Start-Ups de Base Tecnológica: a Capacitação dos Empreendedores-Pesquisadores
Autoria: Cleverton SantaRita, Flavia Maria Coelho Baêta-Lara,
Adelaide Maria Coelho Baêta
RESUMO
As PMEs desempenham papel fundamental para o crescimento e o desenvolvimento de
uma economia. Sua contribuição social pode ser avaliada, tanto na geração de
oportunidades com o aproveitamento de uma grande parcela da força de trabalho local,
como no estímulo do desenvolvimento empresarial, ajudando na criação de um mercado
interno capaz de funcionar como base sólida para uma economia sustentável. Sem o
constante surgimento de novas empresas de orientação inovadora, o sistema econômico vêse privado do dinamismo tecnológico necessário ao processo de desenvolvimento.
Esta pesquisa realizada em 08 incubadoras brasileiras, de diferentes estados, busca
compreender o papel das incubadoras de empresas de base tecnológica na capacitação dos
empreendedores-pesquisadores durante o processo de incubação.
Os resultados apontam para alguns desafios a serem enfrentados pelas incubadoras no
desenvolvimento das novas competências exigidas pela economia da aprendizagem, a fim
de que tais empresas se tornem competitivas no mercado internacional.
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Start-Upsi de Base Tecnológica: a Capacitação dos Empreendedores-Pesquisadores
Resumo
As PMEs desempenham papel fundamental para o crescimento e o desenvolvimento de
uma economia. Sua contribuição social pode ser avaliada, tanto na geração de
oportunidades com o aproveitamento de uma grande parcela da força de trabalho local,
como no estímulo do desenvolvimento empresarial, ajudando na criação de um mercado
interno capaz de funcionar como base sólida para uma economia sustentável. Sem o
constante surgimento de novas empresas de orientação inovadora, o sistema econômico vêse privado do dinamismo tecnológico necessário ao processo de desenvolvimento.
Esta pesquisa realizada em 08 incubadoras brasileiras, de diferentes estados, busca
compreender o papel das incubadoras de empresas de base tecnológica na capacitação dos
empreendedores-pesquisadores durante o processo de incubação.
Os resultados apontam para alguns desafios a serem enfrentados pelas incubadoras no
desenvolvimento das novas competências exigidas pela economia da aprendizagem, a fim
de que tais empresas se tornem competitivas no mercado internacional.
Introdução
O objetivo deste trabalho é compreender como as incubadoras de empresas
atuam na capacitação dos empreendedores-pesquisadores de empresas nascentes ( startups) e sua relevância para o desenvolvimento local. A globalização, ao contrário do que
se poderia supor, reforça a idéia do desenvolvimento local. Para atuar no mercado
globalizado as empresas precisam tornar-se competitivas, e isto exige um ambiente
inovador e sinergia com os agentes locais de inovação. Várias são as estratégias adotadas
pelos governos e planejadores econômicos para estimular o desenvolvimento local e a
criação de novos negócios competitivos. As incubadoras de empresas de base tecnológica
têm desempenhado um papel de destaque na criação e desenvolvimento de empresas
tecnológicas.
Entende-se por incubadoras de empresas de base tecnológica organizações que
abrigam empreendimentos nascentes, geralmente oriundos de pesquisa científica, cujo
projeto implica o desenvolvimento e a comercialização de produtos ou serviços inovadores
e de alto conteúdo científico e tecnológico. Tais organizações oferecem espaço e serviços
subsidiados que favorecem o empresariamento e o desenvolvimento de novos
negócios.(BAÊTA, BORGES; TREMBLAY, 2005)
Segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Investimentos de
Tecnologias Avançadas – ANPROTEC
uma incubadora de empresas é um ambiente flexível e encorajador onde é oferecida uma série de facilidades para o
surgimento e crescimento de novos empreendimentos. Além da assessoria na gestão técnica e empresarial da empresa, a
incubadora oferece a infra-estrutura e serviços compartilhados necessários para o desenvolvimento do novo negócio,
como espaço físico, salas de reunião, telefone, fax, acesso à Internet, suporte em informática, entre outros. Desta forma,
as incubadoras de empresas geridas por órgãos governamentais, universidades, associações empresariais e fundações, são
catalisadoras do processo de desenvolvimento e consolidação de empreendimentos inovadores no mercado competitivo.
Em seu estudo sobre as incubadoras de base tecnológica Fonseca e Kruglianskas
(2000, p. 3-4) assinalam que:
2
a idéia de incubadoras esteve associada ao propósito de estimular o surgimento de negócios resultantes de
projetos tecnológicos desenvolvidos no interior dos centros de pesquisa universitários ou não. O conceito
criado foi o de incubadoras tecnológicas, voltadas para apoiar o nascimento e o fortalecimento das chamadas
empresas de base tecnológica.
No Brasil, nos anos recentes, não são poucos os trabalhos reafirmando a
importância das incubadoras na promoção de empresas nascentes originárias dos
laboratórios acadêmicos,entre eles: Vedovello e Figueiredo, 2005; Lahorgue,2004;
Dornelas, 2002; Zouain, 2001; Leal e Pires, 2001; Guedes; Filártiga; Lucas de Souza,
2003; Beuren e Raupp, 2003; Judice et al., 2003; Bermudez, 2001; Medeiros, 1999; Baêta,
1999; Furtado, 1998.
Acredita-se que a empresa instalada em uma incubadora tende a apresentar
maiores chances de sobrevivência, quando inserida no mercado, num comparativo com
aquelas que não tiveram a mesma oportunidade. Pesquisas apontam que a taxa de
sobrevivência das PMES inseridas nas incubadoras são em média 82 %. (LAGORNE,
2004). Isto explica o crescimento do número de incubadoras no Brasil nos últimos anos.
Segundo o relatório da ANPROTEC, o número de incubadoras no país passou de 2 em
1988 para 283 em 2004, sendo que 55 % delas são tecnológicas e 18 % do tipo mista.
As incubadoras de base tecnológica lidam predominantemente com o chamado
empreendedorismo tecnológico cujo grande desafio é atuar no mercado internacional.
Convém observar que um dos assuntos que está em pauta nas discussões de quase todas as
instituições e pessoas que discutem o desenvolvimento econômico do país - a
internacionalização destas empresas - não tem sido contemplado significativamente no
processo de capacitação das incubadoras analisadas.
Neste artigo, o foco de estudo é a criação de novas empresas de base
tecnológica que tenham a ambição internacional. Nosso interesse é saber como favorecer
a criação desse tipo de empresas e preparar os empreendedores para lidar no mercado
internacional. As incubadoras desenvolvem ações que favorecem a criação de empresas
exportadoras ou prontas para competir em um mercado global? Como a incubadora
capacita o empreendedor para atuar no mercado globalizado? Esta é uma questão ainda
sem resposta e o interesse deste artigo é ajudar a respondê-la. Até que ponto as
incubadoras influenciam o desenvolvimento local capaz de assegurar a competitividade das
empresas graduadas?
A metodologia utilizada foi a seguinte: a partir dos trabalhos de Oviatt &
McDougall (1995), McDougall, Oviatt et Shrader (2003) e de Johnson (2004) sobre o
empreendedorismo internacional, foi elaborado um quadro de análise para avaliar as
principais condições disponibilizadas pelas incubadoras às start-ups. A avaliação das
incubadoras utilizou dados secundários obtidos na literatura sobre o tema e no site da
ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Investimentos de
Tecnologias Avançadas- além de entrevistas com gerentes de 8 (oito) incubadoras situadas
em diferentes regiões brasileiras e 4 diretores de empresas graduadas naquelas
incubadoras. O trabalho está estruturado em 3 seções.
Na primeira seção, consta esta introdução que contextualiza o objeto de
pesquisa e descreve o conceito das incubadoras à luz da literatura sobre o tema; na segunda
seção apresenta-se o referencial teórico sobre empreendedorismo tecnológico, destacando
os conceitos de internacionalização de empresas e de desenvolvimento local; a terceira
seção descreve a metodologia adotada e analisa os resultados da pesquisa; a quarta seção
faz algumas considerações finais.
3
2. Empresas de base tecnológica e empreendedorismo tecnológico
O empreendedorismo tecnológico tem algumas particularidades em relação ao
empreendedorismo tradicional que tornam tal processo de criação mais difícil (BORGES;
BERNASCONI; FILION, 2003). As empresas de base tecnológica fazem, em geral, parte
de uma nova indústria e propõem ao mercado algum tipo de inovação, por isso sofrem o
que Stinchombe (1965) caracterizou de “liability of newness”. Ou seja, ainda não existe no
mercado uma base de conhecimento sólida para o tipo de produto ou ação que a nova
empresa está propondo. Em conseqüência, o processo de criação e de legitimação da nova
empresa torna-se mais difícil. Mais do que criar uma empresa, muitas vezes os
empreendedores tecnológicos precisam criar um mercado.
Uma série de barreiras estruturais e fatores limitantes constrangem a ação das
empresas no estágio industrial emergente: a ausência de infra-estrutura, de canais
adequados de distribuição e suprimento de serviços complementares necessários, a
qualidade irregular dos produtos, as dificuldades de obtenção de matérias primas e
componentes, a ausência de padronização, escala e externalidades de produção, além de
um estado de “confusão” (ou as vezes desconfiança) por parte dos clientes e consumidores.
Em outra dimensão, há incertezas quanto à imagem e credibilidade das empresas iniciantes
junto a comunidade financeira e finalmente há atrasos e transtornos na obtenção de
aprovação às regulamentações que pouco a pouco se estabelecem .
São características comuns à indústria emergente os processos de tentativa e
erro e comportamentos erráticos, já que predominam a “incerteza tecnológica” e a
“incerteza estratégica”. Os usuários e consumidores também são iniciantes e desconhecem
os produtos/serviços, devendo, neste estágio, serem informados sobre os mesmos, até que
possam ser capazes de prover feedback mais completo de suas necessidades e
experimentos de consumo. (JUDICE;BAÊTA, 2003)
O Empreendedorismo tecnológico caracteriza-se ainda por um empreendedor
mais bem qualificado (em termos de formação, mas não necessariamente de experiência
profissional), pela presença de equipes empreendedoras e pela necessidade de um volume
maior de recursos para bancar o desenvolvimento e a constante atualização tecnológica
dos produtos e serviços (BORGES, BERNASCONI; FILION, 2003).
2.1. Internacionalização de empresas
Ainda que alguns estudos sobre internacionalização das pequenas e médias
empresas enfatizem que a opção de internacionalizar dá-se normalmente em uma etapa
posterior ao processo de criação, ou seja, a empresa não nasce com a ambição de exportar,
autores como Oviatt e McDougall (1995) afirmam que algumas empresas desde o
nascimento assumem características que destacam sua ambição de serem globais. A
oportunidade de negócio visualizada transborda as fronteiras do país, sede da empresa.
Muitas vezes, para viabilizar esse negócio, a empresa tem que necessariamente, desde
muito cedo, estabelecer contatos com clientes, fornecedores e parceiros no exterior.
Esse tipo de empresa apresenta alguns fatores de sucesso, segundo Oviatt e
McDougall (1995): 1) visão global desde o inicio do projeto; 2) equipe de direção com
experiência no mercado internacional; 3) rede de relação de negócios internacionais, 4)
escolha de mercados ou tecnologias proeminentes; 5) controle sobre algum recurso
intangível único; 6) estreita ligação entre produtos e serviços; e 7) coordenação global.
Os autores definem uma empresa internacional emergente como sendo “a firm that
achieved international sales while still in the new venture or start-up phase of the
organization life cycle” (p. 69).
4
Neste artigo utilizamos alguns indicadores que constam do quadro 1, onde
listamos os principais fatores que diferenciam as start-ups internacionais (SI) das start-ups
domésticas (SD).
Quadro 1
Fatores que diferenciam as
empresas emergentes internacionais das domésticas
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
A start-up internacional (SI) distingue-se da start-up doméstica (SD) principalmente pela experiência
de equipe empreendedora.
a)A equipe da SI tem mais experiência no mercado internacional.
b)A equipe da SI tem mais experiência no segmento de atuação da empresa.
A SI tem de estratégias mais agressivas que a SD.
A SI enfatiza mais a inovação que a SD.
A SI enfatiza mais a qualidade do que a SD.
A SI enfatiza mais os serviços (que acompanham os produtos) que as SD.
A SI enfatiza mais o marketing que as SD
A SI utiliza mais canais de distribuição que as SD
A SI opera em segmentos onde existem nichos de atuação global.
Fonte: McDougall, Oviatt e Shrader, 2003.
Para analisar a internacionalização de Start-ups1 no Reino Unido e Estados
Unidos, Johnson (2004) elaborou um quadro de análise que contém fatores externos,
internos e facilitadores da internacionalização das empresas (veja figura 1).
Observe-se que as proposições de Johnson, em especial em relação aos “fatores
internos” condizem com as propostas de Oviatt e McDougall (1995) e estão presentes nas
hipóteses de McDougall, Oviatt e Shrader (2003).
5
Dentre os “fatores externos” pode-se destacar Nicho Internacional de Mercado,
Fluxo Acelerado de Inovação Tecnológica Mundial e a Influência da Rede de Parceiros.
(Figura 1)
O quadro para a análise das incubadoras brasileiras foi construído a partir dos
fatores listados por aqueles autores.
Fatores Externos
Fatores Internos
Natureza da Indústria
Internacional
“Borderless World’
Visão global dos fundadores
Experiência internacional
fundadores
Atenção internacional
Economia de escala,
demandada pela
indústria
empreendedore
Necessidade de obter
Financiamentos
Oportunidades adicionais do
mercado
Exploração de propriedade
tecnológica internacional
Superação da inércia domestica
na firma
Altos gastos de
Fatores Facilitadores
Nicho Internacional de
mercado
Fluxo acelerado de
inovação tecnológica
mundial
Start up
Internacional
Avanços nas comunicações
internacionais
Avanços nos transportes
internacionais
Avanços na tecnologia da
informação
Avanços nos processos
tecnológicos
Integração do mercado
financeiros mundial
Natureza competitiva
da indústria
internacional
Necessidade de
responder as
iniciativas de
competidores mundiais
Intensa competição
doméstica
Pequeno mercado
doméstico
Padrão mundial
Influência da rede de
parceiros
Influência externa de
clientes domésticos e
internacionais
Fonte: adaptado de Johnson, 2004
Fig. 1 – Fatores que influenciam o início da internacionalização das Start-ups internacionais,
adaptado de Johnson (2004).
3. Metodologia da pesquisa e análise dos resultados
A construção teórica desenvolvida neste estudo busca reunir elementos,
evidências e indicadores do papel desempenhado pelas incubadoras de empresas na
formação de uma cultura empreendedora voltada para o mercado internacional. A partir
dos trabalhos de Oviatt & McDougall (1995), McDougall, Oviatt e Shrader (2003) e de
Johnson (2004), foi elaborado um quadro de análise para verificar a atuação das
incubadoras tecnológicas (Veja Quadro 2). As características dos empreendimentos
internacionais emergentes recomendadas por estes autores foram transformadas em itens
de análise das condições oferecidas pelas incubadoras. O objetivo é avaliar se os propósitos
e serviços oferecidos pelas mesmas favorecem o empreendedorismo internacional. Vale
ressaltar que a análise é restrita às atividades das incubadoras. Não são consideradas, por
exemplo, possíveis ações governamentais ou elementos do ambiente de atuação das
empresas que poderiam favorecer a internacionalização das mesmas.
Para avaliar a atuação das incubadoras no tocante ao empreendedorismo
internacional usamos três fontes de dados:
a) Os resultados de outros estudos sobre as incubadoras brasileiras.
Vários estudos empíricos já foram realizados sobre as incubadoras brasileiras.
6
Alguns deles, que estão entre os mais citados na literatura nacional sobre o tema, foram
escolhidos e neles avaliamos as atividades e ações das incubadoras que são compatíveis
com os itens da quadro 2. Os estudos utilizados foram os seguintes: Morais, 1997 e 2001;
Bignetti, 1999; Lemos e Maculan, 1998; Bermudez, 2000; Zouain, 2001; Rousso, 2001;
Guedes et al., 2001; Dornellas, 2002; Souza, 2003; Beuren e Raupp, 2003; Bermudez,
2001; Baêta, 1999 e 2003.
b) Sites internet de 20 incubadoras brasileiras.
Visitamos os sites internet de 20 das principais incubadoras brasileiras. Nos
sites, as seguintes informações foram, quando disponíveis, utilizadas: missão e objetivos da
incubadora, critérios de seleção dos futuros incubados, características das empresas
incubadas, serviços oferecidos pela incubadora, rede de parceiros da incubadora e jornais
informativos da incubadora.
c) As entrevistas realizadas com gestores de 8 incubadoras de base tecnológica
brasileiras, 10 dirigentes de empresas incubadoras e 6 dirigentes de empresas graduadas
em incubadoras tecnológicas.
Nessas entrevistas obtivemos informações sobre as características do processo
de incubação relativas à formação gerencial e oportunidades oferecidas aos
empreendedores das empresas incubadas e a relação das empresas graduadas com as
incubadoras.
Incubadoras
Nº de Empresas
Nº de empresas
incubadas
graduadas
BIOMINAS (Belo Horizonte –MG)
09
13
CESAR ( Recife – PE )
08
08
CISE ( Aracaju – SE )
03
03
INCAMPI ( Campinas – SP )
10
08
ITCG ( Campina Grande – PB )
08
60
ITEC ( Aracaju – SE )
06
00
INATEL ( Santa Rita do Sapucaí – MG )
10
24
PROINTEC ( Santa Rita do Sapucaí – MG )
09
13
As informações colhidas nas três fontes ( literatura nacional sobre incubadoras de base
tecnológica e site das incubadoras, entrevistas com gestores de incubadoras e dirigentes de
empresas graduadas) foram confrontadas com o quadro de análise da atuação das
incubadoras em prol do empreendedorismo internacional . Os resultados são apresentados no
quadro 2.
Quadro 2
Quadro de análise da atuação das incubadoras em prol do empreendedorismo
internacional
.
Características das
empresas internacionais
emergentes ( star-ups)
Justificativa
Elementos a serem
analisados nas
incubadoras
Visão global desde o inicio do
projeto
O mercado das empresas de base
tecnológica é internacional.
A incubadora seleciona empresas
que
almejam
o
mercado
internacional e empreendedores
que tem uma visão global do
mercado ?
7
2.
Equipe de direção com
experiência
no
mercado
internacional
A experiência no mercado
internacional
favorece
a
identificação de oportunidades e
a ação neste mercado.
.
Rede de relação de negócios
internacionais
Contato no exterior e com
pessoas que lidam com comércio
exterior,
assim
como
a
competência no estabelecimento
de parcerias internacionais.
Conhecer o mercado e propor
inovação
e
tecnologias
proeminentes
favorece
a
competição
no
mercado
internacional.
O controle sobre recurso
intangível único favorece a
entrada da empresa nascente no
mercado internacional.
O capital de risco contribui para
a competitividade da empresa.
4.
Escolha de mercados
tecnologias proeminentes
ou
.
Controle sobre algum recurso
intangível único
6.
Acesso a financiamento de
risco
7. Relacionamento com Centros
de P&D.
8. Comercialização e distribuição
dos produtos e serviços.
9. Estabelecimento de Jointventures
com
empresas
internacionais.
O relacionamento com centros de
P&D
favorece
o
desenvolvimento de tecnologias
proeminentes e a inovação.
A
competência
para
comercializar e distribuir amplia
as oportunidades no mercado
O estabelecimento de Jointventure
com
empresas
internacionais
favorece
a
internacionalização das empresas
incubadas.
A incubadora seleciona empresas
constituídas por empreendedores
que
tenham
experiência
internacional? Proporciona aos
empreendedores
incubados
oportunidades de desenvolver
esse tipo de experiência?
A incubadora, no momento da
seleção, avalia a rede de relações
do empreendedor? Prepara os
empreendedores
para
desenvolver esse tipo de rede?
A incubadora prioriza a escolha e
o suporte a empresas que visam
desenvolver
produtos
e/ou
serviços em mercados de
tecnologias proeminentes?
A
proposta
traz
algum
conhecimento pouco explorado
no mercado?
A incubadora favorece o acesso
ao capital de risco? A incubadora
prepara os empreendedores a
trabalhar com os capitalista de
risco (o que inclui mudanças na
gestão da empresa emergente)?
A incubadora relaciona-se com
Centros de P&D e favorece a
relação dos incubados com estes
centros?
A incubadora oferece capacitação
para a comercialização e
distribuição dos produtos e
serviço das empresas?
A incubadora está preparada para
o estabelecimento de colaboração
com empresas através da criação
de Joint-ventures? Ela favorece o
estabelecimento de joint-ventures
entre os incubados e empresas
internacionais?
Quadro elaborado por Baeta, Borges e Tremblay, 2005.
3.1. Apresentação e análise dos resultados
No quadro 3 apresenta a evolução das características identificadas em 2004 e
2006 sobre as condições necessárias à adequação do processo de incubação para o
desenvolvimento de uma cultura empreendedora internacional e revela a trajetória das
incubadoras de base tecnológica.
A análise da freqüência das características para a capacitação para o
empreendedorismo internacional nas incubadoras brasileiras, observadas na pesquisa,
aponta para um grande desafio:as incubadoras, embora tenham aperfeiçoado sua
performance com relação a algumas características, como se pode observar, ainda não
apresentam orientação satisfatória para o mercado internacional .
8
Quadro 3
Características de sucesso para o empreendedorismo internacional das
empresas emergentes proporcionadas pelas incubadoras tecnológicas
Condições de capacitação dos empreendedores
2004
2006
1. Visão global desde o início do projeto
**
**
2. Equipe de direção com experiência no mercado
internacional
3. Rede de relação de negócios internacionais
**
**
**
**
4. Escolha de mercados ou tecnologias proeminentes
***
***
5. Controle sobre algum recurso intangível único
**
**
6.Acesso a financiamento de risco (venture capital)
*
**
7. Relação com Centros de P&D
***
***
8. Competência em comercialização e distribuição
**
***
9. Capacidade para a formação de joint-ventures
*
*
*** Característica presente
** Característica poucas vezes presente
* Característica ausente
O que nos chama a atenção é que a experiência internacional dos
empreendedores não tem sido de fato uma característica acentuada nas incubadoras. Não é
exigido dos incubados na seleção dos candidatos à incubadora qualquer requisito nesse
sentido. Não se constatou também a existência de estágio no exterior ou qualquer tipo de
formação específica com o objetivo de desenvolver este aspecto.
Outra condição não preenchida pelas incubadoras diz respeito à experiência
dos empreendedores. A grande maioria dos empreendedores nas incubadoras de base
tecnológica são alunos recém graduados e pesquisadores acadêmicos, aos quais falta a
experiência gerencial e administrativa. Apesar de algumas incubadoras indicarem a
importância de uma equipe empreendedora complementar (incluindo pessoas com
experiência em gestão), a maior parte das equipes ainda é formada por pessoal ligado à
tecnologia.
A rede de relacionamento com os negócios internacionais é bastante tímida nas
empresas incubadas e também nas incubadoras. Esse tema não é avaliado na seleção e nem
enfocado nas atividades desenvolvidas, apesar de algumas incubadoras promoverem a
participação dos empreendedores incubados em feiras, exposições e missões
internacionais. Em conseqüência, as relações de parcerias entre as incubadas e outras
empresas internacionais são pouco freqüentes.
Considerando que o sucesso do negócio no mercado internacional relaciona-se
à utilização de tecnologias proeminentes e domínio de algum recurso intangível único, as
incubadoras tecnológicas procuram, em seu processo de seleção, empresas que utilizam
tecnologias proeminentes e que se propõem a desenvolver produtos inovadores. Mas nem
sempre os projetos existentes se enquadram nessa linha. Após o início da incubação, o
suporte das incubadoras a este ponto também é limitado, pois o desenvolvimento de
produtos e serviços tecnológicos inovadores requer recursos que muitas incubadoras não
podem oferecer aos incubados.
9
Não obstante se constate que o registro de patentes ser uma das preocupações
das incubadoras, nem sempre tal registro é efetivado. A maioria das tecnologias
implementadas utilizam conhecimento público e inovações de caráter incremental, ou seja,
é ainda precário o controle sobre algum recurso intangível único.
Há ainda que considerar que é recorrente a idéia de que falta capital de risco
para os empreendedores brasileiros. Para o desenvolvimento das PMEs de base
tecnológica, é necessário, a priori, um ambiente tecnologicamente ativo que favoreça o seu
surgimento e crescimento. Destaca-se que, nas empresas de base tecnológica, a
característica mais importante é o seu compromisso com pesquisa e desenvolvimento. A
propensão ao financiamento de risco como se observa nas pesquisas é baixa, tendo
crescido muito pouco de 2004 para 2006. Poucas são as empresas que têm acesso a esse
tipo de financiamento. Apesar do esforço de algumas incubadoras em fazer a ponte entre
empresas e capitalistas de risco, esse trabalho é dificultado pela falta de uma cultura de
parceria. O que se percebe é que boa parte do desenvolvimento das empresas é bancado
por capital dos próprios empreendedores ou por agências oficiais de apoio a pesquisa
tecnológica (como CNPQ e FINEP).
O principal problema com o qual se defrontam tais empresas é justamente a
dificuldade em obter capital, seja na forma de empréstimos ou na manutenção de capital
próprio. Em sua procura por capital, as PMEs podem recorrer aos empréstimos bancários,
mas estes, quando obtidos, não passam de financiamento de curto prazo. Em geral, os
empréstimos disponibilizados variam em função da capacidade que elas demonstram em
oferecer garantias reais, abandonando, assim, fatores importantes no seu processo de
crescimento. A verdadeira necessidade das PMEs é a de capital permanente e, para obtê-lo,
o caminho seria o de recorrer ao mercado de capital, mas este é adequado somente para as
grandes empresas, capazes de assumir as responsabilidades e conseqüências dessa forma
de comercialização. Esses fatores decorrem da falta de acesso às fontes de capital acionário
que permitam dispensar às PMEs um tratamento adequado ao seu reduzido tamanho
(BERMÜDEZ, 2000).
Um dos pontos fortes das incubadoras brasileiras é a relação delas com os
Centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Em sua grande maioria elas estão
instaladas em Universidades ou, quando não é o caso, têm uma parceria com estas
instituições. Essa relação próxima favorece a utilização de Centros de P&D. Junta-se a isso
o fato de muitas incubadoras contarem entre seus incubados antigos ou atuais professores e
alunos destas universidades que desenvolveram ou desenvolvem pesquisa nestes centros e,
conseqüentemente, têm acesso facilitado a eles.
Quando se fala em internacionalização das start-ups (empresas emergentes),
um dos problemas encontrado nas incubadoras é a falta de suporte para a comercialização e
formação de joint-ventures no mercado internacional. Poucas ações desse tipo foram
encontradas. As incubadoras não têm muitas parcerias de caráter internacional e, desse
modo, apresentam dificuldade em transferir essa cultura aos incubados.
Pode-se concluir que a pouca ênfase no mercado internacional pode ser
explicada pelo grande mercado doméstico potencial do Brasil, se considerarmos os índices
populacionais e a vastidão territorial. Todavia, alguns aspectos constrangedores devem ser
considerados.
Primeiramente o fato de que a distribuição desigual da renda limita o número de pessoas
com acesso a bens de alta tecnologia no país. Em segundo lugar, o mercado competitivo
global já não permite que apenas empresas nacionais dominem os mercados domésticos.
.
10
Considerações finais
A capacitação que as start-ups recebem das incubadoras concorre sem dúvida para o
seu bom desempenho no mercado e contribui para o desenvolvimento regional. O ambiente
competitivo e as rápidas mudanças estruturais e tecnológicas exigem adequação contínua do
modo de produção e desafiam as empresas à inovação e à criatividade. Devido a isto, as
incubadoras de empresas passaram a constituir um reduto de idéias e oportunidades,
especialmente para as micro e pequenas empresas. Assim, as incubadoras fornecem aos
empreendedores suporte administrativo, financeiro e de estrutura relevantes para o seu
desempenho.
Convém observar, porém, que a velocidade das mudanças está a requerer dos
empreendedores uma atitude mais agressiva no sentido de buscar o mercado internacional.
Sobretudo quando falamos de empresas de base tecnológica e intensivas em conhecimento,
não há razão para focar exclusivamente o mercado doméstico. Com a globalização da
economia, produtos e serviços de alta tecnologia transpõem rapidamente as fronteiras
nacionais e alcançam com relativa facilidade os rincões mais afastados.
Nesse sentido, as incubadoras tecnológicas precisam acertar o passo com a
realidade a fim de estimular o empreendedorismo internacional.
Podem-se apontar alguns desafios que ainda deverão ser enfrentados no sentido
de vislumbrar uma nova trajetória para as incubadoras de base tecnológica:
a. O processo de seleção deve refletir a visão da incubadora e atrair empreendedores com
visão global.
b. O processo de incubação deve enfatizar a inovação como forma de diferenciação no
mercado.
c. Manter e ampliar a relação intensa com os centros de pesquisa de modo a favorecer e
estimular a inovação continua.
d. Enfatizar a qualidade do produto e do serviço, exigindo a adoção dos processos de
certificação ISO.
e. O monitoramento e acompanhamento de empresas no estágio de incubação embora
essencial não é suficiente. Há que se prestar o acompanhamento e favorecer a manutenção
e ampliação das redes de relacionamento das empresas graduadas.
f. A aproximação e o conhecimento com investidores de risco, de modo a favorecer o
acesso e a parceria com esses investidores que atualmente investem em empresas
brasileiras deve ser promovida. Todavia, convém ter a clareza de que se associar a um
capitalista de risco requer competência para a parceria e disposição de abrir mão de
regalias e exigir comprometimento e lealdade.
g. A oportunidade para que o empreendedor exercite a comercialização e a distribuição
do produto ou processo no mercado deve ser proporcionada. Para tanto será necessária a
promoção de parcerias competentes. Uma alternativa pode ser a formação de joint-ventures
com empresas internacionais. Empreendedores devem estar aptos a demonstrar a relação
entre a inovação tecnológica proposta e a visão do negócio, ou seja, deve estar apto a trazer
para o mercado o novo serviço ou produto, deve ser preparado para realizar a transação
comercial e demonstrar qual é o diferencial que ele realmente traz para o sistema do
negócio.
Como dissemos anteriormente, com esse trabalho pretendeu-se assinalar a
relevância do processo de incubação na capacitação gerencial do empreendedor, apresentar
alguns critérios para a seleção dos empreendimentos de base tecnológica de modo a
favorecer a adequada avaliação e possibilitar aos gestores dessa categoria de incubadoras
capacitar os empreendedores para o mercado global.
11
Referências:
ANPROTEC, Associação Nacional de Entidades Promotoras de Investimentos de Tecnologias Avançadas.
Disponível em: <http://www.anprotec.org.br>.
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1 Start-Ups de Base Tecnológica: a Capacitação dos