DANIEL HOFFMANN ANÁLISE DO RECEBIMENTO DE MERCADORIAS: Um estudo de caso em uma agroindústria de São José - SC. São José 2010 CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ - USJ DANIEL HOFFMANN ANÁLISE DO RECEBIMENTO DE MERCADORIAS: Um estudo de caso em uma agroindústria de São José - SC. Trabalho elaborado para a disciplina de Conclusão de curso - TCC do Curso de Administração do Centro Universitário Municipal de São José - USJ. Prof. Lissandro Wilhelm São José 2010 DANIEL HOFFMANN RECEBIMENTO DE MERCADORIAS E MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS: Um estudo de caso em uma agroindústria de São José - SC. Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito final para a aprovação no Curso de Administração do Centro Universitário Municipal de São José – USJ. Avaliado em 30 de novembro de 2010 por: _______________________________________ Prof. MSc. Lissandro Wilhelm Membro orientador _______________________________________ Prof. MSc. Alcides Andujar Membro examinador _______________________________________ Prof. MSc. Flávio Antônio Cozzatti Membro examinador AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a toda a minha família, em especial aos meus pais e irmãos, pois sem eles nada seria possível. Agradeço também a minha esposa Marina que esteve presente em todo momento ajudando e compreendendo todo tempo necessário para realização do estudo. Agradeço o Professor Lissandro Wilhelm, que esteve presente na correção e elaboração do estudo. Agradeço a Deus. “O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis." José de Alencar RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar a adequação dos procedimentos utilizados no recebimento de mercadorias no almoxarifado de uma agroindústria. Foi realizado um levantamento do processo de logística empresarial, abordando a administração de materiais até focarmos no tema central que é recebimento, com o auxílio de diversos autores. A metodologia utilizada foi de caráter qualitativo através de um estudo de caso com pesquisa exploratória. A partir do levantamento de dados através de entrevista individual, foi realizado a comparação entre literatura e prática executada. Com a comparação em mãos podemos observar que os procedimentos adotados pela empresa estão na sua grande maioria de acordo com o recomendado pelos autores. Palavras-chaves: Administração de Materiais; Recebimento; Movimentação de mercadorias. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Processo de gerenciamento logístico ........................................................ 15 Figura 2: Ciclo da Administração de Materiais .......................................................... 17 Figura 3: Identificação de material ............................................................................ 25 Figura 4: Empilhadeira .............................................................................................. 30 Figura 5: Paleteira manual ........................................................................................ 31 Figura 6: Palete ......................................................................................................... 32 LISTA DE QUADROS Quadro 1: A evolução da Administração de Materiais ............................................... 16 Quadro 2. Exemplos de Software Usados para a Administração de Materiais ......... 18 Quadro 3. Processo de Compra ................................................................................ 19 Quadro 4. Conflitos interdepartamentais, quanto a estoques ................................... 21 Quadro 5. Inventário: comparação literatura x método atual ..................................... 46 Quadro 6. Localização física dos materiais: comparação literatura x método atual .. 46 Quadro 7. Conferência de Nota Fiscal x Pedido de Compra: comparação literatura x método atual.............................................................................................................. 47 Quadro 8. Divergência no recebimento: comparação literatura x método atual ........ 48 Quadro 9. Conferência física dos materiais: comparação literatura x método atual .. 48 Quadro 10. Gargalo no recebimento: comparação literatura x método atual ............ 49 Quadro 11. Destino da Nota fiscal: comparação literatura x método atual ................ 50 Quadro 12. Movimentação de mercadorias: comparação literatura x método atual .. 51 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................11 1.1 TEMA ................................................................................................................. 12 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................. 12 1.3 OBJETIVOS....................................................................................................... 12 1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 12 1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 12 1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................................14 2.1 Conceitos fundamentais em logística ............................................................ 14 2.2 Administração de materiais ............................................................................ 16 2.3 Compras............................................................................................................ 18 2.4 Estoque ............................................................................................................. 20 2.4.1 Almoxarifado de matérias-primas................................................................ 22 2.4.2 Almoxarifado de materiais auxiliares........................................................... 22 2.4.3 Almoxarifado de manutenção ..................................................................... 23 2.4.4 Almoxarifado intermediário ......................................................................... 23 2.4.5 Almoxarifado de acabados .......................................................................... 23 2.4.6 Inventário .................................................................................................... 23 2.4.7 Localização física dos materiais ................................................................. 24 2.5 Recebimento de materiais ............................................................................... 25 2.6 Movimentação de mercadorias ....................................................................... 29 3 HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .................................................33 3.1 Atuação Global ................................................................................................. 33 3.1.1 Experiência Na Avicultura ........................................................................... 34 3.1.2 Suínos e Bovinos ........................................................................................ 34 3.1.3 Alimentos Preparados ................................................................................. 35 3.1.4 Nossos Valores: .......................................................................................... 35 3.1.5 Quem Somos: ............................................................................................. 35 3.1.6 O Que Fazemos: ......................................................................................... 35 3.1.7 Como o Fazemos: ....................................................................................... 36 3.2 História da marca Macedo ............................................................................... 36 3.2.1 O Princípio .................................................................................................. 36 3.2.2 Prêmios ....................................................................................................... 37 4 METODOLOGIA .................................................................................................................. 399 4.1 Quanto aos objetivos ....................................................................................... 40 4.2 Quanto aos procedimentos ............................................................................. 40 4.3 Quanto à abordagem ....................................................................................... 40 4.4 Quanto à coleta e analise dos dados ............................................................. 40 5 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS ........................................................................40 5.1 Descrição do processo de recebimento de mercadorias ............................. 40 5.2 Armazenagem e movimentação de mercadorias .......................................... 43 5.3 COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO DE TRABALHO X LITERATURA ......... 45 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 52 REFERÊNCIAS.........................................................................................................54 APENDICE................................................................................................................56 11 1 INTRODUÇÃO Atualmente, para competir, as empresas precisam estar em um estado de constante mudança, pois a velocidade com que inovações e novas técnicas de gestão são criadas e implementadas faz com que aquelas que não acompanham este ritmo tornem-se organizações defasadas e obsoletas. O setor de logística das empresas está se tornando a cada dia mais importante para a sobrevivência no mercado, pois dentro da logística se encontra o processo de armazenagem de materiais, denominado estocagem. Por possuir em muitos casos um alto custo é essencial a empresa possuir um avançado sistema de controle de estoque, tanto quanto mão de obra capacitada para controlar. De acordo com Martins (2009), a logística foi desenvolvida visando colocar os recursos certos no local certo, na hora certa. A área de materiais está diretamente ligada ao processo de entrega dos pedidos gerados pelos compradores, para garantir o fluxo de abastecimento das matérias primas e bens auxiliares de produção. O almoxarifado além de armazenar e controlar os estoques das mercadorias é responsável por receber e acondicionar da melhor maneira possível, garantindo a disponibilidade imediata dos itens para o correto funcionamento da produção. É necessário ser ágil no recebimento das mercadorias devido ao grande volume de entregas e as novas tendências de mercado, que a cada dia se torna mais importante e exige que os materiais estejam disponíveis no momento certo com um custo adequado. Estoque é considerado dinheiro parado e a logística tem uma função muito importante nesse processo. Dentro do almoxarifado existe um processo muito importante que é o de armazenar e movimentar corretamente o material adquirido por compras e fornecido pelos fornecedores. Segundo Martins (2009), ponto de interesse vital para o administrador de bens patrimoniais é a movimentação física de materiais dentro da fábrica ou armazém. Com este trabalho pretendemos analisar os métodos utilizados para receber mercadorias no almoxarifado da empresa estudada e comparar esses métodos com a teoria. 12 1.1 Tema O tema do presente trabalho é Recebimento de Mercadorias que, segundo Viana (2009), visa garantir o rápido desembaraço dos materiais adquiridos pela empresa, zelando para que as entradas reflitam a quantidade estabelecida, na época certa, ao preço contratado e na qualidade especificada nas encomendas. Segundo Pozo (2008 p.81), “armazenagem, manuseio e controle dos produtos são componentes importantes e essenciais do sistema logístico, pois seus custos envolvem elevada porcentagem dos custos totais logísticos de uma empresa”. 1.2 Problema de pesquisa O problema central desse estudo de caso consiste em acompanhar e analisar o processo de recebimento de mercadorias, levando em consideração os diversos tipos de materiais que são recebidos. Para tanto, é elaborada a seguinte questão: O modelo de recebimento de mercadorias atual é o adequado para atender o volume e as necessidades da empresa? 1.3 Objetivos Neste tópico vamos abordar os objetivos deste trabalho, divididos em objetivo geral e objetivos específicos. 1.3.1 Objetivo Geral Analisar a adequação dos procedimentos utilizados no processo de recebimento de mercadorias no almoxarifado da empresa estudada. 1.3.2 Objetivos Específicos Para atingir o objetivo geral, devemos: 1- Verificar os procedimentos adotados no recebimento das mercadorias. 13 2- Analisar os recebimentos e identificar os gargalos do processo. 3- Verificar os métodos adotados para a movimentação das mercadorias. 4- Comparar os procedimentos executados pela empresa com as metodologias teóricas aplicadas ao recebimento das mercadorias. 1.4 JUSTIFICATIVA O frequente abastecimento do estoque influencia diretamente nos resultados esperados pela empresa, pois os itens armazenados no almoxarifado possuem uma importância muito elevada, sendo que esse procedimento é considerado crítico. No almoxarifado são armazenados vários materiais, que são classificados por tipo: materiais mecânicos, embalagens plásticas, produtos químicos, condimentos, uniformes, copa e cozinha, higiene e limpeza, entre outros. Alguns desses itens são fundamentais para o funcionamento da produção, e por isso exigem uma maior atenção e responsabilidade no seu controle. A agilidade no recebimento acarreta uma melhor segurança e uma reposição mais ágil, evitando possíveis transtornos no processo final da empresa. Como exemplo, podemos citar que na falta de algum material pode parar um processo ou até mesmo a produção por completo; ou uma embalagem que provocaria atrasos, retrabalhos e também parada em alguns processos. A movimentação adequada das mercadorias proporciona uma melhor organização dos depósitos, influenciando também na motivação dos profissionais que trabalham no almoxarifado. O trabalho será útil para o acadêmico e/ou sociedade, pois aborda um tema interessante para as pessoas que já trabalham nessa área aprimorarem o seu conhecimento e para quem não trabalha na área, conhecer melhor o processo de recebimento de mercadorias. 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Na fundamentação teórica vamos abordar os seguintes temas: Logística, administração de materiais, compras, estoques. Inicialmente vamos começar abordando algumas teorias da logística para mais a frente focarmos no tema chave desse trabalho que é recebimento de mercadorias. 2.1 Conceitos fundamentais em logística A logística é um conjunto de atividades que administra desde o armazenamento e controle de estoque ao transporte efetivos dos produtos, sendo tanto de matérias primas como de produtos acabados e outros matérias de consumo. Segundo Ballou (2006 p. 27) “Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes”. Com o crescimento da globalização a logística está se tornando fundamental para a sobrevivência das empresas. É comum vermos produtos fabricados em um determinado país serem consumidos em diversos outros, pois a logística atual permite essa pulverização de produtos, seja via terrestre, aquática ou aérea. Para Christopher (2007 p. 14) “O gerenciamento logístico, do ponto de vista sistêmico, é o meio pelo qual as necessidades dos clientes são satisfeitas mediante a coordenação dos fluxos de materiais e de informação que se estendem do mercado, passando pela empresa e suas operações, até os fornecedores. Para conseguir essa ampla integração da empresa, é preciso uma orientação bem diferente daquela que geralmente se encontra na organização convencional”. O transporte dos materiais pode ser feito de diversas maneiras do fornecedor até o cliente e internamente entre a mesma empresa transportando entre as suas 15 unidades. Hoje em dia possuir um bom sistema logístico pode garantir o sucesso da empresa desde que o mesmo seja bem controlado e distribuído. Segundo Ballou (2006), a escolha de uma boa estratégia de logística exige o emprego de grande parte dos mesmos processos criativos inerentes ao desenvolvimento de uma boa estratégia corporativa. Abordagens inovadoras de estratégia de logística podem proporcionar vantagens competitivas. A figura abaixo ilustra a integração desejada pela logística. Fluxo de materiais Fornecedores Compra de material Operações Distribuição Clientes Fluxo de informações Figura 1: Processo de gerenciamento logístico Fonte: adaptado de CHRISTOPHER (2007 p. 15) Pode–se dizer que a função da logística é colocar o produto certo, no local correto, no momento adequado e ao menor preço possível, desde as fontes de matéria-prima até o consumidor final. Segundo Dias (1993 p. 16), “a logística compõe-se de dois subsistemas de atividades: Administração de Materiais e Distribuição Física”. Neste trabalho vamos dar ênfase à administração de materiais. As atividades referentes às duas etapas são praticamente as mesmas, diferenciando pelo fato de Suprimento físico tratar com matéria prima e Distribuição física tratar com produtos acabados. Devido às mudanças recentes ocorridas no mercado, onde a economia está oscilando constantemente e pressionadas pela globalização e as frequentes crises financeiras, a logística tem sido vista com outros olhos. De acordo com Christopher (2007 p. 16) “Assim, a logística é, basicamente, um conceito integrativo que procura desenvolver uma visão da empresa como amplo sistema. Fundamentalmente, é um conceito de planejamento que tenta criar uma estrutura na qual as necessidades do mercado possam ser traduzidas em uma estratégia e em um plano de fabricação. Em termos ideais, deve haver uma mentalidade de plano único dentro da empresa, que procure substituir 16 os planos convencionais e isolados de marketing, distribuição e compra de materiais.” A logística busca o entrosamento entre as áreas da empresa para obter um fluxo de informações constante e ágil. No próximo parágrafo vamos dar início ao tópico referente à administração de materiais. 2.2 Administração de materiais Para começarmos a entender melhor a administração de materiais, vamos conhecer um pouco da sua evolução. Percepção Empresarial O Administrador de Materiais Situação Inicial Perfil do profissional Pessoa bem considerada Burocrata eficiente Progresso do profissional Atividades de administração de materiais Sem possibilidades Faz despesas Comprador Pessoa de recados Processo de Evolução Funcionário a serviço da produção Evita faltas e desmobiliza estoques excedentes Estágio Avançado Executivo conhecedor do mercado de abastecimento Conhecedor de administração comercial e de mercados Planejamento do negócio Planejamento estratégico Situação Atual Executivo que administra 60% dos custos e das despesas Executivo com preparo técnico, econômico e legal Diretor executivo Concentração em uma visão de melhorias dos resultados Quadro 1: A evolução da Administração de Materiais Fonte: Francischini e Gurgel (2009 p. 4) Como podemos observar no quadro acima, a administração de materiais começou a ter uma importância gradual de acordo com o tempo. Os profissionais que atuam nessa área foram se adequando e se especializando para poder atender as necessidades de mercado. De acordo com Dias (1993 p. 16): “A administração de materiais compreende o agrupamento de materiais de várias origens e a coordenação dessa atividade com a demanda de produtos ou serviços da empresa. A administração de materiais poderia incluir a maioria ou a totalidade das atividades realizadas pelos seguintes departamentos: compras, recebimento, planejamento e controle da produção, expedição e tráfego de estoques.” 17 Administração de materiais inicia sua função no momento em que há a necessidade de aquisição de algum bem material ou serviço. Para Martins (2003 p. 5) "A administração dos recursos materiais engloba a sequência de operações que tem seu início na identificação do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte interno e acondicionamento, em seu transporte durante o processo produtivo, em sua armazenagem como produto acabado e, finalmente, em sai distribuição ao consumidor final". A figura abaixo ilustra as palavras de Martins. Clientes Transporte Sinal de demanda Expedição Identificar fornecedor Armazenagem do produto acabado Comprar materiais Movimentação interna Transportar Recebimento e armazenagem Figura 2: Ciclo da Administração de Materiais Fonte: Adaptado de Martins (2003 p. 5) Conforme é comentado por Martins, a administração de materiais possui uma enorme importância para as empresas. Estamos vivendo na era da informação, onde os recursos tecnológicos são a cada dia mais fundamentais para a gestão dos bens tangíveis, como estoque e instalações. 18 A seguir vamos apresentar um quadro com exemplos de alguns softwares utilizados na área da administração de materiais. Descrição Compras Vantagens O software administra toda a área de Diminuição suprimentos, o estoque e custos, e maior momento de requisição de compra até a eficiência quanto ás compras e disponibilização do material para o seleção de fornecedores. consumo. contratos controlando Controla desde também dos níveis de os de fornecimento, gerando programações de entrega para os fornecedores. Recebimento Integração do recebimento com os Consistência e confiabilidade setores que dependem das informações das informações. geradas por ele (atualização global e simultânea). Controle da Qualidade Por meio de parâmetros da qualidade Qualidade, rastreabilidade e preestabelecidos pela empresa, analisa levantamento dos custos das a qualidade de fornecedores e dos não-conformidades. produtos fabricados internamente. Estoque Controle físico, contábil e financeiro dos Assume atividades rotineiras e estoques de materiais, produtos semi- faz acabados independente de compras dos estabelecimentos e acabados, em poder de o planejamento itens de demanda. terceiros, e emissão de informações gerenciais e estatísticas. Quadro 2. Exemplos de Software Usados para a Administração de Materiais Fonte: Martins (2003 p. 37) Na tabela acima podemos observar a grande importância de utilizar o software no auxílio à administração de materiais. Em todas as etapas da administração de materiais existe um foco específico para a sua utilização. Para entendermos melhor a sua amplitude, vamos conhecer os seus principais departamentos. 2.3 Compras 19 De acordo com Ballou (2006 p. 356), “as compras envolvem a aquisição de matérias-primas, suprimentos e componentes para o conjunto da organização”. Conforme Martins (2003 p. 64), ”o posicionamento atual da função aquisição é bem diferente do modo tradicional como era tratada antigamente”. Segundo Dias (1993 p. 16), “o setor de compras deseja minimizar os custos das matérias primas e reduzir os riscos de faltas de estoque comprando em grandes quantidades à custa de altos níveis de estoque de matérias primas”. Para Ballou (2006 p. 357), “o setor de compras ocupa uma posição importante na maioria das organizações, pois peças, componentes e suprimentos comprados representam, em geral, de 40 a 60% do valor final das vendas de qualquer produto”. Vamos ilustrar a seguir um quadro representando o fluxo do processo de compra. Quadro 3. Processo de Compra Fonte: Francischini e Gurgel (2009 p. 21) Analisando o quadro acima podemos entender como funciona o processo de compras, onde o mesmo envolve departamentos internos (recebimento, armazenagem) e externos (fornecedores, transportadoras). Todos estão interligados, 20 sendo necessário um sincronismo muito grande entre as áreas para se obter o sucesso esperado. Para Pozo (2008 p. 147), “O setor de compras ou suprimentos, como atualmente é denominado, tem responsabilidade preponderante nos resultados de uma empresa em face de sua ação de suprir a organização com os recursos materiais para seu perfeito desempenho e atender às necessidades de mercado”. Conforme acabamos de verificar nas colocações acima, o setor de compras possui uma importância muito grande nas empresas e por isso merece toda a atenção possível. 2.4 Estoque De acordo com Martins (2003 p. 134), “os estoques têm a função de funcionar como reguladores do fluxo de negócios. Como a velocidade com que as mercadorias são recebidas é usualmente diferente da velocidade com que são utilizadas, há necessidade de um estoque, funcionando como um amortecedor”. A meta principal de uma empresa é sem dúvida, maximizar o lucro sobre o capital investido no imobilizado em financiamentos, em reserva de caixa e em estoques. Para atingir o lucro máximo, o capital deve ser utilizado para que ele não permaneça inativo. Segundo Dias (1993 p. 23) “A função da administração de estoques é justamente maximizar o feedback de vendas não realizadas e o ajuste do planejamento da produção. Simultaneamente, a administração de estoques deve minimizar o capital total investido em estoques,pois ele é caro e aumenta continuamente uma vez que o custo financeiro aumenta”. Sem estoque é impossível uma empresa trabalhar, pois ele funciona como um amortecedor no meio das vendas e da produção, podendo ser um importante meio de sobrevivência das empresas, onde ele consegue segurar ou até abaixar os custos de produção. Existem situações em que ocorre conflito devido a diferentes maneiras de visualizar os estoques. No quadro abaixo temos a demonstração desses conflitos. 21 Matéria prima DEPTO. DE COMPRAS DEPTO. FINANCEIRO (Alto estoque) Desconto sobre as quantidades Capital investido a serem compradas. Perda financeira Material em processo DEPTO. DE PRODUÇÃO DEPTO. FINANCEIRO (Alto estoque) Nenhum risco de falta de Maior risco de perdas Aumento e material. obsolescência. no Grandes lotes de fabricação. custo de armazenagem. Produto acabado DEPTO. DE VENDAS DEPTO. FINANCEIRO (Alto estoque) Entregas rápidas. Capital investido. Boa imagem, melhores vendas. Maior custo de armazenagem. Quadro 4. Conflitos interdepartamentais, quanto a estoques Fonte: Dias (1993 p. 24) Conforme podemos observar no quadro acima, os estoques provocam uma série de conflitos interdepartamentais, pois os mesmos estão ligados diretamente aos custos e despesas da empresa. Um grande conflito ocorre entre compras e a área financeira, onde é muito interessante para compras adquirir produtos em maior quantidade, obtendo melhores preços e prazos, mas com isso pode ocorrer um acúmulo de produtos em estoque gerando muito dinheiro parado e a empresa é obrigada a desembolsar mais dinheiro para pagar os fornecedores em um determinado período. Existem vários tipos de materiais para se manter em estoque, mas os principais são aqueles ligados diretamente a produção, como as matérias primas e os materiais auxiliares, que tem um grande valor agregado e que geralmente representam a grande fatia dos itens mantidos em estoque. Conforme Pozo (2008 p. 41) 22 “Existem diversos tipos ou nomes de estoques, que podem ou não ser mantidos em um ou diversos almoxarifados. Usualmente, as empresas possuem em sua organização cinco almoxarifados básicos, que são: almoxarifado de matérias-primas; almoxarifado de materiais auxiliares; almoxarifado de manutenção; almoxarifado intermediário; almoxarifado de acabados”. Entre os cinco tipos de estoque citados por Pozo, podemos destacar o almoxarifado de matérias-primas que possui o maior valor agregado e o almoxarifado de materiais auxiliares que não possui um valor em estoque tão alto mais é indispensável para o funcionamento da produção. Segundo Dias (1993, p. 23), o objetivo, portanto, é otimizar o investimento em estoques, aumentando o uso eficiente dos meios internos da empresa, minimizando as necessidades de capital investido. O valor em estoque deve ser monitorado constantemente para que não haja itens obsoletos. 2.4.1 Almoxarifado de matérias-primas De acordo com Viana (2009 p. 53), “matérias-primas são materiais básicos e insumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo produtivo da empresa”. O controle de estoque constante é muito importante para o almoxarifado de matérias-primas, pois a sua falta pode ocasionar paradas na produção. 2.4.2 Almoxarifado de materiais auxiliares Para Pozo (2008 p. 41), “materiais auxiliares compõem-se dos agregados que participam do processo de transformação da matéria-prima dentro da fábrica”. Apesar dos materiais auxiliares serem utilizados apenas para a transformação da matéria prima, a sua presença é fundamental para o andamento da produção. 23 2.4.3 Almoxarifado de manutenção Para Viana (2009 p. 53), “materiais de manutenção são itens de consumo, com utilização repetitiva, aplicados em manutenção”. Esses materiais geralmente são rolamentos, parafusos, peças de reposição que ficam em estoque basicamente para a manutenção preventiva. 2.4.4 Almoxarifado intermediário Para Pozo (2008 p. 42), “compõem-se esse almoxarifado as peças que estão em processo de fabricação, ou em subconjuntos, que são armazenados para compor o produto final”. Esses materiais não se encontram no almoxarifado, pois já estão em produção, mas exigem um controle rígido devido a alta rotatividade. 2.4.5 Almoxarifado de acabados Para Viana (2009 p. 53), “acabados são os produtos constituintes do estágio final do processo produtivo”. É compreendido pelos materiais prontos aguardando a sua expedição. 2.4.6 Inventário Segundo Martins (2003 p. 156), “inventário físico consiste na contagem física dos itens de estoque. Caso haja diferenças entre o inventário físico e os registros do controle de estoques, devem ser feitos os ajustes conforme recomendações contábeis e tributárias”. De acordo com Santos (2001 p. 109), “inventário é o processo de contagem física de itens de estoque, comparando-a com as quantidades indicadas no registro contábil das áreas de controle de estoque com o objetivo de identificar e corrigir divergências”. 24 “O inventário físico é geralmente efetuado de dois modos: periódico ou rotativo”. Martins (2003 p.156) Segundo Santos (2001 p. 109) existem três modalidades de inventários: “Inventário geral: consiste na contagem, num mesmo período, de 100% dos itens estocados num determinado almoxarifado. Inventário rotativo / cíclico: é a execução do inventário em períodos de tempo definidos para grupos de itens escolhidos de forma aleatória, de modo que, ao final de um determinado período, todo o universo de itens estocados seja inventariado. Inventário específico: é a execução do inventário para um item específico de material, o qual será realizado sempre que se constatar divergências físico-contábeis que determinem a necessidade de contagem física do item para se proceder aos devidos acertos”. Vamos a seguir verificar como funciona o processo de localização física dos materiais. 2.4.7 Localização física dos materiais Conforme Santos (2001 p. 95), “denomina-se localização de material a correta identificação da posição do material em estoque nas instalações de armazenagem, geralmente regulada por normas específicas”. Para Costa (2002), a correta localização e codificação têm como objetivo agilizar o atendimento nos almoxarifados e depósitos, como também facilitar o trabalho daqueles que ainda não estão familiarizados com a localização dos itens estocados. Para ser compreendido com facilidade e abranger todos os itens do estoque, a codificação de localização dos materiais é composta de algarismos e letras. De acordo com Santos (2001 p. 95), “geralmente estes são formados de algarismos e letras, dispostos alternadamente, não sendo utilizados hífens ou qualquer outro símbolo gráfico”. Essa colocação é também afirmada por Costa (2002) como segue. Segundo Costa (2002 p. 106), “os métodos de localização geralmente são compostos pela combinação de letras e algarismos, os quais, combinados, darão a localização exata do material”. As colocações de Costa e Santos podem ser ilustrados na figura abaixo: 25 Figura 3: Identificação de material Fonte: Costa (2002 p. 107) Com o tópico de localização física dos materiais estamos encerrando os temas relacionados a estoque e vamos abordar a seguir recebimento de materiais. 2.5 Recebimento de materiais Neste tópico vamos compreender um pouco a área de recebimento de mercadorias. Conforme Santos (2001 p. 26), “recebimento é a execução, pelo setor específico, de um conjunto de operações que envolvem a identificação do material recebido, o confronto do documento fiscal com o pedido, a inspeção qualitativa e quantitativa do material e a aceitação do mesmo”. Segundo Francischini e Gurgel (2009 p. 112), “a função básica do recebimento de materiais é assegurar que o produto entregue esteja em conformidade com as especificações constantes no pedido de compra”. Para Viana (2009 p. 281), “a atividade recebimento intermedia as tarefas de 26 compra e pagamento ao fornecedor, sendo de sua responsabilidade a conferência dos materiais destinados à empresa”. De acordo com Costa (2002 p. 83), “o recebimento é uma rotina de grande importância para gestão dos estoques, pois verifica o cumprimento do acordo firmado entre a área de compras e o fornecedor”. Para se obter um recebimento adequado de um atendimento ágil, são necessários procedimentos. Conforme Francischini e Gurgel (2009 p. 112), esses procedimentos devem apresentar: Comunicação eficiente entre portaria e o setor de recebimento; Pessoal treinado para os procedimentos de entrada de fornecedores na empresa; Redução, ao mínimo possível, da burocracia para o preenchimento de autorizações de entrada na empresa; Disponibilidade, no local do recebimento, de equipamentos de pesagem ou outra inspeção especificada, evitando deslocamentos desnecessários; Capacidade de recebimento adequada ao volume de entrega de materiais pelos fornecedores, inclusive em períodos de maior demanda, evitando filas e tempo de espera que os prejudiquem sobremaneira; Estacionamento adequado para os veículos que estão aguardando a entrada na fábrica. Toda atividade para ser bem executada necessita de bons procedimentos, pessoas capacitadas e local adequado para realizar tal função. Para Francischini e Gurgel (2009 p. 30), no recebimento de mercadorias controlam-se os seguintes pontos: “Conferência – verifica as características do fornecimento e sua documentação pela cópia do pedido, conferindo as quantidades físicas para verificar se correspondem às quantidades constantes no pedido de compra. Contagem – por meio da nota de recebimento e da cópia do pedido, convoca-se o responsável pelo controle quantitativo. Canhoto – naturalmente, no recibo a ser fornecido ao transportador, anotase “sujeito ao controle de qualidade” nos casos em que a conferência de qualidade é demorada. Registro – recomenda-se registrar a entrada dos documentos em um livro de recebimento. Esse livro deverá ter uma via destacável, que funciona também como guia de encaminhamento e protocolo dos documentos fiscais. O órgão receptor, no caso a contabilidade, assina a segunda via, dando pleno recebimento dos documentos ali relacionados. Documentação – em nenhuma hipótese os documentos fiscais poderão ficar no recebimento, pois os impostos debitados à empresa deverão ser recuperados nos livros fiscais. A nota de recebimento, que é um espelho da nota fiscal, será sempre o documento para a administração interna da empresa em substituição ao documento fiscal”. 27 De acordo com Viana (2009 p. 281) as atribuições básicas para o recebimento são: Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devolução de materiais; Analisar a documentação recebida, verificando se a compra está autorizada; Confrontar os volumes declarados na Nota Fiscal e no Manifesto de Transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos; Proceder a conferência visual, verificando condições de embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos documentos; Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos materiais recebidos; Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso; Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da liberação de pagamento ao fornecedor; Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxarifado. Para Costa (2002), o conferente normalmente se responsabiliza pelo aceite de materiais rotineiros. Em caso de dúvida, quanto a materiais de uso específico de determinados setores, deverá solicitar a inspeção técnica, que deve ser realizada por pessoa qualificada. Todos esses pontos destacados são indispensáveis para o correto funcionamento do setor de recebimento de mercadorias na empresa. O correto manuseio das mercadorias bem como o seu perfeito estado físico é importante para a sua alocação no estoque. De acordo com Francischini e Gurgel (2009 p. 112), os procedimentos para descarregamento poderão variar: “Quanto à mão de obra: Fornecida pelo setor de recebimento; Fornecida pelo entregador. Neste caso, deverá: ser habilitada; ter EPI, conforme requerido pela empresa; trajes convenientes. Quanto ao equipamento de descarga: Fornecido pelo setor de recebimento; Fornecido pelo entregador. Neste caso, além do material a ser entregue, o veiculo deverá conter equipamentos adequados. Quanto à documentação: Conferencia do material entregue diretamente na NF emitida pelo fornecedor; Geração de uma via cega em algum momento anterior ao descarregamento, com o objetivo de: obrigar a conferência de todos os itens 28 entregues sem dispor da informação antecipada da quantidade entregue; ter segurança de que a conferência do material entregue realmente será feita; dupla verificação do material entregue. Quanto à inspeção de recebimentos: Imediata, no momento do recebimento; Posterior, com a retirada de amostras para ensaios de laboratório; Desnecessária, para fornecedores com a qualificação adequada. Quanto à liberação do entregador: Procedimentos rotineiros, se todos os requisitos especificados forem atendidos; Procedimentos de não-conformidade, se constatada alguma irregularidade. Neste caso, as áreas responsáveis deverão ser informadas. Por exemplo: - CQ: para aceitação de materiais fora das especificações requeridas; - Compras: para quantidades diferentes das constantes no pedido de compras; - Produção: para materiais necessários para produção urgente”. Outro ponto relevante no recebimento de uma empresa que podemos citar é comentado por Martins (2009 p. 390), como “o recebimento de uma empresa é mais bem compreendido com a combinação de cinco elementos principais: espaço físico, recursos de informática, equipamento de carga e descarga, pessoas e procedimentos normalizados”. Esses elementos devem estar em um sincronismo constante para que haja eficiência no processo. Para Martins (2003 p. 299), “pessoal qualificado é imprescindível; não se aceitam mais elementos que só exerçam uma função, e sim colaboradores polivalentes, com nível de instrução adequado e treinados. O homem que confere uma carga deve estar habilitado a inserir dados no sistema, determinar o destino da carga recebida e, em muitos casos, transportá-la para o local destinado”. De acordo com Costa (2002 p. 84), “qualquer diferença na quantidade, qualidade, materiais e valores, deverá ser comunicada imediatamente a área de compras, que tomará providências para corrigir as divergências encontradas”. São previstas correções para divergência de preços, valor do imposto em razão de erro de cálculo, diferença de quantidade de mercadorias e data da saída da mercadoria do fornecedor. O documento fiscal emitido para esta finalidade terá como “natureza de operação” “correção de nota fiscal”, ou simplesmente carta de correção. Para alguns materiais é necessário realizar um processo denominado de 29 “inspeção no recebimento”, onde segundo Francischini e Gurgel (2009 p. 114), o objetivo dessa inspeção é segundo a NBR ISO 9001:1994, assegurar que os produtos recebidos não sejam utilizados ou processados até que tenham sido inspecionados ou verificados, estando em conformidade com os requisitos especificados. Conforme Martins (2003) pode ocorrer problemas ocasionais de erros de entrega, tanto qualitativos como quantitativos, sendo prudente reservar, no recebimento, uma área para materiais aguardando decisão, a qual deverá ser a menor possível e encarada como de curta permanência. 2.6 Movimentação de mercadorias Neste tópico vamos compreender como funciona o processo de movimentação de mercadorias em uma empresa. De acordo com Costa (2002), existem três tipos de movimentação: entrada, saída e transferência. Vamos tomar como foco neste trabalho a movimentação de entrada de mercadorias na empresa. Conforme Costa (2002 p. 82), entrada de mercadorias: Consiste na movimentação de materiais que entram no estoque da empresa; estas entradas são registradas através do cadastro das notas fiscais emitidas pelos fornecedores ou, em se tratando de movimentações internas, por documentos de devolução de materiais (DMs), que são utilizados para controle das devoluções ao almoxarifado dos materiais requisitados e não utilizados pelo setor requisitante; Podemos observar de acordo com a colocação de Costa, que podem existir diversas formas de um material entrar no estoque, onde podemos dar destaque aos vindos diretamente dos fornecedores e os materiais vindos de outra filial da empresa ou até por uma devolução interna. Conforme Francischini e Gurgel (2009 p. 209), “Para que as mercadorias possam ser trabalhadas, possibilitando um total aproveitamento de seu potencial, deve-se primeiramente manter em movimento um dos três elementos básicos de produção. Homem, máquina 30 ou material devem estar em constante movimento para se obter futuramente um resultado satisfatório na finalização de um produto”. De acordo com Francischini e Gurgel (2009), existem três elementos básicos de produção, entretanto, neste trabalho vamos nos concentrar na movimentação de materiais. Algumas movimentações de mercadorias exigem a contribuição de algum equipamento e/ou acessório. Vamos verificar a seguir alguns desses objetos. Figura 4: Empilhadeira Fonte: Costa (2002 p. 111) A figura acima representa uma empilhadeira, que é muito utilizada na movimentação de mercadorias devido a sua alta capacidade de carregar peso e sua excelente agilidade. De acordo com Costa (2002 p. 111), Empilhadeiras são utilizadas para deslocamento de materiais colocados sobre paletes. Proporcionam acondicionamento rápido e seguro em estruturas porta-paletes, possibilitando grande elevação. Apresentam vários modelos, diferentes aplicações e permite a utilização de acessórios para o transporte de diversas cargas. Podem ser movidas por energia elétrica ou gás. A seguir vamos apresentar outros equipamentos utilizados na movimentação de mercadorias. 31 Figura 5: Paleteira manual Fonte: Costa (2002 p. 112) Conforme Costa (2002 p. 112), “a paleteira é utilizada para transporte de cargas sobre paletes em planos horizontais sem irregularidades. Seu uso diminui o tempo e a necessidade de mão-de-obra nas operações de carregamento e descarregamento de caminhões nas docas; também bastante utilizada em movimentações de materiais em curta distância”. A utilização da paleteira na movimentação das mercadorias se deve ao fato de se obter um ótimo custo beneficio, com uma facilidade muito grande de realizar movimentações em áreas com espaço reduzido, tornando assim quase que indispensável para essa tarefa. Os produtos para serem transportados por paleteiras e empilhadeiras precisam estar adequadamente embalados e armazenados em paletes. A figura 6 ilustrada a seguir demonstra um palete. 32 Figura 6: Palete Fonte: Costa (2002 p. 98) A utilização de paletes na movimentação das mercadorias é de fundamental importância para a também utilização de máquinas como empilhadeira e paleteira. Segundo Costa (2002 p. 98), “palete é um estrado de madeira, com uma ou duas faces, duas ou quatro entradas. Possibilita o uso de empilhadeiras ou paleteiras de garfo, facilitando o descarregamento, a movimentação e o armazenamento dos materiais durante sua estocagem”. Vimos neste tópico algumas observações sobre movimentação e armazenagem de materiais, com citações de vários autores, demonstrando a sua importância para as empresas. 33 3 HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A empresa estudada começou como uma pequena granja, na década de 30, na cidade de Springdale, Arkansas (EUA). Hoje, essa agroindústria é a maior processadora mundial de carne de frango, bovina e suína. Está na segunda posição das maiores produtoras de alimentos da Fortune 500. A companhia desenvolve grande variedade de produtos a base de proteína e alimentos preparados e é reconhecidamente líder nos setores de varejo e serviços de alimentação nos mercados em que atua. A empresa tem clientes e consumidores em todo os Estados Unidos e em mais de 90 países. A companhia conta com aproximadamente 107 mil colaboradores atuando em mais de 300 unidades norte-americanas e escritórios ao redor do mundo. Por meio dos seus Valores, Código de Conduta e Carta de Direitos dos Funcionários, a empresa está empenhada em operar com integridade e confiança, comprometendo-se a criar valor para seus acionistas, clientes e funcionários. A companhia também está empenhada em acolher crenças diversas, proporcionar um ambiente de trabalho seguro e cuidar dos animais, da terra e do meio ambiente a ela confiados. Faturou US$ 27 bilhões no ano fiscal de 2008, sendo o segmento avícola responsável por 33% do resultado. 3.1 Atuação Global A empresas estudada está instalada em 18 países, adaptando os seus negócios às necessidades de consumo e venda de cada região. Em todos os lugares onde atua, a empresa está comprometida com a garantia da qualidade e segurança alimentar dos produtos que comercializa, bem como o respeito aos valores, leis internacionais, segurança e bem-estar das pessoas e dos animais. A empresa conta com joint ventures para produção de frangos na China e Índia. A subsidiária Cobb-Vantress tem unidades na Argentina, Brasil, República Dominicana, Índia, Japão, Holanda, Filipinas, Espanha, Reino Unido e Venezuela. A 34 Unidade Internacional também opera a unidade no México, um complexo industrial de produção avícola, além de uma joint venture na Argentina no segmento de bovinos. Sem contar os escritórios de vendas em países como Emirados Árabes Unidos, Japão, Reino Unido, Rússia, entre outros. 3.1.1 Experiência Na Avicultura John W. foi pioneiro quando, no início da década de 30, decidiu transportar frangos da cidade de Springdale, Arkansas (EUA) para mercados em Kansas City e St. Louis. Em 1936 John foi o primeiro a fazer a longa viagem de Springdale aos mercados de frango mais rentáveis de Chicago. Em apenas um ano, sua rede de clientes atingiu cidades como Cincinnati, Detroit, Cleveland, Memphis e Houston. A partir daí teve início a história de uma empresa que revolucionaria a avicultura. No ano fiscal de 2008, as vendas de carne de frango representaram 33% dos negócios da empresa – precedida pelas vendas de carne bovina (44% do total) e seguida pela suína (13%) e alimentos preparados (10%). Apesar de estar na segunda posição de vendas da companhia, o segmento de frangos requer uma grande operação industrial e logística extremamente complexa: são 40 milhões de frangos abatidos semanalmente. Fonte: www.tyson.com.br 3.1.2 Suínos e Bovinos 35 A agroindústria estudada também é a maior fornecedora mundial de carne suína e bovina. A empresa possui unidade responsável por este segmento, conta com mais de 60 unidades de produção nos Estados Unidos, além de uma joint venture na Argentina. Ao contrário dos negócios com frango, as operações de suínos e bovinos são apoiados em uma rede de fornecedores independentes. As unidades de produção de carne fresca (12 para bovinos e nove para suínos) estão estrategicamente localizadas perto dos maiores e mais qualificados fornecedores destes animais. 3.1.3 Alimentos Preparados Esta divisão da empresa comercializa alimentos prontos para consumo, massa e ingredientes para o preparo de pizzas, peperoni, tortilhas, comidas étnicas, petiscos, sopas, molhos, entre muitos outros produtos. 3.1.4 Nossos Valores: Somos uma empresa composta por pessoas empenhadas na produção de alimentos, que procuram a verdade e a integridade, tendo como objetivo a criação de valor para os nossos acionistas, clientes e para todas as pessoas envolvidas neste processo. 3.1.5 Quem Somos: » Procuramos ser uma empresa composta por pessoas diversas que trabalham em conjunto na produção de alimentos; »Procuramos ser pessoas honradas; » Procuramos ser uma empresa que acolhe crenças diversas. 3.1.6 O Que Fazemos: 36 » Alimentamos as nossas famílias, a nação e o mundo com produtos alimentícios de confiança; » Somos guardiões dos animais, da terra e do meio ambiente que nos foram confiados; » Procuramos proporcionar um ambiente de trabalho seguro para os nossos colaboradores. 3.1.7 Como o Fazemos: » Procuramos obter lucros de forma consistente e satisfatória para os nossos acionistas e investir em nossos colaboradores, produtos e processos; » Procuramos trabalhar com integridade e confiança em tudo o que fazemos; » Procuramos honrar a Deus e respeitar o nosso semelhante, os nossos clientes e outras partes envolvidas. 3.2 História da marca Macedo 3.2.1 O Princípio A Macedo iníciou suas atividades em 13 de julho de 1973, sob o nome de FriosMacedo Ltda. Possuia sete funcionários que abatiam 300 frangos por dia.Um ano após, em 1974, o Grupo Koerich se associa à Frios Macedo. Com o grupo, a capacidade de abate aumentou para três mil frangos por dia. Neste mesmo anoforam construídas as primeiras granjas para frangos de corte. A década de 80 foi um período de expansão com a construção das Unidades de Nutrição Animal, da Central de Distribuição do Norte do Estado de SC e do Incubatório. Com isso passou a produzir até 420 mil pintos/mês e o abate subiu para 1.500 frangos por hora. Na década de 90 a infra-estrutura da Macedo deu um novo salto. Foram construídas as Centrais de Distribuição do Sul e Norte do Estado de SC, a Granja de matrizes, em Bom Retiro. Foram iniciados os projetos “Estuda Macedo” e o “Programa de Qualidade Total Macedo”. O primeiro leva o Ensino Fundamental e 37 Médio para os profissionais e o segundo busca melhorar o atendimento, a qualidade dos produtos e a satisfação dos clientes e consumidores. Estes investimentos resultaram nos certificados internacionais ISO 9001 e HACCP – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle. A Macedo foi o primeiro frigorífico da América Latina a conquistar os dois certificados ao mesmo tempo. Estas conquistas levaram a Macedo a terceirizar parte da produção de frangos de corte e iniciar um processo para o seu crescimento, a abertura para o mercado internacional e a primeira venda fechada com a Europa. Em 2007 Ester e José Ferreira de Macedo, passaram a presidência para o filho Jóster Ferreira de Macedo, porém os fundadores continuam acompanhando a empresa como membros do conselho de administração, que conta ainda com a participação de um conselheiro externo. Qualidade é o carro chefe da Macedo, sendo seu principal objetivo a satisfação de consumidores e clientes. Este ano marca uma fase fundamental na história da empresa. Junto com as avícolas, de Itaiópolis (SC), e de Campo Mourão (PR), a empresa passa a fazer parte da companhia norte-americana, maior processadora mundial de carne de frango, bovina e suína. A filial brasileira assume o desafio de liderar as operações no Brasil, cuja meta principal é dar apoio às estratégias de expansão internacional da companhia e colocar a empresa entre as cinco principais empresas avícolas do País. A agroindústria estudada tem clientes e consumidores em todo o pais americano e em mais de 90 países pelo mundo. A companhia conta com aproximadamente 107 mil colaboradores atuando em mais de 300 unidades norteamericanas e escritórios ao redor do mundo. Faturou US$ 27 bilhões no ano fiscal de 2008, sendo o segmento avícola responsável por 33% do resultado. 3.2.2 Prêmios Prêmio Expressão de Responsabilidade Social A marca Macedo é destaque no “Prêmio Expressão de Responsabilidade Social”, promovido pela Editora Expressão, Lauster do Brasil Pesquisas e Civitas Responsabilidade Social, com base nos valores de responsabilidade social do Instituto Ethos.Nos anos de 2004, 2005 e 2007 a empresa destacou-se entre aquelas da região Sul que atingiram o padrão de excelência em Responsabilidade 38 Social.Estas conquistas são fruto de um trabalho coordenado de posicionamento social, promovido pelo Sistema de Gestão Integrada. 39 4 METODOLOGIA Neste tópico vamos abordar a metodologia a ser utilizada neste trabalho. 4.1 Quanto aos objetivos Para realizar esse trabalho foi adotada a pesquisa de natureza exploratória. Gil (1999, p. 43) comenta que pesquisas exploratórias visam proporcionar uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo. 4.2 Quanto aos procedimentos O procedimento adotado é o estudo de caso, que segundo Gil (1999, p. 72 e 73) significa estudar com intensidade os objetivos, permitindo um conhecimento detalhado das atividades que eram consideradas praticamente impossíveis. 4.3 Quanto à abordagem Estamos adotando pesquisa de forma qualitativa. Conforme Richardson (1999, p. 80), “os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. 4.4 Quanto à coleta e análise dos dados Conforme Roesch (1999, p. 140) coleta de dados são as entrevistas, os questionários, os testes e as observações. Para coleta de dados para elaboração deste trabalho vamos utilizar o método de entrevista através de questionário com as duas pessoas. Conforme Gil (1999, p. 128), o questionário é uma técnica de investigação com questões já formuladas e que tem como objetivo conhecer características da população em estudo. 40 5 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS Neste tópico vamos conhecer o processo de recebimento de mercadorias no almoxarifado da agroindústria estudada, bem como a sua localização e estrutura física. O almoxarifado da empresa está localizado na ROD SC 407 km 06, no bairro Colônia Santana em São José-SC. Possui um quadro operacional composto de quatro ajudantes de almoxarifado e um almoxarife, que é o responsável no setor e estrutura física com uma instalação central e mais quatro depósitos, funciona de segunda a sexta no horário das 05:00 as 18:18 horas e aos sábados da 08:00 as 10:00 horas 5.1 Descrição do processo de recebimento de mercadorias O recebimento é feito conforme descrição abaixo: a) Ao realizar uma entrega, o entregador deve dirigir-se à portaria para identificação. A vigilância deverá solicitar-lhe a nota fiscal constando as seguintes informações: Nome da transportadora; Nome do fornecedor; Tipo de material. b) Estas informações serão repassadas ao almoxarifado através de ligação telefônica, que determinará a entrada ou não do veículo, o local para a descarga e a necessidade de pesagem. c) Nenhum veículo realizando entregas para o almoxarifado poderá entrar no pátio da empresa sem a liberação dos funcionários daquele setor. d) A vigilância deverá orientar o motorista sobre o local onde será feito o descarregamento e verificar se esta orientação é seguida. e) O responsável pelo recebimento deverá conferir se todas as informações da nota fiscal estão de acordo com o Pedido de Compra, especialmente com relação aos seguintes itens: 41 Razão social da empresa; CNPJ da empresa; Razão social do fornecedor; Condição de Pagamento; Frete pago ou a pagar; Descrição dos produtos; Quantidade entregue de cada produto; Valor unitário de cada produto. Nos casos em que o frete for pago pelo destinatário, é obrigatória a retenção da 1ª via do conhecimento de transporte para posterior lançamento no sistema interno da empresa (SAP). Se houver qualquer divergência entre o Pedido de Compra e algum dos itens acima, o responsável pelo recebimento deverá comunicar o fato imediatamente ao Departamento de Suprimentos. Sendo a entrega autorizada pelo comprador, deverá ser preenchido o formulário “Ocorrência no Recebimento de Mercadorias” (ORM), que deverá ser anexado à 1ª via da nota fiscal. Após a utilização, este formulário será arquivado no Departamento de Suprimentos pelo período de 12 meses. Não sendo autorizado o recebimento, a mercadoria deverá ser devolvida imediatamente com a própria nota fiscal. f) Se a entrega for feita pelo próprio fornecedor, o responsável pelo recebimento deverá conferir todos os itens entregues na presença do entregador. Caso a entrega seja feita por um terceiro (transportadora) esta será liberada após a conferência do número de volumes e das condições das mesmas (sem indícios de danos ou violação das embalagens). Posteriormente a liberação da transportadora, será feita a conferência de cada produto entregue. g) Sendo o material embalagens primárias, secundárias e/ou condimentos, deverá ser preenchida pelo responsável pelo recebimento, a planilha de “Avaliação de Materiais no Recebimento”. h) Após a conferência, o responsável pelo recebimento deverá carimbar a 1ª via da nota fiscal e a 1ª via do conhecimento de frete (quando este for FOB), datando e 42 assinando no local indicado e encaminhando para a digitação no sistema de suprimentos/contas a pagar. A 2ª via da nota fiscal deverá ser arquivada no almoxarifado pelo período de 3 meses. Sendo a mercadoria para consumo direto, deverá constar na 2ª via arquivada, a assinatura do solicitante do material. i) Se o material não é de estoque o responsável pelo recebimento identifica, através do sistema e comunica ao solicitante a chegada do material. Sendo o material um item crítico, o responsável pelo recebimento deve emitir “Formulário Padronizado”, de acordo com a Instrução Normativa nº 49, de 14 de Setembro de 2006, enviando-o para a Garantia da Qualidade que o encaminhará para o Serviço de Inspeção Federal (SIF) local. O tempo de recebimento das mercadorias varia de acordo com a quantidade e depósito. Depósito de químicos em torno de 1 hora; depósito de condimentos em torno de 1 hora; depósito gerais em torno de 20 minutos; depósito de embalagens primárias em torno de 1 hora; depósito de embalagens secundárias em torno de 45 minutos. Os fornecedores/transportadoras são recebidos de acordo com a ordem de chegada, mas considerando sempre o depósito a ser descarregado. No depósito de embalagens primárias é utilizado o auxílio de carrinhos de aço com quatro rodas e paleteira manual. No depósito de embalagens secundárias é utilizado a paleteira manual e empilhadeira manual. A empresa possui um software chamado SAP, que controla todas as atividades da empresa, inclusive a parte de compras e almoxarifado, onde são consultados os pedidos de compra no seu recebimento. A grande maioria dos volumes/materiais recebidos possuem uma boa identificação. Alguns materiais são muito específicos e exigem o auxílio de um técnico especializado para realizar a conferência física. Os materiais recebidos pelo almoxarifado ficam a disposição para utilização em um determinado tempo, sendo que para cada tipo de material existe uma particularidade. - Materiais recebidos e que não são de estoque ficam a disposição no mesmo dia. - Materiais críticos (condimentos, embalagens primárias e embalagens secundárias) necessitam serem aprovados pela área técnica e o tempo para liberação varia de 1 a 7 dias. 43 - Materiais de estoque não críticos ficam a disposição de imediato, aguardando apenas o lançamento da Nota Fiscal que pode variar de 1 a 2 dias. Nos depósitos de produtos químicos, condimentos, embalagens secundárias e embalagens primárias (com exceção das etiquetas), os materiais são recebidos e alocados diretamente no local onde são armazenados. No depósito gerais, possui um espaço específico para acondicionamento dos itens recebidos. Os materiais mais trabalhosos para receber são os que possuem entregas em quantidades grandes, onde podemos citar os produtos químicos, condimentos e caixas de papelão e os materiais críticos que exigem um procedimento de registro interno. Os erros mais comuns no processo de recebimento são: Receber mercadoria em duplicidade Receber mercadoria que seria para outra filial da empresa Especificação do material entregue diferente do requisitado pela empresa Possui um grande volume de entradas e saídas de mercadorias no almoxarifado. Geralmente nos horários das 09:00 as 11:00 horas e 15:00 as 17:00 horas realizam um grande volume de entregas e recebimentos, o que acaba gerando um acúmulo de funções e ocasionando gargalo no processo. 5.2 Armazenagem e movimentação de mercadorias Os depósitos estão planejados com o objetivo de dar maior agilidade e fluxo aos processos internos. De acordo com a nossa necessidade, efetuamos mudanças para melhor nos atender. Existem diversos tipos de materiais que são recebidos e armazenados. Possuimos cinco depósitos onde em cada um existe uma particularidade. - Depósito de produtos químicos: Neste depósito são recebidos e armazenados os produtos químicos, óleos lubrificantes e graxas, controle de pragas, materiais para pintura e materiais de construção. - Depósito de condimentos: Neste depósito são recebidos e armazenados os condimentos. - Depósito geral: Nesse depósito são recebidos e armazenados os materiais de 44 consumo direto e os seguintes materiais de estoque: Copa e cozinha Higiene e limpeza Material de expediente Material gráfico Materiais de trabalho industrial Equipamentos de proteção individual Uniformes Correias Fixadores Materiais elétricos / eletrônicos Materiais hidráulicos Materiais mecânicos Peças de reposição Retentores Rolamentos - Depósito de embalagens primárias: Nesse depósito são recebidos e armazenados os seguintes materiais: Bandejas Embalagens diversas Etiquetas primárias exportação Etiquetas primárias mercado interno Etiquetas secundárias exportação lista geral Etiquetas secundárias exportação união européia Etiquetas secundárias mercado interno Filmes / sacos poliolefínicos Sacos impressos exportação lista geral Sacos impressos exportação união européia Sacos impressos mercado interno Sacos / bobinas / folhas lisas - Depósito de embalagens secundárias: Nesse depósito são recebidos e armazenados os seguintes materiais: Caixas de papelão 45 No depósito de embalagens primárias é utilizado o auxílio de carrinhos de aço com quatro rodas e paleteira manual. No depósito de embalagens secundárias é utilizado a paleteira manual e empilhadeira manual. Todos os materiais em estoque possuem um código específico de 10 dígitos numéricos, onde são classificados de acordo com o tipo de material. Ex: 1500 700 588 - ROLAMENTO 6202 DDU 1500 = Item de estoque no Brasil 700 = Número do grupo de mercadoria. Neste caso material mecânico. 588 = Número sequencial dentro do grupo. O almoxarifado não possui hoje a localização física dos materiais no sistema interno, o que acaba gerando perda de tempo na guarda e entrega dos materiais. É realizado inventário rotativo semanalmente de acordo com cronograma interno, o que dá um giro de contagem total do estoque de 3 vezes ao ano. Com este tópico conseguimos analisar a adequação dos procedimentos utilizados no processo de recebimento de mercadorias no almoxarifado e abordar três dos quatro objetivos específicos: 1 - Verificar os procedimentos adotados no recebimento das mercadorias. 2 - Analisar os recebimentos e identificar os gargalos do processo. 3 - Verificar os métodos adotados para a movimentação das mercadorias. 5.3 COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO DE TRABALHO X LITERATURA Neste tópico vamos realizar uma comparação entre os métodos utilizados atualmente no almoxarifado da agroindústria estudada com a literatura. ITEM LITERATURA EMPRESA 46 Inventário O inventário físico é geralmente É realizado inventário rotativo efetuado modos: semanalmente de acordo com periódico ou rotativo. Martins cronograma interno, o que dá (2003 p.156) um giro de contagem total do de dois estoque de 3 vezes ao ano. Quadro 5. Inventário: comparação literatura x método atual Fonte: Elaborado pelo autor (2010). Podemos observar na comparação acima que o procedimento de inventário no almoxarifado está de acordo com o recomendado pela literatura, onde está sendo executado inventário rotativo semanalmente, com um giro total do estoque de três vezes ao ano. ITEM LITERATURA Localização física dos materiais Costa (2002 métodos EMPRESA p.106), de os localização geralmente são compostos pela combinação de algarismos, combinados, letras os O almoxarifado não possui hoje a localização física dos materiais no sistema interno. e quais, darão a localização exata do material. Quadro 6. Localização física dos materiais: comparação literatura x método atual Fonte: Elaborado pelo autor (2010). Na comparação acima podemos observar que o almoxarifado não possui um sistema de localização física dos materiais, o que acaba dificultado o trabalho dos ajudantes de almoxarifado para efetuarem a guarda e entrega dos itens no estoque. ITEM LITERATURA Conferência de Nota Fiscal x De acordo com Viana (2009 Pedido de Compra p.281),“Analisar documentação EMPRESA a recebida, verificando se a compra está O responsável pelo recebimento deverá conferir se todas as informações da nota fiscal estão de acordo com o 47 autorizada”; Para Pedido de Compra. Francischini e Gurgel (2009 p. 30), “Conferência – verifica as características do fornecimento e sua documentação pela cópia do pedido, conferindo quantidades as físicas para verificar se correspondem às quantidades constantes no pedido de compra. Quadro 7. Conferência de Nota Fiscal x Pedido de Compra: comparação literatura x método atual Fonte: Elaborado pelo autor (2010). No quadro acima podemos observar a comparação do processo de conferência de Nota Fiscal versus Pedido de Compra, onde constatamos que o procedimento adotado na empresa está de acordo com o recomendado pelos autores. ITEM Divergência no recebimento LITERATURA EMPRESA Francischini e Gurgel (2009 p. 112), “Procedimentos de nãoconformidade, se constatada alguma irregularidade. Neste caso, as áreas responsáveis deverão ser informadas. Por exemplo: CQ: para aceitação de materiais fora das especificações requeridas; Compras: para pedido de compras”; De acordo com Costa (2002 p. “qualquer quantidade, diferença entre o Pedido de Compra, o responsável pelo recebimento deverá comunicar na qualidade, o imediatamente fato ao Departamento de Suprimentos. Não sendo recebimento, deverá quantidades diferentes das constantes no 84), Se houver qualquer divergência autorizado a ser o mercadoria devolvida imediatamente com a própria nota fiscal. 48 materiais e valores, deverá ser comunicada imediatamente a área de compras, que tomará providências para corrigir as divergências encontradas”. Quadro 8. Divergência no recebimento: comparação literatura x método atual Fonte: Elaborado pelo autor (2010). A literatura recomenda que qualquer divergência encontrada no ato do recebimento das mercadorias, seja contatada a área responsável para resolver a situação. No quadro acima podemos verificar que as ações realizadas na prática estão de acordo com o sugerido pela literatura, pois qualquer divergência é comunicado o responsável pela emissão do pedido e em casos de não autorização do recebimento da mercadoria, é realizado a recusa da mesma. ITEM LITERATURA EMPRESA Conferência física dos materiais De acordo com Viana (2009 p. 281), “confrontar os volumes declarados na Nota Fiscal e no Manifesto de Transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos; condições de embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos documentos; Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos materiais recebidos”; próprio fornecedor, o responsável pelo recebimento deverá conferir todos os itens entregues na presença do entregador. Caso a entrega Proceder a conferência visual, verificando Se a entrega for feita pelo seja feita por (transportadora) um esta terceiro será liberada após a conferência do número de volumes e das condições das mesmas (sem indícios de danos ou violação das embalagens). Posteriormente a liberação da transportadora, será feita a conferência de cada produto entregue. Quadro 9. Conferência física dos materiais: comparação literatura x método atual Fonte: Elaborado pelo autor (2010). 49 O momento da conferência física dos materiais, comparando os dados constados na Nota Fiscal com a mercadoria entregue pela transportadora ou até mesmo pelo próprio fornecedor, é uma situação que exige uma grande responsabilidade pelo conferente, devido ao grau crítico da situação. Devido a essa responsabilidade muitas empresas adotam procedimentos para essa atividade. Verificando o quadro acima, observamos que a empresa está procedendo de acordo com o recomendado pela literatura, seguindo procedimentos para a conferência. ITEM LITERATURA EMPRESA Conforme Francischini e Gurgel Gargalo no recebimento (2009 p. 112), “Capacidade de recebimento adequada ao volume de entrega de materiais pelos fornecedores, inclusive em períodos demanda, tempo de de evitando espera maior filas que e os Possui um grande volume de entradas e saídas de mercadorias no almoxarifado. Geralmente nos horários das 09:00 as 11:00 hs e 15:00 as 17:00 realizam volume de um grande entregas e recebimentos. prejudiquem sobremaneira”. Quadro 10. Gargalo no recebimento: comparação literatura x método atual Fonte: Elaborado pelo autor (2010). A literatura recomenda que as empresas devam possuir uma capacidade de recebimento adequada ao volume de entrega de materiais. Podemos observar que a empresa estudada possui um grande volume de recebimentos em horários específicos, o que acaba ocasionando filas de fornecedores e ou transportadoras. É possível afirmarmos com base nessas informações, que esses horários possuem uma grande tendência a se tornarem gargalos no processo de recebimento de mercadorias da empresa. ITEM Destino da Nota Fiscal LITERATURA Francischini e Gurgel (2009 p. 30), “recomenda-se registrar a entrada dos documentos em EMPRESA Após a conferência, o responsável pelo recebimento deverá carimbar a 1ª via da 50 um livro de recebimento. Esse nota fiscal e a 1ª via do livro conhecimento de frete (quando deverá ter destacável, também que como uma via funciona guia este for FOB), datando e de assinando no local indicado e encaminhamento e protocolo encaminhando para a digitação dos no documentos fiscais. O sistema de órgão receptor, no caso a suprimentos/contas contabilidade, (SAP). A 2ª via da nota fiscal segunda assina via, dando a pleno deverá ser a pagar arquivada no recebimento dos documentos almoxarifado pelo período de 3 ali relacionados”. meses. Sendo a mercadoria para consumo direto, deverá constar na 2ª via arquivada, a assinatura do solicitante do material. Quadro 11. Destino da Nota fiscal: comparação literatura x método atual Fonte: Elaborado pelo autor (2010). Na empresa todas as Notas Fiscais recebidas são encaminhadas ao setor de contabilidade para posterior lançamento no sistema, e são arquivadas posteriormente. Como cita a literatura, a empresa necessita registrar todas as Notas Fiscais que entram na empresa para poder efetuar o seu devido controle, e esse registro é feito através do seu sistema interno. ITEM Movimentação de mercadorias LITERATURA EMPRESA Conforme Francischini e Gurgel No depósito de embalagens (2009 p.209), “para que as primárias é utilizado o auxílio mercadorias ser de carrinhos de aço com quatro trabalhadas, possibilitando um rodas e paleteira manual. No total aproveitamento de seu depósito potencial, secundárias possam deve-se primeiramente movimento elementos um de é embalagens utilizado a manter em paleteira manual e empilhadeira dos três manual. Nos demais depósitos básicos de a movimentação é feita produção. Homem, máquina ou manualmente sem o auxílio de material equipamentos. devem estar em constante movimento para se obter futuramente um resultado satisfatório na finalização de 51 um produto”. Quadro 12. Movimentação de mercadorias: comparação literatura x método atual Fonte: Elaborado pelo autor (2010). Podemos observar que a literatura aborda que deve-se manter em movimento homem, máquina ou material para se obter um resultado satisfatório e essa abordagem é identificada no processo da empresa, com a diversificação de métodos utilizados para movimentação, sendo alguns com o auxílio de equipamentos, outros simplesmente manual pelos responsáveis no setor. 52 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo de caso foi elaborado com o auxílio de vários autores, com alguns objetivos específicos traçados. Conseguimos destacar a importância da logística para as empresas e o grande crescimento da responsabilidade do setor no mercado competitivo que temos atualmente. Um grande desafio neste estudo de caso foi trabalhar com temas que muitas vezes passam despercebidos pelos administradores das empresas. Com base nos objetivos traçados, seguimos uma linha de raciocínio, abordando inicialmente a logística empresarial e afunilando até chegarmos na área de recebimento de mercadorias, onde dentro desta área definimos quatro objetivos específicos para o estudo de caso. Conseguimos atingir os quatro objetivos específicos com a elaboração de um questionário que foi aplicado com o responsável pelo setor de recebimento de mercadorias da empresa estudada. Foi realizada uma comparação entre a literatura descrita neste trabalho e a sua parte prática realizada na empresa. Com a comparação de informações conseguimos tirar algumas conclusões e realizar algumas sugestões de melhorias. A empresa estudada possui um procedimento de recebimento de mercadorias bem definido, com o detalhamento de todas as atividades necessárias para realizar tal atividade. Podemos identificar um grande acúmulo de recebimentos em horários específicos, o que gera um acúmulo de atividades nesse período. Um dos fatores que podem influenciar nesse acontecimento se deve ao fato da empresa estar localizada em um bairro distante do centro da cidade, o que força as transportadoras a entregarem mercadorias em horários simultâneos. Podemos deixar como sugestão a implantação de um sistema de agendamento de entrega com as transportadoras de maior volume, para que assim, diminua o gargalo encontrado hoje. Outra sugestão seria um maior agrupamento de entregas em uma mesma transportadora, reduzindo assim a variedade de empresas efetuando a entrega. Outra situação que chamou a atenção foi o fato da empresa não possuir um sistema de endereçamento interno de materiais, e com isso dificultar a ação dos ajudantes de almoxarifado. De acordo com os autores relatados neste trabalho, o 53 correto endereçamento dos materiais de estoque facilita o recebimento dos itens e a sua posterior guarda, o que gera uma maior agilidade no seu recebimento. Podemos deixar como sugestão neste caso a implantação de um endereçamento interno para todos os materiais de estoque. 54 REFERENCIAS BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4ª ed. Porto Alegre: Editora Bookmann, 2001. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. 5ª ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2006. BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: Transportes, Administração de materiais. São Paulo: Editora Atlas, 1993. COSTA, Fábio J. C. Leal - Introdução à administração de materiais em sistemas informatizados. São Paulo: Editora, 2002. CHRISTOPHER, Martin. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Criando redes que agregam valor. São Paulo: Editora Thomson, 2007. DIAS, Marco Aurélio Pereira. Administração de Materiais: Uma Abordagem Logística. 4º Ed. São Paulo: Editora Atlas, 1993. FLEURY, Paulo F.; WANKE, Peter; FIGUEIREDO, Kleber Fossati. Logística Empresarial: a perspectiva Brasileira. São Paulo: Editora Atlas, 2000. FRANCISCHINI, Paulino G.; GURGEL, Floriano do Amaral. Administração de Materiais e do Patrimônio. São Paulo: Editora Cengage Learning, 2009. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 1999. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Editora Atlas, 2002. MARTINS, Petrônio Garcia; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. MARTINS, Petrônio Garcia; CAMPOS, Paulo Renato. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Editora Saraiva, 2000. MARTINS, Petrônio Garcia; CAMPOS, Paulo Renato. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Editora Saraiva, 2003. MARTINS, Petrônio Garcia; CAMPOS, Paulo Renato. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Editora Saraiva, 2009. POZO, Hamilton. Administração de Recursos materiais e Patrimoniais, uma abordagem logística. São Paulo: Editora Atlas, 2008. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Editora Atlas, 1999. 55 ROESCH, Silvia Mara Azevedo. Projetos de estágio e de pesquisa em administração: guias para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de casos. 2. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 1999. SANTOS, Gerson dos. Gestão de almoxarifados. Florianópolis: Editora Arth & Mídia, 2001. TUBINO, Dalvio Ferrari. Manual de Planejamento e Controle da Produção. 2º Ed. Nacional: Editora Atlas, 1999. VIANA, João José. Administração de Materiais, um enfoque prático. São Paulo: Editora Atlas, 2009. HTTP://www.tyson.com.br, acesso em agosto de 2010. 56 APÊNDICE QUESTIONÁRIO PARA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO 1. Qual o seu cargo na empresa? 2. Quantas pessoas trabalham no almoxarifado? 3. Qual horário de funcionamento do almoxarifado? 4. Quais tipos de materiais são recebidos na empresa, e quais os mais trabalhosos? 5. Existe algum procedimento para o recebimento das mercadorias? Relate o mesmo. 6. Quanto tempo demora cada recebimento? 7. No recebimento de mercadorias é necessário que haja muita atenção e responsabilidade por parte dos conferentes, mas é comum que ocorra erros na execução das atividades. Quais erros são mais comuns no recebimento de mercadorias? 8. Existem gargalos no processo? Quais? 9. Como é definida a ordem de recebimento das entregas? 10. O recebimento é feito com auxílio de algum equipamento mecânico? 11. Caso positivo, esse equipamento é adequado? 12. Existe algum software de controle dos pedidos de compra para conferencia no recebimento? 13. A empresa utiliza alguma codificação para armazenagem? Explique. 14. Existe rejeição de mercadorias? Como é feita a rejeição? 15. Existe área específica para acondicionamento dos materiais recebidos? 16. A área de recebimento é adequada para tal atividade? 17. Como é feito a conferência física das mercadorias? 57 18. Os materiais são facilmente identificados no ato do recebimento (etiquetas, informações do produto)? 19. O material recebido é colocado à disposição dos usuários no mesmo dia? 20. A atualização do sistema é feita no ato da chegada? São feitos inventários periódicos? 21. A empresa utiliza algum sistema de localização física dos materiais armazenados? 22. O layout de armazenagem foi planejado para se ter uma maior eficiência na movimentação?