Os benefícios do treinamento resistido
para portadores de diabetes mellitus tipo II
Los beneficios del entrenamiento de la resistencia para portadores de diabetes mellitus tipo II
*Acadêmicas do Curso de Educação Física
da Universidade Estadual de Goiás, UEG Goiânia, ESEFFEGO
**Professor docente do curso de Educação Física da UEG
Coordenador do laboratório de Fisiologia do Exercício, LAFEX, UEG
Especialista em Fisiologia do Exercício
Mestre em Ciências da Saúde (UFG)
Gisleide Alves Borges*
Siomara Freire de Araújo*
Raphael Martins Cunha**
[email protected]
(Brasil)
Resumo
A ocorrência do diabetes mellitus tipo 2, ocasionada pela ausência de secreção de insulina ou pela redução da
sensibilidade dos tecidos à insulina, tem sido responsável por inúmeras mortes no Brasil. Dentre as formas de
tratamento dessa doença, está a prática do Exercício físico, no que comporta o treinamento de força. Nesse sentido, o
objetivo do presente trabalho foi relatar os benefícios do treinamento de força no tratamento do diabetes mellitus tipo
2 a fim de relativizar a importância do treinamento de força na atenuação das alterações metabólicas no paciente
diabético tipo II. Trata-se de um estudo sistemático de revisão. Observou-se que a prescrição do treino de força é um
pouco tímido no que diz respeito ao tratamento de portadores de diabetes mellitus tipo 2. No entanto são vários os
autores que defendem o treinamento com pesos para portadores de diabetes, especificamente no tipo 2, no entanto,
evidencias sugerem que quando praticado de forma bem orientada, contribui de maneira significativa para o ganho de
massa magra, diminuição da freqüência cardíaca, diminuição dos níveis séricos de hemoglobina glicada e diminuição
dos lipídeos plasmáticos. Podendo constituir-se com uma forma complementar no tratamento desta doença.
Unitermos: Treinamento resistido. Diabetes Mellitus.
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/
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Introdução
Na definição de Guyton e Hall (2000), a diabetes mellitus (DM) se caracteriza como uma
síndrome que compromete o metabolismo dos carboidratos, das gorduras e das proteínas,
causada pela ausência de secreção de insulina ou por redução da sensibilidade dos tecidos à
insulina.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2006), a Diabetes atinge 250 milhões de
pessoas no mundo, e tem agravado seu status de epidemia pelo aumento dos casos de
obesidade em adultos e em crianças. Hoje o Brasil está entre os setes paises com maior
número de diabéticos, com 6,9 milhões de casos registrados (ATUALIZAÇÃO BRASILEIRA
SOBRE DIABETES, 2005).
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (2009), as mortes por Diabetes têm
aumentado no Brasil. Em 1996, as mortes pela doença eram de 16,3 habitantes em cada 100
mil, em 2006 a taxa passou para 24 a cada 100 mil, referente à população entre 20 e 74 anos.
Estudos mais recentes apontam para a presença de 12 milhões de pessoas com diabetes no
país, dos quais 50 % desconhecem que tem a doença. Em 1988, quando foi publicado o
primeiro censo sobre a prevalência no Brasil, este número era de 7 milhões (ALBUQUERQUE
2009).
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (2007), pessoas portadoras de DM tipo 2
podem responder ao tratamento com dieta e exercício físico, em casos específicos pode ser
necessário o uso de medicamentos orais ou uso de insulina, porém o tratamento para
diabéticos pode ser realizado a partir de uma simples mudança de hábitos. Com referências do
Consenso Brasileiro sobre de Diabetes (2002), a mudança no estilo de vida é particularmente
importante, porque após o aparecimento do DM tipo 2 há uma piora progressiva do controle glicêmico, independente do emprego de agentes antidiabéticos, no entanto esta piora pode ser
atenuada ou evitada com modificações no estilo de vida, perda de peso, implemento de
atividade física e controle alimentar.
Com relação aos efeitos do exercício e o comportamento glicêmico do organismo, Silva e
Lima (2002), em uma pesquisa experimental realizada em Santa Catarina, nos participantes da
Associação dos Diabéticos de Blumenau, que tinha como objetivo analisar o efeito do exercício
físico regular no controle glicêmico em indivíduos diabéticos (N= 33) com idades entre 45 e 75
anos, submeteram os indivíduos a um programa de exercícios durante 10 semanas, ao qual
puderam constatar melhora na glicemia de jejum e HbA1; diminuição de triglicerídeos e
aumento de High Density Lipoprotein Cholesterol - HDL-C; diminuição da freqüência cardíaca de
repouso, melhorando a eficiência cardíaca e auxiliando na diminuição do Índice de Massa
Corporal - IMC, que os levaram a concluir que o exercício físico é de grande importância no
controle glicêmico do indivíduo diabético tipo 2, tratado ou não-tratado com insulina,
diminuindo a glicemia e a Hemoglobina - HbA1.
Sheri Colberg, (2003) afirma que o exercício regular é a prática mais importante para
retardar os efeitos do envelhecimento, controlar o açúcar sanguineo e reduzir o risco de
complicações diabéticas, além de melhorar a sensibilidade à insulina, diminuírem os fatores de
risco cardiovascular com aumento de HDL e diminuição de Low Density Lipoprotein - LDL,
aumento na massa muscular, diminuição da gordura, melhora no estado psicológico e do stress
associado ao diabetes.
No estudo realizado por Cambri e Santos (2006), que teve como objetivo verificar o efeito de
12 semanas de um programa de exercícios resistidos com pesos na composição corporal e na
hemoglobina glicada em diabéticos tipo 2, a pesquisa foi realizada com indivíduos sedentários
com idades entre 47 e 58 anos e após aplicação do programa de exercícios resitidos pode se
observar aumento da massa magra, diminuição na relação cintura e quadril, no somatório de 7
dobras cutâneas, e diminuição dos níveis de glicemia capilar.
Nesse sentido, é importante considerar que a prática de exercícios físicos é relevante para o
individuo diabético tipo 2, no entanto, a maioria das pesquisas que discutem sobre exercícios
para diabéticos recomendam exercícios aeróbios, visto que os exercícios resistidos geralmente,
estão associados a um maior risco cardiovascular e de lesões de ordem ortopédica, por isso os
cuidados devem ser maiores, de forma que, a prescrição da atividade seja adequada ao grupo
ocorrendo de forma progressiva em relação a alguns parâmetros como intensidade, seleção e
ordem dos exercícios, número de séries e duração do intervalo de repouso (AMERICAN
COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2000).
Assim, o objetivo do presente estudo foi relatar os benefícios do treinamento de força no
tratamento do DM tipo 2 a fim de relativizar a importância do treinamento de força na
atenuação das alterações metabólicas e das alterações associadas a essa doença no paciente
diabético tipo II.
Diabetes Mellitus
O termo “diabetes” foi anunciado pela primeira vez pelo médico grego Arantes da Capadócia,
no século II, que significava derretimento da carne para a urina, já no século V e VI através da
observação de formigas e outros insetos atraídos pela urina de portadores da doença, médicos
indianos apontaram que a urina de diabéticos era adocicada (FIGUEROLA, 1990; COSTA e
SILVA NETO, 1992).
A diabetes mellitus é uma doença associada com problemas no controle da glicemia,
resultando no excesso de glicose no sangue, hiperglicemia. No entanto, existem três tipos de
diabetes, o diabetes mellitus, foco do presente estudo; diabetes insipidus nefrogênico, uma rara
doença renal, que se caracteriza pela incapacidade do rim de concentrar a urina, caracterizada
por um descontrole nas concentrações do hormônio antidiurético arginina- vasopressina (AVP) e
o diabetes gestacional que se apresenta durante o período de gravidez (NADEAU e PÉRONNET,
1985; ROCHA et al, 2000).
A conhecida síndrome do DM é dividida em subgrupos de distúrbios, podendo ser classificada
em diabetes Tipo I, e diabetes Tipo II. O DM tipo I é também conhecida como diabetes juvenil,
ou diabetes dependente de insulina, portador de deficiência na secreção de insulina. Esse tipo
de diabetes está associado a lesões das células beta do pâncreas, ou a doenças que
comprometem a produção de insulina, como doenças autoimunes, ou infecções virais. Pode
desenvolver de forma íngreme, determinada por fatores genéticos, trazendo como seqüelas
aumento do nível da glicemia, utilização aumentada de gorduras e possível formação exagerada
de corpos cetônicos, e depleção das proteínas (MCARDLE, 1992, GUYNTON e HALL, 2000)
Já o diabetes DM tipo II é também denominada por diabetes de inicio adulto, causada por
acentuada redução da sensibilidade dos tecidos alvo aos efeitos da insulina. É ocasionada por
significativa resistência às ações da insulina, descrita como diabéticos não dependentes de
insulina, em sua maioria é acometida por pessoas ente 40 e 60 anos. Os pacientes DM tipo II,
na maioria dos casos são obesos, estudos sugerem que há menor numero de receptores de
insulina, comparados com os números existentes em indivíduos magros, contribuindo assim
para um enorme contraste, elevada concentração plasmática de insulina e de glicose
(GUYNTON e HALL, 2000).
O DM tipo II, em geral, provém de graus variáveis de resistência à insulina e deficiência
relativa de secreção de insulina. Em que, a maioria dos portadores são obesos e a cetoacidose
ocorre apenas em situações especiais, como durante infecções graves. Normalmente acomete
pessoas acima de 40 anos, embora possa ocorrer mais raramente em adolescentes (CONSENSO
BRASILEIRO SOBRE DIABETES, 2002).
Em estudos recentes publicados na Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
(2007), a DM tipo II provoca sérias complicações à saúde, dentre elas: hipertensão arterial,
doenças cardiovasculares e dislipidemia. São vários os fatores desencadeados pela doença,
dentre eles os principais são: hereditários, sedentarismo e estresse (CARDOSO et al, 2007).
Segundo dados da American Diabetes Association (2003), o DM tipo 2 é mais comum em
Africanos americanos, Latinos, Americanos nativos, asiáticos americanos, nativos havaianos e
outras ilhas do pacífico, bem como a população dos idosos. Habitualmente, cerca de 80 a 90%
dos casos de diabetes, são do tipo II.
Mecanismos de regulação glicêmica
Para entender a DM durante a prática de exercícios é necessário compreender a ação de
alguns hormônios em nosso corpo como a ação da insulina e do glucagon. Em relação à
regulação da glicemia no organismo humano, Powers e Howley (2000) faz afirmações
pertinentes, e define as funções fisiológicas da insulina afirmando ser este um hormônio
associado à abundância de energia, que, por conseguinte afeta o metabolismo dos
carboidratos, das gorduras e das proteínas. A insulina, hormônio produzido no pâncreas,
promove a captação e o metabolismo da glicose (carboidrato que constitui mais de 95% do
produto final dos monossacarídeos circulantes no sangue) no músculo e no fígado, promove a
síntese e o armazenamento das gorduras e das proteínas e ainda interage com o hormônio do
crescimento para promoção do crescimento (POWERS e HOWLEY, 2000).
Já Davies e col. (2002) afirmam
A insulina é o hormônio, primariamente, responsável pela prevenção dos níveis elevados de
glicose, no sangue, isso é chamado de seu efeito hipoglicemiante. Resulta da estimulação de
processo de difusão facilitada, nas membranas das células- alvo, que utiliza o transportador de
glicose GLUT-4, que é sensível à insulina. Outros efeitos, no nível das membranas, são o
transporte de aminoácidos, as células hepáticas e musculares, por estimular um mecanismo de
transporte ativo, a inibição da lipólise, no tecido adiposo, e a estimulação da captação de
potássio, pelas células (DAVIES e col., 2002, p. 453).
Ou seja, a insulina requer papel importante na utilização da glicose, dos lipídios e das
proteínas como substrato energético. Desse modo, a deficiência de insulina provoca aumento
do uso metabólico da gordura, aumenta as concentrações plasmáticas de colesterol e de
fosfolipídios, e permite a depleção das proteínas e aumento dos aminoácidos plasmáticos. Ainda
assim, a insulina aumenta a utilização da glicose pela maioria dos tecidos corporais, exceto o
cérebro que utiliza a glicose sem o intermédio da insulina (GUYNTON e HALL, 2006).
O glucagon é um hormônio secretado pela célula alfa das ilhotas de langerhans, que ao
contrário da insulina sua principal função é elevar o nível de glicose no sangue. O glucagon age
de maneira oposta à insulina, corroborando com o aumento da glicose sanguínea, tanto quanto
estimulando a gliconeogênese e a glicogenólise no fígado (MCARDLE, 1998) Para melhor
entendimento da ação do glucagon, Davies e col. (2002) afirmam que:
A função primaria é a elevação da glicose sanguínea, efeito que é realizado por diversas
ações. No fígado, o glucagon estimula a glicogenólise e a gliconeogênese, inibindo a
glicogênese, todas tendo efeito direto, e positivo, sobre a glicose sanguínea. Existe alguma
evidencia de que o glucagon estimula a captação de aminoácidos e glicogênios pelo fígado,
ajudando desse modo, a provisão de substratos para a gliconeogênese. (p. 453)
No que diz respeito ao controle da secreção do hormônio, tanto a insulina quanto o glucagon
são comedidos pelos níveis de glicose circulantes no sangue, porém a ação de um é antagônica
a do outro.
Durante o exercício físico moderado ou pesado a ação da insulina é diminuída, e a ação do
glucagon aumentada. E mesmo em decorrência de razões desconhecidas, o uso da glicose não
requer grandes quantidades de insulina durante o exercício, visto que as fibras musculares em
atividade tornam se permeáveis a glicose, mesmo na ausência de insulina (GUYNTON e HALL
2000),
Logo o intercambio da insulina e do glucagon mantém a concentração de glicose constante,
de forma que é importante manter a regulação da glicemia a fim de prevenir desidratação,
depleção de líquido e eletrólitos, perda de glicose na urina, lesão de tecidos e vasos sanguíneos
(CANALI e KRUEL, 2001).
A redução da glicemia capilar após uma sessão de exercício físico pode ser explicada da
seguinte forma:
Devido ao aumento da permeabilidade à glicose nas fibras musculares ativas, mesmo na
ausência e/ou deficiência da ação da insulina. (GIACCA et al.,1998 apud CAMBRI et al, 2007).
Neste sentido, o exercício físico regular aumenta a captação e o metabolismo da glicose pelo
músculo, assim como, incrementa a síntese e translocação de GLUT-4 – transportadores de
glicose no tecido adiposo, músculo esquelético e cardíaco (PEIRCE, 1999, DÂMASO,
2001 apud CAMBRI et al,, 2007).
Treinamento resistido e diabetes mellitus
A prática regular de exercícios físicos contribui consideravelmente na prevenção do
aparecimento de doenças como o diabetes, no entanto essa contribuição não se restringe
apenas a prevenção mais, também, no auxílio ao tratamento, trazendo benefícios como
melhora no metabolismo da glicose, do perfil lipídico, controle do peso corporal, diminuição da
pressão arterial (FERNANDES et al., 2005).
Tanto os exercícios aeróbicos quanto os exercícios resistidos promovem benefícios
fisiológicos
para
o
controle
glicêmico,
porém
os
exercícios
aeróbicos
são
mais
estudados (CAMBRI e SANTOS, 2006), pesquisas com exercícios de força se faz necessário para
melhor conhecimento deste no controle glicêmico de pacientes Diabéticos.
O treinamento resistido também conhecido como treinamento com pesos ou com cargas é
considerado hoje como uma das formas mais conhecidas de exercício utilizadas para a
promoção tanto do condicionamento físico, de indivíduos atletas e não atletas, como para a
promoção da saúde (FLECK; KRAEMER; VOLEK, 1999).
Este tipo de exercício físico tem sido bastante indicado por diversas organizações de saúde
como um auxiliar do tratamento, e também da prevenção, de inúmeras patologias como
Hipertensão Arterial, Doenças Coronarianas, Diabetes, entre outras (POLLITO & FARINATTI,
2006, NEGRÃO e BARRETO, 2006).
Com relação ao Diabetes Mellitus, vários estudos estão sendo realizados para verificar a
contribuição do exercício físico como auxiliador do tratamento dessa patologia, como também
na prevenção. No Diabetes Prevention Program (DPP) evidenciou-se que em um grupo tratado
com mudanças nos hábitos de vida, dieta, exercícios físicos e hábitos saudáveis, os resultados
foram superiores ao grupo tratado apenas com fármacos (GHORAYER e DIOGUARDI, 2007).
O exercício físico pode gerar diversas adaptações fisiológicas no individuo diabético, como a
diminuição da glicemia em jejum, aumento da capitação de glicose sanguínea, redução dos
valores de hemoglobina glicosada, aumento a resposta dos tecidos a insulina, aumento na
concentração de HDL - colesterol, diminuição em pequenas partes da concentração de LDL -
colesterol, diminuição dos triglicérides e contribuição para a diminuição da pressão arterial
(MERCURI, 2002; SILVA e LIMA, 2002; NEGRÃO e BARRETO, 2006).
Alonso et al (2006) afirmam que o exercício físico desempenha um importante papel para o
portador de DM, pois este pode promover a diminuição dos fatores de risco para o
desenvolvimento desta doença, como também, no seu tratamento, já que o treinamento físico
leva a fundamentais adaptações metabólicas, neuroendócrinas e cardiovasculares levando a
reduções e reversões nas alterações metabólicas que o DM ocasiona.
A maioria das pesquisas realizadas visando avaliar os efeitos do exercício físico no DM tipo 2
são relacionadas a utilização do exercício aeróbico (MERCURI e ARRCHEA, 2004), contudo as
pesquisas relacionando o DM e o treinamento resistido tem aumentado, evidenciando diversos
benefícios e adaptações fisiológicas proporcionadas pelos mesmos em portadores de DM tipo 2
(SILVA e LIMA, 2002; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004;CANCHE e GONZALEZ, 2005; MOURA ET
AL, 2006).
Um dos benefícios encontrados com a prática do treinamento resistido é a diminuição da
glicemia capilar de portadores de DM tipo 2 evidenciado no estudo de Cambri e Santos (2002).
Estes realizaram a pesquisa com 8 indivíduos sedentários, que praticaram o treinamento
resistido três vezes por semana durante 12 semanas. Observou-se diminuição da glicemia
capilar pós-exercício em 80% das sessões, variando entre 1,47% e 64,36% em relação à
glicemia pré-exercício (p, 36).
Na pesquisa realizada por Canche e Gonzalez (2005), utilizando o treinamento resistido no
período de duas semanas, todos os participantes eram portadores de DM tipo 2, tinham idade
média de 53,64 anos, foram divididos em dois grupos: controle (n = 11) e experimental (n =
14). As sessões de exercícios foram de uma hora duas vezes por semana. Os resultados
obtidos, após o período do experimento, demonstram uma redução nos níveis de hemoglobina
glicosada, fundamental para o controle do diabetes, e incremento da força muscular no grupo
experimental. Os autores concluíram que este tipo de treinamento pode contribuir no controle
glicêmico em adultos com DM tipo 2.
Silva e Lima (2002) avaliaram o efeito de uma sessão mista, com exercícios aeróbicos e de
força, em uma amostra de 33 voluntários de ambos os sexos, portadores de DM tipo 2,
controlados. Foram analisados os níveis séricos de hemoglobina glicada, lipídeos séricos,
triglicérides, massa corporal, freqüência cardíaca e pressão arterial. Foi utilizado um programa
de exercícios físicos com 10 semanas, dividas em 4 sessões por semana. Esta foi subdividida
em 5 minutos de aquecimento, 40 de exercícios aeróbios, 5 de exercício de força e 5 minutos
de alongamento. O autor concluiu que um programa de exercício como o estruturado na
pesquisa pode diminuir os níveis séricos de lipídeos plasmáticos, hemoglobina glicada,
triglicérides, da massa corporal e da freqüência cardíaca.
No estudo realizado por Castaneda et al (2002), em que o objetivo era verificar a eficácia do
treinamento de resistência no controle glicêmico de adultos diabéticos tipo 2, realizada em 16
semanas com 62 adultos de ambos os sexos. O controle glicêmico, anormalidades da síndrome
metabólica, composição corporal e as reservas de glicogênio muscular foram determinadas
antes e após a intervenção. Os resultados obtidos no estudo demonstraram redução dos níveis
plasmáticos de hemoglobina glicada, aumento da massa e do glicogênio muscular, além da
diminuição significativa do uso de medicamentos para diabetes entre os voluntários da
pesquisa. Assim, o autor conclui que o treinamento resistido é viável e eficaz no auxilio ao
tratamento da DM tipo 2.
Alguns estudos têm demonstrado que o treinamento resistido pode trazer efeitos benéficos
tanto para diabéticos tratados com insulina como para os que não necessitam de insulina em
seu tratamento, como é descrito na pesquisa de Cambri e Santos (2003) onde foi verificado a
media da glicemia capilar, em diabéticos insulino dependentes e não dependentes, observando
a diminuição da mesma após 12 semanas de treinamento resistidos.
Além das adaptações fisiológicas já citadas, o treinamento resistido pode trazer para o
portador de DM tipo 2 um aumento significativo da força e da resistência muscular (CANCHE e
CONZALEZ, 2005) proporcionando melhora na execução de atividades do cotidiano, sobretudo
para o indivíduo idoso que sofre com a perda de massa muscular, como também, diminuição
das variáveis antropométricas como o índice de massa corporal, percentual de gordura corporal,
circunferência abdominal entre outros (CAMBRI e SANTOS, 2003).
Considerações finais
Diversas pesquisas vêm mostrando o benefício da utilização do exercício de força para a
prevenção, mas sobre tudo para o auxilio no tratamento de patologias como o DM 2, já que
esta tem afetado, a cada dia, mais indivíduos.
As adaptações fisiológicas acarretadas pela prática, bem orientada, do treinamento com
pesos por parte dos pacientes com DM tipo 2 são bem evidenciadas pelas inúmeras pesquisas,
entre elas estão a diminuição significativa dos níveis séricos de hemoglobina glicada, diminuição
dos lipídeos plasmáticos, aumento da massa muscular magra, diminuição da freqüência
cardíaca.
Além disso, a prática regular de exercícios atua como uma forma de prevenção para
complicações que o Diabetes pode ocasionar no indivíduo como o aparecimento de doenças
cardiovasculares.
Mais
pesquisas
se
fazem
necessárias
visando
conhecer
novos
dados
acerca
das alterações fisiológicas que o treinamento resistido pode proporcionar em indivíduos
portadores dessa patologia.
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