SONY COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA. Rua Inocêncio Tobias, nº 125 Parque Industrial Thomas Edson - Barra Funda São Paulo - SP - Brasil CEP 01144-000 Tel: 55–11–3613-9111 Fax: 55–11–3619-3869 PANASONIC do BRASIL LTDA. Rod. Pres. Dutra Km 155 São José dos Campos - SP – Brasil CEP 12230-990 Tel: 55–12–335-9000 Fax: 55–12-335-9001 Contribuição à Consulta Pública nº 291 , de 12 de Abril de 2001 Data da Contribuição : 13 de Junho de 2001 . Autores da Contribuição : * Sony Comércio e Indústria Ltda * Panasonic do Brasil Ltda. Origem : São Paulo , SP – Brasil Quantidade de Páginas : 07 “ Utilização da Tecnologia Digital de Transmissão Terrestre de Televisão ” Tópicos da Contribuição : 1 ) Objetivos 2 ) Nossa Visão sobre o futuro da Tv digital para o Brasil 3 ) Conclusões 1 1 ) Objetivos : Apresentar a opinião da Sony do Brasil e da Panasonic do Brasil em relação ao futuro da Tv Digital , visando colaborar com o processo de tomada de decisão sobre a utilização da tecnologia digital na televisão que seja a mais adequada para a realidade brasileira . A Sony e a Panasonic , por serem multinacionais japonesas , atuam ativamente em vários países do mundo , possuindo centros de desenvolvimento tecnológico locais . Por essa razão , em relação a tecnologia de Tv digital , possuem plenas condições de produzir aparelhos que atendam às expectativas brasileiras para qualquer sistema que venha a ser adotado ( em prazos diferenciados logicamente , em função do sistema que venha a ser adotado e definido soberanamente pela ANATEL ) . A Sony Corp. e a Panasonic Corp. são membros dos grupos ATSC , DVB e Dibeg ( ISDB ) , tendo colaborado ativamente no desenvolvimento dos trabalhos dos mesmos para a concepção dos sistemas de Tv digital disponíveis atualmente . No Brasil , a Sony e a Panasonic têm participado ativamente dos grupos de trabalho desenvolvidos dentro da ELETROS , cujo posicionamento e maior interesse e preocupação é o de sempre defender os interesses do consumidor . Aproveitamos a oportunidade de deixarmos claramente explícito que a presente contribuição não reflete a opinião da entidade ELETROS , mas sim , nossa visão particular sobre este grande debate . Com esse espírito e certos de que poderemos colaborar neste amplo ambiente de debate , extremamente salutar de prática democrática da livre expressão , apresentamos abaixo algumas de nossas idéias e agradecemos pela oportunidade criada para manifestação das mesmas . 2 ) Nossa Visão sobre o futuro da Tv Digital para o Brasil : A Sony e a Panasonic , desde que foram fundadas , até os dias de hoje , têm mantido seus firmes propósitos de criação , inovação e satisfação do consumidor , fortemente estabelecidos por seus fundadores ( Masaru Ibuka e Akio Morita fundadores da SONY e Konosuke Matsushita fundador da Matsushita ) . Ao longo do tempo , inúmeras foram as contribuições para o desenvolvimento de novas tecnologias e criação de produtos que se tornaram populares e tão claramente presentes no dia a dia de todas as pessoas de todas as partes do mundo , dispensando maiores comentários . Através dessa linha histórica queremos salientar e , assim dar base ao nosso argumento , a 2 importância da inovação tecnológica e o quanto idéias podem se transformar em negócios e benefícios às pessoas para o lazer , entretenimento e comunicação . Muitas vezes uma nova tecnologia pode não ser acessível a maior parte da população em um primeiro estágio ( e isso fica mais fortemente evidenciado no caso Brasil , devido a distribuição de renda e ao baixo poder aquisitivo da população ) . Mas nem por isso está fadada ao insucesso de implementação . O sucesso de implementação depende de fatores básicos e fundamentais em poder atender às necessidades do consumidor ( causará realmente desejo em adquirir a nova tecnologia ? , trará benefícios significativos para seu dia a dia ? trará mais lazer , entretenimento ? mais informação ? facilitará a comunicação e as tarefas do seu dia a dia ? , apresentará diferenças notórias e atrativas sobre a tecnologia que já possui no presente ? , ... ) . A popularização ocorre então de forma gradativa e acessível a todos . Citamos como caso de sucesso de implementação e penetração o CD de áudio em substituição aos Discos de Vinil . Este exemplo de implementação de sucesso mostra como a oferta de “hardware” sincronizado com a disponibilidade de conteúdo “software” são fundamentais . No caso de Tv digital este trabalho em conjunto não deve ser diferente ( entre governo , emissoras , provedoras de conteúdo e fabricantes de aparelhos ) . Uma vez satisfeitas essas premissas básicas , fica evidente portanto a importância deste trabalho coordenado de implementação . Para o caso de Tv digital para o Brasil , acreditamos fortemente em um processo de implementação de longo prazo , que tenha que atender no mínimo os próximos 30 anos e , para isso tem que suportar o maior número de aplicações possível . Se pensarmos em um espectro de modelo de negócios efêmero e limitado , poderá significar secundariamente também em um atraso no campo tecnológico . Face ao longo período de implementação e “popularização” da tecnologia , apontamos a possibilidade de intercâmbio de tecnologia e participação no processo evolutivo do sistema que venha a ser escolhido , como sendo um aspecto de extrema importância ao Brasil em relação a TV digital . A realidade brasileira nos mostra um quadro de total dependência tecnológica neste setor ( principalmente no que se refere ao desenvolvimento de componentes eletrônicos e , mais especificamente semicondutores ) . A possibilidade de garantia deste intercâmbio tecnológico deve ser , portanto , fortemente considerada para a escolha do sistema . Uma vez definido o padrão a ser adotado no Brasil pela ANATEL , ratificamos a importância do trabalho em conjunto entre os vários setores envolvidos para que a implementação da Tv Digital seja realmente um caso de sucesso ( para a população em primeiro lugar ) . Neste traçado de planejamento de longo prazo , e em se tratando em lidar com o futuro , o grau de incerteza no campo da tecnologia é sempre uma incógnita do problema . Mas , podemos nos utilizar da análise das tendências tecnológicas e na observação de experiências passadas e presentes para trilharmos esses caminhos . Em uma análise de riscos , a tecnologia é com 3 certeza o fator cuja carga de probabilidade determinante do sucesso ou insucesso é a de maior impacto . Neste fascinante universo de desenvolvimento e inovações tecnológicas , no caso de Tv digital teremos que nos mirar na experiência de implementação dos outros países e observar atentamente as tendências de desenvolvimento no segmento de semicondutores ( velocidade de processamento , capacidade de memória , tamanho , consumo de energia , etc. , associados ao custo , demanda produtiva e ciclo de vida ) . Ainda , temos que ter a cautela e discernimento de termos em mente que nem sempre um modelo de negócios adotado em um país pode funcionar em outro . As experiências de implementação de outros países ainda é prematura mas suficiente para traçarmos nossa trajetória em caminhos mais firmes sobre o que realmente queremos para o futuro desta tecnologia para o Brasil . Com base nessas premissas , podemos então sugerir algumas recomendações ( todas igualmente importantes ): 1a ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere à capacidade de aperfeiçoamento tecnológico” . Que permita adaptações e aperfeiçoamentos futuros . Como experiência de limitação de aperfeiçoamento tecnológico do passado citamos a adoção do PAL-M como sistema de cor para o Brasil . Os reflexos negativos aparecem no campo de desenvolvimento e disponibilidade de componentes eletrônicos ( geralmente mais caros ) e de equipamentos de instrumentação . 2ª ) “que o padrão a ser adotado seja o menos híbrido possível” . Por híbrido entenda-se um padrão dentre os já existentes mas com modificações em relação à sua concepção original . Por exemplo , citamos o caso da Austrália em que foi adotado um sistema híbrido para Tv digital : DVB-T com 7Mhz , Dolby AC3 , HDTV ( ou seja com parâmetros diferentes de sua concepção original ) . A dificuldade de implementação é notória , tanto para quem produz conteúdo quanto para quem fabrica produtos . Portanto , em outras palavras , é altamente recomendável que o padrão a ser adotado e adaptado ao Brasil seja o mais próximo possível de sua concepção original ( em relação aos aspectos técnicos ) . Não criticamos o modelo adotado pela Austrália , apenas julgamos não apropriado para o Brasil ( lembrando que cada país possui realidades e necessidades diferentes uns dos outros ) . 3ª ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere a possibilidade de expansão para o maior número de aplicações possíveis” . Mesmo que não sejam exploradas todas as possibilidades de negócios possíveis em um estágio inicial de implementação , é extremamente recomendável que se adote um padrão que seja o mais flexível e abrangente . Um padrão que pela característica de concepção , limite o modelo de negócios e o leque de aplicações possível de ser explorado , é nocivo ao desenvolvimento tecnológico . 4 4ª ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere a possibilidade de recepção móvel” . A mobilidade e a portabilidade são desejáveis em um ambiente de comunicações digitais e de convergência digital . Por mobilidade não nos restringimos ao ambiente do interior de automóveis , ônibus e trens apenas ( como muitos procuram limitadamente citar ) . Queremos nos referir sim a idéia de “convergência” de mídias digitais . Com a tecnologia digital , a convergência das diversas mídias será sem dúvida uma forte tendência que deve ser explorada . Passamos a falar em um mercado de serviços imenso e , ainda a ser desbravado pelas emissoras ( provendo conteúdo de entretenimento e informativo ) , pelos provedores de conteúdo interativo , por empresas de desenvolvimento de software e aplicativos , por empresas de notícias em tempo real ( ex : sobre trânsito , tempo , aplicações financeiras , condições das estradas , reservas para shows , restaurantes , ... ) , etc. . Um mercado onde o maior atrativo serão os serviços agregados ao hardware e , não propriamente o hardware em si . A possibilidade de geração e exploração desses serviços , dividindo e equalizando os diversos custos operacionais envolvidos , gerando espaço para outros segmentos tecnológicos e de comunicação , com certeza serão salutares ao ambiente Brasil do futuro e , este futuro , indica uma era de intensa comunicação de imagens e vídeo ( Broadband era ) devido ao desenvolvimento cada vez maior de técnicas de compressão avançadas e de desenvolvimento de semicondutores cada vez mais rápidos e integrados . 5ª ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere a possibilidade de recepção em alta definição” . Mesmo que sua implementação se dê de forma gradual e lenta ( como acreditamos que assim ocorra ) , esta possibilidade deve estar prevista . A alta definição é um poderoso diferencial para o processo de transição do sistema analógico para o digital . Inicialmente logicamente será voltado para um segmento de produtos de custo alto ( em função do alto preço dos semicondutores e dos “displays” ) . Em um estágio posterior com a gradativa queda dos preços e desenvolvimento de novas tecnologias de “display” e queda nos preços dos semicondutores , espera-se a aplicação em outros segmentos de produtos ( mais baratos ) . O diferencial de qualidade é um apelo fortíssimo que não pode ser deixado de lado . Vale a pena ressaltar e relembrar a importância de um trabalho coordenado entre emissoras e fabricantes , pois a quantidade de horas de programação a ser veiculada em alta definição é fundamental para o sucesso desta implementação . 6ª ) “que o padrão a ser adotado permita uma plataforma para desenvolvimento de aplicativos APIs e software de domínio público”. Isso para possibilitar um modelo de negócios horizontal . Como exemplo podemos citar a importância desta garantia ao usuário que , ao adquirir um equipamento , esteja apto a receber a programação digital de quaisquer canais disponíveis ( e não apenas de um canal 5 específico proprietário ) . Também abre-se a oportunidade de desenvolvimento de novos aplicativos e serviços , tão importantes para este novo conceito de “assistir Tv” . 7ª ) “que o padrão a ser adotado permita a maior Flexibilidade para disponibilização de conteúdo, serviços e produtos”. Devido à imensa diversidade existente no Brasil com diferentes realidades , condições e necessidades que variam de região para região , de emissora para emissora , de fabricante para fabricante , esta flexibilidade é necessária e desejável . Ou seja , cada emissora pode ter um modelo de negócios diferente de outra , assim como cada fabricante pode adotar diferentes estratégias de negócios de acordo com suas características e possibilidades . 8ª ) “que o padrão a ser adotado não seja limitador no que se refere à possibilidade de intercâmbio tecnológico e de participação cooperativa no processo evolutivo do sistema” . Já comentado anteriormente , julgamos este fator de extrema importância para a escolha do sistema . 4 ) Conclusões : Diante das sugestões expostas acima , baseado na argumentação de que o sistema que venha a ser adotado seja o que possibilite a exploração do maior número de novos negócios possível , em um ambiente futuro de longo prazo , sugerimos a aplicação do padrão ISDB-T na utilização da tecnologia digital de transmissão terrestre de televisão como a mais apropriada para o futuro tecnológico do Brasil . Maior flexibilidade , concepção original voltada a comportar o maior número de aplicações futuras possíveis ( conceito de segmentação do espectro ) , plataforma tecnológica mais adequada para implementação de longo prazo , robustez (“time domain interleaving” ) , possibilidade de recepção móvel e exploração de serviços móveis ( foi originalmente concebido para essa aplicação e não apenas como um “plus” ) , são alguns dos fatores que justificam e suportam nossa argumentação . A SONY do Brasil e a PANASONIC do Brasil acreditam ainda que o processo de transição ocorrerá de forma gradual , lenta e , se fruto de um trabalho em conjunto , será certamente um caso de sucesso para emissoras , fabricantes e primordialmente dos consumidores brasileiros . O enfoque de longo prazo e de plataforma tecnológica mais completa nos parece fundamental , embora tenhamos a consciência da complexidade da somatória de valores que devem ser considerados em uma tomada de decisões para uma questão tão relevante como esta . Embora atuantes na implementação dos três sistemas existentes em seus 6 países de origem , consideramos o Brasil privilegiado em ter a chance de escolher o melhor sistema que atenda às suas necessidades específicas . Aproveitamos esta oportunidade para congratular a ANATEL , pela clareza na exposição se seus relatórios , feita de forma didática e acessível a toda a população interessada , oferecendo a oportunidade da livre expressão em torno de um tema tão relevante em suas vidas . Adicionalmente não poderíamos deixar de mencionar a preciosa contribuição prestada por entidades como o CPQD , o grupo SET/ABERT , ELETROS e Instituto Mackenzie , pelo alto nível de profissionalismo e condução dos trabalhos comparativos entre os sistemas . Independentemente de qual padrão venha a ser adotado e escolhido , a SONY do Brasil e a PANASONIC do Brasil expressam desde já o posicionamento de não medir esforços em colaborar neste processo , procurando desenvolver aparelhos e serviços que atendam às necessidades dos consumidores , pela qualidade e inovação de nossos produtos . Atenciosamente , SONY COM. e IND. LTDA. PANASONIC do BRASIL LTDA. Takaaki Ushio Presidente SONY do Brasil Masahiro Seyama Presidente PANASONIC do Brasil 7