Avaliação Ambiental Estratégica, Plano Multissectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões RESUMO EXECUTIVO FASES 1 e 2 [Março, 2015] AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES RESUMO EXECUTIVO FASES 1 e 2 [Março 2015] ÍNDICE DE TEXTO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 3 VALE DO ZAMBEZE ................................................................................................................................................. 4 PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO............................................................................................................. 5 3.1. 3.2. Agricultura ............................................................................................................................................................................5 Pecuária ...............................................................................................................................................................................7 3.3. 3.4. 3.5. Floresta ................................................................................................................................................................................8 Pesca .................................................................................................................................................................................10 Mineração...........................................................................................................................................................................11 3.6. 3.7. 3.8. 3.9. Energia ...............................................................................................................................................................................13 Indústria..............................................................................................................................................................................14 Turismo ..............................................................................................................................................................................16 Transportes ........................................................................................................................................................................17 CONFLITOS E SINERGIAS ENTRE SECTORES ................................................................................................... 18 4.1. Sector Minas (Mineração) ..................................................................................................................................................18 4.2. 4.3. 4.4. Sector de Energia...............................................................................................................................................................19 Sector Agrícola (Agricultura, Pecuária e Floresta) .............................................................................................................20 Sector de Pescas ...............................................................................................................................................................21 4.5. 4.6. 4.7. Sector de Transportes ........................................................................................................................................................21 Sector de Turismo ..............................................................................................................................................................21 Sector da Indústria – Indústria Transformadora .................................................................................................................22 PROPOSTA DE VISÃO FUTURA ........................................................................................................................... 22 CENÁRIOS MULTISECTORIAIS DE DESENVOLVIMENTO.................................................................................. 25 AVALIAÇÃO DE IMPACTES ESTRATÉGICOS ..................................................................................................... 30 7.1. 7.2. 8. Riscos Actuais e Futuros – Áreas de Intervenção .............................................................................................................30 Factores Críticos para a Decisão e respectivos Processos Ambientais ............................................................................39 ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO .......................................................................................... 41 8.1. Problemas a que o ordenamento deve dar resposta .........................................................................................................42 8.2. Opções Estratégicas para o Vale do Zambeze ..................................................................................................................45 8.3. Proposta de Modelo Territorial ...........................................................................................................................................47 8.3.1. Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze ......................................................................................................47 8.3.1.1. Sistema Verde - Natural e Turístico .....................................................................................................................48 8.3.1.2. Sistema Azul - Hídrico .........................................................................................................................................49 8.3.2. Sistema Extractivo .........................................................................................................................................................49 8.3.3. Sistema Agrícola ...........................................................................................................................................................49 8.3.4. Sistema Florestal ...........................................................................................................................................................49 RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 1 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 8.3.5. Redes Principais............................................................................................................................................................50 8.3.6. Núcleos Urbanos ...........................................................................................................................................................50 8.4. Alteração do Modelo Territorial Actual para atingir o Modelo Territorial Proposto .............................................................56 9. INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS DO VALE DO ZAMBEZE............................................................... 57 ÍNDICE DE FIGURAS Pág. Figura 1 – Vale do Zambeze (Resolução n.º 38/2012, 8 Novembro). ................................................................................. 3 Figura 2 – Perspectivas de Desenvolvimento – Agricultura ................................................................................................ 7 Figura 3 – Perspectivas de Desenvolvimento – Floresta .................................................................................................. 10 Figura 4 – Perspectivas de Desenvolvimento – Pescas ................................................................................................... 11 Figura 5 – Cenário Actual e Perspectivas de Desenvolvimento – Mineração ................................................................... 13 Figura 6 – Perspectivas de Desenvolvimento – Energia ................................................................................................... 14 Figura 7 - Perspectivas de Desenvolvimento – Pesca ...................................................................................................... 15 Figura 8 – Perspectivas de Desenvolvimento – Turismo .................................................................................................. 16 Figura 9 – Perspectivas de Desenvolvimento – Transportes ............................................................................................ 17 Figura 10 – Componentes essenciais do Modelo Territorial do Vale do Zambeze: Sistemas Estruturantes, Redes Principais, Pontos Estratégicos, Núcleos Urbanos Fundamentais................................................................... 47 Figura 11 – Esquema do Modelo Territorial Proposto ....................................................................................................... 51 Figura 12 – Esquema do Modelo Territorial Proposto – Redes Principais ........................................................................ 53 Figura 13 – Esquema Modelo Territorial Proposto – Sistemas Estruturantes................................................................... 54 Figura 14 – Proposta de Estrutura Ecológica Regional para o Vale do Zambeze ............................................................ 55 Figura 15 – Mosaico exemplificativo de camadas publicadas no WebSIG do MD ........................................................... 57 RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 2 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES RESUMO EXECUTIVO FASES 1 e 2 [Março 2015] 1. INTRODUÇÃO A região do Vale do Zambeze constitui uma vasta área do território de Moçambique, com grande potencial de aproveitamento de recursos naturais, tornando-se importante a criação de instrumentos de orientação e ordenamento que permitam o desenvolvimento sustentável dos sectores económicos, a salvaguarda do ambiente e o bem-estar social. Neste sentido a Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze e o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (actual Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural), com apoio da Cooperação Holandesa adjudicaram ao Consórcio TPF a elaboração do seguinte conjunto de trabalhos: • Plano Multissectorial (PM) – Caracteriza os sectores económicos, oportunidades e constrangimentos e visa a coordenação dos interesses dos diversos sectores envolvidos na região, a construção de um cenário de desenvolvimento sustentável, e uma Agenda Multisectorial. • Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) - Instrumento de política ambiental, que tem como objectivo a incorporação da variável ambiental no processo de planeamento estratégico das políticas públicas sectoriais. • Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze (PEOT) – Instrumento de ordenamento territorial, suportado por uma visão estratégica para a Região, com efeito de Lei após aprovação, vinculativo a entidades públicas e privadas; • Modelo Digital de Suporte a Decisões (MD) – Plataforma digital que integra os três instrumentos anteriores, interactiva e dinâmica, fácil de operar e actualizar, gerando informação gráfica e alfanumérica útil para a tomada de decisões. Figura 1 – Vale do Zambeze (Resolução n.º 38/2012, 8 Novembro). Os trabalhos compreendem ainda um processo de Participação Pública - consultas a instituições, workshops interactivos, audiências públicas - para além do acompanhamento por uma Comissão de Avaliação e Supervisão (CAS). Este processo inclui capacitações a técnicos da região, que facilitem o seu envolvimento nos processos de planeamento. RESUMO EXECUTIVO | [FASE 1] 3 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES O presente Relatório constitui o Resumo Executivo dos documentos elaborados nas Fases 1 e 2 do Estudo “Avaliação ambiental Estratégiva, Plano Multisectorial, Plano Especial de Ordenamento Territorial do Vale do Zambeze e Modelo Digital de Suporte a Decisões”. Os Relatórios estão disponíveis para consulta em http://zambeze.pt Na presente fase dos trabalhos as principais questões em discussão nas audiências públicas são: Proposta de Visão Futura para o Vale do Zambeze a 30 anos (dia 1) Principais Problemas Diagnosticados (dia 1) Cenários de Desenvolvimento (dia 2) Proposta de Modelo Territorial (dia 2) 2. VALE DO ZAMBEZE O Vale do Zambeze, localizado na região Centro de Moçambique ocupa uma área total de cerca de 150 mil km2, abrangendo a totalidade da Província de Tete e parcialmente as províncias de Manica (distritos de Guro e Tambara), Sofala (distritos de Chemba, Caia e Marromeu) e Zambézia (distritos de Chinde, Mopeoia, Luabo, Morrumbala e Derre). Está integrado na bacia hidrográfica do rio Zambeze, o maior rio de Moçambique e quarto maior rio do continente africano. Compreende zonas montanhosas e de maior altitude no interior da província de Tete, sendo de destacar o Planalto da Angónia e norte da Zambézia, que contrasta com as planícies aluvionares do Delta do Zambeze e faixa costeira. Em termos climáticos é também notória a diferença, com maior precipitação e temperaturas mais amenas nas zonas de maior altitude, e zonas mais áridas na área central. Estas características condicionam a vegetação e tipo de solos ocorrentes. Nas zonas mais montanhosas ocorrem florestas de miombo e mopane, nas zonas mais áridas, florestas e matas secas, enquanto que na planície do Delta do Zambeze predomina a vegetação de áreas pantanosas e os mangais. O Delta do Zambeze é considerado uma área de elevado valor em termos de biodiversidade (classificada área húmida de interesse internacional – Convenção de RAMSAR), ocorrendo ainda outras áreas de conservação da natureza, na área em estudo (Parque Nacional de Mágoè, Reserva Especial de Bufalos de Marromeu, Coutadas e Reservas Florestais). Os solos, em geral delgados nas zonas mais áridas, apresentam grande potencial para agricultura nas planícies aluvionares, assim como no planalto da Angónia. O Vale do Zambeze apresenta ainda uma grande diversidade geológica e de recursos minerais. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 4 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES O povoamento desta região remonta à época pré-histórica, tendo sido palco de diversas movimentações de povos de que resultam uma grande diversidade cultural. Actualmente o Vale do Zambeze conta com um total de cerca de 3,5 milhões de habitantes, com maior concentração populacional no Planalto da Angónia e cidade de Tete. A população é essencialmente rural e dedica-se a agricultura familiar de subsistência. A economia do Vale do Zambeze é marcada pela presença da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, responsável por grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) proveniente da Província de Tete. Na Província da Zambézia a maior contribuição provêm do sector agrícola, sendo de destacar a presença da Companhia do Sena. O desenvolvimento de novos megaprojectos de exploração de carvão mineral na Província de Tete, para além de outros projectos em perspectiva poderão alterar a situação, dependente do cenário de desenvolvimento a adoptar para esta região. 3. PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO O diagnóstico ambiental, social e económico realizado identificou como sectores económicos fundamentais do Vale do Zambeze: a Agricultura, Pecuária, Floresta, Pesca, Mineração, Energia, Indústria Transformadora, Turismo e Transportes. De seguida apresentam-se as potencialidades de desenvolvimento de cada um destes sectores no Vale do Zambeze. 3.1. Agricultura Pelas suas diferentes características morfológicas, hidrológicas e edafoclimáticas, identificaram-se as seguintes cinco zonas com potencial agrícola: • Planaltos de Angónia e de Marávia (1) – que integram os distritos de Zumbo, Marávia, Chifunde, Macanga, Angónia e Tsangano, destacam-se pelos seus solos da moderada a elevada fertilidade (Ferralsols, Lixisols, Luvisols) e clima de húmido e super-húmido, assim com as extensas superfícies aplanadas, proporcionando boas condições para a prática de agricultura de sequeiro e, eventualmente, com rega suplementar de pequena e média dimensão. A região assume particular interesse para culturas básicas alimentares, como sejam os cereais, leguminosas, oleaginosas, raízes, tubérculos e diversas fruteiras. • Planícies a Sul da Albufeira de Cahora Bassa (2) – que integram parte dos distritos de Magoé, Cahora Bassa e Charanga, destacam-se pelos solos de elevada fertilidade (Luvisols e Phaeozems) e planura do terreno. O clima é, no entanto, do tipo semi-árido, com pluviometria média da ordem dos 500 mm. Embora com algumas limitações, a região é propícia para a agricultura irrigada de pequena a grande dimensão (através da exploração dos aquíferos existentes e de captações directas da albufeira de Cahora Bassa) e para as pastagens melhoradas de sequeiro. Desta forma, para além das forrageiras, a região tem potencial para culturas básicas e de rendimento de regadio. • Barros de Moatize (3) – integrado nos distritos de Moatize e Chiuta, destaca-se a elevada fertilidade e capacidade utilizável dos seus solos (Vertisols), assim como um clima que varia de semiárido a subhúmido, à medida que a mancha se desenvolve para norte. A zona apresenta assim potencial para agricultura de sequeiro e agricultura de regadio de pequena a grande dimensão (com recurso a aquíferos localizados, pequenas e grandes barragens (como é o exemplo do proposto perímetro RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 5 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES irrigado de Condedzi-Revuboé). Em termos culturais, a região é propícia para culturas básicas e de rendimento de regadio, incluindo o tabaco. • Planícies Aluvionares do Zambeze e Chire (4) – composto pelo troço do vale do rio Zambeze, entre garganta de Lupata e o delta, assim como o troço moçambicano das planícies aluvionares do rio Chire e afluentes, integram porções consideráveis dos distritos de Mutarara Morrumbala, Mopeia, Chinde, Marromeu, Caia, Chemba e Tambara. Esta vasta região destaca-se pela fertilidade dos seus solos (Fluvisols e Vertisols), suavidade dos declives, uniformidade climática e disponibilidade de recurso hídricos, propiciando boas condições para a prática de agricultura básica, de rendimento e agro-industriais de sequeiro e regadio de pequenas a grandes dimensões (através de captações directas dos rios Zambeze e Chire, pequenos e grandes barragens e aquíferos localizados). A zona, para além das culturas básicas alimentares, apresenta elevado potencial para a prática de agricultura em grande escala com fins agro-industriais, destacando-se a cana sacarina, o arroz, caju e coco, estas duas últimas na faixa litorânea do delta do Zambeze. • Margem Direita do Baixo Zambeze (5) – desenvolvendo-se ao longo dos distritos de Tambara, Chemba e Caia, destaca-se pela fertilidade dos seus solos (Luvisols e Fluvisols) e uniformidade do relevo. O clima é, no entanto, de árido a semiárido e apresenta pluviometrias médias entre 500 mm e os 700 mm. Embora com limitações, a região é propícia para a agricultura irrigada de pequena a grande dimensão (através da exploração dos aquíferos localizados existentes, pequenas barragens e de captações directas a da eventual albufeira de Chemba). A zona é propícia para culturas básicas e de rendimento de regadio, destacando-se o milho, mapira, cana sacarina e o gergelim. Estudos e projectos realizados anteriormente já identificaram a possibilidade de construção de grandes regadios no rio Zambeze e afluentes, abrangendo uma área total de 660 mil hectares distribuídos conforme apresentado em figura e tabela seguintes. A análise das características de solos, relevo, clima e acesso à água permitiu identificar áreas adicionais com potencial para expansão de regadio. O Zonamento Agrário de Moçambique identifica por outro lado terras classificadas como disponíveis. O simples cruzamento destas com as zonas com potencial agrícola, permite confirmar o potencial para a instalação de grandes projectos de investimento no território, sendo de destacar: os Planaltos de Angónia e de Marávia (distritos de Chifunde, Marávia e Zumbo), o agrupamento de perímetros irrigado de Mavuzi, nomeadamente o bloco 21 (distrito de Chiuta), a área de expansão de regadio de Lupata (distrito de Moatize) as Planícies Aluvionares dos rios Zambeze e Chire (distritos de Maturara, Morrumbala, Mopeia Chinde, Marromeu, Caia, Chemba e Tambara) e a Margem Direita do Rio Zambeze (distritos de Tambara, Chemba e Caia). RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 6 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Figura 2 – Perspectivas de Desenvolvimento – Agricultura 3.2. Pecuária O Vale do Zambeze tem uma forte tradição no campo da pecuária, e tem sido beneficiado ao longo dos últimos anos de um forte investimento ao nível da recuperação dos efectivos, por parte do Estado. De facto, há uma boa margem de progressão no apuramento e melhoramento das raças autóctones e eventual cruzamento com raças mais produtivas tendo em vista, a criação de uma base de crescimento sustentável na produção anual de carne, leite e ovos: paralelamente vem-se assistindo em toda a região centro, um conjunto de projectos de integração vertical com sucesso que importa replicar e evoluir. • Do ponto de vista da potencialidade do Vale do Zambeze no subsector importa, prespectivam-se as seguintes oportunidades: Incremento da produção de carne, para o mercado nacional; sobretudo bovinos, caprinos e frangos de corte), através do corredor Tete-Manica a partir do estabelecimento de explorações de pequena/média dimensão nos Planaltos de Angónia e de Marávia. Reforço da presença de unidades dedicadas à produção avícola (reprodutoras, ovos e frangos de corte) e explorações de gado bovino (vocação leiteira e carne); • Nas Planícies a Sul da Albufeira de Cahora Bassa devem ser criadas condições favoráveis para a integração cada vez maior da pecuária de cariz familiar uma forma integrada e sustentável, mais numa perspectiva comercial, sobretudo no que diz respeito á criação em regime extensivo de gado carpino e bovino. • Toda a região englobando os Barros de Moatize e as Planícies Aluvionares do Zambeze e Chire, tendo acesso a água apresenta condições favoráveis para a instalação de explorações de média a grande dimensão vocacionadas para gado bovino (quer em regime extensivo, quer em regime intensivo, estas últimas alicerçadas em projectos de irrigação já com alguma dimensão). RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 7 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES • Por fim, a Margem Direita do Baixo Zambeze, apresenta as condições óptimas para o estabelecimento de uma pecuária diversificada (mercê do clima mais ameno, disponibilidade de água e orografia), alicerçada em explorações de média a grande dimensão, com vocação quer para a produção de bovinos de carne e leite, para a avicultura (eventual integração de micro e pequenos avicultores na cadeia de produção de aves para abate) e suinicultura, tendo presente o aproveitamento as ligações do eixo rodoviário da EN1, e as ligações que se perspectivam com a zona norte do Vale do Zambeze e a região do Delta do Zambeze. A visão de futuro do ponto de vista do subsector deve ainda ser alicerçado nas seguintes funções chave em de papel do Estado: • Reforço substantivo dos meios ao dispor do sistema de vigilância, prevenção e controlo de doenças animais; • Regulação do equilíbrio entre a procura e a oferta de serviços públicos, permitindo a todos os seus actores maximizar a contribuição da pecuária para a diversificação dos meios de vida da população rural e para o desenvolvimento de agronegócios, conduzindo á redução da pobreza e ao crescimento económico nacional; • Criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento da pecuária familiar e comercial de uma forma integrada e sustentável, através da remoção dos principais problemas que afectam os pequenos criadores nos vários segmentos da cadeia de produção, comercialização e processamento industrial dos produtos pecuários; • Agilizar os processos de desenvolvimento para a instalação de investimentos com uma matriz mais empresarial, nomeadamente a obtenção dos DUAT e licenças ambientais desde que cumpridos os requisitos fixados na legislação. A prossecução dos programas definidos no PEDSA garantem, à partida, as bases indispensáveis para o florescimento de uma nova pecuária e para um novo patamar em termos de desenvolvimento produtivo de todo o Vale do Zambeze. 3.3. Floresta A aposta em termos de desenvolvimento futuro na área silvícola vai abranger várias tipologias de floresta, tal como considerado a nível da Estratégia de Reflorestação, a saber: áreas de florestas industriais, energéticas, conservação e protecção ambiental e plantações comunitárias. Para espacializar a abordagem, as áreas de floresta de índole mais industrial deverão ser concentradas na área com maior vocação e aptidão silvícola - distritos de Morrumbala e Mopeia – a área com maior incidência em termos de concessões florestais e licenças simples em todo o Vale do Zambeze. Nas actuais áreas de concessões florestais existentes ao nível dos diferentes distritos, e nas zonas sem aptidão agrícola e/ou com problemas de erosão nos distritos incluídos na grande zona dos Planaltos de Angónia e de Marávia, zonas norte dos distritos de Zumbo, Guro, Changara, Tete e no distrito de Caia deverão ser mantidas as concessões florestais dentro do horizonte do Plano. Nas zonas de terras disponíveis, por definição não se consideram como zonas aptas para a exploração florestal. O mesmo sucedendo com áreas em que a prospecção mineira efectuada ou em curso determinem que se trata de áreas apetecíveis para o início de exploração para efeitos de extracção de carvão, ferro, outros minérios ou hidrocarbonetos. Nas restantes área do Vale do Zambeze considera-se importante fomentar o aparecimento de florestas de índole comunitária ou para fins energéticos, preferencialmente ao longo dos principais eixos rodoviários (por norma a população tende a fixar-se numa estreita margem de 200-300 m desses eixos) e numa área em redor das principais aldeias e povoados na ordem dos 5 km. É necessário ter presente que, o que se pretende não é constituir manchas de floresta com essa finalidade a ocupar toda a área envolvente, mas antes constituírem-se zonas tampão na envolvência dos povoados com povoamentos mistos de árvores de crescimento rápido e floresta nativa, como forma de suporte para as próprias necessidades da população. É importante que esse RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 8 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES este reforço de investimento seja repartido entre as próprias comunidades ou outras entidades como ONG, fundos de desenvolvimento, o próprio Estado, ou outros. Outras áreas com eventual interesse na recuperação da floresta de conservação e floresta para fins energéticos será o eixo entre Tete e Caia, ao longo do rio Zambeze (ambas margens), zona muito sujeita a desflorestação nos últimos anos e que importa reflorestar. Nas áreas de savana aberta, ou floresta pouco densa e zonas de floresta e mata seca, importa preservar as espécies de madeira mais nobre. Algumas zonas entretanto já exploradas (em termos de corte selectivo), zonas com algum mosaico de matagal e arbustivo com pequenas manchas de floresta onde se pode observar árvores de alturas inferiores a 15 m, após a sua exploração florestal e caso não haja intenção de serem reflorestadas com floresta natural, podem ser convertidas para outros usos, nomeadamente a agricultura ou mesmo pastagem todavia, no caso de se tratar de zonas em risco de erosão, será sempre preferível optar-se pela instalação de floresta de conservação ou floresta para fins comunitários. Nas zonas consideradas como corredores importantes de fauna-bravia sobretudo Planícies a Sul da Albufeira de Cahora Bassa, ou em áreas de conservação da natureza (Parques naturais, Coutadas Oficiais, áreas de caça, zonas atravessadas por corredores de fauna) deve ser dada primazia à floresta de conservação. Não obstante devem ser criadas manchas com floresta de conservação e energética para atender às necessidades da população residente. Por fim, na região do Delta do Zambeze, de ser dado grande enfoque ao papel da floresta de mangal como bioma de grande importânacia, não só pelo pau papel na protecção costeira e ribeirinha, mas também como suporte biológico de uma comunidade de fauna e flora com importância fundamental no desenvolvimento multissectorial da região. Tal como sucedede com so os restantes sectores cabe ao Estado a tarefa de fazer cumprir a lesgislação e coordenar de forma efectivas todas as operações de monitoramento da actividade florestal ,quer ao nível comercial, quer ao nível da utilização sustentável por parte das populações (controlo das queimadas descontroladas, controlo do comércio do carvão vegetal, cortes ilegais, caça furtiva, etc.). RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 9 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Figura 3 – Perspectivas de Desenvolvimento – Floresta 3.4. Pesca Constituindo uma das áreas prioritárias de investimento público, prevista na Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035), o crescimento da actividade pesqueira e aquícola pode gerar inquestionáveis contributos para a segurança alimentar e nutricional da população, para a empregabilidade no sector e para a captação de divisas. Particularizando as áreas de investimento público previsto no sector das Pescas, destacam-se: • a reabilitação de infra-estruturas portuárias; • a criação de infra-estruturas de produção, armazenamento, transporte e comercialização; • o desenvolvimento da aquacultura. Para a actividade pesqueira no Vale do Zambeze, identificam-se as seguintes perspectivas de desenvolvimento: • nas albufeiras das futuras hidroeléctricas de Mpanda Nkuwa (com uma área inundável da ordem dos 96 Km2, que abrangerá parcialmente os distritos de Changara, Chiúta e Cahora Bassa), Boroma (com uma área inundável da ordem dos 29 Km2, que abrangerá parcialmente os distritos de Moatize, Changara e Chiúta), Lupata (com uma área inundável da ordem dos 335 Km2, que abrangerá parcialmente os distritos de Changara, Moatize, Guro, Tambara e Mutarara) e Chemba (cuja área inundável abrangerá os distritos de Chemba e Mutarara), sendo que as 3 primeiras já têm contrato de concessão aprovado e publicado em Boletim da República, a sua construção promoverá, à semelhança do que aconteceu com a Albufeira de Cahora Bassa, o incremento da pesca semi-industrial, desportiva, artesanal e da aquacultura; RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 10 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES • ao longo do Rio Zambeze, nos distritos que lhe são confinantes, designadamente Mutarara, Zumbo, Magoe, Marávia, Cahora Bassa, Cidade de Tete, Cangara, Chiuta, Moatize, Guro, Tambara, Mopeia, Morrumbala, Chemba, Caia, Marromeu e Chinde, a pesca artesanal será potenciada, graças à existência de novas infra-estruturas de produção, armazenamento, transporte e comercialização; • o Vale do Zambeze constitui uma área de grande potencial para prática da Aquacultura, quer em água doce, quer em água salgada: − destacam-se como distritos prioritários para o desenvolvimento da Aquacultura em água doce Macanga, Angónia, Tsangano e Moatize. No que diz respeito ao distrito de Mopeia, está prevista a construção de uma unidade de produção de alevinos e ração, bem como a construção de tanques de piscicultura e no de Morrumbala, prevê-se a criação dum Aquaparque;. − − Quanto à Aquacultura marinha, no distrito de Caia está previsto um investimento futuro neste subsector; Tendo em conta as Áreas identificadas com potencial para regadio, e constituindo estas áreas previligiadas para a prática da Aquacultura, destacam-se os distritos de Chiuta, Changara, Tambara, Mutarara, Marromeu e Chinde com potencial futuro para a actividade. Figura 4 – Perspectivas de Desenvolvimento – Pescas 3.5. Mineração As perspectivas de desenvolvimento do sector mineração são favoráveis, prevendo-se um crescimento substancial num futuro próximo, muito dependente da evolução da conjuntura económica mundial e, em particular, da capacidade de implementar as projectadas infra-estruturas de energia, transporte e portuárias. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 11 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Partindo da análise do cenário actual, construído com base na informação fornecida pelo MIREM e que contempla as concessões mineiras em fase de produção, assim como outros projectos em fase de negociação, prospecção e pesquisa, o estabelecimento das perspectivas de desenvolvimento do sector tiveram ainda em conta as licenças já atribuídas e as licenças requeridas e em fase de apreciação, para a totalidade da área de intervenção. Numa análise mais atenta, baseada na frequência das diferentes matérias-primas presentes nas licenças, destacam-se para além de um claro interesse no carvão, algum enfoque também no ouro e minerais associados, cobre, chumbo, titânio, zinco, metais básicos, calcário, areias pesadas, minerais industriais, terras raras, platina, diamante, granadas, turmalina e água-marinha. Evidenciam-se seguidamente os distritos com licenças para exploração/prospecção de minério atribuídas, requeridas e em apreciação, conforme informação fornecida pelo MIREM: • os distritos de Moatize, Cahora Bassa, Cidade de Tete, Mágoè, Mutarara e Morrumbala onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de carvão; • os distritos de Changara, Cidade de Tete, Moatize e Morrumbala onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de recursos minerais destinados à construção civil; • os distritos de Guro, Tambara, Chemba, Caia, Chiúta, Tsangano, Angónia, Macanga, Chifunde, Marávia e Zumbo onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de ouro; • os distritos de Mopeia, Chemba, Tambara, Tsangano, Angónia, Zumbo e Mágoè onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção para outros recursos minerais; • o distrito de Chinde onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de extracção de areias pesadas; • o distrito de Changara onde estão atribuídas as licenças de exploração / prospecção de extracção de cobre. Face à informação disponível, torna-se difícil ter uma noção clara e inequívoca do futuro mineiro do Vale do Zambeze no que se refere ao número, objecto, dimensão e localização de novos empreendimentos, e ao seu potencial contributo para a economia local e nacional. No que se refere aos projectos de carvão, em fase de exploração, os recursos existentes e os ritmos de exploração, actuais e projectados, deixam antever um horizonte da actividade de longo prazo. Esta perspectiva é de resto consistente com os investimentos programados ao nível das infra-estruturas ferroviárias e portuárias, e ainda de centrais térmicas. Refira-se ainda que os recursos minerais existentes deixam em aberto a possibilidade de satisfazer maiores volumes de produção (dependendo obviamente da verificação dos outros factores, nomeadamente os de mercado, que condicionam a viabilidade um projecto mineiro) e a já referida necessidade de reforçar as infra-estruturas. Os “projectos de média escala” poderão ser aqueles com maior margem de progressão no sector mineiro de Moçambique. De facto, se excluirmos as commodities com baixa relação peso/valor (carvão, minério de ferro, etc.) em que a escala da produção é determinante para a competitividade do projecto, é de considerar que boa parte dos restantes projectos mineiros possam evoluir, pelo menos numa fase inicial, com investimentos e meios bem mais modestos do que aqueles que são referidos para os mega-projectos. Esta é uma tendência que se vem verificando a nível mundial, com empresas júnior a investir nas fases iniciais dos projectos mineiros, tentando torná-los apelativos para a aquisição pelos grandes players globais que os levarão à plena maturidade. Foram referenciadas, como se viu anteriormente, múltiplas ocorrências de minerais industriais, o que se verifica é que a sua utilização para a produção de materiais de construção básicos e de commodities industriais, tem sido bastante limitada. A este nível, refiram-se os recursos minerais que alimentam os sectores da construção civil e obras públicas, e as indústrias de suporte (areias, agregados, cimentos, cerâmica estrutural e de revestimento, etc.) que poderão vir a beneficiar do momento em que se encontra a economia de Moçambique. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 12 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Quanto aos projectos de pequena escala ou artesanais, dadas as suas características, não é fácil determinar a sua real expressão, actual e futura, na área de intervenção. Figura 5 – Cenário Actual e Perspectivas de Desenvolvimento – Mineração 3.6. Energia Tendo em consideração todo o potencial de produção de energia do Vale do Zambeze, as actuais e futuras necessidades energéticas de Moçambique e dos países da região, bem como o quadro legal e estratégico do sector que promove o desenvolvimento de projectos de produção de energia, quer seja pelo sector público, privado ou em parceria público privado, há lugar para o desenvolvimento de um pólo de produção energética no Vale do Zambeze. Assim, as perspectivas de desenvolvimento do sector passam pela concretização dos grandes projectos hidroeléctricos do rio Zambeze (Cahora Bassa Norte, Mphanda Nkuwa, Boroma, Lupata e Chemba), dos rios Luia, Capoche e Revubuè, bem como, pela utilização dos subprodutos da mineração do carvão mineral, para a sua conversão em energia, quer por via da liquefacção, quer por via da queima em centrais termoeléctricas, conforme já previsto. A implementação de projectos hidroeléctricos de menor dimensão (mini-hídricas), nos locais com potencial identificado, deverão ser utilizados para alimentar a rede nacional (conforme definido no recente regulamento Regime Tarifário para Energias Novas e Renováveis) ou para fornecer energia eléctrica a assentamentos populacionais ou actividades económicas que estejam distantes da rede nacional de energia, designadamente nos distritos de Zumbo, Marávia, Chifunde, Angónia, Tsangano. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 13 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Figura 6 – Perspectivas de Desenvolvimento – Energia A energia solar poderá complementar o abastecimento de energia, designadamente nas unidades turísticas localizadas em áreas remotas (como preconizado na Estratégia de Energia). O potencial de plantação de cana-de-açúcar e mapira doce, nas baixas aluviais dos distritos de Mutarara, Tambara, Chemba, Caia, Morrumbala, Mopeia Marromeu e Chinde, deve ser aproveitado para a produção de biocombustível (etanol), contribuindo para a diversificação da matriz energética do país. Ao nível do transporte de energia eléctrica terá maior destaque a implementação total do sistema de transmissão STE, que irá possibilitar a exportação da energia gerada no Vale do Zambeze, para a rede dos países da SADC (Southern Africa Development Community), para o designado Southern Africa Power Pool - SAPP. A hidroelectricidade produzida no Vale do Zambeze poderá contribuir para a diversificação da matriz energética dos países vizinhos, actualmente baseada no carvão. Deverá ainda ser promovida a ligação do bloco da SADC (Southern Africa Development Community) com o bloco da EAC (East Africa Community), o que aumentaria a possibilidade de exportação da energia gerada no Vale do Zambeze, para além de permitir uma gestão mais eficiente e uma maior diversificação da matriz energética. 3.7. Indústria O desenvolvimento da actividade industrial, sobretudo nas regiões interiores e de acesso mais difícil, está normalmente dependente da disponibilidade de matéria-prima local, da qual o Vale do Zambeze não é excepção. Neste sentido, e mais concretamente para a nossa área de estudo, o potencial da indústria transformadora estará obrigatoriamente dependente do desenvolvimento da RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 14 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES actividade produtiva de cada uma das actividades que integram o sector primário. Comportamento este já observado para a situação actual. É então no interior destas áreas de maior potencial produtivo que a indústria transformadora tenderá a se desenvolver, sendo de destacar: • A indústria de transformação de produtos florestais, nos planaltos de Angónia e Marávia, e as vertentes de Morrumbala e Mopeia; • A indústria de transformação de produtos agro-pecuários, nos planaltos de Angónia e Marávia, nas planícies a Sul da albufeira de Cahora Bassa, nos barros de Moatize, nas planícies aluvionares do Zambeze e Chire e na margem direita do Baixo Zambeze; • A indústria de transformação de produtos pesqueiros, ao longo de todo o vale do rio Zambeze e principais afluentes, resultante da pesca artesanal e semi-artesanal, e nos distritos de Macanga, Angónia, Tsangano, Moatize, Morrumbala e Mopeia, resultante da aquacultura; • A indústria de transformação de produtos minerais, nomeadamente as indústrias de transformação do carvão mineral (como as unidade produção de combustíveis sintéticos previstas para Moatize (A) e Cahora Bassa (B)), de ferro (a siderurgia prevista para o distrito de Chiuta (C)) e de rocha calcária (para cimento no distrito de Changara (D)). Embora fora da área de estudo, a recentemente criada Zona Económica Especial de Mocuba, direccionada sobretudo para os têxteis, poderá estimular alguma actividade industrial nos distritos mais próximos (nomeadamente em Morrumbala e Mopeia), em resultado do fenómeno de clusterização. Figura 7 - Perspectivas de Desenvolvimento – Pesca RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 15 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 3.8. Turismo O potencial turístico da região advém da existência de zonas de grande biodiverdidade (incluindo áreas de conservação da natureza), existência de corpos de água (com destaque para a albufeira de Cahora Bassa e o próprio rio Zambeze) e um rico património histórico e cultural. Entre as áreas de conservação é de destacar o Delta do Zambeze, classificado como Área RAMSAR, o Parque Nacional de Mágoè, a Reserva Especial de Búfalo de Marromeu e diversas coutadas, para além de três zonas classificadas como importantes para a avifauna (IBA) Tendo em consideração o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (2004-2013), a Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2015-2035 (END), assim como os Planos Estratégicos de Desenvolvimento definidos para cada uma das províncias abrangidas pela área de estudo. As perspectivas de desenvolvimento do sector do turismo na região do Vale do Zambeze passam pelo desenvolvimento de turismo associado a conservação da natureza, safaris, pesca recreativa, desportos náuticos e de aventura e turismo cultural. 1) Reabilitação e divulgação do património Histórico-Cultural, assim como do património arqueológico e geológico existente ao longo da área de estudo; 2) Melhoria das infra-estruturas existentes, e construção de novas infra-estruturas (hotelaria, restauração, vias de acesso, redes de telecomunicações, etc.), através do impulso ao investimento do sector privado; 3) Promoção da presença de operadores turísticos para garantir a sua ligação com as novas vertentes e dinâmicas de turismo, bem como a modernização da actividade turística; 4) Formação e capacitação de técnicos e profissionais na área do turismo e da fiscalização das actividades turísticas. Figura 8 – Perspectivas de Desenvolvimento – Turismo RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 16 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 3.9. Transportes O grande motor da transformação do Vale do Zambeze a curto prazo será a exploração e exportação do enorme volume de carvão descoberto na região de Tete, sendo necessário dotar o país de infra-estruturas de transporte e logística que permitam absorver o fluxo de tráfego que será inevitavelmente gerado pela indústria extractiva. Através das infra-estruturas a beneficiar/construir, a componente da cadeia logística associada ao transporte deverá conseguir diminuir os custos de forma a tornar competitivos os preços de venda do carvão. Será uma oportunidade para a construção um sistema de transportes multimodal, permitindo a criação de novas oportunidades de negócio ao nível de actividades industriais e de baixo rendimento, que deverão estar associadas aos eixos de transporte estabelecidos. Com este ganho de acessibilidade pretende-se dinamizar o empreendedorismo e aumentar as oportunidades de emprego, contribuíndo, desta forma, para melhorar a qualidade de vida do povo moçambicano. Para responder a estas solicitações, para além da linha entre Moatize-Nacala (via Malawi) que será inaugurada em 2015, encontrase previsto no Plano Integrado de Investimento (2014-2017) diversas linhas ferroviárias, ligando a região de Tete e Moatize aos portos marítimos do Oceano Índico: 1) Linha Férrea Moatize - Macuse 2) Linha Férrea Nhamayábuè – Mutuali 3) Linha Férrea Chiúta - Nacala (via Moçambique) Figura 9 – Perspectivas de Desenvolvimento – Transportes Associados a estes eixos ferroviários existem oportunidades únicas de potenciar a acessibilidade ao restante território através de ligações transversais e complementares, das quais a linha Nhamayábuè – Mutali é um exemplo. A construção de portos de águas RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 17 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES profundas (Nacala e Macuse), com terminais dedicados ao carvão será fundamental para evitar constrangimentos nas cadeias logísticas de exportação. Os benefícios de acessibilidade estruturante que os referidos eixos ferro-portuários previstos no Plano de Investimento Integrado (2014-2017) deverão ser potenciados através de uma rede rodoviária complementar (com ligação das populações, centros de produção e empresas às estações ferroviárias). De facto é necessário assegurar as oportunidades que este incremento de mobilidade oferece para uma alavancagem efectiva da economia regional, permitindo um nível de acessibilidade sem precedentes às populações, bens e serviços da região. Assim, no que diz respeito ao modo rodoviário será muito importante a ligação de regiões com grande potencial florestal, agrícola e industrial à rede rodoviária primária e desta aos eixos ferroviários previstos. Resta referir que é patente uma descontinuidade na rede rodoviária uma vez que não existe ligação de uma estrada da rede primária entre Quelimane e Tete (capitais provinciais), situação irregular relativamente ao estipulado no Diploma Ministerial nº 103/2005 de 1 de Julho (Rede de Estradas Classificadas). Propõe-se a classificação para a rede primária da ligação rodoviária entre Caia e Moatize (margem esquerda do Rio Zambeze) permitindo uma conexão importante entre as duas pontes mais recentes sobre o Rio Zambeze e respectivos eixos rodoviários. No que diz respeito ao modo aéreo, os centros de actividade mais relevantes da região deverão estar preparados para o tráfego aéreo internacional, pelo que se deverá construir terminais aeroportuários em Tete e Nacala com características internacionais. Os referidos aeroportos deverão articular com uma rede de aeródromos secundários e campos de aviação por forma a promover pólos de desenvolvimento da região, nomeadamente ao nível de actividades industriais e de turismo. O transporte fluvial apresenta-se como um subsistema com pouca expressão ao nível de tráfego, sendo, no entanto, fundamental para economia local. A utilização da albufeira de Cahora Bassa para a ligação intra-distrital será a curto prazo uma importante aposta, tendo em atenção as dificuldades orográficas para implementação de uma rede de estradas eficaz, aumentando o nível de acessibilidade a um custo relativamente baixo a localidades isoladas e distantes dos centros de actividade económica. 4. CONFLITOS E SINERGIAS ENTRE SECTORES O cruzamento das perspectivas de desenvolvimento apresentadas através de uma matriz de consistência permite constatar a existência dos seguintes potenciais conflitos ou sinergias positivas entre sectores. 4.1. Sector Minas (Mineração) Destacam-se as sinergias positivas do Sector de Minas, com os seguintes sectores: • Sector de energia – Directamente relacionada com o aproveitamento do carvão térmico para a geração de energia eléctrica que irá alimentar a rede eléctrica nacional. Esta será uma forma de valorização do resíduo da exploração do carvão metalúrgico. Em contrapartida o sector de minas requer energia para o seu desenvolvimento. • Sector dos transportes – Grandes mineradoras, como aquelas que são actualmente responsáveis pela exploração de carvão, fomentam o desenvolvimento das infra-estruturas de transportes, principalmente no modo ferroviário, fluvial e marítimo, meios preferenciais para o escoamento de minério destinado à exportação. Tal é actualmente já patente com a participação directa das empresas mineradoras no desenvolvimento e construção de novas infra-estruturas, como é exemplo o Corredor Logístico de Nacala. A falta de meios de transporte constitui aliás constitui um dos principais constrangimentos para o desenvolvimento do sector mineração. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 18 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES • Indústria transformadora – Apesar de actualmente não haver uma sinergia claramente estabelecida entre o sector de minas e a indústria transformadora, perspectiva-se a o estabelecimento de interdependências com o desenvolvimento de uma unidade industrial de transformação do carvão, para produção de combustível sintético (possibilidade alternativa de utilização do carvão térmico), havendo outras potencialidades na cadeia de valor, a jusante e a montante da mineração. Adicionalmente o desenvolvimento do sector mineiro na Província de Tete tem vindo a promover uma dinâmica no comércio e serviços e infra-estruturas de turismo. Os principais conflitos surgem com: • Sector agrícola – pela ocupação de extensas áreas, que são profundamente alteradas no caso da mineração a céu aberto, afectando directamente a agricultura, pecuária de subsistência e floresta. • Sector do turismo – uma vez que a conservação da biodiversidade e a paisagem natural são factores de atracção do turismo, drasticamente perturbados com áreas de mineração a céu aberto ou pela exploração de hidrocarbonetos (nomeadamente em áreas de elevado valor ecológico como o Delta do Zambeze). 4.2. Sector de Energia As principais sinergias directas identificadas com as grandes unidades de geração de energia e os sistemas de transporte de energia eléctrica estão relacionadas com: • Indústria transformadora – Uma vez que as unidades de geração disponibilizam energia eléctrica que potencia o estabelecimento de indústrias transformadora de médio e grande porte, incluindo indústrias de com elevadas necessidades eléctricas. Por seu turno a perspectiva de implantação de grandes projectos industriais pode alavancar investimentos no sector de energia, quer seja para geração como para transporte de energia eléctrica. • Telecomunicações - Expansão potenciada pelo aumento das redes de transporte de energia, principalmente pela associação a linhas de fibra óptica Obviamente diversos outros sectores como a agricultura, pecuária, comércio e serviços, assim como as infra-estruturas e equipamentos sociais (abastecimento de água, saneamento, saúde e educação) beneficiam do desenvolvimento do sector de energia, que constituí na realidade um sector âncora. Neste caso as energias renováveis não integradas na rede energética nacional desempenham um importante papel para as comunidades e actividades económicas (como projectos turísticos ou agrícolas) localizadas em áreas remotas. As hidroeléctricas em particular, geram ainda outras sinergias relacionadas com a criação de um reservatório de água, desde que este possa ser utilizados para fins múltiplos, designadamente com: • Sector de Pescas - proporcionando o desenvolvimento de pesca semi-industrial e recreativa (tal com acontece em Cahora Bassa), para além da pesca artesanal e aquacultura; • Sector Agrícola – se associado a sistemas de irrigação; • Sector de Águas – ao contribuir para a resiliência à seca e contribuição na regularização d e pequenas cheias; • Sector de Transportes – ao possibilitar a criação de novas travessias rodoviárias nas barragens, que poderão ser integradas na rede rodoviária da região. Não foram identificadas situações que coloquem o sector de energia em termos gerais em claro conflito com outros sectores, contudo podem ocorrer as seguintes situações de conflitos com: • Sector de Minas – Nos casos em que há interesse na exploração de recursos minerais ocorrentes em áreas a serem inundadas pelos grandes projectos hidroeléctricos. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 19 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES • Sector de Transportes – Em relação com hidroeléctricas enquanto, constrangimento ao desenvolvimento de transporte fluvial ao longo do rio Zambeze, com repercussões principalmente para o sector mineiro, que já apresentou uma proposta concreta de utilização do rio como canal para o escoamento do carvão destinado a exportação. É de referir dentro do Sector de Energia pode surgir um conflito entre o desenvolvimento de projectos termoeléctricos e hidroeléctricos, possuindo de custos de investimento diferentes bem como diferentes impactos socioeconómicos ou ambientais. 4.3. Sector Agrícola (Agricultura, Pecuária e Floresta) De seguida analisam-se as influências/implicações da agricultura/pecuária empresarial ou de grande escala e a agricultura de regadio, bem como possíveis projectos a desenvolver na área silvícola, especificamente em termos de florestas com fins industriais ou energéticas, conservação e protecção ambiental e plantações comunitárias. Principais sinergias identificadas com a agricultura e pecuária: • Sector da Indústria transformadora – Possibilidade de desenvolvimento de agro-indústria, como são actualmente exemplo a Mozambique Leaf Tobacco (cidade de Tete) e a Companhia de Sena (distrito de Marromeu), que processam tabaco e canade-açúcar, respectivamente, bem como a possibilidade de desenvolvimento de indústrias de transformação da madeira. • Sector de Pesca - Sinergia especificamente relacionada com agricultura por irrigação, que proporciona o desenvolvimento de aquacultura em reservatórios, tanques ou valas do sistema de irrigação. No distrito de Chiúta foi desenvolvida uma experiência piloto, estando já identificadas pelo Instituto de Investigação Pesqueira potencialidades para aquacultura em áreas rurais do vale do Zambeze. • Sector de Transportes - O desenvolvimento da agricultura/pecuária empresarial ou de grande escala e a agricultura de regadio está em grande parte condicionado pela existência de uma rede de transporte que proporcione o escoamento da produção e a distribuição de insumos. Grandes projectos podem potenciar o desenvolvimento de infra estruturas rodoviárias e ferroviárias, tal como sucedeu com a Companhia do Sena. • Sector de Águas – No que se refere à gestão de recursos hídricos, no planeamento e regulação do uso da água, aviso de cheias, implantação de infra-estruturas hidráulicas para minimização e controle de cheias (através de reservatórios e diques), quer para adaptação a eventos de secas, em ambos os casos contribuindo para a adaptação às mudanças climáticas e aos seus impactos na agricultura e pecuária. • Sector de Energia – Especificamente no tocante à geração por hidroeléctricas, ocorrem sinergias quando considerando que as respectivas albufeiras podem criar condições para o uso para irrigação. Principais conflitos: • Sector de Minas – quando a mineração a céu aberto ocupa áreas de elevado potencial agrícola, o que ocorre nomeadamente nos solos Vertosols, associados à ocorrência de carvão mineral nos distritos de Moatize e Cahora Bassa; • Sector de Energia – quando grandes hidroeléctricas inundam solos de elevada aptidão agrícola, como no caso dos solos aluvionares e Fluviosols e Vertisols, ocorrentes ao longo da planície aluvionar do rio Zambeze, no distrito de Morrumbala, para onde está proposta a hidroeléctrica de Chemba. Ainda neste sector é de fazer referência à floresta, que ocupa actualmente grande parte do território do Vale do Zambeze e que constitui uma fonte de recursos para comunidades rurais, embora geralmente utilizada de forma não sustentável. Tal está a levar a uma desflorestação acentuada e descontrolada, com graves consequências ambientais em resultado da perda de biodiversidade, degradação dos solos, redução da capacidade de recarga de aquíferos e emissões de gases com efeito de estufa. A floresta de produção enquanto actividade económica tem apenas relevo no distrito de Morrumbala e Mopeia, apesar das directrizes de RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 20 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES reflorestação. O desenvolvimento de floresta de produção pode criar sinergias com o desenvolvimento do sector de transportes e da indústria transformadora. 4.4. Sector de Pescas Inclui a pesca de subsistência, de grande relevância para as populações ribeirinhas e da orla costeira, bem como a pesca semiindustrial (com destaque para a desenvolvida na albufeira de Cahora Bassa, na pesca da kapenta), pesca industrial praticada no Banco de Sofala e pesca recreativa, praticada essencialmente na albufeira de Cahora Basa. Dentro do sector das pescas ocorrem conflitos entre a pesca artesanal e a pesca recreativa na albufeira de Cahora Bassa. Principais sinergias com: • Sector da Indústria transformadora – Pode ser potenciada com a dinamização do sector de pescas, principalmente no caso da pesca industrial, requer contudo o desenvolvimento de infra-estruturas de transporte, nomeadamente no modo rodoviário; • Sector do turismo – No caso da pesca recreativa, que constitui um pólo de atracção para o desenvolvimento do sector, tal como vem acontecendo em Cahora Bassa. Principal conflito com: • Sector de Transportes – No caso do transporte fluvial poderão ocorrer conflitos ao longo do rio ou em albufeiras, requerendo medidas de gestão adequadas. 4.5. Sector de Transportes Conforme descrito anteriormente o sector dos transportes é vital para a dinamização de diversos sectores, com destaque para aqueles que têm maiores necessidades de escoamento, como o sector de minas, o sector agrícola e o sector de indústria e comércio (essencialmente para a indústria transformadora de médio e grande dimensão), com as quais estabelece uma sinergia positiva. A exemplo disto já foi referida a dinâmica de desenvolvimento de projectos ferroviários e portuários promovida por investidores do sector mineiro (como é exemplo o Corredor Logístico de Nacala, associado ao Projecto Moatize da Vale Moçambique). 4.6. Sector de Turismo O desenvolvimento do turismo tem uma elevada sinergia com a conservação da biodiversidade, contribuindo positivamente para a preservação da biodiversidade e do património cultural. Em termos socioeconómico pode ser responsável pela criação de uma significativa cadeia de valor, com a criação de postos de trabalho e dinamização da economia local (principalmente ao nível do comércio e prestação de serviços). É ainda de referir a possibilidade de aumento da contribuição para o produto interno bruto. O aumento da acessibilidade pelo desenvolvimento do sector de transportes constitui uma sinergia positiva com o sector do turismo, uma vez que a difícil acessibilidade é na realidade muitas vezes um constrangimento para o desenvolvimento do sector. Conforme já referido pode haver um conflito com a mineração uma vez que a conservação da biodiversidade e a paisagem natura, factores de atracção do turismo, são drasticamente perturbados com áreas de mineração a céu aberto ou pela exploração de hidrocarbonetos (nomeadamente em áreas de elevado valor ecológico como o Delta do Zambeze). RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 21 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 4.7. Sector da Indústria – Indústria Transformadora Conforme já referido existe potencial para o desenvolvimento deste sector, sendo de destacar como principais sinergias positivas com: • Sector de Energia – Sector âncora que potencia o desenvolvimento industrial. Grandes projectos industriais poderão por seu lado justificar o desenvolvimento de novos projectos de geração de energia. • Sector de Transportes – Tal como o sector de energia pode potenciar o desenvolvimento industrial ou ser justificado pelo desenvolvimento de grandes projectos industriais. São ainda de destacar as interdependências com os seguintes sectores: • Sector Agrícola – Pelo potencial de desenvolvimento de unidades agro-industriais, associadas ao desenvolvimento da agricultura e pecuária. • Sector de Pescas – Pelo potencial de desenvolvimento de unidades de processamento de pescado da pesca industria, semiindustrial ou de aquacultura de águas interiores ou marinhas. • Sector de Minas – dada a possibilidade de processamento de recursos minerais ou mesmo de desenvolvimento de uma cadeia de valor a montante A indústria transformadora em termos socioeconómicos pode vir a contribuir significativamente para o PIB e para as exportações e a criar um número significativo de postos de trabalho, criando benefícios para a população do Vale do Zambeze. 5. PROPOSTA DE VISÃO FUTURA A definição de cenários de desenvolvimento multissectoriais pressupõe a definição de uma Visão Futura (a 30 anos) para o desenvolvimento do Vale do Zambeze. Esta Visão Futura será objecto de discussão no processo de participação pública. Esta definição compreendeu a visão proposta pelos especialistas sectoriais da equipa, apresentada na tabela seguinte: SECTOR/Temas 1. 2. VISÃO A 30 ANOS SAÚDE 1.1. Saúde Assegurar, progressivamente, a cobertura universal de saúde por forma a contribuir para que todos os Moçambicanos, em especial os grupos mais vulneráveis, possam desfrutar da melhor saúde possível, a um custo comportável contribuindo, assim, para o combate à pobreza e para a promoção do desenvolvimento nacional. 1.2. Educação Pleno acesso ao ensino primário e acesso generalizado ao ensino secundário para ambos os géneros, assim como um ensino técnico-profissional que responda às necessidades e mão-de-obra especializada e qualificada. ACTIVIDADE ECONÓMICA 2.1. Agricultura Sector agrícola produtivo, sustentável e equilibrado, que integre e sustente toda a sociedade rural e garanta a segurança alimentar. 2.2. Florestas Os processos de desenvolvimento socioeconómico do Vale do Zambeze e que impliquem o uso da terra e de outros recursos naturais deverão ser socialmente justos, ambientalmente sãos (recurso a florestas plantadas com alívio da pressão sobre a floresta nativa), economicamente viáveis (implica forte componente de formação técnica junto das comunidades e I&D) e institucionalmente responsáveis de modo a garantir a sustentabilidade e partilha justa e equitativa de benefícios entre os investidores, os governos nacional, provincial e as comunidades locais. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 22 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES SECTOR/Temas 3. VISÃO A 30 ANOS 2.3. Pecuária Necessidade de ultrapassar os constrangimentos actuais com uma firme aposta no desenvolvimento (mecanização, automação e tecnologias de precisão e maneio animal; a incorporação de inteligência analítica) e formação e transferência de conhecimento junto das comunidades locais, tendo em vista a transição acelerada de uma pecuária de auto-subsistência para uma pecuária mais vocacionada para o mercado; Maior integração entre a produção pecuária e a agro-indústria e como factor de competitividade do sector. 2.4. Pescas Promover o aumento da produção e da produtividade, apoiando a pesca artesanal e a aquacultura na implementação de pacotes tecnológicos de pesca, manuseamento, processamento e conservação do pescado, aumentando a capacidade de comercialização, tendo em vista a melhoria do nível de vida das comunidades, garantindo a exploração sustentável dos recursos pesqueiros. 2.5. Turismo Desenvolvimento do sector do turismo, em todas as suas vertentes, assente num desenvolvimento sustentável, e tendo em especial consideração a conservação da biodiversidade e a preservação do património Histórico-Cultural, contribuindo assim para o desenvolvimento socioeconómico, e cultural do país, e de modo a posicionar o país como referência turística ao nível do continente africano. 2.6. Recursos minerais Ser um sector líder na promoção do desenvolvimento económico, social e cultural do país através de uma gestão e exploração sustentável e transparente dos recursos minerais. 2.7. Indústria Sector ambientalmente responsável e sustentável, que integra as cadeias de valor da produção local e regional, nomeadamente na criação de valor acrescentado, geração de emprego e na dinamização da generalidade da actividade económica relacionada (através da formação de Clusters), tomando máximo partido do potencial produtivo local. SECTORES FUNDAMENTAIS 3.1. Água - Recursos hídricos Vale do Zambeze com uma gestão integrada e sustentada dos recursos hídricos baseada num planeamento que garanta a satisfação adequada das diversas utilizações da água, que contemple e acautele as situações extremas, que inclua o controlo da qualidade da água e que garanta a conservação dos ecossistemas fluviais e ribeirinhos. 3.2. Água – Abastecimento de água e saneamento Aumento da cobertura dos serviços de abastecimento de água e de saneamento de forma sustentável, com qualidade, segurança e continuidade, contribuindo para o incremento actividade económica, a requalificação ambiental e beneficiação da saúde pública da Região. 3.3. Energia Dotar o Vale do Zambeze de uma capacidade de acesso de qualidade à energia ao menor custo possível, através do reforço da rede de produção e do alargamento da rede de transporte e distribuição para todos os postos administrativos, localidades, povoações e zonas com potencial produtivo. Uma região onde se potencie o aproveitamento dos recursos endógenos, designadamente os recursos hídricos e o carvão mineral, para a produção de energia eléctrica. Uma região onde se incentive a pesquisa, o uso e a disseminação de energias novas e renováveis, estimulando o desenvolvimento de tecnologias para a produção e instalação da energia solar, eólica e outras. 3.4. Transportes Implementação de uma rede de transportes multi-modal capaz de servir adequadamente as linhas de desejo actuais e futuras ao nível de transporte de mercadorias (minérios, produtos agrícolas e florestais entre outros) e de passageiros (em transporte individual ou colectivo). A rede de transportes contribuirá ainda para a coesão económica e social, permitindo um desenvolvimento sustentado das indústrias ao longo dos eixos de grande acessibilidade e mobilidade. Desenvolver o modo ferroviário nos grandes corredores de desenvolvimento para incentivar a transferência das deslocações com mercadorias pesadas e de longa distância que actualmente se fazem em modo rodoviário, com problemas ambientais e ao nível da degradação dos pavimentos. Ligar os produtores agrícolas ao mercado através do aumento de acessibilidade aos caminhos-de-ferro e à rede rodoviária com transitabilidade permanente. Criação ou reformulação do sistema de portos marítimos e portos secos, fornecendo instrumentos logísticos adequados a uma eficiente distribuição e exportação dos recursos económicos. Dotar uma rede de transporte aéreo para deslocação rápida de pessoas para os centros de grande actividade económica e para as áreas turísticas. 3.5. Telecomunicações Fornecimento dos serviços de telecomunicação em todo o território nacional e o desenvolvimento da indústria das telecomunicações no seu todo, contribuindo para a redução da pobreza absoluta. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 23 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES SECTOR/Temas 4. VISÃO A 30 ANOS CALAMIDADES 4.1. Riscos ambientais Os riscos ambientais, de origem natural ou tecnológica, com incidência no Vale do Zambeze: ‒ são identificados e avaliados como parte integrante dos processos de decisão e de planeamento territorial e sectorial; ‒ são acautelados no estabelecimento de mecanismos de controlo e na definição e implementação de planos de resposta a emergências que envolvam as diferentes entidades de forma articulada; 4.2. Mudanças climáticas As comunidades, as actividades e as infraestruturas existentes no Vale do Zambeze tornam-se progressivamente mais resilientes às mudanças climáticas, de forma alinhada com a Estratégia Nacional de Mudanças Climáticas (ENMC); as análises de risco climático são um instrumento generalizadamente aplicado a projectos de investimento e a processos de planeamento e permitem suportar decisões e estabelecimento de acções de adaptação; o Vale do Zambeze contribui para o esforço nacional e global de mitigação das mudanças climáticas mediante a adopção de um modelo de desenvolvimento sustentável com benefícios ao nível das emissões de gases de efeito de estufa (GEE) mas também de eficiência geral de utilização dos recursos. 5. BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA 5.1. Biodiversidade e conservação da natureza 6. O Vale do Zambeze é explorado de forma sustentável onde a biodiversidade é fonte de riqueza para o crescimento da população numa perspectiva continua e de longo prazo. A biodiversidade do Vale do Zambeze é mantida e enriquecida e os ecossistemas são salubres e fundamentais para o combate às alterações climáticas. A conservação da natureza é feita de forma activa e integrada ao longo de todo o Zambeze pela promoção e criação de áreas de conservação e corredores de ligação entre as mesmas. ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO 6.1. Sistemas urbanos Sistema urbano diversificado e sinérgico, polarizado, baseado num conjunto de cidades médias, em boa distribuição espacial pelas várias zonas do território, alicerçadas numa cidade capital de Província. Níveis de serviços e equipamentos compatíveis para essa hierarquia, funcionando em rede integrada, assegurando qualidade de vida, atracção de investimento, inovação, e boa interligação com as actividades produtivas e recreativas do espaço envolvente. 6.2. Planeamento territorial Totalidade do território do Vale do Zambeze com instrumento de gestão territorial legalmente eficaz, de fácil compreensão por todos, acessível, implementável, monitorizado e revisto periodicamente. Esta visão dos especialistas foi complementada com uma análise detalhada da Visão institucional decorrente dos tratados, convenções e legislações internacionais a que Moçambique voluntariamente aderiu, e que como tal, são relevantes na definição de linhas de rumo de desenvolvimento futuro. A análise das 3 abordagens à Visão - institucionais nacionais, internacionais, e dos especialistas da equipa - permitiu identificar as mais relevantes palavras-chave (ou ideias-força) a utilizar na definição da Visão Futura para o Vale do Zambeze, que culminou com uma proposta de Visão Integrada: RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 24 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES O Vale do Zambeze pretende ser uma região onde o desenvolvimento, enquanto processo de gestão sustentável de recursos, se baseie em sistemas produtivos apoiados nas comunidades locais, visando uma economia em rede, tendo em atenção a conservação dos valores ambientais e culturais. Esta proposta de Visão Integrada deverá agora ser discutida e trabalhada com todos os agentes envolvidos nos processos de decisão e participação pública, por forma a definir o grande enquadramento do “sonho”, ou melhor “do que queremos” que aconteça no Vale do Zambeze e que pontuará todo o caminho a seguir no ordenamento territorial do mesmo nas próximas três décadas. 6. CENÁRIOS MULTISECTORIAIS DE DESENVOLVIMENTO As perspectivas de desenvolvimento sectoriais identificadas permitiram definir um Cenário Multisectorial de Desenvolvimento de Referência, que decorreria do desenvolvimento de cada sector per si, sem a intervenção de um plano multissectorial e de uma avaliação ambiental estratégica. Tendo em consideração os conflitos e sinergias identificados foi definido um Cenário Multisectorial de Desenvolvimento Comum, que procura articular os cenários de desenvolvimento sectorial. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 25 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES É de referir que neste processo teve-se em consideração que em alguns sectores, como o da energia e mineração, a evolução é fortemente condicionada por factores e externos e o seu desenvolvimento não é afectado, de forma relevante, pelas dinâmicas que ocorrem nos restantes sectores. Estes sectores exercem contudo influências mútuas entre si, sendo lícito admitir relações de causa-efeito consistentes entre eles. Como ponto de partida considerou-se assim que, no Cenário Comum um certo alinhamento entre o desenvolvimento desses dos sectores, admitindo alguma probabilidade e uma perspectiva relativamente optimista, de desenvolvimento do sector da mineração, ao nível previsto no Cenário de Referência. Partindo desta premissa os cenários multissectoriais foram desenvolvidos numa lógica de consistência entre os diversos sectores, introduzindo sempre uma perspectiva positiva em relação ao desenvolvimento, mas não excessiva. Quadro 1 – Cenários Multissectoriais Cenário Multisectorial de Desenvolvimento de REFERÊNCIA Cenário Multisectorial de Desenvolvimento COMUM Agricultura e Pecuária Desenvolvimento do subsector agro-pecuário familiar e de subsistência dentro do previsto nas Políticas do sector. Limitações relacionadas com restrições de financiamento e fragilidades de articulação entre entidades e outros sectores Forte desenvolvimento da agricultura e pecuária, com aumento de área e produtividade, preferencialmente em áreas prioritárias Floresta Desenvolvimento do subsector familiar e de subsistência dentro do previsto nas Políticas do sector. Considera-se as mesmas limitações referidas para o sector agrícola. Evolução relevante no controlo da exploração ilegal de madeira, sem aumento das áreas de concessão ou de licença simples. Pescas Abrandamento da tendência de sobreexploração dos recursos pesqueiros ao longo do Rio Zambeze e principais afluentes e compensação da produção pela aquacultura Expansão das áreas de pesca artesanal e semi-industrial nas albufeiras das hidroeléctricas e de irrigação. Aquacultura nas áreas prioritárias, acompanhando o desenvolvimento do regadio e acessibilidades Mineração Entrada em funcionamento das unidades com licenças de exploração já atribuídas. Admite-se Entrada em funcionamento das unidades com licenças de exploração já atribuídas. Admite-se alguma inversão e alguma inversão e reanimação do mercado internacional em relação à situação actual reanimação do mercado internacional em relação à situação actual Energia Centrais térmicas competitivas (face às hídricas) e o alinhamento com o previsto ao nível da mineração neste cenário. Entrada em funcionamento 2 hidroeléctricas (HCBNorte e Mphanda Nkuwa, Mercado com desenvolvimento regional e com procura interna moderada, em sintonia com desenvolvimento multissectorial previsto. Implementação de 4 novas hidroeléctricas (HCBN, Mphanda Nkuwa, Boroma, Lupata) e 4 novas termoeléctricas. Indústria Reflecte um grau de desenvolvimento alinhado com a agricultura, pecuária, floresta, mineração e pesca. Desenvolvimento do agroprocessamento e transformação local, assim como os projectos de maior dimensão identificados; Alinhada com o grau de desenvolvimento da mineração, Desenvolvimento limitado pelas deficientes acessibilidades, infra-estruturas e equipamentos básicos. Forte dependência de financiamento Desenvolvimento alicerçado pela melhoria de acessibilidades, infra-estruturas e equipamentos básicos inerente ao nível de riqueza global esperado. Conta com novas áreas de conservação propostas na região de Tchuma-Tchato SECTORES Transformadora Turismo agricultura, pecuária, floresta e pesca. Desenvolvimento de unidades de transformação local e de dimensão regional, bem como implementação dos projectos de maior dimensão já identificados RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 26 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES SECTORES Transportes Cenário Multisectorial de Desenvolvimento de REFERÊNCIA Cenário Multisectorial de Desenvolvimento COMUM Desenvolvimento adequado para satisfazer as necessidades do desenvolvimento mineiro, agroflorestal, turístico e industrial Forte desenvolvimento para satisfazer as maiores necessidades dos sectores mineiro, agro-florestal, turístico e industrial Foram ainda definidos cenários alternativos ao cenário comum, com as seguintes ênfases: • Cenário de Manutenção da Identidade da Região (Cenário Multissectorial Alternativo 1); • Cenário de Desenvolvimento Social – Lucro para a População Local (Cenário Multissectorial Alternativo 2); • Cenário de Conservação da Natureza (Cenário Multissectorial Alternativo 3); • Cenário de Desenvolvimento económico (Cenário Multissectorial Alternativo 4). RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 27 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Quadro 2 – Cenários Alternativos ao Cenário Comum Cenário Multisectorial SECTORES Cenário Multisectorial Cenário Multisectorial Cenário Multisectorial Alternativo 1 Alternativo 2 Alternativo 3 Alternativo 4 Manutenção da Identidade da Região Desenvolvimento Social Conservação da Natureza Desenvolvimento económico da Região Agricultura e Pecuária Desenvolvimento do subsector agropecuário familiar e de subsistência através um aumento perceptível da produtividade. Redução das limitações de financeiras e das fragilidades de articulação entre as entidades e restantes sectores Forte desenvolvimento da agricultura e pecuária com aumento de produtividade e expansão preferencialmente em áreas prioritárias. Desenvolvimento do subsector agropecuário familiar e de subsistência através um aumento perceptível da produtividade. Redução das limitações de financeiras e das fragilidades de articulação entre as entidades e restantes sectores. Forte desenvolvimento da agricultura e pecuária, com o aumento da área cultivada e da produtividade, preferencialmente nas áreas prioritárias. O regadio atinge a sua expressão máxima. Floresta Desenvolvimento do subsector familiar e de subsistência, considerando-se uma evolução no controlo da exploração ilegal e redução sensível nas limitações de implementação Evolução relevante no controlo da exploração ilegal de madeira, sem aumento das áreas de concessão ou licença simples. Evolução máxima no controlo da exploração ilegal de madeira e aumento da área de floresta não explorada. Mantém-se a perspectiva da aposta na evolução no controlo da exploração ilegal de madeira, sem aumento das áreas de concessão ou licença simples. Pescas Abrandamento da tendência de sobreexploração dos recursos pesqueiros Expansão das áreas de pesca artesanal e semi-industrial nas albufeiras das hidroeléctricas e de irrigação. Aquacultura em áreas prioritárias, acompanhando o desenvolvimento do regadio e acessibilidades. Expansão das áreas de pesca artesanal e semi-industrial nas albufeiras das hidroeléctricas e de irrigação. Forte aposta na aquacultura em áreas prioritárias, acompanhando o desenvolvimento do regadio e acessibilidades Expansão das áreas de pesca artesanal e semi-industrial nas albufeiras das hidroeléctricas e de irrigação. Aquacultura em áreas prioritárias, acompanhando o desenvolvimento do regadio e acessibilidades. Mineração São apenas consideradas as explorações mineiras em funcionamento. Mercado em desaceleração, dominando a perspectiva de manutenção da tendência de evolução actual por muito tempo São apenas consideradas as explorações mineiras em funcionamento. Mercado em desaceleração, dominando a perspectiva de manutenção da tendência de evolução actual por muito tempo. São apenas consideradas as explorações mineiras em funcionamento. Mercado em desaceleração, dominando a perspectiva de manutenção da tendência de evolução actual por muito tempo Definição da envolvente máxima do sector. Entrada em funcionamento das licenças de exploração já atribuídas, bem como de novas que, entretanto, sejam concedidas. Admite-se a hipótese do um mercado da mineração em grande expansão. Energia Redução do número de termoeléctricas, alinhado com o cenário da mineração, e entrada em funcionamento de 2 novas Redução do número de centrais termoeléctricas, alinhada com o cenário da mineração, e entrada em Redução do número de termoeléctricas, alinhado com o cenário da mineração, e entrada em funcionamento de 2 novas Encontra-se aqui, igualmente, a expressão máxima dada ao sector – 5 novas hidroeléctricas (HCBN, Mphanda Nkuwa, RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 28 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Cenário Multisectorial Cenário Multisectorial Cenário Multisectorial Cenário Multisectorial Alternativo 1 Alternativo 2 Alternativo 3 Alternativo 4 Manutenção da Identidade da Região hidroeléctricas (HCB Norte e Mphanda Nkuwa) Desenvolvimento Social funcionamento de 2 novas hidroeléctricas (HCB Norte e Mphanda Nkuwa). Conservação da Natureza hidroeléctricas. (HCB Norte e Mphanda Nkuwa). Desenvolvimento económico da Região Boroma, Lupata, Chemba). Mercado com desenvolvimento regional e com procura nacional em expansão importante, em função do desenvolvimento multissectorial interno. Indústria Transformadora Reflecte o grau de desenvolvimento a agricultura, pecuária, floresta, mineração e pesca. Desenvolvimento de unidades de transformação local e de dimensão regional e implementação dos projectos de maior dimensão já identificados Desenvolvimento alinhado com o maior desenvolvimento dos sectores agricultura e pesca. Desenvolvimento de unidades de transformação local e de dimensão regional. Consideram-se também os projectos de maior dimensão já identificados. Reflecte o grau de desenvolvimento a agricultura, pecuária, floresta, mineração e pesca. Desenvolvimento de unidades de transformação local e de dimensão regional, assim como a implementação dos projectos de maior dimensão já identificados. Desenvolvimento de unidades de transformação local e de dimensão regional, assim como dos projectos de maior dimensão já previstos. Turismo Desenvolvimento limitado pelas acessibilidades, infra-estruturas e equipamentos básicos. Forte dependência de financiamento. Não conta com novas áreas de conservação propostas Desenvolvimento sensível do sector, alavancado pela melhoria das acessibilidades, infra-estruturas e equipamentos básicos. Limitado pelo nível de riqueza global gerado. Não inclui novas áreas de conservação. Desenvolvimento potenciado pela melhoria de acessibilidades viárias, infraestruturas e equipamentos básicos. Apesar de limitado pelo nível de riqueza global gerada, a aposta em área prioritárias é relevante. Novas áreas de conservação. Desenvolvimento potenciado pela melhoria de acessibilidades, infra-estruturas e equipamentos básicos, inerente ao nível de riqueza global esperado. Forte redução das áreas de conservação. Transportes Desenvolvimento ajustado às necessidades dos sectores mineiro, agro-florestal, turístico e industrial. Prioridade na conservação das vias existentes Desenvolvimento ajustado às necessidades dos sectores da agricultura, floresta, pescas e turismo, aproveitando o nível de riqueza gerada. Aposta na conservação das vias existentes e melhoria de algumas acessibilidades (pavimentação, etc.). Desenvolvimento ajustado às necessidades dos sectores da agricultura, floresta, pescas e turismo, aproveitando o nível de riqueza gerada. Aposta na conservação das vias existentes e melhoria de algumas acessibilidades (pavimentação, etc.),sobretudo às designadas áreas prioritárias. Máximo desenvolvimento previsto para satisfazer as grandes necessidades do desenvolvimento mineiro, agro-florestal, turístico e industrial cenarizado. SECTORES RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 29 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 7. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS ESTRATÉGICOS 7.1. Riscos Actuais e Futuros – Áreas de Intervenção Foram identificadas sensibilidades ambientais e sociais que terão de ser devidamente consideradas no processo de tomada de decisão sobre os cenários de desenvolvimento, sendo de destacar: • Processos de desflorestação • Risco de erosão • Riscos de cheia • Riscos de seca • Conflitos de uso da água • Áreas ecológicas sensíveis • Modos de vida das comunidades e questões culturais • Mudanças climáticas No âmbito da Avaliação de Impactos Estratégicos e tendo por base o Cenário Multissectorial de Referência, foram definidas Áreas de Intervenção que correspondem a porções do território onde o potencial de conflitos é elevado, quer pela presença em simultâneo de diferentes sectores de actividade, sem planeamento eficaz, quer pela sensibilidade ambiental dos ecossistemas e dos recursos naturais existentes, quer ainda pela eventual ocorrência de riscos naturais a prevenir/ mitigar. Os critérios utilizados na sua identificação foram: existência de áreas de conservação actuais e propostas; sobreposição de usos e actividades; aptidões e potencialidades do território. Os limites das áreas de intervenção adoptaram, sempre que possível os limites administrativos dos distritos que as integram. Assim, forma definidas as seguintes Áreas de Intervenção (AI): • AI 1 – Zumbo / Marávia / Chifunde; • AI 2 – Mágoè / Cahora Bassa; • AI 3 – Changara; • AI 4 – Guro / Tambara / Chemba; • AI 5 – Caia; • AI 6 – Marromeu / Chinde / Mopeia; • AI 7 – Morrumbala / Mopeia; • AI 8 – Cidade de Tete / Moatize Apresenta-se seguidamente a delimitação de cada área de intervenção e as principais questões identificadas. Em síntese, foi adoptada a seguinte simbologia na identificação das principais pressões e concorrência de usos: pressões concorrência de usos RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 30 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO 1 - ZUMBO / MARÁVIA / CHIFUNDE Pressões e concorrências de usos Principais questões (por tema) • • • • Agricultura Floresta População Floresta Mineração Pescas • Agricultura/Floresta/População Pescas/ Turismo Agricultura/População/ Turismo Conservação • • Agricultura ⋅ Zonas com elevada actividade agrícola junto à fronteira, com potencial para expansão destas áreas de agricultura de sequeiro. ⋅ Presença de actividade agrícola itinerante, com relativa importância, em áreas predominantemente de floresta nativa. Floresta ⋅ Integra áreas sujeitas a desflorestação acentuada (Miombo), nas zonas limítrofes de fronteira. ⋅ Existência de importantes áreas comunitárias, também sujeitas a desflorestação relevante (Mopane), na envolvente a Marávia. Mineração ⋅ Existência de concessões mineiras de ouro e de outros recursos minerais, bem como de licenças atribuídas para prospecção, pesquisa e reconhecimento. Estas licenças são meras manifestações de interesse, que constituem um ónus sobre o território durante o seu período de validade e uma possível condicionante, ainda que transitória, para o desenvolvimento de outras actividades. Reduzidas perspectivas de exploração dos recursos minerais enquanto concessões efectivamente atribuídas. ⋅ A existência de blocos para concurso de áreas de pesquisa e produção de hidrocarbonetos, constituem eventuais riscos de ocorrência de derrames e ameaças à conservação de habitats. Pescas ⋅ Concorrência entre os diferentes tipos de pesca (artesanal, semi-industrial e recreativa) na albufeira de Cahora Bassa, resultando na disputa pelo recurso e pelos locais privilegiados. Conservação ⋅ Existência de importantes áreas de florestas de Miombo. ⋅ Inclui corredores importantes de Elefantes bem como áreas importantes para Leão e Mabeco, com uma ocorrência média/alta de conflito Homem-Fauna Bravia. Salienta-se ainda a ocorrência de importantes populações de fauna cinegética. ⋅ A necessidade de preservação destas áreas sensíveis, fundamenta propostas futuras de criação de Áreas de Conservação de Uso Sustentável, por exemplo Fazendas do Bravio e/ou Áreas de Conservação Comunitárias, dando continuidade ao praticamente extinto projecto de conservação comunitária de Tchuma Tchato. Turismo ⋅ Condições favoráveis para a prática de turismo ecológico e cinegético e de turismo relacionado com a pesca recreativa e passeios de barco, na albufeira de Cahora Bassa. ⋅ Presença de potenciais pontos turísticos (Arte Rupestre). ⋅ Os valores turísticos e patrimoniais existentes, a criação de novas zonas de protecção e o reforço de infra-estruturas, potenciam o turismo ecológico e desportivo nesta área de intervenção. Riscos Naturais ⋅ Risco sísmico relativamente agravado (ainda que com eventos de magnitude reduzida), sobretudo nos distritos de Zumbo e Marávia. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 31 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO 2 - MÁGOÈ / CAHORA BASSA Pressões e concorrências de usos Principais questões (por tema) • • • • • Agricultura Floresta População Floresta Mineração Pescas • Agricultura/Floresta/População Pescas / Turismo Agricultura/População/ Turismo Conservação • • Agricultura ⋅ Zona com elevada actividade agrícola junto à fronteira, com potencial para expansão desta área de agricultura de regadio. Floresta ⋅ Desflorestação acentuada de extensas áreas de floresta de Mopane. Mineração ⋅ Existência de licenças atribuídas para prospecção, pesquisa e reconhecimentos que são meras manifestações de interesse, que constituem um ónus sobre o território durante o seu período de validade e uma possível condicionante, ainda que transitória, para o desenvolvimento de outras actividades. Reduzidas perspectivas de exploração dos recursos minerais enquanto concessões efectivamente atribuídas. ⋅ A existência de blocos para concurso de áreas de pesquisa e produção de hidrocarbonetos, constituem eventuais riscos de ocorrência de derrames e ameaças à conservação de habitats. Pescas ⋅ Concorrência entre os diferentes tipos de pesca (artesanal, semi-industrial e recreativa) na albufeira de Cahora Bassa, resultando na disputa pelo recurso e pelos locais privilegiados. Conservação ⋅ Presença de uma Área de Conservação Total - Parque Nacional de Mágoè e da IBA da Cabeceira da Barragem de Cahora Bassa. ⋅ Integra alguns dos principais corredores conhecidos para Elefantes, para além da presença de outras espécies com estatuto, como o Leão e o Mabeco. ⋅ Ocorrência elevada de conflito Homem-Fauna Bravia. ⋅ A necessidade de preservação destas espécies, fundamenta a proposta de anexação de 2 novas áreas ao PN de Mágoè. Turismo ⋅ Existência de turismo ecológico associado à existência do Parque Nacional de Mágoè e à IBA da Cabeceira da Barragem de Cahora Bassa (birdwatching) e de turismo relacionado com a pesca recreativa e com passeios de barco na albufeira de Cahora Bassa. ⋅ Presença de potenciais pontos turísticos (Fortalezas, Fortes e Fortins Portugueses e Geosítios). ⋅ Os valores turísticos e patrimoniais presentes, a existência do Parque Nacional de Mágoè e o reforço de infra-estruturas, potenciam o turismo ecológico e birdwatching nesta área de intervenção. Riscos Naturais ⋅ Probabilidade acrescida de fracasso das culturas agrícolas por ocorrência de secas nas áreas semi-áridas do distrito de Cahora Bassa. ⋅ Risco sísmico relativamente agravado (ainda que com eventos de magnitude reduzida). Riscos Antrópicos ⋅ Zonas ribeirinhas (do distrito de Cahora Bassa) potencialmente afectadas num cenário de rotura da barragem. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 32 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO 3 - CHANGARA Delimitação Principais questões (por tema) • • • • • • Agricultura Floresta População Floresta • Mineração Agricultura/Floresta/População População Pescas Agricultura/População/ Turismo Conservação • • Agricultura ⋅ Integra a zona agrícola de Luenha, com média a elevada actividade agrícola e potencial para expansão das áreas de agricultura de regadio. Floresta ⋅ Elevada desflorestação (Florestas e matas secas e Savana), sobretudo ao longo do corredor definido pela EN8 e EN7 até à fronteira com o Zimbabwé. Mineração ⋅ Existência de concessões mineiras de carvão e de outros recursos minerais, bem como de licenças atribuídas para prospecção, pesquisa e reconhecimento. Estas licenças são meras manifestações de interesse, que constituem um ónus sobre o território durante o seu período de validade e uma possível condicionante, ainda que transitória, para o desenvolvimento de outras actividades. Reduzidas perspectivas de exploração dos recursos minerais enquanto concessões efectivamente atribuídas. Energia ⋅ A construção da hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa (e respectivo reservatório), potenciará a concorrência dos diversos tipos de pesca, à semelhança do que se constata em Cahora Bassa. A área que vier a ser inundada inviabilizará os usos existentes. Pescas ⋅ Prática de pesca artesanal ao longo do Rio Zambeze com potencial para aumento da produção e com risco de sobre exploração dos recursos pesqueiros. ⋅ Existência de áreas com potencial para a prática de aquacultura, tendo em conta as áreas identificadas com potencial para regadio. Conservação ⋅ Inclui importantes áreas e corredores ecológicos para os Elefantes, nomeadamente junto à fronteira com o Zimbabwe e presença de Leão e outras espécies cinegéticas, com ocorrência média/alta de conflito Homem-Fauna Bravia. ⋅ A necessidade de preservação destas áreas fundamenta a proposta para a criação de uma futura Área de Conservação de Uso Sustentável, por exemplo de Coutada Oficial. Turismo ⋅ Presença de potenciais pontos turísticos (Aringas, Geosítios, Arquitectura Religiosa e Zimbabwes). ⋅ Presença de potencial turismo cinegético, associado à criação de uma futura Área de Conservação de Uso Sustentável. ⋅ Os valores turísticos e patrimoniais existentes, a criação de novas áreas de Conservação de Uso Sustentável e o reforço de infra-estruturas, potenciam o turismo ecológico e cinegético, nesta área de intervenção. Riscos Naturais ⋅ Probabilidade acrescida de fracasso das culturas agrícolas por ocorrência de secas nas áreas semi-áridas deste distrito. Riscos Antrópicos ⋅ Zonas ribeirinhas potencialmente afectadas num cenário de rotura da barragem de Cahora Bassa. ⋅ Existência de áreas deste distrito para onde estão assinaladas situações críticas de erosão dos solos. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 33 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO 4 - GURO / TAMBARA / CHEMBA Delimitação Principais questões (por tema) Agricultura ⋅ Integra uma faixa ao longo do Rio Zambeze com média a elevada actividade agrícola e com potencial para expansão destas áreas de agricultura de regadio. • Floresta ⋅ Elevada desflorestação nomeadamente, ao longo do corredor definido pela EN7 (ligação ao Chimoio), paralelamente ao Rio Zambeze e aos eixos viários de ligação a Caia. • Mineração ⋅ A existência de blocos para concurso de áreas de pesquisa e produção de hidrocarbonetos, constituem eventuais riscos de ocorrência de derrames e ameaças à conservação de habitats. • Pescas ⋅ Prática de pesca artesanal ao longo do Rio Zambeze com potencial para aumento da produção e com risco de sobre exploração dos recursos pesqueiros. ⋅ Existência de áreas com potencial para a prática de aquacultura, tendo em conta as áreas identificadas com potencial para regadio. • Conservação ⋅ A existência das coutadas oficiais n.os 7 e 9 e o conhecimento da presença de elefantes nos limites das referidas coutadas, justificam as propostas para o seu alargamento, tendo em vista a conservação da espécie. • Turismo • Mineração Agricultura Floresta População Floresta Agricultura/Floresta/População População Pescas Agricultura/População/ Turismo Conservação ⋅ Existência de turismo cinegético e a presença de potenciais pontos turísticos (Aringas e Zimbabwes). ⋅ O crescente interesse pela actividade cinegética, aliado a um reforço de infra-estruturas, potenciam este tipo de turismo e contribuem para a manutenção e preservação das espécies. • Riscos Naturais ⋅ Probabilidade acrescida de fracasso das culturas agrícolas por ocorrência de secas nas áreas semi-áridas dos distritos abrangidos nesta área de intervenção ⋅ Risco acrescido de cheias, com a planície de inundação do Zambeze a alargar-se sensivelmente a jusante de Tambara / Doa. ⋅ Risco sísmico relativamente agravado, sobretudo no distrito de Chemba. • Riscos Antrópicos ⋅ Zonas ribeirinhas potencialmente afectadas num cenário de rotura da barragem de Cahora Bassa RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 34 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO 5 - CAIA Delimitação Principais questões (por tema) • • • • • Agricultura Floresta • População Mineração Floresta Agricultura/Floresta/População População • Pescas Agricultura/População/Turismo Conservação • Agricultura ⋅ Integra uma faixa ao longo do Rio Zambeze com média a elevada actividade agrícola que apresenta potencial para expansão das áreas de agricultura de regadio. Floresta ⋅ As áreas de concessões florestais de crescimento rápido (floresta comercial e industrial) constituem ameaças à conservação de fauna e flora, nas áreas de plantação. ⋅ Elevada desflorestação em áreas paralelas ao Rio Zambeze e na envolvente aos eixos viários de ligação a Caia. Mineração ⋅ A existência de blocos para concurso de áreas de pesquisa e produção de hidrocarbonetos e de áreas de prospecção comercial, constituem eventuais riscos de ocorrência de derrames e ameaças à conservação de habitats. Pescas ⋅ Prática de pesca artesanal ao longo do Rio Zambeze com potencial para expansão e risco de sobre exploração dos recursos pesqueiros. ⋅ Existência de áreas com potencial para a prática de aquacultura, tendo em conta as áreas identificadas com potencial para regadio. Caia é considerado um distrito prioritário para o desenvolvimento desta actividade, não obstante os eventuais riscos de contaminação dos recursos hídricos. Conservação ⋅ Nas áreas limites da coutada oficial n.º 15 existem importantes áreas para elefantes e regista-se uma ocorrência média/alta de conflito Homem-Fauna Bravia. Neste contexto, e tendo em vista a preservação da espécie, justifica-se a proposta para o alargamento da área da coutada. Turismo ⋅ Aptidão para a prática de turismo cinegético. ⋅ O crescente interesse pela actividade cinegética, aliado a um reforço de infra-estruturas, potenciam este tipo de turismo e contribuem para a manutenção e preservação das espécies. Riscos Naturais ⋅ Probabilidade acrescida de fracasso das culturas agrícolas por ocorrência de secas nas áreas semi-áridas deste distrito. ⋅ Risco acrescido de ocorrência de cheias ao longo dos vales do Zambeze e seus tributários. ⋅ Risco médio de ciclones. ⋅ Risco sísmico relativamente agravado. Riscos Antrópicos ⋅ Zonas ribeirinhas potencialmente afectadas num cenário de rotura da barragem de Cahora Bassa. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 35 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO 6 - MARROMEU / CHINDE / MOPEIA Delimitação Principais questões (por tema) • • • • • Mineração Agricultura Floresta População Floresta • Agricultura/Floresta/População • População Pescas Agricultura/População/Turismo Conservação • Agricultura ⋅ Integra uma zona com elevada actividade agrícola que apresenta potencial para expansão das áreas de agricultura de sequeiro e de regadio. Floresta ⋅ Inclui concessões florestais e fazendas de bravio, que face ao crescimento rápido das espécies (floresta comercial e industrial), constituem ameaças à conservação de fauna e flora, nas áreas de plantação. ⋅ A zona do Delta do Zambeze encontra-se sujeita a uma forte pressão sobre os recursos florestais (mangal) e sobre as áreas de pradarias arborizadas no troço terminal do Rio Zambeze, promovendo a degradação do Banco de Sofala. Mineração ⋅ Existência de concessões mineiras de areias pesadas, bem como de licenças atribuídas para prospecção, pesquisa e reconhecimento. Estas licenças são meras manifestações de interesse, que constituem um ónus sobre o território durante o seu período de validade e uma possível condicionante, ainda que transitória, para o desenvolvimento de outras actividades. Reduzidas perspectivas de exploração dos recursos minerais enquanto concessões efectivamente atribuídas. ⋅ Existência de área de prospecção comercial de hidrocarbonetos, que constituem eventuais riscos de ocorrência de derrames e ameaças à conservação de habitats. Pescas ⋅ Prática de pesca artesanal no Delta do Rio Zambeze com potencial para aumento da produção e risco de sobre exploração dos recursos pesqueiros. ⋅ Existência de áreas com potencial para a prática de aquacultura, tendo em conta as áreas identificadas com potencial para regadio, em Marromeu e Chinde. Conservação ⋅ No Delta do Zambeze, em especial no distrito de Marromeu, localizam-se Áreas de Conservação (Reserva Especial de Búfalos de Marromeu, Reservas Florestais de Inhamitanga e Nhapacué e as Coutadas Oficiais nº 10, 11, 12 e 14) e no distrito de Chinde (as Coutadas do Luabo e a do Micaúne). Esta área inclui ainda a área RAMSAR do Delta de Marromeu e a IBA do Delta do Rio Zambeze. ⋅ Trata-se assim de uma área de elevada vulnerabilidade ambiental, com a presença de ecossistemas sensíveis (terras húmidas incluindo extensos mangais, estuários e planícies de inundação) que dão suporte a uma enorme biodiversidade. Turismo ⋅ Importante área de turismo ecológico, cinegético e para a prática de birdwatching, associados às Áreas de Conservação existentes. ⋅ Presença de potenciais pontos turísticos (Fortalezas, Fortes e Fortins Portugueses e Zimbabwes). ⋅ O crescente interesse pelo ecoturismo e pela actividade cinegética, aliados a um reforço de infra-estruturas, potenciam o sector do turismo e contribuem para a manutenção e preservação das espécies. Riscos Naturais ⋅ Probabilidade ligeiramente acrescida de fracasso das culturas agrícolas por ocorrência de secas em partes do distrito de Chinde. ⋅ Risco acrescido de ocorrência de cheias ao longo dos vales do Zambeze e seus tributários ⋅ Risco elevado a muito elevado de ciclones, mais significativo no distrito de Chinde; ⋅ Risco sísmico relativamente agravado. ⋅ No que respeita a uma eventual subida do nível do mar, os distritos de Marromeu, Chinde e Mopeia (zona do estuário do Zambeze) serão os mais afectadas com áreas inundadas e com intrusão salina. Riscos Antrópicos ⋅ Zonas ribeirinhas potencialmente afectadas num cenário de rotura da barragem de Cahora Bassa ⋅ Em Chinde ocorre erosão hídrica costeira em grande parte derivada à destruição do mangal. ⋅ Existência de uma elevada pressão antrópica sobre as dunas, onde algumas actividades, como o abate da vegetação a produção de carvão e a exploração agrícola, são responsáveis pela sua degradação. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 36 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO 7 - MORRUMBALA / MOPEIA Delimitação Principais questões (por tema) • • • • • Mineração Agricultura Floresta População Floresta Agricultura/Floresta/População População • Pescas Agricultura/Floresta/População/Turismo Conservação • • Agricultura ⋅ Integra uma zona com média a elevada actividade agrícola junto à fronteira e potencial para expansão das áreas de agricultura de sequeiro e de regadio. Floresta ⋅ A maior concentração de concessões florestais e de licenças simples na região do Vale do Zambeze. ⋅ Zona com elevada incidência de desflorestação de Miombo em Morrumbala e, em menor extensão de mangal e pântanos em Mopeia. Mineração ⋅ Existência de concessões mineiras de minério destinado à construção civil, bem como de licenças atribuídas para prospecção, pesquisa e reconhecimento. Estas licenças são meras manifestações de interesse, que constituem um ónus sobre o território durante o seu período de validade e uma possível condicionante, ainda que transitória, para o desenvolvimento de outras actividades. Reduzidas perspectivas de exploração dos recursos minerais enquanto concessões efectivamente atribuídas. ⋅ Existência de área de prospecção comercial de hidrocarbonetos. Pescas ⋅ Prática de pesca artesanal ao longo do Rio Zambeze com potencial para aumento da produção e com risco de sobre exploração dos recursos pesqueiros. ⋅ Existência de áreas com potencial para a prática de aquacultura, sendo estes distritos prioritários para o desenvolvimento desta actividade. Conservação ⋅ Existência da Reserva Florestal de Derre, que constituí um “santuário florestal”, inserido num território com uma elevada pressão do ponto de vista da exploração florestal. Refere-se ainda o potencial desta reserva para o turismo cinegético, que não tem sido explorado. ⋅ Existe ainda uma área de elevado valor ecológico relacionado com o Grande Arquipélago de Inselbergs (que engloba parte do distrito do Morrumbala) e da IBA da Serra de Chiperone (que se encontra no limite exterior da área de estudo). ⋅ Ocorrência média e média/alta de conflito Homem-Fauna Bravia. ⋅ A necessidade de preservação destas áreas fundamenta a proposta para a criação de uma Área de Conservação de uso sustentável, por exemplo Área de Protecção Ambiental ou Reserva Especial. Turismo ⋅ Importante área de turismo ecológico e birdwatching, associados às Áreas de Conservação existentes. ⋅ Presença de potenciais pontos turísticos (Aringas). ⋅ Os valores turísticos e patrimoniais existentes, a criação de novas áreas de conservação e o reforço de infra-estruturas, potenciam do turismo ecológico e birdwatching nesta área de intervenção. Riscos Naturais ⋅ Risco acrescido de ocorrência de cheias ao longo dos vales do Zambeze e seus tributários. ⋅ Risco médio a elevado de ciclones, mais significativo no distrito de Mopeia. ⋅ Risco sísmico relativamente agravado. Riscos Antrópicos ⋅ Zonas ribeirinhas no distrito de Mopeia potencialmente afectadas num cenário de rotura da barragem de Cahora Bassa. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 37 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES ÁREA DE INTERVENÇÃO 8 - CIDADE DE TETE / MOATIZE Delimitação Principais questões (por tema) • • • • Agricultura Floresta População Floresta • • Mineração Agricultura/Floresta/População População Pescas • • Agricultura ⋅ Importante actividade agrícola, caracterizada predominantemente por pequenas e médias explorações de sequeiro onde se produzem culturas básicas, maioritariamente de subsistência e para venda em mercados locais. ⋅ Fortes pressões da mineração sobre as áreas de actividade agrícola, obrigam ao abandono das terras pelas populações (reassentamento) e à inutilização dos usos agrícolas Floresta ⋅ Área sujeita a desflorestação acentuada causada por queimadas, agricultura itinerante, cortes ilegais e pressão humana. ⋅ Fortes pressões da mineração sobre as florestas obrigam ao abandono destas áreas pelas populações e à inutilização do uso florestal. Mineração ⋅ Na bacia de Moatize-Minjova, situada na região Sul do distrito de Moatize, localizam-se os mega projectos de exploração industrial de carvão, que representam cerca de 93 % das reservas deste minério, em Moçambique. ⋅ Existência de concessões mineiras de carvão em exploração, bem como de licenças atribuídas para prospecção, pesquisa e reconhecimento. Estas licenças são meras manifestações de interesse, que constituem um ónus sobre o território durante o seu período de validade e uma possível condicionante, ainda que transitória, para o desenvolvimento de outras actividades. ⋅ A ocupação de extensas áreas pelos megaprojectos de carvão, conflituam com áreas de aptidão agrícola, pecuária e florestal, inviabilizando o desenvolvimento destas actividades e afectando significativamente a vida das populações que delas dependem. Energia ⋅ A construção das Termoeléctricas da Vale, Benga/ICVL e de Ncondedzi, poderá provocar um impacto ambiental negativo pela emissão de gases com efeito de estufa e consequente efeito cumulativo decorrente da implantação destas 3 termoeléctricas. ⋅ Desalojamento da população residente e/ou pela alteração do uso do solo nas áreas de implantação das Termoeléctricas, obrigando a reassentamentos em novas áreas. Pescas ⋅ Prática de pesca artesanal ao longo do Rio Zambeze com potencial para aumento da produção e risco de sobre exploração dos recursos pesqueiros. ⋅ Existência de áreas com potencial para a prática de aquacultura, sendo o distrito de Moatize prioritário para o desenvolvimento desta actividade. Turismo ⋅ Aumento significativo da capacidade desta região para atrair mais visitantes, sobretudo ligados a negócios, decorrentes da presença dos megaprojectos na província de Tete. Reforço de infra-estruturas hoteleiras na Cidade de Tete e na vila de Moatize, assim como das rotas aéreas nacionais e internacionais, no aeroporto de Tete. Riscos Naturais ⋅ Risco acrescido de ocorrência de cheias ao longo dos vales do Zambeze e seus tributários ⋅ Probabilidade francamente acrescida de fracasso das culturas agrícolas por ocorrência de secas nas áreas semi-áridas destes distritos. Riscos Antrópicos ⋅ Riscos associados à actividade mineira (acidentes em estabelecimentos industriais e transportes associados). ⋅ Zonas ribeirinhas potencialmente afectadas num cenário de rotura da barragem de Cahora Bassa. ⋅ Existência de áreas do distrito da Cidade de Tete para onde estão assinaladas situações críticas de erosão dos solos. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 38 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 7.2. Factores Críticos para a Decisão e respectivos Processos Ambientais A Avaliação Ambiental Estratégica tem como objectivo introduzir as questões ambientais e sociais no processo de tomada de decisão do Plano de Desenvolvimento Multisectorial e Plano Especial de Ordenamento do Território. Para tal foram definidos Factores Críticos de Decisão que constituem os temas relevantes a serem abordados na Avaliação, e os Indicadores de Sustentabilidade, que serão utilizados para avaliação ambiental dos planos, quer durante a sua elaboração, como durante a sua implementação. Foram definidos os seguintes Factores Críticos de Decisão (FCD): FCD DESCRIÇÃO GOVERNANÇA • Garantir um processo contínuo e flexível no qual interesses conflituantes ou díspares possam ser acomodados conduzindo à colaboração entre as partes, à gestão responsável de recursos, à participação efectiva dos actores na tomada de decisão, à partilha de informação e de responsabilidades, viabilizando a implementação de politicas, estratégias e planos. USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS • Promover a correcta utilização dos recursos naturais mediante a protecção e a conservação da biodiversidade, o controlo da poluição, das redes de abastecimento de água e de saneamento e dos resíduos, recorrendo a ferramentas de gestão ambiental, designadamente a valoração dos serviços dos ecossistemas, a avaliação dos impactos cumulativos e a monitorização da qualidade do ambiente. RISCOS E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS • Promover a gestão dos riscos naturais e antrópicos, como parte integrante dos processos de decisão e de planeamento do território, sustentada num profundo conhecimento da evolução do clima e dos seus efeitos, permitindo o aumento da resiliência a calamidades e da prevenção e adaptação a alterações climáticas. MODO DE VIDA DA POPULAÇÃO • Assegurar o modo de vida da população atenuando as vulnerabilidades sociais a que se encontra sujeita, promovendo a criação de riqueza e de bem estar e melhorando o acesso ao ensino, à qualificação profissional e ao emprego. A avaliação efectuada por FCD centra-se assim nos aspectos considerados críticos e determinantes nos eventuais efeitos ambientais e socioeconómicos, que os cenários e as opções de desenvolvimento, possam provocar no território do Vale do Zambeze. A definição dos Indicadores de Sustentabilidade foi antecedida da definição de critérios e objectivos de sustentabilidade, por Factor Crítico de Decisão. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 39 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES FCD Critérios Objectivos de Sustentabilidade Agilizar a implementação de políticas, estratégias e planos GOVERNANÇA Garantir a articulação entre entidades, e entre estas e as comunidades locais Inter-relação Institucional Promover a descentralização do poder e das responsabilidades (do governo aos órgãos locais) Promover a capacitação transversal Fomentar o envolvimento e a interacção das partes interessadas Participação e Co-responsabilização Promover a responsabilização na tomada de decisão Acesso à Informação Facilitar o acesso à informação Garantir a conservação e gestão da biodiversidade em áreas estratégicas e relevantes no âmbito nacional e internacional Assegurar manutenção ou melhoria do estado de conservação das espécies de fauna e redução de abates ilegais Protecção, Conservação, Restauração e Utilização Sustentável da Biodiversidade Promover a conservação e restauração de habitats sensíveis e da flora associada, e reduzir os factores de degradação que os ameaçam Reduzir os conflitos Homem-fauna USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS Manter e qualidade ecológica da água e continuidade dos habitats naturais ao longo do vale do Zambeze Valoração dos Serviços dos Ecossistemas Avaliação de impactos cumulativos e da compatibilidade de usos da terra Obtenção e divulgação de informação sobre a qualidade do ambiente Obtenção e divulgação de informação sobre a qualidade do ambiente Tirar o máximo potencial do capital natural do Vale do Zambeze, de modo obter a maior rentabilização económica dos Serviços dos Ecossistemas providenciados pela região Assegurar que os efeitos cumulativos das opções de desenvolvimento e a compatibilidade de usos da terra são considerados no desenvolvimento de planos territoriais e sectoriais Assegurar que os impactos cumulativos são considerados nas avaliações de impacto ambiental de projectos de investimento Implementar esquemas públicos de monitorização da qualidade da água, do solo, do ar e do ruído Optimizar os recursos despendidos e a informação produzida mediante a integração de esquemas públicos e privados de monitorização ambiental Disponibilizar publicamente os resultados da monitorização e garantia da qualidade da informação; Capacitar técnicos em monitorização e gestão da qualidade do ambiente Prevenção e minimização da poluição ambiental Adoptar medidas que permitam comprovadamente prevenir e corrigir situações de poluição ambiental Abastecimento de água e saneamento das comunidades Melhorar as condições de abastecimento de água e de saneamento das comunidades Gestão dos resíduos sólidos urbanos Melhorar as condições de gestão dos resíduos sólidos urbanos Poluição e saúde pública Tratamento de águas residuais geradas por actividades económicas Reduzir os efeitos da poluição na saúde Reduzir o consumo de lenha e de carvão para fins domésticos Assegurar o tratamento das águas residuais geradas por actividades económicas RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 40 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES RISCOS E ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS Critérios Integração dos riscos naturais e antrópicos nos processos de decisão e de planeamento Objectivos de Sustentabilidade Identificar e avaliar os riscos naturais e antrópicos como parte integrante dos processos de decisão e de planeamento territorial e sectorial Estudar a probabilidade de ocorrência de situações catastróficas de ruptura de barragens e as previsíveis consequências da propagação das ondas de cheias ao longo do vale a jusante Gerir os riscos naturais e antrópicos com conhecimento dos seus efeitos Reportar de forma sistemática os efeitos de calamidades e alterações climáticas Aumentar a resiliência a calamidades e alterações climáticas Capacitar pessoas e organizar as comunidades para a resposta a calamidades Conhecimento da evolução das variáveis do clima na região Melhorar a cobertura da região com estações meteorológicas Prevenção de riscos e adaptação às alterações climáticas Adoptar medidas de prevenção de riscos e de adaptação às alterações climáticas Mitigação da emissão de gases com efeito de estufa (GEE) Adoptar medidas que promovam a utilização de fontes alternativas de energia, e a desmatação Redução da desmatação e da realização de queimadas MODOS DE VIDA DA POPULAÇÃO Reduzir a proporção de pessoas que vivem em extrema pobreza Combater a fome Diminuição das vulnerabilidades sociais Reduzir a mortalidade infantil Combater o HIV/SIDA Promover a igualdade do género Garantir a internalização do desenvolvimento económico Criação de riqueza e bem estar social Reduzir o número de pessoas sem acesso à água potável e saneamento Ampliar e melhorar o acesso a serviços públicos essenciais Melhorar o acesso ao ensino Promoção da formação e do emprego Elevar o nível de qualificação profissional Criação de emprego 8. ESQUEMA DE MODELO TERRITORIAL PROPOSTO O Modelo Territorial é uma reflexão estratégica sobre os valores e potenciais diferenciadores, numa perspectiva a 30 anos e tomando em consideração a VISÃO e os objectivos de desenvolvimento para o território. Por outro lado, enquanto “modelo” visa também definir áreas de conteúdo regulamentar, a serem desde já discutidas e que incorporarão as grandes resoluções do PEOT enquanto documento com valor jurídico vinculativo. O MODELO TERRITORIAL PROPOSTO na presente fase decorre assim da Visão Integrada da fase anterior (Fase 1) e evoluirá para o modelo territorial de base para o PEOT na fase seguinte (Fase 3). Esta evolução terá como base a tradução do cenário multissectorial comum escolhido após a realização dos eventos participativos no final da presente fase, conforme se representa no esquema seguinte. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 41 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 8.1. Problemas a que o ordenamento deve dar resposta A análise no presente ponto encontra-se estruturada pelos 5 Temas Essenciais para a Elaboração do PEOT, e decorre essencialmente dos constrangimentos identificados nos diversos sectores de actividade. SECTORES ECONÓMICOS Geologia, Minas e Indústria - Sobreposição de concessões com outros valores e delimitações do território - Ordenamento de usos preferenciais e estruturação da lógica de concessões Implementar a legislação fiscal sobre petróleos e minas, garantindo real e equitativo desenvolvimento local Fortalecer a transparência na indústria extractiva Fragilidade institucional nas acções de controlo e fiscalização Ordenar e pensar global e estrategicamente o território como condição de desenvolvimento sustentável Reforçar mecanismos de responsabilidade civil por danos ambientais (causado por particulares e/ou no próprio ambiente) Escassez de recursos humanos com formação específica Falta de capacidade de investimento e dificuldade de obtenção de financiamento - Com a excepção do sector mineiro, os sectores produtivos são pouco desenvolvidos e pouco especializados RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 42 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES SECTORES ECONÓMICOS Exploração Florestal - Complexidade institucional na gestão da terra (DUAT) e actividades económicas - Morosidade e complexidade dos pedidos das delimitações comunitárias e falta de apoio e aconselhamento técnico-jurídico - Reflorestação insuficiente (Estado, Comunidades Locais e Privados) e falta de sementes e plântulas, e viveiros ao serviço dos principais stakeholders - Controlo ineficiente das actividades ligadas a licenças simples - Inércia da população urbana e periurbana, em alterar o seu padrão de consumo energético (forte dependência da lenha e carvão vegetal) - Número e impacto das concessões mineiras previstas para a província de Tete nos recursos florestais - Dotações orçamentais escassas para a protecção da floresta e fauna bravia - Mercado demasiado focado em países que importam produtos florestais não processados, o que torna o mercado pouco competitivo em produtos de maior valor agregado - A não observância do acordo FLEGT (com a União Europeia) coloca Moçambique entre depender exclusivamente de investidores e mercados que factualmente incorrem em acções ilegais, em detrimento de investimentos que são responsabilizados pela observância de boas práticas de gestão dos recursos naturais e práticas comerciais transparentes. SECTORES ECONÓMICOS Agropecuária - A actividade agrícola caracteriza-se pelo seu baixo nível tecnológico, baixo nível de especialização, e baixa produtividade - A cadeia de valor está pouco desenvolvida, pouco infra-estruturada e pouco especializada, sendo que a extensão agrária existente é ainda insuficiente - A actividade apresenta uma grande vulnerabilidade às ocorrências hidrológicas e climáticas extremas, assim como ao elevado nível de concorrência externa - A rede de frio (para conservação de carcaças, vacinas, outros) e de armazenamento e produção de alimentos na área de enquadramento é insuficiente - Elevado grau de insegurança alimentar e sanitário e limitam a acção de combate ás doenças com maior incidência na região - Problemas de acessibilidade, o que torna extremamente difícil o transporte e comercialização dos animais, e o acesso a pontos de água - Baixa produtividade dos efectivos pecuários (sobretudo ao nível das explorações familiares) - Falta de perspectiva e estímulo empresarial por parte dos pequenos produtores (a riqueza é medida pelo número de cabeças e não numa perspectiva de aumento do peso dos animais, e aumento da eficiência de produção) - Baixo investimento em tecnologia e I&D na pecuária SECTORES ECONÓMICOS Pescas - Ausência de um instrumento legal que regule o ordenamento das diferentes actividades desenvolvidas na zona costeira e marinha Deficiente sistema de fiscalização da actividade Dificuldades de obtenção de insumos de pesca Falta de infra-estruturas para o desenvolvimento de aquacultura de pequena escala Degradação de habitats (destruição do mangal, poluição, alteração do regime hidrológico, entre outros) - Diminuição da biodiversidade e da sobrevivência dos recursos pesqueiros a longo prazo (práticas de pesca desajustadas, sobreexploração, entre outras) - RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 43 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES SECTORES ECONÓMICOS Turismo - Fraca capacidade financeira do estado - Focos de instabilidade politica e social - Abordagem de desenvolvimento sectorial em oposição a abordagem integrada - As áreas de conservação estão sob tutelas diferentes e algumas, nomeadamente as coutadas e as reservas florestais, não têm o seu estatuto claramente definido em termos da Lei de Terras Insuficiente investimento na construção de novas infra-estruturas, e na requalificação das existentes Mão de obra pouco qualificada nas diversas áreas abrangidas pelo sector Ausência de operadores turísticos de modo a garantir a sua ligação com novas vertentes e dinâmicas do sector Conflitos na utilização e conservação de recursos naturais e faunísticos Catástrofes naturais, que podem danificar instalações, ou impedir o acesso aos parques e reservas - Elevados custos de transporte - INFRAESTRUTURAS - Infraestruturas insuficientes ou desadequadas, nomeadamente as logísticas e as energéticas Aproveitamento ineficiente dos investimentos privados em infra-estruturas para alavancar a economia do país Opção indiscriminada pelo modo rodoviário, com implicações nefastas no ambiente e na transitabilidade Falta de capacidade das infra-estruturas de transporte para escoamento da produção mineira Instabilidade política e social, sendo um dos alvos preferenciais de destruição as infra-estruturas provocando perturbações no funcionamento dos sistemas de transporte - Manutenção periódica pouco eficaz, a nível geral, resultando numa rápida degradação das infra-estruturas de transporte, material - - circulante e equipamento logístico Redução do preço do carvão no mercado internacional Custos de transporte e operação elevados Insuficiente investimento em infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento, coordenação inter-níveis de planeamento Subdesenvolvimento dos sistemas aeroportuário, portuário e ferroviário de suporte à conectividade internacional de Moçambique Reduzida extensão das cadeias de valor e insuficiente exploração das condições e dos recursos mais diferenciadores dos territórios, e correspondente debilidade das relações económicas inter-sectoriais e inter-regionais no espaço económico nacional Insuficiente investimento, nomeadamente ao nível da expansão da rede sanitária, assegurando o seu apetrechamento adequado (equipa mínima de saúde, equipamento básico, medicamentos e material médico-cirúrgico essenciais, água e energia) Insuficiente investimento em infra-estruturas de formação, informação e comunicação na área da saúde e educação - Necessidade de garantir um ambiente legal e regulatório que seja capaz de responder aos interesses de todos os intervenientes do sector da saúde - Deficiente acesso a água e energia eléctrica na maioria das unidades de ensino RISCOS E SEGURANÇA - Insuficiente consideração dos riscos nas acções de ocupação e transformação do território, com particular ênfase para os sismos, os - incêndios florestais, as inundações em leitos de cheia e a erosão Desenvolvimento de actividades em diversos sectores com riscos ambientais Falta de coordenação entre entidades e entre sectores Elevada vulnerabilidade das comunidades Recursos financeiros disponibilizáveis RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 44 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES AMBIENTE, PATRIMÓNIO NATURAL E CULTURAL - Acesso à informação sobre o estado da biodiversidade e ecossistemas para a tomada de decisão - Território vasto e diverso com múltiplos agentes e stakeholders o que dificulta a tomada de decisão e a sua implementação de forma integrada - Pressões ambientais desencadeadas pela necessidade de crescimento económico mais acelerado e de forma menos sustentável SISTEMAS URBANOS E ORDENAMENTO TERRITORIAL - Ocupação desordenada das áreas urbanas Falta de controlo de planeamento territorial Carências infraestruturais e de serviços Distribuição desiquilibrada de responsabilidades e acções entre esferas públicas e privadas Insuficiência das bases técnicas essenciais para o ordenamento do território, designadamente nos domínios da informação georeferenciada sobre os recursos territoriais, da cartografia certificada, da informação cadastral e do acesso em linha ao conteúdo - Dificuldade de coordenação entre os principais actores institucionais, públicos e privados, - responsáveis por políticas e intervenções com impacto territorial dos planos em vigor 8.2. Opções Estratégicas para o Vale do Zambeze Tendo por base a situação actual e as perspectivas de desenvolvimento, as potencialidade do território, a definição dos eixos de desenvolvimento, a Visão Prospectiva, a análise dos PED das Províncias e a identificação dos constrangimentos que o Vale do Zambeze enfrenta e que o ordenamento deverá dar resposta, é desejável a definição de um conjunto de opções estratégicas territoriais traduzidas no Esquema do Modelo Territorial Proposto, de acordo com o seguinte esquema. Cenário de Referência Situação Actual e Perspectivas de Desenvolvimento Visão Potencialidades do território e Eixos de Desenvolvimento PED Províncias Orientações Estratégicas Contrangimentos Problemas que o Ordenamento deve dar resposta Opções Estratégicas Esquema do Modelo Territorial Proposto Contributos para a definição das Opções Estratégicas Territoriais e Esquema do Modelo Territorial Proposto. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 45 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES O Modelo Territorial Proposto deverá ter a ambição de contribuir de forma inovadora e duradoura para o desenvolvimento do Vale do Zambeze, por forma a: V Implementar a Visão Integrada de Desenvolvimento para o Vale do Zambeze E Aumentar a competitividade territorial do Vale do Zambeze com base no desenvolvimento dos principais sectores económicos R U T C P Utilizar de forma sustentável os recursos geológicos e energéticos Promover o desenvolvimento dos núcleos urbanos e colmatar as carências de infra-estruturas Promover o ordenamento territorial tendo em conta os riscos e a segurança Conservar e valorizar a biodiversidade, o património natural, paisagístico e cultural Reforçar a qualidade e a eficiência da gestão territorial, promovendo a participação informada, activa e responsável dos cidadãos e das instituições Opções Estratégicas para o Vale do Zambeze V – Visão T – Território E – Economia C – Conservação R – Recursos P – Participação U – Sistema Urbano RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 46 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 8.3. Proposta de Modelo Territorial O modelo territorial para o Vale do Zambeze assenta nas seguintes 4 componentes estruturantes: Sistemas Núcleos Modelo Redes Pontos Figura 10 – Componentes essenciais do Modelo Territorial do Vale do Zambeze: Sistemas Estruturantes, Redes Principais, Pontos Estratégicos, Núcleos Urbanos Fundamentais SISTEMAS ESTRUTURANTES • Hídrico e Natural, que no seu conjunto constituem a Estrutura Ecológica Regional • Agrícola, Florestal e Extractivo que correspondem ao primado territorial de aptidão económica REDES PRINCIPAIS • Viária • Ferroviária • Fluvial PONTOS ESTRATÉGICOS • De entrada e saída: portos, aeroportos e aérodromos, postos fronteiriços • De produção de energia: aproveitamentos hidro-eléctricos NÚCLEOS URBANOS FUNDAMENTAIS • Capital de Província • Conurbação urbana • Capital de Distrito • Outras centralidades relevantes • Equipamentos diferenciados de saúde e educação 8.3.1. Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze No âmbito da elaboração do PEOT, a Estrutura Ecológica Regional integra as áreas que constituem o suporte dos sistemas ecológicos fundamentais e cuja protecção é indispensável ao funcionamento sustentável do território, bem corno os recursos naturais que, pelo seu inquestionável valor, devem ser salvaguardados de usos passíveis de conduzir à sua destruição e degradação de modo irreversível. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 47 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES A Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze deve constituir uma estrutura que tem por suporte um conjunto de áreas territoriais e corredores que representam e incluem as áreas com maior valor natural ou com maior sensibilidade ecológica. Esta estrutura deve permitir a manutenção da biodiversidade característica da Região e dos processos ecológicos fundamentais para a integridade dos seus ecossistemas sensíveis. Os objectivos fundamentais da Estrutura Ecológica passam, em primeiro lugar, pela manutenção e valorização dos principais recursos naturais, espaços agro-florestais e valores paisagísticos regionais mas também, pela sua articulação com os territórios envolventes, de modo a garantir o funcionamento global dos sistemas no território, numa lógica funcional e integradora das actividades. A Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze será constituída por uma rede de áreas e corredores com funções ecológicas dominantes, recursos fundamentais para a manutenção das funções ecológicas da região, interligadas de modo a garantir a continuidade entre espaços. Estas estruturas englobam as áreas e corredores mais sensíveis ou classificados, do ponto de vista da conservação da natureza, assim como, recursos hídricos importantes e a preservação de habitats e ecossistemas particulares. Desta forma, deverão integrar a Estrutura Ecológica Regional do Vale do Zambeze: • Sistema Verde - Natural e Turístico, constituído por: Áreas de Conservação Existentes (Parque Nacional de Magoé, Coutadas (parcialmente), IBAs, Complexo de Marromeu – Convenção Ramsar, Reserva Especial de Búfalos de Marromeu) e Áreas de Conservação Propostas (Área de Protecção Ambiental do Alto (ou da Albufeira) do Zambeze e Área de Protecção Ambiental do Delta do Zambeze e novas áreas importantes para a conservação de diversas espécies). • Sistema Azul - Hídrico, constituído pela albufeira Cahora-Bassa, áreas de inundação, rios principais e delta do Zambeze. 8.3.1.1. Sistema Verde - Natural e Turístico O sistema verde, de usos naturais e turísticos associados (safaris, coutadas, caça fotográfica, agricultura e desenvolvimento comunitário, etc) é composto pelas áreas de parques, reservas e coutadas, dedicadas prioritariamente à conservação e gestão sustentável dos recursos faunísticos, à observação da natureza, à preservação de habitats e ao equilíbrio das actividades humanas com os objectivos anteriores; são áreas já delimitadas oficialmente como tal e com estatuto oficial próprio. Sendo uma das vertentes com grande potencial de exploração sustentável, em particular dado o valor ainda não explorado em termos de “marketing territorial” do nome “Zambeze”, propõem-se a constituição de duas grandes Áreas de Protecção Ambiental (APA). Uma a noroeste da zona de intervenção, essencialmente nos Distritos de Zumbo, Marávia e Mágoé, criando uma grande zonatampão ao Parque Natural de Mágoé, envolvendo o lago de Cahora Bassa e uma zona protegida transfronteiriça com a Zâmbia. Poder-se-ia denominar de APAAlZa – APA do Alto (ou da Albufeira) do Zambeze. O seu objectivo será o de conservar recursos naturais, promover o turismo e o desenvolvimento integrado, e admitindo usos não adstritos à conservação (ex: indústria extractiva) até 10% da sua área. A outra zona, a sudoeste abrange os distritos de Chinde e Marromeu, integra todo o sistema húmido do estuário do Zambeze, cria uma zona tampão à Reserva Especial de Búfalos de Marromeu e poder-se-ia denominar de APADeZa – APA do Delta do Zambeze. O seu objectivo será o de conservar recursos naturais, promover o turismo e o desenvolvimento integrado, e admitindo usos não adstritos à conservação (ex: pesca) até 10% da sua área. Além destas duas áreas estratégicas para a gestão sustentável dos recursos em Moçambique, propõe-se a ampliação de algumas coutadas e a criação de uma outra área de conservação com estatuto a estudar na zona a norte do distrito de Morrumbala, pelo seu grande valor ecológico, estético e potencial turístico. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 48 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Todas estas áreas, ao abrigo da legislação em vigor terão de possuir os seus planos de maneio e orgãos de gestão, assegurando a conservação da natureza como actividade económica e de suporte inter-geracional, com apoio e fundamento nas comunidades locais. 8.3.1.2. Sistema Azul - Hídrico O sistema azul é constituído por grandes elementos estruturados pela presença da água, temporária ou permanente, mas sempre fundamental na forma e uso desses espaços: a grande barragem de Cahora-Bassa, o rio Zambeze e o seu delta, as zonas inundáveis circundantes. No caso do PEOT este sistema tem ainda a importância de dar coerência e conectividade às duas grandes APAs propostas e atrás descritas. Em conjunto com o sistema verde, o sistema azul constitui a base de uma estrutura ecológica para a zona em estudo, que a seguir se desenvolve. 8.3.2. Sistema Extractivo Um dos motores da actividade económica regional e nacional, merece papel primordial no modelo de ordenamento; a sua componente não renovável, implica por seu turno a sua colocação a par com outros sistemas renováveis e também fundamentais para o desenvolvimento económico e social regional: os sistemas naturais/turísticos, agrícolas e florestais. Tendo em consideração os investimentos, a localização dos centros de logística e transporte, os corredores ferroviários e a conurbação urbana proposta de Tete-Moatize, bem como a presença dos recursos exploráveis, definiu-se no modelo proposto uma grande região estruturada naquele núcleo urbano, onde se admite que a actividade da indústria extractiva seja a de uso dominante e onde as prioridades de concessão, cumpridos os normativos legais, sejam atribuídas ao sector da mineração. 8.3.3. Sistema Agrícola Nas zonas de maior produtividade e intensidade de produção agrícola na região nordeste do PEOT, nomeadamente não Distrito de Angónia deve ser criada uma zona de reserva agrícola, delimitada e com estatuto regulamentar ao nível do uso do solo e onde os mesmos tenham de ser afectos na sua grande maioria a esta actividade. Será uma das primeiras áreas nacionais afecta legalmente a esta actividade, por forma a preservar um dos recursos mais fundamentais de um País sustentável: a capacidade de produzir em quantidade e qualidade os alimentos que a população precisa e a economia valoriza. Neste sistema não quer dizer que só se possa fazer agricultura, mas que os usos dominantes estejam associados a esta fileira. No nosso entender isto quer dizer 90% do território. 8.3.4. Sistema Florestal Neste sistema, deve-se promover a gestão integrada das explorações e concessões, evidanciando-se a necessidade de se fazer um plano regional de gestão florestal que possa contrariar a lógica de rapina das concessões simples de controlo duvidoso e de grande dano ambiental, sem os correspondentes ganhos públicos. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 49 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Neste sistema não quer dizer que só se possa fazer actividade florestal, mas que os usos dominantes estejam associados a esta fileira. No nosso entender isto quer dizer 90% do território. 8.3.5. Redes Principais O planeamento do sistema de transportes fundamenta-se em dois pilares basilares: por um lado a criação de uma rede de acessibilidades estruturada, ligando os sistemas urbanos mais relevantes, e por outro, a resolução das necessidades de acessibilidade e mobilidade de cada um dos sectores. As jazidas de carvão da região de Tete obriga à construção de eixos ferroviários transversais que permitam viabilizar a indústria extractiva, aumentando significativamente a mobilidade e acessibilidade da região. Através de uma rede rodoviária permanente de acesso às estações ferroviárias será potenciado o acesso aos mercados internos e externos pelas indústrias locais, pela actividade agrícola e florestal e, de um modo geral, pelas populações, estimulando as oportunidades de negócio de uma região que, embora rica em recursos naturais, debate-se com problemas sérios ao nível social e económico. A rede rodoviária carece de uma ligação do sistema primário entre duas capitais de província, Tete e Quelimane, pelo que o modelo territorial propõe a reclassificação (de secundária para primária) da N322 entre a N1 (Cruzamento Zero) e a N7 viabilizando um eixo rodoviário internacional Lilongwé (Malawi) – Angónia – Tete – Caia – Quelimane. A aposta no modo lacustre na albufeira de Cahora Bassa através da ligação entre o Songo, Mpheende e Zumbo, permitirá, o fecho do anel de acessibilidade, complementando a N303 (a norte da Albufeira). Relativamente ao modo aéreo considera-se a abertura ao tráfego do aeroporto internacional de Tete como resposta à intensa actividade económica da região (investimento estrangeiro), permitindo uma articulação com os restantes aeródromos previstos. Em complemento com os aeródromos em funcionamento, o modelo prevê a viabilização de aeródromos em locais de acessibilidade difícil e precária, nomeadamente no Zumbo e em Chinde. 8.3.6. Núcleos Urbanos Claramente a zona de intervenção é dominada pelo centro urbano de Tete, com um crescimento acentuado na última década e com previsão para as próximas no mesmo sentido. A proximidade a Moatize e às explorações minerais associadas, com todos os seus investimentos e logísticas, deve conduzir a ser assumida a conurbação urbana entre estes dois pólos, vindo assim a ser constituída uma grande área urbana e de serviços, de nível regional e nacional. Importa assim urgentemente definir um plano de ordenamento específico para orientar esta conurbação e crescimento, que guiado pelo sistema económico e não pelo sistema urbano se arrisca a comprometer funções vitais do mesmo (nomeadamente transportes, mobilidade, habitação, serviços e equipamentos colectivos). Claramente as capitais de Distrito têm de assumir um papel de maior relevância, devendo ser dotadas de serviços básicos, acessos, comunicações e equipamentos estruturantes de saúde compatíveis com o seu estato e importância social e territorial. Por último, de referir a centralidade relevante do Songo, que não sendo já capital de Distrito, é claramente um pólo urbano dinamizador e que importa continuar a ter em atenção num modelo territorial coerente. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 50 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Figura 11 – Esquema do Modelo Territorial Proposto RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 51 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Figura 12 – Esquema do Modelo Territorial Proposto – Redes Principais RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 53 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Figura 13 – Esquema Modelo Territorial Proposto – Sistemas Estruturantes RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 54 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES Figura 14 – Proposta de Estrutura Ecológica Regional para o Vale do Zambeze RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 55 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 8.4. Alteração do Modelo Territorial Actual para atingir o Modelo Territorial Proposto Comparando o modelo territorial actual com o proposto, verificamos as seguintes evoluções principais a merecerem intervenções e/ou planos de acção específicos: • Integração e desenvolvimento dos sistemas naturais mais relevantes e em duas grandes zonas de conservação, desenvolvimento sustentável e turismo: a criação de duas APAs (Áreas de Proteção Ambiental), uma nos distritos de Zumbu, Marávia e Magoé, envolvendo o Parque Natural de Magoé; outra nos distritos de Chinde e Marromeu, para todo o estuário do Zambeze, e englobando a área Ramsar e a Reserva de Marromeu; propomos as denominações de APA AlZa (Alto Zambeze ou Albufeira do Zambeze) para a primeira e APA DeZa (Delta do Zambeze) para a segunda. • Esta criação das áreas de proteção ambiental, respectivo plano de maneio e criação de corpo de gestão e fiscalização, deve ser feita antes das vias de comunicação propostas para melhorar as ligações às respectivas capitais de Distrito estarem melhoradas e/ou criadas, por forma a evitar o mais fácil acesso a zonas ambientalmente sensíveis ainda bem conservadas e como tal a sua destruição por antecipação de estatuto de protecção. • Delimitação das áreas preferenciais para a indústria extractiva e actividades agrícolas e florestais; nestas duas últimas as concessões para outros fins que não os primordiais dever ser limitada a 10% do território em causa; estabelecimentos de planos de desenvolvimento sócio-económico tendo em consideração estes potenciai.. • Criação do grande pólo urbano Tete-Moatize, a ser implementado com recurso a plano específico de desenvolvimento e desenho urbano integrado. • Implementação de rede viária, ferroviária, fluvial e abertura de novos aeródromos de forma integrada. • Dotação de qualidade de vida, nomeadamente de saúde, serviços básicos, capacidade de manutenção de sistemas essenciais, energia e acessos condignos a todas as capitais de Distrito. • Revisão de planos de desenvolvimento e de ordenamento de detalhe tendo em vista a concretização do proposto no PEOT (enquanto Plano Especial e de dimensão estratégica, a ser concretizado em documentos de escala mais localizada e sectorializada). MODELO TERRITORIAL ACTUAL MODELO TERRITORIAL PROPOSTO RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 56 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES 9. INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS DO VALE DO ZAMBEZE No âmbito do PEOT, PM e AAE, e para efeitos de visualização e análise dos pressupostos, consequências e implicações territoriais, económicas, sociais e ambientais dos diversos cenários de desenvolvimento setoriais, propostos nos três referidos instrumentos, foi desenvolvida uma plataforma electrónica baseada num Modelo Digital de Suporte a Decisões (MD), que irá permitir e potenciar a análise e consulta de cenários de desenvolvimento sustentados e integrados na região do Vale do Zambeze. O Modelo Digital assume-se como uma verdadeira infra-estrutura de dados espaciais (IDE), ou Spatial Data Infrastructure (SDI), na medida em que dota os seus utilizadores de condições para coordenação, integração, troca e partilha de dados geográficos entre diferentes atores de vários níveis da comunidade de dados espaciais. Este factor assume uma grande importância no contexto da gestão de informação espacial para a tomada de decisões, como forma de garantir um desenvolvimento economicamente e ambientalmente equilibrado. No caso particular da aplicação WebSIG do Modelo Digital, esta permite a pesquisa, visualização e exploração de informação geográfica sobre a bacia do Zambeze, produzida quer por entidades oficiais, quer por privados. Esta aplicação actualmente contém informação referente à região do Zambeze, podendo ser facilmente extensível às restantes regiões do país. Os dados espaciais disponíveis no MD, foram proveniente das mais distintas fontes de dados e instituições. Neste sentido, foram executados diversos processos de validação e controlo da qualidade dos dados e da informação geográfica do MD, de forma a garantir a sua consistência geométrica, semântica e topológica. Até ao momento, foram recebidas pela equipa de projecto, cerca de 500 camadas de informação, das quais 75 se encontram disponibilizadas no Modelo Digital (ver exemplo de mosaico de camadas publicadas na figura abaixo). Fonte: Consórcio TPF Figura 15 – Mosaico exemplificativo de camadas publicadas no WebSIG do MD RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 57 | 60 CONSÓRCIO AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA, PLANO MULTISSECTORIAL, PLANO ESPECIAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL DO VALE DO ZAMBEZE E MODELO DIGITAL DE SUPORTE A DECISÕES A aplicação WebSIG do MD encontra-se publicada na Web, com o endereço http://documentos.zambeze.pt/websig/ , após a execução de todas as actividades de preparação, carregamento e actualização dos conteúdos da Plataforma. Outro aspecto inovador presente do projecto, prende-se com o facto de ter sido desenvolvida uma Plataforma de Gestão Documental, disponível em http://documentos.zambeze.pt/, que permite a partilha de documentação e informação entre membros da equipa de projecto e a UATA, devidamente credenciados, facilitando a sua comunicação e cooperação. Foi ainda implementada uma aplicação Web de Participação Pública, de suporte aos processos de participação nos Planos. Esta aplicação, disponível em http://zambeze.pt/, tem como principal objectivo facilitar os processos de divulgação e participação pública, sendo primordial para potenciar o envolvimento, disseminação e sucesso da Participação Pública. RESUMO EXECUTIVO | [FASES 1 e 2] 58 | 60 CONSÓRCIO