A partir dos exemplos sugeridos e explorados pelos alunos pretende-se que possam conjecturar que, dadas duas funções reais de variável real f e g , o domínio da função quociente pode ser dado por: D f = D f ∩ D g ∩ { x ∈ R : g ( x ) ≠ 0} . g Nesta questão, o professor deve estar atento ao facto de os alunos respeitarem a condição imposta no enunciado e de escolherem outras funções com domínios diferentes (logo, que não sejam funções polinomiais), com o intuito de estabelecer a necessidade da intersecção dos domínios das funções iniciais. Explorações de alunos Com a resolução da questão 1.1.1. pretende-se que os alunos identifiquem o processo que conduz à determinação de imagens de objectos concretos para a função produto, a partir da análise das representações gráficas das funções dadas. No entanto, os alunos podem mostrar dificuldades na interpretação desta questão e tender a procurar a expressão analítica de cada uma das funções. Nesta situação, o professor deve incentivar os alunos para a análise atenta do enunciado e, se necessário, questioná-los sobre o tipo de representação que é utilizado para definir as funções dadas. A resolução desta questão pode permitir focar a atenção dos alunos na análise das representações gráficas das funções m e n, remetê-los para a determinação gráfica de imagens de objectos concretos e para estabelecerem uma relação entre as imagens, pela função produto, dos valores (- 1) e 3 com o produto das imagens destes objectos, obtidos a partir das funções m e n, como se ilustra na seguinte resolução: A análise de propriedades das funções dadas é também fundamental para a determinação do sinal da função produto, pedida na questão 1.1.2.. Neste caso, é de espe- 124 rar que os alunos associem, de modo intuitivo, o estudo da variação de sinal da função produto à análise do sinal das funções dadas. Com as informações recolhidas a partir das representações gráficas, e de acordo com os procedimentos usuais do décimo ano, os alunos podem organizar os dados construindo a correspondente tabela de sinais: Já na exploração da questão 1.1.3., pode suceder que alguns alunos procurem, novamente, determinar a expressão analítica da função n , que figura em denominador, de modo a calcular analiticamente a condição que define o domínio da função quociente, m . No entanto, ao recordar as condições de validade de uma expressão algébrica n racional, os alunos devem focar a sua atenção na observação das representações gráficas fornecidas, de modo a identificar os zeros da função que se encontra em denominador, para os excluir do domínio: Contudo, no exemplo que se segue, os alunos reconhecem a importância de determinar os zeros das funções dadas para calcular o domínio da função quociente, mas admitem ser impossível efectuar a divisão tanto quando o denominador é igual a zero como quando o numerador é igual a zero: 125 A concepção apresentada por estes alunos (e partilhada por tantos outros) quanto à impossibilidade de dividir zero por qualquer outro valor diferente de zero deve ser um dos aspectos que o professor deve discutir com o grupo turma, na fase de validação de resultados. Neste caso, para além da confusão entre condição impossível e expressões com ou sem significado, os alunos parecem não compreender verdadeiramente a noção subjacente à determinação do domínio de uma expressão algébrica racional. Na exploração da resolução da questão 2.2., os alunos devem relacionar as representações gráficas das funções m e n , funções polinomiais do 2.º e 3.º graus, respectivamente, com as correspondentes expressões analíticas, e recolher as informações que consideram necessárias para fundamentar os seus raciocínios. Nesta fase, pode acontecer que os alunos utilizem diferentes estratégias, de modo particular no que se refere à determinação da expressão analítica que define a função m , polinomial de segundo grau. Recorrendo aos conteúdos abordados no décimo ano, os alunos podem, por exemplo, identificar os zeros da função quadrática, recorrer à decomposição em factores de um polinómio do segundo grau e utilizar um ponto conhecido do gráfico da função: 126 Noutras situações, os alunos podem tentar identificar a expressão analítica das funções quadráticas a partir de algumas das características das suas representações gráficas, nomeadamente a identificação das coordenadas do vértice e o sentido da concavidade da parábola: Nesta resolução, os alunos não se recordam que, para além da função que indicam, existe uma infinidade de parábolas com a concavidade “virada para cima” e cuja ordenada do vértice é igual a − 4 e, deste modo, não usam as condições suficientes para garantir que esta expressão analítica corresponde, efectivamente, à função dada. Seguindo uma estratégia semelhante, os alunos podem ainda escrever uma expressão analítica da função quadrática, a partir das coordenadas do vértice e da identificação do coeficiente do termo do segundo grau: No entanto, para determinar do valor de a , os alunos usam novamente o ponto correspondente ao vértice, mas os enganos registados na resolução da equação não os conduzem a uma condição indeterminada: 127 Na fase de discussão de resultados, o professor deve promover o confronto das diferentes estratégias de resolução desta questão, mas também colocar em destaque a necessidade de uma maior fundamentação de raciocínios. No que respeita à determinação da expressão analítica da função n , polinomial de 3.º grau, os alunos poderão estabelecer uma relação entre os zeros da função e a decomposição do polinómio correspondente em factores, trabalhar algebricamente a expressão obtida e, em seguida, recorrer a um ponto do gráfico da função para determinar o valor do coeficiente do termo de terceiro grau: De modo semelhante, os procedimentos algébricos podem ser trabalhados com a exploração da questão 1.3, referente à apresentação da expressão analítica simplificada, tanto quanto possível, e à caracterização da função n . m Nalguns casos, os alunos não se esquecem de indicar, correctamente, o domínio de equivalência das expressões dadas, como se ilustra com a seguinte resolução: 128 Na exploração da questão 1.4. é dada a liberdade aos alunos para escolherem novos pares de funções, de domínios diferentes, com o intuito de estabelecerem uma condição que defina o domínio da função quociente. Nesta fase, a maior ou menor diversidade de exemplos que podem surgir deve ser um factor a ter em conta na preparação da tarefa, por parte do professor. De facto, os exemplos explorados pelos alunos podem não evidenciar a necessidade de considerar a exclusão dos zeros da função que figura em denominador (pelo facto de esta não se anular), como se ilustra na seguinte resolução: Ainda assim, os alunos podem indicar a condição que define o domínio da função quociente e, indicar uma possível generalização dos resultados que encontram com a exploração da tarefa: 129 Na discussão com a turma, o professor deve conduzir os alunos a reflectir sobre a importância da determinação do domínio para a caracterização da função quociente. Deve, também dar especial atenção à formalização dos resultados pretendidos, uma vez que esta pode ser uma das dificuldades apresentadas pelos alunos. Considerações finais sobre a exploração da tarefa Na exploração do primeiro conjunto de questões desta tarefa, os alunos podem apresentar alguma dificuldade em recorrer à análise e à recolha das informações necessárias a partir das representações gráficas. No entanto, as explorações que os alunos devem realizar podem permitir a identificação de várias propriedades das funções dadas e também o estabelecimento de conexões entre a representação gráfica e a algébrica. Ao longo da exploração desta tarefa, os alunos podem recordar e relacionar vários conteúdos, tanto os abordados em aulas anteriores (como a noção de função produto, domínio de expressões algébricas, equivalência entre expressões algébricas e divisão de expressões algébricas) como os abordados em anos anteriores (variação de sinal de funções, expressões analíticas de funções quadráticas e de funções cúbicas). Por vezes, quando exprimem por palavras próprias as suas conclusões, os alunos podem evidenciar algumas dificuldades, como é o caso de considerar ser impossível efectuar a divisão quando o dividendo é igual a zero, ou de não reconhecer as condições necessárias para definir a função polinomial de segundo grau. Na fase de apresentação de resultados, o professor deve confrontar os alunos com os diferentes processos de resolução para a mesma questão (como é o caso das explorações que podem surgir na determinação da expressão analítica de função m , polinomial de segundo grau). Deve ainda dedicar especial atenção aos exemplos explorados pelos alunos na última questão e, se necessário, apresentar novas sugestões, com o intuito de dar significado à condição inerente à determinação do domínio da função quociente e à sua formalização. 130