SILVA, Ângela Maria Carneiro. KATO, Heitor Takashi . MORAUER, Tatiana Magierski. Revista Desafio nº 31. Vol. 12 – n. 31 – set./dez. 2012 - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. GESTÃO DE PESSOAS E MELHORES EMPRESAS PARA SE TRABALHAR – ANÁLISES COMPLEMENTARES SOB NOVAS PERSPECTIVAS ÂNGELA MARIA CARNEIRO SILVA – MESTRE – PUC PR HEITOR TAKASHI KATO – DOUTOR – PUC PR TATIANA MAGIERSKI MORAUER – MESTRE – PUC PR RESUMO Esse artigo foi desenvolvido com o objetivo central de realizar análises complementares sob novas perspectivas embasadas no resultado apresentado nas revistas VOCÊ S/A e EXAME - Melhores Empresas para Você Trabalhar sobre as organizações que alcançaram as dez primeiras posições entre cento e cinquenta classificadas. Para tal pesquisa selecionou-se os resultados de 2006 há 2010. Foi aplicado para o desenvolvimento desse artigo a pesquisa bibliográfica e técnicas bibliométricas. Após o desenvolvimento teórico, foi descrita a metodologia de pesquisa aplicada pela revista. Posteriormente então foi abordado de forma longitudinal e sob uma perspectiva diferenciada os itens a serem pesquisados, sendo esses, os objetivos específicos desse artigo. Conclui-se que a análise longitudinal proposta permitiu expandir de forma considerável a visão e a interpretação do resultado das empresas selecionadas entre as dez melhores, bem como, do cenário e contexto onde essas estão inseridas nesses últimos cinco anos e, além disso, proporcionou novas possibilidades para pesquisa na área de Gestão de Pessoas - Recursos Humanos. Palavras-Chave: Melhores Empresas para Você Trabalhar, Gestão de Pessoas, Recursos Humanos. ABSTRACT This article has as central objective to achieve additional analysis beneath news prospects based on result presented on the magazines VOCÊ S/A and EXAME – Best Companies for You to Work about the organizations which reached the ten first positions among one hundred and fifity classified. For this research will be selected results since 2006 until 2010. For the development of this article, will be applied bibliographic research and bibliometric techniques. After the theoretical analysis, will be described the research methodology of the magazine. Aftermost, will be discussed, in a longitudinal way and under a different perspective the items to be searched, being these the specific objectives of this article. It can be concluded, that the proposal longitudinal analysis allowed to expand considerably the sight and the interpretation of the result of the selected companies among the ten better ranked, well as, the setting and context in which these are embedded in the last Five years, and, moreover, provided new possibilities for research in the area of People Management – Resources Humans. Key Words: Best Companies for You to Work, People Management, Resources Humans. 1 INTRODUÇÃO Esse artigo foi desenvolvido com o objetivo central de realizar análises complementares sob novas perspectivas embasadas no resultado apresentado nas revistas VOCÊ S/A e EXAME - Melhores Empresas para Você Trabalhar sobre as empresas que 2 alcançaram as dez primeiras posições entre cento e cinqüenta empresas classificadas. Para tal pesquisa selecionar-se-á os resultados de 2006 há 2010, sendo esses os anos disponíveis na versão online da respectiva revista. Utilizar-se-á na construção desse artigo a pesquisa bibliográfica e técnicas bibliométricas. A pesquisa bibliográfica busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre determinado assunto, tema ou problema (Cervo, Bervian 1983). A bibliometria é definida como “técnica quantitativa e estatística de medição dos índices de produção e disseminação do conhecimento científico” (FONSECA, 1986, p. 10), remonta o inicio do século precedente, inicialmente pela necessidade percebida de estudar e avaliar as atividades relacionadas à produção cientifica e sua comunicabilidade com a comunidade cientifica e em geral. Tais técnicas, portanto, serão utilizadas visando à busca dos objetivos específicos, sendo esses: (1) Citar as empresas classificadas pela revista como as dez melhores entre 2006 e 2010; (2) Identificar as empresas que foram classificadas com maior freqüência nesse período (3) Identificar as empresas que foram classificadas com maior freqüência e com melhor colocação (de acordo com escala atribuída pelo respectivo autor desse artigo) (4) Identificar o porte das empresas que obtiveram os melhores resultados no período pesquisado (5) Avaliar os setores que obtiveram os melhores resultados no período pesquisado (6) Avaliar entre as empresas com as três melhores classificações no período pesquisado os elementos citados pelos colaboradores como maior vantagem e desvantagem de suas respectivas organizações (7) Categorizar os principais desafios da área de Recursos Humanos. Esse artigo, portanto, inicia com a exploração conceitual a respeito da área de Gestão de Pessoas - Recursos Humanos e sua evolução, considerando essa área a principal pela criação e sustentação, das estratégias implantadas e avaliadas na Revista Melhores Empresas para Você Trabalhar. Após a parte teórica, será descrita a metodologia de pesquisa aplicada pela revista. Posteriormente então será abordado de forma longitudinal e sob uma perspectiva diferenciada os itens a serem pesquisados, sendo esses, os objetivos específicos desse artigo. 2 CONCEITOS E PRESSUPOSTOS NA EVOLUÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS – GESTÃO DE PESSOAS 3 Estamos no início do século XXI, século em que expressões como concorrência acirrada, globalização e instabilidade tornaram-se presentes e constantes no mundo dos negócios. Essa realidade influencia a cultura das organizações, à medida que cada vez mais as empresas possuem necessidade de adaptar-se à realidade do ambiente externo para a sua própria sobrevivência. Em se tratando de organizações e de cultura, estamos falando principalmente de pessoas (ARAUJO, 2006). Segundo Lacombe (2005) as organizações atuais já perceberam a importância das pessoas e da forma como são geridas, sendo imprescindível considerar, portanto, que essas buscam a qualidade de vida e a felicidade, que possuem outros vínculos além daqueles que mantêm com as organizações e que seus objetivos nunca coincidem integralmente com os da organização, ainda que possam ter muitos pontos coincidentes. De acordo com uma pesquisa realizada pelo USA Today e pela Deloitte & Touche (apud Bohlander, Snell e Sherman 2009), quase 80% dos executivos disseram que a importância da área de Recursos Humanos – Gestão de Pessoas cresceu substancialmente nos últimos dez anos. Além disso, dois terços dos executivos declararam que as despesas de RH agora são vistas como investimento estratégico e não simplesmente como custo a ser minimizado visto que as habilidades, o conhecimento e as capacidades dos funcionários são os recursos mais distintivos e renováveis sobre os quais uma empresa pode se basear. Diante do contexto exposto, faz-se necessário compreender o papel e a evolução da área de Recursos Humanos considerando que embora as pessoas tenham sido sempre fundamentais no ambiente empresarial, hoje elas desempenham um papel ainda mais central para a obtenção da vantagem competitiva (BOHLANDER, SNELL, SHERMAN, 2009). A área de Recursos Humanos, hoje também referenciada como Gestão de Pessoas, passou por uma série de transformações, sendo que os modelos passados, ou seja, aqueles em que o trabalhador não era reconhecido como capital humano e nem como um ser provedor de conhecimento, habilidades e competências, não condizem com a nova estrutura das organizações do conhecimento. Pesquisas sobre gestão de pessoas no Brasil apontam uma fase de transição pela qual a área de Recursos Humanos passa atualmente, de uma atuação predominantemente operacional para modelos mais estratégicos de gestão de pessoas (MASCARENHAS; VASCONCELOS; VASCONCELOS, 2005). A Professora Tose (apud Marras, 2000) da Faculdade de Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, desenvolveu uma pesquisa em 1997 baseada principalmente em bibliografia acadêmica utilizada em sua dissertação de mestrado e demonstra que é possível destacar cinco fases na evolução do perfil profissional de Recursos 4 Humanos e suas respectivas épocas. A figura a seguir representa as cinco fases evolutivas da Gestão de Pessoal, sendo: Estratégica 1985 a atual Administrativa 1965 a 1985 Tecnicista 1950 a 1965 Legal 1930 a 1950 Contábil Antes 1930 Figura 01: A evolução da área de Recursos Humanos Fonte: Tose apud Marras (2000) A fase contábil caracterizava-se pela preocupação existente com os custos da organização, sendo assim, os colaboradores eram vistos exclusivamente sob o enfoque contábil. A fase legal registrou o aparecimento da função de chefe de pessoal, profissional cuja preocupação estava centrada no acompanhamento e manutenção das recém-criadas leis getulistas da era trabalhista. A fase tecnicista foi a que implantou no Brasil o modelo americano de gestão de pessoal e alavancou a função de RH ao status de gerência. A fase tecnicista representou um grande avanço na qualidade das relações entre capital e trabalho e também foi nessa fase que a área de Recursos Humanos passou a operacionalizar serviços como os de treinamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene e segurança no trabalho, benefícios e outros. A fase administrativa foi diretamente impactada pelo “novo sindicalismo”. Nessa fase registrou-se uma mudança significativa na denominação e na responsabilidade do até aqui gerente de relações industriais: o cargo passou a se chamar de gerente de recursos humanos. Pretendia-se com essa mudança transferir a ênfase em procedimentos burocráticos e puramente operacionais para responsabilidades de ordem humanísticas, voltadas para os indivíduos e suas relações como, por exemplo, os sindicatos, a sociedade, entre outros. A fase estratégica foi demarcada pela introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico, foi nessa fase, portanto, que se registraram as primeiras preocupações de longo prazo. Iniciou-se a alavancagem organizacional do cargo de 5 Gerente de Recursos Humanos que passou a ser reconhecido como diretoria, em nível estratégico nas organizações (TOSE apud MARRAS, 2000). De acordo com Dessler (2003) ser estratégico em Recursos Humanos significa admitir a função da área no processo de formulação, desenvolvimento e implemento da estratégia como parceira de uma série de atividades consistentes, como recrutamento, seleção e treinamento de pessoas.Para Truss e Gratton (1994), apud Dessler (2003), o sistema de administração de recursos humanos deve ser desenvolvido sob medida para as demandas da estratégia empresarial, com a idéia de que para cada estratégia organizacional em particular exista uma estratégia de recursos humanos. 3 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA APLICADA PELA REVISTA A metodologia e a coordenação técnica da pesquisa aplicada pela Você S/A / Exame são realizadas por dois especialistas brasileiros em recursos humanos, sendo esses, os professores Joel Dutra e André Fischer, ambos da Fundação Instituto de Administração (FIA), ligada à Universidade São Paulo (USP). Ambas as revistas citadas pertencem ao grupo da Editora Abril. A nota que classifica a empresa entre as 150 melhores é o IFT – Índice de Felicidade no Trabalho. O IFT é composto por outros três índices, sendo: a. IQAT – Índice de Qualidade no Ambiente de Trabalho: neste item é possível observar a opinião dos profissionais das empresas, que dão notas para quatro categorias distintas, sendo: identidade com a organização, satisfação & motivação, desenvolvimento e por último liderança. As notas vão de 0 a 100 e são calculadas com base nos formulários respondidos. Os funcionários que respondem ao questionário são selecionados randomicamente por meio de um dispositivo. Essa nota corresponde a 70% da nota final. b. IQPG - Índice de Qualidade na Gestão de Pessoas: esse índice é formado pela avaliação das práticas que a empresa declarou ter no questionário e a análise do material enviado por ela para comprovar seus programas – o chamado Book de Evidências. O IQPG avalia as práticas relacionadas à: Estratégia e Gestão, Liderança, Cidadania Empresarial e Políticas e Práticas relacionadas à carreira, desenvolvimento, remuneração e benefícios e saúde. Essa nota tem peso de 25% na nota final do IFT 6 (sendo 15% referente ao questionário respondido e 10% a avaliação das evidências enviadas pela organização). c. Nota Jornalista - No final do mês de junho de cada ano, os jornalistas visitam as empresas pré-classificadas. Além de checar as instalações das companhias, entrevistam profissionais do RH e conversam com os gerentes e funcionários do grupo operacional. A nota atribuída por esses profissionais equivale a 5% da nota final. Além do IFT, outras avaliações integrantes são realizadas, das quais destacamos: a. Tamanho da Empresa: Desenvolvida com base no número de funcionários: Grande (empresas com mais de 1500 funcionários), Média (empresas com 501 a 1500 funcionários) e Pequenas (de 100 a 500 funcionários). b. Setores Campeões: São os setores com o maior Índice de Felicidade no Trabalho (IFT). Os requisitos mínimos para os setores participarem dessa disputa são: número de concorrentes e possuir no mínimo cinco empresas de um mesmo ramo na lista das 150 classificadas. c. Pontos Positivos e Negativos, ou Pontos Positivos e Pontos a Melhorar ou ainda Principais Vantagens e Desvantagens (o item avaliado é exatamente o mesmo, porém, conforme o ano/edição percebe-se a mudança de nomenclatura): Estes tópicos são um resumo do que a empresa tem de melhor e o que ela precisa avançar na opinião dos funcionários. Esses pontos são discutidos nas reuniões com os colaboradores ou com o profissional de RH, durante a visita do jornalista à Empresa. d. Desafio do RH: Existente desde a edição de 2008 refere-se a uma frase dos executivos de recursos humanos sobre o maior desafio que enfrentam hoje no que se refere à gestão de pessoas. 4 ANÁLISES COMPLEMENTARES SOB NOVAS PERSPECTIVAS Para que se possam realizar as análises complementares sob novas perspectivas iniciar-se-á com o levantamento longitudinal dos últimos cinco anos das empresas classificadas como as dez melhores entre 2006 e 2010, sendo: Ano/ Classificação 1° lugar 2006 Masa 2007 Masa 2008 Volvo 2009 Caterpillar 2010 Whirlpool Latin A. 7 Albras Chemtech 3° lugar BV Financeira Serasa Masa da Amazônia Volvo Volvo Serasa Masa 4° lugar Promon Landis+Gyr Caterpillar Laboratório Sabin Eurofarma BV Financeira 5°lugar Landis+Gyr Volvo Landis+Gyr 6° lugar Arcelor Arvinmeritor BV Financeira Laboratório Sabin Promon Laboratório Sabin ArcelorMittal 7° lugar Eurofarma Chemtech Gazin 8° lugar Fras+Le Chemtech Promon CPFL Energia Eurofarma 9° lugar Accor Caterpillar Albras Plascar Coelce 10° lugar Albras Hoken Serasa Landis+Gyr Dupont 2° lugar Caterpillar Sama Quadro 01 – Classificação Empresas no Período de 2006 a 2010 Fonte: Os autores As empresas que foram classificadas com maior freqüência nesse período de 2006 a 2010 foram: Freqüência classificação 04 Empresa Caterpillar, Landis+Gyr, Masa e Volvo. 03 Albras, BV Financeira, Chemtech, Eurofarma, Laboratório Sabin, Promon, Serasa. 02 ArcelorMittal. Quadro 02– Freqüência Classificação Empresas no Período de 2006 a 2010 Fonte: Os autores Atribuindo-se uma escala inversamente proporcional, ou seja, as empresas que foram classificadas em primeiro lugar atribui-se nota 10, em segundo lugar atribui-se nota 9, e assim sucessivamente (conforme tabela a seguir), considerando-se a freqüência, as empresas com melhor colocação foram: Escala Inversamente Proporcional Resultado da Classificação Empresa Classificação/Nota Porte Empresa Setor Masa 1° lugar – 37 pontos Média Plást. e Borr. Classificação Nota Atribuída Volvo 2° lugar – 33 pontos Grande Automotivo 1° lugar 10 Caterpillar 3° lugar – 27 pontos Grande Automotivo 2° lugar 09 BV Financeira 4° lugar – 21 pontos Grande Serv. Financ. 3° lugar 08 5° lugar – 17 pontos Média Serv. Saúde 4° lugar 07 Laboratório Sabin Serasa 5° lugar – 17 pontos Grande Serv. Financ. 5°lugar 06 Chemtech 6° lugar – 16 pontos Média 6° lugar 05 Landys+Gyr 7° lugar – 14 pontos Pequena Tecn. e Comp. Eletroeletr. 7° lugar 04 Promon 7° lugar – 14 pontos Média Serv. Divers. 8° lugar 03 Eurofarma 8° lugar – 13 pontos Grande 9° lugar 02 Albras 9° lugar – 12 pontos Média Farm.Hig.Li mp. e Metal. Sider. e 10° lugar – 09 Grande Metal. Sider. Quadro 03 – Escala Inversa e Ranking de Classificaçãopontos das Empresas no Período de 2006 a 2010 10° lugar 01 ArcelorMittal 8 Fonte: Os autores Afirma-se, portanto, que durante esses cinco anos (2006 a 2010) a empresa MASA foi à melhor colocada entre as doze empresas que disputaram as dez primeiras posições da Revista. A diferença para a segunda colocada é de quatro pontos. A segunda colocada é a empresa Volvo com trinta e três pontos, com uma diferença de seis pontos para a terceira colocada, sendo essa, a máxima diferença de pontuação entre todas as classificadas. Em terceiro lugar a empresa classificada é a Caterpillar, também com diferença de seis pontos para a empresa que alcançou o quarto lugar. Todas as demais classificadas alcançaram resultados muito próximos (com no máximo quatro pontos de diferença) e até mesmo semelhantes como foi o caso do Laboratório Sabin e Serasa (ambos com dezessete pontos, ocupando a 5° posição) e ainda a Landis+Gyr e Promon (ambas com quatorze pontos, ocupando a 7° posição). O porte da empresa distribuído em grande (empresas com mais de 1500 funcionários), média (empresas com 501 a 1500 funcionários) e pequenas (de 100 a 500 funcionários) e classificadas nesse período demonstram que a grande concentração das empresas classificadas durante o período pesquisado são de porte grande (50%) e médio (42%). A empresa de pequeno porte – Landis+Gyr, portanto, pode ser considerada uma exceção, correspondendo a 8% do resultado. O gráfico a seguir nos auxiliará a visualizar melhor essa distribuição: Gráfico 01 – Porte das Empresas Classificadas no Período de 2006 a 2010 Fonte: : Os autores 9 Outra classificação significante refere-se a compreender nesse período quais os setores que mais se destacaram, por meio, da construção de uma tabela com as informações anuais concedidas pela Revista. A avaliação pela Revista inicia no ano de 2008 e o critério para avaliação dos “setores campeões” é o IFT (Índice de Felicidade no Trabalho). Além disso, para participar dessa classificação os requisitos mínimos são o número de concorrentes e possuir no mínimo cinco empresas de um mesmo ramo na lista das 150 classificadas. No ano de 2007 é destacado apenas o setor campeão, ou seja, o resultado do primeiro lugar, sendo esse, “Serviços Financeiros” e as empresas que se destacaram em cada setor, mas não há uma classificação entre eles. Além da construção da tabela comparativa - longitudinal, dos dez setores que mais se destacaram, citaremos o IFT mais alto da empresa de cada setor. 2008 Setor IFT 2009 Setor IFT 2010 Setor IFT 1° lugar Automotivo 90,59 Automotivo 91,5 Serv. Diversos 85,70 2° lugar Serv. Financeiros 85,56 Serv. Financeiros 86,9 Farm. Hig. Limpeza 84,54 3° lugar Tecn. e Computação 90,57 Farm. Hig. Limpeza 87,1 Serv. Saúde 86,16 4° lugar Eletroeletrônicos 87,60 82,5 Serv. Financeiros 86,60 5°lugar Farm. Hig. Limpeza 88,14 Quím. Petroquímica Indús. Diversas 85,3 Metal. e Siderurgia 84,83 6° lugar Serviços Públicos 80,19 Eletroeletrônicos 85,4 Indús. Diversas 86,40 7° lugar 83,24 Serv. Diversos 85,5 8° lugar Quím. Petroquímica Serv. Saúde 87,38 Serv. Saúde 88,6 Quím. Petroquímica Tecn. 9° lugar Indús. Diversas 83,50 Comércio Varejista 84,2 Computação Automotivo 86,94 10° lugar Comércio Varejista 86,32 Metal. e Siderurgia. 84,9 Comércio Varejista 84,75 e e e 83,99 e 87,02 Quadro 04 – Freqüência Classificação Setores no Período de 2008 a 2010 Fonte: : Os autores A nota mais alta do IFT dos setores selecionados é 91,5, do setor automotivo, setor esse que aparece nos três anos consecutivos. De acordo com a Revista Exame a queda de posição no setor automotivo de primeiro lugar em 2008 e 2009 para o nono lugar em 2010 são reflexos da crise financeira internacional dos anos anteriores (apesar de não realizar a pesquisa longitudinal, a revista proporciona essa informação de forma isolada). Outro fator que chama a atenção é que a MASA, empresa com melhor pontuação nos últimos cinco anos, não teve em nenhum dos anos abordados seu setor de atuação – Plástico e Borracha classificado, infere-se, portanto, que essa se destaca de maneira significativa nos requisitos avaliados no setor em que atua. Outro ponto destacável é que o único setor que foi classificado apenas uma vez no período pesquisado (apenas no primeiro ano da pesquisa) é o setor de Serviços Públicos, recomenda-se, portanto, em estudos futuros investigar o porquê da 10 não reclassificação nos anos posteriores. Vale ressaltar também, que não necessariamente, o setor com maior posição no ano, possui a empresa com maior IFT, fato esse que aconteceu em 2010. Apesar do setor “Serviços Diversos” ter alcançado maior posição, é uma empresa do setor de Tecnologia e Computação que possui a maior nota, sendo essa a Google, com o IFT de 87,02. Estabelecendo-se o mesmo critério utilizado no quadro 04, ou seja, distribuindo-se uma escala inversamente proporcional e de acordo com a freqüência que cada setor aparece nos anos abordados, o resultado é: Escala Inversamente Proporcional Resultado da Classificação Classificação e Nota Setor Geral Classificação Nota Atribuída Serviços Financeiros 1° lugar – 25 pontos 1° lugar 10 Farm. Hig. Limpeza 2° lugar – 23 pontos 2° lugar 09 Automotivo 3° lugar – 22 pontos 3° lugar 08 Química e Petroquímica 4° lugar – 15 pontos 4° lugar 07 Serviços Diversos 5° lugar – 14 pontos 5°lugar 06 Serviços Saúde 5° lugar – 14 pontos 6° lugar 05 Indústrias Diversas 6° lugar – 13 pontos 7° lugar 04 Eletroeletrônicos 7° lugar – 12 pontos 8° lugar 03 Tecnologia e Computação 8° lugar – 11 pontos 9° lugar 02 Metalurgia 9° lugar – 07 pontos 10° lugar 01 Serviços Públicos 10° lugar – 05 pontos Quadro 05– Escala Inversa e Ranking Classificação Setores no Período de 2008 a 2010 Fonte: : Os autores Constata-se, portanto, que durante esses três anos (2008 a 2010) o setor “Serviços Financeiros” ocupou a melhor posição. Logo após, com apenas dois pontos de diferença aparece o setor “Farmácia, Higiene e Limpeza” e em terceiro lugar, com apenas um ponto de diferença aparece o setor “Automotivo”. Do terceiro para o quarto lugar a diferença de pontuação é representativa com sete pontos. Do quarto ao oitavo lugar as diferenças são de apenas um ponto por colocação. Em quinto lugar houve um empate entre os setores “Serviços Diversos” e “Serviços Saúde”. Realizando por meio de uma avaliação qualitativa as principais vantagens ou pontos fortes, bem como, das principais desvantagens ou pontos fracos das três empresas melhores colocadas de acordo com a classificação estabelecida no quadro 04, objetivando compreender e avaliar as práticas adotadas por essas empresas destacamos que: 11 a. Empresa Masa – Pontos Positivos e Pontos a Melhorar MASA - 1° LUGAR Ano Pontos Positivos Pontos a Melhorar 2006 Os funcionários têm muito benefício e muita liberdade para opinar dentro da empresa. Os pais também gostariam de ser beneficiados com o auxílio-creche. 2007 Os benefícios e a transparência da gestão criam ambiente de confiança e de envolvimento com a estratégia do negócio. Alguns funcionários ainda reclamam do calor excessivo na linha de produção da empresa. 2008 Tudo é comunicado pela empresa com muita clareza e transparência, por meio dos veículos internos e das reuniões freqüentes entre gestores e equipes. A mais desejada melhoria no pacote de benefícios é a possibilidade de inclusão dos pais do funcionário como dependentes no plano de saúde. 2009 O plano de desenvolvimento de liderança e a maneira eficiente utilizada pela empresa para disseminar sua estratégia entre todos os colaboradores. A possibilidade de incluir os pais como dependentes no plano de saúde. Gerentes queriam conhecer mais a Flextronics para propor soluções e alternativas. Quadro 06– Pontos Positivos e a Melhorar - Masa Fonte: Os autores Apesar de nos anos de 2006 e 2007 os benefícios aparecerem como a maior vantagem, nos anos de 2006, 2008 e 2009 os benefícios aparecem como sendo também a maior desvantagem. Inclusive nos anos de 2008 e 2009 a desvantagem citada é exatamente a mesma em relação aos benefícios, sendo essa a possibilidade de inclusão dos pais como dependentes no ano de saúde, evidenciando que nenhuma ação foi tomada de um ano para o outro, sem entrar no mérito se esse é ou não um objetivo da empresa. Também aparecem como maior vantagem durante dois anos o quesito transparência, seja da própria gestão ou ainda da comunicação como um todo. b. Empresa Volvo – Pontos Positivos e Pontos a Melhorar VOLVO - 2° LUGAR Ano Maior Vantagem Maior Desvantagem 2007 A empresa é forte em saúde e na atuação social, com um programa de segurança no trânsito que virou referência. O equilíbrio entre obtenção de metas e qualidade de vida ainda não foi alcançado por muitos gestores. 2008 Os programas de cidadania são elogiados e incluem uma fundação que mantém 40 Alguns funcionários da empresa reclamam das exigências feitas para o crescimento na carreira e 12 crianças para adoção. A comunicação também é bastante eficiente. também da grande concorrência interna. 2009 O completo pacote de benefícios, o investimento na formação de gestores e sucessores e o incentivo para que o pessoal participe das decisões. A falta de um programa formal de expatriação pelo qual o pessoal possa se candidatar. O programa de preparação para aposentadoria não parece claro a todos. 2010 A licença maternidade de seis meses foi adotada espontaneamente. Há um programa de preparação para aposentadoria e inserção de mulheres em cargo de chefia. A disponibilidade de espaço físico não acompanhou o aumento do número de funcionários registrados nos últimos meses e o aperto está causando desconforto. Quadro 07– Pontos Positivos e a Melhorar - Volvo Fonte: Os autores Algo que se destaca na Volvo é a sua atuação social, citadas como maior vantagem nos anos de 2007 e 2008. Por outro lado, também nesses respectivos anos algumas frases citadas como maior desvantagem são: “equilíbrio entre obtenção de metas e qualidade de vida”, “exigências feitas para o crescimento na carreira” e “grande concorrência interna”, evidencia-se uma alta competitividade, além de uma grande pressão exercida na busca pelo alcance dos resultados. O que mais chama a atenção é que o fator que aparece como desvantagem em 2009, sendo: “O programa de preparação para aposentadoria não parece claro a todos” reaparece no ano posterior - 2010, porém, como maior vantagem, sendo: “Há um programa de preparação para aposentadoria”, isso significa de que a empresa atuou diretamente na resolução da questão caracterizada como motivo de insatisfação de seus colaboradores. c. Caterpillar – Pontos Positivos e Pontos a Melhorar CATERPILLAR - 3° LUGAR Ano Maior Vantagem Maior Desvantagem 2007 Os funcionários destacam as ferramentas para desenvolvimento de carreira e a boa cobertura na área da saúde. A equipe gostaria de reajustes mais agressivos tanto no salário-base quanto no plano de participação nos lucros. 2008 Forte treinamento dos líderes e a preocupação com o bem estar da equipe: promoção da saúde, segurança e programa de preparação para aposentadoria. Somente as idéias que impactam em redução de custos são premiadas. As outras, embora implementadas, não geram retornos para os funcionários. 2009 A companhia tem uma comunicação clara e eficiente com todos os colaboradores e investe muito para preservar o bom ambiente de trabalho. A Caterpillar tem apenas 237 funcionárias. Mas a situação começa a mudar com a participação delas na operação de empilhadeiras e pintura. 13 2010 Os aposentados elegíveis ao fundo de pensão podem continuar participando de comemorações e programas de saúde, como campanhas de vacinação e palestras. A possibilidade de adquirir ações da corporação como remuneração adicional subsidiada pela empresa é só para funcionários administrativos a partir de determinado grau. Quadro 08– Pontos Positivos e a Melhorar - Caterpillar Fonte: Os autores As maiores vantagens da Caterpillar na visão dos funcionários estão relacionadas a desenvolvimento de carreira, bem estar da equipe (saúde, segurança e preparação para aposentadoria), comunicação clara, investimento para o bom ambiente de trabalho e inclusão dos aposentados em comemorações e programas de saúde e campanhas de vacinação e palestras. Em relação às desvantagens, aparecem por três vezes questões direta ou indiretamente relacionadas à remuneração. No ano de 2007, por exemplo, a queixa refere-se ao salário-base e participação nos lucros. Em 2008, os funcionários citam que somente idéias que impactam diretamente na redução de custos são remuneradas, embora, as demais idéias também são implementadas. Em 2010 a insatisfação está relacionada à possibilidade de adquirir ações da empresa como remuneração adicional subsidiada pela empresa é só para funcionários administrativos a partir de determinado grau. Considerando todas as empresas classificadas nas dez melhores posições conforme quadro 04 levantou-se a partir de 2008, ano em que foi implementado na pesquisa, o maior desafio que os executivos da área de Recursos Humanos enfrentam hoje no que se refere à gestão de pessoas. Os desafios citados por esses foram enquadrados nas categorias descritas na tabela e gráfico a seguir, sendo: Estímulo a comportamentos e competências alinhados a estratégia e cultura do negócio. Alinhamento das políticas de RH as estratégias e objetivos da organização. 7 2 Desenvolvimento ou conservação do nível de engajamento, motivação e comprometimento dos colaboradores. Desenvolvimento técnico e /ou comportamental e avaliação de desempenho dos colaboradores. 2 Fortalecimento e investimento nos pilares da área de Gestão de Pessoas. 1 Implementação ou reforço de ações relacionadas à comunicação e transparência em todos os níveis da organização. Quadro 09– Classificação Desafios Recursos Humanos Fonte: Os autores 1 8 14 Gráfico 02 – Desafio dos Executivos de Recursos Humanos Fonte: Os autores Com base na tabela e gráfico apresentados, percebe-se que a maioria dos executivos da área de Recursos Humanos descrevem como sendo os maiores desafios: desenvolvimento técnico e comportamental (38%) e estímulo a comportamentos e competências alinhados a estratégia e cultura do negócio (33%). Em seguida o terceiro desafio classificado com uma diferença percentual considerável (23%) do item anterior é o “desenvolvimento ou conservação do nível de engajamento, motivação e comprometimento dos colaboradores”. Com diferenças decimais do item anterior, o quarto item avaliado como os maiores desafios da área de Recursos Humanos é o “Alinhamento das políticas de RH as estratégias e objetivos da organização”. Com cinco pontos percentuais e em quinto e último lugar foram classificados os itens “Fortalecimento e investimento nos pilares da área de Gestão de Pessoas” e “Implementação ou reforço de ações relacionadas à comunicação e transparência em todos os níveis da organização”. 5 RECOMENDAÇÕES Coletar e classificar por meio da construção de uma escala os resultados alcançados pelas empresas entre o período de 2006 a 2010 permitiu, não somente olhar para o resultado de anos específicos, mas acompanhar as ações, as práticas adotadas e até mesmo a evolução dessas na busca pela classificação, ou ainda, a classificação como conseqüência da evolução das práticas adotadas, aumentando, dessa forma, consideravelmente a amplitude da pesquisa. Foi com base nesse primeiro resultado, que todos os demais itens foram pesquisados. 15 Avaliar o porte das empresas no período citado e conforme escala de classificação proposta permitiu verificar, por exemplo, que as grandes e médias empresas competem de forma muita próxima no que tange práticas e processos relacionados a pessoas. Se comparado esse resultado as pequenas empresas, porém, há uma disparidade considerável, o que permitiu concluir que em termos de Gestão de Pessoas as pequenas empresas ainda necessitam aprender, aprimorar e investir. Ressalta-se que a classificação como “pequenas empresas” está relacionado ao número de funcionários, porém, não estabelece relação direta com resultado financeiro. Outro ponto relevante foi à avaliação dos setores. Os setores não necessariamente por estarem classificados possuem em seu rol de empresas as organizações com maior índice de IFT. Com base no resultado alcançado nesse item, recomenda-se outros estudos como, por exemplo: a MASA, empresa com o melhor resultado alcançado nos últimos cinco anos, não possui o seu setor por nenhuma vez classificado. Investigar, portanto, a realidade das práticas de Gestão de Pessoas no ramo de plástico e borracha constitui-se em um considerável desafio. Outra possibilidade de pesquisa é averiguar por qual motivo o setor “Serviços Públicos” obteve apenas uma única classificação em 2008 ocupando a sexta posição, sendo que, todos os demais setores obtiveram no mínimo duas classificações nos últimos três anos (inclusive os setores que obtiveram classificação inferior a sexta posição no ano de 2008), ou seja, investigar o porquê “Serviços Públicos” foi o único setor que não conseguiu manter-se no ranking. A avaliação qualitativa das principais vantagens e desvantagens permitiu acompanhar de uma maneira muito próxima as ações das empresas em relação as suas práticas, bem como, aspectos até mesmo da cultura organizacional de cada uma dessas. O item “Desafios da área de Recursos Humanos” permitiu categorizar e visualizar os principais desafios da área, na visão dos executivos, constituindo-se uma fonte importante de informações servindo até mesmo como guia ou base para outras organizações ou executivos. É importante destacar que em momento algum, pode-se designar esse artigo como uma crítica ao que até então já foi abordado ou explorado pela revista, ao contrário, foi esse estudo desenvolvido que permitiu a coleta de dados e a construção das conclusões aqui expostas. Conclui-se, portanto, que a análise longitudinal proposta por esse artigo permitiu expandir de forma considerável a visão e a interpretação referente o resultado das melhores empresas para você trabalhar nesses últimos cinco anos, além disso, permitiu novas possibilidades para pesquisa não especificamente ou somente em relação à Revista “Melhores 16 Empresas para Você Trabalhar”, mas, principalmente na área de Gestão de Pessoas - Recursos Humanos. REFERÊNCIAS ARAUJO, Luis César G. Gestão de pessoas: estratégias e integração organizacional. São Paulo: Atlas, 2006. BOHLANDER, George. SNELL, Scott. SHERMAN, Arthur. Administração de recursos humanos. São Paulo: Cengage Learning, 2009. DESSLER, Gary. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pearson Education, 2003 LACOMBE, Francisco José Masset. Recursos Humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2005. MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. São Paulo: Futura, 2000. MASCARENHAS, A. O.; VASCONCELOS, F. C. de.; VASCONCELOS, I. F. G. de. Impactos da Tecnologia na Gestão de Pessoas – um Estudo de Caso. Revista de Administração Contemporânea, v. 9, n. 1, p. 125-147, jan/mar. 2005. VOCÊ S/A /EXAME. 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar. São Paulo, set. 2006. Disponível em ‹ http://www.150melhoresempresas.com.br/melhores-empresas-2006.php › Acesso em 12 Jan. 2011. VOCÊ S/A /EXAME. 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar. São Paulo, set. 2007. Disponível em ‹ http://www.150melhoresempresas.com.br/melhores-empresas-2007.php › Acesso em 15 Jan. 2011. VOCÊ S/A /EXAME. 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar. São Paulo, set. 2008. Disponível em ‹ http://www.150melhoresempresas.com.br/melhores-empresas-2008.php › Acesso em 18 Jan. 2011. VOCÊ S/A /EXAME. 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar. São Paulo, set. 2009. Disponível em ‹ http://www.150melhoresempresas.com.br/melhores-empresas-2009.php › Acesso em 18 Jan. 2011. VOCÊ S/A /EXAME. 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar. São Paulo, set. 2010.