VIII ENCONTRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA ECOLÓGICA 5 a 7 de agosto de 2009 Cuiabá - Mato Grosso - Brasil GERENCIAMENTO AMBIENTAL ASSOCIADO AO USO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS: PROPOSIÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PUBLICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Alan Jeferson Oliveira da Silva (COPPE/UFRJ)Tecnólogo em Gestão Ambiental. Graduando em Geografia UERJ. Pós-graduando em Análise Ambiental e Gestão do Território. ENCE/IBGE. Pesquisador IVIG – Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais – COPPE/UFRJ. Rafael Vieira da Silva (COPPE/UFRJ)Economista. Espec. Em Economia Internacional e Meio Ambiente. .Mestrando em Engenharia Ambiental – Programa de Engenharia Ambiental – Escola Politécnica /UFRJ. Pesquisador IVIG – Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais – COPPE/UFRJ. Cícero Augusto Pimenteira (COPPE/UFRJ)Economista. M.Sc. em Planejamento Energético PPE/UFRJ. Doutorando em Planejamento Energético.PPE/UFRJ. Pesquisador IVIG – Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais – COPPE/UFRJ. Gerenciamento Ambiental associado ao uso de Sistema de Informações Geográficas: proposições para implementação de políticas publicas para o Desenvolvimento Sustentável. RESUMO Este estudo objetiva contribuir metodologicamente para indicar ferramentas para a gestão ambiental, admitindo como princípio, a necessidade da utilização de instrumentos para a gestão ambiental, implementados de forma matricial aos conhecimentos multidisciplinares existentes, tais como Sistema de Informações Geográficas. É importante salientar que não é pretendido, neste estudo, efetuar análises de mapas, mas sim evidenciar a potencialidade do SIG como instrumento para a gestão ambiental, utilizando ferramentas de geoprocessamento para realizar um diagnóstico socioambiental da bacia hidrográfica do rio da Bota (Baía de Guanabara – Baixada Fluminense /RJ). Abstract. This I study objective contribute methodology for indicate tools for the environmental management, admitting as I begin, the need of the utilization of instruments for the environmental management, implemented of form matricial to the knowledge multidisciplinaries existing, such like System of Geographical Information. It is important highlight that is not intended, in this I study, perform analyses of maps, but yes show up the potential of the SIG as instrument for the environmental management, utilizing tools of geoprocess for carry out a diagnosis socioenvironmental of the hydrographic basin of the river of the Boot (Bay of Guanabara – of Rio de Janeiro Lowland /Rio de Janeiro). Palavras-chaves: gestão ambiental, SIG; análise socioeconômica e recursos hídricos (bacia hidrográfica) 1. Introdução. “(...) às “questões ambientais”, sendo uma função dos objetos de preservação, conservação e mitigação, (...) se desdobram em impactos socioeconômicos, culturais.” (VIEIRA, 2006, p.6) A “questão ambiental”, pela sua intrínseca relação com o Sistema EconômicoProdutivo, tem convocado a sociedade a redesenhar alguns escopos de produção para garantir o funcionamento sistêmico da dinâmica dual Demanda e Oferta, admitindo o propósito da sua organização ecológico-ambiental. Um aspecto importante, a ser ressaltado, é que o ambiente deixou de ser observado por uma única ciência, de sorte que, para solucionar os problemas advindos da sociedade moderna-industrial, a inserção de elementos e instrumentos de gestão foi assumida, tal como segue abaixo. Seja: “De certa forma, pode-se admitir que a gestão ambiental evoluiu como uma área do conhecimento sobre o meio ambiente e que seu objetivo é administrar e coordenar, na medida do possível, todo a complexidade de fenômenos ecológicos que interagem com os processos humanos (social, econômico e cultural)” (SILVEIRA, 2004, p. 946) A informação geográfica, o georreferenciamento e o geoprocessamento têm consolidado, em recentes experiências no caso brasileiro, como instrumentos de fundamental importância para o planejamento e a gestão do território. A diversidade de informações espaciais e a crescente disponibilização dos dados via WEB são fatores que contribuem para o desenvolvimento do planejamento e da gestão ambiental, auxiliando no processo decisório de investimentos quer sejam públicos quer sejam privados, onde , segundo SILVEIRA(2004), reitera-se que os SIG são sistemas altamente corporativos, pela multidisciplinaridade de informação que agregam e transformam. No objeto da composição matricial de informações, para o objeto da gestão ambiental, a economia, por ser uma ciência social aplicada, é um berço de multidisciplinaridade para a compreensão das demais áreas em que exista a sua interface. Por tanto, furtar à economia a possibilidade de gerar limites e possibilidade para o planejamento de uma sociedade com o uso extremo do meio ambiente, seria um delito à sobrevivência. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo central contribuir metodologicamente para indicar ferramentas para a gestão ambiental, admitindo como princípio, a necessidade da utilização de instrumentos para a gestão ambiental, implementados de forma matricial aos conhecimentos multidisciplinares existentes. É importante salientar que não é pretendido, neste estudo, efetuar análises de mapas, mas sim evidenciar a potencialidade do SIG como instrumento para a gestão ambiental, utilizando ferramentas de geoprocessamento para realizar um diagnóstico socioambiental da bacia hidrográfica do rio da Bota (Baía de Guanabara – Baixada Fluminense /RJ). 2. Área de estudo Localizado na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, o recorte espacial analisado caracteriza-se por apresentar uma urbanização intensa. A bacia hidrográfica do Rio da Bota faz parte da bacia da Baia de Guanabara, a área abrange parte dos municípios de Belford Roxo e Nova Iguaçu (figura 1). Figura 1: Bacia hidrográfica do Rio da Bota. Apesar de apresentar poucas áreas verdes, a área de estudo enquadra a área de proteção ambiental (APA) de Gericinó-Medanha, que é completamente cercada por uma ocupação bastante densa, onde as cidades são conurbadas, configurando uma mancha contínua de urbanização, cuja densidade diminuiu do centro para as bordas. A falta de ordenamento territorial (regularização fundiária) traz, per si, sérios problemas ambientais e sociais para a área, como por exemplo, baixas taxas de áreas verdes, alta presença de ocupações irregulares (áreas antropizadas), densamente ocupadas e sem estrutura de saneamento/esgotamento sanitário básico, dentre outras. 3. Metodologia do trabalho O primeiro passo do desenvolvimento desta pesquisa constituiu-se na revisão bibliográfica pertinente e inerente ao objeto, bem como de conhecimentos acadêmicos e profissionais de análise socioambiental, que demandam um olhar interdisciplinar. Num segundo momento, buscou-se determinar as variáveis socioeconômicas e as socioambientais que adequadas ao estudo de planejamento e gestão ambiental, não esgotando a aquisição de informações, via web; do censo 2000 do IBGE e a malha digital dos setores censitários. Especificamente, na metodologia do diagnostico socioeconômico e socioambiental, é efetuada a potencial de análise dos indicadores por diferentes metodologias e escalas. O método utilizado neste estudo está balizado no conceito de vulnerabilidade 1 , olhando pelo prisma do desenvolvimento sustentável, e, utiliza-se o recorte espacial de bacia hidrográfica na escala de analise dos setores censitários. A escala de setores censitários é o instrumento fundamental para obter um nível maior de detalhamento de 1 Ver definição de Carlos Nobre. Parcerias Estratégicas, CGEE 2008, p. 9. Adaptamos para a questão socioeconômica. áreas, facilitando a gestão e planejamento, podendo ser feitas análises mais especificas e singulares no espectro local. 4. Indicadores socioeconômicos: diagnóstico para a planejamento e gestão ambiental. “A análise espacial de áreas possibilita o estudo da distribuição de eventos onde os indicadores sócio-ambientais de uma maneira geral pressupõem um nível de "padronização" das unidades de medida e procedimentos metodológicos claros, no que tange especialmente a categorização dos dados, objetivando futuras comparações das condições ambientais entre diferentes regiões.” (ROCHA, E. M., NOGUEIRA, C. R., & CRUZ, C. B. s.d.) A definição dos indicadores buscou, a princípio, localizar e verificar onde estaria a população mais vulnerável socioeconomicamente, e a partir disto, analisar suas condições de moradia e sua relação com o ambiente local. Para identificar as populações vulneráveis socioeconomicamente selecionamos e mapeamos as variáveis 2 indicadas abaixo: • V0611 - Responsáveis por domicílios particulares permanentes sem rendimento nominal mensal; • Responsáveis por domicílios que ganham até 2 salários mínimos 3 .; • V0525 - Responsáveis por domicílios particulares permanentes nãoalfabetizados; • Responsáveis por domicílio com até 4 anos de estudo 4 ; 2 Todas as variáveis são do Censo 2000 – IBGE. Essa variável foi construída pela soma das variáveis: V0602 - até 1/2 salário mínimo, V0603 - mais de 1/2 salário mínimo a 1 salário mínimo, V0604 - de 1 a 2 salários mínimos. 4 Essa variável foi construída pela soma das variáveis: V0581 - 1 ano de estudo, V0582 - 2 anos de estudo, V0583 - 3 anos de estudo e V0584 - 4 anos de estudo. 3 Para as vulnerabilidades ambientais selecionamos os indicadores: • Domicílios permamentes sem esgotamento sanitário via rede geral, pluvial ou fossa séptica 5 ; • Domicílios particulares sem coleta de lixo 6 • V0025 - Domicílios particulares permanentes com outra forma de abastecimento de água 5 Essa variável foi construída pela soma das variáveis: V0032 - via fossa rudimentar, V0033 - via vala, V0034 - via rio, lago ou mar, V0035 - via outro escoadouro. 6 Essa variável foi construída pela soma das variáveis: V0051 - lixo queimado na propriedade, V0052 lixo enterrado na propriedade, V0053 - lixo jogado em terreno baldio ou logradouro, V0054 - lixo jogado em rio, lago ou mar, V0055 - outro destino do lixo. Não há dúvidas de que mecanismos para superação de quadros críticos relacionados à vulnerabilidade social; aos efeitos que as condições econômicas geram no espaço ambiental, são desenvolvidos, aplicados e implantados, porém com uma eficácia que distancia do êxito que proposto. Através do mapeamento dos indicadores, supracitados, é possível visualizar onde encontram-se os principais setores censitários, potencialmente vulneráveis, do ponto de vista socioeconômico e ambiental. Reiterando que o objeto deste artigo é evidenciar a potencialidade do SIG como instrumento para a gestão ambiental ,os resultados obtidos no mapeamento propiciam a um gestor inferir propostas de políticas públicas para gestão ambiental, no viés da mitigação, para solucionar os problemas que afetam uma determinada área da bacia. É evidente que para atingir um desenvolvimento sustentável (implementação de políticas no decurso de médio a longo prazos), a participação da sociedade é fundamental. Porém, é estabelecida com clareza a proposição de participação regulatória do Estado na integralização dos bens e serviços ambientais para a garantia do desenvolvimento sustentável. O geoprocessamento apresenta potencial fundamental para tanto, embora seja pouco explorado como instrumento de gestão ambiental. Sua correta utilização permite e permitirá compreender melhor os fenômenos naturais e suas inter-relações com a cultura humana e/ou intervenção antrópica. Enfim, para a gestão ambiental existem diversas possibilidades de ações e projetos ambientais públicos e privados. A esse respeito também é importante ressaltar que as oportunidades que revelam mudanças de atitude, como as de implantação de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), representando mitigação de impactos in loco, estão diretamente ligadas ao meio ambiente, isto é, ao processo de gerenciamento e planejamento ambiental, e geram oportunidades factíveis nas dimensões da esfera econômica e social. 5. Bibliografia Ajara, C. (1993). A Dimensão Tecnológica na Organização do Território. In: O. V. Mesquita, & S. T. Silva, Geografia e Questão Ambiental (pp. 133-136). Rio de Janeiro: IBGE. Costa, M. F. (2004). Diagnóstico SocioAmbiental do Municipio de Nova Iguaçu. Rio de Janeiro. Cruz, C. B., & al, e. (11-18 de setembro de 1998). Carga Antrópica da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara. Anais IX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto . Prefeitura de Nova Iguaçu. (s.d.). Acesso em 2008, disponível em www.novaiguaçu.rj.gov.br Revista: Retrato de Nova Iguaçu. Nova Iguaçu: Prefeitura de Nova Iguaçu (2002). Rocha, E. M., Nogueira, C. R., & Cruz, C. B. (s.d.). Análise Espaço-Temporal de Indicadores Socioeconômicos para a Bacia da Baía de Guanabara por Unidades de Gestão Física na Década de 90. Universidade Federal do Rio de Janeiro . Sachs, I. (1993). Estratégias de Transição para o Seculo XXI. In: M. B. (Org.), Para Pensar o Desenvolvimento Sustentàvel. Rio de Janeiro: Brasiliense. Vieira, R. (Jan/Jun-2006). Economia Política do Ecodesenvolvimento: Realidades Brasileiras no Período Recente. Revista de Economia da UEG, Anápolis (GO), Vol. 2, nº1 , 1-18. Silveira, V. F. (2004). Geoprocessamento como instrumento de Gestão Ambiental. In: Arlindo Philippi Jr., Marcelo de Andrade Romero, Gilda Collet Bruna. Curso de Gestão Ambiental. Barueri, SP: Manole, 2004. p. 943 a 968.