Edição do Professor
D2 As Crises
do Século XIV
Páginas da História
História | 8.º Ano de Escolaridade
Aníbal Barreira | Mendes Moreira
Com colaboração de Eva Baptista
No contexto de implementação das Metas Curriculares, esta publicação visa cumprir o subdomínio “As Crises do Século XIV” que,
embora previsto no 7º. ano, poderá, neste período de transição, não
ter sido lecionado. No ano letivo 2014/15, fará por isso parte do
Manual Páginas da História, 8 º. ano.
Capítulo
D2
AS CRISES DO SÉCULO XIV
Vítimas da Peste Negra
(1347-1350).
A Europa em dificuldades
na 2ª metade do século XIV.
Batalha de
Aljubarrota (1385).
Roteiro
das Aprendizagens
• Fichas de Trabalho .nº 1 (pág. 18)
e nº 2 (pág. 19)
• Aconteceu... A Peste Negra. (pág. 20)
• Quem foi... Nuno Álvares Pereira? (pág. 21)
• À Conversa com… D. João I,
“O da Boa Memória”. (pág. 22)
D2
1. A crise do século XIV na Europa – causas
e consequências demográficas e económicas
Com a aprendizagem deste assunto, vais ser capaz de:
• Identificar as causas da crise do século XIV.
• Explicar as suas consequências demográficas e económicas.
• Indicar as medidas tomadas pelos senhores e pelo poder régio
para fazer face à crise.
As causas da crise do século XIV
SUGESTÕES
METODOLÓGICAS
• Diálogo com
os alunos sobre
“Peste Negra”
(conceito
adquirido
no 5º ano de
escolaridade) a fim
de despoletar as
suas ideias tácitas
e assim motivá-los
para o estudo
do tema.
• Redação de um
texto (cerca de 5
linhas) com base
nas legendas
internas do
documento nº 4
“Enterramento das
vítimas da Peste
Negra”.
• Trabalho para
casa: realização da
ficha “Aconteceu…
A Peste Negra”
(pág. 20).
METAS
CURRICULARES
• Descritores de
desempenho
no.s 1.1. a 1.7.
Entre os séculos XI e XIII, a economia europeia conheceu, como
sabes, uma fase de expansão. Contudo, no século XIV, a Europa foi
afetada por uma grave crise económica e social, em resultado de:
• guerras – no século XIV, houve muitos conflitos entre as nações
europeias. Entre todos, destacou-se a Guerra dos Cem Anos
(1337-1453), travada entre a França e a Inglaterra, que provocou
numerosas vítimas e destruições (doc. 2);
• fomes – ao longo do século XIV, as populações europeias foram
afetadas por muitos períodos de fome. Na verdade, a paragem
dos arroteamentos, as destruições causadas pelas guerras e as
más condições climatéricas provocaram grandes quebras nas
produções agrícolas, originando falta de alimentos;
• epidemias – os períodos de fome foram agravados pela propagação de doenças. A falta de alimentos, as deficientes condições
higiénicas e as destruições causadas pelas guerras favoreceram a
expansão das doenças epidémicas. Entre todas, destacou-se a
Peste Negra, proveniente do Oriente que, de 1347 a 1350, atingiu quase toda a Europa. Calcula-se que tenha morrido cerca de
1/3 da população europeia. Os centros urbanos foram muito
afetados e, em algumas aldeias, a população desapareceu totalmente (docs. 3 e 4).
Sabias que...
DOC. 1
… o medo da morte era tão grande no século XIV que toda a gente
clamava “Da fome, da peste e da
guerra, livrai-nos Senhor”?
Era o pedido que todos, ricos e
pobres, faziam a Deus, apavorados com as desgraças da época.
As consequências demográficas e económicas
As guerras, as fomes e as epidemias provocaram um clima de
insegurança e de medo (doc. 1). A população da Europa, em geral,
diminuiu de forma drástica. Muita gente abandonou os campos e
estabeleceu-se nas cidades, em busca de melhores condições de vida.
Nos campos, por falta de mão de obra, muitas terras ficaram ao
abandono, o que levou à quebra da produção agrícola e à subida dos
salários dos trabalhadores. Os senhores (proprietários de terras),
para compensar a perda de rendimentos, exigiram maiores rendas
aos camponeses. Perante as dificuldades do mundo rural, vários
monarcas europeus publicaram leis para obrigar os camponeses a
trabalhar as terras, fixando-lhes também os salários.
Nas cidades, o comércio foi, também, muito afetado. Por isso, os
grandes mercadores e os mestres de ofícios, para fazerem face à diminuição dos seus negócios, fixaram os salários dos trabalhadores.
Em resultado destas imposições, surgiram por toda a Europa
levantamentos nos campos e nas cidades. Vamos ver.
4|
Em resumo
• No século XIV, a Europa viveu
uma grave crise provocada por
maus anos agrícolas (fomes),
epidemias e guerras.
• Um pouco por todo o Ocidente,
a população diminuiu,
a produção baixou e os preços
subiram.
• Para solucionar os problemas
da quebra de rendimentos,
os senhores exigiram maiores
rendas aos camponeses.
Também nas cidades,
os assalariados foram sujeitos
a exigências da burguesia.
D2 – AS CRISES DO SÉCULO XIV
Doc. 3 | A Peste Negra
No ano do Senhor de 1347, na véspera
do mês de janeiro, três galeras carregadas de especiarias chegaram ao porto de
Génova, vindas à pressa do Oriente.
Como estavam contaminados sem
remédio, estes navios foram retirados do
porto com ajuda de flechas inflamadas e
outros engenhos. Empurrados de porto
em porto, um dos três navios chegou a
Marselha, onde morreram quatro quintos da população.
Não servia de nada fugir porque,
procurando-se um ar que se julgava
sadio, morria-se mais depressa.
Carta de Luís de Boeringen
(cónego de Bruges), 1348
DOC. 2 | A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) – Provocada, em grande
parte, por um velho conflito entre os reis ingleses e franceses por causa
de certos territórios em França, esta guerra prolongou-se por mais
de um século ainda que tivesse muitos períodos de tréguas.
Em alguns locais, os
sacerdotes fugiram,
abandonando os fiéis
que, ao morrer, ficavam
sem a extrema-unção.
A mortandade nas cidades
era tão grande que os
habituais locais de
enterramento não chegavam
para enterrar toda a gente.
Em algumas cidades, os
cadáveres eram lançados
em valas comuns.
O enterro das
vítimas da peste
era um suplício
para os
acompanhantes
devido aos
cheiros
insuportáveis
dos corpos.
DOC. 4 | Enterramento de vítimas da Peste
Negra na cidade de Tounai (Bélgica),
em 1349 – Esta grande epidemia, transmitida
ao ser humano pelas picadas das pulgas dos
ratos infetados, atingiu cerca de 2/3 da
população europeia, da qual 1/3 faleceu
(cerca de 25 milhões de pessoas).
1. As guerras
(destaque para
a Guerra dos Cem
Anos), as fomes
e as pestes
(sobretudo
a Peste Negra).
2. A Peste Negra
provocou elevada
mortalidade na
Europa, calculada
em cerca de 1/3
da população. Esta
epidemia afetou
a população rural
mas, sobretudo,
a dos centros
urbanos, o que se
refletiu na redução
de mão de obra.
3. Nos campos,
diminuição da
produção agrícola,
subida de preços
e das rendas. Nas
cidades, fixação
dos salários dos
trabalhadores
pelos grandes
mercadores e
mestres de ofícios.
AGORA, RESOLVE...
1. Enumera fatores da crise do século XIV (docs. 1 e 2).
2. Refere os efeitos da Peste Negra na demografia europeia (docs. 3 e 4).
3. Que consequências económicas resultaram da crise do século XIV?
FICHA DE TRABALHO Nº 1 (pág. 18)
|5
D2
2. A crise do século XIV – os conflitos sociais
e os movimentos milenaristas
Com a aprendizagem deste assunto, vais ser capaz de:
• Relacionar as revoltas rurais com as medidas senhoriais e régias.
• Caracterizar os movimentos populares rurais e os conflitos sociais
urbanos.
• Explicar o aparecimento de movimentos milenaristas.
As revoltas nos campos e nas cidades
SUGESTÕES
METODOLÓGICAS
• Registo no
quadro, ao longo
da aula, das
palavras-chave
para posterior
redação de um
texto (4 a 5 linhas).
• Realização
ao longo da aula,
de um esquema
a fim de os alunos
sistematizarem
os conteúdos mais
significativos.
• Formulação de
uma/duas
questões (trabalho
de pares) nos
últimos 7 minutos
da aula.
Em seguida,
outro grupo de
alunos responde
às perguntas
dos colegas.
METAS
CURRICULARES
• Descritores de
desempenho
no.s 2.1. a 2.3.
As graves alterações na economia europeia provocaram, como
sabes, mal-estar nas populações e geraram descontentamento:
• nos campos, os rurais viram a sua situação agravada, em virtude
de os senhores exigirem maiores rendas e tributos;
• nas cidades, os assalariados enfrentaram o congelamento dos
salários e as más condições de trabalho, impostas pelos grandes
mercadores e pelos mestres das oficinas em defesa dos seus interesses.
Assim, a crise económica provocou conflitos entre camponeses e
senhores feudais e entre assalariados e mercadores e mestres das oficinas. Então, ocorreram por toda a Europa revoltas populares que, por
vezes, assumiram grande violência.
Entre as revoltas rurais (docs. 2 e 4), destacaram-se as “jacqueries”
em França (1358), isto é, motins de camponeses que foram provocados pela queda dos preços dos cereais e aumento dos impostos lançados pelos nobres.
Quanto às revoltas urbanas (docs. 2 e 3), salientaram-se os conflitos dos “Ciompi”, em Florença (entre 1343 e 1378), em que os trabalhadores da indústria têxtil se revoltaram contra a exploração salarial
e disputaram violentamente o governo da cidade à alta burguesia.
Estas revoltas populares, em particular as rurais, terminaram com
ações de forte repressão por parte dos senhores (docs. 4 e 5).
Sabias que...
DOC. 1
… nesta época de tantas calamidades e de grande insegurança, a
arte representava danças macabras, em sinal de medo do futuro
(doc. 1)?
Face aos vários perigos e dificuldades em que viviam, muitos até
esperavam a vinda do Filho de
Deus para realizar o Juízo Final.
* Flagelantes – os que se castigavam a
si próprios, com vista à purificação dos
pecados.
A crise moral
Em resumo
Perante um mundo de violência e de insegurança, as populações viveram tempos de grande perturbação e angústia (doc. 1). Na
verdade, como se pode ver nas manifestações artísticas da época, a
representação das danças macabras (doc. 1) e as figuras de Cristo e da
Virgem, em sofrimento, conheceram então uma grande divulgação.
Os fiéis, perturbados, procuraram formas de religião popular.
Uns, como a seita dos flagelantes*, incitaram à penitência para
expiar os seus pecados, outros desenvolveram heresias, isto é, doutrinas não aceites pela Igreja e outros ainda defenderam ideias de fim
do mundo próximo e da realização do Juízo Final (movimentos
milenaristas). Mas houve, ainda, grupos que, perante um futuro
imprevisível, adotaram uma atitude de indiferença e procuraram
viver da melhor forma o seu dia a dia.
• Os problemas económicos
provocaram grande agitação
social nos campos e nas cidades
da Europa.
6|
• As revoltas rurais e urbanas
opuseram, respetivamente,
senhores feudais a camponeses
e a burguesia das cidades aos
seus assalariados.
• Os motins populares, por vezes
de grande violência, foram
reprimidos duramente pelos
senhores rurais e pela burguesia
urbana.
• Nesta época, a ideia da morte
atormentava as populações.
D2 – AS CRISES DO SÉCULO XIV
Oslo
Principais centros
de revoltas urbanas
1250-1300
1300-1350
1350-1400
1400-1450
Saques das judiarias
na Península Ibérica
Estocolmo
Gotemburgo
Glasgow
Belfast
Dublin
Copenhaga
Mar do Norte
Londres
Amesterdão Essen
Antuérpia
ic o
Principais zonas de
revoltas camponesas
1300-1350
1350-1400
1400-1450
Hamburgo
Manchester
Oceano A
t
lânt
Brest
Berlim
Varsóvia
Frankfurt
Cracóvia
Estrasburgo
Viena
Zurique Munique
Lião
Budapeste
Zagrebe
Milão
Veneza
Belgrado
Bucareste
Génova
Bilbau
Lisboa
Sofia
Roma
Porto
500 km
0
Praga
Paris
Mar Negro
Doc. 3 | Revoltas urbanas
Na cidade de Ruão (em 1382),
duzentos homens de ofícios foram à
loja de um negociante de tecidos, a
quem chamavam o Gordo e fizeram-no seu chefe. (…) Levaram-no
ao Mercado Velho e fizeram-no dar
ordens para que não houvesse mais
impostos. (…) A multidão pôs-se a
matar os oficiais do rei por causa
dos impostos. Depois, dirigiu-se
com fúria à abadia e (…) em seguida ao castelo, pensando em o atacar.
Michel Mollat, Génese Medieval
da França Moderna
Tirana
Nápoles
Madrid Valência
Mar Mediterrâneo
Palermo
Sevilha
DOC. 2 | Revoltas na Europa do século XIV.
1. No século XIV,
ocorreram
conflitos sociais
um pouco por
toda a Europa, em
particular na
Inglaterra e França
(revoltas rurais) e
nas repúblicas
italianas (revoltas
urbanas).
2. Devido à quebra
de rendimentos,
os senhores
agravaram as
rendas e tributos
sobre os
camponeses.
Então, estes
revoltaram-se
(assaltos,
incêndios,
assassinatos),
o que levou a uma
forte repressão
pelos senhores
medievais.
DOC. 4 | Violência nos campos da Europa – Grupos
de camponeses, revoltados com o agravamento de rendas
e taxas, desencadearam assaltos e incêndios a castelos,
mosteiros e chacinaram nobres e clérigos.
DOC. 5 | Repressão das revoltas – Os levantamentos populares
foram duramente reprimidos pelos senhores medievais.
AGORA, RESOLVE...
1. Que áreas da Europa foram mais afetadas por revoltas rurais e urbanas (doc. 2)?
2. A que se devem as revoltas nos campos da Europa do século XIV?
3. Mostra como a crise do século XIV afetou moralmente a sociedade (doc. 1).
FICHA DE TRABALHO
Nº 1 (pág. 18)
|7
3. O clima
de violência
e de insegurança
provocou
perturbação
e angústia, que se
refletiu na arte –
representação de
danças macabras
e de figuras de
Cristo e da Virgem
em sofrimento;
por outro lado,
surgiram seitas
religiosas e
movimentos
milenaristas que
pregavam ideias
de fim do mundo
próximo e da
realização do
Juízo Final.
D2
3. As especificidades da crise do século XIV
em Portugal
Com a aprendizagem deste assunto, vais ser capaz de:
• Caracterizar os problemas ocorridos em Portugal, em particular no
reinado de D. Fernando.
Os reflexos da situação europeia em Portugal
Portugal, à semelhança de outros reinos da Europa, foi abalado pela crise do século XIV. No reinado de D. Afonso IV
(1325-1357), ocorreram maus anos agrícolas, de que resultaram
períodos de fome e epidemias, entre as quais se destacou a Peste
Negra, em 1348. Esta epidemia provocou, em poucos meses, grande mortandade nas cidades (Lisboa, Coimbra, Santarém), nos
mosteiros (Lorvão) e nas vilas (o caso de Almodôvar, no Alentejo).
Com a diminuição da população portuguesa, muitas terras ficaram por cultivar, o que fez diminuir a produção agrícola e, por
conseguinte, as receitas dos senhores; por outro lado, muitos dos
camponeses abandonaram os campos e rumaram às cidades.
Ora, para tentar resolver os problemas do mundo rural
(abandono das terras e quebra da produção), D. Afonso IV
publicou, em 1349, as “Leis do Trabalho”, obrigando os camponeses a trabalhar nas terras e fixando os salários (doc. 1). Mas estas
iniciativas não tiveram sucesso.
O agravamento da crise no reinado
de D. Fernando
SUGESTÕES
METODOLÓGICAS
• Levantamento
das ideias tácitas
dos alunos sobre
os conceitos “Lei
das Sesmarias”
e “Guerras
Fernandinas”
(programa
do 5.º ano de
escolaridade).
Registo no quadro
das informações
mais relevantes
para apoio à aula.
• Redação
de duas/três frases
essenciais do
assunto abordado
na aula (registo
e leitura das
mesmas
nos últimos
7 minutos da aula).
METAS
CURRICULARES
• Descritor de
desempenho
no. 3.1.
No reinado de D. Fernando (1367-1383), a situação do reino
agravou-se (doc. 2). Na verdade, a contínua falta de mão de obra nos
campos (doc. 3) e o crescente aumento dos preços levaram
D. Fernando a publicar a Lei das Sesmarias (1375), que determinava (doc. 4):
• a obrigação de os proprietários rurais cultivarem as suas terras, sob pena de as perderem;
• a fixação dos salários e das rendas, de modo a evitar abusos;
• a proibição da mendicidade, para fazer regressar mão de obra
à agricultura.
Entretanto, o reino confrontava-se com outro grave problema:
as Guerras Fernandinas, travadas por D. Fernando com Castela,
entre 1369 e 1382, por se julgar com direito ao trono castelhano.
Derrotado sucessivamente nas três guerras, Portugal saiu fortemente abalado desse conflito (doc. 5). Com efeito, agravou-se a crise
financeira, devido aos elevados gastos militares, a que se seguiu a
desvalorização da moeda e a subida dos preços. Por isso, os conflitos sociais aumentaram e ocorreram motins populares (doc. 6).
Mas, a crise portuguesa do século XIV piorou, ainda mais, em
1383-1385. O que aconteceu? Vamos ver.
8|
Sabias que...
DOC. 1
… em Portugal, em meados do
século XIV, no reinado de
D. Afonso IV, decretou-se, pela
primeira vez, obrigatório o trabalho na agricultura?
Aos que não obedecessem, o rei
ameaçava com “penas de prisão,
multa, desterro ou açoites”.
Em resumo
• A crise do século XIV
manifestou-se, também,
em Portugal.
• Para resolver os problemas
da crise de cereais e da subida
dos preços e dos salários, os reis
tomaram medidas, como a Lei
das Sesmarias de D. Fernando.
• Apesar destas medidas,
a situação agravou-se
com as guerras travadas
por D. Fernando com Castela
(1369-1382).
D2 – AS CRISES DO SÉCULO XIV
Escassez
de cereais
Levantamentos populares
contra o casamento
do rei com D. Leonor
Segunda guerra
fernandina
Primeira
guerra fernandina
contra Castela
1369
1367
Lei das Sesmarias
Secas
1371
1372
1373
1374
Terceira guerra
fernandina
Morte de
D. Fernando
Epidemias e secas
1375
1376
Reinado
de D. Fernando
1381
1382
1383
1383
DOC. 2 | Principais
acontecimentos
no reinado de D. Fernando.
Doc. 4 | Lei das Sesmarias (1375)
El-Rei nosso senhor (D. Fernando)
considerando que por todas as partes
de seu reino há grande falta de trigo e
cevada, e outros mantimentos (…)
mandou que todos os que tivessem herdades suas fossem constrangidos para
as lavrar e semear. E quando os donos
das herdades as não aproveitassem,
nem dessem a aproveitar, a justiça as
entregasse a quem as lavrasse.
E todos os que eram ou costumavam
ser lavradores, que usassem de um ofício que não fosse tão proveitoso ao bem
comum como era o ofício de lavrador,
que fossem constrangidos a lavrar (…).
1. Portugal,
à semelhança da
Europa, foi afetado
por fomes, guerras
e epidemias,
com destaque
para a Peste Negra.
Fernão Lopes,
Crónica de D. Fernando (adaptado)
DOC. 3 | Dificuldades nos campos – Com a falta de mão de obra,
a produção agrícola diminuiu.
2. D. Afonso IV
publicou as “Leis
do Trabalho”,
obrigando
os camponeses
a trabalhar nas
terras e fixando
os salários.
D. Fernando
publicou a “Lei
das Sesmarias”,
que obrigou
os proprietários
a cultivar as terras,
sob pena de
as perderem,
fixou salários
e rendas
e proibiu a
mendicidade
para fazer
regressar a mão de
obra à agricultura.
Doc. 5 | Males provocados pelas
Guerras Fernandinas
Dois grandes males recebeu o reino
com esta guerra que el-rei D. Fernando
começou com el-rei D. Henrique (de
Castela). O primeiro foi o grande gasto
de ouro e prata para pagar coisas necessárias à guerra. Por causa disto as coisas
subiram a tão altos preços que el-rei foi
depois obrigado a tabelá-los.
Fernão Lopes,
Crónica de D. Fernando (adaptado)
AGORA, RESOLVE...
3. Guerras travadas
por D. Fernando
com Castela entre
1369 e 1382, por
se julgar com
direito ao trono
castelhano.
As derrotas
sofridas por
Portugal
provocaram
uma grave crise
financeira,
conflitos sociais e
motins populares.
1. Que problemas enfrentou Portugal
no século XIV (docs. 2, 3 e 6)?
2. Refere medidas tomadas
por D. Afonso IV e D. Fernando para
combater a crise da agricultura (doc. 4).
3. O que foram as Guerras Fernandinas
(doc. 5)?
DOC. 6 | Assaltos e saques – Os motins populares levaram a assaltos
a castelos, casas senhoriais e mosteiros, sobretudo, no sul do país,
como em Beja, Estremoz, Évora e Portalegre.
FICHA DE TRABALHO
> Nº 2 (pág. 19)
|9
D2
A Revolução de 1383-1385
Com a aprendizagem deste assunto, vais ser capaz de:
• Identificar o problema da sucessão ao trono.
• Descrever os momentos decisivos da afirmação da independência
do reino.
• Relacionar a chegada ao poder da dinastia de Avis com as alterações na sociedade portuguesa.
O Contrato de Salvaterra de Magos e o problema
da sucessão (crise dinástica)
SUGESTÕES
METODOLÓGICAS
• Registo
no quadro, ao
longo da aula,
das palavraschave para
posterior
redação de um
texto (4 a 5
linhas).
• Exploração
pedagógico-didática da
rubrica “Grande
Plano Sobre...
A Batalha de
Aljubarrota,
1385” (Manual).
• Trabalho para
casa: realização
da ficha “Quem
foi… D. Nuno
Álvares Pereira”
(pág. 21).
• Exploração
pedagógico-didática da
secção
“À Conversa
com... D. João I,
O da Boa
Memória”
(pág. 22).
METAS
CURRICULARES
• Descritores de
desempenho
no.s 3.2. a 3.4.
As Guerras Fernandinas terminaram com a assinatura do
Contrato de Salvaterra de Magos (abril de 1383), acordo de casamento celebrado entre D. Beatriz (filha única de D. Fernando) e o rei
D. João de Castela. Segundo este contrato, D. Leonor Teles (viúva de D.
Fernando) governaria o país como regente, até que D. Beatriz
(a herdeira legítima) tivesse um filho que, ao atingir 14 anos, se tornaria rei de Portugal. No caso de não haver descendência, o rei D. João
de Castela (marido de D. Beatriz) teria direito à Coroa de Portugal.
Pouco depois, morreu D. Fernando e levantou-se o problema
da sucessão. A população portuguesa estava dividida. A grande
nobreza e o alto clero, fiéis ao juramento de fidelidade a D. Beatriz,
eram favoráveis a Castela; em contrapartida, o povo miúdo, a burguesia e os estratos secundários da nobreza e do clero apoiavam
D. João, mestre da Ordem de Avis e filho bastardo de D. Pedro I.
Sabias que...
DOC. 1
… a aclamação do Mestre de Avis
nas Cortes de Coimbra (1385) teve
a oposição de muitos nobres?
Mas a pressão dos representantes
dos concelhos e os argumentos
do jurista João das Regras levaram à eleição de D. João como rei
de Portugal.
ZON@ WEB
1383-1385, a afirmação da independência
nacional
Queres saber mais
sobre D. João I?
Em dezembro de 1383, o povo revoltou-se em Lisboa e aclamou
D. João “Regedor e Defensor do Reino”. Em inícios de 1384, as tropas castelhanas invadiram o Alentejo e foram derrotadas em
Atoleiros (docs. 3 e 4). De seguida, o rei de Castela, em defesa dos seus
direitos, invadiu Portugal e cercou Lisboa (doc. 5). Mas a peste alastrou
às suas tropas e teve de se retirar para Castela.
Nos inícios de 1385, o Mestre de Avis foi aclamado rei de
Portugal nas Cortes de Coimbra (docs. 1 e 2). De novo, o rei de Castela
invadiu o nosso país, sendo derrotado nas batalhas de Trancoso,
Aljubarrota e Valverde (docs. 3 e 6). Desta forma, Portugal conseguiu
garantir a independência. Mas a paz só veio a ser assinada em 1411.
No decorrer da revolução de 1383-1385, distinguiram-se
D. João, Mestre de Avis, Álvaro Pais (destacado burguês de Lisboa e
apoiante de D. João), João das Regras (legista e defensor do Mestre de
Avis nas Cortes de Coimbra), D. Nuno Álvares Pereira (comandante
do exército português) e, naturalmente, as massas populares.
A revolução de 1383-1385 abriu caminho a uma nova dinastia
– a de Avis e a uma nova sociedade – os membros da nobreza que se
tinham posto ao lado de D. João (ex-Mestre de Avis) receberam títulos, cargos e terras; certos estratos da burguesia que apoiaram a causa
foram promovidos, recebendo cargos políticos e administrativos.
http://www.paginasdahistoria7.asa.pt
10 |
Consulta o sítio
Em resumo
• Na 2ª metade do século XIV,
Portugal envolveu-se
em guerras com Castela –
as Guerras Fernandinas.
• Mal sucedido, D. Fernando
acordou com o rei de Castela o
Tratado de Salvaterra de Magos
(1383), que pôs em perigo
a independência de Portugal.
• Em 1385, após as Cortes de
Coimbra terem aclamado
D. João, Mestre de Avis, como
rei de Portugal, travou uma
batalha decisiva para o reino –
a Batalha de Aljubarrota.
• A revolução de 1383-1385 deu
início a uma nova dinastia (Avis)
e a uma nova sociedade.
D2 – AS CRISES DO SÉCULO XIV
Doc. 2 | Aclamação do Mestre de Avis como rei de Portugal
De forma que, pelas coisas que até agora vimos, este
D. João, Mestre de Avis, que tanto trabalhou e trabalha
para honra deste Reino, é apto e idóneo e merece esta
honra e estado de rei.
E por acordo unânime de todos, os grandes e
comum povo responderam que promovesse o Mestre
(de Avis) à alta dignidade e estado de Rei.
Juntos em Coimbra, os prelados e os fidalgos que
entendiam defender Portugal e alguns procuradores
de certas vilas e cidades do Reino começaram a falar
de quem devia governar.
Nisto, chegou-se o dia em que haviam de abrir as
Cortes.
– Ora, senhores, – disse aquele doutor (João das
Regras) –, este Reino está de todo vago e posto à nossa
disposição para elegermos quem o defenda e governe.
Fernão Lopes, Crónica de D. João I
1. Este acordo
de casamento
estabeleceu que,
após o falecimento
do rei D. Fernando,
D. Leonor Teles
ficaria como
regente até que
D. Beatriz, a
herdeira legítima,
tivesse um filho
que, ao atingir 14
anos, se tornaria
rei de Portugal.
No caso de não
haver
descendência,
o rei D. João
de Castela (marido
de D. Beatriz) teria
direito à Coroa
de Portugal.
Santiago de
Compostela
Tui
Ocea
no Atl
â
ntico
Valença
Porto
Salamanca
Celorico
Cidade
Rodrigo
Guarda
Coimbra
DOC. 4 | Batalha de Atoleiros (1384).
Leiria
PORT
UGA
L
Alegrete
ATOLEIROS
(1384)
VALVERDE
(1385)
Badajoz
CA
ST
EL
A
Évora
A
DE
REINO DE
Santarém
Lisboa
No lugar de Atoleiros, perto da vila
de Fronteira, o jovem fidalgo Nuno
Álvares Pereira, à frente de um
exército de cerca de mil homens,
derrotou as tropas castelhanas que
se dirigiam para Lisboa.
Tomar
ALJUBARROTA
(1385)
RO
DOC. 5 | Cerco de Lisboa (1384).
Enquanto o exército de Castela
se dirigia para Lisboa a fim de
cercar a cidade, uma armada
castelhana entrou no rio Tejo
para bloquear a capital
portuguesa.
Zamora
TRANCOSO
(1385)
CO Sevilha
Primeira invasão (1384)
Segunda invasão (1385)
Fuga do rei de Castela para Sevilha (1385)
0
50 km
Batalha
3. A vitória alcançada
em Aljubarrota
pelo exército
português,
(comandado
por D. João I
e D. Nuno Álvares
Pereira e apoiado
por arqueiros
ingleses) sobre as
tropas castelhanas,
(chefiadas por
D. João I de
Castela) foi uma
decisiva prova
de afirmação
de Portugal
como nação
independente.
DOC. 3 | A guerra com Castela (1384-1385).
AGORA, RESOLVE...
1. O que estabeleceu o Contrato de Salvaterra de Magos?
DOC. 6 | Estandarte de D. João I
na batalha de Aljubarrota.
No dia 14 agosto de 1385, deu-se a decisiva
batalha entre Portugal e Castela – a batalha
de Aljubarrota (ver Grande Plano Sobre…
nas páginas 12 e 13).
2. Porque, após
a morte de
D. Fernando, parte
da população
do país (estratos
secundários
da nobreza e
do clero, povo
miúdo e
burguesia) não
concordou com
o estabelecido
no Contrato
de Salvaterra
de Magos e apoiou
D. João, mestre da
Ordem de Avis, ao
trono de Portugal.
2. Por que razão não foi respeitado o Contrato de
Salvaterra de Magos (doc. 2)?
3. Mostra a importância da batalha de Aljubarrota (doc. 6).
FICHA DE TRABALHO Nº 2 (pág. 19)
| 11
D2
Grande
Plano
A Batalha de
Aljubarrota (1385)
sobre...
Após a aclamação de D. João,
Mestre de Avis, como rei de
Portugal nas Cortes de Coimbra
(abril de 1385), o rei de Castela
reuniu um grande exército e invadiu de novo Portugal.
Ao seu encontro partiu uma
força militar de cerca de 10 mil
homens, comandada por D. João I
e Nuno Álvares Pereira. A maior
parte dos combatentes era formada por gente do povo armada
com ferros pontiagudos (os chuços), apoiada por cavaleiros, besteiros e um destacamento de algumas centenas de arqueiros ingleses.
Batalha de
Aljubarrota.
Ao final da tarde do dia 14 de agosto
de 1385, deu-se a grande batalha.
No terreno, frente a frente, estavam
quase 30 mil combatentes de Castela
e pouco mais de 10 mil apoiantes
de D. João I, rei de Portugal.
Arqueiro
inglês.
12 |
Besteiro
português.
D2 – AS CRISES DO SÉCULO XIV
A vanguarda, chefiada por Nuno Álvares
Pereira, posicionou-se numa colina.
Era um local rodeado de pequenas
ribeiras e com um único acesso,
protegido por trincheiras e armadilhas.
A retaguarda, comandada por D. João I,
era formada por peões e besteiros; logo
atrás, situava-se o material de guerra
de apoio ao exército português (a carriagem).
Disposição das tropas
portuguesas e
castelhanas no terreno.
As armadilhas no terreno
(fossos , “covas de lobo”)
cobriam uma área do terreno,
que foi decisiva para a vitória
portuguesa. Ocupavam
um corredor de 80 metros
de comprimento e 40 filas
paralelas.
As investidas das
tropas castelhanas
e o fecho, em tenaz,
das alas portuguesas
Tropas
castelhanas
Quando a batalha começou, a cavalaria
castelhana atacou com grande ímpeto.
Os que conseguiram romper as linhas da frente
foram cercados em tenaz. Então, cavalos
e cavaleiros foram atingidos por sucessivas
vagas de setas e dardos lançados pelos
arqueiros ingleses e besteiros portugueses.
As vítimas foram em grande número.
Ao fim de uma hora, as tropas castelhanas
puseram-se em fuga.
Tropas
portuguesas
| 13
D2
Em Poucas Palavras
Quadro-síntese
1. A CRISE DO SÉCULO
XIV NA EUROPA –
CAUSAS E
CONSEQUÊNCIAS
DEMOGRÁFICAS
E ECONÓMICAS
2. A CRISE DO SÉCULO
XIV – OS CONFLITOS
SOCIAIS E OS
MOVIMENTOS
MILENARISTAS
• As causas da crise – guerras (destaque para a Guerra dos Cem Anos), fomes
(causadas por destruições das guerras e mudanças climáticas) e epidemias
(realce para a Peste Negra).
• Os problemas económicos e sociais da crise – sérias dificuldades económicas
(decadência da agricultura e do comércio) e sociais (diminuição da população,
revoltas nos campos e nas cidades).
• Levantamentos rurais – devido às exigências de maiores rendas e tributos
(as “jacqueries” em França, entre outros).
• Conflitos urbanos – em resultado do congelamento dos salários e das más
condições de trabalho (movimentos dos “Ciompi” em Florença, entre outros).
• Crise moral – reações da população perante um mundo de incerteza e insegurança
(danças macabras, culto de Cristo e da Virgem); movimentos milenaristas (ideias
de fim do mundo próximo e do Juízo Final).
• Reflexos da situação europeia em Portugal – várias calamidades (fomes, epidemias,
conflitos militares) que provocaram diminuição da população, abandono de terras
e conflitos sociais nos campos e nas cidades.
• A Revolução de 1383-1385:
3. AS ESPECIFICIDADES DA
CRISE DO SÉCULO XIV
EM PORTUGAL
- as origens da crise nacional: o desastre militar das Guerras Fernandinas e a assinatura
do Contrato de Salvaterra de Magos (o trono de Portugal à mercê do rei de Castela);
- os momentos decisivos da afirmação da independência do reino: a aclamação
de D. João, Mestre de Avis, como “Regedor e Defensor do Reino”; as Cortes de
Coimbra e o reconhecimento do Mestre de Avis como Rei de Portugal (D. João I);
os confrontos militares, com destaque para a vitória decisiva na batalha
de Aljubarrota (1385).
- o estabelecimento de uma nova dinastia e de uma nova sociedade: a dinastia
de Avis; a criação de uma nova nobreza e a afirmação de certos estratos
da burguesia (os apoiantes da causa do Mestre de Avis).
14 |
D2 – AS CRISES DO SÉCULO XIV
Esquema-resumo
CRISES
E REVOLUÇÃO
NO SÉCULO XIV
Na Europa
Em Portugal
a fome,
a peste e a guerra provocaram
à crise económica
e social vivida na Europa
destruição
e doenças
insegurança
e medo
diminuição
da população
Consequências económicas,
sociais e morais
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Revoltas sociais
nos campos e nas cidades
profunda crise moral
(ideia da morte e do Juízo Final)
juntou-se uma crise política
O problema da sucessão
ao trono em 1383
de um lado,
D. Beatriz (e Castela)
do outro lado,
D. João, Mestre de Avis
provocou graves
conflitos sociais
e político-militares
em 1384 e 1385
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(1385)
D. João I, rei de Portugal
(início de uma nova dinastia – a de Avis)
| 15
D2
A1
Prova o Que Sabes
(realiza as atividades no teu caderno diário)
A. Situar no tempo.
1. Ordena cronologicamente, do mais antigo para o mais recente, os acontecimentos A a D.
A. Morte de D. Fernando.
C. Subida ao trono de D. João I.
B. Peste Negra.
D. Batalha de Aljubarrota.
B. Analisar diferentes tipos de documentos.
A
B
1. B-A-C-D.
2. Guerras, fomes
e epidemias.
3. A Peste Negra
provocou grande
mortandade
nos campos
e nas cidades,
ocasionando falta
de mão de obra,
o que se refletiu
na produção
e nos preços.
4. Devido à crise
demográfica do
século XIV, muitos
campos ficaram
ao abandono
e a atividade
económica
regrediu. Assim,
os senhores,
para compensar
a perda
de rendimento,
exigiram mais
rendas aos
camponeses;
de igual modo,
os mercadores
e os mestres
de ofícios, para
enfrentar a queda
do comércio,
fixaram os
salários. Por isso,
nos campos
e nas cidades,
os camponeses
e os artesãos
revoltaram-se
contra as medidas
impostas.
Vítimas da Peste Negra.
C
Milhões de habitantes
80
70
60
50
40
1000
Guerra dos Cem Anos.
1100
1200
1300
1400
Evolução da população da Europa
(1000-1500).
2. Refere, a partir dos docs. A e B, as calamidades que atingiram a Europa no século XIV.
3. Comenta a afirmação: “A Peste Negra teve forte impacto na Europa”.
4. Explica, com base no doc. C, as revoltas sociais do século XIV.
C. Utilizar conhecimentos em novas situações.
5. Assinala com um X a opção correta para cada uma das afirmações.
5.1. No século XIV, vários reis europeus tomaram medidas para resolver a crise. Em Portugal,
a) D. Dinis enviou aos concelhos as “Leis do Trabalho”.
b) Fernando publicou a “Lei das Sesmarias”.
5.2. Em Portugal, tal como na restante Europa, houve períodos de grande tensão social.
a) Nos campos, os senhores da terra revoltaram-se devido à quebra dos seus rendimentos.
b) Em Lisboa e noutras cidades, o povo revoltou-se contra os apoiantes de D. Beatriz.
5.1. b).
5.2. b).
16 |
1500
Anos
D. Interpretar documentos/fontes históricas.
Valença
Caminha
D. Pedro I
Bragança
Braga
D. Constança
D. Inês de Castro
D. Teresa Lourenço
Porto
D. Beatriz
Infante
D. João
Infante
D. Dinis
D. João,
rei de Castela
D. João,
Mestre de Avis
Casamento
Pretendente ao trono
Viseu
Atlâ
ntico
D. Fernando
7. Com a morte
de D. Fernando,
levantou-se
o problema
da sucessão.
De acordo com
o Contrato
de Salvaterra de
Magos, D. Leonor
Teles governaria o
país como regente
até que D. Beatriz
tivesse um filho
que, ao atingir 14
anos, se tornaria
rei de Portugal.
Mas certos
estratos da
população não
concordaram
e nomearam
D. João, Mestre
de Avis, “regedor
e defensor do
Reino”, e que veio
a ser aclamado
rei nas Cortes
de Coimbra,
em 1385.
Guarda
Coimbra
Oc
ean
o
D. Leonor
Teles
6. Tio e sobrinha.
Castelo
Rodrigo
Leiria
Os candidatos à sucessão a D. Fernando.
Abrantes
O Cerco de Lisboa (1384)
Estando a cidade assim cercada (…), não havia trigo
para vender, e se o havia era muito pouco e tão caro que
as pobres gentes não podiam chegar a ele. (…) Muitos
comiam ervas (…) e outros, devido à falta de carne,
comiam as carnes das bestas (…).
Ao fim de algum tempo, cercados e cercadores
sofriam grandes males – os da cidade esperavam que el-rei de Castela levantasse o cerco por causa da peste (…)
e os castelhanos esperavam que os de dentro, forçados
pela fome, lhes entregassem a cidade.
Lisboa
Évora
Setúbal
Moura
0
Silves
50 km
Faro
Localidades que tomaram partido por D. Beatriz (por Castela)
Localidades que tomaram partido pelo Mestre de Avis
Principais centros de rebelião popular
Fernão Lopes, Crónica de D. João I (adaptado)
Levantamentos populares em 1383.
8. Em dezembro de
de 1383, o povo
revoltou-se em
Lisboa e aclamou
o Mestre de Avis
como “regedor
e defensor
do reino”.
Em reação,
as tropas
castelhanas
invadiram
o Alentejo, sendo
derrotados
em Atoleiros;
de seguida, o rei
de Castela invadiu
Portugal e cercou
Lisboa.
6. Identifica a relação de parentesco entre o Mestre de Avis e D. Beatriz.
7. Explica o problema da sucessão a D. Fernando, em finais de 1383.
8. Descreve a evolução dos acontecimentos até ao cerco de Lisboa, em 1384.
E. Relacionar documentos diversos.
9. Redige um texto (c. 8 linhas), a partir das figuras A e B,
sobre o título “1385, um ano muito difícil para Portugal”.
B
Nuno Álvares
Pereira,
Condestável
do Reino.
A
9. Resposta livre.
(itens principais
de resposta:
aclamação do
Mestre de Avis
nas Cortes de
Coimbra; batalhas
de Trancoso,
Aljubarrota
e Valverde, com
destaque para
a batalha
de Aljubarrota
na afirmação
da independência
nacional).
João das Regras nas Cortes de Coimbra de 1385.
| 17
1
Ficha de trabalho
(consulta as páginas 4 a 9 do manual)
As crises do século XIV
A Peste em Itália
No ano de Nosso Senhor de 1348, ocorreu
em Florença, a mais bela cidade de toda a Itália,
uma peste terrível, vinda alguns anos antes do
Levante e sempre a provocar grandes danos por
onde passava. Poucos escaparam, e quase todos
morriam no terceiro dia após o aparecimento
dos sintomas. O que deu a essa peste maior virulência foi o facto de passar do doente para o são,
aumentando diariamente.
Boccacio, Decameron, 1348-1353
Revolta social.
Epidemias
Guerras e inundações
Falta de cereais
Levantamentos
populares
Peste Negra
em Portugal
1348
1356
1361
1365
1372
1371
1373
Revoltas populares
Revoltas
populares
Surto de peste
1383 1384
Fome
1394
Crise económica
e social em Portugal
"Leis do Trabalho", de D. Afonso IV
1349
"Lei das Sesmarias", de D. Fernando
1375
Crise económica e social em Portugal.
1. Indica, a partir dos documentos, os fatores da crise do século XIV.
___________________________________________________________________________________________________
2. Refere as manifestações dessa crise em:
2.1 população europeia. ____________________________________________________________________________
2.2 produção agrícola. _____________________________________________________________________________
2.3 agitação social. ________________________________________________________________________________
3. Como se refletiu a crise do século XIV em Portugal?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
4. Que medidas tomaram os reis portugueses para solucionar os problemas económicos e sociais da
época?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
18 |
2
Ficha de trabalho
(consulta as páginas 10 a 13 do manual)
A Revolução de 1383-1385
D. Pedro I
(1357-1367)
D. Constança
D. Teresa
Lourenço
D. Inês
de Castro
D. Fernando
(1367-1383)
Infante
D. João
Infante
D. Dinis
D. Leonor Teles
Linha de sucessão legítima
D. João,
Mestre de Avis
D. Beatriz
(casada com o rei de
Castela, D. João I)
Candidatos à sucessão de D. Fernando.
Linha de sucessão ilegítima
Pretendentes ao trono
Batalha de Aljubarrota (agosto de 1385).
Cortes de Coimbra (abril de 1385)
Falou então nas Cortes o Dr. João das Regras, homem muito letrado em leis: (…) Senhores fidalgos e ilustres pessoas, bem sabeis como nestas Cortes foram por mim expostas algumas razões a mostrar que estes reinos estão de todo vagos e ninguém há que possa herdá-los por linhagem, nem a quem pertençam de direito
(…) Mas como sempre estes reinos foram defendidos e mantidos por rei (…) convem-nos eleger rei que faça
tudo o que cumpre para não cairmos na sujeição de nossos inimigos (…) E pois é de considerar a pessoa
que deve ser eleita (…) vejamos que condições se requerem nela (…) deve ser de boa linhagem e de grande
coragem para defender a terra; depois ter amor aos súbditos, e com isto perfeição e devoção. Ora que todas
estas condições se acham no Mestre (…) que tanto trabalhou e trabalha por honra e defesa destes reinos (…
) e merece esta honra e estado de rei.
Fernão Lopes, Crónica de D. João I (adaptado)
1. Refere, a partir do esquema genealógico, os graus de parentesco entre:
1.1 D. Fernando e D. Beatriz. ________________________________________________________________________
1.2 D. Pedro e o Mestre de Avis. _____________________________________________________________________
1.3 D. Beatriz e o Mestre de Avis. ____________________________________________________________________
2. Explica o problema dinástico, em 1383, levantado pela morte de D. Fernando.
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
3. Como foi resolvido o problema de sucessão nas Cortes de Coimbra (abril de 1385)?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
4. Comenta a informação: “A batalha de Aljubarrota foi decisiva para a afirmação do reino de Portugal”.
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
| 19
Aconteceu...
A Peste Negra
Lê o texto e, em seguida, responde às questões abaixo.
DONDE VEIO?
Esta epidemia foi trazida da Crimeia (Mar Negro) por barcos italianos que
aí negociavam. Entre 1347 e 1350, percorreu toda a Europa, sendo poucas as
regiões que escaparam. A doença era transmitida por pulgas infetadas que
provocavam nas pessoas picadas, inchaços ou bubões negros (daí o nome de
Peste Negra) acompanhados de vómitos e febres. A difusão da epidemia foi
favorecida pelas precárias condições higiénicas e sanitárias e pela subalimentação das populações.
PARA ONDE SE EXPANDIU?
QUE CONSEQUÊNCIAS TEVE?
A Peste Negra provocou na Europa elevada mortandade, variável de região
para região. As cidades e os mosteiros foram muito afetados. Também desapareceram milhares de aldeias. Calcula-se ter morrido um terço da população, ou seja, cerca de 30 milhões de pessoas. Para não provocar pânico, em
muitas regiões, os sinos deixaram de tocar a finados.
QUE MEDIDAS FORAM
TOMADAS PARA
A COMBATER?
A epidemia provocou reações emocionais incontroláveis entre as populações. Em muitas regiões, perseguiram-se os judeus acusados de serem os causadores da doença. Na Alemanha e na Flandres, organizaram-se procissões
onde os participantes se autoflagelavam, com chicotes, para espiar os pecados.
Para combater a epidemia, foram tomadas várias medidas como o encerramento dos portos, o isolamento dos viajantes, a queima de grandes quantidades de plantas aromáticas para desinfetar o ar.
20 |
Quem foi?
D. Nuno Álvares Pereira, 1360-1431
1415: Participação na
conquista de Ceuta.
1360: Nascimento de
Nuno Álvares Pereira.
2009: Canonização
pelo Papa Bento XVI.
1423: Ingresso na Ordem
dos Carmelitas, tomando
o nome de Frei Nuno de
Santa Maria.
1373: Entrada na corte
de D. Fernando, como
escudeiro de Leonor
Teles.
1384: Batalha de Atoleiros (nomeado
“Condestável de Portugal”).
1385: Batalha de Aljubarrota (vitória
militar sobre Castela).
1431:
Morre no dia 1 de
abril, com fama de
santo.
Graças ao apoio militar que deu ao mestre de Avis, conseguiu ser nomeado fronteiro do Alentejo e em 1384, aos 24
anos, condestável do reino, à época, a suprema chefia do exército régio. Recebeu importantes mercês e grandes doações: foi
feito conde de Ourém, de Barcelos, de Arraiolos e de Neiva.
Aos títulos juntava-se o respetivo património, originando a
maior concentração de riqueza fundiária reunida então no
reino, fora da Casa Real. O seu impressionante e crescente
poderio, a par dos interesses de grande senhor, com vassalos e
exército próprios, fizeram de Nuno Álvares Pereira um potencial adversário do rei.
Bernardo Vasconcelos e Sousa, História de Portugal,
Rui Ramos (dir.) (adaptado)
Nuno Álvares Pereira no fim da sua carreira
militar (1423).
A batalha de Atoleiros traduziu-se numa notável vitória
dos portugueses, graças à tática da cavalaria apeada, posta em
prática por Nuno Álvares Pereira, reforçada por besteiros e
disposta em vanguarda, retaguarda e alas.
A batalha de Aljubarrota foi ganha graças à estratégia e à
tática impostas pelo Condestável e ao seu excelente comando.
A escolha do terreno e as armadilhas que o reforçaram fizeram
por certo equilibrar o número de combatentes em presença.
Manuela Mendonça (coord.), História dos reis de Portugal. Da fundação à
perda da independência, vol. I (adaptado)
D. Nuno Álvares Pereira foi ___________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
| 21
À Conversa
com...
D. João I, “O da Boa Memória”
(1357-1433)
Filho ilegítimo de D. Pedro I, tornou-se
Mestre de Avis aos 6 anos. Em 1383, à morte de
D. Fernando, seu meio-irmão, D. João encabeçou
a revolta popular em Lisboa, recebendo o título
de “defensor e regedor do reino”. Em 1385, nas
Cortes de Coimbra, foi aclamado rei de Portugal,
e, na batalha de Aljubarrota, alcançou uma vitória decisiva sobre as tropas de Castela. Em 1415,
comandou a expedição a Ceuta, dando início à
expansão ultramarina portuguesa.
– Hoje, connosco, Sua Alteza
D. João I, “O da Boa Memória”.
Entrevistador
D. João I – Como disse?!
– Então, não sabe que o seu cognome é
“O da Boa Memória”?! Foi muito bem posto,
pois o seu reinado deixou muito boas recordações. Para além de tudo, salvou a independência de Portugal após a morte de _________
__________.
Entrev.
– Ah! Compreendo, agora. Estou totalmente de acordo, pois nessa altura o reino correu grande perigo.
D. João I
Entrev. – Como é que tudo começou?
– Olhe, a rainha-viúva D. Leonor tinha
grande simpatia por Castela e a sua filha,
_____________________ estava prometida em
casamento ao rei de ____________________.
D. João I
Entrev. – Sim, e ainda
____________________.
havia um tal Conde de
– Era um forte partidário de Castela e,
ainda por cima, diz-se que era amante de
D. Leonor.
D. João I
Entrev. – Enfim, só problemas!
– Bem, quanto ao Conde de Andeiro, o
problema resolveu-se num instante. Um dia,
acompanhado por gente boa de Lisboa, subi
aos Paços da Rainha e, rapidamente, demos
cabo dele.
D. João I
22 |
– Então, isso foi uma conspiração! E
depois?
Entrev.
– Depois, tudo se complica. A rainha-viúva foi para Santarém e chamou o rei de
Castela para vir a Portugal tomar posse do
trono.
D. João I
Entrev. – Um problema grave.
– Sim, tivemos logo de nos preparar
para a invasão castelhana. Os burgueses de
Lisboa deram dinheiro para as despesas da
guerra e nomeei ______________, um dos poucos nobres que me apoiavam, como comandante-geral das tropas.
D. João I
– E, quando se deram os combates?
O que aconteceu a Lisboa?
Entrev.
– Bem, D. Nuno levou um pequeno
exército para Atoleiros, perto da vila de
Fronteira, no Alentejo. Aí tudo correu bem. O
pior foi em Lisboa, onde durante sete meses
sofremos um grande _______________________.
Conseguimos resistir aos ataques castelhanos,
mas foi a peste que nos salvou. Eles, assustados, levantaram o cerco à cidade.
D. João I
Entrev.
ram.
– Então, os castelhanos não mais volta-
– Voltaram, pois. Quando eu fui aclamado rei nas Cortes de _________, em abril de
1385, o rei de Castela lançou um grande ataque a Portugal. Eles eram mais de 30 mil soldados e, até, vinham apoiados por tropas
francesas.
D. João I
Entrev. – E nós, como nos defendemos?
– Tudo se decidiu em __________, ali
bem perto da Batalha. D. Nuno Álvares Pereira
organizou um grande plano para enfrentar o
inimigo. Em primeiro lugar, minou o terreno
com as chamadas “__________”, uns buracos no
chão com paus afiados voltados para cima.
Depois, preparou as nossas tropas para atacarem “em tenaz” os cavaleiros castelhanos; por
fim, colocou os arqueiros ingleses, sabiamente,
no terreno.
D. João I
Entrev. – Então, tiveram a ajuda da Inglaterra!…
– Sim, se a França apoiava Castela, nós
pedimos que a Inglaterra nos apoiasse.
– Quem havia de ser? Claro que fomos
nós. Mas, como eu estava um pouco receoso,
prometi a Nossa Senhora em plena batalha,
construir ali um grande mosteiro, o Mosteiro
de Santa Maria da Vitória.
D. João I
– Hoje chamado Mosteiro da ________.
Enfim, as lutas terminaram para Sua Alteza!
Entrev.
– Não, ainda houve alguns combates
com Castela. Mas, depois, voltei-me para o
Norte de África para combater os muçulmanos e tomar-lhes algumas cidades.
D. João I
Entrev. – Bem, essa já é outra história.
– É verdade. São histórias de grandes
aventuras em terras e no mar, de valentes
cavaleiros e audazes marinheiros que levaram
o bom nome de Portugal a correr todo o
mundo.
D. João I
D. João I
– Bem feito. Quem ganhou, afinal, a
batalha de Aljubarrota?
Entrev.
TAREFA
Preenche os espaços em branco no texto.
Estátua equestre de D. João I, em Lisboa.
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Título
D2 – As Crises do Século XIV
Páginas da História
3.º Ciclo do Ensino Básico
8.º Ano de Escolaridade
Autores
Aníbal Barreira
Mendes Moreira
Com a colaboração de
Eva Baptista
Imagens
© Shutterstock
Ilustração
Nuno Duarte
I+G
Execução Gráfica
CEM
Depósito Legal
N.º 369 688/14
ISBN
9788888901367
Ano / Edição
2014 / 1.a Edição / 1.a Tir. / 5800 Ex.
Esta publicação é parte integrante do Manual
Páginas da História, 8.º ano e não poderá ser
vendida separadamente.
© 2014, ASA, uma editora do Grupo Leya
E-mail: [email protected]
Internet: www.asa.pt
Linha do Professor
707 258 258
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