Pró-Reitoria de Graduação Curso de Nutrição Trabalho de Conclusão de Curso ANÁLISE NUTRICIONAL E ANTROPOMÉTRICA DE LUTADORES DE JIU JITSU: COMPARAÇÃO DA REALIDADE COM A RECOMENDAÇÃO TEÓRICA ANÁLISE NUTRICIONAL E ANTROPOMETRICA DE LUTADORES DE JIU JITSU: COMPARAÇÃO REALIDADE COM RECOMENDAÇÃO TEÓRICA Autora: Juliane Camargos de Almeida Orientadora: Prof.ª MsC. Danielle Luz Gonçalves ANÁLISE NUTRICIONAL E ANTROPOMETRICA DE LUTADORES DE JIU JITSU: COMPARAÇÃO REALIDADE COM RECOMENDAÇÃO TEÓRICA Autor: Juliane Camargos de Almeida Orientadora: Danielle Luz Gonçalves Brasília - DF 2012 JULIANE CAMARGOS DE ALMEIDA ANÁLISE NUTRICIONAL E ANTROPOMÉTRICA DE LUTADORES DE JIU JITSU: COMPARAÇÃO DA REALIDADE COM A RECOMENDAÇÃO TEÓRICA Artigo apresentado ao curso de graduação em Nutrição da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Prof.ª Msc. Danielle Luz Gonçalves. Brasília 2012 Artigo de autoria de Juliane Camargos de Almeida, intitulado “ANÁLISE NUTRICIONAL E ANTROPOMÉTRICA DE LUTADORES DE JIU JITSU: COMPARAÇÃO DA REALIDADE COM A RECOMENDAÇÃO TEÓRICA”, apresentado como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Nutrição da Universidade Católica de Brasília, em 20 de novembro de 2012, defendido e/ou aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: _________________________________________________ Prof.ª MsC. Danielle Luz Gonçalves. Orientadora Curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília - UCB _________________________________________________ Nutricionista. William Felipe Soares Curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília - UCB _________________________________________________ Nutricionista. Leonardo Moura Mesquita Curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília - UCB Brasília 2012 Dedico este trabalho a minha família pelo apoio em todos os momentos difíceis da minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter iluminado meu caminho durante toda essa trajetória e ter me dado serenidade, confiança e força para conclusão desta tão sonhada etapa da minha vida. Agradeço, também, a todos os professores do curso de Nutrição pela dedicação em transmitir todo o seu conhecimento, e pela determinação em ensinar o que é planejado. Agradeço, em especial, à minha professora e orientadora Danielle Luz Gonçalves, pelo seu profissionalismo e dedicação em me ajudar nos momentos difíceis e, principalmente por me mostrar, incentivar e me encantar por uma das diversas áreas da nutrição, na qual pretendo exercer a minha profissão. Agradeço também a todos os meus amigos, pelas palavras de força e incentivo. Ao meu pai, avó e avô que proporcionaram a minha caminhada e conclusão dessa etapa da minha vida, além das palavras de conforto, amor e motivação. Aos meus irmãos pelo incentivo em concluir minha graduação, pelas experiências já vividas de cada um e pelas horas de dedicação em me apoiar nos momentos difíceis em que estive perdida. Aos meus tios e tias, e em especial a Sandra Pereira Jorge, pelo apoio em todos os momentos. A minha prima Danielle Camargos Fabrício, pelo apoio e por ajudar na conclusão desse trabalho. Agradeço a minha família em geral, por todo o apoio, horas de dedicação, palavras de conforto e incentivo, auxílio nos momentos difíceis e principalmente por me proporcionar mais esta incrível vitória na minha vida. "Faça do seu medicamento." alimento o seu Hipócrates 6 ANÁLISE NUTRICIONAL E ANTROPOMÉTRICA DE LUTADORES DE JIU JITSU: COMPARAÇÃO DA REALIDADE COM A RECOMENDAÇÃO TEÓRICA JULIANE CAMARGOS DE ALMEIDA Resumo: O Jiu Jitsu é uma arte marcial japonesa e originada na Índia, e tem como característica o uso de movimentos com a finalidade de imobilizar o oponente, conhecida como “arte suave”, ou seja, uma modalidade de “auto defesa” ou “defesa pessoal”, sendo que a luta é dividida por categorias de graduação por faixa e por peso de cada atleta. Neste estudo a amostra foi composta por 14 atletas, 9 do gênero masculino e 5 do gênero feminino, com faixa etária entre 22 e 24 anos, da Universidade Católica de Brasília. Foi realizada uma avaliação nutricional (calorias ingeridas diariamente, percentual de carboidratos, proteínas, lipídios e suplementação) e antropométrica (percentual de gordura). O presente trabalho objetivou analisar o perfil nutricional e antropométrico desses atletas, comparando a realidade encontrada com o que é recomendado pela teoria, e verificou-se que a partir disto, é possível fazer um planejamento alimentar individual, corrigir a composição corporal e destacar também o papel fundamental da intervenção nutricional para melhor desempenho desses atletas na modalidade. Palavras-chave: Jiu Jitsu. Recomendações Nutricionais. Composição Corporal. 1 INTRODUÇÃO Segundo Lucena et al. (2008), as lutas no conceito geral são as atividades físicas mais antigas já realizadas, isso pode ser comprovado com registros arqueológicos (pinturas) e lutas no Egito – os jogos “Olímpicos da Antiguidade”. As lutas eram realizadas com os gladiadores romanos e em geral possuem características biomotoras, ou seja, um conjunto de movimentos realizados em sequência. O Jiu Jitsu é uma luta japonesa com origem na Índia, onde era praticada por monges budistas, reconhecida e difundida no Brasil pela família Gracie. A luta implica em uma “auto defesa” ou “defesa pessoal” sendo baseada nos conceitos da própria palavra Jiu Jitsu, ou seja, “arte ou técnica suave”, com predomínio do equilíbrio, alavancas, resistência das articulações do corpo e principalmente o desenvolvimento da técnica. Sendo assim, esta arte é fundamentada no uso específico da boa técnica durante a luta, sendo que a aplicação da força excessiva é desnecessária (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JIU JITSU, 2012). De acordo Barros (2012), o jiu jitsu tem o objetivo e a finalidade de dominar o oponente, sendo isso realizado por meio de técnicas de imobilização, chave articular, estrangulamentos, neutralizações, ataques, quedas, traumatismos, torções, pressões, posições de combate e esquivas. Nessa arte os atletas são divididos por massa corporal, graduação e gênero. A finalização da luta é feita por meio de tempo, com os pontos adquiridos e marcados ou por finalizações. Os movimentos desenvolvidos dentro dos treinamentos e da própria competição ocasionam a liberação de força exercida sobre o oponente e assim resultando em um maior gasto energético. O esforço exercido pelo atleta sobre o 7 adversário é comparado como um movimento feito com peso, porém não na mesma dinâmica com que são realizados em academias na parte de musculação, portanto, pode-se classificar a luta como um exercício resistido ou treinamento de força (DUARTE, 2005). É importante salientar que uma dieta balanceada, adequada e equilibrada é de extrema importância para o melhor desenvolvimento dos atletas em competições. Em diversos estudos são estabelecidas recomendações nutricionais que proporcionam um melhor desempenho durante a competição, além de promover um acompanhamento da saúde de cada atleta. O consumo alimentar adequado proporciona também uma recuperação energética, diminuição do cansaço, recuperação rápida dos treinos e disposição para treinos mais longos (PANZA et al., 2007). Em relação à nutrição é necessário estipular uma recomendação energética para melhorar a performance do atleta e composição corporal, pois caso a ingestão energética seja inferior à quantidade adequada para cada indivíduo, pode afetar diretamente a composição corporal, metabolismo energético, reparação dos tecidos e sistema imunológico (PANZA et al., 2007). Nas modalidades de lutas, existem alguns meios que os atletas se submetem para uma perda de peso rápida: as restrições alimentares severas, a prática de exercícios físicos intensos – na maioria das vezes praticado com roupas térmicas – uso excessivo da sauna, restrição hídrica, indução de vômitos, uso de laxantes e diuréticos. Tudo isso ocasiona a famosa desidratação que afeta diretamente a saúde do atleta, o seu desempenho durante a luta e até mesmo causar a morte (SANTOS et al., 2011). Segundo Panza et al. (2007), a recomendação nutricional em relação à quantidade energética diária estimada para atletas de um modo geral é de 45 kcal/kg a 50 kcal/kg de peso corporal. Isso deve ser aplicado às atividades que tenham a duração de mais de 90 minutos. A quantidade adequada de ingestão diária de carboidrato (suporte energético, estoque de glicogênio muscular durante a prática do exercício físico) é de 6 g/Kg a 10 g/Kg de peso corporal por dia ou 60% a 70% do gasto energético total diário. As recomendações de proteínas (responsáveis pela recuperação dos tecidos e crescimento muscular) são de 1,2 g/Kg a 1,7 g/Kg de peso corporal por dia ou 12% a 15% do gasto energético total, importante mencionar que atletas que praticam atividade física de força a necessidade proteica é de 1,6 g/Kg a 1,7 g/Kg de peso corporal por dia. Já os lipídios que fornecem energia durante o exercício para os músculos, participam de atividades celulares, síntese de hormônios e atuam em processos inflamatórios, devem representar em torno de 20% a 25% do gasto energético total. É necessário também observar as quantidades de micronutrientes da dieta do atleta (responsáveis por processos celulares, contração, reparação e crescimento muscular), pois durante o exercício físico pode ocorrer uma alteração na circulação e excreção desses nutrientes (PANZA et al., 2007). Em contrapartida, Santos et al. (2011) recomendam que a quantidade de energia diária tenha uma variação de 37 Kcal/Kg a 41 Kcal/Kg de peso corporal por dia dependendo do objetivo do atleta. Esse valor pode ser mais variável de 30 Kcal/Kg a 50 Kcal/Kg de peso corporal por dia. Em relação aos carboidratos a recomendação está entre 60% a 70% do gasto energético diário, os lipídios são recomendados em torno de 30% do gasto energético diário e as proteínas tem a recomendação de 1,4 g/Kg a 1,6 g/Kg de peso corporal por dia. 8 De acordo com Bacurau (2007), a quantidade proteica durante o exercício de força é variável, pois está de acordo com a intensidade do exercício e do biotipo físico do atleta. No caso de atletas iniciantes de exercício de força, estes devem consumir em relação às proteínas 1,78 g/Kg de peso corporal por dia, para atletas que visam a manutenção da musculatura recomenda-se 1,2 g/Kg de peso corporal por dia e para os que praticam atividades de força, porém não são atletas o ideal é um consumo de 0,88 g/Kg de peso corporal por dia. Os carboidratos que representam a recuperação do glicogênio muscular durante o exercício é recomendado uma ingestão de aproximadamente 70% do aporte energético diário. Os lipídios são importantes também para produção de energia com a oxidação dos ácidos graxos e necessário para absorção de aminoácidos para o ganho de massa muscular, sendo recomendada a ingestão de 30% a 35% do aporte energético diário. Uma das formas mais utilizadas por atletas para ganho e recuperação de massa muscular, reposição energética, energia suplementar e alimentação alternativa é o uso de suplementos alimentares. Ocorre um uso abusivo pelos atletas desses suplementos, onde não possuem conhecimentos específicos da real funcionalidade de cada categoria a qual são distribuídas as grandes variedades de suplementação (BACURAU, 2007). A suplementação de carboidratos pode ser feita antes dos exercícios físicos, isso depende da ingestão alimentar feita anteriormente a este exercício, onde se pode suplementar em dois períodos, sendo 30 a 60 minutos antes do treino, com frutose e maltodextrina. Com períodos mais prolongados de treinamento ou competição (3 a 4 horas) deve-se ingerir de 200 a 300 gramas de carboidrato, caracterizados com uma absorção mais lenta, como maltodextrina ou frutose, importante considerar a aceitação do paciente perante a frutose. Já a suplementação durante o treino também pode ocorrer com o uso de bebidas carbonadas, com ingestão de 30 a 60 gramas por hora. E suplementação após o exercício (4 a 6 horas após) deve-se ingerir de 0,7 a 1,0g/Kg de peso corporal em 2 horas (BACURAU, 2007). A suplementação proteica incluem suplementos a base de proteína e os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), creatina, glutamina, arginina, caseína, albumina, “whey protein”, entre outros. As proteínas devem ser suplementadas de acordo com a intensidade de força do exercício e tempo de exercício praticado, onde atletas iniciantes de exercício de força devem ingerir 1,8 g/Kg de peso corporal, para manutenção deve ser 1,2 g/Kg de peso corporal e para quem não é atleta e pratica exercício de força deve-se consumir 0,88 g/Kg de peso corporal, e atletas de elite devem consumir 1,6 g/Kg de peso corporal, sendo que a suplementação seja feita durante esta ingestão diária total (BACURAU, 2007). A composição corporal (constituída pela massa muscular, gorda, óssea e residual) é fundamental em um esporte de força, pois a massa corporal magra está relacionada a um melhor desempenho, enquanto que o excesso de gordura corporal pode prejudicar o desempenho do atleta, além desta variante ser importante na categoria que o atleta competirá (ANDREATO, 2010). Segundo Andreato (2010), citando Foss e Keteyan, e Franchini (2012), o valor da massa corporal gorda não pode ser inferior a 5% da composição corporal. A partir de estudos é possível relatar que os atletas de jiu jitsu apresentam uma média de 9,8% de massa gorda. Em comparação com a população geral, esses lutadores estão abaixo da média. É importante observar e estipular esses percentuais de gordura, pois implicará diretamente no desempenho do atleta no esporte. Existe uma 9 relação entre o tipo específico do somatotipo do atleta com o melhor desempenho esportivo, onde o atleta do tipo mesomorfo (predomínio de massa muscular) tem destaque em comparação com os outros tipos (ectomorfo e endomorfo). Portanto, a composição corporal tem a função de determinar a categoria de peso do atleta bem como o nível de desempenho. O presente estudo tem como objetivo comparar as recomendações teóricas em relação às quantidades de calorias, macronutrientes, percentual de gordura e suplementação com a realidade encontrada e analisada de fato nos atletas de jiu jitsu da Universidade Católica de Brasília – UCB. Dessa forma possibilita que sejam feitas as devidas intervenções dietéticas para o melhor desempenho desses atletas nos treinos e competições. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Participaram deste estudo, atletas da modalidade Jiu Jitsu da Universidade Católica de Brasília que tiveram atendimento nutricional na Clínica de Nutrição da Universidade. Foi avaliado um total de 14 atletas, sendo 5 do gênero feminino e 9 do gênero masculino. As informações foram obtidas a partir dos SOAPs (documento com questionário avaliativo das informações do paciente) e com referência na última intervenção nutricional realizada, registrada e anexada em prontuários pelos estagiários responsáveis pelos atendimentos nutricionais da Universidade. As informações utilizadas e relevantes para permanência dos atletas nesse estudo foram: massa corporal, estatura, renda, escolaridade, valor calórico diário, composição do recordatório 24 horas (valores de carboidratos, proteínas e lipídios), composição corporal (percentual de tecido adiposo), hidratação, rotina de treino e suplementação. A massa corporal e estatura foram realizadas por meio de uma balança com estadiômetro acoplado (FILIZOLA). A composição corporal foi obtida a partir do ∑ de 7DC (Dobras Cutâneas) (JACKSON, POLLOCK, 1978), além das circunferências e diâmetros (fita métrica e paquímetro); e os resultados foram encontrados através do Software de Avaliação física Galileu. Com o estudo da história dietética, foram coletadas informações referentes à ingestão alimentar desses atletas, por meio do recordatório de 24 horas. A composição dietética foi realizada e analisada por meio do Software de Avaliação nutricional Avanutri. A partir desse programa foi possível estabelecer os valores (reais e percentuais) de calorias, carboidratos, proteínas e lipídios. Os dados como: renda, escolaridade, hidratação, rotina de treino e suplementação foram coletados dos prontuários de cada paciente, e analisados juntamente com os outros parâmetros. Esses dados foram também estudados mediante complementação das informações e aspectos de importância maior em análise. A partir dos dados coletados foram realizadas médias de todos esses parâmetros, individualizada para homens e mulheres, com valores referentes às médias de cada aspecto analisado em questão, sendo feita uma comparação entre a recomendação teórica através de artigos, livros e estudos com a realidade de cada gênero. Portanto, é possível avaliar todas essas informações colhidas e comparar com a parte teórica, permitindo assim meios de intervenção nutricional e educacional 10 para desenvolver métodos que aprimorem a performance de cada atleta nos treinos diários e em competições, com o intuito de melhorar a composição corporal como um todo e principalmente adaptar a história dietética a cada indivíduo estudado e analisado. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da análise dos dados colhidos nos prontuários dos atletas de jiu jitsu da Universidade Católica de Brasília foi possível a obtenção das médias dos dados analisados, dessa forma foi feita uma análise individual entre os gêneros. O estudo teve uma amostra de 14 atletas, com 9 homens representando 64,28% e 5 mulheres representando 35,71% do total. Em relação às mulheres foram obtidas as seguintes médias: 23,4 anos de idade, 56,9Kg de peso, 1,59m de estatura e hidratação de 1,5L por dia, sendo que 20% e 80% do total avaliado possuem uma renda de até 1 salário mínimo e de 1 a 4 salários mínimos, respectivamente. Escolaridade representando 20% das avaliadas no ensino médio completo e 80% no ensino superior incompleto. O treino dividido em 2 (20%), 3 (60%) e 4 (20%) vezes na semana. Suplementação feita por 60% das atletas (Maltodextrina – 100%, Creatina – 66,66%, Whey Protein – 33,33%, BCAA – 33,33%, Hipercalórico – 33,33%, Colágeno - 33,33% e Músculo Ray – 33,33%), médias feitas em relação ao total do gênero analisado. Avaliando os homens foram obtidas as seguintes médias: 22,8 anos de idade, 71,46Kg de peso, 1,72m de estatura e hidratação de 1,8L por dia, sendo a renda avaliada dos atletas distribuída em 22,22% até 1 salário mínimo, 55,55% de 1 a 4 salários mínimos, 11,11% de 5 a 10 salários mínimos e 11,11% mais de 10 salários mínimos. Escolaridade com 88,88% do total com ensino superior incompleto e 11,11% não foi mencionada. Treino dividido em 3 (55,55%), 4 (11,11%) e 5 (33,33%) vezes na semana. Suplementação feita por 22,22% dos atletas (Maltodextrina – 100%, Creatina – 50%, Whey Protein – 50%, BCAA – 50% e Hipercalórico – 50%), médias feitas em relação ao total do gênero analisado. A partir dos dados de maior relevância no estudo foi possível a realização de comparações, sendo observadas nas seguintes tabelas. É possível observar que a partir dos estudos de Panza et al. (2007), os atletas do gênero masculino possuem uma adequação de 83,08%, enquanto que o gênero feminino possui 82,15% de adequação, isso em relação à quantidade mínima de caloria proposta por este estudo. Em comparação com o mínimo adequado a quantidade ingerida por ambos os gêneros não se enquadram dentro dos 10% de margem de apropriado. Em contrapartida, a quantidade proteica está dentro dos valores de normalidade para ambos os sexos, já os lipídios ultrapassaram a quantidade recomendada e os carboidratos estão abaixo do que é necessário para cada atleta por dia, isso pode ser explicado como sendo uma ingestão alta (quantitativamente) de alimentos ricos em gordura e uma baixa ingestão (qualitativamente) de alimentos energéticos. Esses resultados são referentes a Tabela 1, ilustrada a seguir. 11 Tabela 1 – Médias de calorias, carboidratos, lipídios e proteínas em comparação com a recomendação de referências bibliográficas (artigos e livro) Homens Mulheres Panza et al. (2007) Santos et al. (2011) Bacurau (2007) Kcal/KgP 37,39 36,97 45 – 50 30 – 50 - Carboidratos/KgP e (%) 5,04 4,49 6 – 10g 60 – 70% 60 – 70% 70% Lipídios (%) 26,28 33,14 20 – 25% 30% 30 – 35% Proteínas/Kg/P 1,73 1,70 1,6 – 1,7g 1,4 – 1,6g 1,2 – 1,78g Fonte: Da autora De acordo com Santos et al. (2011), nota-se então que 100% dos atletas (gênero masculino e feminino) possuem uma ingestão calórica dentro dos valores de adequação. Em compensação, a quantidade proteica está acima dos valores de normalidade para ambos os sexos, ou seja, a ingestão de proteínas ultrapassa o ideal, fazendo com que a ingestão de carboidratos, tanto quantitativamente quanto qualitativamente, seja menor que o proposto como ideal. Os lipídios ultrapassaram a quantidade recomendada (quantitativamente) no gênero feminino, isso por uma alimentação rica em alimentos gordurosos e no gênero masculino está abaixo que seria o recomendado, por uma alimentação pobre em gorduras de qualidade. Segundo Bacurau (2007), as quantidades de proteínas estão dentro dos valores de ideal para ambos os sexos, enquanto que os lipídios para o gênero feminino encontram-se com os valores recomendados e no gênero masculino os valores estão abaixo do proposto, isso em quantidade e qualidade. Sendo que a quantidade energética para ambos os sexos encontra-se abaixo do que cada atleta necessita diariamente, isso pode ser explicado por uma alimentação pobre em alimentos energéticos de alta qualidade ou uma dieta rica em calorias vazias. A partir de Andreato (2010), citando Foss e Keteyan, e Franchini (2012), os atletas, em geral, estão com os valores de percentual de gordura dentro do ideal, porém observa-se que essa média é inferior em comparação com a população em geral. Ressalta-se que essa média de gordura corporal tem a função e o poder de determinação no desempenho dos atletas. De acordo com Vecchio et al. (2007), a média do percentual de gordura corporal para homens é de 9,83%, ou seja, os atletas encontram-se dentro da média esperada, conforme ilustrado na Tabela 2. 12 Tabela 2 – Média de percentual de gordura corporal (artigos) Percentual de gordura corporal dos atletas do estudo (%) Foss e Keteyan (2000 apud ANDREATO, 2010) e FRANCHINI (2012) Vecchio (2007) NCAA e ACSM (1996 apud SANTOS et al. 2011) Homens 9,82 ≥5 9,83 5 Mulheres 21,48 ≥5 - 12 – 14 Gênero Fonte: Da autora Conforme o National Collegiate Athletic Association (NCAA) e American College Sports Medicine (ACSM) (1996) confirma que o percentual de gordura ideal e para segurança vital seja mínimo de 5% para homens e de 12 a 14% para mulheres, isso relacionado a atletas de luta olímpica, porém pode-se associar ou comparar com os valores obtidos dos atletas de jiu jitsu, por estas serem lutas com predomínio de força-potência, sendo que o valor médio de gordura corporal nas mulheres está acima do mínimo estabelecido, entretanto dentro da média esperada para mulheres em geral (SANTOS et al., 2011). 4 CONCLUSÃO É possível destacar a distribuição inadequada dos macronutrientes dentro da dieta alimentar dos atletas de Jiu-Jitsu, sendo que o aporte energético (carboidratos) não estava dentro dos parâmetros (abaixo do ideal), sendo prejudicial para os atletas durante as competições, pois ocorre um gasto maior de glicogênio muscular, além de ser um fator essencial para os períodos de maior intensidade energética (aeróbico) e protetor contra a perda de massa muscular. Destaca-se que uma alimentação adequada acarretará melhora na saúde, peso, composição corporal, desempenho e performance do atleta em treinos e competições. A suplementação proteica, principalmente, os aminoácidos essenciais desempenham a função de anabolismo e anticabolismo muscular, o que é essencial para o ganho de força muscular, sendo imprescindível para o melhor desempenho do atleta. Dentro deste estudo, nota-se que com os resultados obtidos, pode-se concluir que esses atletas possuem uma alimentação imprópria, com distribuição inadequada de macronutrientes, micronutrientes e suplementação alimentar, isso em comparação com estudos já realizados e com valores de idealidade analisados, ou seja, com implicação direta no melhor rendimento dos atletas na modalidade esportiva em estudo. 13 Portanto, a intervenção nutricional é de extrema importância tanto para uma alimentação adequada e direcionada a estes atletas como também para proporcionar uma melhor composição corporal, com divisão coerente entre massa muscular e tecido adiposo. Dessa forma, o nutricionista desempenha um papel fundamental na vida do atleta, otimizando seu objetivo individual e sendo um diferencial na sua vida. NUTRITIONAL ANALYSIS OF FIGHTERS AND ANTHROPOMETRIC JIU JITSU: COMPARISON WITH THE RECOMMENDATION OF REALITY THEORETICAL JULIANE CAMARGOS DE ALMEIDA Abstract: Jiu Jitsu is a Japanese martial art and originated in India, and is characterized by the use of movements in order to immobilize the opponent, known as "the soft art", it is a form of "self defense" or "defense ", and the fight is divided into categories by age and degree of weight by each athlete. In this study, the sample consisted of 14 athletes, 9 males and 5 females, aged between 22 and 24 years, of the Universidade Catolica de Brasília. We performed a nutritional assessment (daily calories, carbohydrates, proteins and lipids and supplementation) and anthropometric (body fat percentage). This study aimed to analyze the nutritional profile and anthropometric of these athletes, comparing the actual situation with what is recommended by theory, and it was found that out of it, it is possible make an individual meal plan, correct body composition and also highlight the role of nutritional intervention for better performance of these athletes in the sport. Keywords: Jiu Jitsu. Nutritional recommendation. Body Composition. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREATO. L. V. et al. Perfil morfológico de atletas de brazilian jiu-jitsu de diferente nível competitivo. Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Estadual de Maringá – UEM. Maringá-PR, 2010. BACURAU. R. F.. Nutrição e suplementação esportiva. 5. ed. São Paulo-SP: Phorte, 2007. BARROS. J. C. B. Revista brasileira de nutrição esportiva: avaliação do desempenho e perda ponderal através da intervenção de carboidratos em praticantes de jiu jitsu. São Paulo. v. 6. n. 32. p. 92-96, mar./abr. 2012. ISSN 19819927. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JIU JITSU. História do jiu jitsu. Disponível em: <http://www.cbjj.com.br/hjj.htm>. Acesso em: 5 set. 2012. 14 DUARTE. S. R. Variações na composição corporal e limiar anaeróbico em adultos sedentários através de um programa de jiu jitsu. Universidade Católica de Brasília, nov. 2005. FRANCHINI. E. et al. Perfil morfológico de atletas de elite de brazilian jiu-jitsu. Rev. Bras. Med. Esporte. Universidade de São Paulo, SP. Universidade Estadual de Maringá-UEM, PR. Departamento de Ciências Fisiológicas. vol. 18, n. 1, jan./fev. 2012. LUCENA. A. et al. Estudo do somatotipo em atletas de luta greco romana. Universidade Católica de Brasília – UCB. Educação Física em Revista. v. 2. n. 03, 2008. PANZA. V. P. et al. Consumo alimentar de atletas: reflexões sobre recomendações nutricionais, hábitos alimentares e métodos para avaliação do gasto e consumo energético Rev. Nutr., Campinas-SP. nov./dez. 2007. SANTOS. F. R. S. et al. 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