Trivialidades essenciais viciam o leitor da Miscelânea Original de Schott Intrínseca lança no Brasil o novo sucesso global da Bloomsbury “Intencionalmente sem objetivo, infinitamente interessante” – The New York Times Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch é o mais longo nome de uma localidade britânica, na verdade um vilarejo situado no País de Gales. O verdadeiro nome de Hitler era Adolf Schicklgrüber. As últimas palavras de Luís XIV na hora da morrer foram “Por que está chorando. Pensou que eu fosse imortal?” E Machado de Assis se referia assim aos cadáveres recentes: “Está morto. Podemos elogiá-lo à vontade”. Este pequeno conjunto incoerente de informações distintas dá apenas uma pálida idéia sobre o conteúdo de um dos maiores sucessos editoriais do momento: A Miscelânea Original de Schott, dois milhões de exemplares vendidos na Inglaterra, está há um ano na lista de mais vendidos da Alemanha e já incluído no ranking do “The New York Times”. Lançada pela editora inglesa Bloomsbury, a mesma da série Harry Potter, a “Miscelânea”, que só perde em número de vendas para o simpático aprendiz de bruxo, já alcançou grandes méritos dentro da editora e está fazendo do seu autor, Ben Schott, uma marca global. O livro é isso mesmo: uma fabulosa cornucópia de trivialidades essenciais. Parece estranho, por reunir 160 páginas de informação úteis e inúteis, sérias e engraçadas, tradicionais e inéditas. E é. Talvez por isso mesmo tenha se tornado uma febre em todos os países que o publicaram e pode seguir o mesmo caminho no Brasil, onde está sendo lançado pela editora Intrínseca. A crítica americana definiu o livro de Ben Schott como uma “impressionante coleção de informações inconseqüentes que você nunca leu, nunca procurou, mas vai adorar saber”. — Engraçado e viciante — classificou a revista Newsweek, referindo-se ao fato, exaltado pela editora, de que é impossível ler a “Miscelânea” de uma só vez e, ao mesmo tempo, não se consegue largá-la de jeito nenhum. O leitor percorre as páginas para frente e para trás, encontrando algo de seu interesse em cada canto. Afinal, que outro livro pode se vangloriar de ter um índice do qual fazem parte os comprimentos de cadarços de sapatos, as mortes prematuras de astros do rock e os sete pecados capitais; as formas raras de delírio, as divindades greco-romanas e o cardápio do último jantar do Titanic? Este livro só podia ser obra de um obcecado. Cientista político formado em Cambridge, fotógrafo e garimpeiro de informações inusitadas, Ben Schott começou a carreira de escritor como uma brincadeira: fazia bilhetes para os amigos com pérolas de conhecimento incomum. Fez tanto sucesso que acabou sendo convidado a reuni-las em livro e hoje já é autor de outras três obras no mesmo estilo – um almanaque, uma miscelânea sobre esportes e outra sobre bebidas. Passou a última década dentro de bibliotecas e já foi expulso da vetusta British Library por causa das risadas ruidosas que comete sempre que encontra alguma nova peculiaridade. O próprio Ben Schott se define como um sujeito estranho, por causa do seu hábito de caçar trivialidades essenciais. E quando lhe perguntam sobre a causa do sucesso do seu livro, especula, bem-humorado: — Acho que há muita gente tão estranha quanto eu em qualquer lugar do mundo. Escrito a partir das pesquisas de um inglês típico, A Miscelânea Original de Schott teve que ser adaptada à cultura brasileira pelo tradutor Cláudio Figueiredo, trabalho realizado sob rigorosa e demorada fiscalização da Bloomsbury e do próprio autor, exigentes até mesmo em relação ao projeto gráfico, exatamente o mesmo em todo o mundo. O livro ganhou com a adaptação. Há muitas informações de interesse direto e exclusivo dos leitores brasileiros, tão curiosas e surpreendentes quanto aquelas que divertem os ingleses. A página 58, por exemplo, traz um curioso glossário com as gírias da malandragem adotada no Brasil dos anos 40, e que poderia suscitar uma frase estranha como esta: — O majorengo foi recebido com uma tabacada quando flagrou o lanceiro no seu rustidor, com um joão-meia-dúzia numa mão e um pacote de cristina na outra. Traduzindo: — O delegado de polícia foi recebido com um soco quando flagrou o batedor de carteira no seu esconderijo, com um revólver numa mão e um pacote de cocaína na outra. Tão simples, inútil e saboroso como saber quais foram as técnicas de assassinato usadas pela escritora Agatha Christie nos 12 livros que tiveram como protagonista a simpática detetive Miss Marple (a propósito, houve exatamente sete envenenamentos). Ou como descobrir que há um demônio especializado em inspirar cada tipo de pecado e, por esta razão, Lúcifer, Mamon, Satã, Belzebu e Leviatã não são sinônimos exatos para uma mesma entidade maligna (Lúcifer é o demônio do orgulho, Mamon da avareza, para citar dois dos 18 integrantes deste bizarro panteão). É claro que não tem a menor importância saber que 70 países além da Inglaterra adotam no trânsito a direção pelo lado esquerdo das ruas. Ou que em 1757, na Alemanha, havia uma tabela com tarifas pagas aos carrascos, variando entre o trabalho mais brando (“assustar, mostrando instrumentos de tortura”) e o mais sofisticado (“esquartejamento por quatro cavalos”). Mas como afirmou Oscar Wilde, numa das frases preferidas de Ben Schott, “é absolutamente lamentável que em nossos dias haja tão pouca informação inútil”. Mais informações: Editora Intrínseca Juliana Cirne - [email protected] 55 (21) 3874-0914, R: 203