Catequista: aquele que acredita e por isso anuncia A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele disse e revelou e que a Igreja transmite (Cf. CCE 1814). A fé do catequista é alimentada quotidianamente com o Evangelho, uma vez que a sua missão consiste em transmitir os aspetos fundamentais do Mistério cristão, tal como a Igreja o apresenta e é comum a todo o cristianismo (Cf. GCM 15). O catequista há-de estar consciente de que “a fé é garantia das coisas que se esperam e certeza daquelas que não se veem. Foi por ela que os antigos foram aprovados” (Hb 11, 1-2). Por isso, mesmo que a fé comporte uma atitude de procura humilde e corajosa, fundamenta-se na Palavra de Deus que não se engana e é sobre esta rocha firme que edificamos a Igreja. O catequista possui, então, certezas simples e sólidas e que hão-de ajudar a procurar cada vez mais um maior conhecimento do Senhor (Cf. CT 60). A sua vida cristã nutre-se dos acontecimentos salvíficos decisivos – sentido e chave de toda a escritura – e enunciados no Credo; dos valores evangélicos mais fundamentais, tal como aparecem nas Bem-aventuranças e no Sermão da montanha; das atitudes subjacentes ao Pai Nosso, configuradoras de toda a oração cristã. O catequista só poderá realizar a missão de transmitir a fé se, ele próprio, estiver inserido na fé, pois só sendo mestre no Mestre é que se realiza a verdadeira transmissão da fé cristã. É o próprio Senhor quem assegura que, na dinâmica de caminhar para o Pai, “as coisas que Eu vos digo não as manifesto por mim mesmo: é o Pai, que, estando em mim, realiza as suas obras. Crede-me: Eu estou no Pai e o Pai está em mim; crede, ao menos, por causa dessas mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim também fará as obras que Eu realizo; e fará obras maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai” (Jo 14, 10-12). O discípulo de Cristo não guarda apenas a fé, mas também a professa, anuncia e transmite (Cf. CCE 1816). O ato de transmitir a fé gera no catequista, por um lado, uma alegria profunda de se saber associado à missão de Jesus, mas também, por outro lado, um certo medo por se reconhecer carenciado e débil. Esta situação deve ser vista pelo catequista como uma oportunidade para crescer, também ele, na fé, juntamente com aqueles a quem anuncia. Na medida em que cresce na fé, dar-se-á conta de que a fé é teologal e, portanto, dirigida primeiramente a Deus e procedente do dom de Deus, do Deus que é sempre fiel, tal como ensina São Paulo: “Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo Nosso _____________________________________S D E C P O R T O _______________________________________ Tel. 226056037 – E-mail: [email protected] - [email protected] (Secretaria) Site: www.catequesedoporto.com 1 Senhor” (1Cor 1, 9). É nesta fidelidade de Deus, e no remeter sempre para Ele, que o catequista encontra a credibilidade do seu anúncio. Deus mostra a Sua fidelidade porque cumpre sempre a Sua Palavra, mesmo quando há oposição ou indiferença; tem confiança no Homem, no Seu povo e acredita nas suas possibilidades; e ama o Seu povo com amor de esposo, sempre fiel. É este acreditar no Deus fiel que dá segurança ao catequista, mesmo no meio das dificuldades e incompreensões. A relação educativa com os catequizandos, o estilo de fazer catequese, é então, levado a cabo sob esta inspiração da fidelidade de Deus, auxiliado pela pedagogia. Mais, as leis da pedagogia, como as de todas as ciências humanas, são assumidas, criticadas e superadas, conforme o caso, precisamente a partir desta fé em Deus e do Seu modo de agir, de Se revelar e dar a conhecer. À luz do acima exposto, a oração tem um lugar preponderante, pois nunca se pode falar de Deus aos homens sem primeiro falar demoradamente dos homens a Deus. A oração está intimamente vinculada ao anúncio da Palavra como algo imprescindível: é o próprio Deus que o exige antes de enviar um profeta em missão (Cf. Gn 18,16-32; Jr 20,7-9; Am 3,8; 1Cr 1,4). Tal como refere a carta aos hebreus (cf. Hb 11), a transmissão da fé realiza-se sempre através de pessoas que dizem a verdade a partir da vida, através de um processo dinâmico, não sem sofrimento, de personalização, de interiorização, de meditação na verdade que depois anunciam. Para além da oração, o catequista precisa também de meditar na Revelação, para obter a sabedoria da fé, ou seja, daquelas atitudes que deve viver e transmitir. São elas: o acreditar no Deus que se revela aos pobres e humildes, que não Se serve de meios extraordinários para levar a cabo essa revelação e envia os Seus discípulos de mãos vazias (Cf. Lc 10,2-4); a cruz, ou seja, o sofrimento, as limitações e o fracasso, são os lugares em que Deus se manifesta fiel, fazendo prevalecer o Seu amor; e respeita sempre a liberdade humana, por isso não se impõe, antes convida e acolhe. A oração, a meditação da Palavra e a consequente sabedoria da fé proporcionam à espiritualidade do catequista a solidez da simplicidade de Evangelho e a alegria profunda da Boa Nova incessantemente meditada. Porque se centra naquilo que une, o catequista assume aquilo que foi dito no testamento espiritual do Senhor (Cf. Jo 17). “A unidade entre os fiéis que o seguem – escreve Paulo VI – não somente é a prova de que nós somos seus, mas também a prova de que Ele foi enviado pelo Pai, critério de credibilidade dos mesmos cristãos e do próprio Cristo. Como evangelizadores, nós devemos apresentar aos fiéis de Cristo, não já a imagem de homens divididos e separados por litígios que nada edificam, mas sim a imagem de pessoas _____________________________________S D E C P O R T O _______________________________________ Tel. 226056037 – E-mail: [email protected] - [email protected] (Secretaria) Site: www.catequesedoporto.com 2 amadurecidas na fé, capazes de se encontrarem para além de tensões que se verifiquem, graças à procura comum, sincera e desinteressada da verdade” (EN 77). O catequista, como membro da Igreja, enviado para a sua edificação, é capaz de acolher e edificar os diversos carismas seguindo o triplo critério da presença comum, da complementaridade e da corresponsabilidade; a unidade de fé será, então, fermento de unidade eclesial. Catequistas do século XXI Dep. Arquidiocese da catequese de Braga, 2006 _____________________________________S D E C P O R T O _______________________________________ Tel. 226056037 – E-mail: [email protected] - [email protected] (Secretaria) Site: www.catequesedoporto.com 3