“Franzina, dinâmica, vibrante e com uma chama nos olhos, que, em
plena juventude, deviam ser flores de luz. Audaciosa e adorável,
intrépida e meiga, tendo na voz a súplica e o comando”.
Cónego Correia Pinto
Venerável Serva de Deus
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva
Leiga (1882-1950)
Estátua de Sílvia Cardoso
Homenagem do Concelho
de Paços de Ferreira (1953)
Notícia do Decreto declarativo da
heroicidade das virtudes
Postulação da Causa da Venerável Serva de Deus
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva
Paços de Ferreira – 2013
Venerável Serva de Deus
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva
Leiga (1882-1950)
Paços de Ferreira – 2013
VENERÁVEL SERVA DE DEUS
SÍLVIA CARDOSO FERREIRA DA SILVA
LEIGA (1882­‑1950)
Notícia do Decreto declarativo da
heroicidade das virtudes da Serva de Deus Sílvia Cardoso
Aprovado pelo Santo Padre
27 de março de 2013
2013
Postulação da Venerável Sílvia Cardoso
Rua D. Manuel II, 286
4050­‑344 PORTO
Título
Organização
Venerável Serva de Deus
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva
Leiga (1882­‑1950)
Pe. Helder Barbosa
Edição Postulação da Causa da Venerável Sílvia Cardoso
Impressão
e acabamento
Sersilito­‑Empresa Gráfica, Lda.
Declaração
As palavras “santa” e “milagre”, várias vezes repetidas neste folheto, devem
entender­‑se no sentido popular.
De maneira alguma nos queremos antecipar ao juízo da Santa Igreja, à qual
declaramos total submissão.
Com aprovação da autoridade eclesiástica
Venerável Sílvia Cardoso
Notícia do Vaticano
Boletim da Sala de Imprensa do Vaticano, 2013/03/28
Promulgação de Decretos da Congregação para as Causas dos Santos
No dia 27 de Março, o Santo Padre Francisco recebeu em audiência
o cardeal Angelo Amato, s.d.b., Prefeito da Congregação para as
Causas dos Santos. Durante a audiência o Sumo Pontífice autorizou a
Congregação a promulgar os seguintes Decretos, relativos:
a um milagre atribuído a uma Venerável Serva de Deus (da Alemanha);
ao martírio de oito Servos de Deus e dos Companheiros de alguns, de
diversos países;
às virtudes heroicas de sete Servos de Deus, de diversos países, sendo
o último relativo
“às virtudes heroicas da Serva de Deus Sílvia
Cardoso Ferreira da Silva, Leiga; nascida em
Paços de Ferreira (Portugal), a 26 de Julho de
1882 e aí falecida, a 2 de Novembro de 1950”.
3
Notícia no «site» da Diocese do Porto
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva
leiga (1882­‑1950)
a caminho da beatificação
A Sala da Imprensa do Vaticano divulgou hoje, dia 28.03.2013, a notícia
de que o Santo Padre Francisco aprovou a promulgação do Decreto da
Congregação para as Causas dos Santos que declara a heroicidade das
virtudes cristãs da Serva de Deus Sílvia Cardoso Ferreira da Silva, nascida
em Paços de Ferreira em 26 de julho de 1882, falecida na mesma cidade,
Diocese do Porto, em 2 de novembro de 1950 e aí sepultada.
Passa a ser­‑lhe atribuído o título de “venerável”, porque foi reconhecida
pela Autoridade Suprema da Igreja a sua fama de santidade, a veneração de
muitos fiéis cristãos que a conheceram ou ouviram falar dela, da sua ação
caritativa, da sua entrega ao serviço dos pobres, dos doentes e das crianças,
não apenas em Paços de Ferreira, onde começou a partir de 1918 as suas
atividades sociais, mas em muitas terras do país, às quais as estendeu, desde
Viana até Évora e Elvas, passando pelo Porto, Vila Real, Chaves, Lisboa,
Amadora e Espinho.
Foram várias as obras sociais e de evangelização que fundou e outras que
impulsionou, ajudando a fundá­‑las.
A aprovação deste Decreto é o primeiro e indispensável passo para o
reconhecimento pleno da santidade da venerável Serva de Deus e da
atribuição do culto oficial da Igreja, primeiro a nível da Igreja local – a
beatificação, depois, a nível da Igreja universal – a canonização. Para cada
um destes dois passos é necessária a aprovação de um milagre, também
em processo jurídico.
Esperamos em Deus e pedimos, confiantes, que eles surjam para glória de
Deus e para estímulo e benefício de todos os cristãos.
O vice­‑postulador
P. Ângelo Alves
4
www.diocese­‑porto.pt
Venerável Sílvia Cardoso
Biografia
de
Sílvia Cardoso
Algumas efemérides
Com base na cronologia elaborada pelo
Dr. Manuel Ferreira da Silva, em 2.XI.2000
1882.07.26 – Nascimento de Sílvia Cardoso Ferreira da Silva na Casa
da Torre, em Paços de Ferreira. Foram seus pais Manuel
Umbelino Ferreira da Silva (1851­‑1918) administrador do
morgadio de Engenhos vários no estado de Pernambuco
(Brasil); e D. Joaquina Emília da Conceição Cardoso (1847­
‑1936), da Casa de Manhufe, Amarante.
1882.08.04
– Batismo, na Igreja da paróquia de Santa Eulália de Paços de
Ferreira, sendo padrinhos o Avô materno e uma tia materna.
1883. ­‑­‑ . ­‑­‑ – Ida para o Brasil com seus pais, até aos sete anos de idade
(Regressa em 1889).
1893.04.23
– Primeira Comunhão. Em nome das crianças pronunciou a
alocução de circunstância, como era tradição.
1896. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Entrada no Colégio do Sardão, em Vila Nova de Gaia,
juntamente com a sua irmã Maria Haydée.
Antes de entrar para o Colégio, frequentava, próximo da Casa
da Torre, em Paços de Ferreira, a casa de uma professora
particular, onde e com quem, a par de uma aprendizagem de
línguas, recebeu também lições de artes (bordado, pintura,
piano, etc.).
1903.10.25
– Confirmação, sendo­‑lhe ministrado o Crisma pelo Bispo do
Porto, D. António Barroso, em Paços de Ferreira.
1911.01.20 – Voto pessoal de entrega ao serviço do Senhor, e “imolação
de tudo”, ainda antes do noivado.
Os diversos votos a que D. Sílvia se ligou, traduziam uma
muito particular e devotada atenção da sua alma a situações
5
concretas da vida real, inspirando­‑lhe, de cada vez, uma
forma especial de empenhamento apostólico.
1913.11.24 – Noivado interrompido pela morte inesperada do noivo, Dr.
Acácio Umbelino Pereira da Silva, no Brasil, quase nas
vésperas do casamento, depois de Sílvia ter ido a Londres
cuidar do enxoval.
“Provou­‑me Deus para que melhor conhecesse a dor e
a fraqueza humana, deitando mão aos que, empurrados,
dão muitas vezes um passo em falso; e quem não os dá?”
escreveu, evocando tão doloroso transe.
1914. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Poucos meses depois, morte do irmão mais velho em Lisboa,
Ângelo Cardoso, regressado do Brasil.
1916. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Prémio de floricultura, no Palácio de Cristal, no Porto.
1917.04.01
– Exercícios espirituais em Tuy, e propósito de se dedicar, por
“voto”, a tudo quanto fossem necessidades urgentes do povo.
Doação sem reservas a todos os carenciados e marginais,
especialmente velhos e crianças, fazendo­‑se ela mesma
pedinte para lhes valer.
1918. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Morte de seu primo e grande amigo, o pintor Amadeu Sousa
Cardoso, do Movimento Futurista Português, com Almada
Negreiros.
– Morte de seu pai, Manuel Umbelino Ferreira da Silva,
Morgado do Rego.
– Contagiada pela pneumónica, em meados de Outubro.
– Instalação do Hospital de Paços de Ferreira, com todo o seu
equipamento a expensas suas.
1919.03.14
– Inauguração oficial do Hospital, custeando pessoalmente as
suas despesas de funcionamento durante seis meses.
1920. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Recolhe as primeiras crianças abandonadas ou vagabundas
numa dependência do Hospital.
– Inicia peditórios para o Hospital em todas as freguesias do
concelho, e que se tornaram numa tradição de verdadeiras
“festas do Hospital”.
1920 – 1925
– Vice­‑presidente da Comissão Administrativa do Hospital.
6
Venerável Sílvia Cardoso
1921. ­‑­‑ . ­‑­‑
– A pedido pessoal de Guerra Junqueiro, levada pelo Dr.
Queiroz Ribeiro a visitar o Poeta. Este referir­‑se­‑lhe­‑ia por
diversas vezes em carta aos amigos com palavras assim:
“Quanto a admiro! Invejo a sua fé. Não me cansa. Faz­
‑me bem. Que alma admirável! É uma Santa. É uma alma
angélica. Exala graça, irradia encanto, move­‑se em Deus.”
Dedicar­‑lhe­‑ia o Poeta a Oração a Jesus Crucificado, escrita
já em 1922, e ao qual daria particular e devota assistência na
morte, chegando a telefonar para Lisboa a solicitar a presença
do Senhor Padre Cruz, com anuência reconhecida do Poeta.
– Medalha de ouro de floricultura, ficando conhecida como “a
Sílvia das clematites”, nas Exposições do Palácio de Cristal.
– Inicia as obras sociais.
– Inaugura a Creche de Santo António em edifício próprio e por
ela adquirido em Paços de Ferreira, seguindo­‑se o Colégio
de S. José.
1921.12.21 – Organiza peditórios nas feiras para a manutenção da Creche,
e ela mesma os faz periodicamente.
1923.01.21
– Obra de retiros para leigos, na Casa de Sequeiros, Lousada.
1924. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Subscrição pública no concelho de Paços de Ferreira para a
colocação de uma estátua do Dr. Joaquim Meireles, fundador
do Hospital, e para o arranjo do jardim a nascente da Câmara
Municipal, assumindo pessoalmente a direção desse arranjo.
1925 – 1950
– Consegue e mantém o abastecimento gratuito de água à Vila
de Paços de Ferreira (instituições públicas, fontenários e em
algumas casas particulares mais carecidas).
1925. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Foi peregrina a Roma no Ano Santo, contratando uma
carruagem para conhecidos e amigos, entre eles o poeta Dr.
Queiroz Ribeiro. Pio XI abençoou­‑a com especial atenção,
no que reparam todos os peregrinos.
1927. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Transfere a Casa de Retiros para a Quinta da Granja, Gandra
(Paredes).
[Participantes em três anos: 234 cavalheiros, intelectuais
e estudantes; 438 senhoras; 350 lavradores e operários;
7
318 lavradeiras e criadas de servir; 378 Filhas de Maria;
112 crianças]
1928. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Inicia­‑se a construção de um pavilhão no Hospital para
doenças infecto­‑ contagiosas, com projeto seu próprio,
segundo ideia já lançada em 1925.
1932. ­‑­‑ . ­‑­‑ – Colabora na abertura da Casa de Retiros na Quinta do Bosque,
Amadora.
1933. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Lançada a ideia de um movimento nacional dos Cortejos de
Oferendas a partir de um apelo para apoio do Hospital que
mantinha em Paços de Ferreira.
1933. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Expande­‑se a ideia de um movimento nacional dos cortejos de
Oferendas em favor das Misericórdias, nascida dos peditórios
no concelho.
1936.07.19
– Morte de sua mãe, D. Joaquina Emília da Conceição Cardoso.
1937. ­‑­‑ . ­‑­‑
– É­‑lhe confiada a Casa de Retiros da Amadora.
– Funda o Patronato de Santa Teresinha, na Amadora.
– A casa de Retiros na diocese do Porto é transferida para a
Casa de Quintela, Guilhufe, Penafiel, passando mais tarde
para a rua do Falcão, em Campanhã.
– Casa da Rua do Falcão, Campanhã, também para retiros
espirituais.
– Retiros promovidos em mais de 15 localidades do país, e em
hotéis fora das épocas balneares.
– Casa de Retiros de Elvas, donde nasceu a Congregação das
Irmãs Concepcionistas ao serviço dos Pobres.
– Retiros na sua Casa da Torre, em Paços de Ferreira.
1937.12.28
– Assina na Casa da Torre um documento expressando as suas
últimas vontades, quer quanto aos bens que lhe pertenciam,
quer quanto aos cuidados a ter com a obra dos exercícios
espirituais.
1939 – 1950
– Associação “Obra de Sant’Ana”, de proteção às raparigas
e onde dá guarida às situações mais diversas, estranhas e
aflitivas.
8
Venerável Sílvia Cardoso
– Acção intensa de retiros, acolhimento a jovens desamparadas
e apoio a mães solteiras, bem como encontros de diversa
ordem, na Quinta do Bosque (Amadora), durante vários anos.
– Outras obras socio­‑ caritativas em anos anteriores e
subsequentes:
Apoio à Instalação da Pia Sociedade de S. Paulo em Portugal,
e de outros Institutos Religiosos.
Apoio à obra do Dr. Formigão em Fátima ­‑ Religiosas de Nª
Sª das Dores.
Retiros na Casa da Torre, em Paços de Ferreira.
Apoio à fundação da Casa dos Rapazes em Barcelos e do
Patronato da S.ª Família, em Penafiel.
Instalação do Internato Alves Magalhães, em Penafiel.
Retiros promovidos em mais de 15 localidades do país, a
pedido de Bispos e de Párocos, por vezes em hotéis e termas,
fora das épocas balneares.
Fundação de dois Lares no Porto para raparigas abandonadas
e em perigo moral.
Colaboração estreita com organismos oficiais de Assistência
na colocação e tutela de raparigas menores em serviços
domésticos, tendo já passado por patronatos de acolhimento,
protecção e formação.
1940. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Faz doação de terrenos seus à Santa Casa da Misericórdia
de Paços de Ferreira para a construção do Asilo António
Barbosa, para pessoas idosas.
1948. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Fundação em Espinho do Patronato da Divina Providência.
1949. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Uma terrivel doença começa a macerar o seu corpo já franzino
e gasto, e perante a qual viria a ceder.
– Um dia viram­‑na subir de gatas as escadas do Patronato em
Espinho, por já não ter forças para as subir de pé.
1950.01.21
– É submetida a melindrosa operação cirúrgica. Era dia de
Santa Inês, dia em que abrira o “seu” Hospital de Paços de
Ferreira e a casa de Retiros de Sequeiros.
9
1950. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Atingida por doença grave, define as suas últimas vontades,
contemplando em especial três obras da sua particular
predilecção: Hospital, Asilo de Velhos e Creche.
1950.11.02
– Adormece para sempre no Senhor, em Paços de Ferreira.
1950.11.03
– A devota apoteose popular e oficial do seu funeral.
– Último Cortejo de Oferendas planeado ainda em vida sob o
seu patrocínio.
1951.06.03
– Homenagem do concelho de Paços de Ferreira à sua memória.
– Homenagem na Casa de Retiros de Campanhã.
1952. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Nasce no Porto a ideia de um monumento em sua honra.
1953.08.23
– Inauguração do monumento nos jardins da Câmara de Paços
de Ferreira.
1963. ­‑­‑. ­‑­‑
– Aprovação da oração pedindo a Deus a glorificação de
D. Sílvia.
1977. ­‑­‑ . ­‑­‑
– Organização da comissão para os trabalhos preparatórios da
introdução da causa de beatificação.
1982.07. ­‑­‑ – Festa do centenário do seu nascimento, promovida pela Câmara
Municipal de Paços de Ferreira, com numerosa e devota
participação de toda a população do Concelho e da Vigararia.
1982.07.17 – Primeira audição da Cantata “As Obras de Misericórdia
segundo Sílvia Cardoso”, em Paços de Ferreira, no centenário
do nascimento, com poema de Moreira das Neves e partitura
de Ferreira dos Santos, e um coro de 300 vozes constituído
pelos coros litúrgicos da Vigararia de Paços de Ferreira.
1983.12.03 – Audição da Cantata “As Obras de Misericórdia segundo Sílvia
Cardoso”, na Igreja da Lapa, Porto, pelos mesmos coros.
1983.07.29
– Sessão solene no Ateneu Comercial do Porto (salão nobre)
presidida pelo Prelado, e onde o P. Moreira das Neves
pronunciou a Conferência “Sílvia Cardoso Aventureira de
Deus”.
1984.04.06 – Introdução oficial do processo de beatificação e canonização,
em sessão pública presidida pelo arcebispo­‑bispo do Porto,
D. Júlio Rebimbas.
10
Venerável Sílvia Cardoso
1987.03.15 – A Cantata “As Obras de Misericórdia segundo Sílvia
Cardoso” foi executada em Lisboa, na Igreja dos Jerónimos,
por um coro de 400 vozes, formado por coros de Lisboa, e
acompanhados pela Banda da P.S.P., em 15 de Março; na Aula
Magna da Universidade Clássica, no dia 16 de Maio, pelos
mesmos executantes, integrada no Congresso dos Leigos do
Patriarcado; em Évora, na Igreja de S. Francisco, no dia 13
de Junho.
1988.06.19
– Audição da Cantata, no auditório do Centro Pastoral Paulo
VI, em Fátima, pelos mesmos executantes.
1992. ­‑ . ­‑
– Entrega do Processo Informativo na Congregação para as
Causas dos Santos, na Santa Sé.
2013.03.27
– Autorização do Santo Padre Francisco da Promulgação do
Decreto relativo “às virtudes heroicas da Serva de Deus Sílvia
Cardoso Ferreira da Silva, Leiga”.
Família de D. Sílvia: o Pai sentado à esquerda, com dois filhos – António e Haydé – aos
pés; a Mãe, sentada ao centro e a Sílvia, logo acima, à direita; sentados, mais à direita, os
Tios, pais do pintor Amadeu de Sousa Cardoso; alguns primos e amigos.
11
O itinerário espiritual de SÍLVIA CARDOSO
Síntese redigida pela Dra. Maria Silvina Palmeirim
1. Sílvia deixa­‑se captar, até ao fundo, pelo amor salvador de Jesus
e corresponde­‑lhe com todo o ardor da sua natureza generosa e
comunicativa.
Quando no retiro de Tuy em 1917, aos 35 anos, Sílvia , se encontra com
o amor salvador do Coração de Jesus por cada um de nós, reconhece a mão
da Providência na morte do seu noivo, e consagra­‑se de alma e coração a
este novo amor. Intensifica as obras de caridade já iniciadas, e começa a
proporcionar aos outros, por meio dos retiros para leigos (possivelmente
fechados) a mesma experiência de encontro com o Salvador. Estes retiros
eram, nas circunstâncias do seu tempo a melhor, ocasião de evangelização.
O desejo de consagração total põe­‑na em contacto com D. João de
Oliveira Matos, bispo auxiliar da Guarda, que animava os leigos na
espiritualidade e no apostolado, tendo para isso criado a Liga dos Servos
de Jesus. Esta Liga convidava os seus membros a inserirem­‑se nas obras
das suas paróquias (ou dioceses) para por sua vez as animarem. Sílvia
inscreve­‑se como membro nesta Liga em 1925.
Em seguida, dado que pertencia à diocese do Porto, insere­‑se na Liga
de Acção Social Cristã desta cidade, e também aqui juntamente com outras
amigas impressiona pelo seu ardor apostólico e caritativo.
Nesse tempo, é Promotor Nacional da Liga o padre jesuíta Sebastião
Pinto da Rocha, que começa a propor aos membros mais fervorosos o
espírito de reparação, fundando a Obra de Adoração e Reparação, da
qual em 1926 brotará uma “união de almas”, caracterizada por um “voto
de vítima”. Esta união para a “Obra de Jesus” é animada pela irmã do
P. Sebastião, Maria da Conceição Pinto da Rocha, que é seu “fundamento”.
Sílvia faz o seu voto de vítima em 1928 e partilha esta união espiritual.
12
Venerável Sílvia Cardoso
Porém, consciente da sua vocação evangelizadora, ela é “vítima”
não só nas longas adorações nocturnas, e no oferecimento de todas as
alegrias e sofrimentos, mas também num trabalho apostólico infatigável
e sem limites.
Luta com fé impressionante pela aceitação da “Obra de Jesus” pelo
Cardeal Patriarca de Lisboa, pois esta significa para ela a união de amor
que, fruto do Espírito Santo, nos torna todos numa só Obra; e procura
com todas as suas forças concretizar e dar visibilidade a este “Amor em
Obra”, fundamento da nova cultura, do mundo novo que o seu tempo
exigia, durante e após a 2ª Guerra Mundial.
Sem ter conseguido uma inteira compreensão do Cardeal, para quem
essa Obra se concretizava na Acção Católica, ela morre persuadida de
que o Amor de Deus se fez Obra nela, “para nela ser visto o Amor a dar
amor a todos sem distinção”.
2. Leiga exemplar na sua colaboração com a Hierarquia, na liberdade
de iniciativa pessoal e na sua capacidade associativa.
As testemunhas afirmam que Sílvia colaborou desde a adolescência nas
obras da sua paróquia. Após a morte do noivo, dedica­‑se generosamente
à instalação do hospital da sua terra, cria uma creche para crianças
necessitadas (muitos órfãos na sequência da 1ª Guerra Mundial) e em 1923
começa a Obra de Retiros na diocese do Porto, por sugestão do P. António
Vaz Serra S. J., que foi o 1° director espiritual da Casa de Retiros. Ela
aluga uma casa onde organizar os retiros fechados para leigos, primeiro
em Sequeiros (Penafiel), depois sucessivamente na Gandra (Granja), em
Quintela e em, Campanhã, tendo esta última sido confiada pelo Bispo do
Porto à Acção Católica no Porto, em 1945.
Em 1932 Sílvia aceita com grande entusiasmo o chamamento do
Cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa, a que venha organizar a Quinta
do Bosque, na Amadora, para Casa de Retiros espirituais para leigos e
de formação da Acção Católica, provendo­‑a do necessário e dando­‑lhe
uma governante.
13
Mas Sílvia regressa ao Norte até à morte da Mãe em 1936, pois
(quando não está empenhada em retiros) habita com ela e a família da
irmã, casada e com nove filhos. Dali, entre 1932 e 1936, mantém a Casa
de Retiros da Gandra e estende a Obra de Retiros para leigos em todo
o Norte, deslocando­‑se entre várias localidades das dioceses de Porto,
Braga, Vila Real (aqui é chamada pelo Bispo, para dar assim início à
Acção Católica), Bragança, Chaves. Vai também para o Centro, a convite
dos Bispos de Coimbra e da Guarda.
A partir de 1937 desloca­‑se para a Quinta do Bosque, a pedido do
Cardeal, e dirige pessoalmente esta Casa de Retiros. Pouco antes, ainda em
1936, já a encontramos também a organizar retiros na diocese de Évora,
chamada por Dom Manuel Mendes da Conceição Santos. Organiza­‑os em
Elvas, Estremoz. Nalguns casos sem o saber, Sílvia está a preparar as bases
da Acção Católica.
Consegue manter toda esta Obra em plena actividade graças às óptimas
colaboradoras que associa a si e que ela estimula continuamente por meio
de visitas e cartas. Estimula também as amigas a fazerem outro tanto nas
suas terras e casas e, quando pode, vai ajudá­‑las. A experiência revela­‑lhe
que o Senhor se serve de todas as boas vontades na Sua Obra: de mulheres
consagradas, casadas ou viúvas, trabalhando unidas para anunciar a
misericórdia do Senhor.
Ela prepara a casa para acolher o retiro, convida o sacerdote, convida as
pessoas uma a uma, acompanha­‑as durante e depois do retiro com conselho
e encorajamento, exorta­‑as a contribuírem para a alimentação e ela mesma
se encarrega de completar o que falta para que ninguém fique privado desta
graça de conversão. Algumas estudantes do Porto contam ter­‑lhes dito que,
se necessário, lhes pagaria também a viagem para o retiro; aos operários
paga o salário dos dias de retiro, para que as famílias não fiquem privadas.
Organiza turnos para toda a categoria de pessoas, desde os intelectuais
aos operários, aos camponeses, turnos para homens e turnos para mulheres.
Ela mesma confessa um dia ao bispo do Porto que a Obra dos Retiros “era
a primeira sem dúvida alguma e a que dava maior consolação”. Por isso
a ela se dedicava totalmente e dedicava os seus bens, chegando ao ponto
de contrair dívidas. As testemunhas reconhecem unânimes que a sua
14
Venerável Sílvia Cardoso
única preocupação era o bem das almas. Através da conversão individual,
obtinha­‑se também o melhoramento da sociedade. Dom João de Oliveira
Matos, que acompanhava o percurso de Sílvia, e fundou ele mesmo com
a Liga dos Servos de Jesus uma Casa de Retiros na Guarda, chama a esta
obra “meio maravilhoso de catequese de adultos”.
Sílvia algumas vezes respondia à solicitação da autoridade eclesiástica;
outras, agia de sua iniciativa, informando imediatamente o Bispo. Era
chamada muitas vezes para casos individuais e para ajudar Obras de outros;
onde se revelava a necessidade, aí estava ela. Tinha talento também para
procurar a intervenção das Instituições Públicas na resolução dos problemas.
Por isso, o Cardeal Patriarca de Lisboa costumava dizer que se existissem
duas Sílvias, uma no Norte e outra no Sul, Portugal ter se ia convertido. Era
muito solicitada pelas próprias autoridades eclesiásticas, e assim percorreu
quase todo o país na promoção de retiros e de outras actividades.
3. A sua percepção unitária (e universal) da Obra de Jesus ou Obra
do Amor como meta para a evangelização, ou o “Amor em Obra”.
Não sabemos quanto haja de sua inspiração na “Obra de Jesus” (ou
“Obra do Amor”) a que Sílvia se refere continuamente a partir de 1928,
quando faz o seu “voto de vítima”. Sabemos que lutou sem sucesso para
que a Obra fosse compreendida na sua vertente apostólica pelo seu director
espiritual, o P. Sebastião Pinto da Rocha, SJ; para que fosse assumida pelo
Cardeal Cerejeira e para que (através deste) fosse levada à aprovação do
Papa e estendida a toda a lgreja.
Sílvia lutava para que a Igreja se apercebesse de ser portadora desta Obra
de Amor, que pedia que o Amor fosse posto em Obra, com solicitude e união,
e ela via­‑se chamada a impulsionar um movimento neste sentido, sem saber
como, mas contando com a ajuda do Cardeal. É certo que várias iniciativas
desse tempo vão na mesma direcção: a criação da Acção Católica (a “Rosa
do Amor”, como ela lhe chama), a encíclica “Mystici Corporis Christi” de
Pio Xll, o “Movimento por um mundo melhor”, do Padre Lombardi, SJ…
O Cardeal Cerejeira está todo interessado no lançamento da Acção
Católíca em Portugal e conta até com a espiritualidade de Sílvia para lhe
15
“dar alma”, por isso lhe confia a Quinta do Bosque como casa de retiros
para a formação de um laicado maduro.
Mas, Sílvia não era feita para se confinar, e procura dar resposta
a todas as necessidades espirituais e materiais que se lhe apresentam,
principalmente em Lisboa, mas não exclusivamente. Além de continuar
com as Obras do Norte, ela desloca­‑se várias vezes em missão apostólica
ao Alentejo e chega a criar uma Casa de Retiros em Elvas, onde a Obra
alcança grande fruto.
Entretanto, na Quinta do Bosque, para além dos retiros e formação da
Acção Católica, associando diversas amigas a sua acção, Sílvia aproveita a
Casa para outras iniciativas de caracter espiritual: organiza retiros mensais
para as profissões liberais e para todas as categorias de pessoas, mesmo
que não pudessem pagar; acolhe casais desavindos que procura reconciliar;
organiza a adoração reparadora mensal dia e noite, em reparação pelos
desregramentos da alta sociedade de Lisboa… E aproveita ainda outros
espaços disponíveis para dar solução a graves problemas de carácter
social, tais como a infância abandonada, a mulher desamparada, a jovem
em risco… O seu desejo é criar uma “Obra de protecção para todos”, que
manifestasse o Coração de Jesus, o seu Rosto. Ela tem a preocupação de
tornar visível a comunhão que une todos os agentes da evangelização.
Não encontrou o meio mais adequado para provocar tal visibilidade,
que seria já na pastoral post­‑conciliar a criação dos Conselhos Pastorais
junto ao Bispo e ao Pároco; tampouco pôde teorizar o que a Caritas só hoje
começa a propor­‑se, a união transversal de todas as Obras e Movimentos,
para acudir às necessidades com real amor e eficácia. Mas para ela era
claro que esta era a meta da evangelização, era a Obra de Jesus, era o seu
Amor em Obra.
De Sílvia disse o 1° Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa,
Cardeal Manuel Cerejeira, Patriarca de Lisboa, com quem ela colaborou
ao longo de vários anos: «Havia nela muito da loucura dos Santos, que por
vezes desconcertava a razão humana, pelo arrojo com que defrontava os
mais delicados problemas, em que se jogava o destino de uma consciência
ou de uma família. Sentia­‑se que o Espírito Santo trabalhava nela guiando­‑a
nos caminhos em que a lançava uma caridade incendiária e sem limites.
16
Venerável Sílvia Cardoso
[…] Onde falhavam os cálculos dos sensatos, costumava vencer a sua
estranha intuição das coisas, por força de carismas que a levavam a
participar visivelmente da missão profética de Cristo.»
Da Carta à Congregação para as Causas dos Santos, a pedir a declaração de
Venerável e a Beatificação da Serva de Deus Sílvia Cardoso, enviada pela
Postulação da Causa e redigida pela Dra. Maria Silvina Palmeirim, Secretária do
relator do Processo Informativo
Uma das últimas fotografias
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Diário (7­‑3­‑1932) ­‑ II, II, 329­‑330
«Sinto Jesus, em mim! Sem doçuras nem consolações!
Perto e longe! Acariciando e afastando! Sempre num estado
d’alma, indiferente a tudo! Numa só vontade! E essa, em
tudo, manifestando­‑se! Caminho! Seguindo o caminho por
ele traçado! Em paz ficarei e viverei, sem cuidados! Tudo
fazeis bem e guiais, Senhor! Aproveitais as minhas misérias
[...] Assim à minha alma, vida lhe deste! Na missão que lhe
destinaste! Que paz tão grande eu sinto em vós! Não sou eu
que vivo, mas vós em mim! E, assim, tudo fareis! Em mim
vos vejo! Sacrário e tabernáculo vivo do próprio amor que
sois vós, senhor! Já não sou eu que vivo, mas vós em mim!
Nada é meu, tudo é vosso, Senhor! Contar­‑vos quero todos
os meus pesares; com eles, tudo sofrer até remédio receber!
Sois vós, o médico, que tudo curais e alívio na dor dais!
Sabeis mitigar as maiores dores; cicatrizar as nossas chagas
e as feridas da nossa alma!
[Sílvia Cardoso­‑Contemplativa na acção,
Porto: Lello Editores, 2002, p. 55­‑56]
Venerável Sílvia Cardoso
A Santidade
Do Discurso de Bento XVI
à Congregação para as Causas dos Santos,
19 de dezembro de 2009
[...] Conheço bem a actividade que, ao longo destes quarenta
anos, a Congregação desenvolveu, com competência, ao serviço da
edificação do Povo de Deus, oferecendo uma significativa contribuição
para a obra de evangelização. Com efeito, quando a Igreja venera um
Santo, anuncia a eficácia do Evangelho e descobre com alegria que
a presença de Cristo no mundo, acreditada e adorada na fé, é capaz
de transfigurar a vida do homem e produzir frutos de salvação para a
humanidade inteira. Além disso, cada beatificação e canonização é,
para os cristãos, um forte encorajamento a viver com intensidade e
entusiasmo o seguimento de Cristo, caminhando rumo à plenitude da
existência cristã e à perfeição da caridade (cf. Lumen gentium, 40).
À luz de tais frutos, compreende­‑se a importância do papel desempenhado
pela Congregação no acompanhamento de cada uma das etapas de um
acontecimento de profundidade e beleza tão singulares, documentando
com fidelidade a manifestação daquele sensus fidelium, que é um facto
importante para o reconhecimento da santidade.
3. Os Santos, sinal daquela novidade radical que o Filho de Deus,
com a sua encarnação, morte e ressurreição, incutiu na natureza humana,
e insignes testemunhas da fé, não são representantes do passado, mas
constituem o presente e o futuro da Igreja e da sociedade. Eles realizaram
plenamente aquela caritas in veritate que é o sumo valor da vida cristã,
e são como que as facetas de um prisma sobre as quais, com diversos
matizes, se reflecte a única luz que é Cristo.
A vida destas extraordinárias figuras de crentes, pertencentes a
todas as regiões da Terra, apresenta duas constantes significativas, que
gostaria de frisar.
Antes de tudo, a sua relação com o Senhor, mesmo quando percorre
caminhos tradicionais, nunca é exausto nem repetitivo, mas manifesta­‑se
19
sempre segundo modalidades autênticas, vivas e originais, e brota de
um diálogo intenso e exigente com o Senhor, que valoriza e enriquece
também as formas exteriores. Além disso, na vida destes nossos irmãos
sobressaem a busca contínua da perfeição evangélica, a rejeição da
mediocridade e a tensão para a pertença total a Cristo. “Sede santos,
porque Eu sou santo, Eu o Senhor vosso Deus”: esta é a exortação
citada no livro do Levítico (19, 2), que Deus dirige a Moisés. Ela faz­
‑nos compreender como a santidade significa tender constantemente
para a medida alta da vida cristã, conquista exigente, busca contínua da
comunhão com Deus, que torna o crente comprometido a “corresponder”
com a máxima generosidade ao desígnio de amor que o Pai tem para
ele e para a humanidade inteira.
4. As principais etapas do reconhecimento da santidade por parte
da Igreja, ou seja, a beatificação e a canonização, estão unidas entre
si por um vínculo de grande coerência. A elas há que acrescentar
como indispensável fase preparatória, a declaração da heroicidade
ou do martírio de um Servo de Deus e a certificação de algum dom
extraordinário, o milagre, que o Senhor concede por intercessão de um
dos seus Servos fiéis.
Quanta sabedoria pedagógica se manifesta neste itinerário! Num
primeiro momento, o Povo de Deus é convidado a olhar para aqueles
irmãos que, depois de um primeiro discernimento atento, são propostos
como modelos de vida cristã; em seguida, exorta­‑se a dirigir­‑lhes um
culto de veneração e de invocação, circunscrito no âmbito de Igrejas
locais ou de Ordens religiosas; enfim, é chamado a exultar com toda a
comunidade dos fiéis pela certeza de que, graças à solene proclamação
pontifícia, um seu filho ou uma sua filha alcançou a glória de Deus,
onde participa na intercessão perene de Cristo a favor dos irmãos (cf.
Hb 7, 25).
Neste caminho, a Igreja acolhe com alegria e enlevo os milagres
que Deus, na sua bondade infinita, lhe concede gratuitamente para
confirmar a pregação evangélica (cf. Mc 16, 20). Acolhe, outrossim,
o testemunho dos mártires como a forma mais límpida e intensa de
configuração com Cristo.
Este manifestar­‑se progressivo da santidade nos fiéis corresponde
ao estilo escolhido por Deus ao revelar­‑se aos homens e, ao mesmo
20
Venerável Sílvia Cardoso
tempo, constitui uma parte do caminho ao longo do qual o Povo de
Deus amadurece na fé e no conhecimento da Verdade.
A aproximação gradual da “plenitude da luz” sobressai de maneira
singular na passagem da beatificação para a canonização. Com efeito,
neste percurso realizam­‑se acontecimentos de grande vitalidade
religiosa e cultural em que a invocação litúrgica, a devoção popular, a
imitação das virtudes, o estudo histórico e teológico, e a atenção aos
“sinais do alto” se entrelaçam e se enriquecem reciprocamente. É em tal
circunstância que se concretiza uma modalidade especial da promessa
de Jesus aos discípulos de todos os tempos: “O Espírito de Verdade
guiar­‑vos­‑á para a verdade total” (cf. Jo 16, 13). Efectivamente, o
testemunho dos Santos elucida e faz conhecer aspectos sempre novos
da Mensagem evangélica.
Como foi bem sublinhado pelas palavras do Excelentíssimo Prefeito,
ao longo do itinerário para o reconhecimento da santidade sobressai
uma riqueza espiritual e pastoral que compromete toda a comunidade
cristã. A santidade, ou seja a transfiguração das pessoas e das realidades
humanas à imagem de Cristo ressuscitado, representa a finalidade última
do plano de salvação divina, como recorda o Apóstolo Paulo: “Esta é
a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4, 3).
5. Caros irmãos e irmãs, a solenidade do Natal, para a qual estamos
a preparar­‑nos, faz resplandecer em plena luz a dignidade de cada
homem, chamado a tornar­‑se filho de Deus. Na experiência dos Santos,
esta dignidade realiza­‑se na realidade das circunstâncias históricas,
dos temperamentos pessoais, das opções livres e responsáveis, e dos
carismas sobrenaturais.
Por conseguinte, confortados por um número tão elevado de
testemunhas, apressemos também nós o passo rumo ao Senhor que
vem, elevando a maravilhosa invocação em que culmina o hino do
Te Deum: “Aeterna fac cum sanctis tuis in gloria numerari”; acolhei­
‑nos no vosso advento glorioso, ó Verbo encarnado, na assembleia dos
vossos Santos! [...]
© Copyright 2009 – Libreria Editrice Vaticana
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Que fazer, para continuar o caminho processual até à beatificação?
A fase mais importante e empenhativa está concluída ­‑ o estudo
minucioso da vida e obra de D. Sílvia Cardoso, resumido num
volume (Positio) de 1086 páginas, que compreende a análise
da sua vida e virtudes, uma antologia dos seus escritos, a sua
espiritualidae e acção apostólica e a fama de santidade, que
comprovam uma moção do Espírito na alma de Sílvia Cardoso.
Declarada “venerável” o caminho prossegue, e passa por:
1. Tornar conhecida a sua vida e obra, divulgando
o exemplo da sua vida, junto de todos, para
conhecerem o seu testemunho.
2. Comunicar à Postulação da Causa da
Venerável Serva de Deus Sílvia Cardoso, as
graças obtidas, e tudo o mais que se julgar
oportuno.
3. Suplicar a Deus, por intercessão de Sílvia
Cardoso, o dom dos milagres necessários à sua
beatificação e canonização.
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Venerável Sílvia Cardoso
Oração
NOVENA À SANTISSIMA TRINDADE
por intercessão da Venerável Serva de Deus SILVIA CARDOSO
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen!
Deus, meu Pai, que deste Fé à tua serva Sílvia Cardoso para reconhecer
a tua Providência mesmo nos momentos mais difíceis da sua vida,
ilumina­‑me nesta minha angústia e ajuda­‑me a sentir que estás presente
e a aceitar generosamente a tua Santa Vontade!
Jesus, meu Salvador, que por mim te ofereceste sobre a Cruz e
continuas a oferecer­‑Te todos os dias na Santa Eucaristia, a exemplo da
tua serva Sílvia Cardoso, que punha toda a sua confiança na bondade
extrema do Teu Coração e no mérito infinito das Tuas santas Chagas, que
ela amava contemplar, ajuda­‑me a desenvolver também uma confiança
total no teu Amor!
Espírito de Amor, que infundiste no coração da tua serva Sílvia
Cardoso a compaixão operosa de Jesus para com todos os necessitados,
abre o meu coração ao amor do próximo e ajuda­‑me, por intercessão
da Serva de Deus, a alcançar a graça de que agora necessito (nomear
a graça).
P.N., A.M., G.P.
Mensalmente celebra­‑se Eucaristia pelas intenções e pedidos de graças recebidos na Postulação.
Pede­‑se o obséquio de enviar relatos de graças obtidas, esmolas e pedidos de estampas à:
Postulação da Venerável Sílvia Cardoso
Rua Dom Manuel lI, 286
4050­‑344 PORTO
Centro Social Paroquial
Paróquia de Paços de Ferreira
Avenida João XXIII, 320
4590­‑529 PAÇOS DE FERREIRA
[email protected]
A legislação, no âmbito do «Estatuto dos Benefícios Fiscais» e da declaração dos donativos
recebidos, define que para que sejam abatidos no Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares ou Colectivas (IRS/IRC), é necessário que os nossos Amigos, que desejam
apresentar o recibo para efeitos fiscais, comuniquem sempre o número de contribuinte
(e o nº de recibo se já tiver sido emitido). Esta comunicação é fundamental para que os
donativos possam ser deduzidos no IRS ou IRC.
Venerável Serva de Deus
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva
Leiga (1882-1950)
Paços de Ferreira – 2013
“Franzina, dinâmica, vibrante e com uma chama nos olhos, que, em
plena juventude, deviam ser flores de luz. Audaciosa e adorável,
intrépida e meiga, tendo na voz a súplica e o comando”.
Cónego Correia Pinto
Venerável Serva de Deus
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva
Leiga (1882-1950)
Estátua de Sílvia Cardoso
Homenagem do Concelho
de Paços de Ferreira (1953)
Notícia do Decreto declarativo da
heroicidade das virtudes
Postulação da Causa da Venerável Serva de Deus
Sílvia Cardoso Ferreira da Silva
Paços de Ferreira – 2013
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Sílvia Cardoso, leiga (1882-1950)