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ANÁLISE ERGONOMICA DO TRABALHO: ESTUDO DE CASO DO
MOBILIÁRIO EXISTENTE NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO VALE DO AÇO
Leila Seixas FigueiredoCurso
Graduanda do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Mina Gerais /Unileste-MG
Carla Paoliello
Mestre em Engenharia de Estruturas pela Escola de Engenharia da UFMG, Professora e Coordenadora do Curso de
Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais / Unileste-MG
RESUMO
O estudo trata-se de uma pesquisa exploratória e especulativa a partir do levantamento de dados e
da análise e confrontação das atividades desenvolvidas nas escolas públicas no Vale do Aço. A
avaliação foi baseada através da observação da atividade de estudar, em conjunto com o
comportamento do aluno (sujeito). A partir dessas observações gerou-se hipóteses para a
compreensão da real causa do alto índice de depredação e destruição do mobiliário escolar. Durante
a pesquisa e através das entrevistas, consultas e mapas, foi realizado um levantamento geral de
todas as escolas públicas da região do Vale do Aço envolvendo as cidades de Timóteo, Coronel
Fabriciano e Ipatinga no intuito de encontrar as escolas com o maior número de cadeiras e mesas
depredadas. Foram selecionadas duas escolas para o aprofundamento do estudo através da pesquisa
in loco, no qual só assim foi possível vivenciar as possíveis causas da depredação do mobiliário.
Palavras-chave: mobiliário escolar; design; ergonomia.
INTRODUÇÃO
A arquitetura esta relacionada ao design e à ergonomia, no momento que se entende que a
arquitetura abrange vários outros campos do saber, incluindo assim o design. Levando em
consideração que para desenvolver um equipamento de trabalho é necessário que a ergonomia
esteja presente, pois o objeto de trabalho não deve ser pensado separado do usuário, a partir do
momento que ele é distinguido corre o risco de não se adaptar ao corpo do sujeito podendo assim
gerar danos futuros tanto para o usuário quanto para o próprio objeto, reduzindo o tempo de vida
útil estipulado pelo fabricante.
Dessa forma foi desenvolvido um estudo de análise bibliográfica em conjunto à observação da
tarefa no momento em que o sujeito exercia a atividade, estando atento a todas as variações e
constrangimentos que poderiam vir a acontecer, fazendo com que o aluno mudasse a posição de sua
postura freqüentemente, deslocando ou até mesmo derrubando o mobiliário por um ato de
vandalismo ou não. Estando atento à capacidade do aluno em poder estar reformulando o espaço,
tornando assim um delimitador dele.
A pesquisa teve por objetivos mapear todas as formas de degradação, depredação ou destruição do
mobiliário escolar. Baseado nos conceitos de Análise Ergonômica do Trabalho foi possível
perceber que a depredação deste mobiliário vai além de uma avaliação única a respeito da
resistência das matérias-primas utilizadas na sua fabricação ou da análise das posturas adotadas
pelos alunos.
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TRABALHO DE CAMPO
O trabalho de campo foi desenvolvido a partir de um estudo preliminar das escolas públicas
existentes na região do Vale do Aço. Esse estudo consistiu em verbalizações com os funcionários
das escolas públicas através de ligações telefônicas e na realização de mapas para o entendimento
de um todo.
O objetivo do trabalho de campo consistiu em evidenciar e comparar situações em escolas de uma
mesma cidade e também de cidades diferentes (mas neste caso localizadas muito próximas). Com o
tempo o estudo passou a ser limitado à observação de apenas duas escolas, dentre essas, a Escola
Estadual Dr Querubino na cidade de Coronel Fabriciano e a Escola Estadual João XXIII localizada
na cidade de Ipatinga. Em cada escola a intenção era de observar uma única turma, de preferência a
mais agitada, mas ocorreu também a observação de turmas distintas em horários diferentes, ou uma
mesma turma com professor e aulas distintas em um único território (sala de aula).
REVISÃO DE LITERATURA
Para o desenvolvimento do estudo teórico foi necessário à compreensão de alguns conceitos, no
qual só pode ser obtido após a leitura de alguns autores importantes que utilizam a análise
ergonômica do trabalho como uma ação primordial no entendimento das atividades de trabalho
desenvolvida. Além dos livros referentes à ergonomia, também foi necessário buscar outras
referências bibliográficas relacionadas aos demais assuntos como antropometria, equipamentos
escolares e o modo e as condições que os alunos estudam em escolas públicas.
Conceitos + definições
Ergonomia: “Conjunto de estudos relacionados com a organização do trabalho em função dos
i
objetivos e da relação homem e maquina” . Análise de um “todo”, meio no qual envolve fatores
internos relacionados ao sujeito e fatores externos relacionados ao ambiente de trabalho. Trabalho:
“Ato ou efeito de trabalhar (exercer uma atividade para fazer ou executar alguma coisa), aplicação
ii
da atividade a qualquer exercício de caráter físico ou intelectual”.
Trabalho pré-escrito: Refere à tarefa , com suas condições determinadas e resultados antecipados.
A tarefa é uma idealização de tempo e ação de uma atividade a ser feita, no qual obterá um
resultado antecipado fixado em condições determinadas que não são condições reais. Pode ser
considerado como o objetivo determinado pela empresa, para que possa reduzir o máximo de
trabalho improdutivo.
Trabalho real: Situação na qual o sujeito coloca a tarefa em prática, é referente à atividade
executada para a realização da tarefa, ou seja, a atividade é o modo de agir para executar as tarefas
propostas, depende de regras impostas pra definir determinadas tarefas, podendo surgir imprevistos,
que fazem com que a atividade se torne um trabalho real, deixando de ser uma tarefa prescrita.
Estudar: Aplicar a inteligência a, para aprender; dedicar-se a apreciação, análise ou compreensão
de; analisar, observar atentamente, examinar: estudar um problema; reparar, simulando, afetando;
afetar, simular: estudar uma atitude humilde e compungida; intr. aplicar o espírito, a memória, a
inteligência para saber, ou adquirir conhecimentos; andar em estudos, cursar aulas; pr. observar-se,
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analisar-se; aprender a conhecer-se (Do estudo.)
Antropometria: Ciência que está voltada para o estudo das dimensões dos equipamentos
relacionado a medidas corpóreas da mesma forma que a ergonomia está voltada para o estudo da
postura relacionado aos equipamentos, ou seja, é uma ciência que estuda as medidas e suas
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variáveis (corpo, dimensão, equipamentos). São essas medidas que irão contribuir para o
desenvolvimento e execução dos projetos, máquinas ou objetos.
Conceitos + mobiliário escolar
Ergonomia
A ergonomia dentro do contexto escolar contribui para que o estudar não altere a saúde dos alunos,
e nem nos objetivos determinados pela instituição, colaborando para o bom funcionamento dessa
última e para o bem-estar dos estudantes.
Buscar o entendimento dessa lógica no ambiente escolar, é analisar o sujeito envolvido desde sua
capacidade social, no qual envolve os fatores que poderiam interferir na concentração do sujeito, até
elementos como a existência de um mobiliário inadequado e desconfortável, salas com iluminação e
ventilação pouco eficientes, professores autoritários e vários outros fatores que possam vir a
interferir na relação do aluno + mobiliário. A partir do momento que considera cadeiras e mesas
como máquinas e/ou ferramentas no qual o sujeito/aluno virá a ter um contado direto para executar
a seu trabalho real (atividade).
Antropométria
Dentro da antropométria o primeiro critério a ser definido é onde, para que e para quem serão
utilizados os dados antropométricos. No caso da pesquisa, como já dito anteriormente o enfoque é
para escola + mobiliário, ou seja, cadeiras e mesas + aluno.
Quando se fala em aluno as variáveis corporais aumentam, pois são crianças e adolescentes, além
disso, em algumas escolas públicas existe o ensino para adultos. No entanto todos utilizam o mesmo
mobiliário, que acaba gerando diferenças de faixa-etária entre os grupos que são distintos e também
dentro de um mesmo grupo, principalmente quando se fala de crianças e adolescentes, no qual são
sujeitos que ainda estão em fase de crescimento e formação, fazendo com que exista uma variação
muito grande em um grupo que tenha a mesma idade e o mesmo sexo.
Quando coloca esses dados na nossa realidade, existem outros obstáculos para projetar um bom
mobiliário que se adeque a uma coletividade tão diversa. Durante o estudo teórico constatou que as
medidas antropométricas existentes no país são em boa parte bem antigas e normalmente não são
nacionais, o que pode ser um grande problema, pois se o mobiliário não se adapta às medidas do
corpo, principalmente se ele é mais baixo que o recomendado pelas normas da ABNT, o
equipamento exigirá maiores flexões com o tronco, resultando em fadiga postural. Porém é
recomendado a quem vai desenvolver um projeto no âmbito de mobiliário escolar para que possa
ser produzido em massa, ir a várias escolas, em diferentes localidades do país, e tomar as medidas
dos alunos que serão os usuários do objeto, podendo assim criar uma tabela, através do
desenvolvimento de critérios de aplicação dos dados antropométricos.
Postura + equipamentos
As medidas antropométricas em conjunto a ergonomia são uma das formas de observar a postura.
De acordo com alguns autores esta tarefa de observação pode contribuir para a compreensão das
causas da depredação do mobiliário, ou seja, entender que a mudança que esta provoca faz com que
o mobiliário se desloque, resultando em uma inicial fonte de sua degradação.
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Adaptado de Iida (1997), existem fatores que devem ser levados em considerações ao analisar o
assentar, sempre tendo em mente que este ato não é um fato estático é, ao contrário, dinâmico:
1. O tipo de assento com o tipo de atividade para o qual ele se presta, ou seja, para cada tarefa
existe assento mais adequado.
2. As dimensões do assento são resultado direto das medidas antropométricas, e estas variam
de acordo com a etnia e a época em que ocorreu a medição.
3. O assento deve permitir variações freqüentes de posturas que acontecem para aliviar as
tensões sobre os discos rígidos e os músculos dorsais de sustentação, reduzindo assim a
fadiga.
Entender que existe ligação entre as posturas adotadas, a atividade exercida, o lugar no qual
acontece essa atividade, o contexto no qual esta se desenvolve e entre os alunos; é entender que os
fatores internos e os fatores externos influenciam a situação de trabalho, além de trazer
conseqüências futuras para o sujeito. O modo como o aluno se senta, raramente irá se manifestar
através de distúrbios patológicos graves, mas normalmente se manifesta através de outros distúrbios
como dor de cabeça, sono, dores articulares, dores lombares, irritabilidade, perda de interesse pela
leitura, pelos contatos sociais. De acordo com Cranz (1998) a melhor maneira de se assentar é a que
permite mudar de postura freqüentemente.
“O equipamento escolar deve ser adequado às dimensões do
material escolar de uso diário para alunos e professores.
Portanto tanto uns como outros devem possuir dimensões não
só para o atendimento das exigências ergonômicas, mas
também para os objetos que devem ser utilizados e
guardados.” (Souza, 1998:10)
METODOLOGIA
Partindo da hipótese de que cadeiras e mesas não quebram sozinhas, é claro que ocorrerá o seu
envelhecimento natural, mas não a ponto delas serem totalmente danificadas. A partir do momento
que elas são utilizadas estas estão sujeitas a se danificarem (não é defendida a não utilização do
mobiliário, mas sim o seu uso funcional). E quando associamos o uso funcional do mobiliário aos
demais conceitos aqui abordados como ergonomia, antropométria, equipamentos escolares, o modo
e as condições que os alunos estudam em escolas públicas. O que observa nas escolas da região do
Vale do Aço são inúmeras formas de exercer a atividade, ou seja, através de um modo operatório
incorreto.
Para compreender melhor a configuração do sistema de trabalho é importante ter o conhecimento
dos determinantes da tarefa e do trabalho, são esses determinantes que guiarão a compreensão dos
fatores que contribuem para a depredação do mobiliário.
Análise dos determinantes da tarefa e do trabalho
Aluno - o ator mais importante uma vez que este é o sujeito que está diretamente associado à
atividade sendo, portanto, o operador desta. Entender suas características pessoais (idade, sexo,
características físicas, cognitivas, psicológicas, econômicas e culturais); sua competência e seu
estado momentâneo (vida fora do trabalho, cansaço) é crucial para a perfeita formulação e
elaboração das hipóteses orientadoras das situações de trabalho, sendo também a sua ação e
comportamento dentro de uma sala de aula o objeto principal para a observação da análise do
trabalho desenvolvida nessa pesquisa.
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Professores e Coordenadores - atores também bastante importantes dentro de um contexto escolar,
pois prescrevem a atividade, são os determinantes desta e os disciplinadores dos alunos.
Determinam a duração da atividade e os intervalos ou pausas que acontecem durante o período
escolar (horário do recreio, intervalo entre a aulas). São responsáveis pelas atividades realizadas em
sala e pré-determinam o layout das salas (fileiras de alunos uns atrás dos outros, situação que
diminui muitas vezes a visibilidade dos alunos que têm dificuldade de enxergar o que está escrito no
quadro), sendo, portanto, importante entender as rotinas e as dinamicidades que ocorrem em sala e
como elas interferem na disposição do mobiliário no espaço. Além disso, também estão envolvidos
com o funcionamento organizacional da escola.
Organização e meio - Dentro de uma política organizacional referente a uma escola compete ao
ergonomista procurar entender o funcionamento das escolas: suas metas e alvos, suas regras e
normas, sua política administrativa e, principalmente, o que a escola busca, no estudante, quais são
suas características, habilidades e competências desenvolvidas nos alunos e quais são os
procedimentos para isso acontecer, significa compreender o meio no qual está inserido o aluno em
sua atividade de trabalho, é no meio que se insere o fluxo de circulação de pessoas, organização do
espaço e seu layout.
Fatores que contribuem para a depredação do mobiliário
Durante o desenvolvimento da pesquisa, e após as visitas feitas às escolas públicas, ficou claro que
o ato de vandalismo por si só não é a real causa da depredação do mobiliário, existe vários outros
fatores que contribuem para isso, no qual são em números muito maior que o ato de vandalismo.
Esse fator vem guiado pelas possibilidades que podem levar o sujeito a utilizar uma forma incorreta
o mobiliário e pode ser assim classificadas:
Interação aluno + professor segundo Dayrell (2001), uma aula monótona e cansativa pode
desprender a atenção do aluno, fazendo com que ele procure estratégias para que o tempo passe
durante aquele período, essas estratégias podem ser definidas como conversas paralelas, agitação. A
causa desses atos acaba sempre sendo definida pelos funcionários da escola como ações normais
referentes à idade (adolescência). Claro que não se descarta isso como fato de que o aluno no
período da adolescência se torne mais agitado. Porém a maioria das escolas não percebe e descarta
um outro fator resultante a isto que, o aluno tende a levantar da carteira e se movimentar
freqüentemente para aliviar tensões resultante de fadiga.
O tempo é também um fator condicionante da ação do sujeito aluno, pois ele ajuda a determinar os
territórios e como já dito o comportamento. Durante o período de observação, pode ser presenciada
a diferente postura de um aluno em momentos distintos dentro da sala de aula: o aluno sentado na
cadeira com o material sobre a mesa resolvendo a atividade proposta, o momento quando a aula
começa a ficar “chata e monótona”, aumentando o deslocamento do aluno em sala; por fim, durante
o intervalo, quando o aluno senta-se à mesa e começa a gangorrear.
Interação aluno + aluno fica claro que este item é muito próximo ao anterior e vem guiado pelas
mesmas causas, seu resultado é o mesmo: o não comprometimento do aluno em relação à aula,
conversas paralelas, desatenção, agitação, deslocamento do mobiliário.
Todas essas ações são fatores freqüentes em um cotidiano de sala de aula, portanto a observação
delas é de grande importância para a compreensão do real motivo dessa pesquisa (procurar
compreender a real causa da depredação do mobiliário escolar). Durante essa observação pode-se
notar o movimento que o aluno faz com os membros do corpo para alcançar seu material em cima
da mesa (borracha, lápis, régua...), o movimento feito com o tronco para retirar o material que está
atrás ou a baixo de sua superfície de trabalho, o modo como ele se senta e articula o corpo durante o
seu período escolar, variando as posições para um melhor alcance visual, para conversar com os
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demais trabalhadores existentes no local, para evitar a fadiga ou para levantar da carteira; essa
última ação implica em um movimento não só do corpo relacionado à carteira, mas sim, do corpo
relacionado à mesa e a cadeira. Esses movimentos se tornam tão comuns no tempo escolar que o
sujeito não percebe como e quanto eles acontecem e acabam todos resultando no deslocamento do
mobiliário.
Layout das salas o deslocamento do sujeito ou o modo como ele se movimenta para determinada
atividade é guiado pelo modo que se organiza o layout, o mesmo vai sendo modificado pelo aluno
durante o período de aula por ações diferenciadas: Para se aproximar dos amigos para uma conversa
informal; para resolver uma atividade, pois esqueceu seu material em casa; para desenvolver uma
atividade em grupo pelo próprio professor; ou até mesmo para enxergar o quadro. A dificuldade que
o aluno encontra em enxergar o quadro normalmente é causada pela forma na qual se organizam as
carteiras em fileiras, prejudicado o campo visual do aluno que está sentada no fundo da sala
(FIG.1).
Figura 1 – diagrama de visibilidade do ultimo aluno.
A dimensão espacial da sala de aula também interfere na atividade do sujeito e na forma como ele
desloca na cadeira e muda a sua postura. As salas normalmente são muito pequenas para o número
de mobiliário. Segundo Dayrell (2001) “É muito comum, por exemplo, professores desenvolverem
pouco trabalho de grupo com seus alunos, em nome de dificuldades, tais como tamanho da sala,
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carteira pesadas etc” .Isso compromete não só a forma como o professor executa suas aulas, como
visto também, o layout e a variação da postura contribuindo para aumentar a fadiga. Além disso,
distância entre uma carteira e a outra deve permitir que o aluno se levante da cadeira sem que
precise mover a mesa ou a cadeira. No entanto, o que vemos nas salas de aula é o espaço mínimo
para os aluno se assentar, normalmente o único espaço que existe entre a cadeira e a mesa é o do
seu corpo.(FIG.2)
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Figura 2 – Espaço insuficiente para o aluno assentar.
Fatores externos; são aqueles que envolve o entorno, o meio, território e sala de aula, desde que
esteja interferindo na atividade do sujeito. Os fatores externos mais comuns observados são os
referentes aos ruídos, a iluminação e a temperatura. Porém, muitas vezes o sujeito pode achar que
essas variáveis como a iluminação e o ruído, não geram incômodos, uma vez que já fazem parte do
seu cotidiano; entretanto, o ergonomista deve estar atento a suas observações, e ser crítico a respeito
do ponto de vista do trabalhador perante determinadas situações.
Quando se fala em espaço mau iluminado, não se refere ao espaço com falta de iluminação. Muitas
vezes há nas escolas excesso de iluminação ou reflexos de luz no quadro, prejudica o campo visual
do aluno.
Mobiliário inadequado durante o trabalho de campo nas escolas da região constatou-se que o
mobiliário é inadequado para a maior parte dos alunos. Existe apenas um tipo de mobiliário, com
uma mesma dimensão e é usado por pessoas com variadas estaturas, abrangendo alunos que variam
de sete anos até a idade adulta, em determinadas escolas quando se tem o ensino noturno. Acreditase um dos motivos responsáveis pela quebra deste mobiliário, seja a sua não adequação ao usuário.
É importante perceber que não é o aluno que é alto ou baixo demais e sim o mobiliário que é
inadequado para aquele sujeito. O próprio comportamento do aluno pode mostrar isso; aquele que é
alto normalmente senta-se de lado, pois sua perna não cabe debaixo da carteira. Colocar as pernas
para frente ou para trás também é visto como um sinal de cadeira com assento baixo; a mesa baixa
também pode fazer com que o aluno se curve mais do que o recomendado. Esta inadequação
usuário + mobiliário faz com que a mudança de postura aconteça com mais freqüência, ocasionando
na mudança de lugar das cadeiras e/ou mesas, acelerando o desgaste que aconteceria naturalmente.
Na maior parte das escolas o mobiliário encontra em péssimas condições de uso, resultado da
depredação, da quebra e do desgaste natural do material. Esse desgaste influencia o comportamento
do sujeito, a política organizacional existente na escola, a sala de aula, o corpo que não corresponde
às medidas do móvel, o uso incorreto que faz com que ele quebre.
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Figura 3 – imagens de mobiliário depredado
Dessa maneira os alunos vão sendo obrigados a sentar nessas cadeiras e mesas que muitas vezes são
inadequadas ao seu corpo, mas o mais importante para as escolas é que os alunos não sentem no
chão. Todos esses danos são resultantes a degradação dos equipamentos escolares, em função do
uso, mau uso, vandalismo e deterioração; reduzindo a vida útil do mobiliário escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer da pesquisa, pode-se constatar que só seria possível entender as causas da destruição e
depredação do mobiliário escolar após compreender a ergonomia e a antropométria e analisar todo o
contexto no qual esse equipamento está inserido: o meio (escola), a equipe (professores e diretoria),
o sujeito (aluno) e sua ação (estudar), levando em consideração principalmente as diversas
características físicas do aluno como sua formação étnica, cultural, social e a faixa etária.
Percebeu-se a complexidade existente para definição de um padrão de mobiliário para crianças e
adolescentes, capaz de adaptar ao seu corpo e reduzir as causas da destruição e depredação.
Entretanto, conclui-se que não é apenas o fato de não existir um mobiliário perfeito ou confortável o
real motivo da constante quebra do mobiliário. Nem é o culpado dessa realidade o vandalismo
proposital (que realmente existe, mas em uma pequena proporção quando comparado aos vários
fatores) que contribui para degradação desse material. O que pode ser percebido, ao longo dessa
pesquisa, foi que uma das principais causas que influenciam na situação atual dos móveis escolares
é a quantidade de constrangimentos e variáveis que fazem com que o aluno mude constantemente
de postura e movimente-se constantemente quando assentado.
No entanto, deve se ficar atento para que o design do mobiliário escolar não seja improvisado.
Desde o ante-projeto ele deve ser correlacionado com a saúde dos usuários, principalmente quando
se trata de crianças em estado de formação.
Como a pesquisa teve como objetivo a análise do mobiliário segundo os conceitos de ergonomia do
trabalho, não foi aprofundada a discussão sobre o design desses objetos, sendo então esta a
recomendação para o desenvolvimento de futuras pesquisas. Dessa maneira, seria possível aplicar
na prática todos os conceitos aqui trabalhados, visando a idealização de um novo design que ajuste
às necessidades não só ergonômicas e pedagógicas, mas, essencialmente, às características
econômicas e sociais das escolas públicas.
i
Dicionário da Língua Portuguesa MICHAELIS (2000), p. 839.
Dicionário da Língua Portuguesa MICHAELIS (2000), p. 2092.
iii
Dicionário da Língua Portuguesa O GLOBO (1997), p. 342.
iv
DAYRELL, Juarez. Múltiplos olhares: Sobre Educação e Cultura (2001), p.149.
ii
9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Company, 1998.
DAYRELL, Juarez. Múltiplos olhares: sobre educação e cultura. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
FERREIRA, Leda Leal. Algumas reflexões sobre a ergonomia. São Paulo: Setor de Ergonomia da
Fundacentro, [s.d.]
GUERIN, François. Compreender o trabalho para transformá-lo: prática da ergonomia. São
Paulo: Edgard Blucher, 2001.
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IIDA, Itiro. Ergonomia. 2.ed. São Paulo: Cultura, 1973.
IIDA, Itiro. Ergonomia, projeto e produção. 4.ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1997
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Educação. A construção pedagógica do tempo
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SOUZA, José Maria de Araújo. Equipamentos, mobiliário: elaboração de projetos e
desenvolvimento. Brasília: MEC/Fundescola, 1998. (Procedimento; 8)
SOUZA, José Maria de Araújo. Equipamentos: mobiliário: elaboração de projetos para
fornecimento. Brasília: MEC/Fundoescola, 2001. (Procedimento; 11)
SOUZA, José Maria de Araújo. Equipamentos: mobiliário. manutenção preventiva, elementos para
estruturação (procedimentos). Brasília: MEC/Projetos de Educação Básica para o Nordeste, 1996.
(Edificações e equipamentos escolares - 1º grau)
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