RELAÇÃO ENTRE RENDIMENTO DE GRÃOS E PRODUÇÃO DE
PANÍCULAS EM CULTIVARES HÍBRIDAS DE ARROZ SUBMETIDAS A
DOSES DE N NA BASE E EM COBERTURA
Marcos Cardoso Martins Junior1, Murilo Hendz de Jesus1, Gabriel Albino Miron1, Deiwd
Martins Maciel1, Vanderlei Costa Daniel1, Diogo de Jesus Hendz1, Dionathan Chaves Bauer1,
Marcelo Turati Tramontin2, Naracelis Poletto3
1
Aluno do Ensino Técnico em Agropecuária, IFC – Campus
[email protected]
2
Técnico em Agropecuária, IFC – Campus Sombrio, SC.
3
Professora, IFC – Campus Sombrio, SC, [email protected]
Sombrio,
SC,
1 Introdução
A cultura do arroz (Oryza sativa) irrigado é uma das culturas socioeconômicas mais
importantes para os municípios da região Sul de Santa Catarina (Araranguá, Sombrio,
Criciúma, Turvo, Meleiro, Jacinto Machado, dentre outros) cuja produtividade média na safra
2011/2012 foi ao redor de 7000 kg ha-1 (CONAB, 2012). O aumento da produtividade do
arroz ao longo dos últimos anos se deve aos investimentos tecnológicos utilizado pelos
produtores, que incluem, implantação da lavoura com sementes de qualidade, manejo da
adubação e da água na época recomendada, monitoramento e controle de pragas, doenças e
invasoras. Além disso, o uso de cultivares híbridas de arroz com alto padrão genético vem
potencializando o rendimento de grãos.
As cultivares híbridas possuem como característica a alta produção de afilhos, o que,
potencializa, nestas cultivares o aumento da produção de panículas que constitui o principal
componente do rendimento de grãos em arroz (MILLER et al., 1991). O incremento do
número de panículas emitidas em cereais está diretamente relacionado com a época e
quantidade de nitrogênio (N) aplicada durante o ciclo de cultivo (MUNDSTOCK &
BREDEMEIER, 2001). A deficiência nutricional interrompe o afilhamento e reduz a taxa de
crescimento dos afilhos mais jovens (MASLE, 1985). A adequada disponibilidade de N no
estádio de emissão de gemas laterais pode promover o seu desenvolvimento (SANGOI et al.,
2011). O N aumenta a duração do período de afilhamento e a sobrevivência dos afilhos
(LONGNECKER, KIRBY & ROBSON, 1993). Este trabalho teve como objetivo avaliar os
efeitos da aplicação de N na base e em cobertura sobre a produção de panículas e o
rendimento de grãos nas cultivares híbridas de arroz Inov CL e XP 108.
2 Materiais e Métodos
Área de estudo: o experimento foi conduzido durante a safra 2011/2012 no Instituto Federal
Catarinense – Campus Sombrio, localizado no município de Santa Rosa do Sul/SC.
Previamente à instalação do experimento foi realizado preparo do solo (aração e gradagem).
Os híbridos Inov CL e XP 108 (experimental R) foram semeados no sistema convencional,
utilizando-se 45 kg ha-1 de semente distribuída com semeadeira tratorizada. A semeadura foi
realizada em 11 de novembro de 2011 com espaçamento entre linhas de 0,17 m.
Delineamento experimental: o experimento foi instalado no delineamento blocos ao acaso, em
parcelas subdivididas com três repetições. As unidades experimentais eram constituídas de
parcelas e subparcelas. Nas parcelas (15 x 45 m), foram aplicados dois tratamentos: sem N e
20 kg ha-1 de N na base, na forma de uréia. A aplicação de N foi manual e realizado quando as
plantas encontravam-se no estádio vegetativo V3/V4, aproximadamente, 25 dias após a
emergência das plantas. Nas subparcelas (15 x 11,25 m), foram aplicados quatro tratamentos
de N cobertura: sem N, 20, 40 e 60 kg ha-1 de N na forma de uréia. A aplicação de N em
cobertura ocorreu quando as plantas estavam no estádio vegetativo V7, aproximadamente, 60
dias após a emergência das plantas.
A irrigação e inundação dos quadros foram realizadas 40 dias após a emergência das
plantas. Ao longo do ciclo da cultura realizou-se controle de plantas daninhas, pragas e
doenças de acordo com as indicações técnicas da cultura para os Estados do RS e SC
(REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 2010).
Avaliações: foi avaliado o número de panículas e o rendimento de grãos. A contagem do
número de panículas foi realizada em duas amostras retirada de cada subparcela, por meio da
utilização de um quadro com área de 0,25 m². O rendimento de grãos foi determinado por
meio da trilhagem de plantas colhidas em uma área de 4,5 m² no interior de cada subparcela.
Em seguida, determinou-se a umidade dos grãos.
3 Resultados e Discussão
Os resultados apontaram que o rendimento de grãos das cultivares híbridas de arroz
incrementou com a aplicação de N em cobertura, especialmente quando foi fornecido 20 kg
ha-1 de N na base (Figuras 1 e 2). Isso ocorreu, provavelmente, em decorrência da maior
emissão, desenvolvimento e sobrevivência de afilhos, observado pela correlação positiva
entre número de panículas por planta e rendimento de grãos (Figura 3). A adição de N durante
o afilhamento estimula o desenvolvimento e a sobrevivência destas estruturas, incrementando
o número de panículas férteis (MUNDSTOCK & BREDEMEIER, 2001) e,
consequentemente, o número de grãos e o rendimento final de grãos.
A falta de N na base, afetou o rendimento de grãos (Figuras 1 e 2), provavelmente,
devido ao menor número de afilhos férteis em decorrência da falta de estímulo nutricional no
estádio V3/V4, resultando em menor número de panículas e menor rendimento de grãos.
Figura 1: Rendimento de grãos (kg ha-1) da cultivar híbrida de arroz Inov CL, em
resposta a adubação nitrogenada na base e em cobertura.
Figura 2: Rendimento de grãos (kg ha-1) da cultivar híbrida XP 108 de arroz, em
resposta a adubação nitrogenada na base e em cobertura.
Figura 3: Relação entre o rendimento de grãos e número de panículas por planta das
cultivares híbridas Ivov CL e XP 108 de arroz, em resposta a adubação nitrogenada
na base e em cobertura.
4 Conclusão
A adição de N, quando aplicada na época correta e em doses recomendadas, é
fundamental para estimular a emissão, desenvolvimento e sobrevivência de afilhos,
potencializando a produção de panículas e, por conseqüência, o rendimento final de grãos.
O incremento de N na base proporcionou as plantas condição nutricional adequada
para a emissão e desenvolvimento de afilhos férteis, possibilitando o aumento no número de
panículas e, por consequência, no rendimento de grãos.
O incremento de N na base juntamente com a adubação nitrogenada em cobertura
promoveu em ambas as cultivares os maiores rendimentos de grãos.
5 Referências Bibliográficas
COMPANHIA NACIONAL DE ABATECIMENTO. Acompanhamento de safra brasileira:
grãos, nono levantamento, junho 2012/Companhia Nacional de Abastecimento. – Brasília:
Conab, 2012.
LONGNECKER, N.; KIRBY, E.J.M. & ROBSON, A. Leaf emergence, tiller growth and
apical development of nitrogen deficient spring wheat. Crop Sci., 33:154-160, 1993.
MASLE, J. Competition among tillers in winter wheat: Consequences for growth and
development of the crops. In: Nato Advanced Research Workshop on Wheat Growth and
Modelling, Bristol, 1984. Proceedings…. New York, Plenum, 1985. p.33-54.
MILLER, B.C. et al. Plant population effects on growth and yield in water-seeded rice.
Agronomy Journal, Madison, v.83, n.2, p.291-297, 1991.
MUNDSTOCK, C.M; BREDEMEIER, C. Disponibilidade de nitrogênio e sua relação com o
afilhamento e o rendimento de grãos de aveia. Ciência Rural, Santa Maria, v.31, n.2, p.205211, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e
x t & p i d = S 0 1 0 3 -84782001000200003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Último acesso em
30/04/2011. doi: 10.1590/S0103-84782001000200003.
REUNIÃO TÉCNICA DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO (28: BENTO
GONÇALVES, RS). In: ARROZ IRRIGADO: RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS DA
PESQUISA PARA O SUL DO BRASIL / 28. Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado,
11 a 13 de agosto de 2010, Bento Gonçalves, RS. – Porto Alegre: SOSBAI, 2010.188 p.
SANGOI, L. et al. Disponibilidade de nitrogênio, sobrevivência e contribuição dos perfilhos
ao rendimento de grãos do milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 35, p. 183-191,
2011.
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