UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE FISIOTERAPIA
GUILHERME SEYBOTH
ANÁLISE DA PREVALÊNCIA E DOS PRINCIPAIS MECANISMOS DE
LESÕES NAS ATLETAS DO FUTSAL FEMININO DA UNESC
CRICIÚMA, JUNHO DE 2009
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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE FISIOTERAPIA
GUILHERME SEYBOTH
ANÁLISE DA PREVALÊNCIA E DOS PRINCIPAIS MECANISMOS DE
LESÕES NAS ATLETAS DO FUTSAL FEMININO DA UNESC
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado
para obtenção do grau de Bacharel no curso de
Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul
Catarinense, UNESC.
Orientador: Prof. Esp. Adriano Borges Polizelli.
CRICIÚMA, JUNHO DE 2009
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GUILHERME SEYBOTH
ANÁLISE DA PREVALÊNCIA E DOS PRINCIPAIS MECANISMOS DE LESÕES NAS
ATLETAS DO FUTSAL FEMININO DA UNESC
Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado pela Banca
Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel no
Curso de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul de
Santa Catarina, UNESC, com Linha de Pesquisa em
Fisioterapia Ortopédica.
Criciúma, junho de 2009.
BANCA EXAMINADORA
Orientador Técnico: Prof. Esp. Adriano Borges Polizelli
______________________________________________
Profª. Luciana da Cunha França
______________________________________________
Prof. Dr. Gaspar Rogério da Silva Chiappa
4
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus Supremo, grande arquiteto da vida, pela
permissão de realizar este trabalho e que ele possa servir como referência na
prevenção e tratamento das lesões dos desportistas de futsal do Brasil e do mundo.
Aos meus pais que acreditaram em mim e me deram a oportunidade de
realizar este sonho e que estiveram ao meu lado em todos os momentos da minha
vida, nos melhores e nos piores, me ensinando, motivando, passando confiança,
amor e carinho.
A minha namorada, pelo apoio, pelo carinho e por entender a importância das
horas investidas neste estudo.
A todos os que estiveram comigo nesta etapa e que contribuíram de uma
forma ou outra, ajudando no meu amadurecimento pessoal e profissional.
Ao professor orientador técnico Adriano Borges Polizelli, pela paciência,
incentivo e tempo disponibilizado para me ajudar no desenvolvimento deste trabalho.
A técnica da equipe de futsal feminino da UNESC, pela sua colaboração e a
todas as atletas que responderam ao instrumento de pesquisa.
Muito Obrigado!
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RESUMO
Atualmente, o futsal é o esporte que possui o maior número de praticantes no Brasil.
No mundo, são mais de 70 países que o praticam em quatro continentes,
destacando-se Rússia, Ucrânia, Paraguai, Espanha, Portugal. A participação
feminina nos esportes começou da forma tímida, posteriormente a um longo período
de exclusão das atividades esportivas. A maior incidência de lesões esportivas está
na prática do futsal, tanto pela sobrecarga aplicada sem a devida preparação quanto
pela vontade de superação do atleta. A fisioterapia no esporte vem despontando a
cada dia mais, pois as equipes buscam maior desempenho dos atletas dentro de
quadra. Este estudo teve como objetivo geral encontrar a prevalência e os principais
mecanismos de lesões nas atletas do futsal feminino sub-17 da UNESC durante toda
a sua vida esportiva. O estudo foi aplicado em 12 atletas do futsal feminino, através
de um questionário, desenvolvido pelo pesquisador e validade por profissionais da
área, com questões abordando os temas de idade de início da prática esportiva,
alongamentos, utilização do calçado adequado, posição em quadra, tempo de
afastamento da prática esportiva, prevenção de lesões, mecanismos de lesão e
lesões. Após analisar e interpretar os dados pode-se notar que prevaleceram as
lesões por impacto indireto nos membros inferiores, uma de tornozelo, dois no joelho
e quatro de coxa, sendo que a lesão que mais apareceu foi a entorse de joelho,
seguida pela entorse de tornozelo, luxação e distensão muscular. Este estudo vem
contribuir com a Fisioterapia Desportiva, ajudando a comprovar a importância do
trabalho de propriocepção e prevenção nos atletas do futsal feminino da Unesc.
Palavras Chaves: Lesão, Mecanismos de Lesão, Fisioterapia Desportiva.
6
ABSTRACT
Nowadays futsal is the sport that possesses the largest number of athletes in Brazil.
Worldwide, there are more than 70 countries that practice it in four different
continents, standing out Russia, Ukraine, Paraguay, Spain, and Portugal. The
participation of womens in sports comes after a long period of exclusion of the sports
activities. The largest incidence of sports lesions is in the practice of futsal, due to the
physical overload which is applied without the appropriate preparation as well as the
athlete’s desire of overcoming limits. Sports physiotherapy is improving day by day,
for the reason that the teams are seeking for the best performance of their athletes
when they are in action.
The general objective of this study is to find the prevalence and the main
mechanisms of lesions in the women’s futsal under-17 team of UNESC, during all
their sporting life. The study was applied in 12 athletes of the women’s futsal team,
by means of a questionnaire, developed by the researcher and validity for
professionals in the area, with closed questions addressing the issues of age at the
beginning of sports practice, stretching, use of appropriate footwear, a position in
court, time of withdrawal from sport practice, injury prevention, mechanisms of injury
and lesions. After analyzing and interpreting the data, it could be noticed that the
lesions prevailed for indirect impact on the inferior members, one of knee, two of
ankle, and four of thigh and the most frequent lesion was knee sprain, followed by
the ankle sprain, muscle strain and dislocation. This study comes to contribute with
the Sports Physiotherapy, helping to attest the importance of a proprioception and
prevention sense among the athletes of the UNESC women’s futsal team.
Key words: Lesion, Mechanisms of Lesions, Sports Physiotherapy.
7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACM – Associação Cristã de Moços.
CBD - Confederação Brasileira de Desportos.
CBFS - Confederação Brasileira de Futsal.
CETE – Centro de Traumato Ortopedia do Esporte.
CND - Conselho Nacional de Desportos.
FIFA - Fédération Internationale de Football Association.
FIFUSA – Federação Internacional de Futebol de Salão.
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
8
LISTA DE ANEXO
ANEXO A – Aceite do Projeto Pelo Comitê de Ética em Pesquisa
9
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
APÊNDICE B – Avaliação do Instrumento de Pesquisa
10
LISTA DE FIGURAS
Figura-1: Os Túbulos Transversos; Sarcolema; reticulo sarcoplasmático; Miofibrilas;
Sarcoplasma...............................................................................................................19
Figura-2: Representação de uma miofibrila. .............................................................19
Figura-3 Divisão completa da fibra muscular. ..........................................................21
Figura-4: A fotomiografia demonstra as fibras musculares de contração lenta (CL) e
as de contração rápida (CR)......................................................................................22
Figura-5 Tempo de prática do futsal..........................................................................41
Figura-6 Idade atual das atletas................................................................................42
Figura-7 Idade de início da prática do futsal..............................................................43
Figura-8 Realização do alongamento........................................................................44
Figura-9 Tempo de afastamento dos jogos devido a lesão.......................................45
Figura-10 Localização anatômica das lesões............................................................46
Figura-11 Mecanismos de lesão................................................................................47
Figura-12 Tipos de lesões.........................................................................................49
Figura-13 Estudo do Índice da Massa Corporal........................................................50
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 17
2.1 Anatomia e Fisiologia Muscular ...................................................................... 18
2.2 Fisioterapia Desportiva .................................................................................... 22
2.3 Biomecânica do Esporte .................................................................................. 23
2.4 Prática Precoce do Esporte e Alterações Posturais...................................... 24
2.5 Lesões ............................................................................................................... 26
2.6 Mecanismos de lesão no futsal ....................................................................... 28
2.7 Prevenção de lesões no atleta......................................................................... 28
2.8 Qualidades Físicas Básicas de uma Atleta .................................................... 30
2.8.1 Agilidade ........................................................................................................ 30
2.8.2 Força ............................................................................................................... 31
2.8.3 Flexibilidade ................................................................................................... 33
2.8.4 Coordenação .................................................................................................. 34
2.8.5 Velocidade ...................................................................................................... 35
2.8.6 Resistência ..................................................................................................... 36
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 38
3.1 Tipo da pesquisa .............................................................................................. 38
3.2 Local e caracterização da amostra ................................................................. 38
3.3 Instrumentos para coleta dos dados .............................................................. 39
3.4 Procedimentos para coleta de dados ............................................................. 39
3.5 Procedimentos para análises de dados ......................................................... 40
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO ..................................................................................... 41
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 54
APÊNDICES ............................................................................................................. 60
ANEXO ..................................................................................................................... 67
12
1 INTRODUÇÃO
Segundo Tenroller (2004) o futsal é considerado por muitas pessoas
genuinamente brasileiro uma vez que sua difusão se deu de forma muito rápida no
Brasil principalmente pela ACM de São Paulo para qual alguns brasileiros que
participavam da ACM do Uruguai, retornavam para trazerem as primeiras regras
organizadas por Carlos Ceriani.
A primeira regra publicada foi editada em 1956, criadas por Luiz Gonzaga
de Oliveira Fernandes em São Paulo. Juan Carlos Ceriani e Habib Maphuz,
professores da ACM; são considerados os pais do futebol de salão (FEDERAÇÃO
GAÚCHA DE FUTSAL, 2006).
Voser (2003) destaca que em março de 1958, a Confederação Brasileira
de Desportos (CBD) oficializou a prática do futebol de salão no país, criando o
Conselho Técnico de Futebol de Salão. E a partir da década de 80, começaram os
primeiros campeonatos Pan-americanos e mundiais, onde o Brasil foi o vencedor.
No ano de 1989 a FIFUSA promoveu um Congresso que contou com a
participação de 19 países: 12 não aprovaram a fusão entre FIFUSA/FIFA. O Brasil
votou pela fusão (SANTANA, 2004).
Em 1990 a FIFA homologa a supervisão do futsal mediante extinção da
Fifusa e cria sua comissão de futsal, segundo Futsal Brasil (2006), ainda há relatos
de que no ano de 2003 por intermédio de Carlos Arthur Nuzman, presidente do
Comitê Olímpico Brasileiro, o Futsal é incluído nos jogos Pan-Americanos de 2007
no Rio de Janeiro. A Federação Paulista de Futsal lança um projeto em prol do
Futsal: "Eu Quero Futsal Olímpico".
A aprovação do futsal nas olimpíadas se dá pela evolução do mesmo na
categoria feminina, segue um pouco da história do futsal feminino:
No dia oito de janeiro de 1983 o conselho Nacional de Desportos (CND),
liberou a prática do futsal para mulheres. A partir desta data os campeonatos
começaram a surgir em vários estados, no entanto nenhum sendo oficial nem
reconhecido pela Confederação Brasileira de Futsal (CBFS). Antes disso alguns
estados já faziam seus campeonatos locais e metropolitanos (FUTSAL BRASIL,
2006).
13
A recente popularização do futsal feminino trouxe consigo dúvidas a
respeito da Educação Física infantil brasileira enquanto prática educacional. É
característica marcante a diferenciação das experiências e competências de
movimento de meninos e meninas (SOUTO, 2006).
Com
o
aumento
das
competições
do
futsal
feminino
e
seu
reconhecimento em 2005, o jogo da final da Taça Brasil Principal, foi televisionado
para o Brasil todo através da REDE TV, a criação das Taças Brasil, Sub-15, Sub-17,
Sub-20 e também o Campeonato Brasileiro de Seleções destas categorias
destacaram o futsal feminino no Brasil e obrigaram as equipes a montarem
estruturas sólidas para que as suas equipes tivessem um suporte de trabalho sério e
digno com as competições que iriam enfrentar (TORRES, 2006).
Quem garante, que se não houvesse toda uma história de exclusão da
mulher no esporte, hoje em dia não seria o futebol um esporte leve que seria
praticado melhor por mulheres já que elas não são tão violentas quanto os homens
(SOUTO, 2000).
De acordo com Whiting (2001), lesão é o dano causado por traumatismo
físico sofrido pelos tecidos do corpo. Muitas lesões possuem uma causa mecânica.
As forças e os fatores relacionados com as forças podem resultar em lesão e
influenciar a gravidade das lesões.
Segundo Cohen (2003) a procura cada vez mais precoce por diferentes
modalidades esportivas e o alto nível de competitividade dos esportes, que
antigamente eram tidos como recreacionais, tem como resultado um número cada
vez maior de lesões do aparelho locomotor.
Um estudo realizado pelo Centro de Traumato-Ortopedia do Esporte
(CETE), do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de
São Paulo mostrou que entre 97 atletas avaliados, foram observadas 56 lesões
pregressas, dentre elas 25 entorses, 15 fraturas, 7 estiramentos musculares, 5
contusões, 2 luxações, 1 tendinite e 1 ruptura de tendão, sendo que 40 delas
ocorreram na prática do futebol e 16 em outras atividades, certificando o grande
número de lesões que ocorrem nos jogos (COHEN, 2002).
Baseado no texto acima elaborou-se a seguinte questão problema:
Qual a prevalência e os principais mecanismos de lesões nas atletas
do futsal feminino da UNESC?
14
A partir da questão problema elaboraram-se as seguintes questões a
investigar e suas hipóteses:
a) Quais os tipos e locais de maior incidência de lesões no futsal?
Segundo Cohen (2003), quanto à localização das lesões, a maior
incidência se dá nos membros inferiores, seguidas pela cabeça e coluna vertebral e
por fim nos membros superiores.
Segundo Eitner (1989), as contusões no joelho são as lesões mais
freqüentes em atletas do futebol, enquanto a entorse de tornozelo fica em segundo
lugar. Porém Gould III (1993) considera a entorse de tornozelo como a lesão mais
comum no esporte e Rodrigues (1994) relata que as lesões em membros inferiores
chegam a 90% do total das lesões musculares em atletas do futebol.
As entorses são as lesões que mais ocorrem nas atletas de futsal,
seguidas por contusões, lesões musculares, luxações e fraturas. O ligamento
cruzado anterior do joelho é conhecido como o ligamento do atleta e apresenta-se
como uma lesão bastante freqüente, acarretando uma diminuição importante no
rendimento, principalmente nos movimentos repentinos (COHEN, 2003).
Acredita-se que como resultado será encontrada uma prevalência de
lesões em membros inferiores, principalmente em tornozelo e joelho.
b) Quais os mecanismos de lesão e a posição de quadra em que ocorre
mais lesão muscular?
Os mecanismos de lesão são classificados como trauma direto, comum
nos esportes de contato, trauma indireto ou por estresse muscular, onde o músculo
é submetido a uma carga superior a sua capacidade de resistência (COHEN, 2003).
Segundo Gould III (1993) os meio-campistas são os atletas mais exigidos
em termos físicos do que os atletas de outras posições, sendo que, correm maiores
distâncias em velocidade submáxima e fazem movimentos rotacionais, assim estão
mais expostas as lesões traumato-ortopédicas.
A inversão do pé com flexão plantar e supinação produz 85% das
entorses. A diferença angular entre os dois maléolos laterais proporciona maior
exposição do compartimento lateral, e ainda, as estruturas ligamentares da região
medial do pé e tornozelo possuem um maior reforço (EITNER, 1989).
Segundo um estudo realizado pelo Centro de Traumato-Ortopedia do
Esporte (CETE), do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade
15
Federal de São Paulo, a maioria das lesões acorrem com as meio-campistas, vindo
em seguida as atacantes, zagueiras, goleiras, e laterais (COHEN 2003).
Acredita-se que o mecanismo de lesão mais freqüente será por trauma
direto, já que o futsal é um esporte de muito contato e velocidade, e assim sendo as
jogadoras mais acometidas serão as meio campistas.
c) Qual a importância da fisioterapia desportiva?
Segundo Cohen (2003) o atual momento do futsal necessita da
participação efetiva da equipe multidisciplinar, bem como dirigentes esportivos e de
preparadores dos eventos desportivos, com o objetivo de diminuir a incidência de
lesões nos atletas e apresentar um melhor espetáculo para os admiradores. Nesse
contexto a fisioterapia desportiva se destaca, fazendo a prevenção e o tratamento
acelerado dos jogadores, evitando assim o afastamento destes por lesão.
Pressupõe-se que as atletas que tenham um acompanhamento
fisioterapêutico, tanto na prevenção como no tratamento, apresentarão um resultado
melhor, com menos lesões e menor tempo de afastamento.
Este estudo tem como objetivo geral analisar a prevalência e os principais
mecanismos de lesão nas atletas do futsal da UNESC. Como objetivos específicos,
avaliar o tempo de afastamento das atletas por causa de lesões; analisar qual
posição é mais suscetível a lesão muscular durante os jogos de futsal; analisar quais
os principais mecanismos de lesão; analisar quais os locais mais freqüentemente
acometidos por lesão; analisar quais lesões são mais comuns neste esporte; orientar
as atletas, em relação à prevenção das principais lesões decorrentes no futsal.
O atual momento do futsal necessita da participação efetiva e integração
de uma equipe multidisciplinar (fisioterapeuta, médico, preparador físico, técnico),
bem como dirigentes esportivos e de preparadores dos eventos esportivos, com o
objetivo de diminuir a incidência de lesões dos atletas e apresentar um melhor
espetáculo para os amantes do esporte. A prevenção e o estudo das lesões
ortopédicas no futsal estão diretamente ligados aos seguintes fatores: idade, lesões
anteriores, instabilidades articulares, treinamento físico, não podendo esquecer a
sobrecarga de exercícios, o número excessivo de jogos, equipamentos inadequados
(calçados, roupas), avaliando esses fatores pode-se fazer um programa adequado
de prevenção de lesões.
Com a prevenção adequada evita-se o afastamento de atletas por motivo
16
de lesões, gastos com reabilitação, e se consegue diminuir a incidência destas
lesões.
Ao dedicar-se em prol da performance, o atleta muitas vezes eleva ou
recebe um aumento em suas cargas de trabalho, favorecendo assim, o
aparecimento de lesões que por vezes o afastam da condição de treinar e jogar,
impossibilitando desta forma o desenvolvimento e ou aprimoramento de seu
condicionamento, seja em uma temporada ou durante toda sua vida esportiva. Este
afastamento pode ocorrer devido a algumas razões, talvez as principais delas sejam
as lesões.
São muito variados os mecanismos responsáveis por uma lesão. Estes
estabelecem uma relação de causa e efeito. A categorização dos mecanismos se
baseia em conceitos mecânicos, respostas teciduais ou uma combinação dos dois.
A busca pelo sucesso impõe aos atletas a necessária e inevitável
condição de serem submetidos a esforços físicos e psíquicos muito próximos dos
seus limites fisiológicos, expondo-os conseqüentemente, a um nível de treinamento
potencialmente patológico, resultando em um alto número de lesões esportivas.
Desta forma a Fisioterapia tem representado grande importância nas recuperações
destas lesões propiciando aos atletas uma reabilitação eficaz e um retorno precoce
as atividades.
É evidente a importância do estudo das lesões no esporte para o
fisioterapeuta visando o desenvolvimento de medidas preventivas e de otimização
do tratamento precoce e, conseqüentemente melhora na qualidade de vida e
desempenho do atleta.
Nos últimos anos a Fisioterapia Desportiva tem se mostrado indispensável
na reabilitação dos atletas, com o objetivo de fazer a prevenção, bem como,
devolver o atleta o mais rápido possível e reabilitado aos esportes.
O presente estudo está dividido em 5 blocos temáticos, sendo o capítulo I
a introdução, capítulo II o referencial teórico, composto por anatomia e fisiologia
muscular, biomecânica do esporte, prática precoce do esporte, lesões,mecanismos
de lesão, prevenção de lesões, qualidades físicas básicas de uma atleta, capítulo III
os materiais e métodos, capítulo IV a análise e discussão dos dados, capítulo V as
conclusões seguidos dos referenciais, apêndices e anexo.
17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O futebol é o jogo mais popular do mundo, com milhões de entusiastas. A
copa do mundo de futebol é o evento com maior audiência global, tanto na televisão
quanto nos jornais e revistas com o tema. Os Estados Unidos é o país com o maior
crescimento do esporte entre as mulheres (DRINKWATER, 2004).
Atualmente, o futsal é o esporte que possui o maior número de praticantes
no Brasil. No mundo, são mais de 70 países que o praticam em quatro continentes,
destacando-se Rússia, Ucrânia, Paraguai, Espanha, Portugal. Os campeonatos
mundiais mostram que os países estão muito bem organizados, estruturados e,
principalmente, evoluídos na parte técnica e tática, contando ainda com atletas com
excelente condição física e psicológica que já possuíam em anos anteriores
(VOSER, 2002).
A recente popularização do futsal feminino trouxe consigo dúvidas a
respeito da Educação Física infantil brasileira enquanto prática educacional. É
característica marcante a diferenciação das experiências e competências de
movimento de meninos e meninas (SOUTO, 2006).
Segundo Kunz (2003), posteriormente a um longo período de exclusão
das atividades esportivas, de uma forma tímida começa a participação feminina, com
a participação de esposas-espectadoras em algumas modalidades, como o remo,
boxe, isso se deu no início do século XIX.
Após o surgimento do movimento de libertação que ocorreu na Alemanha
em 1810 e o crescimento da ginástica Sueca, foram tomadas providências para que
pudesse ocorrer a participação feminina. Foi assim que aconteceu um aumento das
atividades desportivas femininas, tanto nesses países quanto no mundo, registrando
momentos onde ocorreu um grande desenvolvimento e momentos onde houve uma
recessão (KLAFS e LYON, 1981).
Segundo Klafs e Lyon (1981), no ano de 1900 em Paris as mulheres
puderem participar, mas tiveram algumas restrições. Apenas onze mulheres
participaram dos jogos, em somente duas modalidades, o tênis e a natação. Foram
diversos fatores que atrasaram o destaque e a importância feminina nos esportes,
um fator que contribuiu com esta lentidão foi o preconceito da sociedade.
18
As mulheres foram sobressaindo gradualmente nos esportes, tanto
individuais quanto coletivos. Atualmente as mulheres têm uma participação muito
grande nos esportes como jogadora, treinadora, árbitra (KNIJNIK & SIMÕES apud
SANTOS, 2003).
2.1 Anatomia e Fisiologia Muscular
Todos os músculos esqueléticos são constituídos por inúmeras fibras,
com diferenças de diâmetro. Cada uma dessas é formada por subunidades
sucessivamente menores. Cada uma dessas fibras é inervada por apenas uma
terminação nervosa, localizada no centro da mesma. A fibra muscular possui uma
membrana celular chamada de Sarcolema, e esta consiste em uma verdadeira
membrana celular, conhecida como membrana plasmática, que possui um
revestimento externo, contendo numerosas fibrilas de colágeno. Esse revestimento
superficial do sarcolema se funde com uma fibra tendinosa na extremidade da fibra
muscular, e por sua vez, as fibras tendinosas se unem em feixes para formar os
tendões musculares que irão se fixar ao osso (GUYTON E HALL, 2002).
As miofibrilas são compostas por cerca de 1500 filamentos de miosina e
cerca de 3000 filamentos de actina. Cada fibra muscular pode ser formada por
centenas ou milhares de miofibrilas, em um corte transversal podem ser vistas como
pequenos círculos (GUYTON, 1976).
Sendo assim, cada miofibrila é formada por dois tipos de filamentos, a
actina e a miosina, que são grandes moléculas protéicas polimerizadas e
responsáveis pela contração muscular. Para ocorrer a contração propriamente dita é
de grande importância observar as pontes cruzadas, que são projeções
provenientes dos filamentos de miosina. Tais pontes cruzadas conectadas aos
filamentos de actina é que são responsáveis pela contração do músculo (GUYTON,
2002).
19
Figura -1: Os Túbulos Transversos; Sarcolema; reticulo sarcoplasmático; Miofibrilas;
Sarcoplasma.
Fonte: Wilmore, 2001.
Figura-2: Representação de uma miofibrila.
Fonte: Imagem retirada do site <www.giovannichetta.it/img/sarcomero.jpg>.
20
Todos os músculos do corpo estão continuamente sendo remodelados
para que possam exercer com mais eficiência a sua função. Seu comprimento, seu
diâmetro e sua força e até mesmo os tipos de força são alterados. Tal processo
pode ocorrer num espaço de tempo bastante curto, ocorrendo em poucas semanas.
As proteínas contráteis do corpo podem ser completamente renovadas em duas
semanas (GUYTON, 2002).
O tecido muscular esquelético é dividido em dois tipos básicos, com
características e funções diferentes. A fibra muscular do tipo I, a de contração lenta
não consegue desenvolver muita força rapidamente, porém ela consegue ficar
contraída por períodos mais longos de tempo sem fadigar, ou seja, é o tipo de fibra
mais resistente, ideal para eventos aeróbicos, como: corrida de fundo, natação ou
ciclismo. Já as fibras musculares do tipo II, conhecidas como fibras rápidas não
possuem muita resistência, adaptando-se para contrações rápidas, fortes e de curta
duração. Estes tipos de fibras podem produzir uma grande quantidade de força, mas
elas fadigam rapidamente. Em geral elas aumentam seu tamanho de forma mais
rápida. Pela sua alta capacidade de força, são recrutadas nos exercícios de força
muscular explosiva, como: arremesso de peso, lançamento de dardo, lançamento de
disco (BAECHLE E GROVE, 2000).
21
Figura-3: Divisão completa da fibra muscular.
Fonte: Imagem retirada do site <www.ck.com.br/materias/2001_07_arquivos/0701.htm>.
Entre as fibras de contração rápida ainda existem dois subtipos, as do
subtipo IIA que são as oxidativas-glicolíticas e as do subtipo IIB que são as
glicolíticas. Nos casos de carga de baixa intensidade as fibras que mais trabalham
são as do subtipo I, a medida que a intensidade aumenta, mobilizam-se as fibras do
subtipo IIA e posteriormente as IIB. Em caso de carga muito intensa, a fibra que vai
prevalecer será a do subtipo IIB, que é mais adaptada a glicólise anaeróbica. Sendo
assim, a proporção de fibras pode variar de indivíduo para indivíduo, determinado as
capacidades funcionais musculares. Quanto maior a porcentagem de fibras rápidas,
melhor a adaptação do músculo para exercícios de alta potência, e quanto maior o
número de fibras lentas, maior o rendimento do músculo para esforços longos
(VERKHOSHANSKI, 1995).
22
Figura-4: A fotomiografia demonstra as fibras musculares de contração lenta (CL) e
as de contração rápida (CR).
Fonte: Wilmore, 2001.
2.2 Fisioterapia Desportiva
A Fisioterapia Desportiva é uma vertente da Medicina Esportiva. Existem
diversos métodos e práticas que podem ser utilizados com o objetivo de recuperar,
sanar e prevenir as lesões causadas pela prática esportiva (NEGRÃO, 2002).
Na área desportiva existe a necessidade de aumentar o tempo de
atuação dos atletas, assim como, existe também um grande aumento no número de
indicação de atividade física como forma de terapia e o aumento no número de
pessoas que querem aproveitar os seus benefícios (FONTANA, 1999).
A Fisioterapia Desportiva necessita de efeitos muito rápidos e eficientes,
por isso é considerada tão diferente das outras, já que o atleta necessita realizar
todas as suas funções músculo esqueléticas o mais rápido possível e com a maior
potência e amplitude (RODRIGUES, 1994).
23
2.3 Biomecânica do Esporte
Durante o início da década de 1970, a comunidade internacional adotou o
termo biomecânica para descrever a ciência dedicada ao estudo dos sistemas
biológicos desde uma perspectiva mecânica. Os biomecânicos utilizam os
instrumentos da mecânica, que é o ramo da física que envolve a análise das ações
das forças, para estudar os aspectos anatômicos e funcionais dos organismos vivos
(HALL, 1993).
Segundo Zatsiorsky (2004) a avaliação do movimento a partir de uma
perspectiva descritiva pertence à área da mecânica conhecida como cinemática, e
ele envolve a análise de cinco variáveis descritivas principais, como o tempo, a
posição ou local, o deslocamento (descrevendo o movimento que ocorreu), a
velocidade e a aceleração.
Ainda, segundo o autor citado anteriormente, a descrição do movimento
fornece uma ferramenta útil para os treinadores e para os atletas ao analisar as
necessidades de movimento dos seus respectivos esportes. A descrição por si só,
entretanto, tem limitações e uma análise geral do padrão de movimento ou da
habilidade também requer conhecimento das forças que produzem o movimento. A
análise das características relacionadas a força pertence a área da mecânica
chamada de cinética.
O movimento é um fenômeno que serve de base para a atividade
desportiva, determinando seu conteúdo. Por meio do movimento, poderá
ser atingido o objetivo desportivo para a qual é orientado o complexo dos
meios de treino no decorrer da preparação de muitos anos. O
aperfeiçoamento funcional do movimento desportivo durante o treinamento
de muitos anos é assegurado à custa do crescimento do potencial
locomotor do desportista e de sua habilidade de aproveitar o potencial para
a realização da tarefa concreta (VERKHOSHANSKI, 1995, p.17).
No aspecto biomecânico, independente da modalidade esportiva, o
movimento desportivo é o resultado da sincronia do homem com os objetos do
ambiente. Sendo assim, para realizar o exercício desportivo e criar a velocidade
ideal do corpo, o atleta deverá exercer uma força. O treinamento consiste em como
organizar os movimentos necessários para aproveitar ao máximo as forças a serem
criadas na realização do ato desportivo (VERKHOSHANSKI, 1995).
24
2.4 Prática Precoce do Esporte e Alterações Posturais
Diversos jovens brasileiros que têm o sonho de se tornarem jogadores
profissionais de futebol procuram as seleções de equipes para fazer parte dos times
de base.
Os que conseguem se classificar recebem treinamentos de alta
intensidade, e na maioria das vezes ainda não possuem condições físicas para
suportar tais cargas de treino. Existem diversos estudos que mostram os prejuízos à
saúde ao iniciar a prática do futebol precocemente (POWERS, 2005).
Em um estudo realizado em 2005 pela Universidade Federal de Minas
Gerais, concluiu-se que os atletas das categorias de base estão mais suscetíveis a
sofrerem lesões de entorses de tornozelo quando comparados a jogadores
profissionais. Este fato se dá pelo despreparo proprioceptivo e muscular dos atletas
durante a atividade que, devido às amplitudes de movimento exigidas, ás mudanças
de direções bruscas e os traumas diretos, tornam a prática esportiva altamente
lesiva. Neste mesmo estudo foi relatado que os atletas profissionais estão mais
propensos a lesões do tipo contusões e distensões musculares, o que sugere estar
ligado a um déficit na flexibilidade e ao contato direto durante os jogos e não um
despreparo proprioceptivo (FISIOTERAPIA ESPORTIVA, 2005).
Um estudo realizado por Ribeiro (2003) que relacionou a incidência de
lesões e as alterações posturais na prática do futsal encontrou uma maior incidência
de lesões em jogadores com retificação ou aumento da lordose lombar. A maior
incidência de lesões nesses jogadores foi no joelho e tornozelo, com fraturas,
luxações e entorses.
Nas seleções de jogadores jovens para o futebol, o foco não deve ser o
desempenho
em
campo.
Os
grandes
times
estão
utilizando
avaliações
multidisciplinares, com a participação de psicólogos, nutricionistas, dentistas,
fisioterapeutas, médicos e educadores físicos. Os dados são utilizados para dar
direcionamento a um tratamento de prevenção de possíveis lesões, como,
fortalecimento, propriocepção, e dieta; necessários a cada atleta. Ou ainda, a
escolha da chuteira que favoreça as habilidades de cada jogador e evite possíveis
lesões (EKSTRAND, 1983).
25
O esporte faz parte do dia-dia da sociedade, o corpo humano,
principalmente o sistema músculo-articular, é parte integrante da avaliação da
prática esportiva. Sendo assim, os movimentos repetitivos praticados durante os
jogos, durante os longos períodos de treino e o excesso de treinos, provocam
alterações posturais, trazendo como resultado os desequilíbrios musculares
(RAGONESE, 1987).
Um objeto que causa um interesse crescente em estudos nas mais
diversas áreas é a postura humana, sendo que, os desvios posturais, funcionais e
estruturais levam a desequilíbrios e estes trazem compensações e por resultado
aparecem alterações na biomecânica normal (OLIVEIRA et al., 1991).
A postura segundo Kendall et al. (1995) é a orientação e posição espacial
global dos membros e do corpo. Souchard (2003) defende que a postura é
produzida e formada por músculos conhecidos como estáticos, que fornecem
sustentação ao corpo e, se usados de forma inadequada durante a realização de
movimentos das cadeias musculares, podem criar uma deformidade permanente e
ainda alterar o equilíbrio da postura.
É chamada de postura padrão aquela que envolve a menor quantidade
possível de esforço e sobrecarga, porém traz a eficiência máxima do corpo
(KENDALL, 1995). Qualquer desvio da postura pode levar a um aumento da
sobrecarga nas estruturas periarticulares, levando a lesões crônicas do aparelho
locomotor (RIBEIRO, 2003).
É crescente o número de estudos relacionando os esportes e as
alterações posturais e que vem apresentando informações importantes na
prevenção de lesões. Ribeiro et al. (2003), estudaram a postura nos atletas do futsal
e encontraram uma grande incidência de pés planos, entorses de tornozelo e lesões
de joelho que podem ser relacionadas a grande incidência de joelho valgo nos
atletas. Neto Jr. et al. (2004) encontraram características específicas como
anteroversão pélvica, protusão de cabeça e hiperlordose como principais alterações
posturais em atletas de prova de potência muscular.
Razo et al. (1994) e Ribeiro et al. (2003) acharam uma grande
incidência de alterações nos arcos plantares e joelhos, principalmente joelho valgo
em jovens jogadores.
26
2.5 Lesões
O futsal possui como característica a presença de movimentos bruscos,
facilitando a ocorrência de lesões e necessitando-se de um trabalho de reabilitação
e prevenção, principalmente relacionado à propriocepção. No futsal predominam as
lesões sem contato, com maior freqüência em membros inferiores, seguidos por
cabeça e coluna vertebral e; por fim em membros superiores. Sendo que as lesões
musculares estão relacionadas como sendo as mais freqüentes, seguidos das
contusões, entorses, tendinites, e finalmente as fraturas e luxações (COHEN E
ABDALLA, 2003).
Keller et al. (1987) afirmam que o responsável pelo maior número de
lesões desportivas do mundo é o futebol. Pressupõe-se que tais lesões sejam
responsáveis por cerca de 50 a 60% do total de lesões esportivas na Europa, e
ainda, que cerca de 3,5 a 10% dos traumas físicos tratados em hospitais sejam
causados pela prática do futebol.
Segundo Bucco (2003) a lesão direta é comum no caso do futsal, sendo
que é característico do esporte as colisões entre atletas. Na dinâmica do jogo as
atletas estão sempre em movimento atrás da bola e dividindo espaço em quadra,
proporcionando contato vigoroso entre as atletas.
Porém para Waltrick (2004) a lesão direta ocorre quando existe uma
colisão direta entre um objeto e um jogador ou entre jogadores, já a lesão indireta
ocorre quando não existe colisão física, ainda segundo o autor, no futsal é mais
comum a ocorrência de lesões indiretas.
As lesões músculo esqueléticas podem ocorrer no exercício concêntrico,
em uma série de exercícios intensos ou ao se trabalhar um músculo por muito tempo
(HAMILL e KNUTZEN, 1999).
Diversos estudos epidemiológicos definem o termo lesões esportivas de
diferentes maneiras, deixando mais difícil a comparação entre esses estudos. Muitas
vezes as lesões são diagnosticadas por serem tratadas pelo departamento médico e
necessitarem de hospitalização (HOY, 1992), porém as lesões por “overuse”
(esforço excessivo, sobrecarga) ou de baixa gravidade não são registradas,
conhecido como “fenômeno ponta de iceberg” (MECHELEN, 1992).
27
Recentemente estudos definem a lesão como algo que teria como
conseqüência um afastamento de treinos e jogos. Segundo Junge e Dvorak (2000),
essa não é uma definição precisa, pois sua aplicação é influenciada pela freqüência
de treinos e jogos. Atletas lesionados podem ter seus treinos modificados,
permitindo uma participação moderada do atleta, e ainda, a participação em jogos
ou treinos dependendo do tipo de tratamento e da importância do jogo.
Um ponto que merece atenção, além da definição de lesão esportiva, é a
definição da gravidade. A gravidade das lesões tem sido classificada em três
categorias de acordo com o tempo de afastamento da prática esportiva: leve (1 a 7
dias), moderada (8 a 21 dias) e grave (mais de 21 dias de afastamento) (LÜTHJE,
1996). Para Van Mechelen et al. (1992) a gravidade da lesão deve ser descrita
baseada em seis critérios: duração e tipo de lesão, tempo de afastamento do
trabalho, tempo de afastamento do esporte, natureza de lesão, dano permanente e
custo.
Segundo Junge e Dvorak (2004) a definição de lesão não deve ser
determinada apenas pelo tempo de duração do afastamento da prática esportiva,
mas também pelo dano tecidual, pois muitos casos de pequenas lesões teciduais
são negligenciadas e a taxa de incidência de lesões pode não ser real.
Os tipos de lesões mais encontrados são o estiramento (lesão grau I) e a
ruptura (lesões graus II e III). O principal objetivo é estabelecer o prognóstico e
orientação no tipo de tratamento fundamental em atletas de alto nível pois o tempo
de inatividade dos atletas é diretamente proporcional ao grau de lesão (COHEN E
ABDALLA, 2003).
Segundo Ejnisman (1997) foi realizado um estudo pelo Centro de
Traumato-ortopedia do Esporte (CETE), do Departamento de Ortopedia e
Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo, com 184 atletas pertencentes
a equipes profissionais. A maioria das atletas que apresentaram lesões jogava no
meio-de-campo (56 atletas), vindo em seguida as atacantes (42 atletas), zagueiras
(32 atletas), goleiras (23 atletas), laterais direitas (16 atletas) e laterais esquerdas
(13 atletas). Um total de 126 atletas relatou ter sofrido algum tipo de lesão durante a
sua vida competitiva. Destas 126 atletas, foram relatadas 258 lesões, sendo 87
contusões, 98 torções, 36 lesões musculares, 36 luxações ou fraturas. A região do
tornozelo foi a mais afetada pelas contusões.
28
2.6 Mecanismos de lesão no futsal
Os mecanismos de lesão são classificados como trauma direto, comum
nos esportes de contato e trauma indireto ou por estresse muscular, onde o músculo
é submetido a uma carga superior a sua capacidade de resistência (COHEN, 2003).
As distensões musculares ocorrem geralmente quando o corpo tenta fazer
a retificação para recuperar o equilíbrio ou mudar de direção, frear ou acelerar para
aumentar a velocidade, e esses movimentos são característicos da prática do futsal
(RODRIGUES apud SIEBERT, 2004).
Segundo Leadbetter apud Whiting, (2001), existem sete mecanismos
básicos da lesão: crescimento rápido; sobrecarga dinâmica; uso excessivo; contato
ou impacto; vulnerabilidade estrutural; desequilíbrio muscular; e inflexibilidade.
2.7 Prevenção de lesões no atleta
Uma grande porcentagem das lesões ocorre no início da temporada
competitiva, conseqüência de um longo período longe das competições onde o
atleta não se esforça o suficiente para manter-se em boas condições
cardiovasculares e com músculos sadios. Fora da temporada os atletas devem ter
um acompanhamento de especialistas em força e condicionamento. Estes irão
desenvolver programas para atender suas necessidades físicas e esportivas,
reduzindo a intensidade do treinamento fora da temporada, porém impedindo uma
queda significativa do nível de condicionamento e força muscular (HILLMAN, 2002).
Em diversas modalidades deve-se realizar trabalho proprioceptivo de
prevenção, pois após lesões os órgãos mecanoreceptores são alterados, mas estes
esportes realizados em terrenos planos não exigem solicitação tanto quanto os de
terrenos irregulares. É recomendada, como meio preventivo uma avaliação prétemporada dos atletas, relizada de forma específica, colhendo dados de lesões
antigas e verificando o estado atual da articulação em questão, análise de marcha
entre outras coisas. Comprovadas as lesões antigas deve ser realizado um
29
programa de alongamentos, propriocepção, treinamento de marcha, uso adequado
de calçados e órteses (SALGADO, 1995).
Segundo Deliberato (2002) a Fisioterapia Desportiva trata das lesões
relacionadas com a prática de várias modalidades esportivas, enquanto que a
prevenção procura evitar tais acontecimentos. Os principais aspectos a serem
analisados são: 1) o que deve ser prevenido: é necessário conhecer as lesões mais
comuns da prática de determinada modalidade esportiva, 2) conhecer os
mecanismos de lesão como o uso excessivo, sobrecarga cíclica (fratura da fíbula do
jogador de futebol), contato direto, 3) conhecer o meio ambiente, o tipo de piso, o
calçado adequado, o nível de competição da atleta.
Muitas lesões osteomusculares ocorrem no início da temporada de
competições, o que resulta num longo período de afastamento dos jogos para
tratamento das lesões e reabilitação do atleta (HILLMAN, 2002).
Um
acompanhamento
interdisciplinar,
com
exames
e
avaliações
periódicas da saúde do atleta constituem- se em importantes fatores que ajudam a
evitar lesões graves e prevenir complicações crônicas. Os profissionais necessitam
ter um amplo conhecimento da prática esportiva e da preparação física para
conseguir condicionar seus atletas e prevenir lesões ao mesmo tempo (HINRICHS,
1995).
O excesso de treino é uma das causas mais comuns de lesões no
esporte. O acometimento dos pés é muito comum pelo estresse biológico que estes
sofrem. O atleta com lesão no pé pode voltar à prática esportiva com alterações da
marcha e logo o trauma repetitivo vem atrapalhar o atleta. As forças extrínsecas são
fatores difíceis de serem controlados na incidência de lesões. Por exemplo, o atleta
pode se desequilibrar sozinho e ainda evitar uma lesão, porém se outro atleta pisar
no seu pé, as lesões serão inevitáveis (HILLMAN, 2002).
Com relação a possibilidade de reduzir o risco de lesão, é de grande
importância a preparação do esportista não apenas para competições, mas também
para suas atividades de lazer. O atleta precisa desenvolver uma boa coordenação,
agilidade articular, força, rapidez e resistência, assim como, uma boa aptidão
desportiva básica e habilidade específica para a prática esportiva (HINRICHS,
1995).
O programa preventivo é sempre elaborado individualmente, baseando-se
nos achados da avaliação que deve abordar o equilíbrio muscular entre força e
30
elasticidade, flexibilidade articular, padrões posturais, bem como a existência de
lesões pregressas e patologias secundárias que possam limitar o desempenho do
atleta (NEGRÃO, 1996).
O treinamento supervisionado, associado ao trabalho preventivo, tem sua
importância desde as categorias de base, promovendo uma melhora na qualidade
de vida para o atleta, bem como um aumento na sua sobrevida útil no esporte. A
prevenção é relevante, também, mesmo para aquele atleta que já obteve alta, a fim
de que possa reduzir o risco de lesões consecutivas (DONATTI, 1996).
2.8 Qualidades Físicas Básicas de uma Atleta
Exercícios de velocidade elevam ao máximo a rapidez e a alta freqüência.
Os exercícios de longa duração ou distância aprimoram a resistência. Os
movimentos complexos aperfeiçoam a coordenação, e os de amplitude máxima
desenvolvem a flexibilidade do atleta (BOMPA, 2001).
2.8.1 Agilidade
Agilidade é a condição necessária que permite a mudança de direção do
movimento e o posicionamento do corpo num curto espaço de tempo (DANTAS,
2000). Agilidade é a capacidade de fazer mudanças de um movimento feito em
velocidade com rapidez, e está diretamente relacionado com a força muscular, a
flexibilidade e o equilíbrio dinâmico (CARVALHO, 2003).
Harrow apud Prudêncio, (2003), subdivide a agilidade em:
Mudança de Direção: é a capacidade de um atleta de mudar a direção do
movimento sem cessar o movimento inicial.
Partidas e Paradas: é a capacidade de um atleta em iniciar e parar um movimento
com o mínimo de esforço.
Rapidez: são as habilidades motoras que englobam os movimentos mais precisos.
31
Segundo Carvalho (2003), a agilidade lhe permite na maior parte das
vezes, tirar vantagens das situações, lhe permite também desorientar os adversários
em diversas situações, com toques de primeira e deslocamentos com velocidade.
Segundo Harrow apud Lottin (1992) a agilidade é composta por
mudanças rápidas de direção, início e sustentação de movimentos com velocidade,
curto tempo de reposta, e precisão em atividades manipulativas. Um goleiro deve ter
um curto tempo de resposta para desempenhar suas atividades durante um jogo; um
violinista necessita de agilidade nas mãos para que possa tirar o máximo proveito do
seu instrumento.
2.8.2 Força
Força é a capacidade que um organismo possui de deslocar ou suportar
uma carga, através da contração de grupos musculares (AOKI, 2002). Segundo
Bompa (2002) força é definida como a capacidade neuromuscular de superar uma
resistência externa e interna. Força muscular é a tensão que um grupo muscular ou
um músculo consegue aplicar contra uma resistência num esforço máximo (FOOS e
KETEYIAN, 2000).
A força é muito importante para que um atleta de futebol consiga exercer
alguns fundamentos, como: potência do chute, capacidade explosiva nos arranques
e dribles, impulsão vertical, aumento da proteção articular, condições para disputas
de bola e marcações corpo a corpo (AOKI, 2002).
A força estática e dinâmica e suas manifestações negativas e positivas:
Força Isométrica: é conhecida como sendo a tensão muscular contra uma
resistência, porém sem vencer ou ser vencido por ela (FARINATTI; MONTEIRO,
1992).
Força Concêntrica: é onde a força muscular aplicada é maior que a
resistência, ou seja, ocorre uma superação da resistência (BARBANTI, 1997).
Força Excêntrica: quando a força muscular é menor que a resistência ou
peso aplicado, resultando num movimento de recuo (BARBANTI, 1997).
Existem três tipos de força dinâmica na terminologia esportiva: resistência
muscular, força máxima, força rápida (potência):
32
Resistência Muscular: conhecida também como endurance de força. É a capacidade
de um grupo muscular de realizar determinado movimento de força durante o maior
tempo possível (STUBLER apud BARBANTI, 1997).
Força Máxima: é denominada como sendo a maior força muscular que um atleta
pode exercer em uma repetição, é a maior força que o sistema neuromuscular pode
exercer através de uma contração máxima (NETT apud BARBANTI, 1997).
Força Rápida ou Potência: é a força aplicada no menor tempo possível (MEUSEL
apud BARBANTI, 1997). Este tipo de força é usada em esportes com alta exigência
de força (FARINATTI; MONTEIRO, 1992).
Na combinação dos trabalhos de força máxima e velocidade máxima
teremos como resultado a potência, melhorando a performance do atleta, e por sua
vez fornecendo apoio para realizar movimentos explosivos em um curto espaço de
tempo, característico do futsal (ANDRADE, 2004).
Segundo Bompa (2002, p.336), existem diversos tipos de força que têm
grande importância para um treinador:
Força Generalizada: refere-se á força de um sistema muscular completo. Um baixo
nível de força generalizada pode ser um fator limitante para todos os progressos de
um atleta.
Força Específica: é a força dos músculos que são particulares ao movimento do
desporto (os principais movimentos). O termo sugere que esse tipo de força seja
característico para cada esporte.
Força Máxima: refere-se a mais alta força que o sistema neuromuscular pode
executar durante uma contração voluntária máxima.
Força Absoluta: refere-se á capacidade de um atleta para exercer a força máxima
independentemente do peso corporal.
Força Relativa: representa a razão entre a força absoluta de um atleta e seu peso
corporal. É importante em desportos nos quais os atletas perdem o contato com o
solo durante o desempenho ou são divididos em categorias de peso, como luta,
boxe, etc.
33
2.8.3 Flexibilidade
O estudo da flexibilidade é muito antigo, quem nunca viu algum atleta
todo orgulhoso encostando a ponta dos dedos da mão no chão sem fazer a flexão
dos joelhos (FARINATTI e MONTEIRO, 1992).
A flexibilidade engloba as propriedades anatômicas e funcionais do
sistema locomotor que permitirão a mobilidade dos segmentos corporais em
decorrência da força e da velocidade (MATEVEIEV apud FARINATTI e MONTEIRO,
1992).
A flexibilidade depende da elasticidade dos músculos e tendões e da
estrutura das articulações. Pode ser denominada como uma capacidade física onde
ocorre a obtenção de uma grande amplitude durante a execução de um movimento,
ou ainda, como a maior amplitude na execução de uma movimento sem lesionar as
articulações envolvidas (GOMES e MACHADO, 2001).
Para Ghoroyeb & Barros apud Schwingel (2003), a flexibilidade se
manifesta de duas formas:
Flexibilidade Estática: é a amplitude máxima de um movimento.
Flexibilidade Dinâmica: denomina-se a rigidez ou resistência oferecida ao movimento
dentro de certa amplitude de movimento.
A flexibilidade é desenvolvida mais facilmente na infância e juventude,
segundo Gomes & Machado (2001). Diversos autores acreditam que os maiores
ganhos de flexibilidade ocorrem entre os 10 e os 16 anos: nas mulheres aos 10 e
nos homens aos 12.
Osolin & Zacuoski apud Barbanti (1997), estudaram os diferentes horários
de treinamento e concluíram que as horas da manhã são menos favoráveis aos
treinamentos de ganho de flexibilidade que as outras horas do dia.
As variações da flexibilidade são determinadas por diversas condições e
fatores, como: o estado de cansaço, o grau de excitação emocional, a temperatura
do corpo e do ambiente, a capacidade de relaxamento dos músculos (GOMES;
MACHADO, 2001).
Para Achour (1998), a flexibilidade pode sofrer influências externas, como:
hora do dia e temperatura do ambiente e influências internas, como: estrutura óssea,
tipo de articulação, elasticidade de tendões, músculos e ligamentos.
34
Segundo o autor citado anteriormente existem vários exercícios que
podem ser utilizados para manter ou ganhar amplitude de movimento (alongamento),
com o objetivo de prevenir câimbras, contraturas, lesões ligamentares e musculares,
e principalmente ganhar amplitude de movimento.
Segundo Nahas (2003), os exercícios de alongamento devem ser feitos
ao menos três vezes por semana, sendo que o ideal seria diariamente durante 10 a
15 minutos.
Nos atletas do futebol é necessário ter uma boa mobilidade para que
possam realizar movimentos do tipo voleio, carrinho. É importante ter flexibilidade
nas articulações do tornozelo, joelho e coxofemoral, que são onde incide o maior
número de lesões e traumas (AOKI, 2002).
2.8.4 Coordenação
Coordenação significa: ordenar junto. Na fisiologia isso quer dizer que,
para acontecer o trabalho muscular, é necessário seguir uma série de regras da
atividade muscular agonista e antagonista e dos seus respectivos processos do
sistema nervoso (BARBANTI, 1997).
A coordenação motora é uma habilidade biomotora, e está diretamente
ligada com a força, a velocidade, a flexibilidade e a resistência, e é muito importante
no aprimoramento das técnicas do futebol (BOMPA, 2002).
A coordenação pode ser dividida em: coordenação específica e
coordenação geral (GOMES; MACHADO, 2001).
Coordenação Específica: são interpretados como sendo movimentos
específicos nas modalidades esportivas, e elas ocupam uma posição específica
(WEINECK, 2000).
Coordenação Geral: esta envolve diversos segmentos do corpo (GOMES;
MACHADO, 2001).
A coordenação habilita um desportista a se sobressair com movimentos
difíceis num curto espaço de tempo. Permite também um poder de orientação,
percepção espacial, percepção de tempo, adaptação, equilíbrio, precisão, ritmo
(BARBANTI, 1997).
35
O aperfeiçoamento próprio da coordenação resultará na realização de
atividades com maior segurança e domínio. No futsal se faz muito importante um
bom desenvolvimento da coordenação pelo desportista para realizar os movimentos
do corpo ao trabalhar sozinho ou com a bola (GOMES; MACHADO, 2001).
A coordenação pode ser classificada em: coordenação intramuscular e
coordenação intermuscular.
Coordenação intramuscular: é a cooperação neuromuscular em um conjunto de
determinados movimentos em cada músculo isoladamente.
Coordenação intermuscular: é a cooperação de variados músculos e grupos
musculares para a realização de um único movimento (BARBANTI, 1997).
2.8.5 Velocidade
Velocidade é a característica que um organismo ou parte dele têm para
completar um movimento ou uma combinação de movimentos num curto espaço de
tempo (AOKI, 2002).
A velocidade é uma propriedade única dos músculos e das coordenações
neuromusculares, possibilitando a execução de vários gestos seguidos, que
constituem uma única ação, com uma duração curta ou muito curta (FAUCONNIER
apud BARBANTI, 1997).
Diversos
fatores
são determinantes
para o desenvolvimento da
velocidade, dentre esses estão a elasticidade muscular, tempo de reação, técnica,
concentração, tempo de treino, hereditariedade (BOMPA, 2002).
Segundo Bompa (2002) existem dois tipos de velocidade:
Velocidade Geral: é a aptidão em desenvolver qualquer tipo de
movimento em uma reação rápida.
Velocidade Específica: é a aptidão em desenvolver um exercício de
acordo com a velocidade, normalmente alta.
Segundo Aoki (2002) a velocidade se faz presente em todas as situações
durante um jogo de futebol, ou seja, no ataque, na antecipação de uma jogada, no
contra-ataque, no pênalti, na defesa, no drible.
36
A velocidade dos jogadores de futebol depende de uma reação rápida, do
conhecimento da jogada e das diferentes situações, da rapidez nos movimentos, da
habilidade com a bola, do treinamento das jogadas (WEINECK, 1999).
O aperfeiçoamento da velocidade de movimento (finta, chute, passe) e a
velocidade de deslocamento (com ou sem bola) e o vínculo das duas para aumentar
a eficiência na performance das competições, é o objetivo final no treinamento de
velocidade para os jogadores de futebol (SHINKARENKO apud VICENZI, 2002).
2.8.6 Resistência
Para que um indivíduo suporte realizar um esforço durante certo espaço
de tempo é necessário que tenha resistência, sendo esta uma capacidade que o
organismo possui (AOKI, 2002).
A resistência é conhecida como a capacidade de tolerância ao esforço em
exercícios de longa duração, bem como a capacidade de recuperação rápida.
Resistência física é a capacidade do organismo como um todo, ou também de cada
um de seus sistemas, resistir a fadiga (WEINECK apud VICENZI, 2002).
Segundo Morehouse apud Barbanti (1997) a capacidade para suportar
uma atividade por um tempo prolongado é chamada de resistência. Resistência é
uma capacidade para sustentar um exercício por um longo período de tempo
(BARROW apud BARBANTI, 1997).
A resistência de um jogador de futebol é conhecida como a capacidade
de suportar o cansaço, permanecendo assim com o mesmo nível e qualidade nas
ações motoras, assim como, mantendo a velocidade nos deslocamentos durante
toda a partida (FRISSELLI e MANTOVANI, 1999).
Existe mais de uma forma de manifestação da resistência:
Resistência: é a capacidade do esportista em resistir a fadiga (WEINECK, 1986).
Resistência Geral: compreende mais de 1/6 da musculatura esquelética (BARBANTI,
1997).
Resistência Local: quando necessita menos de 1/6 da massa muscular total
(BARBANTI, 1997).
37
A resistência pode ser dividida em aeróbica e anaeróbica. A resistência
aeróbica é a capacidade de suportar exercícios de alta intensidade, mantendo a
oxigenação adequada. Resistência anaeróbica é a capacidade de realizar uma
atividade sem manter a quantidade adequada de oxigenação, num período inferior a
3 minutos (GOMES e MACHADO, 2001).
Ainda segundo os autores, o treinamento da resistência deve ser
realizado entre os 12 e 17 anos para mulheres e entre 14 e 22 anos para homens
O jogador de futebol precisa ter resistência e velocidade para conseguir
um bom desempenho nas partidas, tanto na marcação dos adversários quanto na
antecipação das jogadas (AOKI, 2002).
38
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Tipo da pesquisa
Esta pesquisa caracteriza-se de acordo com os conceitos de Vieira e
Hossne (2001) como sendo uma pesquisa básica, do tipo transversal, sendo sua
população configurada como amostral.
Segundo Luciano (2003), o problema possui caráter quantitativo, a
pesquisa quantitativa é aquela onde o conhecimento é traduzido em números
opiniões e informações com vistas as análises. Considerando seus objetivos, a
mesma caracteriza-se como descritiva e exploratória. Por fim ainda é caracterizada
em relação aos seus procedimentos como de levantamento de dados.
Este estudo tem como objetivo avaliar a prevalência e os mecanismos de
lesões nas atletas do futsal feminino da Universidade do Extremo Sul Catarinense,
em Criciúma - SC.
3.2 Local e caracterização da amostra
A amostra desta pesquisa é composta por todas as 12 atletas do time de
futsal feminino sub-17 da UNESC, com idade entre 13 e 17 anos, independente de
raça.
A amostra que compõe este estudo se caracteriza como sendo
probabilística, pois segundo Alvarenga (2008), a amostra probabilística é
caracterizada por ser limitada, na qual se conhece a quantidade de indivíduos que a
integra.
39
3.3 Instrumentos para coleta dos dados
Foi elaborado um instrumento de pesquisa em forma de questionário para
avaliar o perfil das atletas que compuseram a amostra, bem como os dados
epidemiológicos das lesões apresentadas. O questionário foi composto por questões
incluindo os dados de identificação, aspectos gerais, características da prática
esportiva, história ocupacional, história da prática esportiva, utilização de materiais
esportivos, histórico das lesões, mecanismos de lesões, tempo de afastamento. Este
questionário foi validado por professores do curso de Fisioterapia da UNESC.
Todas participantes do estudo foram submetidas ao instrumento de
pesquisa, desenvolvido pelo pesquisador.
3.4 Procedimentos para coleta de dados
Com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UNESC), o
primeiro contato foi feito por telefone com o profissional responsável pelas atletas,
inicialmente solicitando autorização para a realização da coleta de dados. Com a
sua concordância foi agendado um encontro com a população a ser amostrada para
esclarecimento no ginásio poliesportivo da UNESC. O pesquisador então convidou e
esclareceu sobre o estudo, os objetivos do mesmo, bem como, da inexistência de
riscos ou prejuízos para a saúde destes, os procedimentos que foram realizados em
seguida e o sigilo de sua identificação, mediante o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE.
No aceite do projeto (274/2008) e após assinados os termos de
consentimento, foi aplicado o instrumento de pesquisa, com o objetivo de coletar os
dados referentes ao perfil de cada atleta e suas possíveis lesões.
40
3.5 Procedimentos para análises de dados
Após coletados os dados, estes foram tabulados, organizados e
submetidos à análise estatística, descritiva, e logo após apresentados e discutidos
em forma de gráficos montados a partir do programa de computador Microsoft
Excel®, sendo assim, agrupados a partir das informações contidas na coleta de
dados.
41
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO
O instrumento de pesquisa foi aplicado nos meses de abril e maio de
2009, onde o time sub 17 da Universidade do Extremo Sul Catarinense contava com
12 atletas, todas estavam participando dos treinos e dos jogos.
No momento a equipe estava participando do Campeonato Estadual de
Futsal.
A equipe sub-17 de futsal da Universidade do Extremo Sul Catarinense é
composta por duas (2) goleiras, uma (1) ala esquerda e nove (9) jogadoras sem
posição fixa, totalizando 12 atletas, sendo que quatro (4) atletas não apresentaram
lesões.
Figura-5. Tempo de prática do futsal.
Com base na figura 1 podemos notar que a maior parte das atletas (50%)
praticam futsal faz 3 a 4 anos, seguida por 2 atletas (16,66%) que praticam há 5
anos, apenas 1 atleta (8,33%) tinha de 7 a 11 anos de prática de futsal . Das 8
atletas que praticam há quatro anos ou menos, 5 (62,5%) nunca apresentaram
lesões osteomusculatres.
42
A média encontrada entre as atletas quanto ao tempo de prática
sistemática do futsal no estudo feito por Santana e Reis (2003) foi de 6,95 anos (+
3,18), 37%, isto é, 16 atletas, tinham entre 2 e 5 anos de prática sistemática; 53,3%,
23 atletas, tinham entre 6 e 10 anos e 9,2%, 4 atletas, tinham entre 11 e 14 anos.
Figura-6. Idade atual das atletas.
Com base no gráfico acima pode-se notar que das 12 atletas, a idade que
prevalece entre elas são os 16 anos de idade, com 6 (50%) das atletas, seguido por
14 e 15 anos com 2 (16,66%) atletas cada. A média ponderada de idade do time é
de 15,33 anos.
Segundo a LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 que institui o
Estatuto da Criança e do Adolescente, a faixa etária considerada como adolescência
fica entre os 12 e os 18 anos de idade.
No estudo de Santana e Reis (2003) a média de idade encontrada foi a de
20,55 anos (+ 4,77). 37%, isto é, 16 atletas, adolescentes entre 15 e 18 anos e a
maior parte, 63%, 27 atletas, composta de atletas adultas, entre 19 e 34 anos,
notaram ainda que apesar de o campeonato ser da categoria principal, ou seja,
jogado por mulheres adultas, foram encontrados 16 atletas com idade inferior a 19
anos.
43
Figura-7. Idade de início da prática do futsal.
Com base no gráfico acima, observou-se que as atletas na sua maioria
iniciaram a prática sistemática do futsal, isto é, o período no qual foram orientadas
por um professor, exigiu-se freqüência semanal e competiu-se com outras equipes
do mesmo gênero, entre seus 10 e 15 anos, com 6 (50%) atletas, seguido por 5
(41,66%) atletas que praticam fazem entre 5 e 10 anos; apenas 1 atleta começou
antes dos 5 anos de idade.
Santana e Reis (2003) encontraram em seu estudo que a média de idade
em que as atletas iniciaram a prática sistemática do futsal foi de 13,69 (+ 3,18). A
maior parte, 27 atletas, 62,8% do total, iniciou na adolescência, entre 12 e 18 anos
de idade; 27,9%, isto é, 12 atletas, na infância, entre 9 e 11 anos de idade e 9,2%, 4
atletas, na maturidade, entre 19 e 20 anos de idade.
44
Figura-8. Realização do alongamento.
De acordo com a figura 8 foi encontrado que 3 (25%) atletas realizam o
alongamento somente antes dos treinos e 9 (75%) atletas realizam antes e após os
treinos, dessas, 4 (44,4%) não apresentaram nenhuma lesão durante os anos de
prática esportiva, enquanto no grupo que faz alongamento somente antes dos jogos
apenas 33,3% não apresentaram lesão.
Podemos encontrar na literatura que Achour (1998) recomenda que no
pré jogo seja realizada uma atividade de flexionamento para diminuir o risco de
lesões e para um melhor condicionamento nas atividades de alto impacto. Neste
estudo 25% das atletas realizam o alongamento apenas no período anterior ao jogo.
Canavan (2001) afirma que, alongamentos leves, sem atingir a amplitude
máxima forçada associados a exercícios de baixo impacto, que são os responsáveis
por fazer a eliminação de grande parte dos resíduos produzidos pela contração
muscular, são as melhores medidas a serem tomadas no pós-atividade de alto
impacto. Aqui observou que 75% das atletas fazem o alongamento no pós jogo,
porém não fazem nenhum exercício de baixo impacto, fazem apenas um repouso
imediato e alongamento. Segundo Dantas (1995), esta atitude não ajuda na
eliminação dos resíduos provenientes da atividade muscular, que acabam por
provocar dores musculares e manter o músculo tensionado e com comprimento
reduzido, facilitando o aparecimento de processos lesivos.
45
Para se prevenir lesões existe uma outra medida preventiva muito
eficiente, a crioterapia. A crioterapia diminui a chance da criação de processos
inflamatórios nas articulações e diminui o metabolismo local, sendo assim, previne e
evita recidivas de lesões (RODRIGUES, 2005).
Figura-9. Tempo de afastamento dos jogos devido a lesão.
Com base na figura acima, podemos perceber que as atletas, na sua
maioria, ficaram afastadas por pelo menos 2 semanas; 3 (33,33%) atletas ficaram
afastadas das atividades esportivas por 3 semanas; 1 atleta chegou a ficar afastada
das atividades por 1 mês; apenas 2 atletas (22,22%) não perderam nenhum dia de
treino ou jogo.
Em um estudo realizado por Rosa (2008) foi encontrado que, um atleta
afastou-se por um dia; dois atletas por dois dias; um atleta por cinco dias; um por
oito dias e outro por 10 dias.
Fabiano (2003) encontrou em seu estudo que a média de afastamento
dos jogos por lesão foi de 36 dias, ficando fora de 6 jogos. Segundo Malone, Mcpoil
e Nitz (2000), as lesões com tratamento conservador devem ser tratadas com o
auxílio de curativos compressivos, elevação, imobilização e aplicações de gelo no
local. Após 48 horas deve-se começar com os alongamentos passivos do grupo
muscular afetado, depois inicia-se um programa de reabilitação com corridas
46
progressivas e controladas e fortalecimento da musculatura, levando em média de
quatro a seis semanas para a volta da prática esportiva.
Conforme a questão onde foi questionado o uso de calçado apropriado,
todas as atletas referem fazer o uso adequado de calçados.
Através de achados cinemáticos, foram encontrados desajustes na pisada
do pé de apoio quando utilizado tênis de solado baixo, provocando uma pronação do
pé no exato momento em que deveria haver uma leve supinação, facilitando uma
lesão por torção de tornozelo (APOLO, 2003).
Apolo (2003) diz ainda que, através de um estudo utilizando dinamômetro,
pode-se concluir que no ato de caminhar um indivíduo tem 1.5 vezes o seu peso
corporal, numa corrida (trote, ou com bola no futebol) chega a aplicar 2.5 vezes do
seu peso corporal, numa corrida com velocidade apresenta 4 vezes o seu peso
corporal.
Figura-10. Localização anatômica das lesões.
Pode-se notar que as lesões na sua maioria afetaram membros, apenas
uma foi na coluna lombar. A maioria 7 (77,77%) das lesões afetaram os membros
inferiores, uma no tornozelo, 2 (22,22%) no joelho e 4 (44,44%) afetaram a coxa.
No futsal são muito comuns as entorses de joelho e tornozelo. Na prática
esportiva, o joelho é destinado a realização de movimentos rápidos e complexos, ao
47
mesmo tempo, comumente tem suas tarefas dificultadas pelo peso do corpo
(BUCCO, 2003).
Normalmente as lesões de pé e tornozelo ocorrem por culpa de
treinamentos excessivos, freqüentemente a articulação é lesada em decorrência de
uma corrida durante a qual o pé recebe uma carga súbita, repentinamente (HAMILL,
1999).
Diversos estudos registram que as articulações predominantemente
afetadas são as do joelho e tornozelo e os músculos normalmente afetados são os
da coxa e da perna. Essa prevalência de lesões nos membros inferiores pode ser
explicada pela maior exigência da extremidade inferior do corpo neste esporte
(INKLAAR, 1996).
Figura-11. Tipos de lesões.
De acordo com o gráfico 11, podemos ver que o tipo de lesão que
prevaleceu na amostra foi a entorse de joelho com 2 (40%) acometimentos, seguido
pela entorse de tornozelo, luxação e distensão muscular com 1 acometimento por
cada tipo.
No futsal as lesões de joelho incluem contusões, distensões, fraturas,
luxações, entorses. Porém sabe-se que corridas em linha reta dificilmente causarão
uma lesão grave. Entretanto, quando a corrida está associada a uma mudança
48
brusca de direção, aceleração ou desaceleração, que são movimentos comuns no
esporte, a possibilidade de uma lesão maior aumenta significativamente (WEBB,
2001).
Rodrigues (1994) encontrou em seu estudo que, das lesões musculares
em atletas de futebol, 90% estão localizadas nos membros inferiores.
Eitner (1989) realizou uma pesquisa onde enfatizou que as contusões no
joelho aparecem com mais freqüência deixando a entorse de tornozelo em segundo
lugar.
Segundo Araújo (2007), a entorse é o tipo de lesão causada por
movimentos excessivos ou anormais, que podem acabar trazendo algum tipo de
deformidade, dependendo da tensão aplicada aos tecidos ligamentares.
As entorses são provocadas por forças que distendem as fibras do
ligamento além do seu limite. Os sinais clínicos das entorses são dor localizada,
edema, instabilidade articular ou dilaceração completa do ligamento (MALONE;
MCPOIL; NITTZ, 2000).
As estruturas ligamentares têm um maior reforço na região medial do pé e
tornozelo, assim como, a diferença angular entre os dois maléolos proporcionam
maior exposição do compartimento lateral. Sendo assim, a inversão do pé com
flexão plantar e supinação é responsável por 85% (oitenta e cinco por cento) das
entorses no esporte (EITNER, 1989).
Luxação é a perda da propriedade articular, ocasionada por traumas
diretos ou ação muscular rigorosa. Alongamentos bruscos podem ser responsáveis
por originar as luxações, embora isso não ocorra com freqüência (WEBB, 2001).
A distensão é qualificada pelo rompimento de fibras musculares que
pode acontecer em conseqüência a uma solicitação excessiva do músculo
(MOREIRA, 2002).
49
Figura-12. Mecanismos de lesão.
Como podemos perceber na figura 12, quanto aos mecanismos de lesão,
das sete lesões que as atletas da amostra apresentaram; o impacto indireto foi o que
provocou a maioria das lesões, aparecendo 5 (71,42%) vezes. O trauma direto foi o
mecanismo responsável por 2 (28,57%) lesões.
A lesão direta ocorre quando acontece uma colisão física entre um
jogador e um objeto ou entre jogadores, porém a lesão indireta acontece sem
nenhuma colisão física (WALTRICK, 2004).
Num estudo realizado por Waltrick (2004) com atletas do futsal, foi
encontrado que as lesões indiretas são as mais comuns. Esse resultado pode ser
explicado pelo número excessivo de jogos, ou pelo tipo de treinamento que é
praticado com as atletas, que podem sobrecarregar a jogadora e ser motivo de
lesões e problemas físicos.
O futsal é um esporte com caráter dinâmico, que exige divididas de bola e
de espaço, sendo assim, é comum e taticamente necessário o contato físico direto
entre atletas. Isso torna a lesão direta típica e comum de aparecer nos jogos de
futsal (BUCCO, 2003).
Existem diversos estudos constatando o mesmo resultado que o presente
estudo. Em estudo realizado por Rosa (2008) foi encontrado na amostra que das
seis lesões totais, cinco foram por trauma indireto, enquanto apenas uma foi por
50
trauma direto. Outro estudo descrito por Araújo (2007) encontrou também a maior
prevalência de traumas indiretos.
Figura-13. Estudo do Índice da Massa Corporal.
Atleta
Altura
Peso
IMC
Idade
1
1,56
56
23
16
2
1,65
51
18,7
16
3
1,64
61
22,7
16
4
1,65
55
20,2
17
5
1,69
58
20,3
16
6
1,68
50
17,7
15
7
1,61
45
17,4
14
8
1,71
82
28
14
9
1,58
49
19,6
13
10
1,73
61
20,4
16
11
1,6
50
19,5
16
12
1,64
52
19,3
15
Desvio/p. 0,051786 9,599558 2,882024 1,154701
Média
1,645 55,83333 20,56667 15,33333
A tabela 1 apresenta os resultados obtidos a partir da coleta de
informações sobre idade, peso e altura dos sujeitos da amostra, com o desvio
padrão e a média das referentes variáveis. A variável que apresentou o menor
desvio padrão foi a altura.
Na sua maioria o Índice de Massa Corporal da amostra apresenta valores
normais, porém podemos ver que as atletas 6 e 7 estão com o IMC baixo e a atleta 8
está com o IMC elevado, pelo padrão da Organização Mundial de Saúde.
Barbanti (1994) afirma que o crescimento humano se define por volta dos
20 anos de idade, pode-se notar que a amostra estudada apresenta a possibilidade
de crescimento, sendo a variável altura sujeita a variações em função dessa
condição.
O Índice de Massa Corporal (IMC) é estimado como o mais popular índice
de estatura e peso. É utilizado para se avaliar níveis de aptidão física e graus de
obesidade (FERNANDES, 2003).
Segundo Massa et. al. (2003), as variáveis antropométricas e de aptidão
física podem influenciar diretamente na execução das técnicas e táticas nos
51
esportes, sendo assim, torna-se de extrema importância o estudo delas para se
montar um perfil físico de uma equipe e assim direcionar o treinamento de cada
atleta e do grupo como um todo.
52
5 CONCLUSÃO
Com base nos questionários aplicados, observou-se na pesquisa que,
diferentemente de outros estudos realizados com atletas do futsal, não foi grande o
acometimento de lesões nas atletas da amostra, talvez pelo treinamento adequado,
respeitando os limites de cada jogadora ou pelo curto tempo de atuação no esporte.
Com base na análise do instrumento de pesquisa aplicado ao time sub-17
feminino da UNESC foram encontradas lesões na coluna lombar, punho/mão, coxa,
joelho, tornozelo, onde prevaleceram as lesões em membros inferiores. A lesão que
mais apareceu foi a lesão de coxa, com quatro atletas acometidas, seguida por duas
atletas com lesão de joelho.
Os mecanismos de lesão que apareceram nesta pesquisa foram as
lesões por impacto direto, e as lesões denominadas lesões por impacto indireto,
como, luxação de punho e mão, a entorse de tornozelo, o estiramento muscular, a
entorse de joelho, onde prevaleceram as lesões por impacto indireto acometendo 5
(cinco) das 12 (doze) atletas.
Toda atividade física gera uma sobrecarga em algum ponto do aparelho
locomotor. Se esta sobrecarga fica circunscrita à capacidade fisiológica do
organismo de se recuperar, não há a instalação de um processo patológico
(PEDRINELLI, 2002).
Podemos notar que conforme demonstrado em outros estudos, as lesões
na sua maioria afetaram membros, apenas uma foi na coluna lombar. A maioria das
lesões 7 (77,77%) afetaram os membros inferiores, 1 (uma) o tornozelo, 2 (duas) o
joelho e 4 (quatro) (44,44%) afetaram a coxa.
Podemos ver que o tipo de lesão que prevaleceu na amostra foi a entorse
de joelho com 2 (dois) acometimentos, seguido pela entorse de tornozelo, luxação e
distensão muscular com 1 (um) acometimento por cada tipo.
Segundo Pera e Brinner (1996), verificar e avaliar a freqüência de lesões
é o primeiro passo num objetivo de reduzir as lesões nos atletas. E segundo Brinner
e Benjamin (1999), a familiarização com as lesões mais comuns no esporte podem
facilitar o diagnóstico, tratamento e reabilitação, além de promover a prevenção.
Como podemos perceber, quanto aos mecanismos de lesão, das sete
lesões que as atletas da amostra apresentaram o impacto indireto foi o que provocou
53
a maioria das lesões, aparecendo 5 (71,42%) vezes. O trauma direto foi o
mecanismo responsável por 2 (28,57%) lesões.
Como a maioria das jogadoras está iniciando no esporte, elas ainda não
têm uma posição fixa em quadra, elas treinam para saber jogar nas diversas
posições do futsal, sendo assim não podemos avaliar qual a posição em quadra
mais afetada por lesões.
Esportistas
das
mais
diversas
áreas
sabem
a
importância
do
acompanhamento fisioterapêutico para manter o equilíbrio e o rendimento de suas
atividades.
A Fisioterapia Desportiva é muito importante nos esporte, pois pode
intervir prevenindo lesões, e habilitando o atleta a voltar logo para a atividade
esportiva.
Na área da desportiva há uma grande necessidade de aumentar o tempo
de atuação dos atletas, assim como, reabilitar muito rapidamente o jogador, já que o
atleta necessita realizar todas as suas funções músculo-esqueléticas o mais rápido
possível e com a maior potência e amplitude.
Podemos concluir que existe uma precariedade no desenvolvimento de
estudos científicos na área da Fisioterapia Desportiva, principalmente nesse esporte
tão conhecido e praticado no nosso país, o futsal.
Tais estudos podem contribuir com a preparação de treinos mais
específicos, com a prevenção de possíveis lesões esportivas e, sendo assim, uma
melhora na qualidade de vida das atletas e na sua permanência por maior tempo em
atividade, bem como diminuir a gravidade das lesões e tempo de recuperação das
mesmas, quando estas forem inevitáveis.
54
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Acessado
em:
60
APÊNDICES
61
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
62
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a) em uma
pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar
fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma
delas é sua e a outra do pesquisador responsável. Caso não aceite, você não será
penalizado (a) de forma alguma e, da mesma forma, se decidir retirar seu
consentimento durante o desenvolvimento da pesquisa.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA
Título: Análise da Prevalência e dos Principais Mecanismos de Lesões nas Atletas
do Futsal Feminino da UNESC
Acadêmico responsável: Guilherme Seyboth
Orientador Técnico: Prof. Esp. Adriano Borges Polizelli.
Telefones para contato: (48)99781131 / (48)34334148
Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por
isso a sua participação é importante. O objetivo deste estudo é encontrar a
prevalência e o mecanismo das principais lesões na equipe de futsal sub-17
feminino da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC por meio de um
questionário para avaliar o perfil das atletas, bem como os dados epidemiológicos
das lesões apresentadas. O questionário será composto pelos dados de
identificação, aspectos gerais, características da prática esportiva, história
ocupacional, história da prática esportiva, materiais esportivos e histórico das lesões.
Os resultados obtidos serão analisados, e o pesquisador orientará as atletas
sobre a prevenção das lesões.
Espera-se, com esta pesquisa sejam identificadas as principais lesões
decorrentes da prática esportiva do futsal e assim intervir orientando a prevenção,
evitando lesões futuras. Esta pesquisa não implica em risco algum aos participantes.
Sua identidade não será revelada e as demais informações obtidas serão
confidenciais e somente utilizadas nesse trabalho. Por sua participação na pesquisa,
não lhe será cobrado nada, como também não receberá qualquer tipo de
remuneração.
63
Consentimento da participação da pessoa como sujeito
Eu____________________________________,RG/CPFnº________________abaix
o assinado (a), concordo em participar do estudo “Analise da Prevalência e dos
Principais Mecanismos de Lesões nas Atletas do Futsal Feminino da UNESC ”como
sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pelo acadêmico Guilherme
Seyboth, sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como riscos e
benefícios decorrentes da participação. Foi-me garantido que posso retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade.
Criciúma, ___/___/_____
Nome e assinatura:
________________________________________________
64
APÊNDICE B – AVALIAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
65
Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC
Departamento do Curso de Fisioterapia
Disciplina de Seminário II
VALIDAÇÃO DO I
STRUME
TO DE PESQUISA
Eu Guilherme Seyboth, acadêmico da 10ª fase do curso de Fisioterapia da UNESC, aluno da
disciplina de seminário III, venho através deste, solicitar a vossa colaboração para análise
deste instrumento com vistas à validação do mesmo. O tema do trabalho é: “Análise da
prevalência e dos principais mecanismos de lesões nas atletas do futsal
feminino da U
ESC”. Este instrumento será aplicado com as atletas do futsal feminino
da UNESC.
Este estudo tem como objetivos: Analisar a prevalência e os principais mecanismos de
lesão nas atletas do futsal da UNESC; Avaliar o tempo de afastamento das atletas por causa
de lesões; Analisar qual posição sofre maior suscetibilidade a lesão muscular durante os jogos
de futsal; Analisar quais lesões são mais comuns neste esporte; Analisar quais os principais
mecanismos de lesão; Orientar as atletas, em relação a prevenção das principais lesões
decorrentes no futsal.
Como instrumento de pesquisa será aplicado este questionário para avaliar o perfil dos
atletas que irão compor a amostra, bem como os dados epidemiológicos das lesões
apresentadas. O questionário será composto por questões incluindo os dados de identificação,
aspectos gerais, características da prática esportiva, história ocupacional, história da prática
esportiva, materiais esportivos, histórico das lesões.
66
Agradeço antecipadamente.
Acadêmico: Guilherme Seyboth
Professor Orientador: Adriano Borges Polizelli
Telefone: (048) 34334148/ 99781131
E-mail: [email protected]
67
ANEXO
68
ANEXO A – ACEITE DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
69
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