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ENTRE O CORPO CATIVO E O CORPO LIBERTO: o preconceito sofrido por
jovens candomblecistas no ambiente escolar.
Benedito de Araújo Corrêa Júnior¹
Acadêmico do CEDF/UEPA
[email protected]
Patrícia de Araújo²
Orientadora do CEDF/UEPA
[email protected]
Resumo: O contexto histórico do negro no Brasil é marcado por lutas e resistência
para manter viva sua cultura e, consequentemente, influenciar e formar a cultura
afro-brasileira. E dentre tantas manifestações culturais, destaca-se o Candomblé,
que oferece uma riqueza de detalhes no qual se canta e se dança uma história.
Assim, o presente estudo teve por objetivo discutir a questão do preconceito e
discriminação religiosa, sofridos por adolescentes candomblecistas no ambiente
escolar, utilizando como técnica de coleta de dados entrevista semiestruturada, com
04 adolescentes que são frequentadores de Terreiros de Candomblé da Região
Metropolitana de Belém. Para a análise dos dados, utilizamos análise do Discurso
baseada em Orlandi (2005). Ao analisarmos os relatos dos jovens, observamos que
o preconceito e discriminação relacionados às religiões de Matriz Africana ainda é
um fato bastante latente e recorrente na escola, na qual há uma prioridade de
conteúdos discutidos em detrimento de outros. Desta forma, viabiliza-se também a
proposta de intervenção nas aulas de Educação Física, abordando conteúdos
referentes à Afro-brasilidade, o respeito às diversidades e a coexistência entre elas.
Palavras - Chave: Candomblé. Preconceito. Discriminação. Educação Física.
INTRODUÇÃO
A História do negro no Brasil é marcada por uma explícita opressão e
submissão, sendo ele subtraído a objeto de troca, compra ou venda no tempo da
escravidão, tendo sua cultura denegrida e inferiorizada. Trezentos anos de
sofrimento que deixaram marcas que perduram até hoje. Num país considerado
como uma nação provida de democracia racial observou-se que o negro ainda
carrega estigmas e estereótipos, traduzidos em várias formas de preconceitos.
Desconsiderando, por muitas vezes, sua vital importância na formação da sociedade
nacional nas áreas econômica, social e política.
___________________________________________
¹ Graduando em Licenciatura Plena em Educação Física/UEPA. Participante do Grupo de
Estudos e Pesquisa em Lazer na Amazônia (GEPLAM)
² Graduada em Educação Física e Pedagogia. Mestre em Motricidade Humana e Doutora
em Pedagogia da Educação.
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Dentre esses preconceitos, o relacionado à escolha religiosa é algo ainda
latente, haja vista que o Brasil é um país laico, ou seja, deveria haver respeito para
com todas as manifestações de credos e fé. Porém, a procedência na prática não é
essa, as religiões de Matriz Africana sofrem um histórico preconceito e discriminação
na sociedade brasileira. No ambiente escolar, este fato torna-se recorrente,
impossibilitando muitas vezes, os adolescentes candomblecistas de se expressarem
como praticantes de tal religião e construírem sua identidade cultural através desta.
Como afirma Brandão (2002, p. 24):
Viver uma cultura é conviver com e dentro de um tecido de que
somos criados, ao mesmo tempo, os fios, o pano, as cores o
desenho do bordado e o tecelão. Viver uma cultura é estabelecer em
mim e com os meus outros a possibilidade do presente. A cultura
configura o mapa da própria possibilidade da vida social [...] ela
consiste tanto de valores e imaginários que representam o patrimônio
espiritual de um povo, quanto das negociações cotidianas através
das quais cada um de nós e todos nós tornamos a vida social e
significativa.
Assim, os ambientes educativos têm seus rituais religiosos. Os docentes e os
alunos expressam suas representações, símbolos e manifestações religiosas em
sala, durante as atividades pedagógicas, e por isso não podem ser secundarizadas,
porque podem tornar-se fatos de conflitos, de discriminação e de exclusão social.
E remetendo-nos ao processo de lutas do negro no Brasil, para garantia de
seus direitos, a Lei n° 10.639/03, sancionada como resultado de um longo processo
de manifestações - de diferentes entidades e do Movimento Negro brasileiro - torna
obrigatório o ensino da História e cultura afro-brasileira nos ensinos fundamental e
médio das escolas públicas e privadas do país, tentando desmistificar a face
negativa da Educação brasileira com tal grupo e um possível combate ao
preconceito.
Lei no 10.639, de 9 de Janeiro de 2003.
Altera a Lei n° 9.394, de 20 de Dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e
Cultura Afro-brasileira, e dá outras providências.
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Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio,
oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e
Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo
incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos
negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da
sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas
áreas social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira
serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial
nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como
‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (BRASIL,
2003)
A Professora Silva, em Diálogo Revista de Ensino Religioso, (2013, p. 46-48),
militante do Movimento Negro e relatora da Lei supracitada, afirma que:
A construção desse direito não é virtude de uma única pessoa ou de
um determinado grupo, mas resultado da luta de diferentes gerações
de brasileiros, negros ou não, que se empenharam e ainda se
empenham na edificação de uma sociedade mais democrática.
Tendo como base este contexto e ressaltando também o papel inegável do
corpo nesse processo de lutas e reconhecimento, este trabalho tem por objetivo
estudar a questão da discriminação sofrida - dentro da escola - por adolescentes
que frequentam Terreiros de Candomblé da região Metropolitana de Belém. Desta
forma, poderá trazer possibilidades de trabalhos nas aulas de Educação Física e de
outras áreas, o qual aponta para a necessidade de deslocar-se o debate, em nível
educacional, para as manifestações religiosas e o preconceito religioso presentes
nas práticas cotidianas escolares.
1 UM BREVE HISTÓRICO...
Marcadamente, a escravidão negra no Brasil deixou heranças que se refletem
ainda nos dias de hoje, um povo que foi castrado de seus costumes, sua religião, e
foram tratados como animais. Muitos não resistiram ao terem que atravessar o
oceano nas condições desumanas que eram postos nos navios negreiros e
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acabavam morrendo ali mesmo. Mas, apesar de todo esse fardo de sofrimento, não
deixaram sua cultura morrer; fosse através da prática da Capoeira disfarçada de
dança, para depois usá-la como forma de defesa contra o capataz; fosse através do
culto aos santos católicos, para poderem cultuar os seus deuses de forma
escondida.
Os escravos eram reprimidos de todas as formas, inclusive em suas
manifestações culturais, tendo poucas chances de praticar seus
rituais de origem. Essa pressão obrigou-os a fazerem uma junção de
sua cultura com a cultura já existente no Brasil, não mantendo
fielmente sua originalidade. Torna-se evidente o sincretismo,
resultado da união de diversos conhecimentos, transformados em um
único. O dia pertencia ao branco, que impunha seu poder. A noite, ao
escravo, que exprimia uma vida social através de danças e rituais,
enquanto o branco se recolhia em sua casa (SAMPAIO, 2003, p.07).
Desta forma, foi se formando a Cultura Afro-brasileira, tão rica em seus
detalhes e que demonstram uma história que jamais será esquecida e que deve ser
valorizada.
A pluralidade cultural das etnias africanas contribuiu em muito para a
formação da cultura nacional fornecendo um vastíssimo elenco de
itens que abrangem desde a língua, a culinária, a música e artes
diversas, até valores sociais, representações míticas e concepções
religiosas, embora sua sobrevivência dependesse da capacidade de
absorção da “cultura branca” (PRANDI, 2000, p. 52-65).
Mas, como foi supracitado, as consequências de todo esse processo do
passado refletem, ainda, no presente. O racismo, que é tão combatido atualmente, é
uma marca que expressa o quão devastador foi esse momento histórico e que
persiste através de um preconceito velado.
há uma relação muito próxima entre a escravidão a que foram
submetidos os negros e a recusa às pessoas de cor negra... ‘O
estigma em relação aos negros tem sido reforçado pelos interesses
econômicos e sociais que levaram os povos negros à escravidão’.
Daí o negro ter se convertido em símbolo de sujeição e de
inferioridade. E este conceito negativo sobre o negro foi forjado.
(SANT’ANA apud RUIZ, 2005, p. 39- 65).
Apesar desse conceito sobre o negro ter sido forjado, a comunidade negra vai
de encontro a essas injustiças, reivindicando seus diretos e tirando do
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“esquecimento” da sociedade a sua valiosa contribuição e de seus antepassados,
para a construção do Brasil enquanto Nação Soberana, em seus vários aspectos.
Várias pesquisas têm revelado a luta da população negra pela
superação do racismo ao longo da história do nosso país. Uma
trajetória que se inicia com os quilombos, os abortos, os
assassinatos de senhores nos tempos da escravidão, tem ativa
participação na luta abolicionista e adentra os tempos da república
com as associações, a imprensa negra, entre outros. Também no
período da ditadura militar várias foram as ações coletivas
desencadeadas pelos negros em prol da liberdade e da democracia.
(GOMES, 2011, p. 109-121).
Ainda há muito a ser feito, estigmas e estereótipos a serem soltos das
“correntes” do preconceito e que freiam o desenvolvimento de uma sociedade
igualitária, que respeita a quem faz parte dela. Porém, isso só poderá acontecer
quando as pessoas tomarem consciência e estiverem realmente envolvidas e
dispostas a mudar esta face negativa do nosso país, que é tão ímpar em sua
formação, assumindo de fato o “título” de democracia racial.
2 O CANDOMBLÉ...
Dentre as várias contribuições do negro para a formação da Cultura Afrobrasileira, o Candomblé se destaca pelo fato de ter sido símbolo de resistência
religiosa contra a imposição de dogmas da Igreja Católica, na época da escravatura
e manutenção da cultura negra.
O Candomblé se afirmou como alicerce, marco de resistência e luta
pelo processo de liberdade civil-religiosa do negro no Brasil, desde o
período Colonial, passando pelo período Imperial, estendendo-se até
os dias da República. Pois, mesmo após a extinção da escravatura, e
no período republicano, demonstrar, celebrar ou mesmo declarar-se
do candomblé, era “legalmente” proibido e aqueles surpreendidos ou
denunciados eram severamente punidos (SANTOS, 2011, p.04).
Apesar de ter resistido às intempéries do processo histórico, esta
manifestação
cultural
ainda
sofre
um
grande
preconceito
por
conta
do
desconhecimento da sociedade, sendo taxado com termos pejorativos que denigrem
sua imagem, subtraindo seu real significado.
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Candomblé é uma palavra africana que significa “dança”. O
candomblé propriamente dito é uma dança religiosa, de origem
africana, na qual os iniciados reverenciam e rezam para seus Orixás.
A dança é, portanto uma invocação. A palavra candomblé passou a
designar Culto aos Orixás. Orixá, termo de origem africana,
designativo das forças cósmicas e vivas da natureza, divinizadas
pelos homens primitivos que as invocavam: os mares, as matas, os
rios, os ventos, o arco-íris. Orixá, portanto, é uma força de criação
divina e uma manifestação de Olorum. A natureza é a manifestação
material dos Orixás. Olorum, o criador, é tudo: não tem
representação nem fetiches. É infinito. É o pai da criação universal,
corresponde, pois no Cristianismo à idéia de Deus. (LEITE, 2006,
p.11).
É relevante frisar que a Religião do Candomblé, nos dias de hoje, não é
puramente praticada por negros, já se tem uma diversidade muito grande de
adeptos, sem distinção de cor, opção sexual e classe social. E, atrelado a este
contexto, a identidade negra foi se construindo, afirmando uma manifestação
religiosa que, juntamente com vários outros quesitos (música, dança), caracterizam
uma cultura.
identidade, para se constituir como realidade, pressupõe uma
interação. A idéia que um indivíduo faz de si mesmo, de seu “eu”, é
intermediada pelo reconhecimento obtido dos outros em decorrência
de sua ação. Nenhuma identidade é construída no isolamento. Ao
contrário, é negociada durante a vida toda por meio do diálogo,
parcialmente exterior, parcialmente interior, com os outros. Tanto a
identidade pessoal quanto a identidade socialmente derivada são
formadas em diálogo aberto. Estas dependem de maneira vital das
relações dialógicas com os outros. (GOMES apud d’ADESKY, 2008,
p.03).
Porém, se autoidentificar como adepto de uma Religião de Matriz Africana
carrega a responsabilidade de ir de encontro a todos os preconceitos e estereótipos
já citados e, a partir disso, criar relações dialógicas com as pessoas sem precisar
negar sua identidade cultural.
3 POSSÍVEIS FORMAS DE TRABALHO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
A práxis da Educação Física sempre esteve atrelada com o sentido de corpo
e, até certo momento da História, este corpo era visto sob um panorama biológico,
simplesmente como um corpo/objeto que deveria ser desenvolvido em seu vigor
físico. Porém, nos últimos 30 anos, as produções acadêmicas na área da Educação
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Física tomaram um novo norte, considerando o indivíduo dotado de um corpo que
carrega uma história, uma cultura, desejos e ambições que vão além de uma visão
puramente biologicista.
A corporeidade funda-se no corpo em movimento, configurando o
espaço e tempo, relacionando-se diretamente com a cultura e com a
história. Eleger a corporeidade como critério para refletir sobre o
conhecimento da Educação Física, significa uma tentativa de superar
a dicotomia entre conhecimento racional e conhecimento sensível. A
noção de corporeidade, abrangendo o corpo vivo e significante,
fundado na facticidade e na cultura, supera a dicotomia biológicacultural e expressa a unidade do ser-no-mundo. É, pois, o conceito
mais coerente para estruturar o conhecimento na Educação Física.
(NÓBREGA, 2009, p.88).
Ressaltar a ideia de corporeidade significa entender o corpo como meio de
expressar algo, do mais simples ao mais complexo, comunicar - se com o mundo em
um menor sentido até um sentido mais amplo, evidenciando a grande importância de
sua consonância.
O corpo é uma ponte entre o ser humano e sua cultura. Posso
pensá-lo como um signo que se estabelece entre o sujeito e a
cultura. O corpo é do ser humano assim como é da cultura. O corpo
como uma forma de mostrar o sujeito e a cultura, uma imagem que
mostra a sociedade! (SANTOS, 2009 p. 123-136).
Nas manifestações da Cultura Afro-brasileira, o sentido/significado de corpo
está intrinsecamente presente, seja através da forma de arrumar o cabelo, seja
através das danças, rituais religiosos e outras características que constroem uma
identidade própria. É importante destacar também que o corpo negro carrega
consigo estigmas e estereótipos consequentes da escravidão, porém, além disso,
expressa uma história.
O cabelo e o corpo são pensados pela cultura. Nesse sentido, o
cabelo crespo e o corpo negro podem ser considerados expressões
e suportes simbólicos da identidade negra no Brasil. Juntos, eles
possibilitam a construção social, cultural, política e ideológica de uma
expressão criada no seio da comunidade negra: a beleza negra. Por
isso não podem ser considerados simplesmente como dados
biológicos. (GOMES, 2008, p.02).
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E trabalhar a Cultura Afro-brasileira nas aulas de Educação Física vem
atrelado à ideia de considerar um corpo historicamente carregado de “marcas”, além
de sua vital importância para a construção da sociedade brasileira e grande
relevância para o entendimento da História de um povo.
O ensino de Cultura Afro-brasileira destacará o jeito próprio de ser,
viver e pensar manifestado tanto no dia a dia, quanto em celebrações
como congadas, moçambiques, ensaio, maracatus, rodas de samba,
entre outras (...). (BRASIL, 2004, p. 20-22).
Ainda baseado nesta proposta e destacando a temática abordada no estudo,
é imprescindível tratar, nas possíveis aulas, a intolerância religiosa entre os alunos,
já que muitos não se autoidentificam praticantes do Candomblé por medo de
represálias, pois bem se sabe que as Religiões de Matriz Africana sofrem um
enorme preconceito por parte da sociedade, além de outros preconceitos ligados ao
assunto como, por exemplo, a cor da pele que é tida, ainda, como marcador de
superioridade.
O preconceito, especialmente, em relação à religião do povo negro,
tem atravessado os séculos. Para percebê-lo, não precisamos fazer
muito esforço, basta estarmos um pouco mais atentos, que
ouviremos expressões com intenções pejorativas e desdenhosas
para referir-se a esta religião e aos seus professantes, a exemplo de
mandinga, mandingueiro, do bozó, do bereguedê, do azeite,
feitiçaria,
feiticeiro,
catimbozeiro,
macumba,
macumbeiro,
candomblezeiro, da coisa, do negócio, do balacubaco, entre tantas
outras que comumente ouvimos no dia-a-dia. (SANTOS, 2007, p.08).
Partindo da premissa de que nós educadores temos a missão de sermos
mediadores do conhecimento e formadores de cidadãos críticos, acerca dos
acontecimentos que os rodeiam, e que, a partir desse despertar, descubram que
podem empregar mudanças em sua realidade, devemos propor assuntos que gerem
tal criticidade, considerando sempre que cada um tem uma história particular.
Entretanto, o objetivo maior é levar a estes alunos uma tomada de consciência e um
respeito mútuo.
A investigação temática, que se dá no domínio do humano e não no
das coisas, não pode reduzir-se a um ato mecânico. Sendo processo
de busca, de conhecimento, por isto tudo, de criação, exige de seus
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sujeitos que vão descobrindo, no encadeamento dos temas
significativos, a interpenetração dos problemas. (FREIRE, 1987,
p.100).
Desta forma, fica clara a grande importância de apropriação de temas
referentes à História do Negro no Brasil e da Cultura Afro-brasileira nas aulas de
Educação Física, gerando uma abertura de discussões e possibilitando um contato
com esse conhecimento, que é tão pouco trabalhando por tais profissionais,
atrelando a isso a ideia de respeito às diferenças. Destarte, há também uma
necessidade de produções acadêmicas na área vinculadas à expressão da cultura
negra.
4 DISCUTINDO O PRECONCEITO E A DISCRIMINAÇÃO
Olhar a si e ao outro, perceber e respeitar as diferenças entre ambos é algo
que a maioria das pessoas ainda não consegue fazer. Quando nos deparamos com
algo que não conhecemos e que julgamos ser certo ou errado, geramos
inconsciente ou mesmo conscientemente um preconceito. Fomos doutrinados,
desde o nascimento, a seguir regras impostas pela sociedade, aprendemos nos
livros didáticos histórias de dominância de um povo sobre o outro, destruindo
crenças, influenciando modos de agir e pensar.
Retratar a História do Negro e da Cultura Afro-brasileira traz consigo a
enorme responsabilidade de desmistificar estigmas e estereótipos consequentes
desta dominação e que, ainda, estão arraigados em nossa sociedade.
Construir uma nação livre, soberana e solidária, onde o exercício da
cidadania não se constitua como privilégio de uns poucos, mas
direito de todos, deve ser a grande meta a ser perseguida por todos
segmentos sociais. As pessoas não herdam, geneticamente, idéias
de racismo, sentimentos de preconceito e modos de exercitar a
discriminação, antes os desenvolvem com seus pares, na família, no
trabalho, no grupo religioso, na escola. Da mesma forma, podem
aprender a ser ou tornar-se preconceituosos e discriminadores em
relação a povos e nações (LOPES, 2005, p.185-204).
Fica claro então que as bases sociais que o indivíduo está inserido, no
transcorrer da vida, podem evidenciar suas ideias formadas e atitudes tomadas
diante das mais diversas situações.
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Corroboramos com Werebe (2004,p.196) ao definir laicismo: “pela tolerância,
pela aceitação, pelo respeito ao outro, diferente e ao mesmo tempo igual em
deveres e direitos”. Para ele, “O laicismo pauta-se na liberdade de crença”. Por isso,
analisar as manifestações de religiosidade - de jovens candomblecistas estudantes nos ajuda a pensar a religiosidade nos espaços educativos de uma forma mais
ampla, mais até do que através de uma simples matéria de conhecimento ou apenas
atrelado a determinadas disciplinas no currículo, trazendo a religiosidade para o
debate do pluralismo religioso e da inclusão escolar.
Neste sentido, as relações que os educandos estabelecem com o saber
construído em seu cotidiano social são ressaltadas por Freire como fundamentais ao
desenvolvimento da práxis pedagógica. Para ele (1995, p.110), “abrir-se a alma da
cultura e deixar-se molhar-se, ensopar das águas culturais e históricas dos
indivíduos envolvidos na experiência”, e o mergulhar nas “águas culturais”, na
realidade
dos
jovens
candomblecistas,
implica
em
compreendê-los
para
desenvolvermos novas práxis na Educação Física escolar.
Esse conhecimento deve ser fundamentado nas relações sociais que
norteiam a vida familiar, escolar, religiosa e de trabalho. Por conseguinte, devem-se
considerar as manifestações religiosas dos educandos e as dificuldades enfrentadas
por eles, no enfretamento de conflitos religiosos, em seus ambientes escolares.
5 E A ESCOLA...
A escola tem a extrema responsabilidade de selecionar assuntos que são
pertinentes para a formação dos alunos enquanto cidadãos. Porém, esta seleção
prioriza conhecimentos em detrimento de outros e não trata como devem ser
tratados temas de grande relevância como, por exemplo, a importância da Cultura
Negra para a formação da sociedade brasileira.
As idéias pedagógicas estudadas no Brasil têm suas raízes na
filosofia ocidental. Nessa perspectiva, outros valores civilizatórios,
como os africanos, são excluídos da Pedagogia, assim como da
Filosofia, da Psicologia, da Física, da Biologia etc. As culturas
africanas são consideradas apenas como do campo da Etnografia e,
em alguns casos, da Sociologia e da História. Há um
desconhecimento sobre a forma de pensar, sobre a visão de mundo,
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sobre uma educação fundada na cultura mítico-filosófica africana
(OLIVEIRA, 2010, p.01).
Reafirmando o que foi exposto acima, em relação às ideias pedagógicas
estudadas no Brasil:
Embora seja o Brasil um país diversificado, a tradição do seu
processo de educação desde sempre tem sido, singular, pautada no
modelo europeu, portanto, etnocêntrico, excluindo os demais
segmentos de sua sociedade, os ameríndios e, principalmente, os
africanos e seus descentes, contemplando tão somente um pequeno
grupo numérico de sua população, a “elite branca brasileira”, que por
séculos se constituiu como detentora dos poderes políticos e
econômicos, por isso, sempre manipulou e ainda manipula os
acessos por parte da população à educação e aos espaços sociais
de ascensão e poder (SANTOS, 2007, p. 09).
E ainda, falando-se da formação dos professores para lidar com conteúdos
ligados à Cultura Negra, evidencia-se a falta de domínio do tema.
A herança de uma educação branca e eurocêntrica condicionou a
formação dos profissionais do ensino a temas afastados das outras
culturas, gerando um despreparo dos educadores em relação à
África, o que se reflete nos livros didáticos e em suas aulas
(MEDEIROS e ALMEIDA, 2007, p.02).
Desta forma, reforça ainda mais ideias discriminatórias entre a classe
estudantil, ligadas à cor da pele, opção religiosa e outros conceitos pré-concebidos
equivocadamente, desconsiderando cada um em sua individualidade. Caputo em
seu livro cita Candau e Moreira (2012, p. 255), no qual muito bem colocam que a
escola:
Está impregnada por uma representação padronizada da igualdade –
“aqui todos são iguais”, ”todos são tratados da mesma maneira” – e
marcada por um caráter monocultural. Preconceitos e diferentes
formas de discriminação estão presentes no cotidiano escolar e
precisam ser problematizados, desvelados, desnaturalizados. Caso
contrário, a escola estará a serviço da reprodução de padrões de
conduta reforçadores dos processos discriminadores presentes na
sociedade.
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Assim, no seio escolar, acaba-se interferindo negativamente no processo de
desenvolvimento deste aluno enquanto cidadão e “sustentando” a relação de
dominância e preconceitos entre as camadas e grupos sociais.
Os negros, por exemplo, estão sujeitos a insultos diretos ou indiretos,
que visam confirmar a definição cultural de sua inferioridade “inata” e,
talvez mais significativamente, procuram lembra-los continuamente
de tal inferioridade, fazendo-os assimilar o significado da baixa
estima social que lhes é devotada (CAPUTO apud GUIMARÃES,
2013, p. 201).
O que deveria ser o contrário, ou seja, incentivar o respeito ao outro,
reconhecendo em cada indivíduo uma história. E no mesmo livro, Caputo articula
suas ideias com o conceito de interculturalidade defendido por Candau (2012, p.
253), o qual aponta para uma educação que respeita as diferenças.
A perspectiva intercultural que defendo quer promover uma
educação para o reconhecimento do “outro”, para o diálogo entre os
diferentes grupos sociais e culturais. Uma educação para a
negociação cultural que enfrenta os conflitos provocados pela
assimetria de poder entre os diferentes grupos socioculturais nas
nossas sociedades e é capaz de favorecer a construção de um
projeto comum, pelo qual as diferenças sejam dialeticamente
incluídas.
Evidentemente que não é fácil disseminar esta ideia frente a outras que já
estão balizadas, há muito mais tempo no âmbito escolar, porém devemos ter uma
ótica mais ampliada sobre o real papel da educação e do que ela é capaz de fazer e
de transformar. Devemos disseminar uma educação cujo papel fundamental é
formar cidadãos críticos que reconheçam, valorizem e respeitem as diferenças, o
que nos leva a pensar numa educação com bases progressistas, ou seja:
Ser progressista significa aprofundar a conexão com as massas,
significa respeitar a crença nas pessoas [...] não é idealismo, é
coerência. É um processo revolucionário (FREIRE, 2003, p. 211212).
E partindo do ensejo de que não é idealismo e sim coerência, devemos nos
ater aos conhecimentos que os educandos carregam para que, desta forma, haja
uma coerência/sintonia com o que aprendem na escola, possibilitando assim uma
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quebra de preconceitos e a construção de uma sociedade pautada no respeito ao
outro.
6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo que, de acordo
com Gil (2008), “é um estudo no qual o pesquisador realiza a maior parte do trabalho
pessoalmente, pois é enfatizada a importância de o pesquisador ter tido ele mesmo
uma experiência direta com a situação de estudo”. Foi dada uma abordagem
qualitativa e de cunho fenomenológico à pesquisa, na qual “o pesquisador preocupase em mostrar e esclarecer o que é dado, considera imediatamente o que está na
consciência dos sujeitos” (idem).
O universo deste estudo foi constituído por 04 jovens candomblecistas, com
idades entre 15 e 17 anos, frequentadores de Terreiros de Candomblé da Região
Metropolitana de Belém e que estão regularmente matriculados e frequentam
Escolas Públicas nas proximidades dos Terreiros.
Como
técnica
de
coleta
de
dados,
foram
utilizadas
entrevistas
semiestruturadas. Segundo Gil (2008), “pode-se definir entrevista como a técnica em
que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com
o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação.”
Por serem menores de idade, os pais ou responsáveis assinaram o Termo de
Consentimento Livre Esclarecido, no qual constam: o objetivo do estudo,
procedimentos da pesquisa, caráter de voluntariedade do sujeito e responsabilidade
do pesquisador, sendo respeitada a privacidade e confiabilidade dos dados.
A análise dos dados foi feita através da Análise do Discurso, o qual “concebe
a linguagem como a mediação entre o homem e a realidade natural e social. Essa
mediação torna possível a permanência, a continuidade, o deslocamento e a
transformação do homem e da realidade em que ele vive” (ORLANDI, 2005, p.15).
Dividiu-se, assim, em três categorias de análise:
1. As formas de preconceito e discriminação no ambiente escolar contra
jovens praticantes do Candomblé.
2. A autoafirmação desses jovens, enquanto Candomblecistas.
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3. O papel da escola na desmistificação de preconceitos ligados ao
Candomblé e a outras Religiões de Matriz Africana.
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi feita a análise do discurso dos 04 jovens candomblecistas (A1,A2,A3 E
A4). Segundo Orlandi (2005, p. 21):
Para a Análise de Discurso, não se trata apenas de transmissão de
informação, nem há essa linearidade na disposição dos elementos
da comunicação, como se a mensagem resultasse de um processo
assim serializado: alguém fala, refere alguma coisa, baseando-se em
um código, e o receptor capta a mensagem, decodificando-a.[...] Eles
estão realizando ao mesmo tempo o processo de significação e não
estão separados de forma estanque.[...] Desse modo, diremos que
não se trata de transmissão de informação apenas, pois, no
funcionamento da linguagem, que põe em relação sujeitos e sentidos
afetados pela língua e pela história, temos um complexo processo de
constituição desses sujeitos e produção de sentidos e não
meramente transmissão de informação. São processos de
identificação do sujeito, de argumentação, de subjetivação, de
construção da realidade etc.
Desse modo, dividimos em três categorias de análise os discursos dos
adolescentes candomblecistas, levando-se em consideração que todos eles estão
regularmente matriculados em escolas públicas e frequentam as aulas.
1. As formas de preconceito e discriminação no ambiente escolar contra
adolescentes praticantes do Candomblé.
Para melhor compreendermos como se dá este processo, perguntamos aos
mesmos se já haviam sofrido preconceito na escola por serem praticantes do
candomblé.
Já sim, várias vezes! Já me chamaram de macumbeiro, já
perguntaram quanto é que eu cobrava pra fazer um trabalho, alguns
colegas meus até se afastaram de mim só porque a minha religião é
essa. Teve uma vez até que eu briguei na escola por causa que
ficavam me chamando de macumbeiro, aí eu fui pra diretoria e a
diretora não fez nada, só falou que se eu brigasse de novo eu ia ser
suspenso (A1).
Sim, muita gente não conhece o candomblé e pensa que é só pra
fazer maldade. Na minha turma tem uma galerinha que é só baderna
e encarna em todo mundo, teve uma vez que eu tava indo pra sala e
eles tavam encostados na parede, aí quando eu passei eles
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começaram a imitar alguém como se tivesse pegando santo, ainda
falaram assim: ê macumba! (A3).
Fica claro, a partir dos relatos acima, que o preconceito no ambiente escolar
contra adolescentes praticantes do candomblé ainda é algo latente e que necessita
de ações pedagógicas de combate ao mesmo, sendo que esse preconceito é
explicitado de várias formas , seja com insultos verbais ou não verbais, seja
denegrindo a imagem de tal religião e dos jovens que a praticam.
2. A autoafirmação desses adolescentes enquanto Candomblecistas.
Para entendermos como acontece a autoafirmação desses adolescentes
enquanto candomblecistas, perguntamos se eles, na escola e em outros locais que
frequentam, afirmam ser da Religião do Candomblé.
Sim, não nego minha religião! Não ligo pro que os outros vão falar.
Na minha escola eu só falo se me perguntarem e se não me
perguntarem eu não falo, mesmo que fiquem fazendo graça comigo,
é pior se eu ligar. E em casa meus tios moram lá também, aí como
eles são evangélicos ficam falando que isso é coisa do diabo que eu
tenho que me converter (A2).
Eu só falo pra alguns amigos, não gosto de ficar falando, porque
ficam fazendo graça aí eu tenho vergonha. E minha família não gosta
da minha Religião, aí ficam falando um monte de besteira, sabe? É
ruim assim, eles tem que respeitar (A4).
Direcionando-nos por esses discursos, chegamos à conclusão que esses
adolescentes ainda têm vergonha ou medo de represálias por serem do Candomblé,
desta forma, não assumem serem praticantes do mesmo. Apesar de alguns deles
assumirem o fato de serem da Religião, como é o caso do adolescente (A2), ainda
não é comum essa autoafirmação.
3. O papel da escola na desmistificação de preconceitos ligados ao
Candomblé e a outras Religiões de Matriz Africana.
Com o objetivo de entender se a escola trata de assuntos ligados às Religiões
de Matriz Africana, fizemos duas perguntamos aos adolescentes.
Na primeira, perguntamos se nas aulas ministradas na escola, em que
frequentam os professores, tratam ou já trataram de assuntos ligados ao Candomblé
ou outra Religião de Matriz Africana.
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Na minha escola nunca falaram de Candomblé, a professora de
Religião toda vez fala da Campanha da Fraternidade pra gente,
passa uns trabalhos e pronto (A4).
Nunca falaram da minha religião na minha escola até agora, e acho
que nem vão falar (A1).
Percebemos com esses relatos que a escola, que deveria ser um espaço que
proporcionasse aos educandos o contato com assuntos pertinentes à sua formação
e, assim, consequentemente desmistificar preconceitos, não o faz com veemência,
alijando conceitos e atitudes equivocadas entre os educandos.
Na segunda, perguntamos especificamente se nas aulas de Educação Física
os professores já trataram de assuntos ligados ao Candomblé ou de outra Religião
de Matriz Africana.
Nunca o meu professor de Educação Física falou do Candomblé ou
de outra religião na minha escola, não que eu me lembre! (A3).
Olha, teve uma vez na época de festa junina lá no colégio que a
gente teve que ensaiar umas danças pra ganhar ponto na aula de
Educação Física, aí teve a dança do Obaluaiê aí eu até dancei, foi
legal porque eu já sabia como era aí eu até ensinei pros meus
colegas uns passos que eles não conseguiam fazer, mas foi só isso
também que teve (A2).
Os discursos dos adolescentes reforçam a ideia de que, nas aulas de
Educação Física, o contato com assuntos referentes à Cultura Afro-brasileira, de um
modo geral, ainda é muito pobre, levando-se em consideração que, quando são
trabalhados, é sempre de forma superficial, com a finalidade de compor notas.
Á GUISA DE CONCLUSÃO
O fato dos educandos manifestarem representações e práticas religiosas no
universo escolar e de existirem conflitos por motivos religiosos, que interferem nas
relações interpessoais dos atores educacionais, justifica que a religiosidade seja
olhada como parte da vivência cotidiana escolar, para além de ser uma temática ou
matéria curricular.
Assim, propomos alguns indicadores pedagógicos para serem trabalhados
nas escolas, que foram evidenciados no estudo:
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1- O aprofundamento teórico sobre o tema e os problemas referentes à
diversidade religiosa;
2- A religiosidade ser considerada tema gerador nas escolas;
3- A criação metodológica e estratégias pedagógicas que viabilizem o diálogo
inter-religioso, a superação da discriminação de algumas religiões e a
minimização dos conflitos;
4- O olhar de novas pesquisas na área da religião, educação e Educação Física
escolar;
5- O olhar interdisciplinar procurando promover atividades pedagógicas que
viabilizem as relações entre o tema gerador, a realidade social e a
religiosidade dos educandos.
Por fim, gostaríamos de pensar uma práxis nas aulas de Educação Física
onde não se privilegie unicamente o ensino (transmissão) de técnicas (jogos,
esportes, dança, capoeira, ginástica, lutas). Gostaríamos de observar espaços
para que os discentes também possam discutir e identificar elementos que se
apresentam como limitantes dentro do espaço escolar, para uma ação inclusiva e
realmente educativa. Tendo isso aliado a uma concepção crítica de mundo e
educação, mas que de forma alguma venha desrespeitar a diversidade e sim
propor novas relações entre seus membros, diferentes daquelas pensadas pelos
procéres do pensamento único. Relações críticas, superação da discriminação e
estratégias pedagógicas que viabilizem o diálogo inter-religioso em nossas
escolas.
BETWEEN THE CAPTIVE BODY AND THE FREE BODY: the preconception
suffered by young African religious in the school environment.
Abstract: The historical context of black in Brazil is marked by struggles and
resistance to keep their culture alive and, consequently, to influence and form the
African-Brazilian culture. And among many cultural manifestations, stand out the
Candomblé, which offers a wealth of details in which they sing and dance a story.
Thus, the present study aimed to discuss the issue of preconception and religious
discrimination suffered by teenagers from candomblé in the school environment,
using as technique for data collection semi-structured interviews, with 04 adolescents
who attend Candomblé yard, located on the Metropolitan Zone of the city of Belém.
For data analysis it was used the analysis based on Speech of Orlandi (2005). In
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reviewing the reports of the young, we observe that preconception and discrimination
related to African religions is still a fact quite latent and recurrent in school, in which
there is a priority of discussed contents over others. In this way, also enables the
proposed intervention in Physical Education classes, covering content related to
African-Brazilianness, the respect for diversity and coexistence between them.
Keywords: Candomblé. Preconception. Discrimination. Physical Education.
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ENTRE O CORPO CATIVO E O CORPO LIBERTO: o