Ofício nº 189/15/LIDPV Brasília, 11 de setembro de 2015 Excelentíssimo Senhor FLÁVIO DINO DE CASTRO E COSTA MD. Governador do Estado do Maranhão Palácio dos Leões São Luís (MA) Assunto: Denúncia de exploração ilegal de madeira na Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão. Excelentíssimo Senhor Governador, Ao cumprimentá-lo, com o intuito de alertar Vossa Excelência, faço referência à denúncia do Greenpeace de exploração ilegal de madeira na Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu, no Estado do Maranhão, ameaçando a integridade física e a sobrevivência do Povo Ka’apor. A Terra Indígena Alto Turiaçu é uma das últimas extensões remanescentes de floresta amazônica no Estado do Maranhão, que sofre, de uma forma intensa, com as invasões de madeireiros e caçadores. Conforme os relatos, os madeireiros abrem estradas e avançam sobre a floresta em busca das espécies nobres, tais como o ipê, que chegam a ser comercializadas por até 1.300 euros por metro cúbico, quando destinadas à exportação. A situação, senhor Governador, é muito grave. Até 2014, cerca de 8% da TI já haviam sido desmatados. Isto representa mais de 40 mil hectares! De acordo com dados do Sistema de Mapeamento da Degradação Florestal na Amazônia Brasileira (DEGRAD), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apenas entre os anos de 2007 e 2013, tivemos a degradação da floresta, pela exploração ilegal da madeira no interior da TI, da ordem de 5.733 hectares. Pressionados por esta situação, o povo Ka’apor vem denunciando, desde 2008, as invasões dos madeireiros, que muitas vezes vêm acompanhadas de violência e mortes. Assim, desde 2013, cansados de esperar por auxílio na proteção de seu território e de suas vidas, o povo Ka’apor, decidiu se defender de forma autônoma. De forma coordenada, os indígenas têm feito a vigilância do território, buscando evitar a abertura de novos ramais de transporte de madeira ilegal, bem como o processo de desmatamento. Recentemente, com o apoio do Greenpeace, começaram a agregar o uso de tecnologias, tais como mapas mais precisos, armadilhas fotográficas e rastreadores via satélite. Estas ações, conforme os relatos resultaram em represálias, ameaças e perseguições. Muitas aldeias foram invadidas por madeireiros. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), quatro índios Ka’apor foram mortos e outros 15 atentados foram efetuados nos últimos quatro anos. Esta situação, senhor Governador, em muito nos preocupa e precisa, com urgência, ser apurada. À luz do exposto, solicitamos vossos valiosos e decisivos préstimos, no sentido de apoiar os órgãos responsáveis na tomada das providências necessárias para coibir a agressão ambiental, punir os responsáveis e garantir segurança e uma melhor qualidade de vida para o povo Ka’apor. Respeitosamente, Deputado Sarney Filho Líder do PV