Resumo Este artigo tem por objetivo o estudo da viabilidade da implementação do conceito de Gestão por Competência na gestão de recursos humanos de estações de tratamento de esgoto. Primeiramente elaborou-se breve discussão sobre os conceitos principais relacionados ao modelo de gestão estratégica de recursos humanos por competência, por meio da revisão bibliográfica. Dentre os instrumentos considerados neste trabalho têm-se o treinamento e capacitação de pessoas e a utilização de manuais de operação baseadas em normas (ABNT – ISO 14.001/04 e no Manual of Practice: Operation of Wasteawter Treatment Plants elaborado pela WPCF de 1981). A partir destes conceitos analisou-se a possibilidade de aplicá-los à operação e manutenção de estações de tratamento de esgoto, sendo que para isto foram avaliadas as interfaces entre a gestão de recursos humanos em ETEs com os instrumentos propostos pela gestão por competência permitindo a identificação de organizações que utilizam-na; e nas demais possibilita a determinação de algumas das diferenças existentes, ou seja, as mudanças decorrentes. Os exemplos de experiências pesquisados para escopo deste artigo foram as ETE’s dos municípios de São Vicente e de Salesópolis, ambas de responsabilidade da SABESP, onde foram implementados, respectivamente: o modelo de gestão por competência e o SGA - ISO 14.001. Para consubstanciar a avaliação de ETE’s na gestão de recursos humanos propôs-se aplicar um questionário que permitisse analisar como o modelo de gestão pode interferir na dinâmica de funcionamento da organização. Este questionário foi aplicado em cinco órgãos responsáveis por estações de tratamento, para os quais foi enviado questionário composto por duas áreas temáticas principais: Aspectos Técnicos e Recursos Humanos, compondo uma lista de 28 questões. Destaca-se que em apenas um dos serviços não houve retorno, sendo que os demais serviços ou empresas não serão identificados. No texto foram citados pelos números de 1-4, reconhecendo-se que as possíveis falhas na gestão dos recursos humanas devem-se as dificuldades existentes em sua sistematização e adequação ao modelo institucional existente nas autarquias e demais organizações não sendo objetivo deste trabalho criticá-los, mas tentar cooperar para sua melhoria. VI – Corrêa- Brasil - 1 GESTÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS POR COMPETÊNCIA EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO Michele de Almeida Corrêa (1) Engenheira Civil pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar Pós-graduanda em Engenharia Urbana – UFSCar Talita Fávaro Noccetti (2) Engenheira Civil pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar Pós-graduanda em Engenharia Urbana – UFSCar João Sérgio Cordeiro (3) Engenheiro Civil e Doutor em Hidráulica e Saneamento (EESC/USP) Professor do Departamento de Engenharia Civil da UFSCar Professor Convidado do Programa de Pós Graduação em Hidráulica e Saneamento da EESC/USP. (1) Endereço: Av. Trabalhador São Carlense nº 85 apto 43 Ed. Vista Alegre, Bairro – Arnold Schmid, São Carlos - SP Tel: (16) 3306 9050 e-mail: [email protected] RESUMO Este artigo tem por objetivo o estudo da viabilidade da implementação do conceito de Gestão por Competência na gestão de recursos humanos de estações de tratamento de esgoto. Primeiramente elaborou-se breve discussão sobre os conceitos principais relacionados ao modelo de gestão estratégica de recursos humanos por competência, por meio da revisão bibliográfica. Dentre os instrumentos considerados neste trabalho têm-se o treinamento e capacitação de pessoas e a utilização de manuais de operação baseadas em normas (ABNT – ISO 14.001/04 e no Manual of Practice: Operation of Wasteawter Treatment Plants elaborado pela WPCF de 1981). A partir destes conceitos analisou-se a possibilidade de aplicá-los à operação e manutenção de estações de tratamento de esgoto, sendo que para isto foram avaliadas as interfaces entre a gestão de recursos humanos em ETEs com os instrumentos propostos pela gestão por competência permitindo a identificação de organizações que utilizam-na; e nas demais possibilita a determinação de algumas das diferenças existentes, ou seja, as mudanças decorrentes. Os exemplos de experiências pesquisados para escopo deste artigo foram as ETE’s dos municípios de São Vicente e de Salesópolis, ambas de responsabilidade da SABESP, onde foram implementados, respectivamente: o modelo de gestão por competência e o SGA - ISO 14.001. Para consubstanciar a avaliação de ETE’s na gestão de recursos humanos propôs-se aplicar um questionário que permitisse analisar como o modelo de gestão pode interferir na dinâmica de funcionamento da organização. Este questionário foi aplicado em cinco órgãos responsáveis por estações de tratamento, para os quais foi enviado questionário composto por duas áreas temáticas principais: Aspectos Técnicos e Recursos Humanos, compondo uma lista de 28 questões. Destaca-se que em apenas um dos serviços consultados não houve retorno, sendo que os demais não serão identificados. No texto foram citados pelos números de 1-4, reconhecendo-se que as possíveis falhas na gestão dos recursos humanas devem-se as dificuldades existentes em sua sistematização e adequação ao modelo institucional existente nas autarquias e demais organizações não sendo objetivo deste trabalho criticá-los, mas tentar cooperar para sua melhoria. Palavras Chave: gestão de recursos humanos, gestão por competência, estações de tratamento de esgoto, gestão de pessoas e recursos humanos. INTRODUÇÃO A gestão dos recursos humanos, nos últimos anos, sofreu modificações sobre as perspectivas de relacionamento entre empregado-empregador e na própria formação do profissional responsável por esta área, devendo estes transmitir aos empregados os valores da empresa, para que possam contribuir para melhorar a produtividade e os resultados no trabalho. Desta forma é possível angariar diversos benefícios para as organizações, como aumento da competitividade e melhorias no relacionamento entre os diversos níveis hierárquicos. O modelo de gestão de pessoas a ser discutido neste artigo utiliza-se do conhecimento pessoal dos colaboradores, alocando-os de modo rápido e eficaz em posições onde possam melhor desenvolver suas capacidades na busca de soluções, inovações de produtos e serviços. As organizações e empresas de diversas áreas de atuação podem usufruir deste instrumento para garantir melhor desempenho na realização de suas atividades, no escopo deste trabalho propõe-se a análise da viabilidade deste instrumento em organizações ou empresas responsáveis pela operação e manutenção de estações de tratamento de esgoto. Os responsáveis pela área de recursos humanos devem transmitir aos empregados os valores da empresa, para que estes possam contribuir para melhorar a produtividade e os resultados no trabalho. Sua área de atuação abrange: recrutamento, seleção, treinamento, planos de cargos e salários, contratação, remuneração e questões trabalhistas. Este modelo de gestão estratégica baseado em instrumentos como a gestão por competência surgiu devido às necessidades de adequar o quadro de funcionários à dinâmica do mercado, considerando os possíveis problemas ou as oportunidades, bem como as modificações nas exigências legais e regulamentadoras da atividade. A gestão por competência considera o trabalho em equipe, bem como a cultura da organização, buscando a integração entre funcionários por meio de capacitação, incorporação de valores éticos e morais e aquisição de habilidades e experiências a ser avaliadas pelo desempenho global da produção, e resultados em relação aos padrões e metas pré-estabelecidos, UBEDA (2003). Em estações de tratamento de esgoto, como se pode verificar em exemplos citados neste artigo, a implementação do modelo de gestão de pessoas por competência contribui substancialmente para a operação e manutenção eficiente do sistema, cooperando para a adequação dos funcionários às suas funções e responsabilidades. OBJETIVOS E HIPÓTESES Este artigo tem por objetivo apresentar a gestão de recursos humanos por meio do modelo de gestão por competência como um modo de treinamento, capacitação e gestão de funcionários e colaboradores em estações de tratamento de esgoto. Pressupõe-se que o uso desta metodologia pode cooperar no atingimento de metas e no cumprimento aos critérios estabelecidos pelo sistema de gestão ambiental, modelo em evidência na atualidade, que procura respeitar os recursos naturais e a importância do envolvimento de todos os atores para cumprimento das metas estabelecidas. Constitui-se objetivo deste trabalho também contextualizar a realidade de ETEs que possuem o sistema de gestão ambiental contemplando instrumentos semelhantes ao proposto pelo modelo de gestão por competência, bem como a realidade de outras ETEs localizadas no Estado de São Paulo – Brasil. A partir destes levantamentos pretende-se avaliar a possibilidade e os benefícios da implementação do modelo de gestão de pessoas por competência em estações de tratamento de esgoto, considerando ainda as dificuldades a serem enfrentadas nesta tarefa. METODOLOGIA Inicialmente foram levantados os conceitos acerca de gestão de pessoas, gestão estratégica e gestão de recursos humanos por competência, bem como seus objetivos e as vantagens para a empresa ou empreendimento. Na seqüência apresentaram-se experiências do uso da gestão de pessoas por competência e a possibilidade de uso desta metodologia na implantação do SGA – NBR ISO 14.001/04. Na tentativa de avaliar o contexto em que está inserido o escopo deste artigo foi aplicado um questionário em cinco serviços responsáveis pela operação diferentes. Os serviços foram selecionados por possuírem estações de tratamento de esgoto em funcionamento, sendo diferentes as condições e os processos de tratamento utilizados por cada um destes, assim como o porte do município atendido pelo serviço e da estação. Desta forma, pode-se ter uma visão preliminar da situação da gestão de recursos humanos em estações de tratamento de esgoto. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Segundo Ubeda (2003), a gestão de recursos humanos sofreu modificações ao longo dos últimos anos, sendo incluído os conceitos de gestão de pessoas, gestão por competências individuais e organizacionais e avaliação de desempenho. Dentre os objetivos organizacionais da gestão de pessoas, destacam-se: competitividade, crescimento sustentado, imagem no mercado, lucratividade, novos clientes, novos mercados, participação no mercado, produtividade, qualidade de produtos e serviços, redução de custos e sobrevivência. Com relação aos benefícios para os indivíduos, possibilitados pelas ações promovidas pela gestão de pessoas, têm-se: consideração e respeito, maior estabilidade no emprego, liberdade para trabalhar, possibilidade de liderança, melhores salários e benefícios, oportunidade de crescimento, orgulho da organização, qualidade de vida no trabalho, satisfação no trabalho e segurança. As mudanças ocorridas no relacionamento entre administradores e a gestão dos recursos humanos devem-se a fatores como: crises e problemas, novas oportunidades ou novas diretrizes externas e internas, como leis, estratégias corporativas ou sistemas de controle; (HERZOG, 1991 apud UBEDA, 2003). O contexto atual demonstra que a gestão estratégica dos recursos humanos, por meio da gestão por competência e pelo trabalho em equipe, atinge mais facilmente as metas ambicionadas. A gestão estratégica coopera também para melhoria do poder de competitividade da organização, por meio da seleção e treinamento dos funcionários, que devem ser capacitados e direcionados ao ambiente de trabalho. Para Catho Consultores (2003) citados por Cordeiro e Ribeiro (2004), o desenvolvimento do modelo de gestão de pessoas por competência, instrumento da gestão estratégica, depende da integração com as estratégias e metas da empresa. Desta forma, é essencial a inclusão destes conceitos em treinamentos, no desenvolvimento e na remuneração dos funcionários, ou seja, a capacitação e reconhecimento do melhor desempenho de cada funcionário. Pelo Quadro 1 podem-se observar as transformações sofridas na gestão de recursos humanos, destacadas por Ubeda (2003). A partir do Quadro 1 elucidam-se as mudanças ocorridas ao longo da implementação da gestão estratégica dos recursos humanos de uma organização. Destacam-se entre estas a avaliação do desempenho individual, permitindo ao funcionário, por meio da demonstração de conhecimento na fase de seleção, ou conhecimento adquirido dentro da organização, além da capacidade de multifuncionalidade, evoluir profissionalmente de forma flexível dentro da organização. Este cenário deve-se ao foco na competência de cada indivíduo, sendo que a gestão estratégica é caracterizada também pela motivação oferecida por meio do reconhecimento do desempenho e conscientização da importância da função exercida por cada colaborador, assim como pela participação nos lucros e resultados obtidos. Quadro 1 Transformações no cenário da gestão de recursos humanos Conceitos De Para Gestão de recursos humanos Operacional Estratégica Foco Cargo Competência Gestão de desempenho Concentrada nas tarefas Concentrada no indivíduo Carreira Caminho único Flexível Desenvolvimento Especialização Multifuncionalidade Seleção Habilidades Conhecimento Remuneração Fixa Participação nos lucros e resultados Fonte: UBEDA (2003) Dentre as características pessoais necessárias para ocupar um cargo gerido sob a orientação do modelo de gestão por competência, destacam-se: habilidade, atitude, potencialidade, produção e energia dos indivíduos. Estas características devem ser observadas durante a seleção de novos funcionários, no planejamento do treinamento e no remanejamento do quadro de funcionários. Deve-se destacar também que as competências individuais podem ser analisadas sob diferentes pontos de vista, como inputs ou outputs, ou seja, como conhecimentos ou como resultados obtidos pelos funcionários. Como outputs, segundo Zarifian (2000) citado por Ubeda (2003), a competência deve ser analisada de forma mais ampla, por meio das relações entre indivíduos e o ambiente, considerando, portanto, as responsabilidades, reconhecimento e recompensas para as atitudes práticas com resultado positivo no trabalho. De acordo com Fleury e Fleury (2000) também mencionados no trabalho de Ubeda (2003), as competências caracterizam-se pelos aspectos: ação, mobilização, comunicação, aprendizado, responsabilidade e visão estratégica. No âmbito da análise do conhecimento consideram-se também fatores subjetivos da personalidade, o funcionamento biológico do corpo, experiências e julgamentos de valor individuais. Já como inputs, alguns autores citados por Ubeda (2003), defendem que competência é uma aprendizagem constante, composta por habilidades, conhecimentos e atitudes referentes à responsabilidade e interferindo no desempenho, podendo ser melhorada por meio de treinamentos e mensurada por comparação com padrões pré-estabelecidos. De acordo com Ornelas em entrevista a revista eletrônica www.rh.com.br, identifica-se competência como a capacidade do indivíduo em adquirir, usar, mobilizar, integrar, desenvolver e transferir conhecimentos, recursos, habilidades e experiências agregando valores à empresa e valor social a si mesmo. O objetivo da implantação de um modelo de gestão por competência abrange também a sinalização das competências exigidas pela empresa fornecendo aos colaboradores diretrizes para o desenvolvimento de suas habilidades. Para Gramigna (2003) em Cordeiro e Ribeiro (2004), a competência pode ser definida como capital intelectual, visando o melhor aproveitamento dos talentos e dos potenciais dos funcionários. Para ORNELAS, o capital intelectual corresponde ao conjunto de equipamentos, softwares, bancos de dados, marcas e patentes e clientes. Já o capital humano abrange as competências, ou seja, conhecimentos, habilidades e experiências utilizadas, adquiridas e compartilhadas; e também poder de inovação, valores, cultura e filosofia da empresa. A avaliação do desempenho individual integra desta forma a evolução das competências, sendo utilizadas três esferas: desenvolvimento, esforço e comportamento, Dutra (2001) em Ubeda (2003). Atualmente a gestão por desempenho tem sido avaliada de forma sistêmica, ou seja, utilizando fontes múltiplas e inserindo a dimensão de equipe e de contexto organizacional. Segundo Cordeiro e Ribeiro (2004), esta avaliação do desempenho pode ser realizada tanto formal como informalmente. Para Cordeiro e Ribeiro (2004), o desenvolvimento de competências colabora no aprendizado e execução de novas funções, devendo integrar todos os funcionários para garantir a integração e manutenção das habilidades existentes, conhecimentos técnicos e atitudes em toda a organização. Desta forma, pode-se enumerar alguns dos focos da gestão por competências, sendo eles: - Orientação das decisões gerenciais para a disponibilização de recursos e meios para execução do trabalho e observação das necessidades de treinamento; - Planejamento das atividades e identificação das condições de trabalho com influência no desempenho; - Fornecimento de diretrizes e políticas para recursos humanos; e - Gerenciamento de prêmios, promoções, punições ou advertências e demissões de funcionários. A característica principal da gestão por competência é a integração desta com a estratégia da empresa, devendo ser sistematizada por meio de normalização, formação, avaliação e certificação de competências. A gestão de competência aliada à estratégia organizacional proporcionará aos funcionários maior mobilidade profissional, remuneração, acesso à educação continuada e desenvolvimento profissional; e ao empreendimento melhores condições de competitividade no mercado. A gestão de competências engloba ainda os subsistemas de recursos humanos, devendo estes estar integrados entre si e também vinculados à estratégia global da empresa, sendo eles: - Recrutamento e seleção; - Treinamento e desenvolvimento; - Recompensas e remuneração; - Gestão de carreira. Dentre estes o recrutamento e seleção destacam-se no incremento do desempenho organizacional, devido ao direcionamento dos funcionários, desde sua admissão, à estratégia da empresa. É necessário também o feedback, ou retro-alimentação de resultados e avaliações do desempenho para identificação de habilidades e conhecimentos necessários às atividades além dos requisitos de treinamentos para a melhoria dos processos de gerenciamento de projetos. Loureiro (2001) sistematiza no Quadro 2 um novo cenário empresarial e o autor considera ainda como essencial que cada gerente ou superior atue dentro da organização como um gestor de recursos humanos, sendo de sua responsabilidade liderar sua equipe, recrutar e treinar o seu pessoal, orientar ações e avaliar o desempenho individual de cada colaborador. Quadro 2 Paradigmas no Cenário Empresarial De Para Pouca competitividade Competitividade global Estabilidade Mudanças Previsibilidade Incertezas Individualismo Parceria Rigidez Hierárquica Flexibilidade Poder Centralizado Empowerment (autonomia e participação) Relação Ganha x Perde Relação Ganha x Ganha Crescimento da População Diminuição da População Motivação do tipo “Dilbert” Competência e Profissionalismo Segurança no Emprego Empregabilidade Diploma Educação Continuada Carreira definida pela empresa Carreira como responsabilidade do individuo Cargos Espaço operacional Fonte: Loureiro (2001). De acordo com Cordeiro e Ribeiro (2004), o desenvolvimento e a implantação do modelo de gestão de pessoas por competência é uma exigência de mercado, considerando a elevação dos padrões de exigência da empresa responsável tanto na visão do governo como da sociedade em geral. Deve-se considerar que os investimentos na modernização da gestão de pessoas e, no desenvolvimento de equipes de operação são benéficos aos empreendimentos, sendo que a baixa incidência destes tem sido ocasionada pela falta de estratégias empresariais ou pelo desconhecimento da importância do aperfeiçoamento intelectual dos colaboradores. De acordo com Ornelas, as principais características para implementação do modelo de gestão por competência são: - Existência de um plano estratégico claro com visão, missão, valores e estratégias organizacionais; - Tamanho da organização; - Nível de maturidade gerencial e da área de recursos humanos; - Sistemas de recursos humanos devem ser re-alinhados e classificados em ordem e prioridade; - Disponibilidade e prontidão para mudança; - Existência de sistemas informatizados e integrados de gestão de pessoas. O treinamento dos recursos humanos para todos os indivíduos envolvidos numa determinada atividade é essencial para o reconhecimento da importância das ações e programas, assim como na implementação de SGA – Sistema de Gestão Ambiental, com procedimentos definidos pela NBR ISO 14.001/2004. Desta forma torna-se necessária a previsão de ferramentas de treinamento visando a eficácia e a pró-atividade dos indivíduos. Dentre estas ferramentas Pereira et al (2003) destaca a educação ambiental, incentivo a sugestões, programas de conscientização, seminários internos e recursos computacionais (hipertexto, multimídia, hipermídia e internet). A importância das ferramentas para transmissão do conhecimento como redes, intranet, internet, correio eletrônico, pesquisadores de banco de dados etc., e treinamento que oriente o usuário quanto aos mecanismos de procura e aplicação; também foi abordada por Ribeiro (2005), acrescentando que gestão do conhecimento consiste nas seguintes etapas: definir, captar, organizar, transmitir, utilizar e ajustar os conhecimentos; de forma estruturada e metodológica. De acordo com Ribeiro (2005), o treinamento de recursos humanos aplica-se também aos executivos, sendo que o desenvolvimento de gerentes deve abordar as seguintes habilidades, explicitadas no momento do planejamento do treinamento: administração do tempo; automotivação; coaching; comunicação escrita e oral; controle do processo; controle dos resultados; criatividade aplicada; feedback; flexibilidade e feeling; gerenciamento de conflitos; liderança e delegação; liderança de reuniões; maturidade psicológica; planejamento e organização; e tomada de decisão. O incentivo à participação pode ser atribuído ao reconhecimento e recompensas às sugestões, e sistemas de acompanhamento e monitoramento do desempenho individual, além da elucidação da importância da atividade de cada indivíduo para o desempenho global. ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO E GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS A gestão de pessoas é a fase responsável por estruturar o quadro de funcionários de acordo com as qualificações pessoais e exigidas por cada função. A gestão de recursos humanos deve ser continuamente avaliada devido à dinâmica existente. Segundo um manual prático de operação desenvolvido pela Water Pollution Control Federation, presidido por WPCF (1981), o treinamento dos funcionários é essencial para a manutenção e desempenho da ETE. São recomendados treinamentos internos, cursos de curta duração, treinamento avançado para laboratórios, controle de sólidos, disposição, métodos de tratamento e habilidades eletrônicas e mecânicas necessárias. O treinamento é um processo contínuo e os programas de treinamento podem ser integrados aos programas de certificação. Atualmente, de acordo com Martin (1998), no âmbito de certificação ou auto-declaração de conformidade com as normas ISO 14.001 o treinamento é reconhecido como parte do processo de implementação do Sistema de Gestão Ambiental, recomendando-se a realização deste no âmbito das responsabilidades ambientais especificas, diretamente relacionadas aos aspectos significantes, metas e objetivos do SGA. Segundo WPCF (1981), a direção deve estar segura sobre o reconhecimento das responsabilidades pessoais dos subordinados, sendo que estas devem ser adequadas às capacidades dos funcionários para garantir que as metas sejam alcançadas. Para garantir que todos funcionários reconheçam suas responsabilidades e a importância da função exercida, assim como os objetivos principais da organização, recomenda-se a elaboração de um manual contendo procedimento, regulamentos e regras; devendo estar disponível à todos os funcionários, principalmente aos recém contratados. Este procedimento também é observado como requisito na implementação da norma ISO 14.001/2004. A capacidade da direção em identificar pessoas com capacidade de inovação também é exigida para que a operação do sistema de tratamento de esgoto seja continuamente melhorada, em concordância com as novas técnicas e exigências das legislações e regulamentos ambientais. A direção deve encorajar e estimular os funcionários ao desenvolvimento de métodos e procedimentos para realização de objetivos e metas de forma efetiva e segura. Também se recomenda à direção oferecer oportunidades de treinamento. O treinamento de pessoal envolve: - Educação e experiência sobre os assuntos pertinentes ao tratamento de esgoto; - Conhecimento e habilidades a respeito dos detalhes das unidades de tratamento, teoria prática operacional, características do esgoto, procedimentos pessoais como relações com público e reclamações de empregados, procedimentos relativos a planejamentos, programações orçamentos, operação e programas de manutenção preventiva, assim como de segurança, conhecimento sobre leis locais, estaduais e federais; - e o e e Caracterização das responsabilidades de um gestor de ETE; - Manutenção preventiva: devendo-se considerar a experiência dos operadores para seleção de equipamentos e planejamento de programas de manutenção do sistema. O pessoal responsável pela manutenção é treinado especificamente para realizar inspeções, reparos e tarefas relativas a manutenção preventiva. EXPERIÊNCIAS NA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS EM ETES De acordo com estudo elaborado por Cordeiro e Ribeiro (2004), para as ETE’s Humaitá e Samaritá de São Vicente-SP, a gestão por competência em ETE’s deve considerar os seguintes conceitos: - Transparência, visando à aceitação dos critérios e conseqüentemente a melhoria contínua; - Conscientização sobre as necessidades específicas de cada cargo e a ocupação destes por pessoas com competência; - Visão sistêmica no reconhecimento das atribuições cabíveis ao cargo, integração e dependência entre as unidades, devendo estar atento às mudanças internas e externas aos processos de tratamento e propondo ações para evitar problemas; - Capacitação de empregados, aumento do preparo técnico e profissional destes; - Comprometimento da alta administração, integração ao planejamento estratégico global da empresa, mudança no comportamento das pessoas e disponibilização de recursos humanos e financeiros necessários; - Envolvimento das pessoas por meio de participação pró-ativa. Para a implementação deste modelo observaram-se as seguintes dificuldades: interferência de órgãos sindicais, risco de parcialidade na avaliação dos funcionários e distância física entre unidade operacional e gerencial que dificultava o acompanhamento do trabalho dos operadores. As etapas de implantação do modelo foram: - Diagnóstico institucional, contendo informações operacionais, como missão, visão de futuro, valores e metas; e dificuldades nos processos operacionais e com o quadro de funcionários; - Identificação das competências institucionais, contendo análise das dificuldades técnicas e tecnológicas com participação dos operadores; - Identificação de competências comportamentais, por meio do perfil pessoal como visão sistêmica, busca de resultados, conhecimento dos processos de tratamento, liderança, comunicação e trabalho em equipe; - Direcionamento ao desenvolvimento técnico e pessoal dos funcionários. Quadro 3 Características do modelo anterior e modelo atual de gestão de pessoas nas ETE’s Humaitá e Samaritá. Modelo Anterior Modelo Atual Uma única tarefa por operador. Remuneração baseada descrição do cargo. nos Múltiplas tarefas. critérios da Remuneração resultados. baseada em critérios de Especialização em algumas poucas tarefas. Diminuição do grau de especialização em algumas tarefas. Pouco treinamento profissional. Educação continuada dos operadores. durante sua carreira Pouca preocupação com a segurança no local de trabalho. Elevada preocupação com a segurança e a saúde dos operadores. Ambiente de trabalho fechado a informações externas. Ambiente de trabalho panorâmico. Fonte: CORDEIRO E RIBEIRO (2004) Concluiu-se neste trabalho que com a implementação deste modelo de gestão de pessoas por competência a visão conflitante entre funcionários e empresa sob os objetivos pode ser substituída pela parceria, onde as características de desenvolvimento tomam o lugar das de controle. Os operadores, em conjunto com supervisores e gestores possuem papel ativo, recebendo preparo profissional e capacitação para exercer multifunções. Desta forma, os operadores passam a ser agentes de seu próprio desenvolvimento. As vantagens destacadas por Cordeiro e Ribeiro (2004) são: - Ajuste de perfis profissionais com aumento da produtividade e maximização dos resultados; - Formação de equipes orientadas por competências no desenvolvimento de atividades; - Rápida identificação de deficiências nos desempenhos profissionais, permitindo a intervenção; - Gestão de operadores com base em critérios mensuráveis e possíveis de clara observação; - Conscientização de operadores para seu autodesenvolvimento assumindo responsabilidade e evitando capacitação em áreas diversas das exigências do cargo atual. As recomendações específicas para as ETE’s Humaitá e Samaritá seriam a aquisição de computadores e softwares de gerenciamento de informações; e para comunicação virtual com outras áreas, o que possibilitaria maior possibilidade de multiplicação dos conceitos em outras unidades da empresa, verificando a importância dos recursos tecnológicos destacada por Pereira et al (2003). Assim como o dimensionamento do quadro de Operadores, suporte em processos de transferência entre ETE’s e ETA’s e integração com pessoas que tenham qualquer relação de trabalho com a empresa; oferecendo subsídios para a melhoria contínua do processo de desenvolvimento do modelo de gestão de pessoas por competência. Outro exemplo de sucesso na gestão de recursos humanos considerando a gestão estratégia por competência, ou seja, priorizando o treinamento e a adequação das habilidades às funções exercidas na operação e manutenção de estações de tratamento de esgoto foi implementada na ETE Remédios em Salesópolis-SP, de acordo com Cordeiro e Ramos (2005), as etapas de capacitação de recursos humanos para a implementação da norma ISO 14.001 de Sistema de Gestão Ambiental são: cadastramento dos funcionários; critérios de qualificação profissional; avaliação das necessidades de treinamento; solicitação de treinamento externo ou interno e coordenação e controle. Para o critério de qualificação profissional é exigida de cada funcionário a consciência sobre os aspectos: importância da conformidade com a política ambiental, procedimentos e requisitos do SGA; impactos ambientais significativos reais e potenciais de suas atividades e dos benefícios ao meio ambiente resultantes da melhoria de seu desempenho pessoal; suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade, incluindo requisitos de preparação e atendimento a emergências; e potenciais conseqüências da não aplicação dos procedimentos operacionais específicos. Segundo Cordeiro e Ramos (2005), a implantação do SGA na ETE Remédios, no âmbito do desenvolvimento e gestão de pessoas cooperou positivamente para manutenção de procedimentos estabelecidos por meio de capacitação e treinamento do quadro de funcionários, além do estabelecimento de programa especifico para recebimento de sugestões, garantindo melhor relacionamento entre os níveis hierárquicos da organização. Os objetivos organizacionais da gestão de pessoas, destacados por Ribeiro são: competitividade, crescimento sustentado, imagem no mercado, lucratividade, novos clientes, novos mercados, participação no mercado, produtividade, qualidade de produtos e serviços, redução de custos e sobrevivência. Os objetivos individuais, possibilitados pelas ações promovidas pela gestão de pessoas são: consideração e respeito, estabilidade no emprego, liberdade para trabalhar, liderança, melhores salários e benefícios, oportunidade de crescimento, orgulho da organização, qualidade de vida no trabalho, satisfação no trabalho e segurança. ESTUDO DE CASOS Para melhor compreender a viabilidade de implementação da gestão de recursos humanos por competência em estações de tratamento de esgoto observou-se a necessidade de apresentar tanto casos e experiências no uso deste instrumento, como contextualizar a situação atual de algumas estações de tratamento. Como observado no Quadro 4, foram selecionadas estações de médio e pequeno porte, com sistemas de tratamento diferentes, podendo-se desta forma observar algumas das necessidades diversificadas devido ao porte da estação e ao tipo de tratamento que esta executa. Quadro 4 Caracterização das ETEs ETE Tratamento Início de funcionamento (ano) População da cidade (habitantes) População atendida (%) 1 Lodo ativado por Batelada 04 110000 80% 2 Lagoas de Estabilização 00 37000 37% 98 307000 80% 99 190000 98% 3 4 Lodo ativado convencional Lagoas de aeração contínua e sedimentação A ETE 2 possui menor porte e está localizada no município de menor população. O processo de tratamento utilizado possui operação e manutenção simples, porém os funcionários responsáveis devem ser capacitados para observar se o tratamento está de acordo com os requisitos de qualidade do efluente e conhecer os procedimentos de manutenção e demais necessidades da estação. No caso das duas outras estações: 1 e 3 têm-se processos de tratamento pelo sistema de Lodos Ativados, esta alternativa de tratamento não requer maiores atenção ou capacitação dos funcionários que as Lagoas de Estabilização, contudo o processo envolve outros equipamentos que podem gerar a necessidade de outras habilidades. Quadro 5 Aspectos técnicos das ETEs ETE Vazão de Tratamento (L/s) Eficiência do Tratamento (% de remoção) DBO de entrada DBO de saída 1 225 95% 278 13 2 34.72 87% 300 40 3 413.14 97% 314 9 4 520,8 80% 262 55 Análises de Laboratório Realizadas (%) pH, ST, SS, SSed, N, P, DBO5, DQO pH, ST, SS, SSed, N, P, DBO5, DQO pH, ST, SS, SSed, N, P, DBO5, DQO, E.coli, Turbidez pH, ST, SS, SSed, N, P, DBO5, DQO, Outros Procedimentos de Segurança e Risco Sim Sim Sim Sim ST: Sólidos Totais; SSed: Sólidos Sedimentáveis; N: Nitrogênio; P: Fósforo; SS: Sólidos Suspensos. Com relação aos aspectos técnicos de tratamento das estações pesquisadas têm-se os dados apresentados no Quadro 5, onde são especificados: a vazão tratada de esgoto, a eficiência do tratamento, bem como a DBO (demanda bioquímica de oxigênio) na entrada e na saída, as análises de laboratórios realizadas e a existência de procedimentos de segurança e risco. Quadro 6 Custos de cada ETE Energia ETE Pessoal Elétrica 1 110.000,00 60.000,00 2 551.101,00 3 4 1.520.254,13 140.056,24 Operação e Manutenção 60.000,00 1.000,00 400.000,00 Cursos e Capacitação 2.000,00 - Os custos efetuados em cada estação devido ao consumo de energia elétrica, pagamento de pessoal, operação e manutenção da estação e cursos de capacitação para os funcionários podem ser observados no Quadro 6, sendo que apenas a estação 1 possui gastos com cursos e capacitação. A terceira estação a ser pesquisada não respondeu a este item do questionário. E a estação 2 não consome energia elétrica no processo de tratamento e os custos de pessoal e operação / manutenção da estação somam aproximadamente R$ 6.551,00, valor considerado baixo comparando-se com os gastos da ETE 1, perfazendo um total de R$ 332.000,00. Esta diferença nos valores gastos deve-se a necessidade de utilização de energia elétrica, ao porte da estação e necessidades especificas de pessoal e treinamento decorrentes do processo de tratamento utilizado, sendo mais complexo que o executado na ETE 1. O Gráfico 1 seguinte demonstra o percentual e número de funcionários nas ETEs por sexo, sendo que na ETE 1 trabalham 20 pessoas: 17 homens, na ETE 2 só trabalham homens e tem apenas 6 funcionários, e na ETE 3 são 44 funcionários sendo apenas 5 mulheres. Este gráfico demonstra a predominância de homens empregados nas estações de tratamento de esgoto. Na ETE 4 não foram informados todos os funcionários sob alegação de que muitos serviços são terceirizados, bem como o setor responsável pelos recursos humanos. Este fato dificultou a obtenção de informações. 0 100% 5 3 0 80% 60% 6 40% 39 17 6 Mulheres Homens 20% 0% 1 2 3 4 ETE Gráfico 1 Porcentagem de homens e mulheres por ETE pesquisada. O Gráfico 2 a seguir demonstra o número e o percentual no total de pessoas empregadas nas ETEs 1, 2 e 3 de acordo com o nível de escolaridade dos funcionários, pode-se observar um predomínio do nível médio completo, e na ETE 3 nota-se maior homogeneidade entre os níveis Médio Completo e o Superior Completo, sendo que 33 funcionários encontram-se nestas categorias, ou seja, 75% do total. Observa-se que na ETE 2 não foram cadastrados funcionários de nível superior completo e incompleto, podendo ter ocorrido uma falha no preenchimento do questionário enviado ao órgão responsável, sendo desconsiderado o pessoal administrativo e técnico, cadastrando-se apenas os funcionários envolvidos na operação e manutenção da ETE. Devido a esta possibilidade a análise desta ETE fica comprometida, devendo ser descartada as comparações com as demais estações pesquisadas. Na ETE 1 há apenas 2 profissionais com escolaridade Superior Completo, 2 com o superior incompleto e 11 com ensino médio completo, sendo que 15 dos 20 (75% assim como no caso da ETE 3) funcionários estão com o nível acima do médio completo. Mais uma vez houve deficiências nos dados da ETE 4, devido ao problema já mencionado anteriormente. 100% 80% 2 0 0 2 11 1 0 Ensino Superior incompleto Ensino Médio completo Ensino Fundamental incompleto Ensino Básico completo Ensino Básico incompleto 4 2 0 1 3 1 0 0 5 1 0 1 2 3 4 3 Ensino Fundamental completo 18 0 1 Ensino Médio incompleto 0 1 40% 0% 2 3 60% 20% 15 Ensino Superior completo ETE Gráfico 2 Grau de escolaridade por ETE pesquisada Com relação à faixa etária das ETE 1 e 3 tem-se no Gráfico 3 a demonstração de que há predominância de funcionários entre 20 e 30 anos na ETE 1 e entre 40 e 50 na ETE 3. Mais uma vez os dados da ETE 4 estão incompletos devido a terceirização dos serviços. 100% 0 3 0 1 7 2 18 80% 5 60% 4 > 50 40 < n < 50 30 < n < 40 40% 12 20 < n < 30 2 0% < 20 17 20% 2 0 1 1 0 2 2 0 3 0 4 ETE Gráfico 3 Faixa etária dos funcionários das ETEs O Quadro 7 apresenta alguns dados relacionados à motivação de funcionários e a rotatividade destes. Nas ETEs 1 e 3 a carga horária é de 8 horas diárias, e na ETE 2 de 8 horas e 30 minutos. A maior carga horária observada foi na ETE 4, e é de 12 horas por dia, um número talvez não muito coerente e neste caso, mais uma vez pode ter havido algum engano de resposta. As admissões e demissões são baixas, o que representa pouca rotatividade entre funcionários, sendo que a ETE 1 teve o maior número de funcionários trocados e a ETE 3 teve a diminuição de um funcionário em seu quadro, já que um foi demitido e nenhum contratado. Na ETE 4 houve um saldo positivo nas contratações segundo o que revelou o questionário, houve a demissão de 2 funcionários e em contrapartida foram contratados 3. O número de faltas dos funcionários do Quadro 7 apresenta uma média mensal, sendo que nas ETEs 2 e 3 houveram 4 faltas mensais em cada uma das estações e na ETE 1 apenas 1. Estes valores podem representar um indício de menor motivação de funcionários nas estações com maior ocorrência de faltas, portanto, considerando a quantidade de funcionários a ocorrência de faltas da ETE 2 tem maior probabilidade de superar a da ETE 3, já que esta última possui maior número de funcionários. Na ETE 4 não foi relacionada nenhuma falta. Quadro 7 Dados de assiduidade, motivação e rotatividade ETE Carga Horária diária (horas) Demissões no último ano Admissões no último ano 1 2 3 4 8 8,5 8 12 3 0 1 2 3 0 0 3 Faltas de Funcionários (média mensal) 1 4 4 0 Acidentes de trabalho (ultimo mês) 0 0 0 0 O Quadro 8 apresenta o número de funcionários contratados por tempo de serviço, sendo que na ETE 1 todos os funcionários foram contratados nos últimos 5 anos, devido ao início de funcionamento da estação que se deu em 2004. Na ETE 2 foram contratados 4 funcionários nos últimos 3 anos e os demais já eram funcionários da empresa responsável há mais de 10 anos. Na ETE 3 todos os funcionários possuem mais de 6 anos de contratação sendo que 16 dos 44 funcionários trabalham há mais de 10 anos a serviço da estação. A ETE 4 não disponibilizou esta informação. Quadro 8 Dados sobre admissão ETE Contratado a Contratado menos de 3 entre 3 e 5 anos anos 1 17 3 2 4 0 3 0 0 4 - Contratado entre 6 e 10 anos 0 0 28 - Contratado a mais de 10 anos 0 2 16 - A partir destes dados pode-se verificar o nível de experiência dos funcionários de cada ETE, sendo que na ETE 3 os funcionários são mais experientes do que nas duas outras estações pesquisadas, contudo a experiência não denota maior facilidade de operação e manutenção da estação caso não haja cursos e capacitações para aperfeiçoamento do pessoal. Nas ETEs 1 e 2 a maioria dos funcionários foram admitidos há menos de 3 anos, podendo significar um aspecto positivo para estas estações caso seja realizado no ato da admissão um treinamento ou curso equivalente. O Quadro 9 a seguir mostra os instrumentos de capacitação e treinamento, e demais programas que demonstram a consideração da importância da gestão dos funcionários de forma coerente com a realidade e as necessidades destes e da estação. Com relação aos cursos, na admissão são oferecidos na ETE 1 cursos de motivação, riscos e responsabilidades e na ETE 2 cursos da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. A ETE 4 oferece cursos laboratoriais, de manuseio de equipamentos e de riscos de acidentes. Em todas as estações pesquisadas os funcionários podem expor suas opiniões, nas ETEs 1 e 4 este instrumento é viabilizado durante as reuniões possibilitando que cada funcionário contribuía com suas sugestões diretamente ao gerente. Na ETE 2 o veículo para recepção das opiniões é o departamento de RH – recursos humanos e os diretores. Na ETE 3 é disponibilizado um quadro onde os funcionários podem expor opiniões. O quadro 9 demonstra também que nenhuma das ETEs pesquisadas possui plano de carreira, o que prejudica a ascensão dos funcionários à cargos superiores, desestimulando o aprendizado continuado destes e desmotivando na realização de suas tarefas. Os benefícios oferecidos por cada ETE aos funcionários também podem ser observados no Quadro 9, que apresenta ainda a existência de palestras sobre riscos e acidentes, e Programa para Usuários do sistema de esgoto em todas as ETEs, bem como instrumentos de incentivo à visitação. Na ETE 2 há poucos benefícios oferecidos aos funcionários, o que pode ser um fator que não possibilite a motivação. Com relação aos Programas para moradores do entorno apenas a ETE 2 apresentou um Projeto de Educação Ambiental. A ETE 4 alegou que não há programa para moradores do entorno pois a estação é afastada da área urbana e não há habitantes em seu entorno. Quadro 9 Treinamento, Capacitação e Incentivos Programa Programa Incentivo a Palestras para Exposição de Plano Benefícios para visitas para sobre usuários do opiniões de de para ETE moradores conhecer a riscos e sistema de funcionários Carreira funcionários ETE do entorno acidentes esgoto Sim Sim - Motivação, Sim CB, VT, Sim - escolas Sim, Publicações 1 Não Não riscos e Reuniões e 13ْ, 30d e bimestral em meio de responsabilidades gerente férias, PS universidades comunicação Sim - Oferecidos Sim Sim - escolas Sim - Projeto por comissão Sim - Depto Projeto de Sim, 2 interna de Não VT, 13ْ e de Educação RH e Educação anual universidades Ambiental prevenção de Diretores Ambiental acidentes CB, Tkt, VT, 13ْ, 30d Sim, Sim - escolas Sim, Não - Experiência Programa de Não e Sim - Quadro Não férias, PA, 3 anual de 6 meses reciclagem universidades PS, Auxílio Creche Sim - Visitas Não - ETE Sim – trato de SimSim - escolas CB, VT, a ETE, for a do amostras, exposição de Sim Não 4 e 13ْ, 30d cartilhas, meio equipamentos, idéias para frequente gibis, site na universidades férias urbano EPIs e riscos responsáveis internet CB: Cesta Básica; VT: Vale Transporte; 13ْ : Décimo Terceiro; Tkt: ticket; 30d: férias de 30 dias; PS: Plano de Saúde; PA: Plano de Aposentadoria. Cursos para admissão de funcionários Ao finalizar esta análise baseada no questionário aplicado às ETEs é possível notar que não há muitas das ferramentas da gestão por competência aplicadas. Os funcionários não possuem plano de carreira, fator que não colabora para a motivação. Observa-se, portanto que o caminho de comunicação entre os funcionários e os superiores parece ser respeitado, já que os primeiros podem expressar suas opiniões através de caminhos pré-definidos. São realizadas palestras de esclarecimento sobre riscos de acidentes e este fato pode explicar a inexistência de acidentes de trabalho nas quatro estações de tratamento pesquisadas no último mês. Os cursos de admissão são realizados em 3 das 4 ETEs, portanto não há indícios, pelos questionários respondidos, de que os funcionários são avaliados pelas características individuais para ocupar determinados cargos. Nem se pode constatar que há cursos freqüentes de esclarecimento quanto a atividades profissionais e de aperfeiçoamento técnico específico. CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, no âmbito de certificação ou autodeclaração de conformidade com as normas ISO 14.001/04 o treinamento é reconhecido como parte do processo de implementação do Sistema de Gestão Ambiental, recomendando-se a realização deste no âmbito das responsabilidades ambientais específicas, diretamente relacionadas aos aspectos significantes, metas e objetivos do SGA. Neste trabalho observou-se que com a implementação deste modelo de gestão de pessoas por competência a visão conflitante entre funcionários e empresa pode ser substituída pela parceria. Na operação e manutenção de estações de tratamento de esgoto a gestão por competência de pessoas pode ser implementada por meio da capacitação e treinamento dos funcionários de forma sistematizada. Em estações de tratamento de esgoto, bem como em outras organizações, recomenda-se a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental, conforme modelo prescrito na ISO 14.001/2004, onde treinamento, atribuição de responsabilidades e correlação entre funções exercidas, e respectivos colaboradores são realizadas por meio de uma metodologia eficiente. Como se observa no exemplo da ETE Remédios em Salesópolis – SP, após a implementação do SGA e no exemplo das ETE’s Humaitá e Samaritá em São Vicente – SP, a preocupação com o tratamento adequado do quadro de funcionários pode colaborar para a imagem da empresa, para o meio ambiente, na formação educacional de seus colaboradores que receberam treinamento e conscientização acerca de suas funções e responsabilidades no desempenho global da organização para qual trabalha, assim como agregando valor profissionalmente com respeito a empregabilidade. Nas ETEs estudadas foram encontradas dificuldades de resposta para o questionário aplicado e algumas respostas parecem incoerentes. Uma das ETEs consultadas não retornou resposta ao questionário, portanto ela não foi incluída na pesquisa. As respostas obtidas denotam a necessidade de evolução dos serviços operadores das estações para atingir as metas e objetivos de uma gestão de recursos humanos por competência. Observase que este conceito ainda é incipiente nesta área do mercado de trabalho, e o modelo de gestão abordado necessita de adaptações para implementação efetiva, de forma interessante tanto aos funcionários quanto à empresa ou serviço responsável. Os questionários foram enviados para os serviços operadores de quatro estações, não havendo o acompanhamento para que estes fossem respondidos, desta forma, justificando-se algumas das incoerências observadas nas respostas. Este estudo deve ser considerado preliminar, necessitando de aprofundamento, por meio da aplicação de questionário mais específico, a ser respondido por pessoas capacitadas e com acompanhamento para eventuais dúvidas; tendo como objetivo a sistematização e homogeneização das respostas. Recomenda-se ainda, na continuidade desta pesquisa, que seja pesquisado um número maior de ETEs, permitindo maior representatividade na amostragem, coerência com a realidade e confiabilidade nos resultados. BIBLIOGRAFIA 1. ABNT NBR ISO 14.001/2004. Sistemas de Gestão Ambiental: Requisitos com orientação para uso. 2. WPCF. Manuals of Practice for Water Pollution Control. MOP 11 – Operation of Wastewater Treatment Plants: A Manual of Practice. Water Pollution Control Federation, 1981. 3. CORDEIRO, João Sérgio e Andréia Garacho Ramos. Preparo de Recursos Humanos para implantação da ISO 14.001em estações de tratamento de esgoto. 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2005. 4. CORDEIRO, João Sérgio e Reynaldo Eduardo Young Ribeiro. Gestão por Competências nas Estações de Tratamento de Esgoto da Sabesp - A experiência das ETE’s Humaitá e Samaritá – São Vicente – SP, 2004. 5. LOUREIRO, Roberto de Oliveira (Prof. e Coordenador de Treinamento e Desenvolvimento Corporativo da Duratex S.A. Como Competir na Era do Capital Humano. www.informal.com.br, acesso 02/12/2005. 6. MARTIN, Raymond. ISO 14.001/96 Guidance Manual. National Center for Environmental Decision-Making Research.1998.Oak Ridge national Laboratory Tennessee Valley Authority. University of Tennessee. www.gdcr.org.br 7. ORNELAS, Marcos. Entrevista ao site www.rh.com.br, acesso dia 19/11/2005. 8. PEREIRA, Márcia de Andrade, Claudia Scoton Antônio Marques e Edson Martins de Aguiar. Sugestões para uma proposta do uso de novas ferramentas tecnológicas de informação para um sistema de gestão ambiental ISO 14.000. Nota Técnica Abes, Volume 8 nº1 janeiro/março de 2003 e nº2 abril/junho 2003. 9. RIBEIRO, Antonio de Lima. Professor do Curso de Administração da Universidade Católica de Petrópolis e Executivo de Recursos Humanos. Gestão de Pessoas. Editora Saraiva, 2005. 10. TEIXEIRA, Jayme Filho. Recursos Humanos na Gestão do Conhecimento. www.rh.com.br, acesso em 02/12/2005. 11. UBEDA, Cristina Lourenço. A Gestão de Competência em uma empresa de pesquisa e desenvolvimento. Dissertação de Mestrado na Engenharia de Produção, EESC-USP São Carlos, 2003. XXX CONGRESO DE LA ASOCIACIÓN INTERAMERICANA DE INGENIERÍA SANITARIA E AMBIENTAL (AIDIS) F2 FORMULARIO PARA INSCRIPCIÓN DE TRABAJO TÉCNICO Número de Registro (ver instrucciones en la convocatoria / reglamento): TEMA: VI Gestión de servicios de agua potable y saneamiento, regulación, política, control, normas, certificación etc. TÍTULO DEL TRABAJO GESTÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS POR COMPETÊNCIA EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO FORMA DE PRESENTACIÓN SOLICITADA (sujeta a decisión de AIDIS) Presentación Oral [ ] Presentación Póster (Cartel) [X] Autor(es) Marcar con * al principal Institución o Empresa 1. Michele de Almeida Corrêa* 2 Talita Fávaro Noccetti 3. João Sérgio Cordeiro 4. 5. 6. UFSCar – Universidade Federal de São Carlos Rodovia Washington Luís, Km 235 Telefone: (16) 3351.8262 Fax: (16) 3351.8295 CEP 13565-905 – São Carlos, SP - Brasil Equipo disponible para presentación oral: Proyector de laminas, proyector de datos (PowerPoint) y pantalla. Equipo disponible para presentación de póster (cartel): Painel con 1,20m de largura e 2,40m de altura. DIRECCIÓN PARA COMUNICACIÓN (autor principal) Nombre: Michele de Almeida Corrêa Institución o Empresa: UFSCar – Universidade Federal de São Carlos Dirección: Av. Trabalhador Sancarlense, número 85, apartamento 43 Barrio: Parque Arnold Shimidt Código Postal: 13566-590 Ciudad: São Carlos Estado: SP País: Brasil Teléfono:16 3306 9050 Fax: E-mail: [email protected] COMPROMISOS DE LOS AUTORES Las instrucciones para la preparación del trabajo completo fueran seguidas por los autores para trabajos orales y para pósteres (carteles). [ X ] Si [ ] No Por lo menos un de los autores se compromete a asistir al Congreso con inscripción paga. Caso no se registre antes del 30 de septiembre de 2006, el trabajo será retirado del programa y del disco compacto (Memorias del Congreso). Si requiere que realice el trámite de pago de la inscripción antes de la fecha citada. Firma(s) de lo(s) autor(es) 1. 4. 2. 5. 3. 6. Lugar: Fecha: Utilizar el formulario (F2) para cada trabajo registrado. Adjuntar al texto del trabajo registrado y enviar juntamente con el trabajo gravado en archivo electrónico, disquete o CD, al Comité Técnico del XXX Congreso de AIDIS (xxxxxxxxxxxxxxxxxxx), antes del 16 de septiembre de 2006.