URBANIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO EM LAGARTO/SE: UMA PRIMEIRA ABORDAGEM Vanderson Vieira do Nascimento1 Almir Souza Vieira Junior2 Resumo O presente trabalho visa dar início a uma análise das mudanças enfrentadas pelo município de Lagarto/Se nas últimas décadas, quanto às questões inerentes a supremacia da urbanização e industrialização recente em relação ao secular perfil agrário, o que tem contribuído para uma mudança em sua estrutura econômica e de crescimento, com atração de novos serviços e investimentos para o município. A pesquisa de cunho descritivo parte de análises bibliográficas e pesquisa de campo, com o intuito de conhecer a nova realidade socioeconômica do município. Palavras-chave: Urbanização. Industrialização. Lagarto Abstract The present work aims to initiate an analysis of the changes faced by the city of Lagarto/SE in the last decades, on issues pertaining to supremacy of recent urbanization and industrialization in relation to the secular agricultural profile, which has contributed to a change in its structure and economic growth, attracting new services and investments for the city. The descriptive research is an literature analysis and field research, in order to know the new economic reality of the city. Key-words: urbanization, industrialization, Lagarto. INTRODUÇÃO A presente pesquisa propõe a análise da relação entre a urbanizaçãoindustrialização e o desenvolvimento no município de Lagarto/SE ocorridos nas últimas décadas, tendo como finalidade contribuir para o entendimento dos fatos históricos que possibilitaram o processo desse desenvolvimento, e os passos que constituíram para o patamar atual. Para realização do mesmo utilizou-se a pesquisa bibliográfica e de campo, do tipo descritiva, que enseja “descrever as características de um fenômeno”, de acordo 1 2 Bolsista PIC 2011-2012. Aluno do 7º período em Geografia/FJAV. E-mail: [email protected]. Orientador do PIC e Professor do curso de Geografia da FJAV. e-mail: [email protected]. 1 com Richardson (2008, p. 66). Os dados empíricos foram coletados em órgãos e instituições ligados as questões da urbanização, da industrialização e do desenvolvimento, nas esferas federais, estaduais e municipais. Para a sua operacionalização foi tomado como base o estudo de vários autores Andrade (1991), Lefebvre (1976), Nunes (2006), Oliveira (2005) entre outros que discutem a questão rural, urbana, industrial e do desenvolvimento. Esta pesquisa busca ainda, servir de apoio e incentivo para todos os profissionais da Geografia visando o entendimento das questões regionais e locais, como também, contribuir para o entendimento do perfil atual do município em relação ao seu desenvolvimento industrial e social, e assim servir de apoio às instituições ligadas a gestão e planejamento, sem, no entanto perder o foco global ao qual estão subordinadas as demais escalas de análise do espaço geográfico na atualidade. 1 JUSTIFICATIVA Compreender a transformação ocorrida no perfil socioeconômico da população do município Lagarto, ocorridas especialmente nas últimas décadas, considerando seus processos históricos, além de projetar as perspectivas para o município, observando-se para isso aspectos como desenvolvimento econômico e social, como também compreender o comportamento da população diante dessa transformação. Observando como essa se comporta diante da mesma, ocupando tanto a posição de agente transformador, quanto de agente passivo de toda essa (re) evolução. Mostra-se uma tarefa instigante e desafiadora, de modo que busca-se aqui fazer uma abordagem dos fatos históricos, que auxiliam a explorar o cenário atual do desenvolvimento de Lagarto. Além, de revelar-se relevante para a compreensão dos fatores que contribuíram para essa mudança, identificada a partir dos dados coletados. Considerando-se assim que Lagarto mostra-se como uma cidade Polo da região CentroSul do estado de Sergipe. Logo, estudar os processos que levaram, ou que possibilitaram a industrialização e urbanização: novas perspectivas de desenvolvimento para o município de Lagarto/se, além de se estudar o seu contexto particular, significa investigar o quanto, ou até que ponto seu crescimento se configura em desenvolvimento. Entendendo-se como se desenvolveu em Lagarto a industrialização e concomitante a esta, a urbanização, tornam-se estimáveis os possíveis passos seguintes 2 desse avanço, se há estagnação ou não do processo e se as perspectivas ainda são de crescimento. Servindo, assim, também de apoio e incentivo para todos os profissionais da Geografia na busca do entendimento das questões regionais e locais, como também, contribuir para o entendimento do perfil atual do município em relação ao seu desenvolvimento industrial e social, e assim servir de apoio às instituições ligadas a gestão e o planejamento. Sem, no entanto, perder o foco global ao qual estão subordinadas as demais escalas de análise do espaço geográfico na atualidade. 2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 2.1 Localização O município de Lagarto, a 78 quilômetros da capital Aracaju, localizado na região Centro-Sul do estado de Sergipe (figura 1). Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica), em 2010, a população era de 94.861 habitantes, com uma dimensão territorial de aproximadamente 970 km². Segundo Tavares (2011), o município de Lagarto juntamente com o de Itabaiana concentram boa parte da população rural de Sergipe. As terras de Lagarto fazem parte das bacias hidrográficas dos rios Piauí e VazaBarris, tendo como principais cursos fluviais, além dos já citados, os rios Jacaré, Piauitinga de Cima, Machado, Caiçá e os riachos Oiti, Pombos, Flexas e Urubutinga. Figura 1 – Localização do município de Lagarto/SE Fonte: Digitação Lima, Hunaldo. Adp. Vieira Junior 3 2.2 Histórico Segundo dados históricos de levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, depois de São Cristóvão e Itabaiana, o município de Lagarto é a vila mais antiga de Sergipe. Dessa forma se a colonização européia chegou nessas terras por volta de 1595, então acredita-se que o contato com os índios já vinha acontecendo desde 1540. Existem relatos históricos dando conta que os religiosos, responsáveis pela catequização dos indígenas encontraram uma aldeia de índios Kiriris na confluência dos rios Piauí e Jacaré, nas imediações do atual povoado Santo Antônio, que tinham o comando do cacique Surubi. Por volta de 1575, os jesuítas levantaram uma capelinha com o nome de São Tomé. Essa área foi criada como Distrito com a denominação de Lagarto, em 1703 e elevada à categoria de vila com a denominação Lagarto, em 1698. E posteriormente levada à condição de cidade com a denominação de Lagarto, pela lei provincial nº 1140, de 20 de Abril de 1880. 3 INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO 3.1 Industrialização Num apanhado histórico sobre o surgimento das indústrias observa-se que estas surgiram na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, de acordo com CANÊDO (1994), ocorreram assim, nesse país ao longo desse período, profundas transformações no modo de produção, uma verdadeira revolução no modo e na escala de se produzir. Daí a expressão consagrada pelos historiadores “Revolução Industrial”. Para muitos desses a Revolução Industrial desempenhou um papel vital no desenvolvimento capitalista. Mas então, o que é uma indústria? Indústria é uma atividade econômica que surgi a partir da Primeira Revolução Industrial, final do XVIII e início do século XIX, na Inglaterra. Tem por finalidade transformar a matéria-prima em produtos passíveis de serem comercializados, sendo necessário para o estabelecimento de sua finalidade o trabalho humana, a utilização de máquinas e de energia. Uma outra forma de responder a questão referente a esse conceito é a descrição de Holanda Ferreira: (2001, p. 385): 4 Indústria: S.f. 1. Destreza ou arte na execução de um trabalho manual; aptidão; perícia. 2. Profissão mecânica ou mercantil; ofício. 3. Econ. A atividade secundária da economia, que engloba as atividades de produção ou qualquer dos seus ramos, em contraposição às atividades agrícolas (primárias) e a prestação de serviços (terciárias). 4. Econ. Conjugação do trabalho e do capital para transformar a matéria prima em bens de produção e consumo. 5. O conjunto das empresas industriais; o complexo industrial. Deste modo tem-se a indústria como sendo a mola propulsora do capitalismo moderno, pois, esta é a máquina transformadora de matérias primas em bens de consumo. Mas não se pode confundir indústria com fábrica. Novamente segundo Holanda Ferreira: (2001, p. 310), temos: Fábrica: S.f. 1. Lugar ou estabelecimento onde se manufaturam utensílios, roupas, máquinas e várias outras mercadorias. 2. O pessoal de um desses estabelecimentos. 3. Construção de edifício ou parte do edifício; edificação. De uma forma mais objetiva, de acordo com Hoff; Rathamann e Blume, baseandose no conceito Benko e Lipietz (1994, p. 5), a indústria seria “qualquer forma de atividade dinâmica”. A indústria em si, passa a ser caracterizada pela estrutura não só física, ou seja, a estrutura das próprias fábricas, mas, como sendo todo o emaranhado das relações de que ultrapassam as linhas de produção e refletem tanto nos que estão ligados diretamente com esta produção, e ainda, alcança também vários outros membros da sociedade, tanto fornecedores de matérias primas, distribuidores e consumidores. Seria assim, um equívoco sintetizar a linha de produção, todas as relações que envolvem o desenvolvimento da indústria. Logo, a industrialização é tida de acordo com a ideia de autores como Lefebvre (1972), Abramovay (2001), como uma ruptura da sociedade tradicional, para a sociedade moderna. Onde as relações tornam os indivíduos muito mais envoltos, interdependentes entre si, envolvidos em um emaranhado cada vez mais complexo das relações sociais. Que envolvem os setores representados pelos fornecedores de matérias primas, por aqueles que as transformam em bens de consumo, e posteriormente por aqueles que serão os seus consumidores. A organização social moderna está, portanto, intrinsicamente ligada à produção industrial. Costuma-se classificar as indústrias de acordo com os materiais que estas produzem ou o produto gerado nas suas linhas de produção. Sendo a primeira: a Indústria de bens de produção, também chamada de indústria de base, como a própria nomenclatura sugere. Esse setor confecciona produtos que serão utilizados por outras 5 indústrias, sendo a “indústria mãe”. É de suma importância para o desenvolvimento de qualquer país, pois a esta se acarreta a função de potencializar os demais setores que alavancarão o crescimento econômico. Por exemplo: a indústria siderúrgica produz ligas de ferro para indústria da construção, para a indústria automobilística etc. Ocupando a segunda Classificação as Indústrias de bens de capital ou intermediárias, Correspondem as que fabricam máquinas, equipamentos, ferramentas e autopeças para indústrias. A de autopeças, por exemplo, fornece materiais (peças, acessórios) para a indústria de automóvel. Já o terceiro ramo da classificação, é o das Indústrias de bens de consumo: São as mais numerosas e podem ser divididas em: bens de consumo duráveis, como por exemplo, a indústria automobilística e, as de bens de consumo não duráveis, como a de alimentos e vestuário, por exemplo. 3.2 Urbanização A indagação do que vem a ser a cidade ou como esta surgiu, não são questões fáceis de responder, uma vez que o estudo busca nortear essa possível resposta, nem sempre exata. De acordo com o pensamento de Lamarche, (1977): Em sociedades industriais e capitalistas, as cidades desenvolvem-se de acordo com as necessidades da circulação de capital e mercadorias, e com a subordinação do trabalho ao capital. Apresentam-se a si mesmas como o lugar no qual os fatores de reprodução e demanda estão concentrados. Em tal contexto, como foi claramente assinalado por Freitag, é difícil falar de relações sociais urbanas. De acordo com este pensamento, a cidade surge a partir da aproximação das relações sociais, das trocas realizadas entre os indivíduos, e está atrelada ao capital. Uma vez que, a gênese das aglomerações está ligada a produção capital, quanto maior a circulação financeira, circulação de capital efetivamente, maior a possibilidade da presença marcante dos grandes centros urbanos. O surgimento e respectivo crescimento das cidades estão assim ligados à circulação do capital sendo a cidade a locação das circulações tanto de capital quanto de indivíduos. Neste sentido a urbanização seria uma forma de estruturação do território, onde o peso dos lugares varia historicamente em função dos condicionantes e processos sociais, econômicos, políticos, e por vezes 6 culturais que tomam corpo. E a rede urbana seria a expressão cristalizada de diferentes estruturações do espaço em diferentes tempos históricos. (LIMONAD, 1999) A interpretação das relações espaciais remete-nos a observar o comportamento dos indivíduos diante das transformações ocorridas no espaço, provocadas muitas vezes por eles mesmos. Faz-se necessário observar como as relações entre os integrantes de uma mesma sociedade podem tornar-se amistosas ou conflitantes, dependendo de realidades individuais. Na realidade, constitui-se na busca de se entender o espaço como sendo o meio onde a relações se desenrolam. Como podemos perceber de acordo com as palavras de Andrade (1991, p. 64): Qualquer análise espacial, quer leve em conta o espaço geográfico, quer o econômico ou sociológico, para ser cientifica, tem de ser feita interpretando-o como o resultado de um processo que realiza de forma linear, ora é interrompido por fatores que a ela se opõem, provocando transformações substanciais. Para a análise do território como um todo, é imprescindível a compreensão de suas partes, ou seja, de seus elementos fundamentais que constituem um conglomerado de relações. O território não é representado exclusivamente pelo espaço ocupado, mas principalmente pelos intensos fluxos que ocorrem nesses espaços. Para a análise dessas relações que ocorrem constantemente entre os indivíduos, que vão desde a compra do ‘pãozinho’ pela manhã, até as grandes transações comerciais que envolvem consideráveis cifras, toma-se o território como o espaço vivido, para Henri Lefebvre, este espaço “reúne o mental e o cultural, o social e o histórico” (LEFEBVRE, 1972, p.5). De acordo com essa concepção, o espaço é caracterizado não apenas por sua essência etimológica, mas principalmente por suas características peculiares que o torna singular, ou seja, o espaço tomado aqui é caracterizado pelas ações e relações sociais. Nas palavras de Abramovay (2001, p.3), a ideia desse emaranhado de relações fica explicita: A ideia central é que o território, mais que simples base física para as relações entre indivíduos e empresas, possui um tecido social, uma organização complexa feita por laços que vão muito além de seus atributos naturais, dos custos de transportes e de comunicações. Mas todas essas características de um determinado território num certo recorte temporal, não se sucedeu de um simples acaso, ou processo espontâneo. Na realidade a 7 configuração atual é resultado de todo um contexto histórico, que pode levar séculos para se desenrolar ou como no caso particular do município de Lagarto/Se se processa com mais pujança em um curto recorte temporal, percebido principalmente nas últimas décadas de 1990 e 2000. Um dos principais conceitos que norteiam a compreensão do espaço social, e mais especificamente a mudança de rural a urbano, aqui apresentada é a ideia da “urbanização extensiva”. Tendo como referência a ideia de Lefebvre (1976), quando este o chamou de "zona urbana". Analisando a dicotomia urbano-rural nos países industrializados, para Monte-Mór (apud Lefebvre 1972, p.10), observa-se que: O "direito à cidade", ao espaço do poder e da cidadania; a vida cotidiana e suas lutas políticas espacializadas; a produção social do espaço em suas múltiplas implicações, incluindo a reprodução das relações de produção. (MONTE-MOR, 1994, p.1). Para estes, a urbanização é o processo gerador, e ao mesmo tempo gerado, pelas relações das populações que vivem aglomeradas, nos centros urbanos, e em suas periferias. Essas relações se processam a todo o tempo no cotidiano dessas pessoas, as disputas vão desde o “confronto” pelo território, espaço vivido classificado assim por Lefebvre (1972), onde as relações interpessoais se processam, até as pelas disputas pelo poder, na forma de dominação e dominados, a exemplo, as disputas por influências, características do meio político. Na realidade, a urbanização passa a ser o ápice das relações interpessoais. Para o conceito de zona urbana, baseando-se nos estudos de Lefebvre, constatase a maior abrangência do termo: "Zona urbana" referi-se àquele estágio de organização espacial no qual o capitalismo industrial, firmemente estabelecido dentro da cidade e controlando toda sua região de influência, provoca a ruptura da cidade (herdeira da "polis", da "civitas"), em duas partes relacionais: o core, o centro/núcleo urbano, resultante do processo de implosão do locus do poder, marca da antiga cidade; e o tecido urbano, a trama de relações socioespaciais que se estende à região resultante da explosão da cidade preexistente. (LEFEBVRE, 1972, p.10). A zona urbana, ou complexo urbano, ou ainda, zona periférica urbana, pode ser caracterizado pelos fluxos de influências dos centros sobre as áreas periféricas. Influência esta, gerada no centro e absorvida pelos seus entornos. Este conceito está atrelado às manifestações do capital industrializado, onde este núcleo concentrado nos centros 8 urbanos, e já enraizado, exerce influência, ou mesmo controle, sobre regiões vizinhas, as chamadas “regiões de Influência”. Nessa nova conjectura mais ampla, o autor coloca que há a ruptura em duas partes da mesma cidade: o centro, onde toda a pujança se processa, e o tecido urbano, onde todas as decisões que são tomadas nos centros serão refletidas com mais ênfase, até mesmo que nos centros. São os contornos dos centros urbanos que absorvem na realidade, com mais visibilidade, as influências das relações que se processam nos centros. Na ideia compartilhada por alguns estudiosos dos casos urbanos, aqui discutidos, a figura emblemática que talvez pudesse ser comparada à da cidade, seria a de um grande organismo vivo, onde os fluxos de nutrientes que mantém cada órgão vivo, não subsistiriam isolados dos demais órgãos, pois estes estão e, irrefutavelmente sempre estarão interligados e interdependentes, como as diferentes áreas dos aglomerados urbanos. Logo, a urbanização é, na mais sutil das interpretações, o fenômeno pelo qual uma dada área passa a possuir significativo aglomerado populacional, e este contingente celebra suas relações de modo a influenciar outras regiões às suas margens. Além de possuir um conglomerado que concentra o poder de decisões que influenciará, ou refletirá, nas organizações sociais a sua volta. 3.3 Crescimento e desenvolvimento Tradicionalmente, o conceito de desenvolvimento, especialmente no pós-guerra, associou-se à perspectiva de retomada do crescimento econômico, tendo o Estado como protagonista nessa tarefa (ARRAIS, 2007). Seguindo esse pensamento, Becker (2003) relaciona o desenvolvimento regional ao papel dos atores endógenos, para ele: Quer queiramos ou não, estratégias bem-sucedidas de desenvolvimento regional estão, normalmente, associadas, nos tempos recentes, a vigorosas estratégias de (re) estruturantes de desenvolvimento regional (vontades coletivas regionais), executadas pelas organizações e instituições das comunidades regionais, ou seja, estratégias formuladas e executadas por sujeitos coletivos regionais. (BECKER, 2003, p. 61-62). Assim sendo, para este autor a maior força geradora, especialmente na atualidade, da evolução ou mesmo da revolução, mostra-se interna ao contexto social, o 9 desenvolvimento regional está assim atrelado a ações de planejamento e gestão bem sucedidas e medidas que busquem o bem maior (grifo nosso). Ou seja, o avanço ou retrocesso no desenvolvimento de uma determinada região pode ser caracterizado por ações bem sucedidas ou por iniciativas que não obtiveram êxito. Ainda para BECKER (2003), o desenvolvimento regional caracteriza-se como um processo donde se advêm transformações politicas, econômicas e consequentemente sociais. Em função disso, devemos entender o desenvolvimento regional como um processo de transformações econômicas, sociais e políticas, cuja dinâmica é originada de dentro para fora e por iniciativa própria desses sujeitos (inovadores tecnológicos e criadores ideológicos) coletivos regionais, manifesta nas mudanças estruturais ou qualitativas que um processo de desenvolvimento regional a partir de alterações endógenas. (BECKER, 2003, p. 61-62). Assim, o desenvolvimento regional, ou local, depende de investimentos, na visão do autor, das instituições internas, para que o desenvolvimento aconteça de forma linear de dentro para fora, ou seja, para que seus reflexos sejam perceptíveis às outras regiões, seja um desenvolvimento “modelo”. Num âmbito mais abrangente, a demanda do desenvolvimento dos últimos séculos e questões conflitantes como a da problemática ambiental, tem sido debatida pelos especialistas, que alertam para a necessidade de controlar os impactos causados à natureza principalmente. Essas preocupações são expressas em tratados como a Agenda 21, e expressam à necessidade de se repensar quais são os custos desses propagados “desenvolvimentos”. Além da Agenda 21, outro importante documento que foi escrito na Conferencia Internacional, conhecida como “Rio 92”, com uma grande participação de organizações não governamentais e representantes da sociedade civil foi “A Carta da Terra”. Ela trás importantes ressalvas sobre o meio ambiente e foi retificada pela UNESCO e aprovada pela ONU em 2002. Tem-se trecho do texto: Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. 10 Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações (...) (A Carta da Terra. In: Revista Visões, Jan-Jul/2008). O desenvolvimento assim abordado não parece estar muito distante de uma utopia, quando na realidade o que se percebe é uma busca exacerbada por acumulação de capital, quer seja por um indivíduo, quer seja por uma nação. O crescimento, tão anunciado, assim, corre o risco fatídico de se tornar apenas falácia. Tomamos como exemplo o caso particular do Brasil, por muito tempo fala-se em “esperar o bolo crescer, para dividi-lo”, (grifo nosso) de fato o crescimento econômico é uma realidade, se observados cenários das ultimas décadas, mas nem todos foram convidados à “festa”. A crítica feita a esse tipo de discurso, que argumenta ser esse crescimento reflexo, ou reflexivo, do desenvolvimento, é justamente, pelo fato de todo esse “crescimento” não ser acompanhado de um real desenvolvimento refletido na população, ao menos ao que aparenta, num país onde um considerável contingente populacional (sobre) vive, sem as condições mínimas de saúde, educação, sem acesso a dignidade. 3.4 Urbanização X Desenvolvimento A urbanização não está necessariamente diretamente ligada ao desenvolvimento, ou vice-versa, quase sempre não. Salvo raros casos de países desenvolvidos onde se observa alto índice nos padrões de vida de suas populações, especialmente urbanas, devido a investimentos em longo prazo, essa máxima praticamente se repete. A urbanização, para alguns autores como Limonad (1999), é na realidade a culminância de uma série de fatores sociais que se processam e se perpetuam durante o decorrer da história, e que resultam da disputa de interesses, sendo verdadeiras “disputas sociais”. Pois, a urbanização caracteriza-se como o resultado de fenômenos anteriores, e não se vislumbra como um processo acabado, mas em constante mutação, variando a partir de fatores, internos e externos ao próprio território, tanto temporais quanto locais. 11 A urbanização, assim, hoje, poderia ser compreendida como a concatenação e concretização espacial destes movimentos, de reprodução e distribuição das atividades produtivas e da população, em disputa pelo espaço, que sob o capitalismo traduzem-se nas estratégias do capital e do trabalho para garantir suas respectivas reproduções. As diferenças de intensidade e de articulação entre estes processos variam historicamente e conformam a estruturação da produção e do território. (LIMONAD, 1999. p. 86). Mas o que seria ser rural ou urbano? No atual contexto, onde as características individuais das regiões, impulsionadas pelos avanços tecnológicos e pelos fluxos de comunicações, se confundem cada vez mais, a resposta a essa indagação tem se caracterizado como um dos desafios dos estudiosos do tema. De acordo com Abramovay, 2001: Ruralidade é um conceito de natureza territorial e não setorial; não pode ser encarada como etapa do desenvolvimento social a ser vencida pelo avanço do progresso e da urbanização. A agricultura, a indústria, o comércio são setores econômicos: a ruralidade é e será cada vez mais um valor para as sociedades contemporâneas. (p.3). Assim, o conceito de rural, ou ruralidade, está cada vez mais atrelado à classificação dos setores administrativos externos, ou seja, determinada área é classificada como rural ou urbana de acordo com critérios pré-estabelecidos, sem considera-se essencialmente o caráter da identidade própria dos habitantes das áreas “ruralizadas”, essa característica estar evidenciada pelas constantes relações entre o campo e a cidade, onde esta classificação, em rural ou urbano vem dos centros urbanos para as zonas rurais, já não tão rurais assim em muitos casos, onde o rural estar cada vez mais com aspecto de urbano, e já não mostrando-se uma zona limítrofe bem definida a ponto de classificar a área com exatidão. Na contra partida a esse fenômeno, também as mazelas das cidades tem invadido o campo, tais como a violência, o consumo de entorpecentes etc., males tidos antes como urbanos, agora despeço pelos mais distintos ambientes. Quando observados os exemplos dos países subdesenvolvidos, ou até mesmo dos chamados emergentes, o crescimento das cidades, ou urbanização, processa-se de modo desordenado, beirando-se o caos. As cidades desses países crescem de modo vertiginoso, em um ritmo muito mais acelerado do que o crescimento das redes de 12 infraestrutura, como abastecimento por água potável, saneamento básico, acesso à moradia, à educação de qualidade, condições mínimas necessárias à ocupação humana. No caso particular do Brasil, para essa classificação do que seria rural ou urbano tomam-se como parâmetros uma soma de fatores, sendo os principais: os contingentes populacionais, e especialmente os aspectos de caráter administrativo, onde as prefeituras tem a autonomia para catalogarem seus territórios observando seus próprios critérios. No Brasil as áreas rurais recebem uma definição de caráter residual e administrativo: é rural tudo o que escapa ao perímetro urbano de um município, conforme decreto da prefeitura. Um mínimo de adensamento e de oferta de serviços é suficiente para que uma certa localidade seja classificada como “urbana” e para que o desenvolvimento rural seja assimilado, automaticamente, a “urbanização do campo”. (Abramovay, 2001. p.4) Logo, diferentemente de outros países, a classificação no Brasil em rural ou urbano de determinada área, é um tanto quanto complexa, pois num país de extensões territoriais continentais e de realidades tanto social, quanto econômica tão distintas essa classificação “padronizada”, não leva em consideração, na maioria dos casos as realidades peculiares de cada região, ou porção da região a ser classificada. Correndo-se assim o risco de uma classificação arbitrária e desleal causando privilégios a umas e desgaste a outras regiões. 3.5 Indústria X Desenvolvimento Na filosofia capitalista, onde a ideia é crescer economicamente, é concentrar riqueza, a vinculação desse crescimento com o desenvolvimento social estudado aqui, é quase um engodo. Se considerarmos ainda o fato de que para a instalação de uma nova indústria em dada área consideram-se uma série de fatores, como: mão de obra barata, ou ao menos qualificada em casos específicos, circuitos para circulação, fontes energéticas acessíveis, e mercado consumidor de seus produtos. Vê-se que na maioria dos casos, não generalizados, há uma exploração da força de trabalho dessas áreas, o que não significa necessariamente que haja uma interação de todos os seguimentos daquela sociedade no desenvolvimento da região. Somem-se a esse fato, os muitos casos em que os lucros, ou seja, o capital gerado pela atividade ali desenvolvida nem sempre permanece aplicado, ou retorna em forma de investimentos na melhoria da qualidade de vida. 13 Outro fator a ser levado em consideração é a criação dos chamados parques industriais, onde a implantação das empresas não necessariamente estar relacionada com o desenvolvimento da região. Vem da Itália o programa de pesquisa mais influente com relação à dimensão territorial do desenvolvimento. Com efeito, já no final dos anos 1970 economistas italianos chamam a atenção para a noção de “distrito industrial” (elaborada no início do Século XX pelo economista britânico Alfred Marshall) e discutem a competitividade das empresas e os processos de inovação à luz de conceitos como “redes”, “meios inovadores” e “efeitos de proximidades”. (Abramovay, 2001 p.03) Essa análise requer certos cuidados, para que não se cometam generalidades arbitrárias, há casos em que a implantação de uma indústria ou de um complexo industrial, provoca uma dinamicidade relevante ao cotidiano de dada sociedade, com a geração de empregos, investimentos públicos que refletem na vida dos habitantes dos entornos das novas indústrias. Assim sendo, ideia de industrialização não requer necessariamente o reflexo no desenvolvimento, os casos necessitam de análises separadamente, embora a malha industrial potencialize a região para os novos investimentos, que terão reflexos sentidos pela comunidade. 4 A Indústria em Lagarto: novas perspectivas de desenvolvimento para o município. Para que se crie um panorama de como se processa a transmissão de uma região rural e agrária, para industrial e urbana, como no caso particular do município de Lagarto, foco deste estudo, há que considerar-se uma série de fenômenos que poderão influenciar na sua configuração, ou seja, no desenrolar dessa mudança. No texto “O Novo Rural Brasileiro”, de Silva (1997), tem-se uma das caracterizações do meio rural característico do processo de povoação da região, ao mencionar Menéndez (1985), ressalta que o rural ainda hoje é definido usualmente como o mundo não urbano ou não metropolitano. E que a visão que se tem do mundo rural ainda está completamente vinculada à evolução do mundo agrário, enquanto a indústria e os serviços parecem ser características "naturais do meio urbano”. Deste modo, temos uma clara mudança efetiva na concentração populacional no município de Lagarto, uma vez que as atividades campesinas passam a não mais 14 representar o principal meio de ocupação da população, sendo substituído em vários casos pelo setor industrial e principalmente pelo setor de serviços. Uma das indagações, se não a mais pertinente, que se faz ao se estudar o território, é justamente: o que é território? O território vem a ser o lugar onde se desenvolvem todas as ações, todas as paixões, todas os poderes, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem se realiza plenamente a partir das manifestações da sua existência. (Santos, 1999). Para Santos (1999, p. 9), o território é formado pelo homem, nas suas ações cotidianas, nas relações que este exerce sobre o espaço que ocupa, ou seja, a relação de influência recíproca entre ocupante e espaço. Esse processo é contínuo, e acontece nos mais diferentes ambientes, e a todo momento, observando-se suas peculiaridades, não fugindo assim desta realidade encontra-se o município de Lagarto. O que de fato se observa, é uma reestruturação do contingente populacional, como também uma reorganização desses grupos de pessoas, especialmente a PEA (População Economicamente Ativa) e a relação entre essas populações e o território ocupado, caracterizando-se novamente a presença do êxodo rural, embora com novas exterioridades, com novas características, não sendo no modelo clássico, onde os retirantes fugiam de situações conflitantes como secas em demasia. Agora essa migração, no caso particular do município de Lagarto, caracteriza-se pela busca das vagas geradas no setor industrial, e de serviços, crescentes nas últimas décadas. E ainda temos a nova configuração do perfil dessa população, seja ele no cenário econômico, social e também organizacional. De acordo com dados levantados pelos censos demográficos do IBGE, tem-se apresentado na tabela abaixo um aumento considerável na taxa de ocupação em área urbana no município de Lagarto. Quadro 1- Taxa de Urbanização Taxa de urbanização (%) 2000 2010 48,63 51,54 Fonte: censos demográficos do IBGE, 2000 e 2010. Segundo os dados apresentados há um considerável aumento na ocupação da cidade, essa população agora residente na zona urbana é em parte proveniente da zona 15 rural do próprio município, além dos advindos de outros municípios, atraídos pelos novos postos de trabalho e possibilidades de investimentos nos setores de serviços. Há uma inversão nos parâmetros, no ano 2000, a maior parte da população do município residia na zona rural, ou seja, 51,37 % da população. Já em 2010 esse número cai para 48,46 % da população. Um número expressivo quando considerados um total de quase 95.000 habitantes em 2010. Percebe-se ainda que este aumento dar-se de forma contínua, e representa reflexos de uma tendência mundial nas ultimas décadas especialmente na virada do século. No campo econômico vislumbra-se como dito anteriormente, uma significativa mudança do perfil de rural e agropecuário, para urbano e industrial, basicamente a partir da década de 1990, com o aumento de empreendimentos industriais no município. Observando-se as tabelas abaixo, essa mudança torna-se evidente: Quadro 2 - População de Lagarto em 2000 População 2000 População Habitantes % Urbana 40.527 48,7 Rural 42.807 51,4 Total 83.334 100 Fonte: Censo Demográfico do IBGE, 2000. Tem-se, pois, de acordo com os dados apresentados no Quadro 2, que no ano 2000 a população do município de Lagarto ainda era de predominância rural, ou seja, as relações da população com atividades ligadas ao campo ainda são marcantes na economia do município, tais como a agricultura de subsistência e a criação de animais, no âmbito da agricultura familiar, frutos do processo de colonização da região. Ainda de acordo com o IBGE, o município de Lagarto apresentava-se com densidade demográfica de 85,97 habitantes por km² nesse mesmo ano. Quadro 3 - densidade demográfica em Lagarto no ano 2000 Densidade Demográfica 2000 (habitantes/km²) 85,97 Fonte: Censo Demográfico do IBGE, 2000. 16 Apresentados agora os mesmos índices no ano de 2010, observa-se, de acordo com a tabela abaixo: Quadro 4 - população de Lagarto em 2010 População 2010 População Habitantes % Urbana 48.889 51,5 Rural 45.963 48,5 Total 94.852 100 Fonte: Censo Demográfico do IBGE, 2010. Sendo assim, no ano de 2010, os números mostram que a concentração e locação dos munícipes sofre uma acentuada alteração, se considerado o decorrer de apenas uma década. Para o mesmo ano a Densidade demográfica se apresenta dessa forma: Quadro 5 - densidade demográfica em Lagarto no ano 2010 Densidade Demográfica (habitantes/km²) 97,86 Fonte: Censo Demográfico do IBGE, 2010. CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando comparados os quadros de 2 a 5, percebe-se que em um espaço temporal tão célere a população que reside na zona urbana já supera o contingente residente na zona rural do município de Lagarto. Os números praticamente se invertem, a população residente no perímetro urbano já supera substancialmente a população rural, e consequentemente há uma mudança considerável no perfil dessas populações, pois as relações com o espaço também mudam. A agricultura já não é um traço tão marcante como anteriormente, pois, as indústrias instaladas no município absorvem grande contingente da mão de obra desses novos moradores urbanos. O polo de abrangência de influência da cidade expande-se, não só para o restante do próprio município como também para os municípios circunvizinhos, tornando-se um centro de referência na região Centro Sul do 17 estado. Há também atrelado a esse crescimento da população, e da industrialização da sede do município, um desenvolvimento principalmente do setor terciário, com o aumento de serviços, tanto públicos, com hospitais de referência, como também no setor privado de forma mais relevante, como o comércio de automóveis, além da implantação de um hipermercado, o primeiro no âmbito do interior do estado, como sendo alguns exemplos desse crescimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia Econômica: a geopolítica e a organização do espaço. São Paulo: Ed. Atlas, 1991. BECKER, F. 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