0 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Sumário Introdução Capítulo I Trabalho e história 1.1 exteriorização, objetivação e alienação - 5 1.2. Objetivação: conexão indivíduo-sociedade - 22 1.3. objetivação e existência com sentido Capítulo II Gênese dos valores: dever-ser 2.1. Objetivação e valores: gênese do dever-ser 2.2. Alternativa 2.3. Alternativa e objetivação: gênese liberdade 2.4. Economia e valores Capítulo III – Gênero e Indivíduo 3.1. História do gênero humano 3.1.1. objetivação da genericidade autêntica 3.2. Indivíduo e afetos 3.2.1. Unidade ontológica da personalidade 3.2.2. Antecipações Capítulo IV – Ser-para-si e vida plena de sentido 4.1. Resistência às alienações Capítulo V – Ética 5.1. função social e funcionamento da ética 5.2. Ética abstrata: Sanchez Vasquez e Lucia Barroco Bibliografia 1 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Introdução Tal como ocorre na maior parte das vezes, quando se trata de explorar as conexões categorias mais internas de Para uma ontologia do Ser Social, há inúmeros percursos possíveis. A sua estrutura categorial é de tal forma articulada que, tal como no tratamento das categorias do trabalho e da reprodução, também para a exploração do complexo categorial da ética há vários possíveis pontos de partida. A esta altura da nossa investigação (pois é provável que novas possibilidades se descortinem), poderíamos iniciar pela reprodução dos indivíduos, mais especificamente pelo papel das alternativas e sua relação com a escolha singular dos indivíduos concretos (isto é, historicamente determinados) na configuração da substância de cada personalidade, evoluindo na sequência para um exame da conexão do indivíduo, pela objetivação, com o gênero humano por um lado e, por outro, com a reprodução da totalidade social. Outro início possível seria partir da prioridade ontológica da reprodução da totalidade social sobre suas partes1, argumentar em seguida o caráter histórico de todo ato individual e, nesse contexto, explorar o caráter de alternativa de cada ato de todo indivíduo concreto desde a personalidade dos indivíduos diretamente envolvidos até – passando pelas devidas mediaões – sua função na configuração do ser social enquanto um todo. Optamos, por possibilitar uma exposição mais clara e sintética, por iniciar pelo momento da objetivação, isto é, pela conexão ontológica entre a teleologia e o novo objeto produzido por cada ato humano e, a partir dela, evoluirmos para a função social dos valores éticos na reprodução da substância de cada indivíduo e, na sequência, na reprodução da totalidade social. Para aqueles que já têm alguma familiaridade com a Ontologia de Lukács, não seria necessário acrescentar que, ao optarmos por esse último caminho, terminaremos percorrendo as mesmas conexões ontológicas que percorreríamos pelas alternativas preteridas, com a vantagem, esperamos, de um percurso mais claro e compreensível. A escolha nesse caso tem, portanto, um caráter meramente didático. Esta escolha, por sua vez, já é uma tomada de posição. Se apoia inteiramente na avaliação crítica feita por Lukács do modo idealista de abordar os complexos valorativos, incluso a ética. Como afirma o filósofo húngaro, L‘incapacità del pensiero idealistico a comprendere i rapporti ontologici anche più semplici ed evidenti dipende in ultima analisi, sul piano del metodo, dal fatto che esso si limita ad analizzare in termini gnoseologici o logici i modi più evoluti, più spiritualizzati, più sottili, in cui le categorie si presentano, mentre vengono non semplicemente tenuti da parte, ma del tutto ignorati quei complessi di problemi che nella loro genesi indicano la direzione Die Unfähigkeit des idealistischen Denkens, auch die einfachsten und einleuchtendsten ontologischen Verhältnisse zu begreifen, beruht methodologisch letzten Endes darauf, daß es sich damit begnügt, die höchstentwickelten, vergeistigten, subtilsten Erscheinungsweisen der Kategorien erkenntnistheoretisch oder logisch zu analysieren, wobei die ontologisch richtungweisenden Problemkomplexe ihrer realen Prioridade esta que, como já argumentamos, é manifestação do caráter fundante do trabalho e, consequentemente, da prioridade do desenvolvimento das forças produtivas no desenvolvimento histórico em seu conjunto. 1 2 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 ontologica; sono perciò prese in considerazione solo le forme più lontane dal ricambio organico della società con la natura, e non solo non viehe preso atto delle mediazioni, spesso intricate, che le collegano alle loro forme originarie, ma addirittura si costruiscono antitesi tra queste e le forme evolute. Cosi nella stragrande maggioranza delle trattazioni idealistiche su tali temi in pratica scompare del tutto la specificità dell‘essere sociale; si costruisce artificiosamente una sfera priva di radici del doveressere (del valore), che poi viene messa in contrasto con un — presunto — essere puramente naturale dell‘uomo, sebbene quest‘ultimo dal punto di vista ontologico oggettivo sia tanto sociale quanto la prima. Il fatto che il materialismo volgare abbia reagito semplicemente ignorando il ruolo del doveressere nell‘essere sociale e tentando di interpretare tutta questa sfera sul modello della pura necessità naturale, ha contribuito molto a confondere le cose circa questo complesso di problemi, in quanto ha prodotto ai due poli una — contrapposta quanto al contenuto e al metodo, ma di fatto affine — feticizzazione dei fenomeni. (73) Genesis nicht bloß vernachlässigt, ja völlig ignoriert werden; es werden vielmehr die vom Standpunkt des Stoffwechsels der Gesellschaft mit der Natur weit entfernten Formen der gesellschaftlichen Praxis allein in Betracht gezogen und bei diesen die oft verwickelten Vermittlungen, die sie mit ihren Urformen verbinden, nicht nur nicht zur Kenntnis genommen, sondern zwischen Ur- und entwickelten Formen geradezu Gegensätze konstruiert. So verschwindet in der überwiegenden Mehrzahl der idealistischen Behandlungen dieser Fragen die Eigenart des gesellschaftlichen Seins so gut wie gänzlich; es wird eine künstlich wurzellos gemachte Sphäre des Sollens (des Wertes) konstruiert und diese mit einem — angeblich — bloß naturhaften Sein der Menschen kontrastiert, obwohl dieses objektiv ontologisch immer ebenso gesellschaftlich ist wie jenes. Daß der vulgäre Materialismus darauf mit einem einfachen Ignorieren der Rolle des Sollens im gesellschaftlichen Sein reagiert und diese ganze Sphäre nach dem Modell der reinen Naturnotwendigkeit zu begreifen versucht, trägt viel zur Verwirrung dieses Problemkomplexes bei, bringt auf beiden Polen — freilich inhaltlich und methodologisch entgegengesetzte, aber sachlich zusammengehörige — Fetischisierungen der Phänomene hervor. (BdII, 623) Além disso, por exemplo, se se tratando de Kant, Lukács assinala que: Le oggettivazioni al livello dell‘ideologia pura sono naturalmente anch‘esse sottoposte alle generali necessità evolutive della storia umana. (...) Infatti l‘imperativo categorico, con cui Kant vuol pervenire all‘uomo non-particolare, isola bensì questo nell‘immediato e in apparenza dal mondo delle particolarità, ma non fornisce Die Objektivationen auf dem Niveau der reinen Ideologie sind natürlich ebenfalls den allgemeinen Entwicklungsnotwendigkeiten der Menschheitsgeschichte unterworfen.(...) Denn der kategorische Imperativ, mit dessen Hilfe Kant zu dem nicht 3 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 nessun criterio reale per le oggettivazioni e exteriorizações che sono contenute in esso. Giacché sia questo stesso imperativo che la sua zona di validità esclusiva (gli esseri ragionevoli) non sono altro che un‘astrazione — delimitata alla logica, deformante in termini logici il fondamento d‘essere — del mondo sociale vero da tutte le sue tendenze alla genericità per sé. La logicizzazione colloca questi atti in uno spazio sociale vuoto e la contraddittorietà che ne consegue, in quanto generalizzazione astrattiva, conduce in tutte le questioni essenziali ad antinomie irrisolvibili. (Si pensi al noto esempio del deposito, già citato anche da noi.) In questa struttura logicistica, infatti, da una parte l‘imperativo categorico viene tolto per via astrattiva dalla sfera storico-sociale, e perde il suo decisivo carattere ontologico originario di essere una risposta concreta agli eventi della realtà, dall‘altra parte il mondo della ragione qui postulato deve essere per principio privo di contraddizioni, cosicché fenomeni etici fondamentali come il conflitto fra doveri non sono più oggetto dell‘etica, ecc. ecc. (Vol II pg. 600-601 § 41) partikularen Mensch gelangen will, isoliert diesen zwar unmittelbar und scheinbar von der Welt der Partikularitäten, kann jedoch kein reales Kriterium für die in ihm enthaltenen Vergegenständlichungen und Entäußerungen bieten. Denn sowohl dieser Imperativ selbst wie sein alleiniges Geltungsgebiet (Vernunftwesen) sind nichts weiter als eine sich auf Logik beschränkende, das Seinsfundament logisch entstellende Abstraktion der eigentlichen gesellschaftlichen Welt von allen ihren Tendenzen auf Gattungsmäßigkeit für sich. Die Logisierung versetzt diese Akte in einen sozial luftleeren Raum, und die daraus gefolgerte Widerspruchslosigkeit, als abstraktive Verallgemeinerung, führt in allen wesentlichen konkreten Fragen zu unlösbaren Antinomien. (Man denke an das bekannte, auch hier bereits erwähnte Beispiel von Deposit.) Durch diese logizistische Struktur ist nämlich einerseits der kategorische Imperativ aus der gesellschaftlich-geschichtlichen Sphäre abstraktiv herausgehoben, er verliert ihren seinsmäßig ursprünglichen und entscheidenden, auf die Ereignisse der Wirklichkeit konkret antwortenden Charakter, andererseits muß die hier postulierte Vernunftswelt eine prinzipiell widerspruchslose sein, womit derartige fundamental ethische Phänomene wie der Konflikt der Pflichten aufhören, Gegenstände der Ethik zu sein, usw. usw Band 14, 538-9) A abordagem proposta por Lukács é inteiramente distinta. Contra o artificialismo da lógica e da gnosiologia, contra as concepções idealistas de todas as vertentes, argumenta que a ética é um complexo social e, enquanto tal, é Aproveitar: ética como parte da histórica a humanidade (...) parte organica dello sviluppo dell'umanità verso un genere existente para si cosi da pervenire a una visione sociale dell‘individualità e insieme a una visione umana della socialità. La sottolineatura ontologica del collegamento tra oggettivazione e exteriorização non esclude naturalmente che vi siano fra esse conflitti concreti. Anzi questi conflitti, come vedremo nel prossimo capitolo e come diverrà visibile nella fondazione dell‘E tica, possono addirittura crescere fino al punto di costituire il carattere tipico di determinati periodi. Essi però, derivano la loro profondità e asprezza proprio dalla unità ontologica di oggettivazione e alienazione in quanto momenti di un medesimo processo in un medesimo individuo. E per l‘appunto frequente (...) die Ethik als organischen Bestandteil in der Entwicklung der Menschheit zu einer für sich seienden Menschengattung zu begreifen und damit zu einem gesellschaftlichen Verständnis der Individualität und zugleich zu einer menschlichen der Gesellschaftlichkeit zu gelangen. Das ontologische Betonen dieser Zusammengehörigkeit von Vergegenständlichung und Entäußerung schließt konkrete Konflikte zwischen ihnen natürlich keineswegs aus. Diese können sogar, wie wir im nächsten Kapitel sehen werden, wie es in der Grundlegung der 4 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 nello sviluppo sociale che siano proprio le contraddizioni fra motivi strettamente uniti che scatenano conflitti profondi e gravidi di conseguenze. (Vol II** 413-5) Ethik sichtbar werden wird, zu typischen Charakterzeichen bestimmter Perioden emporwachsen. Die so entstehenden Konflikte erhalten jedoch ihre Tiefe und Schärfe gerade aus der ontologischen Einheit beider als Momente eines und desselben Prozesses in einem und demselben Menschen. Es ist eben ein häufiger Fall in der gesellschaftlichen Entwicklung, daß gerade die Widersprüche eng zusammengehöriger Motive gewichtige und folgenreiche Konflikte auslösen. (Bd II, 350-1) 5 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Capítulo I – Trabalho e história 1.1. exteriorização, objetivação e alienação Marx, em O Capital, coloca essa questão nestes termos: diferente da abelha, o "pior arquiteto" constrói primeiro na consciência, isto é, "idealmente" para depois construir na "cera"; "de antemão", o que distingue (...) o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. (Marx, 1983:149-50)2 Um processo orientado a um fim já determinado em sua origem é um processo teleológico. O projeto idealmente construído de machado, que existe apenas "idealmente" na "imaginação", orientará a ação transformadora da natureza que resultará em um machado objetivamente existente. O construto ideal que existe "na imaginação do trabalhador", a finalidade que dirige todo o processo de trabalho a um ponto de chegada já pré-determinado, é uma teleologia. Aqui, segundo Lukács, a primeira diferença decisiva entre Marx e Hegel: enquanto para o filósofo idealista a teleologia era uma categoria universal, uma determinação da totalidade da história humana, Marx restringe a teleologia aos atos singulares dos indivíduos "concretos" ("historicamente determinados", como Lukács gostava de colocar). A teleologia, para Marx, possui, ao lado de sua ação orientadora dos atos humanos, duas outras características importantes. Existe "idealmente", isto é, "na imaginação do trabalhador". E, em segundo lugar, por ser um constructo da imaginação, não tem qualquer possibilidade de atender às necessidades da vida cotidiana que estão em sua origem. A ideia do machado não é capaz de cortar árvores, abrir o crâneo ou quebrar os ossos dos animais, a imaginação da fogueira não é capaz de produzir nem o calor nem a luz, etc. Essa incapacidade da teleologia em atender às necessidades presentes em sua origem torna indispensável a objetivação. Caso a natureza não seja transformada em meios de produção e de subsistência, não há reprodução social possível: converter a ideia de machado ou de fogueira em machado e fogueira, que existam fora da consciência é, nesse nosso exemplo, uma conditio sine qua non da existência humana. A objetivação, em Marx, é o processo pelo qual a teleologia é convertida em objetos que existem fora da consciência e que interagem com o mundo já existente. Para nós, agora, nos interessa antes de tudo o fato de que, a objetivação, não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo, que ele [o indivíduo] sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. (Marx, 1983:150). O "objetivo", a finalidade que, de ideia, é convertida em objeto, "determina como lei", "a espécie e o modo" "da atividade" do "indivíduo". Isto porque, o como, A passagem toda de O Capital: "Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence exclusivamente ao homem. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo (Zweck), que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade." (Marx, 1983:149-50) 2 6 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 de que modo, por quais procedimentos, com que duração, com qual esforço físico, com que nível de "atenção", etc. irá a objetivação se desdobrar decorre, fundamentalmente3, do que será produzido, das propriedades da porção do mundo a ser transformada. O existente impõe limites e abre possibilidades às ações humanas. Um desses limites mais importantes é que, como só se pode transformar a natureza por processos físicos, químicos e biológicos4, não resta aos humanos senão lançarem mão de seu corpo, de sua "corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão" para "apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida."5 Caso a finalidade seja um machado, um cesto, uma casa ou uma fogueira, o campo de ação possível aos humanos será, em parte importante, as possibilidades inerentes à porção da natureza a ser transformada. Vejamos: 1) no caso do trabalho, a objetivação requer que os humanos lancem mão de sua "corporalidade", -- a qual, sendo a porção da natureza sob controle imediato da consciência, é a única mediação pela qual podemos "colocar em movimento as forças naturais" de tal modo a produzir o que necessitamos. 2) Já vimos, também, que a objetivação é sempre a objetivação de uma teleologia, portanto ela envolve a consciência. O envolvimento da consciência, aqui, possui uma qualidade precisa: "subordinação". O indivíduo "tem que subordinar sua vontade" à objetivação, caso contrário dificilmente será produzido o almejado. "E essa subordinação não é um ato isolado": além "dos órgãos que trabalham", do corpo, a "vontade" também deve se subordinar à finalidade: o corpo e a mente do indivíduo devem estar subordinados às exigências da objetivação e isso se "manifesta como atenção durante todo o tempo de trabalho." (Marx, 1983:150) Portanto, além do fato de que a porção da natureza a ser transformada possui um peso decisivo na determinação de cada ato singular, a) a teleologia, "a finalidade" (cesta, casa, fogueira, machado, etc.) "determina como lei, a espécie e o modo de sua atividade"; e, b) a imaginação, a consciência, o corpo, a vontade do trabalhador estão "subordinados" ao processo de trabalho, à objetivação da teleologia: a totalidade da pessoa, (o que ela é objetiva e subjetivamente, "suas próprias forças físicas e espirituais"), está envolvida nesta peculiar conexão do ser humano com o mundo que o rodeia que é, primordialmente, o trabalho. Esta articulação da totalidade do indivíduo com o mundo é de tal ordem que, "Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a Natureza externa a ele e ao modificála, ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza". (Marx, 1983:149). Por um lado, o que pensamos acerca do mundo e de nós próprios, é confrontado imediatamente com o que o mundo de fato é -- e com o que nós, de fato, somos. Objetivar uma teleologia faz com que nossa concepção de mundo seja colocada diretamente em contato com o mundo. Ao transformarmos a natureza, o que pensamos da pedra, etc., se confronta com a dureza objetiva do que ela, de fato, é. Só é possível ter êxito a objetivação de uma teleologia que incorpore em alguma medida as propriedades de fato existentes na porção da natureza que vamos transformar 6. A pedra filosofal dos alquimistas nunca poderia ser objetivada, não porque fosse uma ideia má, mas porque as propriedades da natureza não possibilitam que tal pedra seja produzida. Essa exigência, posta pela objetividade do mundo (apenas podemos Fundamentalmente porque há também a interferência decisiva do patamar já alcançado no desenvolvimento das forças produtivas. Mas não é dessa relação que Marx trata nesta passagem. 4 "Ao produzir, o homem só pode proceder como a própria natureza, isto é, apenas mudando as formas da matéria." (Marx, 1983:51) 5 Marx, mais à frente: "(...) como o homem precisa de um pulmão para respirar, ele precisa de uma ‗criação da mão humana‘ para consumir produtivamente forças da natureza". (Marx, 1985: 17) 6 A "medida" é dada pela intensidade da transformação a ser levada a cabo o que, por sua vez, se relaciona com o desenvolvimento das forças produtivas. Sobre isso conferir Lessa, 2012 em especial os capítulos que tratam do conhecimento e da liberdade. Ainda, Lukács ___ 3 7 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 transformá-lo explorando as suas propriedades), faz com que a objetivação nos possibilite averiguar até que ponto nossos conhecimentos e nossas concepções correspondem ao que o mundo é. Na objetivação, o que pensamos acerca do mundo se exterioriza e se confronta com o mundo objetivo: novos conhecimentos, uma sensibilidade mais desenvolvida e novas habilidades são produzidos e os indivíduos transformam a "sua própria natureza". Esse transformar a "sua própria natureza" é o processo de exteriorização (Entäusserung). A exteriorização é o momento, inerente e interno primordialmente ao trabalho, pelo qual, ao objetivar a teleologia, o conteúdo da consciência se exterioriza e entra em confronto imediato com a objetividade do mundo. Por essa exteriorização, os indivíduos produzem novas habilidades, capacidades afetivas e conhecimentos: se transformam ao transformar o mundo. A exteriorização é o primeiro momento pelo qual, ao transformar a natureza, transformamos nossas próprias naturezas de seres humanos. Além de serem determinações reflexivas – isto é, só existem articuladamente, não objetivação sem exteriorização e vice-versa -- a relação da exteriorização com a objetivação é de tal ordem que esta predomina sobre a primeira; todavia, a exteriorização não é redutível à objetivação. Em uma sociedade de pescadores, os indivíduos objetivarão teleologias peculiares a essa atividade e se desenvolverão enquanto pescadores; se em uma sociedade caçadora, serão caçadores; caso seja uma sociedade agrícola, serão camponeses, etc. A objetivação predomina sobre a exteriorização. Todavia, como cada indivíduo é uma singularidade -- nunca teremos dois indivíduos exatamente iguais – o confronto de cada indivíduo com o mundo que a rodeia (a exteriorização) será tão singular quanto a singularidade de cada indivíduo. A história de cada indivíduo, de como ele se desenvolve, de como sua relação com o mundo evolui, etc., não é redutível à história da sociedade da qual é partícipe. Por isso, a exteriorização é determinada pela objetivação sem ser a ela redutível. Daqui, com as devidas mediações, decorre o fato de que a pessoa não é redutível à sociedade da qual faz parte. Ao falarmos de Júlio César, temos que mencionar o Império Romano; a história do Império Romano não pode ser contada sem a atuação de Júlio César – mas a história de um não é redutível à história do outro. Mencionamos que a exteriorização, em Marx, é o primeiro momento em que, ao transformar a natureza, transformamos também nossa natureza de seres sociais. Um segundo momento tem seu fundamento na articulação da objetivação com o mundo. Toda objetivação de uma teleologia é a introdução, na relação de causa e efeito que é o mundo objetivo, de novas relações de causa e efeito que interagem com as já existentes. O planeta Terra, por esse processo, vem sendo convertido crescentemente à imagem e semelhança dos humanos (se isso resultará na nossa emancipação do capital ou na destruição da humanidade, é algo que depende de nós). Nós geramos novas relações de causa/efeito que interagem com as já existentes, produzidas pela natureza; nos defrontamos "com a matéria natural como uma força natural" e, levada a cabo a objetivação, desdobra-se um "período de consequências" (Lukács) que produz, sempre, novas necessidades e possibilidades objetivas. Esse é o segundo momento pelo qual, ao transformar a natureza, os humanos transformam suas próprias naturezas de seres humanos. Ao objetivarmos uma teleologia, produzimos necessidades e possibilidades objetivas que, objetivamente (desculpem a repetição) alteram a nossa relação com o mundo em que vivemos: alteram a natureza de nossas ações, alteram a natureza do que somos. No dia a dia, essa alteração pode ser tão pequena que seja imperceptível "de antemão". Contudo, o fato de ser ou não consciente, de ser mais ou menos consciente, não altera o fato de fundo: ao transformarmos o mundo, transformamos nossa própria natureza de seres humanos porque nos obrigamos a nos 8 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 comportar para com o mundo de modo distinto. Nossa "natureza" é o que nós fazemos do mundo -- e de nós próprios, portanto.7 Já vimos que, analogamente a como toda objetivação produz novas necessidades e possibilidades objetivas, a exteriorização, ao possibilitar que o indivíduo desenvolva novos conhecimentos e habilidades, também o torna portador de novas necessidades e possibilidade subjetivas. O complexo da objetivação e exteriorização produz, portanto, novas necessidades e posssibilidades, objetivas e subjetivas – e a consequência imediata desse fato é que a teleologia objetivada deve ser substituída por uma nova, que seja agora a resposta também ao que de novo foi produzido na objetivação/exteriorização precedente. Ao final do processo de trabalho, não apenas o mundo foi transformado, mas também os seres humanos não são mais os mesmos. Ao transformar a natureza, transformamos também nossas "naturezas" de seres humanos. Podemos, agora, esclarecer melhor a relação da teleologia com o mundo objetivo. Acima mencionamos que a teleologia é uma resposta às necessidades e possibilidades da vida cotidiana. Devemos acrescentar que a teleologia é um construto da consciência, existe "idealmente" na "imaginação do trabalhador" – é, portanto, um ato consciente dos indivíduos. Sem em nada alterar esse fato, a teleologia sempre se refere às necessidades e possibilidades (objetivas e subjetivas) com as quais os indivíduos se confrontam. Também nesta relação, a "existência determina a consciência". Na medida em que a atividade da consciência que produz a teleologia apenas é possível se a consciência for a consciência do mundo em que vive o indivíduo, se a consciência refletir as necessidades e possibilidades das suas condições de vida. Uma idéia, para cumprir a função social da teleologia, deve, entre outras coisas, ser também o reflexo do mundo objetivo na consciência. A origem, o fundamento da teleologia é, portanto, a reprodução social em que incessantemente são produzidas novas necessidades e possibilidades, -- e, nesse contexto mais geral, na relação entre objetividade e teleologia, cabe à primeira o momento predominante sem que isso cancele o papel ativo da consciência ao produzir a teleologia. Há dois outros aspectos do processo de transformação da "natureza" humana que são importantes quando se trata de uma análise da reprodução da sociedade mas que, para nossa finalidade presente, podem ser apenas mencionados. O primeiro deles é que o complexo da objetivação/exteriorização é sempre, imediatamente, singular. Isto é, nunca um mesmo processo de trabalho se repete exatamente igual, pois nem a natureza nem os indivíduos permanecem os mesmos. Contudo, para que o conhecimento e a habilidade adquiridos em uma objetivação possam ser empregados nas futuras objetivações, é imprescindível que os elementos singulares, irrepetívies portanto, desse conhecimento, sejam separados de seus elementos universais. A generalização dessa experiência é a função social da ciência e da filosofia e, em parte, de complexos valorativos como a moral e a ética. O segundo aspecto é que, como a totalidade da pessoa do trabalhador é envolvida no trabalho (sua "consciência", sua "imaginação", sua "vontade" e sua "corporalidade"), a sua sensibilidade, a sua capacidade sensível, também se desenvolve.8 Na medida em que melhor pensamos o mundo, também melhor o sentimos – e viceversa. A arte, essencialmente, é o complexo social cuja função é elevar o patamar de sensibilidade dos humanos ao máximo alcançado em cada momento. Isso é imprescindível para a reprodução social: sem o constante desenvolvimento de nossa capacidade de sentir o mundo, mais cedo ou mais tarde nossa própria capacidade de conhecer o mundo ficaria impossibilidata de novos desenvolvimentos – e vice-versa. "A essência humana é o conjunto (ensemble) das relações sociais." (Marx, 2009) Como lemos nos Manuscritos de 1844, "A formação dos cinco sentidos é um trabalho de toda a história do mundo até hoje." 7 8 9 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Ainda que rápida e condensada, essa exposição das categorias da objetivação e exteriorização em Marx delineia, esperamos, o fundamental do terreno em que irá se mover Lukács ao tratar da ética. Em primeiro lugar, tal como com a teleologia, também a objetivação e a exteriorização deixam de ser processos que dizem respeito à totalidade da história para se restringirem ao interior dos atos humanos singulares. Isto é, não há ato humano singular que não contenha os momentos de objetivação e exteriorização e, por isso, enquanto existir humanidade, existirão objetivações e exteriorizações. Em segundo lugar, o trabalho é a categoria fundante do humano porque apenas nele, primordialmente, temos verdadeiros processos de objetivação e exteriorização. Os outros seres vivos também transformam a natureza, todavia neles não ocorre nem a objetivação de teleologias nem a exteriorização de concepções do mundo, de subjetividades. Novamente: a exteriorização e a objetivação são processos apenas existentes no interior dos atos humanos singulares; tal qual a teleologia, não são categorias universais. A objetivação e a exteriorização em Marx, se comparadas com Hegel, se ampliam e se restringem. Ampliam-se, porque suas presenças não são limitadas a um particular momento da evolução humana (a do Espírito em-si); pelo contrário, estarão presentes em todas as formações sociais. Restringem-se, porque apenas existem no interior dos atos humanos singulares, não fazendo parte das determinações histórico-universais. De um lado, a concepção teleológica da história em Hegel que requer a universalização da teleologia, da exteriorização e da objetivação; de outro lado, a concepção materialista da história em Marx, que limita a teleologia, a objetivação e a exteriorização apenas e tão somente aos atos singulares dos humanos. Alienação em Marx Para Marx, trata-se, primordialmente, na exeriorização e na objetivação, do processo de transformação da matéria natural em meios de produção e de subsistência pelo qual não apenas a natureza é transformada, mas também a "natureza" social dos humanos evolui. Não há processo social que não seja a síntese em tendências históricas universais dos atos singulares dos indivíduos concretos, socialmente determinados e, por isso, a exteriorização e objetivação são categorias sempre presentes na reprodução social. O fato de que Marx empregue as mesmas palavras de Hegel (Entäusserung, Vergegenstandlichung, Enfremdung etc.) não nos deve conduzir ao equívoco de minorar a profunda distância entre o conteúdo que tais conceitos recebem em cada pensador. O mesmo ocorrerá com a alienação. A palavra alemã é a mesma, nos dois pensadores: Entfremdung. O conteúdo é inteiramente distinto. Para Hegel, a alienação é um dos momentos fundantes da contradição sujeito-objeto que conduz o Geist do em-si ao para-si. Ao o Espírito se objetivar e exteriorizar em um objeto, ele também efetiva a sua perda de si próprio, ele se aliena. Por isso, para Hegel, objetivação, exteriorização e alienação são três momentos de um mesmo e único processo, de tal modo que não há nenhuma alienação que não seja exteriorização e objetivação do Espírito; não há nenhuma objetivação que não seja exteriorização e alienação do Espírito e, por fim, não há qualquer exteriorização que não seja a alienação e objetivação do Espírito. Ainda, ao o Espírito elevar-se ao seu para-si, cessa toda exteriorização-alienação-objetivação. Com Marx, a alienação refere-se a outro processo. Ao tratarmos da objetivação e exteriorização, logo acima, vimos que em Marx, todos os atos humanos, mesmos os mais singulares e íntimos, mesmo aqueles mais 10 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 referidos à interioridade da personalidade, são determinados historicamente. Ou seja, são sempre respostas às necessidades e possibilidades (objetivas e subjetivas) da vida cotidiana. Podemos responder a essas necessidades e explorar essas possibilidades de maneira muito variada porque toda situação histórica é um complexo de determinações que comporta um campo maior ou menor de alternativas. Como essas necessidades e possibilidades são o resultado do desenvolvimento geral e, ainda, como nossas objetivações irão interferir e sofrer interferências das objetivações dos outros indivíduos, o desenvolvimento da humanidade é o complexo processo de sínteses dos atos singulares dos indivíduos concretos, historicamente determinados, em tendências universais. Esse processo de síntese é a reprodução social.9 Como a necessidade primeira de toda reprodução social é a produção dos meios de produção e subsistência sem os quais os indivíduos sequer podem viver, serão as necessidades e possibilidades geradas no interior do complexo da economia (que contém o trabalho) que tenderão a predominar ao longo do tempo. Analogamente, como as necessidades e possibilidades geradas na economia e em todos os outros complexos sociais interferem umas nas outras incessantemente, a totalidade tende a ser a mediação entre as necessidades e possibilidades geradas na economia e o desenvolvimento de cada complexo social particular (a fala, a educação, a política, o Estado, os indivíduos, etc.). O momento predominante no desenvolvimento histórico concentra-se no desenvolvimento das forças produtivas, portanto, sem que com isso a humanidade e sua história sejam redutíveis ao complexo da economia. Ainda: o predomínio do desenvolvimento das forças produtivas não impede que, em alguns momentos, outros complexos possam exercer a função de momento predominante. Nos períodos revolucionários, por exemplo, é a luta de classes que determina o desenvolvimento da propriedade e das relações de produção, que determina como se estruturará o trabalho e a economia futuros. Todas essas relações e questões já foram tratadas em vários momentos (citar) e, podemos, por isso, não fazer aqui mais do que essa brevíssima menção, certamente plena de carências. O que nos importa, nesse momento é o fato segundo o qual os atos humanos se articulam com a totalidade social e com os outros atos humanos, não pelo conteúdo da consciência que lhes dirige, mas sim pelas consequências objetivas que produzem na reprodução da sociedade. Não é o que os indivíduos pensam, mas o que eles fazem, o que determina os seus papéis na evolução da humanidade. Cada ação humana singular gera necessidades e possibilidades que interagirão com as necessidades e possibilidades produzidas pelas ações dos outros indivíduos. Como a totalidade é mais do que a soma das partes, essa complexa, rica e mediada interação do "período de consequências" (Lukács) de cada ato singular com todos os "períodos de consequências" de todos os outros atos singulares, resultará na vida cotidiana, isto é, na síntese de todos os atos em uma mesma totalidade imediata. Por isso, vai argumentar Lukács após Marx, a história é um processo causal (isto é, mediado por causas e efeitos) que não é teleológico. A cada situação histórica concreta corresponde um campo de possibilidades e impossibilidades futuras. Quais dessas possibilidades serão objetivadas (e quais não serão) é algo que será decidido, no limite, pelos atos singulares dos indivíduos concretos. O fato de tais atos serem predominantemente determinados pela totalidade social (mediação, lembremos, do momento predominante exercido pelo complexo da economia) não cancela, de modo algum, o papel das escolhas individuais (e, portanto, dos complexos valorativos, da personalidade de cada indivíduo, etc.) do que será objetivado em cada caso. Isso que pode parecer um paradoxo, nada mais é do que reflexo do fato de que as escolhas individuais determinam o que cada indivíduo fará a cada momento, determinam o que será por eles objetivado; e, contudo, esse papel ativo das escolhas 9 Tratamos desta questão em Sociabilidade e Individuação e citar artigos... 11 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 pelos indivíduos apenas pode ocorrer porque tais escolhas têm seu solo fundante nas necessidades e possibilidades objetivas e subjetivas que surgiram (com todas as devidas mediações em cada caso) do desenvolvimento da humanidade em sua totalidade. Júlio Cesar, Napoleão, Cipião, assim como Ícaro e Santos Dumont, apenas puderam fazer história pelas suas escolhas individuais porque tais escolhas correspondiam às possibilidades e necessidades realmente existentes na vida cotidiana de cada um deles. Nós só podemos fazer, enquanto indivíduos, ativamente a história porque somos integrantes dessa mesma história, porque dela recebemos o "campo de possibilidades" no interior do qual desdobramos nosso papel ativo. Sumariando: o fato de a história não possuir um único futuro (não seja um processo teleológico) não significa, para Marx e Lukács, que a história não seja determinada por leis universais. Significa, "apenas": 1) que as leis universais operam na história sendo portadoras de um quantum de acaso. Ou seja, como o presente é um conjunto de possibilidades e necessidades que podem ou não ser atendidas e exploradas, o futuro será o resultado também do acaso que intervém em como a síntese dos atos humanos em tendências gerais irá atualizar esta ou aquela potência. De um jogo de futebol, a um relacionamento afetivo entre apenas dois indivíduos; de uma greve em uma fábrica à rebelião que tomou conta do Brasil em 2013, nenhum processo social deixa de incorporar em sua trajetória causas e acasos. 2) Significa, ainda, que as leis mais universais, por serem sínteses dos "períodos de consequências" gerados pelos atos singulares dos indivíduos, são elas também construto social. Portanto, tal como elas foram produzidas pela reprodução da sociedade, podem também ser alteradas e, até mesmo, destruídas, por essa mesma reprodução. As leis da história humana apenas atuam enquanto não forem revogadas – consciente ou inconscientemente -- pela humanidade. Tal como o desenvolvimento humano criou e destruiu o escravismo, também criou e destruiu o feudalismo. Determinadas relações entre os humanos apenas podem comparecer como leis da reprodução social na medida em que também puderem vir a ser revogadas por uma alteração substancial dessa mesma reprodução. E, por fim, 3) que o fato de a história ser determinada por leis universais não cancela o fato de que os indivíduos possuem papel ativo nessa mesma história e, portanto, na gênese, desenvolvimento e reprodução dessas mesmas leis. As leis determinam o "campo de possibilidades" às escolhas e objetivações individuais e, ao mesmo tempo, apenas podem se reproduzir pela mediação desses mesmos atos individuais. Ainda mais: em algumas circunstâncias, tais escolhas e objetivações pelos indivíduos podem até mesmo revogar tais leis e substituí-las por outras, como ocorre, por exemplo, na passagem de um modo de produção a outro ou nas revoluções. Para Marx, portanto, a história da humanidade e, no outro polo, a história dos indivíduos, não são processos teleológicos. O desenvolvimento do presente em futuro incorpora um quantum de acaso que faz com o futuro não seja o desenvolvimento lógico e direto do presente. Daqui decorrem muitas consequências para o exame da relação entre a consciência e o mundo, para o exame do papel e do peso dos indivíduos na história, para a investigação das questões ao redor do método, etc. O que nos interessa, para nosso exame da ética, é que, para Marx, essa necessária articulação entre causalidade e acaso é o fundamento último da possibilidade da alienação. Peguemos duas situações bastante típicas na história. Uma sociedade primitiva é acometida por uma epidemia. Seu baixo desenvolvimento das forças produtivas faz com que se confronte com o mundo como um conjunto enorme de necessidades que não podem ser atendidas. Desta base material decorre uma concepção de mundo (Weltanschauung) segundo a qual os deuses ordenam todo o existente e, assim o fazendo, ordenam também os destinos humanos. Para sobreviver à epidemia, não 12 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 restaria aos humanos senão comoverem os deuses para que removam a doença. Sacrificam, então, seus melhores animais e fazem jejum para que os deuses se apiedem; aglomeram-se em cerimônias religiosas para que, juntando seus prantos, sejam audíveis aos deuses. Esse comportamento, ao invés de fortalecer os humanos contra a epidemia, provavelmente resultou no oposto. Os humanos se enfraqueceram ao se alimentarem pior, as defesas biológicas foram debilitadas ao sacrificarem seus melhores animais, as aglomerações nas cerimônias religiosas devem ter favorecido a generalização da epidemia. Em determinadas circunstâncias, as relações sociais podem se converter em obstáculos ao desenvolvimento da humanidade. Tendo ou não os indivíduos disso consciência. Quando as relações sociais se tornam entraves ao desenvolvimento humano, passam a ser uma relação social (criada, portanto, pelos humanos) que é anti-humana, desumana. São desumanidades criadas e reproduzidas pelos próprios humanos, são desumanidades socialmente postas. Isto é, em Marx, a alienação: uma desumanidade socialmente posta. Alguns althusserianos10 consideram que a alienação somente poderia ser criticada por Marx a partir de um conceito fixo e eterno (portanto, idealista e burguês) de essência humana. Isto pode se aplicar para muito dos pensadores modernos, de Hobbes a Kant. Não é por acaso que o recurso a Espinoza é tão frequente entre os althusserianos. Todavia, em se trando de Marx e Lukács, isso não é verdade. Cada situação histórica é portadora de necessidades e possibilidades objetivas – e é no confronto com elas que uma relação social pode cumprir um papel impulsionador ou de freio ao desenvolvimento da humanidade. Nesse nosso exemplo, a concepção religiosa11 impossibilitou que as melhores alternativas fossem levadas à prática; fez com que os humanos agissem de tal modo a agravar, ao invés de minorar, as ameaças à sobrevivência. Nesse caso específico, a religião cumpriu a função social de um complexo alienante. Nas mesmas sociedades primitivas, contudo, as seitas e as religiões cumpriram, também, funções não alienantes. Não raras vezes serviram de mediações para a generalização dos conhecimentos adquiridos na vida cotidiana de tal modo a poderem ser aplicados nas situações futuras, necessariamente distintas das "circunstâncias" em que foram produzidas. Outras vezes, cumpriram funções similares à moral em nossos dias, ao ordenarem determinados comportamentos sociais imprescindíveis (incesto, etc.)12. No caso da religião, ela é sempre uma alienação porque retira dos humanos e transfere aos deuses, o nosso poder de fazer a história. Contudo, a qualidade desta alienação não foi sempre a mesma. No passado foi também uma importante mediação para o conhecimento do mundo e, por vezes, para tornar socialmente identificável as necessidades mais genéricas do momento. O quer determina a qualidade da alienação que é a religião é a função social que ela exerce – e esta função pode e varia muitíssimo do passado ao presente. Por outro lado, na história da humanidade, há um enorme conjunto de alienações que foram sendo produzidas e superadas com o desenvolvimento das forças produtivas – sem que exigissem uma intervenção política e violenta de uma porção contra a outra porção dos humanos. Há, contudo, um complexo de alienações que tem seu fundamento na exploração do homem pelo homem (na propriedade privada) e que apenas pode desaparecer pela superação da sociedade de Mas não apenas. Conferir, por exemplo MacCarney, 1990. Por sua vez, fundada pelo baixo desenvolvimento das forças produtivas, etc. 12 Em O povo das Montanhas Negras, Raymond Williams (1991) narra lendas em que esse papel da religião no período primitivo é bastante evidente. Lukács discute também essa função social da religião nas sociedades primitivas, cf. em especial Lukács, 1990: 288-90, Lukács, 1986:19, 71-9, 221 e 702-5. 10 11 13 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 classes. A propriedade privada, o Estado, a política, as classes sociais e a família monogâmica são exemplos típicos de alienações que apenas serão superadas pela revolução proletária. Tais complexos sociais são sempre alienantes – todavia, a qualidade de suas alienações não foi, sempre, exatamente a mesma. Entre a Revolução Neolítica, há cerca de 12 mil anos, e a Revolução Industrial (1776-1830), a humanidade conheceu um período histórico em que se articularam a carência e o trabalho excedente. As forças produtivas ainda não produziam o necessário para atender a todas as necessidades de todos os indivíduos (a carência) e, todavia, a capacidade produtiva do trabalhador já excedia suas necessidades imediatas (o trabalho excedente). Nesse longo período (que abarcou os modos de produção asiático, escravista, feudal e toda a "Acumulação Primitiva"), a sociedade de classes foi a mais eficiente para o desenvolvimento das forças produtivas. A razão básica desse fato está em que, em uma situação de carência, a divisão igualitária do produzido implica no consumo de toda a riqueza, nada restando para o desenvolvimento das forças produtivas. A concentração da riqueza excedente produzida pelos trabalhadores nas mãos das classes dominantes, pelo contrário, possibilitou que parte dela fosse empregada no desenvolvimento das forças produtivas. Por isso, ao longo da história, as sociedades igualitárias tenderam a ser substituídas pelas classes porque estas desenvolviam as forças produtivas muito mais rapidamente que aquelas. Com o capitalismo contemporâneo esse processo chegou ao seu término e todo o planeta se converteu à sociedade de classes. Por mais de 14 mil anos, portanto, o mais rápido desenvolvimento apenas foi possível pela destruição da maior parte da humanidade: a alienação, nesse caso, servia ao desenvolvimento das forças produtivas e, ao mesmo tempo, rebaixava o desenvolvimento humano ao patamar da propriedade privada. Não deixava de ser alienação – no limite, porque submete o humano às necessidades da reprodução da propriedade privada, tanto dos indivíduos das classes dominantes como entre os trabalhadores; tanto entre os homens quanto entre as mulheres, agora marcados pelo patriarcalismo. Todavia, ainda cumpria o papel de suporte ao desenvolvimento das forças produtivas. Com a Revolução Industrial, esse quadro se alterou na sua essência. O desenvolvimento das forças produtivas superou a carência e lançou a humanidade no período da abundância. Produzimos mais do que necessitamos. A abundância significa que a oferta estruturalmente é maior do que a procura e os preços tendem a cair abaixo do valor das mercadorias. O mercado, que sempre foi excelente mediação à acumulação da riqueza da classe dominante, deixa de o ser. A produção periodicamente é interrompida, forças produtivas são destruídas até que, pela carência artificiosamente gerada pela crise, os preços se elevam e a produção é retomada -- até uma nova crise. São as crises cíclicas. Ao chegarmos em meados da década de 1970, a abundância elevou-se a tal nível que as crises não conseguem, mesmo momentaneamente, superá-la. A crise torna-se um continuum e o desenvolvimento das forças produtivas torna-se cada vez mais impossível13. Mészáros, 2002; Paniago, 2012. Para Marx e Engels (assim como para Lukács e Mészáros), as forças produtivas representam a capacidade de a humanidade fazer sua própria história ao retirar da natureza os meios de produção e de subsistência. Os complexos alienantes, com enorme frequência, reduzem ou rebaixam a capacidade humana em fazer sua própria história, exatamente por isso são processos de alienação. No capitalismo desenvolvido, esta contradição entre o desenvolvimento das capacidades humanas e os processos alienantes atinge uma qualidade pela qual a capacidade produtiva a serviço do capital está em antagonismo direto com a capacidade humana em fazer nossa própria história – sem nenhum exagero, se converte em um processo de destruição do humano que nos aproxima da possibilidade de nos extinguirmos no planeta. Não há, por isso, qualquer identidade entre o desenvolvimento da capacidade produtiva e o desenvolvimento das forças produtivas em nossos dias 13 14 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Como diz Mészáros (2002), a "destruição produtiva" converte-se em "produção destrutiva". Aqui reside a nova qualidade das alienações que brotam da propriedade privada se comparada às mesmas alienações do passado. A destruição da maior parte da humanidade não mais serve, sequer, ao desenvolvimento das forças produtivas. O pleno desenvolvimento das forças produtivas requer hoje, imperativamente, a superação da propriedade privada e das alienações que lhe são peculiares (as classes sociais, o trabalho alienado, o Estado, a política, a família monogâmica, etc.). Frente a uma epidemia, a reação típica dos indivíduos dos nossos dias não será entregar seus melhores rebanhos e estoques de cereais aos deuses, nem se aglomerar em multidões para cerimônias religiosas – essa forma de alienação foi superada pelo próprio desenvolvimento das forças produtivas, pela ampliação de nossa capacidade em conhecer e compreender o mundo, etc. Não é preciso a destruição das classes sociais para que tais alienações sejam superadas. Exatamente o oposto ocorre com as alienações que surgem do trabalho alienado, com as desumanidades típicas e peculiares às sociedades de classe. Ainda que muito rapidamente – talvez rapidamente demais --, podemos perceber o fundamental do conceito de alienação em Lukács. Para Lukács, após Marx, os processos alienantes possuem estatuto ontológico preciso. São relações sociais objetivas, que têm lugar no mundo objetivo e, apenas em consequência disso, são refletidas pela consciência. Muitas vezes, os processos alienantes sequer se elevam à consciência enquanto tais. A Peste Bubônica na Europa Ocidental, na Idade Média, para tomarmos um exemplo: o Renascimento Comercial e Urbano lançou as bases para a Peste Negra e os europeus passaram por toda a epidemia sem terem a menor ideia de que foram eles próprios que criaram todas as condições para que tal tragédia abatesse sobre suas vidas (Tuchman, 1999). A alienação, para existir, não requer, de modo algum, que esteja presente na consciência enquanto alienação. As alienações que brotam da propriedade privada exibem o predomínio do seu fundamento material, do trabalho alienado, ainda mais explicitamente – justamente por serem fenômenos mais desenvolvidos de alienação. O fato de Aristóteles – e praticamente todo o Mundo Antigo – excluir da humanidade os escravos (instrumentos de trabalho que falam e se locomovem, diferente dos animais que apenas se locomovem e das ferramentas, que nem falam nem se locomovem); o fato de que a escravidão não era para eles algo "estranho" ou sequer questionável, não altera o fato de ser o escravismo um complexo de alienações. Não é a qualidade da relação da consciência com o mundo que determina a existência da alienação, mas sim a função que as relações sociais cumprem na reprodução do mundo dos homens. A alienação é primordialmente um fenômeno objetivo que possui reflexos na consciência – porque, ao fim e ao cabo, é a existência que determina a consciência. Recordemos: em Marx e Lukács a história não é teleologicamente orientada, não é a realização de uma finalidade dada desde o início; é o complexo processo de reprodução social pelo qual, ao transformar a natureza, também transformamos nossa natureza social. Nesse processo, os atos singulares humanos, elementos inelináveis da história, são objetivações de teleologias. Tais objetivações, por sua vez, possibilitam o confronto direto (a exteriorização) entre o que os indivíduos pensam do mundo e o que mundo de fato é: os indivíduos aprendem, desenvolvem sensibilidades e habilidades. Tal como a objetivação produz novas necessidades e possibilidades objetivas, a exteriorização gera novas necessidades e possibilidades subjetivas. Por isso, não há história humana que prescinda da objetivação das teleologias, e da exteriorização a ela associada. – pelo contrário, como a relação do capital com a humanidade é de alienação e não de identidade, o aumento da capacidade produtiva do capital é antagônico ao desenvolvimento da humanidade. 15 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Isso não quer dizer, agora deve estar claro, nem que a história seja um processo teleológico, nem que a história, como querem os modernos, seja redutível aos atos humanos singulares. A reprodução social é mais do que os atos humanos singulares, ainda que não possa prescindir deles. "(...) os homens fazem a história (...) mas não em circunstâncias escolhidas por eles próprios" (Marx, 2008:207): tais circunstâncias, fruto único e exclusivo das forças humanas, sociais, são a síntese dos atos singulares em gênero humano. Nada devemos a qualquer força transcendental ou não humana – e, a história, nem é teleológica nem redutível aos atos singulares dos indivíduos. Essa concepção da história como síntese não teleológica, puramente causal, das consequências dos atos humanos em tendências históricas universais, tem, evidentemente, um forte impacto na categoria da alienação. Pois, como todo ato humano é mediado pela objetivação e exteriorização, todos os processos de alienação envolvem objetivações e interferem nos processos de exteriorização. O inverso, contudo, não é verdadeiro. A maior parte dos processos de objetivação e de exteriorização ao longo dos tempos não cumpriram a função social de desumanidades socialmente postas – caso contrário os humanos já teriam desaparecido há muito da face da Terra. Se não há alienação sem a objetivação de teleologias e sem a exteriorização das individualidades, certamente há objetivações e exteriorizações que não são alienadas. {fazer parênteses sobre Leontiev – apropriação – MacCarney e outros} Portanto, identificar em Marx objetivação, exteriorização e alienação é um equívoco, quase sempre originado por uma interpretação hegelianizante de seu pensamento. Destas considerações Lukács retira algumas consequências decisivas para o exame da ética. Em primeiro lugar, recusa qualquer identidade entre trabalho e totalidade social. Um dos equívocos mais freqüentes, quando se trata da "centralidade ontológica" do trabalho para o mundo dos homens -- isto é, quando se assume o trabalho como categoria fundante do ser social, tal como encontramos em Marx, Engels e Lukács --, é imaginar que o ser social seja redutível ao trabalho. Mesmo entre os estudiosos de Lukács muito cedo esse equívoco já se fez presente. Basta lembrar o texto de Agnes Heller, .............., de ............., na qual a autora critica seu antigo mestre justamente por, segundo ela, reduzir todos os complexos sociais ao trabalho. Nada poderia ser mais falso. Tanto para Marx como para Lukács, o trabalho funda o mundo dos homens porque dá origem a necessidades e possibilidades históricas que, muitas delas, não podem ser atendidas nem exploradas pelo próprio trabalho em sua origem. Por isso, tais necessidades e possibilidades requerem o desenvolvimento de outros complexos sociais distintos do trabalho. O trabalho funda complexos sociais que não apenas não são a ele redutíveis, como ainda apenas podem cumprir suas funções sociais específicas se se reproduzindo mantendo – muitas vezes mesmo ampliando – suas distinções para com o trabalho. Se o trabalho é a categoria fundante do ser social, não é porque contenha em si toda a substância social por ele fundada. Se assim fosse, a totalidade social seria idêntica ao trabalho. Este último e o ser social seriam idênticos – e o absurdo dessa afirmação sequer precisa ser argumentado. Para irmos direto ao cerne da questão, o trabalho funda o ser social porque atnede à necessidade primeira e insuperável de toda sociabilidade: converter a natureza nos meios de produção e de subsistência. Ao fazê-lo, também propicia o surgimento de novas possibilidades e necessidades, tanto na esfera da objetividade quanto na esfera da subjetividade, que impulsionam o mundo dos homens a patamares superiores de sociabilidade. O trabalho funda complexos ontologicamente 16 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 dele distintos e, por isso, a totalidade social é fundada, porém jamais idêntica, ao trabalho. A expressão "patamares superiores de sociabilidade", que empregamos logo acima, também para evitar um equívoco frequente, significa que, apesar dos intensos e inelimináveis momentos de contradição, de avanços e recuos, a história humana também é um processo de acúmulo que se manifesta de modo típico no desenvolvimento das forças produtivas. Isso não significa qualquer valoração: uma humanidade que pode se destruir por uma catástrofe nuclear ou ecológica certamente conta com forças produtivas mais desenvolvidas que uma humanidade que ainda não atingiu tal patamar (ainda que seja, neste caso, um estágio fortemente alienado (Entfremdung) de desenvolvimento). O que faz o trabalho fundante é sua função na reprodução social. Atende ele à necessidade primeira – cujo não atendimento levaria à extinção da sociedade – que é a transformação da natureza em meios de produção e de subsistência. Por atender a essa função, o trabalho é a única categoria, o único complexo social, que possui "um evidente caráter intermediário (Übergangscharacter): é por sua essência uma interrelação (Wechslebeziehung) entre o homem (a sociedade) e a natureza" (Lukács, 1981: 13-4; Lukács, 1986:10). Em segundo lugar, argumenta Lukács que "todos os (...) estágios [do trabalho] são produtos da auto-atividade humana" (Lukács, 1981, Vol II*: 13). Ainda que realize a mediação entre o homem e a natureza, ainda que, portanto, seja uma categoria "intermediária" entre o ser social e o ser natural, é uma categoria pertencente ao mundo dos homens, é uma categoria social. O fato de ter por função social converter a natureza nos meios de produção e subsistência não converte o trabalho em uma categoria, digamos, menos social ou inferior no contexto da totalidade do mundo dos homens. O trabalho é tão social quanto, por exemplo, a ideologia, a arte, a política, os afetos, a fala e a ética. O que o particulariza não é um pretensa hierarquia (mais ou menos social) do local ocupado na reprodução social; nesse particular todas as categorias sociais são idênticas. O que faz do trabalho uma categoria única no complexo de complexos que é o ser social – repetimos -- é a função social a que deve atender: a conversão da natureza nos meios de produção e de subsistência. O trabalho, evidentemente, não é o único complexo social que transforma a natureza. Certamente é o mais importante nessa esfera, mas não é o único. O artista que transforma um bloco de mármore em uma estátua, o médico que realiza uma cirurgia ou prescreve uma droga, etc. são exemplos de atos que transformam a natureza mas não exercem a função fundante do mundo dos homens. Ao produzir uma obra de arte, ou a saúde do paciente, a interação do homem com a natureza não se confunde com o intercâmbio material operado pelo trabalho. Não é, portanto, pelo fato de converter a natureza, não é pelo caráter natural da materialidade sobre a qual atua, que torna o trabalho uma categoria peculiar, fundante, do ser social. Também não o é pelo fato de ser um ato teleologicamente posto. Sabemos que todos os atos humanos singulares são, tal como o trabalho, objetivações de teleologias. O trabalho é o "modelo" (Modell –verificar alemão) e a "protoforma" (citar) de todas as práxis sociais por que antecipa muito das outras atividades que surgirão mais tardiamente no desenvolvimento humano. Portanto, o que distingue o trabalho dos outros atos humanos não é nem a sua forma (teleologias objetivadas), nem é a matéria natural que transforma, mas a função que exerce na reprodução dos homens. A função social do trabalho -- isto é, o papel que exerce na reprodução do mundo dos homens -- é a conversão da natureza nos meios de produção e de subsistência. É isto que particulariza o trabalho em meio à todas as atividades humanas. 17 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 O mesmo ocorre com todos os outros complexos e categorias sociais. É a função social que exercem que os particulariza em meios aos outros complexos e categorias. Todos os atos, sejam eles quais forem, compartilham de algumas determinações universais. Todos são fundados pelo trabalho, todos são teleologias objetivadas, todos conhecem alguma relação com a intentio recta, todos incorporam valores e processos valorativos, todos exibem momentos mais ou menos ricos de exteriorização, etc. O que os distingue, portanto, não é a forma nem o conteúdo da teleologia, nem é a forma nem o conteúdo da exteriorização, nem é uma relação mais ou menos mediada com a intentio recta: é a função que exercem na reprodução da totalidade social. Cada complexo ou categoria social, deve lançar mão de determinados meios e explorar determinadas possibilidades que são condicionadas pelo papel que lhe cabe na reprodução social. A função social, portanto, interfere de modo decisivo na configuração da particularidade de cada um dos momentos (teleologia, exteriorização, objetivação, etc.) de cada ato humano. Dizer, com Lukács, que é a função social que determina a especificidade de cada complexo social significa dizer que eles se diferenciam porque devem atender a funções sociais distintas. Portanto, ainda que com as devidas mediações caso a caso, é também a função social que predomina na determinação da peculiaridade das exteriorizações, objetivações, etc., tipicamente encontradas nos atos singulares que pertecem a cada um dos distintos complexos sociais. Veremos, no devido tempo, que exatamente o mesmo ocorre com o complexo social da ética. É sua função social (como veremos, remeter o indivíduo e suas ações à dimensão genérica) que a particulariza no contexto da totalidade social. Nessa medida, seria um equívoco reduzir a distinção dos atos humanos e dos complexos singulares entre si à sua forma (teleologias objetivadas) ou à materialidade (natural ou social) que transformam. Seria igualmente equivocado reduzir tal diferenciação à função social específica de cada um dos atos ou complexos se, por tal redução, imaginamos afirmar que todo o restante do ato (teleologia, objetivação, exteriorização, relação com a intentio recta, etc.) permaneceria imutável. Para Lukács, a função social determina a particularidade de cada ato ou complexo porque, ao articular cada um deles à totalidade da reprodução social, determina também as peculiaridades de todos os elementos do ato ou do complexo em análise. Por isso, ao afirmar ser a função social o predominante na distinção dos complexos sociais entre si (portanto, também da ética, como veremos), não estamos nem negando as distinções entre seus elementos constitutivos e os elementos constitutivos dos atos dos outros complexos, nem, muito menos, recusando o exame do que tais particularidades implicam para a ação dos homens na vida cotidiana. Estamos apenas tomando o momento predominante – a função social -- como 1) a determinação que articula cada complexo social ao seu momento fundante – o trabalho; 2) o predominante na determinação da peculiaridade interna de cada complexo social e da sua relação com a reprodução social como um todo e; 3) o fundante da autonomia relativa de cada complexo para com o trabalho e, por outro lado, com a totalidade social. Com as devidas mediações, a particularização dos atos ou complexos sociais não é dada pela relação fundado-fundante com o trabalho, pois todos os atos e complexos sociais compartilham dessa relação. Também não é o fato de todos os atos humanos singulares serem, necessária e obrigatoriamente, a objetivação de teleologias -- isto é, atos conscientes que objetivam uma finalidade previamente idealizada. Também não é, ainda, o fato de alguns deles compartilharem com o trabalho a transformação da matéria natural ou, em outros casos, agir exclusivamente sobre a matéria social (as relações sociais). Não é, ainda, o fato de terem reflexos na 18 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 constituição da substância social de cada individualidade, pois todos os atos cumprem também esse papel. O núcleo determinante, o momento predominante, nessa distinção é a função social que cumprem na reprodução da sociedade da qual são partes constituintes. É preciso realçar com precisão esse papel da função social na determinação dos complexos e, analogamente, dos atos singulares, pois é a decisivo para o exame da ética. Portanto, é a função social que determina a essência de cada complexo social; é o papel que cada complexo joga na reprodução social que os particulariza, quer frente aos outros complexos, quer na relação com a totalidade do mundo dos homens. Nem é o fato de transformar a natureza, nem o fato de objetivar teleologias, nem mesmo o fato de necessariaemente gerar novas possibilidade e necessidades, que faz da essência do trabalho ser o fundante do mundo dos homens. O escultor, o cirurgião, etc. também transformam a natureza, também objetivam teleologias e, contudo, suas atividades não são fundantes do ser social, não são trabalho. É a função social do trabalho (converter a natureza em meios de produção e de subsistência) que particulariza a sua essência. Algo análogo ocorre com todos os outros complexos sociais, inclusive com a ética. Das cosiderações de Marx acerca do trabalho, Lukács retira ainda uma terceira consequência, relacinado ao fato de que, sempre e necessariamente, o trabalho produz novas necessidades e novas possibilidade. O que faz com que o trabalho, ao realizar o intercâmbio material "com a natureza", dê origem a novas necessidade e possibilidade (que, por sua vez, com frequência requerem o desenvolvimento de complexos sociais distintos do trabalho) é que nele se realiza a síntese entre teleologia e causalidade. Nas palavras de Marx, é o fato de se "construir o favo (...) na cabeça antes de construí-lo em cera" (Marx, 1983:149-50). Um dos aspectos fundamentais do agir humano – já presente desde as formas elementares do trabalho – é que pela objetivação vem a ser um novo ente que, enquanto tal, sintetiza em novos nexos causais, a teleologia (o que está na consciência e que orienta a objetivação) e a causalidade (imediatamente, a porção do mundo que foi transformada). A "causalidade é o princípio de auto-movimento que basta a si próprio" (Lukács, 1981:20). A objetividade (seja ela natural ou social) possui leis imanentes que fazem com que se desenvolva, com total independência para com a subjetividade. É pela objetivação que os atos humanos transformam o desenvolvimento causal da objetividade no sentido que desejam ou necessitam (necessidades que brotam "do estômago ou da fantasia" (Marx, 1983:45)). Isto é válido mesmo quando o produto resultante do agir humano seja uma porção da natureza que assume uma função social. A pedra e a madeira do machado são pedra e madeira antes e depois de serem machado. A pedra e a madeira apenas são úteis na construção do machado porque são pedra e madeira, isto é, porque possuem propriedades naturais que as dotam de determinadas possibilidades para atender às necessidades humanas enquanto partes do machado. Mas elas são pedra e madeira independente da presença humana e, ainda, independente da presença de determinadas necessidades e possibilidades históricas que levam os humanos a produzirem machados de pedra. Enquanto machado, a objetividade natural daquela pedra e daquela madeira não apenas não desaparecem, como ainda fazem parte objetiva da história do machado em questão. "No ser-em-si da pedra não existe nenhuma intenção, nem mesmo qualquer indício, de seu possível uso como coltelo ou machado. Ela pode adquirir tal função de ferramenta apenas quando as suas propriedades objetivamente 19 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 presentes, existentes-em-si, são adaptadas por uma combinação que torna isso possível." (Lukács, 1981:26) E, então, a passagem para nós decisiva: "Mas dado que isso pode ocorrer apenas no interior da insuprimibilidade ontológica das leis da natureza14, a única mudança das categorias naturais pode consistir no fato de que ela -- em sentido ontológico -- é posta; o seu ser-posto é a mediação do seu subordinar-se à posição teleológica predominante, pela qual concomitantemente do entrecruzar-se, posto, de causalidade e teleologia se tem um objeto, um processo, etc. unitariamente homogêneo." Em se tratando do intercâmbio material com a natureza -- dada a "insuprimibilidade ontológica das leis da natureza" -- a "única mudança possível" é que a matéria natural seja convertida em um novo ente não pela abolição da natureza, mas pelo emprego das qualidades naturais (da porção do real a ser transformada) em um novo objeto: o machado. O "ser-posto" do machado é, portanto, a "mediação" de sua "subordinação" à "posição teleológica" que, neste caso, predomina sobre o ser natural. O machado apenas é machado porque é um "ser-posto" pela objetivação de uma teleologia. Mas, dada a "insuprimibilidade das leis da natureza", essa "subordinação à posição teleológica tem um limite": a pedra e a madeira continuam pedra e madeira, isto é, continuam pertencentes à materialidade natural. O predomínio da teleologia sobre a natureza – e, mutatis mutandis, sobre a objetividade – não é absoluto e encontra seus limites na "insuprimibilidade das leis da natureza" (ou, no caso da objetividade em geral, nas leis objetivas da história). Esse limite do predomínio da teleologia sobre a causalidade voltaremos a encontrar no complexo da ética, com as devidas mediações. Por outro lado, ao empregarmos o machado na vida cotidiana, ele não se apresenta como uma totalidade heterogênea, parte teleologia e parte natureza; muito pelo contrário, ele apenas pode ser meio de produção porque é uma homogênea totalidade de teleologia e causalidade que veio a ser através da objetivação. É a isso que Lukács se refere quando afirma que "sem passar por nenhuma transformação interna, dos objetos, das forças da natureza surge algo totalmente novo; o homem que trabalha pode inserir as suas [da natureza] propriedades, as leis do seu [da natureza] movimento, em combinações completamente novas, atribuir a eles funções, modos de operar, completamente novas." (Lukács, 1981:27) Ao fazê-lo, "Natureza e trabalho, meio e escopo [ver alemão, (Zweck)?], alcançam de tal modo a algo que é em si homogêneo: o processo de trabalho e, ao final, o produto do trabalho."(Lukács, 1981:27) Em outras palavras, "O processo extingue-se no produto. Seu produto é um valor de uso; uma matéria natural adaptada às necessidades humanas mediante transformação da forma. O trabalho se uniu com seu objetivo. O trabalho está objetivado e o objeto trabalhado. O que do lado do trabalhador aparecia na forma de mobilidade aparece agora como propriedade imóvel na forma do ser, do lado do produto. Ele fiou e o produto é um fio." (Marx, 1983: 151) Nas palavras de Marx (repeteco da nota 3): "Ao produzir, o homem só pode proceder como a própria natureza, isto é, apenas mudando as formas da matéria." (Marx, 1983:51) 14 20 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Do ponto de vista da causalidade, o novo ente, posto, será parte integrante do mundo causal, em outras palavras, o caráter objetivo da causalidade não é cancelado ou diminuído pelo fato de que uma "série causal tenha seu ponto de partida próprio em um ato de consciência" (Lukács, 1981:20). Esse processo de homegeneização tem, todavia, "limites bem precisos", diretamente relacionados à "insuprimilidade ontológica das leis da natureza" que mencionamos há pouco (Lukács, 1981:27). Do ponto de vista do sujeito, esse limite se manifesta no fato de que, na busca dos meios, caso não se leve em consideração as determinações do setor da realidade a ser transformado, a posição teleológica não poderá se realizar e, por isso, do ponto de vista ontológico, sequer pode ser caracterizada como uma posição teleológica, pois não cumpre a função social de orientar uma objetivação15. Portanto, se, no machado, seu uso na vida cotidiana requer que teleologia e causalidade venham sintetizadas em um ente unitário – isso não significa que tenha desaparecido (ou que tenha sido superda) a distinção ontológica entre a teleologia e o mundo objetivo. Ou seja, a homogeneização teleologia/causalidade que encontramos nos entes resultantes das objetivações tem uma manifestação de seu limite no fato de que toda objetivação de uma "posição de fim" remete à esfera da causalidade, isto é, "para uma esfera e uma atividade" em tudo distinta da teleologia, o que "cria uma heterogeneidade de princípio entre fim e meio." A complexa situação ontológica que se desdobra nessa relação faz com que "a finalidade tornar-se realizável ou não na medida em que, na busca dos meios, se consiga transformar a causalidade natural em uma causalidade (ontologicamente) posta." (Lukács, 1981:28) (verificar citação) Esse limite à homogeneização imposta pela "insuprimibilidade das leis da natureza" só existe articulada à autonomia relativa da teleologia frente à causalidade. No caso singular que estamos examinando, o do machado, encontramos um traço universal: "em todo processo de trabalho singular concreto, o fim domina e regula os meios."(Lukács, 1981:29) É a finalidade, imediatamente, que determinada o escopo [alemão: Zweck?] da natureza a ser transformada, bem como o sentido dessa transformação. Todavia, quando não se trata mais de cada ato singular e se passa "à evolução e continuidade histórica" dos processos de trabalho, há aqui uma decisiva inversão. Pois a continuidade se faz não pelas finalidades, antes, pelos objetos resultantes das objetivações. Não é pela finalidade que deu origem ao machado, mas sim pelo machado, que ocorre a continuidade do desenvolvimento dos meios de produção, para continuar com nosso exemplo. A finalidade específica, particular, que está na gênese de um dado machado na maior parte das vezes se perdeu no tempo, enquanto o instrumento dela resultante pode continuar a atuar na história por gerações. Do mesmo modo, o conhecimento de como se faz o machado, transmitido de geração a geração, não incorpora necessariamente a finalidade primeira que deu origem a este instrumento. (Lukács, 1981:29-31) A objetivação (lembremos, estamos tratando do trabalho) é o momento da síntese entre a matéria natural e a teleologia, entre o meio e a finalidade. Nessa síntese, sem que se elimine a natureza, temos a gênese de uma nova "objetividade" que é uma totalidade homogênea entre a matéria natural e a forma posta teleologicamente. O machado é a unidade sintética da finalidade com os meios naturais empregados na sua objetivação. Essa homogeneização de teleologia e causalidade, claro está, não significa a identidade sujeito-objeto de Hegel. A objetivação, ao sintetizar em uma unidade causalidade e teleologia -- em se tratando do trabalho, a matéria natural e a teleologia -- não cancela a distinção ontológica entre subjetividade e objetividade, entre Tal como é a função social que particulariza o trabalho entre os complexos sociais, é a função de orientar uma objetivação o que particulariza uma teleologia entre os diversos complexos da subjetividade. (citar Lukács) 15 21 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 teleologia e natureza, mas a repõe em um novo patamar que incorpora as objetivações já efetivadas. A "insuprimibilidade das leis da natureza "é o fundamento ontológico último do fato de as objetivações não superarem a distinção ontológica entre consciência e mundo objetivo – de não ser possível a identidade sujeito objeto. Essas considerações, que podem parecer abstratas e desnecessárias ao nosso tema, os fundamentos ontológicos da ética, serão relevantes para a determinação da função social e do modo de funcionamento de complexos valorativos como os costumes, a moral e a ética. Pois, adiantando o que veremos mais à frente, os atos humanos, apenas como a totalidade que são em-si próprios, modificam o mundo natural e social. Isto é, não atuam sobre a causalidade de tal modo que sua "porção teleológica" atue de modo distinto e separado de sua porção "objetivação" ou "valoração". Nas consequências, os elementos que compõem cada ato comparecem de fundidos em uma mesma totalidade, que é o ato enquanto tal. Este aspecto do problema será decisivo para compreendermos a especificidade dos valores éticos. 1.2. objetivação: conexão indivíduo-sociedade Das três consequências, acima apontadas, que Lukács retira das considerações de Marx acerca do trabalho, emerge com força o papel da objetivação como a conexão fundamental do indivíduo com a sociedade. Para o filósofo húngaro, do fato de o ser social ser uma esfera ontológica que se reproduz pela mediação dos atos singulares, sempre teleologicamente postos, decorre com absoluta necessidade que a conexão dos indivíduos entre si e, entre eles e a totalidade social (passando por todos os complexos mediadores entre singularidade e universalidade sociais), é o que eles objetivam. Nós somos o que nós fazemos porque o que nós fazemos é o que nos conecta com a humanidade. Para dizer o mesmo com outras palavras: o que distingue o ser social da natureza é que a matéria que o compõem é sempre a síntese entre teleologia e causalidade; por isso, a matéria social apenas existe se reproduzindo incessantemente e, também por isso, a síntese entre teleológica e causalidade que é a objetivação é a conexão universal entre os indivíduos e, destes, com a totalidade do gênero humano (novamente, com todas as mediações aqui operantes, como as classes sociais, o patriarcalismo, o Estado etc., etc.). Ainda, com outras palavras: como a causalidade não perde sua essência ("princípio de automovimento que basta a si próprio") pelo fato de ter sua origem em um pôr teleológico, é a interação puramente causal dos nexos causais postos a existir pela objetivação que determina o lugar que tal ato (ou indivíduo) terá na evolução da humanidade (novamente, com as devidas mediações, como classes, nação, família etc.) Do fato de o trabalho ser a categoria fundante do ser social decorre, com rigorosa necessidade e quase imediatamente, que a objetivação é a conexão primária entre os seres humanos. Viver humanamente é sinônimo de objetivar constantemente, de responder com novas posições teleológicas às novas necessidades e possibilidades que são geradas constantemente na sociedade. Deixar de viver é deixar de objetivar (a "morte social" por vezes antecede a morte biológica); assim como a qualidade da objetivação é corresponde à qualidade da individualidade que dela é portadora. Os complexos particulares, neste plano mais genérico em que agora estamos, entram como mediadores entre os atos singulares teleologicamente postos e a reprodução do gênero humano: as classes sociais, o Estado, as formas de propriedade, a família, o Direito, a moral, os costumes, a alimentação, a sexualidade, a educação, a política etc. etc. são mediações que atuam na conversão das 22 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 consequências das objetivações em tendências históricas universais. Jogam, por isso, papel de maior ou menor importância em cada momento histórico, possuem uma ação por vezes determinante (pensemos na política nos períodos revolucionários, pensemos no desenvolvimento das forças produtivas na reprodução "normal" das sociedades ou ainda, pensemos nas decisões entre alternativas sempre presentes no processo subjetivo de constituição da teleologia etc.) – mas não cancelam, apenas qualificam, o que aqui estamos afirmando: a objetivação é a conexão primária do singular com o universal no mundo dos homens, dos indivíduos com o gênero humano. É nesse sentido que Lukács, em um dos muitos momentos em que trata da exteriorização e objetivação em sua Ontologia, assinala que "a grande importância" para "o desenvolvimento do gênero humano" da exteriorização (Entässerung) "apenas se evidencia com clareza" (...) se teniamo conto che l’uomo può essere socialmente attivo come individuo solo mediante le sue exteriorizações, nelle quali, nel loro edificio e contenuto interno, in quanto forme espressive della sua persona, si manifesta il suo vero modo di rapportarsi alla società nella quale vive. (Vol II, pg. 409-10, $67 (…)erst dadurch klar daß der Mensch nur durch seine Entäußerungen als Individuum gesellschaftlich aktiv sein kann, und es kommt in diesen, in ihrem inneren Aufbau und Inhalt als Ausdrucksformen seiner Person, die Art seines echten Verhältnisses zur Gesellschaft, in der er lebt, zum Ausdruck. (BDII, p. 366-7 Somos indivíduos humanos apenas e na medida em que somos "socialmente ativos": são nossas objetivações e exteriorizações que "manifestam o verdadeiro modo" pelo qual nos relacionamos "com a sociedade" na qual vivemos. Diferente das singularidades na esfera biológica ou na matéria inorgânica, a singularidade humana existe apenas "ligada" à sociedade (gesellschaftlich gebundenen) – e esta conexão com a sociedade é tornada precisa por Lukács: a singularidade humana é "elaborada (verarbeiteten) " e "tornada efetiva a partir da sociedade"16. As esteriorizações são "formas expressivas de sua pessoa, o verdadeiro modo da sua relação para com a sociedade em que vive" (Vol II, 409-10, § 67). Nesse sentido, as objetivações, "mesmo quando apenas linguísticas", formam Poiché tali atti oggettivano l’interiorità degli uomini, anche quando questa oggettivazione sia solo linguistica, si ha tanto per chi si exterioriza quanto per l’ambiente in cui egli se exterioriza, un quadro mais ou menos chiaramente delimitado della sua essenza personale che, pur muovendosi in perenni Indem diese Akte die Innerlichkeit der Menschen objektivieren, auch wenn diese Objektivation eine bloß sprachliche ist, entsteht sowohl für den sich entäußern den Menschen wie für die Umgebung, in der er sich entäußert, ein mehr oder weniger deutlich umrissenes Bild seines persönlichen Wesens, das, auch wenn es sich in ständigen Widersprüchen bewegt, doch eine Kontinuität, sowohl für ihn selbst, wie für 16 Considerata dunque a esteriorização del soggetto umano in questa singolarità legata alla società, elaborata nella società, tornada efetiva a partir da sociedade, la sua grande importanza per lo sviluppo del genere umano ci appare con chiarezza, (Vol II, pg. 409-10, $67 Betrachtet man also die Entäußerung des menschlichen Subjekts in dieser gesellschaftlich gebundenen, in der Gesellschaft verarbeiteten, auf die Gesellschaft einwirkenden Einzelheit, so wird ihre große Bedeutung für die Entwicklung der Gattung erst dadurch klar (BDII, p. 366-7 23 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 contraddizioni, consuma tuttavia una certa continuità sia per lui stesso che per il suo mundo circundante. (Vol. II** pg. 410-11 § 68) diese seine Umwelt zustandebringt. (Bd II, pg. 367-8) Depois da nossa rápida passagem pela alienação, logo acima, fica claro que, neste contexto do "tornar-se individualidade", para Lukács é muito relevante se (...)le objetivações della sua prassi economica ed extraeconomica promuovano, frenino, o addirittura impediscano del tutto il suo farsi individualità, è un problema decisivo per il rapporto dell’uomo con la società e quindi per quello del singolo con la genericità. (Vol II, pg. 409-10, $67 (...) die Vergegenständlichungen seiner ökonomischen und außer-ökonomischen Praxis sein Werden zur Individualität fördern oder hemmen oder gar total verhindern, ist ein entscheidendes Problem für die Beziehung von Mensch und Gesellschaft und damit für die des einzelnen zur Gattungsmäßigkeit. (BDII, p. 366-7 O "tornar-se individualidade" (Werden zur Individualität) que distingue o singular humano do mero singular na natureza apenas é possível pelas objetivações. A essência do indivíduo, seu lugar na história ou seja, a qualidade de sua relação com as possibilidades e necessidades humano-genéricas, possui uma continuidade "para o próprio [indivíduo] e para o mundo circundante" (Vol II**, pg. 410-11, §68).A essência de cada indivíduo é um elemento objetivo – ainda que seu locus seja a personalidade individual – na medida e na proporção em que se forna, se torna substância (se consubstancia) pela cadeia de objetivações/exteriorizações que o indivíduo tenha decidido levar à prática. Após citar Engels e sua conhecida tese de que os atos humanos singulares se fundem em uma "média geral, em uma resultante comum" (Gesamtdurchsshnitt, einer gemeinsamen Resultant verschmelzen), prossegue Lukács: in termini estremamente generali, vale a dire che a exteriorização è bensì l’inevitabile torma generale di ogni attività umana, e perciò alla sua base c’è sempre obbligatoriamente un minimo di socialità (Vergesellschaftetsein) della persona che pone, e tuttavia questa genericità è non soltanto uno dei momenti dinamici dell’uomo che si fa uomo, ma proprio quello per il cui mezzo si decide tale processo evolutivo. Vol II, pg. 409-10, $67 was früher in höchster Allgemeinheit berührt wurde, nämlich darauf, daß die Entäußerung zwar die unvermeidliche generelle Form einer jeden menschlichen Tätigkeit ist, daß ihr deshalb notwendigerweise immer ein Minimum an Vergesellschaftetsein der setzenden Person zugrundeliegt, daß aber diese Gattungsmäßigkeit nicht nur ein sich bewegendes Moment der Menschwerdung des Menschen ist, sondern geradezu jenes, das diesen Entwicklungsprozeß zu entscheiden verhilft. (BDII, p. 366-7 O "processo evolutivo" do "tornar-se individualidade" é "decidido" pela "generecidade" que, necessariamente, faz parte do ser-que-se-torna-social (Vergesellschaftsein) presente em cada ato de cada indivíduo. Esta generecidade é o que possibilita e torna necessário que o indivíduo exteriorize e realize objetivações com determinadas qualidades (por exemplo, que o escravo e o senhor de escravo em Roma possam se comportar reciprocamente como indívuos pertencentes àquelas classes sociais específicas da Antiguidade. Que nós, na vida cotidiana, não tenhamos dificuldades em operar o fetichismo da mercadoria; isto é, que espontaneamente façamos da necessidade da mercadoria nossas vontadades enquanto seus guadiãos. Que, na pré-história, as relações de cooperação fossem predominantes etc.). É a genericidade, portanto, que "decide" se um indivíduo será um cidadão da sociedade burguesa, nobre ou servo da Idade Média etc. Contudo, dentro desta delimitação mais geral insuperável no contexto da vida "normal" dos indivíduos, abre-se o campo 24 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 de manobra concreto, objetivamente existente, para o processo de "tornar-se individualidade" que é a singularidade humana. Como e de que maneira, com qual conteúdo, o indivíduo irá se relacionar com a humanidade de seu tempo, é algo em larga medida decidido pela qualidade das escolhas individuais. Nas circunstâncias de então, pode-se pertencer aos 300 de Esparta ou ser Efialtes, o grego que conduziu os persas à retaguarda de Leônidas. Na Revolução Francesa pode-se ser Mirabeau ou Robespierre. Entre um Lenin e um Kerenski, que também compartilhavam uma mesma "circunstância", há todo um campo de escolhas aberto pela genericidade aos indivíduos. Reciprocamente, em se tratando do comunismo, se a genericidade não for aquela fundada pelo trabalho associado, se o Estado, as classes sociais, a política, o patriarcalismo, a propriedade privada etc., não houverem sido superados, o "tornar-se uma individualidade" comunista será uma impossibilidade histórica. Contudo, o "tornar-se uma individualidade" para sempre permanecerá, mesmo neste último caso, mera possibilidade caso os indivíduos, no seu agir cotidiano, no seu pôr teleológico de todos os dias, deixarem (...) di esprimere nelle loro exteriorizações una genericità autentica, positiva, tornita di contenuto, e non semplicemente una genericità formale-particolare. Vol II, pg. 409-10, $67 wenn die Menschen noch unfähig sind, in ihren Entäußerungen eine echte, positive, inhaltliche Gattungsmäßigkeit und nicht bloß eine formellpartikulare zum Ausdruck zu bringen. (BDII, p. 366-7 O medium sociale attraverso le cui mediazioni le singole exteriorizações divengono imediatamente socialmente efetivas. (Vol. II** pg. 410-11 § 68) jenes gesellschaftliche Medium zu charakterisieren versuchen, durch dessen Vermittlungen die einzelnen Entäußerungen unmittelbar gesellschaftlich wirksam werden. (Bd II, pg. 367-8) é a vida cotidiana (Vol II**, 410-11). É nela que, imediatamente, a continuidade social se reproduz. Porque tal continuidade apenas pode se reproduzir pela mediação de objetivações/exteriorizações, tem ela determinações distintas do " processo biologico della riproduzione dell‘organismo " que cria, ele próprio, "um processo com continuidade". (Vol. II** pg. 410-11 § 68; (Bd II, pg. 367-8)) Continua Lukács: E solo però per il tramite dell‘oggettivazione che a exteriorização mostra in ogni uomo la tendenza a condensar questo in-sé in un per-sé, in una continuità controllabile, criticabile, relativamente regolabile, ecc. di autorealizzazione e quindi di autoconoscenza. Vol. II** pg. 410-11 § 68 Natürlich schafft schon der biologische Prozeß der Reproduktion des Organismus einen kontinuierlichen Prozeß. Jedoch erst durch die Objektivation hat die Entäußerung in jedem Menschen die Tendenz, dieses Ansich zu einem Fürsich, zu einer kontrollierbaren, kritisierbaren, relativ regulierbaren etc. Kontinuität der Selbstverwirklichung und darum auch der Selbsterkenntnis zu verdichten. (Bd II, pg. 367-8) No ato de trabalho, mesmo o mais simples, como vimos na passagem de O Capital, o indivíduo precisa subordinar suas vontades, seus desejos, sua atenção e sua corporalidade – ou seja, sua subjetividade bem como seu corpo físico – ao almejado processo de transformação da natureza. Este autocontrole, já no ato mais primordial importantíssimo ao sucesso da objetivação, se espande e se generaliza (vermos mais 25 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 abaixo por quais mediações) à totalidade da vida humana. Assim, argumenta Lukács, a "autorealização e, portanto, a autoconsciência", (...) si trovava al centro della condotta di vita dell‘uomo, ma diventa possibile soltanto in seguito a tali oggettivazioni. I pensieri, i sentimenti, ecc. che restano soggettivi, che non vengono oggettivati, — come negli organismi naturali che funzionano con una coscienza, — possono avere semplicemente una continuità in sé. Solo con a exteriorização si oggettivano tutte le espressioni vitali, per l‘uomo medesimo che le sperimenta, cosi come per il suo prossimo. Vol. II** pg. 410-11 § 68 Diese steht schon in der griechischen Antike im Mittelpunkt der menschlichen Lebensführung, ist aber nur infolge solcher Objektivierungen überhaupt möglich. Subjektiv bleibende, nicht objektivierte Gedanken, Gefühle etc. können nur — wie bei den mit Bewußtsein funktionierenden Naturorganismen — eine Kontinuität an sich haben. Erst durch die Entäußerung objektivieren sich alle Lebensäußerungen für den Menschen selbst, der sie erlebt, ebenso wie für seine Mitmenschen. (Bd II, pg. 367-8) Lukács não poderia ser mais explícito: 1) "apenas" pela objetivação: vem a ser a "tendência a condensar este em-si em um para-si" – em uma "continuidade controlável, criticável, relativamente regulável etc., de autorealização e portanto de autoconhecimento". 2) "I pensieri, i sentimenti, ecc. che restano soggettivi, che non vengono oggettivati, — come negli organismi naturali che funzionano con una coscienza, — possono avere semplicemente una continuità in sé." 3) Solo con a exteriorização si oggettivano tutte le espressioni vitali (Lebensäußerungen), per l‘uomo medesimo che le sperimenta, cosi come per il suo prossimo. (Vol. II** pg. 410-11 § 68) "Só através desta objetivaçao" "o homem que a realiza" bem como "aqueles com os quais está em contato" "adquirem uma continuidade humano-social"17 (...) ed è solo in questa continuità che sorge la personalità dell‘uomo come portador substancial di tali atti, ancora una volta sia per lui stesso che per gli altri. As complicações che si hanno in questo campo non possono venir descritte qui in dettaglio, rientrano nell‘Etica. (Vol. II** pg. 41011 § 68) (...) erst in dieser Kontinuität entsteht die Persönlichkeit des Menschen als substantieller Träger dieser Akte, wiederum sowohl für sich selbst wie für andere. Die Komplikationen, die dabei entstehen, können hier nicht ausführlich geschildert werden; sie gehören in die Ethik. (Bd II, pg. 367-8) 1) "só através de tais objetivações", os "pensamentos, sentimentos etc." "adquirem ambos acquistano una continuità umano-sociale" e apenas "nesta continiuidade que surge a personalidade do homem" – personalidade que é a "portadora substancial" de tais atos, de tais objetivações. Para Lukács, a personalidade é o "portador substancial" das objetivações. Isto posto, Lukács prossegue: a continuidade social, necessariamente, por determinação ontológica universal, "tem uma estrutura de valor": La continuità della vita che si fonda nella biologia e nella fisiopsicologia poggia su una continuità naturale, in-sé, e quindi, nella misura in cui risulti ontologicamente isolabile, è possibile intenderla come ogni altro fenomeno naturale (comportamento degli animali). Nella Die biologisch und physiopsychologisch fundierte Kontinuität des Lebens beruht auf einer naturhaften Kontinuität an sich, könnte also, soweit sie seinsmäßig isolierbar wäre, ebenso begriffen werden wie jedes "Erst durch diese Objektivation erhalten beide eine gesellschaftlich-menschliche Kontinuität, sowohl für den sie vollziehenden Menschen selbst, wie für die, mit denen er in Berührung kommt (...)" (Band II, 367-8) 17 26 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 vita quotidiana che nasce sulla base degli atti di exteriorização, invece, ha luogo una continuità d‘altro tipo, i cui atti fondativi hanno carattere teleologico (oggettivante-externalizante), cosicché la sostanza che si conserva nella continuità del processo sociale della vita tem que ter una struttura di valore. (...)Vol II §§69-70, pg 411-13 Naturphänomen (Verhalten der Tiere). In dem auf Grund der Entäußerungsakte entstehenden Alltagsleben baut sich jedoch eine Kontinuität anderen Charakters auf, deren fundierende Akte teleologischen (vergegenständlichendentäußerten) Charakters sind, so daß die Substanz, die sich hier in der Kontinuität des gesellschaftlichen Lebensprozesses erhält, eine werthafte Beschaffenheit haben muß. (Bd II pg 368-70) A "continuidade" da "substância que se conserva na continuidade" cujos "atos fundativos" têm "caráter teleológico" – os "atos de exteriorização" – têm uma "estrutura de valor". (Vol II, §§69-70, 411-13) No desenvolvimento das individualidades, o seu "tornar-se individualidade" – como vimos, processo "decidido" pela "genericidade"18 – nem é decorrente de determinações naturais ou divinas, nem de uma mecânica e imediata determinação pela genericidade. Ao invés, a generecidade apenas pode "determinar" o "tornar-se individualidade" se cada indivíduo objetivar teleologias as quais , por sua vez e como já mencionamos, necessariamente incorporam um quantum da universalidade social, um quantum do "ser-quese-torna-social" (Vergesellschaftsein). Essa ativa conexão do indivíduo com a história humana implica, também necessariamente, em escolhas de quais necessidades e possibilidades (que surgem espontânea e incessantemnente da reprodução social) serão a cada momento e em cada ato objetivadas. A continuidade da substância social expressa – pelas sua objetivações/exteriorizações – a qualidade das alternativas escolhidas para comporem as teleologias, a qualidade das escolhas que os indivíduos realizam na vida cotidiana. Essa qualidade das escolhas, contudo, não é dada apenas e tão somente, pelo conteúdo subjetivo (o conhecimento, as emoções, as crenças, etc.) das mesmas, mas fundamentalmente pelos nexos causais que suas objetivações originam e pela conexão objetiva assim estabelecida entre cada ato do indivíduo – e, generalizando, a vida do indivíduo – e a totalidade social. É isso que possibilita a Lukács, na sequência da última citação, afirmar que: 1) (...) la sostanza umana autentica, la sostanza di un carattere umano, non è un dato di natura ma il prodotto dell‘uomo stesso, il complessivo risultato dinamico dei suoi atti di exteriorização. (...) als die echt menschliche Substanz, die Substanz eines menschlichen Charakters keine Naturgegebenheit ist, sondern das Produkt des Menschen selbst, das dynamische 18 (...) in termini estremamente generali, vale a dire che a exteriorização è bensì l’inevitabile torma generale di ogni attività umana, e perciò alla sua base c’è sempre obbligatoriamente un minimo di socialità (Vergesellschaftetsein) della persona che pone, e tuttavia questa genericità è non soltanto uno dei momenti dinamici dell’uomo che si fa uomo, ma proprio quello per il cui mezzo si decide tale processo evolutivo. Vol II, pg. 409-10, $67 (...) was früher in höchster Allgemeinheit berührt wurde, nämlich darauf, daß die Entäußerung zwar die unvermeidliche generelle Form einer jeden menschlichen Tätigkeit ist, daß ihr deshalb notwendigerweise immer ein Minimum an Vergesellschaftetsein der setzenden Person zugrundeliegt, daß aber diese Gattungsmäßigkeit nicht nur ein sich bewegendes Moment der Menschwerdung des Menschen ist, sondern geradezu jenes, das diesen Entwicklungsprozeß zu entscheiden verhilft. (BDII, p. 366-7 27 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Vol II §§69-70, pg 411-13 Gesamtergebnis seiner Entäußerungsakte. (Bd II pg 368-70) 2)o que não significa que a totalidade da substância individual seja produto da exteriorização/objetivação de cada pessoa – como já vimos, a "generidade" tem um papel determinante nesse processo, e (...) le circostanze nelle quali l‘uomo agisce, alle quali egli risponde, non siano prodotte da lui, ma dalla società, sebbene le caratteristiche psichiche e fisiche dell‘uomo siano date, e non invece latte da lui, (...) Vol II §§69-70, pg 411-13 (...) alle Umstände, unter denen der Mensch handelt, auf die er antwortet, nicht von ihm selbst hervorgebracht werden, sondern von der Gesellschaft, so sehr die psychischen und physischen Anlagen des Menschen gegeben und nicht von ihm selbst gemacht sind, (...) (Bd II pg 368-70) 3) significa, apenas, que o "jogo articulado (Zusammenspiel) de todos esses fatores" (...) sorgono per lui solo domande a cui egli stesso — con decisioni alternative, cioè approvando o negando o adattandosi ecc. — deve dare risposta. Vol II §§69-70, pg 411-13 (...) all dieser Faktoren für ihn doch nur Fragen, auf die er — in Alternativentscheidungen, also bejahend oder verneinend oder sich anpassend etc. — selbst die Antworten erteilen muß. (Bd II pg 368-70) Daqui conclui Lukács que: 4) (...) la continuità tarmata dai suoi atti di exteriorização è in questo senso il prodotto della attività sua propria, delle sue decisioni(...); Vol II §§69-70, pg 411-13 (...) Die Kontinuität also, die seine Entäußerungsakte bilden, ist in dieser Hinsicht das Produkt seiner eigenen Tätigkeit, seiner eigenen Entscheidungen, (...) (Bd II pg 368-70) 5) as objetivações/exteriorizações passadas são icnorporadas à história, passam a fazer parte das "circunstâncias" (subjetivas e objetivas, do estágio alcançado do "tornar-se individualidade" de cada singular e do estágio alcançado pela genericidade) com as quais o indivíduo se confronta – incorporam-se enquanto elementos da continuidade da totalidade social e do "tornar-se individualidade" de cada ser humano. (...) dove importante è che ognuna di queste decisioni, una volta presa e tradotta in pratica, diventa per l‘uomo che la esegue un fatto della sua vita altrettanto immutabile quanto ogni altro latto del suo itinerario che sia invece determinato dall‘esterno. Nei successivi atti di exteriorização egli, che lo sappia o no. si riallaccia ad essa, benché di nuovo con decisioni alternative, cioè a dire o valutandola come qualcosa da proseguire o al contrario dandosi da fare per allontanarla, per cancellarla dalla continuità della sua vita. (Tra questi due poli vi sono ovviamente nella pratica innumerevoli gradi intermedi.) Vol II §§69-70, pg 411-13 (...) wobei es wichtig ist, daß jede solche einmal gefällte Entscheidung für den Menschen, der sie vollzieht, nach ihrem Vollzug zu einer ebenso unabänderlichen Tatsache seines Lebens wird, wie jedes von außen determinierte Faktum seines Lebensweges. In seinen darauffolgenden Entäußerungsakten knüpft er, bewußt oder nicht bewußt, auch an diese an, freilich wiederum in Alternativentscheidungen, indem er diese entweder als etwas Fortzusetzendes bewertet oder im Gegenteil, es aus seiner Lebenskontinuität zu entfernen, auszulöschen bestrebt ist. (Zwischen diesen beiden Polen gibt es natürlich in der Praxis eine Unzahl von Übergangsstufen.) (Bd II pg 368-70) 28 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Também por este aspecto, a "autêntica substância humana" da individualidade é o "produto do próprio homem, o dynamische Gesamtergebnis einer Entässerungsakte" – e ela exibe uma "estrutura de valor". O que, segundo Lukács, indica como La tesi generale del marxismo secondo cui gli uomini, pur in circostanze non scelte da loro, comunque tanno da sé la propria storia, vale dunque non soltanto per l‘umanità nel suo insieme e non soltanto per i complessi sociali che la tarmano, ma anche per la vita di ciascun individuo. Vol II §§69-70, pg 411-13 Die allgemeine These des Marxismus, daß die Menschen zwar unter nicht selbst gewählten Umständen, aber ihre Geschichte doch selbst machen, gilt also nicht nur für die Menschheit im ganzen, nicht nur für die sie bildenden gesellschaftlichen Komplexe, sondern auch für das Leben eines jeden Einzelmenschen. (Bd II pg 368-70) Portanto, a conexão ontológica imediata do indivíduo e o gênero humano são suas objetivações. São elas que, por um lado, o tornam ativo participante da história da humanidade e, por outro lado e ao mesmo tempo, são elas o fundamento do "tornar-se individualidade" que distingue a singularidade social da singularidade meramente natural. Sua personalidade – isto é, sua substância individual, portadora do seu pessoal "tornar-se individualidade" – possui a qualidade que predomina nas suas objetivações. Nesse contexto, segundo Lukács a personalidade é a "portadora substancial de suas [do indivíduo] objetivações". Isto significa que não há indivíduo humano – não há singularidade social – fora ou anterior ao gênero humano. O sonho dos modernos de justificar a revolução burguesa a partir de uma essência ahistórica localizada nos indivíduos (de Locke a Kant) não passou de uma ilusão fundada nas necessidades históricas da Acumulação Primitiva. O equívoco de que a alienação é uma categoria idealista porque apenas poderia ser criticada a partir da concepção de uma essência humana ahistórica (MacCarney, os althusserianos em geral, etc.) também não vai além do equívoco de, ou negar toda a crítica das alienções de Marx e Engels, ou negar a própria existência da essência humana – quando não de ambos. Já ao tratar desse complexo de problemas – a conexão do indivíduo com o gênero por meio das objetivações – Lukács delineia o fundamental da descoberta por Marx nos anos de 1843-4: a essência humano é um construto humano, é o "conjunto (ensemble) das relações sociais" (citar). Em O Capital, em várias passagens a mesma concepção de essência se faz presente (citar e fazer um breve comentário). A essência do indivíduo, a continuidade predominante de sua personalidade, surge e se reproduz pelas suas objetivações/exteriorizações. É precisamente aqui que reside a distinção entre a continuidade do singular na natureza e no ser social: o contraditório, ricamente mediado, com saltos, avanços e recuos – e que exibe uma "estrutura de valor" – que é o "tornar-se individualidade". 1.3. objetivação e existência com sentido Essa inevitável, absolutamente necessária, conexão do processo de "tornar-se individualidade" de cada pessoa humana, com a "generecidade" que o "decide", é o fundamento ontológico do "sentido" da existência humana. Este "sentido", como veremos, possui uma existência objetiva que, enquanto tal, indepente de os humanos terem ou não dele consciência. Indiscutivelmente, uma relação mais ou menos consciente com a objetividade do "sentido" da existência é qualitativamente distinta de relação inconsciente – mas a ação objetiva do "sentido" da existência nem depente nem é fundada por sua relação com a consciência. Voltaremos a tratar da dimensão 29 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 causal, objetiva, do "sentido" da existência social, mais à frente, ao examinarmos os elos históricos mais importantes (desde os Egípcios) de seu desenvolvimento. Agora o que nos interessa são as conexões ontológicas universais desse processo. O processo de generalização inerente a todo pôr teleológico é o ponto de partida da nossa análise. Em Mundo dos Homens e em Individuação e Sociabilidade tratamos das articulações ontológicas que, para Lukács, são responsáveis pela generalização, tanto objetiva quanto subjetiva, dos atos humanos singulares. Por isso, agora, apenas salientaremos as conexões que diretamente se articulam com o problema que estamos examinando. Uma série de conexões entre a singularidade de cada objetivação e a universalidade do gênero humano se fazem presentes de modo rigorosamente necessário. Tão rigorosamente necessário e com tal universalidade que, em larga medida, não importa se são atos de trabalho ou outras práxis sociais. As necessidades e possibilidades que configuram cada momento histórico são, ao mesmo tempo, singulares e universais. Singulares, porque tal complexo de possibilidades e necessidades jamais se repetirá. Universais, porque são a síntese em tendências histórico-universais dos atos singulares objetivados pelos indivíduos concretos (isto é, historicamente determinadados) tanto no passado quanto no presente. Todavia, em que pese essa articulação entre universal e singular, dada a impossibilidade de se explorar todas as possibilidades e de se responder a todas as necessidades, a teleologia objetivada em cada ato singular é, sempre e necessariamente, particular. Diz respeito a uma resposta a uma dada necessidade no interior de um conjunto maior de necessidades, e explora uma dada possibilidade no interior de um campo mais amplo de possibilidades. Tal como na imediaticidade da situação concreta seus elementos universais e singulares não comparecem nitidamente separados, também a imediaticidade da resposta não explicita a distinção entre as determinações universais e singulares com as quais imediatamente interage. Isto, claro, independente da presença ou do nível da consciência dessa articulação singular-universal pelos indivíduos envolvidos. Ao responder às necessidades cotidianas, portanto, o indivíduo necessariamente estará também agindo – com todas as mediações em cada caso -- sobre as determinações mais universais da sua existência. Pode o fazer com maior ou menor consciência -- até mesmo, nos casos mais extremos, com total ausência de consciência --, mas sempre sua resposta incorporará elementos das tendências histórico-universais que determinam predominantemente o momento em que vive19. Os nexos causais postos a existir pelos atos humanos possuem – porque interagem com elas – determinações que provêm da universalidade da humanidade, determinações humano-genéricas (novamente, tendo ou não as pessoas consciência desse fato). Essas determinações são o fundamento ontológico da objetividade do "sentido" da existência social. Isto do ponto de vista da objetividade. Contudo, sendo o singular humano um processo de "tornar-se individualidade", esta conexão objetiva necessariamente tem que ter um seu reflexo na consciência. Por isso, ao lado dessa generalização objetiva (repetimos: que ocorre mesmo que o indivíduo dela não tenha consciência, ou tenha uma consciência apenas parcial), há dois outros níveis de generalização igualmente necessários e que têm a consciência como sua mediação ineliminável. O primeiro deles são as generalizações que ocorrem na subjetividade sob a forma da produção de novos conhecimentos (e, muitas vezes de modo diretamente relacionado, de novas habilidades e do desenvolvimento de novos patamares de Estará, obviamente, também agindo sobre as determinações particulares ou mesmo singulares do momento; mas, agora, para a discussão da objetividade do "sentido" da existência, esse aspecto pode ser deixado em segundo plano. 19 30 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 sensibilidade). O reflexo pela subjetividade do ser-precisamente-assim existente é sempre um composto de elementos singulares e universais. Fazer um dado machado, para ficar com nosso exemplo, gera um conhecimento de como se fazer aquele machado específico. Para que esse conhecimento possa ser empregado no futuro, não apenas na construção de novos machados, mas também em outras situações (contrução de uma moradia, etc.) é imprescindível que seus elementos universais sejam separados, pela atividade da consciência, dos seus elementos apenas singulares. Em larga medida e proporção, as questões relacionadas à metodologia das ciências e da filosofia dizem respeito a quais de tais generalizações têm se demonstrado, ao longo da histórica, corretas ou equivocadas. Uma vez a subjetividade tendo gemeralizado os conhecimentos, habilidades, sensibilidades, etc. adquiridos nas objetivações/exteriorizações (lembremos, sempre singulares, irrepetíveis), eles podem ser empregados em "circunstâncias" inteiramente distintas das situações em que surgiram. O conhecimento da pedra e da madeira, que mencionamos acima em relação à produção do machado, uma vez adequadamente generalizados (adequadamente no sentido das necessidades da objetivação em questão), podem ser úteis para a construção de uma casa, de uma ponte, de um arranha-céu e assim sucessivamente. Se levarmos em consideração que, pela analogia e pela dedução, é possível o conhecimento bastante adequado mesmo de situações inteiramente novas, a importância dessa atividade da consciência que é o reflexo começa a se fazer mais evidente: acima de tudo, as informações amealhadas sobre as diferentes rochas e madeiras vão se generalizando e se articulando em uma, digamos, teoria geral das rochas e madeiras, a botância e a geologia etc. Esse o primeiro nível das generalizações que apenas podem ocorrer pela mediação da consciência. Ele é importante porque permite refletir uma imagem do real na consciência que incorpora relações já bastante gerais, bastante generalizadas. Reflete, na consciência, uma parcela importante das abstrações que são realizadas pelo ser-precisamente-assim-existente e, por essa razão, incorporam processos cognoscitos com um elevado nível de abstração. Já não importa a propriedade desta ou daquela pedra singular, ou deste ou daquele pedaço de madeira, mas das propriedades gerais, comuns, a todas as pedras e todas as madeiras. As ciências da natureza (incluindo aqui a matemática) e as ciências humanas (incluindo aqui a filosofia) não seriam sequer concebíveis sem este nível de generalização. Ele é, portanto, da maior importância para a reprodução do ser social. Mas não é o único patamar de generalização operado pela subjetividade. O segundo nível é aquele das generalizações ainda mais universais que uma teoria geral das rochas e madeiras, como a botânica e a geologia. Tão logo, aponta Lukács, (...) il rispecchiamento tende a generalizzare, subito compaiono per forza di cose — e non importa con quale grado di consapevolezza — problemi che attengono anche a una ontologia generale. Vol II pg. 65 § 54 Sobald jedoch die Widerspiegelung auf Verallgemeinerungen gerichtet ist, tauchen — einerlei, wie bewußt dies geschieht — zwangsläufig Probleme auch einer allgemeinen Ontologie auf. (Bd II, 55-56) No mesmo instante, porém, em que o reflexo começa a generalizar, surgem imediatamente, por sua própria natureza — e não importa qual seja o grau de consciência — problemas que também dizem respeito a uma ontologia geral. (Ivo) Para diferenciar entre uma madeira e uma rocha, por exemplo, é imprescindível o emprego e utilização adequados de categorias como as da diferença, da identidade, da analogia, etc. Tais categorias se referem a uma universalidade muito mais universal, com o perdão da palavra, que as da botânica ou da geologia. Já não se trata desta pedra ou desta madeira, nem se trata de todas as pedras e todas as madeiras, 31 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 mas sim de relações tão universais que podem se fazer presentes em qualquer conexão entre qualquer dimensão do ser-precisamente-assim-existente. Identidade, diferença, contradição, gênese, desenvolvimento etc. são categorias que exibem esse patamar de universalidade. É neste nível ainda mais elevado de generalização e abstração que determinações do ser-precisamente-assim-existente como essência, fenômeno, historicidade, processualidade, universalidade, singularidade, particularidade, identidade, diferença, continuidade, ruptura etc. etc. podem ser refletidas na consciência que, desta forma, consegue refletir de modo cada vez mais aproximado o real na consciência. Vimos, portanto, que três níveis de generalização estão presentes em todo pôr teleológico. Um nível, objetivo, independente da consciência, é que todo novo nexo causal posto a existir pela objetivação de uma teleologia não apenas é uma resposta a uma "circunstância" predominantemente determinada pela universalidade, como ainda interage com os nexos causais mais gerais pré-existente. Os dois outros níveis, que operam necessariamente pela mediação da consciência, são a elevação do conhecimento e da experiência singulares (que brotam de cada objetivação/exteriorização) a níveis elevados de abstração que distinguem os seus elementos universais dos singulares e, num terceiro parmar, possibilitam a descoberta e emprego pela consciência de relações e categoriais rigorosamente universais, como essência, fenômeno, identidade, diferença, contradição, historicidade, gênero e individuo etc etc. Veremos, mais à frente, como essas conexões ontológicas mais gerais se fizeram presentes na história da humanidade, desde o Egito antigo até os nossos dias. O que agora nos importa, neste exame mais abstrato e genérico de tais processos de generalização para esclarecer a objetividade do "sentido" da existência, é que eles possuem uma ação de retorno não apenas sobre os atos de trabalho, mas sobre todas as atividades humanas (com as mediações cabíveis, caso a caso). Em se tratando do trabalho, da transformação da natureza – portanto, em se tratando das formas primordiais e mais simples da descoberta pela humanidade das categorias ontológicas – Per quel che concerne la natura, questi problemi nel loro genuino essere-in-sé sono totalmente diversi rispetto alla società e ai suoi bisogni, sono del tutto neutrali nei loro confronti, e tuttavia l‘ontologia che entra nella coscienza non potrà mai essere indifferente per nessuna prassi sociale, nel senso più mediato descritto sopra. Lo stretto collegamento fra teoria e prassi implica necessariamente che quest‘ultima nelle sue concrete forme sociali di presentarsi subisca in grado assai elevato l‘influsso delle idee ontologiche che gli uomini si fanno intorno alla natura. Vol II pg. 65 § 54 Und so sehr diese, was die Natur betrifft, in ihrem unverfälschten Ansichsein von der Gesellschaft und ihren Bedürfnissen völlig verschieden, ihnen gegenüber völlig neutral sind, kann die ins Bewußtsein gehobene Ontologie für keine gesellschaftliche Praxis, im bereits untersuchten vermittelteren Sinn, gleichgültig sein. Die enge Verbundenheit von Theorie und Praxis hat zur notwendigen Folge, daß letztere in ihren konkreten gesellschaftlichen Erscheinungsformen sehr weitgehend von den ontologischen Vorstellungen der Menschen über die Natur mitbeeinflußt werden. (Bd II, 55-56) No que se refere à natureza, estes problemas, no seu genuíno ser-em-si, são completamente diferentes da sociedade e das suas necessidades, são inteiramente neutros em relação a elas e, no entanto, a ontologia que entra na consciência nunca poderá ser indiferente para nenhuma práxis social, no sentido mais mediato acima referido. A relação estreita entre teoria e práxis implica necessariamente o fato de que esta última sofra, nas suas formas sociais concretas de aparecer, em grau bastante elevado, a influência das idéias ontológicas que os homens têm a respeito da natureza. (Ivo) A forma mais generalizada e socialmente desenvolvida desse processo é a relação entre a ciência e o trabalho nas sociedades contemporâneas. Nesse patamar, 32 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 La scienza, a sua volta, quando tenta sul serio di comprendere in modo adeguato la realtà, non può evitare tali questioni ontologiche; che ciò avvenga consapevolmente o no, che le domande e le risposte siano giuste o sbagliate, che essa neghi la possibilità di rispondere in maniera razionale a tali domande, a questo livello appare di nessuna importanza, perché questa stessa negazione opera ontologicamente, in qualche modo, entro la coscienza sociale. E poiché la prassi sociale si svolge sempre in un ambiente spirituale fatto di rappresentazioni ontologiche, sia nella quotidianità che nell‘orizzonte delle teorie scientiliche, lo stato di cose da noi indicato resta fondamentale per la società. Dai processi per asebeia di Atene, a Galilei o Darwin e fino alla teoria della relatività, questa situazione si verifica ineluttabilmente nell‘essere sociale. Vol II pg. 65 § 54 Die Wissenschaft ihrerseits, wenn sie das adäquate Erfassen der Wirklichkeit ernst nimmt, kann unmöglich vor diesen ontologischen Fragestellungen ausweichen; ob dies bewußt oder ohne Bewußtheit geschieht, ob die Fragen und Antworten richtig oder falsch sind, ob sie die Möglichkeit, solche Fragen vernünftig zu beantworten, leugnet, scheint auf diesem Niveau einerlei zu sein, denn selbst dieses Leugnen wirkt sich im gesellschaftlichen Bewußtsein in irgendeiner Weise ontologisch aus. Und da die gesellschaftliche Praxis sich immer in einer geistigen Umwelt von ontologischen Vorstellungen abwickelt, einerlei, ob vom Alltag oder vom Horizont wissenschaftlicher Theorien die Rede ist, bleibt der von uns angedeutete Tatbestand für die Gesellschaft fundamental. Von den »Asebeia«-Prozessen in Athen über Galilei oder Darwin bis zur Relativitätstheorie wirkt sich diese Sachlage im gesellschaftlichen Sein zwangsläufig aus. (Bd II, 55-56) Por sua vez, a ciência, quando procura compreender com seriedade e de modo adequado a realidade, não pode deixar de lado tais questões ontológicas; que isto aconteça conscientemente ou não, que as perguntas e as respostas sejam certas ou erradas, que ela negue a possibilidade de responder de maneira racional a tais questões, não tem nenhuma importância neste nível, porque esta negação, de qualquer modo, age ontologicamente dentro da consciência social. E, dado que a práxis social sempre se desenrola dentro de um ambiente espiritual feito de representações ontológicas, tanto na vida cotidiana como no horizonte das teorias científicas, este modo de ser por nós referido é fundamental para a sociedade. Desde os processos por asebeia, em Atenas, a Galileu ou Darwin e até a teoria da relatividade, essa situação ocorre inevitavelmente no ser social. (Ivo) As coisas evoluem de tal modo na história da humanidade que, cada vez mais, nossos atos incorporam patamares crescente de generalidade e, concomitantemente, são capazes de gerar consequências (ou produtos, no caso da transformação da natureza) cada vez mais genéricas, universais. Este processo é decisivo ao "tornar-se individualidade" dos indivíduos, tambérm, ao desenvolvimento das forças produtivas, das sociedades. O processo de consubstanciação das personalidades dos indivíduos singulares não se limita nem se restringe, desnecessário dizer, apenas aos processos gnosiológicos. Tais processos, contudo, já nessa análise rápida e inicial, permitem uma aproximação bastante visível ao fato de que não há qualquer teleologia, qualquer objetivação, ou qualquer objetividade resultante de um pôr teleológico que não tenha uma ineliminável dimensão universal, isso é, que não incorpore (sempre com as devidas mediações e que podem variar bastante caso a caso) as determinações mais universais presentes na substância humano-genérica a cada momento. Não há nada que possa ocorrer na esfera da subjetividade, mesmo nas suas dimensões mais íntimas, que não contenha uma ineliminável articulação com o gênero humano. Desde a constituição da identidade mais primordial do indivíduo, para a qual a relação com o meio ambiente, com a forma de família, com a maior ou menor abundância de comida, água, abrigo, segurança, etc, jogam um papel importante -- até sua constituição em uma personalidade social já formada e capaz de interagir com plenitude sobre as relações sociais, as dimensões genéricas da vida estão presentes e 33 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 jogam, sempre, papel de maior ou menor relevo. Tal como ocorre no conhecimento mais simples de uma pedra ou uma madeira, no qual a sociabilidade já realizada é sempre a base a partir da qual se adquire o novo conhecimento e, portanto, com as devidas mediações, se faz presente o gênero humano já realizado no conhecimento novo a ser produzido, também o desenvolvimento dos indivíduos apenas pode ocorrer a partir de um patamar histórico já dado e que delimita as possibilidades e as necessidades dadas ao desenvolvimento de cada indivíduo e de cada geração. É neste sentido, como vimos, que a "generidade" "decide" o processo de "tornar-se individualidade."20 Mesmo nessa análise mais geral e abstrata, que carece dos dados e mediações históricos que incorporaremos mais à frente, já podemos perceber como o gênero humano é uma dimensão tão real e tão objetiva do mundo dos homens quando os indivíduos em sua singularidade. Tal como já vimos que não há singularidade humana fora da universalidade humana (não há indivíduo fora da sociedade), não pode existir o ser-que-se-torna-social (Vergesellschaftsein) que não seja a síntese em totalidade do "tornar-se individualidade" dos singulares que o compõem. Essa afirmação, importante lembrar, não passa da particularização para o mundo dos homens da descoberta mais geral feita por Marx: o singular e o universal, tanto na natureza quanto no ser social, são igualmente existentes, possuem o mesmo estatuto ontológico: não há uma gradação do quantum de ser de cada um deles. O que os distingue reciprocamente são os seus diferentes níveis de generalidade e, não, uma maior ou menor concentração de ser.21 É isto, também, que possibilita à ontologia marxiana ser uma crítica tão radical - na verdade, ser a crítica mais radical possível -- de teorizações como as de Popper, Schumpter, dos positivistas de um modo em geral, da maior parte da sociologia contemporânea, que centram sua concepção de objetividade no singular presente. Essa concepção, cujas raízes podem ser traçadas até o empirismo moderno (mas que, então, lembremos, continha um elemento ideológico revolucionário), não é capaz de superar as antinomias que já em Bacon se manifestam e que, em Hume, estão plenamente maduras: como, do conhecimento do singular poder-se-ia evoluir para as leis universais da ciência? Como seria possível a constituição das próprias singularidades se não forem elas singularidades de universais? Como é possível explicar a gênese dos indivíduos humanos se eles fossem anteriores à sociedade e se suas substâncias não fossem predominantemente determinadas pelas sociedades em 20 in termini estremamente generali, vale a dire che a exteriorização è bensì l’inevitabile torma generale di ogni attività umana, e perciò alla sua base c’è sempre obbligatoriamente un minimo di socialità (Vergesellschaftetsein) della persona che pone, e tuttavia questa genericità è non soltanto uno dei momenti dinamici dell’uomo che si fa uomo, ma proprio quello per il cui mezzo si decide tale processo evolutivo. Vol II, pg. 409-10, $67 was früher in höchster Allgemeinheit berührt wurde, nämlich darauf, daß die Entäußerung zwar die unvermeidliche generelle Form einer jeden menschlichen Tätigkeit ist, daß ihr deshalb notwendigerweise immer ein Minimum an Vergesellschaftetsein der setzenden Person zugrundeliegt, daß aber diese Gattungsmäßigkeit nicht nur ein sich bewegendes Moment der Menschwerdung des Menschen ist, sondern geradezu jenes, das diesen Entwicklungsprozeß zu entscheiden verhilft. (BDII, p. 366-7 É também isso que possibilitou a Marx superar a dualidade ontológica típica dos pensadores anteriores e, ao fazê-lo, elaborar a primeira ontologia revolucionária (isto é, que não parte do presente para generalizá-lo à eternidade -- pensemos em Aristóteles e Hegel, por exemplo -- mas que parte do presente para demonstrar sua radical historicidade), como desmonstrou Guido Oldrini em um texto até hoje seminal. 21 34 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 que vivem? Tais questões, mutatis mutandis, estão também presentes em Althusser. Não é casual que em seu texto ..... Althusser termine por concluir ter algo misterioso a relação sujeito-objeto, remetendo a solução desse enigma à psicologia. Todas as variantes teóricas da concepção que concentra o ser na singularidade, reduzindo a universalidade à mera categoria gnosiológica, mero produto da subjetividade, terminam envolvidas em aporias, contradições e insuficiências que limitam fortemente sua capacidade de explicar o mundo dos homens. Retomemos à objetividade do "sentido" da existência: se o trabalho, nas palavras de Sergio Henriques, "instaura, já na vida cotidiana, um enfrentamento direto entre o homem e o mundo objetivo" (Henriques, 1978:28), o faz em todas as dimensões, das mais singulares às mais universais. Agora, o que nos interessa, é que todo processo de objetivação coloca o indivíduo (e, com as devidas mediações, também a sociedade) em "um enfrentamento direto" com a universalidade em todas as dimensões desta. Ou seja, com a universalidade dos nexos causais que compõem a totalidade do mundo (tanto com a causalidade natural quanto com a social, bem entendido), como também com a universalidade da subjetividade, dos conhecimentos, valores, concepção de mundo, afetos, etc. Tanto na origem da singularidade de cada ato (a elaboração da teleologia) quanto na sua conclusão (o término do processo de objetivação e o "período de consequências" que com ele se inaugura), atuam elementos de universalidade. Nas tendências histórico-universais, os traços de universalidade são ainda mais imediatamente evidentes que nos atos singulares. Nesta medida e sentido, sem cancelar a presença ou peso da atuação das determinações singulares e das particulares, todo e qualquer ato humano coloca tanto o indivíduo quanto a sociedade em confronto inevitável com as dimensões mais universais, seja as da subjetividade, seja as da objetividade. Este é o fundamento ontológico para a constante presença da dimensão universal das "circunstâncias" na reprodução das sociedades, desde as mais primitivas até os nossos dias. Esta presença objetiva – que pode e mantém com a consciência uma relação muito variada ao longo da história – é o que produz "uma necessidade humana (menschliches Bedürfnis) elementar e primordial (elementar und primitiv): a necessidade de que a existência, o curso do mundo, até os fatos da vida individual -- e estes em primeiro lugar -- tenham um sentido. (das Bedürfnis nach der Sinnhaftigkeit des Daseins, des Weltlaufs bis hinunter - und dies in erster Linie - zu den Ereignissen des individuellen Lebens. )"(Lukács, 1981:20; Lukács, 1986:14) É aqui que tem suas raízes últimas, segundo Lukács, o (...) complesso di problemi che potremmo definire vita fornita di senso. Il senso è socialmente posto dall‘uomo per l‘uomo, per sé e i suoi simili; nella natura è una categoria che non compare' affatto, quindi neppure come sua negazione. Vita, nascita, morte- sono, in quanto fenomeni della vita naturale, al di là del senso, non sono né sensate né assurde. (Vol II, 107-8) (...) den Problemkomplex, den man als Sinnhaftigkeit des Lebens umschreiben kann. Dieser Sinn ist vom Menschen für den Menschen, für sich und seinesgleichen gesellschaftlich gesetzt; in der Natur kommt diese Kategorie überhaupt nicht vor, also auch nicht als Negation des Sinnes. Leben, Geburt, Tod sind als Erscheinungen des naturhaften Lebens gefaßt sinnfrei, weder sinnvoll noch sinnwidrig. (Bd II, 94) (...) complexo de problemas que podemos definir como uma vida com sentido. O sentido é socialmente construído pelo homem para o homem, para si e para os seus semelhantes; na natureza é uma categoria que não existe de modo algum, portanto, nem mesmo como sua negação. Vida, nascimento, morte estão, enquanto fenômenos da vida natural, para além do sentido, não são nem sensatos nem 35 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 absurdos. (ivo) "O sentido é posto pelo homem para o homem, por si e pelos seus semelhantes", na natureza não existe nada semelhante. Lukács se refere, por um lado, ao fato de que a totalidade do ser social está sempre presente na reprodução do mundo dos homens, mesmo naqueles atos mais singulares ou interiores dos indivíduos, como acabamos de ver. Por outro lado, se refere ao reflexo desta presença objetiva na consciência, reflexo cujos conteúdo e forma se alteram de modo profundo e extenso com o desenvolvimento das forças produtivas, como teremos oportunidade de examinar ao tratarmos da evolução histórica do gênero humano. Em se tratando das conexões ontológicas mais gerais dessa relação, um dos seus traços mais importantes tem seu fundamento no fato de que a totalidade é sempre mais do que a mera soma de suas partes. Essa descoberta por Hegel, depois desenvolvida por Marx e Engels, possui profundas consequências teóricas mas pode, de modo sintético, ser colocada em poucas palavras. Como a totalidade inclui, além dos elementos que a compõem, também as múltiplas e variadas interrelações entre esses elementos, bem como entre eles e a totalidade, o processo que se desenvolve na totalidade possui qualidades e determinações que não estarão presentes necessariamente em cada uma das suas singularidades. O mesmo, vice-versa, ocorre com as singularidades: enquanto tais, elas possuem qualidades e determinações que não necessariamente vão estar presentes na totalidade. O fato de a reprodução social, com suas leis universais, suas tendências genéricas, ser a síntese em totalidade, no limite, dos atos singulares dos indivíduos historicamente determinadso, faz com que o movimento geral da história apresente qualidades e características, possua determinações, muito diferentes, por vezes mesmo abertamente contraditórias ou antípodas, das finalidades objetivadas pelos indivíduos. E o fato de a "generecidade" "decidir" predominantemente os destinos individuais, faz com que, na vida cotidiana, as pessoas percebam uma força maior do que elas próprias, que não tem sua gênese nos seus atos enquanto indivíduos e, que, apesar disso, tem esta força uma potência capaz de transformar nossos desejos e propósitos em quase nada. Após Hegel e Marx, a humanidade pôde finalmente compreender que esta força nada mais é do que a força da própria humanidade elevada a genericidade, que nada mais é que as tendências de desenvolvimento humano-genéricas. Até lá, contudo, como veremos no momento apropriado, a relação da humanidade com sua própria potência genérica de fazer a sua história assumiu as formas mais diversificadas mas que quase sempre se expressaram em mitos teológicos ou mitológicos. Deuses, as potências naturais, um único deus, espíritos, duendes e anjos etc. explicavam, para os humanos em cada momento da história, esta – até então misteriosa – ação de uma força que transcende os indivíduos. As lendas acerca da gênese de cada povo expressam, tipicamente, essa concepção de que nossos destinos não são frutos exclusivos das ações humanas, mas sim o resultado de ações e decisões que transcentem o humano e traspassam no divino ou no mitológico. É isto que explica, segundo Lukács, o fato de que a concepção teleológica do mundo tenha surgido não apenas entre as "teodicéias do século 18", mas também em pensadores tão "lúcidos e profundos" quanto Aristóteles e Hegel. Em que pese o desenvolvimento da ciência, que reduziu em muito o campo de validade dessas concepções, "tal necessidade elementar e primordial tem continuado a viver no pensamento e nos sentimentos da vida cotidiana" é essa "postura é um dos motores psicológicos fundamentais da vida cotidiana em geral" (diese Einstellung gehört zu den fundamentalen psychisch bewegenden Krãften des Alltagslebens überhaupt) (Lukács, 1986:14). Principalmente frente aos acontecimentos, por vezes casuais, mas 36 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 inevitáveis, da vida cotidiana, como a morte ou uma grave doença, dessa estrutura ontológica mais geral emergem questões como "Por que eu?", "Por que isso precisa acontecer?", etc. "(...) trata-se de buscar um sentido, uma justificação" (Lukács, 1981:21). Tal postura, tão enraizada na vida cotidiana, faz com que seja "muito rara" uma "ruptura decisiva" com as concepções religiosas e termina se fazendo presente na substância dos indivíduos das formas as mais diversas. O fato de que a própria humanidade coloca um "sentido" em sua evolução, em seu desevolvimento; que da reprodução social surgem leis universais e particulares que regem a reprodução de cada sociedade e de todos os indivíduos – mesmo o fato de que a totalidade do "tornar-se individualidade" não é totalmente controlável pelo próprio indivíduo que é seu portador – todas estas dimensões objetivas e não canceláveis da vida humana colocam cada um dos indivíduos e todas as sociedades em contato com um conjunto de necessidades e possibilidades que delimitam o campo futuro de desenvolvimento. É assim que, a ação das leis universais, gerais, da história, ao colocarem cada um de nós, cotidianamente, em "circunstâncias" que não escolhemos, conferem à nossa existência um "sentido" objetivo para o seu desenvolvimento – e a qualidade das alternativas que daqui brotam que serão incorporadas às ações dos indivíduos faz parte da essência de cada personalidade, como já vimos. O "sentido da existência" é, deste modo, objetivamente posto pelo próprio desenvolvimento do gênero humano. A cada momento da história, este "sentido" terá um conteúdo e uma qualidade que brotam da base material da reprodução da sociedade em que foi produzido e, correspondentemente, a cada momento o "sentido da existência" objetivamente existente adentrará de modo peculiar a consciência, que o refletirá segundo as determinações de cada momento histórico. Como veremos no capítulo seguinte, nesta relação com a consciência, é possível a valoração tanto das "ciricunstâncias" nas quais não escolhemos viver, como também das reações dos indivíduos e da humanidade para com elas. Assim, o "sentido da existência" pode ter uma relação muito íntima e próxima com os processos e complexos valorativos. Não há, portanto, processo de objetivação/exteriorização que não coloque o indivíduo em confronto com a universalidade. Isso é igualmente válido quando se trata do intercâmbio material com a natureza ou das outras atividades para além do trabalho. Ainda, também vale, com as devidas mediações, tanto para o plano da subjetividade como para o da objetividade. 37 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Capítulo II A gênese ontológica dos valores: o dever-ser 2.1. Objetivação e valores: gênese do dever-ser Voltemos à postulação, por Lukács, de que a a continuidade social "tem que ter uma estrutura de valor" (Vol II, §§ 69-70, p. 411-13). Já vimos que, com isso, o filósofo húngaro nem pretende reduzir a continuidade social aos valores, nem, pura e simplesmente, identificar os valores à continuidade social. Assinala, com essa expressão, o fato de que, por ter por ineliminável mediação o pôr telológico dos indivíduos, a continuidade social necessariamente incorpora processos de valoração – os quais, com todas as mediações cabíveis e com peso muito variável ao longo da história, exercem uma ação material, objetiva, sobre a continuidade social. Isto claramente se relaciona ao peso material, objetivo, dos complexos ideológicos na reprodução do mundo dos homens, ainda que não seja este, agora, o foco de nossa investigação22. Por um lado, essa postulação de Lukács tem, como pano de fundo, a crítica radical ao "velho materialismo". Sua principal debilidade foi "tentar entender os fenômenos mais complexos, a estrutura mais elevada [do ser social] como surgidas diretamente dos [fenômenos e estruturas] inferiores, como seus simples produtos (a famigerada dedução com a qual Moleschott fazia nascer o pensamento da química do cérebro, isto é, como mero produto natural)" (Lukács, 1981:78) Por outro lado, essa crítica do "velho materialismo" se alicerça "novo materialismo fundado por Marx", o qual partiu da insuprimibilidade da "base natural da existência humana" para explicitar a especificidade ontológica da história humana frente à natural e, desta base, evoluiu para demonstrar como, no trabalho, "o dever-ser [cumpre a função] de realização do intercâmbio orgânico entre o homem e a natureza" (Darum ist beim Problem der Sollens in der Arbeit ihre Funktion als Verwirklichung des Stoffwechsels zwieschen Natur und Gesellschaft so wichtig) (Lukács, 1981:78 / Bd II, pg. 67)). Para evitar equívocos e malentendidos: isto não significa que o trabalho, o intercâmbio material entre homem e natureza, tenha sido substituído pelo dever-ser ou tenha sido reduzido a este último. Lukács se refere a que, como já vimos e citamos, No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo (Zweck Werke, Band 23, pg. 193), que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. (Marx, 1983: 149-50) O que existe "idealmente" na "imaginação do trabalhador", por cumprir a função de "terminar, como lei, a espécie e o modo de sua atividade", é o dever-ser: "Esta relação é o fundamento tanto da gênese do dever-ser em geral do modo humano-social de satisfazer as necessidades, como também da sua natureza, da sua qualidade particular e de todas as barreiras ontológicas que são produzidas e determinadas por esse dever-ser enquanto forma e expressão de relações de realidade."(Lukács, 1981:78) (verificar tradução) 22 Citar Ester e Gilmaísa. 38 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 O dever-ser, portanto, não é nem determinado por seu conteúdo ou qualidade intrínseca, nem passa por uma operação puramente lógica que decomponha o "idealmente" presente na subjetividade em seus elementos constitutivos. O dever-ser é particularizado, entre os produtos ideais gerados incessantemente pela subjetividade, pela função que exerce na reprodução social. Muito brevemente, o dever-ser é a idealização que serve de projeto existente na "imaginação" e que orienta a objetivação. É, portanto, um elemento ineliminável, o que vale dizer, sempre presente, em todo e qualquer processo de objetivação. O fato de a objetivação estar voltada à transformação da matéria natural (como ocorre com o trabalho) ou à transformação da matéria social (como ocorre, por exemplo, com a ética, a moral etc.) faz com que o dever-ser operante em cada complexo possua forma e conteúdo diversificados, possua mediações que não são as mesmas etc. – mas sempre, sem excessão, cumpre esta função social: "determina, como lei, a espécie e o modo" da "atividade" e "subordina" a "vontade" dos humanos diretamente envolvidos. Como veremos, isto tem uma enorme importância quando da análise e da crítica de textos, mesmo à esquerda, que tratam do dever-ser. Isto, contudo, no seu devido tempo. O dever-ser, portanto, não é um puro produto da subjetividade (a la Kant), nem pode surgir e se desenvolver sem fazer parte de uma atividade da consciência. O dever-ser é um construto da subjetividade (sem a mediação da consciência o deverser sequer existiria nem poderia exercer a função social que o funda e o particulariza), -- porém não tem na pura subjetividade nem sua gênese, nem o momento predominante de seu desenvolvimento posterior. O dever-ser corresponde ao reflexo na subjetividade da relação objetiva – que existe independente de termos de sua existência maior ou menor consciência – que, primordialmente, o trabalho instaura entre a porção da natureza a ser transformada e o "objetivo" (Zweck), na "imaginação", que "determina com o lei" o processo de transformação. Esta relação cuja origem está no trabalho se explicita, ganha novos conteúdos, mediações etc. na medida em que o ser social se desenvolve, fazendo surgir novos complexos sociais e novas atividades humanas. O dever-ser, nas sociedades de classe, passa a ser também mediado por relações antes inexistentes, como a dominação de classe, o trabalho alienado etc. O Direito, os costumes, a ética, a moral, a política desenvolvem o dever-ser específico e necessário à operatividade de cada complexo no contexto da reprodução da sociedade como um todo. Há, portanto, diferenças fundamentais entre o dever-ser presente no intercâmbio material com a sociedade e aquele presente em outros complexos sociais. Tais diferenças salientadas, contudo, a função social do dever-ser permanece a mesma: orientar, "como lei" as objetivações e, neste processo, "subordinar" a vontade dos indivíduos. Nesse preciso sentido, o dever-ser é "forma e expressão de relações de realidade." (die von diesem Sollen als Form und Ausdruck von Wirklichkeitsverhältnissen (Lukács, 1981:78; Bd II, pg. 67-8) Talvez não seja demasiado refazer esta postulação sobre o caráter do dever-ser por um outro caminho, o da crítica de Lukács às "concepções dualistas" que supõem que entre alma e corpo há um abismo ontológico intransponível. Tais concepções predominaram não apenas na Grécia clássica, Platão e Aristóteles sobretudo, mas também nas concepções de mundo medievais e as que são o reflexo ideológico da Acumulação Primitiva. Em todas elas, a essência humana é considerada como imutável. Essa essência imutável, contudo, não vai além da generalização ao universal humano das particularidades dos indivíduos da classe dominante. Assim, para Aristóteles, o ser humano teria sua essência em sua capacidade racional e de viver gregariamente: ser humano era ser membro da classe dominante de Atenas (lembremos: com a exclusão das mulheres e crianças, racionalidades inferiores). Para os burgueses do período revolucionário (entre os séculso 16 e 18), os seres humanos seriam proprietários privados, sua racionalidade corresponderia à do fetichismo da 39 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 mercadoria e seriam fundamentalmente individualistas, já que o singular é o fundante direto e imediato do universal (este seria apenas a somatória de seus singulares, não a síntese etc.). A essência humana é afirmada pela generalização imediata da essência dos indivíduos da classe dominante à todo o gênero humano passado, presente e futuro!23 As consequências dessa operação teórica e, ao mesmo tempo, ideológica, possuem profundas ressonâncias na concepção de mundo, nos complexos valorativos, nas lutas de classe (pensemos no Iluminismo). As "concepções dualistas" não tinham grandes dificuldades em fundar o dever-ser na porção tida por ahistórica, eterna, imutável do ser humana, sua essência. Da determinação da essência a cada momento histórico (Aristóteles, Hume, Hobbes, Rousseau, Kant etc.) decorria com uma necessidade quase imediata o conteúdo e a forma do dever-ser. O que faria de um indivíduo ateniense um bom cidadão – Sócrates – eram qualidades que correspondiam diretamente às necessidades para a reprodução da classe dominante naquelas circunstâncias históricas. A coragem, o "meio termo", o altruísmo etc. eram valores que correspondiam a uma base material limitada que fazia com que a solidariedade entre os proprietários privados fosse decisiva para sobrevivência da classe por eles composta. No século 16 e início do século 17, algo parecido ocorreria nos Países Baixos, dando origem ao período heroico da República Holandesa. Os deveres e direitos dos cidadãos holandeses da jovem república eram expressão quase direta das necessidades que brotavam da reprodução do capital naquelas "circunstâncias". Vermeer, Rembrant e Espinosa nasceram deste milieu. Pensemos, ainda, no imperativo categórico de Kant: os seres humanos, racionais, não poderiam deixar de incorporar a racionalidade do imperativo categórico, com o que toda a vida social se transportaria para um novo e superior patamar. O fato de que o conteúdo do imperativo categórico (não faça ao outro o que não quer que façam a ti = ver citação original) não ir além da generalização ao univesal da racionalidade do mercado e do individualismo inerente à propriedade privada burguesa é uma demonstração clara do fenômeno ao qual Lukács se refere. Qual seja, o dever-ser ser "forma e expressão de relações de realidade" (die von diesem Sollen als Form und Ausdruck von Wirklichkeitsverhältnissen (Lukács, 1981:78; Bd II, pg. 67-8))-- "forma e expressão" que só podem existir e se desenvolver como atividade de uma consciência que pensa o mundo em que vive. O mesmo, mutatis mutandis, pode ser dito de Aristóteles, Agostinho, Tomás de Aquino, Espinosa, Hobbes, Locke, Hume, Rosseau, Kant etc... Por isso, a cada momento, o dever-ser é "forma e expressão" "de relações da realidade" em que surge e se desenvolve. Há uma passagem mais extensa em que Lukács fornece diversas indicações desse desenvolvimento. Enquanto a filosofia não foi capaz de, tanto "compreender o papel ontológico do trabalho", quanto a "sua função na constituição do ser social como uma nova e independente modalidade de ser" (Vol. II, 81-82), Bad 14, pg. 70-71) si comprende quindi bene perché immagini del mondo che si fondavano su un supposto carattere teleologico di tutta la realtà, riconducessero il dato caratterizzante degli oggetti naturali e sociali a quello di essere opera di un creatore del mondo e tentassero di fondarli con l‘oggettività di questo. Vol. II, 81-82), Bad 14, pg. 70-71 23 leicht verständlich, daß Weltbilder, die von einem angeblich teleologischen Charakter der' gesamten Wirklichkeit ausgingen, die Charakteristik der Gegenstände in Natur und Gesellschaft auf das Geschaffensein von dem transzendenten Weltschöpfer zurückführten und durch Citar a Ideologia Alemã, A questão judaíca, Lukács e Ivo. é compreensível porque imagens do mundo fundadas num suposto caráter teleológico de toda a realidade, reduziram o elemento característico dos objetos naturais e sociais ao fato de serem obra de um criador do mundo e tentaram fundá-los sobre a objetividade deste. 40 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 dessen Objektivität zu begründen versuchten. Bad 14, pg. 70-71 Citando Agostinho ( as coisas "Esistono, poiché derivano da te; e non esistono, poiché non sono ciò che sei tu, e davvero esiste soltanto ciò che esiste immutabilmente"), continua: L‘essere delle cose, dunque, possiede un carattere di valore in quanto creazione di dio, mentre il loro corrompersi indica i loro momenti nonessenti. In questo senso « tutto ciò che esiste è bene », il male « non è una coisa real» {»ist kein wirkliches Ding«}(Vol. II, 8182) Das Sein der Dinge drückt also ihren Wertcharakter als Geschaffenheit von Gott aus, während ihr Verderben ihre nichtseienden Momente aufzeigt. In diesem Sinne ist »alles, was existiert, gut«; das Böse, das Übel »ist kein wirkliches Ding« 12 . (Band14, pg. 70-71) Deste modo, o ser das coisas tem um caráter de valor na medida em que é criação de Deus, ao passo que a sua corrupção indica os momentos de não-ser. Neste sentido, ― tudo que existe é bem ―, o mal ― não é uma substância ―24. Reconhece Lukács, obviamente, que Agostinho é apenas "um caso em que a objetividade das coisas é fundada em termos cósmicos-teológicos" e, por este meio, são "fundados os valores". Ainda assim, mesmo neste caso, é um "hipostasiamento transcendental do trabalho: a criação" o fundamento da totalidade da objetividade e dos valores. A consequência, diz Lukács, é che i valori complessi, più spiritualizzati, vengono a trovarsi in contrapposizione più o meno recisa con quelli materiali, terrenos, {verificar tradução} comunque in modo ancora più' marcato che nelle immagini genericamente idealistiche del mondo, e a seconda del modo in cui vengono posti i primi, questi ultimi o risultano semplicemente subordinati oppure vengono — asceticamente — addirittura rifiutati. (Vol. II, 81-82) Daraus folgt jedoch, daß einerseits, noch ausgeprägter als in allgemein idealistischen Weltbildern, die komplizierten, vergeistigteren Werte in einem mehr oder weniger schroffen Gegensatz zu den materiellen, irdischen geraten und es von der Setzungsart jener abhängt, ob diese einfach ihnen untergeordnet oder — asketisch — geradezu verworfen werden. (Band14, pg. 70-71) A conseqüência, no entanto, é que os valores complexos, mais espiritualizados, acabam por estar em contraposição mais ou menos clara com aqueles materiais, terrestres, e de qualquer modo, de maneira ainda mais marcante do que nas imagens genericamente idealistas do mundo, e, dependendo do modo como são postos os primeiros, estes últimos ou acabam simplesmente subordinados ou até são — de forma ascética — inteiramente eliminados. Esta contraposição entre os valores mais elevados e os mais terrenos não é, contudo, um problema lógico, teológico ou ético que repousa em si mesmo. É uma questão que tem suas raízes na propria vida cotidiana das sociedades. dietro tali valutazioni vi siano contraddizioni reali dell‘essere sociale; ma sui dettagli di questi complessi di problemi non è ancora il momento di addentrarci. In ogni caso si ha cosi una risposta oggettivistica — anche se deformata in senso trascendente — ai problemi del 24 daß hinter allen solchen Bewertungen reale Widersprüchlichkeiten des gesellschaftlichen Seins stecken; auf die Details solcher Problemkomplexe kann aber hier noch nicht eingegangen werden Jedenfalls entsteht dabei eine — freilich transzendent atrás dessas valorações há contradições reais do ser social; mas este não é o momento para entrar nos detalhes deste complexo de problemas. De qualquer modo se tem, assim, uma resposta objetivista — mesmo quando deformada em sentido transcendente — aos problemas do valor e do Die Bekenntnisse des heiligen Augustins, VII, ll-l2, Munchen, s.d., pp. 2l5-2l6 (trad. ist. de C. Carena: Agostino, Le Confessioni, Torino, Einaudi, l966, p. l34). 41 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 valore e del bene. Data questa fondazione trascendente teologica, è comprensibile che la concezione del mondo antireligiosa sorta nel rinascimento ponesse l‘accento sugli atti di valutazione soggettiva. Hobbes per esempio scrive: « Qualunque sia l‘oggetto dell‘appetito e del desiderio di un uomo, questo egli chiamerà per parte sua buono, e l‘oggetto del suo odio e della sua avversione chiamerà cattivo, e quello del suo disprezzo vile e dispregevole. Infatt queste parole, buono, cattivo, dispregevole, sono usate sempre ir relazione a colui che le dice, poiché non c‘è nulla semplicemente ed assolutamente tale, e non c‘è nessuna regola comune per il bene e per il male, estratta dalla natura degli oggetti stessi » 1 '. Analogamente Spinoza: « Per quel che riguarda il bene e il male, nemmeno essi indicano alcunché di positivo nelle cose in sé considerate... Una stessa cosa può infatti essere nello stesso momento buona e cattiva e anche indifferente » l l. Questi significativi movimenti di opposizione contro la trascendenza teleologica nella concezione {Auffassung?} del valore giungono alla loro vetta filosofica con l'illuminismo. Sono i fisiocratici e gli economisti inglesi del secolo XVIII che per la prima volta tentano di darne una fondazione economica, che riceverà la sua forma più coerente, ma anche più piatta e priva di spirito, in Bentham. (Vol. II, 81-82) 25 verzerrte — objektivistische Beantwortung der Wert- und Güterprobleme. Wegen ihrer transzendent-theologischen Begründung ist es verständlich, daß die mit der Renaissance entstandene antireligiöse Weltanschauungsopposition das Gewicht auf die subjektiven Wertungsakte legte. So sagt Hobbes: »Gut nennt der Mensch jedweden Gegenstand seiner Neigung, böse aber alles, was er verabscheut und haßt, schlecht das, was er verachtet. Es müssen also die Ausdrücke gut, böse und schlecht mit Bezug auf den, der sie gebraucht, verstanden werden; denn nichts ist durch sich selbst gut, böse oder schlecht, und der Bestimmungsgrund dazu liegt nicht in der Natur der Dinge selbst, sondern er muß von dem, der dieselben gebraucht, ... abhängen.« 13 Sehr ähnlich Spinoza: »Was das Gute und das Schlechte anlangt, so bezeichnen diese Ausdrücke auch nichts Positives in den Dingen, wenn man die Dinge nämlich an sich selbst betrachtet ... Denn ein und dasselbe Ding kann zu derselben Zeit gut und schlecht und auch indifferent sein.« 14 Diese bedeutenden Oppositionsbewegungen gegen die teleologische Transzendenz der Wertauffassung erreichen ihren philosophischen Gipfelpunkt in der Aufklärung; wir finden bei den Physiokraten und den englischen Ökpnomen des 18. Jahrhunderts die ersten Versuche ihrer ökonomischen Begründung, die ihre konsequenteste, aber zugleich flachste und geistloseste Form bei Bentham erhalten hat. (Band14, pg. 70-71) bem. É compreensível, dada esta fundação transcendenteteológica, que a concepção de mundo anti-religiosa que surgiu no Renascimento pusesse o acento nos atos de valoração subjetiva. Hobbes, por exemplo, escreve: ― Qualquer que seja o objeto do apetite e do desejo do homem, será chamado por ele de bom, e chamará de mau o objeto do seu ódio e da sua aversão, e vil e desprezível o objeto do seu desprezo. Com efeito, estas palavras, bom, mau, desprezível, sempre são utilizadas em relação àquele que as diz, uma vez que não há nada simplesmente e absolutamente desta maneira e não há nenhuma regra comum para o bem e para o mal, extraída da natureza dos próprios objetos ―25. De modo análogo Espinosa: ― No que se refere ao bem e ao mal, tampouco eles indicam algo de positivo nas coisas consideradas em si mesmas... Com efeito, a mesma coisa pode ser, ao mesmo tempo, boa e má e também indiferente 26. Estes significativos movimentos de oposição contra a transcendência teológica na concepção do valor chegam ao seu ápice filosófico com o iluminismo. São os fisiocratas e os economistas ingleses do século XVIII que, pela primeira vez, tentam dar-lhe um fundamento econômico, cuja forma mais coerente, mas também mais chã e destituída de espírito será encontrada em Bentham27. (IVO) Th. Hobbes, Leviathan, cap. 6, Zurich-Leipzig, l936, p. 95, (trad. it. de M. Vinciguerra, Leviatano, Bari, Laterza, l974, p. 43). 26 B. Spinoza, Ethik, parte IV, prefácio, Leipzig, s.d., pp. l74-l75 (trad. it. de S. Giametta, Etica, Torino, Bringhieri, , l978, p. 2l4). 27 Cfr. MEGA, I, 5, pp. 386 ss. (trad. it. de F. Godino, L ideologia tedesca, in K. Marx-F. Engels, Opere Complete, V, cit., pp. 424 ss). 42 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 É nesta medida e sentido que Lukács afirma que, por um lado, a continuidade social "tem que ter a estrutura de valor" e que, por isso e concomitantemente, o dever-ser é "forma e expressão" "de relações da realidade". Do ponto de vista ontológico mais geral, trata-se do fato de que a existência determina a consciência (e não o oposto) o que, contudo, não significa que a consciência não seja ativa e não exerça uma ação de retorno sobre a existência que a determina. O dever-ser é "forma e expressão de relações da realidade" – mas de uma realidade cujo elemento de sua reprodução são os atos teleologicamente postos pelos indivíduos que nela vivem. As "circunstâncias", na conhecida frase de Marx, determinam o horizonte sobre o qual agimos, mas não cancelam nossa atividade sobre elas. O dever-ser apenas existe porque a forma humana de transformar "as circunstâncias" inclui um momento preparatório, que "existe apenas idealmente na imaginação do trabalhador", em que construímos na consciência antes de construirmos "na cera". Este construto da consciência é um dever-ser na medida em que cumpre a função social de "determina[r] como lei" a transformação do mundo a ser realizada no futuro. Os humanos, como veremos ao tratar da individuação, devem, nesta relação, "subordinar sua vontade" ao "objetivo" que "existe na imaginação", ao dever-ser. O dever-ser, portanto, é um produto da subjetividade porque é um reflexo das relações objetivas inerentes ao trabalho. Sem a mediação da consciência, não há dever-ser possível; isto contudo não faz dele uma criação da subjetividade a la Kant. Por outro lado, por ser um produto da consciência (a consciência, lembremos, apenas existe como a consciência de um mundo), não quer dizer que o dever-ser não exerça uma força material na reprodução social. Pelo contrário. Justamente por ser a "expressão", o reflexo na consciência de relações objetivas, o dever-ser joga um papel na reprodução dessas mesmas relações. Esperando que isso esteja exposto de modo minimamente compreensível, avançamos ao próximo passo: "Ao problema do dever-ser enquanto categoria do ser social está indissoluvelmente articulado aquele do valor" (Lukács, 1981:79). "De fato, como o dever-ser, enquanto fator determinante (als bestimmender Faktor) da praxis subjetiva no processo do trabalho pode desenvolver essa função específica porque aquilo que ele visa tem valor para o homem, o valor não poderia se traduzir em realidade em tal processo se não fosse capaz de pôr no homem que trabalha o dever-ser da sua realização como princípio orientador da praxis." (Lukács, 1981:79) Denn so wie das Sollen als bestimmender Faktor der subjektiven Praxis im Arbeitsprozeß nur darum diese spezifisch determinierende Rolle spielen kann, weil das dadurch Erzielte für den Menschen wertvoll ist, so kann der Wert in einem solchen Prozeß unmöglich verwirklicht werden, wenn er nicht imstande ist, in den arbeitenden Menschen das Sollen seiner Verwirklichung als Richtschnur der Praxis zu setzen (Band , pg. 68) Dever-ser e valor são "ambos momentos de um único e mesmo processo", todavia, momentos distintos e que não se confundem: (Lukács, 1981:79) "(...) o valor influi sobretudo sobre a posição da finalidade e é o princípio segundo o qual se valora o produto realizado, enquanto o dever-ser funciona Und da der Wert vorwiegend die Zielsetzung beeinflußt und Prinzip der Beurteilung des verwirklichten Produktes ist, während das Sollen mehr 43 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 mais como o regulador do processo enquanto tal, [por isso] estas duas categorias do ser social exibem muitos aspectos diversos, os quais naturalmente não suprime a sua conexão, ao contrário, a torna mais concreta." (Lukács, 1981:79) den Regulator des Prozesses selbst abgibt, muß vieles an beiden als Kategorien des gesellschaftlichen Seins verschieden beschaffen sein, Was natürlich ihre Zusammengehörigkeit nicht aufhebt, sondern im Gegenteil konkretisiert. Band II, pg. 68 Já que o valor define como "válido ou não-válido" um produto de um trabalho, devemos imediatamente nos perguntar: esta definição é objetiva ou somente subjetiva? O valor é uma propriedade objetiva de uma coisa que em um ato valorativo o sujeito simplesmente– de modo justo ou incorreto – reconheceu, ou antes ele surge exatamente como resultado desse ato valorativo?" (Lukács, 1981:79) so taucht sogleich die Frage auf: Ist diese Charakteristik eine objektive oder bloß eine subjektive? Ist der Wert eine objektive Eigenschaft eines Dinges, die im wertenden Akt des Subjekts bloß — richtig oder unrichtig — anerkannt wird, oder entsteht der Wert geradezu als Ergebnis solcher wertenden Akte? (Band II, 68) Sua resposta é um tertium datur entre o "velho materialismo" e as concepções dualistas: o valor é uma propriedade objetiva dos objetos na relação entre "as circunstâncias" e os homens. Para explicar sua concepção, Lukács toma como exemplo o caso do valor de uso produzido pelo trabalho. Inicia recuperando a tese de Marx de que o valor de troca não decorre das propriedades físico-químicas das mercadorias. Sem qualquer dúvida o valor não posse ser extraído por via direta da propriedade natural de um objeto. (Sicher ist der Wert aus den naturgegebenen Eigenschaften eines Gegenstandes nicht unmittelbar zu gewinnen.)(Lukács, 1981:79; Band II, 68-9) Isso é válido não apenas para os valores mais "elevados", como os "estéticos" ou "éticos", ou mesmo o valor de troca, mas também para os valores mais próximos à vida cotidiana e ao intercâmbio material com a natureza, como é o caso dos valores de uso produzidos pelo trabaho, os quais, pela sua própria essência como fruto do trabalho, "é ineliminavelmente articulado com a existência natural"28 (Lukács, 1981:79-80). Continua o pensador húngaro: "Ele se torna valor de uso na medida em que seja útil para a vida dos homens. E porque estamos no momento da passagem do ser natural ao social, aqui são possíveis, como mostra Marx, casos-limite nos quais é presente um valor de uso que não é produto do trabalho [ele cita Marx, de O Capital: 'o ar, a terra virgem, as pradarias naturais, a lenha dos bosques, etc.']." (Citar O Capital) Relembrando que mesmo a coleta de produtos naturais para consumo humano já é "uma forma inicial do trabalho" (Lukács, 1981:80), observa que "se excluirmos [dos exemplos dados por Marx] o ar, que representa efetivamente um caso-limite, todos os outros objetos têm valor na medida Lukács, nesta passagem, se refere aos valores de uso produzidos pelo trabalho; obviamente não desconhe que o valor de uso é uma determinação de toda mercadoria, seja ela ou não natureza transformada. 28 44 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 em que são base para um sucessivo trabalho útil, são possibilidades para a criação de produtos de trabalho (...) e portando podemos, sem distorcer a verdade, entender os valores de uso, os bens, como produtos concretos do trabalho" e, portanto, podemos entender "o valor de uso" como "uma forma objetiva da objetividade social" (Lukács, 1981:80). "A sua sociabilidade é fundada no trabalho" e ela se desenvolve na medida em que se verifica o "afastamento das barreiras naturais"(Lukács, 1981:80). Ainda que os valores de uso produzidos pelo trabalho façam parte do complexo da economia, se distinguem das outras categoriais econômicas "outras categorias econômicas apenas porque" estão presentes "em todas as formações sociais", em todos "os sistemas econômicos". Sua "universalidade" se mantém, o que se "se transforma continuamente [são] os seus modos concretos de apresentar-se, mesmo no interior da mesma formação." (Lukács, 1981:80) "Em segundo lugar, o valor de uso é, em tal quadro, alguma coisa de objetivo. (...) O valor de uso (...) não surge como simples resultantes de atos subjetivos, valorativos, mas ao invés esses se limitam a conduzir à consciência a utilidade objetiva do valor de uso; é a natureza objetiva do valor de uso que prova a justeza ou a incorreição dos mesmos, não viceversa." (Lukács, 1981:81) O valor de uso é portanto a "forma" e a "expressão" pela consciência de uma relação objetiva entre as necessidades e possibilidades de cada situação histórica concreta (de cada "circunstância", para continuar com a referência ao 18 Brumário), possibilidades e necessidades expressas na teleologia que se relacionam aos produtos resultantes das objetivações. É apenas nesta relação que algo pode ser útil ou inútil, válido ou inválido, etc. Nesse sentido, comenta Lukács: Intendere l‘utilità come una proprietà delle cose sembra al primo sguardo alquanto paradossale. La natura non conosce affatto questa categoria, ma solo il continuado processo causale del divenir-altro. Soltanto nelle teodicee potevano comparire discorsi insulsi come quello secondo cui, per esempio, 1‘« utilità » della lepre consisterebbe nell‘essere cibo per la volpe, ecc. Infatti l‘utilità solo in riferimento a una posizione teleologica può determinare il modo di essere di un qualsiasi oggetto, solo entro un tale rapporto fa parte dell‘essenza di quest‘ultimo di presentarsi come un essente che è utile o inutile. (Vol. II, 81-82) Nützlichkeit als Eigenschaft der Dinge scheint auf den ersten Anblick etwas Paradoxes zu sein. Die Natur kennt diese Kategorie überhaupt nicht, bloß den kausal bedingten kontinuierlichen Prozeß des Anderswerdens. Nur in den Theodizeen konnten so abgeschmackte Bestimmungen vorkommen, daß es etwa die »Nützlichkeit« des Hasen wäre, Nahrungsmittel für den Fuchs zu sein usw. Denn Nützlichkeit kann nur auf eine teleologische Setzung bezogen die Seinsart irgendeines Gegenstandes bestimmen, nur in diesem Verhältnis gehört es zu seinem Wesen als eines Seienden, nützlich oder sein Gegensatz zu sein. (Band14, pg. 70-71) À primeira vista, pode parecer paradoxal considerar a utilidade como uma propriedade das coisas. Com efeito, a natureza não conhece esta categoria, mas apenas o constante processo de tornar-se outro. Somente nas teodicéias podiam aparecer afirmações tolas como a de que, por exemplo, a ―utilidade‖ da lebre estaria no fato de servir de alimento para a raposa, etc. Com efeito, só referida a uma posição teleológica a utilidade pode determinar o modo de ser de qualquer objeto, só dentro dessa relação ela faz parte da essência deste último de apresentar-se como algo que é útil ou inútil. (ivo) Em poucas palavras, os valores não podem ser apenas fundados pela subjetividade do mesmo modo que não decorrem direta ou imediatamente da matéria natural (Lukács, 1981:82-3). Os valores consubstanciam um 45 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "fator real do ser social, mesmo tendo em conta suas mudanças de estrutura, mudanças qualitativas extremamamente importantes, que se verificam no curso do desenvolvimento da sociedade." (Lukács, 1981:83) als realen Faktor des gesellschaftlichen Seins, unbeschadet seiner qualitativen, höchst bedeutsamen Strukturwandlungen im Laufe der Entwicklung der Gesellschaft, zu leugnen. (Band II, 71-73) Neste preciso sentido, "Quanto à gênese ontológica do valor (...) podemos partir do fato de que no trabalho enquanto produção de valor de uso (bens) a alternativa entre utilizável e inutilizável para a satisfação das necessidades, isto é, a questão da utilidade, é posta como elemento ativo do ser social. Quando, por isso, enfrentamos o tema da objetividade do valor, podemos ver rapidamente como nele está contida uma aprovação da posição teleológica correta, ou pelo menos dizer: a correção da posição teleológica – pressupsota uma sua correta atualização – significa que o respectivo valor foi realizado concretamente. (...) devemos sublinhar o caráter sócio-ontológico de 'se...então' [do valor]: um machado tem valor se corta bem, etc. (...) Neste sentido, o valor que aparece no trabalho, enquanto processo que produz valor de uso, é sem dúvida alguma objetivo." (Lukács, 1981:84) Em outra passagem: I valori, dunque, sono oggettivi perché sono parti motrici e mosse del complessivo sviluppo sociale. (Lukács, 1981:97-8) Vol II pg. 97-8 §90 Die Objektivität der Werte beruht also darauf, daß sie bewegende und bewegte Bestandteile der gesellschaftlichen Gesamtentwicklung sind. (BandII:85-6) Os valores não são menos objetivos pelo fato de que apenas podem existir e se reproduzir pela mediação da consciência. Que sua objetividade seja distinta da objetividade da natureza, cuja existência não depende de modo algum do pôr teleológico, não diminiu seu caráter de objetividade. Os humanos, por exemplo, em nossos dias, se confrontam na vida cotidiana com um valor de troca que é mais determinante de suas existências que a natureza à sua volta. A objetividade do valor de troca na reprodução social não é menor que a objetividade de qualquer ente natural. São, contudo, certamente, objetividades distintas porque pertencentes à esferas ontológicas distintas, de um lado o ser social, do outro lado o ser natural. Por isso os valores são objetividades sociais, que apenas existem no mundo dos homens. Os processos químicos, físicos e biológicos não possuem qualquer processo valorativo. //// veio aqui do subítem "alternativa": integrar com esse sub-ítem e trazer a citação de Lukács que a alternativa é a mediação entre, acho que, ser e não-ser, ou algo assim. Os valores, portanto, para Lukács, são "forma e expressão de relações de realidade,"(Lukács, 1981:78) (verificar tradução)", são "partes motoras e movidas do desenvolvimento social no seu todo" (bewegende und bewegte Bestandteile der gesellschaftlichen Gesamtentwicklung sind) ((Lukács, 1981:97-8) Vol II pg. 97-8 §90; (BandII:85-6)). Isto posto, podemos avançar: "A fonte verdadeira de tal gênese Die echte Quelle der Genesis ist [da gênese ontológica dos valores] é (...) vielmehr der ununterbrochene 46 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 a ininterrupta mudança da estrutura do ser social, e é por tal mudança que surgem diretamente as posições que realizam os valores. (...) Os homens respondem por si -- mais ou menos conscientes, mais ou menos justamente - às alternativas concretas que são postas pelas possibilidades relevantes do desenvolvimento social." (Lukács, 1981:95) strukturelle Wandel des gesellschaftli chen Seins selbst, aus dem die wertverwirklichenden Setzungen unmittelbar entspringen. (…). Die Menschen beantworten selbst — mehr oder weniger bewußt, mehr oder weniger richtig — jene konkreten Alternativen, die die jeweiligen Möglichkeiten der gesellschaftlichen Entwicklung ihnen stellen (Bd II, pg. 83) Os valores surgem "da inintuerrupta mudança de estrutura do próprio ser social". O fato que que a reprodução social gera, ininterruptamente, não apenas novas necessidades e possibilidades objetivas, mas também subjetivas; o fato de que toda objetivação altera (não importa, agora, se muito ou pouco) as "circunstâncias" em que fazemos a história – neste fato temos a "fonte verdadeira" da gênese dos valores. A reprodução biológica – que repõe sempre o mesmo – e os processos químicos e físicos, por determinação ontológica, não apenas não exibem, como ainda prescindem de qualquer complexo valorativo. É a incessante produção do novo que caracteriza a reprodução social que requer, imperativamente, a presença e ação dos valores. Pois nesta esfera de ser há necessidades – ontológicas – que não existiam antes: 1) a necessidade de escolha de qual das alternativas será explorada para atender a qual das necessidades presentes nas "circunstâncias" da vida cotidiana e 2) a necessidade de valorar o ato e o que dele resultou a partir da finalidade objetivada. É aqui que tanto o dever-ser quanto o valor tem sua base de ser, é para atender a estas necessidades é que os complexos valorativos surgem e se desenvolvem. Para Lukács, portanto, os valores surgem no e com o salto para além da natureza. Já no fato de todos os homens fazerem a história, ainda que em "circunstâncias" que não escolheram (18 Brumário), nos obriga, sem remissão, a responder às situações da vida cotidiana e já neste fato primário da vida "está contido o valor" (Lukács, 1981:95). Em se tratando da relação entre a objetivação e a subjetividade, momento importante é o controle pelo sujeito que age de seus afetos e impulsos subjetivos de modo a colocá-los a serviço da objetivação em questão. Marx se refere a esta conexão entre subjetividade e objetivação, como já vimos, com as seguintes palavras: No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo (Zweck), que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade." (Marx, 1983:149-50) Esta "subordinação" da "vontade" ao seu "objetivo" pode ocorrer de modo mais ou menos consciente ou inconscientemente, mas está universalmente presente nos atos humanos. E tal presença, mediada pela particularidade de cada caso, se reflete na consciência. A consciênciadesse fato, mesmo a mais elementar, incorpora o autocontrole do indivíduo aos procedimentos da preparação e realização do trabalho e assume, por isso, um inequívoco caráter valorativo. (Lukács, 1981:95) Portanto, já na relação do indivíduo consigo próprio, as objetivações requerem que ele valore seu comportamento, sua atitude, a partir de um critério objetivo: sua mais ou menos adequada "subordinação" à objetivação em questão. 47 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Do ponto de vista da objetividade, a necessidade da valoração é tão indispensável quanto Por essas razões, toda posição teleológica tem necessariamente um caráter de dever-ser. Evidentemente, Lukács não restringe a objetivação de teleologias ao deverser, apenas assinala que o caráter de dever-ser está presente em toda objetivação. É um elemento ontológico universal do agir humano. Nas palavras de Lukács, "Quando (...) observamos que o ato decisivo do sujeito é a própria posição teleológica e a sua realização {Wirkung? verificar}, é imediatamente evidente como o momento categorial determinante destes atos implica no surgimento de um práxis caracterizada pelo dever-ser."(Lukács, 1981:71) Como "toda ação intencionada como realização" de uma teleologia inclui um caráter de dever-ser, todos os seus passos e momentos são avaliados com o critério de se favorecem ou não a realização da finalidade, então "O sentido da determinação (...) se inverte: na normal determinação biológica, causal, tanto nos animais quanto nos homens, há um decurso causal no qual inelutavelmente o passado determina o presente. A posição do fim subverte (...) esse andamento: o fim é (na consciência) antes de sua realização e no processo que ele conduz cada passo, cada movimento é dirigido pela posição do fim (do futuro). Dessa perspectiva, o significado da causalidade posta consiste no fato que os elos, as cadeias causais, etc., são escolhidas, colocadas em movimento, para favorecer a realização do fim estabelecido no início."(Lukács, 1981:71) Em outras palavras, Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. (Marx, 1983: 149-50) O dever-ser é, pois, um elemento ontológico ineliminável da ação humana. Do ponto de vista "do sujeito", "este agir determinado a partir de um futuro posto como definido {ver no alemão} é exatamente um agir guiado pelo dever-ser do fim."(Lukács, 1981:72) Remete de modo imediato à esfera da objetividade na exata medida em que o reflexo adequado29 dos nexos causais objetivos do setor da realidade a ser transformado tende a ser (pois há o acaso) uma conditio sine qua non para que a finalidade seja alcançada. (Lukács, 1981:72) A correção do reflexo, bem como a veracidade do conhecimento que ele implica, estão também diretamente relacionadas à finalidade: algo pode ser útil ou inútil, verdadeiro ou falso, dependendo de qual finalidade se trate30. Como já vimos, isto não conduz Lukács a qualquer pragmatismo ou relativismo, tão ao modo do pensamento contemporâneo: como não há identidade sujeito-objeto, a causalidade independe das finalidades humanas; ela continua sendo uma esfera ontológica portadora de uma objetividade própria, mesmo que uma "série causal tenha seu ponto de partida próprio em um ato de consciência" (Lukács, 1981:20). A finalidade de obter ouro a partir da pedra filosofal, por exemplo, contém elementos gnosiológicos falsos que impossibilitam sua objetivação. A alternativa escolhida para compor a teleologia de uma objetivação tem uma relação muito próxima com o reflexo do mundo objetivo na consciência e, nessa medida, para a singularidade de cada ato, 29 30 Adequado à objetivação da qual se trata, obviamente. Tratamos desse aspecto "paradoxal" da relação entre valores e objetividade ___ ver onde. 48 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "temos uma insuprimível interação entre dever-ser e reflexo da realidade (entre teleologia e causalidade posta), na qual a função de momento predominante cabe ao dever-ser."(Lukács, 1981:72) Como alerta Lukács umas poucas linhas antes, no exame dessa complexa relação entre teleologia e causalidade, entre presente e futuro, na singularidade de cada ato humano, a postulação do predomínio da teleologia na determinação da singularidade de cada ato em nada se aproxima a um certo kantismo que fetichiza o dever-ser, concedendo-lhe uma função no interior dos atos humanos muito maior do que o cabível. Do ponto de vista do sujeito e do ponto de vista da singularidade de cada ato (repetimos), o que determina o que um dado indivíduo, em uma dada circunstância, objetivará é, imediatamente, a sua escolha que se consubstancia no dever-ser prático da teleologia. Que, no contexto da organização de uma dada festa, um indivíduo determinado escolha tocar Chuck Berry ao invés de Chico Buarque é imediatamente determinado pela escolha que a sua objetivação torna ato. Portanto, o dever-ser posto pelo indivíduo é o que, imediatamente (repetimos), determina o que este ato singular será. Esse momento predominante exercido pelo dever-ser no ato singular, todavia, não apenas não cancela, como requer imperativamente, as determinações históricas universais que tornam tal ato historicamente possível. Ser determinado historicamente é a conditio sine qua non para que a singularidade de cada ato possa se fazer presente na história. Apenas enquanto uma resposta concreta a uma situação concreta por meio de um indivíduo concreto o dever-ser pode exercer o momento predominante na determinação da singularidade de cada ato31. Cancelada esta insuprimível conexão do singular com o universal, o dever-ser se eleva a elemento definidor fundante da objetividade posta e, daqui, como veremos ao tratarmos de Adolfo Sanches Vasques e de Lúcia Barroco, entre outros autores, é menos de um passo para cairmos no esquema kantiano de classificação dos valores (imediatamente identificado ao dever-ser) o qual não é capaz de revelar a função social dos complexos valorativos particulares como a moral e a ética.32 "(...) na enorme parte do tratamento idealista de tais temas, na prática desaparece completamente a especificidade do ser social; constrói-se artificiosamente uma esfera privada de raízes do dever-ser (do valor), que em seguida é contrastada com um -- presumido -- ser puramente natural do homem [o que conduz a] (...) fetichizações do fenômeno."(Lukács, 1981:73) "Fetichizado o fenômeno" dos valores e complexos valorativos, restam duas alternativas metodológicas para o tratamento dos valores: ou reduzí-los à natureza imutável dos homens, a la Kant, ou reduzí-los à naturalidade material-natural Como veremos no último capítulo, cancela essa conexão do singular com o universal, a escolha individual passa a ser definidora não apenas do conteúdo da teleologia, mas também do conteúdo do objetivado. A função social do ato é substituída pela intenção da subjetividade. Onde, agora, buscar as raízes das escolhas individuais? Por que, nas circunstâncias dadas, os indivíduos escolheram agir de um modo e, não, de outro? Sem poder recorrer à universalidade do mundo dos homens, a alternativa (não há outra) é postular uma natureza humana a-histórica – a la Kant, na melhor das hipóteses. Dado esse passo, os atos podem ser classificados segundo o conteúdo da intenção so indivíduo agente. Eles podem ser mais ou menos éticos, moralmente mais elevados ou mais rebaixados, etc. Esse é sempre um procedimento conservador, pois não há como se escapar do fato de que a concepção de mundo predominante joga um papel decisivo na valoração desses conteúdos presentes na intencionalidade dos sujeitos. Segunda consequência: dessa perspectiva, a função social dos valores e das ações humanas está irremediavelmente perdida. 32 Ao tratarmos da relação entre conhecimento e trabalho, em Mundo dos Homens, argumentamos como algo análogo ocorre na determinação da singularidade de cada ato. O conhecimento é, nessa relação, o momento que contribui decisivamente para a determinação da singularidade de cada ato em questão. O que, claro, não cancela a sua determinação mais universal pela história. 31 49 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 também imutável dos humanos, tal como foi comum no Iluminismo e no materialismo do século 18 ou mesmo em autores como Bakunin33. Daqui o tertium datur de Lukács: o dever-ser é o momento predominante da singularidade de cada ato humano, tal singularidade apenas pode existir como singularidade de uma universalidade. De tal modo que, ser determinado historicamente, ser portador das determinações histórico-universais, é condição da mera existência de tais singularidades e, portanto, do fato de o dever-ser exercer em relação à singularidade de cada ato o momento predominante. Muito mais que a forma ou o conteúdo gnosiológico ou ideológico do dever-ser, o que revelará a função social do ato singular que ele determina será o papel objetivo que tal ato venha a exercer na transformação do real, serão os nexos causais objetivos que graças a ele são postos em movimento. É esse o fundamento para o afastamento de Lukács tanto do marxismo mecanicista quanto dos idealistas na análise dos complexos valorativos. A importância dessa postura metodológica para a nossa discussão acerca da relação entre a ética e a política ficará mais evidente no Capítulo ____. Todo pôr teleológico, segundo Lukács, tem como uma das suas determinações decisivas e inelimináveis o seu caráter de alternativa. O filósofo húngaro se volta sobre esse aspecto em inúmeras passagens e o aborda das mais diversas perspectivas: 1) Argumenta que o processo de objetivação, ao dar origem a uma nova objetividade, converte a potência da teleologia em ato no objeto posto; já que a potência é sempre a potência de ser e de não-ser, toda objetivação exibe um caráter de alternativa. (Lukács, 1981:42-3, 50) 2) Argumenta, na mesma passagem, que não há alternativa no instinto entre os animais, que a alternativa é uma categoria que surge com o salto ontológico para além da natureza e é um elemento universalmente atuante nos atos humanos. (Lukács, 1981:43) 3) Demonstra como as escolhas de todos os momentos do pôr teleológico (desde a elaboração da teleologia até as etapas finais da objetivação) constituem não uma única e fechada escolha, mas sim uma "uma cadeia temporal de alternativas sempre novas". (Lukács, 1981:43) 4) Entre o reflexo da realidade pela consciência, e a objetivação de finalidades que se relaciona com tal reflexo, a alternativa joga o papel de mediação ineliminável entre o reflexo e a causalidade posta. Em outras palavras, é a alternativa uma mediação entre as determinações do ser-em-si e seu reflexo na consciência. (Lukács, 1981:45) Fazendo um breve resumo: a alternativa é parte constituinte do salto ontológico que eleva o homem da natureza. (Lukács, 1981:45) Daqui segue-se que a alternativa é sempre concreta (isto é, plena de determinações) já que é sempre a resposta particular a necessidades e possibilidades concretas. (Lukács, 1981:46-48) e, também, é fundante da liberdade (Lukács, 1981: 49-50, 30-1) a qual significa necessariamente (ainda que não se limite) ao agir consciente das determinações do momento. //// É esta objetividade dos valores que possibilita a Lukács se confrontar com o relativismo que impera nas ideologias conservadoras. Nem pode ser a política o fundamento dos valores (portanto, o relativismo viria com a posição política) como não raramente ocorre no marxismo vulgar, nem pode ser a subjetividade o locus dos complexos valorativos, caso em que a relativismo viria pela legitimidade da escolha 33 50 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 entre valores por cada indivíduo. O fato de que os valores são "contraditórios", bem como il fatto incontestabile che essi vengono a trovarsi molto spesso in opposizione dichiarata con la propria base economica e anche tra loro, non conduce perciò in definitiva a una concezione relativistica dei valori, come pensa Max Weber, e ancor meno va in tale direzione l‘impossibilità di ordinare questi ultimi in un sistema gerarchico, in una tabella. (Lukács, 1981:978) Vol II pg. 97-8 §90 die unbestreitbare Tatsache, daß sie sehr oft in ausgesprochener Gegensätzlichkeit zu ihrer ökonomischen Basis sowie zueinander stehen, ist auf diese Weise kein letzthinniger Wertrelativismus, wie Max Weber meint, und die Unmöglichkeit, sie in ein hierarchischtabellarisches System einzuordnen, weist noch weniger in diese Richtung. (BandII:85-6) A sua ineliminável "contraditoriedade" tem seu fundamento no fato de que a história não é um processo teleológico. Isto significa, para o que agora nos interessa, que as possibilidades e necessidades que serão valoradas a cada momento são potências de ser e potências de não-ser. Quais delas serão atualizadas, quais delas permanecerão meras potências, sem serem efetivadas, depende da síntese dos atos dos indivíduos singulares em tendências históricas universais – e essa síntese, e também os atos singulares, são sempre mediados por um quantum de acaso34. Por isso, continua Lukács, à "existência" dos valores é "necessariamente intrínseca a sua pluralidade" (innerlich notwendig ihre Pluralität) con un rapporto reciproco che va dalla eterogeneità alla opposizione, è bensì razionalizzabile solo post festum, ma proprio in ciò esprime l‘unitarietà contraddittoria, l‘ineguale univocità del complessivo processo storico-sociale. (Lukács, 1981:97-8) Vol II pg. 97-8 §90 ihr Verhältnis zueinander in einer Skala von der Heterogenität bis zur Gegensätzlichkeit gehört, ist zwar nur post festum rationalisierbar, drückt jedoch gerade darin die widerspruchsvolle Einheitlichkeit, die ungleichmäßige Eindeutigkeit des gesellschaftlich-geschichtlichen Gesamtprozesses aus. (BandII:85-6) A "contraditoriedade", que aparenta ser uma "relatividade", sempre presente nos processos valorativos não é fortuita nem pode ser eliminada. Como o valor viene costruito dal sommarsi causale di posizioni alternativo- teleologiche, ogni momento che immediatamente o mediatamente lo fonda o l‘ostacola deve sempre essere fatto di posizioni alternativoteleologiche. Il valore di queste posizioni è deciso dalla loro vera intenzione, divenuta oggettiva nella prassi, intenzione che può dirigersi all‘essenziale ò al contingente, a ciò che porta avanti o che frena, ecc. Siccome nell‘essere sociale tutte queste tendenze sono presenti e attive realmente, e siccone, perciò, esse producono nell‘uomo che agisce alternative in diverse direzioni, a diversi livelli, ecc., il fenomeno della relatività non è affatto casuale. (Lukács, 1981:97-8) Vol II pg. 97-8 §90 Dieser bildet in seiner objektiv kausalen Bestimmtheit eine bewegte Ganzheit; da er sich jedoch aus der kausalen Summierung von alternativteleologischen Setzungen aufbaut, muß jedes ihn unmittelbar oder vermittelt fundierende oder hemmende Moment immer aus solchen alternativ-teleologischen Setzungen bestehen. Den Wert dieser Setzungen entscheidet ihre wahre, in der Praxis objektiv gewordene Intention, die auf Wesentliches oder Flüchtiges, Fortschrittliches oder Hemmendes etc. gerichtet sein kann. Weil im gesellschaftlichen Sein alle diese Tendenzen real vorhanden und wirksam sind, weil sie deshalb in dem handelnden Menschen Alternativen von verschiedenster Richtung, Niveau etc. hervorbringen, ist die Erscheinungsweise der Relativität keineswegs zufällig.( BandII:85-6) Sobre a insuperável presença de um quantum de acaso em todo e qualquer processo, seja natural ou social, coferir Lukács __________,, Lessa, ______, se encontar, Marx________. 34 51 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Por outro lado, tal "contraditoriedade", Esso contribuisce anche a far restare viva, almeno in parte, nelle domande e nelle risposte una tendenza alla autenticità. L‘alternativa di una data prassi, infatti, non consiste soltanto nel dire « si » o « no » a un determinato valore, ma anche nella scelta del valore che forma la base dell‘alternativa concreta e nei motivi per cui si prende quella posizione nei suoi confronti. Sappiamo: lo sviluppo economico dà là spina dorsale del progresso effettivo. Il valori determinanti, che nel processo si conservano, sono perciò sempre — consapevolmente o no, immediatamente o con mediazioni, magari assai ampie — riferiti ad esso; tuttavia fa oggettivamente grande differenza quali momenti di questo processo complessivo sono oggetto dell‘intenzione e dell‘azione di quella alternativa concreta. (Lukács, 1981:97-8) Vol II pg. 97-8 §90 Sie trägt auch dazu bei, daß in den Fragen und Antworten eine Tendenz zur Echtheit, wenigstens teilweise, lebendig bleibt, da ja die Alternative der jeweiligen Praxis sich nicht nur im Ja oder Nein zu einem bestimmten Wert äußert, sondern zugleich darin, welcher Wert jeweils die Grundlage der konkreten Alternative bildet und aus welchen Gründen zu ihm so Stellung genommen wird. Wir wissen: Die ökonomische Entwicklung ergibt objektiv das Rückgrat des tatsächlichen Fortschritts. Die entscheidenden, sich im Prozeß erhaltenden Werte sind deshalb bewußt oder unbewußt, unmittelbar oder eventuell weit vermittelt — immer auf diesen bezogen; es ergibt aber objektiv wichtige Unterschiede, welche Momente dieses Gesamtprozesses die jeweilige Alternative meint und trifft. (BandII:85-6) A "contraditoriedade" que confere uma aparência de verdade à relatividade das teorias conservadoras acerca dos valores – e, para nosso estudo, acerca da ética – tem sua base na objetividade dos valores. Ao refletirem as necessidades e possibilidades em potência de cada "circunstância", os valores expressam as contradições de uma história que não teleológica. È per questa via che i valori si conservano nel complessivo processo sociale ininterrottamente rinnovantesi, per questa via essi, a loro modo, divengono parti integranti reali dell‘essere sociale nel suo processo di riproduzione, elementi del complesso chiamato essere sociale. (Lukács, 1981:97-8) Vol II pg. 97-8 §90 Dadurch erhalten sich die Werte im sich ununterbrochen erneuernden gesellschaftlichen Gesamtprozeß, dadurch werden sie, in ihrer Art, zu seienden Bestandteilen des gesellschaftlichen Seins in seinem Reproduktionsprozeß, zu Elementen des Komplexes: gesellschaftliches Sein. (BandII:85-6) Cambiamento e permanenza sono dunque prodotti parimenti dallo sviluppo sociale; la loro interrelazione rispecchia per l‘appunto quella nuova nozione della forma di sostanzialità di cui abbiamo parlato al principio di questo ragionamento e di cui il valore nella sua oggettività storica è parte organica. (Vol II*, pg. 97 §89) Wandel und Beständigkeit sind also gleicherweise von der gesellschaftlichen Entwicklung hervorgebracht; ihre Wechselbeziehung spiegelt dabei eben jene neu erkannte Form der Substantialität, von der am Anfang dieses Gedankengangs die Rede war, deren organischer Bestandteil der Wert in seiner geschichtlichen Objektivität ist. Bad II, pg. 85) Portanto, conclui Lukács, "não se pode afirmar que as Es kann also hier keine Rede davon sein, valorações, enquanto posições daß die Wertungen als einzelne singulares, constituem os valores Setzungen den Wert als solchen 52 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 enquanto tais. Ao contrário. O valor que aparece no processo e que atribui a este uma objetividade social, é isto que fornece o critério {não tem critério no alemão = é isto que decide?} para estabelecer se as alternativas presentes, na posição teleológica e na sua atuação, lhe eram adequadas, isto é, se eram corretas, válidas, etc." (Lukács, 1981:85) konstituieren würden. Im Gegenteil. Der im Prozeß erscheinende, ihm eine gesellschaftliche Gegenständlichkeit verleihende Wert ist es, der darüber entscheidet, ob die Alternative in der teleologischen Setzung und ihrer Verwirklichung dem Wert angemessen, also richtig, also wertvoll gewesen ist. (Band II, pg 73) 2.3. alternativa e objetivação: gênese da liberdade (ver numeração do ítem) Con il che siamo di nuovo al secolare problema filosotico della libertà. Sebbene a questo punto non ci sia ancora possibile approfondire tale problema, possiamo comunque rilevare che si può impostarlo in termini razionali solo guardando alla sua genesi ontologica. Abbiamo visto che gli atti oggettivanti del lavoro presuppongono ogni volta decisioni alternative come loro fondazione ontologica. Lo sguardo, per quanto rapido e generale, che abbiamo dato al modo di presentarsi del complesso dell’alienazione alPinterno di tali atti mostra non soltanto la necessità delle decisioni alternative, ma anche la loro nuova funzione, determinante affinché la società divenga sempre più sociale: il loro rapportarsi indietro all’uomo stesso che pone, al soggetto della decisione alternativa nella oggettivazione. A tale proposito possiamo stabilire, a questo stadio dell’analisi, anzitutto che tali atti di solito oltrepassano il proprio contenuto pratico immediato. Infatti anche negli atti lavorativi in senso stretto, apparentemente miranti alla sola oggettivazione, compare sempre, com’è inevitabile, l’alienazione: controllando il proprio lavoro il lavoratore giudica anche il proprio comportamento, l’abilità dei suoi movimenti, ecc. e valutando, esaminando, controllando, ecc., questi ultimi egli compie di continuo atti di alienazione, in apparenza diversi dalle oggettivazioni ma in realtà intimamente collegati ad esse. La novità del complesso problematico ora da noi toccato consiste solo nel fatto che gli atti di alienazione si rapportano al comportamento deH’uomo nella sua totalità, in definitiva al suo carattere, plasmano il suo carattere, mentre nel lavoro vero e proprio il corrispondente rapportarsi indietro al soggetto — nella maggioranza dei casi — comporta solo la correzione dei singoli comportamenti. A uno sguardo più Damit ist wieder das säkulärphilosophische Problem der Freiheit berührt. Ohne hier noch in der Lage zu sein, auf das Problem selbst näher einzugehen, kann doch darauf hingewiesen werden, daß es nur mit Hilfe seiner ontologischen Genesis vernünftig gestellt werden kann. Wir haben gesehen, daß die vergegenständlichten Akte der Arbeit jeweils Alternativentscheidungen als ihre seinsmäßige Fundierung voraussetzen. Unsere noch so allgemeine, noch so kursorische Übersicht über die Art des Entäußerungskomplexes innerhalb dieser Akte zeigt nicht nur die Notwendigkeit solcher Alternativentscheidungen, sondern zugleich ihre neue, für das immer Gesellschaftlicherwerden der Gesellschaft ausschlaggebende Funktion: ihr Rückbezogenwerden auf den setzenden Menschen selbst, auf das Subjekt der Alternativentscheidung in der Vergegenständlichung. Dabei läßt sich auf dieser Stufe der Untersuchung feststellen: vor allem, daß diese Akte über ihren unmittelbarpraktischen Gehalt hinauszugehen pflegen. Denn auch bei den scheinbar rein auf Vergegenständlichung angelegten Arbeitsakten im engsten Sinn taucht unvermeidlich die Entäußerung auf: indem der Arbeitende seine Arbeit kontrolliert, beurteilt er auch sein eigenes Verhalten dabei, die Geschicklichkeit seiner Bewegungen etc., und indem er diese bewertet, überprüft, kontrolliert etc., vollzieht er das immer wieder in den von den Vergegenständlichungen scheinbar verschiedenen, in Wirklichkeit mit ihnen innig verbundenen Akten der Entäußerung. Das Neue in dem von uns jetzt berührten Problemkomplex besteht bloß darin, daß diese sich auf das Verhalten des Menschen in seiner Totalität, letzthin auf seinen Charakter beziehen, diesen seinen Charakter formen, während bei den entsprechenden Rückbezügen auf das Subjekt in 53 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 ravvicinato, però, vediamo che l’una cosa non esclude l’altra. Perché, da un lato nel lavoro l’alienazione può anche rapportarsi al carattere complessivo dell’uomo, per esempio la tenacia in compiti difficili, la diligenza, il coraggio nella caccia ad animali pericolosi, ecc.. e dall’altro lato vi sono nella vita quotidiana degli uomini, fuori del lavoro vero e proprio, innumerevoli casi nei quali l’alienazione produce soltanto una correzione per cosi dire tecnica di specifici modi di comportamento. Anche in questo caso dunque il confine non è individuabile in maniera metafisicamente precisa, quantunque senza dubbio un contine esista, se guardiamo alla tendenza di tondo dei diversi settori della vita, dove negli atti teleologici degli uomini a volte è Foggettivazione e a volte l’alienazione il momento tendenzialmente soverchiarne nella maggioranza delle decisioni. Un confine preciso. proprio a causa dell’indissolubile legame fra questi atti, nonostante e a causa della loro diversità, non potrà mai esserci. Vol II §§69-70, pg 411-13 der eigentlichen Arbeit — in der Mehrheit der Fälle — nur von der Korrektur einzelner Verhaltungsweisen die Rede ist. Dieser Gegensatz läßt sich freilich bei näherer Betrachtung nicht als ausschließender halten. Denn einerseits kann sich die Entäußerung in der Arbeit auch auf den Gesamtcharakter des Menschen beziehen, z. B. auf Beharrlichkeit bei schwierigen Aufgaben, auf Fleiß, auf Mut in der Jagd gefährlicher Tiere etc., und andererseits gibt es unzählige Fälle im Alltagsleben der Menschen außerhalb der eigentlichen Arbeit, in denen die Entäußerung nur eine sozusagen technische Korrektur spezifischer Verhaltungsweisen herbeiführt. Auch hier ist also die Grenze ebenfalls keine metaphysisch exakt ziehbare, obwohl sie der Grundtendenz nach zweifellos vorhanden ist, indem auf verschiedenen Lebensgebieten in den teleologischen Akten der Menschen für die Mehrzahl der Entscheidungen hier das Moment der Vergegenständlichung, dort das der Entäußerung einen tendenziell übergreifenden Charakter erhält. Eine genaue Grenze kann eben wegen der unlösbaren Verbundenheit dieser Akte, trotz und wegen ihrer Verschiedenheit, nirgends vorhanden sein. (Bd II pg 368-70) Abaixo: ética, conectar com a passagem acerca da liberdade imediatamente acima: Se dunque vogliamo davvero avvicinarci a questa importante costellazione35, decisiva per comprendere a alienação, dobbiamo mettere da canto tutti i tentativi idealistici di isolare l‘etica individuale dal suo reale terreno ontologico storico-sociale e concentrarci esclusivamente sulla vera dialettica fra oggettivazione e alienação (sviluppo delle capacità e sviluppo della personalità). La genesi e il dispiegarsi spontanei, necessari, dell‘oggettivazione li abbiamo appena descritti. Per capire la peculiarità del a alienação abbiamo dovuto soffermarci un attimo sul contrasto fra quel che s‘intende qui e la desocializzazione idealistica dell‘individualità. Noi infatui ci riferiamo a un comportamento la cui genesi ed azione sono nel modo più radicale determinate dallo sviluppo storico-sociale, anche se il suo modo immediato di manifestarsi spesso è in contrasto con la spontanea necessità delle forme d‘oggettivazione nel loro modo di presentarsi ogni volta normale. L‘unità oggettiva, inscindibile, fra oggettivazione e exteriorização ovviamente resta, quantunque nella sua struttura interna si verifichino importanti cambiamenti. Quello di maggior 35 Wenn wir also dieser für das Verständnis der Entfremdung entscheidend wichtigen Konstellation wirklich näher kommen wollen, müssen wir alle derartigen idealistischen Isolierungsversuche der individuellen Ethik von ihrem real seinsmäßigen, gesellschaftlichgeschichtlichen Boden beiseite schieben, uns ausschließlich auf die wirkliche Dialektik der Vergegenständlichung und Entäußerung (Entwicklung der Fähigkeiten und der Persönlichkeit) konzentrieren. Die spontan notwendige Entstehung und Entfaltung der Vergegenständlichung haben wir soeben geschildert. Um die Eigenart der Entäußerung zu begreifen, mußten wir kurz auf den Gegensatz des hier Gemeinten zu der idealistischen Entgesellschaf- tung der Individualität hinweisen. Denn es handelt sich um ein Verhalten, dessen Genesis und Auswirkung zu allertiefst gesellschaftlichgeschichtlich bestimmt ist, wenn auch seine unmittelbare Erscheinungsweise oft A função social dos fenômenos éticos. (§ 41, p. 600-01) 54 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 rilievo è una certa preponderanza oggettiva che vi assume a exteriroização na completada objetivação do pôr teleológico. l‘alienazione una volta oggettivata la posizione teleologica. Ma si tratta di una preponderanza che non va presa troppo alla lettera, che non bisogna intendere in maniera troppo diretta. Abbiamo appena visto infatti nelle affermazioni di Marx e di suoi importanti seguaci, e nelle confessioni per esempio di Cézanne, come il superamento della soggettività particolare sia la premessa decisiva appunto dell‘oggettivazione autentica. Ma questa — in tutti i casi di vera riuscita — non è semplicemente una oggettivazione, è anche, insieme, una alienazione del soggetto non-piuparticolare. Diversamente perciò dalle oggettivazioni della genericità in-sé, dove l‘adeguatezza dell‘alienarsi del soggetto non ha nulla o perlomeno poco decisivamente a che fare con la riuscita o l‘insuccesso oggettivi dell‘oggettivazione, qui una oggettivazione adeguata è impossibile senza una alienazione di questo tipo, che cioè esprima adeguatamente il soggetto non-particolare. Si ha quindi un‘alta forma di soggettività, tutta assorbita dall‘oggettiva- zione, e ciò sebbene, ovvero proprio perché, l‘intento della posizione era di eliminare la soggettività (ma quella particolare). Vol II pg. 600-601 § 42: Atenção: Questa struttura è riscontrabile in tutte le forme alte di ideologia, inclusa ovviamente, tema sul quale purtroppo non possiamo soffermarci adeguatamente in questa sede, la prassi autenticamente etica degli individui. (VOLII**, 600-601) Gegensätzlichkeiten zu der spontanen Notwendigkeit der Vergegenständlichungsformen in ihrer jeweils normalen Erscheinungsweise zeigt. Die objektiv untrennbare Einheit von Verge- genständlichung und Entäußerung bleibt dabei selbstredend bestehen, obgleich in ihrer inneren Struktur wichtige Veränderungen vor sich gehen. Die wichtigste dabei ist eine gewisse objektive Präponderanz der Entäußerung in der vollendeten Objektivation der teleologischen Setzungen. Diese Präponderanz darf freilich nicht allzu wörtlich, nicht allzu direkt verstanden werden. Wir haben ja eben in den Feststellungen von Marx und seinen bedeutenden Nachfolgern, in den Konfessionen etwa C6zannes, sehen können, daß das Überwinden der partikularen Subjektivität die entscheidende Voraussetzung gerade der echten Objektivation (also der echten Vergegenständlichung) bildet. Diese ist aber — in sämtlichen Fällen des echten Gelingens — nicht einfach eine Vergegenständlichung, sondern zugleich, untrennbar davon, eine Entäußerung des nicht mehr partikularen Subjekts. Im Gegensatz also zu den Objektivierungen der Gattungsmäßigkeit an sich, wo die Adäquatheit der Entäußerung des Subjekts nichts oder wenigstens wenig Entscheidendes mit dem objektiven Gelingen oder Mißlingen der Vergegenständlichung zu tun hat, ist hier eine angemessene Vergegenständlichung ohne eine Entäußerung gerade dieser Art, die eben das nicht partikulare Subjekt angemessen zum Ausdruck bringt, unmöglich. Es entsteht also eine hohe Form der in die Objektivation rein aufgegangenen Subjektivität, obwohl oder gerade weil die Intention der Setzung gerade auf das Eliminieren (allerdings der partikularen) Subjektivität gerichtet war. Diese Struktur zeigt sich in allen hohen Formen der Ideologie, selbstredend, was hier leider nicht entsprechend behandelt werden kann, die echt ethische Praxis der Individuen mitinbegriffen. (Bd II, 538-40) 55 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 No parágrafo anterior: Con ciò, tuttavia, abbiamo esposto un solo lato dell’alternativa. La definizione, per quanto precisa, di un campo concreto non toglie che nell’atto dell’alternativa sia presente il momento della decisione, della scelta, e che « luogo » e organo di tale decisione sia la coscienza umana; ed è proprio questa funzione ontologica reale che solleva dallo stato di epifenomeno in cui si trovano le forme di coscienza animali totalmente condizionate dalla biologia Perciò in un certo senso si potrebbe vedervi il germe ontologico della libertà, della libertà che tanta importanza ha avuto e tuttora ha nelle polemiche filosofiche intorno all‘uomo e alla società. Per evitare che sorgano equivoci, occorre tuttavia concretare con maggior chiarezza il carattere di tale genesi ontologica della libertà, che compare per la prima volta come fatto reale nell‘alternativa entro il processo lavorativo. (Vol. II pg. 49-50 §34) No parágrafo anterior: Die noch so klar umrissene Beschreibung eines jeweiligen Spielraums kann die Tatsache nicht aus der Welt schaffen, daß im Akt der Alternative ein Moment der Entscheidung, der Wahl enthalten ist und daß »Ort« und Organ dieser Entscheidung das menschliche Bewußtsein bildet; gerade diese ontologisch reale Funktion hebt dieses aus der Epiphänomenalität der vollständig biologisch bedingten tierischen Bewußtseinsformen heraus. In einem bestimmten Sinne könnte man deshalb hier vom ontologischen Keim der Freiheit sprechen, die in den philosophischen Streitigkeiten über Mensch und Gesellschaft eine so große Rolle gespielt hat und heute noch spielt. Die Wesensart einer solchen ontologischen Genesis der Freiheit, die in der Alternative innerhalb des Arbeitsprozesses zum ersten Mal in der Wirklichkeit erscheint, muß aber noch deutlicher konkretisiert werden, um keinerlei Mißdeutungen entstehen zu lassen. (BdII/40-41) No parágrafo anterior: Por mais precisa que seja a definição de um campo concreto, não se elimina o fato de que no ato da alternativa está presente o momento da decisão, da escolha, e que o ―lugar‖ e o órgão de uma tal decisão seja a consciência humana; e é exatamente esta função ontológica real que retira do estado de epifenômeno em que se encontravam as formas da consciência animal completamente condicionadas pela biologia. Em certo sentido, por isso, se póderia falar aqui da gênese ontológica da liberdader, a qiaç jogou e ainda joga papel tão grande nas disputas filosóficas acerca do homem e da sociedade. Para evitar equívocos, no entanto, é preciso tornar mais claro e concreto o caráter desta gênese ontológica da liberdade, que aparece pela primeira vez como um fato real na alternativa, no interior do processo de trabalho. 1) O "campo concreto". plenamente determinado – e, nessa, determinação, a totalidade social, enquanto mediação entre a economia e todos os outros complexos parciais, exerce o momento predominante que é a história da humanidade, não apenas "não impede", como ainda é a conditio sine qua non para que os atos humanos tenham na alternativa seu modo essencial (Wesenart) de ser. 2) A alternativa, por sua vez, tem por "lugar e órgão" "a consciência humana" – que, por isso, deixou de ser o epifenômeno que é entre os animais. 3) A "gênese ontológica" da liberdade: liberdade aparece pela primeira vez na alternativa no interior do processo de trabalho. Per tentare ora di chiarire, pur con queste necessarie riserve, la genesi ontologica della libertà nel lavoro, dobbiamo naturalmente prendere le mosse dal carattere alternativo della posizione del fine che vi compare. E in questa Wenn wir nun, nach diesen unerläßlichen Vorbehalten, die ontologische Genesis der Freiheit in der Arbeit zu klären versuchen, müssen wir naturgemäß von dem alternativen Charakter der Zielsetzung in der Arbeit ausgehen. In dieser Para tentar esclarecer, mesmo com essas necessárias ressalvas, a gênese ontológica da liberdade a partir do trabalho, temos que partir do caráter alternativo das posições teleológicas nele existentes. Com efeito, é nessa alternativa que 56 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 alternativa, infatti, che si presenta per la prima volta in una figura chiaramente delineata il fenomeno della libertà, del tutto estraneo alla natura: nel momento in cui la coscienza decide in termini alternativi quale fine essa vuol porre e in che modo vuol trasformare in serie causali poste le serie causali occorrenti, in quanto mezzi della realizzazione, sorge un complesso reale dinamico che non ha alcuna analogia nella natura. Il fenomeno della libertà, dunque, può essere indagato, quanto alla sua genesi ontologica, solo qui. In prima approssimazione, la libertà è quell‘atto di coscienza per cui sorge, come suo risultato, un nuovo essere posto da esso. Già questo allontana la nostra concezione ontologicogenetica da quella idealistica. In primo luogo, infatti, il fondamento della libertà, se intendiamo parlarne in modo sensato come momento della realtà, consiste in una decisione concreta fra diverse possibilità concrete; se la questione della scelta viene portata a un più alto livello di astrazione distaccandola del tutto dal concreto, essa perde ogni collegamento con la realtà, diviene una vuota speculazione. In secondo luogo, la libertà è — in ultima istanza — un voler trasformare la realtà (il che, in determinate circostanze, include la conservazione dell‘assetto dato), dove la realtà in quanto scopo della trasformazione non può non rimanere presente anche nell‘astrazione più ampia. Abbiamo visto infatti che tale trasformazione è intenzionalmente presente anche quando chi decide vuol trasformare con mediazioni la coscienza di un altro uomo o la sua propria. La cerchia di reali posizioni di fini che sorge in tal modo è quindi estesa e ne include una grande varietà; ma in ogni singolo caso ha confini delimitabili con esattezza. Perciò, fin quando tale intenzione di trasformare la realtà non è dimostrabile, gli stati di coscienza — come le riflessioni, i progetti, i desideri, ecc. — non hanno direttamente nulla a che fare con il 36 Alternative erscheint nämlich das der Natur völlig fremde36 Phänomen der Freiheit zum ersten Mal in einer deutlich umrissenen Gestalt: Indem das Bewußtsein in alternativer Weise darüber entscheidet, welches Ziel es setzen und wie es die dazu erforderlichen Kausalreihen als Mittel der Verwirklichung in gesetzte verwandeln will, entsteht ein dynamischer Wirklichkeitskomplex, zu dem in der Natur keinerlei Analogie zu finden ist. Das Phänomen der Freiheit kann also in seiner ontologischen Genesis nur hier aufgesucht werden. In erster Annäherung gesagt, Freiheit ist jener Bewußtseinsakt, als dessen Ergebnis ein neues, von ihm gesetztes Sein entsteht. Schon hier weicht unsere ontologisch-genetische Auffassung von der idealistischen ab. Denn erstens besteht die Grundlage der Freiheit, wenn wir von ihr als Moment der Wirklichkeit sinnvoll sprechen wollen, in einer konkreten Entscheidung zwischen verschiedenen konkreten Möglichkeiten; wird die Wahlfrage höher abstrahiert, wird sie vom Konkreten vollständig losgelöst, so verliert sie jeden Zusammenhang mit der Wirklichkeit, wird zu einer leeren Spekulation. Zweitens ist Freiheit ein — letzthinniges — Verändernwollen der Wirklichkeit (das freilich unter bestimmten Umständen das Aufbewahren ihres gegebenen Bestandes in sich begreift), wobei die Wirklichkeit als Ziel der Veränderung auch in der weitgehendsten Abstraktion aufbewahrt bleiben muß. Unsere bisherigen Betrachtungen haben freilich auch gezeigt, daß eine Entscheidungsintention, die durch Vermittlungen auf Veränderung des Bewußtseins eines anderen Menschen oder seines eigenen gerichtet ist, ebenfalls eine derartige Veränderung meint. Der so entstehende Umkreis von realen Zielsetzungen ist also groß und umreißt eine große Vielfältigkeit; er hat aber doch in jedem Einzelfall genau bestimmbare Grenzen. Solange also keine derartige Intention auf Veränderung der Wirklichkeit nachweisbar ist, haben Bewußtseinszustände wie Erwägungen, Planungen, Wünsche etc. nichts mit Ver aqui a tradução no português, o estranhamento. aparece, pela primeira vez, de forma claramente delineada, o fenômeno da liberdade, que é completamente estranho à natureza: no momento em que a consciência decide, em termos alternativos, que finalidade quer estabelecer e de que maneira quer transformar as séries causais correntes em séries causais postas, como meios de sua realização, surge um complexo dinâmico que não encontra paralelo na natureza. Só neste momento, portanto, é que se pode examinar o problema da liberdade em sua gênese ontológica. Numa primeira aproximação, a liberdade é aquele ato de consciência que dá origem a um novo ser posto por ele. Isto já distancia a nossa concepção ontológico-genética da concepção idealista. Com efeito, se pretendemos falar da liberdade de uma maneira razoável como momento da realidade, seu fundamento está, em primeiro lugar, numa decisão concreta entre diversas possibilidades concretas; se a questão da escolha é posta num nível mais alto de abstração que a separa inteiramente da concretude, ela perde toda sua relação com a realidade e se torna uma especulação vazia. Em segundo lugar, a liberdade é — em última instância — um querer transformar a realidade (o que, em determinadas circunstâncias, inclui a conservação das coisas como estão), o que significa que a realidade, enquanto objetivo da transformação, não pode deixar de estar presente mesmo na abstração mais ampla. Com efeito, vimos que essa transformação está intencionalmente presente também quando aquele que decide quer transformar, com mediações, a consciência de um outro homem ou a sua própria. Deste modo, o âmbito das posições reais de fins que surgem neste momento é muito extenso e inclui uma grande variedade; mas em cada caso tem contornos delimitáveis com muita exatidão. Por isso, até que a intenção de transformar a realidade tenha sido demonstrada, os estados de consciência — como as reflexões, os projetos, os desejos, etc. — não 57 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 problema reale della libertà. (Vol II, 112-3) Vol II pg. 112 § 106 dem realen Problem der Freiheit direkt zu tun. (Bd II, 98-9) têm nenhuma relação real com o problema da liberdade. (Ivo) 1) na alternativa inerente ao trabalho "aparece pela primeira vez em uma figura (Gestalt) claramente delimitada (deutliche umrissen Gestalt) o fenômeno da liberdade", 2) ao 2a) a consciência decidir em "termos alternativos" qual finalidade (Ziel) quer pôr e "comoquer transformar" as séries causais "concretas (erforderlichen)" 2b) "surge (entsteht) um complexo real dinâmico" -- "do qual não se encontra na natureza qualquer analogia": a liberdade. Assim, 3) "em primeira aproximação, a liberdade é aquele ato de consciência pelo qual surge, como seu resultado (Ergbinis) um novo ser por ele posto." 4) "A liberdade" é "uma escolha (Entscheidung) concreta entre diferentes possiblidades concretas" 5) "Em segundo lugar, a liberdade é – em última instância – um querer transformar a realidade (...) pelo que a realidade como finalidade da transformação (Ziel der Veränderung) deve permanecer presente (aufbewarht??) também na abstração mais ampla" 6) Ou seja, como a atividade da consciência não objetivada não se eleva ao seu para-si, tmabém "Por isso (...) Perciò, fin quando tale intenzione di trasformare la realtà non è dimostrabile, gli stati di coscienza — come le riflessioni, i progetti, i desideri, ecc. — non hanno direttamente nulla a che fare con il problema reale della libertà. (Vol II, 112-3) Vol II pg. 112 § 106 (Solange also keine derartige Intention auf Veränderung der Wirklichkeit nachweisbar ist, haben Bewußtseinszustände wie Erwägungen, Planungen, Wünsche etc. nichts mit dem realen Problem der Freiheit direkt zu tun. (Bd II, 98-9)) Come carattere dell‘uomo che vive nella società e socialmente agisce, la libertà non è mai del tutto priva di determinismo. Basta ricordare quanto abbiamo detto più sopra circa il fatto che già nel lavoro più semplice compaiono certi punti di annodamento delle decisioni dove la scelta di avviarsi in una direzione piuttosto che nell‘altra può portare a un « periodo di conseguenze », nel quale lo spazio della decisione diviene estremamente ristretto e in date circostanze può in pratica ridursi a zero. (Vol II pg.113-4 § 107) Als Bestimmung des in der Gesellschaft lebenden und gesellschaftlich handelnden Menschen ist die Freiheit nie völlig ohne Determination. Wir erinnern bloß an unsere früheren Ausführungen darüber, daß schon in der einfachsten Arbeit gewisse Knotenpunkte der Entscheidungen aufgetreten und der Entschluß hier, die eine Richtung und nicht die andere einzuschlagen, eine »Periode der Konsequenzen« herbeiführen kann, in welcher der Spielraum der Entscheidung sich äußerst einschränkt und unter Umständen praktisch gleich Null werden kann. BandII:94) 1) liberdade: período de consequências pode "reduzir a zero" o "espaço de manobra" para o indivíduo 2) tabela abaixo (...) l‘analisi ci mostra un ulteriore (...) zeigt die Analyse dieser Lage noch eine momento significativo del determinismo del bedeutsame Bestimmung in der Determiniertheit soggetto dell‘alternativa: la necessaria des Subjekts der Alternative: die notwendige ignoranza delle sue conseguenze o almeno di Unkenntnis ihrer Folgen oder zumindest eines una parte di esse. Tale struttura è in certo Teils ihrer Folgen. Diese Struktur wohnt bis zu grado intrinseca ad ogni alternativa; ma la einem gewissen Grad jeder Alternative inne; ihre 58 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 sua ampiezza quantitativa finisce per retroagire qualitativamente sull‘alternativa stessa. E facile vedere come sia anzitutto la vita quotidiana che di continuo pone davanti ad alternative inattese e spesso bisogna trovare una risposta immediata, pena la rovina; in tal caso il carattere essenziale dell' alternativa medesima è che bisogna decidere non conoscendo la maggioranza delle componenti della situazione, delle conseguenze, ecc. Tuttavia anche cosi resta un minimo di libertà nella decisione; anche in questo caso — come caso-limite — si tratta pur sempre di una alternativa e non di un evento naturale determinato da una causalità puramente spontanea. (vol II, pg 114 parágro 108) quantitative Beschaffenheit muß jedoch auf die Alternative selbst qualitative Rückwirkungen haben. Es ist leicht einzusehen, daß vor allem das Alltagsleben ununterbrochen Alternativen stellt, die unerwartet auftauchen und oft bei Strafe des Untergangs sofort beantwortet werden müssen; bei diesen gehört zur wesentlichen Bestimmung der Alternative selbst, daß ihre Entscheidung in Unkenntnis der Mehrzahl der Komponenten, der Lage, der Folgen etc. gefällt werden muß. Aber auch hier bleibt ein Minimum an Freiheit in der Entscheidung erhalten; auch hier handelt es sich — als Grenzfall — doch um .eine Alternative und nicht um ein von rein spontaner Kausalität determiniertes Naturgeschehen. (BandII:99) In un certo senso, teoricamente significativo, persino il lavoro più primordiale rappresenta una sorta di antipodo delle tendenze ora descritte. Vol II, pg 115-6 §110 In einem bestimmten, theoretisch bedeutsamen Sinn repräsentiert selbst die primitivste Arbeit eine Art von Gegenpol zu den eben geschilderten Tendenzen. (BandII:100) (...) La conseguenza è che il soggetto, il quale pone le alternative come quelle di un ricambio organico dell‘uomo con la natura, viene determinato solo dai propri bisogni e dalle conoscenze che possiede intorno ai dati naturali del suo oggetto; categorie come l‘incapacità di usare determinati modi di lavorare a causa della struttura sociale della società (per esempio nel lavoro degli schiavi) o come le alternative di carattere sociale circa l‘esecuzione del lavoro (per esempio il sabotaggio nelle produzioni sociali fortemente sviluppate) a questo stadio non sono ancora presenti. Cosicché rilevante per condurre in porto il processo della realizzazione qui è anzitutto la conoscenza oggettiva adeguata del materiale e dei procedimenti; i cosiddetti motivi interiori del soggetto non vi entrano quasi per nulla. Il contenuto della libertà, perciò, è essencialmente diverso da quello delle forme più complesse. Potremmo delinearlo come segue: quanto più adeguata è la conoscenza dei nessi naturali ogni volta in questione cui il soggetto è pervenuto, tanto più egli può muoversi liberamente nel materiale. Altrimenti detto: quanto maggiore è la conoscenza adeguata delle catene causali ogni volta operanti, tanto più adeguatamente esse possono venir tramutate in catene causali poste, tanto più sicuro è il dominio del soggetto su di esse, cioè la libertà qui ottenibile. Vol II, pg 115-6 §110 (...) Das hat zur Folge, daß das die Alternativen als die eines Stoffwechsels des Menschen mit der Natur setzende Subjekt bloß durch seine Bedürfnisse und durch seine Kenntnisse der Naturbestimmtheiten seines Objekts determiniert wird; Kategorien wie Unfähigkeit zu bestimmten Arbeitsweisen infolge der sozialen Struktur der Gesellschaft (z. B. Sklavenarbeit), wie gegen die Durchführung der Arbeit entstehende Alternativen sozialen Charakters (z. B. Sabotage in hochentwickelten gesellschaftlichen Produktionen) kommen auf dieser Stufe noch nicht vor. So ist hier vor allem die adäquate objektive Erkenntnis der Materie und der Vorgänge allein relevant für den erfolgreichen Prozeß der Verwirklichung; die sogenannten inneren Motive des Subjekts kommen dabei kaum in Frage. Der Inhalt der Freiheit unterscheidet sich deshalb wesentlich von dem der komplizierteren Formen. Man könnte ihn am besten so umschreiben: Je angemessener die im Subjekt erlangte Erkenntnis der jeweils in Betracht kommenden Naturzusammenhänge ist, desto größer wird seine freie Bewegung im Stoff; anders ausgedrückt: Je größer die adäquate Erkenntnis der jeweils wirkenden Kausalketten, desto adäquater können sie in gesetzte verwandelt werden, desto sicherer wird die Herrschaft des Subjekts über sie, d. h. seine hier erlangbare Freiheit. (BandII:100) Da tutto ciò risulta chiaro come ogni decisione alternativa formi il centro di un Es ist aus alledem klar, daß Alternativentscheidung das Zentrum jede eines 59 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 complesso sociale fra le cui componenti dinamiche figurano sia il determinismo che la libertà. La posizione di un fine, con la quale qualcosa di ontologicamente nuovo compare come essere sociale, è un atto di libertà albeggiante, dato che modi e mezzi per appagare un bisogno non sono più effetti di catene causali spontaneamente biologiche, ma risultati di azioni consapevolmente decise ed eseguite. (...){verificar tradução frase anterior} (Vol II pg 115, §110) gesellschaftlichen Komplexes bildet, unter dessen dynamischen Komponenten gesellschaftliches Sein auftritt, ist ein Akt der entstehenden Freiheit, indem Wege und Mittel der Bedürfnisbefriedigung nicht mehr Auswirkungen spontan biologischer Kausalketten sind, sondern Ergebnisse bewußt beschlossener und durchgeführter Handlungen. (...) (BandII:100-101) 1) toda liberdade é "concreta", é a síntese entre o recuo das barreiras naturais e o caráter de alternativa dos atos singulares; 2) Por isso (abaixo) a liberdade é "concreta": La nostra precedente affermazione secondo cui ogni alternativa per sua essenza ontologica è concreta, mentre un‘alternativa generale, un‘alternativa in assoluto è pensabile solo come prodotto mentale di un processo di astrazione logicognoseologica, si chiarisce ora nel senso che la libertà, di cui l‘alternativa è espressione, anch‘essa per sua essenza ontologica non può essere astrattogenerale, è concreta: essa rappresenta un determinato campo d‘azione delle decisioni all‘interno di un complesso sociale concreto in cui divengono operanti, simultaneamente ad esso, oggettività e forze sia naturali che sociali. Quindi soltanto questa totalità concreta può possedere una verità ontologica. Il fatto che nel corso dello sviluppo i momenti sociali vi aumentano di peso sia in termini assoluti che relativi, non tocca questo dato di fondo, sul quale tanto meno incide la circostanza che nel lavoro, come lo intendiamo qui, il momento del dominio sulla natura resta quello determinante. Anche quando si ha un forte arretramento della barriera naturale, il libero movimento nel materiale è e rimane il momento soverchiante per la libertà, quando si parla di essa nell‘ambito delle alternative del lavoro. (Vol II pg 115, §110) Unsere frühere Behauptung, daß jede Alternative ihrem ontologischen Wesen nach konkret ist, daß eine allgemeine Alternative, eine Alternative überhaupt nur als Gedankenerzeugnis eines logisch-erkenntnistheoretischen Abstraktionsprozesses denkbar ist, verdeutlicht sich nunmehr in der Richtung, daß die sich in der Alternative äußernde Freiheit ihrem ontologischen Wesen nach ebenfalls konkret und nicht abstrakt-allgemein sein muß: Sie stellt ein bestimmtes Kraftfeld der Entscheidungen innerhalb eines konkreten gesellschaftlichen Komplexes dar, in welchem sowohl naturhafte wie gesellschaftliche Gegenständlichkeiten und Kräfte mit ihm simultan wirksam werden. Eine ontologische Wahrheit kann also nur diese konkrete Totalität besitzen. Daß in ihr im Laufe der Entwicklung die gesellschaftlichen Momente absolut wie relativ ständig zunehmen, kann diese Grundgegebenheit nicht ändern, um so weniger als bei der Arbeit, so wie sie hier unterstellt ist, das Moment der Beherrschung der Natur das ausschlaggebende bleiben muß, selbst bei einem noch so weitgehenden Zurückweichen der Naturschranke. Die freie Bewegung im Stoff ist und bleibt das übergreifende Moment für die Freiheit, soweit diese in Arbeitsalternativen zur Geltung gelangt. (BandII:100-101) 3) O que se altera entre as formações sociais primitivas e as avançadas é: " nel corso dello sviluppo i momenti sociali vi aumentano di peso sia in termini assoluti che relativi," (Vol II pg 115, §110) ("in ihr im Laufe der Entwicklung die gesellschaftlichen Momente absolut wie relativ ständig zunehmen"(BandII:100-101)) 4) a liberdade no trabalho tem "seu momento determinante" no "livre movimento no material" ("freie Bewegung im Stoff") 5) isto (de 4) porque 5a) (tabela abaixo): Non va trascurato tuttavia che tale modo di Es darf aber nicht außer acht gelassen werden, presentarsi della libertà resta in vigore, nella daß diese Erscheinungsweise der Freiheit selbst forma e nel contenuto, anche dopo che il dann, formell wie inhaltlich, aufrechterhalten lavoro è di parecchio uscito fuori dal suo bleibt, wenn die Arbeit schon längst ihren stato originario, qui assunto come base. Si ursprünglichen, hier als Basis unterstellten 60 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 pensi anzitutto alla nascita della scienza (matematica, geometria, ecc.) dalle esperienze lavorative sempre più fortemente generalizzate. Com‘è ovvio, qui si allenta il legame diretto con o pôr finalidade singular concreto do ato singular de trabalho. ( Vol II pg. 116-7 § 111) Zustand verlassen hat. Man denke vor allem an die Entstehung von Wissenschaft (Mathe matik, Geometrie etc.) aus immer stärker verallgemeinerten Arbeitserfahrungen. Natürlich lockert sich dabei die unmittelbare Verbindung mit der einmaligen konkreten Zielsetzung der einzelnen Arbeit. (BandII:101-2) 5b) Ma poiché l‘applicazione finale nel lavoro, magari dopo molte mediazioni, continua a valere da verifica di ultima istanza, poiché, quantunque in termini fortemente generalizzati, l‘intenzione ultima di trasformare nessi reali in nessi posti e utilizzabili entro posizioni teleologiche non subisce alcun cambiamento di fondo, neppure la forma in cui la libertà compare nel lavoro, il libero movimento nel materiale, presenta mutamenti radicali. ( Vol II pg. 116-7 § 111) Da aber eine letzthinnige, wenn auch eventuell weitvermittelte Anwendung in der Arbeit als letzthinnige Verifikation in dieser bestehenbleibt, da, wenn auch in stark verallgemeinerter Weise, die letzthinnige Intention, reale Zusammenhänge in gesetzte und in teleologischen Setzungen verwendbare zu verwandeln, keine umwälzende Änderung erfährt, erleidet auch die für die Arbeit charakteristische Erscheinungsform der Freiheit, die freie Bewegung im Stoff keine fundamentale Umwälzung. (BandII:101-2) 6) Isto, contudo, não significa que – mesmo nessa permanência e continuidade – não surjam "variadas complexidades" (Vol II pg. 116-7 § 111) derivadas de que: Sulle svariate complessità che ne derivano Dabei entstehen vielfache Komplikationen, auf torneremo più avanti. La ragione di die wir später noch zurückkommen werden. Ihr quest‘ultimo fatto è, per un verso, che la Grund besteht einerseits darin, daß die realizzazione immediata del lavoro qui passa unmittelbare Verwirklichung in der Arbeit selbst attraverso numerosissime, molteplici e hier sehr vielen, mannigfaltigen, oft äußerst spesso eterogenee mediazioni, per l‘altro heterogenen Vermittlungen unterworfen ist, verso che il materiale in cui si verifica il andererseits, daß der Stoff, in welchem die freie libero movimento come forma della libertà Bewegung im Stoff als Gestalt der Freiheit non è più semplicemente la natura, ma il più entsteht, nicht mehr bloß die Natur ist, sondern delle volte già il ricambio organico della vielfach schon der Stoffwechsel der Gesellschaft società con questa o addirittura il processo mit der Natur oder sogar der Prozeß des dell‘essere sociale stesso. Una teoria gesellschaftlichen Seins selbst. Eine wirklich realmente dispiegata, comprensiva, deve ausgebreitete umfassende Theorie muß diese ovviamente prendere in considerazione, Komplikationen natürlich in Betracht ziehen, analizzare Qui basta aver indicato tali eingehend analysieren, was wieder nur in der possibilità, rilevando che la forma Ethik durchführbar wird; hier genügt es, auf fondamentale della libertà vi resta diese Möglichkeiten bloß hinzuweisen, bei der presente.(Vol II, 116-7)) Feststellung, daß die Grundform der Freiheit dabei doch erhalten bleibt. (BandII:101-2) Portanto, a liberdade é sempre um espaço de manobra (Spielraum – verificar), corresponde sempre à autonomia relativa, objetivamente aberta ao Zielsetzung – o que, obviamente, significa que a liberdade só pode existir sendo determinada pelo afastamento das barreiras naturais pelo correspondente processo de sociabilização que se baseia neste afastamento. Nas palavras de Lukács, Ora che abbiamo visto come in questo complesso si abbia una indissolubile interrelazione fra determinismo e libertà, non ci sorprende constatare che le trattazioni filosofiche sull‘argomento di solito prendono le mosse dall‘antitesi fra necessità e libertà. Tale opposizione così formulata soffre, in primo luogo, del fatto che la filosofia, per lo più consapevolmente orientata in senso logico-gnoseologico, anzitutto quella Da wir gesehen haben, daß in diesem Komplex eine untrennbare Wechselbeziehung zwischen Determiniertheit und Freiheit obwaltet, überrascht uns nicht, daß die philosophischen Behandlungen dieser Frage von dem Gegensatz zwischen Notwendigkeit und Freiheit auszugehen pflegen. Der so formulierte Gegensatz leidet erstens darunter, daß die bewußterweise zumeist logischerkenntnistheoretisch orientierte Philosophie, 61 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 idealistica, identifica semplicemente il determinismo con la necessità, in quanto generalizza ed estremizza in termini razionalistici il concetto di necessità, dimenticando il suo carattere ontologico autentico del « se... allora ». In secondo luogo, la filosofia premarxiana, anzitutto quella idealistica, com‘è a noi noto, per la massima parte estende in modo ontologicamente illegittimo il concetto di teleologia alla natura e alla storia, per cui ha grandissime difficoltà a impostare il problema della libertà nella sua forma vera, autentica, reale. Per far questo, infatti, bisogna comprendere bene il salto qualitativo che si verifica nel divenir-uomo dell‘uomo, cioè che si ha qualcosa di radicalmente nuovo rispetto a tutta la natura, organica e inorganica. Anche la filosofia idealistica vuole mettere in rilievo questo fatto nuovo, e proprio contrapponendo la libertà alla necessità; ma indebolisce il proprio ragionamento non solo proiettando nella natura la teleologia, che è la premessa ontologica della libertà, ma anche vedendo in tale contrapposizione ontologico-strutturale una carenza della natura e delle categorie naturali. La celebre e molto seguita caratterizzazione hegeliana del rapporto fra libertà e necessità suona come segue: « Cieca è la necessità solo nella misura in cui non viene compresa... » 5 ( Vol II pg.177 e ss § 112) vor allem die idealistische, die Determination einfach mit der Notwendigkeit identifiziert, worin eine rationalistische Verallgemeinerung und Überspannung des Begriffs der Notwendigkeit enthalten ist, ein Absehen von ihrem ontologischen echten »Wenn ... dann«Charakter. Zweitens herrscht im größten Teil der vormarxschen Philosophie, vor allem in der idealistischen, die uns bereits bekannte, ontologisch illegitime, Ausweitung des Begriffs der Teleologie auf Natur und Geschichte, wodurch es für sie außerordentlich erschwert ist, das— Problem der Freiheit in seiner eigentlichen, echt seienden Form zu erfassen. Denn dazu ist notwendig, den qualitativen Sprung im Menschwerden des Menschen richtig zu begreifen, das der gesamten Natur, organischer und unorganischer, gegenüber etwas radikal Neues ist. Auch die idealistische Philosophie will ja durch den Gegensatz von Notwendigkeit und Freiheit dieses Neue hervorheben; sie schwächt es aber nicht nur dadurch ab, daß sie in die Natur eine Teleologie, die ontologische Voraussetzung der Freiheit hineinprojiziert, sondern auch dadurch, daß sie aus dem ontologisch-struktiven Gegensatz eine Privation der Natur und der Naturkategorien macht. Hegels berühmte und sehr einflußreich gewordene Bestimmung des Verhältnisses von Freiheit und Notwendigkeit lautet so: »Blind ist die Notwendigkeit nur, insofern dieselbe nicht begriffen wird ...« (BdII:102-3) Lukács praticamente repete esses argumentos ao fazer na sequência do texto a crítica da concepção de liberdade em Hegel. L‘aspetto ontologico giusto cui Hegel vuol qui riferirsi è che un processo causale la cui legalità (necessità) è stata da noi correttamente capita, può perdere per noi quel carattere di fatto non-dominabile che Hegel intende indicare con il termine di cecità. In sé il processo causale naturale non ha nulla di mutato, ma ora esso può tramutarsi in un processo posto da noi e in questo — ma solo in questo — senso cessa di operare « ciecamente ».( Vol II pg.117-8 § 113) Ontologisch bedeutet das Richtige an dem, was Hegel hier meinte, daß ein kausaler Prozeß, dessen Gesetzlichkeit (Notwendigkeit) wir richtig erfaßt haben, für uns jene Unbeherrschbarkeit verlieren kann, die Hegel mit dem Ausdruck Blindheit bezeichnen will. An sich hat sich jedoch am naturkausalen Prozeß selbst nichts geändert, er kann nunmehr allerdings in einen von uns gesetzten verwandelt werden, und in diesem — aber nur in diesem — Sinn hört er auf, als »blinder« zu wirken. (BdII, 103-4) O aspecto ontológico equivocado em Hegel Senza dubbio qui {Lukács se refere à citação: : « Cieca è la necessità solo nella misura in cui non viene compresa... » 5 ( Vol II pg.177 e ss § 112)// : »Blind ist die Notwendigkeit nur, insofern dieselbe nicht begriffen wird ...« (BdII:102-3)}Hegel coglie un lato essenziale del problema: il ruolo del rispecchiamento Ohne Frage erfaßt Hegel hier eine wesentliche Seite des Problems: die Rolle der richtigen Widerspiegelung, des richtigen Erfassens der an sich seienden spontanen Kausalität. Aber schon der Ausdruck »blind« weist auf jene Schiefheit der idealistischen Konzeption, auf die wir eben angespielt haben. Denn das Wort »blind« hat nur 62 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 corretto, della giusta visione della causalità spontanea essente-in-sé. Ma già il termine « cieca » rivela quella stortura della concezione idealistica cui abbiamo ora accennato. Infatti il termine « cieca » soltanto in contrapposto a vedere ha un senso reale. Un oggetto, un processo, ecc. che per sua essenza ontologica non potrà mai diventare consapevole, vedente, non è cieco (al più lo è in senso vago, metaforico); sta invece al di qua della opposizione fra vista e cecità. ».( Vol II pg.117-8 § 113) als Gegensatz zum Sehen einen wirklichen Sinn; ein Gegenstand, ein Prozeß etc., der seinem ontologischen Wesen nach nie bewußt, nie sehend werden kann, ist nicht blind (höchstens im ungenauen, metaphorischen Sinn); er steht vielmehr diesseits des Gegensatzes von Sehen und Blindheit. (BdII, 103-4) Ainda: (...)Engels, discutendo di tale questione, parla di mancanza di libertà degli animali. Ma di nuovo: non-libero può essere solo un essere che ha perduto o non ha ancora raggiunto la libertà. Gli animali non mancano di libertà, stanno invece al di qua della contrapposizione tra libero e non-libero. Ma anche da un punto di vista ancora più essenziale la caratterizzazione hegeliana della necessità contiene qualcosa di errato e distorto. Il che si connette alla sua concezione logicoteleologica del cosmo intero. Egli sintetizza cosi l‘analisi dell‘azione reciproca: « Questa verità della necessità è perciò la libertà » ". Dopo aver esposto criticamente il sistema e il metodo hegeliani, noi sappiamo che, quando egli dice che una categoria è la verità di un‘altra intende riferirsi all‘edificio logico della serie delle categorie, cioè al loro posto nel processo di trasformazione della sostanza in soggetto, sul cammino verso il soggetto-oggetto identico».( Vol II pg.117-8 § 113). (...)daß selbst Engels bei Behandlung dieser Frage von der Unfreiheit der Tiere spricht; wieder: Unfrei kann nur ein Wesen sein, das seine Freiheit verloren oder noch nicht errungen hat. Die Tiere sind nicht unfrei, sondern stehen allenfalls diesseits des Gegensatzes von frei und unfrei. Aber auch von einem noch wesentlicheren Gesichtspunkt aus gesehen enthält die Hegelsche Bestimmung der Notwendigkeit etwas Schiefes und Irreführendes. Das hängt mit seiner logisch-teleologischen Auffassung des ganzen Kosmos zusammen. Die Analyse der Wechselwirkung faßt er nämlich so zusammen: »Diese Wahrheit der Notwendigkeit ist somit die Freiheit.«6 Wir wissen aus der kritischen Darstellung von Hegels System und Methode, daß durch die Bezeichnung, eine Kategorie sei die Wahrheit der anderen, der logische Aufbau der Aufeinanderfolge der Kategorien gemeint ist, d. h. ihre Stelle im Verwandlungsprozeß der Substanz ins Subjekt, auf dem Weg zum identischen Subjekt-Objekt. (BdII, 103-4) O equívoco de Hegel – o perigo de contrapor o "cego" e o "visto" ao tratar da liberdade está aqui: Con questa ascesa astrattiva nel metafisico, Durch diese abstraktive Steigerung ins necessità e libertà perdono, e tanto più lo Metaphysische verlieren Notwendigkeit und perde il loro rapporto reciproco, quel senso Freiheit, und erst recht ihr Verhältnis concreto che Hegel si sforzava di dar loro e zueinander, jenen konkreten Sinn, den in cui nell‘analisi del lavoro, come abbiamo Hegel ihnen zu geben bestrebt war und den visto, si è più volte imbattuto. {verificar er in der Analyse der Arbeit selbst, wie wir tradução:} In questa generalizzazione insorge gesehen haben, vielfach getroffen hat. In il fantasma di una identità, mentre la dieser Verallgemeinerung entsteht das necessità e la libertà reali sprofondano nella Phantom einer Identität, während rappresentazione irreale dei loro concetti. eigentliche Notwendigkeit und Freiheit zu Hegel ne sintetizza il rapporto nel modo uneigentlichen Repräsentationen ihrer seguente: « Libertà... e necessità, in quanto si Begriffe herabsinken. Hegel führt ihr fronteggiano in astratto l‘una con l‘altra, Verhältnis zusammenfassend aus: appartengono solo alla finità e solo sul suo »Freiheit... und Notwendigkeit, als einander terreno hanno corso. Una libertà che non abstrakt gegenüberstehend, gehören nur der abbia in sé la necessità e una mera necessità Endlichkeit an und gelten nur auf ihrem senza libertà sono determinazioni astratte e Boden. Eine Freiheit, die keine quindi non vere. La libertà è concreta in 63 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 essenza, determinata per sé in eterno e perciò al medesimo tempo necessaria. Quando si parla della necessità di solito con essa s‘intende per prima cosa solo la determinazione dall‘esterno, come per esempio nella meccanica finita un corpo si muove solamente quando venga urtato da un altro corpo e precisamente nella direzione che gli viene data con questo urto. Ma questa è una necessità meramente esterna, non quella vera interna, che è poi la libertà » . Ora si vede a quali errori conduceva il termine « cieca » riferito alla necessità. Vol II pg.118-9 § 114 Notwendigkeit in sich hätte, und eine bloße Notwendigkeit ohne Freiheit, dies sind abstrakte und somit unwahre Bestimmungen. Die Freiheit ist wesentlich konkret, auf ewige Weise für sich bestimmt und somit zugleich notwendig. Wenn von Notwendigkeit gesprochen wird, so pflegt man darunter zunächst nur Determination von außen zu verstehen, wie z. B. in der endlichen Mechanik ein Körper sich nur bewegt, wenn er durch einen anderen Körper gestoßen wird, und zwar in der Richtung, welche ihm durch diesen Stoß erteilt wird. Dies ist jedoch eine bloß äußerliche Notwendigkeit, nicht die wahrhaft innere, denn diese ist die Freiheit.« 7 Man sieht erst jetzt, wie irreführend die Bezeichnung »blind« für die Notwendigkeit gewesen ist. (BDII, 104) Ou seja: 1) a Steigerung abstrativa (?) conduz à identidade entre necessidade e liberdade. Saída de Hegel: contrapor uma "necessidade externa" a uma "necessidade interna". A primeira seria sempre "cega", mesmo quando conhecida: (...)Dove il termine avrebbe un senso reale, Hegel vede « una necessità meramente esterna »; questa però non viene trasformata, quanto alla sua essenza, dal fatto di essere conosciuta, rimane « cieca », come abbiamo visto, anche se è — nel processo lavorativo — conosciuta; essa adempie la sua funzione, nel contesto teleologico dato, solo in quanto viene conosciuta e trasformata in una necessità posta per realizzare una concreta posizione teleologica. (Il vento non è meno « cieco » del solito quando contribuisce a far compiere i movimenti posti nel caso di un mulino o di una barca a vela.) Quel che Hegel designa come necessità vera e propria, nella sua identità con la libertà, resta invece un mistero cosmico. Vol II pg.118-9 § 114 (...) »eine bloß äußerliche Notwendigkeit«; diese wird jedoch durch ihr Erkanntwerden nicht dem Wesen nach verwandelt, sie bleibt, wie wir gesehen haben, auch wenn — im Arbeitsprozeß — erkannt, weiter »blind«; nur indem sie für die Verwirklichung einer konkreten teleologischen Setzung erkannt und in eine gesetzte verwandelt wird, erfüllt sie ihre Funktion im gegebenen teleologischen Zusammenhang. (Der Wind ist nicht weniger »blind« als sonst, wenn er an einer Windmühle oder an einem Segelboot die gesetzten Bewegungen zu vollbringen hilft.) Das, was Hegel als eigentliche Notwendigkeit in ihrer Identität mit der Freiheit bezeichnet, bleibt aber ein kosmisches Mysterium. (BDII, 104) 3.1. Crítica de Lukács a Engels A crítica de Lukács a Engels se desenvolve em duas partes. A primeira voltada às categorias modais e, a segunga, às novas necessidades postas pelo processo de desenvolvimento do capitalismo. Segundo Lukács, Engels riconosce con chiarezza critica gli elementi idealistici immediatamente visibili nella caratterizzazione data da Hegel e quindi effettivamente la « mette sui piedi » in senso materialistico. Il capovolgimento critico avviene però solo nell‘immediato. Sfugge Engels hat die unmittelbar sichtbaren idealistischen Elemente von Hegels Bestimmung kritisch klar erkannt und hat damit diese tatsächlich materialistisch »auf die Füße gestellt«. Die kritische Umkehrung geschah jedoch nur unmittelbar. Daß Hegel infolge seines Systems 64 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 invece a Engels che Hegel, a causa del suo sistema, attribuisce alla categoria della necessità un‘esagerata importanza logicistica, che perciò non avverte il peculiare carattere della realtà stessa, privilegiata anche come categoria, e che di conseguenza non svolge una indagine sul rapporto fra la libertà e la modalità totale della realtà. Poiché l‘unica via sicura per passare dalla dialettica hegeliana a quella materialistica consiste — come avviene nella prassi filosofica di Marx e per lo più anche in quella di Engels — nell‘indagare ogni intreccio dialettico puntando con spassionata critica ontologica allo stato di cose reale che si trova alla base di esso, è stato necessario, data l‘importanza del punto e la sua popolarità, mettere in luce espressamente come non basti il semplice « rovesciamento materialistico » della filosofia hegeliana e dell‘idealismo in genere. Vol II pg 122 §118 der Notwendigkeitskategorie eine logizistisch übertriebene Bedeutung zuschrieb, daß er deshalb die besondere, auch kategoriell bevorzugte Eigenart der Wirklichkeit selbst nicht wahrnahm und infolgedessen eine Untersuchung des Verhältnisses der Freiheit zur totalen Modalität der Wirklichkeit zu untersuchen versäumte, ist Engels entgangen. Da aber der einzig sichere Weg von der Dialektik Hegels zur materialistischen darin besteht - was die philosophische Praxis von Marx und auch die von Engels in der Mehrheit der Fälle war-: jede dialektischeVerflechtung auf die ihr zugrunde liegenden seienden/Iatbestände hin mit unbefangener ontologischer Kritik zu untersuchen, mußte bei einer so wichtigen, so populären und einflußreich gewordenen Stelle die Unzulänglichkeit der bloßen »materialistischen Umstülpung-« der Hegelschen Philosophie und des Idealismus überhaupt nachdrücklich aufgezeigt werden. (BandII: 107) O problema está em que não é suficiente substituir o "determinismo" de Hegel por "necessidade": Quando Engels nell’Antidiihring si richiama alla celebre definizione di Hegel, mette da un lato naturalmente, e con ragione, tutte le costruzioni di questo genere senza degnarle di attenzione polemica. La sua concezione è rigorosamente e univocamente orientata sul lavoro. E commenta l‘enunciato hegeliano come segue: « La libertà non consiste nel sognare l‘indipendenza dalle leggi della natura, ma nella conoscenza di queste leggi e nella possibilità, legata a questa conoscenza, di (arie agire secondo un piano per un fine determinato. Ciò vale in riferimento tanto alle leggi della natura esterna, quanto a quelle che regolano l‘esistenza fisica e spirituale dell‘uomo stesso... Libertà del volere non significa altro perciò che la capacità di poter decidere con cognizione di causa » H. Con il che la versione hegeliana è effettivamente « rimessa sui piedi ». Il problema è solo se Engels, seguendo qui le formulazioni di Hegel e sostituendo il concetto generale di determinismo, che certamente in questa generalità è un po‘ vago, con quello in apparenza più preciso di necessità, tradizionale nella storia della filosofia, abbia davvero chiarito la situazione ontologica. Vol II pg.179-20 § 115 Wenn nun Engels im »Anti-Dühring« auf die berühmte Definition von Hegel zurückgreift, so schiebt er natürlich alle derartigen Konstruktionen, ohne sie einer Widerlegung zu würdigen, mit Recht einfach beiseite. Seine Auffassung ist streng und eindeutig auf die Arbeit orientiert. Er kommentiert Hegels Ausspruch folgendermaßen: »Nicht in der geträumten Unabhängigkeit von den Naturgesetzen liegt die Freiheit, sondern in der Erkenntnis dieser Gesetze, und in der damit gegebenen Möglichkeit, sie planmäßig zu bestimmten Zwecken wirken zu lassen. Es gilt dies mit Beziehung sowohl auf die Gesetze der äußern Natur, wie auf diejenigen, welche das körperliche und geistige Dasein des Menschen selbst regeln ... Freiheit des Willens heißt daher nichts andres als die Fähigkeit, mit Sachkenntnis entscheiden zu können.« 8 Damit ist die Hegelsche Darstellung tatsächlich »auf die Füße gestellt«; es fragt sich nur, ob dadurch, daß Engels hier doch den Formulierungen Hegels folgt und den allgemeinen, in dieser Allgemeinheit freilich etwas verschwommenen Begriff der Determination durch den präziser scheinenden, philosophiegeschichtlich traditionell gegebenen der Notwendigkeit ersetzt, die ontologische Sachlage wirklich geklärt hat. (BandII:104-5) É preciso fazer da realidade mais do que uma das categorias modais: Noi riteniamo che la contrapposizione tradizionale fra libertà e necessità non riesca Wir glauben, Gegenüberstellung daß die traditionelle von Freiheit und 65 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 a ricomprendere il presente problema in tutta la sua estensione. Se prescindiamo, infatti, dal gonfiamento logicistico del concetto di necessità, che pure ha avuto una parte di rilievo sia nell‘idealismo e nella teologia sia nella vecchia opposizione materialistica contro di essi, non vi è motivo per trascurare del tutto sul piano ontologico le altre categorie modali. Il lavoro, il processo teleologicamente posto che lo costituisce, è indirizzato verso la realtà; la realizzazione non è soltanto il risultato reale che l‘uomo reale in lotta con la realtà stessa afferma nel lavoro, ma anche il fatto ontologico nuovo che si verifica nell‘essere sociale in contrapposto al mero divenir-altro degli oggetti nei processi naturali. Nel lavoro l‘uomo reale sta di fronte a tutta quella realtà che rientra nell‘ambito in questione, dove va rammentato che la realtà non deve mai essere intesa semplicemente come una deLle categorie modali, ma come quintessenza ontologica della loro totalità reale. In questo caso la necessità (intesa come nesso « se... allora », come legalità ogni volta concreta) è soltanto una componente, anche se molto importante, del complesso di realtà che per l‘appunto è in questione. Cosicché la realtà — qui concepita come realtà di quei materiali, processi, circostanze, ecc. che il lavoro vuol utilizzare nel caso dato per la propria finalità — non si esaurisce affatto nella necessità di determinati nessi ecc. Vol II pg.179-20 § 115 Notwendigkeit das hier vorliegende Problem nicht in seiner ganzen Weite umfassen kann. Wenn wir nämlich von dem logizistischen Aufbauschen des Notwendigkeitsbegriffs absehen, der freilich sowohl im Idealismus und in der Theologie wie in der alten materialistischen Opposition gegen beide eine große Rolle gespielt hat, ist kein Grund vorhanden, von den anderen modalen Kategorien ontologisch vollständig abzusehen. Die Arbeit, der sie konstituierende teleologisch gesetzte Prozeß, ist auf die Wirklichkeit gerichtet; Verwirklichung ist nicht nur das reale Ergebnis, das der wirkliche Mensch im Kampf mit der Wirklichkeit selbst in der Arbeit durchsetzt, sondern auch das ontologisch Neue am gesellschaftlichen Sein im Gegensatz zum bloßen Anderswerden der Gegenstände in den Naturprozessen. Der wirkliche Mensch in der Arbeit steht der für diese in Betracht kommenden ganzen Wirklichkeit gegenüber, wobei daran erinnert werden muß, daß wir die Wirklichkeit nie als bloß eine der modalen Kategorien auffassen, sondern als ontologischen Inbegriff ihrer realen Totalität. In diesem Falle ist Notwendigkeit (als »Wenn ... dann«Zusammenhang gefaßt, als jeweils konkrete Gesetzlichkeit) nur eine, freilich höchst wichtige, Komponente des gerade in Betracht kommenden Wirklichkeitskomplexes. Die Wirklichkeit jedoch — hier als Wirklichkeit jener Materien, Prozesse, Umstände etc. aufgefaßt, die die Arbeit im gegebenen Fall für ihre Zielsetzung benutzen will — ist durch die Notwendigkeit bestimmter Zusammenhänge etc. noch lange nicht vollständig erschöpft. (BandII:104-5) A possibilidade tem que ser uma determinação do real e, não, uma relaç~çao lógico-genosiológica de qualquer sorte: a possibilidade é a possibilidade de transformação do real e do indivíduo que opera essa transformação: Si pensi semplicemente alla possibilità. Ogni lavoro presuppone che l‘uomo riconosca che determinate proprietà di un oggetto siano adatte alla sua finalità. Ora, queste proprietà devono bensì essere oggettivamente presenti, in quanto appartengono all‘essere dell‘oggetto in questione, e tuttavia nel suo essere naturale rimangono in genere latenti, restano mere possibilità. (Ricordiamo di aver già rilevato il collegamento ontologico fra proprietà e possibilità.) E proprietà oggettivamente esistente di determinate pietre che, levigate in un dato modo, possano venir usate come coltello, scure, ecc. Se non viene trasformata in realtà questa possibilità esistente nell‘oggetto naturale, ogni lavoro è condannato ad essere Man denke dabei bloß an die Möglichkeit. Arbeit setzt voraus, daß der Mensch die Geeignetheit bestimmter Eigenschaften eines Gegenstandes für seine Zielsetzung erkennt. Diese Eigenschaften müssen zwar objektiv vorhanden sein, sie gehören zum Sein des betreffenden Gegenstandes, sie sind jedoch zumeist in dessen Natursein latent geblieben, bloße Möglichkeiten. (Wir erinnern daran, daß wir schon früher auf die ontologische Zusammengehörigkeit von Eigenschaft und Möglichkeit hingewiesenhaben.) Es ist die objektiv seiende Eigenschaft bestimmter Steine, daß sie, in bestimmter Weise geschliffen, als Messer, als Axt etc. benutzt werden können. Ohne diese seiende 66 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 infruttuoso, impossibile. Tuttavia quel che viene riconosciuto, in tal caso, non è una qualsiasi specie di necessità, ma una possibilità latente. Non è che una necessità cieca diviene consapevole, ma una possibilità latente, e che senza processo lavorativo rimarrebbe latente per sempre, viene mediante il lavoro condotta nella sfera della realtà. Questo però è solo un lato della possibilità nel processo lavorativo. Il momento della trasformazione del soggetto che lavora, momento sottolineato da tutti coloro che hanno realmente compreso il lavoro, sotto il profilo ontologico è in sostanza un risvegliarsi sistematico di possibilità. Probabilmente sono pochi i movimenti, le operazioni manuali, ecc. applicati durante il lavoro che l‘uomo conosceva o in cui magari si era esercitato anche prima. Questi movimenti solo a causa del lavoro si tramutano da mere possibilità in abilità che, in un perenne sviluppo, fanno passare alla realtà sempre nuove possibilità dell‘uomo. Vol II pg.120-1 § 116 Möglichkeit des Naturhaften in Wirklichkeit zu verwandeln, wäre jede Arbeit zur Unfruchtbarkeit verurteilt, unmöglich. Es wird aber hier keine Art von Notwendigkeit erkannt, sondern eine latente Möglichkeit. Keine blinde Notwendigkeit wird hier zur bewußten, sondern eine latente und ohne Arbeitsprozeß ewig latent bleibende Möglichkeit wird durch die Arbeit bewußt in die Sphäre derWirklichkeiterhoben. Das ist aber nur eine Seite der Möglichkeit im Arbeitsprozeß. Das von jedem, der die Arbeit wirklich versteht, hervorgehobene Moment der Umwandlung des arbeitenden Subjekts ist, ontologisch betrachtet, im wesentlichen ein systematisches Erwek- ken von Möglichkeiten, die im Menschen bis dahin nur als Möglichkeiten schlummerten. Es gibt wahrscheinlich wenige bei der Arbeit angewandte Bewegungen, Handgriffe etc., die der Mensch vor dem Arbeitsprozeß gekannt oder gar ausgeübt hätte. Sie werden erst durch die Arbeit aus bloßen Möglichkeiten zu Fertigkeiten, die in einer ständigen Entwicklung immer neue Möglichkeiten im Menschen zu Wirklichkeiten heranreifen lassen. (BandII:105-6) Com o que a possibilidade ganha uma dinâmica e uma evolução impossível de ser limita às fronteiras da lógica e da gnosiologia (do idealismo de Hegel, na melhor das hipóteses) Acresce-se a estas questões a relação entre acaso e necessidade. Novamente, de modo análogo ao que ocorria na relação entre possibilidade e liberdade, a copresença de necessidade e acaso é inaceitável ao horizonte lógico-gnosiológico, mesmo de Hegel: In ultimo non va tralasciato il ruolo della casualità, tanto in senso positivo quanto in senso negativo. L‘eterogeneità, ontologicamente condizionata, dell‘essere naturale comporta che ogni attività s‘incroci di continuo con fatti accidentali. Affiché la posizione teleologica si realizzi effettivamente, occorre che il lavoratore ne tenga conto di continuo. Il che può avvenire in senso negativo, quando la sua attenzione è diretta a eliminare, compensare, rendere innocue le eventuali conseguenze di accidentalità sfavorevoli. Ma può avvenire anche in senso positivo, quando costellazioni casuali sono in grado di accrescere la produttività del lavoro. Persino nello stadio assai più elevato in cui il dominio sulla realtà si esercita mediante la scienza sono noti casi di accidentalità che hanno condotto a scoperte importanti. Endlich darf auch die Rolle des Zufalls, sowohl im positiven wie im negativen Sinn, nicht vernachlässigt werden. Die ontologisch bedingte Heterogenität des Naturseins bringt es mit sich, daß jede Aktivität ununterbrochen von Zufällen gekreuzt wird. Soll die teleologische Setzung erfolgreich zur Verwirklichung werden, so muß der Arbeitende auch diese ununterbrochen in Betracht ziehen. Das kann im negativen Sinne geschehen, indem er seine Aufmerksamkeit darauf richtet, die eventuellen Folgen ungünstiger Zufälle auszuschalten, auszugleichen, unschädlich zu machen. Es kann aber auch im positiven Sinne geschehen, wenn zufällige Konstellationen imstande sind, die Ergiebigkeit der Arbeit zu steigern. Selbst auf 67 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Addirittura può accadere che situazioni — casualmente — sfavorevoli divengano il punto di partenza di opere insigni. Ci sia permesso illustrare quest‘ultimo caso con un esempio — in apparenza — molto lontano: le pareti su cui vennero dipinti gli affreschi detti Stanze di Raffaello presentano una serie di finestre che per la torma delle superfici, il formato, ecc. costituiscono un forte ostacolo alla composizione pittorica. Il fondo era casuale, giacché queste stanze esistevano prima del progetto degli affreschi. Ora, Raffaello riusci nel Parnaso e nella Liberazione di S. Pietro a utilizzare questo accidentale svantaggio per una organizzazione degli spazi originalissima e profondamente persuasiva. A noi sembra ovvio che problemi simili si presentino di continuo anche nel lavoro semplice, in specie quando questo deve essere svolto, come per esempio nella caccia, nella navigazione a vela, ecc., in circostanze determinate da forze eterogenee. Vol II pg.121-2 § 117 der weitaus höheren Stufe der wissenschaftlichen Bewältigung der Wirklichkeit sind Fälle bekannt, in denen Zufälle zu wichtigen Entdeckungen geführt haben. Sogar - zufällig — ungünstige Lagen können den Ausgangspunkt hervorragender Leistungen ergeben. Man erlaube hier, dies an einem-scheinbar- sehr entlegenen Beispiel zu illustrieren: DieWände, auf die die Stanzen genannten Fresken von Raffael gemalt wurden, haben immer wieder Fenster, deren Flächenform, Format etc. für die malerische Komposition höchst ungünstig sind; der Grund ist zufällig, da diese Säle ja früher da waren als das Projekt der Fresken. Raffael hat nun im »Parnaß«, in der »Befreiung Petri« gerade diese zufällige Ungunst der Umstände zu höchst originellen und tief überzeugenden, einzigartigen Raumgestaltungen auszunützen vermocht. Es scheint uns selbstverständlich, daß ähnliche Probleme auch bei der einfachen Arbeit, besonders wenn sie sich, wie z. B. die Jagd, das Segeln etc., unter sehr heterogen bestimmten Umständen durchsetzen muß, immer wieder auftaucht. (BandII: 106-7) Daí, conclui Lukács a primeira parte de sua crítica a Engels: Riteniamo quindi che la tradizionale definizione della libertà come necessità riconosciuta debba essere intesa cosi: il libero movimento nel materiale — per ora parliamo solo del lavoro — è possibile solamente quando la realtà ogni volta in questione venga corretta- mente conosciuta in tutte le forme che in essa assumono le categorie modali e correttamente venga convertita in prassi. Vol II pg.121-2 § 117 Wir glauben daher, daß die traditionelle Bestimmung von Freiheit als erkannter Notwendigkeit so erfaßt werden sollte: Die freie Bewegung im Stoff - wir sprechen vorläufig nur von der Arbeitist nur möglich, wenn die jeweils in Betracht kommende Wirklichkeit in allen ihren modalen Kategorienformen richtig erkannt und richtig in Praxis umgesetzt wird. (BandII: 106-7) Lukács inicia a segunda parte de sua crítica a Engels com estas palavras: A parte tale carenza di metodo, qui Engels riconosce con precisione e chiarezza il tipo di libertà che viene in essere nel lavoro come tale: quello che noi abbiamo definito « libero movimento nel materiale ». Egli dice: « Libertà del volere non significa altro perciò che la capacità di poter decidere con cognizione di causa ». Tale caratterizzazione, al tempo in cui Engels la scrisse, sembrava del tutto sufficiente per questo grado della libertà. Le circostanze temporali spiegano anche perché gli sfuggisse la problematicità che vi è contenuta, cioè il possibile sviluppo Von diesem methodologischen Mangel abgesehen hat Engels hier die in der Arbeit als solcher entstehende Art der Freiheit, das, was wir »freie Bewegung im Stoffe« nannten, klar und präzis erkannt. Er sagt darüber:- »Freiheit des Willens heißt daher nichts andres als die Fähigkeit, mit Sachkenntnis entscheiden zu können.« Diese Bestimmung schien zur Zeit, als Engels sie niederschrieb, für diese Stufe der Freiheit völlig zureichend zu sein. Die Zeitumstände ihrer Entstehung erklären auch, warum die hier vorhandene Problematik, die Divergenz in der möglichen Höherentwicklung 68 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 divergente della conoscenza ottenuta mediante il lavoro: che può diventare scienza genuina, comprensione del mondo, oppure mera manipolazione tecnologica. Questo duplice cammino, come abbiamo mostrato, è presente fin dall‘inizio nella conoscenza della natura cui si perviene con il lavoro, ma nel periodo che va dal Rinascimento alla fioritura del pensiero scientifico nel secolo XIX sembrava aver perso di attualità. In sé questa doppia tendenza è stata naturalmente sempre attiva. Date le scarse nozioni generali dell‘uomo primitivo sulla legalità dei processi naturali, è anche troppo ovvio che le intenzioni della conoscenza della natura si concentrassero e limitassero alla piccola isola di ciò che era conoscibile nell‘immediato. Anche quando lo sviluppo del lavoro condusse agli inizi delle scienze, le generalizzazioni ora più comprensive dovettero adattarsi alle rappresentazioni ontologiche — magiche, più tardi religiose — allora possibili. Ne derivò un dualismo, in apparenza insormontabile, tra la razionalità limitata, anche se talvolta in concreto molto evoluta, del lavoro e l‘ampliamento e l‘uso delle nozioni per conoscere il mondo ed andare verso generalizzazioni verificabili nella realtà stessa. Ci basti rammentare come operazioni matematiche relativamente assai evolute e osservazioni astronomiche relativamente esatte fossero poste al servizio dell‘astrologia. Questo dualismo entra in una crisi decisiva al tempo di Copernico, Keplero e Galilei. Abbiamo già detto come in questo periodo il Cardinal Bellarmino sostenga la teoria della manipolazione consapevole, « scientifica », della scienza, il principio che essa debba limitarsi alla manipolazione pratica dei fatti, delle leggi, ecc. conosciuti. A lungo sembrò — ancora era cosi al tempo in cui Engels scriveva che questo tentativo fosse definitivamente destinato a fallire; l‘avanzata della scienza naturale moderna e il suo generalizzarsi in una Weltanschauung scientifica parevano irresistibili. Vol II pg.1223 § 119 der durch die Arbeit erlangten Einsicht in echte, weltumfas sende Wissenschaft oder bloße technologische Manipulation ihm entgangen ist. Diese Scheidung der Wege ist, wie wir bereits gezeigt haben, in der durch die Arbeit erzielten Erkenntnis der Natur von Anfang an enthalten; es schien jedoch, als ob sie in der Zeit zwischen Renaissance und Aufschwung des wissenschaftlichen Denkens im 19. Jahrhundert ihre Aktualität verloren hätte. Die Doppeltendenz war natürlich an sich immer vorhanden. Bei den geringen allgemeinen Kenntnissen der anfänglichen Menschen über die Gesetzmäßigkeit der Vorgänge in der Natur war es nur allzu verständlich, daß die Intentionen der Naturerkenntnis sich auf die kleine Insel des unmittelbar Erkennbaren konzentriert und beschränkt haben. Auch als die Entwicklung der Arbeit zu den Anfängen der Wissenschaften geführt hat, mußten die weiter ausgreifenden Verallgemeinerungen den damals möglichen — magischen, später religiösen — ontologischen Vorstellungen angepaßt werden. Daraus entstand eine unaufhebbar scheinende Dualität zwischen beschränkter, wenn auch zuweilen konkret hochentwickelter Rationalität in der Arbeit selbst und zwischen Ausbau und Anwendung der Erkenntnisse zu einer Welterkenntnis und Orientierung auf die in der Wirklichkeit selbst auffindbaren Verallgemeinerungen. Es genügt, wenn wir daran denken, wie relativ hochentwickelte mathematische Operationen, relativ genaue astronomische Beobachtungen in den Dienst der Astrologie gestellt wurden. Diese Dualität erlebt ihre entscheidende Krise in der Periode von Kopernikus, Kepler und Galilei. Wir haben bereits erwähnt, daß in dieser Zeit die Theorie der bewußten »wissenschaftlichen« Manipulation der Wissenschaft ihre prinzipielle Beschränkung auf ein praktizistisches Manipulieren der erkannten Tatsachen, Gesetze etc. beim Kardinal Bellarmin auftaucht. Es schien lange—auch noch in der Zeit, als Engels schrieb —, als ob dieser Versuch endgültig zum Scheitern verurteilt worden wäre; das Vordringen der modernen Naturwissenschaft, ihre Verallgemeinerung zu einer wissenschaftlichen Weltanschauung schienen unwiderstehlich zu sein. (BandII: 107-8) Soltanto agli inizi del XX secolo va di nuovo diffondendosi la tendenza contraria. Sicuramente non è un caso, come abbiamo già mostrato, che il noto positivista Duhem si riallacci consapevolmente alla concezione di Bellarmino e, contro Galilei, la ritenga una impostazione che corrisponde allo spirito scientifico. Il pieno dispiegarsi di queste tendenze, con il neopositivismo, è stato da noi Erst am Anfang des zo. Jahrhunderts gewinnt die Gegenbewegung wieder an Einfluß. Es ist sicher kein Zufall, wie wir bereits gezeigt haben, daß der bekannte Positivist Duhem bewußt an die Auffassung Bellarmins angeknüpft und sie als dem wissenschaftlichen Geist entsprechende Einstellung Galilei gegenüber preist. Die volle Entfaltung dieser Tendenzen im Neopositivismus haben wir im ersten 69 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 descritto per esteso nel primo capitolo [della prima parte], cosicché ora non siamo obbligati a fermarci sui particolari. Dal punto di vista del nostro presente problema, ne deriva una situazione paradossale: mentre negli stadi primitivi era l‘arretratezza del lavoro e del sapere che impediva una genuina indagine ontologica intorno all‘essere, oggi è proprio il fatto che il dominio sulla natura va dilatandosi all‘infinito a creare ostacoli all‘approfondimento e alla generalizzazione ontologici del sapere, per cui quest‘ultimo deve lottare non contro le fantasticherie, ma contro il suo stesso ridursi a fondamento della propria universalità pratica. Sui motivi che hanno determinato questa nuova forma di contrasto fra conoscenza dell‘essere e sua mera manipolazione ci fermeremo più avanti. Qui dobbiamo soltanto constatare che la manipolazione trova le sue radici materiali nello sviluppo delle forze produttive e le sue radici ideali nelle nuove forme del bisogno religioso e che essa non si limita a rifiutare semplicemente una ontologia reale, ma nella pratica opera contro lo sviluppo scientifico. Il sociologo americano W.H. Whyte nel libro The Organization Man rileva come le nuove forme organizzative della ricerca scientifica, la pianificazione, il team work, .ecc., siano per loro natura orientate verso - la tecnologia e come di per sé ostacolino la ricerca autonoma, produttrice di scienzay. In margine ricordiamo che già negli anni venti Sinclair Lewis segnalava con perspicacia questo pericolo nel romanzo Martin Arrowsmith. Pericolo al quale abbiamo dovuto accennare già qui, perché la sua attualità rende estremamente problematica in questo stadio la caratterizzazione engelsiana della libertà come « la capacità di poter decidere con cognizione di causa ». Infatti non si può proprio dire che la manipolazione della conoscenza — in contrapposto ai maghi, ecc. — manchi di cognizione di causa. Il problema concreto è piuttosto di sapere qual è l‘orientamento di tale cognizione di causa; è questo obiettivo dell‘intenzione e non la sola cognizione di causa che tornisce il criterio reale, cosicché anche in questo caso il criterio è da ricercare nel rapporto con la realtà stessa. L‘orientamento verso una pràticità immediata, per quanto essa sia solidamente fondata in termini logicistici, dal punto di vista ontologico conduce in un vicolo cieco. (Vol II, pg. 123-5, §120 ) Abbiamo già osservato in precedenza come la struttura originaria del lavoro subisca cambiamenti sostanziali quando la posizione teleologica non mira più esclusivamente a Kapitel ausführlich geschildert, so daß wir hier auf Einzelfragen nicht zurückkommen müssen. Vom Standpunkt unseres gegenwärtigen Problems ergibt sich daraus die paradoxe Lage, daß, während auf primitiver Stufe die Unentwickeltheit der Arbeit und des Wissens Hindernis für die echte ontologische Erforschung des Seins war, heute gerade das sich grenzenlos ausbreitende Beherrschen der Natur selbsterbaute Schranken vor eine seinsgemäße Verallgemeinerung des Wissens errichtet, daß dieses nicht gegen Phantasmagorien, sondern gegen seine eigene Verengung auf Grundlage der eigenen praktischen Universalität sich wenden muß. Die entscheidenden Motive der hier in neuer Form auftretenden Gegensätzlichkeit zwischen Erkenntnis des Seins und seiner bloßen Manipulation können wir erst später eingehend behandeln. Hier müssen wir uns mit der Feststellung der Tatsache begnügen, daß die Manipulation materiell in der Entwicklung der Produktivkräfte, ideell in den neuen Formen des religiösen Bedürfnisses ihre Wurzeln hat, daß sie sich nicht mehr bloß auf das Ablehnen einer realen Ontologie beschränkt, sondern auch praktisch der rein wissenschaftlichen Entwicklung entgegenwirkt. Der amerikanische Soziologe W. H. Whyte zeigt in seinem Buch »The Organization Man«, daß die neuen Formen der Organisation der wissenschaftlichen Forschung, Planung, die team work etc. ihrem Wesen nach auf Technologie angelegt sind und schon durch diese Formen der selbständigen, wissenschaftlich produktiven Forschung hindernd im Wege stehen.' Nur nebenbei erwähnen wir, daß schon in den zwanziger Jahren Sinclair Lewis in seinem Roman »Martin Arrowsmith« diese Gefahr klarsichtig signalisierte. Auf sie mußte hier schon darum hingewiesen werden, weil ihre Aktualität die Engelssche Bestimmung der Freiheit auf dieser Stufe als »die Fähigkeit, mit Sachkenntnis entscheiden zu können« äußerst problematisch macht. Denn der Manipulation in der Erkenntnis — im Gegensatz zu den Magiern etc. — kann Sachkenntnis keineswegs abgesprochen werden. Das Problem konkretisiert sich nunmehr dahin, worauf die Sachkenntnis orientiert ist; dieses Ziel der Intention und nicht die Sachkenntnis allein ist imstande, hier ein reales Kriterium abzugeben, so daß auch hier das Kriterium im Verhältnis zur Wirklichkeit selbst zu suchen ist. Die Orientierung auf eine logizistisch noch so solid begründete unmittelbare Praktizität führt ontologisch in eine Sackgasse. (Band II: 108-9) Wir haben früher bereits darauf hingewiesen, daß die ursprüngliche Struktur der Arbeit wesentlichen Veränderungen unterworfen wird, sobald die teleologische Setzung nicht mehr ausschließlich auf 70 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 trasformare oggetti naturali e a utilizzare processi naturali, ma intende indurre altri uomini a compiere da sé determinate posizioni di questo genere. Tale mutamento assume una qualità ancor più decisa quando lo sviluppo fa si che per l‘individuo diventi oggetto della posizione teleologica il suo proprio modo di atteggiarsi, la sua stessa interiorità. Il progressivo, ineguale e contraddittorio sorgere di queste posizioni teleologiche è un portato dello sviluppo sociale. Non si possono, quindi, far derivare per deduzione concettuale le forme nuove da quelle originarie, le forme complesse da quelle semplici. Non soltanto il loro rispettivo, concreto modo di presentarsi è sottoposto al condizionamento storicosociale, ma sono legate a stadi determinati dello sviluppo della 4 W.H. Whyte, The Organtzatiori Man, London, Penguin Books, 1961, pp. 199 sgg. società anche le loro forme generali e la loro essenza. Perciò, fin quando non avremo conosciuto le loro legalità, magari solo nei tratti più generali, cosa che cercheremo di fare nel prossimo capitolo discutendo del problema della riproduzione, non potremo dire nulla di concreto intorno al loro carattere, circa il nesso e il contrasto di singoli stadi, sulla contraddittorietà interna di singoli complessi, ecc. La trattazione vera e propria di questo tema, quindi, rientra ancora una volta nelPEtica. Qui possiamo solo fare il tentativo — con le riserve indicate — di mostrare come, nonostante il complicarsi della struttura, nonostante tutti i contrasti qualitativi presenti nell‘oggetto e, di conseguenza, nel fine e nel mezzo della posizione teleologica, tuttavia i caratteri decisivi derivino geneticamente dal processo lavorativo, come quest‘ultimo — pur sottolineando la differenza, che può convertirsi in antitesi — anche nella questione della libertà possa servire da modello della prassi sociale. (Vol II, pg. 124-5 , §121 ) Le diversità determinanti insorgono in quanto l‘oggetto e il mezzo di realizzazione della posizione teleologica divengono sempre più sociali. Ciò non significa, come sappiamo, che la base naturale scompaia, è solamente quell‘esclusivo indirizzarsi alla natura, caratteristico del lavoro come l‘abbiamo inteso qui, che viene sostituito da intenzioni sempre più sociali e miranti contemporaneamente a più oggetti. Sebbene, dunque, in tali posizioni la natura decada a semplice momento, nondimeno nei suoi confronti occorre mantenere quell‘atteggiamento divenuto obbligatorio nel lavoro. Vi si aggiunge però un Umwandlung von Naturgegenständen, auf Verwendung von Naturprozessen gerichtet ist, sondern Menschen dazu veranlassen soll, ihrerseits derartige bestimmte Setzungen zu vollziehen. Qualitativ noch entschiedener wird diese Wandlung, wenn die Entwicklung dahin führt, daß für den Menschen seine eigene Verhaltensweise, seine eigene Innerlichkeit zum Gegenstand der teleologischen Setzung werden soll. Das allmähliche, ungleichmäßige und widerspruchsvolle Ins-LebenTreten solcher teleologischen Setzun- gen ist das Ergebnis der . gesellschaftlichen Entwicklung. Die neuen Formen können also niemals einfach aus den ursprünglichen, die komplizierten aus den einfachen vermittels einer gedanklichen Ableitung gewonnen werden. Nicht nur ihre jeweilige konkrete Erscheinungsweise ist gesellschaftlich-geschichtlich bedingt, sondern auch ihre allgemeinen Formen, ihr Wesen ist an bestimmte Entwicklungsstufen der gesellschaftlichen Entwicklung gebunden. Bevor wir also nicht ihre Gesetzmäßigkeiten auch nur in den allgemeinsten Zügen kennengelernt haben, was wir beim Problem der Reproduktion im nächsten Kapitel zu skizzieren versuchen werden, kann über ihre Wesensart, über den Zusammenhang und die Gegensätzlichkeit einzelner Stufen untereinander, über die innere Widersprüchlichkeit einzelner Komplexe etc. nichts Konkretes gesagt werden. Ihre eigentliche Behandlung gehört daher ebenfalls in die Ethik. Hier kann bloß — mit den bisher angedeuteten Vorbehalten — der Versuch gemacht werden, aufzuzeigen, daß bei aller Komplikation der Struktur, bei allen qualitativen Gegensätzen im Objekt und darum im Ziel und im Mittel der teleologischen Setzung die entscheidenden Bestimmungen doch aus dem Arbeitsprozeß genetisch entstanden sind, daß dieser — bei aller Betonung der Verschiedenheit, die in Gegensätzlichkeit umschlagen kann — auch in der Freiheitsfrage als Modell für die gesellschaftliche Praxis dienen kann. (Band II: 109-10) Die entscheidenden Verschiedenheiten entstehen dadurch, daß Objekt und Medium der Verwirklichung in den teleologischen Setzungen immer gesellschaftlicher werden. Das bedeutet nicht, wie wir wissen, daß die Naturbasis verlorengehen würde, nur jenes ausschließende Gerichtetsein auf Natur, das die von uns hier unterstellte Arbeit charakterisiert, wird von objektmäßig gemischteren, immer stärker gesellschaftlich werdenden Intentionen abgelöst. Wenn also die Natur in diesen Setzungen auch zum Moment herabsinkt, muß ihr gegenüber doch das in der Arbeit notwendig gewordene Verhalten aufbewahrt bleiben. Dazu tritt jedoch ein zweites Moment. Die gesellschaftlichen 71 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 secondo momento. Il processi, le situazioni, ecc. sociali sono bensì in ultima analisi prodotti di decisioni alternative degli uomini, ma non va dimenticato che acquistano rilievo sociale solo quando mettono' in funzione serie causali che si muovono più o meno indipendentemente dalle intenzioni di chi le ha poste, secondo legalità specifiche ad esse immanenti. L‘uomo che agisce praticamente nella società si trova perciò di fronte una seconda natura, verso la quale egli, se vuole gestirla con successo, deve comportarsi come con la prima, cioè deve cercare di trasformare in un fatto posto da lui il corso delle cose che è indipendente dalla sua coscienza, deve, dopo averne conosciuto l‘essenza, stamparci l‘impronta di quel che egli vuole. Questo è quanto, al minimo, ogni prassi sociale ragionevole deve prendere dalla struttura originaria del lavoro. (Vol II, pg. 125, §122 ) Prozesse, Lagen etc. sind zwar letzten Endes von menschlichen Alternativentscheidungen ausgelöst worden, man darf aber nie vergessen, daß diese nur dann sozial relevant werden können, wenn sie Kausalreihen in Gang setzen, die sich, mehr oder weniger unabhängig von den Absichten ihres Gesetztseins, ihren eigenen, ihnen immanenten Gesetzlichkeiten gemäß bewegen. Der in der Gesellschaft praktisch handelnde Mensch steht also hier einer zweiten Natur gegenüber, zu welcher er sich, wenn er sie mit Erfolg meistern will, vorerst unmittelbar ebenso verhalten muß wie zur ersten Natur, d. h., er muß versuchen, den von seinem Bewußtsein unabhängigen Lauf der Dinge in einen gesetzten zu verwandeln, ihm durch Erkenntnis seines Wesens das von ihm-Gewollte aufzuprägen. Soviel muß jede vernünftige soziale Praxis aus der ursprünglichen Struktur der Arbeit zumindest übernehmen. (Band II, 110-11) Non è poco, ma non è tutto. Infatti alla base del lavoro vi è che Tessere, il movimento., ecc. della natura sono del tutto indifferenti rispetto alle nostre decisioni; è solo la loro conoscenza corretta che rende possibile dominarli praticamente. Ora, l‘accadere sociale ha certo anch‘esso una immanente legalità « naturale » e in questo senso si muove indipendentemente dalle nostre alternative allo stesso modo della natura. Quando però l‘uomo interviene attivamente in tale decorso, è inevitabile che egli prenda posizione, che approvi o respinga il processo; se ciò si verifica consapevolmente o no, con giusta o falsa coscienza, è questione che ancora non possiamo discutere a questo punto; ma non è neppure decisiva per il discorso qui possibile. In ogni caso, con ciò entra nel complesso della prassi un momento assolutamente nuovo, che influisce fortemente proprio sul carattere della libertà quale si presenta qui. Parlando del lavoro abbiamo osservato come nella sua prima figura, a cui ci siamo riferiti in questa sede, l‘atteggiamento interiore del soggetto ancora non intervenga quasi per nulla. Adesso invece — anche se in modo diverso a seconda delle diverse sfere — diviene sempre più importante. Fondamento non ultimo della libertà sono appunto queste prese di posizione nei confronti del processo complessivo della società o almeno nei confronti di suoi momenti parziali. Cosicché, sulla base del lavoro che va facendosi sociale, viene in essere un nuovo tipo di libertà, che né è più derivabile per via diretta dal lavoro semplice, né è riconducibile soltanto al libero movimento nel materiale. Solo alcune delle sue determinazioni essenziali, come abbiamo visto, Das ist nicht wenig, allerdings auch nicht alles. Denn die Arbeit beruht wesentlich darauf, daß Sein, Bewegung etc. in der Natur sich zu unseren Entscheidungen völlig gleichgültig verhalten; es ist ausschließlich ihre richtige Erkenntnis, die ihr praktisches Beherrschen ermöglicht. Das gesellschaftliche Geschehen hat zwar ebenfalls eine immanente, »naturhafte« Gesetzlichkeit, und in diesem Sinn bewegt es sich ebenso unabhängig von unseren Alternativen wie die Natur selbst. Wenn der Mensch jedoch in diesen Ablauf handelnd eingreift, ist eine Stellungnahme, ein Bejahen oder Verneinen dem Prozeß gegenüber unvermeidlich; ob sich dies bewußt oder unbewußt, mit richtigem oder falschem Bewußtsein vollzieht, ist eine Frage, die hier noch nicht erörtert werden kann; das ist aber für eine derart allgemeine Behandlung, wie sie hier möglich ist, auch nicht ausschlaggebend. Jedenfalls tritt damit ein völlig neues Moment in den Komplex der Praxis ein, das gerade die Wesensart der hier in Erscheinung tretenden Freiheit weitgehend beeinflußt. Wir haben bei der Arbeit hervorgehoben, daß bei ihrer hier unterstellten ersten Gestalt das innere subjektive Verhalten noch so gut wie gar keine Rolle spielt. Jetzt aber wird es — freilich in den verschiedenen Sphären in verschiedener Weise — immer wichtiger. Die Freiheit gründet sich nicht zuletzt auf solche Stellungnahmen zum Gesamtprozeß der Gesellschaft oder wenigstens zu seinen Teilmomenten. Hier entsteht also auf der Grundlage der gesellschaftlich werdenden Arbeit ein neuer Typus der Freiheit, der sich nicht mehr direkt aus der bloßen Arbeit ableiten und nicht mehr allein auf die freie Bewegung im Stoff zurückführen läßt. Nur einige ihrer wesentlichen Bestimmungen bleiben, wie gezeigt, doch erhalten, allerdings in 72 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 rimangono, ma con peso diverso nelle diverse sfere della prassi. (Vol II, pg. 125-6, §123 ) verschiedenen Sphären der Praxis mit verschiedenem Gewicht. (Band II:111) Che nonostante tutte le modificazioni, affinamenti, interiorizzazioni ogni prassi debba per sua essenza mantenere la posizione teleologica con l‘alternativa che vi è inclusa, è un fatto ovvio. E non può mai venir meno neppure un suo elemento caratteristico: l‘intimo e indissolubile intrecciarsi reciproco fra determinismo e libertà. Le proporzioni possono mutare parecchio, fino a produrre cambiamenti qualitativi, ma la generale struttura di fondo non può trasformarsi in maniera determinante. Il mutamento forse più significativo si verifica nel rapporto fra scopo e mezzo. Abbiamo visto come già nello stadio più primitivo vi sia fra essi un certo rapporto di contraddittorietà potenziale, che però si dispiega in senso estensivo ed intensivo solo quando nell‘oggetto della finalità il momento soverchiarne è costituito non più dalla trasformazione della natura, ma da quella degli uomini. Naturalmente continua a persistere l‘indissolubile coesistenza fra determinismo ad opera della realtà sociale e libertà della decisione alternativa. Tuttavia è qualitativamente diverso che l‘alternativa abbia come suo contenuto soltanto un giudizio di correttezza o scorrettezza determinabile in termini puramente conoscitivi, oppure che la stessa posizione del fine sia il risultato di alternative la cui origine è umanosociale. E chiaro infatti che, una volta sorte le società classiste, ciascuna questione può essere risolta in diverse direzioni: dipende dal punto di vista di classe secondo cui viene cercata la risposta al dilemma vivente. E altrettanto ovvio è che, man mano che va rafforzandosi la socialità della società, queste alternative che sono all‘origine delle posizioni alternative vadano acquistando maggiore ampiezza e profondità. Qui non possiamo analizzare in concreto tali mutamenti intervenuti nella struttura delle posizioni teleologiche, ma la sola enunciazione del fatto che si è obbligatoriamente verificato questo sviluppo, ci dice già che la posizione del line non può essere misurata con i criteri del lavoro semplice. (Vol II, pg. 126-7, §124 ) Daß die teleologische Setzung mit der in ihr eingeschlossenen Alternative bei allen La conseguenza necessaria di questa situazione è, però, che le contraddizioni fra posizione del fine e mezzi della realizzazione sono talmente acute da convertirsi in un fatto qualitativamente nuovo. Naturalmente anche qui viene in primo piano il quesito circa l‘idoneità dei mezzi ad attuare il fine posto. Ma, tanto per cominciare, il grado di esattezza con cui si può risolvere tale quesito è a tal punto diverso che ciò appare subito come una Modifikationen, Verfeinerungen, Verinnerlichungen dem Wesen nach in jeder Praxis erhalten bleiben muß, ist eine Selbstverständlichkeit. Auch das sie charakterisierende intime und untrennbare Ineinanderüberspielen von Determiniertheit und Freiheit muß überall bestehenbleiben. Die Proportionen mögen sich noch so sehr, bis ins Qualitative, ändern, die allgemeine Grundstruktur kann sich nicht entscheidend verwandeln. Die vielleicht bedeutendste Veränderung vollzieht sich in der Beziehung von Ziel und Mittel. Wir haben gesehen, daß zwischen diesen schon auf der primitivsten Stufe ein gewisses Verhältnis der potentiellen Widersprüchlichkeit geherrscht hat, das sich freilich erst dann extensiv wie intensiv entfaltet, wenn im Gegenstand der Zielsetzung nicht mehr die Veränderung der Natur, sondern die der Menschen das übergreifende Moment bildet. Natürlich bleibt die untrennbare Koexistenz von Determiniertheit durch die gesellschaftliche Wirklichkeit und Freiheit im alternativen Schluß bestehen. Es ist jedoch ein qualitativer Unterschied, ob die Alternative bloß ein rein erkenntnismäßig bestimmbares Richtig oder Unrichtig zum Inhalt hat oder ob die Zielsetzung selbst das Ergebnis von gesellschaftlich-menschlich entstandenen Alternativen ist. Denn es ist klar, daß, nachdem Klassengesellschaften entstanden sind, eine jede Frage verschiedene Lösungsrichtungen hervorruft, je nachdem, von welchem Klassenstandpunkt aus die Antwort auf ein lebendiges Dilemma gesucht wird. Und es ist ebenso selbstverständlich, daß mit dem Immer-stärkerWerden der Gesellschaftlichkeit der Gesellschaft diese Alternativen in den Begründungen der Alternativsetzungen an Breite und an Tiefe ständig zunehmen müssen. Es ist hier noch nicht möglich, diese Veränderungen in der Struktur der Zwecksetzungen konkret zu analysieren. Das bloße Aussprechen, daß hier eine solche Entwicklungsrichtung eintreten mußte, zeigt bereits, daß die Zielsetzung nicht mehr mit den Kriterien der einfachen Arbeit gemessen werden kann. (Band II:111-12) Diese Lage hat aber zur notwendigen Folge, daß die Widersprüche zwischen Zielsetzung und Mittel der Verwirklichung sich entsprechend, bis zum Umschlagen ins qualitativ Unterscheidende, verschärfen müssen. Natürlich wird auch hier die Frage im Vordergrund stehen, ob die Mittel geeignet sind, das gesetzte Ziel zu verwirklichen. Aber erstens entsteht ein so großer Unterschied in der exakten Entscheidbarkeit dieser Frage, daß er sofort als qualitativer erscheinen muß. 73 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 differenza qualitativa. Infatti quando si pongono catene causali nel lavoro semplice, si tratta di conoscere causalità naturali che in sé continuano ad operare come prima. Il problema è solo fino a quale punto sono state conosciute correttamente la loro essenza permanente e le sue variazioni condizionate dalla natura. Ora invece il « materiale » delle posizioni causali che devono compiersi nei mezzi è di carattere sociale, si tratta cioè di possibili decisioni alternative di persone e, perciò, di qualcosa che per principio non è omogeneo e che per giunta si trova in continuo divenire. Ne deriva un tale grado di insicurezza delle posizioni causali che a ragione può parlarsi di una differenza qualitativa rispetto al lavoro originario. E in effetti questa differenza esiste, quantunque nella storia siano note decisioni che hanno sormontato con successo tale insicurezza nella conoscenza dei mezzi; per altro verso riscontriamo di continuo che i moderni tentativi di venire a capo dell‘incertezza con metodi manipolatori si rivelano assai problematici nei casi più complessi. (Vol II, pg. 127, §125 ) Di rilievo ancora maggiore ci sembra la possibile contraddizione tra posizione del fine ed efficacia dei mezzi nel tempo. Qui emerge un problema sociale talmente rilevante che lo si è affrontato in termini filosofici generali molto presto, anzi si potrebbe dire che non ha mai smesso di trovarsi all‘ordine del giorno del pensiero. Sia gli empirici della prassi sociale che i loro giudici moralistici si sono visti costretti a confrontarsi ripetutamente con questa contraddizione. Senza entrare ora nei particolari, cosa che ancora una volta rientra nell‘Etica, non possiamo però, ancora una volta, non rilevare almeno la superiorità teorica della considerazione ontologica della prassi sociale rispetto sia all‘empirismo praticistico sia al moralismo astratto. La storia infatti mostra, da un lato, come spesso mezzi che sembrano razionali e adeguati per determinate finalità, « d‘un tratto » si rivelino completamente fallimentari, catastrofici, e dall‘altro lato come sia impossibile — perfino dal punto di vista di un‘etica effettuale — organizzare a priori una tabella razionalizzata dei mezzi leciti e di quelli inammissibili. Quei due falsi estremi possono essere confutati solo da una soglia a partire dalla quale i moventi morali, etici, ecc. degli uomini si presentano come momenti reali dell‘essere sociale; momenti che, pur operando — con minore o maggiore efficacia — sempre all‘interno di complessi sociali contraddittori, ma unitari nella loro contraddittorietà, tuttavia sono sempre parti reali della prassi sociale; cosicché, per tale loro costituzione, svolgono Denn beim Setzen von Kausalketten in der einfachen Arbeit handelt es sich um die Erkenntnis von an sich unverändert wirksamen Naturkausalitäten. Die Frage ist bloß, wieweit ihr dauerndes Wesen, ihre naturbedingten Variationen richtig erkannt wurden. Das »Material« der nunmehr zu vollziehenden Kausalsetzungen bei den Mitteln ist jedoch gesellschaftlichen Charakters, nämlich mögliche Alternativentscheidungen von Menschen; darum etwas prinzipiell nicht Homogenes und noch dazu im ununterbrochenen Wandel Befindliches. Das würde freilich einen solchen Grad der Unsicherheit der Kausalsetzung bedeuten, daß man mit Recht von einem qualitativen Unterschied zur ursprünglichen Arbeit selbst sprechen könnte. Ein solcher ist auch vorhanden, obwohl uns aus der Geschichte Entscheidungen bekannt sind, die diese Unsicherheit in der Erkenntnis der Mittel erfolgreich überwunden haben; andererseits sehen wir immer wieder, daß die modernen Versuche, die Unsicherheit mit Manipulationsmethoden zu beherrschen, sich in komplizierteren Fällen als äußerst problematisch erweisen. (Band II:112) Noch wichtiger scheint uns die Frage der möglichen Widersprüchlichkeit zwi- schen Zielsetzung und Dauerwirkung der Mittel. Hier taucht ein derart bedeutsa- mes gesellschaftliches Problem auf, daß es sehr bald eine allgemein philosophische Behandlung erfahren hat und, man könnte sagen, ununterbrochen, auf der Tagesordnung des Denkens geblieben ist. Sowohl die Empiriker der gesellschaftlichen Praxis wie ihre moralistischen Beurteiler sehen sich hier gezwungen, sich immer wieder mit dieser Widersprüchlichkeit auseinanderzusetzen. Ohne hier auf konkrete Einzelfragen eingehen zu können, was ebenfalls nur in der Ethik möglich sein wird, muß nochmals zumindest der theoretische Vorrang der ontologischen Betrachtung der gesellschaftlichen Praxis sowohl dem praktizistischen Empirismus wie dem abstrakten Moralisieren gegenüber hervorgehoben werden. Die Geschichte zeigt nämlich einerseits oft, daß Mittel, die bestimmten Zielsetzungen rational adäquat angemessen schienen, »plötzlich« ein völliges, ein katastrophales Versagen offenbaren, andererseits, daß es unmöglich ist — selbst vom Gesichtspunkt einer wirklichen Ethik —, eine rationalisierte Tabelle von erlaubten und unzulässigen Mitteln a priori aufzustellen. Die Widerlegung beider falschen Extreme kann nur von einer Warte aus erfolgen, von wo aus die moralischen, ethischen etc. Beweggründe der Menschen als reale Momente des gesellschaftlichen Seins erscheinen, die stets innerhalb von widerspruchsvollen, aber in ihrer Widersprüchlichkeit einheitlichen sozialen 74 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 in essa una funzione decisiva per stabilire se sia adatto o inadatto, giusto o riprovevole un determinato mezzo per realizzare un fine (un determinato intervento degli uomini per decidere in un modo o in un altro le loro alternative). (Vol II, pg. 128, § 126 ) Komplexen mehr oder weniger effektiv wirksam werden, die aber stets reale Bestandteile der gesellschaftlichen Praxis bilden, die infolge einer solchen Beschaffenheit eine entscheidende Rolle darin spielen, ob ein bestimmtes Mittel (eine bestimmte Beeinflussung der Menschen, so oder so ihre Alternativen zu entscheiden) für die Verwirklichung eines Zieles geeignet oder ungeeignet, richtig oder verwerflich ist. (BandII: 112-3) Ma affinché questa provvisoria caratterizzazione — nella sua provvisorietà ovviamente molto astratta — non induca in equivoci, bisogna aggiungere qualcosa che pur deriva necessariamente da quanto abbiamo detto: la realtà ontologica del comportamento etico, ecc., non implica affatto che, per coglierne l‘essenza, basti riconoscere questa sua realtà. Al contrario. La realtà sociale di tale comportamento dipende, non in ultimo, da quale fra i valori emergenti dallo sviluppo della società sia ad esso legato realmente, da quale contributo reale esso dia a conservare, rendere perenni, ecc. questi valori. Se però questo momento viene scorrettamente assolutizzato, si cade in una concezione idealistica del processo storico-sociale; per converso, se viene negato del tutto, si cade in quell‘assenza di idea che e tratto indelebile di ogni praticistica Realpolitik, anche quando a parole ci si richiami a Marx. Perciò, anche a questo livello del discorso per forza di cose ancora molto astratto e generale, bisogna non dimenticare che l‘importanza crescente, che qui viene in luce, delle decisioni soggettive nelle alternative è in primo luogo un fenomeno sociale. Con ciò non viene affatto a relativizzarsi in senso soggettivistico l‘oggettività del processo di sviluppo, — si tratta solo della forma socialmente condizionata con cui si manifesta nella sua immediatezza, — ma è il medesimo processo oggettivo che, nel corso del suo sviluppo, pone compiti i quali possono essere messi e tenuti in movimento solo per il crescente rilievo delle decisioni soggettive. Ma tutte le valutazioni che compaiono in queste decisioni soggettive sono ancorate alla oggettività sociale dei valori, al significato di questi per lo sviluppo oggettivo della specie umana, e tanto il loro richiamarsi o contrapporsi a valori quanto l‘intensità e durata della loro efficacia sono in ultima analisi risultati di questo processo sociale oggettivo. (Vol II, pg. 128-9, §127 ) Damit eine solche vorläufige — und in ihrer Vorläufigkeit notwendig sehr abstrakte — Bestimmung nicht zu Mißverständnissen führt, muß noch hinzugefügt werden, was bereits aus unseren bisherigen Ausführungen notwendig folgt: daß die ontologische Realität des ethischen etc. Verhaltens keineswegs so viel besagen will, daß die Anerkennung seiner Realität sein Wesen erschöpfen könnte. Im Gegenteil. Seine gesellschaftliche Realität beruht nicht zuletzt darauf, mit welchen aus der gesellschaftlichen Entwicklung herauswachsenden Werten es real verknüpft ist, wie es mit ihrem Erhaltenbleiben, Perennieren etc. real zusammenhängt. Würde man freilich dieses Moment unzulässig verabsolutieren, so käme man zu einer idealistischen Konzeption des gesellschaftlichgeschichtlichen Prozesses; würde man es einfach negieren, so käme man zu jener Begrifflosigkeit, die in der praktizistischen »Realpolitik«, auch wenn sie sich verbal auf Marx beruft, unvertilgbar enthalten ist. Man muß also, auch in dieser notgedrungen noch sehr abstrakt-allgemeinen Fassung, darauf achten, daß die hier offenkundige, wach- sende Bedeutung der subjektiven Entscheidungen in den Alternativen primär eine gesellschaftliche Erscheinung ist. Nicht die Objektivität des Entwicklungsprozesses wird damit subjektivistisch relativiert — das ist nur eine gesellschaftlich bedingte Erscheinungsform seiner Unmittelbarkeit —, sondern der objektive Prozeß selbst stellt infolge seiner Höherentwicklung Aufgaben, die nur durch diese wachsende Bedeutung der subjektiven Entschlüsse in Gang gebracht und in Gang gehalten werden können. Aber alle Wertungen, die in solchen subjektiven Entscheidungen zur Geltung gelangen, sind in der gesellschaftlichen Objektivität der Werte, in ihrer Bedeutung für die objektive Entwicklung des Menschengeschlechts verankert, und sowohl ihre Werthaftigkeit oder Wertwidrigkeit wie die Intensität und Dauer ihrer Wirkung sind letzten Endes Ergebnisse dieses objektivgesellschaftlichen Prozesses. BandII: 11314) . Non è difficile accorgersi della distanza che separa le strutture dell‘agire che in tal modo Es ist nicht schwer, wahrzunehmen, wie weit sich die so entstehenden Handlungsstrukturen von denen der 75 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 vengono in essere da quelle del lavoro semplice. Ciò nondimeno chiunque guardi con occhio limpido vedrà che — dal punto di vista ontologico — germi, pur se solo germi, di questi conflitti e contraddizioni erano già presenti nel più semplice dei rapporti fra mezzo e fine. Il fatto che il loro attuarsi storico-sociale faccia nascere anche complessi di problemi qualitativamente del tutto nuovi può sorprendere soltanto chi non intende la storia come realtà ontologica dell‘essere sociale e perciò o ipostatizza i valori in pure entità spirituali, « senza tempo », o vede in essi solo i riflessi soggettivi di processi oggettivi su cui la prassi degli uomini non può incidere. (Vol II, pg.129 , §128 ) einfachen Arbeit entfernen. Trotzdem wird es sich jedem unbefangenen Blick zeigen, daß — ontologisch betrachtet — Keime, freilich nur Keime, dieser Konflikte und Widersprüche bereits im einfachsten Ziel-MittelVerhältnis enthalten waren. Daß ihr gesellschaftlich-geschichtliches Aktuellwerden auch qualitativ völlig neue Problemkomplexe ins Leben ruft, kann nur den überraschen, der die Geschichte nicht als ontologische Wirklichkeit des gesellschaftlichen Seins auffaßt und darum entweder die Werte zu »zeitlosen«, rein geistigen Entitäten hypostasiert oder in ihnen bloß subjektive Reflexe auf von der Piaxis der Menschen unbeeinflußbare objektive Prozesse erblickt. Molto simile è la situazione quanto a quel che il lavoro provoca nel suo esecutore. Anche qui le differenze possono essere ed è inevitabile che siano grandissime, sebbene le trasformazioni concrete, per quanto assai rilevanti, non incideranno mai sulla parte che più conta dell‘essenza di questo processo. Ci riferiamo ovviamente agli effetti che il lavoro produce nel lavoratore stesso: la necessità del dominio su di sé, la lotta costante contro i propri istinti, affetti, ecc. Abbiamo già detto, ma dobbiamo ripetere qui con particolare forza, che l‘uomo è diventato uomo appunto in questa lotta, mediante questa lotta contro la propria costituzione data per natura, e il suo ulteriore sviluppo, il suo perfezionamento può verificarsi, anche in seguito, solo per tale via, solo con tali mezzi. Non è un caso che già il costume dei popoli primitivi ponga questo problema al centro del comportamento umano adeguato; cosi come non è casuale che ogni grande filosofia morale, a partire da Socrate, gli stoici ed Epicuro, fino a pensatori tanto diversi come Spinoza e Kant, si trovi perennemente a combattere con questo problema, inteso come la questione centrale del comportamento davvero umano. Nel lavoro, per la verità, si tratta ancora di una semplice questione di adeguatezza allo scopo: esso può riuscire, può produrre valori d‘uso, alcunché di utile, solo se nel processo lavorativo si ha in permanenza tale autocontrollo del soggetto; e questo vale anche per ogni altra posizione pratica di un fine. Ma ciò potrebbe ancora essere interpretato come omogeneità solo formale all‘interno della prassi. (Vol II, pg. 129-30, § 129 ) Sehr ähnlich ist die Lage bei den Wirkungen, die die Arbeit in ihrem Vollstrecker hervorruft. Auch hier können und müssen die Unterschiede sehr bedeutsam sein; jedoch das Wichtigste am Wesen dieses Prozesses erhält sich inmitten der größten konkreten Veränderungen. Wir meinen natürlich jene Einwirkungen, die die Arbeit am arbeitenden Menschen selbst vollbringt: die Notwendigkeit seiner Herrschaft über sich selbst, seines ständigen Kampfes gegen die eigenen Instinkte, Affekte etc. Wir haben bereits darauf hingewiesen, müssen es aber hier mit besonderem Nachdruck wiederholen, daß der Mensch eben in diesem Kampf, durch diesen Kampf gegen seine eigene naturhaft gegebene Beschaffenheit zum Menschen geworden ist, und seine Höherentwicklung, seine Vervollkommnung kann sich auch weiter nur auf diesem Weg, nur mit diesen Mitteln verwirklichen. Es ist kein Zufall, daß bereits die Sitte bei primitiven Völkern dieses Problem in den Mittelpunkt des angemessenen menschlichen Verhaltens rückt; es ist ebensowenig zufällig, daß jede große Moralphilosophie, von Sokrates, den Stoikern und Epikur angefangen bis zu so verschiedenen Denkern wie Spinoza und Kant, ununterbrochen mit diesem Problem als mit der Zentralfrage des wahrhaft menschlichen Verhaltens ringt. In der Arbeit selbst handelte es sich freilich bloß noch um eine Zweckmäßigkeitsfrage: Sie kann nur dann erfolgreich werden, kann nur dann Gebrauchswerte, Nützliches produzieren, wenn im Arbeitsprozeß diese Selbstüberwindung des Subjekts sich permanent vollzieht; das ist auch bei jeder anderen praktischen Zielsetzung der Fall. Das könnte aber noch als bloß formale Gleichartigkeit in der Praxis aufgefaßt werden. (Band II: 114-15) Ma già nel lavoro si tratta di molto più. A prescindere dalla consapevolezza che ne abbia l‘esecutore del lavoro, egli in questo processo produce se medesimo come mèmbro del genere umano e quindi il genere umano stesso. Es handelt sich jedoch, schon in der Arbeit selbst, um weit mehr. Einerlei, wieweit das dem Vollstrecker der Arbeit bewußt ist, produziert er in diesem Prozeß sich selbst als Mitglied der Menschengattung und damit die Menschengattung selbst. Man kann sogar 76 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Addirittura si può dire che il cammino dell‘autocontrollo, la serie di lotte che dal determinismo naturale degli istinti conduce all‘autodominio consapevole, è l‘unica via reale per giungere alla libertà umana reale. Si può disputare quanto si vuole intorno alle proporzioni in cui le decisioni umane hanno la possibilità di imporsi nella natura e nella società, si può dare l‘importanza che si vuole al momento del determinismo in ogni posizione di un fine, in ogni decisione fra alternative; la conquista del dominio su di sé, sulla propria natura in origine solo organica, è fuori di ogni dubbio un atto, di libertà, un fondamento di libertà per la vita dell‘uomo. Qui la cerchia dei problemi concernenti l‘adeguatezza al genere nell‘essere dell‘uomo s‘incontra con la libertà: il superamento del genere muto, solamente organico, lo sviluppo di questo nel genere articolato, evolventesi, dell‘uomo che si forma in ente sociale, è — dal punto di vista ontologico-genetico — tutt‘uno con l‘atto di nascita della libertà. Gli esistenzialisti pensano di salvare idealmente la libertà e di innalzarla, quando dicono che l‘uomo è « gettato » nella libertà, che è « condannato » alla libertà 10. In realtà, una libertà che non sia radicata nella socialità dell‘uomo, che non si sviluppi da qui, anche se con un salto, è un fantasma. Se l‘uomo non avesse creato nel lavoro, mediante il lavoro, se stesso come ente generico-sociale, se la libertà non fosse frutto della sua attività, del suo autocontrollo sulla propria costituzione organica, non potrebbe esserci nessuna libertà reale. La libertà ottenuta nel lavoro originario era, per forza di cose, primitiva, limitata; ma ciò non toglie che anche la libertà più spiritualizzata ed alta deve essere conquistata con gli stessi metodi di quella del lavoro più primordiale, e che il suo risultato, quale che sia il grado di consapevolezza, ha in ultima analisi lo stesso contenuto: il dominio dell‘individuo generico sulla propria singolarità particolare, puramente naturale. In questo senso, crediamo, il lavoro può davvero essere inteso come modello di ogni libertà. (Vol II, pg. 13031, § 130) sagen: der kampfvolle Weg der Selbstüberwindung von der naturhaften Instinktdeterminiertheit bis zur bewußten Selbstbeherrschung ist der einzig reale Weg zur wirklichen menschlichen Freiheit. Man mag über die Proportionen der Durchsetzungsmöglichkeit menschlicher Beschlüsse in Natur und Gesellschaft streiten, man mag das Moment der Determiniertheit bei jeder Zielsetzung, bei jeder Entscheidung einer Alternative noch so hoch einschätzen; das Erkämpfen der Herrschaft über sich selbst, über das eigene, ursprünglich bloß organische Wesen ist ganz gewiß ein Akt der Freiheit, ein Fundament der Freiheit für das Leben des Menschen. Hier begegnen sich die Problemkreise von Gattungsmäßigkeit im menschlichen Sein und Freiheit: Die Überwindung der bloß organischen Stummheit der Gattung, ihre Weiterführung in die artikulierte, sich entwickelnde Gattung des sich zum gesellschaftlichen Wesen formenden Menschen ist — ontologisch-genetisch angesehen — derselbe Akt wie der der Entstehung der Freiheit. Die Existenzialisten meinen die Freiheit gedanklich zu retten und zu erhöhen, wenn sie von einer »Geworfenheit« des Menschen in die Freiheit sprechen, davon, daß der Mensch zur Freiheit »verdammt«* ist. In der Wirklichkeit ist freilich jede Freiheit, die nicht in der Gesellschaftlichkeit des Menschen wurzelt, die nicht, wenn auch sprunghaft, sich aus ihr herausentwickelt, ein Phantom. Wenn der Mensch sich nicht in der Arbeit, durch die Arbeit zum gesellschaftlichen Gattungswesen geschaffen hätte, wenn die Freiheit nicht die Frucht seiner eigenen Tätigkeit, seiner Selbstüberwindung der eigenen bloß organischen Beschaffenheit wäre, könnte es keine reale Freiheit geben. Daß die in der originären Arbeit errungene Freiheit noch eine primitive, beschränkte sein mußte, ändert nichts an der Tatsache, daß die geistigste und höchste Freiheit mit denselben Methoden erkämpft werden muß wie die in der anfänglichsten Arbeit, daß ihr Ergebnis, wenn auch auf noch so hoher Stufe der Bewußtheit, letzthin denselben Inhalt hat: die Herrschaft des gattungsmäßigen Individuums über seine bloß naturhafte, partikulare Einzelheit. In diesem Sinne, glauben wir, kann die Arbeit wirklich als Modell einer jeden Freiheit aufgefaßt werden. (Band II: 11516) (espaço duplo) Fazer 1 ou 2 parágrafos com uma síntese das críticas de L. a E. e encerrar o subitem sobre a liberdade com o parágrafo abaixo: Con ciò abbiamo già delineato nei suoi tratti più elementari il « fenomeno originario » della libertà nell‘essere sociale degli uomini. Cioè a dire: tutti i momenti del processo della vita socio-umana, quando non hanno un carattere Damit ist das »Urphänomen << der Freiheit im gesellschaftlichen Sein der Menschen bereits in seinen gröbsten Zügen umschrieben. Es handelt sich um die Tatsache, daß sämtliche Momente des gesellschaftlich-menschlichen 77 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 biologico totalmente spontaneo-necessario (respirare), sono risultati causali di posizioni e non semplici anelli di catene causali. Naturalmente la decisione alternativa degli uomini non resta al livello del lavoro semplice, abbiamo infatti visto come le posizioni teleologiche che non servono al ricambio organico con la natura, ma sono dirette alla coscienza di altri uomini, sotto questo profilo rivelano la stessa struttura e dinamica. E per quanto complesse siano le manifestazioni di vita prodotte dalla divisione sociale del lavoro che si eleva fino alle massime attività spirituali degli uomini, alla base di tutte restano in funzione le decisioni alternative. Naturalmente ciò significa che la specificità della genesi si conserva in termini estremamente generali e quindi astratti. Contenuto e forma subiscono di continuo radicali cambiamenti qualitativi e quindi non si può né si deve semplicemente « dedurli » dalla forma originaria della genesi, intendendoli come sue mere varianti. 'Ma il fatto che questa forma originaria, nonostante tutti i mutamenti, comunque rimanga presente, è un segno che si tratta di una forma elementare e fondamentale dell‘essere sociale, allo stesso modo in cui, per esempio, la riproduzione dell‘organismo, pur con tutti i suoi cambiamenti qualitativi, resta analogamente una forma permanente della natura organica. Sebbene dunque, come abbiamo sottolineato prima, lo sviluppo e la costituzione dei tipi fenomenici superiori di decisione alternativa possano essere discussi in maniera adeguata soltanto nell‘Etica, tuttavia anche in questa sede è possibile anticipare alcune osservazioni molto generali, possiamo dire qualcosa circa l‘essenza del loro attuarsi reale. Per non esporci fin dall‘inizio a fraintendimenti, rileveremo subito che la usuale generalizzazione filosofica di un‘unica e — metafisicamente — indivisibile libertà è secondo noi una vuota costruzione intellettuale. Lo sviluppo della società produce sempre nuovi campf della prassi umana in cui ciò che di solito viene chiamato libertà in generale, compare riempito di contenuti diversi, plasmato da strutture diverse, operante con diversa dinamica, ecc. Questa molteplicità, tuttavia, non porta a qualcosa di eterogeneo e di rigidamente discontinuo, né dal punto di vista della successione storica né da quello della compresenza in una medesima società; tali diverse incarnazioni s‘intersecano l‘una con l‘altra, senza però mai fondersi del tutto in completa unità (per esempio la libertà giuridica e quella morale). Nonostante tutte le modificazioni storiche e sociali, quindi, resta il dato della molteplicità, e ciò vuol dire che nel riflettere su di essa, quando non si voglia far violenza ai fatti come sono, bisogna rispettare Lebensprozesses, soweit sie nicht einen völlig spontan-notwendigen biologischen Charakter haben (Atmen), Kausalergebnisse solcher Setzungen und nicht einfache Glieder von Kausalreihen sind. Natürlich bleibt die Alternativentscheidung der Menschen nicht auf dem Niveau der einfachen Arbeit stehen, wir haben ja eben sehen können, daß jene teleologischen Setzungen, die nicht dem Stoffwechsel mit der Natur dienen, sondern auf das Bewußtsein anderer Menschen gerichtet sind, in dieser Hinsicht dieselbe Struktur und Dynamik zeigen. Und mag die gesellschaftliche Arbeitsteilung bis hinauf zu den höchsten geistigen Leistungen der Menschen noch so komplizierte Lebensäußerungen hervorbringen, als allgemeine Grundlage für alle bleiben die Alternativentscheidungen in Funktion. Natürlich bedeutet dies nur eine höchst allgemeine und darum abstrakt bleibende Aufbewahrung der Eigenart der Genesis. Gehalt wie Form sind fonlaufend umwälzenden qualitativenWandlungen unterworfen, sie können und sollen deshalb nie aus der Urform der Genesis als deren bloße Varianten einfach »abgeleitet« werden. Daß aber diese Urform in allen Wandlungen doch aufbewahrt bleibt, ist ein Zeichen dafür, daß es sich hier um eine elementare und fundamentale Grundform des gesellschaftlichen Seins handelt, ebenso wie etwa die Reproduktion des Organismus, bei allen ihren qualitativen Veränderungen, eine solche permanente Form der organischen Natur bleibt. Wenn wir also, wie früher betont,Wachstum und Beschaffenheit der höheren Erscheinungsweisen der Alternativentscheidungen erst in der Ethik angemessen behandeln können, ist es doch auch hier möglich, in einigen Bemerkungen ganz allgemeiner Art etwas vom Wesen der wirklichen Ausführung vorwegzunehmen. Um hier nicht von Anfang an Mißverständnissen ausgesetzt zu sein, sei sogleich betont: die übliche philosophischeVerallgemeine- rung von der einen und - metaphysisch - unteilbaren Freiheit halten wir für eine leere Gedankenkonstruktion. Die gesellschaftliche Entwicklung produziert immer wieder Gebiete der menschlichen Praxis, in denen das, was allgemein Freiheit genannt zu werden pflegt, von verschiedenen Inhalten erfüllt, von verschiedenen Strukturen geformt, mit verschiedener Dynamik wirksam werdend etc. in Erscheinung tritt. Diese Vielheit ist aber, weder im geschichtlichen Nacheinander, noch im Nebeneinander einer und derselben Gesellschaft etwas starr diskontinuierlich Heterogenes; ihre verschiedenenVerkörperungen spielen ineinander über, ohne allerdings restlos zur völligen Einheit zu verschmelzen (z. B. rechtliche und moralische Freiheit). Es bleibt 78 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 sempre la specificità delle sfere, dei campi, ecc. Per questo dobbiamo rimandarne l‘esposizione e l‘analisi all‘Etica, dove potrà essere trattata in termini storico-sociali questa crescita verso la complessità, verso il livello — nell‘immediato — puramente spirituale e individuale, dove cioè tale pluralismo delle libertà potrà ricevere una fondazione ontologica, di contro al mero concetto astratto, metafisicamente unitario, della libertà come viene assunto in molti sistemi filosofici. (Vol II**, 351-2) also bei allen geschichtlichen und gesellschaftlichen Wandlungen doch eine Vielheit als Gegebenes, bei deren gedanklicher Behandlung, wenn die seienden Tatsachen nicht vergewaltigt werden sollen, das Spezifische derSphären, Gebiete etc. immer respektiert werden muß. Darum muß ihre Darlegung und Analyse der Ethik überlassen werden, 'wo dieser Aufstieg ins Komplizierte, ins - unmittelbar - rein Geistige und Individuelle gesellschaftlich-geschichtlich dargelegt, wo also dieser Pluralismus der Freiheiten im Gegensatz zum bloßen metaphysisch-einheitlichen, abstrakten Begriff der Freiheit in vielen philosophischen Systemen, ontologisch begründet werden kann (Bd II, 3123) 2.4. Economia e valores Isso posto, devemos passar a um outro aspecto da mesma questão: se, do ponto de vista do "sujeito" o dever-ser é o momento predominante na determinação da singularidade de cada ato, o que ocorre nesse processo do ponto de vista do "objeto"? Trataremos dessa questão abordando a relação entre a alternativa e a objetivação. Já mencionamos que toda posição teleológica é necessariamente também uma escolha entre as possibilidades e as necessidades objetivas. Também, porque não podemos reduzir as ações humanas ao momento da escolha; contudo, toda teleologia envolve uma escolha que afirma qual das necessidades é a mais necessária e qual das possibilidades, do ponto de vista da necessidade selecionada, é a melhor. A escolha é, sempre, imediatamente referida à situação histórica concreta e, nela, à relação que o indivíduo (ou indivíduos) mantém com o mundo em que vive. É essa relação do indivíduo (ou indivíduos) com o momento em que vive (relação essa necessariamente mediada pela consciência) que possibilita determinar qual a necessidade mais premente e qual a melhor possibilidade de atendê-la. Qui viene in luce una nuova categoria — categoria nel senso marxiano di « forma d‘esserci, determinazione d‘esistenza » — dell‘essere sociale: i prodotti del lavoro sono, in termini oggettivi, validi o non-validi (con passaggi intermedi molto graduati). Cioè a dire, il valore oggettivo, movimento soggettivo da esso suscitata, la posizione di valore, l‘assenso o il dissenso verso un valore, non sono risultati di una civiltà umana fortemente evoluta che restano indeducibili dall‘« essere naturale » dell‘uomo, che sono con quest‘ultimo in un rapporto di contrapposizione inconciliabile, come diceva la filosofia idealistica. São ao invés, partes integrantes seinsmäβig do seu ser humano acima de tudo e, apneas como momentos do trabalho, formam um tal contraposição para com a mera existência natural, a qual não conhece qualquer valor objetivo. (...) Ma poi il salto rappresentato dal fatto del lavoro distacca Da tritt wieder eine neue Kategorie des gesellschaftlichen Seins — Kategorie im Marxschen Sinn als »Daseinsform, Existenzbestimmung« — ans Tageslicht: die Produkte der Arbeit sind in objektiv seinsmäßiger Weise wertvoll oder wertwidrig (mit sehr abgestuften, verbindenden Übergängen). Der objektive Wert, die von ihm hervorgerufene subjektive Bewertung, Wertsetzung, Wertbejahung oder Wertverneinung sind also nicht Ergebnisse einer hochentwickelten menschlichen Kultur, die aus dem »Natursein« des Menschen unableitbar bleiben müssen, zu diesem im Verhältnis eines unüberbrückbaren Gegensatzes stehen, wie dies die idealistische Philosophie sagte. Sie sind vielmehr seinsmäßig notwendige Bestandteile des Menschseins, seines Gesellschaftlichseins überhaupt und bilden nur als Momente der 79 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 questi momenti [biológicos] dal processo della riproduzione biologica37, ne fa oggetti della coscienza, della prassi consapevole, che nella coscienza possono acquistare una relativa independência — relativamente elevata — nei confronti del soggetto immediato e, proprio in virtù di tale independência, influire decisivamente sulla sua prassi. Per il nostro discorso attuale, determinante è qui il momento della concordanza con la realtà essente in sé. Il valore non sorge dalla posizione di valore, ma è invece a partire dalla realtà oggettiva, a partire dalla oggettiva funzione vitale del valore in quanto indice del lavoro riuscito, che si sviluppano le reazioni valutative soggettive nei confronti della sua avvenuta o mancata realizzazione, nei confronti del processo che produce la riuscita o il fallimento. (Soltanto nell‘Etica potremo vedere come questa struttura, nonostante ampie modificazioni, si mantenga anche nel rapporto di valore più elevato. (Vol II**, 391-2) Arbeit einen solchen Gegensatz zur bloß naturhaften Existenz, die keinen objektiven Wert kennt. (...)Der Sprung jedoch, den das Faktum der Arbeit vorstellt, löst erst diese Momente aus dem biologischen Reproduktionsprozeß aus, macht aus ihnen Gegenstände des Bewußtseins, der bewußten Praxis, die im Bewußtsein eine relative — relativ hohe — Selbständigkeit dem unmittelbaren Subjekt gegenüber erhalten und gerade in dieser Selbständigkeit seine Praxis entscheidend beeinflussen können. Für unsere gegenwärtige Betrachtung ist dabei das Moment der Übereinstimmung mit der an sich seienden Wirklichkeit das ausschlaggebende. Nicht aus der Wertsetzung entsteht der Wert, sondern aus der objektiven Wirklichkeit, aus der objektiven Lebensfunktion des Werts als Index der gelunge nen Arbeit erwachsen die subjektiven wertenden Reaktionen auf sein Verwirklichtsein oder Verfehlen, auf den Prozeß, der Gelingen oder Versagen herbeiführt. (Wie diese Struktur bei weitgehenden Modifikationen in dem höheren Wertverhältnis doch erhalten bleibt, kann erst in der Ethik dargestellt werden.) (BD II, 349-50) Os valores, pelo trabalho, surgem como categoria da objetividade e, então, são refletidos na consciência. Enquanto categorias objetivas e da consciência (sem qualquer identidade entre sujeito e objeto) os complexos valorativos (moral, costumes, ética, etc.) refletem na consciência os valores objetivamente operantes no ser social que, por sua vez, correspondem a relações objetivamente existentes tanto entre os humanos e a natureza quanto entre os humanos entre si. Refletem, nessa medida e sentido, a relação efetiva, objetiva, que o sujeito (imediatamente, o ato de trabalho do indivíduo e – com as devidas mediações – classes sociais e gênero humano) mantém com o seu mundo. Por isso a "concordância" com a realidade em si existente é tão decisiva: os valores cumprirão sua função social quanto mais "concordarem" com a objetividade. Ainda que as mediações que operam nessa concordância sejam muito variadas ( são muito diversas as mediações atuantes nos valores envolvidos na transformação da natureza pelo trabalho e os valores éticos ou econômicos --valor de uso e de troca, por exemplo), essa estrutura ontológica de fundo (a "concordância") se mantém. O processo de escolha é, necessariamente, uma atividade da consciência. A escolha entre alternativas e possibilidades apenas é possível na medida em que forem comparadas entre si. O mundo objetivo passa por uma tratamento, na consciência, de tal modo a produzir um seu reflexo que possibilite a escolha. Ou seja, para que a escolha possa ser operacionalizada e possibilite a elaboração de uma teleologia que dirija a objetivação, é imprescindível que, do ângulo da necessidade escolhida, sejam classificadas segundo o que poderá ou não servir para atender a tal necessidade. Nesse processo o mundo é "bipartido" (Lukács, 1979: 50) entre o que é útil e inútil, entre as possibilidades úteis e as inúteis para tal ou qual necessidade, dando origem a um reflexo da realidade que incorpora como seu nódulo decisivo o que é necessário para o indivíduo (ou indivíduos ou, com as mediações, o gênero). A heterogeneidade do real e a necessária heterogeneidade de seu reflexo na consciência é submetida às Lukács se refere aos momentos que, na reprodução biológica, no mundo natural, favorecem ou prejudicam a reprodução da vida. 37 80 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 imediatas necessidades e possibilidades e, por essa via, no reflexo pela consciência, o real passa por um processo de homogeneização pelo qual é classificado entre o que é útil e o que não o é para a necessidade em pauta. "Da alternativa nasce, por isso, uma bipartição do mundo objetivo, em função das reações provocadas pelas inter-relações com ele, bipartição posta pelo sujeito sobre a base das propriedades conhecidas do objeto. Partindo do contraste ente o útil e o inútil, o benéfico e o nocivo, etc., a série prossegue, passando por muitas mediações sociais, até chegar aos 'valores máximos', como o bem e o mal."(Lukács, 1979: 50) Essa "bipartição" é elemento ontológico ineliminável dos complexos valorativos, desde os mais próximos à cotidianeidade, como o útil e inútil, até a ética e a moral. Os valores são aqueles complexos sociais que auxiliam na comparação entre as necessidades e as possibilidades de tal modo a possibilitar a escolha da alternativa a ser objetivada pela ação do sujeito (ou dos sujeitos). Eles possuem existência apenas na relação dos homens com o mundo objetivo e, por isso, possuem um ineliminável elemento de objetividade. Todavia, por si mesma e em si mesma, a causalidade não opera qualquer complexo valorativo. Isso se aplica também ao "período de consequências" das objetivações. Nele, as séries causais postas em movimento pela objetivação são puramente causais. O fato de que as reações humanas a tais serem causais serem pôr teleológicos, em cuja determinação os valores jogam algum papel, não altera em nada esse fato. Em se tratando do trabalho, da transformação da natureza em meios de produção e de subsistência, "qualquer práxis é possível apenas na sequência de uma posição teleológica de um sujeito, todavia igualmente evidente é que essa implica de per se que os processos causais naturais sejam reconhecidos e assumidos como posições que bastam a si próprias. (ein Setzen der naturkausalen Prozesse als Setzungen in sich schliesst )."(Lukács, 1981:50; Lukács, 1986:41) Analogamente, os valores apenas podem existir (isto é, apenas podem cumprir a função social que está na sua gênese) enquanto expressões na consciência da relação entre a consciência e a causalidade. Eles implicam no reconhecimento pela subjetividade das necessidades e possibilidades tipicamente, da vida cotidiana38. No trabalho da sociedade primitiva, a conexão entre os produtos e os valores é pouco mediada: os valores de uso refletem as necessidades e possibilidades históricas dos indivíduos diretamente envolvidos. A necessidade por fogo resulta em fogo, por abrigo, abrigo, e assim sucessivamente. Todavia, como não há identidade entre sujeito e objeto, já nesse estágio primitivo se manifesta a tensão entre a teleologia e o resultado de sua objetivação e, por outro lado, a distinção entre a transformação (no caso do trabalho) da natureza em um valor de uso e a transformação do sujeito pela produção de novos conhecimentos e o desenvolvimentos de novas habilidades.39 Esta situação mais simples, todavia, é superada no desenvolvimento histórico pelo surgimento das sociedades de classe. Daquela relação mais primitiva pela qual Temos aqui, novamente, ainda que por uma outra mediação, o trabalho como fundante da relação entre a subjetividade e o mundo objetivo que, por sua vez, funda a intentio recta, isto é, o impulso a se refletir na consciência, em uma constante e infindável aproximação, as conexões e categorias do real, do ser-precisamente-assim-existente. [desenvolver? 39 Deste complexo de relações entre a subjetividade e a objetividade emerge o fato ontológico basilar do trabalho em sua totalidade: ele produz sempre mais do que a finalidade particular que está na gênese de cada ato de trabalho singular. O trabalho, na célebre expressão de Lukács, remete sempre para além de si próprio (citar), impulsionando o ser social ao contraditório e ininterrupto processo de desenvolvimento que é a história humana. 38 81 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 das atividades humanas originavam-se os valores de uso, se desenvolve um complexo de mediações sociais que visam impor aos indivíduos que transformam a natureza as necessidades e possibilidades da reprodução de sua exploração e subordinação às classes dominantes. Sem tais atividades da classe dominante e de seus auxiliares (quase sempre assalariados!) os trabalhadores passariam a produzir o que lhes fosse necessário e a reprodução da classe dominante seria impossibilitada. Tais complexos mais ou menos distantes do trabalho (Direito, Estado, Ideologia no sentido restrito, etc.) são imprescindíveis para que, da transformação da natureza, resulte a propriedade privada e não os valores de uso necessários aos trabalhadores. Temos aqui uma particularidade de uma situação ontológica mais geral: como o trabalho remete sempre para além de si próprio, ele está na gênese de necessidades e possibilidades que não podem ser atendidas pelo trabalho enquanto tal. A discussão metodológica, por exemplo, que brota do desenvolvimento da ciência e da filosofia, as quais, por sua vez, se relacionam com o impulso ao conhecimento do serprecisamente-assim fundado pelo "confronto" entre a subjetividade e a objetividade "na vida cotidiana" no "trabalho", é uma necessidade para que o desenvolvimento mais eficaz da ciência e da filosofia possam servir ao desenvolvimento das forças produtivas e, por essa mediação, ao próprio trabalho. A discussão metodológica, portanto, tem um impacto, quase sempre muito mediado mas nem por isso menos real, sobre o trabalho e, todavia, é uma necessidade que apenas pode ser atendida fora do intercâmbio com a natureza, em uma atividade que termina fundando um complexo social próprio que, com o seu desenvolvimento, exibe uma autonomia crescente para com o intercâmbio orgânico com a natureza que o fundou. O mesmo pode ser dito do direito, da "arte" da guerra, do Estado, da política, das ideologias restritas (a das classes sociais), etc. Todos estes complexos sociais se relacionam com a nova dinâmica da reprodução social fundada pela produção da propriedade privada da classe dominante que é, imediatamente, também a reprodução das condições e formas históricas de exploração e dominação das classes trabalhadoras em todos os modos de produção exceto o primitivo. Ou, para sermos muito sucintos, temos aqui a situação ontológica de fundo já conhecida de Aristóteles, pela qual a necessidade é uma categoria que apenas pode ocorrer entre entes distintos. Entes idênticos não poderão ser necessários, apenas idênticos. Assim, aristotelicamente, pelo fato de o Direito ser um complexo social sem o qual o trabalho explorado não pode ocorrer significa que o Direito é distinto do trabalho: pois apenas entre entes distintos pode-se desdobrar qualquer relação de necessidade. E esse necessidade entre Direito e trabalho tem, como pano de fundo, lembremos, o fato de que "(...) as posições puramente econômicas apenas podem se traduzir em prática se estimularem e desenvolverem nos homens singulares, nas suas relações recíprocas, etc., -- até finalmente o nascimento real do gênero humano -faculdades humanas (em algumas circunstâncias apenas a sua possibilidade no sentido da dynamis aristotélica) cujas consequências vão muito além da pura esfera econômica, mas que apesar disso não podem abandonar jamais (...) o terreno do ser social."(Lukács, 1981:92) - verificar tradução de terreno em alemão. Portanto, entre os valores que se apresentam nas sociedades primitivas e nas sociedades de classe, temos profundas diferenças, entre elas a mediação da exploração do homem pelo homem. Comentando esta diferença entre a economia e a moral, assinala Lukács que enquanto no trabalho encontramos as posições teleológicas primárias, nos demais complexos sociais temos também as posições teleológicas secundárias. 82 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "O campo da economia socialmente desenvolvida contém posições de valores de ambos os tipos que se articulam de modo variável, mas em tal complexo, também aquelas do primeiro tipo, sem perder a sua essência originária, passam por alterações que as tornam diversas. De tal modo que já na esfera econômica este fato produz uma maior complexidade do valor e das posições de valor. Quando, portanto, passamos às esferas não econômicas, nos encontramos frente a questões ainda mais complexas, agora de qualidade diversa."(Lukács, 1981:91) A "qualidade diversa" se manifesta, por exemplo, no fato de que o desenvolvimento humano por milênios ter necessitado da mediação das classes sociais, ou seja, da exploração do homem pelo homem. Da grandeza da Grécia e Roma, às catedrais medievais, do Renascimento ao Iluminismo, "Já no capítulo sobre Marx tratamos longamento do fato de que os resultados mais esplêndidos do desenvolvimento humano freqüentemente -e de modo algum por acaso -- surgem nessa forma opositiva [Lukács se refere à "contraditoriedade"] e assim se tornam, no plano social objetivo, fontes de inelutáveis conflitos de valor. Pense-se, por exemplo, na história lá mencionada do surgimento real e unicamente autêntico do gênero humano. (Man denke etwa an die dort angeführte Geschichte der einzig echten and wirklichen Entstehung des Menschengeschlechts)"(Lukács, 1981:92; Lukács, 1986:81) Em uma outras passagens Lukács retoma o exame da relação entre economia e valores. Più sopra abbiamo parlato della differenza decisiva fra le alternative originarie del lavoro indirizzato solo al valore d‘uso e quelle del lavoro a un livello superiore, e cioè del fatto che il primo contiene posizioni teleologiche che trasformano la natura stessa, mentre nel secondo il fine è in primo luogo di agire sulla coscienza di altri uomini per indurli alle posizioni teleologiche desiderate. Il campo dell‘economia socialmente dispiegata contiene posizioni di valore di ambedue i tipi variamente intrecciate, ma in tale complesso anche quelle del primo tipo, senza perdere la - loro essenza originaria, subiscono cambiamenti che le rendono diverse. Cosicché già nella sfera dell‘economia questo produce una maggiore complessità del valore e delle posizioni di valore. Quando poi passiamo alle sfere non economiche, ci troviamo di fronte a questioni ancora più complesse, ormai di qualità diversa. Ciò non significa per nulla che la continuità dell‘essere sociale non esista e non operi più. Da un lato, è chiaro che determinate > specie di prassi sociale e determinate sue regolazioni pur divenute autonome nel corso della storia, sono per loro essenza semplici forme di mediazione e anche in origine sono sorte come tali, per regolare meglio la riproduzione sociale; si pensi alla sfera del diritto nel senso più ampio del termine. E noi abbiamo visto che questa funzione mediatrice, proprio per Wir haben in unseren früheren Betrachtungen darauf hingewiesen, daß der entscheidende Unterschied zwischen den ursprünglichen Alternativen in der bloß auf Gebrauchswert gerichteten Arbeit und der auf höherer Stufe sich vor allem darauf gründet, daß jene Natur selbst umformende teleologische Setzungen enthält, während in dieser das Ziel in erster Reihe die Einwirkung auf das Bewußtsein anderer Menschen ist, um sie zu gewünschten teleologischen Setzungen zu veranlassen. Das Gebiet der gesellschaftlich entfalteten Ökonomie enthält Wertsetzungen beider Art in vielfachen Verflechtungen, wobei auch die ersteren in einem solchen Komplex, ohne ihr ursprüngliches Wesen zu verlieren, variierenden Änderungen unterworfen werden. Damit ist im Bereich der Ökonomie bereits eine größere Komplexität des Werts und der Wertsetzungen entstanden. Wenn wir jedoch auf die nichtökonomischen Gebiete übergehen, so stehen wir noch größeren, qualitativ vielfach anders gewordenen Fragen gegenüber. Das bedeutet keineswegs, daß die Kontinuität des gesellschaftlichen Seins aufhören würde, dazusein und ständig wirksam zu werden. Es ist einerseits klar, daß bestimmte, im Laufe der Geschichte sich zur Selbständigkeit entwickelnde Arten und Regelungen der gesellschaftlichen Praxis ihrem Wesen nach bloße Vermittlungsformen sind und ursprünglich auch als solche entstanden, um die gesellschaftliche Reproduktion besser zu regeln; man denke an die Rechtssphäre im weitesten 83 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 adempiere al meglio il proprio compito, deve pervenire a una costituzione autonoma, dalla struttura eterogenea rispetto all‘economia 2l . Ancora una volta appare evidente come tanto l‘idealismo feticizzante, che vuol interpretare la sfera del diritto come qualcosa di totalmente riposante su se stesso, quanto il materialismo volgare, che vuol far derivare meccanicamente questo complesso dalla struttura economica, finiscano per non vedere i veri problemi. Sono proprio la oggettiva dipendenza sociale della slera del diritto dall'economia e insieme la sua eterogeneità, così prodottasi, nei confronti di quest‘ultima, che nella loro simultaneità dialettica determinano la specificità e l‘oggettività sociale del valore. (Vol II pg. 91-2 § 83 Sinne des Wortes. Wir haben aber gesehen, daß diese vermittelnde Funktion, eben um ihre Aufgabe optimal zu erfüllen, eine von der Ökonomie selbständige, ihr gegenüber heterogen strukturierte Verfassung erhalten muß.* Es wird hier wieder sichtbar, daß sowohl das idealistische Fetischisieren, das aus der Rechtssphäre etwas völlig auf sich selbst Gestelltes machen will, wie der vulgäre Materialismus, der diesen Komplex mechanisch aus der ökonomischen Struktur ableiten will, an den eigentlichen Problemen vorbeigehen müssen. Es ist gerade die objektiv gesellschaftliche Abhängigkeit des Rechtsbereichs von der Ökonomie, verbunden mit ihrer dadurch hervorgebrachten Heterogenität ihr gegenüber, die in ihrer dialektischen Simultaneität die Eigenart und die gesellschaftliche Objektivität des Werts bestimmen. (BdII: 79-80) Ainda: (...) tanto nel capitolo su Marx, quanto poco sopra, abbiamo visto che le posizioni puramente economiche non possono tradursi in pratica senza risvegliare e sviluppare nei singoli uomini, nelle loro relazioni reciproche, ecc., — su su fino alla nascita reale del genere umano, — facoltà umane (in date circostanze solo la loro possibilità nel senso della dynamis aristotelica) le cui conseguenze vanno molto oltre la pura sfera economica, ma che nondimeno non possono abbandonare mai — come invece s‘immagina l‘idealismo — il terreno dell‘essere sociale. Ogni utopia è per il suo contenuto e indirizzo determinata da quella società che essa ripudia; ciascuna delle sue controimmagini storico-umane si riferisce a un determinato fenomeno dell'hic et nunc storico-sociale. Non c‘è alcun problema umano che non venga, in ultimo, aperto e, nel più profondo, determinato dalla prassi reale della vita della società. (Vol II pg. 91-2 § 83 Andererseits haben wir sowohl im MarxKapitel wie auch hier gesehen, daß die rein ökonomischen Setzungen unmöglich praktisch vollzogen werden können, ohne in den Einzelmenschen, in ihren Beziehungen zueinander etc. — bis hinauf zur realen Entstehung der Menschengattung — menschliche Fähigkeiten wachzurufen und zu entwickeln (unter Umständen freilich bloß deren Möglichkeit im Sinne der Aristotelischen Dynamis), die in ihren Konsequenzen weit über das rein Ökonomische hinausgehen, die aber dennoch nie — wie sich dies der Idealismus vorstellt— den Boden des gesellschaftlichen Seins verlassen können. Jede Utopie ist in ihrem Inhalt und ihrer Richtung von jener Gesellschaft bestimmt, die sie verwirft; jedes ihrer geschichtlichmenschlichen Gegenbilder bezieht sich auf eine bestimmte Erscheinung des gesellschaftlich-geschichtlich seienden hic et nunc. Es gibt kein menschliches Problem, das letzthin nicht von der realen Praxis des gesellschaftlichen Lebens ausgelöst und zutiefst bestimmt wäre. (BdII: 79-80) Ainda: Ogni valore autentico, è dunque un momento importante in quel complesso fondamentale dell‘essere sociale che noi chiamiamo prassi. Vol II, pg. 95, §87 Jeder echte Wert ist nun ein wichtiges Moment in jenem fundamentalen Komplex des gesellschaftlichen Seins, den wir als Praxis bezeichnen. (BdII: 83-4) E: Questa unità, indissolubile proprio sul piano dell‘essere, fra reale sviluppo economico, neutrale rispetto ai valori, e valori Man kann diese gerade seinsmäßig untrennbare Einheit von realer, wertneutraler ökonomischer Entwicklung und objektiv geltenden Werten 84 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 oggettivamente vigenti possiamo osservarla con altrettanta chiarezza anche in un‘altra tendenza generale, incontestabilmente verificabile nel dispiegarsi della socialità dell‘essere sociale: la nascita dell‘umanità come genere umano non più muto. Le linee generali di questo fenomeno ci sono già note. Il fatto fondamentale è qui l‘integrazione economica dell‘umanità sotto forma di mercato mondiale, che fra tutti gli uomini in cui s‘incarna l‘umanità crea un legame effettivo, molto mediato, ma inoppugnabile per la stessa coscienza individuale. Questo processo e il suo risultato, cioè il genere umano in via di realizzazione, dato il loro carattere sociale non sono muti. Dal punto di vista biologico un genere umano esiste già da quando esso si è distaccato oggettivamente dai primati ed è oggettivamente divenuto un genere a sé. Ma questo genere, considerato nella sua totalità biologica semplice- mente oggettiva, si rivela altrettanto muto che quello dal quale è scaturito. Questa situazione può cessare solamente quando, in seguito ai risultati oggettivi e soggettivi della posizione teleologica nel lavoro, nella divisione del lavoro, ecc., le basi della riproduzione filogenetica cessano di essere solo biologiche, quando vengono ricoperte, modificate, trasformate, ecc. da determinazioni sociali che vanno diventando sempre più nette, sempre più dominanti. Il lavoro e la divisione del lavoro, però, se considerati a sé, — cosa che proprio qui sarebbe un errore fuorviarne, — superano il genere muto solo objetivamente; um superamento autentico può aver luogo solo quando il genere non è più muto anche nel suo ser-para-si e non semplicemente in sé. (Sappiamo che tale processo si svolge nella realtà cosi: comunità umane sempre più estese divengono per i propri membri una incarnazione non più muta del genere.) Vol II pg. 174-5 § 43 bei einer anderen einwandfrei feststellbaren generellen Tendenz der Sichentfaltung der Gesellschaftlichkeit des gesellschaftlichen Seins ebenso klar beobachten: bei dem Entstehen der Menschheit als nicht mehr stummer Menschengattung. Die allgemeinen Umrisse dieses Phänomens sind uns aus früheren Darlegungen bekannt. Das grundlegende Faktum dabei ist die ökonomische Integration der Menschheit in der Form des Weltmarkts, der eine tatsächliche, wenn auch vielfach vermittelte, aber selbst für das individu'elle Bewußtsein unabweisbare Verbindung zwischen allen die Menschheit verkörpernden Menschen schafft. Dieser Prozeß und sein Ergebnis, die in Verwirklichung befindliche Menschengattung, sind wegen ihres gesellschaftlichen Charakters nicht stumm. Biologisch betrachtet, existiert ja eine Menschengattung, seitdem sie sich objektiv von den Primatenarten abgelöst hat und objektiv zu einer eigenen Gattung geworden ist. Wenn man jedoch diese Gattung in ihrer bloß objektiven biologischen Totalität betrachtet, so erweist sie sich als ebenso stumm wie jene, aus der sie entsprungen ist. Die Stummheit kann erst aufhören, wenn infolge der objektiven und subjektiven Ergebnisse der teleologischen Setzung in der Arbeit, in der Arbeitsteilung etc. die Grundlagen der phylogenetischen Reproduktion aufhören, bloß biologisch zu sein, wenn sie von immer stärkeren, immer dominierender werdenden gesellschaftlichen Bestimmungen überdeckt, modifiziert, umgebildet etc. werden. Arbeit und Arbeitsteilung würden jedoch, isoliert betrachtet — was freilich gerade hier ein irreführender Fehler wäre —, die Stummheit der Gattung nur objektiv aufheben; eine echte Aufhebung kann nur stattfinden, wenn die nicht mehr stumme Gattung nicht nur an sich vorhanden ist, sondern ihr eigenes Fürsichsein erlangt. (Daß dieser Prozeß sich in der Wirklichkeit so abspielt, daß immer größere menschliche Gemeinschaften für ihre Mitglieder zu einer nicht mehr stummen Verkörperung der Gattung werden, ist uns bekannt.) (BII,135-6) Perché ciò avvenga è però necessaria nell‘essere sociale la coscienza dell‘in-sé che sta sorgendo nella riproduzione sociale, ma una coscienza che accetti come appartenenti al proprio essere anche individuale — le incarnazioni del genere umano ogni volta venute in essere, che cioè si riconosca Dazu ist aber im gesellschaftlichen Sein eine Bewußtheit über das in der gesellschaftlichen Reproduktion entstehende Ansich nötig, und zwar eine, die die jeweils entstandene Verkörperung des Menschengeschlechts als zum eigenen — auch individuellen — Sein 85 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 mediante una posizione di valore nel valore cosi sorto. Con quanta maggior larghezza, altezza e profondità si sviluppano queste entità sociali, quanto più è intensa l‘interazione sociale fra esse, tanto più la coscienza degli uomini può avvicinarsi a porre — dapprima solo col pensiero — l‘umanità come unità socio-filogenetica del genere umano. E evidente e ne abbiamo parlato qui più volte che la base reale di questa unità è fornita dal mercato mondiale e in questo senso il cammino finora percorso dalla storia si avvicina ormai parecchio alla realizzazione di questa unità del genere umano. Ma ciò comunque riguarda soltanto il suo essere-in-sé. La contraddittorietà dello sviluppo ineguale in questo campo si esprime in duplice modo: da un lato si ha bensì di norma, ed è determinante per la prassi sociale, la valutazione positiva della forma realmente assunta dalla integrazione sul cammino verso l‘in-sé del genere umano; ma è possibile che singoli individui, anticipando con il pensiero la tendenza della storia, esprimano un intendimento che va verso l‘essere-per-sé unitario del genere umano e spesso non senza una notevole incidenza sociale. Dall‘altro lato, per contro, e anche di questo abbiamo già parlato, si verifica un movimento difensivo contro questo progresso, si combatte il domani in nome dell‘oggi. Ambedue questi movimenti, che nella storia assumono le forme più disparate, implicano un‘approvazione o negazione di valori, significano conflitti oggettivi fra valori oggettivi; ambedue sorgono necessariamente dal terreno creato dal rispettivo sviluppo economico-sociale. Perciò, anche se in molti casi le valutazioni contrastano nettamente con il proprio presente, non vuol dire che si abbia una aprioristica indipendenza del valore dalla realtà, come pensano i kantiani, ma si tratta invece di un ulteriore esempio del fatto che lo sviluppo generale include nella sua necessità le contraddizioni delle sue forme fenomeniche, — anch‘esse essenti, — che non si può comprendere in maniera adeguata l‘autentica totalità di un grado dell‘essere se non si tiene conto di queste contraddizioni. Il mercato mondiale è la base imprescindibile perché si realizzi l‘unità essente-per-sé del genereumano; ma può produrre solo l‘in-sé,— questo però lo produce necessariamente, — che potrà trasformarsi ed elevarsi all‘essere - per-sé solo come atto consapevole degli uomini stessi. Un momento ineludibile di questo processo è la realizzazione del vero valore mediante posizioni di valore corrette. Né l‘importanza di tale attività umana, l‘autenticità del suo carattere attivo, viene minimamente sminuita o attenuata dal fatto che può realizzarsi solo in uomini che sono stati plasmati per questa attività e resi adatti ad essa gehörige bejaht, also sich durch eine Wertsetzung zum so entstandenen Wert bekennt. Je breiter, höher und tiefer sich solche gesellschaftlichen Gebilde entfalten, je stärker die gesellschaftliche Wechselwirkung zwischen ihnen ist, desto mehr kann sich das Bewußtsein der Menschen dem — vorerst bloß gedanklichen — Setzen der Menschheit als gesellschaftlich-phylogenetische Einheit des Menschengeschlechts annähern. Es ist evident und wurde hier verschiedentlich dargelegt, daß die Entwicklung des Weltmarkts die reale Basis dieser Einheit bietet, und insofern nähert sich bereits der bisher zurückgelegte Gang der Geschichte schon stark der Verwirklichung dieser Einheit des Menschengeschlechts. Das bezieht sich aber vorläufig nur auf ihr Ansichsein. Die Widersprüchlichkeit der ungleichmäßigen Entwicklung äußert sich auf diesem Gebiet in einer doppelten Form: Einerseits entsteht zwar normalerweise und für die gesellschaftliche Praxis ausschlaggebend die bejahende Bewertung der real erreichten Form der Integration in der Richtung auf ein Ansich des Menschengeschlechts; es ist aber für einzelne möglich, den Trend der Geschichte gedanklich vorwegnehmend eine Intention auf das einheitliche Fürsichsein des Menschengeschlechts, oft sogar nicht ohne bedeutsame gesellschaftliche Wirkung, zum Ausdruck zu bringen. Andererseits dagegen, worüber ebenfalls schon die Rede war, entsteht eine Abwehrbewegung gegen diese Höherentwicklung, ein Bekämpfen des Morgen im Namen des Heute. In beiden Bewegungen, die historisch außerordentlich abwechslungsreiche Formen annehmen, handelt es sich um Bejahungen und Verneinungen von Werten, um objektive Konflikte zwischen objektiven Werten; beide entwachsen notwendig aus dem Boden, den die jeweilige ökonomisch-soziale Entwicklung geschaffen hat. Wenn also auch viele Wertungen ihrer Gegenwart schroff widersprechen, so bedeutet dies keine apriorische Unabhängigkeit des Werts von der Wirklichkeit, wie die Kantianer meinen, sondern ist ein Beispiel mehr dafür, daß die allgemeine Entwicklung in ihrer Notwendigkeit die Widersprüche in ihren — gleichfalls seienden — Erscheinungsformen mit inbegreift, daß die echte Totalität einer Seinsstufe ohne Verständnis für solche Widersprüchlichkeiten unmöglich adäquat erfaßt werden kann. Der Weltmarkt ist die unumgängliche Basis für die Verwirklichung der für sich seienden Einheit des Menschengeschlechts; er kann aber nur deren 86 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 dalle determinazioni reali e oggettive del processo generale medesimo, il quale pone loro quelle ineludibili alternative cui essi rispondono con valutazioni, cioè sviluppando o frenando il valore. (Vol II, 175-6) Ansich — das freilich mit Notwendigkeit — hervorbringen, dessen Verwandlung und Erhöhung zum Fürsichsein kann nur als bewußte Tat des Menschen selbst zustande kommen. Die Verwirklichung des wahren Werts durch richtige Wertsetzungen ist ein unentbehrliches Moment dieses Prozesses. Dabei wird die Wichtigkeit dieser menschlichen Aktivität, die Echtheit ihres aktiven Charakters um nichts herabgesetzt oder abgeschwächt, weil sie nur in Menschen aktuell zu werden vermag, die von den realen und objektiven Bestimmungen des allgemeinen Prozesses selbst zu solcher Aktivität geformt und für sie geeignet gemacht wurden, denen dieser Prozeß jene unabweisbaren Alternativen stellt, die sie wertend, wertentwickelnd oder werthemmend beantworten. (Bd II, 154-5) Non si ripeterà mai abbastanza che qui si tratta di un processo storico il quale nel suo insieme non possiede mai, sotto nessun profilo, un carattere teleologico. Perciò le singole tappe possono e devono essere concepite anch‘esse in termini storici. Di qui la citata affermazione di Marx secondo cui l‘emergere della pura casualità nella relazione fra l‘essere biologico e quello sociale può produrre per l‘uomo nel capitalismo la parvenza della libertà, ma non Ja libertà stessa. Infatti la diversità materiale economicamente condizionata dei punti di partenza, delle possibilità di sviluppo, ecc., della vita umana ha bensì perduto la sua « naturalità », ma in sé continua ad esistere, in forme sociali pure. Alla stessa stregua possiamo correttamente comprendere in questa ottica l‘atteggiamento tutt‘altro che sentimentale di Marx verso le precoci realizzazioni «naturali» della genericità degli uomini41. Quando a tale proposito parla di realizzazione limitata, egli non intende riferirsi soltanto alla arretratezza, alla incompleta socialità della vita economica, ma insieme al fatto strettamente connesso con tale situazione, che la genericità dell‘uomo, sul piano soggettivo pervenuta a modi superiori, esemplari, è ancora molto lontana da quella autentica. (Ciò non toglie nulla al valore estetico delle sue oggettivazioni, come mostra chiaramente l‘analisi marxiana da noi riportata dell‘opera di Omero.) Per altro verso, nel medesimo contesto in cui parla di realizzazioni limitate, Marx definisce volgare ogni stato di appagamento all‘interno del capitalismo, perché non si vuol andare oltre i confini che la pura socialità è in grado di offrire nel quadro del capitalismo. Comprendere infatti la contraddittorietà dialettica che lega tra loro fenomeno ed essenza significa vedere la prospettiva di un essere sociale in cui la casualità dell‘essere biologico e sociale esisterà socialmente soltanto come compito di vita dell‘individuo, come problema della vita del singolo: il quale, cioè, deve Es kann nicht oft genug wiederholt werden, daß es sich dabei um einen historischen Prozeß handelt, der als Ganzes niemals, in keiner Hinsicht einen teleologischen Charakter besitzt. Darum können und müssen die einzelnen Etappen ebenfalls immer historisch aufgefaßt werden. So die früher zitierte Marxsche Feststellung, daß das reine Hervortreten der Zufälligkeit in der Beziehung des biologischen und gesellschaftlichen Seins für die Menschen im Kapitalismus bloß den Anschein der Freiheit, aber nicht diese selbst hervorbringen kann. Denn die ökonomisch bedingte materielle Verschiedenheit der Ausgangspunkte, der Entfaltungsmöglichkeiten etc. des menschlichen Lebens hat zwar ihre »Naturhaftigkeit« verloren, an sich, in rein gesellschaftlichen Formen existiert sie aber weiter. Ebenso kann erst von hier aus das völlig unsentimentale Verhalten von Marx zu »naturhaften« Frühvollendungen in der Gattungsmäßigkeit der Menschen richtig begriffen werden.' Wenn Marx hier von bornierter Vollendung spricht, so meint er nicht nur die Unentwickeltheit, die unvollkommene Gesellschaftlichkeit des ökonomischen Lebens, sondern zugleich die damit engst verbundene Tatsache, daß die subjektiv auf hoher, vorbildlicher Weise gestaltete Gattungsmäßigkeit des Menschen noch sehr weit von der echten entfernt ist. (Das setzt den ästhetischen Wert ihrer Objektivationen nicht im geringsten herab, wie die von uns angeführte Analyse Homers von Marx deutlich zeigt.) Andererseits nennt Marx im selben Zusammenhang, in dem er von bornierten Vollendungen spricht, eine jede Zufriedenheit innerhalb des Kapitalismus gemein, weil sie sich mit den Schranken, die die reine 87 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 trasformare la propria singolarità in una personalità autentica, il proprio dato particolare in un rappresentante, in un organo, della genericità non pili muta. E questa prospettiva non dipende dai singoli: solo nella misura in cui lo sviluppo economico oggettivo abbia prodotto ontologicamente la possibilità di un genere umano essente-per-sé queste tendenze di sviluppo che toccano la persona possono tradursi in realtà su scala sociale. Il termine prospettiva richiede però un duplice chiarimento. Da un lato si tratta della conoscenza di reali linee di sviluppo nel movimento oggettivo dell‘economia. La prospettiva quindi non è un affetto soggettivo del tipo della speranza, ma il rispecchiamento e la prosecuzione integrativa, nella coscienza, dello sviluppo economico oggettivo stesso. Dall‘altro lato, tuttavia, quest‘ultimo, pur rivelando una tendenza riconoscibile sul piano economico e sociale, di cui la prospettiva è appunto il rispecchiamento e l‘espressione, non si presenta quanto alla sua realizzazione come un evento né fatale né teleologico, dipende invece dalle azioni degli uomini, dalle decisioni alternative che essi, in quanto esseri che rispondono, vogliono e possono prendere di fronte a tale tendenza. La quale, proprio perché è il prodotto di infinite posizioni teleologiche, neppure essa nel suo decorso oggettivo ha nulla a che vedere con un qualsiasi moto teleologico verso un assetto inteso come scopo predeterminato. Scopo posto questa prospettiva può esserlo solo per posizioni teleologiche di uomini singoli o di loro gruppi, dove le serie causali messe in movimento in esse possono diventare fattori oggettivi del suo realizzarsi. Tale prospettiva è per Marx il comuniSmo come secondo stadio del socialismo. Nell‘ottica ontologica in cui ci siamo posti, dunque, possiamo riguardarla solo come prospettiva. Anche se è concreta, in quanto soltanto questa struttura della società rende possibile il sorgere reale del genere umano come genere non più muto in tutt‘e due i poli dell‘essere sociale. Vol II pg. 329-31 §200/201 Gesellschaftlichkeit im Rahmen des Kapitalismus darzubieten vermag, zufriedengibt. Die Einsicht in die dialektische Widersprüchlichkeit von Erscheinung und Wesen eröffnet nämlich die Perspektive eines gesellschaftlichen Seins, in welchem die Zufälligkeit des biologischen und gesellschaftlichen Seins nur als individuelle Lebensaufgabe, als Lebensproblem des Einzelnen gesellschaftlich existieren wird: nämlich aus seiner Einzelheit eine echte Persönlichkeit, aus seiner partikularen Gegebenheit einen Vertreter, ein Organ der nicht mehr stummen Gattungsmäßigkeit zu formen. Und diese Perspektive ist nicht die des Einzelmenschen: nur indem die objektive ökonomische Entwicklung seinsmäßig die Möglichkeit einer für sich seienden Menschengattung hervorbringt, können diese die Person betreffenden Entwicklungstendenzen im gesellschaftlichen Ausmaße realisiert werden. Der Ausdruck Perspektive bedarf jedoch einer gedoppelten Klärung. Einerseits handelt es sich um die Erkenntnis realer Entwicklungsrichtungen in der objektiven Bewegung der Ökonomie. Perspektive ist also kein subjektiver Affekt von der Art der Hoffnung, sondern die bewußtseinsmäßige Widerspiegelung und weiterführende Ergänzung der objektiv ökonomischen Entwicklung selbst. Andererseits hat aber diese zwar eine ökonomisch und geschichtlich erkennbare Tendenz, deren Widerspiegelung und Ausdruck eben die Perspektive ist, ihre Verwirklichung selbst ist aber weder fatal noch teleologisch notwendig, sie hängt vielmehr von den Handlungen der Menschen selbst ab, von den Alternativentscheidungen, die sie als antwortende Wesen auf diese Tendenz zu geben gewillt und imstande sind. Ebensowenig hat diese Tendenz, gerade weil sie das Produkt unzähliger teleologischer Setzungen ist, in ihrem objektiven Ablauf mit irgendeinem teleologischen Gerichtetsein auf einen Zustand als vorher bestimmtes Ziel etwas zu tun. Gesetztes Ziel kann diese Perspektive nur für teleologische Setzungen von Einzelmenschen oder Menschengruppen sein, wobei die bei ihnen ausgelösten Kausalreihen objektive Faktoren ihrer Verwirklichung werden können. Diese Perspektive hat Marx im Kommunismus als zweites Stadium des Sozialismus bezeichnet. Eine ontologische Betrachtung wie unsere kann sie deshalb nur als Perspektive fassen, freilich insofern konkret, als allein eine solche Gesellschaftsstruktur die reale Entstehung des Menschengeschlechts als nicht mehr stumme 88 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Gattung auf beiden Polen des gesellschaftlichen Seins möglich macht. Em outra passagem, ainda, Lukács retoma o exame da relação entre a economia e os outros complexos sociais: Qui emerge di nuovo la differenza fra l‘economia e gli altri complessi sociali. Nell‘economia il processo ontologico spontaneo crea una omogeneizzazione, un concetto di eguaglianza all‘interno della gerarchia che da essa ha origine; il tempo di lavoro socialmente necessario sorge, in quanto principio regolativo, indipendentemente dalle rappresentazioni e dalla volontà degli uomini. E il risultato di una addizione che la società spontaneamente compie a partire dagli effetti causali delle posizioni teleologiche del lavoro. Nel sistema giuridico, invece, questi princìpi regolativi sono il risultato di un porre consapevole, che in quanto porre deve determinare i fatti. Per cui anche le reazioni sociali ad esso risultano qualitativamente diverse. Si comprende facilmente quindi come la critica popolare e anche letteraria all‘ingiustizia di un diritto portato avanti con consequenzialità si concentri per l‘appunto su questa discrepanza presente nella sussunzione del caso singolo. Massime come summun jus summa injuria, creazioni artistiche come il processo di Shylock, anche nelle più antiche varianti novellistiche, esprimono tutte un analogo stato d‘animo contro l‘applicazione formalistica e consequenziale della legge. Ci si presenta qui un problema sociale reale. Abbiamo detto prima che nessun diritto può esistere senza venir attuato con la coazione, tuttavia esso per funzionare il più possibile senza attriti ha bisogno di un certo consenso fra i suoi verdetti e la pubblica opinione. Andremmo fuori dal quadro di questo lavoro se descrivessimo quali sforzi si sono compiuti di tempo in tempo per superare ideologicamente questa discrepanza sociale. Sarà compito dell‘Etica mostrare come la morale nasca in sostanza per superare questo abisso, che talvolta sembra catastrofico, per riconciliare sul terreno delPinteriorità quel che in generale sembra un‘ingiustizia. La riflessione sul diritto produce a sua volta, nel tentativo di mediare fra diritto e bisogno di giustizia, la specifica concezionedel diritto naturale: anch‘esso un sistema di dover-essere sociale, che però il suo soggetto deve far porre da qualcosa che sta al di sopra dell‘assetto giuridico concreto esistente in quel momento, che dunque a seconda dei bisogni del tempo si pensa determinato da Dio, dalla natura, dalla ragione, ecc., e che perciò ha la possibilità di andar oltre le barriere del diritto positivo. Le due tendenze, come ha visto bene Kelsen ‖, procedono per vie parallele: l‘intenzione, la finalità, ecc. è facile che si congiungano, perché Hier taucht wieder der Unterschied zwischen Ökonomie und anderen gesellschaftlichen Komplexen auf. In jener schafft der spontane Seinsprozeß eine Homogenisierung, einen Begriff der Gleichheit innerhalb der aus ihr stammenden Hierarchie; die gesellschaftlich notwendige Arbeitszeit als Prinzip der Regelung entsteht unabhängig von den Vorstellungen und vom Willen der Menschen. Sie ist ein Produkt der Summierung, die von der Gesellschaft spontan, aus den kausalen Folgen der teleologischen Setzungen in der Arbeit vollzogen wird. Im Rechtssystem sind aber diese Prinzipien der Regelung Ergebnisse eines bewußten Setzens, das als Setzen die Tatsächlichkeiten bestimmen soll. Darum müssen auch die gesellschaftlichen Reaktionen darauf qualitativ anders ausfallen. Es ist deshalb leicht verständlich, daß die populäre und auch die literarische Kritik der Ungerechtigkeit im konsequent durchgeführten Recht sich auf diese Diskrepanz in der Subsumtion des Einzelfalles konzentriert. Aussprüche wie »summum jus summa injuria«, dichterische Gestaltungen wie der Shylock-Prozeß, auch in den älteren novellistischen Varianten, weisen alle auf eine derartige Stimmung gegen das formal-konsequente Durchsetzen des Gesetzes hin. Darin ist ein reales gesell schaftliches Problem enthalten. Wir haben schon früher darauf hingewiesen, daß zwar kein Recht bestehen kann, ohne mit Zwang durchgeführt werden zu können, daß aber sein möglichst reibungsloses Funktionieren eine gewisse Übereinstimmung zwischen seinen Verdikten in der öffentlichen Meinung erfordert. Welche reale Anstrengungen von Zeit zu Zeit gemacht wurden, um diese gesellschaftliche Diskrepanz ideologisch zu überwinden, geht über den Rahmen dieser Arbeit hinaus. Es wird eine Aufgabe der Ethik sein, zu zeigen, wie die Moral wesentlich zur Überwindung dieses zuweilen verhängnisvoll scheinenden Abgrunds entsteht, um das, was allgemein als Ungerechtigkeit empfunden wird, auf dem Boden der Innerlichkeit zu einer Versöhnung zu bringen. Das Nachdenken über das Recht produziert seinerseits, um zwischen Recht und Gerechtigkeitsbedürfnis zu vermitteln, die 89 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 ambedue, senza consapevolezza critica intorno a se stesse, parimenti mirano a uno stadio di genericità che sia superiore a quello realizzabile nel diritto positivo. Solo nell‘Etica potremo soffermarci sulle ragioni per cui né l‘integrazione mediante la morale né tutti gli slanci riformistici nel senso e sulla base del diritto naturale siano stati in grado di sollevare il diritto sopra il livello di genericità ad esso intrinseco. Qui possiamo dire soltanto che il sogno di giustizia presente in tutti questi tentativi, fintanto che sia, come deve essere, inteso in termini giuridici, non può situarsi oltre una concezione in definitiva economica dell‘eguaglianza, oltre l‘eguaglianza che si determina in modo socialmente necessario, a partire dal tempo di lavoro socialmente necessario che si realizza nella circolazione delle merci, e che non può non restare la base reale, quindi non superabile nel pensiero, di tutte le concezioni giuridiche dell‘eguaglianza e della giustizia. Il concetto di giustizia che ne discende è fra i più ambigui prodottisi nel corso dello sviluppo dell‘uomo. Il suo problema, per esso irrisolvibile, è di mettere d‘accordo idealmente o addirittura sul piano istituzionale le diversità e peculiarità individuali degli uomini con la valutazione dei loro atti sulla base dell‘eguaglianza creata dalla dialettica medesima del processo sociale della vita. Marx ha affrontato e indagato tale questione fin nelle sue conseguenze storico-sociali più estreme. Analizzando a fondo le prospettive della transizione al socialismo, nella Critica al programma di Gotha, giunge a parlare appunto del rapporto fra diritto ed eguaglianza durante la prima fase del comuniSmo (il socialismo), quando è già cessato lo sfruttamento capitalistico, ma non è ancora stata compiuta la piena ristrutturazione della società. A proposito del rapporto fra diritto e lavoro egli dice: « Questo diritto uguale è un diritto disuguale per lavoro disuguale. Esso non riconosce nessuna distinzione di classe, perché ognuno è soltanto operaio come tutti gli altri, ma riconosce tacitamente la ineguale attitudine individuale, e quindi capacità di rendimento, come privilegi naturali. Esso è perciò, per suo contenuto un diritto della disuguaglianza, come ogni diritto. Il diritto può consistere soltanto, per sua natura, nell‘applicazione di una uguale misura; ma gli individui disuguali (e non sarebbero individui diversi se non fossero disuguali) sono misurabili con uguale misura solo in quanto vengono sottomessi a un uguale punto di vista, in quanto vengono considerati soltanto secondo un lato determinato-, per esempio, nel caso dato, soltanto come operai, e si vede in loro soltanto questo, prescindendo da ogni altra cosa ». Anche in questo caso non possiamo analizzare da vicino tutto il complesso dei problemi, ma vogliamo eigenartige Konzeption des Naturrechts, ebenfalls ein System des gesellschaftlichen Sollens, dessen Setzen sein Subjekt jedoch über den jeweilig seienden konkreten Rechtszustand erheben soll, das, je nach Zeitbedürfnissen, als von Gott, von der Natur, von der Vernunft etc. bestimmt gedacht wird, das deshalb befähigt sein soll, die Schranken des positiven Rechts zu überschreiten. Die beiden Tendenzen gehen, wie Kelsen richtig erkannt hat', parallele Wege: Intention, Zielsetzung etc. gehen leicht ineinander über, denn beide müssen, ohne kritische Bewußtheit über sich selbst, gleichermaßen eine höhere Stufe der Gattungsmäßigkeit, als im positiven Recht verwirklichbar ist, erstreben. Es kann erst in der Ethik dargelegt werden, warum weder die Ergänzung durch die Moral noch alle Reformanläufe im Naturrecht und von ihm aus imstande waren, das Recht über das ihr innewohnende Niveau der Gattungsmäßigkeit zu erheben. Hier kann nur darauf hingewiesen werden, daß der allen solchen Forderungen innewohnende Traum einer Gerechtigkeit, solange er rechtlich gefaßt werden muß und wird, nicht über eine — letzthin ökonomische — Konzeption der Gleichheit hinausführen kann, über die Gleichheit, die sich gesellschaftlich notwendig von der gesellschaftlich notwendigen Arbeitszeit aus bestimmt und sich im Warenverkehr verwirklicht, die die reale und darum gedanklich unüberwindbare Basis aller rechtlichen Gleichheitsund Gerechtigkeitskonzeptionen bleiben muß. Die daraus entsteigende Gerechtigkeit gehört ihrerseits zu den vieldeutigsten Begriffen in der menschlichen Entwicklung. Sie stellt sich die für sie unlösbare Aufgabe, die individuelle Verschiedenheit und Eigenart der Menschen mit der Beurteilung ihrer Taten auf Grundlage der Gleichheit, die die Dialektik des gesellschaftlichen Lebensprozesses selbst hervorbringt, gedanklich oder gar institutionell in Einklang zu bringen. Marx hat diese Frage bis zu ihren extremsten gesellschaftlich-geschichtlichen Konsequenzen ins Auge gefaßt und untersucht. In seiner eingehendsten Analyse der Perspektiven des gesellschaftlichen Übergangs zum Sozialismus, in der »Kritik des Gothaer Programms« kommt er auf dieses Verhältnis von Recht und Gleichheit in der ersten Phase des Kommunismus (im Sozialismus), in welcher bereits die kapitalistische Ausbeutung aufgehört hat, jedoch die volle Umgestaltung der Gesellschaft noch nicht vollführt ist, zu sprechen. Er sagt über das Verhältnis von Recht und Arbeit: »Dies gleiche Recht ist ungleiches Recht für ungleiche Arbeit. Es erkennt keine Klassenunterschiede an, weil jeder nur Arbeiter 90 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 sottolineare che Marx ritiene ineliminabile anche a questo stadio la discrepanza fra il concetto giuridico di eguaglianza e la diseguaglianza delle individualità umane. Anche dopo l‘espropriazione degli sfruttatori il diritto eguale resta in sostanza un diritto borghese con i suoi limiti qui enumerati. Come potrebbe parlarsi, dunque, di superare questi limiti nelle formazioni precedenti che economicamente sono basate sullo sfruttamento? Solo quando sono state sovvertite tutte le condizioni e relazioni oggettive del lavoro sociale, « dopo che è scomparsa la subordinazione asservitrice degli individui alla divisione del lavoro, e quindi anche il contrasto fra lavoro intellettuale e fisico; dopo che il lavoro non è divenuto soltanto mezzo di vita, ma anche il primo bisogno della vita; dopo che con lo sviluppo onnilaterale degli individui sono cresciute anche le forze produttive e tutte le sorgenti della ricchezza collettiva scorrono in tutta la loro pienezza » solo in una società la cui base riproduttiva è « Ognuno secondo le sue capacità, a ognuno secondo i suoi bisogni », cessa di esistere questa discrepanza, ma simultaneamente diviene superflua la sfera del diritto quale l‘abbiamo conosciuta nella storia svoltasi fino a oggi.(Vol II, 217-9) ist, wie der andere; aber es erkennt stillschweigend die ungleiche individuelle Begabung und daher Leistungsfähigkeit als natürliche Privilegien an. Es ist daher ein Recht der Ungleichheit, seinem Inhalt nach, wie alles Recht. Das Recht kann seiner Natur nach nur in Anwendung von gleichem Maßstab bestehen; aber die ungleichen Individuen (und sie wären nicht verschiedene Individuen, wenn sie nicht ungleiche wären) sind nur an gleichem Maßstab meßbar, soweit man sie unter einen gleichen Gesichtspunkt bringt, sie nur von einer bestimmten Seite faßt, z. B. im gegebenen Fall sie nur als Arbeiterbetrachtet; und weiter nichts in ihnen sieht, von allem anderen absieht.« Ohne auch hier auf den gesamten Fragenkomplex eingehen zu können, soll nur hervorgehoben werden, daß Marx diese Diskrepanz zwischen dem Gleichheitsbegriff des Rechts und der Ungleichheit der menschlichen Individualität auch auf dieser Stufe für unaufhebbar hält. Auch nach der Enteignung der Ausbeuter bleibt das gleiche Recht dem Wesen nach ein bürgerliches Recht mit seinen hier angegebenen Schranken. Wie erst könnte von einem Hinausgehen über diese Schranken in früheren Formationen, die ökonomisch auf Ausbeutung basiert sind, die Rede sein. Erst wenn alle objektiven Bedingungen und Verhältnisse der gesellschaftlichen Arbeit umgewälzt worden sind, »nachdem die knechtende Unterordnung der Individuen unter die Teilung der Arbeit, damit auch der Gegensatz geistiger und körperlicher Arbeit verschwunden ist; nachdem die Arbeit nicht nur Mittel zum Leben, sondern selbst das erste Lebensbedürfnis geworden; nachdem mit der allseitigen Entwicklung der Individuen auch die Produktionskräfte gewachsen sind und alle Springquellen des genossenschaftlichen Reichtums voller fließen«', in einer Gesellschaft, deren Reproduktionsgrundlage: »Jeder nach seinen Fähigkeiten, jedem nach seinen Bedürfnissen« ist, hört diese Diskrepanz auf, freilich simultan mit einem Überflüssigwerden der Rechtssphäre, so wie wir sie aus der bisherigen Geschichte kennengelernt haben. Bd II, 193-5) Dado o fato de o processo econômico objetivo ser puramente causal, ainda que tenha por elementos a posição teleológica dos indivíduos, a história pode dar origem "às mais ásperas antíteses entre o progresso econômico objetivo -- portanto, objetivamente, da humanidade -- e as suas consequências sobre os indivíduos"(Lukács, 1981:92). Nessa esfera, ainda que "a postura alternativa para com o desenvolvimento econômico enquanto tal, mais ou menos com base no modelo do trabalho simples, é largamente unívoca (weitgehend eindeutig ist), na tomada de posições morais frente aos 91 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 efeitos da economia sobre a vida parece dominar um antagonismo de valores."(Lukács, 1981:93; Lukács, 1986:81) A necessidade causal-legal do desenvolvimento econômico impõe um campo de alternativas mais estreito que em outros complexos sociais, o que limita e padroniza a escolha em um campo mais homogêneo de possibilidades. Todavia, "Esta univocidade (Eindeutigkeit) na distinção entre alternativas econômicas e alternativas não mais econômicas, humano-morais, não é por isso sempre assim tão nítida como no caso do trabalho, sempre intercâmbio material com a natureza. Uma univocidade como aquela descrita pode ocorrer apenas quando o processo econômico na sua objetividade opera, por assim dizer, como 'segunda natureza' e quando ao mesmo tempo o conteúdo da alternativa com a qual o indivíduo se defronta é completa ou predominantemente concentrado no campo econômico verdadeiro e próprio."(Lukács, 1981:93; Lukács, 1986:81) Em outros casos, "o conflito -- com frequência direto antagonismo -- entre o processo econômico e os seus modos de manifestações humano-sociais vem em primeiro plano."(Lukács, 1981:93) Portanto, tal contraditoriedade – entre a causalidade que predomina na economia e os valores de complexos puramente sociais -- , mantém uma dupla relação com a esfera econômica. Por um lado, é fundado por ela. Por outro lado, "A legalidade imanente da economia não apenas produz estes antagonismos entre a essência objetiva do próprio processo e as suas formas concretas que ele assume na vida do homem, mas faz do antagonismo um dos fundamentos ontológicos do próprio desenvolvimento complexivo (Gesamtentwicklung): por exemplo, após o comunismo primitivo ser superado pela sociedade de classe, as decisões dos membros da sociedade relativa à própria vida são fortemente determinadas pelo pertencimento a uma classe e pela participação na luta entre as classes." (Lukács, 1981:94; Lukács, 1986:82) Por esse processo, "não apenas o conteúdo das alternativas vai para além da troca orgânica com a natureza", mas abre-se um novo campo de conflitos; "as alternativas cujo objetivo é a realização de valores freqüentemente assumem por isso a forma de conflitos insolúveis entre deveres", "a alternativa está na escolha entre valores que se contestam mutuamente", superando em muito aquela situação originária na qual o fundamental papel do valor era se determinar "que coisa" e o "como" da objetivação. (Lukács, 1981:94) Entre a moral e a esfera econômica, portanto, há uma distância e uma interrelação: o fato de a legalidade econômica, devido ao fato de conter em seu interior o trabalho, impor aos indivíduos um campo de manobra mais restrito que a moral; o fato mesmo de os valores morais jogarem, com o desenvolvimento das forças produtivas (e sem revogar o papel predominante destas) um papel social crescente; o fato ainda de muitos dos conflitos de valores serem irredutíveis ao trabalho -- todos esses fatos verdadeiros não cancelam o fato de que, enquanto valores tanto a moral quanto os valores econômicos operam na escolha inerente a toda posição teleológica, conectam o futuro ao presente nas ações humanas e, por isso, exercem um papel no desenvolvimento do mundo dos homens. "Todo valor autêntico é portanto um momento importante daquele complexo fundamental do ser social que nos chamamos de práxis. (Jeder echte Wert ist nun ein wichtiges Moment in jenem fundamentalen Komplex des gesellschaftlichen Seins, den wir als Praxis bezeichnen.) O ser social se conserva 92 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 como substância no processo de reprodução; este último porém é um complexo e uma síntese de atos teleológicos, os quais de fato se articulam à aceitação ou recusa de um valor. De tal modo, em todo pôr teleológico prático há como intenção -- positiva ou negativamente -- um valor, o que poderia levar a se considerar que os valores não passam de sínteses sociais de tais atos. Portanto, a única coisa justa é que os valores não poderiam adquirir uma relevância ontológica na sociedade se não fossem objetos de tais posições."(Lukács, 1981:95; Lukács, 1986:83) {verificar traduc última frase} Temos, aqui, de forma sintética e lapidar, a concepção de Lukács: os valores comparecem na vida cotidiana e atuam na síntese dos atos singulares em tendências históricas universais, síntese que a reprodução social. Nesse complexo de interações entre ações singulares dos indivíduos concretos, historicamente determinados, e as tendências histórico-universais ocupa lugar central a vida cotidiana "toda esta série de influxos recíprocos – da totalidade às decisões singulares, desta de volta aos complexos totais da sociedade e à sua totalidade – encontram [na vida cotidiana] uma expressão imediata, mesmo que freqüentemente primitiva ou caótica."(Lukács, 1981:567) 93 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Capítulo III – Gênero e Indivíduo 3.1. História do gênero humano veio do capítulo I, o grifado já foi citado: (...) complesso di problemi che potremmo definire vita fornita di senso. Il senso è socialmente posto dall‘uomo per l‘uomo, per sé e i suoi simili; nella natura è una categoria che non compare' affatto, quindi neppure come sua negazione. Vita, nascita, morte- sono, in quanto fenomeni della vita naturale, al di là del senso, non sono né sensate né assurde. Solo quando l‘uomo in società cerca un senso per la propria vita e questa aspirazione fallisce, solo allora viene posto anche il suo antipodo, l‘assurdità. Nelle società iniziali ciò ha luogo in una forma ancora spontanea, puramente sociale: la morte eroica degli spartani alle Termopili. Solo quando la società si differenzia al punto da permettere che l‘uomo plasmi individualmente la propria vita secondo un senso o l‘abbandoni alla assurdità, questo problema diventa generale e con esso si ha un ulteriore approfondimento della credenza nell‘autonomia dell‘« anima », ora espressamente considerata autonoma non più solo rispetto al corpo, ma anche nei confronti dei propri affetti spontanei. I fatti immodificabili della vita, anzitutto la morte, quella propria cosi come quella degli altri, trasformano la coscienza di questa sensatezza in una realtà cui si presta fede socialmente. In sé l‘aspirazione a far sì che la vita abbia un senso non conduce obbligatoriamente a consolidare il dualismo fra corpo e anima; per rendersene conto basta pensare a Epicuro. Ma questa non è la regola. La teleologia della vita quotidiana, che come abbiamo già accennato viene spontaneamente proiettata nel (...) den Problemkomplex, den man als Sinnhaftigkeit des Lebens umschreiben kann. Dieser Sinn ist vom Menschen für den Menschen, für sich und seinesgleichen gesellschaftlich gesetzt; in der Natur kommt diese Kategorie überhaupt nicht vor, also auch nicht als Negation des Sinnes. Leben, Geburt, Tod sind als Erscheinungen des naturhaften Lebens gefaßt sinnfrei, weder sinnvoll noch sinnwidrig. Erst wenn der Mensch in der Gesellschaft für sein Leben einen Sinn sucht, ist mit dem Scheitern einer solchen Bestrebung ihr Gegenpol, die Sinnlosigkeit ebenfalls gesetzt. In den anfänglichen Gesellschaften erscheint diese Wirkungsart noch in einer spontanen, rein gesellschaftlichen Form: Ein Leben, das den Geboten der jeweiligen Gesellschaft entspricht, ist sinnvoll; so der Heldentod der Spartaner bei Thermopylä. Erst wenn die Gesellschaft sich so weit differenziert, daß der Mensch individuell sein Leben als sinnhaft gestaltet oder es der Sinnlosigkeit preisgibt, entsteht dieses Problem als allgemeines und mit ihm eine weitere Vertiefung des als selbständig Betrachtens der »Seele«, nunmehr ausdrücklich nicht nur dem Leib, sondern auch den eigenen spontanen Affekten gegenüber. Die unabänderlichen Fakten des Lebens, vor allem der Tod, der eigene ebenso wie der von anderen, macht das Bewußtsein von dieser Sinnhaftigkeit zu einer gesellschaftlich geglaubten Realität. An sich erfordert das Streben nach Sinnhaftmachen des Lebens keineswegs notwendigerweise eine Verfestigung dieses Dualismus (...) complexo de problemas que podemos definir como uma vida com sentido. O sentido é socialmente construído pelo homem para o homem, para si e para os seus semelhantes; na natureza é uma categoria que não existe de modo algum, portanto, nem mesmo como sua negação. Vida, nascimento, morte estão, enquanto fenômenos da vida natural, para além do sentido, não são nem sensatos nem absurdos. Só na medida em que o homem, em sociedade, procura um sentido para a sua própria vida e essa aspiração fracassa, só então surge também o seu oposto, o absurdo. Nas sociedades primitivas isso ainda acontece de forma espontânea, puramente social: a morte heróica dos espartanos nas Termópilas. Somente quando a sociedade se diferencia ao ponto de permitir que o homem plasme individualmente a própria vida de acordo com um sentido ou a abandone ao absurdo, esse problema se torna geral e com isso surge um aprofundamento maior da crença na autonomia da ― alma ― considerada agora expressamente autônoma não apenas em relação ao corpo, mas também em relação aos próprios afetos espontâneos. Os fatos não modificáveis da vida, em especial a morte, a sua própria como também a dos outros, transformam a consciência desta sensatez numa realidade em que se acredita socialmente. Em si mesma, a aspiração a dar um sentido à vida não leva obrigatoriamente a consolidar o dualismo entre corpo e alma; para compreender isto, basta pensar em Epicuro. Esta, no entanto, não é a regra. A 94 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 mondo esterno, contribuisce a edificare sistemi ontologici nei quali una vita individuale sensata appare come parte, come momento di una teleologica opera di salvazione del mondo. Da questo punto di vista è irrilevante che il coronamento finale della catena teleologica sia costituito dalla beatitudine in cielo oppure dal dissolvimento di sé in una felice non-oggettività, in un salvifico non-essere. Importante è che la volontà di conservare una sensata integrità della personalità — che da un determinato stadio in poi è un notevole problema della vita sociale — trova una base d‘appoggio spirituale in una fittizia ontologia nata a partire da tali bisogni. (Vol II, 107-8) von Leib und Seele; es genügt, um das zu sehen, nur an Epikur zu denken. Dies ist jedoch nicht die Regel solcher Entwicklungen. Die hier bereits erwähnte, spontan in die Außenwelt projizierte Teleologie des Alltagslebens hilft ontologische Systeme aufzubauen, in welchen die Sinnhaftigkeit des einzelnen Lebens als Teil, als Moment eines weltteleologischen Erlösungswerks erscheint. Ob dabei die Seligkeit im Himmel oder die Selbstauflösung in einer seligen Ungegenständlichkeit, in einem heilbringenden Nichtsein das krönende Ende der teleologischen Kette bildet, bleibt für diese Betrachtungen irrelevant. Wichtig ist, daß das Bewahrenwollen der sinnvollen Integrität der Persönlichkeit— von einer bestimmten Entwicklungsstufe an ein wichtiges Problem des gesellschaftlichen Lebens — eine geistige Stütze in einer von solchen Bedürfnissen entwickelten fingierten Ontologie erhält. (Bd II, 94) Questa univocità nella distinzione tra alternative economiche e alternative non più economiche, umano-morali, non è però sempre cosi netta come nel caso del lavoro che sia semplice ricambio organico con la natura. Una univocità come quella descritta può aversi solo-quando il processo economico nella sua oggettività opera, per cosi dire, come « seconda natura » e quando al contempo il contenulo dell‘alternativa cui l'individuo in questione si trova di fronte è del tutto o in prevalenza concentrato nel campo economico vero e proprio. Altrimenti la conflittualità spesso direttamente antagonistica — fra il processo economico e i suoi modi di manifestazione umano-sociali viene in primo piano. Già nell‘antica Roma questo dilemma fra valori venne enunciato con chiarezza da Lucano: Victrix causa diis teleologia da vida cotidiana que, como já mostramos, é projetada espontaneamente no mundo externo, contribui para a construção de sistemas ontológicos nos quais uma vida individual com sentido aparece como parte, como momento de uma obra teleológica de salvação do mundo. Deste ponto de vista, é irrelevante se o coroamento da cadeia teleológica é constituído pela beatitude celeste ou pela dissolução de si mesmo numa feliz não-objetividade, num salvífico não-ser. O importante é que a vontade de conservar uma sensata integridade da personalidade — que a partir de um determinado estágio é um problema social relevante — encontra uma base de apoio espiritual numa ontologia fictícia nascida a partir dessas necessidades. (Ivo) Diese Eindeutigkeit in der Unterscheidung zwischen ökonomischen und nicht mehr ökonomischen, menschlich-moralischen Alternativen läßt sich aber lange nicht so scharf abgrenzen wie im Falle jener Arbeit, die nichts als einfacher Stoffwechsel mit der Natur ist. Eine wie hier geschilderte Eindeutigkeit kann nur dann aktuell werden, wenn der ökonomische Prozeß in seiner Objektivität, gewissermaßen als »zweite Natur«, wirksam wird und wenn zugleich der Inhalt der Alternative des betreffenden Individuums völlig oder vorwiegend auf das eigentlich ökonomische Gebiet konzentriert ist. Sonst muß die — oft direkt antagonistische — Widersprüchlichkeit zwischen dem ökonomischen Prozeß selbst und seinen gesellschaftlich-menschlichen Erscheinungsweisen das Übergewicht erhalten. Schon im alten Rom hat Lucanus das hier 95 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 placmt, sed vieta Catoni ll. E basta pensare alla figura di Don Chisciotte, dove questa tensione fra l‘appassionato rifiuto verso la necessità, oggettivamente progressiva, dello sviluppo sociale e l‘altrettanto appassionato attaccamento alla integrità morale del genere umano, anche nelle vesti di ciò che è definitivamente tramontato, compare concentrata nello stesso personaggio come unione di grottesca follia e di sublime purezza d‘animo. Ma con ciò non siamo ancora giunti a toccare le radici di questa conflittualità. La legalità immanente all‘economia non solo produce questi antagonismi fra l‘essenza oggettiva del proprio processo e le concrete forme che questo prende nella vita dell‘uomo, ma fa dell‘antagonismo uno dei fondamenti ontologici dello stesso sviluppo complessivo: per esempio, dopo che il comunismo primitivo venne soppiantato per necessità economica dalla società classista, le decisioni di ogni membro della società relative alla propria vita vennero ad essere fortemente determinate dall‘appartenenza a una classe e dalla partecipazione alla lotta fra le classi. Cosicché, non appena il contenuto delle alternative va oltre il ricambio organico della società con la natura, si apre uno spazio per fenomeni conflittuali. Allora le alternative il cui obiettivo è la realizzazione di valori molto spesso assumono persino la forma di irrisolvibili conflitti fra doveri, in quanto il conflitto non si svolge semplicemente fra il riconoscimento di un valore come « che cosa » e il « come? » della decisione, ma si presenta nella prassi come conflitto fra valori concreti, concretamente in vigore; l‘alternativa sta nella scelta fra valori die si contestano l‘un l‘altro. Sembra dunque che il nostro ragionamento ci conduca indietro alla concezione tragico-relativistica, qui già ricordata, di Max Weber, secondo la quale questo irrisolubile pluralismo conflittuale dei valori è la base della prassi umana entro la società . Vol II pg. 93-4 §85: entstehende Wertdilemma klar ausgesprochen: »Victrix causa diis placuit, sed victa Catoni.«* Und man muß nur an die Gestalt des Don Quijote denken, wo diese Spannung zwischen der leidenschaftlich abgelehnten objektiv progressiven gesellschaftlichen Entwicklungsnotwendigkeit und dem ebenso leidenschaftlichen Bekenntnis zur moralischen Integrität der Menschengattung, auch in den Formen des endgültig Vergangenen, als Vereinigung des grotesk Törichten und der erhabenen Seelenreinheit in derselben Gestalt konzentriert erscheint. Damit sind wir aber noch lange nicht bei den Wurzeln dieser Widersprüchlichkeit angelangt. Die immanente Gesetzlichkeit der Ökonomie produziert nicht nur diese Antagonismen zwischen dem objektiven Wesen ihres Prozesses und seinen jeweiligen Erscheinungsformen im menschlichen Leben, sondern macht den Antagonismus zu einem ontologischen Fundament der Gesamtentwicklung selbst, indem etwa der Urkommunismus mit ökonomischer Notwendigkeit von der Klassengesellschaft abgelöst wird und damit Klassenzugehörigkeit und Teilnahme am Klassenkampf die Lebensentscheidungen eines jeden Gesellschaftsgliedes tiefgreifend bestimmen. So entsteht, sobald der Inhalt der Alternativen über den Stoffwechsel der Gesellschaft mit der Natur entschieden hinausgeht, ein Spielraum der konfliktvollen Erscheinungen. Die auf Verwirklichungen von Werten gerichteten Alternativen nehmen dabei vielfach sogar die Form von unlösbaren Pflichtenkonflikten an, da in diesen der Konflikt sich nicht bloß innerhalb der Anerkennung eines Werts als des Was? und Wie? der Entscheidung abspielt, sondern als ein Konflikt konkreter, konkret geltender Werte untereinander die Praxis bestimmt; die Alternative ist auf eine Wahl zwischen einander bekämpfenden Werten gerichtet. Es scheint also, als ob unsere Betrachtung zu der, hier bereits erwähnten, tragischrelativistischen Konzeption Max Webers zurückführen würde, wonach dieser konfliktbeladene, unauflösbare Pluralismus der Werte die Grundlage der menschlichen Praxis in der Gesellschaft bildet. (BDII:81-2) Vero è che anche il passaggio alla coscienza non avviene per caso dal punto di vista social. Noi abbiamo dovuta sottolineare fortemente questo momento dell‘indipendenza per dare il giusto rilievo al carattere d‘essere, ontologico-sociale, del valore. Esso è una relazione sociale fra scopo, mezzo e individuo, e perciò possiede un essere sociale. In verità questo essere contiene al medesimo tempo un elemento di Freilich ist auch das Bewußtwerden gesellschaftlich keineswegs zufällig. Wir haben dieses Moment der Unabhängigkeit besonders betonen müssen, um den gesellschaftlichontologischen Seinscharakter des Werts gebührend zu akzentuieren. Er ist eine gesellschaftliche Beziehung zwischen Ziel, Mittel und Individuum, die als solche ein gesellschaftliches Sein besitzt. Freilich enthält dieses Sein zugleich ein Element der Möglichkeit, 96 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 possibilità, giacché in sé determina solo il campo di risolubilità delle alternative concrete, il loro contenuto sociale e individuale, le direzioni in cui possono venir risolte le questioni che sono presenti in esse. Il dispiegarsi di questo essere-in-sé, il suo crescere fino a un vero per-sé, il valore lo esperimenta negli atti che lo realizzano. Ma caratteristico della situazione ontologica che ora abbiamo davanti è que tale realizzazione, inevitabile perché il valore abbia infine realtà, rimane nella prassi umana indissociabile dal valore stesso. È il valore che dà alla sua realizzazione le determinazioni che le sono proprie, non il contrario. Ciò tuttavia non deve essere inteso nel senso che dal valore possa venir « dedotta » in idea la sua realizzazione, che la realizzazione sarebbe semplicemente il suo « prodotto lavorativo » umano. Le alternative sono fondamenti insopprimibili della prassi umano-sociale e solo in astratto, mai realmente, possono venir distaccate dalla decisione dell'individuo. Il significato però che questa soluzione delle alternative assume per l‘essere sociale dipende dal valore, o per meglio dire dal complesso concreto delle possibilità reali di reagire praticamente alla problematicità di un hic et nunc storicosociale. Cosicché quelle scelte che realizzano nella loro forma più pura queste possibilità reali, — affermando o negando il valore, — assumono in ciascuna fase dello sviluppo una esemplarità positiva o negativa. Esemplarità che negli stadi primitivi si trasmette per tradizione diretta, orale. Eroi del mito divengono coloro i quali a queste alternative — culminanti in vailori — proprie della vita della tribú hanno risposto a un livello di esemplarità umana tale che la risposta sia divenuta — come modello positivo o negativo — socialmente e durevolmente significativa per la riproduzione di quella vita e quindi parte costitutiva di quel processo di riproduzione nel suo mutare e conservarsi. (Lukács, 1981:96) Vol II pg. 96 §88 indem es an sich nur den Lösungsspielraum der konkreten Alternativen bestimmt, ihren sozialen und individuellen Gehalt, die Lösungsrichtungen der in ihr enthaltenen Fragen. Die Entfaltung dieses Ansichseins, sein Erwachsen zu einem wahrhaften Fürsichsein erlangt der Wert in den ihn erfüllenden Akten. Es ist aber für den hier vorliegenden ontologischen Tatbestand charakteristisch, daß diese für die letzthinnige Realität des Werts unentbehrliche Verwirklichung in der menschlichen Praxis unlösbar an den Wert selbst gebunden bleibt. Es ist der Wert, der seine Verwirklichung ihren Bestimmungen aufprägt, nicht umgekehrt. Das darf nicht so verstanden werden, als ob aus dem Wert seine Verwirklichung nun gedanklich »abgeleitet« werden könnte, als ob die Verwirklichung sein einfaches menschliches »Arbeitsprodukt« wäre. Die Alternativen sind unaufhebbare Fundamente der Art der gesellschaftlichmenschlichen Praxis und können nur abstraktiv, nie real vom individuellen Entschluß losgelöst werden. Was aber eine solche Alternativlösung für das gesellschaftliche Sein bedeutet, hängt vom Wert ab, besser gesagt von dem jeweiligen Komplex der realen Möglichkeiten, auf die Problematik eines gesellschaftlich-geschichtlichen hic et nunc praktisch zu reagieren. Jene Entscheidung also, die diese realen Möglichkeiten in ihrer reinsten Form — ob wertbejahend oder wertverneinend — verwirklichen, erreichen der jeweiligen Entwicklungsstufe entsprechend eine positive oder negative Vorbildlichkeit. Diese erhält sich auf primitiver Stufe in unmittelbarer, mündlicher Traditionalität. Zu Helden des Mythos werden diejenigen, die solche — in Werten kulminierende — Alternativen des Stammeslebens auf einem solchen Niveau der menschlichen Vorbildlichkeit beantwortet haben, daß diese Antwort in beispielgebender Weise — positiv oder negativ — für die Reproduktion eines solchen Lebens gesellschaftlich dauernd wichtig und darum zum Bestandteil dieses Reproduktionsprozesses in seinem Wandel und Sichbewahren geworden ist. (BdII:84) Non c‘è bisogno di fermarsi a documentare espressamente questa permanenza; è a tutti noto come vi siano soluzioni personali di alternative sociali che dall‘epoca dei miti si sono conservate fino ai tempi nostri. La mera permanenza esprime tuttavia soltanto un lato di questo processo. Altrettanto importante è che essa diviene possibile sólo quando può verificarsi un ininterrotto mutamento di interpretazione, cioè un cambiamento nell‘uso di essa in quanto Dieses Aufbewahrtbleiben muß nicht eigens belegt werden; es ist ja allgemein bekannt, wie sich solche persönlichen Lösungen gesellschaftlicher Alternativen schon aus der Mythen schaffenden Zeit bis in unsere Gegenwart erhalten haben. Das bloße Erhaltenbleiben drückt jedoch nur eine Seite dieses Prozesses aus. Es ist ebenso wichtig, festzustellen, daß dies nur dann möglich wird, wenn es stets einem ununterbrochenen Wandel in seiner Interpretation, d. h. in seiner 97 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 modello per la prassi di ciascuna epoca. Che ciò nei primi tempi avvenisse attraverso, la trasmissione orale, più tardi attraverso la creazione poetica ,e artistica, ecc. non ha alcun rilievo rispetto al fatto di fondo che qui ci interessa. In tutti questi casi abbiamo, infatti, che un‘azione orientata su una alternativa sociale, pur cambiando di continuo nei dettagli concreti, nella interpretazione, ecc., nondimeno si conserva come azione che continua a restare essenziale per l‘essere sociale. Il fatto che ciò avvenga nella forma dell‘alternativa individuale e non, come in altri campi, in quella di un precetto o divieto, esprime il carattere specifico del valore che si realizza: la sua tendenza che scaturisce direttamente dalla personalità dell‘uomo, la sua autoconvalida come continuità dell‘intimo nucleo del genere umano. Il vero nesso sociale si rivela anzitutto nel latto che il momento per eccellenza decisivo del cambiamento, della reinterpretazione, è sempre ancorato ai bisogni sociali di ciascuna epoca. Sono questi bisogni che stabiliscono se e come l‘alternativa cosi fissata debba venir interpretata. Non è la scoperta della verità storica che eventualmente vi sia contenuta ad assumere importanza. Noi sappiamo benissimo che il Bruto della leggenda non corrisponde alla verità storica; ma ciò non indebolisce minimamente l‘efficacia del personaggio shakespeariano, mentre le valutazioni opposte sono altrettanto fondate nei bisogni della loro epoca. Cambiamento e permanenza sono dunque prodotti parimenti dallo sviluppo sociale; la loro interrelazione rispecchia per l‘appunto quella nuova nozione della forma di sostanzialità di cui abbiamo parlato al principio di questo ragionamento e di cui il valore nella sua oggettività storica è parte organica. (Lukács, 1981:96-7) Vol II pg. 96-7 §89 Anwendbarkeit als Vorbild für die Praxis der jeweiligen Gegenwart, unterworfen werden kann. Daß dies in den ersten Zeiten auf dem Weg der mündlichen Überlieferung, später auf dem der dichterisch-künstlerischen Gestaltung etc. geschieht, ändert an dem hier grundlegenden Tatbestand nichts. Denn in allen diesen Fällen handelt es sich darum, daß eine auf eine gesellschaftliche Alternative gerichtete Handlung, bei ununterbrochenem Wechsel ihrer konkreten Details, deren Auslegung etc., sich doch als kontinuierlich, als für das gesellschaftliche Sein wesentlich bleibend bewahrt. Daß dies in der Form einer individuellen Alternative und nicht, wie in einigen anderen Wertgebieten, in der eines Gebotes oder Verbotes geschieht, drückt den spezifischen Charakter des sich hier realisierenden Wertes aus: seine unmittelbar aus der Persönlichkeit des Menschen entspringende Tendenz, seine Selbstbestätigung als Kontinuität des innerlichen Kerns der Menschengattung. Der wahre gesellschaftliche Zusammenhang zeigt sich vor allem darin, daß das schlechthin entscheidende Moment des Wandels, der Uminterpretation immer in den gesellschaftlichen Bedürfnissen der jeweiligen Gegenwart verankert ist. Diese Bedürfnisse entscheiden darüber, ob und wie die so fixierte Alternative ausgelegt wird. Nicht das Aufdecken der eventuell vorhandenen historischen Wahrheit ist hier ausschlaggebend. Wir wissen genau, daß . der Brutus der Legende der historischen Wahrheit nicht entspricht; das schwächt aber die Wirkung der Shakespeare-Gestalt nicht im geringsten ab, und entgegengesetzte Bewertungen (Dante) sind ebenfalls in den Bedürfnissen ihrer Gegenwart begründet. Wandel und Beständigkeit sind also gleicherweise von der gesellschaftlichen Entwicklung hervorgebracht; ihre Wechselbeziehung spiegelt dabei eben jene neu erkannte Form der Substantialität, von der am Anfang dieses Gedankengangs die Rede war, deren organischer Bestandteil der Wert in seiner geschichtlichen Objektivität ist. (BdII: 85 3.1.1. objetivação da gnerecidade autêntica A realização plena40 do gênero humano, diferente da realização dos gêneros na esfera biológica, implica necessariamente na mediação da consciência – e, mais ainda, em uma mediação qualitativamente distinta da consciência se comparada com o que predominou no período que Marx denominou como "pré-história" da humanidade, aquele longo período no qual o desenvolvimento genérico implicou na exploração (o que significa negação do pleno desenvolvimento histórico a cada momento alcançado para a maior parte dos indivíduos). A plena realização do gênero apenas 40 Que não exclui parte do gênero humano, que inclui todos os indivíduos. 98 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 pode se dar através de objetivações de teleologias que sejam portadoras do para-si em período histórico em que as alienações oriundas da propriedade privada pertençam ao passado. Naquele momento histórico em que levaremos nossos filhos aos museus para que conheçam esse estranho objeto chamado "dinheiro", míseros pedaços de papéis ou de metais em nome dos quais a humanidade, em uma insenstaez que será, então, inimaginável, matou milhões dos seus em campos de trabalho ou de guerra. Será então, nas novas condições históricas da sociedade comunista, que o gênero humano poderá ter sua explicitação histórica plena. Hoje, nas condições históricas determinadas pela passagem ao reino da abundância pelo desenvolvimento das forças produtivas peculiares a uma sociedade de classe, não é possível a realização plena, no sentido acima exposto, nem do gênero nem dos indivíduos. Por mais que as teleologias tenham por conteúdo as necessidades e possibilidades humanas mais elevadas, ainda assim a causalidade presente, que "oprime feito um pesadelo o cérebro dos vivos", reintroduz, nos nexos causais desencadeados pelas objetivações, as alienações imperantes na vida cotidiana. Isso não significa que atos de resistência não possam e devam ocorrer, nem significa que tais atos não tenham um papel histórico (como vimos, por exemplo, nas "antecipações"). Nem significa que, a partir das possibilidades objetivas de superação das alienações oriundas da regência do capital, dadas pelo desenvolvimento das forças produtivas, atos individuais não possam se elevar acima do patamar típico de generalidade imperante nas objetivações cotidianas. Na Ontologia, em diversos momentos Lukács se detém a analisar tais realizações ("antecipações") parciais, limitadas e, ainda assim, importantíssimas, da generidade autêntica: pois, de algum modo, elas são indicativas da nova qualidade ontológica de realização humana possível em uma sociedade comunista. Em um desses momentos o filósofo húngaro discute o que denomina de "confissões de Cézanne" para quem "a superação da subjetividade particular é a premissa decisiva precisamente para a objetivação autêntica." (Lukács, 1981:600) Inicia essa passagem, pouco menos de dois parágrafos do Capítulo "A alienação", assinalando que devemos "colocar de lado todas as tentativas idealistas de isolar a ética individual do seu real terreno ontológico sócio-histórico", tentativas que operam uma "dessocialização idealista da individualidade". (Lukács, 1981:600) Contra tais tentativas, relembra Lukács que por várias vezes na Ontologia já argumentara que entre "a objetivação e a exteriorização (desenvolvimento da capacidade e desenvolvimento da personalidade)" há uma "unidade objetiva, indivisível" (Lukács, 1981:600), e que é precisamente o desenvolvimento "histórico-social" que determina "do modo o mais radical" a evolução dessa "dialética" entre objetivação e exteriorização. Nesse desenvolvimento, de um lado, enquanto a objetivação, por sua relação imediata com a legalidade da objetividade já existente, recebe desta uma determinação mais unívoca; do outro lado, o "modo imediato" da exteriorização "se manifestar" muitas vezes "está em contradição com as necessidades espontâneas das formas de objetivação" "normais" em cada momento. (Lukács, 1981:600) Desse modo, a "estrutura interna" desta "unidade indivisível" entre a objetivação e a exteriorização passa por "importantes alterações". "Aquela de maior relevo é uma certa preponderância objetiva que assume a exteriorização uma vez objetivada a posição teleológica. Mas se trata de uma preponderância que não deve ser tomada ao pé da letra, que não se precisa entender de maneira muito direta." (Lukács, 1981:600) Nessa imprecisa passagem, o que Lukács se refere é que toda "objetivação autêntica" como àquela a que se refere a "confissão" de Cézanne, "não é simplesmente uma objetivação, é também e ao mesmo tempo, uma exteriorização do sujeito não-mais-particular." 99 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "Diversamente (...) das objetivações da generidade em-si, na qual a adequação da exteriorização (Entäusserung) do sujeito não tem nada ou pouco decisivamente o que fazer com o êxito ou insucesso objetivo da objetivação (Vergegenstandlichung), aqui uma objetivação adequada é impossível sem uma exteriorização desse tipo, isto é, que exprima adequadamente o sujeito nãoparticular (das nicht partikulare Subjekt). Tem-se, portanto, uma alta forma de subjetividade, toda absorvida pela objetivação, e isto apesar, ou justamente porque, a intensão da objetivação era eliminar a subjetividade (mas, aquela particular (allerdings der partikularen)). Esta estrutura é encontrável em todas as formas elevadas de ideologia, inclusive obviamente, tema sobre o qual de modo algum podemos nos deter aqui, a praxis autenticamente ética dos indivíduos." (Lukács, 1981:600-1)41 Após comentar que não é possível a alienação, ou os complexos alienantes, o que dá no mesmo, compor a totalidade do ser social e, portanto, a totalidade das objetivações a cada momento da história (a não ser, continua, que nos coloquemos no terreno da identidade entre objetivação e alienação típica de Hegel) (Lukács, 1981:601), prossegue assinalando que "As formas de passagem entre as objetivações da generidade em-si e as da generecidade para-si, na sua relação com a personalidade particular e nãomais particular, revelam duas linhas dinâmicas. Em primeiro lugar, o simples fato da objetivação descrita, na qual há a preponderância da exteriorização, não garante absolutamente o triunfo da generidade para-si sobre a em-si, nem do supraparticular sobre o particular. Uma vez desencadeadas as formas ideológicas para se enfrentar esses conflitos, as posições telológicas que aqui têm lugar podem produzir tanto a objetivação da generidade em-si como aquelas para-si." {verificar alemão} Em segundo lugar, "um grande número de obras de arte, filosóficas, de decisões formalmente éticas na vida, não apenas não se eleva para além do nível da genericade emsi e, considerando a vida individual, da particularidade, como ainda sustenta a sua superioridade humano-social." (Lukács, 1981:601) Por essa razão, "quando se examinam as tendências no interior do ser social, é necessário as considerar sempre e acima de tudo pelo seu conteúdo e direção, e não pelo setor formal" a qual pertencem. (Lukács, 1981:602) Portanto, nem sempre as "máximas formas ideológicas" de cada momento se prestam a tornar "consciente a generidade para-si, a desenvolver a verdadeira personalidade humana, a lutar contra a alienação na interioridade mas, ao contrário, assentam a generidade em-si como a única forma de existência possível (...)." (Lukács, 1981:602) Con ciò abbiamo però caratterizzato, conformemente ai loro più importanti rapporti dinamico-strutturali interni, soltanto i due poli Damit sind natürlich bloß die beiden Pole der Objektivationen ihren wichtigsten, "Gegensatz also zu den Objektivierungen der Gattungsmagigkeit an sich, wo die Adaquatheit der Entäusserung des Subjekts nichts oder wenigstens wenig Entscheidendes mit dem objektiven Gelingen oder Miglingen der Vergegenstandlichung zu tun hat, ist hier eine angemessene Vergegenstandlichung ohne eine Entäusserung gerade dieser Art, die eben das nicht partikulare Subjekt angemessen zum Ausdruck bringt, unmoglich. Es entsteht also eine hohe Form der in die Objektivation rein aufgegangenen Subjektivitat, obwohl oder gerade well die Intention der Setzung gerade auf das Eliminieren (allerdings der partikularen) Subjektivitat gerichtet war. Diese Struktur zeigt sich in alien hohen Formen der Ideologic, selbstrede nd, was hier leider nicht entsprechend behandelt werden kann, die echt ethische Praxis der Individuen mitinbegriffen." (Lukács, 1986:540) 41 100 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 delle oggettivazioni. Dando ora uno sguardo ai principi secondo cui avvengono i passaggi fra di essi, dobbiamo partire, come sempre finora, dal fatto che a alienação è solo uno dei fenomeni della socializzazione. Per quanto grande sia il suo rilievo, non va mai considerata l‘unica oggettivazione del processo sociale. Se la intendessimo in questo modo, non faremmo che ridar vita, traducendolo in termini sociali, all‘errore di Hegel il quale identificava l‘estraniazione con l‘oggettività (l‘oggettivazione.) Le forme di passaggio fra le oggettivazioni della genericità in-sé e di quella per-sé, nel loro rapporto con la personalità particolare e nonpiù-particolare, rivelano due linee dinamiche. In primo luogo, il semplice fatto dell‘oggettivazione ora descritta, dove si ha la preponderanza della alienazione, non garantisce per nulla il trionfo della genericità per-sé su quella in-sé e del sovraparticolare sul particolare. Una volta sorte le forme ideologiche per affrontare questi conflitti, le posizioni teleologiche che vi hanno luogo possono produrre sia le oggettivazioni della genericità insé che quelle della genericità per-sé. La storia mostra addirittura che un gran numero di opere d‘arte, di filosofie, di decisioni formalmente etiche nella vita, non soltanto non s‘innalza al di sopra del livello della genericità in-sé e, considerando la vita individuale, della particolarità, ma persino ne sostiene consapevolmente la superiorità umano-sociale. Si pensi semplicemente all 'action gratuite di Gide intesa come principio dell‘agire umano. Appare subito evidente, dunque, che quando si esaminano delle tendenze all'interno dell‘essere sociale, bisogna giudicarle sempre e innanzi tutto per il loro contenuto e indirizzo, non invece per il settore formale cui esse, quantunque necessariamente, appartengono. Fa eccezione soltanto la sfera della pura economia, nella quale determinate tendenze, pur in modi assai differenti per ritmo e concreto esserproprio-così, in ultima istanza si affermano necessariamente. In tutti i settori ideologici invece si hanno anzitutto, come carattere fondamentale, risposte alternative a domande provenienti dalla società. Questo carattere alternativo investe non solo le domande sollevate da quel determinato essere sociale, — si pensi a contrasti come quelli fra Cartesio e Pascal, Hegel e Kierkegaard, ecc., — ma anche il livello, l‘indirizzo, l‘intenzione, ecc. delle risposte. Vi è quindi la possibilità che le massime forme ideologiche non servano a rendere consapevoli della genericità per-sé, a sviluppare la vera personalità umana, a lottare contro l‘estraniazione nell‘interiorità, ma al contrario che non solo sentano la genericità insé come l‘unica forma di esistenza possibile, ma anzi più o meno consapevolmente tendano a condurre su strade sbagliate la personalità, ad inneren dynamischen Strukturverhältnissen entsprechend charakterisiert. Wenn wir nun einen Blick auf die Prinzipien der Übergänge zwischen ihnen werfen, so müssen wir, wie schon bis jetzt, davon ausgehen, daß die Entfremdung nur eines der Phänomene der Vergesellschaftung ist. Sei ihre Wichtigkeit noch so groß, darf sie nie als alleinige Objektivation des gesellschaftlichen Prozesses betrachtet werden. Eine solche Auffassung wäre bloß eine sozial transformierte Wiedergeburt von Hegels Fehler, nämlich der allgemeinen Identifikation von Entfremdung und Gegenständlichkeit (Vergegenständlichung). Die Übergangsformen zwischen den Objektivationen der Gattungsmäßigkeit an sich und für sich, in ihrem Zusammenhang mit der partikularen und nicht mehr partikularen Persönlichkeit, zeigen in ihrer Dynamik zweierlei Richtungen. Erstens garantiert das bloße Faktum der soeben beschriebenen Objektivation mit der Präponderanz der Entäußerung keineswegs den Sieg der Gattungsmäßigkeit für sich über die an sich, des Überpartikularen über das Partikulare. Wenn einmal ideologische Formen zum Ausfechten solcher Konflikte entstanden sind, so können die hier stattfindenden teleologischen Setzungen sowohl die Objektivationen der Gattungsmäßigkeit an sich wie die der für sich seienden herbeiführen. Die Geschichte zeigt sogar, daß eine sehr große Anzahl der Kunstwerke, der Philosophien, der — der Form nach — ethischen Lebensentscheidungen nicht nur sich nicht über das Niveau der Gattungsmäßigkeit an sich, der Partikularität im individuellen Leben erhebt, sondern sogar in bewußter Weise deren gesellschaftlich-menschliche Superiorität unterstützt. Man denke bloß an die »action gratuite« Gides als Prinzip des menschlichen Handelns. Es zeigt sich also sogleich, daß, wenn man Tendenzen innerhalb des gesellschaftlichen Seins verfolgt, man sie stets und vor allem auf Gehalt und Richtung hin zu beurteilen hat, nicht nach dem Formengebiet, dem sie freilich notwendig angehören. Eine Ausnahme bildet bloß die Sphäre der reinen Ökonomie, in der bestimmte Tendenzen sich, freilich dem Tempo, dem konkreten Geradesosein nach, oft in sehr verschiedener Weise, aber doch letzten Endes zwangsläufig durchsetzen. Auf allen 101 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 abbassarla fino alla particolarità, a rinsaldarne l‘estraniazione. (Vol II**, 601-602) Vol II pg. 601-2 § 43 ideologischen Gebieten kann man vor allem gesellschaftlich gestellte Fragen und alternative Antworten auf sie als Grundcharakter beobachten. Dieser Alternativcharakter bezieht sich nicht bloß auf die vom jeweiligen gesellschaftlichen Sein aufgeworfenen Fragen — man denke an solche Kontraste wie Descartes—Pascal, Hegel—Kierkegaard etc. —, sondern auch auf Niveau, Richtung, Intention etc. der Antworten, die Möglichkeiten also, daß die höchsten ideologischen Formen nicht dem Bewußtmachen der Gattungsmäßigkeit für sich, der Entfaltung der echten menschlichen Persönlichkeit, dem Bekämpfen der Entfremdung in ihnen dienen, sondern im Gegenteil nicht bloß die Gattungsmäßigkeit an sich als allein mögliche Daseinsform empfinden, sondern mehr oder weniger bewußt darauf gerichtet sind, die Irreführung, die Herabsetzung der Persönlichkeit bis zur bloßen Partikularität, das Befestigen der Entfremdung zu fördern. (Bd II, 540-541) 3.2. Individuação e afetos A característica imediata e mais decisiva da vida cotidiana é que, à ação dos sujeitos, ele comparece como uma totalidade que não apresenta distinções entre suas determinações fenomênicas e essenciais, universais e singulares, entre complexos fundantes e fundados, etc. O imediato cotidianamente dado é o resultado da síntese dos atos singulares em tendências histórico-universais a consubstanciação do gênero humano, o complexo processo de reprodução do ser social. Justamente por ser essa síntese, ao agir imeditato, cotidiano, as suas determinações fenomênicas e essenciais, fundadas e fundantes, etc., comparecem como sintetizadas em uma realidade social, compacta e unívoca, correspondente a cada momento da história. Agimos, portanto, na maior parte das vezes, sem que visemos especificamente o essencial ou o fenomênico, mas sim as necessidades e possibilidades que emergem do hic et nunc. Essa aparência de totalidade homogênea do cotidiano não é uma inteira falsidade do ponto de vista ontológico. Pois, de fato, o ser em sua máxima generalidade, e o ser social em sua particularidade, possuem como uma de suas determinações ontológicas básicas serem unívocos – ou seja, consubstanciam totalidades (a totalidade do ser em geral e, em seu interior, a totalidade do mundo dos homens) que incorporam toda a heterogeneidade de suas partes em um mesmo e único processo histórico. Temos, assim, por exemplo, a história do universo e, no interior dela, a história do ser social. O que é falso, nessa imediata aparência da vida cotidiana, é o velamento de que tal unitariedade última do ser (e do ser social, como conseqüência) apenas existe mediada por muitíssimos complexos e relações categoriais os quais possibilitam a síntese em totalidade , por último unívoca, dos singulares. Por essa razão as ações cotidianas que partem da aparente homogeneidade do mundo podem ser (e são na maior parte das vezes) bem sucedidas, isto é, objetivam o propósito que é seu ponto de partida. Por essa razão, também, na maior parte das 102 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 vezes não é necessário que os atos cotidianos incorporem um nível superior, mais sofisticado, de consciência acerca das determinações ontológicas da porção da realidade sobre a qual se está agindo (pode-se fazer uma fogueira sem se dar conta da reação química envolvida, etc.). Todavia, isto não significa que tais determinações tenham deixado de existir. Uma situação bastante similar encontramos na relação entre teoria e prática na vida cotidiana. Aquela teoria que não se mostra imediatemente útil ou verdadeira tende a ser deixada de lado sem maiores considerações ou cerimônias, do mesmo modo como é aceita como verdadeira e útil uma teoria que se mostrar útil, produtiva. (Lukács, 1981:635) Esse é um importante momento de desenvolvimento da intentio recta, pois possibilita que o ser-precisamente-assim seja refletido de modo quase espontâneo pela consciência dos indivíduos envolvidos. Como desenvolvimento dessa relação e do conhecimento que ela possibilita, tal imediaticidade irrefletida não é mais suficiente e deve ser substituída por uma elaboração superior, tanto do conhecimento em-si como também dos procedimentos metodológicos envolvidos. Todavia, tal fato não diminui a importância dessa conexão ontológica entre a ação e a teoria na vida cotidiana. É ainda nessa conexão imediata entre teoria e prática que tem suas raízes o fenômeno de as alienações predominantes em cada momento da história tenderem a ser assumidas pela consciência cotidiana como um dado natural e imutável da vida, tal como a lei da gravidade. Obedecer ao rei e a igreja, na Idade Média, ou respeitar o valor do dinheiro, no presente, são determinações que emenam da reprodução social com tal continuidade e com tal "dureza" que adentram à consciência cotidiana como determinações insuperáveis da vida. As complexas e ricas questões metodólicas e ontológicas que tornam tal conexão imediata entre a vida cotidiana e a concepção de mundo possível não são sequer tangencialmente visualizadas pelo agir cotidiano – e, na maior parte das vezes, nem seria preciso que o fizesse para se alcançar o propósito imediato. Ao se comprar leite na padaria, o propósito de conseguir leite é alcançado de modo tão ou mais eficiente – do ponto de vista da imediaticidade, bem entendido – do que na presença de uma elaborada teorização do fetichismo da mercadoria. Portanto, há uma base ontológica real, verdadeira, para que a vida cotidiana seja assumida, pela consciência cotidiana, como algo homogêneo, unívoco e que articula de modo imediato teoria e prática. Esse é o solo real no qual a maior parte das objetivações ocorrem. É o reflexo na consciência da unitariedade última do ser (em geral e do ser social em particular). Para os nosos exemplos, (o velamento da contradição entre essência e fenômeno e da distinção entre teoria e prática), a falsidade dessa concepção que predomina na consciência cotidiana está em assumir (ainda que apenas implicitamente) que seriam inexistentes a essência e do fenômeno e desconhecer a elevada autonomia relativa da teoria para com a prática. Se, portanto, a fusão entre essência e fenômeno e entre teoria e prática típica da vida cotidiana correspondem apenas à determinação da imediaticidade histórica na qual os indivíduos, por força da constituição ontológica mais essencial do ser social, devem forçosamente viver e se reproduzir, de modo algum significa o desaparecimento das determinações essencias e suas distinções para com as fenomênicas e, de modo análogo, da teoria para com a prática. Do ponto de vista a ação dos indivíduos na vida cotidiana, assinala Lukács que essa constituição ontológica da cotidianeidade impõe, aos indivíduos, em primeiro lugar, uma "falsa ontologia" {citar} da vida cotidiana que tende a afirmar uma inexistente independência da teleologia para com a causalidade. A personalidade individual tende a se articular tendo como centro de gravidade a subjetividade – o que, dado a insuperável distinção ontológica entre a consciência e a causalidade, coloca imediata e praticamente coloca o grave problema de como o indivíduo deve 103 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 colocar seus afetos e suas pulsões subjetivas sob o controle do processo de objetivação, de tal modo a alcançar a finalidade de cada um dos seus atos. Tale distanziamento [entre teleologia e causalidade] ha come ulteriore e importante conseguenza che il lavoratore è costretto a dominare consapevolmente i propri affetti. Egli può a un certo punto sentirsi stanco, ma se una interruzione nuoce al lavoro, andrà ancora avanti; può, ad esempio nella caccia, essere afferrato dalla paura, pur tuttavia resterà al suo posto e accetterà di lottare con animali forti e pericolosi; ecc. (Ripetiamo di nuovo che ora stiamo parlando del lavoro in riferimento ai suoi valori d‘uso, cosa che rappresenta di fatto la sua forma iniziale. Solo nelle molto più complesse società di classe questa condotta originaria viene a incrociare altri motivi, sorti dall‘essere sociale, per esempio il sabotaggio del lavoro. Ma anche in questo caso resta come linea di fondo il dominio del consapevole sull‘istintivo.) E senz‘altro evidente che in tal modo entrano nella vita umana tipi di comportamento eli e divengono per eccellenza decisivi rispetto all‘esser-uomo dell‘uomo. È universalmente noto che il dominio dell‘uomo sui propri istinti, affetti, ecc. costituisce il problema capitale di ogni assetto morale, dalle consuetudini e tradizioni fino alle più alte forme di etica. I problemi dei gradi superiori possono venir discussi ovviamente solo più avanti, in termini adeguati alla realtà soltanto nell‘Etica, per l‘appunto; ma per l‘ontologia dell‘essere sociale è importantissimo che essi compaiano già nel lavoro ai suoi primi inizi, e per giunta nella forma assolutamente precisa del dominio consapevole sugli affetti ecc. L‘uomo è stato definito l‘animale che si costruisce i Diese Distanzierung hat als weitere wichtige Folge, daß der arbeitende Mensch dazu gezwungen ist, seine Affekte bewußt zu beherrschen. Er mag müde werden, wird aber, wenn die Unterbrechung der Arbeit schadet, diese doch fortsetzen; er mag, z. B. bei der Jagd, von Furcht erfaßt werden, er wird aber dennoch an seinem Platz ausharren und den Kampf mit starken und gefährlichen Tieren dennoch aufnehmen etc. (Hier sei nochmals betont, daß wir jetzt eine Arbeit um ihrer Gebrauchswerte willen unterstellen, was ja sicherlich auch ihre anfängliche Form war. Erst in den viel komplizierteren Klassengesellschaften kreuzen andere, aus dem gesellschaftlichen Sein entsprungene Motive dieses ursprüngliche Verhalten, z. B. Sabotage der Arbeit. Aber die Herrschaft des Bewußten über das Instinktive bleibt auch hier als Grundrichtung erhalten.) Es ist ohne weiteres evident, daß damit Verhaltungsarten ins menschliche Leben eintreten, die für das eigentliche Menschsein des Menschen schlechthin ausschlaggebend werden. Es ist allgemein bekannt, daß die Herrschaft des Menschen über seine Instinkte, Affekte etc. das Hauptproblem einer jeden Gesittung ist, von Gewohnheit und Tradition bis zu den höchsten Formen der Ethik. Die Probleme der höheren Stufen können natürlich erst später, wirklich angemessen nur in der Ethik selbst, behandelt werden; es Esse distanciamento tem como uma outra importante conseqüência o fato de que o trabalhador é obrigado a dominar conscientemente os seus afetos. Num determinado momento ele pode sentir-se cansado, mas se uma interrupção for nociva para o trabalho, ele continuará; na caça, por exemplo, pode ser tomado pelo medo, no entanto permanecerá no seu posto e aceitará lutar com animais fortes e perigosos; etc. ( É preciso repetir que estamos falando do trabalho enquanto produtor de valores de uso, que é a sua forma inicial. Só nas sociedades mais complexas, de classes, essa conduta originária se entrecruza com outros motivos, surgidos do ser social, como por exemplo a sabotagem do trabalho. No entanto, também neste caso permanece, como pano de fundo, o domínio do consciente sobre o instintivo). É evidente que, deste modo, entram na vida humana tipos de comportamentos que se tornam por excelência decisivos para o ser-homem do homem. É reconhecido universalmente que o domínio do homem sobre os próprios instintos, afetos, etc., constitui o problema fundamental de qualquer disposição moral, desde os costumes e tradições até as formas mais elevadas da ética. Os problemas dos graus superiores só podem ser discutidos mais adiante, e em termos adequados à realidade, justamente na Ética; mas é importantíssimo, para a ontologia do ser social, que eles já compareçam nos estágios mais iniciais do trabalho e, além disso, na forma absolutamente precisa do domínio consciente sobre os afetos, etc. O homem foi definido como o animal que constrói os seus próprios 104 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 propri arnesi. Ed è giusto, ma bisogna aggiungere che costruire e usare arnesi comporta per forza di cose, come irrinunciabile presupposto di un lavoro riuscito, che l‘uomo sia padrone di se stesso. Anche questo è un momento del salto da noi descritto, dell‘uscita dell‘uotno dall‘esistenza puramente animalesca. Quanto ai fenomeni in apparenza analoghi che si riscontrano negli animali domestici, per esempio il riporto dei cani da caccia, dobbiamo tornare a ripetere che tali abitudini possono sorgere soltanto dalla frequentazione con l‘uomo, come costrizioni imposte all‘animale . dall‘uomo, mentre quest‘ultimo attua da sé l‘autodominio in quanto premessa necessaria per realizzare nel lavoro i propri fini autonomamente posti. Anche sotto questo profilo, dunque, il lavoro si rivela il veicolo dell‘autocrearsi dell‘uomo come uomo. In quanto ente biologico egli è un prodotto dello sviluppo naturale. Con il suo autorealizzarsi, che ovviamente implica anche in lui stesso un arretramento della barriera naturale, quantunque non possa mai condurre alla scomparsa, al superamento totale di questa, egli entra in un essere nuovo, autofondato: l‘essere sociale. (53-4) Vol. II pg. 53-4 § 39 ist aber für die Ontologie des gesellschaftlichen Seins entscheidend wichtig, daß sie bereits in der alleranfänglichsten Arbeit auftauchen, und zwar in der ganz distinktiven Form des bewußten Beherrschens der Affekte etc. Man hat den Menschen oft als werkzeugmachendes Tier charakterisiert. Das ist auch richtig, muß aber damit ergänzt werden, daß das Machen und der Gebrauch von Werkzeugen die hier geschilderte Selbstbeherrschung des Menschen zwangsläufig als unabdingbare Voraussetzung der erfolgreichen Arbeit mit sich führt. Auch das ist ein Moment des hier geschilderten Sprunges, des Heraustretens des Menschen aus dem bloß tierischen Dasein. Wenn bei Haustieren ähnliche Erscheinungen aufzutauchen scheinen, z. B. das Apportieren der Jagdhunde, so muß nochmals wiederholt werden, daß solche Gewohnheiten nur im Umgang mit den Menschen, nur vom Menschen dem Tiere aufgezwungen entstehen können, während der Mensch für sich selbst die Selbstbeherrschung durchsetzt als notwendige Voraussetzung der Verwirklichung seiner selbstgesetzten Ziele in der Arbeit. Es gilt also auch in dieser Hinsicht für die Arbeit, daß sie das Vehikel für das Sichselbstschaffen des Menschen als Menschen ist. Als biologisches Wesen ist er ein Produkt der Naturentwicklung. Mit seiner Selbstverwirklichung, die natürlich auch in ihm selbst ein Zurückweichen der Naturschranke, freilich niemals ihr Verschwinden, utensílios. É correto, mas é preciso acrescentar que construir e usar instrumentos implica necessariamente, como pressuposto imprescindível para o sucesso do trabalho, que o homem tenha domínio sobre si mesmo. Esse também é um momento do salto a que nos referimos, da saída da homem da existência puramente animalesca. Quanto aos fenômenos aparentemente análogos que se encontram nos animais domésticos, por exemplo o comportamento dos cães de caça, repetimos que tais hábitos só podem surgir pela convivência com os homens, como imposições do homem sobre o animal, enquanto aquele realiza por si o autodomínio como premissa necessária para realizar no trabalho os próprios fins autonomamente postos. Também sob este aspecto o trabalho se revela como o instrumento da autocriação do homem como homem. Como ser biológico, ele é um produto do desenvolvimento natural. Com a sua auto-realização, que também implica, obviamente, nele mesmo um retrocesso das barreiras naturais, embora jamais um completo desaparecimento delas, ele ingressa num novo ser, autofundado: o ser social. (Ivo 105 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 ihr vollständiges Überholen bedeuten kann, tritt er in ein neues, selbstbegründetes Sein ein: in das gesellschaftliche. BdII, 45) Desde o primeiro momento da vida social, portanto, tanto prático como afetivamente, coloca-se ao indivíduo a tarefa de conseguir, de algum modo, a mobilização de todo o seu ser para tornar viável a objetivação em questão, o que, por sua vez, o conduz à necessidade de superar – ou ao menos limitar o suficiente -- "o predomínio da particularidade no eu humano, o predomínio dos afetos nas reações à vida circundante" o que requer "uma reestruturação auto-crítica interna da personalidade (...)."(Lukács, 1981:636) E essa "reestruturação auto-crítica" "tem, no plano sócio-ontológico, em larga medida um caráter individual. (...) O que não significa, de modo algum, (...) que esta interpretação e elaboração do mundo circundante, que na sua totalidade objetiva constitui a ontologia da vida cotidiana, tenha um caráter puramente subjetivo." (Lukács, 1981:635-6) A vida cotidiana, com seus conflitos, continuidade e rupturas, é sempre objetiva. "Todavia, depende do homem, o qual como sempre é um ser que responde, se ele reagirá espontaneamente ou se elevará conscientemente para além da própria particularidade a estes fatos que espontaneamente lhe ocorrem." (Lukács, 1981:636) {ver alemão} Se vogliamo comprendere bene l'indubbio, come noi crediamo, originarsi del dover-essere dall‘essenza teleologica del lavoro, dobbiamo richiamare alla mente ancora una volta quel che abbiamo già detto intorno al lavoro come modello di ogni prassi sociale, e cioè che fra il modello e le sue varianti successive, molto più complesse, vi è un rapporto di identità fra identità e nonidentità. L‘essenza ontologica del dover-essere nel lavoro agisce bensì sopra il soggetto che lavora e ne determina il comportamento lavorativo, ma non avviene solo questo, essa determina anche il suo comportamento verso se stesso in quanto soggetto del processo del lavoro. Questo, tuttavia, come abbiamo espressamente rilevato proprio tacendo tali considerazioni, è un processo fra uomo e natura, è la base ontologica del ricambio organico fra uomo e natura. E Wenn wir die, wie wir glauben, unbezweifelbare Genesis des Sollens aus dem teleologischen Wesen der Arbeit richtig begreifen wollen, müssen wir nochmals daran erinnern, was wir bereits über die Arbeit als Modell für jede gesellschaftliche Praxis ausgeführt haben, nämlich, daß zwischen dem Modell und seinen späteren, viel komplizierteren Varianten ein Verhältnis der Identität von Identität und Nichtidentität besteht. Das ontologische Wesen des Sollens in der Arbeit richtet sich zwar auf das arbeitende Subjekt und bestimmt nicht nur dessen Verhalten in der Arbeit, sondern auch zu sich selbst als Subjekt des Arbeitsprozesses. Dieser ist jedoch, wie wir es gerade bei diesen Betrachtungen nachdrücklich betont haben, ein Prozeß zwischen Mensch und Natur, die ontologische Grundlage zum Stoffwechsel zwischen Se queremos compreender bem a origem inquestionável, segundo o nosso modo de ver, do dever-ser a partir da essência teleológica do trabalho, devemos recordar de novo o que já dissemos do trabalho como modelo de toda práxis social, ou seja, que entre o modelo e as suas sucessivas e mais complexas variantes há uma relação de identidade entre identidade e não-identidade. Certamente a essência ontológica do dever-ser no trabalho atua sobre o sujeito que trabalha e determina o comportamento laborativo, mas não acontece apenas isto; ela determina também o seu comportamento em relação a si mesmo enquanto sujeito do processo de trabalho. Este, no entanto, como já acentuamos expressamente ao fazer essas considerações, é um processo entre o homem e a natureza, é a base ontológica do intercâmbio entre homem e natureza. E a 106 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 la costituzione del fine, dell‘oggetto, dei mezzi, determina anche l‘essenza dell‘atteggiamento soggettivo. In altri termini, anche nell‘ottica del soggetto un lavoro può riuscire soltanto se compiuto sul fondamento di una estrema oggettività, e perciò la soggettività in questo processo deve muoversi al servizio della produzione. Naturalmente sul decorso del processo lavorativo influiscono in maniera determinante, in senso estensivo e intensivo, le qualità del soggetto (spirito d‘osservazione, destrezza, solerzia, tenacia, ecc.). Nondimeno tutte le facoltà dell‘uomo che vengono mobilitate sono sempre orientate, in sostanza, verso l‘esterno, verso il padroneggiamento effettivo e la trasformazione materiale dell‘oggetto naturale tramite il lavoro. Quando il dover-essere, come è inevitabile, fa appello anche a determinati aspetti dell‘interiorità del soggetto, le sue richieste tendono a far si che i mutamenti all‘interno dell‘uomo forniscano un veicolo per meglio padroneggiare il ricambio organico con la natura. L‘autodominio dell‘uomo, che compare per la prima volta nel lavoro come effetto necessario del dover-essere, la crescente padronanza della sua intelligenza sulle proprie spontanee inclinazioni biologiche, abitudini, ecc, vengono regolati e guidati dall‘oggettivilà di questo processo; la quale però è per sua essenza fondata sull‘esserci naturale dell‘oggetto, dei mezzi, ecc. del lavoro. Per intendere giustamente il lato del doveressere che nel lavoro agisce sul soggetto modificandolo, occorre muovere dalla funzione regolativa di questa oggettività. Ne consegue che per il lavoro è in primo luogo determinante il comportamento effettivo del Mensch und Natur. Diese Beschaffenheit des Zieles, des Objekts, der Mittel bestimmt auch das Wesen des subjektiven Verhaltens. Und zwar dahin, daß auch vom Subjekt aus gesehen nur eine auf Grundlage der höchstgespannten Objektivität vollzogene Arbeit erfolgreich sein kann, daß deshalb die Subjektivität in diesem Prozeß eine produktiv dienende Rolle spielen muß. Natürlich beeinflussen die Eigenschaften des Subjekts (Beobachtungsgabe, Geschicklichkeit, Fleiß, Ausdauer etc.) den Ablauf des Arbeitsprozesses extensiv wie intensiv in entscheidendem Ausmaße. Jedoch alle dabei zur Mobilisierung gelangenden Fähigkeiten des Menschen sind immer wesentlich nach außen gerichtet, auf das faktische Beherrschen, auf das materielle Umformen des Naturgegenstandes durch die Arbeit. Soweit, was unvermeidlich ist, das Sollen auch an bestimmte Seiten der Innerlichkeit des Subjekts appelliert, sind seine Anforderungen doch so gestellt, daß die Wandlungen im Inneren des Menschen ein Vehikel zur besseren Bewältigung des Stoffwechsels mit der Natur abgeben. Die Selbstbeherrschung des Menschen, die notwendigerweise zuerst als Wirkung des Sollens in der Arbeit auftaucht, die wachsende Herrschaft seiner Einsicht über die eigenen spontan biologischen Neigungen, Gewohnheiten etc. wird durch die Objektivität dieses Prozesses geregelt und gelenkt; diese ist aber ihrem Wesen nach im Naturdasein des Objekts, der Mittel etc. der Arbeit fundiert. Will man die auf das Subjekt einwirkende und modifizierende Seite des Sollens in der Arbeit richtig begreifen, so muß man von dieser Objektivität als Regulator constituição do fim, do objeto, dos meios, determina também a essência da postura subjetiva. Em outros termos, também do ponto de vista do sujeito um trabalho só pode ter sucesso quando realizado com base numa grande objetividade, e deste modo a subjetividade, neste processo, deve estar a serviço da produção. É claro que as qualidades do sujeito (espírito de observação, destreza, habilidade, tenacidade, etc.), influem de maneira determinante sobre o curso do processo de trabalho. Contudo, todas as faculdades do homem que são mobilizadas, são sempre orientadas, em última instância, para o exterior, para a dominação efetiva e a transformação material do objeto natural através do trabalho. Quando o dever-ser, como é inevitável, apela a determinados aspectos da interioridade do sujeito, suas demandas tendem a agir de tal modo que as mudanças interiores do homem sejam um instrumento para comandar melhor o intercâmbio orgânico com a natureza. O autodomínio do homem, que aparece pela primeira vez no trabalho como efeito necessário do dever-ser, o domínio crescente de sua inteligência sobre as suas inclinações biológicas e hábitos espontâneos, etc. são regulados e orientados pela objetividade deste processo; ela, por sua vez, se funda no próprio ser natural do objeto, dos meios, etc. do trabalho. Para compreender corretamente o lado do deverser que, no trabalho, age sobre o sujeito modificando-o, é preciso partir da função reguladora desta objetividade. Disto se segue que, para o trabalho, o ponto de partida determinante é o comportamento efetivo do trabalhador; não é obrigatoriamente necessário que o que acontece no interior do sujeito, durante esse tempo, 107 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 lavoratore; quel che nel frattempo accade dentro il soggetto stesso, non è obbligatorio abbia sempre effetti pratici. Abbiamo visto, bensì, che il dover-essere del lavoro risveglia e promuove talune qualità dell‘uomo che più tardi, per forme di prassi più evolute, sono di grande rilevanza; basta ricordare il dominio sugli affetti. Tuttavia questi mutamenti del soggetto qui non coinvolgono, almeno non immediatamente, la totalità della sua persona; possono funzionare benissimo, nel lavoro come tale, senza investire la restante vita del soggetto. Vi sono grandi possibilità che dò avvenga, ma solo possibilità. (Vol II, 76-7) Vol II pg. 76-7 § 66 ausgehen. Sie hat zur Folge, daß für die Arbeit in primärer Weise das tatsächliche Verhalten des Arbeitenden den Ausschlag gibt; das, was sich inzwischen im Subjekt selbst abspielt, muß darauf nicht unbedingt einen Einfluß ausüben. Wir haben freilich gesehen, daß das Sollen in der Arbeit Eigenschaften des Menschen erweckt und fördert, die später für entwickeltere Formen der Praxis ausschlaggebend werden; es genügt, wenn an das Beherrschen der Affekte erinnert wird. Diese Wandlungen des Subjekts sind hier aber nicht, wenigstens nicht unmittelbar, auf seine Totalität als Person gerichtet; sie können in der Arbeit selbst ausgezeichnet funktionieren, ohne auf das übrige Leben des Subjekts einzuwirken. Sie erhalten allerdings wichtige Möglichkeiten dazu, aber bloß Möglichkeiten. (Bd II, 66-7) sempre tenha efeitos práticos. Certamente já vimos que o dever-ser do trabalho desperta e promove certas qualidades humanas que mais tarde serão de grande importância para formas de práxis mais evoluídas; é suficiente recordar o domínio sobre os afetos. No entanto, aqui, estas mudanças do sujeito não envolvem, pelo menos não imediatamente, a totalidade da sua pessoa; podem funcionar muito bem, no trabalho como tal, sem atingir o restante da vida do sujeito. Há grandes possibilidades de que isto aconteça, mas apenas possibilidades. (Ivo) Quando se trata, não mais do trabalho, mas das posições teleológicas secundárias, Quando, come abbiamo visto, il fine teleologico diventa quello di indurre altri uomini a posizioni teleologiche che essi stessi dovranno compiere, la soggettività di chi pone acquista un ruolo qualitativamente diverso, e lo sviluppo delle relazioni sociali fra gli uomini comporta alla fine che anche l‘autotrasformazione del soggetto divenga oggetto immediato di posizioni teleologiche, il cui contenuto è un dover-essere. Naturalmente queste posizioni si distinguono dalle forme del dover-essere che abbiamo incontrato nel processo lavorativo, non solo per una maggiore complessità, ma, e proprio per questo, anche per una diversa qualità. Ne approfondiremo l‘analisi nei prossimi capitoli e soprattutto nell‘Etica. In ogni caso, tali differenze qualitative innegabili Sobald, wie wir gesehen haben, das teleologische Ziel die Beeinflussung anderer Menschen zu ihrerseits zu vollziehenden teleologischen Setzungen wird, erhält die Subjektivität des Setzenden eine qualitativ veränderte Rolle, und die Entwicklung der gesellschaftlichen Beziehungen der Menschen führt schließlich dahin, daß auch die Selbstumwandlung des Subjekts zum unmittelbaren Gegenstand von sollensartigen teleologischen Setzungen wird. Natürlich unterscheiden sich diese Setzungen nicht nur in ihrer größeren Kompliziertheit, sondern, gerade deshalb, auch qualitativ von jenen Formen des Sollens, die wir im Arbeitsprozeß aufgefunden haben. Ihre eingehende Analyse wird Gegenstand der späteren Kapitel und vor allem der Ethik Quando, como vimos, o fim teleológico é o de induzir outros homens a posições teleológicas que eles mesmos deverão realizar, a subjetividade de quem põe adquire um papel qualitativamente diferente e, ao final, o desenvolvimento das relações sociais entre os homens implica em que também a autotransformação do sujeito se torne um objeto imediato de posições teleológicas, cujo conteúdo é um dever-ser. É claro que estas posições são diferentes daquelas que encontramos no processo de trabalho, não apenas por serem mais complexas, mas, e exatamente por isto, pela diversidade da qualidade. Aprofundaremos a análise disto nos próximos capítulos e, de modo especial, na ética. Em qualquer caso, essas inegáveis diferenças 108 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 non devono farci trascurare il fatto fondamentale comune, cioè che sono tutte relazioni del dover-essere, atti nei quali non è il passato nella sua spontanea causalità a determinare il presente, ma dove invece il compito futuro teleologicamente posto è il principio determinante della prassi che tende ad esso. (Vol II, 78) Vol II pg. 78 § 67 selbst sein. Diese unleugbaren qualitativen Differenzen dürfen jedoch den grundlegend gemeinsamen Tatbestand, daß sie nämlich alle Sollensbeziehungen sind, Akte, in denen nicht die Vergangenheit in ihrer spontanen Kausalität die Gegenwart bestimmt, in denen vielmehr die teleologisch gesetzte Zukunftsaufgabe das bestimmende Prinzip der auf sie gerichteten Praxis ist, nicht verdunkeln. (BdII, 67) qualitativas não nos devem fazer esquecer o fato fundamental comum, isto é, que todas são relações do dever-ser, atos nos quais não é o passado, na sua espontânea causalidade que determina o presente, mas, ao contrário, é o objetivo futuro, teleologicamente posto o princípio determinante da práxis. (Ivo) 3.2.1. Unidade ontológica da personalidade Na evolução humana, o domínio sobre os instintos vai cedendo lugar ao domínio sobre os afetos, dos mais baixos aos mais elevados: In Spinoza questo legame con gli impulsi alla liberazione dell‘essere umano autentico viene alla luce quando si guardi alle tendenze più profonde della sua opera. La correzione che egli compie rispetto alla antropologia filosofica greca, per cui il dominio dll‘uomo sui propro affetti non è più quello della ragione sugli istinti (il che può ancora esser reificato in un fatto trascendente, come appunto avvenne nel cristianesimo), ma quello degli affetti più forti su quelli più deboli, è il compimento dell‘autocostituzione processuale, terreno-immanente, dell‘uomo. Nella goethiana plasmazione dell‘uomo questo modo di vivere diventa — di per sé, non in obbedienza a un programma — il principio dominante. (Vol II**, 717-8) Diese Verbundenheit mit den Befreiungstendenzen des echten Menschseins bei Spinoza zeigt sich in den tiefsten Tendenzen seines Schaffens. Die Korrektur, die Spinoza an der griechischen philosophischen Anthropologie vollzog, daß nämlich die Herrschaft des Menschen über seine eigenen Affekte nicht die der Vernunft über seine Instinkte sei (was noch ins Transzendente verdinglicht werden kann und im Christentum auch so verdinglicht wurde), sondern die der stärkeren Affekte über die schwächeren', ist die Vollendung des irdischimmanenten prozessierenden Aufsichselbstgestelltseins des Menschen. In Goethes Menschengestaltung wird — ganz von selbst, nicht programmatisch — diese Lebensweise zum herrschenden Prinzip. (Bd II, 649-50) A tradicional concepção dualista, segundo a qual o ser humano seria composto por duas partes ontologicamente heterogêneas e reciprocamente irredutíveis, uma alma (sua porção essencial e, por isso, eterna) e um corpo (que corresponderia ao seu ser terreno, efêmero, fenomênico), sobreviveu às profundas transformações históricas advindas com a passagem do século 17 ao 18. De um modo um tanto modificada, está presente até mesmo nas concepções contemporâneas que concebem o indivíduo como uma dualidade razão/sensação a qual, muitas vezes, é equiparada à dualidade consciente/inconsciente cuja origem remonta a Freud. Guido Oldrini, em um dos textos mais interessantes produzidos sobre a Ontologia de Lukács nas últimas décadas, apresentou o que, a nosso ver, é o argumento definitivo nesta seara: as concepções dualistas que, de modo distinto nos diferentes pensadores, fundam a história humana em uma dimensão essencial e eterna que não pode ser resultante das ações humanas, entre outras conseqüências também cancelam o ser humano como o demiurgo do seu destino. Com isso, terminam reproduzindo o essencial de todas as ontologias até Marx: elevam à condição ontológica universal a essência particular da classe dominante do período. 109 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Assim como para Aristóteles ser humano era idêntico à condição de senhor de escravo, no outro extremo da linha de tempo, para Hegel ser humano era o ser do burguês elevado ao Espírito Absoluto. Marx foi o primeiro pensador a romper com esse procedimento: a partir do desenvolvimento das forças produtivas propriciadas pelo capitalismo maduro, pode descobrir o trabalho como categoria fundante do mundo dos homens e, consequentemente, demonstrar como o homem é o único responsável pelo seu destino e, portanto, o problema da revolução que supere o capitalismo é algo que diz respeito única e exclusivamente aos seres humanos. Daqui a possibilidade ontológica (que, diferente de Tomás de Aquino, em Marx não quer dizer inevitabilidade) da emancipação humana, do comunismo. A unitaridedade do ser social -- uma totalidade composta por elementos e complexos heterogêneos, entre si contraditórios e, por vezes, mesmo antagônicos – tem, para nossa discussão, uma conseqüência importante: a unitariedade última da personalidade dos indivíduos e, portanto, uma síntese por último unitária da razão e da sensação, do pensamento e dos afetos. Afinal de contas, o mesmo ser individual que pensa também sente e entre razão e sentimento não há um abismo ontológico. E, tal como ao tratarmos da relação entre objetivação e exteriorização argumentamos que, dada a imediata conexão entre a objetivação e a causalidade, e devido à direta conexão entre a exteriorização e a personalidade individual, tipicamente o campo de possibilidades e necessidades da exteriorização é mais amplo e diversificado que o da objetivação, algo análogo pode ser observado na conexão entre razão e afetividade. Enquanto à primeira cabe a função social de reproduzir na consciência as determinações e categorias objetivas, essa proximidade com o mundo exterior ao sujeito impõe a ela um referencial mais fixo e estável que a esfera da afetividade, mais diretamente centrada na reação do indivíduo à sua história. Novamente: tal como ao tratarmos do horizonte mais amplo da exteriorização frente à objetivação argumentamos que, para Lukács, isso de modo algum cancela ou esvanece a totalidade social como momento predominante do desenvolvimento dos indivíduos, agora também argumentaremos que essa maior amplitude de possibilidades das emoções frente aos raciocínios não cancela as determinações históricas que, em ambos, predominam. Lukács lembra que "Uma personalidade humana pode surgir, se desenvolver e involuir somente em um campo de manobra (Spielraum) histórico-social concreto. Por isso não é suficiente fixar-se unilateralmente apenas na contradição – por melhor fundada – entre o desenvolvimento da capacidade e desenvolvimento da personalidade. Este último depende, por muitos aspectos, de um nível mais elevado das capacidades singulares. (...) A divisão social do trabalho põe ao homem múltiplas tarefas, com freqüência fortemente heterogêneas entre si, cuja execução correta requer do indivíduo e, portanto, nele sucita uma síntese de capacidades heterogêneas. (...) Mas porque, como sabemos há muito, ontologicamente o homem singular constitui um pólo fundamental do ser social, é exatamente do ponto de vista ontológico inevitável que essa simultaneidade de tarefas heterogêneas adquira em todo indivíduo a tendência à unificação, à fusão (Verbindung), à síntese. A inevitabilidade ontológica dessa síntese é resultado do simples fato que todo homem é capaz de viver e de operar apenas como ente irrevogavelmente unitário."(Lukács, 1981:569-70; Lukács, 1986:511) Os distintos atos, os motivos também diversos que estão em suas origens, as distintas maneiras pelas quais suas conseqüências retrogem sobre os indivíduos, etc., são elementos inelimináveis da vida dos indivíduos, qualquer que seja a formação social. Essa heterogeneidade, contudo, não apenas não inviabiliza a síntese unitária que funda a personalidade de cada um de nós, como ainda é condição para que tal 110 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 síntese possa sequer existir. Por isso, afirma Lukács, os diversos atos, para a "vida pessoal" dos indivíduos "formam uma incindível unidade (...) a sua execução e suas conseqüências, os efeitos de retorno sobre o homem, têm um influxo inelinavelmente unificante (vereinheitlichenden Einfluß)." (Lukács, 1981: 570; Lukács, 1986:511) Nessa medida e sentido, as "personalidades de perfil diferenciado (...) são projeções daquilo que a divisão social do trabalho produziu nesse campo (...) Quando, por exemplo, na antigüidade tardia, o privado se torna uma categoria social, isso tem como conseqüência em todas as esferas da vida uma mutação substancial nas formas e no conteúdo do ser da personalidade"(Lukács, 1981:570) {explicar} O "campo de manobra" dado pelo desenvolvimento histórico 42 é "o único campo real de possibilidade" para a consubstanciação "-- favorecendo-a ou freandoa, no bem ou no mal –" da "individualidade humana". (Lukács, 1981:570) E, correlativamente, "O devir do homem enquanto homem é, como processo complexivo (Gesamtprozeß), a mesma coisa do constituir-se do ser social enquanto espécie peculiar de ser."(Lukács, 1981:570; Lukács, 1986:511) Do ponto de vista ontológico o mais universal, sendo o indivíduo humano ontologicamente unitário e tendo por fundamento de sua substância singular o desenvolvimento histórico em sua totalidade, segue-se com rigorosa necessidade que "O desenvolvimento do homem para uma generalidade autêntica não é, portanto -- como dizem as religiões e quase todas as filosofias idealistas – um simples desenvolvimento das assim chamadas faculdades ‗superiores‘ dos homens (Lukács, 1981:o pensamento, etc.) em prejuízo da sensibilidade ‗inferior‘, mas, ao invés, deve se exprimir no complexo total do ser do homem e portanto também – no imediato, acima de tudo, -- na sua sensibilidade."(Lukács, 1981:573) Por isso a "supressão da propriedade privada" é a "emancipação de todos os sentidos humanos e de todas as qualidades humanas; mas é essa emancipação precisamente porque esses sentidos e qualidades tornaram-se humanos, tanto subjetiva quanto objetivamente. O olho se tornou um olho humano do mesmo modo pelo qual o seu sujeito se tornou um sujeito social, humano, do homem e para o homem." (Lukács, 1981:573; Marx, Manuscritos 1844) Ver a citação de Marx edição Expressão Popular. Não é necessário que argumentemos que, aqui, trata-se no fundo do já conhecido argumento de ser o trabalho a categoria fundante do ser social, isto é, que ao transformarem o mundo objetivo os indivíduos também transformam a si próprios: "A posição teleológica no processo de trabalho, a necessidade que a execução (Vollzug) do trabalho seja antecipada no pensamento antes que ocorra, comporta uma transformação global de todo o ser humano e, portanto, também da sua sensibilidade originária, surgida como fato biológico."(Lukács, 1981:574; Lukács, 1986:515) "Os homens fazem a sua própria história, mas não o fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transomitadas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos‖. (Marx, 1979a:203) 42 111 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Por essa razão, dada a unitariedade última da personalidade singular, os processos alienantes devem necessariamente afetar a totalidade do ser singular de cada indivíduo, com as devidas mediações. Para exemplificar esse fato, Lukács cita a passagem dos Manuscritos de 1844 em que Marx comenta como o indivíduo, sob o trabalho alienado, se sente livre ao comer, dormir, ao fazer sexo, enfim, em sua vida privada-individual -- enquanto se sente prisioneiro em sua verdadeira e imediata dimensão genérica, o trabalho. Como "o seu ser encontra-se fora do complexo do ser-homem (do ser-social, do ser-personalidade) que se tornou possível no plano do gênero humano, que o estágio de civilização daquele momento -- incluindo-se naturalmente o desenvolvimento da capacidade, enquanto sua base, -- torna possível em linha de princípio"(Lukács, 1981:575), abre-se uma enorme distância entre sua afetividade e sua existência real. Onde o indivíduo afirma a o seu ser genérico, no trabalho, sua humanidade lhe é negada; onde sua existência genérica é mais pobre e esgarçada, aquela porção da sua existência mais distante da sua efetiva conexão com o gênero a que pertence em sua restrita vida privada, ele se sente mais humano. Por seu ser genérico ter por conexão fundamental o alienado trabalho assalariado, sua sensibilidade pode recuperar alguma humanidade no isolamento do lar. {explicar:}E, como a relação mais natural e imediata do homem consigo próprio é a relação do homem com a mulher, nessa relação os complexos alienantes da propriedade privada, do Estado e do casamento monogâmico têm mostrado uma persistente longevidade: essa é uma esfera em que a sensibilidade humana é fortemente marcada pelos complexos alienantes. Portanto, na medida em que "o homem pode se tornar homem objetivamente apenas no trabalho e no desenvolvimento subjetivo da capacidade por ele provocado",(...), ele também "pode se tornar homem enquanto pessoa apenas quando as suas relações com o próximo assumem e realizam praticamente formas cada vez mais humanas, enquanto relação de seres humanos com seres humanos (...)(Lukács, 1981:577) já que, sabemos, agir para alienar um outro homem comporta necessariamente também o própria alienação."(Lukács, 1981:5778) (verificar citação) Daqui chega Lukács a uma das suas categorias chaves para compreendermos a ética: o "não-ser-digno-do-homem". Da íntima conexão entre a alienação e a individualidade que tratamos acima, da unitariedade última da personalidade dos indivíduos que acabamos de tratar, afirma Lukács que "tanto o próprio fenômeno da alienação quanto o significado social e humano das tentativas de superá-lo alteram fortemente a sua fisionomia se, quando e segundo o modo, de quão estreitamente, etc., ser alienado (Entfremdetsein) é conexo à consciência de seu não-ser-digno-do-homem (Bewußtsein seisner Menschenunwürdigkeit)."(Lukács, 1981:578) O momento predominante na gênese e desenvolvimento dos complexos alienantes exercido pelo trabalho objetividade apenas pode se afirmar ao longo da história através das diversas "fisionomias" que as alienações assumem na vida cotidiana, e importante na moldagem dessas "fisionomias" é a reação, sempre imediatamente individual, marcada pela ausência ou presença, pela maior ou menor "consciência do seu não-ser-digno-do-homem". Essa consciência (ou sua ausência) por sua vez, necessariamente faz parte do ser alienado dos indivíduos concretos, historicamente determinados e por essa mediação, se eleva a momento da reprodução da totalidade social. Como já vimos, a "a objetivação imprime de modo 112 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 direto e material o ser-para-si na existência material das objetivações", fazendo com que o "ser-para-si" faça "parte" da "constituição material" do "objetivado" (Lukács, 1981:564), agora, nesse complexo de problemas, a "consciência" do não-ser-dignodo-homem é elemento ineliminável do ser social concreto, historicamente determinado, de cada momento da história. "Aqui já se evidencia um importante caráter do processo de alienação e da luta contra ele, ou seja, que a consciência do ser-homem, como generalidade humana para-si (Gattungsmäßigkeit für sich), se apresenta já como um fato social não cancelável (unvertilgbaren Weise): o homem alienado tem que conservar também na alienação a sua generalidade humana em-si (Gattungsmäßigkeit an sich) (...)" (Lukács, 1981:579) Os complexos alienantes apenas podem deprimir a humanidade efetiva dos indivíduos abaixo daquilo que se tornou historicamente possível pelo desenvolvimento das forças produtivas se tais complexos alienantes forem capazes de adentrar à reprodução social. O senhor de escravo e o escravo, senhor feudal e servos, burgueses e proletários, apenas podem cumprir suas funções sociais específicas, em suas formações sociais particulares, na medida em que incorporarem em suas personalidades as determinações predominantes de suas respectivas sociedades. Sócrates sem Atenas seria impensável, do mesmo modo que Abelardo e Heloísa não existiram sem o medievo e, Romeu e Julieta, sem o capitalismo nascente. Por isso, "(...) também o homem, que permanece totalmente particular se dá conta sempre de fazer de algum modo parte do gênero humano (...) e tal pertencimento pode até mesmo servir de motivo para suas ações singulares." (Lukács, 1981:581) Nessa precisa medida, o ser-em-si de cada indivíduo alienado incorpora o patamar de desenvolvimento humano de seu período histórico, ainda que o faça de modo rebaixado, isto é, alienado. Ser alienado, portanto, é um modo particular de relação com a generalidade humana e, por isso, "o homem alienado tem que conservar também na alienação a sua generalidade humana em-si". Como não é possível, mesmo na sociabilidade mais primitiva, qualquer conservação da generalidade humana em-si sem alguma consciência desse fato, "a consciência do serhomem, como generalidade humana para-si se apresenta já como um fato social não cancelável". O senhor de escravo e o escravo apenas podem existir mediados pela consciência de seu ser social – mesmo que seja uma consciência alienada, – e, portano, alguma consciência para-si está sempre presente na relação entre eles. (Lukács, 1981:580) "Quando, portanto, se fala de generalidade humana para-si, da sua presença ou ausência, é necessário pensar em uma consciência qualitativamente diversa, de tipo superior. Trata-se daquela diversidade, da qual falamos, que intercorre entre o homem particular e o homem que é capaz de elevar-se com a consciência para além da própria particularidade (die eigene Partikularität bewußtseinmäßig)."(Lukács, 1981:580) {verificar tradução} E conclui: "A realidade prático-social de uma tal espécie de consciência não pode ser colocada em dúvida: toda história da humanidade é plena de efeitos práticos de atividade desse tipo e não deixam surgir dúvidas a esse respeito."(Lukács, 1981:580) 113 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Vejamos o terreno que essa passagem da Ontologia delimita, pois é rico de conseqüências para nossa discussão posterior. As entificações das individualidades a cada momento histórico apenas podem comparecer na história enquanto tais se forem capazes de reagir às demandas e explorar as possibilidades dadas a cada momento da reprodução social. Por isso, tanto prática como subjetivamente, tais individualidades devem incorporar o nível de desenvolvimento já alcançado para que sejam capazes de realizar os atos imprescindíveis para suas existências particulares. O que significa que, mesmo na entificação mais alienada da personalidade, a generalidade-para-si é "um fato social não cancelável". O modo, todavia, com que a "consciência" de se "ser homem social" conecta-se ao gênero pode ser qualitativamente distinto; no limite pode fixar o indivíduo em sua particularidade ou elevá-lo à sua generalidade e exemplos se fazem presentes em "toda história da humanidade" (Lukács, 1981:580). Se o filósofo húngaro houvesse interrompido aqui essas considerações, estaria em um terreno tipicamente idealista: os atos humanos se distinguiriam pela sua intencionalidade e, não, pelo papel histórico que cumprem na reprodução das sociedades. Sem negar, como vimos, a importância do conteúdo da consciência e, portanto, da forma, do conteúdo e do modo das teleologias, não será essa esfera que determinará os nexos causais que serão desencadeados pela objetivação, mas sim a relação real, efetiva, desse conteúdo da consciência com as determinações causais de cada momento histórico. Por isso Lukács prossegue assinalando que, para não se "cair vítima de fetichizações idealistas", "é necessário indagar criticamente com cuidado a gênese social, a estrutura ontológica" de tal consciência para-si. Con ciò43 abbiamo dimostrato inesistente quella dualità che le religioni e la loro secolarizzazione panteistica hanno voluto introdurre nella loro ontologia dell‘essere sociale. Tuttavia non ne segue affatto che sia valida una concezione monolitica di questa sfera, come è stato costume generale sostenere nel vecchio materialismo scientifico-naturale e nel marxismo volgare. Il problema è invece di comprendere come attraverso questo nuovo medium dell‘essere si abbia una sua nuova sintesi, quel che abbiamo chiamato l‘essere-persé della singolarità. Tale medium non sopprime l‘esser-proprio-così in senso ontologico, gli dà però altri contenuti, altre forme strutturali, e se è vero che per questa via neH‘esser-proprio-così sorge un nuovo tipo di multistratifica- zione contraddittoria, essa però non ha più nulla da fare con le vecchie, immaginarie forme dualistiche. Com‘è ovvio, l‘esser- proprio-così biologico non solo rimane fondamento inalienabile delle superiori conformazioni sociali, ma addirittura può, e di fatto accade cosi, avere nel contesto sociale una notevole importanza pratica. Si pensi per esempio alle impronte digitali delle singole persone, dove l‘unicità biologica di ciascun esemplare della specie umana ha una funzione non irrilevante nell‘applicazione del diritto, nell‘amministrazione, ecc. In sé questo fatto non 243-247 Band II Ist aber damit jene Dualität, die die Religionen und ihre pantheistischen Säkularisationen in die Ontologie des gesellschaftlichen Seins einführen wollten, als nichtig erwiesen, so folgt daraus keineswegs eine monolithische Auffassung dieser Sphäre, wie dies im alten naturwissenschaftlichen Materialismus und im Vulgärmarxismus allgemeine Sitte war. Es kommt jetzt nur darauf an, zu verstehen, wie durch dieses neue Seinsmedium eine neue Synthese im Menschsein entsteht, das, was wir früher das Fürsichsein der Einzelheit genannt haben. Dieses hebt das Geradesosein im ontologischen Sinne nicht auf, gibt ihm aber andere Inhalte, andere Strukturformen, und wenn dabei eine neue Art der widerspruchsvollen Mehrschichtigkeit im Geradesosein entsteht, so hat diese mit den alten, fiktiven, dualistischen Formen nichts mehr zu tun. Es ist selbstverständlich, daß das biologische Geradesosein nicht nur eine unaufhebbare Grundlage der höheren, gesellschaftlichen Formungen bleibt, es kann sogar, so wie es ist, in gesellschaftlichen Zusammenhängen eine beträchtliche praktische Bedeutung erlangen. Man denke etwa an die Fingerabdrücke der einzelnen Menschen, worin die biologische Einzigartigkeit eines jeden Depois de discutir como o aristocrata é produzido socialmente pela educação, sem que nada tenha de uma natureza biológica. 43 114 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 presenta nessuna differenza rispetto a quello riscontrato da Leibniz, secondo cui non è possibile trovare due foglie compieta- mente uguali. Questa unicità resta un fatto biologico immediato. Di qui si dipartono però interazioni assai svariate e complesse, che possono condurre a manifestazioni di questa unicità immediata in forme già sociali. Prendiamo il modo di scrivere di un individuo. La grafologia è certo discutibile, anzi assurda, quando tenta di risolvere questioni da « psicologia del profondo » della personalità umana, ma certo la calligrafia, che è collegata a una attività già sociale e insieme fisica, mostra con chiarezza l‘unicità immediata di ogni singolo essere umano, analogamente a quanto accade con le impronte digitali, invece determinate dalla soia biologia. Su questa linea potremmo arrivare alle espressioni massime dell‘attività umana. Nessuno può contestare la base biologica di arti come la pittura o la musica: la visualità e l‘auditività sono senza dubbio strumenti dell‘essere biologico, della riproduzione biologica dell‘uomo come ente organico. Ma altrettanto incontestabile è che prolungando fino all‘immaginabile la linea del loro sviluppo naturale non si arriverebbe mai a un vedere pittorico e a un udire musicale, per non parlare poi delle questioni creative. Il salto che separa — nonostante la comune base biologica — l‘uno dall‘altro il vedere solo biologico dal vedere trasformato in un fatto sociale, deve ovviamente essere collocato in uno stadio molto più antico della nascita delle arti visive. Quando Engels dice: « L‘aquila vede molto più lontano dell‘uomo, ma l‘occhio dell‘uomo scorge molto più nelle cose che non quello dell‘aquila » 10, si riferisce anche alla situazione iniziale dell‘umanità. Più diffusamente si sofferma il giovane Marx sulla musica e la musicalità nei Manoscritti economico-filosofici, dove giunge alla importantissima conclusione che « l’educazione dei cinque sensi è opera dell‘intera storia universale fino a questo tempo» Quel che è deducibile da tutto ciò, vale a dire che la socializzazione dei sensi non elimina in ciascun individuo il loro esser-proprio-così, ma al contrario lo rende più fine e profondo, non richiede una dimostrazione particolareggiata. All‘inizio abbiamo detto che l‘esser-proprio-cosf dell‘uomo percorre l‘intero suo sviluppo, e ora F. Engels, Dialektik der Natur, cit., p. 697 [trad. it. cit., p. 462). " MEGA, I, 3, p. 120 (trad. it. cit., p. 329]. vediamo che sia all‘inizio biologico sia al termine socializzato vi è un esser-proprio-cosf dell‘uomo, cioè che, come per la specie umana in senso filogenetico, cosi anche per l‘individuo in senso ontogenetico si va dall‘esser-proprio-cosf dato immediatamente alTesser-proprio-cosi Einzelexemplars der Menschengattung in der Rechtsprechung, in der Administration etc. eine nicht unwichtige Rolle spielt. An sich unterscheidet sich dieses Faktum gar nicht von der Leibnizschen Feststellung, daß man unmöglich zwei völlig gleiche Blätter finden kann. Diese Einzigartigkeit bleibt eine unmittelbar biologische Tatsache. Von solchen Einzelheiten gehen aber sehr mannigfache, komplizierte Wechselwirkungen aus, die zu bereits gesellschaftlichen Erscheinungsformen der unmittelbaren Einzigartigkeit führen können. Man denke an die Handschrift des einzelnen Menschen. So problematisch, ja sinnlos die Graphologie wird, wenn sie »tiefenpsychologische« Fragen der menschlichen Persönlichkeit zu lösen versucht, so klar erscheint in der bereits gesellschaftlichen, aber zugleich an eine physische Tätigkeit gebundenen Handschrift eine ähnliche unmittelbare Einzigartigkeit eines jeden einzelnen Menschen, wie dies, völlig biologisch determiniert, bei den Fingerabdrücken sichtbar wurde. Diese Linie ließe sich bis zu den höchsten Äußerungen der menschlichen Tätigkeit weiterführen. Niemand kann die biologische Basis solcher Künste wie Malerei oder Musik bestreiten; Visualität und Audivität sind unzweifelhaft Instrumente des biologischen Seins, der biologischen Reproduktion des Menschen als organischen Lebewesens. Es ist aber ebenso unbestreitbar, daß die denkbar weiteste Verlängerung ihrer natürlichen Entwicklungslinie niemals zu einem malerischen Sehen, zu einem musikalischen Hören führen konnte, um die schöpferischen Fragen gar nicht zu erwähnen. Der Sprung, der hier etwa rein biologisches und ins Gesellschaftliche verwandeltes Sehen voneinander — trotz gemeinsamer biologischen Basis — trennt, muß natürlich auf eine sehr viel frühere Stufe verlegt werden als die Entstehung der visuellen Künste. Wenn Engels sagt: »Der Adler sieht viel weiter als der Mensch, aber des Menschen Auge sieht viel mehr an den Dingen als das des Adlers«' ° , so bezieht sich diese Feststellung auch auf die Anfangszustände der Menschheit. Noch eingehender behandelt der junge Marx die Frage von Musik und Musikalität in den »Ökonomisch-philosophischen Manuskripten« und kommt dabei zur höchstwichtigen Schlußfolgerung: »Die Bildung der fünf Sinne ist eine Arbeit der ganzen bisherigen Weltgeschichte.«" Die aus alledem ableitbare Feststellung, daß die Vergesellschaftlichung der Sinne ihr Geradesosein bei jedem einzelnen Menschen nicht aufhebt, sondern im Gegenteil feiner und tiefer macht, bedarf wohl keiner 115 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 dell‘essere-per-sé della singolarità umana: uno sviluppo continuativo, pur se ricco di ineguaglianze e contraddizioni, il cui risultato per un verso prosegue e perfeziona l‘inizio e per l‘altro al contempo può trovarsi in netta contrapposizione con esso. Di nuovo una connessione reale che presenta la struttura dell‘identità di identità e non-identità. Dopo quanto abbiamo detto non è difficile circoscrivere il contenuto della determinazione formale ora indicata. Abbiamo già mostrato come la non-identità di cui si tratta qui non abbia nulla a che fare con una opposizione fra materiale e ideale comunque intesa, essa ha invece come sua base ontologica la crescita ininterrotta delle componenti sociali nel complesso uomo; e per l‘appunto questo fattore determinante dei momenti di identità, nella continuità dello sviluppo, è il veicolo della non-identità all‘interno dell‘identità. Per vedere con chiarezza come stanno le cose, basta ritornare con la mente al nostro discorso precedente nel quale abbiamo indicato come la genericità dell‘uomo sia connessa alla sua esistenza di membro di una società, come per questa via — di nuovo, in modo assai ineguale e contraddittorio — si abbia un superamento storico-sociale del genere muto, come nel corso dì questo lungo e finora per nulla concluso sviluppo il genere umano cominci a presentarsi nella sua forma autentica e adeguata. Finora abbiamo scritto più di una pagina critica per respingere talune false interpretazioni circa l‘essere-per-sé della singolarità dell‘uomo, ma quanto abbiamo detto assume figura concreta solo quando lo si connetta alla genericità intesa in questo modo. In primo luogo, essa è un processo spontaneoelementare socialmente determinato. Infatti l‘intenzionalità originaria della posizione teleologica del lavoro è immediatamente diretta al semplice appagamento del bisogno. Soltanto nel contesto sociale oggettivo il processo e prodotto del lavoro subiscono una generalizzazione che oltrepassa il singolo individuo e che purtutta- via è legata alla prassi e, mediante questa, all‘essere dell‘uomo: appunto la genericità. Giacché solo in comunità umane tenute insieme dal lavoro in comune, dalla divisione del lavoro e dalle sue conseguenze, il mutismo naturale del genere comincia a venir meno: il singolo anche mediante la coscienza della sua prassi diviene membro (non più mero esemplare) del genere, che però agli inizi viene posto immediatamente con la comunità ogni volta data e come del tutto identico ad essa. L‘elemento nuovo, decisivo, è che l‘appartenenza al genere, sebbene di regola venga in essere per via naturale, — mediante la nascita, — tuttavia viene formata e resa consapevole näheren Begründung mehr. Wir haben eingangs ausgesprochen, daß das Geradesosein des Menschen seine ganze Entwicklung durchzieht, jetzt sehen wir, daß sowohl am biologischen Anfang, wie am vergesellschafteten Ende ein Geradesosein des Menschen steht, daß wie beim Menschengeschlecht phylogenetisch, so auch beim einzelnen Menschen ontogenetisch ein Weg von dem unmittelbar gegebenen Geradesosein zum Geradesosein des Fürsichseins der menschlichen Einzelheit führt: eine kontinuierliche Entwick lung, freilich voller Ungleichmäßigkeiten und Widersprüche, deren Ergebnis sowohl den Anfang fortsetzt und ausbildet, wie zugleich im schroffen Gegensatz zu ihm stehen kann, wieder ein Wirklichkeitszusammenhang mit der Struktur von Identität der Identität und Nichtidentität. Nach dem bisher Ausgeführten ist es nicht mehr allzu schwer, den Inhalt der eben gegebenen formellen Bestimmung zu umschreiben. Wir haben bereits gezeigt, daß die hier entstehende Nichtidentität nichts mit einem Gegensatz des Materiellen und des Ideellen zu tun hat, in welcher Form immer dieser auch gefaßt sei, er hat vielmehr das ununterbrochen zunehmende Wachstum der gesellschaftlichen Komponenten im Komplex Mensch zur ontologischen Grundlage; und gerade dieser bestimmende Faktor der Identitätsmomente in der Kontinuität der Entwicklung ist zugleich das Vehikel, das die Nichtidentität innerhalb der Identität ins Leben ruft. Um diese Lage klar zu sehen, genügt, wenn wir uns an frühere Darlegungen besinnen, in denen gezeigt wurde, wie die Gattungsmäßigkeit des Menschen mit seinem Dasein als Mitglied einer Gesellschaft zusammenhängt, wie auf diesem Wege — wieder in einer sehr ungleichmäßigen und widersprüchlichen Weise — die Stummheit der Gattung gesellschaftlich-geschichtlich überwunden wird, wie im Laufe einer langen und bis jetzt bei weitem noch nicht vollendeten Entwicklung die Menschengattung in ihrer eigentlichen und angemessenen Form zu entstehen beginnt. Das bis jetzt mehr von einer kritischen Seite der Ablehnung falscher Vorstellungen über das Fürsichsein der Einzelheit im Menschen Ausgeführte kann eine konkrete Gestalt nur im Zusammenhang mit einer so verstandenen Gattungsmäßigkeit gewinnen. Diese ist erstens ein spontanelementarer, gesellschaftlich bestimmter Prozeß. Denn die ursprüngliche Intention der teleologischen Setzung in der Arbeit ist unmittelbar auf bloße Bedürfnisbefriedigung gerichtet. Erst im objektiv gesellschaftlichen Kontext erhalten Arbeitsprozeß und Arbeitsprodukt eine über den einzelnen 116 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 attraverso una prassi consapevolmente sociale, già attraverso l‘educazione (nel suo senso più lato), che inoltre tale appartenza produce, con la lingua comune, un proprio organo creato socialmente, ecc. Già l‘adozione di stranieri nella comunità fa si che la genesi dell‘appartenenza perda un poco del suo carattere naturale. Non c‘è bisogno di spendere molte parole per dimostrare che più una società è sviluppata, tanto meno l‘appartenenza ad essa poggia su basi puramente naturali, anche se non va dimenticato che vi sono costumi radicati in società relativamente stabili, in trasformazione lenta, i quali, nonostante la loro origine e il loro carattere in definitiva sociali, nella loro immediatezza sembrano conservare forme di manifestazione naturali. Cosi per esempio il prestigio degli anziani in alcune società primitive, che oggettivamente ha origine sociale (raccolta in sostanza empiristica delle esperienze, che vengono fissate e trasmesse per il tramite della tradizione), ma nella coscienza immediata assume una forma derivata dalla « natura ». Al contrario, in uno stadio più evoluto l‘autorità di un giovane e dotato specialista è, già nell‘immediatezza, più sociale. Questa differenza non deve però mettere in ombra che — all‘interno della socialità si verifica una evoluzione. In secondo luogo, lo sviluppo della socialità nella cooperazione degli uomini fa si che gli impulsi e controimpulsi relativi a determinati tipi di prassi, a posizioni teleologiche, con le alternative che ne sono alla base, sempre di più vengano a centrarsi sulla coscienza dell‘io degli individui che devono agire. Si può affermare: quanto più sviluppata, sociale, è una società, quanto maggiore nella sua pratica l‘arretramento della barriera naturale, tanto più esplicito, molteplice, deciso questo centrarsi della decisione sull‘io che ogni volta deve compiere l‘atto. Questo sviluppo è oggi universalmente ammesso nel suo cammino e nel suo punto di arrivo. Solo che di solito viene trascurato come tale centrarsi delle decisioni sull‘individuo singolo abbia le proprie radici e i propri motori reali, non nello sviluppo immanente di quest‘ultimo, ma invece nella crescente socializzazione della società. Quanto più numerose le decisioni che l‘individuo deve prendere, quanto più svariate esse sono, quanto più si trovano lontane dal loro fine diretto, quanto più il legame con questo è fornito da nessi complicati di mediazioni, tanto più l‘individuo deve formare in sé una sorta di sistema di disponibilità a queste svariate e spesso fra loro eterogenee possibilità di reazione, se vuole conservarsi in tale complesso di obblighi sempre più numerosi e vari. Il campo di questo sviluppo è dunque determinato socialmente, anche se al suo interno i diversi individui che si Menschen hinausgehende und doch an die Praxis und durch sie an das Sein des Menschen gebundene Verallgemeinerung: eben die Gattungsmäßigkeit. Denn erst in menschlichen Gemeinschaften, die von gemeinsamer Arbeit, von der Arbeitsteilung und ihren Folgen zusammengehalten werden, beginnt die naturhafte Stummheit der Gattung zurückzutreten: Der Einzelne wird auch durch das Bewußtsein seiner Praxis Mitglied (nicht mehr bloßes Exemplar) der Gattung, die freilich anfangs mit der jeweils vorhandenen Gemeinschaft unmittelbar und als völlig identisch gesetzt wird. Das entscheidend Neue dabei ist, daß die Zugehörigkeit zur Gattung, wenn sie auch der Regel nach naturhaft — durch Geburt — entsteht, doch durch bewußt gesellschaftliche Praxis, schon durch Erziehung (im weitesten Sinne genommen) ausgebildet und bewußt gemacht wird, daß diese Zugehörigkeit in der gemeinsamen Sprache ein eigenes gesellschaftlich geschaffenes Organ ausbildet etc. Schon mit der Adoption Fremder in die Gemeinschaft verliert auch das Faktum der Entstehung der Zugehörigkeit etwas von seinem naturhaften Charakter. Es bedarf keiner ausführlichen Erörterung, um einzusehen, daß je entwickelter eine Gesellschaft wird, desto weniger beruht die Zugehörigkeit zu ihr auf bloß naturhaften Grundlagen, wobei man nie vergessen darf, daß in relativ stabilen, sich langsam verändernden Gesellschaften eingewurzelte Sitten, trotz ihres letzthin gesellschaftlichen Ursprungs und Charakters, in ihrer unmittelbaren Geltung naturhafte Erscheinungsformen zu erhalten scheinen. So etwa das Ansehen der Alten in primitiven Gesellschaften, das — bei einer wesentlichen empiristischen Sammlung der Erfahrungen und ihrer traditionsmäßigen Fixierung und Weitergabe — objektiv gesellschaftlichen Ursprungs ist, aber doch in der unmittelbaren Bewußtheit eine aus der »Natur« entstandene Form aufnimmt. Und sicher ist die Autorität eines jungen und begabten Spezialisten auf entwickelterer Stufe schon unmittelbar reiner gesellschaftlich. Dieser Unterschied darf aber die — innerhalb der Gesellschaftlichkeit — stattfindende Evolution nicht verdunkeln. Zweitens bringt die Entwicklung der Gesellschaftlichkeit hinsichtlich des Zusammenwirkens der Menschen immer stärker eine Zentrierung der gesellschaftlichen Impulse und Gegenimpulse zu bestimmten Arten der Praxis, zu teleologischen Setzungen mit den ihnen zugrunde liegenden Alternativen auf das Ichbewußtsein der Einzelmenschen, die zu handeln haben, hervor. Man kann sagen: Je entwikkelter, je gesellschaftlicher eine 117 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 trovano in situazioni « analoghe » possono prendere decisioni alternative assai diverse. Poiché tuttavia le conseguenze di queste non dipendono da loro, diventa sempre più intensa per essi la necessità di accordare i diversi tipi di comportamento l‘uno con l‘altro, con i propri bisogni, con le conseguenze sociali prevedibili, ecc. E ciò vale sia per gli atti quotidiani che tornano continuamente, sia per quelli a mediazione più complessa. Dice Marx: a proposito di un caso estremo di questi tipi di comportamento: « L‘uomo è nel senso più letterale uno £<3ov J t o k t r i x ò v , non soltanto un animale sociale, ma un animale che solamente nella società può isolarsi » 12 Vol II, pg 259-263 §§ 143-145 Gesellschaft ist, je stärker in ihr das Zurückweichen der Naturschranke praktisch zum Durchbruch kommt, desto ausgeprägter, vielseitiger und entschiedener äußert sich diese Zentrierung der Entscheidung auf das Ich, das die jeweilige Tat zu vollziehen hat. Diese Entwicklung ist in ihrem Gang, in ihrem Vollzug heute allgemein anerkannt. Man pflegt dabei bloß zu übersehen, daß diese Zentrierung der Entscheidungen auf die Einzelperson nicht in deren immanenter Entwicklung ihre realen Wurzeln und Triebkräfte hat, sondern im Immergesellschaftlicherwerden der Gesellschaft. Je mehr Entscheidungen der Einzelmensch zu treffen hat, je vielseitiger diese sind, je weiter sie von ihrem unmittelbaren Ziel entfernt sind, je mehr die Verbindung mit diesen auf komplizierten Zusammenhängen von Vermittlungen beruht, desto mehr muß der Einzelmensch in sich eine Art System der Bereitschaft für diese mannigfachen und unter sich oft heterogenen Reaktionsmöglichkeiten ausbilden, wenn er sich in diesem Komplex von immer zahlreicheren und vielfältigeren Verpflichtungen erhalten will. Der Spielraum für diese Entwicklung ist also gesellschaftlich bestimmt, wobei freilich, innerhalb dieses Spielraums, die verschiedenen Einzelmenschen in »ähnlichen« Situationen sehr verschiedene Alternativentscheidungen treffen können. Da aber deren Folgen nicht mehr von ihnen selbst abhängen, entsteht immer intensiver die Notwendigkeit für sie, ihre verschiedenen Verhaltensarten aufeinander, auf die eigenen Bedürfnisse, auf ihre voraussehbaren gesellschaftlichen Folgen etc. abzustimmen. Das gilt ebenso für die immer wiederkehrenden Alltagsaktionen wie für kompliziert vermittelte. Marx sagt über einen extremen Fall so entstehender Verhaltensweisen: »Der Mensch ist im wörtlichsten Sinn ein zoon politikon, nicht nur ein geselliges Tier, sondern ein Tier, das nur in der Gesellschaft sich vereinzeln kann.«12 243-247 Band II 3.2.2. Antecipações Desse modo: "a sociedade como um todo e a personalidade humana são certamente coligadas de modo indissolúvel (untrennbar miteinander verbunden), constituindo os dois pólos de um único complexo dinâmico, mas são qualitativamente diversas entre si quanto às respectivas condições ontológicas imediatas de desenvolvimento." (Lukács, 1981:584; Lukács, 1986:524) Lukács continua assinalando que "Exatamente nessa diversidade vem à luz o coligamento (Verbundenheit)" (Lukács, 1981:584; Lukács, 1986:524) entre a 118 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "generalidade humana para-si [que] se exprime na vida cotidiana antes de tudo e no mais das vezes, como descontentamento individual para com a generalidade humana em-si a cada vez operante, em certos casos mesmo como direta rebelião contra ela."(Lukács, 1981:584) E continua: "No imediato, portanto, esse movimento de oposição parte do singular que defende a própria individualidade, mas a sua intenção, prescindindo da consistência que ele tenha desse fato, é sempre dirigida -- em última análise -às formas naquele momento {ver se não é plural}atingidas de generalidade humana para-si."(Lukács, 1981:584) E como: 1) "trata-se sempre de tentativas que um pólo da totalidade social realiza para responder às manifestações concretas do outro pólo"; 2) e no pólo da totalidade social "encontram-se contidas dynamis pelas quais as intenções individuais miram do ponto de vista da personalidade", 3) "porque as duas possibilidades" de elevar-se ao para-si ou permanecer no em-si "pertencem a um único e mesmo processo social complexivo, não é jamais excluída completamente uma clareza precoce acerca do escopo ou do caminho das posições singulares."(Lukács, 1981:584) É aqui que se fundam historicaemnte aquelas "antecipações/intuições", "sob a forma da grande arte e grande filosofia, mas também de vidas exemplares", que se fixam na "continuidade do desenvolvimento genérico, na continuidade da memória do gênero humano, como momento da gênese do ser-para-si." (Lukács, 1981: 584-5) Nesses momentos, as "tentativas de antecipar a generalidade humana para-si, objetivadas no plano da consciência, pelas quais os sujeitos, para poderem realizar tais posições, devem e podem elevar-se além da própria particularidade."(Lukács, 1981:585) Tais atos, que antecipam em alguns atos singulares o para-si posto como dyamis pelo desenvolvimento das forças produtivas, pelo desenvolvimento históricoobjetivo, podem ser ricos em conseqüências futuras. O "eco" de tais "grandes objetivações" – "até mesmo da [sua] simples possibilidade" – na história futura "indica claramente que em tais objetivações se explicitam decisões alternativas nas quais encontram expressão generalizada o caminho que leva à personalidade não-mais-particular, os seus conteúdos e objetivos, as suas premissas e conseqüências sociais: quanto ao seu conteúdo social, elas dão voz precisamente àquelas demandas que movem profundamente uma parte notável dos indivíduos na sua existência cotidiana." (Lukács, 1981:585) Tais "grandes objetivações", por sua vez, se fossem apenas atos geniais de pessoas geniais – se suas gêneses estivessem na genialidade de indivíduos e não no desenvolvimento humano-genérico – não "poderiam objetivar-se como modelo" (pensemos no caso de Sócrates ou em Romeu e Julieta, para ficarmos apenas em situações antípodas da relação indivíduo-gênero) nem poderiam tais atos cumprir um papel social relevante, por exemplo, em situações revolucionárias. (Lukács, 1981:585) Por não serem fundadas na genialidade de indivíduos, é que tais "grandes objetivações" são sempre precedidas 119 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "por um período relativamente longo, por uma massa relativamente grande, de decisões alternativas singulares tomadas por indivíduos na suas vidas cotidianas. Por mais intricada e privada de direção parece muitas vezes essa vida cotidiana, é apenas nela que as incarnações factuais e ideológicas (die faktischen and ideologischen Verkorperungen zur Gesellschaftlichkeit allmahlich heranreifen) podem gradualmente amadurecer até a sociabilidade. De fato, na enorme maioria dos casos é possível traçar com precisão como os limites cognoscitivos da ontologia da vida cotidiana de uma época são encontráveis mesmo nas suas máximas objetivações."(Lukács, 1981:585; Lukács, 1986:525) O que significa, em outras palavras, que "a personalidade não-mais-particular somente por essa via pôde surgir e ser capaz de agir, [fato esse que] coloca toda tomada de posição individual deste tipo em uma relação de possibilidade – mesmo que com freqüência praticamente mínima – com a história do gênero humano. Exatamente porque a personalidade não-mais-particular (die nicht partikulare Personlichkei) nasce apenas enquanto nela o autodesenvolvimento e a clareza sobre si tem em vista em última análise o desenvolvimento e a clareza do gênero humano para-si, esta ligação (Verbundenheit) da personalidade não-mais-particular com a generidade para-si constitui a superação real do gênero 'mudo' (die wirkliche Überwindung der 'Stummheit' der Gattung realisieren)."(Lukács, 1981:586; Lukács, 1986:526-7)44 {próximos parágrafos muito obscuros} Claro que essas observações de Lukács não cancelam, apenas tornam mais ricas, sua observação que virá logo a seguir, tratando da desigualdade no desenvolvimento histórico, segundo a qual, no estudo da alienação, vemos "que ambos os extremos do desenvolvimento desigual – isto é, de um lado as realizações limitadas, quer dizer, aquelas realizações cujo fundamento objetivo é constituído por um nível baixo ou atrasado do desenvolvimento da sociedade, de outra parte o induvidável progresso objetivo que ao mesmo tempo conduz necessariamente à deformação da vida humana – são presentes na história social da alienação."(Lukács, 1981:567) Nesse sentido, mesmo as "antecipações" mais geniais a que Lukács se refere, apenas podem ser antecipações possibilitadas pelo desenvolvimento humano já alcançado, o que significa que são realizações que apenas podem alargar o campo de realizações do para-si porque são portadoras das determinações históricas (e, portanto, das alienações de tais determinações, quando for o caso) que conformam o campo de possibilidades para as "antecipações". Um "nível baixo ou atrasado do desenvolvimento da sociedade" determina, deste modo, o caráter mais ou menos amplo, mais ou menos incompleto, das "antecipações" – quaisquer que sejam elas; daqui que, por exemplo, a superação das alienações oriundas da propriedade privada apenas pode se tornar uma possibilidade histórica (e, deste modo, apenas pode comparecer nas "antecipações") a partir da passagem do período da carência para o da abundância, por ocasião da Revolução Industrial. Atenção: aproveitar {atenção, parece importante:} "a generalidade humana em-si cria sempre um campo de possibilidades para a generalidade humana para-si, na sua relação {com o que?} há também nexos desse gênero."(Lukács, 1981:589-90) Talvez, aqui, uma tradução mais precisa seria "poderia realizar o efetivo ( wirkliche Überwindung) controle (wirkliche Überwindung) sobre o 'mutismo' do gênero". 44 120 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 * In terzo luogo, come la nostra analisi ha mostrato, ogni singola decisione pratica contiene in sé al medesimo tempo elementi e tendenze della mera particolarità, della semplice singolarità essente solo in-sé, e quelli della genericità. L‘uomo per esempio lavora per soddisfare in tutta immediatezza suoi bisogni totalmente particolari (fame, ecc.), eppure il suo lavoro, come abbiamo visto, possiede tanto nella esecuzione quanto nel risultato elementi e tendenze della genericità. La separazione fra le due cose è oggettivamente sempre presente, a prescindere da come in concreto si rispecchi nella coscienza del singolo, giacché in ambedue i casi le decisioni vengono suscitate dall‘ambiente sociale e simultaneamente relazionate all‘io che prende la decisione. La loro separazione e magari antitesi può arrivare alla coscienza per il fatto che esse entrano fra loro in conflitto e l‘individuo è costretto a scegliere. Tali conflitti vengono prodotti continuamente dallo sviluppo sociale, in forme sempre nuove e a partire da sempre nuovi contenuti. Il movimento prima descritto, che dalla singolatità essente solo in-sé dell‘uomo conduce al suo essere-persé, è legato a questo sviluppo. E un fatto storico che la genericità dell‘uomo acquista una figura plastica molto prima del dispiegarsi della sua individualità, ma non se ne devono trarre conclusioni affrettate e semplicistiche circa il rapporto fra genere e individuo. Potremo discutere in maniera davvero adeguata i complessi problematici che si presentano qui soltanto nell‘Etica, non fosse altro perché è inevitabile che vi emergano di continuo questioni di valore, e giacché ora ci limitiamo a riscontrare i nessi ontologici all‘interno dell‘essere sociale, la dialettica concreta dei valori resta fuori dai temi di cui possiamo trattare in questa sede. Dal punto di vista ontologico osserviamo soltanto che i due movimenti, quello dall‘essere-in-sé dalla singolarità alla individualità essente- per-sé e quello dalla particolarità alla genericità dell‘uomo, sono profondamente intrecciati l‘uno con l‘altro, pur essendo processi ineguali e contraddittori, di cui si falsificherebbe del tutto l‘essenza se ai momenti in definitiva soverchianti, all‘essere-per-sé e alla genericità, venisse attribuita meccanicisticamente una superiorità (o inferiorità) generale, oppure se ci si immaginasse di poterli intendere come potenze dello sviluppo assolutamente autonome; a maggior ragione quando, isolato in termini astratti il loro carattere di valore, gli si attribuisca un essere (o una Drittens enthält, wie unsere Analyse gezeigt hat, jede einzelne praktische Entscheidung an sich zugleich Elemente und Tendenzen der bloßen Partikulari- tät, der einfachen, bloß an sich seienden Einzelheit und die der Gattungsmäßigkeit. Der Mensch arbeitet z. B., um ganz unmittelbar seine ganz partikularen Bedürfnisse (Hunger etc.) zu befriedigen, seine Arbeit hat jedoch, wie wir gesehen haben, sowohl in ihrem Vollzug, wie in ihrem Ergebnis Elemente und Tendenzen der Gattungsmäßigkeit. Die Trennung zwischen beiden ist objektiv immer vorhanden, einerlei wie sie sich gegebenenfalls im Einzelbewußtsein spiegelt, denn in beiden Fällen werden die Entscheidungen von der gesellschaftlichen Umwelt ausgelöst und simultan auf das die Entscheidung stellende Ich bezogen. Ihre Trennung, ja ihre Entgegengesetztheit kann nur dadurch ins Bewußtsein treten, daß sie in Konflikt miteinander geraten und der Einzelmensch zwischen ihnen zur Wahl gezwungen wird. Solche Konflikte wirft die gesellschaftliche Entwicklung ununterbrochen, freilich in immer neuen Formen, von immer neuen Inhalten ausgehend auf. Die früher geschilderte Bewegung von der bloß an sich seienden Einzelheit des Menschen zu seinem Fürsichsein ist untrennbar mit dieser Entwicklung verbunden. Aus der historischen Tatsache, daß die Gattungsmäßigkeit des Menschen viel früher eine plastische Gestalt erhält als die Entfaltung seiner Individualität, dürfen keine voreiligen und vereinfachenden Folgerungen in bezug auf das Verhältnis von Gattung und Individuum gezogen werden. Eine wirklich angemessene Behandlung der hier aktuell werdenden Problemkomplexe wird erst in der Ethik möglich werden, schon darum, weil dabei unvermeidlich ununterbrochen Wertprobleme auftauchen, weshalb hier, wo wir uns auf die Feststellung der ontologischen Zusammenhänge innerhalb des gesellschaftlichen Seins beschränken müssen, die konkrete Dialektik der Werte außerhalb der von uns hier behandelbaren Themen liegt. Ontologisch muß nur darauf hingewiesen werden, daß die beiden Bewegungen, nämlich die vom Ansichsein der Einzelheit zur für sich seienden Individualität, wie die von der Partikularität 121 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 validità) indipendente dallo sviluppo storico-sociale, feticizzando in tal modo la sfera del valore e della sua realizzazione in una sfera autonoma. (Vol II, 276-7) Vol. II pg. 277 § 146: zur Gattungs mäßigkeit des Menschen, tief ineinander verschlungene, wenn auch ungleichmäßige und widerspruchsvolle Prozesse sind, deren Wesen man rettungslos verfälscht, wenn man den letzthin übergreifenden Momenten, dem Fürsichsein und der Gattungsmäßigkeit eine mechanisch-allgemeine Superiorität (oder Inferiorität) zuspricht oder sich einbildet, sie als völlig selbständige Potenzen der Entwicklung begreifen zu können; erst recht, wenn man die in ihnen wirksame Werthaftigkeit abstrahierend isoliert und ihr damit ein von der gesellschaftlichgeschichtlichen Entwicklung unabhängiges Sein (oder Gelten) zuschreibt und damit die Sphäre von Wert und Wertverwirklichung zu einer selbständigen Sphäre fetischisiert. (BdII, 247-8) Nessuna storia dei conflitti dell‘umanità sarebbe possibile senza la comparsa continua di conflitti tra essere-per-sé e genericità dell‘uomo, conflitti che nel momento della loro attualità storica spesso sono per principio irrisolvibili. E però significherebbe non vedere l‘aspetto più essenziale del problema non 1 riconoscere in tutti questi conflitti, pur irrisolvibili nella loro attualità storica, una profonda, ultima, convergenza storica fra essere-per-sé e genericità dell‘uomo, che poi ne esprime l‘essenziale connessione. Tale connessione, tuttavia, diviene comprensibile solo quando nessuno dei due aspetti venga assunto come entità sovrastorica, ma tutt‘e due siano visti — proprio nella loro sostanzialità più autentica — come prodotti e coproduttori della storia. Ai primissimi inizi della società cessa bensì subito il mutismo del genere umano. Questo però articola la propria voce solo con molta gradualità, con molte diseguaglianze e contraddizioni, giacché per l‘appunto, come abbiamo visto in precedenza, può dispiegare oggettivamente e soggettivamente le proprie vere determinazioni solo man mano che la società va integrandosi in forme di unità sempre più ampie e sviluppate (più sociali). Nel corso di questo cammino spesso sono simultaneamente presenti nelle società gradi diversi di genericità; quello dominante rappresenta nel suo essere lo stadio cui appunto si è arrivati, ma insieme sono presenti in esso tracce di quelli sorpassati, su cui è variamente orientata la prassi di molti individui, e non sono pochi casi nei quali si hanno forme future che indicano addirittura come prospettiva la realizzazione totale della genericità. (Si pensi alla filosofia della tarda antichità.) E chiaro che in Keine Geschichte der Menschheit wäre möglich, ohne immer wieder auftauchende und zur Zeit ihrer historischen Aktualität oft prinzipiell unlösbare Konflikte zwischen Fürsichsein und Gattungsmäßigkeit des Menschen. Man würde jedoch am Wesentlichsten der Problemlage vorbeigehen, wenn man in allen diesen Konflikten, auch wenn sie in ihrer historischen Aktualität unlösbar sind, nicht die tiefe, letzthinnige historische Konvergenz zwischen ihnen erkennen würde. Diese Konvergenz bringt einen wesentlichen Zusammenhang zwischen Fürsichsein und Gattungsmäßigkeit des Menschen zum Ausdruck. Dieser Zusammenhang wird aber nur dann erfaßbar, wenn man in keinen von beiden eine übergeschichtliche Entität erblickt, vielmehr beide — gerade in ihrer echtesten Substantialität — als Produkte und Mitproduzenten der Geschichte begreift. Die Stummheit der Menschengattung wird zwar gleich in den Uranfängen der Gesellschaft gekündigt. Sie artikuliert sich jedoch nur sehr allmählich, ungleichmäßig und widerspruchsvoll, denn es handelt sich ja, wie früher gezeigt wurde, darum, daß sie erst im Laufe der Integration der Gesellschaft zu immer größeren, entwickelteren (gesellschaftlicheren) Einheitsformen objektiv wie subjektiv ihre wahren Bestimmungen entfalten kann. Im Laufe dieses Weges sind oft verschiedene Stufen der Gattungsmäßigkeit in den Gesellschaften 122 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 tali casi anche queste possibilità diventano parti del campo entro cui operano le decisioni alternative degli uomini. Vol II, pg. 277-8, § 147 simultan vorhanden: die herrschende repräsentiert in ihrem Sein die gerade erreichte Stufe, zugleich aber sind in ihr Spuren der überwundenen vorhanden, auf welche sich die Praxis vieler Menschen in mannigfacher Weise orientiert, und es gibt nicht wenige Fälle, in denen zukünftige Formen sogar die totale Verwirklichung der Gattungsmäßigkeit als Perspektive zeigen. (Man denke an die spätantike Philosophie.) Es ist klar, daß in solchen Fällen auch diese Möglichkeiten Teile des Spielraums von Alternativentscheidungen der Menschen werden. (Bd II, 248) 123 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Capítulo IV – Ser-para-si e vida plena de sentido 4.1. Resistência à alienação Enquanto o gênero humano, antes de Marx, ainda não era capaz de entender que o ser social é idêntico ao complexo processo de elevação da humanidade a patamares sempre superiores de socialidade, essa relativa autonomia do sujeito (e da posição teleológica) na escolha de alternativas dadas pela vida cotidiana resultou em concepções de mundo que tendiam a exagerar, por vezes até à independência, a autonomia da subjetividade para com as determinações do mundo objetivo. É nesse contexto que as filosofias tendêm a assumir como "transcendente" o "caráter de ser do valor". Todavia, em sentido rigorosamente oposto, na "imediaticiade da vida cotidiana há uma tendência a fundir completamente, no plano ontológico, o ser (tanto a objetividade quanto as objetivações) e o valor, e é freqüente esta intencionalidade espontânea encontrar um suporte intelectual na concepção transcendente do valor conduzida pela religião e pelas filosofias idealistas. {o que Lukács quer dizer com a frase acima?}Dado o predomínio da imediaticidade, com essa mistura de ser e valor na vida cotidiana se forma uma base de vida em aparência indestrutível, na qual os dois componentes se reforçam mutuamente e são também apoiados por sentimentos, etc. (...)". (Lukács, 1981:430) Após relembrar como a ciência já foi povoada com mitos como o do mundo sublunar e supralunar, e como tais mitos se relacionam com a vida cotidiana em que se originaram, Lukács retoma Marx ao lembrar que "nenhum pré-juizo {ver alemão} passa dos livros à realidade, mas da realidade aos livros."(Lukács, 1981:430) A autonomização, por vezes a independência, da teleologia para com a causalidade, e do indivíduo para com a história, que estão nas raízes das concepções idealistas que afirmam a transcendência do valor, é um reflexo na subjetividade de uma situação objetiva concreta (isto é, plena de determinações). Qual seja, que as tendências histórico-universais são necessariamente sínteses dos atos teleológicos singulares dos indivíduos concretos (isto é, historicamente determinados) e que, portanto, "a soma" das "reações" dos indivíduos "(....) terminam (...) por constituir em toda sociedade uma parte relevante da totalidade das tendências que nela operam."(Lukács, 1981:636) {essa parte é assumida como a porção "transcendental" da vida!} Por a vida cotidiana ser portadora de uma unitariedade imediata à qual os indivíduos reagem de modo também imediato e quase sempre espontâneo, não signfica que não existam as diferenças entre as determinações essenciais e as fenomênicas na determinação do escopo de possibilidades aos atos singulares. Observa Lukács que, "O mundo dos fenômenos, ao contrário, envolve bem mais diretamente e de modo desigual, a vida pessoal dos indivíduos ou seja, o esvaziamento, a alienação, etc. são muito mais intimamente ligados aos traços individuais dos homens singulares, dependendo inclusive bem mais estreitamente de decisões, atos, etc. individuais (possíveis nesse caso), do que o desenvolvimento geral das faculdades humanas, que no mais das vezes se realiza independentemente dos indivíduos, sem que eles sejam conscientes em sentido social. Mesmo sem entrarmos agora nos detalhes desse processo unitario-antitético, que serão tratados posteriormente, podemos já dizer que a esfera fenomênica oferece ao agir individual uma margem objetiva bem maior que a oferecida pela esfera da essência; a primeira, portanto, excerce uma ação por assim dizer menos intensa, menos coercitiva, que a segunda. 124 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Essa constituição relativamente menos compacta da esfera dos fenômenos abre nela a possibilidade de tomadas de posição, modos de comportamento, que a seu modo – em geral, como é óbvio, através de mediações muito amplas, complexas, intrincadas – podem retroagir sobre o processo histórico-social de conjunto."(Lukács, 1981:89) Portanto, "Essa constituição relativamente menos compacta da esfera dos fenômenos abre nela a possibilidade de tomadas de posição, modos de comportamento, que a seu modo - em geral, como é óbvio, através de mediações muito amplas, complexas, intrincadas - podem retroagir sobre o processo históricosocial de conjunto." (Lukács, 1979:89) Os valores são parte cotidiana da vida humana e da práxis social, os complexos valorativos são sempre mediações imprescindíveis tanto para a colocação dos fins como para a avaliação das objetivações e exteriorizações. 4.1 A resistência à alienação Em uma passagem do capítulo A alienação, Lukács trata da contraposição entre em-si e para-si. É corrente no marxismo contemporâneo tratar o em-si como uma dimensão objetiva e o para-si uma dimensão meramente subjetiva, que diz respeito à consciência, -- em um movimento análogo que reduz a teleologia à uma subjetividade mecanicamente contraposta e subordinada à causalidade, sem qualquer força material na reprodução social, Lukács, recusando a identidade sujeito-objeto, argumenta que a teleologia apenas existe como momento do pôr telológico e, por essa mediação, possui uma articulação objetiva e exerce uma ação também objetiva (força objetiva do desenvolvimento histórico) sobre a causalidade. Nesta passagem, Lukács faz uma afirmação análoga: postula a dimensão objetiva do ser-para-si. A passagem se inicia com Lukács relembrando que "todo movimento e todo reflexo no curso (ou antes) do trabalho são dirigidos" a "uma transformação teleologicamente adequada do objeto do trabalho. A realização desse processo implica que o objeto, antes existente só em termos naturais, sujeita-se a uma objetivação, isto é, alcança a uma usabilidade social."(Lukács, 1981:564) O resultado da objetivação é um ente ontologicamente distindo dos entes naturais. Enquanto a natureza "têm um ser-em-si" que – para retomar a definção de Lukács acerca da causalidade – "basta a si próprio" e, portanto, em relação à esfera da natureza o "seu tornar-se para-nós deve ser adquirido pelo sujeito humano por meio do trabalho cognitivo (...)", o ser social apenas pode vir a ser através de objetivações de teleologias, de atos teleologicamente postos. A causalidade resultante de tais atos, pela sua própria gênese, é portadora da finalidade que foi posta pela objetivação (almejava-se uma machado, objetivou-se um machado, o machado objetivado é portador da teleologia do machado). Apenas enquanto parte do mundo dos homens, ou seja, do complexo de relações sociais que compõe a totalidade da qual é partícipe, este valor de uso objetivado tem existência social. (Fora da sociabilidade, o machado não passa de pedra e madeira, como na natureza, pois não tem qualquer "usabilidade social"). Diferente da causalidade natural, a causalidade social é portadora de finalidades e funções sociais ou, nas palavras mais precisas de Lukács, "a objetivação imprime de modo direto e material o ser-para-si na existência material das objetivações (drückt die Vergegenstãndlichung das Fürsichsein in dem materiellen Dasein der Vergegenstãndlichungen unmittelbar-materiell aus); {ver 125 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 restante da citação no alemão:} isso faz parte da sua constituição material."(Lukács, 1981:564, Lukács, 1986: 506) Ao a objetivação "imprimir" o "ser-para-si na existência material das objetivações", não cancela nem esmaece o fato de que a causalidade, seja ela dada ou posta, é sempre e necessariamente pura causalidade (nexos causais que se movem por si mesmos). "Enquanto a causalidade é um princípio de automovimento que repousa sobre si próprio (ein Prinzip der auf sich selbst gestellten Selbstbewegung ist), que mantém esse seu caráter mesmo quando uma série causal tenha seu ponto de partida em um ato de consciência, a teleologia, ao invés é por sua natureza (ihrem Wesen) uma categoria posta: todo processo teleológico implica uma finalidade e portanto uma consciência que põe um fim." (Lukács, 1981:20; Lukács, 1986:13) Sendo a "causalidade" sempre puramente causal ("mantém esse seu caráter mesmo quando uma série causal tenha seu ponto de partida em um ato de consciência"), não há possibilidade de haver qualquer identidade com a teleologia, uma "categoria posta". "Pôr, em tal contexto (in diesem Zusammenhang), não quer dizer por isso simplesmente um assumir na consciência (Ins-Bewufitsein-Heben), como ocorre no caso de outras categorias, e acima de tudo (vor aliem) com a causalidade; ao invés, aqui a consciência com o ato do pôr dá início a um processo real, exatamente o processo teleológico (einen realen Prozeβ, eben den teleologischen)." (Lukács, 1981:20, Lukács, 1986: 13-4) Diferente do que ocorre com o pensamento religioso, com Aristóteles e com Hegel, "pôr" não quer dizer "assumir na consciência" (ou "elevar à consciência", seria outra tradução possível) as determinações do real. Não se trata, como no caso da intentio recta, de refletir o ser-precisamente-assim existente na consciência, principalmente ("acima de tudo") quando do conhecimento da causalidade. Nesse "contexto", o ato da consciência, ao "pôr" uma teleologia, "dá início a um processo real, exatamente o processo teleológico". Pôr uma teleologia é, sempre, e necessariamente, a sua objetivação. Esta, por sua vez, é a transformação do mundo (seja ele natural ou social). O pôr teleológico inclui necessariamente o momento da objetivação e, portanto, a decisão do indivíduo de objetivar uma dada teleologia "dá início a um processo real, exatamente o processo teleológico" que são os atos humanos singulares. Claro que com a expressão "processo real" Lukács não está sugerindo a hipótese absurda de que a teleologia não seja parte do real, mas sim que o pôr teleológico, ao transformar a causalidade, possui uma inequívoca dimensão objetiva já que implica na produção de algo objetivamente novo pela transformação dos nexos causais já existentes. "O pôr, portanto, tem nesse caso um ineliminável caráter ontológico (einen unaufhebbar ontologischen Charakter)". (Lukács, 1981:20, Lukács, 1986:14) Aqui o tertium datur lukácsiano: recusa peremptoriamente as concepções idealistas para as quais a história é um processo teleológico fundado por uma consciência superior que poria o seu propósito. Por outro lado, recusa também o materialismo vulgar e o materialismo do século 18 que procuravam deduzir as categorias sociais diretamente das categorias naturais, que buscavam na matéria natural os fundamentos ontológicos do ser social. Após Marx, postula que a consciência possui uma força material na reprodução do ser social porque é ela, a consciência, parte movida e movente da nova esfera material (da nova esfera ontológica) que é o mundo dos homens frente à natureza. A consciência apenas pode exibir essa força material na reprodução social porque é ela, a consciência, uma 126 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 dimensão "ontológica", material, do ser social. O fato de a consciência ser subjetividade cuja materialidade a distingue da materialidade natural apenas significa que o mundo dos homens é uma esfera de ser (uma esfera material, portanto) distinta da natureza. Ou, em outras palavras, o que distingue a materialidade social da natural é que a reprodução da primeira apenas é possível através da objetivação de atos teleologicamente postos, o que significa que o mundo dos homens deve ser ontologicamente constituído pela síntese da subjetividade (que põe a teleologia) com a objetividade (a esfera causal sem a qual não há teleologia possível), síntese essa que tem no trabalho sua forma originária (Ürfrom) e seu modelo (Modell) mais universal. Apenas na história dos homens a consciência pode jogar qualquer papel já que – diferente do que ocorre com os animais -- não há ato humano sem a mediação da consciência. Postular que a objetividade da causalidade seja ser, e que a subjetividade seja não-ser, é cair no equívoco, hoje tão comum, de identificar a causalidade à materialidade e a subjetividade à imaterialidade. Algo imaterial, para Marx e Lukács é, sem mais nem menos, algo não-existente, não-ser no sentido ontológico pleno. Para nosso autor, os processos teleológicos são partes da materialidade social do mesmo modo como o são a consciência e a pura causalidade dos processos históricos. Nessa medida, devemos evitar os dois equívocos freqüentes: tomar a história como uma totalidade teleologicamente orientada ou, no pólo oposto, considerar que a subjetividade não faz parte da materialidade do ser social. O pôr teleológico para Lukács é, portanto, muito mais do que o "elevar à consciência" de Hegel: é inserir na causalidade aquelas novas determinações que correspondem às necessidades e possibilidades produzidas pelos homens ao longo da história. É incompatível com a estrutura da Ontologia de Lukács qualquer identidade sujeito-objeto. Nada semelhante pode ser encontrado. Essa frase, por mais imprecisa, desde que analisada no contexto, nos permite compreender ao que Lukács está se referindo: à concepção marxiana de que a materialidade do ser social é uma síntese entre a subjetividade e a objetividade que tem na objetivação seu momento fundante. E que, por isso, não apenas as idéias, a consciência, possuem uma função inelinável na reprodução do mundo dos homens – como ainda o podem fazer justamente porque são partes integrantes da materialidade social. Encerrado o parênteses sobre a causalidade, devemos retornar: ao a objetivação "imprimir" o "ser-para-si na existência material das objetivações", nem está promovendo a hegeliana identidade sujeito-objeto, nem reduz a subjetividade à objetividade ou vice-versa. Lukács postula, com essa afirmação, que o mundo dos homens é uma esfera de ser distinta da natureza – ao fim e ao cabo – por ter no trabalho seu fundamento. O que esta última categoria efetiva é uma síntese entre as "circunstâncias" objetivas que cercam a vida dos humanos e a subjetividade destes mesmos humanos. Desta síntese resultam objetos e relações sociais que apenas podem se reproduzir transformando – incessantemente – a natureza nos meios de produção e de subsistência. Ao fazê-lo, não apenas produz novas necessidades e possibilidades objetivas, como ainda transforma os indivíduos envolvidos ao gerar novos conhecimentos e desenvolver suas sensibilidades, ao gerar novas necessidades e possibilidades no interior da própria esfera subjetiva. Reprodução social e reprodução dos indivíduos – o desenvolvimento das forças produtivas e das personalidades dos indivíduos – são os dois pólos inelimináveis, portanto, da história humana. Ao "imprimir" o "ser-ara-si na existência material das objetivações", ao lado da matéria natural (a causalidade dada), resultante do desenvolvimento do ser natural, encontramos também entes e relações também materiais que surgiram por processos de objetivação e que são portadores, nas suas constituições, nas suas legalidades 127 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 próprias, {explicar:}das finalidades que direta ou indiretamente marcaram as suas gêneses. É essa inserção do "ser-para-si" na "constituição material" dos objetos produzidos pelos homens que possibilita que, pela descoberta de um utensílio préhistórico, possamos deduzir muito acerca dos homens que o produziram. Os produtos resultantes dos atos humanos são portadores, com todas as devidas mediações, das teleologias que estiveram atuantes em suas gêneses, em suas objetivações – algo em tudo distinto do que ocorre com a natureza. Suas qualidades que os tornam úteis em tais ou tais circunstâncias, são, nas suas constituições materiais, as mediações portadoras de tais finalidades – aqui os valores (utilidade) se fazem imediatamente presentes. Além do ser-para-si, através das objetivações, ser impresso na "constituição material" dos produtos humanos, há ainda uma outra esfera de determinações intimamente articulada com o fato que examinamos. Toda objetivação "é (...) ao mesmo tempo um ato de exteriorização do sujeito humano (Jeder derartige Akt ist aber zugleicli ein Akt der Entäusserung des menschlichen Subjekts)."(Lukács, 1981:564; Lukács:1986:506) Portanto, o mesmo processo que imprime o ser-para-si na constituição material do objetivado também e concomitantemente exterioriza a individualidade que participa da objetivação. Exterioriza, porque a principal mediação, aqui, é aquela pela qual a concepção de mundo do sujeito (que se expressa de modo concentrado na "busca dos meios" nas previsões que ele faz acerca de como o mundo deverá se comportar frente à sua ação) entra direta e imediatamente em confronto com a porção do mundo que ele pretende transformar45. Enquanto a objetivação se refere direta e imediatamente ao ser objetivo e, portanto, a legalidade deste impõe a ela um {verificar alemão} escopo bastante determinado, toda a exteriorização – ainda que tenha na objetividade um seu referencial decisivo e fora dessa relação com o mundo sequer possa existir – tem por mediação primeira a subjetividade (a personalidade) do indivíduo diretamente envolvido, o que significa um campo de mediações que abre possibilidades e necessidades tipicamente muito mais amplas, mutáveis e variáveis que aquele da objetivação. Ainda que sejam rigorosamente articulados e, em larga medida, contemporâneos, o processo de objetivação e de exteriorização se diferenciam pelo fato de que, pelo primeiro é transformada o mundo objetivo e, pelo segundo, a substância do indivíduo, a sua personalidade. Tanto na transformação da objetividade quanto da personalidade estamos diante de substâncias portadoras de legaliades específicas e, portanto, de nexos causais determinados historicamente. Ainda assim a substância individual, a personalidade de cada indivíduo, tipicamente possui uma legalidade muito mais flexível e moldável, com um horizonte de possibilidades e necessidades muito mais amplo, que o ser objetivo (seja ele causalidade dada ou posta, aqui não faz grande diferença). Por causa dessa constituição ontológica de fundo pode Lukács afirmar que "Enquanto que a objetivação é imperativa e claramente prescrita pela respectiva divisão do trabalho e portanto desenvolve por força das coisas nos homens as capacidades que ela requer (...) o efeito de retorno da Da exteriorização, que coloca em contato direto suas previsões acerca do mundo e o ser-para-si desse mesmo mundo, surge a possibilidade e a necessidade de o indivíduo incorporar, como reflexo cognitivo, as propriedades objetivas, efetivas do mundo: esse o fundamento ontológico daquele tipo de conhecimento que Lukács vai denominar de intentio recta: a ciência e a filosofia, principalmente, que terão por função social promover a aproximação da consciência ao ser-precisamente-assim existente, num processo de aproximação infindável por si mesmo. 45 128 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 exteriorização (Rückwirkung der Entäusserung) sobre sujeitos do trabalho é por princípio diversificada." (Lukács, 1981:564-5; Lukács, 1986:506) Enquanto o desenvolvimento das forças produtivas gera tendências objetivas que estimulam ou retardam o desenvolvimento da personalidade humana, "do ponto de vista da exteriorização pode haver modos de comportamento completamente diferentes"(Lukács, 1981:565) e o efeito de retorno do objetivado sobre os indivíduos é bastante variado, justamente por terem por ineliminável mediação, em primeiro lugar, as individualidades diretamente envolvidas no processo. "O fato que toda reação pessoal tenha a sua própria base social, pela qual é largamente determinada, e também as suas conseqüências sociais, não impede que existam estas diferenças individuais, ao contrário, dá a elas um acentuado caráter individual (e do mesmo modo histórico, nacional, social, etc.) (...)."(Lukács, 1981:565) O desenvolvimento das forças produtivas e o desenvolvimento dos indivíduos são, ambos, historicamente determinados. Todavia, as mediações que atuam nesses casos são distintos, pois trata-se, no pólo da totalidade social, predominantemente do desenvolvimento das forças produtivas (que têm no trabalho seu núcleo fundamental) e, no pólo dos indivíduos, da exteriorização de personalidades necessariamente singulares cujos atos desdobram as relações específicas, necessariamente singulares (repetimos), de cada indivíduo com o momento histórico em que vive. Tais mediações fazem com que o "efeito de retorno" das objetivações sobre os nexos causais seja em geral menos "diversificado" do que o "efeito de retorno" da exteriorização sobre o desenvolvimento das personalidades dos indivíduos. E, então: "E como nós consideramos, como esclarecemos muitas vezes, o homem singular um pólo real, ontológico, de todo processo social (im Einzelmenschen den einen realen, ontologischen Pol eines jeden gesellschaftlichen Prozesses), como a alienação é um dos fenômenos sociais que mais nitidamente é centrado sobre o indivíduo (da die Entfremdung eine der entschiedensten auf das Individuum zentrierten gesellschaftlichen Erscheinungen ist), é importante recordar novamente que também nesse caso não se trata de uma 'liberdade' individual abstrata, cujo outro pólo, o da totalidade social, contraponha-se como uma 'necessidade' do mesmo modo abstrata, desta vez abstrato-social, mas que ao invés a alternativa não é jamais totalmente eliminável de nenhum processo da sociedade. "(Lukács, 1981:566; Lukács, 1986:507) Sumariando: "a objetivação imprime de modo direto e material o ser-para-si na existência material das objetivações" (Lukács, 1981:564), conferindo ao ser-para-si não apenas uma existência enquanto teleologia, mas também enquanto causalidade posta. Além disso, toda objetivação é necessariamente articulada à uma exteriorização, de tal modo, que além dos nexos causais por ela desencadeados, ela também dá início a importantes efeitos de retorno sobre a subjetividade (ou subjetividades) em questão. Para a análise dos valores e complexos valorativos têm importância o fato de que não há objetivação-exteriorização que não tenha, nas conseqüências históricas que desencadeia, uma parte importante delas sendo mediada pelas individualidades (ou individualidade) com a qual se relaciona. Tal como Marx no Capítulo V do volume I de O Capital postula que, ao transformar a natureza o homem também se transforma, Lukács está assinalando que as conseqüências objetivas, históricas, de cada ato humano não se esgotam apenas e tão somente na dimensão objetiva dos nexos causais que desencadeia. Pelo contrário, há uma parcela importante das conseqüências de cada ato humano que se insere na 129 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 reprodução social pela mediação da subjetividade (ou subjetividades) envolvidas. Por ter por mediação a substância de cada individualidade o campo de possibilidades/necessidades é muito mais amplo do que aquele dado pela causalidade, que exibe uma regularidade e uma homogeneidade muito maiores do que as da esfera da personalidade de cada indivíduo. Este é o fundamento ontológico do fato de que, frente a uma mesma situação histórica, indivíduos agem de modo diverso e, ainda, do fato de que essa diversidade é, também e sempre, históricamente determinada. Essa situação ontológica mais geral, somada ao fato de que o singular é tão real quanto o universal, explica como e porque a reação de cada indivíduo aos complexos alienantes é sempre uma reação singular, -- é sempre um modo singular de incorporar as tendências alienantes predominantes da reprodução social (como é o caso do capital, da família monogâmica, do Estado, etc.). É a esse complexo problemático que Lukács se refere ao afirmar que "a alienação é um dos fenômenos sociais que mais nitidamente é centrado sobre o indivíduo" (Lukács, 1981:568-9), por envolver sempre uma resposta individual de cada pessoa em cada situação histórico-concreta, os processos alienantes que predominam na reprodução social se reproduzem pela mediação das personalidades dos indivíduos diretamente envolvidos. A alienação "pode tornar-se geral apenas quando as forças contrapostas são ativas {citação errada) simultaneamente em todos os atos do processo de trabalho, da reprodução social, quando são permanentemente presentes como momentos indispensáveis destes atos."(Lukács, 1981:563) Por isso, quando se trata de alienações universais e predominantes como é o caso do capital, da família monogâmica, etc., todos os atos singulares dos indivíduos concretos incorporam de algum modo tais alienações, ainda que o façam sempre e necessariamente de modo diverso, diferenciado, que corresponde ao ser individual de cada pessoa. Novamente, como o ser de cada indivíduo é sempre e necessariamente historicamente determinado, temos aqui uma autêntica relação entre o universal e o singular, ambos "pólos" igualmente reais da reprodução social. A começar pelo fato de que complexos alienantes mais desenvolvidos requerem, para suas próprias reproduções, totalidades sociais e também personalidades mais desenvolvidas (ainda que mais desenvolvidas também no sentido alienado). (Lukács, 1981: 569 – parágrafo 13 se precisar). Por isso, logo a seguir ao momento em que se refere à relação entre a alienação e a individualidade, Lukács acrescenta que "é necessário ter sempre presente que, ainda que eles (os momentos de alienação (Entfremdung)) no imediato se manifestem em termos individuais, ainda que a decisão individual faça parte da essência da sua dinâmica interna, o ser-precisamente-assim desta dinâmica é um fato social, embora freqüentemente mediado por múltiplas inter-relações."(Lukács, 1981:566) {verificar se não há repetição:}Assim, quando nas sociedades de classe a submissão é um componente fundamental da vida cotidiana e os indivíduos que nelas vivem incorporam esse elemento como partes de suas personalidades (de senhores ou de escravos, aqui não importa), a reprodução da exploração do homem pelo homem se dá dentro de uma normalidade (lembremos que a violência faz parte de tal normalidade). Mesmo quando insatisfações pessoais se elevam à consciência, não podem alterar a qualidade da relação do indivíduo com a sociedade de tal modo a inserir esse descontentamento na reprodução social. A infelicidade e a insatisfação, a revolta e a angústia, permanecem como dimensões pessoais, a individualidade se encontra solitária, isolada – e apenas desta forma limitada, subreptícia, podem essas 130 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 reações íntimas dos indivíduos adentrarem à reprodução social (pensemos na sabotagem dos operários na linha de montagem, algo tão freqüente que requer que seja economicamente incorporado aos custos da produção). Essa situação passa por uma mudança importante quando se aproxima uma crise revolucionária. A crise se apresenta, imediatamente, na vida cotidiana, na proporção em que os indivíduos se recusam a obedecer aos "podres poderes", ou seja, na medida em que, em suas ações, se fazem presentes "nas decisões dos indivíduos" "motivos (...) que refutam praticamente algumas formas da vida alienada." (Lukács, 1981:568) Com a aproximação da crise revolucionária, o descontentamento e a infelicidade, antes apenas parte da interioridade individual, se expressam em atos coletivos de desafio aberto ao status quo. Adentram à reprodução social, não mais como a revolta solitária e muda de indivíduos, mas como expressões singulares da nova essência social que a crise revolucionária coloca no horizonte. Dessa nova situação histórica surge a possibilidade de uma nova relação do indivíduo com o gênero humano, uma nova qualidade da relação do indivíduo com a sociedade da qual faz parte. Também aqui, contudo, a qualidade da substância de cada indivíduo, a qualidade da personalidade de cada um, terá um papel importante, pois será através dessa mediação que este ou aquele indivíduo assumirá uma postura revolucionária ou, ao contrário, conservadora, frente à crise. "Isso vale para todas as formas de alienação, sejam para aquelas que se apresentam diretamente como econômico-sociais, seja aquela cuja forma de manifestação imediata é ideológica (religião), ainda que esta e formas análogas de alienação sejam em última análise, ainda que com amplas mediações, fundada na sociedade." (Lukács, 1981:568-9) Como a "alienação é um dos fenômenos sociais que mais nitidamente é centrado sobre o indivíduo" (Lukács, 1981:566), a reação de cada individualidade aos complexos alienantes é um elemento importante na reprodução de cada um desses complexos. Ou, também, como cada indivíduo é tão real quanto a sociedade, não há complexo alienante que possa se reproduzir sem estar presente na configuração ontológica das personalidades singulares. Isso não significa, voltamos a repetir, que a alienação seja fundada no indivíduo, mas sim que a reação do indivíduo frente às necessidades e possibilidades postas pela mediação dos complexos alienantes é uma mediação fundamental na reprodução ou superção das alienações. Nas palavras de Lukács: "Não se esqueça que também as decisões que no imediato são puramente pessoais se desenvolvem no interior de relações sociais concretas, são respostas a demandas que delas emergem. Mas não obstante essa indissolúvel articulação do social com o pessoal, o fato de que uma decisão alternativa surja diretamente de motivos pessoais – mesmo que seja intensionada de modo determinado e imediato à sociedade – tem uma importância objetiva também para a sua avaliação social."(Lukács, 1981:569) Acrescente-se a isso o fato de que não há identidade entre alienação e totalidade social: "A contradição dialética entre desenvolvimento da capacidade e desenvolvimento da personalidade, isto é, a alienação, não abarca jamais, não obstante a sua relevância, a completa totalidade do ser social do homem (die volle Totalität des gesellschaftlichen Seins des Menchen), e de outra parte ela não se reduz (...) a uma antítese abstrata entre objetividade e subjetividade, entre homem singular e sociedade, entre individualidade e socialidade. Não há nenhum tipo de subjetividade que nas suas raízes e determinações mais profundas do seu ser não seja social. E o demonstra a análise mais elementar 131 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 do ser do homem, do trabalho e da práxis." (Lukács , 1981: 569; Lukács, 1986: 510) Podemos, com esses elementos, delimitar com mais precisão a posição de Lukács acerca da relação entre as individualidades e as alienções: pelo fato de ter na individualidade um momento decisivo da sua consubstanciação, o fenômeno da alienação (Entfremdung) não é por isso menos social, menos genérico, já que "a personalidade, assim como toda a sua problematicidade, é uma categoria social."(Lukács, 1981:572) Por isso, quando se trata de investigar a superação das alienações – desde as mais diretamente econômicas, como o trabalho abstrato, produção de mercadorias, etc., até as mais imediatamente ideológicas, como a religião ou a sexualidade marcada por milênios de patriarcalismo --, é preciso superar as condições históricas que fundaram tais complexos alienantes e, nessa medida, nenhuma atitude ou ação individual poderá ter pleno sucesso. Sem a superação histórica das condições materiais e ideológicas que fundam o complexo alienante, nenhuma superação poderá ocorrer na reprodução social. Contudo, se isto é correto e assinala o momento predominante exercido pela esfera econômica, com todas as mediações de cada caso, não menos verdadeiro é que a superação em escala social (a única possível) de qualquer alienação apenas pode ocorrer pela alteração da substância das personalidades dos indivíduos envolvidos, de tal modo que a alteração da qualidade predominante na totalidade social tenha uma contrapartida dialética em uma equivalente alteração nas personalidades singulares. Por isso, em se tratando da reprodução ou superação das alienações, joga um peso mais ou menos importante, mas sempre relevante (conforme o complexo alienante de qual se trate) a reação cotidiana dos indivíduos – algo qualitativamente distinto com o que ocorre, por exemplo, com a reprodução da esfera econômica no período da "pré-história"(Marx) da humanidade, quando a causalidade econômica se impõe com força mágica, divina, sobre os homens. 132 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Capítulo V – Ética 5.1. A função social e o funcionamento da ética Como se daria a regulamentação do cotidiano pela ética no comunismo? A partir do trabalh associado, etc... uma nova regulação espontânea, da qual o fenômeno do Direito nos oferece uma protoforma: 1) regulamentação "espontânea", sem a qual nem o Direito seria Direito Il diritto non sarebbe potuto diventare quell‘importante mezzo per dirimere i conflitti nella vita quotidiana degli uomini, se non potesse appellarsi di continuo ai loro convincimenti, che sorgono in modo socialmente spontaneo, circa i medesimi contenuti. Infatti la reale possibilità sociale della regolazione giuridica sorge solo perché tali conflitti vengono evitati da masse di individui, i quali per effetto di precetti spontanei — da quelli degli usi a quelli della morale — rinunciano ad azioni che potrebbero ostacolare la riproduzione sociale. Il furto, la truffa, ecc. possono funzionare con efficacia come categorie giuridiche solo perché in sostanza hanno come referente casi eccezionali — anche se tipici — della prassi. Se ogni volta ciascuno semplicemente rubasse le cose di cui non ha il possesso giuridico, in pratica sarebbe quasi impossibile una regolazione giuridica. Il complicatissimo meccanismo di questi nessi potrà venir analizzato adeguatamente solo nell‘Etica. (Vol. II ** pg. 481-2 § 131) Das Recht könnte unmöglich jenes wichtige Mittel zum Austragen der gesellschaftlichen Konflikte im Alltagsleben der Menschen werden, wenn es nicht ununterbrochen an ihre gesellschaftlich spontan entstehenden Überzeugungen über dieselben Inhalte appellieren könnte. Denn nur dadurch, daß solche Konflikte massenhaft individuell vermieden werden, indem die Einzelmenschen infolge der Wirkung spontaner Gebote — von denen der Gewohnheit bis zur Moral auf Handlungen verzichten, die der jeweiligen gesellschaftlichen Reproduktion in die Quere kommen könnten, entsteht die sozial reale Möglichkeit der rechtlichen Regelung. Diebstahl, Betrug etc. können nur darum wirksam als juristische Kategorien funktionieren, weil sie wesentlich auf — freilich typische — Ausnahmefälle der Praxis bezogen werden. Würde jeder Mensch etwas, zu dessen Besitz er juristisch nicht befugt ist, jedesmal einfach stehlen, so wäre eine rechtliche Regelung praktisch kaum möglich. Der sehr komplizierte Mechanismus dieser Zusammenhänge kann erst in der Ethik angemessen analysiert werden. (Bd II, 431-2) 3) todavia, o Direito é mais do que a regulamentação espontânea. É a) o "reconhecimento oficial do fato" {recuperar}, b) especialistas/ fetichização Tuttavia è proprio questo retroterra fatto di molteplici interazioni che costituisce la sfera giuridica come sfera posta, in sostanza, di contro ai princìpi regolativi spontanei degli usi e della morale, e appunto questa costituzione sociale provoca il bisogno di uno strato di specialisti che amministri, controlli, sviluppi, ecc. tale sfera di posizioni. Per cui il carattere ideologico del diritto acquista una impronta specifica. Siccome interesse elementare vitale di questi specialisti è di far apparire la loro come un‘attività il più possibile importante nell‘ambito del complesso globale, attraverso queste elaborazioni diventano sempre più nette le divergenze ideologiche del diritto dalla realtà economica. Proprio perché, come dice Engels, questa attività « reagisce a sua volta sulla base economica e può, entro certi limiti, modificarla », il punto di vista specificamente ideologi co va di continuo Jedoch gerade dieser Untergrund von vielseitigen Wechselwirkungen konstituiert die Rechtssphäre als eine wesentlich gesetzte, im Gegensatz zu den spontanen Regelungsprinzipien von Gewohnheit und Moral, und eben diese gesellschaf che Beschaffenheit bringt das Bedürfnis nach einer Spezialistenschicht hervor, dl dieses Setzungsgebiet verwaltet, kontrolliert, weiterbildet etc. Damit erhält der Ideologiencharakter des Rechts eine spezifische Ausprägung. Da es ein elementares Lebensinteresse von solchen Spezialistenschichten ist, ihre Tätigkeit im Gesamtkomplex als eine möglichst gewichtige erscheinen zu lassen, treten durch solche Bearbeitungen die ideologischen Abweichungen des Rechts von der ökonomischen Wirklichkeit immer stärker hervor. Gerade weil, wie Engel ausführt, diese Tätigkeit »wieder« auf die 133 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 rafforzandosi. E infatti nei discorsi effettuati nell‘ambito delle ulteriori specializzazioni generantisi in questa sfera (giurisprudenza, filosofia del diritto, ecc.) contenuto e forma del diritto assumono la veste feticistica di forze sovrane dell‘umanità. Anche sui problemi cui ciò dà luogo non possiamo soffermarci in questa sede. Vol. II ** pg. 481-2 § 131 ökonomische Basis zurückwirkt, und sie innerhalb gewisser Grenzen modifizieren kann, erfährt der spezifisch ideologische Gesichtspunkt ununterbrochene Steigerungen. Ja in der Selbstdarstellung der in diesem Bereich entstehenden weiteren Spezialisierungen (Rechtswissenschaft, Rechtsphilosophie etc.) werden Inhalt und Form des Rechts oft rein fetischistisch zu selbstherrlichen Menschheitskräften erstarrt. (Bd II, 431-2) c) ideologização da ideologia C‘è da notare soltanto che le maggiori resistenze a una visione ontologicamente-corretta delle ideologie provengono di solito proprio da tali strati di specialisti. Da un lato si sostiene che il comportamento che determina la posizione teleologica di una ideologia sarebbe una componente insostituibile dell‘essere dell‘uomo in quanto uomo e non un semplice epifenomeno della divisione del lavoro pervenuta a determinati stadi. Dall‘altro lato, ma in stretta correlazione con quanto precede, il collegamento reale fra essenza e fenomeno viene lasciato da parte, come non esistente, in quanto l‘essenza sarebbe costituita da comportamenti ideologici « puramente spirituali », mentre la lotta reale degli uomini reali per la propria vita viene messa in secondo piano come spregevole bassofondo dell‘esistenza. Solo a questo punto le determinazioni di valore del diritto si trasformano in ideologia in senso peggiorativo. Il carattere reale del diritto, quindi, può essere individuato soltanto intendendo questa deformazione glorificante per quel che è: una ideologizzazione dell‘ideologia, che si verifica necessariamente quando la divisione sociale del lavoro ne delega la cura a uno strato di specialisti. (Vol II**, 481-2 Ogni valore autentico, è dunque un momento importante in quel complesso fondamentale dell‘essere sociale che noi chiamiamo prassi. L‘essere dell‘essere sociale si conserva come sostanza nel processo di riproduzione; quest‘ultimo però è un complesso e una sintesi di atti teleologici, i quali di fatto si collegano alla accettazione o Auch auf die so entstehenden Probleme kann hier nicht näher eingegangen werden. Bemerkenswert bleibt nur, daß die stärksten Widerstände gegen eine seinsmäßig richtige Erfassung der Ideologien gerade solche Spezialistenschichten auszulösen pflegen. Einerseits wird der Standpunkt vertreten, als ob jenes Verhalten, daß die teleologische Setzung eine Ideologie bestimmt, ein unablösbarer Bestandteil des Seins des Menschen als Menschen wäre und nicht eine bloße Folgeerscheinung der gesellschaftlichen Arbeitsteilung auf bestimmten Stufen. Andererseits, freilich in engem Zusammenhang damit, wird die reale Verknüpftheit von Wesen und Erscheinung als nicht existent beiseitegeschoben, als Wesen sollen »rein geistige« ideologische Verhaltensweisen gelten, während der wirkliche Kampf der wirklichen Menschen um ihre Existenz als verächtliche Niederung des Daseins in den Hintergrund geschoben wird. Erst so werden die Wertbestimmungen des Rechts zu einer Ideologie im pejorativen Sinn. Der wirkliche Charakter des Rechts kann also nur so herausgestellt werden, daß diese glorifizierende Entstellung als das begriffen wird, was sie ist, als eine Ideologisierung der Ideologie, die notwendig entsteht, wenn die gesellschaftliche Arbeitsteilung eine Spezialistenschicht zu ihrer Pflege delegiert. (Bd II, 431-2) Jeder echte Wert ist nun ein wichtiges Moment in jenem fundamentalen Komplex des gesellschaftlichen Seins, den wir als Praxis bezeichnen. Das Sein des gesellschaftlichen Seins bewahrt sich als Substanz im Reproduktionsprozeß; dieser ist aber Komplex und Synthese von teleologischen Akten, die von dem Bejahen oder Verwerfen eines Werts 134 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 al rifiuto di un valore. Cosicché in ogni porre pratico viene intenzionato — positivamente o negativamente — un valore, il che potrebbe far ritenete che i valori non siano altro che sintesi sociali di tali atti. Dove l‘unica cosa giusta è che i valori non potrebbero acquisire una rilevanza ontologica nella società se non diventassero oggetti di tali posizioni. Tuttavia questa condizione, che deve intervenire affinché il valore si realizzi, non è identica alla genesi ontologica di questo. La fonte vera di tale genesi è invece l‘ininterrotto cambiamento della struttura dell‘essere sociale, ed è da tale cambiamento che scaturiscono direttamente le posizioni che realizzano il valore. Come abbiamo visto, una verità fondamentale della concezione marxiana è che gli uomini fanno da sé la propria storia, ma non possono farlo in circostanze scelte da loro. Gli uomini rispondono da sé — più o meno consapevolmente, più o meno giustamente— alle alternative concrete che sono loro poste ogni volta dalle possibilità dello sviluppo sociale. E qui è già implicito il valore. Non v‘è dubbio, per esempio, che il dominio dell‘uomo sui propri affetti come portato del lavoro sia un valore, ma questo dominio è già contenuto nel lavoro stesso; può quindi diventare socialmente reale senza assumere per forza subito una forma consapevole e affermarsi come valore nell‘uomo che lavora. E un momento dell‘essere sociale e per questo esiste e agisce realmente anche quando non giunga affatto o giunga solo parzialmente alla coscienza.(Lukács, 1981:95) Vol II, pg. 95, §87 Questo esempio46 estremo dimostra come sul piano gnoseologico si possano manipolare le cose in modo da togliere di mezzo l‘essere. Ciò ha per il nostro problema conseguenze di grande rilievo. Infatti non sempre ci si è fermati a questa esclusione del problema ontologico. Husserl per esempio prima della Wesen- schau ha posto, come condizione metodologica, la « messa-in- parentesi » della realtà. 1 suoi successori, già Scheler ma ancor più nettamente Heidegger, hanno trovato proprio qui il punto d'avvio per una nuova dottrina dell‘essere idealistica. Infatti, scompaiono proprio la complessità, il processo, l'interazione, ecc. da ogni gruppo di fenomeni, quando se ne metta in parentesi la realtà, anzi è la procedura stessa che in sostanza implica una reificazione isolatrice del fenomeno in quanto tale. Per questo la « messa-in- parentesi » è diventata un metodo 46 sachlich nicht zu trennen sind. So wird in jeder praktischen Setzung ein Wert — positiv oder negativ — intentioniert, was den Schein erwecken könnte, als wären die Werte selbst nur gesellschaftliche Synthesen dieser Akte. Daran ist nur so viel richtig, daß die Werte unmöglich eine seinsmäßige Relevanz in der Gesellschaft erhalten könnten, müßten sie nicht zu Gegenständen solcher Setzungen werden. Diese Bedingung der Wertverwirklichung ist aber mit der ontologischen Genesis des Wertes nicht einfach identisch. Die echte Quelle der Genesis ist vielmehr der ununterbrochene strukturelle Wandel des gesellschaftli chen Seins selbst, aus dem die wertverwirklichenden Setzungen unmittelbar entspringen. Es ist, wie wir gesehen haben, eine Grundwahrheit der Marxschen Konzeption, daß die Menschen ihre Geschichte selbst machen, es jedoch nicht unter selbstgewählten Umständen tun können. Die Menschen beantworten selbstmehr oder weniger bewußt, mehr oder weniger richtig — jene konkreten Alternativen, die die jeweiligen Möglichkeiten der gesellschaftlichen Entwicklung ihnen stellen. Darin ist jedoch implicite bereits der Wert enthalten. Daß etwa die Herrschaft des Menschen über seine Affekte als Ergebnis der Arbeit ein Wert ist, unterliegt keinem Zweifel, ist aber in der Arbeit selbst enthalten und kann gesellschaftlich wirklich werden, ohne unbedingt sofort eine bewußte Form zu erhalten und seine Werthaftigkeit im arbeitenden Menschen zur Geltung zu bringen. Es ist ein Moment des gesellschaftlichen Seins und ist deshalb real seiend und wirksam, auch wenn es nicht oder nur unvollständig bewußt wird. (BdII: 83-4) Dieses extreme Beispiel zeigt, wie man erkenntnistheoretisch das Sein aus der Welt hinausmanipulieren kann. Das hat für unser Problem höchst wichtige Folgen. Denn nicht immer soll bei einer solchen Ausschaltung des Seinsproblems stehengeblieben werden. Husserl hat etwa der Wesenschau das »In-Klammer- Setzen« der Wirklichkeit als methodologische Bedingung vorangestellt. Seine Nachfolger, bereits Scheler, noch entschiedener Heidegger, haben gerade hier den Ausgangspunkt für eine neue idealistische Seinslehre gefunden. Nun verschwindet gerade Komplexität, Prozeß, Wechselwirkung etc. aus jeder Phänomengruppe, sobald seine Wirklichkeit in Klammer gesetzt wird, ja die Prozedur selbst bedeutet wesentlich eine isolierende Verdinglichung des Phänomens selbst. Darum ist das »InKlammer-Setzen« eine so populäre und moderne Carnap e como a "realidade empírica" dos positivistas cancela toda ontologia. 135 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 gnoseologico tanto popolare e moderno, non solo per trasformare il non-essente in essente, ma in certe circostanze — come avviene ogni giorno sia nell‘esistenzialismo che nello strutturalismo — per fare del non-essente ciò che propriamente ed essenzialmente è. Una volta che la soggettività della coscienza umana, da componente processuale e suscitatrice di processi dell‘essere sociale, sia stata reificata in una sostanza auto-attiva, il che sul piano del pensiero può avvenire altrettanto facilmente nella tarda antichità come nel XX secolo, a quel punto il processo reificatorio non trova più ostacoli. Ma non va dimenticato — ancora una volta in contrapposto a ogni impostazione gnoseologica — che lo sviluppo della vita quotidiana della società produce il bisogno di un tale essere e le condizioni per cui possa venir pensato e sentito, solo quando l‘ancoramento dell‘uomo alla comunità in cui è nato cessa di costituire il principio motore della vita individuale, da cui essa riceve protezione e senso, solo quando la vita per lui essenziale è diventata quella privata. Nell‘Ade omerico si aiferma semplicemente il valore della vita nei confronti dell‘aldilà, e anche molto più tardi per gli spartani caduti alle Termopili e — n/utatis i/mtandis — ancora per Socrate il dar buona prova di sé a vantaggio della polis fornisce alla vita umana un centro, un senso, un essere autentico, e rende possibile la sopravvivenza dopo la morte (nel ricordo dei cittadini della polis). Solo il disgregarsi della cultura della polis e il crescere della vita privata a unico modo d‘esistenza dell‘uomo singolo aprono il problema della sensatezza o dell‘assurdità della vita puramente individuale. Lo stoicismo e l‘epicureismo si basano appunto su questa condizione universale e fanno appello alle forze morali del singolo, che plasmano individualmente la vita individuale, per rendergli comunque possibile — in grazia della sua energia, nonostante le circostanze sociali sfavorevoli — una vita sensata e quindi anche una morte sensata, una morte che sensatamente concluda una vita sensata (problema della ammissibilità del suicidio). Per sua natura, tuttavia, questo cammini) filosofico poteva essere percorso soltanto da una aristocrazia intellettuale e morale, dai saggi; la massa — inclusa quella dei liberi — a priori non rientrava fra questi. Naturalmente anche l etica della polis, in sé democratica, riferita a ogni cittadino, non va vista in una dimensione storica stilizzata. Basta gettare uno sguardo alle commedie di Aristofane per accorgersi quanto poco essa nella pratica tosse universale. Nondimeno, qui il dover-essere era per principio rivolto a tutti, mentre la stoa si rivolgeva, ugualmente erkenntnistheoretische Methode geworden, nicht nur um Nichtseiendes in Seiendes zu verwandeln, sondern unter Umständen, — wie das sowohl im Existentialismus wie im Strukturalismus täglich vorkommt — aus dem Nichtseienden ein eigentlich und wesentlich Seiendes zu machen. Ist einmal die bewußtseinsmäßige menschliche Subjektivität aus einer prozessierenden und prozeßhaften Komponente des gesellschaftlichen Seins zu einer selbsttätigen Substantialität verdinglicht worden, was gedanklich in der Spätantike ebenso leicht zu vollbringen war, wie im zwanzigsten Jahrhundert, so kennt der Verdinglichungsprozeß keine Schranken mehr. Man darf aber — wieder im Gegensatz zu jeder erkenntnistheoretischen Einstellung — nie vergessen, daß die Entwicklung des gesellschaftlichen Alltagslebens das Bedürfnis nach einem solchen Sein, die Bedingungen seines Gedacht- und Erlebtwerdens erst produziert, wenn das Verankertsein des Menschenwesens in seiner eingeborenen Gemeinschaft bereits aufgehört hat, treibendes, schützendes, sinngebendes Prinzip für das Einzelleben zu sein, wenn das für ihn wesentliche Leben zu dem des Privatmenschen geworden ist. Im Hades von Homer kommt nur die vitale Werthaftigkeit des Lebens überhaupt einem Jenseits gegenüber zur Geltung und noch viel später ist für die bei Thermopylä gefallenen Spartaner, ja — mutatis mutandis — auch für Sokrates nur das Sichbewähren im Dienst der Polis das, was dem Menschenleben ein Zentrum, einen Sinn, ein echtes Sein verleiht, was das Weiterleben nach dem Tode (in der Erinnerung der Polisbürger) möglich macht. Erst die Auflösung der Poliskultur, das Erwachsen des Privatlebens zur alleinigen Daseinsweise des Einzelmenschen, wirft das Problem der Sinnhaftigkeit oder Sinnlosigkeit des rein individuellen Lebens auf. Stoizismus und Epikureismus basieren bereits auf diesem Weltzustand, appellieren an die moralischen, das individuelle Leben individuell gestaltenden Kräfte des Einzelmenschen, um für ihn — aus eigener Kraft, unter Ungunst der sozialen Umstände — doch ein sinnvolles Leben und damit auch einen sinnvollen Tod, einen Tod, der ein sinnvolles Leben sinnvoll abschließt (Problem der Erlaubtheit des Selbstmordes), zu ermöglichen. Es liegt jedoch im Wesen der Sache, daß dieser philosophisch fundierte Weg nur der einer intellektuellen und sittlichen Aristokratie der Weisen sein konnte; die Masse — auch die der Freien — war von vorneherein nicht mitgemeint. Natürlich soll man auch die an sich demokratische, auf jeden Bürger bezogene Polisethik nicht historisch stilisieren. Es genügt einen Blick auf die Lustspiele von Aristophanes zu werfen, um zu sehen, wie wenig 136 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 per principio, solo ai saggi. E si tratta, anche da un punto di vista sociale, di una diversità qualitativa. Ecco perché queste forme, dalle quali germogliò, come dice Hegel, la « coscienza infelice », non riuscirono mai ad ottenere una validità davvero generale, come invece accadde alla morale della polis, anche se nella pratica furono poi seguite quasi da tutti. Questa coscienza infelice, cosi sorta, fu la coscienza delle scissioni messe in moto negli uomini dal privatizzarsi dell'esistenza quotidiana normale. Essa funziona, secondo la giusta descrizione hegeliana, nell‘uomo come autocoscienza « dell‘essenza duplicata e ancora del tutto impigliata nella contraddizione ». La contraddizione fra essenziale e inessenziale ora sta nell‘uomo stesso. Nella polis era sempre chiaro a priori che cosa rientrasse nell‘uno o nell‘altro campo, ora invece appare essenza — già formale e richiedente reificazioni per concretarsi — l‘autocoscienza « semplice e intrasmutabile » e di contro risulta inessenziale « quella che si tramuta per molte guise », appunto la costituzione immediatamente data, particolare, deH‘uomo. Mentre nell‘etica della polis il bene del popolo, in quanto principio da ultimo decisivo, da un lato tendeva a concretarsi e ad attuarsi di per sé, dall‘altro metteva a priori in secondo piano la pretesa della personalità particolare di esistere, i nuovi principi dell‘esistenza e della prassi umana scaturiscono dalla scissione dell‘individuo dalla società in cui vive e, di conseguenza, dalla sua scissione interiore. Non va però dimenticato che questa scissione è la prima forma ideologica in cui si manifesta il processo attraverso il quale vanno man mano e ininterrottamente generandosi la forma socializzata della società e la vera individualità umana. Solo a posteriori, e già in Hegel vi sono spunti in questo senso, possiamo valutare il significato reale di questo mutamento. Fin tanto che le forme germogliate dalla « coscienza infelice » (e dal suo dispiegarsi in cristianesimo) iurono interpretate come conclusione e coronamento dell‘essenza umana, si ebbe necessariamente una visione distorta, fra l‘altro fu impossibile una critica della reificazione relativa all‘uomo. La conseguenza era che i due principi non potevano non essere astratti e contraddittori. Hegel descrive questa forma di coscienza in termini, pur assai astratti, ma sostanzialmente giusti: «Essendo essa da prima solo l’unità immediata di entrambe le autocoscienze, ma non essendo entrambe per lei lo stesso; per von einer praktisch realisierten Allgemeinheit die Rede sein konnte. Trotzdem ist das Sollen hier prinzipiell an alle gerichtet, während die Stoa ebenso prinzipiell nur den Weisen meint. Und das ist, auch sozial angesehen, ein qualitativer Unterschied. Darum konnten diese Formen, aus denen das »unglückliche Bewußtsein«, wie Hegel sagt, entsprang, nie eine wirkliche allgemeine, wenn auch praktisch kaum allgemein befolgte Geltung erlangen, wie das für die Polismoral der Fall war. Dieses so entstehende unglückliche Bewußtsein war eines der Entzweiungen, die die bloß privat gewordene Existenz als normalalltägliche in den Menschen ausgelöst hat. Das Bewußtsein funktioniert, nach Hegels richtiger Beschreibung im Menschen »als des gedoppelten nun widersprechenden Wesens«. Die Lage beruht auf dem Widerspruch im Menschen selbst zwischen wesentlich und unwesentlich; in der Polis war es stets von vornherein klar, was hierher, was dorthin gehört. Dabei erscheint als Wesen — bereits formell und Verdinglichungen zur Konkretisierung erfordernd — »das einfache unwandelbare«, als unwesentlich, das »vielfach wandelbare« eben die unmittelbar gegebene, partikulare Beschaffenheit des Menschen. Während in der Polisethik das Volkswohl als letzthin entscheidendes Prinzip von vornherein, von selbst einerseits auf Konkretisierung, auf Aktualisierung angelegt war, andererseits die Seinsforderung der partikularen Persönlichkeit von vornherein beiseite schob, sind die neuen Prinzipien der menschlichen Existenz und Praxis aus der Entzweiung des Menschen mit der Gesellschaft, in der er lebt, und folglich aus seiner inneren Entzweiung entsprungen. Dabei darf nicht vergessen werden, daß diese Entzweiung die erste ideologische Erscheinungsform des Prozesses ist, in dem allmählich durchgehend die vergesellschaftete Form der Gesellschaft und die echte menschliche Individualität entstehen. Erst rückblickend, wozu bereits bei Hegel Ansätze vorhanden sind, können wir die wirkliche Bedeutung dieser Wandlung einschätzen. Solange die aus dem »unglücklichen Bewußtsein« (und seiner Entfaltung zum Christentum) entsprossenen Formen als Abschluß und Krönung des menschlichen Wesens aufgefaßt wurden, mußte das notwendig zu Entstellungen führen, darunter zur Unmöglichkeit einer Kritik der auf den Menschen bezogenen Verdinglichung. Das hat zur Folge, daß beide Prinzipien abstrahierend und widersprüchlich sein müssen. Hegel beschreibt diese Bewußtseinsform, wenn auch höchst abstrakt, doch im Wesentlichen richtig: »Indem es zunächst nur die unmittelbare Einheit beider ist, aber für es 137 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 lei anzi essendo opposte; l‘una, quella semplice e intrasmutabile, le è l'essenza; mentre l‘altra, quella che si trasmuta per molte guise, le è 17»essenziale. Ambedue sono per essa essenze reciprocamente e stranee; essa stessa, essendo la coscienza di questa contraddizione, si pone dal lato della coscienza trasmutabile ed è se stessa l‘Inessenziale; ma come coscienza dell‘intrasmutabilità o dell‘essenza semplice deve in pari tempo procedere a liberarsi dall‘Ines- senziale, vale a dire a liberare sé da se stessa. Infatti, sebbene per w sia soltanto coscienza trasmutabile, e sebbene la coscienza intrasmutabile le sia un estraneo, tuttavia essa stessa è coscienza semplice e quindi intrasmutabile; coscienza di cui essa si è consapevole come di sua essenza: ma in tal guisa eh 'essa stessa per sé, ancora una volta, non è questa essenza »31. L‘essenziale nell‘immediato è ontologicamente irreale e può possedere un essere sociale solo come astratto dover-essere, mentre l‘inessenzia- le (la personalità particolare) ha ontologicamente nell‘immediato, la massima efficacia, quantunque l‘uomo debba respingerlo in quanto modo d‘essere che lo domina. Ciascuna di queste antitesi sviluppa direttamente, per risolversi e compiersi, un‘auto-reificazione e postula la nascita di un « creatore » ad essa corrispondente. L‘essenziale, poiché dal punto di vista dell‘essere sociale non si concreta spontaneamente, finisce per avere un carattere astratto. Il che provoca problemi non soltanto quando si tratta di applicarlo al concreto caso singolo (come per forza di cose avviene spesso anche nelle posizioni del diritto e della morale), ma nel suo porsi stesso, giacché il principio necessariamente generale dell‘essenza ora può realizzarsi direttamente solo come divenir-essenziale dell‘inessenziale, solo come cammino che porta alla salvezza dell‘anima individuale. E sebbene nel corso dello sviluppo anche troppo spesso le religioni stabiliscono come condizioni della salvezza talune posizioni concrete, il loro ancoramento effettivo sia alla salvezza in genere che al rapporto con il singolo, è sempre contraddittorio, sempre problematico. L‘individuo infatti poteva (e può) diventare generico quando approvava e cercava di realizzare nel rispettivo essere sociale quelle determinazioni come sua propria esistenza ed essenza, nella prospettiva di uscir fuori dalla particolarità. Ma la salvezza dell‘anima come fine generale e individuale salta proprio queste mediazioni concrete della genericità e unisce immediatamente, quindi in termini sempre nicht beide dasselbe, sondern entgegengesetzte sind, so ist ihm das eine, nämlich das einfache unwandelbare, als das Wesen, das andere aber, das vielfach wandelbare, als das Unwesentliche. Beide sind für es einander fremde Wesen; es selbst, weil es das Bewußtsein dieses Widerspruchs ist, stellt sich auf die Seite des wandelbaren Bewußtseins und ist sich das Unwesentliche: aber als Bewußtsein der Unwandelbarkeit oder des einfachen Wesens, muß es zugleich darauf gehen, sich von dem Unwesentlichen, d. h. sich von sich selbst zu befreien. Denn ob es für sich wohl nur das Wandelbare, und das Unwandelbare ihm ein Fremdes ist, so ist es selbst einfaches, und hiermit unwandelbares Bewußtsein, dessen hiermit als seines Wesens sich bewußt, jedoch so, daß es selbst für sich wieder nicht dies Wesen ist.«" Das Wesentliche ist unmittelbar seinsmäßig irreell und kann nur als abstraktes Sollen ein gesellschaftliches Sein besitzen, während das Unwesentliche (die partikulare Persönlichkeit) unmittelbar seinsmäßig die Jede dieser Widersprüchlichkeiten entwickelt unmittelbar als Lösung und Erfüllung eine Selbstverdinglichung und postuliert die Entstehung eines diesen entsprechenden »Schöpfers«. Das Wesentliche, da es vom gesellschaftlichen Sein aus nicht spontan konkretisiert wird, muß einen abstrakten Charakter erhalten; dieser wird jedoch nicht bloß in seiner Anwendung auf den konkreten Einzelfall problematisch (wie das auch bei Setzungen von Recht und Moral notwendig und häufig vorkommt), sondern in seinem Gesetztsein selbst, da das notwendig allgemeine Prinzip des Wesens sich nunmehr unmittelbar nur als Wesentlichwerden des Unwesentlichen, nur als Heilsweg der individuellen Seele erfüllen kann. Wenn auch im Laufe der Entwicklung nur allzu oft konkrete Setzungen als Bedingungen dieses Heils von den Religionen aufgestellt werden, ist deren innere sachliche Verankertheit sowohl im Heil überhaupt, wie in dem Gerichtetsein auf die Einzelperson als Einzelperson immer widerspruchsvoll, immer problematisch. Der Einzelmensch konnte (und kann) gattungsmäßig werden, indem er im jeweiligen gesellschaftlichen Sein jene Bestimmungen als sein eigenes, über die Partikularität hinausweisendes Dasein und Wesen bejaht und zu verwirklichen trachtet. Das Heil der Seele als allgemeines und einzelnes Ziel muß aber gerade diese konkreten Vermittlungen der Gattungsmäßigkeit überspringen und die Vollendung des individuellen Lebens mit einer — transzendenten — Erlösung des Menschengeschlechts überhaupt unmittelbar und darum unaufhebbar widersprüchlich vereinigen. Auf der einen Seite ist die jeweils gegebene 138 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 contraddittori, la realizzazione della vita dell‘individuo con un riscatto — trascendente — del genere umano. Il fatto è che la data particolarità dell‘uomo è oggettivamente sempre una realizzazione della rispettiva genericità in-sé. Ora, poiché quest'ultima, come abbiamo visto, oggettivamente crea sempre il concreto campo di possibilità della genericità per-sé, dalle contraddizioni che ne derivano possono bensì scaturire conflitti profondi addirittura irrisolvibili, che magari giungono al livello di irrisolvibilità di fatto, in quelle circostanze, che è proprio della tragedia, ma essi restano comunque conflitti interni a un essere sociale storico-concreto. Invece sul piano ideologico si ha una duplice astrazione: l‘essenza dell‘uomo diviene per lui stesso trascendente, è un annuncio che arriva dall‘aldilà della vita (sociale) dell‘uomo; egli infatti cerca proprio nell'aldilà quella realizzazione, quell‘elevamento al di sopra della particolarità, che il suo essere sociale, a causa della reificazione, non è in grado di indicargli nell‘immanente neppure come possibilità. A ciò corrisponde il fatto che anche la sua particolari- la, I « inessenziale instabile », subisce in lui stesso una degradazione reificante. Essa non è più espressione di una genericità in-sé in cui il suo sviluppo a essere-per-sé sia dato come campo di possibilità, anche quando tradurlo in realtà significhi incorrere nella catastrofe tragica; si ha invece una degradazione, in quanto essa, essendo nell‘uomo l‘elemento creaturale, viene reificata come latto umanosubumano, come qualcosa che soltanto con un aiuto i rascendente può essere liberato da questo stato al medesimo tempo naturale e non degno per l‘uomo. (Vol II**, 653-7) Vol II pg. 653-57 § 102-103-104 Questa feticizzazione del dover-essere la incontriamo del tutto esplicita in Kant. La filosofia kantiana studia la prassi umana solo riferendosi alle forme più elevate della morale. (Fino a che punto la mancata distinzione in Kant fra morale ed etica turbi e irrigidisca,tali osservazioni « dall‘alto », potremo chiarirlo naturalmente solo nell‘Etica.) Qui ci interessa indagare i limiti delle sue osservazioni « dal basso », dal lato dell‘assenza di una qualsiasi genesi sociale. Come in tutte le filosofie idealistiche coerenti, Partikularität des Menschen objektiv stets eine Verwirklichung der jeweiligen Gattungsmäßigkeit an sich. Da nun diese, wie wir gesehen haben, objektiv stets den konkreten Möglichkeitsspielraum der Gattungsmäßigkeit für sich schafft, können aus den so entstehenden Widersprüchen zwar tiefe, ja unlösbare Konflikte, bis zur aktuellfaktischen Unlösbarkeit der Tragik entstehen, sie bleiben aber doch Konflikte innerhalb eines konkret historischen gesellschaftlichen Seins, während ideologisch eine gedoppelte Abstrahierung entstehen muß: das Wesen des Menschen wird für ihn selbst transzendent, eine Verkündigung aus dem Jenseits des (gesellschaftlichen) Menschenlebens; sucht er ja gerade im Jenseits die Erfüllung, die Erhöhung über die eigene Partikularität, die sein eigenes gesellschaftliches Sein infolge der Verdinglichung ihm immanent nicht einmal als Möglichkeit zu zeigen imstande sein kann. Dem entspricht, daß seine Partikularität, das »unbeständig Unwesentliche« an ihm selbst ebenfalls eine verdinglichende Degradation erfahren muß. Sie ist nicht mehr Ausdruck einer Gattungsmäßigkeit an sich, deren Höherführung zum Fürsichsein darin als Möglichkeitsspielraum gegeben ist, selbst wenn die Verwirklichung zum tragischen Untergang führt; es muß vielmehr eine Degradation erleiden, indem sie als das bloß Kreatürliche am Menschen, als menschlichuntermenschlich verdinglicht wird, als etwas, was nur mit transzendenter Hilfe aus diesem dem Menschen zugleich naturhaften und unwürdigen Zustand befreit werden kann. ( BdII,, 589- 593) Eine solche Fetischisierung des Sollens ist am deutlichsten bei Kant zu beobachten. Die Kantsche Philosophie untersucht die menschliche Praxis nur in bezug auf die höchsten Formen der Moral. (Inwiefern die bei Kant fehlende Unterscheidung zwischen Moral und Ethik diese Betrachtungen »von oben« trübt und zur Erstarrtheit bringt, kann natürlich erst in der Ethik behandelt werden.) Hier Esta fetichização do deverser pode ser encontrada, de forma inteiramente explícita, em Kant. A filosofia kantiana estuda a práxis humana referindo-se apenas às formas mais elevadas da moral. ( É só na Ética que poderemos discutir até que ponto a falta de distinção kantiana entre moral e ética perturba e torna rígidas tais observações “ do alto “). Interessa-nos, aqui, indagar os limites das suas observações “ a partir de 139 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 anche in Kant abbiamo una feticizzazione ipostatizzante della ragione. In tali immagini del mondo la necessità perde, anche sul piano gnoseologico, il suo carattere condizionato (« se... allora »), che è il solo in grado di darle concretezza; essa appare tout court come un assoluto. La forma più spinta di tale assolutizzazione della ratio compare ovviamente nella morale. Il dover-essere si presenta in tal modo — soggettivamente e oggettivamente — come distaccato dalle alternative concrete degli uomini; alla luce di questa assolutizzazione della ratio morale tali alternative appaiono semplicemente come incarnazioni adeguate o inadeguate di precetti appunto assoluti e quindi trascendenti rispetto all‘uomo. Kant dice: « In una filosofia pratica, in cui non si tratta di porre principi di ciò che accade, bensì leggi di ciò che deve accadere anche se non accadrà mai ... » 5. L‘imperativo che negli uomini fa nascere le relazioni del dover essere diviene cosi un principio trascendente-assoluto (criptoteologico). 'La sua natura è di costituire « una regola che viene caratterizzata mediante un dovere esprimente la necessità oggettiva dell‘azione », e precisa- mente in rapporto a un essere (cioè all‘uomo) « per cui il molivo determinante della volontà non è unicamente la ragione ». In tale guisa il tipo ontologico reale dell‘esistenza umana, che effettivamente non è determinata soltanto dalla kantiana ragione ipostatizzata, si presenta semplicemente come un caso particolare di origine cosmica (teologica) nella universale validità dell‘imperativo. Kant distingue infatti con nettezza la sua oggettività, il suo valere per tutti gli « esseri razionali », dall‘àmbito, il solo a noi noto come reale, della prassi sociale 47 kommt es darauf an, die Schranken seiner Anschauungen »von unten«, von der Seite des Fehlens jedweder gesellschaftlichen Genesis zu untersuchen. Wie in allen folgerichtigen idealistischen Philosophien entsteht bei Kant eine hypostasie- rende Fetischisierung der Vernunft. Die Notwendigkeit verliert, auch erkenntnis- thedretisch, in solchen Weltbildern ihren sie allein zu konkretisieren fähigen »Wenn ... dann«Charakter; sie erscheint als schlechthin Absolutes. Die übersteigertste Form dieser Absolutisierung der Ratio zeigt sich verständlicherweise in der Moral. Das Sollen wäre damit — subjektiv wie objektiv — von den konkreten Alternativen der Menschen losgerissen; diese erscheinen vielmehr im Lichte einer solchen Verabsolutierung der moralischen Ratio bloß als angemessene oder unangemessene Verkörperungen derartig absoluter und damit dem Menschen gegenüber transzendent bleibender Gebote. Kant sagt: »In einer praktischen Philosophie, wo es uns nicht darum zu tun ist, Gründe anzunehmen von dem, was geschieht, sondern Gesetze von dem, was geschehen soll, ob es gleich niemals geschieht ...«5 Der Imperativ, der die Sollensbeziehungen in den Menschen hervorruft, wird damit zu einem transzendent-absoluten (kryptotheologischen) Prinzip. Seine Beschaffenheit beruht darauf, daß er »eine Regel, die durch ein Sollen, welches baixo “, do lado da ausência de qualquer gênese social. Do mesmo modo que em todas as filosofias idealistas coerentes, também em Kant temos uma fetichização hipostasiante da razão. Nessas imagens do mundo, a necessidade perde, até no plano gnosiológico, o seu caráter condicional (“ se ... então “), que é o único capaz de torná-la concreta; ela aparece tout court como algo absoluto. A forma mais avançada dessa absolutização da razão aparece, obviamente, na moral. Desta maneira, o dever-ser se apresenta — subjetiva e objetivamente — como algo separado das alternativas concretas dos homens; à luz dessa absolutização da razão moral, essas alternativas aparecem simplesmente como encarnações adequadas ou inadequadas de preceitos absolutos e, portanto, transcendentes ao homem. Diz Kant: “ Numa filosofia prática, na qual não se trata de elaborar princípios a respeito daquilo que acontece, mas leis a respeito daquilo que deve acontecer mesmo que nunca aconteça ...”.47 Deste modo, o imperativo que, nos homens, dá origem às relações do dever-ser, se transforma num princípio transcendente-absoluto (cripto-teológico). Sua natureza consiste em constituir “ uma regra que se caracteriza por dever que exprime a necessidade objetiva da ação “, e exatamente em relação a um ser (isto é, ao homem) “ para o qual o motivo determinante da vontade não é unicamente a razão “. Deste modo, a existência I. Kant, Grundlegung zur Metaphysik der Sitten, Leipzig, l9O6, p. 5l (trad. it. de P. Chiodi, Fondazione della metafisica dei costumi, Bari, Laterza, l98O, p. 57). 140 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 degli uomini. Egli non nega espressamente che le massime soggettive — soggettive in contrasto con l‘oggettività assoluta dell‘imperativo — che si presentano in questo àmbito possano anch‘esse operare con una sorta di dover-essere, ma per lui sono soltanto « precetti pratici », non « leggi », e ciò « perché manca loro la necessità che, se dev‘essere pratica, dev‘essere indipendente da condizioni patologiche, quindi da condizioni che aderiscano accidentalmente alla volontà » Cosicché tutte le qualità, aspirazioni, ecc. concrete degli uomini sono, secondo lui, « patologiche », in quanto aderiscono solo accidentalmente alla — altrettanto feticizzata — volontà astratta. Non è questa la sede per addentrarci in una critica approfondita di questa morale. Qui ci occupiamo unicamente dell‘ontologia dell‘essere sociale e, in questo momento, del carattere ontologico ‗ del dover-essere in tale àmbito. Perciò potranno bastare questi pochi cenni, che in ogni caso illuminano a sufficienza per i nostri scopi attuali il centro della posizione kantiana. Vorremmo rilevare soltanto, e anche ciò indica il carattere cripto-teologico di questa morale, che Kant era persuaso, pur astraendo da ogni determinazione umanosociale, di poter nondimeno dare una risposta assoluta, legislativa, alle alternative morali del tutto quotidiane degli uomini. Stiamo pensando al suo giudizio, abbastanza noto, sul perché non si dovrebbero sottrarre i depositi, giudizio che Hegel acutamente e giustamente criticava ancora nel suo periodo di Jena. Ma poiché di tale critica ho parlato a lungo nel mio libro sul giovane Hegel qui è sufficiente avervi appena accennato. (Vol 48 die objektive Nötigung der Handlung ausdrückt«, und zwar bezogen auf ein Wesen (d. h. iuf den Menschen), »bei dem Vernunft nicht ganz allein Bestimmungsgrund des Willens ist«, darstellt. Damit erscheint die real ontologische Art der menschlichen Existenz, die tatsächlich nicht allein von einer Kantschen hypostasierten Vernunft bestimmt wird, bloß als ein kosmisch (theologisch) entstehender Sonderfall für die allgemeine Geltung des Imperativs. Kant grenzt auch sehr scharf seine Objektivität, sein Gelten für alle »Vernunftwesen« von dem uns allein als real bekannten Bereich der gesellschaftlichen Praxis der Menschen ab. Er leugnet zwar nicht ausdrücklich, daß die hier entstehenden, die Handlung bestimmenden — im Gegensatz zur absoluten Objektivität des Imperativs — subjektiven Maximen ebenfalls als eine Art von Sollen wirken können, sie sind jedoch bloß »praktische Vorschriften«, keine »Gesetze«, und zwar darum, »weil ihnen die Notwendigkeit fehlt, welche, wenn sie praktisch sein soll, von pathologischen, mithin dem Willen zufällig anklebenden Bedingungen unabhängig sein muß«6. Dadurch werden alle konkreten Eigenschaften, Bestrebungen etc. der Menschen in seinem Sinne »pathologisch«, denn sie kleben nur zufällig dem — ebenfalls fetischisierten — abstrakten Willen an. Es ist nicht hier der Ort, eine eingehende Kritik dieser Moral zu geben. Hier beschäftigt uns allein die humana ontológica real que, de fato, não é só determinada pela razão hipostasiada kantiana, é apenas um caso particular, de origem cósmica (teológica), na validade universal do imperativo. Com efeito, Kant distingue claramente a sua objetividade, o fato de valer para todos os “ seres racionais “ , da esfera da práxis social dos homens, a única que conhecemos como real. Ele não nega expressamente que as máximas subjetivas — subjetivas em confronto com a objetividade absoluta do imperativo — que aparecem neste âmbito possam também funcionar como uma espécie de dever-ser, mas, para ele, são apenas, “ preceitos práticos “, não “ leis “, e isso “ porque carecem da necessidade que, para ser prática, deve ser independente das condições patológicas e por isso de condições que adiram acidentalmente à vontade “48. Deste modo, todas as qualidades, aspirações, etc. concretas dos homens são, para ele, “ patológicas “, uma vez que pertencem apenas acidentalmente à — também fetichizada — vontade abstrata. Não é aqui o lugar para fazer uma crítica mais profunda desta moral. Tratamos, aqui, apenas da ontologia do ser social e, neste momento, do caráter ontológico do dever-ser nessa esfera. Bastarão, por isso, estas poucas alusões que, de todo modo, ilustram suficientemente, para os nossos objetivos, o cerne da posição kantiana. Destacaremos apenas, e isto também demonstra o caráter cripto-teológico dessa moral, I. Kant, Kritik der praktischen Vernunft, Leipzig, l9O6, pp. 24-25 (trad. it. de F. Capra, rev. por E. Garin, Critica della ragion pratica, Bari, Laterza, l972, pp. 24 e 25). 141 Ética Versão B II, 73-5) 3 de agosto de 2014 Ontologie des gesellschaftlichen Seins und gegenwärtig der ontologische Charakter des Sollens in diesem Bereich. Darum mögen hier diese spärlichen Andeutungen, die aber die Grundposition Kants für unsere gegenwärtigen Zwecke hinreichend beleuchten, genügen. Es sei nur noch darauf hingewiesen, was ebenfalls den kryptotheologischen Charakter dieser Moral kennzeichnet, daß Kant überzeugt war, er könne mit dieser von allen gesellschaftlichmenschlichen Bestimmungen abstrahierenden Weise doch die höchst alltäglichen moralischen Alternativen der Menschen absolut, gesetzgeberisch beantworten. Wir denken dabei an seine ziemlich bekannt gewordene Entscheidung, warum man Depositen nicht unterschlagen dürfe, die Hegel noch in seiner Jenaer Periode scharf und richtig kritisiert hat. Da diese Kritik in meinem Buch über den jungen Hegel ausführlich behandelt wurde, kann dieser Hinweis hier ausreichen. (Bd II, pg. 63,4) È uso generale — come fa anzitutto Hegel parlando dello spirito assoluto — trattare in questo ambito anche della religione. Noi qui invece la lasceremo da parte, perché essa come fattore della realtà sociale non è mai stata e non è una pura ideologia nel senso ora detto, ma rappresenta anche e soprattutto un fattore diretto della prassi sociale reale degli uomini. Avendo la religione e in termini che attengono fortemente alla sua 49 que Kant estava convencido, mesmo abstraindo de qualquer determinação humano-social, de poder dar uma resposta absoluta, legislativa, às alternativas cotidianas dos homens. Pensamos, aqui, na sua afirmação, muito conhecida, acerca do porque não se deveriam roubar os armazéns, afirmação que Hegel, já no seu período de Jena, criticava com agudeza e acerto. Como, porém, já me referi longamente a essa crítica no meu livro sobre o jovem Hegel 49, é suficiente, aqui, esta alusão. (Ivo) Es ist allgemeine Sitte — wir vor allem in der Lehre vom absoluten Geist bei Hegel dabei auch die Religion zu behandeln. Wir wollen hier davon absehen, weil diese als Faktor in der gesellschaftlichen Wirklichkeit nie eine reine Ideologie im gerade jetzt gemeinten Sinne war und ist, sondern zugleich und vor allem auch ein unmittelbar wirksamer Faktor in der realen gesellschaftlichen Praxis der Meng schen. Indem sie — und zwar in sehr wesentlicher Weise — immer G. Lukács, Der junge Hegel, in Werke, 8, Neuwied-Berlin, l967, pp. 369.37O (trad. it. de R. Solmi, Il giovane Hegel, Torino, Einaudi, l96O, pp. 4l4.4l5). 142 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 essenza — sempre anche finalità che corrono parallele a quelle della filosofia, essa dal punto di vista socio-ontologico è una forma intermedia sintetica fra la politica e la filosofia. Naturalmente a volte vi sono filosofie e anche singoli prodotti artistici che intendono tradurre direttamente in pratica i loro enunciati circa generalizzazioni generiche. Le religioni tuttavia, anche in questi casi estremi, se ne distinguono perché esse di regola sono in grado di porre in movimento mezzi d‘organizzazione sociale, strumenti di potere, il che non rientra nelle possibilità della filosofia e dell‘arte. Quando talvolta la prassi politica le usa anche in questi termini, i mezzi con cui vengono tradotte in pratica sono di tipo politico (e non filosofico o artistico), mentre la religione di solito si costruisce propri apparati a tale scopo. Sul piano sociale è appunto questo eie che distingue le chiese dalle sètte: queste ultime considerano tali apparati, il loro situarsi oltre il limite di un‘azione solo morale, come contrari alla essenza della religiosità. Se questa adozione sociale dei mezzi di una prassi politica proceda in collegamento con uno Stato determinato ovvero a un livello sovrastatale, in modo autonomo oppure ricorrendo a strumenti statali, ecc., è cosa che richiede uno studio storico specifico. A noi qui — diversamente, per esempio, da Hegel — interessava soltanto mettere in luce la diversa indole della religione rispetto alla filosofia e all‘arte dal punto di vista dell‘ontologia dell‘essere sociale; al quale proposito possiamo notare che Hegel e taluni altri sono pervenuti a questa falsa costruzione per aver ridotto il complesso globale della religione alla teologia oppure alla filosofia della religione. E compito di una spassionata ricerca storica mettere a giorno concretamente quei collegamenti. In questa sede, dove si tratta di indicare le forme pure dell‘ideologia come fenomeni specifici, se ci soffermassimo su tali intricate forme intermedie, arriveremmo più a oscurare che a chiarire le questioni. Inoltre, mentre la filosofia e l‘arte, considerate nella totalità del loro sviluppo, mirano a coltivare il genere umano — cioè l‘essere sociale e in esso quello degli uomini — guardando al suo essere-per-sé e quindi in senso defeticizzante, nel senso di dissolvere almeno idealmente le estraniazioni, per contro ogni religione, come vedremo nel prossimo capitolo, dato che deve necessariamente negare l‘immanenza, il zugleich Zielsetzungen hat, die mit denen der Philosophie parallel laufen, repräsentiert sie gesellschaftlich-ontologisch eine synthetische Übergangsform zwischen Politik und Philosophie. Es gibt natürlich zuweilen Philosophien und auch einzelne Kunstprodukte, die ihr Aussprechen von gattungsmäßigen Verallgemeinerungen, unmittelbar in Praxis umzusetzen versuchen. Die Religionen unterscheiden sich jedoch von ihnen auch in solchen extremen Fällen darin, daß sie der Regel nach gesellschaftlich-organisatorische Mittel, Machtmittel in Bewegung zu setzen imstande sind, was außerhalb des Möglichkeitskreises von Philosophie und Kunst liegt. Wenn die politische Praxis sie zuweilen auch in solcher Weise gebraucht, sn sind die Mittel des praktischen Durchsetzens politischer (und nicht philosophischer oder künstlerischer) Art, während die Religionen dazu eigene Apparate auszubilden pflegen. Gesellschaftlich unterscheiden sich ja Sekten und Kirchen gerade in dieser Hinsicht; jene betrachten solche Apparate, ihr Hinausgehen über eine rein moralische Beeinflussung, als dem Wesen der Religiösität widersprechend. Ob diese gesellschaftliche Adaption der Mittel einer politischen Praxis in Verbundenheit mit einem bestimmten Staat oder in überstaatlicher Weise, selbständig oder bei Inanspruchnahme der staatlichen Mittel etc. vor sich geht, muß historisch besonders untersucht werden. Hier kam es nur — im Gegensatz etwa zu Hegel — darauf an, die verschiedene Beschaffenheit von Religion zu Philosophie und Kunst vom Standpunkt der Ontologie des gesellschaftlichen Seins aufzuzeigen, wobei bemerkt werden kann, daß Hegel, und mancher andere, zu dieser Fehlkonstruktion dadurch kamen, daß sie den Gesamtkomplex der Religion auf Theologie oder Religionsphilosophie reduziert haben. Es ist Sache der unbefangenen historischen Forschung, diese Zusammenhänge konkret aufzudecken. Hier, wo nur die reinen Formen der Ideologie als spezifische Phänomene angedeutet werden sollen, würde das Eingehen auf solche verwickelte Übergangsformen die Fragen eher verwirren als klären. Dazu kommt noch, daß, während Philosophie und Kunst, in der Totalität ihrer Entwicklung betrachtet, darauf gerichtet sind, die Menschengattung, d. h. das gesellschaftliche Sein und in ihm das der Menschen mit der Intention auf ihr Fürsichsein, also defetischisierend, die Entfremdungen wenigstens gedanklich auflösend, zu bearbeiten, hat demgegenüber jede Religion, wie wir im nächsten Kapitel zeigen werden, infolge des in ihr notwendigen Leugnens der Immanenz, der Diesseitigkeit des gesellschaftlichen Seins selbst, eine — allerdings 143 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 carattere terreno dell‘essere sociale stesso, presenta come sua base ineliminabile una tendenza — quantunque sui generis — verso l‘estraniazione. Poiché il problema ontologico è legato in sostanza alla pratica che procede da tale tendenza, la cosa più opportuna ci sembra sia discuterne a fondo nell‘Etica come particolare varietà della prassi.(Vol II**, 518-9) Vol. II ** pg. 518-19 § 171 : eigenartige — Tendenz zur Entfremdung als unaufhebbare Basis. Da das ontologische Problem wesentlich an die von ihr herausgelöste Praxis gebunden ist, scheint es uns am zweckmäßigsten, sie in der Ethik als besondere Abart der Praxis eingehender zu behandeln.( BdII, 466-67) In un certo senso si potrebbe dire che l‘intera storia dell‘umanità, da un determinato livello della divisione del lavoro (forse già da quello della schiavitù), è anche la storia dell‘estraniazione umana. In tale senso quest‘ultima ha oggettivamente una continuità storica. Il fatto è che qui, come dappertutto, le posizioni teleologiche dei singoli, per quanto forte sia il determinismo economico-sociale delle loro basi, nel loro essere immediato cominciano sempre, per cosi dire, daccapo e si riallacciano alla continuità oggettiva soltanto nelle loro, pur decisive, basi oggettive. Tali posizioni si rapportano solo nel senso più oggettivo a questi momenti, mentre sul piano soggettivo e diretto si rapportano alla vita personale, al vissuto immediato, del singolo ogni volta in questione. Esse condividono tale caratteristica con alcune altre decisioni alternative che influiscono immediatamente su queste forme d‘essere, per esempio con quelle dell‘etica, al contrario di altre posizioni, per esempio quelle politiche, dove la socialità oggettiva e la sua continuità determinano molto più decisamente, già nell‘immediato, le posizioni. E sorprendente quanto poco contino i ricordi di forme d‘estraniazione sorpassate nel reagire a quelle presenti. Anzi, non è raro che un tale ricordo serva addirittura a non vedere il fatto estraniante delle forme d‘estraniazione presenti: funziona a questo modo il ricordo della servitù della gleba e della schiavitù nel capitalismo dei secoli XVIII e XIX, oppure quello delle forme d‘estraniazione descritte da Marx e da Engels quando si tratta di reagire all‘attuale onnipotenza della manipolazione capitalistica. Per giudicare in maniera adeguata la continuità sociale oggettiva, sempre vera, non va mai persa di vista, dunque, questa stretta attualità delle prese di posizione degli individui. (Vol II**, 567-8) Vol. II pg. 567-8 § 11 In bestimmtem Sinn könnte man sagen, daß die ganze Menschheitsgeschichte von einer bestimmten Höhe der Arbeitsteilung (wahrscheinlich schon von der der Sklaverei) auch die der menschlichen Entfremdung ist. In diesem Sinne hat diese auch objektiv eine historische Kontinuität. Es gilt aber hier, wie überall, daß die teleologischen Setzungen der Einzelmenschen, mögen deren Grundlagen noch so stark ökonomisch-sozial determiniert sein, in ihrem unmittelbaren Sein immer gewissermaßen von vorne anfangen und nur in ihren ausschlaggebenden objektiven Grundlagen an die objektive Kontinuität anknüpfen. Die Setzungen beziehen sich nur im objektivsten Sinne auf diese Momente, subjektiv und direkt auf das unmittelbar gelebte persönliche Leben des jeweils betreffenden Einzelmenschen. Sie teilen diese Wesensart mit manchen anderen, diese Seinsformen unmittelbar beeinflussenden Alternativentscheidungen, z. B. mit denen der Ethik, im Gegensatz zu anderen Setzungen, z. B. zu den politischen, wo die objektive Gesellschaftlichkeit und ihre Kontinuität schon unmittelbar die Setzungen weit stärker bestimmen. Es ist auffallend, eine wie geringe Rolle Erinnerungen an überholte Entfremdungsformen bei den Reaktionen auf die gegenwärtigen spielen. Ja häufig dient sogar eine solche Erinnerung dazu, das Entfremdende an den Entfremdungsformen der Gegenwart vergessen zu lassen: so die an Leibeigenschaft und Sklaverei im Kapitalismus des 18./19. Jahrhunderts, so die von Marx und Engels geschilderten Entfremdungsformen in der Reaktion auf die der gegenwärtigen Allmacht der kapitalistischen Manipulation. Eine angemessene Betrachtung der objektiv gesellschaftlichen, immer vorhandenen Kontinuität darf also diese strikte Gegenwärtigkeit in den Stellungnahmen der Individuen nie aus dem Gesicht verlieren. (BdII, 508-9) Após criticar o cristianismo e a fenomenologia, que cindem corpo/espírito e, por isso , não conseguem explicar o fenômeno da consciência para-si, afirma que o 144 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "ato de elevação (Der Akt der Erhebung) consiste exatamente nisso": "compreender que um ser social" alienado "não corresponde à generalidade autêntica do homem (echten Gattungsmäßigkeit des Menschen) já que, não obstante toda a múltipla multiplicidade da pessoa, a sua generalidade humana – no sentido da crítica marxiana a Feuerbach – permanece muda."(Lukács, 1981:581) E, portanto, "Apenas quando o homem singular entende a própria vida como um processo que é parte desse desenvolvimento do gênero humano, só quando ele, por essa razão, se esforça para sentir e realizar a própria conduta de vida e os deveres que dela derivam para ele como reentrantes em tal processo dinâmico, só então ele tem uma ligação real e não mais muda coma própria generalidade humana."(Lukács, 1981:582) Essa "compreenção" por parte do "homem singular", todavia, não é necessário repetir, apenas pode ocorrer como parte do desenvolvimento histórico como um todo, esta atitude do indivíduo singular pode adentrar à reprodução social apenas como uma manifestação de um dever pessoal sem maiores possibilidades de efeitos práticos imediatos50 (Lukács, 1981:582) ou então, em situações históricas melhores, pode adentrar à história como parte integrande do processo de ampliação das possibilidades, naquilo que Trostky, em uma frase lapidar, assinalou como tornar o impossível, possível. Nas circunstâncias revolucionárias, "os eventos interiores dos quais estamos falando podem até mesmo se transformar em um momento do fator subjetivo de uma revolução."(Lukács, 1981:582) Como a alienação jamais se identifica à totalidade social e como a "generalidade humana é um processo real", o processo de constituição histórica do gênero humano, com sua inerente contradição que articula o avanço das capacidades humanas com o corresponde avanço da capacidade humana de alienar-se (e, em momentos históricos, de superar essas mesmas alienações), tal desenvolvimento humano-genérico "não passa ao largo dos indivíduos, que permaneceriam sempre espectadores, a sua verdadeira processualidade consiste ao invés no fato que o processo não reificado {ver alemão}da vida dos homens singulares constitui parte indispensável, integrante, da totalidade em movimento." (Lukács, 1981:582) Portanto, para Lukács, se os conflitos "com os quais nos defrontamos enquanto indivíduos são resolvidos em primeiro lugar no plano individual" (Lukács, 1981:582), é "a sociedade que torna necessário uma tal decisão alternativa individual" (Lukács, 1981:582). Independente da escolha do indivíduo no sentido de manter ou superar alienações, "O caráter não teleológido do desenvolvimento social como um todo, a sua necessária desigualdade, em especial pelo modo pelo qual as conseqüências reais do processo como um todo se manifestam no ser social e no destino dos indivíduos singulares, terminam por isso – mesmo quando ainda não exista um espírito revolucionário de massa, ou mesmo quando a natureza do objeto não seja capaz de conduzi-lo a ser fator subjetivo de uma revolução – em muitos casos sucitando em muitos casos conflitos que, como todos os conflitos sociais, podem ser combatidos apenas em termos ideológicos. De fato, frequentemente ocorre que, frente às alternativas postas pela sociedade, as decisões que normalmente funcionam na vida cotidiana não mais constituem respostas satisfatórias se apenas seguem as normas dadas pela tradição, dos usos, do direito, da moral, etc.‖ (Lukács, 1981:582) 50 145 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "a alternativa permanece na sua essência social geral a mesma, já que ela nada mais é senão o manifestar-se, na vida dos indivíduos singulares de uma contradição pertencente ao desenvolvimento social, ao desenvolvimento genérico."(Lukács, 1981:582) Esta relação com a dimensão genérica – justamente por ela existir objetivamente – se desdobra mesmo que o indivíduo dela não tenha consciência -- "justamente o que revela a sociabilidade do conflito". (Lukács, 1981:583) Portanto, "a oposição entre o desenvolvimento das capacidades singulares dos homens e as suas possibilidades de se desenvolverem enquanto indivíduos provêm (...) diretamente da produção (...) [que] é e permanece para o conjunto da sociedade a figura em definitivo determinante (die letzthin ausschlaggebende Gestalt) dessa antítese."(Lukács, 1981:583; Lukács, 1986:523) Portanto, argumenta Lukács, "Aqui também temos uma identidade de identidade e de não-identidade". (Lukács, 1981:583) Os momentos de identidade se fundam em que o "desenvolvimento da individualidade não é jamais resultado de um processo que ocorre apenas no interior, sequer em primeira instância. O homem é um ser que responde, com maior razão o é sua individualidade" (Lukács, 1981:583) e que, portanto, "sem sínteses pessoais do desenvolvimento da capacidade, sem a elaboração de respostas pessoais a estas questões cujo domínio prático foi tornado possível pelas capacidades desenvolvidas, não haveria nenhum tipo de individualidade." (Lukács, 1981:583) Os momentos de não-identidade são fundados no "fato de que as formas de consciência pertencentes ao gênero em-si são efeitos inescapáveis (zwangsläufige) do desenvolvimento das forças produtivas; sem ele não seria objetivamente possível um progresso desse tipo."(Lukács, 1981:583; Lukács, 1986:524) Ou seja: "a síntese das capacidades em uma individualidade é também ela um processo de decurso necessário (notwendig verlaufender Prozeß), de fato, sem uma tal síntese, seria de todo modo impossível o desenvolvimento da utilidade, a adaptação às mutáveis necessidades da produção, etc."(Lukács, 1981:583; Lukács, 1986:524) A relação entre a "personalidade" e a "generalidade humana em-si" é que a primeira apenas tem existência real, concreta, "nos moldes de uma realidade operante praticamente para realizar as suas funções no processo da reprodução social" sob pena de desaparecimento se não for capaz de cumprir determinadas dessas funções. Nesse contexto, a "generalidade humana para-si é produzida pelo mesmo processo complexivo somente como possibilidade" (Lukács, 1981:583-4), isto é, como "alguma coisa que é real de maneira latente, enquanto que, o modo pelo qual, o grau pelo qual, etc., se tornará realidade (...) reentram em um amplo campo de variabilidade."(Lukács, 1981:584) [Atenção aqui: vale como nota no "latente": Noi quindi abbiamo da descrivere, se è lecito, in termini paradossali una situazione Es ist also, wenn es gestattet ist, eine paradoxe Lage paradox zu beschreiben, das nicht 146 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 paradossale: il genere umano non più muto in un modo di manifestarsi ancora muto, l‘essereper-sé del genere nello stadio del suo mero essere-in-sé. Queste espressioni suonano paradossali perché con esse si tenta di cogliere un processo, per sua essenza dinamico, con categorie il cui senso guarda invece alle fasi dello sviluppo e non al processo in quanto tale. Sappiamo infatti che il vero e proprio essereper-sé del genere umano, il superamento totale del suo mutismo, non è ancora una realtà. D‘altra parte è altrettanto certo che il nudo atto del lavoro significa che l‘uomo pone se stesso, diventa uomo, e quindi che si è compiuto il salto dal genere muto dell‘animalità. Il collegamento fra l‘inizio e la fine costituisce la storia mondiale dell‘umanità, il pieno dispiegarsi dell‘essere-per-sé del genere umano. II quale essere-per-sé può realizzarsi in termini adeguati a se stesso soltanto in forma consapevole: il genere umano non più muto deve in quanto tale essere presente anche nella coscienza degli uomini. Nel perenne cammino fino a quel punto tale coscienza può realizzarsi adeguatamente solo in casi eccezionali, e anche allora solo come posizione di un valore, in termini pseudo-soggettivi, ma non come coscienza di un essere cui si è pervenuti, che realizza un valore, che edifica queste forme a un livello superiore. La paradossalità della nostra formulazione si riduce dunque al fatto che lo sviluppo del genere umano è il processo in cui si dispiega un essente, non il salto da una forma d‘essere all‘altra; il salto è già stato compiuto con l‘umanizzarsi dell‘umanità, dopo di che, nonostante i ritorni indietro, gli scossoni rivoluzionari e controrivoluzionari, si ha in senso ontologico stretto un processo di evoluzione. Questo fatto noi l‘abbiamo formulato dicendo che l‘essere-per-sé del genere umano è già presente in-sé nel diveniruomo dell‘uomo, che già il lavoro più primordiale incarna questa nuova relazione dell‘individuo con il genere (in-sé). Il fatto che all‘interno di questo processo possano verificarsi anche salti, che trapassi di questo tipo siano addirittura obbligatori, — anzitutto nella nascita del regno della libertà, — non cambia in sostanza questa situazione ontologica; qui si tratta infatti di forme di transizione all‘interno dell‘essere sociale, mentre nell‘altro caso il discorso verte sulla nascita e il costituirsi dell‘essere sociale, del genere umano stesso. (Vol II, 183) Vol II pg.183 § 50 mehr stumme Menschengeschlecht in einer noch stummen Erscheinungsweise, das Fürsichsein der Gattung auf der Stufe seines eigenen bloßen Ansich- seins vorhanden. Diese Ausdrücke müssen darum paradox wirken, weil sie einen dem Wesen nach dynamischen Entwicklungsprozeß mit Kategorien zu erfassen suchen, deren Sinn auf Entwicklungsstufen und nicht auf den Entwicklungsprozeß selbst hinzielt. Wir wissen ja, daß das eigentliche Fürsichsein des Menschengeschlechts, seine völlig aufgehobene Stummheit bis jetzt noch nicht verwirklicht ist. Andererseits steht es ebenfalls fest, daß der bloße Akt der Arbeit das Sichselbstsetzen des Menschen, sein Menschwerden bedeutet und damit den vollzogenen Absprung von der gattungsmäßig stummen Tierheit. Die Verbindung von Anfang und Ende bildet die Weltgeschichte der Menschheit, die volle Entfaltung des Fürsichseins der Menschengattung. Dieses kann sich nur in bewußter Form sich selbst angemessen verwirklichen: Die nicht mehr stumme Menschengattung muß als solche auch im Bewußtsein der Menschen gegenwärtig sein. Auf dem kontinuierlichen Weg bis dahin kann sich dieses Bewußtsein nur in Ausnahmefällen adäquat verwirklicht zeigen, auch dann vorerst in einer bloßen wertsetzenden, scheinsubjektiven Weise und nicht als Bewußtsein eines erreichten, wertverwirklichenden, diese Formen noch höher aufbauenden Seins. Die Paradoxie unserer früheren Formulierung reduziert sich also darauf, daß die Entwicklung der Menschengattung der Prozeß der Entfaltung eines Seienden ist, kein Sprung aus einer Seinsform in die andere; der Sprung ist vielmehr mit der Menschwerdung der Menschheit vollzogen, seither geht, trotz Rückfälle, revolutionärer und gegenrevolutionärer Erschütterungen, im strikt ontologischen Sinn ein evolutionärer Prozeß vor sich. Es sollte damit bezeichnet werden, daß das Fürsichsein des Menschengeschlechts schon in der Menschwerdung des Menschen an sich da ist, daß bereits die primitivste Arbeit diese neue Beziehung des einzelnen zum Geschlecht — an sich — verkörpert. Daß innerhalb dieses Prozesses auch sprunghafte Übergänge vorhanden sein können, sogar müssen — so vor allem in der Entstehung des Reichs der Freiheit —, kann diesen ontologischen Tatbestand dem Wesen nach nicht ändern; handelt es sich ja hier bereits um Übergangsformen innerhalb des gesellschaftlichen Seins, während dort von dem Entstehen und Sichkonstituieren des gesellschaftlichen Seins, der Menschengattung selbst die Rede war. (Bd II, 162) 147 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Infatti soltanto gli antagonismi elementari51 citati possono, se si ila il caso, venir liquidati sulla semplice base dell‘uso diretto della lorza. Per contro, man mano che l‘essere sociale va socializzandosi, il dominio assoluto della mera forza si attenua, anche se non scompare mai del tutto nella società di classe. Giacché, quando gli a ni agonismi sociali hanno ormai acquisito forme più mediate, udii tre la regolazione dell‘agire al nudo uso della forza significherebbe arrivare senz‘altro alla distruzione della società. A questo punto deve prendere il sopravvento quella complicata unità di lorza scoperta e forza mascherata, rivestita dei panni della legge, deve prendere figura nella sfera giuridica. La cinica e intelligente b ase di Talleyrand secondo cui con le baionette si può far tutto, meno che starci seduti sopra, illustra bene in termini epigramma- iici il fatto che una società in certa misura evoluta non potrebbe lunzionare e riprodursi normalmente se la maggioranza delle posizioni teleologiche dei suoi membri fosse, direttamente o indirettamente, estorta con la nuda forza. Non è casuale che nella storia dell‘antichità i legislatori che mettono fine a un periodo di guerre civili vengano sentiti come eroi mitici (Licurgo, Solone). E in realtà il diritto nella polis greca e anche nella repubblica lontana ha un significato tutto particolare. E il portatore, il centro spirituale delle attività umane in genere. Tutto quel che in seguito si articolerà in morale e persino in etica, nella concezione classica della polis è ancora totalmente legato allo Stato, ancora compieta- mente identico al diritto. Solo con i sofisti viene in luce che il dii ilio man mano va assumendo un carattere specifico, compare il mero legalismo dell‘agire, per cui secondo Antifonte se si agisce « per sfuggire al danno della pena », « difficilmente si osserverà la legge nel caso in cui non vi sia alcun motivo di salvar le apparenze di fronte al prossimo e dove si agisce senza testimoni » Non è nostro compito qui descrivere come sia accaduto che lo sviluppo sociale abbia trasformato tali « paradossi » di singoli Outsiders in communis opinio, né il fatto altrettanto noto che, accanto al diritto effettivo, realmente funzionante, il cosiddetto diritto positivo, nella coscienza sociale degli uomini sia sempre stata presente l‘idea di un diritto non posto, non risultante da atti sociali, che deve valere da ideale per quello positivo, il diritto naturale. Il significato sociale di questo doveressere varia molto nei diversi periodi: può 51 Denn nur die erwähnten elementaren Gegensätze lassen sich unter Umständen rein auf Grundlage der unmittelbaren Gewaltanwendung erledigen; freilich verliert sich mit zunehmender Vergesellschaftung des gesellschaftlichen Seins diese Alleinherrschaft der bloßen Gewalt, allerdings ohne in den Klassengesellschaften je zu verschwinden. Bei den vermittelteren Formen der gesellschaftlichen Antagonismen würde nämlich die Reduktion der Regelung des gesellschaftlichen Handelns auf nackten Gebrauch der Gewalt zwangsläufig zu einer Zersetzung der Gesellschaft führen. Hier muß jene komplizierte Einheit von unverhüllter und latent verdeckter, in Gesetzesform gekleideter Gewalt, die in der Rechtssphäre ihre Gestalt erhält, in den Vordergrund treten. Der zynisch-kluge Ausdrück Talleyrands, daß man mit den Bajonetten alles mögliche tun könne, nur sich auf sie setzen nicht, illustriert epigrammatisch treffend diesen Zustand, daß nämlich eine bereits einigermaßen entwickelte Gesellschaft unmöglich funktionieren und sich normal reproduzieren könnte, wenn die Mehrzahl der teleologischen Setzungen ihrer Mitglieder direkt oder indirekt bloß durch Gewalt erzwungen wäre. Es ist kein Zufall, daß in der Geschichte des Altertums die Gesetzgeber, die eine Periode der Bürgerkriege beenden, zu mythischen Helden stilisiert werden (Lykurgos, Solon). Freilich hat das Recht in der griechischen Polis und auch in der römischen Republik eine ganz besondere Bedeutung. Es ist der Träger, das geistige Zentrum der menschlichen Aktivitäten überhaupt; alles, was sich später zu Moral und sogar Ethik differenziert, ist in der klassischen Polis-Auffassung noch völlig an den Staat gebunden, noch völlig identisch mit dem Recht. Erst bei den Sophisten taucht der im Laufe der Entwicklung spezifisch werdende Charakter des Rechts auf, die bloße Legalität des Handelns, so nach Antiphon, wenn die Handlung erfolgt, »um dem Nachteil der Strafe zu entgehen, so wird man das Gesetz schwerlich auch in dem Falle befolgen, wo kein Anlaß besteht, den Schein vor den Menschen zu wahren, und wo man ohne Zeugen handelt«"". Wie die gesellschaftliche Entwicklung aus solchen »Paradoxien« einzelner Outsider eine communis opinio gemacht hat, haben wir hier nicht zu schildern, ebensowenig die gleichfalls bekannte Tatsache, daß neben dem wirklichen, real funktionierenden Recht, dem sogenannten positiven Recht im gesellschaftlichen Bewußtsein der Menschen immer wieder die Idee eines nicht gesetzten, nicht aus gesellschaftlichen Akten entspringenden Rechts gegenwärtig war, das als Ideal für jenes zu gelten hat, das Naturrecht. Die Aqueles que "emergem das formas fundamentais de apropriação do mais trabalho" (§75 pg. 207) 148 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 avere una grande influenza conservatrice (il diritto naturale cattolico nel medioevo), può divenire una forza esplosiva rivoluzionaria (rivoluzione francese), ma spesso questa tensione sprofonda nei pii desideri retorici di professori che si lamentano del diritto vigente.(Vol II 207-8) Vol. II pg. 207XCII § 76:.Vol II pg. 207-8 §: soziale Bedeutung eines solchen Sollens ist in verschiedenen Perioden höchst verschieden, von großem konservativen Einfluß (katholisches Naturrecht im Mittelalter), von revolutionärer Explosionskraft (französische Revolution) sinkt diese Spannung oft zu professoral-rhetorischen frommen Wünschen dem geltenden Recht gegenüber hinab. (BdII, 184-5) Qui emerge di nuovo la differenza fra l‘economia e gli altri complessi sociali. Nell‘economia il processo ontologico spontaneo crea una omogeneizzazione, un concetto di eguaglianza all‘interno della gerarchia che da essa ha origine; il tempo di lavoro socialmente necessario sorge, in quanto principio regolativo, indipendentemente dalle rappresentazioni e dalla volontà degli uomini. E il risultato di una addizione che la società spontaneamente compie a partire dagli effetti causali delle posizioni teleologiche del lavoro. Nel sistema giuridico, invece, questi princìpi regolativi sono il risultato di un porre consapevole, che in quanto porre deve determinare i fatti. Per cui anche le reazioni sociali ad esso risultano qualitativamente diverse. Si comprende facilmente quindi come la critica popolare e anche letteraria all‘ingiustizia di un diritto portato avanti con consequenzialità si concentri per l‘appunto su questa discrepanza presente nella sussunzione del caso singolo. Massime come summun jus summa injuria, creazioni artistiche come il processo di Shylock, anche nelle più antiche varianti novellistiche, esprimono tutte un analogo stato d‘animo contro l‘applicazione formalistica e consequenziale della legge. Ci si presenta qui un problema sociale reale. Abbiamo detto prima che nessun diritto può esistere senza venir attuato con la coazione, tuttavia esso per funzionare il più possibile senza attriti ha bisogno di un certo consenso fra i suoi verdetti e la pubblica opinione. Andremmo fuori dal quadro di questo lavoro se descrivessimo quali sforzi si sono compiuti di tempo in tempo per superare ideologicamente questa discrepanza sociale. Sarà compito dell‘Etica mostrare come la morale nasca in sostanza per superare questo abisso, che talvolta sembra catastrofico, per riconciliare sul terreno delPinteriorità quel che in generale sembra un‘ingiustizia. La riflessione sul diritto produce a sua volta, nel tentativo di mediare fra diritto e bisogno di giustizia, la specifica concezionedel diritto naturale: anch‘esso un sistema di doveressere sociale, che però il suo soggetto deve far porre da qualcosa che sta al di sopra dell‘assetto giuridico concreto esistente in Hier taucht wieder der Unterschied zwischen Ökonomie und anderen gesellschaftlichen Komplexen auf. In jener schafft der spontane Seinsprozeß eine Homogenisierung, einen Begriff der Gleichheit innerhalb der aus ihr stammenden Hierarchie; die gesellschaftlich notwendige Arbeitszeit als Prinzip der Regelung entsteht unabhängig von den Vorstellungen und vom Willen der Menschen. Sie ist ein Produkt der Summierung, die von der Gesellschaft spontan, aus den kausalen Folgen der teleologischen Setzungen in der Arbeit vollzogen wird. Im Rechtssystem sind aber diese Prinzipien der Regelung Ergebnisse eines bewußten Setzens, das als Setzen die Tatsächlichkeiten bestimmen soll. Darum müssen auch die gesellschaftlichen Reaktionen darauf qualitativ anders ausfallen. Es ist deshalb leicht verständlich, daß die populäre und auch die literarische Kritik der Ungerechtigkeit im konsequent durchgeführten Recht sich auf diese Diskrepanz in der Subsumtion des Einzelfalles konzentriert. Aussprüche wie »summum jus summa injuria«, dichterische Gestaltungen wie der Shylock-Prozeß, auch in den älteren novellistischen Varianten, weisen alle auf eine derartige Stimmung gegen das formalkonsequente Durchsetzen des Gesetzes hin. Darin ist ein reales gesell schaftliches Problem enthalten. Wir haben schon früher darauf hingewiesen, daß zwar kein Recht bestehen kann, ohne mit Zwang durchgeführt werden zu können, daß aber sein möglichst reibungsloses Funktionieren eine gewisse Übereinstimmung zwischen seinen Verdikten in der öffentlichen Meinung erfordert. Welche reale Anstrengungen von Zeit zu Zeit gemacht wurden, um diese gesellschaftliche Diskrepanz ideologisch zu überwinden, geht über den Rahmen dieser Arbeit hinaus. Es wird eine Aufgabe der Ethik sein, zu zeigen, wie die Moral wesentlich zur Überwindung dieses zuweilen verhängnisvoll scheinenden Abgrunds entsteht, um das, was allgemein als Ungerechtigkeit empfunden wird, auf dem Boden der Innerlichkeit zu einer Versöhnung zu bringen. Das Nachdenken über das Recht produziert seinerseits, um zwischen Recht und Gerechtigkeitsbedürfnis zu vermitteln, die eigenartige 149 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 quel momento, che dunque a seconda dei bisogni del tempo si pensa determinato da Dio, dalla natura, dalla ragione, ecc., e che perciò ha la possibilità di andar oltre le barriere del diritto positivo. Le due tendenze, come ha visto bene Kelsen ‖, procedono per vie parallele: l‘intenzione, la finalità, ecc. è facile che si congiungano, perché ambedue, senza consapevolezza critica intorno a se stesse, parimenti mirano a uno stadio di genericità che sia superiore a quello realizzabile nel diritto positivo. Solo nell‘Etica potremo soffermarci sulle ragioni per cui né l‘integrazione mediante la morale né tutti gli slanci riformistici nel senso e sulla base del diritto naturale siano stati in grado di sollevare il diritto sopra il livello di genericità ad esso intrinseco. Qui possiamo dire soltanto che il sogno di giustizia presente in tutti questi tentativi, fintanto che sia, come deve essere, inteso in termini giuridici, non può situarsi oltre una concezione in definitiva economica dell‘eguaglianza, oltre l‘eguaglianza che si determina in modo socialmente necessario, a partire dal tempo di lavoro socialmente necessario che si realizza nella circolazione delle merci, e che non può non restare la base reale, quindi non superabile nel pensiero, di tutte le concezioni giuridiche dell‘eguaglianza e della giustizia. Il concetto di giustizia che ne discende è fra i più ambigui prodottisi nel corso dello sviluppo dell‘uomo. Il suo problema, per esso irrisolvibile, è di mettere d‘accordo idealmente o addirittura sul piano istituzionale le diversità e peculiarità individuali degli uomini con la valutazione dei loro atti sulla base dell‘eguaglianza creata dalla dialettica medesima del processo sociale della vita. Marx ha affrontato e indagato tale questione fin nelle sue conseguenze storico-sociali più estreme. Analizzando a fondo le prospettive della transizione al socialismo, nella Critica al programma di Gotha, giunge a parlare appunto del rapporto fra diritto ed eguaglianza durante la prima fase del comuniSmo (il socialismo), quando è già cessato lo sfruttamento capitalistico, ma non è ancora stata compiuta la piena ristrutturazione della società. A proposito del rapporto fra diritto e lavoro egli dice: « Questo diritto uguale è un diritto disuguale per lavoro disuguale. Esso non riconosce nessuna distinzione di classe, perché ognuno è soltanto operaio come tutti gli altri, ma riconosce tacitamente la ineguale attitudine individuale, e quindi capacità di rendimento, come privilegi naturali. Esso è perciò, per suo contenuto un diritto della disuguaglianza, come ogni diritto. Il diritto può consistere soltanto, per sua natura, nell‘applicazione di Konzeption des Naturrechts, ebenfalls ein System des gesellschaftlichen Sollens, dessen Setzen sein Subjekt jedoch über den jeweilig seienden konkreten Rechtszustand erheben soll, das, je nach Zeitbedürfnissen, als von Gott, von der Natur, von der Vernunft etc. bestimmt gedacht wird, das deshalb befähigt sein soll, die Schranken des positiven Rechts zu überschreiten. Die beiden Tendenzen gehen, wie Kelsen richtig erkannt hat', parallele Wege: Intention, Zielsetzung etc. gehen leicht ineinander über, denn beide müssen, ohne kritische Bewußtheit über sich selbst, gleichermaßen eine höhere Stufe der Gattungsmäßigkeit, als im positiven Recht verwirklichbar ist, erstreben. Es kann erst in der Ethik dargelegt werden, warum weder die Ergänzung durch die Moral noch alle Reformanläufe im Naturrecht und von ihm aus imstande waren, das Recht über das ihr innewohnende Niveau der Gattungsmäßigkeit zu erheben. Hier kann nur darauf hingewiesen werden, daß der allen solchen Forderungen innewohnende Traum einer Gerechtigkeit, solange er rechtlich gefaßt werden muß und wird, nicht über eine — letzthin ökonomische — Konzeption der Gleichheit hinausführen kann, über die Gleichheit, die sich gesellschaftlich notwendig von der gesellschaftlich notwendigen Arbeitszeit aus bestimmt und sich im Warenverkehr verwirklicht, die die reale und darum gedanklich unüberwindbare Basis aller rechtlichen Gleichheits- und Gerechtigkeitskonzeptionen bleiben muß. Die daraus entsteigende Gerechtigkeit gehört ihrerseits zu den vieldeutigsten Begriffen in der menschlichen Entwicklung. Sie stellt sich die für sie unlösbare Aufgabe, die individuelle Verschiedenheit und Eigenart der Menschen mit der Beurteilung ihrer Taten auf Grundlage der Gleichheit, die die Dialektik des gesellschaftlichen Lebensprozesses selbst hervorbringt, gedanklich oder gar institutionell in Einklang zu bringen. Marx hat diese Frage bis zu ihren extremsten gesellschaftlich-geschichtlichen Konsequenzen ins Auge gefaßt und untersucht. In seiner eingehendsten Analyse der Perspektiven des gesellschaftlichen Übergangs zum Sozialismus, in der »Kritik des Gothaer Programms« kommt er auf dieses Verhältnis von Recht und Gleichheit in der ersten Phase des Kommunismus (im Sozialismus), in welcher bereits die kapitalistische Ausbeutung aufgehört hat, jedoch die volle Umgestaltung der Gesellschaft noch nicht vollführt ist, zu sprechen. Er sagt über das Verhältnis von Recht und Arbeit: »Dies gleiche Recht ist ungleiches Recht für ungleiche Arbeit. Es erkennt keine Klassenunterschiede an, weil jeder nur Arbeiter ist, wie der andere; aber es erkennt stillschweigend die ungleiche individuelle Begabung und daher Leistungsfähigkeit als natürliche Privilegien an. Es ist daher ein Recht der Ungleichheit, seinem Inhalt nach, wie alles Recht. Das Recht kann seiner Natur nach nur in Anwendung von gleichem Maßstab bestehen; aber 150 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 una uguale misura; ma gli individui disuguali (e non sarebbero individui diversi se non fossero disuguali) sono misurabili con uguale misura solo in quanto vengono sottomessi a un uguale punto di vista, in quanto vengono considerati soltanto secondo un lato determinato-, per esempio, nel caso dato, soltanto come operai, e si vede in loro soltanto questo, prescindendo da ogni altra cosa ». Anche in questo caso non possiamo analizzare da vicino tutto il complesso dei problemi, ma vogliamo sottolineare che Marx ritiene ineliminabile anche a questo stadio la discrepanza fra il concetto giuridico di eguaglianza e la diseguaglianza delle individualità umane. Anche dopo l‘espropriazione degli sfruttatori il diritto eguale resta in sostanza un diritto borghese con i suoi limiti qui enumerati. Come potrebbe parlarsi, dunque, di superare questi limiti nelle formazioni precedenti che economicamente sono basate sullo sfruttamento? Solo quando sono state sovvertite tutte le condizioni e relazioni oggettive del lavoro sociale, « dopo che è scomparsa la subordinazione asservitrice degli individui alla divisione del lavoro, e quindi anche il contrasto fra lavoro intellettuale e fisico; dopo che il lavoro non è divenuto soltanto mezzo di vita, ma anche il primo bisogno della vita; dopo che con lo sviluppo onnilaterale degli individui sono cresciute anche le forze produttive e tutte le sorgenti della ricchezza collettiva scorrono in tutta la loro pienezza » solo in una società la cui base riproduttiva è « Ognuno secondo le sue capacità, a ognuno secondo i suoi bisogni », cessa di esistere questa discrepanza, ma simultaneamente diviene superflua la sfera del diritto quale l‘abbiamo conosciuta nella storia svoltasi fino a oggi.(Vol II, 217-9) Vol II pg. 217-9 são3 §§: Naturalmente c‘è sempre anche il movimento ideologico contrario52. Soltanto nell‘Etica potremo chiarire a fondo come le diverse forme ideologiche che regolano in modo diretto la prassi umana, di fatto trapassino continuamente l‘una nell‘altra e abbiano sempre bisogno l‘una dell‘altra come fondazione, integrazione, ecc. Questa struttura della loro dinamica fa sì, quanto al nostro problema attuale, che molti modi di espressione ideologica i quali, dal punto di vista formale, di solito contribuiscono a sviluppare, consolidare, ecc. la genericità in-sé, possano svolgere invece importanti funzioni, a volte perfino decisive, nello sviluppo del suo per-sé. 52 die ungleichen Individuen (und sie wären nicht verschiedene Individuen, wenn sie nicht ungleiche wären) sind nur an gleichem Maßstab meßbar, soweit man sie unter einen gleichen Gesichtspunkt bringt, sie nur von einer bestimmten Seite faßt, z. B. im gegebenen Fall sie nur als Arbeiterbetrachtet; und weiter nichts in ihnen sieht, von allem anderen absieht.« Ohne auch hier auf den gesamten Fragenkomplex eingehen zu können, soll nur hervorgehoben werden, daß Marx diese Diskrepanz zwischen dem Gleichheitsbegriff des Rechts und der Ungleichheit der menschlichen Individualität auch auf dieser Stufe für unaufhebbar hält. Auch nach der Enteignung der Ausbeuter bleibt das gleiche Recht dem Wesen nach ein bürgerliches Recht mit seinen hier angegebenen Schranken. Wie erst könnte von einem Hinausgehen über diese Schranken in früheren Formationen, die ökonomisch auf Ausbeutung basiert sind, die Rede sein. Erst wenn alle objektiven Bedingungen und Verhältnisse der gesellschaftlichen Arbeit umgewälzt worden sind, »nachdem die knechtende Unterordnung der Individuen unter die Teilung der Arbeit, damit auch der Gegensatz geistiger und körperlicher Arbeit verschwunden ist; nachdem die Arbeit nicht nur Mittel zum Leben, sondern selbst das erste Lebensbedürfnis geworden; nachdem mit der allseitigen Entwicklung der Individuen auch die Produktionskräfte gewachsen sind und alle Springquellen des genossenschaftlichen Reichtums voller fließen«', in einer Gesellschaft, deren Reproduktionsgrundlage: »Jeder nach seinen Fähigkeiten, jedem nach seinen Bedürfnissen« ist, hört diese Diskrepanz auf, freilich simultan mit einem Überflüssigwerden der Rechtssphäre, so wie wir sie aus der bisherigen Geschichte kennengelernt haben. Bd II, 193-5) Natürlich ist auch eine ideologische Gegenbewegung immer wieder feststellbar. Es wird erst in der Ethik möglich sein, genau klarzulegen, wie die verschiedenen ideologischen Formen, die die menschliche Praxis unmittelbar regeln, faktisch ununterbrochen ineinander übergehen, einander als Begründung, Ergänzung etc. fortwährend benötigen. Diese Beschaffenheit ihrer Dynamik hat für unser gegenwärtiges Problem zur Folge, daß viele ideologische Äußerungsweisen, die unter formalen Bedingungen die Ausbildung, die Verfestigung etc. der Gattungsmäßigkeit an sich zu fördern pflegen, wichtige, oft sogar Isto é, de as grandes obras de arte e filosóficas de cada período remetam ao para-si. 151 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 La possibilità di un tale cambiamento di funzione è naturalmente condizionata ogni volta dalla storia della società. Perciò non soltanto nelle diverse formazioni ciò avviene con contenuti, forme, indirizzi, ecc. molto diversi, ma addirittura accade che nel corso dello sviluppo dell‘umanità vari settori acquistino significati opposti, che solo un sociologismo formalisti- co sarebbe capace di ridurre allo stesso denominatore. Si pensi per esempio alla tradizione, la cui funzione è di conservare un assetto sociale. In quello stadio dello sviluppo della società che noi in altro contesto abbiamo caratterizzato, con Marx, come quello la cui riproduzione economica a un certo punto raggiunge un optimum il quale può solo essere distrutto se ha luogo un‘ulteriore crescita delle forze produttive, sorge per esempio l‘arte antica. In essa i cittadini della polis moralmente e politicamente intatta esprimono una risoluta tendenza verso la genericità per-sé allora possibile. Il processo di disgregazione, distruggendo questo essere e le tradizioni che ne derivano, — nonostante il progresso sotto altri profili, — finirà per condurre alla totale privatizzazione della vita, alla degradazione del per-sé della genericità in un mero in-sé. Del tutto diversamente vanno le cose nelle formazioni completamente socializzate, dove lo sviluppo delle forze produttive non apre contraddizioni di questo tipo. Il ruolo conservatore della tradizione, perciò, al mutare della struttura economica, può tendere o al per-sé o all‘in-sé. Marx, come abbiamo visto, ha giustamente ammonito a non sopravvalutare tali realizzazioni « limitate », a non considerarle modelli per il presente. Al medesimo tempo, però, egli ha definito l‘autocompiacimento della nostra società come « volgare » 26, e in un altro luogo ha mostrato che persino l‘esaltazione basata su un fraintendimento dell‘uomo della polis fu ideologicamente necessaria per dare slancio storico-universale alla trasformazione dell‘assolutismo feudale in società borghese. (Vol II**, 602-604) Vol II pg. 602 §:44 entscheidende Funktionen in der Entwicklung ihres Fürsichseins spielen können. Die Möglichkeit eines derartigen Funktionswechsels ist natürlich jeweils gesellschaftlich-geschichtlich bedingt. Darum muß er in den verschiedenen Formationen nicht nur sehr verschiedene Inhalte, Formen, Richtungen etc. zeigen, es erhalten sogar verschiedene Gebiete im Laufe der Menschheitsentwicklung ganz entgegengesetzte Bedeutungen, die nur ein formalistischer Soziologismus auf einen Nenner zu bringen imstande ist. Man denke etwa an die einen Gesellschaftszustand konservierenden Funktionen der Tradition. Auf jener Stufe der gesellschaftlichen Entwicklung, die wir in anderen Zusammenhängen, mit Marx, dahin charakterisiert haben, daß ihre ökonomische Reproduktion auf einer bestimmten Stufe ein Optimum erreicht, das von der weiteren Entwicklung der Produktivkräfte nur zerstört werden kann, entstand etwa die antike Kunst. In ihr hat die moralischpolitisch ungebrochene Polisbürgerschaft eine entschiedene Tendenz auf die damals mögliche Gattungsmäßigkeit für sich, während der Auflösungsprozeß in der Zerstörung dieses Seins und der aus ihr entsteigenden Traditionen — bei vielfacher Progressivität in anderen Hinsichten — zur Privatisierung des ganzen Lebens, zur Degradierung des Fürsich zu einem bloßen Ansich der Gattungsmäßigkeit führen muß. Ganz anders in den vollendeten vergesellschafteten Formationen, in denen die Entwicklung der Produktivkräfte keine Widersprüche dieser Art aufwirft. Die konservierende Rolle der Tradition kann also bei veränderter ökonomischer Struktur entweder eine Tendenz zum Fürsich oder eine zum Ansich haben. Marx hat, wie wir gesehen haben, mit Recht davor gewarnt, solche »bornierten« Vollendungen zu überschätzen, sie als Vorbilder für die Gegenwart zu betrachten. Er hat aber gleichzeitig die Selbstzufriedenheit in unserer derartigen Gesellschaft als »gemein« charakterisiert' und an einer anderen Stelle gezeigt, daß sogar das auf Mißverständnis beruhende Verherrlichen der Polismenschen ideologisch notwendig war, um der Umwandlung des feudalen Absolutismus in die bürgerliche Gesellschaft den notwendigen welthistorischen Schwung zu geben. (BdII, 540-5410 Por outro lado, a própria "dinâmica" dos processos ideológicos e a inerente desigualdade do desenvolvimento objetivo abrem, também, uma outra possibilidade. 152 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 "muitos modos de expressão ideológica os quais, do ponto de vista formal, freqüentemente contribuem a desenvolver, consolidar, etc., a generidade em si, podem desenvolver importantes funções, por vezes até mesmo decisivas, no desenvolvimento do seu para-si. A possibilidade de uma tal mudança de função é condiciona, de sempre, pela história da sociedade." (Lukács, 1981:602) Lukács cita o exemplo da tradição na Grécia clássica e no capitalismo contemporâneo. No passado, a tradição cumpriu a função de, quando a decadência da pólis já estava no horizonte, dar suporte à uma explosão de arte e filosofia que remetia à "generidade para-si então possível" (Lukács, 1981:602). Mas isso tinha como fundamento ontológico o fato de que o modo de produção escravista conduzia a um beco sem saída do qual o único futuro era a decadência da pólis. Hoje, o desenvolvimento das forças produtivas não conduz a uma situação semelhante e, assim, frente à decadência ideológica da burguesia, a tradição não pode cumprir a mesma função de elevação ao para-si que cumpriu na decadência grega. Pelo contrário, como demonstraria o Caso Dreyfus, hoje o complexo que poderia em alguma medida cumprir um papel análogo seria o Direito – que em-si tem por função fixar a humanidade na particularidade da propriedade privada mas que, em determinadas situações e conflitos, abre-se a possibilidade "de uma intensão dirigida ao ser-para-si e que esta [a intensão] pode surgir de modo explosivo." (Lukács, 1981:603) Portanto, "É necessário ter claro que a desigualdade, a troca contínua de papéis entre os órgãos sociais ideológicos é um fenômeno perene reencontrável seja no momento do desabrochar seja na dissolução de uma sociedade, e tanto em um como em outro extremo escapam da continuidade da linha de desenvolvimento histórico-universal no que diz respeito à missão das ideologias superiores." (Lukács, 1981:603) Para se evitar qualquer rigidez no tratamento desta questão, cada caso deve ser examinado em suas particularidades e, "decisivo", sempre é "onde, quando e como teve lugar de fato a intervenção exemplar a favor da generidade para-si, a conquista de uma verdadeira personalidade por parte dos homens, contra as suas alienações." (Lukács, 1981:604-5) Non è questa la sede per discutere sulla gran quantità di complicazioni che ne derivano 53 quanto alla genesi dei contenuti giuridici. Basterà essere consapevoli di tale complessità delle basi, cosi da evitare di trarre conseguenze affrettate, semplicistiche e schematiche dal carattere di classe del diritto. Ma per quanto differenziati siano i contenuti giuridici nella loro genesi e nella loro vita concreta, la forma giuridica acquista una propria omogeneità solo nel corso della storia; quanto più la vita sociale si fa sociale, tanto più netta e pura diviene tale omogeneità. E già in questa forma stessa, proprio quando la si guardi dal suo puro lato formale, si può riscontrare una vera e propria contraddizione: da una parte, questa forma è rigorosamente generale, in quanto vengono sempre sussunti compattamente sotto Es ist hier nicht der Ort, die große Reihe der so entstehenden Komplikationen bei der Genesis der Rechtsinhalte auch nur anzudeuten; es genügt, daß wir dieser Komplikation der Grundlagen bewußt bleiben, um aus dem Klassencharakter des Rechts keine voreiligen vereinfacht-schematischen Folgerungen zu ziehen. So differenziert jedoch die Rechtsinhalte in ihrer Genesis und ihrer Geltung auch sein mögen, zu einer solchen Gleichartigkeit entwickelt sich die Rechtsform erst im Laufe der Geschichte; je reiner gesellschaftlich das gesellschaftliche Leben wird, desto stärker und reiner. Man kann bereits in dieser Form selbst, gerade wenn man sie rein formell betrachtet, eine echte Widersprüchlichkeit wahrnehmen: Einerseits ist diese Form eine streng allgemeine, Do fato de que o Direito é tão contraditório que a afirmação do interesse da classe pode estar em conflito com interesses particulares no interior da própria classe (§77, pg.208-9) 53 153 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 una medesima categoria tutti i casi che possono rientrare in un dato imperativo sociale. Anche se in molti casi devono intervenire dei correttivi differenzianti, la struttura in sostanza resta in piedi, giacché le aggiunte con cui si articola, si raggruppa, ecc. sono esattamente della stessa natura (sussumente, generale). Dall‘altra parte, simultaneamente a questa tendenza verso la validità generale, si ha una curiosa indifferenza — anch‘essa contraddittoria — circa le ragioni per cui i singoli individui rispettano l‘imperativo contenuto nell‘ordinamento giuridico che ogni volta è chiamato a influenzarne le posizioni teleologiche (problema del legalismo). L‘imperativo da parte sua è per lo più negativo: determinate azioni non devono essere compiute. Purché di fatto ci si astenga da tali azioni, è del tutto indifferente quali siano le cause intime ed esteriori di questa condotta. La conseguenza è che la correttezza legale può congiungersi con un‘estrema ipocrisia. Gli svariati e diversissimi atteggiamenti, conflitti, ecc. che ne derivano e che sono molto importanti per comprendere la morale e l‘etica, possono venir discussi in maniera adeguata solo nell‘ambito dell‘Etica. (Vol II, 20910) Vol. II pg. 209-10 § 78 da stets sämtliche Fälle, die einem solchen gesellschaftlichen Imperativ zugeordnet werden können, einheitlich, auf einen Schlag derselben Kategorie subsumiert werden. Daß in vielen Fällen differenzierende Korrektiven hinzutreten müssen, ändert nichts Wesentliches an dieser Struktur, denn die Einteilungen, Zuordnungen, bestimmende Ergänzungen etc. besitzen ebenfalls dieselbe — subsumierend allgemeine — Beschaffenheit. Andererseits entsteht simultan mit dieser Tendenz zur Allgemeingültigkeit eine merkwürdige — und ebenfalls widerspruchsvolle — Gleichgültigkeit dem gegenüber, weshalb die einzelnen Menschen, deren teleologische Setzungen je eine Rechtsverordnung zu beeinflussen berufen ist, den hier aufgestellten Imperativ befolgen (Problem der Legalität). Der Imperativ ist seinerseits zumeist rein negativ: bestimmte Handlungen sollen nicht vollführt werden; wird die Abstinenz von solchen Handlungen tatsächlich vollzogen, so sind ihre inneren wie äußeren Ursachen gänzlich gleichgültig. Das hat zur Folge, daß die legale Korrektheit mit der extremsten Heuchelei verbunden sein kann. Die daraus entspringenden mannigfachen und untereinander höchst verschiedenen Verhaltensarten, Konflikte etc., die für das Verständnis von Moral und Ethik sehr wichtig werden können, sind nur in der Ethik in angemessener Weise behandelbar. (Bd II, 186) 1. Sanchez Vasques e Lúcia Barroco: "ética abstrata" Desenvolver as teses dos dois e apoiar a crítica no §1 do Trabalho: 1) Vol II pg. 11 :(primeira menção no vol II) :ética abstrata vedere l‘intreccio indistricabile in cui si trovano sue categorie decisive come il lavoro, il linguaggio, la coopcrazione e la divisione del lavoro, per vedere che in esso sorgono nuove relazioni della coscienza con la realtà e quindi con se stessa, ecc. Nessuna di queste categorie può venir compresa adeguatamente quando la si consideri isolata; si pensi, ad esempio, alla feticizzazione della tecnica, la quale dopo esser stata « scoperta » dal positivismo, e aver influito profondamente die unauflösbare Verschlungenheit seiner entscheidenden Kategorien wie Arbeit, Sprache, Kooperation und Arbeitsteilung, zeigt neue Beziehungen des Bewußtseins zur Wirklichkeit und darum zu sich selbst etc. Keine kann in isolierter Betrachtung adäquat erfaßt werden; man denke etwa an die Fetischisierung der Technik, die vom Positivismus »entdeckt«, gewisse Marxisten (Bucharin) tief beeinflussend, noch heute eine nicht unbeträchtliche Rolle spielt, und zwar nicht nur bei den blinden para perceber a inextricável imbricação em que se encontram suas categorias decisivas como o trabalho, a linguagem, a cooperação e a divisão do trabalho e para perceber que aí surgem novas relações da consciência com a realidade e, em decorrência, consigo mesma, etc. Nenhuma destas categorias pode ser adequadamente compreendida se for considerada isoladamente; pense-se, por exemplo, na fetichização da técnica que, depois de ter sido ―descoberta‖ pelo 154 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 su taluni marxisti (Bucharin), ancora oggi ha un peso non irrilevante, e non solo fra i ciechi esaltatori dell‘universalità della manipolazione, di questi tempi tanto apprezzata, ma anche fra chi l‘avversa muovendo dai dogmi di un‘etica astratta (11) Verherrlichern der gegenwärtig so einflußreichen Universalität der Manipulation, sondern auch bei ihren abstraktethisch dogmatischen Widersachern. (BdII/8) positivismo e de ter influenciado profundamente alguns marxistas (Bukharin), tem ainda hoje um peso não desprezível, não apenas entre os cegos exaltadores da universalidade da manipulação, tão apreciada nos tempos atuais, mas também entre aqueles que a combatem partindo dos dogmas de uma ética abstrata. (Ivo) No capítulo dedicado a Marx, Lukács redigiu uma das passagens em que discute a gênese e o desenvolvimento dos valores. Será interessante nos deter sobre esses poucos parágrafos por sintetizarem o que já vimos anteriormente e, também, porque abordam, por um outro ângulo, um elemento central na gênese e desenvolvimento do complexo da ética: a relação entre os atos singulares e as tendências históricouniversais. Lukács está argumentando que a teleologia é uma categoria que apenas possui existência real, objetiva, nos atos humanos singulares e que, portanto, exceto tais atos, nenhuma processualidade social possui qualquer dimensão teleológica. A síntese dos atos humanos teleologicamente postos em tendências histórico-universais rigorosamente causais (isto é, que não apresentam qualquer teleologia), é uma das dimensões mais decisivas da concepção lukácsina do mundo dos homens. Se relaciona de modo muito íntimo com a sua superação da identidiade sujeito-objeto de Hegel, por um lado e, por outro, com sua não menos radical superação tanto do marxismo vulgar como do materialismo típico dos iluministas, de Feuerbach e do "marxismo vulgar", que não dão conta do poder material das idéias no mundo dos homens. É nesse contexto que o filósofo húngaro argui que "a realidade do trabalho e suas conseqüências dão lugar, no ser social, a uma estrutura inteiramente peculiar (falta aspas) "De fato, embora todos os produtos do por teleológico surjam de modo causal e operem de modo causal, com o que sua genese teleológica parece desaparecer no ato de sua efetivacao, eles têm porém, a peculiaridade puramente social de se apresentarem com o caráter de alternativa, e não só isso, mas tambem os seus efeitos, quando se referem a homens, tem - por sua própria natureza - a característica de abrirem alternativas." (Marx, 1979:81) É importante frisar que, para Lukács, esse caráter de alternativa é um dado objetivo, ineliminável, do pôr teleológico e da específica matéria dele resultante, a causalidade dada. Ou seja, independente de se ter consciência desse fato, o caráter de alternativa está presente e exerce sua ação sobre a reprodução social; o que não quer dizer que, caso dele se tenha uma consciência mais ou menos elevada, esse fato também não atue como um dado, por vezes relevante, da evolução dos processos sociais. Por isso diz ele que, "Tais alternativas, mesmo quando são cotidianas e superficiais, mesmo quando de imediato têm conseqüências pouco relevantes, são todavia 155 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 autênticas alternativas, já que contêm sempre em si a possibilidade de retroagirem sobre o sujeito para transformá-lo. (Marx, 1979:81) Diferente do que ocorre na esfera bilógica, no ser social a escolha por uma alternativa em detrimento de outra "provoca transformações interiores" na medida em que toda objetivação é articulada, necessariamente, às exteriorizações do sujeito que age e, também, "possui também a tendência a fazer recuarem socialmente as barreiras naturais." (Lukács, 1979:81) "A alternativa social, ao contrário mesmo quando é profundamente radicada no biológico como no caso da nutrição ou da sexualidade, nao permanece. fechada nessa esfera, mas sempre contém em si a referida possibilidade real de modificar o sujeito que escolhe." (Marx, 1979:81) Certamente a alternativa radica, de imediato, sempre nos indivíduos singulares, são sempre escolhas, com todas as mediações cabíveis, de indivíduos singulares. Tais indivíduos, todavia, apenas existem em sociedade e as alternativas são sempre expressões a cada momento das necessidades e possibilidades objetivamente existentes – ou seja, são expressões da particular conexão daquela individualidade com o gênero do qual é partícipe. Mas o locus da escolha é o indivíduo e ela determina de modo decisivo a singularidade da objetivação em questão. Para evitar qualquer voluntarismo ou subjetividade no tratamento da articulação entre a escolha do indivíduo singular e a reprodução da totalidade social, Lukács se propõe a uma "breve análise de uma categoria centralíssima para o marxismo, como a do valor" (Lukács, 1979:82)54. O desenvolvimento das forças produtivas significa que, "em termos econômicos", "a crescente socialização da produção se manifesta não simplesmente com o aumento dos produtos, mas também com a diminuição do trabalho socialmente necessário para fabricá-los." (Lukács, 1979:82) "Nãoo há dúvida de que temos aqui um desenvolvimento objetivo e necessário no interior do ser social, cuja objetividade ontológica se mantém independentemente tanto das interesses dos atos singulares que efetivamente permitiram a sua emergência, quanto de todas as avalições humanas acerca do ocorrido, avaliações feitas dos mais variados pontos de vista e sob as mais variadas motivações. Portanto, encontramo-nos diante de um traço objetivamente ontológico da tendência evolutiva interna ao ser social." (Lukács, 1979:82) Tal objetividade do valor econômico é uma demonstração, para o nosso autor, do caráter de objetividade dos valores em geral. "Por isso é preciso insistir firmememente nessa objetividade, mesmo se – ou porque – isso ainda nos deixa muito longe d euma exposição completo do próprio fenômeno ontológico [do valor]." (Lukács, 1979:83) Atenção: ver com cuidado os próximos parágrafos: E continua: "A relação real objetiva, independente da consciência, que designamos aqui com o termo 'valor', é efetivamente, sem prejuízo dessa sua objetividade, em ultima análise, mas apenas em última análise, também o fundamento ontológico de todas as relações sociais que chamamos de vaHá, nesta passagem, a afirmação de que "o valor, enquanto unidade de valor de uso e de valor de troca, compreende em si – no plano econômico – também a presença do trabalho socialmente necessário." (Lukács, 1979:82) O que exatamente quer dizer isso? 54 156 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 lores; e, por isso, também o veículo de todos os tipos de comportamento socialmente relevantes que são chamados de avaliações (ou juízos de valor)." (Lukács, 1979:83) Talvez seja razoável chamar a atenção, antes de prosseguir com essa citação, que o "fundamento ontológico de todas as relações sociais que chamamos de valores" é a "relação real, objetiva, independente da consciência, que designamos aqui com o termo 'valor'" e, não, o valor econômico "enquanto unidade de valor de uso e de valor de troca" (Lukács, 1979:82). Tomar o valor da esfera econômica, aquele fundado no tempo de trabalho socialmente necessário, como o fundamento ontológico dos valores em geral seria um duplo absurdo, do ponto de vista da estrura mais geral da ontologia lukácsiana. Em primeiro lugar, porque pressuporia que o tempo de trabalho socialmente necessário seria uma categoria presente em toda e qualquer formação social, tal como a fala ou o trabalho, e não uma categoria presente apenas naquelas sociedades que conhecem a produção de mercadorias. Em segundo lugar, porque equivaleria a afirmar a eternidade da mercadoria, tese absolutamente distante de Lukács. O que o filófoso húngaro está postulando é que os valores, quaisquer que sejam eles, são "relações sociais" e, enquanto tais, possuem uma objetividade em-si mesmo – e esta objetividade não depende, em absoluto, da consciência que se tenha ou não de tais valores. E, enquanto objetividades, interferem na reprodução social. Isto esclarecido, continuemos com o texto de Lukács: "Essa unidade dialética entre ser socialmente objetivo e relação de valor objetivamente fundada tem suas raízes no fato de que todas essas relações, processos, etc. objetivos, mesmo continuando a existir e a agir independentemente das intenções dos atos humanos individuais que os realizam, só emergem à condição de ser enquanto realizações desses atos e só podem explicitar-se ulteriormente retroagindo sobre novos atos humanos individuais. Para compreender a especificidade do ser social, é preciso compreender e ter presente essa duplicidade: a simultânea dependência e independência dos seus produtos e processos específicos em relação aos atos individuais que, imediatamente, os fazem surgir e prosseguir." (Lukács, 1979:83) Ou seja: a objetividade dos valores e processos valorativos "tem suas raízes" no fato de que apenas podem existir enquanto causalidades dadas e estas, por sua vez, apenas podem existir, se desenvolver e se explicitar "retroagindo sobre novos atos humanos individuais". E isso nada mais significa que uma manifestação particular, na esfera dos valores, de um fato ontológico mais geral: no ser social, temos a "simultânea dependência e independência" dos produtos e processos especificamente sociais para com os "atos individuais que, imediatamente, os fazem surgir e prosseguir" (Lukács, 1979:83). Independência porque, como já argumentamos, a reprodução social é a síntese em tendências histórico-genéricas dos atos singulares dos indivíduos concretos. Enquanto totalidade, tais tendências possuem uma qualidade distinta da qualidade dos atos singulares dos quais é síntese (a totalidade mais que a soma das partes) e, por isso, são relativamente independentes para com os seus elementos, isto é, os atos dos indivíduos singulares. São dependentes na exata medida em que são sínteses dos atos singulares e que, portanto, sem estes não poderiam existir. "Portanto, as legalidades objetivas do ser social sao indissoluvelmente ligadas a atos individuais de caráter alternativo, mas possuem ao mesmo tempo uma coercitividade social que é independente de tais atos." (Lukács, 1979:84) 157 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Uma vez mais, Lukács volta-se a esclarecer (ainda que já houvesse feito há poucas linhas) o caráter dessa independência. Ela é "dialética" "e se expressa em termos explícitos na dialética de fenômeno e essência (onde naturalmente cabe sempre ter presente que, para a dialetica materialista, o fenômeno é sempre algo que é e não algo contraposto ao ser). A inter-relação. dialética entre o indivíduo (o sujeito da alternativa) e o universal (o socialmente submetido a leis) cria uma série fenomênica mais variada e multifacética, precisamente porque se tornar fenômeno da essência social pode se verificar apenas no medium representado pelos homens, que são por princípio individualizados." (Lukács, 1979:84) Após lembrar que a passagem do ser biológico ao social possibilita uma maior autonomia da parte55 frente ao todo e, com o afastamento das barreiras naturais, aumenta ainda mais a autonomia dos indivíduos para com as suas sociedades --, de tal modo que ser excluído de uma comunidade já não mais representa, como ocorria no período primitivo e mesmo na Grécia, a inviabilidade da existência social do indivíduo; gerando mesmo a ilusão de total independência dos indivíduos para com a sociedade (o indivíduo como mônada, etc.) --, retoma à questão do valor pontuando que o desenvolvimento das forças produtivas que possibilita a queda do tempo de trabalho socialmente necessário para a produção das mercadorias "é apenas um lado da conexão global, cujo elo integrativo é formado pelo desenvolvimento das capacidades humanas". (Lukács, 1979:86) Nesse sentido "Em todas as formas, ela [a riqueza representada pelo valor] se apresenta sob forma objetiva, quer se trate de uma coisa ou de uma relação mediatizada por uma coisa, que se encontra fora do indivíduo e casualmente a seu lado [ . . . ] Mas, in fact, uma vez superada a limitada forma burguesa, o que é a riqueza se não a universalidade dos carecimentos, das capacidades, das fruições, das forças produtivas, etc. dos indivíduos, criada no intercambio universal? O que é a riqueza se não o pleno desenvolvimento do domínio do homem sobre as forças da natureza, tanto sobre as da chamada natureza quanto sobre as da sua própria natureza? O que é a riqueza se não a explicitação absoluta de suas faculdades criativas, sem outro pressuposto a1ém do desenvolvimento histórico anterior, que torna finalidade em si mesma essa totalidade do desenvolvimento, ou seja do desenvolvimento de todas as forças humanas enquanto tais, não avaliadas segundo um metro já dado? Uma explicitação na qual o homem não se reproduz numa dimensão determinada, mas produz sua própria totalidade? Na qual não busca conservar-se como algo que deveio, mas se põe no movimento absoluto do devir?" (Mega, I, 5, pp. 65-66 [A ideologia alemã] Lukács, 1979:86) Sendo a riqueza humana, em tudo distinta da riqueza fetichizada e reificada do capital, a plena explicitação da omnilateralidade humana, então, prossegue Lukács, fica evidente que "Tão-somente na medida em que o desenvolvimento do ser social, em sua forma ontologicamente primária, ou seja, no campo da economia (do trabalho), produz um desenvolvimento das faculdades humanas, tãosomente então é que seu resultado - como produto da auto-atividade do gênero humano - ganha um caráter de valor, o qual se dá conjuntamente com sua existência objetiva e é indissociavel dessa."(Lukács, 1979:87) 55 158 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Ou, em outras palavras, "se investigarmos qual é a base ontológica última de um valor qualquer, é inelutável que o objeto adequado dessa investigação se torne a explicitação de algumas faculdades humanas e precisamente como resultado da própria atividade humana."(Lukács, 1979:87) Continua Lukács: considerar o trabalho como o fundamento ontológico do ser social, não significa reduzir o mundo dos homens (e portanto todos os valores que não emergem do intercâmbio com a natureza) ao trabalho. Pois, "todas as demais formas de atividade do homem, ligadas aos diversos valores, só se podem apresentar como autônomas depois que o trabalho atinge um nível relativamente elevado. (...) tudo aquilo que no trabalho e através do trabalho surge de expressamente humano constitui, precisamente, aquela esfera do humano sobre a qual – direta ou indiretamente – baseiam-se todos os valores."(Lukács, 1979:87) Por outro lado, observa Lukács que esse "nexo ontológico" não resolve a questão. Pois a questão dos valores, além da sua objetividade imediatamente conectada ao desenvolvimento das capacidades humanas ao longo da história, apresenta ainda um outro aspecto não menos complexo que decorre da não menos complexa relação da essência e do fenômeno na reprodução social. "Com efeito, a questão do valor seria bem mais simples se essa relação não se exteriorizasse ern termos extremamente paradoxais, contraditórios já indicando assim que nos encontramos diante de uma relação central, fortemente típica e característica no âmbito do ser social. Marx, logo após o trecho que acabamos de citar [Lukács se refere à passagem dos Grudrisse acima reproduzida], descreve o modo de manifestação desse complexo no capitalismo: 'Na economia política burguesa, assim como na fase histórica de produção a que ela corresponde, essa completa explicitação da natureza interna do homem apresenta-se como um complexo esvaziamento; essa objetivação universal, como alienação total; e a eliminação de todas as finalidades unilaterais determinadas, como sacrifício da finalidade autônoma a uma finalidade inteiramente imposta do exterior.' Para entender corretamente essa relação de essência e fenômeno, em ligação, por um lado, com o valor e a riqueza e, por outro, com o desenvolvimento das faculdades humanas (como vimos, esses dois processos formam um todo indissolúvel), deve-se partir do fato de que não apenas o fenômeno é uma entidade social tal como a essência, mas também que um e outra são apoiados pelas mesmas necessidades sociais, que um e outra são componentes reciprocamente indissociáveis desse complexo histórico-social."(Lukács, 1979:88) E, tendo em vista o fato que já vimos acima, no final do Capítulo I, de que a vida cotidiana oferece um campo fenomênico muito mais aberto e influenciável aos atos individuais que as tendências histórico-universais, "O homem singular, por isso, não pode rebelar-se contra ela [a lei do valor, aqui como exemplo das tendências histórico-universais], sob pena de sua própria ruína; sua revolta, melhor dizendo, converte-se com grande facilidade numa grotesca caricatura quixotesca. Isso não exclui naturalmente, as subversões revolucionárias, que são, também, por sua. vez, sínteses de inúmeros atos individuais; mas tais atos partem, da totalidade e têm a totalidade como objetivo. As revoluções são evidentemente casoslimites, que pressupoem não só ações de massa, mas também a presença de uma problematicidade interna das tendências objetivas de desenvolvimento. Todavia, também existem importantes casos --- precisamente do ponto de vista dessa esfera objetiva - nos quais uma resistência que consiga tonar-se 159 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 fenômeno de massa pode provocar modificações de estrutura e de movimento nessa esfera."(Lukács, 1979:88-9) Vol. II pg. Il timore che una tale trattazione nello spirito del metodo marxiano vada a danno dei veri valori 538-9 §192 filosofici o artistici, è infondato. Noi riteniamo, al contrario, che proprio isolando, guardando all‘immanenza parziale, si finisce per non vedere il valore massimo della loro totalità cioè del loro ancorarsi nel destino del genere umano. Infatti questo valore massimo consiste per l‘appunto nel loro elevare l‘esser-uomo dell‘uomo, formando in lui nuovi organi per comprendere in modo più ricco e più profondo la realtà e rendendo la sua individualità, mediante tale arricchimento, insieme più individuale e più generica. Abbiamo già riportato in un altro contesto quanto dice Marx a questo proposito circa la musica. Ci sia permesso sottolineare qui il seguente brano: « E soltanto mediante la dispiegata ricchezza oggettiva dell‘ente umano che vengono in parte sviluppati, in parte prodotti la ricchezza della soggettiva umana sensibilità, un orecchio musicale, un occhio per la bellezza della forma, in sensi capaci di fruizioni umane, sensi che si affermano quali umane forze essenziali »59. Cosicché nel momento in cui tutte le espressioni e alienazioni umane si rivelano vivi momenti del vero divenir-uomo, la filosofia e l‘arte perdono la loro autoconsistenza, il loro isolamento, quel carattere — in ultima analisi — di cose di lusso che finisce inevitabilmente per appiccicar loro addosso chi le osservi nell‘ottica delle « scienze speciali » e della saggistica soggettivistica. Il fatto che i marxisti volgari, invertendo il segno, giungano a risultati analoghi, anzi ancor meno situati sul piano del genere umano, non ha nulla da vedere con le vere questioni del marxismo. (Vol II**, 538-9) Die Furcht, daß bei einer solchen Behandlung im Geiste der Marxschen Methode die genuin philosophischen bzw. künstlerischen Werte zu kurz kommen, ist unbegründet. Wir glauben im Gegenteil, daß ihre isolierende, auf partielle Immanenz gerichtete Betrachtung gerade an dem höchsten Wert ihrer Totalität, ihres Verankertseins im Schicksal der Menschheit vorbeigehen muß, denn diese höchsten Werte bestehen gerade darin, daß sie das Menschsein des Menschen erhöhen, indem sie in ihm neue Organe eines reicheren, vertiefteren Erfassens der Wirklichkeit ausbilden, indem sie durch eine solche Bereicherung seine Individualität zugleich individueller und gattungsmäßiger machen. Wir haben in anderen Zusammenhängen die diesbezüglichen Ausführungen von Marx über die Musik zitiert. Es sei gestattet, hier daraus folgende Gedanken herauszuheben: »erst durch den gegenständlich entfalteten Reichtum des menschlichen Wesens wird der Reichtum der subjektiven menschlichen Sinnlichkeit, wird ein musikalisches Ohr, ein Auge für die Schönheit der Form, kurz, werden erst menschlicher Genüsse fähige Sinne, Sinne welche als menschliche Wesenskräfte sich bestätigen, teils etst ausgebildet, teils erst 160 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 erzeugt.« Indem sich so alle menschlichen Äußerungen und Entäußerungen als lebendige Momente des echten Menschwerdens offenbaren, verlieren Philosophie und Kunst jenes isolierende Aufsichgestelltsein, jenen — letzten Endes — bloßen Luxuscharakter, der ihrem Anblick aus der Perspektive von »einzelwissenschaftlichen« Erwägungen und subjektivistischen Essays unweigerlich anhaften muß. Daß die Vulgärmarxisten mit verkehrten Vorzeichen zu ähnlichen, ja noch weniger menschheitlichen Ergebnissen gelangen, hat mit den echten Fragen des Marxismus nichts zu tun. (Band II, 485-6) 161 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Conclusão L‘approccio non-ontologico a una questione eminentemente ontologica conduce però anche ad altre confusioni filosofiche (NOTA 23). Il metodo orientato in senso gnoseologico porta — tanto più quanto pili si trova sotto l‘influsso di Kant — per forza di cose a mescolare scorrettamente gli àmbiti problematici dell‘essere e del valore. E interessante osservare come, sebbene Kant respingesse di netto la logica della prova ontologica dell‘esistenza di dio, fra i suoi seguaci cominciò invece a profilarsi una convergenza sempre più decisa fra priorità dell‘essere e grado di valore. E in una duplice direzione: coloro i quali, nonostante tutti gli annacqua- menti gnoseologici del metodo marxiano, volevano comunque restare fedeli al materialismo storico e non rinunciavano alla priorità dell‘economico nella vita sociale, dettero alla priorità ontologica dell‘economico un tono di valore, trattando con un certo sprezzo filosofico l‘intera sovrastruttura e in specie tutto quanto è ideologico, talvolta con l‘atteggiamento non sempre consapevole di aver a che fare con un semplice epifenomeno rispetto all‘economia, che era la sola cosa attiva e importante; coloro, al contrario, fra i quali la sottolineatura del valore divenne la tendenza prevalente, per questo motivo misero sprezzantemente da un lato, spesso anche loro senza rendersene conto, le leggi sociali e trasformarono lo sviluppo ontologicamente fondato di Marx in una sorta di sviluppo di valori. Né ha importanza dal nostro punto di vista che il modello fosse dato dal progresso infinito kantiano oppure da una filosofia della storia alla maniera di Hegel. Ed è interessante il fatto che ambedue queste tendenze filosofiche con cui viene deformato il metodo di Marx s‘incontrano in persone politicamente orientate tanto a sinistra quanto a destra. Vol II pg. 171-2 §40 NOTA 23_ ls [ teorici della seconda Internazionale — sotto l'influsso del kantismo e del positivismo — hanno considerato tutte queste questioni in termini solo gnoseologici, ossificando cosi in dogmi o dissolvendo in idealismo il materialismo storico. Solo con Lenin ci si avvia di nuovo verso l'interpretazione corretta della concezione di Marx. Ma poiché Lenin stesso, pur muovendo sempre di (atto da nna ontologia materialistico- dialettica e pur mirando sempre ad essa, non sempre si distacca dalle torme gnoseologiche, la sua restaurazione della ontologia marxiana è Das nicht-ontologische Herantreten an eine eminent ontologische Frage hat aber noch weitere philosophische Verwirrungen zur Folge. Die erkenntnistheoretische Orientierung der Methode — je mehr sie unter dem Einfluß Kants steht, desto mehr — führt zwangsläufig zu einer unzulässigen Vermengung der Problemkreise von Sein und Wert. Dabei ist interessant zu beobachten, daß, obwohl Kant selbst die Logik des ontologischen Gottesbeweises schroff ablehnte, in seiner Nachfolge sich eine Konvergenz zwischenSeinspriorität und Werthöhe immer stärker auszubilden begann. Und zwar in doppelter Richtung: Diejenigen, die bei allen erkenntnistheoretischen Verwässerungen der Marxschen Methode dem historischen Materialismus doch treu bleiben und die Priorität des Ökonomischen im gesellschaftlichen Leben nicht aufgeben wollten, gaben der ontologischen Priorität des Ökonomischen einen Wertakzent, behandelten den ganzen Überbau und insbesondere alles Ideologische mit einer gewissen philosophischen Verachtung, zuweilen mit dem nicht immer bewußten Akzent, als handele es sich dabei um ein bloßes Epiphänomenon der allein wirksamen und wichtigen Ökonomie gegenüber; diejenigen dagegen, bei denen die Wertbetonung zur überwiegenden Tendenz wurde, schoben aus solchen Gründen die gesellschaftlichen Gesetze, ebenfalls oft unbewußt, verächtlich beiseite und machten aus der ontologisch 8 Die Theoretiker der Zweiten Internationale haben alle diese Fragen — unter dem Einfluß des Kantianismus und des Positivismus — rein erkenntnistheoretisch betrachtet. So haben sie den historischen Materialismus entweder dogmatisch erstarren lassen oder idealistisch aufgelöst. Erst mit Lenin setzt die Bewegung zum richtigen Verständnis der Marxschen Konzeption wieder ein. Da er aber selbst, zwar sachlich immer von einer materialistisch-dialektischen Ontologie ausgeht und seine Intentionen auf diese richtet, in seinem sprachlichen Ausdruck jedoch sich nicht immer von den erkenntnistheoretischen Formen loslöst, ist seine Wiederherstellung der Marxschen Ontologie oft mißdeutet worden. Teils ist in der Stalinschen Periode ein neuer Dogmatismus entstanden, teils haben die Oppositionen gegen den Dogmatismus nicht den Weg zur echten Marxschen Ontologie gefunden und versuchten, den 162 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 stata spesso mal interpretata. Da una parte si è avuto il nuovo dogmatismo del periodo staliniano, dall‘altra parte chi si opponeva al dogmatismo non ha trovato la strada che porta alla vera ontologia marxiana e ha cercato di fondare filosoficamente il materialismo storico in modo indipendente da quello dialettico, indipendentemente cioè da una immagine del mondo che fosse sul piano ontologico materialistico-dialettica. Questi sforzi erano perciò condannati a fallire; cosi i miei in Storia c coscienza di classo e cosi quelli di Sartre in Critica della ragione dialettica historischen Materialismus unabhängig vom dialektischen, unabhängig von einem ontologisch materialistisch-dialektischen Weltbild philosophisch zu begründen. Diese Bestrebungen waren deshalb zum Scheitern verurteilt; so die meinen in »Geschichte und Klassenbewußtsein«, (GLW, Bd. z), so die Sartres in »Critique de la raison dialectique«. fundierten Entwicklung bei Marx eine Art Wertentwicklung, wobei es von unserem Standpunkt gleichgültig bleibt, ob dazu der Kantsche unendliche Progreß oder eine Geschichtsphilosophie nach der Art Hegels das Modell abgibt. Es ist interessant, daß man beide philosophischen Tendenzen einer solchen Verzerrung der Marxschen Methode sowohl bei politisch links wie rechts Eingestellten finden kann (BDII, 132-3) Invece è Marx stesso che stabilisce con grande esattezza la distinzione fra essere e valore. Tuttavia da quanto abbiamo detto in precedenza risulta chiaro che egli non li contrappone mai da un punto di vista gnoseologico, come fanno i kantiani distinguendo tra essere e dover-essere, ma assegna al valore, alla posizione del valore e alla sua realizzazione il posto che loro compete nell‘ontologia dell‘essere sociale. È tacile vederlo se torniamo con la memoria al suo celebre e decisivo brano sul regno della necessità e il regno della libertà. Dice Marx: « Come il selvaggio deve lottare con la natura per soddisfare i suoi bisogni, per conservare e per riprodurre la sua vita, cosi deve fare anche l‘uomo civile, e lo deve fare in tutte le forme della società e sotto tutti i possibili modi di produzione. A mano a mano che egli si sviluppa, il regno della necessità naturale si espande, perché si espandono i suoi bisogni, ma al tempo stesso si espandono le forze produttive che soddisfano questi bisogni. La libertà in questo campo può consistere soltanto in ciò, che l‘uomo socializzato, cioè i produttori associati, regolano razionalmente questo loro ricambio organico con la natura, lo portano sotto il loro comune controllo, invece di essere da esso dominati come da una forza cieca; che essi lo compiono con il minore possibile impiego di energia e nelle condizioni più adeguate alla loro natura umana e più degne di essa. Ma questo rimane sempre un regno della necessità. Al di là di esso comincia lo sviluppo delle capacità umane che è fine a se stesso, il vero regno della libertà, die tuttavia può fiorire soltanto sulle basi di quel regno della necessità. Condizione fondamentale di tutto ciò è la riduzione della giornata lavorativa » Vol II pg. Marx selbst statuiert dagegen eine sehr genaue Unterscheidung zwischen Sein und Wert, wobei aus unseren früheren Darlegungen klar hervorgeht, daß er beide nie einander bloß erkenntnistheoretisch kontrastiert wie die Kantianer als Sein und Sollen, sondern dem Wert, der Wertsetzung, der Wertverwirklichung den ihnen gebührenden Platz in der Ontologie des gesellschaftlichen Seins zuweist. Dies ist leicht zu sehen, wenn wir nochmals an seine berühmte und entscheidende Äußerung über Reich der Notwendigkeit und Reich der Freiheit erinnern. Marx sagt darüber: »Wie der Wilde mit der Natur ringen muß, um seine Bedürfnisse zu befriedigen, um sein Leben zu erhalten und zu reproduzieren, so muß es der Zivilisierte, und er muß es in allen Gesellschaftsformen und unter allen möglichen Produktionsweisen. Mit seiner Entwicklung erweitert sich dies Reich der Naturnotwendigkeit, weil die Bedürfnisse; aber zugleich erweitern sich die Reproduktivkräfte, die diese befriedigen. Die Freiheit in diesem Gebiet kann nur darin bestehn, daß der vergesellschaftete Mensch, die assoziierten Produzenten, diesen ihren Stoffwechsel mit der Natur rationell regeln, unter ihre gemeinschaftliche Kontrolle bringen, statt von ihm als von einer blinden Macht beherrscht zu werden; ihn mit dem geringsten Kraftaufwand und unter den ihrer menschlichen Natur würdigsten und adäquatesten Bedingungen vollziehn. Aber es bleibt dies immer ein Reich der Notwendigkeit. Jenseits desselben beginnt die menschliche Kraftentwicklung, die sich als Selbstzweck gilt, das wahre Reich der Freiheit, das aber nur aufjenem Reich der 163 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 172-3 § 41 Notwendigkeit als seiner Basis aufblühn kann. Die Verkürzung des Arbeitstags ist die Grundbedingung.« 56 (BDII, 133-4) Le conseguenze concrete che da tale contrapposizione derivano per la società e gli uomini saranno da noi discusse nel prossimo capitolo. Qui interessa soltanto notare che il regno della libertà, in cui Marx vede il valore massimo dello sviluppo sociale, il suo culmine dal punto di vista del valore, non possiede carattere economico, esce fuori dalla sfera dell‘economia, la quale, come proprio qui è detto senza mezzi termini, resterà sempre un regno della necessità. Neppure la migliore e più spinta umanizzazione della prassi economica — « nelle condizioni più adeguate alla loro natura umana e più degne di essa » — potrà mutare di un ette questa sua essenza ontologica. Il regno della libertà, dice Marx, comincia al di là di essa, dove lo sviluppo delle capacità umane è fine a se stesso, il che sarebbe un controsenso nel quadro della prassi economica, in quanto il dispiegarsi delle capacità come fine a se stesso sta in contrasto con la sua struttura. (Il fatto che siano possibili casi individuali in cui questa prassi si presenta soggettivamente come realizzazione di un fine umano a sé, non sopprime la costituzione oggettiva delle posizioni teleologiche, altrimenti strutturate, presenti in essa.) Lo sviluppo delle capacità come fine a se stesso presuppone il valore sociale del pieno dispiegarsi della personalità umana, rappresenta cioè un valore. Più avanti mostreremo con precisione e approfondimento maggiori di quanto non sia stato possibile finora che, come l‘individualità stessa, cosi anche il valore del suo pieno dispiegarsi è un prodotto dello sviluppo sociale e perciò in ogni sua estrinsecazione concreta — quanto più elevata, quanto più singolare è questa, tanto più — presuppone ontologicamente un determinato livello della produzione. Abbiamo già visto come lo sviluppo oggettivo delle forze produttive presenti una determinata, necessaria simultaneità con quello delle capacità umane, anche se è una simultaneità che si manifesta in modo ineguale e contraddittorio. Marx, nel mettere qui in collegamento il regno della libertà con il tempo libero, dice semplicemente che la sua condizione fondamentale è la riduzione del tempo di lavoro socialmente necessario Die konkreten Folgerungen, die sich aus dieser Gegenüberstellung für Gesellschaft und Menschen ergeben, werden wir erst im letzten Kapitel behandeln können. Hier kommt es allein darauf an, einzusehen, daß das Reich der Freiheit, worin Marx den höchsten Wert, die Wertaufgipfelung der gesellschaftlichen Entwicklung erblickt, nicht ökonomischen Charakters ist, ja aus dem Bereich der Ökonomie, der, wie Marx gerade hier entschieden behauptet, immer ein Reich der Notwendigkeit bleiben muß, heraustritt. Selbst die äußerste und beste Humanisierung der ökonomischen Praxis — »unter den ihrer sten menschlichen Natur würdig und adäquatesten Bedingungen« — kann an diesem ihrem ontologischen Wesen nichts ändern. Das Reich der Freiheit charakterisiert Marx dadurch, daß es jenseits von diesem beginnt, daß in ihm die menschliche Kraftentwicklung als Selbstzweck gilt, was im Rahmen der ökonomischen Praxis einen Widerspruch darstellen würde, indem die Kraftentfaltung als Selbstzweck im Gegensatz zu ihrer Struktur steht. (Daß individuelle Fälle möglich sind, in denen diese Praxis sich subjektiv als Verwirklichung des menschlichen Selbstzwecks auswirkt, kann die objektive Beschaffenheit der in ihr vorhandenen, anders strukturierten teleologischen Setzungen nicht aufheben.) Die Kraftentfaltung als Selbstzweck setzt den gesellschaftlichen Wert der vollen Entfaltung der menschlichen Persönlichkeit voraus, repräsentiert also einen Wert. Unsere späteren Betrachtungen werden, genauer und ausführlicher als bisher möglich war, zeigen, daß, wie die Individualität selbst, so auch die Werthaftigkeit in ihrer vollen Entfaltung ein Produkt der gesellschaftlichen Entwicklung ist und deshalb in allen ihren konkreten Äußerungen — je höher stehend, je einzigartiger diese sind, desto mehr —jeweils eine bestimmte Höhe der Produktion ontologisch voraussetzt; wir haben in anderen Zusammenhängen bereits gezeigt, daß die objektive Entwicklung der Produktivkräfte mit der der menschlichen Fähigkeiten eine bestimmte, wenn auch sich ungleichmäßig und widerspruchsvoll äußernde, notwendige Simultaneität aufweist. Marx, der 56 Kapital In, n, S. 355; MEW 25, S. B28. 164 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 divenuta possibile tramite lo sviluppo delle forze produttive. Ma basta questo per mettere in chiaro il carattere ontologicamente derivato dei massimi valori umani rispetto alla prassi economica ontologicamente primaria, rispetto alla riproduzione reale dell‘uomo reale. E palmare tuttavia che questa dipendenza ontologica del valore riguarda solo la sua genesi, la sua essenza, il suo posto nel sistema della prassi umana, ma non attenua minimamente il suo carattere di valore, anzi al contrario lo rafforza proprio facendo vedere la necessità ontologica della sua genesi e della sua presenza. Vol II pg. 173-4 § 42 hier das Reich der Freiheit mit der Muße in Zusammenhang bringt, weist bloß darauf hin, daß die, nur durch die Entwicklung der Produktivkräfte möglich gewordene,Verkürzung der gesellschaftlich notwendigen Arbeitszeit ihre Grundbedingung ist. Damit ist aber der ontologisch abgeleitete Charakter der höchsten menschlichen Werte aus der ontologisch primären ökonomischen Praxis, aus der wirklichen Reproduktion des wirklichen Menschen klargestellt. Es kommt dabei von selbst ans Tageslicht, daß diese ontologische Abhängigkeit des Werts nur sein Entstehen, sein Wesen, seine Stellung im System der menschlichen Praxis genau bestimmt, seinen Charakter als Wert jedoch keineswegs abschwächt, ja im Gegenteil, durch die Einsicht in die seinshafte Notwendigkeit seiner Genesis und Geltung nur steigert. (BDII, 134-5) 165 Ética Versão B 3 de agosto de 2014 Bibliografia Lukács, G. (1990) Prolegomini all' Ontologia dell' Essere Sociale. Ed. Guerini e Associati, Milão. Lukács, G. (Vol I, 1976, Vol II, 1981) Per una Ontologia dell'Essere Sociale. Ed. Rinuti, Roma. Lukács, G. (1986) Zur Ontologie des gesellscaftlichen Seins. 2. Halband. Herman Luchterhand Verlag, Darmstadt und Neuwied. Lukács, G. (1979) Os princípios ontológicos fundamentais de Marx. Liv. Ed. Ciências Humanas, São Paulo. Lukács, G. (1979a) A falsa e a verdadeira ontologia de Hegel. Liv. Ed. Ciências Humanas, São Paulo. Henriques, L. S. (1978) "Notas sobre a relação entre ciência e ontologia". Temas 4, Ed. Ciências Humanas, S. Paulo. LESSA , S. (1997) "O reflexo como não-ser na Ontologia de Lukács: um apolêmica de décadas". Revista Crítica Marxista, Ed. Xamã, São Paulo. Marx, K. (1971). Die Frühschriften. Alfred Kröner Verlag, Stuttgart. Marx, K. (1979a) O 18 brumário de Louis Bonaparte. Ed. Sociais/São Paulo.