IPTV - INTERNET PROTOCOL TELEVISION António Paulo Cardoso Junior nº 57699 Paulo Jorge Pontes Martins nº 65929 Instituto Superior Técnico Av. Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, 2744-016 Porto Salvo E-mail: {antonio.junior, paulo.pontes.m}@ist.utl.pt RESUMO O IPTV (Internet Protocol Television) é um método de transmissão de sinais televisivos, que utiliza o protocolo IP (Internet Protocol) como meio de transporte do conteúdo. Para que este transporte seja possível é necessário aplicar normas de compressão e codificação aos conteúdos a transmitir. Index Terms— IPTV, WebTV, IP, UDP, TCP, broadcast, RTP, MPEG, Codificação, Compressão, Codecs, Video, Audio A IPTV é um sistema através do qual os serviços de televisão são entregues usando um conjunto de protocolos Internet através de uma rede de comutação de pacotes em vez de ser entregue através de um sinal terrestre tradicional, via satélite ou formatos de televisão por cabo convencionais. Os serviços IPTV podem ser classificados em três grupos principais: 1. Televisão em tempo real, com ou sem interatividade relacionada com o programa atual; 2. Ver programas que já foram emitidos, por exemplo catch-up TV ou start-over TV 3. Com o avanço da tecnologia IP, surgiu a IPTV (Internet Protocol Television), que oferece televisão com boa qualidade através de circuitos, por exemplo ADSL [1]., sobre IP (Internet Protocol). Video on Demand (VOD), ou seja, disponibilizar um conjunto de vídeos, por exemplo filmes, que permitam a sua visualização durante um intervalo de tempo mediante o pagamento de uma taxa. Existe outra tecnologia, que muitas vezes é confundida com IPTV, a WEB TV (World Wide Web Television), ambas são expressões do conceito de convergência multimédia: voz, vídeo e dados. Os serviços de IPTV começam a surgir, em 2006, um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal. [2] Com o aparecimento da IPTV, as empresas de telecomunicações tentam cada vez mais oferecer serviços direcionados para os clientes. Embora ambos os serviços se baseiam na mesma tecnologia, para transmitir vídeo, estes usam plataformas diferentes. O IPTV usa uma rede privada, dedicada, gerida e operada por fornecedores de serviços IPTV, com garantia de qualidade para transmitir e entregar conteúdos aos consumidores. Por outro lado, WEB TV usa a internet pública para entregar conteúdos de vídeo ao utilizador final, não sendo assim possível garantir o débito necessário para obter a qualidade esperada pelo utilizador. Neste trabalho vamos abordar quais os passos necessários para que seja possível enviar os conteúdos de TV através de uma rede IP, a arquitetura necessária para uma rede IPTV, as diversas tecnologias para entregar o serviço ao cliente final e por fim os deveres e obrigações de um operador de IPTV. 1. INTRODUÇÃO Durante muitos anos a transmissão de Televisão era efetuada através de sinal analógico. Não sendo possível oferecer serviços personalizados para cada cliente, uma vez que o sinal enviado era igual para todos. 2. IPTV EM PORTUGAL Em 2006, surgiu a primeira oferta comercial de IPTV, a Clix, operadora de telecomunicações do grupo SonaeCom, lançou a primeira oferta comercial, em Portugal. Esta oferta 1 para além de incluir o serviço de IPTV tinha também agregado no mesmo pacote o serviço de Internet Banda Larga ADSL e o Telefone Fixo. Em Junho de 2007, surge a oferta da PT Comunicações, denominada MEO. Esta oferta também inclui os serviços Internet Banda Larga ADSL e Telefone fixo, associado ao serviço de IPTV. Em Portugal, são utilizados os 3 principais meios de transporte de IPTV, ADSL, fibra ótica e cabo coaxial. No que respeita ao ADSL, as linhas são partilhadas por todos os operadores. Recentemente tem havido um crescimento cada vez maior da tecnologia de Fibra Ótica, existindo duas grandes redes, a da PT Comunicações e uma rede partilhada pela Vodafone e SonaeCom. Em relação ao cabo coaxial existem 2 redes, a da ZON e a da Cabovisão. Neste momento em Portugal existem vários operadores de IPTV ADSL e Fibra tais como Vodafone, PT Comunicações e SonaeCom e por cabo coaxial, a ZON e a Cabovisão. 3. ARQUITETURA 3.1. Rede Independentemente da tecnologia utilizada, a arquitetura de uma rede IPTV divide-se essencialmente em 3 partes. O headend possui vários componentes que podem variar de rede para rede, incluindo: Prestadores de conteúdos – entidades responsáveis pela criação original dos conteúdos. Como por exemplo emissores de TV. Distribuidores de conteúdos – Em vez das operadoras lidarem diretamente com os distribuidores de conteúdos, de modo a pouparem tempo, muitas operadoras de IPTV estão a recorrer a este tipo de distribuidores. Estes são responsáveis por agregar e a preparar o conteúdo de modo a poder ser transmitido em redes IPTV, simplificando todo o processo de licenciamento. Prestadores de serviços – entidade que fornece os serviços de IPTV aos clientes. É também no headend que se procede à compressão e codificação de conteúdos, e ao encapsulamento destes de modo a poderem ser enviados através da rede de transporte. No headend, o vídeo é codificado (MPEG-1, MPEG-2, MPEG-4) e processado com qualidade, sendo depois entregue ao backbone IP, no qual todo sinal é encapsulado por meio do protocolo IP e distribuído aos utilizadores. A localização do headend é uma opção de implementação da arquitetura, podendo ser centralizado ou distribuído. Serviços interativos como IPTV e o VoD são disponibilizados a partir de servidores de conteúdo em formato MPEG e enviam uma cópia ao utilizador, quando requisitado. O servidor de vídeo precisa estar dimensionado tanto para o conteúdo total, que deve armazenar, como também para o número de utilizadores ativos. O headend é então constituído pelos servidores de multimédia (media server) onde são recebidos, armazenados e codificados os conteúdos provenientes dos prestadores de conteúdos. Após receber um pedido válido, o conteúdo é enviado para a rede de agregação através do protocolo MPLS. Figura 1: Arquitetura da Rede Antes da análise da arquitetura IPTV (figura 1), deve-se definir os respetivos componentes, para responder às exigências do utilizador. 3.1.1 Headend Os vários serviços disponibilizados num serviço de IPTV são encaminhados de diferentes formas, dependo do tipo de utilização a dar. Por exemplo na TV em tempo real utilizase Multicast, (figura 2) contrariamente á Televisão analógica e digital que enviava os dados em Broadcast (figura 3). Num serviço de video-on-demand utiliza-se Unicast (figura 4) pois é enviado só para o cliente que efetuou o pedido. Representa a extremidade principal de vídeo, ou seja, ponto no qual se encontra o conteúdo total de vídeo (filmes, programas etc.), com ligações às operadoras de TV convencionais, para transmissão de programas em tempo real. 2 (operadora de Telecomunicações) e a casa do utilizador. Atualmente a ligação aos utilizadores pode ser realizada por três tipos de tecnologias de rede de acesso: ADSL, Fibra Ótica e Cabo Coaxial. Estas diferentes tecnologias permitem ao utilizador contratar diferentes débitos binários, dependendo do tipo de acesso pretendido. Figura 2: Encaminhamento broadcast 3.1.4 Protocolos de Transmissão Nesta secção identificamos os protocolos de transmissão usados no IPTV. Como já referido anteriormente, o protocolo de rede utilizado é Protocolo IP (Internet Protocol)[5], este é protocolo que estabelece a internet, baseada em pacotes. Liga o emissor ao destinatário apenas através de endereços, com a informação encapsulada nos pacotes. Figura 3: Encaminhamento multicast O protocolo utilizado no transporte dos fluxos de TV e de VoD é o Protocolo UDP (User Datagram Protocol)[6], a principal razão da sua utilização deve-se à sua simplicidade garantindo uma maior rapidez, no entanto pode reduzir a qualidade de serviço, pois não há controlo de erros. O Protocolo MPLS (Multiprotocol Label Switching)[7], é protocolo utilizado na rede de núcleo e de distribuição, no transporte de dados. Permite uma melhor gestão ao nível da engenharia de tráfego; Figura 4: Encaminhamento unicast 3.1.2 Núcleo da rede O núcleo da rede suporta a transmissão de dados entre o Headend e a Rede de Acesso garantindo Quality of Service (QoS)[3] que reflete Quality of Experience (QoE)[4] aceitável pelo utilizador, sendo ainda a zona onde se regista maior quantidade de tráfego, pois toda a interação entre os utilizadores e o Headend passa por esta zona. São utilizados protocolos complementares ao UDP, o Protocolo RTP (Real-time Transport Protocol) e o RTCP (RTP Control Protocol)[8], pois adicionam aos pacotes UDP um número de sequência que permite ao recetor perceber se houve alguma perda ou atraso de pacotes; Por fim o Protocolo IGMP (Internet Group Management Protocol)[9], é utilizado na distribuição dos canais de televisão. Liga utilizadores a um fluxo multicast e é responsável pela mudança entre fluxos de outros canais de televisão. 3.2. Codificação O núcleo da rede agrupa os dados codificados transportando-os sobre a rede IP do provedor de serviço (backbone IP da operadora). Dotado de implementações de QoS, que possam garantir jitter, atraso e, principalmente, a perda de pacotes em limites aceitáveis, resultando em uma qualidade de serviço e experiência aceitável para o cliente final. Uma vez que o sinal é inteiramente digital ao longo de todo o encaminhamento, é então necessário perceber como é feita a conversão do sinal analógico para o sinal digital. Antes de mais é necessário entender que uma imagem é representada por milhares/milhões de pixéis (figura 5), quantos mais, melhor será o contorno da imagem, no entanto não terá necessariamente melhor qualidade. 3.1.3 Rede de Acesso A rede de acesso faz parte da arquitetura de uma rede IPTV, representando a ligação entre o fornecedor de serviço 3 Uma resolução standard de TV (576 x 720); Utilizando a sub-amostragem 4:2:2; Uma resolução temporal de 25 imagens/s; 8 bits por amostra. Ficamos com: (576 x 720 + 2 x 576 x 360) x 25 = 20736000 amostras/s Db = 20736000 x 8 = 166 Mbit/s Figura 5: Exemplo Pixel Após capturada uma imagem é dividida em blocos de 8 por 8, sendo que cada um desses blocos é uma amostra, representada por 3 matrizes (Y,Cb,Cr). Cada um dos elementos desta matriz representa um pixel. Cada imagem é representada por uma grelha de pontos, cada ponto está associado a um valor de luminância e dois de crominância. Devemos ter atenção que o sistema visual humano não é tão sensível às crominâncias como à luminância. Logo, não é extramente necessário que se faça amostragem destas duas componentes com a mesma resolução. Existem formatos padrão de subamostragem da cor: 4:4:4 – É amostrado o mesmo número de pontos de luminância e de crominância; 4:2:2 – São amostrados na horizontal para a crominância metade dos pontos amostrados para a luminância; 4:2:0 – Tanto na vertical como na horizontal o número de pontos amostrados para a crominância é metade do número de amostras de luminância. Na figura 6 podemos ver um exemplo de uma matriz de luminância. Podemos verificar que este valor é incomportável para as redes de acesso atuais, por este facto é necessário proceder à compressão dos vídeos. 3.2.1 Técnicas de Compressão Para colmatar este “problema”, recorrem-se a tecnologias de compressão de vídeo, que servem para reduzir e eliminar dados redundantes de vídeo para que um arquivo de vídeo digital possa ser enviado de maneira eficaz através de uma rede. Com técnicas eficientes de compressão, é possível conseguir uma redução considerável no tamanho dos ficheiros, com pouco ou nenhum efeito negativo sobre a qualidade visual. A maioria dos fornecedores de vídeo em rede utiliza técnicas normalizadas de compressão. Estas normas são importantes para garantir a compatibilidade e a interoperabilidade. O processo de compressão envolve a aplicação de um algoritmo ao vídeo de origem para criar um arquivo compactado pronto para ser transmitido. Para reproduzir o arquivo compactado, um algoritmo inverso é aplicado para produzir um vídeo que apresenta praticamente o mesmo conteúdo do vídeo original. O tempo necessário para compactar, enviar, descompactar e exibir um arquivo é denominado latência. Quanto mais avançado o algoritmo de compressão, maior será a latência. Para isso existem técnicas de compressão, que passam essencialmente pela manipulação dos seguintes aspetos: Figura 6: Matriz de um bloco de uma imagem 1. Redundância Está relacionada com as semelhanças e correlações de um sinal, que permitem que diferentes formas de o representar necessitem de fazer uso de um menor número de bits. A redundância pode ser explorada em dois campos, a redundância espacial e a redundância temporal. Tendo em conta estes dados, podemos demonstrar o débito binário necessário para enviar um vídeo, considerando os seguintes fatores: a. Redundância espacial Na redundância espacial o sinal é representado segundo a matriz DCT (Discrete Cosine Transform). Neste método, as 4 imagens são todas representadas em função de uma matriz 8x8 que contém variações sinusoidais de luminosidade, como se representa na figura 2. ser humano, encontram-se no canto superior esquerdo, como tal, esta matriz é recolhida em zig-zag (figura 9). Figura 7: Exemplo DCT Figura 9: Matriz DCT recolha em ZigZag b. Redundância temporal Na redundância temporal são considerados os 2 aspetos, a semelhança entre imagens sucessivas e a representação de uma imagem com base numa imagem de um instante anterior (correlação). Isto pode ser feito através da diferença dos blocos existentes numa imagem ou através da previsão de movimento de uma imagem anterior, os chamados vetores de movimento, como representado na figura 8. No processamento desta matriz são aplicados modelos de redundância estatística que têm a intenção de guardar apenas os coeficientes mais importantes para a imagem, colocando a zero (0) os restantes coeficientes, os menos importantes. 3.2.2 Codecs Como já referido esta compressão é efetuada através de normas, que são denominadas por CoDecs (Codificador / Descodificador) são utilizadas para comprimir o conteúdo, e desta forma é possível diminuir o débito necessário para enviar o mesmo conteúdo, permitindo assim um transporte através das redes IP mais “barato”. A entidade responsável pela normalização deste tipo de ferramenta é a MPEG, que resulta da cooperação entre a ITU-T e ISO/IEC. Esta entidade determina as normas para compressão áudio e vídeo, assim como a sua codificação e transmissão. Em 1993, apareceu o primeiro codec audiovídeo, sendo denominado por MPEG-1, sendo ainda um codec muito limitado era utilizado para as transmissões de televisão por cabo e por satélite [9]. Figura 8: Vetores de Movimento Video 2. Irrelevância A irrelevância está relacionada com as partes da informação do sinal, que são menos percetíveis pelos sentidos do ser humano, e que podem ser eliminadas sem que haja degradação da sua perceção do conteúdo. Ao aplicar o DCT a uma imagem, os coeficientes que a representam são os alocados na matriz DCT. Nessa matriz, os elementos de maior energia, os mais percetíveis para o Em 1995 surgiu o MPEG-2 foi o primeiro codec com enorme polivalência de conteúdos, foi utilizado por praticamente todas as entidades reguladoras das transmissões televisivas, tanto satélite como cabo, assim como DVD e Blu-ray. Seguidamente, surgiu o MPEG-3, mas rapidamente se concluiu que este era redundante e acabou por ser anexado ao MPEG-2. MPEG-2 foi o codec com maior sucesso, e que se manteve mais tempo em uso. Com o avançar das exigências dos utilizadores, a cada ano que passa é necessário enviar mais conteúdo pela rede, para obter maior qualidade de imagem. Desta forma era necessário criar um novo Codec para enviar mais 5 informação com os mesmos débitos ou mesmo diminui-los. Então em 1998, foi introduzido o MPEG-4, um novo codec com uma enorme margem de expansão, pois é ideal tanto para vídeo como para imagens sintetizadas por computador, prática recorrente nos dias de hoje em todas as transmissões televisivas. O MPEG-4, não passa de uma evolução do MPEG-2, introduzindo melhores níveis de compressão com melhor codificação de vídeo. Um outro fator de sucesso deste codec é o facto de suportar IPMP [10], ou seja, permite ao autor proteger e gerir os seus direitos de autor. O MPEG-4 é o codec mais utilizado pelas atuais empresas de fornecimento de IPTV, pois permite, gravação, compressão e distribuição de imagem de alta definição. Esta norma tem sido melhorada ao longo dos anos, atualmente encontra-se na camada 10 de desenvolvimento, H.264/MPEG-4 ou AVC [11], tendo esta sido introduzida em 2003, desde então têm sido feitas melhorias baseadas nesta camada de desenvolvimento. Em relação ao áudio, o MPEG-4 utiliza um formato de compressão, conhecido como AAC (Advanced Audio Codec)[12], que é definida na parte 7 do MPEG-2 e na parte 3 do MPEG-4. Esta norma consegue uma melhor qualidade sonora comparada com o MP3 com o mesmo ritmo binário. O AAC suporta múltiplos canais (por exemplo canais 5.1 ou 7.1), e até 48 canais de áudio, tem uma baixa complexidade computacional e cobre uma vasta gama de aplicações. Independentemente da rede de acesso à rede, existe uma settop box[15] (figura 10) que é o elemento terminal do utilizador que descodifica os dados recebidos da rede e os converte em stream para a saída de vídeo, de acordo com o padrão do aparelho de TV. 4. MODELO DE NEGÓCIO De acordo com o relatório da pesquisa de TV Digital [16], o número de casas que pagam para usufruir de IPTV chegará a 165 milhões até o final de 2017, um aumento considerável face aos 51 milhões de subscritores no final de 2011 e aos 7.5 milhões no final de 2007. O relatório estima que a China vai fornecer 77 milhões (47%) do total de 2017, acima dos 14 milhões (28%) em 2011. Para os Estados Unidos está previsto um segundo lugar em 2017, com 14,4 milhões de subscrições IPTV. Através da análise do gráfico 1, podemos analisar melhor estes valores Dos 114 milhões de assinantes a serem adicionados entre 2011 e 2017, 86 milhões deverão ser da região da ÁsiaPacífico. Índia deverá fornecer mais de 7,2 milhões de assinantes de IPTV. A penetração global de IPTV atingiu 3,7% dos lares com televisão no final de 2011. Até o final de 2017, a penetração da IPTV deve crescer para 10,8%. 3.2.3 Equipamentos Já falado anteriormente, a ligação na rede de Rede de acesso pode ser efetuada através de diferentes tecnologias. Se acesso a rede for através de uma ligação ADSL/ADSL2+, o sinal transmitido através da rede de telefone convencional e é recebido no local de consumo pelo modem ADSL2/ADSL2+ No caso do acesso à rede ser efetuado através de uma ligação de fibra ótica, o sinal será recebido no ONT (Optical Network Terminal).[13] Por último, se a rede de acesso à rede, for efetuada através de cabo coaxial, o equipamento que recebe o sinal é o modem coaxial.[14] Gráfico 1: Número de subscritores IPTV Este aumento de número de subscritores deve-se a uma mudança de paradigma, no contexto de uma sociedade que procura cada vez maior intersecção com os conteúdos televisivos, associados a uma melhor QoE. Figura 10: Set-up-Box IPTV Para ir de encontro as necessidades dos clientes, os operadores tem vindo a implementar novos serviços tais como: 6 TV com alta definição; Video Clube; Pausa TV; Restart TV; Gravação As várias operadoras tentam captar novos clientes através da diversidade de serviços disponibilizados. Com a entrada no mercado do serviço de IPTV, grande parte dos operadores apostou em pacotes de serviços, tais como: NET+VOZ; TV+NET+VOZ. Recentemente, surgiu uma oferta baseada na associação dos seguintes serviços: TV+NET+VOZ FIXA+VOZ/DADOS MÓVEL. As constantes alterações de consumo dos clientes levam as operadoras a lançarem novos serviços, apostando nas diferenciações entre ofertas como forma de angariação de novos clientes. 5. IMPACTO SOCIAL A IPTV enfrenta questões jurídicas e regulamentares comuns. Esta secção aborda questões legais relacionadas com a aquisição de conteúdo, normas, questões de qualidade de serviço e as questões de propriedade [17]. que pode exigir novo hardware e novas interfaces de utilizador. O desafio para a indústria e reguladores é criar normas abertas de forma a facilitar a interoperabilidade, isto pode-se conseguir através do desenvolvimento de set-top boxes multiplataforma. Portanto a indústria pode ajudar a criar mais opções e a melhorar a utilização dos recursos. 5.3. Qualidade de Serviço A Qualidade de serviço (QoS) é um dos principais critérios que os reguladores devem considerar. No IPTV o fornecedor pode controlar QoS, pois utiliza uma rede de gestão privada. Outro aspeto é que dada a importância de uma melhor qualidade de serviço, os utilizadores podem escolher uma ou outra operadora, logo é do interesse da operadora oferecer um serviço de alta qualidade. Por outro lado, os reguladores dos diversos países devem estar preparados para responder a novos paradigmas, com base nas tendências tecnológicas. 7. FUTURO Uma das possíveis evoluções no IPTV, passa por novas normas de codificação do sinal mais eficientes. Encontra-se em estudo uma nova norma que é uma evolução do MPEG4 AVC/H.264, e é esperado que se obtenham ganhos de eficiência de 30-50% em relação à norma anterior, embora seja necessário até dez vezes mais poder de processamento para codificação em comparação com H.264 [18]. 5.1. Questões jurídicas Os fornecedores IPTV precisam oferecer conteúdo apetecível e inovador, para atrair clientes. Esta é uma tarefa difícil, pois necessitam de contactar com fornecedores de conteúdo, garantindo assim os direitos necessários para distribuir o conteúdo pelos seus clientes e estes fornecedores geralmente exigem as maiores audiências possíveis, para obterem uma exposição máxima. Os produtores de conteúdo também procuram garantias de uma cadeia de distribuição segura, que vai salvaguardar os seus direitos de propriedade intelectual, bem como garantir a transmissão de alta qualidade. 5.2. Normas Os governos devem considerar que as normas de IPTV necessitam de autorização para operar num determinado país. Sendo que existem diversas normas (Microsoft ou baseados em padrões DVB) e não são interoperáveis, isto cria dificuldades para os consumidores que podem querer mudar de operador de serviços. Essa mudança implica um processo Na nossa opinião as operadoras deveriam ter em conta, uma maior integração dos serviços disponibilizados na IPTV, em em novas plataformas, tais como smartphones e tablets. Outro dos aspetos, que irá aumentar a experiência de utilização do utilizador, a transmissão das emissões de televisão em 3D [19]. 8. CONCLUSÕES Com a realização deste trabalho foi possível adquirir conhecimento nas áreas de codificação de sinais analógicos para digitais, de compressão dos sinais para ser possível o envio nas redes de telecomunicações atuais, e também tomar conhecimento das arquiteturas de rede atuais e os respetivos protocolos de comunicação. Tivemos contacto com os dados de utilização mundiais do serviço de IPTV, o número de utilizares atuais e os esperados nos próximos anos. Podendo assim concluir que este é um negócio em expansão e que as operadoras devem apostar na diferenciação de serviços como oportunidade para angariar novos clientes. 7 Em conclusão, os produtores de conteúdo deve apostar em novas normas de codificação, para assim ser possível fazer chegar o conteúdo ao cliente com a melhor qualidade e menor débito possível. 9. REFERÊNCIAS [1] Asymmetric digital subscriber line, acessivel em : http://en.wikipedia.org/wiki/Asymmetric_digital_subscriber_l ine [2] “Comunicações Audiovisuais: Tecnologias, Normas e Aplicações”, F. Pereira, IST Press, 2009 [3] Quality of servisse, acessível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Quality_of_service [4] Quality of experience, acessível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Quality_of_experience [5] Internet Protocol, acessível em: António Cardoso Junior, nascido em New Bedford, MA USA. Frequenta o Instituo Superior Técnico desde 2005, onde atualmente está inscrito no Mestrado de Redes de Comunicação no ramo de Gestão das Redes, da Informação e dos Serviços, no Instituto Superior Técnico, campus TagusPark, em Lisboa, Portugal. http://en.wikipedia.org/wiki/Internet_Protocol [6] User Datagram Protocol, acessível em: http://en.wikipedia.org/wiki/User_Datagram_Protocol [7] Multiprotocol Label Switching, acessível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Multiprotocol_Label_Switching [8] Real-time Transport Protocol, acessível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Real-time_Transport_Protocol [9] Moving Picture Experts Group (MPEG), acessível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/MPEG [10] IPMP Extensions, acessível em: http://mpeg.chiariglione.org/standards/mpeg-4/ipmpextensions [11] H.264/MPEG-4 Part 10 or AVC, acessível em: http://en.wikipedia.org/wiki/H.264/MPEG-4_AVC [12] H.264: The New MPEG Standard, acessível em: http://www.ece.iisc.ernet.in/network_labs/iod/downloa d/seminar-slides/H.264.pdf [13] ONT - Optical Network Terminal, acessível em: http://cliente.clix.pt/apoiotecnico/fibra/ligacoes/ont---opticalnetwork-terminal/ont---optical-network-terminal.html [14] Cable modem, acessível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cable_modem [15] Set-top box, acessível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Settop_box [16] Global IPTV Numbers to Triple in 5 Years, acessível em: http://btreport.net/2012/07/global-iptv-numbers-to-triple-in-5years/ [17] Legal and regulatory issues impacting IPTV, acessível em: http://www.ictregulationtoolkit.org/en/Section.3432.html [18] Elemental Technologies adds support for H.265 codec, acessível em: http://www.iptv-news.com/2013/02/elementaltechnologies-adds-support-for-h-265-codec/ [19] Televisão 3D, acessível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o_3D Paulo Martins, nascido em Bragança em 1990. Frequenta o IST desde 2008 onde se encontra atualmente a completar o Mestrado Bolonha em Engenharia de Redes de Comunicações no Instituto Superior Técnico, pólo do Taguspark. Licenciou-se em Engenharia de Redes de Comunicações, pela mesma instituição, em 2013. 8