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Contribuição à Consulta Pública nº 291 , de 12 de Abril de 2001
Data da Contribuição : 13 de Junho de 2001 .
Autores da Contribuição :
* Sony Comércio e Indústria Ltda
* Panasonic do Brasil Ltda.
Origem : São Paulo , SP – Brasil
Quantidade de Páginas : 07
“ Utilização da Tecnologia Digital de Transmissão
Terrestre de Televisão ”
Tópicos da Contribuição :
1 ) Objetivos
2 ) Nossa Visão sobre o futuro da Tv digital para o Brasil
3 ) Conclusões
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1 ) Objetivos :
Apresentar a opinião da Sony do Brasil e da Panasonic
do Brasil em relação ao futuro da Tv Digital , visando colaborar com o processo
de tomada de decisão sobre a utilização da tecnologia digital na televisão que seja
a mais adequada para a realidade brasileira .
A Sony e a Panasonic , por serem multinacionais
japonesas , atuam ativamente em vários países do mundo , possuindo centros de
desenvolvimento tecnológico locais . Por essa razão , em relação a tecnologia de
Tv digital , possuem plenas condições de produzir aparelhos que atendam às
expectativas brasileiras para qualquer sistema que venha a ser adotado ( em
prazos diferenciados logicamente , em função do sistema que venha a ser adotado
e definido soberanamente pela ANATEL ) .
A Sony Corp. e a Panasonic Corp. são membros dos
grupos ATSC , DVB e Dibeg ( ISDB ) , tendo colaborado ativamente no
desenvolvimento dos trabalhos dos mesmos para a concepção dos sistemas de
Tv digital disponíveis atualmente .
No Brasil , a Sony e a Panasonic têm participado
ativamente dos grupos de trabalho desenvolvidos dentro da ELETROS , cujo
posicionamento e maior interesse e preocupação é o de sempre defender os
interesses do consumidor .
Aproveitamos a oportunidade de deixarmos claramente
explícito que a presente contribuição não reflete a opinião da entidade ELETROS
, mas sim , nossa visão particular sobre este grande debate .
Com esse espírito e certos de que poderemos colaborar
neste amplo ambiente de debate , extremamente salutar de prática democrática da
livre expressão , apresentamos abaixo algumas de nossas idéias e agradecemos
pela oportunidade criada para manifestação das mesmas .
2 ) Nossa Visão sobre o futuro da Tv Digital para o Brasil :
A Sony e a Panasonic , desde que foram fundadas , até
os dias de hoje , têm mantido seus firmes propósitos de criação , inovação e
satisfação do consumidor , fortemente estabelecidos por seus fundadores ( Masaru
Ibuka e Akio Morita fundadores da SONY e Konosuke Matsushita fundador da
Matsushita ) . Ao longo do tempo , inúmeras foram as contribuições para o
desenvolvimento de novas tecnologias e criação de produtos que se tornaram
populares e tão claramente presentes no dia a dia de todas as pessoas de todas as
partes do mundo , dispensando maiores comentários . Através dessa linha
histórica queremos salientar e , assim dar base ao nosso argumento , a
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importância da inovação tecnológica e o quanto idéias podem se transformar
em negócios e benefícios às pessoas para o lazer , entretenimento e comunicação .
Muitas vezes uma nova tecnologia pode não ser
acessível a maior parte da população em um primeiro estágio ( e isso fica mais
fortemente evidenciado no caso Brasil , devido a distribuição de renda e ao baixo
poder aquisitivo da população ) . Mas nem por isso está fadada ao insucesso de
implementação . O sucesso de implementação depende de fatores básicos e
fundamentais em poder atender às necessidades do consumidor ( causará
realmente desejo em adquirir a nova tecnologia ? , trará benefícios significativos
para seu dia a dia ? trará mais lazer , entretenimento ? mais informação ?
facilitará a comunicação e as tarefas do seu dia a dia ? , apresentará diferenças
notórias e atrativas sobre a tecnologia que já possui no presente ? , ... ) . A
popularização ocorre então de forma gradativa e acessível a todos . Citamos como
caso de sucesso de implementação e penetração o CD de áudio em substituição
aos Discos de Vinil . Este exemplo de implementação de sucesso mostra como a
oferta de “hardware” sincronizado com a disponibilidade de conteúdo “software”
são fundamentais . No caso de Tv digital este trabalho em conjunto não deve ser
diferente ( entre governo , emissoras , provedoras de conteúdo e fabricantes de
aparelhos ) . Uma vez satisfeitas essas premissas básicas , fica evidente portanto a
importância deste trabalho coordenado de implementação .
Para o caso de Tv digital para o Brasil , acreditamos
fortemente em um processo de implementação de longo prazo , que tenha que
atender no mínimo os próximos 30 anos e , para isso tem que suportar o maior
número de aplicações possível . Se pensarmos em um espectro de modelo de
negócios efêmero e limitado , poderá significar secundariamente também em um
atraso no campo tecnológico . Face ao longo período de implementação e
“popularização” da tecnologia , apontamos a possibilidade de intercâmbio de
tecnologia e participação no processo evolutivo do sistema que venha a ser
escolhido , como sendo um aspecto de extrema importância ao Brasil em relação
a TV digital . A realidade brasileira nos mostra um quadro de total dependência
tecnológica neste setor ( principalmente no que se refere ao desenvolvimento de
componentes eletrônicos e , mais especificamente semicondutores ) . A
possibilidade de garantia deste intercâmbio tecnológico deve ser , portanto ,
fortemente considerada para a escolha do sistema .
Uma vez definido o padrão a ser adotado no Brasil pela
ANATEL , ratificamos a importância do trabalho em conjunto entre os vários
setores envolvidos para que a implementação da Tv Digital seja realmente um
caso de sucesso ( para a população em primeiro lugar ) .
Neste traçado de planejamento de longo prazo , e em se
tratando em lidar com o futuro , o grau de incerteza no campo da tecnologia é
sempre uma incógnita do problema . Mas , podemos nos utilizar da análise das
tendências tecnológicas e na observação de experiências passadas e presentes
para trilharmos esses caminhos . Em uma análise de riscos , a tecnologia é com
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certeza o fator cuja carga de probabilidade determinante do sucesso ou insucesso
é a de maior impacto . Neste fascinante universo de desenvolvimento e inovações
tecnológicas , no caso de Tv digital teremos que nos mirar na experiência de
implementação dos outros países e observar atentamente as tendências de
desenvolvimento no segmento de semicondutores ( velocidade de processamento
, capacidade de memória , tamanho , consumo de energia , etc. , associados ao
custo , demanda produtiva e ciclo de vida ) . Ainda , temos que ter a cautela e
discernimento de termos em mente que nem sempre um modelo de negócios
adotado em um país pode funcionar em outro . As experiências de implementação
de outros países ainda é prematura mas suficiente para traçarmos nossa trajetória
em caminhos mais firmes sobre o que realmente queremos para o futuro desta
tecnologia para o Brasil .
Com base nessas premissas , podemos então sugerir
algumas recomendações ( todas igualmente importantes ):
1a ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere à capacidade
de aperfeiçoamento tecnológico” . Que permita adaptações e aperfeiçoamentos
futuros . Como experiência de limitação de aperfeiçoamento tecnológico do
passado citamos a adoção do PAL-M como sistema de cor para o Brasil . Os
reflexos negativos aparecem no campo de desenvolvimento e disponibilidade de
componentes eletrônicos ( geralmente mais caros ) e de equipamentos de
instrumentação .
2ª ) “que o padrão a ser adotado seja o menos híbrido possível” . Por híbrido
entenda-se um padrão dentre os já existentes mas com modificações em relação à
sua concepção original . Por exemplo , citamos o caso da Austrália em que foi
adotado um sistema híbrido para Tv digital : DVB-T com 7Mhz , Dolby AC3 ,
HDTV ( ou seja com parâmetros diferentes de sua concepção original ) . A
dificuldade de implementação é notória , tanto para quem produz conteúdo
quanto para quem fabrica produtos . Portanto , em outras palavras , é altamente
recomendável que o padrão a ser adotado e adaptado ao Brasil seja o mais
próximo possível de sua concepção original ( em relação aos aspectos técnicos ) .
Não criticamos o modelo adotado pela Austrália , apenas julgamos não
apropriado para o Brasil ( lembrando que cada país possui realidades e
necessidades diferentes uns dos outros ) .
3ª ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere a
possibilidade de expansão para o maior número de aplicações possíveis” . Mesmo
que não sejam exploradas todas as possibilidades de negócios possíveis em um
estágio inicial de implementação , é extremamente recomendável que se adote um
padrão que seja o mais flexível e abrangente . Um padrão que pela característica
de concepção , limite o modelo de negócios e o leque de aplicações possível de
ser explorado , é nocivo ao desenvolvimento tecnológico .
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4ª ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere a
possibilidade de recepção móvel” . A mobilidade e a portabilidade são desejáveis
em um ambiente de comunicações digitais e de convergência digital . Por
mobilidade não nos restringimos ao ambiente do interior de automóveis , ônibus e
trens apenas ( como muitos procuram limitadamente citar ) . Queremos nos referir
sim a idéia de “convergência” de mídias digitais . Com a tecnologia digital , a
convergência das diversas mídias será sem dúvida uma forte tendência que deve
ser explorada . Passamos a falar em um mercado de serviços imenso e , ainda a
ser desbravado pelas emissoras ( provendo conteúdo de entretenimento e
informativo ) , pelos provedores de conteúdo interativo , por empresas de
desenvolvimento de software e aplicativos , por empresas de notícias em tempo
real ( ex : sobre trânsito , tempo , aplicações financeiras , condições das estradas ,
reservas para shows , restaurantes , ... ) , etc. . Um mercado onde o maior atrativo
serão os serviços agregados ao hardware e , não propriamente o hardware em si .
A possibilidade de geração e exploração desses serviços , dividindo e equalizando
os diversos custos operacionais envolvidos , gerando espaço para outros
segmentos tecnológicos e de comunicação , com certeza serão salutares ao
ambiente Brasil do futuro e , este futuro , indica uma era de intensa comunicação
de imagens e vídeo ( Broadband era ) devido ao desenvolvimento cada vez maior
de técnicas de compressão avançadas e de desenvolvimento de semicondutores
cada vez mais rápidos e integrados .
5ª ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere a
possibilidade de recepção em alta definição” . Mesmo que sua implementação se
dê de forma gradual e lenta ( como acreditamos que assim ocorra ) , esta
possibilidade deve estar prevista . A alta definição é um poderoso diferencial para
o processo de transição do sistema analógico para o digital . Inicialmente
logicamente será voltado para um segmento de produtos de custo alto ( em função
do alto preço dos semicondutores e dos “displays” ) . Em um estágio posterior
com a gradativa queda dos preços e desenvolvimento de novas tecnologias de
“display” e queda nos preços dos semicondutores , espera-se a aplicação em
outros segmentos de produtos ( mais baratos ) . O diferencial de qualidade é um
apelo fortíssimo que não pode ser deixado de lado . Vale a pena ressaltar e
relembrar a importância de um trabalho coordenado entre emissoras e fabricantes
, pois a quantidade de horas de programação a ser veiculada em alta definição é
fundamental para o sucesso desta implementação .
6ª ) “que o padrão a ser adotado permita uma plataforma para desenvolvimento de
aplicativos APIs e software de domínio público”. Isso para possibilitar um
modelo de negócios horizontal . Como exemplo podemos citar a importância
desta garantia ao usuário que , ao adquirir um equipamento , esteja apto a receber
a programação digital de quaisquer canais disponíveis ( e não apenas de um canal
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específico proprietário ) . Também abre-se a oportunidade de desenvolvimento de
novos aplicativos e serviços , tão importantes para este novo conceito de “assistir
Tv” .
7ª ) “que o padrão a ser adotado permita a maior Flexibilidade para
disponibilização de conteúdo, serviços e produtos”. Devido à imensa diversidade
existente no Brasil com diferentes realidades , condições e necessidades que
variam de região para região , de emissora para emissora , de fabricante para
fabricante , esta flexibilidade é necessária e desejável . Ou seja , cada emissora
pode ter um modelo de negócios diferente de outra , assim como cada fabricante
pode adotar diferentes estratégias de negócios de acordo com suas características
e possibilidades .
8ª ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere à
possibilidade de intercâmbio tecnológico e de participação cooperativa no
processo evolutivo do sistema” . Já comentado anteriormente , julgamos este fator
de extrema importância para a escolha do sistema .
4 ) Conclusões :
Diante das sugestões expostas acima , baseado na
argumentação de que o sistema que venha a ser adotado seja o que possibilite a
exploração do maior número de novos negócios possível , em um ambiente
futuro de longo prazo , sugerimos a aplicação do padrão ISDB-T na utilização
da tecnologia digital de transmissão terrestre de televisão como a mais
apropriada para o futuro tecnológico do Brasil . Maior flexibilidade , concepção
original voltada a comportar o maior número de aplicações futuras possíveis (
conceito de segmentação do espectro ) , plataforma tecnológica mais adequada
para implementação de longo prazo , robustez (“time domain interleaving” ) ,
possibilidade de recepção móvel e exploração de serviços móveis ( foi
originalmente concebido para essa aplicação e não apenas como um “plus” ) , são
alguns dos fatores que justificam e suportam nossa argumentação . A SONY do
Brasil e a PANASONIC do Brasil acreditam ainda que o processo de transição
ocorrerá de forma gradual , lenta e , se fruto de um trabalho em conjunto , será
certamente um caso de sucesso para emissoras , fabricantes e primordialmente
dos consumidores brasileiros . O enfoque de longo prazo e de plataforma
tecnológica mais completa nos parece fundamental , embora tenhamos a
consciência da complexidade da somatória de valores que devem ser
considerados em uma tomada de decisões para uma questão tão relevante como
esta . Embora atuantes na implementação dos três sistemas existentes em seus
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países de origem , consideramos o Brasil privilegiado em ter a chance de
escolher o melhor sistema que atenda às suas necessidades específicas .
Aproveitamos esta oportunidade para congratular a
ANATEL , pela clareza na exposição se seus relatórios , feita de forma didática e
acessível a toda a população interessada , oferecendo a oportunidade da livre
expressão em torno de um tema tão relevante em suas vidas . Adicionalmente não
poderíamos deixar de mencionar a preciosa contribuição prestada por entidades
como o CPQD , o grupo SET/ABERT , ELETROS e Instituto Mackenzie , pelo
alto nível de profissionalismo e condução dos trabalhos comparativos entre os
sistemas . Independentemente de qual padrão venha a ser adotado e escolhido , a
SONY do Brasil e a PANASONIC do Brasil expressam desde já o
posicionamento de não medir esforços em colaborar neste processo , procurando
desenvolver aparelhos e serviços que atendam às necessidades dos consumidores
, pela qualidade e inovação de nossos produtos .
Atenciosamente ,
SONY COM. e IND. LTDA.
PANASONIC do BRASIL LTDA.
Takaaki Ushio
Presidente SONY do Brasil
Masahiro Seyama
Presidente PANASONIC do Brasil
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Sony Comércio e Indústria Ltda e Panasonic do Brasil Ltda.