A variabilidade das chuvas e a
expansão da cultura da soja no Brasil
cenários possíveis sob a hipótese das
mudanças climáticas
João Lima Sant’Anna Neto
Prof. Dr. do Depto de Geografia
UNESP – Pres. Prudente
A soja
• O complexo Soja – grão, óleo e farinha – é um dos
principais e mais completos produtos primários
• Está na base alimentícia (direta ou indiretamente)
de grande parte da população mundial.
• GRÃOS: bem primário para a indústria
• ÓLEO: fonte energética
• FARELO: resíduo como fonte de proteína
Principais Produtores Mundiais
• A produção mundial é de cerca
de 200 milhões de toneladas.
Produção (milhões de ton)
26%
• A área ocupada pela cultura da
soja no mundo é de
aproximadamente 87,8 milhões
de hectares.
• Os 5 maiores produtores são
responsáveis por 90% da
produção mundial:
• EUA, Brasil, Argentina, China e Índia
Mundo
40%
EUA
Brasil
34%
Área Cultivada (milhões de ha)
24%
Mundo
42%
EUA
Brasil
34%
A soja no Brasil
• O Brasil é o segundo maior produtor, respondendo por quase
25% do total mundial.
• O complexo agroindustrial da soja movimenta
aproximadamente US$ 30 bilhões (10% das receitas
cambiais)
• Ocupa uma área de 22 milhões de ha (cerca de 220.000 km2)
- área equivalente à do estado de SP.
De toda a
soja
produzida
no Brasil,
2/3
encontrase nos
estados
de MT,
PR e RS.
Nos últimos anos, enquanto nos estados mais
tradicionais, como o RS e o PR, a área cultivada
duplicou, no estado de MT, a área mais do que triplicou.
No RS a produção subiu 105%
No PR a produção subiu 120%
No MT a produção subiu 225%
Área Cultivada (milhões de ha)
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Produção (milhões de ton)
Outros
MT
PR
RS
1996
2004
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Outros
MT
PR
RS
1996
2004
Áreas de Estudo de Caso
Mato Grosso
Paraná
Rio Grande do Sul
Soja e Clima
• A soja é uma cultura de verão que, no Brasil, apresenta um
período fenológico que se estende de Outubro a Dezembro
para o plantio e de Janeiro a Março para a colheita.
• Em função dos diversos cultivares, o cultivo pode se
estender de 120 a 150 dias.
• Esta época é propícia pelas chuvas abundantes e elevadas
temperaturas nas principais regiões produtoras.
• Estudos recentes demonstram que a correlação entre
precipitação pluviométrica e a produtividade da soja, varia
entre 10% (MT) a 30% (RS).
Dinâmica Climática e Sistemas
controladores das Precipitações
Verão
Inverno
Tipos Climáticos
Distribuição das chuvas de
Primavera – Verão no Brasil
Regime Climático do Rio Grande do Sul
• O clima da região Sul do Brasil é controlado pelas
correntes perturbadas da FPA (sistemas frontais),
responsável por cerca de 70% das chuvas anuais.
• Além disto, os Cavados Invertidos e os Sistemas
Convectivos de Mesoescala também provocam episódios
severos (chuvas intensas).
• Em anos em que o fenômeno ENSO se manifesta, há forte
interferência na distribuição das chuvas.
• As temperaturas médias no período de Primavera - Verão
oscilam entre 17 e 22 graus e as precipitações, em média,
variam entre 100 e 150 mm mensais
Noroeste do RS
35
300
30
250
200
25
150
20
100
15
50
10
0
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Chuvas
Temperatura
Climograma Passo Fundo
Precipitação
TempMéd
TempMáx
Rio Grande do Sul
1985/1986
1990/1991
1997/1998
NN
O
N
O
N
O
O
D
J
D
J
DD
J
F
M
F
M
F
M
Produtividade
Produtividade
Regime Climático do Paraná
• O clima do estado do Paraná é controlado tanto pelas
correntes perturbadas da FPA (sistemas frontais),
responsável por cerca de 70% das chuvas anuais, quanto
pelos sistemas tropicais, por localizar-se em área de
transição zonal dos climas.
• Além disto, os Cavados Invertidos, os Sistemas
Convectivos de Mesoescala e as ZCAS, também
provocam episódios severos (chuvas intensas).
• Em anos em que o fenômeno ENSO se manifesta, há forte
interferência na distribuição das chuvas.
• As temperaturas médias no período de Primavera - Verão
oscilam entre 20 e 25 graus e as precipitações, em média,
variam entre 150 e 200 mm mensais
Norte do Paraná
35
300
30
250
200
25
150
20
100
15
50
10
0
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Chuvas
Temperatura
Climograma - Londrina
Precipitação
TempMéd
TempMáx
Paraná
1985/1986
1990/1991
1997/1998
Regime Climático do Mato Grosso
• O clima do estado de Mato Grosso é tipicamente tropical,
do tipo “monçônico”, ou seja, com uma estação com
chuvas abundantes e outra seca.
• Os vórtices ciclônicos de altos níveis oriundos do Pacífico
provocam intensa convecção associada a instabilidade
causada pelo jato sub tropical.
• A alta da Bolívia gerada a partir do forte aquecimento
convectivo da atmosfera age nos meses de verão,bem
como as ZCAS, são sistemas produtores da gênese pluvial.
• As temperaturas médias oscilam entre 25 e 27 graus e as
chuvas alcançam valores entre 200 e 250 mm mensais.
Centro sul de Mato Grosso
35
300
30
250
25
200
20
150
15
100
10
5
50
0
0
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Chuvas
Temperatura
Climograma - Diamantino - MT
Precipitação
TempMéd
TempMáx
Mato Grosso
1985/1986
1990/1991
1997/1998
Problemas e Perspectivas
RS
• No RS a cultura da soja não apresenta perspectiva
de aumento de área. A produtividade tem oscilado
entre 1,5 e 2,0 ton/ha.
• A base agrícola é fortemente marcada por
pequenas e médias propriedades.
• A dependência do ritmo pluvial é de cerca de 30%.
A variabilidade das chuvas é elevada, e as secas de
verão apresentam freqüência significativa
Problemas e Perspectivas
PR
• A cultura da soja no PR está próxima de seu
limite territorial. A produtividade tem variado de
2,0 a 3,0 ton/ha.
• A estrutura fundiária esta baseada na grande
propriedade rural, com elevada inversão de
capital e novas tecnologias.
• A influência da variabilidade das chuvas na
rentabilidade da soja, é de aproximadamente
20%. A região oeste e noroeste é mais
suscetível às secas de verão.
Problemas e Perspectivas
MT
• No estado de Mato Grosso, a soja ainda conta
com enormes extensões territoriais disponíveis.
• Grande parte das propriedades rurais são
imensos latifúndios, que contam com solos
jovens e clima regular.
• A produtividade média tem aumentado ano a
ano, entre 2,5 e 3,0 ton/ha.
• A regularidade das chuvas tropicais garantem
grande parte do sucesso das colheitas.
Conclusões
• A cultura da soja é bastante dependente do ritmo
pluviométrico.
• O Mato Grosso, maior produtor do Brasil e responsável por
quase 15% do total mundial, tem sido palco de uma
significativa diminuição das precipitações nos últimos 5
anos.
• O aumento das temperaturas e a redução das chuvas,
podem estar associadas ao aquecimento global e ao
desmatamento da Amazônia.
• Se esta hipótese se confirmar, a produtividade e a
rentabilidade da soja sofrerá significativa redução com
elevado grau de impacto na economia do Brasil e na
segurança alimentar.
INSTITUTO DE PESQUISAS
METEOROLÓGICAS
www.ipmet.unesp.br
2004 - 30 anos de Meteorologia com radar
Bauru
Missão
 atuar como centro criador e disseminador de
técnicas de previsão de tempo, com ênfase
regional, objetivando encontrar soluções para
problemas e gerar tecnologias passíveis de
transferência aos setores público e privado;
 atuar
como
centro
formador
e
de
aperfeiçoamento técnico-científico de recursos
humanos nas áreas de sua competência.
Compromisso
gerar produtos e prestar serviços e
atendimento
público
na
área
da
meteorologia por radar, por meio de
convênios ou contratos de serviços;
manter intercâmbio com entidades e/ou
especialistas nacionais e estrangeiros em
sua área de atuação.
EXPERIÊNCIA
- Pioneiro em Meteorologia com Radar no
Brasil;
- 30 anos trabalhando com radares
meteorológicos;
- 15 anos fornecendo informações à
Defesa Civil;
- Desenvolvimento próprio de produtos e
sistemas
de
disseminação
de
informações meteorológicas.
PESQUISAS
• Previsão Imediata (0 – 6 h) – “nowcasting”
- integração com outros sensores
- modelos de nowcasting
• Quantificação da Precipitação
- integração radar – satélite
- reprodução do campo de chuva
• Climatologia
- sistemas precipitantes
• Cooperação Internacional
-Alcance Externo: 450 km de raio (vigilância);
-Alcance Interno: 240 km de raio (quantificação)
Aplicação:
•
•
•
•
•
•
•
Agricultura;
Segurança Pública;
Construção Civil;
Indústria e Comércio;
Recursos Hídricos;
Transportes;
Lazer e Turismo, etc...
Área Total da Cobertura dos Radares
- população superior a 55 milhões
- valor da produção total de R$ 1 bilhão
- mais de 1100 municípios distribuídos em
6 Estados
- mais de 50% dos assalariados do país
- dois milhões de hectares para colheita
- produção de lavouras: 2 milhões de ton.
- rebanho bovino e suíno de 35 milhões
- rebanho de aves de corte de 300 milhões
- 215 usinas de açúcar e álcool
- 135 mil passageiros até março de 2005,
48 mil pousos/decolagens, no Estado
- 1500 km de hidrovia em cinco Estados
- 1,5 milhões de toneladas transportados
na hidrovia
- 120 milhões de toneladas movimentadas
em 4 portos marítimos
Usuários do Setor Público
•
•
•
•
•
•
•
•
PREFEITURAS
DEFESAS CIVIS
MARINHA
AERONÁUTICA
POLÍCIA MILITAR
ORGÃOS DE PREVISÃO DE TEMPO
UNIVERSIDADES ESTADUAIS
UNIVERSIDADE FEDERAL
PREVENÇÃO DE
EVENTOS SEVEROS
RISCO DE MORTALIDADE
POR ENCHENTES NO MUNDO
BAIXO
MÉDIO
ALTO
TORNADOS
Palmital/SP 25/04/2004 ~ 14:00h
TORNADO em Lençóis Paulista/SP
25/04/2004 – 17:00h
data
hora
As áreas em vermelho indicam núcleos de tempestades severas que
atingiram a região de Sales/SP
I
N
D
A
I
A
T
U
B
A
S
P
os círculos em vermelho mostram as células de tempestades em que houve
confirmação da ocorrência de tornados (IARAS e INDAIATUBA)
Hurricane Katrina, 2005.08.29 at 1715Z.
Centerpoint Latitude: 31:04:07N Longitude: 89:38:19W.
Hurricane Rita, 2005.09.23 at 2115Z. Centerpoint
Latitude: 30:12:30N Longitude: 91:51:33W.
C
A
T
A
R
I
N
A
WILMA
Estariam os
Fenômenos
Meteorológicos
ficando mais
Severos?
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