LABORATÓRIO DE ESTUDOS DO AUDIOVISUAL E DO DISCURSO Janaina DE JESUS SANTOS (UNEB) [email protected] O Laboratório de Estudos do Audiovisual e do Discurso – AUDiscurso é um grupo de pesquisa vinculado à Universidade do Estado da Bahia – UNEB/ DCH VI, que desenvolve investigações em Análise do discurso com contribuições de Michel Foucault. A arquegenealogia foucaultiana possibilita discutir objetos verbais, visuais e audiovisuais na perspectiva discursiva, colocando em evidência sua constituição histórica em relações de saber e poder. Nessa perspectiva, o objetivo do grupo é nortear discussões para compreender o sujeito em práticas discursivas no âmbito dos saberes artísticos, midiáticos e político-institucionais, em corpora dos séculos XX e XXI que englobam essa pluralidade de materiais. Os trabalhos do AUDiscurso estão distribuídos em três linhas, sendo uma voltada para entender os sujeitos nos processos político-sociais como “homens infames”, que ganham visibilidade no embate com os poderes por meio da mídia; a segunda direcionada para analisar os sujeitos registrados nos cinemas brasileiro e anglófono, buscando compreender os objetos artísticos como produção histórica em que sujeitos se dão a ver; e, por fim, os sujeitos na rede de saberes e poderes político-intitucionais na educação. No campo dos estudos discursivos, é importante buscar compreender os sujeitos constituídos na relação entre verdade, poder e si mesmo e suas práticas no cinema, na mídia e nas instituições para entender a sociedade. Atualmente, percebem-se esforços teóricos e metodológicos para investigar discursivamente materiais visual e audiovisual, a partir da compreensão foucaultiana de enunciado. Nesse sentido, levantam-se questões como: quais são os deslocamentos teóricos e metodológicos necessários para investigar materiais visual e audiovisual? Como as discursividades são construídas nesses enunciados? Como as estratégias cinematográficas funcionam discursivamente? Como a relação entre verdade, poder e si mesmo atuam na produção de subjetividade contemporaneamente? Portanto, o AUDiscurso representa um espaço acadêmico destinado à investigação de questões discursivas, considerando seus aspectos históricos e culturais, a partir da qual a sociedade será refletida em suas relações de poderes e saberes. Palavras-chave: Poder; Sujeito; Verdade. São Carlos, Setembro de 2015 CORPOS, SUJEITOS E AS INTERFACES DISCURSIVAS NA VISUALIDADE FÍLMICA DE “CISNE NEGRO” Cremilton DE SOUZA SANTANA (UNEB) [email protected] Nesta pesquisa, buscou-se investigar o corpo disciplinado na visibilidade da obra cinematográfica Cisne Negro (Black Swan, Darren Aronofsky, 2010). A obra evidencia discursos ditos e mostrados, já que os filmes produzem e revelam discursos inseridos no processo histórico. Amparou-se na teoria basilar da Análise do Discurso de linha francesa e seus estudos no Brasil para referir aos conceitos adotados e no método arqueológico de Foucault para descrever e analisar as camadas mais profundas das práticas de poderes sobre o corpo e a vida dos sujeitos no filme supracitado. Recorreu-se as estratégias cinematográficas conforme explicadas por Aumont e Marie (2006), tendo como objetivo geral compreender como corpos e sujeitos são constituídos na visualidade fílmica Cisne Negro, objetivou-se identificar discursos do biopoder na superfície do dispositivo cinematográfico; demarcar os discursos que produzem planos e lugares para os sujeitos, através das estratégias panorâmica e close que guiam o olhar do telespectador. Nina estava inserida no mercado competitivo da dança, em que a concorrência começa desde a seleção para fazer parte de uma companhia de dança até ser escolhida para os melhores papeis nos palcos. As práticas do biopoder aparecem a partir das relações entre Nina e dois personagens: a mãe e o diretor da companhia, produzindo os sujeitos do cisne branco e do cisne negro. A mãe exercia uma disciplinarização do corpo da filha, cercando-a de cuidados para se vestir e de decoração infantil do dormitório com predominância da cor rosa, para camuflar a personalidade adulta da filha. Ela sentia necessidade de manter controle sobre a filha até nos aspectos mais privados como na sexualidade, na profissão e nas amizades. Observa-se que, mesmo Nina tendo 28 anos, ela não tinha as chaves do próprio quarto. Em contrapartida, o diretor da companhia Leroy exercia poder sobre o corpo e a vida de Nina disciplinando-a por meios de técnicas e movimentos minuciosos e expressões corporais para ser sedutora, representando o cisne negro - constituindo sujeitos heterogêneos mediante valores éticos e culturais contextualizados, que possibilitam a constituição dos sujeitos. Discursos estes que emergem para disciplinar Nina, representados tanto pela mãe de Nina, quanto pelo diretor artístico Leroy. Eles eram disciplinadores, metódicos e possuíam conjuntos de regras que instituía a maneira como Nina deveria se comportar e se apresentar para sociedade, seja como sujeito retraído, doce e meigo, representado pelo cisne branco; seja como um sujeito sedutor, representado pelo cisne negro. Palavras-chave: Cinema; Corpo; Sujeito. São Carlos, Setembro de 2015 FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ELEMENTOS CONSTITUTIVOS NO DISCURSO DO DOCENTE FORMADOR Diana DE OLIVEIRA BRITO (UNEB) [email protected] Filiando-nos aos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso francesa e seus estudos no Brasil, objetivamos analisar os elementos discursivos presentes na formação do docente formador de professores em língua inglesa e confrontar com o dizer de sujeitos egressos. Foram analisados os discursos e os enunciados presentes no Projeto Politico Pedagógico (PPP) do curso de licenciatura de uma instituição de ensino superior pública do interior do Estado da Bahia, bem como a transcrição de três entrevistas com egressos que atuam na área. Partindo do pressuposto que o problema maior na educação não é tão somente pedagógico, mas também de natureza epistemológica, consideramos a construção do conhecimento como referência para a análise do PPP específico do curso de Letras com habilitação em língua inglesa e literaturas. Assim, o PPP é tomado como um instrumento que rege os discursos pedagógicos e seus funcionamentos dentro do curso e, assim, produz um saber sobre doutrinas e formas de controle do sujeito. Trata-se de uma “lógica de existência”, como é pensada por Foucault (2006, p. 62), de modo que existem normas e regras, os quais regem a sociedade e produz sujeitos. Consequentemente, a ordem do discurso diz quem pode falar, revela o status e a autoridade do sujeito. Os discursos pedagógicos no PPP estão conectados a outros, construindo uma rede, indicando um lugar para o sujeito. Portanto, participar da sua construção histórica implica aos sujeitos a imersão em práticas discursivas. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, em que os dados foram obtidos na identificação dos discursos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores para a Educação, no portal do Ministério da Educação, do PPP e de enunciados recortados das entrevistas. Destarte, esse estudo detectou pontos de distanciamento entre o PPP do curso e o professor, sua prática pedagógica e os referenciais teóricos considerados, que podem afetar consideravelmente a formação de professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Assim, é notável destacar que essa pesquisa tem sua relevância instalada na descrição discursiva do PPP de LI na instituição estudada, na compreensão da constituição do sujeito professor e da prática docente decorrente das exigências da nova sociedade do conhecimento e no próprio processo de formação docente no âmbito acadêmico. Palavras-chave: Discurso; Formação docente; Sujeito. São Carlos, Setembro de 2015 THE HOWLING REBORN: A METAMORFOSE DO CORPO E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO Edilane DE JESUS GOMES (UNEB) [email protected] Este trabalho toma referenciais teóricos da Análise do discurso de origem francesa e do cinema para investigar os discursos presentes nas cenas do filme The Howling Reborn (Joe Nimziki, 2011, EUA). O objetivo é compreender na materialidade fílmica como o corpo passa pelo processo de transformação, identificar e descrever os planos, como as imagens exibem a mutação corpórea. Na cena escolhida, Katryn (Ivana Milevic), mãe de Will (Landon Liboiron), se encontra com seu ex-marido Jack (Frank Schorpion), vão para a casa dele, conversam e, ao irem para a cama, ela o amarra. Enquanto ele tira a roupa, ela fala sobre o passado. De repente, sua voz começa a mudar e ele se lembra dela há 18 anos. As imagens mostram a cena por meio da panorâmica de 180°, movimento da câmera sobre seu eixo, ela estava na frente da moça e gira para mostrar a parte de trás; e o close que é filmado do tórax para cima, mostrando o rosto da personagem para detalhar a sua transformação. A primeira parte da cena mostra um aspecto de ironia, pois a câmera movimenta de baixo para cima e mostra o sorriso sarcástico. Depois, exibe o processo de transformação, nota-se que a câmera detalha a alteração que acontece na vertebra da coluna. E, por fim, vemos o seu rosto já com os dentes grandes. Assim, analisamos nas estratégias cinematográficas e na materialidade verbal os discursos que emergiram no corpus, a fim de compreender como o corpo se constitui sujeito marcado no momento histórico de 2011. Concluímos que o corpo modificado revela sujeitos em constante mudança, nas relações de saber e poder de seu tempo. O corpo pode ser lido e relido em períodos distintos mostrando comportamentos e sensibilidades sociais. No filme analisado, o corpo se torna anormal, onde, simultaneamente, dois seres habitam-no, ora humano, ora lobisomem. Percebemos que o corpo passa por uma metamorfose saindo do seu estado normal, constituindo sujeito capaz de se desordenar na visibilidade, sendo que os enunciados horríficos mostram o corpo em mutação e entra no encadeamento de outros filmes do mesmo gênero de épocas diferentes. Palavras-chave: Cinema; Corpo; Sujeito. São Carlos, Setembro de 2015 SUJEITO, VERDADE E PODER NA MÍDIA Janaina DE JESUS SANTOS (UNEB) [email protected] Atualmente, tem-se discutido nas diversas esferas institucionais o Plano Nacional da Educação (PNE), com a finalidade de programar metas e ações nos municípios e estados, em consonância com as diretrizes do Ministério da Educação do Brasil (MEC). Na propaganda “PNE”, produzida em 2014 e veiculada na TV aberta e internet, a escola é mostrada não por uma sala de aula repleta de crianças, como de costume; mas pelas atividades do zelador, responsável por limpar a escola e cuidar do portão, conforme imagens mostradas. O homem aborda a necessidade de mudanças e da participação de todos na educação. Assim, esta investigação procurou discutir a construção do sujeito discursivo contemporâneo, a partir do zelador e do espaço escolar na propaganda oficial do PNE, de responsabilidade do MEC. Para tanto, fez-se necessário identificar os discursos em torno da instituição escola na ordem discursiva atual que circulam na propaganda audiovisual; e, depois, analisar como o zelador é construído na visibilidade e no som, para perceber como as práticas históricas o situam no espaço mostrado. O espaço escolar e seus sujeitos têm sido amplamente discutidos nos estudos sobre educação, com a finalidade de refletir sobre práticas que proporcionem melhorias nesse âmbito. Nessa mesma direção, é importante discutir como são produzidos e circulam sentidos sobre a educação na sociedade para compreender como os sujeitos se constituem na instituição. Considerou-se que o sujeito discursivo é chamado a se revelar por suas práticas cotidianas, definindo sua identidade no espaço que ocupa. A emergência do espaço e do sujeito na perspectiva do “homem infame” abriu nova visibilidade da identidade da escola por opor aos sentidos cristalizados caracterizados pela presença do professor ou diretor. Porém, não modifica sua constituição enquanto instituição embasada na disciplina dos corpos e saberes. Focalizou-se as estratégias cinematográficas na captura das imagens da escola e do funcionário como figuras centrais que enunciam e são enunciadas dentro do enunciado maior da propaganda. Verificouse, ainda, como o sujeito zelador foi deslocado do sentido cristalizado na sociedade ao se apropriar do status de quem diz o que deve ser feito pelos gestores da educação e afirmar seu papel na instituição. Portanto, a perspectiva discursiva possibilitou refletir sobre a constituição do espaço escolar e seus sujeitos, situando-os historicamente pela linguagem, pelo discurso, pelos saberes e pelos poderes. Palavras-chave: Sujeito; Verdade; Poder. São Carlos, Setembro de 2015 ROSE RED: SENTIDOS E MEMÓRIA DISCURSIVA Leanne DE JESUS PEREIRA CASTRO (UNEB) [email protected] Este trabalho toma o referencial teórico da Análise do Discurso e estudos da imagem para analisar os discursos evidenciados na capa do filme Rose Red (A casa adormecida, Graig R. Baxley EUA/ Canadá, 2002). Objetiva-se investigar o corpus enquanto produção discursiva e elemento que contribui para a produção dos sentidos em emergência no ano de 2002. Construímos um encadeamento com capas dos filmes Monster house (Gil Kenan, EUA, 2006) e The haunting (Robert Wise, Reino Unido, 1963) e a narrativa The Winchester mystery house (California, 1862), a fim de compreender o funcionamento de memória discursiva na imagem. Portanto, fundamentamos em Foucault (2008), estudos sobre imagem (AUMONT, 2006) e sobre o horror (CARROL, 1990). O filme é caracterizado pelo gênero de horror, sua narrativa é centrada numa casa mal assombrada por antigos moradores e assassinatos, que são clichê do gênero. O horror é mostrado no sangue, mortes, exposição de corpos cadavéricos e atrofiados. Tomamos a capa em sua existência singular como enunciado em circulação desde os anos 2000. Voltamos o olhar para a materialidade linguística do nome do autor e título pela cor e desenho das palavras. O nome Stephen King, considerado o “rei do horror”, caracteriza o filme como horrífico. Em seguida, observamos o vermelho e o desenho das letras, as formas pontiagudas se assemelham a algo derramando e, junto à cor, dá ideia de sangue e violência. Escolhemos a capa, entre outras imagens no filme, por conter elementos característicos do horror que representam e buscam resumir a narrativa. Baseamos no método arqueológico de Foucault, que consiste em escavar, restaurar e expor os discursos para buscar elementos que, articulados entre si, apontam as condições de produção de um saber em certa época (GREGOLIN, 2004). Então, questionamos: Por que a cor vermelha e não outra? Por que o nome Rose Red e não outro? Assim, esse exercício possibilitou identificar a produção dos efeitos de sentidos no filme no encadeamento com outras capas do gênero horror. Logo, foi possível compreender os discursos de horror que emergiram na capa apontada enquanto produção histórica dos sentidos. Esses discursos evidenciaram sentidos de vida e morte que se enunciaram nessa imagem por meio das cores vermelho e preto do título e desenho das letras. Desse modo, o olhar face a essa imagem reativa na memória discursos de horror, produz sentido e institui uma verdade na ordem do discurso. Palavras-chave. Horror; Imagem; Memória. São Carlos, Setembro de 2015