segundo cirurgião. 14 CAPÍTULO II FUGA PARA A COLÔNIA – SAÚDE NO BRASIL IMPERIAL A organização profissional e regulamentação da educação médica no Brasil, como atividade diferente da exercida por práticos e curandeiros, inicia então, apenas no começo da século XIX,no momento em que a Corte Portuguesa, ameaçada pelas tropas do general Jean Andoche Junot foge para o Brasil. Em 24 de janeiro de 1808 desembarca na Bahia , o Príncipe Regente D. João e sua Corte, foram recepcionados pelo então governador, D. João de Saldanha da Gama de Mello e Torres , Conde de Ponte , acompanhado pelo arcebispo Frei José de Escholástica e o povo que via na chegada do Príncipe esperança para o desenvolvimento da até então precariamente assistida terra brasileira. Dias depois o cirurgião- mor da real Câmara e Lente Jubilado da faculdade de Coimbra, Dr José Correia Picanço, pernambucano, depois , Barão de Goyana, que viera de Lisboa com o Príncipe regente , argumenta sobre a necessidade da criação de uma Escola de Cirurgia, onde os moços aprendessem a arte de curar sem necessidade de irem à Coimbra para o estudo da medicina. Então é criada em Salvador a Escola de Cirurgia, pela decisão régia de 18 de fevereiro de 1808 , expedida pelo Ministro do Reino D. Fernando José de Portugal ao Capitão –general da Bahia Conde da Ponte ( João Saldanha da gama) na qual ressalta: ´IImo e Exmo .Sr O Príncipe regente Nosso Senhor, anuindo à proposta que lhe fez o Doutor José Correa Picanço , Cirurgião Mor do reino e do seu conselho, sobre a necessidade que havia de uma escola de Cirurgia no Hospital Real desta cidade para instrução dos que se destinam ao exercício desta Arte , tem cometido ao sobretido Cirurgião Mor a escolha dos Professores , que não só ensinem a Cirurgia propriamente 15 dita , mas a anatomia como base essencial dela e a Arte Obstétrica tão útil como necessária o que participo a V.Exª por ordem do mesmo senhor para que assim o tenha entendido ,e contribua para tudo o que for promover este importante Estabelecimento. Deus guarde a V.Exª. Bahia , 18 de fevereiro de 1808 IImo e exmo Sr Conde da Ponte D.Fernando José de Portugal” Foram então selecionados dois cirurgiões-mor para exerceram a função de professor no Hospital Real Militar, instalado nas antigas dependências dos padres jesuítas , no Terreiro de Jesus : José Soares de Castro, português , nascido em 1772 e graduado no Colégio de S. José de Lisboa, a quem foi concedido o ensino de Anatomia e a Manuel José Estrella, natural do Rio de Janeiro foi confiada a cadeira de Cirurgia. Com a mudança da Corte para o Rio de Janeiro , outro estabelecimento da mesma natureza , a Escola Anatômica e Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro é criada a 05 de novembro de 1808. Porém, há alguma controvérsia quanto a data de criação , alguns estudiosos admitem que a verdadeira data da fundação da Escola Cirúrgica do Rio de Janeiro se deu a 02 de abril de1808, quando da nomeação do cirurgião Joaquim da Rocha Mazarém, por decreto na mesma data que estabelecia uma cadeira de Anatomia no Hospital Militar da Corte , sendo no mesmo instrumento o dito cirurgião indicado para lente da referida cadeira. Em 05 de novembro de 1808 ao se ausentar do Rio, por força de ser cirurgião da Armada , Mazarém foi substituído, por meio de Carta Régia da mesma data pelo cirurgião -mor do Reino de Angola , Joaquim José Marques , devendo todavia , é dito na Carta que Joaquim da Rocha Mazarém terá de prosseguir nas lições de Anatomia no Hospital Militar da Corte enquanto não chega aquele Lente proprietário, mas passará a ensinar Medicina Operatória e o Curso de Partos , ser encarregado de uma das enfermaria do Hospital Militar da Corte . Destarte, a fundação da Escola Anatômica Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro foi realmente criada na data de 02 de abril de 1808. A nomeação do cirurgião Joaquim da 16 Rocha Mazarém para a cadeira de anatomia, em 02 de abril de 1808, é considerada por Lycurgo de Castro Santos Filho (1991, p.45) como o marco da criação da Escola Anatômica. O currículo desta escola era mais amplo do que a da Bahia , precisando de sede maior, por isso a escola foi mudada do Real Hospital Militar de Ultramar para a Santa Casa ( BRIQUET,1971). A finalidade dessas escolas visava, principalmente a um conhecimento mais formal da anatomia , fisiologia e medicina para os cirurgiões . 17 CAPÍTULO III CRIADA A ESCOLA MÉDICA: REGIME BOM SERÁ Para o ingresso nas duas escolas, a exigência era que se soubesse ler e escrever , com a recomendação de que: Bom será que entendam as línguas inglesa, francesa etc.., daí haver passado a história com o nome de “Regime Bom Será” (SALLES, 1971) O curso tinha duração de quatro anos , a matrícula custava 6$400, os praticantes , como eram chamados os alunos, deviam ter conhecimento da língua francesa , os que tivessem 60 faltas por doença , perdiam o ano. Também perdiam o ano , por ” vadiação” , se houvesse o registro de 20 ausências . Ao término ao aluno recebia uma certidão que o habilitava a realizar exame final perante a Fisicatura–mor. Aprovados, prestavam juramento aos santos evangélicos, de dignamente exercerem a nobilíssima profissão, podiam curar onde não houvesse médicos. ( BRITO,2003) O Cirurgião–mor , Picanço , estruturou normas para orientar o lente de cirurgia Manoel Estrella onde fica clara a distância entre a teoria e a prática no incipiente ensino: “ As práticas ou demonstrações sobre cada um dos objetos cirúrgicos que se tiverem tratado se farão em uma das enfermarias que lhe será franqueada duas vezes por semana, sem contudo fazer reflexões à cabeceira do doentes, mas sim na sua respectiva aula, pois que o curativo pertence ao Cirurgião-mor do Hospital, que só para isso tem essa atividade” . A Escola de Cirurgia tinha finalidade de formar cirurgiões, com intuito de extinguir aqueles cirurgiões habilitados por cirurgiões-mor oficiais da Junta do Promedicato¹, a escola não formava médicos e sim cirurgiões, somente poderia _________________________________________________________________ ¹ Instituição portuguesa de regulamentação das diversas práticas médicas coloniais, substituída pela Ficatura-mor , em 1808. 18 ter título de médico os que estudavam em Portugal e outras faculdades na Europa. O alvará de 07 de janeiro de 1809concedeu ao cirurgião-mor Picanço, autoridade para conferir diploma de médico ou cirurgião no Brasil a quem prestasse exame perante a Junta por ele nomeada. A Escola de cirurgia da Bahia durou oito anos e funcionou no prédio do antigo Hospital Real Militar, situado no Terreiro de Jesus. Em 29 de dezembro de 1815, por Carta Régia de D. João, dirigida a D. Marcos de Noronha e Brito, Conde de Arcos, governador e capitão-general da Capitania da Bahia, é transformada em Colégio Médico-Cirúrgico, de acordo com o seguinte texto: “ Hei por bem criar um curso completo de cirurgia nessa cidade , segundo plano que mandei por Manuel Luis de Carvalho, diretor dos estudos de medicina e cirurgia desta Corte e Reino do Brasil” Os cirurgiões² cumpriram o papel de médicos durante os longos anos coloniais e mantiveram uma larga tradição ainda ao longo do século XIX no Brasil. Em geral, após a graduação os recém-formados no Brasil recorriam às faculdades européias para complementação de estudos. Até o fim do século XVIII esses estudos eram realizados em Coimbra . No inicio do século XIX, as escolas mais procuradas passaram a ser as de Montpellier, Edimburgo e Paris , ganhando esta ultima mais prestígio no decorrer do século até tornar-se referência mais importante para vários países (KURY, p.108) Pela lei de 9 de setembro de 1826, modificou-se a expedição da cartas de cirurgião ( 5 anos de curso) e de “cirurgião formado” ( 6 anos de curso ), que passariam a ser emitidas pelos diretores e assinadas pelos lentes das academias da Bahia ou do Rio de Janeiro e subscritas pelo Secretário de Estado dos Negócios do Império. A primeira carta habilitava o cirurgião a curar apenas no ramo da cirurgia em todas as partes do Império mediante à sua apresentação a autoridade local, já a segunda , também mediante a sua apresentação ________________________________________________________________ ² Cirurgiões, durante o Império, se distanciavam dos barbeiros e se aproximavam dos médicos, com o intuito de ascenderem socialmente (FIGUEIREDO, 2000) 19 permitia curar nos ramos da cirurgia e medicina em todas as partes do Império. A reduzida corporação medica até o fim do século XIX se concentrava na Corte do Rio de Janeiro e em salvador, com expressão secundária na capitais de algumas províncias como Recife, Porto Alegre, Ouro Preto e São Paulo. Havia uma completa carência de médicos nas vastas regiões rurais, por onde se dispersava o grosso da população brasileira. O número de médicos no Brasil só aumentaria no século XX, com a criação de novas escolas médicas. Em 1900, havia no país apenas três faculdades de medicina: a do Rio de Janeiro , a de Salvador e a de Porto Alegre, esta última fundada em 1898. A vinda da família real ao Brasil resultou então, na organização de uma estrutura sanitária mínima que tinha como finalidade principal, dar suporte ao poder que se instalava no Rio de Janeiro. Porém, até 1850 as atividades de saúde estavam limitadas ao controle de navios e portos sendo que as atribuições sanitárias eram de responsabilidade das juntas municipais. O interesse primordial estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário mínimo da capital do Império, tendência que se alongou por quase um século. Portanto, a falta de um modelo sanitário para o país , deixou as cidades brasileiras a mercê de epidemias, a inexistência de uma assistência medica melhor estruturada fez com proliferassem pelo país boticários, práticos e curandeiros . 20 CAPÍTULO IV A MEDICINA É DOS MÉDICOS 1.1- Medicina acadêmica versus medicina popular Há exemplos de tolerância pelas autoridades com atividades de alguns curandeiros na década de 1810, o preto forro Adão obteve autorização dos médicos para praticar , não sem criticas mordazes a essa tolerância por outros grupos. A reformulação do ensino médico sofria revezes por conta das transformações decorrentes das mudanças política do país, mesmo com a participação da elite médica brasileira participante , que via necessidade de mudanças. Na realidade , tal participação vinculava-se a um projeto mais abrangente , destinado a organizar e disciplinar o conjunto da vida nacional , subordinando-a ao movimento de centralização político–administrativo ditado pela Coroa, por meio do controle dos quadros dessa elite, assim como do ensino e das instituições médicas( EDLER, FERRREIRA E SANTOS , 1992 ). A evidência da dificuldade de reformulação do ensino pode ser reconhecida pelo tempo entre a aprovação da lei que criava as Faculdades de Medicina do Rio e da Bahia, em 1832 e a reforma de seus estatutos , que ocorreria em 1854, apesar das pressões da categoria nesse sentido. O anseio por reformas no ensino e no controle da qualidade da medicina praticada no Brasil deu corpo a criação de uma entidade que tinha como propósito qualidade e normatização de condutas e ensino, então , em 1829 é criada a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, nos moldes da Academia Francesa que fora criada em 1824. Dois médicos, brasileiros , José Martins da Cruz Jobim e Joaquim Candido soares de Meirelles , ficaram responsáveis juntamente com os médicos franceses Xavier Sigaud e Jean Maurice Faivre e o italiano Luiz Vicente De-Simon, pela versão brasileira dessa instituição . como objetivo, além da normatização do ensino, havia também o controle da higiene publica através de pareceres e assessoria ao governo na questões de saúde pública . 21 Com a criação da Sociedade de Medicina do rio de Janeiro, foi-se processando uma mudança paulatina na relação entre a medicina popular e a medicina acadêmica. O estatuto de criação previa a realização de sessões a cada 15 dias com discussão científica coordenada pelo presidente da entidade. Entre tais discussões , incluíam-se o debate em torno das Memórias, trabalhos apresentados por candidatos a titular da academia, pareceres a cerca desses trabalhos, casos clínicos, experimentos clínicos, discussões sobre temas de saúde e traduções de textos estrangeiros , em geral franceses. Estava prevista também a formação de quatro comissões permanentes, a serem renovadas anualmente, dentre elas uma de vacina . a regulamentação estabelecia , ainda, a publicação de trabalhos e a premiação da melhor Memória e dos melhores manuscritos apresentados , o que só ocorreu em 1834, quando foi enviado, por um médico espanhol, o primeiro trabalho a disputar a premiação( NASCIMENTO,1929, pp 56,77). As instituições academias imperiais recém criadas : Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, Academia Imperial de Medicina e Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, representantes da elite médica do Brasil, associaram-se a uma cultura médica emergente ( a anatomo-clínica e a fisiopatologia experimental) que entra em conflito coma medicina colonial, tutelada por elementos celestes , pelo vitalismo e pela ciências derivadas da alquimia. A partir do momento em que, tanto médicos isoladamente , quanto estas instituições medicas responsáveis pelos debates e pela divulgação da nova ciência , se persuadiram também da sua responsabilidade sobre o controle do exercício da medicina, buscaram apoio da autoridades imperiais , representados pelos Delegados e Presidentes das províncias , para banir , de forma agressiva da paisagem médica o charlatanismo e todas a ações que fossem de encontro às suas convicções acadêmicas(SAMPAIO,2001). As autoridades imperiais, ao contrário da Fisicatura -mor¹, não estariam mais interessadas em enquadrar minimamente práticas populares na concepção _________________________________________________________________ ¹ Fisicatura- mor teria reconhecido um saber legitimo nos terapeutas populares, pois que era bastante maleável ( PIMENTA, 1998) no trato com os “ curiosos “, teria função reguladora 22 da medicina acadêmica , mas simplesmente em desautorizá-las ( PIMENTA, 1998) Em de 03 de outubro de 1832, é sancionada a lei que transforma as Academias Medico- cirúrgico das cidades do rio de janeiro e de Salvador em Escolas ou Faculdades de Medicina. A lei além de aumentar o curso médico para seis anos, amplia o quadro de disciplinas de cinco para quatorze, dá direitos para os professores, autonomia relativa do ponto de vista administrativo. A duração do curso de Farmácia é fixado em três anos , e a arte obstétrica é ensinada pelo titular da décima cadeira ( partos, moléstias d mulheres pejadas e paridas e de meninos recém nascidos) com duração de dois anos, a partir dessa reforma são concedidos diploma de “ Doutor em Medicina, de Pharmaceutico e de Parteiro” , ficando sem efeito o título de sangrador. Os lentes tiveram as honras e vencimentos de desembargadores e o direito de aposentadoria aos vinte e cinco anos de magistério. Os lentes proprietários percebiam um conto e duzentos anuais e os substitutos, oitocentos mi réis, valores equivalentes ao dobro do que lhes cabia quando lentes do Colégio Médico-Cirúrgico. Outra mudança que ocorreu com a Lei de 1832, foi a obrigatoriedade dos exames preparatórios. Para os candidatos à medicina , exigiam-se o francês , inglês,latim, filosofia , aritmética e geometria. Para farmácia, não era exigido latim e filosofia. Em 1848, um decreto garantia aos cirurgiões( aprovados e formados nas academias) o direito de exercer medicina. As autoridades imperiais também continuariam permitindo a atividades de diversos curandeiros, numa época em que as instituições médicas acadêmicas mostravam-se mais intransigentes com esse tipo de licenças, como aconteceu com o escravo Manoel, que em plena década de 1850, recebera autorização para tratar doentes de cólera (PIMENTA, 1995) Em 1879, diante das dificuldades de manutenção do curso, Leôncio de Carvalho, no Rio de Janeiro, faz uma reforma onde introduz a freqüência livre , a matricula de mulheres no curso médico e o funcionamento do curso em locais estranhos à faculdade. 23 A insistência dos médicos no monopólio da medicina foi uma estratégia genuína de afirmação de sua profissão , bem como de suas convicções cientificas, certamente eles produziram uma ciência (WARNER,1992) e puseram-na em sintonia com o ethos civilizador que regeu as instituições acadêmicas imperiais. A medicina cientifica da época partiu de disciplina universais, como a antomo-patologia e a clínica, e levou em consideração fatores locais atmosféricos,climáticos , topográficos que associados à higiene, deram aos médicos os conhecimentos de etiologia, patogenia, diagnostico, tratamento e profilaxia das principais doenças do Brasil ². A partir da década de 1950, o número de escolas de medicina aumenta por conta de instituições privadas. Em 1956, o Brasil possuía 24 escolas medicas, das quais 13 criadas entre 1808 e 1848 e 11 entre 1948 e 1956. A Associação Médica Brasileira em 1956 preocupada com a expansão e qualidade do ensino oferecido nestas escolas, cria a Comissão de Ensino Médico, com finalidade de elaborar um projeto de lei que adequasse a nova realidade do ensino de medicina no Brasil, porém, todos esforços foram perdidos por conta da morosidade das comissões técnicas do Congresso Nacional, tendo o projeto de lei nº 22046, perdido o prazo de tramitação( VERAS, citado por AMARAL, 2000). _________________________________________________________________ ² Analise apresentada por Sigaud, JFX, Du Climat et dês maladies du Brésil, Paris: Chez Fortin, Masson et Cie, Libraires. 1843. apud EDLER 2001 24 1.2 - A mulher e a medicina A Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1829, já admitia em seus quadros, médicos, cirurgiões, naturalistas e boticários (FERREIRA, 1996), no entanto , a parteiras ficaram ao largo por muito tempo, não havia interesse por parte delas na licença, pois, práticas , crenças e valores que com sua clientela compartilhavam, já as dava prestigio suficiente. A licença apenas as autorizava a prática do parto desde que não fosse complicado, do contrário um médico deveria ser chamado. O recém formado cirurgião João Mauricio Nunes Garcia , em 1830, num manuscrito autobiográfico, em que se dizia encorajado pelos casos obstétricos mais graves, mostra bem tal oposição entre os médicos e parteiras: ”muni-me do meu diploma de Cirurgião Formado, apresenteime como Parteiro, pela predileção que me nascera o estudo da Obstetrícia , oferecendo-me a partejar mesmo de graça e a qualquer hora, a despeito da guerra que me faziam as comadres ou parteiras que aqui havia nesse tempo...( GARCIA, 1860) A dificuldade do acesso a médicos pela clientela feminina pode ser explicada pela sociedade patriarcal, onde a exposição do corpo feminino, a um homem , mesmo sendo médico , era inadmissível . doenças de filhas e esposas , foram ignoradas por muito tempo e no momento em que necessitavam de alguma atenção eram as comadres¹ que as atendiam. Os médicos estavam cientes dessa predileção e lamentavam , pois , só eram procurados em circunstâncias limites , onde as doenças já não tinham cura, o que os fazia parecer incompetentes, dificultando a popularização do atendimento médico. Por outro lado, o campo de doenças de mulheres , teria sido , ao longo do século XIX, pouco valorizado nos próprios cursos de medicina, de acordo com alguns médicos baianos que lamentavam seu treinamento com “úteros e fetos artificiais “ ou com úteros de papelão ( BARRETO, 2000) ¹ Nome pelo qual as parteiras eram conhecidas, devido a freqüência com que eram convidadas para madrinhas dos bebes que traziam ao mundo( BARRETO, 1997, Hucitec) 25 Em 1832 tem início o ensino oficial de Obstetrícia para as mulheres, nas duas primeiras faculdades médicas. Na do Rio de Janeiro, diplomou-se em 1834 a mais célebre das parteiras , francesa de nascimento, Marie Josefina Matilde Durocher² , que era conhecida como Madame Durocher . Foi a primeira mulher a ser recebida como membro titular na Academia Imperial de Medicina em 1871. Madame Durocher vestia-se como homem porque explicava, exercia uma profissão masculina ( SOUZA,1967). As mulheres eram proibidas de freqüentar as Faculdades de Medicina no Brasil até 1879 e buscavam formação em outros países , como foi o caso de Maria Augusta Generoso Estrella , nascida em 10 de abril de 1860, no Rio de Janeiro, filha de Maria Luiza e Albino Augusto Generoso Estrella, portugueses,. sua trajetória e determinação foi exemplo e contribuiu para a abertura das faculdades de medicina às jovens do nosso pais. Em 1875 aos 15 anos vai aos Estados Unidos onde presta exames e lá gradua-se em 1879 com brilhantismo, sua luta para conclusão do curso foi fundamental para o reconhecimento de que mulheres estavam aptas ao ensino superior no Brasil. O esforço da jovem , que passou por problemas familiares e financeiros , mas que teve em D. Pedro II, um aliado, levou-o a meditar sobre a condição feminina no país, e ele , superando o preconceito, colocou a carreira médica antes exclusivamente masculina , ao alcance da mulher, assim apoiou a reforma de Leôncio de Carvalho , pelo decreto n º 7247, de 19 de abril de 1879. Composto de vinte e nove artigos , esse decreto finalmente abria as portas das faculdades as mulheres brasileiras, quando regulamenta a liberdade de acesso aos ensinos primário,secundário e superior em todo Império: È completamente livre o ensino primário,secundário no município da Corte e o superior em todo Império, salvo a inspeção necessária para garantir as condições de moralidade e higiene. (ATOS DO PODER EXECUTIVO, Artigo 1, p.196) _________________________________________________________________ ² Escreveu diversos relatos clínicos sobre Obstetrícia ,curso de parteira com duração de 2 anos. 26 Ao retornar ao Brasil em 1882, Maria Augusta Estrella, solicita uma audiência ao Imperador, que é marcada para o dia 01 de novembro. Apesar da turbulência do período por conta do movimento abolicionista, o encontro entre o mecenas³ e a protegida é tranqüilo. Conversam por longo tempo sobre o futuro da medicina no Brasil, a importância papel da mulher e o serviço que ela prestaria ao país. D. Pedro II aconselha-a a dedicar-se ao atendimento de senhoras, ao que prontamente ela se compromete. Ao abrirem-se as portas das faculdades , várias províncias apresentam candidatas ao curso médico, do Rio Grande do Sul vem Rita Lobato Velho Lopes, que inicia seu curso no Rio de Janeiro, mas por problemas políticos relacionados ao irmão, também família estudante de medicina , transfere-se com a para a Bahia, tendo lá concluído o curso em novembro de 1887, defendendo a tese : Paralelo entre os métodos preconizados na operação cesareana, considerada ousada para a época, surpreendeu mestres e colegas, foi a primeira defesa realizada por uma mulher na faculdade. Rita Lobato passa então a ser a primeira médica formada no Brasil. _________________________________________________________________ ³Com a ruína do pai de Maria Augusta, D. Pedro II passa a custear seus estudos fornecendo por decreto de 1877, os subsídios para continuidade dos estudos. Determinou a quantia de 100$000 réis por mês para pagar a faculdade e 300$000 por ano para gastos gerais. 27 CAPÍTULO V AS REFORMAS DO ENSINO A primeira reforma elaborada , que consistia na introdução da disciplina de Obstetrícia , já estava em vigor no Rio de Janeiro desde 1 de abril de 1813, no entanto até 1815 o ensino na Bahia continuava como antes, lecionava-se apenas Cirurgia e Anatomia, apesar da resolução de D. João VI, que ordenava o ensino da arte Obstétrica, Picanço , não fez qualquer referencia a Obstetrícia até esta data. O plano de estudos da reforma feito por D. Manoel Luiz Álvares de Carvalho é implantado na Bahia somente em 17 de março de 1816. Nesse ano , a escola é transferida para a Santa Casa . No novo currículo constava que , para o quarto ano, o Prof. Manuel da Silveira Rodrigues lecionaria a disciplina Instruções cirúrgicas e Obstetrícia, para o quinto ano , José Avelino Barbosa ensinaria Medicina Prática e Obstetrícia . O curso de Obstetrícia , inicialmente teve um caráter especulativo e abstrato, por conta da precariedade das instalações , pois não havia uma enfermaria ou serviço clínico para mulheres grávidas e parturientes em que se pudesse fazer o ensino prático da Obstetrícia. A reforma realizada por Álvares Carvalho, altera o tempo de duração do curso , que passa de quatro anos para cinco anos e no currículo passam a constar as seguintes matérias: Anatomia, Fisiologia, Higiene, Terapêutica, Obstetrícia, etiologia, Patologia, Cirurgia, e ensino de Química farmacêutica, lecionada pelo boticário nos meses de outubro e novembro. O estudante aprovado em todas matérias do curso obteria a carta de Cirurgião, seria formado em Cirurgia, sendo desde logo membro do Collégio e Opositor , podendo curar todas as enfermidades , onde não houvesse médico e tendo prioridade em todos partidos públicos. Após a primeira reforma seguiram-se outras, mudanças na percepção de doença e doente avançaram e foram necessárias novas adaptações. A formação de profissionais precariamente nos primeiros de medicina no Brasil funcionou anos do século XIX, pois em meio a agitação 28 política de várias ordens , que determinaram a Proclamação da Independência, depois da abdicação do primeiro Imperador e a falta paz interna , acabaram relegando a segundo plano quaisquer medidas de aprimoramento do ensino. Nesses anos estabeleceu-se acentuada ma´ vontade entre médicos portugueses e brasileiros: aqueles queriam que apenas valessem os diplomas expedidos em Coimbra. Porém, em 9 de setembro de 1826, foi outorgado explicitamente às escola s nacionais , o direito de conferir cartas de cirurgião ou de cirurgião formado aos alunos por elas diplomados(SALLES, 1971) Em 3 de outubro de 1832 ,é sancionada a lei que transforma as academias Médico-Cirúrgicas das cidades do Rio de Janeiro e de Salvador em Escolas ou Faculdades de Medicina , o curso de medicina passa para seis anos e é composto por quatorze matérias, a idade mínima para entrada é 16 anos. As faculdades passam a conceder os títulos de doutor em medicina , de farmacêutico e parteira, sem os quais não se podia exercer nenhum desses ofícios. Neste mesmo ano, 1832, inicia oficialmente o ensino de Obstetrícia (parteira) para mulheres na duas faculdades. A reforma Couto Ferraz , foi instituída pelo decreto nº 1387 de 20 de abril de 1854, aprovada pelo Ministro do Império Barão de Bom retiro ( Luiz Pedreira do Couto Ferraz , seguia o modelo francês e foi considerada conservadora por recrudescer o código de penas disciplinares e os processos de exames, alem de reduzir a autonomia concedida pela reforma anterior. O número de cadeiras aumentou para dezoito, sendo criadas as de Química orgânica, Anatomia geral, Terapêutica e matéria medica e associação do ensino da Anatomia topográfica à cadeira de Medicina operatória e aparelhos. As cadeiras de Medicina legal e farmácia foram incorporadas à seção de Ciências acessórias. Os cursos de Farmácia e Obstetrícia continuaram funcionando anexos aos de Medicina , sofrendo alguma modificações. O modelo anatômico que por volta de 1830 se irradiou de Paris para o resto do mundo, orientou o conjunto de instituições médicas brasileiras até a década de 1880 . Com seus preceitos epistemológicos oriundos do sensualismo dos idéologues e sua prática clínica amparada em instrumentos e técnicas de inspeção, que incluíam o exame físico 29 de palpação , a auscultação , o estetoscópio , as estatísticas médicas, o ensino sistemático à cabeceira do doente , a anatomia patológica e o exame anatômico após a morte , ergueu-se todo um sistema de autoridade profissional amparado por algumas instituições : a Academia Imperial de Medicina, duas faculdades de medicina e a Junta Central de Higiene pública. Nas décadas de 1870 e 1880, os médicos membros da Academia Imperial de Medicina no Brasil, tomaram a atitude de reformar o ensino e o exercício da medicina no Brasil, baseados nas informações contidas nos poucos periódicos vindos dos centros europeus e da América do Norte , onde a medicina experimental representava um novo saber médico. Difundiu-se a crença de que a competência atribuída à medicina nos paises que nos serviam de modelo deviase fundamentalmente às reforma promovidas nas instituições voltadas à pesquisa e ensino médicos , logo a idéia do modelo centralizador francês, que servira de base até então na organização das instituições médicas do Império estava obsoleto. Então com intuito de conhecer os avanços na formação médica , o Visconde de Sabóia é enviado à França, Itália, Áustria, Bélgica e Inglaterra para visitar as escolas médicas. No seu retorno foi elaborado um relatório sobre a faculdades de medicina visitadas, que resultaria na Reforma Sabóia em 1882, de inspiração germânica . Em 1879 ,o decreto de nº 7247 de 19 de abril, estabeleceu a reforma do ensino primário, secundário e superior do Império, sendo referendado pelo Ministro do Império Carlos Leôncio de Carvalho. Em relação ao ensino médico , a reforma Leôncio de Carvalho, como ficou conhecida, foi projetada com base nos pareceres das faculdades e relatórios de professores comissionados para avaliarem o ensino nos paises considerados mais adiantados. Inspirada nas universidades alemães , estabelecia a liberdade de freqüência nas faculdades , a permissão de repetir os exames das matérias em que não tivesse conseguido habilitação , em época apropriada( art 20); a permissão a associações particulares para fundação de cursos nos quais as matérias ensinadas fossem parte integrante do programa de qualquer curso oficial de nível superior (art 21); 30 a concessão de salas do prédio da faculdade para funcionamento de cursos livres de matérias ensinadas nos seus cursos regulares (art 22). A reforma previa também que a cada uma faculdade de medicina ficariam anexos uma escola de farmácia, um curso de obstetrícia e ginecologia e outro de cirurgia dentária; o aumento dos preparatórios exigidos para a matrícula nesses cursos; o direito das mulheres de se inscreverem nos cursos, para as quais eram reservados lugares separados nas aulas(art 23). Com relação ao curso médico previa o acréscimo de mais duas cadeiras especiais ( a obstétrica, psiquiátrica, a oftalmológica e a de moléstias sifilíticas e da pele) , além da criação de três institutos para o ensino prático. O curso obstétrico constava das seguintes matérias : anatomia, obstetrícia ,farmacologia, clinica obstétrica e ginecológica. Os títulos conferidos ao final dos cursos eram os de bacharel em medicina, bacharel em farmácia e em ciências físicas e naturais, cirurgião dentista e o de parteiro ou de mestre em obstetrícia (art 24). As palavras de ordem eram ensino prático e ensino livre. Este movimento teve como resultado a introdução do ensino de Medicina experimental na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e a criação da Policlínica do Rio de Janeiro (1882). Os laboratórios então implantados ( fisiologia, patologia experimental, histologia, parasitologia), a bancada, o microscópio o cadinho davam materialidade, juntamente com a inauguração das novas enfermarias de subespecialidades clínicas , ao novo ideal de ensino prático e livre, bandeira dos reformadores. ( EDLER,1992; SODRÉ; 1929,MAGALHÂES, 1932) Após o retorno de avaliação os avanços na formação européia, Vicente Candido de Figueiredo Sabóia ( Visconde de Sabóia ) assume a direção da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro ( de 1882 a 1889) e através de recursos particulares , reforma e amplia as instalações da faculdade , reforma o currículo que passa a contar com vinte e seis cadeiras. A Obstetrícia continuava com problemas, pois a sua instalação na Santa Casa era impedida pelas irmãs de caridade que consideravam o parto uma falta de pudor, a situação foi resolvida 31 com a intervenção do Provedor Ferreira dos Santos. È então, na administração do Visconde de Sabóia que tem início o verdadeiro ensino prático, período esse denominado o “ Período Áureo” . Com a inauguração de fábricas no eixo Rio-São Paulo, fim do trafico de escravos e surgimento da ferrovia , uma nova ordem econômica provoca crescimento populacional e o aumento na demanda de assistência à população, determinando a mudança de perfil do medico formado no fim do século XIX.. Os novos estatutos das faculdades de medicina elaborados com a participação de professores ( decreto 9311, de 25 outubro de 1884) e criação das cadeiras de Medicina legal ( decreto 9360, de 17 de janeiro de 1885) completaram o cenário de mudanças no ensino médico, permanecendo assim a prioridade da legislação sobre a estrutura interna das instituições. A expansão do ensino, o acesso e a distribuição geográfica de nova escolas médicas não estavam postas. Iniciou-se nesta oportunidade a preocupação com a forma e o conteúdo dos conhecimentos dos médicos que estavam se formando. Havia necessidade de doutores com ais habilidades ou com adestramento prático ( FONSECA, 200,p.8) Entretanto, o fato de terem sido postas logo em execução aquelas medidas que estabeleciam a liberdade de freqüência e a extinção das sabatinas e lições no ensino superior,sem antes promover a melhoria do ensino secundário, levou os contemporâneos dessa reforma a considerá-la como implementadora de um “ regime de vadiação e madraçaria” (CAMPOS,1944). Com a Proclamação da República , Sabóia é demitido . No período de 1889 a 1901, ocorrem novas reformas , porém , não há evolução no ensino médico, sendo esse período considerado como de estagnação. A primeira reforma de ensino do regime republicano, foi instituída pelo decreto nº 1.270 de 10 de janeiro de 1891( reforma Benjamin Constant ), aprovado pelo Governo Provisório do Marechal Deodoro da Fonseca e referendado pelo Ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos ,Benjamin Constant Botelho de Magalhães, reorganiza as instituições de ensino médico, denominando-as agora de Faculdade de Medicina e Farmácia da Bahia e 32 Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro . Dá autonomia didática para reconhecimento de habilidades e institui a presença obrigatória. O curso é ampliado para 29 matérias. No ano seguinte, a reforma Benjamin Constant, é modificada pelo decreto nº 1.159 de 03/12/1892 e pelo decreto nº 1.482 de 24/07/1893, aprovados pelo Presidente da República Floriano Peixoto e referendados pelo Ministro da Justiça e Negócios Interiores, Fernando Lobo , é instituída "comissões e investigações em benefício da ciência e do ensino", a Congregação de cada uma das instituições indicará a cada dois anos um lente catedrático ou substituto para estudar nos países estrangeiros, os melhores métodos do ensino e as matérias das respectivas cadeiras, e examinar os estabelecimentos e instituições das nações mais adiantadas da Europa e da América". O segundo decreto, institui novo regulamento para as escolas médicas e altera seus currículos. No governo Campos Salles, nova reforma é implantada pelo decreto n° 3.890 de 01/01/1901 e referendada pelo Ministro da Justiça e Negócios Interiores, Epitácio Pessoa, dá novo código aos institutos oficiais de ensino superior e secundário, ligados àquela pasta. Seguido do decreto nº 3.902 de 12/01/1901, estabeleceu-se novo regulamento para as faculdades de medicina que voltaram a ser denominadas Faculdade de Medicina da Bahia e Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, além de restringir a liberdade de freqüência, suprimi várias cadeiras. A avaliação da educação francesa conduzida pelos educadores Alfred Binet e Theodore Simon, realizada em 1905, e a Avaliação das Escolas Médicas nos Estados Unidos (1910), conduzida por Flexner, demonstraram a preocupação com a qualidade e a quantidade de instituições de ensino superior naqueles dois continentes , no Brasil no mesmo período apesar das reformas o modelo de ensino ainda estava sobre a influencia germânica. Em 1911, Rivadávia Corrêa, através dos decretos nº 8.659 e nº 8.611 de 05 de abril, aprova o regulamento das faculdades de medicina. Apelidada de "lei desorganizadora do ensino", seguia os moldes das universidades alemãs. Propondo a autonomia didática e administrativa das faculdades, os programas de 33 ensino de outras escolas ou faculdades não tinham mais a obrigatoriedade de seguir os das faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, desoficializando o ensino. A exigência de documentos que comprovassem curso preparatório anterior deixou de ser feita para o ingresso nas faculdades e a emissão de diplomas foi facilitada, substituindo-os pelo certificado. Foi criado o Conselho Superior do Ensino, que substituiria a função fiscal do Estado (art. 5º do decreto nº 8.659). O Conselho ficaria composto pelos diretores das faculdades de medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, de direito de São Paulo e de Pernambuco, da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, do diretor do Colégio Pedro II e de um docente de cada um desses estabelecimentos (art. 12). Estabeleceu-se a livredocência com regalias, como a de figurar nas mesas de exame, certificar freqüência e escolher um representante com assento na Congregação. O princípio da liberdade profissional era o ponto fundamental da nova reforma. As faculdades de medicina seriam designadas pelo nome da cidade em que funcionavam, devendo oferecer os cursos de ciências médicas e cirúrgicas, de farmácia, de odontologia e de obstetrícia (art. 1º do decreto nº 8.661). Quanto ao currículo do curso de ciências médicas e cirúrgicas, que seria dividido em seis séries, as cadeiras de patologia médica, patologia cirúrgica, clínica propedêutica e obstetrícia (teoria) foram suprimidas Em contrapartida, foram introduzidas as cátedras de física médica, patologia geral, ginecologia (desmembrada de obstetrícia) e otorrinolaringologia. A clínica de crianças foi desdobrada em clínica pediátrica médica e higiene infantil, e clínica pediátrica cirúrgica e ortopedia. A clínica de operações e aparelhos juntou-se à de anatomia médico-cirúrgica. A cadeira de bacteriologia passou a se chamar microbiologia e a de histologia tomou o nome de anatomia microscópica Já no curso de obstetrícia foram introduzidas as matérias de microbiologia, de clínica obstétrica (com exercícios prévios no manequim) e de higiene infantil e anti-sepsia (art. 64). Com a criação das categorias de professores ordinários e extraordinários de acordo com a nomenclatura alemã, foram admitidos novos professores. Em 1912 ,foi criado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro ,o curso de clínica de doenças nervosas, funcionando, a partir de 1915, em dependências da Santa Casa da Misericórdia, sendo ministrado por Antônio Austregésilo Rodrigues Lima. 34 Em 1926 , nova reforma reestrutura o ensino secundário e superior pelo decreto n° 16.782-A de 13 de janeiro de 1925, assinado pelo Presidente da República Arthur Bernardes e o Ministro da Justiça e Negócios Interiores João Luiz Alves. A reforma recebe o nome de Rocha Vaz por conta da participação do diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Juvenil da Rocha Vaz, em sua elaboração. Objetivando uma reorganização do ensino secundário e superior, propunha que o ensino superior deveria abranger os cursos de direito, de medicina, de engenharia, de farmácia e de odontologia.Os cursos anexos de farmácia e odontologia passariam à condição de faculdades anexas às faculdades de medicina. O artigo 65 regulamenta a divisão do cursos de medicina em 3 níveis: 1º curso fundamental correspondente aos três primeiros anos; 2º - curso geral de aplicação abrangendo os dois anos seguintes; 3º - curso especializado de aplicação compreendendo o sexto ano. O curso médico totaliza então 36 cadeiras distribuída em 6 anos. Neste mesmo decreto são criados os cursos de Medicina tropical , de suma importância para a realidade do país, estabelecido o Instituto Anatômico constituído por cinco departamentos (anatomia normal, histologia, anatomia patológica, medicina legal e medicina operatória), também é criado o Curso Especial de Higiene e Saúde Pública ligado à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, com finalidade de aperfeiçoamento técnico dos médicos que se destinassem ao desempenho de funções sanitárias. O curso teria caráter de especialização do ensino médico e seria ministrado por técnicos do Instituto Oswaldo Cruz e constituído pelas seguintes disciplinas: epidemiologia e profilaxia gerais, organização dos serviços de profilaxia especial; biometria e estatística aplicada à higiene; higiene alimentar, noções de bromatologia; saneamento urbano e rural; higiene pré-natal, higiene infantil e higiene escolar; higiene industrial e profissional; administração sanitária, legislação sanitária e comparada. O fim do curso de parteiras é regulamentado peço art 133, e é instituído um curso para as enfermeiras das maternidades anexas às faculdades de medicina. 35 Abraham Flexner, professor da Universidade Johns Hopkins, em 1910, foi convidado pela Fundação Carnegie dos Estados Unidos e desenvolveu uma avaliação da educação médica em seu país e no Canadá, no começo do século XX. O objetivo da avaliação era dar ao ensino médico uma base científica sólida. . Embora tenha reformulado e modernizado o ensino médico, nele imprimiu características mecanicistas, biologicistas, individualizantes e de especialização da medicina, com ênfase na medicina curativa e exclusão das práticas alternativas. O Relatório Flexner , como ficou conhecido, não só determinou a diminuição quantitativa no aparelho formador americano, como se tornaria em diversos países modelo predominante de todos os currículos das faculdades de medicina e teve importante papel na estruturação curricular do ensino médico no Brasil a partir dos anos 30. Ao final da Primeira República funcionavam no Brasil apenas 12 escolas de medicina , todas elas ligadas ao poder público. Por outro lado, até 1922, data da criação da primeira universidade brasileira , estas faculdades funcionavam de forma isolada, com a Revolução de 1930, instalada por Getulio Vargas, profundas transformações ocorrem no país com repercussão no sistema educacional. A hegemonia política entre São Paulo e Minas é quebrada , a estrutura do Estado é modificada com o objetivo da expansão do sistema econômico e nova legislação organiza mudanças, são criados o “ Ministério do Trabalho”, o da Indústria e Comercio, “ Ministério da Saúde” e juntas de arbitramento trabalhista.É criado o Ministério da Educação e estabelecidas normas universais para todo ensino superior. Então, no governo de Getulio Vargas através do decreto nº 19.851, de 11abril de 1931 , assinado pelo Ministro da Educação e Saúde Pública Francisco Campos, é definido que o ensino superior no país deveria seguir o sistema universitário, é a Reforma Francisco Campos. Na mesma data outro decreto de nº 19.852, regulamenta a organização da Universidade do Rio de Janeiro que passa a ser constituída pelas seguintes unidades: Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Escola Politécnica, Escola de Minas, Faculdade de Educação, Ciências e Letras, Faculdade de Farmácia, Faculdade de Odontologia, Escola de Belas Artes e Instituto Nacional de Música. Regulamenta o ingresso 36 por exames vestibular , a idade mínima de 17 anos , comprovação do curso ginasial, pagamento de taxas regulamentares e define o papel formador da faculdade no campo prático e acadêmico através de cursos normais , seriados, livres e especialização em vários ramos da medicina (art 57) A faculdade médica deveria fornecer , em seis anos, os conhecimentos necessários ao exercício profissional e promover a especialização em diversos ramos da medicina aplicada e nas ciências biológicas correlatas . O art 54, regulamenta a obrigatoriedade das seguintes disciplinas : anatomia, histologia e embriologia geral,fisiologia,física biológica, química fisiológica, microbiologia, parasitologia,patologia geral, farmacologia, anatomia e fisiologia patológicas, técnica operatória e cirurgia experimental, clínica propedêutica médica , clínica dermatológica e sifilográfica, clínica de doenças tropicais e infectuosas, clínica médica, clínica cirúrgica, terapêutica clínica , clínica urológica, clínica obstétrica, higiene , medicina legal, clínica cirúrgica infantil e ortopédica, clínica pediátrica médica e higiene infantil, clínica psiquiátrica, clínica oftalmológica,clínica otorrinológica, clínica ginecológica, clínica oftalmológica e clínica neurológica. Entre os cursos de especialização propostos estava o Curso de Higiene e Saúde Pública , cujo diretor seria um professor catedrático de Higiene da faculdade de Medicina da Universidade do Rio de janeiro, que ministraria as seguintes disciplinas: estatística sanitária, saneamento urbano e rural,epidemiologia e profilaxia das doenças contagiosas, epidemiologia e profilaxia especializadas, higiene alimentar , fisiologia, aplicada à higiene, higiene industrial e higiene infantil, organização e administração sanitárias. Após a década de 1930, o intercambio cultural entre os estados Unidos e o Brasil , mostra-se expressivo em detrimento do predomínio europeu anterior que na educação médica, manifestava-se através do modelo francês, fundamentalmente voltado para o ensino teórico( ELIAS, 1987) Portanto, a introdução de disciplinas, estimulo à pesquisa, ampliação de técnicas e práticas baseadas no hospital de ensino, culminam com a criação dos primeiros programas de residência médica: em 1944 no Hospital das Clínicas de São Paulo e em 1948 no Hospital Servidores do Estado, no Rio de Janeiro. 37 CAPÍTULO VI HOSPITAL DE ENSINO: CRIAÇÃO DA RESIDÊNCIA MÉDICA ...A especialização médica surge então como fruto da evolução do conhecimento, pois o homem, no curto espaço de sua vida não teria mais possibilidade para dedicar-se integralmente a todos ramos da ciência que crescia a cada dia. A cardiologia nasce nesse século com os trabalhos de Giuseppe testa na Itália e o clínico francês Jean Nicholas Corvisart foi o primeiro a auto denominar-se especialista do coração, tendo sido médico de Napoleão Bonaparte. Nesse sentido ainda aparece a obstetrícia , a pediatria e a endocrinologia. Os estudos físicos sobre a luz e a cor fazem surgir a oftalmologia ( em 1773 em Viena, Maria Tereza fundou a primeira especialidades escola de oftalmologia). Outras foram criadas durante todo o século seguinte. No começo do nosso século após a Primeira Grande Guerra, observou-se a necessidade da formação de profissionais dedicados a reconstrução corporal , à reparação humana e a cirurgia plástica , que vinha sendo exercida desde os primórdios dos da humanidade, torna-se uma especialidade . O avanço tecnológico do século XX multiplica a especialidades surgindo radiologia, a medicina nuclear, a fisiatria e assim por diante. Assim , a especialização nasceu da necessidade ,qual um tributo ao progresso da ciência. O saudosismo do eclético médico de outrora , que adentrava os lares e cuja simples presença já era fator de cura, tem seu lugar , entretanto seria impossível hoje para ele , congregar todo o conhecimento( LYBIO JUNIOR, 2004-“ História da medicina- Curiosidades&fatos”Editora Astúrias) 38 As primeiras residências médicas surgem na década de 1940, fruto da reforma iniciada em 1930, no governo de Getúlio Vargas, quando houve mudança no perfil curricular do curso de medicina. Os primeiros programas surgiram no Hospital das Clínicas de São Paulo, em 1944, e no Hospital dos Servidores do estado do Rio de Janeiro, em 1948 , influência das transformações curriculares por que haviam passado as escolas americanas a partir do relatório de Flexner de 1910 e também pelo financiamento externo das Fundações Rockefeller e Kellog. A criação das primeiras residências médicas no Brasil ocorreram em duas instituições já tidas como de alto gabarito técnico-científico, e tinha como finalidade precípua o adestramento profissional dirigida à especialização , com ênfase no treinamento em serviço hospitalar. Datam , também , data conjuntura o surgimento das entidades médicas brasileiras: o Conselho Federal de Medicina, em 1945 e a Associação Médica Brasileira , em 1951. a partir de 1957, surgiram os conselhos regionais de medicina (BRIANI, 2003). O desenvolvimento das especialidades médicas resultado da capitalização da medicina em meados da década de 1950, que tiveram reflexos imediatos no ensino de graduação, cujas grades curriculares passaram a adotar disciplinas com ênfase na especialização, em detrimento da formação clínica geral, o que passa a ser também ema perda por conta da modificação da relação médico–paciente. Este modelo de formação , inspirada no modelo americano¹, começa a difundir-se no país lentamente principalmente a partir das instituições públicas, consolidando-se na década de 60, com um aumento significativo a partir da década de 70, período no qual houve grande incremento no número de escolas de medicina no país e aumento concomitante dos programas de residência médica , agora também oferecidos em instituições hospitalares privadas . ¹. Em 1879, no John Hopkins Hospital, os professores Osler e Hausted, iniciam uma programação destinada ao adestramento após a graduação,, conhecida mais tarde como Residência médica. 39 Até a metade da década de 50 os programas existentes atingiam apenas uma parte muito pequena dos egressos das escolas médicas. Nos dez anos seguintes foi havendo uma ampliação gradual do número de programas, geralmente em instituições oficiais, motivada por interesse do corpo clínico ou pela procura dos residentes, num processo de consolidação da Residência Médica como modalidade de especialização dos profissionais médicos em todas as regiões do país. (BRASIL, 1989, citado por Feuerwerker, L.2005 ) O perfil do profissional a ser absorvido pelo mercado começa mudar por conta de inúmeros fatores: desenvolvimento tecnológico, pressões das indústrias de medicamentos e de equipamentos sobre a organização do trabalho que refletiu no mercado de trabalho médico. Concomitantemente , a introdução de mecanismos de acumulação de capital no setor saúde favoreceu a adoção do modelo de atenção baseado na utilização intensiva de tecnologia e na especialização do médico ( COHN, 1980; DONNANGELO, 1975 citado por FEUERWERKE, L.2005) O aumento no número de vagas nas escolas sem organização do mercado de trabalho, resultou numa desigualdade na distribuição desse profissional. A manutenção de oferta de trabalho concentrado nos locais de maior riqueza, fez com que aumentasse substancialmente a competição nesses locais pelas melhores colocações no mercado. A insuficiência do treinamento prático proporcionado pelas faculdades de medicina, por conta da fragmentação que a formação de graduação vinha sofrendo, e a existência de um mercado de trabalho mais competitivo e voltado à especialização, foram os ingredientes essenciais à multiplicação da procura por vagas de Residência Médica pelos recém-formados( FEUERWERKE,L 2005) Com o crescente número de oferta de programas de residência médica e médicos residentes, e o aumento na demanda quanto ao funcionamento e as relações desses “ alunos “ e seus serviços, a Associação de Escolas Médicas 40 (ABEM ), ciente das questões que se acumulavam , propôs em 1964 a criação de uma comissão de verificação dos aspectos de implantação e supervisão de internatos e da residência médica. Em 1967 , no II Congresso Nacional de Médicos Residentes é criada a Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), neste congresso é cunhada a definição de residência médica como sendo uma “forma de ensino de pós-graduação que permite ao médico recém- formado aperfeiçoar-se nos diferentes ramos da atividade médica, trabalhando numa organização hospitalar de bom padrão, em regime de tempo integral e devotamento exclusivo, por prazo suficiente e sob supervisão de colegas mais experimentados” (ALVES,2007, CREMERJ, p.09). Outras questões se seguiram nos anos seguintes. Na década de 70 a ANMR, busca a regulamentação da residência Médica, tendo como resposta do MEC a criação da Comissão Nacional de Residência Médica em 05 de novembro 1977. A Residência Médica foi instituída pelo Decreto nº 80.281, de 05 de setembro de 1977 e constitui uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso de especialização, funcionando em Instituições de Saúde, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional, sendo considerada o “padrão ouro” da especialização médica. O mesmo decreto cria a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). O Programa de Residência Médica, cumprido integralmente dentro de uma determinada especialidade, confere ao Médico Residente o titulo de especialista(.SESu, www.portalmec.gov.br) A Residência Médica tem hoje na formação dos médicos no Brasil papel fundamental para a capacitação do egresso da faculdade, a constatação é clara no valor de duplo papel na formação dos médicos no que diz respeito a complementação do processo de graduação, por conta as deficiências amplamente reconhecidas pela fragmentação do ensino já 41 explanadas anteriormente e na inserção no mercado de um profissional melhor qualificado .. A explicação para a procura dos médicos recém-formados pela Residência podemos entender como alternativa importante à necessidade de complementação da formação de graduação pela importância histórica da prática no processo da formação do médico e as conseqüências da especialização nesse mesmo processo de formação, pois é no processo de combinar os conhecimentos teóricos adquiridos com a experiência clínica, relação médicopaciente, que se encontra a “mágica” da prática profissional. Somente a experiência adquirida na prática pode completar a formação científica do médico: é a experiência clínica que permite a possibilidade da relação com o doente e não somente com a doença . É pela prática que se constrói a experiência clínica e é mediante o aprendizado em serviço que o futuro profissional constrói também a ética de suas relações com os pacientes, baseada no exemplo e na experimentação. 42 CONCLUSÃO O ensino médico no Brasil iniciado oficialmente há 199 anos atrás por conta de um acidente político, fuga da Família Imperial para o Brasil, trouxe a chance de crescimento para então colônia, que a partir daquele momento passaria por transformações , entre muitas , com a criação da “escola de medicina”. Criadas inicialmente de acordo com o modelo francês e influência germânica , sofreram adaptações curriculares em resposta a um grande número de situações internas e externas, que podemos constatar através das reformas de ensino que se sucederam ao longo dos anos e principalmente a partir de 1882 com a Reforma Sabóia, renegando o modelo francês fundamentado no ensino teórico e que em outros países já havia sido abandonado. Na maior parte das vezes ,as reformas ocorreram em resposta aos avanços científicos , porém, em outras por questões políticas, mas , em todos os momentos buscou-se uma relação mais estreita entre as necessidades na atenção à saúde da população e o ethos cientifico. A criação da Residência Médica no Brasil em 1944, resultado de uma tendência mundial iniciada nos Estados Unidos em 1879 , foi implantada por conta da grande quantidade e velocidade das novas técnicas e avanços científicos, impossíveis de serem acompanhadas no período de graduação com um currículo extenso e pouco espaço para as atividades práticas necessárias para o enfrentamento das situações reais do dia a dia do médico. O treinamento em serviço, conhecido como Residência médica, exigia na sua implantação que o participante residisse na instituição onde desenvolveria o programa como requisito básico para o desenvolvimento da proposta de adestramento. O médico residente deveria estar à disposição do Hospital em tempo integral , praticamente à beira do leito, para acompanhar a evolução dos doentes internados. Então define-se que a Residência médica, consiste no treinamento em serviço hospitalar, dirigida à especialização médica nas diferentes especialidades. A capitalização da medicina a partir da década de 50, foi também fator preponderante para o surgimento da Residência médica, por conta da lei de 43 mercado, com o aumento do número de escolas médicas ,acarretando um maior numero de profissionais, um currículo extenso a ser cumprido e a busca de capacitação no que se referia ao campo de saber das especializações que cresceram resultante das novas percepções e tecnologias. Após esse período outras regulamentações surgiram modificando as relações entre discente,docente e faculdade assim como na especialização médica que passa a ser fiscalizada a partir de 1977 pela Comissão Nacional de Residência Médica, órgão ligado ao SESu/MEC. Concluímos então, que a educação médica oficial no Brasil evoluiu através dos tempos , que o curso de medicina é dotado de um número expressivo de disciplinas que são oferecidas ao longo de 6 anos de graduação , porém , apesar das reformas instituídas dando um perfil mais prático ao curso, ainda são insuficientes por conta dos avanços científicos e é pela prática que se constrói a experiência clínica , e é mediante o aprendizado em serviço que o futuro profissional constrói também a ética de suas relações com os pacientes, baseada no exemplo e na experimentação, portanto a complementação através do programa de Residência médica, especialização em forma de treinamento em serviço, é fundamental para a capacitação após a graduação médica. 44 BIBLIOGRAFIA ______ ALVES, ADALBERTO,Manual do Médico Residente, CREMERJ, 2007 pág.09-10. ______AMARAL, Jorge Luiz- Avaliação e transformação das escolas médicasUma experiência brasileira , nos anos 90, na ordenação de recursos humanos para o SUS.- Instituto de Medicina Social/UERJ dissertação mestrado -2002 _____ BRENES Anayansi Correa. 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