MARCELO EVELIN
De repente fica tudo preto de gente
Reflexão por Ana Dinger (participante Seminário Mais Crítica)
De repente fica tudo preto de gente é, em certa medida, um ensaio sobre a (im)possibilidade
da indistinção. De repente, fica tudo escuro (com a nossa entrada no espaço de exibição). Há
uma moldura de luzes que delimita um quadrado. Evoca um ringue. Dentro ou fora, as
pessoas são convidadas a circular. Uma massa de corpos, todos pintados de negro – uma
camuflagem que atenua diferenças de género e raça -, desloca-se pelo espaço. Esta
deslocação, a diferentes ritmos, mais ou menos célere, obriga aquela outra massa – dos
espectadores – a deslocar-se também. Há toques e atropelos. Há contaminação. O preto
fixa-se nas zonas de contacto (maculando roupa e pele descoberta). Esta massa, por vezes,
separa-se nas suas unidades. O todo nunca é irredutível à soma das partes. A massa é
sempre a reunião de singularidades. Na solidão, a diferença parece exacerbar-se. Nas suas
trajectórias individuais, cada um destes seres adquire uma forma de mover e de estar que
contrasta com as restantes. O estranhamento pode intensificar-se. É que a massa de
espectadores, entre os quais estes seres, na sua peculiaridade, circulam, apercebe-se, com
reforçada evidência, de que está em maior número. Mas esta massa de espectadores não
adquire a força que a outra massa, dos performers, havia tido. A massa dos performers era
densa. A massa dos espectadores é esparsa. Não há coincidência de intenção ou motor. Há
uma coisa que as une, no entanto: são testemunhas e o testemunho pode ser visto como
uma forma de participação. É, pelo menos, uma forma de implicação (estar implicado em). É
estar-com, mesmo se, numa situação extrema, se esteja-contra. Dentro ou fora é sempre
dentro. De repente fica tudo preto de gente obriga-nos a recolocar muitas questões que, por
um lado, têm acompanhado a história de arte, com particular incidência desde as
vanguardas do pré-guerra do século XX, e, por outro, séculos de história de colonialismo, em
todas as suas facetas. Porque, se por um lado, De repente fica tudo preto nos impele a
questionar a condição ou função de espectador e as potencialidades e limitações da
participação, por outro, incita a resituar essas questões de forma mais abrangente: o que é
participar? Quando é que somos, se é que alguma vez somos, isentos de responsabilidade no
rumo das coisas? Quais são as possibilidades de resolução da tensão entre o singular e o
colectivo? Como é que cada um de nós se posiciona na cadeia de relações de poder que
permeia a nossa existência, a todos os níveis? Como é que nos relacionamos com as
projecções fantasmáticas da história? Da nossa história individual, da história de um país, da
história do mundo, de todas as suas sobreposições e implicações? De repente fica tudo preto
de gente não é sobre a escravatura ou o racismo, mas é sobre as estruturas de poder que
lhes subjazem. Joga, sobretudo, com a tensão entre o particular e o colectivo, as
contradições inerentes à manutenção da singularidade numa tentativa de adesão a um
grupo, as movimentações como força de motriz de mudança. E releva, sobretudo, a potência
que se esconde nesse espaço negro do imperceptível.
In: http://www.materiaisdiversos.com/index.php/de-repente-fica-tudo-preto-reflexao-por-ana-dinger
MARCELO EVELIN
De repente fica tudo preto de gente
Reflexão por Sofia Soromenho (participante Seminário Mais Crítica)
Na Fábrica de Cultura, mais precisamente, na Blackbox entramos no universo escuro e
intimidante delimitado por uma espécie de ringue de boxe construído por umas barras de luz
branca intermitente e De repente fica tudo preto de gente… o som arrepiante dividido entre a
música e o bater dos pés dos intérpretes, cria uma tensão impossível de ignorar, uma parte
do público quer escapar-se dos corpos que avançam sobre eles. Uma massa de corpos nus
totalmente pintados de preto marcam um ritmo que determina a movimentação dos
espectadores. A velocidade com que trespassam o espaço obriga à fuga. Algumas pessoas
optam por ter uma margem de segurança e lançam-se rapidamente para fora do ringue. As
regras são aparentemente claras e o público tem escolha: ficar dentro ou fora. Qualquer uma
delas não diminui a tensão crescente que Marcelo Evelin cria neste espetáculo. De uma
massa densa de gente que se confunde entre intérpretes e espectadores, de repente, sem se
poder prever, como uma explosão provinda de uma força centrífuga, os corpos separam-se,
o ritmo inverte-se, o poder da massa de gente passa à fragilidade do indivíduo. Lentamente,
agora, cruzamos cada um destes indivíduos, alguns desafiam o público através do corpo e do
olhar, outros encarnam a fragilidade da nudez exposta ao outro, outros fluem pelo espaço
harmoniosamente, há diversidade. No olhar fica gravado um encontro único e inesquecível
que conecta vida a vida aquilo que há de comum, mesmo que aparentemente separado, é
como se agora sem tocar fossemos envolvidos pela mesma essência. Mas o que torna este
espetáculo verdadeiramente surpreendente são os contrastes violentos e arrebatadores que
se sucedem inesperadamente. Quando finalmente pensamos que estamos numa zona de
segurança apercebemo-nos que não há lugares seguros, todas as fronteiras podem ser
ultrapassadas e de facto são. Para lá do ringue também acontecem coisas. O medo volta, a
tensão aumenta, não queremos sujar-nos? Não queremos ser tocados? Não queremos ser
esmagados, empurrados, encurralados?
Os corpos embatem violentamente uns nos outros simulando relações de poder e submissão
que se manifestam através da dor infligida no outro, ou no sexo fervoroso levado ao extremo
até à queda dos corpos no chão. Não há limites. O espetáculo passa num ápice, talvez pela
tensão permanente até ao último segundo. Quando os intérpretes saem finalmente do ringue
podemos respirar fundo, mas muitas questões surgem em catadupa. Quem exerce poder
sobre quem? Quem domina e quem é dominado? O que nos une e o que nos diferencia? De
onde vem este medo de ser tocado?
In: http://www.materiaisdiversos.com/index.php/de-repente-fica-tudo-preto-reflexao-de-sofia-soromenho
MARCELO EVELIN
De repente fica tudo preto de gente
Reflexão por Alexandra Balona (participante Seminário Mais Crítica)
“O ser que vem é o ser qualquer.”
Giorgio Agamben
Na Fábrica da Cultura, em Minde, de repente ficou tudo preto de gente. Preto que é escuro,
invisibilidade no espaço cénico desde o início, preto que é tinta, que cobre os corpos nus dos
cinco performers já em cena, e dos operadores de som e de luz, também eles nus. E ainda,
preto de gente, ou seja, preto que é massa de gente que, sem controlo e sem limite, se
torna medo, preto que é medo.
O público é encaminhado para um espaço, quase sem luz, e convidado a preenchê-lo
livremente, a circular.
Numa analogia a um ring de boxe, o espaço cénico é delimitado por barras de luzes brancas,
colocadas à altura do que seria a corda de um ring. Não estão todas acesas, a luz é escassa,
a visibilidade reduzida, distinguem-se os vultos dosperformers em movimento. O som é o
dos seus passos, sincopados, marcam um ritmo certo que nos transporta para uma
experiência ritualística.
Cinco performers nus movem-se em massa, agarram os braços uns dos outros, cabeça
tombada sobre o centro, sobre o grupo, formam um círculo imperfeito, morfologia viva,
entrópica, que se metamorfoseia, que se adapta ao todo vivo, aos limites do espaço, aos
espectadores
que
entretanto
entram,
circulam,
se
aproximam,
ou
recuam.
Com medo, porque de repente tudo ficou preto de gente.
O grupo desmembra-se. O todo dá lugar a cinco singularidades que se deslocam pelo
espaço. Direcções aleatórias, movimentos singulares. Em suma, do plural regressamos ao
singular, ao “ser alguém”, quem quer que seja, no meio do espaço, no meio dos “outros”. O
poder
da
“massa”
dá
lugar
à
fragilidade
da
“vida
nua”,
literalmente
nua.
Ironicamente, até o espectador mais emancipado se refugia além do limite do ring.
Espectadores passam de um lado ao outro, fogem da imprevisibilidade dos movimentos dos
performers, não só pelo pudor do toque, do contacto com o corpo nu do “outro”, mas pela
razão mais mesquinha de evitar uma contaminação pela tinta. Tinta preta que deixa marcas
por onde passa e onde quer que toque: roupa, corpos, pele, seja entre performers, seja nos
espectadores.
A peça recupera a intensidade que, entretanto, se foi perdendo, quando o grupo se volta a
encontrar, ora em momentos de conflito, com movimentos impulsivos, agressivos e
inexpectáveis, com o previsível afastamento dos espectadores, ora em momentos de coesão
e fusão, definitivamente corporal, carnal, sexual – qual massa de corpos interligados, sem
contornos fixos e definidos.
Cinco performers que não se conhecem, cinco singularidades, com linguagens diferentes, de
proveniências geográficas distintas, constroem a partir do corpo, da dança, da acção,
momentos provisórios do que pode ser um “plural”, um “comum+unidade” (comunidade),
que é essa existência com o “outro” que nos é estrangeiro. A inquietante questão que
atravessa
os
tempos
e
que,
em
suma,
está
na
base
do
que
é
a
política.
Com este trabalho que parte do livro de Elias Canetti “Massa e Poder” (1960), o coreógrafo
brasileiro Marcelo Evelin oferece-nos uma experiência provocadora: desafia-nos não só a
com-viver com a nudez do outro, a ser voyeur desta massa de corpos nus, sem género, nem
raça, anulando o violento princípio da identidade, pergunta-nos se aceitamos o seu toque, as
manchas de preto, a indefinição do limite ténue que vai do limite do meu corpo, ao do
“outro”.
No seu livro Communauté désouvrée (1983), Jean-Luc Nancy opera uma desconstrução da
compreensão essencialista de comunidade, que politicamente é fundada nos princípios de
identidade do sujeito moderno, fixa e definida. Nos anos noventa, na sequência da
problematização contemporânea do que pode ser uma hipótese de vivência em “comum”, o
filósofo italiano Giorgio Agamben publica La comunità che viene (A comunidade que vem),
uma comunidade que sendo irrepresentável, permanece em aberto na sua própria definição,
de radical abertura política ao “ser qualquer”.
Em De
repente
tudo
fica
preto
de
gente,
a
massa
uniforme
inicial
que
os performers movimentam em palco anula, a um primeiro olhar, as diferenças e a
multiplicidade. É uma massa toda preta de gente, indiferenciada, todavia, múltipla. E é no
seu desmembrar, e nas suas possíveis re-composições, que se expõe a singularidade
de cada performer enquanto
outra comunidade
que
será
“ser
tal
sempre
qual
por
é”,
vir,
numa
para
promessa
que
de
permaneça,
construção
nesse
sempre aberta.
In: http://www.materiaisdiversos.com/index.php/de-repente-fica-tudo-preto-de-gente-alexandra-balona
de
sentido,
Datum: 30.08.2014
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Die Kritik
Lektorat:
Tabea Buri.
Von Carmen Beyer, 30.8.2014
An unseren Sachen klebt schwarze Farbe. An der Jacke, Hose, manchen an den Händen und im Gesicht.
Überall diese dunklen Flecken und Streifen. Es sind die Spuren einer Berührung, die meist unvollendet blieb,
manchmal vermieden, manchmal gesucht wurde. Und es sind Spuren einer Erfahrung, die sinnlicher und
eindrücklicher kaum an einem Performanceabend entstehen kann.
Beobachtender und Beobachteter
Als wir Zuschauer in das Foyer der Werft gelassen werden, ist dieses bereits bis auf ein spärlich beleuchtetes
Bühnenquadrat abgedunkelt. Hängende Röhrenlampen, die einzigen Lichtquellen, trennen das Quadrat von
dem Rest des Raumes ab, deuten den Schauplatz des Abends an. Hilfskräfte weisen uns dazu an, die
Taschen an den Seiten zu deponieren. Wieso? Weil wir nicht auf einer Zuschauertribüne platziert werden,
sondern in das Quadrat eintreten sollen. Zu ihnen.
Ihnen, das sind die fünf Tänzer der Künstlergruppe «Demolition Inc.» um den brasilianischen Choreografen
Marcelo Evelin. Zur wabernden elektronischen Soundkulisse tauchen sie in der Performance «Suddenly
Everywhere Is Black With People» plötzlich neben uns in einem Eck des Quadrats auf. Vollständig schwarz
bemalt; sie sind ein menschlicher Knoten aus ineinander verschlungenen Armen, Beinen, irgendwo Köpfe, der
sich mit trippelnden, gleichmässigen Schritten entlang des Bühnenquadrats auf uns zu bewegt. Wir weichen
ihm aus, sodass es aussieht als ziehe sich schwarzes Gebilde durch bunte Materie. Erst reissen Lücken auf,
die sich sofort wieder schliessen. Nie weichen wir vom Rand, nie rücken wir zu weit in die Mitte, nie vereinzeln
wir uns.
Das Fremde & Andere unter uns, an uns
Wir reagieren damit, wie es Schriftsteller Elias Canetti an den Beginn seiner anthropologischen Schrift «
Masse und Macht» schrieb: «Nichts fürchtet der Mensch mehr als die Berührung durch Unbekanntes.»In dem
Werk von 1960, das auch Evelin als Inspirationsquelle für seine Performance verwendet, interessierte sich
Canetti für die Dynamik von Menschenmassen. Wenn sich Menschen zu einer Masse zusammenscharren,
vollziehen sie damit nicht einfach eine politische, gesellschaftliche Bewegung. Sie ahmen einander nach – ein
Phänomen, das nicht nur eine menschliche sondern eine universelle Erscheinung ist. Die Masse erzeugt ein
verbundenes Raumerlebnis, also eine physische Erfahrung.
In «Suddenly Everywhere Is Black With People» wird diese Erkenntnis zu einem sinnlichen Erleben übersetzt
und dafür alle sonstigen Rollenzuschreibungen aufgehoben. Wir sind nicht Zuschauer ausserhalb des
Bühnenraums, sondern Hauptakteure auf der Bühne, werden beständig von den schwarzen Gestalten
beobachtet, reagieren auf ihre Bewegungen mit unserem eigenen Körper. Und wir beobachten uns
gegenseitig bei unseren Reaktionen. Wir nehmen wahr, wie ein schleichender Wechsel in unseren
Handlungen entsteht und die schwarze Masse aus Tänzern weniger bedrohlich erscheint und das wenige
Licht es zulässt, schwarz von schwarz zu unterscheiden bis im Menschenknäuel Augen, Haare, Münder,
Busen und andere körperliche Feinheiten erkennbar werden.
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Evelin & Demolition Inc. bieten so eine Antwort und einen Ausweg aus der Furcht vor dem bedrohlichen
Unbekannten und seiner Berührung: Indem wir ihm entgegen gehen, uns nicht vom Anderen entfernen
sondern nähern, bis wir ihm so nahe sind, dass sein Anderssein aufhört. Es ist die Stärke des Abends, all
diese Ebenen in einer so simplen und unangestrengten wie eindrücklichen und poetischen Performance
darzustellen, dass wir uns danach zutiefst berührt fühlen und die schwarze Farbe der Tänzer bei unserer
Berührung abfärbt. Und sie eine Spur hinterlässt auf unserer Kleidung, in unserer Haltung.
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Das Fremde
kommt auf
zehn Füssen
beitet. Jetzt ist am Theater Spektakel in
Menschenknäuel einem zwar sehr nahe
Der Choreograf Marcelo
Zürich zu sehen, wie die stündige Se"ance kommt, dabei aber unlesbar bleibt. Man
Evelin kommt dem Publikum das Fremde zum Erscheinen bringt - erkennt das Stigma des schwarzen
und am Ende derart zum Verschwinden, Make-ups, das seinen Körper bedeckt,
am Theater Spektakel
atemberaubend nahe.
Christoph Fellmann
Es atmet. Es stöhnt leise und keucht. Es
trippelt durch den Raum, zwischen den
Zuschauern hindurch, denen man die
Taschen abgenommen hat. Es ist nackt,
allerdings tiefschwarz. Es ist ein Geschöpf aus fünf Performerinnen und
Performern, die sich, ineinander verknäuelt und um sich ringend, durch das
Foyer der Werft bewegen. Zehnfüssig,
vierbrüstig, dreischwänzig. Ab und zu
blitzt und bleckt das Weiss eines Auges
oder eines Gebisses, sehr viel ist aber
nicht zu sehen. Dass es hier so dunkel
ist, liegt auch an den Zuschauern, die
mit im Ring stehen, der das Geschehen
begrenzt, und damit vor den Neonröhren, die es einfassen und beleuchten.
Eindeutig: Wenn niemand hinsehen
würde, könnte man mehr erkennen.
Nur, von was? Denn natürlich geht es
nicht darum, primäre und sekundäre
Geschlechtsmerkmale zu erhaschen,
wenn Marcelo Evelin die Performer sei-
ner Kompagnie Demolition Inc. für
«Suddenly Everywhere Is Black With
People» in den Ring schickt. Letzte Sai-
dass niemand mehr da ist, dem man ap- und bemerkt doch das utopische Moplaudieren könnte. Es ist weg, was im- ment, das darin liegt, wie sich zwischen
mer es war. Aber im Zwielicht dieser zehn schwarzen Armen und Beinen die
Stunde glaubt man, das Fremde für ei- Unterschiede von Gender und Herkunft
nen Moment erkannt zu haben.
auflösen (die Performer stammen aus
Inspiriert ist dieses irrlichternde Brasilien, Japan und Holland).
Marcelo Evelin nennt sein Stück zu
Meisterstück vom berühmten ersten
Satz aus «Masse und Macht», dem 1960 Recht ein politisches Statement. Aber
erschienenen Hauptwerk von Elias Ca- natürlich tut er den Teufel, sein Wesen
netti: «Nichts fürchtet der Mensch mehr zum Beispiel in Lampedusa zu verorten.
als die Berührung durch Unbekanntes.» Klar, da sind die Momente, da der MenUnd mehr als den weiteren Ausführun- schenhaufen um Hilfe zu flehen scheint,
gen des Zürcher Nobelpreisträgers über da sein Tanz wie eine grosse, drängende
das Wesen der Masse und ihren Führer- Fluchtbewegung anmutet. Doch heimatkult folgt Marcelo Evelin dieser einen los ist hier in erster Linie das Publikum,
Feststellung - mit den Zuschauern in der und das Stück ist auch eine Invasion. Der
Rolle der Menschen und den Perfor- Tanz ist immer wieder heftig und aggresmern in der des Unbekannten. Das selt- siv (aber nie sexuell, den Fehler macht
same Menschenknäuel geht und kriecht Marcelo Evelin nicht). Doch ob in wuchdurch den Raum, das Publikum weicht tigen oder haarfeinen Momenten: Die inwie von unsichtbarer Choreografie ge- time Nähe zum Publikum schafft eine
drängt zurück und rückt wieder näher. beidseitige spürbare Verletzlichkeit.
Umso mehr, als sich das MenschenUnd klar, da sind auch Zuschauer, die
stehen bleiben, komme, was wolle.
knäuel doch noch aufteilt. Die Darsteller
streifen durch die Menge, das Fremde ist
Das ist nicht Lampedusa
jetzt überall. Es steht vor dir im Licht,
So entsteht über dem fein modulierten wirft seinen Schatten auf dich und sucht
Brummton von der Soundkonsole ein in deinen Augen etwas, das es kennt.
fragiler Tanz um Nähe und Distanz, ein
von Angstlust getriebenes Vor und Zu- Bis 20.8.
rück, in dem sich das Publikum ständig
son hat der brasilianische Choreograf auch selbst beobachtet und austariert.
das Stück für ein Festival in Kyoto erar- Das ist darum interessant, weil dieses
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RECENSIES
SUDDENLY EVERYWHERE IS BLACK WITH PEOPLE
MARCELLO EVELIN / DEMOLITION INC
PERFORMANCE - 25 mei 2013 - Halles de Schaerbeek, Kunstenfestivaldesarts Speellijst
Hoe zwart kan zwart zijn?
doorMoos van den Broek gezien 25 mei 2013
Suddenly everywhere is black with people is een zoektocht naar het diepste
zwart. Publiek en dansers treffen elkaar in een donker niemandsland waar
zich een bezwerend ritueel afspeelt van toenadering en afstoting, toebehoren
en uitsluiting.
Na lang in Nederland te hebben gewerkt keerde choreograaf Marcello Evelin in
2006 terug naar zijn geboortestad Teresina in Brazilië, waar zijn loopbaan nieuw
elan kreeg. Hij opende er een theater, moest het weer sluiten, maar bleef zelf
voorstellingen produceren. Toen het Kunstenfestivaldesarts in 2012 de voorstelling
Matadouro naar Brussel haalde, opende plots meerdere internationale theaters hun
deuren voor het werk van Evelin. Het bloed kruipt waar het niet gaan kan, Evelin is
terug in Europa en is ook te zien in Nederland tijdens festival De Keuze in
Rotterdam.
Matadouro deed al wat stof opwaaien in Brussel en dat gold ook voor de nieuwste
voorstelling Suddenly everywhere is black with people, waarin Evelin ritueel en
performance opnieuw met elkaar verbindt. Maar ditmaal geen traditionele
publieksopstelling en minder ‘theatraliteit’. In die zin staat Suddenly everywhere is
black with people lijnrecht tegenover Matadouro. Soberheid overheerst, danser en
publiek zijn gelijkwaardige lichamen in een ruimte. Evelin baseerde zijn stuk op het
essay Masse und Macht van Elias Canetti.
De nieuwste voorstelling van Evelin is een duister ritueel dat zich afspeelt in de kale
zaal, waarin een ruimte is afgezet met tl-lampen. Een grens die we als publiek
overigens ook mogen overschrijden. In de afgebakende ruimte ontmoet het publiek
een groep dansers, allen naakt en zwart beschilderd. Als één organisme van
donkere schaduwen bewegen ze grillig door de summier verlichte ruimte, soms
rakelings langs de toeschouwers, die terugdeinzen en zich noodgedwongen
moeten verplaatsen. Lichamen rollen en buitelen over elkaar heen. Doordat de
lichamen zwart zijn, is nauwelijks te onderscheiden welk arm of been wie
toebehoort. Adem, gehijg en schurende lichamen worden versterkt.
In het tweede deel van de voorstelling valt het organisme uiteen en verspreiden de
schaduwen zich om vervolgens op te gaan in kluitjes publiek, die zich om de
eenlingen heen verzamelen. Een doordringend geluid doemt langzaam op, de tl’s
knipperen. Het is een obscuur landschap dat Evelin hier creëert. Nog eenmaal
komen de performers bij elkaar, driftig bewegend drijft het op hol geslagen
organisme het publiek dan tot de uithoeken van de ruimte. Daarna valt de groep
opnieuw uiteen.
Het ‘publiekslichaam’ vormt een spiegel, het is kleurig en zichtbaar in tegenstelling
tot de dansers die in het donker opgaan. Wie neemt hier wie in beslag en wat
vertegenwoordigt dit zwarte lichaam? Een onzichtbare kracht, dat wat we niet zien,
het onderdrukte? Het zijn grote vragen die Evelin hier stelt, wezenlijke zowel als
politieke vragen. In die zin is Suddenly everywhere is black with people een
belangwekkende performance; een voorstelling waarop we nog wel een poosje
kunnen kauwen. Evelins zoektocht naar het diepste zwart is er een die hoop geeft.
©Theaterkrant 2013
- See more at: http://www.theaterkrant.nl/recensie/suddenly-everywhere-is-black-withpeople/#sthash.kF1gz0GI.dpuf SPRING toont naakte waarheid - Jacqueline de Kuijper Dansmagazine 19 mei 2014
Tijdens SPRING Performing Arts Festival in Utrecht zijn verschillende voorstellingen te zien met naakte
lichamen: Memento Mori, Wellness enSuddenly everywhere is black with people. Ze krijgen de hashtag
#nakedtruth, maar wat is de naakte waarheid die wordt getoond? Waarom zijn de performers naakt? Bestaat
functioneel naakt eigenlijk nog wel? En wat zegt deze naaktheid over de maatschappij van nu?
Onschuldig
In Memento Mori van Pascal Rambert tasten vijf naakte mannenlichamen in het duister. Dankzij minimale
belichting zien wij hen als schimmen over het podium bewegen. Later wordt er fruit het podium op gedragen, dat
vervolgens geplet worden wanneer de performers intiem om elkaar heen bewegen. Het stuk gaat over het begin
van de wereld - of van een nieuwe wereld - en in dat opzicht lijkt het naakt gepast. De fruitscène interpreteer ik
als een verwijzing naar het Hof van Eden, toen men nog geen kennis had van goed en kwaad en zich van zijn
blote lichaam niet bewust was. Daarmee verwijst naakt in deze voorstelling naar onwetendheid en onschuld en de
groep lichamen naar een verloren tijd en eenheid. In dat opzicht doet het naakt me ook denken aan het
primitivisme van eind negentiende eeuw. De gedachte dat ‘primitieve’ of ‘onbeschaafde’ volkeren - die ten tijden
van het kolonialisme ontdekt werden - dichter bij de natuur stonden was een grote inspiratiebron voor
kunstenaars die de technologische vooruitgang en het moderne leven in de drukke steden van de Westerse
beschaving als een gevaar zagen. Hadden de performers in Memento Mori kleding aan gehad, dan was het een
hele andere voorstelling geweest. Niet omdat het feitelijk naakt een groot onderdeel van de voorstelling was - het
was vaak te donker om zelfs maar te zien dat de performers naakt waren - maar omdat de symbolische referentie
wel essentieel is voor het concept.
Helend
In Wellness van Florentina Holzinger en Vincent Riebeek zijn de performers op zoek naar de perfecte symbiose
van een gezond lichaam en een gezonde geest. Ze houden ons een spiegel voor en tonen alle mogelijke
middelen die men aanwendt om dat doel te bereiken, waaronder dans, yoga en seks. Tijdens het stuk Grahamdans gaan een voor een de kledingstukken uit. Vervolgens worden de naakte lichamen met olie besprenkeld en
tuimelen ze onafscheidelijk om elkaar heen. Ook lesbische seks met voorbinddildo is een onderdeel van de
voorstelling. De verwijzing is subtiel, maar de dansliefhebber weet dat Martha Graham - wiens
bewegingsvocabulair de dansers gebruiken - behoorde tot de primitivisten en abstract expressionisten. Moderne
dans werd indertijd gezien als een holistische kunst die de duivelse dualiteit van de moderne wereld zou kunnen
helen. Al danste Grahams dansers zelf niet naakt, het geleidelijk uitkleden van de dansers in Wellness wijst erop
dat moderne dans een manier is om die balans van lichaam en geest te bereiken. De meer sensuele en seksuele
onderdelen van de voorstelling shockeren wel. Balans tussen lichaam en geest wordt niet bereikt door je aan
oude angsten vast te klampen, maar door je verder te ontwikkelen en buiten je comfortzone te treden. Hier wordt
het naakt grensverleggend op een Gestalttherapeutische manier a la Fritz Perls, in plaats van de Jungiaanse
symboliek die Graham zo inspireerde. Lieneke Mous, de vriendin die die avond met me mee naar de voorstelling
is gegaan, verklaart na de voorstelling enthousiast dat functioneel naakt gelukkig nog bestaat. Beiden geven we
als eersten een staande ovatie. Toch vraag ik me af de man naast mij het naakt ook als functioneel heeft
beschouwd; hij was tijdens de naaktscènes aan het hijgen.
Demonisch
De naakte lichamen van de dansers in Suddenly everywhere is black with people van Marcelo Evelin zijn met
houtskool zwart geverfd. Als een groep bewegen zij zich door de ruimte die met een omheining van Tl-buizen is
afgezet. Het is taak aan het publiek, die ook binnen de omheining staat, op tijd uit de weg te gaan. Het roept bij
mij een gevoel van achtervolgingswaanzin op. Wanneer de dansers op me afstormen draai ik me om om weg te
vluchten, maar de jongens achter mij verroeren zich niet en in een vlaag van paniek klamp ik me aan een van hen
vast. In Suddenly is het naakt niet onschuldig of genezend, maar eerder demonisch. De zwart geverfde lijven
doen me denken aan beeldgeving ten tijde van het kolonialisme en de slavernij toen ‘zwarte’ mensen als zwart
werden afgebeeld, in plaats van bruin. Hier ervaar ik geen liefde of verlangen naar vroegere tijden, maar een
angst voor de ander, een angst voor het onbekende. De eenheid die de groep echter vormt doet toch ook weer
denken aan het primitivisme. Slecht in een scène laten de dansers elkaar los en lopen als zombies tussen de
toeschouwers door. Blijkbaar is het de gemeenschap die vitaliteit aan het leven verschaft. Toch geeft de groep
me een beklemmend gevoel, hetzelfde beklemmende gevoel dat Facebook, iPhones en mensenmassas me
geven. Die vervelende drang om je continu met elkaar te bemoeien.
Modern primitivisme?
Het valt me op dat in iedere voorstelling minstens een scène zit waarin de dansers onafscheidelijk zijn en de
verschillende naakte lichamen als één lichaam bewegen. Wisten de theatermakers van elkaars voorstellingen, of
zijn ze onafhankelijk van elkaartot hetzelfde beeld gekomen? Wat zegt dit modern primitivisme over de
maatschappij van nu? Gaat de voorkeur voor naakte groepen mensen samen met de liefde voor ecologisch,
biologisch en de terugkeer van baarden en snorren? Zijn we bang voor de plek die technologie in ons leven
inneemt? Willen we terug naar een tijd waarin we ons niet bewust waren van het kwaad dat zich aan de andere
kant van de wereld, of in eigen land, afspeelt? De naakte waarheid op SPRING roept op tot reflectie en spookt
nog dagen door je hoofd.
Nikla Katsburg 19 mei 2014 – 1e rang –
Een voorstelling op het SPRING festival is geen gewone avond uit. Gaan zitten om
vermaakt te worden is er bij ‘Memento Mori’, ‘Cinema Imaginaire’ en ‘Suddenly
everywhere is black with people’ niet bij. Zodra je zit, staat of meeloopt maak ook
jij als publiek, deel uit van de performance.
In de grote zaal van Stadsschouwburg Utrecht is de tribune uitgeklapt. Op het
podium is niets dan donker te zien. Zodra het publiek zit, kruipt het donker als dichte
mist steeds dichterbij totdat het pikdonker is en je letterlijk geen hand voor ogen meer
zien kunt. Het donker in ‘Memento Mori’drukt op de ledematen: handen en voeten
voelen zwaar en het kost de ogen moeite om te blijven focussen op de plek waar het
podium moet zijn. Na een tijdje flikkeren witte schimmen op het podium, of toch niet?
Je gaat twijfelen aan hetgeen je ziet en niet ziet. Eerst is de lichtschim in de verte,
dan opeens is een schaduw heel dichtbij. Wat er precies gebeurt en wat het moet
voorstellen is voor iedereen in het publiek anders. De een ziet er aliens in en een
ander moet moeite doen haar paniekaanval te onderdrukken. Weer een ander
spreekt van een seksuele orgie.
Ook ‘Cinema Imaginaire’ speelt met de fantasie van het publiek. Lotte van den Berg
neemt het publiek mee naar een plek in het centrum van Utrecht. Daar vandaan gaat
de groep individueel filmen, vijf scènes. Hiermee is deze voorstelling dit weekend het
toppunt van publieksparticipatie.Met de stopwatch op 10 minuten draait ieder zich om
en gaat van start. Na elke filmsessie komt de groep bij elkaar om ervaringen uit te
wisselen en een nieuwe filmopdracht mee te krijgen. Dat een ieder ook deze
performance op zijn eigen manier ervaart, wordt mooi duidelijk als de deelnemers na
het filmen met elkaar één scène uit hun film delen. De een zoomt in op het
postkantoor, een ander op de bomen en weer een ander beschrijft de vaart van twee
fluisterboten in de gracht.
Bij ‘Suddenly everywhere is black with people’ staat het publiek met de
performers in een vierkant afgebakend door tl-lampen. De dansers houden elkaar
stevig vast en bewegen in draf door de ruimte. Ze zijn naakt en zwartgekleurd door
houtskool. Het publiek moet regelmatig een stap opzij doen om het zwarte gevaarte
te ontwijken en te voorkomen dat ze niet met houtskool besmeurd raken. Als de
groep van vijf uiteengaat lijken overal zwarte mensen te lopen. Overal waar je kijkt
zie je een zwart figuur in langzame repetitieve bewegingen door de ruimte gaan. Dit
brengt spanning in de performance. De individuen intrigeren. Wie zijn ze?
De reacties op dit zwarte gevaarte zijn verschillend. Sommigen uit het publiek rennen
er hard voor weg. Anderen lijken de groep juist uit te dagen door te blijven staan en
oogcontact te zoeken. Alsof ze willen uittesten of zij de richting van de groep kunnen
beïnvloeden, in plaats van door de groep alle kanten op gestuurd te worden. Zo
maakt het publiek ook hier zijn eigen unieke SPRING-ervaring.
12/4/2014
Metacrítica - De repente fica tudo preto de gente » MITsp
MITsp | PROGRAMAÇÃO | GRADE | INGRESSOS | ONDE | BLOG | NOTÍCIAS | FOTOS | IMPRENSA | PUBLICAÇÕES | CONTATOS
Prática da Crítica
Metacrítica – De repente fica tudo preto de gente
26/03/2014
By Julia Guimarães
In Prática da Crítica
Blog – Prática da Crítica
Metacrítica – Ubu e a Comissão da Verdade
26/03/2014
As artes e o todo Maria Eugênia de Menezes, do
Teatrojornal, em diálogo com o Coletivo de Críticos
(*)
Metacrítica – Escola
26/03/2014
A linguagem desilude o discurso Valmir Santos, do
Teatrojornal, em diálogo com o Coletivo de Críticos
(*)
Metacrítica – Cineastas
26/03/2014
Revisitando Cineastas ou dois frames de críticas
gerando um quadro (crítico) Por Ana Carolina
Marinho, da Antro Positivo, em diálogo…
Metacrítica – Hamlet
26/03/2014
Quero a desconfiança de Hamlet Ivana Moura, do
Satisfeita, Yolanda?, com Maria Eugênia e Coletivo
de Críticos (*)
Metacrítica – Eu não sou bonita
Percepções em deslocamento
Soraya Belusi, do Horizonte da Cena, em diálogo com o Coletivo de Críticos (*)
Deslocar-se. Instaurar novos espaços. Desarticular as categorias. Fazer mover os corpos. Mudar de lugar o
olhar. Contaminar o outro. Desviar os comportamentos dominantes. Imperativos que se apresentam,
independentemente da abordagem crítica, na fruição de De repente fica tudo preto de gente. São noções que
parecem ser inerentes à obra de Marcelo Evelin e dos performers da Demolition Inc., e que provocam, entre
outras coisas, a desestabilização do espectador, em sua maneira de percepção e de disponibilidade corpórea,
e a própria relativização das categorias artísticas, por seu caráter híbrido e pela prioridade em estabelecer a
experiência e a amplitude de sentidos.
26/03/2014
Reflexões da perturbação Luciana Romagnolli, do
Horizonte da Cena, em diálogo com Suely Rolnik e
Coletivo de Críticos (*)
Metacrítica – Gólgota Picnic
26/03/2014
Atravessando o território do Gólgota Pollyanna
Diniz, do satisfeita, Yolanda?, em diálogo com o
Coletivo de Críticos (*)
Metacrítica – De repente fica tudo preto de gente
26/03/2014
Além das múltiplas leituras possíveis na relação com a obra – algumas delas apresentadas em conversas com
professores-pesquisadores e estudiosos de outras áreas do conhecimento; neste caso, com Nina Caetano e
Pedro Cesarino, respectivamente; que ofereceram chaves de aproximação através da investigação dos
conceitos e procedimentos de construção da obra, assim como a noção cosmológica colocada em jogo no
espetáculo –, parece despontar, no exercício de metacrítica realizado pelo Coletivo de Críticos (*), a ideia de
deslocamento, seja da relação passiva com o espectador, seja pela contaminação de procedimentos de
disciplinas artísticas distintas, seja, principalmente, pela atitude que demanda daquele que a assiste, tanto na
tentativa de convívio quanto na pura contemplação.
Percepções em deslocamento Soraya Belusi, do
Horizonte da Cena, em diálogo com o Coletivo de
Críticos (*)
Metacrítica – Anti-Prometeu
26/03/2014
Por uma chama intempestiva Daniele Avila Small,
da Questão de Crítica, em diálogo com Coletivo de
Críticos
Metacrítica – “Nós somos semelhantes a esses sapos…” + Ali
Em De repente tudo fica preto de gente, não são apenas os corpos dos performers que se colocam em
movimento. Mais que andar pelo espaço, o público é provocado a mover-se de seu estado habitual, a colocar
sua própria fisicalidade em jogo e a expor-se também ao olhar do outro. O efeito que a proximidade entre
26/03/2014
Equilíbrio delicado Ivana Moura, do Satisfeita,
Yolanda?, em diálogo com o Coletivo de Críticos (*)
performers e espectadores assume sobre o ato performativo, já ressaltado em teorias e práticas cênicas ao
Metacrítica – Bem-vindo a casa
longo da história recente, parece ser também uma das forças de ação que constituem a explosão de
26/03/2014
percepções e possibilidades que De repente tudo fica preto de gente nos suscita.
A realidade do fracasso como discurso estético Ruy
Filho, da Antro Positivo, em diálogo com o Coletivo
de Críticos (*)
Em suas ondas de movimento – da aglutinação à degeneração, da integração à individuação, da estagnação
ao deslocamento -, as massas corpóreas dos performers mobilizam também estados distintos no público, do
desejo à repulsa, da entrega à negação, da aproximação ao afastamento. A obra demanda que público
estabeleça também um comportamento físico, tornando-se, assim como os performers, uma força propulsora
Notícias
o contato, entregar-se ou não ao contágio, realizar ou não o toque, deixar-se, ou não, perceber a si mesmo e
Peter Pál Pelbart analisa Gólgota Picnic: leia aqui o texto na
íntegra
ao mundo através da pele e dos rastros que nela ficam.
21/03/2014
das dinâmicas que se estabelecem no espaço e no tempo do acontecimento performático, permitir-se ou não
Como afirmou o próprio Evelin em conversa com o público, é como se houvesse uma “coreografia do
espectador”, cujo fluxo de movimentos, assim como o dos performers, também assume uma característica,
um padrão, um procedimento no desenrolar do espetáculo. Não se trata mais apenas de colocar em crise a
http://mitsp.org/metacritica-de-repente-fica-tudo-preto-de-gente/#prettyPhoto
Gólgota Picnic, ou sobre a teologia da destruição
Peter Pál Pelbart
Vladimir Safatle: “Ninguém aqui pediu perdão pelos crimes da
ditadura militar”
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12/4/2014
Metacrítica - De repente fica tudo preto de gente » MITsp
cognição do espectador ou de provocar sua transição pelo espaço, mas também de fazer-lhe assumir uma
16/03/2014
postura diante dos corpos com os quais compartilha a experiência. A ocupação compartilhada entre criadores
Após a estreia do espetáculo Ubu e a Comissão da
Verdade na MITsp, ontem (15), o filósofo e
e espectadores no platô coloca em confronto, como num ringue, as tradicionais convenções de quem age e de
quem é apenas o alvo da recepção. O espectador, sua materialidade corpórea, é parte indispensável da
professor da USP Vladimir…
visualidade e do movimento da cena, tornando-se parte da experiência do grupo de espectadores presentes.
Dois olhares sobre Gólgota Picnic
Fica tudo preto de gente mesmo.
Há uma escolha (ou uma recusa) a ser feita pelo espectador. Existe uma tomada de decisão do público que
15/03/2014
Quem acompanhou as ações da MITsp de ontem
(14) encontrou pelo menos dois olhares distintos
preexiste e ultrapassa o ato de olhar e atribuir sentido ao que se vê. Se o público não quer “empretecer”, é
sobre um dos espetáculos mais…
preciso agir. E se não quer agir, é preciso decidir ficar do lado de fora do ringue. Para esses, que se mantêm
Suely Rolnik discute o espetáculo Eu não sou bonita
do lado de fora, caberia apenas a contemplação, a construção de um argumento e a necessidade do sentido.
Para os que estão dentro não existe contemplação, mas a exposição de todos que compartilham o ato. De
14/03/2014
repente tudo fica preto de gente é, em sua relação com o espectador, ao mesmo tempo, exposição e
A apresentação de estreia de Eu não sou bonita na
noite de ontem (13) deve ficar marcada como um
contemplação, experiência e sentido, pensamento e movimento.
dos…
Assim como o deslocamento da percepção do espectador (sobre si mesmo e sobre a obra), o espetáculo nos
Laymert Garcia analisa Sobre o conceito de rosto no filho de
Deus: leia aqui o texto na íntegra
levou a refletir, ainda, sobre a noção de campo expandido das artes, em que as categorizações não são mais
capazes de enquadrar todos os desobramentos (éticos-estéticos-técnicos-filosóficos) da obra em questão.
Retomando a ideia de convivio entre espectador e obra, espectador e espectador, espectador e performers
que De repente tudo fica preto de gente proporciona, os campos do teatro e da dança, assim como da
performance e da instalação, nem sempre têm a oportunidade de convívio que aqui se desenha.
14/03/2014
Sobre o conceito de rosto no filho de Deus Socìetas
Rafaello Sanzio – Romeo Castellucci Mostra
Internacional de Teatro de…
Manutenção do CIT-Ecum é debatida no Fórum de Encontros
13/03/2014
A ampliação dos campos nas artes – uma ideia que pode ser vislumbrada com a leitura de A escultura no
campo ampliado, de Rosalind Krauss – é também uma questão para a crítica. Se antes, uma categoria se
definia por atributos técnicos específicos, hoje, esta se dá menos vertical e mais horizontal, no campo de
experiências possíveis. Sendo assim, conceitualmente, temos que intervir sobre a dinâmica da experiência
com forma de encontrar nela a possibilidade de sua condição. Aproximar-se de De repente fica tudo preto de
gente por um único enquadramento possível seria limitador para a própria experiência relacional com a obra.
No caso desse espetáculo, o público não está meramente passivo ao procedimento, é ele parte fundamental
ao movimento de construção dos performers. A obra se estabelece como a correlação entre o convívio
estético do espaço, obra e observador, uma instauração que parte de processos de entropias possíveis ao
entendimento de proximidade ao outro. A criação assinada por Evelin e pelos performers da Demolition Inc.,
porém, não nos faz mais indagar, como sintoma das poéticas híbridas que se afirmam na
contemporaneidade, se o que está diante dos nossos olhos é dança ou não. Esta pergunta parece não
Construir uma mesa coletivamente. Essa foi a ação
que serviu como ponto de partida para as
atividades do Fórum de…
Bem-vindo a casa terá três sessões extras
12/03/2014
Devido à grande procura do público pelo
espetáculo Bem-vindo a Casa, a MITsp conseguiu,
junto à equipe do espetáculo, que fossem
realizadas…
Roberto Suárez: “Buscamos uma relação com o público pela
via do afeto”
12/03/2014
responder outra que se impõe de maneira ainda mais potente na fruição do espetáculo, ao voltar o
Responsável por um dos espetáculos mais
concorridos da MITsp – Bem-vindo a casa - o diretor
questionamento não somente ao artista acerca dos procedimentos escolhidos por ele, mas, principalmente, a
uruguaio Roberto Suárez conversou ontem…
nós mesmos, espectadores, de como nos relacionamos com o que nos é apresentado. Exige, sim, olhar para
esses espaços fronteiriços como eles se instauram em suas particularidades, não determinar categorias para
eles que de algum modo os limitem.
(*) O Coletivo de Críticos é um ajuntamento temporário de críticos, com presença na internet e atuação em
rede. Inclui integrantes dos sites-blogs-revistas eletrônicas Antro Positivo (SP), Horizonte da Cena (MG),
Questão de Crítica (RJ), Satisfeita, Yolanda? (PE) e Teatrojornal (SP).
Felipe Hirsch e atores do MPTA refletem sobre “Nós somos
semelhantes…” + Ali
11/03/2014
Na noite de ontem (10), o diretor de teatro Felipe
Hirsch e os atores Ali e Hedi Thabet conversaram
com o…
Castellucci conversa com público via videoconferência
10/03/2014
Compartilhar:
http://mitsp.org/metacritica-de-repente-fica-tudo-preto-de-gente/#prettyPhoto
O segundo dia (9) da MITsp foi marcado por uma
série de reflexões acerca do espetáculo Sobre o
conceito de…
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Prática da Crítica
Críticas – De repente fica tudo preto de gente
12/03/2014
By Julia Guimarães
In Prática da Crítica
Blog – Prática da Crítica
Metacrítica – Ubu e a Comissão da Verdade
26/03/2014
As artes e o todo Maria Eugênia de Menezes, do
Teatrojornal, em diálogo com o Coletivo de Críticos
(*)
Metacrítica – Escola
26/03/2014
A linguagem desilude o discurso Valmir Santos, do
Teatrojornal, em diálogo com o Coletivo de Críticos
(*)
Metacrítica – Cineastas
26/03/2014
Revisitando Cineastas ou dois frames de críticas
gerando um quadro (crítico) Por Ana Carolina
Marinho, da Antro Positivo, em diálogo…
Metacrítica – Hamlet
26/03/2014
Quero a desconfiança de Hamlet Ivana Moura, do
Satisfeita, Yolanda?, com Maria Eugênia e Coletivo
de Críticos (*)
Metacrítica – Eu não sou bonita
O espectador em deslocamento
Por Soraya Belusi – Horizonte da Cena
“Forma um bolo lá na frente”, instrui o homem na fila de entrada do teatro, como quem antecipa o que virá
adiante. Em vez das cadeiras corretamente alinhadas, da comodidade do lugar marcado, da segurança
presente na distância que separa palco e plateia, um platô que pode ser ocupado da maneira que o
espectador preferir, deslocando-o de sua usual posição de passividade. Em De repente tudo fica preto de
gente, não são apenas os corpos dos performers que se colocam em movimento. Mais que andar pelo
espaço, o público é provocado a mover-se de seu estado habitual, a colocar sua própria fisicalidade em jogo e
a expor-se também ao olhar do outro.
26/03/2014
Reflexões da perturbação Luciana Romagnolli, do
Horizonte da Cena, em diálogo com Suely Rolnik e
Coletivo de Críticos (*)
Metacrítica – Gólgota Picnic
26/03/2014
Atravessando o território do Gólgota Pollyanna
Diniz, do satisfeita, Yolanda?, em diálogo com o
Coletivo de Críticos (*)
Metacrítica – De repente fica tudo preto de gente
26/03/2014
A criação de Marcelo Evelin e sua companhia Demolition Inc. não nos faz mais indagar, como sintoma das
poéticas híbridas que se afirmam na contemporaneidade, se o que está diante dos nossos olhos é dança ou
não. Esta pergunta parece não responder outra que se impõe de maneira ainda mais potente na fruição do
espetáculo, ao voltar o questionamento não somente ao artista acerca dos procedimentos escolhidos por ele,
mas, principalmente, a nós mesmos, espectadores, de como nos relacionamos com o que nos é apresentado.
O efeito que a proximidade entre performers e espectadores assume sobre o ato teatral-performativo, já
ressaltado em teorias e práticas cênicas ao longo da história recente, parece ser também uma das forças de
ação que constituem a explosão de percepções e possibilidades que De repente tudo fica preto de gente nos
suscita. Em suas ondas de movimento – da aglutinação à degeneração, da integração à individuação, da
estagnação ao deslocamento -, as massas corpóreas dos performers mobilizam também estados distintos no
público, do desejo à repulsa, da entrega à negação, da aproximação ao afastamento.
Percepções em deslocamento Soraya Belusi, do
Horizonte da Cena, em diálogo com o Coletivo de
Críticos (*)
Metacrítica – Anti-Prometeu
26/03/2014
Por uma chama intempestiva Daniele Avila Small,
da Questão de Crítica, em diálogo com Coletivo de
Críticos
Metacrítica – “Nós somos semelhantes a esses sapos…” + Ali
26/03/2014
Equilíbrio delicado Ivana Moura, do Satisfeita,
Yolanda?, em diálogo com o Coletivo de Críticos (*)
Metacrítica – Bem-vindo a casa
Não se trata mais apenas de colocar em crise a cognição do espectador ou de provocar sua transição pelo
espaço, mas também de fazer-lhe assumir uma postura diante dos corpos com os quais compartilha a
experiência. A ocupação compartilhada entre criadores e espectadores no platô coloca em confronto, como
num ringue, as tradicionais convenções de quem age e de quem é apenas o alvo da recepção. Está posta ao
26/03/2014
A realidade do fracasso como discurso estético Ruy
Filho, da Antro Positivo, em diálogo com o Coletivo
de Críticos (*)
público a possibilidade de, assim como a massa que pode se tornar imprevisível, romper o círculo da
convenção artística e social que o estabelece apenas como observador da ação do outro, permite que este
desestabilize as fronteiras estabelecidas da espera e possa avançar rumo à ação, normalmente delegada
somente aos artistas. O lugar institucionalizado do espectador é colocado em xeque.
De repente tudo fica preto de gente demanda do público estabelecer também um comportamento físico,
tornando-se, assim como os performers, uma força propulsora das dinâmicas que se estabelecem no espaço
e no tempo do acontecimento performático, permitir-se ou não o contato, entregar-se ou não ao contágio,
realizar ou não o toque, deixar-se, ou não, perceber a si mesmo e ao mundo através da pele e dos rastros que
nela ficam.
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Notícias
Peter Pál Pelbart analisa Gólgota Picnic: leia aqui o texto na
íntegra
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Gólgota Picnic, ou sobre a teologia da destruição
Peter Pál Pelbart
Vladimir Safatle: “Ninguém aqui pediu perdão pelos crimes da
ditadura militar”
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Críticas - De repente fica tudo preto de gente » MITsp
16/03/2014
O campo ampliado das artes cênicas
Por Daniele Avila Small – Questão de Crítica
A presença da obra de Marcelo Evelin, De repente fica tudo preto de gente, na programação da MITsp, que é
uma mostra de teatro, é uma questão interessante para se pensar. Os campos do teatro e da dança nem
sempre têm a oportunidade de convívio que aqui se desenha. Diante do compromisso de escrever sobre um
espetáculo de dança – e especialmente tratando-se de uma obra com o nível de complexidade da que está em
questão – me vejo diante de um problema para a crítica: o paradigma das categorias como campos separados
Após a estreia do espetáculo Ubu e a Comissão da
Verdade na MITsp, ontem (15), o filósofo e
professor da USP Vladimir…
Dois olhares sobre Gólgota Picnic
15/03/2014
Quem acompanhou as ações da MITsp de ontem
(14) encontrou pelo menos dois olhares distintos
sobre um dos espetáculos mais…
de experiência e saber. O fato de a minha formação ser em teoria do teatro, sem estudos específicos na área
Suely Rolnik discute o espetáculo Eu não sou bonita
de dança, é algo que à primeira vista me constrange o pensamento. Mas, afinal, o que é dança? E o que é
14/03/2014
teatro?
A ampliação dos campos nas artes – uma ideia que pode ser vislumbrada com a leitura de A escultura no
campo ampliado, de Rosalind Krauss – é uma questão para a crítica de teatro. O teatro contemporâneo e a
dança contemporânea não se definem hoje por aquilo que os definia algumas (muitas?) décadas atrás, como
por exemplo, no caso da dança, a coreografia, no caso do teatro, o drama; embora o discurso comum não
tenha assimilado de fato essa virada de liberdade criativa. Ainda vemos críticos escrevendo que algo “não é
teatro” com uma convicção constrangedora. Não é a coreografia que define a dança, nem o drama que define
o teatro – e as noções mesmas de coreografia e de drama podem ser bem mais amplas do que costumamos
pensar. Não é o caso de tirar de cena a coreografia, nem de superar o drama.
A apresentação de estreia de Eu não sou bonita na
noite de ontem (13) deve ficar marcada como um
dos…
Laymert Garcia analisa Sobre o conceito de rosto no filho de
Deus: leia aqui o texto na íntegra
14/03/2014
Sobre o conceito de rosto no filho de Deus Socìetas
Rafaello Sanzio – Romeo Castellucci Mostra
Internacional de Teatro de…
Manutenção do CIT-Ecum é debatida no Fórum de Encontros
13/03/2014
Em uma reflexão apressada (uma contradição em termos) me parece que a fundamentação conceitual do
espetáculo De repente fica tudo preto de gente em um princípio da física, ou seja, a presença forte de uma
ideia orientadora que não está restrita à categoria dança, é algo que amplia o campo, que liberta a criação da
Construir uma mesa coletivamente. Essa foi a ação
que serviu como ponto de partida para as
atividades do Fórum de…
repetição de um mero exercício do fazer, de uma variação sobre procedimentos dados. É nesse sentido que
Bem-vindo a casa terá três sessões extras
me parece que o espetáculo em questão é para qualquer um, porque ele não demanda nenhum
12/03/2014
conhecimento prévio do espectador, ele simplesmente se dá à experiência. Penso que o contemporâneo não
Devido à grande procura do público pelo
está em um conjunto de premissas estéticas e reflexões endógenas, mas na natureza da relação com o
espetáculo Bem-vindo a Casa, a MITsp conseguiu,
junto à equipe do espetáculo, que fossem
realizadas…
espectador.
com outros assistidos até agora – até porque a ideia de contato e a subsequente contaminação entre corpos é
Roberto Suárez: “Buscamos uma relação com o público pela
via do afeto”
algo que o espetáculo de Marcelo Evelin nos faz viver. O espectador é fisgado para dentro das obras em três
12/03/2014
Com isso em mente, levanto o olhar para o contexto da MITsp para pensar o lugar deste trabalho no contato
instâncias diversas em Sobre o conceito de rosto no filho de Deus, Bem-vindo a casa e De repente fica tudo
preto de gente. No primeiro, a relação é subjetiva, impalpável e demanda uma disponibilidade de espírito do
Responsável por um dos espetáculos mais
concorridos da MITsp – Bem-vindo a casa - o diretor
espectador. No segundo, o público é convidado a fazer parte da situação ficcional que se estabelece. No
uruguaio Roberto Suárez conversou ontem…
terceiro, o espectador, sua materialidade corpórea, é parte indispensável da visualidade e do movimento da
cena, tornando-se parte da experiência do grupo de espectadores presentes. Fica tudo preto de gente
Felipe Hirsch e atores do MPTA refletem sobre “Nós somos
semelhantes…” + Ali
mesmo.
11/03/2014
Mas o preto das imagens criadas por Marcelo Evelin não é opaco. É um preto translúcido que convida o olhar
para a beleza do escuro. Na prática da crítica, esse é o grande desafio: mais que discorrer sobre o que já se
Na noite de ontem (10), o diretor de teatro Felipe
Hirsch e os atores Ali e Hedi Thabet conversaram
com o…
sabe, trabalhar a musculatura do olhar para enfrentar a escuridão. E o pensamento, como os olhos no escuro,
Castellucci conversa com público via videoconferência
precisa de tempo para começar a discernir as imagens nas sombras.
10/03/2014
* Durante a mostra, serão postadas aqui críticas diárias dos espetáculos da programação, escritas por
integrantes do Coletivo de Críticos. Leia mais sobre as ações do Coletivo de Críticos na seção Olhares Críticos
O segundo dia (9) da MITsp foi marcado por uma
série de reflexões acerca do espetáculo Sobre o
conceito de…
deste site.
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2/3
26/11/2014
Uma narrativa sensorial sobre o obscuro contemporâneo do "De repente fica tudo preto de gente" ­ idanca.net
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DISCOREOGRAFIA –
MÚSICA, DANÇA E
BLÁ, BLÁ, BLÁ JÁ ESTÁ
NO AR
UMA NARRATIVA SENSORIAL SOBRE O OBSCURO
CONTEMPORÂNEO DO “DE REPENTE FICA TUDO
PRETO DE GENTE”
por Sheila Ribeiro / 20/11/2013 / 1 Comentário
abril 29, 2014
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MOSTRA
Idealizado pela artista Sheila Ribeiro, o 7×7 é um projeto de manifestações crítico­poéticas em torno de trabalhos artísticos
INTERNACIONAL DE
escritos por artistas. Desde 2009, o 7×7 olha para o que acontece em dança contemporânea por ai. Nascido durante o Festival
TEATRO RECEBE
Contemporâneo de Dança (SP), já cobriu o Festival Panorama (RJ), Olhares sobre o Corpo e FID (MG), Panorama Sesi
ESPETÁCULOS DE
DANÇA EM SUA PROGRAMAÇÃO
março 06, 2014
CRÍTICA DE 7×7 SOBRE
VÁCUO- I, IMPOSTOR
– DE KEY ZETTA E CIA
NA BIENAL SESC DE
DANÇA 2013
(SP), Bienal SESC de Dança 2013 (Santos), dialogando com os eventos de dança do Brasil e produzindo + de 100 críticas
artísticas. O 7×7 hoje é: Arthur Moreau, Caroline Moraes, Rodrigo Monteiro, Bruno Freire, Laura Bruno e Lucia Naser. O
idanca.net, parceiro desde sempre, publica mais uma série de 7 críticas do projeto. Para conhecer + sobre, acesse o site.
MARCELO EVELIN X SHEILA RIBEIRO: Não sabia que sujava
a.obscuridade.demolindo.incorporando.com
Por Sheila Ribeiro, em torno de De repente fica tudo preto de gente de Marcelo Evelin | Demolition inc.
novembro 04, 2013
De repente você entra num lugar pra ver uma coisa e tá tudo escuro.
Depois você vê que não tá tudo escuro que você pode ver mas não pode enxergar.
Quando você vê já estava de repente vendo entrar coisas no escuro.
Aí você fica tentando enxergar uma coisa que não se enxerga porque é muito difícil de ver mesmo.
Ou ainda você desiste de olhar porque não dá não tem nada ali e quem mandou a coisa não ficar clara pra mim.
De repente você percebe que você tá no meio que você é o meio que você faz parte e que entrou ali porque lá atrás alguém te
falou isso e você de repente sem nem ver nem enxergar foi.
Você ficou se embolando, se esfregando, se contorcendo no chão. Você era um e ficava forte. Você era um monte de pedaço.
Você saía correndo atrás dos outros. Você sozinho tava difícil. Você olhava pra eles.
Nossa então você tá no meio?
Tô?
E você tá vendo?
Tô tentando.
E você tá vendo?
Não, não vale a pena olhar.
http://idanca.net/uma­narrativa­sensorial­sobre­o­obscuro­contemporaneo­do­de­repente­fica­tudo­preto­de­gente/
1/3
26/11/2014
Uma narrativa sensorial sobre o obscuro contemporâneo do "De repente fica tudo preto de gente" ­ idanca.net
Eles estão ali. São daquele jeito. São estranhos e não dá pra entender. De repente começam a se embolar, um negocio, um
troço, um coisão. Acho q vi um cu! Eles tão se beijando – aquilo ali é beijo? Eles começaram a correr atrás deles!! Eles estavam
sujos e não queriam se sujar. Eles ficam olhando eles. Eles ficam no chão. Eles ficam em pé. De repente acontece um sei lá o
quê e eles começam a se deslocar loucamente tirando eles do lugar. Eles estão olhando eles. Eles estão se organizando – se
adaptando. Eles tinham que sair do lugar.
Enquanto isso os outros estão ali, pintados de meia escuridão. Pintados e talvez escuros.
Pedaços de carvão
É pra acender?
É carbonizado?
É enchurrascado?
O claro do olho tá tinindo: é gente.
Da pra ver só o claro no olho
e é no dente
Os outros não estavam ali. Os outros não vieram dessa vez. Não puderam vir. Estavam atrasados. Ocupados. O cachorro tinha
que ir no balé. Muitas coisas pra fazer. Muitos afazeres. Os outros ficaram do lado de fora.
Eu não sabia que sujava.
Ai, porque eles são assim?
Ai, será que eu sou assim?
Eu também sou isso aí?
Ah não eu não eu não sou isso aí
Me tirem daqui
Quero sair daqui
Tenho vergonha
Pega mal
Vou disfarçar então
Eu sou eles eu sou isso aí
Nossa, eu beijo, me debato
Vixe, corro atrás dos outros
Aqueles lá de fora
Também, quem mandou entrar aqui
Eu vou sujar mesmo
Mas não é sujo, não é sujeira
Não?
Não
E o que é então
Você e eles
E os outros?
Também
E meu claro do olho?
Tá aqui e eles estão vendo
Talvez
http://idanca.net/uma­narrativa­sensorial­sobre­o­obscuro­contemporaneo­do­de­repente­fica­tudo­preto­de­gente/
2/3
26/11/2014
Dance Umbrella 2013 ­ a round up ­ LondonDance
Marcelo Evelin is an experienced Brazilian choreographer with strong ties to
Amsterdam, and who uses his company Demolition Inc. to work across a
range of disciplines. Staged at The Place in a square pen lit (but usually dimly)
by fluorescent white lights, Suddenly Everywhere Is Black With People
was his UK debut. Spectators were free to move where they wished outside it, or
inside with a cast of five naked dancers of both sexes whose bodies were
blackened with a mixture of charcoal and cooking oil. Initially moving in a
stomping whirlpool cluster to a rumbling soundtrack, this frightened/frightening
entity eventually fell to the ground like fog made flesh before rising and
separating into listless, zombie­like individuality. The group reunited in strife,
pulling on each other in a shared misery underpinned by a seething, ravenous
and almost fornicatory tenderness. All of this occurred over the course of just
under an hour, culminating with the cast staring at us staring at them until they
vanished (and each no doubt heading for a long, hot shower). Both the sound
and lighting men were part of the show, blackened and naked and occupying
separate platforms just outside the pen.
As a social and aesthetic experiment of potentially huge metaphorical resonance,
Suddenly… definitely had its moments whether of connection, dislocation or
disregard. It was strange and probably strong stuff not necessarily conducive to
easy, instant processing. I’m glad I saw it. I can say the same about the Trisha Brown Company but for completely
different reasons. Currently facing a major transitional phase, the company
presented a trio of works in The Platform that stretched across more than three
decades. My reaction to Astral Convertible, a dance dating from 1989, was
even more positive in light of having just seen Wayne McGregor | Random
Dance Company’s Atomos at Sadler’s Wells the previous evening. In lieu of
the latter’s grandiose noodling around, and too many false endings, Brown gave
me felicitous and human­scaled clarity at a digestible pace. I could see just about
every shape the nine dancers struck, while sensing the interlocking purpose
behind each one. The Robert Rauschenberg designs can be off­putting, with
dancers in metallic silver unitards (and an unappealing pleated webbing between
the women’s legs) and flashing automobile headlamps on the smallish scaffolds
dotting either side of the central performance space. Still, I suspect I absorbed
more information about the body and how it operates in space and time – and
often on more than one level at once – than I did at Wayne McGregor’s work.
http://londondance.com/articles/reviews/dance­umbrella­2013­donald­huteras­roundup/
5/7
C/1
DIVULGAÇÃO
Quarta-feira|meionorte
TERESINA, 15 DE JANEIRO DE 2013
Vida | Trabalho faz Antonia superar perda do marido
Destaque
C/3
MATADOURO |
Espetáculo
de Evelin
ROGÉRIO ORTIZ
arte &fest
Programação do
Festival de Outono
fica entre os 10
melhores do Brasil
LILIANE PEDROSA
DO ARTE & FEST
‘De repente fica tudo
preto de gente’ da Demolition Inc., espetáculo
coproduzido por Brasil, Holanda e Japão, ficou entre
as dez melhores produções
do país, de 2012, segundo o
Jornal o Globo.
Produzida em dez meses que incluíram etapas
de pesquisa e criação, a obra foi criada para seis jovens performers de diferentes partes do mundo: Teresina, Kyoto, São Paulo, Ipatinga e Amsterdam.
A Demolition Inc.é uma
companhia que foi fundada
em 1995 pelo coreógrafo
piauiense Marcelo Evelin e
chegou a se apresentar em
Teresina no final do ano
passado com essa produção, no Galpão do Dirceu.
“Não é uma companhia de
dança, mas uma outra
maneira de trabalhar, de
estar junto, em um tipo específico de ajuntamento
para uma criação. Foi feito
fora do núcleo de propósito,
justamente para experimentar estar atuando em
outros espaços e de outras
formas. Mas claro, o núcleo
é parceiro número 1 da Demolition Inc.” Antes do
Piauí, o espetáculo estreou
no Rio de Janeiro, na 21ª edição do Panorama Festival
(dias 4 e 5 de novembro) e,
em seguida, foi levado à
ocupação Dança de Todas
as Tribos, do Teatro Cacilda
Becker (de 8 a 11).
Partindo do livro de
Elias Canetti, “Massa e
Poder” (1960), que descreve a massa como fenômeno
enigmático e universal, o
espetáculo investiga a
massa como o pressuposto
do comum numa multidão
de singularidades. Uma
massa que quer crescer e
encontra na descarga um
modo temporário de indistinção, através de um corpo
a corpo sem violência e
SÉRGIO CADDAH
Antes do Piauí, o espetáculo estreou no
Rio de Janeiro, na 21ª edição do Panorama Festival e, em seguida, foi levado à
ocupação Dança de Todas as Tribos, do
Teatro Cacilda Becker
Intercâmbio
Obra foi criada para
seis jovens performers de diferentes
lugares, como Teresina, Kyoto, São
Paulo, Ipatinga e
Amsterdam
sem trégua.
A ideia é dividir um espaço instável e sem lugar
fixo com os intérpretes,
uma massa que se constitui por microanarquias e
solidões, e que tem como
meta o ponto mais negro, o
pretume, lá onde se está
tão próximo do outro quanto de si mesmo.“Para ele, o
homem só perde o medo do
outro quando est´´a com o
próprio corpo colado, friccionado, contra o do outro
numa situação de massa. A
massa como meio de libertação do indivíduo e de um
certo excesso de individualidade. O medo do outro
como um fator determinante na nossa relação com o
outro hoje em dia. Esses foram alguns pontos de partida para o espetáculo”, diz
Marcelo reforçando o pensamento de Canetti.
‘De repente fica tudo
preto de gente’ traz Andrez
Lean Ghizze, Daniel Barra,
Elielson Pacheco, Hitomi
Nagasu, Jell Carone, Loes
Van der Pligt, Marcelo Evelin, Márcio Nonato, Regina
Veloso, Rosângela Sulidade, Sho Takigushi, Tamar
Blom, Wilfred Loopstra.
O espetáculo foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss
Vianna 2011 e é uma coprodução do Festival Panorama (Brasil),? Kyoto Experiment, com apoio de Saison
Foundation (Japão) e Kunstenfestivaldesarts (Bélgica)
com o apoio de Theater Instituut Nederland (TIN) e
Performing Arts Fund NL.
Teresina cria arte
para exportar
Segundo Evelin ressalta, a importância dessa parceria com pessoas de
outros países tem se refletido no trabalho
do grupo. “ Nós estamos conseguindo produzir a partir daqui, com parcerias importantes de festivais internacionais.
Teresina como um lugar de criar e produzir para ser vendido lá fora. Estamos exportando arte e me pergunto o que mais o
Piauí está exportando. A peça foi muito
bem recebida e já temos bastante convites para festivais no mundo inteiro. Em
maio faremos uma estreia internacional
em Bruxelas, no prestigioso Kunsten Festival des Arts, um dos coprodutores do
espetáculo. Tudo isso nos coloca em um
mapa, em um mercado de arte contemporânea internacional, e acho isso importante não só para nós, mas para Teresina
e a arte feita aí”.
Matadouro vai
cumprir agenda
em Paris
MONTAGEM |
Espetáculo será
apresentado em maio na
Europa, Japão e ainda em
turnê pelo Brasil. Ao lado,
em atividade, Marcelo
Evelin
E o que não falta ao Núcleo do Dirceu são projetos para 2013. O ‘Matadouro’ continua a ser apresentado e
estará na programação do Festival de
Outono, em Paris. O ‘Preto de Gente’
também faz Europa e Japão, além de
uma turnê pelo Brasil. Em meio a tudo
isso, Marcelo continua dando aulas na
Escola de Mímica de Amsterdam, e
trabalhando em outros projetos.
“Em maio dou um workshop em
Bruxelas que estou chamando de B
WITH PEOPLE, que pronuncia-se igual a “estar com pessoas”. É um
workshop onde volto ao material do
Black with people, e tento retrabalhar com outras pessoas as mesmas
questões, numa forma de ampliar
pra mim e para outros a experiência
do espetáculo. Mas o projeto do futuro-presente é o Curto-Circuito, o programa indisciplinar para criadores
contemporâneos do Núcleo do Dirceu.
Esse é um projeto importante, inovador e consistente”.
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