1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Departamento de Letras e Artes Licenciatura em Letras com a Língua Inglesa Língua Portuguesa VI Profª. Norma Soeli JOÃO BOSCO DA SILVA ([email protected]) UM DOMINGO NO PARQUE DE UM DIA QUALQUER Pequeno estudo da música “Domingo no Parque” de Gilberto Gil. FEIRA DE SANTANA - BAHIA 2009 1 Eu vou contar uma história envolvendo um trio de amigos residentes em Salvador, estado da Bahia. Um era o José, que adorava brincadeiras e trabalhava numa barraca na feira de São Joaquim, alí em Água de menino. Outro desses amigos era João, que jogava capoeira e se sentia valente, brigando por qualquer motivo, arranjando confusão, apesar de ser pedreiro, fazendo construções. Os dois tinham, cada um, uma bicicleta. Uma certa vez, João comentou com José que Juliana, a sua namorada, estaria dando bolas para ele. Claro que José não acreditou, mas ficou desconfiado. João estava construindo uma casa perto da Boca do rio, ao lado de um Parque de diversões. Foi lá que ele teve uma estúpida idéia: dizer a Juliana que José a estaria esperando na tarde de domingo naquele Parque, para ver se ela tinha medo de roda gigante. (Segundo José, a Juliana nunca havia subido numa roda gigante, pois tinha medo de altura e odiava a cor vermelha, pois lembrava da morte do seu pai com ela no colo, com apenas cinco anos de idade, numa emboscada à facadas). No próximo final de semana fatídico, João resolver não ir para a Ribeira, bairro perto do Jardim Cruzeiro e do largo de Roma, jogar capoeira. Ele queria mesmo era pregar ciúmes em José e fazer confusão, mesmo sabendo que esse tipo de brincadeira normalmente não abacaba bem. Para cumprir com o seu diabólico plano, foi procurar José e fez uma aposta: ele subiria na roda gigante com a Juliana no próximo domingo no Parque de diversões Cacique, lá perto da boca do rio. Faria com que Juliana aceitasse uma rosa e um sorvete vermelhos. José prontamente aceitou a aposta, valendo uma bicicleta. Ora, José nunca levou essa aposta a sério, pois levar a sua querida namorada para subir numa roda gigante, com rosa e sorvete vermelhos? Essa aposta estava ganha! João foi á casa de Juliana e lhe fez o convite, argumentando que José havia lhe confidenciado que nunca se casaria com uma mulher que não subisse numa roda gigante ou tivesse medo da cor vermelha, que é tão bonita e simboliza a vida. Ora, para mostrar a sua amizade ao casal e facilitar o casamento, ele iria ajudar os amigos para facilitar o casamento. Para provar que era verdade, José estaria esperando para subir com ela novamente ma roda gigante e tudo estaria resolvido. Como sempre fazia no final de semana, José fechou a barraca e saiu da feira de São Joaquim com uma faca na cintura e dinheiro no bolso. Lembrando da aposta com João ele foi curtir o domingo no parque, fazendo um passeio de bicicleta lá perto da Boca do Rio. Chegando lá ele avistou Juliana. E o pior: ela estava na roda gigante com João. Credo cuz, ave Maria! Ela estava segurando uma rosa vermelha numa mão e um sorvete de morango na outra mão! Ele não aguentou. Ele gritava, mas a voz não lhe saía. Era demais!!! Naquele momento, Juliana, que era seu sonho de consumo, passou a ser uma visão indesejada, uma ilusão e utopia. Traindo-lhe logo com seu amigo João!!!! E a aposta perdida? Era demais! O espinho daquela rosa feria e o sorvete gelava seu coração, aumentando o pânico. A sua cabeça foi girando, vendo aquele sorverte vermelho, aquela rosa vermelha! Tudo ia se misturando e se transformando em raiva e ódio dentro do peito. Não estava mais alí o José brincalhão e sim o Lampião. E foi girando na cabeça de José aquela cena tórrida e cada vez mais vermelha. Ele esperou os dois descerem e gritou: - Olha a faca! E sem conversa deu uma estocada em Juliana, jorrando sangue em sua mão. João veio intervir, mas José não deu tempo para explicações, aplicando-lhe também uma facada, deixando-o cair ao lado de Juliana. Logo depois a polícia chegou e encontrou José parado e chorando, sentado diante dos corpos, ainda com a faca ensanguentada na mão. Ele se entregou à polícia e disse que a sua vida estava acabada. A barraca de José na feira de São Joaquim nunca mais abriu. O José nunca mais brincou nem trabalhou. Juliana nunca mais amou. João nunca mais fez construção ou confusão. A terra encobriu o amor... encobriu a paixão.... encobriu a amizade... encobriu a união! Portanto, ninguém deve fazer determinado tipo de brincadeira, para evitar danos irreversíveis e interrupção de vidas, até de pessoas queridas. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Pegadinha: Tem informação nessa história que é fruto da imaginação do autor João Bosco, pois nunca poderiam ter sido contadas, por falta de fonte. Qual seria? 2 DOMINGO NO PARQUE Letra e Música: Gilberto Gil O rei da brincadeira Ê, José! O rei da confusão Ê, João! Um trabalhava na feira Ê, José! Outro na construção Ê, João!... Juliana girando Oi girando! Oi, na roda gigante A semana passada No fim da semana João resolveu não brigar No domingo de tarde Saiu apressado E não foi prá Ribeira jogar Capoeira! Não foi prá lá Pra Ribeira, foi namorar... O sorvete é morango É vermelho! Oi, girando e a rosa É vermelha! Oi girando, girando É vermelha! Oi, girando, girando... O José como sempre No fim da semana Guardou a barraca e sumiu Foi fazer no domingo Um passeio no parque Lá perto da Boca do Rio... Foi no parque Que ele avistou Juliana Foi que ele viu Foi que ele viu Juliana na roda com João Uma rosa e um sorvete na mão Juliana seu sonho, uma ilusão Juliana e o amigo João... O espinho da rosa feriu Zé (Feriu Zé!) (Feriu Zé!) E o sorvete gelou seu coração O sorvete e a rosa Ô, José! A rosa e o sorvete Ô, José! Foi dançando no peito Ô, José! Do José brincalhão Ô, José!... O sorvete e a rosa Ô, José! A rosa e o sorvete Ô, José! Oi girando na mente Ô, José! Do José brincalhão Ô, José!... Oi, girando! Oi, na roda gigante Oi, girando! O amigo João (João)... Olha a faca! (Olha a faca!) Olha o sangue na mão Ê, José! Juliana no chão Ê, José! Outro corpo caído Ê, José! Seu amigo João Ê, José!... Amanhã não tem feira Ê, José! Não tem mais construção Ê, João! Não tem mais brincadeira Ê, José! Não tem mais confusão Ê, João!... Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh! Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!