PESQUISA CIENTÍFICA BNDES FEP Nº02/2010 Contrato nº 11.2.0519.1 TEMA: Análise das Diversas Tecnologias de Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos no Brasil, Europa, Estados Unidos e Japão INSTITUIÇÃO EXECUTORA: Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco – FADE PRODUTO 7: Relatório final sobre as principais rotas tecnológicas de destinação de resíduos sólidos urbanos no Exterior e no Brasil. Abril/2013 EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO NÚCLEO COORDENADOR José Fernando Thomé Jucá José Dantas de Lima Maria Odete Holanda Mariano Alessandra Lee Barbosa Firmo Danuza Gusmão de Andrade Lima Luciana de Figueiredo Lopes Lucena Armando Borges de Castilhos Júnior Roberta Medeiros de Souza Cavalcanti Érika Verônica Ferreira Lima Sá Renata Melo – FADE Maria Zilka Mendonça – FADE Dolores Galvão – FADE NÚCLEO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO, BASE DE DADOS E FERRAMENTA DE APOIO A DECISÃO Hosmanny Mauro Goulart Coelho Gustavo Henrique Tetzl Rocha Lineker Max Goulart Coelho Matheus Rennó Sartori Ericka Patrícia de Lima Brito Adeilton Marcelino Vidal Sousa Aline Dantas de Oliveira Katia Botelho Torres Galindo Talita Vasconcelos de Lucena Natalia Maria Leitão de Melo Raissa Bezerra A. de Menezes NÚCLEO INTERNACIONAL Aderbal Caetano Correa (USA) AntoniosMavropoulos (Grécia) JanyaSang-Arun (Japão) Julian Uriarte Jaureguizar (Espanha) Mario Augusto Tavares Russo (Portugal) Mauro Pietro AngeloGandolla(Suíça) William Gregory Vogt (USA) NÚCLEO REGIONAL NORTE Paulo Ricardo Rocha Farias José Olavo Nogueira Braga Paulo Mauricio Oliveira Pinho Glaucia Regina Maders Fabiana Rocha Campelo Jari Fernandes Assis Neto NÚCLEO REGIONAL NORDESTE Francisco Humberto de Carvalho Junior Marcos Stenio Teixeira Regia Lúcia Lopes José Mauricio Souza Fiuza Silvia Marcia Rabelo Vieira Carlos Henrique da Costa Guilherme (in memorian) NÚCLEO REGIONAL CENTROOESTE Eraldo Henriques de Carvalho Simone Costa Pfeiffer Livia Maria Dias Diógenes Aires de Melo Diogo Appel Colvero Solange Fátima de Oliveira Cruz NÚCLEO REGIONAL SUDESTE João Alberto Ferreira Camille Ferreira Mannarino Alice Libânia Santana Dias Carlos Roberto Vieira da Silva Filho Jose Henrique Penido Monteiro Bruna Patrícia de Oliveira Cynthia Fantoni Alves Ferreira Emilio Maciel Eigenheer NÚCLEO REGIONAL SUL Geraldo Antonio Reichert Mario Saffer Guilherme Augusto Araújo Duarte Melissa KaoriIzawa Heloisa Alves Pereira dos Santos Nicolau Leopoldo Obladen Este projeto está sendo executado através da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco (FADE/UFPE) com o apoio financeiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio de financiamento não reembolsável com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (FEP). O conteúdo dos estudos e pesquisas é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. Para maiores informações sobre essa modalidade de financiamento, acesse o site http://www.bndes.gov.br/programas/outros/fep.asp 1 Apresentação ............................................................................................... 1 2 Tecnologias de tratamento e disposição final de RSU ............................. 3 2.1 2.1.1 Tipos............................................................................................................ 7 2.1.2 Vantagens e desvantagens ....................................................................... 10 2.1.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos ......................................... 11 2.2 Compostagem – definição técnica ................................................................. 11 2.2.1 Tipos.......................................................................................................... 14 2.2.2 Vantagens e desvantagens ....................................................................... 15 2.2.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos ......................................... 16 2.3 Digestão Anaeróbia - definição técnica .......................................................... 17 2.3.1 Tipos.......................................................................................................... 19 2.3.2 Vantagens e desvantagens ....................................................................... 20 2.3.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos ......................................... 21 2.4 Incineração – definição técnica ...................................................................... 21 2.4.1 Tipos.......................................................................................................... 23 2.4.2 Vantagens e desvantagens ....................................................................... 25 2.4.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos ......................................... 26 2.5 Coprocessamento de RSU – definição técnica .............................................. 27 2.5.1 Tipos.......................................................................................................... 30 2.5.2 Vantagens e desvantagens ....................................................................... 30 2.5.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos ......................................... 32 2.6 Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR) – definição técnica .................. 33 2.6.1 – Tipos ....................................................................................................... 37 2.6.2 – Vantagens e Desvantagens .................................................................... 38 2.6.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos ......................................... 39 2.7 3 Triagem de RSU – definições técnicas ............................................................ 5 Aterros Sanitários – definições técnicas ........................................................ 39 2.7.1 Tipos.......................................................................................................... 41 2.7.2 Vantagens e desvantagens ....................................................................... 44 2.7.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos ......................................... 45 Tratamento e destinação final de resíduos na Europa, Estados Unidos e Japão .................................................................................................................. 46 3.1 Europa ........................................................................................................... 46 3.1.1 Informações sociogeográficas ................................................................... 46 3.1.2 Geração e composição dos Resíduos ....................................................... 48 3.1.3 Tecnologias utilizadas................................................................................ 53 3.1.4 Dados Econômicos .................................................................................... 61 3.1.5 Sistemas de cobranças existentes ............................................................. 71 3.1.5.1 3.1.6 3.2 Arranjos Institucionais ................................................................................ 79 Estados Unidos ............................................................................................. 80 3.2.1 Informações sóciogeográficas ................................................................... 80 3.2.2 Geração e composição dos resíduos ......................................................... 80 3.2.3 Tecnologias utilizadas................................................................................ 90 3.2.4 Dados econômicos .................................................................................. 110 3.2.5 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ........................................... 115 3.2.6 Arranjos institucionais e natureza dos prestadores de serviço ................. 120 3.3 4 Taxas e Impostos na EU-27 ............................................................................ 78 Japão .......................................................................................................... 123 3.3.1 Informações sociogeográficas ................................................................. 123 3.3.2 Geração e composição dos resíduos ....................................................... 126 3.3.3 Tecnologias utilizadas.............................................................................. 128 3.3.4 Dados econômicos .................................................................................. 149 3.3.5 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ........................................... 157 3.3.6 Arranjos institucionais e natureza dos prestadores de serviço ................. 157 Situação Atual do Tratamento e Disposição Final dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil ........................................................................................... 160 4.1 Região Norte ............................................................................................... 161 4.1.1 Estado do Acre ........................................................................................ 161 4.1.1.1 Informações sócio geográficas ...................................................................... 161 4.1.1.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 166 4.1.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 167 4.1.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 170 4.1.1.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 171 4.1.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 172 4.1.1.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 173 4.1.2 Estado do Amapá .................................................................................... 174 4.1.2.1 Informações sóciogeográficas ....................................................................... 174 4.1.2.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 175 4.1.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no Estado ........................................... 177 4.1.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no Estado ....................................................... 181 4.1.2.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 181 4.1.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 182 4.1.2.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 182 4.1.3 4.2 Estado do Amazonas ............................................................................... 183 4.1.3.1 Informações sócio geográficas ...................................................................... 183 4.1.3.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 188 4.1.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 195 4.1.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no Estado ....................................................... 200 4.1.3.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 200 4.1.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 202 4.1.3.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 203 Região Nordeste.......................................................................................... 205 4.2.1 Estado do Ceará ...................................................................................... 205 4.2.1.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 205 4.2.1.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 209 4.2.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 210 4.2.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 211 4.2.1.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 216 4.2.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 217 4.2.1.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 217 4.2.2 Estado do Rio Grande do Norte ............................................................... 218 4.2.2.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 218 4.2.2.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 222 4.2.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 223 4.2.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 225 4.2.2.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 228 4.2.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 230 4.2.2.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 231 4.2.3 Estado da Paraíba ................................................................................... 231 4.2.3.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 231 4.2.3.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 235 4.2.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 237 4.2.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 242 4.2.3.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 243 4.2.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 244 4.2.3.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 245 4.2.4 Estado de Pernambuco ........................................................................... 246 4.2.4.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 246 4.2.4.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 249 4.2.4.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 252 4.2.4.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 254 4.2.4.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 256 4.2.4.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 256 4.2.4.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 257 4.2.5 4.3 Estado da Bahia ...................................................................................... 258 4.2.5.1 Informações sócio geográficas ...................................................................... 258 4.2.5.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 262 4.2.5.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 265 4.2.5.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 269 4.2.5.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 271 4.2.5.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 271 4.2.5.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 272 Região Centro-Oeste ................................................................................... 274 4.3.1 Distrito Federal ........................................................................................ 274 4.3.1.1 Informações sóciogeográficas ....................................................................... 274 4.3.1.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 275 4.3.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no Distrito Federal ............................. 276 4.3.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no Distrito Federal .......................................... 278 4.3.1.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 279 4.3.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 279 4.3.1.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 280 4.3.2 Estado de Goiás ...................................................................................... 280 4.3.2.1 Informações sócio geográficas ...................................................................... 281 4.3.2.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 282 4.3.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 282 4.3.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 285 4.3.2.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 287 4.3.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 288 4.3.2.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 288 4.3.3 Estado de Mato Grosso do Sul ................................................................ 289 4.3.3.1 Informações sócio geográficas ...................................................................... 289 4.3.3.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 290 4.3.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 291 4.3.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 293 4.3.3.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 293 4.3.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 294 4.3.3.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 295 4.3.4 4.4 Estado de Mato Grosso ........................................................................... 295 4.3.4.1 Informações sóciogeográficas ....................................................................... 296 4.3.4.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 296 4.3.4.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 297 4.3.4.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 298 4.3.4.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 298 4.3.4.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 299 4.3.4.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 300 Região Sudeste ........................................................................................... 301 4.4.1 Estado do Rio de Janeiro ......................................................................... 301 4.4.1.1 Informações sócio geográficas ...................................................................... 301 4.4.1.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 302 4.4.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 303 4.4.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 306 4.4.1.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 308 4.4.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 311 4.4.1.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 312 4.4.2 Estado do Espírito Santo ......................................................................... 313 4.4.2.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 314 4.4.2.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 315 4.4.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 315 4.4.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 318 4.4.2.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 320 4.4.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 321 4.4.2.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 321 4.4.3 Estado de São Paulo ............................................................................... 322 4.4.3.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 322 4.4.3.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 323 4.4.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 324 4.4.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 327 4.4.3.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 328 4.4.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 330 4.4.3.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 331 4.4.4 Estado de Minas Gerais........................................................................... 332 4.4.4.1 Informações sócio-geográficas ...................................................................... 332 4.4.4.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 333 4.4.4.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 334 4.4.4.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 337 4.5 4.4.4.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 339 4.4.4.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 341 4.4.4.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 342 Região Sul ................................................................................................... 343 4.5.1 4.5.1.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 343 4.5.1.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 347 4.5.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 348 4.5.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no Estado ....................................................... 356 4.5.1.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 357 4.5.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 359 4.5.1.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 359 4.5.2 Estado de Santa Catarina ........................................................................ 360 4.5.2.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 360 4.5.2.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 361 4.5.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 362 4.5.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 371 4.5.2.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 372 4.5.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 373 4.5.2.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 375 4.5.3 5 Estado do Paraná .................................................................................... 343 Estado do Rio Grande do Sul .................................................................. 375 4.5.3.1 Informações sociogeográficas ....................................................................... 375 4.5.3.2 Geração e composição dos resíduos ............................................................ 379 4.5.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado ........................................... 380 4.5.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado ....................................................... 388 4.5.3.5 Dados econômicos do tratamento ................................................................. 390 4.5.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos ................................................ 392 4.5.3.7 Arranjos institucionais .................................................................................... 393 Análise das Tecnologias para Tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos e Rotas Tecnológicas ..................................................................................... 397 5.1 Europa ......................................................................................................... 398 5.2 Estados Unidos ........................................................................................... 401 5.3 Japão .......................................................................................................... 404 5.4 Brasil ........................................................................................................... 407 5.4.1 Região Norte ........................................................................................... 407 5.4.2 Região Nordeste ...................................................................................... 409 5.4.3. Região Centro-Oeste ............................................................................... 414 5.4.4. Região Sudeste ....................................................................................... 417 5.4.5. Região Sul ............................................................................................... 419 Referências Bibliográficas ............................................................................. 423 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Esteira de separação mecanizada .............................................................. 7 Figura 2: Unidade de triagem de resíduos sólidos urbanos. ...................................... 8 Figura 3: Galpão de armazenamento de reciclados. ................................................ 10 Figura 4: Unidade de compostagem de resíduos orgânicos. ................................... 13 Figura 5: Planta de digestão anaeróbia de resíduos. ............................................... 18 Figura 6: Incinerador de resíduos sólidos. ............................................................... 24 Figura 7: Planta de incineração de resíduos (Lipor, Portugal) ................................. 25 Figura 8: Unidade de coprocessamento de resíduos. .............................................. 29 Figura 9: Armazenamento de resíduos a serem coprocessados. ............................ 29 Figura 10: Armazenamento de resíduos a serem coprocessados. .......................... 29 Figura 11: Unidade de coprocessamento em indústria cimenteira. .......................... 30 Figura 12: Esquema ilustrativo de unidade de produção de CDR ............................ 35 Figura 13: Unidade de produção de CDR ................................................................ 35 Figura 14: Peletização de resíduos .......................................................................... 37 Figura 15: Briquetes ................................................................................................. 38 Figura 16: Fluff ......................................................................................................... 38 Figura 17: Aterro sanitário em rampas. .................................................................... 42 Figura 18: Aterro sanitário em trincheiras. ............................................................... 43 Figura 19: Aterro sanitário de resíduos sólidos domésticos (técnica da área) ......... 44 Figura 20: Imagem da Europa. ................................................................................. 46 Figura 21: Países que constituem a Europa. ........................................................... 47 Figura 22: Resíduos urbanos gerados por estados-membros em 2010 em Kg/habitante.ano. ..................................................................................................... 50 Figura 23: Resíduos urbanos gerados por estados-membros em 2010 (em kg/habitante.ano). .................................................................................................... 51 Figura 24: Origem dos resíduos produzidos na UE-27 no ano de 2008. ................. 52 Figura 25: Classificação dos resíduos totais gerados na União Europeia no ano de 2008. ........................................................................................................................ 52 Figura 26: Tipo de Tratamento dos resíduos sólidos gerados por estados-membros em 2010 ................................................................................................................... 54 Figura 27: Evolução da Quantidade Percapita de Resíduos Tratados por tipo de tratamento – Período: 1995 à 2009 .......................................................................... 56 Figura 28: Quantidade de resíduos gerada per capita que são depositadas em aterros em 2010. ...................................................................................................... 57 Figura 29: Quantidade de resíduos percapita incinerada em 2010 .......................... 58 Figura 30: Quantidade de resíduos percapita reciclada em 2010. ........................... 59 Figura 31: Quantidade de resíduos percapita tratada via compostagem e digestão anaeróbica em 2010................................................................................................. 60 Figura 32: Variação do custo de capital por capacidade instalada em escala. ........ 69 Figura 33: Sistemas tarifários aplicados nos municípios portugueses. .................... 75 Figura 34: Geração de RSU total (linha sólida) e per capita (linha tracejada), desde 1960 até 2010. ......................................................................................................... 82 Figura 35: Composição gravimétrica média dos RSU gerados nos Estados Unidos no ano de 2010 ....................................................................................................... 88 Figura 36: Geração de materiais nos RSU de 1960 a 2009 ..................................... 89 Figura 37: Representação esquemática da gestão de resíduos sólidos nos EUA. .. 92 Figura 38: Rotas tecnológicas para a gestão de RSU adotadas nos Estados Unidos. ................................................................................................................................. 93 Figura 39: Rota tecnológica dos RSU no Condado de Prince William ..................... 94 Figura 40: Evolução do tratamento dos resíduos sólidos urbanos nos EUA. ........... 95 Figura 41: Características regionais de tratamento e destinação final de RSU nos Estados Unidos ........................................................................................................ 96 Figura 42: Sistema de descarte utilizado pelos cidadãos do Condado de FairFax nos EUA para disposição de resíduos volumosos .......................................................... 98 Figura 43: Recuperação e descarte de materiais nos RSU, de 1960 a 2009......... 100 Figura 44: Tecnologias e composição dos resíduos recicláveis gerados na Região Metropolitana de Washington DC. ......................................................................... 101 Figura 45: Estados com proibições (em verde) e o número de instalações de compostagem em cada estado. Fonte: EPA, 2009 ................................................ 102 Figura 46: Instalação de coleta de biogás e produção de energia elétrica do bioreator de Columbia, Missouri e uma seção esquemática do aterro sanitário mostrando os elementos principais do sistema ...................................................... 104 Figura 47: Custo relativo de aterros sanitários e incineradores. Em vermelhor, custos para incineração e em verde, custos para aterros sanitários. ................................ 105 Figura 48: Distribuição do tratamento e destinação final dos resíduos nos EUA no ano de 2009. .......................................................................................................... 106 Figura 49: Mapa do Japão. .................................................................................... 124 Figura 50: Alterações na geração dos resíduos no Japão no período de 1985 a 2009. ...................................................................................................................... 127 Figura 51: Composição dos resíduos no Japão no período de 1980 a 2008. ........ 128 Figura 52: Rotas comuns de resíduos sólidos urbanos e tecnologias de tratamento no Japão. ............................................................................................................... 130 Figura 53: Comparação de tratamento de resíduos sólidos urbanos no Japão durante o ano 2000 a 2008. ................................................................................... 131 Figura 54: Rotas tecnológicas de tratamento de resíduos sólidos urbanos no Japão em 2009. ................................................................................................................ 133 Figura 55: Composição de tratamento intermediária (exclusão de incineração direta e reciclagem de cinzas).......................................................................................... 134 Figura 56: Utilização de resíduos orgânicos no Japão – Período : 2005 à 2009 ... 135 Figura 57: Exemplos de coleta manual de resíduos. ............................................. 137 Figura 58: Localização do Estado do Acre, no Brasil. ............................................ 161 Figura 59: Evolução demográfica do Estado do Acre. ........................................... 163 Figura 60: Densidade demográfica dos municípios do Estado do Acre. ................ 164 Figura 61: Rota tecnológica predominante no Estado do Acre. ............................. 171 Figura 62: Localização do Estado do Amapá, no Brasil. ........................................ 174 Figura 63: Composição dos RSD em Macapá ....................................................... 176 Figura 64: Composição dos RSU em Macapá – ano 2011. ................................... 176 Figura 65: Localização do Estado do Amazonas, no Brasil ................................... 183 Figura 66: Galpão da Cooperativa ......................................................................... 196 Figura 67: Área de Armazenagem ......................................................................... 196 Figura 68: Galpão da Eco-Recicla ......................................................................... 197 Figura 69: Material recolhido no Núcleo III. ............................................................ 197 Figura 70: Trituração dos resíduos de poda........................................................... 198 Figura 71: Galpão de compostagem. ..................................................................... 198 Figura 72: Leiras de compostagem ........................................................................ 199 Figura 73: Leiras de compostagem. ....................................................................... 199 Figura 74: Localização do estado do Ceará, no Brasil. .......................................... 206 Figura 75: Distribuição das microrregiões administrativas e Regiões Metropolitanas do Ceará. ............................................................................................................... 207 Figura 76: Estimativa da composição média dos resíduos sólidos dos municípios cearenses............................................................................................................... 209 Figura 77: Rotas Tecnológicas do estado do Ceará. ............................................. 211 Figura 78: Destino dos resíduos sólidos no Ceará. ................................................ 216 Figura 79: Localização do estado do Rio Grande do Norte, no Brasil. ................... 219 Figura 80: Unidades Estaduais de Conservação. .................................................. 220 Figura 81: Evolução do PIB no Rio Grande do Norte. ............................................ 221 Figura 82: PIB municipal do Rio Grande do Norte. ................................................ 221 Figura 83: Composição gravimétrica de Natal (Rio Grande do Norte). .................. 223 Figura 84: Destinação de Resíduos sólidos em aterros sanitários no Rio Grande do Norte ...................................................................................................................... 224 Figura 85: Rotas Tecnológicas do estado do Rio Grande do Norte. ...................... 225 Figura 86: Mapa da Regionalização proposta para formação de Consórcios de Resíduos Sólidos/Saneamento no Rio Grande do Norte . ..................................... 228 Figura 87: Localização do estado da Paraíba, no Brasil. ....................................... 232 Figura 88: Evolução do PIB na Paraíba. ................................................................ 233 Figura 89: Composição gravimétrica dos resíduos que chegam ao ASMJP. ......... 235 Figura 90: Destinação de Resíduos sólidos em aterros sanitários na Paraíba. ..... 236 Figura 91: Central de Triagem de João Pessoa (a) descarregamento do material (b) esteiras de separação (c) tambores para material selecionado (d) material para comercialização (e) local para descarregamento dos resíduos (f) área externa à central de triagem................................................................................................... 240 Figura 92: Rotas Tecnológicas do estado da Paraíba............................................ 243 Figura 93: Localização do estado de Pernambuco, no Brasil. ............................... 247 Figura 94: Variação acumulada do PIB em PE, NE e BR de 1995 a 2009. ........... 248 Figura 95: Composição gravimétrica de Pernambuco............................................ 250 Figura 96: Distribuição dos Consórcios Públicos do estado de Pernambuco. ....... 251 Figura 97: Rotas Tecnológicas visitadas no estado de Pernambuco. .................... 255 Figura 98: Rotas Tecnológicas do estado de Pernambuco. ................................... 255 Figura 99: Localização do estado da Bahia. .......................................................... 259 Figura 100: Evolução do PIB da Bahia................................................................... 262 Figura 101: Composição gravimétrica da Bahia. .................................................... 263 Figura 102: Composição gravimétrica de Salvador. ............................................... 263 Figura 103: Tratamento e destinação final de resíduos sólidos na Bahia. ............. 267 Figura 104: Modelo tecnológico proposto para Salvador. ...................................... 269 Figura 105: Rotas Tecnológicas do estado da Bahia. ............................................ 270 Figura 106: Mapa do Distrito Federal ..................................................................... 274 Figura 107: Mapeamento da destinação dos RSU gerados no Distrito Federal (2011). .................................................................................................................... 278 Figura 108: Mapa do estado Goiás destacado em relação ao Brasil. .................... 281 Figura 109: Mapeamento das formas de disposição final dos RSU no estado de Goiás (2009). ......................................................................................................... 285 Figura 110: Mapeamento da destinação dos RSU gerados em Goiás (2011). ...... 286 Figura 111: Mapa do estado de Mato Grosso do Sul destacado em relação ao Brasil. ............................................................................................................................... 289 Figura 112: Localização das tecnologias utilizadas no estado do Mato Grosso do Sul. ......................................................................................................................... 291 Figura 113: Mapeamento da destinação dos RSU gerados no estado de Mato Grosso do Sul (2011). ............................................................................................ 293 Figura 114: Mapa do estado de Mato Grosso destacado em relação ao Brasil. .... 295 Figura 115: Mapeamento da destinação dos RSU gerados no estado de Mato Grosso (2011). ....................................................................................................... 298 Figura 116: Mapa do Rio de Janeiro, no Brasil. ..................................................... 301 Figura 117: Rota tecnológica predominante no Estado do Rio de Janeiro. ............ 307 Figura 118: Segunda rota tecnológica no Estado do Rio de Janeiro. .................... 308 Figura 119: Mapa do Estado do Espírito Santo, no Brasil. ..................................... 314 Figura 120: Rota tecnológica predominante no Estado do Espírito Santo. ............ 319 Figura 121: Segunda rota tecnológica no Estado do Espírito Santo. ..................... 319 Figura 122: Mapa do Estado de São Paulo, no Brasil. ........................................... 323 Figura 123: Rota tecnológica predominante no Estado de São Paulo. .................. 327 Figura 124: Segunda rota tecnológica no Estado de São Paulo. ........................... 328 Figura 125: Mapa do Estado de Minas Gerais, no Brasil. ...................................... 332 Figura 126: Rota tecnológica predominante no Estado de Minas Gerais............... 338 Figura 127: Segunda rota tecnológica no Estado de Minas Gerais. ...................... 339 Figura 128: Mapa do Estado do Paraná, no Brasil. ................................................ 343 Figura 129: Cobertura Vegetal Remanescente 2005-2008 (Paraná). .................... 345 Figura 130: Taxa de crescimento populacional (Paraná). ...................................... 346 Figura 131: Aterros Sanitários Licenciados no Paraná. ......................................... 348 Figura 132: Coleta seletiva através de “bandeiras”, em Londrina (Paraná). .......... 350 Figura 133: Caminhão com carroceria compartimentada,em Cascavel (Paraná). . 350 Figura 134: Centro de Processamento e Transferência de Materiais Recicláveis, em Cascavel (Paraná).................................................................................................. 352 Figura 135: Unidade de Valorização de Resíduos, em Campo Magro (Paraná). ... 353 Figura 136: Pátio de compostagem em Tibagi (Paraná). ....................................... 354 Figura 137: Disposição de resíduos em área de mineração em São Mateus do Sul (Paraná). ................................................................................................................ 355 Figura 138: Lixão localizado em Ortigueira (Paraná). ............................................ 356 Figura 139: Fluxograma geral de rotas tecnológicas do estado do Paraná. .......... 357 Figura 140: Mapa do Estado de Santa Catarina, no Brasil (Fonte: IBGE, 2012) ... 360 Figura 141: Vista frontal da Estação de Transbordo de Florianópolis (Santa Catarina). ............................................................................................................... 363 Figura 142: Detalhe do preenchimento das carretas na Estação de Transbordo de Florianópolis (Santa Catarina). ............................................................................... 364 Figura 143: Utilitário de carroceria aberta da coleta seletiva em ruas de difícil acesso em Florianópolis (Santa Catarina). ......................................................................... 364 Figura 144: Coleta Seletiva em São Bento do Sul (Santa Catarina). ..................... 365 Figura 145: Unidade de Triagem em São Bento do Sul (Santa Catarina). ............. 367 Figura 146: Unidade de Triagem em Urussanga (Santa Catarina). ....................... 368 Figura 147: Fluxograma geral de rotas tecnológicas do estado de Santa Catarina. ............................................................................................................................... 372 Figura 148: Forma de cobrança dos serviços de manejo de RSU (Santa Catarina). ............................................................................................................................... 374 Figura 149: Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. .............................. 376 Figura 150: Distribuição física da população do estado do Rio Grande do Sul. ..... 377 Figura 151:Coleta seletiva nos municípios por faixa populacional (Rio Grande do Sul). ........................................................................................................................ 380 Figura 152: Caminhão de coleta seletiva no Rio grande do Sul. ............................ 381 Figura 153: Coleta mecanizada no Rio Grande do Sul. ......................................... 382 Figura 154: Esteira de triagem (Rio Grande do Sul). ............................................. 383 Figura 155: Enfardamento de material reciclável (Rio Grande do Sul). ................. 383 Figura 156: Fração relativa de resíduos recicláveis recuperados (SNIS, 2009). .... 384 Figura 157: Compostagem em leiras a céu aberto (Rio Grande do Sul). ............... 385 Figura 158: Instalação de área de compostagem coberta em baias (Rio Grande do Sul). ........................................................................................................................ 385 Figura 159:Disposição final de RSU em relação a população do estado (Rio Grande do Sul). ................................................................................................................... 386 Figura 160: Instalação de geomembrana em aterro sanitário (Rio Grande do Sul). ............................................................................................................................... 387 Figura 161: disposição de fardos de rejeito em aterro (Rio Grande do Sul). .......... 387 Figura 162: Rotas Tecnológicas do estado do Rio Grande do Sul. ........................ 389 Figura 163: Forma de cobrança pela prestação de serviços de limpeza pública e gerenciamento de RSU (Rio Grande do Sul). ........................................................ 393 Figura 164: Tipo de execução do serviço de manejo de RSU (Rio Grande do Sul). ............................................................................................................................... 395 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Evolução dos sistemas de tratamento dos resíduos sólidos urbanos ........ 4 Tabela 2: Estimativa de custos CAPEX (R$ /tonelada) por tecnologias na UE. ....... 63 Tabela 3: Estimativa de custos OPEX (R$/t) por tecnologias na UE. ...................... 65 Tabela 4: Resumo do custo CAPEX das Unidades de Incineração (R$/t) ............... 69 Tabela 5: Resumo do Custo OPEX de Uma unidade de Incineração (R$/t) ............ 70 Tabela 6: Municípios e população de acordo com o sistema tarifário de RSU (em 2012). ....................................................................................................................... 76 Tabela 7: Taxa sobre aterros na UE-27. .................................................................. 78 Tabela 8: Taxa de incineração por estados membros na UE-27. ............................ 79 Tabela 9: Produção, disposição final de RSU e população nos EUA em 2004 ........ 85 Tabela 10: Variabilidade do poder calorífico dos RSU em diversas regiões. ........... 90 Tabela 11: Principais tecnologias utilizadas nos EUA. ............................................. 94 Tabela 12: Projetos de incineradores em funcionamento nos EUA (EPA, 2010) ... 105 Tabela 13: Taxas de fluxo de biogás para aproveitamento energético. ................. 109 Tabela 14: Tecnologias Alternativas Básicas ......................................................... 110 Tabela 15: Valor médio de custos de capital para aterro sanitário e incineração nos EUA. ....................................................................................................................... 113 Tabela 16: Resumo dos custos do trabalho para um aterro operacional nos EUA. 113 Tabela 17: Resumo de custos para a implementação de um aterro sanitário para cinzas e de um para resíduos de construção e demolição (C & D). ....................... 114 Tabela 18: Custos de referência para sistemas de geração de eletricidade a partir de biogás de aterros sanitários nos Estados Unidos .................................................. 115 Tabela 19: Área e população em cada região do Japão. ....................................... 125 Tabela 20: Calendário anual resumo da oferta total de energia primária do Japão durante 2007-2011. ................................................................................................ 125 Tabela 21: Exemplos de categorias de resíduos e cronograma de coleta em Yokohama. ............................................................................................................. 137 Tabela 22: Recuperação de calor das instalações de incineração no Japão em 2009. ............................................................................................................................... 146 Tabela 23: Distribuição da escala de capacidade das instalações de incineração no Japão em 2009. ..................................................................................................... 146 Tabela 24: Custo de tratamento de resíduos no Japão, em 2000, 2004 e 2009. ... 150 Tabela 25: Custo de construção e operação da planta de incineração em Joso na cidade de Moriya .................................................................................................... 152 Tabela 26: Condições do estudo de viabilidade: especificação de instalações de incineração. ............................................................................................................ 153 Tabela 27: Estimativa de custo total de incineração e geração de energia nos períodos de 20 anos de operação (unidade: milhões de ienes). ............................ 154 Tabela 28: Custo de construção de aterro no Japão durante 1999-2003. ............. 157 Tabela 29: Municípios e População do Estado do Acre. ........................................ 163 Tabela 30: Distribuição Populacional do Estado do Acre. ...................................... 164 Tabela 31: Composição Gravimétrica de RSU domiciliar....................................... 166 Tabela 32: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região. .................. 172 Tabela 33: Taxas de Coleta e Remoção de Resíduos em Rio Branco - Acre. ....... 173 Tabela 34: Cobertura da coleta de RSU nas municípios do Amapá ...................... 178 Tabela 35: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região. .................. 181 Tabela 36: População rural e urbana dos municípios do Amazonas. .................... 186 Tabela 37: Coleta per capita e total no Amazonas. ................................................ 188 Tabela 38: Coleta domiciliar (em t/1000)................................................................ 189 Tabela 39: Coleta mecanizada (em t/1000). .......................................................... 190 Tabela 40: Coleta manual (em t/1000). .................................................................. 190 Tabela 41: Coleta de podas (em t). ........................................................................ 191 Tabela 42: Coleta de resíduos de serviços de saúde (em t). ................................. 191 Tabela 43: Coleta seletiva de recicláveis porta a porta (em t). ............................... 192 Tabela 44: Coleta de terceiros (em t/1000). ........................................................... 192 Tabela 45: Coleta total de resíduos (em (t/1000). .................................................. 193 Tabela 46: Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares de Manaus (%). ...... 195 Tabela 47: Dados econômicos do aterro de Manaus. ............................................ 200 Tabela 48: Dados econômicos do aterro de Manaus. ............................................ 201 Tabela 49: Preços das diferentes modalidades contratadas. ................................. 201 Tabela 50: Valores pagos por materiais recicláveis. .............................................. 202 Tabela 51: Municípios do Ceará por tamanho da população. ................................ 206 Tabela 52: Divisão territorial, Macrorregiões de Planejamento e microrregiões Administrativas. ...................................................................................................... 208 Tabela 53: Produção diária de resíduos domiciliares. ............................................ 210 Tabela 54: Aterros sanitários construídos no Ceará. ............................................. 214 Tabela 55: Aterros sanitários consorciados do estado do Ceará a serem construídos............................................................................................................. 215 Tabela 56: Informações Econômico-financeiras do ASMOC (2011). ..................... 217 Tabela 57: Preços de recicláveis em João Pessoa/PB em 2011. .......................... 245 Tabela 58: Taxa de Crescimento Demográfico dos 10 maiores municípios baianos. ............................................................................................................................... 260 Tabela 59: Amostra de Operadores das Unidades de Disposição Final em 228 municípios do estado da Bahia. ............................................................................. 273 Tabela 60: Valores médios pagos por materiais recicláveis no Distrito Federal. ... 279 Tabela 61: Valores médios pagos por materiais recicláveis no estado de Goiás. .. 287 Tabela 62: Valores médios pagos por materiais recicláveis na cidade de Dourados. ............................................................................................................................... 294 Tabela 63: Valores médios pagos por materiais recicláveis no estado de Mato Grosso.................................................................................................................... 299 Tabela 64: Composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos gerados no estado do Rio de Janeiro..................................................................... 303 Tabela 65: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região em R$/kg. . 309 Tabela 66: Composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos gerados no município de Cariacica (Espírito Santo). ............................................. 315 Tabela 67: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região em R$/kg. . 320 Tabela 68: Composição gravimétrica dos resíduos do município de São Paulo (% em Peso) ................................................................................................................ 324 Tabela 69: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região em R$/kg. . 328 Tabela 70: Composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte no estado de Minas Gerais. ................ 333 Tabela 71: Composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos gerados em Belo Horizonte. ................................................................................... 334 Tabela 72: Valores médios pagos por materiais recicláveis em R$/kg. ................. 339 Tabela 73: Faixas populacionais (Paraná). ............................................................ 346 Tabela 74: Capacidade instalada de quatro centrais de triagem do estado do Paraná.................................................................................................................... 352 Tabela 75:Valores praticados pelo mercado de recicláveis (Paraná). ................... 358 Tabela 76: Preço de venda dos materiais recicláveis comercializados no estado de Santa Catarina. ...................................................................................................... 373 Tabela 77: Composição gravimétrica de alguns municípios do Rio Grande do Sul. ............................................................................................................................... 379 Tabela 78: Valores de venda para materiais recicláveis (2010) (Rio grande do Sul). ............................................................................................................................... 390 Tabela 79: Custos de implantação e operação praticados por tecnologias utilizadas no estado do Rio Grande do Sul. ........................................................................... 392 1 Apresentação A Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco – FADE /UFPE, com sede em Recife, Estado de Pernambuco, na Av. Acadêmico Hélio Ramos nº 336, Cidade Universitária, CEP 50.740.530, CP 7.855, inscrita no CNPJ sob o n.º 11.735.586/0001-59, apresenta ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, o Produto 7 do Contrato No 11.2.0519.1, referente ao projeto de pesquisa “Análise das Diversas Tecnologias de Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos no Brasil, Europa, Estados Unidos e Japão”. Este Produto tem por objetivo apresentar um relato sobre as principais tecnológicas de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos no Exterior e no Brasil. Para isso foram utilizados dados sociogeográficos, composição de resíduos, além de modelos de gestão, necessários à caracterização de cada região objeto dos estudos atuais, aos quais foram incorporadas novas informações, obtidas em vistas técnicas, através dos consultores internacionais da Europa, Estados Unidos e Japão, e nacionais de todas as regiões do Brasil. Este relatório também consolida as informações apresentadas preliminarmente no Produto 5 e discutidas no Seminário Internacional (Produto 6). No Capítulo 2 é apresentada uma descrição de cada uma das tecnologias utilizadas no manejo dos resíduos sólidos urbanos (RSU): (a) triagem e reciclagem; (b) compostagem; (c) digestores anaeróbios; (d) incineração com recuperação de energia; (e) coprocessamento dos resíduos; (f) combustíveis derivados de resíduos e (g) aterros sanitários. O Capítulo 3 apresenta uma análise da gestão e das rotas tecnológicas de tratamento dos resíduos sólidos urbanos no Exterior (Europa, EUA e Japão). O Capítulo 4 apresenta uma síntese sobre o tratamento de resíduos sólidos urbanos em vários estados das regiões geográficas do Brasil, contendo informações sociogeográficas, geração e composição dos resíduos sólidos urbanos, rotas tecnológicas utilizadas, dados econômicos, sistemas de cobranças, arranjos institucionais e as análises sobre as rotas tecnológicas de tratamento. O Capítulo 5 apresenta uma análise das tecnologias de tratamento dos 1 resíduos sólidos urbanos e rotas tecnológicas na gestão de RSU na Europa, Estados Unidos, Japão e Brasil. No final do relatório, como apêndice, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas pelos pesquisadores, como elementos necessários ao desenvolvimento deste trabalho. 2 2 Tecnologias de tratamento e disposição final de RSU O tratamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil sempre teve uma grande influência das tecnologias desenvolvidas em outros países, embora não se possa afirmar que houve uma adoção por completa de qualquer modelo internacional. No Brasil a prática amplamente adotada para tratamento dos resíduos sólidos urbanos é a disposição em aterros sanitários, embora ainda existam no País uma enorme quantidade de aterros controlados e lixões, cujos aspectos qualiquantitativos variam de acordo com a região geográfica e o tamanho das cidades. Mesmo desconsiderando a disposição inadequada em aterros controlados e lixões (que não permitem o tratamento dos resíduos), o uso de aterros sanitários como a principal forma de tratamento dos resíduos sólidos urbanos em todo o País não é justificada via argumentos técnicos. Este fato se deve, em grande parte, a falta de conhecimento das alternativas tecnológicas disponíveis. Neste sentido, uma importante contribuição deste Projeto consiste na difusão de outras tecnologias de tratamento de resíduos, que podem ser apropriadas em função das características econômicas, sociais e ambientais do meio onde forem implantadas. A adoção de tecnologias não apropriadas contribuiu para o fracasso de muitos empreendimentos, com enormes prejuízos financeiros em todo o País. Em contrapartida, os países desenvolvidos tiveram evoluções decorrentes de políticas publicas, legislações e inovações tecnológicas bastante significativas, acompanhando as necessidades energéticas, materiais e ambientais em resposta às demandas da população, seu crescimento, suas culturas e economias; tendo como base legislações claras e objetivas implantadas progressivamente ao avanço das tecnologias, sensibilização social e educação de suas sociedades. Assim sendo, a Europa, os Estados Unidos e o Japão desenvolveram várias tecnologias para tratamento de resíduos sólidos urbanos, que no Brasil são consideradas como referência. A Tabela 1 apresenta as principais formas de tratamento dos resíduos sólidos urbanos, com os seus sistemas básicos, seus processos e evoluções, além dos principais produtos - matérias primas e suas inovações tecnológicas. De uma forma geral, existem quatro sistemas básicos de tratamento de resíduos sólidos urbanos 3 que se baseiam na triagem, tratamentos biológicos, incineração e aterros sanitários. Tabela 1: Evolução dos sistemas de tratamento dos resíduos sólidos urbanos Sistemas Básicos Processos Evolução Produtos Inovação Triagem Físico Coleta Seletiva Tratamento Mecânico Biológico (MBT) Matéria Prima para Reciclagem e Energia Waste to Resources (WTR) Waste to Energy (WTE) Tratamento Biológico Biológico Biodigestores Anaeróbios e Compostagem Composto Orgânico e Energia Agricultura e Waste to Energy (WTE) Incineração Físico – Químico Tratamento Térmico Vapor e Energia Elétrica Waste to Energy (WTE) Aterros Sanitários Físico, Químico e Biológico Reator Anaeróbio Tratamento da Matéria Orgânica Biogás (Energia) e Lixiviado Waste to Energy (WTE) Fertilizantes Fonte: Jucá, 2011 Os processos físicos são os que predominam na triagem de resíduos e a reciclagem; os processos biológicos ocorrem nos tratamentos biológicos aeróbios (compostagem) e anaeróbios, o processo físico-químico que ocorre na incineração e no tratamento térmico, e por fim, os processos físico-químicos e biológicos que ocorrem nos aterros sanitários, quando consideramos estas unidades como biodigestores. No entanto, estes processos ao longo do tempo evoluíram: as unidades de triagem evoluíram para tecnologias mais recentes como os tratamentos mecânicos-biológicos (MBT), cujos produtos são matéria-prima para reciclagem de inorgânicos e compostos orgânicos. O tratamento biológico evoluiu com técnicas de compostagem mais eficientes, além dos biodigestores anaeróbios que produzem compostos orgânicos e até adubos quando introduzidos componentes químicos. Além disso, os biodigestores anaeróbios podem produzir energia através do metano gerado no processo de composição dos resíduos orgânicos. As unidades de incineração evoluíram para tecnologias que permitem o tratamento térmico dos resíduos, com geração de energia elétrica e calor ou com ciclo combinados com geração de energia e calor. Neste setor evoluíram as técnicas de co-processamento e os combustíveis derivados dos resíduos. Os 4 aterros sanitários simples, ou sem geração de energia, evoluíram para tecnologias onde o aterro pode ser considerado um biodigestor anaeróbio, com recuperação energética do biogás, as quais também permitem a geração de energia. A adoção de determinadas formas de tratamento implica na separação prévia dos resíduos, através de coletas diferenciadas, sem a qual não haverá resultados efetivos do tratamento ou do sistema. Outro aspecto relevante é a necessidade de analisar os resíduos sólidos urbanos em forma de cadeia produtiva, considerando sua geração (quantidade e composição), acondicionamento e coleta, diferentes tipos de tratamento e destinação final. Esta sequência define uma rota tecnológica de tratamento de resíduos, abordada nos capítulos seguintes. Os sistemas básicos permitem compreender as diversas formas de tratamento existentes, seus processos, suas evoluções e suas inovações tecnológicas. A seguir serão apresentadas as principais formas de tratamento de resíduos sólidos urbanos, considerando os tipos, vantagens e desvantagens, normas técnicas para projetos e controle, além das inovações tecnológicas. 2.1 Triagem de RSU – definições técnicas Recuperação é o termo geral que engloba a coleta, o transporte, a estocagem ou armazenamento, a triagem e o tratamento de certos produtos ou materiais a partir dos resíduos, objetivando o seu reemprego, sua reutilização ou sua reciclagem. Neste contexto, o processo de separação e triagem de resíduos sólidos urbanos deve ser analisado em consonância com a forma de coleta e recuperação desses resíduos. A coleta pode ser feita de forma indiferenciada (o gerador disponibiliza os resíduos sem nenhuma separação prévia) e diferenciada (como consequência da separação prévia feito pelo próprio gerador). Existem também programas de coleta seletiva, que consiste na coleta de resíduos sólidos previamente segregados em materiais potencialmente recicláveis, conforme sua constituição ou composição, consistindo na coleta de forma diferenciada de materiais separados nas fontes geradoras. A reciclagem consiste no aproveitamento e transformação de resíduos (tais como papéis, plásticos, vidros e metais), por meio do seu retorno à indústria para serem beneficiados e novamente transformados em produtos comercializáveis no 5 mercado de consumo. A recuperação apresenta vários aspectos positivos como preservação de recursos naturais; geração de emprego e renda; e conscientização da população para as questões ambientais. Entretanto, a recuperação depende da economia local e do mercado de cada um dos materiais triados. O custo do beneficiamento da maioria dos materiais recicláveis ainda é considerado elevado em relação ao custo de matéria-prima virgem. A importância do processo de recuperação também ocorre no contexto da economia de novas matéria-primas e insumos utilizados nos processos industriais, sendo esta alternativa tecnológica igualmente conhecida com um termo mais inovador, o Waste To Resources (WTR). As unidades de triagem que recebem resíduos coletados de forma indiferenciada também tiveram uma evolução tecnológica ainda não devidamente difundida no Brasil. Com o nome de Tratamento Mecânico-Biológico (TMB), esta tecnologia combina os processos de triagem, já existentes, com as necessidades de novos produtos, através de matéria-prima para reciclagem e energia derivada dos resíduos (WTE), estabelecendo uma inovação tecnológica ao processo. A combinação do tratamento mecânico e biológico (TMB) envolve a integração de vários processos comumente encontrados entre as tecnologias de tratamento de resíduos. O TMB é classificado como um pré-tratamento, ou seja, a conversão de resíduos em produtos, que requerem tratamentos adicionais para a plena bio-estabilização da fração orgânica dos resíduos. Atualmente existem três configurações para o TMB: (i) pré-tratamento mecânico e tratamento aeróbio; (ii) pré-tratamento mecânico e tratamento anaeróbio, com valorização energética do biogás; (iii) pré-tratamento mecânico e bio-secagem. Estes tratamentos serão analisados posteriormente neste relatório. As unidade de triagem surgiram no Brasil no início da década de 1980 (manuais e poucas mecanizadas), aliadas a processos de separação de resíduos e compostagem da fração orgânica. Normalmente, o processo de triagem consiste na separação dos resíduos (domiciliares e comerciais) para a obtenção e valorização dos materiais recicláveis e compostos orgânicos. Geralmente, os resíduos sólidos são coletados nos domicílios e em áreas previamente definidas, que apresentam um bom potencial de geração de reciclados e mercado, posteriormente encaminhados a uma unidade de triagem, com infraestrutura adequada à sua operação, tal como, esteiras, piso em concreto, 6 calhas coletoras de lixiviado e iluminação, etc. Nessas unidades os resíduos são descarregados em um local de recepção dos resíduos sólidos para iniciar o processo de triagem. 2.1.1 Tipos Normalmente as unidades de triagens mecanizadas são implantadas dentro de um galpão com infraestrutura e cobertura adequada, onde estão localizadas as esteiras de separação mecanizadas (Figura 1) movidas por motores elétricos a velocidades programadas que são comandadas por um painel de controle. Figura 1: Esteira de separação mecanizada Fonte : José Dantas de Lima, 2004 Entretanto, nas unidades de triagem pode ocorrer a separação de forma manual sendo os resíduos colocados em cima de uma “mesa”. Este método é usado em municípios onde a geração dos resíduos é pequena, entre 5 a 10 toneladas por dia, o que ocasiona um índice de recuperação de materiais e uma produtividade geralmente muito baixa. No caso da unidade de triagem mecanizada, após a descarga dos resíduos no pátio de descarga, os resíduos sólidos podem ser empurrados para a “moega” – local de armazenamento - e direcionados para as esteiras de separação de forma mecanizada, através de uma carregadeira sobre rodas ou uma retroescavadeira. Outra forma de empurrar o lixo para a recepção ou moega é manualmente, neste caso devem ser tomados mais cuidados referentes 7 aos riscos ocupacionais com os trabalhadores. Estes, usam apenas a força física para a movimentação dos resíduos, gerando quase sempre acidentes de trabalho, por isso esta é uma forma não recomendável, tanto pela baixa produtividade quanto pelos riscos ocupacionais que os trabalhadores efetivamente correm. Após o descarregamento dos resíduos nas esteiras de separação, as esteiras vão se movimentando a velocidades controladas, de forma que cada trabalhador realize a separação manual dos diversos tipos de materiais reciclados, colocando-os dentro de um recipiente, que quando cheio, será levado para o galpão de armazenamento de reciclados. A Figura 2 mostra uma unidade de triagem de resíduos sólidos urbanos em funcionamento. Figura 2: Unidade de triagem de resíduos sólidos urbanos. Fonte : Alessandra Lee Barbosa Firmo, 2007 No galpão de armazenamento de reciclados, os materiais são colocados nas baias específicas, ou seja, o papel será armazenado nas baias reservadas para o papel, o plástico nas baias reservadas para o plástico, e assim com todos os demais materiais, de forma que após a primeira forma de estocagem, seja realizada uma nova separação destes materiais, com bastante critério, por exemplo, separar somente o papel branco, somente o plástico duro, somente a PET cristal, verde, âmbar, etc., agregando-se valor e consequentemente obtendo-se ganhos em toda a cadeia produtiva seguinte. Os materiais, que passam por este criterioso processo de separação, devem 8 ser prensados por tipo e por categoria, usando-se prensas hidráulicas verticais e prensas horizontais, dentro das especificidades dos compradores – indústrias e representantes - obtendo-se assim valores financeiros, diretamente proporcionais à qualidade e ao atendimento das exigências dos compradores. Outro ponto importante nesta unidade é a necessidade de empilhadeiras manuais ou mecanizadas, balança plataforma para controle de pesagem, um bom controle de entrada e saída de materiais reciclados e um excelente controle financeiro, para que a unidade seja bem gerenciada e eficaz. A limpeza das unidades de triagem é primordial pois, com o estoque de grande volume de materiais reciclados, que geralmente vêm sujos das residências por não serem separados previamente na fonte, pode-se causar um aspecto de sujeira e descontrole. Para eliminar este fato deve-se realizar limpeza geral no galpão de armazenagem pelo menos três vezes por semana. A Figura 3 apresenta um exemplo de galpão de armazenamentos de reciclados. Quando a separação dos materiais recicláveis é realizada pelo munícipe na própria fonte geradora, este material é encaminhado diretamente para os núcleos de recepção de resíduos advindos da coleta seletiva que normalmente refazem a triagem para conferir e separar adequadamente os materiais recicláveis. Para elaborar um projeto de Unidades de Triagem, automaticamente buscam-se, nos diversos ramos da engenharia, informações exatas sobre materiais, estrutura, tolerância, dentre outras informações técnicas específicas. Nos projetos das Unidades de Triagem, o conhecimento ergonômico também deve ser aplicado ao design de forma a adequar a disposição espacial nos locais de trabalho, no controle do ambiente físico e ao método de determinar funções de cada trabalhador para se alcançar a maior eficiência no binômio homem/máquina. 9 Figura 3: Galpão de armazenamento de reciclados. Fonte : Alessandra Lee Barbosa Firmo, 2008 Para tanto, devem ser planejadas a disposição dos painéis de controle e segurança, adequação das velocidades do transportador de triagem e do alimentador/dosador, a posição das caixas receptoras de reciclados, circulação dos carrinhos, depósito, baias, prensas, manutenção dos equipamentos, etc., baseadas nas dimensões antropométricas do homem médio brasileiro. Deverão, ainda, ser consideradas as condições ambientais de temperatura, ventilação, iluminação, vibração e ruído, no sentido de manter os padrões para garantir a saúde, segurança, satisfação e consequentemente, a eficiência no trabalho. 2.1.2 Vantagens e desvantagens São vantagens do processo de triagem: Redução da quantidade de resíduos destinada a tratamento ou disposição final em aterros sanitários; Redução na geração de lixiviados e de gases; Menor consumo de matérias primas; Menor consumo de energia e de insumos; Redução da poluição ambiental para produção de novos insumos; Melhoria direta no saneamento. São desvantagens da triagem: 10 As despesas são, em geral, maiores que os recursos advindos da venda de produtos, isto é, as vendas dos materiais recicláveis e de composto normalmente são insuficientes para suprir as despesas operacionais; Os custos financeiros do investimento são maiores que em um processo de tratamento e destinação de resíduos sem a triagem prévia; As etapas de processamento precisam ser acompanhadas por especialistas; Este tratamento requer um modelo de gestão que esteja atento às necessidades de mercado, ao avanço das tecnologias de aproveitamento de novos materiais, além da complexidade dos diferentes trabalhadores, intermediários e setores da indústria envolvidos. 2.1.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos No Brasil não existem Normas Técnicas específicas para projetos de Unidades de Triagem de resíduos domésticos, no entanto há para outros tipos de resíduos, a saber: NBR – 15.112 /2004 – Resíduos sólidos da construção civil e Resíduos Volumosos – Áreas para transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação, São Paulo; NBR – 15.114 /2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas para reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação, São Paulo. 2.2 Compostagem – definição técnica A compostagem é o processo biológico de decomposição da matéria orgânica contida em resíduos de origem animal ou vegetal. Este processo tem como resultado final um produto que pode ser aplicado no solo para melhorar suas características, sem ocasionar riscos ao meio ambiente. Há muito tempo, a compostagem é praticada no meio rural utilizando-se de resíduos vegetais e esterco animal. Pode-se também utilizar a fração orgânica do resíduo domiciliar, desde que de forma controlada, em instalações industriais chamadas usinas de compostagem. No contexto brasileiro, a compostagem tem grande importância e potencial visto que cerca de 50% dos resíduos municipais são constituídos por matéria orgânica. Segundo Pereira Neto (1990), a compostagem é um dos processos de reciclagem de resíduos mais antigos que o homem tem utilizado e que 11 paradoxalmente é um dos processos cuja filosofia e princípios estão entre os mais atualizados e de acordo com as exigências modernas. Trata-se de um processo nobre, visto que é comprometido com a proteção ambiental (devido ao tratamento dos resíduos contaminados, ao controle da poluição e à reciclagem de materiais), com a saúde pública (devido à quebra dos ciclos evolutivos de várias doenças e eliminação de vetores) e com o resgate da cidadania (por criar oportunidades de empregos, incentivar práticas agrícolas, etc.). De acordo com Nóbrega (1991), a compostagem moderna é definida como sendo um processo controlado, biológico e termofílico dividido em duas fases: a primeira, a fase ativa, onde ocorrem as reações bioquímicas mais intensas de oxidação, e a segunda, a fase de maturação, onde ocorre a humificação do material previamente estabilizado. O produto final da compostagem é chamado de composto, que é um condicionador do solo, visto que a matéria orgânica humificada está em maior proporção. A compostagem é a decomposição da matéria orgânica que ocorre por ação de agentes biológicos microbianos e, portanto, precisa de condições físicas e químicas adequadas para levar à formação de um produto de boa qualidade. A NBR 13591 da ABNT define Usina ou Unidade de Compostagem como instalação dotada de pátio de compostagem e conjunto de equipamentos eletromecânicos destinados a promover e/ou auxiliar o tratamento das frações orgânicas dos resíduos domiciliares. Na unidade de compostagem é necessário implantar a instalação da drenagem de líquidos, bem como, a canalização do lixiviado produzido pelas leiras para um sistema de tratamento de águas residuárias. A unidade de compostagem ou de tratamento de resíduos orgânicos, que normalmente recebe resíduos de mercados e feiras livres (ricos em matéria orgânica) junto com as folhas das podas de árvores, produzem um composto orgânico de qualidade podendo ser usado em praças e jardins municipais, nas escolas e creches do município e na recomposição de áreas degradadas. A Figura 4, apresenta uma unidade de compostagem de resíduos orgânicos. 12 Figura 4: Unidade de compostagem de resíduos orgânicos. Fonte: Nóbrega, 2007. Os principais parâmetros a serem observados durante a compostagem são a aeração e a umidade. A aeração é necessária para a atividade biológica e, em níveis adequados, possibilita a decomposição da matéria orgânica de forma mais rápida, sem odores ruins, em função da granulometria e da umidade dos resíduos. Já o teor de umidade dos resíduos depende da sua granulometria, porosidade e grau de compactação. Para uma boa compostagem, a umidade deve-se manter em torno de 50%. Se for muito baixa, a atividade biológica é reduzida; se for muito elevada, a aeração é prejudicada e ocorre anaerobiose. Nessas condições, forma-se o lixiviado, que escorre das pilhas do material em decomposição. Sua produção é maior quando as leiras de resíduos estão molhadas e possuem uma grande altura, compactando e espremendo as camadas inferiores do resíduo em decomposição. Em época de chuvas, a produção de lixiviado ocorre, também, por encharcamento dos resíduos em decomposição. A compactação reduz os vazios e junto com o encharcamento expulsam o ar dos vazios existentes na pilha de resíduos, instalando-se a anaerobiose. Assim o material entra em putrefação, com desprendimento de gás sulfídrico e mercaptanas. No final, a umidade do composto para uso agrícola deve ser de 40% no máximo. 13 2.2.1 Tipos A compostagem visa à estabilização de materiais orgânicos por via aeróbia. Vários são os métodos para a execução do processo de compostagem, entre eles destaca-se: (i) compostagem artesanal; (ii) compostagem com reviramento mecânico; (iii) compostagem em pilhas estáticas com aeração forçada; (iv) compostagem em recintos fechados com aeração forçada. O processo de compostagem é realizado por uma população diversificada de microrganismos e envolve duas fases distintas: a primeira, quando acontecem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas, predominantemente termofílicas; a segunda, ou fase de maturação, é o processo de humificação dos materiais orgânicos compostados, predominando nesta fase reações mesofílicas. Em geral o processo de compostagem pode ocorrer por dois métodos: Método natural: a fração orgânica dos resíduos é levada para um pátio e disposta em pilhas de formato variável. A aeração necessária para o desenvolvimento do processo de decomposição biológica é conseguida por reviramentos periódicos, com o auxílio de equipamento apropriado. O tempo para que o processo se complete varia de três a quatro meses; Método acelerado: a aeração é forçada por tubulações perfuradas, sobre as quais se colocam as pilhas de resíduos, ou em reatores rotatórios, dentro dos quais são colocados os resíduos, avançando no sentido contrário ao da corrente de ar. Posteriormente, são dispostos em pilhas, como no método natural. O tempo de residência no reator é de cerca de quatro dias e o tempo total da compostagem acelerada varia de dois a três meses. O grau de decomposição ou de degradação do material submetido ao processo de compostagem é indicativo do estágio de maturação do composto orgânico, e o aspecto do material – cor, odor e umidade – também dá indicações. Assim, a cor final é preta; o odor, inicialmente acre, passa para o de terra mofada e a umidade é reduzida. Para fins práticos, dois são os principais graus de decomposição do material submetido ao processo de compostagem: semicurado ou tecnicamente bioestabilizados e curado ou humificado. O primeiro indica que o composto já pode ser empregado como fertilizante sem causar danos às plantas; o segundo indica que está complemente degradado e estabilizado, com qualidade 14 apropriada para ser utilizado. No início da decomposição do material orgânico, desenvolvem-se microrganismos que apresentam uma fermentação ácida e o pH torna-se mais baixo, o que é favorável à retenção de amônia. Na fase seguinte, os ácidos são consumidos por outros agentes biológicos, elevando o pH. O composto orgânico deve ter um pH de 6,0 no mínimo. Geralmente, o composto curado humificado apresenta valores entre 7,0 e 8,0. Em laboratório, pode-se avaliar o grau de maturidade do produto, através de determinações de carbono total (C) e oxidável, nitrogênio total (N) e amoniacal, e o cálculo da relação C/N. Relação C/N igual ou inferior a 18/1 indica que o composto está semicurado, e inferior a 12/1, curado. A cura pode também ser determinada no campo pelo "teste da mão", pelo qual, se avalia a dualidade do composto esfregando-se um pouco do mesmo entre as palmas das mãos: composto de boa qualidade deve deixá-las sujas, mas soltandose facilmente. 2.2.2 Vantagens e desvantagens A compostagem apresenta as seguintes vantagens: Aumenta a vida útil do local de destinação final de resíduos – aterro sanitário; Promove o aproveitamento agrícola da matéria orgânica pelo uso de composto orgânico no solo; Os rejeitos podem ser lançados nos aterros sanitários, sem causar grandes problemas com relação a formação de gases e lixiviados visto que são materiais biologicamente estabilizados; Exige pouca mão-de-obra especializada; Reduz o transporte dos resíduos, caso haja uma boa localização da unidade de compostagem; A instalação e utilização da unidade de compostagem não causa nenhuma poluição atmosférica ou hídrica; Processo ambientalmente seguro. Segundo Valdir Schalch, este processo apresenta algumas desvantagens, dentre elas pode-se citar: Requer uma separação eficiente de resíduos e um tempo de processamento 15 que pode variar de uma semana a um mês; Necessitam de mercado para revender seus produtos, tanto os materiais recicláveis quanto o adubo; Necessita sempre de uma unidade de disposição final, como por exemplo, o aterro sanitário. 2.2.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos Não existem normas técnicas sobre a elaboração de projetos de compostagem no Brasil, o que existe são Decretos e Portarias sobre a produção e fiscalização dos fertilizantes, listados abaixo: Decreto No 86.955 de 18 de fevereiro de 1982 dispõe sobre a inspeção e a fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes destinados à agricultura. Portaria No 84, de 29 de março de 1982, que dispõe sobre exigências, critérios e procedimentos a serem utilizados pela inspeção e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes, destinados à agricultura. Portaria No 1 de 4 de março de 1983, que dispõe sobre as especificações, garantias, tolerâncias e procedimentos para coleta de amostras de produtos, e os modelos oficiais a serem utilizados pela inspeção e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes, destinados à agricultura. Desde 8 de setembro de 2005, as especificações da produção de fertilizantes orgânicos submetem-se aos dispositivos da Instrução Normativa No 23 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Há também alguns Decretos e Portarias na legislação brasileira sobre o produto final da compostagem, listados abaixo: Decreto No 86.955 de 19 de janeiro de 1982 que define fertilizante e fertilizante composto (obtido por processo bioquímico, natural ou controlado com mistura de resíduos de origem vegetal ou animal). Portaria no. 1 de 4 de março de 1983 que dá especificações , garantias e tolerância para os fertilizantes orgânicos, principalmente em termos de parâmetros físicos e químicos como teor de nitrogênio, matéria orgânica, umidade, pH e outros. 16 Portaria No 31 de 8 de junho de 1982, que fixa os métodos analíticos que passam a constituir métodos padrões oficiais para análise de fertilizantes. Os métodos para análises químicas são do Laboratório Nacional de Referência Vegetal do Ministério da Agricultura. Portaria No 505 de 16 de outubro de 1998 que define normas disciplinadoras para a produção, tipificação, processamento, envaze, distribuição, identificação e certificação da qualidade de produtos orgânicos, sejam de origem animal ou vegetal. Não há uma discriminação sobre os adubos orgânicos passíveis de serem usados na agricultura biológica. Certamente serão as Entidades Certificadoras que decidirão se um composto obtido é aceitável para esta modalidade de agricultura. 2.3 Digestão Anaeróbia - definição técnica A digestão anaeróbia (DA) é um processo de conversão de matéria orgânica em condições de ausência de oxigênio livre, e ocorre em dois estágios: primeiro ocorre a conversão de orgânicos complexos em materiais como ácidos voláteis; e depois a conversão destes ácidos orgânicos, gás carbônico e hidrogênio em produtos finais gasosos, o metano e o gás carbônico (Chernicharo, 1997). A Figura 5, mostra uma planta de digestão anaeróbia de resíduos. A digestão anaeróbia, em geral pode ser descrita tecnicamente em quatro estágios: primeiro o pré-tratamento, depois a digestão dos resíduos, em seguida a recuperação do biogás e por último o tratamento dos resíduos. A maioria dos sistemas requer pré-tratamento dos resíduos para se obter uma massa homogênea. Este pré-processamento envolve a separação ou triagem dos materiais não biodegradáveis seguido por uma trituração. A triagem tem por objetivo a remoção de materiais reaproveitáveis como vidros, metais, ou plásticos ou não desejáveis (o rejeito) como pedras, madeira, etc. (Be Baere, 1995; Braber, 2003). 17 Figura 5: Planta de digestão anaeróbia de resíduos. Fonte : José Dantas de Lima, 2004 Dentro do digestor, a massa é diluída para obter o conteúdo de sólidos desejado, e permanece no interior do reator por um determinado tempo de retenção. Para a diluição, pode ser utilizado água da torneira, lodo de esgoto, esgoto doméstico, ou a recirculação do líquido efluente do reator. Um trocador de calor é usualmente requerido para manter a temperatura desejada. O biogás obtido com a DA é purificado e armazenado em gasômetros. Em caso do efluente do digestor estar com umidade muito elevada, faz-se necessário um processo de secagem do mesmo, e o efluente líquido é utilizado para recirculação ou é enviado para tratamento. O biossólido resultante deve ser curado aerobiamente para obter um composto de qualidade. A DA é um processo de dois estágios: hidrólise/acetogênese e metanogênese. Em sistemas de escala real, as plantas podem adotar processos de estágio único ou processo multiestágio. Embora nos processos multiestágio teoricamente seja possível melhorar a eficiência da conversão e maior geração de biogás, nas plantas europeias utiliza-se mais o tipo simples estágio. Os sistemas podem ainda ser de baixo ou de alto teor de sólidos (TS). Atualmente na Europa as principais tecnologias adotadas são: Valorga, DRANCO, BTA, WASSA, Kompogas, Linde-KCA. Os principais fatores que conferem viabilidade econômica aos 18 processos de DA são: redução dos custos de disposição em aterro sanitário; geração de receita pela venda de energia renovável e ainda a possibilidade de comercialização de créditos de carbono (e este somente em países em desenvolvimento, como o Brasil). 2.3.1 Tipos Os principais sistemas utilizados para tratar anaerobiamente os RSU podem ser classificados nas seguintes categorias: estágio único; múltiplo estágio; e batelada. Estas categorias podem ser ainda classificadas com base no teor de sólidos totais (TS) contidos na massa do reator. Sistemas com baixo teor de sólidos (BTS) tem menos de 15% de TS, médio teor de sólidos quando TS estiver entre 15 e 20 %, e alto teor de sólidos (ATS) quando TS estiver na faixa de 22 a 40% (Reichert, 2005). A principal desvantagem dos sistemas BTS é o grande volume de água utilizado, resultando num grande volume do reator e altos custos de tratamento do efluente. Sistemas com ATS requerem menores volumes de reator por unidade de processamento, mas em contrapartida requerem equipamentos mais caros (bombas,etc.). Reatores ATS são mais robustos e têm altas taxas de carga orgânica (TCO). Esta tecnologia pode ocorrer em processo de estágio único, em processos multiestágio e em processos de batelada, definindo-se cada um como se segue: Processos de estágio único: Utilizam somente um reator para as fases de acidogênese e metanogênese. Eles podem ser tanto tipo BTS quanto ATS, dependendo do teor de sólidos contidos no reator. Processos multiestágio: A introdução dos processos multiestágio de DA teve como objetivo melhorar a digestão separando os reatores de acordo com os diferentes estágios da DA, possibilitando a flexibilidade necessária para otimizar cada uma das reações. Tipicamente, dois reatores são utilizados, o primeiro para hidrólise/liquefação e acetogênese e o segundo para a metanogênese. No primeiro reator, o tempo de retenção é limitado pela taxa de hidrólise da celulose; e no segundo pela taxa de crescimento das bactérias, Verma (2002). Processos em batelada: Reatores em bateladas são alimentados, submetidos às reações/digestão, sendo então esvaziados e carregados novamente. 19 Sistemas em batelada têm a vantagem de serem tecnicamente simples, baratos e robustos. Entretanto, requerem uma área de implantação maior comparado a sistemas de estágio único ATS uma vez que são muito menores e suas TCOs são duas vezes menores (Vandervivere, 1999 apud Verma, 2002). Outra desvantagem é a sedimentação de material no fundo do reator inibindo a digestão e o risco de explosão quando da descarga do reator. Processos de estágio único versus multiestágio: Segundo muitos pesquisadores, a esperada vantagem da separação dos estágios para digestão de RSU não foi verificada na prática nas plantas em escala real. Segundo De Baere (2003), mais de 92% da capacidade da DA é realizado em processos de estágio único, em que a metanogênese e a hidrólise/acidogênese ocorrem no mesmo reator. Processos mesofílicos versus termofílicos: A maioria das plantas de tratamento anaeróbio de lodos e efluentes industriais eram mesofílicas (35 a 40°C). Isto era devido aos altos custos de aquecimento e à operação mais instável dos sistemas termofílicos (50 a 60°C). No entanto, atualmente a capacidade de tratamento de plantas termofílicas na Europa é 604.000 t/ano em 34 plantas, o que equivale a 40% das plantas em operação (De Baere, 2003). Processos úmidos versus secos: Os primeiros sistemas utilizados foram de BTS ou úmidos. Na Europa, por exemplo, já em 1993 a capacidade instalada de sistemas de ATS superou a de BTS. Na Holanda foram construídas algumas grandes plantas com sistema de BTS (úmidos) em 2002 e 2003. Atualmente, da capacidade total instalada na Europa, 54% são de sistemas secos (ATS) e 46% de sistemas úmidos (BTS) (De Baere, 2003). 2.3.2 Vantagens e desvantagens Como principais vantagens do processo da digestão anaeróbia têm-se: Aumento da vida útil dos aterros sanitários; Retirada da fração orgânica dos RSU, que é a fração que resulta em odores desagradáveis e geração de lixiviados de alta carga nos aterros sanitários; Permite a coleta de todo o biogás gerado (em aterros o índice de 20 recuperação pode variar 30 a 60 %). Além disso as condições controladas de umidade e temperatura dos digestores permitem uma maior geração; Permite a redução de emissões de gases que aumentam o efeito estufa, que poderia ocorrer em outras tecnologias de tratamento; Em seu processamento têm-se a geração de produtos valorizáveis: biogás (energia e calor) e composto orgânico. Esta tecnologia apresenta alguns problemas específicos e como principais desvantagens a digestão anaeróbia apresenta: A natureza (composição) dos resíduos pode variar dependendo da localização (zona de geração) e da estação do ano, comprometendo a qualidade do biogás e do composto gerado; A mistura ineficiente de RSU e lodo de esgoto pode afetar a eficiência do processo; Podem ocorrer obstruções de canalização por pedaços maiores de resíduos, principalmente em sistemas contínuos; Necessidade de mão de obra qualificada para o processo de operação da planta; Tecnologia depende de uma fração orgânica maior na composição dos resíduos a serem processados. 2.3.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos Não existem Normas técnicas sobre a Digestão Anaeróbia no Brasil. 2.4 Incineração – definição técnica A incineração é uma das tecnologias de tratamento mais antigas existentes na Europa, Estados Unidos e Japão. Na atualidade ela se insere nos denominados tratamentos térmicos existentes para o tratamento de resíduos sólidos. A incineração é a queima de materiais em alta temperatura (200ºC a 1200ºC) feita com uma mistura de ar adequada durante um determinado intervalo de tempo. Os resíduos incinerados são submetidos a um ambiente fortemente oxidante, onde são decompostos em três fases: uma sólida inerte (cinzas ou escórias), uma gasosa e uma líquida, composta de efluentes decorrentes dos processos de absorção dos 21 subprodutos da incineração. Os gases resultantes da combustão devem ser tratados antes da sua emissão para a atmosfera, pois normalmente é composto por monóxido de carbono (CO), oxigênio residual (O2), óxidos de nitrogênio (NOX), óxidos de enxofre (SOX) e materiais particulados. As cinzas e escórias, após comprovada sua inertização, podem ser dispostas em aterro industrial licenciado. Os efluentes líquidos devem ser neutralizados e direcionados para a estação de tratamento de efluentes. O objetivo principal desta tecnologia consiste no tratamento térmico e redução do volume dos resíduos com a utilização simultânea da energia contida. A energia recuperada pode ser utilizada para produção de calor e produção de energia elétrica. Quanto à eficiência do processo, conforme DEFRA (2007), da energia total disponível nos resíduos, mais de 80% pode ser aproveitada pela caldeira para produção de vapor. No caso da geração de eletricidade, de acordo com o EUROPEAN COMISSION (2006), a eficiência de aproveitamento energético varia entre 17% e 30% da energia recuperada pela caldeira e segundo DEFRA (2007) este valor situa-se entre 20% e 27%. Menezes (2000) ressalta que a energia elétrica gerada por tonelada de resíduos incinerados tratados, depende principalmente do Poder Calorífico Inferior (PCI) do resíduo tratado, que não considera a energia gasta na vaporização da água que se forma numa reação de oxidação. Além do PCI dos resíduos, o porte da usina, parâmetros do vapor gerado e o nível de aproveitamento deste também influenciam na eficiência da geração de energia elétrica (UBA, 2001). Psomopoulos et al. (2009), USEPA (2002) e Tolmasquim (2003) apontam, respectivamente 600 kWh/t, 550 kWh/t e 769 kWh/t, como os valores médios de geração de energia elétrica por tonelada de resíduos encontrados nas atuais usinas de incineração. UBA (2001) ressalta ainda que a geração de eletricidade em incineradores é limitada por duas razões principais. A primeira delas é a intensificação da corrosão dos componentes da caldeira a altas temperaturas devido à presença de certos materiais nos resíduos incinerados como cloretos. Outro problema é a ocorrência de incrustação excessiva na caldeira que normalmente atua sob temperaturas acima de 600°C, ocasionando o aumento de substancias fundidas nas cinzas fazendo estas aderir mais facilmente às paredes do equipamento. 22 2.4.1 Tipos O método normalmente aplicado para o tratamento de RSU via incineração é o do ciclo combinado, como mostra a Figura 6, onde se tem a geração de energia elétrica e de calor juntamente com a eliminação dos resíduos. Esta tecnologia de tratamento de RSU pode reduzir o volume dos resíduos sólidos urbanos em 90% e seu peso em 75%. A incineração é aconselhável para o tratamento térmico de grandes quantidades de resíduos sólidos (mais de 100.000 t/ano ou 280 t/dia), sempre se trabalhando com linhas médias de produção de 18 t/h. Em relação aos tratamentos térmicos, a inovação tecnológica denominada Waste-to-Energy (WTE) consiste no aproveitamento energético de resíduos que podem ser utilizados para a geração de energia elétrica, de calor e de água quente (vapor) para indústrias, em uma forma de produção que é conhecida como em ciclo combinado. Normalmente estas unidades são instaladas próximo a indústrias para se obter uma viabilidade econômica. Desta forma se busca otimizar todo o complexo sistema logístico que vai desde a separação dos resíduos, passando pela coleta e transporte, pelas unidades de transbordo até chegar à unidade de tratamento de resíduos, concluindo o ciclo com a disposição dos rejeitos (no caso as cinzas) em aterros licenciados. No contexto europeu, a incineração (Figura 7) tem sido muito utilizada para o aproveitamento energético de resíduos (KNOX, 2005). As usinas utilizadas para esse fim apresentam as estruturas de um incinerador convencional acoplada a um sistema de aproveitamento energético que consiste essencialmente em uma caldeira. 23 Figura 6: Incinerador de resíduos sólidos. Fonte: SWET, European Suplliers of Waste to Energy Suppliers, 2012. 24 Figura 7: Planta de incineração de resíduos (Lipor, Portugal) Fonte: Alessandra Lee Barbosa Firmo, 2012. Basicamente, esse equipamento utiliza o calor dos gases liberados na combustão dos resíduos incinerados para aquecer água, produzindo vapor que é então empregado diretamente para aquecimento (urbano ou industrial) ou para a geração de energia elétrica através de turbinas a vapor (OLIVEIRA, 2001). 2.4.2 Vantagens e desvantagens Dentre as vantagens desta tecnologia está a redução significativa de volume dos resíduos, podendo aumentar o tempo de vida útil de um aterro sanitário ou diminuir a área requisitada para a instalação deste. Este aspecto é muito relevante em locais com baixa disponibilidade de espaço físico para tratamento e disposição dos resíduos, como no Japão. Além disso, para que a combustão seja completa algumas condições prévias têm de ser atendidas: Existir meios adequados de oxidação no interior da combustão; A temperatura de partida-ignição ser atingida; A proporção da mistura ser adequada; A remoção contínua dos gases que são produzidos durante a combustão; A remoção contínua dos resíduos de combustão; A manutenção da temperatura adequada no interior do incinerador; 25 O fluxo turbulento de gases; Tempo de residência adequado de resíduos na área de combustão (Gidarakos, 2006). Como desvantagens pode-se afirmar que esta tecnologia apresenta um custo elevado para instalação, operação e manutenção do tratamento dos resíduos e, além disto, se faz primordial a utilização de mão de obra qualificada e especializada para todo o sistema de operação de forma a garantir sua qualidade e o atendimento aos padrões de emissões de poluentes. Os incineradores na Europa, Estados Unidos e Japão operam ao abrigo de uma legislação ambiental rigorosa, requerendo um maior custo para atender à mais alta tecnologia de controle de poluição atmosférica. Com respeito a outras tecnologias como gaseificação (processo químico de conversão de material carbonáceo em combustíveis gasosos e outros materiais), pirólise (processo de conversão originando produtos combustíveis, como carvão vegetal, líquidos pirolenhosos e gases não condensáveis) e arco de plasma (processo pirolitico á altíssimas temperaturas, cuja principal vantagem é a ausência de combustão, portanto, sem lançamento de gases para a atmosfera), existem poucas instalações em operação nos Estados Unidos, Europa e Japão (trabalhando com resíduos perigosos), de modo que, ainda não existem dados suficientes para analisar e comparar o desempenho ambiental e econômico dessas tecnologias perante as demais. 2.4.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos No Brasil a única NBR sobre a incineração foi instituída em 1990, que é a NBR 11.175/90 - Incineração de resíduos sólidos perigosos - padrões de desempenho – procedimento. É importante enfatizar que esta Norma não se aplica a resíduos sólidos urbanos e tem 22 anos que foi criada. No entanto existem algumas resoluções que podem ser aplicadas em RSU: Resolução SMA-079 de 04 de novembro de 2009 da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, publicada no DOE-SP de 05-11-09, Seção i, pags. 44-45, que “Estabelece diretrizes e condições para a 26 operação e o licenciamento da atividade de tratamento térmico de resíduos sólidos em Usinas de Recuperação de Energia – URE”. Resolução CONAMA No 316 de 29 de outubro de 2002 - dispõe sobre procedimentos e critérios para funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos. 2.5 Coprocessamento de RSU – definição técnica O coprocessamento é um processo indicado para o tratamento de resíduos industriais, líquidos, sólidos e pastosos. Esse processo é utilizado em fornos de clinquerização das indústrias cimenteiras, onde em altas temperaturas, os resíduos são destruídos ao mesmo tempo em que são utilizados como energia alternativa para os fornos, em substituição aos combustíveis fósseis ou matéria-prima. Esta alternativa tecnológica para tratamento dos resíduos industriais vem sendo adotado por algumas indústrias cimenteiras no Brasil. Esta tecnologia torna possível a realização do blending, que é um processo de mistura de diversos tipos de resíduos para obtenção de uma composição físico-química homogênea que atenda aos padrões da indústria cimenteira e das normas ambientais vigentes. Assim sendo, os principais resíduos utilizados no coprocessamento são pneus, resíduos da indústria siderúrgica e de alumínio, solventes químicos, óleos usados, borras de pintura, plásticos, solos contaminados com solventes, entre outros. É importante enfatizar que não são coprocessáveis os resíduos hospitalares, radioativos, domésticos indiferenciados, materiais corrosivos, pesticidas e explosivos. A prática do coprocessamento de resíduos na indústria de cimento tem se expandido devido à necessidade crescente de uma destinação ambiental e socialmente mais adequada de resíduos provenientes de diversos processos industriais. Vários estudos vêm sendo conduzidos no sentido de se conhecer melhor os aspectos envolvidos nessa prática, já adotada em muitos países, inclusive no Brasil. A concepção tecnológica do coprocessamento baseia-se na queima dos resíduos no forno rotativo de clínquer em condições especiais. Os resíduos são processados nos fornos rotativos devido às condições específicas do processo, como alta temperatura, ambiente alcalino, atmosfera oxidante, ótima mistura de 27 gases e produtos, e tempo de residência (> 2 segundos) geralmente suficiente para a destruição de resíduos perigosos. Por outro lado, a utilização desses combustíveis alternativos no processo de produção de clínquer possui limitações como as relacionadas ao volume de combustível secundário que alimenta o forno, e limitações ligadas à segurança ambiental. De acordo com Milanez (2007), durante o coprocessamento, os metais pesados são redistribuídos, sendo os mais voláteis (tais como Hg e Tl) emitidos juntamente com os gases pela chaminé principal do forno, os semivoláteis (Cd, Pb, Sb, e Se) e os não voláteis (As, Cr, Cu, Ni) são incorporados ao clínquer. Devido a essas características, os fornos de clínquer são considerados pela EPA dos Estados Unidos uma das maiores fontes de poluentes atmosféricos perigosos. Os níveis das emissões dos poluentes atmosféricos dependem das características tecnológicas e operacionais do processo industrial, dos fornos rotativos de clínquer, composição química e mineralógica dos insumos e da composição química dos combustíveis. Assim, a queima de resíduos perigosos acarreta um passivo de emissões não desprezível ecustos ambientais e sociais. Milanez (2007) argumenta que o processo do coprocessamento não destrói todos os poluentes presentes nos resíduos. Adicionalmente, a prática do coprocessamento aumenta a concentração desses materiais no cimento ou no pó do eletrofiltro, que normalmente é incorporado à farinha crua. A Figura 8 a seguir mostra uma unidade de coprocessamento de resíduos. A Figura 9 e a Figura 10, mostram o armazenamento de resíduos a serem coprocessados. 28 Figura 8: Unidade de coprocessamento de resíduos. Fonte: Humberto Junior, 2005. Figura 9: Armazenamento de resíduos a serem coprocessados. Fonte : José Dantas de Lima,2004 Figura 10: Armazenamento de resíduos a serem coprocessados. Fonte : Cetrel, 2004 A Figura 11, mostra uma unidade de coprocessamento de resíduos em uma 29 indústria cimenteira. Figura 11: Unidade de coprocessamento em indústria cimenteira. Fonte : José Dantas de Lima, 2005 2.5.1 Tipos O coprocessamento de resíduos se dá no Brasil unicamente em fornos de cimenteira e são utilizados diversos tipos de resíduos para este processo, o que chamamos de combustíveis alternativos do processo. Os combustíveis alternativos tradicionalmente usados na indústria cimenteira, tais como bagaço de cana, casca de arroz, casca de coco, resíduos de madeira, lenha, moinha de carvão vegetal, pneus, alcatrão, coque de petróleo, moinha de coque, turfa, rejeitos carbonosos e gás proveniente do processo de pirólise são derivados de resíduos sólidos, líquidos, municipais e industriais. Além desses, Mokrizycki e Uliasz-Bochenczyk (2003) identificaram ainda combustíveis especiais, alternativos e híbridos, derivados de misturas de resíduos, desenvolvidos na Europa Ocidental e na Polônia. 2.5.2 Vantagens e desvantagens O coprocessamento surgiu como uma estratégia para melhorar o desempenho econômico (menor consumo energético) da indústria cimenteira. Em resposta à crise desencadeada pela recessão da economia brasileira nos finais da 30 década de 1980, o setor cimenteiro implementou estratégias para conciliar o custo da automação e a redução de pessoal. Nesse contexto, o coprocessamento de resíduos iniciou-se no início da década de 1990 nas cimenteiras de Cantagalo no estado do Rio de Janeiro. Desde então essa tecnologia é usada sob a influencia de legislação de agências de controle ambiental e autoridades da saúde. Como desvantagem deste processo tem-se observado que, efetivamente, não se observa na prática o acompanhamento por parte dos órgãos ambiental dos níveis de emissões e, igualmente, não existe parâmetros rigorosos para monitoramento da polução atmosférica gerada, bem como a ausência de Normas Técnicas para esta tecnologia. Neste contexto, Porto e Fernandes (2006) estudaram quais os pontos vulneráveis do controle e fiscalização do processo e até que ponto a população, no entorno das plantas cimenteiras, estaria sujeita aos efeitos dessa prática. O trabalho de Porto e Fernandes (2006) alerta para a possibilidade de contaminações de cimentos nacionais ou importados, provenientes das rotas de fabricação, muitas vezes desconhecidas, onde os combustíveis alternativos, como os pneus inservíveis, podem ser fontes permanentes não declaradas de contaminações ambientais e do próprio cimento produzido. O caso específico de coprocessamento de pneus inservíveis é praticado no Brasil há mais de uma década. A alternativa de se queimar pneus advém do seu alto poder calorífico, representando uma grande economia de energia associada à possibilidade de uma destinação para enormes volumes de passivo ambiental. Um dos grandes problemas do coprocessamento de pneus se deve à presença do enxofre na estrutura da borracha. Quando o enxofre utilizado na vulcanização da borracha é proveniente de minérios sulfetados, pode ainda ocorrer a contaminação por arsênio, que se volatilizaria na temperatura do forno, causando sérios problemas ambientais (SANTI, 2003; MOORE, 1995; MAINIER; ROCHA, 2003). O sulfeto arsenioso (As2S3) associado ao minério de zinco pode reagir, formando o arsênio e incorporando-se ao enxofre produzido. A contaminação é aleatória, pois depende do teor de arsênio existente. Por outro lado, é pouco provável a contaminação com arsênio quando o enxofre é obtido a partir de depósitos geológicos ou quando é produzido a partir de sulfeto de hidrogênio (H2S) existente no gás natural. Por motivos técnicos, o enxofre 31 contaminado com arsênio não pode ser empregado na fabricação de ácido sulfúrico, fertilizantes e outros compostos químicos de indústria de base, entretanto, na vulcanização de borracha para pneus não foi encontrada nenhuma restrição ao seu uso. Assim, quando se vislumbra o coprocessamento de pneus, a restrição quanto à origem do enxofre deve ser praticada. Segundo Monteiro e Mainier (2008), a queima total de uma tonelada de pneus pode significar uma emissão teórica de 2,56 t de CO2 e 26 kg de SO2 para a atmosfera. Considerando ainda que o enxofre contido em uma tonelada de pneu tenha, 0,1%, 0,5% e 1% de arsênio, a emissão para a atmosfera de óxido arsenioso seria de 17g, 85g e 170g, respectivamente. Esses valores parecem desprezíveis, porém tornam-se extremamente significativos uma vez acumulados no ambiente. Outro risco, não menos irrelevante, de se utilizar pneus como resíduos a serem coprocessados é desencadeado quando se eleva a importação de pneus usados como resíduo ou para serem reformados, o que aumenta a quantidade de resíduos no país. 2.5.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos Não existe Norma Técnica Brasileira sobre o coprocessamento de resíduos. No entanto existem algumas Resoluções do CONAMA que podem fornecer diretrizes para tal prática: Resolução CONAMA 264/1999, que dispõe sobre procedimentos e os critérios específicos da coincineração, Resolução CONAMA 316/2002, que trata dos procedimentos e dos critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento de resíduos. Em geral, os estados brasileiros não possuem normas rigorosas e específicas acerca do tratamento destes resíduos, nem quadros técnicos e equipamentos especializados nos órgãos ambientais que fiscalizem esta tecnologia. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo publicou uma Norma Técnica, em dezembro de 2003, intitulada “Procedimento para utilização de resíduos em fornos de produção de clínquer”. Entretanto, existem falhas associadas ao texto da legislação, bem como sua fiscalização e controle. 32 Milanez (2007) descreve as fragilidades legais na regulação do coprocessamento e as falhas na fiscalização e na concessão de licenças, devido às limitações institucionais (equipamentos e recursos humanos) das agências ambientais. Nos demais estados brasileiros estes procedimentos são ainda mais precários. 2.6 Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR) – definição técnica O CDR é um combustível produzido por trituração de resíduos sólidos urbanos (RSU) que se pretende utilizar como combustível. Também conhecido na Europa como RDF – Refuse Derived Fuel. Trata-se de uma forma de aproveitar os materiais valiosos existentes nos resíduos como combustível. O combustível derivado de resíduos (CDR) é um termo que se aplica a materiais com um valor calorífico elevado (normalmente, cerca de 18 megajoules por quilograma) recuperados da coleta de resíduos. Os principais beneficiários deste material são os fornos de cimento e as centrais de energia elétrica. O principal objetivo da produção do CDR é a recuperação de energia e otimizar a logística (transporte e armazenamento) dos resíduos. Quanto à sua composição, a ideal do CDR é compor material orgânico com água em teor muito baixo, sem frações de contaminação crítica (por exemplo, metais pesados como Cr, Cd, Pb, Hg,etc), substâncias orgânicas críticas (substâncias halogenadas, medicamentos ou resíduos infectados, etc), pois estas frações críticas geram um CDR de má qualidade. Em seu processo produtivo, as substâncias residuais passam por uma série de diferentes etapas de processamento. O conteúdo de produtos recicláveis, tais como metais, são removidos da mistura, assim como as frações críticas e itens não recomendados. Seguindo o processo de secagem e dimensionamento para o material remanescente, no final do processo teremos aproximadamente 40% do material depositado no início. As principais etapas de produção do CDR são: 1. No momento da coleta de resíduos, ou imediatamente após nos centros de triagem, deve-se remover, na medida do possível, os componentes indesejados dos resíduos para a combustão posterior; 2. Trituração, para a otimização das fases sucessivas, em função da instalação de combustão para a qual o CDR se destina. 33 3. Secagem, com o objetivo de evitar possíveis processos de fermentação e melhorar o poder calorífico do CDR. 4. Refino, para qualquer nova redução de frações indesejáveis. 5. Peletização, para aumentar a densidade de energia como uma função do transporte ou armazenamento. As etapas de 1 a 3 estão sempre presentes em sua produção, enquanto a 4 e 5 são opcionais e dependem da qualidade final que se deseja obter no produto e as condições de armazenagem, além da logística do transporte. Observações: dependendo da qualidade do RSU e do tipo de coleta e separação, o processo de produção de CDR produz resíduos que têm de ser eliminados como resíduos sólidos urbanos. Como indicação, a diferença pode variar de 20 a 80% da massa inicial dos RSU. A Figura 12 mostra um esquema ilustrativo de uma unidade de processamento e a Figura 13 uma unidade de produção de CDR em atividade. Os principais usuários do CDR são as indústrias de cimento, os incineradores de resíduos com recuperação de energia de calor e eletricidade, além das indústrias de geração de energia industrial, públicas ou privadas. A produção de CDR requer quantidades de energia significativas, especialmente de energia elétrica. Do ponto de vista da energia, esta operação é sustentável, desde que o saldo total de energia (desde a coleta até o destino final dos resíduos após a sua combustão), seja positivo, e mais ainda, que não produza resíduos combustíveis contaminados. 34 Figura 12: Esquema ilustrativo de unidade de produção de CDR Fonte : Adaptado de Garb-Oil Power Corporation, 2009 Figura 13: Unidade de produção de CDR Fonte : José Dantas de Lima, 2012 35 Se os resíduos são queimados em um incinerador de resíduos moderno, com uma recuperação de energia boa, é inegável que a combustão de resíduos, como tal, garante a melhor eficiência de energia em comparação com a de seu processamento antes de se tornar CDR no mesmo sistema, possivelmente misturando-se com os RSU. Se o CDR for queimado no lugar de combustíveis fósseis (tradicional), este pode ser interessante, desde que o impacto ambiental global seja menor do que a utilização de combustíveis tradicionais. Esta situação pode ocorrer de forma favorável para determinados tipos de instalações industriais, tais como, a indústria de cimento. No entanto, uma avaliação precisa da situação deve ser levada em conta em cada caso. Do ponto de vista do balanço de massa, deve-se ter uma especial atenção para os metais essenciais (Cd, Cr, Pb, Hg) utilizados nas ligas para produzir os trituradores. Deve observar que o processo contribui para a dissipação no meio ambiente dos referidos metais ou, na melhor das hipóteses eles entrarem em contato direto com o produto (CDR). A peletização eventual do CDR, em geral, ocorre por causa da dissipação significativa de metais essenciais, devido ao desgaste por abrasão dos extrusores. A pesença excessiva de areia ou materiais inertes nos RSU aumenta a abrasão fortemente desta peletização. Em geral, este aspecto não é relevante, embora também não seja totalmente insignificante e devem fazer parte de um estudo de longo prazo, como por exemplo, um estudo de análise ambiental, pois quando não considerados pode trazer problemas de ordem operacional ao sistema e na produção do CDR. Se a produção de CDR não estiver devidamente curada, certamente a qualidade do produto é afetada, onde o CDR mencionado pode danificar a instalação de combustão próxima ou podem causar emissões inesperadas: é o caso do teor excessivo de cloro (Cl), o que aumenta a corrosão e a produção de dioxinas, assim como frações que aumentam o desgaste abrasivo desproporcionalmente de algumas partes de metal, trazendo problemas operacionais futuros de manutenção constantes na instalação. O CDR produzido a partir de resíduos sólidos urbanos não pode ser equiparado a um combustível tradicional ou ainda á um combustível derivado de resíduos industriais não perigosos, na medida que estes apresentam melhores características energéticas, e menores concentrações de contaminantes que aquele 36 derivado dos resíduos sólidos urbanos. A produção de CDR não pode ser explicada como a reciclagem de matéria, mas apenas de energia, como é o caso da combustão direta em incineradores modernos. As instalações de produção de CDR, bem como os incineradores, devem ser considerados como pré-tratamento de instalações de RSU em relação ao aterro (destino final) de sólidos e seus derivados (20-30% da massa inicial). No caso da combustão de CDR em fábricas de cimento, os combustiveis derivados de resíduos serão integrados no cimento e, portanto, não se necessita mais de um aterro. No entanto, quaisquer metais críticos que façam parte da composição dos RSU são incorporados no concreto/cimento, sendo dissipada no ambiente no final da vida útil da estrutura de concreto (aproximadamente 50 anos). Neste caso, podemos falar de uma dissipação retardada, que ambientalmente poderia recair sobre as futuras gerações. 2.6.1 – Tipos Os principais tipos de CDR existentes na atualidade são os seguintes : Pellets - material produzido por aglomeração de material solto em disco ou cilindro. A Figura 14 mostra o resultado final da peletização. Figura 14: Peletização de resíduos Fonte : OKTE, 2010 Briquetes – material produzido por aglomeração e pode ser produzido em bloco ou em cilindro produzido por material solto. A Figura 15 mostra os briquetes. 37 Figura 15: Briquetes Fonte : OKTE,2010 Fluff – produzido por material solto, de baixa densidade, que tem a característica de ser transportável pelo ar e pode ser enfardado. A Figura 16 mostra o fluff. Figura 16: Fluff Fonte : OKTE, 2010 2.6.2 – Vantagens e Desvantagens As principais vantagens dos processos envolvendo os CDR’s são: São considerados como unidades de pré-tratamento dos RSU; Agrega valor aos resíduos; Transforma os resíduos sólidos urbanos em alternativa energética; Pode ser instalada em áreas industriais próximas aos centros urbanos e aos grandes consumidores de energia; Reduz as emissões e geração de poluentes e permite a obtenção de Créditos de Carbono; Prolonga a vida útil de aterros existentes. 38 As principais desvantagens são: A produção de CDR requer quantidades de energia significativas, especialmente de energia elétrica; Dissipação dos metais ao meio ambiente pela utilização dos metais dos trituradores nas ligas dos trituradores; Possibilidade de contaminação do CDR pela dissipação dos metais; Possibilidade da contaminação dos metais críticos no cimento/concreto deixando passivo ambiental para gerações futuras. No que diz respeito a um CDR com boa qualidade em seu processo produtivo, na Europa, a principal preocupação nesta área de trabalho é garantir que o CDR apresente um teor de cloro muito reduzido, normalmente inferior a 0,7% de peso. Um CDR que em seu processo produtivo atingir este valor, é considerado de boa qualidade. Para este fato é essencial a utilização de material proveniente de uma boa reciclagem, com material selecionado, rejeitando-se materias que possam contaminar o processo produtivo e o produto final. 2.6.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos Não existem Normas técnicas sobre o CDR no Brasil. 2.7 Aterros Sanitários – definições técnicas O Aterro Sanitário pode também ser entendido como um tipo de tratamento de resíduos visto que nele ocorre um conjunto de processos físicos, químicos e microbiológicos, sob a forma de um reator anaeróbio, que tem como resultado uma massa de resíduos mais estáveis química e biologicamente (Recesa, 2010). Segundo a NBR 15.256/2010, os aterros sanitários consistem em uma instalação para a disposição de resíduos sólidos no solo, localizada, concebida, implantada e monitorada segundo princípios de engenharia e prescrições normalizadas de modo a maximizar a quantidade de resíduos disposta e minimizar impactos ao meio ambiente e à saúde pública. Diferentemente do aterro sanitário, existem outras práticas de aterramento de resíduos sólidos urbanos consideradas não adequadas 39 para o tratamento destes, como é o caso dos lixões e aterros controlados. De acordo com a NBR 10.703 de 1989, o lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. É o mesmo que descarga de resíduos a céu aberto, pois não existe nenhum tipo de controle sobre a quantidade e composição dos resíduos que entram ou saem do depósito, não há compactação, cobertura ou geometrização da massa de lixo. Geralmente está associado a uma grande existência de catadores, onde muitas vezes residem no próprio local. Os lixões comprometem a saúde pública por meios da proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, ratos, baratas etc.), geração de maus odores, poluição do solo, das águas superficiais e subterrâneas pelo líquido resultante da decomposição do RSU (chorume) e também a poluição do ar pelos gases gerados também na degradação (IPT, 1996). Segundo a NBR 8849 de 1985, o aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem causar danos ou riscos à saúde pública e sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Geralmente não há impermeabilização de base (o que pode comprometer a qualidade das águas subterrâneas), nem sistemas de tratamento de chorume ou controle na emissão de gases. Em um aterro sanitário, existem diversos elementos que devem ser projetados e planejados com base em critérios de engenharia tais como o sistema de impermeabilização de base, sistema de drenagem de águas superficiais, drenagem de líquidos e gases gerados na decomposição da massa de resíduos, sistema de cobertura dos resíduos e outros. Entretanto, a concepção de cada um desses elementos depende do tipo de aterro, das características do resíduos, do terreno, etc., que tem a função de garantir a segurança do aterro, o controle de efluentes líquidos, emissões gasosas e a qualidade de vida e saúde da população. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS, o aterro sanitário é uma forma adequada de destinar os resíduos sólidos em países em desenvolvimento sob vários aspectos, sejam eles ambientais, sanitários e sociais. Contudo, atualmente, pela PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos brasileira, antes de encaminhar os resíduos sólidos ao aterro sanitário, deve-se analisar se existe a possibilidade de reciclá-los, tratá-los, reutilizá-los ou minimizar sua geração, 40 visando prolongar a vida útil dos aterros e torná-los empreendimentos sustentáveis ao longo dos anos. Assim, deveria ser encaminhado para o aterro sanitário apenas os rejeitos, que são os resíduos que não podem ser mais recuperados sob nenhuma forma, ou ainda, aqueles que não têm mercado. 2.7.1 Tipos Para o atendimento à PNRS, no Brasil têm-se como principais tipos os aterros sanitários de pequeno porte e os aterros sanitários com e sem geração de energia. Os aterros de pequeno porte são aqueles aterros sanitários para disposição no solo de até 20 (vinte) toneladas por dia de RSU em que, considerados os condicionantes físicos locais, a concepção do sistema possa ser simplificada, reduzindo os elementos de proteção ambiental sem prejuízo da minimização dos impactos ao meio ambiente e à saúde pública. Os aterros de pequeno porte podem ser classificados sob a forma em que são implantados, tais como, aterros em valas, em trincheiras, em encostas e em área, como descritos a seguir: Aterros em vala: instalação para disposição de RSU no solo, em escavação com profundidade limitada e largura variável, confinada em todos os lados, dando oportunidade a uma operação não mecanizada; Aterros em trincheiras: instalação para disposição de RSU no solo, em escavação sem limitação de profundidade e largura, que se caracteriza por confinamento em três lados e operação mecanizada; Aterros em encosta: instalação para disposição de RSU no solo, caracterizada pelo uso de taludes pré-existentes, usualmente implantados em áreas de ondulações ou depressões naturais, encostas de morros ou pedreiras e áreas de mineração desativadas; Aterros em área: instalação para disposição de RSU no solo, caracterizada pela disposição em áreas planas acima da cota do terreno natural. Os aterros de pequeno porte também podem ser classificados sob o método de construção aplicado, quais sejam, método de rampa e método de trincheiras ou valas. No método de rampa se utiliza terreno com declive, no qual os rejeitos vão 41 sendo depositados seguindo a declividade existente, fazendo o recobrimento necessário no final de cada dia e assim prossegue até a célula em construção ficar no mesmo plano do topo do declive na parte superior e lateralmente continuar ainda em forma de rampa. Essa operação continua até ocupar toda área escolhida resultando numa área plana que poderá ser utilizada, no futuro, para instalações públicas urbanizadas. A Figura 17 mostra um aterro sanitário em rampas, método de disposição de resíduos sólidos. Figura 17: Aterro sanitário em rampas. Fonte : José Dantas de Lima,2003 No método de trincheira utiliza-se terreno plano onde se escavam valas ou trincheiras de dois a três metros de profundidade. Dependendo do lençol freático, a profundidade pode atingir valores superiores a três metros. Nesse método o material escavado da vala serve para cobertura do próprio aterro. Durante o processo, os rejeitos devem ser descarregados e compactados dentro da vala e coberto no final de cada dia com uma camada entre 20 e 30 cm de solo escavado na própria vala. A camada final de cobertura deve ter uma espessura mínima de 60 cm e elevada acima da superfície natural do terreno para compensar a acomodação do mesmo quando da decomposição do lixo. Deve-se também cuidar do completo sistema de drenagem de águas pluviais que devem ser encaminhadas para fora da vala. 42 Para evitar inundação da vala ou trincheira em época de chuva devem ser construídas canaletas perimetralmente à vala para captação das águas pluviais. A fim de evitar desmoronamento, a vala deve ser escavada com as paredes laterais inclinadas atendendo o ângulo de repouso do terreno. Na escolha do local para implantação do aterro, a qualidade do solo é de fundamental importância. Não se deve escolher terreno com permeabilidade alta para não contaminar o lençol freático, atendendo assim a uma permeabilidade menor que 10 -6 cm/s, e nem terreno muito rochoso devido ao elevado custo de escavação. A Figura 18 e a Figura 19 mostram com detalhes a construção de um aterro sanitário em trincheira e área. Aterro sanitário com geração de energia é aquele que utiliza a drenagem dos gases gerados nos processos de decomposição anaeróbia dos resíduos e os encaminha, por meio de tubos coletores, para geração de energia. Neste caso os aterros sanitários foram objeto de uma evolução tecnológica, sendo considerado um digestor anaeróbio (sistema físico, químico e biológico), onde a biodegradação dos resíduos tem como meta a redução do volume aterrado, otimizando áreas e reduzindo custos operacionais, além do aproveitamento energético do biogás. Figura 18: Aterro sanitário em trincheiras. 43 Figura 19: Aterro sanitário de resíduos sólidos domésticos (técnica da área) Este ganho de eficiência na produção de metano nestes aterros energéticos é obtido pelas característics do projeto e operação, composição dos resíduos, caracterização microbiológica dos nutrientes presentes na massa de resíduos, e ainda, pela densidade e umidade que os mesmos são dispostos. Assim sendo, o termo Waste-to-Energy (WTE) também pode ser aplicado no presente caso dos aterros sanitários, sob condições específicas de controle já referidas. Estas inovações tecnológicas permitem uma maior eficiência operacional, reduzindo as emissões atmosféricas de metano e dióxido de carbono, além de serem os maiores fontes de geração de créditos de carbono na área de resíduos sólidos urbanos, responsáveis pela grande maioria dos projetos MDL do Brasil. 2.7.2 Vantagens e desvantagens Este processo apresenta uma série de vantagens, dentre elas pode-se citar: Receber resíduos de diversas naturezas; Recuperar áreas topograficamente inutilizadas; Controlar a proliferação de vetores; Utilizar equipamentos e máquinas usadas em serviços de terraplanagem; Sua operação não requer pessoal altamente especializado; Pode ser usado como digestor anaeróbio para aproveitamento energético do biogás; Os custos de instalação e operação são, em geral, mais baixos do que outras 44 alternativas de tratamento. Ao mesmo tempo, este processo também apresenta uma série de desvantagens, dentre elas pode-se citar: Necessidade de grandes áreas para aterro, muitas vezes sendo longe da área urbana, acarretando despesas adicionais com transporte; Sofrer interferência da meteorologia na produção de lixiviados, que requisitam tratamento adequado; Período pós-fechamento relativamente longo para a estabilização do aterro, incluindo os efluentes líquidos e gasosos. 2.7.3 Normas utilizadas para elaboração de projetos As Normas Brasileiras vigentes sobre os aterros sanitários no Brasil são: NBR 8419/92 - Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos – procedimento; NBR 13896/97 - Aterros de resíduos não perigosos - Critérios para Projeto, Implantação e Operação – procedimento; NBR 12553/03 - Geossintéticos – terminologia; NBR 15495-1/07 - Poços de monitoramento de águas subterrâneas em aquíferos granulares – Projetos; NBR 8418/83 - Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais perigosos – procedimento NBR 10157/87 - Aterros de resíduos perigosos critérios para projeto, construção e operação – procedimento; NBR 15.849/2010 – Aterro Sanitário de Pequeno Porte – Diretrizes para localização, projeto, implantação, operação e encerramento; Resolução CONAMA No 396/2008 - Estabelece critérios e Diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte; Resolução CONAMA No 1 de 23 de janeiro de 1986 - disciplina o EIA/RIMA exigências, conteúdo, elaboração, responsabilidades e audiência pública; Resolução CONAMA No 396 de 03 de abril de 2008 - dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. 45 3 Tratamento e destinação final de resíduos na Europa, Estados Unidos e Japão 3.1 Europa 3.1.1 Informações sociogeográficas A Europa apresenta uma área de 11.400.000 km2, que estende-se a oeste dos Montes Urais como um prolongamento da grande massa continental que é a Ásia. É o mais marítimo dos continentes, com um litoral extremamente recortado. A Figura 20 mostra a conformação do continente europeu Figura 20: Imagem da Europa. Fonte: Satélite – NASA. A Europa é o segundo menor continente do planeta, além disso, o seu território é bastante fragmentado, ou seja, é dividido em 48 países. Somando a população de todos esses países, o total é de aproximadamente 817 milhões de habitantes. A Figura 21, mostra os países que constituem a Europa. 46 Figura 21: Países que constituem a Europa. Fonte: World Fact Book, 2008. É um continente com elevada densidade demográfica, possuindo, em média, 76 hab/km2 e alta taxa de urbanização. Atualmente, a população cresce lentamente e os índices de natalidade registrados nos países europeus são bastante baixos (inferiores a 20 por mil). Dentre os países mais populosos da Europa, a Rússia ocupa o primeiro lugar, com cerca de 144 milhões de habitantes; logo depois vem a Alemanha (81,84 milhões), França (65,39 milhões), Reino Unido (62,98 milhões), Itália (60,85 milhões), Ucrânia (49,87 milhões), Espanha (46,19 milhões), Holanda (16,73 milhões), Portugal (10,54 milhões) e Suíça (7,95 milhões). A maior densidade demográfica da Europa pertence à Holanda, com cerca de 470 hab/km2. As regiões com mais de 100 hab/km2 estendem-se em duas faixas: a primeira inclui a Grã-Bretanha, o Norte da França, a Bélgica, a Holanda e o Oeste da Alemanha, prolongando-se até o Norte da Itália; a segunda abrange a República Tcheca, a Eslováquia e o Sul da Polônia. Essas grandes concentrações populacionais correspondem às áreas industriais mais importantes. Do ponto de vista econômico é o continente mais rico e desenvolvido do 47 mundo. Talvez nenhum continente apresente tanta relevância quanto à sua diversidade política em virtude da sua complexidade étnica, linguística e religiosa e devido à sua longa história. A agricultura, mecanizada, emprega em média apenas 10% da população economicamente ativa, enquanto um terço desta é ocupado na indústria e a maior parte é absorvida pelo setor terciário. A União Europeia (UE), compreendendo 27 estados-membros é a maior e mais importante entidade política, econômica e cultural do mundo. A UE é também a maior economia mundial com um PIB estimado em R$29.906.000.000,00, com um PIB per capita hoje equivalente a R$ 65.000,00, ultrapassando largamente os Estados Unidos (Eurostat, 2012). Dos vinte e sete países que formam a UE, dezesseis utilizam uma mesma moeda, o EURO (moeda oficial da União Europeia). No geral, a economia dos países é bem desenvolvida, sendo que as mais fortes são: Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e Espanha. A qualidade de vida dos europeus é muito boa e os índices sociais estão entre os melhores do mundo. Nos países mais desenvolvidos da Europa (região centro-oeste), o analfabetismo é baixo, a expectativa de vida é alta e a criminalidade é pequena. Do ponto de vista político, encontra-se muito dividida estando compreendida em 5 setores: A Europa Setentrional, Europa Norte ocidental, Europa Central, Europa Oriental e Europa Meridional. Existem também leis comuns que facilitam a circulação de cidadãos integrantes da União Europeia (UE). O clima europeu caracteriza-se por ser predominantemente temperado. É influenciado por vários fatores: latitude, relevo, maritimidade, Corrente do Golfo e ventos dominantes. A Europa encontra-se quase totalmente localizada na zona temperada do Hemisfério Norte, com a maior parte de suas terras compreendidas entre os paralelos de 40º e 50º de latitude norte. Uma pequena parte situa-se na Zona Polar Ártica. 3.1.2 Geração e composição dos Resíduos a) Geração de resíduos No ano de 2010 a produção de resíduos sólidos urbanos nos 27 países membros da União Europeia foi de 252 milhões de toneladas (Eurostat, 2012). Segundo o Eurostat (2012), no ano de 1995 foram gerados 474 48 kg/habitante.ano de resíduos sólidos urbanos, e no ano de 2010, foram gerados 502 kg/habitante.ano. Ainda segundo o Eurostat (2012), a quantidade de resíduos sólidos urbanos produzidos por habitante na UE-27 cresceu 0,4% no total entre 1999 e 2009 para atingir 513 kg/habitante.ano e depois decair para 502 kg/habitante.ano em 2010. A Figura 22 apresenta a quantidade percapita de resíduos urbanos gerados e tratados por estado-membro da UE, expressa em quilograma por habitante por ano para o ano de 2010. Baseado na Figura 22, observa-se que na UE-27, a geração percapita média é de 502 kg/hab.ano, enquanto que a quantidade de resíduos tratados foi de 486 kg/hab.ano. Observa-se também que a quantidade de resíduos sólidos urbanos produzidos varia significativamente entre os estados-membros. Esta variação foi de 760 à 304 kg/habitante.ano de resíduos gerados. A Figura 23 mostra o mapa com os Países separados por geração de resíduos por cada região da Europa em 2010. Como indica o mapa os países do centro-sul, como a Dinamarca, Chipre, Irlanda e Luxemburgo e a Suíça geram mais resíduos, enquanto os países do Leste Europeu, como República Checa, Letônia, Estônia e Polônia são os que geram a menor quantidade de resíduos em kg/habiante.ano. 49 Quantidade de Resíduos Gerados e Tratados na Comunidade Européia (kg/hab.ano) 800 760 Massa tratada [kg/habit. anno] 542 410 434 404 317 300 413 381 304 348 261 521 514 470 465 518 531469 514 499 422 471 470 460 407 462 369 365 413 333 315 304 303 200 502 572 591 562 457 311 591 595 591 535 532 531 535 532 457 530466 486 708 678 586 583 502 500 707 678 636 673 583 600 400 760 673 700 294 351 343 322 263 100 00 0 produção de resíduos total de resíduos tratados Figura 22: Resíduos urbanos gerados por estados-membros em 2010 em Kg/habitante.ano. Fonte: Eurostat – Centro de dados sobre resíduos, 2012. 50 0 0 Legenda: 304 - 365 457 - 531 365 - 457 531 - 595 595 - 760 N/A Figura 23: Resíduos urbanos gerados por estados-membros em 2010 (em kg/habitante.ano). Fonte: Eurostat - Centro de dados sobre resíduos, 2012 Ainda segundo a figura, existe uma variação da geração de resíduos dos Países europeus. Estas variações refletem as diferenças nos padrões de consumo e de poder econômico dos países e depende diretamente das formas de coleta e gestão dos resíduos urbanos. Segundo o Eurostat (2012), as diferenças entre os países existem, em particular, no que diz respeito ao grau em que os resíduos do comércio e administração são coletados e gerenciados em conjunto com os resíduos domésticos. Na maioria dos países, os resíduos domiciliares representam de 60 a 90% dos resíduos urbanos, enquanto que o restante pode ser atribuído a fontes comerciais e administração. Tambem segundo o Eurostat (2012), comparando a geração de resíduos entre os anos de 2009 e 2010, praticamente não existe uma variação significativa entre a quantidade percapita gerada, passando em 2009 de 513 kg por ano (1,41 kg/habitante.dia) para 502 kg por ano (1,40 kg/habitante.dia) em 2010. Estima-se que em 2020 serão gerados mais de 45% de resíduos sólidos urbanos do que em 1995, o que justifica o paradigma de redução da geração de resíduos, como primeiro pilar da política de gestão. Porém, isto ainda consta como 51 um grande desafio para a União Europeia, sendo tratado com muito planejamento e monitoramento das metas relativas a suas diretivas (Eurostat, 2012). b) Composição dos resíduosFigura 24 (Eurostat, 2012), apresenta o percentual dos resíduos totais gerados no ano de 2008 por atividade e setor produtivo, onde observa-se que cerca de 32% foram provenientes de atividades de construção e demolição, 27% de indústrias extrativas e minérios, 13% provenientes de resíduos manufaturados (exceto reciclagem), 10% de resíduos domésticos (e de estabelecimentos comerciais que geraram resíduos semelhantes) e 18% proveniente de outras atividades, como pode ser observado. Enquanto que a Figura 25 representa a composição gravimétrica média dos resíduos totais gerados na UE27 em 2008, onde cerca de 2/3 consistiam em resíduos minerais provenientes de atividades de mineração, extração, construção e demolição. 10% 7% 32% 13% 4% 3%2% 8% 4% 18% 11% 61% 27% Resíduos de construção e demolição Resíduos minerais Outros resíduos Resíduos de mineração e pedreiras Resíduos animais e vegetais Mistura de resíduos domésticos e similares Outros resíduos Resíduos de combustão Resíduos de pequenas empresas excluindo reciclagem Resíduos de metais Resíduos de madeira Resíduos domiciliares Resíduos de papel e papelão Figura 24: Origem dos resíduos produzidos na UE-27 no ano de 2008. Figura 25: Classificação dos resíduos totais gerados na União Europeia no ano de 2008. Fonte: Eurostat - Centro de dados sobre resíduos, 2012. 52 De forma geral, em países com elevada capacidade de reciclagem dos resíduos municipais, a reciclagem de papel e papelão e de resíduos orgânicos na forma de restos alimentares ou resíduos de jardim, constitui a maior parte dos resíduos recicláveis. Na União Europeia, vidros, papel e papelão, plásticos e metais são a “espinha dorsal” da reciclagem, em poucos estados-membros da UE, a reciclagem de resíduos brutos é significante. 3.1.3 Tecnologias utilizadas Na Europa existem diversas alternativas tecnológicas utilizadas para tratar e destinar os resíduos sólidos urbanos, que variam de país para país, em função de suas políticas públicas e das legislações vigentes. As principais tecnologias de tratamento e disposição de resíduos existentes são a reciclagem, a compostagem, a digestão anaeróbia, o tratamento mecânico biológico, a incineração com geração de energia e o aterro sanitário. De maneira geral, pode-se dizer que o tratamento dos resíduos sólidos urbanos na UE sofreu uma mudança significativa durante o período de 1995 à 2010. O aterro foi o tratamento mais comum no início do período com uma participação de 62% na quantidade de resíduos tratados, em 2005 esta participação caiu para 50% e em 2010 caiu ainda mais para 38%. Cerca de 13% dos resíduos foram incinerados em 1995 e esta participação subiu para 22% em 2010, enquanto que a percentagem de resíduos reciclados era de 10% e em 2012 subiu para 25% e os compostados saíram de meros 5% para 15%, indicando a evolução do tratamento de resíduos neste período. A Figura 26 apresenta o tipo e o percentual da quantidade de resíduos tratados nos Estados-membros da UE. 53 100% 90% 0% 0% 1% 0% 1% 0% 15% 17% 1% 3% 2% 4% 0% 1% 9% 0% 6% 7% 0% 1% 17% 4% 4% 11% 0% 80% 5% 9% 70% 2% 4% 14% 16% 18% 2% 2% 7% 4% 13% 14% 13% 17% 18% 14% 11% 20% 16% 17% 17% 28% 11% 1% 10% 39% 35% 16% 27% 15% 21% 19% 20% 25% 18% 27% 23% 36% 34% 9% 60% 1% 100% 99% 99% 22% 26% 94% 94% 4% 15% 45% 40% 12% 22% 33% 34% 90% 40% 86% 82% 81% 80% 76% 73% 73% 69% 68% 30% 30% 35% 62% 51% 54% 58% 58% 57% 51% 49% 20% 14% 40% 26% 50% 19% 22% 14% 18% 0% 0% 25% 8% 49% 45% 38% 31% 31% 10% 50% 39% 38% 37% 30% 18% 6% 0% Compostagem Reciclagem Incineração com aproveitamento de energia Aterros Sanitários 3% Figura 26: Tipo de Tratamento dos resíduos sólidos gerados por estados-membros em 2010 Fonte: Eurostat - Centro de dados sobre resíduos, 2012. 54 1% 1% 1% 0% 0% 0% Baseado na Figura 26, observa-se que nos 27 Países-membro da União Europeia os resíduos sólidos urbanos são tratados de diversas formas, sendo que 38% foram depositados em aterros sanitários, 22% em incineradores com aproveitamento energético, 25% reciclados e 15% compostados. Os Países do Norte da Europa (Suíça, Alemanha, Países Baixos, Áustria, Suécia, Bélgica e Dinamarca) com maior PIB, e melhores condições climáticas e de espaço, assim como de consciência ambiental, apresentam um maior percentual de reciclagem e de compostagem, apresentam também maior necessidade de incineração dos resíduos que o restante dos Países da UE. A quantidade de resíduos depositados em aterros sanitários também é menor. Já Países como a Itália, o Reino Unido, Finlândia Portugal e Espanha, apesar de apresentarem um percentual acima de 30% de reciclagem e compostagem, apresentam percentuais em torno de 10% de resíduos incinerados e entre 50 e 70% de resíduos depositados em aterros, evidenciando uma opção pela técnica de aterramento ao invés da incineração. Já os Países do Leste Europeu, com exceção da República Checa e da Hungria que apresentam os menores PIBs da região, como também foram os últimos Países a entrarem na UE, de forma geral, apresentam baixos percentuais (menos de 20% e em alguns casos menos de 5%) de reciclagem, compostagem e incineração. Em 2010, os estados-membros que apresentaram a maior quantidade de resíduos urbanos depositados em aterro foram a Bulgária (100% dos resíduos tratados), Romênia (99%), Lituânia (94%) e Letônia (91%). As percentagens mais elevadas de resíduos sólidos urbanos incinerados foram observadas na Dinamarca (54% dos resíduos tratados), Suécia (49%) Holanda (39%), Alemanha (38%), Bélgica (37%), Luxemburgo (35%) e França (34%). Em relação a Reciclagem o país que mais reciclou foi a Alemanha (45% de resíduos tratados), Bélgica (40%), Eslovénia (39%), Suécia rlanda (35%) e os Países Baixos (33%). Os estados-membros com as maiores taxas de compostagem para os resíduos sólidos urbanos foram a Áustria (40%), Holanda (28%), Bélgica (22%), Luxemburgo (20%), Dinamarca (19%) e Espanha (18%). A reciclagem e a compostagem de resíduos urbanos em conjunto representaram 50% dos resíduos tratados ou mais na Áustria (70%), Bélgica e Alemanha (ambos 62%), Holanda (61%) e Suécia (50%). Em apenas cinco estados55 membros menos do que 10% dos resíduos foi reciclado ou compostados. Pela figura, nota-se que o princípio de reaproveitamento dos resíduos é a base da política europeia para a gestão dos mesmos. Assim, percebe-se que a incineração não inviabiliza a reciclagem e a compostagem dos resíduos, visto que, os países que mais reciclam são também aqueles que mais incineram seus resíduos, e os que possuem políticas claras de valorização dos resíduos. A Figura 27 apresenta, de forma geral, a relação entre a quantidade percapita gerada de resíduos e a evolução do tipo de tratamento dos resíduos sólidos urbanos na UE no período de 1995 à 2009, observse uma redução no aterramento dos resíduos e um aumento da reciclagem e compostagem. Figura 27: Evolução da Quantidade Percapita de Resíduos Tratados por tipo de tratamento – Período: 1995 à 2009 Fonte: Eurostat - Centro de dados sobre resíduos c) Quantidade de resíduos tratada/destinada por tecnologia. Aterro Sanitário Em 1995 a destinação final dos resíduos em aterros sanitários representava 296 kg/hab/ano, diminuiu para 220 kg/hab/ano em 2005 chegando a 186 kg/hab/ano em 2010. Os resíduos depositados em aterros no ano de 1995 representava 68% da 56 massa tratada de resíduos, passando para 44% em 2005, atingindo 38% da massa tratada em 2010. A Figura 28 apresenta a quantidade percapita de resíduos depositados em aterros sanitários no ano de 2010. Legenda 0 - 23 23 - 212 212 - 290 351 - 610 290 - 351 N/A Figura 28: Quantidade de resíduos gerada per capita que são depositadas em aterros em 2010. Fonte: Eurostat - Centro de dados sobre resíduos, 2012. Salienta-se que os países que aderiram mais recentemente à UE exibem maior deposição no solo ou em aterro, alguns sendo a totalidade, como é o caso de Bulgária, Romênia, Croácia, Macedônia e Turquia. Por outro lado, há um conjunto de países em que o aterramento dos resíduos ou não existe ou é marginal, tais como, a Suiça, a Alemanha, a Holanda, a Áustria, a Dinamarca, a Suécia e a Bélgica. Incineração de resíduos Em 1995 a incineração dos resíduos nos 27 Países-membros da União Européia representava 65 kg/hab/ano em 1995, aumentando para 95 kg/hab/ano em 57 2005 chegando a 108 kg/hab/ano em 2010. Em termos percentuais, os resíduos tratados via incineração, em 1995 atingiram 12% da matriz de tratamento de resíduos urbanos, aumentando para 18% em 2005 e 22% em 2010. A Dinamarca, um dos estados-membros que mais geram resíduos (cerca de 673 kg/habitante/ano), é o que mais tem adotado a tecnologia de incineração, tratando cerca de 56% dos seus resíduos utilizando este tipo de tecnologia. As dificuldades com o clima frio e a falta de espaço para dispor os resíduos em aterros favorecem esta opção tecnológica. Neste mesmo caso encontra-se a Suíça, onde a incineração com geração de energia elétrica e calor abrange 50% dos resíduos tratados. A Figura 29 apresenta a quantidade percapita de resíduos incinerados na UE27 em 2010.(Eurostat,2012). Figura 29: Quantidade de resíduos percapita incinerada em 2010 Fonte: Eurostat - Centro de dados sobre resíduos, 2012 Reciclagem Em 1995, a reciclagem representava 65 kg/hab/ano, aumentando para 105 kg/hab/ano em 2005 e atingindo 121 kg/hab/ano em 2010. Em termos de 58 comparação com outras tecnologias, a reciclagem correspondeu a 10% dos resíduos urbanos gerados em 1995, chegando a 21% em 2005 e atingindo 25% em 2010, com um aumento percentual de 17% em relação a 1995 e de 6% em relação a 2005 (eurostat, 2012). Conforme os dados apresentados pelo Eurostat (2012) os países que mais reciclaram foram a Suíça (51% de resíduos tratados), a Alemanha (45% de resíduos tratados), Bélgica (40%), Eslovénia (39%), Suécia Irlanda (35%) e os Países Baixos (33%). A Figura 30 apresenta a quantidade percapita de resíduos reciclados na UE27 em 2010.(Eurostat,2012). Figura 30: Quantidade de resíduos percapita reciclada em 2010. Fonte: Eurostat - Centro de dados sobre resíduos, 2012 Compostagem e Digestão Anaeróbia (DA) A recuperação dos materiais orgânicos utilizando a compostagem é um dos métodos de tratamento de resíduos urbanos aumentou consideravelmente. Em termos percentuais, as outras formas de tratamento, incluindo a compostagem, chegaram a 8% em 1995, passando a 15% em 2005 e 14% em 2010 (redução de 59 apenas 1% em relação a 2005). A Figura 31 apresenta a quantidade de resíduos tratados via compostagem e digestão anaeróbica, na UE-27 em 2010. Figura 31: Quantidade de resíduos percapita tratada via compostagem e digestão anaeróbica em 2010. Fonte: Eurostat – Centro de dados sobre resíduos, 2012. Em 2009, por meio da compostagem, a Áustria tratou cerca de 40% dos seus resíduos, Itália 32%, Holanda (28%), Bélgica 22%, Luxemburgo (20%), Dinamarca (19%) e Espanha (20%). Conjuntamente, a reciclagem e a compostagem, que inclui a Digestão Anaeróbia, são as principais tecnologias adotadas na Áustria, Alemanha, Holanda, Bélgica e Suécia, tratando mais da metade dos resíduos urbanos gerados por estes estados-membros. Em alguns países a reciclagem e compostagem de resíduos urbanos em conjunto representaram 50% ou mais dos resíduos tratados: na Áustria Bélgica e Alemanha (ambos 62%), Holanda (61%) e Suécia (50%). Por outro lado, na Croácia, Turquia, Letônia, Eslovaquia e Romênia, menos do que 10% dos resíduos foram reciclados ou compostados. De maneira geral, Países como a Alemanha, Suíça e Dinamarca, apresentam grandes índices de reciclagem de seus resíduos gerados, aproveitamento energético de resíduos mediante a incineração e 60 geração de energia e calor, com uma quantidade muito pequena de resíduos depositados em aterros, destacando-se, portanto, por tratarem toda a quantidade de resíduos gerados. Também existem outros países como a França, Espanha, Portugal, Itália, Luxemburgo, Hungria e Finlândia em que todos os resíduos municipais gerados são tratados, porém em escalas diferenciadas de tratamentos, com menor quantidade de reciclagem, de incineração e maiores quantidades de resíduos depositados em aterros. Para os países como a Letônia, Lituânia, Bulgária, Estônia, Malta, Grécia e Turquia, verifica-se uma maior dificuldade para atender as metas definidas pela UE, na sua hierarquização de gestão dos tratamentos dos resíduos, pois praticamente depositam todo o resíduo gerado em aterros. 3.1.4 Dados Econômicos A análise de dados econômicos sobre os custos de investimentos, de implantação e operação das tecnologias de tratamento de resíduos é uma atividade complexa, pois depende de diversos fatores e de algumas especificidades, tais como custo da mão da obra, disponibilidade e valor da área para implantação do sistema, custo da energia, entre outros. Os fatores locais que influenciam os custos reais de projetos de unidades de tratamento e de disposição de resíduos sólidos começam com o custo de mão de obra, podendo variar dentro de uma mesma região. Assim os custos de uma determinada tecnologia sofrem influência de fatores como custo de uso da terra, de desenvolvimento de tecnologias e principalmente do custo da mão de obra local. Como exemplo disto, temos o valor do salário mínimo local, que sofre variações dentro do bloco da UE. Na Suíça, por exemplo, o custo da mão de obra é superior aos outros países da UE, alterando assim o custo final da tonelada tratada. Os custos de operação podem variar consideravelmente quando se examina as operações reais de uma planta específica de determinada tecnologia na Europa. Por outro lado, algumas plantas recebem incentivos dos governos locais, o que pode reduzir o custo do tratamento e por outro lado um maior controle ambiental exigido pode acarretar um valor maior da taxa cobrada aos cidadãos. Como resultado da combinação dessas variáveis e de outras que poderão surgir ao longo da operação da planta, tem-se que o custo do tratamento ou de 61 disposição dos resíduos varia consideravelmente. Neste sentido, fazer comparações de custos de investimento e de operação e manutenção na união europeia, dentro de diversos sistemas de tratamento e disposição de resíduos sólidos é uma tarefa bastante difícil. Para diminuir as dificuldades nas estimativas dos custos de tratamento de resíduos, as indústrias publicam faixas de valores que podem ser considerados como parâmetros de referência durante o planejamento de novas plantas. Estes valores de referência derivam dos custos percebidos em unidades já existentes, e devem ser utilizados com cautela, uma vez que diferem de um projeto para outro. Para tanto, tomamos como base o estudo realizado pela EUNOMIA(2009) avaliação das opções para melhoria da gestão de resíduos na UE-27, anexo E – Abordagem para estimativas de custos das tecnologias de tratamento de resíduos na UE-27 que apresentou custos de referência selecionados para diferentes países da União Europeia, os quais são reproduzidos na Tabela 2 e na Tabela 3 abaixo. Neste estudo, as estimativas para as despesas de investimento (CAPEX) aplicadas em instalações e aquisição de equipamentos assumem um conjunto de sistemas de controle e monitoramento para as melhores práticas, além do custo da área (terra) e dos trabalhadores, incluem os operacionais (OPEX), ou seja, todos aqueles referentes à operação e a manutenção da tecnologia em análise. (EUNOMIA-ARCADIS,2009). Todos os valores apresentados a seguir foram considerados com um valor de R$ 2,72 para 1 €, com base na cotação de 10.01.2013. 62 CUSTO DAS TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO DE RSU – EUNOMIA 2010. Tabela 2: Estimativa de custos CAPEX (R$ /tonelada) por tecnologias na UE. País Áustria Bélgica (Flandres) Bélgica (Valônia) Bélgica (Bruxelas) Bulgária Chipre República Checa Dinamarca Estônia Finlândia França Alemanha Grécia Hungria Irlanda Itália Aterro 391,50 410,40 410,40 410,40 318,60 340,20 334,80 415,80 329,40 396,90 407,70 396,90 340,20 332,10 391,50 391,50 TMB (estabilização) 621,00 669,60 669,60 669,60 445,50 499,50 486,00 677,70 469,80 634,50 658,80 637,20 499,50 480,60 621,00 621,00 63 TMB (biossec agem) Incineração (apenas energia) Incineração (ciclo combinado) Incineração (apenas calor) Digestão Anaeróbia (apenas energia) Digestão Anaeróbia (ciclo combinado) Digestão Anaeróbia (aproveitam ento de gás) Compostagem em leiras 675,00 1.687,50 2.049,30 1.984,50 1.012,50 1.290,60 1.188,00 283,50 726,30 1.757,70 2.133,00 2.065,50 1.077,30 1.374,30 1.263,60 297,00 726,30 1.757,70 2.133,00 2.065,50 1.077,30 1.374,30 1.263,60 297,00 726,30 1.757,70 2.133,00 2.065,50 1.077,30 1.374,30 1.263,60 297,00 486,00 1.433,70 1.741,50 1.687,50 774,90 988,20 909,90 237,60 542,70 1.509,30 1.833,30 1.776,60 845,10 1.077,30 993,60 251,10 526,50 1.490,40 1.809,00 1.752,30 828,90 1.055,70 97,20 248,40 737,10 1.771,20 2.149,20 2.081,70 1.090,80 1.390,50 1.279,80 297,00 510,30 1.468,80 1.784,70 1.728,00 807,30 1.028,70 947,70 245,70 691,20 1.709,10 2.076,30 2.008,80 1.031,40 1.314,90 1.212,30 286,20 715,50 1.741,50 2.114,10 2.046,60 1.061,10 1.355,40 1.247,40 294,30 691,20 1.709,10 2.076,30 2.008,80 1.034,10 1.317,60 1.212,30 286,20 542,70 1.509,30 1.833,30 1.776,60 845,10 1.077,30 993,60 251,10 523,80 1.485,00 1.803,60 1.746,90 823,50 1.047,60 966,60 248,40 675,00 1.687,50 2.049,30 1.984,50 1.012,50 1.290,60 1.188,00 283,50 675,00 1.687,50 2.049,30 1.984,50 1.012,50 1.290,60 1.188,00 283,50 Letônia Lituânia Luxemburgo Malta Países Baixos Polônia Portugal Romênia Eslováquia Eslovênia Espanha Suécia Reino Unido 321,30 324,00 413,10 340,20 399,60 332,10 348,30 321,30 329,40 348,30 361,80 396,90 391,50 456,30 461,70 672,30 499,50 642,60 477,90 515,70 453,60 472,50 515,70 550,80 634,50 621,00 494,10 1.447,20 1.757,70 1.703,70 788,40 1.004,40 923,40 240,30 502,20 1.458,00 1.768,50 1.714,50 796,50 1.015,20 934,20 243,00 729,00 1.760,40 2.138,40 2.070,90 1.080,00 1.377,00 1.269,00 297,00 542,70 1.509,30 1.833,30 1.776,60 845,10 1.077,30 993,60 251,10 699,30 1.719,90 2.089,80 2.022,30 1.042,20 1.328,40 1.223,10 288,90 518,40 1.479,60 1.795,50 1.738,80 818,10 1.042,20 958,50 245,70 558,90 1.533,60 1.863,00 1.803,60 869,40 1.107,00 1.020,60 256,50 491,40 1.444,50 1.752,30 1.698,30 783,00 999,00 918,00 240,30 513,00 1.471,50 1.784,70 1.728,00 810,00 1.031,40 950,40 245,70 561,60 1.536,30 1.865,70 1.806,30 869,40 1.109,70 1.020,60 256,50 599,40 1.584,90 1.925,10 1.865,70 918,00 1.169,10 1.074,60 264,60 691,20 1.709,10 2.076,30 2.008,80 1.031,40 1.314,90 1.212,30 286,20 1.687,50 2.049,30 1.984,50 1.012,50 1.290,60 1.188,00 283,50 675,00 1 € = R$ 2,72 ( 10.01.2013) Fonte: EUNOMIA(2009) 64 Tabela 3: Estimativa de custos OPEX (R$/t) por tecnologias na UE. País Áustria Bélgica (Flandres) Bélgica (Valônia) Bélgica (Bruxelas) Bulgária Chipre República Checa Dinamarca Estônia Finlândia França Alemanha Grécia Hungria Irlanda Itália Letônia Aterro TMB (estabilização ) 24,30 51,30 27,00 56,70 27,00 56,70 27,00 56,70 13,50 35,10 16,20 40,50 16,20 37,80 27,00 56,70 13,50 37,80 24,30 54,00 27,00 54,00 24,30 54,00 16,20 40,50 13,50 37,80 24,30 51,30 24,30 51,30 13,50 35,10 TMB (biossecagem) Incineração (apenas energia) Incineração (ciclo combinado) 56,70 67,50 70,20 62,10 70,20 75,60 62,10 70,20 75,60 62,10 70,20 75,60 37,80 54,00 56,70 43,20 56,70 62,10 43,20 56,70 59,40 62,10 72,90 75,60 40,50 54,00 59,40 59,40 67,50 72,90 59,40 70,20 75,60 59,40 67,50 72,90 43,20 56,70 62,10 43,20 56,70 59,40 56,70 67,50 70,20 56,70 67,50 70,20 40,50 54,00 56,70 65 Incineraçã o (apenas calor) Digestão Anaeróbia (apenas energia) 67,50 102,60 70,20 108,00 70,20 108,00 70,20 108,00 54,00 72,90 56,70 81,00 56,70 78,30 72,90 110,70 56,70 75,60 67,50 102,60 70,20 108,00 67,50 102,60 56,70 81,00 56,70 78,30 67,50 102,60 67,50 102,60 54,00 75,60 Digestão Anaeróbia (ciclo combinado) 105,30 113,40 113,40 113,40 75,60 83,70 81,00 113,40 78,30 108,00 110,70 108,00 83,70 81,00 105,30 105,30 75,60 Digestão Anaeróbia (aproveitament o de gás) Compostage m em leiras Compostage m doméstica 121,50 18,90 35,10 132,30 18,90 35,10 132,30 18,90 35,10 132,30 18,90 35,10 89,10 13,50 29,70 97,20 16,20 29,70 94,50 16,20 29,70 132,30 18,90 35,10 91,80 13,50 29,70 124,20 18,90 35,10 129,60 18,90 35,10 124,20 18,90 35,10 97,20 16,20 29,70 94,50 13,50 29,70 121,50 18,90 35,10 121,50 18,90 35,10 89,10 13,50 29,70 Lituânia Luxemburgo Malta Países Baixos Polônia Portugal Romênia Eslováquia Eslovênia Espanha Suécia Reino Unido 13,50 35,10 27,00 56,70 16,20 40,50 24,30 54,00 13,50 37,80 16,20 40,50 13,50 35,10 13,50 37,80 16,20 40,50 18,90 45,90 24,30 54,00 24,30 51,30 40,50 54,00 59,40 62,10 72,90 75,60 43,20 56,70 62,10 59,40 70,20 72,90 40,50 56,70 59,40 45,90 59,40 62,10 40,50 54,00 56,70 40,50 54,00 59,40 45,90 59,40 62,10 48,60 62,10 64,80 59,40 67,50 72,90 56,70 67,50 70,20 54,00 75,60 70,20 110,70 56,70 81,00 70,20 105,30 56,70 78,30 59,40 83,70 54,00 72,90 56,70 75,60 59,40 83,70 62,10 89,10 67,50 102,60 67,50 102,60 78,30 113,40 83,70 108,00 81,00 86,40 75,60 78,30 86,40 91,80 108,00 105,30 91,80 13,50 29,70 132,30 18,90 35,10 97,20 16,20 29,70 126,90 18,90 35,10 94,50 13,50 29,70 102,60 16,20 29,70 89,10 13,50 29,70 91,80 13,50 2,70 102,60 16,20 29,70 108,00 16,20 32,40 124,20 18,90 35,10 121,50 18,90 35,10 1 € = R$ 2,72 ( 10.01.2013) Fonte: EUNOMIA(2009) 66 Aterro Sanitário Para a análise de custos foi considerado um aterro com capacidade instalada de 250.000 toneladas por ano e uma vida útil de 12 anos. Observando os dados apresentados pelo Estudo da EUNOMIA(2009) verifica-se que a Bélgica, Dinamarca, Filândia, Luxemburgo, Suécia, Austria, França e Alemanha são os países da EU-27 que apresentam os maiores custos para a implantação e operação de aterros sanitários. Estes países também apresentam alto poder aquisitivo de sua população, bem como estão à frente na questão da gestão do tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos na Europa. Custos CAPEX Para a determinação do custo das despesas de capital (CAPEX), são consideradas a avaliação e a aquisição da área (custo da terra), desenvolvimento local, implantação da planta de tratamento de resíduos. O valor médio obtido no Estudo realizado pela EUNOMIA(2009) foi de R$ 367,00 por tonelada de resíduo aterrado, variando de R$ 318,60 à R$ 415,80. O custo da área a ser implantado o aterro é uma variável importante e pode representar de 1% a 2% do custo total do empreendimento (EUNOMIA-ARCADIS, 2009). O seu valor só pode ser definido de forma específica, por localidade, região e por país, pois está condicionada à disponibilidade de terreno e ao atendimento da legislação ambiental da região onde o empreendimento será instalado. Outros componentes do custo, como as obras civis que também se relacionam com o desenvolvimento local e os requisitos de engenharia são fatores determinantes, onde na UE-27 pelas condições climáticas, geralmente muito frio, o custo da implantação pode aumentar em cerca de 25% o custo final se comparado a regiões mais quentes, como o Brasil.(Gandolla, 2012). Segundo Gandolla (2012) pode-se estimar que o custo CAPEX para esta tecnologia na EU-27 represente um percentual de investimento de 20% do custo total do empreendimento. Custos OPEX O custo de operação de um aterro na UE-27 é composto essencialmente de custos trabalhistas e dos custos de aquisição do equipamento operacional, que são bastante significativos. Com base no estudo da EUNOMIA(2009), estima-se que o 67 custo OPEX represente aproximadamente 50% do custo total, justificado pela intensa natureza do trabalho de operações num empreendimento que geralmente considera uma vida útil superior a 12 anos. Os custos médios operacionais são estimados em R$ 20,00 por tonelada. O custo de pós-encerramento e póstratamento estão estimados em R$ 20,00 por tonelada, totalizando cerca de R$ 40,00 por tonelada. Segundo Gandolla (2012), os custos de encerramento e de pósmonitoramento representam cerca de 30% do custo total da instalação. Incineração Na UE-27 existem três configurações básicas de plantas de incineração: (i) a incineração com geração de energia; (ii) a incineração com geração em ciclo combinado (CHP) de energia e calor; e (iii) a incineração com geração de calor. Da mesma forma que no aterro sanitário, o custo da área de varia de local para local, região para região e de país para país, sendo assim um custo importante a ser considerado para esta tecnologia de tratamento de resíduos. Uma planta representativa na UE-27 é da ordem de 200.000 toneladas por ano de capacidade instalada, embora na atualidade existam plantas de maiores e menores capacidades instaladas. Assim, os custos apresentados referem-se a uma unidade com estas configurações. Custos CAPEX Segundo a Agência de Meio Ambiente do Reino Unido (2002), os custos de implantação (engenharia) representam 16% dos custos de capital de uma planta de incineração para geração de energia, com capacidade instalada de 200.000 t/ano. Conforme a Tabela 4, baseada no Estudo da EUNOMIA(2009) as unidades de incineração apenas com geração de energia apresentam um custo de capital médio menor que as demais tecnologias de incineração. A Figura 32 apresenta o custo CAPEX por tonelada tratada para a incineração com geração de energia na UE-27. 68 Tabela 4: Resumo do custo CAPEX das Unidades de Incineração (R$/t) Valores em Incineração Incineração (ciclo Incineração R$ por (apenas energia) combinado) (apenas calor) Tonelada Média 1.603,61 1.947,17 1.885,72 Max 1.771,20 2.149,20 2.081,70 Min 1.433,70 1.741,50 1.687,50 Figura 32: Variação do custo de capital por capacidade instalada em escala. Fonte: SLR (2008) Cost of Incineration and Non-incineration Energy-from-waste Technologies, Report to the Mayor of London, January 2008. Na referida Figura observa-se que quanto menor a capacidade instalada da planta maior será seu custo de implantação, por exemplo, para uma planta de 100.000 t/ano de capacidade instalada teríamos um custo de implantação de R$ 715 milhões (€ 416 milhões) ao passo que para uma planta de 400.000 t/ano de capacidade instalada o seu custo de implantação seria de R$ 481,6 milhões ( € 280 milhões). Custos OPEX O custo de operação de um incinerador varia conforme a capacidade instalada da planta, quanto maior a planta menor o custo. A Tabela 5 apresenta o resumo do custo OPEX de uma unidade de incineração. Onde observa-se que a incineração com geração de energia ainda é a tecnologia com menor custo de operação. 69 Tabela 5: Resumo do Custo OPEX de Uma unidade de Incineração (R$/t) Incineração Incineração Valores em R$ por Incineração (apenas (ciclo Tonelada (apenas calor) energia) combinado) Média 62,57 66,48 62,66 Max 72,90 75,60 72,90 Min 54,00 56,70 54,00 Fonte: EUNOMIA(2009) Segundo os estudos da EUNOMIA(2009), para uma unidade de incineração com geração de energia pode-se assumir que o custo da mão de obra representa 23% do custo de operação da unidade. Para uma central de cogeração este valor será ligeiramente inferior a 21% Compostagem em Leiras Custo CAPEX Estimar o nível das despesas de capital para a compostagem de leiras ao ar livre é difícil, pois uma série de fatores que se aplicam a este sistema também se aplica aos outros métodos de compostagem (IVC – Compostagem In-Vessel e D.A – digestão anaeróbia), por exemplo, o estudo de uma usina de compostagem sueca utilizando-se a leira ao ar livre e um estudo realizado no Reino Unido são semelhantes, pois ambas as instalações aceitam resíduos verdes de jardins e de parques ecológicos. O custo de uma instalação de compostagem em leiras é alto e fundamentalmente dependente de: (a) escolha da tecnologia e; (b) restrições legais e da qualidade do composto de saída. Ainda segundo esses estudos, cerca de 17% das despesas de capital podem ser atribuídos as despesas de implantação do sistema. Custo OPEX O custo operacional de uma compostagem em leira ao ar livre adotada no estudo da Eunomia (2009) é assumido como um percentual de 21%, incluindo aí os custos de mão de obra do sistema. Digestao Anaeróbia 70 Custo CAPEX Os custos de capital para as instalações de digestão anaeróbia (DA) podem variar significativamente dependendo do tamanho e da configuração da instalação a ser implantada. Desta forma é difícil generalizar o custo das plantas de digestão anaeróbia para diferentes país. McLanaghan (2002), apresenta um estudo detalhado das opções das alternativas de tratamento de resíduos disponíveis no Reino Unido. Este estudo observa que os custos de investimentos para uma instalação de digestão anaeróbia em separado no Reino Unido são comparáveis às plantas semelhantes em Europa. Segundo a EUNOMIA (2009) os custos de capital para as instalações de uma unidade de digestào anaeróbia com geração de energia variam de R$ 842,40 à R$ 1.180,00 por tonelada tratada. O Custo CAPEX médio desta tecnologia está estimado em cerca de R$ 1.074,40/t (€ 395) por tonelada tratada. Custo OPEX O Custo OPEX médio desta tecnologia está estimado em cerca de R$ 94,20/t (€ 35) por tonelada tratada. Os custos de funcionamento de uma instalação de digestão anaeróbia variam dependendo do tamanho da planta e do tipo de digestor a ser adotado. Segundo o estudo da EUNOMIA (2009), 30% dos custos operacionais serão alocados para o custo de mão de obra na implantação de uma instalação de digestão anaeróbia, para uma planta com capacidade instalada média de 180.000 t/ano. 3.1.5 Sistemas de cobranças existentes As principais funções dos instrumentos econômicos aplicados aos resíduos sólidos são financiar os serviços de gestão de resíduos sólidos, direcionar as ações dos gestores públicos, setores produtivos e população e internalizar os impactos gerados pelo volume de resíduos produzidos. A existência de um completo sistema de gestão é fundamental para que estes sistemas de cobranças sejam implementados. Na Europa o sistema de cobrança é bastante diversificado e varia de país para país e em muitos casos com variações entre os municípios e esta variação ocorre em função das políticas públicas locais e legislações específicas sobre este tema. A principal forma de pagamento pela gestão dos resíduos sólidos nos países 71 europeus é em forma de taxa, que pode ser variável em função do peso e do volume dos resíduos a serem descartados, onde são considerados os custos de coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos. Uma das características da taxa variável é a possibilidade de incentivo à coleta seletiva, podendo ser menor ou nula sobre as unidades ou atividades que descartarem corretamente seus resíduos. No geral é um sistema eficaz, mas precisa estar obrigatoriamente relacionado com sistemas também eficientes de coleta seletiva que podem ser realizados por cooperativas, associações e empresas de limpeza privadas ou públicas. Quanto ao financiamento da logística reversa é utilizada uma tarifa por tipo de produto reciclável ao setor produtivo (indústrias, distribuidores, fabricantes de embalagens). Como exemplo, a Diretiva Europeia 94/62/CE se refere às embalagens e seus resíduos e estabelece os Pontos Verdes para receber os materiais recicláveis e outros que fazem parte dos sistemas de logística reversa. O princípio "utilizadorpagador" deve ser parte de qualquer sistema de taxa. Nos países economicamente avançados da Europa, o custo de um sistema adequado de gestão de resíduos é da ordem de 1% da renda familiar. O custo da coleta de resíduos é geralmente superior ao custo do tratamento (sendo ⅔ para a coleta e ⅓ para o tratamento). Os custos por tonelada estão compatíveis a esta realidade de 1% da renda familiar, e isso provavelmente reflete no fato de que alguns estados-membros são mais bem sucedidos do que outros em termos das taxas de separação na fonte. As perspectivas para a obtenção de valores que consigam cobrir os custos com os serviços, sem que os estados-membros tenham que subsidiar estes custos de alguma forma, também é uma grande meta para a União Europeia. No entanto, é evidente que o custo com o tratamento dos resíduos varia muito entre os seus estados-membros. Também, percebe-se que há uma certa convergência de custos para compostagem de médio e grande porte. No caso de composto, a legislação desempenha um papel importante em influenciar os custos. Para outros tratamentos, parece que os estados-membros têm abordagens específicas para regulamentação e implementação das Diretivas da UE, o que pode representar mais um significativo impacto sobre os custos de gestão de resíduos urbanos na UE. Como esperado, ainda existem poucas informações e as que existem não são detalhadas para tratamentos tais como a digestão anaeróbica, a pirólise e gaseificação. 72 É importante salientar que o grau de envolvimento do setor público e de setores privados na gestão dos resíduos varia entre os estados-membros da UE. A importância deste envolvimento reflete-se nas estruturas de contratos, nos custos, e nas razões pelas quais os diferentes setores desempenham diferentes papéis. Os custos da coleta diferenciada muitas vezes não são suportados diretamente pelo munícipe (ou apenas parcialmente), como resultado do princípio de responsabilidade do produtor. Em alguns casos o município subsidia este custo, arcando com o mesmo junto à empresa responsável pela prestação dos serviços. Como forma de ilustrar este ponto, apresenta-se o sistema de cobrança em Portugal e na Suíça. Portugal Atualmente, a responsabilidade pelo fornecimento dos serviços de resíduos em Portugal é dividida entre o estado e os municípios, sendo o estado responsável pelos sistemas multimunicipais e os municípios pelos sistemas municipais. A gestão e a exploração dos sistemas municipais podem ser diretamente efetuadas pelos respectivos municípios (através dos serviços municipais ou municipalizados) ou atribuída, mediante contrato de concessão, a entidade pública ou privada de natureza empresarial, ou a associação de entidades. O estado e os municípios podem recorrer a parcerias público-privadas ou à prestação de serviços por empresas privadas para a gestão dos serviços de resíduos, através de diferentes modelos possíveis, face à legislação existente, tais como: -Participação minoritária no capital das entidades gestoras concessionárias multimunicipais; -Participação minoritária no capital das empresas municipais, intermunicipais ou metropolitanas; -Concessão do município em terceira entidade pública ou privada. Os dois primeiros casos correspondem a colaborações institucionais (a cooperação traduz-se na constituição de uma empresa de capitais mistos para a execução de fins públicos) e o último a uma colaboração de tipo contratual (baseada em relações exclusivamente definidas no contrato de concessão). A gestão de resíduos do ciclo urbano está a cargo de 23 empresas de capitais públicos (estado e municípios) gestoras de resíduos urbanos, sendo 12 delas multimunicipais, em que 73 o estado detém 51% ou mais, do capital social, através da EGF (Empresa Geral de Fomento, pertencente ao Grupo Águas de Portugal) e 11 empresas intermunicipais, cujo capital social é apenas subscrito pelos respectivos municípios. Tipos de Tarifas A gestão dos RSU é da responsabilidade dos municípios ou das Associações de Municípios. Porém, de acordo com a legislação, todos os detentores de resíduos são chamados a participar pagando pela gestão dos seus resíduos. Em Portugal, a maioria dos municípios aplica uma tarifa para a gestão dos RSU. A tarifa é aplicada de diversas formas, em função de: -Existência de água canalizada ou não; -Tipo de consumidor (doméstico, comercial, industrial, outros); -Consumo de água; -Percentagem da fatura da água; -Tipo de sistema de coleta; -Frequência de coleta; -Características do município (rural ou urbano); -Características do município e frequência de coleta; -Área de habitação. As tarifas de gestão dos RSU cobradas em função da fatura da água subdividem-se em três grupos: -Tarifa Fixa – Tarifa única para cada tipo de consumidor, cobrada por contador de água; -Tarifa Variável – Varia diretamente com o consumo de água, ou por escalões de consumo de água, ou corresponde a uma percentagem da fatura da água. -Tarifa Fixa + Variável – Tem uma componente fixa e outra que varia com o consumo da água. A tarifa pode ser progressiva integral ou progressiva por blocos. No caso da tarifa progressiva por blocos, o consumo é repartido uniformemente pelas faixas de consumo de água definidos pela entidade gestora. Na tarifa progressiva integral, o que conta é o volume final de água consumida, à qual será aplicada a tarifa definida 74 para a faixa em que esta recair. As tarifas de RSU que dependem dos demais fatores, que não só o consumo da água, são aplicadas em função da: -Tipo de sistema de coleta – Tipo de sistema utilizado para coleta dos resíduos porta a porta, por pontos ou misto; -Frequência da coleta – Número de dias por semana em que os RSU são coletados; -Características do município – Área urbana ou rural; -Características do município e frequência de coleta – Tem em conta a conjugação de dois fatores: Número de dias por semana em que os RSU são coletados nas zonas urbana e rural; -Área de habitação – Dimensão da área de habitação. Apresenta-se na Figura 33, os percentuais dos sistemas tarifários de RSU aplicados pelos municípios portugueses. Sistemas tarifários RSU (Portugal) Características do município 4.59% Frequência de remoção 4.28% Tarifa Fixa + variável 25.78% Sem tarifa 16.63% Tarifa Variável 24.36% Tarifa Fixa 24.36% Figura 33: Sistemas tarifários aplicados nos municípios portugueses. Observando a Figura acima percebe-se que a cobrança baseada no consumo de água (tarifa fixa, tarifa variável ou tarifa fixa + variável) corresponde a 74,50% de todo o sistema tarifário em Portugal. A Tabela 6 apresenta a quantidade de municípios e a população atendida por tipo de regime tributário. 75 Tabela 6: Municípios e população de acordo com o sistema tarifário de RSU (em 2012). Base para tarifa Consumo de água Outros nº Municípios População residente Tarifa Fixa + variável 73 4 650 518 Tarifa Variável 69 1 798 408 Tarifa Fixa 69 1 943 091 Sem tarifa 47 819 248 Frequência de coleta 12 537 058 Características do município 13 323 811 Tipo de sistema de coleta 3 118 781 Área da habitação 2 74 774 Tipo de tarifário As tarifas calculadas com base no consumo de água prevalecem em relação às demais, alcançando 8.392.017 habitantes residentes, que corresponde a cerca de 85% da população portuguesa. Suíça A Suíça é um país bastante industrializado e economicamente muito forte, no tocante à gestão dos resíduos sólidos, trabalha a gestão dos resíduos em todas as suas etapas, desde a geração até o tratamento e destinação final de maneira ambientalmente adequada de forma a reduzir ao mínimo os descartes dos efluentes líquidos e gasosos. Na Suíça existe falta de matérias-primas (metais, petróleo e gás), ao mesmo tempo há uma boa disponibilidade de energia hidrelétrica, mas insuficiente para cobrir suas necessidades, motivo pelo qual mantém programas de governo sobre energias renováveis e energias produzidas pela queima dos resíduos1. Em relação a gestão de resíduos sólidos urbanos, na Suíça a Competência Legislativa está na esfera federal onde o governo federal também exerce fiscalização nos Estados sobre a aplicação dos regulamentos e das Leis. Neste sentido, a responsabilidade do governo federal é, quando necessário, promover as atividades por meio de regulamentações e/ou incentivos (subsídios) 1 Para maiores informações estatísticas, acesso disponível em: http://www.bafu.admin.ch/publikationen/publikation/01548/index.html?lang=it. Resíduos de produção atual e reciclagem na Suíça, acesso http://www.bafu.admin.ch/abfall/01517/01519/11645/index.html?lang=it http://www.bafu.admin.ch/abfall/01517/01519/01524/index.html?lang=it). 76 disponível em: e para os Estados e estes para os municípios. Com isto o poder executivo é delegado aos Estados que por sua vez, podem delegar todo ou parte aos municípios. No caso de delegação a nível municipal, os Estados têm a possibilidade de, se necessário, promover as atividades por meio de regulamentações e / ou incentivos (subsídios). Entre os anos de 1950 e 1990, no tocante à eliminação de resíduos sólidos urbanos, o governo federal fez uso extensivo de subsídios para infraestrutura (entre 40 e 50% dos custos de investimento), no entanto estes subsídios se mostraram insuficientes e foi necessário aumentá-los a fim de se chegar a uma gestão mais adequada. Entre 1990 e 2010, os subsídios federais praticamente desapareceram e agora não são mais utilizados nem necessários pois alcançou-se as metas ambientais devido à aplicação de técnicas adequadas. Na Suíça as diferentes estruturas de gestão de resíduos são financiadas e geridas com o objetivo de um orçamento equilibrado. Somente em casos excepcionais, o órgão público pode contribuir para uma carga balanceada ou cobrir parte da dívida existente naquele sistema de gestão. No tocante à base tributária, o cálculo do imposto é de responsabilidade do município e deve levar em conta a real produção de RSU. Existem vários modelos de cálculos com base no número de pessoas, na superfície dos apartamentos, sobre as superfícies dos escritórios, a capacidade dos usuários para separar várias frações, mais ou menos recicláveis, dentre outros. A coleta é de responsabilidade quase sempre comum, porém os custos variam muito, dependendo da morfologia do local. Cabe aos municípios decidir se fará por conta própria ou se farão associação com empresas privadas por meio de edital público. Com relação ao transporte, tratamento (incineração com recuperação de energia) e destino final em aterros de não-reutilizáveis, a responsabilidade é do município, de um consórcio de municípios, ou mesmo grupos de Estados. Este fato se deve à necessidade técnica de dimensionamento mínimo (EX: incinerador 2 x 8 t/h x 8.000 hab/ano) e os consequentes custos de investimento e de operação, que serão distribuídos entre uma população mínima de cerca de 300.000 habitantes. No entanto, como regra, é o município que deve pagar pela disposição, ele paga para a coleta e periodicamente (fatura pelas autoridades competentes) para os resíduos entregues para tratamento e armazenamento final. O município, então, repassa esses custos, no todo ou em parte, aos contribuintes individuais (cidadãos). 77 3.1.5.1 Taxas e Impostos na EU-27 Na UE-27 as taxas são cobradas em alguns Estados-membros e em outros não. Nos estados membros que entraram por último na UE, estudos estão sendo desenvolvidos no sentido de se unificar dados para obtenção de melhores resultados no cumprimento das metas impostas pela EU-27. Aterro Sanitário A taxa de Impostos para os aterros na UE-27 foram introduzidos em um pequeno número de Estados-Membros. A Tabela 7 apresenta o valor da taxa de imposto sobre aterros por Estado membro. Observa-se que os valores mais baixos correspondem a Eslováquia, a Estónia e a Catalunha (Espanha), com taxas de R$ 27,20 (€10) ou menos por tonelada. As regiões da Holanda e Flamengo / Valônia da Bélgica têm os maiores valores de taxas (impostos), que variam de R$ 231,20 a R$ 163,20 (€ 85 a € 60) por tonelada, respectivamente. Paises como a Alemanha, a Grécia, a Hungria e Luxemburgo não cobram a taxa (imposto) sobre os aterros. Observa-se ainda que alguns países como a Bulgária, Chipre, Lituânia, Malta, Polónia e Roménia não possuem informações sobre as taxas (impostos) sobre aterros. Estado membro Áustria Bélgica (Flandres) Bélgica (Valônia) Bélgica (Bruxelas) Bulgária Chipre República Checa Dinamarca Estônia Finlândia França Alemanha Grécia Hungria Irlanda Tabela 7: Taxa sobre aterros na UE-27. Taxa de aterro (€/t) Estado membro Taxa de aterro (€/t) 8 Itália 26 60 Letônia 0 60 Lituânia 0 60 Luxemburgo 0 0 Malta 0 0 Países Baixos 85 16 Polônia 0 50 Portugal 19 8 Romênia 0 30 Eslováquia 8 9 Eslovênia 19 0 Espanha 0 0 Suécia 43 0 Reino Unido 50 15 Fonte: Eunomia, 2009. 78 Incineração Na UE-27 há um pequeno número de Estados membros que cobram a taxa para a incineração dos resíduos. A Tabela 9 mostra os valores cobrados por País na UE-27. A Tabela 8 mostra que na Áustria é cobrada uma taxa de R$ 19,04 (€7) por tonelada tratada enquanto que na Dinamarca e na Suécia é cobrada uma taxa de R$ 119,68 (€44) e R$ 133,28(€49) por tonelada tratada, respectivamente. Tabela 8: Taxa de incineração por estados membros na UE-27. Estado membro Taxa de incineração (€/t) Áustria 7 Bélgica (Flandres) 7 Bélgica (Valônia) 3 Dinamarca 44 Suécia 49 Fonte : Eunomia, 2009. 3.1.6 Arranjos Institucionais Na Europa existem diversos arranjos institucionais quanto à gestão de resíduos. Alguns países apresentam modelos eminentemente públicos, outros passam por arranjos privados, (onde a gestão continua sendo pública) e outros pela gestão mista. Na maior parte dos países com maior desenvolvimento de seus modelos de gestão e de seus modelos de tratamento e disposição dos seus resíduos (eliminação final) o arranjo é, geralmente, um arranjo público, onde o Estado possui a maioria acionária e, assim, o controle sobre as ações de regulações, fiscalizações e gestão e gerenciamento dos serviços prestados. A Suíça, embora não seja membro da UE, é considerado um modelo na eliminação de resíduos. Seu modelo de gestão, baseado na gestão predominantemente pública é um modelo que pode ser aplicado ao Brasil, devido à semelhança entre as estruturas de hierarquização política, no caso brasileiro, compostas pelo governo federal, estados e municípios e, no caso da Suíça, pelo Governo Central, Estados e Municípios. Somente em alguns serviços específicos o arranjo é predominantemente privado, como no caso do tratamento e disposição final de resíduos da construção civil. A gestão sustentável dos resíduos municipais e industriais na Suíça ajuda a 79 proteger os recursos e o clima, e têm servido de modelo também para os países europeus inclusive pelo seu alto nível de pesquisas sobre o setor que inclui tecnologias de tratamento modernas e eficientes para os resíduos. Neste sentido sua Legislação assume um papel pioneiro quanto ao controle e níveis de emissões. Em nível nacional o governo central incondicionalmente apoia conceitos de gestão sustentável de resíduos para a obtenção de matérias-primas ou de energia a partir de resíduos, com especial atenção para a proteção do clima europeu. 3.2 Estados Unidos 3.2.1 Informações sóciogeográficas Os Estados Unidos da América (EUA) são o 4º país do mundo em extensão territorial, com 9.363.520 km² (aproximadamente 10% maior que o Brasil), possui uma população de 314.658.780 habitantes (1,6 vezes mais habitantes que o Brasil) e uma densidade demográfica de 33,6 hab/km². A maioria da população dos EUA vive em centros urbanos (80,7%) sendo que menos de um quinto reside em áreas rurais (U.S. Census Bureau, 2010. Os EUA possuem uma população grande, um sistema de mercado aberto e uma infraestrutura bem desenvolvida, gerou um PIB de cerca de U$14,6 trilhões em 2010 (U.S. Bureau of Economic Analysis, 2011), o segundo no ranking mundial, representando cerca de 23% do PIB global. A população numerosa, juntamente com os avanços tecnológicos e o padrão de vida associado ao elevado consumo de produtos industrializados, resultam em um dos mais altos índices de geração de resíduos por habitante no mundo (mais de 2 kg por pessoa por dia). 3.2.2 Geração e composição dos resíduos Os resíduos sólidos urbanos (RSU) nos EUA consistem de materiais sólidos e semi-sólidos de uso cotidiano descartados, por exemplo, embalagens, restos de comida, papel e papelão, resíduos de jardinagem, sofás, roupas, garrafas, aparelhos eletrodomésticos, computadores, dentre outros. Não são considerados como RSU os materiais descartados pela construção civil e demolição, lodos provenientes de estações de tratamento de água e efluentes, resíduos industriais e resíduos perigosos, resíduos com impacto negativo na saúde humana ou no meio ambiente 80 como produtos químicos e biológicos, inflamáveis, explosivos e materiais radioativos (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), 2009). A definição daquilo que é RSU varia um pouco de acordo com a área geográfica do país porque cada estado é responsável pela gestão de RSU dentro de seu território. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) por sua vez é a instituição federal responsável pelo controle, coleta de dados e elaboração de relatórios sobre a gestão de resíduos sólidos urbanos em todo o país. Assim, a EPA considera diferenças de gestão de RSU entre os estados e analisa os materiais considerados como RSU a fim de compatibilizar as informações antes de preparar as estatísticas e projeções anuais. As estimativas da quantidade de resíduos sólidos urbanos gerados nos Estados Unidos são realizadas pela EPA (2012) com base em várias fontes. As fontes primárias de informações são as instalações que recebem resíduos sólidos para disposição final (principalmente aterros sanitários e usinas de incineração), e instalações de reciclagem e compostagem de materiais. As fontes secundárias de informações são as estimativas da quantidade de resíduos gerados que são monitorados por cada estado, tal como os dados fornecidos pelas empresas privadas de coleta de resíduos. Essas informações podem ser incompletas por várias razões, principalmente: -por não haver padronização nas formas de coleta e registros de informações; -pela falta de relatórios advindos de entidades de pequeno porte; -pela falta de informações a respeito da disposição de resíduos residenciais (por exemplo, resíduos de jardinagem ou queima dos resíduos em áreas residenciais); -pela falta de informações sobre os resíduos reciclados (principalmente de metais e sucatas); -pela existência de registros sobre o volume de resíduos ao invés de massa; -pela existência de coleta ilegal e descontrolada de resíduos; -outras variáveis não especificadas. A taxa de geração de resíduos tem sido estudada e calculada por cerca de 40 anos nos EUA e, devido a isso, os dados populacionais tornaram-se úteis para compará-los com os dados levantados pela EPA e pelos estados. A EPA tem 81 utilizado a taxa de geração per capita para vários tipos de resíduos sólidos para comparar as informações de um estado ou região com outras com características semelhantes. Desse modo os dados podem ser analisados e explicados com base em fatores especiais locais. Entretanto, o relacionamento de dados populacionais com a taxa de geração de resíduos per capita pode ser imperfeito, e por isso muitos estudos têm analisado outras variáveis tais como a idade média da população, a influência da economia local, o dinamismo dos mercados de reciclagem, políticas existentes e outros fatores que podem diminuir ou aumentar a quantidade de resíduos sólidos gerados pela população. A EPA publica anualmente as estimativas de geração de resíduos sólidos urbanos, incluindo informações em uma base per capita. Segundo dados publicados em 2012, durante o ano de 2010 os americanos geraram cerca de 250 milhões de toneladas de RSU (Figura 34). Comparando a quantidade de RSU produzida entre 2005 e 2010, houve uma redução de 2,8 milhões de toneladas. Isto demonstra que em 5 anos, apesar do aumento do número de habitantes, houve uma diminuição da taxa de geração de resíduos per capita observada desde 1960. Figura 34: Geração de RSU total (linha sólida) e per capita (linha tracejada), desde 1960 até 2010. FONTE: EPA, 2011 A taxa de geração de resíduos foi estimada em 1960 em 2,68 libras/habitante- 82 dia (1,22 kg/habitante-dia) aumentando para 3,66 libras/habitante-dia (1,66 kg/habitante-dia) em 1980. A produção de resíduos sólidos continuou a aumentar com o tempo, atingindo 4,72 libras/habitante-dia (2,14 kg/habitante-dia) em 2000. Foi prevista uma pequena diminuição para os próximos cinco anos, com o decréscimo para 4,67 libras/habitante-dia (2,12 kg/habitante-dia) em 2005. Desde 2005, a geração per capita de resíduos sólidos tem se mantido relativamente estável. A situação econômica de qualquer país tem um impacto mensurável sobre os padrões de consumo da população em geral e, consequentemente, sobre a geração de resíduos sólidos. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2012), a geração global de resíduos aumenta durante períodos de crescimento econômico, e diminui em períodos de crise ou de recessão econômica. Para os Estados Unidos, a recessão econômica iniciada em 2008 tem resultado em uma diminuição da produção de RSU de aproximadamente 5%. O número e tipo de rotas tecnológicas para a gestão de RSU nos Estados Unidos têm mudado significativamente com o tempo. De acordo com a EPA, os americanos geraram cerca de 88 milhões de toneladas de RSU em 1960. Desse montante, 5,6 milhões de toneladas (6,4%) foram recicladas e o restante destinado a aterros sanitários (93,6%). Zero toneladas de RSU foram destinadas a compostagem ou para a transformação de resíduos sólidos em energia. Após 50 anos, cerca de 250 milhões de toneladas de RSU estão sendo geradas anualmente, sendo que 65 milhões de toneladas são reciclados (26%), 20 milhões de toneladas são direcionados para instalações de compostagem (8%), 29 milhões de toneladas são incinerados para a recuperação de energia (quase 12%). Cerca de 135 milhões de toneladas, ou seja, 54% do total são destinadas para disposição final em aterros sanitários. O índice de reciclagem global nos Estados Unidos permanece com uma tendência de crescimento. Como apresentado acima, a quantidade média per capita de geração de resíduos nos Estados Unidos é de aproximadamente 0,8 toneladas por ano. Ao verificar as informações disponíveis para cada estado, observa-se que a maioria deles têm práticas de gestão de resíduos semelhantes e geram quantidades de resíduos para tratamento e disposição final também semelhantes. As exceções observadas com essa generalização estão relacionadas a variações regionais dos tipos de empregos existentes os quais influenciam o consumo, a densidade 83 populacional, a disponibilidade de terrenos adequados para instalações de tratamento e disposição final de resíduos, leis de zoneamento e planejamento territorial, preços de energia, infraestrutura (por exemplo, estradas) e as culturas ambientais em nível local e regional. A Tabela 9 fornece dados sobre RSU para alguns dos estados localizados na região leste dos Estados Unidos. Os dados disponíveis para estes estados (Massachusetts, Maryland, Pensilvânia, Geórgia, Carolina do Norte e Nova Jersey) mostram as diferenças nas taxas estaduais de geração per capita de resíduos sólidos (variando de 0,9 a 1,3 toneladas por pessoa por ano, isto é, de 2,52 à 3,66 kg/habitante-dia) sendo que cada um desses estados têm taxas de descarte de resíduos acima da média nacional de 2,09 kg/habitante.dia naquele ano (EPA, 2005). Esses dados indicam em parte que cada um desses seis estados tem população numerosa e grandes centros urbanos, densidade populacional acima da média, e taxas baixas de desemprego. Os dados apresentados na Tabela 9 indicam uma grande variação na utilização das tecnologias de transformação de resíduos sólidos em energia em relação a disposição final de resíduos em aterros sanitários, e na da taxa de reciclagem/compostagem (8,3 % a 35,9 %). 84 Tabela 9: Produção, disposição final de RSU e população nos EUA em 2004 Georgia Categoria Valor RSU reciclado compostado (toneladas) North Carolina % Valor % New Jersey Valor Pennsylvania % Valor Maryland Massachusetts % Valor % Valor % e 675.817 8,3 1.520.729 18,7 3.663.501 35,9 3.675.683 23,8 2.200.625 31,4 2.864.783 33,8 RSU processado para a produção e de energia (toneladas) 90.478 1,1 74.984 0,9 1.546.155 15,1 2.867.423 18,6 1.377.389 19,6 3.127.997 37,0 RSU enviados para aterros sanitários (toneladas) 7.376.083 90,6 6.535.201 80,4 5.006.120 49,0 8.885.596 57,6 3.437.499 49,0 2.471.160 29,2 Total de RSU gerado (toneladas) 8.142.378 100 8.130.914 100 10.215.776 100 15.428.702 100 7.015.513 100 8.463.940 100 População (2004) RSU gerado per capita (toneladas/ habitante e kg/habitante-dia) 8.829.383 8.541.221 0,9 2.52 1,0 2,64 8.698.879 1,2 3,26 Fonte:Columbia University, 2012 85 12.406.202 1,2 3,45 5.558.058 1,3 3,51 6.416.505 1,3 3,66 A EPA tem a responsabilidade no nível federal de definir as diferenças entre resíduos sólidos e resíduos perigosos. Reconhece-se que os resíduos sólidos em todas comunidades contêm pequenas quantidades de substâncias perigosas tais como solventes, tintas e produtos de limpeza doméstica. Como as quantidades desses produtos são pequenas e apresentam um risco ambiental baixo, as autoridades regulatórias federais e estaduais consideram os RSU nos Estados Unidos como não-perigosos. Embora os estados possam utilizar diferentes classificações de RSU, os tipos e categorias gerais são: Resíduos residenciais: resíduos domésticos gerados por habitantes em residências unifamiliares ou multifamiliares. Estes resíduos domésticos mistos incluem resíduos de cozinha e resíduos alimentares, papel, papelão, plásticos, resíduos de jardinagem, vidros, metais e outros materiais. Resíduos comerciais: materiais gerados por lojas de atacado e varejo, restaurantes, supermercados, edifícios empresariais e de escritórios, hotéis e grandes instalações institucionais (tais como hospitais, presídios, escolas e instalações religiosas). Resíduos industriais: materiais gerados a partir de vários tipos de operações de manufatura e produção industrial, mas excluindo os resíduos perigosos e líquidos. Resíduos especiais: materiais que requerem um tratamento especial, tais como automóveis abandonados, pneus usados, aparelhos usados (por exemplo, geladeiras), aparelhagem eletrônica usada (televisores, computadores, etc), móveis, materiais de construção e demolição (pedras, terra, concreto , madeira, etc), e resíduos domésticos perigosos. A composição de RSU em um determinado fluxo de resíduos pode ser avaliada por meio de vários métodos. O método mais comum é o de separação manual, onde amostras dos resíduos são obtidas (geralmente retiradas diretamente de um veículo de coleta) e separadas em categorias de componentes (geralmente 86 em pelo menos 40 categorias), e pesadas. O mesmo procedimento pode ser adotado na fonte dos resíduos (tal como em uma residência ou firma comercial). Muitas vezes a separação manual é realizada periodicamente para identificar mudanças nos procedimentos de descarte de materiais, teor de umidade, e caracteríticas dos resíduos deixados por eventos locais. Outro método utilizado para determinar a composição de resíduos é através da caracterização visual no local de disposição dos resíduos. Embora esse método seja menos preciso, ele é útil para identificar materiais recicláveis quando há um fluxo grande de resíduos. A composição de resíduos também pode ser avaliada com base na venda agregada de produtos, fazendo previsões a respeito do ciclo de vida útil desses produtos e do fluxo de disposição final e reciclagem. Cada um dos métodos de caracterização dos RSU tem seus méritos, associados a diferenças de exatidão e precisão. De acordo com estimativas da EPA (2009), os resíduos residenciais correspondem de 55 a 65% e os resíduos comerciais constituem cerca de 35 a 45% do total de RSU gerados nos Estados Unidos. Entretanto esses valores variam muito devido a fatores locais e regionais, tais como clima e índice de atividades comerciais. A composição gravimétrica dos RSU (resíduos residenciais e comerciais antes de reciclagem) gerados no ano de 2010 pode ser observada na Figura 35. Os resíduos sólidos foram classificados em papel e papelão (cartão), resíduos de jardinagem, resíduos alimentares, plásticos, metais, vidros, madeira, borracha, couro, têxteis e outros. Esta figura representa a composição dos RSU antes da reciclagem e compostagem uma vez que os resíduos que poderiam ser encaminhados para esses tratamentos perfazem um percentual elevado do total dos RSU. A maior parte dos resíduos consiste de papel e papelão (28,5%), seguidos de resíduos alimentares (13,9 %), resíduos de jardinagem (13,4 %), metais (9%), plásticos (12,4%), vidros (4,6%) e madeira (6,4%). Vidros constituem cerca de 4,6% e resíduos de borracha, couro e têxteis representam aproximadamente 8,4% do RSU, enquanto que 3,5% dos resíduos não foram discriminados. 87 Figura 35: Composição gravimétrica média dos RSU gerados nos Estados Unidos no ano de 2010 Fonte: U.S. EPA, 2011a Analisando os dados históricos de composição de resíduos (Figura 36), observa-se a tendencia da quantidade de papel e papelão á diminuição ao longo do tempo, enquanto os materiais plásticos vem aumentando. Isto se deve a algumas práticas e políticas adotadas nos Estados, tais como a proibição da disposição de resíduos verdes diretamente em aterros sanitários, restrições sobre o uso de sacos de plástico em alguns grandes centros urbanos, aumento de programas de compostagem residencial, recebimento de resíduos de comida na rede de esgoto (através do uso de triturados instalados em pias de cozinha residencial e comercial) e ainda a valorização do mercado de materiais recicláveis. 88 Figura 36: Geração de materiais nos RSU de 1960 a 2009 Fonte: US EPA, 2009. Os resultados das análises da composição do RSU também podem ser usados para avaliar a quantidade de matéria-prima disponível para projetos de conversão resíduos em energia ou outros projetos para o tratamento de resíduos sólidos. A implementação de tecnologias baseadas em processos de combustão e conversão térmica dos resíduos depende diretamente do potencial calorífico dos resíduos, usado para calcular as futuras vendas de energia. O potencial calorífico inferior (PCI) é definido pela quantidade de calor gerada pela combustão de uma quantidade de material (inicialmente a 25oC ou outro nível de referencia até chegar a temperatura de 150oC). Este valor varia em função das quantidades de material combustível (papel, plástico, matéria orgânica, etc...) e da umidade presente nos resíduos. A Tabela 10 mostra a variação do potencial calorífico inferior (PCI) para países e regiões selecionada (ROGOFF & SCREVE, 2011). 89 Tabela 10: Variabilidade do poder calorífico dos RSU em diversas regiões. Umidade Região/país Inertes (%) Poder calorífico (Kcal/kg) (%) EUA 26 31 2.100 Europa 21 37 2.000 China 16 57 1.100 Oriente médio 20 46 1.500 FONTE: Waste to Energy, 2ª. edição, 2011, M. ROGOFF e F. SCREVE, 2011 É interessante notar que nos Estados Unidos o RSU é caracterizado em média por um teor relativamente alto de resíduos inertes, baixo teor de umidade e um PCI relativamente alto. O teor de umidade dos resíduos na China é bastante elevado, o que é em parte a causa do valor relativamente baixo do PCI. 3.2.3 Tecnologias utilizadas Na década de 70 foi iniciado nos Estados Unidos o período de modernização na área de saneamento, incluindo a gestão de RSU. Esta modernização não aconteceu unicamente nos Estados Unidos, mas também na Europa, Japão e outros paises. Este período de modernização foi balizado por novas políticas para proteger a saúde pública e o meio ambiente. Regras específicas foram aplicadas à gestão de RSU, tais como as definições do que constitui RSU e resíduos perigosos, a frequência das coletas de resíduos, o estabelecimento de critérios para escolha de locais para instalação de instalações de tratamento e destinação final de RSU, diretrizes para a proteção dos recursos hídricos e os padrões de emissão de gases. Pesquisas aplicadas (incluindo a criação de modelos e a coleta de informações obtidas no campo) receberam apoio para analisar e aprimorar os padrões existentes, a fim de incrementar a proteção do meio ambiente e da saúde pública. Como resultado destes esforços, foram desenvolvidos novos padrões geotécnicos para aterros sanitários 90 (incluindo a adoção de sistemas de impermeabilização da base) e ocorreram mudanças de conceitos, do arcaico e ultrapassado modelo de lixões, evoluindo para um sistema estruturado de gestão de resíduos com base em critérios de engenharia e de uma seleção rigorosa de locais para a disposição de RSU. Ao mesmo tempo, o advento de programas de coleta seletiva e a implementação da recuperação de materiais possibilitaram á amplas camadas da população a participação em programas desta natureza. Embora este período de modernização na área de RSU não tenha ocorrido apenas nos Estados Unidos, esse país enfrentou desafios e auferiu vantagens para implantação destes programas, pelo fato de possuir uma economia de mercado, uma grande extensão territorial, um baixo custo de energia para transporte, e uma densidade populacional relativamente baixa. A consequência de ter de superar esses desafios foi a criação das diferentes rotas tecnológicas para situações distintas considerando as especificidades locais para o transporte, tratamento e disposição de RSU. A Figura 37 apresenta, de maneira esquemática, os principais processos de gestão de RSU adotados atualmente nos Estados Unidos. Esse esquema mostra como os esforços para a redução de resíduos na fonte e diminuição da quantidade de resíduos em geral tem impacto na disposição final de RSU. Esta figura é importante porque mostra que mudanças na gestão de RSU aconteceram e continuam sendo implementadas para reduzir a quantidade de resíduos na fonte. Essas mudanças tem acontecido em resposta às exigências da própria população para que haja uma melhor gestão de RSU, acompanhada de mudanças em engenharia industrial como, por exemplo, para reavaliar as embalagens de produtos. 91 Figura 37: Representação esquemática da gestão de resíduos sólidos nos EUA. A população nos Estados Unidos, assim como na Europa e no Japão, aceitou o conceito da hierarquia em gestão de resíduos sólidos como um meio para disseminar as metas nacionais para o tratamento de RSU. Esta hierarquia geralmente inclui os quatro componentes listados a seguir em ordem de preferência: 1- Redução de resíduos na fonte (ou evitar a geração de resíduos), incluindo o descarte de resíduos nas residências por meio da compostagem de resíduos de jardinagem; 2- Reciclagem, incluindo a compostagem fora do local de origem (ou comunidade); 3- Incineração com geração de energia; 4- Descarte final de resíduos em aterros sanitários. Essa hierarquia é apresentada na Figura 38, salientando as diversas rotas tecnológicas na gestão de RSU nos Estados Unidos. 92 Figura 38: Rotas tecnológicas para a gestão de RSU adotadas nos Estados Unidos. Uma ilustração mais prática das rotas tecnológicas é exemplificada pelo procedimento adotado em um condado da Costa Leste dos EUA (condado de Prince William, Virginia), onde já está instalado um sistema integrado de gestão de resíduos sólidos. O diagrama na Figura 39 mostra os principais serviços oferecidos aos residentes do condado (tal como coleta de material reciclável e de resíduos sólidos, centros de descarte de RSU, centro de compostagem de resíduos verdes e uso de um aterro sanitário para os rejeitos). Embora existam diferenças em gestão de RSU entre os condados dos EUA, este exemplo do condado de Prince William tornou-se bastante comum no país. A maioria dos condados (equivalentes a municípios no Brasil) oferecem atualmente alguma forma de serviços de reciclagem e compostagem de materiais, e a maior parte deles dependem de aterros sanitários como tecnologia para disposição final dos resíduos sólidos. Alguns municípios inseriram em sua rota tecnológica também o uso de incineradores, apesar de não haver muito apoio para tal tecnologia. 93 Figura 39: Rota tecnológica dos RSU no Condado de Prince William Levando em consideração as principais rotas tecnológicas utilizadas nos Estados Unidos e listadas Tabela 11, os geradores e os responsáveis pela gestão de RSU no país tendem a confiar no sistema do "livre mercado" para avaliar e selecionar tecnologias adequadas à situação local. Essas seleções são feitas dentro do contexto restritivo de regulamentação para gestão de RSU, juntamente com a concordância dos governos locais. Tabela 11: Principais tecnologias utilizadas nos EUA. Percentual de RSU Milhões de toneladas Tecnologia gerados processadas Reciclagem 26 % 65 Compostagem 8% 20 Incineração com geração de energia 12% 29 Aterros 54% 135 Fonte: USEPA, 2009. 94 Conforme Figura 40, nos últimos 30 anos, o percentual de resíduos destinados aos processos de reciclagem e compostagem tem aumentado gradativamente e consequentemente aqueles encaminhados a aterros tem diminuído. Por outro lado, observa-se que o tratamento pela técnica de incineração alcançou seu ápice na década de 80-90, fato este que mantém-se até o presente. Espera-se que estas tendências continuem por pelo menos mais cinco anos, especialmente na gestão de produtos orgânicos e materiais recicláveis, tendo em vista que as mesmas ocorrem em detrimento da técnica de aterro sanitário. Outras tecnologias como a gaseificação, pirólise e digestão anaeróbia de RSU ainda não são presentes em níveis comerciais, isto é, estão ainda em caráter experimental ou em níveis não representativos quando comparado às outras tecnologias apresentadas. 100% 90% 93,6% 93,1% 80% 88,6% Percentual (%) 70% 60% Reciclagem + Compostagem 50% Incineração com aproveitamento de energia Aterros Sanitários 40% 69,8% 57,5% 28,6% 30% 16,0% 20% 10% 55,9%54,0% 6,4% 0% 0,0% 1960 6,6% 9,6% 31,6%33,8% 13,9% 12,6% 11,9% 14,2% 0,3% 1970 1,8% 1980 1990 2000 Figura 40: Evolução do tratamento dos resíduos sólidos urbanos nos EUA. Fonte: USEA, 2009 95 2010 As rotas tecnológicas dos RSU diferem também conforme a geografia dos EUA. A Figura 41 apresenta um detalhamento para cada região mostrando o uso ainda predominante de aterros sanitários em algumas regiões, ao invés de incineração com geração de energia e de reciclagem (incluindo compostagem). A utilização de incineradores com aproveitamento energético se limita à Costa Leste (Nova Inglaterra, Sul e áreas do Atlantico-Médio). A reciclagem se faz presente em todas as regiões. O uso de aterro sanitário para disposição final de RSU é predominante em todas as regiões, principalmente nas regiões da Montanhas Rochosas (Rocky Mountain), Centro-Oeste (Midwest), Sul (South) e Grandes Lagos (Great Lakes). Deve ser mencionado que uma pequena parte dos RSU americanos ainda é descartada de forma ilegal sendo que os governos locais tem tentado eliminar esses pontos ilegais de destinação final. Figura 41: Características regionais de tratamento e destinação final de RSU nos Estados Unidos Fonte: USEPA, 2010 96 Logística de coleta, transbordo e transporte A coleta de RSU é geralmente executada pelos governos locais e empresas privadas, apesar de haver variações desse modelo em todo o país. A coleta residencial inclui essencialmente os imóveis residenciais unifamiliares. A coleta comercial inclui empresas, residências multi-familiares (por exemplo, conjunto de apartamentos e condomínios), institucionais (incluindo escolas, hospitais, etc), indústrias e locais de construção. A coleta residencial nos Estados Unidos é feita manualmente ou de forma automatizada. A coleta manual utiliza coletores (garis) para trazer os recipientes com resíduos para o veículo de coleta. A coleta automatizada envolve recipentes (lixeiras) especiais e caminhões compactadores com um elevador hidráulico mecanizado para pegar e descarregar as lixeiras. A coleta comercial geralmente usa equipamento de coleta mecanizada com containers que variam em tamanho (de 1 a 8 m3), e também com recipientes rolantes com a capacidade para 20 a 40 m 3 de resíduos. Semelhante à prática adotada em outros países, a frequência da coleta residencial é dependente do tamanho dos recipientes utilizados, dos tipos de veículos coletores, da quantidade de resíduos gerados levando em conta as variações sazonais e os fatores climáticos. Uma vez por semana é o período de coleta mais comum nos EUA. Porém, onde temperatura e umidade elevadas aceleram o processo de decomposição as comunidades geralmente têm a coleta de resíduos duas vezes por semana. Em áreas não-urbanas (locais de baixa densidade demográfica), são oferecidos aos cidadãos sistemas de descarte voluntário (dropoff) para permitir que os moradores levem os seus resíduos doméstico (incluindo materiais recicláveis, resíduos perigosos e itens volumosos) para reciclagem, reaproveitamento ou destinação final desses materiais de forma adequada. Às vezes, essas instalações de descarte são localizadas na área dos próprios aterros. 97 Figura 42: Sistema de descarte utilizado pelos cidadãos do Condado de FairFax nos EUA para disposição de resíduos volumosos Fonte: Alessandra Lee Barbosa Firmo A maioria dos municípios do EUA garante a coleta de resíduos especiais gerados pelos cidadãos. Estes resíduos podem incluir materiais volumosos ou móveis, e resíduos de jardim. A frequência de serviço varia muito, e pode ser oferecido pelo setor privado ou público. Geradores comerciais de resíduos sólidos recebem serviços de coleta mecanizada conforme o tipo de estabelecimento, os resíduos gerados, e o tamanho dos containers/lixeira. A maior parte dos serviços de coleta de geradores comerciais são fornecidos pelo setor privado. O uso de estações de transferência de resíduos é uma estratégia bem comum na gestão de RSU nos Estados Unidos, em parte devido às grandes distâncias geográficas entre os pontos de geração de resíduos e as instalações de destinação final. As estações de transferência são projetadas com duas finalidades: (a) receber os resíduos coletados na fonte por veículos com capacidade de 7 a 10 toneladas e depois transferidos para veículos com maior capacidade, 20 a 27 toneladas para efetuar o transporte de modo mais eficiente, e (b) permitir a remoção ou recuperação certos tipos de resíduos antes da transferência para os veículos de maior capacidade. As estações de transferência também são projetadas para minimizar a distância que os veículos de coleta devem viajar de um ponto a outro. 98 As distâncias de transferência são geralmente da ordem de 16 a 48 km. No entanto, em vários municípios, particularmente no Leste dos EUA, os resíduos tem de ser transportados por grandes distâncias por causa da escassez e não disponibilização de áreas para a instalação de aterros sanitários próximas aos centros urbanos. Por exemplo, a cidade de Nova York usou um grande aterro (o aterro de Fresh Kills) relativamente perto da cidade até o seu encerramento, em 1990. Desde então, a cidade tem utilizado um sistema de transporte de longa distância com caminhões e balsas para transferir RSU para vários estados, com distância de transporte entre 320 e 480 km. O transporte ferroviário para a transferência de RSU tem sido usado com sucesso nos EUA e Europa há mais de 20 anos. Ferrovias têm vantagens econômicas para transportar grandes quantidades de resíduos para aterros sanitários em áreas muito afastadas. Elas são utilizadas principalmente nas partes nordeste e noroeste do país. As distâncias percorridas utilizando transporte ferroviário variam muito, sendo que distâncias maiores que 800 km são comuns. Estima-se que menos de 5 % de RSU sejam transferidos sobre trilhos. Unidades de triagem - reciclagem As unidades de triagem e reciclagem são fundamentais para a gestão dos resíduos sólidos nos Estados Unidos, como pode ser observado na Figura 43. A recuperação de resíduos aumentou significativamente a partir da década de 90, ao passo que as quantidades descartadas em aterro sanitário mantiveram-se estáveis. 99 100% 90% 80% Aterro Sanitário 70% 60% 50% Incineração 40% Compostagem 30% 20% Reciclagem 10% 0% 1960 1970 1980 1990 2000 2005 2007 2008 2009 Figura 43: Recuperação e descarte de materiais nos RSU, de 1960 a 2009 Fonte: EPA, 2009 Os materiais recicláveis gerados a nível residencial são comumente conhecidos: vidros, plásticos, recipientes de metal, várias fibras (jornal, papelão, propaganda impressa, lixo eletrônico, revistas) e metais diversos. A coleta dos materiais aceitos para reciclagem aumenta a cada ano a medida que surgem novos mercados para a compra do material coletado. A coleta de recicláveis normalmente é realizada uma vez por semana ou a cada duas semanas, dependendo do volume a ser coletado. As taxas de reciclagem de residências unifamiliares tendem a ser maiores do que a de outras fontes de resíduos, podendo chegar a 50 % do total em peso. Em geral, as taxas de reciclagem são tipicamente mais baixas (menos de 20 %) em áreas rurais e em residências multifamiliares, devido a falta de locais convenientes para a coleta de recicláveis, alta rotatividade de residentes, e limitações de espaço. As novas tendências em reciclagem tem como objetivo o tratamento de resíduos eletrônicos. O consumismo da população aliado à modernização ininterrupta dos produtos eletro-eletrônicos têm ocasionado um descarte acelerado dos mesmos. Os principais produtos descartados são monitores de computador, televisores, telefones celulares e baterias. Além disso, tem-se aumentado os esforços para coletar estes produtos antes 100 da sua eliminação, de modo que pelo menos parte deles possam ser reciclados ou reutilizados. A área metropolitana de Washington DC (quase 6 milhões de habitantes), que inclui o Distrito de Columbia (cerca de 500.000 habitantes) pode exemplificar a reciclagem em uma região com muitos condados e cidades com modelos diferentes de gestão de RSU. Essa região metropolitana implementou programas de reciclagem com metas variando de 25 a 35% do fluxo de RSU gerado em cada jurisdição. Em geral, os resíduos recicláveis residenciais e comerciais são coletados pelo setor privado. Porém, o setor público e privado também operam programas de entrega e separação voluntária de recicláveis pelo cidadão (sistema de descarte/drop-off). A Figura 44 mostra a classificação dos materiais recicláveis e a disposição geral dos RSU no ano de 2010 na Região Metropolitana de Washington DC. Cerca de 1/3 dos RSU gerados na região são encaminhados para um sistema de separação e, finalmente, reciclados, compostados ou reutilizados. Os materiais eletrônicos (6.165 toneladas) e pilhas (5.516 toneladas) são coletados separadamente. Os resíduos de jardim correspondem a maior categoria de resíduos recuperados, devido principalmente a grande geração deste tipo de resíduo e a existência de diversas instalações de compostagem (de médio a grande porte) de propriedade pública na região. Figura 44: Tecnologias e composição dos resíduos recicláveis gerados na Região Metropolitana de Washington DC. 101 Tratamento: compostagem A compostagem de resíduos orgânicos (restos de alimentos, resíduos de jardinagem e da limpeza de praças e parques, lodo biológico, etc) é comum nos EUA. Dentre as vantagens da compostagem destaca-se a redução de volume no material residual, a estabilização dos resíduos e a destruição de agentes patogênicos nos resíduos. Os produtos finais da compostagem, em função da sua qualidade, podem ser reciclados como fertilizantes e condicionadores do solo, ou podem ser usados como material de cobertura diária em aterros sanitários. De 1990 a 2010, a quantidade de material compostado nos Estados Unidos aumentou de 3.810.000 t/ano para 18.763.000 t/ano, um aumento de aproximadamente 492%. De 2000 a 2010, a quantidade de material compostado nos Estados Unidos aumentou em 26%. Atualmente existem cerca de 3.800 instalações de compostagem em operação nos EUA. A Figura 45 mostra a quantidade de instalações de compostagem existentes em cada estado, bem como os estados (destacados em verde) em que está proibida por lei a disposição dos resíduos verdes em aterros. Figura 45: Estados com proibições (em verde) e o número de instalações de compostagem em cada estado. Fonte: EPA, 2009 102 Devido à existência de leis que tem incentivado o uso da compostagem e a existência de um mercado para compostos orgânicos, prevê-se que esta tecnologia seja uma das mais promissoras e que permanecerá ativa nos EUA por um longo prazo. Além disso, um aumento na capacidade das instalações de compostagem é esperado nos próximos cinco anos ou mais, pois cada vez mais há o propósito de aumentar a coleta diferenciada de resíduos orgânicos advindos de locais específicos como restaurantes, supermercados e centros de distribuição de alimentos. Tratamento: digestão anaeróbia Nos EUA, os sistemas de tratamento de RSU utilizando digestores anaeróbios ainda são incipientes quando comparados às outras tecnologias mais consolidadas como aterros, compostagem e incineração. As plantas existentes funcionam praticamente em caráter e escala experimentais. A digestão anaeróbia de RSU em aterros sanitários é o conceito básico no desenvolvimento da tecnologia de bioreatores. Essa é uma alternativa ao aterro sanitário tradicional caracterizada pela introdução de líquidos (inclusive lixiviados) para circular no volume de RSU a fim de acelerar a decomposição dos resíduos sólidos e produzir metano que é coletado para produzir energia. A decomposição acelerada de resíduos resulta em uma compactação relativamente rápida e o aumento de 15 a 40% no espaço disponível no aterro. Até 2009, somente dez bioreatores estavam em operação nos Estados Unidos, o de Columbia, estado de Missouri, produz atualmente dois megawatts de energia e ainda está em desenvolvimento (Figura 46). 103 Figura 46: Instalação de coleta de biogás e produção de energia elétrica do bioreator de Columbia, Missouri e uma seção esquemática do aterro sanitário mostrando os elementos principais do sistema Fontes: Aderbal C. Correa, 2012; City of Columbia, Missouri, Public Works Department. Tratamento: incineração A queima de RSU reduz a quantidade de resíduos em até 90 % em volume e 75 % em massa e pode ainda gerar energia. O EPA’s Office of Air and Radiaton é o principal órgão nos EUA responsável por regular as usinas de incineração, devido às emissões atmosféricas de gases e material particulado resultantes da combustão representarem uma significativa preocupação ambiental do uso desta tecnologia. No ano 2000, estavam em funcionamento nos EUA cerca de 102 incineradores com a capacidade de queimar quase 96.000 toneladas de RSU por dia. Atualmente, o número de plantas em operação é de 86, porém a quantidade de resíduos tratados via incineração continua praticamente a mesma. Quase todos os incineradores dos EUA incorporam à sua atividade a recuperação de energia (elétrica, térmica ou ambas). As 86 usinas em operação estão localizadas em 24 estados, distribuídos geograficamente como mostrado na Tabela 12. A maioria das usinas em operação está no nordeste do país, que é uma região de alta densidade populacional e poucas opções de áreas para usar aterros sanitários como forma de tratamento e destinação final de grande parte dos RSU. A capacidade dos incineradores variam de 500 a 2.500 toneladas de RSU por dia. Todas essas 104 unidades juntas têm uma capacidade instalada de quase 2700 MWh. Tabela 12: Projetos de incineradores em funcionamento nos EUA (EPA, 2010) Região dos Estados Unidos Nordeste Sul Centro-Oeste Oeste Total Número de Incineradores 40 22 16 8 86 Capacidade de Processamento (toneladas por dia) 46.704 31.896 11.393 6.171 96.164 Os produtos decorrentes da incineração dos resíduos incluem cinzas e cinzas volantes. As cinzas volantes são provenientes dos gases de combustão e contém uma série de contaminantes e produtos de combustão incompleta. Estes gases devem ser tratados através de vários dispositivos de controle de poluição do ar para atender aos padrões de emissões gasosas. A Figura 47 ilustra a relação histórica entre o custo de destinação de RSU em aterros sanitários e em usinas de incineração no período entre os anos de 1982 a 1999, indicando que o custo da destinação de RSU em incineradores é quase o dobro do destinado em aterros nos EUA. Figura 47: Custo relativo de aterros sanitários e incineradores. Em vermelhor, custos para incineração e em verde, custos para aterros sanitários. Fonte: http://netedu.xauat.edu.cn/sykc/hjx/content/wlkj/9.pdf 105 A expectativa de crescimento futuro de instalações de incineração nos EUA é baixa. Não há novas plantas licenciadas nos últimos de 20 anos e apenas uma pequena quantidade (cinco ou mais) encontra-se ainda nas fases preliminares para obter aprovação para construção. Dentre os fatores responsáveis por esta situação destacam-se os altos custos dos capitais iniciais, o baixo custo atual de energia elétrica (ou seja, as receitas com a geração de energia podem ser menores do que desejadas), problemas para encontrar localização adequada, rejeição pela população no uso de usinas de incineração e a incerteza quanto à chegada de um fluxo contínuo de resíduos para a usina. Disposição final: aterro sanitário Em todo o País, o uso de aterros sanitários permanece dominante como tecnologia para tratamento e destinação de RSU, representando 54% do total dos resíduos, conforme apresentado na Figura 48. Os fatores que têm incrementado essa situação são: disponibilidade de área, custo relativamente baixo de combustível Tratamento e Destinação Final dos investimento comparado a outras tecnologias, políticas públicas que incentivam e Resíduos. Ano: 2009 necessário para a operação do aterro (equipamentos), menores custos de permitem o uso desta tecnologia (desde que cumpram as diretrizes estabelecidas). Reciclagem; 25,2% Aterros Sanitários; 54,3% Compostagem; 8,6% Incineração com aproveitamento de energia; 11,9% Figura 48: Distribuição do tratamento e destinação final dos resíduos nos EUA no ano de 2009. Fonte: EPA, 2009 106 Para esta tecnologia, os estados promovem a regulamentação da localização do aterro sanitário, projeto de engenharia, construção, operação, monitoramento ambiental, encerramento e pós-encerramento obedecendo normas federais. Como requisitos mínimos, as normas federais exigem que os aterros tenham uma base impermeabilizada e um sistema de coleta de lixiviado projetado e construído para manter este líquido a uma profundidade de pelo menos 30cm acima da camada de base em todas as ocasiões. O sistema de camada de base composta contém pelo menos dois elementos essenciais: uma base consistindo de pelo menos 30cm de solo compactado para condutividade hidráulica de menos de 1x10-7 cm/s componente superior com o material sintético polietileno de alta densidade (HDPE) com espessura de pelo menos 60mm instalado em contato direto e uniforme com o solo compactado. Além dos aspectos técnicos e operacionais da obra de um aterro sanitário, a segurança financeira é um dos principais aspectos analisados e requisitados para a aprovação do projeto nos EUA, pois funciona como garantia para que o “empreendimento” possa custear um eventual fechamento, cuidados e manutenção pós-encerramento, e realizar as ações corretivas necessárias para não infringir as normas de controle ambiental. As garantias podem ser em forma de um fundo de garantia, caução, carta de crédito, seguro, ou garantias corporativas (ou do governo local). Existem mais de 1.900 aterros sanitários em operação nos EUA seguindo os padrões federais para esses projetos. Os 10 maiores recebem mais de 8.000 toneladas de RSU por dia (1,7 a 3,3 milhões de toneladas de RSU por ano), enquanto os aterros localizados em pequenas comunidades rurais podem receber menos do que 50 toneladas por dia. Nos EUA a gestão de 45% dos aterros é do poder público enquanto que 55% é das empresas privadas. Há poucos aterros sanitários novos nos Estados Unidos. A maioria dos operadores procura obter licenças para expansão por meio de aquisições de terrenos adjacentes. 107 Outras abordagens para conseguir mais espaço em aterros incluem a compactação adicional da massa de resíduos existente, estabelecimento de inclinações maiores nas laterais e ainda a utilização de antigas áreas viárias entre as células para depositar mais resíduos. Uma característica dos aterros sanitários americanos é o grau de controle de emissões do gás metano. Com poucas exceções, os aterros sanitários devem instalar e operar sistemas de controle de biogás para captar o gás metano e reduzir os odores locais. Como resultado dessa regulamentação, a maioria dos aterros incorporam sistemas de queima de gases na concepção e operação de suas instalações. Essa queima de gases pode ser a céu aberto mas deve ser efetuada de modo contínuo. Como a maioria dos aterros sanitários nos EUA é de grande porte, a quantidade de biogás gerada é suficiente para viabilizar um projeto de aproveitamento energético. Os projetos de recuperação energética dos gases de aterros sanitários foram iniciados na década de 70, fornecendo uma forma de energia renovável para geração de eletricidade ou para uso direto em caldeiras como combustível alternativo. Segundo a EPA (2012) atualmente existem 576 aterros com recuperação energética em operação em 46 estados dos EUA. A produção atual de energia está direcionada para o fornecimento de energia elétrica para a rede local, representando mais de 1.700 MWh. O maior projeto de geração de energia tem uma capacidade instalada de 50 MWh, enquanto a maioria desses projetos geram em média de 1 a 3 MWh. Cerca de 100 projetos de biogás são destinados a complementar a rede de distribuição de gás natural. Esses projetos de uso direto distribuem cerca de 300 milhões de pés cúbicos por dia (mmcfd) de gás. Há outros exemplos de utilização do biogás para o aquecimento de instalações, evaporação de lixiviados, incineração de resíduos hospitalares ou carcaças de animais, e como combustível de veículos. Os projetos de recuperação energética em aterros sanitários (Landfill gas-to-energy - LFGTE) foram incentivados pelo Governo Federal através da implementação de créditos fiscais. Muitos desses projetos foram desenvolvidos à medida que aumentou o preço relativo de energia. Além disso, como a maioria dos aterros já havia investido na infraestrutura para a coleta e queima do biogás e equipamentos, o investimento adicional para o 108 aproveitamento energético foi relativamente pequeno e bem prático. A Tabela 13 fornece comparações de taxas, de referência, de fluxos para biogás usados em tecnologias de aproveitamento energético nos EUA. Tabela 13: Taxas de fluxo de biogás para aproveitamento energético. Fluxo de gás necessário Energia Utilizada (m3/h) Motor de combustão interna (1 a 3 MWh) 764 à 2360 Turbina a gás (1 a 10 MWh) 2360 Microturbina (30 a 250 kWh) 34 a 340 Caldeira ou secador Variável Aquecedor via infravermelho 34 Evaporação de lixiviados 1700 Melhoria do biogás para o nível de qualidade de gás em gasodutos 1020 A EPA estima que mais DE 500 projetos de aproveitamento energético do biogás poderiam ser desenvolvidos nos EUA, com base nos volumes atuais de resíduos, tamanho de aterros sanitários e tecnologias disponíveis, resultando 1155 MWh de energia renovável adicional em todo o país. Outras tecnologias alternativas Existem várias tecnologias emergentes, que são capazes de converter rejeitos de resíduos sólidos em produtos úteis, incluindo etanol e biodiesel. Essas tecnologias podem ser química, térmica ou biológica, e são chamadas de "tecnologias alternativas" ou "tecnologias de conversão”. Várias dessas tecnologias são adotadas na Europa utilizando partes específicas do fluxo de RSU. Entretanto, o desenvolvimento comercial dessas alternativas nos EUA ainda é incipiente, permanecendo em fase experimental e de demonstração. A Tabela 14 apresenta exemplos do uso de tecnologias alternativas para tratamento de resíduos. 109 Tecnologia Hidrólise ácida ou enzimática Gaseificação Digestão anaeróbia Arco de plasma Tabela 14: Tecnologias Alternativas Básicas MatériaRequisitos de matériaEmissões prima prima / resíduos Material Águas residuárias Matéria-prima celulósica celulósico (efluentes), CO2 Biomassa, Matéria-prima mais seca, Amônia, NOx, RSU alto teor de carbono alcatrão e óleos Biosólidos, Material molhado, alto Águas residuais, CH4, esterco teor de nitrogênio CO2, H2S Escória, purificador RSU Matéria-prima variável de água Cada uma das tecnologias alternativas tem vantagens e desvantagens. Como as tecnologias são combinação específica com o uso de RSU, é preciso ter devida cautela quando se planeja um sistema de grande escala. Os custos de capital e operacional para o funcionamento de sistemas comerciais deste tipo de tecnologia nos EUA ainda não estão disponíveis ou publicados. Do mesmo modo que há um número reduzido de usinas de incineração de resíduos para a geração de energia, é de se esperar que seja pequena a aplicação dessas tecnologias alternativas nos Estados Unidos durante os próximos 5-10 anos. A falta de projetos bem documentados para essas tecnologias (principalmente nos EUA) tornam o financiamento dos mesmos ainda mais difícil. Adicionalmente, os custos relativamente mais baixos (por meio do pagamento de taxas de descarte para cobrir as despesas) de aterros sanitários impõe desvantagem competitiva para as tecnologias alternativas (exceto em locais e mercados especiais). 3.2.4 Dados econômicos A análise de dados econômicos, referentes ao custo e desempenho de sistemas de gestão de resíduos sólidos é um grande desafio devido às variáveis envolvidas em cada caso, à qualidade das informações disponíveis e às considerações embutidas nesses dados. Além disso, como é muito comum nos Estados Unidos que os custos de instalação de uma planta de tratamento/destinação sejam financiados, as parcelas devidas, os juros e tributos também são parte dos dados econômicos, juntamente com as especificidades técnicas e fatores locais de cada projeto. 110 Esses fatores dificultam ou tornam simplistas as comparações entre dados econômicos de diferentes regiões dos Estados Unidos e também com dados americanos e de outros países. Os fatores locais que influenciam os custos totais de um projeto incluem o custo de mão de obra qualificada ou não-qualificada. Por exemplo, uma instalação de incineração de médio porte deve incluir pelo menos um gerente de operações, um atendente de pesagem, dois ou três operadores da planta e um mecânico para manutenção. Dependendo da localização da planta nos EUA, os custos trabalhistas e de mão de obra representam grande parte dos custos operacionais, podendo incluir os serviços de custódia (normalmente terceirizado), projetos de gestão e monitoramento e as despesas com o pessoal administrativo. Outros custos operacionais deuma planta de incineração (médio porte) são: manutenção periódica, recuperações ou substituições de equipamento; aquisição de área para expansão e manutenção de instalações; insumos (água, esgoto, energia elétrica, telefone e internet); monitoramento das emissões gasosas, cinzas, relatórios de gestão ambiental; uso de produtos químicos necessários para controle de emissões gasosas (cal, carvão ativado, soda cáustica, etc); disposição final das cinzas; fundo emergencial e seguro. Os custos operacionais podem variar consideravelmente como consequência das atividades de uma instalação. Algumas delas recebem subsídios ou repassam custos operacionais para as comunidades onde estão localizadas. As receitas dessas plantas variam de acordo com os contratos feitos para a venda de energia gerada e com a venda de materiais recuperados por reciclagem e compostagem. As taxas pagas para a disposição de RSU pelos residentes em uma comunidade podem variar com o tempo, assim como a quantidade de resíduos destinados à planta e os custos da dívida pública assumida para a implantação desse serviço. O custo do capital exigido para a implantação de uma usina de incineração de médio porte tal como exemplificada anteriormente geralmente inclui itens como: 111 aquisição de área (terreno) e melhorias das vias de acesso; construção de instalações (929 m2 de área construída/custo US$ 2700/m2); equipamentos para combustão de RSU, manuseio de cinzas e controle de emissões gasosas; equipamento para recuperação de calor e geração de energia, juntamente com os sistemas de coleta de dados e controle; sistema de pesagem; estação e subestação de suprimento de eletricidade, gás e água e rede de distribuição interna; equipamentos para transportar cinzas e resíduos e veículos; projeto de engenharia, instalação e testes para início de operações; licenciamento para implantação e operação do projeto de acordo com a regulamentação em vigor; frete e transporte de material; fundo para eventualidades (geralmente calculado como sendo 15 % dos itens listados acima) Dependendo da localização da usina de processamento de RSU nos EUA e de sua capacidade, o custo dos itens listados acima pode variar consideravelmente. O custo de disposição dos resíduos em usinas de incineração levando em consideração esses itens, por exemplo, varia de US$ 50 por tonelada até US$ 150 por tonelada no país. Além do mais, deve ser levado em conta que a vida útil da maioria das instalações é considerada como no mínimo de 20 anos. Buscando diminuir as dificuldades de obtenção e análise dos dados econômicos da gestão de RSU nos EUA, as indústrias têm desenvolvido meios para divulgar e publicar vários valores de referência para os custos de projetos específicos geralmente obtidos de estimativas incluídas em propostas de novos projetos, cientes de que os custos reais podem variar de forma significativa de um projeto para outro. A Tabela 15 apresenta o custo de capital médio utilizado como referência em projetos de aterros sanitários e incineradores elaborados no período de 2000 a 2010 nos EUA. Observa-se que os custos de capital para instalações de incineração é cerca de três vezes maior que os custos de aterros sanitários. 112 Tabela 15: Valor médio de custos de capital para aterro sanitário e incineração nos EUA. Tecnologia de Custo de Capital em USD por tonelada / dia Tratamento Aterro sanitário $35.000,00 Incineração $110.000,00 A Tabela 16 detalha os valores médios de custos relacionados à mão de obra de operação, manutenção e administração de um aterro sanitário. Esses dados mostram o valor das taxas cobradas para deposição em aterro (US$/tonelada cobrada na entrada do aterro) para cobrir as despesas gerais com mão de obra. Tabela 16: Resumo dos custos do trabalho para um aterro operacional nos EUA. Categoria de trabalho Custos ($USD) por tonelada recebida de RSU Pessoal operacional, custos de mão-deobra $1,40 a $4,95 Pessoal de manutenção de equipamentos $0,45 a $2,66 Outras operações e pessoal da administração Total para mão-de-obra nas operações do aterro $0,50 a $1,10 $3,35 a $8,35 Atualmente, os aterros sanitários dos EUA têm recebido as cinzas de incineradores e também os resíduos de construção e demolição (ver Tabela 17). Os custos são calculados levando em conta a parte da taxa de descarte paga quando o resíduo chega ao aterro que seria necessária para cobrir as despesas durante a vida útil esperada para o aterro. Os aterros para cinzas precisam ter células impermeabilizadas, monitoramento ambiental rotineiro, a aplicação de regras rigorosas para fechamento e manutenção pós-fechamento. Os aterros para C&D tem menos exigências e a impermeabilição pode ou não ser exigida (dependendo do estado e localização do aterro). Os custos operacionais dos aterros para C&D são no entanto bem mais altos por causa da necessidade de triagem durante a chegada dos resíduos no aterro, compactação diária e as exigências para monitoramento ambiental. 113 A Tabela 18 apresenta diferentes custos (capital, operacional e manutenção) com base na tecnologia usada para a conversão de biogás em energia. Os motores dos equipamentos usados para tal ação são geralmente classificados de acordo com sua potência (ou capacidade) em kW. Os projetistas desses motores devem combinar a capacidade do equipamento com o fluxo de biogás que se espera ser gerado pelo aterro durante sua operação. Existem vantagens em termos de custo relativo do motor por kW, quando se leva em consideração o fluxo de biogás gerado (1) por grandes aterros sanitários que requisita de um motor de combustão interna (recomendado para sistemas com potência superior a 800kW) e de uma turbina a gás (recomendado para sistemas com potência acima de 3000kW) e (2) aterros de pequeno porte que requisitam motores de menor capacidade. Tabela 17: Resumo de custos para a implementação de um aterro sanitário para cinzas e de um para resíduos de construção e demolição (C & D). Aterro para C&D Aterro para cinzas ($USD por ($USD por tonelada tonelada de de resíduos) resíduos) Construção da célula $3,08 $1,17 Fechamento $2,91 $1,56 Pós-fechamento $5,79 $3,10 Despesas operacionais $8,43 $49,63 Custo de financiamento $1,72 $0,92 Custos totais (operacionais e de posse da propriedade) $22,00 $56,00 Apesar do fato que as microturbinas serem mais caras que os outros 114 equipamentos, elas são a única tecnologia disponível no mercado para gerar energia elétrica quando se tem fluxos de biogás relativamente baixos. Tabela 18: Custos de referência para sistemas de geração de eletricidade a partir de biogás de aterros sanitários nos Estados Unidos Custo de operação Potência do Custo de Capital Equipamento e manutenção equipamento (kW) (US$ por kW) ($ por kW) Combustão interna >800 $1300 $160 Pequeno motor de combustão interna < 800 $1700 $180 Turbina a gás >3000 $970 $110 Microturbina <1000 $5400 $350 3.2.5 Sistema de cobrança na gestão de resíduos A escolha dos métodos para a gestão financeira de sistemas de gestão de resíduos sólidos urbanos nos Estados Unidos constitui uma das mais importantes decisões tomadas pelos governos municipais. Os custos de capital e os custos operacionais são finaciados de modos diferentes, e uma vez que é adotado um método de gestão financeira, é difícil fazer mudanças posteriores no mesmo. Os custos de capital geralmente são financiados por meio de empréstimos que são pagos via receita tributária do município ou por taxas cobradas de usuários (ou então por ambas). Os custos operacionais também são pagos por meio da receita tributária do município ou pelas taxas pagas pelos usuários. O governo municipal tem a opção de financiar e ser o proprietário com controle completo das instalações de processamento de RSU ou de um componente desse sistema. O financiamento é realizado pela emissão de títulos de obrigação financeira ou pela receita com isenção fiscal. A outra opção considerada pelo governo de um município é a de realizar o projeto com financiamento total de uma firma prestadora de serviços do setor privado. Considerando essas duas opções, a combinação de parceria na propriedade do projeto e da dívida fica 115 baseada em quem deve ser o proprietário pelo tamanho do investimento feito e pela capacidade de se responsabilizar pela dívida. Projetos de propriedade do setor público são geralmente financiados com títulos de receita com isenção de impostos ou por títulos de obrigação financeira. Um governo municipal pode usar os recursos orçamentários disponíveis para o ano em curso ou recursos financeiros mantidos em reserva para pagar parte dos custos de capital, mas essa alternativa geralmente não é usada. Quando o setor privado é o proprietário das instalações, o financianciamento resulta de uma combinação de (a) títulos municipais de receita do projeto com isenção de impostos e (b) recursos financeiros provenientes de uma firma particular, de títulos de desenvolvimento industrial, ou de dívida contraída com uma corporação ou firma. Geralmente as grandes instalações componentes da gestão de RSU (aterros sanitários, usinas de conversão de biogás em energia, usinas de incineração, estações de transferência de resíduos, centros de recepção e processamento de RSU e instalações de serviço e manutenção) são construídas com capital proveniente de empréstimos. Custos operacionais (como veículos de coleta e despesas com pessoal) raramente são financiados uma vez que são custeados por meio de impostos ou taxas pagas por usuários. Empréstimos são obtidos a partir de certificados de investimentos, títulos municipais e títulos de renda fixa. Certificados e títulos devem ser oferecidos e vendidos a investidores. A maneira como governos municipais efetuam o resgate desses títulos determina o sucesso dessas vendas. Uma vez que os investidores querem ter a certeza de que o dinheiro investido será reembolsado com a respectiva remuneração (juros), e porque muitos projetos de processamento de RSU podem não ser rentáveis, os governos municipais escolhem os títulos ou certificados mais adequados para efetivar o reembolso dos investidores. Quando o imposto territorial é a base do compromisso de reembolso do título, geralmente o certificado de investimento é a opção escolhida para captar recursos. Quando o tributo para disposição de resíduos em aterro sanitário é usado para reembolsar investidores, títulos municipais são utilizados para arrecadar recursos (geralmente com a garantia de disposição de uma quantidade mínima de RSU no aterro especificada em contrato). Na medida que os usuários pagam vários tipos de 116 tributos para efetuar a disposição de RSU, o financiamento de um projeto é feito por meio de títulos de renda fixa. Títulos e certificados de investimento são oferecidos com vencimentos a prazos diferentes, mas variando geralmente de 10 a 30 anos. Como mencionado anteriormente, o custo operacional e de gestão de RSU é geralmente financiado por meio de impostos e taxas de utilização pagas pelos usuários (em vez de certificados de investimento). Uma vez que o setor público gera receita por intermédio de impostos pagos pela população em geral e por empresas comerciais e indústrias, os projetos de gestão de RSU devem competir por uma parte da receita fiscal com os outros serviços públicos (polícia, bombeiros, atendimento de emergência, manutenção de parques, atendimento social, educação pública, etc.). Quatro tipos de impostos são cobrados pelos governos municipais nos Estados Unidos: impostos ad valorem (tributação conforme o valor do produto), imposto de renda, imposto de venda, e imposto especial de consumo. O imposto ad valorem é geralmente a tributação sobre bens imóveis (terrenos, casas, etc.) sendo o tipo de imposto mais usado para finaciar sistemas de gestão de RSU. Entretanto, à medida que o aumento da carga tributária se tornou cada vez mais dificil, principalmente nos anos 90, os governos municipais passaram a criar vários tipos de taxas de utilização para arrecadar os recursos necessários para manter os serviços de gestão de RSU. As taxas para a disposição de RSU em aterros sanitários são os exemplos mais comuns de taxas de utilização. O valor dessas taxas é variável para que os usuários gerando diferentes tipos de resíduos sólidos paguem de modo proporcional ao impacto desses resíduos nos locais de destinação. As taxas para a disposição de RSU em aterros sanitários são baseadas em unidades de medidas (geralmente no peso, e às vezes por volume e tipo de material). O indivíduo trazendo o material para as unidades de tratamento/processamento paga a taxa diretamente no local onde os resíduos são recebidos. Essas taxas para a disposição de RSU refletem os custos para administrar e operar a instalação. É bastante comum que outros valores sejam acrescentados às taxas para a disposição de RSU como por exemplo lucro, encargo estabelecido pelo governo e o custo de outras operações dentro do sistema de 117 gestão de RSU (por exemplo reciclagem, coleta de resíduos, gestão das operações, programas de disposição de resíduos perigosos, etc.). As taxas para a disposição de RSU em aterro sanitário nos Estados Unidos (consistindo geralmente do custo de transporte até o aterro sanitário e o pagamento para a disposição de uma tonelada de resíduos sólidos) tem aumentado de maneira significativa ao passar dos anos. A EPA (2012) informa que o valor médio para a disposição de RSU era menos de U$10 por tonelada em 1985 e aumentou para aproximadamente U$ 45 por tonelada em 2010. Isto representa um aumento médio de cerca de U$ 1,25 por tonelada por ano. O aumento na taxa para a disposição de RSU em aterros sanitários é o resultado do aumento nos preços de combustíveis e de outros fatores econômicos. As taxas pagas pelos usuários referentes aos serviços de gestão de RSU também têm aumentado com o passar do tempo. A princípio, era aplicada uma taxa única de modo que todos os usuários gerando o mesmo tipo (ou classe) de resíduos pagavam a mesma quantia. Por exemplo, todos os usuários residenciais pagavam a mesma taxa anual para ter o serviço de remoção de resíduos. A medida que dados foram sendo coletados e com o início de programas de reciclagem, o público exigiu a implantação de sistemas diferenciados de cobrança dessas taxas. A partir de então, se tornaram mais comuns os índices variáveis de taxas de usuários e essas taxas passaram a ser cobradas com base na quantidade de resíduos produzidos por cada usuário. Taxas de índice variável são geralmente calculadas com base no tamanho do recipente de lixo usado ou com base no número de sacos de lixo deixados para coleta. As taxas também podem ser calculadas com base no peso dos resíduos, no número de vezes em que os resíduos são coletados ou uma combinação dessas duas alternativas. Os sistemas com índices variáveis de taxas continuam tendo a preferência da população americana. Apesar desse sistema exigir mais trabalho para acompanhar as características do RSU por meio de equipamento de pesagem e registro de informações e com o faturamento, ele tem o mérito de cobrar do usuário somente por aquilo que é descartado. Este sistema de cobrança pelo serviço é necessário para que haja uma receita adequada para custear as operações, porém é 118 frequentemente usado como um incentivo para aumentar a participação dos usuários em programas de reciclagem. Taxas cobradas para a gestão de RSU podem ser pagas pelo usuário que produz os resíduos (tal como um hotel) ou a partir da discriminação dos vários tipos de serviços prestados ao usuário. A taxa de usuário enviada para faturamento direto é maneira mais comum de um provedor de serviços cobrar de seus clientes. O setor público geralmente cobra as taxas por meio de faturamento direto do usuário incluindo na fatura o valor dos serviços de fornecimento de água e de esgoto. Uma outra opção de cobrança pelo serviço de gestão de RSU é a de inclui-lo na fatura anual do imposto territorial. Uma variante bastante comum do método de cobrança das taxas de usuários nos Estados Unidos é a de implementação de um “fundo para empreendimentos“. Esses fundos para empreendimentos dependem das taxas pagas pelos usuários para cobrir todas as despesas com os serviços de gestão de RSU. Esta opção pode ser vantajosa para governos municipais onde a receita tributária está em declínio ou é variável e imprevisível. Um “fundo para empreendimento” deve conter um centro de custos com seu próprio programa de capitalização e um sistema de taxas e faturamento. Esse método de gestão de RSU funciona de modo semelhante a uma empresa particular. Fundos para empreendimentos geralmente faturam os serviços prestados a cada cliente de acordo com com a classe de resíduos sólidos produzidos para refletir os custos reais de fornecimento desses serviços. Este tipo de fundo trata separadamente de todas as receitas e despesas por uma questão de transparência. As despesas são discriminadas e recuperadas de modo que o público possa entender o sistema de cobrança de taxas. A receita pode incluir, mas não está limitada a: pagamentos pelos serviços de coleta de resíduos; taxas para a disposição de RSU em aterro sanitário; vendas de materiais recicláveis; receita gerada pelo investimento de recursos financeiros; reembolso de prejuízos pelo seguro (quando for o caso). 119 Os fundos para empreendimentos de governos municipais precisam de uma gestão especializada com experiência e conhecimento de operações financeiras complexas e da administração de sistemas sofisticados de gestão de RSU. 3.2.6 Arranjos institucionais e natureza dos prestadores de serviço A gestão de resíduos sólidos urbanos dos EUA é baseada nas responsabilidades distintas dos governos federal e estadual, sendo que a prestação de serviços é realizada pelos governos municipais e pelo setor privado. Nesse modelo de gestão cada entidade tem um importante papel sem superposição de atividades. Por exemplo, o governo federal estabelece as diretrizes e padrões nacionais (tais como metas de reciclagem ou índice aceitável de qualidade para a água subterrânea sob ou próximo aos aterros sanitários), realiza pesquisas, fornece informações técnicas para os estados e governos locais e pode implementar iniciativas para estimular os mercados por meio do oferecimento de créditos fiscais para a compra de equipamentos de reciclagem e outras ações oportunas para que as metas de gestão de resíduos sólidos sejam alcançadas. O papel dos governos estaduais é, geralmente, o de estabelecer e fazer cumprir os regulamentos estaduais de gestão de resíduos, capacitar os governos locais para preparar e acompanhar os planos de gestão de resíduos sólidos, desenvolver informações técnicas, fornecer assistência financeira e treinamento de pessoal para os governos locais atingirem as metas estabelecidas além de prestar assistência na localização e licenciamento de instalações de gestão, tratamento e destinação de resíduos sólidos. A partir da década de 80, os governos estaduais aumentaram suas funções com a inclusão de programas de redução na geração de resíduos e aumento da taxa de reciclagem de materiais selecionados por meio de incentivos econômicos, apoio financeiro, treinamento de pessoal, regulamentações e valorização dos mercados de exportação e ainda a comercialização de materiais reciclados. O governo local tem a responsabilidade de fornecer os serviços de gestão de 120 resíduos sólidos para o público em geral e empresas. Essa responsabilidade é repassada pelos estados para os governos locais com base na premissa de que a gestão de resíduos sólidos é um serviço público necessário, semelhante ao de segurança pública a nível local. Os governos locais podem ser os de cidades, municípios, distritos ou entidades semelhantes estabelecidas por lei com o propósito de servir à uma população ou área geográfica. Cabe aos governos locais a decisão de se encarregar, ou não, da gestão de RSU, estabelecer as rotas para a coleta de resíduos sólidos gerados em suas jurisdições, licença e regulamentação dos veículos coletores, contratação de prestadores de serviços privados e estabelecer leis e políticas locais detalhando os requisitos para a gestão de resíduos. Assim, os governos locais têm a possibilidade de dirigir os arranjos institucionais para a gestão adequada dos resíduos sólidos. A população tem capacidade de direcionar as atividades do poder público porque espera que os serviços de gestão de resíduos não causem prejuizos à saúde pública ou meio ambiente, ou que um serviço de má qualidade não comprometa a qualidade de vida (por exemplo, gerando maus odores). A medida que tem aumentado as expectativas da população pela melhoria na qualidade dos serviços de gestão de RSU, principalmente a partir dos anos 80, e uma vez que as responsabilidades dos governos locais ficam mais bem definidas, esses governos tem contratado mais funcionários para administrar e supervisionar a gestão de RSU para facilitar a aplicação da regulamentação e práticas básicas. Além disso, muitos governos locais têm tomado medidas para assegurar que as empresas privadas tenham a oportunidade de competir no “mercado de resíduos” e para garantir que a capacidade das plantas de tratamento e disposição final de resíduos sólidos seja bem planejada e esteja disponível para suas necessidades presentes e futuras. As empresas privadas participantes do “mercado de resíduos” são essencialmente empreiteiras, isto é, recebem recursos financeiros por prestar o serviço designado, podendo ainda subcontratar partes do empreendimento para outras entidades. Nos EUA, o setor privado fornece a maioria dos serviços de gestão de resíduos para as empresas comerciais, instituições e indústrias. O setor privado fornece ainda mais de um terço dos serviços de gestão de 121 resíduos residenciais e também são os principais proprietários e operadores de aterros sanitários e das centrais de aproveitamento energético (seja via biogás de aterro ou incineradores). O setor privado também tem uma participação importante na operação de centros de compostagem e de reciclagem de materiais, geralmente atuando como parceiro financeiro do governo local. As empresas particulares variam em tamanho e tipo de serviço que prestam à comunidade. Elas podem ser empresas pequenas com um ou dois veículos de coleta de resíduos ou empresas de grande porte, com 10 ou mais veículos de coleta, fornecendo serviços de gestão de RSU em pelo menos 15 estados ou em grandes mercados nacionais para esses serviços. Embora tanto o setor público como o privado forneçam serviços semelhantes (isto é, coleta de resíduos, transferência, separação, traatamento e disposição final), esses dois setores não estão estruturados da mesma maneira. O setor público nos Estados Unidos tem geralmente uma Divisão de Gestão de Resíduos Sólidos como parte de um Departamento de Obras Públicas em um município. Como algumas dessa Divisões de Gestão de Resíduos Sólidos se tornam muito grandes, elas passam a ser departamentos especializados, reportando a pessoas em posição hierárquica elevada (por exemplo, o prefeito da cidade) ou a funcionários eleitos pela população para ocupar um cargo administrativo elevado. Quando dois ou mais municípios decidem que é de interesse comum oferecer o serviço de gestão de RSU em âmbito regional, eles criam uma Autoridade. Este tipo de entidade governamental geralmente cria uma Diretoria (semelhante a uma empresa privada) para estabelecer as diretrizes operacionais e o controle fiscal da entidade, e tem um Diretor Executivo. Essas Autoridades nos Estados Unidos podem realizar os serviços de coleta, juntamente com serviços de reciclagem, tratamento e disposição final de RSU. Os prestadores de serviços privados usam vários tipos de estruturas organizacionais, conforme permitido por lei, dependendo do seu porte, objetivos operacionais e localizações geográficas. As grandes corporações têm Conselhos de Administração e estruturas administrativas complexas em comparação às empresas menores, com escritórios pequenos. Uma vez que os governos locais podem optar pelo uso ou não de empresas privadas na gestão de RSU, o setor privado fica em uma posição bastante flexível 122 para oferecer os serviços necessários depois do poder público decidir como vai efetuar a gestão de RSU. Uma abordagem comum utilizada pelos governos locais em relação ao arranjo institucional para a gestão de RSU é a de permitir a "concorrência controlada". A “concorrência controlada” é a maneira escolhida por um governo local para permitir que seus funcionários na Divisão de Coleta de Resíduos Sólidos possam competir, por meio de um processo licitatório organizado, com empresas privadas para fornecer serviços de gestão de RSU. É importante enfatizar que tais procedimentos não são restritos aos contratos de coleta de resíduos, eles podem ser utilizados para a operação de instalações de tratamento e destinação de resíduos. Este tipo de concorrência acrescenta flexibilidade à gestão de RSU pois envolve dois tipos de prestadores de serviços e pode minimizar a aplicação de recursos financeiros públicos em prestação de serviços e na operação de instalações. Outra vantagem que tem sido mencionada a respeito da “concorrência controlada” é que com ela é possível manter um equilíbrio de preços competitivos, e talvez um equilíbrio para evitar as tendências para preços ou desvantagens monopolizadoras. Padrões de processamento de resíduos semelhantes são respeitados, inclusive os detalhes do serviço, sua aparência, seguro e regras de segurança de trabalho. Por outro lado, a “concorrência controlada” pode exigir mais tempo para ser administrada e pode baixar o nível dos preços cobrados pelos serviços requisitados pelo setor público. A “concorrência controlada” está em vigor em vários municípios há mais de 30 anos, com bons resultados verificados e registrados. A sua aplicação pelo governo local tem se mantido em um mesmo nível e não está aumentando. As tendências atuais indicam que os prestadores de serviços privados têm concorrência adequada entre si, e geralmente podem oferecer preços para os serviços de gestão de RSU que estão geralmente abaixo daqueles cobrados pelo setor público. 3.3 Japão 3.3.1 Informações sociogeográficas 123 O Japão está localizado ao leste da Ásia e suas principais cidades são: Tóquio, Osaka; Yokohama, Nagoya, Sapporo, Kyoto e Kobe (Figura 49). Figura 49: Mapa do Japão. A maior área é a de Tokyo, que inclui a capital e várias prefeituras vizinhas, é a maior área metropolitana do mundo, com mais de 30 milhões de habitantes. A área do Japão é de 377.873 km², e possui uma população de aproximadamente 126 milhões de habitantes de acordo com a estimativa em 2011 (66% da população do Brasil). A economia é a terceira maior do mundo atrás apenas dos Estados Unidos e da China, com um PIB de 5.855 trilhões de dólares (estimativa em 2011) e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito alto de 0,901 (PNUD 2011). O principal mercado consiste em serviços (Bancos, seguros, imobiliário, varejo, transporte e telecomunicações) e indústrias (automóveis, bens eletrônicos, de alta tecnologia e precisão, tais como equipamentos ópticos, os veículos híbridos 124 e robótica). A densidade populacional no Japão é muito alta, e chega a 336 hab/km2 e com um crescimento demográfico equivalente a 0,2% ao ano (1995 a 2000). A densidade populacional está bastante concentrada na área urbana e é muito superior à média nacional, visto que mais de 70% da área do Japão é composta por áreas montanhosas. A área e a população de cada região é mostrada conforme a Tabela 19. Tabela 19: Área e população em cada região do Japão. Região Área (km²) População (milhão) Hokkaido 77.980 5,51 (2010) Tohoku 66.890 9,34 (2010) Kanto 32.424 42,61 (2010) Chubu 72.572 21,72 (2010) Kinki or Kansai 27.335 22,76 (2010) Chugoku 31.916 7,56 (2010) Shikoku 18.800 4,02 (2011) Kyushu-Okinawa 35.640 13,23 (2011) A energia no Japão é muito baseada em carvão, petróleo e de GNL com as ações de 46,5%, 22,6% e 20,3%, respectivamente, da oferta total de energia primária em 2011, conforme Tabela 20. A energia nuclear representava cerca de 11,6% da oferta total de energia primária, em 2010, e diminuiu em 44,3% devido ao acidente da usina nuclear causado pelo grande tsunami em março de 2011. Devido a este acidente, a dependência de energia nuclear continuará a ser diminuída, no primeiro trimestre de 2012, a participação da energia nuclear foi reduzida em 89% (IEEJ, 2012). Além disso, o país promove ativamente a política de redução de energia nuclear em todo o seu território, especialmente na área de Kanto. Tabela 20: Calendário anual resumo da oferta total de energia primária do Japão durante 2007-2011. 125 Fonte: IEEJ, 2012. O fornecimento de energia total em 2011 foi da ordem de 937.656 kWh, produzidos principalmente por energia térmica e nuclear. No entanto, a geração de energia nuclear diminuiu de 28% para 17% em 2011, devido à mudança da política energética e após o acidente nuclear em 2011 (IEEJ, 2012). O preço da eletricidade pode variar dependendo da empresa produtora, mas pode ser estimada entre 27 e 32 Yen japoneses por kWh (equivalente a R$ 0,54 e R$ 0,64 reais). 3.3.2 Geração e composição dos resíduos A geração de resíduos urbanos no Japão aumentou no período de 1985 a 2000, diminuiu ligeiramente no período de 2000 a 2007 e decresceu acentuadamente no período de 2007 à 2009, conforme apresentado na Figura 50. Avalia-se ainda que a redução da geração de resíduos no Japão é resultado da execução bem sucedida de uma série de leis que associam as estratégias nacionais para os 3Rs (reduzir, reutilizar, reciclar) e estabelecer o “ciclo de materiais”. Considerada a mais importante, a Lei de Gestão de Resíduos e Limpeza Pública2, teve a sua alteração em 2001, e classifica os resíduos no Japão em duas categorias: Resíduos industriais que são as cinzas, lodos, óleos usados, ácidos, resíduos alcalinos, plásticos, rejeitos e outros provenientes de atividades empresariais. Resíduos sólidos urbanos (RSU) que referem-se a outros resíduos além de resíduos industriais. 2 Esta lei prevê a redução da produção de resíduos, o tratamento adequado, a instalação de estações de tratamento, o regulamento sobre empresas de serviços para recolhimento e tratamento de resíduos e a criação de normas de tratamento, entre outros pontos. 126 Figura 50: Alterações na geração dos resíduos no Japão no período de 1985 a 2009. Fonte: MOEJ, 2012 A existência da Lei de Gestão de Resíduos e Limpeza Pública desde 1970 (com revisão e aplicação da Lei Fundamental de Ciclo de Materiais3 ) teve uma implicação direta na redução gradativa da geração dos resíduos, podendo-se registrar que a quantidade de resíduos diminuiu em 3,9% (de 2008 a 2009) e em 15,6% (de 2000 a 2009) (MOEJ, 2011). A taxa de geração de resíduos per capita em 2009 diminuiu 16% em relação a 2000 (MOEJ, 2012), ou seja, a geração de resíduos urbanos em 2009 pode ser comparada á do ano de 1987 (Figura 50). Em 2009, a geração de resíduos urbanos no Japão foi de cerca de 46,25 milhões de toneladas, com a taxa de geração de 0,99 kg/pessoa/dia. Os resíduos urbanos são compostos por 30,18 milhões de toneladas oriundos de famílias, 13,28 milhões de toneladas de setores de pequenas empresas e 2,79 milhões de toneladas da coleta denominada “grupo”, tais como escolas e comunidades (MOEJ, 2011). 3 é uma das mais recentes das leis básicas sobre Gerenciamento de Resíduos no Japão. Esta lei tem o objetivo básico de estabelecer a “Material-cycle Society (MCS), fornecendo os princípios sobre como a gestão de resíduos no Japão deve ser conduzida definindo prioridades para (1) controle de geração, (2) reuso, (3) regeneração, (4) recuperação de calor e (5) disposição correta de resíduos. 127 A composição dos resíduos no Japão tem mudado ao longo do tempo devido à mudança no consumo e às preocupações ambientais, conforme apresentado na Figura 51. Figura 51: Composição dos resíduos no Japão no período de 1980 a 2008. Fonte: MOEJ, 2012. Em 2008, a composição dos resíduos no Japão era de 38% de papel, 31% de restos alimentares (orgânicos), 10% de plástico, 8% de madeira, 4% de fibra, 4% de vidro, 3% de metal e 2% de cerâmica (MOEJ, 2011B). 3.3.3 Tecnologias utilizadas No Japão, a diversidade de alternativas tecnológicas é muito grande, entretanto é possível perceber um balizamento pelas legislações para definir as escolhas, os arranjos institucionais, a tendência para segregação, a existência de coleta seletiva e ainda a relevância para instalação de incineradores e até aterros sanitários. As diferenças regionais existem especialmente em termos de desempenho de reciclagem, uso de plantas de combustão de resíduos e geração de energia, e de propriedade (público X privado) das etapas de um sistema de gestão de resíduos 128 sólidos em particular. A tecnologia da incineração é o principal tratamento de resíduos sólidos urbanos no Japão porque consegue reduzir o volume total de resíduos para disposição final em cerca de 90%, mas é também o mais dispendioso financeiramente. Alguns governos locais tentam promover a redução da geração de resíduos e melhorar a eficiência na separação dos resíduos na fonte para reduzir as emissões de dióxido de carbono e o custo da incineração. De acordo com o indicado pela legislação, o Japão promove ativamente a aplicação dos 3Rs (reduzir, reutilizar, reciclar) e da Lei Fundamental do Ciclo de Materiais para alcançar o desenvolvimento sustentável. Os municípios são incentivados a estabelecerem suas metas específicas relacionadas com os 3Rs, e a formularem um plano abrangente de medidas para atingir os objetivos. Além disso, os municípios precisam estabelecer instalações de tratamento de resíduos para associar o estabelecimento de uma “sound material-cycle society”4. Como indicado pela Lei de Gestão de Resíduos e Limpeza Pública, "os cidadãos devem cooperar com os governos centrais e locais em suas atividades de redução de resíduos, restringindo a sua descarga de resíduos, usando artigos reciclados ou contribuindo para a reciclagem e reutilização de resíduos, triagem de resíduos antes da descarga, a gestão de resíduos, por si mesmos, tanto quanto possível e assim por diante”. A separação de resíduos na fonte é obrigatória, consequentemente, a coleta e o tratamento de resíduos são concebidos de acordo com cada tipo específico de resíduos (Figura 52), variando a depender das condições municipais. 4 De acordo com o Artigo 2º da Lei Fundamental do Ciclo de Materiais, uma “sound material-cycle society” e pode ser traduzida como “uma sociedade onde o consumo de recursos naturais é minimizado e a carga sobre o meio-ambiente é reduzida tanto quanto possível, evitando que produtos se tornem resíduos, promovendo a reciclagem apropriada dos produtos, quando se tornarem recursos recicláveis, e assegurando a disposição apropriada dos recursos recicláveis que não forem reciclados” 129 Combustível Incineração Residências Separação dos resíduos Cinzas Destino final Não Combustível Reciclagem Recicláveis Rejeito s Residuos volumosos Pulverização Figura 52: Rotas comuns de resíduos sólidos urbanos e tecnologias de tratamento no Japão. Em geral, os resíduos são separados em três categorias principais: Resíduos combustíveis ou combustíveis tratados por incineração (por exemplo: orgânico, plástico); Resíduos não combustíveis, não incineráveis ou não inflamáveis tratados em aterros sanitários (por exemplo: cerâmica, vidro), e; Resíduos recicláveis (por exemplo: metal, vidro, papel, plástico). A classificação dos resíduos varia de cidade para cidade e ela pode ser alterada ao longo do tempo. Por exemplo, o plástico é classificado como combustível em Kyoto, Kobe e Sendai, mas é não combustível em Sapporo e Nagoya (Yamada, 2007). A cidade de Tóquio só começou a classificar os plásticos como combustível a partir de 2008 e assim passou a utiliza-lo para recuperação de energia em instalações de incineração de resíduos. O tratamento de resíduos volumoso mais utilizado no Japão é a incineração (Nakamura, 2007), devido à sua limitação 130 geomorfológica e ao desenvolvimento socioeconômico avançado do País. Portanto, as emissões de GEE advém principalmente do CO2, diferentemente dos países em desenvolvimento que a emissão de metano em aterros é dominante. O Aterro é aplicado para os não inflamáveis e para os resíduos após o tratamento intermediário. A incineração de resíduos pode reduzir a eliminação final em até 87%. Em 2008, a taxa de reciclagem no Japão aumentou para 19%, o uso de aterros caiu para 2% e manteve-se a incineração como os principais métodos de tratamento em 79% (MOEJ, 2011) (Figura 53). Figura 53: Comparação de tratamento de resíduos sólidos urbanos no Japão durante o ano 2000 a 2008. Fonte: Modificado a partir MOEJ, 2011. O total de resíduos para disposição final em 2009 foi de 5,0 milhões de toneladas, que representaram 10,9% do total de resíduos. Entre estes, apenas 1,6% vai diretamente para o aterro, o resto é deposição de rejeitos após o tratamento intermediário (incluindo cinzas provenientes da incineração). O número de locais de disposição final reduz a cada ano, sendo em 2008 de 1.823, e o volume residual de 121,84 milhões m³, estimado a serem preenchidos nos próximos 18 anos se a taxa de eliminação permanecer a mesma. Em 2009, o número de locais de disposição final diminuiu para 1.800, mas o tempo de vida útil restante do aterro aumentou para 18,7 anos (MOEJ, 2011). Este tempo de vida útil restante do aterro é de aproximadamente 6 anos a mais do que a estimada em 2000. 131 A taxa de reciclagem também tem aumentado continuamente, passando de 14,3% em 2000 para 20,5% em 2009 devido aos grandes esforços na promoção dos 3R’s e o incremento na reutilização e recuperação dos resíduos. A Figura 54 apresenta a principal rota tecnológica dos resíduos sólidos urbanos no Japão. Enquanto que a Figura 55 apresenta o tratamento intermediário e se refere ao tratamento de resíduos volumosos, compostagem, alimentos para animais, biogás, RDF e a recuperação de outros materiais, mas não inclui a incineração, tecnologia de tratamento principal no Japão. 132 Total recuperado 9,502,000 20.5% Coleta “grupo” para reciclagem 2.792.000 t/ano 6.0% 4.8% Reciclagem direta 2.238.000 t/ano Total RSU 46.426.000 t/ano 100% Recuperação 4.472.000 t/ano 13.2% Tratamento 43.634.000 t/ano Tratamento intermediário 6.162.000 t/ano 1.472.000 74.3% Incineração 35.989.000 t/ano 77.5% 1.072.000 Cinzas 4.667.000 t/ano Disposição direta (aterros) 717.000 t/ano 760.000 Total aterro 5.072.000 t/ano 10.9% 1.5% Figura 54: Rotas tecnológicas de tratamento de resíduos sólidos urbanos no Japão em 2009. Fonte: Dados originais obtidos de MOEJ, 2011a. 133 Recuperação 3.400.000 4.6% 0.3% Tratamento intermdiário 6.162.000 t/ano 13.2% Tratamento de resíduo 2.134.000 t/ano 499.000 t/ano 113.000 t/ano Compostagem 152.000 t/ano 0.02% Alimentação animal 8.000 t/ano 2.000 t/ano Biogas 21.000 (0,05%) t/ano 11.000 t/ano 1.5% CDR 690.000 t/ano 389.000 t/ano 6.5% Recuperação de outros materiais 3.025.000 t/ano 2.386.000 t/ano 0.3% Outros 132,000 t/ano Incineração 1.472.000 Aterro 760.000 Figura 55: Composição de tratamento intermediária (exclusão de incineração direta e reciclagem de cinzas) Fonte: MOEJ, 2011a. 134 A reciclagem de resíduos orgânicos no Japão é muito baixa sendo a maioria deles incinerados. No entanto, a tendência de aproveitamento desses resíduos como alimentos para animais está gradualmente aumentando à medida que é bem recebido pelos agricultores (Figura 56). Figura 56: Utilização de resíduos orgânicos no Japão – Período : 2005 à 2009 Fonte: Original data obtained from MOEJ, 2011a. Unidades de triagem – separação e reciclagem A iniciativa de educação dos cidadãos para a separação e coleta de resíduos é disseminada dentre todos os moradores cadastrados nas cidades e que no ato do registro em sua cidade de moradia, recebem o manual e o panfleto explicando sobre a triagem de resíduos e o horário da coleta de lixo. O manual explica a política de gestão de resíduos da cidade, detalhes das categorias de resíduos, os critérios de separação de resíduos, a preparação para descarte, cronograma de coleta e assim por diante. O panfleto é uma única folha (parecido com um cartaz que o residente pode colar na parede) resumindo as principais categorias de resíduos e horários da coleta de lixo. Estes materiais educativos também estão disponíveis on-line facilitando o acesso aos mesmos por parte dos novos residentes. 135 A Figura 57 e a Tabela 21 apresentam exemplos de manual de separação de resíduos e cronograma de coleta de resíduos. Cada governo local elabora o seu plano de gestão de resíduos o qual inclui a categorização dos resíduos para uma operação eficiente da unidade de reciclagem, o tratamento intermediário e disposição final. Cada município estabelece sub-categorias em seu próprio plano de gestão de resíduos, bem como o conceito básico de categorias de resíduos e a segregação de resíduos para tratamento adequado de forma econômica e ecologicamente corretas. Os moradores devem separar os resíduos e mantê-los em sua casa até o horário previsto para a coleta. Os dias de coleta e os horários dependem do planejamento do percurso de cada município. Existem sinais nos pontos de coleta de resíduos na comunidade para informar aos moradores sobre os dias da semana em que cada tipo de resíduo será coletado. Os resíduos que tiverem o seu descarte feito em dia e horário errados não serão coletados e o coletor vai colocar uma etiqueta de advertência sobre o saco de lixo. Os moradores que não seguem a orientação da cidade para a triagem de resíduos adequada, de acordo com o cronograma de coleta, são multados. Por exemplo, na cidade Yokohama é cobrado 2.000 JPY para os moradores que violam a regra. A partir de 2008, 98% dos municípios (de 1765) tem a sua coleta ordenada implementada, a qual abrange 99,4% dos resíduos. No entanto, apenas 86% da população pratica a separação dos resíduos (CECJ, 2010). Estaleiros para o descarte e desmantelamento foram estabelecidos para lidar com resíduos volumosos (frigoríficos, por exemplo, mesas, máquinas de lavar), que exige especialidade em separação de itens valiosos. Para este caso, a maioria dos municípios não oferece serviço de coleta regular. Os moradores devem contatar as autoridades designadas para o serviço de “pick-up” (coleta). 136 Figura 57: Exemplos de coleta manual de resíduos. Fonte: Yokohama City. Tabela 21: Exemplos de categorias de resíduos e cronograma de coleta em Yokohama. Categorias de Resíduos Horário de coleta Incineráveis Duas vezes por semana. Recipientes e embalagens de plástico Uma vez por semana. Lata, garrafas e garrafas PET Uma vez por semana Papel Duas vezes por mês Pequenos artigos de metal Mesmo dia, com garrafas, mas sem saco. Pilhas secas Aerossóis Não inflamáveis / incineráveis Mesmos dias com saco incineravel, mas separadas Mesmos dias com saco incinerável mas separado Mesmos dias com saco incinerável mas separado Roupas usadas Duas vezes ou uma vez por mês Resíduos volumosos Contato direto, com o uso de sacos semitransparentes Outros rejeitos Uso de Saco semi-transparentes 137 Reciclagem O governo japonês promove fortemente a reciclagem. Em 2000, o Japão já tinha leis específicas para promover a reciclagem, que inclui a Lei da Reciclagem de Embalagens, a Lei da Reciclagem de Materiais da Construção, a Lei de Reciclagem de Alimentos, etc. A quantidade de recicláveis convertido em produto tem aumentado, por exemplo, de papel para papel aumentou de 44% em 2000, para 93% em 2010. Mais de 96% de garrafas de vidro incolor e âmbar são utilizados para a produção de garrafas de vidro, mas mais do que 72% do vidro em outras cores é usado para produzir outro produto, tais como materiais de construção (por exemplo, pavimento de asfalto, de amarração). Aproximadamente 90% das garrafas de PET são usados para produzir produtos têxteis e lâmina de plástico. Compostagem A quantidade de resíduos submetidos ao processo de compostagem no ano de 2004 foi de 61.856 toneladas e, no ano de 2006, esta quantidade aumentou em quase duas vezes. Entretanto, a participação da compostagem ainda é muito baixa com apenas 0,2% dos resíduos sólidos urbanos sendo submetidos a este processo. Em 2000, o Japão adotou a Lei de Promoção de Reciclagem e Atividades Correlatas para o tratamento dos resíduos alimentares cíclicos (Lei de Reciclagem de Resíduos alimentares), para atingir 20% de reciclagem de resíduos de alimentos até 2006. A lei foi alterada em 2007 e pretende criar uma sistemática de reciclagem de alimentos no varejo e restaurantes, que geram mais de 100 toneladas por ano de resíduos de alimentos (60% do desperdício de alimentos no total) (Mizutani, 2010). A geração de resíduos alimentares no Japão permanece em cerca de 20 milhões de toneladas por ano desde 2000. Um relatório da Associação de Reciclagem Orgânica Japão (Jora) mencionou que 25% dos resíduos de alimentos no País foram recicladas por meio de adubo ou ração animal em 2007 (Jora, 2008), 5% maior do que em 2006 (Mizutani, 2010). A taxa nacional de reciclagem de resíduos de alimentos foi conseguido através da gestão industrial os resíduos de alimentos. 138 O Ministério da Agricultura Floresta e Pesca informou que, em 2007, aproximadamente 60% do descarte de alimentos industriais (6,8 milhões de toneladas) foi recuperado por meio de compostagem (2,5 milhões de toneladas), alimentos para animais (2,4 milhões de toneladas), óleo e produtos gordurosos (39 mil toneladas), biogás (23 mil toneladas) dentre outros meios de recuperação (Mizutani, 2010). No entanto, a taxa de reciclagem de resíduos de cozinha permanece relativamente baixa em torno de 10%, com base em um valor estimado pelo Ministério do Meio Ambiente, os resíduos de cozinha eram aproximadamente 10 milhões de toneladas em 2006. Aproximadamente, 115 mil toneladas desses resíduos (1,2%) foi compostado, 200 mil foram utilizados para a alimentação animal, 24 mil para produção de biogás e 726 mil foi utilizado para a produção de CDR’s (Mizutani, 2010). A compostagem urbana centralizada não é amplamente praticada por causa da alta densidade populacional, por ser cara e requerer tecnologia avançada de compostagem para trabalhar de forma eficiente em um espaço limitado. E ainda, a separação de resíduos de cozinha para a compostagem ou a reciclagem não é obrigatória. Por outro lado, a compostagem é encontrada em cidades em que o cultivo é muito praticado, tais como Nogi (Tochigi) ou em cidades com iniciativas para mobilizar o uso de composto como Nagai City (Yamagata) e Toda e Warabi (Saitama). A compostagem é largamente praticada em nível doméstico no Japão, onde o espaço de jardinagem está disponível como uma contribuição de acordo com os princípios da Lei Fundamental do Ciclo de Materiais. Em anos recentes, o movimento desta alternativa de tratamento está em ascensão para construir uma sociedade orientada para a reciclagem. Em 2011, Mitsuke City (Nigata) tenta passar da incineração de resíduos de cozinha convencional para compostagem. A cidade implementou um teste de compostagem utilizando uma medida para combinar microorganismo seletivo e arejamento forçado. A compostagem de 30,9 toneladas de resíduos de restos alimentares foi arejada, uma vez por semana, durante o período de 43 dias para alcançar um composto equivalente a 22,9 toneladas (JFS, 2012). 139 Esta prática é levada a cabo numa base voluntária em muitas cidades, tais como Idabashi (Tokyo), Itoshima (Fukuoka), Kitakyushu, e assim por diante. Os microorganismos seletivos ou eficazes são comumente usados como entrada de compostagem, os quais ajudam a encurtar o tempo de compostagem e garantir que nenhum odor estranho apareça. Itoshima, cidade que promove a compostagem do resíduo doméstico para incentivar uma sociedade de resíduos zero, desde setembro de 2007 subsidia kits de compostagem embalados em uma caixa de papelão com 40 litros rotulados de “Sutenanna-kun” (significa “por favor, não jogue fora "). O kit Sutenanna-kun inclui um meio de cultura composto por 25 tipos de materiais, incluindo fichas de bambu, diatomita, levedo de cerveja, e "bokashi". O kit está disponível nas Cooperativas Agrícolas do Japão (JA) com o preço de 960 JPY (no qual 50% é subsidiado pelo município). Na cidade de Kitakyushu, cada composteira custa cerca de 3000 JPY e é 100% subsidiada pelo governo local. Composteiras elétricas também são subsidiadas em cerca de 50% pelo governo de Kitakyushu, desde que o valor subsidiado não ultrapasse JPY 20.000 por equipamento. Se o composto gerado pelo residente for maior que o consumido pelo mesmo, as cooperativas recolhem o composto para posterior distribuição. Como resultado destas ações, a quantidade de lixo incinerável na cidade de Itoshima foi reduzida em 425 toneladas em 2008 (1,5% do total de resíduos gerados) e a resposta dos moradores foi maior do que a cidade poderia imaginar, uma redução de 342 toneladas no primeiro semestre do ano fiscal de 2009 (JFS, 2010a). Kitakyushu City é um bom exemplo de eco-cidade, em 2002, 26.526 famílias (o equivalente a aproximadamente 6,6% do total de domicílios) tinham equipamento para produzir o composto (Hitsumoto, 2002). A cidade tem transferido as técnicas de compostagem para muitos países em desenvolvimento da Ásia, como Indonésia, Filipinas, Malásia e assim por diante. A compostagem doméstica tem sido promovido até os dias atuais e um número significativo de kits de compostagem domésticos foram distribuídos. Kitakyushu City oferece treinamento para os moradores sobre como fazer compostagem doméstica e incentiva a utilização do composto localmente ou regionalmente para cultivo ou jardinagem sob o conceito da Lei Fundamental do Ciclo de Materiais. 140 Os investimentos necessários são principalmente na sensibilização e informação sobre compostagem, bem como o subsídio para a compostagem sob a forma de kit. A logística envolvida para promover a compostagem doméstica requer diálogos com os cidadãos para perceber suas necessidades e compartilhar informações. A cidade promoveu muitos diálogos com os cidadãos durante a fase de planejamento do processo de criação do sistema “Bolsa Designada”. O governo municipal estabeleceu um programa de subsídios para promover atividades de compostagem entre os cidadãos e tem sido extremamente bem sucedido também na compostagem do excremento de gado. No entanto, a maioria das atividades de compostagem não tem uma perspectiva econômica, mas sim de gestão ambiental (Hitsumoto, 2002). Os incentivos institucionais, técnicos e ambientais são para minimizar resíduos para incineração e aterro sanitário, reduzir o custo de coleta e tratamento de resíduos por município, obter composto para jardinagem nas residências, restrições institucional, técnica e ambiental. Também existe o conceito da compostagem centralizada de resíduos de alimentos, que normalmente é praticada na cidade onde o plano global sobre a utilização de composto existe. Por exemplo, toda a cidade de Warabi promove conjuntamente a compostagem de resíduos de cozinha (coprocessamento de resíduos de alimentos e vegetais em habitações, esterco e casca de arroz) para a utilização em um centro florístico criado desde 2010. A utilização do composto no centro consiste em fazer mudas de flores e distribuí-las entre os residentes que participam da separação de resíduos para compostagem dentro do programa. Além disso, o centro tem um prédio administrativo para os visitantes, um edifício de cultivo para a compostagem, e três viveiros de efeito estufa, juntamente com um biótopo e área de preservação da natureza. Nesta cidade, os restos de alimentos são separados e drenados pelos moradores antes de entregar em recipientes de coleta de resíduos, que estão localizados nos pontos de coleta na comunidade. A cidade oferece serviço de coleta de lixo duas vezes por semana. Os restos de alimentos coletados são misturados e compostado em dois estágios: compostagem de resíduos fresco durante 15 dias e maturação por 25 dias. Depois o composto é peneirado e a contaminação, tais como metais e partículas grandes, é eliminada. 141 O adubo é embalado e vendido sob o logotipo da "composto arco-íris". Os investimentos necessários para a unidade de compostagem de Warabi foram de 434.177.300,00 JPY5 em uma área de instalação de 9.690 m². A produção de composto é de aproximadamente 450 toneladas por ano de composto que podem ser vendidos a 2.625,00 USD por tonelada ou cerca de 24,00 USD por quilograma. A natureza do prestador de serviços é o município e os membros do Comitê de Promoção Plano do arco-íris. Os incentivos nos aspectos institucionais, técnicos e ambientais são quanto à solidariedade entre as famílias urbanas e rurais para promover a agricultura orgânica, a colaboração e envolvimento de toda a comunidade agricultura sustentável, valor acrescentado aos produtos agrícolas, as pessoas locais reconhecem o projeto como seu próprio e participam ativamente na implementação, a promoção de um estilo de vida sustentável por meio de produção e consumo local, e a produção de alimentos saudáveis para as pessoas que vivem na área urbana vizinha através da articulação com as áreas rurais. Oito lojas foram designadas para comercializar os produtos do arco-íris no varejo. Eles fornecem legumes para a merenda escolar, alguns destes produtos como macarrão Nagai, soba, tofu, miso, são hoje conhecidos como alimentos especiais saudáveis. A quantidade de lixo de cada residência foi cortada pela metade, reduzindo assim o custo de eliminação de resíduos em Warabi City. As restrições institucional, técnica e ambiental são a contaminação de metais e itens não compostáveis encontrados no início da implementação do projeto. A sensibilização foi importante para melhorar a qualidade da entrada de resíduos. Tratamento: digestão anaeróbia O Ministério do Meio Ambiente do Japão informou que 24.000 toneladas de resíduos de alimentos nos municípios foram tratadas para geração de biogás (Mizutani, 2010), que é equivalente a 0,24% da quantidade dos resíduos de alimentos ou 0,05% dos resíduos sólidos urbanos em 2006. 5 1 JPY ≈ 0,02 BRL ≈ 0,01 USD (em 1 de março de 2012), 142 A quantidade de digestão anaeróbia de resíduos de alimentos industrial é aproximadamente a mesma (23.000 toneladas, ou 0,21% do descarte de alimento industrial em 2007). O sistema de digestão anaeróbia em Tóquio, que foi criado em 2003, têm uma capacidade de processamento de 130 toneladas por dia e é o maior digestor anaeróbio industrial no Japão. Atualmente, a instalação recebe 100 toneladas por dia de resíduos de alimentos e gera 24.000 kWh/dia de energia elétrica. Aproximadamente 60% da eletricidade é vendida à TEPCO. Além disso, estimou-se que este sistema poderia reduzir as emissões de GEE até 5000 tCO2eq por ano (Mizutani, 2010). Outro exemplo de um coprocessamento da digestão anaeróbia de resíduos industriais e municipais é em Chiba City. A capacidade desse sistema de digestão anaeróbia é de 30 toneladas por dia (Mizutani, 2010). A seguir estão as informações do sistema de digestão anaeróbia em Chiba Biogás Center, Prefeitura de Chiba, localizada em Ecologia Soga industrial & Park Research. O sistema de digestão anaeróbia tem operado desde agosto de 2003 em uma área de 10.000 m2. Desde Novembro de 2010, existem 52 funcionários que trabalham neste sistema incluindo empregados da gaseificação de resíduos adjacentes e planta de fusão6. O sistema de digestão anaeróbia é o mesmo processo de fermentação usado na Dinamarca (Noma, et al, 2004). O processo é constituído pelos seguintes processos principais: Pré-tratamento – é a trituração de resíduos em um diâmetro de cerca de 3 cm, com a remoção de materiais estranhos tais como papel e materiais plásticos por separação centrífuga e separação pneumática e metais por separação magnética; Esterilização - a suspensão de resíduos de alimentos é esterilizado a 70 ° C durante mais de uma hora para matar patógenos; Fermentação anaeróbia – processo de digestão que ocorre a uma temperatura de 37 °C durante 20 dias. A matéria orgânica se decompõe a biogás atingindo uma concentração de metano recuperado entre 60-70%. Tratamento e destinação do biogás- o biogás é tratado para remoção de compostos de enxofre e este é fornecido para indústrias adjacentes como 6 Dados disponíveis através http://nett21.gec.jp/Ecotowns/data/et_a-07.html desde setembro de 2011. 143 combustível; Pós-tratamento - o lodo digerido é desidratado, secado, passado por um processo de tratamento dos resíduos adjacentes para recuperar o gás combustível e escórias, etc. Os tipos de resíduos tratados por este processo são: os resíduos orgânicos de indústrias alimentícias, os resíduos alimentares residenciais (coletados separadamente) e alimentos vendidos a partir de grandes varejistas. A quantidade dos resíduos tratados é equivalente a 30 toneladas/dia. Esses resíduos tratados servem para aplicações como fermentação de resíduos de alimentos sob condições anaeróbias para recuperar o metano para uso energético. O custo de investimento inicial da Chiba Biogás Center foi de aproximadamente JPY 1.4 bilhões, dos quais JPY 600 milhões foram subvencionados pelo governo nacional e alguns da cidade de Chiba. Quanto à logística envolvida, na cidade de Chiba, a prefeitura lançou a Ecologia Soga Industrial e Projeto de Pesquisa Park e forneceu alguns subsídios para empresas de reciclagem, incluindo o projeto de biogás. A cidade está interessada na digestão anaeróbia de resíduos alimentares municipal porque uma das três usinas de incineração na cidade será fechada em 2016. Portanto, a cidade tenta reduzir o custo para a construção e manutenção de outra unidade de incineração. Além disso, a cidade espera diminuir a redução de emissões de GEE provenientes da incineração. O resíduo gerado (lodo) é secado e utilizado para a gaseificação, assim, o espaço de utilização para aterro poderia ser minimizado (Mizutani, 2010). A empresa de reciclagem é uma empresa originária de outra na área de fabricação de aço em Chiba City, que também utiliza uma tecnologia de biogás. Portanto, a empresa-mãe pretende usar o biogás para reduzir o consumo de combustíveis fósseis para produção de aço. Além disso, a energia elétrica e o vapor necessários para operar esta planta são fornecidos a partir das atividades do aço, enquanto a água residual gerada a partir desta planta é tratada por uma "instalação de tratamento de águas residuais” existente, visando minimizar o investimento de capital e de custos de operação. 144 Os rejeitos oriundos desta planta (lamas desidratadas/secas) são recuperados na gaseificação de resíduos e nas plantas de fusão para recuperar o gás combustível e escórias, etc. O gás combustível é utilizado para produção do aço e a escória é vendida como material para a construção de estradas. Através deste processo, a planta atingiu zero de emissões e a unidade de biogás recebeu substancial investimento da empresa-mãe. Além do alto custo do tratamento dos resíduos por digestão anaeróbia, os interessados precisam também convencer as empresas do setor de alimentos sobre seus benefícios através do cumprimento da legislação para reciclagem de resíduos, minimização de resíduos e cobenefícios. Para estabilizar as operações e aumentar a rentabilidade, os interessados precisam dos fornecedores, os quais fornecem continuamente resíduos de alimentos em quantidade e qualidade estável. Tratamento: incineração No ano fiscal de 2009, a quantidade de eliminação total de resíduos urbanos foi equivalente a 46,25 milhões de toneladas e a disposição diária foi equivalente a um valor de 994 g/per capita. Cerca de três quartos dos resíduos (34,52 milhões de toneladas) são incinerados. Existem 1.243 unidades de incineração e a capacidade de incineração média de cada planta é de 150 toneladas/dia. A recuperação de calor é realizada em 800 plantas, e sistemas de geração de energia estão instalados em 304 plantas, que tem a capacidade total de geração de energia de 1,673 mil kW. O calor recuperado é fornecido para um sistema de aquecimento de água dentro da unidade de incineração, um tanque de água quente e sistemas de aquecimento nas comunidades locais (Tabela 22). A recuperação de calor e geração de energia são conduzidas em 800 plantas num total de 1243. Os resíduos de processamento de alimentos, resíduos de serviço de saúde e animais mortos de setores empresariais são recolhidos e incinerados por setores privados de gestão de resíduos como lixo industrial/comercial. Um recipiente selado é usado para o transporte do lixo hospitalar. Os resíduos urbanos são coletados separadamente por suas composições. As categorias de classificação são determinadas por uma autoridade municipal, considerando as condições locais. 145 Tabela 22: Recuperação de calor das instalações de incineração no Japão em 2009. Numero de Categoria instalações Incineração com recuperação de calor Utilização de água quente dentro de uma instalação 727 Fornecimento de água quente para o exterior 240 Utilização de vapor dentro de uma instalação 238 De fornecimento de vapor para o exterior 99 A geração de energia dentro de uma instalação 301 A geração de energia no exterior 181 Outros 46 Subtotal 800 Incineração sem recuperação de calor 443 Total 1243 Fonte: MOEJ, 2011 A Tabela 23 mostra o número de instalações de incineração pela capacidade de um incinerador. Tabela 23: Distribuição da escala de capacidade das instalações de incineração no Japão em 2009. Capacidade Numero de plantas (toneladas/dia) Menos que 30 288 30 to 50 142 50 to 100 225 100 to 300 392 300 to 600 136 Maior que 600 60 Fonte: MOEJ, 2011 Para a construção de um incinerador, o governo central dá um subsídio para os municípios. A capacidade de tratamento de uma unidade de incineração é determinada com base na população e emissão de resíduos combustíveis. 146 Além disso, o número de incinerador deve ser determinado como dois ou três, em princípio, para o apoio adequado considerando manutenção e economia. Por exemplo, a emissão diária de resíduos combustíveis para a população de 300 mil residências é 884,9 g/dia/hab, o que equivale a uma coleta diária de 265,5 toneladas. Neste exemplo, a escala da planta de incineração é dada pela relação entre o volume diário de resíduos e sua taxa de operação (dias do ano em que a planta está em funcionamento). Assim, esta capacidade pode estar distribuída em uma única planta ou em duas plantas com metade da capacidade. É importante enfatizar que um sistema de coleta eficiente dos resíduos é necessário para manter a taxa de capacidade de operação de um incinerador. As restrições institucional, técnica e ambiental se davam quanto ao alto grau de exigência para adoção de contramedidas para a prevenção de dioxina e exigência de pessoal qualificado para operar o incinerador. Desde 1997, tratar do problema da dioxina, se tornou uma grande preocupação, obtendo vários incentivos visto que 100% de incineração de RSU combustível era o objetivo nacional porque o Japão não possui área para a construção de aterros sanitários para deposição de resíduos sem tratamento prévio. Disposição final: aterro sanitário No período de 1970 a 1980, os aterros foram utilizados como disposição final de resíduos sem tratamento prévio e ainda resíduos da incineração. Os resíduos com alto teor de matéria orgânica, como restos de comida, ainda permanecem em tais aterros antigos, causando odor indesejável e geração de lixiviados, deteriorando a imagem dos aterros sanitários. Esses impactos negativos dos aterros tornaram difícil assegurar a concepção de novos aterros devido à ofensiva pública (Nakakoshi, 2004). Como resultado da resistência pública e a melhoria da regulação, a quantidade de deposição de resíduos sem qualquer tratamento diminuiu gradativamente desde 1975 e alcançou-se 29% da eliminação total de resíduos em aterros sanitários em 2000 (Tanaka et al, 2005). Desde 1997, é obrigatória, para todos os aterros, uma avaliação de impacto ambiental e a aplicação de um sistema de duplo-forro na camada de base. Também 147 foi exigido um melhor desempenho dos aterros de resíduos sólidos urbanos para obtenção de subsídios do governo. Saídas ou emissões a partir de um aterro devem ser monitorados para a saúde da população e qualidade do ambiente. Para reforçar a melhoria da deposição em aterro, as orientações para o desempenho de aterros de resíduos sólidos urbanos foram introduzidas em 2000 através da compilação das normas ambientais, que tem permitido o desenvolvimento da concepção “novo aterro sanitário”. Como resultado de uma regulação mais estrita, o custo para a disposição de resíduos em um aterro foi aumentada de aproximadamente 1.000 JPY em 1980 para 28.000 JPY por metro cúbico em 2000 (Tanaka et al, 2005). Atualmente, os resíduos inflamáveis e volumosos são direcionados para instalações de processamento intermediário no qual são triturados e separados em combustível (para incineração), metais – alumínio e ferroso (para reciclagem) e inflamáveis (para aterro) 7. Os resíduos não combustíveis são esmagados e as cinzas são dispostas em aterro semiaeróbio. O método denominado “sandwich” é aplicado para prevenir dispersão de odor de resíduos, falha e incêndio de aterro. Aeração é a chave do aterro semiaeróbio. Por conseguinte, existe uma necessidade de assegurar que o sistema de coleta de lixiviados e tubos de ventilação de gás não sejam danificadas ou entupidos ao longo do tempo. Os lixiviados devem ser tratados para cumprir a norma ambiental. Em 2009, 88.763 toneladas de não combustíveis e 55.853 toneladas de resíduos de grande porte foram coletados e processados nas unidades de tratamento intermediário. Cerca de 24.086 toneladas por ano de ferro e 986 toneladas por ano de alumínio foram recuperados (Clean Association of Tokyo 23, 2011). Matsufuji (2007) forneceu sugestões para a implementação bem sucedida de um aterro semiaeróbio, a saber: Manter condições adequadas de biodegração nos aterros, pelo menos um teor de umidade entre 20-60% e uma temperatura acima de 15ºC; 7 - Líquido combustível: qualquer líquido que tenha ponto de fulgor igual ou superior a 70°C e inferior a 93,3°C. Os líquidos combustíveis serão chamados de Classe III. Obs.: apesar do registro do limite de 93,3°C, isto não significa que líquidos com pontos de fulgor superiores sejam não combustíveis. - Líquido inflamável: qualquer líquido que tenha ponto de fulgor inferior a 70°C e tensão de vapor que não exceda 2,8 kg/cm² (40 lb/pol²), absoluta a 37,7°C (100°F) 148 Dimensionar os tubos de coleta dos lixiviados com diâmetro de pelo menos 600-450 milímetros; Estabelecer medidas preventivas para evitar deslocamentos e colmatação do sistema de coleta de lixiviado e perfuração na camada de base do aterro; Evitar o escoamento de águas superficiais para o interior do aterro; Manter a abertura do tubo de descarga de lixiviados para manter a aeração do aterro; Assegurar a capacidade do tanque coletor e do sistema de tratamento de lixiviados. Os tipos de resíduos tratados em aterros são os considerados não combustíveis prétratados, resíduos volumosos e cinzas provenientes da incineração. Na cidade de Fukuoka tem-se dois aterros: Oriente e Ocidente. O aterro Oriente (Fushitani) tem a área total de 644.000 m 2 que são utilizados desde Abril de 1988. A capacidade do aterro é de aproximadamente 3,74 milhões de toneladas ou 3,4 milhões de metros cúbicos. Aproximadamente, 225.000 metros quadrados (35%) já estão preenchidos por resíduos. Em 2007, parte da área do aterro fechado (13.000 metros quadrados) foi recuperada para fazer campos de golfe. A taxa de disposição de resíduos foi de 117.827 toneladas/ano em 2009 (Fukuoka City, 2011). O aterro Ocidente (Nakata) tem área total de 380.000 m2 que está sendo utilizado desde 1996. A capacidade do aterro é de aproximadamente 2,38 milhões toneladas ou 1,8 milhões de metros cúbicos. Aproximadamente 28% do aterro já foi preenchido. A sua aplicação trata do descarte de resíduos sólidos em área de sequeiro. 3.3.4 Dados econômicos À medida que o volume de RSU dimunuiu, o custo total para a gestão de resíduos também diminui. Em 2009, o custo total para o tratamento de RSU foi 1,826 bilhões JPY, com redução de cerca de 23% a partir de 2000 e redução de 5,6% desde 2004. O custo por habitante em 2009 foi de 14.300,00 JPY pessoa/ano, correspondendo a uma redução de 28% a partir de 2000 e redução de 7% a partir de 149 2004 (MOEJ, 2011a). No entanto, o custo por tonelada de tratamento de resíduos sólidos urbanos em 2009 foi maior do que em 2004, devido ao esforço de elevar a taxa de reciclagem de materiais, especialmente a reciclagem de cinzas que é um dos processos mais caros. A Tabela 24, mostra o custo de tratamento de resíduos no Japão nos anos de 2000, 2004 e 2009. Tabela 24: Custo de tratamento de resíduos no Japão, em 2000, 2004 e 2009. Ano 2000 2004 2009 Custo total (bilhões JPY) 2.371,00 1.934,00 1.826,00 Custo por habitante (JPY/habitante/ano) 19.700,00 15.200,00 14.300,00 Custo por tonelada (JPY) 56.329,00 36.236,00 39.472,00 Fonte: alterado de MOEJ, 2011a O aumento da separação de resíduos por categoria e da taxa de reciclagem pode aumentar o custo para a coleta de resíduos. No entanto, o custo para a incineração pode diminuir ainda mais, visto que, com a reciclagem de materiais, temse uma menor quantidade de resíduos encaminhados para a incineração. Reciclagem Em geral, a reciclagem no Japão é terceirizada para empresas de reciclagem designadas. No geral, o custo da reciclagem vem diminuindo devido à competição existente entre empresas para o estabelecimento da reciclagem mecânica de resíduos. A quantidade de plástico entregue em unidades de reciclagem no ano de 2010 aumentou em 6,4 vezes em relação ao ano de 2000. O custo para reciclagem de materiais plásticos em 2010 foi cerca de 50% menor quando comparado ao ano de 2000, devido à concorrência entre as empresas de reciclagem e os seus esforços para melhorar a eficiência e diminuir os custos da reciclagem. A reciclagem do plástico tem um custo maior do que outros tipos de resíduos, pois esse material, geralmente apresenta-se contaminado com resíduos de comida e outros materiais, necessitando de energia, recursos para limpeza, secagem e outros. Além disso, uma parte dos resíduos plásticos recebida na instalação de reciclagem 150 apresenta-se em qualidade inferior ao necessário para o processo de reciclagem. A quantidade reciclada de garrafas de PET no ano de 2010 aumentou 2,6 vezes em relação ao ano de 2000. No entanto, o custo foi reduzido em 21 vezes devido ao aumento da rentabilidade do processo de reciclagem deste material e também a um menor índice de contaminação por outros materiais (matéria orgânica, papel, etc), quando entregues nas unidades de reciclagem. A quantidade de reciclagem de papel tem oscilado, mas o total de papel reciclado no ano de 2010 é cerca de 20% menor quando comparado com o ano de 2000. Isto se deve à implantação de campanhas e políticas de redução do uso de papel e também à exportação de papel para reciclagem em outros países. O custo da reciclagem do papel também diminuiu em 3,7 vezes, devido ao aumento da eficiência do processo de reciclagem deste material. Por outro lado, a quantidade total de garrafas de vidro recicladas no ano de 2010 aumentou em cerca de 8% em relação ao ano de 2000. Neste tipo de resíduo, nota-se um aumento na quantidade de garrafas na cor âmbar e de outras cores enquanto que os frascos incolores têm diminuído (apesar de ainda ter a quantidade superior a outras cores). O custo de reciclagem de garrafas de vidro incolor e âmbas tem diminuído enquanto que as de outras cores têm aumentado. Incineração O Japão tem muitos fornecedores de tecnologia, o custo de capital de investimento para instalações de incineração sofre alteração em função do tipo de tecnologia, localização, uso de materiais e ainda tecnologia contra terremoto. Por exemplo, a planta de incineração Toshima é localizada em Tóquio, cidade com uma alta densidade populacional, com um custo de US$ 17.000 milhões e capacidade para recebimento de 400 ton/dia de resíduos sólidos urbanos, isto é equivalente a 42,5 milhões JPY por tonelada / dia (a partir de 1997) (Granastein, 2001). Em Toshima, o custo de operação para incineradores é de 14.000,00 JPY por toneladas de resíduos que incluem tratamento, transporte e destinação final das cinzas. No entanto, não estão incluídos os valores relacionados à coleta dos resíduos. A implantação de uma unidade de incineração em Joso, na cidade de 151 Moriya de Ibaraki, com o uso de gaseificação, combustão, fusão do pyrogas e cinzas pode custar cerca de US$ 21.000,00 milhões, para o processamento de 420 toneladas / dia. O custo de operação por 20 anos foi estimado em US$ 370,83 por tonelada de resíduos que incluem custo de depreciação de parte compartilhada do custo de construção, incluindo juros. Excluindo a depreciação, o custo de operação foi estimado em US$ 146,74 por tonelada de resíduo. A Tabela 25 apresenta os custos de construção e operação nas instalações de incineração na cidade de Moriya (província de Ibaraki, 2000). Tabela 25: Custo de construção e operação da planta de incineração em Joso na cidade de Moriya Plantas de Incineração Incineração Geração de Energia Total Custo da Construção (milhão JPY por capacidade de uma ton/dia em 2000)* Custo de operação** (JPY/ton) 40,48 (809.600,00 BRL) 9,52 (190.400,00 BRL) 50,00 (1.000.000 BRL) 33.905,00 (678,10 BRL) 3.179,00 (63,58 BRL) 37.084,00 (741,68L) * Capacidade de 420 toneladas / dia; ** operação estimada para 20 anos = 1.764.000 toneladas do total de resíduos incinerados. 1JPY equivale a 0,02 BRL (em 1 de março de 2012). Além disso, o tratamento de cinzas e do gás (para a retirada de dioxinas por processo térmico) e reciclagem de cinzas e escórias pode custar cerca de 60.000,00 JPY por toneladas de cinzas (Ecke et al, 2001). Em média, o custo de uma planta no Japão é de 50 milhões JPY por capacidade de incineração de uma tonelada/dia. Em outros países, o custo de fabricação seria de cerca de 20 milhões JPY por capacidade de incineração de uma tonelada/dia (Greenpeace Japão, 2001; Aoyama, 2004). A eletricidade excedente pode ser vendida com o preço acordado com as empresas de energia elétrica. Por exemplo, Tóquio poderia ganhar 2,3 bilhões JPY pela venda de eletricidade excedente (Tokyo Metropolitan, 2011). A implantação da tecnologia japonesa nos países em desenvolvimento poderia ser mais barata, dependendo das condições locais, tais como materiais de construção, a disponibilidade de terreno e assim por diante. Os produtos reciclados 152 são usados para produção dos materiais de construção, como parede construídas com resíduos de papel, azulejos advindos de vidro, painéis e piso advindos de escória e cinzas, estradas de concreto asfáltico reciclado e mais de 5.000 toneladas de concreto reciclado como material de construção. (Granastein e Sano, 2000). O sistema de subsídios para a construção de instalações de incineração é muito complexo no Japão. O subsídio do governo central pode cobrir 25% do custo de construção incinerador. O pagamento residual também pode ser realizado receita fiscal nacional (Chihou Kofuzei). A cobertura total dos subsídios do governo central pode chegar a mais de 50% dos custos de construção e o pagamento residual é feito pelo governo local. A viabilidade econômica de um incinerador com sistema de gaseificação e fusão de cinzas foi realizada para a construção da Central de Incineração Joso em Moriya cidade, Ibaraki (Ibaraki, 2000). A Tabela 26, mostra a especificação da planta e na Tabela 27 mostra o custo de incineração. Tabela 26: Condições do estudo de viabilidade: especificação de instalações de incineração. CATEGORIA ESPECIFICAÇÃO Período de operação 20 anos Escala da planta 420 t/dia Capacidade de tratamento 210 a 420 t/dia Gaseificação seguida de combustão do pirogas e Método de tratamento derretimento das cinzas Condições estimadas do 500 ˚C, 100 ata vapor Geração esperada de 6,000 - 10,000 kW energia Custo do terreno Área construída: 16.000 m2 Área da construção Área verde: 4.000 m2 Outras especificações Quantidade total de residuos incinerados 20% do vapor é usado para aquecimento e o resto é usado na geração de energia. Toda a escória é encaminhada para reciclagem sem pagamentos. 1.764.000 ton, considerando 20 anos de operação, recebendo 315 ton por dia, funcionando 280 dias por ano (reservado 85 dias para manutenção). Fonte: Ibaraki Prefecture, 2000. 153 Tabela 27: Estimativa de custo total de incineração e geração de energia nos períodos de 20 anos de operação (unidade: milhões de ienes). Custo milhões Critério Tipo de gasto JPY Investimento inicial por 1. Construção e equipamento 17.000,00 residuos incinerado 2. Despesas trabalhistas 3. Despesas administrativas (15% de despesas trabalhistas) 4. Custo de utilidades incluindo manutenção regular e seguros Custo de operação por resíduos incinerados Investimento inicial para geração de energia Custo de operação para geração de energia 3.780,00 567,00 9.935,00 5. Custo de reparos e revisão geral 5.610,00 6. Pagamento pela disposição final 1.788,00 7. Custo de depreciação de partes comuns do custo da construção 37.235,00 Custo total de operação do incinerador 59.809,00 8. Construção e equipamento 4.000,00 9. Despesas trabalhistas 790,00 10. Despesas gerais incluindo seguros 323,00 11. Custo de utilidades 790,00 12. Custo de reparos e revisão geral 1.408,00 13. Custo de depreciação de partes comuns do custo da construção Custo total de operação para geração de energia 2.296,00 5.607,00 Fonte: Ibaraki Prefecture, 2000. Compostagem O custo de construção de uma central de compostagem no Japão é muito alto, especialmente devido ao preço da área. Além disso, as unidades de compostagem devem ser bem construídas para lidar com mudanças sazonais. A central de compostagem na Cidade de Nagai foi construída em 1999 em uma área de 9.690 m2, com capacidade para receber 9 toneladas/dia de resíduos para 154 compostagem. O preço da área foi de 89,4 milhões JPY e o custo de construção foi de 434,2 milhões JPY. O custo de investimento de capital por tonelada de resíduos de compostagem foi de 58,2 milhões JPY por capacidade de uma tonelada por dia de resíduos (incluindo preço da terra) ou 48,2 milhões JPY por capacidade de uma tonelada por dia de resíduos (excluindo o preço da área) (Cidade de Nagai). O custo de operação de compostagem em Nagai, em 2008, foi de aproximadamente 29,1 milhões JPY e o custo para a coleta de resíduos foi de aproximadamente 11,6 milhões JPY, ou aproximadamente 11.600,00 JPY por tonelada de resíduos de alimentos. Algumas centrais de compostagem, como a da cidade de Nagai, receberam resíduos agrícolas para co-compostagem. Os agricultores entregam a casca de arroz e esterco de vaca para o centro de compostagem após a colheita e moagem em outubro de cada ano. Os agricultores pagam 5 JPY por kg de esterco de vaca como uma taxa de administração para o centro de compostagem, sendo a casca de arroz gratuita. A central de compostagem pode tratar cerca de 1 tonelada/dia de casca de arroz e 3 toneladas/dia de esterco de vaca. A unidade produz 450 toneladas/ano, que podem ser vendidos por 2.625,00 JPY a tonelada, ou seja, 2,62 JPY por kg. A receita financeira de compostagem foi equivalente a 1.759.171,00 JPY que poderia reduzir o custo de operação. Devido à limitação de espaço para a construção de uma instalação de compostagem centralizada, a compostagem domiciliar é largamente incentivada no Japão e os kits de compostagem são subsidiados pelo governo local. Em Itoshima, o preço de kit de compostagem é de 9,60 USD e a cidade subsidia mais de 50% do custo desde setembro de 2007. Em Kitakyushu, caixas de compostagem foram distribuídas pelo custo 3.000,00 JPY cada caixa de compostagem. Composteiras elétricas também foram subsidiadas pela cidade de Kitakyushu que arcou com 50% do custo de cada composteira, mas não mais do que 20.000,00 JPY pelo conjunto. Digestão anaeróbia Na cidade de Chiba o custo inicial do investimento foi de aproximadamente 155 1,4 bilhões JPY (46,7 milhões JPY pela capacidade de uma tonelada/dia), dos quais 600 milhões JPY foram subsidiados pelo governo nacional e pela própria cidade. O custo de operação é de cerca de 9.332,00 JPY por tonelada de resíduos. O digestor anaeróbio em Tóquio, que recebe 100 toneladas por dia de resíduos de alimentos, tem capacidade para gerar 24.000 kWh/dia de energia elétrica. Cerca de 60% da eletricidade ou 14.400 KWh/dia é vendida à TEPCO. O valor médio da eletricidade vendida é de 24 JPY / Kwh, tendo uma receita potencial de 345.600 JPY/ dia, equivalente a um valor aproximado de 3.456 JPY / tonelada de resíduos. Combustível Derivado de Resíduo O custo de investimento da planta de CDR localizada no Gotenba-Oyama foi de 962 milhões JPY para a capacidade de 150 toneladas/dia (funcionando 15 horas/dia), ou cerca de 6,4 milhões JPY de toneladas por entrada de resíduos por dia. No entanto, este custo não inclui o preço da área de 22.288 m2. O custo de operação de uma planta de CDR’s pode ser mais caro do que a incineração. Uma pesquisa em 52 plantas de CDR’s no Japão revelou que o custo de operação varia entre 30.000,00 a mais de 60.000,00 JPY por tonelada de resíduos, sendo a média de 52.000,00 JPY. O custo de operação no Gotenba-Oyama RDF centro era 66.874,0 JPY por tonelada de resíduo. Este custo foi maior do que a incineração, que era de cerca de 22.000 JPY por tonelada (http://eritokyo.jp/independent/aoyama-col1335.htm). No entanto, a produção de CDR por município e a venda para indústrias pesadas ou estação de energia poderia reduzir significativamente o orçamento do tratamento e destinação de resíduos. Por exemplo, a planta de CDR na cidade de Shiraoi, em Hokkaido, poderia produzir 37,6 toneladas/dia de CDR e poderia vender CDR ao preço de 5.775 JPY/tonelada (Escritório Biomassa Ásia, 2009). Aterro Sanitário Devido à melhoria da regulação e controle dos aterros, o custo para esta tecnologia aumentou para de 1.000 JPY/m3, no ano de 1980, para 28.000 JPY/m3, 156 em 2000 (Tanaka et al, 2005). Após a análise do custo para aterros durante o período entre 1999 e 2003, observou-se que a média nacional foi de 32.219 JPY/m3 (Endo et al, 2010). Conforme mostrado na Tabela 28, a capacidade média de deposição foi de 83.528 m3. Tabela 28: Custo de construção de aterro no Japão durante 1999-2003. (m ) (m ) (m /dia) (JPY/m ) Custo da planta de tratamento de líquidos 3 (JPY/m ) Nation 14.584 83,528 55 16.319 15.899 32.219 Hokkaido 11.956 26,861 27 23.089 21.116 44.205 Honshu 17.264 117,011 69 12.471 11.720 24.191 Shikoku 11.167 74,767 97 10.159 13.166 23.325 Kyushu 9.392 76,375 47 18.550 23.323 41.878 Região Área média 2 Capacidade 3 Capacidade do tratamento de líquido 3 Custo da obra civil 3 Custo total da construção 3 (JPY/m ) Fonte: Endo et al, 2010. 3.3.5 Sistema de cobrança na gestão de resíduos O custo para a gestão de resíduos sólidos urbanos em geral é totalmente subsidiado pelos governos, ou seja, os cidadãos não precisam pagar pelo serviço de gestão de resíduos. No entanto, algumas cidades introduziram um sistema de tarifação para a gestão de resíduos por meio da venda dos recipientes (sacos) de coleta de resíduos, oficialmente desenhados por cada cidade. O custo para este saco de coleta é de aproximadamente 15,00 USD para cada 10 sacos de lixo. O pagamento é relativamente pequeno comparado ao custo real de gestão de resíduos. Nestas áreas, os resíduos que não estiverem adequadamente embalados no saco não serão recolhidos. A taxa para tratamento de resíduos é aplicada para os resíduos volumosos ou de grande porte, tais como móveis, bicicletas, aparelhos elétricos, etc. A taxa de coleta para cada item é anunciado oficialmente pela cidade por meio de guias e homepage da cidade. 3.3.6 Arranjos institucionais e natureza dos prestadores de serviço Os governos locais são os responsáveis pela gestão de resíduos sólidos 157 urbanos na sua área de jurisdição. No entanto, os moradores são responsáveis pela separação de resíduos local e pela orientação quanto à disposição. O cidadão que não cumpre a obrigação de acordo com a regulamentação da cidade pode sofrer penalidades. Cada governo local faz um plano de gestão de resíduos que inclusive prevê a categorização dos resíduos para uma operação eficiente da unidade de reciclagem, tratamento intermediário e disposição final. Cada município classifica as subcategorias por seu próprio plano de gestão de resíduos. O conceito básico para as categorias de resíduos é a segregação de resíduos para tratamento adequado, economica e ecologicamente correto. As construções de infraestrutura como aterros sanitários, usinas de incineração e instalações de reciclagem são em grande parte subsidiadas pelo governo central. Por exemplo, as despesas para a construção de usinas de incineração de resíduos são, na sua maioria, cobertas por subsídios nacionais (para aquelas plantas que cumpram determinadas condições) e flutuação de empréstimos por parte dos municípios, o restante são cobertas pelo orçamento geral de cada município. Entre 50 a 80% do custo de construção de usinas de incineração de resíduos são despendidos pelo governo nacional através de subsídios fiscais e fundos para os municípios locais (Greenpeace Japão, 2001). Desde 1997, o número de subsídios nacionais para instalações de emissões avançadas de controle, tais como filtros, aumentou quase o mesmo número como o de construção de novas instalações de incineração de resíduos. No entanto, o número de subsídios para a construção de novas instalações de incineração diminuiu porque os subsídios nacionais têm se limitado a plantas maiores em escala (capacidade de incineração de 100 toneladas/dia). Por outro lado, o valor dos subsídios por projeto foi aumentado e os subsídios para a melhoria e facilidade do controle da emissão de dioxina têm aumentado consideravelmente. Na década de 2000, com a promulgação da nova regulamentação que reforça a emissão de gases como dioxinas em dezembro de 2002, o número de projetos subsidiados foi de 171, um aumento de 10 vezes comparando com 1995 (Greenpeace Japão, 2001). 158 O processo de reciclagem é realizado pelo município ou terceirizado para empresas de reciclagem. A cada ano, no município onde consta um local de armazenamento de resíduos, são selecionadas as entidades empresariais de reciclagem por meio de concorrência pública. As entidades empresariais de reciclagem são designadas para coletar e transportar o lixo dos locais de armazenamento para instalações de reciclagem. Estas entidades empresariais recebem o pagamento apenas depois de mostrar um relatório de entrega, assinado pelo destinatário dos produtos reciclados, para garantir que os resíduos estão sendo reciclados. No entanto, os residentes e as empresas podem tomar iniciativas de reciclagem, como algumas lojas do tipo “book-off” ou “hard-off”, conhecidas por comprar e vender bens de segunda mão. Algumas cidades têm um centro de reciclagem onde os moradores podem dispor para trocas, doações ou retirada de peças reutilizáveis. 159 4 Situação Atual do Tratamento e Disposição Final dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil Neste Capítulo apresenta-se uma síntese sobre o tratamento de resíduos sólidos urbanos em vários estados das regiões geográficas do Brasil, contendo informações sócio geográficas, geração e composição dos resíduos sólidos urbanos, rotas tecnológicas utilizadas, dados econômicos, sistemas de cobranças, e arranjos institucionais sobre as rotas tecnológicas de tratamento. A visão de vários estados de todas as regiões, associada às informações existentes em bases de dados sobre resíduos sólidos urbanos no País, permitem uma análise de diferentes realidades brasileiras, indicando modelos de gestão e tecnologias de tratamento diferenciadas apropriadas a cada região. As informações sócio geográficas, a geração e composição dos resíduos permitem uma análise que pode explicar as dificuldades encontradas. As novas tecnologias que preveem o aproveitamento dos resíduos como fonte de novos materiais (WTR) e energia (WTE) dependem de um diagnóstico da atividade econômica, do meio físico, clima, vegetação, matriz energética, recursos minerais e hídricos de cada uma das regiões brasileiras. O conhecimento das alternativas tecnológicas de tratamento, associado às características sociais, econômicas e ambientais das regiões, poderá conduzir a um novo modelo de gestão e tratamento dos sólidos urbanos no Brasil. 160 4.1 Região Norte Na Região Norte os estudos se concentraram nos Estados do Acre, Amapá e Amazonas. Estes estados representam todo o universo de situações de geração, gerenciamento e tratamento de resíduos sólidos encontrado na Região Norte, tanto para municípios de pequeno porte, isolados ou não, quanto para cidades de médio porte e metrópoles com alto grau de industrialização e prestação de serviços. Todas as tecnologias empregadas na região estão presentes nos levantamentos realizados e apresentados a seguir. 4.1.1 4.1.1.1 Estado do Acre Informações sócio geográficas O Estado do Acre localiza-se no sudoeste da Região Norte do país, e tem como limites os Estados do Amazonas a norte, Rondônia a leste, e fronteira com a Bolívia a sudeste e o Peru ao sul e oeste. Possui uma área de 164.122,280 km² (IBGE), correspondente a 4,26% da Região Norte e a 1,92% do território nacional, conforme indicado na Figura 58. Sua capital, Rio Branco, está localizada nas coordenadas: Latitude - 9°58’29” Longitude - 67°48’36” (IBGE). Figura 58: Localização do Estado do Acre, no Brasil. Fonte: IBGE. 161 O clima do Estado do Acre é quente e úmido com duas estações: seca e chuvosa. A estação seca estende-se de maio a outubro e é comum ocorrer “friagens”, fenômeno efêmero, porém muito comum na região. A estação chuvosa, “inverno”, é caracterizada por chuvas constantes, que prolongam-se de novembro a abril. A umidade relativa apresenta-se com médias mensais em torno de 80-90%, com níveis elevados durante todo o ano. Os totais pluviométricos anuais variam entre 1600 mm e 2750 mm, e tendem a aumentar no sentido Sudeste-Noroeste. As precipitações, na maior parte do Estado, são abundantes e sem uma estação seca nítida. Os meses de junho, julho e agosto são os menos chuvosos. A temperatura média anual do Estado está em torno de 24,50 oC, mas a máxima pode ficar em torno de 32 oC. A temperatura mínima varia de local para local em função da maior ou menor exposição aos sistemas extratropicais. No Estado do Acre a drenagem é feita por extensos rios de direção SudoesteNordeste e, todos pertencem à rede hidrográfica do Rio Amazonas. Os rios apresentam paralelismo e mudanças de direções dos seus cursos, uma característica bastante comum resultante das falhas e fraturas geológicas. Na parte central do Estado, os principais cursos d’água são o Rio Tarauacá, o Purus com seus principais afluentes pela margem direita, o Chandless e seu tributário Iaco com seu afluente pela margem esquerda, o Rio Macauã e o Rio Acre com seu subsidiário, o Antimari. A noroeste encontramos os rios Gregrório, Tarauacá, Muru, Envira e Jurupari. A oeste do Estado estão presentes o Rio Juruá e seus principais afluentes Moa, Juruá Mirim, Paraná dos Moura, Ouro Preto, pela margem esquerda, o Valparaíso, Humaitá e Tejo, pela margem direita. Em relação a população do Estado, o Censo Demográfico 2010 (IBGE, 2010) apresentou um total de 733.559 habitantes, representando 0,4% da população total brasileira (Figura 59). A taxa de crescimento populacional do Estado entre 2000 e 2010, foi de 31,44%. A grande maioria dos municípios do Acre possui população menor que 40 mil habitantes, enquanto somente 2 municípios têm população acima de 60 mil habitantes (Tabela 29 e Tabela 30). 162 Figura 59: Evolução demográfica do Estado do Acre. Fonte: IBGE, 2010. Tabela 29: Municípios e População do Estado do Acre. MUNICÍPIO POPULAÇÃO Rio Branco 336.038 Cruzeiro do Sul 78.507 Sena Madureira 38.029 Tarauacá 35.590 Feijó 32.412 Brasiléia 21.398 Senador Guiomard 20.179 Plácido de Castro 17.209 Xapuri 16.091 Mâncio Lima 15.206 Epitaciolândia 15.100 Porto Acre 14.880 Rodrigues Alves 14.389 Marechal Thaumaturgo 14.227 Acrelândia 12.538 Porto Walter 9.176 Capixaba 8.798 Bujari 8.471 Manoel Urbano 7.981 Jordão 6.577 Assis Brasil 6.072 Santa Rosa do Purus 4.691 Fonte IBGE, 2010. 163 A maior concentração populacional no Estado ocorre na Capital, contando com cerca de 336.038 de habitantes, representando aproximadamente 46% da população total do Estado. Tabela 30: Distribuição Populacional do Estado do Acre. População Número de Municípios Acima de 300 mil habitantes 1 Entre 100 e 300 mil habitantes 0 Entre 50 e 100 mil habitantes 1 Entre 20 e 50 mil habitantes 5 Entre 5 e 20 mil habitantes 14 Até 5 mil habitantes 1 Fonte IBGE, 2010. A densidade demográfica do Estado do Acre é de 4,80 hab/km². Esse número varia muito de acordo com a região onde se localizam os municípios. A capital, por exemplo, tem uma densidade de 38,03 hab/km², enquanto demais municípios do Estado apresentam densidade abaixo de 10 hab/km², chegando à menos de 1 hab/km² nos municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus (Figura 60). Figura 60: Densidade demográfica dos municípios do Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2011 164 No que se refere ao saneamento, menos de 40% da população tem acesso a água tratada, o acesso à rede de esgoto também é bastante restrito, beneficiando apenas 34,8% dos habitantes. A taxa de analfabetismo é de 12,7% e a taxa de mortalidade infantil é de aproximadamente 19,3 óbitos a cada mil nascidos vivos, refletida na expectativa de vida do acreano, que é de 71 anos. Todos esses fatores são responsáveis pela média do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que, atualmente é de 0,751, fazendo com que o Acre ocupe a 17° posição no ranking nacional, sendo o penúltimo entre os estados nortistas, à frente apenas de Roraima. A taxa de urbanização é de 72,56%. Atualmente, 532.279 acreanos vivem na área urbana enquanto 201.280 vivem na área rural (IBGE, 2010). O PIB do Estado vem apresentando uma tendência crescente nos últimos anos, e o setor privado (com o incremento da construção civil e a indústria de transformação) passou a ser o setor com maior contribuição para o crescimento do PIB do Estado. A participação do setor industrial está crescendo, o que demonstra que o Estado está mudando sua base produtiva, deixando de produzir matéria-prima e agregando valor aos produtos. Quanto à capital do Acre, Rio Branco concentra a maior parte das atividades econômicas, tendo como setor de atividade mais importante, o de serviços. A economia do Acre ainda conserva forte dependência do setor público. Todavia, a atividade florestal obteve um crescimento nos últimos anos, transformando-se numa das atividades econômicas mais importantes do Estado, baseada na utilização sustentável da floresta, principalmente, na extração da madeira, da borracha e da Castanha do Brasil, além da atividade agropecuária. A pecuária esteve ligada ao crescimento das áreas desmatadas, hoje ocupadas com pastagens. Nos últimos anos, com o processo de intensificação dos sistemas de produção nas áreas já desmatadas, houve um aumento da produtividade do rebanho e evitou-se a abertura de novas áreas de floresta para a criação de gado. A agricultura é responsável por grande parte dos produtos alimentícios que abastecem a população urbana da capital e dos municípios do interior do Estado, além de ser a base alimentar dessas populações. A indústria madeireira no Acre, que historicamente demonstrou altos níveis de desperdício e baixos níveis de tecnologia e valor agregado, tem conseguido alguns 165 avanços importantes, nos últimos anos. De forma crescente, a produção madeireira tem suas origens no manejo florestal, no lugar da retirada de madeira de áreas derrubadas. Com o crescimento da industrialização e exportação de produtos florestais, a demanda por matéria-prima madeireira ampliou a valorização deste recurso florestal e o grau de industrialização do setor. Como os novos investimentos realizados, destaca-se a implantação de novas indústrias, com grande capacidade produtiva e a industrialização de produtos florestais por empresas locais, principalmente no Baixo Acre, ampliando seu potencial para agregação de valor aos produtos serrados. 4.1.1.2 Geração e composição dos resíduos De acordo com o documento Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2010, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), o qual apresenta a situação atual da geração e caracterização de RSU, o Acre gera aproximadamente 516 toneladas de resíduos por dia, e destas, 415 são coletadas, obtendo o índice de cobertura dos serviços de 84%. A geração média anual de resíduos per capta é de 256,75 kg/hab.ano. Quanto à composição dos resíduos sólidos produzidos, apenas a capital Rio Branco dispõe de dados referentes à composição gravimétrica realizado no ano de 2006, conforme apresentado na Tabela 31. Tabela 31: Composição Gravimétrica de RSU domiciliar. Produto % Latas 4,49% Isopor 0,64% Plástico 12,30% Garrafas Pet 4,39% Papel 15,19% Vidro 2,46% Brinquedo e utilidade 8,66% Lixo orgânico 48,02% Embalagem leite longa vida 1,93% Outros tipos garrafas 1,93% TOTAL 100% Fonte: PMRB, 2009 166 4.1.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado Com exceção do município de Rio Branco, os demais municípios do Estado do Acre executam, através da administração direta, os serviços de coleta regular, as quais são realizadas por caçambas basculantes e em pequena escala por caminhões compactadores. Para coleta de resíduos volumosos, são utilizados equipamentos do tipo caminhão basculante e pá carregadeira, e estas ações são realizadas pela municipalidade pelo menos uma vez ao ano nas campanhas de limpeza pública e coleta. Todos os municípios do Estado do Acre, exceto Rio Branco, utilizam lixões para disposição final dos seus resíduos sólidos urbanos. No caso do município de Rio Branco, os resíduos são encaminhados para dois locais distintos, sendo os resíduos volumosos e entulhos encaminhados ao aterro de inertes, e os demais (seletivos, orgânicos, RCD) são encaminhados para Unidade de Tratamento e Disposição Final de Resíduos – UTRE. A UTRE consiste numa unidade integrada para o correto tratamento e destinação final dos resíduos sólidos regulares produzidos e coletados no município, sendo composta de várias estruturas, dentre elas o Aterro Sanitário, a Central de Triagem, o Ecoponto de Pneus, a Unidade de Compostagem, o Britador de Resíduos de Demolição e Contrução, a Unidade de Tratamento de Resíduos de Saúde, a Unidade de Trituração de Plásticos e de Enfardamento de Papelão. A Unidade de Triagem de Rio Branco, implantada na UTRE, é operada pela Associação de Catadores de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis de Rio Branco CATAR sob a coordenação da Coordenadoria Municipal da Economia Solidária (CONTES). A Associação recebe diariamente todo o material da coleta seletiva. Esta Unidade foi dimensionada para uma vida útil de 20 anos de operação contínua considerando uma quantidade de recebimento de resíduo de 25 t/dia, e compreende-se de um galpão de triagem com pátio de descarga, tulha dosadora, esteira de catação, prensa, picador, balança e baias para armazenamento do material triado. 167 Na UTRE existe uma Central de Compostagem operada pela Secretaria Municipal de Agricultura e Floresta (SAFRA). Esta Central possui uma área para compostar um volume de 10,5 t/dia, compreendendo uma área total de 9.800 m2, dividida em etapas, tendo na 1ª etapa, já em operação, uma área de 2.500 m 2, com um pátio coberto e uma área livre com trituradores para galhos e sementes, e carrinho para fardos. A compostagem na UTRE ocorre por processo natural de decomposição biológica de materiais orgânicos (aqueles que possuem carbono em sua estrutura), de origem animal e vegetal, pela ação de microorganismos, e sem a adição de qualquer componente físico ou químico à massa do resíduo. Os resíduos utilizados no processo de compostagem são os produzidos nas agroindústrias (sementes e cascas frutas), na limpeza pública (podas e galhadas), feiras e mercados (verduras e frutas). A quantidade de resíduos processados é de aproximadamente 222,6 t/ano. Os principais fornecedores de resíduos orgânicos para a compostagem são empresas privadas (grande geradores) e a Prefeitura Municipal. O composto produzido é doado ao Programa de Hortas Comunitárias da Prefeitura Municipal. O aterro sanitário da UTRE é compreendido por 2 bacias com as seguintes dimensões: Bacia Norte: dividida em 5 fases, compreende uma área de aproximadamente 17 hectares e um volume de resíduos estimado de 2.212.174 m 3. A 1ª fase está em operação desde o ano de 2009 e compreende uma área de 5 hectares, com um volume de lixo estimado de 716.242 m3 e vida útil de 6 anos. Bacia Oeste: compreende uma área aproximada de 11 hectares e um volume de resíduos estimado de 1.234.051 m 3 e vida útil de 8 anos. Esta área será implantada após o encerramento da Bacia Norte e dispõe de sistema de impermeabilização de base com manta de PEAD de 1,5 mm, drenagem de chorume, de gás e de águas pluviais, e é operada por empresa terceirizada. Em Rio Branco ainda existem outras tecnologias de tratamento dos resíduos sólidos urbanos, entre as quais destacam-se: 168 Central de Recebimento de Pneus – Ecoponto Galpão coberto com 144 m2 o qual é utilizado para estocagem temporária de pneus, e posterior recolhimento pela RECICLANIP (entidade sem fins lucrativos criada pelos fabricantes de pneus novos Bridgestone, Continental, Goodyear, Michelin e Pirelli). Unidade de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil A unidade foi projetada para atender a demanda de aproximadamente 25 toneladas de RCC por hora, com um equipamento com capacidade para processar 40 t/hora e vida útil de 20 anos disposto em uma área de 10.905,20 m 2. Um equipamento especifico tem a função de britar o RCC/RCD, transformando em areia, brita 0 ou pedrisco, brita 1 e 2. Unidade de Tratamento de RSS e Valas Sépticas A Unidade de Tratamento de RSS (resíduos de serviço de saúde) com Valas Sépticas foi projetada numa área de 8.724,38 m 2, compreendendo uma estrutura física para tratamento de RSS composto por escritório, instalações sanitárias, sala de recebimento de resíduo infectado, sala de tratamento e trituração, sala de secagem dos resíduos tratados, e dispondo ainda de caldeira a vapor, compressor, autoclave com capacidade de 1.526 litros, contêineres, triturador com elevador de contêineres. Possui ainda, valas para animais mortos e RSS não passíveis de tratamento na Autoclave, a qual possui impermeabilização de fundo com manta de PEAD de 1,5 mm e cobertura móvel para proteção das valas durante a operação de uso da vala. Unidade de Trituração de Recicláveis Projetada para a triagem de materiais recicláveis, a Unidade de Triagem dispõe de pátio para descarga, duas esteiras de catação e quatro prensas. Esta Unidade é responsável pela triagem de 50% dos resíduos coletados e encaminhados ao aterro 169 sanitário, além de resíduos particulares encaminhados a UTRE pelo próprio gerador. A Unidade de Trituração foi projetada para lavagem e moagem de plásticos oriundos da coleta seletiva e da triagem de resíduos regulares. Esta Unidade possui duas linhas compostas de Pré-Lavadora, Esteira de Separação, Esteira de Alimentação, Moinho, Lavadora, Rosca Transportadora, Tanque de Separação, Secadora, Ventoinha e Silo. Controle e Monitoramento Ambiental da UTRE Para controle e monitoramento ambiental, são utilizados poços de monitoramento ambiental – Piezômetros, os quais foram projetados para realização de monitoramento das águas subterrâneas, estão implantados quatro piezômetros colocados em pontos estratégicos, sendo um a montante do maciço de resíduo e três a jusante. Também são realizados monitoramentos de qualidade da água dentro e fora da área da UTRE, no corpo hídrico que irá receber o efluente tratado (tanto antes quanto após o início da operação do Aterro Sanitário), além de dispor de Sistema de Tratamento de Percolados, composto de uma Lagoa Anaeróbia, uma Lagoa Facultativa, uma Lagoa de Maturação com Chicanas e um Leito de Secagem. No Estado do Acre não existe nenhuma unidade de coprocessamento em atividade. 4.1.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado No Estado do Acre, com exceção de Rio Branco, os demais municípios não possuem rotas tecnológicas para tratamento dos resíduos. Neste municípios os resíduos produzidos são encaminhados e dispostos diretamente em lixões. A rota tecnológica predominante em Rio Branco é a coleta convencional/triagem/ compostagem / aterro sanitário como mostra a Figura 61. 170 Figura 61: Rota tecnológica predominante no Estado do Acre. 4.1.1.5 Dados econômicos do tratamento Em relação aos dados econômicos do tratamento dos RSU pode-se salientar os seguintes pontos: O custo de implantação da Unidade de Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos – UTRE do município de Rio Branco, foi de R$ 10.925.518,00, no ano de 2011. Os recursos foram provenientes de financiamento junto a Caixa Econômica Federal através do FGTS e foram utilizados na aquisição de área, elaboração de projetos construtivos, estudos ambientais, construção, aquisição de equipamentos, execução de projeto socioambiental e encerramento do antigo local de disposição final de resíduos. O montante gasto com a operação e manutenção da UTRE de Rio Branco, no ano de 2011 foi o seguinte: Custo da Coleta = R$ 8.071.055,25; Custo da Operação Contratada do Aterro = R$ 2.146.656,40; 171 Custo Direto da Prefeitura = R$ 1.800.000,00. No caso de Rio Branco, além deste serviço gratuito, o município dispõe ainda do Disk-Entulho (somente realizado mediante pagamento de taxa), para a remoção de resíduos volumosos e entulhos fora do período das campanhas, as quais variam de acordo com o tipo de serviço, se manual ou mecanizado, no valor de R$ 33,94 (manual) e R$ 67,88 (mecanizada) por m3. Quanto aos resíduos recicláveis, no município de Rio Branco, existe apenas uma empresa recicladora de plásticos, que funciona de forma incipiente, e os demais materiais reciclados são comercializados pelos sucatões e encaminhados para outras regiões do Brasil, o que tem gerado a comercialização apenas de resíduos plásticos, alumínio, cobre e em pequena escala vidro. A Tabela 32 apresenta os valores médios de comercialização praticados pela Associação de Catadores de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis de Rio Branco – CATAR. Tabela 32: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região. Material UNID Jan/2011 Jan/2012 Alumínio Kg 2,00 2,00 Ferro Kg 0,10 0,10 Plástico Kg 0,40 0,40 Papelão Kg 0,10 0,10 4.1.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos O sistema utilizado pelo município de Rio Branco para custear os serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final é o comumente utilizado no Brasil, que é a cobrança no imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU. A Tabela 33 apresenta a lista completa das taxas cobradas pelos diferentes tipos de serviços. 172 Tabela 33: Taxas de Coleta e Remoção de Resíduos em Rio Branco - Acre. Fonte: Código Tributário da PMRB 4.1.1.7 Arranjos institucionais Coordenação da UTRE: Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMSUR). Aterro Sanitário: Empresa Terceirizada Unidade de Triagem de Recicláveis: Associação de Catadores de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis de Rio Branco - CATAR sob a coordenação da Coordenadoria Municipal da Economia Solidária (COMTES). Central de Compostagem: Secretaria Municipal de Agricultura e Floresta (SAFRA). Central de Recebimento de Pneus – ECOPONTO: Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMSUR). 173 Unidade de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil: Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMSUR). Unidade de Tratamento de Resíduos Serviços de Saúde e Valas para Aterramento de Animais Mortos e Lixo Séptico: Empresa Terceirizada. Unidade de Trituração de Recicláveis: Empresa Privada. Controle e Monitoramento Ambiental: Empresa Terceirizada. 4.1.2 4.1.2.1 Estado do Amapá Informações sóciogeográficas O Amapá (território federal transformado em estado pela Constituição de 1988) está situado a nordeste da região Norte e limita-se ao Norte com a Guiana Francesa a Leste com Oceano Atlântico, ao Sul e Oeste com o estado do Pará e a Noroeste com o Suriname (Figura 62). Possui uma população de 669.526 habitantes e área de 142.827,897 km², com densidade de 4,69 habitantes/Km² (IBGE, 2010). Possui 16 municípios sendo os mais populosos são Macapá, Santana, Laranjal do Jari e Oiapoque. A capital é Macapá, banhada pelo maior rio do mundo (Amazonas) e é cortada pela linha do equador. Figura 62: Localização do Estado do Amapá, no Brasil. Fonte: IBGE. 174 O Amapá possui relevo pouco acidentado, em geral abaixo dos 300 metros de altitude, sendo que o ponto mais alto (700 metros) é registrado no Parque Montanhas do Tumucumaque (maior unidade de conservação do mundo). Cerca de 70% de sua área é coberta pela floresta amazônica, campos de cerrado e zona de transição com a floresta densa. A planície litorânea se caracteriza pela presença de mangues e lagos. Os principais rios são Amazonas, Jari, Oiapoque, Araguari, Calçoene e Maracá. O clima é tropical úmido com poucas variações de temperatura, cuja média oscila entre 25 e 30 ºC. As chuvas se estendem de dezembro a julho, com altos índices pluviométricos (500 mm em um único mês), com período seco, entre agosto e novembro, mais curto e a precipitação diminui para 50 mm por mês. As atividades econômicas se restringem ao extrativismo (florestal e mineral). As principais atividades florestais são a exploração madeireira, colheita da castanha do Brasil e palmito. Os minerais predominantes são o manganês, ouro, caulim e granito. A produção agrícola do estado restringe-se à fruticultura de pequeno porte e à agricultura familiar, as principais culturas são arroz, mandioca e feijão. Na pecuária predominam os rebanhos de bubalinos e de gado comum. O setor industrial está voltado para os principais recursos do estado: minério, madeira e pescado. As deficiências do setor energético tem limitado a implantação de grandes empreendimentos, juntamente com a proteção legal do território, pois cerca de 76% da área do estado é protegida. São sete unidades de conservação federais, cinco estaduais, duas municipais e quatro reservas particulares (RPPN) e as terras indígenas, todas demarcadas. É no Amapá que está localizada a maior unidade de conservação do planeta: o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, com 3,8 milhões de hectares (SEMA, 2011). 4.1.2.2 Geração e composição dos resíduos Não há informações sobre a quantidade de resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados e recolhidos no estado, pois não há pesagem nos municípios, com exceção de Macapá. A composição percentual dos resíduos sólidos domiciliares (RSD) é 175 apresentada na Figura 63 a seguir. Figura 63: Composição dos RSD em Macapá Fonte: Maders, 2011 A quantidade total de RSU gerados no ano de 2011 foi de 273.949,33 toneladas, divididos em resíduos sólidos domiciliares (RSD), resíduos públicos da varrição, capina, de feiras e mercados (RSP), resíduos sólidos comerciais e o resíduo da construção civil (RCC) e resíduos dos serviços de saúde (RSS). Os dados gerais sobre a composição dos RSU recepcionados diariamente no aterro controlado de Macapá são apresentados na Figura 64. Figura 64: Composição dos RSU em Macapá – ano 2011. 176 Fonte: SEMUR/PMM, 2011 Os resíduos públicos somaram 181.968,35 toneladas computados os da varrição e da capina manual e mecanizada. O total de resíduos dos serviços de saúde foi de 274,65 toneladas. Em 2011, a geração per capita anual foi de 716,43 Kg, sendo que de RSD foi de 238,34 Kg e de 478,08 kg de resíduos sólidos públicos. Não há informações sobre a quantidade de resíduos gerados e coletados pelos demais municípios. Ainda não há coleta seletiva instituída, embora esteja prevista implantação no município de Macapá em 2012 (SEMUR/PMM). 4.1.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no Estado No Amapá, a coleta dos RSU varia de acordo com as possibilidades municipais, podendo ser executada com veículos do tipo compactador ou de caçamba basculante. Sua operação é executada por organização administrativa (Secretaria) que possui outras competências e a responsabilidade pelo manejo dos RSU é mais uma atribuição. Geralmente as secretarias municipais de obras ou de meio ambiente abarcam essa função. Na capital (Macapá), a competência é da Secretaria Municipal de Manutenção Urbanística. Em relação à cobertura, o serviço de coleta atende 89% dos domicílios do estado (IBGE, censo 2010), que decrescem quando se quantifica o atendimento por município, conforme Tabela 34. Dos 16 municípios que compõem o estado, apenas os municípios de Pedra Branca do Amaparí e Macapá dispõem seus RSU em aterros sanitário de pequeno porte e controlado, respectivamente. Nos demais municípios os RSU são destinados a lixões. municípios A coleta, transporte e disposição dos RSU variam pouco na maioria dos do Estado, especialmente por se caracterizar como uma responsabilidade pública municipal e pela forma como ocorre. Com exceção do município de Macapá, os demais coletam os RSU em veículos tipo caminhão com caçamba basculante, porém não sabem nem quantidade, nem custos. Não há diretrizes para a elaboração de projetos que não aquelas dos órgãos financiadores 177 federais. O plano estadual de resíduos sólidos encontra-se em construção. Tabela 34: Cobertura da coleta de RSU nas municípios do Amapá Número de Cobertura da Município habitantes coleta de RSU (%) Macapá 8.069 63 Calçoene 9.000 73 Cutias 4.696 65 Ferreira Gomes 5.802 74 Itaubal 4.265 59 Laranjal do Jarí 39.942 86 Macapá 398.204 96 Mazagão 17.032. 38 Oiapoque 20.509 74 Pedra Branca do Amapari 10.772 63 Porto Grande 16.809 67 Pracuúba 3.793 69 Santana 101.202 93 Serra do Navio 4.380 87 Tartarugalzinho 12.573 48 Vitória do Jarí 12.428 88 Fonte: IBGE, 2010 A coleta dos resíduos sólidos domiciliares (RSD) nos municípios é realizada porta a porta, geralmente em dias alternados, sendo realizada de duas a três vezes na semana. Em Macapá, a coleta é diária na área central e alternada nos demais bairros (três vezes na semana). Apenas nos dois maiores municípios – Macapá (capital) e Santana, a coleta dos RSU é feita em veículos compactadores. Nos demais, os resíduos são coletados com veículos basculantes (caçambas) ou são transportados em carroções de tratores. Em Macapá, a coleta convencional é terceirizada e o contrato celebrado com a Enterpa Engenharia Ltda., início em 2009, duração de 5 anos, foi rompido recentemente, com a contratação emergencial de outra empresa (Clean). O serviço de coleta de RSD em Macapá acontece em cerca de 80% da área urbana e, aproximadamente em 80% da área de aglomerados subnormais ou áreas de difícil acesso (invasões e áreas de Ressaca) é atendida pela coleta manual, através de carros de tração manual que removem os resíduos até a rota de coleta e, naquelas que é possível o acesso, utiliza-se um trator que realiza o descarregamento em 178 contêineres, com posterior transbordo por caminhões compactadores. A coleta convencional recolheu cerca de 274.000 toneladas de RSU no ano de 2011, segundo informações da Secretaria Municipal de Manutenção Urbanística (SEMUR/PMM, 2012), sendo que a remoção dos resíduos da capina e limpeza mecanizada é realizada por contrato com uma cooperativa de caçambeiros. O transporte dos RSU é feito diretamente dos setores de coleta ao aterro controlado municipal, distante 20 Km do centro da cidade, chegando a 35 Km do local de coleta mais distante. Não há unidades de transbordo. Os entulhos provenientes da limpeza de quintais e da construção civil são de responsabilidade dos geradores. Na cidade de Macapá há quatro empresas (licenciadas ambientalmente) que oferecem o serviço, porém nos demais municípios os serviços de remoção são feitos por caçambeiros ou carroceiros e, na maioria das vezes, esses resíduos não recebem disposição final adequada. No Estado, não há estruturas de triagem em funcionamento, embora exista um galpão para tal fim no aterro controlado de Macapá, que precisa sofrer alguns ajustes (reformas) e receber equipamentos/materiais para poder funcionar como unidade de triagem. Em Macapá, com a implantação do aterro sanitário, a coleta dos RSD passará por reformulações, devido à coleta seletiva, com a segregação dos resíduos secos (inorgânicos) e os úmidos (orgânicos). Apesar da estrutura física de triagem ser parte integrante da estrutura concedida, pois faz parte do complexo do aterro controlado, sua operação será realizada pela Associação de Catadores de Materiais Recicláveis, com apoio da Prefeitura (logística de coleta diferenciada e acompanhamento técnico), sendo que a concessionária é responsável pela disponibilização e manutenção dos equipamentos e materiais necessários à atividade. Esse desenho se deve a um compromisso da municipalidade, que há muito tempo busca incluir os catadores no sistema de gestão dos RSU. A atividade prevê o fortalecimento da Associação de Catadores, especificamente com a formatação de uma cooperativa. Há previsão ainda da implantação de pequenos projetos de agregação de valor aos recicláveis, dando oportunidade para geração de renda e o aprendizado do trabalho cooperativo (fabricação de vassouras de PET, artesanatos diversos, etc.), por parte do governo 179 municipal. A estrutura de triagem possui uma área coberta de 800 m². Os resíduos passíveis de segregação (base seca), advindos da coleta seletiva circularão em esteira, onde terão dois destinos: o mercado de recicláveis ou o corpo do aterro (rejeitos). A planta deverá absorver cerca de 40 catadores. A estrutura física onde funcionará a unidade de triagem possui área para armazenamento do material triado, depósito, banheiros, administração e uma copa. Em relação ao tratamento da fração orgânica, no Amapá, nenhum município transforma sua fração orgânica em composto. Porém, no aterro sanitário de Macapá, está prevista uma unidade de compostagem que receberá inicialmente os resíduos oriundos de podas de árvores, capina de praças e jardins, resíduos de feiras e mercados e, os da coleta seletiva. Será instalada em área de empréstimo de material classe II utilizado na cobertura dos RSU. Sua manipulação será mecanizada e as pilhas receberão cobertura durante a época chuvosa. O composto produzido será utilizado para revegetar áreas degradadas e o excedente em projetos de arborização e jardinagem do poder municipal. Com respeito à implantação de aterros sanitários, o município de Pedra Branca do Amapari foi beneficiado com um aterro de pequeno porte, através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público, em novembro de 2006. O aterro é operado pela municipalidade. O aterro controlado de Macapá é também fruto de um termo de ajustamento de conduta (TAC), celebrado em 2006 pela Promotoria de Meio Ambiente e Conflitos Agrários (PRODEMAC) do Ministério Público Estadual e a administração municipal. O aterro está localizado sobre o antigo lixão e foi projetado para receber RSU, sendo que estes são oriundos dos serviços de limpeza pública (coleta de RSD convencional, resíduos públicos da varrição e capinação e resíduos das unidades municipais de saúde), resíduos gerados por atividades comerciais (de composição variada), resíduos da construção civil (RCC) e resíduos dos serviços de saúde (RSS) de grandes geradores. A implantação do aterro sanitário de Macapá está prevista para o final do 2° semestre de 2012, na mesma área já utilizada para disposição final do município de Macapá desde o ano de 1998, onde está situado o aterro controlado. A área total é de 103 ha e a área utilizada pela planta será de 36 ha, com previsão de vida útil de 25 anos. 180 4.1.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no Estado Do ponto de vista da concepção de rotas de tratamento, no Estado não há rotas tecnológicas de tratamento de resíduos sólidos urbanos. Na capital Macapá será possível estabelecer uma rota no futuro. 4.1.2.5 Dados econômicos do tratamento Os custos anuais de operação do aterro controlado estão em torno de R$2.500.000,00, incluindo mão-de-obra, monitoramento, taxa de outorga (5%), encargos, energia, máquinas e equipamentos. A implantação da unidade de triagem está estimada em R$1.000.000,00, porém o projeto ainda está em elaboração. A empresa prevê o custo de R$3.000.000,00 para a operação do aterro sanitário em 2013 e o valor de R$2.000.000,00 para o encerramento do aterro controlado. Quanto à venda de materiais recicláveis, conforme a Associação de Catadores, os valores praticados são os informados na Tabela 35, a seguir, sendo que muitos resíduos recicláveis, como por exemplo, o papel e o papelão, deixam de ser coletados em função da falta de mercado local e pelas dificuldades do transporte até os centros produtores/consumidores. Tabela 35: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região. Material UNID jan/2011 Jan/2012 Aluminio Kg 1,80 1,80 Ferro Kg 0,80 0,80 Cobre Kg 8,00 8,00 Vidro unid 0,15 - 0,20 0,15 - 0,20 PEAD Kg 0,40 0,40 PET misto Kg 0,40 0,40 Sacolas Kg 0,50 0,50 Fonte: Associação de Catadores de Macapá. A venda é realizada de forma individual aos atravessadores, a Associação não tem controle sobre quantidades vendidas e preços. Com relação à implantação de tecnologias voltadas a triagem de materiais recicláveis, a concessionária que opera o aterro, prevê o custo de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) para reforma 181 e dotação de equipamentos de uma estrutura já existente. A previsão é que esta estrutura esteja disponível com o início da operação do aterro sanitário (2013). 4.1.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Em todos os municípios do Estado os custos com os serviços de limpeza urbana não são repassados aos usuários, com exceção dos geradores especiais no município de Macapá, que pagam taxa para realizar disposição final dos resíduos de sua responsabilidade, conforme determina a Lei Complementar No 054/2008. Em Macapá, o custo da coleta dos RSD é totalmente bancado pelo poder municipal, diferentemente daqueles resíduos cuja responsabilidade recai no gerador, como os resíduos dos serviços de saúde (com exceção dos gerados na rede municipal), comerciais e os entulhos. O valor pago pela tonelada coletada e transportada de RSU varia conforme o tipo de resíduos. A prestadora cobra R$ 117,03/t de RSD, R$ 116,73/t resíduos oriundos de feiras e mercados, R$ 117,82/t de resíduos públicos (varrição) e R$ 127,70/t de resíduos provenientes de áreas de difícil acesso. A disposição final custa R$ 39,80/t, valor pago pelo município para os RSD, sendo que geradores particulares são responsáveis pelo pagamento do serviço de disposição de resíduos comerciais e dos originados em limpeza de quintais, variando de R$ 10,00 a R$ 45,00/t. Os RSS têm custo de R$ 330,00/t para disposição em vala séptica. Essas informações não são disponíveis nos demais municípios, que não quantificam os custos, pois geralmente os veículos e equipamentos são utilizados em várias atividades. Todos os municípios assumem estes custos. 4.1.2.7 Arranjos institucionais Com exceção de Macapá, os demais municípios são executores dos serviços de limpeza urbana e da disposição final de RSU. Em Macapá, a parte operacional dos serviços de coleta e transporte de RSU e demais serviços de limpeza urbana é terceirizada e a concessão da operação do sítio de disposição final são formas de operacionalizar o manejo dos RSU. A fiscalização dos serviços, bem como o 182 planejamento de atividades como a varrição e capinação, além da determinação e horários e frequência de coleta é responsabilidade do poder público municipal. 4.1.3 4.1.3.1 Estado do Amazonas Informações sócio geográficas O Estado do Amazonas é o maior estado do Brasil com uma área de 1.570.745.680 km², representando 18,5% do território nacional. Conforme pode-se observar na (Figura 65), o Amazonas limita-se com cinco estados brasileiros e três repúblicas sul-americanas: Roraima ao norte; Pará ao leste; Mato Grosso ao sudeste; Rondônia e Acre ao sul; além do Peru, Colômbia e Venezuela ao sudoeste, oeste e norte, respectivamente. O clima do Amazonas é equatorial, sendo uma das áreas do planeta de maior domínio deste clima. Figura 65: Localização do Estado do Amazonas, no Brasil Fonte: IBGE, 2012 O Estado apresenta um relevo relativamente baixo, já que 85% de sua superfície está abaixo de cem metros de altitude. Em seu território se localiza as terras mais altas - como o pico da Neblina e o pico 31 de Março, com 3.014 metros e 2.992 metros de altitude, respectivamente, ambos situados no município de Santa Isabel do Rio Negro - e também as terras mais baixas do país, comparando aos 183 outros estados brasileiros. O planalto desce suavemente para o interior e se divide em três seções: o planalto, a depressão interior e o planalto ocidental, que formam, ao lado da planície, as cinco unidades morfológicas do Estado. No Amazonas se encontram grandes reservas minerais inexploradas ou em início de exploração. Entre as principais riquezas minerais encontradas em território amazonense e identificadas pelo Mapa Geológico Estadual, estão a cassiterita, que possui reservas totais de 486.073 toneladas e estão situadas nos municípios de Presidente Figueiredo e Urucará; a bauxita, que se encontra também nos municípios de Presidente Figueiredo e Urucará e ainda em Nhamundá e São Sebastião do Uatumã; e o nióbio, encontrado nos municípios de Presidente Figueiredo, Urucará e São Gabriel da Cachoeira. A partir de 2007, verificou-se uma reserva mineral inexplorada de gás natural no município de Coari, a maior no Brasil encontrada até então, cujo potencial atinge 62.886.500.000 metros cúbicos. O gás natural é encontrado ainda nos municípios de Carauari (22.164.200.000m³) e Silves (4.853.000.000m³). O caulim, matéria-prima usada em cerâmicas brancas e refratárias, cosméticos e medicamentos, encontrado principalmente na área rural do município de Manaus; além de outros 23 minérios presentes no subsolo amazonense em quantidades consideráveis, como o ouro, tório e ferro. O clima no Estado é o equatorial, predominante na Amazônia. As estações do ano apresentam-se bastante diferenciadas e a amplitude térmica anual é relativamente alta, variando de 28°C no litoral do Pará até 40°C no oeste amazonense. As chuvas, em quase toda a região, distribuem-se com relativa regularidade pelo ano inteiro mas podem-se encontrar também características de tropicalidade no Sul do estado. Os ventos também afetam as temperaturas. No verão, sopram os ventos alísios vindos do Sudeste, que por serem quentes e úmidos, provocam altas temperaturas, seguidas de fortes chuvas; no inverno, as frentes frias são geralmente seguidas de massas de ar vindas da Linha do Equador e que trazem um vento quente. Em relação a vegetação sobressaem matas de terra firme, várzea e igapós. Toda essa vegetação faz parte da extensa e maior floresta tropical úmida do mundo: a Hileia Amazônica. Os solos são de terra firme - do tipo lateríticos: solos vermelhos das zonas úmidas e quentes, cujos elementos químicos 184 principais são hidróxido de alumínio e ferro, propícios à formação de bauxita e, portanto, pobres para agricultura. A flora do estado apresenta uma grande variedade de vegetais medicinais, dos quais se destacam andiroba, copaíba e aroeira. O Amazonas tem 98% da sua área florestal intacta, pois sua vocação econômica foi desviada para outras atividades a partir da reorganização e ampliação da Zona Franca de Manaus em 1967. Os governos têm procurado incentivar o chamado desenvolvimento sustentável, voltando-se para a preservação do legado ecológico. Existe um esforço para manter os projetos agropecuários dentro dos limites da preservação ambiental, enquanto que a valorização do manejo da floresta como fonte de renda contribuiu para que o Amazonas enfrentasse o desafio de reduzir o desmatamento em 21% em 2003, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. O Amazonas é banhado pela bacia hidrográfica Amazônica. Os principais rios são: rio Negro (que banha a cidade de Manaus), rio Amazonas, rio Solimões, rio Madeira, rio Juruá, rio Purus, Içá, Uaupés e Japurá todos integrantes da bacia hidrográfica. No estado encontram-se os dois maiores arquipélagos fluviais do mundo em quantidade de ilhas, Mariuá, com 1200, e Anavilhanas, com 400, situados no rio Negro. A confluência entre o rio Negro, de água preta, e o rio Solimões, de água barrenta, resulta em um fenômeno popularmente conhecido como Encontro das Águas, que é uma das principais atrações turísticas das cidades de Manaus e Parintins. De acordo com o Censo brasileiro de 2010, no Amazonas havia 3.483.985 habitantes, sendo 2.755.490 em área urbana e 728.495 em área rural. Quanto à questão de gênero, haviam 1.753.179 homens e 1.730.806 mulheres. Foram identificados 902.780 domicílios, sendo que apenas 801.640 deles eram ocupados, gerando um déficit habitacional de 101.140 domicílios. A média de habitantes por domicílio era de 4,24 pessoas. Em 2011, de acordo com estimativas do mesmo órgão, a população do estado era de 3.538.387 habitantes. Na questão de alfabetização, habitantes do estado com mais de 5 anos de idade alfabetizados totalizavam 2.670.173 pessoas. A capital, Manaus, é a maior cidade da Região Norte, com cerca de 1,8 milhão de habitantes, seguida por Belém com 1,3 milhão de habitantes. Manaus, uma das que mais recebem migrantes no Brasil, cresce 185 desordenadamente com muitas áreas ocupadas de forma ilegal por invasões. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o Amazonas é o segundo maior colégio eleitoral do norte brasileiro, com 2.030.549 eleitores. A população rural e urbana dos 62 municípios do Amazonas, conforme o Censo do IBGE para 2010, é apresentada na Tabela 36. Nesta tabela é possível observar o constraste entre as realidade urbanas e rurais dos municípios da Região Norte, quando comparada às outras regiões do Brasil, tendo em alguns municípios, a população rural superior a população urbana. Tabela 36: População rural e urbana dos municípios do Amazonas. MUNICÍPIOS POPULAÇÃO Urbana (hab) Alvarães Amaturá Anamã Anori Apuí Atalaia do Norte Autazes Barcelos Barreirinha Benjamin Constant Beruri Boa Vista do Ramos Boca do Acre Borba Caapiranga Canutama Carauari Careiro Careiro da Várzea Coari Codajás Eirunepé Envira Fonte Boa Guajará Humaitá 7.878 4.945 4.174 9.989 10.606 6.891 13.885 11.160 12.422 20.132 7.795 7.521 19.273 14.409 5.140 6.682 19.754 9.440 1.000 49.638 15.808 22.178 10.553 15.039 7.457 30.475 Rural (hab) 6.202 4.712 6.019 6.300 7.453 8.258 17.991 14.555 14.939 13.259 7.705 7.400 10.607 20.043 5.769 6.045 5.946 23.191 22.963 26.271 7.311 8.488 5.775 7.620 6.617 13.641 186 Total (hab) 14.080 9.657 10.193 16.289 18.059 15.149 31.876 25.715 27.361 33.391 15.500 14.921 29.880 34.452 10.909 12.727 25.700 32.631 23.963 75.909 23.119 30.666 16.328 22.659 14.074 44.116 Urbana (%) 56 51 41 61 59 45 44 43 45 60 50 50 65 42 47 53 77 29 4 65 68 72 65 66 53 69 Rural (%) 44 49 59 39 41 55 56 57 55 40 50 50 35 58 53 47 23 71 96 35 32 28 35 34 47 31 Ipixuna Iranduba Itacoatiara Itamarati Itapiranga Japurá Juruá Jutaí Lábrea Manacapuru Manaquiri Manaus Manicoré Maraã Maués Nhamundá Nova Olinda do Norte Novo Airão Novo Aripuanã Parintins Pauini Presidente Figueiredo Rio Preto da Eva Santa Isabel do Rio Negro Santo Antônio do Içá São Gabriel da Cachoeira São Paulo de Olivença São Sebastião do Uatumã Silves Tabatinga Tapauá Tefé Tonantins Uarini Urucará Urucurituba 9.452 28.928 58.175 4.474 6.447 3.319 5.686 10.559 24.223 60.178 7.068 1.793.416 20.347 8.759 25.836 7.010 13.648 9.490 14.079 69.905 9.264 12.999 12.244 12.747 11.807 28.665 3.566 1.753 3.970 5.136 7.405 13.351 24.966 15.739 9.109 26.664 8.605 26.011 11.268 17.113 5.290 7.310 32.161 8.889 14.122 13.514 22.199 40.735 86.840 8.040 8.200 7.289 10.822 17.964 37.574 85.144 22.807 1.802.525 47.011 17.364 51.847 18.278 30.761 14.780 21.389 102.066 18.153 27.121 25.758 43 71 67 56 79 46 53 59 64 71 31 99 43 50 50 38 44 64 66 68 51 48 48 57 29 33 44 21 54 47 41 36 29 69 1 57 50 50 62 56 36 34 32 49 52 52 6.858 11.275 18.133 38 62 12.954 11.533 24.487 53 47 19.001 18.299 37.300 51 49 14.267 17.159 31.426 45 55 5.907 4.781 10.688 55 45 4.033 36.371 10.618 50.072 8.903 6.799 9.868 10.355 4.412 15.908 8.459 11.327 8.153 5.107 7.151 7.376 8.445 52.279 19.077 61.399 17.056 11.906 17.019 17.731 48 70 56 82 52 57 58 58 52 30 44 18 48 43 42 42 TOTAL 2.755.756 725.181 3.480.937 79 21 Fonte: IBGE, 2010 187 4.1.3.2 Geração e composição dos resíduos Os dados de população, coleta total e coleta per capita para o Estado do Amazonas, conforme compilados pela ABRELPE (2010) para os anos de 2009 e 2010, são apresentados na Tabela 37. Ano Tabela 37: Coleta per capita e total no Amazonas. População Urbana Coleta Per Capita Coleta Total (hab) (kg/hab.dia) (t) Geração Estimada (t) 2009 2.630.028 1,040 2.734 3.250 2010 2.755.756 1,156 3.186 3.701 Fonte: ABRELPE, 2010 Para o caso de Manaus, adotou-se os dados do Plano Diretor de Limpeza Urbana de Manaus (IBAM, 2009), sendo a quantidade total coletada apresentada na Tabela 45. Neste estudo, os resíduos são classificados segundo sua origem e em conformidade com a terminologia utilizada pela Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (SEMULSP) em suas operações e medições, qual seja: resíduos da coleta domiciliar: coleta diária pelo serviço terceirizado em domicílios, pequenas indústrias, comércio, bancos, escolas, e outros locais seguindo roteiros previamente definidos. As quantidades mensais estão apresentadas na Tabela 38; resíduos da remoção mecânica: resíduos originados após a realização de mutirões de limpeza. Inclui-se nesta classificação todos os resíduos que não podem ser recolhidos de forma manual e que não sejam domiciliares. As quantidades mensais estão apresentadas na Tabela 39; resíduos da remoção manual: resíduos coletados em pequenas quantidades depositados fora do horário da coleta regular e em pequenos pontos localizados no Município. As quantidades mensais estão apresentadas na Tabela 40; resíduos de podas: material proveniente dos serviços de jardinagem e manutenção da arborização urbana. As quantidades mensais estão 188 apresentadas na Tabela 41; resíduos da coleta hospitalar: resíduos de serviços de saúde, oriundos da coleta em hospitais, clínicas e centros de saúde. As quantidades mensais estão apresentadas na Tabela 42; resíduos da coleta seletiva: resíduos recicláveis (papel, plástico, vidro, metal), segregados na fonte, coletados nos domicílios por caminh es específicos que ap s triados, são encaminhados beneficiamento e comercialização. s associaç es de catadores para As quantidades mensais estão apresentadas na Tabela 43; resíduos de terceiros: resíduos oriundos de empresas prestadoras de serviços que solicitam autorização para descarte no aterro: disk entulhos, construtoras, indústrias, dentre outras. Atualmente, a entrada destes materiais está proibida no aterro municipal. As quantidades mensais estão apresentadas na Tabela 44. Tabela 38: Coleta domiciliar (em t/1000). FONTE: SEMULSP, 2012 189 Tabela 39: Coleta mecanizada (em t/1000). FONTE: SEMULSP, 2012 Tabela 40: Coleta manual (em t/1000). FONTE: SEMULSP, 2012 190 Tabela 41: Coleta de podas (em t). FONTE: SEMULSP, 2012 Tabela 42: Coleta de resíduos de serviços de saúde (em t). FONTE: SEMULSP, 2012 191 Tabela 43: Coleta seletiva de recicláveis porta a porta (em t). FONTE: SEMULSP, 2012 Tabela 44: Coleta de terceiros (em t/1000). FONTE: SEMULSP, 2012 192 Tabela 45: Coleta total de resíduos (em (t/1000). FONTE: SEMULSP, 2012 Em relação a composição gravimétrica dos resíduos foram realizados, até o presente momento, quatro estudos de caracterização dos resíduos sólidos urbanos da cidade de Manaus (LIMA,1981; ANDRADE,1992; STROSKY,2001; SEMULSP, 2006). A seguir, encontram-se descritos os métodos utilizados pelos três últimos autores para determinar a composição gravimétrica dos resíduos, seguidos da exibição dos quatro resultados e das análises comparativas. ANDRADE (1992). Foram selecionadas seis amostras provenientes de quatro zonas distintas: uma amostra do centro da cidade; duas da zona Leste; duas amostras da zona Oeste; uma do bairro Praça 14 e uma do bairro Cachoeirinha. As duas últimas substituíram as amostras do Distrito Industrial. O método do quarteamento foi aplicado para a obtenção dos resultados. STROSKY (2001). Caracterizou os resíduos sólidos de acordo com a origem: domiciliar, industrial e da remoção mecânica. Com o propósito de obter 193 resultados finais mais representativos, considerou-se como amostra para o resíduo domiciliar uma carrada de um roteiro previamente escolhido em cada uma das seis divisões geográficas da zona urbana da cidade – Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro-sul e Centro-oeste –, conforme estabelecido pelo Decreto No 2924, de 07 de agosto de 1995. SEMULSP (2006). Em fevereiro de 2006, foi realizado no aterro de Manaus, o trabalho de caracterização física dos resíduos domiciliares, com a finalidade de subsidiar uma dissertação de mestrado na qual, um dos objetivos era estimar a quantidade de embalagens de politereftalato de etileno (PET) encaminhadas disposição final. Para obter uma representação fidedigna dos resíduos gerados, selecionou-se amostras oriundas de cada uma das seis zonas de Manaus, conforme divisão geográfica instituída pelo Decreto No 2924/95. A Tabela 46 apresenta os resultados dos referidos estudos de caracterização dos resíduos sólidos domiciliares gerados no Município. Segundo LIMA (1981) o plástico era encontrado nos resíduos domiciliares de Manaus com uma participação de 2,83%. Na avaliação feita por ANDRADE (1990) era de 8,62% e na de STROSKY (2001) a participação aumenta de forma significativa, tornando-se o terceiro componente em peso, com 18,50%, praticamente a mesma participação do papel e papelão, e em 2006 tal participação chega a 29,34%. O papel e papelão apresenta uma retração em sua participação, pois em 1981 respondia com 29,01% do resíduo domiciliar e em 2006 caiu para 21,18%, uma redução de 7,83%. Os componentes plástico, papel e papelão quando somados responderam, em 2006, por 46,43%, de todo o resíduo domiciliar disposto no Município e por 80,25% dos materiais recicláveis, enquanto que a fração de metais e vidro diminui gradualmente. 194 Tabela 46: Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares de Manaus (%). Material Lima 1981 Andrade 1992 Strosky 2001 SEMULSP 2006 Material orgânico 51,12 58,69 45,20 35,84 Papel e Papelão 29,01 18,94 18,90 21,18 Plásticos 2,83 8,62 18,50 29,34 Metais 6,78 4,31 3,60 3,47 Madeira 2,14 2,93 3,60 1,44 Vidro, terra e pedra 4,67 3,42 6,60 3,87 Pano, couro e borracha 3,45 3,09 3,60 4,87 Total 100 100 100 100 Fonte: IBAM, 2009 4.1.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado As tecnologias empregadas no estado do Amazonas são simples e bem conhecidas da engenharia nacional. São operações de coleta misturada ou segregada, tratamento, compostagem e comercialização de algumas frações, além do aterramento. Uma operação diferenciada e de maior nível técnico é o projeto de MDL do aterro de Manaus, com a transformação da operação de lixão para operação de aterro sanitário, com as estruturas e procedimentos de proteção ambiental, coleta e tratamento do gás gerado no aterro, compostagem e educação ambiental. O Estado não possui nenhuma operação de coleta com maior grau de diferenciação tecnológica. Nos municípios do interior, usa-se predominante caminhões com caçambas basculantes de 6 e 8 m 3. Algumas cidades empregam coletores compactadores de até 12 m3. A coleta costuma ser diária nas áreas centrais e alternada na periferia. Não há registro da existência de operações de transbordo e transporte a maiores distâncias. Em Manaus, a coleta é realizada com equipamentos compactadores de 17 m3, em operações diárias e desenvolvidas em 3 turnos de trabalho. O transporte, até o aterro, é realizado pelo próprio veículo coletor compactador. As equipes são formadas por motorista e três auxiliares. As operações são acompanhadas por fiscais das empresas e da prefeitura, que controlam o cumprimento dos roteiros e corrigem eventuais falhas ou quebras de veículos. Existem planos para aumentar a frota de compactadores no interior e de 195 iniciar a coleta alternada na Capital. Na cidade de Manaus, existem operações diferenciadas para a coleta “porta a porta” de resíduos recicláveis (embalagens). O material coletado é transportado para os galpões das associações e cooperativas de catadores em caminhões gaiolas de 25 m 3. Um levantamento realizado pelas empresas de coleta, no ano de 2007, indicou um consumo da ordem de 5 litros de diesel por tonelada de resíduos da coleta convencional e de 17 litros de diesel por tonelada de resíduos da coleta seletiva. Este desempenho motivou a implantação dos postos de entrega voluntária (PEVs) para materiais recicláveis. As unidades de triagem existentes no Estado pertencem aos grupos organizados de catadores. Estas não possuem estruturas de linha de produção. O material é segregado manualmente e armazenado em big-bags ou empilhado para ser prensado em fardos. As unidades possuem áreas cobertas de diversos tipos e tamanhos, não havendo uma planta projetada especificamente para este fim. A Figura 66, Figura 67, Figura 68 e Figura 69 apresentam detalhes destes locais em Manaus. Figura 66: Galpão da Cooperativa Figura 67: Área de Armazenagem 196 Figura 68: Galpão da Eco-Recicla Figura 69: Material recolhido no Núcleo III. Fonte IBAM, 2009 O mercado para os materiais recicláveis é mais restrito do que em outras regiões do Brasil. As fábricas para reaproveitamento de vidro são muito distantes e as fábricas locais para o reaproveitamento de papel e papelão possuem limites de capacidade de produção ou de mercado para seus produtos, o mesmo acontecendo com o mercado para polímeros plásticos A compostagem ainda é uma técnica pouco utilizada no Amazonas, são poucos os casos a serem descritos. Neste estudo, apresentou-se a unidade de compostagem existente na área do aterro municipal de Manaus. Esta área foi estruturada com a finalidade de tratar os resíduos de podas e parte dos resíduos de feiras e mercados. A quantidade de resíduos de podas recolhidos na Cidade é apresentada na Tabela 41. A Figura 70, Figura 71, Figura 72 e Figura 73 apresentam imagens da unidade de compostagem e sua operação. A operação consiste na trituração de galhos e na formação das leiras. Resíduos de feiras e mercados, com potencial de atração de vetores, são colocados diretamente no interior das leiras. O material é revolvido periodicamente para controle da umidade e da aeração. Após o período de decomposição, o material é peneirado, classificado e enviado para utilização. 197 Figura 70: Trituração dos resíduos de poda. Fonte Tumpex, 2010 Figura 71: Galpão de compostagem. Fonte Tumpex, 2010 198 Figura 72: Leiras de compostagem Fonte Tumpex, 2010 Figura 73: Leiras de compostagem. Fonte Tumpex, 2010 Os números sobre a existência de aterros sanitários no Amazonas são bastante divergentes. Existem unidades que foram licenciadas e construídas para este fim e abandonaram as operações, retornando à condição de lixões. Os dados da ABRELPE indicam que 97% dos municípios ainda operam lixões. O caso de 199 Manaus também é polêmico. Em vista de uma longa disputa político-administrativa, a licença existente foi expedida pelo órgão municipal de meio ambiente e, consequentemente, é contestada pelo Estado. 4.1.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no Estado No Estado do Amazonas, ainda não foram desenvolvidas rotas tecnológicas para a coleta e tratamento de resíduos sólidos urbanos. As administrações prestam serviços individualizados com o intuito de atender a diferentes aspectos da atividade. 4.1.3.5 Dados econômicos do tratamento A única unidade que possui registros detalhados sobre os custos da implantação e operação é a de Manaus. Nela, o valor unitário, atual, para implantação e operação é da ordem de R$ 52,83 por tonelada de resíduos dispostos, para uma operação de aproximadamente 3.000 toneladas por dia. O projeto de transformação do aterro de Manaus, da condição de lixão para a condição de aterro sanitário, pela sua dimensão, pela falta de informações sobre o histórico da operação e pela complexidade das situações encontradas, passou por diversas etapas e adequações ao longo de sua implantação. A Tabela 47 e Tabela 48 apresentam os dados econômicos das operações de Manaus. Tabela 47: Dados econômicos do aterro de Manaus. 200 Tabela 48: Dados econômicos do aterro de Manaus. A Tabela 49 apresenta os preços dos diferentes tipos de coleta. Tabela 49: Preços das diferentes modalidades contratadas. Modalidade de Coleta Preço Coleta Domiciliar (R$/t) 124,79 Coleta Hospitalar (R$/t) 490,68 Coleta de Podas (R$/t) 276,56 Coleta Seletiva (R$/t) 644,87 Remoção Manual (R$/t) 119,09 Remoção Mecanizada (R$/t) 73,26 Educação Ambiental (R$/equipe) 69.154,72 Operação de Aterro Sanitário (R$/t) 52,83 201 A Tabela 50 apresenta os valores pagos para os materiais recicláveis. Tabela 50: Valores pagos por materiais recicláveis. Material UNID jan/2011 Jan/2012 Alumínio Vidro (garrafas) PE PET Papelão Papel Branco Papel Jornal Cobre 4.1.3.6 R$/Kg R$/Unid. R$/Kg R$/Kg R$/Kg R$/Kg R$/Kg R$/Kg 1,00 0,05 a 0,50 0,25 a 0,50 0,30 a 0,70 0,07 a 0,18 0,20 a 0,50 0,15 a 0,30 1,00 a 7,00 1,00 0,05 a 0,50 0,25 a 0,50 0,30 a 0,70 0,07 a 0,18 0,20 a 0,50 0,15 a 0,30 1,00 a 7,00 Sistema de cobrança na gestão de resíduos O Município de Manaus instituiu a Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares (TRSD) e a Taxa de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (TRSS) por meio da Lei 1.411, de 20 de janeiro de 2010. Entretanto, por razões não divulgadas, esta cobrança ainda não foi efetivada, permanecendo como um instrumento existente mas não implementado. De qualquer forma, o Artigo 84 da Lei instituiu a Unidade Geradora de Resíduos Sólidos Domiciliares (UGR), como sendo qualquer imóvel localizado em logradouro ou via atendido pelos serviços. O Artigo 85 definiu as seguintes faixas, conforme a natureza do domicílio e o volume de geração potencial de resíduos sólidos: I – Domicílios Residenciais: a) UGR especial – Im veis com volume de geração potencial de até 10 litros de resíduos por dia; b) UGR 1 – Im veis com volume de geração potencial de mais de 10 e até 20 litros de resíduos por dia; c) UGR 2 – Imóveis com volume de geração potencial de mais de 20 e até 30 litros de resíduos por dia; d) UGR 3 – Im veis com volume de geração potencial de mais de 30 e até 60 litros de resíduos por dia; e) UGR 4 – Imóveis com volume de geração potencial de mais de 60 litros de 202 resíduos por dia. II – Domicílios não Residenciais: a) UGR 1 – Im veis com volume de geração potencial de até 30 litros de resíduos por dia; b) UGR 2 – Im veis com volume de geração potencial de mais de 30 e até 60 litros de resíduos por dia; c) UGR 3 – Imóveis com volume de geração potencial de mais de 60 e até 100 litros de resíduos por dia; d) UGR 4 – Im veis com volume de geração potencial de mais de 100 e até 200 litros de resíduos por dia. Os valores atribuídos para cada faixa de UGR correspondem aos seguintes valores-base da TRSD por mês: I – Domicílios Residenciais: a) UGR especial – R$ 10,00 (dez reais) mensais; b) UGR 1 – R$ 20,00 (vinte reais) mensais; c) UGR 2 – R$ 35,00 (trinta e cinco reais) mensais; d) UGR 3 – R$ 70,00 (setenta reais) mensais; e) UGR 4 – R$ 90,00 (noventa reais) mensais. II – Domicílios Não Residenciais: a) UGR 1 – R$ 30,00 (trinta reais) mensais; b) UGR 2 – R$ 60,00 (sessenta reais) mensais; c) UGR 3 – R$ 100,00 (cem reais) mensais; d) UGR 4 – R$ 140,00 (cento e quarenta reais) mensais. A Lei determina, ainda, que caberá aos contribuintes a declaração quanto classificação de sua UGR nas faixas previstas. 4.1.3.7 Arranjos institucionais No interior do Estado, os arranjos institucionais mais frequentes são de operação direta, através de Secretarias ou operações diretas com o uso de equipamentos alugados. São poucos os casos de licitações de operações completas. O arranjo institucional do sistema de coleta, reciclagem, tratamento e 203 disposição final de resíduos em Manaus é composto pelos seguintes atores: a) Prefeitura Municipal de Manaus, representada pela Secretaria Municipal de Limpeza Pública (SEMULSP), que é o titular dos serviços, sendo também o executor de alguns deles, como parte da varrição, administração do aterro, administração dos PEVs e limpeza de igarapés; b) empresas privadas, operando serviços como a varrição e capina de algumas áreas, a operação do aterro e a operação de balsas; c) concessão, por exemplo, para a coleta dos resíduos; d) parcerias operacionais, como o caso dos PEVs operados por grupos de catadores e os núcleos de separação dos mesmos; e) parcerias institucionais, como o caso da implantação dos PEVs, com o Sindicato da Indústria de Bebidas e a Vara do Meio Ambiente e das Questões Agrárias e o monitoramento do aterro pela Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM). 204 4.2 Região Nordeste A seguir apresenta-se uma síntese sobre as rotas tecnológicas do tratamento de resíduos sólidos de alguns estados da Região Nordeste do Brasil, contendo informações sociogeográficas, geração e composição dos resíduos, rotas tecnológicas utilizadas, dados econômicos, sistemas de cobranças, arranjos institucionais e as análises conclusivas sobre as rotas tecnológicas. Os estados selecionados para análise e contextualização da Região Nordeste foram: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Estes estados usam a maioria das tecnologias e rotas tecnológicas que caracterizam a região Nordeste em termos de gestão e tratamento de RSU. 4.2.1 4.2.1.1 Estado do Ceará Informações sociogeográficas O estado do Ceará possui uma área de 148.825,6 km², sua área corresponde a aproximadamente 9,57% do Nordeste e 1,75% da área total do Brasil. O estado se limita a oeste com o Piauí, ao sul com Pernambuco, a sudeste com a Paraíba e a leste com o Rio Grande do Norte. O estado é banhado ao norte pelo Oceano Atlântico, apresentando um litoral de 573 quilômetros de extensão, com dunas de areias e águas claras (Figura 74). 205 Figura 74: Localização do estado do Ceará, no Brasil. Segundo censo IBGE/2010 a população do Ceará é de 8.448.055, deste total 75,09% está concentrada nas zonas urbanas e 24,09% nas zonas rurais dos 184 municípios cearenses. A distribuição desta população nos municípios cearenses segue a lógica de concentração nos municípios pólos com maiores possibilidades de emprego, renda e atendimento a serviços básicos como saúde e educação. O único município cearense a superar os 500 mil habitantes é Fortaleza; os 7 (sete) municípios que apresentam população entre 100 e 500 mil habitantes são Caucaia, Crato, Itapipoca, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Maranguape e Sobral e, os 2 (dois) municípios com menor número de habitantes são Guaramiranga e Granjeiro. A Tabela 51 mostra a quantidade de municípios por faixa populacional. Tabela 51: Municípios do Ceará por tamanho da população. População Número de Municípios Acima de 500 mil habitantes 1 Entre 100 e 500 mil habitantes 7 Entre 50 e 100 mil habitantes 25 Entre 20 e 50 mil habitantes 59 Entre 5 e 20 mil habitantes 90 Até 5 mil habitantes 2 Total 184 Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica. 206 Segundo o IBGE (2010) dos 184 municípios cearenses, 68 (37%) possuem população rural superior ao número de habitantes da zona urbana, com destaque para os municípios de Aiuaba, Tarrafas, Choró e Granjeiro, que apresentam número de domicílios na zona urbana abaixo de 30% do total de domicílios municipais. Já no caso da concentração dos domicílios em área urbana, destacam-se em todo o estado os municípios de Fortaleza e Eusébio, considerado 100% área urbana. As Macrorregiões de Planejamento são em número de 8 (oito), sendo elas: Região Metropolitana de Fortaleza, Litoral Oeste, Sobral/ Ibiapaba, Sertão dos Inhamuns, Sertão Central, Baturité, Litoral Leste/Jaguaribe e Cariri/Centro Sul. A Figura 75 mostra a divisão do estado em Microrregiões. Figura 75: Distribuição das microrregiões administrativas e Regiões Metropolitanas do Ceará. A Tabela 52 mostra a subdivisão macro e microrregional, indicando também a quantidade de municípios situados em cada uma delas. 207 Tabela 52: Divisão territorial, Macrorregiões de Planejamento e microrregiões Administrativas. Microrregiões Administrativas Macrorregiões de Planejamento Região Metropolitana de 1 - Região Metropolitana de Fortaleza 1 Fortaleza Microrregião Administrativa 2 Microrregião Administrativa 3 2 - Litoral Oeste Microrregião Administrativa 4 Microrregião Administrativa 5 3 - Sobral/ Ibiapaba Microrregião Administrativa 6 Microrregião Administrativa 13 4 - Sertão dos Inhamuns Microrregião Administrativa 15 Microrregião Administrativa 7 Microrregião Administrativa 12 5 - Sertão Central Microrregião Administrativa 14 Microrregião Administrativa 8 6 – Baturité Microrregião Administrativa 9 Microrregião Administrativa 10 7 - Litoral Leste/Jaguaribe Microrregião Administrativa 11 Microrregião Administrativa 16 Microrregião Administrativa 17 Microrregião Administrativa 18 8 - Cariri/Centro Sul Microrregião Administrativa 19 Região Metropolitana do Cariri 2 Total de municípios Municípios 15 14 7 6 9 20 11 5 6 8 7 13 5 9 7 7 7 9 10 9 184 Fonte: Secretaria de Governo do Ceará (SEGOV), Secretaria do Planejamento e Gestão (SEPLAG). O relevo cearense é marcado por áreas de planalto, planícies e várzeas. A maior parte do relevo tem altitude inferior a 200 metros, porém existem serras que atingem mais de 1.000 metros. O ponto mais elevado é o pico da Serra Branca, na Serra do Olho d’Águia, com 1.154 metros acima do nível do mar. Outro aspecto físico do Ceará de grande destaque é o clima. Localizado na sub-região do Sertão Nordestino, o estado tem como clima predominante o semiárido, caracterizado por temperaturas elevadas (média de 29°C) e baixo índice pluviométrico – essa região sofre com os longos períodos de seca. O clima na região litorânea é o semiúmido, com temperatura média de 27°C e maiores índices de chuvas. A vegetação predominante é a caatinga, mas também há áreas de restinga e de salinas numa estreita faixa litorânea. A rede hidrográfica do Ceará é composta pelos rios Acaraú, Banabuiú, Jaguaribe, Salgado, entre outros. 208 Informações contidas no documento: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - Relatório do Estado do Ceará 2010, realizado em parceria pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), contextualizam a realidade do povo cearense que, localizado na região nordestina, historicamente apresenta indicadores sociais inferiores aos do Brasil, haja vista que aparece em 22º na colocação do IDH dos estados, 23º no ranking da renda per capita e 22º no de expectativa de vida em relação aos outros estados brasileiros. Do ponto de vista macroeconômico, o Ceará é responsável por 2% do PIB nacional e 15% do PIB nordestino sendo que a Região Metropolitana de Fortaleza concentra 41,7% da população e gera mais de 60% do PIB estadual. 4.2.1.2 Geração e composição dos resíduos A quantidade de resíduos sólidos urbanos coletados no estado do Ceará, segundo a ABRELPE 2011, alcançou 6.794 t/dia em 2010 e 6.998 t/dia em 2011, correspondendo a 1,071 kg/hab.dia em 2010 e 1,092 kg/hab.dia em 2011. A única estimativa da composição dos resíduos para os municípios do estado consta num estudo elaborado sobre a gestão de resíduos sólidos, realizado pela PROINTEC (2005) que apontou a caracterização média para os municípios cearenses (Figura 76). 0,5% 42,1% 4,7% 2,6% Materia Organica Papel/papelão Plasticos 22,1% Metais Vidros 12,1% Figura 76: Estimativa da composição média dos resíduos sólidos dos municípios cearenses. 209 Segundo a Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (ACFOR) os resíduos urbanos gerados em Fortaleza e Caucaia totalizam 1.998,53 t/dia, totalizando 5.260,71 toneladas, com os demais resíduos gerados. A tipologia dos resíduos domiciliares das duas cidades, que chegam ao aterro é mostrada na Tabela 53 (SANETAL, 2012)8. Origem Fortaleza Caucaia Total Tabela 53: Produção diária de resíduos domiciliares. Orgânicos Recicláveis Rejeitos Geração Diária (t) (%) t/dia (%) t/dia (%) t/dia 1.636,9 38,1 623,7 33,3 545,1 28,6 468,2 361,6 38,1 137,8 33,3 120,4 28,6 103,4 1.998,5 38,1 761,5 33,3 665,5 28,6 571,6 Fonte: SANETAL (2012) 4.2.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado A gestão de resíduos sólidos no Ceará no período de 1989 a 1994, conseguiu modificar o perfil da destinação final dos resíduos sólidos na Região Metropolitana de Fortaleza, por meio da construção de 3 (três) Aterros Sanitários, o Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia (ASMOC), em Caucaia, o Sul, em Maracanaú e o Leste, em Aquiraz. Com esses aterros os municípios de Fortaleza, Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Maracanaú, Maranguape e Pacatuba 9 passaram a dispor seus resíduos de forma ambientalmente adequada. Após a construção desses aterros, outros três foram implantados. Poucas ações envolvendo tecnologias para compostagem, triagem e reciclagem são vistas no estado. Atualmente, estão sendo preparados os instrumentos legais e de planejamento visando a adequação da Política Estadual de Resíduos Sólidos, à Política Nacional de Resíduos Sólidos, de que trata a Lei Federal No 12.305 de 2 de agosto de 2010, constituídos da proposta de atualização da lei estadual de resíduos sólidos e do plano estadual de resíduos sólidos. Antecedendo ainda a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 8 Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Fortaleza – Diagnóstico (SANETAL, 2012). 9 Pacatuba em 2004 construiu Aterro Sanitário em seu território e a partir de 2005 deixou de utilizar o aterro de Maracanaú passando a depositar seus resíduos em seu próprio aterro. 210 2 de agosto de 2010, o estado do Ceará, com base em estudos promovidos pela Secretaria das Cidades em 2006, vem implementando a constituição de consórcios públicos na área de resíduos sólidos, e atualmente o Conselho de Política e Gestão do Meio Ambiente – CONPAM, coordena estudos visando a regionalização da gestão de resíduos sólidos do Ceará. Os estudos realizados em 2006 indicaram para a solução da disposição final de resíduos sólidos a construção de 26 (vinte e seis) aterros sanitários e melhoria de 04 existentes, totalizando 30 aterros sanitários. 4.2.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado Neste contexto, a rota tecnológica predominante no Estado do Ceará consiste na coleta convencional / transbordo (em alguns casos) /aterro sanitário, mostrados na Figura 77. Figura 77: Rotas Tecnológicas do estado do Ceará. As principais rotas tecnológicas levantadas no estado do Ceará envolvem as tecnologias descritas a seguir: Uma unidade de compostagem de resíduos orgânicos de podas, localizada em município de pequeno porte e operada por uma associação de 211 agropecuarista; Duas experiências de fabricação de briquetes através do tratamento de galhos e podas de árvores com metodologias diferentes: uma em Juazeiro do Norte operado por uma Organização Não-Governamental, com apoio financeiro dos programas de pesquisa e Desenvolvimento - P&D da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e apoio da Secretaria do Meio Ambiente de Juazeiro do Norte. A outra é operada pela empresa privada que opera o aterro ASMOC; Um aterro sanitário localizado em Caucaia que atende à capital Fortaleza, operado por empresa privada através de consórcio, e Três experiências de coleta seletiva, uma experiência operada por uma Associação de Catadores em parceria com uma rede de supermercados, outra experiência de coleta seletiva que utiliza troca de resíduos recicláveis por créditos na conta do consumidor de energia junto à empresa operadora de energia elétrica e o projeto de um banco público que está em conformidade com o disposto no Decreto Federal 5.940/2006 de coleta seletiva solidária. De uma forma geral, as tecnologias para coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos existentes no Ceará seguem basicamente a concepção tradicional de gestão de resíduos, com coleta porta a porta nas regiões urbanas, transporte através de caminhões carroceria nos municípios de pequeno e médio porte e de compactadores nos de maior porte, sendo a destinação final para aterros sanitários ou lixões. O serviço de coleta de resíduos sólidos urbanos dos municípios do Ceará, segundo distribuição em volume tem sido prestado em sua maioria por caçambas e caminhões de carroceria aberta10, representando 68% dos equipamentos e 21% por compactadores. Exceto na capital, Fortaleza, os resíduos coletados são levados diretamente aos locais de destinação final, aterros sanitários ou lixões. A coleta e transporte de 10 Fonte: Pesquisa sobre Gestão Atual de Resíduos Sólidos no Ceará 2005. PROINTEC-CADIC. 212 resíduos sólidos para o caso de Fortaleza é realizada em compactadores para o lixo domiciliar/comercial, cuja rota de transporte inclui estação de transbordo para onde são destinadas cerca de 1.150 t/dia. O transporte para o Aterro Sanitário é realizado em carretas de 40 m3 onde cada carreta transporta, em média, 26 a 28 toneladas. Para coleta seletiva algumas experiências de prestadores de serviço privados ou através de organizações não governamentais utilizam caminhão de carroceria tipo gaiola ou caminhão tipo baú, que transportam resíduos doados em pontos de entrega Voluntária. No estado não há coleta conteinerizada, nem PEVs e coleta especial para eletroeletrônicos e entulhos. A coleta de entulho é toda da responsabilidade do gerador, sendo realizada por empresas cadastradas na Prefeitura. De forma complementar, existe coleta realizada em caçambas, para retirada de resíduos constituídos de materiais diversos, e dentre eles resíduos que deveriam ser destinados como domiciliares/comerciais, e que são despejados pela população em locais impróprios, geralmente em vias públicas, calçadas e canteiros centrais (Pontos de Lixo). A coleta desses resíduos é feita pela “Coleta Especial Urbana”, e não como domiciliares, e em pesquisa realizada identificou-se cerca de 1.800 desses pontos de Lixo. No Estado não há unidades de triagem nem de compostagem como parte do manejo de resíduos sólidos urbanos. No entanto, com a desativação do lixão do Jangurussú, de Fortaleza, em 1998, foi implantada uma unidade de triagem com esteira mecânica para retirada dos materiais recicláveis visando gerar emprego e renda para os catadores deste lixão. Atualmente este sistema está totalmente inoperante e sucateado. Não há sistema de tratamento por digestão anaeróbia no estado como parte do manejo de resíduos sólidos urbanos. Não há sistema de tratamento por incineração no estado como parte do manejo de resíduos sólidos urbanos. Entretanto há 2(duas) unidades de tratamento de Resíduos de Serviços de Saúde no Estado, uma em Fortaleza e outra em Juazeiro do Norte. Também ocorre o coprocessamento de pneus descartados em indústrias de cimento. De acordo com a ABRELPE (2011) 44,4% dos resíduos coletados no estado do Ceará são encaminhados a aterros sanitários, 30,2% se destinam para aterros controlados e 25,4% para lixões. Atualmente o estado do Ceará conta com 6 aterros sanitários que atende 12 213 municípios correspondendo a 3.594.905 habitantes (42,5%) da população e está com 27 aterros sanitários planejados para construção em forma de consórcio, como é mostrado nas Tabela 54 e Tabela 55. Tabela 54: Aterros sanitários construídos no Ceará. Município sede do Municípios beneficiados aterro 1 Aquiraz Aquiraz e Eusébio 2 Caucaia ASMOC Caucaia e Fortaleza 3 Horizonte Horizonte 4 Maracanaú Maracanaú e Maranguape 5 Pacatuba Itaitinga e Pacatuba 6 Sobral Alcântara, Meruoca e Sobral Para a efetivação desses consórcios, o Governo do Estado, por meio do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente – CONPAM e da Secretaria das Cidades, tem procurado sensibilizar, capacitar e articular os gestores das secretarias vinculadas ao gerenciamento de resíduos municipais no sentido de pensar e construir de forma consorciada a alternativa para a disposição final regionalizada. No âmbito dos projetos consorciados, estão incluídas ações relacionadas aos catadores dos lixões, com a implantação de centros de triagem para separação de materiais recicláveis, incluídos nos custos de implantação dos aterros consorciados, ficando a implementação da coleta seletiva sob a responsabilidade dos municípios. O Aterro Sanitário Metropolitano Caucaia (ASMOC) é o maior aterro do estado, estando em funcionamento desde 1998, e recebe resíduos de Fortaleza e Caucaia, para onde são destinados todos os resíduos gerados nessas duas cidades, incluindo-se resíduos de podas, serviços públicos, rejeitos de coleta seletiva e os resíduos urbanos. É um aterro operado de forma convencional, em trincheiras, com drenagem de lixiviados, captação de biogás e recobrimento final, com vida útil de 25 anos. Um novo aterro está projetado e atualmente em fase de licenciamento ambiental para operar em 2013, quando o atual terá sua vida útil atingida. 214 Tabela 55: Aterros sanitários consorciados do estado do Ceará a serem construídos. Município sede do aterro Municípios beneficiados Acaraú, Bela Cruz, Cruz, Itarema, Jijoca de Jericoacoara, 1 Acaraú Marco, Morrinhos Aracati, Fortim, Icapuí, Itaiçaba, Jaguaruana 2 Aracati Assaré, Antonina do Norte, Araripe, Campos Sales, Potengi, 3 Assaré Saboeiro, Salitre Baturité, Acarape, Aracoiaba, Barreira, Capistrano, Guaramiranga, Itapiúna, Mulungu, Pacoti, Redenção, 4 Baturité Aratuba Camocim, Uruoca, Martinópolis, Granja, Barroquinha, Chaval 5 Camocim Canindé, Caridade, Madalena, Paramoti, Itatira 6 Canindé Cascavel, Beberibe, Pindoretama 7 Cascavel Crateús, Independência, Ipaporanga, Novo Oriente 8 Crateús Crato, Jardim, Barbalha, Juazeiro do Norte, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda, Santana do Cariri, Altaneira, Missão 9 Crato Velha Icó, Baixio, Cedro, Granjeiro, Ipaumirim, Lavras da 10 Icó Mangabeira, Orós, Umari, Várzea Alegre Iguatu, Cariús, Catarina, Jucás, Quixelô, Tarrafas 11 Iguatú Itapajé, Apuairés, Gen. Sampaio, Irauçuba, Pentecoste, São 12 Itapajé Luís do Curú, Tejuçuoca, Umirim, Tururu Itapipoca, Amontada, Miraíma, Uruburetama 13 Itapipoca Jaguaribara, Jaguaretama, Jaguaribe, Pereiro 14 Jaguaribara Limoeiro do Norte, Alto Santo, Ererê, Iracema, Morada Nova, Palhano, Quixeré, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do 15 Limoeiro do Norte Norte, Russas, Potiretama Milagres, Abaiara, Aurora, Barro, Brejo Santo, Jati, Mauriti, 16 Milagres Penaforte, Porteiras Nova Russas, Ararendá, Catunda, Poranga, Ipueiras, Mons. 17 Nova Russas Tabosa, Santa Quitéria, Tamboril Pacajus, Chorozinho, Horizonte, Ocara 18 Pacajus Pacatuba, Guaiuba, Itaitinga 19 Pacatuba Paracuru, Paraipaba, São Gonçalo do Amarante, Trairi 20 Paracuru Pedra Branca, Boa Viagem, Sen. Pompeu, Milhã, Mombaça, 21 Pedra Branca Piquet Carneiro, Dep. Irapuan Pinheiro, Solonópole, Acopiara Ipu, Hidrolândia, Pires Ferreira, Reriutaba, Varjota 22 Ipu Quixadá, Banabuiú, Choró, Ibaretama, Ibicuitinga, 23 Quixadá Quixeramobim São Benedito, Ubajara, Ibiapina, Carnaubal, Guaraciaba do 24 São Benedito Norte, Croata Sobral, Forquilha, Groaíras, Cariré, Mucambo, Graça, Alcântaras, Frexeirinha, Coreaú, Moraújo, Massapê, Santana 25 Sobral do Acaraú, Meruoca, Pacujá, Senador Sá Tauá, Parambu, Arneiroz, Aiuaba, Quiterianópoles 26 Tauá Viçosa do Ceará, Tianguá 27 Viçosa do Ceara FONTE:Secretaria das Cidades, Governo do Estado do Ceará. 215 A Figura 78 mostra a situação do destino dos resíduos urbanos nos municípios cearenses de acordo com os dados da PNSB (2008) divulgados através do IBGE (2011). Figura 78: Destino dos resíduos sólidos no Ceará. Fonte: PNSB, 2008 e IBGE, 2011. 4.2.1.5 Dados econômicos do tratamento As informações acerca de dados econômico-financeiros das empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana, seja ela pública ou privada, são bastante difíceis de serem mensuradas. O contrato da Concessão entre a ECOFOR Ambiental e a Prefeitura de Fortaleza não discrimina a operação no ASMOC, pois engloba todas as atividades de coleta e a disposição final. De acordo com o Plano de Gestão de Resíduos de Fortaleza elaborado em SANETAL, em 2012 os custos totais com a limpeza da cidade são mostrado na Tabela 56. 216 Tabela 56: Informações Econômico-financeiras do ASMOC (2011). Total de Custo per Recursos Discriminação da Custo resíduos capita envolvidos Atividade (R$/t) (t/ano) (R$/hab/ano) (R$/ano) Coleta e Disposição Final de resíduos domiciliares e 1.622.719,29 140,10 91,37 públicos 227.342.972,50 (ASMOC/EMLURB) Resíduos de Serviços de Saúde (CTRP3 – 1.109.635,01 MARQUISE) Grandes Geradores 135.457,02 23,00 3.115.511,46 (Recita ECOFOR) RSS (serviços estaduais) 1.198,79 1.340,00 1.606.383,02 Particulares (saúde + 5.296,10 2.110,00 11.174.781,53 industrial) Os valores detalhados representam as despesas da Prefeitura Municipal de Fortaleza, pagas através do FUNLIMP, com recursos orçamentários da Prefeitura, devendo ser descontadas as receitas da MARQUISE (CTRP) e ECOFOR – Grandes Geradores no ASMOC. Não existem recursos orçamentários provenientes de taxas e tarifas cobradas pela Prefeitura Municipal de Fortaleza da população, logo a sustentabilidade do sistema se d0á com 100% de recursos municipais. 4.2.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Não há cobrança pelos serviços de manejo de Resíduos Sólidos Urbanos. Mesmo para serviços eventuais de limpeza da cidade, que são deveres do município, a quase totalidade não cobra nem possui taxa para tais serviços. A cobrança direta por serviços geralmente acontece em municípios onde há grande geração per capita e onde se estabeleceu, através de regulamentos, limites de volume ou peso por unidade habitacional ou comercial, estando sempre essa cobrança relacionada com grandes produtores de resíduos (hotéis, fábricas etc.). 4.2.1.7 Arranjos institucionais No estado do Ceará, as ações voltadas à gestão de resíduos sólidos contam com a participação da Secretaria das Cidades, da Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE e do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente – 217 CONPAM. Coube à SEMACE desenvolver a Política de Resíduos Sólidos do Ceará, aprovada pela Lei Estadual Nº 13.103/2001 e regulamentada pelo Decreto Regulamentador Estadual Nº 26.604/2002. Com a criação do CONPAM, em 2007, destacam-se entre suas ações, junto com a SEMACE, a avaliação do índice de qualidade ambiental usado para avaliar a possibilidade do município de receber um percentual do ICMS – Decreto Nº 29.306/2008, de 5 de junho, (alterado pelo Decreto nº 29.881/2009, de 31 de agosto) que dispõe sobre os critérios de apuração dos índices percentuais destinados à entrega de 25% do ICMS pertencente aos municípios, na forma da Lei Nº 12.612/1996, alterada pela Lei Nº 14.023/2007. Além disto, o CONPAM tem fomentado capacitações de gestores municipais e tem procurado articular e integrar ações desenvolvidas por outras instituições sobre a gestão de resíduos sólidos. A Secretaria das Cidades tem atuado como órgão de formulação de políticas públicas de saneamento, onde se pode destacar a realização de estudos técnicos, como o Estudo de Regionalização da Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos do Ceará, e a criação de consórcios públicos regionais, com fundamento na Legislação Brasileira: Lei 11.107/2005 que dispõe sobre a gestão associada de Serviços Públicos; Lei 11.445/2007 que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; e no Decreto Nº 6.017/2007 que regulamenta a Lei Nº 11.107/2005, que dispõe sobre as normas gerais de contratação de consórcios públicos. 4.2.2 4.2.2.1 Estado do Rio Grande do Norte Informações sociogeográficas O estado do Rio Grande do Norte ocupa uma área de 52.810,7 km², correspondendo a 0,62% do território nacional. Situa-se no extremo nordeste do Brasil, na esquina do continente sul americano, possuindo 233 km de distância entre os pontos extremos Norte-Sul e 403 km entre os pontos extremos Leste-Oeste. O estado se limita ao Norte e a Leste com o Oceano Atlântico, ao Sul com o estado da Paraíba e a Oeste com o estado do Ceará. O estado está dividido em 167 municípios com um total de 3.168.133 218 habitantes residentes em 899.513 domicílios (Figura 79), representando uma densidade populacional de 59,99 hab/km 2 (IBGE, 2010). A distribuição populacional desde a década de 1940 até 2010, segundo os censos demográficos realizados pelo IBGE, mostra uma tendência para a urbanização do estado, revelando uma migração crescente do campo para a cidade. A taxa de crescimento populacional no estado entre 2000 e 2010 foi de 1,33% ao ano, um pouco acima da média nacional nesse período, que foi de 1,25%. Do total dos 167 municípios 60,5% apresentam população de até 10 mil habitantes, 38,3% entre 10 mil e 250 mil e apenas 2 municípios têm população acima de 250 mil habitantes. Figura 79: Localização do estado do Rio Grande do Norte, no Brasil. Fonte: IBGE, 2010. O Estado apresenta os seguintes tipos de clima: Árido que fica localizado na parte central e litoral setentrional, prolongando-se numa faixa estreita, quase contínua, até o extremo sul do estado; o clima semiárido que domina, de forma quase contínua, todo o interior do estado, se prolongando desde o oeste até o litoral setentrional; o clima Sub-Úmido Seco localizado, em parte, no litoral oriental e nas áreas serranas do interior do estado e o clima Úmido localizado no litoral oriental. O Rio Grande do Norte possui atualmente 238 mil hectares em unidades 219 estaduais de conservação, o que corresponde a 4,5% do seu território. Estas unidades estão localizadas, em sua maior parte, ao longo do litoral potiguar, sendo 2,58% no ecossistema marinho, 1,08% no ecossistema costeiro, 0,8% em ecossistema de mata atlântica e o restante na caatinga. O Governo do Estado, através do IDEMA/RN está investindo na criação de novas Unidades Estaduais de Conservação que, após implantadas, representarão um incremento superior a 120 mil hectares de novas áreas de preservação no estado (IDEMA, 2012). Além dessas unidades encontra-se no estado oito Unidades Nacionais de Conservação. A Figura 80 mostra a localização das Unidades Estaduais de Conservação. Figura 80: Unidades Estaduais de Conservação. Fonte: IDEMA, 2012. O Produto Interno Bruto (PIB) do RN é de R$ 27.905 milhões com um PIB per capita de R$ 8.894 no ano de 2009. A evolução do PIB no período de 2005 a 2009 foi de R$ 17.870 milhões para R$ 27.905 milhões, com crescimento real 1,5% entre 2008 e 2009, superior à taxa do Brasil de -0,3% e do Nordeste que foi de 1,0%.O estado ocupa a 19ª. posição no ranking com representatividade de 0,9% do PIB brasileiro como mostra a Figura 81. 220 PIB a preços de mercado RN 2005-2009 (R$ 1.000.000) 30.000 27.905 25.000 22.926 20.000 15.000 17.890 25.481 20.555 10.000 5.000 0 2005 2006 2007 2008 2009 Figura 81: Evolução do PIB no Rio Grande do Norte. Fonte: IBGE/IDEMA, 2011. O PIB per capita foi de R$ 8.894,00 e R$ 8.803,00 em 2008 e 2009, respectivamente, ocupando a 4ª posição na região Nordeste, sendo superado apenas, pelos estados de Sergipe, Bahia e Pernambuco. De acordo com o IBGE/IDEMA (2009) os municípios de Natal, Mossoró, Parnamirim, Guamaré e São Gonçalo do Amarante concentram 62,3% do PIB do estado e 42,2% da população, sendo as faixas do PIB do estado como o mostrado na Figura 82. Figura 82: PIB municipal do Rio Grande do Norte. FONTE: IBGE/IDEMA (2009) Para os 05 municípios que apresentaram maior PIB per capita, 04 deles têm economia relacionada com a Indústria Extrativa de produção de petróleo e sal (Guamaré, R$ 90,2 mil, Porto do Mangue, R$ 19,2 mil, Galinhos, R$ 18,4 mil, Alto do 221 Rodrigues, R$ 14,2 mil) e 01com a agricultura voltada para a produção de açúcar e álcool (Baía Formosa com R$ 17,6 mil) (IBGE/IDEMA, 2011). Durante muito tempo a exploração de petróleo e sal representou a base da economia do estado do Rio Grande do Norte. A partir da década de 80, com investimentos voltados para a área turística, o setor de prestação de serviços vem se destacando como principal atividade econômica do estado, representando mais de 70% da economia estadual, contribuindo de forma decisiva para o crescimento do PIB do estado em 2009 (IBGE/IDEMA, 2011). Investimentos em infraestrutura realizados pelo Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR –NE), a partir dos anos 90, deram incremento à atividade turística com ações importantes como a criação da Rota do Sol, ampliação do Aeroporto Internacional Augusto Severo, urbanização e saneamento do bairro de Ponta Negra e Preservação do Parque das Dunas em Natal e ligação de Natal ao município de Touros com a construção do trecho final norte da BR-101 (FELIPE et al., 2004).O setor primário tem menor influência na economia do estado, embora tenha tido épocas com a produção de frutas e a carcinicultura com grande destaque na pauta de exportações. O setor Industrial representa cerca de 20% da economia do estado sendo as atividades concentradas em indústrias têxteis e de confecção e atividade da Indústria Extrativa Mineral de petróleo e gás natural. De acordo com o IBGE, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do estado do RN aumentou de 0,604 para 0,705 entre 1991 para 2000, sendo a média de IDH-M no Brasil de 0,766. O estado apresenta municípios com IDH-M variando de 0,788 a 0,544 (IBGE, 2003). Os municípios que apresentaram melhor índice são Natal (0,788), Parnamirim (0,760), Caicó (0,56), Carnaúba dos Dantas (0,742) e São José do Seridó (0,740). Os municípios com menores IDH-M foram Jandaíra (0,571), Japi (0,570), Parazinho (0,564), São Miguel do Gostoso (0,558) e Venha Ver (0,44) (IBGE, 2003). 4.2.2.2 Geração e composição dos resíduos De acordo com a ABRELPE (2011) o estado do Rio Grande do Norte gera 2.728 toneladas/dia, coletando 2.349 toneladas/dia, atingindo um índice de coleta de 222 86,1% dos resíduos gerados e uma geração per capita de 0,943 kg/hab.dia. Apenas os resíduos sólidos gerados na RMN e no município de Mossoró são gerenciados através de pesagem, antes de serem encaminhados para aterro sanitário. Os demais municípios efetuam controle dos resíduos sólidos apenas por viagem, fazendo contratos anuais para remoção dos mesmos. A composição gravimétrica dos resíduos gerados nos maiores municípios do Rio Grande do Norte foi realizada durante os estudos para elaboração do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Esse estudo foi elaborado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH (PERGIS, 2010). A composição média estadual foi de 37,5% de matéria orgânica, 5,0% de papel e papelão, 13,4% de plásticos, 1,6% de metais, 1,0% de vidros e 41,5% de rejeitos incluídos embalagens longa vida, têxteis, madeira, etc. Na cidade de Natal a caracterização foi feita em duas etapas, onde foram analisadas as amostras das zonas administrativas Leste, Oeste, Norte e Sul em dois momentos distintos (maio e julho de 2010) (Figura 83). 33,5% 36,3% 4,6% 1,3% Matéria Orgânica Fermentável Metais (alumínio+ metais ferrosos) Papel e papelão 5,1% 3,1% Plásticos 16,0% Figura 83: Composição gravimétrica de Natal (Rio Grande do Norte). Fonte: PERGIS, 2010. 4.2.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado A Gestão dos Resíduos Sólidos no estado do Rio Grande do Norte tem sido feita de forma individualizada pelos municípios, que desenvolvem ações pontuais frente a problemas locais de deficiências no atendimento aos serviços de coleta, ou problemas localizados com disposição inadequada de resíduos em lixões. 223 Desde 2009 o Governo do Rio Grande do Norte por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) vem desenvolvendo os “Estudos de Regionalização da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Estado do Rio Grande do Norte”, com a finalidade de estruturar um Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PEGIRS-RN), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Ministério das Cidades, que incorpora as diretrizes do novo marco regulatório federal (Lei No11.445/07, Lei No 12.305/10 e Decreto No 7.404/10). A Figura 84 mostra a situação até 2011 do destino final dos resíduos sólidos no estado do Rio Grande do Norte. Figura 84: Destinação de Resíduos sólidos em aterros sanitários no Rio Grande do Norte Fonte: Elaborado com base nos dados do PEGIRS, 2010 As condições de destino final em termos de quantidade de resíduos destinados para aterros sanitários correspondem a aproximadamente 50% dos resíduos gerados, as duas maiores cidades do estado (Natal e Mossoró), além das cidades da Região Metropolitana, encaminham os resíduos para aterros sanitários. 224 4.2.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado As rotas tecnológicas levantadas localizam-se nos municípios de Ceará-Mirim na Região Metropolitana de Natal e em Mossoró na região Oeste. A rota tecnológica predominante no Estado do Rio Grande do Norte é a coleta convencional / triagem (em alguns casos) transbordo / aterro sanitário conforme mostra a Figura 85 Figura 85: Rotas Tecnológicas do estado do Rio Grande do Norte. As tecnologias para coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos existentes no Rio Grande do Norte, seguem basicamente a concepção tradicional de gestão de resíduos, com coleta porta a porta nas regiões urbanas, transporte através de caminhões carroceria nos municípios de pequeno e médio porte e de compactadores nos de maior porte, sendo a destinação final para aterros sanitários ou lixões. Apenas Natal e Mossoró realizam coleta seletiva em parceria com cooperativas de catadores atingindo uma pequena parcela da população. 225 As coletas domiciliar e comercial são realizadas com frequência diária ou alternada de até 3 vezes por semana em 76% dos municípios, sendo a pesagem dos resíduos domiciliares e públicos realizada apenas em municípios que destinam seus resíduos para aterros sanitários licenciados (9 municípios). A coleta domiciliar se dá preferencialmente em horário diurno e a coleta noturna acontece em apenas 6 municípios, sendo a maior parte deles localizados na Região Metropolitana de Natal (RMN), em Mossoró ou algumas cidades polos. Para remover os resíduos são utilizados basicamente veículos compactadores em municípios de maior porte, veículos basculante em bairros de difícil acesso das maiores cidades e em municípios com população inferior a 50 mil habitantes, e o caminhão com carroceria de madeira ou trator com carroça que são utilizados para remoção de podação, ou em locais de difícil acesso, em pequenos municípios ou em áreas de praia. Apenas 2 (dois) locais são utilizados para transferência dos resíduos, também denominadas de estação de transbordo, a estação localizada na área de Cidade Nova que atende as zonas sul, o município de Parnamirim e o leste e oeste de Natal, e a estação de transferência do município de Macaíba. Com a estruturação do modelo de gestão de resíduos sólidos proposto no PERGIS (2012) várias unidades de transbordo estão previstas para atender a proposta de regionalização do estado. No estado do Rio Grande do Norte não há unidades de triagem mecânica em funcionamento. A triagem manual é feita em 7% dos municípios em galpões e na maior parte estão associadas à existência de uma coleta seletiva formal direta (executada por agentes públicos) ou indireta executada por associações de catadores (PERGIS, 2012). Na década de 80 foram instaladas unidades de triagem e compostagem de modelo simplificado, com separação de recicláveis de forma manual em mesas de madeira ou alvenaria. Das 7 (sete) unidades existentes no ano de 2001, apenas 4 funcionavam, e nem sempre adequadamente. Uma unidade foi demolida e as demais estavam desativadas. Já em 2008 das 12 (doze) unidades construídas no estado, nenhuma funcionava e duas delas (Pau dos Ferros e Guamaré) foram construídas e nunca funcionaram. A única unidade (esteira) de triagem mecanizada que existia na área do antigo lixão de Cidade Nova foi 226 desativada em 2006 devido à impossibilidade de recuperação No estado do Rio Grande do Norte não há unidades de compostagem, aquelas que funcionavam junto com a triagem manual foram desativadas. O PERGIS (2012) preconiza a adoção de unidades de compostagem aliadas aos programas de coleta seletiva para minimizar os resíduos a serem encaminhados aos aterros sanitários, porém não menciona a tecnologia a ser adotada, bem como as formas de gestão e operação. No Estado não há plantas instaladas para recebimento e digestão anaeróbia de resíduos domiciliares. A incineração é utilizada somente para tratamento dos Resíduos de Serviços de Saúde. No Rio Grande do Norte, em março de 2012, existiam apenas dois aterros sanitários em operação, um situado na Região Metropolitana de Natal (RMN) e outro no município de Mossoró. Em função do porte dos municípios que destinam seus resíduos domiciliares para esses dois aterros, o atendimento com destinação final adequada de resíduos sólidos domiciliares representa aproximadamente 57,7% dos resíduos gerados no estado. O aterro da região Metropolitana de Natal foi projetado para receber uma média de 1.300 toneladas por dia, atende 8 (oito) municípios, funciona sob regime de concessão, tem projeto moderno com impermeabilização de base com mantas de PEAD em função da fragilidade ambiental da região onde está inserido, coleta, armazena e recircula os lixiviados gerados e drena os gases para atmosfera. Encontra-se em andamento um projeto de extração forçada de biogás e queima controlada para obtenção de créditos de carbono. O aterro de Mossoró, de menor porte, foi licenciado para receber até 158 toneladas por dia de resíduos domésticos, atende apenas o município, opera por terceirização de contrato com empresa privada e equipamentos próprios, tem impermeabilização de base com argila compactada e drena biogás de forma passiva com queima não controlada, coleta os lixiviados, armazena e faz recirculação em períodos secos. De acordo com o PEGIRS (2012) a proposta de regionalização da gestão integrada dos resíduos contempla uma divisão do estado em 7 (sete) regiões com possibilidade de formação de consórcios públicos na área de resíduos sólidos e saneamento, tendo considerado os aspectos geo-ambientais (condicionantes para localização de novos aterros sanitários), financeiros e logísticos, identificando as 227 melhores alternativas para atender as demandas municipais, conforme a Figura 86. Figura 86: Mapa da Regionalização proposta para formação de Consórcios de Resíduos Sólidos/Saneamento no Rio Grande do Norte . Fonte: Pinheiro et al., 2011. A proposta de regionalização teve como pressuposto a necessidade de economia de escala suficiente para viabilizar a implantação de aterros, garantindose sua sustentabilidade, tendo em vista que 93% dos municípios do estado geram até 15 toneladas de resíduos por dia (PINHEIRO et al. 2011). 4.2.2.5 Dados econômicos do tratamento As informações acerca de dados econômico-financeiros das empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana, seja ela pública ou privada, são bastante difíceis de serem mensuradas. Em 2009 as despesas com a execução dos serviços de resíduos sólidos urbanos em Natal atingiu R$ 124 milhões. Desse custo, 5,3% foi gasto com destino final e, demais recursos, gastos com pessoal próprio, terceirização dos serviços de coleta, varrição e demais serviços congêneres. Em 2010 o orçamento da URBANA consumiu 7,2% das despesas municipais 228 envolvendo recursos da ordem de R$ 116 milhões. Em 2011 o sistema de gestão de resíduos sólidos em Natal utilizou em média, 4,5% do orçamento municipal. A taxa de limpeza urbana (TLP) que é cobrada a partir do Cadastro Municipal de Imóveis, lançada no Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU cobriu apenas 21,4% do orçamento da empresa de limpeza urbana, tal como na maioria dos municípios do estado. A ineficiência do financiamento da limpeza urbana se deve principalmente, à elevada inadimplência do IPTU que chega ao índice de 35% na capital do estado (ECOSAM, 2011). Em 2012 o custo de coleta domiciliar em Natal foi de R$ 93,48 por tonelada e o transporte desde a estação de transferência até o aterro é de R$ 20,79 por tonelada. A prefeitura de Natal cobra à Parnamirim R$ 7, por receber os resíduos na estação de transferência de Cidade Nova e encaminhar os resíduos ao aterro sanitário. O custo de disposição final no aterro sanitário é de R$ 46,52 (URBANA, 2011). Em Mossoró a coleta custa à municipalidade R$ 95,50 e a disposição no aterro sanitário R$ 33,22. Nos demais municípios os custos são bastante variados. Na RMN, os custos de coleta em Parnamirim são de R$ 58,73 por tonelada, em Macaíba de R$ 30,44 por tonelada e em São Gonçalo do Amarante de R$ 42,00 por tonelada. Para os municípios que realizam o serviço de forma direta não há quantificação de custos individualizados (PEGIRS, 2010). Além disso, o município de Macaíba paga R$ 15.000,00 por mês para fazer a transferência de seus resíduos da estação para o aterro sanitário. Em Natal há um contrato estabelecido pela URBANA com a Cooperativa de Catadores de R$ 93,48 por tonelada de material reciclável coletada, adicionado de R$ 20,79 por tonelada de material reciclável que não foi transportado até aterro (economia na transferência desse material) e de R$ 46,52 referentes à destinação final não utilizada, totalizando R$ 160,79 por tonelada de material reciclável efetivamente comercializada, oriunda da coleta seletiva do município. Além disso, a prefeitura ainda disponibiliza galpões e dá todo apoio operacional na realização da atividade, como forma de incentivas as ações de coleta seletiva e contribuir para a inserção social dos catadores organizados nas cooperativas. 229 Não há contabilização de custos individualizados para o serviço de coleta seletiva, tendo-se atualmente apenas os dados para pagamento da atividade, como descrito. A despesa com a limpeza urbana no município de Mossoró em 2011 foi de R$ 995.729,03. Para o ano de 2012 o valor previsto para a despesa com limpeza urbana no município é de R$ 1.300.000,00 representando aproximadamente 3,07% do orçamento municipal tendo em vista que a previsão de receitas para 2012 é de R$ 422.916.628,00. Em Mossoró a coleta seletiva não é remunerada pela prefeitura, porém é apoiada com aluguel de galpões e a infraestrutura (água, energia), custos de transporte (locação e combustível) além de fardamentos e EPI’s para catadores. 4.2.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos A cobrança pelos serviços de limpeza no estado é feita em apenas 2% dos municípios, sendo essa cobrança incluída como uma taxa adicional no Imposto Territorial Urbano (IPTU). Para os serviços eventuais de limpeza da cidade, a quase totalidade dos municípios não cobra ou possui taxa para tal serviço. A cobrança direta por serviços geralmente acontece em municípios onde há grande geração per capita e onde se estabeleceu, através de regulamentos, limites de volume ou peso por unidade habitacional ou comercial, estando sempre essa cobrança relacionada com grandes produtores de resíduos (hotéis, shopping, fábricas etc.). Para coleta de entulhos, a prefeitura de Natal cobra R$ 45,68 enquanto as empresas privadas cobram da população R$ 150,00 por uma caixa de 3m3 ou R$ 180,00 por uma caixa de 5m3. Nos demais municípios do estado as prefeituras não cobram pela remoção desses resíduos. Com relação aos investimentos realizados para incineração de resíduos de serviços de saúde a empresa Stericycle tem custo operacional mensal de aproximadamente R$ 290.000,00 com capacidade instalada de 6,0 t/dia. Quanto ao mercado de materiais recicláveis, há poucas opções de comercialização no próprio estado, sendo esse um exportador de matéria-prima para estados vizinhos. Os preços são bastante variados e dependentes das condições econômicas nacionais e estações do ano. Ainda há de se observar a dependência das associações e cooperativas de catadores em comercializar seus produtos com atravessadores, fato que prejudica a melhoria de renda dos trabalhadores. 230 4.2.2.7 Arranjos institucionais No estado do Rio Grande do Norte, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos (SEMARH) foi criada pela Lei Complementar n° 163, de 25 de Fevereiro de 1996, e tem a atribuição de planejar, coordenar e executar as ações públicas estaduais que contemplem a oferta e a gestão dos recursos hídricos e do meio ambiente no estado do Rio Grande do Norte. São órgãos vinculados à SEMARH o IGARN - Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte, a CAERN - Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte e o IDEMA – Instituto de Desenvolvimento do Meio Ambiente. O Programa Estadual de Resíduos Sólidos, tem recursos financeiros fundamentados na Lei Complementar No 380 de 26 de dezembro de 2008 que alterou a Lei Complementar estadual No 272, de 03 de março de 2004, e em seu § 1º, do artigo 11 assegura a aplicação mínima de 10% dos recursos arrecadados com licenciamento ambiental para programas como Aterros Sanitários, Recuperação de Áreas Degradadas e Educação Ambiental. No Estudo de Regionalização da Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos do RN a criação de consórcios públicos regionais foi fundamentada na Legislação Brasileira: Lei 11.107/2005 que dispõe sobre a gestão associada de Serviços Públicos; na Lei no 11.445/2007 que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, trata do marco Regulatório para Saneamento Ambiental e estabelece diretrizes nacionais para o setor; e no Decreto no 6.017/2007 que regulamenta a Lei no 11.107/2005, que dispõe sobre as normas gerais de contratação de consórcios públicos. 4.2.3 4.2.3.1 Estado da Paraíba Informações sociogeográficas O estado da Paraíba apresenta uma população total de 3.791.315 habitantes, sendo o quinto estado mais populoso do Nordeste (Figura 87), o que representa 7,3% da população da Região (IBGE, 2011). O estado possui 223 municípios, onde apenas 4 (quatro) têm mais de 100 mil habitantes, detendo acima de 1/3 da população total e 45,4% da população urbana do estado. Os municípios que possuem população inferior a 20 mil habitantes representam 86,5%. 231 Figura 87: Localização do estado da Paraíba, no Brasil. A situação do estado, próximo a linha do equador, com alta radiação solar e alto número de horas de insolação, determina um clima quente com temperatura média anual de 26C e poucas variações anuais, apresentando uma distribuição espacial das temperaturas com uma dependência acentuada com o relevo. O clima da Paraíba, na faixa litoral do estado, é tropical úmido com chuvas abundantes. A parte central, abrangendo a região do planalto da Borborema e do Sertão, assim como a região localizada a Noroeste do estado encontram-se inseridas em clima semiárido, sujeito a estiagens prolongadas e precipitações abaixo dos 500 mm. Nestas áreas ocorrem manchas de clima seco de tipo desértico na região de Cabaceiras no Cariri, no Curimataú e no Seridó, nos arredores do município de Picuí. O relevo é caracterizado por uma planície litorânea no litoral, tabuleiros na zona da mata que são formados por acúmulos de terras que descem de lugares altos, depressões no Agreste (e no Brejo), localizados entre os tabuleiros e o Planalto da Borborema, onde se encontram muitas serras, como a Serra da Araruna, a Serra de Cuité, Serra da Jurema, Serra do Bodopitá e a Serra de Teixeira e a depressão sertaneja que se estende do município Patos até após a Serra da Viração. 232 O planalto da Borborema separa a região litorânea baixa, com menos de 200m de altitude, drenada em direção ao leste, da região ocidental, com altitude média de 400m, drenada para o Norte. O perfil topográfico no sentido Leste-Oeste mostra uma verdadeira barreira que constitui a vertente oriental do Planalto da Borborema, sendo a mesma um obstáculo aos ventos dominantes (SUDENE, 1982). Na Paraíba, menos de 2% de seu território (nos domínios da mata atlântica, agreste e caatinga) são áreas com proteção legal. Os biomas, mata atlântica, Caatinga, corais e florestas semi-desidual abrigam 16 Unidades de Conservação Estadual (8 Parques Estadual, 1 Monumento Natural, 1 Reserva Ecológica, 1 Estação Ecológica, 1 Área de Interesse Ecológica e 4 Áreas de Proteção Ambiental) além de um 1 jardim Botânico, que abriga uma biodiversidade e riqueza de espécies, muitas delas de interesse econômico e sociocultural. Além disso, o estuário do rio Paraíba do Norte, no litoral paraibano, é formado por manguezais caracterizados por um ambiente pantanoso, movediço, sujeito à inundação diária pelas marés. O Produto Interno Bruto (PIB) paraibano atingiu a marca de 28,7 bilhões de reais, correspondendo a 0,8% do PIB brasileiro, no ano de 2009, com uma evolução, entre 2005 a 2009, 11,9 bilhões, com crescimento real 1,64%, entre 2008 e 2009, superior à taxa do Brasil de -0,3% e do Nordeste que foi de 1,0%. A Figura 88 mostra a evolução do PIB da Paraíba de 2005 a 2009. PIB a preços de mercado PB 2005-2009 35.000 (R$ 1.000.000) 30.000 28.719 25.000 25.697 20.000 15.000 16.869 19.951 22.202 10.000 5.000 0 2005 2006 2007 2008 Figura 88: Evolução do PIB na Paraíba. Fonte: IBGE/IDEMA, 2011. 233 2009 O PIB per capita alcançou R$ 7.618,00 em 2009, ocupando a 6ª posição na região Nordeste tendo tido um crescimento de 1,64%. Os principais municípios em relação ao PIB são João Pessoa com R$ 8.638.329,00, Campina Grande com R$ 3.894.133,00, Cabedelo com R$ 2.332.828,00, Santa Rita com R$ 1.138.589,00 e Patos com R$ 615.181,00. Sendo Cabedelo o município que possui maior PIB per capita desde 2003 com R$ 44.979,00 (SUDEMA, 2011). As principais atividades econômicas que compõe o PIB do estado da Paraíba são Agropecuária, Indústria e Serviços, sendo esse último o responsável pela maior arrecadação de receitas no estado. A agropecuária se baseia na cultura de cana-de-açúcar e frutas, e na criação de caprinos especialmente na região do Cariri. O setor industrial é pouco diversificado, correspondendo a 22,4% do PIB estadual, sendo os principais segmentos o setor têxtil, alimentício, metalúrgico e produtos de couro. Na capital do estado as atividades econômicas que tiveram maior relevância para o crescimento nominal do PIB estão no setor secundário, mais especificamente, nos ramos de alimentos, bebidas, têxtil e calçados da indústria de transformação. A cidade de Campina Grande merece destaque como centro de tecnologia para exportação de programas de informática. Os serviços correspondem a 72% do PIB com destaque para as atividades de turismo, especialmente no litoral. A distribuição espacial do PIB da Paraíba segundo, cada Região geoadministrativa, demonstra uma forte concentração da economia estadual em três pontos: João Pessoa, Campina Grande e Guarabira – que, conjuntamente, representaram 75% do PIB estadual, em 2009 (SUDEMA, 2011). O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Paraíba é de 0,718, ocupando o 24° lugar no ranking de IDH dos estados brasileiros. Os municípios que apresentaram melhor índice foram João Pessoa (0,783), Cabedelo (0,757), Campina Grande (0,721) e Bayeux (0,769). Os municípios com menores IDH-M foram Casserengue e Natuba (0,513), Curral de Cima (0,508), e Cacimba (0,494) (IBGE, 2003). 234 4.2.3.2 Geração e composição dos resíduos De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2011), o estado da Paraíba gera 3.324 toneladas/dia, coletando 2.660 toneladas/dia, o que representa um índice de coleta de 80,0% dos resíduos gerados. Os resíduos gerenciados por pesagem são apenas os que se localizam na região metropolitana de João Pessoa e que encaminham seus resíduos ao aterro sanitário. Os demais municípios efetuam controle apenas por viagem fazendo contratos anuais para remoção dos mesmos. Não existem dados recentes sobre a composição média dos resíduos do estado. A composição gravimétrica dos resíduos que chegam ao Aterro Sanitário Metropolitano de João Pessoa (ASMJP), realizada no ano de 2012 pela Universidade Federal da Paraíba, representa as características dos resíduos urbanos dos 5 (cinco) municípios que estão encaminhando seus resíduos para essa unidade. Os resultados estão mostrados na Figura 89. 24,0% 34,9 % Matéria Orgânica Fermentável (resíduos alimentares, vegetais, etc.) Resíduos verdes (folhas, gravetos) e madeira 1,3% Papel e papelão 1,3% Plásticos 14,4% Vidro 8,7% 15,5 % Metais Figura 89: Composição gravimétrica dos resíduos que chegam ao ASMJP. Fonte: Albuquerque e Moraes, 2012. 235 A grande maioria das cidades do estado da Paraíba é constituída por uma população inferior a 20 mil habitantes que gera menos de 10 toneladas de resíduos por dia e que destina estes resíduos aos lixões, acarretando graves consequências ambientais e de saúde pública. O Governo do Estado pretende, através de uma política pública, implantar Sistemas Integrados compartilhados, onde estão previstos 15 sistemas com gestão compartilhada, atendendo a mais de 95 cidades do estado. Para viabilizar novos empreendimentos na área de resíduos sólidos, ou mesmo recuperar os atuais, os municípios enfrentam dificuldades de ordem técnica, operacional e financeira sendo necessário o desenvolvimento de projetos junto a bancos e organismos internacionais para buscar recursos financeiros para implantar os sistemas. O estado, inicialmente, assumirá os custos para implantação de 10 sistemas simplificados e 03 sistemas integrados, definidos nas regiões do estado por ordem de prioridade (LIMA, 2008). A Figura 90 mostra a situação até 2011 do destino final dos resíduos sólidos no estado da Paraíba. Figura 90: Destinação de Resíduos sólidos em aterros sanitários na Paraíba. 236 Ainda encontra-se em fase de publicação o estudo feito para regionalização da gestão dos resíduos sólidos nos municípios paraibanos, que trata desde o diagnóstico até encaminhamentos para a solução de um dos maiores problemas vivenciados que é a destinação de resíduos em lixões a céu aberto no estado. 4.2.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado A logística de coleta de resíduos sólidos no estado da Paraíba é bastante semelhante aos demais estados da região Nordeste. Todos os municípios realizam coleta de resíduos domiciliares e públicos. Nos municípios com população acima de 50 mil habitantes, também são coletados os resíduos de serviços de saúde (RSS) e de resíduos da construção e demolição (RCD). A pesagem dos resíduos domiciliares e públicos é realizada apenas nos 5 (cinco) municípios que destinam seus resíduos para o Aterro Sanitário Metropolitano de João Pessoa (ASMJP) . De acordo com a PNSB (2008) apenas um município do estado afirma fazer coleta seletiva em todo município e dois deles afirmam realizar a coleta seletiva na área urbana. A capital João Pessoa realiza coleta seletiva em parceria com cooperativas de catadores e encaminha uma parcela dos resíduos para uma central de triagem antecedendo ao aterro sanitário. Dos 223 municípios paraibanos, 129 deles afirmam realizar coleta especial de resíduos de serviços de saúde (RSS), que são de competência do gerador. Na grande João Pessoa os resíduos são encaminhados a um incinerador e, posteriormente, as cinzas são transportadas para o aterro sanitário. Desses, 103 municípios possuem local para disposição no solo, 64 municípios colocam em vazadouro em conjunto com os demais resíduos, 16 municípios dispõe os RSS de forma controlada em aterro convencional em conjunto com os demais resíduos, em aterros controlados, 7 municípios dispõem de forma controlada em aterro da prefeitura específico para resíduos especiais em células especiais, 10 municípios colocam em aterro de terceiros específico para resíduos especiais e 25 municípios possuem outra forma de disposição no solo do município. 237 A coleta de podas de árvores é geralmente realizada em todos os municípios do estado, atendendo as demandas da cidade. Em João Pessoa a coleta de podas é encaminhada para o aterro sanitário, onde são destinadas a áreas especificas para esse fim, após remoção de galhos e troncos para comercialização. Os resíduos gerados por construções, reformas, reparos e demolições, incluindo os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis, denominados de resíduos da construção e demolição (RCD) são de responsabilidade dos geradores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. Esses resíduos são coletados por empresas terceirizadas e devem ser encaminhados ao aterro sanitário para uma área específica. Nos municípios de pequeno porte a coleta é executada pela própria prefeitura ou por empresas terceirizadas e, geralmente, os resíduos são utilizados em reparos de estradas (as típicas metralhas). Parte dos RCD coletados em João Pessoa é encaminhada para a unidade de beneficiamento de RCD denominada USIBEN. Essa unidade tem capacidade de processamento de 20 toneladas/hora funcionando 6 h/dia e ocupa uma área de 1,5ha, sendo de propriedade do município que não cobra para receber os resíduos. A USIBEN produz materiais que são aproveitados por outras unidades da prefeitura para preenchimento de cavas e sub bases de estradas. Os equipamentos de coleta domiciliar são os convencionais usados em todas as cidades. Para as de maior porte o transporte de resíduos domiciliares é feito basicamente por coletor compactador e por caminhões basculantes, em locais de difícil acesso e em municípios com população inferior a 50 mil habitantes. Para remoção de podação, ou em locais de difícil acesso, em pequenos municípios ou em áreas de praia em função das características apropriadas para o terreno são usados caminhões com carroceria de madeira ou trator com carroça acoplada. Para o transporte de RCD são utilizados os veículos do tipo poliguindastes ou caminhões caçambas e os RSS são coletados por transporte apropriado nos municípios que encaminham os resíduos ao incinerador. No estado da Paraíba existem apenas quatro usinas de separação e triagem que se encontram em funcionamento com bastante precariedade, sendo localizadas em Pedras de Fogo, Guarabira, Esperança e em João Pessoa. 238 A unidade de triagem de Pedras de Fogo funciona desde o ano de 2003 recebendo os resíduos urbanos que são separados e os rejeitos encaminhados ao lixão do município. A unidade de triagem de Esperança é uma das mais antigas do Nordeste tendo sido referência durante muitos anos para cidades de mesmo porte. No entanto, o crescimento da cidade e o aumento da geração de resíduos tem feito com que essa unidade funcione precariamente, da mesma forma que a de Guarabira, que atualmente, funciona apenas com a triagem de plásticos. Em João Pessoa a Central de triagem funciona em uma área adjacente ao Aterro Sanitário nela atuam 140 catadores, que foram originalmente capacitados para operar o programa de coleta seletiva implantado após o fechamento do lixão do Roger (agosto de 2003), criando a Associação dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis (ASTRAMARE). Essa unidade de triagem recebe em média 2.000 toneladas por mês, operando 24 horas com três (03) esteiras para separação de recicláveis com índice de aproveitamento de aproximadamente 6,6% dos resíduos. Após triagem o material não separado segue para as células do aterro sanitário onde são aterradas. A Figura 91 mostra a unidade de triagem localizada na área do ASMJP que movimenta 24,4 mil toneladas de resíduos sendo que desses apenas 6,6% são comercializados como recicláveis e o restante (93,4%) são destinadas ao aterro como rejeitos. 239 Figura 91: Central de Triagem de João Pessoa (a) descarregamento do material (b) esteiras de separação (c) tambores para material selecionado (d) material para comercialização (e) local para descarregamento dos resíduos (f) área externa à central de triagem. Em relação à compostagem ,na Paraíba, assim como nos demais estados da região Nordeste, a implantação de usinas de compostagem acopladas a unidades de triagem foram instaladas durante a década de 80. Essas usinas, por serem de operação simplificada e manual, apresentaram uma série de dificuldades tendo sido, na grande maioria, abandonadas e em seguida sucateadas. A experiência mais recente em Pedras de Fogo mostra que, embora tenha sido planejada e implantada com base técnico-científica, após a universidade ter concluído o projeto e repassado sua operação para a prefeitura através da Associação de Catadores, a prefeitura tem apresentado dificuldades em dar continuidade ao processo, e desde o início não implantou a compostagem por falta de capacitação técnica e pessoal para operar. A baixa eficiência das unidades de compostagem existentes se deve principalmente pela falta de uma triagem adequada anteriormente ao processo, da falta de educação ambiental da comunidade e da baixa capacitação dos catadores 240 no que diz respeito a operação e a gestão do serviço, de modo a tornar o negócio com qualidade adequada e rentável. Na Paraíba não há plantas instaladas para recebimento e digestão anaeróbia de resíduos domiciliares. A incineração é utilizada somente para tratamento dos Resíduos de Serviços de Saúde. Não existe nenhuma unidade implantada para o tratamento de resíduos domésticos no estado. De acordo com a ABRELPE (2011) o estado da Paraíba encaminha, aproximadamente, 30,7% dos RSU para aterro sanitário e os demais resíduos gerados para aterros controlados e lixões. Municípios de médio e grande porte, tais como Campina Grande, Patos, Santa Luzia e Rio Tinto já receberam notificação do órgão ambiental e do ministério publico para elaborarem projetos de aterro sanitário, tendo em vista a situação dos resíduos destinados de forma inadequada causando problemas socioambientais. Dos 223 municípios do estado, somente, 5 (cinco) municípios da Região Metropolitana de João Pessoa (Bayeux, Cabedelo, Conde, João Pessoa e Santa Rita) dispõem os resíduos domiciliares em aterro sanitário que foi construído em 2003, após o fechamento do lixão do Roger, que era o local de destino dos resíduos da região metropolitana de João Pessoa. De acordo com levantamento feito pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente da Paraíba (SUDEMA) além dos cinco municípios que encaminham os resíduos para o aterro sanitário da região metropolitana de João Pessoa, dezesseis (16) outros depositam seus resíduos em aterros sanitários simplificados, sendo treze (13) deles de forma consorciadas. Existem ainda nove aterros simplificados de pequeno porte em implantação e dois aterros sanitários individuais em operação (Uiraúna e Cajazeiras). Os demais municípios dispõem seus resíduos em aterros controlados ou lixões. Não há tecnologias diferenciadas para resíduos domiciliares/comerciais no estado da Paraíba. Até o final de 2009 a indústria cimenteira localizada em João Pessoa coprocessava os pneus coletados por catadores autônomos, porém a partir de janeiro de 2010 a RECICLANIP assumiu toda logística do programa e não mais está pagando pelos pneus. Com isto, desestruturou-se toda uma rede de 241 recolhimento que existia. A Secretaria Estadual de Saúde, através da Vigilância Ambiental articulou uma parceria com os municípios paraibanos buscando uma reorganização no fluxo de coleta, armazenamento, transporte e destino final, sendo a coleta e o armazenamento de responsabilidade dos municípios, transporte do local de armazenamento de responsabilidade do Governo do Estado e o destino final da fábrica da CIMPOR. Alguns municípios da área metropolitana recolhem e encaminham diretamente para a fábrica. Esta iniciativa da participação do Estado no transporte dos pneus é transitória, pois se entende que a legislação vigente, quanto ao recolhimento de pneus, deve ser cumprida pelos fabricantes (FREITAS e NOBREGA, 2012). 4.2.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado A rota tecnológica predominante no Estado da Paraíba é a coleta convencional / triagem (em alguns casos) / aterro sanitário, mostrada na Figura 92. As rotas tecnológicas levantadas localizam-se no município de João Pessoa. As tecnologias para coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos existentes na Paraíba, seguem basicamente a concepção tradicional de gestão de resíduos, com coleta porta a porta nas regiões urbanas, transporte através de caminhões carroceria nos municípios de pequeno e médio porte e de compactadores nos de maior porte, sendo a destinação final realizada em aterros sanitários ou lixões. 242 Figura 92: Rotas Tecnológicas do estado da Paraíba. 4.2.3.5 Dados econômicos do tratamento O custeio dos serviços relacionados a gestão dos resíduos sólidos é realizado, em quase totalidade dos municípios paraibanos, com recursos do erário municipal, visto a inexistência de qualquer forma de cobrança dos serviços realizados, na maioria das vezes impossibilitada pela baixa renda da população que não recolhem outros tributos, a exemplo do Imposto Predial e Territorial Urbano. Verificando a legislação tributária dos municípios paraibanos constatou-se que dentre os 223 municípios, vinte e cinco não possuem previsão legal para cobrança de alguma taxa para o custeio dos serviços de manejo dos resíduos sólidos, enquanto trinta e cinco têm legislação desatualizada visto que datam de período anterior à Constituição Federal (QUEIROGA, 2010). O custo de coleta domiciliar em João Pessoa é de R$ 72,00 por tonelada transportada até o aterro sanitário (EMLUR, 2012). Nos demais municípios os custos são bastante variados e para aqueles municípios que realizam o serviço de forma direta não há quantificação de 243 custos individualizados. Os dados disponíveis de alguns municípios encontram-se no Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS, 2008). Na região metropolitana de João Pessoa os custos de coleta são de R$ 66,96 em Bayeux, R$ 20,36 em Conde, R$ 11,25 em Mamanguape e de R$ 41,90 em Patos (SNIS, 2008). Quanto aos custos para disposição final o município de João Pessoa paga R$ 20,44 por cada tonelada aterrada (incluindo as podas). Salienta-se que a Usina de Beneficiamento pertencente à prefeitura não cobra nenhuma taxa para recebimento de materiais de construção e demolição, tendo seus custos não demonstrados. 4.2.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos A cobrança pelos serviços de limpeza no estado é feita apenas por 2% dos municípios, sendo essa cobrança incluída como uma taxa adicional no Imposto Territorial Urbano - IPTU (IBGE, 2010). Em alguns casos a cobrança por serviços acontece em municípios onde há grande geração per capita de resíduos e onde se estabeleceu, através de regulamentos, limites de volume ou peso por unidade habitacional ou comercial, estando sempre essa cobrança relacionada com grandes produtores de resíduos (hotéis, shopping, fábricas etc.). De acordo com Queiroga (2010) com base no Sistema de Acompanhamento dos Recursos da Sociedade – SAGRES disponibilizado pelo TCE – PB, verifica-se que, nos grandes municípios os valores arrecadados com o IPTU representam menos da metade daqueles despendidos com serviços de limpeza pública, como são os casos dos municípios de João Pessoa, de Campina Grande e de Cabedelo. Quanto aos demais municípios, os valores arrecadados com IPTU são inexpressivos diante do montante utilizado com os serviços de manejo dos resíduos sólidos, tendo casos em que os gastos com resíduos sólidos é 20 vezes superior ao arrecadado com o IPTU. Ainda nesta linha comparativa de informações entre a taxa que seria cobrada para custeio dos sistemas de gestão de resíduos sólidos, visto a previsão legal, com o IPTU tem-se que 76 municípios possuem previsão para arrecadar entre 1 e 5% daquele valor, se mostrando irrisório e não arcaria com quase nenhum dos serviços imprescindíveis a uma boa gestão dos resíduos sólidos. 244 De acordo com Queiroga (2010), a participação supletiva do governo federal, através de transferências de recursos para instalação de equipamentos voltados as ações relacionadas à gestão dos resíduos sólidos, principalmente quanto ao item relacionado a implementação de aterros sanitários são observados em vários municípios paraibanos. Para os resíduos de construção e demolição é cobrada uma taxa R$ 17,86 (dezessete reais e oitenta e seis centavos) a tonelada que ingressa no aterro. Salienta-se que a Usina de Beneficiamento pertencente à prefeitura não cobra nenhuma taxa para recebimento de materiais de construção e demolição, tendo seus custos não demonstrados. Quanto ao mercado de materiais recicláveis, há indústrias que beneficiam plástico reciclável transformando em pellets para ser encaminhado à indústria. Os preços são bastante variados e dependentes das condições econômicas nacionais e estações do ano. De acordo com a Cooperativa de Catadores os preços praticados em 2011 por alguns comerciantes estão mostrados na Tabela 57. Também se observa a dependência das associações e cooperativas de catadores em comercializar seus produtos com atravessadores minimizando a possibilidade de melhoria de renda dos trabalhadores. Tabela 57: Preços de recicláveis em João Pessoa/PB em 2011. Material R$/Kg Papel branco 0,20 Papel misto 0,07 Plástico duro 0,50 Plástico fino 0,50 PET 0,90 Cobre 9,50 Ferro 0,13 Vidro 0,08 4.2.3.7 Arranjos institucionais A Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba se constitui em órgão do primeiro nível hierárquico da Administração Direta do Poder Executivo. 245 Esta tem por finalidade planejar, coordenar, supervisionar e executar as ações governamentais relacionados com a identificação, aproveitamento, exploração e utilização dos recursos hídricos, minerais e meio ambiente, visando o fortalecimento da economia do estado e a melhoria da qualidade de vida de sua população. A Lei nº 6.544 de 20 de outubro de 1997 cria a Secretaria Extraordinária do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e Minerais; dá nova redação e revoga dispositivos da Lei nº 6.308, de 02 julho de 1996, que institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, e dá outras providências. São órgãos vinculados a SEMARH, a Companhia de Água e Esgoto da Paraíba (CAGEPA), a Superintendência de Administração de Meio Ambiente (SUDEMA) e a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (AESA). No Estudo de Regionalização da Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos da Paraíba, em andamento, está prevista a criação de consórcios públicos regionais fundamentados na Legislação Brasileira: Lei no 11.107/2005 que dispõe sobre a gestão associada de Serviços Públicos; na Lei no 11.445/2007 que estabelece diretrizes para o saneamento básico, trata do marco Regulatório para Saneamento Ambiental e estabelece diretrizes nacionais para o setor; e no Decreto no 6.017/2007 que regulamenta a Lei no 11.107/2005, que dispõe sobre as normas gerais de contratação de consórcios públicos. 4.2.4 4.2.4.1 Estado de Pernambuco Informações sociogeográficas O estado de Pernambuco localiza-se no leste da Região Nordeste do país (Figura 93), tendo como limites os estados do Ceará, Paraíba, Alagoas, Bahia e o Oceano Atlântico, possuindo uma área de 98.146,315 km² (IBGE), é o quinto maior estado da Região. A capital Recife, tem Latitude: 08°03`45”S; Longitude 34°56’15”W. 246 Figura 93: Localização do estado de Pernambuco, no Brasil. Fonte: IBGE, 2010. O estado está dividido em 185 municípios com um total de 8.796.448 habitantes residentes em 2.546.872 domicílios, representando uma densidade populacional de 89,63 hab/km2 (IBGE, 2010), a população urbana foi de 7.052.210, enquanto que 1.744.238 vivem em área rural, indicando que uma tendência para a urbanização do estado, revelando uma migração crescente do campo para a cidade. Dos 185 municípios, 02 possuem mais de 500 mil habitantes e outros 10 têm mais de 100 mil habitantes de população total, representando a metade da população do estado e 53,85% da sua população urbana total do estado. Existem outros 89 Municípios com população entre 20 mil e 100 mil habitantes. Os Municípios que possuem população inferior a 20 mil habitantes representam 45,5% e este percentual refere-se a 84 municípios do estado. Pernambuco tem, pelo menos, sete tipos diferentes de clima. Os climas secos (áridos, semi-áridos, secos e subsecos) representam 81,2% do total, enquanto os outros 18,8% são constituídos pelos climas úmidos (Fundação Joaquim Nabuco). 247 O estado de Pernambuco possui 68 Unidades de Conservação Estaduais (37 de Proteção Integral e 31 de Uso Sustentável). Entre as Unidades de Proteção Integral está uma Estação Ecológica (ESEC), 4 Parques Estaduais (PE) e 27 Refúgios da Vida Silvestre (RVS). Já entre as Unidades de Uso sustentável figuram 18 Áreas de Proteção Ambiental (APAs), 8 Reservas de Floresta Urbana (FURBs) e 10 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPNNs). Destas, apenas a ESEC Caetés e a APA de Guadalupe, possuem Plano de Manejo (PM) e Conselho Gestor (CG). A APA de Santa Cruz possui o seu Plano de Manejo, e a APA Aldeia - Beberibe tem estudos em andamento para a sua confecção. Para apoiar administrativa e tecnicamente os processos de criação e de implantação das Unidades de Conservação da Natureza no âmbito estadual, o Governo do Estado criou, em junho de 2011, o Comitê Executivo para Implantação das UCs. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita de PE em 2000 era de R$ 3.383,00 e atingiu em 2009 R$ 8.902,00. O PIB evoluiu de R$ 49.922 milhões para R$ 78.428 milhões no período de 2005 a 2009, e posteriormente no período de 2008 e 2009 apresentou taxa de crescimento real de 2,8%, índice bastante superior à taxa do Brasil de -0,3% e da Região Nordeste que foi de 1,0%. O estado ocupa a 10ª posição no ranking dos Estados com maior PIB, tendo representatividade de 2,4% do PIB brasileiro. A evolução do PIB de PE em relação ao Nordeste e ao Brasil, de 1995 a 2009 é mostrado na Figura 94. Figura 94: Variação acumulada do PIB em PE, NE e BR de 1995 a 2009. Fonte: IBGE; Agência CONDEPE/FIDEM, 2009. 248 O IDH de Pernambuco situa-se em torno de 0,718 ocupando dentre os 27 estados brasileiros, o 23º, superando os estados da Paraíba com IDH semelhante, Piauí com 0,703, Maranhão com 0,683 e Alagoas com 0,67711. 4.2.4.2 Geração e composição dos resíduos De acordo com a ABRELPE (2011) o estado de Pernambuco gera 8.336 toneladas/dia, coletando 6.942 toneladas/dia, atingindo um índice de coleta de 83,3% dos resíduos gerados e uma geração per capita de 0,977 kg/hab/dia. A composição gravimétrica das Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco foi obtida dos Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos de diversos municípios, do Diagnóstico do Plano de Regionalização de Pernambuco e dos Estudos do Grupo de Resíduos Sólidos da Universidade de Pernambuco (GRS/UFPE), realizadas para a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTMA. Esses dados são os mesmos utilizados na proposta do Plano Estadual de Resíduos Sólidos de Pernambuco. Quanto aos municípios onde não foram encontradas as composições físicas, foi adotado a média da respectiva região de desenvolvimento. A composição média estadual foi de 56,04% de matéria orgânica, 9,05% de papel e papelão, 11,05% de plásticos, 3,17% de metais, 2,17% de vidros e 17,67% de rejeitos como mostrado na Figura 95. Em Recife, as características dos resíduos são: vidro 5%, papel/papelão 12%, metal 2%; plástico 7%, totalizando o potencial de recicláveis de 26%. A matéria orgânica representa 63% e rejeito 11% dos valores encontrados (PQA, 2002). A regionalização da gestão dos resíduos sólidos nos municípios pernambucanos encaminha a solução de um dos maiores problemas que se evidencia no estado, a exemplo da destinação final com o intuito da implantação de mais aterros sanitários licenciados, visto que ainda se cita lixões a céu aberto. A consolidação dos Consórcios Públicos de Resíduos, já formatados pela CPRH, pode ser a solução para a adequada gestão dos resíduos sólidos no estado, inclusive para a questão da 11 Referência ano de 2008. Fonte: www.brasilescola.com/brasil/o-idh-no-brasil.htm 249 implantação de unidades de destinação final ambientalmente corretas. 2,71% 3,17% 9,05% 56,40% 11,05% Vidro Metal Papel/ Papelão Plástico 17,67% Figura 95: Composição gravimétrica de Pernambuco. Fonte: ITEP, 2012. Em Pernambuco já são aproximadamente 18 aterros sanitários em operação, boa parte deles através de consórcios públicos, com o apoio do Estado de Pernambuco, ou de responsabilidade municipal. Segundo estudos do Governo Estadual, serão necessários mais 11 (onze) aterros sanitários de pequeno porte e 42 de grande porte, sobretudo, para atender as diretrizes da Política Estadual de Resíduos Sólidos. Pernambuco possui 185 municípios, onde grande parte precisará avançar quanto às questões de saúde coletiva, com foco nos resíduos sólidos. Os aterros sanitários listados em Pernambuco estão localizados nas seguintes Mesorregiões Políticas: Sertão: Petrolândia, Salgueiro, Arcoverde, Ibimirim; Agreste: Garanhuns, Iati, Lajedo, Altinho, Belo Jardim, Caruaru, Gravatá, Pesqueira, Sairé e Santa Cruz do Capibaribe; Zona da Mata: Escada e Goiana; Região Metropolitana: Igarassu e Muribeca (Jaboatão dos Guararapes). Já foram constituídos 10 consórcios públicos para a gestão de resíduos e há 1 consórcio ainda em formalização (Figura 96). 250 COMSUL - Consórcio Público dos Municípios da Mata Sul Pernambucana; COMAGSUL - Consórcio Público dos Municípios do Agreste e da Mata Sul Pernambucana; COMANAS - Consórcio Público dos Municípios da Mata Norte e do Agreste Setentrional; CADEMA – Consórcio de Articulação e Desenvolvimento Municipal; CISAPE – Consórcio Intermunicipal do Sertão do Araripe Pernambucano; CINDESF – Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável do Submédio São Francisco; CONDEMI – Consórcio Moxotó/Ipanema; CIDEM – Consórcio de Integração e Desenvolvimento Municipal; CIMPAJEÚ – Consórcio de Integração dos Municípios do Pajeú; CONDEAM – Consórcio de Desenvolvimento do Agreste Meridional; Consórcio Metropolitano de Resíduos Sólidos (ainda como Proposta da Secretaria Estadual das Cidades). Figura 96: Distribuição dos Consórcios Públicos do estado de Pernambuco. Fonte: CPRH,2012. 251 4.2.4.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado As tecnologias para coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos existentes em Pernambuco, seguem a concepção tradicional de gestão de resíduos, com coleta porta a porta nas regiões urbanas. O serviço de coleta indiferenciada ou coleta regular, que recolhe a maior parte dos resíduos sólidos domiciliares dos municípios de Pernambuco, tem sido prestado através de caminhões compactadores, que geralmente possuem de 08 a 19m 3, caminhões basculantes com carroceria metálica ou de madeira ou baú de 6 a 10m 3, poliguindaste, roll on roll off, caixa compactadora estacionária e trator com reboque, segundo informações do Plano Metropolitano de Resíduos Sólidos da RMR. (PMRS – RMR, 2011). Nos pequenos municípios também se incluem veículos de tração animal, tendo, como exemplo, Canhotinho. (SNIS, 2008). Apenas a região metropolitana de Recife possui estações de transbordo, localizada no município Olinda, com o intuito de transportar maior volume de RSU, visando otimizar o transporte de resíduos até o destino final. Em relação à coleta seletiva, ainda não há resultados positivos, visto que é realizada apenas no município de Recife. Considerando os demais municípios da RMR o que se vê é a presença maciça dos catadores independentes e de organizações de catadores, contando muitas vezes com o apoio de suas Prefeituras. A coleta diferenciada dos recicláveis na capital pernambucana é realizada por sistema de núcleos de catadores (sendo no total aproximadamente 400 catadores) localizados em diversos bairros de Recife, em determinadas Regiões Politicas Administrativas (RPA´s) sendo eles: RPA 1 Santo Amaro; RPA 2 Campo Grande; RPA 3 Casa Amarela/Vasco da Gama; RPA 4 Torre/Madalena; RPA 5 Afogados/Mustardinha; RPA 6 Boa Viagem. As unidades de triagem construídas na década de 80 encontram-se, na grande maioria, paralisadas ou subutilizadas. A maior unidade de triagem em funcionamento está localizada no antigo aterro de Aguazinha, Olinda, operada por uma Associação de Catadores e que foi implementada nas obras de recuperação da área em 2007. Em Recife foram contabilizados 2.363 toneladas de recicláveis recuperadas por catadores e 252 empresas contratadas no ano de 2009 (SNIS, 2009). Os poucos sistemas de compostagem de resíduos orgânicos que existem em Pernambuco são na maioria operados em leiras a céu aberto, mas não se configuram em uma atividade sistematizada no estado. Na capital do estado funcionava uma unidade de compostagem de podas proveniente dos municípios de Recife e Jaboatão dos Guararapes, porém com a desativação do Aterro controlado da Muribeca essa unidade não funciona mais, sendo os resíduos de poda levados para outra área. O composto gerado é utilizado em programas de arborização da Prefeitura do Recife. Encontram-se em funcionamento apenas as unidades conjuntas de triagem e compostagem de Bom Conselho e de Fernando de Noronha. Em Caruaru os galhos e troncos de árvores são armazenados no pátio da Diretoria do Meio Ambiente deste município, para serem utilizado nos festejos juninos. No Estado ainda não há plantas de digestão anaeróbia de resíduos domiciliares instaladas, mas há um projeto em fase de licenciamento na Central de Tratamento de Resíduos – Candeias, em Jaboatão dos Guararapes. A incineração é utilizada somente para tratamento dos Resíduos de Serviços de Saúde. Com relação aos dados referentes à coleta e eliminação desses resíduos, na unidade localizada em Recife (Stericycle Tratamento de Resíduos), licenciada pela CPRH, o registro obtido no primeiro trimestre de 2012, indica que foram incinerados em média 24 toneladas por mês. Vale salientar que a unidade localizada em Recife recebeu em Janeiro 3 toneladas de resíduos de outros estados e em Março foram 13 toneladas (PERS-PE, 2012). Existe um empreendimento de incinerração de resíduos sólidos com geração de energia associada aprovado pela Prefeitura de Cidade do Recife em 2005, denominado Recife Energia, que tem licença ambiental na CPRH, mas sua execução ainda não foi viabilizada. Em Pernambuco 43,1% RSU’s são dispostos em aterros sanitários, mas ainda será necessária a massificação dos investimentos técnicos e financeiros para resolver as questões relacionadas à destinação dos resíduos. Segundo a ABRELPE (2011) o estado de Pernambuco destinou cerca de 27,3% dos resíduos gerados em lixões. Os maiores avanços estão na Região Metropolitana de Recife (RMR), com 02 253 aterros sanitários que atendem atualmente 10 municípios da RMR. Os aterros CTR PE e CTR Candeias funcionam como centrais de tratamento de resíduos. Os aterros sanitários são operados pela iniciativa privada e estão localizados nos municípios de Igarassu (CTR PE) e Jaboatão dos Guararapes (CTR Candeias). O CTR PE recebe os resíduos do município de Igarassu, de parte da cidade do Recife e Itapissuma. O CTR Candeias recebe os resíduos de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e de Santo Agostinho e, por vezes, os resíduos gerados pelos moradores e visitantes de Fernando de Noronha. As centrais de tratamento funcionam sob regime de concessão, tem projeto moderno com impermeabilização de base com mantas de PEAD em função da fragilidade ambiental da região onde está inserido, coleta, armazenagem e recirculação, tratamento primário, secundário e terciários dos lixiviados gerados. Os gases são drenados de forma passiva para atmosfera, porém já está em andamento um projeto de extração forçada de biogás e queima controlada para obtenção de créditos de carbono. O aterro de Caruaru, de médio porte, em operação desde 2001, atende apenas o município, opera por terceirização de contrato com empresa privada combinada com equipamentos próprios, tem impermeabilização de base com argila compactada e drena biogás de forma passiva com queima não controlada, coleta os lixiviados, armazena e faz recirculação em períodos secos. O aterro sanitário consorciado de Escada, também de médio porte, atende aos municípios de Ribeirão, Amaraji, Primavera, Chãn Grande, Cortês e Escada. Opera por terceirização de contrato, desde 2010, com empresa privada, tem impermeabilização de base e drena biogás de forma passiva com queima não controlada, coleta os lixiviados, armazena e faz recirculação em períodos secos. 4.2.4.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado As principais rotas tecnológicas levantadas em Pernambuco durante este estudo estão localizadas na Região Metropolitana de Recife, na Zona da Mata Sul e no Agreste Central de Pernambuco, como mostra a Figura 97. 254 A.S. Caruaru CTR PE CTR Candeias A.S. Consórcio Figura 97: Rotas Tecnológicas visitadas no estado de Pernambuco. De uma forma geral, a rota tecnológica predominante no Estado de Pernambuco é a coleta convencional / triagem (em alguns casos) / aterro sanitário conforme mostra a Figura 98. Figura 98: Rotas Tecnológicas do estado de Pernambuco. 255 4.2.4.5 Dados econômicos do tratamento A taxa de limpeza urbana (TLP) que é cobrada a partir do Cadastro Municipal de Imóveis, lançada no Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) é a forma utilizada como recurso financeiro para custeio dos serviços de limpeza. Em relação à incidência de despesas com resíduos sólidos urbanos o município de Olinda dispõe de 8,9%, enquanto que Recife dispõe de 6,2% do capital para despesas com resíduos sólidos urbanos (SNIS, 2010). Ainda segundo o SNIS (2010), os indicadores financeiros do sistema de coleta em alguns municípios de Pernambuco, mostraram-se bastante variáveis. Na RD Metropolitana de Recife 02 municípios publicaram os seguintes valores: Olinda R$ 61,77 e Recife R$ 121,59, sendo estes números o preço por tonelada da coleta. 4.2.4.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Os custos com serviços de limpeza urbana em Pernambuco, assim como nos demais estados do Nordeste, variam e não existe cobrança de tarifa específica do serviço. O custeio do serviço de coleta, dentre outros itens dos serviços relacionados aos RSU’s, é feito através de repasse dos recursos oriundos do orçamento pr prio. Parte desses recursos vem da cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, expresso nas taxas de limpeza pública – TLP, que estão estabelecidos no Código Tributário de determinados municípios. De acordo com o SNIS (2009) as despesas per capita com RSU variam desde R$ 2,43 hab/mês até R$ 173,89 hab/mês nos municípios. O maior valor encontrado no estado refere-se ao arquipélogo Fernando de Noronha, que é de R$ 830,00, devido aos altos custos com o transporte marítimo dos RSU do porto de Santo Antônio, em Fernando de Noronha, ao porto de Suape, em Ipojuca, para destinar na CTR Candeias instalada no Jaboatão dos Guararapes. Pernambuco possui inúmeras indústrias recicladoras, no entanto, a coleta seletiva, não recebeu, até o momento, devido tratamento e isso ocorre em todas as regiões de desenvolvimento do estado. Os preços são bastante variados e 256 dependentes das condições econômicas nacionais e estações do ano. Ainda há de se observar a dependência das associações e cooperativas de catadores em comercializar seus produtos, muitas vezes com atravessadores, o que dificulta a melhoria na renda dessas famílias. 4.2.4.7 Arranjos institucionais O arranjo institucional do atual Sistema de Meio Ambiente de Pernambuco, tem o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) como órgão superior, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) órgão central, a Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH) como órgão executor, e a Companhia Independente do Meio Ambiente CIPOMA e Delegacia do Meio Ambiente como órgãos seccionais. Todos os órgãos listados trabalham objetivando o fornecimento das bases legais e técnicas, visando garantir o cumprimento no âmbito dos Resíduos Sólidos, Gerenciamento Costeiro, Florestal, Desertificação e as Mudanças Climáticas do Estado de Pernambuco. Outros órgãos que apoiam os municípios, fornecendo subsídio técnico e financiamento, objetivando solucionar as questões relacionadas aos resíduos sólidos são: Ministério do Meio Ambiente, na Região de Desenvolvimento do São Francisco; Fundo Nacional do Meio Ambiente, em alguns Municípios de Região de Desenvolvimento do Araripe, Central e Setentrional; MMA/BID – PNMA II, na Região do Agreste Central de Pernambuco; Secretaria da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – PE, na Região da Zona da Mata Norte e Zona da Mata Sul; Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Projetos Especiais – PE, na Região de Desenvolvimento Metropolitana de Recife. Especificamente em Recife, para execução direta dos serviços de Limpeza Urbana, tem-se a empresa EMLURB, que é uma Empresa Pública, constituída em 26 de abril de 1979, pelo executivo Municipal, com fundamento na Lei nº 13.535, 257 dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, autonomia administrativa e financeira, regida pelo seu Regimento Interno e Estatuto Social. É vinculada à Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura do Recife e tem como objetivo, a prestação de serviços públicos de manutenção e conservação do sistema viário e das áreas verdes, a implantação e manutenção da rede de drenagem, pavimentação, iluminação pública, necrópoles e limpeza urbana. Na área de saneamento, a Agência de Regulação de Pernambuco (ARPE) atua tanto no âmbito de relacionamento interinstitucional como em estudos do marco regulatório do setor e nas ações de fiscalização e orientação quanto na prestação do serviço em todo o estado. Na área de resíduos sólidos destaca-se em 2006 a integração da ARPE ao Grupo de Trabalho criado pela Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH) com o objetivo de definir critérios para a disposição final de resíduos sólidos de serviços de saúde em valas sépticas para municípios de pequeno porte. A ARPE também esteve presente na Audiência Pública na Câmara Municipal do Recife para a discussão de anteprojeto de lei que visa à adaptação da Lei Municipal nº 16.478, que trata do manejo dos resíduos de saúde, à Resolução CONAMA nº 358/05. Com relação aos estudos do marco regulatório, a ARPE procurou definir novos parâmetros normativos concernentes ao aperfeiçoamento da regulação do serviço em Pernambuco. A nova legislação de Pernambuco referente aos resíduos sólidos, elaborada em outubro de 2010, já prevê todas as premissas da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, porém o que se nota é que a maior parcela dos itens listados como objetivos específicos não estão em operação. 4.2.5 4.2.5.1 Estado da Bahia Informações sócio geográficas O estado da Bahia localiza-se na Região Nordeste do país, entre os estados de Maranhão, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Espirito Santo e com o Oceano Atlântico. Possui uma área de 564.830,86 km², representando 6,63 % do território brasileiro. Sua capital, Salvador, possui uma 258 localização geográfica estratégica, com extensa orla marítima que facilita o transporte de pessoas e mercadorias para outras partes do Brasil e outros países, como mostra a Figura 99. Figura 99: Localização do estado da Bahia. Fonte: IBGE. De acordo com o Censo Demográfico, o estado da Bahia apresentou uma população de 14.021.432 habitantes no ano de 2010, sendo o sexto estado mais populoso do Brasil (7,3% da população total brasileira). A taxa anual de incremento demográfico da Bahia vem decrescendo. A população urbana, todavia, ainda vem crescendo num ritmo duas vezes superior ao da população total enquanto que as áreas rurais do estado apresentaram redução absoluta de população (IBGE, 2010). A capital, Salvador possui 2.675.656 habitantes, sendo a terceira cidade mais populosa do Brasil. A taxa de crescimento populacional do estado entre 2000 e 2010, de 0,73%a.a., está abaixo da média nacional de 1,25%a.a. A população baiana deverá crescer a um ritmo cada vez mais lento. O componente migratório, que caracterizou a Bahia como estado exportador de população nas últimas décadas, continuará a influenciar as taxas de crescimento demográfico. O crescimento populacional, no início desse século ainda possui taxas 259 maiores na região litorânea com destaque para a Região Metropolitana de Salvador, surgindo, também um novo polo de crescimento nessa região localizado mais ao sul devido ao apelo turístico e na região centro/centro-oeste devido ao incremento da agropecuária, sobretudo do cultivo de oleaginosas na região que tem atraído o contingente populacional significativo para a região.O estado da Bahia possui 417 municípios, sendo que a maioria possui até 20 mil habitantes. Cinco municípios possuem mais de 200.000 habitantes e são esses os que ainda possuem taxas de crescimento positivas. A Tabela 58 mostra a taxa de crescimento demográfico anual dos 10 maiores municípios do estado nas duas últimas décadas. A maior concentração populacional no estado ocorre na região Leste, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), contando com aproximadamente 3,5 milhões de habitantes. Feira de Santana, localizada a cerca de 120 km de Salvador é o segundo município de maior população beneficiando-se de rodovias federal e estaduais que cruzam a cidade, impulsionando a sua economia e crescimento populacional. Tabela 58: Taxa de Crescimento Demográfico dos 10 maiores municípios baianos. Grau de Taxa anual de urbanização Nome Pop. crescimento (%) (%) (hab) 1991/2000 2000/2010 2000 2010 1 Salvador 2.675.656 1,85 0,91 99,96 99,97 2 Feira de Santana 556.642 1,90 1,47 89,77 91,73 3 Vit. Conquista 306.866 1,74 1,57 85,92 89,53 4 Camaçari 242.970 4,04 4,15 95,47 95,47 5 Itabuna 204.667 0,67 0,40 97,21 97,55 6 Juazeiro 197.965 3,47 1,27 76,35 81,21 7 Ilhéus 184.236 -0,08 -1,85 72,99 84,28 8 Lau.de Freitas 163.449 5,70 3,71 95,46 100,00 9 Jequié 151.895 0,19 0,31 88,52 91,79 10 Alagoinhas 141.949 1,21 0,88 86,43 87,38 Fonte: IBGE - Censo 2010. Camaçari e adjacências têm um histórico de crescimento em função do Polo Petroquímico, que poderá apresentar expansão, tendo em vista os investimentos em infraestrutura de acesso em curso. Ilhéus, Alagoinhas Juazeiro e Itabuna são cidades importantes do estado que buscam novas oportunidades de crescimento 260 econômico para enfrentar crises vivenciadas, mantendo assim o contingente populacional. O clima do estado da Bahia é predominantemente tropical na região litorânea com alta umidade e índices pluviométricos acima de 1.500 mm anuais. Nessa região as temperaturas são elevadas com médias anuais acima de 30ºC e temperaturas mais amenas em regiões de maior altitude. Em regiões como o sertão, há predominância do clima com índices pluviométricos baixos e extensos períodos de seca. O relevo é caracterizado pela presença de planícies, planaltos e depressões. Marcado pelas altitudes não muito elevadas, o ponto mais alto da Bahia é representado pelo Pico das Almas, situado na Serra das Almas, com de 1.958 m. Os chapadões e as chapadas presentes no relevo mostram que a erosão trabalhou em busca de formas tabulares. Os planaltos ocupam quase todo o estado, apresentando uma série de patamares, por onde cruzam rios vindos da Chapada Diamantina, da Serra do Espinhaço, indo até o norte do estado, e a própria Chapada Diamantina, de formato tabular, marcando seus limites a norte e a leste. O planalto semiárido, localizado no sertão brasileiro, caracterizado por baixas altitudes. No estado da Bahia foram criadas 36 áreas de proteção ambiental (APAs), totalizando 128 unidades de conservação cadastradas no estado e 46 Reservas Particulares (RPPN) nos diferentes biomas existentes (cerrado, caatinga e floresta Mata Atlântica). O Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia de 137.075 milhões representa 31,3% do PIB da região Nordeste e 4,3% do Brasil, ocupando o 6º estado que mais produz riqueza. O PIB per capita no ano de 2009 foi de R$ 9.365,00, com crescimento real de1,2% em relação ao ano anterior e superior à taxa do Brasil de 0,3% e do Nordeste de 1,0% como mostra a Figura 100 (IBGE/IDEMA, 2011). 261 PIB a preços de mercado BA 2005-2009 160.000 140.000 137.075 (R$ 1.000.000) 120.000 121.507 100.000 80.000 106.652 90.919 96.521 60.000 40.000 20.000 0 2005 2006 2007 2008 2009 Figura 100: Evolução do PIB da Bahia. Fonte: IBGE/IDEMA, 2011. A atividade econômica do estado se baseia na indústria (química, petroquímica, informática, automobilística e suas peças), na agropecuária que ocupa cerca de setenta por cento da população ativa do estado, na mineração com importantes áreas de reserva e nos serviços com ênfase no turismo. 4.2.5.2 Geração e composição dos resíduos A quantidade de resíduos sólidos urbanos coletados no estado da Bahia, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE (2011), alcançou 10.375 t/dia em 2010 e 10.623 t/dia em 2011, correspondendo a 1,027 kg/hab/dia em 2010 e 1,044 kg/hab/dia em 2011. A cidade de Salvador apresentou uma geração per capita de 1,366 kg/hab/dia e 3.679 t/dia de resíduos urbanos coletados em 2011. A caracterização física dos resíduos domiciliares do estado da Bahia é apresentada na Figura 101. 262 20,11% 3,21% 54,14% 0,32% 2,35% MATÉRIA ORGÂNICA Plásticos 1,89% Papel/Papelão Vidro 5,26% Trapo/Couro/Ma deira Perigosos 12,78% Figura 101: Composição gravimétrica da Bahia. Fonte: FREITAS, 2007. Na Figura 101 observa-se que os resíduos sólidos na Bahia tem uma potencialidade de reciclagem de 22,6% além da existência de 54,1% de matéria orgânica que também pode ser utilizada na produção de composto, evitando assim disposição em aterros sanitários. Na capital Salvador a composição gravimétrica foi apresentada pela LIMPURB no Plano de Resíduos Sólidos de Salvador (2010) conforme Figura 102. 9,1% 42,1% 6,7% 0,5% Materia Organica 4,7% 2,6% Papel/papelão Plasticos Metais Trapo/Couro 22,1% 12,1% Figura 102: Composição gravimétrica de Salvador. Fonte: Comissão da caracterização dos Resíduos Sólidos Domiciliares coletados em Salvador – Agosto de 2010). A evolução da composição gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares de 263 Salvador, entre os anos 1972 a 2004 modificou-se muito, notadamente quanto ao percentual de matéria orgânica que variou de 63,9% para 54,1%. Em 2010, conforme Figura 102, houve mais uma redução na matéria orgânica para 42,1%. Essa tendência de diminuição de matéria orgânica nos resíduos urbanos vem acontecendo em todas as capitais brasileiras, estimulado pelo consumo e crescimento econômico na última década no Brasil, com ênfase nos descartáveis. O estado da Bahia, em 2011, ainda possuía 33,7% de lixões. Percentual maior que a média dos estados da região Nordeste que foi de 31,7% em 2011, segundo o panorama apresentado pela a ABRELPE (ABRELPE, 2011). Entre os anos 2000 e 2006 houve uma significativa quantidade de implantação de aterros sanitários, (35 Aterros Sanitários Simplificados e 20 aterros tipo convencional de grande e médio porte), atendendo, por meio da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER), situações emergenciais de disposição final de municípios. O Ministério Público Estadual teve papel preponderante para buscar soluções de implantações de aterros sanitários e também a remediação com a técnica de Aterros Simplificados, que são na verdade, Aterros de Pequeno Porte, construídos e operados nos moldes preconizados pela norma específica para esses aterros (ABNT 15.849/2010). Embora quase a totalidade desses aterros tenha, inclusive, a licença prévia concedida pelo órgão ambiental estadual, boa parte deles quer sejam de pequeno porte ou convencional, encontra-se em um estado deplorável no tocante à operação, principalmente pela incapacidade gerencial das prefeituras (financeira e técnica) além de que, em muitos casos, ocorre a influencia do fator político por parte dos poderes públicos municipais para uma gestão pouco eficiente do sistema. O grande desafio na gestão de aterros no estado da Bahia, assim como em outros estados da região Nordeste, diz respeito geralmente à incapacidade municipal de gerir tais empreendimentos, com a falta de capacitação técnica específica, que contribuem para que muitas vezes os aterros sanitários se transformem rapidamente em “Lix es”. De uma forma geral, a situação dos maiores municípios do estado com relação à gestão dos resíduos sólidos já está equacionada com a utilização de 264 aterros que contemplam projetos técnicos e operação eficiente, além de uma fiscalização mais sistematizada. Já para os municípios de pequeno porte que representa um percentual alto no estado são necessários investimentos, principalmente em capacitação técnica para operação adequada dos aterros simplificados, assim como na utilização de tecnologias compartilhadas visando uma adequada relação benefício custo dessas tecnologias de tratamento de resíduos sólidos urbanos ao porte dos municípios, além de uma fiscalização sistemática dos órgãos licenciadores. 4.2.5.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado O serviço de coleta indiferenciada ou coleta regular, que recolhe a maior parte dos resíduos sólidos domiciliares dos municípios da Bahia, tem sido prestado através de caminhões compactadores, que geralmente possuem de 8 a 16 m 3, caminhões basculantes com carroceria ou baú de 6 a 10 m 3. Nos pequenos municípios também são utilizados trator agrícola com reboque e veículos de tração animal (SNIS, 2008). Os resíduos coletados são levados diretamente aos locais de destino, quer sejam aterros sanitários ou estação de triagem e compostagem. Apenas na região metropolitana de Salvador e no município de Dias D’Ávila existe estação de transbordo para diminuir as distâncias de transporte entre as áreas de coleta e o destino final. A coleta seletiva é ainda embrionária no estado da Bahia, correspondendo tão somente a 6,7% dos municípios, sendo que em apenas 2,9% deles o serviço é feito em todo município, 2,9% tem abrangência apenas nas áreas urbanas da sede municipal e 1,5% em bairros selecionados (SEDUR, 2010). A coleta é usualmente realizada em caminhões do tipo baú, assim como em caminhões carrocerias de madeira com adaptações de estrutura de madeira ou de metal para aumentar a capacidade. Nas grandes cidades, catadores autônomos ainda realizam coleta com carrinhos de tração humana e os organizados em cooperativas/associação utilizam diversos tipos de transporte de pequeno porte. As unidades de triagem existentes no estado, como parte do manejo de resíduos sólidos urbanos são geralmente de pequeno porte associadas a projetos de 265 coleta seletiva e compostagem. Os sistemas de compostagem de resíduos orgânicos existentes na Bahia são na maioria operados em leiras a céu aberto, com um conteúdo orgânico proveniente de resíduos orgânicos de grandes geradores, tais como rede de hotéis, feiras e supermercados, mas não se configuram em atividade sistematizada. Os municípios que realizam o processo de compostagem, associado a alguma triagem, com exceção de Mucugê, o fazem de modo informal através de catadores e/ou algumas cooperativas que, todavia, carecem de procedimentos técnicos associados aos controles sanitários necessários para as corretas operações dos sistemas e também o fazem sem um planejamento que vislumbre o aprimoramento do serviço e alcance uma condição de universalização dos mesmos. O poder público geralmente apoia a iniciativa de catadores, cedendo galpões, alguns equipamentos, custeios de água e luz e algumas vezes também realizam a manutenção dos equipamentos e prestam assessoria e divulgação em programas de coleta seletiva, porém de forma muito incipiente, e devido à ineficiência da triagem, ainda se encontram grandes quantidades de recicláveis e contaminantes nos resíduos que compromete a qualidade do composto final. Algumas experiências com grandes empreendimentos hoteleiros vêm sendo feitas desde o ano 2000, com a compostagem dos resíduos orgânicos de forma convencional, sendo o composto aproveitado pelo próprio hotel no paisagismo, no campo de golfe e de forma geral para a retenção da umidade do solo. Uma cooperativa atua na Costa do Sauipe fazendo a triagem e a compostagem de seus resíduos orgânicos. Não existem registros da aplicação das tecnologias de digestão anaeróbia e incineração para tratamento de resíduos sólidos urbanos no estado da Bahia. De acordo com a ABRELPE (2011) 33,8% dos resíduos coletados no estado da Bahia são encaminhados a aterros sanitários, 35,5% vão para aterros controlados e 33,7% para lixões. Há ainda um grande desafio para fazer a destinação correta dos resíduos com tecnologias simplificadas e de baixo custo, adequadas à realidade dos municípios de pequeno e médio porte, com menos de 20 mil habitantes, que perfazem 87% dos municípios baianos. Nesse caso tem-se usado modelos de aterros simplificados e de baixo custo de implantação e operação. A Figura 103 mostra a situação do destino dos resíduos 266 sólidos na Bahia de acordo com a PNSB (2008) e IBGE (2011). Figura 103: Tratamento e destinação final de resíduos sólidos na Bahia. Fonte: PNSB, 2008 e IBGE, 2011. De acordo com Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) o estado conta com 64 aterros sendo 20 aterros convencionais construídos pelo governo estadual, pela CONDER e pela CAR, órgãos que já implantaram aterros para municípios com recursos repassados pela União ou com recursos do próprio estado; 35 aterros de pequeno porte também construídos pelo estado e 9 aterros construídos diretamente por prefeituras sem informações quanto à tecnologia utilizada. A construção de aterros sanitários se deu efetivamente no ano de 2002, na Região Metropolitana de Salvador - RMS, com a construção de quatros grandes 267 aterros que beneficiaram diretamente dez municípios: O Aterro Metropolitano Centro é o segundo maior aterro em recepção de resíduos do Nordeste do Brasil, e que pelo seu porte e por equacionar de modo bastante satisfatório a disposição final dos RSU´s de uma grande metrópole já merece figurar como um dos exemplos de rota tecnológica no país. Esse aterro sanitário atende aos municípios de Salvador, Lauro de Freitas e Simões Filho. O Aterro Integrado Ponta do Ferrolho atende aos municípios de Candeias e São Francisco do Conde. O Aterro Integrado Camaçari/Dias D’Ávila atende aos municípios Camaçari e Dias D’Ávila e o Aterro Integrado Ilha atende a Vera Cruz e Itaparica. Após a implantação desses aterros construiu-se mais 40 aterros sanitários no interior do estado, a maioria de uso compartilhado por dois ou três municípios. O Aterro Metropolitano Sul localizado no município de Muritiba na denominada Região Fumageira do estado da Bahia, construído pela CONDER (Companhia de Desenvolvimento do Estado da Bahia) e depois repassado para o município de Muritiba com o compromisso de compartilhamento do aterro com os municípios de Governador Mangabeira, São Felix, Muritiba, Cachoeira, Cabaceiras do Paragussú e Conceição da Feira. O Aterro de Camaçari foi construído no final da década de 70, após seu esgotamento, foi construído um segundo, praticamente anexo ao anterior, no final da década de 90, ambos pelo Governo do Estado da Bahia. Esse aterro recebe os RSU das cidades de Camaçari e Dias D´Ávila, essa última através de uma estação de transbordo. A Figura 104 mostra o modelo tecnológico proposto para Salvador de todos os resíduos sólidos gerados (LIMPURB, 2010). 268 Figura 104: Modelo tecnológico proposto para Salvador. Fonte: LIMPURB, 2010. 4.2.5.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado De uma forma geral, a Rota tecnológica predominante no Estado da Bahia é a coleta convencional/ triagem/compostagem (em alguns casos)/aterro sanitário e está representada pela Figura 105. 269 Figura 105: Rotas Tecnológicas do estado da Bahia. O mapeamento das rotas tecnológicas no estado da Bahia foi definido a partir dos estudos de casos definidos como “boas práticas”, de forma a levantar e caracterizar as práticas e tecnologias envolvidas no manejo dos resíduos sólidos desde a sua geração até a disposição final. Uma unidade de compostagem de resíduos orgânicos da coleta domiciliar/comercial e de podas, localizada em município de Mucugê e operando desde 2001 pela prefeitura, foi construída pelo Governo do Estado da Bahia através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR; Um aterro sanitário privado, que atende a Região metropolitana de Salvador, foi implantado e operado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia (CONDER) até que em 2000 passou a ser operado por uma empresa concessionária; Um aterro construído pela CONDER – Companhia de Desenvolvimento do Estado da Bahia e depois repassado para o município de Muritiba e compartilhado com mais 5 municípios, tem operação terceirizada para empresa privada, através de contrato na modalidade de convênio; 270 Um aterro situado em Camaçari, no entorno do Polo Petroquímico, que atende também o município de Dias D´Avila, é operado por contratação direta do município com uma empresa privada; Um aterro situado em Alagoinhas, município com aproximadamente 143.000 habitantes que passa por uma remediação. 4.2.5.5 Dados econômicos do tratamento De acordo com o SNIS (2008) os custos variam desde R$ 2,75 hab/mês até R$ 16,10 hab/mês nos municípios baianos. As informações acerca de dados econômico-financeiros das empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana, seja ela pública ou privada, são bastante difíceis de ser mensuradas. A empresa que trata os resíduos sólidos de Salvador apresentou informações relacionadas com custos e receitas no sistema de tratamento. O custo cobrado pelo tratamento dos resíduos domiciliares no Aterro Sanitário Metropolitano Centro é de R$ 53,07 por tonelada, o que resulta em aproximadamente R$ 4,5 milhões mensais ou R$ 54 milhões anuais. A empresa apresenta custos com tratamento de lixiviados de R$ 8 milhões/ano, R$ 3,5 milhões/ano com tratamento de gases, R$ 4,2 milhões/ano com mão de obra, R$ 20 milhões/ano com serviços de terceiros e R$ 420 mil/ano com energia. Por outro lado estima uma receita com venda de créditos de carbono de R$ 4,5 milhões/ano e R$ 20 milhões com venda de energia elétrica, através da empresa Termoelétrica TermoVerde - Salvador que explora o biogás do aterro e investiu R$ 50 milhões para instalação da unidade de geração de energia. No Aterro Metropolitano Sul, o custo do tratamento que a empresa recebe é da ordem de R$ 45,58 a tonelada e no Aterro de Alagoinhas o valor cobrado é de R$ 65,00/ton. 4.2.5.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Os custos com serviços de limpeza urbana na Bahia são bastante variáveis e não existe cobrança de tarifa específica pelo serviço. Em alguns municípios o IPTU é utilizado para cobrar a taxa de limpeza urbana, porém a inadimplência gera uma 271 defasagem entre o que é lançado e o que realmente é pago. Os serviços de manejo de resíduos sólidos na Bahia apresentava em 2008, 492 entidades prestadoras de serviços de limpeza urbana, sendo 376 da administração direta e outras 97 por empresas privadas (80), associações (10) e 07 empresa do setor público incluído a Limpeza Urbana de Salvador - LIMPURB (IBGE2008). Um número maior de municípios tem transferido a realização dos serviços para a iniciativa privada através de contratos, ficando com a competência apenas da gestão e planejamento das atividades. 4.2.5.7 Arranjos institucionais O estado da Bahia desenvolve através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano SEDUR a formulação e execução da política estadual de desenvolvimento urbano, de habitação, de saneamento básico e de assistência técnica aos municípios. Na SEDUR a Superintendência de Saneamento é o setor responsável pela condução da política estadual de saneamento básico, compreendendo sua formulação, execução, acompanhamento e avaliação de forma integrada e articulada com outros órgãos e entidades com atuação no setor de saneamento, bem como nas áreas de meio ambiente, recursos hídricos, de saúde e de desenvolvimento urbano. A formulação das políticas públicas e intervenções no setor de resíduos sólidos são orientadas pela legislação federal tais como a Lei nº 11.445/07 (Lei de Saneamento Básico), que estabelece as diretrizes nacionais e pela Lei nº 11.107/05, que versa sobre os Consórcios Públicos e a Politica Nacional de Resíduos Sólidos instituída pela Lei Federal no 12.305/2010, e Decreto regulamentador no. 7.404 de 2010. A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) é uma empresa pública, com personalidade jurídica de direito privado, patrimônio próprio, autonomia administrativo-financeira e vinculada estruturalmente à Secretaria de Desenvolvimento, tem por finalidade promover, coordenar e executar a política estadual de desenvolvimento urbano, metropolitano e habitacional do estado da Bahia. 272 Dentre seus objetivos sociais destacam-se o de estudar, formular e implantar planos, programas e projetos para o desenvolvimento urbano e metropolitano e de habitação de interesse social do estado, bem como planejar, programar, coordenar e controlar a execução de serviços de interesse urbano e metropolitano, promovendo a sua unificação, integração e operação. A CONDER coordena as ações relacionadas com o planejamento na área de resíduos sólidos levando em consideração os arranjos institucionais adotados na gestão dos resíduos sólidos entre entes federados, compreendendo um conjunto de políticas, regras legais e arranjos que permitem a organização do setor. Segundo levantamento realizado pela SEDUR, por ocasião da realização do Plano de Gestão Regional do Estado, em uma amostragem realizada em 228 municípios, as prefeituras, na maioria, operam diretamente a disposição final, como mostrado na Tabela 59. Tabela 59: Amostra de Operadores das Unidades de Disposição Final em 228 municípios do estado da Bahia. Operador No. % Prefeitura ou SLU 168 73,68 Empresa Privada 11 4,82 Consórcio Intermunicipal 0 0 Associação de Catadores 0 0 Outros 1 0,44 Sem informação 48 21,05 Total 228 100 Fonte: SEDUR, 2010 Do ponto de vista da condução institucional da gestão dos resíduos sólidos no estado, verifica-se que, em 2008, a Bahia apresentava 492 entidades prestadoras dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, sendo 376 da administração direta do poder público, 80 empresas privadas, 10 associações, 07 empresas do setor público, incluindo a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador – LIMPURB, além de 01 Fundação e 18 outras(IBGE, 2008). Não foi identificada a existência de Consórcios Públicos na Bahia (IBGE, 2008). 273 4.3 Região Centro-Oeste 4.3.1 Distrito Federal Na Figura 106 encontra-se apresentado o mapa do Distrito Federal destacado no centro do estado de Goiás. Figura 106: Mapa do Distrito Federal Fonte: Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento – Governo do Estado de Goiás (2012) 4.3.1.1 Informações sóciogeográficas O Distrito Federal (DF) é constituído por 30 regiões administrativas e abriga a atual capital federal, Brasília. De acordo com o IBGE (2010), sua população, de 2.562.963 habitantes, encontra-se distribuída em um território de 5.787,784 km², resultando em elevada densidade demográfica (444,07 hab/km²). A taxa de crescimento populacional, entre os anos de 2000 e 2010, divulgada pelo IBGE (2010), foi de 2,25% a.a., portanto, bem acima da média nacional (1,25 % a.a). O DF possui o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil - 0,874 (PNUD, 2008) e é a sétima economia do país, contribuindo com 4,1% do PIB nacional (IBGE, 2010). O PIB per capita é de R$ 45.873,47. 274 O relevo do DF é constituído por planaltos, planícies e várzeas, características típicas do cerrado, que possui terreno bem plano ou com suaves ondulações. Sua altitude varia de 600 m a 1.100 m acima do nível do mar. Quanto à hidrografia, o DF ocupa uma posição privilegiada, pois divide as principais bacias hidrográficas do país, que são: a bacia do Paraná, a bacia do Tocantins-Araguaia e a bacia do rio São Francisco. O clima predominante é o tropical sazonal, com uma estação chuvosa e quente (verão), normalmente compreendida entre outubro e março, e outra fria e seca (inverno), compreendida entre abril e setembro. Os índices de umidade giram em torno de 25% no inverno e 68% no verão, o que culmina em um clima típico do cerrado. A temperatura média é muito agradável, na maior parte do ano, com variações que vão de 13°C até 27°C, constituindo uma temperatura média anual que gira em torno de 20°C. A média das precipitações anuais ficam entre 1.200 mm e 1.800 mm. 4.3.1.2 Geração e composição dos resíduos Segundo dados de 2011 do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), a quantidade de RSU coletada no DF foi de 3.951 t/dia, resultando em um per capita coletado de 1,541 kg/hab/dia, ou seja, 0,56 t/hab/ano. Tendo em vista que no DF todos os resíduos gerados são coletados, os valores acima podem ser utilizados como estimativa da geração de RSU. Com relação ao peso específico dos RSU, pesquisas realizadas por CARVALHO (2003) têm indicado variação entre 180 e 220 kg/m3, e, quanto ao teor de umidade, os valores encontrados variaram entre 40 e 55%. Com relação à composição gravimétrica, exceto para a região administrativa de Brasília, o percentual de matéria orgânica é significativo. Este aspecto justifica-se pelas características culturais e socioeconômicas da região. De acordo com o SLU/DF (2011), a composição gravimétrica dos RSU da região administrativa de Brasília é de 47% de recicláveis, 45% de matéria orgânica e 7% de rejeitos. Para o DF, conforme SLU/DF (2005), a composição gravimétrica resultou em 65,3% de matéria orgânica, 15,1% de papel, papelão e jornal; 3,3% de plástico; 7,8% de metais e vidros; 6% trapos, borracha e madeira; e 2,4% de outros. 275 Os elevados teores de matéria orgânica favorecem a utilização das tecnologias de compostagem, digestores anaeróbios e aterros sanitários com recuperação energética desde que de porte considerável. 4.3.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no Distrito Federal As tecnologias utilizadas no DF, para RSU, são as usinas de triagem e reciclagem. Existem duas usinas, uma em Ceilândia e outra na Asa Sul. Ambas atualmente operam com praticamente metade de sua capacidade máxima, devido a problemas de manutenção e administração. Não foram encontradas normas na região para elaboração de projeto, construção e operação dessas usinas, que possuem tecnologia importada. A de Ceilândia possui tecnologia francesa do tipo TRIGA e a da Asa Sul a tecnologia dinamarquesa do tipo DANO. A coleta dos RSU no DF é feita, diariamente, exceto aos domingos, de forma indiferenciada, em sua maioria, por meio de caminhões compactadores. Duas empresas privadas são as responsáveis por esses serviços, a Valor Ambiental e a DELTA Construções S/A. O valor pago pelo SLU/DF, em 2011, às empresas pela coleta domiciliar indiferenciada foi de cerca de R$ 50,00 por tonelada. Existem algumas áreas improvisadas para transbordo dos RSU coletados para o aterro controlado, duas localizam-se nas próprias usinas de triagem e reciclagem e a outra na região administrativa de Brasilândia. Na Usina da Asa Sul, 79% dos RSU coletados em 2011, foi destinada apenas a área improvisada para o transbordo, especialmente na estação chuvosa, devido às dificuldades de manobras dos veículos no aterro citado. Na área da usina da Asa Sul existe um galpão independente para triagem de resíduos coletados de forma diferenciada pelo SLU/DF e administrado por uma cooperativa de catadores local e cadastrada no SLU/DF. Atualmente são coletadas, às terças e quintas-feiras, cerca de 30 t/dia de resíduos segregados. Esses resíduos não são processados na usina. Os valores para a coleta diferenciada realizada pela própria SLU/DF não foram fornecidos. 276 Considerando-se unidades de triagem como locais adequados com estrutura física e equipamentos instalados, existem apenas duas centrais no DF, que são aquelas existentes nas usinas de Ceilândia e da Asa Sul. Por outro lado, conforme o SLU/DF (2012), existem cerca de dezesseis outros locais improvisados onde se faz a triagem de artigos recicláveis, por meio de cooperativas e associações de catadores. Na usina de triagem da Asa Sul, cuja capacidade nominal de processamento é de 600 t/dia (SLU/DF, 2011), a matéria orgânica é apenas pré-digerida, de forma que a maturação do composto ocorre no pátio de compostagem da usina de Ceilândia. No ano de 2011 a capacidade média de processamento, foi de apenas 123 t/dia (SLU/DF, 2011), atendendo uma população da ordem de 77 mil habitantes. Esta usina é operada pela DELTA Construção S.A, que também é a responsável pela coleta e transporte dos RSU encaminhados para a usina. A Usina de Triagem e Compostagem de Ceilândia implantada originalmente com tecnologia de processamento Francesa, tipo TRIGA, operou dessa forma por curto espaço de tempo. Com a desativação dos dois reatores biológicos existentes, essa tecnologia foi reduzida à compostagem direta em pátio aberto, com os resíduos dispostos em leiras, fase essa precedida de triagem manual e mecanizada. A capacidade nominal de processamento é de 600 t/dia ou 219.000 t/ano (SLU/DF, 2011). Entretanto essa usina tem processado a média de 256 t/dia ou 93.583 t/ano de resíduos oriundos de cerca de 72.000 habitantes da região de Ceilândia. No Distrito Federal não há plantas instaladas para recebimento e digestão anaeróbia nem incineradores para processamento de resíduos sólidos domiciliares e não existem aterros sanitários implantados e operados conforme as exigências contidas na normatização técnica nacional. Existe apenas um aterro denominado oficialmente de aterro controlado do Jóquei, mas, popularmente conhecido como Lixão da Estrutural. No entanto, existe previsão para implantação de um aterro sanitário adequado, para o ano de 2013. 277 4.3.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no Distrito Federal O termo “rota tecnol gica” não se aplica ao cenário atual do gerenciamento de RSU no DF, tendo em vista que a maioria dos RSU tem como destino final um local não adequado, conforme as normas técnicas pertinentes. Talvez o termo mais adequado fosse “prática de destinação de RSU”. Além disso, o transbordo dos RSU coletados é feito em locais improvisados e com estrutura precária. No DF, 89% dos RSU gerados são coletados de forma indiferenciada e destinados a um “aterro controlado”, também conhecido como Aterro do J quei ou Lixão da Estrutural, onde um grande número de pessoas exerce a atividade de catação dos resíduos de forma desordenada e insalubre; 10%, também coletados de forma indiferenciada, são destinados às duas usinas de triagem de compostagem existentes; e somente 1% é coletado de forma diferenciada e destinados a cooperativas de catadores. Os rejeitos gerados nessas usinas são encaminhados para o referido aterro e o composto é vendido ou doado para agricultores locais (Figura 107). Figura 107: Mapeamento da destinação dos RSU gerados no Distrito Federal (2011). 278 4.3.1.5 Dados econômicos do tratamento Os custos para o SLU/DF, em 2011, com a operação e manutenção das duas Usinas de triagem e compostagem do DF são de R$ 40,00 por tonelada, incluindo os custos com o consumo de energia elétrica. Já os custos para o SLU/DF, em 2011, das rotas tecnológicas que envolvem essas tecnologias são de R$ 110,00 para a Usina de Reciclagem e Compostagem da Asa Sul e de R$ 109,51 para a Usina de Triagem e Compostagem de Ceilândia. Como as usinas foram construídas há muito tempo, especialmente a da Asa Sul, não foi possível obter seus custos de projeto e implantação. Como os RSU chegam de forma indiferenciada a essas usinas e parte da linha de processamento encontra-se paralisada, a eficiência das mesmas é considerada baixa, resultando em elevado percentual de geração de rejeitos.Os valores pagos aos materiais recicláveis comercializados no DF encontram-se apresentados na Tabela 60. Tabela 60: Valores médios pagos por materiais recicláveis no Distrito Federal. Material Alumínio Ferro Vidro PVC PEAD PET branco solto PET verde PET misto PET óleo Sacolas plásticas Papelão Papel Latas de aço Embalagem longa vida PEBD e PP Unidade de medida Kg Kg Kg Kg Kg Kg kg kg kg kg kg kg kg kg kg Preço em R$ (Jan./2011) 3,00 0,09 0,02 0,45 0,25 ND ND 0,60 ND 0,12 0,11 ND 0,15 0,10 ND Preço em R$ (Jan./2012) 3,00 0,12 0,02 0,20 0,60 0,80 0,70 0,70 0,70 0,11 0,12 0,25 ND ND 0,25 Fonte: CENTCOOP (2012) 4.3.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Não existe taxa específica para cobrança da gestão de RSU no DF, sendo a cobrança feita aos munícipes de forma diluída no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O SLU/DF pagou, em 2011, cerca de R$ 40,00 por tonelada para operação e manutenção das usinas; cerca de R$ 50,00 por tonelada, para a coleta 279 indiferenciada e o transporte de RSU; e R$ 15,00 por tonelada, para disposição dos RSU no aterro controlado do DF. 4.3.1.7 Arranjos institucionais A autarquia Serviço de Limpeza Urbana do Governo do DF (SLU/DF) é o órgão executor das ações de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos, responsável pelo cumprimento das diretrizes de saneamento básico, relativas à limpeza urbana. Essa autarquia está ligada à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do DF (SEMARH/DF). A regulação da área dos resíduos sólidos está a cargo da Agência Reguladora das Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (ADASA). Na fiscalização dos RSU, existe também a Agência de Fiscalização do DF (AGEFIS), ligada à Casa Civil do GDF e ao Instituto Brasília Ambiental (IBRAM), com receita própria e poder de polícia para controlar e fiscalizar as atividades e empreendimento que causem poluição. A prestação dos serviços é feita por empresas privadas, no tocante à coleta, transporte, disposição e operação do aterro controlado, cabendo ao setor público do DF, por meio do SLU/DF, a fiscalização dos serviços prestados e a parceria com as cooperativas de catadores, no que se refere às triagens manuais. 4.3.2 Estado de Goiás Na Figura 108 apresenta-se o mapa do estado de Goiás destacado no centro do país. 280 Figura 108: Mapa do estado Goiás destacado em relação ao Brasil. Fonte: IBGE (2012) 4.3.2.1 Informações sócio geográficas Segundo IBGE (2010), o estado de Goiás possui uma população total 6.003.788 habitantes distribuídos em uma área de 340.103,467 km², o que faz de Goiás o 7º estado do país em extensão territorial. Segundo SEPIN (2010), Goiás possui 246 municípios, sendo 194 municípios abaixo de 20.000 habitantes, 49 entre 20.000 e 200.000 habitantes e três municípios acima de 200.000 habitantes. O clima caracteriza-se por possuir duas estações climáticas bem definidas: uma com altos índices pluviométricos (outubro a abril), onde ocorrem 95% das precipitações anuais e a outra, com baixos índices pluviométricos (maio a setembro), o que concorre para uma grande variação dos elementos climáticos, sendo a média anual de 1.532 mm. Contudo, no período seco, as precipitações variam de 20 a 200 mm, enquanto, no período chuvoso, podem variar de 1.100 a 2.100 mm. Os meses de agosto e setembro apresentam as maiores temperaturas do ar (médias máximas em torno de 34°C), principalmente no Noroeste do estado, enquanto as médias mínimas (12°C) ocorrem nos meses de junho e julho, no Sudeste e Sudoeste goiano (IMB, 2011). 281 O estado é privilegiado quanto a seu relevo, apresentando em geral baixa declividade, não impedindo a ocupação e muito menos prejudicando ou influindo significativamente nas mudanças climáticas. Cerca de 65% da superfície de Goiás é formada por terras relativamente planas (chapadões), que configuram 4 Superfícies Regionais de Aplainamento: I entre 1.100 e 1.600 m de altitude, II entre 900 e 1.000m, III entre 650 e 1.000m e IV entre 250 e 550 (IMB, 2011). Goiás é a nona economia do país contribuindo com 2,6% do PIB nacional (IBGE, 2010). Dentre os grandes setores de atividades econômicas, o de Serviços é o que predomina em Goiás, representando 60,95% da produção de riquezas. O setor industrial participa no PIB goiano com 26,21% e o agropecuário com 12,84% (SEPIN, 2011). 4.3.2.2 Geração e composição dos resíduos A população do estado de Goiás gerou no ano de 2011, em média, 6.274 t/dia de RSU, o que representa uma geração per capita de 1,14 kg/hab/dia (ABRELPE, 2011). A composição gravimétrica média dos RSU, gerados nas cidades do estado de Goiás, é formada por 61,89% de matéria orgânica, 5,4% de papel e papelão, 5,97% de plástico, 3,58% de vidro, 2,69% de metal e 20,45% de outros artigos. O elevado teor de matéria orgânica favorece a utilização de tecnologias de compostagem, digestão anaeróbia e aterros sanitários com aproveitamento energético (no caso, dos de grande porte). 4.3.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado O aterro sanitário é a principal tecnologia adotada. Outras tecnologias começam a surgir como as centrais de triagem operadas, em sua maioria, por cooperativas de catadores de materiais recicláveis e, por último, uma única central de compostagem. Não existe tecnologia de aterro com aproveitamento energético, de incineração e de biodigestão anaeróbia para RSU. Muitos dos aterros implantados com recursos do governo federal transformaram- se em lixão por má gestão e devido a falhas técnico-operacionais. 282 Existe em Goiás, a Instrução Normativa no 05 de 2010 da SEMARH que estabelece a implantação de aterro sanitário simplificado para municípios de pequeno e médio porte (até 50 mil habitantes). Não existem normas ou legislação que impeçam a implantação de outras tecnologias. O grande revés está na destinação final desses resíduos, em que apenas 29,1% destes tem uma destinação adequada em aterros sanitários. O restante dos resíduos (71,9%) é depositado em lixões a céu aberto ou aterros controlados (ABRELPE, 2011). Segundo ABRELPE (2011), do total de 6.274 t/dia de RSU gerados em Goiás, 5.758 t/dia foram coletados, o que representa um índice muito bom de coleta dos RSU (91,77%). Os RSU são coletados, na maioria dos municípios, por caminhões carroceria ou caçamba basculante, e nos municípios de médio a grande porte, com melhor investimento no setor de resíduos, a coleta é feita por caminhões compactadores. Essas coletas são feitas de forma indiferenciada, de onde os RSU são levados em grande parte para lixões ou aterros controlados. Experiências com otimização de coleta por meio de estações de transbordo foram encontradas em Valparaíso de Goiás e Goiânia. Geralmente os dias de coleta nos municípios de Goiás é de segunda-feira à sábado, ocorrendo em sua maioria de duas a três vezes por semana, sendo realizada diariamente nas regiões centrais de municípios de grande porte como Goiânia. Na maioria dos municípios a principal preocupação é com a coleta dos RSU, contudo há falta de ações no sentido de otimizar os custos com transporte a partir do melhor dimensionamento das rotas e implantação de estações de transbordo. Em municípios de médio a grande porte, como Goiânia e Anápolis, existe o rastreamento dos caminhões por GPS. Não foi encontrada sistema de informações com software para traçado otimizado de rotas e circuitos de coleta. Na década de 90 foram implantadas algumas unidades denominadas Unidade de Tratamento de Lixo (UTL), e que encontram-se desativadas como no município de Buritinópolis. A partir da década de 2000 começam a surgir unidades de triagem administradas por cooperativas de catadores, que acabam recebendo apoio dos governos, do terceiro setor e da iniciativa privada. 283 No momento está sendo discutida a possibilidade de implantação de uma rede de cooperativas de catadores para fortalecimento das mesmas e valorização do trabalho dos catadores cooperados. Segundo TETRAPAK (2012), existem 36 unidades de triagem envolvendo o trabalho com catadores, nos seguintes municípios e respectivas quantidades: Chapadão do Céu (1), Rio Verde (1), Itumbiara (1), Catalão (1), Caldas Novas (1), Piracanjuba (1), São Miguel do Passa Quatro (1), Hidrolândia (1), Bela Vista de Goiás (1), Goianira (1), Inhumas (1), Aparecida de Goiânia (1), Guapó (1), São Luis de Montes Belos (1), Novo Gama (1), Jaraguá (1) e Goiânia (15), Anápolis (1), Cidade Ocidental (1), Formosa (1), Cristalina (1) e Quirinópolis (1). Existe somente uma iniciativa de compostagem bem sucedida no estado de Goiás, que é o caso de Chapadão do Céu, em que são geradas diariamente 2,0 toneladas de composto. Existiu uma iniciativa com vermicompostagem na Cooperativa COOPREC, localizada em Goiânia, por volta do ano de 1998, e que atualmente não está em funcionamento. Há algumas iniciativas de comunidades alternativas, escolas e universidades, porém em escala experimental e que não se consolidam como tecnologia de tratamento de RSU. Em Goiás, não foi encontrada nenhuma unidade de digestão anaeróbia para tratamento de RSU implantada, nem unidade de tratamento por incineração de RSU em Goiás. Em Goiás, dos 246 municípios existentes, apenas 9 possuem aterros sanitários, 77 municípios possuem aterros controlados, 146 possuem lixões e nos 14 municípios restantes não foi possível coletar informações (SEMARH-GO, 2009). Os municípios de Goiás que possuem aterro sanitário licenciado, segundo SEMARHGO são: Anápolis, Aparecida de Goiânia, Chapadão do Céu, Cidade Ocidental, Goianésia, Goiânia, Rio Verde, Senador Canedo e Trindade. Em relação ao volume de lixo coletado (4.315,2 t/dia em todo o estado), 2.106,5 t/dia (48,82%) são depositadas em aterros sanitários; 1.666,1 t/dia (27,02%) são depositadas em aterros controlados; 1.042,6 t/dia (24,16%) são depositadas em lixões (SEMARHGO, 2009). A Figura 109 apresenta o mapeamento das formas de disposição final existentes nos municípios do estado de Goiás no ano de 2009. 284 Figura 109: Mapeamento das formas de disposição final dos RSU no estado de Goiás (2009). Fonte: SEMARH-GO (2009) 4.3.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado A Figura 110 apresenta o mapeamento da destinação dos RSU no estado de Goiás para o ano de 2011. A Rota tecnológica predominante no Estado de Goias é a coleta convencional/triagem(em alguns casos)/aterro sanitário, mostrados na Figura 110. 285 Figura 110: Mapeamento da destinação dos RSU gerados em Goiás (2011). Segundo SEMARH-GO (2006), apenas 4% dos municípios goianos dispõem os resíduos em aterros sanitários, cuja rota tecnológica desses municípios, em sua maioria, envolve a coleta indiferenciada. Contudo, na maioria dos demais municípios goianos predomina a prática da coleta indiferenciada e disposição final em lixões. Pode-se dizer que tais rotas tecnológicas estão localizadas em municípios de médio a grande porte, com exceção de Chapadão do Céu, que possui 7.004 habitantes e uma rota diferenciada dos demais municípios de mesmo porte. Dentre os municípios goianos, três exemplos foram selecionados por possuir tecnologias exitosas em suas rotas tecnológicas. Em Chapadão do Céu, a rota tecnológica envolve a coleta diferenciada, a central de triagem, compostagem e aterro controlado. Em Cidade Ocidental, existem duas rotas, com a coleta diferenciada e central de triagem e outra com coleta indiferenciada em dois municípios, estação de transbordo e aterro sanitário compartilhado. Goiânia, com duas rotas que envolve a coleta diferenciada e 15 centrais de triagem, e outra, que envolve a coleta indiferenciada, estação de transbordo e aterro sanitário. 286 4.3.2.5 Dados econômicos do tratamento Os custos unitários, em 2012, com a coleta diferenciada de RSU nos municípios visitados, foram de R$ 83,61/ton. (Chapadão do Céu, população atendida de 7.249 hab); R$ 220,00/ton. (Cidade Ocidental, população atendida de 33.500 hab.); e R$ 447,60/ton. (Goiânia, população atendida de 143.451 hab.). Os custos unitários, em 2012, com a coleta indiferenciada de RSU nos municípios visitados, foram de R$ 83,73/ton. (Cidade Ocidental, população atendida de 55.883 hab) e de R$ 94,03/ton. (Goiânia, população atendida de 1.318.149 hab.). Os custos com operação e manutenção, em 2012, das centrais de triagem visitadas foram de R$ 68,75/ton. (Cidade Ocidental, população atendida de 33.500 hab.) e R$ 16,27/ton. (Goiânia, população atendida de 134.451 hab.). Os custos, em 2011, com a disposição final de RSU nos municípios visitados foram de R$ 72,82/ton. (Cidade Ocidental, 55.883 hab.) e R$ 13,50/ton. (Goiânia, população atendida de 1.318.149 hab.). Destaca-se que a operação do aterro de Goiânia é feita por administração direta da prefeitura municipal e que, do custo acima, não constam os encargos sociais e impostos federais. Os preços dos materiais recicláveis estão na Tabela 61. Tabela 61: Valores médios pagos por materiais recicláveis no estado de Goiás. Unidade de Preço em R$ Preço em R$ Material medida (Jan./2011) (Jan./2012) Alumínio Kg 1,85 2,10 Ferro Kg 0,09 0,13 Vidro Kg 0,04 0,05 PVC Kg 0,45 0,50 PEAD Kg 0,95 0,95 PET Branco Kg 0,70 0,80 PET Misto Kg 0,60 0,70 PET Óleo Kg 0,30 0,22 Papelão (Prensado) Kg 0,15 0,14 Papel Misto Kg 0,11 0,09 Jornal Amarrado Kg 0,28 0,15 PET Bandeja Kg 0,35 0,35 PP Branco Kg 0,70 0,75 PP Colorido Kg 0,90 0,95 Embalagem longa vida Kg 0,20 0,20 Isopor Kg 0,70 0,70 Plástico Misto Kg 0,30 0,50 287 4.3.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Em Goiás, não há taxas específicas de cobrança para os serviços de gestão dos RSU, com exceção do município de Anápólis. Os serviços prestados tanto pela iniciativa privada quanto pelo poder público, são financiados pelo tesouro municipal e os recursos provêm normalmente do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), que destina baixos percentuais para serviços de limpeza urbana. Este é um dos motivos da precariedade da prestação desses serviços de gerenciamento dos RSU no estado. Não há um valor médio pago pelas prefeituras para a gestão de seus resíduos. Isso varia de acordo com o porte da cidade, arranjo institucional (se é administrado pelo setor público ou privado), distâncias entre a geração e a destinação final, entre outros. Segundo a PNSB (2008), nos serviços de manejo de resíduos sólidos, 29 municípios cobram por serviços especiais ou eventuais, sendo em 19, sob a forma de tarifa, e em 10, outras formas. Os outros 217 demais municípios não cobram por serviços de manejo de resíduos sólidos. 4.3.2.7 Arranjos institucionais O governo possui duas secretarias que estão diretamente envolvidas na gestão dos RSU, a Secretaria Estadual das Cidades (SECIDADES) e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH/GO). A SECIDADES possui em seu organograma uma Gerência de Resíduos Sólidos e Drenagem, que faz parte da Superintendência de Saneamento, e a SEMARH possui uma Gerência de Controle da Poluição e Resíduos, que faz parte da Superintendência de Gestão e Proteção Ambiental. Compete à SEMARH/GO a elaboração das políticas públicas de gerenciamento de resíduos, com a devida regulamentação e fiscalização, e à SECIDADES o apoio aos municípios na execução da política estadual de resíduos, implantação de obras, inclusive com possível aporte de recursos. No entanto, verifica-se que há sobreposição de ações e pouca integração, sem clareza das suas competências. O estado também possui uma Agência Goiana de Desenvolvimento Regional que, no tocante às questões de saneamento, também não atua de forma integrada com as secretarias acima citadas. 288 O estado possui uma Agência Reguladora para Serviços Públicos (AGR), cujo estatuto não contempla a regulação dos serviços de gerenciamento dos resíduos. Por fim, constata-se que a estrutura existente é consolidada, mas carece de melhor integração entre as suas competências. A FUNASA Regional Goiás também atua no aporte de recursos, orientações e implantação de infraestrutura para municípios de até 50 mil habitantes. 4.3.3 Estado de Mato Grosso do Sul A Figura 111 apresenta o mapa do estado de Mato Grosso do Sul destacado em relação ao Brasil. Figura 111: Mapa do estado de Mato Grosso do Sul destacado em relação ao Brasil. Fonte: IBGE (2012) 4.3.3.1 Informações sócio geográficas O estado do Mato Grosso do Sul possui 78 municípios e tem como capital a cidade de Campo Grande. Com superfície de 357.145,836 km² e uma população de 2.449.024 habitantes, a densidade demográfica no estado é de 6,86 hab/km² (IBGE, 289 2010). Faz divisa com o Mato Grosso ao norte, a oeste com a Bolívia e Paraguai, ao sul com o Paraguai e o Paraná e a leste com São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Segundo o Portal do Estado do Mato Grosso do Sul (2011), na maior parte do estado predomina o clima tropical, caracterizado por chuvas de verão e inverno seco e temperaturas médias que variam entre 26°C e 23°C. A pluviosidade é de aproximadamente 1.500 mm anuais. Quanto ao relevo do estado, toda sua porção leste, ocupada pelo planalto da bacia do Paraná, apresenta extensas superfícies planas com altitudes variando entre 400 m e 1.000 m. A porção oeste é dominada pela baixada do rio Paraguai, com rupturas de declives ou relevos residuais, representados por escarpas e morrarias, e a maior porção do estado é formada por uma planície aluvial sujeita a inundações periódicas, a planície do Pantanal, cujas altitudes oscilam entre 100 e 200m. As principais fontes econômicas do estado são a agricultura e a pecuária. A maior produção agropecuária concentra-se na região de Dourados que desenvolve uma agricultura diversificada. Nos campos limpos, pratica-se a pecuária de corte, com numeroso rebanho bovino. No pantanal, a oeste, estão as melhores pastagens do estado (Portal do Estado do Mato Grosso do Sul, 2011). 4.3.3.2 Geração e composição dos resíduos Segundo dados divulgados pela ABRELPE (2011), os municípios do Mato Grosso do Sul geram, juntos, 2.481 t/dia de RSU, o que resulta em uma média per capita de 1,17 kg/hab/dia ou 0,427 t/hab/ano. Pode-se estimar que a composição gravimétrica média para o estado seja composta por, aproximadamente, 58% de matéria orgânica, 30% de materiais recicláveis e cerca de 12% de rejeitos. Dentre a fração de recicláveis, destacam-se os plásticos e o papel/papelão como os gerados em maiores quantidades. A fração orgânica é significativa, o que é uma característica dos estados brasileiros em geral. Este fato favorece, dentre as tecnologias disponíveis, a compostagem, a digestão anaeróbia e os aterros energéticos. Por outro lado, a fração reciclável também é representativa, o que inclui as centrais de triagem dentre as tecnologias de interesse. 290 4.3.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado Dos 78 municípios do estado, apenas cinco contam atualmente com aterros classificados como sanitários pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL, 2012). Em termos quantitativos, segundo ABRELPE (2011), apenas 26,7% de todos os RSU gerados no estado são encaminhados para esses aterros sanitários. Quanto às centrais de triagem, as experiências existentes no estado neste sentido ainda são bastante modestas e restringem-se a poucas unidades em funcionamento. O mesmo ocorre com a compostagem, implantada atualmente em apenas dois municípios do estado. É uma tecnologia que tem apresentado dificuldades para sua execução, devido a problemas na separação dos resíduos, o que interfere diretamente na qualidade do composto e, consequentemente, na sua utilização/comercialização. Na Figura 112 encontram-se apresentados os municípios que possuem ao menos uma das tecnologias apresentadas acima. Não foram encontradas normas estaduais específicas relacionadas a projeto, construção e operação das tecnologias selecionadas no presente estudo. Figura 112: Localização das tecnologias utilizadas no estado do Mato Grosso do Sul. Fonte: CEMPRE (2012); IMASUL (2012); TETRAPAK (2012). 291 A coleta dos RSU em todo o estado é realizada basicamente de forma indiferenciada e a taxa média de resíduos coletados, segundo ABRELPE (2011), é de 0,99 kg/hab/dia. Quando este serviço é terceirizado, os caminhões utilizados são, na sua grande maioria, compactadores. Não há estações de transbordo em funcionamento no estado. Não há participação significativa da coleta diferenciada. As unidades de triagem operadas por cooperativas/associações de catadores e em funcionamento no estado restringem-se a poucas unidades. Segundo cadastro mantido pela TETRAPAK (2012), há apenas três municípios que possuem cooperativas/associações trabalhando com separação de embalagens longa vida, dentre outros materiais – Cassilândia, Dourados e São Gabriel do Oeste; entretanto, o cadastro mantido pelo CEMPRE (2012), informa um total de sete unidades que fazem a separação de diversos recicláveis - Brasilândia, Campo Grande (com três unidades), Dourados, Maracaju e Paranaíba.Atualmente, a compostagem no estado é realizada apenas nos municípios de Amambaí e Caarapó. Nos dois casos, há dificuldades para o escoamento da produção, devido à qualidade do composto produzido que, por sua vez, está relacionada à falta de uma segregação eficiente do material utilizado. Embora as prefeituras locais utilizem uma parte do que é gerado, o material excedente é acumulado a espera de interessados. No estado do Mato Grosso do Sul não há plantas instaladas para recebimento e digestão anaeróbia, nem existe nenhuma planta com incineradores para resíduos domiciliares.Em relação a aterros sanitários, de acordo com informações obtidas no IMASUL (2012), o estado possui até o momento apenas cinco aterros sanitários em funcionamento - Alcinópolis, Aquidauana, Dourados, Nova Andradina e Três Lagoas. Embora o restante dos municípios ainda se utilize de formas de disposição inadequadas – lixões ou aterros controlados, é esperada a alteração deste cenário uma vez que vários municípios já estão em processo de implantação de seus aterros sanitários individuais, além da previsão de mais quatro aterros consorciados para breve. As únicas tecnologias de RSU existentes no estado de Mato Grosso do Sul são as centrais de triagem, os pátios de compostagem e os aterros sanitários. Não existe nenhuma unidade de coprocessamento de resíduos urbanos instalada. 292 4.3.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado A rota tecnológica prevalecente no estado é composta por coleta indiferenciada / aterro sanitário. A inclusão de usinas de triagem e de compostagem na rota dos RSU não faz parte da realidade da grande maioria dos municípios. No estado, não há uso de outras tecnologias para RSU além das mencionadas (Figura 113). Figura 113: Mapeamento da destinação dos RSU gerados no estado de Mato Grosso do Sul (2011). 4.3.3.5 Dados econômicos do tratamento Como a operação do aterro sanitário de Dourados é realizada por empresa terceirizada, a prefeitura local pagou à mesma o valor de R$ 63,69 ton. recebida no local no ano de 2011. Com relação aos serviços de coleta, também terceirizados, os valores pagos pela prefeitura municipal à empresa em 2011 foram de R$ 89,81 por tonelada coletada indiferenciada e R$ 251,26 por tonelada coletada diferenciada. Considerando-se que a coleta indiferenciada não faz parte da rota exitosa do 293 município e que existe uma receita devido ao recebimento de alguns resíduos no aterro sanitário, pode-se estimar que os gastos, para a prefeitura, envolvidos na rota tecnológica avaliada em 2011 foram de aproximadamente R$ 145,50 por tonelada. Embora a Central de Triagem também não esteja na rota tecnológica avaliada, na Tabela 62 encontram-se apresentados alguns valores pagos por materiais recicláveis na região de Dourados. Tabela 62: Valores médios pagos por materiais recicláveis na cidade de Dourados. Material Alumínio Ferro Vidro PVC PEAD PET branco PET verde PET misto PET (outros) Cristal Sacolas Papelão Papel Embalagens tetra pak ND = não disponível Unidade de medida kg kg kg kg kg kg kg kg kg kg kg kg kg kg Preço em R$ (Jan./2011) 2,47 0,37 0,05 ND ND ND ND ND 1,10 ND ND 0,25 0,25 ND Preço em R$ (Jan./2012) 2,25 0,17 0,05 ND 0,60 1,20 1,05 ND ND 0,95 0,35 0,25 0,26 0,18 Fonte: AGECOLD (2012). 4.3.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Segundo a PNSB, no ano de 2008, 13 municípios cobravam por serviços especiais ou eventuais relacionados ao manejo de resíduos sólidos, sendo em 10, sob a forma de tarifa, e em 3, outras formas. Os demais 65 municípios não possuíam uma cobrança específica e a arrecadação necessária para a gestão dos seus resíduos sólidos se dava por meio da cobrança do IPTU. Observa-se que o município de Maracajú incorporou a cobrança por esses serviços na tarifa de água a partir do ano de 2009. 294 4.3.3.7 Arranjos institucionais A organização da atual estrutura básica do Poder Executivo do Estado do Mato Grosso do Sul foi estabelecida pela Lei nº 3.345 de 22 de dezembro de 2006. A SEMAC – Secretaria de Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia - fica responsável pela gestão ambiental e recursos hídricos no estado. Subordinado a esta secretaria, está o IMASUL - Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul - órgão executor das políticas ambientais. Em 2009, o Decreto nº 12.725 estabeleceu a estrutura básica e a competência do IMASUL. Observa-se que não há, na estrutura atual, uma superintendência, coordenadoria ou mesmo gerência específica para resíduos sólidos. Em muitos municípios a coleta é terceirizada, o que constitui uma tendência que vem sendo verificada no estado. 4.3.4 Estado de Mato Grosso Na Figura 114 encontra-se o mapa do estado de Mato Grosso destacado em relação ao Brasil. Figura 114: Mapa do estado de Mato Grosso destacado em relação ao Brasil. Fonte: IBGE (2012) 295 4.3.4.1 Informações sóciogeográficas O estado do Mato Grosso possui 141 municípios e tem como capital a cidade de Cuiabá. Com superfície de 903.329,700 km² e uma população de 3.035.122 habitantes, a densidade demográfica no estado é de 3,36 hab/km² (IBGE, 2010). É o terceiro maior estado do país em área e tem como limites Amazonas e Pará a norte; Tocantins e Goiás a leste; Mato Grosso do Sul ao sul; Rondônia e Bolívia a oeste. Vale frisar que sua porção norte de seu território é ocupada pela Amazônia Legal. É um estado com altitudes modestas e seu relevo apresenta grandes superfícies aplainadas, talhadas em rochas sedimentares. A maior parte (74%) se encontra abaixo dos 600 metros de altitude. O estado apresenta sensível variedade de climas. Prevalece o tropicalsuper-úmido de monção, com elevada temperatura média anual, superior a 24ºC e alta pluviosidade (2.000 mm/ano); e o tropical, com chuvas de verão e inverno seco, caracterizado por médias de 23°C no planalto. A pluviosidade é alta também nesse clima: excede a média anual de 1.500 mm. Já em lugares elevados, como a Chapada dos Guimarães, o clima é subtropical e a média anual não passa dos 17oC, podendo chegar bruscamente a 0oC. O estado do Mato Grosso é revestido por uma vegetação em que predominam as florestas, como prosseguimento da mata amazônica. Na área do Pantanal Mato-Grossense que permaneceu nos limites do estado ocorre um revestimento vegetal composto de cerrados e campos. A zona de florestas compreende 47% da área do estado, os cerrados 39% e os campos 14%. Sua economia se baseia na agricultura, na pecuária, na mineração e na indústria. É um dos principais produtores e exportadores de soja do Brasil. O IDH médio, em 2005, foi de 0,796 e o PIB per capita em 2008 de R$ 17.927. 4.3.4.2 Geração e composição dos resíduos Segundo dados divulgados pela ABRELPE, os municípios de Mato Grosso do Sul geraram, no ano de 2011, 2.954 t/dia de RSU, o que resultou em uma média per capita de 1,17 kg/hab/dia. A composição gravimétrica média dos RSU para o estado indica significativo percentual de matéria orgânica. Este aspecto justifica-se pelas 296 características culturais e socioeconômicas da região. Conforme ALCANTARA (2010), no município de Cárceres, o percentual de papelão representa 4,93%, papel 4,34%, plástico rígido 8,23%, plástico maleável 4,93%, metais 2,41%, vidro 3,23%, matéria orgânica 60,45% e outros 11,48%. 4.3.4.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado As tecnologias utilizadas para o tratamento dos RSU são as centrais de triagem e os aterros sanitários. Segundo ABRELPE (2011), do total de 2.954 t/dia de RSU gerados em Mato Grosso, 84% (2.484 t/dia) foram coletados. Os RSU são coletados, na maioria dos municípios, por caminhões carroceria ou caçamba basculante, e nos municípios de médio a grande porte, a coleta é feita por caminhões compactadores. Essas coletas são feitas de forma indiferenciada, tendo como destino final os lixões ou aterros controlados. Geralmente os dias de coleta nos municípios é de segunda-feira à sábado, ocorrendo em sua maioria de duas a três vezes por semana, sendo realizada diariamente nas regiões centrais de municípios de grande porte. Segundo CEMPRE (2011), existem no estado de Mato Grosso seis municípios com programa específico de coleta seletiva, a saber, Alta Floresta, Cuiabá, Jaciara, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Tangará da Serra. Nesses municípios com coleta diferenciada, as prefeituras realizam a coleta de RSU secos e úmidos, diariamente. A coleta de resíduos secos é realizada por caminhão caçamba, destinando-os à central de triagem. Já a coleta de úmidos é realizada por caminhões compactadores, destinando-os aos respectivos aterrso. As principais unidades de triagem de Mato Grosso localizam-se nos municípios de Tangará da Serra e Colíder. No entanto, conforme RECICLOTECA (2012), existem outras unidades menos estruturadas em Cuiabá (03 unidades) e em Rondonópolis (01 unidade). Por outro lado, algumas iniciativas de compostagem, que haviam sido implantadas, atualmente encontram-se fechadas ou desativadas A digestão anaeróbia e a incineração são tecnologias não utilizadas no Estado para tratamento de RSU. 297 Em relação a aterros sanitários, segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso – SEMA/ME (2012), dos 141 municípios do estado, apenas quatro possuem aterros sanitários licenciados e dois são considerados aterros controlados, Os demais, estão todos na condição de lixões, o que representa 95,74%. 4.3.4.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado A rota tecnológica prevalecente no estado é coleta indiferenciada/aterro sanitário. A inclusão de usinas de triagem e de compostagem na rota dos RSU não faz parte da realidade da grande maioria dos municípios. No estado, não há uso de outras tecnologias para RSU além das mencionadas (Figura 115). Figura 115: Mapeamento da destinação dos RSU gerados no estado de Mato Grosso (2011). 4.3.4.5 Dados econômicos do tratamento 298 Não há informação dos custos com a operação e manutenção da coleta, transbordo e transporte dos RSU e também não há cobrança de taxas ou tarifas desses serviços. Para a manutenção dos serviços, são utilizados os recursos oriundos do IPTU e da própria secretaria municipal de infraestrutura. A unidade de triagem foi construída em 2008, com um custo, à época, de R$ 144.867,95. O custo com operação dessa unidade, em 2011, foi de R$ 19,49 por tonelada e os preços médios de comercialização dos produtos encontram-se apresentados na Tabela 63. Tabela 63: Valores médios pagos por materiais recicláveis no estado de Mato Grosso. Unidade de Preço em R$ Preço em R$ Material medida (Jan./2011) (Jan./2012) Alumínio kg 2,00 2,10 Ferro kg 0,08 0,10 Cobre kg 7,00 7,00 Garrafa de vidro un. 0,20 0,20 Vidro un. ND ND PVC t 180,00 ND PEAD misto t 500,00 550,00 PEAD lubrificante t 250,00 ND PET branco t 600,00 800,00 PET verde t 500,00 ND PET misto t 400,00 ND PET óleo t 200,00 250,00 Papel manteiga t 250,00 ND Cristal t 500,00 ND Cristal misto t 500,00 ND Sacolinha t 500,00 550,00 Plástico t ND ND Papelão t 50,00 60,00 ND=não disponível 4.3.4.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Segundo a PNSB (2008), nos serviços de manejo de resíduos sólidos, 14 municípios cobram por serviços especiais ou eventuais, dos quais 11, sob a forma de tarifa, e 3 de outras formas. Os outros 127 municípios não possuem cobrança específica por serviços de manejo de resíduos sólidos. Nesses últimos, a arrecadação necessária para a gestão dos seus resíduos sólidos se dá por meio dos 299 recursos arrecadados com a cobrança do IPTU. 4.3.4.7 Arranjos institucionais O estado de Mato Grosso possui, desde outubro 2005, a Coordenadoria de Gestão de Resíduos Sólidos (CGRS), na Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), com duas gerências uma de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Hospitalares e outra de Gestão de Resíduos Sólidos Industriais e Agrícolas. Essa coordenadoria trabalha com todos os tipos de resíduos, licenciando empreendimentos cuja atividade esteja relacionada ao manejo de resíduos sólidos. Anteriormente, esse licenciamento era realizado por outros setores da SEMA a qual também licenciava outros empreendimentos. A partir de 2005, com aplicação da lei estadual No 7.862/2002, que dispõe sobre a gestão de resíduos sólidos no estado de Mato Grosso, houve maior cobrança por resoluções dos problemas relacionados aos resíduos. No início de 2011, foi implantada a Secretaria de Estado das Cidades que desenvolve trabalhos no sentido de elaborar os Planos de Saneamento para os municípios mato-grossenses. 300 4.4 Região Sudeste 4.4.1 Estado do Rio de Janeiro O estado do Rio de Janeiro juntamente com São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, responde por mais de 50% do PIB brasileiro. Possui o segundo maior PIB do país, R$ 353.878.136.000,00 (IBGE, 2011b). É o maior produtor de petróleo e gás do Brasil com cerca de 80% e 44%, respectivamente. Situa-se em quarto lugar no que se refere à qualidade de vida, com um IDH de 0,852 (BCB, 2009). 4.4.1.1 Informações sócio geográficas O estado do Rio possui aproximadamente 15.500.000 habitantes e 92 municípios (Figura 116) que ocupam uma área de 43.766,6 km2 (IBGE, 2011a). Figura 116: Mapa do Rio de Janeiro, no Brasil. Fonte: IBGE (2012) Em 2010, um percentual de 96,7% da população estava concentrada nas áreas urbanas. A Região Metropolitana do Rio é a que apresenta a maior taxa de concentração (99,5%). Identificam-se nesse território dois grandes domínios morfológicos: as terras 301 altas e as baixadas. Fazem parte das terras altas o Planalto de Itatiaia e inúmeras serras, como a dos Órgãos e a da Bocaina. Encontram-se nas terras altas, os mais expressivos remanescentes da Mata Atlântica, (CEPERJ, 2011). Apenas 31,7% do território são cobertos por vegetação remanescente (florestas, mangues e restingas) e secundária. O restante é ocupado principalmente por pastagens, áreas cultivadas e/ou urbanizadas. O abastecimento de água e a distribuição de energia elétrica estão praticamente universalizados nos domicílios particulares no estado (99,90%), enquanto a coleta de lixo é oferecida para cerca de 97% desses domicílios (CEPERJ, 2011; ABRELPE, 2011). 4.4.1.2 Geração e composição dos resíduos Os dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil – 2011 indicam para o Estado uma quantidade de 20.305 toneladas de resíduos coletados por dia com uma geração per capita de 490 kg/ano (ABRELPE, 2011). Ressalte-se que as estimativas da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro, são um pouco menores, sendo da ordem de 16.000 toneladas por dia. No município do Rio de Janeiro são coletadas aproximadamente 8.800 toneladas por dia de resíduos urbanos (COMLURB, 2011), para um per capita estimado de 507 kg/ano. O Rio de Janeiro é o único município no Estado que possui uma série histórica de dados de composição gravimétrica de mais de 20 anos, desde 1981 (COMLURB, 2011). Nos demais, as informações disponíveis são isoladas e, de forma geral, associadas a trabalhos acadêmicos de pesquisa. Considerando que o município do Rio de Janeiro possui regiões de diferentes níveis econômicos e de desenvolvimento, com produção de cerca de 44% dos resíduos do estado, levando-se em conta os dados da ABRELPE (2011), a utilização da composição gravimétrica realizada pela COMLURB pode representar de forma razoável a média do estado (Tabela 64). 302 Tabela 64: Composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos gerados no estado do Rio de Janeiro. Série histórica do município do Rio de Janeiro (% EM PESO) COMPONENTES (%) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 PAPEL - PAPELÃO 13,51 14,83 14,56 15,96 16,08 16,45 16,84 PLÁSTICO 15,34 14,69 17,15 18,58 20,31 19,11 19,29 VIDRO 3,24 2,71 2,96 2,79 2,84 2,96 3,19 MAT.ORG.PUTRESC. 60,74 61,35 58,23 56,21 53,63 55,02 52,68 METAL TOTAL 1,65 1,61 1,59 1,51 1,74 1,40 1,68 INERTE TOTAL 0,86 0,75 0,74 1,01 1,09 1,03 1,39 FOLHA 1,06 1,30 1,75 1,09 1,26 1,06 1,12 MADEIRA 0,34 0,33 0,36 0,32 0,34 0,36 0,37 BORRACHA 0,24 0,32 0,21 0,20 0,23 0,21 0,29 PANO-TRAPO 1,58 1,61 1,67 1,60 1,75 1,57 2,09 COURO 0,22 0,07 0,23 0,23 0,18 0,14 0,21 OSSO 0,04 0,02 0,00 0,00 0,01 0,06 0,02 COCO 1,17 0,40 0,55 0,47 0,40 0,40 0,60 VELA/PARAFINA 0,01 0,01 0,00 0,03 0,01 0,02 0,03 ELETRO/ELETRÔNICO 0,13 0,20 0,23 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 PESO ESP. (Kg/m³) 148,35 144,93 143,57 140,60 123,96 111,15 109,09 TEOR DE UMIDADE 50,45 56,86 65,30 50,12 40,26 OBS: A COMLURB não diferencia metais, uma vez que a presença de metais não ferrosos nos resíduos domiciliares é praticamente nula Fonte: COMLURB, 2011. Do total de resíduos coletados pela COMLURB, estima-se que 28% são materiais potencialmente recicláveis. Destes, atualmente são coletados apenas 3,1%, o que significa 0,86% do total dos resíduos coletados. Mais de 50% dos resíduos coletados são orgânicos, o que, tecnicamente viabiliza processos para o seu aproveitamento na produção de composto ou até mesmo para tratamento anaeróbio, com aproveitamento de biogás. A questão é a viabilidade econômica destes processos. 4.4.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado Embora em alguns municípios a frequência de coleta seja de 6 vezes por semana, na grande maioria, predomina a realizada três vezes por semana. Em diversos municípios, como no Rio de Janeiro, nos centros comerciais, a coleta é 303 também realizada 6 vezes por semana. Para a coleta dos resíduos se utilizam caminhões compactadores (em geral de 6 toneladas de capacidade) e guarnições de 3 ou 4 trabalhadores. Quanto ao acondicionamento, a despeito de existirem algumas iniciativas, inclusive no Rio de Janeiro, de se usar contenedores plásticos de 240 litros, via de regra, não há normatização para o acondicionamento dos resíduos. Apesar de pouco significativo, em muitos municípios estão implantados sistemas de coleta seletiva porta a porta, ou através de Postos de Entrega Voluntária (PEVs). No estado do Rio de Janeiro, há 22 municípios que realizam coleta seletiva (CEMPRE, 2011), o que não significa que atendam toda a área urbana ou a uma parcela significativa da população. A associação Compromisso Empresarial para Reciclagem – CEMPRE indica, em sua página na internet, 45 cooperativas no estado do Rio de Janeiro, enquanto que a COMLURB, também em sua página, aponta 28 no município do Rio de Janeiro. Informações de diversas fontes indicavam, até recentemente, a existência de aproximadamente 7.000 pessoas trabalhando de maneira informal na separação de materiais recicláveis no município do Rio de Janeiro. Estes quantitativos sofreram forte alteração, recentemente, com o fechamento do Aterro Metropolitano de Gramacho, onde atuavam cerca de 1.600 pessoas. Sobre elas não há informações seguras, sobre se estão atuando na catação de resíduos, ainda que em outro local, como, por exemplo, nas ruas. Em alguns municípios de maior porte, onde as distâncias dos aterros são maiores do que 20 quilômetros utilizam-se estações de transbordo. Pode-se citar o Rio de Janeiro, Niterói e Queimados, entre outros. As novas estações de transbordo têm merecido maior atenção e cuidados das autoridades, com projetos que reduzem os impactos no entorno, de forma a minimizar a reação das populações vizinhas. Com a implantação de aterros sanitários compartilhados, tanto na região metropolitana como no interior do estado, a utilização dessa tecnologia tende a se ampliar Existem no estado, cerca de 40 Unidades de Triagem e Compostagem (UTC) em operação. Embora não existam informações confiáveis sobre a situação das 304 UTCs, sabe-se que de forma geral a situação delas é bastante precária. Pesquisa de 2007 já apontava que menos de 40% delas estavam operando (Iacono, 2007). A dificuldade com as UTCs está relacionada aos custos operacionais e de manutenção e à má qualidade dos produtos, o que reduz seus valores de mercado. A tendência é de que esta tecnologia seja definitivamente abandonada em poucos anos. As unidades de triagem de coleta seletiva crescem à medida que os programas de coleta seletiva se ampliam. Apesar de numerosas, operam um insignificante percentual dos resíduos gerados no estado. Há uma tendência em operá-las com cooperativas de ex-catadores de resíduos. A eficácia das cooperativas ainda não pode ser bem avaliada, inclusive por falta de dados. Constata-se, nas visitas realizadas, a dificuldade de se manter nessas cooperativas os ex-catadores, já que muitos não se adaptam a um trabalho mais formal. Aqui deve ser ressaltado o Programa de Construção de Centros de Triagem de Materiais no município do Rio de Janeiro, com apoio do BNDES, com aporte de recursos de R$ 50.000.000,00, cuja expectativa é de ampliar a coleta seletiva para cerca de 4% dos resíduos sólidos urbanos coletados e criar mais de 1.500 postos de trabalho a serem preenchidos por cooperativas e associações. Com a desativação das UTCs, a compostagem vem perdendo espaço. Muito pouco se tem feito para se desenvolve-la com material pré-selecionado, mesmo que restrito a grandes geradores. Também a compostagem domiciliar não é incentivada, apesar de ser de grande interesse para pequenos municípios, onde a maioria das casas dispõe de quintal. A experiência mais significativa em compostagem no Estado, é realizada na Usina de Triagem e Compostagem do Caju no município do Rio de Janeiro, onde a COMLURB produz cerca de 80 t/dia de composto, com uma inovação que melhorou sua qualidade, com a mistura na leira, na proporção meio a meio, do substrato proveniente do resíduo domiciliar com os resíduos brutos oriundos da CEASA e dos horti-frutis Não há registro da aplicação da tecnologia digestão anaeróbia voltada para os resíduos sólidos domésticos no estado do Rio de Janeiro. Não há no Estado nenhuma unidade de incineração de resíduos domiciliares. Atualmente, existem 305 alguns estudos de viabilidade econômica da incineração, que continua sendo o principal desafio para sua introdução no país. Pode-se citar os estudos do Banco Interamericano realizados para a COMLURB que projetam custos de investimentos da ordem de 6 milhões de dólares por tonelada hora instalada para incineração convencional (cerca de R$ 530.000.000,00 para um incinerador de 1.000 t/dia) e custo de operação de cerca de R$ 90,00 por tonelada. Estes valores não incluem o custo da área. A destinição final dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários é a tecnologia predominante no Estado, onde são depositados, mais de 70% dos resíduos coletados. Esta é uma situação recente, uma vez que até 2011, menos de 40% dos resíduos eram dispostos em aterros sanitários. A mudança reflete a entrada em operação da CTR-Rio em Seropédica, para onde são destinadas 8.000 t/dia coletadas no município do Rio de Janeiro. Destaca-se a qualidade dos aterros atuais, que vêm incorporando as inovações dos modernos aterros sanitários dos países desenvolvidos. Como parte do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, a Secretaria do Ambiente elaborou uma proposta de regionalização para a destinação final de resíduos sólidos no estado, buscando incentivar a criação de aterros consorciados entre municípios. Não existem ainda consórcios em operação no estado, com alguns em fase final de constituição. 4.4.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado Inicialmente, com base na experiência dos consultores e nas indicações da Secretaria do Meio Ambiente, foram selecionadas tecnologias que representam práticas consolidadas e utilizadas no estado. Tais tecnologias, que foram alvo de visitas da equipe do projeto, representam apenas uma amostra das existentes no estado, havendo outras com mesma qualidade e que poderiam ter sido incluídas entre as selecionadas. Através delas foi possível estabelecer as rotas tecnológicas mais presentes no estado. A que se impõe como tendência é a coleta / transbordo (quando necessário) / aterro sanitário, conforme Figura 117. 306 RIO DE JANEIRO 15.500.000 habitantes RSU coletados ( 20.305 t/dia) COLETA INDIFERENCIADA COLETA PORTA-A-PORTA TRANSBORDO Coleta Tratamento ATERRO SANITÁRIO (20 aterros) TRATAMENTO DE LIXIVIADO TRATAMENTO DE GÁS Destinação Final Figura 117: Rota tecnológica predominante no Estado do Rio de Janeiro. O que pode ser entendido como uma segunda rota tecnológica, ainda pouca significativa, é quando se dá a introdução da coleta seletiva e de unidades de triagem (Figura 118). 307 RIO DE JANEIRO 15.500.000 habitantes RSU coletados ( 20.305 t/dia) COLETA INDIFERENCIADA COLETA DIFERENCIADA COLETA PORTA-A-PORTA E PEV's COLETA PORTA-A-PORTA TRANSBORDO Coleta CENTRAIS DE TRIAGEM DE RESÍDUOS (15 unidades) REJEITO Tratamento MATERIAL RECICLÁVEL VENDA ATERRO SANITÁRIO (20 aterros) TRATAMENTO DE LIXIVIADO TRATAMENTO DE GÁS Destinação Final Figura 118: Segunda rota tecnológica no Estado do Rio de Janeiro. 4.4.1.5 Dados econômicos do tratamento Pela experiência dos técnicos da área de resíduos, e mesmo da tentativa do CEMPRE em disponibilizar, bimestralmente, informações sobre o mercado de materiais recicláveis é muito difícil se estabelecer preços médios nos estados. Isto se deve não só às distancias dos núcleos compradores como também pela forma em que os materiais são comercializados. Exemplo: prensados ou não, separados por cores (vidro e PET), ou com nível detalhado de separação como no caso do plástico e do papel. Na Tabela 65, estão apresentados os preços de venda de materiais recicláveis da Cooperativa da Usina do Cajú no município do Rio de Janeiro e da Coleta Seletiva de São Francisco em Niterói. 308 Tabela 65: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região em R$/kg. Jan/2011 Jan/2012 Material Coop. Usina C.Sel. São Coop. Usina C.Sel. São do Cajú Francisco do Cajú Francisco Alumínio em 2,30 2,20 2,70 1,80 Latinhas Alumínio 2,90 2,30 3,00 2,00 Panela Metal Ferroso 0,18 0,22 0,30 0,30 Metal (Não 6,80 --6,20 --Ferroso) Vidro Branco 0,17 0,18 Vidro Misto 0,10 0,11 0,10 0,14 PVC/ PEAD 0,85 0,60 0,70 0,50 PET misto 1,00 1,00 1,20 1,10 Plástico Filme --0,60 1,20 0,70 Cristal Plástico Filme 0,42 0,40 0,42 0,40 Misto Papel Branco 0,25 0,35 0,26 0,35 Jornal 0,15 0,18 0,12 0,15 Papelão 0,20 0,18 0,18 0,20 Tetra Pack 0,20 0,12 --0,12 OBS: Com base nos valores da Coleta Seletiva de São Francisco (Niterói) e da Cooperativa de Catadores da Usina do Cajú (município do Rio de Janeiro). Em relação ao custo de implantação e operação das tecnologias na região, pode-se dizer que não existem dados disponíveis de custos de operação de estações de transbordo, de unidades de triagem e compostagem e de aterros sanitários. O que se consegue são os preços cobrados por tonelada processada (que nos contratos entre municípios e empresas privadas são públicos). Contudo, estabelecer correlações entre preços é muito difícil, na medida em que eles dependem de vários fatores a começar pelas condições contratuais (prazos, terceirização, concessão, público, privado), custos regionais, etc. Embora se saiba que em unidades de processamento de resíduos sólidos, os custos (e os preços) sofrem forte influência da economia de escala, isto nem sempre é observado na prática. Na sequência estão apresentados os dados levantados nas visitas técnicas, embora em nenhuma delas tenham sido obtidos detalhes de suas planilhas de custos. 309 Investimentos Aterros Sanitários de Grande Porte (CTR- Rio e CTR –Nova Iguaçu) O investimento total (CAPEX) previsto, incluindo infraestrutura e equipamentos para uma projeção de 20 anos e recebimento de cerca de 10.000 toneladas por dia de resíduos, para a CTR-Rio foi de R$ 425.000.000,00, o que resultaria em um custo de investimento da ordem de R$ 7,00 por tonelada instalada. Na CTR – Nova Iguaçu, a estimativa de investimentos para os primeiros 9 anos de operação foi de R$ 60.000.000,00, com cerca de 3.000 t/dia de resíduos dispostos (incluindo resíduos industriais classe II), resultando em um custo de investimento estimado de R$ 6,00 por tonelada instalada. Nestes casos se observa que a economia de escala deveria impactar os investimentos da CTR – Rio, contudo, a tecnologia utilizada na mesma é mais sofisticada e por isso, deve mesmo ter custos maiores. Aterros Sanitários de Médio Porte (CTR- Dois Arcos) A CTR - Dois Arcos informou investimentos da ordem de R$ 4.000.000,00 para recebimento de cerca de 350 t/dia de resíduos. Assumindo-se que estes se referem aos 4 anos de operação da CTR, o custo de investimento estimado por tonelada é de R$ 8,00. Galpões de Triagem de Resíduos da Coleta Seletiva Segundo a COMLURB, o custo médio de cada galpão de triagem em construção no município do Rio de Janeiro, incluindo os equipamentos é da ordem de R$ 1.500.000,00. Cada galpão deverá processar cerca de 20 a 30 toneladas por dia de resíduos da coleta seletiva e oferecer cerca de 250 postos de trabalho. Para se reproduzir a situação atual da coleta seletiva de São Francisco, Niterói, incluindo os equipamentos de coleta e a área de triagem, estima-se investimentos de R$ 268.000,00, para processar 1 tonelada por dia com 5 postos de trabalho, podendo chegar a 5 toneladas com o mesmo equipamento. 310 Estações de Transbordo A construção de 4 unidades de transbordo, no município do Rio de Janeiro, demandará investimentos de R$ 38.700.000,00, para uma capacidade de processamento de 5.100 t/dia, com um valor médio de R$ 7.600,00 por tonelada instalada. Preço de Disposição Há uma variação dos preços cobrados para disposição dos resíduos em aterro sanitários. Por exemplo: A CTR – Rio no contrato de concessão com a COMLURB recebe R$ 38,17 por tonelada recebida. Porém este valor inclui, além da disposição no aterro, a operação das unidades de transbordo (e também todos os investimentos no aterro e nas estações de transbordo). Não há como discriminar os preços. Para outros usuários, o preço médio de disposição no aterro é de R$ 56,20 por tonelada. Na CTR – Nova Iguaçu o preço médio cobrado para disposição de resíduos domiciliares é de R$ 30,00 por tonelada. Na CTR - Dois Arcos, o preço cobrado para disposição dos resíduos é de R$ 60,00 por tonelada. 4.4.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Segundo a lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos, os municípios terão que implementar sistemas adequados de gestão dos seus resíduos sólidos, com a destinação em aterros sanitários e implantação ou ampliação da coleta seletiva. Por outro lado precisam também estabelecer suas fontes de recursos em base de taxas específicas. Este é um dos entraves mais importantes na gestão de resíduos sólidos no país. Quando há cobrança, via de regra, é feita através do IPTU sem levar em consideração a quantidade de resíduos gerada nos domicílios e o que se arrecada não cobre os custos de sistemas compatíveis com o estado da arte (SNSA, 2011). No Rio de Janeiro, enquanto os municípios não trabalham em seus sistemas de cobrança, o estado tem desenvolvido programas que aportam recursos para a 311 gestão de resíduos sólidos. Pode-se destacar o Programa Compra de Lixo Tratado, em que os municípios que não dispõem de aterro sanitário, recebem R$ 20,00 por tonelada para dispor seus resíduos em aterros de outras localidades; a participação do estado nos consórcios com a realização de investimentos para sua implantação e para garantir as receitas necessárias para a operação dos aterros sanitários; e o ICMS Ecológico onde a disposição dos resíduos em aterros e a coleta seletiva são itens contemplados. A existência ou não de taxa para gestão (taxa de lixo) de resíduos não é divulgada pela maior parte dos municípios. Entre os que informam a cobrança de taxa de lixo está o Rio de Janeiro. Apesar do valor não ser discriminado no carnê de cobrança do IPTU, ela é calculada em função da localização e da utilização do imóvel (Rio de Janeiro, 1998). Outros municípios como Campos, Niterói, Macaé, etc. cobram taxa de lixo (de limpeza, de coleta), tendo como base de cálculo a área, a testada ou a utilização dos imóveis, ou até mesmo um valor fixo. Não há cobrança associada aos resíduos gerados, o que faz com que a população não se preocupe em reduzir os resíduos colocados à disposição para a coleta domiciliar, como ocorre na maioria dos países desenvolvidos. Esta situação reduz também o interesse na participação da coleta seletiva, que poderia diminuir os resíduos para a coleta convencional (reduzindo o valor pago na taxa). 4.4.1.7 Arranjos institucionais De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico atuavam no estado do Rio de Janeiro, 110 entidades prestadoras de serviços de manejo de resíduos sólidos, sendo 78 municipais e 32 privadas (IBGE, 2010). Neste sentido, percebe-se um significativo crescimento da atuação de empresas privadas. Essa atuação, que era prioritariamente relativa à prestação de serviços de coleta de resíduos, vem crescendo cada vez mais na destinação final de resíduos sólidos. Dos 19 aterros sanitários existentes no estado, 18 são operados por empresa privada (através de concessão, terceirização ou por iniciativa própria). Apenas o de Piraí é 312 operado pela prefeitura. Esta situação é reforçada pela ABRELPE (2011) que informa que, dos quase R$ 12 bilhões movimentados no Sudeste na gestão de resíduos sólidos urbanos, cerca de 70% referem-se às atividades de empresas privadas. O maior controle, aliado às políticas de gestão, aumentaram o interesse da iniciativa privada, que percebe a oportunidade de consolidar sua participação no gerenciamento dos resíduos sólidos como protagonista e, de certo modo, estabelecer condições para o controle dos negócios do setor no Estado. Além de operarem em terceirizações e concessões há iniciativas de aterros privados (três recentes com licença de operação) disputando o mercado. Neste cenário, se a participação da empresa privada é bem vinda por agregar agilidade ao processo de operação e inovação tecnológica é fundamental, para o sucesso da gestão dos resíduos no estado no longo prazo, que se implemente um sistema de regulação eficiente por parte do poder público, de tal modo que não só o interesse dos empreendedores seja contemplado, mas também o dos usuários. 4.4.2 Estado do Espírito Santo Menor estado da região Sudeste, o Espírito Santo possui população urbana de 2.928.993 habitantes (Figura 119), distribuída entre 78 municípios (IBGE, 2011a). O estado é composto predominantemente por cidades com menos de cem mil habitantes (IBGE, 2012). 313 Figura 119: Mapa do Estado do Espírito Santo, no Brasil. Fonte: IBGE (2012) Segundo produtor do país de petróleo e gás, o PIB do estado do Espírito Santo no ano de 2009 foi de R$ 66.763.012.000,00. Encontra-se em décimo lugar entre os estados do país com IDH de 0,821 (BCB, 2009). 4.4.2.1 Informações sociogeográficas O Espírito Santo possui um território de 46.184,1 km² e grande parte de sua população está concentrada nas áreas urbanas (83,4%), particularmente na Região Metropolitana da Grande Vitória que apresenta uma taxa de urbanização elevada e concentra 57% da população urbana do estado (ES, 2008). O relevo do Estado se identifica com dois principais domínios morfológicos: a Baixada Espirito-Santense e a Serra Capixaba. A primeira, que ocupa cerca de 40% do território do estado, constitui uma extensa planície litorânea, enquanto no interior predomina a região de serra. O abastecimento de água e a existência de energia elétrica estão praticamente universalizados nos domicílios particulares ocupados no estado 314 (99,04% e 99,77%), enquanto a coleta de resíduos domiciliares atinge 88,2% dos domicílios (IBGE, 2010; ABRELPE, 2011). 4.4.2.2 Geração e composição dos resíduos Os dados mais atuais disponíveis sobre geração de resíduos sólidos no Brasil indicam uma quantidade de 2.655 toneladas de resíduos coletados por dia (91% do total gerado) no Espírito Santo, com uma geração per capita de 323 kg/ano (ABRELPE, 2011). Dados do projeto Espírito Santo sem Lixão indicam uma geração no estado da ordem de 2.900 t/dia de resíduos sólidos urbanos (IEMA, 2011). Como não existem resultados consolidados relativos à composição gravimétrica dos resíduos domiciliares do Espírito Santo, optou-se por utilizar a composição do município de Cariacica que de certo modo representa a Região Metropolitana, conforme apresentado na Tabela 66. Tabela 66: Composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos gerados no município de Cariacica (Espírito Santo). Material Percentual em peso Matéria orgânica 59,23 Plásticos 17,41 Papel e papelão 8,97 Vidro 1,55 Metais ferrosos 1,19 Metais não ferrosos 0,05 Madeira 1,59 Panos, couros, borracha 4,24 Inertes 1,82 Outros 3,95 Fonte: IBAM (2009) – Diagnóstico de Cariacica 4.4.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado No Espírito Santo, a situação da coleta domiciliar reproduz, de forma geral, aquilo que é encontrado nos estados do Sudeste. A coleta tem abrangência próxima a 90% no atendimento aos domicílios, predominando a frequência de três vezes por semana, sendo que nos principais centros comerciais e turísticos dos municípios, 315 muitas vezes a coleta é realizada com frequência de 6 vezes por semana. Destacase a capital Vitória, onde toda a coleta é realizada 6 vezes por semana. Na coleta utiliza-se caminhões compactadores (em geral de 6 toneladas de capacidade) e guarnições de 3 ou 4 trabalhadores. Não há normatização para o acondicionamento. Em áreas de melhor padrão urbano e em regiões centrais há uma tendência de uso de contenedores plásticos de 120 e 240 litros. A situação da coleta seletiva no estado apresenta ainda situação incipiente, embora existam propostas de ampliação da mesma dentro do programa de governo. Não existem informações confiáveis sobre a real situação da coleta seletiva. Segundo a PNSB 2008 (IBGE, 2010) foi constatada a presença de catadores em 64% dos municípios capixabas, a maioria deles atuando nas ruas e lixões. Estima-se que sejam mais de 1.200 catadores, dos quais cerca de 30% estariam congregados em associações e cooperativas mantendo algum tipo de conexão com o poder público. Em 2008, apenas 6 municípios possuíam coleta seletiva formal. Na capital, a coleta de materiais recicláveis é baseada em Postos de Entrega Voluntária (PEV’s), e de acordo com os dados da prefeitura, são coletados 110 t/mês de material, o que representa pouco mais de 1% dos resíduos domiciliares. A triagem do material é feita por cerca de 40 catadores. Em diversos municípios de maior porte, particularmente na Região Metropolitana da Grande Vitória são utilizadas estações de transbordo. Pode-se citar: Cariacica, Vitória, Serra, Domingos Martins, Marechal Floriano, entre outros. Com a proposta de implantação de 4 aterros sanitários compartilhados nas regiões Norte (14 municípios), Doce Oeste (16 municípios), Litoral Sul (15 municípios) e Sul Serrana (16 municípios), dentro do Programa Espírito Santo sem Lixão, a utilização dessa tecnologia tende a se ampliar com a construção de 7 novas estações de transbordo. No Estado existem as unidades tradicionais pós-coleta, contando com cerca de 18 Usinas de Triagem e Compostagem, na maior parte desativadas ou operando de forma inadequada e sem licença ambiental (Saraiva e Silva, 2008). A dificuldade com as UTCs está relacionada aos custos operacionais e de manutenção e a má qualidade dos produtos gerados, o que reduz seus valores de mercado. Esta 316 tecnologia deve ser definitivamente abandonada em poucos anos. Por outro lado, em relação as unidades de triagem de coleta seletiva, existe um movimento no Estado no sentido de ampliar programas de coleta seletiva alinhando a gestão dos resíduos sólidos urbanos à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Contudo, ela é ainda muito incipiente o que traz como consequência um número reduzido de unidades de triagem do material reciclável. Estas unidades deverão crescer à medida que a coleta seletiva se ampliar. Há uma tendência em operá-las com cooperativas de ex-catadores de resíduos. A eficácia das cooperativas ainda não pode ser bem avaliada, inclusive por falta de dados. Com a desativação das UTCs, a compostagem vem perdendo espaço. Muito pouco se tem feito para se desenvolve-la com material pré-selecionado, mesmo que restrito a grandes geradores. Também a compostagem domiciliar não é incentivada, apesar de ser de grande interesse para pequenos municípios, onde a maioria das casas dispõe de quintal. Não há registro do uso da tecnologia de digestão anaeróbia para o tratamento dos resíduos sólidos domésticos no estado do Espírito Santo. Também não existem unidades de incineração de resíduos sólidos urbanos no estado. Na CTR Marca Ambiental existe, em fase final de instalação, uma unidade de incineração para alguns resíduos específicos, particularmente madeira. Em relação aos aterros santários, o Estado dispõe 63,8% dos resíduos coletados nessas unidades de tratamento e o restante em aterros controlados e lixões (ABRELPE, 2011). Contudo, a maioria dos municípios tem situação bastante precária de destinação final dos resíduos. Existem no Estado, de acordo com o Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), cerca de 100 lixões. O percentual elevado de disposição dos resíduos em aterros sanitários é devido à existência de 3 grandes aterros privados que atendem a 26 municípios, incluindo os da região metropolitana da Grande Vitória, cujos 7 municípios respondem por 57% da população urbana do estado e por mais de 50% da geração dos resíduos sólidos urbanos. 317 4.4.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado Com base na experiência dos consultores e indicações de profissionais que atuam no estado, foi selecionada uma tecnologia que representa prática parcialmente consolidada e utilizada no Espírito Santo. Na realidade existem três Centrais de Tratamento de Resíduos consolidadas no estado. A CTR Marca Ambiental, que foi alvo de visita da equipe do projeto, representa apenas uma amostra das existentes, havendo outras com mesma qualidade e que poderiam perfeitamente ter sido selecionadas para a visita. Em relação a outras formas de tratamento e modelos de gestão vale registrar a iniciativa no Estado de se instalar um Parque Tecnológico de Tratamento de Resíduos. A rota tecnológica presente no estado e que se impõe como tendência é a coleta convencional/transbordo (quando necessário)/aterro sanitário (Figura 120). O que pode ser entendido como uma segunda rota tecnológica, ainda pouca significativa, é quando se dá a introdução da coleta seletiva e de unidades de triagem (Figura 121). 318 ESPÍRITO SANTO 2.928.993 habitantes RSU coletados ( 2.655 t/dia) COLETA INDIFERENCIADA COLETA PORTA-A-PORTA TRANSBORDO Coleta Tratamento ATERRO SANITÁRIO (3 aterros) TRATAMENTO DE LIXIVIADO TRATAMENTO DE GÁS Destinação Final Figura 120: Rota tecnológica predominante no Estado do Espírito Santo. ESPÍRITO SANTO 2.928.993 habitantes RSU coletados ( 2.655 t/dia) COLETA INDIFERENCIADA COLETA DIFERENCIADA COLETA PORTA-A-PORTA E PEV's COLETA PORTA-A-PORTA Coleta TRANSBORDO CENTRAIS DE TRIAGEM DE RESÍDUOS (8 unidades) REJEITO Tratamento ATERRO SANITÁRIO (3 aterros) TRATAMENTO DE LIXIVIADO TRATAMENTO DE GÁS Destinação Final Figura 121: Segunda rota tecnológica no Estado do Espírito Santo. 319 MATERIAL RECICLÁVEL VENDA 4.4.2.5 Dados econômicos do tratamento Em relação aos preços de materiais de recicláveis, na Tabela 67, estão apresentados os preços de venda de materiais recicláveis da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Nova Rosa da Penha II – ACAMARP. Tabela 67: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região em R$/kg. Material JANEIRO 2011 JANEIRO 2012 Alumínio em Latinhas R$ 3,00 R$ 2,40 Alumínio Panela R$ 2,30 R$ 2,30 Metal Ferroso R$ 15,00 R$ 20,00 Metal (Não Ferroso) R$ 10,00 R$ 11,00 Vidro Misto R$ 0,05 R$ 0,08 PVC/ PEAD R$ 0,70 R$ 0,70 PET misto R$ 1,00 R$ 1,20 Plástico Filme Cristal R$ 0,90 R$ 0,90 Plástico Filme Misto R$ 0,50 R$ 0,50 Papel Branco R$ 0,20 R$ 0,17 Jornal R$ 0,18 R$ 0,11 Papelão R$ 0,23 R$ 0,16 Tetra Pack R$ 0,25 R$ 0,15 Obs: Dados da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Nova Rosa da Penha II – ACAMARP. Os custos de implantação e operação das tecnologias na região não estão disponíveis, em especial para estações de transbordo, de unidades de triagem e compostagem e de aterros sanitários. O que é disponibilizado são preços cobrados por tonelada processada (que nos contratos entre municípios e empresas privadas são públicos). Contudo, estabelecer correlações entre preços é muito difícil, na medida em que eles dependem de vários fatores a começar pelas condições contratuais (prazos, terceirização, concessão, público, privado), custos regionais, etc. Os dados apresentados a seguir são relativos à CTR Marca Ambiental, fornecidos pela mesma na planilha de valores, embora não sejam fornecidos detalhes de custos de investimento e operacionais. Investimentos Aterros Sanitários de Grande Porte (CTR- Marca Ambiental) Não foram disponibilizados os valores de investimentos. 320 Preço de Disposição Na CTR – Marca Ambiental o preço médio cobrado para disposição de resíduos domiciliares é de R$ 90,00 por tonelada. 4.4.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos A situação encontrada na maioria dos municípios no Espírito Santo repete a encontrada nos demais estados do Sudeste, quando a população desconhece a existência de cobranças específicas para os serviços de limpeza urbana, uma vez que as taxas, quando são cobradas, estão embutidas no valor total do IPTU. Via de regra os valores das taxas não cobrem os custos dos sistemas de limpeza urbana (SNSA, 2011). Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (SNSA, 2011), dos 27 municípios do estado do Espírito Santo, participantes do diagnóstico, 18 cobram taxa de lixo dos quais, apenas 2 fazem a cobrança dissociada do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU. Em Vitória, a taxa de coleta de resíduos sólidos é calculada com base na localização, tipo de ocupação e porte do imóvel, aparecendo de forma explicita no carnê de cobrança do IPTU, o que não é usual no país. 4.4.2.7 Arranjos institucionais Com a predominância de municípios de pequeno porte, o manejo de resíduos é realizado diretamente pelas prefeituras em 54 dos 78 municípios do estado, ao mesmo tempo cerca de 25 empresas privadas atuam no setor, atendendo prioritariamente os municípios de médio e grande porte (IBGE, 2010). A participação das empresas privadas nas atividades de gestão de resíduos sólidos no estado é crescente. As três CTR´s que atendem a Região Metropolitana da Grande Vitória são privadas. Além disso, a coleta domiciliar na maioria dos municípios é realizada por empresas privadas através de concessão ou terceirização. 321 O projeto “Espírito Santo sem Lixão” deverá viabilizar a estruturação básica dos sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos no estado, o que possibilitará a implementação de outros programas, como por exemplo, o incremento da coleta seletiva. Os aterros e estações de transbordo a serem implantados no estado dentro do Programa Espírito Santo sem Lixão deverão ser operados por empresas contratadas pelos consórcios a serem instituídos. Dentro deste modelo, da empresa privada cada vez mais assumindo o papel de protagonista na operação dos sistemas de gestão de resíduos sólidos, é fundamental, para o sucesso da gestão dos resíduos no estado no longo prazo, que se implemente um sistema de regulação eficiente por parte do poder público, de tal modo que não só o interesse dos empreendedores seja contemplado, mas também o dos usuários. 4.4.3 Estado de São Paulo O estado de São Paulo responde juntamente com Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, por mais de 50% do PIB brasileiro. Possui o maior PIB do país (R$ 1.084.353.490.000,00), representando 33% do total (IBGE, 2012b). O estado possui o terceiro maior IDH no país, com nota 0,857 em 2007 (BCB, 2009). 4.4.3.1 Informações sociogeográficas O estado de São Paulo possui 645 municípios e é o mais populoso do Brasil, com aproximadamente 41.262.199 habitantes (Figura 122), 21% da população brasileira (IBGE, 2011a). A capital do estado, São Paulo, possui aproximadamente 11.253.500 habitantes (IBGE, 2012a). O relevo do estado se caracteriza por cinco unidades morfológicas: planalto cristalino, onde se destacam algumas cristas rochosas, com destaque para a Serra da Mantiqueira; a depressão interior a oeste do estado, onde se localizam os vales dos rios Médio – Tietê, do Paranapanema e do Mogi-Guaçu; o planalto ocidental, que ocupa cerca de metade do território do estado; a planície litorânea, estreita faixa 322 de cerca de 40 km de largura entre o mar e a Serra do Mar; e a Serra do Mar que forma o rebordo do planalto cristalino. Figura 122: Mapa do Estado de São Paulo, no Brasil. Fonte: IBGE (2012) 4.4.3.2 Geração e composição dos resíduos O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2011, publicado pela ABRELPE (2011), apresenta o valor de 55.214 toneladas de resíduos sólidos urbanos coletadas por dia no estado de São Paulo, e uma geração per capita de aproximadamente 499 kg/ano. Ainda segundo a ABRELPE (2011),apenas 8,6% dos resíduos coletados no estado são encaminhados para destino final em lixões. Quanto à composição gravimétrica, esta não é realizada na maioria dos municípios do Estado. De um modo geral, as informações disponíveis são isoladas e frequentemente associadas a trabalhos acadêmicos. A Tabela 68 apresenta a composição gravimétrica do município de São Paulo. Embora o dado desse município não reflita a composição exata dos resíduos coletados no estado, é 323 representativo, já que 28% da população urbana do estado de São Paulo nele se encontra. Tabela 68: Composição gravimétrica dos resíduos do município de São Paulo (% em Peso) Material 2006 2007 2008 2009 Matéria Orgânica 55,5 57,0 61,3 63,6 Papel, papelão 14,7 13,4 10,7 9,8 Embalagem 1,1 1,2 1,1 1,0 longa vida Embalagem PET 0,4 0,5 0,6 0,6 Isopor 0,2 0,3 0,2 0,3 Plástico mole 6,4 10,3 5,0 6,5 Plástico duro 8,2 5,0 6,8 6,7 Metais ferrosos 1,0 1,1 1,5 1,4 Pilhas e baterias 0,1 0,1 0,0 0,0 Vidros 1,1 1,4 1,6 1,6 Terra e pedra 3,7 2,1 1,8 1,8 Madeira 0,5 0,5 1,5 1,0 Trapos, panos 2,5 2,7 3,4 2,4 Diversos 1,2 2,2 2,3 1,7 Alumínio 0,4 0,4 0,3 0,4 Borracha 0,3 0,1 0,1 0,0 Perdas no 2,7 2,0 1,7 1,2 processo Fonte: LIMPURB (2012). 4.4.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado A forma predominante de coleta de resíduos no estado de São Paulo é a que utiliza caminhões compactadores. Ela é realizada na maioria das cidades (como na capital) três vezes por semana. Em áreas comerciais e de turismo a coleta é feita seis vezes na semana. Apesar de se buscar incentivar em muitas cidades o uso de contêineres, não há normatização para o acondicionamento. A população costuma usar sacolas e sacos plásticos para este fim. A coleta seletiva é pouco significativa no Estado como um todo, mas em muitos municípios estão sendo implantados sistemas de coleta seletiva porta a porta, ou através de Postos de Entrega Voluntária (PEVs). Na capital, o percentual de materiais recicláveis recolhidos é de cerca de 1% dos resíduos domiciliares coletados. Em 2008 a coleta seletiva de resíduos sólidos no Estado era realizada 324 com abrangência de toda a rede municipal em 95 municípios, que corresponde a 15% dos municípios do estado (IBGE, 2010). Em 2010, no estado, havia 143 municípios que realizavam coleta seletiva, o que representa 22% do total do estado (CEMPRE, 2011). Ainda de acordo com dados do CEMPRE (2011), os municípios de Santo André, Santos e São Bernardo do Campo são aqueles que possuem 100% da população atendida pela coleta seletiva. A utilização de estações de transbordo é bastante significativa no estado e crescente, com a tendência de implantação de aterros sanitários compartilhados, tanto na região metropolitana como no interior. Na capital, cerca de 80% dos resíduos dispostos em aterros são transferidos em quatro estações de transbordo. Apesar de disseminada no estado, nas últimas décadas, as unidades de triagem pós-coleta vem sendo abandonada. Isto devido, principalmente, à baixa qualidade do composto produzido e dos materiais recicláveis recuperados. Atualmente apenas 13 estão operando (CETESB, 2011). As unidades de triagem de coleta seletiva crescem à medida que os programas de coleta seletiva se ampliam. Apesar de numerosas, operam um percentual pouco significativo dos resíduos gerados no estado. Há uma tendência em operá-las com cooperativas de excatadores de lixo. A eficácia das cooperativas ainda não pode ser bem avaliada, inclusive por falta de dados. Constata-se, inclusive nas visitas realizadas, a dificuldade de se manter nessas cooperativas os ex-catadores, já que muitos não se adaptam a um trabalho mais formal. Segundo o CEMPRE (2011), existem 226 cooperativas de catadores e 514 empresas recicladoras no estado de São Paulo. No município de São Paulo existem 18 centros de triagem construídos pela Prefeitura e operados por cerca de 900 trabalhadores cooperativados. Em relação à compostagem da matéria orgânica préselecionada existem poucas informações sobre sua utilização no Estado. A cidade de Penápolis é um dos exemplos que produz composto a partir de resíduos de podas. No Estado, a compostagem é desenvolvida principalmente através das Usinas de Triagem e Compostagem (pós-coleta). A CETESB avalia a compostagem realizada nestas unidades através do Índice de Qualidade de Usinas de 325 Compostagem – IQC. Em 2010, o IQC médio do estado foi 7,2, referente às 13 usinas de compostagem em operação. Destas, três unidades foram consideradas adequadas, oito controladas e duas inadequadas. Vale ressaltar ainda que o número total de unidades de compostagem no estado de São Paulo foi reduzido de 21, em 1997, para 13, em 2010 (CETESB, 2011). Não há registro de digestores anaeróbios para os resíduos sólidos domésticos no estado de São Paulo. Em relação à incineração, embora os locais de disposição de RSU possam futuramente não ser mais suficientes para atender alguns municípios do estado, principalmente a região metropolitana, não há um único incinerador de resíduos sólidos urbanos em processo de licenciamento. Há notícia apenas sobre a emissão de termos de referência para elaboração de Estudos de Impactos Ambientais. A destinação final dos resíduos sólidos urbanos no estado de São Paulo em aterros sanitários é de 76,5% dos resíduos coletados (ABRELPE, 2011). A melhoria das condições ambientais dos locais de disposição que ocorreu nos últimos anos se deve ao conjunto de ações exercidas pela SMA e CETESB, assim como ao apoio e à orientação técnica prestada aos municípios. Recebe destaque também a adoção de políticas públicas com o aporte de recursos no âmbito dos programas de financiamento do estado: Programa de Aterros em Valas, Fundo Estadual de Controle da Poluição (FECOP) e Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO). (CETESB, 2011) Em relação ao uso de outras tecnologias, está em fase experimental de operação uma unidade de CDR – Combustível Derivado de Resíduos – no CTR de Paulínia, com capacidade instalada de processar 1.000 t/dia de resíduos sólidos domiciliares, construída com financiamento de R$ 45.000.000,00 do BNDES. O objetivo da unidade é produzir combustível para ser utilizado em processos industriais. Embora os dados desta experiência não tenham sido disponibilizados pela empresa, eles serão de grande relevância para se avaliar a tecnologia no contexto do país, já que na Europa, com o crescimento da incineração dos resíduos sólidos urbanos, esse sistema está perdendo espaço. 326 4.4.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado Inicialmente, com base na experiência dos consultores, de especialistas do setor e de técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, foram selecionadas tecnologias que representam práticas consolidadas e utilizadas no estado de São Paulo. Através delas foi possível estabelecer as rotas tecnológicas mais presentes no estado. A que se impõe como tendência é a coleta convencional / transbordo (quando necessário) / aterro sanitário (Figura 123). SÃO PAULO 39.874.768 habitantes RSU coletados (55.214 t/dia) COLETA INDIFERENCIADA COLETA PORTA-A-PORTA TRANSBORDO Coleta Tratamento ATERRO SANITÁRIO (271 aterros) TRATAMENTO DE LIXIVIADO TRATAMENTO DE GÁS Destinação Final Figura 123: Rota tecnológica predominante no Estado de São Paulo. O que pode ser entendido como uma segunda rota tecnológica (Figura 124), ainda pouca significativa, é quando se dá a introdução da coleta seletiva e de unidades de triagem. 327 SÃO PAULO 39.874.768 habitantes RSU coletados ( 55.214 t/dia) COLETA INDIFERENCIADA COLETA DIFERENCIADA COLETA PORTA-A-PORTA E PEV's COLETA PORTA-A-PORTA TRANSBORDO Coleta CENTRAIS DE TRIAGEM DE RESÍDUOS REJEITO Tratamento MATERIAL RECICLÁVEL VENDA ATERRO SANITÁRIO (271 aterros) TRATAMENTO DE LIXIVIADO TRATAMENTO DE GÁS Destinação Final Figura 124: Segunda rota tecnológica no Estado de São Paulo. 4.4.3.5 Dados econômicos do tratamento Em relação aos preços de materiais recicláveis em São Paulo é também muito difícil se estabelecer preços médios para os materiais recolhidos através da coleta seletiva. Assim sendo optou-se por se apresentar os valores da cooperativa Cidade Limpa de Santo André, onde a coleta seletiva abrange todo o município e está localizada na região metropolitana. Os dados estão apresentados na Tabela 69 Tabela 69: Valores médios pagos por materiais recicláveis na região em R$/kg. Material Jan/2011 Jan/2012 Alumínio em latinhas 2,40 2,20 Ferro 0,25 0,30 Vidro misto 0,10 0,11 PVC 0,30 0,30 PEAD 0,90 0,90 PET misto 0,90 1,40 PET (outros) 0,90 1,40 Plástico filme cristal 0,50 0,50 Plástico filme misto 0,50 0,50 Papelão 0,15 0,16 Papel 0,35 0,25 Tetra Pack 0,08 0,10 Fonte: Cooperativa Cidade Limpa (2012) 328 De uma forma geral, os custos de implantação e operação das tecnologias no Estado não estão disponíveis para estações de transbordo, de unidades de triagem e compostagem e de aterros sanitários. O que se consegue são os preços cobrados por tonelada processada (que nos contratos entre municípios e empresas privadas são públicos). Contudo, estabelecer correlações entre preços é muito difícil, na medida em que eles dependem de vários fatores, a começar pelas condições contratuais (prazos, terceirização, concessão, público, privado), custos regionais, etc. Na sequência estão apresentados os dados levantados nas visitas técnicas, mas sem os detalhes das planilhas de custos: Investimentos Aterros Sanitários de Grande Porte (CTR Caieiras) O investimento total (CAPEX), incluindo infraestrutura e equipamentos e recebimento de cerca de 40.000.000 toneladas de resíduos em 15 anos, para a CTR é da ordem de R$ 150.000.000,00. Assumindo-se que este valor se refere às instalações administrativas e equipamentos e área de disposição de resíduos para o primeiro ano, resultaria em um custo de investimento da ordem de R$ 3,80 por tonelada instalada. Este valor deve ser olhado com cautela, na medida em que a CTR também opera com resíduos industriais e não foi possível, a partir dos dados fornecidos, separar a parte referente aos resíduos domiciliares. Aterros em Vala Com os dados disponibilizados, é possível fazer uma estimativa superficial do investimento para aterros simplificados em valas (para pequenos municípios e que são reconhecidos pela CETESB). O aterro de Angatuba tem uma estimativa de investimentos de R$ 350.000,00 para uma área com vida útil de 16 anos e capacidade de receber 30.000 toneladas, e aquisição de retroescavadeira (para a operação do aterro em valas) no valor de R$ 170.000,00, resultando num valor de cerca de R$ 17,00 por tonelada instalada. Vale lembrar que não estão incluídos custos referentes a instalações físicas (escritório, vestiário, cerca da área, etc.) que são mais baixos. 329 Preço de Disposição Há uma variação dos preços cobrados para disposição dos resíduos em aterros sanitários. Na CTR Caieiras, o preço médio cobrado para disposição de resíduos domiciliares é de R$ 37,00 por tonelada. O único local onde se informou sobre a renda obtida através de créditos de carbono foi o CTR Caieiras. Para um custo de R$ 1.300.000,00 por ano para tratamento do gás do aterro, foi obtida uma receita bruta de R$ 4.700.000,00 de venda de créditos de carbono. Para o consórcio Cotralix com sede em Parapuã, não se dispõe de custos de investimentos. Para a operação que inclui a coleta domiciliar, a operação de UTC (pós coleta) e disposição dos rejeitos em vala, o custo estimado é da ordem de R$ 53,00 por tonelada. No aterro sanitário de Penápolis, para uma operação de 31 t/dia, o custo está estimado em R$ 21,00 por tonelada. 4.4.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos A exemplo do que é feito em vários estados americanos, o município de São Paulo procurou estabelecer, de forma pioneira no Brasil, uma forma de cobrança que levasse em conta a geração de resíduos. Esta indicação deveria ser feita pelos próprios moradores. A proposta, feita há alguns anos, previa também isenções de caráter social. Durou pouco mais de um ano, por razões eleitorais, o novo prefeito (à época) cancelou a taxa criada. De acordo com dados do Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – 2009, realizado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – SNSA para o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (SNSA, 2011), dos 327 municípios do estado de SãoPaulo participantes do diagnóstico, 177 cobram taxa de lixo, sendo que 163 destes o fazem junto com o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU. Nos municípios onde não há cobrança de nenhum tipo de taxa de lixo, os recursos para operação do sistema de gestão de resíduos são oriundos do 330 orçamento geral das prefeituras, o que limita a capacidade de investimentos no setor. A não sustentabilidade financeira dos sistemas de gestão de resíduos sólidos nos municípios do Estado fica evidente no diagnóstico realizado pelo SNIS, onde se mostra que os valores das despesas com serviços de limpeza urbana são maiores do que os valores arrecadados na maior parte dos municípios (SNSA, 2011). 4.4.3.7 Arranjos institucionais Em todo o estado de São Paulo percebe-se um significativo crescimento da atuação de empresas privadas. Essa atuação, que era prioritariamente relativa à prestação de serviços de coleta de resíduos (domiciliares, no caso de terceirizações, e de grandes geradores) vem aumentando cada vez mais no tratamento e destinação final de resíduos sólidos. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico atuavam, no estado de São Paulo, 1.002 entidades prestadoras de serviços de manejo de resíduos sólidos, sendo 592 municipais e 410 privadas (IBGE, 2010). Dos 645 municípios do estado de São Paulo, 27% (175 municípios) encaminham seus resíduos para aterros privados e 0,6% realizam a gestão por meio de consórcio. O maior controle, aliado às políticas de gestão, aumentaram o interesse da iniciativa privada, que percebe a oportunidade de consolidar sua participação no gerenciamento dos resíduos sólidos como protagonista e, de certo modo, estabelecer condições para o controle dos negócios do setor no estado. Neste cenário, se a participação da empresa privada é bem vinda por agregar agilidade ao processo de operação e inovação tecnológica, é fundamental, para o sucesso da gestão dos resíduos no estado no longo prazo, que se implemente um sistema de regulação eficiente por parte do poder público, de tal modo que não só o interesse dos empreendedores seja contemplado, mas também o dos usuários. 331 4.4.4 4.4.4.1 Estado de Minas Gerais Informações sócio-geográficas Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do Brasil (Figura 125) com 19.597.330 habitantes (IBGE, 2010). Sua população está distribuída em 853 municípios, que representam 51,2% dos existentes na região Sudeste e 15,5% dos existentes no Brasil. O estado de Minas Gerais apresentou uma taxa de urbanização crescente em 2010, aproximadamente 85,3% dos domicílios se encontravam em áreas urbanas e 14,7% em áreas rurais (IBGE, 2010). Figura 125: Mapa do Estado de Minas Gerais, no Brasil. Fonte: IBGE (2012) No estado de Minas Gerais a economia é diversificada, sendo que o setor de serviços é responsável por 59,98% do PIB, a indústria 32,01% e o setor agropecuário 8,01% (SEDE, 2009). O Produto Interno Bruto de Minas Gerais informado pelo IBGE no ano de 2009 foi de R$ 287.054.748.000,00 e possui o oitavo maior IDH do país, com nota 0,825 (BCB, 2009). 332 Possui regiões pouco desenvolvidas economicamente e com baixos índices sociais. Dentre suas 66 microrregiões, apenas nove são consideradas dinâmicas e 16 como de alta renda. As microrregiões com melhor desempenho estão concentradas no Triângulo Mineiro e no Sul do estado. Possui nove Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SUPRAMS (SEMAD, 2010). 4.4.4.2 Geração e composição dos resíduos Segundo dados da ABRELPE (2011), a geração de RSU no Estado é de 17.445 t/dia, com um per capita de 337 kg/ano. Outra fonte indica que a geração de resíduos sólidos em Minas Gerais chega a aproximadamente 12.000 t/dia (FERREIRA et al., 2010). A Região Metropolitana de Belo Horizonte é a maior responsável pela geração de RSU, em torno de 37% do total. Com uma produção estimada em 780 mil toneladas anuais apenas de compostáveis (FERREIRA et al., 2010). A Tabela 70 mostra a composição gravimétrica de municípios de pequeno porte com base em dados de Mariana e Bambuí. Tabela 70: Composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte no estado de Minas Gerais. Percentual em peso Material (intervalo de variação) Matéria orgânica 51,9 – 63,2 Plásticos 9,4 – 9,5 Papel e papelão 10,4 – 11,5 Vidro 1,9 – 2,21 Metais 1,9 – 3,4 Outros 11,2 – 23,1 Fonte:Bento et al. (2008); Mariana (2007). A Tabela 71 mostra os dados gerais resultantes de 100 amostras realizadas pela Superintendência Municipal de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. 333 Tabela 71: Composição gravimétrica estimada dos resíduos sólidos urbanos gerados em Belo Horizonte. Material Percentual em peso Matéria orgânica 49,6 Plásticos 10,9 Papel e papelão 9,5 Vidro 2,9 Metais ferrosos 1,8 Metais não ferrosos 0,5 Inertes 2,9 Rejeitos 16,8 Outros 5,1 Fonte: SMLU (2004) 4.4.4.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado A forma predominante de coleta é a que utiliza caminhões compactadores, porém, em municípios de pequeno porte utilizam-se caminhões basculantes. A frequência de coleta domiciliar predominante nos municípios mineiros é de três vezes por semana, nos municípios de pequeno porte, sendo que em municípios de médio e grande porte é de seis vezes por semana. Em diversos municípios, a frequência nos centros comerciais é de seis vezes por semana. Não há normatização para o acondicionamento dos resíduos, sendo frequente o uso de sacolas plásticas. A coleta seletiva está presente em apenas 18% dos municípios mineiros. Neles estão implantados sistemas de coleta seletiva porta a porta, ou Postos de Entrega Voluntária (PEVs).O apoio do estado à implantação de coleta seletiva nos municípios mineiros, com a inclusão social de catadores é uma das ações do Projeto Estratégico: Redução e Valorização de Resíduos, sendo executado pela FEAM – Fundação Estadual do Ambiente, SEMAD (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável). Minas Gerais dispõe de um Plano Estadual de Coleta Seletiva - PECS cujos objetivos são estabelecer critérios e estratégias para a definição do apoio da FEAM às administrações municipais na implantação e ampliação do programa de coleta seletiva (PECS, 2011). 334 A partir de 2012, anualmente a FEAM divulgará em seu sítio eletrônico, a listagem dos municípios selecionados para receberem o apoio técnico do estado para a implantação ou ampliação de coleta seletiva de resíduos sólidos. Para 2012, está previsto apoio a, no mínimo, 10 municípios12. As estações de transbordo são vitais para a gestão de resíduos. Em Belo Horizonte a estação de transbordo atende 60% de todo o volume coletado diariamente. Com a implantação de aterros sanitários compartilhados, principalmente na região metropolitana, a utilização dessas unidades tende a se ampliar. Segundo a FEAM, em 2011, aproximadamente 88 municípios (10%) adotavam a gestão compartilhada de resíduos, quer seja por meio de consórcios públicos para gestão de resíduos, quer seja através de contratos com empresas privadas, ou ainda, contratos de cooperação entre municípios. No entanto, muitos municípios não utilizam unidades de transbordo. Por outro lado, muitas das existentes são inadequadas, sem adoção de sistemas de controle ambiental, tais como impermeabilização de base, sistema de coleta e armazenamento de lixiviado, sistema de drenagem de águas pluviais, etc. As Usinas de Triagem e Compostagem (UTC) são empregadas no estado principalmente para os municípios de pequeno porte. Conforme dados disponíveis, Minas Gerais possuía, em 2011, 136 UTC, atendendo a aproximadamente 16% do total de municípios do estado e a cerca de 5% de toda a população urbana de MG (FEAM, 2011). Segundo técnicos da FEAM muitas dessas unidades manuseiam, também, resíduos provenientes da coleta seletiva municipal. Não existem dados consolidados referentes a essa situação. As UTC’s, devidamente regularizadas ambientalmente, fazem jus ao ICMS Ecológico. A coleta seletiva ainda é incipiente no Estado. Segundo a PNSB (2008), ela está presente em 155 dos municípios. Observa-se que apenas 12% representam o número de associações de catadores no estado de Minas Gerais e, em relação à região Sudeste representam 38% de associações de catadores. Já segundo o 12 Indicados no endereço: <http://www.feam.br/noticias/1/1043-programa-estadual-de-coleta-seletivapecs>. 335 CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem (2010) há coleta seletiva em 47 dos municípios mineiros. Em Belo Horizonte, ela está disponível para 80% da população. Os municípios que comprovam a implantação da coleta seletiva são pontuados positivamente (proporcionalmente ao percentual de materiais comercializados), no Fator de Qualidade que integra o ICMS Ecológico do estado. As experiências com compostagem a partir de matéria orgânica coletada de forma diferenciada são muito poucas no Estado. A principal é a de Belo Horizonte, onde há uma coleta seletiva da matéria orgânica nos grandes geradores (feiras, restaurantes, hortifrutis, etc.), que é depois processada em uma unidade da prefeitura para produção de cerca de oito toneladas/dia de composto. As unidades de compostagem são frequentemente implantadas junto às unidades de triagem e atingem 5,4% da população urbana do estado (FEAM, 2011). O composto produzido, geralmente é utilizado pela própria administração municipal na manutenção de canteiros e jardins. Essas unidades de compostagem são adotadas por municípios de pequeno porte e, se operadas juntamente com unidades de triagem (e disponham seus rejeitos em uma vala de rejeitos), fazem jus ao ICMS Ecológico. Não há registro de digestores anaeróbios para tratamento dos resíduos sólidos domésticos no estado de Minas Gerais. Ainda não existem dados oficiais sobre a implantação de tecnologias de incineração. No entanto, encontra-se em fase de consolidação, uma Parceria Pública Privada (PPP) para a gestão compartilhada dos serviços de transbordo, tratamento e destinação final de RSU de municípios integrantes da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Excluem-se do desenho dessa PPP os municípios de Belo Horizonte e Sabará. As empresas que concorrerem à concessão dos serviços serão pontuadas por adotar medidas de elevação dos índices de reutilização e reciclagem, por apresentarem propostas de aproveitamento energético, incluindo incineração de resíduos e captura de gás metano em aterros sanitários, e de inclusão socioprodutiva de catadores por meio de suas associações. 336 Em Minas Gerais, os aterros sanitários atendem ainda, aproximadamente, 46% da população urbana (FEAM, 2011). O melhor percentual de população urbana atendida por disposição final adequada é o Triângulo Mineiro, seguido pela Central, com 74% e 72%, respectivamente. Usando como base os quantitativos de resíduos coletados, segundo a ABRELPE (2011), 64,1% dos resíduos vão para aterro sanitário. A formação de consórcios públicos intermunicipais para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos – GIRSU é incentivada pelo governo mineiro como explicitado na Deliberação Normativa COPAM 118/08 e na Lei Estadual No 18.031 que define a Política Estadual de Gestão Integrada dos RSU. O consórcio é um instrumento para se viabilizar economicamente a gestão dos resíduos sólidos e possibilitar o planejamento para uma região. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (SEDRU) é o órgão estadual que fomenta o consorciamento público intermunicipal em Minas Gerais. Segundo dados da SEDRU (2011) existem 47 propostas de consorciamento, sendo cinco consideradas cons rcios em “operação” (aqueles que já operam aterro sanitário regional). 4.4.4.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado Os dados utilizados basearam-se na experiência dos consultores e em indicações da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) sobre os municípios que estavam realizando adequadamente o tratamento e a destinação final dos RSU no estado. Também foram levadas em conta vistorias e visitas técnicas realizadas no âmbito do Programa Minas Sem Lixões pela FEAM, e por instituições parceiras. Foram selecionadas tecnologias que representam práticas consolidadas e utilizadas no estado de Minas Gerais. Através desses dados foi possível estabelecer as rotas tecnológicas mais frequentes no estado, quais sejam, a coleta convencional/transbordo (quando necessário)/aterro sanitário (Figura 126); sendo significativa a inclusão de unidades de triagem e compostagem pós-coleta, principalmente para municípios de pequeno porte quando o destino final é um aterro sanitário. Uma segunda rota, ainda pouco 337 significativa, é quando se dá a introdução da coleta seletiva e de unidades de triagem (Figura 127). Esta rota exigirá ainda esforços e recursos até que se estabeleça de forma expressiva nos municípios mineiros, cumprindo assim, o que estabelece a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos. MINAS GERAIS 16.836.700 habitantes RSU coletados ( 17.445 t/dia) COLETA INDIFERENCIADA COLETA PORTA-A-PORTA TRANSBORDO Coleta MATERIAL RECICLÁVEL VENDA Tratamento UNIDADES DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS (136 unidades) REJEITO VALA DE REJEITOS (136 unidades) ATERRO SANITÁRIO (69 aterros) TRATAMENTO DE LIXIVIADO TRATAMENTO DE GÁS Destinação Final Figura 126: Rota tecnológica predominante no Estado de Minas Gerais. 338 MINAS GERAIS 16.836.700 habitantes RSU coletados ( 17.445 t/dia) COLETA INDIFERENCIADA COLETA DIFERENCIADA COLETA PORTA-A-PORTA E PEV's COLETA PORTA-A-PORTA TRANSBORDO Coleta MATERIAL RECICLÁVEL VENDA Tratamento UNIDADES DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS (136 unidades) CENTRAIS DE TRIAGEM DE RESÍDUOS REJEITO MATERIAL RECICLÁVEL REJEITO VENDA ATERRO SANITÁRIO (69 aterros) VALA DE REJEITOS (136 unidades) TRATAMENTO DE LIXIVIADO TRATAMENTO DE GÁS Destinação Final Figura 127: Segunda rota tecnológica no Estado de Minas Gerais. 4.4.4.5 Dados econômicos do tratamento Pela experiência dos técnicos da área de resíduos, e mesmo da tentativa do CEMPRE em disponibilizar, bimestralmente, informações sobre o mercado de materiais recicláveis é muito difícil se estabelecer preços médios nos estados. A Tabela 72 apresenta os preços de referência para produtos prensados e limpos praticados na cidade de Itabira (MG). Tabela 72: Valores médios pagos por materiais recicláveis em R$/kg. Material Jan/2012 Alumínio latinhas 3,10 Ferro 0,37 Vidro misto 0,25 Plástico rígido misto 1,13 PET 1,75 Plástico filme misto 1,20 Papelão 0,30 Papel branco 0,78 Tetra Pack 0,41 339 Os custos de implantação e operação das tecnologias no Estado são extremamente sensíveis às variáveis de quantidade, de distância ou mesmo da região. Os dados relacionados à implantação e operação das unidades de manejo e destinação final dos RSU e custos nem sempre são facilmente disponíveis. A maioria das instituições, sejam públicas ou privadas, não disponibilizam essas informações. A seguir estão apresentados dados levantados durante as visitas técnicas. Na medida do possível, procurou-se trabalhá-los para se ter uma medida de ordem de grandeza sobre investimentos por tonelada instalada e os dados de preços por tonelada processada. Investimentos Aterro de Médio Porte (Aterro Sanitário de Uberlândia) Foram feitos investimentos totais (CAPEX) de R$ 6.000.000,00 na implantação do aterro (projeto, infraestrutura equipamentos). Assumindo-se que este foi o investimento para as instalações físicas, equipamentos e para a célula de disposição do primeiro ano de operação (225.000 toneladas) temos um custo de R$ 26,67 por tonelada instalada. Aterros de Pequeno Porte (aterros de Formiga e Itajubá) No aterro de Formiga, também assumindo-se que os investimentos referem- se às instalações físicas, equipamentos e para a célula de disposição do primeiro ano de operação, o custo por tonelada instalada é de R$10,87, incluindo o custo do terreno. No caso do aterro de Itajubá, o custo por tonelada instalada é da ordem de R$ 11,46 sem se incluir o terreno. Estação de Transbordo A estação de transbordo de Belo Horizonte teve investimentos de R$ 6.000.000,00. 340 Preço (Custo) de Disposição (e Processamento) No aterro de Uberlândia o preço é de R$56,58 por tonelada disposta. No de Itajubá este valor é de R$54,40 por tonelada. No aterro de Formiga, o custo de disposição é de R$ 56,85 por tonelada. No aterro de Catas Altas (aterro em vala), o custo de operação é estimado em R$30,00 por tonelada processada. No caso da Estação de Transbordo de Belo Horizonte, o custo médio de processamento é de R$14,80 por tonelada. Na unidade de compostagem de Belo Horizonte, o custo médio é de R$237,21 por tonelada produzida. 4.4.4.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Os recursos para operação do sistema de gestão de resíduos nos municípios do Estado são do orçamento geral das prefeituras. A existência ou não de taxa de lixo não é divulgada pela maior parte dos municípios do Estado. Entre os municípios que informam a cobrança de taxa de lixo está Belo Horizonte, onde a taxa de coleta de resíduos sólidos – TCR é calculada pelo número de economias (unidades habitacionais) e pela freqüência de coleta e o seu valor vem explicitado no carnê do IPTU. Outros municípios do estado cobram taxa de lixo (de limpeza, de coleta), tendo como base de cálculo a área, a testada ou a utilização dos imóveis. Segundo dados do Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2009, realizado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – SNSA para o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (SNSA, 2011), dos 276 municípios do estado de Minas Gerais que participaram do diagnóstico, 153 cobram taxa de lixo, podendo-se inferir que quase metade dos municípios mineiros não cobram taxa. Dos que cobram, apenas 14 fazem a cobrança dissociada do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU. O SNIS mostra ainda que as taxas de lixo cobradas da população não sustentam financeiramente a gestão de resíduos sólidos nos municípios (SNSA, 2011). 341 Existem ainda repasses de recursos financeiros do estado para os municípios, realizados em função de avaliações feitas ao sistema de gestão de resíduos nos municípios. Esses repasses fazem parte do ICMS Ecológico. 4.4.4.7 Arranjos institucionais De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico atuam no Estado 1.191 entidades prestadoras de serviços de manejo de resíduos sólidos, sendo 882 municipais, 284 privadas e 25 associações (IBGE, 2010). Em todo o estado de Minas Gerais percebe-se um significativo crescimento da atuação de empresas privadas. Segundo dados da SEDRU (2011) existem em Minas Gerais 47 propostas de consorciamento, sendo cinco destas já consideradas cons rcios em “operação” e todos de natureza pública. Os consórcios já possuem em funcionamento empreendimento para destinação final de resíduos sólidos com aterro sanitário regional. No estado de Minas Gerais, aproximadamente 88 (10%) municípios adotavam a gestão compartilhada de resíduos, quer seja por meio de consórcios públicos para gestão de resíduos, quer seja através de contratos com empresas privadas, ou ainda, contratos de cooperação entre municípios (FEAM, 2011). Nota-se no estado uma mudança recente na situação da destinação final de resíduos sólidos, sobretudo por conta da atuação de empresas privadas nesse setor. A Parceria Público Privada (PPP) em construção, referida anteriormente, para a gestão compartilhada dos serviços de transbordo, tratamento e disposição final de RSU dos municípios integrantes da Região Metropolitana de Belo Horizonte, se dará por meio de exploração, mediante concessão administrativa, dos serviços de transbordo, tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos nos municípios convenentes da região metropolitana de Belo Horizonte e colar metropolitano. De início, os municípios passarão, parcialmente, a competência acerca da gestão dos RSU para o Governo do Estado, que, por sua vez, contratará a PPP. Nesta parceria, os municípios se comprometem a pagar 20% do aporte de recursos para a operação da PPP (80% cabem ao estado) e, também, a levar os resíduos até as estações de transbordo. 342 4.5 Região Sul 4.5.1 4.5.1.1 Estado do Paraná Informações sociogeográficas O estado do Paraná localiza-se na Região Sul do país, entre os estados de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, fronteira com Argentina e Paraguai e com o Oceano Atlântico (Figura 128). Possui uma área de 199.316 km² (IBGE), representando 2,34% do território brasileiro. Sua capital, Curitiba, está localizada nas coordenadas: Latitude 25° 25’40”Sul e Longitude 49° 16’23” Oeste (IBGE, 2012). Figura 128: Mapa do Estado do Paraná, no Brasil. Fonte: IBGE (2012) O estado do Paraná possui três tipos climáticos, de acordo com a classificação de Köppen, a seguir apresentados: Cfa: subtropical com chuvas bem distribuídas durante o ano e verões quentes, com temperatura média de 19 ºC e pluviosidade de 1.500 mm/ano, ocorre na porção ocidental do estado; 343 Cfb: subtropical com chuvas bem distribuídas durante o ano e verões amenos, temperatura média de 15 ºC e pluviosidade de 1.200 mm/ano. Ocorre na porção mais elevada do estado, e; Cwa: subtropical com verões quentes e invernos secos, que ocorre na porção noroeste do estado e possui temperatura média de 20ºC, com pluviosidade média de 1.300 mm/ano. O relevo do Estado é dividido em cinco unidades geomorfológicas: Litoral, Serra do Mar, Primeiro Planalto (ou de Curitiba), Segundo Planalto (ou de Ponta Grossa) e Terceiro Planalto (ou de Guarapuava). O estado do Paraná é coberto somente por um bioma, o da Mata Atlântica, o qual ocupa 13,04% do território nacional. É caracterizado pela presença de florestas e relevo diversificado. Apesar de ter o território todo coberto pelo bioma da Mata Atlântica, o Paraná possui somente 10,52% de cobertura vegetal remanescente (IPARDES, 2008) (Figura 129). Isso se deve ao intenso desmatamento ocorrido nas últimas décadas para abertura de novas áreas para agricultura e pecuária e pela ocupação urbana. Dentro do Estado encontram-se dez ecossistemas com características distintas: Restinga, Manguezais, Floresta Atlântica, Floresta com Araucária, Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado, Campos Naturais, Várzeas, Rios e Alagados, Ambientes Marinhos e Subterrâneos. O Paraná possui 16 bacias hidrográficas: Bacia Litorânea, Bacia do Ribeira, Bacia do Cinzas, Bacia do Iguaçu, Bacias do Paraná 1, 2 e 3, Bacia do Tibagi, Bacia do Ivaí, Bacia do Piquiri, Bacia do Pirapó, Bacia do Itararé, Bacias do Paranapanema 1, 2, 3 e 4. Mesmo regulamentados pela Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei nº 12.726), somente 6 possuem Comitê de Bacia implantado. O estado conta com 68 Unidades de Conservação Estaduais (1.205.632 ha), 10 Federais (1.636.081,18 ha) e 110 Municipais. 344 Figura 129: Cobertura Vegetal Remanescente 2005-2008 (Paraná). De acordo com o Censo Demográfico 2010 (IBGE, 2010), o Paraná apresentou uma população de 10.444.526 habitantes, sendo o sexto estado mais populoso do Brasil (5,5% da população total). A taxa de crescimento populacional do Estado entre 2000 e 2010, foi de 0,88% a.a., abaixo da média nacional de 1,25% a.a. Este índice chegou a alcançar 1,4% (1991 a 2000), mas seguiu a tendência nacional de redução (Figura 130). A grande maioria dos municípios do Paraná possui até 20 mil habitantes, enquanto somente quatro municípios têm população acima de 300 mil habitantes. Esse cenário cria regiões com alta concentração populacional, e áreas rurais com densidade muito baixa. Na Tabela 73 encontram-se as faixas populacionais por número de municípios. 345 Figura 130: Taxa de crescimento populacional (Paraná). Tabela 73: Faixas populacionais (Paraná). População Número de Municípios Acima de 300 mil habitantes 4 Entre 100 e 300 mil habitantes 11 Entre 50 e 100 mil habitantes 17 Entre 20 e 50 mil habitantes 50 Entre 5 e 20 mil habitantes 227 Até 5 mil habitantes 90 A densidade demográfica do estado do Paraná é de 52,40 hab/km², segunda maior do Brasil. O grau de urbanização do estado chegou a 78% na década de 1990, atingindo 85,3% em 2010 (IBGE, 2010). Atualmente, 8.912.692 paranaenses vivem em área urbana enquanto 1.531.834 vivem na área rural (IBGE, 2010). O estado é a quinta economia do país, pelo tamanho do seu Produto Interno Bruto (PIB), representando 5,9% do PIB nacional. Em 2008, o PIB do estado foi de R$ 179 bilhões, representando PIB per capita de aproximadamente R$ 17 mil (IBGE). O setor de serviços é o principal segmento da economia paranaense, com 45% de participação no PIB, seguido do setor industrial, com 40%, e agropecuária, com 15%. Este último, apesar de contribuir pouco com o PIB estadual, é a atividade mais importante. Segundo levantamento da CONAB, na safra 2010/2011, o Paraná teve uma colheita de 31,1 milhões de toneladas de grãos, sendo o maior produtor do 346 país. As principais culturas do estado são: soja, milho, feijão e trigo. A pecuária também se destaca, colocando o Paraná entre os principais suinocultores (terceiro maior do país) e produtores de bovinos (sexto maior do país). O setor industrial teve um grande crescimento nos últimos anos impulsionado com ênfase na indústria metalmecânica e de materiais eletroeletrônicos. 4.5.1.2 Geração e composição dos resíduos O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2011) levantou a situação atual da geração e caracterização de RSU. Segundo o documento, o Paraná gera aproximadamente 8.206 t/dia de resíduos, e destas, 7.450 são coletadas, obtendo o índice de coleta de 91%. A composição média dos resíduos domiciliares coletados no estado do Paraná, segundo questionário enviado pela SEMA – Secretaria de Meio Ambiente do Estado e respondido pelos municípios paranaenses em 2010, é de 56% de materiais orgânicos, 28% de recicláveis e 16% de rejeitos. Já uma média feita a partir dos dados dos municípios de Araucária, Paranavaí, Laranjeiras do Sul, São José dos Pinhais e Toledo (todos base 2011), resultou em matéria orgânica de 49,5%, 10,8% de papel e papelão, 12,6% de plásticos, 2,9% de vidros, 2,4% de metais e 21,8% de rejeitos. No entanto há grandes variações dentre os 399 municípios, de acordo com os padrões de consumo, renda média dos habitantes, entre outros fatores, que influenciam na tipologia de resíduo gerado. A capital Curitiba, por exemplo, possui composição média de 43% de resíduo orgânico, 23% reciclável e 34% de rejeitos. Já o município de Cianorte (69 mil habitantes), localizado na região Noroeste do estado, possui uma composição média de resíduos de: 62,66% orgânicos, 22,37% recicláveis e 14,97% rejeitos (conforme estudo realizado em 2011). Em Cascavel, município do Oeste paranaense, a composição média é de 58,6% de orgânicos, 29,6% de recicláveis e 11,8% de rejeitos. 347 4.5.1.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado As tecnologias para tratamento de resíduos sólidos podem ser observadas nas diversas regiões do estado do Paraná. Unidades de triagem são encontradas em todas as regiões do Estado, enquanto as tecnologias mais recentes como coprocessamento e incineração concentram-se na Região Metropolitana de Curitiba. Num levantamento realizado pelo Instituto das Águas do Paraná, em 2011, foi possível observar os municípios que possuem aterro sanitário ou lixão como destino final dos resíduos (Figura 131). Figura 131: Aterros Sanitários Licenciados no Paraná. Pelo mapa da Figura 131, podemos observar que a região Centro-sul, Leste e Norte do Paraná são as que apresentam mais municípios que ainda possuem lixões como forma de destinação de resíduos, enquanto que outras regiões como a Região Metropolitana de Curitiba, Oeste e Noroeste possuem boa parte dos municípios destinando resíduos em aterros sanitários. O co-processamento de resíduos é feito nos municípios de São Mateus do Sul (no sudeste do estado) e Rio Branco do Sul e Balsa Nova, ambas na Região Metropolitana de Curitiba. 348 Na capital paranaense, encontra-se a única central de incineração de resíduos. As 18 unidades de compostagem distribuem-se nas diversas regiões do estado da seguinte maneira: Noroeste, Norte e Oeste – 4 unidades em cada região; Sudeste – 3 unidades; Sul, Centro e Região Metropolitana de Curitiba – 1 unidade em cada região. As tecnologias para coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos existentes no Paraná, seguem basicamente a concepção tradicional de gestão de resíduos, com coleta porta-a-porta nas regiões urbanizadas, transporte através de caminhões compactadores e destinação final para aterros sanitários, controlados ou lixões. Em alguns casos, há experiências de implantação de estações de transbordo (como em São José dos Pinhais), compostagem de resíduos orgânicos (Tibagi, Marialva, entre outros), co-processamento de resíduos industriais e pneus, e outras tecnologias, no entanto a grande maioria dos municípios segue modelos tradicionais. A implantação de novas tecnologias é incipiente no Estado, assim como em grande parte do país, por diversas questões como: dificuldades de licenciamento ambiental, falta de investimentos, falta de interesse dos governantes, entre outros. Em relação a logística de coleta, transbordo e transporte dos resíduos, no estado do Paraná são encontradas as seguintes formas: A coleta domiciliar regular é realizada em grande parte dos municípios no sistema “porta-a-porta”, em que o veículo coletor passa nas residências coletando os materiais dispostos geralmente em sacos plásticos. Para aprimorar esse sistema, em alguns municípios foi implantada a coleta tipo “bandeira” (Figura 132), na qual os resíduos de várias residências são amontoados em um local determinado e sinalizado, para que o veículo coletor estacione em menos pontos para recolher os materiais. 349 Figura 132: Coleta seletiva através de “bandeiras”, em Londrina (Paraná). Além desses, o sistema de coleta conteinerizada vem sendo implantado em alguns municípios. Para o transporte dos resíduos convencionais, são utilizados principalmente caminhões compactadores, que, devido ao sistema de compactação na carga traseira, tem maior capacidade para transporte de materiais. Os caminhões baú (ou gaveta), poliguindastes, trator agrícola com reboque, entre outros, também são utilizados, mas para municípios menores onde a quantidade de resíduos é pequena (Figura 133). Figura 133: Caminhão com carroceria compartimentada,em Cascavel (Paraná). 350 Antes de serem transportados ao destino final, em alguns municípios há estações de transbordo. Esses locais são preparados para receber os veículos compactadores, que transferem a carga para caminhões carretas com capacidade maior. Esse sistema representa economia de gastos com combustível e manutenção de veículos, para locais onde a distância entre a coleta e a destinação final é grande. Na coleta seletiva de materiais recicláveis, podem ser utilizados os sistemas de coleta já descritos para coleta convencional, porém há outras opções, como a instalação de PEVs (Pontos de Entrega Voluntária), Ecopontos, participação de carrinheiros, entre outros. As unidades de triagem são os locais onde os resíduos coletados de forma diferenciada (recicláveis) são encaminhados para separação de acordo com suas características. A operação dessas centrais pode ser feita diretamente por funcionários da prefeitura, empresas terceirizadas, ou com o envolvimento de catadores e carrinheiros, organizados ou não em associações ou cooperativas. A capacidade instalada de cada Unidade de Triagem varia de acordo com a quantidade de resíduos gerados no município, a abrangência da coleta seletiva, a quantidade de funcionários para realizar a triagem e os equipamentos disponíveis. Não há um levantamento realizado sobre a capacidade de triagem das unidades instaladas no estado do Paraná, porém foram levantados dados em quatro municípios, conforme Tabela 74. Grande parte dessas unidades são gerenciadas pela prefeitura em parceria com associações ou cooperativas de catadores. Em alguns casos, a administração é feita por empresas terceirizadas, como no município de São José dos Pinhais, que recentemente construiu uma Central de Triagem e repassou o gerenciamento para a empresa Transresíduos. 351 Tabela 74: Capacidade instalada de quatro centrais de triagem do estado do Paraná. Capacidade Unidade Instalada Fonte (T/ano) Usina de Valorização de Resíduos Instituto Pró-Cidadania 9.600 Sólidos (Campo Magro) de Curitiba Central de Triagem de Materiais Prefeitura Municipal de 5.400 Recicláveis (Tibagi) Tibagi Prefeitura Municipal de Central de Triagem (Londrina) 720 Londrina Centro de Processamento e Prefeitura Municipal de Transferência de Materiais Recicláveis 7.300 Cascavel (Cascavel) No estado do Paraná, apesar de 73% dos municípios declararem que possuem coleta seletiva de resíduos recicláveis, será necessário muito investimento financeiro, e participação ativa dos governos municipais e estadual para que haja uma maior inclusão e melhorias na renda e nas condições de trabalho para as pessoas envolvidas com essa atividade. As Figura 134 e Figura 135 mostram exemplos de unidades de triagem de Cascavel e de Campo Magro. Figura 134: Centro de Processamento e Transferência de Materiais Recicláveis, em Cascavel (Paraná). 352 Figura 135: Unidade de Valorização de Resíduos, em Campo Magro (Paraná). No que se refere à compostagem dos resíduos orgânicos provenientes de atividades que envolvem manipulação de alimentos (indústrias alimentícias, restaurantes, lanchonetes, etc.) e serviços relacionados à poda e varrição (resíduos vegetais). No caso do Paraná, das 18 unidades de compostagem, 17 recebem resíduos da coleta convencional, que são separados nas unidades de triagem. Já a empresa Tibagi Serviços Ambientais LTDA (que opera a Central de Compostagem Acelerada) recebe resíduos previamente segregados de grandes geradores (Figura 136). 353 Figura 136: Pátio de compostagem em Tibagi (Paraná). A composição média dos resíduos processados pela compostagem no Município de Tibagi é de aproximadamente 90% de resíduo orgânico (restos de comida) e 10% de resíduo vegetal (galhos, podas de árvores, serragem). Na compostagem acelerada, a composição representa 40% de material orgânico (restos de comida), 50% de resíduos de jardim, 5% de madeira e 3% de outros resíduos. No Paraná não há plantas instaladas para digestão anaeróbia de resíduos domiciliares. No entanto, há algumas experiências para tratamento de dejetos suínos, matadouros e frigoríficos. Nessas usinas, o gás metano gerado é utilizado para geração de energia para consumo das próprias instalações, e o composto resultante é aplicado como adubo. Atualmente, a tecnologia de incineração no Estado é utilizada somente em Resíduos de Serviços de Saúde, para inertização antes da disposição final. Encontra-se em processo de licenciamento ambiental a instalação de uma usina de incineração para resíduos domiciliares no município de Carambeí, adquirido pela prefeitura municipal. Em relação ao tratamento dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários, segundo informações do Instituto das Águas do Paraná, 203 dos 399 municípios paranaenses (51%) destinam seus resíduos em aterros sanitários no próprio 354 território, ou em cidades vizinhas. O restante ainda utiliza lixões, ou aterros controlados, para destinação final dos resíduos. Grande parte desses aterros é operada pelas Prefeituras Municipais. Porém, pela falta de pessoal técnico e falta de recursos para manutenção dos locais, muitas prefeituras optam por destinar os resíduos em aterros particulares privados. Os municípios que compõem o Consórcio Intermunicipal para Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Curitiba, enquanto aguardam decisões judiciais para definição da nova tecnologia para destinação final dos resíduos, estão destinando seus resíduos em dois aterros sanitários aprovados, localizados em Curitiba e Fazenda Rio Grande. O total de material enviado a esses locais soma aproximadamente 2,5 mil toneladas por dia. O aterro sanitário do Município de Cianorte (que recebe também resíduos dos municípios de Terra Boa e São Tomé) é operado pela Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR, empresa pública que opera sistemas de água e esgoto, e atualmente está ingressando na gestão de resíduos sólidos. Na Figura 137 e na Figura 138 encontram-se exemplos de aterro sanitário e disposição inadequada em dois municípios paranaenses. Figura 137: Disposição de resíduos em área de mineração em São Mateus do Sul (Paraná). 355 Figura 138: Lixão localizado em Ortigueira (Paraná). Em relação ao emprego de outras tecnologias, o coprocessamento é utilizado por duas cimenteiras (Itambé e Votorantim) para tratamento de resíduos industriais e pneus. Outro processo aplicado no Estado é o coprocessamento de pneus inservíveis picados nos fornos de processamento do xisto, na unidade da Petrobrás instalada em São Mateus do Sul. Como resultado final do processo, são produzidos óleo, gás, Carbon Black e aço, que são revendidos pela empresa. A quantidade de pneus processados na unidade é de 3 milhões/ano. 4.5.1.4 Rotas tecnológicas utilizadas no Estado As rotas tecnológicas levantadas para este estudo localizam-se nos municípios de Curitiba e Região Metropolitana, Londrina, Cascavel, Ortigueira, São Mateus do Sul e Tibagi. Na Figura 139 apresenta-se o fluxograma geral das rotas tecnológicas do estado do Paraná. 356 Figura 139: Fluxograma geral de rotas tecnológicas do estado do Paraná. 4.5.1.5 Dados econômicos do tratamento Durante as visitas técnicas realizadas para este estudo, houve grande dificuldade para obtenção de dados econômicos das tecnologias instaladas, por motivos de sigilo empresarial e muitas vezes por falta de documentos por parte das Prefeituras Municipais. O custo total de operação (incluindo despesas com pessoal, manutenção de equipamentos, etc.) estimado para o Centro de Processamento e Transferência de Materiais Recicláveis no município de Cascavel é de R$ 890.000,00 por ano, o que corresponde a R$ 890,00 por tonelada/ano. Custos de coleta no Paraná variam de R$ 60,00 a R$ 102 por tonelada. Já os custos da coleta seletiva apresentam valores bem mais elevados, como os R$ 336,00 por tonelada de Londrina ou os R$ 890,00 por tonelada praticados em Cascável. 357 Em São José dos Pinhais, região de Curitiba, há uma estação de transbordo de resíduos que tem custo de operação de R$ 45,00 por tonelada. Na Usina de Valorização de Resíduos Sólidos de Campo Magro, esse custo chega a R$ 5,4 milhões/ano, ou R$ 562,50 por tonelada/ano, o que sugere que quanto maior a quantidade de resíduo processada, menor o custo de operação do sistema. Para a construção de unidades de compostagem tradicionais, não é necessário grandes investimentos. A infraestrutura utilizada nesses processos consiste em um pátio impermeável, que pode ser coberto ou não. No município de Tibagi, por exemplo, para a construção do pátio para compostagem foram gastos R$ 6.500,00. O investimento torna-se alto quando o processo é feito através de tecnologias como a da Compostagem Acelerada, que necessita de diversos equipamentos para sua operação. As informações econômico-financeiras das empresas que possuem tecnologia de tratamento por incineração dos resíduos gerados no estado do Paraná não foram disponibilizadas por questões de sigilo empresarial. O valor cobrado pela empresa SERQUIP para incineração dos resíduos é de aproximadamente R$ 3,50 por kg, e a capacidade instalada para processamento é de 5,0 t/dia. Quanto ao mercado de materiais recicláveis, há muita variação de região para região, de acordo com o tipo da indústria instalada. Os valores médios pagos por materiais recicláveis no estado estão apresentados na Tabela 75. Tabela 75:Valores praticados pelo mercado de recicláveis (Paraná). PERÍODO Material UNIDADE (Jan/2012) Alumínio kg R$ 3,20 Ferro kg R$ 0,80 Vidro kg R$ 0,10 PEAD kg R$ 1,30 PET branco kg R$ 1,10 PET verde kg R$ 0,85 Cristal kg R$ 0,80 Sacolas kg R$ 0,50 Papelão kg R$ 0,30 Papel kg R$ 0,20 358 4.5.1.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos Segundo informações do Ministério das Cidades, em 2009 o custo médio das despesas com gerenciamento de resíduos foi de R$ 51,48 por hab/ano (descartando os valores para municípios com população superior a um milhão de habitantes). No estado do Paraná, grande parte dos municípios possui taxa ou tarifa de cobrança por serviços de resíduos vinculados ao Imposto Predial Territorial Urbano – IPTU. 63 municípios vinculam a chamada “Taxa de Coleta de Lixo” conta de água e esgoto, com o valor definido por cada prefeitura a ser paga mensalmente (segundo dados da SANEPAR). A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2008), apontou que 45 municípios cobram por serviços especiais ou eventuais, sendo que 33 possuem tarifa fixa e 12 tem outras formas de cobrança. 4.5.1.7 Arranjos institucionais A Lei Estadual 10.666, de 27 de julho de 1992 criou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMA, entidade coordenadora do Sistema Estadual de Gestão Ambiental e dos Recursos Hídricos do Estado do Paraná que tem por finalidade formular e executar as políticas de meio ambiente, de recursos hídricos e atmosféricos, biodiversidade e florestas, cartográfica, agrário-fundiária, controle da erosão e de saneamento ambiental e gestão de resíduos sólidos. Ainda coordena projetos do estado incluídos no Programa Nacional de Meio Ambiente e o Programa de Gerenciamento Costeiro. A Coordenadoria de Resíduos Sólidos (CRES) é responsável por estabelecer premissas para formulação de políticas, normas, programas, projetos e ações em consonância com os interesses da sociedade, da Política Nacional de Resíduos Sólidos e dos dispositivos da Lei de Crimes Ambientais. São autarquias do Sistema SEMA: o Instituto de Ambiental do Paraná (IAP), o Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG) e o Instituto das Águas do Paraná. A responsabilidade pelo gerenciamento de resíduos sólidos é definida pela Lei Federal 12.305/2010. O art. 10 incumbe ao Distrito Federal e aos Municípios a gestão integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos territórios, bem como 359 da responsabilidade do gerador pelo gerenciamento de resíduos. Desta forma, os municípios são responsáveis pelo gerenciamento dos RSU, podendo realizar os serviços com equipe própria, ou através de concessões a empresas privadas, cooperativas ou associações, ou ainda através de parcerias público-privadas (PPPs). 4.5.2 4.5.2.1 Estado de Santa Catarina Informações sociogeográficas O estado de Santa Catarina, com seus 293 municípios (Figura 140) possui, de acordo com o último Censo Demográfico (IBGE, 2010), uma população total de 6.248.436 habitantes. O índice de urbanização total do estado é de 84%, ou seja, 5.247.913 habitantes residem em áreas urbanas. A população total estimada em 2011 foi de 6.317.054 habitantes, com taxa de crescimento de 1,1% a.a. Figura 140: Mapa do Estado de Santa Catarina, no Brasil (Fonte: IBGE, 2012) O estado possui uma área total de 95.703,487 km² onde estão situadas 1.993.097 unidades domiciliares residenciais permanentes (IBGE, 2010). A 360 densidade demográfica média no estado é de 65,29 hab/km², sendo o 20º estado brasileiro em área, representando apenas 1,12% do território nacional, e o 11º em população, abrigando 3,3% da população brasileira. Santa Catarina possui 560 km de costa oceânica e está localizado na zona temperada meridional do planeta, com clima subtropical. O estado faz fronteira com a Argentina na região Oeste, e com os estados do Paraná e Rio Grande do Sul nas regiões Norte e Sul, respectivamente. Sua Capital, Florianópolis, possui 421.240 habitantes (IBGE, 2010) e está localizada a 705 km de São Paulo, 1.144 km do Rio de Janeiro e 1.673 km de Brasília. Santa Catarina contribuiu com 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2009, representando a sexta economia do país. O PIB per capita do estado foi estimado em R$ 21.214,53, sendo o maior da Região Sul e o quarto maior do Brasil (IBGE, 2010). Em termos de PIB municipal, os 5 municípios do estado com maior PIB são Joinville (polo eletro-metal-mecânico), Itajaí (destaca-se no setor de serviços, mais especificamente o comércio exterior), Florianópolis (concentra atividades econômicas ligadas ao setor de serviços, governo, educação e turismo), Blumenau (fabricação de produtos têxteis) e Jaraguá do Sul (junto com Joinville, caracteriza-se como polo eletro-metal-mecânico). A economia do estado é composta principalmente pela produção agrícola, que representa 17,6%, pela silvicultura e exploração florestal, que representam 12,7%, e a atividade de serviços, respondendo por 59% da economia. 4.5.2.2 Geração e composição dos resíduos Em 2011, de acordo com a ABRELPE (2012), a geração diária de RSU em Santa Catarina foi de 4.340 toneladas; 1,28% a mais que a geração de 2010. Deste montante, 6,6% não foram coletados, acarretando impactos ambientais e à saúde pública relevantes, pois representam, ao longo de um ano, cerca de 100 mil toneladas de resíduos que estão sendo depositadas em vazadouros a céu aberto, ruas, canais de drenagem e corpos hídricos. A geração per capita diária de RSU em 2011 foi de 0,817 kg/hab/dia (ABRELPE, 2012), totalizando 298,205 kg/hab/ano. Já em relação ao resíduo 361 efetivamente coletado, o índice diminui para 0,763 kg/hab/dia. Um estudo completo da caracterização dos RSU gerados no estado ainda não foi realizado, salvo para alguns poucos municípios que já elaboraram ou estão em processo de elaboração de seus Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Considerando a composição dos RSU de 10 municípios do estado, em períodos diferentes13, observou-se, em média, 40,8% de matéria orgânica fermentável; 16,3% de papel e papelão; 16,2% de plásticos; 3,5% de vidro; 4,8% de metais e 18,4% de rejeitos. Comparados à estimativa de composição gravimétrica apresentada na versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, calculada com base em dados de até 2008, em que 51,4% de matéria orgânica; 13,1% de papel e papelão; 27% de plásticos; 2,4% de vidro; 5,8% de metais e 16,7% de outros, nota-se que as maiores diferenças estão na parcela de resíduos orgânicos e de plásticos, ambos com percentuais até 10% menores que a média brasileira. 4.5.2.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado O cenário observado em Santa Catarina no que diz respeito às tecnologias para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos é trivial, e não possui por enquanto projetos implantados na área de biodigestão anaeróbia, incineração ou valorização energética dos resíduos sólidos urbanos. A seguir serão descritas aquelas observadas no estado. A coleta regular domiciliar, realizada por empresas privadas, responde por 68% do total de RSU coletados, enquanto apenas 32% são recolhidos diretamente por órgãos das prefeituras (SNIS, 2009). A logística de coleta é basicamente a utilizada na maioria dos municípios brasileiros, através de caminhões 3 compactadores, que geralmente possuem volume útil de 15 a 20m . Os resíduos são coletados porta a porta, em roteiros pré-determinados, até o limite de capacidade volumétrica do caminhão. Cada equipe de trabalho é composta por 3 ou 4 funcionários (motorista e mais 2 ou 3 garis). Em municípios de pequeno porte, apenas um caminhão consegue abranger todo o território em roteiros alternados. 13 Florianópolis, Lauro Müller, Morro da Fumaça, Orleans, Treviso e Urussanga (2002); Cocal do Sul, Urubici e Imbituba (2009);São Bento do Sul (2011). 362 Nestes casos, o caminhão completa sua capacidade e depois descarrega os resíduos coletados diretamente nos aterros sanitários. Observa-se que os resíduos também são levados diretamente aos aterros quando os mesmos estão localizados a uma distância de até 50 km do município gerador, e quando não são necessárias mais do que 3 viagens. Caso contrário, tem-se optado pelas estações de transbordo para diminuir os custos do transporte e o tráfego de caminhões coletores em rodovias. Nem sempre é possível dispor de áreas para a instalação de estações de transbordo, mas a área pode servir de central de tratamento de resíduos. Uma alternativa às estações de transbordo são as caçambas roll’on-roll’off. Nas estações de transbordo vários caminhões coletores preenchem uma carreta de volume até três vezes maior, otimizando o transporte até o aterro. De acordo com o Estudo de Regionalização da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Estado de Santa Catarina e Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos há 37 locais de disposição final de resíduos sólidos no estado. Isto significa que, dos 293 municípios catarinenses, 256 realizam o transporte de resíduos do local de geração até o local de disposição final. Nas Figura 141 e Figura 142 ilustrase um modelo de estação de transbordo bastante eficiente. Figura 141: Vista frontal da Estação de Transbordo de Florianópolis (Santa Catarina). 363 Figura 142: Detalhe do preenchimento das carretas na Estação de Transbordo de Florianópolis (Santa Catarina). A coleta seletiva de resíduos sólidos recicláveis geralmente é realizada em caminhões tipo baú, mas também utiliza-se, em alguns municípios, caminhões de carrocerias de madeira, com cobertura de lona e até utilitários de carroceria aberta para coleta em ruas estreitas de difícil acesso (Figura 143 e Figura 144). Figura 143: Utilitário de carroceria aberta da coleta seletiva em ruas de difícil acesso em Florianópolis (Santa Catarina). 364 Figura 144: Coleta Seletiva em São Bento do Sul (Santa Catarina). Também existe a coleta com carrinhos de tração humana, onde o catador realiza a coleta, mas isso tem se tornado cada vez menos frequente. Os catadores têm atuado mais na triagem do que na coleta. A atividade de triagem de materiais recicláveis secos é forte no estado de Santa Catarina. Ela é desenvolvida tanto por catadores organizados em grupos quanto por avulsos (que não pertencem a cooperativas ou associações). Também podem ser desenvolvidas por funcionários de órgão públicos detentores de serviços de manejo de resíduos sólidos, assim como por empresas privadas que também mantém funcionários especificamente para a triagem. A estrutura física para o desenvolvimento da triagem de materiais recicláveis no Estado vai desde a mais precária (triagem em mesas, em local aberto, sem cobertura e sem piso), encontrada em grupos não formalizados, ou aqueles que não recebem apoio algum do poder público, até usinas mais bem equipadas, com galpão, área de estocagem de material, esteira, elevadores de carga, prensas, picadores de papel (para a destruição de material sigiloso), refeitórios, escritório, entre outros. Os custos de implantação variam, dependendo da estrutura, em Urussanga/SC, um galpão sem paredes laterais e com 450m 2, com duas esteiras e 365 prensa, custou R$ 155.000,00 e processa até 3.000 toneladas/ano (até 10 t/dia oriundas da coleta indiferenciada, e 0,33 t/dia da coleta seletiva); em São Bento do Sul o custo foi semelhante, R$ 140.000,00 para galpão com 420m2, processando em média 350 toneladas/ano. A capacidade de processamento pode variar muito, dependendo do número de triadores, da organização da unidade de triagem e dos equipamentos disponíveis. O percentual de rejeito gira entorno de 5% (nos melhores casos) a 20%, podendo chegar a 80% caso a triagem seja feita a partir dos resíduos proveniente da coleta indiferenciada. Praticamente todos os municípios de médio a grande porte possuem alguma central de triagem. Em 2009 e 2010 o Instituto Vonpar/Icom apoiou 27 galpões, que triaram, no total, aproximadamente 1.800 toneladas/mês. O número de organizações no estado é superior a 100, porém não se sabe o número exato. Os custos de operação incluem água, luz, aluguel de algum equipamento/caminhão/automóvel, manutenção de esteira/prensa, materiais de consumo, alimentação, entre outros. Um custo de operação que nem sempre é internalizado pela organização é a compra de EPI’s com regularidade. O que se tem observado é que eles só são usados enquanto a organização está recebendo algum auxílio, investimento por algum projeto externo. Depois disso, deixam de comprar por economia, mas acabam se expondo muito mais aos riscos de acidentes de trabalho. O preço de venda dos materiais varia com a flutuação do mercado, mas no ano de 2010, a média de preço dos materiais ficou em R$ 0,32, variando de R$ 0,10 por kg para os materiais menos valorizados (alguns tipos de plásticos, papel misto, entre outros) até R$ 9,50 por kg de cobre, por exemplo. O Licenciamento Ambiental das Centrais/Unidades/Galpões de triagem é exigido pela FATMA – Fundação do Meio Ambiente do Estado e Santa Catarina – e muitos estão irregulares porque não têm como pagar um profissional habilitado para fazer o processo. A sociedade apoia a atuação dos catadores, tanto na coleta quanto na triagem, mas a instalação dessa atividade em meio aos centros urbanos, em áreas muito visíveis ou expostas, pode provocar certo desconforto com a população do entorno, principalmente pela “poluição visual” que a atividade provoca. 366 O número de trabalhadores em cada grupo é muito variado, alguns com menos de 10 componentes e outros com quase 100. A renda também varia de acordo com a produtividade de cada grupo. Alguns conseguem triar mais de 4.000 kg/trabalhador/mês, enquanto outros não passam de 1.200 kg/trabalhador/mês, mas a média é de aproximadamente 2.000 kg/trabalhador/mês. Isto acaba resultando em rendas que variam de R$ 350,00 a R$ 1.300,00, podendo ficar abaixo ou acima deste valor, dependendo do mercado local, mas na média recebem um salário mínimo. A grande maioria dos catadores não contribui para a Previdência Social e por conta disso estão sem seguridade social. O fato de não contribuírem está relacionado muitas vezes aos baixos rendimentos. Na Figura 145 e na Figura 146 estão apresentados dois exemplos de unidades de triagem no estado. Figura 145: Unidade de Triagem em São Bento do Sul (Santa Catarina). 367 Figura 146: Unidade de Triagem em Urussanga (Santa Catarina). Em Santa Catarina, o uso da tecnologia de compostagem está sendo feita em dois aterros sanitários localizados nos municípios de Seara e Ibirama, que possuem unidades para atender a 8 municípios. O município de Florianópolis tem apoiado o desenvolvimento de projetos descentralizados de compostagem, isto também ocorre em outros municípios do estado. O desafio é fazer com que esta atividade seja realizada sem provocar contaminação do solo, atração de vetores, emissão de odores e segurança e saúde ocupacional. No norte do estado, no município de Irineópolis/SC (divisa com o Paraná), foi inaugurada em março de 2012 uma Unidade de Triagem e Compostagem (UTC) operada pela Associação de Catadores de Reciclagem Bom Jesus. Em uma área total de 25 mil m 2, com 135 m2 de área do galpão de triagem e 53 m2 de prédio administrativo, a associação de 11 catadores, realiza a triagem de todo o resíduo do município, cerca de 2 toneladas/dia. Destes, são separados os recicláveis, e os orgânicos são transformados em composto. Cerca de 75% dos resíduos que entram na unidade são aproveitados, e o adubo orgânico é vendido por R$0,30/kg. Nas práticas conhecidas no estado, utilizam-se os resíduos orgânicos de grandes geradores, como restaurantes e bares, cantinas escolares, centrais de distribuição de hortifrutigranjeiros, etc. Também são utilizados resíduos da coleta 368 convencional após a triagem, bem como resíduos de podas de jardins e cascas de coco. Podem ser compostados também resíduos agrícolas, da criação de animais e até de indústrias alimentícias e de papel e celulose, desde que comprovadamente não prejudiquem a qualidade do composto e não provoquem a inativação dos microrganismos. Atualmente não se tem um inventário da quantidade real de resíduos processados através da compostagem. Nota-se que esta prática ainda é bastante incipiente, podendo receber incentivos através de políticas públicas específicas, tendo-se em vista a grande porcentagem de resíduos orgânicos, tanto domésticos quanto industriais e agrícolas que são aterrados. A FATMA já disponibilizou instrução normativa (IN65 publicada em 27/11/2012), aplicável a unidades ou pátios de compostagem (também se aplica às centrais de triagem), a fim de licenciar a atividade. Também possui boa aceitação da sociedade, que já está, de certo modo, habituada à prática que é muito antiga realizada no quintal das casas. A grande vantagem desta tecnologia, nos mais diferentes modelos de aplicação, em pequenas, médias ou escalas maiores, é a possibilidade de implantação, mesmo sem grande infraestrutura. Ela demanda mão de obra não especializada caso a operação seja realizada manualmente, contudo necessita de maior investimento caso seja mecanizada. A tecnologia de digestão anaeróbia de resíduos sólidos urbanos ainda não está sendo aplicada em plantas no estado de Santa Catarina, mas esta ideia vem sendo muito discutida com a sociedade em seminários e ciclos de debates. São Bento do Sul (e os integrantes do Consórcio Quiriri), Timbó (e os integrantes do Consórcio CIMVI) são dois exemplos que já estão prevendo nos seus Planos Municipais ou Intermunicipais de Gestão de Resíduos Sólidos a aplicação desta tecnologia. Vale salientar que o estado possui alguns grandes biodigestores de dejetos suínos e grande potencial para agregar materiais deste tipo, inclusive os dejetos de bovino e aves, à biodigestão dos RSU. No estado de Santa Catarina não existe nenhum incinerador de resíduos sólidos urbanos licenciado, apenas os de resíduos de serviços de saúde. A 369 sociedade em geral tem bastante ressalva em relação a eles. No 1o Ciclo de Debates sobre Resíduos Sólidos, promovido pela Federação Catarinense de Municípios e Agência Reguladora Intermunicipal dos Serviços de Saneamento, um grupo empresarial realizou uma palestra sobre o tema, apresentando a tecnologia, os custos de implantação e operação de uma usina no Estado, a quantidade de resíduos sólidos necessários para viabilizar o projeto, os controles ambientais, etc. Houve muito mais rejeição do que aceitação à ideia. A FATMA, em sua Instrução Normativa No 9 – Incineradores (versão Março/2012) apresenta as informações necessárias para a obtenção das Licenças Ambientais de empreendimentos para incineração de resíduos, inclusive os resíduos sólidos urbanos. Em relação ao tratamento dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários, o estado de Santa Catarina possui 36 aterros sanitários, sendo 11 aterros municipais, 4 aterros consorciados e 21 aterros de empresas privadas (MPSC/ABES, 2012). De acordo com esta fonte, que aplicou o Indicador de Avaliação de Desempenho de Aterros de Resíduos Sólidos Urbanos após a realizaçaõ de visitas técnicas em todas as unidades de disposição final de RSU do estado, foram classificados como Aterros Sanitários (81%), sendo 42% em condições ótimas e 39% em condições adequadas, os outros 19% foram classificados como aterros controlados em condições mínimas. No entanto, o Panorama ABRELPE 2011 informa que Santa Catarina envia 71,8% dos resíduos sólidos coletados a aterros sanitários, 16,8% a aterros controlados e 11,4% a lixões. Cabe a ressalva de que o referido Panorama tem um campo amostral de apenas 16 municípios pesquisados. Este fato demonstra a necessidade de uma base de dados unificada e atualizada com periodicidade. Com relação à escala, a maioria dos aterros do estado são pequenos e médios, 7 aterros atendem populações inferiores a 100 mil habitantes cada. Já o maior aterro do estado que pertence à Empresa Proactiva Meio Ambiente, recebe os resíduos de uma população total de um milhão de habitantes, de 22 municípios. Os custos de implantação e operação dos aterros variam bastante no estado, dependendo da área onde estão instalados (área já degradada, antigo lixão 370 recuperado e encerrado), dos equipamentos utilizados na operação do aterro, das edificações complementares, do tipo de sistema de tratamento de efluentes (lagoas, com ou sem aeração, com ou sem tratamento físico-químico). Todos estes fatores influenciarão na composição de custos por tonelada, que na pesquisa realizada variou de R$ 46,00 por tonelada (aterro municipal e aterros consorciados) a R$ 100,00 por tonelada (aterro privado). A principal diferença é que os aterros municipais e consorciados geralmente não incluem no custo/tonelada o encerramento no final da vida útil do aterro. Este custo será pago depois, durante o monitoramento e manutenção da área, sendo diluído durante os 20 anos previstos para a etapa de encerramento. Já as empresas privadas têm necessidade de incluir este custo enquanto o aterro está recebendo resíduos, e assim vão compondo um fundo que consiga suprir todo o custo de operação após este encerramento.Para a obtenção das Licenças Ambientais (prévia, de instalação e de operação), os empreendimentos devem seguir a Instrução Normativa no2, e devem prever na etapa de instalação um plano de monitoramento. 4.5.2.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado Em Santa Catarina, as rotas tecnológicas utilizadas ainda tem um caráter simplista na grande maioria dos municípios, não havendo de fato um gerenciamento integrado, eficiente e com valorização física, biológica e energética dos materiais. No entanto, o município de Florianópolis destaca-se como uma das rotas do estado com maior nível de complexidade. Na Figura 147 é apresentado um modelo geral de rota tecnológica, mais complexa que a do município de Florianópolis, com a inclusão de algumas tecnologias ainda inexistentes no âmbito da gestão dos resíduos sólidos urbanos, porém aplicável aos municípios do estado com moderada facilidade, necessitando apenas de investimento e melhorias/adaptações no gerenciamento. 371 Figura 147: Fluxograma geral de rotas tecnológicas do estado de Santa Catarina. 4.5.2.5 Dados econômicos do tratamento Durante os anos de 2010 e 2011 o ICom, em Florianópolis, através do Instituto Vonpar, realizou levantamento em mais de 20 organizações de catadores em que foram levantados os preços de venda de materiais recicláveis, cujas médias constam na Tabela 76. Ressalta-se que os preços de comercialização dos materiais variam muito em função da localização dessas organizações no estado e das condições físicas dos materiais quando são vendidos (limpeza, pré-beneficiamento, nível de separação dos materiais por tipo). O preço médio dos materiais vendidos gira em torno de R$ 0,30 por kg. Os custos da coleta indiferenciada no estado de Santa Catariana variam de R$ 60,00 a R$ 102,00 por tonelada. Não há informações disponíveis para os custos da coleta seletiva. Os custos dos aterros sanitários são da ordem de R$ 46,00 por tonelada para as unidades operadas por meio dos consórcios públicos é da ordem de R$ 100,00 372 por tonelada para aterro privado. Tabela 76: Preço de venda dos materiais recicláveis comercializados no estado de Santa Catarina. Material UNID jan/2011 Jan/2012 Aluminio kg 2,17 2,60 Ferro kg 0,18 0,18 Vidro kg 0,05 0,06 PVC kg 0,48 0,55 PEAD kg 1,00 1,30 PET branco kg 0,80 1,70 PET verde kg 0,70 1,50 PET misto kg 0,09 PET (outros) kg 0,50 0,50 Cristal kg 0,80 0,50 Sacolas kg 0,60 Papelão kg 0,33 0,27 Papel branco kg 0,36 0,40 Tetra Pak kg 0,19 0,16 Cobre kg 8,00 11,00 4.5.2.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos A cobrança pelos serviços de manejo dos RSU (caracterizados principalmente pela coleta de resíduos domiciliares e destinação final) é realizada em 126 municípios catarinenses. Dos 161 municípios do estado que participaram do Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2009, e mais 4 municípios diferentes que haviam participado da versão do Diagnóstico do ano anterior, 21% afirmaram não cobrar pelos serviços e 1,8% não responderam a esta questão. A forma como é realizada esta cobrança é apresentada na Figura 148. 373 Figura 148: Forma de cobrança dos serviços de manejo de RSU (Santa Catarina). Fonte: Adaptado de Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2008 e 2009. A cobertura total das despesas através da receita arrecadada pela cobrança dos serviços só ocorreu em 2 municípios. Em média, a receita arrecadada cobriu somente 30% das despesas, que somaram aproximadamente R$ 270 milhões nos 165 municípios participantes dos diagnósticos. Isto demonstra que a gestão dos RSU no estado carece de mecanismos que aumentem sua sustentabilidade financeira. Esta carência foi prevista na Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo um de seus objetivos. Em relação às despesas totais das prefeituras municipais, as despesas com os serviços do manejo de RSU representaram de 0,5 a 14%, com média de 3%. Este valor foi bastante variável em função da população urbana dos municípios, onde os municípios com população até 10.000 habitantes, que são a maioria no estado, apresentaram as maiores variações, partindo de custos praticamente iguais a zero, até valores próximos a R$ 250,00 por hab/ano. Em relação aos municípios que terceirizam o serviço de destinação final de RSU, o valor médio obtido no Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2009 é de R$ 118,00 por tonelada. 374 4.5.2.7 Arranjos institucionais Em 156, dos 161 municípios catarinenses pesquisados no Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2009 (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2011), a natureza jurídica do responsável pela gestão do manejo de RSU é administração pública direta. Florianópolis é o único município citado em que há uma sociedade de economia mista responsável, mas a sua administração é pública. E nos 4 municípios restantes (Caçador, Fraiburgo, Gaspar e Içara) a natureza da entidade consiste em uma autarquia. De acordo com o Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2008 (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010), dos 18 municípios que responderam à pesquisa, 4 não enviaram respostas à pesquisa do ano seguinte, sendo eles, Blumenau, Indaial, Joinville e Tijucas, somente em Blumenau o órgão responsável pela gestão do manejo dos RSU é uma autarquia. Nos demais, é administração pública direta. 4.5.3 4.5.3.1 Estado do Rio Grande do Sul Informações sociogeográficas O Rio Grande do Sul é constituído por 497 municípios e está localizado no extremo meridional do Brasil, tendo como divisa territorial o estado de Santa Catarina ao norte, a Argentina, Uruguai e o Oceano Atlântico (Figura 149). 375 Figura 149: Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. Fonte: IBGE (2012) O território gaúcho é formado por 3 grandes bacias hidrográficas: a Bacia do Uruguai, a qual faz parte da Bacia do Rio da Prata e abrange cerca de 57%, a bacia do Guaíba com 30% e a Bacia Litorânea com 13% do total da área do estado. Possui dois grandes biomas, o Bioma Mata Atlântica que abrange 13,04% do território brasileiro e o Bioma Pampa com uma área de 176.496 km², (2,07% do território brasileiro) sendo de ocorrência restrita ao Rio Grande do Sul e se caracterizando por vegetação de campo em relevo de planície. O estado conta atualmente com 104 Unidades de Conservação, incluindo áreas criadas por lei e ainda não implementadas. Destas, doze são federais, 26 estaduais, 42 municipais (incluindo áreas de usos múltiplos e parque urbanos) e 24 RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural), abrangendo 3,4% da área total do estado. Apresenta uma população de 10.693.929 habitantes (IBGE2010), aproximadamente 5,6% do total da população brasileira, e uma área de 268.781,9 km 2, correspondente a 3,16% do território brasileiro. De acordo com o Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul, 331 municípios estão na faixa de menos de 10 mil habitantes. 376 Os 18 municípios com população superior a 100mil habitantes representam 46,7% da população gaúcha. A densidade demográfica no Rio Grande do Sul era de 39,79 hab/km² (IBGE, 2010) em 2010, apresentando a menor densidade dentre os estados da região Sul, porém bem acima da brasileira: 22,43 hab/km². A distribuição física da população no estado pode ser vista na Figura 150. Figura 150: Distribuição física da população do estado do Rio Grande do Sul. A Região Metropolitana de Porto Alegre é a área mais densa do estado, concentrando 37% da população em 32 municípios. Nela encontram-se 9 dentre os 18 municípios do estado com mais de 100 mil habitantes. A densidade demográfica da região é de 382,4 hab/km² e seus municípios apresentam as mais elevadas densidades demográficas do estado. Dentre os municípios gaúchos, 195 apresentam taxas negativas de crescimento populacional. Por outro lado, 70 municípios têm taxas superiores a 2%, significando um alto crescimento. 377 O Rio Grande do Sul é a quarta economia do Brasil pela dimensão de seu Produto Interno Bruto (PIB), correspondendo a 6,6% do PIB nacional, o que representa um PIB per capita de mais de 19 mil (IBGE, 2010). A composição econômica em porcentagem do Rio Grande do Sul nos principais setores é de 61,2% no setor de serviços e 27,5% do PIB estadual na indústria. Destacam-se aqui as indústrias de transformação, alimentos, petroquímicas, máquinas, automobilísticas (General Motors), implementos agrícolas, fertilizantes e de calçados. O estado se destaca por ser o terceiro maior produtor nacional de grãos, sendo superado apenas pelos estados do Mato Grosso e Paraná, com expressiva colheita de arroz, soja, milho, trigo, mandioca e uva. Possui também um dos maiores rebanhos bovinos do país e a segunda maior criação de aves. Quanto ao IDH, o Rio Grande do Sul e seus municípios melhoraram suas posições com relação ao desenvolvimento humano na última década. O estado passou de 0,753 em 1991 para 0,814 em 2000 e para 0,832 em 2010, valor para municípios considerados com alto desenvolvimento humano, e todos os municípios, sem exceção, aumentaram seus valores de desenvolvimento. O Rio Grande do Sul apresenta um sistema de transportes diversificado resultado das condições naturais e da história econômica e cultural do estado. Entretanto a matriz de transportes é baseada no transporte rodoviário. As rodovias são responsáveis por 85,3% do total transportado, quantidade bem superior a brasileira que é de 68,6%, de acordo com o Atlas Sócio Econômico do Rio Grande do Sul.A malha hidroviária do estado é bastante importante e concentrada no leste, nas bacias hidrográficas do Guaíba e Litorânea, tendo como principais rios navegáveis o Jacuí, Taquari e Sinos, além do Lago Guaíba e da Laguna dos Patos. A principal rota hidroviária do estado é Porto Alegre a Rio Grande. Em 2000, o Rio Grande do Sul estava entre os cinco estados brasileiros com menor índice de analfabetismo, o qual representava apenas 6,7% da população acima de 15 anos de idade, valor bem abaixo da média brasileira de 13,6%. Quanto ao saneamento, registra-se que, do total de domicílios, 99,34% possuem banheiro ou sanitário e destes, 74,56% encontram-se ligados à rede geral ou fossa séptica, apresentando, portanto, taxas superiores às brasileiras. 378 4.5.3.2 Geração e composição dos resíduos De acordo com o IBGE a população urbana do Rio Grande do Sul era de 10.576.758 habitantes em 2010. Segundo a ABRELPE, estes geravam 7.960 t/dia de RSU sendo que 7.302 t/dia eram coletados. A geração per capita média era de 0,744 kg/hab/dia.Em nível estadual é extremamente difícil estabelecer uma metodologia de informações confiáveis para caracterização de resíduos sólidos urbanos. Desta forma, são apresentadas a seguir (Tabela 77) as composições gravimétrica para diferentes municípios do estado. Tabela 77: Composição gravimétrica de alguns municípios do Rio Grande do Sul. Araricá 2010 4.868 15,0% 4,1% 7,7% 6,0% Embal agens longa vida 0,3% 1,6% 65,3% Campo Bom 2010 60.081 37,8% 15,1% 14,4% -- 1,7% 3,2% 27,8% Canoas 2010 324.025 55,4% 13,8% 13,7% 0,6% -- 3,8% 12,8% Caraá Estância Velha Esteio 2010 7.313 18,2% 16,3% 28,2% 1,7% 6,1% 4,1% 25,4% 2010 42.589 6,9% 9,7% 12,4% 1,1% 1,7% 0,7% 67,6% 2010 80.669 28,1% 13,9% 9,5% 2,2% 1,0% 41,2% Gramado 2010 2.269 48,0% 9,0% 14,0% -- 2,0% 17,0% Igrejinha 2010 31.663 22,1% 6,7% 19,7% 4,2% 10,0 % 8,3% 5,5% 10,1% 27,6% Nova Hartz Nova Santa Rita Novo Hamburgo Parobé 2010 18.346 19,1% 4,1% 11,0% 3,8% 2,2% 58,9% 2010 22.706 20,7% 3,9% 28,3% 1,1% 13,1 % 12,6% 2,2% 19,2% 2010 239.051 40,2% 15,9% 13,7% 5,3% 1,1% 1,0% 22,8% 2010 51.481 23,5% 14,7% 20,6% 1,5% 2,9% 1,5% 35,3% Portão 2010 30.881 83,0% 6,4% 6,2% 3,0% -- 0,1% 1,3% Riozinho 2010 4.327 8,1% 25,2% 26,5% 0,5% 3,0% 8,1% 28,7% Rolante Sto.Antônio da Patrulha São Fco de Paula São Leopoldo Sapiranga 2010 19.493 7,5% 3,8% 10,2% 3,8% 3,0% 1,2% 70,6% 2010 39.679 33,0% 20,9% 12,3% 1,8% 0,7% 0,7% 30,8% 2010 20.540 46,3% 11,0% 20,6% 1,8% 2,9% 1,4% 16,0% 2010 214.210 45,6% 15,2% 7,3% 7,4% 7,9% 4,8% 11,8% 2010 75.020 24,7% 22,7% 8,6% 5,5% 2,0% 3,8% 32,8% Taquara 2010 54.656 21,2% 15,2% 18,5% -- 3,4% 2,4% 39,4% Porto Alegre 2010 1.409.939 57,3% 11,6% 11,2% 2,6% 1,4% 1,4% 14,5% Lajeado 2010 71.481 46,1% 8,4% 14,1% 2,6% 1,4% 1,6% 26,0% Dois Irmãos 2008 27.572 82,0% 8,7% 4,3% 2,3% -- 2,7% -- Município Ano População (IBGE 2010) Matéria orgânica Papel e papelã o 379 Plástico Vidro Metais Rejeitos Considerando uma média das composições gravimétricas dos municípios obtem-se 40,6% de matéria orgânica, 12,1% de papel e papelão, 14,1% de plásticos, 4,7% de vidros, 2,5 de metais e 26,0% de rejeitos. 4.5.3.3 Tecnologias de tratamento utilizadas no estado Segundo a PNSB-2008, dos 497 municípios existentes no Rio Grande do Sul, 450 possuem coleta regular de resíduos sólidos, destes, 394 municípios realizam a coleta porta a porta no centro e bairros (Figura 151). Percentual de municípios Existência de coleta seletiva nos municípios gaúchos por faixa populacional. 100% 80% 51 27 15 60% 40% 20% 7 8 1 122 22 3 0% 0 a 15 mil 15 a 50 mil 50 a 100 mil 100 a 200 mil 200 a 500 mil mais de 1000 mil Faixa Populacional Sem coleta seletiva Não informado Com coleta seletiva Figura 151:Coleta seletiva nos municípios por faixa populacional (Rio Grande do Sul). Fonte: PNSB (2008) Os resíduos são coletados em geral por caminhões compactadores e encaminhados diretamente para unidades de transbordo, aterros sanitários, aterros controlados ou lixões. Caso existam unidades de transbordo no município, o resíduo pode ser triado e posteriormente reciclado, e o rejeito ainda pode ser compostado. Quanto às iniciativas de coleta seletiva, esta existe em 34,5% dos municípios (IBGE, 2008). Já o SNIS (2009), apresenta que a coleta seletiva em caráter oficial é praticada de alguma forma em 41,9% dos municípios. 380 No Rio Grande do Sul, dos 260 municípios que responderam ao questionário do SNIS em 2009, somente 61 declararam realizar triagem de resíduos e a coleta de resíduos atingia 4.591.091 habitantes (43% da população gaúcha). A coleta domiciliar regular, de uma forma geral, é realizada porta a porta, e sua frequência verifica-se em maior incidência com periodicidade diária no centro e de três vezes por semana nos bairros. Já a coleta seletiva é realizada de uma a três vezes por semana, de acordo com o tamanho do município, através de caminhões-baús ou boiadeiros (Figura 152). Figura 152: Caminhão de coleta seletiva no Rio grande do Sul. Verifica-se nos municípios de médio e grande porte a presença de carrinheiros, que praticam a coleta de forma informal, competindo com a coleta seletiva municipalizada. Ecopontos e PEVs podem ser utilizados para a coleta auxiliar de resíduos recicláveis e especiais. A coleta conteinerizada de resíduos orgânicos está sendo implantada atualmente no município de Porto Alegre (2011), e o município de Caxias do Sul já possui sua coleta conteinerizada de resíduos orgânicos e de recicláveis consolidada e em expansão (Figura 153). 381 Figura 153: Coleta mecanizada no Rio Grande do Sul. Conforme banco de dados da FEPAM, estão licenciadas atualmente, por essa fundação, 16 unidades de estações de transbordo. Porém, municípios gaúchos que realizam o licenciamento de forma municipal, como Porto Alegre, Santa Cruz do Sul e Novo Hamburgo, que operam estações de transbordo, por exemplo, acabam por não serem contabilizados. O transporte de resíduos sólidos urbanos é uma atividade isenta de licenciamento ambiental e sem qualquer controle ou fiscalização pelo órgão ambiental do estado. Desta maneira, não há um controle efetivo da quantidade ou caracterização de resíduos transportados para disposição final a partir das estações de transbordo. As unidades de triagem de recicláveis existentes no estado adotam o modelo de triagem manual em esteiras ou mesas com número de trabalhadores variável conforme a quantidade de resíduos recebidos pela unidade (Figura 154 e Figura 155). 382 Figura 154: Esteira de triagem (Rio Grande do Sul). Figura 155: Enfardamento de material reciclável (Rio Grande do Sul). 383 A absoluta maioria das unidades de triagem existentes no estado é operada por associações de catadores, com autonomia administrativa e sem envolvimento direto das administrações municipais. As prefeituras muitas vezes fornecem auxílio financeiro para despesas com manutenção de equipamentos e outras despesas mensais como, por exemplo, energia elétrica, telefone e água. De maneira geral, há ausência de apoio técnico especializado e supervisão por profissional habilitado, o que resulta em condições operacionais inadequadas do ponto de vista técnico, ambiental e de saúde dos trabalhadores. A capacidade instalada de cada unidade de triagem varia de acordo com a quantidade de resíduos coletados no município e a abrangência da coleta seletiva. De uma maneira geral as unidades operam com baixa eficiência e número de trabalhadores insuficientes, esta situação gera grande acúmulo de materiais a serem triados (que permanecem armazenados inadequadamente), recuperação preferencial dos materiais com maior valor de mercado, elevado percentual de rejeitos de triagem e condições inadequadas de higiene, saúde e segurança dos trabalhadores. Apresenta-se no gráfico a seguir (Figura 156) a distribuição, em percentual, dos resíduos recuperados por tipo de material. Fração relativa de resíduos recuperados distribuidos por tipo de material segundo SNIS (2009) 41% papel 29% plástico metal 11% virdros 9% 10% outros Figura 156: Fração relativa de resíduos recicláveis recuperados (SNIS, 2009). 384 Quanto aos sistemas de compostagem existentes, a maioria é operada em leiras a céu aberto (Figura 157), com um orgânico recuperado na triagem do “resíduo orgânico bruto” ou seja, dos resíduos não secos da coleta normal, os quais apresentam grandes quantidades de recicláveis e contaminantes em geral. Figura 157: Compostagem em leiras a céu aberto (Rio Grande do Sul). A FEPAM, atualmente, tem exigido cobertura de todos os pátios de compostagem para o licenciamento ambiental de novas unidades (Figura 158). Figura 158: Instalação de área de compostagem coberta em baias (Rio Grande do Sul). 385 A tecnologia utilizada, associada à dificuldade de se obter um resíduo orgânico apropriado à compostagem faz com que, não existam unidades de compostagem no estado, que atendam à legislação do ministério da Agricultura. Existem várias tentativas municipais de implantação de processos de compostagem, compra de equipamentos e implantação de unidades de compostagem sem sucesso, implicando no encerramento da unidade e no sucateamento dos equipamentos. Não existem registros de uso de digestão anaeróbia nem de incineração para tratamento de RSU no estado do Rio Grande do Sul. A destinação final de RSU mais empregada no estado é aterros sanitários (Figura 159). Estes recebem resíduos de 386 municípios (79% da população gaúcha). Figura 159:Disposição final de RSU em relação a população do estado (Rio Grande do Sul). Fonte:FEPAM,2011 O Rio Grande do Sul possui um total de 58 aterros controlados, 47 aterros sanitários e 14 lixões. Entre os aterros sanitários existentes, 18 não possuem nenhum tipo de tratamento e 13 contam com unidades de triagem de recicláveis e compostagem prévios. Destaca-se o aterro sanitário operado pela empresa privada SIL SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA (e atualmente pertencente ao grupo SOLVI, localizado no município de Minas do Leão que, segundo a FEPAM, recebe resíduos sólidos urbanos de 152 municípios, que juntos somam 3.963.915 habitantes (37,1% da população do estado). (Figura 160). 386 Figura 160: Instalação de geomembrana em aterro sanitário (Rio Grande do Sul). Na ocasião da instalação dos aterros sanitários, os sistemas de controle e procedimentos operacionais necessários para adequada operação são exigidos pela FEPAM. No entanto, em alguns casos, as rotinas operacionais passam gradualmente a ser flexibilizadas e não observadas, além da falta de manutenção adequada de sistemas e equipamentos. Desta forma, ficando os resíduos sem a cobertura diária com solo (Figura 161). Figura 161: disposição de fardos de rejeito em aterro (Rio Grande do Sul). 387 Outra questão importante no tocante à disposição dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários é o tratamento do lixiviado. No geral, é realizado em sistemas biológicos convencionais que, em muitos casos, é insuficiente para garantir concentrações que atendam à atual legislação. Em relação ao uso de outras tecnologias, existem iniciativas pontuais de beneficiamento do plástico recuperado na triagem em alguns municípios do estado. As cooperativas ou associações responsáveis pela triagem de recicláveis operam essas unidades de beneficiamento, visando aumentar o valor agregado do material e consequentemente aumentar suas receitas com a venda dos materiais recuperados. Estas unidades de beneficiamento são fornecidas por empresas metalúrgicas diversas, em tamanho padrão, com diferentes capacidades e constituem-se de série de equipamentos que promovem a transporte por esteira, moagem, decantação, flotação, secagem, transporte pneumático, armazenamento e embalagem do material beneficiado. O produto obtido no processo possui aspecto de floco com dimensões e cor menos heterogêneas que os materiais originais. 4.5.3.4 Rotas tecnológicas utilizadas no estado A rota tecnológica do estado do Rio Grande do Sul envolve desde a coleta até a disposição final de resíduos em aterros (Figura 162). A coleta domiciliar regular é realizada geralmente porta a porta através de caminhões compactadores. 388 Figura 162: Rotas Tecnológicas do estado do Rio Grande do Sul. Para a definição de rotas tecnológicas de tratamento e destinação final de resíduos sólidos no Rio Grande do Sul, foram escolhidos casos representativos, quais sejam: Um aterro sanitário particular que atende a 40% da população do estado; Uma cooperativa de coleta, tratamento e destinação final que atende a diversos municípios; Um consórcio público privado entre 30 municípios; e Casos de gestão nos municípios de Porto Alegre (através de um departamento), Caxias do Sul (através de empresa pública) e Novo Hamburgo, o qual faz parcerias com cooperativa para promover a coleta seletiva social e triagem. 389 4.5.3.5 Dados econômicos do tratamento O custo de implantação das tecnologias utilizadas no estado é bastante variável em relação ao porte do município. As informações obtidas apontam para custos médios de coleta indiferenciada da ordem de R$ 60,00 a R$ 120,00 por tonelada. A coleta indiferenciada conteinerizada em Porto Alegre tem custo de R$ 143,00 por tonelada; já a coleta seletiva tem custo de R$ 176,00 por tonelada. Em geral, unidades de triagem são instaladas pelos municípios e equipadas com auxílio de recursos de financiamentos ou da iniciativa privada. A estrutura usual é composta de galpão com pátio impermeabilizado, esteiras ou mesas de triagem e prensas e enfardadeiras. De acordo com o DMLU, a instalação de um galpão custa em média R$ 700 mil. Os preços médios de comercialização de materiais recicláveis no Rio Grande do Sul constam da Tabela 78. Tabela 78: Valores de venda para materiais recicláveis (2010) (Rio grande do Sul). Material Unidade Valores (R$) Papelão kg 0,20 Papel Misto (jornal e revista) kg 0,12 Papel Branco kg 0,45 Pet verde e branco kg 0,70 Tetra kg 0,08 Pet óleo kg 0,25 PEAD cristal kg 1,20 PEAD Colorido kg 0,65 PP kg 1,40 PVC kg 0,10 Plástico Filme Canelinha kg 1,00 Plástico Filme Colorido kg 0,25 Plástico, ráfia ou sacaria. kg 0,20 OS kg 0,10 Sucata de Ferro kg 0,12 Alumínio Latinha kg 1,80 Alumínio Fundido kg 1,30 Alumínio chapa, perfil, panela. kg 3,00 Cobre kg 5,00 Metal kg 3,00 Antimônio e Inox kg 1,00 Caco de Vidro kg 0,06 Litros e Garrafas unidade kg 0,30 390 A tecnologia ainda utilizada para o processo de compostagem é simples, requerendo apenas um solo pavimentado e um sistema de captação de percolado. Muitas vezes o processo é realizado diretamente sobre o solo. Porém, de acordo com exigências da FEPAM, todas as unidades deverão ser reestruturadas com, no mínimo, pátios impermeabilizados cobertos e captação e tratamento do lixiviado para obtenção da licença ambiental.O custo de operação de uma unidade de compostagem em Seberi (Rio Grande do Sul) é de R$ 48,00 por tonelada. A comercialização do composto em Porto Alegre é feita por valores variando entre R$ 15,00 e R$ 30,00 por tonelada, dependendo do volume levado pelo comprador. Geralmente a unidade de triagem é operada por associações de catadores conveniadas com os municípios. Realizando sua gestão de forma autônoma e sem controle do município, porém com auxílio deste para manutenção e pagamento de contas de água e luz. Desta maneira, não há o controle de gastos com a operação dos galpões. Em Novo Hamburgo o município repassa à associação de catadores um total de R$ 175,00 por tonelada de resíduos urbanos brutos triados. Em geral, uma unidade de triagem possui renda de R$ 10 mil a R$ 30 mil por mês com a venda de materiais recicláveis, podendo chegar a R$ 50 mil como no caso da Copercicla. A venda é realizada através de aparistas ou indústrias, de acordo com o mercado disponível na região. Alguns materiais são frequentemente encaminhados para São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Desta forma, o valor de venda dos materiais recicláveis é bastante dependente de variáveis como mercado, distâncias de frete e quantidade. Já as unidades de compostagem se localizam no mesmo local utilizado para a disposição final de resíduos, e os custos de operação não estão disponíveis, na maioria dos casos, são utilizados os mesmos funcionários e equipamentos existentes na operação do aterro. Os valores cobrados pela CRRR (Aterro privado que recebe cerca de 40% dos resíduos do estado do Rio Grande do Sul) variam de R$ 32,00 a R$ 60,00 por tonelada. Quanto maior a massa de resíduos destinados, menor o valor unitário. O valor da rota completa (desde educação ambiental, coleta, tratamento e disposição final) da Cooperativa Copercicla (Santa Cecília do Sul – RS) é de R$ 240,00 tonelada. 391 Os custos médios de instalação e de operação de tecnologias utilizadas no estado, de acordo com as rotas visitadas, são apresentados na Tabela 79. Tabela 79: Custos de implantação e operação praticados por tecnologias utilizadas no estado do Rio Grande do Sul. Tecnologia Custo de Instalação Custo de operação Unidade de triagem R$ 700mil Não disponível Central de compostagem Não disponível Não disponível R$ 457.445,35 R$ 2.660.160,00/ano ouR$ Estação de transbordo (instalação) 3,00/T R$ 389.823,57 (projeto) R$ 2.151.900,00/mês (disposição final) R$ 348.344,50/mês Aterro Sanitário Não disponível (tratamento de efluentes) R$ 348.344,50/mês (tratamento de biogás) 4.5.3.6 Sistema de cobrança na gestão de resíduos De todos os municípios do Rio Grande do Sul, 89 cobram por serviços especiais ou eventuais. Destes, 55 cobram uma tarifa fixa e 34 têm outra forma de cobrança.(PNSB, 2008). Quanto aos aspectos financeiros da prestação de serviços de limpeza urbana e gerenciamento de RSU, segundo o SNIS (2009), 71,2% dos municípios do conjunto amostrado possui alguma forma de cobrança pela prestação do serviço. Nesses, a grande maioria, 94,6%, usa a forma de cobrança através de taxa incluída no imposto predial territorial urbano (IPTU), 1,6% através do consumo de água, 0,5% através de boleto específico e os demais 3,3% através de outras formas de cobrança não especificadas (Figura 163). 392 Forma de cobrança pela prestação de serviço de limpeza urbana e gerenciamento de RSU no RS. 0,5% 1,6% 6,2% Cobrança pelo imposto predial territorial urbano (IPTU) Cobrança pelo consumo de água 94,6% Boleto específico Figura 163: Forma de cobrança pela prestação de serviços de limpeza pública e gerenciamento de RSU (Rio Grande do Sul). Fonte: SNIS, 2009 Chama a atenção a fração expressiva de municípios que não possuem formas de cobrança pelos serviços, 28,8%, o que contribui para que, nesses municípios, haja desequilíbrio das finanças públicas. O SNIS (2009) apresenta também os dados de arrecadação e despesas com manejo de RSU, de onde se pode verificar que entre a maioria dos municípios amostrados, 94,3%, a relação entre arrecadação e despesas é deficitária, enquanto apenas 5,7% dos municípios apresentam essa relação favorável. É importante salientar que o diagnóstico completo, em nível municipal, da prestação dos serviços não foi realizado, portanto, valores de superávit financeiro devem ser avaliados com ressalvas, pois podem ser resultados de ineficiência na prestação dos serviços ou mesmo inobservância de requisitos técnicos e legais. 4.5.3.7 Arranjos institucionais Os municípios possuem a titularidade sobre a gestão dos resíduos sólidos urbanos, resultantes da coleta regular, seletiva e serviços de limpeza urbana, devendo definir a gestão dos serviços, a maneira em que deverão ser acondicionados os resíduos para coleta até sua disposição final. A partir da elaboração de seus planos de gerenciamento de resíduos sólidos terão acesso a recursos ou benefícios federais relacionados ao manejo de resíduos sólidos. 393 Os municípios gaúchos com maior número de habitantes já vêm desenvolvendo suas políticas municipais em relação aos resíduos sólidos através de códigos de limpeza pública ou planos diretores de resíduos mesmo que muitas vezes não instituídos por força de Lei. Do ponto de vista do planejamento estratégico, a definição de aglomerações urbanas como áreas de ação prioritária no planejamento de infraestruturas e serviços de caráter público norteia a seleção de regiões para implantação alternativas tecnológicas de tratamento e destinação final de RSU, regionalização das ações e foco nos principais centros de geração de RSU. Entre os arranjos institucionais estabelecidos no estado, destaca-se a integração entre os serviços de saneamento básico entre CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento – e alguns municípios e operadores privados. Muitas estações de tratamento de esgoto sanitário da CORSAN recebem lixívia dos aterros para tratamento. Dessa forma a carga dos poluentes presentes no lixiviado é diluída no grande volume de esgoto doméstico a ser tratado e os objetivos do tratamento podem ser plenamente atingidos. Segundo PNSB, 2008, todos os 497 municípios do estado possuem algum tipo de serviço de manejo de resíduos sólidos. Em 41 municípios a prefeitura é a única executora do serviço; em 63 municípios este serviço é realizado por outras entidades; e no restante, 392 municípios, este serviço é realizado pela prefeitura em conjunto com outras entidades (Figura 164). 394 Forma de execução do serviço de manejo de RSU no RS 8% 13% Prefeitura é a única executora do serviço Serviço é realizado por outras entidades 79% Serviço realizado pela prefeitura em conjunto com outras entidades. Figura 164: Tipo de execução do serviço de manejo de RSU (Rio Grande do Sul). A gestão de RSU nos municípios do Rio Grande do Sul é realizada predominantemente pela administração direta. Conforme dados do SNIS (2009), em 99,2% dos municípios do RS a gestão é realizada por órgãos da administração direta enquanto apenas 0,8% dos municípios possuem autarquias responsáveis pela gestão de RSU. Não foram identificadas outras formas de gestão dos serviços como empresas públicas ou sociedades de economia mista na pesquisa do SNIS (2009). No entanto é sabido que o município de Caxias do Sul, por exemplo, possui uma sociedade anônima de economia mista (CODECA) responsável pela gestão dos serviços. Quanto à concomitância na prestação de serviços de água e esgoto, 39,6% dos municípios possui órgãos responsáveis pela gestão de RSU concomitantemente com a gestão de serviços de água e/ou esgoto, enquanto na maioria dos municípios, 60,4%, a gestão de serviços manejo de RSU é feita de forma exclusiva. De acordo com as informações levantadas, os principais consórcios intermunicipais na área de resíduos sólidos são: CIGRES: (30 municípios): com sede em Seberi, instituído em setembro de 2001; Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios a Margem Leste do 395 Passo Real: (5 municípios): com sede em Espumoso; CITEGEM Bom Progresso: (11municípios); CONILIXO: (11municípios) com sede em Trindade do Sul, instituído em setembro de 1997; Pinhal da Serra e Esmeralda: (2 municípios): instituído em junho de 2001; CIGRES: (6 municípios) com sede em Três de Maio. Este consórcio reúne Alegria, Independência, São José do Inhacorá e Inhacorá. As informações levantadas pelo PEGERSUL e ALE indicam que tal consórcio permanece em atividade. As informações fornecidas pela FEPAM, no entanto, revelam que Boa Vista do Buricá, embora não fazendo parte do consórcio, compartilha o local de disposição final; Consórcio Intermunicipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos – Comanda: (2 municípios), com sede em Guarani das Missões, instituído em junho de 2004, reunindo Guarani das Missões e Sete de Setembro; Consórcio Intermunicipal Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos – CITRESU: (10 municípios), com sede em Bom Progresso, instituído em abril de 1997; Consórcio Intermunicipal Centro Sul: (13 municípios), com sede em Guaíba. Instituído em dezembro de 2005. O objeto do consórcio é saúde e tratamento de resíduos sólidos, mas as informações obtidas revelam que este grupo de municípios não atua de forma consorciada no gerenciamento de seus resíduos sólidos; Consócio Pró-Sinos: o Consórcio Pró-Sinos é um pacto entre 25 municípios localizados na bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, que se comprometeram a executar em conjunto ações, projetos e programas de saneamento. Dentro da área de Resíduos Sólidos a atuação compreende as atividades de infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final de resíduos domésticos e do resíduo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. 396 5 Análise das Tecnologias para Tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos e Rotas Tecnológicas A gestão de tecnologias para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos tem sido um dos desafios mais difíceis da política ambiental mundial. Nos países desenvolvidos da União Européia, nos Estados Unidos e no Japão, são muitos os programas existentes voltados para ação ambiental, como: Energia Verde, Redução de Emissões, Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, Lixo Zero, entre muitos outros. Entretanto, a realidade mostra que os programas, apesar de representarem contribuição significativa à política ambiental dos países, não foram suficientes o bastante para desatrelar o aumento na geração dos resíduos ao crescimento econômico. De toda forma, bons exemplos da importância de uma legislação adequada e muito bem aplicada já existem no mundo. A União Européia estabeleceu uma legislação muito importante para os países comunitários, que considera a sustentabilidade ambiental com o ponto focal da qualidade de vida. Neste caso, a gestão das tecnologias para o tratamento dos resíduos e a eficiência econômica obtida em cada caso é fundamental para atendimento de suas diretivas. Nos EUA, a Lei de Conservação e Recuperação de Recursos (RCRA) é a principal lei federal que estabelece diretrizes gerais e delega aos estados a responsabilidade de regular o mercado de coleta, tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos. No Japão, destaca-se a Lei Fundamental do Ciclo dos Materiais, que origina uma série de outras leis, sobre fluxos específicos de resíduos, em vigor e em constante atualização desde a década de 1990. No Brasil, a legislação atual, com destaque para a Lei 12.305/2010, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos, permite avançar em novos modelos de gestão e tratamento dos resíduos sólidos urbanos, bem como na diversificação das tecnologias adotadas no País. Para isso ocorrer, e muito importante conhecer cada tecnologia e considerar suas vantagens e desvantagens 397 em relação ao local de sua aplicação, considerando sua sustentabilidade econômica, social e ambiental. Este aspecto é muito relevante no Brasil, que além de sua significativa dimensão continental, possui grande diversidade de costumes, economias, clima, vegetação e relevo. Para a decisão sobre as tecnologias apropriadas às circunstancias locais, deve se levar em conta as perspectivas econômicas mais promissoras, com o reaproveitamento de materiais, que voltam ao ciclo industrial; da energia, que diversifica nossa matriz energética, além de uma maior geração de emprego e renda. A seguir será apresentada uma análise dos principais aspectos abordados neste relatório relacionados a alguns países da Europa, Estados Unidos e Japão, e um diagnóstico da situação e das possibilidades para o Brasil em termos de tecnologias e rotas tecnológicas. 5.1 Europa Em 2010, a União Europeia EU-27 gerou 252 milhões de toneladas de resíduos, dos mais variados tipos e com características físico-químicas e biológicas diferentes, o que exige um bom sistema de gestão de resíduos em todas as etapas, desde a geração até a sua destinação final. A quantidade gerada varia significativamente entre cada estado membro, tendo-se como exemplo a geração no Chipre que foi de 760 kg/pessoa/ano e a da Letônia que foi abaixo de 400 kg/pessoa/ano. Na EU-27, cada cidadão europeu gerou 502 kg de resíduos urbanos em 2010, é 486 kg de resíduos sólidos urbanos foram tratados por pessoa. Ainda se observa que estes resíduos foram tratados de diversas formas: 38% foram depositados em aterro, 22% foram incinerados, 25% reciclados e 15% foram compostados. Este aspecto é bem relevante quando comparamos com o Brasil, que praticamente trata (quando trata) seus resíduos exclusivamente em aterros sanitários. Na Europa, a gestão dos RSU é da responsabilidade dos municípios ou das Associações de Municípios. Porém, de acordo com a legislação, todos os detentores 398 de resíduos são chamados a participar através do pagamento pela gestão dos seus resíduos. Nesta pesquisa observou-se que na Europa existem diversas rotas tecnológicas e que estas variam de país para país em função de suas políticas publicas e das legislações vigentes. As principais tecnologias de tratamento e disposição de resíduos existentes são o tratamento mecânico biológico, a reciclagem, a compostagem, a digestão anaeróbia, a incineração com geração de energia e o aterro sanitário. Dentre estas, o tratamento mecânico biológico (TMB) e a digestão anaeróbia (DA) são considerados tecnologias emergentes. Na UE-27 estes métodos de tratamento de resíduos diferem substancialmente entre os estados-membros. No caso da Alemanha, a deposição de resíduos em aterros atinge 1%, a incineração com recuperação energética atinge 38% dos seus resíduos gerados e a reciclagem de resíduos atualmente atinge 48% e quando incluídos a reciclagem de outros materiais incluindo a compostagem atinge 63%. Na Suíça, a deposição de resíduos em aterros atinge 1%, a incineração com recuperação energética atinge 38% dos seus resíduos gerados e a reciclagem de resíduos atinge 46% e quando incluídos a reciclagem de outros materiais incluindo a compostagem atinge 61%. Estes países são os que possuem índices mais avançados de gestão e tratamento de resíduos na Europa e são referências mundiais com relação às pesquisas tecnológicas nesta área. Em Portugal, observa-se que 62% dos resíduos gerados no território são depositados em aterros, 19% dos resíduos municipais são incinerados para geração de energia elétrica e calor e que 11% dos resíduos são reciclados, aumentando para 19% se incluirmos a reciclagem de resíduos orgânicos, no caso a compostagem e digestão anaeróbia, o que mostra que o país avança no sentido do cumprimento de suas metas para a União Europeia com relação à gestão de resíduos. Na Espanha 58% dos resíduos gerados no território são depositados em aterros, 8% dos resíduos municipais são incinerados para geração de energia elétrica e calor e 16% dos resíduos gerados são reciclados, ampliando este percentual para cerca de 34% se incluirmos a compostagem. 399 No caso da Itália, observa-se que 51% dos resíduos gerados no território são depositados em aterros, em que 15% dos resíduos municipais são incinerados para geração de energia elétrica e calor e que 21% dos resíduos gerados são reciclados, ampliando para 34% se incluirmos a compostagem. No caso da Dinamarca, observa-se que 3% dos resíduos gerados no território são depositados em aterros, 56% dos resíduos municipais são incinerados para geração de energia elétrica e calor, enquanto que 23% dos resíduos gerados são reciclados, ampliando para 41% se incluirmos a compostagem. No caso da Grécia, observa-se que 99% dos resíduos gerados no território são depositados em aterros e que apenas 1% dos resíduos municipais são reciclados. Da mesma forma, a Letônia, que destina 99% dos resíduos gerados em seu território para aterros e apenas 1% dos resíduos municipais são reciclados. Estes países são um grande desafio para o cumprimento das metas da EU-27 com relação à gestão de resíduos. De uma forma geral, os custos de coleta na Europa para os resíduos residenciais são muito diferentes em todos os estados-membros, e isso provavelmente reflete o fato de que alguns estados-membros são mais bem sucedidos do que outros em termos das taxas de separação na fonte. Observa-se que o custo com o tratamento dos resíduos varia muito entre os seus estadosmembros em função do arranjo da rota tecnológica e das formas de tratamentos de resíduos adotados em seu modelo de gestão. As perspectivas futuras na Europa se dão no sentido da obtenção de valores que consigam cobrir os custos com os serviços sem que os estados-membros tenham que subsidiar estes custos de alguma forma, esta meta é um grande desafio para a União Europeia. Assim sendo, têm-se na Europa grandes avanços tecnológicos, sociais e ambientais com relação ao tratamento dos resíduos sólidos municipais, mediante seus arranjos institucionais que priorizam o estado como maior acionista (controlador) do sistema de gestão e na grande contribuição para o desenvolvimento de novas tecnologias que servem para aplicação em diversas partes do mundo. Esta aplicabilidade, no entanto, precisa ser bem conhecida em termos de suas variáveis 400 sociais, econômicas e ambientais e seus arranjos institucionais para que mediante estudos mais específicos possam ser sugeridas em outros territórios. 5.2 Estados Unidos Nos EUA, a Lei de Conservação e Recuperação de Recursos (Resource Conservation and Recovery Act – RCRA) é a principal lei federal que estabelece diretrizes gerais e delega aos estados a responsabilidade de regular o mercado de coleta, tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos. Esta lei também estabelece a Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency – EPA) como agência nacional responsável pelo estabelecimento de padrões nacionais de gestão de resíduos sólidos, assim como do monitoramento e fiscalização nos estados. Em termos de geração de resíduos, os cidadãos dos EUA geraram em 2010 cerca de 250 milhões de toneladas de RSU, sendo cada cidadão responsável pela geração de aproximadamente 1,97 kg/habitante-dia, com um decréscimo de 4% comparado com o ano de 2005. Esta redução na geração de resíduos pode ter sido ocasionada pela existência de uma recessão econômica iniciada em 2008 e também pela efetivação de políticas e práticas de gestão de RSU como reutilização, reciclagem e recuperação. Com relação à composição dos RSU, existe uma predominância de materiais orgânicos (55,8%), sendo que papel em geral constitui 28,5% desse total e o restante consiste de resíduos de alimentos (13,9%) e resíduos de plantas/jardinagem (13,4%). Outros materiais mais encontrados em RSU são plásticos (13,8%), metais (9,0%), resíduos de borracha, couro e têxteis (8,4%), madeira (6,4%) e vidro (2,6%). Devido ao elevado teor de materiais que podem ser reciclados ou que possam passar por processos de valorização orgânica, como a compostagem, os EUA hierarquizou a gestão de RSU da seguinte forma: (1) redução de resíduos na fonte incluindo o uso de produtos no local de origem através da compostagem de resíduos de jardim; 401 (2) reciclagem e incentivos a compostagem; (3) combustão com geração de energia e (4) disposição final em aterros. Com relação à coleta de resíduos, esta normalmente é fornecida pelos governos locais e empresas privadas, principalmente em áreas urbanas. Em locais com baixa densidade demográfica, muitas vezes são empregados os sistemas “drop-off”, no qual permitem que os moradores tragam oss seu próprios resíduos doméstico para tratamento e/ou destinação final. Destaca-se também a existência de diversas estações de transferência devido às grandes distâncias geográficas existentes entre o local de geração e o de tratamento/disposição final de resíduos. As taxas de reciclagem em aglomerados urbanos com residências uni familiares podem chegar a uma taxa de 50% em massa. Entretanto, em áreas rurais e locais com residências multifamiliares apresentam valores mais baixos (menos que 20%). Um dos resíduos que vem merecendo destaque são os resíduos eletrônicos, principalmente pelo avanço da tecnologia e consumismo da população. A compostagem foi uma das tecnologias que também se destacou no sistema de gestão de RSU nos EUA, com um crescimento de 492% desde 1990, principalmente pela existência de leis que já proíbem o lançamento de resíduos verdes em aterros e também pelo mercado de adubos naturais existente nos EUA. Em termos de uso de incineradores como tecnologia de tratamento de RSU, destaca-se o fato de nenhuma instalação de incineração de RSU ter sido construída no País desde 1995. Entretanto, algumas das usinas foram expandidas para processar quantidades maiores de resíduos e produzir mais energia. Os principais obstáculos para o não desenvolvimento deste tipo de tecnologia consistem: (1) elevado custo inicial de investimento para ser emprestado por um município ou financiadores; (2) baixo custo atual de energia elétrica, fazendo com que exista um risco elevado perante a análise de viabilidade destas plantas de incineração; (3) não aceitação da população, principalmente em relação às emissões atmosféricas; (4) elevada incerteza no fluxo de resíduos que possam chegar à planta de 402 incineração, pois existem leis que restringem o direcionamento de alguns tipos de resíduos para plantas de incineração, e outras que permitem a livre escolha do local em função das tarifas cobradas em cada caso; Enfatiza-se que a maioria dos incineradores em operação está no Nordeste do País, numa área de grande demanda de energia (eletricidade e calor), alta densidade populacional e poucas opções para a destinação alternativa dos resíduos, como aterros sanitários. Os aterros sanitários ainda correspondem à tecnologia dominante para a destinação de RSU nos USA. A maioria dos aterros existentes já passou ou estão passando por processo de expansão. Um fato importante é que todos os aterros devem instalar e operar sistemas de controle de biogás, objetivando principalmente o seu aproveitamento energético, seja através da adição na rede de energia local ou através de sistema de aquecimento, evaporação de lixiviados, combustível em veículos e outros. Muitos dos projetos de aproveitamento energético do biogás receberam incentivos financeiros através da implantação de uma taxa de crédito fiscal federal ou o aumento do preço relativo de energia. As principais tecnologias de tratamento de resíduos existentes nos Estados Unidos são a reciclagem, a compostagem, a digestão anaeróbia, o tratamento mecânico biológico, a incineração com geração de energia e o aterro sanitário com geração de energia. Nos Estados Unidos existem diversas rotas tecnológicas e estas variam de região para região e entre estados em função de suas políticas publicas e das legislações vigentes. Pode-se citar como rotas predominantes a reciclagem, a coleta diferenciada, o transporte e transbordo (de varias formas, via caminhões, via trem, via barco), a compostagem e o aterro sanitário com geração de energia. Uma segunda rota predominante é a reciclagem, a coleta diferenciada, o transporte e transbordo a incineração com geração de energia e o aterro sanitário. Com relação aos arranjos institucionais, alguns governos locais tem incentivado a existência de serviços privados para que seja garantida a capacidade e operação das plantas de tratamento e destinação final de RSU. O setor privado é considerado um player importante no funcionamento deste arranjo, como um 403 parceiro econômico do governo local, funcionando principalmente como empreiteiros, sendo direcionados para locais residenciais e empreendimentos comerciais, institucionais e entidades de negócios industriais. Por fim, a concorrência controlada é uma abordagem muito usada pelos governos locais. A tendência atual nos USA indica que os prestadores de serviços privados têm concorrência adequada entre si, e geralmente podem sugerir preços aos serviços de resíduos em um nível menor do que o setor público. Tais situações são aplicadas para praticamente todas as tecnologias utilizadas na coleta, tratamento e destinação final de RSU. 5.3 Japão A principal iniciativa de gestão dos resíduos sólidos urbanos no Japão teve o seu início em 1971, com a criação da Agência Japonesa Ambiental (JEA), de caráter regulatório, a agência gera os regulamentos e normativas necessários para o bom funcionamento do gerenciamento dos resíduos no país. Posteriormente, o arcabouço legal voltado para a gestão dos resíduos sólidos urbanos (MSWM) no Japão foi se estruturando, baseado em 3 legislações mais relevantes, as quais foram derivadas da Lei Básica de meio ambiente, são elas: a Lei de Gestão de Resíduos e Limpeza, regularmente revisada desde 1970; a Lei para a promoção da utilização eficiente de Recursos, aplicada em 1991; a Lei fundamental do ciclo dos materiais (sound material-cycle society), aplicada em 2000, complementarmente, existe uma série de outras leis, sobre fluxos específicos de resíduos, em vigor desde a década de 1990. A partir dessa consolidação da legislação com a Lei fundamental do ciclo dos materiais, passou a ser percebida uma implicação mais direta relacionada à redução gradativa da geração dos resíduos. No modelo japonês a gestão dos resíduos é basicamente municipal, contando com a concepção de centros administrativos com o objetivo de descentralizar ainda mais para o gerenciamento dos resíduos nas maiores cidades. Os municípios têm sido incentivados a estabelecer suas metas específicas relacionadas com os 3Rs e a formular seus planos com metas para atingir tais objetivos, estabelecendo ainda 404 instalações de tratamento de resíduos para associar a aplicação da lei “sound material-cycle society”. De acordo com o indicado pela legislação, a Lei “sound material-cycle society”, o Japão busca promover ativamente a aplicação dos 3Rs (reduzir, reutilizar, reciclar) para alcançar o desenvolvimento sustentável. No Japão a reciclagem não é informal, todo o lixo reciclável é obrigatoriamente segregado pelos moradores e coletados pelo município, conforme orientação dada pela legislação a todos os cidadãos, ao contrário dos países em desenvolvimento. E as entidades privadas que produzem e comercializam os recipientes e embalagens devem pagar uma taxa de reciclagem para os mesmos. Quanto à composição dos resíduos (MSW), apesar dos maiores percentuais ainda ser tanto de papel, quanto de restos orgânicos (alimentos), ou seja, altos índices de desperdício. A composição dos tipos de resíduos gerados tem se transformado ao longo do tempo devido à mudança no consumo e às preocupações ambientais. Muito embora exista uma diversidade nas alternativas tecnológicas de tratamento dos resíduos, é possível perceber que no caso do Japão, as escolhas, os arranjos institucionais, a tendência para segregação, coleta seletiva e a relevância para instalação de aterros sanitários, tenham uma influência direta nas alternativas escolhidas por meio da legislação e também pelos condicionantes característicos da região. Entre as cidades existem diferenças, dependendo das regiões, especialmente em termos de desempenho de reciclagem, uso de plantas de combustão de resíduos em energia, e de propriedade (público versus privado) dos componentes dentro do sistema de gestão de resíduos sólidos. Por exemplo, são aspectos característicos relevantes como a limitação de área geográfica, a composição geomorfológica ou a condição socioeconômica das diferentes regiões do país, que determinam a dificuldade maior na opção pela tecnologia dos aterros sanitários, diferentemente de aspectos relativos a países como o Brasil ou EUA. No caso do Japão, a tecnologia do aterro sanitário é uma opção aplicada para os resíduos classificados como não inflamáveis e para os resíduos após o tratamento intermediário. Uma evidência desse dado é a informação relativa ao ano 405 de 2009, quando apenas 1,6% do total de resíduos (5 milhões de toneladas) para disposição final foi destinado diretamente para o aterro, e o resto para deposição de rejeitos após o tratamento intermediário (incluindo cinzas provenientes da incineração). O que também contribuiu para a queda da taxa de aterros foi a opção pela alternativa de enviar o resíduo não reciclável de plástico para a incineração, e o incentivo forte também para recuperação de energia. Considerando ainda a dificuldade específica do país, na aquisição de áreas de terra ou mar para o fim de tratamento ou destinação dos resíduos, a política centrou na necessidade da redução dos resíduos coletados. Quanto às emissões dos gases de efeito estufa (GEE), considerada para o setor dos resíduos no Japão é o CO2 (dióxido de carbono), que é diferente de países em desenvolvimento, onde a emissão de CH4 (metano) proveniente dos aterros é a dominante. De qualquer forma todos os gases de efeito estufa são transformados em CO2 equivalente. É bastante perceptível o foco das legislações no incentivo aos princípios dos três R’s: redução, reutilização e reciclagem. Nesta mesma linha, embora a reciclagem tenha importância, a incineração com recuperação de energia é uma opção indispensável no Japão devido à elevada densidade populacional e à limitação de espaço apropriado para construção de aterros sanitários. De uma forma geral, deve-se registrar que a partir da década de 2000 houve um grande esforço no país voltado ao tratamento de resíduos sólidos urbanos para aumentar a taxa de reciclagem. E a percepção foi de que, à medida que o volume de RSU diminui, o custo total para a gestão de resíduos também diminui, evidenciada pelo dado do ano de 2009, em que o custo total para o tratamento de RSU foi equivalente ao valor de 1,826 bilhões JPY, havendo uma redução de 23% a partir de 2000 e uma redução de 5,6% a partir de 2004. Finalmente, é importante ainda ressaltar que para cada tecnologia o custo do investimento de capital e de operação é variado, dependendo de como e aonde a mesma seja aplicada. E, no geral, os custos de investimento e operação de instalações de tratamento de resíduos no Japão são muito altos porque os padrões ambientais e de execução são muito rigorosos, além dos custos de materiais. 406 5.4 Brasil 5.4.1 Região Norte A Região Norte do Brasil apresenta como disposição final dos seus resíduos sólidos urbanos os lixões, que predominam em 65% dos municípios, contra apenas 35% de aterros sanitários (ABRELPE,2011). Não existe um planejamento regional e nem entre estados para a questão dos resíduos, tendo iniciativas pontuais por estado, como é o caso do PLAMSAM - Programa de Apoio aos Planos Municipais de Saneamento Básico e gestão integrada dos resíduos sólidos no Estado do Amazonas. Ações importantes estão sendo desenvolvidas pelos órgãos estaduais de meio ambiente e os Ministérios Públicos, no sentido de cobrar as exigências legais dos gestores quanto ao trato da gestão dos seus resíduos. As respostas dos gestores municipais quanto à mudança são evasivas, alegando falta de recursos financeiros para implantar e manter um aterro sanitário. Complicando a situação, têm-se ainda aterros sanitários que viraram lixões por causa da falta de um bom gerenciamento; de planejamento financeiro; de projetos executivos viáveis, ou ainda de uma política sustentável. Na Região Norte, as unidades de triagem existentes não pertencem às Prefeituras, e sim, aos grupos organizados de catadores. Não possuem estruturas de linha de produção, tendo como consequências um material segregado de qualidade inferior ao exigido para um gerenciamento adequado. Existem poucas experiências de compostagem, com exceção do Acre, os outros estados da região possuem projetos incipientes. No Estado do Acre, apenas o município de Rio Branco, apresenta uma rota tecnológica definida, os demais municípios do Estado não possuem rota tecnológica, sendo os resíduos produzidos encaminhados e dispostos em lixões. No Estado de Amapá, dos 16 municípios que compõem o estado, apenas os municípios de Pedra Branca do Amaparí e Macapá dispõem seus RSU em aterros sanitário de pequeno porte e a própria capital, dispõe seus resíduos em um lixão. Nos demais, os RSU são destinados a lixões. No Estado do Amazonas, ainda não foram desenvolvidas rotas tecnológicas 407 consolidadas em sua integralidade. O Estado do Acre, tem se destacado como um exemplo de avanço no desenvolvimento e implantação de políticas públicas em vários setores, inclusive na gestão de resíduos sólidos. Esta gestão recebeu uma especial atenção e os exemplos positivos de planejamento de ações estruturantes, acompanhado da implantação de projetos simples, com boa participação social e adequados às condições orçamentárias e operacionais da região, tem feito a diferença neste setor em toda Região Norte. O Estado do Amapá, não tem apresentado avanços com relação a gestão dos resíduos sólidos, está em processo de planejamento do Plano Estadual de Regionalização da Gestão dos Resíduos Sólidos, como início para a consolidação das ações em todo o Estado. Entretanto, as grandes carências de infraestrutura da Região, podem representar dificuldades para a efetiva implantação do Plano. Neste sentido, se faz mais que necessário o investimento dos governos na implantação das ações e na fiscalização e controle destas ações. O Estado do Amazonas se apresenta como um estado que se preocupa com o Planejamento de suas ações e mediante programas e projetos em desenvolvimento busca o caminho de melhoria nos sistemas de gestão dos resíduos. A rota tecnológica empregada em Manaus representa um caminho necessário para muitas cidades brasileiras que deverão passar da condição de lixão para uma condição de aterro sanitário utilizando a mesma área. Este mesmo processo foi encontrado nos EUA (costa oeste), nas cidades de Columbia MO, Livermore CA e Petaluma CA, onde o aterro sanitário foi construído na mesma área e o lixão recuperado por cobertura, revegetação e drenagem com tratamento de líquidos e gases. Esta rota, por manter atividade na área, permite um melhor acompanhamento do processo de recuperação e uma sinergia de recursos com a operação atual. A geração de energia elétrica através da utilização do gás do aterro também se beneficia pela maior disponibilidade de gás para os equipamentos de geração. O projeto ainda necessita de aprimoramentos, principalmente, na ampliação da rede de coleta de gás e na melhoria do sistema de tratamento de líquidos. A vida 408 útil declarada pelo operador é de aproximadamente 10 anos e deve ser utilizada em sua totalidade antes da abertura de uma nova área. A região Norte, não dispõe de unidades de incineração de resíduos sólidos domésticos. Na região Norte, predominam duas rotas tecnológicas básicas. A primeira, envolvendo a coleta domiciliar indiferenciada, transporte (transbordo onde necessário) e aterro sanitário. A segunda rota inclui a coleta domiciliar diferenciada, transporte e transbordo (quando for o caso), triagem (quando for o caso) e aterro sanitário. O aproveitamento energético na região é incipiente, com exceção do aterro de Manaus, que se utiliza da inovação tecnológica (WTE) para gerar energia. De uma forma geral, a rota tradicional está mais adequada à realidade econômica dos municípios. A inclusão de novos itens nesta rota deve ser acompanhada de estudos de viabilidade. Será extremamente difícil para os municípios que compõem a região Norte do Brasil atenderem às metas estabelecidas na PNRS, principalmente pela falta de capacitação técnica, gerencial e financeira dos municípios componentes desta Região. 5.4.2 Região Nordeste A região Nordeste tem na maioria de suas cidades a presença de lixões, sendo a região com maior numero de municípios utilizando disposição final inadequada no Brasil. São articulados esforços para reduzir os lixões e construir aterros sanitários pelos órgãos ambientais e pelos Ministérios Públicos Estaduais. No entanto estes esforços tem apresentado uma resposta muito lenta. As respostas dos gestores municipais quanto à mudança são evasivas, alegando falta de recursos financeiros para implantar e manter um aterro sanitário. Em geral, nesta região têmse observado que muitos aterros sanitários viraram lixões por causa da falta de um bom gerenciamento; de planejamento financeiro; de projetos executivos viáveis ou ainda de uma política sustentável. Os aterros sanitários no Nordeste foram construídos em sua maior parte de 409 forma convencional, não havendo ainda um melhor aproveitamento do biogás para geração de energia. No entanto há exceções como os aterros sanitários de Salvador, Recife, Natal e João Pessoa. Novos aterros sanitários estão em fase de implantação como o aterro sanitário de Caucaia-CE, que já nasce com a ideia de melhor reaproveitar a energia que vem da queima do gás metano. As principais dificuldades para a implantação de novos aterros sanitários e de novas tecnologias de tratamento dos RSU na região são: Falta de uma política estadual e municipal; Necessidade de receitas acessórias para sustentabilidade; Falta de fiscalização; Bons projetos; Viabilidade financeira dos municípios; Parcerias entre os setores públicos e privados; Sustentabilidade; Maior participação com a população e entidades ambientais na discussão da problemática da destinação dos resíduos urbanos; Gerenciamento ineficiente; Controles ambientais não realizados no dia a dia; Falta de capacitação de pessoal para operação; Equipamentos sem manutenção e/ou obsoletos; Políticas de incentivos; Ausência de coletas seletivas; Preços praticados sem critérios técnicos; Inexistência de pesquisas com universidades que poderiam contribuir para alternativas tecnológicas e de gerenciamento mais adequadas; Falta de decisão política. As outras formas de tratamento, tais como, compostagem e coleta seletiva estão ainda na forma embrionária e carecendo de equipamentos modernos para aumentar sua eficiência. Os galpões de triagem, largamente usados nas décadas de 410 80 e 90, estão hoje sucateados. Duas hipóteses podem justificar esta situação, a primeira é a formação de cooperativas com os catadores de antigos lixões (esses catadores acostumados a não ter compromissos formais prejudicaram o funcionamento da cooperativa) e a segunda é uma gestão inadequada. As rotas tecnológicas propostas nascem da ideia de ter uma segregação na origem dos resíduos, e depois uma coleta diferenciada. Esse primeiro passo necessita da vontade política dos gestores e principalmente de recursos aportados em projetos viáveis. No estado do Ceará os serviços de manejo de RSU mais presentes são a coleta e transporte, sendo que esses serviços somente contam com equipamentos de transporte adequados e coleta diferenciada nas maiores cidades, requerendo, portanto, melhorias de modo a se adequarem à Política Nacional de Resíduos Sólidos. O grande desafio no estado do Ceará, diz respeito à incapacidade municipal de gerir tais empreendimentos, em especial a falta de capacitação técnica especifica e à implantação prematura dos consórcios de aterros sanitários, ainda em fase de conclusão dos projetos executivos. O estado do Rio Grande do Norte tem a coleta e transporte dos resíduos como os principais serviços de limpeza urbana prestados. O Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERGIS, 2010), mostrou que 9 (nove) municípios realizam coleta seletiva, ou seja, 5,4%, no entanto esses projetos são sempre ligados a ações da prefeitura porém sem sistematização e gestão adequadas. Com relação aos aterros sanitários, os 2 (dois) construídos, um na Região Metropolitana de Natal atende 8 (oito) municípios e o outro no município de Mossoró, recebe aproximadamente 57,7% dos resíduos gerados no estado. As rotas tecnológicas propostas estão de acordo com o previsto no plano contemplando estruturas de centrais de triagem, preferencialmente junto às estações de transferência, no intuito de facilitar o descarte de rejeitos oriundos da coleta seletiva, que deve ser realizada na modalidade porta a porta e em Postos de Entrega Voluntária (PEV´s). No entanto, é necessária a integração de outras tecnologias tais como compostagem de matéria orgânica e a adoção de políticas de redução, reutilização e reciclagem para que se atinjam os objetivos de encaminhar apenas rejeitos para os aterros sanitários. Os 411 consórcios públicos em implantação em algumas regiões do Estado, em municípios com população inferior a 20.000 habitantes, visam ao ganho de escala e à melhoria do sistema. Espera-se que, com a implantação de estruturas de aterro sanitário e os equipamentos previstos para viabilizar a coleta e transporte dos resíduos (Estações de Transbordo, Unidade de Triagem e Pontos de Entrega Voluntária) o quadro situacional dos resíduos sólidos no Rio Grande do Norte seja modificado. O estado da Paraíba, através do Governo do Estado, pretende implantar sistemas simplificados para destinação dos resíduos e nas cidades com maior população e geração de resíduos, e há indicação de implantação de Sistemas Integrados compartilhados, previstos para atender a mais 95 cidades do estado. Para viabilizar novos empreendimentos na área de resíduos sólidos, ou mesmo recuperar os atuais, estes municípios enfrentam dificuldades de ordem técnica, operacional e financeira sendo necessário o desenvolvimento de projetos junto a organismos financiadores (bancos e organizações internacionais) para captação de recursos financeiros para implantar estes sistemas. Também existe a necessidade de capacitação técnica para a gestão de resíduos sólidos a fim de que os sistemas implantados se tornem mais duradouros. O estado de Pernambuco necessita de um sistema de informação para gerenciar e atualizar, periodicamente, os dados relativos ao setor tornando a base de dados confiável, e que sirva de ferramenta de gerenciamento dos serviços de limpeza urbana. A coleta e transporte dos resíduos são os principais serviços de limpeza urbana prestados, tendo em 2011, de acordo com a CPRH, 18 aterros sanitários, 39 lixões inativos (municípios que possuem ou compartilham aterros sanitários) e 145 lixões ativos. Dos 39 (trinta e nove) lixões inativos, 5 (cinco) encontra-se em remediação, com Autorização Ambiental (AA), são eles, Mirueira, em Paulista; Cabo de Santo Agostinho; Aguazinha, em Olinda; Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes; e, Raso da Catarina, em Petrolina. A regionalização da gestão dos resíduos sólidos nos municípios já está definida e contempla diversas alternativas para a erradicação e recuperação das áreas de disposição inadequada de resíduos sólidos a céu aberto e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos em aterros sanitários, entre outras ações. O estado de Pernambuco foi o que 412 mais avançou na gestão e gerenciamento dos sistemas de tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos nos últimos anos na Região Nordeste, com ações efetivas quanto aos aspectos legais, sociais, econômicos e ambientais, mediante diversos programas e projetos implantados que fizeram do Estado, um exemplo na gestão integrada dos resíduos sólidos. O Estado da Bahia implantou uma quantidade significativa de aterros sanitários, sobretudo entre os anos de 2000 e 2006 (35 Aterros Sanitários Simplificados e 20 aterros tipo convencional de grande e médio porte). De uma forma geral, a situação dos maiores municípios do estado com relação à gestão dos resíduos sólidos já está equacionada com a utilização de aterros que contemplam projetos técnicos e operação eficiente, além de uma fiscalização mais sistematizada. Para os municípios de pequeno porte serão necessário investimentos, principalmente em capacitação técnica para operação adequada dos aterros simplificados, assim como na utilização de tecnologias compartilhadas visando uma adequada relação benefício-custo dessas tecnologias de tratamento de resíduos sólidos urbanos ao porte dos municípios. A região Nordeste, não dispõe de unidades de incineração de resíduos sólidos domésticos. De um modo geral em todos os estados da região o grande desafio é a implantação e gestão de aterros sanitários com a definição dos mecanismos técnicofinanceiros para sua construção e operação, de maneira que os equipamentos se tornem autossustentáveis constituindo-se em empreendimentos permanentes e duradouros. Apesar dos avanços existentes, muito há o que ser feito e para tal se faz necessária a cooperação entre estados e municípios no sentido de se ter uma articulação e integração de planejamento e da execução das suas funções públicas de interesse comum. Também é importante a capacitação dos envolvidos em todo o processo em seus diversos níveis de atuação, o planejamento de sistemas integrados que sejam sustentáveis, a implantação destes sistemas com o devido acompanhamento nas suas diversas etapas de implantação e com o controle pósimplantação, a fiscalização na qualidade e na gestão dos serviços prestados e a 413 melhoria da relação prestador de serviços públicos de limpeza urbana versus usuários do sistema. Na região Nordeste do Brasil, predominam duas rotas tecnológicas básicas. A primeira, bastante clássica, envolve a coleta domiciliar indiferenciada, transporte (transbordo onde necessário) e aterro sanitário. A segunda inclui a coleta domiciliar diferenciada, transporte e transbordo (quando for o caso), triagem e compostagem (quando for o caso) e aterro sanitário. O aproveitamento energético e a compostagem são ações incipientes na região. A rota tradicional está mais adequada à realidade econômica dos municípios. A inclusão de novos itens nesta rota deve ser acompanhada de estudos de viabilidade. Neste sentido, será extremamente difícil aos municípios que compõem a região Nordeste do Brasil atender às metas estabelecidas na PNRS, principalmente pela falta de capacitação técnica, gerencial e financeira dos municípios componentes desta região. 5.4.3. Região Centro-Oeste A região Centro-Oeste apresenta, na maioria dos seus municípios, os lixões como forma de destinação final de resíduos. Os esforços para reduzir este número se fortalecem mediante o fechamento e a recuperação ambiental dos lixões e a implantação de novos aterros sanitários. Ações importantes têm sido realizadas pelos órgãos ambientais e pelo Ministérios Públicos Estaduais. No entanto, estas ações precisam ser acompanhadas mais de perto pelos gestores públicos e órgãos de fiscalização e controle no sentido de se diminuir este passivo ambiental e fortalecer o caminho entre a sociedade e o poder público. As tecnologias mais utilizadas na região Centro Oeste são as centrais de triagem e aterros sanitários, embora a maioria dos municípios possua apenas locais inadequados para destinação final dos RSU. O estado de Goiás preconiza a utilização de aterro sanitário como principal tecnologia de tratamento e disposição final dos RSU. Muitos dos aterros sanitários instalados no estado, através de programas do Governo Federal, tem sido exemplo 414 de experiência não exitosa na região, pois foram transformados, em poucos anos após sua implantação, em lixões a céu aberto. Este fato se deve a diversos fatores, que se consubstanciam principalmente na má gestão. Atualmente apenas 4% dos municípios goianos dispõem seus resíduos em aterros sanitários, sendo três casos considerados exitosos no estado, destacando-se o que possui gestão compartilhada do Aterro Sanitário de Cidade Ocidental com o município de Valparaíso de Goiás. Esta foi uma iniciativa importante na direção de reduzir os custos e os impactos ambientais. Com relação às centrais de triagem, algumas foram implantadas e operadas por cooperativas de catadores, as experiências existentes no estado ainda são bastante modestas e restringem-se a poucas unidades em funcionamento. A compostagem encontra dificuldades de planejamento, execução, operação, fiscalização e controle para ser implantada. E fatores, tais como, dificuldade de segregação da matéria orgânica na fonte, falta de espaço físico para implantação e falhas técnico-operacionais, reforcam as dificuldades, principalmente quando essa tecnologia é implantada em grande escala. Implantada atualmente em apenas dois municípios do estado, é uma tecnologia que tem apresentado dificuldades para sua execução, devido a problemas na separação dos resíduos, o que interfere diretamente na qualidade do composto e, consequentemente, na sua utilização e comercialização. Apenas cinco municípios, dos 78 municípios do estado, contam atualmente com aterros sanitários. Em termos quantitativos, segundo ABRELPE (2011), apenas 26,7% de todos os RSU gerados no estado são encaminhados para esses aterros sanitários. A melhoria das rotas tecnológicas em Goiás passa, primeiramente, por uma melhor gestão dos RSU no estado, considerando a adoção de estratégias de educação ambiental e participação popular, para a minimização dos resíduos e reaproveitamento dos recicláveis. Além disso, a inclusão das centrais de triagem nas rotas tecnológicas dos municípios goianos contribuirá para a redução significativa de resíduos encaminhados para os locais de disposição final, aumentando a vida útil dos mesmos, gerando trabalho e renda para os catadores. 415 Poucos municípios possuem coleta seletiva de grande alcance, que foi fruto de importantes programas de educação ambiental. Por outro lado, ressalta-se que, para os municípios localizados ao norte do estado, a viabilidade de implantação de centrais de triagem pode não ser favorável, devido às grandes distâncias das usinas de reciclagem. Em relação à triagem e reciclagem, o incentivo às organizações de catadores deve ser muito maior do que a recebida até o momento. Neste sentido é necessário implantar na Região redes de organizações que viabilizem alguns tipos de beneficiamento dos materiais e a venda direta às indústrias em maiores quantidades, possibilitando o aumento da renda dos trabalhadores deste setor. Como política estadual, destacam-se os estudos de criação de grandes consórcios municipais para RSU. O cumprimento das metas da PNRS pelos municípios e pelo estado é dificultado pela falta de gestão em função da carência técnica, gerencial e financeira dos municípios, o que não possibilita a definição e implantação de técnicas de coleta seletiva e tratamento. A região Centro-Oeste, não dispõe de unidades de incineração de resíduos sólidos domésticos. Na região Centro-Oeste, predominam duas rotas tecnológicas básicas. A primeira, bastante clássica, envolve a coleta domiciliar indiferenciada, transporte (transbordo onde necessário) e aterro sanitário. A segunda inclui a coleta domiciliar diferenciada, transporte e transbordo (quando for o caso), compostagem (quando for o caso) e aterro sanitário. Para tanto, o aproveitamento energético, a compostagem são ações, no geral, incipientes na região. Não devem ser consideradas como componentes de rotas tecnológicas da região. A rota tradicional está mais adequada à realidade econômica dos municípios. A inclusão de novos itens nesta rota deve ser acompanhada de estudos de viabilidade. O cumprimento das metas da PNRS pelos municípios e pelo Estado é dificultado pela falta de gestão em função da carência técnica, gerencial e financeira dos municípios, o que não possibilita a definição e implantação de técnicas de coleta seletiva e tratamento. 416 Neste sentido, será extremamente difícil aos municípios que compõem a região centro oeste do Brasil atender às metas estabelecidas na PNRS, principalmente pela falta de capacitação técnica, gerencial e financeira dos municípios componentes desta região. 5.4.4. Região Sudeste Na região Sudeste, a coleta seletiva apesar de identificada em grande número de municípios, não oferece índices relativos à geração de resíduos domésticos (ficando quase sempre abaixo de 1%) que a tornem, no momento, uma tecnologia relevante para a gestão de resíduos sólidos. Para atendimento a PNRS, esta tecnologia certamente é uma prática que tende a ganhar espaço na gestão de resíduos, mas terá que ser avaliada em seus custos e possibilidades de mercado dos materiais separados, assim como, de suas implicações jurídicas e sociais. Nesta região a coleta seletiva de matéria orgânica para a compostagem ainda é pouco praticada e também tende a aumentar seu índice de atendimento em cumprimento das metas da PNRS. Quanto às cooperativas de catadores no Sudeste, são elas bastante dependentes da coleta seletiva realizada pelos municípios e também de apoio financeiro externo. Algum tempo se fará ainda necessário para se avaliar suas reais possibilidades de inserção na gestão de resíduos sólidos, o que certamente com maior rigor após atendimento as metas previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos. As unidades de triagem e compostagem pós-coleta, no Sudeste, são encontradas principalmente em pequenos municípios de Minas Gerais. Em relação a elas pesam as questões da qualidade do composto produzido e do material reciclável triado, que não se apresentam com boa qualidade, pelo não atendimento as normas e portarias vigentes. Não se tem clareza também dos custos de operação e manutenção envolvidos. A proposta da Política Nacional de Resíduos Sólidos para criação de consórcios de programas de coleta seletiva, inclusive para pequenos municípios, coloca o aterro sanitário também como alternativa para esses municípios. 417 Nos grandes centros as estações de transbordo também se consolidam como uma tecnologia capaz de trazer benefícios operacionais e de custos. Assim como no caso dos aterros, inúmeras empresas dominam a tecnologia. As Estações de Transbordo de RSU para municípios de médio e de grande porte possibilitam uma maior flexibilidade na programação de coleta e minimização do custo de transporte. A região Sudeste, não dispõe de unidades de incineração de resíduos sólidos domésticos. Embora a incineração com geração de energia seja uma tecnologia consagrada internacionalmente, seus altos custos de investimento e operação são impedimentos, segundo empresas consultadas, para sua aplicabilidade. Há informação de estudos de viabilidade em andamento. Em relação às estruturas físicas e operacionais dos aterros sanitários visitados, percebeu-se a necessidade de aprimoramento de algumas rotinas operacionais. Podem-se destacar dificuldades nas frentes de operação e a necessidade de se aprimorar o sistema de tratamento de lixiviados geralmente realizado por lagoas de estabilização e filtros, tecnologias não suficientes para atender aos padrões estabelecidos nas legislações ambientais aplicadas. Finalmente, na região Sudeste, predominam duas rotas básicas. A primeira, bastante clássica, envolve a coleta domiciliar, transporte (transbordo onde necessário) e aterro sanitário. A segunda inclui a coleta seletiva de materiais recicláveis, sem apresentar ainda índices significativos de eficiência. Neste sentido, o aproveitamento energético, a compostagem são ações, no geral, incipientes na região. Não devem ser consideradas como componentes de rotas tecnológicas da região. A rota tradicional está mais adequada à realidade econômica dos municípios. A inclusão de novos itens nesta rota deve ser acompanhada de estudos de viabilidade. O sistema do gerenciamento integrado e sustentável dos resíduos sólidos urbanos para a região Sudeste é essencial para as municipalidades. Contudo, sua implantação deverá prever, para as pequenas comunidades, procedimentos e tecnologias alternativas viáveis às suas realidades. Isto contribuirá para a superação das dificuldades de recursos financeiros e humanos normalmente encontradas. 418 Do mesmo modo para os médios e grandes municípios da região o desenvolvimento de um sistema de gestão e de gerenciamento integrado e sustentável dos resíduos parece ser uma alternativa viável e de importância fundamental para a melhoria do tratamento e da disposição final dos resíduos sólidos. 5.4.5. Região Sul Na última década o Estado do Rio Grande do Sul apresentou uma melhoria significativa no que se refere a destinação final de resíduos sólidos. Algumas destas melhorias foram conseguidas mediante a soma de diversas ações e fatores, tais como as ações do órgão ambiental do Estado, a FEPAM e as dos Ministérios públicos, que cobravam ações imediatas dos municípios com relação ao atendimento aos dispositivos legais e a legislação ambiental do Estado e de fatores econômicos e políticos. Para se ter noção destes avanços, observou-se que em 2005, aproximadamente 50% dos municípios gaúchos tinham como disposição final dos seus resíduos os lixões e atualmente o panorama quanto a este ponto da gestão evoluiu para 72%, o que demonstra um grande avanço na gestão do Estado. Neste avanço observou-se também a utilização dos consórcios públicos. Também nos Estados de Santa Catarina e do Paraná, têm-se diversos consórcios públicos implantados e em pleno funcionamento, no Estado de Santa Catarina os cinco consórcios intermunicipais na área de resíduos sólidos, a maioria deles formados há quase uma década, atuando com sucesso principalmente na área da disposição final em aterros sanitários, mas buscando abranger também os serviços de coleta, transbordo, triagem, e também educação ambiental nos municípios consorciados. Outro arranjo é a operação dos aterros sanitários pela iniciativa privada, com grandes aterros que atendem a diversos municípios, tendo como exemplo o maior aterro compartilhado do Brasil, localizado no município de Minas do Leão que recebe resíduos sólidos urbanos de mais de 150 municípios do Estado do Rio Grande do Sul. 419 Por outro lado observa-se ainda que na Região Sul, ainda existe a falta de planejamento a nível regional para tratar os seus resíduos, o que é demonstrado por municípios do Rio Grande do Sul que enviam seus resíduos a distâncias de 450 Km, o que encarece o processo operacional e traz aumento nos custos de todo processo de gestão e traz significativos impactos econômicos e ambientais. Também se observa que com relação aos consórcios públicos, em alguns Estados, destaca-se que as ações foco destes consórcios têm como objetivo único, na maioria dos casos, a operação conjunta de aterros, sem atender ações conjuntas na gestão, que também trate da coleta, do transbordo, da triagem, da reciclagem e das unidades de tratamento e principalmente da educação ambiental, tomando-se como foco a gestão integrada destes sistemas. No Estado do Paraná a grande maioria dos municípios utiliza o sistema de coleta tradicional de porta a porta, surgiu um novo sistema, já implantados, denominados de sistema de coleta tipo “bandeira” em alguns setores, no município de Curitiba, Londrina e Cianorte. Os sistemas de coleta conteinerizada, com alimentação basculante dos veículos coletores, foram implantados no Rio Grande do Sul, em Canoas e em Porto Alegre. Já no Estado do Paraná, existe uma pequena iniciativa, como em Ortigueira, onde há contêineres fixos em alguns pontos do centro da cidade. Neste ponto e mediante planejamento da gestão, muitos municípios apresentam programas de coleta seletiva, de triagem de materiais recicláveis e de inclusão social dos catadores, que acontecem em diversos municípios e são reconhecidos pela população mediante suas taxas de adesão e incentivadas pelos programas de governos Estaduais e municipais. Neste sentido, se destacam na região o grande número de associações e de cooperativas de materiais recicláveis que realizam a coleta seletiva e a triagem de resíduos. No estado do Paraná, apesar de 73% dos municípios declararem que possuem coleta seletiva de resíduos recicláveis, será necessário muito investimento financeiro, e participação ativa dos governos municipais e estadual para que haja uma maior inclusão e melhorias na renda e nas condições de trabalho para as pessoas envolvidas com essa atividade. 420 Como exemplo de experiência exitosa na região, apresenta-se o município de Porto Alegre, que a mais de 20 anos, planejou e implantou o sistema de coleta seletiva e as unidades de triagem com o objetivo da inclusão social dos catadores, sendo portanto um dos municípios precursores no Brasil em implantar a coleta seletiva. Constata-se que nos últimos 10 anos o sistema não avançou, necessitando de melhorias e de novas tecnologias que integrem o sistema de gestão. Na Região Sul, de uma maneira geral as centrais de triagem existentes apresentam baixa eficiência, problemas com a aquisição e manutenção de equipamentos, e principalmente, não apresentam condições adequadas de higiene e segurança do trabalho. Observa-se que uma grande dificuldade no sistema da coleta seletiva e no suprimento das unidades de triagem é a existência de catadores independentes, organizados e equipados, que se antecipam à coleta seletiva do município, reduzindo a quantidade e a qualidade dos resíduos que são encaminhados às unidades de triagem, fato este que acontece em geral em toda região Sul. Quanto aos sistemas de compostagem existentes, a maioria é operada em leiras a céu aberto, com um orgânico recuperado na triagem do resíduo orgânico bruto da coleta convencional indiferenciada, os quais apresentam grandes quantidades de recicláveis e contaminantes em geral. A FEPAM, atualmente, tem exigido cobertura de todos os pátios de compostagem para as novas unidades a serem implantadas. Na Região Sul, existem várias experiências municipais em tentativas de implantação de processos de compostagem, compra de equipamentos e implantação de unidades de compostagem sem sucesso, que culminam no encerramento da unidade e no sucateamento dos equipamentos, por problemas eminentemente de gestão dos sistemas implantados. O estado de Santa Catarina possui um caráter agroindustrial e pode desenvolver tecnologia apropriada à biodigestão mista de resíduos agrícolas e urbanos. Há necessidade de investimentos, porém, nota-se a necessidade de melhoria na troca de informações dentro do que o Estado já desenvolveu de conhecimentos no âmbito de biodigestores para dejetos suínos com dificuldades, 421 insucessos na operacionalização destes sistemas. A coleta seletiva de orgânicos deve ser iniciada a partir dos grandes geradores municipais e depois às residências, utilizando-se inicialmente a compostagem que se mostra bastante eficiente, como é o caso de Florianópolis. As agências Estaduais de Meio Ambiente, com relação aos aspectos ambientais, atuam principalmente na etapa do licenciamento destas unidades, seja de tratamento ou de disposição final e, pela falta de legislação, não são exigidas ações quanto a gestão integrada e metas de tratamento. Ainda sobre as ações das agências ambientais, deve-se destacar a falta de recursos para fiscalizar e acompanhar estas operações buscando garantir uma boa qualidade ambiental. Na região Sul, apesar da prática de cobrança de “taxas de coleta de lixo” ou de tarifas, normalmente os recursos que são pagos pelos munícipes são em percentuais inferiores aos valores lançados anualmente para cobrir os custos dos serviços de limpeza urbana, e estes entram no orçamento comum dos municípios; havendo certa dificuldade para aplicação dos recursos totais recebidos aos serviços de limpeza urbana municipais, incluindo aí a etapa de tratamento dos resíduos sólidos urbanos. Observa-se que faltam aos municípios recursos técnicos e financeiros para a seleção, aquisição, gestão e operação de processos adequados de tratamento de resíduos sólidos urbanos. A região Sul, não dispõe de unidades de incineração de resíduos sólidos domésticos. Quanto à legislação municipal e estadual, apesar de reconhecidamente incentivar ações de boa gestão de resíduos, não existem legislações ou políticas públicas com princípios norteadores e diretrizes para adoção de ações, estratégias, fomentos financeiros aos municípios e exigência de objetivos. Será extremamente difícil aos municípios que compõem a região Sul do Brasil atender às metas estabelecidas na PNRS, principalmente em função da falta de capacitação técnica, gerencial e financeira dos municípios. 422 Referências Bibliográficas ABES. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Seção SC. Verificação da sustentabilidade das ações do Programa “LIXO NOSSO DE CADA DIA”, realizado pelo Ministério Público do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, 2006. ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais).Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2009. São Paulo, 2010. Arcadis-Eunomia. 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