Uma viagem, mais uma como tantas outras e por isso mesmo única nas suas circunstâncias, vivências e aprendizagens. Uma Paris que se revela e que simultaneamente se descobre ao ritmo das deambulações, das revisitações, dos reencontros, dos convívios, do ar que se respira e do ar que inspira e estimula a criatividade do Artista. Uma cidade de culto, tão profana ou sagrada como a sintamos nas nossas diferentes convicções. Paris, eterno lugar do que é novo, acolhe AD INFINITUM - Silêncio, obra recente de Fernando Gaspar. Com este conjunto de trabalhos, o Pintor regressa aos territórios simbólicos da representação do tempo, dos espaços e dos mistérios que os atravessam. Neles se concretiza e renova a abordagem imaginária, a cíclica caminhada, o percurso continuado, o confronto íntimo e solitário que noutras alturas (séries Cidades Imaginárias e Silêncios para Arvo) o levou, e com ele a nós, a atmosferas, terras e sons de “mundos” distantes. Nesta nova viagem, abandona a aspereza dos brancos, a secura e determinação do carvão e regressa com o ouro, o calor da luz velada e o toque delicado e quase cerimonioso no tratamento das superfícies. AD INFINITUM – Silêncio, conduz-nos então aos interiores, ao sagrado, aos lugares místicos e mágicos, libertando memórias e provocando os sentidos, numa abordagem contemporânea que simultaneamente evoca as edificações físicas dos lugares da fé e as construções íntimas dos nossos espaços interiores e individuais de paz, serenidade e harmonia. Tratando-se de uma série, cada trabalho não deixa, no entanto, de ser único, passível de despertar distintos envolvimentos e leituras. Essa pluralidade das obras remete, em última instância, para o reconhecimento da singularidade e exclusividade de cada observador. Que cada um encontre e se descubra, acompanhando o Artista no eterno regresso aos lugares que todos trazemos por dentro. Paulo Moreira Novembro de 2010