ECONOMIA TERÇA-FEIRA, 14 de setembro de 1999 Brasileiro está segurando gastos Brasília — O pessimismo da população em relação à conjuntura econômica pode ser medido por uma das questões da pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) ao instituto Vox Populi. O relatório foi divulgado ontem e aponta que 43% dos entrevistados afirmam que esta é uma “hora ruim” para comprar bens de consumo como geladeiras, móveis, microondas, freezer e televisão. A aquisição de bens mais caros, como automóveis, por exemplo, também não foi recomendada pelos entrevistados: 46% acham que este é um péssimo momento para isso. O desenvolvimento do país, de uma maneira geral, está parado para a maioria dos entrevistados. Segundo o levantamento, 49% da população afirmam que o país está estagnado, 7% comentaram que o país está andando para trás e, para apenas 10%, está andando para frente. Para 40% dos entrevistados, as perspectivas pessoais e profissionais estão estagnadas. Indicadores Poupança 14/09.........................0,7168% 15/09..........................0,7559% TBF 10/09.........................1,3983% IPCA (IBGE) agosto/99...............0,56% Dólar turismo (compra).........R$ 1,84 IGPM (FGV) agosto/99 ...............1,56% (venda) .........R$ 1,94 IPC (Fipe) julho/99 ......................1,09% Dólar comercial *(compra)....R$ 1,8880 Salário mínimo ............................R$ 136,00 (venda).....R$ 1,89 Ufir/UFM-POA/1999 ...................R$ 0,9770 Dólar comercial **(compra)...R$ 1,8814 CUB/RS setembro.......................R$ 471,72 (venda).....R$ 1,8822 UPF/RS .... ..................................R$ 5,5782 Dólar paralelo (compra)........R$ 1,938 TR 14/08 a 14/09 ........................0,2157% (venda) .......R$ 1,968 TJLP ...........................................14,05% Ouro BM&F (grama).............R$ 15,85 Fator para contratos Bovespa (fechamento).........1% (11.477) até 30/06/94 (antigo idtr) 14/09 .....................................0,00963003 IBV Rio (fechamento)...........0,31% (39.595) Fator para contratos *Taxa média no fechamento (mercado) a partir de 01/07/94 - 14/09.........2,14944523 **Taxa média das cotações (Ptax-BC) CORREIO DO POVO FHC faz promessas na Abras Ele condena lentidão nas reformas e garante taxas de juros de 13,5% em 2000 agüenta mais essa indecisão.” Apesar de o auditório não estar lotado, fornecedores, supermercadistas e expositores aplaudiram as mensagens do presidente, que prometeu para o ano que vem taxas médias de 13,5% dos juros nominais e inflação Foi a primeira vez na história da Associação Brasileira de Su- de 6,5%. “Vim agradecer a vocês por terem lutado pelo Brasil permercados (Abras) que um chefe do Executivo federal pres- quando estávamos enfrentando uma ameaça inflacionária. A tigiou tal solenidade. O presidente não poupou críticas ao reação de produtores, supermercadistas e consumidores deu Congresso Nacional. Condenou a morosidade na aprovação uma lição ao mundo contemporâneo”, declarou. das reformas estruturais e disse que não é hora de pensar em Fernando Henrique esteve na abertura da Abras 99 acomAFP / CP panhado de três ministros: o partidos políticos, mas em um projeto maior. “Não tiveda Educação, Paulo Renato mos capacidade política paSouza, o da Agricultura, Prara convencer o Congresso de tini de Moraes, e o ministro que as reformas não são Francisco Dornelles, do Trauma exigência externa, nem balho e Emprego. A mesa, um desejo pessoal do presipresidida pelo dirigente da dente, mas uma necessidaAbras, José Humberto Pires de. O custo da estabilidade de Araújo, também contou está diretamente ligado às com as presenças do goverreformas”, afirmou. nador paulista, Mário Covas, Ele reiterou que o déficit do prefeito do Rio, Luiz Pauda Previdência atinge R$ 45 lo Conde, da governadora bilhões e, com juros, chega em exercício do Rio, Benediaos R$ 60 bilhões. “Vamos ta da Silva, e dos governadotodos os meses aos bancos res de Brasília, Joaquim Ropedir dinheiro emprestado. riz, e do Rio Grande do NorTemos pressa. O país não Presidente passeou pelo Riocentro e agradeceu apoio de supermercadista te, Garibaldi Alves Filho. Daniela Vianna / enviada especial — A 33ª Convenção Nacional de Supermercados foi oficialmente ontem, no Riocentro, e contou R ioinaugurada com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso. Governo analisará Escola qualificará Setor supermercadista as reivindicações os trabalhadores gera 700 mil empregos Rio — O presidente Fernando Henrique Cardoso prometeu aos representantes do setor supermercadista que o governo federal vai analisar com atenção as duas principais reivindicações do setor. A primeira pede que o governo, por meio do Ministério do Trabalho e Emprego, inclua os supermercados na lista dos serviços essenciais. Assim, seria possível que os estabelecimentos abrissem as portas nos domingos e feriados. Segundo o presidente da Abras, José Humberto Araújo, isso criaria cerca de 40 mil empregos. Os supermercadistas também reivindicam que o Ministério da Saúde autorize a venda de medicamentos que não necessitam de receita médica nas prateleiras dos supermercados. Rio — O ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, e o presidente da Abras, José Humberto Pires de Araújo, assinaram ontem, durante a abertura da Abras 99, uma parceria que deverá resultar na qualificação de milhares de trabalhadores do setor supermercadista. O acordo criou oficialmente a Escola Nacional de Supermercados, que terá investimentos de cerca de R$ 3,3 milhões, sendo R$ 2,19 milhões do governo federal e R$ 1,1 milhão da Abras. O projeto será aplicado em dez estados na primeira etapa. Até agora, porém, apenas Rio de Janeiro e Goiás aderiram ao programa. “Já fiz contato com o governador Olívio Dutra e acredito que o Estado vai aderir à idéia”, disse Araújo. Giro econômico PANORAMA ECONÔMICO / Denise Nunes Concentração Bem antes dos supermercados, as indústrias de alimentos foram as primeiras a sentir o que é a “concentração”. Poucos grupos hoje controlam quase a totalidade do mercado da industrialização de alimentos e itens de higiene e limpeza, em que há rentabilidade e necessidade de grandes volumes de produção. A Gessy Lever (EUA) engoliu a Cica e domina, por exemplo, o abastecimento do sabão em pó e do creme dental; a Nestlé (Suíça) está em 23 categorias de produtos, desde macarrão, cereais naturais, iogurtes, chocolates até café; a Parmalat (Itália) adquiriu a Etti e a Neugebauer, entre outras empresas, e atua na área de biscoitos, leite e derivados; a Macri (Argentina) comprou a Isabela (massas e biscoitos) e o frigorífico Chapecó; a Círio (Itália) assumiu a Bom-Bril; e a Kraft (EUA) entra com chocolates (Lacta) e biscoitos. A Batavo (Holanda) é forte em iogurtes e outras, antigas, como a Quaker (cereais), compõem um quadro mundializado, de poder absoluto na “formação dos preços ao consumidor”. Enfrentar ou aliar-se: é o dilema sempre presente entre a indústria nacional. Esgotamento Falha A concentração e a desnacionalização, observa o presidente do Sindicato da Indústria da Alimentação (RS), Marcos Oderich, retratam o esgotamento das fábricas nacionais. Além dos obstáculos naturais, como os altos juros, amplia-se o desgaste das indústrias nas negociações com os supermercados. Oderich vê na ausência de uma política industrial, que oportunize às indústrias nacionais condições de competição mundial, uma grande falha. São poucas as fábricas gaúchas e brasileiras em condições de bancar as exigências de preço impostas pelos supermercados multinacionais, que não beneficiam o consumidor. Alerta Vazamento de informações e completo desconhecimento técnico do funcionamento da receita estadual. Essas são as conclusões do presidente da Associação dos Fiscais de Tributos do Estado, Roberto Kupski, sobre a denúncia dos candidatos ao concurso de agente fiscal de que não houve atuação em 60% dos municípios. Quantidade não é qualidade, concluiu. Rio — Dos 570 expositores presentes à 33ª Convenção Nacional de Supermercados e à Feira Internacional de Produtos, Serviços, Equipamentos e Tecnologia para Supermercados, no Rio, 12 são gaúchos e 252 são internacionais, representando 32 países. Ontem, durante a abertura da convenção, considerada a segunda maior do mundo no setor, o presidente da Abras, José Humberto de Araújo, afirmou que o setor é responsável por 6% do PIB nacional e gera 700 mil empregos diretos e outros 2 milhões indiretos. Apesar da forte tendência de fusão das cadeias de supermercados, responsável pela concentração de cerca de 40% das vendas em cinco grandes grupos, Araújo garantiu que há mercado para todos. “Há nichos de mercado específicos para os pequenos e médios, desde que se saiba onde operar”, disse o dirigente, salientando que está surgindo um movimento forte de associações de pequenas empresas. Latina Ponto final Instalada desde maio em Farroupilha, a Latina S/A ainda não conseguiu chegar à montagem mensal de 2 mil máquinas de lavar roupas. A média tem sido de 800 unidades e o motivo, óbvio, é a retração do consumo. O Banco do Brasil está reduzindo os seus juros desde a última sexta-feira. As taxas do cheque especial caíram de 9,4% para 8,9%. Para os clientes que recebem proventos através do banco as taxas ficaram em 7,9%. A indústria de calçados Carnella, de Novo Hamburgo, anuncia que irá abrir loja no futuro Shopping Cristal. Há pouco mais de dois meses, se instalou no Iguatemi. Supermercado Asun investe abrindo duas novas lojas ainda neste ano: uma em Pinhal, com 1,3 mil metros quadrados, e outra em Tramandaí, com 800 metros quadrados. Foi criada a parceria Fiergs, Instituto Evaldo Lodi, Sebrae e Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Escola de Engenharia da Ufrgs. A meta é estimular a formação de empresários e dirigentes de micros e pequenas empresas. As inscrições estão abertas no Programa de Pós-Graduação. A gaúcha Celulose Irani fechou o balanço do primeiro semestre com receita líquida de R$ 36,8 milhões e lucro líquido de R$ 1,8 milhão. Heron Vidal/Interino E-mail: [email protected] Receita Receita já realizou todos os testes possíveis e garante: não terá nenhum problema na virada do milênio. Para quem estava devendo e achava que ía acontecer qualquer coisa boa para o seu lado, a Receita informa que os seus computadores estão no ponto para enfrentar as dificuldades. Os trabalhos de adaptação às mudanças vêm desde 97. Índice As empresas de transporte intermunicipal de passageiros, longa distância, querem 16,4% de reajuste nas suas tarifas. Mas não vão levar, avisa o secretário estadual dos Transportes, Beto Albuquerque. Os cálculos técnicos do governo apontam um índice de 10,39%. Mercosul Empresa da terceira geração petroquímica, do Mercosul, avalia investimento no Estado – uma fábrica. SINGER — A empresa líder mundial na fabricação de máquinas de costura, a Singer, pediu concordata a um tribunal de Nova Iorque, após ter se declarado insolvente, no último dia 6. Desde que comprara a concorrente alemã GM Pfaff, em 1997, a empresa enfrentava problemas de liquidez. FUSÃO — As petrolíferas francesas Elf Aquitaine e TotalFina formalizaram ontem a fusão das duas companhias, dando origem à quarta maior empresa petrolífera do mundo e também à quarta em distribuição de gás natural. O valor do negócio chega a 52 bilhões de euros (54 bilhões de dólares). BONARI — A campanha publicitária da Bonari, futura concorrente da Embratel, para escolha do novo nome da empresa custou R$ 40 milhões. Após três semanas de campanha interativa, com as garotas-propaganda Adriane Galisteu, Letícia Spiller e Débora Secco, mais de 40% dos 915 mil votos foram para o nome Intelig. HEINEKEN — A cervejaria holandesa Heineken, que detém 14,80% da Kaiser, pretende comprar a concorrente. Ano passado, o principal executivo da Heineken no Brasil, Alexander Van Heuven, disse que estava só esperando a Kaiser baixar de preço para comprá-la. A Coca-Cola detém 10% da Kaiser, mas deve abandonar o segmento de alcoólicos e fixar-se no de refrigerantes. BANESPA — A privatização do Banespa não deverá ocorrer este ano, mas até o primeiro trimestre de 2000, acredita o presidente do banco, Eduardo Guimarães. Ele diz que há dificuldades para realizar a venda em 1999.