DESENVOLVIMENTO E PRODUTIVIDADE DO ARROZ IRRIGADO EM FUNÇÃO
DA FONTE E PARCELAMENTO DE NITROGÊNIO
Adriana Modolon DUART1, Vanderson Modolon DUART2, Alexandre Modolon DUART³, Andreza Modolon DUART4 ,
Naracelis POLETTO5, Samuel de Medeiros MODOLON6
1,2
Acadêmica (o) de Engenharia Agronômica/ Bolsista IFC Campus Santa Rosa do Sul, 3,4Aluna (o) técnico em agropecuária,
5
Coorientadora IFC Campus Santa Rosa do Sul, 6Orientador Campus Santa Rosa do Sul
Introdução
O N é um elemento essencial e de extrema importância para o com desenvolvimento
da lavoura orizícola. A utilização de diferentes doses e fontes de adubos nitrogenados pode
influenciar significativamente a eficiência do uso de N e consequentemente a produtividade
do arroz (FAGERIA et al., 2003).
A planta de arroz é bastante exigente em nutrientes, principalmente N, K e P, sendo
necessário que eles estejam prontamente disponíveis nos momentos de demanda, para não
limitar a produtividade. O uso racional da adubação nitrogenada é fundamental, não somente
para aumentar a eficiência de recuperação, mas também para aumentar a produtividade da
cultura e diminuir o custo de produção e os riscos de poluição ambiental (FAGERIA;
SANTOS; CUTRIM, 2007). O nitrogênio é um nutriente móvel no solo, portanto, as
recomendações de adubação nitrogenada são feitas com base na resposta da cultura à
aplicação deste nutriente, em condições de campo.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento e produtividade da cultivar
hibrida XP102 de arroz irrigado quando submetido a distintas doses e fontes de N da fonte em
cobertura.
Material e Métodos
O experimento foi implantado na safra 2014/2015 na área experimental de arroz
irrigado do IFC - Campus Santa Rosa do Sul. O híbrido XP102 foi semeado no dia 12 de
novembro de 2014 no sistema de semeadura em solo seco utilizando-se semeadora tratorizada
com espaçamento entre linhas de 0,17 m. O delineamento experimental foi em blocos ao
acaso, com três repetições. As unidades experimentais foram constituídas de parcelas (3,0 x
3,0 m).
A adubação de base com NPK foi realizada no momento da semeadura utilizando-se a
fórmula 05 -20 -20 na dose de 400 kg ha-1. A inundação dos quadros foi realizada 21 dias
após a semeadura. Ao longo do ciclo da cultura realizou-se controle de plantas daninhas,
pragas e doenças de acordo com as indicações técnicas da cultura para os Estados do RS e SC
(SOSBAI, 2014).
Os tratamentos constaram de fontes e doses de aplicação do N em arroz irrigado. As
fontes testadas foram ureia e N encapsulado (Polyblen®) na dose de 400 kg ha-1, parceladas ou
não, totalizando 5 tratamentos (T0, T1, T2, T3 e T4): T0 – Testemunha; T1 – N encapsulado
dose única; T2 – N encapsulado parcelado; T3 – Ureia dose única; T4 – Uréia parcelada. Nos
tratamentos dose única (T1 e T3), a aplicação foi realizada no estádio de desenvolvimento V4
(colar formado na quarta folha do colmo principal). Já nos tratamentos em que houve
parcelamento da adubação (T2 e T4) a aplicação de 300 Kg ha-1 de N foi realizada no estádio
V4 e a aplicação de 100 kg ha-1 de N foi realizada no estádio V8 (colar formado na oitava
folha do colmo principal e logo antes do início da diferenciação dos primórdios florais).
Com o auxílio de um quadro de um m², demarcou-se essa área em cada parcela e
contou-se o número de colmos aos 55 dias após o plantio e ao final do ciclo da cultura o
número de panículas por m².
Coletou-se em cada parcela 20 panículas, que após foram debulhadas e avaliou-se a
quantidade de grãos cheios e falhados por panícula, pesaram-se os grãos e a umidade foi
corrigida a 13%. Em seguida separou-se 100 grãos cheios e pesou-se em balança analítica
para determinar o peso de mil sementes (PMS).
O rendimento de grãos foi determinado por meio da colheita manual de plantas em
uma área útil de 4 m², trilhada de forma mecanizada. Em seguida, pesaram-se os grãos e a
umidade corrigida a 13%.
Para a determinação do teor de N no grão, separou-se 100 g de grãos de cada parcela,
secou-os na estufa de ar forçado a 60ºC, que em seguida foram moídos. Para a determinação
do teor de nitrogênio no grão foi realizada seguiu-se a metodologia proposta por Malavolta et
al., (1997).
Os resultados foram submetidos a análise de variância, quando significativo feito o
teste de Tukey a 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas no programa
SISVAR® (Ferreira, 2011).
Resultados e discussão
O maior número de colmos por m² ocorreu no tratamento com ureia não parcelada
(T3), que diferiu estatisticamente da testemunha. Embora o número de panículas por m2 seja o
componente que mais contribui para a produtividade de grãos em arroz irrigado (EVANS et
al., 1977), neste estudo o número de panículas por m² não diferiu significativamente entre os
tratamentos (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Número de colmos m-2 e número de panículas m-2 no híbrido de arroz irrigado XP 102
submetido a distinta fonte e dose de N em cobertura. Santa Rosa do Sul, safra 2014/2015.
Em relação ao número de grãos por panícula, observou-se que não houve diferença no
número total de grãos e no número de grãos cheios por panícula, corroborando com
FREITTAS, et al.,(2007), que não encontrou diferenças neste componente de rendimento em
função da dose de N em três cultivares de arroz irrigado.
O número de grãos falhados por panícula diferiu entre os tratamentos. A testemunha
(T0) apresentou a menor quantidade de grãos falhados. Os tratamentos T3 e T2 apresentaram
o maior número de grãos falhados, seguido pelos tratamentos T1 e T4 (Gráfico 2). Isso pode
ter decorrido pelo excesso de N disponibilizado as plantas, que gerou um desequilíbrio
nutricional principalmente entre os teores de N, P e K.
Gráfico 2 – Quantidade de grãos total, inteiro e falhados por panícula, no híbrido de arroz irrigado XP
102 submetido a distinta fonte e dose de N em cobertura. Santa Rosa do Sul, safra 2014/2015. Letras
seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. ns =
não significativo.
O peso de mil grãos não diferiu significativamente entre os tratamentos. O rendimento
de grãos diferiu entre os tratamentos e a testemunha apresentou maior produtividade (7.262,7
Kg ha-¹) quando comparado aos demais tratamentos (Gráfico 3). Quando se analisa os
componentes de rendimento observa-se que a testemunha apresentou o menor número de
grãos falhados o que, potencializou a diferença de produtividade entre os tratamentos. Tal
resultado corrobora com o encontrado por Santos et al. (1986), que concluiu que a menor
esterilidade das espiguetas, nas maiores doses de N é característica importante para a
produtividade.
Gráfico 3 – Produtividade no híbrido de arroz irrigado XP 102 submetido a distinta fonte e dose de N
em cobertura. Santa Rosa do Sul, safra 2014/2015. Letras seguidas pela mesma letra na coluna não
diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Apesar de cultivares hibridas exigirem maior quantidade de N para atingirem seu
potencial produtivo, neste trabalho não se encontrou tal resultado, uma das hipóteses é que a
dose de 400 kg ha-1 tenha extrapolado a necessidade da planta ocasionando redução da
produtividade.
O teor de N (g kg-1) nos grãos não foi afetado significativamente pela aplicação de N,
os valores variaram entre 16,93 a 18,82 g kg-1. Corroborando os resultados encontrados por
REIS, M. de S. et al (2005). O N disponibilizado pelo solo e pela adubação de base
provavelmente supriu a necessidade de N na planta, para o desenvolvimento dos grãos.
Conclusão
A utilização do N encapsulado e ureia, para as condições do experimento não
incrementou o rendimento de grãos e seus componentes.
O parcelamento do N em cobertura no híbrido XP 102, ao contrário do esperado, não
promoveu melhoria nos componentes do rendimento e, consequentemente, no rendimento
final de grãos.
Referências
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seedling vigor in rice. Canadian Journal of Plant Science; Otawa.v. 57; p.929-935, 1977.
FAGERIA, N.K.; SLATON, N.A.; BALIGAR, V.C. Nutrient management for improving
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fertilização nitrogenada. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, v. 42, n. 7, p.1029-1034,
Maio 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pab/v42n7/16.pdf>. Acesso em: 09
ago. 2015.
FERREIRA, D.F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia
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FREITAS, José Guilherme de et al. PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE ARROZ
IRRIGADO
RESULTANTE
DA
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DE
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<http://www.scielo.br/pdf/brag/v66n2/16.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2015.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C. & OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das
plantas: princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba, POTAFOS, 1997. 319p.
SANTOS, Alberto Baêta dos et al. Épocas, modos de aplicação e níveis de nitrogênio sobre
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n.
21,
p.697-707,
Não
é
um
mês
valido!
1986.
Disponível
em:
<https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/14872/8578>. Acesso em: 08 set.
2015.
SOSBAI – Sociedade Sul Brasileira de Arroz Irrigado. Arroz Irrigado: Recomendações
técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. XXX Reunião Técnica da Cultura do Arroz
Irrigado. Santa Maria, 2014. 192 p., Il.
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