Tiragem: 5000 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 18,70 x 27,00 cm² MIGUEL OLIVEIRA ID: 58805163 N 01-04-2015 Âmbito: Regional Corte: 1 de 3 investigador do Grupo 3B’s no AvePark asceu há 37 anos na vila das Taipas e foi por S. Martinho de Sande que brincou, saltou e fez muitas travessuras. A sua infância, marcada pela perda precoce da mãe aos 10 anos, foi difícil mas feliz, sendo que os avós assumiram o papel de educadores, sempre sobre a alçada da irmã, a quem atribui um papel fulcral. Começou a trabalhar muito jovem o que reconhece terlhe conferido uma maturidade apurada para a idade. Licenciado em Bioquímica pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e Pós-graduado em Engenharia Biomédica pela Faculdade de Engenharia do Porto e Doutorado em Ciências e Engenharia dos Materiais. Foi com um sorriso simpático e acolhedor que recebeu a equipa de reportagem da BIGGERmagazine. Texto: Fernanda Carvalho | Fotos: José Mesquita Abril.2015 O prémio “Jean Leray Award 2015”, atribuído pela Sociedade Europeia de Biomateriais –ESB, constitui um dos prémios de maior prestígio nesta área do conhecimento, visando reconhecer, incentivar e estimular contribuições científicas mais notáveis de jovens cientistas, na área dos biomateriais. “O prémio Jean Leray é atribuído a cientistas com idade inferior a 40 anos, que tenham concluído o doutoramento há menos de oito anos. Além disso, o investigador tem de ter dado um contributo científico excepcional na área de biomateriais através de estudos em investigação básica, experimental e/ou clínica.” Mas o investigador faz questão de enfatizar o reconhecimento ao trabalho de equipa, “Este prémio é o reconhecimento por parte dos meus pares, pelo trabalho meritório por mim desenvolvido ao longo dos últimos 15 anos. Sinto-me muito honrado em fazer parte de um grupo restrito de 22 notáveis, e ser o terceiro português a ser reconhecido com este prémio. Dá-me uma grande força para continuar a trabalhar nesta área, em Guimarães, e ajudar-me-á a superar-me dia após dia.” BIGGER magazine “Costumava subir ao telhado da casa dos meus avós e ficar horas a contemplar as estrelas” Desde criança foi sempre muito curioso e traquinas. “Em miúdo queria ser astronauta, depois pensei ser paleontólogo, ou talvez médico. Mas nunca me preocupei muito com o que queria ser! Costumava subir ao telhado da casa dos meus avós e ficar horas a contemplar as estrelas. Várias vezes me procuravam preocupados, e eu ficava ali calado a olhar para o céu. Obviamente que depois levava umas palmadas!”, conta saudoso. No meio das travessuras, características da tenra idade, recorda uma passagem, “lembro-me de um episódio que me marcou para o resto da vida. Em criança adorava saltar à vara, até que, certo dia, tive um acidente e fiquei com um pequeno corpo estranho alojado na face. Durante meses ninguém sabia o que tinha, tendo adoecido ao ponto de ter de fazer uma cirurgia. Recordo as palavras do médico para com minha mãe: -‘A senhora quer matar o seu filho?’. Fiquei com a aquela sensação que tinha de ser médico um dia, para perceber o que havia ocorrido. Era demasiado pequenino, tinha apenas 5 anos.” Mal sabia que explicaria o que lhe aconteceu à data, “Hoje, compreendo o que se passou comigo, e sei que a minha mãe nada podia fazer. Foi uma simples reacção ao corpo estranho, um pedaço de madeira que ficou alojado na face, e provocou uma infecção. Actualmente trabalhamos com biomateriais à base de celulose para ajudar a regenerar diferentes tecidos humanos. É curioso, pois algo que poderia ter terminado com a minha vida, hoje pode ajudar a melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas!” Só pensou realmente em ser cientista no final do ensino secundário. “Só aí então, despertou o interesse pela Bioquímica. Fiquei fascinado com o facto de ser possível a criação de vida através de ‘pequenas moléculas’.” Queria saber mais, e foi aí o princípio de tudo. ID: 58805163 01-04-2015 Tiragem: 5000 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 18,70 x 27,00 cm² Âmbito: Regional Corte: 2 de 3 Conquista Jean Leray Award 2015 “O que me move é sede de conhecimento e a enorme vontade de ajudar o próximo” “Tive uma infância muito feliz, apesar de ter tido muitas dificuldades. Tudo devo aos meus avós e meus tios que cuidaram de mim, mas principalmente à minha irmã, pois sempre se sacrificou por mim. Sem eles não seria o que sou hoje.” A história do investigador Abril.2015 Trabalha no Grupo de Investigação 3B’s, membro do Laboratório Associado ICVS/3B’s da Universidade do Minho, exercendo a função de Investigador Principal. Colabora também com o Centro Excelência da FIFA da Clínica do Dragão, “Taipense de gema e de origens humildes. Passei metade da minha infância junto da natureza, o que despertou o meu interesse por tudo o que me envolvia. Foi um período que recordo com muita saudade. Após a morte da minha mãe, passei por muitas dificuldades, tendo sido educado pelos meus avós. Comecei a trabalhar muito cedo, primeiro no talho do meu pai e depois em bares e restaurantes para poder ter um pouco de independência financeira. Aos 17 anos saí para a Universidade, e aí tornei-me definitivamente independente.” Tem no vasto currículo vários contributos para a sociedade. Com altruísmo que baste, uns gramas de dedicação, mais alguns de esforço e muito, muito trabalho, compõem a receita para um homem feliz e realizado que persegue sempre os sonhos. “Sempre tive o desejo de ir para o Japão e quando ingressei no doutoramento em 2003, este concretizou-se e levou-me a terras do oriente, onde vivi durante quase dois anos. No entanto, só voltei à Terra em 2008, quando instalamos o Grupo de investigação 3B’s no Avepark.” Com o background familiar necessário, fala da esposa Joana e do filho Lucas, e algo se acende em seus olhos. “Em 2012, juntamente com a Joana, a minha mais que tudo, constituímos família. Em Setembro de 2013, tivemos o nosso primeiro filho, o Lucas. Apesar de ser parecido com a mãe, é um trepador nato, tal como o pai”, refere embevecido. “Hoje em dia vivemos em Braga, mas quero um dia viver em Guimarães. Já chegamos a acordo! Os primeiros 25 anos de casamento serão vividos em Braga, mas os restantes 25 serão em Guimarães.”, acrescenta, divertido. Novas terapias para o tratamento do cancro Desde aquela passagem em criança, nunca mais abandonou a ideia de um mundo melhor, “O que me move é a sede de conhecimento e uma vontade enorme de ajudar o próximo, sem dúvida. Tenho sempre muito presente, as mensagens dos doentes que nos contactam solicitando ajuda. O nosso trabalho pode introduzir alterações radicais na medicina. Ao resolver um problema médico, geralmente estamos a ajudar centenas de milhares de pessoas. Alguns dos nossos contributos têm ajudado a desenvolver novas terapias para patologias nunca antes tratadas. Temos desenvolvido trabalho pioneiro ao nível do desenvolvimento de novos biomateriais para aplicações em ortopedia mas recentemente demos grandes avanços no tratamento de lesões do nervo periférico, por exemplo. Acredito firmemente, que o trabalho que estamos a desenvolver irá também possibilitar novas terapias para o tratamento do cancro.” Diz reconhecendo mais uma vez, que este trabalho resulta da equipa multifacetada de investigadores, que inclui biólogos, farmacêuticos, químicos, engenheiros, médicos, entre outros.BIGGER magazine ID: 58805163 01-04-2015 Tiragem: 5000 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 9,98 x 4,30 cm² Âmbito: Regional Corte: 3 de 3 MIGUEL OLIVEIRA Investigador conquista Jean Leray Award 2015