ROSA MARIA SELAU DA SILVA CURSO DE ATUALIZAÇÃO SOBRE CULTURA ALEMÃ Criciúma, 2004 ROSA MARIA SELAU DA SILVA CURSO DE ATUALIZAÇÃO SOBRE CULTURA ALEMÃ Monografia apresentada a Diretoria de Graduação Pós- da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, para obtenção de título em Didática e Metodologia do Ensino Superior Prof Orientadora: Elizabeth Brasil de Brasil Criciúma, 2004 A minha família que sempre esteve presente nas horas que mais precisei, a eles dedico-lhes essa conquista. Agradeço a Deus pela vida. A Amiga Elenise que gentilmente cedeu o seu tempo e forneceu materiais para a realização desse trabalho. A Professora e Orientadora Elizabeth Brasil, por sua dedicação e gentileza. “A Percepção envolve um estimulo receptor do encontro físico e social através dos vários sentidos e, com base na experiência já vivida junta-se às necessidades presentes. Mesclam as experiências trazidas à memória com as do presente, ocorridas através da percepção em um contínuo fluxo de idéias”. Mario Carlo Beni LISTA DE FOTOS FOTO 1- Igreja Matriz São Domingos FOTO 2- Parte interna da Igreja São Domingos FOTO 3- Casa dos Mûller FOTO 4- Casa dos Magnus FOTO 5- Guilherme Frederico Magnus FOTO 6- Jorge Matias Justo e Esposa FOTO 7- Família de Antonio Jacob Selau FOTO 8- Comercio de Antonio Jacob Selau FOTO 9- Construção da 2ª casa de comércio do Selau FOTO 10- Casa da família Selau FOTO 11- Daitx FOTO 12- Clemente Antonio Daitx SUMARIO RESUMO LISTA DE FOTOS INTRODUCAO I A CRIANÇA E A APRENDIZAGEM COMO IDENTIDADE CULTURAL II A COLONIZAÇÃO ALEMÃ NO BRASIL III O COMEÇO DA COLONIZAÇÃO MACICA DO RIO GRANDE DO SUL IV COMO ERA O RIO GRANDE NO INICIO DA IMIGRAÇÃO ALEMA V AS RAZOES DOS ALEMÃES VI DEZENAS DE COLÔNIAS NO INTERIOR E 50 MIL IMIGRANTES VII LITORAL NORTE VIII TORRES IX A COLONIZAÇÃO ALEMÃ EM TORRES 9.1 A Chegada 9.2 As Regiões Iniciais 9.3 Vale do Mampituba 9.4 Vale do Três Forquilhas X As famílias Alemãs 10.1 Mûller 10.2 Magnus 10.3 Selau XI FAMILIAS IMPORTANTES NA HISTORIA XII Dom Pedro de Alcântara XIII A Religião XIV O Curso CONCLUSAO REFERENCIAS ANEXOS RESUMO O Curso de atualização sobre cultura alemã para professores da rede municipal de ensino de Dom Pedro de Alcântara - RS teve como objetivo conscientizá-los da importância de transmitir temas para os seus alunos voltados para as origens culturais do município, através de um estudo histórico-familiar. Nesse sentido, o estudo através da prática educativa com os professores. Foi trabalhado como uma atividade mediadora, como forma de democratização do saber escolar. Ou seja, a cultura alemã local a todos que integram o meio social educacional no município de Dom Pedro de Alcântara – RS. Assim, os professores se transformaram em agentes multiplicadores do ensino da cultura alemã familiar local. A comunidade, através de alunos e professores interessados na busca de conhecimentos de suas raízes, passará a valorizar sua cultura, vinda de um passado rico em histórias, caminhos, objetos de um povo que deixou plantado em Dom Pedro de Alcântara – RS um passado de luta pela sobrevivência, através de seu trabalho árduo e promissor. O turismo cultural apoiado nos seus princípios de turismo sustentável, proporciona as gerações futuras o acesso a estes estudos, através da escola. INTRODUCAO A cultura tem sido estudo nos mais diversos campos do conhecimento científico, sendo o suporte de atividades especializadas que tem como objetivo a produção do conhecimento, que parte das escolas, das universidades, da sociedade e é difundida entre as diversas camadas sociais. Neste sentido, a cultura abrange tudo o que o homem criou, tanto no campo das idéias como em termos de objetos e temologia, de forma cumulativa e transmissível. Segundo Teles (1997, p.34), “a cultura pois, não somente nos envolve, mas nos penetra modelando a nossa identidade, a nossa personalidade, a nossa maneira de agir, pensar e sentir. As estruturas da sociedade tornam-se assim as estruturas do próprio ser. A cultura, ao modelar a nossa identidade, cria os espaços urbanos que se desenvolvem com uma linguagem, ou seja a formação dos professores teve como objetivo a conscientização destes para que possam transmitir esse conteúdo, tendo em vista que a escola deve proporcionar estudos sobre temas fundamentais para a sociedade, desenvolvendo assuntos de acordo com a realidade local. A escola como uma instituição interativa e onde a prática social global acontece como atividade mediadora e garante a democratização do saber escolar a todos que integram um determinado meio social. Desse modo, estaria sendo possibilitada a apropriação, por todos os indivíduos, de ferramentas culturais imprescindíveis para a luta social que visa a transformação das estruturas. A satisfação é a responsabilidade dos professores como moldadores de pessoas, ou seja, as crianças e os jovens. O desafio de uma tarefa a partir da qual se pode ajudar a se desenvolver valores, a descobrir vocações, a vislumbrar perspectivas de futuro e resgatar um pouco da história da imigração alemã no Município de Dom Pedro de Alcântara. A convicção interior de saber que o ensino é, e sempre foi, uma tarefa pouco compreendida e cada vez menos valorizada na sociedade, principalmente quando se busca resgatar o passado de um povo. Quando se assume uma opção de vida, ser professor continua sendo uma tarefa social e nobre, uma das poucas que, nesse mundo atual de mercado selvagem e do “salve-se quem puder”, ainda tem como matéria-prima fundamental o altruísmo, o espírito de prestar serviço e o amor ao próximo. A comunidade está cada vez mais interessada na busca de conhecimentos sobre suas raízes, fazendo com que valorize mais sua cultura, que vem de um passado rico em histórias, caminhos, objetos de um povo que deixou plantado no passado toda uma vida de luta pela sobrevivência. O planejamento do turismo cultural apoiado nos princípios do alargamento turístico sustentável, promove a sustentabilidade econômica, social, ambiental e do patrimônio em questão. Além disso, assegura, às gerações futuras, o acesso a estes mesmos recursos. Para tanto, é preciso integrar ações do setor público, do privado e da comunidade em geral, pois a atividade turística necessita do apoio do comprometimento de todos. Todo patrimônio cultural oferece atrações aos turistas. Algumas cidades ou regiões do Brasil têm um forte desenvolvimento do Turismo Cultural como: conventos, fortes, igrejas, mosteiros e casarios colônias, que podem ser trabalhados enquanto estudo histórico através da escola. Com o objetivo de integrar turismo cultural, educação e escola, o curso sobre a Cultura Alemã em Dom Pedro de Alcântara, dirigido a 30 professores municipais teve a duração de 30 horas e se desenvolveu em dois momentos específicos. 1º Momento: a cultura alemã no Brasil e no Rio Grande do Sul com a duração de 15 horas. 2º Momento: O estudo das histórias das famílias formadoras do patrimônio histórico cultural do município (Dom Pedro de Alcântara - RS) com a duração de 15 horas. Assim, no desenvolvimento dos estudos históricos, analisamos inicialmente a importância do conhecimento para a criança sobre a cultura como formadora de identidade, para posteriormente apresentar os temas – conteúdos transmitidos aos professores durante o curso. 1 CRIANÇA E A APRENDIZAGEM COMO IDENTIDADE CULTURAL Segundo Demo (2001, p.54), “a própria competitividade econômica coloca hoje o apelo forte em favor do conhecimento inovador, ainda que se restrinja à qualidade formal, como é proverbial na qualidade total”. Disto pode seguir valorização sem precedentes da educação básica, ainda que, para o mercado, somente interesse o manejo do conhecimento, não sua vinculação com a cidadania. Nesta mesma linha de pensamento, Oliveira (1986, p.95) diz: Um dos modos de conceber a educação como atividade mediadora é aquele em que a prática educativa escolar é entendida como um momento mais ou menos longo na vida do indivíduo (seus anos de escolarização), pelo qual passa a fim de adquirir as ferramentas culturais para a sua atuação no meio social. 1.1 A Escola como Categoria Mediadora de Inovação Em estudo publicado, pela primeira vez, na revista “Educação e Sociedade” (n.1, set. 1997), na percepção de análise em torno do papel da educação como força renovadora da sociedade deve ser direcionada pelo entendimento da “função mediadora” que a escola pode desempenhar na integração de uma prática social globalizada. Os educadores têm, todos, como horizontes a ser alcançado, a construção de um cidadão analítico, reflexivo, crítico, capaz de viver e conviver, desenvolverse, continuar aprendendo, participar, interagir e ser feliz num mundo em permanente mobilidade, evolução e conexão a um universo, que se amplia e se redimensiona a cada momento. Incorporar uma cultura. Isto é, uma maneira de ver o mundo, a vida, as outras pessoas, de agir, de pensar, de sentir, de trabalhar, implica contribuir para a explicitação, consolidação e alteração dessas formas de viver, e constitui base para conhecer, interpretar e até mesmo incorporar outras formas. No processo educativo de cada homem, em um dado momento este deve sair “depositado” pelas consignas paternas ou maternas. Não para negá-las, mas para confrontá-las com os desafios da vida. Assim, errando e corrigindo erros, o depositado se fará mais profundamente vida e possibilidade de criação. E adquirirá novas circunstâncias, novas facetas. A educação nesta dimensão passa a ser processo no qual o homem se realiza como ser da práxis. Já não é mais o momento em que se “aprende” os resultados da busca dos homens através dos tempos, passivamente numa instituição escolar, para depois aplica-los na vida profissional. Segundo Freire (1987, p.31) “é uma dinâmica de aprendizado conjunto em que todos assumem a postura de educadores-educandos, como sujeitos, colocam a realidade em que vivem como problema, como algo que precisa ser conhecido e resolvido”. A capacidade do homem de aprender e até de melhorar suas formas de aprendizagem demonstra que ele é capaz também de aprender a modificar suas condições de vida dentro da sociedade em que vive. A escola é uma necessidade, cuja função é fornecer ambiente adequado para a realização de atividades reais, vitais, atendendo as necessidades e interesses da criança. O início do ensino escolar deve ser uma continuação das atividades com as quais a criança já está familiarizada no lar. O método é baseado na experiência direta, isto é, na atuação da criança em situações concretas. Além de oferecer, fazendo com que o conhecimento chegue a ela como um produto indireto de suas ações. O interesse da criança em realizar determinadas ações é que gera concentração e esforço no fazer, proporcionando uma real aprendizagem. Assim colocada, a educação passa a ser processo no qual o homem se realiza como ser da Práxis. Já não é mais o momento e se “aprende” o resultado da busca dos homens através dos tempos, passivamente numa instituição escolar, para depois aplica-los na vida profissional. É uma dinâmica de aprendizado conjunto em que todos assumem a postura de educadores – educandos, como sujeitos, colocam a realidade em que vivem como problema, como algo que precisa ser conhecido e resolvido. Procurando a causalidade autêntica desses condicionamentos, as “fissuras” por onde seja possível penetrar a ação transformadora; é o momento em que pensam as soluções possíveis, onde as buscam não só nas descobertas anteriores, nas soluções propostas tanto no passado como no presente, como também é o momento em que criam a resposta que melhor servirá a aquele problema. E a educação o momento de uma reflexão que parte de uma realidade concreta e onde organizam um projeto de ação, que deverá converter-se em ação efetiva sobre a realidade. Nota-se que Paulo Freire coloca a solução a resposta ao problema, como “algo aberto”, isto é, que deve ser procurada pelos educadores – educandos, elite e povo refletindo em conjunto, buscando a síntese de seus pensares para também agirem em conjunto. O que há de definido nesta reflexão e ação é que se visa à libertação de todos. Se não admite opressão elite – povo, também não defende que povo oprima a elite. A sua proposta visa a um mundo de seres livres da opressão de uns sobre os outros. Durante os anos escolares as crianças aprendem as habilidades de suas culturas a fim de se prepararem para trabalho adulto. Dessa forma, um menino arapesh aprende a fazer arcos, flechas e armadilhas para ratos, e uma menina dessa tribo aprende a capinar, plantar e colher. Um jovem esquimó aprende a caçar e pescar. Uma criança americana aprende a cantar, ler e formar letras (ERIKSON, 1950, p.260). Esta é a idade em que a produtividade se torna importante. As crianças já não se contentam em brincar; precisam tornar-se trabalhadoras. Seus esforços iniciais para lidar com as ferramentas de sua sociedade ajudam-nos a crescer e a formar um autoconceito positivo. Estes são anos cruciais para o desenvolvimento de auto-estima. As crianças que se sentem inadequadas em comparação a seus companheiros podem “retornar à rivalidade familiar mais isolada e menos consciente de ferramentas da época edifica”. Algumas crianças neste estágio dão ao trabalho um lugar muito importante e por isso negligenciam seus relacionamentos com outras pessoas. Continuando o pensamento de Erikson, afirma Piaget (1957, p.19): O pensamento adolescente como a capacidade de considerar as possibilidades e tentá-las: as conseqüências desta nova atitude são as seguintes. Em primeiro lugar, o pensamento já não vai mais do real para o teórico, mas começa da teoria para estabelecer ou verificar relacionamentos reais entre as coisas. Em lugar de apenas coordenar os fatos a respeito do mundo real, o raciocínio hipotético-dedutivo tira a origem a uma síntese única do possível e necessário. Servir aos outros é uma das maneiras mais significativas de existência do ser humano. Ser professor ou professora é ser investido essencialmente como agente de mudança, com um poder incomensurável de contribuir para mudar a vida e o destino de milhares de pessoas, para atingir não só seus alunos, mas também os pais desses alunos, para mudar a escola, o sistema escolar e a educação como um todo. Infelizmente, não só a sociedade, mas os próprios professores ignoram o verdadeiro poder desse poder. Se a sociedade tivesse consciência disso, trataria seus professores de outra maneira, os colocaria entre suas prioridades, entenderia que de seu bem-estar e de sua força pessoal e profissional dependem, em grande parte, o bem-estar e o desenvolvimento de crianças e jovens. O animador turístico-cultural deve ser várias pessoas numa só, caracterizando-se por ter uma aguda consciência dos valores culturais e uma mente múltipla, holística, por ser visto como uma multidão em si mesma desempenando os papéis de líder, diretor e condutor – com a ajuda de técnicos, como os auxiliares operacionais – por ter algo de assistente social e de educador, enfim, por acreditar nas relações humanas sempre orientado pelo seu idealismo. O objetivo da animação turística cultural é envolver o turista de tal maneira que ele possa atender sua necessidade de viver algo diferente, um sonho uma ilusão e também atrair a iniciativa privada para a exploração mercadológica do atrativo turístico – cultural mediante a venda de produtos das empresas copatrocinadoras dos eventos; auferir rendimentos dos ingressos em museus, casas de culturas e bens patrimoniais históricos, permitindo a conservação dos atrativos e o emprego de técnicos e outros profissionais que não os animadores propriamente ditos; firmar esses locais como pólos turísticos para os fluxos nacionais e internacionais. O estudo do equilíbrio global do mercado de turismo em nível mundial e mesmo nacional pode ser pouco conveniente em razão da diferença entre os elementos e fatores característicos da região ou área em particular. É por isso que, ao se tratar do problema, deve-se chegar à dimensão que apresente a mais absoluta uniformidade e homogeneidade em seus traços integrantes. Na escolha de uma metodologia mais idônea e eficaz para calcular os movimentos da oferta, devese considerar primeiro a política a ser seguida com relação a seu ritmo de crescimento. Existem duas alternativas básicas: fazer com que a oferta alcance volume suficiente para cobrir a demanda na época de pico, ou estabelecê-la em nível mais reduzido, suficiente para atender à demanda média num determinado período. Observado o avanço nesse crescimento de mercado turístico em todos os aspectos podem-se ver que a mobilidade humana deu ao mundo uma nova fisionomia. É um dos sinais mais característicos desta época. A proximidade já não é a única fonte natural de inter-relações humanas, que são buscados livremente e não impostos pela geografia. Os vínculos comunitários, sobretudo nas grandes cidades, são independentes do domicílio habitual. A revolução industrial, a explosão demográfica, os surgimentos dos potentes meios de comunicação de massa (imprensa, rádio televisão, cinema, transmissão via satélite, antena parabólica, infonia, imagem virtual e redes mundiais de comunicação pessoal) e os transportes modernos, especialmente o avião e o automóvel, desencadearam uma grande mobilidade que rompeu fronteiras antes disponíveis e conseguiu superar, de certa maneira, a diferença radical entre mundo urbano e rural. A mobilidade acarreta novas formas de vida que modificam as linhas conservadoras de comportamento. Podem também ampliar os horizontes culturais do indivíduo e injetar novo dinamismo a sociedade, ajudando a atingir de uma maneira rápida e eficiente objetivos de todo tipo, antes nem se quer suspeitados. A mobilidade, finalmente, põe em contato muitas pessoas, amplia e enriquece as maneiras de pensar e de atuar, expandindo o acervo cultural. Como todo fenômeno sociológico, e ambivalente – envolve elementos favoráveis e desfavoráveis. As novas formas de vida surgem também nas comunidades autóctone onde se recebe as diferentes raças migratórias a turística e a laboral influi sobre ambos e se vê afetado por elas. E uma coletividade de pessoas que compartilha na área territorial limitada, que lhe serve de base para realizar a maior parte de suas atividades cotidianas participa de uma cultura comum acha-se ordenada em uma determinada estrutura social revela consciência de sua unicidade e identidade própria como grupo. Em poucas palavras, e um povo arraigado a sua terra, com sua história, cultura, língua, tradições, costumes, valores e contravalores. A comunidade autóctone, no campo do turismo, reveste-se de grande importância porque é o ponto de confluência e de referência de três importantes grupos humanos fortemente inter-relacionados em receptor e os outros dois imigrantes. A inter-relação desses três grandes grupos humanos, num mesmo território e num tempo determinado, assume uma grande complexidade que às vezes, deriva-se de opostos, que se tenta conciliar e integrar pela lei fria da oferta de mercado são simplesmente as mais fortes. Dentro de um sistema cultural, o espaço cultural é aquela parte da superfície terrestre que teve sua fisionomia e “aura” originais mudados pela ação do homem no espaço natural. Os recursos turísticos culturais são, pois, os produtos diretos das manifestações culturais. Como não existe na cultura apenas – já que cultura pode ser entendida como conjunto de crenças, valores e técnicas para lidar com o meio ambiente, compartilhado entre os contemporâneos e transmitido de geração a geração, vê-se que o que até agora foi apreendido e compreendido como cultura norte-americana, francesa, italiana, espanhola e tantos outros rótulos nacionais, nada mais e que uma coleção de subculturas, tantos quantos sejam os grupos humanos que as produzem. Dependendo do grupo que dominar a sociedade, a subcultura dele será a respectiva cultura dominante. Por sua extrema importância, esse conceito deve estar sempre na base de todo desenvolvimento cultural, principalmente no estudo do subsistema cultural. É por isso que, hoje, o chamado turismo cultural se desdobra em tantos títulos? Ecológico, antropológico, religioso, arqueológico, artístico, arqueo-teosófico e muitos outros. São turismo de moda ou de avanço humano, na dependência do tipo de valores que domina as preocupações da sociedade em um dado momento, e que se caracterizam por necessidades sentidas e determinadas pelas mudanças ou pela falta de mudanças na ordem estabelecida das coisas, que deixam de atender as expectativas do homem em seu lugar no universo, ou que permitem uma busca para adentrar em novas dimensões, em um desconhecido investigável, experimental, na teoria e na prática. A cultura, em síntese, dá a seus membros um conjunto de respostas prontas “as questões básicas” e, assim destaca o que eles têm em comum. Embora o homem crie e mude as suas culturas nas sociedades contemporâneas, a qualquer momento a cultura pode ser vista aprisionando seus membros em padrões de comportamento e com sentidos suficientemente diferenciadores, de forma que é possível distinguir povos entre si. O turismo traz uma dupla contribuição: direta, como resultado de uma experiência cultural que enriquece a população visitada e a visitante com a aquisição dos valores que ambas possuem; indireta, que consiste no planejamento (antes da viagem) e na verificação natural de pontos de dúvida entre o turista e o estrangeiro. Em um sistema cultural modelado principalmente pelos meios de comunicação de massa, o turismo representa um tipo de ação pessoal que enriquece os conhecimentos, uma reação contra a cultura massificada e uma oportunidade para atingir um meio verbal de comunicação, observado entre os turistas que dialogam. Constata-se que o turismo pode contribuir para a preservação de valores culturais que apresentam também um valor específico para o turista. O preservacionismo, como movimento organizado, surge no século XIX, quando outros fatores, saem da simples ação do tempo e da negligência, vieram ameaçar a permanência do passado. É parte integrante da política cultural. Ao salvar os valores culturais que pertencem à herança da humanidade, o que na realidade os países geradores de turismo estão salvando é sobre tudo seus próprios valores culturais quando ajudam outros países. Ocorre também que os valores que o turista atribui à evidencia do passado cultural – que se converteu em algo estranho – fazem que os cidadãos do país receptor se conscientizem da continuidade histórica e cultural, o que pode contribuir para um maior destaque de sua cultura atual. Pode-se afirmar, assim que o turismo é, em certo sentido, o instrumento que serve de veículo à reabilitação das culturas, contribuindo em grande medida para sua difusão mundial. A organização dos bens culturais, posta a disposição do consumo turístico, em termos muito gerais, compreende: o acervo dos monumentos históricos e o registro dos legados que expressam os valores da sociedade, os museus e as galerias de arte, que reúnem as varias modalidades de expressão artística, um verdadeiro arquivo das etapas do desenvolvimento de culturas; as manifestações populares de caráter religioso e profano; o folclore, que retrata, numa reconstituição cênica de ambiência histórica, as etnias formadoras de populações, a cultura popular, que mais efetivamente evidencia o presente de cada área, tornando-se por vezes, geradoras de fluxos turísticos específicos e caracterizadora de regiões dentro de um único país. Países como o Brasil, que sofreram um profundo processo de colonização, tiveram em sua composição racial as mais diversas etnias, tais como população autóctone indígena, escravidão africana e corrente migratórias, e passam a configurar um perfil racial de razoável grau de miscigenação, apresentam sérias dificuldades à pesquisa cultural para aplicação em Turismo, eis que se encontram, ainda, em busca de uma identidade cultural que, acredita-se, somente sujeira após a acomodação e sedimentação de usos e costumes e a preferência de uma subcultura sobre as demais, coisa que só o futuro poderá revelar. Em decorrência desse quadro, depara-se com um total descaso quanto à preservação e conservação da memória nacional, que só recentemente começa a se esboçar, comprometida, porém, pelo fato de acumular heranças culturais de grupos diversos sem linhas de aproximação entre si. A realidade brasileira no que concerne aos bens culturais é bastante denunciada pela imprensa, uma vez que os remanescentes históricos da cultura material sequer recebem dos organismos públicos a devida preservação e conservação. Os poucos existentes que obtiveram alguma atenção apresentam um aproveitamento turístico incipiente. É comum o visitante chegar a um bem histórico arquitetônico e apenas se limitar à simples admiração passiva. Quando muito, são realizadas visitas monitoradas, freqüentemente enfadonhas em suas explanações, sempre iguais, independentemente do perfil dos freqüentadores. Pouquíssimos esforços foram feitos até agora em se levantar as características dessa demanda e adequar as visitas a seus interesses específicos. Tem-se observado um fato que vem ganhando destaque no pensamento, nos trabalhos e nas obras de teóricos, pesquisadores e especialistas em Turismo. É o esforço de conceituar não apenas expressões como: política cultural, ecomuseu, animação turística, marketing cultural, ambientação de base histórica e outras todas bem abrangentes, em que se verificam a utilização e a aplicação da psicologia, sociologia e antropologia, como também de analisar através de pesquisas serias o que ocorre na pratica com os principais meios de animação turística. 2 A COLONIZACAO ALEMÃ NO BRASIL A imigração alemã na América Latina correu em várias etapas. Teve início no começo do século XIX, sendo provocada pela difícil situação econômica na Alemanha durante e após as guerras napoleônicas. A maioria emigrou para o Brasil, opção mais favorável porque o reconhecimento de sua independência pelas potências européias, inclusive a Prússia, foi anterior ao reconhecimento das antigas colônias espanholas. A partir de 1820, o Brasil procurou atrair imigrantes alemães oferecendolhes condições especialmente favoráveis. O primeiro esboço para uma política organizada de povoamento por imigrantes alemães foi desenvolvido por Dr. Georg Von Schäffer. Ele planejou uma rede de pontos de apoio formada por pequenas propriedades agrícolas, que deveriam servir ao abastecimento econômico do país e, além disso, cuidar da estabilidade das regiões fronteiriças do sul, constantemente ameaçadas. Em 1824, foi fundada a primeira comunidade evangélica da América Latina: São Paulo, no estado mais meridional, o Rio Grande do Sul. Outra importante colônia de imigrantes alemães foi (e continua sendo) Blumenau, em Santa Catarina. Seu fundador, Dr. Hermann Blumenau, compreendeu que não bastava criar empresas agrícolas para fazer nascer comunidades colonizadoras capazes de sobreviver. Procurou por isso instalar um centro urbano, onde o setor agrícola fosse complementado pelo comércio, pela indústria e por instituições culturais e sociais. Sua fundação desenvolveu-se em seguida, tornando-se um projeto de colonização exemplar. Para o Brasil não vieram apenas camponeses, mas também artesões comerciantes, empresários e profissionais dos setores técnicos e intelectuais. A colonização por parte de imigrantes alemães criou com suas inúmeras propriedades agrícolas relativamente pequenas, tanto a base de uma classe média no Brasil como uma nova estrutura econômica no sul e no centro do país, onde praticamente só existiam pastagens e monocultura de café. Os colonos passaram a produzir alimentos não cultivados até então no Brasil, como por exemplo, a batata, o que lhes conferiu apelido de “alemães batateiros”. Algumas colônias transformaram-se em centros urbanos de suas áreas, como por exemplo, a já mencionada Blumenau, ou outra mais recente, a cidade de Rolândia, fundada por Oswald Nixdorfem 1932. Ali surgiram empresas comerciais e industriais que contribuíram marcantemente para a economia brasileira. Os alemães participaram da ampliação tanto da rede rodoviária como da ferroviária. Desenvolveram no sul a navegação fluvial, criaram linhas de navegação costeira e a rede telegráfica do país. Mais de cem centros de colonização alemã originaram-se na região. 3 O COMEÇO DA COLONIZAÇÃO MACIÇA DO RIO GRANDE A primeira colonização maciça, após a tentativa feita com os açorianos, ainda no século XVIII, aconteceria, no Rio Grande do Sul, a partir de 1824, quando começaram a chegar os colonos alemães no Rio Grande do Sul, a quase totalidade deles destinados à colonização agrícola. Essa primeira grande colonização alteraria a ocupação de espaços, levando gente para áreas até então desprezadas. Introduziria também outras grandes modificações. Até então, a classe média brasileira era insignificante, e se concentrava nas cidades. Os colonos alemães iriam formar uma classe de pequenos proprietários e artesãos livres, em uma sociedade dividida entre senhores e escravos. Para que esses imigrantes pudessem vir para o Brasil, foi preciso a ajuda financeira do governo de D. Pedro, pois a iniciativa foi da coroa. Organizando-se o recrutamento na Europa, oferecendo uma compensação à demora e ao custo da viagem, concedendo terras, instalando colonos e mantendo-os por algum tempo. Foram escolhidos as zonas de instalações e as condições que seriam instalados os colonos. Por isso, o estatuto dos colonos foi determinado por uma verdadeira tutela administrativa, e a importância do papel dos funcionários deu à colonização aspectos modernos. As colônias devem-lhe indiscutível originalidade em relação às outras zonas de povoamento do Rio Grande do Sul em relação às outras regiões do Brasil, onde o governo não dispunha de tão vasta extensão de terras desocupadas. Segundo a ordem cronológica de fundação, estas áreas se distribuem entre as duas regiões naturais onde se formaram, a borda e o reverso do planalto. Não é preciso, entretanto, omitir algumas colônias portuguesas que constituíram áreas menores, isoladas no meio de zonas brasileiras, mas onde a área ocupada pelo povoamento alemão foi nitidamente impressa. A história da imigração alemã para o Brasil começou em 1822, quando o major Jorge Antonio Schaffer foi enviado por Dom Pedro para a corte de Viena e demais cortes alemãs, com o objetivo declarado de angariar colonos, e o não declarado de conseguir soldados para o Corpo de Estrangeiros situado no Rio de Janeiro. O segundo objetivo era, inicialmente mais importante que o primeiro, pois tinha a finalidade de garantir a independência brasileira, ameaçada pelas tropas portuguesas que continuavam na Bahia após a declaração, e pela recusa de Portugal em reconhecer o Brasil como estado independente. Mas a intenção de obter soldados estrangeiros não podia ser relevada nas cortes européias, porque nenhum país do antigo continente concordaria com isto. Após a experiência com Napoleão, a Europa desconfiava de qualquer um que pudesse ser tomado como aventureiro ou golpista. E Portugal procurava justamente fazer com que Dom Pedro fosse visto como o líder de uma rebelião. Por isto, o trabalho de Schaffer foi dificultado. Usando a alegação de convocar colonos, em seus primeiros anos de trabalho von Schaffer convocou principalmente soldados – e uns poucos colonos. Porém, a medida em que o Império brasileiro foi se estabilizando, Schaffer passou, efetivamente, a se preocupar em enviar colonos. Para isto, anunciava aos interessados que, aqui no Brasil, receberiam 50 hectares de terra com vacas, bois e cavalos, isenção de impostos e serviços nos primeiros dez anos, liberação do serviço militar, nacionalização imediata e liberdade de culto. Daquilo que foi oferecido, ao menos a primeira promessa superou as expectativas: ao invés de 50, os colonos receberam (no início) 77 hectares. Os dois últimos itens não poderiam ser cumpridos, porque contrariavam a Constituição Brasileira. Dos outros itens, alguns também não foram cumpridos integralmente. Mas o que interessava realmente aos colonos era a posse da terra, e isto, ao menos, obtiveram, se bem que a custa de grandes sacrifícios. 4 COMO ERA O RIO GRANDE DO SUL NO INÍCIO DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ Apesar dos esforços de ocupação, no início do século XIX o Rio Grande do Sul ainda estava muito isolado, e era enorme a sua área desocupada. Em 1822 existiam em todo o seu território cem mil habitantes (menos de 10% da atual população de Porto Alegre), distribuídos da seguinte maneira: no Planalto Setentrional havia cerca de 10 mil habitantes, sendo 6.750 na região das missões e o restante nos Campos de Cima da Serra, na região ao redor de Vacaria. Essa região, aliás, só teria uma ocupação maior entre 1828 e 1850, quando riograndenses de origem lusa se estabeleceram no planalto, desenvolvendo ali uma economia pastoril, ligada mais a Santa Catarina e São Paulo do que a porto Alegre, Pelotas e Rio Grande, devido as dificuldades do relevo e à floresta. No Litoral, entre Torres e Santa Vitória do Palmar, estavam 23.960 habitantes (22% da população). Na Depressão Central concentravam-se a maior fatia (36%), graças a porto Alegre, (com 10 mil habitantes) e Rio Pardo (com 3.600). Os restantes 31% estavam espalhados pela Campanha, que contava com 22 mil habitantes. A economia gaúcha centrava-se na pecuária. Portanto, os campos eram as zonas escolhidas para a ocupação luso-barsileira que, no entanto, não era muito intensa na região dos campos do planalto. O Rio Grande tinha, em zonas desabitadas, quase toda a sua metade setentrional, compreendendo a zona de floresta na planície à margem dos grandes rios que formam o estuário do Guaíba, a encosta nordeste da Serra e os matos do Alto Uruguai. 5 AS RAZÕES DOS ALEMÃES Por que os imigrantes alemães pretendiam deixar sua terra? A resposta é simples, e vale para qualquer outro processo de migração humana: porque esperavam encontrar condições melhores. E, no início do século XIX, não eram boas as condições de vida do camponês alemão. Até o início do século passado, a Alemanha era essencialmente rural. Existiam os senhores, que possuíam áreas menores ou maiores, e os servos, que estavam ligados à terra, tendo o direito – que era hereditário – de cultivar uma determinada gleba, mas sem terem a posse da área que cultivavam. Tinham também, obrigações – que variavam de região para região – relativas ao pagamento de taxas e a prestação de determinado numero de dias de serviço ao senhor. No início do século XIX, graças à pressão do aumento populacional que vinha se processando desde o século XVII, ao início do processo industrial e as guerras napoleônicas, a estrutura feudal alemã foi derrubada, embora a região continuasse essencialmente rural. Abriu-se aos camponeses a possibilidade de deixarem de ser servos e se tornarem proprietários. Mas, para isto, tinham que ceder um terço de sua área para o seu senhor. Para o camponês que possuía uma área média foi uma solução benéfica: dava um terço de sua gleba e ainda ficava com o suficiente para se sustentar. Mas, para o pequeno camponês, a situação ficou difícil, e ele tinha que se empregar como trabalhador agrícola ou arrendar mais terras para cultivar para poder garantir seu sustento. Quando tinha herdado uma fração diminuta de terras. Diante desse quadro, a opção era imigrar. Convém lembrara que, quando teve início o processo de emigração para o Brasil, a Alemanha não era ainda um país unificado. Era formada por diversos estados, que só se unificaram em 1871. Assim, dois fatores iriam resultar na emigração. O primeiro era a determinação – ou não – dos estados em deixarem seus súditos emigrarem. Pelo menos no início do período de emigração para o Brasil, a Áustria proibia a emigração, e a Prússia tratava de impedir ao Maximo. Já em Wûrttemberg e Hannover a postura era de liberdade, enquanto que na Baviera existiam algumas limitações. O segundo fator determinava a emigração era a situação econômica da região, em especial a situação da propriedade agrária: emigrava-se mais onde a situação era pior. Os primeiros colonos alemães vieram das regiões de Holstein, Hamburgo, Mecklemburgo e Hannover. Logo, porém, a região de Hunsrûch e do Palatinado passaram a fornecer o principal contingente. Houve também grupos de pomeranos (toda a colônia de São Lourenço), de Wurtembergenses e de boêmios, além de pequenos grupos de todas as partes da Alemanha. Quanto à religião, predominaram os protestantes, mas por pequena margem. 6 DEZENAS DE COLÔNIAS NO INTERIOR E 50 MIL IMIGRANTES A primeira leva de colonos alemães chegou ao Rio Grande do Sul em 1824, tendo desembarcado, em 25 de julho, na colônia de São Leopoldo (antiga Real Feitoria de Linho Cânhamo). A essa leva inicial – composta de 39 pessoas de nove famílias – se seguiram outras e, entre 1824 e 1830, entraram no Rio Grande 5.350 alemães. Depois de 1830 até 1844, a imigração foi interrompida. Entre 1844 e 50 foram introduzidos mais dez mil, e entre 1860 e 1889 outros dez mil. A partir de São Leopoldo as colônias alemãs se espalharam primeiro pelas áreas mais próximas, atingindo depois zonas mais isoladas. Geralmente as colônias – principalmente as primeiras – se situavam à beira de rios. Isso tinha uma grande importância estratégica: em uma época em que os caminhos eram muito precários, os rios serviam como “estrada fluvial” para o recebimento de equipamentos e escoamento da produção. Na primeira etapa o governo fez duas tentativas de colonização em locais menos acessíveis, mas ambas falharam. A primeira foi ainda em 1824, quando se decidiu reunir os imigrantes considerados indesejáveis em São Leopoldo (aqueles que criavam problemas) e enviá-los para ocupar a região das Missões. Assim, um grupo de 67 indivíduos foi encaminhado para aquela que seria a colônia de São João das Missões. Mas, ao longo da viagem e já na região, vários dos imigrantes adoeceram, ou debandaram, e o grupo começou a se dissolver, com seus remanescentes sendo conduzidos para São Borja. A outra tentativa foi feita no litoral, em Torres. Seu objetivo era povoar a zona de mata entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e lá foram estabelecidos dois núcleos, a partir de 1826: um formado por católicos em São Pedro de Alcântara, outro de protestantes em Três Forquilhas. Isolados, sem poder comercializar sua produção, os dois acabaram por também se dissolver. Os alemães que ficaram na área se integraram a população e cultura da região, enquanto que alguns subiram a serra, indo para a zona de São Francisco de Paula e Bom Jesus. Mas, de maneira geral, a colonização obedeceu a uma ocupação sistemática. Apesar da interrupção da imigração e colonização patrocinadas pelo governo central a partir de 1830 (a prática seria retomada mais tarde), o governo da Província (em alguns períodos) e particulares cuidariam de criar colônias e vender os lotes. A partir de São Leopoldo foram ocupadas – por empreendimentos particulares – as margens do rio dos Sinos, com colônias como Mundo Novo (atual Taquara), de 1847, Padre Eterno, Sapiranga e Picada Verão (todas de 1850). Também foi loteado o médio Caí, onde se criaram Bom Princípio (1846), Caí (1848), Montenegro (1857) e Nova Petrópolis (1858), entre outras. Esta ultima, colônia provincial, foi o ponto mais alto que a colonização alemã atingiu na serra. Já no vale do Taquari e rio pardo se instalaram Estrela (1853), Lageado (1853) e Teutonia (1868), e até o fim do século as terras à venda do lado ocidental do médio Taquari estavam todas ocupadas por alemães. O governo da província, por sua vez, criou em 1849 a colônia de Monte Alverne em Santa Cruz, e em 1855 a de Santo Ângelo – atualmente Agudo, nas mediações de Cachoeira. No último decênio do século XIX, não existiam mais terras à venda nas margens inferiores dos rios, e a serra já estava ocupada pelos italianos (que começaram a chegar na década de setenta). Iniciou-se então a colonização do Alto Uruguai, com colônias que iam desde Marcelino Ramos até o rio Ijuí. Nessa etapa foram criadas quase que exclusivamente colônias particulares, com algumas exceções, como Sobradinho (1901) e Erechim (1908), patrocinadas pelo estado, e Ijuí (1890), criada pela União. As novas colônias que surgiram a partir do núcleo inicial de São Leopoldo, não foram, entretanto, ocupadas apenas por imigrantes alemães. Houve um processo a que o historiador Jean Roche - estudioso da imigração alemã no Rio Grande do Sul – deu o nome de “enxamagem”. Os filhos de colonos (ou mesmo os colonos) das zonas mais antigas partiam em busca de terras nas novas regiões, e com isto foram ocupando boa parte do Rio Grande. Quando, depois de 1914, não existiam mais áreas disponíveis no estado, esses colonos passaram a migrar para Santa Catarina e Paraná e, de lá, foram – em uma etapa mais atual – para o Mato Grosso. 7 LITORAL NORTE A vinda da colonização alemã para o litoral Norte do Rio Grande do Sul se deu pelo interesse que D. Pedro I demonstrou por exploração de novas regiões do Brasil ocorridas no século XIX. D Pedro acreditava na importância própria da colonização e uma intuição de uma política interna e externa. Segundo Nilza Huyer, em 1824 quando passava por Torres em seu deslocamento do Rio de Janeiro para Porto Alegre a fim de assumir o governo da província, o desembargador José Feliciano Fernandes Pinheiro, futuro visconde de São Leopoldo, gostou muito da região e das terras que encontrou, e julgou-as, desde logo, propícias para a agricultura. A partir daí foi-se estudando as possibilidades de colonização do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. E, em meados de 1826, depois de acertos feitos com Francisco de Paula Soares de Gusmão, administrador do presídio das Torres, ficou decidido o encaminhamento de imigrantes alemães que, além de ocuparem as terras do interior de São Domingos das Torres, contribuíram para o povoamento e desenvolvimento da região. 8 TORRES Por volta de 1770, Torres tornou-se ponto estratégico para fins militares, pois os espanhóis depois de ter tomado o Porto de Rio Grande e do Desterro (Florianópolis), pretendiam invadir a província do sul por terra. Foi aí que o governo da Província resolveu construir, onde hoje é o Morro do Farol, um Fortim uma pequena fortaleza com alguns canhões, para guarnecer a passagem contra os espanhóis. Mas os canhões jamais troaram. Os espanhóis não conseguiram o seu intento. Foram derrotados na ilha de Santa Catarina e o Fortim foi desativado. Na virada do século XVII, o Fortim foi restaurado para servir de presídio, recebendo prisioneiros de guerra da Argentina, na maioria índios argentinos. É que naqueles tempos o Brasil vivia em constantes conflitos com os castelhanos do sul. Era a guerra cisplatina, onde os castelhanos teimavam em invadir o sul, em busca de maior território. Em 1812, o sargento Manoel Ferreira Porto foi reformado no posto de Alferes, mas acredita-se ter ele ficado no comando do presídio até 1820. Nessa época, o Fortim presídio estava sendo reconstruído e em 1822, numa homenagem a proclamação da independência, foi denominado “Baluarte Ipiranga”. Lamentavelmente não existe mais, tendo sido destruído pelo tempo. Em 1815, passava pelas Torres uma caravana episcopal, ocasião em que o Alferes Porto pediu ao bispo autorização para a construção de uma capela, o que lhe foi concedido. Alferes Porto tratou então do projeto, dando início a construção da capela, usando para isso a mão de obra dos prisioneiros e índios castelhanos. A igreja foi inaugurada em 1824, a mesma que hoje lá está, naturalmente com alterações, pois a parte de trás foi construída muitos anos depois, bem como a torre que foi erguida já no fim do século, em 1898, pelo padre José Lamonaco. Foi escolhido como padroeiro São Domingos. Não se conhecem os reais motivos, nem qual a influência quanto à escolha deste Santo para ser o padroeiro da capela. Mas a partir daí as Torres passaram-se a chamar de “São Domingos das Torres” , e hoje, é claro, somente “Torres”. Pela sua passagem e pelos seus feitos, outorga-se no Alferes Manoel Ferreira Porto a fundação de Torres, com a data base de 1810. Não se sabe ao certo como era o interior de Torres antes da imigração. Provavelmente alguns caboclos espalhados nas clareiras, ou algum bugre nas beiras das lagoas. Quanto ao resto deve ter sido uma floresta só. Foto 1 – Igreja Matriz São Domingos Fonte: Rosa Maria Foto 2 – Parte Interna da Igreja Matriz São Domingos Fonte: Rosa Maria 9 A COLONIZACAO ALEMA EM TORRES 9.1 A Chegada Em 17 de novembro de 1826, depois de uma exaustiva viagem os imigrantes alemães chegaram, finalmente, ao tão esperado destino. O assentamento desses imigrantes a princípio seria as margens do rio Mampituba, mas devido as grandes enchentes da época foram feitas novas demarcações de terras dando prioridade de assentamento no Vale do Três Forquilhas para os imigrantes protestantes que tinham um religioso fazendo parte de suas famílias. Estes já tendo assistência religiosa poderiam ficar mais afastados da única paróquia da região. O que não seria o caso das famílias de imigrantes católicos, estes sim teriam que ficar em terras mais próximas a capela de São Domingos. Ficando acertado suas terras próximas as encostas dos morros e da serra geral. 9.2 Demarcação das Regiões Em convênio pré-estabelecido entre o Coronel Francisco de Paula Soares de Gusmão, então comandante do presídio e o governo da província, chegaram em novembro de 1826 os imigrantes alemães. Obedecendo ao critério usado em experiências anteriores de assentamentos de imigrantes alemães, os mesmos foram separados pelo credo religioso. Os católicos ficaram em Torres e os protestantes foram assentados no Vale de Três Forquilhas. Os imigrantes que ficaram em Torres foram assentados no Vale do Mampituba, às margens do Rio Verde. Mas já nos primeiros tempos sobreveio uma grande enchente que alagou todo o vale. Apavorados, os alemães fugiram para os morros próximos, à leste da Lagoa do Morro do Forno, ficando nos vales apenas algumas famílias. Os alemães que fugiram para o vale após a enchente, obrigando com isso o governo a titular-lhes novas terras. 9.3 Vale do Mampituba Conta uma lenda que as famílias dos Gründler e dos Bauer que ficaram nos vales próximo ao rio Mampituba, fugindo das águas que estavam subindo, teriam se refugiado em uma parte mais elevada. Ali dando graças ao Senhor, teriam dito: ”Graças a Deus, estamos na Glória”. Lenda ou não, segundo João Jacob Selau, neste lugar construíram uma capela de madeira batizando o nome de Nossa Senhora da Glória, até o dia que construíram um pouco mais afastado dali uma igreja toda de pedra, a mesma que hoje lá se encontra, em Pirataba, a Igreja Nossa Senhora da Glória. Tendo inclusive como padroeiro Nossa Senhora da Glória, já no primeiro local que foi construído a primeira capela passou-se a chamar de Glorinha, por ser uma vila mais pequena e a mesma continua até hoje com este nome, pertencendo a paróquia de Glória. 9.4 Vale do Três Forquilhas Cariol Leopoldo Voges, filho de Ferdinand Voges e de Anastácia Hammerstein, nasceu em Friedberg, próximo a Hildecheim, no Reino de Hannover, em 1801. Veio para o Brasil em 1825, ainda solteiro, chegando a São Leopoldo em fevereiro daquele ano, casou-se com Luiza Elisabetha Diefnthaeler, em 24 de março de 1828. Em 1826, foi designado para acompanhar os imigrantes alemães destinados ao Litoral Norte do Estado, chegando em Torres em 17 de novembro. A partir de então, acompanhou os alemães evangélicos para o Vale de Três Forquilhas, onde também foi o administrador da Colônia. Sofreu, junto com os colonos, toda a sorte de peripécias a que ficaram expostos durante um largo período. Cada colono recebeu uma gleba de terra que se estendiam desde o rio até o alto dos morros, em ambas as margens, formando a colônia de Três Forquilhas. Cheios de esperança, pois, procediam de pequenas propriedades mas, não lhes fora dito das dificuldades que os aguardavam. Havia vendido tudo o que possuíam para viajar, poucos eram os seus recursos, grande a expectativa. Qual não foi a surpresa quando começaram a enfrentar a seiva bravia e os passos de rio fundo, onde a casa de alvenaria ficou no passado e o colono teve de abrigar-se em um rancho fechado com ripas e coberto com palhas, onde o fogão foi substituído pelo fogo de chão, pelo gancho ou pela trempe, onde o café da manhã deixou de ter pão e passou a ter banana. Segundo Nilz Huyer, os imigrantes foram jogados a mercê da própria sorte numa das regiões mais ricas e mais belas do estado, como por si só bastasse para o desenvolvimento da colônia. Os habitantes do Vale de Três Forquilhas sentiam-se como ilhéus pois, que de lá não havia meios de sair ou se comunicar com outras localidades, a não ser no lombo de mulas. Entretanto, a maioria, apesar dos muitos contratempos, eram motivados a continuar pela fé e confiança de melhores dias e pela força da palavra que lhes ministrava o seu guia espiritual, o Pastor Carlos Leopoldo Voges. O êxito que esta Colônia adquiriu com o passar do tempo deu-se à fé e persistência desse povo, tão convicto na sua religião. Todo o progresso do Vale do Três Forquilhas deve-se aos bravos imigrantes que lutaram pela nova Pátria. Nilza (1999, p.19) diz claramente que: Assim, presumivelmente, em início de 1827, (em 04.04.1827 nascia, em Três Forquilhas, o futuro herói da Guerra do Paraguai João Niederauer Sobrinho), acompanhados pelo Pastor Carlos Leopoldo Voges e pelo médico Dr. Elias Zinkgraf as 14 famílias, transportando os seus pertences em quatro carretas viajaram até o vale do Três Forquilhas, onde de estabeleceram, tendo no ano seguinte aportado outro contingente de alemães evangélicos luteranos (protestantes), vindo, também através de São Domingos das Torres. Hoje, o Município de Três Forquilhas, em sinal de reconhecimento e gratidão, por ter sido ele o guia espiritual do povo da região durante 67 anos, mantém em redoma de vidro, no Gabinete do Prefeito Municipal, a Bíblia do imigrante que pertenceu ao Pastor Voges e mais, fez inseri-la no seu brasão municipal. 10 AS FAMÍLIAS ALEMÃS 10.1 Mûller Já as famílias dos Müller subiram mais próximas as encostas dos morros, ficando em uma lomba bem alta. Mais tarde construíram um casarão, em 1888 a casa estava pronta. Foi feita em pedra com repartições de ripas com barro batido. Moravam na casa oito pessoas, dois casais sem filhos. Seis irmãos da família Müller que imigraram, dois deles casados com mulheres da família Gründler. A luta pela sobrevivência fez um deles buscar trabalho em outras regiões. Trazendo para casa mercadorias trocadas por cachaça, açúcar preto, que era o que faziam para sobreviver. Em 1898, um deles teve a idéia de colocar um comércio de tecidos, mas como o deslocamento para compra da mercadoria dependia do transporte em barcos, não foi possível continuar por muito tempo, pois o rio Mampituba tinha muitas cheias e impedia sua passagem até Santa Catarina, onde comprava a mercadoria. Em 1936, parou com seu comércio fechando as portas, pois tinha a alguns quilômetros dali um comerciante muito forte que imigrara junto com sua família, eram os Selau. Ainda hoje podemos ver o casarão na lomba dos Müller, e morando nela uma tataraneta dos primeiros moradores. Podemos ver que a casa continua pertencendo aos descendentes dos Müller, e se encontra um pouco acabada pelo tempo, em precárias condições de habitar. Localizada na lomba dos Muller, pertencente ainda ao município de Torres. Foto 3: Casarão dos Muller Fonte: Rosa Maria 10.2 Magnus A Família Magnus guarda com muito carinho as fotos e os objetos que pertenceram a seus avós e bisavós, como: fotos e dedicatórias dos primeiros imigrantes que aqui chegaram em 1826, em anexo (K) e outros documentos como o certificado de chegada ao Brasil, anexo (J). Ainda hoje se conserva em perfeitas condições de habitação a casa que pertenceu a Guilherme Frederico Magnus, “Senhor de escravos” (como era chamado na época). Hoje é usada como um sítio onde os filhos, netos e bisnetos de Maria Cecília se encontram nos finais de semana para lazer, aproveitando para cuidar também da manutenção da propriedade. Foto 4: Casarão dos Magnus Fonte: Maria Cecília Magnus Podemos ver como é bela e ao lado da casa conserva-se a mesma fachada da senzala (casa dos escravos, na época). Na foto abaixo, Guilherme Frederico Magnus, imigrante vindo da Alemanha em 1826. Foto 5: Guilherme Frederico Magnus Fonte: Guilherme Magnus Neto Segundo Maria Cecília Magnus, na época a casa de seus avós era muito procurada para guardar o dinheiro dos senhores de toda a redondeza, pois não existiam bancos na região. O Sr. Jacob era um deles que trazia o dinheiro ganho na venda de mercadorias, para guardar na casa de Guilherme Frederico Magnus, pois a mesma era guarnecida pelos escravos. Conta-se que naquele tempo os bandidos fugiam da cadeia nas capitais vinham para essas regiões, pois a mata era muito fechada impedindo assim uma busca. Para aquelas pessoas que chegaram aqui com muitos sonhos acreditando que o Brasil era realmente sua nova pátria, precisavam estar seguros, mas aconteceram muitas mortes por causa de terras. Isso fez com que eles tomassem mais cuidado com os estranhos que aqui se instalavam. Na época não existia punição, nem cadeia para crimes bárbaros como relatou uma neta de um imigrante assassinado. Segundo Maria Justo Selau, na época seu avô costumava passear aos domingos em seu cavalo, percorrendo suas plantações de milho e mandioca, que era o que mais plantavam para fazer a farinha que vendiam na região. Em um desses domingos, não voltou para casa de costume. A esposa mandou um filho ver o que teria acontecido, para desespero de todos voltava ele para casa com o pai morto em cima do cavalo. Mais tarde a família foi obrigada a sair de suas terras, ganhas pela demarcação do governo. Pois ali chegava um senhor bem distinto dizendo que era dono de tudo. A viúva desesperada teve que entregar suas terras ficando apenas com um rancho de palha para morar com seus oito filhos dependendo da boa vontade dos vizinhos para ajudarem na criação dos filhos. Nunca se soube qual o motivo do crime. Até que, para surpresa de todos os descendentes dessa viúva, o crime que aconteceu em 1865, somente foi descoberto a verdade em 1992. Conta uma outra neta, que foi procurada por um senhor, residente hoje em Canto dos Mengue, como ficou conhecido o lugar onde os Mengues construíram suas residências: segundo ela, este senhor vinha pedir desculpas, até mesmo perdão pelo que seu avô tinha lhe contado. Transtornado contou que era neto do homem que matara seu avô, dizendo que antes de morrer ele teria pedido para seu neto abrir um cofre em sua casa, pegar umas escrituras de muitas terras que, não lhe pertenciam, pois as mesmas foram roubadas da viúva que ele fez. Ficando com medo do “castigo divino” queria o perdão. Este da foto abaixo é o imigrante assassinado naquela época. Foto 6: Jorge Matias Justo e esposa Fonte: Maria Cecília Magnus Para os quatro netos dessa viúva, que já faleceu, inclusive seus sete filhos, restando apenas uma mulher viva, é muito doloroso saber que a maior parte de suas terras hoje estão nas mãos de pessoas que herdaram deste assassino. Para essa senhora relatar esse fato, trás de volta seu passado que a meu ver muito sofrido. Tinha na época seis anos, mas ainda hoje tem lembranças de seu avô andando a cavalo, o mesmo ensinou-a a montar, diz ela, que foi uma excelente cavaleira. Mas teve que trabalhar desde os dez anos nos engenhos moendo mandioca e milho para a produção da farinha que vendiam e que ajudava no sustento da família. Sua avó morreu no ano seguinte. Continuaram morando por mais algum tempo no “rancho de palha” com chão de barro batido. Esta é a história triste, pois Dona Maria continua na luta por mais justiça, na busca de encaminhar sua aposentadoria, pois se tornou impossível provar que era filha de agricultores. Por ter se passado mais de 40 anos, perderam o direito de requerer o que lhe foi roubado. Segundo a lei, todo terreno, com área construída nesse caso não tem como requerer. Aqui termina mais uma historia de um imigrante alemão. 10.3 Selau Dentre os colonos que se aventuraram para a encosta da serra, os Selau eram os mais ousados. Família viu-se também na primeira geração com pouca terra. Do Morro dos Passarinhos, onde moravam há muito tempo, contemplavam por cima da lagoa do Morro do Forno, aquela bela encosta de serra, com um rico vaziado a seus pés. Passaram a traçar um plano. Um dia resolveram, João, Jacob e André Selau, carnearam e assaram um porco, fazendo uma sacada de farofa. Carregaram tudo na velha canoa de pesca, atravessaram a lagoa e foram olhar aquilo tudo de perto. Em uma semana estavam de volta eufóricos e , em pouco tempo, estavam se assentando na dita encosta que passou a ser chamada de Costão, onde construíram suas casas. Na foto abaixo a família de Antönio Jacob Selau sentado com a bengala, com seus filhos. Foto 7: Família de Antonio Jacob Selau Fonte: Tataraneto de Jacob Selau, Sr. João Jacob Selau Após algum tempo, a família de João Jacob começou a trabalhar com comércio de secos e molhados, e, com o passar dos anos, a região foi aumentando e o comércio aumentando e, para comprar mercadorias para a venda, João viajava dias e dias no lombo de um cavalo com suas mulas carregando os “cargueiro”, como chamavam na época, para então saírem de barco nas regiões mais distantes para compra de “mantimento de secos e molhados”, conhecido naquele tempo. O tempo foi passando, o comércio na região era mais forte, chamado “a venda de Jacob”. Na foto a família de Jacob Antônio Selau sentado na porta da venda com a idade um pouco avançada. Segundo seu filho, ele tinha este vício de sentar na porta da venda. Em pé, com um filho no colo, o Sr. João Jacob Selau que deu continuidade nos negócio de sua família. Foto 8: Comércio de Jacob Antônio Selau – 1961 Fonte: João Jacob Selau O Senhor João Jacob Selau, tataraneto do imigrante Jacob Selau, continua até hoje com o comércio que foi passado de pai para filho, mas por motivos de doença e não podendo mais trabalhar passou para sua filha, Mariângela, e seu Genro, para darem continuidade no ramo de trabalho que vem passando de geração em geração. Continua até hoje em poder da família do Sr. João Jacob os primeiros documentos de registro de abertura do comercio (anexos A, B, C, D, E, F, G) e uma moeda de prata de 2000 réis (anexo H), deixadas por seu bisavô. A casa que serviu de comércio para a família Selau, ainda se encontra no local, mas sofreu algumas reformas no ano de 1992, que deixaram sua beleza comprometida, tirando assim uma história que o Sr. João Jacob Selau tem se esforçado para manter. A reforma foi feita por um irmão do Sr. João Jacob Selau, que é o atual proprietário da casa, pois, com o passar dos anos, as famílias foram crescendo, a região tornou-se uma passagem obrigatória de um estado para outro. A estrada de chão que divide ao meio a comunidade de Costão era um dos caminhos mais curtos para o transporte e comércio dos produtores de banana que ligam desde o município de Três Cachoeiras à Praia Grande, em Santa Catarina. Motivo bastante para uma mudança, foi em 1964 quando o Sr. João Jacob Selau mudou-se com sua família para a localidade mais próxima onde outros imigrantes ajudaram na construção de uma igreja, que por falta de interesses da comunidade, deixaram ao tempo até começar a despencar o teto. Decidiram então derrubá-la, “uma lastima”, diz o Sr. João, pois a mesma foi construída toda em blocos de pedra que mediam aproximadamente 90cm até 1.20cm de comprimento com espessuras de 40 a 70 cm. Em 1964, o Sr. João mudou seu comércio para a casa que comprara de seu tio, construída em 1937. 11 FAMÍLIAS IMPORTANTES NA HISTÓRIA Carlos H. Hunsche, no seu livro “O biênio 1824/25 da imigração e colonização alemã no Rio Grande do Sul”, diz, à pagina 126, serem famílias importantes os Magnus, os Lentz e os Paulus. Estas duas últimas degeneraram, não dando nenhuma demonstração de grandiosidade ou importância, embora que durante a 2ª Guerra Mundial fomos encontrar na Alemanha um Marechal Campo Von Paulus. Os Paulus e os Lentz de Torres atravessaram os tempos até os dias de hoje como pessoas simples e sem nenhum espírito de importância ou grandiosidade. Os Magnus, no entanto, demonstraram alguma coisa. Já na primeira geração, quando todos os imigrantes viviam em casa de estuque de barro, chamadas de ”casas de pau-a-pique”, os Magnus construíram grandes mansões, conforme podemos constatar por volta de 1860. Suas propriedades sempre eram formadas por grandes áreas de terra. Como exemplo citamos a propriedade de Guilherme Frederico Magnus. Senhor de escravos, grande propriedade com muitas terras, conforme se constata ainda hoje, pois se encontra quase intacta nas mãos dos descendentes. Mas os Magnus de um modo geral não progrediram. Porque suas grandes propriedades e os seus casarões foram se perdendo no tempo, como se o seu espírito de pessoas importantes fosse ligado a outras coisas e não à agricultura. Hoje os Magnus existentes não tem nenhuma expressão. Pessoas simples sem nenhuma motivação para a agricultura. Aliás, como agricultores, os colonos de Torres nunca tiveram grande expressão. Podemos citar como expressivos até 1950, os Borges e os Hendler. Em que pese a agricultura de Torres, como a cana-de-açúcar seja bastante expressiva no conjunto, não podemos dizer o mesmo dos agricultores individualmente, mesmo porque, através das gerações, as terras de Torres tornaram-se, talvez, ate 99% de minifúndios. Pouco interesse houve pelos imigrantes em expansão de suas propriedades. Família de certa importância da imigração de Torres também foram os Daitx. Um deles ajudou na construção da Igreja Matriz São Domingos, não mencionada por Hunsch, ainda hoje guarda em sua memória as lembranças de um passado muito sofrido, segundo entrevista feita ao senhor Clemente Antonio Daitx, hoje com 100 anos e bem lúcido, diz: “seu pai chegou em Torres com 9 anos de idade junto com seu avô, anos mais tarde casou-se com uma índia” (foto abaixo). Segue na foto seguinte Clemente Antonio Daitx e sua irmã mais velha que falecera em 2000 com 105 anos. Foto 9: Ele Imigrante Alemão Daitx – Ela Índia Fonte: Diva Daitx Foto 10: Clemente Antonio Daitx Fonte: Diva Daitx Mas os Raupp também foram famílias muito importantes, para a história de Torres eram os senhores de escravos construíram a maior casa da colônia, em 1849, chamada até os dias de hoje de Casa Grande. Os Raupp desde o começo demonstraram um grande espírito de liderança. É o que constatamos em documentos existentes. Apesar de grandes proprietários, jamais progrediram na agricultura, porque? Quem eram eles? procuraram mais o lado do comércio para desenvolver seu trabalho, mas sem grande entusiasmo não eram ambiciosos. As terras tituladas para os colonos eram poucas para tantas famílias e, por isso, já na primeira geração tornaram-se bastante acanhadas isso obrigou muitos deles a procurarem terras mais distantes, ocasionando um verdadeiro êxodo para as bandas da costa da serra. Os primeiros a saírem para as bandas de Morro Azul foram os Borges, os Schwanck, os Carlos (Karl), entre outros. 12 DOM PEDRO DE ALCANTARA Em 25 de dezembro de 1826, no mesmo ano em que aqui chegaram os imigrantes alemães, teve passagem por Torres o imperador D. Pedro I, que veio fazer uma visita à Província do Sul. Nessa ocasião os alemães foram convidados pelo comandante Paulo Soares a prestar uma homenagem ao Imperador. Naquela oportunidade, os alemães pediram ao monarca uma gleba de terra onde seria construída a sede comunitária dos mesmos. O Imperador sensibilizado, fez uma doação de 25ha. de terra para essa finalidade. Posteriormente, prestaram-lhe uma homenagem. Como 25 há. de terra era também chamada de uma colônia de terras, deram então o nome de Colônia Dom Pedro de Alcântara. Em 1847, deu-se a benção da pedra fundamental, dando assim o início à construção da igreja de Dom Pedro de Alcântara. Segundo Selau, em 1847 passou por Torres o Imperador Dom Pedro II, que teria feito uma doação de 500.000(quinhentos mil) réis como auxilio para a construção da igreja. Foto 11: Igreja Matriz Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Dom Pedro de Alcântara A inauguração da igreja deu-se em 29 de junho de 1853, pela benção do vigário de Pina Cabral. As missas nos primeiros tempos eram raras, às vezes restringia-se a uma vez por ano, geralmente as visitas pastorais vinha do deslocamento dos padres do presídio de Torres ou de Conceição do Arroio (Osório). As localidades de Costão, Glória e Jacaré não tinham ainda igrejas. Para muitos imigrantes e seus familiares tornava-se difícil deslocar-se de seu lugar para irem assistir missa na igreja de Dom Pedro de Alcântara, por isso o padre da paróquia é que percorria o caminho de cavalo até as localidades mais difíceis, onde celebrava a missa e batizavam as crianças. Os imigrantes eram um povo bem católico, tinham muita fé e isso os deu suporte para suportar todas as dificuldades que encontravam em seus caminhos. Segundo Selau, José Arásio Weber, coordenou o projeto de transformar a encosta de um enorme bloco de pedras e de muitos metros de altura em santuário. Em 1948, deu-se início a construção que teve o apoio de toda a comunidade até mesmo as mais distantes como Costão e Glória. Sua inauguração contou com a presença de Dom José Barea, bispo de Caxias do Sul, que batizou o local com o nome de Gruta Nossa Senhora de Lourdes, cuja imagem da Santa parece abençoar lá do alto toda região. Foto 12:Gruta Nossa Senhora de Lourdes Fonte: José Krás Selau A devoção a Nossa Senhora de Lourdes era muito grande, as famílias na época iam até lá para pedir proteção e benção. E começaram a marcar presença em maior número de pessoas em determinada data. Foi assim determinado o dia mais especial para um a homenagem, onde todos da região pudessem comparecer. Até hoje, realiza-se no local, no último domingo de maio de todos os anos, uma romaria, que encerra as festividades católicas na comemoração ao mês de Maria, com a participação de diversas comunidades que rodeiam Dom Pedro de Alcântara, geralmente para pagar promessas e participar do culto ecumênico. O acesso hoje ao local é melhor, devido a antiga administração da prefeitura de Torres, quando Dom Pedro de Alcântara ainda era distrito de Torres. A gruta pertencia a Jose Arásio Webber, que teve um dia um sonho de transformar uma montanha em um santuário, e hoje também contemplada não apenas pelas comunidades da região do litoral norte do Rio Grande do Sul, mas também por turistas de outros estados e por turistas argentinos. 13 A RELIGIÃO A separação de católicos e protestantes começou por motivo das cheias que aconteciam às margens do Rio Mampituba, onde seriam todos assentados. Achou-se melhor separar as famílias pela religião, já que teriam que fazer novas demarcações mais próximas das encostas. Evitando conflitos, acharam melhor levar os imigrantes evangélicos para o vale de Três Forquilhas, pois acompanhava um Pastor Evangélico Luterano que poderia dar assistência espiritual aos confessos desta religião. Enquanto que aos católicos seria destinada uma área nas proximidades da Freguesia de São Domingos das Torres, onde teriam assistência do cura local. Hoje, o Município, em sinal de reconhecimento e gratidão, por ter sido ele o guia espiritual do povo da região durante 67 anos, mantém em redoma de vidro, no Gabinete do Prefeito Municipal, a Bíblia do Imigrante que pertenceu ao Pastor Voges e mais, fez inseri-la no seu brasão municipal. O mesmo não aconteceu com as outras famílias de imigrantes que foram para as encostas de lagoas, várzeas e morros pertencentes hoje aos Municípios de: Torres, Dom Pedro de Alcântara, Morrinhos do Sul e Mampituba. Este povo sofreu abandono, esquecimento quanto à assistência espiritual. Assistir uma missa era coisa rara. Para isso, tinham que viajara por caminhos difíceis, em carroças ou a cavalo, até a Igreja de São Domingos das Torres. Mais tarde os colonos ganharam 25 hectares de terras do Imperador Dom Pedro I, que veio fazer uma visita a Província do Sul, para a construção da sede comunitária dos mesmos. O nome da localidade surgiu também por ser chamada de uma colônia de terra, deram então o nome de Dom Pedro de Alcântara. Mais tarde sabendo que o padroeiro da Província do Rio Grande do Sul era São Pedro e, sendo eles católicos, resolveram rebatiza-la com “Colônia São Pedro de Alcântara”. Em 03 de fevereiro de 1847, deu-se a benção da Pedra Fundamental, dando assim o início da construção da Igreja. Segundo Selau, em 1847 passou por Torres o Imperador Dom Pedro I, que teria feito uma doação de 500.000 (quinhentos mil) réis como auxilio para a construção da Igreja. A inauguração da Igreja deu-se em 29 de junho de 1853 pela benção do Vigário Tiago de Pina Cabral. As missas, nos primeiros tempos, eram raras, às vezes restringia-se a uma vez por ano, geralmente as visitas pastorais vinham do deslocamento dos padres do Presídio de Torres. Para as famílias dos Selau, que foram para as encostas dos morros, ficou mais perto freqüentar as missas, mesmo que as mesmas fossem uma vez por ano. Era a única alternativa que tinham para batizarem ou casarem seus filhos e netos. Anos mais tarde as famílias que foram para Glória conhecida hoje como Pirataba; Costão - (primeira vila construída pela família dos Selau) hoje pertencente ao Município de Morrinhos do Sul e Roça da Instância (encostas dos morro onde alguns imigrantes fundaram sua 1ª vila) hoje pertencente ao Município de Mampituba. Construíram suas Igrejas com a ajuda dos padres que vinham da Diocese de Caxias do Sul. A Igreja derrubada, onde hoje construíram uma nova, é somente a de Costão - atualmente bairro pertencente a Morrinhos do Sul. As demais continuam em perfeitas condições. 14 O CURSO O curso foi realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Dom Pedro de Alcântara, situada no município de Dom Pedro – RS. Primeiramente, foi contatada as autoridades responsáveis na educação a fim de expor os objetivos do trabalho. O secretário aceitou e indicou, para a realização das atividades, 30 professores que trabalham nas escolas do município. O início do curso foi marcado para os dias 26 a 30 de julho de 2004, das 8h30min às 11h30min e das 14h30min às 17h30min. Fechando assim um total de 30hs. Os conteúdos didáticos usados para o desenvolvimento das atividades foram: vídeos, slides, textos históricos-culturais, data show, fotos e documentos da época. O objetivo do trabalho foi formar uma consciência humanística crítica capaz de integrar conhecimentos específicos do campo da cultura com suas diferentes dimensões. Capacitar o professor – aluno a compreender o conceito de turismo cultural, proporcionando ao professor – aluno a reflexão teórica sobre o estudo da cultura em sua diversidade e dimensão histórica tendo como suporte o enfoque da cultura alemã . Estimular a pesquisa e a produção de textos históricos literários no campo do Turismo Cultural. O desenvolvimento dos temas/conteúdos programáticos cultural alemã teve um aponte metodológico fundamentalmente na de natureza captação, “histórico explicação, descritiva”, descrição, traduzindo-se problematização e compreensão da relação Cultura/Turismo tendo por base o conhecimento da realidade brasileira local. Foram, portanto, passos da metodologia adotada: captação, descrição, problematização, delineamento de hipóteses explicativas e compreensão da experiência de cada professor-aluno. O percurso compreendido entre captação – descrição e a compreensão fundamentou-se no princípio da participação coletiva em sala de aula, envolvendo Professor e aluno num processo dinâmico de diálogo, crítica e auto-construção de si e do outro. A avaliação do professor – aluno se deu através da participação efetiva nas atividades de classe, realização dos estudos ou atividades propostas. Os conteúdos se desenvolveram em leitura de artigos periódicos e livros através de discussão livre e semi dirigida em trabalhos individuais e de grupos. O curso deteve-se sempre em busca da qualidade do conhecimento delineando um novo olhar sobre a cultura alemã em Dom Pedro de Alcântara integrando escola e comunidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do que foi proposto e estudado nesta monografia, constatou-se o quanto os professores que participaram do curso de atualização sobre cultura alemã em Dom Pedro de Alcântara se entusiasmaram ao realizar um trabalho no qual puderam envolver seus alunos como agentes históricos na comunidade. É relevante afirmar que isso só ocorre, quando são proporcionadas situações as quais causam prazer, aguçam os sentidos, levando por fim à motivação, à vontade de buscar e construir, coletiva e individualmente, o saber. Frente a esse fato, as autoridades responsáveis, a escola, seu corpo docente e serviços especializados devem estudar, refletir e encontrar caminhos que não deixe de estimular a criatividade, a responsabilidade, a sociabilidade e a liberdade dos educadores. O aprendizado depende do interesse pelo objeto de estudo e o curso de atualização oferecido aos 30 professores tem o dom de despertar a curiosidade oportunizando momentos de observação, indagação e discussão sobre o objeto com o qual está interagindo de tal forma que ocorra motivação. A realização deste trabalho baseou-se no desejo de concretizar um sonho, realizar uma conquista, por em prática um pouco do que alcançamos na convivência do curso. O interesse dos professores é transmitir para o aluno segurança e motivação. É ele que modifica, enriquece, e portanto, constrói novos e mais potentes instrumentos de ação e interação. Este curso não se finda. Que ele seja ponto de partida para que autoridades e escola, possam tê-lo como referência para o desenvolvimento de outros cursos. REFERÊNCIAS BANDUCCI, Álvaro. Turismo e Identidade Local. São Paulo: Papirus, 2002. BRANDÃO, Carlos. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1995. DEMO, Pedro. 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